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Numero do processo: 10880.679870/2009-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO
A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião.
Numero da decisão: 2201-004.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 22/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 22/03/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 22/03/2018 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 70 /2 00 9- 48 Fl. 84DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Trata o presente de Declaração de Compensação formalizada por meio eletrônico e registrada sob o número 41571.82912.180607.1.3.043711, fl. 02 a 04, com a qual o contribuinte extinguiu, nos termos da legislação, débito com a utilização de suposto indébito tributário decorrente de pagamento efetuado a maior ou indevidamente. Tal documento foi analisado pelo Sistema da Controle de Créditos SCC, tendo sido emitido o Despacho Decisório de fl. 05, por meio do qual o Titular da unidade de jurisdição do sujeito passivo não homologou a compensação declarada, detalhando os motivos que lastrearam tal decisão que, em apertada síntese, seria a inexistência de saldo disponível do suposto pagamento indevido ou a maior, integralmente utilizado para extinguir débito declarado pelo contribuinte. Cientificado do Despacho Decisório de não homologação em 05/11/2009, fl. 07, não concordando com seus termos, o contribuinte apresentou, em 03/12/2009, a manifestação de inconformidade de fl. 08 a 22. Os argumentos da defesa foram estruturados nos seguintes tópicos: Preliminar: do efeito suspensivo da presente manifestação de inconformidade; Pleiteia a atribuição de efeito suspensivo nos termos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. da carência de fundamentação do Despacho Decisório; Sustenta a nulidade do Despacho Decisório por entender que a carência de sua motivação ofende aos Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa. Mérito: O mero preenchimento incorreto da declaração não gera direito à crédito em favor da fazenda nacional da necessária observância aos princípios da busca pela verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade. Sustenta o recorrente que a lide administrativa em curso é fruto de um mero equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas e da incapacidade do sistema informatizado da RFB. Afirma e que, se fosse dada ao contribuinte a chance de apresentar explicações à Fazenda Nacional, poupariase tempo com cobranças infundadas, já que qualquer Agente Fiscal que analisasse a situação em tela notaria que houve tão somente um erro de preenchimento de declaração. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10880.679870/200948 Acórdão n.º 2201004.312 S2C2T1 Fl. 85 3 Cita precedentes judiciais e administrativos, além de conclusões doutrinárias que apontam para a necessidade da Administração Pública investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo à cobrança, em particular se já possui dados para identificálos, não podendo se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo ao contribuinte. Informa já estar levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF que demonstrará a existência do crédito indicado na DCOMP. Por fim, após ratificar os pedidos de atribuição de efeito suspensivo e de reconhecimento da nulidade do Despacho Decisório, pugna pela conversão do julgamento em diligência para que seja efetivamente examinada sua escrita fiscal para confirmação do seu direito creditório e a consequente homologação da compensação declarada. Debruçada sobre os termos da manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I/SP consideroua improcedente, nos termos do Acórdão de fl. 43 a 49, cujas conclusões podem ser assim resumidas: (...) Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. (...) A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 03, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. (...) Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. (...) Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER/DCOMP , observase que a contribuinte limitase a declarar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCTF retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. (...) Alias a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equivoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Fl. 86DF CARF MF 4 (...) Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: Cientificado do Acórdão da DRJ em 26/11/2010, conforme AR de fl. 51, e ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 52 a 68, que, em sua essência, reafirma as alegações já produzidas na impugnação, e que serão detalhadas no curso voto abaixo É o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. DA CARÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DESPACHO DECISÓRIO Após resumir os fatos, o recorrente contesta a conclusão do Acórdão recorrido de que a motivação do despacho decisório e os demais elementos do mesmo são suficientemente claros. Afirma que tal ato administrativo é absolutamente carente de fundamentação, do que resulta sua nulidade. Alega que, embora o avanço da tecnologia imponha o tratamento de demandas de forma eletrônica, não se pode admitir que sua agilidade viole direitos expressos na Constituição federal, resultando em prejuízo ao contraditório e à ampla defesa, já que desconhecidas as razões da negativa do crédito pleiteado. Não merecem acolhida as alegações recursais. A análise superficial do Despacho Decisório de fl. 05 não deixa nenhuma dúvida sobre os motivos que levaram à não homologação da compensação declarada. Tal documento indica claramente o número da DCOMP a que se refere, sua data de transmissão, o tipo de crédito pleiteado (pagamento indevido ou a maior), as características do DARF relativo ao suposto recolhimento em excesso, bem assim informa que tal recolhimento teria sido integralmente utilizado para quitar débitos do contribuinte, indicando código de receita e data do vencimento de tal débito. Diante de tais informações, não há necessidade de nenhuma outra motivação para se concluir pela inexistência de saldo disponível para lastrear a compensação pretendida. Portanto, presentes os elementos necessários ao pleno entendimento das razões que levaram à não homologação da compensação declarada, além de terem sido observados todos os requisitos de validade do ato administrativo, rejeito a preliminar de nulidade arguida. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10880.679870/200948 Acórdão n.º 2201004.312 S2C2T1 Fl. 86 5 DA VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA ESTRITA LEGALIDADE, DA VERDADE MATERIAL, DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE Sustenta o recorrente que a lide administrativa em curso é fruto de um mero equívoco cometido na elaboração das DCTF originais apresentadas e da incapacidade do sistema informatizado da RFB fazer o cruzamento destas com as informações prestadas via DCOMP, em que pese a evidência do direito ao aproveitamento de tais créditos. Afirma que, se fosse dada ao contribuinte a chance de apresentar explicações à Fazenda Nacional, poupariase tempo com cobranças infundadas, já que qualquer Agente Fiscal que analisasse a situação em tela notaria que não há justificativas válidas para a glosa ora em comento. Aduz que não merece amparo a conclusão do Julgador de 1ª Instância sobre a impossibilidade da DRJ e do Carf reconhecerem direito a crédito sem suporte documental produzido previamente pelo contribuinte. Cita precedentes administrativos e conclusões doutrinárias que apontam para a necessidade da Administração Pública investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo à cobrança, em particular se já possui dados para identificálos, não podendo se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo ao contribuinte. Afirma que a não homologação da compensação ofende ao Principio da Proporcionalidade, que impõe a adequação das medidas restritivas. Destaca que a Autoridade recorrida desconsiderou seu protesto pela apresentação posterior da DCTF retificada. Como é de elementar sabença, no exercício de seu mister, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais promove a verificação da legalidade dos atos administrativos produzidos no curso do procedimento fiscal e do julgamento em primeira instância, cotejando os fatos identificados e os efetivamente ocorridos com a legislação tributária correspondente. No caso ora sob análise, temos que o contribuinte, utilizando de indébito tributário decorrente de pagamento a maior ou indevido, extinguiu débitos de sua responsabilidade, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Fl. 88DF CARF MF 6 § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Dentro do lapso temporal legal, a Autoridade Administrativa emitiu o Despacho Decisório de fl. 05, por identificar que o pagamento que lastreava o crédito utilizado na compensação estaria integralmente comprometido com a liquidação de débito confessado pelo contribuinte em DCTF. Por sua vez, o recorrente reconhece que houve erro nas informações prestadas na DCTF ativa na data análise da DCOMP, apresentada em 21/03/2006, tendo apresentado a impugnação alegando que estaria levantando internamente toda a documentação probante do seu direito creditório e providenciando a retificação da DCTF. Como se vê, pelas palavras do próprio recorrente, o crédito utilizado na DCOMP apresentada em junho de 2007 ainda não havia sido levantado na época da manifestação de inconformidade, em 2009. Tampouco foram juntados aos autos as DCTF retificadoras, a qual foi, conforme informações disponíveis nos sistemas da RFB, apresentada em 03/12/2009, evidentemente após ciência do inteiro teor do Despacho Decisório ora sob análise. Assim, dispõe o DecretoLei nº 2.124/1984: Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. Portanto, considerando que, no momento da ulterior homologação do procedimento compensatório, de fato, os valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência, não deixavam dúvidas da inexistência de crédito passível de restituição ou compensação. A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. Assim, não merece prosperar a alegação da defesa sobre a suposta incapacidade dos sistemas da RFB em cruzar informações. Ora, o sistema foi preciso em suas verificações e as alegações recursais sobre o erro no preenchimento da DCTF apenas corroboram a excelência do trabalho efetuado pelos sistemas da RFB. Afinal, nem mesmo o Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10880.679870/200948 Acórdão n.º 2201004.312 S2C2T1 Fl. 87 7 contribuinte havia apurado a efetiva existência do seu direito creditório quando da apresentação da DCOMP ou da impugnação. Menos procedente ainda é a argumentação recursal de que o contribuinte deveria ter sido instado a apresentar explicações à Fazenda Nacional. Se assim fosse, em particular nestes casos mais simples, do que teria adiantado a construção de um sistema eletrônico para tratamento de demandas dessa natureza, já que um simples cotejo de informações declaradas daria lugar a um lento e manual procedimento fiscal? Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Veja o que preceitua a Lei 13.105/2015 (Código de Processo Civil): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Assim, caso a retificação tivesse ocorrido antes do procedimento de homologação, decerto que caberia ao Fisco buscar elementos que apontassem eventual impropriedade na alteração para menor do débito anteriormente declarado. Contudo, efetuada a retificação em momento posterior àquele em que o Fisco exerce com precisão o seu direito, passa ser do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. Ocorre que o contribuinte limitase a contestar a Decisão recorrida afirmando a ocorrência de mero erro de informação e que estaria providenciando o levantamento do seu crédito e a retificação da DCTF. Ora, não merece prosperar tais conclusões. Não foi trazida aos autos nenhuma documentação que tenha sido produzida em tal levantamento e que pudesse lastrear a alegação de erro. Por outro lado, a DCTF retificadora, ainda que não haja impedimento para que seja apresentada após a não homologação de uma compensação, por si só não se constituiu em elemento capaz de confirmar a correção dos dados nela inseridos. As manifestações doutrinárias e os precedentes administrativos colacionados no recurso não vinculam a presente análise, sendo certo que tantas outras decisões em sentido oposto poderiam ser citadas, com se verifica no Acórdão nº 3201001.713 da 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Fl. 90DF CARF MF 8 Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Quanto à alegação de que a Autoridade recorrida desconsiderou seu protesto pela apresentação posterior da DCTF retificada, bem assim quanto à sugestão para conversão do julgado em diligência, é evidente que não poderia a DRJ suspender o julgamento sobre a procedência de um crédito pleiteado em 2007, quando já deveria ter sido apurada a sua liquidez e certeza, para aguardar o contribuinte a efetuar o levantamento de seu suposto direito. Notase que, mesmo sabendo da necessidade de apresentação de elementos probatórios, do mesmo modo agiu o recorrente ao apresentar seu recurso voluntário, lastreando o suposto direito ao crédito unicamente no erro que teria levado à retificação da DCTF levada a termo após o Despacho Decisório de não homologação, quando já decorridos quase 5 anos do fato gerador que pretende ver alterado. É inegável que, comprovada a ocorrência de erro que justifique a alteração de ato administrativo que tenha constituído crédito tributário em razão de infração à legislação tributária, ou mesmo negado direito pleiteado pelo contribuinte, pode a Administração, diante do seu dever de auto tutela, reconhecer efeitos de ofício. Contudo, não há nos autos nenhuma evidência da ocorrência de tal erro, que se mostra presente apenas nas alegações do recorrente. Assim, não tendo sido apresentado pelo recorrente elementos que justificassem a conversão do julgamento em diligência ou que comprovassem os supostos erros de fato que levaram à retificação da DCTF em momento posterior à Decisão administrativa, correta a decisão recorrida ao negar a conversão do julgamento em diligência e ao entender improcedente a manifestação de inconformidade. Por fim, não há nada nos autos que indique eventual ofensa aos Princípios da Estrita Legalidade, da Verdade Material, da Razoabilidade ou da Proporcionalidade. Afinal, todo o procedimento foi efetuado de acordo com os elementos de fato e de direito disponíveis; não foi efetivamente comprovada a ocorrência de erro de fato; a cobrança de um débito indevidamente compensado é medida que se impõe como consequência da não homologação da compensação, devendo sobre estes incidir os acréscimos legais previstos para os casos de pagamento a destempo. Assim, nego provimento ao recurso voluntário neste tema. DO ESCORREITO PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO REALIZADO PELA ORA RECORRENTE Sustenta a defesa que, apresentada a DCTF retificadora, a qual corrigiria equívoco contido na DCTF ativa no momento da análise da compensação declarada, cai por terra qualquer dúvida quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado. Afirma que tal equívoco é perfeitamente sanável até mesmo de ofício, já que o fisco que tem livre acesso à escrituração fiscal da recorrente. Por fim, não tendo sido possível apresentar a manifestação de inconformidade com a instrução da documentação acostada ao recurso voluntário, requer sua apreciação. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10880.679870/200948 Acórdão n.º 2201004.312 S2C2T1 Fl. 88 9 Ao contrário do que quer fazer crer a defesa, mesmo com o recurso voluntário, nenhuma documentação comprobatória do direito pleiteado foi apresentada. Os argumentos em tela foram aqui reproduzidos exclusivamente em respeito ao esforço argumentativo do recorrente, mas não merecem qualquer acolhida, devendo às questões do ônus da prova e do conteúdo probatório contido nos autos serem aplicadas as razões e fundamentos legais citados no item precedente, que adoto com razão de decidir para, da mesma forma, negar provimento ao recurso voluntário no tema em questão. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais que integram o presente, nego provimento ao recurso voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 92DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14485.002443/2007-29
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 19/11/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. PEDIDO DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA DO RECURSO. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Tendo o contribuinte optado pelo parcelamento dos créditos, resta configurada a renúncia, devendo ser declarada a definitividade do crédito, ficando restabelecido a lançamento em seu estado original.
Numero da decisão: 9202-006.657
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, tendo em vista a desistência do sujeito passivo, em face de pedido de parcelamento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, por desistência do sujeito passivo em face de pedido de parcelamento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: Relator
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AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. PEDIDO DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA DO RECURSO. DEFINITIVIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Tendo o contribuinte optado pelo parcelamento dos créditos, resta configurada a renúncia, devendo ser declarada a definitividade do crédito, ficando restabelecido a lançamento em seu estado original. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, tendo em vista a desistência do sujeito passivo, em face de pedido de parcelamento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, por desistência do sujeito passivo em face de pedido de parcelamento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 24 43 /2 00 7- 29 Fl. 882DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patricia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de retorno de diligência comandada por meio da Resolução 9202 000.168 de 26 de OUTUBRO de 2017, onde restou assim consignado: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Secretaria de Câmara, para que este processo fique sobrestado até que seja cumprida a diligência do processo de nº 14485.002471/200746, nos termos da Resolução nº 9202000.131. Depois de cumprida a diligência em relação ao processo principal, retornem ambos os processos às relatoras originárias para julgamento conjunto. A resolução fezse necessária na medida que, por tratarse de AI de obrigação acessória AIOA, necessário primeiro verificar a certeza e liquidez do crédito, tendo em vista que conforme podemos identificar no relatório fiscal, foram lavrados Autos de Infração de Obrigações Principais conexos ao presente processo, qual seja: nº 14485.002471/200746,. Contudo, tendo sido o processo principal convertido em diligência fezse necessário a determinação do sobrestamento para julgamento conjunto. Antes de apreciarmos os termos da informação fiscal elaborada pela unidade preparado, relevante transcrever os termos do relatório que ensejou a resolução: Tratase de Auto de Infração, DEBCAD: 37.133.7399, lavrado contra o contribuinte identificado acima, consolidado em 19/11/2007, no valor de R$ 565.437,93 (Quinhentos e sessenta e cinco mil, quatrocentos e trinta e sete reais, e noventa e três centavos), em razão da empresa ter apresentado Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Privada – GFIP (documento a que se refere a Lei nº 8.212 de 24/07/91, art. 32, inc. IV e §3º, acrescentados pela Lei n.9.528 de 10/12/97) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, infringindo o disposto no artigo 32, IV, § 50 da Lei n° 8.212/91, também acrescentado pela Lei n.9.528, de 10/12/97 combinado com art. 225, IV, §4º do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048 de 06/05/99. De acordo com o Relatório Fiscal, a empresa deixou de declarar entre as competências 01/2002 a 12/2006 valores pagos a título de PLR Participação nos Lucros e Resultados em desacordo com a lei especifica a segurados empregados e segurados não identificados. Fl. 883DF CARF MF Processo nº 14485.002443/200729 Acórdão n.º 9202006.657 CSRFT2 Fl. 3 3 Ainda, conforme o relatório, as bases para o cálculo das contribuições devidas foram as folhas de pagamento apresentadas e as informações declaradas pela empresa na DIPJ que foi obtida nos sistemas da Secretaria da Receita Federal. Tais valores foram levantados através das NFLD Notificação Fiscal de Lançamento de Debito DEBCAD 37.133.7372 e NFLD DEBCAD 37.133.7437 arbitramento com base na DIPJ. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP julgado a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 14/08/2012, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2402002.959 (fls. 521/535), com o seguinte resultado: " Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para que no cálculo da multa seja considerado o enquadramento da atividade econômica por estabelecimento da recorrente e para adequação da multa remanescente ao artigo 32A da Lei n° 8.212/91, caso mais benéfico.” O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 OCORRÊNCIA DE CRIME EM TESE – REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS – ARGÜIÇÃO EM SEDE DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL IMPOSSIBILIDADE Não cabe à instância administrativa de julgamento manifestarse sobre a ocorrência ou não de crime, bem como sobre o momento em que a auditoria fiscal deve elaborar Representação Fiscal para Fins Penais a ser encaminhada ao Ministério Público a quem compete decidir a respeito ADMINISTRADORES – PÓLO PASSIVO – NÃO INTEGRANTES Os administradores legais da empresa elencados pela auditoria fiscal no Relatório de Representantes Legais não integram o pólo passivo da lide, não lhes sendo atribuída qualquer responsabilidade pelo crédito lançado, seja solidária ou subsidiária. A relação tem como finalidade subsidiar a Procuradora da Fazenda Nacional na eventual necessidade de identificar as pessoas que poderiam ser responsabilizadas na esfera judicial, caso fosse constatada a prática de atos com infração de leis. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – DESCUMPRIMENTO INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória a empresa apresentar a GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Fl. 884DF CARF MF 4 DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 – INCONSTITUCIONALIDADE – STF – SÚMULA VINCULANTE – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – ART 173, I, CTN De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. O prazo de decadência para constituir as obrigações tributárias acessórias relativas às contribuições previdenciárias é de cindo anos e deve ser contado nos termos do art. 173, I, do CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. CORRELAÇÃO COM O LANÇAMENTO PRINCIPAL. Uma vez que já foram julgadas as autuações cujos objetos são as contribuições correspondentes aos fatos geradores omitidos em GFIP, a autuação pelo descumprimento da obrigação acessória subsistirá relativamente àqueles fatos geradores em que as autuações correlatas foram julgadas procedentes DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA PREJUÍZO AO ERÁRIO IRRELEVANTE A ausência de prejuízo ao erário é questão irrelevante no caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória. A lavratura de auto de infração é atividade vinculada da auditoria fiscal não sendo cabível verificar a existência ou não de prejuízo como condicionante para a realização deste procedimento DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAL E ACESSÓRIA – DUPLICIDADE DE MULTAS – NÃO OCORRÊNCIA A multa de mora aplicada pelo descumprimento de obrigação principal e aquela aplicada pelo descumprimento de obrigação acessória não se confundem, são previstas em dispositivos legais distintos, logo, não se trata de aplicação em duplicidade de multas LEGISLAÇÃO POSTERIOR – MULTA MAIS FAVORÁVEL APLICAÇÃO A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 05/10/2012, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 07/11/2012, o presente Recurso Especial (fls. 537/545). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação ao cálculo da multa mais benéfica ao contribuinte. Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2400266/2013, da 4ª Câmara, de 25/03/2013 (fls.550/551). Fl. 885DF CARF MF Processo nº 14485.002443/200729 Acórdão n.º 9202006.657 CSRFT2 Fl. 4 5 O recorrente, em suas alegações, requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei nº 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (arts. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2402002.959, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN em 01/08/2013, o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 16/08/2013, Recurso Especial da parte que lhe foi desfavorável (fls.635/655) e contrarrazões (fls.717/728). Em seu recurso visa a rediscussão das seguintes matérias: a) termo inicial da decadência; e b) responsabilidade dos administradores. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi dado seguimento somente ao item “a” – termo inicial da decadência, conforme Despachos nºs 2400502/2014, da 4ª Câmara, de 04/06/2014 (fls.819/822) e 2400584R/2014, da CSRF, de 24/07/2014 (fl.823), respectivamente, Exame e Reexame de Admissibilidade de Recurso Especial. · Em seu recurso, em relação à decadência – matéria sobre a qual foi dado seguimento – o contribuinte alega que as contribuições previdenciárias são tributos sujeitos a lançamento por homologação, cujo prazo decadencial está previsto no art. 150, §4º, do CTN; e, se este é o dispositivo aplicável ao principal, não há que se falar na aplicação de dispositivo diverso à obrigação principal, haja vista que, como é de conhecimento notório, “o acessório segue a sorte do principal”. Acrescenta que o fato de estar se cobrando multa por descumprimento de obrigação acessória não retira a característica inerente à suposta obrigação principal, devendo ser observado o regramento a que esta está originalmente sujeita. · Ressalta que, nos casos de lançamento por homologação, tal como o presente, a lei atribui ao contribuinte o dever de apuração e quantificação do crédito tributário, antecipando o pagamento do tributo sem a ingerência da autoridade administrativa; cabendo ao Fisco, nos termos do “caput” e §1º do artigo 150 do CTN, rever de ofício o procedimento adotado pelo contribuinte, podendo adotar duas atitudes: ou homologa tal procedimento, operandose, dessa forma, a extinção do crédito tributário, ou não homologa. Como esse direito prostergativo não pode ficar ao arbítrio temporal exclusivo da Administração Pública, em prol da segurança jurídica, o §4º do artigo 150 do CTN estabelece o prazo máximo de cinco anos, a contar do fato gerador do tributo, para a homologação (caso reputá lo correto) ou proceder à constituição do crédito tributário decorrente de suposta diferença existente (lançamento de ofício), sob pena de extinção do crédito tributário. Assim, após esse prazo sem que a Administração Pública realize a atividade de fiscalização, operase a decadência. Fl. 886DF CARF MF 6 · Relata que o CARF uniformizou essa jurisprudência para a aplicação do artigo 150, §4º do CTN nos casos de lançamento por homologação independente de antecipação do pagamento do tributo, uma vez que eventual ausência de recolhimento não altera a qualidade do lançamento por homologação conferida por lei, e traz várias decisões do órgão nesse sentido. · Diz que no caso dos autos houve declaração das referidas contribuições previdenciárias e o respectivo pagamento, havendo divergência tão somente quanto à suposta exclusão de determinadas parcelas da base de cálculo; e acrescenta que o recolhimento, ainda que parcial, atrai a aplicação da regra do art. 150, §4º do CTN; e, sendo que, a multa cobrada no presente caso referese a fatos geradores ocorridos no período de 01/2002 a 12/2006, cujo lançamento apenas ocorreu em 19 de novembro de 2007, sendo que boa parte da multa cobrada remete ao período de 01/2002 a 11/2002, estando acometida pela decadência. · Lembra que o único ponto que poderia afastar a aplicação do art. 150, §4º do CTN seriam as hipóteses de “comprovada ocorrência de dolo, fraude ou simulação”, o que não se verifica no caso dos autos. Em suas contrarrazões, o contribuinte argumenta que sua conduta não pode ser caracterizada como descumprimento de obrigação acessória, pois inexiste a obrigação principal de recolhimento da contribuição previdenciária sobre os valores por ela pagos a título de PLR; mas que, mesmo que se entenda que houve eventual descumprimento de obrigação acessória, a multa aplicada deve ser reduzida em homenagem ao princípio da retroatividade benigna, nos termos fixados pelo acórdão recorrido. · Alega que a NFLD que exige a multa por não ter a Recorrida apresentado a GFIP com dados correspondentes a todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias se fundamenta no art. 32, IV e §5º da Lei nº 8.212/91, que estabelecia, em sua redação vigente à época da autuação, desproporcional penalidade correspondente a 100% da contribuição não recolhida, pela apresentação da declaração à SRFB e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS com dados não correspondentes aos fatos geradores; porém, com o advento da MP nº 449/08, convertida na Lei nº 11.941/09, referido artigo foi revogado e substituído pelo art. 32A da mesma Lei, que dispõe que a multa a ser aplicada em infrações como do presente caso será de R$ 20,00 a cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas na GFIP. Acrescenta que tal dispositivo, a que se amolda perfeitamente a suposta conduta praticada pela recorrida, introduziu considerável redução à multa aplicada, trazendoa para parâmetros mais proporcionais e razoáveis. Lembra, então, que o artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN estabelece que, nos casos de superveniência de penalidade mais benigna que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática, aquela deve ser aplicada retroativamente. · Contesta a aplicação do artigo 35A da Lei nº 8.212/91, também introduzido ao ordenamento jurídico pela MP nº 449/2008, como defende a PGFN, alegando que esse dispositivo não pode ser Fl. 887DF CARF MF Processo nº 14485.002443/200729 Acórdão n.º 9202006.657 CSRFT2 Fl. 5 7 aplicado ao caso concreto, uma vez que a NFLD do presente auto exige exclusivamente multa por descumprimento de obrigação acessória, nada cobrando a título de contribuição previdenciária, sendo que nesses casos devese aplicar o art. 32A da Lei nº 8.212/91. · Argumenta que o art. 35A da Lei n º 8.212/91 c/c o art. 44 da Lei nº 9.430/96 é aplicado aos casos de lançamento de ofício da contribuição previdenciária em si, o que não se verifica no presente caso, não produzindo qualquer efeito sobre as penalidades administrativas dela decorrente (obrigações acessórias). O processo foi, mais uma vez, encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 15/09/2014, para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional apresentou, tempestivamente, em 22/09/2014, contrarrazões (fls. 832/838) ao Recurso Especial do contribuinte. · Em suas contrarrazões, argumenta que os créditos referentes às multas, por se imiscuírem de conteúdo pecuniário, são considerados obrigações tributárias principais; assim, inobstante ser a multa sanção por ato ilícito, diversamente de tributo, o qual consiste em prestação pecuniária compulsória, que não constitua sanção por ato ilícito, vale dizer que a multa tributária não é tributo, mas a obrigação de pagála tem natureza tributária. · Observa que na contagem da decadência referente à multa não há que se falar em aplicação do art. 150, §4º, pois a contagem da decadência de penalidade pecuniária deve ser feita à luz do art. 173, do CTN, pela inteligência dos arts. 113 e 139 do mesmo diploma legal, uma vez que a multa é lançada de ofício. · Alega que, em relação à multa, incoerente é a aplicação do art. 150, §4° do CTN, pois não se trata de tributo regido pela sistemática do lançamento por homologação, não obstante se tratar de obrigação tributária principal. · Diz que não cabe, portanto, a subsunção da norma prevista no art. 150, §4° do CTN ao fato ensejador de multa, tendo em vista a inexistência de atividade do contribuinte a ser homologada pela autoridade fiscal, quando do cometimento de infração administrativo tributária, sendo o lançamento de multa, por infração à legislação tributária, somente aplicada DE OFÍCIO pelo Fisco. · Ressalta que, nos termos do art. 149, inc. VI do CTN, o lançamento tributário é efetuado e revisto de ofício, pela autoridade administrativa, quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária. · Lembra que o art. 173, inc. I do CTN enuncia a regra geral para contagem do prazo decadencial para constituição do crédito Fl. 888DF CARF MF 8 tributário, estipulando lapso temporal de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; enquanto a norma prevista no art. 150, §4° do CTN, traz norma jurídica específica para os casos de tributos sujeitos à sistemática do lançamento por homologação. É o relatório. Fl. 889DF CARF MF Processo nº 14485.002443/200729 Acórdão n.º 9202006.657 CSRFT2 Fl. 6 9 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Recurso Especial da Fazenda Nacional. Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 550. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Das Preliminares ao Mérito Antes de avançarmos no mérito, relevante apreciar os termos das informações prestadas fls. 1676/1681: O processo nº 14485.002474/200746, cuja apensação ao presente processo fora solicitada, foi objeto de desistência por parte do Contribuinte, tendo em vista a adesão ao parcelamento.Assim, devolvo o presente processo à Conselheira Relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, para prosseguimento.OU seja, encontrase m e julgamento nesta mesma sessão de julgamento o processo 15586.000099/200849, sendo que a procedência do presente AIOA encontrase diretamente vinculada a procedência daqueles autos. Tendo em vista a informação prestada pela secretaria de Câmara, no sentido, de que o processo conexo foi encaminhado a origem tendo em vista a renúncia do contribuinte pela adesão a parcelamento, há de ser considerar sua procedência para fins de apreciar a liquidez e certeza dos AIOA lavrados sobre os mesmos fundamentos 14485.002474/200746. Dessa forma, após a realização do exame de admissibilidade do recurso apresentado pela Fazenda Nacional, o sujeito passivo apresentou petição informando a sua adesão à Lei nº 11.941/2009, pela opção da totalidade dos débitos, fls. 873. Contudo, entendo que isso não impede o recálculo do débito, ainda mais porque enseja renúncia de todas as alegações de direito sobre as quais se funda, conforme disposto no art. 78 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria 343, de 09/06/2015. senão vejamos: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. Fl. 890DF CARF MF 10 § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. § 4º Havendo desistência parcial do sujeito passivo e, ao mesmo tempo, decisão favorável a ele, total ou parcial, com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para que, depois de apartados, se for o caso, retornem ao CARF para seguimento dos trâmites processuais. § 5º Se a desistência do sujeito passivo for total, ainda que haja decisão favorável a ele com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para procedimentos de cobrança, tornandose insubsistentes todas as decisões que lhe forem favoráveis. Diante disto, não há mais litígio em questão, uma vez que o contribuinte renunciou ao seu direito de discutir o lançamento efetuado com pedido de parcelamento do débito. Assim, devese declarar a definitividade do crédito tributário nos moldes fixados no auto de infração. Dessa forma, CONHEÇO E DOU PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda para declarar a definitividade do crédito tributário em face da desistência do recurso pelo parcelamento. Recurso Especial do Sujeito Passivo Conforme descrito acima, nos termos do art. 78 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria 343, de 09/06/2015, o contribuinte optou por incluir o presente lançamento em parcelamento especial, razão pela qual enseja renúncia à via administrativa e, por conseqüência, o não conhecimento do seu recurso. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em DARLHE PROVIMENTO, para declarar a definitividade do lançamento, por desistência do sujeito passivo em face de pedido de parcelamento. Em relação ao Recurso Especial do Contribuinte, voto por NÃO CONHECÊLO, desistência do sujeito passivo, em face de pedido de parcelamento É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 891DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11831.000445/00-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Mar 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997
HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO.
O procedimento de homologação do pedido de restituição/compensação consiste fundamentalmente em atestar a regularidade do crédito, ainda que tal análise implique verificar fatos ocorridos há mais de cinco anos, respeitado apenas o prazo de homologação tácita da compensação requerida. Após transcorrido o prazo decadencial, há a impossibilidade de lançamento de diferenças
Numero da decisão: 1402-002.920
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório remanescente pleiteado de R$ 83.763,48 , homologando as compensações até esse limite.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição ao conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves), Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Ausente, justificadamente, o conselheiro.Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997 HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO. O procedimento de homologação do pedido de restituição/compensação consiste fundamentalmente em atestar a regularidade do crédito, ainda que tal análise implique verificar fatos ocorridos há mais de cinco anos, respeitado apenas o prazo de homologação tácita da compensação requerida. Após transcorrido o prazo decadencial, há a impossibilidade de lançamento de diferenças Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório remanescente pleiteado de R$ 83.763,48 , homologando as compensações até esse limite. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 83 1. 00 04 45 /0 0- 15 Fl. 273DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado em substituição ao conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves), Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro.Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11831.000445/0015 Acórdão n.º 1402002.920 S1C4T2 Fl. 274 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 4a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I SP, que julgou IMPROCEDENTE, a manifestação de inconformidade do contribuinte recorrente em epígrafe. Do Despacho Decisório: Trata o presente de pedido de restituição cumulado com pedido de compensação de crédito com débito de terceiros. O crédito constante do pedido de restituição se refere a saldo credor de IRPJ da Declaração do anocalendário de 1997. Conforme consta no processo, e qual aproveito e transcrevo o discorrido a respeito no v. acórdão recorrido, pelo bem descrever os fatos: Conforme intimação às fls. 71/73, foi verificada a rubrica “Outras Receitas Financeiras”. Além disso, o interessado foi intimado a comprovar o pagamento das estimativas mensais apuradas nos meses de Maio 8 Junho de 97, já que esses débitos não constam em DCTF (fls. 67 e 68), além de não ter sido encontrado nenhum pagamento correspondente (fls. 65 e 66). Informações prestadas pelo interessado sobre as receitas financeiras (fl. 78) demonstram que, dos rendimentos no valor de R$ 903.816,90 informados nas DIRF (fls. 69/70), apenas R$ 619.459,90 foram oferecidos à tributação, em desacordo com o art. 884 do RIR/1994. Ainda em relação às informações das DIRF, verificouse que o valor de R$ 100.172,83, deduzido do cálculo do imposto de renda a título de IRRF (fl. 64), somado ao valor de R$ 35.399,29 utilizado para compensar estimativas (fl. 65) é compatível com o total retido na fonte informado pelas fontes pagadoras (fls. 69/70). Em relação às estimativas de Maio e Junho, o interessado afirma, conforme fl. 79, ter compensado tais débitos com saldo negativo de imposto de renda apurado no anocalendário de 1995. Verificouse que tal saldo negativo foi analisado no processo nº 11831.000443/0090, cuja decisão foi fotocopiada e anexada ao presente processo à fls. 82/90. O saldo negativo de IR apurado em 1995 foi recalculado para fins de restituição, conforme despacho decisório do processo nº 11831.000443/0090 (fls. 82/90), as estimativas compensadas (R$ 13.197,42 apurados em Maio e R$ 1.204,79 apurados em Junho) devem ser consideradas quitadas somente até o valor do saldo negativo apurado no período, que foi de R$ 1.187,74 (fl. 89). Portanto, a diferença (R$ 13.197,42 + 1.205,79 – R$ 1.187,74 = R$ 13.215,47) será considerada não paga. Conseqüentemente, não poderá ser deduzida do imposto de renda a pagar. Verificase que o saldo negativo de imposto de renda corretamente apurado no anocalendário de 1997 é de R$ 32.223,74. Fl. 275DF CARF MF 4 Da Manifestação de Inconformidade: Inconformada com o decidido, a recorrente apresentou manifestação de inconformidade, a qual aproveito e transcrevo a sua descrição no relatório do v. acórdão recorrido: Tendo a Interessada tomado ciência do Despacho Decisório em 20/04/2007 (fl. 101 v), apresentou Manifestação de Inconformidade em 18/05/2007 (fls. 106/108), por meio de seus procuradores (fls. 109/118), alegando, em resumo, que: 1) Inicialmente, cabe informar que em atendimento à Intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Recorrente protocolou em 22/03/2007, correspondência informando que o valor declarado na Linha 07 da Ficha 06 da DIPJ/1998 é composto por receitas sobre aplicações financeiras (CDB – R$ 240.572,57, BBC – R$ 35.389,48 e Fundos de Aplic. Financeiras – R$ 343.497,85). 2) De acordo com o mencionado Despacho Decisório, foram examinadas as receitas oferecidas à tributação na DIPJ e observouse divergência em relação às receitas financeiras. A Autoridade Fiscal, ao comparar os valores lançados na DIPJ, Linha 07 da Ficha 06 ( Outras Receitas Financeiras), com os valores existentes em DIRF, cometeu um lamentável equívoco, pois a apropriação contábil das receitas de aplicações financeiras ocorre pelo regime de competência e a tributação na fonte ocorre no regime de caixa (apenas no vencimento ou cessão do título), nos termos do artigo 732 do RIR/1999. 3) Assim, se um título for adquirido em um exercício e seu vencimento ocorrer em outro exercício, a receita será tributada via apuração do lucro real em dois ou mais exercícios, ficando, obviamente, prejudicada a comparação da receita de um único exercício, como fez a D. Autoridade Fiscal, com os valores de IRRF constantes na DIRF. Adotandose esse entendimento, a conclusão é a de que o valor apurado de IRRF está correto. 4) Ainda, de acordo com o Despacho Decisório, o valor declarado na DIRF/1997, anocalendário de 1997 (R$ 135.572,12) é compatível com o total retido na fonte informado pelas fontes pagadoras. 5) Com relação ao argumento de que a Recorrente teria compensado indevidamente os valores de IR apurado por estimativa nos meses de maio/97 (R$ 13.197,42) e junho/97 (R$ 1.205,79) com saldo credor de IRPJ gerado na DIPJ/1996, anocalendário de 1995, supostamente inexistente, pois teria sido recalculado para fins de restituição, conforme despacho decisório do processo nº 11831.000443/0090, deve ser esclarecido que protocolou em 18/05/2007 uma outra Manifestação de Inconformidade na qual comprova a existência do crédito gerado na DIPJ/1996, não podendo ser desconsiderado o valor utilizado para compensação do IRPJ apurado por estimativa naquele ano. Da decisão da DRJ: Ao analisar a manifestação de inconformidade, a DRJ, primeira instância administrativa, houve por bem manter a decisão da DRF, por unanimidade. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1997 Fl. 276DF CARF MF Processo nº 11831.000445/0015 Acórdão n.º 1402002.920 S1C4T2 Fl. 275 5 RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO. IRPJ. LIQUIDEZ E CERTEZA. APLICAÇÕES FINANCEIRAS. RECEITAS TRIBUTÁVEIS. IRRF. DIREITO À DEDUÇÃO. O IRRF sobre as receitas que integraram a base de cálculo do imposto e a estimativa efetivamente recolhida durante o ano calendário são dedutíveis do IRPJ devido. Todavia, não foi comprovado que a totalidade dos rendimentos relativos às aplicações financeiras foram oferecidos à tributação. ESTIMATIVAS. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE PERÍODOS ANTERIORES. Tendo sido confirmada a decisão que reduziu o saldo negativo de período anterior que foi utilizado em compensações com as estimativas mensais apuradas durante o anocalendário, negase a solicitação da manifestante. Solicitação Indeferida Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise o seguinte que deu guarida a sua decisão final para a instância de primeiro grau administrativo: Com relação ao pedido de compensação de crédito com débito de terceiros, cumpre observar não caber sua análise pois de seu indeferimento não cabe recurso na forma do Decreto nº 70.235/1972, por não ter se transformado em DCOMP, nos termos do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, motivo pelo qual já se encontram em cobrança final conforme informação à fl. 125. A Autoridade Administrativa deferiu parcialmente o pedido de restituição devido ao fato de que as receitas financeiras oferecidas à tributação no ano calendário de 1997 foram inferiores às constantes das DIRF apresentadas pelas fontes retentoras e porque as compensações realizadas com saldo negativo gerado no anocalendário de 1995 foi recalculado para fins de restituição (Processo nº 11831.000443/0090). Com relação às receitas financeiras, seu oferecimento é obrigatório. Dizem as instruções da linha 08/15 (Ficha 08 – Cálculo do Imposto de Renda – PJ em Geral, linha 15 – Imposto de Renda Retido na Fonte), na qual é indicado o IRRF compensável: “Indicar o valor do imposto pago ou retido na fonte noano calendário de 1996, a título de antecipação, correspondente a rendimentos ou receitas que integram o lucro real.”(destaque da transcrição) A Manifestante alegou que a apropriação contábil das receitas de aplicações financeiras ocorre pelo regime de competência e a tributação na fonte ocorre no regime de caixa (apenas no vencimento ou cessão do título), nos termos do artigo 732 do RIR/99. Ora, se é bem verdade que nem sempre as receitas são apropriadas no mesmo anocalendário em que o IRRF é retido, por variadas razões, por outro lado, deve ser observado que a Manifestante não comprovou quando e se ofereceu à tributação as Fl. 277DF CARF MF 6 referidas receitas relativas aos IRRF que informou em sua DIRPJ/1998, por ter sofrido retenção no anocalendário de 1997. Quanto às compensações realizadas com saldo negativo de período anterior, cumpre informar que esta Turma de Julgamento indeferiu a solicitação da empresa no Processo nº 11831.000443/0090, por meio do Acórdão nº 16 – 14.554 – 4ª Turma da DRJ/SPOI (fls. 126/133). Posto isso, voto pelo INDEFERIMENTO da solicitação relativamente ao pedido de restituição Do Recurso Voluntário: Inconformada com a v. decisão a quo, do qual foi intimada em 27/09/2007, apresentou em 26/10/2007 o Recurso Voluntário, preliminarmente suscitando a decadência e prescrição, e no mérito reiterando os seus argumentos e juntando ao final documentação que diz comprovar seu pleito. Da Resolução do CARF: Em sessão realizada em 11 de setembro de 2012, através da Resolução 1802000.099– 2ª Turma Especial, resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, determinar o apensamento do presente processo ao processo n° 11831.000443/0090. As motivações, então, para tal decisão decorrem do seguintes elementos: Como se verifica, a Recorrente pede pela aplicação da decadência e da prescrição da exigência contraposta em face de Conibra Comércio de Materiais para Construção Ltda. relativo à COFINS, nos créditos cedidos àquele, na condição de terceiro, exegese impossível de se determinar nos presentes autos por falta de legitimidade da Recorrente. Pede ainda pelo deferimento de seu pedido de restituição no montante de R$ 115.987,22, aduzindo (I) que no caso de aplicações financeiras, não pode se considerar as receitas de um único exercício enquanto que os rendimentos observam regime de caixa, e, portanto, podem seguir período superior a um exercício e (II) que seu crédito apurado na DIPJ/1996, discutido nos autos do processo n° 11831.000443/0090 não está definido em seu desfavor, enquanto houve recurso a este Conselho. Com relação ao montante compensado com suposto saldo de 1995, eis o discorrido pelo Despacho Decisório EQPIR/PJ, às fls. 96: 22. Além disso, como o saldo negativo de IR apurado em 1995 foi recalculado para fins de restituição, conforme despacho decisório do processo n° 11831.000443/0090 (fls. 82 a 90), as estimativas compensadas (R$ 13.197,42 apurados em Maio e R$ 1.205,79 apurados em Junho) devem ser consideradas quitadas somente até o valor do saldo negativo apurado no período, que foi de R$ 1.187,74 (fl. 89). Portanto, a diferença (R$ 13.197,42 + R$ 1.205,79 R$ 1.187,74 = R$ 13.215,47) será considerada não paga. Conseqüentemente, não poderá ser deduzida do imposto de renda a pagar. Fl. 278DF CARF MF Processo nº 11831.000445/0015 Acórdão n.º 1402002.920 S1C4T2 Fl. 276 7 Neste ponto, observo já haver decisão do CARF nos autos do processo n° 11831.000443/0090, conforme seguinte ementa (Acórdão 1402000.479): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Ano calendário: 1995 DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO. Havendo antecipação do tributo, a homologação do lançamento ocorrerá no prazo de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, na forma do art. 150, § 4°, do CTN. Esse prazo decadencial também é aplicável nas revisões do Lucro Real apurado e declarado pelo contribuinte, para fins de apuração do direito creditório concernente ao Saldo Negativo de Recolhimentos do IRPJ/CSLL. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Relator: Antônio José Praga de Souza. Porém, atestase ter sido proposto Recurso Especial pelo órgão fazendário, de forma que tal decisão não é definitiva, permanecendo inviável qualquer deferimento ao contribuinte no tocante ao reconhecimento do direito de parte do crédito tributário ora suscitado. Assim sendo, pela indefinição da parte do crédito tributário controlado no processo 11831.000443/0090, sagaz é que ocorra o apensamento deste àquele, onde permitase julgamento desta e das demais questões de mérito controlados neste processo. No processo 11831.000443/0090, houve o Despacho 140100.469, datado de 24/10/2011, que considerou e negou o seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, e não houve propositura de agravo, transitando em definitivo administrativamente. Por conseguinte, o processo presente, 11831.000445/0015, que estava apensado, mas não julgado, foi redistribuído para a presente relatoria. É o relatório. Fl. 279DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Marco Rogério Borges O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Da Preliminar Conforme relatado, tratase de pedido de compensação de débitos de terceiros, pessoa jurídica ligada, interposto em 15/03/2000, em que não houve a homologação de R$ 83.763,48, dos R$ 115.987,22 de direito creditório pleiteado. O direito creditório referese a saldo negativo de recolhimento do IRPJ da contribuinte (recorrente) no anocalendário de 1997. Analisando o processo, verificase que no despacho decisório (efls. 92 e segs), proferido em 09/04/2007, o indeferimento parcial do pleito está no fato de que o IRRF pode ser deduzido do imposto a pagar, desde que os respectivos rendimentos tenham sido oferecidos à tributação, retenções essas ocorridas ao largo do anocalendário de 1997. No presente caso, no contexto de homologação das declarações de compensação, à luz da legislação e da jurisprudência, a autoridade fiscal tinha 5 (cinco) anos, a partir da data da protocolização ou apresentação das declarações de compensação, para verificar a apuração do direito creditório da recorrente, nos termos art. 74, § 5º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Contudo, somente realizou o procedimento em abril de 2007, ou seja, passados os 5 anos supracitados desde a data de 15/03/2000, da protocolização ou apresentação das declarações de compensação. É certo que a Fazenda Pública pode auditar a formação dos saldos negativos de recolhimentos de IRPJ no prazo de 5 anos contados do aproveitamento desse pelo contribuinte. Porém, não pode haver auditoria do lucro liquido ou lucro real apurado pelo contribuinte, cujo prazo continua sendo contado na forma do art. 150 c/c 173 do CTN, e sim da efetividade dos recolhimentos, IRFonte, transposição de saldos de um período para outro, compensações (inclusive com outros tributos), enfim a própria formação do saldo. O art. 264 do RIR/1999 preceitua que a pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem os livros, documentos e papéis relativos à sua atividade, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. Ou seja: o direito creditório pleiteado pelo contribuinte deve ser declarado líquido e certo pela autoridade administrativa e, para tanto, ela pode e deve, prazo de 5 anos contatados do pedido, investigar a origem do alegado Fl. 280DF CARF MF Processo nº 11831.000445/0015 Acórdão n.º 1402002.920 S1C4T2 Fl. 277 9 crédito, qualquer que seja o tempo decorrido de sua formação, cabendo ao contribuinte manter em boa ordem a documentação pertinente. Todavia, não foi apenas essa a situação que se verificou no presente caso. Houve uma homologação tácita antes da manifestação da autoridade fiscal. Tal assunto foi muito bem trabalhado no voto do 1402002.153, em sessão de 06 de abril de 2016, proferida pelo Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, em analisa os vários aspectos da decadência, e em referência ao ponto supra, discorre: Assim, no contexto do procedimento de homologação das declarações de compensação, no qual deve ser atestada a existência e a suficiência do direito creditório (liquidez e certeza) invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação do Fisco é a que diz respeito ao prazo de cinco anos da data da protocolização ou apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos tacitamente, independentemente da existência dos créditos, a teor do art. 74, § 5º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Vejase que a ausência de exame da declaração no prazo de 05 anos implica a extinção do crédito compensado, não se falando em reconhecimento de direito creditório, por exemplo, superior ao débito compensado. E o prazo para não homologação da compensação é contado a partir data da declaração que a formalizou. Mas nada impede que o Fisco, desde que decida no prazo de 5 anos contados da transmissão da declaração de compensação, averigue a correição do direito creditório pleiteado tendo que examinar eventuais recolhimentos realizados há mais de 5 anos e que por ventura componham o saldo negativo pleiteado. No mesmo sentido, assim concluiu a Solução de Consulta Interna Cosit nº 16, de 2012: 24. Como se trata de Declaração de Compensação, invertese o ônus da prova, cabendo ao contribuinte comprovar seu direito líquido e certo. Dentro do prazo para homologação determinado no art. 74, § 5°, da Lei n° 9.430, de 1996, não há que se falar em decadência do direito de se aferir o pleito de compensação, que exige o cumprimento dos requisitos de liquidez e certeza do crédito informado. 25. Não se pode concluir que a autoridade fiscal deva aprovar o saldo negativo de IRPJ demonstrado na DIPJ correspondente, e decidir pela homologação da compensação, sem a verificação prévia da liquidez e certeza do indébito tributário que lhe dá suporte. A norma específica que versa sobre Dcomp não deixa dúvidas quanto à limitação da homologação tácita somente às compensações, e não ao crédito em si. [...] Fl. 281DF CARF MF 10 31.1. Após transcorrido o prazo decadencial, nos termos do art. 150, § 4°, do CTN, assim como o prazo para homologação de compensação de que trata o art. 74, § 5°, da Lei n° 9.430, de 1996 (homologação tácita), há apenas a impossibilidade de lançamento de diferenças do imposto devido. Tal vedação não se aplica à compensação de débitos próprios vincendos que tenha sido homologada tacitamente, quando ainda não se tenha operado a decadência para o lançamento do crédito tributário. 31.2. Todavia, pode a Administração Tributária, dentro do lapso de que esta dispõe (art. 74, § 5°, da Lei n° 9.430, de 1996), não homologar a compensação declarada em momento posterior, em que se utilizem créditos de saldo negativo de IRPJ ou de CSLL, inclusive os oriundos de estimativas quitadas por meio de Dcomps homologadas tacitamente, se verificada a inexistência de liquidez e certeza desses créditos. Diante do exposto voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório remanescente pleiteado de R$ 83.763,48 , homologando as compensações até o limite desse valor. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator Fl. 282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13794.720199/2013-71
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.423
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Volutário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e Jose Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Volutário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e Jose Roberto Adelino da Silva Relatório Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 0363.035, da 4ª Turma da DRJ/BSB, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra Termo de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 79 4. 72 01 99 /2 01 3- 71 Fl. 103DF CARF MF 2 Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, face à existência de débitos fiscais, sem exigibilidade, consoante o artigo 17, incisos V , da Lei Complementar nº 123, de 2006. A ora recorrente apresentou uma impugnação ao referido termo. cujo acórdão da DRJ foi contrário à manifestação de inconformidade, a qual reproduzido, com a devida vênia, parcialmente o voto: Em face da data de registro do Termo de Indeferimento temse que a manifestação de inconformidade é tempestiva. Como atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972, dela tomo conhecimento. O litígio é decorrente do ato de indeferimento da opção pelo Simple sNacional para o ano de 2013 em virtude da existência de débitos que a interessada contesta. Não assiste razão à manifestante. A Lei Complementar nº 123, de 2006, estabelece em seu artigo 17, inciso V, condição impeditiva para recolher tributos na sistemática do Simples Nacional a existência de débitos: Lei Complementar nº 123/2006 Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional Art.17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou comas Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; (...) (grifos acrescidos) Consoante o que dispõe a Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011, tal impedimento era passível de regularização, desde que tal regularização se desse no mesmo prazo concedido para fazer a opção pelo Simples Nacional, prazo esse que para o ano de 2013 encerrouse em 31/01/2013: Resolução CGSN nº 94/2011 Art. 6º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) §1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 5º. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, § 2º) Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13794.720199/201371 Acórdão n.º 1001000.423 S1C0T1 Fl. 3 3 §2º Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; II efetuar o cancelamento da solicitação de opção, salvo se o pedido já houver sido deferido. (...) (grifos acrescidos) No caso em exame, pelas telas de fls. 19 a 22, retiradas dos sistemas internos da Secretaria da Receita Federal do Brasil, verificase que os débitos previdenciários de nºs 408287632 e 408521104 foram incluídos em parcelamentos em 18/12/2012 (data do evento); portanto antes da data limite de 31/01/2013 estipulada pela legislação do Simples Nacional para o contribuinte regularizar as pendências que impediram a sua inclusão nessa sistemática de apuração a partir do ano de 2013. Por outro lado, no entanto, pelas telas de fls. 56 a 58 constatase que na data da consulta realizada em 05/08/2014 o débito não previdenciário relativo à MULTA ATRASO/FALTA da DASN (código 0594) do período de apuração 05/05/2009 no valor original de R$ 200,00 ainda encontravase em aberto (devedor). Assim, uma vez que essa MULTA por ATRASO/FALTA da DASN (código 0594) do período de apuração 05/05/2009, a qual também motivou o indeferimento da opção do contribuinte, não foi devidamente regularizada até a data limite de 31/01/2013 permitida pela legislação, correto o ato de indeferimento do pedido de inclusão da empresa na sistemática de apuração pelo Simples Nacional. Conclusão A luz do exposto, voto pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada, ratificando a decisão da Delegacia de jurisdição da contribuinte. Voto José Roberto Adelino da Silva Relator A recorrente apresentou o recurso voluntário em 07/10/2014, após ter tomado conhecimento do acórdão, o que ocorreu em 04/09/2014, portanto, 33 dias após a sua ciência, o que contraria o art. 33, do Decreto 70.235/75, a seguir transcrito: Fl. 105DF CARF MF 4 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Portanto, o recurso é intempestivo e dele eu não conheço. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679840/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Data do fato gerador: 15/03/2004
NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito.
DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde.
PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.856
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário para NEGAR-LHE provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Data do fato gerador: 15/03/2004 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário para NEGAR-LHE provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 15/03/2004 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 40 /2 00 9- 31 Fl. 97DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário para NEGARLHE provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto e Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário interposto pela empresa TIM CELULAR S/A., contra a Decisão da DRJ, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade que manteve o Despacho Decisório eletrônico emitido pela Delegacia de Administração Tributária em São Paulo DERAT/SP, que não homologou as compensações declaradas com pagamento indevido de CIDE. No referido Despacho Decisório informa que as compensações não foram homologadas por não ter havido apuração de pagamento indevido pois o pagamento citado foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. Em sua manifestação de inconformidade a contribuinte reconhece que deixou de retificar as DCTFs relativas aos períodos que entende ter havido recolhimento a maior. Sustenta, contudo, que mero equívoco no preenchimento destas declarações não pode gerar débitos fiscais. Alega ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa, discorre sobre o princípio da verdade material e assevera que o equívoco é evidente e não justifica a glosa havida. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão nº Acórdão 1627. 107, prolatado pela DRJ em São Paulo (SP): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 15/03/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP ALTERAÇÃO DE DCTF APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que tanto as DRJ como o CARF limitamse a analisar a correção do despacho decisório, Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 3 3 efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL NÃO OFENSA CORREÇÃO DE ALTERAÇÃO DE DCTF NÃO COMPROVADA EM DOCUMENTAÇÃO IDÓNEA Qualquer alegação de erro de preenchimento em DCTF deve vir acompanhada dos documentos que indiquem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior. Não apresentada a escrituração contábil/fiscal, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, mantémse a decisão proferida, sem o reconhecimento de direito credit6rio, com a conseqüente nãohomologação das compensações pleiteadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Credit6rio Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, reprisando os argumentos de sua Manifestação de Inconformidade, adicionando, em síntese, as seguintes razões: Aduz que como explicitado na Manifestação de Inconformidade, por conta da sistemática tributária vigente, apurou créditos tributários a seu favor (recolhimento indevido ou a maior de diversos impostos e contribuições administrados pela RFB), sendo certo que tais montantes são plenamente utilizáveis para fins de compensação de débitos relativos a outros tributos federais administrados pela RFB. Com efeito, a partir de meados de 2006, constatou ter efetuado recolhimento a maior a titulo de IRRF, CIDE, PIS importação, COFINS importação, incidentes sobre operações de remessa ao exterior de Royalties pela cessão de direitos de uso de programas de computador, bem como pela contraprestação de serviços técnicos e administrativos, recolhimentos estes realizados desde o anocalendário de 2004 e que foram compensados com débitos de COFINS apurada em PER/DCOMP. (i) Da carência de Fundamentação do Despacho Decisório: Conforme já explicitado na Manifestação de Inconformidade e ignorado pela decisão recorrida, o Despacho Decisório é absolutamente carente de fundamentação legal (motivação), quedandose nulo de pleno direito por não conter qualquer fundamentação para a produção do ato por ele exteriorizado; a carência de motivação que torna vazio o despacho decisório inquinado, viola frontalmente o principio da ampla defesa e do contraditório; o simples fato da DRJ/SP1 ter ultrapassado a nulidade alegada sem qualquer análise digna das atribuições da Autoridade Fiscal acarreta indevida supressão de instância; (ii) Quanto ao mérito, argumenta a violação aos princípios da estrita legalidade, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade: afirma que o débito em discussão é fruto de um mero equivoco nas DCTF's originais apresentadas e na incapacidade do sistema informatizado da RFB fazer o cruzamento das informações destas com as prestadas via PER/DCOMP, em que pese a evidência do direito ao aproveitamento de tais Fl. 99DF CARF MF 4 créditos; se fosse dado ao contribuinte a chance de apresentar explicações, certamente a Fazenda Nacional pouparia precioso tempo do CARF com cobranças infundadas como esta; que o mero erro material no preenchimento dos valores descritos na DCTF não pode operar quaisquer efeitos; o fato de a Recorrente ter cometido o simples erro de preenchimento relativo à inclusão de débitos indevidamente na sua DCTF, não é bastante para que o Fisco ignore diversos outros elementos que, já analisados pela RFB, revelam manifestamente a validade dos créditos fiscais vindicados, pois estes existem e só não são reconhecidos por um equivoco na declaração; de se frisar que é dever da Administração Pública, em prol da legalidade de sua atuação, investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo a uma cobrança, ou seja, se a Administração possui dados para identificar os fatos, não deve ela se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo do contribuinte; (iii) Do escorreito procedimento de compensação realizado: o entendimento havido pelo Acórdão recorrido baseiase, pura e simplesmente, no fato de que as declarações não identificavam saldo (crédito) a restituir (ou compensar), mas somente a liquidação regular de débitos apurados, situação esta que, consoante já aduzido na Manifestação de Inconformidade, era devida unicamente em razão da falta de retificação das DCTFs enviadas com erros de preenchimento, equívocos perfeitamente sanáveis pelo Fisco, até mesmo de oficio, que tem livre acesso à toda a escrituração fiscal da Recorrente e, mesmo assim, jamais a solicitou para fins de imputação das compensações de créditos declaradas. Por fim, requer que seja o Recurso Voluntário conhecido e recebido com efeito suspensivo (nos termos do artigo 151, III do CTN) e declarado nulo o Despacho Decisório que fundamenta a exigência ante a patente carência de fundamentação ou, caso assim não entenda, seja determinada a conversão do julgamento em diligência na forma do RI CARF, para que seja efetivamente examinada a escrita fiscal da Recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.849, de 30 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.679805/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.849): 1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 4 5 O caso se resume à alegação de pagamento a maior de tributo e que esse tributo recolhido a maior estaria sendo utilizado para compensar débitos constante na PER/DCOMP do presente processo. No Despacho Decisório o Fisco informa que as compensações não foram homologadas por não ter havido apuração de pagamento indevido pois o pagamento citado foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. A Recorrente alega que mero equivoco no preenchimento das DCTF não poderia geral débitos fiscais e que o fato deveria ser reconhecido de plano pela RFB. 3. Preliminar de nulidade do Despacho Decisório A Recorrente alega que há carência de fundamentação e motivação do Despacho Decisório prolatado pela DERAT/SP e que houve cerceamento do seu direito de defesa. Vejase trecho: "(...) Conforme já explicitado na Manifestação de Inconformidade e solenemente ignorado pela decisão da 5ª Turma da DRJ/SP1, o despacho decisório em comento é absolutamente carente de fundamentação legal, quedando nulo de pleno direito por não conter qualquer fundamentação para a produção do ato por ele exteriorizado. "(...) não se pode admitir em nome desta agilidade a violação de direito expresso na Carta Magna, elementar ao principio do contraditório e da ampla defesa, que é a obrigatoriedade de fundamentação das decisões proferidas tanto em âmbito administrativo como judicial (....)". Pois bem, entendo que não assiste razão à Recorrente. Explico. De acordo com o dispositivo constitucional que trata do direito ao contraditório e à ampla defesa, temos que: (artº 5º, inciso LV): Artº 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade nos seguintes termos: (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. É cediço que a autoridade competente, ao verificar a infração e entender presente as provas necessárias à caracterização da infração ou do ilícito fiscal, não está obrigada a conceder defesa antes da cientificação do respectivo lançamento ao sujeito passivo, posto que é com a apresentação da impugnação que o procedimento se verte em processo, estabelecendose, por conseguinte, o efetivo conflito de interesses: de um lado o Fisco que acusa a existência de débito tributário, fundando sua pretensão de recebêlo e, de outro, o sujeito passivo, que opõe resistência por meio da apresentação de defesa administrativa Fl. 101DF CARF MF 6 (impugnação). É a partir desse momento, ou seja, com o início da fase processual, que se impõe a aplicação, no âmbito administrativo, do princípio constitucional da garantia ao devido processo legal, no qual está compreendido o respeito à ampla defesa, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. Verificase que o Despacho Decisório (eletrônico) teve origem em auditoria de análise de crédito declarado em PER/DECOMP pela Recorrente, realizada pela RFB, que encontrase detalhada no corpo do documento (campo 3), onde consta a motivação, fundamentação, decisão e o enquadramento legal que conduziram a autoridade fazendária a não homologação da compensação declarada. Vejase trecho: "Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: R$ 11.190,74. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada". A Recorrente foi devidamente cientificada do referido Despacho Decisório e apresentou, tempestivamente, a sua Manifestação de Inconformidade (fls. 10/24) que foi apreciada em julgamento realizado na primeira instância administrativa. Irresignada com o resultado do julgamento da autoridade a quo, protocolou Recurso Voluntário, rebatendo as posições adotadas no acórdão recorrido, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, demonstrando perfeito conhecimento de todo o conteúdo deste processo, não lhe sendo oposto qualquer constrangimento ou dificuldade, e está exercendo seu direito de defesa de forma ampla, por meio deste processo. Portanto, a motivação para o indeferimento no Despacho Decisório, bem como, as do julgamento na primeira instância, estão claramente identificadas e fundamentadas no Acórdão recorrido, não havendo que se falar na "indevida supressão de instância". Com todo este histórico de discussão administrativa, cumpridos os prazos legais para manifestação, não se pode falar em cerceamento de direito de defesa ou quaisquer outros vícios no Despacho Decisório ou no julgamento da primeira instância, ou seja, todo o procedimento previsto no Decreto nº 70.235, de 1972 foi observado, tanto o Despacho Decisório, bem como, o devido processo administrativo fiscal (PAF). Pela leitura do Despacho Decisório, que foi emitido eletronicamente pela RFB, constatase o nome e matrícula Auditor Fiscal (foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções), bem como verificase a descrição de forma suficientemente, objetiva e cristalina os fatos o Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 5 7 enquadramento legal e normativos, o que contribuiu, decisivamente, para a exata compreensão da motivação. Ou seja, não verifico uma dúvida sequer relativa aos fatos narrados pela fiscalização, e tampouco sobre o enquadramento legal e/ou normativo adotado. Por fim, apenas para um melhor esclarecimento sobre nulidade, transcrevese o dispositivo que rege a matéria no âmbito do processo administrativo fiscal. Assim, prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a nova redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º (...). Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Como se vê, o caso aqui analisado, não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art. 59 acima reproduzido. Assim, respeitados pelo Fisco os princípios da motivação, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, inexiste o cerceamento do direito de defesa até esta fase processual e, portanto, improcedente é a alegação nulidade do feito fiscal. 4. Do pedido de diligência (produção de provas, escrita fiscal) Requer a Recorrente ao final de seu recurso que, "(...) ou, caso assim não entenda V.Sa., seja determinada a conversão do julgamento em diligência na forma do Regimento Interno deste E. Conselho para que seja efetivamente examinada a escrita fiscal da ora Recorrente, confirmandose, ao final, a compensação declarada". Pois bem. Primeiramente, ressaltese que a diligência no âmbito do processo administrativo fiscal não se presta a suprir deficiência probatória, seja por parte do fisco ou da Recorrente. Conforme será abordado na parte meritória, as questões colocadas não justificam o deferimento de uma diligência uma vez que além de existir nos autos elementos que propiciam ao julgador a cognição dos fatos postos em lide, a Recorrente teve a oportunidade de apresentar seus elementos probatórios quando da Manifestação de Inconformidade. Fl. 103DF CARF MF 8 No art. 15 do Decreto nº 70.235/1972 (Processo Administrativo Fiscal), consta que a impugnação deverá ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar. Sobre isso, coloquese, inicialmente, que no que se referente à repartição do ônus da prova nas questões litigiosas, a legislação processual administrativo tributária inclui disposições que, em regra, reproduzem aquele que é, por assim dizer, o princípio fundamental do direito probatório, qual seja o de que quem acusa e/ou alega deve provar. Assim, nos casos de utilização de direito creditório pelo contribuinte, é atribuição do contribuinte/pleiteante a demonstração da efetiva existência deste. Mencionese, adicionalmente, que o Código de Processo Civil, aqui aplicável subsidiariamente ao Decreto 70.235/72, estabelece, em seu art. 373, que o ônus da prova incumbe ao autor, quando fato constitutivo do seu direito. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Nesse mesmo sentido, segue a Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, que rege atualmente os processos de restituição, compensação e ressarcimento de créditos tributários. Já à autoridade julgadora administrativa, a teor do art. 18, Decreto nº 70.235/1972, cabe determinar, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, mas somente quando entendêlas necessárias ao seu convencimento, devendo indeferir as prescindíveis ao julgamento ou as impraticáveis. Assim, há que se ter em conta, que tais previsões legais não existem com o propósito de suprir o ônus da prova colocado às partes, mas sim de elucidar questões pontuais mantidas controversas mesmo em face dos documentos trazidos pelo contribuinte/pleiteante. Diligências existem para resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica. Dentro deste quadro, temse que não cabe a autoridade julgadora, em qualquer pleito repetitório apresentado, diligenciar para fins de, de ofício, promover a produção de prova da existência e/ou procedência do crédito pleiteado pelo Contribuinte. Em estando presentes nos autos do processo os elementos necessários e suficientes ao julgamento da lide estabelecida, prescindível é a diligência/perícia requerida pela contribuinte, cabendo a autoridade julgadora indeferila. Assim, diante dos argumentos expostos indeferese o pedido de diligência/perícia Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 6 9 com amparo no 18 e 28 do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação que lhes foi dada pelo art. 1º da Lei nº 8.748, de 1993. 5. Quanto ao mérito Em seu recurso a Recorrente argumenta a violação ao princípios da estrita legalidade, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade. Afirma que o débito em discussão é fruto de um mero equivoco nas DCTF's originais apresentadas. Vejase: "(...) Conforme já delineado, o débito da ora Recorrente fruto de um mero equivoco nas DCTF's originais apresentadas e na incapacidade do sistema informatizado da RFB fazer o cruzamento das informações destas com as prestadas via PER/DCOMP, em que pese a evidência do direito ao aproveitamento de tais créditos". A Recorrente reconhece que informou, equivocadamente, na DCTF original, débito de CIDE quitado mediante recolhimento de DARF no valor informado no Despacho Decisório que ora se discute. Todavia, após revisão interna, constatou o pagamento a maior do referido débito, uma vez que os cálculos estavam sendo efetuados de maneira incorreta, restando inegável a existência de créditos de COFINS após a correção do montante efetivamente devido. Que se fosse dado "a chance de apresentar explicações, certamente a Fazenda Nacional pouparia precioso tempo do CARF com cobranças infundadas como esta". Por outro lado, relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros, haveria o crédito que utilizou nas PER/DCOMP, a decisão de piso observa que "a contribuinte limitase a alegar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova documental do que alega". Prossegue a Recorrente afirmando que, "(...) O PER/DCOMP em questão, transmitido em 18.06.2007 (DOC.02 da petição de juntada outrora protocolada), contemplou a utilização de crédito apurado de CIDE recolhido em 29.07.2005, conforme DARF no valor de R$ 11.190,74 (onze mil, cento e noventa reais e setenta e quatro centavos DOC.03, da petição de juntada outrora protocolada), para compensação de COFINS apurada no mês de maio de 2007 no valor de R$ 14.270,43 (catorze mil, duzentos e setenta reais e quarenta e três centavos), situação esta que foi finalmente e adequadamente espelhada na DCTF retificadora transmitida em 03.12.2009 (DOC.04, da petição de juntada outrora protocolada), a qual põe por terra quaisquer dúvidas quanto à liquidez do crédito cuja compensação foi pleiteada pelo PER/DCOMP sob exame". No entanto, verificase que tanto na Manifestação de Inconformidade como no Recurso Voluntário, a Recorrente limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer Fl. 105DF CARF MF 10 DCTF retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório prolatado pelo Fisco, que ocorreu em 23/10/2009. Como muito bem pontuado pela decisão a quo, a qual subscrevo algumas partes das considerações tecidas (com alterações pontuais), adotandoas como razão de decidir, com forte no § 1º do art. 50 da Lei no 9.784, de 1999, "(...) a retificação da DCTF, para reduzir débitos declarados, feita após a decisão prolatada pela autoridade fiscal que examinou os pedidos de restituição e compensação, não pode, simplesmente, ser acolhida, como argumento de defesa, uma vez que a Manifestação de Inconformidade deve ser dirigida a apontar erros que teriam sido cometidos na analise do crédito da Contribuinte, em relação as informações constantes dos Sistemas da Receita Federal, que são formadas pelas informações prestadas pelos contribuintes através das declarações fiscais, tais como DIPJ. DCTF, DIRF, etc, na data da emissão do Despacho Decisório". A Recorrente reconhece, a princípio, que não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados em DCTF e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF. Logo o sistema PER/DCOMP ao realizar a compensação não poderia ter encontrado saldo credor no DARF utilizado na Declaração de Compensação (DCOMP), eis que estava alocado ao débito segundo informado na DCTF. No entanto, após ciência do Despacho Decisório, quando da Manifestação de Inconformidade é que a Contribuinte informa o Fisco ter havido erro no preenchimento das DCTF e procede a retificação da declaração. É importante ressaltar que a conduta do Fisco é pautada em documentos formais e oficiais e, se a Recorrente resta inerte e não promove à tempo as retificações cabíveis na DCTF, não cabe ao Fisco promovêlas. Vale dizer que este Colegiado vem registrando noutros processos envolvendo matéria idêntica, em que esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior a ciência do Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhado de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original, conforme preconiza o § 1º do art. 147, do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. (Grifei) Da interpretação do artigo acima, extraise que a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 7 11 devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equivoco cometido na elaboração da declaração original (DCTF). Ressalto que, como já frisado no tópico anterior, nos casos de utilização de direito creditório pelo contribuinte, é atribuição deste/pleiteante a demonstração da efetiva existência deste (ônus da prova). Assim, a Recorrente deveria ter acostado aos autos, junto com a Manifestação de Inconformidade a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Fiscais e Contábeis, como o Livro Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Reprisee que no caso em exame, a Recorrente não trouxe aos autos, nas duas oportunidades em que neles compareceu (quando da Manifestação e agora em fase de recurso), qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que alega que cometera no preenchimento da DCTF (como a escrita contábil e fiscal, por exemplo). Veja que o processo administrativo fiscal é normatizado pelo Decreto n° 70.235/72, que em seu art. 16, III assim dispõe, in verbis: Art. 16. A impugnação mencionará. III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. I.° da Lei n.° 8.748/I993)" Ainda nos §§ 4° e 5° do mesmo artigo determinam que: " § 4º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n.° 9.532/1997) § 5°. A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n.° 9.532/I997)" (Grifei) Percebese que a Recorrente trouxe somente documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer um pedido genérico para futura juntada de Fl. 107DF CARF MF 12 documentos ou diligência, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal solicitação. Entre ser verdadeira a afirmação da Recorrente, segundo a qual o fato de não ter retificado a DCTF em tempo hábil antes da transmissão das compensações, não lhe pode subtrair o direito ao crédito (o princípio da verdade material requerido), e reconhecerlhe o direito a esse crédito, passa, inapelavelmente, pelo vão das provas, que a ela competia trazer aos autos, exercendo, com isto, sim, sua ampla defesa, ainda que fosse na segunda instância. Se juntasse as provas no recurso voluntário certamente contaria com a possibilidade de seu acolhimento nesta segunda instância de julgamento. No entanto, vale ressaltar que, até a presente data, passado quase dois anos entre a manifestação de inconformidade e o recurso voluntário, nenhuma documentação foi apresentada pela Recorrente, que se limitou a juntar cópia da DCTF retificadora, não embasada por qualquer documentação comprobatória. Isto posto, para este Colegiado, portanto, não há reparos a fazer na decisão recorrida, ao afirmar que a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não seria óbice, mas também não seria suficiente para a demonstração do crédito vindicado, sendo indispensável, nos termos do § 1º do art. 147 do CTN, supra, a comprovação do erro em que se fundou a retificação, o que a Recorrente, conforme já ressaltamos neste voto, não logrou realizar. 6. Dos princípios da estrita legalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, legalidade, razoabilidade e proporcionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 7. Dispositivo Ante o exposto, conheço do recurso voluntário para no mérito, NEGARLHE provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10880.679840/200931 Acórdão n.º 3402004.856 S3C4T2 Fl. 8 13 Fl. 109DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.724029/2015-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011
GLOSA DE DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS
Se as despesas de juros com debêntures/empréstimos contraídos junto a terceiros são proporcionalmente maiores do que aqueles incidentes sobre empréstimos concedidos a pessoas ligadas, a diferença é considerada não necessária.
ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ E CSLL. FALTA RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA.
Constatado que o contribuinte efetuou recolhimento insuficiente das estimativas devidas, diante da glosa de despesas desnecessárias, correta é a exigência da multa isolada sobre a parcela inadimplida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010, 2011
PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO FORMULADO
Considera-se não formulado o pedido de perícia quando não preenchidos os requisitos legais previstos para sua formulação.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010, 2011
LANÇAMENTO DECORRENTE - CSLL
O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se aos lançamentos decorrentes com os quais compartilha o mesmo fundamento de fato e para o qual não há outras razões de ordem jurídica que lhes recomenda tratamento diverso.
Numero da decisão: 1402-002.880
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a solicitação de diligência. No mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas financeiras no montante de R$ 2.942.579,52, no ano-calendário de 2010; R$ 9.617.313,07; no ano-calendário de 2011 e R$ 1.070.736,10; no ano-calendário de 2012. Vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Eduardo Morgado Rodrigues, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar-lhe provimento integralmente.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Evandro Correa Dias - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:
Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: EVANDRO CORREA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011 GLOSA DE DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS Se as despesas de juros com debêntures/empréstimos contraídos junto a terceiros são proporcionalmente maiores do que aqueles incidentes sobre empréstimos concedidos a pessoas ligadas, a diferença é considerada não necessária. ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ E CSLL. FALTA RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. Constatado que o contribuinte efetuou recolhimento insuficiente das estimativas devidas, diante da glosa de despesas desnecessárias, correta é a exigência da multa isolada sobre a parcela inadimplida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2010, 2011 PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO FORMULADO Considera-se não formulado o pedido de perícia quando não preenchidos os requisitos legais previstos para sua formulação. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010, 2011 LANÇAMENTO DECORRENTE - CSLL O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se aos lançamentos decorrentes com os quais compartilha o mesmo fundamento de fato e para o qual não há outras razões de ordem jurídica que lhes recomenda tratamento diverso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a solicitação de diligência. No mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas financeiras no montante de R$ 2.942.579,52, no ano-calendário de 2010; R$ 9.617.313,07; no ano-calendário de 2011 e R$ 1.070.736,10; no ano-calendário de 2012. Vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Eduardo Morgado Rodrigues, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por dar-lhe provimento integralmente. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto - Presidente. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
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ESTIMATIVAS MENSAIS IRPJ E CSLL. FALTA RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. Constatado que o contribuinte efetuou recolhimento insuficiente das estimativas devidas, diante da glosa de despesas desnecessárias, correta é a exigência da multa isolada sobre a parcela inadimplida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010, 2011 PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO FORMULADO Considerase não formulado o pedido de perícia quando não preenchidos os requisitos legais previstos para sua formulação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010, 2011 LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL O decidido para o lançamento de IRPJ estendese aos lançamentos decorrentes com os quais compartilha o mesmo fundamento de fato e para o qual não há outras razões de ordem jurídica que lhes recomenda tratamento diverso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 40 29 /2 01 5- 32 Fl. 1635DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.636 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a solicitação de diligência. No mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer a dedução das despesas financeiras no montante de R$ 2.942.579,52, no anocalendário de 2010; R$ 9.617.313,07; no anocalendário de 2011 e R$ 1.070.736,10; no anocalendário de 2012. Vencidos os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Eduardo Morgado Rodrigues, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira e Demetrius Nichele Macei que votaram por darlhe provimento integralmente. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.637 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela recorrente acima identificada em face de decisão exarada pela 10ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE) em sessão de 06 de junho de 2016 (fls. 1597/1611), que julgou a impugnação improcedente. Adoto, em sua integralidade, o relatório do Acórdão de Impugnação nº 02 68.811, proferido pela 4ª Turma da DRJ/BHE, além de tecer as atualizações processuais pertinentes: "DA AUTUAÇÃO Tratase de procedimento fiscal instaurado com fulcro no Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal TDPF n° 09.1.01.002015002610, tendo sido verificado por amostragens, o cumprimento das obrigações tributárias relativas ao IRPJ e CSLL, do anocalendário de 2010 e 2011, resultando na lavratura dos autos de infração especificados a seguir, em valores consolidados em 02/12/2015: PROCESSO DOCUMENTO TRIBUTO VALOR 10980.724029/201532 Auto de Infração IRPJ R$ 25.474.292,13 10980.724029/201532 Auto de Infração CSLL R$ 9.159.739,45 Todos os procedimentos da Fiscalização encontramse detalhadamente descritos no Termo de Verificação Fiscal de fls. 1.313/1.347, a partir do qual se extrai de forma resumida os principais pontos discriminados a seguir. Após análise dos documentos apresentados pelo autuado em atendimento às intimações, constatouse que: • A autuada contabilizou despesas referentes a juros incorridos em empréstimos obtidos sob a forma de emissão de debêntures, notas de créditos industriais (NCI) e notas de créditos comerciais (NCC), emitidas em favor do Banco do Brasil em 2007. • A autuada registrou em sua contabilidade receitas referentes a empréstimos concedidos às empresas Copel Distribuição S/A e Centrais Elétricas do Rio Jordão ELEJOR. A partir dessas constatações foram identificadas as seguintes infrações: DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS Foi constatado que os recursos repassados à Copel Distribuição S/A, no empréstimo de fevereiro de 2007, tiveram origem na emissão de debêntures (4ª Emissão de Debêntures Simples) de 01/09/2006, com vencimento em 01/09/2011, e com incidência de juros remuneratórios de 104% da taxa de Depósitos Interfinanceiros de um dia DI over, pro rata temporis por dias úteis decorridos. Essa mesma taxa de juros incidiu sobre o empréstimo efetuado à Copel Distribuição S/A. Fl. 1637DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.638 4 Antes do vencimento das debêntures citas acima, que ocorreria em 01/09/2011, a autuada emitiu em 19/08/2011 em favor do Banco do Brasil, a Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609, no valor de R$ 600.000.000,00 que teve como destino o pagamento da 4ª Emissão de Debêntures Simples. Foi definido nesta nota de crédito que incidiriam encargos financeiros de 109,41% por cento da taxa média dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI). Além disso, o contribuinte assumiu as despesas referentes à comissão e IOF, de R$ 7.932.478,27 e R$ 11.259.000,00, respectivamente, com a emissão desta nota de crédito, despesas que foram escrituradas em agosto de 2011 e não foram repassadas à Copel Distribuição S/A. Logo estas despesas de R$ 7.932.478,27 e R$ 11.259.000.00 não são dedutíveis para fins de IRPJ e CSLL. DESPESAS FINANCEIRAS NÃO DEDUTÍVEIS Empréstimo concedido à Copel Distribuição S/A. A Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609, no valor de R$ 600.000.000,00 foi assinada em 19/08/2011 e a 4ª Emissão de Debêntures Simples venceu em 01/09/2011, logo os juros incidentes sobre a nota de crédito da data de sua assinatura até o vencimento das debêntures não são dedutíveis para fins de IRPJ e CSLL, já que a finalidade da NCI n° 330.600.609 foi para o pagamento das debêntures e neste período houve a incidência de juros sobre esta nota de crédito industrial e sobre as debêntures. Conforme consta na planilha contendo o cálculo de juros diário, o valor total da despesa financeira do período de 19/08/2011 a 30/08/2011 foi de R$ 2.439.816.00. O cálculo dos juros do anocalendário de 2011 incidentes sobre o mútuo encontrase no demonstrativo apresentado pelo contribuinte em atendimento ao item 4 do Termo de Intimação Fiscal n° 01 (Planilha Mútuo da COPEL DIS). Para os meses de setembro a dezembro de 2011 a Fiscalização calculou os valores das despesas com juros aplicando a mesma taxa de juros incidente sobre a Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609 (109,41% do CDI) sobre os valores que constam na coluna "PRINCIPAL COM ENCARGOS" e constatou que as receitas financeiras que constam na coluna "CÁLCULO DO CDI (104%) VALOR" são inferiores ao da Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609 de R$ 600.000.000,00 (teve como destino o pagamento da 4ª Emissão de Debêntures Simples). Sendo assim, a Fiscalização concluiu que o contribuinte apurou para os meses de setembro a dezembro de 2011 despesas financeiras decorrentes da Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609 superiores as receitas financeiras obtidas com o mútuo de dinheiro com a Copel Distribuição S/A. Conseqüentemente, a diferença não é dedutível para fins de apuração de IRPJ e CSLL. O contribuinte apresentou um demonstrativo com o cálculo das receitas financeiras incidentes sobre o mútuo em que a taxa de juros utilizada foi de 109,41% do CDI, idêntica à taxa da Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609, mas neste demonstrativo não contempla o período de 01 de janeiro de 2012 a 22 de fevereiro de 2012. Com a finalidade de verificar se as receitas financeiras do período faltante foram calculadas com base na taxa de 109,41% do CDI, foi utilizado o demonstrativo "PLANILHA DE CONTROLE MÚTUO DIS EM 2011" (apresentado em atendimento ao item 4 do Termo de Intimação Fiscal n° 01) e foram complementadas as colunas "IOF A SER COLHIDO VALOR" e "CÁLCULO DO CDI (104%) VALOR" utilizando os valores que constam na conta contábil 0001215400 MUTUO EMPRESAS DO GRUPO dos meses de Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.639 5 janeiro e fevereiro de 2012. O valor da coluna "PRINCIPAL COM ENCARGOS" do mês de janeiro de 2012 foi obtido somandose o valor de dezembro de 2011 que consta nesta mesma coluna com o valor da coluna "CÁLCULO DO CDI (104%) VALOR" deste mesmo mês mais o valor da coluna "IOF A SER COLHIDO VALOR" do mês de janeiro de 2012. O mesmo procedimento foi utilizado para o mês de fevereiro de 2012. Os percentuais da coluna "CÁLCULO DO CDI (109,41%)" foram obtidos através do cálculo da taxa média dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDI) e que foi calculada através do sítio da Cetip (www.cetip.com.br) Nos meses de janeiro e fevereiro de 2012 foi constatado também que as despesas financeiras decorrentes da Nota de Crédito Industrial n° 330.600.609 são superiores as receitas financeiras obtidas com o mútuo de dinheiro com a Copel Distribuição S/A, o que são não dedutíveis para fins de IRPJ e CSLL. Conseqüentemente, a diferença não é dedutível para fins de apuração de IRPJ e CSLL. No TVF (fl. 1.320) encontrase o demonstrativo das diferenças entre receitas e despesas financeiras apuradas, nos meses de setembro a dezembro de 2011 e janeiro e fevereiro de 2012, referente ao mútuo com a Copel Distribuição S/A. Empréstimo concedido à Centrais Elétricas do Rio Jordão ELEJOR A Fiscalização efetuou os cálculos das receitas financeiras efetivas decorrentes do mútuo concedido a Elejor. Comparou as receitas financeiras efetivas com os custos financeiros considerando a taxa de juros da Nota de Crédito Industrial n° 300.600.132 de 106,2% (cento e seis e dois décimos por cento) do CDI, que possui a menor taxa de juros entre todas as notas de crédito, e foi constatado que os custos financeiros são superiores as receitas financeiras efetivas recebidas pela autuada decorrente do mútuo de dinheiro com a Centrais Elétricas do Rio Jordão Elejor. No TVF (fl. 1.323) consta o demonstrativo especificando as referidas diferenças entre as receitas financeiras efetivas e o custo financeiro do NCI 300.600.132. No TVF (fl. 1.324) consta o demonstrativo anual das despesas não necessárias e despesas financeiras não dedutíveis apuradas pela fiscalização. MULTA ISOLADA Foi efetuada a recomposição da base de cálculo mensal das estimativas de IRPJ e CSLL e comparada com os valores efetivamente declarados em DIPJ, conforme demonstrativos 3 e 4 anexos a este TVF. Sobre as diferenças foram aplicamos a multa isolada de 50% (cinquenta por cento) prevista no artigo 44, inciso II, da Lei 9.430/1996. Todos os cálculos constam no Demonstrativo 5 anexo a este Termo de Verificação Fiscal. COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE PREJUÍZOS OPERACIONAIS COM RESULTADO DA ATIVIDADE GERAL A autuada compensou prejuízos operacionais em montante superior ao saldo desse prejuízo, conforme detalhamento nos demonstrativos de apuração e Termo de Verificação Fiscal n° 02. DA IMPUGNAÇÃO Fl. 1639DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.640 6 Inconformado com as imputações acima, o Impugnante apresentou defesa ao lançamento, em 04/01/2016, com as seguintes teses defensivas: DOS FATOS Captação por meio da 4ª Emissão de Debêntures e a destinação integral dos recursos para refinanciamento de captações anteriores · A captação de R$ 600 milhões através da 4ª Emissão de Debêntures em 01/09/2006, com vencimento em 01/09/2011, objetivou reduzir despesas financeiras por meio de refinanciamento. · Na Escritura Particular da 4ª Emissão de Debêntures Simples, cláusula 3.8, evidenciou a destinação certa dos recursos, que foi a liquidação financeira de emissões anteriores de debêntures que venceriam em 01/02/2007 e 01/03/2007, conforme quadro de fl. 1.395. Assim o capital oriundo da 4ª Emissão de Debêntures foi destinado integralmente a refinanciamentos. · "Portanto, não é correto afirmar que o financiamento realizado pela contribuinte me favor de sua subsidiária, cerca de 4 meses depois, foi feito com recursos oriundos da 4ª Emissão de Debêntures, apesar de haver sido praticada a mesma taxa de juros,..." Financiamento da Subsidiária Copel Distribuição · A Copel Distribuição é subsidiária integral da contribuinte, Copel Holding, e em janeiro de 2007 encontravase com necessidade de aporte financeiro, pois em fevereiro venceriam debêntures por ela emitidas em 2002. · A Copel Holding, "naquela oportunidade, tinha caixa suficiente para aportar em sua subsidiária, a mesma decidiu conceder o aporte de recursos em forma de mútuo a sua subsidiária nas mesmas condições e sua última captação, ou seja, a 104% da taxa DI, apesar de os recursos provenientes daquela captação já tivessem sido integralmente destinados ao alongamento do perfil da dívida (refinanciamento) conforme demonstrado acima". · O contrato previa que a Holding poderia disponibilizar até R$ 1.100.000.000,00. O contrato tinha vigência pelo prazo de 5 anos. · Apesar da similaridade entre as taxas da última captação de recursos pela Holding e a taxa do mútuo concedido a Subsidiária, nunca houve uma relação direta nem absoluta entre os recursos captados pela Copel Holding e, setembro/2006 e o mútuo realizado pela Copel DIS cerca de 6 meses após. Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.641 7 · Ainda que houvesse exata concomitância entre as operações e não há, como exposto não haveria qualquer diferença financeira a apurar, já que a remuneração praticada no financiamento da subsidiária foi a mesma da emissão de debêntures da holding. Formalização de contratos entre partes relacionadas submissão à análise e aprovação da Agência Reguladora ANEEL · As empresas do setor elétrico são submetidas a rígido controle regulatório por parte da ANEEL, de forma que qualquer negócio entre partes relacionadas, deve ser submetido a análise e aprovação da ANEEL. Captação por meio da Nota de Crédito industrial n° 330.600609 · A captação de recursos da 4ª Emissão de debêntures, que venceria em 01/09/2011, objetivou quitar compromissos anteriores e não emprestar a outrem. · A destinação dos recursos oriundos da referida Nota de Crédito foi o resgate da 4ª Emissão de Debêntures. · A captação de recursos por meio da referida Nota de Crédito, assim como a 4ª Emissão de Debêntures, não tiveram qualquer relação com o financiamento concedido a sua subsidiária, cerca de quatro anos e meio antes. Rolagem de mútuo da subsidiária Copel Dis · Em janeiro/2012, próximo ao vencimento do mútuo concedido em fevereiro/2007 à subsidiária Copel DIS, as partes realizaram a rolagem da dívida mediante um novo Contrato de Mútuo de Dinheiro com Confissão de Dívida, em que a Holding emprestou R$ 800 milhões, efetivamente depositado em 23/02/2007, que deveria ser usado para quitação do mútuo anterior de 27/02/2007. · Nesse empréstimo foi praticada a taxa de 109,41% da variação dos CDIs, ou seja, exatamente a taxa praticada na última captação da Copel Holding. Contrato de mútuo entre Copel PAR e Centrais Elétricas do Rio Jordão ELEJOR · Em 07/04/2004, a Copel Participações S.A. (Copelpar), firmou contrato de mútuo pelo qual formalizou com a ELEJOR, o empréstimo da importância exata de R$ 107.514,879,60 em seis parcelas mensais de diversos valores, das quais duas já haviam sido realizadas (24/12/2003 e 26/01/2004) e, a última, deveria ser em 10/06/2004. De acordo com o parágrafo 3º da cláusula 1ª, o referido contrato se extinguiria quando a mutuária obtivesse outro financiamento, ao longo prazo, com BNDESPAR. Fl. 1641DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.642 8 · Em 09/12/2010, a Copel Holding incorporou a Copelpar e assumiu a dívida. Captação por meio da Nota de Crédito Industrial NCI 330.600.132 · Em 28/02/2007, a Copel Holding conseguiu uma captação no valor de R$ 231 milhões com o Banco do Brasil, a juros de 106,2% da taxa média dos CDIs, por meio da emissão da NCI supracitada. · Portanto, esta captação tampouco teve qualquer relação com o financiamento concedido a sua subsidiária e, muito menos, com o mútuo concedido a ELEJOR, mais de 3 anos antes, por outra subsidiária sua (Copelpar). DAS INFRAÇÕES APONTADAS NO TVF Despesas não necessárias · Reafirma que os recursos da 4ª Emissão de Debêntures não foram repassados a Copel DIS sob a forma de mútuo, portanto as despesas de emissão e IOF relativas a NCI 330.600.609 não devem ser arcadas pela Copel DIS, sendo, portanto dedutíveis na Copel Holding. Despesas financeiras não dedutíveis Glosa de R$ 2.439.8169.00 · Tratase de despesas financeiras decorrentes da diferença entre a data da captação da NCI 330.600.609, dia 19/08/2011, e data do vencimento da 4ª Emissão de Debêntures, dia 01/09/2011. · Essas despesas foram consideradas não necessárias pela fiscalização devido ao fato de que um empréstimo ter sido contraído 13 dias antes da data para quitação do anterior. · A Impugnante alega, em síntese, que não é possível ajustar a data da captação do recurso nessa monta, R$ 600 milhões, à data da quitação do outro empréstimo, principalmente em razão do elevado valor e dos inúmeros documentos necessários. · Acrescenta que a prudência determina que as providências para tal captação sejam iniciadas com alguns dias antecedência. Apontamento de diferenças entre o mútuo à subsidiária Copel DIS e a captação da Copel Holding por meio da NCI 330.600.609 Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.643 9 · Tratase de diferenças analisadas entre o primeiro mútuo concedido pela Holding à sua subsidiária Copel DIS, com taxa de juros de 104% da taxa DI e o valor da captação da NCI 330.600.609(109.41% do CDI). · Reafirma que os recursos oriundos da 4ª Emissão de Debêntures nada tem a ver com a emissão da NCI. Apontamento de diferenças entre o mútuo à ELEJOR e a captação da Holding por meio de NCI 330.600.132 · Reafirma que tratamse de recursos distintos e aplicações também distintas. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS · Alega que a autoridade fiscal baseouse em simples presunção de que as despesas apontadas na autuação não são necessárias, uma vez que entende não haver norma legal que vede a dedução de todas as despesas financeiras assumidas pela controladora e não transferidas integralmente nos empréstimos repassados às suas controladas. · Acrescenta que a Fiscalização não fez prova do vínculo entre o indício e fato gerador. · Ressalta a "ausência de concomitância" entre os empréstimos concedidos e as captações de recursos. · Explana sobre a conceituação de despesas necessárias e despesas financeiras sob o enfoque de despesas operacionais. DA NULIDADE PARCIAL DA AUTUAÇÃO · Afirma que o TDPF apresentou apenas o anocalendário de 2011 como período de apuração a ser fiscalizado. Posteriormente o período de apuração foi estendido para os anoscalendário 2010, 2012 e 2013, mas com menção expressa em termo de intimação apenas para o IRPJ, portanto não sendo estendido para a CSLL. DO CERCEAMENTO DE DEFESA · Alega que tentou inúmeras vezes , sem sucesso, acessar os dados do TDPF no sítio da Receita Federal por meio do código de acesso informado no TDPF, sendo assim entende que teve o seu direito de defesa cerceado por não ter tido acesso aos dados de ampliação do período de apuração do TDPF. DO PEDIDO DE PERÍCIA · Requer a produção de prova pericial, "objetivando conferir os cálculos da auditoria fiscal que, em razão de sua complexidade, não Fl. 1643DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.644 10 puderam ser decifrados para fins de validação ou impugnação, pela contribuinte". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte, quando da apreciação da referida defesa, julgou a Impugnação improcedente, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010, 2011 NULIDADE DO LANÇAMENTO Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das disposições contidas no art. 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se falar de nulidade do lançamento. NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA A ciência de Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal e do Termo de Verificação Fiscal com a descrição dos fatos que deram origem ao lançamento e o acesso a todos os elementos constantes do processo, aliados à demonstração do pleno conhecimento das irregularidades contestadas na impugnação apresentada afastam a conjectura de cerceamento do direito de defesa. PEDIDO DE PERÍCIA. NÃO FORMULADO Considerase não formulado o pedido de perícia quando não preenchidos os requisitos legais previstos para sua formulação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011 GLOSA DE DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS Se as despesas de juros com debêntures/empréstimos contraídos junto a terceiros são proporcionalmente maiores do que aqueles incidentes sobre empréstimos concedidos a pessoas ligadas, a diferença é considerada não necessária. ESTIMATIVAS MENSAIS. IRPJ. CSLL. RECOLHIMENTO. FALTA. MULTA ISOLADA. Constatado que o contribuinte efetuou recolhimento insuficiente das estimativas devidas, diante da glosa de despesas desnecessárias, correta é a exigência da multa isolada sobre a parcela inadimplida. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.645 11 Anocalendário: 2010, 2011 LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL O decidido para o lançamento de IRPJ estendese aos lançamentos decorrentes com os quais compartilha o mesmo fundamento de fato e para o qual não há outras razões de ordem jurídica que lhes recomenda tratamento diverso." DO RECURSO VOLUNTÁRIO Inconformada com a decisão, a Recorrente interpôs recurso voluntário, no qual apresenta as seguintes razões para a reforma do Acórdão de 1ª Instância: Preliminares · Em que pese a natural discordância da contribuinte em relação a decisão recorrida que dispôs que " o MPF (Mandado de Procedimento Fiscal) é mera formalidade e não seria imprescindível", a mesma abdica da controvérsia em razão de ter conseguido acesso ao TDPF/MPF, ainda que apenas semanas após o prazo da impugnação, pelo sistema da RFB. · Solicitação de produção de prova pericial objetivando conferir os cálculos da auditoria fiscal, que, em razão de sua complexidade, não puderam ser decifrados para fins de validação ou impugnação, pela contribuinte. Mérito · Não houve relação (exceto quanto aos índices utilizados) entre as captações da Holding e os mútuos concedidos por ela à sua subsidiária DIS e, muito menos, entre aquelas e o mútuo concedido pela COPELPAR à ELEJOR. · Verificase que o Auto de infração compara os empréstimos feitos à subsidiária DIS com captações efetuadas pela Controladora muito tempo depois, anos depois. Portanto, não se trata de repasses a controladas de captações efetuadas pela Controladora, como supôs a decisão recorrida, mas, o contrário: as captações efetuadas pela Controladora (e consideradas pela fiscalização para fins da autuação) foram efetuadas muito tempo após os empréstimos concedidos à subsidiária DIS. · No caso do mútuo concedido à Elejor a situação é ainda mais bizarra e complexa. Portanto, considerando a amplitude do caso, devidamente tratada na impugnação, rogase a consideração dos argumentos apresentados na mesma (item 2.2.3 p. 17/18 da impugnação). · Se o auto de infração tivesse considerado a relação entre as captações anteriores aos empréstimos (o que seria o natural) não haveria diferenças a apurar, já que os juros praticados nos empréstimos às concessionárias sempre eram os mesmos praticados na última captação da contribuinte. Fl. 1645DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.646 12 Voto Conselheiro Evandro Correa Dias, Relator. O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. Do Cerceamento de Defesa impossibilidade de acesso ao MPF A Recorrente abdica da controvérsia em razão de ter conseguido acesso ao TDPF/MPF, motivo pelo qual deixo de apreciar a questão. Da Produção de Provas e Realização de Perícia A Recorrente teve o seu pedido de produção de prova pericial como "não formulado" na decisão de 1ª Instância, contudo alega que o pedido foi expressamente formulado (item "c" dos requerimentos contidos na impugnação), nos seguinte termos: "c) especialmente a prova pericial, caso não sejam acolhidas as razões jurídicas com o fim de afastar o lançamento, objetivando conferir os cálculos da auditoria fiscal que, em razão de sua complexidade, não puderam ser decifrados para fins de validação ou impugnação, pela contribuinte." Ressalta que os números apresentados pela auditoria fiscal são de uma complexidade incomum. Como dito, tal complexidade não se deve à pouca destreza do relatório, mas à complexidade dos fatos, igualmente incomum, exigindo uma apresentação de números, baseados em tabelas, só compreensíveis com perfeição, de forma cabal, pelo próprio auditor que as elaborou. A Recorrente alega que "nesses casos, não há espaço nem oportunidade processual para a figura dos Embargos de Declaração nem para qualquer espécie de pedidos de esclarecimentos. Assim, o que resta ao contribuinte é aterse aos fatos gerais e ao direito, deixando a eventual discussão dos números para a remota hipótese de não ser cancelada a autuação". Data venha discordo das alegações da Recorrente, pois os cálculos e tabelas elaborados pela Autoridade Fiscal tiveram como insumo as informações prestadas pela Recorrente, e os procedimentos de cálculos efetuados encontramse descritos no Termo de Verificação. A Recorrente teria plenas condições de discutir os números apresentados pela Autoridade Fiscal e até mesmo apresentar os seus próprios cálculos, pois realiza operações de concessão e obtenção de recursos financeiros, possuindo conhecimento e metodologia para elaborar cálculos de juros ou discutir os cálculos elaborados pela autoridade fiscal. Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.647 13 Portanto não merece reparos a decisão de 1ª instância que considerou não atendidos os requisitos para sua formulação previstos no citado art. 16, inciso IV, § 1º, do Decreto nº 70.235, de 1972. Mérito A principal questão discutida é a necessidade, e, por conseguinte, a dedutibilidade, das despesas financeiras (juros incorridos, despesas com emissão de debêntures e IOF) incorridas e contabilizadas, decorrentes de empréstimos e financiamentos obtidos junto às instituições financeiras pelo interessado, os quais foram repassados às controladas/coligadas na forma de empréstimo resultando em despesas maiores que as receitas decorrentes destes empréstimos. O tratamento das despesas dedutíveis é previsto no art. 299 do RIR/1999, transcrito a seguir: “Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47). § 1° São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 1°). § 2° As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 2°).” Pelo exposto, constatase que, para serem dedutíveis, as despesas incorridas devem ser necessárias à atividade da empresa e à manutenção da sua fonte produtora. A rigor, não há óbice de uma pessoa jurídica contratar um empréstimo com terceiro, no caso, instituição financeira, e repassálo a empresas ligadas, desde que exija destas empresas os encargos financeiros em valor equivalente ao que terá que pagar ao terceiro. Todavia, As despesas financeiras relativas a empréstimos e financiamentos obtidos junto às instituições financeiras, e repassados às controladas/coligadas na forma de empréstimo gerando despesas financeiras maiores que as receitas oriundas desses empréstimos, não são despesas necessárias à atividade operacional do interessado. Daí a indedutibilidade destas despesas financeiras. Discutese ainda a questão das despesas não necessárias, referentes a encargos de IOF da segunda captação (NCI 330.600,609) que conforme a fiscalização deveriam ser suportados pelas subsidiária, e a questão dos 13 dias entre a emissão da Nota de Crédito Industrial NCI 300.600.609 (19/08/2011) e o vencimento da 4ª emissão de debêntures (01/09/2011), relativo à glosa de R$ 2.439.816. Em síntese, os fatos compreendidos pela fiscalização na autuação se limitaram a: Fl. 1647DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.648 14 (a) 3 captações da COPEL Holding: (b) 3 aportes feitos, em forma de mútuo, conforme segue: Ao contrário da argumentação da recorrente, há uma relação direta de objetivo entre as captações da COPEL Holding e os mútuos concedidos por ela à sua subsidiária COPEL DIS. Conforme verificase no contrato de mútuo, firmado em 18/01/2007 entre COPEL Holding e COPEL DIS, " Os recursos provenientes da MUTUANTE foram captados com a distribuição pública de debêntures simples, com data de emissão de 1° de setembro de 2006, incidindo juros remuneratórios correspondentes a 104% da taxa Depósito interfinanceiro de um dia — DI over, pro rata temporis por dias úteis decorridos. Conforme, a própria recorrente reconhece houve relação de objetivo entre a segunda captação da COPEL Holding (NCI 330.600.609) e sua primeira captação (4ª emissão de debêntures). Ou seja, a NCI foi emitida para quitar os compromisso da 4ª emissão de debêntures. Também houve relação de objetivo entre a segunda captação da COPEL DIS (R$800 milhões) e a sua primeira captação. Ou seja, a segunda teve, como objetivo, a quitação da primeira (conforme comprovante de quitação). Embora a recorrente não reconheça, é fato que no caso do mútuo concedido pela COPEL Holding à Holding DIS houve repasses dos recursos oriundo da 4ª emissão de debêntures, conforme contrato de mútuo firmado entre as referidas empresas. Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.649 15 Verificase também que o segundo contrato de mútuo realizado entre a Copel Holding e a Copel Dis foi possível devido a captação realizada por aquela empresa através da NCI 330.600.609. A recorrente alega ainda que se o auto de infração tivesse considerado a relação entre as captações anteriores aos empréstimos não haveria diferenças a apurar, já que os juros praticados nos empréstimos às concessionárias sempre eram os mesmos praticados na última captação. Verificase que essa afirmação é parcialmente incorreta, pois a captação e o mútuo não foram simultâneos e por esse motivo apurouse diferenças nos meses de setembro a fevereiro de 2012 relativo ao mútuo com a Copel Distribuição S/A, conforme demonstrativo a seguir. Visto a vinculação entre a captação da Copel Holding e o mútuo com a Copel Distribuição, os encargos de IOF da e despesas da segunda captação (NCI 330.600,609) deveriam ser suportados pelas subsidiária. Assim como os encargos da diferença de 13 dias entre a emissão da Nota de Crédito Industrial NCI 300.600.609 (19/08/2011) e o vencimento da 4ª emissão de debêntures (01/09/2011), relativo à glosa de R$ 2.439.816. A favor da recorrente não se verifica uma relação direta entre a captação realizada em 28/02/2007 pela COPEL Holding (que incorporou a extinta COPELPAR) e o contrato de mútuo firmado em 07/04/2004 entre COPELPAR e ELEJOR, portanto devem ser Fl. 1649DF CARF MF Processo nº 10980.724029/201532 Acórdão n.º 1402002.880 S1C4T2 Fl. 1.650 16 considerados dedutíveis integralmente as despesas com a captação da NCI 330.600.132 e excluídas da infração despesas financeiras não dedutíveis os seguintes valores. AnoCalendário Mútuo Elejor 2010 R$ 2,942.579,52 2011 R$ 9.617.313,07 2012 R$ 1.070.736,10 Conclusão Ante todo o exposto, voto no sentido de rejeitar a solicitação de diligência. No mérito, dar provimento parcial ao recurso voluntário. para restabelecer a dedução das despesas financeiras no montante de R$ 2.942.579,52, no anocalendário de 2010; R$ 9.617.313,07; no anocalendário de 2011 e R$ 1.070.736,10; no anocalendário de 2012. (assinado digitalmente) Evandro Correa Dias Fl. 1650DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.002492/2004-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 1999
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72.
Mera alegação de imprecisão e/ou erro na capitulação legal da infração cometida sem a devida construção fático-probatória, não tem o condão de anular o ato administrativo.
ARBITRAMENTO. INOCORRÊNCIA.
Por ser optante pelo Simples, a omissão de receitas, decorrentes de depósitos e créditos bancários não escriturados, corresponde à base de cálculo dos impostos e contribuições tributados pelo Sistema Simplificado, de acordo com o disposto no § 2°, do artigo 2°, da Lei n° 9.317/1996 combinado com o artigo 24, da Lei nº 9.249/1995. A autoridade fiscal, quando da lavratura do auto de infração, aplicou corretamente a legislação do Simples, relativamente ao ano-calendário de 1999.
PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. APLICABILIDADE.
A autoridade fiscal observou os dois pressupostos hábeis a legitimar a adoção da presunção de omissão de receitas prevista no artigo 42, da Lei nº 9.430/96: respeitou os limites legais ao individualizar os lançamentos considerados de origem não comprovada e intimou e reintimou o contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários.
PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. INAPLICABILIDADE.
Não é cabível a produção de prova pericial no caso concreto já que o contribuinte, em seus instrumentos de defesa, não cumpriu os requisitos constantes do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72.
Mera alegação de imprecisão e/ou erro na capitulação legal da infração cometida sem a devida construção fático-probatória, não tem o condão de anular o ato administrativo.
ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE.
A adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigos 529 a 539 do RIR).
Como houve a exclusão do contribuinte do regime tributário do Simples no ano-calendário 1999 e dada a falta de apresentação das obrigações acessórias solicitadas, é cabível o arbitramento do lucro no ano-calendário de 2000.
PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. APLICABILIDADE.
A autoridade fiscal observou os dois pressupostos hábeis a legitimar a adoção da presunção de omissão de receitas prevista no artigo 42, da Lei nº 9.430/96: respeitou os limites legais ao individualizar os lançamentos considerados de origem não comprovada e intimou e reintimou o contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários.
PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. INAPLICABILIDADE.
Não é cabível a produção de prova pericial no caso concreto já que o contribuinte, em seus instrumentos de defesa, não cumpriu os requisitos constantes do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 1201-002.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. Mera alegação de imprecisão e/ou erro na capitulação legal da infração cometida sem a devida construção fáticoprobatória, não tem o condão de anular o ato administrativo. ARBITRAMENTO. INOCORRÊNCIA. Por ser optante pelo Simples, a omissão de receitas, decorrentes de depósitos e créditos bancários não escriturados, corresponde à base de cálculo dos impostos e contribuições tributados pelo Sistema Simplificado, de acordo com o disposto no § 2°, do artigo 2°, da Lei n° 9.317/1996 combinado com o artigo 24, da Lei nº 9.249/1995. A autoridade fiscal, quando da lavratura do auto de infração, aplicou corretamente a legislação do Simples, relativamente ao anocalendário de 1999. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. APLICABILIDADE. A autoridade fiscal observou os dois pressupostos hábeis a legitimar a adoção da presunção de omissão de receitas prevista no artigo 42, da Lei nº 9.430/96: respeitou os limites legais ao individualizar os lançamentos considerados de origem não comprovada e intimou e reintimou o contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. INAPLICABILIDADE. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 5. 00 24 92 /2 00 4- 79 Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 3 2 Não é cabível a produção de prova pericial no caso concreto já que o contribuinte, em seus instrumentos de defesa, não cumpriu os requisitos constantes do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, nos termos dos artigos 10 e 59, ambos do Decreto nº 70.235/72. Mera alegação de imprecisão e/ou erro na capitulação legal da infração cometida sem a devida construção fáticoprobatória, não tem o condão de anular o ato administrativo. ARBITRAMENTO. POSSIBILIDADE. A adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigos 529 a 539 do RIR). Como houve a exclusão do contribuinte do regime tributário do Simples no anocalendário 1999 e dada a falta de apresentação das obrigações acessórias solicitadas, é cabível o arbitramento do lucro no anocalendário de 2000. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. APLICABILIDADE. A autoridade fiscal observou os dois pressupostos hábeis a legitimar a adoção da presunção de omissão de receitas prevista no artigo 42, da Lei nº 9.430/96: respeitou os limites legais ao individualizar os lançamentos considerados de origem não comprovada e intimou e reintimou o contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. INAPLICABILIDADE. Não é cabível a produção de prova pericial no caso concreto já que o contribuinte, em seus instrumentos de defesa, não cumpriu os requisitos constantes do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Fl. 933DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 4 3 Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli e Gisele Barra Bossa. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros José Carlos de Assis Guimarães e Rafael Gasparello Lima. Relatório 1. Por economia processual e por bem descrever os fatos, adoto como parte deste, o relatório constante da decisão de primeira instância: "Versa o presente processo sobre os Autos de Infração de fls. 345/381 (que têm como parte integrante o Termo de Constatação de Irregularidades de fls. 342/344), lavrados pela DRF/Nova Iguaçu, com ciência do interessado em 30/09/2004 (fls. 344, 355, 361, 367, 373 e 379), sendo exigidos do interessado o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) — SIMPLES no valor de R$218.495,58, a Contribuição Social (CSLL) — SIMPLES no valor de R$336.147,05, a Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) — SIMPLES no valor de R$218.495,58 , a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) — SIMPLES no valor de R$672.294,06 e a Contribuição para a Seguridade Social (INSS) — SIMPLES no valor de R$1.438.379,53, todos com multa de 75% e juros de mora. O crédito total lançado monta a R$7.488.722,47. 1. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS. Valores apurados conforme Termo de Constatação de Irregularidades de fls. 342/344. O enquadramento legal consta dos Autos de Infração. O interessado apresentou, em 28/10/2004, impugnação (fls. 390/487) alegando, em síntese, que: a exigência é nula, por desatender condições estabelecidas pela norma jurídica; no corpo do Auto de Infração deve constar a descrição do fato punível; possui todos os livros e documentos contábeis, que se encontram à disposição do Fisco; a realização de exame pericial, que ora requer, é indispensável; os lançamentos reflexos devem acompanhar a decisão do lançamento de IRPJ. Encerra solicitando o arquivamento do processo administrativo. É o relatório”. 2. Em sessão de 24 de agosto de 2006, a 3ª Turma da DRJ/RJO1, por unanimidade de votos, julgou procedentes os lançamentos, nos termos do voto do relator, Acórdão nº 1211.510 (fls. 504/508), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo: Fl. 934DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 5 4 “ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ. Anocalendário: 1999 Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente e em consonância com o que preceituam os artigos 142, do CTN, e 10 e 59, do PAF. PEDIDO DE PERÍCIA. A impugnação deve, necessariamente, mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. O contribuinte não pode se eximir do ônus da prova mediante solicitação de perícia. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. O lançamento se consolida administrativamente no que se refere à matéria não impugnada, considerandose como tal a matéria que não tenha sido expressamente contestada. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1999 Ementa: TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Aplicase à exigência reflexa o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e de efeito que os vincula. Lançamento Procedente" 3. A DRJ/RJO1 não acatou os argumentos da Recorrente, em síntese, sob os seguintes fundamentos: 3.1. O lançamento foi efetuado com observância dos requisitos do artigo 142, do Código Tributário Nacional. O interessado foi regularmente intimado, tendo recebido cópia do lançamento onde a infração que lhe foi imputada encontrase descrita e capitulada. 3.2. Quanto ao pedido de perícia, cabe observar que este não atende aos requisitos do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70.235/72, por ter caráter genérico, sem os motivos que a justifiquem, sem a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados e sem a indicação do nome, endereço e da qualificação profissional do perito. 3.3. Como visto no relatório, o lançamento foi efetuado em virtude de ter a fiscalização apurado omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários não escriturados. A fiscalização aponta que o contribuinte não apresentou os livros e os documentos solicitados (fls. 333) e que o Banco BCN apresentou os extratos bancários das contas correntes mantidas pelo contribuinte junto à referida instituição. Fl. 935DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 6 5 3.4. O contribuinte não comprovou a origem dos depósitos questionados pelo auditor fiscal, restando caracterizada a omissão de receitas, já que, com o advento da Lei nº 9.430/96, a existência de depósitos não escriturados ou de origem não comprovadas tornouse nova hipótese legal de presunção de omissão de receitas. 3.5. O contribuinte não apresentou qualquer argumento/documentação referente à infração que lhe foi imputada, considerando, portanto, não impugnada, conforme disposto no artigo 17, do Decreto nº 70.235/72. 3.6. Logo, considerando que o interessado não apresentou nenhum elemento de prova capaz de elidir o lançamento de IRPJ, ele é procedente. 3.7. Aplicase a exigência reflexa (PIS, COFINS e INSS) o mesmo tratamento ao lançamento matriz (regimes do simples para o anocalendário de 1999 e regime de tributação pelo lucro arbitrado para o anocalendário de 2000). 4. Cientificada da decisão (AR de 11/10/2006, fls. 534), a Recorrente interpôs inúmeros Recursos Voluntários (fls. 540/652) em 08/11/2006, reiterando as razões já expostas em sede de impugnação (fls. 390/473) e centrou seu pedido para que seja anulado o auto de infração e, alternativamente, se mantido o lançamento, seja: desconsiderado o cálculo de crédito com base no arbitramento do lucro da empresa e que seja feita perícia para demonstração do adequado recolhimento dos tributos questionados. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora 5. O recurso é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. 6. Cumpre registrar que, o presente processo abrange os anoscalendário de 1999 e 2000. As razões de decidir que serão expostas em sede de preliminar e quando da análise do mérito, são aplicáveis a todo o período lançado. 7. As questões pontuais de cada um dos anos em análise serão tratadas observando as particularidades cabíveis, Simples, anocalendário de 1999 e arbitramento do lucro, anocalendário de 2000. Preliminares I. Da correta constituição do crédito tributário 8. Recorrente sustenta que não foram cumpridas as formalidades do auto de infração como determina o artigo 221, do Decretolei nº 05/75 e, portanto, o auto de infração deve ser anulado. 9. Contudo, a contribuinte limitouse dizer que "faltam elementos comprobatórios daquilo que se encontra supostamente materializado na peça impositiva", sem Fl. 936DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 7 6 apresentar documentação comprobatória da origem dos recebimentos, tampouco segregar e documentar tais situações fáticas onde teria ocorrido eventual imputação indevida de valores no auto de infração. 10. Nesse sentido, não acolho o argumento da Recorrente de que o lançamento está eivado de vícios, tampouco reconheço violação aos citados artigos 53, da Lei nº 9.784/99, 37, da Constituição Federal (CF/88), 109 e 110 do Código Tributário Nacional (CTN). 11. Do ponto de vista do processo administrativo fiscal federal, o Decreto nº 70.235/72 indica os casos de nulidade nos artigos 10 e 59, verbis: “Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.” “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta.” 12. No presente caso, não verifico qualquer nulidade formal na lavratura do auto de infração advinda da inobservância do disposto nos artigos 10 e 59, tampouco dos requisitos constantes do artigo 142 do Código Tributário Nacional. O contribuinte notoriamente compreendeu a imputação que lhe foi imposta e não teve seu direito de defesa cerceado. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 8 7 13. A constituição do crédito tributário foi feita de maneira correta, razão pela qual afasto a caracterização de nulidade. II. Da suposta violação dos princípios do contraditório, ampla defesa e legalidade 14. A Recorrente também alega o descumprimento de princípios constitucionais, quais sejam, princípio do contraditório e ampla defesa (artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal) e princípio da legalidade (artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal). 15. Não prosperam as alegações da Recorrente, visto que o auditor fiscal cuidou de respeitar o direito de defesa da contribuinte no curso do procedimento fiscalizatório e do processo administrativo. 16. O sujeito passivo foi intimado através do Termo de Início de Fiscalização com ciência em 31/07/2003, a apresentar (i) livros comerciais e fiscais relativos aos anoscalendário 1999 e 2000; (ii) notas fiscais de entrada e saída dos citados períodos; (iii) extratos bancários de todas as contascorrentes da empresa. Não ocorrendo a entrega dos documentos solicitados, o auditor fiscal efetuou nova intimação (fls. 15), com ciência em 11/09/2003. Todavia, não foram novamente atendidas as solicitações do autoridade fiscal. 17. Logo, é evidente que o agente fiscal, em mais de uma situação, empregou esforços para que a Recorrente pudesse exercer o seu direito de defesa antes da lavratura deste auto de infração, razão pela qual deixo de acolher os argumentos da contribuinte. Mérito I. Da possibilidade de arbitramento no caso concreto (anocalendário 2000) 18. Em que pese a Recorrente afirme a impossibilidade do arbitramento de lucro diante do desconhecimento da receita bruta, a autoridade fiscal, quando da lavratura do auto de infração, aplicou corretamente a legislação do regime tributário do Simples relativamente aos créditos tributários do anocalendário 1999 e o arbitramento do lucro para os créditos tributários do anocalendário de 2000. 19. Notase que, a adoção do regime de tributação pelo lucro arbitrado só é aplicável pela autoridade tributária quando a pessoa jurídica deixar de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido (artigo 530 do Regulamento de Imposto de Renda): “ Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: Fl. 938DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 9 8 a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior (art. 398); VI o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. 20. Considerando o caso concreto, pelo fato da Recorrente ser optante do Simples a autoridade fiscal corretamente aplicou os percentuais constantes da respectiva legislação relativamente ao anocalendário de 1999. Logo, não há que se falar em arbitramento do lucro dos créditos tributários apurados neste ano. 21. Contudo, com o lançamento dos créditos tributários do anocalendário de 1999, verificouse que a Recorrente deixou de possuir os requisitos necessários para se manter no referido regime tributário já que foi apurada a ocorrência de indícios de que a receita bruta do período alcançou o montante de R$ 28.343.692,00. Portanto, teria extrapolado o limite disposto na Lei nº 9.317/96, in verbis: “Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: I na condição de empresa de pequeno porte, que tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais);” “Art. 13. A exclusão mediante comunicação da pessoa jurídica darseá: II obrigatoriamente, quando: a) incorrer em qualquer das situações excludentes constantes do art. 9º” 22. Com efeito, conforme descrito pelo auditor fiscal às fls. 343, os tributos correspondentes a omissão de receitas no anocalendário de 2000 foram apurados por meio do arbitramento do lucro, conforme artigos 529 a 535 do RIR. 23. Portanto, diante da exclusão da Recorrente do regime de tributação do Simples no anocalendário de 1999 e da falta de entrega da documentação solicitada (fls. 333 e Fl. 939DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 10 9 Termo de Constatação de Irregularidades às fls. 342/344), pode a autoridade fiscal arbitrar o lucro da empresa no anocalendário de 2000. 24. Nesse sentido, é a Súmula CARF nº 77: "A possibilidade de discussão administrativa do Ato Declaratório Executivo (ADE) de exclusão do Simples não impede o lançamento de ofício dos créditos tributários devidos em face da exclusão". 25. Em vista do exposto, afasto o argumento da Recorrente e considero correta a capitulação legal dos fatos constantes da lavratura dos autos de infração relativamente aos anoscalendário de 1999 (Simples) e 2000 (lucro arbitrado). II. Do Ônus da Prova no caso de Omissão de Receitas 26. Nos termos do §1º, do artigo 7° e do artigo 18 da Lei n° 9.317/1996, deve o contribuinte optante pelo Simples escriturar ao menos o Livro Caixa com toda sua movimentação financeira inclusive bancária e guardar em boa ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações pertinentes, todos os documentos que serviram de suporte para esta escrituração, verbis: Art. 7°(..) § 1° A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária; b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada ano calendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração das livros referidas nas alíneas anteriores. (...) Art. 18. Aplicamse à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas. 27. Adicionalmente, os referidos artigos 18, da Lei nº 9.317/1996, 24 da Lei nº 9.249/1995 e 42, da Lei nº 9.430/96, não deixam dúvidas que a contribuinte está sujeita à presunção de omissão de receita existente na legislação do imposto de renda apurável com base em depósito bancário de origem não comprovada. 28. Importante consignar que, conforme dispõe a Súmula CARF nº 26: "A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada". Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 11 10 29. Portanto, basta ao fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origens não comprovadas para que se presuma, até prova em contrário, a cargo do contribuinte, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de presunção legal do tipo juris tantum e, portanto, cabe ao fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a omissão de rendimentos. 30. Vejam que, o aproveitamento dos dispositivos supra juntamente com a interpretação constante da Súmula CARF nº 26, devem observar os limites da lei. Não se trata de "cheque em branco" dado às autoridades fiscais para aplicar indistintamente tal presunção. 31. Assim, considero fundamental a observância de dois pressupostos para legitimar a adoção da presunção em questão: respeito aos limites legais constantes do artigo 42, da Lei nº 9.430/96, leiase individualização dos lançamentos considerados de origem não comprovada; e efetiva intimação do contribuinte para comprovar a origem dos depósitos bancários. 32. Primeiro, a autoridade deve cuidar de respeitar as disposições e limites constantes, do artigo 42, da Lei nº 9.430/96, verbis: " Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse 0 valor de R$ 80.000, 00 (oitenta mil reais)." 33. A partir da análise do dispositivo supra, o lançamento com base em depósito bancário de origem não comprovada tem validade apenas se a autoridade fiscal individualiza os depósitos que entende como não comprovados, para que, com base nessa segregação, o autuado se defenda e apresente provas. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 12 11 34. Nesse sentido, é o r. Acórdão nº 1302001.642, cuja ementa segue abaixo transcrita, verbis: "OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. INTIMAÇÃO PARA COMPROVAÇÃO POR VALORES GLOBAIS. FALTA DE INDIVIDUALIZAÇÃO DOS CRÉDITOS. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A ausência de intimação que discrimine individualizadamente os créditos a serem comprovados, nos termos da lei, implica a improcedência do lançamento". (Processo nº 18471.001400/200736, Acórdão nº 1302001.642, 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária/ 1ª Seção, Sessão de 5 de fevereiro de 2015, Relator Waldir Veiga Rocha). (grifos nossos) 35. Da leitura do julgado em questão, fica claro o dever da autoridade fiscal de intimar regularmente o contribuinte para que esclareça a origem dos créditos bancários e de fazer constar da intimação a discriminação individualizada dos valores a serem comprovados. Tais deveres asseguram o direito dos contribuintes ao contraditório efetivo e a ampla defesa1, bem como convergem com o disposto no artigo 142, do CTN. 36. Toda a presunção, ainda que estabelecida em lei, deve ter relação entre o fato adotado como indiciário e sua consequência lógica, a fim de que se realize o primado básico de se partir de um fato conhecido para se provar um fato desconhecido. 37. Os indícios em questão decorrem de questões fáticas levantadas tanto pela autoridade fiscal, por meio de suas plataformas tecnológicas de dados, como pelo contribuinte, que legalmente intimado, deve fazer prova da origem dos créditos bancários recebidos e demonstrar a ocorrência de lançamentos em duplicidade e/ou que não correspondem às receitas tributáveis, como é o caso dos resgates, estornos e transferências entre contas do mesmo titular. 38. No presente caso, a douta autoridade fiscal cuidou de atender os dois pressupostos hábeis a legitimar a presunção de omissão de receitas dos créditos bancários de origem não comprovada. 1 Lei nº 13.105/2015 Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Lei nº 9.784/1999 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 13 12 39. A contribuinte foi intimada em 31/07/2003 a apresentar, relativamente ao anocalendário 1999 e 2000, entre outros documentos, o Livro Caixa ou Livros Diário e Razão e extratos de todas as contas bancárias mantidas pela empresa (fl. 09). Diante do não atendimento, esta solicitação foi reiterada por meio do Termo de Intimação, cientificado em 11/09/2003 (fl. 15). A Recorrente informou a impossibilidade de entrega da documentação solicitada pelo extraio dos mesmo, conforme declaração de fls. 333. 40. Entretanto, transcorrido o prazo legal, a intimação não foi atendida, permanecendo sem justificativa e comprovação a origem dos recursos movimentados pela empresa nos anoscalendário de 1999 e 2000, o que levou à lavratura dos autos de infração. 41. Adicionalmente, vale mencionar que a contribuinte também não justificou e comprovou a origem dos recursos em seus instrumentos de defesa de fls. 390/473 (Impugnações) e fls. 540/652 (Recursos Voluntários). 42. Importante ressaltar que não se está tributando os depósitos e créditos bancários ou que sejam esses os fatos geradores do imposto de renda e dos demais tributos abrangidos pelo Simples. Tributase sim, a importância financeira creditada em beneficio da Recorrente que, pelo fato de não estar escriturada, declarada ou justificada, deve ser considerada receita omitida, segundo a legislação acima reproduzida, respeitados os pressupostos da própria lei. 43. Diante da presunção legal de que esse montante na verdade se origina de receita tributável auferida e não declarada, cabe ao contribuinte o ônus de comprovar a origem dos recursos. 44. Do exposto, considero irreparável r. condução do procedimento fiscalizatório que ensejou a lavratura dos autos de infração e a condução do processo administrativo fiscal no tocante à aplicação da presunção de omissão de receitas constante do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Assim sendo, não acolho o pedido da Recorrente e entendo satisfatórias as provas apresentadas pela autoridade fiscal. III. Da suposta necessidade de perícia 45. Outro argumento trazido pela Recorrente é a necessidade exame pericial contábil como direito à ampla defesa e contraditório resguardado pelo artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal. 46. Com relação ao referido pedido, e concordando com o acórdão da r. DRJ, cabe observar que este não atende aos requisitos do inciso IV, do artigo 16, do Decreto nº 70. 235/72: “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. Fl. 943DF CARF MF Processo nº 10735.002492/200479 Acórdão n.º 1201002.028 S1C2T1 Fl. 14 13 § 1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16.” 47. Em análise aos Recursos Voluntários apresentados, verificase que o pedido em questão foi elaborado de forma genérica, sem os motivos que o justifiquem, sem a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados e sem a indicação e qualificação do perito. Portanto, desconsidero este pleito com base no §1º, do artigo 16, do Decreto nº 70. 235/72. 48. No mais, o próprio inciso III, do artigo 16, do mencionado Decreto, consigna que o instrumento de defesa deve mencionar "os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir". A formulação de pedidos genéricos sem a devida motivação acaba, por si só, afastando a necessidade, cabimento e adequação da prova que se pretende produzir. 49. Portanto, não acolho o pedido da Recorrente quanto à produção de prova pericial. 50. Dada a ausência de questionamento em sede de Recurso Voluntário (fls. fls. 540/652), considero incontroversa a tributação reflexa relativamente aos anoscalendário de 1999 e 2000. Conclusão 51. Diante do exposto, VOTO por CONHECER do RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 944DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.901865/2009-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO.
As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurando-se a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância.
Numero da decisão: 1302-002.603
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2002 MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurando-se a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância.
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IRPJ. ATIVIDADE HOSPITALAR. Recorrente LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA E CITOPATOLOGIA S/S LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. APRESENTAÇÃO EM RECURSO AO CARF. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede de manifestação de inconformidade não podem ser deduzidas em recurso ao CARF em razão da perda da faculdade processual de seu exercício, configurandose a preclusão consumativa, a par de representar, se admitida, indevida supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Lizandro Rodrigues de Sousa (suplente convocado) e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 90 18 65 /2 00 9- 72 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso apresentado em relação ao Acórdão nº 1431.921, proferido pela 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo, e cuja ementa é a seguinte: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional." O sujeito passivo apresentou o Pedido Eletrônico de Restituição/Declaração de Compensação (PER/DComp) nº 09698.81022.160106.1.3.042763, por meio do qual compensa suposto crédito de sua titularidade, referente a pagamento indevido ou a maior a título de IRPJ, período de apuração de setembro de 2002, com débito(s) relativo(s) à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) , período de apuração de dezembro de 2005. Por meio do Despacho Decisório a citada compensação não foi homologada, por inexistência do alegado crédito. Foi apresentada Manifestação de Inconformidade, na qual o sujeito passivo se limita a alegar a existência do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) que embasaria o crédito compensado via PER/Dcomp. O Acórdão recorrido entendeu que não foram comprovadas a liquidez e certeza necessárias para haver o reconhecimento do direito creditório. Regularmente intimado, o sujeito passivo apresentou Recurso Voluntário, por meio do qual sustenta que: a) o motivo da compensação pelo contribuinte é o desenvolvimento de atividade hospitalar; b) o Fisco, ao homologar várias compensações promovidas sob os mesmos fundamentos, reconheceu o direito da Recorrente à aplicação da alíquota de 8% incidente sobre a receita bruta na apuração do IRPJ sobre o lucro Presumido; Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 4 3 c) a Recorrente está cadastrada sob a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) 8640202 "Laboratórios clínicos"; d) tal atividade corresponde à designada na atribuição 4, mencionada no art. 27, inciso II, da Instrução Normativa SRF nº 539, de 25 de abril de 2005, que, por sua vez, reportase à Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), parte II, subitem 2.1, atribuição 4, tópico 4.4, "Anatomia patológica e citopatologia"; e) à luz dos documentos apresentados, a Recorrente atende à legislação relativa à definição de "serviços hospitalares"; f) o Acórdão recorrido "contraria as conclusões de procedimento fiscal realizado pela própria Receita Federal (Termo de Verificação Fiscal nº 0810500200700032 2), no qual se reconheceu que a Recorrente atende às exigências legais e regulamentares concernentes à referida condição e, portanto, faz jus ao percentual diferenciado para apuração do lucro presumido na prestação de seus serviços"; g) a exigência do Fisco de exigir estrutura permanente e de funcionamento ininterrupto para atender casos de internação de pacientes é ilegal e inconstitucional; h) eventuais dúvidas foram dissipadas com a edição de Instruções Normativas, da Solução de Divergência nº 11, de 21 de julho de 2003, e do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 18, de 23 de outubro de 2003, que considerou "serviços hospitalares" aqueles prestados por pessoas jurídicas diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução, dentre outras atividades, da relativa à anatomia patológica; i) igualmente, considerarseia serviços hospitalares os prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde constituídos por empresários ou sociedades empresárias, cujos serviços sejam prestados não apenas pelos sócios, mas provenham de uma atividade empresarial (organização de fatores intelectuais e materiais visando ao lucro); j) apenas nos casos em que a receita provém, unicamente, do trabalho intelectual e pessoa dos sócios, o percentual aplicável será o de 32%; k) as Instruções Normativas que regulamentaram a matéria em comento acabaram por imputar requisitos subjetivos contrários ao art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; l) ainda assim, a estrutura da Recorrente atende a todas as normas acima referidas, conforme citado Termo de Verificação Fiscal; m) o Superior Tribunal de Justiça, por meio do julgamento do REsp nº 1.141.299/SC, consolidou o seu posicionamento no sentido de que os arts. 15, §1º, III, "a", e 20, da Lei nº 9.249, de 1995, explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços prestados, e não no contribuinte que os executa; n) por fim, requer que, para contrapor fatos trazidos na decisão combatida, por ocasião do julgamento do recurso voluntário, sejam requisitadas informações ou cópias do Termo de Verificação Fiscal nº 08105002007000322 / DRF Presidente Prudente (SP). É o Relatório. Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.563, de 22.02.2017, proferido no julgamento do processo nº 10835.901867/200961, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.563): O sujeito passivo foi cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 30 de março de 2011 (fl. 23), tendo apresentado recurso em 27 de abril de 2011 (fls. 24 a 56), dentro, portanto, do prazo de 30 (trinta) dias previsto no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, aplicável por força do art. 74, §§10 e 11, da Lei nº 9.430, de 27 de março de 1996. O Recurso é assinado por sócioadministrador, com poder de representação, conforme fls. 48 a 55. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, inciso I, e Art. 7º do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Ocorre que o cotejo entre a manifestação de inconformidade apresentada pelo sujeito passivo (fl. 11) e o recurso ora tratado permite a constatação de que todas as matérias contidas neste último apelo não foram trazidas naquela primeira peça. Nos termos da legislação de regência do processo administrativo fiscal, a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento, devendo dela constar todos os motivos de fato e de direito em que se fundamentam os pontos de discordância e as razões e provas das alegações (arts. 14 e 16 do Decreto nº 70.235, de 1972). Ou seja, é nesse instante em que se delimita a matéria objeto do contencioso administrativo, não sendo admitido ao contribuinte e à autoridade ad quem tratar de matéria não questionada por ocasião da impugnação, sob pena de supressão de instância e violação ao princípio do devido processo legal. Admitemse, contudo, algumas exceções à essa regra de preclusão consumativa. Em primeiro lugar, são admitidas as provas apresentadas em momento posterior, desde que presente alguma das hipóteses trazidas pelo §4º do referido art. 16 do Decreto nº 770.235, de 1972 (impossibilidade de apresentação oportuna, por motivo de força maior; fato ou direito superveniente; contraposição de fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos). Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 6 5 A par disso, também são excepcionadas as matérias que possam ser conhecidas de ofício pelo julgador, a exemplo das matérias de ordem pública. Todas as conclusões acima expostas em relação à impugnação são aplicáveis à manifestação de inconformidade contra a não homologação de compensação, em decorrência do art. 74, §§9º e 11, da Lei nº 9.430, de 27 de março de 1996. É patente que as matérias e provas trazidas no recurso de fls. 24 a 56 não se encaixam nas exceções acima tratadas, de modo que se torna imperioso o reconhecimento da preclusão do direito do Recorrente em trazêla aos autos neste momento, quando deveriam ter sido alegadas na manifestação de inconformidade. Tratando da preclusão consumativa, Fredie Didier Jr (Curso de Direito .Processual Civil, 18a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 1, p. 432) assim leciona: "A preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de essa faculdade ou esse poder já ter sido exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. A consumação do exercício do poder o extingue. Perdese o poder pelo exercício dele." É exatamente o caso dos presentes autos. Se o Recorrente se limitou, em sua Manifestação de Inconformidade, a alegar a existência do Darf que motivou a Declaração de Compensação, sem explicitar minimamente a composição do suposto crédito que ensejou a compensação, não pode, em sede de Recurso ao CARF, inovar completamente os seus argumentos de defesa, para traz matéria que poderia, e deveria, ter sido oposta naquele primeiro recurso. A questão se relaciona ainda com a extensão do efeito devolutivo dos recursos, sobre a qual o mesmo autor (Curso de Direito Processual Civil, 13a ed, Salvador: Ed. Juspodium, 2016. Vol. 3, p. 143) se manifesta nos seguintes termos: "A extensão do efeito devolutivo significa delimitar o que se submete, por força do recurso, ao julgamento do órgão ad quem. A extensão do efeito devolutivo determinase pela extensão da impugnação: tantum devolutum quantum apellatum. O recurso não devolve ao tribunal o conhecimento de matéria estranha ao âmbito do julgamento (decisão) a quo. Só é devolvido o conhecimento da matéria impugnada (art. 1.013, caput, CPC)." Há diversos precedentes, no âmbito de todas as Seções deste Conselho, bem como da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que concluem pelo reconhecimento da preclusão consumativa em relação às matérias não apreciadas pelo julgado a quo. Apenas para citar algumas mais recentes: "PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 7 6 incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Não ocorrência de tais hipóteses de exceção no caso concreto. Não se conhece de recurso voluntário que traz exclusivamente argumentos novos, não aventados na manifestação de inconformidade.Recurso Voluntário Não Conhecido." (Acórdão nº 1401002.047 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção, de 16 de agosto de 2017, Relatora Conselheira Lívia de Carli Germano) "ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem da não homologação de declaração de compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). MOMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão." (Acórdão nº 3401004.146 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção, de 24 de outubro de 2017, Relator Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco) "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE DE ANÁLISE DE NOVOS ARGUMENTOS E PROVAS EM SEDE RECURSAL. PRECLUSÃO. A manifestação de inconformidade e os recursos dirigidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais seguem o rito processual estabelecido no Decreto nº 70.235/72, além de suspenderem a exigibilidade do crédito tributário, conforme dispõem os §§ 4º e 5º da Instrução Normativa da RFB nº 1.300/2012.Os argumentos de defesa e as provas devem ser apresentados na manifestação de inconformidade interposta em face do despacho decisório de não homologação do pedido de compensação, precluindo o direito do Sujeito Passivo fazêlo posteriormente, salvo se demonstrada alguma das exceções previstas no art. 16, §§ 4º e 5º do Decreto nº 70.235/72." (Acórdão nº 9303005.208 3ª Turma, Câmara Superior de Recursos Fiscais, de 20 de junho de 2017, Relatora Conselheira Vanessa Marini Cecconello) Isto posto, voto pelo não conhecimento do recurso do sujeito passivo. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10835.901865/200972 Acórdão n.º 1302002.603 S1C3T2 Fl. 8 7 No presente processo a ciência da decisão de primeira instância deuse em 30 de março de 20111, e o recurso voluntário foi apresentado em 27 de abril de 2011. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.000836/98-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2009
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1995
Ementa: RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO DO IR
Tendo sido apresentados os comprovantes de retenção do imposto de renda e constando as retenções em DIRF, reconhece-se o direito creditório do saldo negativo do IR correspondente.
Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1995
Ementa:RESTITUIÇÃO. IRRF. DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS.
DECADÊNCIA.
Tratando-se de valor que foi devidamente retido conforme legislação vigente à época, e que era considerado como antecipação na situação descrita nos arts. 655 e 656, II, do RIR/99, e tendo o pedido sido formulado após cinco anos da data em que o valor do imposto de renda retido na fonte poderia ser
utilizado como antecipação e também após cinco anos da data em que a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre pagamento de dividendos deixou de existir, por disposição expressa no art. 10 da Lei 9.249/95, decaiu o direito de a contribuinte pleitear a restituição do imposto de renda retido na fonte sobre recebimento de dividendos, nos termos dos arts. 165, I e 168, I, do CTN.
Numero da decisão: 1402-000.070
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 2.650,78, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declara-se impedida a Conselheira Carmen Ferreira da Silva (Suplente Convocada)
Nome do relator: Albertina Silva Santos de Lima
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995 Ementa: RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO DO IR Tendo sido apresentados os comprovantes de retenção do imposto de renda e constando as retenções em DIRF, reconhece-se o direito creditório do saldo negativo do IR correspondente. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1995 Ementa:RESTITUIÇÃO. IRRF. DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS. DECADÊNCIA. Tratando-se de valor que foi devidamente retido conforme legislação vigente à época, e que era considerado como antecipação na situação descrita nos arts. 655 e 656, II, do RIR/99, e tendo o pedido sido formulado após cinco anos da data em que o valor do imposto de renda retido na fonte poderia ser utilizado como antecipação e também após cinco anos da data em que a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre pagamento de dividendos deixou de existir, por disposição expressa no art. 10 da Lei 9.249/95, decaiu o direito de a contribuinte pleitear a restituição do imposto de renda retido na fonte sobre recebimento de dividendos, nos termos dos arts. 165, I e 168, I, do CTN.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2010-03-29T19:15:55Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-03-29T19:15:54Z; Last-Modified: 2010-03-29T19:15:55Z; dcterms:modified: 2010-03-29T19:15:55Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2010-03-29T19:15:55Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-03-29T19:15:55Z; meta:save-date: 2010-03-29T19:15:55Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-03-29T19:15:55Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-03-29T19:15:54Z; created: 2010-03-29T19:15:54Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; Creation-Date: 2010-03-29T19:15:54Z; pdf:charsPerPage: 1846; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-03-29T19:15:54Z | Conteúdo => S1—C4T2 Fl. 357 V?;si\' • MINISTÉRIO DA F4 i A, CONSELHO AD1N;IngWATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO • Processo n° 13603.000836/98-17 Recurso n° 155.992 Voluntário Acórdão n° 1402-00.070 — 4" Câmara / r Turma Ordinária Sessão de 10 de dezembro de 2009 Matéria IRPJ - ANO-CALENDÁRIO: 1995 Recorrente DELP ENGENHARIA MECÂNICA LTDA Recorrida 4 TURMA/DRJ-BELO HORIZONTE/MG Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1995 Ementa: RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO DO IR Tendo sido apresentados os comprovantes de retenção do imposto de renda e constando as retenções em DIRF, reconhece-se o direito creditório do saldo negativo do IR correspondente. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1995 Ementa:RESTITUIÇÃO. IRRF. DISTRIBUIÇÃO DE DIVIDENDOS. DECADÊNCIA. Tratando-se de valor que foi devidamente retido conforme legislação vigente à época, e que era considerado como antecipação na situação descrita nos arts. 655 e 656, II, do RIR/99, e tendo o pedido sido formulado após cinco anos da data em que o valor do imposto de renda retido na fonte poderia ser utilizado como antecipação e também após cinco anos da data em que a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre pagamento de dividendos deixou de existir, por disposição expressa no art. 10 da Lei 9.249/95, decaiu o direito de a contribuinte pleitear a restituição do imposto de renda retido na fonte sobre recebimento de dividendos, nos termos dos arts. 165, I e 168, I, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 2.650,78, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Declara-se impedida a Conselheira Carmen Ferreira da Silva (Suplente Convocada). (j(( c- ALBERTINA S V • SANTOS D LIMA — Presidente e Relatora EDITADO EM § Participaram da presen e sessao e julgamento, os Conselheiros Albertina Silva Santos de Lima (Presidente), Ana de Barr s Fernandes (Suplente Convocada), Marcos Shigueo Takata (Suplente Convocado), José Ricardo da Silva (Suplente Convocado), Carmen Ferreira da Silva (Suplente Convocada) e Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira (Vice- Presidente). -Relatório Trata-se de recurso voluntário contra decisão que deferiu em parte pedido de restituição do saldo negativo do imposto de renda do ano-calendário de 1995/compensações, que ratificou o reconhecimento do direito creditório de R$ 34.973,83 em 31.12.95 já reconhecido no despacho decisório complementar do Delegado da DRF em Contagem — MG, de fls. 302/303 e não reconheceu o direito creditório de IRRF nos valores de R$ 3.077,78 retido pelo Banco do Brasil S/A, de R$ 885,73 retido pelo Banco Pontual e de R$ 135.320,11 (valor atualizado) retido pela Companhia Ferroligas Minas Gerais. Foram juntados ao presente, por anexação, os processos 13603.000157/2001- 87, 13603.002593/2002-71, 13603.002309/2002-67, 13603.002252/2002-04, 13603.002310/2002-91, 13603.002530/2002-15, 13603.002483/2001-18, em observância à Portaria SRF 6129/2005 (devem ser objeto de um único processo administrativo, as DCOMP que tenham por base o mesmo crédito). A decisão foi cientificada à contribuinte em 18.12.2006 (fl. 318) e o recurso foi apresentado em 09.01.2007. No recurso, a contribuinte argumenta que quanto ao valor de R$ 3.077,78 (retido pelo Banco do Brasil, relativo a 10/1995) e não homologado, houve um equívoco da autoridade administrativa que não o incluiu no reconhecimento do crédito, conforme se observaria do anexo II — demonstrativo IRRF/1995 elaborado por essa autoridade, bem como, houve equívoco em beneficio da recorrente, pois em dezembro de 1995 foi considerado como retido o valor de R$ 1.312,73 (Banco Pontual) e não o valor de R$ 885,73 que seria o correto. Requer a retificação dos valores apontados a título de créditos decorrentes de IRRF, retidos pelas instituições financeiras apontadas. Em relação ao crédito não reconhecido para fins de compensação relativo a IR retido na distribuição de dividendos realizada pela Cia. Ferroligas de Minas Gerais, no valor de R$ 135.320,11, no ano de 1995, argumenta o seguinte: a) antes de realizar esta compensação a recorrente apresentou consulta à Receita Federal explicando a situação em que se encontrava e como deveria proceder, sendo que em sua resposta, a SRRFO6 atestou a possibilidade da compensação/restituição dos valores retidos a título de imposto de renda, procedimento que foi adotado pela recorrente; b) explica que o acórdão partiu de interpretação restrita da resposta à Consulta, para negar o direito à compensação, decisão que não poderia prosperar sob pena de afronta ao princípio da segurança jurídica, da legalidade e da moralidade administrativa; II 2 Processo n° 13603.000836/98-17 S1-C4T2 Acórdão n.° 1402-00.070 Fl. 358 c) salienta que seria devido à época, o lRRF à alíquota de 15% sobre os valores distribuídos a título de dividendos a pessoas jurídicas, e ainda que estes valores poderiam ser compensados pela pessoa jurídica tributada com base no lucro real, com o imposto de renda devido quando da distribuição de dividendos (art. 655 do RIR199); d) o valor do IRRF sobre lucros e dividendos da pessoa jurídica, relativos aos períodos de apuração encerrados em 1994 e 1995, poderiam ser compensados com o imposto que a pessoa jurídica retivesse na distribuição, a seus sócios ou acionistas, de bonificações em dinheiro e outros interesses, inclusive com o retido sobre os valores pagos ou creditados a título de juros remuneratórios do capital próprio, o que incusive, foi regulamentados pela IN SRF 12/99, em seu art. 2'; e) entretanto, com o advento da lei 9.249/95 (art. 10 e § único), deixou de ser devido o imposto de renda sobre a distribuição de lucros e dividendos, com isso a recorrente restou detentora de saldo credor de imposto de renda relativo à distribuição de dividendos de 1995, cuja única alternativa para compensação, seriam débitos do imposto também incidente sobre a distribuição de lucros ou dividendos procedida pela recorrente, o que não ocorreu naquele período; f) como visto, somente até dezembro de 1995 perdurou a incidência do imposto de renda sobre distribuição de lucros e dividendos, conforme art. 10, da Lei 9.249/95; cessada a tributação sobre distribuição de dividendos à recorrente não se apresentou qualquer opção de compensação do saldo credor referido; g) em virtude da necessidade de compensar o citado crédito, e sem a autorização legal aparente que lhe viabilizasse qualquer procedimento neste sentido, pois, somente em 1999 foi editada a IN 12/99 trazendo mais esclarecimentos sobre a matéria, a recorrente formalizou a consulta administrativa (13603.000255/97-11 — renovação da consulta anteriormente efetuada, nos termos exigidos pelo § 13, do art. 48 da Lei 9.430/96), na qual indagou sobre a forma de se ressarcir o IRRF, sobre os recebimentos de dividendos no ano- calendário de 1995, em face das restrições impostas pela legislação, que demonstra a boa-fé da recorrente e a sua boa gestão, pois a mudança de critério jtirídico e a dúvida com relação à legislação apontada em direção a esta providência; h) amparado pela resposta à consulta que reconheceu tratar-se de imposto pago a maior ou indevidamente pela contribuinte, protocolizou pedido de restituição/compensação, que foi negado pela autoridade administrativa e também pela decisão de primeira instância que desconsiderou totalmente a resposta à consulta, por entender que o IR retido na distribuição de dividendos à requerente não era considerado indevido ou a maior, razão pela qual não poderia ser objeto de compensação/restituição; i) destaca que o entendimento do acórdão recorrido sobre a resposta à consulta feita pela recorrente foi restrito e indevido; entende que não pode a administração pública se furtar a honrar seus posicionamentos. Também discute a observância ao princípio da segurança jurídica, da legalidade e da moralidade, por entender que a atitude da Delegacia de Contagem e da 4a Turma da Delegacia de Julgamento de Belo Horizonte ao desconsiderarem as orientações constantes na resposta à consulta, atuaram em desconformidade com os princípios mencionados, razão pela qual entende que devem ser anuladas determinando-se o retorno dos autos para análise das compensações realizadas. Cita jurisprudência. (3 Transcrevo parte do relatório da solução de consulta: Trata-se de renovação de consulta feita na forma prevista no § 13, do art. 48 da Lei n° 9.430, de 27/12/96. A interessada formula consulta sobre a legislação do imposto de renda na fonte, expondo os fatos a seguir. Informa que possui valores a compensar, de imposto de renda retido na fonte, referentes à retenção sofrida sobre dividendos recebidos. Tais valores, conforme o disposto na Lei 9.049/94, art. 2°, serão considerados como antecipação, sujeita a correção monetária, compensável com o imposto de renda que a pessoa jurídica beneficiária, tributado com base no lucro real, tiver que recolher, relativo à distribuição de dividendos, bonificações, em dinheiro, lucros e outros interesses. Aduz a interessada que a Lei n° 9.249/95, em seu art. 10, estabeleceu que, a partir de 01/01/96, os lucros e dividendos, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa fisica ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Acrescenta ainda a consulente que não possui mais lucros distribuíveis sujeitos à incidência do imposto, e que os seus lucros gerados a partir de 01/01/96 não se sujeitam mais à tributação, conforme a Lei n° 9.249/95, que extinguiu tal incidência. Pelo exposto, formula sua consulta, indagando: 1) Como poderão ser recuperados os valores do imposto de renda retido na fonte acima referidos? 2) Poder-se-ia pedir a sua restituição? 3) Os valores do imposto de renda acima citados podem ser compensados com o imposto de renda devido? 4) Em caso positivo, como deve ser feita sua correção monetária e a partir de que data incidem juros SELIC? A conclusão foi a seguinte: I) o valor do imposto de renda incidente sobre dividendos recebidos pela pessoa jurídica tributada pelo lucro real, que não puder ser compensado com o imposto de renda retido sobre lucros ou dividendos tributáveis na distribuição, face à inexistência de tais lucros, em virtude de capitalização ou absorção de prejuízos, ou porque os referidos lucros ou dividendos não se acham mais sujeitos à incidência do imposto na distribuição, poderá ser compensado com o imposto de renda devido pela pessoa jurídica (conforme dispõe a IN SRF 139/89) ou pedida a sua restituição, com base no art. 66 da Lei n° 8383/91 e IN 67/92; 41ç, Processo n° 13603.000836/98-17 S1-C4T2 Acórdão n.° 1402-00.070 Fl. 359 2) a compensação ou a restituição será efetuada pelo valor do tributo corrigido monetariamente, sendo que, a partir de 01/01/96, a compensação ou restituição será acrescida de juros selic equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o mês anterior ao da compensação ou restituição, e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetivada, na frma da IN SRF 22/96, citada. É o relatório. Voto Conselheira, ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Relatora O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Está em litígio o reconhecimento de parte do saldo negativo do imposto de renda do ano-calendário de 1995, conforme detalhamento abaixo: a) Saldo negativo decorrente do IRRF que incidiu sobre rendimentos de aplicações financeiras pagos pelo Banco do Brasil no valor de R$ 3.077,78 do período de apuração do mês de outubro de 1995; b) correção do valor reconhecido relativo ao mês de dezembro referente ao imposto retido pelo Banco Pontual, que pelo demonstrativo de fls. 196, preparado pela autoridade administrativa foi considerado o valor retido de R$ 1.312,73, quando o correto seria R$ 885,73, que resultou em seu beneficio. Também está em discussão a restituição do IRRF sobre recebimento de dividendos, no valor de R$ 135.320,11. Pelo processo 13603.000157/2001-87, protocolizado em 25.01.2001, juntado ao presente processo, a contribuinte formalizou o pedido de restituição do IRRF de R$ 135.320,11, acompanhado de pedido de compensação do débito. O documento relativo a essa retenção é datado de maio de 1995 e apresenta o valor original de R$ 123.514,10 que com a atualização monetária até 31.12.95, alcança em R$ 135.320,11. A contribuinte apresentou DIRPJ retificadora do ano-calendário de 1995, onde incluiu esse valor na ficha 8, linha 14, da DIRPJ (fl. 129). As razões que levaram a Turma Julgadora a não deferir uma parte da solicitação são as seguintes: a) No que se refere aos valor do IRRF de R$ 3.077,78 retido pelo Banco do Brasil, sob o código 3426, aplicação financeira em renda fixa, constante na DIRF de 1995, fl. 305 e no comprovante, fl. 152, tal valor estaria contido no montante já reconhecido como direito creditório pela autoridade administrativa, conforme anexo II — demonstrativo de IRRF/1995, fl. 196, não cabendo razão à contribuinte; b) Em relação ao valor de IRRF de R$ 885,73 retido pelo Banco Pontual S/A, sob o código 3674 — Fundo de renda fixa, registrado na DIRF de 1995, fl. 306 e no /1 5 comprovante, fl. 149, também estaria contido no montante de R$ 1.312,73 já reconhecido como direito creditório pela autoridade preparadora, em conformidade com o anexo II — demonstrativo de IRRF/1995, fl. 196, não prevalecendo a alegação da defesa; c) Quanto ao valor de R$ 135.320,11 de IRRF incidente sobre dividendos recebidos em 1995 cita o art. 74 da Lei 9.430/96 para dizer que esta norma determina que a circunstância que deve ser considerada como antecedente necessário para o reconhecimento do direito creditório é o pagamento indevido ou maior que o devido. Salienta que os dividendos pagos a pessoas jurídicas estavam sujeitos à incidência do IRRF em 1995 (art. 2° da Lei 8.849/94, e art. 1° da Lei 9.064/95). O art. 10 da Lei 9.249/95, que regulou a matéria para o ano de 1996, não tem aplicação neste caso, uma vez que o fato gerador rege-se pela lei então vigente (art. 105 e art. 144 do CTN). Assim esse valor referente ao recebimento de dividendos foi regularmente retido em 1995. Da análise da decisão DISIT 10604.530/97 exarada no processo de consulta 13603.000255/97-11, bem como da legislação tributária ali mencionada depreendeu que o reconhecimento do direito creditório e a homologação da compensação têm como pressuposto fático a existência de crédito passível de restituição pelo pagamento do tributo indevido ou maior que o devido. Não haveria indébito, uma vez que o IRRF referente ao recebimento de dividendos foi regularmente retido no ano de 1995. Em relação ao litígio a que se refere a letra "a", constato que o valor do imposto retido pelo Banco do Brasil, a que se refere o informe de rendimentos de fls. 261, relativo ao mês de outubro de 1995 confirmado pela DIRF de fls. 305, efetivamente não consta do demonstrativo de fls. 196 elaborado pela autoridade administrativa. Também constato, em relação à letra "b", que para o mês de dezembro, as retenções do imposto de renda promovidas pelo Banco Pontual contidas no demonstrativo de fls. 196 montam no valor de R$ 1.312,73, quando para esse mês, deveria constar a retenção de imposto de renda de R$ 885,73, o que resultou no reconhecimento a maior no valor de R$ 427,00. A razão provável do equívoco da autoridade administrativa é a proximidade entre a linha relativa ao mês de 12/95 do informe de rendimentos e a linha relativa à totalização das retenções. Assim, deve ser reconhecido o direito creditório no valor correspondente à diferença entre R$ 3.077,78 e R$ 427,00, ou seja, de R$ 2.650,78. O último litígio refere-se ao não reconhecimento do direito creditório relativo ao imposto de renda retido em maio de 1995 que incidiu na distribuição de dividendos realizada pela Cia. Ferroligas de Minas Gerais no valor de R$ 123.514,10, de acordo com o informe de fls. 171, que conforme contabilizado no Razão da contribuinte (fl. 173) corresponde a R$ 135.320,11 em 31.12.95. Transcrevo os arts. 655 e 656 do RIR/99: Art.655.0s dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, relativos aos lucros apurados nos anos-calendário de 1994 e 1995, quando pagos ou creditados a pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no País, estão sujeitos à incidência do imposto na fonte à alíquota de quinze por cento (Lei n2 8.849, de 1994, art. 2 2, e Lei n2 9.064, de 1995, art. 12). Art.656.0 imposto descontado na forma do artigo anterior será (Lei n2 8.849, de 1994, art. 22, §12, e Lei n2 9.064, de 1995, art. 22): 6 Processo n° 13603.000836/98-17 S1-C4T2 Acórdão n.° 1402-00.070 Fl. 360 1-deduzido do imposto devido na declaração de ajuste anual do beneficiário pessoa física, assegurada a opção pela tributação exclusiva; II-considerado como antecipação, compensável com o imposto que a pessoa jurídica beneficiária, tributada com base no lucro real, tiver de recolher relativo à distribuição de dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses; 111-definitivo, nos demais casos. §1 2A compensação a que se refere o inciso II poderá ser efetuada com o imposto, que a pessoa jurídica tiver que recolher, relativo à retenção na fonte sobre a distribuição de lucros ou dividendos a beneficiário residente ou domiciliado no exterior (Lei n2 8.849, de 1994, art. 22, §22; e Lei n2 9.064, de 1995, art. §22A incidência prevista nesta Subseção alcança, exclusivamente, a distribuição de lucros apurados na escrituração comercial por pessoa jurídica tributada com base no lucro real (Lei n2 8.849, de 1994, art. 22, §42, e Lei n2 9.064, de 1995, art. 22). Pela Lei 9.249/95, a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre dividendos deixou de existir, a partir de janeiro de 1996, conforme caput do art. 10, abaixo transcrito: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. A Turma Julgadora concluiu que o imposto foi devidamente retido, conforme legislação então vigente, razão pela qual não poderia ser restituído. A contribuinte formalizou consulta, por meio do processo 13603.000255/97- 11, cuja cópia da solução encontra-se às fls. 263/269 e tem a data de 12/03/97, cujas partes principais foram reproduzidas no relatório acima. A retenção foi efetuada em maio de 1995. Ainda que a retenção tenha ocorrido em 31.05.95, em tese, a partir dessa data, esse valor já poderia ter sido considerado como antecipação, compensável com o imposto que a pessoa jurídica beneficiária, tivesse que recolher relativo à distribuição de dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses e essa possibilidade permaneceu até 31.12.95, pois, a partir de 01.01.96, em razão da edição do art. 10 da Lei 9.249/95, os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficaram sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integraram a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário. rfr 7 Posteriormente adveio a consulta que lhe foi favorável no sentido de que tal valor poderia ser compensado com o IRPJ, ou pedida sua restituição, com base no art. 66 da Lei 8.383/91 e 1N 67/92. Verifico pelo demonstrativo de fls. 4 do processo 13603.000157/2001-87, anexo ao presente, que a contribuinte baixou em abril de 98 o valor original de R$ 10.335,67 (16.001,68 com juros) e em maio de 98, o valor de R$ 7.279,79 (11.395,05 com juros), restando em 31.12.2000, o valor de R$ 117.704,65 (sem o acréscimo da selic). Assim, a princípio, apenas o valor de R$ 117.704,65 estaria disponível para restituição/compensação. Há uma preliminar que deve ser considerada, que é o fato do pedido de restituição ter sido formulado em 25.02.2001, após 5 anos da data em que o valor do imposto retido poderia ter sido utilizado como antecipação (a partir de 01.06.1995). Assim, prescreveu o direito de a contribuinte pleitear a restituição desse valor, em razão do disposto no art. 165, I e 168, I, do CTN. Deve-se registrar que não se trata de valor que deva se submeter à apuração do saldo negativo do imposto de renda do ano-calendário de 1995, pois trata-se de valor que foi devidamente retido conforme legislação vigente à época e que era considerado como antecipação na situação descrita nos arts. 655 e 656, II, do RIR199. Ainda que se considerasse que o pedido de restituição somente poderia ser formulado a partir de 01.01.96, uma vez que a partir da edição da Lei 9.249/95, art. 10, acima transcrito, a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre pagamento de dividendos deixou de existir, ainda assim, o prazo para a contribuinte pleitear a restituição está decaído, uma vez que o pedido somente foi formulado em 25.02.2001. i Portanto, não é cabível a restituição do valor pleiteado de R$ 135.320,11. Conseqüentemente, deixo de apreciar os demais argumentos contidos no recurso voluntário, por não serem necessários à solução da lide. , Do exposto, oriento meu voto para dar provimento parcial ao recurso para restituir o valor de R$ 2.650,78. 0....-- ALBERTINA SILk S NTOS LIMA , 8
score : 1.0
Numero do processo: 15586.001053/2007-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
NULIDADE
Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente cm consonância com a legislação de regência.
NULIDADE. SUJEITO PASSIVO.
A alegada conduta criminosa dos responsáveis solidários, que alegadamente se utilizaram indevidamente os nomes e CPF e falsificaram assinaturas dos sócios formais da autuada, não é causa de nulidade do auto de infração, pois não há que se falar em erro imputável à Receita Federal, mas, sim, em conduta criminosa de responsabilidade de outrem; cabe aos interessados, alegadamente lesados, processar judicialmente as pessoas que usaram seus nomes e assinaturas, para que assumam os débitos.
CERCEAMENTO DE DEFESA.
Com a impugnação se inicia o litígio, quando devem ser observados os princípios da ampla defesa e do contraditório.
DILIGÊNCIA. PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS.
O procedimento de diligência não visa coletar provas que o interessado tem por dever juntar aos autos, quando da apresentação da impugnação.
DILIGÊNCIA. PERÍCIA.
Rejeita-se o pedido de diligências ou perícias quando os elementos carreados aos autos são suficientes ao julgamento.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
DECADÊNCIA. TRIBUTOS.
O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito Tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos de dolo, fraude ou simulação.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA.
A multa de ofício é parte integrante da obrigação ou crédito tributário e, quando não extinta na data de seu vencimento, está sujeita à incidência de juros.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS.
E cabível a determinação do Imposto de Renda com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o interessado deixa de apresentar à autoridade tributária livros contábeis e fiscais.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO
Caracteriza-se como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados na operação.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA ENTRE CONTAS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA.
Os créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa jurídica não são considerados para efeito de determinação da receita omitida.
JUROS DE MORA. TAXA SELlC. NATUREZA.
A incidência dos juros de mora equivalentes à taxa SELIC decorre de lei.
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE
Não compete à autoridade administrativa declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade de lei.
MULTA QUALIFICADA.
Mantém-se a multa qualificada se não elididos os fatos que lhe deram causa.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL.
Aplica-se aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz em razão da relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1201-001.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos o Relator, que anulava os lançamentos por vício formal, e os Conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli e Eduardo Morgado Rodrigues, que anulavam os lançamentos por vício material. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Eva Maria Los.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
(assinado digitalmente)
Eva Maria Los - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues; ausente justificadamente Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: Relator
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NULIDADE. SUJEITO PASSIVO. A alegada conduta criminosa dos responsáveis solidários, que alegadamente se utilizaram indevidamente os nomes e CPF e falsificaram assinaturas dos sócios formais da autuada, não é causa de nulidade do auto de infração, pois não há que se falar em erro imputável à Receita Federal, mas, sim, em conduta criminosa de responsabilidade de outrem; cabe aos interessados, alegadamente lesados, processar judicialmente as pessoas que usaram seus nomes e assinaturas, para que assumam os débitos. CERCEAMENTO DE DEFESA. Com a impugnação se inicia o litígio, quando devem ser observados os princípios da ampla defesa e do contraditório. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. O procedimento de diligência não visa coletar provas que o interessado tem por dever juntar aos autos, quando da apresentação da impugnação. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Rejeitase o pedido de diligências ou perícias quando os elementos carreados aos autos são suficientes ao julgamento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001, 2002, 2003 DECADÊNCIA. TRIBUTOS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 10 53 /2 00 7- 66 Fl. 8306DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 3 2 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito Tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos de dolo, fraude ou simulação. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. A multa de ofício é parte integrante da obrigação ou crédito tributário e, quando não extinta na data de seu vencimento, está sujeita à incidência de juros. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001, 2002, 2003 ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS. E cabível a determinação do Imposto de Renda com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o interessado deixa de apresentar à autoridade tributária livros contábeis e fiscais. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO Caracterizase como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados na operação. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA ENTRE CONTAS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. Os créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa jurídica não são considerados para efeito de determinação da receita omitida. JUROS DE MORA. TAXA SELlC. NATUREZA. A incidência dos juros de mora equivalentes à taxa SELIC decorre de lei. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE Não compete à autoridade administrativa declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade de lei. MULTA QUALIFICADA. Mantémse a multa qualificada se não elididos os fatos que lhe deram causa. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL. Aplicase aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos o Relator, que anulava os lançamentos por vício formal, e os Conselheiros Luis Henrique Marotti Toselli e Eduardo Morgado Rodrigues, que anulavam os lançamentos por vício material. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Eva Maria Los. Fl. 8307DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 4 3 (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator (assinado digitalmente) Eva Maria Los Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, José Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues; ausente justificadamente Rafael Gasparello Lima. Relatório Peço vênia para a reprodução do relatório trazido pela Resolução nº 1202 000147– 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: “Trata o processo de lançamentos formalizados em Autos de Infração do IRPJ e seus reflexos na CSLL, no PIS e na Cofins, relativos aos anoscalendário de 2001, 2002 e 2003, com a aplicação da multa de ofício, no percentual qualificado de 150%, e dos juros de mora, com base na taxa Selic. De acordo com o Relatório Fiscal, de fls. 5682 a 5712, a movimentação financeira da autuada ocorreu em contas bancárias abertas em nome de interpostas pessoas, tendo o lucro da pessoa jurídica arbitrado face a não entrega, depois de regularmente intimada, dos livros e documentos contábeis e fiscais, tendo sido apurada a presunção da omissão de receitas pela existência de depósitos bancários sem origem comprovada (art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996). Foram lavrados Termos de Sujeição Passiva Solidária para as pessoas que detinham poder de gestão na empresa autuada e que Fl. 8308DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 5 4 tiveram interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, nos termos do art. 124, inciso I do CTN, fls.5670 a 5681: VERA LUCIA VALTER KROHLING CPF 777.132.90710 GABRIEL FRANCISCO KROHLING CPF 843.832.08720, ELISETE BARBOSA SCHUAB – CPF 832.980.45772 DEOCLÉCIO PERIM – CPF 652.730.01749 DÉCIO PERIM – CPF 478.320.70706 MÁXIMO BICALHO THEZOLIN CPF 007.967.15785 Na sequência, por bem retratar os fatos ocorridos, passo a transcrever o relatório do Acórdão nº 1223.172 da DRJ/Rio de Janeiro I, de fls. 6767 a 6801, o qual também passo a adotar: “9 Foram apresentadas impugnações que a seguir serão sintetizadas individualmente. 1 SÃO JORGE COMERCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA 10 Ciência do auto de infração: 18/12/2007 (fls. 5.758). Na impugnação protocolada em 16/01/2008 (fls. 5.766/5.784), o interessado, representado pelo Sr Aídes Ângelo de Paulo alega que: 11 o auto é nulo, pois ficou comprovado que os depósitos pertenciam a terceiros, evidenciando interposição de pessoa, portanto a determinação dos rendimentos ou receitas deveria ter sido efetuada em nome dos terceiros, na condição de efetivos titulares da conta, nos termos do § 5 °, do art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996; 12 os princípios constitucionais da legalidade, do contraditório e da ampla defesa foram violados, visto que no Termo de Intimação Fiscal (fls. 1445 a 1473) não foram relacionados, para efeito de determinação da receita omitida, diversos depósitos que serviram para a composição da base de cálculo do auto. Todavia, vê se na tabela de fls. 5709/5710 a existência de um somatório mensal de depósitos não constantes do termo de intimação fiscal, que integraram a base de cálculo para apuração dos tributos supostamente devidos. Cita alguns exemplos no parágrafo 18 de sua impugnação (fls. 5.772/5.773); 13 em várias ocasiões a auditora fiscal presumiu uma omissão de receita muito superior aos valores dos depósitos listados no termo de intimação, como exemplificado no anexo 3; Fl. 8309DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 6 5 14 a não discriminação dos depósitos no termo de intimação fiscal torna irregular a presunção da omissão de receita utilizada para a constituição do auto e a consequente declaração de nulidade; 15 o crédito tributário constituído em 18/12/2007 foi atingido pela decadência, nos termos dos artigos 142 e 150, § 4°, da Lei n° 5.172, de 25/10/1966 (CTN), pois se refere ao período de 01/01/2001 a 31/12/2003; Base de cálculo majoração 16 a fiscalização equivocouse na obtenção dos valores da suposta receita omitida, visto que em diversas ocasiões de depósitos em cheques, os valores foram computados como créditos duas vezes: uma, no momento do depósito e outra, em seu desbloqueio (anexo 4 fls. 5.827/5.831); além disso não foram excluídas as transferências entre contas do mesmo titular, ferindo o inciso I, do § 3 °, do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996 e art. 142 do CTN (anexo 5 fls. 5.833/5.947); Multa e juros 17 é equivocada a aplicação de multa qualificada em face da empresa e dos sócios, haja vista que foram estes que buscaram os poderes constituídos a fim de revelar que seus nomes estavam sendo utilizados indevidamente com o objetivo de lesar o fisco; 18 a multa aplicada no percentual utilizado configura confisco; 19 é ilegal a aplicação da taxa SELIC para fins de utilização como taxa de juros sobre os débitos cobrados; 20 Encerra requerendo o recebimento da impugnação, a fim de /declarar a insubsistência do auto de infração, assim como ajuntada de novos documentos e demais meios de prova admitidos em direito. Os sujeitos passivos solidários, VERA LUCIA VALTER KROHLING, GABRIEL FRANCISCO KROHLING, ELISETE BARBOSA SCHUAB, DEOCLÉCIO PERIM e DÉCIO PERIM apresentaram as respectivas impugnações. O julgamento foi convertido em diligência (fl. 6.543). Em atendimento, a autoridade lançadora juntou demonstrativos e esclarecimentos (fls. 6.544/6.591). Intimados do resultado da diligência (fls. 6.592/6.605 e 6.744), os sujeitos passivos solidários apresentaram manifestações e documentos às fls. 6.608/6.743. O sujeito passivo solidário, MÁXIMO BICALHO THEZOLIN não apresentou impugnação. Na sequência, a DRJ/Rio de Janeiro I emitiu o Acórdão nº 1223.172, de fls. 6767 a 6801, e decidiu por considerar Fl. 8310DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 7 6 procedente em parte o lançamento, contendo o seguinte ementário: NULIDADE. Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente em consonância com a legislação de regência. CERCEAMENTO DE DEFESA. Com a impugnação se inicia o litígio, quando devem ser observados os princípios da ampla defesa e do contraditório. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. JUNTADA DE PROVAS. O procedimento de diligência não visa coletar provas que o interessado tem por dever juntar aos autos, quando da apresentação da impugnação. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Rejeitase o pedido de diligências ou perícias quando os elementos carreados aos autos são suficientes ao julgamento. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. A prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001, 2002, 2003 DECADÊNCIA. TRIBUTOS. O direito de a Fazenda Pública constituir crédito Tributário extinguese após 5 (cinco) contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos de dolo, fraude ou simulação. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. EFEITOS. Fl. 8311DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 8 7 As decisões administrativas proferidas por órgão colegiado, sem lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. A indicação de responsável solidário no processo fiscal tem por objetivo garantir a ampla defesa. À DRJ cabe julgar o lançamento que constituiu o crédito tributário. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2001, 2002, 2003 ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS. É cabível a determinação do Imposto de Renda com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o interessado deixa de apresentar à autoridade tributária livros contábeis e fiscais. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO Caracterizase como omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados na operação. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITO BANCÁRIO. TRANSFERÊNCIA ENTRE CONTAS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. Os créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa jurídica não são considerados para efeito de determinação da receita omitida. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. NATUREZA. A incidência dos juros de mora equivalentes à taxa SELIC decorre de lei. INCONSTITUCIONALIDADE.ILEGALIDADE. Não compete à autoridade administrativa declarar ou reconhecer a inconstitucionalidade de lei. Fl. 8312DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 9 8 MULTA QUALIFICADA. Mantémse a multa qualificada se não elididos os fatos que lhe deram causa. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS. COFINS. CSLL. Aplicase aos lançamentos reflexos o mesmo tratamento dispensado ao lançamento matriz em razão da relação de causa e efeito que os vincula. Lançamento Procedente em Parte” Recurso Voluntário Irresignados com a decisão, a autuada e os sujeitos passivos solidários apresentaram seus recursos voluntários, fls. 6831 e seguintes, repisando praticamente os mesmos argumentos trazidos na peça impugnatória. Resolução nº 1202000147 – 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Constatouse, de pronto, em que pese existir autorização legal para a requisição dos extratos bancários diretamente às instituições financeiras, a existência de discussão atual no Supremo Tribunal Federal – STF acerca da constitucionalidade da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, matéria examinada em sede do Recurso Extraordinário RE nº 601.314, o qual teve sua “repercussão geral” reconhecida em 23/10/2009. Em seguida ponderouse que a autuada não se manifestou no recurso a respeito da matéria relativa à obtenção dos extratos bancários, entretanto, entendeuse que por se tratar de fato que envolve a licitude da obtenção das provas, de índole constitucional (CF, art. 5º, LVI, “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícito”), pode ser considerada como matéria de ordem pública, porque norteia a correta aplicação das relações processuais entre a administração pública e os seus administrados. Desta forma, destacouse que o artigo 62A, §1º do RICARF (Portaria MF nº 256, de 22 de Junho de 2009 e alterações), estabelece o sobrestamento dos julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria. Em vista do exposto, decidiuse pela determinação do sobrestamento do julgamento do recurso voluntário até que fosse proferida decisão transitada em julgado nos autos do Recurso Extraordinário RE nº 601.314, em trâmite perante o E. Supremo Tribunal Federal. Fl. 8313DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 10 9 É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator O recurso interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis, merecendo ser apreciado. Nulidade – Auto de Infração Há nos autos uma questão apurada e de fato considerada pela fiscalização, mas cuja utilização fora aproveitada para fim diverso do que deveria, causando latente distorção ideológica e fática. Tal assertiva deveras compromete a busca pela verdade, ensejando a iminente anulação do auto de infração, conforme será demonstrado. A questão a que se refere é a instauração de procedimento administrativo nº 1.17.000.000725/20048 e as consequentes informações dali aproveitadas para a instauração do presente processo. A fiscalização foi motivada pelo Ofício/MPF/PRES/N°1535/2004 da Procuradoria da República no Estado do Espírito Santo, f1s.0004, que traz a cópia do supracitado procedimento administrativo. Vejamos, então, a construção daquele e as conclusões ali atingidas, demonstrados pelo ora recorrente em sede de Recurso Voluntário, para análise posterior de seus efeitos sobre a concretude do caso aqui tratado: “(...) 02. Em meados do ano de 2004, o Sr. Aídes Angelo de Paulo compareceu até a agência do Bradesco de Venda Nova do Imigrante a fim de tomar um empréstimo de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) que tinha por objetivo diminuir a difícil situação financeira em que se encontrava. Surpreendeuse quando o gerente do banco (que substituía o titular) perguntou lhe o porque do empréstimo, se a empresa São Jorge, da qual era sócio, mantinha naquela agência uma conta com movimentação anual perto de R$ 8.000.000,00 (oito milhões de reais). Segundo veio a ser comprovado posteriormente, até mesmo pela fiscal autuante, diversas pessoas, através de procurações falsas e falsificação de assinatura, se fizeram Fl. 8314DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 11 10 passar por sócios da empresa São Jorge ou se apresentaram como seus procuradores, sem sêlo. 03. Diante dessa descoberta, o Sr. Aides Angelo de Paulo, já no ano de 2004, procurou imediatamente o Procurador da República responsável; a Delegacia de Crimes Fazendários, além do Grupo de Repressão ao Crime Organizado, na pessoa do Ministério Público Estadual e apresentou "denúncia" de todos os fatos que ele houvera tomado conhecimento, apresentando os documentos e circunstâncias que possuía na oportunidade. 04. O Procurador da República, por sua vez, ante as declarações prestadas por iniciativa do Sr. Aides Angelo de Paulo, encaminhou ofício à Delegacia da Receita Federal do Estado do Espírito Santo a fim de que houvesse a devida investigação da alegada sonegação. É o que se depreende da introdução do Relatório Final da ilustre Auditora Fiscal da Receita Federal (fl. 5682 do processo): "Através do Oficio/MPF/PRES/N° 153512004 a Procuradoria da República envia a esta Delegacia da Receita Federal cópia do Procedimento Administrativo n. ° 1.17. 000.000725/200487, instaurado a partir de termo de declaração prestado por AIDES ANGELO DE PAULO, sócio da empresa, tendo em vista que segundo ele seu nome e seu CPF teriam sido utilizados indevidamente para a abertura de 17 empresas e três contas correntes, em diferentes instituições financeiras, que apresentaram vultuosa movimentação ". 05. Ao longo do processo administrativo fiscal, como deixou muito claro a auditora fiscal da Receita Federal, ficou provado que a vultuosa movimentação financeira foi realizada em contas abertas criminosamente por terceiras pessoas, à revelia dos sócios da pessoa jurídica autuada. Seja pela utilização de procurações falsas ou mesmo pela prática de crime de falsidade ideológica, os verdadeiros responsáveis pela movimentação (que não os sócios da Impugnante) obtiveram lucro com a compra e emenda de café e não recolheram os tributos devidos. (...)” Vejam que as movimentações financeiras percebidas pela fiscalização, originando o auto de infração que objetivava a omissão de receitas, foram realizadas por terceiro, de forma dolosa e criminosa, sem o conhecimento e participação da autuada, ora recorrente, e de seus sócios de direito. Partindo dessa premissa, a recorrente ainda transcreve algumas passagens do Termo de Verificação Fiscal: “(...) Fl. 8315DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 12 11 Ao referir se ao depoimento do gerente da agência do banco Bradesco de Venda Nova do Imigrante "que AIDES e a mulher dele DIVA LOPES nunca estiveram na agência para movimentar a Conta corrente 52426 e que toda movimentação desta conta corrente era feita através do malote do Grupo Perim" (...) "não ficou claro porque uma empresa cuja movimentação no ano de 2003, nesta agência bancária foi de mais de R$ 8.000.000,00, conforme extratos anexos a este processo, necessitou de R$ 80.000,00 para capital de giro 3) Porque foi necessário que o proprietário de uma empresa deste porte precisasse de garantidores para um empréstimo de pequena monta? (...) ou seja, o empréstimo foi mesmo pessoal como Alega o senhor AIDES em seu depoimento" (fl. 5687) Ao referir se ao depoimento do gerente da agência do SICOOB de São José de Fruteiras "que o declarante encaminhou pelo Malote de DEOCLECIO PERIM o cartão de Autógrafo pessoas jurídica e física, a ficha de proposta/ cadastro para abertura de conta corrente e proposta de admissão para que ele (DEOCLECIO PERIM) colhesse as assinaturas dos sócios da empresa São Jorge Comércio Importação e Exportação Ltda.; que o declarante afirma que AIDES ANGELO DE PAULO nunca esteve na Agência do SICOOB de São José de Fruteiras" (fl. 5688) Ao referirse ao depoimento do gerente da agência do SICOOB de Brejetuba "afirma que AIDES ANGELO DE PAULO e DIVA LOPES VALADARES DE PAULO nunca estiveram na Agência do SICOOB de Brejetuba para movimentar a conta corrente 50350; que o declarante sabe dizer que todas as transferências de dinheiro da conta corrente 50350 eram feitas por telefone e a pessoa que ligava pedindo as transferências era JOSÉ ADRIANO BELIZARIO". (fls. 5688 e 5689). À 11. 5690 relata a fiscal "Depreendese, portanto, que ele (sócio da São Jorge) possivelmente não tivesse acesso a toda esta movimentação financeira" À fl. 5691 relata a fiscal "observando os documentos enviados pelo Bradesco deparamonos com documentos de retirada de talão de cheques e vários cheques assinados por outra pessoa que não o sócio da empresa, fls. 0387 a 0393, 3733, 3737 a 4560 a 4565, apesar da mesma não ter indicado procurador. Além disso, as assinaturas apostas nos cheques de fls. 4206 a 4558 não parecem ter sido feitas por AIDES ANGELO DE PAULO" Às fls. 5701 a 5702 expõe a fiscal detalhadamente que o exame grafotécnico feito pela Polícia Civil concluiu pela falsidade das assinaturas apostas nas propostas de abertura das contas correntes objeto deste auto, bem como nas procurações utilizadas para movimentar algumas destas contas "As assinaturas de Aides Angelo de Paulo e de Diva Lopes Valadares que constam das fichaspropostas de abertura de conta pessoa jurídica em nome de São Jorge Comércio Importação e Fl. 8316DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 13 12 Exportação Ltda., no Banco Bradesco agência 14885 C/C 5242 6 são falsas, fls. 1541 "( ... ) "As assinaturas de Aides e Diva que constam dos Cartões de Autógrafo Pessoas Jurídicas e físicas do SICCOB, conta 50350 (venda Nova) data de 04/02/2003 em nome de São Jorge Comércio Importação e Exportação Ltda. são falsas, fls. 1542" "As assinaturas de Aides Angelo de Paulo e de Diva Lopes Valadares que constam das fichaspropostas de abertura de conta e cartão de assinatura pessoa jurídica em nome de São Jorge Comércio Importação e Exportação Ltda., aposta sobre a palavra "representante" do Banco Bradesco, agência 17108 C/C 70939 são falsas, fls. 1542" (...) "As assinaturas de Aides Ângelo de Paulo que constam do termo de adesão às cláusulas do contrato de abertura de conta corrente e conta poupança pessoa jurídica, plano ouro de serviçospessoa jurídica/termo de adesão, autorização para levantamento de informações cadastrais, previsão de faturamento 2002/2003 e relação de Faturamento 2002, do Banco do Brasil, todas da empresa SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, não partiram de seu punho e portanto, são falsas, f1s. 1543." "As assinaturas de Aides Ângelo de Paulo que constam no Cartão de Autógrafo / Pessoas Jurídicas e Físicas do SICOOB C/C 39683, em nome da empresa SÃO JORGE COMÉRCIO IMP E EXPORTAÇÃO LTDA, datado de 20/08/2002 são falsas. Neste mesmo banco SICOOB de Cachoeiro de Itapemirim, as assinaturas apostas sobre as palavras "Assinaturas do Proponente ou Responsável" e "Assinatura do Depositante" da FichaProposta/Cadastro também são falsas, fls. 1543." "As assinaturas de Aides Angelo de Paulo sobre a palavra "Proposto" da Proposta de admissão do SICOOB, em nome da empresa SÃO JORGE COMÉRCIO IMP E EXPORTAÇÃO LTDA, datada de 31/07/2002 são falsas, bem como a assinatura que conta da Declaração feita para o SICOOB de Cachoeiro de Itapemirim (contas em Castelo), em nome da empresa, datada de 21/08/2002 também é falsa, fls. 1543. (...)" Concluiuse no procedimento administrativo nº 1.17. 000.000725/200487 que todas as contas alvo da presente fiscalização foram abertas mediante falsificação ideológica e que as movimentações financeiras subsequentes também se deram através de fraude nas assinaturas dos documentos procuratórios. Ocorre que, a par destas informações conclusivas, a auditoria fiscal norteou o processo fiscalizatório de maneira equivocada. Tal assertiva é coadunada com o entendimento do recorrente: Fl. 8317DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 14 13 “(...) inobstante tenha sido cabalmente comprovado nos autos do processo administrativo fiscal que a pessoa jurídica autuada não foi responsável pela movimentação financeira, mas sim terceiras pessoas utilizandose indevidamente a razão social sem autorização e conhecimento dos sócios, a ilustre auditora fiscal lavrou o auto em face da pessoa jurídica São Jorge Comércio Importação e Exportação Ltda., e de seus sócios. Os terceiros identificados como aqueles que efetivamente movimentaram as contas bancárias foram colocados na condição de responsáveis solidários. Vêse, pois, que a pessoa jurídica autuada e seus sócios foram penalizados em razão da denúncia que fizeram. Mesmo tendo sido provado que a movimentação foi feita à sua revelia, permaneceram como autuados/devedores principais. (...)” O auto de infração fora lavrado em nome da ora recorrente. Porém, esta não tem nenhuma responsabilidade por parte das movimentações financeiras que em seu bojo ocorreram de forma criminosa, sendolhe atribuída de forma totalmente indevida a presunção de omissão de receitas e o consequente dever de pagamento dos tributos sobre estas incidente. Percebese patente erro na identificação do sujeito passivo, o que deve ensejar a anulação do lançamento. A segregação que deveria ser feita, tendo como premissas as conclusões atingidas no P.A. nº 1.17. 000.000725/200487, cingese: a determinação da atividade operacional da ora recorrente, as receitas dali advindas, a apuração do lucro tributável, e as contabilizações antecedentes e recolhimentos consequentes; e as movimentações financeiras concretizadas de forma criminosa por terceiros. Deste modo deveriam ser delineados os atos fiscalizatórios. Pois bem. A entidade ofertou suas declarações fiscais e, oportunamente, o lastro de sua escrituração contábil e comercial. A fiscalização, então, constatou (fls. 5707): “(...) Examinandose as Declarações de Pessoa Jurídica entregues pela fiscalizada temos a seguinte situação: Fl. 8318DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 15 14 (...)” Do exposto, resta inequívoco que a ora recorrente, diante de sua inatividade, não apresentou quaisquer valores referentes a receitas, o que deve culminar na consequência lógicocontábil de que também não auferiu lucro tributável. Inexistindo receitas, tampouco lucros, não há que se falar na materialização da hipótese de incidência do PIS e da COFINS e do IRPJ e da CSLL, respectivamente. Ademais, seria ferir de morte pilar norteador do ordenamento jurídico tributário, qual seja, o princípio da capacidade contributiva. À título elucidativo, constatese que referido preceito deve se desmembrar em duas manifestações concretas distintas. Conforme professora o ilustre Paulo Barros de Carvalho, a capacidade contributiva em sua vertente absoluta ou objetiva “retrata a eleição, pela autoridade legislativa competente, de fatos que ostentem signos de riqueza”. É estar diante de um fato que se constitua numa manifestação de riqueza, de eventos que demonstrem aptidão para concorrer às despesas públicas. Há, então, um sujeito passivo potencial. Já a capacidade contributiva relativa ou subjetiva quer definir a capacidade identificada pelo legislador, que elege o sujeito individualmente considerado, apto a contribuir na medida de suas possibilidades econômicas, suportando o impacto tributária. Revela, portanto, a aptidão de contribuição na medida das possibilidades econômicas de determinada pessoa. Há, portanto, um sujeito passivo efetivo, deixando de ser apenas potencial, pois apto ou não a absorver o impacto tributário. A hipótese de incidência dos tributos, desta forma, deve passar pelo crivo do princípio da capacidade contributiva em suas duas manifestações, para que por si, represente a consumação fática deste preceito e assim se mantenha robusta em direção ao atingimento de diretrizes e escopos tributários e constitucionais, essencialmente sob a concretização de direitos sociais perpetrados na Carta Magna. A fiscalização, ao supor, então, a omissão de receitas como um signo de riqueza e ao eleger o ora recorrente como apto a sofrer o impacto tributário dali decorrente, presumiu sua capacidade contributiva. Não se pode olvidar, de forma integralmente errônea. Ainda que se tenha atribuído a responsabilidade solidária a terceiros, a ora recorrente se manteve como devedora principal, alvo principal da autuação fiscal e, então, como o foco de capacidade contributiva na relação que se estabelece. Fl. 8319DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 16 15 Ora, restou comprovado que as movimentações financeiras foram concretizadas por terceiros. Seja pela utilização de procurações falsas ou mesmo pela prática de crime de falsidade ideológica, os verdadeiros responsáveis pela movimentação (que não os sócios da recorrente) obtiveram lucro com a compra e venda de café e não recolheram os tributos devidos. O signo de riqueza, neste caso concreto, está oculto ao recorrente e não é aproveitável às suas atividades, de modo que o impacto tributário deve incidir sobre aqueles que diretamente usufruem deste elemento objetivo. O foco de ação da capacidade contributiva deve ser deslocado a quem de direito e de fato, ou seja, aos terceiros que obtiveram receitas ou lucros com as movimentações financeiras. Neste contexto reputase essencial a aplicação análoga do princípio contábil da entidade, que versa sobre a separação dos patrimônios da empresa e de seus respectivos sócios ou proprietários (ou terceiros), fazendo com que os atos e fatos ocorridos no patrimônio daquela sejam registrados de forma autônoma ao patrimônio destas: “Seção I O Princípio da Entidade Art. 4º O Princípio da Entidade reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. Parágrafo único O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônio autônomos não resulta em nova Entidade, mas numa unidade de natureza econômico contábil.” Ademais, cumpre observar que, ainda que o instituto de presunção relativa de omissão de receitas esteja originalmente contaminado pela distorção ideológica advinda das informações trazidas nos autos do Procedimento Administrativo nº 1.17. 000.0007251200487, sua aplicação posterior deve significar a atenção ao art. 42 da Lei 9.430/96, em sua inteireza. Especialmente o parágrafo 5º deste dispositivo legal traz a determinação capaz de elucidar o fato de que os rendimentos ou receitas deveriam ter sido efetuadas em nome dos terceiros na condição de efetivos titulares da conta. Segue transcrição do artigo: Fl. 8320DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 17 16 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações." (...) § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.” Portanto, mesmo que se supere ou ignore o fato de que o recorrente não é o real responsável pelas movimentações financeiras, uma vez inserido faticamente o instituto da presunção, sob a égide do caput do art. 42, deveria ter sido observado o disposto em seu parágrafo 5º. Tal atendimento deslocaria a determinação das receitas aos terceiros de máfé. Dessa forma não são necessárias mais argumentações para constatarse que o auto de infração é nulo, pois além de todo o exposto, fora lavrado em desacordo com a previsão legal expressa para o caso. Isto é, o contribuinte autuado não foi o responsável/titular dos valores movimentados. Ainda que superados todos esses argumentos, devese ter cristalino que as presunções de veracidade são instrumentos voláteis e oscilantes. Se prestam a impulsionar a busca pela verdade dos autos a todo custo, invertendo o ônus tributário a medida que as comprovações exigidas por uma parte vão se realizando pela outra. A fiscalização, ao invocar equivocamente a omissão de receitas, trouxe, então, uma presunção relativa passível de ser ilidida a qualquer momento pelo contribuinte. Este, por sua vez, de pronto, trouxe as comprovações e alegações no sentido de que as receitas eram oriundas de movimentações financeiras realizadas por terceiros, de modo criminoso. Os sócios AIDES ÂNGELO DE PAULO e DIVA LOPES VALADARES DE PAULO não exerceram controle sobre quaisquer movimentações financeiras, de modo que tal afirmativa deve ser aproveitada para pessoa jurídica por estes representada, a ora recorrente SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Neste ponto cabe a transcrição de trecho do procedimento fiscal (fls. 5670): “(...) No exercício das funções de Auditor(es)Fiscal(is) da Receita Federal do Brasil, através do exame de toda a documentação e diligências efetuadas concluímos, conforme citado nos itens anteriores, que os sócios formais da SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, os senhores AIDES ÂNGELO DE PAULO E DIVA LOPES VALADARES DE Fl. 8321DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 18 17 PAULO, não tiveram controle sobre a totalidade da movimentação financeira da empresa, movimentação esta proveniente da venda de café. Não tiveram, portanto, gerência sobre a totalidade dos negócios da mesma. Portanto todas as movimentações financeiras que deram origem as receias supostamente omitidas são inerentes a atividade da recorrente, que destas não usufruiu em qualquer momento. De outro modo, o fizeram as pessoas físicas abaixo elencadas: Concluímos também que MÁXIMO BICALHO THEZOLIN, CPF 007.968.15785, VERA LUCIA VALTER KROHLING, CPF 777.132.90710, GABRIEL FRANCISCO KROHLING, CPF 843.832.08720, ELISETE BARBOSA SCHUAB, CPF 832.980.45772, tiveram de alguma forma participação na fiscalizada e tinham interesse na mesma. O ato de gerir ficou caracterizado em virtude de possuírem procuração para negociar em nome da fiscalizada com total liberdade para comprar, vender, pagar, abrirem e movimentarem as contas correntes da SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. Movimentaram contas da empresa sob a alegação de serem corretores. Os senhores DEOCLÉCIO PERIM, CPF 652.730.01749 e DECIO PERIM, CPF 478.320.70706, também tiveram de alguma forma gestão sobre a SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, uma vez que tiveram acesso a talonários de cheques e outros documentos bancários da empresa e tiveram despesas suas ou de suas empresas pagas com cheques da SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA. (...)” A sujeição passiva solidária referente às pessoas físicas citadas, firmada por meio do nulo auto de infração, também não deve prosperar. A consequência lógica de todo o exposto neste voto deve culminar na indicação de cada uma dessas pessoas físicas como contribuintes de fato e devedores principais do ônus fiscal decorrente das movimentações financeiras individualmente realizadas, de forma ilícita. Veja, a análise das movimentações financeiras da recorrente é válida e converge para a busca da verdade dos autos. No entanto a cobrança dirigida exatamente a recorrente, como devedora principal, é causa de nulidade, por determinação errônea do sujeito passivo da obrigação tributária. Demonstrouse, em contrapartida, que as pessoas físicas obtiveram lucros e receitas através destas movimentações financeiras e, por isso, devem ser onerados com a tributação. Reiterese, o modo como fora conduzida a ação fiscal não condiz com as conclusões atingidas no Procedimento Administrativo nº 1.17. 000.000725;200487. As informações colhidas, no entanto, não são inúteis e vãs, pelo contrário, são essenciais para Fl. 8322DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 19 18 atribuir devidamente a infração e o quantum devido por cada um dos terceiros de máfé, sob um prisma estritamente fiscal. As movimentações financeiras foram devidamente justificadas através de planilhas (fls. 6547 a 6569), após passarem por diversos filtros durante o discorrer do processo, de modo que a tributação devida por terceiros de máfé, verdadeiros gozadores das receitas dali advindas, deve ser levado a cabo em bases sólidas e consistentes. Novamente cabe o destaque, no entanto, de que a constituição definitiva do crédito tributário através do lançamento resta comprometida ao elencar a empresa SÃO JORGE COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA como devedora principal, quando na realidade, esta não omitiu receitas e tampouco detinha algum dever de arcar com a oneração de sua tributação. O que resta ao presente julgador é determinar a anulação dos autos de infração concernentes ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Há afronta direta ao artigo 10, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, no viés de um erro formal: “Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; (...)” Mas também há claramente um erro material (inclusive fonte originadora do erro formal), tratandose, claramente, de vício material quando a falha na identificação decorre de erro na subsunção do fato à regra matriz de incidência, essencialmente em seu critério pessoal. Conquanto, pugna o presente julgador pela possibilidade de convalidação do ato, bastando consignar no processo a correta identificação do sujeito passivo e dar andamento a ele, em prol da instrumentalidade das formas e principalmente do princípio da verdade material. A falta de cobrança destes valores à título de tributação, além de danoso ao erário público, premia aqueles que dolosamente e de forma criminosa praticaram a sonegação fiscal. Os terceiros de máfé que movimentaram de fato as contas do recorrente não podem restar isentos da obrigação tributária que lhes cabe, de modo que a decisão aqui adotada não deve ser um empecilho para tanto. Imprescindível que se conceda o prazo para confecção de novo lançamento, nos termos do art. 173, I do CTN, com as correções de fato e de direito cabíveis, clamando, este julgador, pelo atingimento da verdade e da justiça, instrumento e diretriz do Direito, respectivamente. Fl. 8323DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 20 19 Diante da anulação do auto de infração, a análise de todas as outras questões suscitadas, resta prejudicada, por estarem também neste instrumento veiculadas. Conclusão Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Voto Vencedor Conselheira Eva Maria Los, redatora designada 1 Contexto. 1. Os autos de infração combatidos foram lavrados em face da pessoa jurídica São Jorge Comércio Importação e Exportação Ltda. Os terceiros identificados como aqueles que efetivamente movimentaram as contas bancárias foram colocados na condição de responsáveis solidários. 2. Os sócios da autuada são o sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo. 3. O Oficio MPF/PRES/Nº 1535/2004, de 29 de junho de 2004, pág. 4, informa que foi instaurado pela Procuradoria da República no Estado do Espírito Santo, Procedimento Administrativo Criminal PR/ES nº 1.17.000.000725/200487, a partir de termo de declaração prestado pelo sr. Aídes Angelo de Paulo, assim sintetizado: Síntese: Aídes Ângelo de Paulo teria sido utilizado como interposta pessoa (laranja) para movimentar recursos financeiros pertencentes a Décio Perim, Dalto Perim e Deoclécio Perim, tendo diversas contas bancárias em seu nome Aides trabalhou para as citadas pessoas na compra e venda de café, abriu as empresas LUCREP, A. DE PAULA E CIA, entretanto após consulta na Fazenda Estadual constatou a existência de 17 empresas em seu nome, dentre ela a São Jorge Comércio e Importação. Fl. 8324DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 21 20 4. Às págs. 5/12, constam: Depoimento do sr. Aídes Angelo de Paulo, de que permitiu que empresas fossem abertas em seu nome, por Décio Perim e que, sabedor de que a empresa sonegou impostos, buscou informações e constatou o relatado; e Ofício nº 1.307/2004/DRF/VIT/Sapac, em resposta a solicitação da Procuradoria, relacionando empresas que constavam como sendo responsável o depoente e incluídas em programação de fiscalização. 2 Acórdão DRJ/RJO. 5. Os autos de infração foram considerados parcialmente procedentes, na decisão de primeira instância, págs. 7.429/7.463 (fls. 6.767/6.801 impressa), que: a. rejeitou as preliminares de nulidade dos autos; b. rejeitou a preliminar de decadência; c. rejeitou os pedidos de perícia e diligência formulados pelos Responsáveis Passivos Solidários; d. rejeitou pedidos de audiência formulados por Responsáveis Passivos Solidários; e. analisou os argumentos de mérito, dos responsáveis solidários, quanto ao lançamento, mas não analisou a pertinência da responsabilização solidária, entendendo, que: 200 Deste modo, considerando a ausência de competência da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento para decidir quanto à responsabilização das pessoas indicadas pela fiscalização, pois esse juízo cabe à Procuradoria da Fazenda Nacional, e, que a apreciação por esta Turma seria meramente opinativa, visto que a decisão não faria coisa julgada perante a Fazenda Nacional, deixo de apreciar, em relação às impugnações apresentadas, apenas os argumentos relativos à responsabilidade solidária. f. excluiu da omissão de receitas: 230 as diferenças entre os valores demonstrados no quadro anterior (Resumo dos valores retificados em sede de diligência) e aqueles constantes do resumo de crédito bancários às fis. 5.709/5.710; 231 as transferências de valores entre contas do próprio titular (nosso parágrafo 224). Fl. 8325DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 22 21 3 Recursos Voluntários. 6. Haja vista que os argumentos apresentados são os mesmos das impugnações apresentadas pela empresa e Responsáveis Solidários, deixo de relatálo por já constar dos autos, citando a seguir, apenas de forma muito sintética, os argumentos diferentes da Autuada e dos Responsáveis Solidários não julgados pela DRJ. 7. A autuada, págs. 7.494/7.514, além de apresentar os argumentos já descritos, aduziu argumentos contra a aplicação de juros sobre a multa, de que afirma ter tomado conhecimento ao ser cientificada do Acórdão DRJ/RJO. 8. Gabriel Francisco Krohling e Vera Lucia Valter Krohling, págs. 7.652/7.670, arguem nulidade dos autos por falta de individualização do valor atribuído ao devedor solidário; no mérito, que a procuração que serviu de base para a responsabilização não deu poderes de gestão e é especifica para uma conta; que todas as operações de venda de café, comprovadas com notas fiscais foram intermediadas pela V.G.Krohling Ltda ME, da qual os recorrentes são os únicos sócios, as comissões pela corretagem são pagas pelo comprador e apresentam planilhas comprobatórias, com notas fiscais e documentos que provam que foram mandatários da Autuada, unicamente a conta bancária do Banco do Brasil S/A, ag. 32085, c/c 7.1374 9. Elisete Barbosa Schuab, págs. 7.607/4.648, além dos mesmos argumentos, argui nulidade dos autos por falta de individualização do valor atribuído ao devedor solidário; no mérito, que a procuração que serviu de base para a responsabilização não se refere ao período autuado e é restrita, e falta de provas para sua responsabilização; que PIS, Cofins e CSLL não podem ser exigidos, porque a empresa tem como objeto social a exportação de produtos; 10. Deoclécio Perim, págs. 7.674/7.862, afirma que se a DRJ não tem competência para tratar da responsabilização solidária, então o fiscal autuante também não a possui, sendo nulos os autos; que as alegações de não incidência de PIS e Cofins não foram ventiladas, o que invalida o julgamento da DRJ; inconstitucionalidade da exigência de garantia para recorrer; requer nulidade da decisão DRJ, retornando os autos para julgamento da responsabilização solidária, pois o CARF já fixou a sua competência, e por consequência a das DRJ de julgar a responsabilidade tributária; reclama do indeferimento das perícias e diligências solicitadas; argumenta conta sua responsabilização por interesse comum; advoga imunidade sobre receitas de exportação; 11. Décio Perim, págs. 7.876/8.065, nos mesmos termos que Deoclécio Perim. 12. Máximo Bicalho Thezolin, págs. 7.865/7.871, falta de previsão legal para imputar a terceiros a responsabilidade tributária; que atuou como mero corretor. 4 Resolução nº 1202000147 – 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária. 13. Determinou o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário até que fosse proferida decisão transitada em julgado nos autos do Recurso Extraordinário RE nº 601.314, em trâmite perante o E. Supremo Tribunal Federal. 14. Consulta ao sítio do TRF informa que oAcórdão do RE nº 601.314, transitou em julgado em 11/10/2016, nos seguintes termos: Fl. 8326DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 23 22 Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro RICARDO LEWANDOWSKI, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, em conhecer do recurso e a este negar provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item "a" do tema em questão, a seguinte tese: "O art. 69 da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal"; e, quanto ao item "b", a tese: "A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, § l9, do CTN", vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. 15. Do transcrito supra, verificase que a questão foi definitivamente julgada, não havendo obstáculo à utilização de informações obtidas das instituições financeiras pelo fisco. 5 Conclusão do voto vencido. 16. Os parágrafos a seguir reproduzidos sintetizam a conclusão do relator, vencido. O auto de infração fora lavrado em nome da ora recorrente. Porém, esta não tem nenhuma responsabilidade por parte das movimentações financeiras que em seu bojo ocorreram de forma criminosa, sendolhe atribuída de forma totalmente indevida a presunção de omissão de receitas e o consequente dever de pagamento dos tributos sobre estas incidente. Percebese patente erro na identificação do sujeito passivo, o que deve ensejar a anulação do lançamento. (...) A sujeição passiva solidária referente às pessoas físicas citadas, firmada por meio do nulo auto de infração, também não deve prosperar. A consequência lógica de todo o exposto neste voto deve culminar na indicação de cada uma dessas pessoas físicas como contribuintes de fato e devedores principais do ônus fiscal decorrente das movimentações financeiras individualmente realizadas, de forma ilícita. 17. Porém, a turma, por maioria de votos, entendeu que descabe a nulidade dos autos de infração. 18. Cabe aqui comentar sobre outra empresa que também foi formalizada com os sócios sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo: o Ofício nº 1.307/2004/DRF/VIT/Sapac, em resposta a solicitação da Procuradoria, citado no início deste Fl. 8327DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 24 23 voto, informou que a empresa A.A. de Paulo & Cia Ltda, CNPJ 03.229.292/000127, foi objeto de fiscalização, também em função do mesmo Procedimento Administrativo Criminal PR/ES nº 1.17.000.000725/200487; em pesquisa no eprocesso, localizouse o correspondente processo de nº 15586.001093/200716, em que as circunstâncias descritas são análogas; em relação ao mesmo foi proferido o Acórdão nº 1223.361, de 16 de março de 2009, pela DRJ/RJO1, que foi anexado ao presente processo às págs. 8.108/8.302; este Acórdão analisou a questão posta da ilegitimidade de se responsabilizar a empresa, porém havia a prova de que as procurações aos responsáveis solidários naquele processo, emitidas pelo sr. Aídes, foram atestadas como verdadeiras, pelo Cartório, citese: Da Preliminar de Nulidade Devido à Interposição de Pessoa 18. Alega a Interessada que os autos de infração seriam nulos, pois teria ficado comprovado que os depósitos pertenciam a terceiros, evidenciando interposição de pessoa, e que, portanto, como estabelece o § 5o do art. 42 da Lei 9.430/1996, a determinação dos rendimentos ou receitas deveria ter sido efetuada em nome dos terceiros na condição de efetivos titulares dessas contas. 19. Passo a me pronunciar. 20. Tendo em vista que a Interessada alega que as contas bancárias em foco teriam como efetivos titulares terceiros e não ela, examinarei a seguir o que se tem nos autos a respeito dessas contas. Antes, porém, faço a observação de que considero esta preliminar como sendo de mérito, uma vez que a Auditora Fiscal Autuante identificou conscientemente, e não por mero engano, a Interessada como a titular das contas bancárias cm questão. 19. O relator daquele processo descreveu as contas e os documentos e que as procurações foram confirmadas como autênticas pelo Cartório que atestou que o sr. Aídes esteve no mesmo pessoalmente para concedêlas, e concluiu: 20.1.4. Como se vê, a Interessada, representada por seu sócio gerente Aídes Ângelo de Paulo, por meio de procuração pública, e que, portanto, tem fé pública, outorgou poderes ao Sr. Jose Tarcísio Malacarne para abrir e movimentar contas correntes em nome da Interessada, o que ele fez comprovadamente. 20. Já no caso do processo que ora se julga, cabe destacar que a DRJ/RJO1 evidenciou que nenhum dos pressupostos de nulidade dos autos de infração foi ferido, citese: NULIDADE 143 Inicialmente, verifico que o lançamento tributário, efetuado pela autoridade administrativa preenche todos os requisitos do art. 142 da Lei 5.172/66 (CTN): foi verificada a ocorrência do fato gerador, determinada a matéria tributável (omissão de receitas decorrente da falta de comprovação da origem dos depósitos bancários da pessoa jurídica), calculado o montando dos tributos devidos, identificado o sujeito passivo e, por fim, proposta a aplicação de penalidade (multa de 150%), conforme demonstrado às fls. 5.713/5.756. Fl. 8328DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 25 24 144 De igual sorte, ao contrário do que alegam os interessados, o auto de infração atende o disposto no art. 10 do Decreto n° 70.235/72 (PAF), inclusive quanto aos incisos IV e V, que merecem destaque, por terem sido citados na impugnação de Gabriel Francisco Krohling e Vera Lúcia Valter Krohling. 21. Os argumentos de que os sócios sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo, os quais reconheceram em seus depoimento que cederam seus dados para a constituição de uma empresa, mas que a autuada foi constituída à sua revelia e à sua revelia, movimentados os valores autuados, não se prestam a anular a autuação. 22. O Código Tributário Nacional CTN, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, determina: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. 23. No presente caso, não é responsabilidade da Administração Tributária atuar para sanar o prejuízo causado aos sócios oficiais, sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo, por pessoas em quem confiaram e que alegadamente, os ludibriaram se autorizaram o uso de seus nomes e CPF na constituição de empresa por outrem, tal acordo não pode ser oposto à Administração Tributária, para elidir a cobrança dos tributos devidos, nem mesmo se aquelas pessoas ultrapassaram o que havia sido acordado, constituindo outras empresas e movimentando recursos no nome desses sócios, à revelia dos mesmos. 24. Dessa forma, a autuação regularmente constituída, não é nula; as pessoas que alegadamente falsificaram assinaturas dos sócios da empresa, sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo, foram responsabilizadas solidariamente; uma vez constituído o crédito tributário, de forma definitiva, a cobrança será dirigida à Autuada e aos responsáveis Passivos Solidários; se estas pessoas, nas quais os sócios depositaram confiança, traíram esta confiança, prejudicados já apresentaram documentos e procederam à denúncia, questão que será considerada quando da cobrança do débito constituído definitivamente; e neste caso, cabe ao , sr. Aídes Angelo de Paulo e sra. Diva Lopes Valadares de Paulo, processar judicialmente as pessoas que usaram seus nomes e assinaturas, para que assumam os débitos. 25. Citemse ainda "Perguntas e Respostas", fonte: http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/tributaria/cadastros/cadastrodepessoasfisicas cpf/assuntosrelacionados/perguntaserespostas: 42. COMO SABER SE O CPF ESTÁ SENDO USADO POR OUTRA PESSOA? O contribuinte deve realizar suas próprias verificações. Em caso de suspeita de uso indevido, o caso deve ser denunciado á polícia. 43. CPF SENDO UTILIZADO INDEVIDAMENTE POR TERCEIROS PARA COMPRAS NA INTERNET, COMO PROCEDER? Fl. 8329DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 26 25 Procure a polícia para denunciar o caso. Não é possível cancelar ou trocar o número do CPF, somente por meio de mandado judicial. Em caso de roubo, registre um boletim de ocorrência. No caso de uso indevido do seu número, além do registro do boletim de ocorrência, procure um advogado para se informar sobre indenização/reparação pelos prejuízos. 26. Citese o a seguinte decisão judicial, que decidiu que à União não cabe responder por danos morais decorrentes de atos de terceiros, que fizeram uso fraudulento de documento da apelada. Logo, não há que se falar em erro imputável à Receita Federal, mas, sim, em conduta criminosa de responsabilidade de outrem. Tribunal Regional Federal da 5a Região TRF5 Apelação Cível: AC 00001915020134058201 AL TRF5 Apelação Civel AC 00001915020134058201 AL (TRF5) Data de publicação: 12/03/2015 Ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA DECLARAÇÃO FRAUDULENTA EM NOME DA PARTE AUTORA. COBRANÇA INDEVIDA. ANULAÇÃO DO DÉBITO. DANOS MORAIS. NÃO CONFIGURADOS. 1. As provas acostadas aos autos comprovaram que o crédito tributário foi constituído em decorrência de atos praticados por falsários, que utilizaram os dados do Sr. Severino Barbosa de Sousa para o inserir no quadro societário da Empresa Metalúrgica Electro Indústria e Comércio Ltda. e responsabilizálo pelos débitos da empresa, realizando, inclusive, declaração de rendimentos falsa. 2. Trata se, portanto, de uma das diversas formas de tentativa de fraude contra o Fisco, mediante a entrega de falsas declarações de Imposto de Renda da Pessoa Física feitas por terceiros em nome dos contribuintes. 3. Da leitura do art. 37 , parágrafo 6o, da CF/88, concluise que os elementos essenciais para a caracterização da responsabilidade são: a) dano; b) a conduta comissiva ou omissiva do agente do Estado e c) causalidade material entre o eventus damni e a conduta do agente. 4. Na presente demanda não há configuração da responsabilidade civil, dado que à União não cabe responder por danos morais decorrentes de atos de terceiros, que fizeram uso fraudulento de documento da apelada. Logo, não há que se falar em erro imputável à Receita Federal, mas, sim, em conduta criminosa de responsabilidade de outrem. 5. Tendo sucumbido as duas partes, impõese que cada uma suporte os honorários de seus próprios advogados. 6. Apelação parcialmente provida, para afastar os danos morais. Fl. 8330DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 27 26 6 Demais contestações de mérito, relativas ao Acórdão DRJ/RJO, apresentadas pela Recorrente e pelos Sujeitos Passivos Solidários. 6.1 NULIDADE 27. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO1 nº 1223.172, de págs. 7.429/7.463 (fls. 6.767/6.801 impressa), 6.2 DECADÊNCIA 28. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO1 nº 1223.172. 6.3 AMPLA DEFESA, CERCEAMENTO DE DEFESA E CONTRADITÓRIO. 29. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO nº 1223.172. 6.4 PERÍCIA/DILIGÊNCIA. 30. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO nº 1223.172. 6.5 DEPÓSITOS BANCÁRIOS/ARBITRAMENTO. 31. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO nº 1223.172, inclusive nos subitens referentes às alegações de Duplicidade de créditos e transferências entre contas do próprio titular. 6.6 JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC 32. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO nº nº 1223.172. 6.7 MULTA QUALIFICADA, 33. Este voto reitera os argumentos e conclusão do Acórdão DRJ/RJO nº nº 1223.172. 7 Contestações em preliminar e no mérito, não julgadas pela DRJ/RJO. 7.1 SUJEIÇÕES PASSIVAS SOLIDÁRIAS. 34. A análise se dá no item específico, a seguir. 7.2 JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO NÃO ADIMPLIDA. INCIDÊNCIA. 35. Embora apenas apresentada a questão, no recurso voluntário, à vista do argumento apresentado 36. A multa de ofício é parte integrante da obrigação ou crédito tributário e, quando não extinta na data de seu vencimento, estará sujeita à incidência de juros conforme estabelecido no art. 113 do CTN. Fl. 8331DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 28 27 37. Esse é também o entendimento do STJ sobre o assunto, conforme se observa na ementa ao AgRg no REsp 1335688/PR (DJe de 10/12/2012) seguir transcrita: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. 38. A jurisprudência do CARF vem convergindo no sentido de considerar procedente a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, depois de vencido o prazo para pagamento, uma vez que passa a integrar o crédito tributário. Acórdão nº 1401001.578 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 5 de abril de 2016 Ementa: (...) JUROS SOBRE MULTA Sobre a multa de oficio devem incidir juros a taxa Selic, após o seu vencimento, em razão da aplicação combinada dos artigos 43 e 61 da Lei n° 9.430/96. Acórdão nº 9303003.476 – 3ª Turma Sessão de 24 de fevereiro de 2016 Ano calendário:2007 Ementa: JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. Selic exigida nos termos da lei. Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401001.573– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 03 de março de 2016 Matéria IRPJ. Glosa de participação nos lucros e resultados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 JUROS SOBRE MULTA. POSSIBILIDADE. Os juros moratórios são devidos à taxa SELIC e sobre o “crédito tributário”. Este decorre da obrigação principal que, por sua vez, inclui também a penalidade pecuniária. 39. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, determina: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal,cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação Fl. 8332DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 29 28 específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. 40. Notese que no caput do art. 61, o texto é “débitos [...] decorrentes de tributos e contribuições” e não meramente “débitos de tributos e contribuições”. O termo “decorrentes” evidencia que o legislador não quis se referir, apenas aos tributos e contribuições em termos estritos para todas as situações. 41. Finalmente a Súmula CARF nº 5: Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. 42. E o CTN determina: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. 43. Assim, o crédito tributário decorre da obrigação principal que, por sua vez, tem por objeto também a penalidade pecuniária. Consequentemente, o entendimento sumulado compreende todo o crédito tributário lançado, ou seja, tributos e multas aplicadas. 8 Sujeição Passiva Solidária. Competência para Julgamento. 44. Ainda tomando como a empresa A.A. de Paulo & Cia Ltda, CNPJ 03.229.292/000127, que, como já dito, foi objeto de fiscalização, também em função do mesmo Procedimento Administrativo Criminal PR/ES nº 1.17.000.000725/200487, por meio do processo nº 15586.001093/200716; em relação ao mesmo foi proferido o Acórdão nº 12 23.361, de 16 de março de 2009, pela DRJ/RJO1, que foi anexado ao presente processo às págs. 8.108/8.302; verificase lá que as circunstâncias descritas são análogas, tendo sido os argumentos de impugnação e recursos voluntários os mesmos, porém a conclusão foi de que cabia a análise das responsabilidades Tributárias Solidárias; por isso, cabe aplicar neste voto, os argumentos expendidos no citado Acórdão: Antes de analisar a situação individual dos quatro recorrentes, a exemplo do que fez a decisão recorrida, entendo que algumas premissas gerais, e outras específicas, precisam ser estabelecidas acerca da solidarização levada a efeito. Fl. 8333DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 30 29 Relativamente aos fatos, observase que do Relatório Fiscal (fls. 6889 6890). que a Fiscalização, concluiu que os sócios formais da Interessada, o Sr. Aídes Angelo de Paulo e Diva Lopes Valadares de Paulo, não teriam tido controle sobre a totalidade da movimentação financeira da empresa, movimentação esta proveniente da venda de café. e que. portanto, não teriam exercido gerência sobre a totalidade dos negócios da mesma. Além disso, ainda segundo ela. todos aqueles por ela considerados nos Autos de Infração como responsáveis solidários, teriam tido de alguma forma participação na Interessada e interesse na mesma, sendo que o fato de possuírem procuração para negociar em nome da Interessada, com total liberdade para comprar, vender, pagar, abrir e movimentar as contascorrentes da mesma, caracterizariam o ato de gerir a empresa, observandose que eles movimentaram livremente contas correntes da Interessada sob a alegação de dela serem corretores. Foi neste resumido contexto, que entendeu a Fiscalização que restaria caracterizada a sujeição passiva solidária das referidas pessoas, nos termos do disposto no artigo 124.1, do C TN. 45. No processo que aqui se julga, a DRJ não se pronunciou sobre a questão, entendendo não ser de sua competência, e se baseou em Acórdão nº 0611.956, de 24 de agosto de 2006, emitido pela DRJ em Curitiba/PR, processo nº 10980.002755/200367; mas, eis que, em relação ao mesmo, o CARF determinou o retorno dos autos à DRJ, para que julgasse as impugnações dos responsáveis Tributários Solidários, Acórdão nº 10421.488, de 23 de março de 2006, cuja conclusão se aplica ao presente: NULIDADE NORMAS PROCESSUAIS Presentes as causas delineadas no art. 31, do Decreto n" 70.235/72, caracterizadas pela não apreciação das questões apresentadas pelo responsável solidário, anulase a decisão, nesta parte. Preliminar acolhida (...) Claro o litígio instaurado em nome do responsável solidário, cabo a DRJ em primeira instância apreciar as questões postas nas impugnações apresentadas, nos termos assentados no art. 203,1, primeira parte., da Portaria MF 259/2001 da Portaria n" 259/2001. Presentes as causas delineadas no arl. 31 do Decreto de n° 70.235/72 caracterizada pela não apreciação da impugnação apresentaria pelo responsável solidário; anulase a decisão nesta parte. Isto, posto, voto no sentido de acolher a preliminar de nulidade da decisão e determinar o retorno dos autos a primeira instância para que sejam examinadas e apreciadas as questões manifestadas oportunamente pelo responsável solidário. E o meu voto. Fl. 8334DF CARF MF Processo nº 15586.001053/200766 Acórdão n.º 1201001.848 S1C2T1 Fl. 31 30 Sala das Sessões DF, em 22 de março de 2006. (Grifouse.) 46. Ou seja, as impugnações apresentadas pelos Sujeitos Passivos Solidários devem ser objeto de apreciação pela DRJ. 47. Contudo, na sessão de julgamento, tal questão não foi objeto de apreciação, dado que o Relator votou pela nulidade da autuação. 48. Assim, neste voto vencedor, apresentamse os argumentos pela procedência da autuação, mas não se julga as Responsabilizações Solidárias pelos motivos expostos, e tampouco argumentos adicionais de mérito sobre o lançamento fiscal, apresentadas pelos Responsáveis Solidários e não julgadas pela DRJ/RJO1. 49. Esta julgadora formaliza o Acórdão em conformidade com o decidido e apresentará Embargos de Declaração, para apontar a omissão ocorrida. 9 Conclusão. Voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Fl. 8335DF CARF MF
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