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Numero do processo: 10830.012359/2008-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2007
RECURSO DE OFÍCIO. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE LIMITE DE ALÇADA. EXEONERAÇÃO DO PRINCIPAL E DOS ENCARGOS DE MULTA.
O cabimento do recurso de ofício está condicionado a que o acórdão proferido pela Delegacia de Julgamento exonere o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor superior a R$ 1.000.000,00, não devendo ser considerados os juros moratórios, nos termos da Portaria MF nº 03, de 03.01.2008.
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. ART. 150, § 4º DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
Não havendo controvérsia quanto à existência de pagamentos antecipados e não tendo o Autuante provado satisfatoriamente a ocorrência de dolo fraude ou simulação, há de ser aplicado o prazo decadencial previsto no art. 150, §4º do CTN.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DEVIDA PELOS SEGURADOS. OBSCURIDADE DOS LEVANTAMENTOS E DEMONSTRATIVOS FISCAIS. AFERIÇÃO INDIRETA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. NÃO CABIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS DO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO.
Os levantamentos que lastreiam a autuação devem ser claros para permitir que o contribuinte identifique com facilidade as rubricas incluídas na base de cálculo da contribuição lançada, daí porque a incomunicabilidade entre os demonstrativos elaborados pela fiscalização e a ausência dos esclarecimentos necessários à sua compreensão prejudicam o exercício do direito de defesa.
A adoção do método da aferição indireta é medida extrema, cabível apenas nas hipóteses excepcionais previstas na legislação, devendo a fiscalização provar que a contabilidade da empresa não registra o movimento real da remuneração dos segurados, apontando as inconsistências identificadas.
As falhas cometidas pelo auditor fiscal autuante acabaram por cercear o direito de defesa da recorrente e não provar adequadamente a ocorrência do fato gerador, daí porque o auto de infração é improcedente.
Recursos de Ofício não Conhecido e Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-003.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado: I) Por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. II) Por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade por vício formal das rubricas relacionadas a alimentação, transporte e propriedade intelectual. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que anulava estas rubricas por vício formal. III) Por unanimidade de votos: a) declarar a decadência até a competência 11/2003; e b) no mérito, dar provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 CARF.)
Carolina Wanderley Landim - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2007 RECURSO DE OFÍCIO. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE LIMITE DE ALÇADA. EXEONERAÇÃO DO PRINCIPAL E DOS ENCARGOS DE MULTA. O cabimento do recurso de ofício está condicionado a que o acórdão proferido pela Delegacia de Julgamento exonere o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor superior a R$ 1.000.000,00, não devendo ser considerados os juros moratórios, nos termos da Portaria MF nº 03, de 03.01.2008. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. ART. 150, § 4º DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. Não havendo controvérsia quanto à existência de pagamentos antecipados e não tendo o Autuante provado satisfatoriamente a ocorrência de dolo fraude ou simulação, há de ser aplicado o prazo decadencial previsto no art. 150, §4º do CTN. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DEVIDA PELOS SEGURADOS. OBSCURIDADE DOS LEVANTAMENTOS E DEMONSTRATIVOS FISCAIS. AFERIÇÃO INDIRETA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. NÃO CABIMENTO. AUSÊNCIA DE PROVAS DO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. Os levantamentos que lastreiam a autuação devem ser claros para permitir que o contribuinte identifique com facilidade as rubricas incluídas na base de cálculo da contribuição lançada, daí porque a incomunicabilidade entre os demonstrativos elaborados pela fiscalização e a ausência dos esclarecimentos necessários à sua compreensão prejudicam o exercício do direito de defesa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 23 59 /2 00 8- 76 Fl. 209DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 2 A adoção do método da aferição indireta é medida extrema, cabível apenas nas hipóteses excepcionais previstas na legislação, devendo a fiscalização provar que a contabilidade da empresa não registra o movimento real da remuneração dos segurados, apontando as inconsistências identificadas. As falhas cometidas pelo auditor fiscal autuante acabaram por cercear o direito de defesa da recorrente e não provar adequadamente a ocorrência do fato gerador, daí porque o auto de infração é improcedente. Recursos de Ofício não Conhecido e Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado: I) Por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício. II) Por maioria de votos, rejeitar a preliminar de nulidade por vício formal das rubricas relacionadas a alimentação, transporte e propriedade intelectual. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que anulava estas rubricas por vício formal. III) Por unanimidade de votos: a) declarar a decadência até a competência 11/2003; e b) no mérito, dar provimento ao recurso. Apresentará declaração de voto a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 – CARF.) Carolina Wanderley Landim Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls.62/116), interposto pela Stefanini Assessoria em Informática LTDA. e Outros contra a decisão proferida pela 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas – São Paulo (fls.167669/167713), que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal consubstanciado no Auto de Infração DEBCAD n. 37.198.6508, através do qual o Autuante promoveu a constituição do crédito tributário relativo às contribuições devidas pelos segurados, apuradas de 12/2002 a 12/2007, de cujos termos o sujeito passivo foi cientificado em 23/12/2008. Ademais, em virtude da improcedência parcial do lançamento, que resultou na redução do crédito tributário originalmente lançado, de R$ 2.312.159,20 para R$ 1.735.429,30, o Colegiado a quo recorreu de ofício para esse Conselho, considerandose para fins do limite de alçada, previsto na Portaria MF nº 03 de 03/01/2008, a soma das exonerações deferidas pela DRJ no presente processo e nos processos apensados–10830.012360/200809 (DEBCAD n. 37.198.6516) e 10830.012362/200898 (DEBCAD n. 37.198.6524). DA AUTUAÇÃO Do Crédito Tributário De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 26 a 36), o Autuante constatou que a empresa deixou de reter e recolher a contribuição previdenciária devida pelos seus empregados, incidente sobre diversos pagamentos realizados em favor desses segurados, expressamente informados nas Folhas de Pagamento, mas omitidos das correspondentes GFIPs. Os valores que compuserem a base de cálculo das contribuições lançadas referemse às rubricas a seguir enumeradas: Ajuda Alimentação; Ajuda de Aluguel; Ajuda de Custo, Ajuda Moradia; Ajuda Refeição; Ajuda Transporte; Alimentação C; Bônus; Diária de Viagem; Dif. Propriedade Intelectual; Dif. Salário Rescisão; Diferença de Refeição; Diária de Embarque; Diárias de Viagens C; Educação C; Moradia C; Prêmio; Propriedade Intelectual; Reembolso de Despesa de Viagem; Reembolso de km C; Reembolso de Vale; Transporte; Reembolso Desconto; Reembolso Refeição; Refeição (P); Refeição C; Salário Diferença; Total Entregue de Vale Transporte; Transporte – C. No curso da auditoria, o Autuante instou o sujeito passivo a apresentar extensa relação de documentos, como se observa do Termo de Início e Ação Fiscal (fls. 6 s/s) e TIAD (fls. 08 s/s) e TIF (fl. 13 s/s), tendo sido disponibilizado um volume considerável da documentação solicitada, conforme Recibos de Entrega de Arquivos Digitais de fls. 179 e s/s do PAF principal. Especificamente para o lançamento discutido nos presentes autos, nas considerações finais do Relatório Fiscal, o Autuante diz ter examinado e baseado a autuação nos Livros Diários, Folhas de Pagamento, GFIP, GPS e documentos apresentados pela Fl. 211DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 4 contribuinte, relacionados com as rubricas acima enumeradas, sobre as quais o Autuante chegou a solicitar esclarecimentos por meio do TIAD de fls. 08 s/s. Segundo a Fiscalização, os nomes atribuídos às rubricas não guardam relação com o seu significado real – despesas com alimentação, moradia, quilometragem, não tendo sido apresentada documentação capaz de justificar os pagamentos realizados a tais títulos, pelo que representam, em verdade, distribuição disfarçada de parcelas salariais. Vejase: Ressaltese que foi constatado pela Fiscalização que os nomes atribuídos às rubricas não têm relação, nem com a ocorrência do fato a que supostamente se refere, nem com o seu significado real, sendo aleatoriamente utilizada pelo sujeito passivo para distribuir parcelas salariais, sem a devida apresentação da comprovação das situações e valores lançados. Os valores são elevados e não guardam qualquer relação com despesas a título de alimentação, moradia, quilometragem, etc., não tendo sido apresentada a documentação que justificasse tais valores, tendo sido exibidos meros recibos assinados pelos empregados, que nada mais são do que uma confissão de que se trata de parcela salarial e, muitas vezes o empregado tem na soma de várias parcelas, valores bem maiores que seu próprio salário mensal. Tais rubricas acima foram pagas mensal e continuadamente a centenas de empregados, constituem parcelas salariais e, portanto, com incidência de contribuições previdenciárias, nos termos do Artigo 28, inciso I da Lei 8.212/91. Quanto aos pagamentos de Vale Transporte, por terem sido pagos em dinheiro, o Autuante entendeu ter sido afrontada a legislação de regência (Lei 7418/85 e alterações, regulamentada pelo Decreto n°. 95.247, de 17/11/1 9 8 7, arts. 1° a 12, 33 e 34), ao passo que os valores relativos à Propriedade Intelectual foram tidos como salários de contribuição por não ter sido satisfatoriamente comprovada a sua origem e fundamentos. Finaliza a imputação atribuindo à empresa o ônus da prova, sob o argumento de que, havendo deficiência na contabilidade, decorrente das irregularidades e inconsistências apontadas, abrirseia espaço para a aferição indireta de que trata o art. 33, §§ 3º a 6º da Lei n. 8.212/91. Resumindo essa questão, com as irregularidades e inconsistências apuradas neste procedimento fiscal, relatadas nos Autos específicos, compete à empresa o ônus da prova em contrário, uma vez que resta comprovada a deficiência da contabilidade, da Folha de Pagamento e demais documentos interligados, nos termos do Art. 33 parágrafos 3° e 6° da Lei 8.212/91. Sendo assim, o Auditor Fiscal entendeu por bem lançar a contribuição previdenciária devida pelos segurados sobre as diferenças identificadas entre as Folhas de Pagamento e as GFIP. De acordo com a autoridade lançadora, as diferenças verificadas do cotejo entre as Folhas de Pagamento e as GFIPs foram utilizadas no Relatório DAD – Discriminativo Analítico de Débito no cálculo da contribuição lançada, estando essas espelhadas no Levantamento NDG – FOLHA NÃO DECLARADA EM GFIP. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 4 5 2. Formação de grupo econômico Ademais, o Auditor fiscal lavrou termo de sujeição passiva solidária, atribuindo a diversas empresas relacionadas à Recorrente, a saber, Stefanini Networking Comércio e Consultoria de Informática Ltda., S.G.E. Stefanini Gestão Empresarial Ltda., Stefanini Quality Tools Cons. de Sistemas Ltda., Stefanini Financials Cons.em Informática Ltda., Stefanini Training Treinamento em Informática Ltda., por se constituírem em grupo econômico, tendo justificado tal procedimento com base nos argumentos indicados a seguir: III DO GRUPO ECONÔMICO E DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA 3. O Grupo STEFANINI é um grupo econômico regular de fato, cuja empresa controladora é a empresa STEFANINI PARTICIPAÇÕES S/C LTDA., C.N.P.J 04.300.0491000110, e são controladas as demais empresas constantes da Folha de Continuação do Auto de Infração e do Relatório Vínculos Relação de Vínculos, onde estão qualificadas na situação de "grupo econômico", reconhecido na Declaração IRPJ, ficha 52 Participação Permanente em Coligadas ou Controladas da empresa controladora perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, nos registros contábeis da STEFANINI CONSULTORIA E ASSESSORIA EM INFORMÁTICA S.A., Contratos Sociais, Atas, Demonstrações Financeiras, e na internet, em sua página eletrônica http://www.stefanini.com.br,dentre outras fontes internas e externas. Caracterizado o grupo econômico, foram emitidos os respectivos Termos de Sujeição Passiva Solidária para as empresas integrantes situadas no país. DA IMPUGNAÇÃO Notificada do lançamento em 23/12/2008, a contribuinte autuada apresentou tempestiva impugnação, alegando, em breve síntese: a) O descabimento da responsabilização solidária promovida pela autoridade fazendária, porque o Autuante não se desincumbiu da tarefa de demonstrar a existência de direção, controle ou administração do alegado grupo econômico, limitandose a provar a existência de participação societária entre as empresas, além de ter o art. 30, IX da Lei n. 8.212/91 invadindo matéria reservada à Lei Complementar; b) A decadência parcial do crédito tributário lançado, relativamente às contribuições apuradas nas competências de 12/2002 a 11/2003, com fundamento no art. 150, § 4º do CTN c/c a Súmula 08 do STF; c) A nulidade do Auto de Infração por haver obscuridade do método de determinação da base de cálculo e consequentemente impossibilidade de identificação clara e precisa dos valores sobre os quais o crédito tributário foi apurado, configurando cerceamento do direito de defesa. O relatório DAD não Fl. 213DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 6 se comunica de forma clara com os levantamentos e demonstrativos anexos ao Auto de Infração; d) A nulidade do lançamento por ausência de motivação, pois não restaram suficientemente esclarecidos pelo Autuante os motivos que o levaram a presumir que as rubricas indicadas nas folhas de pagamento não guardam relação com a verdadeira natureza dos pagamentos realizados aos segurados; e) A nulidade do Auto de Infração por ausência de justificativas para o uso da presunção na qual se baseia a cobrança e, portanto, a insubsistência da inversão do ônus probatório; f) No mérito, que os valores pagos aos segurados se destinaram ao custeio das despesas necessárias ao desempenho das atividades por eles realizadas, que foram reembolsadas ou adiantadas pela Autuada, não configurando contraprestação pelos serviços; g) Que os documentos anexados à Impugnação, aos quais o Autuante teve acesso no curso da ação fiscal, comprovam a efetiva natureza dos custos incorridos pelos funcionários; h) Que não foi observado pelo Autuante o regramento relativo à multa introduzido pela Medida Provisória nº 449/2008, que entrou em vigor antes de ter sido efetivada a notificação do lançamento; i) Inaplicabilidade da Taxa SELIC DA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA Após a análise da impugnação e dos documentos que a acompanharam, a 9ª Turma da DRJ, na forma da Resolução nº 2.747, entendeu por bem converter o julgamento em diligência para que o Auditor Fiscal: I. Informasse pormenorizadamente como concluiu pela caracterização do grupo econômico; II. Esclarecesse o método utilizado para determinação da base de cálculo, apresentando os valores tomados por rubrica; e III. Diante das provas carreadas pela Autuada na Impugnação, o Autuante informasse se houve lançamentos a título de Plano de Saúde; se os valores correspondentes à aquisição de Vale Alimentação foram considerados na determinação da base de cálculo; e se os documentos de fls. 986/7.417 do PAF principal haviam sido observados na ação fiscal e se foram incluídos na base de cálculo, justificando os motivos. Transcrevamse os principais trechos da Diligência: Para a caracterização e identificação de "grupo econômico", importa, portanto, investigar a situação real (verificação dos vínculos entre as empresas e das circunstâncias em que se constituíram ou realizam suas atividades) e não apenas a situação meramente formal (de estarem ou não constituídas como "grupo econômico" na forma da Lei 6.404/76). Fl. 214DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 5 7 Admitida, assim, a possibilidade jurídica dos "grupos econômicos de fato", é necessário, pois, que seja informado, pormenorizadamente, como se verificou a caracterização de tal grupo, isto porque o relatório fiscal faz referências a certos documentos, assim como aos registros contábeis e a outras fontes internas e externas, porém, sem discriminação e/ou especificação dos fatos verificados. (fl. 1923) (...) De fato, os anexos DAD e RL – Relatório de Lançamento não permitem identificar os valores tomados, por rubrica, como base de cálculo dos lançamentos. E, igualmente, esses valores não constam das planilhas REMUN e TOT M, até porque consta desta última, valores correspondentes a verbas sobre as quais não há incidência de contribuições previdenciárias, como p. ex., abono pecuniário, férias indenizadas, 1ª parcela do 13º salário, IRPF e descontos em geral. Com efeito, cabe à fiscalização a apresentação dos valores tomados para lançamento, por rubrica, ou, então, que se pronuncie sobre a razão de não haver a composição da base de cálculo, ou seja, de não ter apresentado demonstrativo dos valores tomados, por rubrica, uma vez que o Relatório Fiscal noticia da ocorrência de diversos fatos geradores das contribuições aqui exigidas. (...) Plano de Saúde ...deve a fiscalização informar se houve lançamento sobre valores relativos a tal rubrica... (...) Ajuda Alimentação ...Assim, temos que serviram de base de para lançamento os valores, correspondentes à alimentação, pagos em dinheiro. Quer dizer, os valores correspondentes à aquisição de Vales (Tíquetes) Alimentação, conforme Notas Fiscais juntadas às fls. 736 a 962, não serviram de base de cálculos para lançamento. Correto? (...) Diárias de Viagem e Ajuda de Custo É necessário que a fiscalização informe se os documentos juntados às fls. 986 a 7.417 já haviam sido observados durante a ação fiscal, ou seja, se os valores correspondentes serviram ou não de base de cálculo para o lançamento. Se positivo, que seja informada os motivos. E, se negativo, que tais documentos sejam analisados e, que, por conseguinte, que seja informado se os mesmos ou parte deles constitui, efetivamente, Diárias de Viagem e Ajuda de Custo, em subsunção dessa situação de fato à Fl. 215DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 8 hipótese prevista nas alíneas “g” e “h” do § 9º, do art. 28 da Lei nº 8.212/1991. Pelo que deverá a fiscalização apresentar demonstrativos dos valores lançados, excluídos e mantidos, por competência, em face do presente lançamento. DA INFORMAÇÃO FISCAL Em resposta aos questionamentos formulados pela DRJ, a fiscalização apresentou Informação Fiscal (fls. 25.526/25.552), aduzindo o seguinte: Ausência de autenticação das cópias apresentadas O Auditor Fiscal sustenta a inidoneidade da documentação anexada à Impugnação por se tratar deum manancial de cópias sem autenticação de qualquer espécie – nem do servidor da RFB atestando a apresentação dos originais nem do cartório – tampouco as assinaturas dos documentos estão com firma reconhecida, o que, no entender do Auditor, seria indispensável e imprescindível, nos termos dos arts. 9º e 10 do Decreto nº 6.932/2009, art. 22 da Lei 9.784/99 e art. 300 do DecretoLei nº 2.848/1940. Vejamse as ponderações realizadas pelo Auditor em relação ao tema: Como não pode o serviço público recusar protocolo, sob pena de se permitir a alegação de cerceamento de defesa, os documentos foram recebidos pela RFB e agora adicionados ao processo digital (eprocesso), todavia não se revestem da necessária condição de prova válida, especialmente em se tratando de documentos com fraudes e/ou irregularidades constatadas pelo Fisco. Desde já são impugnados por este AuditorFiscal e não devem ser conhecidos tais documentos (cópias) sem qualquer tipo de autenticação e sem firma reconhecida [...]. Quanto à caracterização de grupo econômico O Autuante justifica a caracterização do grupo econômico sob diversos argumentos, dentre eles: 1. As empresas integrantes têm a marca “Stefanini”, que é o sobrenome dos sócios fundadores da empresa fiscalizada, assim como da pessoa jurídica controladora (holding); 2. As DIPJs das empresas demonstram que todas são controladas pela empresa Stefanini Participações LTDA; 3. As empresas envolvidas desempenham atividades correlatas e esforços comuns, como atestam documentos oficiais e pesquisas efetuadas na internet; 4. As empresas relacionadas como devedoras solidárias são todas controladas pela empresa Stefanini Participações Ltda. Quanto à Base de Cálculo Alega que a ora Recorrente limitouse a apresentar documentos sem autenticação e/ou sem reconhecimento de firma, o que impede de serem considerados como elementos válidos de prova. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 6 9 Com relação à alegação de nulidade diante do cerceamento do direito de defesa, o Auditor afirma que as bases de cálculo constam do Relatório DAD e Relatório de Lançamentos, cujos dados foram importados dos levantamentos anexos ao Auto de Infração, intitulados 2002 REM, 2003REM, 2004REM, 2005REM, 2006REM e 2007REM, “que contém a Remuneração (base de cálculo) individualizada por segurado e por competência”, planilhas essas entregues ao contribuinte em CD, pelo que a intenção da empresa é apenas tumultuar o processo. Para “subsidiar o trabalho dos Senhores Julgadores”, a fiscalização anexou relatórios adicionais denominados TOTALIZAÇÃO REMUNERAÇÃO DE EMPREGADOS, consolidando as informações dos levantamentos acima citados e concluiu que “nos valores lançados já constavam a base de cálculo mensal por segurado e o total da base de cálculo mensal, e agora estão sendo acrescentados os relatórios adicionais ora mencionados, diante das dúvidas apresentadas”. O Autuante trouxe alguns esclarecimentos acerca do sistema AUDIG, responsável por processar os dados que quantificaram a base de cálculo da contribuição lançada, bem como explicações sobre as abreviaturas e códigos adotados pelo referido software. Sobre o Plano de Saúde, a autoridade fiscal informou não terem sido identificadas irregularidades quanto a esta rubrica, pelo que não foi incluída na base de cálculo da contribuição lançada. Quanto às despesas com Vales (Tíquetes) Alimentação, cujas notas fiscais foram apresentadas às fls. 736/962, o Autuante declara não terem sido objeto da autuação, sendo incluídas tãosomente as importâncias pagas em dinheiro. No que tange aos comprovantes relacionados às Diárias de Viagem e Ajuda de Custo (fls. 986/7.414), para os quais a DRJ questionou se já haviam sido apreciados e, na hipótese de não terem sido, que fossem analisados em sede de Diligência, o Autuante não chegou a confirmar se já haviam sido observados durante a ação fiscal, mas contestou a sua idoneidade. Disse não ser possível “vincular nada a coisa alguma e, diante da profusão de irregularidades praticadas pelo sujeito passivo, o que afasta completamente a confiabilidade nos seus procedimentos, não há o que deduzir ou excluir”. Reiterou a ausência de autenticação nas cópias carreadas aos autos, a ilegibilidade de alguns desses e que diversos dos documentos não possuem identificação do emitente, beneficiário ou destinatário, estando suscetíveis à falsificação. Apontou, ainda, indícios de irregularidades nos pagamentos realizados em favor de alguns segurados, como o pagamento de determinadas vantagens por três ou mais meses seguidos e a desproporção verificada entre o salário de certo colaborador e o montante recebido a título de reembolso de alimentação, atribuindo à empresa responsabilidade por manter organizados os arquivos e relatórios de prestação de contas de viagens a serviço. Fato relevante que justifica a proposta de retificação de débito Por fim, após defender a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN, por ter sido, no seu entender, caracterizada a ação dolosa, o auditor fiscal acatou a Fl. 217DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 10 necessidade de retificar o valor do débito lançado, para admitir os recolhimentos realizados por uma das filiais da Autuada. É que restou constatado pelo Auditor Fiscal que os documentos relacionados com a filial 001010 não haviam sido listados no RDA – Relatório de Documentos Apresentados, devido à falha originária do contribuinte, considerando que na JUCESP consta apenas a alteração do endereço da filial para Brasília (DF), sem contar a sua abertura na Junta Comercial. Sendo assim, foram considerados os recolhimentos realizados pela filial 001010, efetuados antes do início da ação fiscal,conforme planilhas colacionadas na informação fiscal (fl. 25.545/25.550). Tais planilhas demonstram que os pagamentos foram alocados a seis diferentes DEBCAB, iniciandose pelos relativos a contribuições de segurados, seguida dos relativos à contribuição patronal sobre folha e, por fim, às contribuições devidas a outras entidades e fundos. Em seguida, todas as empresas envolvidas foram devidamente intimadas, tendo se manifestado sobre os argumentos ali constantes. DA NOVA IMPUGNAÇÃO Ao se manifestar sobre a conclusão da Diligência Fiscal, a Autuada e as empresas responsabilizadas solidariamente contestaram os argumentos levantados pelo Autuante na Informação Fiscal. Quanto à ausência de autenticação ou reconhecimento de firma, a Recorrente alega ter havido a concordância do Autuante em recebêlos em meio digital, devidamente processados pelo SVA, conforme emails trocados entre o contador da empresa e o Autuante. Em relação à composição da base de cálculo, a nova Impugnação apresentada ressaltou o não cumprimento da Diligência, porque o Autuante não apresentou os valores tomados para lançamento, por rubrica, tendo se limitado a acusar a empresa de tentar tumultuar o processo. Nesse quesito, a Autuada elaborou uma planilha nos termos como solicitado pela DRJ, oportunidade em que constatou a inclusão indevida na base de cálculo de valores estornados das rubricas e, portanto, que sequer chegaram a ser repassados aos segurados, o que demonstraria a fragilidade do procedimento adotado pela fiscalização. Em sua manifestação, a Autuada alega a insubsistência da presunção adota pelo Autuante, que se limitou a ignorar a documentação apresentada, ao invés de valorála no seu conteúdo. Acerca das despesas com Alimentação, o sujeito passivo voltou a ressaltar que os valores pagos a tal título representam um pequeno percentual da Folha de Pagamento (0,43% para o ano de 2003, chegando a 5,22% em 2007), custos esses que se mostram indispensáveis pelo fato de seus colaboradores muitas vezes prestarem serviços em locais distantes, onde os estabelecimentos não aceitam o cartão magnético. Quanto à manifestação do Autuante sobre as Diárias de Viagem e Ajuda de Custo, a contribuinte questiona o fato de o Autuante não ter cumprido a contento a Diligência, pois novamente deixou de analisar de forma exauriente os documentos juntados, apegandose a uma minoria de documentos que efetivamente não teria relação com diárias de viagem, ajuda de custo ou que se encontram ilegíveis. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 7 11 A contribuinte trouxe justificativas para algumas das inconsistências exemplificadas pela fiscalização na Informação Fiscal, como o caso do recibo de fl. 1.099 Refeições (03 feijoadas + 1 filé), que deve estar relacionado ao almoço de quatro funcionários, cujo pagamento e respectivo reembolso foram realizados por apenas um deles. Quanto à alegação de habitualidade nos recebimentos desses reembolsos, a Autuada aduz não haver um relatório ou demonstrativo atestando que os pagamentos se dão de forma reiterada aos mesmos segurados, mas ressalva que, mesmo que o Auditor houvesse realizado tal levantamento, devem ser levadas em consideração as características dos serviços prestados pela Autuada, que demandam deslocamentos e viagens constantes de seus funcionários. A contribuinte pugnou, ainda, que os valores dos recolhimentos reconhecidos pelo Autuante em sede de diligência fossem apropriados integralmente no Auto de Infração nº 37.191.0094 e seus apensos, também lavrados em decorrência da mesma ação fiscal de que resultou o presente Auto de Infração (37.198.6524) e seus apensos (Autos de Infração 37.198.6508 e 37.198.6516). Isso porque, aquelas autuações cuidam de lançamento de valores supostamente declarados em GFIP e não pagos, enquanto que as autuações aqui tratadas decorrem cobrança sobre valores não declarados em GFIP. Ainda sobre a apropriação de valores declarados em GFIP, a Autuada alegou que, além daquela filial que resultou no ajuste realizado pelo Autuante, também não foram reconhecidos nos levantamento valores declarados em GFIP por outras filiais – Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, implicando em aumento do valor devido. Ademais, a Autuada aduz ter constatado que 100% dos valores referentes às rubricas Dif. Salário, Salário Diferença, Rescisão, Salário Diferença Dissidio e Salário Rescisão foram sim declarados em GFIP, o que estaria comprovado pelos documentos anexados à nova Impugnação. Sustenta, por fim, falhas na apuração da base de cálculo decorrentes da não dedução do percentual de 6% a título de Vale Transporte que foram descontados dos empregados e, portanto, não deveriam ter sido tributadas. DO ACÓRDÃO DA DRJ Instada a se manifestar sobre a defesa apresentada, a 9ª Turma da DRJ/CPS proferiu o acórdão 0538.307, fls. 167.669/167.714, abaixo ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2007 CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. CONSTITUIÇÃO. PRAZO. DECADÊNCIA. É de cinco anos o prazo de que a seguridade social dispõe para constituir os seus créditos, contados, no caso de ter havido dolo, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. LEGALIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 12 A declaração de inconstitucionalidade de lei ou atos normativos federais, bem como de ilegalidade destes últimos, é prerrogativa outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário. SEGURADO EMPREGADO. REMUNERAÇÃO A QUALQUER TÍTULO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS/PREVIDENCIÁRIAS. RECOLHIMENTO. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. A remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, integra o salário de contribuição do segurado empregado. Pelo que a empresa está obrigada ao recolhimento das contribuições sociais/previdenciárias sobre ela incidentes, na forma e no prazo estabelecidos em lei. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Sobre as contribuições previdenciárias não recolhidas incidem juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC e multa de mora. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Para uma melhor compreensão do entendimento manifestado pela DRJ sobre os argumentos defensivos sustentados pela Autuada, o relato do Acórdão recorrido darseá na forma dos seguintes tópicos. Quanto à nulidade do lançamento O acórdão afirma que a validade do lançamento reclama que a acusação fiscal seja enunciada sem lacunas e com razoável nível de detalhamento (motivação). Entendeu a DRJ que o relatório fiscal é suficientemente claro em relação à descrição do fato gerador que motivou o lançamento, que corresponde na diferença entre os valores constantes das folhas de pagamento e os declarados nas correspondentes GFIPs. Aponta como prova da clareza e precisão da autuação os itens 6 a 10 do Relatório Fiscal. Quanto ao mérito Entendeu que, ante a constatação de pagamentos de diversas remunerações aos empregados, sem a apresentação dos correspondentes documentos, agiu corretamente a fiscalização ao considerar as rubricas como partes integrantes dos salários de contribuição dos segurados. A DRJ convalidou a constatação de divergência entre os valores informados em Folha de Pagamento e aqueles declarados nas correspondentes GFIPs, já que as contraprestações pagas pelo empregador aos empregados integram a base de cálculo das contribuições. A Delegacia de Julgamento aquiesceu com as conclusões defendidas pelo Autuante na Informação Fiscal apresentada em resposta à Diligência deliberada por aquele Colegiado. Segundo abordado no voto condutor do Acórdão, “os documentos juntados não são suficientes para provocar alguma alteração nos valores que foram utilizados na base de cálculo do lançamento”. Fl. 220DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 8 13 O Acórdão acrescentou ainda o seguinte: Isso porque não basta juntar acordo, recibo e/ou nota fiscal de despesa. Pois, para que qualquer valor pago seja considerado como despesa é necessário que haja uma correspondência entre o valor pago/acordado com o valor da despesa e, inclusive, a que mês e ano se refere. (...) Registrese que os valores que serviram de base de cálculo do lançamento das contribuições sociais/previdenciárias encontramse identificados nos relatórios acima referidos, no caso, Relatórios de Remunerações (Anos de 2002 a 2006), na coluna “Diferença”, isto é, por estabelecimento, por competência e por empregado. Em seguida, a decisão recorrida passou a contestar a documentação carreada aos autos pela Recorrente, nos seguintes termos: Ajuda Alimentação e Ajuda Refeição (fls. 204 a 249 e 578 a 655)–Os documentos referemse a acordos para pagamento de alimentação ou refeição. Tais pagamentos se deram em espécie, em desacordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador, a despeito de a empresa estar regularmente inscrita no PAT. Diárias de Viagem (fls. 324 a 403 e 1003 a 7.432) – Não há como vincular qualquer dos acordos com qualquer nota fiscal e/ou recibo, porque não foram apresentados os relatórios de viagem ou outro documento que permita apropriar as despesas aos respectivos empregados, além de existirem alguns documentos ilegíveis e valores que superam em mais de 50% o valor do salário, contrariando o disposto no art. 28, § 9º, h, da Lei 8.212/91. Reembolso Educação (fls. 407 a 482) As declarações juntadas não permitem afirmar se os valores reembolsados referemse a educação básica ou a cursos de capacitação, requisitos para que, nos termos do art. 28, § 9º, t, da Lei 8.212/91, o valor seja excluído do salário de contribuição. Ajuda Moradia (fls. 487 a 513) – Os comprovantes não atestam que o auxílio foi prestado respeitandose as condições previstas na alínea m do citado dispositivo legal, ou seja, que o valor foi pago a empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estadia. Propriedade Intelectual (fls. 517 a 575) – Os documentos apresentados não instrumentalizam a cessão de direitos autorais como pretende fazer crer a Recorrente e conforme exige o art. 28, § 9º, v, da Lei 8.212/91, porque os termos trazidos aos autos provam que os direitos autorais pertencem originalmente ao empregador. Quilometragem Mensal ou Ajuda Transporte (fls. 658 a 747) Os pagamentos a tais títulos têm natureza salarial, porque a legislação (art. 5º do Decreto nº 95.247/87) veda o empregador de substituir o ValeTransporte por qualquer prestação em dinheiro. E quanto à pretensão de ver deduzida da base de cálculo o percentual de 6% descontado dos funcionários, a item 8 do Relatório Fiscal diz ter sido adotada essa providência. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 14 Ademais, a DRJ considerou que as GFIP entregues pela Autuada nos dias oito, nove e dez do mês de maio de 2009 – e reapresentadas pelas empresas integrantes do grupo econômico –, em nada alteram o procedimento fiscal, porque foram transmitidas para o SEFIP/WEB após a lavratura do auto de infração. Quanto ao Grupo Econômico A DRJ reconhece que a baixa do processo em diligência possibilitou ao fiscal fornecer novas informações acerca do grupo de empresas, conforme indicado em linhas acima ao tratarmos sobre o resultado da diligência. Aduz, em seguida, que a própria Recorrente, ao apresentar sua impugnação, reconhece a formação de grupo econômico, o qual é comprovado através de trechos da referida peça. Mas, embora reconheça a existência de grupo econômico, não admite a decorrente corresponsabilização. Acrescenta que todas as impugnações apresentadas foram assinadas pela Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática S/A, o que corrobora com a existência do grupo econômico. Ressalta, ainda, a impossibilidade de discussão sobre a inconstitucionalidade do inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212/91 não pode ser objeto de questionamento em processo administrativo. Quanto à inclusão dos sócios no relatório “REPLEG” A DRJ ressaltou que tal inclusão ocorre em caráter meramente informativo, não implicando a colocação dessas pessoas físicas no polo passivo da relação jurídica processual instaurada com a lavratura da presente notificação fiscal de lançamento de débito. Quanto à Decadência Nesse quesito, o Relator restou vencido, tendo sido definido pela DRJ que o prazo decadencial aplicável ao caso é o previsto no art. 173, I, do CTN, porquanto comprovado o dolo, face às irregularidades apontadas. Quanto aos recolhimentos verificados e quanto à retificação Os recolhimentos foram corretamente apropriados, impondose o acatamento da retificação proposta pelo Autuante, tendo sido aproveitados nesses autos apenas os valores que não puderem ser alocados nos Autos de Infração n. 37.191.0986; nº 37.191.0994; e nº 37.191.1001. Dos juros moratórios A DRJ entendeu que a aplicação da taxa SELIC sobre os débitos tributários está respaldada no art. 34 da Lei 8.212/1991. Por fim, entendeu a DRJ não ser mais cabível a apresentação de novos documentos, pois a Autuada não demonstrou qualquer das situações previstas no § 4º do art. 16 do RPAF. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 9 15 O Auto de Infração foi, portanto, julgado parcialmente procedente, admitindose a redução do débito em virtude da apropriação de novos recolhimentos não reconhecidos inicialmente pelo Autuante. DO RECURSO Cientificado do Acórdão em 21/09/2012, a Recorrente interpôs tempestivamente o Recurso Voluntário (fls.) mostrandose surpresa com o não acolhimento da nulidade pelo Colegiado a quo. Isso porque, apesar de que tenha deliberado pela baixa dos autos apontando uma série de falhas no procedimento de quantificação do crédito tributário, entre outras inconsistências e obscuridades, a DRJ concluiu ao fim pela higidez do lançamento. Vejase: No entanto, esta afirmação do nobre Relator da 9ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP causa espanto, haja vista que os julgadores da mesma 9ª Turma da DRJ em campinas decidiram “por unanimidade de votos, CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA”, para que a autoridade fiscal prestasse esclarecimentos inclusive sobre o motivo de “não haver a composição da base de cálculo” do presente lançamento no Relatório Fiscal... A Recorrente volta a apontar que a diligencia não foi cumprida em sua totalidade, na medida em que o Autuante não promoveu a composição da base de cálculo, por rubricas, tendo, portanto, se furtado de realizar o seu dever funcional. Justificou, ademais, que os reembolsos a título de Ajuda Educação representam pagamentos de parte dos cursos escolhidos pelos seus colaboradores, como forma de capacitálos profissionalmente. Reiterou os argumentos dispostos nas suas peças impugnatórias, requerendo ao final o provimento do recurso para que seja acolhida a nulidade do lançamento ou a sua total improcedência. É o relatório. Fl. 223DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 16 Voto Conselheira Carolina Wanderley Landim Relatora Recurso Voluntário tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, pelo que tomo conhecimento dos seus termos. A mesma sorte não aproveita ao Recurso de Ofício, que não deve ser admitido por não atender pressuposto de admissibilidade. RECURSO DE OFÍCIO Como se observa do Acórdão proferido pela DRJ, o Auto de Infração de que cuida o presente Recurso foi julgado parcialmente procedente, tendo sido submetidos a reexame necessário por esse Conselho, nos termos seguintes: Acordam os membros da 9ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, em considerar procedente em parte a impugnação relativa ao AI – Auto de Infração nº 37.198.6508 (processo nº 10830.012359/200876), mantendose parcialmente o crédito previdenciário por meio dele constituído, passando o valor consolidado do mesmo de R$ 2.312.159,20, para R$ 1.735.429,30. Salvo no que se refere à decadência, que o relator votou pela aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Voto vencedor relativo à decadência redigido pelo Presidente. Submetase à apreciação do Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de acordo com o inciso I, artigo 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com a redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e no inciso I, § 3º do art. 366 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, com a redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 6.224, de 4 de outubro de 2007, por força de recurso necessário tendo em vista a exoneração de valor superior (incluídos os processos apensados) ao comandado pela Portaria MF nº 03, de 03/01/2008. A exoneração do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. (grifos aditados) Ocorre, contudo, que o cabimento do recurso de ofício a que se submetem as decisões proferidas em primeira instância administrativa está condicionado a que o acórdão proferido pela Delegacia de Julgamento exonere o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), ou seja, nos termos da Portaria MF nº 03, de 03/01/2008, o limite de alçada para fins de recurso necessário não deve considerar os juros moratórios. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 10 17 De outro lado, o mesmo diploma normativo dispõe que o mencionado teto deve ser avaliado por processo, não havendo respaldo para considerar as reduções promovidas em processos apensados. Vejamos: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo. No caso em exame, consta expressamente da decisão da DRJ que o crédito tributário, no valor de R$ 2.312.159,20, foi reduzido para R$ 1.735.429,30, diante do que, sem dúvidas, a exoneração neste processo foi inferior a R$ 1.000.000,00, motivo pelo qual não conheço do recurso de ofício interposto. RECURSO VOLUNTÁRIO Decadência A Recorrente insurgese contra o entendimento manifestado pela DRJ no que tange à decadência parcial do crédito tributário, especificamente das contribuições apuradas nas competências até 11/2003. É que o Acórdão recorrido rejeitou a arguição de decadência sustentada na Impugnação, ao argumento de que o Auto de Infração noticiou uma séria de irregularidades, daí porque a regra decadencial a reger sobre os fatos aqui tratados seria aquela disposta no art. 173, inciso I, do CTN, e não a norma enunciada no seu art. 150, § 4º. Tratandose as contribuições previdenciárias de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a norma decadencial aplicável é aquela prevista no art. 150, § 4º do CTN, caso se verifique a antecipação de pagamento (mesmo que parcial) ou, nos termos do art. 173, I, do CTN, quando o pagamento não foi antecipado pelo contribuinte ou quando haja dolo, fraude ou simulação, conforme entendimento manifestado pelo Superior Tribunal de Justiça, nos autos do Recurso Especial n. 973.733/SC. A dicção do art. 150, § 4º do CTN é a seguinte: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 18 Na hipótese em apreço, nem o Autuante nem a Delegacia de Julgamento negaram a existência de pagamentos antecipados das contribuições, razão pela qual a controvérsia em torno da decadência devolvida à análise deste Conselho cingese à existência ou não de provas nos autos do elemento subjetivo doloso, para então definir o termo inicial da fluência do prazo para constituir o crédito tributário: se da ocorrência dos fatos geradores ou se o primeiro dia do exercício seguinte ao da sua ocorrência. Entendo que não ter sido satisfatoriamente comprovado pelo Autuante que a Recorrente agiu dolosamente no intuito de ludibriar o Fisco. As acusações de irregularidades foram sobremodo genéricas e lacônicas, como se observa do Relatório Fiscal.Tanto é verdade que a própria DRJ baixou os autos em Diligência com vistas a obter do Autuante maiores esclarecimentos sobre os motivos que o levaram a concluir pela incidência das contribuições previdenciárias sobre as rubricas indicadas. Não se pode admitir no estado democrático de direito que o dolo seja presumido. A demonstração cabal de sua ocorrência é barreira a ser transposta pelo Fisco, sob pena de não ser admitida a incidência excepcional da norma decadencial disciplinada no art. 173, I do CTN. Sendo assim, considerandose aplicável ao caso a dicção do art. 150, § 4º do CTN, é de se reformar a decisão recorrida, para reconhecer a decadência das contribuições apuradas até a competência 11/2003, porque, quando a Recorrente foi notificada do lançamento, já havia transcorrido mais de cinco anos dos seus respectivos fatos geradores. PRELIMINAR DE NULIDADE Em suas alegações defensivas, o sujeito passivo dedicou alguns tópicos preliminares de suas impugnações e do recurso voluntário para demonstrar a nulidade do lançamento, sob os seguintes enfoques: a) Cerceamento do direito de defesa por falta de identificação da base de cálculo utilizada; b) Falha na determinação da matéria tributária, decorrente dos erros da metodologia adotada pela fiscalização para determinar a base de cálculo; c) Ausência de Motivação, por não haver o Autuante justificado de forma clara para se valer de presunções para efetivar o lançamento. Ao analisar o Auto de Infração e os anexos que lhe deram suporte, cotejando os entre si, entendo assistir razão à Recorrente, pois, de fato, o procedimento de constituição do crédito tributário aqui debatido encontrase eivado de graves vícios materiais. De início, verificase que o Relatório Fiscal foi econômico ao noticiar os fatos verificados no curso da ação fiscal, além de ter sido pouco claro nas acusações dirigidas ao Autuado. Em verdade, o mérito da autuação propriamente dito resumese a menos de três páginas, ultrapassando o limite da objetividade no relato dos fatos,de modo a invadir a esfera do direito subjetivo à ampla defesa do contribuinte. Conforme se verifica do relatório fiscal já transcrito mais acima (fls. 33), o auditor fiscal cita as verbas identificadas nas folhas de pagamento, que teriam deixado de ser Fl. 226DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 11 19 levadas à tributação na GFIP da Recorrente. São elas: Ajuda Alimentação; Ajuda de Aluguel; Ajuda de Custo, Ajuda Moradia; Ajuda Refeição; Ajuda Transporte; Alimentação C; Bônus; Diária de Viagem; Dif. Propriedade Intelectual; Dif. Salário Rescisão; Diferença de Refeição; Diária de Embarque; Diárias de Viagens C; Educação C; Moradia C; Prêmio; Propriedade Intelectual; Reembolso de Despesa de Viagem; Reembolso de km C; Reembolso de Vale; Transporte; Reembolso Desconto; Reembolso Refeição; Refeição (P); Refeição C; Salário Diferença; Total Entregue de Vale Transporte; Transporte – C. O auditor fiscal, contudo, deixa de expor no seu relatório fiscal, de forma pormenorizada e individualizada, os motivos pelos quais cada uma dessas rubricas deve ser considerada como salário de contribuição. À exceção de breves comentários feitos quanto às rubricas Vale Transporte e Propriedade Intelectual, o fiscal apenas aponta, de forma genérica, que a documentação apresentada foi deficiente, que foram exibidos meros recibos e que a Recorrente se utilizaria das rubricas para camuflar o pagamento de salário de contribuição. Vejamos: Ressaltese que foi constatado pela Fiscalização que os nomes atribuídos às rubricas não têm relação, nem com a ocorrência do fato a que supostamente se refere, nem com o seu significado real, sendo aleatoriamente utilizada pelo sujeito passivo para distribuir parcelas salariais, sem a devida apresentação da comprovação das situações e valores lançados. Os valores são elevados e não guardam qualquer relação com despesas a título de alimentação, moradia, quilometragem, etc., não tendo sido apresentada a documentação que justificasse tais valores, tendo sido exibidos meros recibos assinados pelos empregados, que nada mais são do que uma confissão de que se trata de parcela salarial e, muitas vezes o empregado tem na soma de várias parcelas, valores bem maiores que seu próprio salário mensal. Tais rubricas acima foram pagas mensal e continuadamente a centenas de empregados, constituem parcelas salariais e, portanto, com incidência de contribuições previdenciárias, nos termos do Artigo 28, inciso I da Lei 8.212/9 1. O Autuante não foi expresso sobre (i) o porquê de os documentos apresentados pela empresa no curso da ação fiscal não serem válidos, (ii) não apontou as despesas tidas como elevadas em relação ao salário mensal do segurado e (iii) que não guardam relação com despesas de alimentação, moradia e quilometragem, (iv) muito menos as “centenas de empregados” que perceberam continuadamente as vantagens consideradas como salário de contribuição. É dizer, o parágrafo tido como um resumo da questão, em verdade, representa a síntese de um parágrafo sumário, lacônico, imerso em subjetividade e totalmente desprovido de clareza. A falta de motivação da autuação fica ainda mais evidente diante da apresentação de milhares de paginas contendo documentação relacionada às rubricas acima transcritas na impugnação apresentada pela Recorrente, a qual foi acompanhada de comprovante de entrega de arquivos magnéticos (SVA) que lista uma infinidade de documentos que foram apresentados no curso da fiscalização. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 20 Embora não seja possível saber com certeza se a documentação apresentada na impugnação é exatamente a mesma que foi apresentada no curso da fiscalização, é possível constatar que uma grande quantidade de documentos foi disponibilizada antes da autuação, a qual merecia ser mais detidamente avaliada e, se fosse o caso, desprezada de forma efetivamente motivada. Em verdade, o auditor fiscal sequer acosta ao Auto de Infração lavrado a documentação apresentada pela Recorrente no curso da ação fiscal. O fiscal limitase a apresentar termos de início de fiscalização, TIAF, TIAD, e poucas petições de resposta às intimações, sem os documentos que as acompanham. Por esse motivo, não é possível aferir com exatidão o que foi objeto de verificação no curso da fiscalização, sendo certo que cabia ao auditor fiscal apresentar no processo os documentos que a Recorrente apresentou e que ele considerou insuficientes para afastar as comentadas verbas de tributação. A situação tornase ainda mais grave porque, ao assim proceder, a autoridade lançadora furtase do seu dever funcional de provar, satisfatoriamente, a prática da infração tributária. E, pior, procura transferir para Recorrente o ônus da prova, ao lançar mão da aferição indireta da base de cálculo, sob o argumento de que a contabilidade da empresa está acometida de irregularidades e inconsistências. De fato, a fiscalização valeuseda previsão contida no art. 33, §§ 3º e 6º da Lei 8.212/91, optando pelo caminho excepcional da aferição indireta, que resulta na inversão do ônus da prova para a Recorrente, nos seguintes termos: Resumindo essa questão, com as irregularidades e inconsistências apuradas neste procedimento fiscal, relatadas nos Autos específicos, compete à empresa o ônus da prova em contrário, uma vez que resta comprovada a deficiência da contabilidade, da Folha de Pagamento e demais documentos interligados, nos termos do Art. 33 parágrafos 3° e 6° da Lei 8.212/91. Vejamos o que determinam os dispositivos acima citados: § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Da leitura do parágrafo 6º acima, verificase que o método da aferição indireta da base de cálculo pode ser adotado quando a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço, com base no exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento. No caso em apreço, a fiscalização analisou as folhas de pagamento apresentadas, identificou rubricas passíveis de tributação, que não foram incluídas na GFIP, e, aparentemente, discordou da documentação apresentada para comprovação dessas rubricas. O Fl. 228DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 12 21 relatório fiscal não faz nenhuma consideração quanto à contabilidade da Recorrente, diante do que não se pode afirmar que esta não registra o movimento real da remuneração dos segurados. Ademais, embora o caso em análise tenha sido enquadrado na hipótese prevista no citado § 6º do art. 33, o procedimento do qual o Autuante lançou mão para quantificar a base de cálculo atesta uma aferição direta e não indireta. Isso porque, apesar de que tenha contestado a documentação apresentada pela empresa e considerado inverídicos os títulos das rubricas das folhas de pagamento, foi justamente desse documento que o Autuante levantou os valores que serviram de base de incidência da contribuição. Assim, ao se valer da disposição legal em apreço, o Autuante aproveitou apenas do seu efeito (a inversão do ônus da prova), sem praticar o evento que lhe dá causa (a aferição indireta), consequentemente, com fundamento nesse dispositivo, o Auditor Fiscal deixou de debruçarse sobre o vasto manancial de documentos entregues e de expor detidamente as razões de têlos rejeitado. Evidentemente, a carência de informações sobre as alegadas irregularidades e a contradição acima apontada por si já nulifica o lançamento por cerceamento do direito de defesa. Mas não bastasse isso, a fiscalização ainda deixou de demonstrar pormenorizadamente o método de composição da base de cálculo apurada e sobre a qual a contribuição incidiu e mesmo quando instada pela DRJ a regularizar os seus cálculos, deixou de fazêlo. Desde a Impugnação a Recorrente aduz não conseguir cruzar as informações das planilhas anexadas ao Auto de Infração e o Relatório DAD, não tendo osdados neles constantes se comunicado de forma clara. Também a DRJ não logrou compreender os levantamentos do Autuante, tanto que deliberou pela conversão do julgamento em Diligência, conforme noticiado no relatório do presente voto. A Resolução do Colegiado a quo foi categórica ao solicitar precisamente que a fiscalização apresentasse os valores tomados por rubrica, ou seja, o objetivo era que fosse construído um demonstrativo correlacionando os estabelecimentos, as competências, os segurados e os correspondentes valores de cada uma das rubricas questionadas, para só então se quantificar a diferença entre as Folhas e a GFIPs. De posse do demonstrativo, tornarseia possível aferir as rubricas pagas a cada empregado e não declaradas em GFIP. Apenas com um levantamento nesses moldes, é possível ao contribuinte demonstrar de forma individualizada a documentação que dá suporte à não incidência das contribuições previdenciárias sobre cada rubrica autuada, bem como ao julgador avaliar a documentação apresentada pelo contribuinte, vinculandoa às parcelas constantes em folhas e que deixaram de ser tributadas em GFIP. O Autuante, contudo, se limitou a invalidar os documentos carreados à Impugnação, não cumprindo com o quanto determinado pela DRJ. O auditor entendeu ser suficiente promover a totalização das diferenças apuradas nas planilhas 2002 REM (...) e 2007 REM e prestar esclarecimentos sobre a metodologia do sistema AUDIG. Aliás, as explicações trazidas na Informação Fiscal acerca dos ajustes realizados pela ferramenta eletrônica, a meu ver, foram novamente lacônicas, sobretudo para o contribuinte, que não tem familiaridade com os sistemas internos da Receita Federal. Além disso, caberia ao Autuante demonstrar que os ajustes foram de fato realizados, a fim de transparecer segurança e garantias ao sujeito passivo, já que este expôs Fl. 229DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 22 justos receios de que o levantamento fiscal pudesse conter parcelas expressamente excluídas da incidência da contribuição, o que poderia ter sido evitado se desde o lançamento fossem elaborados demonstrativos por rubrica. O que se nota da análise do presente PAF é que houve uma certa pressa do auditor fiscal em encerrar a fiscalização, sem esgotar na fase prévia ao lançamento a análise das provas e obtenção dos esclarecimentos necessários à adequada constituição do crédito tributário. Pelos poucos documentos acostados à peça inaugural pelo auditor fiscal, constatase que a fiscalização, iniciada em março de 2008, debruçouse sobre as inúmeras verbas objeto da autuação apenas em agosto de 2008, quando foi emitido TIAD que, dentre outros, solicitou esclarecimentos específicos quanto às rubricas em questão, bem como a apresentação da documentação de suporte (fls. 16), até o dia 28/08/2008. A fiscalização apresenta nos autos apenas uma petição da Recorrente prestando esclarecimentos quanto a parte dos questionamentos suscitados, apresentada no final de setembro de 2008. Em dezembro daquele ano, é formalizado o Auto de Infração. Ao que me parece, a fiscalização não utilizou tempo suficiente para avaliar a vasta documentação acostada aos autos pela Recorrente e, sendo o caso, solicitar esclarecimentos adicionais, ou documentação específica complementar que fosse julgada necessária à convicção de que cada uma daquelas rubricas deve ser incluída na base de cálculo das contribuições previdenciárias. A meu ver, era na fase de fiscalização que a avaliação dos documentos deveria ser esmiuçada, com a intimação da fiscalizada para prestação de esclarecimentos e documentos específicos complementares que fossem necessários à efetiva comprovação da ocorrência do fato gerador. Não há, contudo, no processo, indicativo de esforço por parte da fiscalização para averiguação dos fatos com o cuidado que se espera. A fiscalização foi, no meu entendimento, encerrada de forma ainda prematura, sem o amadurecimento das questões fáticas e jurídicas envolvidas, causando sérios prejuízos ao contribuinte, que vão desde a indevida inversão do ônus da prova, até a avaliação e debate sobre as provas no âmbito restrito do processo administrativo fiscal. E não se diga que a diligência fiscal promovida pela DRJ, com o objetivo de sanar essas nulidades, foi bem sucedida a ponto de salvaguardar a cobrança. Embora, na informação fiscal apresentada, o auditor fiscal tenha contestado, de forma genérica, a idoneidade de determinados documentos para afastar a natureza remuneratória das rubricas, persiste, a meu ver, o prejuízo ao contribuinte, pois, se as dúvidas e questionamentos suscitados quanto aos documentos tivessem sido feitos ainda no âmbito da fiscalização, a Recorrente poderia ter tido a oportunidade de melhor se defender. Diante das razões acima expostas, e levando em conta que as falhas cometidas pelo auditor fiscal autuante acabaram por cercear o direito de defesa da Recorrente e não provar adequadamente a ocorrência do fato gerador, entendo que a preliminar de nulidade aventada pela Recorrente, acima apreciada, confundese, na verdade, com o mérito da cobrança, diante do que voto pela improcedência da autuação. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 13 23 Conclusão Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício interposto, decreto a decadência do crédito tributário quanto às competências até 11/2003 e, quanto ao período remanescente, voto por sua total improcedência. Carolina Wanderley Landim – Relatora. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 24 Declaração de Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira A presente declaração tem por objeto prestar esclarecimento acerca do encaminhamento do voto durante o julgamento em questão. Considerando o encaminhamento da relatora, entendi, em um primeiro momento, que não seria o caso de dar provimento do recurso, posto que não logrou êxito o recorrente, em demonstrar a insubsistência do lançamento ou que os pagamentos realizados cumpriam a legislação previdenciária para estarem excluídos do conceito de remuneração, ou mesmo que os fatos geradores inexistiram. Dessa forma, entendo que o melhor encaminhamento seria determinar a nulidade do lançamento por vício formal, considerando que no relatório fiscal descreveu o auditor que os pagamentos efetuados pela empresa não estariam excluídos do conceito de salário de contribuição nos moldes como determinado pelo art. 28, § 9 da lei 8212/91. Notese que pelo relatório fiscal, é possível identificar as razões, mesmo que superficiais (em um primeiro momento) para a realização do lançamento, face entender a autoridade fiscal que os pagamentos constituiriam basicamente salário indireto. Vejamos trecho do relatório. Ressaltese que foi constatado pela Fiscalização que os nomes atribuídos às rubricas não têm relação, n em com a ocorrência do fato a que supostamente se refere, nem com o seu significa do real , sendo aleatoriamente utilizada pelo sujeito passivo para distribuir parcelas salariais,sem a devida apresentação da comprovação das situações e valores lançados. Os valores são elevados e não guardam qualquer relação com despesas a título de alimentação, moradia, quilometragem, etc, não tendo sido apresentada a documentação que justificasse tais valores, tendo sido exibidos meros recibos assinados pelos empregados, que nada mais são do que uma confissão de que se trata de parcela salarial e, muitas vezes o empregado tem, na soma de várias parcelas, valores bem maiores que seu próprio salário mensal. Tais rubricas acima foram pagas mensal e continuadamente a centenas de empregados, constituem parcelas salariais e, portanto , com incidência de contribuições previdenciárias, nos termos do Artigo 28 , inciso I da Lei 8.212/91. 8 . A rubrica utilizada como Vale Transporte , porém paga e m dinheiro, está em desacordo com a legislação vigente (Lei 7418/85 e alterações, regulamentada pelo Decreto n°.95.247, de 17/11/1987, arts. 1° a 12, 33 e 34;), afrontando expressamente a proibição prevista no Decreto 95.247, artigo 5o que prevê: "é VEDADO AO EMPREGADOR SUBSTITUIR O VALE TRANSPORTE POR ANTECIPAÇÃO EM DINHEIRO OU QUALQUER OUTRA PAGAMENTO, RESSALVADO O DISPOSTO NO PARÁGRAFO Fl. 232DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 14 25 ÚNICO DESTE ARTIGO". tributadas as diferenças entre os valores pagos e descontados a esse título. 9 . As rubricas teoricamente ligadas à alimentação e pagas em pecunia foram tributadas, também sendo tributadas as diferenças pecuniárias entre os valores recebidos e descontados a esse título pelo empregado. 10. 0 sujeito passivo não comprovou a origem dos pagamentos na rubrica Propriedade Intelectual, paga mensalmente a centenas de funcionários, também apresentando meros recibos mensais assinados pelos empregados, sendo que na legislação e nos contratos apresentados, consta claramente que os trabalhos realizados durante o expediente na empresa são de sua exclusiva propriedade. Tais parcelas também revestemse de natureza salarial e foram tributadas. l l . A empresa alega que o Artigo 458 da CLT permite o pagamento a título de utilidades, porém os casos aqui elencados não se enquadram no assunto, pois trata se de pagamento em dinheiro, no contracheque do funcionário, e sem a devida comprovação dos fatos. 12. Resumindo essa questão, com as irregularidades e inconsistências apuradas neste procedimento fiscal, relatadas nos Autos específicos, compete à empresa o ônus da prova em contrário , uma vez que resta comprovada a deficiência da contabilidade , da Folha de Pagamento e demais documentos interligados, nos termos do Art. 33 parágrafos 3 °e 6 ° da Lei 8.212/91. Observase que frente as alegações apresentadas na impugnação e os inúmeros documentos apresentados, determinou a autoridade julgadora o retorno do processo ao auditor notificante, para que esse fizesse o cotejamento entre os documentos apresentados e aqueles apreciados durante o procedimento fiscal, para que o mesmo confrontasse os mesmos com o lançamento realizado. Neste ponto entendo ter sido a falha da autoridade fiscal. Mesmo que não considerasse os documentos apresentados como suficientes a rebater o lançamento, deveria ter enfrentado a questão, inclusive, contrapondo que os mesmos não se prestavam a afastar o lançamento, seja porque foram anteriormente apreciados (durante o procedimento fiscal), seja, pelo fato de que os mesmos faziam prova contra o contribuinte por não estarem contabilizados, apenas demonstrando o efetivo fornecimento de beneficio indiretos. Entendo que simplesmente dizer que não é possível vincular nada a alguma coisa, ou determinar que se persistirem dúvidas os julgadores poderiam efetuar busca no processo digital, acabam por não esclarecer a contento os argumentos apresentados pelo recorrente. Como o auditor mesmo descreveu em seu relatório, o ônus da prova passou ao contribuinte, o que no meu entender justificaria o enfrentamento da questão. Assim, entendo que o lançamento padece de vício na sua constituição, pois embora seja possível observar que existem os pagamentos e por consequência fatos geradores de contribuição previdenciárias, deveria a autoridade fiscal, quando da baixa do processo em diligência ser objetiva em afastar as alegações do recorrente fazendo o cotejamento entre os Fl. 233DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 26 documentos apresentados, inclusive verificando se os mesmos já faziam parte dos arquivos digitais (que ele mesmo orienta a que procedesse o julgador a pesquisa). QUANTO AO VÍCIO COMETIDO É pertinente também destacar, que entendo que a nulidade que alcança os levantamentos acima descritos é formal, visto não ter o auditor formalizado devidamente o lançamento em relação ao enfrentamento dos valores lançados e os documentos apresentados pelo recorrente na impugnação. Nesse sentido, podese identificar que a nulidade é aplicável por não ter o auditor fiscal aplicado a norma jurídica pertinente a deixar claro as bases lançadas, fazendo referência a arquivos e planilhas. Dessa forma, entendo que a indicação imprecisa provaca a anulação do AI de obrigação principal e correlatos por vício formal, por se tratar do não preenchimento de todas as formalidades necessárias a validação do ato administrativo, conforme destaco abaixo. Em uma concepção a respeito da forma do ato administrativo é incluída não somente a exteriorização do ato, mas também as formalidades que devem ser observadas durante o processo de formação da vontade da Administração, e até os requisitos concernentes à publicidade do ato. Nesse sentido é a lição de Maria Sylvia di Pietro, na obra Manual de Direito Administrativo, 18ª edição, Ed. Atlas, página 200. Na lição expressa de Maria Sylvia di Pietro, na obra já citada, página 202, in verbis: “Integra o conceito de forma a motivação do ato administrativo, ou seja, a exposição dos fatos e dos direitos que serviram de fundamento para a prática do ato; a sua ausência impede a verificação da legitimidade do ato.” Não se pode confundir falta de motivo com a falta de motivação. A motivação é a exposição de motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito, de que os pressupostos de fato realmente existiram. A motivação diz respeito às formalidades do ato. O motivo, por seu turno, antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a Administração a praticar o ato. São os pressupostos de fato e de direito da prática do ato. Na lição de Maria Sylvia di Pietro, pressuposto de direito é o dispositivo legal em que se baseia o ato; pressuposto de fato, corresponde ao conjunto de circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam a Administração a praticar o ato. A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo. No lançamento fiscal o motivo é a ocorrência do fato gerador, esse inexistindo torna improcedente o lançamento, não havendo como ser sanado, pois sem fato gerador não há obrigação tributária. Agora, a motivação é a expressão dos motivos, é a tradução para o papel da realidade encontrada pela fiscalização. Logo, se há falha na lavratura do AI, pela indicação imprecisa, ou não objetiva, deixando o auditor expressamente de cotejar os valores lançados, com aqueles documentos alegados pelo recorrente (mesmo que não os considerasse posteriormente), o vício é formal, se houver falha no pressuposto de fato ou de direito, o vício é material, ou seja inexiste a fato gerador do lançamento. A autoridade julgadora deverá analisar a observância dos requisitos formais do lançamento, previstos no art. 37 da Lei n ° 8.212. Contudo, considerando o encaminhamento do presidente da turma por colocar em julgamento a nulidade ou não do lançamento, e tendo sido eu vencida, vime obrigada, no mérito a acompanhar a relatora dando provimento ao lançamento, posto que entendo que seria incoerente negar provimento, se entendi que o mesmo padece de vício Fl. 234DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 10830.012359/200876 Acórdão n.º 2401003.682 S2C4T1 Fl. 15 27 quanto a motivação, exteriorização dos fatos e cotejamento dos documentos apresentados pelo recorrente com aqueles incluídos no lançamento em meio digital. Dessa forma, a presente declaração, visa tão somente esclarecer os termos do voto encaminhado. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 19/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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Numero do processo: 13210.000068/2007-40
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1992 a 31/07/1997
ADESÃO AO PARCELAMENTO. CONFISSÃO. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO ESPECIAL.
A adesão ao parcelamento importa confissão irrevogável e irretratável dos débito sem nome do sujeito passivo.
Não há matéria a ser apreciada por esta Corte, quando o objeto do recurso interposto pelo contribuinte é a adesão ao parcelamento de que trata a Lei nº 11.941/09.
DECADÊNCIA. ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário NacionalCTN.
Além disso, o enunciado da Súmula CARF nº 99 dispõe que Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Recurso especial conhecido em parte e provido.
Numero da decisão: 9202-003.362
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso e, na parte conhecida, dar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Manoel Coelho Arruda Junior Relator
EDITADO EM:02/02/2015
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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EPP Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1992 a 31/07/1997 ADESÃO AO PARCELAMENTO. CONFISSÃO. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO ESPECIAL. A adesão ao parcelamento importa confissão irrevogável e irretratável dos débito sem nome do sujeito passivo. Não há matéria a ser apreciada por esta Corte, quando o objeto do recurso interposto pelo contribuinte é a adesão ao parcelamento de que trata a Lei nº 11.941/09. DECADÊNCIA. ENUNCIADO DA SÚMULA CARF N. 99. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, devendo ser observadas as regras do Código Tributário NacionalCTN. Além disso, o enunciado da Súmula CARF nº 99 dispõe que “Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração”. Recurso especial conhecido em parte e provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 21 0. 00 00 68 /2 00 7- 40 Fl. 640DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 2 Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso e, na parte conhecida, dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM:02/02/2015 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Relatório O contribuinte, inconformado com o decidido no Acórdão n° 20600.572, de 12/03/2008, proferido pela então Sexta Câmara do 2o CC (fls. 481/507), interpôs recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, fls. 514/533, com fulcro no art. 7o , II do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, previsto pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007. A ciência do acórdão ocorreu em 07/08/2008 [fls. 509verso]. O Recurso especial foi interposto em 21/08/2008, conforme protocolo de recepção às fls. 514, dentro, portanto, do prazo de 15 (quinze) dias estabelecido no caput do artigo 15 do RICSRF. A recorrente apresenta, em seu recurso, duas divergências. A primeira, no seu entender, deriva do fato de que a Relatora do acórdão recorrido entendeu que não houve cerceamento do direito de defesa da Recorrente durante o trâmite do Procedimento Fiscal, tendo concluído pela inexistência de nulidade insanável. Entende ser claro e evidente nos autos a ocorrência de nulidade em decorrência da preterição do seu direito de defesa. Apresenta como paradigmas os acórdãos n.°s 10807.556 e 10194.049, cujas ementas serão reproduzidas abaixo, verbis: "(...) A descrição defeituosa dos fatos impede a compreensão dos mesmos, e, por conseqüência, das infrações correspondentes, sendo, portanto, vício material, pois mitiga, indevidamente, a participação do contribuinte na instauração do litígio, mediante a apresentação da impugnação. No caso em análise, havia possibilidade de conhecimento dos fatos descritos e das infrações imputadas, posto que complexas. " (Ac'. 10807.556) Fl. 641DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 13210.000068/200740 Acórdão n.º 9202003.362 CSRFT2 Fl. 9 3 "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO EX OFFICIO E nulo o Ato Administrativo de Lançamento, formalizado com inegável insuficiência na descrição dos fatos, não permitindo que o sujeito passivo pudesse se exercitar, como lhe outorga o ordenamento jurídico, o amplo direito de defesa, notadamente por desconhecer, com a necessária timidez, o conteúdo ilícito que lhe está sendo imputado. Tratase, no caso, de nulidade por vício material, na medida em que falta conteúdo ao ato, o que implica inocorrência da hipótese de incidência." (Ac. 10194.049) Mediante análise dos autos, é correto afirmar que não há identidade fática entre estas decisões e o acórdão recorrido. Enquanto nos paradigmas foi constatado a ocorrência de cerceamento do direito de defesa, na decisão ora atacada a Relatora não vislumbrou tal vício. Quanto à segunda divergência argüida, a recorrente afirma que a decisão recorrida deve ser reformada para que se aplique a Súmula Vinculante n.° 8 do STF, fazendo prevalecer o prazo prescricional e decadencial de 5 (cinco) anos na apuração do débito em discussão. Apresenta como paradigma o Acórdão n.° 30335.430, cuja ementa será reproduzida abaixo verbis: "FINSOCIAL PRAZO DECADENCIAL PARA COBRANÇA ARTS.45 E 46 DA LEI N" 8212/91 INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MODULAÇÃO' DOS EFEITOS DA DECISÃO. A teor de decisão proferida, por unanimidade, em sessão de 11.06.2008, pela Corte da Eg. Supremo Tribunal Federal, o prazo para cobrança das contribuições da seguridade social, é de 5 (cinco) anos. (...) RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO." Instado a se manifestar, o i. Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção do CARF resolveu dar seguimento parcial ao Recurso Especial interposto, conforme se verifica abaixo [fls. 537/538]: [...] Mediante análise dos autos, vislumbro a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigma, motivo pelo qual entendo que está configurada a segunda divergência jurisprudencial apontada pela Recorrente. Por todo o exposto, nos termos do art. 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: I Nego seguimento ao recurso especial no que concerne à primeira divergência argüida (ocorrência de cerceamento do direito de defesa); e II Dou seguimento ao recurso especial no que diz respeito à segunda divergência argüida (decadência). Diante da rejeição da admissibilidade de .parte do recurso especial de divergência, determino o envio dos presentes autos ao Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais para apreciação, a teor do disposto no art. 71 e parágrafos do RI CARF. Fl. 642DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 4 Em seguida, encaminhemse os autos à Fazenda Nacional para contrarazões, a teor do disposto no art. 70 do RICARF. Ato contínuo, a PGFN apresentou contrarrazões que, em síntese, reitera os argumentos do acórdão recorrido. Em 24/02/2010, a Recorrente apresentou requerimento de desistência ou impugnação de recurso administrativo de parte do crédito, qual seja, em face das competências 06 e 07/1997. Por meio da Informação de fl. 580, o i. Presidente da 2ª Seção do CARF ratificou a desistência parcial, com fulcro no §3º, do art. 78, do RICARF. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Relator Sendo tempestivo o REsp interposto e demonstrada a divergência jurisprudencial, CONHEÇO EM PARTE do Recurso, haja vista houve desistência parcial em face das competências 06 e 07/1997, por força de adesão a parcelamento especial, em atenção ao disposto no §3º, art. 78. RICARF. O acórdão recorrido aplicou ao caso o art. 45, da Lei n. 8.212/91 que estabelecia prazo decadência de 10 (dez) anos: [...] Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1992 a 31/07/1997 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DECADÊNCIA ART. 45 DA LEI N° 8.212/1991 PREVALÊNCIA. O direito de o fisco apurar e constituir os créditos referentes às contribuições previdenciárias estabelecidas na Lei n°8.212/1991 extinguese após 10 (dez) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, conforme dispõe o inciso I do art. 45 da citada lei. É cediço que a referida matéria já foi objeto da Súmula Vinculante n. 08, do Supremo Tribunal Federal: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto Lei nº 1.569/1977e os artigos45e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n. 11.417/2006, verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua Fl. 643DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 13210.000068/200740 Acórdão n.º 9202003.362 CSRFT2 Fl. 10 5 revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(Vide Lei nº 11.417, de 2006). [...] Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão Vejamos: "Nestes termos o cerne da questão é a decadência da exigência de tributo cujo lançamento é por homologação observando que esta não se resume à mera questão pecuniária, sobre se houve ou não recolhimento antecipado. Homologase a, na hipótese de ocorrência tácita, modalidade do caso em comento, a perda do direito potestativo, ainda que inadimplidas as obrigações. Claro que as condutas i lícitas, por constituírem crimes, estão excepcionadas desta análise. Entretanto, mesmo essas, em fá rum próprio, tem regramento legal e são, também alcançadas pelos institutos da decadência/prescrição. Assim, consoante a tudo que foi exposto, considerando o período da ocorrência da infração definido pelas competências 03/2000 A 09/2004 conforme Relatório Fiscal de folhas 50 e ainda que a empresa fora notificada em 28/03/2007, na forma do artigo 150, §4° do CTN, encontramse fulminadas pelo instituto da decadência a competência 02/2002 e anteriores." O paradigma, por outro lado, entendeu que, em situação semelhante a dos autos, se houver comprovação de pagamento antecipado, devese aplicar ao caso o art. 150, § 4° do CTN; caso contrario, prevalece o disposto no art. 173, I do mesmo diploma legal. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n. 11.417/2006, verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Fl. 644DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR 6 Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)(Vide Lei nº 11.417, de 2006). [...] Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, que se deu em 20/06/2008, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Compulsando os autos, constatase que o decisum recorrido acatou a preliminar de decadência até a competência 05/1997 – aplicação do §4º, do art. 150, do CTN , haja vista que a ciência ocorreu em 16/09/2002 e houve desistência pelo Recorrente das competências 06 e 07/1997. Além disso, consta informação à folha 94 que a fiscalização examinou GFIPs. Dessa forma, aplicável ao caso a Súmula CARF n. 99, que assevera: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. DISPOSITIVO Por todo o exposto, VOTO por CONHECER PARCIALMENTE DO RECURSO ESPECIAL interposto, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para declarar a decadência até a competência 05/1997. É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 645DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR Processo nº 13210.000068/200740 Acórdão n.º 9202003.362 CSRFT2 Fl. 11 7 Fl. 646DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por WAGNER LUIS DE OLIVEIRA ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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Numero do processo: 17437.720181/2011-28
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE.
No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva beneficiária do trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas.
SIMPLES. COMPENSAÇÃO.
É vedada, pelas normas que regem a matéria, a compensação de contribuições previdenciárias com o valor recolhido para o Simples Nacional.
MULTA QUALIFICADA.
A multa de ofício de 150% é aplicável sempre que caracterizada a prática de ato com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária.
Recurso Voluntário Negado.
É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicílio tributário, assim considerado o do endereço, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal do Brasil.
Numero da decisão: 2403-002.985
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Ewan Teles Aguiar - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ewan Teles Aguiar, Marcelo Magalhães Peixoto e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Alvas.
Nome do relator: EWAN TELES AGUIAR
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 NULIDADE. Possuindo o Auto de Infração todos os requisitos necessários à sua formalização, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972, e não sendo verificadas as hipóteses enumeradas no artigo 59, o lançamento não é nulo. ÔNUS DA PROVA. A impugnante tem o ônus da prova acerca daquilo que alega. PRODUÇÃO DE PROVAS. PRAZO. É de nenhum efeito o protesto genericamente formulado no tocante à produção de provas. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicílio tributário, assim considerado o do endereço, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal do Brasil. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva beneficiária do trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. SIMPLES. COMPENSAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 43 7. 72 01 81 /2 01 1- 28 Fl. 692DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 É vedada, pelas normas que regem a matéria, a compensação de contribuições previdenciárias com o valor recolhido para o Simples Nacional. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício de 150% é aplicável sempre que caracterizada a prática de ato com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Ewan Teles Aguiar Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ewan Teles Aguiar, Marcelo Magalhães Peixoto e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Alvas. Fl. 693DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 156 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário, fls. 641682, apresentado contra Acórdão nº 1044.180 – 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Pelotas RS, fls. 603623, que por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo os créditos tributários exigidos, oriundos de descumprimento de obrigação tributária legal principal, DEBCAD 51.000.5373 no valor de R$ 393.274,75 e DEBCAD 51.000.5390 no valor de R$ 91.886,84. Conforme Relatório Fiscal, fls. 2132, com Anexos às fls. 3352, o lançamento referese as contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos Riscos Ambientais do Trabalho – RAT, incidentes sobre a remuneração aferida indiretamente, de segurados empregados; e parte patronal incidente sobre a remuneração, aferida indiretamente, de contribuintes individuais; e referente a contribuições para outra entidades e fundos: Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação – FNDE (salárioeducação), Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária – INCRA, Serviço Social da Indústria – SESI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, tendo como base de cálculo a remuneração, aferida indiretamente, de segurados empregados constantes das folhas de pagamento da Empresa João Comercial Cereais Ltda. Do lançamento Em decorrência de ação fiscal levada a efeito na empresa Arrozeira Bom Jesus Ltda., foram lavrados os seguintes Autos de Infração – AI: ► AI DEBCAD nº 51.000.5373:no valor de R$ 393.274,75 (trezentos e noventa e três mil, duzentos e setenta e quatro reais e setenta e cinco centavos), consolidado em 14/10/2011, referente contribuições previdenciárias patronais, incluindo as contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT, incidentes sobre a remuneração, aferida indiretamente, de segurados empregados; e parte patronal incidente sobre a remuneração, aferida indiretamente, de contribuintes individuais, todos constantes das folhas de pagamento da empresa São João Comercial Cereais Ltda., CNPJ nº 06.981.392/000101, nas competências 01/2009 a 12/2009, incluída a Gratificação Natalina (13º salário) do ano de 2009. ► AI DEBCAD nº 51.000.5390: no valor de R$ 91.886,84 (noventa e um mil, oitocentos e oitenta e seis reais e oitenta e quatro centavos), consolidado em 14/10/2011, referente a contribuições para outras entidades e fundos: Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação FNDE (SalárioEducação), Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária – INCRA, Serviço Social da Indústria – SESI, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, tendo como base de cálculo a remuneração, aferida indiretamente, de segurados empregados constantes das folhas de pagamento da empresa São João Comercial Cereais Ltda., nas competências 01/2009 a 12/2009, incluída a Gratificação Natalina. Fl. 694DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 No Relatório Fiscal a autoridade lançadora consigna, inicialmente, que a autuada tem como objeto social o beneficiamento de arroz, comércio e transporte rodoviário de cereais, e “desde sua constituição, até a competência 08/2005 apurou seus impostos e tributos com base no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições SIMPLES.” Que, a “partir do mês de setembro do ano calendário de 2005, em razão da receita bruta da sociedade ter ultrapassado o limite estabelecido pela legislação, o contribuinte passou a recolher impostos e tributos com base no lucro presumido sendo que, a partir do ano calendário de 2007, com base no Lucro Real.” Informa, ainda, que a “administração da sociedade ARROZEIRA BOM JESUS LTDA é exercida exclusivamente por Cláudio Zemieski Brandeburski.”. Que foi lavrado Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF para a empresa São João Comercial de Cereais Ltda., localizada no mesmo endereço da autuada, com a atividade econômica de secagem e beneficiamento de cereais, que utiliza as mesmas instalações e equipamentos que a Arrozeira Bom Jesus Ltda. Que a “ciência do TIPF foi dada por Cláudio Zemieski Brandeburski, na qualidade de Administrador da empresa SÃO JOÃO COMERCIAL DE CEREAIS LTDA”. A São João Comercial de Cereais Ltda. iniciou suas atividades em 01/09/2004 e, em 19/07/2007, houve alteração contratual estabelecendo que o “objeto da empresa será o COMÉRCIO DE CEREAIS E SUBPRODUTOS DE ARROZ, EMPACOTAMENTO E EMPILHAMENTO DE CEREAIS.” Em visita à “empresa e com base na análise dos registros contábeis, foi constatado, que o contribuinte não deixou de realizar atividades de secagem e beneficiamento de arroz.” O Relatório Fiscal informa, ainda, que desde o início de suas atividades, a São João Comércio de Cereais “apurou seus impostos e tributos sempre com base no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições SIMPLES.” Da impugnação A empresa impugnou tempestivamente a exigência. A ciência dos Autos de Infração ocorreu em 07/11/2011, enquanto as impugnações foram apresentadas em 06/12/2011. Aponta máculas ao lançamento, começando pelos aspectos formais: a) “INEXISTÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO POSITIVO PARA O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA PARA DESCONSIDERAR ATOS, NEGÓCIOS E PERSONALIDADES JURÍDICAS”, afirmando que “não tendo havido no corpo do auto de infração impugnado a indicação expressa da norma jurídica que autoriza ao agente fiscal a desconsideração de atos, negócios e personalidades jurídicas, devesse declarar a nulidade do documento fiscal e, por decorrência, considerase nula também a autuação realizada.”; b) “INEXISTÊNCIA DE COMPETÊNCIA PARA DESCONSIDERAR ATOS, NEGÓCIOS JURÍDICOS E PERSONALIDADES JURÍDICAS PARA FINS TRIBUTÁRIOS EM DECORRÊNCIA DA AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 116 DO CTN”, identificada como “a única norma jurídica existente e válida com aptidão para subsidiar juridicamente o exercício pela fiscalização tributária da competência para desconsiderar atos, negócios e personalidades jurídicas”, ressaltando não ter sido, tal dispositivo legal, mencionado no Auto de Infração impugnado. Fl. 695DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 157 5 Afirma que “o agente fiscal que formalizou o auto de infração impugnado desbordou do âmbito de atuação que lhe é outorgado pela ordem jurídica, devendo, pois, ser reconhecida a inaptidão do ato de desconsideração”, com a declaração de nulidade do lançamento; e c) “INEXISTÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DO MOTIVO JURÍDICO E DA MOTIVAÇÃO FÁTICA SUFICIENTE PARA A FORMAÇÃO JURÍDICA DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO”, afirmando que a função específica do “ato administrativo é exatamente a identificação e descrição pormenorizada do fato ocorrido, para que, com isso, seja possível, na hipótese de identidade conceitual entre tal fato e o evento previsto no antecedente da norma de tributação, a realização da subsunção particular, quando então é realizada a incidência específica, com todas as repercussões daí decorrentes: mensuração do fato, aplicação da alíquota, identificação do sujeito passivo e mensuração final do crédito tributário.” Entendem que o Auto de Infração sob ataque “Restringiuse indicar alguns fatos que considerou indiciários de evasão fiscal e, com base nisso, sem conectálos logicamente e desconsiderando os verdadeiros fundamentos econômicos das operações realizadas entre a impugnante e a São João Comercial de Cereais Ltda., lavrou a autuação.” “Sendo assim, o auto de infração impugnado, por não ter trazido, expressa, clara e minuciosamente, a identificação e descrição concreta: (i) dos fatos que, conectados entre si e não relacionados com qualquer fundamento econômiconegocial, justificassem a desconsideração dos negócios jurídicos e da personalidade jurídica, (ii) do fato acontecido, (iii) a identificação do momento de ocorrência de tal fato, (iv) do local de ocorrência do fato em não preencheu o pressuposto de validade que exige a motivação dos atos administrativos, motivo pelo qual deve ser reconhecida a nulidade absoluta de seus termos.” Na parte dois, as impugnações tratam da inocorrência do suporte fático para a desconsideração dos negócio e da personalidade jurídica, posto que inexistente qualquer ato simulado a justificar a autuação, já que “Os fatos mais relevantes mencionados pelo agente fiscal no relatório de fiscalização foram os seguintes: (i) a impugnante e a São João Comercial de Cereais Ltda. teriam sido constituídas e instaladas no mesmo imóvel, com a mesma atividade sob uma única administração e de propriedade de um mesmo núcleo familiar; (ii) o imóvel em que se desenvolve o beneficiamento de arroz pela São João Comercial de Cereais Ltda. e os equipamentos industriais utilizados para tal desiderato teriam sido cedidos gratuitamente pela impugnante; (iii) os pagamentos de despesas de água, energia elétrica, telefone e aluguel de todos os prédios que compõem o imóvel em que as empresas desenvolvem as suas atividades não foram segregados e foram assumidos integralmente pela impugnante; e (iv) houve migração dos empregados da impugnante para a São João Comercial de Cereais Ltda.” Afirma que essas circunstâncias, ainda que “combinadas, não têm o condão de confirmar o indício de evasão fiscal e, com isso, servir de subsídio para a desconsideração dos negócios e da personalidade jurídica mantidos por ambas as empresas em questão.” Afirma que o fato das duas empresas “terem sido constituídas e instaladas no mesmo imóvel, com a mesma atividade, sob uma única administração e sob propriedade de um mesmo núcleo familiar não predica qualquer fraude ou simulação não servindo nem mesmo para tornálas integrantes de um mesmo grupo empresarial.” Alegam não ser verdade que dividam o “mesmo imóvel: embora o terreno e a propriedade sobre os prédios sejam unos, há mais de um prédio e o desenvolvimento da atividade operacional da impugnante e da São João Comercial de Cereais Ltda. ocorrem de modo nitidamente separado e em imóveis distintos.” Fl. 696DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 Informa que as duas empresas “têm atuação distinta: a impugnante atua como indústria tomadora e de caráter preponderantemente comercial, com pouca produção em linhas industriais próprias e atuação concentrada na área comercial de venda a terceiros, e a São João Comercial de Cereais Ltda. atua como indústria prestadora, com muita produção em linha de produção própria e atuação quase inexistente na área comercial.” Quanto ao mesmo administrador, afirmam tratarse de razão de “ordem prática envolvendo o mercado de arroz e a própria origem do negócio relacionado a São João Comercial e Cereais Ltda.: como a intenção, ao criar tal empresa, era especializála na transformação e beneficiamento, sem marca própria, de arroz, e, com isso, conseguir atuar sobre parcela da produção de outras empresas situadas no Estado, com destaque para atacadistas ou varejistas, e sendo o Sr. Cláudio Brandeburski bastante conhecido pelo potencial mercado consumidor do produto, possuindo atuação comercial destacada, a ideia foi exatamente apresentálo como administrador, embora não sócio, apto a assinar eventuais contratos de beneficiamento, para dar mais credibilidade para a sociedade recém iniciada.” E, antes de um “desejo de burlar o pagamento de tributos, significou a sincera tentativa de apoiar o início do negócio próprio de membros da família.” Expõem que o fato de ambas as empresas serem propriedade de um mesmo núcleo familiar, antes de indicar qualquer intenção dolosa, evidencia a falta de malícia na “conformação dos negócios”, deixando de adotar “estruturas sociais e operacionais bem mais complexas, que dificultassem qualquer fiscalização.” Quanto ao imóvel e equipamentos de beneficiamento do arroz terem sido cedidos gratuitamente pela impugnante, não pode ser considerado como evasão fiscal, já que o comodato gratuito “guarda nexo direto com o contrato de industrialização por encomenda mantido pelas duas empresas. Para além da questão familiar representada pelo interesse de que o novo negócio fosse exitoso, era fundamental, sob o aspecto de custos operacionais, que a São João Comercial de Cereais Ltda. estivesse fisicamente perto da impugnante e que pudesse realizar a industrialização por encomenda do arroz adquirido por esta sem custos de transporte e com preferência sobre eventuais outras sociedades do mesmo ramo. Por essa razão, nada mais natural que oferecer espaço físico, estrutura tecnológica e outras facilidades para garantir um custo operacional mais baixo na terceirização da industrialização.” Mesmo raciocínio para os pagamentos das despesas de água, energia elétrica, telefone e aluguel de todos os prédios que “compõem o imóvel em que as empresas desenvolvem as suas atividades não terem sido segregados e tenham sido assumidos integralmente pela impugnante”, pois “a Arrozeira Bom Jesus tornouse naturalmente a principal encomendante da São João Comercial de Cereais Ltda., então era interesse direto daquela não apenas que esta se mantivesse próxima, como também que os custos industriais não se elevassem a ponto de repercutir sobre o preço do serviço de industrialização contratado.” Afirmam que a migração de empregados da Arrozeira Bom Jesus Ltda. para a São João Comercial de Cereais Ltda. não serve para fundamentar qualquer desconsideração dos negócios e da personalidade jurídica das empresas, pois “com o passar do tempo e o aprofundamento do relacionamento comercial entre as empresas, optouse, por uma questão de racionalização das atividades como forma de otimização dos resultados a partir da atuação especializada, por dividir atividade das referidas sociedades de forma a complementálas: (i) a impugnante passou a atuar como indústria tomadora e de caráter preponderantemente comercial, com pouca produção em linhas industriais próprias e atuação concentrada na área comercial de venda a terceiros; e (ii) a São João Comercial de Cereais Ltda. passou a atuar como indústria prestadora, com muita produção em linha de produção própria e atuação quase inexistente na área comercial. Nesse contexto, criouse uma dinâmica de relação jurídica que pode ser assim descrita: (i) a Arrozeira Bom Jesus Ltda. adquiria o arroz diretamente do produtor rural; (ii) a seguir, remetia o produto para beneficiamento pela São João Comercial de Cereais Ltda.; (iii) após tal processo, a beneficiadora transferia as mercadorias industrializadas para a encomendante, remunerandose das sobras; (iv) quando necessário, a Arrozeira Bom Jesus Ltda. complementava o processo industrial, e, quando Fl. 697DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 158 7 desnecessário, realizava a venda para terceiros.” Frisam que “nenhuma norma jurídica existente, válida e eficaz, dentro da ordem jurídica pátria, impede que sociedades empresárias dividam parcialmente estruturas físicas ou de pessoal, tenham atividades correlatas, pertençam a parentes e mantenham relação comercial. Talvez se possa concluir que, mais preocupadas com o ritmo das atividades empresariais do que com a formatação jurídica das operações, as empresas tenham errado por não haverem, eventualmente, formalizado tais ajustes comerciais, porém não se pode afirmar que desbordaram da realidade cotidiana dos relacionamentos empresariais. Todas as operações são claras e nunca houve a tentativa, ainda que mínima, de sonegálas ao conhecimento e controle do Fisco, o que infirma o próprio caráter malicioso que buscou ser identificado pelo auto de infração.” Entendem que, a partir dos dados fornecidos à Auditoria Fiscal pela Arrozeira Bom Jesus Ltda., deve ser aplicada, pela proporcionalidade, razoabilidade e pela regra do artigo 112 do Código Tributário Nacional – CTN, a presunção de boa fé e a interpretação mais favorável ao contribuinte. Invocam, citando o artigo 2º, parágrafo único e inciso VI, da Lei nº 9.784/1999, a adequação entre os meios e os fins, no procedimento e no processo administrativo. Expõem extenso arrazoado acerca da proporcionalidade e da razoabilidade aplicadas “à interpretação das normas jurídicas, dos fatos e da relação entre ambos, no seio da atividade administrativa, é condição para a validade dos atos específicos.” Afirmam que “é desproporcional e irrazoável a interpretação positivada no auto de infração impugnado, no sentido de que, a partir dos fatos mencionados, teria havido evasão fiscal por parte do impugnante: não se deve ignorar que o indício é fundamento para o instauramento de procedimento de fiscalização, porém não serve de única causa para a autuação, sobretudo nas hipóteses em que envolve sanção grave. Na hipótese, porém, a Fiscalização tornou o indício fato concreto e, invertendo a lógica própria das interpretações dos fatos e atos jurídicos, presumiu a máfé e o dolo, quando, em termos efetivos, a ordem da equação é inversa, isto é, devesse sempre presumir a boafé.’ Entendem que deve ser reconhecida a inexistência de qualquer simulação e ser considerada nula a autuação sob ataque. Na terceira parte, as impugnações, elencam “diversos equívocos na identificação dos valores levantados pela Fiscalização, razão pela qual devesse revisar a mensuração da dívida, alegando ilegalidade da tributação das verbas pagas a título de indenização para empregados e administradores, quando pagas como auxíliocondução, auxíliocreche, auxílio transporte, auxílioalimentação, auxíliodoença, férias não gozadas, licençaprêmio não gozada, aviso prévio indenizado, abono assiduidade, terço constitucional de férias gozadas e não gozadas e adicional por horaextra.” A por fim as impugnações trazem a inconformidade com a aplicação da multa qualificada, com a explanação da “inexistência de suporte fático para a qualificação da multa em vista da previsão do § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/99 e ausência de motivação suficiente para a formação jurídica do fato ilícito.” Afirmam que as autuações não cumpriram as exigências da legislação, não trazendo comprovação de dolo, fraude ou sonegação “para justificar a imposição da multa de mora de 150% (cento e cinquenta por cento).” Ainda, que o artigo 112 do CTN determina que “a lei tributária que define a infração, ou lhe comine penalidades, deve ser interpretada da maneira mais favorável ao contribuinte.” Fl. 698DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 “E é exatamente nesse contexto que agiu equivocadamente a Fiscalização: embora os indícios tenham servido para instaurar validamente o procedimento de fiscalização, não deram ensejo a qualquer comprovação inequívoca no sentido de que a impetrante agiu com dolo, de modo que, forte no postulado da razoabilidade e na regra do art. 112 do CTN, se deve aplicar, na compreensão do fato e das demais circunstâncias que o envolvem, a presunção de boafé e a interpretação mais favorável da situação do impetrante.” Considera deva ser reformado o Auto de Infração para a anulação da multa agravada, por falta de subsídio fático e jurídico. Requerem: “(i) invalidar o auto de infração impugnado, reconhecendo, sucessivamente, a ocorrência dos seguintes vícios formais: (a) inexistência de especificação do fundamento jurídico positivo para o exercício da competência administrativa para desconsiderar atos, negócios e personalidades jurídicas; (b) inexistência de competência administrativa para desconsiderar atos, negócios jurídicos e personalidades jurídicas para fins tributários em decorrência da ausência de regulamentação por lei ordinária do parágrafo único do art. 116 do CTN; (c) inexistência de fundamentação por intermédio da especificação do motivo jurídico e da motivação fática suficiente para a formação jurídica do fato jurídico tributário; (ii) na hipótese de não ser admitido o pedido anterior e quaisquer dos seus subitens, invalidar o auto de infração impugnado, reconhecendo o vício material da inexistência de qualquer ato simulado a justificar a desconsideração de atos, negócios e personalidade jurídica que geraram a presente autuação; (iii) na hipótese de não serem admitidos os pedido dos itens (i) e (ii), invalidar parcialmente o auto de infração impugnado, reconhecendo a obrigatoriedade de excluirse da base de cálculo do principal e da multa as contribuições calculadas sobre as remunerações pagas as verbas de natureza indenizatória (auxíliocondução, auxíliocreche, auxiliotransporte, auxílio alimentação, primeiros quinze dias de auxíliodoença, férias não gozadas, licença prêmio não gozada, aviso prévio indenizado, abono assiduidade não gozado, um terço de férias gozadas e não gozadas e adicional relativo às horasextras (...) (iv) também na hipótese de não serem admitidos os pedidos dos itens (i) e (ii), invalidar parcialmente o auto de infração impugnado, reconhecendo a inexistência de suporte fático para a qualificação da multa em vista da previsão do § 1º do art. 44 da Lei n° 9.430/96 e a ausência de motivação suficiente para a formação do fato ilícito. A impugnante protesta pela produção de todas as provas em direito admitidas.” A impugnação ao Auto de Infração DEBCAD nº 51.000.5373 traz como argumento, ainda, a “necessidade de abatimento dos valores pagos a título de contribuição previdenciária pela São João Comercial de Cereais Ltda.”, posto que, “Se o raciocínio empregado é no sentido de que o eventual ônus tributário deve ser transferido para a impugnante, então, por decorrência lógica, o possível bônus tributário também o deve, razão pela qual deve ser abatido do valor apurado, além dos valores indicados no item ‘a’, da Parte III, supra, também as parcelas pagas a título de CPP pela São João Comercial de Cereais Ltda. Em virtude da relação de emprego com os mesmos empregados cuja prestação de serviços serve de hipótese de incidência para a autuação levada a efeito e cuja folha de salários serve de base de cálculo para a apuração do montante devido.” Assim, entende que “a exigência de pagamento das contribuições em questão em duplicidade (na sistemática do SIMPLES NACIONAL e na sistemática geral) deve ser considerado Fl. 699DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 159 9 inválida, com a consequente apuração de novo montante de tributo e a alteração da base de cálculo da multa fixada.” Requer “abaterse do montante apurado também as parcelas pagas a título de CPP pela São João Comercial de Cereais Ltda. em virtude da relação de emprego com os mesmos empregados cuja prestação de serviços serve de hipótese de incidência para a autuação levada a efeito e cuja folha de salários serve de base de cálculo para a apuração do montante devido”. Por fim, as impugnações requerem que todas as intimações do processo sejam dirigidas à impugnante e a seu procurador. A DRJ manteve integralmente os Autos de Infração, com a seguinte Ementa: ASSUNTO: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 NULIDADE. Possuindo o Auto de Infração todos os requisitos necessários à sua formalização, nos termos do artigo 10 do Decreto nº 70.235/1972, e não sendo verificadas as hipóteses enumeradas no artigo 59, o lançamento não é nulo. ÔNUS DA PROVA. A impugnante tem o ônus da prova acerca daquilo que alega. PRODUÇÃO DE PROVAS. PRAZO. É de nenhum efeito o protesto genericamente formulado no tocante à produção de provas. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicílio tributário, assim considerado o do endereço, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal do Brasil. ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva beneficiária do trabalho dossegurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta,obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. SIMPLES. COMPENSAÇÃO. Fl. 700DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 É vedada, pelas normas que regem a matéria, a compensação de contribuições previdenciárias com o valor recolhido para o Simples Nacional. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008 MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício de 150% é aplicável sempre que caracterizada a prática de ato com o objetivo de impedir o conhecimento da ocorrência do fato gerador pela autoridade fazendária. Inconformada com a decisão da DRJ, a Contribuinte apresenta Recurso Voluntário, que reitera os argumentos que haviam sido deduzidos quando da Impugnação. É o relatório. Fl. 701DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 160 11 Voto Conselheiro Ewan Teles Aguiar , Relator A) PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos. B) DAS QUESTÕES PRELIMINARES AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO A recorrente foi autuada pelo não recolhimento de contribuições patronais, nas competências janeiro de 2007 a dezembro de 2008, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados e a segurados contribuintes individuais, contratados através de empresa interposta, no caso, a empresa São João Comercial de Cereais Ltda. A Lei Complementar n.º 104, de 10 de janeiro de 2001 – que, dentre outras alterações, incluiu o parágrafo único ao artigo 116 do CTN –, nada há a examinar, posto que foram os fundamento legais para o lançamento, conforme exposto nos Fundamentos Legais do Débito – FLD, bem assim como confirmado por alegação do autuado em suas razões. No presente caso, o Auto de Infração foi lavrado por autoridade administrativa competente, com a correta identificação do sujeito passivo, do cálculo do tributo devido, da matéria tributável e do fato gerador dos lançamentos em tela. Os Autos de Infração permitiram ao autuado entender as infrações que lhe estão sendo imputadas. Os fatos vêm suficientemente descritos no Relatório Fiscal, permitindo verificarse não só quais as contribuições objeto do lançamento, mas também o porquê de tais exações haverem sido lançadas. Identifica, além das contribuições objeto do lançamento, os procedimentos iniciais adotados e bem assim as verificações efetuadas a partir dos dados fornecidos pela autuada; os levantamentos que compõem o auto de infração; os fatos geradores do crédito; e os documentos anexados ao auto de infração. Nesse contexto, cabe examinar o Relatório Discriminativo do Débito – DD e o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD, que possibilitam verificar todos os elementos exigidos para que o lançamento seja válido. O DD identifica, por competência, as bases de cálculo e as alíquotas consideradas no lançamento; as contribuições apuradas em relação a essas bases de cálculo. Aponta, ainda, para cada competência, as contribuições devidas, objeto do lançamento, os percentuais e valores das multas incidentes e os juros aplicados. Ao final do DD consta o total do débito, com a discriminação das contribuições, juros e multa devidos. O FLD informa ao contribuinte os dispositivos legais que fundamentam o lançamento efetuado, Fl. 702DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 de acordo com a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, inclusive no que pertine à sujeição passiva da autuada em relação à contribuição lançada, identificando os atos legais aplicados no lançamento, por tipo de contribuição lançada e acréscimos legais correspondentes (Fundamentos Legais do Débito, Fundamentos Legais das Rubricas e Fundamentos Legais dos Acréscimos Legais). Temse, dessa maneira, como suficientemente identificados, nas peças de autuação, o sujeito passivo, a matéria tributável, a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, o débito consolidado, as bases de cálculo utilizadas, os critérios utilizados para calcular o montante do tributo devido, o período lançado, e a origem dos valores considerados devidos pela autoridade lançadora.Desta forma, o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, a nulidade apontada. B) DO MÉRITO (i) inocorrência do suporte fático suficiente à desconsideração dos negócios jurídicos e da personalidade jurídica; Deve ficar absolutamente claro que não houve a desconsideração da personalidade jurídica das empresas envolvidas. O que houve foi a constatação, pela Fiscalização, conforme o Relatório Fiscal e o conjunto probatório, de que a recorrente utilizouse da mãodeobra declarada pela São João Comercial de Cereais Ltda. – empresa optante pelo Simples – com a finalidade específica de evitar o pagamento das contribuições previdenciárias patronais e para outras entidades e fundos, devidas e incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores por ela contratados. Considerando que a atividade de lançamento é vinculada, constatado o não recolhimento das contribuições previdenciárias e para outras entidades e fundos, a autoridade fiscal tem o dever de lançar as exações, com base na legislação vigente, sob pena de responsabilidade funcional. (ii) equívoco na mensuração do crédito; A recorrente alega o equivoco mas não consegue se contrapor e superar as informações trazidas no Relatório Fiscal, vejamos: 100. As bases de cálculo das contribuições apuradas nos Autos de Infração DEBCAD n° 37.356.8312 e 37.356.8339, que se encontram no Relatório anexo Discriminativo do Debito DD, correspondem às remunerações mensais pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais contratados pela empresa São João Comercial de Cereais Ltda; 101. As contribuições objeto de lançamento são decorrentes da análise das informações contidas nas folhas de pagamento, Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social GFIP e nos registros efetuados na contabilidade das empresas São João Comercial de Cereais Ltda., e Arrozeira Bom Jesus Ltda. 121. Os elementos que serviram de base para os lançamentos deste processo foram: 121.1. Folhas de pagamentos das Fl. 703DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 17437.720181/201128 Acórdão n.º 2403002.985 S2C4T3 Fl. 161 13 empresas Arrozeira Bom Jesus Ltda e São João Comercial de Cereais Ltda; 121.2. Contabilidade das empresas Arrozeira Bom Jesus Ltda e São João Comercial de Cereais Ltda; 121.3. Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações a Previdência social GFIP, obtidas no Sistema GFIP WEB da Receita Federal do Brasil.” Temse, pois, que não tendo trazido aos autos qualquer início de prova da alegação de equívoco na mensuração do crédito tributário lançado, a empresa não se desincumbiu do ônus, que lhe competia, de fazer prova de que os valores lançados incidiram sobre os pagamentos em questão. Assim, não podem ser aceitos os argumentos da recorrente. (iii) inaplicabilidade da multa qualificada; Ficando configurada a utilização de interposta pessoa, não se pode dar outro tratamento que não a aplicação da penalidade de 150%. Houve, no caso, a verificação pela Auditoria Fiscal, nos termos do Relatório Fiscal e demais elementos de prova carreados aos autos, de que a recorrente utilizouse da mãodeobra declarada pela São João Comercial de Cereais Ltda. – empresa optante pelo Simples – com a finalidade específica de evitar o pagamento das contribuições previdenciárias patronais e para outras entidades e fundos, devidas e incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores por ela contratados. Assim, não podem ser aceitos os argumentos da recorrente. CONCLUSÃO Voto no sentido de CONHECER do recurso, não acolhendo as preliminares suscitadas e, no Mérito, para NEGAR PROVIMENTO. É como voto. Ewan Teles Aguiar Fl. 704DF CARF MF Impresso em 13/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 13/04/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10850.907497/2011-01
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 30/06/2000
PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO - APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL - POSSIBILIDADE.
Nos termos regimentais, reproduzem-se as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3801-004.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Cássio Schappo, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 74 97 /2 01 1- 01 Fl. 250DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 4 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo a seguir: Trata o presente processo de Pedido de Restituição de créditos de PIS, referentes a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração junho de 2000, no valor de R$ 320,97.. O pedido foi transmitido através do PER nº 38741.43299.090605.1.2.041797, fls. 2/4, em 09/06/2005.. O despacho decisório de fls. 5, indeferiu o pedido, pois o pagamento indicado no PER teria sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O despacho foi encaminhado para ciência do contribuinte, conforme comprovante constante à fl. 8. Irresignado, o recorrente apresentou, tempestivamente, a manifestação de inconformidade de fls. 9/17, para alegar que: I. O Despacho Decisório não teria examinado o motivo real dos recolhimentos a maior, por não ter aventado a possibilidade de que tais pagamentos seriam devido à ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins de que trata a Lei nº 9.718/98; dessa forma, deveria ser reformado, em desrespeito ao artigo 65 da IN RFB nº 900/2008, e ao artigo 142 do Código Tributário Nacional – CTN; II. O pagamento indevido, objeto da restituição, seria devido à inconstitucionalidade do parágrafo 1º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/98, que trata da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins; a discussão de tal matéria estaria superada pelo STF, pois já teria sido aplicada a repercussão geral no RE nº 585.235, de 10/09/2008; III. Outra prova da pacificação de tal entendimento seria a edição da Lei nº 11.941/2009, que teria revogado o parágrafo 1º, do artigo 3º, da Lei nº 9.718/98; IV. O entendimento do STF deveria ser aplicado às decisões administrativas, conforme os seguintes dispositivos: inciso I do parágrafo 6º, do artigo 26A, do Decreto nº 72.235/72 – PAF; inciso I, do artigo 59, do Decreto n° 7.574/2011; inciso I, parágrafo 1º, do artigo 62 e caput do artigo 62A., ambos do RICARF; Concluiu argumentando que na base de cálculo do PIS e da Cofins deveriam ser incluídos os valores correspondentes apenas às receitas de vendas de mercadorias e serviços. Solicitou Fl. 251DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 5 3 comprovar as alegações através da realização de diligência, perícia e juntada de documentos. Requereu ainda a reunião dos processos elencados na manifestação de inconformidade, já que teriam as mesmas partes e tratariam de matéria idêntica. Apensou planilha e balancete contendo as receitas financeiras da empresa (fls. 45/46). A Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/06/2000 AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. A inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em recurso extraordinário, não gera efeitos erga omnes, sendo incabível sua aplicação a contribuintes que não façam parte da respectiva ação. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE SALDO A RESTITUIR. Verificado que o crédito pleiteado foi totalmente utilizado, em momento anterior, para quitação de débitos declarados em DCTF, resta impossibilitada, por falta de saldo, a restituição. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/06/2000 PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a contribuinte recorreu a este Conselho reproduzindo, na essência, as razões apresentadas por ocasião da impugnação e juntando documentação comprobatória. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 6 4 Em face do bom direito da recorrente, o processo, em julgamento unânime, foi convertido em diligência para que a Delegacia de origem apurasse a composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS com base na documentação apresentada e na escrita fiscal e contábil, relativo aos períodos de apuração apontados nos pedidos de restituição, e a correção dos valores inicialmente pleiteados correspondentes à indevida ampliação da base de cálculo do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A DRF de origem em cumprimento ao solicitado na Resolução exarou a Informação Fiscal de fls. 180/182 na qual conclui que “Após, apuração da Contribuição do PIS devida para o mês de Junho de 2000 no valor de R$.3.337,65, e observado que o valor recolhido foi de R$.2.950,16, apuramos que o recolhimento foi insuficiente..” A contribuinte foi devidamente cientificada do teor da diligência por via eletrônica e se manifestou alegando, em síntese: · a fiscalização não identificou o regramento conferido pela Instrução Normativa n. 247, de 21.11.2002, em seu art. 10, parágrafos 4o e 5o, referentes dedução da base de cálculo da contribuição do valor total da venda de veículos usados, acarretando no indeferimento do direito creditório; · conforme se verifica nos documentos contábeis juntados anteriormente, bem como pela planilha de cálculo elaborada pela requerente (doc. 01), o valor de aquisição dos veículos usados vendidos não poderia ser incluído na base de cálculo da contribuição em foco. Os valores de aquisição e de venda estão devidamente abertos no balancete de verificação entregue à fiscalização, e comprovam que o cálculo realizado pela fiscalização não merece prevalecer. Assim, os autos administrativos retornaram a esse colegiado para julgamento. É o relatório. Fl. 253DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 7 5 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. A questão posta em discussão cingese ao direito ao crédito de PIS pago com base no art. 3º, § 1, da Lei n° 9.718, de 1998, que foram posteriormente declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Preliminarmente, entendo que deve ser considerada a documentação comprobatória apresentada em sede de Recurso Voluntário, que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, em obediência ao princípio da verdade material, conforme entendimento prevalente nesse colegiado e que foram juntadas em complemento aos documentos comprobatórios apensados anteriormente, os quais, em tese, ratificam os argumentos apresentados. No mérito assiste razão à recorrente, senão vejamos: A Lei nº 9.718/98, conversão da Medida Provisória nº 1.724/98, estendeu o conceito de faturamento, base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, definindoo no §1º do art. 3º como "receita bruta" da pessoa jurídica, e esta seria “a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas”. Ocorre, todavia, que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/PR, do Ministro Ilmar Galvão, pacificou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à Cofins, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. Os aludidos acórdãos foram assim ementados: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do Fl. 254DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 8 6 artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. No mais, o STF, no julgamento do RE nº 585.235, publicado no DJ nº 227 do dia 28/11/2008, julgado no qual havia sido aplicada a repercussão geral da matéria em exame, reconheceu a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Segue a ementa, in verbis: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Neste sentido, há de se observar o artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010, que dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Outrossim, o Decreto nº 70.235/72, que rege o processo fiscal, estabelece: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade* (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:* I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;* (...)” Fl. 255DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 9 7 *Nova redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 Além do mais, em consonância com o entendimento da Excelsa Corte, a Lei nº 11.941/09 revogou expressamente o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Da análise dos demonstrativos e da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), verificase que outras receitas compuseram a base de cálculo da contribuição PIS em desacordo com o conceito de faturamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Conforme relatado, o presente processo foi convertido em diligência para que a Delegacia de origem apurasse a composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS com base na documentação apresentada e na escrita fiscal e contábil, relativo aos períodos de apuração apontados nos pedidos de restituição, e a correção dos valores inicialmente pleiteados correspondentes à indevida ampliação da base de cálculo do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. A DRF de origem em cumprimento ao solicitado na Resolução exarou a Informação Fiscal de fls. 180/182 na qual conclui que “Após, apuração da Contribuição do PIS devida para o mês de Junho de 2000 no valor de R$.3.337,65, e observado que o valor recolhido foi de R$.2.950,16, apuramos que o recolhimento foi insuficiente..” Com base nessa Informação Fiscal a autoridade administrativa não reconheceu o direito creditório referente pagamento indevido ou a maior da Contribuição do PIS do mês de Junho de 2000, recolhido em 14/07/2000, no código 8109, no valor original de R$.320,97 (Trezentos e Vinte Reais e Noventa e Sete Centavos), requerido através do Pedido de Restituição na PERDCOMP de nº 38741.43299.090605.1.2.041797, transmitida em 09/06/2005 (fls.2/4). A requerente alega que não foi deduzido da base de cálculo da contribuição o valor de aquisição dos veículos usados vendidos, conforme prevê a Instrução Normativa n. 247, de 21.11.2002, em seu art. 10, parágrafos 4o e 5o. Entendo que assiste razão à recorrente, senão vejamos: Através da publicação da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998, ficou estabelecido um tratamento diferenciado em relação a tributação das receitas auferidas pela venda de veículos usados por pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores. Houve também a regulamentação através da Instrução Normativa SRF nº 152/98, assim redigidos: Lei nº 9.716/98: (...) Art. 5º As pessoas jurídicas que tenham como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores poderão equiparar, para efeitos tributários, como operação de consignação, as operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, bem assim dos recebidos como parte do preço da venda de veículos novos ou usados. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 10 8 Parágrafo único. Os veículos usados, referidos neste artigo, serão objeto de Nota Fiscal de Entrada e, quando da venda, de Nota Fiscal de Saída, sujeitandose ao respectivo regime fiscal aplicável às operações de consignação. Instrução Normativa SRF nº 152/98: (...) Art. 2º Nas operações de venda de veículos usados, adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, o valor a ser computado na determinação mensal das bases de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, pagos por estimativa, da contribuição para o PIS/PASEP e da contribuição para o financiamento da seguridade social COFINS será apurado segundo o regime aplicável às operações de consignação. § 1º Na determinação das bases de cálculo de que trata este artigo será computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição constante da nota fiscal de entrada. § 2º O custo de aquisição de veículo usado, nas operações de que trata esta Instrução Normativa, é o preço ajustado entre as partes. No que diz respeito ao Pis/Pasep e ao Cofins a matéria em tela consta ainda da Lei nº 10.637/02, art. 8º, VII, c e da Lei nº 10.833/03, art. 10, VII, c, e está regulada através da IN SRF nº 247/2002. Lei nº 10.637/02 (...) Art. 8º Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 6º: VII as receitas decorrentes das operações: (...) c) referidas no art. 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998; Lei 10.833/03 (...) Art. 10.. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: VII as receitas decorrentes das operações: Fl. 257DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 11 9 c) referidas no art. 5o da Lei no 9.716, de 26 de novembro de 1998; Instrução Normativa SRF nº 247/2002: (...) Art. 10. As pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, observado o disposto no art. 9º, têm como base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins o valor do faturamento, que corresponde à receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas, independentemente da atividade por elas exercidas e da classificação contábil adotada para a escrituração das receitas. (...) § 4º A pessoa jurídica que tenha como objeto social, declarado em seus atos constitutivos, a compra e venda de veículos automotores deve apurar o valor da base de cálculo nas operações de venda de veículos usados adquiridos para revenda, inclusive quando recebidos como parte do pagamento do preço de venda de veículos novos ou usados, segundo o regime aplicável às operações de consignação. § 5º Na determinação da base de cálculo de que trata o § 4º será computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada. § 6º O custo de aquisição de veículo usado, nas operações de que tratam os §§ 4º e 5º, é o preço ajustado entre as partes. Assim, na determinação da base de cálculo da contribuição em foco deverá ser computada a diferença entre o valor pelo qual o veículo usado houver sido alienado, constante da nota fiscal de venda, e o seu custo de aquisição, constante da nota fiscal de entrada. Desta forma, deve ser reconhecido o direito creditório do Recorrente caso exista, em seu favor, crédito oriundo de recolhimentos efetuados a título de Contribuição para o PIS na forma da Lei nº 9.718/98, excluindose da sua base de cálculo as receitas não compreendidas no conceito de faturamento nos termos dos conceitos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal, atendendose ainda ao disposto no art 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998. Neste sentido, os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998, atendendose ainda ao disposto no art 5º da Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10850.907497/201101 Acórdão n.º 3801004.911 S3TE01 Fl. 12 10 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 259DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 05/02/201 5 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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Numero do processo: 13971.005096/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA.
A utilização de pessoa interposta, com a ocultação dos reais adquirentes das mercadorias e beneficiários das importações representa dano ao erário punível com multa equivalente à pena de perdimento.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONFIGURAÇÃO.
São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie.
PROVA EMPRESTADA.
No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer à prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos
Numero da decisão: 3102-002.372
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário.
RICARDO PAULO ROSA - Presidente.
MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Luis Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo.
Nome do relator: MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ
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ME E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA. A utilização de pessoa interposta, com a ocultação dos reais adquirentes das mercadorias e beneficiários das importações representa dano ao erário punível com multa equivalente à pena de perdimento. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONFIGURAÇÃO. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. PROVA EMPRESTADA. No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer à prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. RICARDO PAULO ROSA Presidente. MIRIAN DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 50 96 /2 00 9- 11 Fl. 2430DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.431 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, José Luis Feistauer de Oliveira, Andréa Medrado Darzé, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Jacques Maurício Ferreira Veloso de Melo. Relatório Adoto, por fielmente retratar a realidade dos autos, o relatório utilizado pela D. Delegacia de origem no julgamento da Impugnação, ocasião em que o lançamento foi mantido em sua integralidade: “Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 883.091,02 referente a multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Inicialmente, em razão da conexão dos fatos apontados no presente processo com aqueles objeto do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, fazse necessário alguns esclarecimentos para que se compreenda o contexto em que lavrada a autuação em discussão. A fiscalização, no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, lavrou autuação relacionada à prática de infração cuja conduta está tipificada no inciso I, do artigo 83, da Lei n° 4.502/64 e regulamentada no artigo 631 do Decreto n° 4.543/02. Impugnada a autuação, o respectivo processo administrativo fiscal foi encaminhado para julgamento em primeira instância, tendo sido prolatado, em 03/07/2009, o Acórdão n° 0716.867 – 1ª Turma da DRJ/FNS, de lavra da ilustre Relatora Elizabeth Maria Violatto, acolhido por unanimidade de votos e, que considerou o lançamento realizado improcedente. Restando consignada a seguinte Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 11/02/2005 a 01/09/2006 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO. Incabível a exigência decorrente de norma à qual a conduta apenada não se subsume. Da conversão do perdimento em multa resulta a cominação de penalidade diversa da que foi inscrita na peça acusatória. Assim, considerando as provas acostadas aos autos e a descrição dos fatos apontados pela fiscalização a autoridade julgadora concluiu que a conduta praticada pelos autuados não se subsumia à penalidade aplicada no Fl. 2431DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.432 3 âmbito daquele processo, fato que culminou na decretação de improcedência do lançamento e conseqüente extinção do respectivo crédito tributário. Considerando a decisão proferida no âmbito daquele processo e também a certeza da prática de conduta igualmente punível com multa de cunho tributário, a fiscalização lavrou novo auto de infração com vistas a constituição do devido crédito tributário, agora indicando a prática de infração diversa daquela anteriormente indicada (multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002). Depreendese da “Descrição dos Fatos” do auto de infração (fls. 1.022 a 1.138), que a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (CNPJ 04.884.039/000170) registrou as declarações de importação listadas às folhas 1.035 (em total de oito) onde descreveu as mercadorias importadas como “Fios de fibras sintéticas”, de origem asiática, indicando ainda, em tais declarações de importação que citada empresa se tratava tanto do “importador” quanto do “adquirente da mercadoria”. Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, à sede da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA (CNPJ 02.742.723/000191) resultou na apreensão de diversos documentos fiscais e comerciais da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 33, 81 a 85) e, na lavratura de Termo de Constatação e Declaração (fls. 11) do Sr. OSNI DOS SANTOS (CPF 591.103.41900), onde restou consignado, em síntese, que: os sócios de direito da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME não possuíam capacidade financeira e seriam “laranjas”; a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. prestava serviços de industrialização por encomenda para a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME; assumiu a administração bancária da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME por procuração em razão do Sr. “João Miguel” estar impossibilitado à época (detido); assinava cheques e a documentação comercial daquela empresa. Informações prestadas pelo Instituto Nacional de Propriedade (INPI) indicam que a marca “SÓ ELA” foi registrada em nome da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (fls. 209 e 210) na data de 25/08/2000. Diligência realizada na data de 02/07/08 em galpão informado à Secretaria da Receita Federal do Brasil como sendo da empresa na cidade de Guabiruba – SC restou ratificado, em depoimento do proprietário (fls. 515 a 517), que a empresa nunca exerceu atividade industrial e que o mesmo sempre estaria vazio. Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, ao endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME em Gaspar – SC resultou na Fl. 2432DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.433 4 constatação de ausência de qualquer indício de funcionamento da empresa naquele endereço, tendo sido encontrada apenas residência, cujo morador declarou, no Termo de Depoimento (fls. 38 e 39), em síntese, que já habitava a residência há muitos anos e que jamais existiu tal empresa instalada naquele endereço, contudo correspondências em nome da empresa chegavam ao local. Por outro lado, o endereço desta empresa, em seus primórdios, confundese com o endereço da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. ou com o endereço residencial do Sr. OSNI DOS SANTOS, bem como há indicação do mesmo telefone além do mesmo correio eletrônico (fls. 213 a 216). Diligência realizada na data de 21/02/2008 pela fiscalização, ao endereço (domicílio tributário) de um dos supostos sócios administradores da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME, Sr. Juviniano Nonato da Silva (CPF 528.149.47915), em Gaspar–SC resultou na constatação de que em tal endereço habitam pessoas cujos nomes são diversos daquele questionado. Nova diligência, realizada em 22/02/2008 ao possível local de trabalho do citado sócio, Empresa RJS Confecções (CNPJ nº 01.791.148/000154) resultou na lavratura do Termo de Constatação de folhas 54 e 55 onde entre outras informações que desconhece o Sr. Juviniano Nonato da Silva e, que este ingressou no quadro societário de sua empresa quando a mesma estava em débito com o Fisco Estadual, e que teria sido indicado pelo advogado Sr. Rafael dos Santos, sendo portanto este a pessoa que poderia indicar o paradeiro do Sr. Juviniano Nonato da Silva. Diligência realizada na data de 21/02/2008 pela fiscalização, ao endereço (domicílio tributário) de outro suposto sócioadministrador da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME, Sr. Lázaro Bento Ferreira (CPF 548.025.55920) resultou na sua notificação do procedimento fiscal em curso, tendo sido declarado pelo mesmo que era “pintor de paredes – autônomo”. Na mesma data a fiscalização se dirigiu à sede de outra empresa registrada em seu nome (Empresa Bajuh Confecções Ltda ME – CNPJ 01.817.087/000157), onde restou constatado no endereço apenas a existência de uma residência. Resposta (fl. 60) protocolada pelo Sr. Lázaro Bento Ferreira declara, em síntese que: desconhecia totalmente a existência da mencionada empresa e, ainda mais, a qualidade de sócio; desconhece a titularidade de fato de contacorrente, bem como de sua movimentação financeira; Cópias do Contrato Social e respectivas Alterações da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 153 a Fl. 2433DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.434 5 167) fornecidas pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (JUCESC) indicam que os Srs. Lázaro Bento Ferreira e Juviniano Nonato da Silva iniciaram sua participação societária em 05/10/2005. Sendo que o Sr. Lázaro Bento Ferreira saiu em 14/03/2007. Comparações entre as assinaturas do Sr. Lázaro Bento Ferreira apostas nas alterações contratuais e nas respostas apresentadas pelo mesmo à fiscalização não possuem qualquer semelhança (fl. 1.046). Os sócios não possuem patrimônio ou movimentação financeira, sendo o telefone de contato indicado o mesmo da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.(fls. 169 a 172). Cópias de procurações públicas obtidas junto ao Tabelionato de Notas e Protestos em Gaspar – SC (fls. 174 a 204) conferidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME ao Sr. OSNI DOS SANTOS (sócio da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.) indicam que o mesmo sempre orbitou aquela empresa, no período fiscalizado, possuindo poderes e funções gerenciais os mais diversos, além disto em uma das procurações o mesmo foi desobrigado de apresentar quaisquer contas de sua gestão, seja em alienação de bens ou outra qualquer transação (fl. 183). Resposta à Requisição de Movimentação Financeira, recebida de instituições bancárias (fls. 254 a 355, 771 a 966), em cotejo com os valores declarados de receita no mesmo período (fls. 217 a 253) indicam que embora tenha declarado movimentar pouco mais de cem mil reais (R$ 114.688,18) a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME movimentou, no período entre 2004 e 2006, junto às instituições financeiras mais de quarenta milhões de reais (R$ 40.635.974,88). Em tais documentos se observam em alguns casos dados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e do Sr. OSNI DOS SANTOS (telefones e endereços). Quanto aos gastos, se observa o uso de cartões de crédito vinculados à empresa por parte do Sr. OSNI DOS SANTOS e familiares para despesas de natureza pessoal. A análise comparativa entre os dados contábeis da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e a movimentação financeira realizada junto à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME levou a fiscalização a concluir (fls. 1.057 e 1.058) que a afirmação do Sr. OSNI DOS SANTOS, de que a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Prestava serviços de industrialização por encomenda para a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME não possui sustentação fática, os recursos já eram transferidos a pelo menos um ano antes da prestação de qualquer serviço, conforme registros contábeis apresentados. Fl. 2434DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.435 6 A comparação dos dados bancários com os documentos retidos junto à Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (contas diversas) indicam que pagamentos de contas telefônicas da empresa e de seu sócio, bem como despesas de saúde, consórcio de automóveis, energia elétrica, fornecedores de produtos e serviços, seguros, DARF, e outras despesas foram realizadas com recursos financeiros da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. A confusão entre pessoas jurídicas se estende ainda para outras atividades. A fiscalização indica (fls. 1.072 a 1.075) a utilização de empregados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. para a prestação de serviços em nome da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. Também apresenta documentos onde se observa que os clientes das empresas tratavam as duas empresas como se fossem uma única empresa. Decisões de cunho gerencial (vendas e preços) eram tomadas a partir da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Correspondência comercial datada de 05/09/05 (fl. 505) demonstra claramente o dolo e planejamento da fraude societária, há referências às alterações contratuais, procurações, colocação de placas no endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA. ME com telefones de contato do Sr. Rafael e etc. Intimada a empresa que realizou os despachos de importação da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. (Intership Logística e Transportes Ltda. CNPJ 76.537.448/000100), a mesma apresentou esclarecimentos e os documentos relacionados às declarações de importação (fls. 533 a 781). Os principais fatos destacados são: a empresa de despachos recebia instruções diretas da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. (CNPJ 80.085.244/000153), também recebia dessa empresa a documentação original para instrução do despacho, bem como o comprovante de remessa do numerário e prestação de contas; quanto à origem dos recursos utilizados nas operações de importação, os mesmos foram suportadas pela Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. (CNPJ 02.000.060/000130), conforme demonstrativo de depósitos à folhas 1.081; os recursos foram adiantados, isto é, foram repassados antes do registro das respectivas declarações de importação. Intimada a Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. sobre o paradeiro das mercadorias em questão a mesma informou desconhecer o destino, contudo apresentou algumas cópias de comprovantes de importação, extratos de declarações de importação e notas fiscais de entrada emitidas em nome da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 112 a 149). Fl. 2435DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.436 7 À folhas 1.082 a 1.103 a fiscalização indica para cada uma das declarações de importação os motivos e documentos que permitem concluir que tais operações foram realizadas a mando e ordem de terceiros. A fiscalização informa ainda que os extratos bancários permitem concluir que a Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. suportou financeiramente também as operações de câmbio (tabela folha 1.106). Relata a fiscalização que, embora as operações de importação tenham sido realizadas por ordem da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. E por conta da Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA., as declarações de importação foram registradas no sentido de a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. ser tanto a importadora como a adquirente das mercadorias, muito embora esta última empresa não possuísse, à época, quadro societário legítimo, máquinas e instalações, e fosse administrada de fato pelo Sr. OSNI DOS SANTOS e sua Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. Assim, considerando que os atos jurídicos foram realizados à margem do que dispõe a legislação de regência e, em especial o disposto nas Instruções Normativas SRF n° 225/02 e 634/06, considerando as características da fraude realizada, a fiscalização concluiu que nas operações de importação em análise ocorreu a ocultação, mediante simulação, do vínculo existente entre as mercadorias importadas e os reais adquirentes das respectivas mercadorias. Caracterizada a conduta regulamentada no inciso XXII, do artigo 618, do Decreto n° 4.543/02. Intimados os responsáveis a apresentar as mercadorias importadas, não houve a indicação de sua localização, assim com base no disposto no § 1º, do artigo 618 do Decreto n° 4.543/02 foi aplicada a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias não localizadas. Considerando que respondem pela infração quem quer que, de qualquer forma concorra para a sua prática ou dela se beneficie, a fiscalização atribuiu a responsabilidade pelo crédito tributário à: Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. (interposta pessoa), Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. (beneficiada com a fraude), Sr. OSNI DOS SANTOS (beneficiado com a fraude), Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. (ordenador das operações de importação) e, Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. (financiador das operações de importação). À folhas 1.030 a 1.032 a fiscalização resume os principais motivos que ensejaram a responsabilidade atribuída às pessoas indicadas no polo passivo da autuação.(grifo nosso). Informa ainda a fiscalização que efetuou a devida Representação Fiscal para Fins Penais. Fl. 2436DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.437 8 Cientificada, a interessada Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. apresentou a impugnação de folhas 1.365 a 1.394. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009); Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, constam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de sua propriedade transportando carga(cigarros contrabandeados com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou cientificados à impugnante para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Fl. 2437DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.438 9 Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade da impugnante e demais responsáveis; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da impugnante; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à impugnante a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Fl. 2438DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.439 10 Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica da empresa, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificado, o interessado Sr. OSNI DOS SANTOS apresentou a impugnação de folhas 1.267 a 1.324. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009). Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributário não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, contam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de propriedade da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. transportando carga com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou cientificados à empresa para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72.; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Fl. 2439DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.440 11 Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, a penalidade não pode ser aplicada a pessoa diversa do infrator, a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. está sendo exigida em decorrência de responsabilidade tributária; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade do impugnante e da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a Lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME.; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Nem o impugnante nem a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. realizaram qualquer ato em relação às importações em comento. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado Fl. 2440DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.441 12 em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica das empresas, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, há ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a exclusão do impugnante na condição de responsável solidário, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificada, a interessada Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. apresentou a impugnação de folhas 1.198 a 1.258. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia furtarse da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009); Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações; Que, o MPF não consta dos autos; Que, há nos autos diversos documentos dispostos em sequência ilógica, sem obedecer à cronologia dos fatos, dificultando ou impossibilitando a defesa; Que, contam fatos novos no auto de infração (apreensão de um caminhão de propriedade da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. transportando carga com documentação falsa), os quais não foram diligenciados ou Fl. 2441DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.442 13 cientificados à empresa para que se manifestasse no curso do procedimento fiscal; Que, não houve o competente recurso de ofício da decisão prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, conforme determina o artigo 34 do Decreto n° 70.235/72; Que, há nulidade do lançamento em razão da impossibilidade de utilização de prova emprestada. Não foram observados requisitos mínimos de validade, não lhe foi ofertado no curso do novo procedimento fiscal oportunidade de se manifestar, apresentar documentos; Que, a decisão anterior, prolatada no âmbito do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841, reconheceu a nulidade daquele lançamento pela utilização de fundamento legal indevido, houve caracterização de erro de direito que impede a formalização de novo lançamento em respeito ao princípio da segurança jurídica. A Fazenda não pode alegar desconhecimento da lei. Segundo o artigo 146 do CTN, a fiscalização não poderia ter retroagido à decisão da DRJ para efetivar novo lançamento sobre os fatos ocorridos antes da citada decisão; Que, a penalidade não pode ser aplicada a pessoa diversa do infrator, a Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. está sendo exigida em decorrência de responsabilidade tributária; Que, não há indicação sobre qual dos incisos do artigo 23 a fiscalização enquadra a situação fática do presente auto de infração; Que, não há indicação dos fundamentos legais para a pretendida responsabilidade do impugnante e da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.; Que, não há nos autos indicação dos fundamentos legais relativos à conversão dos valores para a moeda nacional; Que, houve abusividade no uso da Requisição de Movimentação Financeira. A pena de perdimento, ainda que convertida em moeda, não é tributo, a Lei n° 10.174/01 permite a utilização das informações bancárias somente no caso de existência de crédito tributário, o que não é o caso dos autos. Ao permitir que os demais responsabilizados tenham acesso aos autos houve quebra de sigilo bancário da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME.; Que, houve equivocado cálculo da multa aplicada, o valor comercial não foi corretamente apurado; Que, não houve indicação clara da figura jurídica pretendida pelos auditores fiscais: se simulação ou interposição fraudulenta de terceiros, há prejuízo à defesa; Que, inexistiu dano ao Erário, não houve sonegação de tributos, o produto em tela não está sujeito à tributação do IPI; Fl. 2442DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.443 14 Que, a responsabilidade é pessoal ao agente, assim deveriam os auditores identificar os agentes e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas (CTN artigo 137). Os representantes das demais empresas não foram responsabilizados; Que, há erro na identificação do sujeito passivo. Atribuir à Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. a condição de contribuinte é contrário à própria idéia que se extrai dos autos, se não praticou nenhum ato de importação não pode ser contribuinte. Nem a impugnante nem o Sr. OSNI DOS SANTOS realizaram qualquer ato em relação às importações em comento. Há incompatibilidade entre a indicação do sujeito passivo e o quadro demonstrativo de fls. 1100; Que, ao tempo das transações a titularidade, de fato, da empresa cabia ao Sr. João Miguel, contudo os auditores não dão nenhuma indicação de que teriam se interessado em ouvir aquele contribuinte. Houve parcialidade das investigações; Que, inexistiu interposição fraudulenta, haja vista que não houve ocultação do promovente da importação, da origem dos recursos, do supridor dos recursos aplicados nas importações e do beneficiário das mesmas. O caso sob análise, se trata de pequenas empresas, sem profundo conhecimento acerca da complexa legislação aduaneira, que promoveram importações, em boa fé, sem pretender ludibriar o fisco; Que, não existem provas nos autos de que a Sulbrasil não dispunha de patrimônio e recursos a justificar a importação por interpostas pessoas; Que, traz explicitações a respeito da realidade histórica das empresas, sua constituição e modificação societária, sendo equivocadas as conclusões apontadas pela fiscalização; Que, há ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade; Que, a multa deve ser relevada em razão de expressa disposição de lei (Decreto n° 4.543/02, artigo 654); Requer o reconhecimento da nulidade do auto de infração em razão dos fundamentos citados, a exclusão do impugnante na condição de responsável solidário, a relevação da multa ou remessa ao Sr. Ministro da Fazenda, e provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente a testemunhal e pericial. Cientificada, a interessada Empresa SULBRASIL TEXTIL LTDA. apresentou a impugnação de folhas 1.149 a 1.166 e 1.414 a 1.431. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, houve preclusão da possibilidade de reexame na via administrativa de autuação já julgada em definitivo Fl. 2443DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.444 15 (processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841). A decisão fez “coisa julgada administrativa”. A eminente Relatora decidiu pelo descabimento da autuação pela impossibilidade jurídica de aplicação da regra tributária ao fato sub judice. A decisão é definitiva, pois preclusa para a administração pública; Que, não houve fato novo, nem ordem do Delegado ou Superintendente da Receita; o fato novo alegado no auto de infração nada tem a ver com os fundamentos da autuação já ocorrida e resolvida. Cita os princípios básicos da administração pública; Que, as importações promovidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME. foram realizadas de forma legítima, houve o devido desembaraço. A impugnante sempre agiu de boa fé, foram recolhidos os tributos, não houve dano ao Erário. Não houve introdução clandestina (tudo devidamente registrado) ou importação irregular ou fraudulenta (recolhidas as taxas e tributos incidentes); Que, transferiu valores de forma regular para a primeira autuada que importou para revenda os produtos descritos nas DI’s; Que, adquiriu a mercadoria da Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA.; Que, falta embasamento fático para as alegadas fraudes que não foram demonstradas pela fiscalização, apenas intuídas; Que, nada foi demonstrado contra a impugnante, nenhuma acusação formal ou prova de que tenha agido de má fé; Que, não há na peça acusatória fundamentação legal que dê respaldo a nomeação de sócio da pessoa jurídica para o pólo passivo do lançamento; Que, não houve instauração de procedimentos tendentes a apurar o dano ao Erário e, portanto, não foi decretada a pena de perdimento, condição essencial à sua conversão em pecúnia; Que, houve quebra do sigilo bancário sem amparo em autorização judicial, além da publicidade que se deu aos dados bancários de cada autuada perante as demais; Que, carece o lançamento da individuação da infração e, portanto da individuação do correspondente crédito tributário; Que, não houve ocultação dos reais adquirentes da mercadoria, na medida em que seus nomes constavam da documentação instrutiva do despacho aduaneiro; que havia contratação formal dos serviços aduaneiros e que a contabilidade da adquirente dos produtos não omite referidas operações; Requer a anulação do auto de infração e, seja a presente impugnação distribuída à 1ª Turma da DRJ/FNS em razão da decisão anterior. Cientificada, em 05/01/2010 via Fl. 2444DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.445 16 correios (A.R. à folhas 1.147) a interessada Empresa BRUSQUE EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO LTDA. Apresentou intempestivamente, na data de 08/02/2010 (protocolo à folhas 1.330) a peça de defesa de folhas 1.330 a 1.358, anexando os documentos de folhas 1.359 a 1.363. À folhas 1.412 a unidade preparadora ratifica que a “impugnação” em questão está intempestiva. É o relatório”. Após a análise das razões contidas nas Impugnações, a DRJ julgouas improcedentes, em acórdão assim ementado: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real responsável pela operação de importação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, respondendo pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 11/02/2005, 18/05/2005, 16/11/2005, 06/01/2006, 20/02/2006, 25/07/2006, 17/08/2006, 01/09/2006 PRECLUSÃO. MATÉRIA DECIDIDA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A decisão anterior não consubstancia fato impeditivo para constituição de outros créditos tributários devidos pelos autuados, referentes as operações de importação, seja a título de tributos ou de outras penalidades. A autuação em apreço não trata de crédito tributário cujo fato gerador já foi objeto de decisão anterior. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. INOCORRÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. EMISSÃO DE RMF. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES PELAS Fl. 2445DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.446 17 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL O fornecimento de informações pelas instituições financeiras sobre a movimentação do sujeito passivo, na forma da Lei Complementar nº. 105, de 2001, não constitui quebra de sigilo. Tratase de medida que prescinde de autorização judicial, quando promovida nos termos da lei, durante procedimento fiscal em curso no qual a autoridade tributária constate ser indispensável o exame de documentos, livros e registros de instituições financeiras. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” Inconformadas, as interessadas apresentaram recursos voluntários, em que repetem os argumentos de defesa apresentados nas Impugnações rejeitadas. Os pressupostos de admissibilidade de cada um dos recursos voluntários serão analisados individualmente, quando da análise de seus argumentos separadamente. É o relatório. Passo a votar. Voto Conselheira Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz, Relatora: Preenchidos os requisitos de admissibilidade dos Recursos Voluntários apresentados por (i) Só Ela Confecções Ltda. (intimada em 02/04/2014, por meio de edital afixado em 18/03/2014, apresentou Recurso Voluntário no dia 18/04/2014); (ii) pelo Sr. Osni dos Santos (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário em); (iii) por Paxá Confecções Ltda. (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário); e (iv) Sulbrasil Têxtil Ltda. (intimação em 19/02/2014 e protocolo do Recurso Voluntário em 18/03/2014, portanto, tempestivo). Os protocolos dos Recursos Voluntários da empresa Paxá Confecções e do Sr. Osni dos Santos estão ilegíveis. Tendo em vista que ambos foram intimados no dia 19/02/2014, o trintídio legal para a interposição dos Recursos Voluntários começou a fluir em 20/02/2014 e terminou em 21/03/2014. Ainda que tais recursos sejam intempestivos (apesar de constar às fls. 2428 dos autos certidão de tempestividade dos recursos), fato é que os argumentos neles contidos foram analisados abaixo, tendo em vista que as razões de defesa se repetem em todos eles, razão pela qual, os recursos serão analisados de forma conjunta, com relação aos principais argumentos, que se mostram suficientes para o julgamento da lide. 1. Dos argumentos contidos nas defesas dos Recursos Voluntários As Recorrentes acima apontadas apresentaram Recursos Voluntários nos quais os argumentos se repetem. 1.1. Alegam, em sede preliminar, que teria ocorrido “decadência” do direito de constituir o crédito tributário, em razão de a Receita Federal ter incorrido em mora no Fl. 2446DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.447 18 julgamento das Impugnações, pois o art. 24 da Lei nº 11.457/07 determina que deve ser proferida decisão, no tocante a defesas e petições apresentados por contribuintes, no prazo máximo de 360 dias. Bem, quanto à primeira alegação, não há razão no argumento da recorrente, pois há o entendimento nesse E. CARF de que a norma contida no art. 24 da Lei nº. 11.457/07 é apenas programática, não havendo que se cogitar em prescrição intercorrente no âmbito administrativo. Confirase, nesse sentido: (...) APRECIAÇÃO DE DEFESAS OU RECURSO ADMINISTRATIVO. EFEITO. O prazo de 360 dias previsto no art. 24 da Lei nº 11.457, de 2007, é meramente programática, não ensejando prescrição do crédito tributário em decorrência de seu descumprimento. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula 1º CARF nº. 11, DOU 26, 27 e 28/06/2006). (...) (Acórdão nº. 2102003.031, sessão de 17/04/2014). 1.2. Alegam, na seqüência, que teria ocorrido preclusão para Receita Federal exigir o crédito tributário objeto dos presentes autos, tendo em vista que houve lançamento anterior, sobre os mesmo fatos, cancelados em razão da aplicação equivocada da norma que deveria regular a questão. Com todo o respeito ao entendimento da recorrente, esta relatora igualmente entende que não há fundamento jurídico apto à acolhida do argumento. O que a recorrente menciona diz respeito ao julgamento, pela origem, do PA nº. 13971.004934/200841, instaurado após a Fiscalização, com base nos mesmos fatos e elementos de prova que embasam a presente autuação, ter lançado multa equivalente ao valor comercial da mercadoria considerada importada irregularmente, ao invés da multa exigida no presente caso, equivalente a 100% do valor aduaneiro da mercadoria, em substituição à pena de perdimento. Ora, o referido PA foi extinto em razão do equívoco quanto à penalidade aplicada, tendo a Fiscalização realizado novo lançamento, que resultou no PA ora em julgamento, desta vez realizando o correto enquadramento. Tendo em vista que o novo lançamento foi realizado dentro do prazo decadencial, haja vista os fatos geradores terem ocorrido entre fevereiro/2005 e setembro/2006, enquanto o auto de infração que originou o presente processo foi lavrado em 2009, não há que se falar em preclusão. 1.3. Adiante em sua defesa, a empresa Só Ela Confecções, registrese aqui, por oportuno, em nome de quem as importações eram realizadas, alega nulidade do lançamento em razão da constatação, pelos julgadores de origem, de que a empresa é inexistente de fato. Afirma que, sendo a empresa inexistente, jamais poderia ter lavrado, contra si, auto de infração, e que a exigência deveria se voltar exclusivamente às empresas Sulbrasil e Brusque, pois “no caso, fica claro que os beneficiários e interessados nas importações foram as empresas Sulbrasil Têxtil Ltda. e Brusque Export e Import. Ltda.”, e que “já ficou demonstrado que o supridor dos recursos financeiros foi a Sulbrasil. Por outro lado, a concretização das importações se deu pela Brusque”. Ora, com o devido respeito à defesa, ao meu sentir, tratase de verdadeira confissão da interposição, pois um fato é inarredável, tendo em vista a documentação juntada Fl. 2447DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.448 19 aos autos: as importações estão registradas como se a Só Ela Confecções fosse, verdadeiramente, a real adquirente e beneficiária da mercadoria, estando ela mesma admitindo, portanto, que atuou pessoa interposta, nas importações em debate. Não há como prosperar o argumento. Curioso que a defesa, nesse ponto, tenta atribuir responsabilidade às empresas Sulbrasil e Brusque, buscando desconfigurar a responsabilidade da empresa Paxá e do Sr. Osni Santos, considerados devedores solidários. Porém, como muito bem salientou a decisão recorrida, a Fiscalização logrou êxito em configurar a responsabilidade dos solidários, no seguinte sentido: Cópias do Contrato Social e respectivas Alterações da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME (fls. 153 a 167) fornecidas pela Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (JUCESC) indicam que os Srs. Lázaro Bento Ferreira e Juviniano Nonato da Silva iniciaram sua participação societária em 05/10/2005. Sendo que o Sr. Lázaro Bento Ferreira saiu em 14/03/2007. Comparações entre as assinaturas do Sr. Lázaro Bento Ferreira apostas nas alterações contratuais e nas respostas apresentadas pelo mesmo à fiscalização não possuem qualquer semelhança (fl. 1.046). Os sócios não possuem patrimônio ou movimentação financeira, sendo o telefone de contato indicado o mesmo da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.(fls. 169 a 172). Cópias de procurações públicas obtidas junto ao Tabelionato de Notas e Protestos em Gaspar – SC (fls. 174 a 204) conferidas pela Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME ao Sr. OSNI DOS SANTOS (sócio da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA.) indicam que o mesmo sempre orbitou aquela empresa, no período fiscalizado, possuindo poderes e funções gerenciais os mais diversos, além disto em uma das procurações o mesmo foi desobrigado de apresentar quaisquer contas de sua gestão, seja em alienação de bens ou outra qualquer transação (fl. 183). Resposta à Requisição de Movimentação Financeira, recebida de instituições bancárias (fls. 254 a 355, 771 a 966), em cotejo com os valores declarados de receita no mesmo período (fls. 217 a 253) indicam que embora tenha declarado movimentar pouco mais de cem mil reais (R$ 114.688,18) a Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME movimentou, no período entre 2004 e 2006, junto às instituições financeiras mais de quarenta milhões de reais (R$ 40.635.974,88). Em tais documentos se observam em alguns casos dados da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. e do Sr. OSNI DOS SANTOS (telefones e endereços). Quanto aos gastos, se observa o uso de cartões de crédito vinculados à empresa por parte do Sr. OSNI Fl. 2448DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.449 20 DOS SANTOS e familiares para despesas de natureza pessoal. Ora, pareceme, salvo melhor juízo, a confusão patrimonial é evidente, e, com base na documentação carreada aos autos, reputo correta a atribuição de responsabilidade tanto à empresa que alega agora ser inexistente, quanto aos demais autuados, não havendo que se falar em “nulidade em razão da declaração de inexistência”, como alega a empresa Só Ela em seu Recurso Voluntário. 1.4. Alegam ainda os recorrentes que a empresa Só Ela Confecções que a autuação seria nula em razão da inexistência de processo administrativo para a aplicação da pena de perdimento, pois os fiscais autuantes, supostamente, deveriam ter procurado a mercadoria importada antes de lançar a multa substitutiva, o que acarreta nulidade. Ora, novamente pedindo vênia à defesa apresentada, a instauração de procedimento para que a mercadoria fosse encontrada seria inócua, haja vista o lapso temporal ocorrido entre as importações e a fiscalização. Ademais, como muito bem salientou o relatório da decisão recorrida, há prova nos autos de que a empresa Só Ela Confecções não possui sequer instalações físicas nas quais as mercadorias poderiam ser buscadas: Diligência realizada na data de 19/02/2008 pela fiscalização, ao endereço da Empresa SÓ ELA CONFECÇÕES LTDA ME em Gaspar – SC resultou na constatação de ausência de qualquer indício de funcionamento da empresa naquele endereço, tendo sido encontrada apenas residência, cujo morador declarou, no Termo de Depoimento (fls. 38 e 39), em síntese, que já habitava a residência a muitos anos e que jamais existiu tal empresa instalada naquele endereço, contudo correspondências em nome da empresa chegavam ao local. Por outro lado, o endereço desta empresa, em seus primórdios, confundese com o endereço da Empresa PAXÁ CONFECÇÕES LTDA. ou com o endereço residencial do Sr. OSNI DOS SANTOS, bem como há indicação do mesmo telefone além do mesmo correio eletrônico (fls. 213 a 216). 1.5. Afirmam ainda que a autuação seria nula por faltarlhe o Termo de Início de Fiscalização, com citação regular dos contribuintes. Ora, uma vez mais, ao meu ver, não há sustentação jurídica no argumento. Adoto, em sua integralidade, o acórdão de origem quanto ao ponto, pois, como muito bem observou a Delegacia de Julgamentos: Argumentam alguns dos interessados que a presente autuação é nula em razão da ausência, nos autos, de cópia do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e que para efetuar novo lançamento a fiscalização não poderia se furtar da obrigação de formalizar novo processo (Termo de Início de Fiscalização com regular intimação da contribuinte do início do novo procedimento fiscal, intimação das diligências fiscais, o mandado de Fl. 2449DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.450 21 procedimento fiscal é posterior às fiscalizações realizadas em 2008 e 2009). Também deveria realizar o devido procedimento investigatório a amparar a pena de perdimento, visto que os responsáveis tributários não foram intimados a esclarecer as importações. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído pela Portaria SRF n.º 1.265, de 22/11/1999, sucedida pelas Portarias, SRF n.º 3.007, de 26/11/2001, RFB nº 4.328, de 05/06/2005, SRF nº 6.087, de 21/11/2005, RFB nº 4.066, de 02/05/2007, e pela Portaria RFB nº 11.371, de 12/12/2007, em vigor à época da lavratura da autuação, consiste em documento emitido em decorrência de normas administrativas que regulam a execução da atividade fiscal, determinando que os procedimentos fiscais relativos aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil sejam levados a efeito de conformidade com uma ordem específica, a qual pressupõe formalização mediante Mandado de Procedimento Fiscal. O MPF se constitui, assim, em instrumento de controle indispensável à administração tributária e em garantia para o contribuinte, na medida em que este poderá conferir se de fato o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB que o esteja fiscalizando, se encontra no exercício legal de suas funções. O MPF, como instrumento de controle, se presta a possibilitar à Secretaria da Receita Federal do Brasil acompanhar o desenvolvimento das atividades realizadas pelos Auditores Fiscais, de modo a verificar, por exemplo, se a fiscalização empreendida está sendo realizada adequadamente, de acordo com os critérios definidos por Lei e pela Administração. Se, no curso de seus trabalhos, o Auditor Fiscal percebe, em face das peculiaridades do caso concreto, que não será possível concluir os trabalhos no tempo inicialmente previsto, deve solicitar a sua prorrogação aos superiores hierárquicos responsáveis pela emissão do mandado. Diz o citado dispositivo legal: Art. 4º O MPF será emitido exclusivamente em forma eletrônica e assinado pela autoridade outorgante, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência pelo sujeito passivo do MPF, nos termos do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de novembro de 1997, darseá por intermédio da Internet, no endereço eletrônico www.receita.fazenda.gov.br, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. Fl. 2450DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.451 22 Art. 10. O MPF não será exigido nas hipóteses de procedimento de fiscalização:… II interno, de formalização de exigência de crédito tributário constituído em termo de responsabilidade ou pelo descumprimento de regime aduaneiro especial, lançamento de multas isoladas, revisão aduaneira e formalização de abandono ou apreensão de mercadorias realizada por outros órgãos; § 2º Para fins do disposto no inciso II do caput, considerase revisão aduaneira o procedimento destinado a identificar irregularidades fiscais relativas ao despacho, com base tão somente nos elementos probatórios disponíveis no âmbito da RFB.” Ora, com acerto decidiu a Delegacia de origem, pois, de fato, a análise da legislação acima demonstra que o Termo chega a ser prescindível, e ainda assim, a fiscalização providenciou a emissão do respectivo Mandado de Procedimento Fiscal n°v09204002009005294 (fl. 08), sendo que sua emissão é exclusivamente eletrônica e a ciência deve ocorrer apenas por meio da internet. Por outro lado, a “argumentação de que o Mandado de Procedimento Fiscal em questão não poderia amparar os procedimentos fiscais realizados anteriormente à sua missão demonstram que os interessados possuíam pleno conhecimento de sua existência e conteúdo (fls. 1.207, 1.276 e 1.368), razão pela qual igualmente afasto o argumento. 1.6. As recorrentes alegam ainda nulidade do lançamento em razão da utilização de prova emprestada. Novamente pedindo vênias ao entendimento das recorrentes, não se trata da impossibilidade de prova emprestada. Com o devido respeito a entendimento em contrário, as provas constantes dos autos foram colhidas legalmente, no âmbito da fiscalização que objetivava única e exclusivamente apurar irregularidades nos processos de importação realizados aparentemente pela empresa Só Ela Confecções. Nos termos da jurisprudência deste E. CARF: “Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 11/03/2005 a 13/11/2007 LANÇAMENTO. PROVA EMPRESTADA. No procedimento de fiscalização tendente à lavratura de auto de infração o Fisco não está impedido de recorrer a prova emprestada de outros procedimentos instaurados para investigar os mesmos fatos, mas não está autorizado a tomar emprestada a conclusão de outros procedimentos, pois é necessário individualizar a conduta e o fato para incidência da norma jurídica objeto do lançamento em respeito ao art. 9o do Decreto nº 70.235/76, sob pena de cerceamento do direito à ampla defesa e ao contraditório. Recurso de Ofício Negado” (Acórdão nº. 3101001.749, sessão de 15/10/2014). Ora, assim como no caso precedente acima colacionado, houve conclusão diversa do primeiro processo administrativo, no qual o AI foi anulado, com aplicação de penalidade igualmente diversa. Fl. 2451DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.452 23 Ademais, o objetivo do processo administrativo é a busca da verdade material. Tendo sido o conjunto probatório colhido em procedimento de fiscalização a respeito do qual o contribuinte tinha plena ciência, e tendo sido possibilitado todos os meios de defesa cabíveis, não há que se falar em nulidade. Considero que o acórdão de origem caminhou bem nesse sentido, ao afirmar: Logo, se as “provas” já existiam (em decorrência de procedimento de fiscalização anterior), se já estavam a disposição do Fisco, se foram coletadas em momento anterior ao início da presente fiscalização, ou não, são dados que não alteram a informação dos fatos jurídicos que delas se podem extrair, ainda mais se considerar o fato de que o exercício do direito de defesa das interessadas está notadamente ligado à necessária apresentação das provas que dão ensejo e aperfeiçoam o ato administrativo relacionado à constituição do crédito tributário. De outra sorte, não cabe à fiscalização realizar procedimento de investigação com vistas a afastar a responsabilidade dos autuados, cabe à fiscalização a apresentação das provas dos fatos alegados na autuação, e às interessadas, igualmente, o dever de apresentar provas que afastem a acusação. A busca pela “verdade material” não pode acarretar numa eterna busca por provas desnecessárias à acusação, sob pena de referida busca inviabilizar a própria constituição do crédito tributário, por isto a repartição do ônus da prova. As provas dos fatos invocados pelos impugnantes não devem ser produzidas pela Fazenda, são atribuições, encargos dos próprios interessados. Contrariamente ao entendimento dos interessados, as provas acostadas aos autos, ainda que sejam consideradas “emprestadas” (do processo administrativo fiscal n° 13971.004934/200841) são igualmente válidas, posto que se referem aos fatos jurídicos em questão, foram produzidas em consonância com as formalidades estabelecidas em lei e possuem relação direta com os interessados, isto é, as provas tem relação direta com o fato jurídico a ser demonstrado. Necessário esclarecer que existe nítida distinção entre “prova emprestada” e “empréstimo de conclusões”. Enquanto o empréstimo de conclusões ocorre quando a fiscalização se fundamenta exclusiva e diretamente nas conclusões contidas em outros processos instaurados por outras autoridades, a prova emprestada ocorre quando os fatos e as provas que permitem à fiscalização formar sua convicção são extraídos de processos instaurados por outras autoridades (no caso concreto o procedimento de fiscalização e o processo de “origem” foram realizados pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil). Fl. 2452DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.453 24 Assim, a despeito da prova dos autos poder vir de outros processos e procedimentos fiscais de outras autoridades, a autoridade fiscal não deve se valer diretamente das conclusões daqueles feitos para sustentar o ato administrativo, sob pena de macular a autuação. E no presente caso, não se verifica que tenha ocorrido o “empréstimo de conclusões” visto que a conclusão do presente feito é absolutamente diversa daquele outro processo, como se verá adiante.” 1.7. As recorrentes alegam ainda nulidade da autuação em razão da quebra do sigilo bancário da empresa Só Ela Confecções. Ora, de fato, a quebra de sigilo é medida de exceção, e que esta relatora, em regra repudia. Vejamos, entretanto, o caso presente. Para a configuração da legalidade da quebra de sigilo, necessário que seja analisada a sua autorização legal, mediante a legislação de regência. A Lei Complementar n° 105/01 estabeleceu situações em que, em face da supremacia do interesse público e social sobre o privado ou individual (como normalmente ocorre em situações envolvendo o controle aduaneiro), o direto ao sigilo bancário resta afastado em sua “forma” primária. Isto é, citada Lei estabeleceu hipótese em que é lícito o fornecimento de informações e documentos de operações e serviços de instituições financeiras aos órgãos de fiscalização. Nesse sentido, o artigo 1º, § 3º: Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. ... § 3o Não constitui violação do dever de sigilo: I – a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III – o fornecimento das informações de que trata o § 2o do art. 11 da Lei no 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI – a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2o, 3o, 4o, 5o, 6o, 7o e 9 desta Lei Complementar. Como muito bem lembrou o acórdão de origem, o artigo 6º contêm a hipótese relacionada ao caso, isto é, a análise relacionada às contas de depósitos e aplicações financeiras em razão da existência de procedimento fiscal em curso, sendo o exame destas informações Fl. 2453DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.454 25 imprescindíveis ao deslinde do procedimento fiscalizatório como se depreende do próprio conteúdo relatado pela fiscalização na descrição dos fatos do auto de infração: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Ora, registrese que, no presente caso, a Fiscalização percorreu grande caminho até chegar à necessidade da utilização dos dados bancários da empresa Só Ela Confecções. As visitas aos estabelecimentos da importadora, às casas dos seus sócios formais e seus depoimentos, ao estabelecimento da Paxá Confecções e à casa do Sr. Osni dos Santos, demonstravam não apenas a utilização de interposição de empresas e pessoas, mas uma grande confusão patrimonial que ao meu sentir somente poderia ser decifrada mediante a verificação de dados bancários. Ademais, no sentir desta Conselheira, apesar de serem uma importante comprovação, os dados bancários representam apenas mais uma prova no vasto conjunto probatório existente nos autos. É possível chegarse facilmente à conclusão que chegou à fiscalização sem eles. Assim, novamente pedindo vênia ao entendimento dos recorrentes, não encontro ilegalidade na utilização dos dados bancários da empresa Só Ela Confecções Ltda 1.8. No mais, os Recursos Voluntários insistem em argumentos que não são capazes de infirmar as conclusões da Fiscalização, como, por exemplo, “nulidade decorrente da parcialidade das investigações”, “ausência de responsabilidade pessoal dos agentes”, “nulidade decorrente de novos fatos sobre os quais os recorrentes não foram intimados a se manifestar”. Com o devido respeito ao entendimento das autuadas, os vícios capazes de anular os lançamentos de ofício são aqueles que impedem a compreensão da fiscalização ou o exercício da defesa e do contraditório em sua plenitude. Não é isso o que ocorre no presente caso. Conforme visto no Relatório acima transcrito, a fiscalização foi exaustiva em fatos e elementos que não apenas evidenciam, mas comprovam, verdadeira confusão patrimonial entre os contribuintes Só Ela Confecções Ltda., Paxá Confecções Ltda. e o Sr. Osni dos Santos, que atuavam, perante o controle aduaneiro, por conta e ordem das empresas Sulbrasil e Brusque, que declaradamente antecipavam recursos (por conta) e mandantes das importações (por ordem). Pelas conjunto probatório colacionado aos autos, que chegam a quase 3.000 (três mil) páginas, os autuados concorreram para a prática da infração ou dela se beneficiaram, devendo, em consonância com os dispositivos legais, responderem solidariamente pela integralização do correspondente crédito tributário. Não se vislumbra a hipótese de individualização do crédito tributário (ou sua repartição proporcional); a prática da infração, Fl. 2454DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.005096/200911 Acórdão n.º 3102002.372 S3C1T2 Fl. 2.455 26 em relação a todas as declarações de importação, dependeu, em algum grau, de participação dos autuados. Do exposto, nego provimento aos Recursos Voluntários, mantendo incólume a autuação perpretada. Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz Fl. 2455DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalment e em 13/03/2015 por MIRIAM DE FATIMA LAVOCAT DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RIC ARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10166.720239/2010-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício:2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Serão cabíveis Embargos de Declaração sempre que a decisão embargada albergar em seu bojo alguma espécie de omissão, contradição e/ou obscuridade.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26).
Embargo acolhido.
Preliminar de quebra de sigilo bancários rejeitada.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-002.974
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, QUANTO AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS: Por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios para retificar a decisão embargada (Acórdão nº 2202-002.235, de 13/03/2013) sanando as omissões suscitadas, apontando para QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada) e JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), que acolhem a preliminar. QUANTO AO MÉRITO: Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rafael Pandolfo, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Maria Anselma Croscrato dos Santos (Suplente Convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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CABIMENTO. Serão cabíveis Embargos de Declaração sempre que a decisão embargada albergar em seu bojo alguma espécie de omissão, contradição e/ou obscuridade. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTARNº105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). Embargo acolhido. Preliminar de quebra de sigilo bancários rejeitada. Recurso negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 02 39 /2 01 0- 41 Fl. 222DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, QUANTO AOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS: Por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios para retificar a decisão embargada (Acórdão nº 2202002.235, de 13/03/2013) sanando as omissões suscitadas, apontando para QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, MARIA ANSELMA CROSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada) e JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), que acolhem a preliminar. QUANTO AO MÉRITO: Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rafael Pandolfo, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Maria Anselma Croscrato dos Santos (Suplente Convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Antonio Lopo Martinez. Fl. 223DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.720239/201041 Acórdão n.º 2202002.974 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase aqui de Embargos do contribuinte, assentado no argumento da existência de omissão no acórdão questionado, buscando amparo legal no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº. 256, do Ministro de Estado da Fazenda, de 22 de junho de 2009. Embargo de Declaração apresentado pelo contribuinte, relativo ao Acórdão nº 2202002.235, de 13/03/2013 que por maioria votos, rejeitou a preliminar de declaração da nulidade da decisão recorrida, em face da negativa da realização de perícia. Vencido o Conselheiro Odmir Fernandes (Relator). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez. No mérito, por unanimidade de votos, foi negado provimento ao recurso. Aduz o Embargante, que ocorreu omissão do acórdão em relação a ausência de fundamentação do mérito. É o relatório. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Os embargos devem ser acolhidos. Assiste razão ao contribuinte, o relator foi vencido na questão preliminar sobre a realização de perícia, entretanto não apreciou o mérito, limitandose a registrar que não estariam comprovados os depósitos. Não apreciando deste modo as questões suscitadas pelo recorrente. Isto posto, o vício apontado é evidente e deve ser saneado. Entendo, portanto, devam ser acolhidos os embargos para corrigir essa falha, deixando mais claro e evitando qualquer obscuridade. O recorrente além da questão preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa em face do indeferimento da pericia contábil, questionou a violação do sigilo bancário. No mérito, aduz: (1) a movimentação bancária é de pessoa jurídica de que é sócio proprietário. Recebeu no ano calendário 2006 lucros distribuídos de R$ 1.843.441,08, que justificam os depósitos bancários; (3) a tributação dos extratos bancários como presunção não tem apoio no art. 43 do CTN; (3) inexiste acréscimo patrimonial. Sua situação patrimonial em dezembro de 2005 e 2006 é a mesma, ou seja, R$ 4.134.000,00; (4) impugna os valores utilizados no lançamento fiscal, os demonstrativos e os relatórios anexos, valores e datas, porque não corresponde à realidade fiscal do contribuinte. Da Preliminar de Nulidade por Quebra do Sigilo Bancário O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5º e 6º do artigo 38, da Lei nº 4.595, de 1964 e no artigo 8º da Lei nº 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Pessoalmente, não me restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preservase a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocála para absterse de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. No comando da Lei Complementar nº. 105, de 10 de janeiro de 2001, notase o seguinte: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.720239/201041 Acórdão n.º 2202002.974 S2C2T2 Fl. 4 5 (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n°° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.”. Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e Fl. 226DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Requisições de Movimentação Financeira – RMF emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º, que também estão claramente presentes nos autos. Em verdade, verificase que o contribuinte foi intimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto não os apresentou, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não está sendo acolhida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova por quebra do sigilo bancário. Da Presunção de Omissão baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamentase em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, temse a autorização para considerar ocorrido o “fato gerador” quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.720239/201041 Acórdão n.º 2202002.974 S2C2T2 Fl. 5 7 Via de regra, para alegar a ocorrência de “fato gerador”, a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do “fato gerador” (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tãosomente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas” (JustecRJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei nº 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza nãotributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.º 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.º 9.430/1996). É inadmissível aceitar alegações quando desacompanhadas de provas. Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi devidamente comprovada pelo contribuinte, é certa também a ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a irrealidade das imputações feitas. Ausentes esses elementos de prova, resulta procedente o feito fiscal em nome do contribuinte. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Incabível a alegação de ilegitimidade passiva, uma vez que está comprovado nos autos o uso de conta bancária em nome próprio, para efetuar a movimentação de valores tributáveis, situação que torna lícito o lançamento sobre o próprio titular da conta. Sobre esse ponto o CARF já consolidou entendimento: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros (Súmula CARF No.32) É inadmissível aceitar alegações quando desacompanhadas de provas. Assim, a ocorrência do fato gerador decorre, no presente caso, da presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Verificada a ocorrência de depósitos bancários cuja origem não foi devidamente comprovada pelo contribuinte, é certa também a ocorrência de omissão de rendimentos à tributação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar a irrealidade das imputações feitas. Ausentes esses elementos de prova, resulta procedente o feito fiscal em nome do contribuinte. Das provas apresentadas Em seu arrazoado o recorrente justifica alengando identificar provas além de no processo nos próprios argumento presentes no termo de verificação fiscal como na conclusões da DRJ, quando resulta em resultado favarável para o mesmo. Pessoalmente, revi as provas e as alegações e a mesmas firmaram a convicção, não podendo me afastar das conclusões da DRJ. É oportuno para o caso concreto, recordar a lição de MOACYR AMARAL DOS SANTOS: “Provar é convencer o espírito da verdade respeitante a alguma coisa.” Ainda, entende aquele mestre que, subjetivamente, prova ‘é aquela que se forma no espírito do juiz, seu principal destinatário, quanto à verdade deste fato”. Já no campo objetivo, as provas “são meios destinados a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade dos fatos deduzidos em juízo.” Assim, consoante MOACYR AMARAL DOS SANTOS, a prova teria: a) um objeto são os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamento da ação; b) uma finalidade a formação da convicção de alguém quanto à existência dos fatos da causa; c) um destinatário o juiz. As afirmações de fatos, feitas pelos litigantes, dirigemse ao juiz, que precisa e quer saber a verdade quanto aos mesmos. Para esse fim é que se produz a prova, na qual o juiz irá formar a sua convicção. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10166.720239/201041 Acórdão n.º 2202002.974 S2C2T2 Fl. 6 9 Podese então dizer que a prova jurídica é aquela produzida para fins de apresentar subsídios para uma tomada de decisão por quem de direito. Não basta, pois, apenas demonstrar os elementos que indicam a ocorrência de um fato nos moldes descritos pelo emissor da prova, é necessário que a pessoa que demonstre a prova apresente algo mais, que transmita sentimentos positivos a quem tem o poder de decidir, no sentido de enfatizar que a sua linguagem é a que mais aproxima do que efetivamente ocorreu. O recorrente questiona o entendimento exarado pela autoridade fiscal. Entretanto, embora tenha se transcorrido um longo período desde que tomou conhecimento do relatório não demonstrou os seus argumentos. Ademais, cabe a recorrente por força da presunção legal, compete a ela provar a natureza especifica de cada depósitos, na medida em que, ninguém melhor do que ela própria trazer o comprovante de cada depósito. Dessa forma, cabe a máxima de que “allegatio et non probatio, quase non allegatio” (alegar e não provar é quase não alegar). Nestes termos, voto por acolher os embargos declaratórios para retificar a decisão embargada (Acórdão nº 2202002.235, de 13/03/2013) sanando a contradição, para Rejeitar a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário e, no mérito negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 230DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/02/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 11080.721713/2012-26
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009, 2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.
Os embargos de declaração apenas são cabíveis em face de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma (art.65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF), hipóteses não presentes no caso concreto. Conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente fundamentada.
Numero da decisão: 1103-001.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado rejeitar os embargos por unanimidade, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO
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Glosas de custos Embargante ÁGUAS MINERAIS SARANDI LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. Os embargos de declaração apenas são cabíveis em face de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma (art.65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF), hipóteses não presentes no caso concreto. Conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente fundamentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado rejeitar os embargos por unanimidade, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 17 13 /2 01 2- 26 Fl. 678DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 679 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pelo contribuinte em 29/9/14 (fls.664/670) em face do acórdão nº 1103001.004, de 11/3/14, que recebeu a seguinte ementa (fls.626/646): NULIDADE FUNDAMENTOS FÁTICOS E JURÍDICOS. Do contexto do relatório de ação fiscal que integra os lançamentos resultam com bastante clareza tanto o suporte fático quanto o fundamento jurídico para as glosas efetuadas. Ademais, o mero erro na capitulação legal ou infralegal não é causa de nulidade do lançamento. Essencial é o motivo, que deve ser claro e preciso. É o que se dá no caso vertente. Inexistência de nulidade. NULIDADE APLICAÇÃO DO ART. 148 DO CTN. A questão não é de aplicação do art. 148 do CTN. Sendo o caso, a aplicabilidade é da hipótese de arbitramento do lucro do art. 530 do RIR/99. E a quantificação do valor arbitrado se dá segundo critérios definidos pela lei. Daí ser inaplicável o art. 148, in fine, do CTN. Inexistência de nulidade. NULIDADE GLOSA DE DESPESAS ARBITRAMENTO DO LUCRO. Ordinariamente, quando se glosam despesas relativamente expressivas ao total das despesas, impõese o arbitramento, sob pena de vício substancial do lançamento, pois tal glosa representaria a imprestabilidade da escrituração contábil, implicando tributar o que não é expressão de renda. No caso em dissídio, a questão comparece em outros termos. Aqui, dada a simulação da Sociedade em Conta de Participação, há quantificação precisa do sobrevalor embutido nos custos deduzidos, contrabalanceado pelas receitas excluídas por sua exclusão como lucros distribuídos as quais, corretamente, não foram glosadas. Inexistência de nulidade. SIMULAÇÃO SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO MAJORAÇÃO INDEVIDA DO CUSTO AO SÓCIO OCULTO O investimento da recorrente, para se tornar sócio oculto, i.e., para fortalecer o empreendimento do sócio ostensivo, é de valor simbólico. O único sócio oculto (recorrente), sobre ser o único cliente da Sociedade em Conta de Participação (SCP), recebia 65% do faturamento bruto da SCP, a título de distribuição de resultados dessa receita não tributável. Conflito de interesses. Incompatibilidade entre causa típica de uma SCP e o fim prático pretendido pelas partes, a configurar simulação da SCP. Diante da simulação da SCP, fica caracterizada a majoração indevida de 65% dos custos dos kits para produção de refrigerantes, na medida em que foi mantida a exclusão das receitas dos 65%, o que implicaria glosa em duplicidade. MULTA QUALIFICADA. No quadro exposto, não há elementos que concorram para uma simulação ‘inocente’. Ou ainda, não se está diante de fenômeno simulatório que se ponha numa linha divisória tênue ao olhar natural ou sob as lentes defasadas. No Fl. 679DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 680 3 caso vertente, não se afigura factível mesmo um erro de proibição. ILEGALIDADE DA TAXA SELIC E INCONSTITUCIONALIDADE DA MULTA. A Súmula CARF nº 4 reconhece ser devida a taxa Selic. A constitucionalidade da multa é matéria cujo enfrentamento é defeso a este órgão julgador, conforme a Súmula CARF nº 2. JUROS DE MORA INCIDENTE SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional, sobre os quais incidem juros de mora calculados com base na taxa Selic, tese confirmada em reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (AgRg no REsp 1.335.688PR, julgado em 4/12/12). A ciência do contribuinte efetivouse em 23/9/14 (fl.674). Para o Embargante, o acórdão teria incorrido em omissão e contradição. Em síntese: se houve uma simulação por meio de uma Sociedade em Conta de Participação (SCP), os negócios jurídicos realizados por estas são desconsiderados, de forma que a operação real a ser levada em consideração deve ser a travada entre a Polyaromas e a Sarandi. Se existe a simulação da SCP, não seria possível falar em distribuição dos resultados, que seria o cerne do acórdão embargado; não haveria previsão para se glosar um custo/despesa parcialmente, de sorte que haveria omissão na apreciação de a operação ser verdadeira e lícita. Não seria possível, lógica e juridicamente, afirmar que a operação seria meio legítima ou verdadeira; quanto à multa de ofício qualificada, restaria configurada a omissão quanto à análise dos argumentos postos no recurso voluntário. Os embargos de declaração foram distribuídos com base no art.65, §2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (“O presidente da Turma poderá designar conselheiro para se pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos de declaração”). É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. Do juízo de admissibilidade Os embargos de declaração são tempestivos. Nos termos do Regimento Interno do CARF (Anexo II), os embargos de declaração são cabíveis para sanar obscuridade, omissão ou contradição existentes no acórdão: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e Fl. 680DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 681 4 os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Inicialmente, sustenta o Embargante contradição no acórdão guerreado. No seu entender, ao fixar que a Sociedade em Conta de Participação (SCP) seria simulada, os negócios jurídicos por ela celebrados deveriam ter sido desconsiderados, subsistindo a operação travada entre a Polyaromas e a Sarandi. Com a simulação, não se poderia falar em distribuição de resultados pela SCP. Para que se possa analisar se houve a aludida contradição, fazse necessário revisitar o caso, ainda que brevemente. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal, o sujeito passivo (Águas Minerais Sarandi Ltda), na qualidade de sócio oculto, constituiu com a Polyaromas Preparados e Extratos Ltda, sócio ostensivo sediado na Zona Franca de Manaus, determinada Sociedade em Conta de Participação, que teria como objeto social “...o desenvolvimento de projetos de produção de extratos e concentrados destinados à industrialização de refrigerantes, os quais tomaram a forma de kits, sendo estes comercializados para as indústrias produtoras e engarrafadoras clientes da SÓCIA OSTENSIVA”, conforme contrato social (fls.29/32). A SCP não poderia ser compreendida como um encontro de vontades de seus sócios, sendo que a integralidade da receita bruta, valor inicial do cálculo dos valores a serem distribuídos como ganhos com a constituição daquela sociedade, provinha unicamente das compras de “kits” pela Águas Minerais Sarandi. No dia útil seguinte ao pagamento por tais aquisições, a Polyaromas, como sócia ostensiva da SCP, efetua, a título de distribuição de ganhos com a SCP, o retorno de exatamente 65% (sessenta e cinco por cento) do valor recebido do sujeito passivo. Como consequência, o custo de produção foi superfaturado em 65%, relativamente às aquisições dos insumos adquiridos, reduzindo o resultado tributável para fins de IRPJ e CSLL, ao mesmo tempo em que lhe proporcionava indevidamente créditos de PIS e Cofins majorados naquele mesmo percentual. A fiscalização, então, realizou a glosa de 65% do custo total das aquisições, bem como o ajuste relacionado aos créditos de PIS e Cofins. No acórdão embargado tal situação fática foi assim resumida: “[...] No caso, verificouse que a recorrente, sobre ser o único cliente da SCP, recebia 65% do faturamento bruto da SCP, a título de distribuição de resultados dessa. Recebimento esse que se dava no primeiro dia útil seguinte ao pagamento feito pela recorrente à SCP pela aquisição dos kits para produção de refrigerantes. Ou seja, a cada pagamento do preço pela aquisição dos kits pela recorrente se operava seu recebimento de 65% desse preço. O autuante reputou ser simulada a SCP, glosando 65% do custo dos insumos (kits para produção de refrigerantes) adquiridos da SCP, por constituir majoração indevida de custo.” Da simples leitura do voto do I. Cons. Marcos Takata, adotado pelo voto vencedor, é fácil notar que não há qualquer contradição ou omissão quanto ao trato da matéria, tendo sido a glosa fiscal devidamente fundamentada em razão de os valores decorrerem Fl. 681DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 682 5 unicamente da constituição da SCP, simulação arranjada entre a Águas Minerais Sarandi Ltda, ora Embargante, e a Polyaromas, verbis: “[...] a insinceridade de causa (típica) ou a incompatibilidade entre a causa (típica) e o fim prático pretendido pelas partes configura a simulação do negócio. Essa incompatibilidade decorre de uma avaliação contingente, não sendo algo conceituável, ao menos em termos absolutos. Na causa típica de uma SCP estão presentes o fortalecimento do empreendimento do sócio ostensivo, enquanto tal, com os investimentos feitos pelos sócios ocultos, e a repartição dos resultados entre ambas as categorias de sócios. No caso vertente, foram detectados os seguintes elementos objetivamente verificáveis quanto à posição, atuação e atribuição à recorrente: é a única sócia oculta da SCP, e, para tanto, fez um aporte de R$ 2.000,00; a SCP só vendeu produtos (kits para produção de refrigerantes) para a recorrente, que é a única cliente da SCP; das vendas da SCP à recorrente, 65% do preço dessas vendas são distribuídos à recorrente a título de distribuição de lucros. A causa buscada com a SCP, na presença dos elementos objetivos descritos na situação em jogo, é a não redução de preços pagos pelo sócio oculto à SCP, para atribuição de significativos resultados ao sócio oculto, e para atribuição de lucros ao sócio empreendedor ou ostensivo. A incompatibilidade entre essa causa ou fim concreto buscado pelas partes com a causa típica das partes com uma SCP se desnuda, no caso vertente. O investimento do sócio oculto é de apenas R$ 2.000,00, para fortalecer o empreendimento do sócio ostensivo. Se não for assim, há de se considerar como ‘investimento’ do sócio oculto a aquisição dos kits produzidos pelo sócio ostensivo somente por ele. E o sócio oculto recebe 65% do preço dos produtos que ela mesma adquire. A incompatibilidade de causas se desnuda, com um conflito de interesses ‘genético’ numa sociedade nesses termos: o comprador busca o menor preço e o vendedor o maior, mas o comprador, aqui, sob o ‘chapéu’ da SCP, tem o interesse do vendedor, pois tem direito a 65% do preço como ‘lucro’ seu. Comprador que é o único cliente do vendedor, para que o ‘chapéu’ da SPC dê o lucro que o comprador espera obter. Como se dizer que a reunião da recorrente com a Polyaromas numa SCP foi para redução de custos daquela, se são desses custos que ela recebe a título de distribuição de lucros 65% deles (custos)? A redução de custos é possível sem a ‘participação nos lucros’ sobre a aquisição que a própria recorrente faz do sócio ostensivo, até porque ela é a única cliente dessa SCP. Fl. 682DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 683 6 Por isso, não têm repercussão os indicativos de preços médios praticados pelos fabricantes instalados na Zona Franca de Manaus. Também, a lição de Pontes de Miranda é precisa ao caso, ao dizer que ‘o acordo sobre a causa não basta a que a causa se estabeleça, se não há o elemento objetivo da adequação da atribuição à causa.’ (Tratado de Direito Privado – tomo III. Rio: Borsoi, 1954, p. 94). Do que ficou deduzido, a conclusão inevitável é a de que a SCP em questão é simulada. Por conseguinte, fica evidenciada a majoração dos custos dos kits para produção de refrigerantes, encoberta sob a capa de lucros distribuídos pela SCP à recorrente, correspondentes a 65% do preço de aquisição dos kits para produção de refrigerantes. Ou seja, a majoração (indevida) dos custos pela recorrente corresponde exatamente a 65% dos ‘preços’ de aquisição dos kits para produção de refrigerantes da Polyaramas – ‘sócio ostensivo da SCP’. A majoração indevida não pode implicar, todavia, glosa também das receitas excluídas, correspondentes aos 65% dos ‘preços’ de aquisição, o que se verá adiante. Por outro lado, é evidente que, sendo simulada a SCP, por princípio de identidade, a receita auferida pelo sócio ostensivo, não mais nessa qualidade, mas como Polyaromas, é justamente de 35% dos ‘preços’ de venda praticados sob a ‘capa’ da SCP à recorrente (dos kits para produção de refrigerantes). O resto é efeito da simulação da SCP.” Não se podendo falar em distribuição de resultados pela SCP, como admite o próprio Embargante, outra não poderia ter sido a conclusão senão a de que os 65% “distribuídos” e repassados/devolvidos ao sujeito passivo significaria, na realidade, excesso no valor dos kits adquiridos, indevidamente contabilizado como custo. O Embargante também alega que o acórdão guerreado seria omisso por não ter apreciado o fato de a operação ser lícita, ao afirmar: “O segundo e relevante aspecto decorrente do fato de que não há previsão para se glosar um custo/despesa parcialmente. Ou operação é verdadeira e lícita, ou não é. No caso concreto, há omissão nesta apreciação, sobretudo pelo fato de que a própria fiscalização e o acórdão não contestam a existência da compra dos insumos, a licitude desta operação, o pagamento do preço. Ou seja, não negam que a operação existiu. Tão somente reduzem (glosam) de forma parcial o valor da operação, sem que exista previsão legal para tanto, utilizandose exclusivamente de um simples indício que é o percentual de 65% da distribuição de resultados. Vale lembrar ainda que há prova efetiva nos autos de que o preço praticado era aquele de mercado, conforme tabela da própria Zona Franca de Manaus. Fl. 683DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 684 7 Assim, além do primeiro vício apontado, neste segundo momento, é preciso também avaliar a omissão e contradição diante do fato de que não é possível do ponto de vista lógico e jurídico dizer que a operação é MEIO LEGÍTIMA OU VERDADEIRA. Ou é por inteiro ou não é por inteiro.” Para infirmar a tese do Embargante quanto à omissão/contradição, basta o excerto acima transcrito, que exterioriza o fundamento adotado por este colegiado quanto à procedência da glosa realizada pela fiscalização, bem como a respeito da ausência de repercussão, no caso concreto, dos indicativos de preços médios praticados pelos fabricantes instalados na Zona Franca de Manaus. O Embargante ainda aduz ter havido omissão quanto à qualificação da multa de ofício. No seu entender, deverseia prestigiar a boafé do contribuinte. Além do mais, a autoridade fazendária não teria descrito e tipificado de forma pormenorizada a conduta, bem como deixara de comprova o dolo. Por fim, na hipótese seria aplicável o art.112 do Código Tributário Nacional. A própria fundamentação dos embargos de declaração quanto ao ponto denota a pretensão de se rediscutir a matéria, o que, como sabido por todos, não é possível na estreita via dos embargos de declaração. Especificamente quanto à manutenção da multa qualificada, o acórdão embargado assim equacionou a controvérsia: “[...] Prossigo, com a apreciação da questão da multa qualificada. Como se vê dos instrumentos específicos dos autos de infração, a multa qualificada foi infligida sobre o IRPJ e a CSL decorrentes da majoração indevida dos custos, aplicandose a multa ordinária em relação à dedução dos valores de PIS e Cofins Importação (fls. 378, 393 e 394). Diante do quadro exposto, não há elementos que acusem ou concorram para a consecução de uma simulação ‘inocente’. Ou melhor, que concorram a uma simulação ‘não legível’ àquele que não passou por correção das lentes pelo oftalmologista. Ou ainda, não se está diante de fenômeno simulatório que se coloque numa linha divisória tênue ao olhar natural ou sob as lentes defasadas. Não se afigura factível mesmo um erro de proibição. Com os caracteres apresentados, como se dizer que não se ostenta o elemento subjetivo do tipo, o dolo? Não vejo como se possa afastar a qualificação da multa no caso vertente, de modo que sobre a questão nego provimento ao recurso.” Acrescentese, conforme assentado por este colegiado (acórdão nº 1103 000.816, de 5/3/13, e nº 1103001.041, de 10/4/14), com esteio em pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, que não há necessidade de a decisão cuidar de forma individualizada de todos os argumentos das partes, bastando que esteja suficientemente Fl. 684DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 685 8 fundamentada. Neste sentido, a título exemplificativo, podem ser mencionados os seguintes acórdãos proferidos por aquela Corte superior: “PROCESSUAL CIVIL. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE LEI INVOCADOS. SÚMULA 211/STJ. 1. Não viola o art. 535 do CPC, nem importa negativa de prestação jurisdicional, o acórdão que, mesmo sem ter examinado individualmente cada um dos argumentos trazidos pelo vencido, adotou, entretanto, fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia [...]”. (STJ, Segunda Turma, AgRg no Resp 1356027/BA, de 19/03/12, DJe 26/03/13, Rel. Min. Humberto Martins) “PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 619 DO CPP. OMISSÃO E CONTRADIÇÃO NÃO CONFIGURADA. ACÓRDÃO EMBARGADO. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. REEXAME DA CONTROVÉRSIA. INFRINGÊNCIA DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. OBSCURIDADE CONFIGURADA. FUNDAMENTAÇÃO EMPREGADA PELA TURMA PARA RECHAÇAR ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 261, 263 E 564, III, "C”, DO CPP. ESCLARECIMENTO SUFICIENTE. DESNECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO DA PARTE DISPOSITIVA DO JULGADO. [...] 3. A motivação contrária ao interesse da parte ou mesmo omissa em relação a pontos considerados irrelevantes pelo decisum, não autoriza o acolhimento dos embargos declaratórios, além do que o órgão julgador não está obrigado a se pronunciar acerca de todo e qualquer ponto suscitado pelos litigantes, mas apenas sobre aqueles considerados suficientes para fundamentar sua decisão, como ocorrera in casu [...]” (STJ, Sexta Turma, Edcl no Resp 1183134/SP, de 07/05/13, DJe 15/05/13, Rel. Min. Alderita Ramos de Oliveira) “PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO INTEGRATIVO RECEBIDO COMO AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE MOVIDA PELA INFRAERO. USO DE ÁREA AEROPORTUÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO QUE SE APÓIA NA FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. PRETENSÃO RECURSAL QUE ENCONTRA ÓBICE NAS SÚMULAS N. 5, N. 7 E N. 211 DO STJ. [...] 3. Não há violação do art. 535 do CPC, quando o Tribunal de origem julga a matéria, de forma clara, coerente e fundamentada, pronunciandose, suficientemente, sobre os pontos que entendeu relevantes para a solução da controvérsia [...]” (STJ, Primeira Turma, Edcl no Resp 1269355, de 18/09/12, DJe 24/09/12, Rel. Min. Benedito Gonçalves) “AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. EXCEÇÃO DE PREEXECUTIVIDADE. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. NÃO PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO DO FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO QUE AFASTOU A PRESCRIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXAME DOS Fl. 685DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 11080.721713/201226 Acórdão n.º 1103001.180 S1C1T3 Fl. 686 9 PRESSUPOSTOS AUTORIZADORES DA EXCEÇÃO DE PREEXECUTIVIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. ACÓRDÃO ALINHADO À JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. APLICAÇÃO DE MULTA. 1. O julgador, no exame das lides que lhe são submetidas, não está obrigado a responder questionários jurídicos elaborados pelas partes e nem a discorrer sobre todos os dispositivos legais por elas invocados. É de sua obrigação, ao examinar os contornos da lide controvertida, apresentar os fundamentos fáticos e jurídicos em que apoia suas convicções para decidir [...]” (STJ, Quarta Turma, AgRg no Aresp 180224/RJ, de 16/10/12, DJe 23/10/12, Rel. Min. Luis Felipe Salomão). PROCESSO CIVIL EMBARGOS DE DECLARAÇÃO INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. 1. Prestação jurisdicional devidamente entregue, eis que o Tribunal não está obrigado a responder questionários formulados pelas partes. 2. Embargos de declaração rejeitados. (STJ, Primeira Seção, Edcl na Ação Rescisória nº 770/DF, de 09/06/04, DJ 02/08/04, Rel. Min. Eliana Calmon). Por todo o exposto, voto no sentido de REJEITAR os embargos de declaração. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 686DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 01/04/2015 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 10950.000026/2010-52
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008
EMBARGOS. OMISSÃO. JULGAMENTO EXTRA PETITA.
Inexistindo a omissão e o julgamento extra petita, rejeitam-se os embargos de declaração.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3403-003.584
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Ausentes ocasionalmente o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Fenelon Moscoso de Almeida, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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OMISSÃO. JULGAMENTO EXTRA PETITA. Inexistindo a omissão e o julgamento extra petita, rejeitamse os embargos de declaração. Embargos rejeitados. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. Ausentes ocasionalmente o Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Rosaldo Trevisan, Domingos de Sá Filho, Fenelon Moscoso de Almeida, Luiz Rogério Sawaya Batista e Ivan Allegretti. Relatório Tratase de embargos de declaração opostos em tempo hábil pela Procuradoria da Fazenda Nacional ao Acórdão nº 3403003.323, por meio do qual deuse AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 00 26 /2 01 0- 52 Fl. 4040DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 provimento parcial ao recurso voluntário para reverter as glosas dos créditos fictos de IPI provenientes de aquisições da Amazônia Ocidental efetuadas pela fiscalização a partir de 11/12/2007. Alega a ilustre representante da Fazenda Nacional que a DRJ havia entendido que o contribuinte não tinha direito ao benefício porque o concentrado para fabricação de CocaCola não era elaborado com matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional e de estabelecimentos industriais localizados na Amazônia Ocidental. Alegou a Fazenda Nacional que em momento algum o contribuinte contestou esse fato, pois limitouse no recurso voluntário a invocar a Resolução CAS 387/93. Apesar disso, o colegiado reverteu glosas de créditos fictos de IPI provenientes da Amazônia Ocidental a partir de 11/12/2007, inclusive para o concentrado sabor cola. Entende a embargante que houve decisão extra petita, pois foram discutidos fatos não impugnados no processo. Requereu o conhecimento e o provimento dos embargos para que o colegiado saneie a omissão apontada, apresentando os motivos que levaram à apreciação de matéria preclusa, vez que não ventilada na insurgência do interessado. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. No voto condutor do Acórdão nº 3403003.323 está consignado o seguinte: "(...) Sendo assim, há que se concordar com a decisão recorrida e com a Procuradoria da Fazenda Nacional, no sentido de que a recorrente só passou a gozar do direito estabelecido no art. 6º, § 1º, do DecretoLei nº 1.435/75 (art. 175 do RIPI/2002) a partir de 11 de dezembro de 2007, quando foi aprovada a Resolução CAS nº 298/2007 (fls. 1455/1456). Entretanto, não se pode concordar nem com a DRJ e nem com a Procuradoria da Fazenda Nacional, quando argumentam que mesmo a partir de dezembro de 2007 o contribuinte não poderia tomar o crédito ficto, em razão do concentrado sabor cola não ser produzido com matériasprimas de produção regional. A uma porque esse motivo não foi levantado pela fiscalização no termo de verificação fiscal como fato determinante da autuação. A duas, porque não se sabe de onde a DRJ tirou a informação de que o concentrado sabor cola não leva nenhum insumo de produção regional em sua elaboração. Não existe no processo nada, absolutamente nada que comprove que o concentrado sabor cola não leve em sua formulação algum insumo de produção regional. E a três, porque no Parecer Técnico de Projeto nº 224/2007 (fls. 1446/1453) está escrito com todas as letras que o concentrado Fl. 4041DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10950.000026/201052 Acórdão n.º 3403003.584 S3C4T3 Fl. 3 3 para refrigerante sabor cola é elaborado com açúcar cristal produzido na Agropecuária Jayoro, localizada no município de Presidente Figueiredo AM e que o açúcar mascavo é produzido por produtores rurais do interior do Estado do Amazonas. Assim, há que se reconhecer ao contribuinte o direito aos créditos fíctos do IPI em relação às notas fiscais emitidas pela RECOFARMA a partir de 11/12/2007. (Destaquei) A leitura do excerto acima deixa bem claro que não existe nem omissão e nem julgamento extra petita. O que aconteceu foi que a fiscalização não indicou como causa ou motivo do lançamento o fato de o concentrado sabor cola não ser produzido com matériaprima de origem regional. Examinandose o termo de verificação fiscal de fls. 45/47, se pode constatar que a glosa dos créditos fictos foi motivada apenas na falta de amparo legal para o contribuinte tomar créditos sobre aquisições desoneradas do IPI. Sendo assim, a defesa não tinha que alegar em impugnação que o concentrado sabor cola era produzido com matériasprimas de produção regional. A defesa, para contestar a acusação fiscal, tinha que apresentar apenas o fundamento legal que lhe dá o direito de tomar os créditos fictos do imposto. O primeiro momento processual em que surgiu a alegação de que o concentrado sabor cola não se enquadraria na isenção prevista no art. 6º do DecretoLei nº 1.435/75, por não ser produzido com matérias primas de origem regional, foi no acórdão de primeira instância. Posteriormente, o mesmo argumento foi utilizado pela Procuradoria da Fazenda Nacional em sede de sustentação oral. Se a DRJ não tivesse introduzido um novo motivo para manter o lançamento e o que é pior um motivo que não tem lastro em nenhuma prova existente no processo, esse fato não teria sido devolvido à apreciação do colegiado e não teria sido mencionado no acórdão recorrido. Observe a ilustre Procuradora embargante, que a DRJ adicionou um novo fundamento sem lastro em provas no processo, apenas para manter integralmente o auto de infração a partir de dezembro de 2007, uma vez que ela a própria já havia reconhecido que o contribuinte estava amparado pela Resolução do CAS a partir de 11/12/2007. Por seus próprios fundamentos a DRJ seria forçada a reverter a glosa a partir de 11/12/2007. Assim, reconheceuse que a partir de 11/12/2007 o contribuinte tinha amparo para a tomada do crédito, mas num passe de mágica o julgador teve um insight e descobriu que concentrado sabor cola não é produzido com matériaprima de origem regional, fato que retiraria do contribuinte o direito aos créditos fictos. Fl. 4042DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Entretanto, como restou expresso no voto condutor do acórdão recorrido, não se sabe de onde o relator da DRJ tirou a informação de que o concentrado sabor cola não é elaborado com matériasprimas de origem regional. Não há no processo nenhum elemento que dê fundamento a essa alegação. E como bem sabe a ilustre Procuradora, quod non est in actis non est in mundo. Não houve nem omissão e nem julgamento extra petita porque a matéria discutida no acórdão foi devolvida à apreciação do colegiado em razão do efeito devolutivo do recurso voluntário. Com esses fundamentos, voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 4043DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/201 5 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10830.009518/2003-41
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 12 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA -IRPF
Exercício: 1993
IRPF - VERBAS INDENIZATÓRIAS - PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA - PDV - RESTITUIÇÃO - DECADÊNCIA.
O marco inicial do prazo decadencial para os pedidos de restituição de imposto de renda indevidamente retido na fonte, decorrente do recebimento de verbas indenizatórias referentes à participação em PDV, se dá em 06.01.1999, data de publicação da Instrução Normativa SRF n° 165, a qual reconheceu que não incide imposto de renda na fonte sobre tais verbas.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-000.656
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos Francisco Assis de Oliveira Júnior (relator), Elias Sampaio Freire e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Gonçalo Bonet Allage.
Matéria: IRPF- restituição - rendim.isentos/não tributaveis(ex.:PDV)
Nome do relator: Francisco Assis de Oliveira Júnior
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Numero do processo: 10830.003247/2004-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-Calendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008
Ementa:
RECURSO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. COMPENSAÇÃO. Tendo sido confessados e constituídos os débitos objeto de compensação, não há como se falar que a Contribuinte agiu de forma dolosa para impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, uma vez que a compensação de débito constitui etapa posterior a este (fato gerador).
Não bastasse, no caso, a Fiscalização não fez referência a qualquer conduta que se enquadre nos artigos 71 a 73 da Lei n. 4.505/64, mas apenas ao fato de o contribuinte ter realizado compensação vedada por expressa disposição legal, na forma do revogado Ato Declaratório RFB n. 17/2002.
Recurso de ofício negado.
Numero da decisão: 1102-001.207
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício
Nome do relator: ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO
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Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-Calendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 Ementa: RECURSO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. COMPENSAÇÃO. Tendo sido confessados e constituídos os débitos objeto de compensação, não há como se falar que a Contribuinte agiu de forma dolosa para impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, uma vez que a compensação de débito constitui etapa posterior a este (fato gerador). Não bastasse, no caso, a Fiscalização não fez referência a qualquer conduta que se enquadre nos artigos 71 a 73 da Lei n. 4.505/64, mas apenas ao fato de o contribuinte ter realizado compensação vedada por expressa disposição legal, na forma do revogado Ato Declaratório RFB n. 17/2002. Recurso de ofício negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) JOÃO OTÁVIO OPPERMANN THOMÉ - Presidente. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO - Relator. Fl. 672DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JOÃO OTÁVIO OPPERMANN THOMÉ (Presidente), JOSÉ EVANDE CARVALHO ARAUJO, FRANCISCO ALEXANDRE DOS SANTOS LINHARES, RICARDO MAROZZI GREGÓRIO, JOÃO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, e ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO. Relatório Trata-se de recurso de ofício interposto em face do acórdão de fls. 600/638 proferido pela 5 a Turma da Delegacia Regional de Julgamentos de Campinas - SP assim ementado, verbis: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007, 2008 RECONHECIMENTO DE DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO. CAUTELA DE OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, é descabida a compensação de tributos administrados pela RFB com suposto crédito relativo a obrigações ao portador emitidas pela Eletrobrás. COMPETÊNCIA. ATO DE NÃO-DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESSUPOSTO DA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. APRECIAÇÃO EM JULGAMENTO. Embora as Delegacias de Julgamento não tenham competência para apreciar recurso contra atos de não-declaração, é possível a apreciação dos argumentos do impugnante naquilo que guardam correlação com a caracterização da hipótese de aplicação da multa isolada, bem como com o reconhecimento de crédito. CAUTELA DE OBRIGAÇÕES DA ELETROBRÁS. CRÉDITO DE NATUREZA NÃO TRIBUTÁRIA. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. NÃODECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. Regular é a exigência de multa isolada em face de DCOMP não homologadas ou consideradas não- declaradas, por veicularem crédito que não se refere a tributos ou contribuições administrados pela antiga SRF. PERCENTUAL APLICÁVEL. A utilização de créditos de natureza não tributária em DCOMP justifica a aplicação de multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, no percentual de 75%; a qualificação da multa fica restrita aos casos em que caracterizado o evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de questionamentos relacionados a ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação tributária não é de competência da autoridade administrativa, sendo exclusiva do Poder Judiciário. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte.” O caso foi assim relatado pela instância a quo: “Trata o presente processo de pedido de reconhecimento de direito creditório resultante de "Obrigações Eletrobrás" cumulado com compensação de débitos de Fl. 673DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 2 3 IRPJ, CSLL, PIS e COFINS de fls. 01/10, aditado pelos pedidos de fls. 301 e 318. O pedido inicial, originalmente formulado em nome de ditas empresas do mesmo grupo, foi desmembrado por meio da petição de fls. 88 em atendimento à intimação fiscal (fls. 68). A estes autos foram apensados os seguintes processos administrativos: • 10830.011698/2008-35, formalizado para lançamento de multa de ofício isolada em razão de compensações indevidas, bem como para constituição de débitos de Cofins compensados e não declarados em DCTF; • 10830.0011700/2008-76, formalizado para lançamento de débitos de contribuição ao PIS compensados e não declarados em DCTF; No processo principal n° 10830.003247/2004-09, vê-se que em 27/11/2008 (fl. 447) o interessado foi cientificado da decisão de fls. 418/422, na qual foram apreciadas as compensações, como segue: RELATÓRIO Cuida-se de "declarações de compensação" - Dcomps - de supostos créditos oriundos do que fora, em tese, pago a título de empréstimo compulsório, representado por obrigações ao portador da empresa Eletrobrás — Centrais Elétricas Brasileiras S. A ., com débitos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, conforme fls. 01/10, 42/66, 85/87, 104/105, 118/165, 237/317 e 333/353. Acompanham a inicial de fls. 0/06, fotocópias de documentos procuratórios e societários (fls. 07 e 70/87), da análise pericial e documentos (cópia) da Obrigação posta em compensação (fls. 26/30 e 96/103), do respectivo laudo de atualização monetária (fls. 14/25 e 318/322) e da Ementa da decisão prolatada nos autos do RESP 587019/PR; Recurso especial - 2003/0164739-2, de 02/12/2003 (fls. 36 e 37) Objetivando criar a convicção acerca do mérito compensatório explicitado na exordial, este SEORT7DRF/CPS, anexou ao presente telas FISCEL (fls. 174/175) e reproduções das DCTF's 2005, 2006 e 2007 (fls. 177/207, 218/236 e 354/395), além de proceder ao cadastramento dos débitos confessados no Profisc. PARECER Preliminarmente tendo em vista o que se entende do Princípio da Informalidade, que rege o Processo Administrativo Fiscal, e ainda considerando a inequívoca intenção compensatória do postulante, assim como as informações trazidas à baila por meio de fls. 01/06, 40/67, 85/115, 118/165 e 237/353 não encontrei óbices a considerar as citadas laudas como se Declaração de Compensação fossem. Ademais, conforme COSTA (2004; 21): "As formas pelas quais se manifesta o processo, conquanto de importância reconhecida são apenas instrumento com que a jurisdição é acionada. Quer-se dizer que a finalidade a ser alcançada mediante o processo supera em importância a forma dos atos e procedimentos processuais, porque o processo tem função instrumental." Fl. 674DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 4 Assim, pelo expendido, informo cuidar o presente de pleito compensatório, pelo que imperioso se faz a análise prévia do crédito posto em compensação. A Lei n° 4.156, de 28 de novembro de 1962, rezava que, a partir de 1964, o consumidor de energia elétrica tomaria "Obrigações da Eletrobrás, resgatáveis em 10 (dez) anos a juros de 12% (doze por cento) ao ano — correspondente a 15% (quinze por cento) no primeiro exercício e 20% (vinte por cento) nos demais - sobre o valor de suas contas. Denominada essa obrigação de "empréstimo " (§ Io, do art. 4o), não consignou em seu texto que seria administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Por seu turno, o Decreto n° 68.419, de 25 de março de 1971, que "Aprovou o Regulamento do Imposto Único sobre Energia Elétrica, Fundo Federal de Eletrificação, Empréstimo Compulsório em favor da Eletrobrás, Contribuição dos novos Consumidores e Coordenação dos Recursos Federais vinculados a obras e serviços de energia elétrica e que alterou o Decreto n° 41.019 de 26 de fevereiro de 1957" dispôs em seus arts. 48 a 51, Título III: Como se vê, o Decreto citado também não atribuiu à Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou órgão equivalente, a administração do empréstimo. Pelo contrário, o empréstimo seria recolhido à ordem da Eletrobrás, pessoa jurídica afeita ao Ministério de Minas e Energia, mediante guia própria de recolhimento (v. art. 51 acima). Ademais, o art. 66 do mesmo, assim trata da indigitada restituição: No âmbito da RFB, a legislação sobre Restituição, Ressarcimento e Compensação encontra-se consolidada pela Instrução Normativa n" 600, de 28/12/2005. Contudo, como a primeira DCOMP's data de 05/07/2004, convém explicitar que a então vigente IN/SRF n° 210/02, assim como a 460/04, já não permitiam tal operação. De fato, as aludidas Instruções Normativas sempre disciplinaram "a restituição e compensação de quantias recolhidas a título de tributo ou contribuição administrados pela secretaria da Receita Federal, a restituição e a compensação de outras receitas da União arrecadadas mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais, o ressarcimento e a compensação de créditos do Imposto sobre. Produtos Industrializados, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social" e dava outras providências. Da exegese das normas citadas, depreende-se que é, e sempre foi, de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil: a) a análise de pedido de restituição e declaração de compensação de tributos ou contribuições de sua administração cujos recolhimentos tenham sido efetuados através de DARF (Documento Único de Arrecadação de Receita Federais) à União; b) o pagamento dos pedidos de restituição tributos e contribuições que não sejam de sua competência administrativa, mas que os recolhimentos foram através de DARF à União, após o reconhecimento do direito creditório pelo órgão administrador do tributos ou contribuição. Fl. 675DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 3 5 O caso aqui tratado refere-se a créditos pleiteados pelo contribuinte - Empréstimo à Eletrobrás - e que não foram recolhidos através de DARF, nem muito menos entraram em conta da União, mas, sim, diretamente à Eletrobrás, juntamente com a conta/recibo de pagamento do consumo de energia elétrica. Portanto a Lei n° 9.430/96 e alterações, matriz legal para os institutos da restituição e compensação, afastou da competência da RFB a repetição de tais valores, na medida em que não se trata de receita da União, destinada aos cofres do tesouro Nacional, mas de receitas especificamente destinadas à Eletrobrás. Da mesma forma, e também por não haver sido recolhido em guia da Receita Federal, inaplicáveis os artigos 13, da IN/SRF n° 210/02 e 15 da IN/SRF n° 460/04 e 600/05, que prevêem o encaminhamento do pedido ao órgão ou entidade responsável pela administração da receita a fim de que este se manifeste quanto à pertinência do pedido. Também aproveitamos para observar que o Decreto n. 68.419/71 relacionava, à competência da então SRF, a fiscalização do antigo Imposto Único sobre Energia Elétrica e não do Empréstimo sobre Energia Elétrica, pois, em conformidade com o art. 51 do citado decreto, em estrita consonância com o diploma legal - Lei 4.156/92 -, restava claro que a exação em foco seria recolhida diretamente à Eletrobrás, ao contrário do Imposto Único, que, conforme parágrafo único do art. 7o, seria paga mediante guia aprovada pela Receita Federal, por ser quem fiscalizada o tributo. Além disso, o fato de a União ser supostamente responsável solidária pelo resgate do título, colocando-a na qualidade de litisconsorte passivo nas demandas judiciais juntamente com a Eletrobrás, não se pode confundir e nem vincular a Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, assim como outros, como o Tesouro Nacional e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, à obrigatoriedade do adimplemento do indébito. Destarte, a conclusão cristalina a que chegamos é a de que o resgate de títulos emitidos não se trata de restituição de indébito tributário, mas de crédito de ordem financeira, decorrente da obrigação de devolução do empréstimo. Assim, sendo, é totalmente improcedente o crédito posto em compensação pelo contribuinte, por não competir à RFB efetuar operações desta alçada com recursos de tal espécie. Colocamos a título ilustrativo ementa da decisão do STJ- Relator Ministro José Delgado prolatada nos autos do AgRg no Resp 1035714/DF, de 20/05/2008: Por fim, outro fato irrefutável, por meio do qual cai por terra todo intuito compensatório, deve-se ao momento do requerimento do suposto direito. A interpretação plausível mais benéfica ao interessado considera extinto o direito de ação 5(cinco) anos após o momento em que se poderia pedir em restituição a obrigação paga, conforme Decreto n° 20.910/32. Assim, tendo sido as obrigações emitidas em 1969, 1970 e 1976, o prazo prescricional iniciou-se, respectivamente em 1989, 1990 e 1996, fulminando o direito à repetição em 1994, 1995 e 2001. Ora, ao observar a Fl. 676DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 6 data de protocolo da primeira Dcomp — 05/07/2004, conforme fls. 01/06, atesta-se o destempo do pleito em análise. E farta é a jurisprudência a respeito. A título de ilustração colaciono ementa de julgado advindo do E. TRF 3a Região, proferida nos autos do processo judicial n° 2004.61.00.018858-5: Nesta linha, como conseqüência lógica, os débitos arrolados nas Dcomps constantes do epigrafado processo administrativo, pela inexistência de crédito por compensar, conforme acima discorrido, hão de considerar-se não extintos, conforme abaixo discorrer-se-á. Isto posto, cumpre agora analisar as Declarações de Compensação aqui constantes. O art. 170 do CTN permite a compensação de créditos tributários apenas com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo Cintra a Fazenda Nacional, nas condições e sob as garantias que a lei estipular. Da mesma forma, a Lei 9.430/96, em seu art. 74, assim estipula: Em decorrência deste dispositivo legal, como o Empréstimo Compulsório sobre Energia Elétrica não é tributo administrado pela Receita Federal do Brasil - além do que os título emitidos correspondem a crédito financeiro e não indébito tributário - incoerente seria sequer a apresentação de Declaração de Compensação utilizando tais obrigações como crédito. Assim, os débitos aqui arrolados (fls. 42/66, 85/87, 104/115, 118/165, 237/317 e 333/353), pela inexistência de crédito por compensar, consideram-se não extintos. Uma questão passível de enfretamento neste instante versa acerca dos efeitos da não extinção de débitos por conta da indevida compensação de créditos estranhos à estrutura da RFB, haja vista o momento de apresentação de cada Dcomp. Dcomp não-homologada x Dcomp não-declarada Em 05/07/2004, o art. 74 da Lei n° 9.430/96 não previa a hipótese de considerar-se não-declarada uma Dcomp pelo motivo em estudo, podendo a autoridade administrativa tão-somente homologar ou não uma declaração de compensação entregue. Tal permissão somente ocorreu com a edição da Lei n° 11.054/04, em 30/12/2004, que incluiu o abaixo transcrito § 12 ao citado dispositivo legal: Assim, considerando que nunca previa-se a possibilidade de compensação de créditos prescritos e não-administrados pela RFB no âmbito desse órgão fazendário, tem-se, conforme acima discorrido, que as Dcomp's entregues até 29/12/2004 devem ser consideradas não-homologadas, seguindo, por conseguinte, o rito descrito pelos §§ 9o e 11 do mesmo dispositivo: Da mesma forma, as protocoladas após essa data devem ser consideradas não declaradas, por enquadrarem-se no disposto no inciso II, c) e e), do acima transcrito § 12, art. 74, da Lei n° 9.430/96. 2) Multa isolada - art. 18, da Lei n° 10.833/03: Partindo-se da legislação vigente quando da apresentação da primeira Declaração de Compensação (05/07/2004) até os dias atuais, observa-se Fl. 677DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 4 7 que o art. 18, da Lei n° 10.833/03, de fato, sempre procurou punir os contribuintes que tentassem elidir o pagamento de tributos utilizando-se de meios indevidos. Assim, transcrevo abaixo a evolução legislativa do dispositivo legal em questão. Destarte, independentemente da época em que foi apresentada cada Declaração de Compensação, ocorrendo compensação indevida, observa- se que a penalidade de multa isolada sobre o valor total do indébito indevidamente compensado deve ser aplicada, nada importando se foram as Dcomp's não-homologadas ou consideradas não-declaradas. Portanto, face a inexistência de permissivo legal que tornasse lícita a operação pretendida pelo autor — reprise-se, compensação de créditos prescritos e não administrados pela RFB — o lançamento de multa isolada em foco faz-se patente. CONCLUSÃO E PROPOSTA 1) Não homologar as Dcomp 's entregues até 29/12/2004; 2) Considerar não-declaradas as Dcomp 's entregue a partir dessa data. Assim, proponho, consequentemente, que sejam cobrados os débitos aqui cadastrados até o limite dos seus correspondentes em DCTF e lançada a multa isolada previsto no art. 18 da Lei n° 10.833/03, e alterações, tendo como base os débitos indevidamente compensados por meio desta peça, inclusive verificando a plausibilidade de qualificação do gravame por restar explícito o intuito de fraude. Acerca dos débitos declarados a maior em DCTF, como medida de prudência, proponho suspendê-los no conta-corrente, cadastrar as diferenças em processo de representação distinto, e cobrá-las imediatamente, haja vista não depender do desfecho do presente. No que tange aos débitos arrolados a maior nas Dcomp em foco, sugiro a abertura de processo administrativo objetivando solicitar explicações ao postulante acerca das inconsistências. Por fim, relativamente aos débitos de apuração afeitos ao ano de 2008, proponho sua segregação e cadastramento em novo processo administrativo buscando verificar sua existência quando da entrega da atinente DCTF. O Despacho Decisório foi assim ementado: PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Um direito não pode ser negado em razão da inobservância de alguma formalidade instituída para garanti-lo desde que o interesse público almejado tenha sido atendido. COMPENSAÇÃO. Por expressa disposição legal, não gera efeitos a apresentação de declaração de compensação de créditos prescritos e não administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. EFEITOS DA COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Considerando a evolução legislativa do art. 74 da Lei 0 9.430/96, as Declarações de compensação entregues em 29/12/2004 devem ser não-homologadas; devendo ser consideradas não-declaradas as enviadas após essa data. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 8 COMPENSAÇÕES NÃO-HOMOLOGADAS E NÃO-DECLARADAS. Dessa decisão foi o contribuinte cientificado por via postal em 27/11/2008, por meio do Termo de fls. 447, no qual, relativamente aos débitos arrolados nas Declarações de Compensação protocoladas até 29/12/2004, que foram não- homologadas, consoante art. 48 da IN SRF n° 600/05, foi facultado ao sujeito passivo, no prazo de 30 (trinta) dias da ciência dessa, a apresentação de manifestação de inconformidade contra o decidido pelo citado despacho decisório. Quanto ao processo administrativo n° 10830.011698/2008-35, apensado ao principal, vê-se que o lançamento também foi cientificado ao contribuinte por via postal em 27/11/2008 (fls. 269 do processo apenso 10830.011698/2008-35), e totalizou R$ 907.815,22, em razão de multa isolada aplicada por compensação indevida de débitos, bem como de débito de Cofins no período de apuração 31/12/2004. No Termo de Verificação Fiscal de fis.09/16 do processo apenso n° 10830.011698/2008-35, descreve o autuante, relativamente à Ação Fiscal, que: 17. Em 10/07/2008, a fiscalizada tomou ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, originado do RPF n° 08.1.04.00-2008-00885-0, tendo sido intimada nos seguintes termos: 18. Em 31/07/2008, atendendo ao Termo de Início, a fiscalizada: > Informou .... que quitou os débitos arrolados na intimação via compensação tributária, tendo como crédito o descrito no processo administrativo n° 10830.003247/2004-09- Obrigações Eletrobrás; > Apresentou fotocópia de laudas do processo judicial n° 2004.61.05.007963-9 - ação monitoria - em que a autoridade judicial, deferindo o requerido, determinou o depósito dos títulos na Caixa Econômica Federal, PAB Justiça Federal. 19. De posse das informações acima, intimei novamente o sujeito passivo, visando pronunciamento da fiscalizada acerca do porquê das inconsistências apuradas quando da comparação Dcomp x DCTF, conforme abaixo: Intimação 10830/SEORT/DRF/CPS/0785/2008: 20. Como resposta, a interessada informou que os débitos de agosto de 2007 referem-se, na verdade, a débitos da pessoa jurídica Lima & Fratoni Ltda. De fato, embora tenha apresentado Dcomp 's com tais informações, os débitos em tela realmente pertencem à citada pessoa jurídica, conforme respectiva DCTF, pelo que não considerarei os débitos em tela no presente ato. Entretanto, no que tange aos débitos de PIS e COFINS, de dezembro de 2004, o sujeito passivo solicitou a retificação da atinente DCTF. Por conta disso, discorro acerca do instituto da denúncia espontânea. ... Fl. 679DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 5 9 [art. 7o, §l°,do Decreto 70.235/72 e art. 138 do CTN] 25. Desta forma, o envio da aludida DCTF durante procedimento fiscal não caracteriza confissão de dívida, pelo que promovo por meio do presente auto de infração, do qual este Termo de Verificação faz parte integrante, o lançamento da diferença apurada, no que tange à COFINS, quando da comparação DCTF/DCOMP, nos termos abaixo tabelados: 26. No que se refere à diferença apurada quanto ao PIS, o lançamento será efetuado nos autos do processo administrativo n° 10830.011700/2008-76. Acerca da multa isolada justifica o fiscal autuante sua aplicação e qualificação nos itens 27 a 38 de seu Termo (fls. 13/16), de onde se extrai: 27. Conforme visto, o contribuinte pretendeu compensar crédito prescrito e não administrado pela Receita Federal do Brasil. Assim, nas hipóteses vertentes, quais sejam, Dcomp's não homologadas (apresentada até 29/12/2009) e não-declaradas (apresentadas a partir de 30/12/2004), observa-se que a redação do art. 18, da Lei n" 10.833/03 sempre impôs o lançamento da multa de ofício. Senão vejamos a evolução legislativa do dispositivo em tela: 29. A fiscalização protocolou as DCOMPs em comento durante o período compreendido entre 05/07/2004 e 20/05/2008, submetendo-se, pois, à evolução legislativa acima citada, conforme o caso. 30. O crédito utilizado nos procedimentos compensatórios advieram única e exclusivamente das já aludidas obrigações ao portador permitidas pela Eletrobrás, acima exaustivamente comprovadas como prescritos e de não administração pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Conseqüentemente, pela afronta à legislação tributária pátria, sujeita-se o contribuinte em foco ao lançamento de ofício da multa isolada prevista no art. 18, da Lei n" 10.833/03 e alterações. 31. Com o fito de justificar o porquê do percentual de multa de 150% sobre o débito indevidamente compensado, trago à baila nesse momento o que dispõe cada redação relativa ao art. 44 da Lei 9.430/96, que rege o percentual de multa a ser aplicado nos casos de lançamento de ofício. 32. O mencionado art. 72 da Lei 4.502/64 versa sobre os casos em que constatada fraude, definida, ipsis literis como "toda ação ou omissão ... 33. A propósito, leciona a doutrina pátria: "Fraude é o engano malicioso ou a ação astuciosa, promovidos de má-fé, para ocultação da verdade ou fuga ao cumprimento do dever. [...] Fraude, além do sentido de contravenção à lei, notadamente fiscal, possui o significado de contrafação, isto é, reprodução imitada, adulteração, falsificação, inculcação de uma coisa por outra. Aliás, em todas as expressões, está no seu sentido originário de engano, má- e logro, todos fundados na intenção de trazer um prejuízo, com o qual se locupletará o Fl. 680DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 10 fraudulento. (Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, 21a ed., 2003, ed. Forense, p. 379) 34. No caso em análise, fácil constatar a presença da fraude no procedimento levado a efeito pela fiscalizada, haja vista nunca haver existido amparo legal para a compensação de créditos não passíveis de restituição (por restarem prescritos) e não administrados pela Receita Federal do Brasil. Ou seja, assim agindo, não poderia ser outro o intento do sujeito passivo senão o de criar subterfúgios, objetivando abster-se de pagar dívidas tributárias líquidas e certas, vez que é sabido que a apresentação de Declaração de Compensação extingue o débito sob condição resolutória de posterior homologação da autoridade fiscal. Desta forma, o efeito prático de tal procedimento seria o de não possuir débitos em cobrança no âmbito da RFB, sendo considerado adimplente no que tange aos débitos arrolados nas Dcomp 's. 35. Contudo, uma simples procura nos julgados advindos dos nossos tribunais demonstram o total descabimento do procedimento pretendido pela autuada. Colaciono a título ilustrativo ementa da decisão STJ - Relator Ministro José Delgado -prolatada nos autos do Ag.Rg no RESP 1035714/DF, de 20/06/2008: 36. No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, o assunto em tela encontra-se pacificado, inclusive com a edição de súmula, conforme observa-se do Acórdão n° 301-34.294, de 27/02/2008, proferido pela Ia Câmara do 3º Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda: 37. Ademais, corroborando com o até aqui exposto, trago à baila o Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 17, publicado no D. O. U. de 04.10.2000 Artigo único. Os lançamentos de oficio relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitar-se-ão a multa de que trata o inciso II do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude, nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I— de natureza não tributária; II - inexistente de fato; III- não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV— baseado em documentação falsa. Parágrafo único. O disposto nos incisos I a III deste artigo não se aplica às hipóteses em que o pedido ou a declaração tenha sido apresentado com base em decisão judicial, (g. n.) Na sequência, reporta-se o autuante a Demonstrativo da Multa Isolada Lançada, constante de fls. 20/23 do processo 10830.011698/2008-35, como segue: destarte, depreende-se dos dispositivos acima transcritos que, como o contribuinte efetuou compensações ao arrepio da lei, deve-se aplicar a penalidade de multa isolada, qualificada por restar patente o intuito fraudulento e calculada sobre o valor total do débito indevidamente compensado ... Ainda, noticia a formalização de Representação Fiscal para Fins Penais, nos termos da Portaria RFB n° 665, publicada no D. O. U. de 28/04/2008, em razão de a conduta do contribuinte ser tipificada como crime contra a ordem tributária, previsto no art. 1 °, inc. I e II, e art. 2o, incisos I e II, da Lei n° 8.137/90. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 6 11 Quanto ao processo administrativo n° 10830.011700/2008-76, também apensado ao presente processo principal, vê-se que totalizou R$ 1.298,59, em razão de lançamento de débito de contribuição ao PIS, do período de dezembro/2004 no valor principal de R$ 573,99 (= valor em Dcomp R$ 1.934,48 - valor em DCTF R$ 1.360,49). Impugnando a decisão emanada no processo 1030.003247/2004-09 bem como os autos de infração objeto dos processos 10830.011698/2008-35 e 10830.011700/2008-76, o contribuinte, por seu representante legal conforme cópia do contrato social à fl. 285/290 do processo apenso 10830.011698/2008-35, apresentou em 17/12/2008 a peça de defesa de fls. 270/284 do processo apenso 10830.011698/2008-35 (acompanhada dos documentos de fls. 285/290), juntada por cópia às fls. 448/458 do processo principal 10830.003247/2004-09, arguindo, em síntese, o que segue: Alega serem improcedentes e carecedores de amparo legal os fundamentos da decisão recorrida visto que os Tribunais Superiores já reconheceram a validade das Debêntures da Eletrobrás, visto a solidariedade da União federal, e por só prescrevem 20 (vinte) anos após a data de seu resgate, que no caso em tela seria o ano de 2006 e tanto o processo administrativo quanto o processo judicial de reconhecimento de tais créditos foram propostos antes desta data, ou sejam tempestivamente. Assevera inexistir dolo intencional de reduzir tributo, inserindo elementos inexatos nem mesmo fraude, pois a impugnante se utilizou de Debêntures emitidas para pagamento de Título de Dívida Pública de Empréstimo compulsório, de Empresa Pública Federal, assim reconhecido pelo STJ, que diante desse fato afastou a prescrição Questiona a lisura do procedimento da Empresa Pública Federal, omitindo ou emitindo Debêntures sem liquidez e certeza, vez que a União Federal não quer aceitá-las. Reporta-se a ensinamento de Hugo de Brito Machado concluindo que para a existência de crime é necessário o dolo que nunca se configurou. Defende que: - no termo de Verificação Fiscal, a Receita Federal, embasada na lei 10.833/2003, entendeu dar conotação Tributária as Debêntures oriundas das Obrigações da Eletrobrás, apenando a empresa com base em medidas provisórias, que não se tornam em lei....; - a Receita Federal confunde Título da Dívida Pública com Debêntures, até porque o primeiro, talvez por isso, tenha o caráter tributária e a segunda, o comercial, a liquidação da dívida pública, não pelo pagamento, mas por títulos comerciais que têm, sim, liquidez e certeza, embora não capituladas no artigo 11 da lei 6.830/80; - a decisão administrativa fere o art. 173 da Constituição Federal, se não bastasse o amplo entendimento do Superior Tribunal de Justiça que dispõe, claramente que o prazo prescricional para EMPRESAS DE ECONOMIA MISTA, tal como a ELETROBRÁS, é o aplicável no Código Civil revogado, e não no Decreto-Lei 4.597/72, 644/69 e 20.910/32; - o Decreto 41.019 de 26 de Fevereiro de 1957, citado pelo Eminente Superintendente da Receita Federal, atribuía à Receita Federal a Administração do Empréstimo Compulsório. Ora, não existe prazo para liquidação do empréstimo Compulsório, mas mesmo assim a ELETROBRÁS liquidou-os com a emissão das Debêntures. Como conseqüência, deixou de ser administrado pela Receita Federal, Fl. 682DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 12 deixou de ser um tributo, passando a ter liquidez e certeza pelas debêntures, que foi a forma encontrada para a devolução do vedor cobrado. Então, não há que se falar em prescrição porque não se fala mais aqui de tributo, mas crédito de Empresa Pública Federal; - a sociedade de economia mista está regida por toda a legislação de esfera privada, a teor do artigo 173 da Constituição Federal, portanto a prescrição que se lhe aplica é vintenária e não a prescrição qüinqüenal administrativa. Na seqüência, sob o título Debêntures — Doutrina em renegociações Tributárias - Obrigações da Eletrobrás - Cautelas da Eletrobrás — Possibilidade de Uso em Renegociações Tributárias — Doutrinas Jurídicas e Tópicos, aparenta transcrever trabalho de autoria não identificada contendo, entre outras, as seguintes conclusões: - conforme assevera o Prof. Hugo de Brito Machado no seu parecer "a prescrição só tem relevância para o resgate em dinheiro das debêntures, pois a compensação e a conversão em ações são direitos potestativos cujo exercício independe de ação" - as debêntures das quais falamos são instrumentos hábeis para a Garantia dos REFIS, e que oportunamente, poderão ser oferecidas administrativamente como elementos apropriados para COMPENSAÇÃO com o saldo devedor remanescente; - independentemente da adesão ao programa fiscal, de idêntica maneira não se vislumbra qualquer empecilho de ordem legal para que as dívidas tributárias - que não estejam relacionadas no Refis - sejam objeto de COMPENSAÇÃO com crédito das ações resgatáveis pelas DEBÊNTURES da Eletrobrás; - impor cobrança coativa de quantias para o sujeito passivo da relação tributária, sob a máscara de tributo para restituí-la de forma e do tempo que bem quiser, revela um confisco vergonhoso, onde o Fisco rompe a barreira da razoabilidade e fere também o Princípio da Moralidade, impondo ao contribuinte ônus que não é seu. Reproduz, então, por duas vezes, entendimento de que créditos de empréstimos compulsórios sobre energia elétrica são passíveis de cessão, fazendo menção a decisão do STJ no REsp 590414. Salienta que as debêntures, tal como título extrajudicial que se constituem, foram emitidas para pagamento do Empréstimo Compulsório da qual se beneficiou a sua empresa Pública a Eletrobrás e como via de consequência, a União Federal é responsável solidariamente pela dívida. Reporta-se ao oferecimento da Ação Monitoria porque a Empresa Pública de Economia Mista e a União Federal não honram seus compromissos, impedem, de tal sorte, que todo e qualquer crédito existente contra elas sejam liquidados ou mesmo compensados, mesmo em se tratando de Debêntures e não de Títulos da Dívida Pública, já que estes, desconhecem, a obrigação de liquidá-las ou mesmo aceitá-las como créditos líquidos e certos que de per si representam. Requer concessão do devido efeito suspensivo, até que sejam julgadas as ações Monitorias de n°s 2004.61.05.007962.7 e 2004.61.05.0963-9, ações estas apensadas, e em grau de recurso no TRF da 3 a Região, indicando como fundamento a Súmula 213 do STJ "O mandado de segurança constituiu ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária''' Aborda as multas aplicadas, alegando que o seu percentual deve ter a dosagem adequada, para desestimular condutas ilícitas, o que no caso em tela não Fl. 683DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 7 13 houve, pois conforme já demonstrado acima, os tribunais superiores reconhecem a validade do crédito oriundo dos títulos da Eletrobrás e reconhecem ainda que se prazo prescricional é de 20 anos e da solidariedade da União. Finaliza requerendo: - a desconsideração das multas aplicadas e dar as Debêntures como compensadas, ou e dar as compensações realizadas com as Debêntures da Eletrobrás como efetivas, de todo o período compensado, de julho de 2004 a novembro de 2008, - suspensão do curso das cobranças e a conseqüente não inclusão em Dívida Ativa, até o trânsito em julgado das Ações Monitorias, por força da Súmula 213 do STJ, na constituição judicial dos créditos; - inibição dos efeitos da aplicabilidade da Lei 8.137/90, diante desta pendência judicial, que se relata; - em caso de entendimento pela não exclusão total da multa aplicada, que seja aplicada em seu menor índice legal, em razão do impugnante não ter agido com dolo ou realizado qualquer ato ilícito que ora lhe é imputado. Às fls. 459 consta despacho destacando o não cabimento de manifestação de inconformidade contra a decisão na parte em que considerou não-declaradas as compensações. Em conseqüência, conclui pela necessidade de prosseguir na cobrança dos débitos constantes de declarações apresentadas após 29/12/2004 cadastrados no PROFISC, transferindo-os para novo processo (10830.721.293/2009- 90) e dar andamento a este processo (seguimento para julgamento da manifestação de inconformidade), mantendo no mesmo os débitos referentes às DCOMP apresentadas antes de 29/12/2004~(não homologadas).” O acórdão recorrido deixou de conhecer parte da manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte na parte relativa às compensações tidas por não declaradas. Na parte conhecida, deu-se parcial provimento à defesa da Contribuinte para reduzir o percentual da multa isolada aplicada, de 150% para 75%. Citada desoneração é o objeto de recurso de ofício, na forma da Portaria MF n. 03, de 2008. Não houve interposição de recurso voluntário pela Contribuinte, conforme informação de fls. 657. É o relatório. Voto Conselheiro ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO O recurso de ofício atente aos pressupostos de admissibilidade, pelo que dele se toma conhecimento. Cinge-se a discussão à regularidade (ou não) da exoneração parcial da multa de ofício isolada imposta à Contribuinte por força da compensação de tributos com créditos provenientes de empréstimo compulsório instituído em favor da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobrás. Fl. 684DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 14 Originariamente, a Fiscalização aplicou multa isolada pelo percentual de 150% sobre os valores compensados, com fulcro no art. 44, I, e § 1º, da Lei nº 9.430/96, verbis: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I - de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” O acórdão recorrido reduziu o percentual da penalidade de multa aplicada para 75%, sob a alegação de que não houve imputação ou comprovação, pela Fiscalização, de conduta fraudulenta na forma dos dispositivos legais acima citados. O acórdão não merece reparos. Depreende-se do texto legal que a fraude – para servir de qualificação da conduta sancionada por normas tributárias (art. 72 da Lei n. 4.502, de 1964, em especial) – requer a presença de dolo específico, ou seja, exige que a ação ou omissão do sujeito passivo tenha sido conscientemente direcionada para o específico fim de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal ou de excluir ou modificar as suas características essenciais e, com isso, por conseqüência, reduzir o montante do tributo devido ou evitar ou diferir o seu pagamento. Com efeito, a fraude a que alude a legislação tributária está diretamente vinculada aos efeitos da conduta do sujeito passivo sobre o fato gerador da obrigação tributária principal (e não ao pagamento do tributo). Nos termos da referida lei, apenas ocorre a fraude prevista no citado dispositivo se a conduta do contribuinte impactar o fato gerador do tributo. Esta questão foi muito bem analisada pelo Conselheiro Antonio Carlos Atulim, em recente voto proferido no acórdão nº 3403256, o qual se pede vênia para reproduzi- lo em parte e adota-lo como razões de decidir nesse voto, verbis: “ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006, 2007 MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. Nos casos de compensação não declarada, inflige-se a multa isolada sobre o valor do débito indevidamente compensado, aplicando-se o percentual previsto no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, nos casos em que a conduta do contribuinte não se amolde ao previsto nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. (...) Dessa forma, o conjunto probatório carreado aos autos pela fiscalização não deixa nenhuma dúvida no sentido de que o contribuinte, dolosamente, inseriu informações falsas nas declarações de compensação e omitiu determinadas Fl. 685DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 8 15 informações, com o objetivo de utilizar créditos dos quais não dispunha para quitar débitos seus, suprimindo o recolhimento do crédito tributário devido. O art. 1º, I da Lei nº 4.729/65 estabelece o seguinte: ‘Constitui crime de sonegação fiscal: I – prestar declaração falsa ou omitir, total ou parcialmente, informação que deva ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos, taxas e quaisquer adicionais devidos por lei; (...)’ E o art. 1º , I , da Lei nº 8.137/91 estabelece: ‘Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I – omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; Conquanto a conduta do contribuinte possa vir a ser enquadrada pelo Ministério Público em um desses tipos penais, para que se possa aplicar a multa isolada do art. 18, § 4º da Lei nº 10.833/2003, com o percentual em dobro, a ação deve ser enquadrada em uma das hipóteses previstas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, por exigência expressa do § 5º do art. 18 da Lei nº 10.833/2003. Explicando melhor: a definição de sonegação e de fraude previstas nas leis penais é mais abrangente do que a definição que visa à qualificação da penalidade administrativa. Existem situações concretas que podem ser enquadradas como crime de sonegação fiscal ou crime contra a ordem tributária, mas que não se encaixam perfeitamente na descrição contida na Lei nº 4.502/64. Isso significa que o fato da penalidade administrativa não ter sido qualificada, não impede o oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, se este entender que a conduta do contribuinte se enquadra no que dispõe a lei penal. Os arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64 estabelecem as circunstâncias qualificativas da multa de ofício, definindo o que se considera sonegação, fraude e conluio para o fim de exasperar a sanção administrativa ao descumprimento da obrigação tributária principal. Esses artigos não definem crimes, mas sim hipóteses de exasperação da multa administrativa. Interessa no caso concreto estudar as figuras da sonegação e da fraude, previstas na Lei nº 4.502/64, uma vez que de conluio evidentemente não se trata. O art. 71 da Lei nº 4.502/64 estabelece que: ‘Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente.’ (Grifei) E o art. 72 da mesma lei estabelece que: ‘Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária Fl. 686DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO 16 principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.’ (Grifei) A simples leitura dos dois dispositivos revela que para restar caracterizada a fraude ou a sonegação, o efeito da conduta do sujeito passivo deve recair sobre o fato gerador da obrigação tributária ou sobre as condições pessoais do contribuinte. No caso da sonegação, a conduta do contribuinte é posterior à ocorrência do fato gerador. Este ocorre normalmente, mas o contribuinte, impede ou retarda o conhecimento da materialidade ou da autoria do fato gerador por parte da administração tributária. Por outro lado, a fraude geralmente antecede a prática do fato gerador. Por meio dela, o contribuinte tenta impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, ou então modificar suas características essenciais para escapar da tributação. Ora, no caso concreto a conduta do contribuinte consistiu na apresentação de declarações de compensação com informações falsas e com omissões de informações relevantes para tentar aproveitar um crédito do qual não dispunha com a finalidade de liquidar seus débitos. Essa conduta foi posterior aos fatos geradores, mas não teve nenhuma influência sobre eles. Os fatos geradores ocorreram, o crédito tributário foi declarado à repartição, só que no momento de satisfazer a obrigação, o contribuinte ardilosamente vinculou créditos que não podia utilizar por expressa vedação legal. E para evitar ser descoberto pelo fisco, falseou e omitiu informações na declaração de compensação. Portanto, embora a fiscalização tenha comprovado que o contribuinte praticou uma ação que se amolda à fórmula legal estabelecida nas leis penais, esse fato não rende ensejo à qualificação da multa isolada, pois a ação do contribuinte, embora penalmente relevante, não retardou, não impediu a ocorrência ou o conhecimento do fato gerador por parte da administração e nem modificou sua condição pessoal de contribuinte, pois afinal de contas ele se declarou devedor e ofereceu créditos para quitar seus débitos. O problema foi que em um momento posterior à ocorrência dos fatos geradores, o contribuinte falseou e omitiu dados nas declarações de compensação para poder utilizar os créditos cuja utilização é expressamente vedada pela lei (art. 74, § 12, II, alíneas ‘a’ e ‘e’). A dificuldade neste processo quanto à manutenção da qualificadora da multa não é a falta de prova do dolo, não é a descrição deficiente dos fatos e nem a capitulação legal. O problema é que o art. 18 da Lei nº 10.833/2003 regulou uma situação que é posterior à ocorrência dos fatos geradores, mas determinou a utilização de circunstâncias qualificadoras criadas para outro tipo de situação, o que torna praticamente impossível o trabalho da autoridade administrativa de aplicar a multa de 150% aos contribuintes que fraudam as declarações de compensação. Para dar aplicabilidade à multa qualificada do art. 18, § 4º da Lei nº 10.833/2003, o legislador deveria ter adotado as definições de sonegação e de fraude previstas nas Leis nº 4.729/65 e 8.137/91. Tanto isso é verdade, que a fiscalização não conseguiu fazer a subsunção da conduta do contribuinte aos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/64. O exator provou o dolo, mas não conseguiu apontar em qual dos dois dispositivos da Lei nº 4.502/64 a conduta do contribuinte se enquadrava. A DRJ avocou essa missão, enquadrando a conduta do contribuinte como sendo a fraude prevista no art. 72 da Lei nº 4.502/64. Entretanto, tal enquadramento não prospera, porque a fraude descrita nesse dispositivo antecede a ocorrência o fato gerador, uma vez que ela visa impedir ou retardar a sua ocorrência, ou então excluir ou modificar suas características essenciais, com o objetivo de reduzir, evitar ou diferir o pagamento do tributo. Fl. 687DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Processo nº 10830.003247/2004-09 Acórdão n.º 1101-001.207 S1-C1T1 Fl. 9 17 Desse modo, a multa isolada por compensação indevida deve ser desqualificada e reduzida ao percentual de 75%, que se encontra previsto no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007. (...)” (grifei) (CARF. Terceira Seção de Julgamento. 4ª Câmara. 3ª Turma Ordinária. Julgado em 25/06/2013) No caso, os débitos objeto de compensação foram confessados e constituídos, ou seja, não há como se falar que a Contribuinte agiu de forma dolosa para impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, uma vez que a compensação de débito constitui etapa posterior a este (fato gerador). Reitere-se que, não fosse a tese jurídica acima mencionada, a própria Fiscalização não fez referência a qualquer conduta que se enquadre nos dispositivos legais citados, mas apenas o fato de ter realizado compensação vedada por expressa disposição legal e com crédito prescrito, na forma do revogado Ato Declaratório RFB n. 17/2002. Pelo exposto, orienta-se voto no sentido de rejeitar o recurso de ofício. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO – Relator Fl. 688DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO, Assinado digitalmente em 20 /02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 17/02/2015 por ANTONIO CARLOS GUI DONI FILHO Relatório Voto
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