Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,798)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,669)
- Primeira Turma Ordinária (15,222)
- Segunda Turma Ordinária d (15,172)
- Primeira Turma Ordinária (15,138)
- Primeira Turma Ordinária (14,941)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,638)
- Primeira Turma Ordinária (11,706)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,248)
- Terceira Câmara (63,043)
- Segunda Câmara (50,463)
- Primeira Câmara (16,050)
- 3ª SEÇÃO (15,669)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,600)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,638)
- Segunda Seção de Julgamen (107,614)
- Primeira Seção de Julgame (70,765)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,505)
- Câmara Superior de Recurs (37,001)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,030)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,810)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,837)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,952)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,441)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,256)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,149)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,430)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,075)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,829)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,846)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13227.901379/2012-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.181
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13227.901379/2012-14
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841721
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.181
nome_arquivo_s : Decisao_13227901379201214.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 13227901379201214_5841721.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
id : 7172221
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008752750592
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1874; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13227.901379/201214 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.181 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 31 de janeiro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. PIS/COFINS. Recorrente AUTO POSTO IRMAOS BATISTA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 13 79 /2 01 2- 14 Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 3 2 Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o processo de contestação contra Despacho Decisório emitido pela DRF JiParaná, que deferiu parcialmente o direito ao crédito de PIS/PASEP não cumulativo/mercado interno e, em conseqüência, homologando parcialmente a compensação declarada até o limite do crédito concedido. Inconformada com a decisão proferida, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, argumentando que se dedica ao comércio varejista de combustíveis e lubrificantes e a prestação de serviços afins, que é optante pelo regime de apuração pelo Lucro Real e, portanto, sujeitase à apuração das contribuições para o PIS e a Cofins pelo regime da nãocumulatividade. Diz que realiza a venda de gasolinas, óleo diesel e demais combustíveis tributados à alíquota zero e que não se apropriou de créditos sobre a aquisição de combustíveis, já que são tributados pelo regime monofásico e não dão direito a créditos, mas, sim, de créditos sobre insumos e serviços necessários na atividade que exerce, uma vez que sendo seu produto final tributado à alíquota zero, o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitem o aproveitamento dos créditos sobre esses dispêndios.(grifei). Quanto aos fretes pagos, esclarece que adquire combustíveis e lubrificantes para revenda, mas como a empresa vendedora não entrega os produtos, precisa contratar serviços de fretes de outras pessoas jurídicas para que o produto chegue até seus estabelecimentos e possa realizar a venda, e enfatiza, por isso, que o frete é um serviço/insumo necessário para a realização de sua atividade comercial. Ressalta que o art 3º da Lei nº 10.833, Fl. 989DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 4 3 de 2003, não relaciona os insumos/serviços e tampouco considera que apenas indústrias podem realizar créditos, e que a Receita Federal ao editar a IN 404/2004, conceituando o termo insumo, foi além do seu dever de normatizar. Faz uma diferenciação entre a não cumulatividade do PIS e da Cofins e da não cumulatividade do IPI ou do ICMS, citando decisões do CARF, do Tribunal Regional Federal e Soluções de Consulta da Receita Federal. A Recorrente contesta ainda a exclusão dos créditos que foram glosados, pleiteando o seu reconhecimento e a homologação das compensações declaradas, a suspensão da exigibilidade dos débitos e também o direito à atualização dos créditos com base na taxa Selic. Tendo em vista as argumentações trazidas em sua Manifestação de Inconformidade e dada a inexistência de documentos comprobatórios nos autos, foi emitido Termo de Diligência pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, solicitando cópias de recibos de aluguéis efetuados no período, comprovação de seu registro contábil e respectivos contratos de locação; bem como relação dos produtos vendidos com detalhamento e sua classificação NCM. Cumprida a solicitação efetuada, os autos retornaram para julgamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entendeu por julgar parcialmente procedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06 054.548. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade com relação a Fretes sobre Compras e Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, cabendo destacar quanto ao pedido, em síntese: · Seja acolhido o presente Recurso Voluntário; · Seja Reformado o Despacho Decisório ora guerreado para o fim de Reconhecer os créditos da Recorrente, eis que apurados na forma da legislação em vigor e de direito; · Que sejam incluídos no montante da base de cálculo de créditos os valores relativos ao insumo frete sobre compras de mercadorias destinadas à venda, eis que compõem o custo dos produtos comercializados pela Recorrente, pois foram por ela suportados e atendem a condição de insumo conforme determina a legislação de regência da matéria; · Que seja afastado em definitivo o entendimento de que os fretes sobre compras teriam a mesma natureza tributária do produtos transportado, eis que tal alegação não tem respaldo legal e fere o sistema de nãocumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03; · Que sejam incluídos no montante da base de créditos os valores a título de aluguéis de máquinas e equipamentos pagos para pessoas jurídicas, conforme comprovam os boletos bancários pagos Fl. 990DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 5 4 à Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga sob a denominação de “Programa Rodo Rede”, integrantes deste processo, eis que os pagamentos são legítimos e correspondem aos aluguéis de bombas para estabelecimentos de combustíveis com bandeira Ipiranga; · Que seja determinada a imediata suspensão da exigência do crédito tributário em face das disposições do artigo 151 do Código Tributário Nacional até que seja proferido despacho decisório definitivo; · Determinar que todos os valores de créditos constantes do pedido de ressarcimento sejam atualizados mediante a incidência da SELIC, a partir do período de apuração do crédito em face das disposições das disposições do Decreto nº 2.138/97 e parágrafo 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95.(grifei). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.163, de 31 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 13227.900124/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.163): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da suspensão da exigibilidade do crédito tributário Cabe esclarecer que o Despacho Decisório ao homologar parcialmente a compensação declarada, cientifica e intima o interessado a efetuar o pagamento dos débitos não abrangidos pela homologação, facultando ao interessado nos termos da legislação de regência a apresentação da manifestação de inconformidade. Optando assim o interessado pela apresentação da manifestação de inconformidade, ato processual que inaugura a lide administrativa no caso em tela, está abrigado pela suspensão da Fl. 991DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito tributário, nos termos do 1inciso III do art. 151 do CTN. MÉRITO Observase que a recorrente em extenso arrazoado, discorre sobre o seu suposto direito aos créditos alegados, na ótica de sua interpretação, arguindo ainda que a decisão de piso se mostra confusa e contraditória, notadamente quanto à fundamentação referente à glosa de fretes sobre compras, ressaltando que o julgador em sua interpretação não destaca os dispositivos legais que amparam sua interpretação. Verificase não assistir razão à recorrente, haja vista que a fundamentação da decisão de piso em cada matéria abordada, cita expressamente os dispositivos das Leis nºs 10.637, de 2002 e Lei nº 10.833, de 2003, que regem a matéria dos autos e respaldam a exegese conferida a cada tópico analisado. Para a análise a seguir é importante destacar que a empresa tem por objeto mercantil o comércio varejista de combustíveis e a prestação de serviços afins. Da glosa dos créditos relativos a Fretes sobre Compras Quanto aos pagamentos de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, que segundo a recorrente consiste em um serviço necessário para a realização de sua atividade comercial, considerando que a questão fática está bem dirimida, prendendose o litígio na interpretação da legislação quanto à possibilidade ou não de creditamento de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, utilizome da fundamentação escorreita e primorosa sobre o assunto, conferida pelo i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, através do acórdão nº 3302003.212, de 16/05/2016, na qual estão plasmados os fundamentos à luz da legislação de regência sobre a matéria, conforme excertos do voto a seguir transcritos: Da glosa dos créditos relativos a gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. 1 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...); III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Fl. 992DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 7 6 No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20035, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/ 1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas.(grifei). Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das Fl. 993DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 8 7 citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe.(grifei). (...) Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); (grifei). b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os fundamentos acima expendidos, cuja hermenêutica da legislação expressamente citada e sistematicamente organizada permitem inferir que não há amparo legal para o aproveitamento de crédito sobre fretes utilizados pela contribuinte, na compra de combustíveis para revenda, como bem destacou a decisão de piso, em trecho a seguir ressaltado: (...) o frete está relacionado à aquisição de combustíveis, e esta operação, compra de combustíveis, está submetida ao regime monofásico que não gera direito a crédito. Por isso esses gastos de fretes, ainda que componham o custo de aquisição de combustíveis, não podem ser admitidos para efeito de aproveitamento de crédito. Ou seja, não havendo possibilidade de aproveitamento de crédito com a própria aquisição de Fl. 994DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 9 8 combustíveis assim também não o haverá para o gasto com seu transporte.(grifei). Assim, mantémse a glosa acima destacada, por falta de amparo legal para seu creditamento. Das glosas com Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Com relação à glosa em apreço, dispõem as leis de regência, Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;(grifei) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Destaca o relatório fiscal: Foram analisados os comprovantes de pagamento de aluguéis, mês a mês, e solicitamos a cópia autenticada do contrato de aluguel para aferirmos se a utilização dos equipamentos se daria nas atividades da empresa. Foram apresentados apenas os contratos de locação feitos com a Transportadora Giomila LTDA e com a Transportadora Batista LTDA. O contrato de locação com a Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga não foi localizado pelo contribuinte.(grifei). Referida glosa foi objeto de procedimento de diligência, nos seguintes termos (...) que seja intimada a interessada a apresentar, relativamente aos 3º e 4º trim/2004 e aos 1º ao 4º trim/2005: 1) cópias dos recibos de aluguéis efetuados no período à Transportadora Batista Ltda. e à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, bem como o seu respectivo registro nos livros contábeis, além dos contratos de locação (...);(grifei) Fl. 995DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 10 9 O resultado está consignado nos excertos da decisão de piso como a seguir demonstrado: Em atendimento à diligência efetuada, a interessada juntou comprovantes de pagamentos efetuados no período à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, assim como cópia do seu livro Diário onde consigna o respectivo registro. Entretanto, os recibos trazidos aos autos em nada esclarecem a que se referem cada um dos pagamentos, estando em alguns deles mencionado simplesmente referirse a ‘Programa Rodo Rede’. Por óbvio que não restou demonstrado que esses pagamentos são relativos a aluguéis de equipamentos (bombas de gasolina e tanques) utilizados nas atividades da empresa, como pondera a interessada, que possa ser aproveitado para o cálculo do crédito a ser deduzido da contribuição devida.(grifei) Verificase que o direito ao crédito da espécie em análise, requer conforme o preceito legal destacado, duas condições: aluguéis (...), pagos... e utilizados pessoa jurídica, nas atividades da empresa. Com efeito, tratandose de direito creditório, cabe ao interessado a comprovação de seu direito arguido. No caso em apreciação, a interessada além de não apresentar o contrato de locação já referido, os recibos apresentados, conforme arquivos não pagináveis acostados aos autos não demonstram a efetividade dos pagamentos quanto à locação arguída, mesmo após a diligência deferida pela instância a quo, visto que não há nestes documentos a identificação da operação que visam respaldar. Ante o exposto, mantémse a glosa por falta de comprovação pela interessada. Do direito à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC Quanto à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC, tratase de expressa vedação legal, conforme dispõe o 2art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, logo tornase impossível o atendimento ao pleito da recorrente. Destaquese que o direito à compensação, pugnado na peça recursal prendese ao cumprimentos dos requisitos impostos pela legislação. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importante frisar que no presente processo o litígio abarca o direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, que encontram correspondência com os pleiteados pela Recorrente no caso do paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) 2 Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 996DF CARF MF Processo nº 13227.901379/201214 Acórdão n.º 3302005.181 S3C3T2 Fl. 11 10 Paulo Guilherme Déroulède Fl. 997DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.901373/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO.
Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte.
CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3302-005.176
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13227.901373/2012-39
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5841716
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3302-005.176
nome_arquivo_s : Decisao_13227901373201239.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 13227901373201239_5841716.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
id : 7172205
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:13:59 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008756944896
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1875; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13227.901373/201239 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.176 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 31 de janeiro de 2018 Matéria RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. PIS/COFINS. Recorrente AUTO POSTO IRMAOS BATISTA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO. DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 REGIME NÃO CUMULATIVO. FRETES SOBRE COMPRAS.COMBUSTÍVEIS. CREDITAMENTO.DESCABIMENTO. Incabível o creditamento de frete sobre compras quando inexistir a possibilidade de aproveitamento do crédito com a própria aquisição de combustíveis, logo não pode ser admitido o creditamento para o gasto com seu transporte. CRÉDITOS DE ALUGUÉIS. REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis e prédios, máquinas e equipamentos, quando houver a comprovação dos pagamentos efetuados e sua efetiva utilização na atividade da empresa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 13 73 /2 01 2- 39 Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 3 2 Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 CRÉDITOS DE PIS/COFINS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa vedação legal, não incide atualização monetária sobre créditos de PIS/COFINS. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato P. de Deus e Diego Weis Jr que davam provimento parcial para conceder o creditamento sobre a aquisição de fretes sobre as compras de combustíveis. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Sarah Maria Linhares de Araújo e Walker Araújo. Relatório Trata o processo de contestação contra Despacho Decisório emitido pela DRF JiParaná, que deferiu parcialmente o direito ao crédito de PIS/PASEP não cumulativo/mercado interno e, em conseqüência, homologando parcialmente a compensação declarada até o limite do crédito concedido. Inconformada com a decisão proferida, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, argumentando que se dedica ao comércio varejista de combustíveis e lubrificantes e a prestação de serviços afins, que é optante pelo regime de apuração pelo Lucro Real e, portanto, sujeitase à apuração das contribuições para o PIS e a Cofins pelo regime da nãocumulatividade. Diz que realiza a venda de gasolinas, óleo diesel e demais combustíveis tributados à alíquota zero e que não se apropriou de créditos sobre a aquisição de combustíveis, já que são tributados pelo regime monofásico e não dão direito a créditos, mas, sim, de créditos sobre insumos e serviços necessários na atividade que exerce, uma vez que sendo seu produto final tributado à alíquota zero, o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, e o art. 16 da Lei nº 11.116, de 2005, permitem o aproveitamento dos créditos sobre esses dispêndios.(grifei). Quanto aos fretes pagos, esclarece que adquire combustíveis e lubrificantes para revenda, mas como a empresa vendedora não entrega os produtos, precisa contratar serviços de fretes de outras pessoas jurídicas para que o produto chegue até seus estabelecimentos e possa realizar a venda, e enfatiza, por isso, que o frete é um serviço/insumo necessário para a realização de sua atividade comercial. Ressalta que o art 3º da Lei nº 10.833, Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 4 3 de 2003, não relaciona os insumos/serviços e tampouco considera que apenas indústrias podem realizar créditos, e que a Receita Federal ao editar a IN 404/2004, conceituando o termo insumo, foi além do seu dever de normatizar. Faz uma diferenciação entre a não cumulatividade do PIS e da Cofins e da não cumulatividade do IPI ou do ICMS, citando decisões do CARF, do Tribunal Regional Federal e Soluções de Consulta da Receita Federal. A Recorrente contesta ainda a exclusão dos créditos que foram glosados, pleiteando o seu reconhecimento e a homologação das compensações declaradas, a suspensão da exigibilidade dos débitos e também o direito à atualização dos créditos com base na taxa Selic. Tendo em vista as argumentações trazidas em sua Manifestação de Inconformidade e dada a inexistência de documentos comprobatórios nos autos, foi emitido Termo de Diligência pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, solicitando cópias de recibos de aluguéis efetuados no período, comprovação de seu registro contábil e respectivos contratos de locação; bem como relação dos produtos vendidos com detalhamento e sua classificação NCM. Cumprida a solicitação efetuada, os autos retornaram para julgamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento entendeu por julgar parcialmente procedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06 054.543. Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa apresentou Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, no qual repisa os argumentos já aduzidos em sede de manifestação de inconformidade com relação a Fretes sobre Compras e Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, cabendo destacar quanto ao pedido, em síntese: · Seja acolhido o presente Recurso Voluntário; · Seja Reformado o Despacho Decisório ora guerreado para o fim de Reconhecer os créditos da Recorrente, eis que apurados na forma da legislação em vigor e de direito; · Que sejam incluídos no montante da base de cálculo de créditos os valores relativos ao insumo frete sobre compras de mercadorias destinadas à venda, eis que compõem o custo dos produtos comercializados pela Recorrente, pois foram por ela suportados e atendem a condição de insumo conforme determina a legislação de regência da matéria; · Que seja afastado em definitivo o entendimento de que os fretes sobre compras teriam a mesma natureza tributária do produtos transportado, eis que tal alegação não tem respaldo legal e fere o sistema de nãocumulatividade das contribuições para o PIS e Cofins previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03; · Que sejam incluídos no montante da base de créditos os valores a título de aluguéis de máquinas e equipamentos pagos para pessoas jurídicas, conforme comprovam os boletos bancários pagos Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 5 4 à Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga sob a denominação de “Programa Rodo Rede”, integrantes deste processo, eis que os pagamentos são legítimos e correspondem aos aluguéis de bombas para estabelecimentos de combustíveis com bandeira Ipiranga; · Que seja determinada a imediata suspensão da exigência do crédito tributário em face das disposições do artigo 151 do Código Tributário Nacional até que seja proferido despacho decisório definitivo; · Determinar que todos os valores de créditos constantes do pedido de ressarcimento sejam atualizados mediante a incidência da SELIC, a partir do período de apuração do crédito em face das disposições das disposições do Decreto nº 2.138/97 e parágrafo 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95.(grifei). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302005.163, de 31 de janeiro de 2018, proferido no julgamento do processo 13227.900124/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302005.163): "Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e atende aos pressupostos legais de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Da suspensão da exigibilidade do crédito tributário Cabe esclarecer que o Despacho Decisório ao homologar parcialmente a compensação declarada, cientifica e intima o interessado a efetuar o pagamento dos débitos não abrangidos pela homologação, facultando ao interessado nos termos da legislação de regência a apresentação da manifestação de inconformidade. Optando assim o interessado pela apresentação da manifestação de inconformidade, ato processual que inaugura a lide administrativa no caso em tela, está abrigado pela suspensão da Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito tributário, nos termos do 1inciso III do art. 151 do CTN. MÉRITO Observase que a recorrente em extenso arrazoado, discorre sobre o seu suposto direito aos créditos alegados, na ótica de sua interpretação, arguindo ainda que a decisão de piso se mostra confusa e contraditória, notadamente quanto à fundamentação referente à glosa de fretes sobre compras, ressaltando que o julgador em sua interpretação não destaca os dispositivos legais que amparam sua interpretação. Verificase não assistir razão à recorrente, haja vista que a fundamentação da decisão de piso em cada matéria abordada, cita expressamente os dispositivos das Leis nºs 10.637, de 2002 e Lei nº 10.833, de 2003, que regem a matéria dos autos e respaldam a exegese conferida a cada tópico analisado. Para a análise a seguir é importante destacar que a empresa tem por objeto mercantil o comércio varejista de combustíveis e a prestação de serviços afins. Da glosa dos créditos relativos a Fretes sobre Compras Quanto aos pagamentos de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, que segundo a recorrente consiste em um serviço necessário para a realização de sua atividade comercial, considerando que a questão fática está bem dirimida, prendendose o litígio na interpretação da legislação quanto à possibilidade ou não de creditamento de fretes sobre a aquisição de combustíveis para revenda, utilizome da fundamentação escorreita e primorosa sobre o assunto, conferida pelo i. Conselheiro José Fernandes do Nascimento, através do acórdão nº 3302003.212, de 16/05/2016, na qual estão plasmados os fundamentos à luz da legislação de regência sobre a matéria, conforme excertos do voto a seguir transcritos: Da glosa dos créditos relativos a gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. 1 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...); III as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 7 6 No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20035, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/ 1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1º Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas.(grifei). Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 8 7 citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe.(grifei). (...) Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); (grifei). b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10; 637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Os fundamentos acima expendidos, cuja hermenêutica da legislação expressamente citada e sistematicamente organizada permitem inferir que não há amparo legal para o aproveitamento de crédito sobre fretes utilizados pela contribuinte, na compra de combustíveis para revenda, como bem destacou a decisão de piso, em trecho a seguir ressaltado: (...) o frete está relacionado à aquisição de combustíveis, e esta operação, compra de combustíveis, está submetida ao regime monofásico que não gera direito a crédito. Por isso esses gastos de fretes, ainda que componham o custo de aquisição de combustíveis, não podem ser admitidos para efeito de aproveitamento de crédito. Ou seja, não havendo possibilidade de aproveitamento de crédito com a própria aquisição de Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 9 8 combustíveis assim também não o haverá para o gasto com seu transporte.(grifei). Assim, mantémse a glosa acima destacada, por falta de amparo legal para seu creditamento. Das glosas com Despesas com Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Com relação à glosa em apreço, dispõem as leis de regência, Leis nºs 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa;(grifei) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a:(Regulamento) (...) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Destaca o relatório fiscal: Foram analisados os comprovantes de pagamento de aluguéis, mês a mês, e solicitamos a cópia autenticada do contrato de aluguel para aferirmos se a utilização dos equipamentos se daria nas atividades da empresa. Foram apresentados apenas os contratos de locação feitos com a Transportadora Giomila LTDA e com a Transportadora Batista LTDA. O contrato de locação com a Cia Brasileira de Petróleo Ipiranga não foi localizado pelo contribuinte.(grifei). Referida glosa foi objeto de procedimento de diligência, nos seguintes termos (...) que seja intimada a interessada a apresentar, relativamente aos 3º e 4º trim/2004 e aos 1º ao 4º trim/2005: 1) cópias dos recibos de aluguéis efetuados no período à Transportadora Batista Ltda. e à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, bem como o seu respectivo registro nos livros contábeis, além dos contratos de locação (...);(grifei) Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 10 9 O resultado está consignado nos excertos da decisão de piso como a seguir demonstrado: Em atendimento à diligência efetuada, a interessada juntou comprovantes de pagamentos efetuados no período à Cia. Brasileira de Petróleo Ipiranga, assim como cópia do seu livro Diário onde consigna o respectivo registro. Entretanto, os recibos trazidos aos autos em nada esclarecem a que se referem cada um dos pagamentos, estando em alguns deles mencionado simplesmente referirse a ‘Programa Rodo Rede’. Por óbvio que não restou demonstrado que esses pagamentos são relativos a aluguéis de equipamentos (bombas de gasolina e tanques) utilizados nas atividades da empresa, como pondera a interessada, que possa ser aproveitado para o cálculo do crédito a ser deduzido da contribuição devida.(grifei) Verificase que o direito ao crédito da espécie em análise, requer conforme o preceito legal destacado, duas condições: aluguéis (...), pagos... e utilizados pessoa jurídica, nas atividades da empresa. Com efeito, tratandose de direito creditório, cabe ao interessado a comprovação de seu direito arguido. No caso em apreciação, a interessada além de não apresentar o contrato de locação já referido, os recibos apresentados, conforme arquivos não pagináveis acostados aos autos não demonstram a efetividade dos pagamentos quanto à locação arguída, mesmo após a diligência deferida pela instância a quo, visto que não há nestes documentos a identificação da operação que visam respaldar. Ante o exposto, mantémse a glosa por falta de comprovação pela interessada. Do direito à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC Quanto à atualização dos créditos pleiteados à taxa SELIC, tratase de expressa vedação legal, conforme dispõe o 2art. 13 da Lei nº 10.833, de 2003, logo tornase impossível o atendimento ao pleito da recorrente. Destaquese que o direito à compensação, pugnado na peça recursal prendese ao cumprimentos dos requisitos impostos pela legislação. Ante o exposto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário." Importante frisar que no presente processo o litígio abarca o direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins, que encontram correspondência com os pleiteados pela Recorrente no caso do paradigma. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) 2 Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 13227.901373/201239 Acórdão n.º 3302005.176 S3C3T2 Fl. 11 10 Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1012DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13767.720089/2013-37
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.053
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, à Unidade de Origem, para que esta verifique se os débitos, especificados no Termo de Indeferimento (fls 05), estavam pagos ou com a exigibilidade suspensa, em 31/01/2013 e, quanto ao PAEX, identificar a irregularidade verificada e se foi sanada em 31/01/2013.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa -Presidente
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente) e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201804
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13767.720089/2013-37
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5856085
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1001-000.053
nome_arquivo_s : Decisao_13767720089201337.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 13767720089201337_5856085.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, à Unidade de Origem, para que esta verifique se os débitos, especificados no Termo de Indeferimento (fls 05), estavam pagos ou com a exigibilidade suspensa, em 31/01/2013 e, quanto ao PAEX, identificar a irregularidade verificada e se foi sanada em 31/01/2013. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa -Presidente (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente) e José Roberto Adelino da Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
id : 7243004
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008763236352
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1720; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 2 1 1 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13767.720089/201337 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1001000.053 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Ordinária Data 3 de abril de 2018 Assunto INDEFERIMENTO DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Recorrente PISU PRODUTORES INTEGRADOS DE SUÍNOS LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, à Unidade de Origem, para que esta verifique se os débitos, especificados no Termo de Indeferimento (fls 05), estavam pagos ou com a exigibilidade suspensa, em 31/01/2013 e, quanto ao PAEX, identificar a irregularidade verificada e se foi sanada em 31/01/2013. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente) e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase Recurso Voluntário contra o acórdão, número 0433.622 da 2ª Turma da DRJ/CGE, o qual indeferiu a Manifestação de Inconformidade contra Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional, face à existência de débito, sem exigibilidade suspensa, consoante o artigo 17, inciso V, da Lei Complementar nº 123, de 2006. A ora recorrente apresentou uma impugnação ao referido termo. cuja decisão da DRJ foi contrária à manifestação de inconformidade, a qual reproduzido o voto: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 37 67 .7 20 08 9/ 20 13 -3 7 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13767.720089/201337 Resolução nº 1001000.053 S1C0T1 Fl. 3 2 Voto A manifestação de inconformidade é tempestiva e dela conheço. A interessada argumentou que os débitos ensejadores de sua exclusão do Simples haviam sido regularizados. Mas não trouxe a Certidão Conjunta Negativa ou Positiva com Efeitos de Negativa de débitos relativos a tributos federais e à dívida ativa da União, o que comprovaria sua regularidade fiscal. A tentativa de obtêla por meio da internet no sítio da Receita Federal não surtiu efeito, vez que ali foi certificado que as informações disponíveis são insuficientes para sua emissão, remetendo para consulta à sua situação fiscal, indicativa da existência de pendências. Conclusão. Em face do exposto e considerando tudo mais que dos autos consta, julgo improcedente a manifestação de inconformidade e mantenho o Termo de Indeferimento de Opção ao Simples Nacional, por seus próprios fundamentos. VOTO Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada, a recorrente apresentou o Recurso Voluntário, tempestivo, que apresenta os pressupostos de admissibilidade e, portanto, dele eu conheço. No seu recurso, a recorrente alega que: Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13767.720089/201337 Resolução nº 1001000.053 S1C0T1 Fl. 4 3 Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13767.720089/201337 Resolução nº 1001000.053 S1C0T1 Fl. 5 4 A recorrente apresentou cópia de todos os recolhimentos efetuados. No entanto, não conseguiu emitir a Certidão Conjunta, o que, a meu ver, em si, não impede a opção pelo simples. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13767.720089/201337 Resolução nº 1001000.053 S1C0T1 Fl. 6 5 Diante das afirmações contidas e documentos apresentados, o julgamento foi convertido em diligência a unidade de origem para confirmar a existência de débitos com exigibilidade não suspensa, nos termos do art. 17, inciso V,d a LC 123/2006, cujo despacho reproduzo a seguir: DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Em atendimento a resolução de fls.69/74, informo que não existem débitos com exigibilidade não suspensa em nome do Contribuinte, conforme relatório de situação fiscal de fls.76/78. Desta forma, retorno os autos para prosseguimento. Entretanto, o resultado da diligência não foi suficiente para que este conselheiro possa concluir seu voto. Portanto, proponho converter o julgamento em nova diligência para que a unidade de origem confirme se as irregularidades apontadas no Termo de Indeferimento foram devidamente sanadas em 31/01/2013 (documentos apresentados pela recorrente de fls 15 a 24), como segue: Quanto ao PAEX (o TI não foi claro quanto a irregularidade ocorrida nos parcelamentos) , informar: · qual a irregularidade verificada; e · se e como foi sanada a irregularidade de recolhimentos. É como voto. (assinado digitalmente) Jose Roberto Adelino da Silva Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.922927/2009-14
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003
CRÉDITO POR PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos, tempestivamente, a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como reconhecer crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo.
Numero da decisão: 3002-000.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente
Diego Weis Junior - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: DIEGO WEIS JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 CRÉDITO POR PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos, tempestivamente, a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como reconhecer crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10980.922927/2009-14
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5848855
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3002-000.073
nome_arquivo_s : Decisao_10980922927200914.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : DIEGO WEIS JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10980922927200914_5848855.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente Diego Weis Junior - Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
id : 7188296
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008765333504
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1550; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 83 1 82 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.922927/200914 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.073 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 14 de março de 2018 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente CONSTRUTORA PATRÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 CRÉDITO POR PAGAMENTO A MAIOR. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Instaurado o contencioso administrativo, em razão da não homologação de compensação de débitos com crédito de suposto pagamento indevido ou a maior, é do contribuinte o ônus de comprovar nos autos, tempestivamente, a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Não há como reconhecer crédito cuja certeza e liquidez não restou comprovada no curso normal do processo administrativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Votou pelas conclusões a conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente Diego Weis Junior Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros, Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Diego Weis Junior, Carlos Alberto da Silva Esteves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 29 27 /2 00 9- 14 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 84 2 Relatório Em 13.03.2007 o sujeito passivo transmitiu Declaração de Compensação de nº 23757.75580.130307.1.7.047879 (fls 6 a 11), declarando a compensação de crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de PIS, relativo ao período de apuração de maio/2003 com débito da mesma contribuição relativo ao mês de julho/2006 Em 29.06.2009 o contribuinte tomou ciência (fl. 05), por meio de DESPACHO DECISÓRIO (fls 02), da NÃO HOMOLOGAÇÃO da compensação declarada, sob o fundamento de que o pagamento mencionado havia sido "integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em 13.07.2009 foi protocolada MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE (fls. 12 a 17), cuja síntese dos argumentos foi: a) Que o contribuinte apurou crédito tributário de PIS e COFINS em razão da declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98, proferida pelo STF no RE 357950; b) Que o valor das receitas financeiras auferidas no período de apuração em comento foi de R$33.315,92, que submetido a alíquota de 0,65%, resultou em um recolhimento a maior de PIS no valor de R$216,55; c) Que no processamento do referido PER/DECOMP o sistema da RFB não localizou o crédito porque na DCTF o débito foi declarado integralmente, inclusive com a parcela inconstitucional incidente sobre as receitas financeiras, no valor de R$216,55; d) Que segundo o disposto no art. 170 do CTN, art. 74 da Lei nº 9.430/96 e também segundo a jurisprudência do CARF (acórdão 20402819) e do TRF da 4 região (Apelação em MS 2006.71.08.0007709/RS), a compensação com crédito legítimo é uma das formas de extinção do crédito tributário; e) Ao fim, requer a homologação da compensação efetuada. Por meio do Acórdão nº 0633458, a 3ª Turma da DRJ/CTA decidiu, sob a alegação de incompetência para apreciação de questões relativas à inconstitucionalidade, não acolher as razões contidas na manifestação de inconformidade, mantendose a não homologação da compensação realizada pelo contribuinte e exigindo o pagamento da contribuição ao PIS relativa ao período de julho/2006 acrescida de multa, juros e encargos de mora. Cientificado desta decisão em 03.10.2011, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário ao CARF em 20.10.2011. Tal recurso foi apreciado e provido em parte pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em sessão de 19.07.2012, com acórdão de nº 380201.184 assim ementado: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 85 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2003 a 31/05/2003 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62A do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. MATÉRIA NÃO CONHECIDA NA INSTÂNCIA A QUO. PRELIMINAR QUE IMPEDIU O CONHECIMENTO DO MÉRITO. AFASTAMENTO. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. A DRJ, ao acolher a questão prejudicial relacionada à incompetência para a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, não chegou a apreciar o mérito da existência do direito creditório, isto é, o valor do crédito e do débito e outras circunstâncias relevantes ao desate da questão, inclusive a efetiva inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição no período alegado pelo interessado. Destarte, os autos devem retornar à DRJ para exame da matéria de mérito, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Em 06.11.2013 foi determinado o encaminhamento dos autos à DRJ/CTA para análise. Em novo julgamento, a 3ª Turma da DRJ/CTA manteve o não acolhimento das razões contidas na manifestação de inconformidade apresentada, mantendose a não homologação da compensação em litígio. Desta vez, as razões da negativa se fundaram na ausência de qualquer prova material apresentada pelo contribuinte, comprometendo a liquidez e certeza do crédito tributário. Invocouse o disposto no art. 74 e seus §§, da Lei nº 9.430/1996, com redação dada pela Lei nº10.637/2002, c/c os arts. 4º e 26, §§1º e 2º da IN SRF nº600/2005, bem como o disposto nos arts. 15 e 16 do Decreto nº70.235/1972, dentre outros dispositivos. O contribuinte foi cientificado do conteúdo da nova decisão em 12.11.2014 por meio de correspondência com AR. (fls 66) Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 86 4 Em 08.12.2014, apresentou novo Recurso Voluntário ao CARF, alegando em sua defesa que: a) Se a DRJ/CTA entendeu não suficientes os documentos apresentados para demonstrar a liquidez e certeza do crédito pleiteado, deveria intimar o contribuinte a apresentar a documentação hábil, por meio de diligência, e não simplesmente negar de plano o requerimento formulado; b) Houve afronta ao princípio da verdade material e cerceamento do direito de defesa; c) Que não se pode cogitar alegar a inadmissibilidade dos novos documentos ora apensados aos autos, vez que o CARF já tem se manifestado pela possibilidade de juntada de documentos em fase recursal; d) Seja homologada a declaração de compensação em litígio, tendo em vista a inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Weis Junior, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os pressupostos e requisitos de admissibilidade. O Valor do Crédito tributário é inferior a (60) sessenta salários mínimos, estando dentro da alçada de competência desta turma extraordinária. Sendo assim, passo a analisar o recurso. I Do ônus probatório e da preclusão. A compensação enquanto modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156, II, do CTN, operase mediante a existência de crédito líquido e certo oponível à fazenda pública, sem o que não há como efetivar o encontro de contas pretendido pelo contribuinte. Assim, têmse que o direito à compensação existe na medida exata da certeza e liquidez do crédito em favor do contribuinte. Não restando comprovadas a certeza e liquidez do crédito do contribuinte, não há como operacionalizar a compensação. Atualmente, a compensação pode ser declarada pelo próprio contribuinte, em meio eletrônico, mediante preenchimento e transmissão de Declaração de Compensação DCOMP, na qual se indicará em detalhes o crédito existente e o débito a ser compensado, sujeitandose a ulterior homologação por verificação fiscal. A verificação fiscal das compensações declaradas pelos contribuintes se opera em dois momentos distintos, a saber: Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 87 5 1) Verificação Eletrônica: Consiste no cruzamento de informações fiscais do contribuinte, disponíveis na base de dados dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil, objetivando verificar a consistência e coerência da compensação declarada. Detectada, nesta fase de verificação, qualquer inconsistência ou divergência entre valores e informações do contribuinte, não homologase a compensação realizada, oportunizando ao interessado o contraditório e ampla defesa em processo administrativo fiscal específico. 2) Verificação Documental: Uma vez instaurado o processo administrativo fiscal, pela apresentação de Manifestação de Inconformidade à não homologação decorrente da verificação eletrônica, tem início a nova etapa de análise do direito creditório, que passa a se operar mediante verificação de documentos hábeis e idôneos que comprovem a existência do crédito utilizado pelo contribuinte. Neste segundo momento de verificação, devem ser observadas todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Em outras palavras, na etapa de verificação eletrônica antes de instaurado o contencioso administrativo são consideradas somente as informações e dados constantes dos sistemas utilizados pela Receita Federal do Brasil. Contudo, uma vez constatada a inconsistência/divergência das informações existentes nos sistemas informatizados, não homologase a compensação declarada e iniciase a etapa de verificação documental, nos autos de processo administrativo fiscal, onde incumbe ao contribuinte comprovar a existência de certeza e liquidez do crédito que pretende utilizar. Resta evidente que todas as contendas que chegam para julgamento a este Conselho Administrativo de Recurso Fiscais se enquadram na etapa de verificação documental, sujeitas, portanto, a todas as regras e princípios aplicáveis ao processo administrativo fiscal. Importante destacar ainda que o início da etapa de verificação documental faz com que as informações anteriormente prestadas pelo contribuinte, nas declarações eletrônicas transmitidas ao fisco, precisem ser comprovadas por outros meios no processo administrativo fiscal. Ou seja, uma vez que as declarações anteriormente apresentadas pelo contribuinte ao fisco não foram suficientes para a homologação da compensação na etapa de verificação eletrônica, não terão elas, quando desacompanhadas de outros documentos que as ratifiquem, força probatória suficiente para atestar a certeza e liquidez do crédito na etapa de verificação documental. No caso em estudo, ao declarar que o sistema da RFB não localizou o crédito porque na DCTF o débito foi declarado integralmente, inclusive com a parcela inconstitucional incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$216,551, o contribuinte reconhece ter emitido declarações contraditórias ao fisco, dando azo à não homologação da compensação durante a verificação eletrônica. Ocorre, contudo, que até a decisão de primeira instância o contribuinte não apresentou qualquer prova documental que evidencie a efetiva inclusão de receitas financeiras 1 Trecho extraído da Manifestação de Inconformidade, fl. 14. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 88 6 na apuração da contribuição ao PIS referente ao mês de maio/2003, comprometendo a análise do direito ao crédito utilizado na compensação e prejudicando o andamento processual. Nos termos do §4º do art. 16 do Decreto Lei nº 70.235/1972, a prova documental deve ser trazida aos autos juntamente com a impugnação. No presente caso, deveria o contribuinte ter produzido suas provas por ocasião da apresentação da Manifestação de Inconformidade. A desobediência a este comando enseja a preclusão do direito de produção das provas documentais em outro momento processual. Nessa senda, a divergência entre as declarações apresentadas pelo contribuinte ao fisco (DCTF e DCOMP), combinada com a falta de apresentação de provas documentais da certeza e liquidez do crédito tributário no momento oportuno, dificultou a análise da autoridade fiscal, ofendendo aos princípios da celeridade e da economicidade processual. Não há comprovação do atendimento a qualquer dos requisitos previstos nas alíneas a) a c) do §4º do art. 16 do DEL 70.235/72, que permitiriam justificar a admissão de novas provas documentais neste momento processual. Não pode o princípio da verdade material ser utilizado como argumento para o afastamento injustificado das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, de modo a acobertar a inércia do contribuinte em comprovar as suas alegações. Nesse sentido entendeu a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, em decisão consubstanciada no acórdão de nº 9303005.226. "...o ônus de comprovar a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar é do contribuinte. O papel do julgador é, verificando estar minimamente comprovado nos autos o pleito do Sujeito Passivo, solicitar documentos complementares que possam formar a sua convicção, mas isso, repitase, de forma subsidiária à atividade probatória já desempenhada pelo contribuinte. Não pode o julgador administrativo atuar na produção de provas no processo, quando o interessado, no caso, a Contribuinte não demonstra sequer indícios de prova documental, mas somente alegações. Pelo exposto, não pode prosperar a alegação do recorrente, de que caberia ao fisco o impulso para a produção de provas da certeza e liquidez do direito creditório pretendido. Isso porque, por ocasião da manifestação de inconformidade, o interessado sequer apresentou indícios da efetiva inclusão das receitas financeiras na base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS, tendo se limitado a fazer a alegações de direito. Tivesse o contribuinte apresentado alguma prova de liquidez e certeza do direito alegado junto à manifestação de inconformidade, ainda que insuficiente por si só, admitirseia, em homenagem ao princípio da verdade material, a juntada de novas provas no mesmo sentido em fase recursal. Portanto, não se pode conhecer de novas provas trazidas ao processo somente em fase recursal, sob pena de afronta aos demais princípios e normas que regem o processo administrativo fiscal. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 89 7 II Da Não Comprovação da Certeza e Liquidez do Crédito Pleiteado nos autos do PAF. Tendo em vista que a preclusão do direito de produção de novas provas, em momento posterior à manifestação de inconformidade, ainda é objeto de divergência entre conselheiros, a fim de evitar a interposição de novos recursos, comprometendo ainda mais a celeridade e a eficiência do processo administrativo, este julgador analisou os documentos trazidos pelo contribuinte junto ao Recurso Voluntário. No presente caso, ainda que admitida fosse a apresentação de provas documentais juntamente com o Recurso Voluntário, deixou o contribuinte de anexar documentos que comprovem que as receitas financeiras relativas ao período de maio/2003 foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição ao PIS do mesmo período. Vejamos. Foram apresentados, juntamente com o Recurso Voluntário: a) Planilha de Cálculo do PIS; b) Razão Analítico da Conta "RENDAS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS"; c) Ficha da DIPJ 2004 contendo detalhes da apuração do PIS do período em questão. Destacase que planilhas, declarações ou demonstrativos elaborados ou preenchidos pelo próprio contribuinte, quando desacompanhados de outros elementos que ratifiquem o seu conteúdo e confirmem a sua exatidão, não possuem força probatória para constituir direito creditório oponível à fazenda pública. Ocorre, contudo, que valor do recolhimento do PIS, referente ao período de maio/2003, declarado na Planilha de Cálculo do PIS (R$483,47, fl. 77), diverge daquele informado na DCOMP em relação ao mesmo período (R$700,03, fl. 09). Há, ainda, divergência entre as bases de cálculo do PIS sobre o faturamento do período informadas na planilha (R$41.064,82, fl. 77) e na ficha 22A da DIPJ 2004 (R$74.380,74, fl. 79). Resta, portanto, materializada a inexatidão dos demonstrativos apresentados, comprometendo sua força probatória. Assim, não restou provado nos autos que as receitas financeiras relativas ao período de maio/2003 foram efetivamente incluídas na base de cálculo do PIS do mesmo período, razão pela qual não foram comprovadas a certeza e liquidez do crédito pretendido compensar. Diante do exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo o NÃO RECONHECIMENTO do direito creditório pleiteado. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10980.922927/200914 Acórdão n.º 3002000.073 S3C0T2 Fl. 90 8 Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.684408/2009-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2001
PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA.
A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS
A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas.
A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.071
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2001 PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.684408/2009-62
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5851535
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-005.071
nome_arquivo_s : Decisao_10880684408200962.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 10880684408200962_5851535.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7201248
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008768479232
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1767; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.684408/200962 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402005.071 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 22 de março de 2018 Matéria PIS CRÉDITOS Recorrente IOB INFORMACOES OBJETIVAS PUBLICACOES JURIDICAS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2001 PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendolhe vedado fundamentála em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 68 44 08 /2 00 9- 62 Fl. 144DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase o presente processo em que a empresa IOB INFORMAÇÕES OBJETIVAS PUBLICAÇÕES JURÍDICAS LTDA., ingressou com Declaração de Compensação alegando pagamento a maior de PIS. Conforme o Despacho Decisório Eletrônico acostado aos autos, a compensação pleiteada não foi homologada, sob o fundamento de que a partir das características do DARF por meio do qual teria ocorrido o pagamento a maior ou indevido, o pagamento foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A Recorrente cientificada da decisão, apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva onde alega, em síntese, que: a) em procedimento de auditoria e verificação interna, verificouse que a empresa pagou PISa maior. Como a legislação lhe dá guarida, realizou compensação do valor apurado a maior, com demais tributos a pagar; b) desta forma, ingressou com Declaração de Compensação de pagamento a maior. Cita fundamentação do Despacho Decisório que não homologou a compensação. A RFB considerou que o pagamento realizado foi utilizado na quitação de débitos informados em DCTF, o que não ocorreu; c) alega que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido indevidamente. A única justificativa da Receita Federal ao proferir tal despacho, foi ter se baseado na DCTF original. Se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação; e d) considerando a retificação da DCTF, requer a homologação da compensação realizada. A DRJ em São Paulo I (SP) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada por entender que a mera retificação da DCTF é insuficiente para o reconhecimento do direito creditório vindicado, quando desacompanhada de provas hábeis para tal. Cientificada da decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual alega em síntese que: ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido a maior; que a única justificativa da RFB ao proferir o despacho decisório, foi ter se baseado na DCTF original e não considerar a DCTF retificadora. Caso tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação realizada; Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.684408/200962 Acórdão n.º 3402005.071 S3C4T2 Fl. 3 3 quanto a existência de documentos suficientes para análise do PER/DCOMP, aduz que a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a recorrente demonstrou o quantum que a RFB no Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PER/DCOMP insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação; da demonstração da existência do Crédito Compensado: em caso da necessidade de a Recorrente juntar outros elementos para embasar a existência do crédito corretamente compensado, evidenciase o pagamento a maior e correspondente direito à compensação, existindo prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN; não há como se admitir o não conhecimento da ulterior juntada de documentos no presente caso, eis que o despacho decisório era fundado em matéria estritamente formal (decorrente da divergência de DCTF); tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF); o CARF reconhece a ulterior juntada de provas em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa; Ao final, considerando as provas carreadas nos autos, requerse o conhecimento e provimento do presente recurso voluntário, com a conseqüente homologação da compensação realizada. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para apreciação e julgamento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.069, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.977028/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.069): "1 Da admissibilidade do Recurso Voluntário Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 142/147, é tempestiva e foi conhecida como recurso voluntário. 2 Objeto da lide Fl. 146DF CARF MF 4 A empresa ingressou com Declaração de Compensação através de PER/DCOMP nº 04014.84529.071205.1.3.048793, de pagamento a maior de COFINS, referente ao mês de março/2001, no valor (principal) de R$ 2.343,83. Ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF e apropriouse integralmente do valor recolhido a maior. No entanto, ao analisar os autos no Despacho Decisório, a RFB considerou que o pagamento realizado foi totalmente utilizado na COFINS devida, correspondente ao mês de março de 2001 (no valor de R$ 215.529,03), não homologando a compensação realizada. Como se vê, a lide diz respeito em que a Recorrente não apresentou prova documental juntamente com a Manifestação de Inconformidade, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na Declaração de Compensação em exame. 3. Das provas trazidas aos autos Primeiramente, aduz a Recorrente em seu recurso que, a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a Recorrente demonstrou suficientemente que a RFB, em seu Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo supostamente devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PEDCOMP supostamente insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação. Pois bem. As normas de vigentes à época da apresentação da Declaração de Compensação e legislação superveniente, são: IN SRF 460, de 2004; IN SRF 600, de 2005, e IN RFB 900, de 2008. Na forma da legislação acima, eventual crédito passível de restituição ou ressarcimento pode ser utilizado na compensação com débitos do sujeito passivo. Contudo, a homologação da compensação está sujeita ao anterior reconhecimento do direito creditório, tendo em vista que a compensação somente pode ser efetuada com credito liquido e certo. Aduz a Recorrente que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou a DCTF. Para tanto, junta aos autos, cópia da DCTF retificadora referente ao 10 trimestre de 2001, enviadas em 30/09/2009 (fls. 19/90). Como a justificativa da Fiscalização ao proferir o Despacho que não homologou a compensação, foi ter se baseado na DCTF original, se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação. Há que se ressaltar que a Recorrente, em 30/09/2009, após a emissão do Despacho Decisório, de 24/08/2009, retificou as DCTFs referente ao 10 trimestre de 2001, na qual reduz o valor devido de COF1NS e pleiteia a compensação dos valores supostamente recolhidos a maior. É cediço que a Declaração retificadora apresentada, reduzindo o valor devido de COFINS, não é suficiente para demonstrar a Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10880.684408/200962 Acórdão n.º 3402005.071 S3C4T2 Fl. 4 5 existência do credito pleiteado, visto ser indispensável que a origem do credito seja comprovada por documentação hábil que de suporte aos valores declarados (necessidade de se apensar documentos, cópias da escrituração contábil, objetivando respaldar a retificação efetuada). O credito pleiteado somente fica assegurado, quando respaldado por documentação hábil e idônea. Agora, no recurso voluntário, visando demonstrar a existência do crédito compensado, a Recorrente alega "existir prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN". Solicita o conhecimento de tais provas. No entanto, manuseando as peças dos autos, verifico que junto com o Recurso Voluntário, foram acostados as seguintes cópia de documentos: identificação da OAB do procurador; procuração; alteração do Contrato Social e cópia do Acórdão DRJ recorrido (documentos de fls. 148/170). Verificase que, diferente do alegado, a defesa não apresentou prova documental juntamente com a manifestação de inconformidade e nem em seu recurso, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na declaração de compensação em exame. Continua aduzindo a Recorrente que: (...) Tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF), impondo a ampla análise e igualdade em oportunizar ao contribuinte opor se aos argumentos fazendários, os quais, no caso, apresentaram se no acórdão recorrido e não no despacho decisório escorreitamente, enfrentado pela manifestação de inconformidade". Sabemos que o momento apropriado para apresentação das provas que comprovem suas alegações é na propositura da Impugnação, no caso a Manifestação de Inconformidade. Temos conhecimento, também, que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo Legislador Nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do Novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo Fl. 148DF CARF MF 6 administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário, e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. A finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência. A verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar verossimilhança às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, como já mencionado, a Recorrente não apresentou indícios mínimos de prova seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de sorte que me sinto na obrigação de julgar com os dados constantes nos autos. Neste contexto, não vislumbro razões para reformar a decisão de primeira instância uma vez que sua decisão foi baseada nos fundamentos jurídicos constantes dos autos e a consequente subsunção aos fundamentos legais que regiam a matéria à época dos fatos geradores. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos. 4. Conclusão Posto isto, voto no sentido de conhecer do Recurso Voluntário e NEGARLHE provimento, mantendose a decisão recorrida." Importa registrar que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, o interessado tampouco trouxe provas de seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de tal sorte que há identidade na situação cotejada. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10880.684408/200962 Acórdão n.º 3402005.071 S3C4T2 Fl. 5 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.001826/2009-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1401-000.194
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar a competência a Competência para a 2a Seção do CARF.
Nome do relator: Não se aplica
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201212
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10380.001826/2009-69
anomes_publicacao_s : 201803
conteudo_id_s : 5848850
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-000.194
nome_arquivo_s : Decisao_10380001826200969.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : Não se aplica
nome_arquivo_pdf_s : 10380001826200969_5848850.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar a competência a Competência para a 2a Seção do CARF.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
id : 7188091
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:14:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008772673536
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2109; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 1 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.001826/200969 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1401000.194 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 5 de dezembro de 2012 Assunto COMPETÊNCIA Recorrente CORPVS CORPO VIGILANTES PARTICULARES LTDA. Recorrida 5ª TURMA DRJ/BSB Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar a competência a Competência para a 2a Seção do CARF. Trata o presente processo de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP n°37.043.9090) lavrado em face do contribuinte CORPVS CORPO VIGILANTES PARTICULARES LTDA no dia 04/03/2009 para a exigência de contribuições destinadas ao Serviço Social do Comércio – SESC, à alíquota de 1,5% incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados empregados. O lançamento foi efetuado para prevenir a decadência do direito de constituir o crédito das contribuições relativas aos períodos de janeiro de 2003 a dezembro de 2006. O relatório fiscal de fls. 128/137 esclarece que a autuada não realizou o recolhimento de mencionada contribuição, tendo ingressado com a Ação Ordinária n° 97.00200728 junto a 8ª Vara da Justiça Federal do Ceará com o escopo de suspender a exigibilidade das contribuições destinadas ao SEBRAE, SESC e SENAC. Esclarece a autuada que efetuou os devidos depósitos judiciais dos valores das contribuições em tela, relativas aos períodos de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Conforme se depreende do relatório da DRJ (fl. 183), as bases de cálculo das referidas contribuições foram obtidas em folhas de pagamento apresentadas pela empresa e nas Guias de Recolhimento do FGTS e informações a Previdência Social – GFIP, nas quais o contribuinte informou os códigos 0065 e 0001 que determinam a não declaração dos valores devidos ao SESC. Realizado o exame da contabilidade do contribuinte bem como dos documentos fiscais apresentados, a autoridade fiscal constatou diversas irregularidades, das quais RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 01 82 6/ 20 09 -6 9 Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10380.001826/200969 Resolução nº 1401000.194 S1C4T1 Fl. 3 2 mencionase: (i) a existência de inconsistências entre as despesas declaradas e os devidos documentos suporte que atestam que foram realmente incorridas (fl.128); (ii) indícios de inautenticidade dos documentos fiscais apresentados, tais como notas fiscais com mesma numeração emitidas para clientes distintos; diferenças nos valores, na data de emissão e no layout entre as notas fiscais apresentadas e as notas fiscais emitidas; a autorização para a emissão das notas fiscais apresentadas era para empresas diferentes das que constavam da nota fiscal (fl. 129). Diante de tais fatos, concluiu a autoridade fiscal pela configuração de crime de falsificação de documento, conforme disposto no artigo 297 do Decreto Lei 2.848/40 (Código Penal) e crime de falsificação de papéis públicos, consoante artigo 293, inciso I do mencionado Código. Tempestivamente o contribuinte apresentou impugnação (fls. 141/150) na qual alegou: Terem sido lançadas contribuições referentes a período superior a 5 anos, devendo ser aplicado ao caso o disposto no artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional em virtude da inexistência de dolo, fraude ou simulação em sua conduta e, apenas subsidiariamente, o disposto no artigo 173, I do Código Tributário Nacional para a fixação do dies a quo do prazo decadencial. Ser incabível a imposição de multa por lançamento de ofício e juros de mora sobre o montante depositado judicialmente, uma vez que nos termos do artigo 151, II do Código Tributário Nacional isto configura hipótese de suspensão da exigibilidade de seu crédito, e apenas subsidiariamente, a redução de 50% da referida multa e juros em virtude de ter declarado a Contribuição. Em acórdão de fls. 181/191, a Delegacia da Receita Federal em Brasília julgou procedente em parte a impugnação do contribuinte apenas para excluir as competências de 01/2003 a 11/2003 que teriam sido atingidas pela decadência, mantendose o valor do crédito tributário remanescente. Assim sendo, a fixação do dies a quo do prazo decadencial se deu pelo disposto no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, sob o argumento de que o contribuinte teria incorrido nas hipóteses de dolo fraude ou simulação em virtude das inconsistências em sua contabilidade e apresentação de documentos falsos. No tocante à aplicação de multa e juros sobre débitos com a exigibilidade suspensa, a DRJ entendeu ser cabível tal procedimento, pois “tratandose de lançamento destinado a resguardar o crédito dos efeitos da decadência, justificase acautelar tanto a importância principal quanto os seus consectários legais” (fl. 181). Alegou, ainda, que não é da competência da autoridade administrativa dispensar ou reduzir os acréscimos legais (juros/multa) impostos pela legislação previdenciária aplicável à época do lançamento, quais sejam, os artigos 34 e 35 da Lei n° 8.212/91. (fl.189). Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 212/218, no qual reafirmou as razões de sua impugnação quanto a fixação do dies a quo do prazo decadencial pelo artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional, sustentando a inexistência de dolo, fraude ou simulação na apuração e recolhimento das Contribuições exigidas “por total Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10380.001826/200969 Resolução nº 1401000.194 S1C4T1 Fl. 4 3 falta de nexo de causalidade entre a ação imputada à Autuada, (contabilização de notas inidôneas) e o fato gerador das contribuições em tela.”. (fl. 214) Ademais, reafirma seu entendimento no sentido de que o depósito judicial tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito, nos termos do artigo 151, II do Código Tributário Nacional. É o relatório. A despeito do processo ter sido distribuído a esta relatora, verifico que, conforme Regimento Interno do CARF, esta colenda Quarta Câmara da Primeira Seção não tem competência para julgamento da presente lide. De acordo com o artigo 3º, IV do RICARF, a competência para o julgamento de tal matéria – exigência de Contribuição ao SESC é da Segunda Seção do CARF: Art. 3° À Segunda Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3° da Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007; Nesse sentido, voto por declinar o julgamento da lide em razão da ausência de competência, determinando que o processo seja remetido à Segunda Seção do CARF, para distribuição e julgamento. (ASSINADO DIGITALMENTE) Karem Jureidini Dias Fl. 223DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727474/2015-78
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
MOLÉSTIA GRAVE COMPROVADA. COMPENSAÇÃO DE IRRF. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE
A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Considerar que rendimentos sujeitos à tributação exclusiva não estão abrangidos pela isenção por moléstia grave pe entendimento que implicaria em restrição não prevista em lei (Art 6 da Lei 7713/88, inc XIV).
Numero da decisão: 2001-000.236
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201801
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2014 MOLÉSTIA GRAVE COMPROVADA. COMPENSAÇÃO DE IRRF. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Considerar que rendimentos sujeitos à tributação exclusiva não estão abrangidos pela isenção por moléstia grave pe entendimento que implicaria em restrição não prevista em lei (Art 6 da Lei 7713/88, inc XIV).
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10830.727474/2015-78
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5856489
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2001-000.236
nome_arquivo_s : Decisao_10830727474201578.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : FERNANDA MELO LEAL
nome_arquivo_pdf_s : 10830727474201578_5856489.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
dt_sessao_tdt : Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
id : 7245608
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:16:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008774770688
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1623; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.727474/201578 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.236 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 31 de janeiro de 2018 Matéria IRPF: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente EDUARDO DE ANDRADE BERNAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2014 MOLÉSTIA GRAVE COMPROVADA. COMPENSAÇÃO DE IRRF. TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA NA FONTE A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Considerar que rendimentos sujeitos à tributação exclusiva não estão abrangidos pela isenção por moléstia grave pe entendimento que implicaria em restrição não prevista em lei (Art 6 da Lei 7713/88, inc XIV). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 74 74 /2 01 5- 78 Fl. 211DF CARF MF 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento, fls. 12 a 18, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2014, anocalendário de 2013, para formalização da exigência e cobrança de imposto de renda suplementar (2904), no valor de R$ 104,57, multa de ofício no valor de R$78,42 e juros de mora calculados até o dia 30/11/2015, bem como imposto de renda da pessoafísica (0211), no valor de R$ 49,43, multa de mora no valor de R$ 9,88 e juros de mora calculados até o dia 30/11/2015, por supostamente não ter comprovado ser portador de moléstia considerada grave, ou sua condição de aposentado, pensionista ou reformado, nos termos da legislação em vigor, ou não comprovou a efetiva retenção do imposto de renda sobre rendimentos isentos e/ou não tributáveis, para fins da compensação pleiteada. O interessado foi cientificado da notificação em 01/12/2015 e apresentou impugnação em 10/12/2015, fls. 02 e ss alegando, em síntese, e corroborando, por documentos, legislação e jurisprudência, que resta inconteste o seu direito de usufruir da isenção de imposto de renda da pessoa física sobre estes proventos de aposentadoria. A DRJ Fortaleza, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que o contribuinte preencheu os dois requisitos legais, que logrou êxito em comprovar sua condição de portador de moléstia grave especificada em Lei e que os rendimentos lançados como omissão são provenientes de aposentadoria. Sendo assim o mesmo faz jus a isenção. No entanto, argumenta a DRJ que o contribuinte demonstrou nos autos que fez opção pelo regime de tributação exclusiva na fonte previsto nos artigos 1º e 2º da Lei nº 11.053, de 2004. Assim, seria de se concluir que se trata de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva, principalmente, tendo em conta que o código de receita 5565 informado na DIRF é relativo a Benefício ou Resgate de Previdência Privada e Fapi Optantes. Ademais, o IRRF foi calculado à alíquota de 15%, de conformidade com o disposto no art. 3º, inciso II, do citado texto legal, acima reproduzido. Portanto, considerando que os rendimentos recebidos seriam de tributação exclusiva na fonte, não caberia a compensação do imposto retido na declaração de ajuste anual. Em sede de Recurso Voluntário, além de ter repisado a comprovação da sua condição de portador de moléstia grave, e de sua condição de isento, colacionou decisões administrativas e sustentou que considerar que os rendimentos sujeitos a tributação exclusiva não estão abrangidos pela isenção por moléstia grave é um entendimento que implicaria em restrição não prevista em lei. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. Fl. 212DF CARF MF Processo nº 10830.727474/201578 Acórdão n.º 2001000.236 S2C0T1 Fl. 3 3 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Isenção por moléstia grave e retenção na fonte do IRPF De acordo com o inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de1988 e alterações, são isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria percebidos pelos portadores das moléstias nele enumeradas. A isenção em questão também se aplica à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão (§ 6º do art. 39 do Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento de Imposto sobre a Renda RIR/1999). Nos termos do § 4º do RIR/1999, para o reconhecimento de novas isenções, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. O contribuinte apresentou preencheu os dois requisitos legais, logrou êxito em comprovar sua condição de portador de moléstia grave especificada em Lei e que os rendimentos lançados como omissão são provenientes de aposentadoria. Sendo assim restou claro que mesmo faz jus a isenção. No entanto argumenta a DRJ que o contribuinte demonstrou nos autos que fez opção pelo regime de tributação exclusiva na fonte previsto nos artigos 1º e 2º da Lei nº 11.053, de 2004. Assim, seria de se concluir que se trata de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva. Não concordo com o entendimento da DRJ. Ao meu ver, foram integralmente supridas as faltas apontadas no lançamento. Ademais, não há no texto legal, qual seja o inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de1988 e alterações, menção à exclusão de isenção de impostos tributados exclusivamente na fonte. O termo legal deve ser interpretado literalmente, abarcando na isenção os impostos sobre rendimentos de aposentadoria pagos por entidades de previdência complementar, sujeitos ou não à tributação exclusiva na fonte. Assim, concordo que considerar que rendimentos sujeitos à tributação exclusiva não estão abrangidos pela isenção por moléstia grave é entendimento que implicaria em restrição não prevista em lei. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, Fl. 213DF CARF MF 4 oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na comprovação pelo Contribuinte da sua condição de portador de moléstia grave, nos termos da lei, entendo que deve ser dado provimento ao Recurso Voluntário pois resta comprovada a sua situação de isenção e seu direito a restituição do IR retido. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter a sua condição de isento para fins fiscais restando comprovada a sua condição de portador de moléstia grave. Por conseguinte, proceder com a devida restituição do IR através do órgão competente (Delegacia da Receita). Merece salientar que deve ser levado em consideração no cálculo do saldo remanescente o valor que o Contribuinte já foi restituído, nos moldes da legislação em vigor. (assinado digitalmente) Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10830.727474/201578 Acórdão n.º 2001000.236 S2C0T1 Fl. 4 5 Fernanda Melo Leal. Fl. 215DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11052.001326/2010-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/00. DESCUMPRIMENTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
O descumprimento de qualquer dos requisitos da Lei nº 10.101/00, em razão de seu caráter de norma isentiva, atrai a incidência das contribuições sociais aos valores pagos a título de PLR.
Numero da decisão: 2201-004.060
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 23/02/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausente justificadamente a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201802
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/00. DESCUMPRIMENTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O descumprimento de qualquer dos requisitos da Lei nº 10.101/00, em razão de seu caráter de norma isentiva, atrai a incidência das contribuições sociais aos valores pagos a título de PLR.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11052.001326/2010-45
anomes_publicacao_s : 201802
conteudo_id_s : 5833488
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2201-004.060
nome_arquivo_s : Decisao_11052001326201045.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 11052001326201045_5833488.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/02/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausente justificadamente a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski.
dt_sessao_tdt : Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
id : 7134240
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:12:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008784207872
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1496; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 224 1 223 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11052.001326/201045 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201004.060 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 05 de fevereiro de 2018 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente LOGIN LOGISTICA INTERMODAL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/00. DESCUMPRIMENTO. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O descumprimento de qualquer dos requisitos da Lei nº 10.101/00, em razão de seu caráter de norma isentiva, atrai a incidência das contribuições sociais aos valores pagos a título de PLR. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente e Relator. EDITADO EM: 23/02/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausente justificadamente a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 13 26 /2 01 0- 45 Fl. 224DF CARF MF 2 Tratase de Recurso de Voluntário interposto contra acórdão da 12ª Turma da DRJ Rio de Janeiro I que manteve, parcialmente, o lançamento tributário relativo às contribuições sociais previdenciárias devidas pela empresa e seus segurados, inclusive a parcela devida a Terceiros, e incidentes sobre pagamentos realizados aos segurados empregados. Tal crédito foi constituído por meio de Auto de Infração que contém o Debcad 37.271.5083, devidamente explicitado, pelo qual foi apurado o crédito tributário no valor de R$ 2.008.034,19 em valores consolidados em dezembro de 2010. A ciência pessoal do Auto de Infração, que contém o lançamento referente às contribuições devidas no período de janeiro a dezembro de 2007 , ocorreu em 17 de dezembro de 2010, conforme se verifica às folhas 02. Em 14 de janeiro de 2011, foi apresentada a impugnação ao lançamento (fls.84). Em 13 de agosto de 2013, a 12ª Turma da DRJ Rio de Janeiro I, por meio da decisão consubstanciada no Acórdão 1259.482 (fls. 145), de forma unânime, julgou parcialmente procedente a defesa administrativa apresentada e tal decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. FOLHA DE PAGAMENTOS. PLR. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. DESCUMPRIMENTO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INTEGRAÇÃO. Integra o salário de contribuição a parcela da folha de pagamentos, relativa à participação nos lucros e resultados, concedida em desacordo com a lei específica de regência, no que diz respeito à quantidade de parcelas. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO INDIRETO. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. INSCRIÇÃO. PAT. AUSÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VERBA INDENIZATÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA. Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os valores de alimentação fornecidos in natura, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 03/2011 da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Tal decisão tem o seguinte relatório que, por sua clareza e precisão, reproduzo (fls. 147): "Tratase, no presente processo, de crédito constituído pela fiscalização, mediante a lavratura do Auto de Infração nº 37.274.5083, referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração paga aos segurados empregados, a cargo da empresa, destinadas ao financiamento da Seguridade Social e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa, decorrente dos riscos ambientais do trabalho, no período de 01/2007 a 12/2007. Fl. 225DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 225 3 2. No relatório fiscal de fls. 33/51 a fiscalização informou, em síntese, que: 2.1. A empresa forneceu alimentação e ticket alimentação em desacordo com a lei, ou seja, deixando de comprovar a adesão ao PAT, sendo esta circunstância impeditiva para a afastar a incidência da contribuição previdenciária; 2.2. A empresa realizou pagamentos a título de PLR em desconformidade com a legislação previdenciária, que dispõe sobre a não integração da referida verba no salário de contribuição, quando obedecida a lei específica, no caso, a Lei 10.101/00; 2.3. Constatou que os valores pagos a título de PLR na conta contábil 353012006, nos meses de 01, 02 e 03/2007, ocorreram em periodicidade superior ao que determina a lei de regência. Além disso, apesar de intimada, a autuada não prestou todos os esclarecimentos solicitados, como o motivo do pagamento maior que o estabelecido no acordo e a falta de individualização das verbas recebidas, por empregado beneficiado; 2.4. A Autuada não respeitou as regras acordadas, realizando o pagamento de PLR maior que o estabelecido na cláusula 4ª, § 4º do Termo de Acordo, que limitava em 6 (seis) saláriosbase a participação de cada empregado; 2.5. Os valores pagos a título de PLR não foram incluídos nas folhas de pagamentos, nem declarados em GFIP, razão pela qual houve a lavratura dos correspondentes autos pelo descumprimento das obrigações acessórias; 2.6. Realizou a comparação das multas para aplicar a mais benéfica, considerando as alterações decorrentes da MP 449/08, de maneira que aplicou multa de ofício no percentual de 75 % nas competências 04 a 10/2007 e 12/2007 e multa de mora no percentual de 24% mais o AI 68 nas demais competências, conforme explicitado no item 41 do relatório fiscal. 3. A Impugnante apresentou a defesa, de fls. 84/95, aduzindo que: 3.1. Não desvirtuou o instituto da PLR, que foi concedida em consonância coma a legislação, sendo ilegítima a incidência de contribuição. Ainda que tenha sido desrespeitado o limite individual de pagamento previsto no Termo de Acordo, é lícito concluir que o limite não é requisito essencial para a configuração do PLR, até porque a lei sequer previu um teto; 3.2. Ademais o não atendimento ao limite individual implicaria na incidência de contribuição apenas sobre a parcela em patamar superior ao estabelecido no acordo; 3.3. A periodicidade do pagamento superior a duas vezes deve ser verificada em relação aos mesmos beneficiários, a fim de caracterizar a habitualidade. Ocorre que tal circunstância não Fl. 226DF CARF MF 4 deveria ter sido aventada, porque o fisco não individualizou os pagamentos efetuados; 3.4. Requer a produção de prova pericial para comprovar a ausência de reiteração dos pagamentos; 3.5. Não apresentou o comprovante de adesão ao PAT devido à exigüidade do prazo, além de que ao fisco cabe intimar os órgãos administrativos para obter os documentos, de maneira que se faz necessária a realização de diligência. 3.6. Em se tratando de alimentação in natura oferecida ao empregado não há que se falar em contraprestação pelo trabalho, mas de verba indenizatória, como restou pacificado pelo STJ, não sujeita à incidência de contribuição previdenciária. 4. É o relatório." Cientificado da decisão que contrariou seus interesses em 13 de junho de 2014, (AR fls. 157), o sujeito passivo apresentou tempestivamente recurso voluntário (fls. 163) no qual, na essência, reproduz seus argumentos da impugnação. O recurso foi distribuído por sorteio eletrônico, em sessão pública, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade do recurso interposto, passo a apreciálo na ordem de suas alegações. DO CERCEAMENTO DE DEFESA Segundo a Recorrente, ao indeferir o pedido de perícia, formulado em sua impugnação ao lançamento, a decisão de piso cerceou seu direito de defesa. "Ocorre que, ao contrário do que restou consignado no acórdão recorrido, a realização da perícia era indispensável para a demonstração de que a Suplicante não efetuou pagamentos, a título de PLR, aos seus empregados, em intervalos inferiores a seis meses. Inclusive, a própria fundamentação do acórdão consignou que a Suplicante não teria logrado êxito em comprovar a suas alegações referentes à periodicidade dos pagamentos realizados o que, registrese, seria feito através da prova indeferida. Senão, vejase excerto extraído do julgado: Fl. 227DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 226 5 "A lei não é expressa em afirmar que o limite máximo das parcelas deve ser perquerida individualmente, mas, ainda que assim se admitisse, a Impugnante não provou sua alegação, conforme impõe o artigo 16, III do Decreto n" 70.235/82" (fl. 04 do acórdão destacamos). Por sua vez, somente mediante a realização de perícia contábil poderseia confirmar, ou não, a alegação da ora Recorrente, uma vez que, do exame dos lançamentos nos livros próprios, e dos demais controles financeiros e contábeis seria possível identificar a qual período/anobase se relacionam os pagamentos e quais os segurados que, eventualmente, perceberam a PLR nos três meses do ano de 2007. A elucidação destes dados respaldaria a alegação de inexistência de pagamentos em desacordo com a periodicidade legal, uma vez que (a) dentre as parcelas pagas, em 2007, havia a PLR de 2006 (de modo que, por se tratarem de períodos de apuração distintos, inexiste, quanto a PLR de 2007, mais de dois pagamentos no ano), nos termos do Termo de Acordo firmado com o sindicato, bem como que (ii), a despeito de terem ocorrido três pagamentos, não há, dentre eles, situação na qual um mesmo beneficiário tenha percebido a verba nas três ocasiões, justificandose um terceiro pagamento diante de circunstâncias específicas (v. g., profissionais desligados no curso do ano de 2006). Não se trata, outrossim, sequer de prova meramente documental, pois tais evidências dependeriam de um exame técnico da contabilidade e controles financeiros da empresa, sobretudo quanto a vinculação do gasto a um dado período de apuração. Sendo, portanto, essencial a realização da perícia para a comprovação das alegações da Recorrente, e tratandose do meio probatório apto a tal mister, era e rigor 0deferimento da prova pericial pleiteada, e sua negativa, data vénia, constitui inequívoco cerceamento do seu direito de defesa, caracterizando ofensa ao artigo 5o, inciso LV, da CR/88, bem como ao artigo 2o da Lei n.° 9.784/99" Não verifico a nulidade apontada. Cabe razão ao julgador de piso no tocante ao indeferimento do pedido de perícia. Recordemos a decisão recorrida (fls. 150): "19. A realização de perícia somente se justifica diante da necessidade de se obter parecer especializado sobre questões específicas, imprescindíveis ao deslinde do processo. No presente caso, as questões enfrentadas dispensam a realização de perícia, o que se pode verificar pelos quesitos apresentados pela Impugnante, bastando para tanto, que exibisse os documentos e esclarecimentos requeridos pela autoridade fiscal, ou juntasse o acervo probatório aos autos para análise do julgador, portanto, indefiro o pedido." Fl. 228DF CARF MF 6 Segundo a decisão recorrida, o indeferimento do pedido de perícia decorre de sua desnecessidade, uma vez que não se trata de questões específicas que exijam parecer especializado. Há que se concordar. Alega a Recorrente a necessidade de produção de prova pericial como meio de prova de que os pagamentos a título de PLR, em mais de duas vezes ao ano, não foram realizados aos mesmos segurados, e sim, a segurados distintos, uma vez que foram pagos a grupos diversos de empregados a cada vez. Ora, a comprovação de tal fato se dá com simples planilha extraída da contabilidade da empresa e cotejada com a folha de pagamento. Não se pode anuir com a necessidade de um parecer de um profissional especialista para tal comprovação. Não obstante o exposto, é mister não olvidar que o deferimento de prova pericial está disciplinado no artigo 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235/72, que rege o processo administrativo tributário. Recordemos sua dicção: "Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito." Não foram observadas do ponto de vista material, pela Recorrente, tais exigências. Embora tenha havido a indicação do profissional, verificase que a qualificação do mesmo não é compatível com uma perícia contábil, o que demonstra a logicidade dos argumentos acima expostos, no sentido da desnecessidade de tal prova pericial, posto que segundo o próprio apelante tal perícia pode ser realizada por alguém que não possui formação profissional específica. Logo, não se pode deferir a perícia requerida. Preliminar de cerceamento de defesa rejeitada. DA NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO SOBRE A PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS (PLR). Segundo o apelo, não há incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de PLR, posto que houve observância dos requisitos legais. Vejamos seus argumentos (fls. 166) "Conforme registrado, a DRJ/RJ1 entendeu que o pagamento da PLR daSuplicante aos seus empregados, por ter sido realizado nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2007, estaria em descompasso com as normas preconizadas pela Lei n°10.101/00, uma vez que a redação original do artigo 3o, § 2, do referido diploma,vedava a distribuição da PLR em intervalos inferiores a seis meses e por mais de duas vezes ao ano. Não assim. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 227 7 Cabe insistir, em primeiro lugar, que não prevalece a assertiva do r.aresto no sentido de que, mesmo admitidas suas justificativas a respeito da efetivação de pagamentos em suposto desacordo com a periodicidade legal, não teria a Recorrente delas feito prova, haja vista que tal ausência deve ser imputado à ilegítima recusa do órgão julgador em determinar a realização de prova pericial contábil, único meio,repitase, de se elucidar as questões fáticas sumarizadas no item 8 (oito) do presente recurso. Neste sentido, e ante a premissa de que acabará sendo oportunizada à Recorrente a realização da perícia outrora requerida, os fatos que através dela serão confirmados afastam a pretendida classificação da verba paga como forma de remuneração estratégica, e não autêntica distribuição de lucros e resultados, prevista no artigo 7o, inciso XI, da CR/88. Com efeito, em que pese tenham ocorrido três pagamentos, no próprio ano de 2007, e em intervalo inferior a seis meses, o sentido óbvio da vedação contida no artigo 3o, § 2o, da Lei n.° 10.101, é o de vedar seja o segurado beneficiado pelo pagamento de PLR por mais de duas vezes, ao ano, e em intervalo inferior a seis meses que indique prenúncio de habitualidade. Circunstâncias estas que, portanto, tem de ser analisadas sob o ponto de vista de cada beneficiário, e não de maneira genérica, como o fez a fiscalização e a r. DRJ. E, in casu, como já adiantado, não houve pagamento da PLR a um mesmo empregado em mais de duas vezes no ano, ou em periodicidade inferior a seis meses, entre cada pagamento. Repitase, a principal causa de ter havido pagamentos em três meses distintos durante o primeiro semestre de 2007 referese à circunstância de que em cada um desses meses terem sido contemplados grupos distintos de empregados, classificados de acordo com o cargo exercido na empresa. Ademais, outros elementos também justificam a circunstância de terem sido efetuados pagamentos nos três primeiros meses de 2007, tais como (i): ter havido o pagamento da própria PLR, relativa a 2006, cuja data prevista é fevereiro de 2007, nos termos do Termo de Acordo firmado com o sindicato e (ii) ter havido o creditamento da PLR a beneficiários diversos dos anteriormente contemplados (v. g., profissionais desligados no curso do ano de 2006). Naturalmente, dentro da liberalidade de negociação entre empresas, empregados e Sindicatos, não há nenhum empecilho em estipular regras de pagamento da PLR que, atendendo ao objetivo do legislador, segreguem os pagamentos a tal título durante o exercício fiscal sem que um mesmo segurado seja contemplado repetidas vezes. (...) Fl. 230DF CARF MF 8 Por fim, ainda que tenha sido desrespeitado o limite individual de pagamento, previsto no Termo de Acordo celebrado para este fim, é lícito concluir que o atendimento a este limite não consiste requisito essencial para a configuração, ou não, da PLR, até porque sequer prevista a necessidade de um teto de pagamento na Lei n.° 10.101/00. Em rigor, as normas estipuladas no acordo, caso descumpridas, ensejam eventual responsabilidade entre as partes, mas não têm o condão de desnaturar a natureza dos pagamentos realizados, pois se cuida de regra acessória, estipulada dentro da esfera de liberdade do empregador e de seus empregados. Portanto, o seu adimplemento, ou não, afeta tão somente o montante a ser distribuído e a forma de participação dos empregados, mas não o seu caráter desvinculado da remuneração. (...) Ademais, o não atendimento ao supracitado limite de pagamento, quando muito, implicaria com que a incidência fiscal recaísse, apenas, sobre a parcela paga em patamar superior a tal limite, posto que o valor restante, creditado que foi em conformidade com as regras contratuais (i.é., dentro do limite), está em perfeita sintonia com os requisitos legais e contratuais Naturalmente, não se pode emprestar um mesmo tratamento jurídico à parcela paga em atendimento a este limite e àquela que o supera. Caso contrário, estarseia afrontando o citado princípio da razoabilidade, haja vista que a consequência jurídica pretendida (desconsideração de todo o crédito como PLR) é desproporcional à sua causa (desconformidade parcial do pagamento, em relação à parcela que superou o limite)." (negritos e sublinhados concomitantes são meus) Inicialmente, antes de analisar pontualmente as alegações recursais, entendo ser mais adequado, no caso concreto, uma explanação sobre a incidência tributária no caso das verbas pagas como participação nos lucros e resultados. Como regra geral, as contribuições previdenciárias têm por base de cálculo a remuneração percebida pela pessoa física pelo exercício do trabalho. É dizer: toda pessoa física que trabalha e recebe remuneração decorrente desse labor é segurado obrigatório da previdência social e dela contribuinte, em face do caráter contributivo e da compulsoriedade do sistema previdenciário pátrio. De tal assertiva, decorre que a base de cálculo da contribuição previdenciária é a remuneração percebida pelo segurado obrigatório em decorrência de seu trabalho. Nesse sentido caminha a doutrina. Eduardo Newman de Mattera Gomes e Karina Alessandra de Mattera Gomes (Delimitação Constitucional da base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias ‘in’ I Prêmio CARF de Monografias em Direito Tributário 2010, Brasília: Edições Valentim, 2011. p. 483.), entendem que: Fl. 231DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 228 9 “...não se deve descurar que, nos estritos termos previstos no art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91, apenas as verbas remuneratórias, ou seja, aquelas destinadas a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo disponibilizado ao empregador, é que ensejam a incidência da contribuição previdenciária em análise” (grifos originais) Academicamente (OLIVEIRA, Carlos Henrique de. Contribuições Previdenciárias e Tributação na Saúde ‘in’ HARET, Florence; MENDES, Guilherme Adolfo. Tributação da Saúde, Ribeirão Preto: Edições Altai, 2013. p. 234.), já tivemos oportunidade de nos manifestar no mesmo sentido quando analisávamos o artigo 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, que trata do salário de contribuição: “O dispositivo regulamentar acima transcrito, quando bem interpretado, já delimita o salário de contribuição de maneira definitiva, ao prescrever que é composto pela totalidade dos rendimentos pagos como retribuição do trabalho. É dizer: a base de cálculo do fato gerador tributário previdenciário, ou seja, o trabalho remunerado do empregado, é o total da sua remuneração pelo seu labor” (grifos originais) O final da dessa última frase ajudanos a construir o conceito que entendemos atual de remuneração. A doutrina clássica, apoiada no texto legal, define remuneração como sendo a contraprestação pelo trabalho, apresentando o que entendemos ser o conceito aplicável à origem do direito do trabalho, quando o sinalagma da relação de trabalho era totalmente aplicável, pois, nos primórdios do emprego, só havia salário se houvesse trabalho. Com a evolução dos direitos laborais, surge o dever de pagamento de salários não só como decorrência do trabalho prestado, mas também quando o empregado "está de braços cruzados à espera da matériaprima, que se atrasou, ou do próximo cliente, que tarda em chegar", como recorda Homero Batista (Homero Mateus Batista da Silva. Curso de Direito do Trabalho Aplicado, vol 5: Livro da Remuneração.Rio de Janeiro, Elsevier. 2009. pg. 7). O dever de o empregador pagar pelo tempo à disposição, ainda segundo Homero, decorre da própria assunção do risco da atividade econômica, que é inerente ao empregador. Ainda assim, cabe o recebimento de salários em outras situações. Numa terceira fase do direito do trabalho, a lei passa a impor o recebimento do trabalho em situações em que não há prestação de serviços e nem mesmo o empregado se encontra ao dispor do empregador. São as situações contempladas pelos casos de interrupção do contrato de trabalho, como, por exemplo, nas férias e nos descansos semanais. Há efetiva responsabilização do empregador, quando ao dever de remunerar, nos casos em que, sem culpa do empregado e normalmente como decorrência de necessidade de preservação da saúde física e mental do trabalhador, ou para cumprimento de obrigação civil, não existe trabalho. Assim, temos salários como contraprestação, pelo tempo à disposição e por força de dispositivos legais. Não obstante, outras situações há em que seja necessário o pagamento de salários A convenção entre as partes pode atribuir ao empregador o dever de pagar determinadas quantias, que, pela repetição ou pela expectativa criada pelo empregado em recebêlas, assumem natureza salarial. Típico é o caso de uma gratificação paga quando do cumprimento de determinado ajuste, que se repete ao longo dos anos, assim, inserese no Fl. 232DF CARF MF 10 contrato de trabalho como dever do empregador, ou determinado acréscimo salarial, pago por liberalidade, ou quando habitual. Nesse sentido, entendemos ter a verba natureza remuneratória quando presentes o caráter contraprestacional, o pagamento pelo tempo à disposição do empregador, haver interrupção do contrato de trabalho, ou dever legal ou contratual do pagamento. Assentados no entendimento sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, vejamos agora qual a natureza jurídica da verba paga como participação nos lucros e resultados. O artigo 7º da Carta da República, versando sobre os direitos dos trabalhadores, estabelece: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra de dúvida, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições pré estabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Fl. 233DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 229 11 Porém, não só a Carta Fundamental como também a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determinam que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas tem nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por outro, vimos que a Constituição e Lei que instituiu a PLR afastam – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação. Para uns, verdadeira imunidade pois prevista na Norma Ápice, para outros isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. Não entendo ser o comando constitucional uma imunidade, posto que esta é definida pela doutrina como sendo um limite dirigido ao legislador competente. Tácio Lacerda Gama (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Ed. Quartier Latin, pg. 167), explica: "As imunidades são enunciados constitucionais que integram a norma de competência tributária, restringindo a possibilidade de criar tributos" Ao recordar o comando esculpido no artigo 7º, inciso XI da Carta da República não observo um comando que limite a competência do legislador ordinário, ao reverso, vejo a criação de um direito dos trabalhadores limitado por lei. Superando a controvérsia doutrinária e assumindo o caráter isentivo em face da expressa disposição da Lei de Custeio da Previdência, mister algumas considerações. Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário 3ªed. São Paulo: Ed Saraiva. 2013. p.649), citando Jose Souto Maior Borges, diz que a isenção é uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. Nesse sentido, devemos atentar para o alerta do professor titular da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que recorda que a isenção é vista pelo Código Tributário Nacional como uma exceção, uma vez que a regra é que: da incidência, surja o dever de pagar o tributo. Tal situação, nos obriga a lembrar que as regras excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Paulo de Barros Carvalho, coerente com sua posição sobre a influência da lógica semântica sobre o estudo do direito aliada a necessária aplicação da lógica jurídica, ensina que as normas de isenção são regras de estrutura e não regras de comportamento, ou seja, essas se dirigem diretamente à conduta das pessoas, enquanto aquelas, as de estrutura, prescrevem o relacionamento que as normas de conduta devem manter entre si, incluindo a própria expulsão dessas regras do sistema (abrogação). Fl. 234DF CARF MF 12 Por ser regra de estrutura a norma de isenção “introduz modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, esta sim, norma de conduta” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013. p. 450), modificações estas que fulminam algum aspecto da hipótese de incidência, ou seja, um dos elementos do antecedente normativo (critérios material, espacial ou temporal), ou do conseqüente (critérios pessoal ou quantitativo). Podemos entender, pelas lições de Paulo de Barros, que a norma isentiva é uma escolha da pessoa política competente para a imposição tributária que repercute na própria existência da obrigação tributária principal uma vez que ela, como dito por escolha do poder tributante competente, deixa de existir. Tal constatação pode, por outros critérios jurídicos, ser obtida ao se analisar o Código Tributário Nacional, que em seu artigo 175 trata a isenção como forma de extinção do crédito tributário. Voltando uma vez mais às lições do Professor Barros Carvalho, e observando a exata dicção da Lei de Custeio da Previdência Social, encontraremos a exigência de que a verba paga a título de participação nos lucros e resultados “quando paga ou creditada de acordo com lei específica” não integra o salário de contribuição, ou seja, a base de cálculo da exação previdenciária. Ora, por ser uma regra de estrutura, portanto condicionante da norma de conduta, para que essa norma atinja sua finalidade, ou seja impedir a exação, a exigência constante de seu antecedente lógico – que a verba seja paga em concordância com a lei que regula a PLR – deve ser totalmente cumprida. Objetivando que tal determinação seja fielmente cumprida, ao tratar das formas de interpretação da legislação tributária, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 preceitua que se interprete literalmente as normas de tratem de outorga de isenção, como no caso em comento. Importante ressaltar, como nos ensina André Franco Montoro, no clássico Introdução à Ciência do Direito (24ªed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 373), que a: “interpretação literal ou filológica, é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical. (...). É sem dúvida o primeiro passo a dar na interpretação de um texto. Mas, por si só é insuficiente, porque não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social. É necessário, por isso, colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação”. (grifos nossos) Nesse diapasão, nos vemos obrigados a entender que a verba paga à título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000, que dispõe sobre o instituto de participação do trabalhador no resultado da empresa previsto na Constituição Federal. Isso porque: i) o pagamento de verba que esteja relacionada com o resultado da empresa tem inegável cunho remuneratório em face de nítida contraprestação que há entre o fruto do trabalho da pessoa física e a o motivo ensejador do pagamento, ou seja, o alcance de determinada meta; ii) para afastar essa imposição tributária a lei tributária isentiva exige o cumprimento de requisitos específicos dispostos na norma que disciplina o favor constitucional. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 230 13 Logo, imprescindível o cumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101 para que o valor pago a título de PLR não integre o salário de contribuição do trabalhador. Vejamos quais esses requisitos. Dispõe textualmente a Lei nº 10.101/00: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art. 3º ... (...) § 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (grifamos)" Da transcrição legal podemos deduzir que a Lei da PLR condiciona, como condição de validade do pagamento: i) a existência de negociação prévia sobre a participação; ii) a participação do sindicato em comissão paritária escolhida pelas partes para a determinação das metas ou resultados a serem alcançados ou que isso seja determinado por convenção ou acordo coletivo; iii) o impedimento de que tais metas ou resultados se relacionem à saúde ou segurança no trabalho; iv) que dos instrumentos finais obtidos constem regras claras e objetivas, inclusive com mecanismos de aferição, sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores; v) a vedação Fl. 236DF CARF MF 14 expressa do pagamento em mais de duas parcelas ou com intervalo entre elas menor que um trimestre civil. Esses requisitos é que devemos interpretar literalmente, ou como preferem alguns, restritivamente. O alcance de um programa de PLR, ao reverso, não pode distinguir determinados tipos de trabalhadores, ou categorias de segurados. Não pode o Fisco valorar o programa de meta, ou mesmo emitir juízo sobre a participação sindical. A autoridade lançadora deve sim, verificar o cumprimento dos ditames da Lei nº 10.101/00. Recordemos a acusação fiscal, no ponto em questão (fls. 40): "A contabilização da Participação nos Resultados foi realizada através da conta 353012006 "Remuneração variável participação no resultado" sob a qual foi solicitado através de intimação "Explicação por escrito assinada pelo responsável legal a respeito da conta 353012006 Remuneração variável participação no resultado, ao que se refere, como funciona e os beneficiários com valores recebidos/creditados por data" que foi parcialmente atendida com a seguinte informação prestada pelo representante da empresa Sr. Enio de Carvalho em 01/10/2010 "As contas 353012003 e 353012006 pertencem ao Grupamento de Despesas Gastos com o Pessoal, do Plano de Contas da Companhia, e tem por função o registro contábil das despesas com pessoal oriundas de adicionais por acordo..." Ocorre que foram lançados valores nesta conta nos meses 01/2007, 02/2007 e 03/2007, em periodicidade superior ao que determina a Lei 10.101 em seu art. 39 § 2e que veda expressamente o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Além disso, o "Termo de Acordo sobre a Participação nos Resultados" deter parágrafo 4Q da cláusula A que o valor máximo a ser pago a cada empregado a título de Participação nos Resultados será limitado a 6 (seis) salários base, o que foi desrespeitado conforme demonstra abaixo,alguns pagamentos que foram informados pelo contribuinte, conforme anexo V" (destaques não constam do relatório fiscal). Não assiste razão ao Recorrente. Como visto em nosso esforço teórico, ao descumprir o acordo firmado entre as partes, ajuste este que contou com a anuência sindical, e efetuar pagamento de valores superiores ao acordado, a Recorrente contrariou preceito da norma isentiva, atraindo, forçosamente, a incidência tributária. Contrariou, uma vez mais, ao pagar em mais de duas vezes no mesmo ano civil, valores a título de PLR. Nem se diga que tais pagamentos não foram realizados aos mesmos segurados, posto que tal argumentação não veio acompanhada das necessárias provas. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 11052.001326/201045 Acórdão n.º 2201004.060 S2C2T1 Fl. 231 15 Forçoso recordar que esses mesmos argumentos não foram comprovados na impugnação, sendo motivo determinante para a manutenção do lançamento pelo julgador de primeira instância. Ora, caso tais alegações fossem comprováveis, bastaria, ao contribuinte diligente, elaborar planilha, com lastro em sua folha de pagamento e registro contábeis, que demonstrassem tal situação. Ao reverso, preferiu a Recorrente arguir cerceamento de defesa pelo indeferimento de produção de prova pericial, o que examinamos acima. Mister realçar que no tocante ao pagamento acima dos valores estipulados, a única alegação recursal de que não há na Lei nº 10.101/00, tal óbice ofende comando explicito de norma isentiva, o que atrai, infalivelmente, a incidência tributária. Portanto, não merece reparo a decisão de piso. Diante do exposto, forçoso negar provimento ao recurso nessa parte. Nada mais havendo no recurso voluntário, o que demonstra a concordância da Recorrente com os demais pontos do acórdão de impugnação, passo a conclusão. CONCLUSÃO Diante do exposto e pelos fundamentos apresentados, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeiro grau em sua inteireza. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.720831/2014-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 31/07/2013, 31/08/2013, 30/09/2013, 31/10/2013, 30/11/2013, 31/12/2013, 31/01/2014, 28/02/2014, 31/03/2014, 30/04/2014, 31/05/2014, 30/06/2014
RECURSO DE OFÍCIO. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA EM VIGOR NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 103.
O valor da redução do crédito tributário que motivou o recurso de ofício está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, não devendo ser conhecido, em cumprimento da Súmula CARF n° 103.
SICOBE. MULTA. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. PREVISÃO LEGAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RESSARCIMENTO.
A multa prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007, por ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas aplica-se no caso de omissão caracterizada pela falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, responsável pela manutenção preventiva ou corretiva.
RETROATIVIDADE BENIGNA. NÃO OCORRÊNCIA.
Mesmo com a revogação do art. 58-T da Lei 10.833/2003, a obrigação acessória ainda permanece vigente, uma vez que o art. 35 da Lei 13.097/2015 estabeleceu obrigação acessória idêntica àquela, cominando, inclusive, a mesma penalidade prevista no art. 30 da Lei nº 11.488/07.
Recurso de Ofício não Conhecido
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.137
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, pelo limite de alçada e por negar provimento o recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Renato Vieira de Ávila, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 31/07/2013, 31/08/2013, 30/09/2013, 31/10/2013, 30/11/2013, 31/12/2013, 31/01/2014, 28/02/2014, 31/03/2014, 30/04/2014, 31/05/2014, 30/06/2014 RECURSO DE OFÍCIO. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA EM VIGOR NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 103. O valor da redução do crédito tributário que motivou o recurso de ofício está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, não devendo ser conhecido, em cumprimento da Súmula CARF n° 103. SICOBE. MULTA. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. PREVISÃO LEGAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RESSARCIMENTO. A multa prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007, por ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas aplica-se no caso de omissão caracterizada pela falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, responsável pela manutenção preventiva ou corretiva. RETROATIVIDADE BENIGNA. NÃO OCORRÊNCIA. Mesmo com a revogação do art. 58-T da Lei 10.833/2003, a obrigação acessória ainda permanece vigente, uma vez que o art. 35 da Lei 13.097/2015 estabeleceu obrigação acessória idêntica àquela, cominando, inclusive, a mesma penalidade prevista no art. 30 da Lei nº 11.488/07. Recurso de Ofício não Conhecido Recurso Voluntário Negado
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13971.720831/2014-70
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5854095
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3301-004.137
nome_arquivo_s : Decisao_13971720831201470.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
nome_arquivo_pdf_s : 13971720831201470_5854095.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, pelo limite de alçada e por negar provimento o recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Renato Vieira de Ávila, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
dt_sessao_tdt : Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
id : 7232867
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008802033664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1929; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 916 1 915 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.720831/201470 Recurso nº . De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3301004.137 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de outubro de 2017 Matéria MULTA SICOBE Recorrentes BEBIDAS MAX WILHELM LTDA e FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL e BEBIDAS MAX WILHELM LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2013, 31/08/2013, 30/09/2013, 31/10/2013, 30/11/2013, 31/12/2013, 31/01/2014, 28/02/2014, 31/03/2014, 30/04/2014, 31/05/2014, 30/06/2014 RECURSO DE OFÍCIO. DESONERAÇÃO TRIBUTÁRIA INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA EM VIGOR NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 103. O valor da redução do crédito tributário que motivou o recurso de ofício está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, não devendo ser conhecido, em cumprimento da Súmula CARF n° 103. SICOBE. MULTA. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. PREVISÃO LEGAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RESSARCIMENTO. A multa prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007, por ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas aplicase no caso de omissão caracterizada pela falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, responsável pela manutenção preventiva ou corretiva. RETROATIVIDADE BENIGNA. NÃO OCORRÊNCIA. Mesmo com a revogação do art. 58T da Lei 10.833/2003, a obrigação acessória ainda permanece vigente, uma vez que o art. 35 da Lei 13.097/2015 estabeleceu obrigação acessória idêntica àquela, cominando, inclusive, a mesma penalidade prevista no art. 30 da Lei nº 11.488/07. Recurso de Ofício não Conhecido Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 08 31 /2 01 4- 70 Fl. 916DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 917 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, pelo limite de alçada e por negar provimento o recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Renato Vieira de Ávila, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Fl. 917DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 918 3 Relatório Consoante capitulações legais consignadas às fls. 54 e 744, foram lavrados os autos de infração às fls. 53 e 743, em 25/03/2014 e em 22/08/2014, para exigir respectivamente R$ 7.955.505,22 (período de julho a novembro de 2013) e R$ 11.466.578,89 (período de dezembro de 2013 a junho de 2014), no total de R$ 19.422.084,11 de multa regulamentar por ação ou omissão tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (SICOBE), conforme as descrições dos fatos às fls. 54 e 744. De acordo com o termo de verificação fiscal relativo ao primeiro auto de infração (período de julho a novembro de 2013), às fls. 58/64, a anormalidade do funcionamento do SICOBE foi constatada em procedimento fiscal, não tendo o sujeito passivo efetuado o pagamento do ressarcimento devido à Casa da Moeda do Brasil no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 em virtude da realização de procedimentos de manutenção preventiva/corretiva realizadas no SICOBE pela Casa da Moeda do Brasil. A irregularidade consta do Relatório Técnico de Ocorrências nº 35, de 27/03/2013, sendo o débito no importe de R$ 458.408,85. Em 09/04/2013, mediante termo de intimação (fls. 224 e 225) cientificado por via postal em 21/05/2014 (AR, fl. 226), a empresa foi instada a regularizar no prazo de 10 dias o ressarcimento devido à Casa da Moeda do Brasil, conforme as circunstâncias descritas no Relatório Técnico de Ocorrências nº 35/2013, anexo a termo de diligência entregue à empresa infratora. Em 19/04/2013, em resposta apresentada, a intimada afirmou ser detentora de saldos credores de PIS e de COFINS no montante total de R$ 1.031.425,39, sendo requisitada a compensação desses saldos credores com o valor cobrado do ressarcimento. Sendo inexistente a previsão legal para tal compensação, houve a caracterização de falta de atendimento da intimação. Portanto, foi declarada a situação de anormalidade de funcionamento do SICOBE com o Ato Declaratório Executivo COFIS nº 44, de 27/05/2013, estando sujeita a contribuinte à multa prevista na Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, art. 30, c/c a Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, art. 58T, com a redação dada pela Lei nº 11.827, de 20 de novembro de 2008, e disciplinada pela Instrução Normativa RFB nº 869, de 12 de agosto de 2008, art. 13. Constatase que em 05/06/2013, a empresa impetrou ação judicial (nº 500657719.2013.404.7205) visando à compensação do ressarcimento devido à Casa da Moeda do Brasil com créditos de PIS/COFINS. Indeferida a antecipação de tutela, a interessada peticionou a autorização para a realização de depósito judicial do montante integral. Em 17/01/2014, houve o depósito no valor de R$. 458.408,85. Todavia, restou um passivo de R$ 113.162,58 concernente ao ressarcimento do SICOBE do período de fevereiro de 2013 até a data da declaração de anormalidade, cujo complemento de depósito foi exigido pela autoridade judicial como condição, inclusive, para o religamento do SICOBE (o respectivo desligamento havia sido solicitado pela própria contribuinte para o segundo semestre de 2013). Fl. 918DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 919 4 A fiscalização entendeu que nenhuma medida judicial impedia a exigência da multa regulamentar, cujo valor foi calculado conforme o disposto na Lei nº 11.488, de 2007, art. 30, caput: 100% do valor comercial da mercadoria produzida se o fabricante não efetuar o controle de volume de produção, sem prejuízo da aplicação das demais sanções fiscais e penais cabíveis, com o valor global não inferior a R$ 10.000,00. O demonstrativo de apuração de multas regulamentares (fl. 55) foi elaborado a partir dos dados de produção mensal das bebidas (fls. 65/69) fornecidos pelo sujeito passivo mediante a lavratura de termo de intimação (termo, fls. 45/47; AR, fl. 48; resposta, fls. 49/51). Fato Gerador Valor em Reais Julho/2013: 1.062.832,28 Agosto/2013: 1.438.559,16 Setembro/2013: 1.459.945,92 Outubro/2013: 2.027.002,22 Novembro/2013: 1.967.165,64 Total: R$ 7.955.505,22 Efetuada a autuação parcial, houve, posteriormente, a complementação da imposição de multa regulamentar, conforme a narração dos fatos do termo de verificação fiscal (período de novembro de 2013 a junho de 2014), às fls. 737/741, ora com excerto reproduzido abaixo: “Nesse sentido, a empresa foi então autuada considerando a continuidade da situação de anormalidade, com a aplicação da penalidade de que trata o art. 13 da Instrução Normativa RFB nº 869/2008, amparada pelo art. 30, inciso I, da Lei nº 11.488/2007, relativa aos valores comerciais da produção, nos períodos mensais de apuração do IPI dos meses de julho a Novembro de 2013. Tal autuação foi impugnada em 02/05/2014, na qual a empresa afirma participar de Ação Coletiva n° 502833269.2012.404.7000, perante a 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Paraná, ajuizada pela AFREBRÁS – ASSOCIAÇÃO DOS FABRICANTES DE REFRIGERANTES DO BRASIL, na qual foi concedida antecipação de tutela para determinar a suspensão da cobrança do ressarcimento em questão. Porém, tal decisão teve seus efeitos suspensos por meio de decisão proferida em 25/03/2014 pelo TRF 4ª Região nos autos do Agravo de Instrumento nº 500586746.2014.404.0000/PR. Destarte, no curso do mesmo procedimento fiscal, a empresa foi novamente intimada, por meio do Termo de Intimação Fiscal 2013.004205/2, cientificado em 11/07/2014, a apresentar: a) Comprovantes de pagamentos dos ressarcimentos devidos à Casa da Moeda, relativos ao período de fev/2013 até a data de declaração da anormalidade. b) Eventuais decisões liminares e/ou sentenças da Ação Ordinária 5028332 69.2012.404.7000/PR, atualizadas e vigentes até a presente data. Fl. 919DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 920 5 c) Eventuais decisões liminares e/ou sentenças no Agravo de Instrumento nº 500586746.2014.404.0000/PR, atualizadas e vigentes até a presente data. d) Informação sobre a existência de outras ações judiciais adotadas pela empresa, relativas ao assunto em questão, apresentando cópias de petições iniciais, liminares ou sentenças. e) Planilha representativa da produção relativa ao período de 01 de Dezembro de 2013 a 30 de junho de 2014, detalhada por produto fabricado pela empresa, em bases mensais. f) Para cada produto elencado na planilha anterior, apresentar o preço mínimo de venda praticado em cada mês. Na continuação do relatório, transcrevo o acórdão recorrido: Em resposta datada de 01/08/2014, constatouse, em relação aos quesitos formulados pela fiscalização: a. A empresa não apresentou comprovantes de pagamento dos ressarcimentos devidos à Casa da Moeda. Por outro lado, apresentou cópia de depósito judicial 123954000051407230, de 23/07/2014, que complementou o valor total em R$ 113.162,58, tendo por remetente Werner Greuel, CPF 003.848.60915, sócio administrador da empresa. b. Não apresentou decisões atualizadas, que tenham modificado a situação da Ação Ordinária 502833269.2012.404.7000/PR. c. Apresentou diversas cópias de peças judiciais, dentre as quais ressaltase: i) Requerimento nos autos do processo 500657719.2013.404.7205, datado de 23/07/2014, onde solicita que seja intimada a União para que proceda o imediato religamento dos aparelhos do SICOBE, haja vista a complementação do depósito judicial comentado. ii) Recurso especial junto ao TRF 4, tendo por finalidade a cassação do acórdão que julgou o Agravo de Instrumento nº 500586746.2014.404.0000/PR, já comentado anteriormente. d. Apresentou planilha referente à produção do período de 01/12/2013 a 30/06/2013, contendo os preços mínimos praticados. Na mesma data, 01/08/2014, a empresa apresentou requerimento no qual alega que ao realizar o depósito integral dos montantes relativos ao ressarcimento do SICOBE, não haveria que se falar em qualquer anormalidade no SICOBE, “sob pena de afronta ao direito subjetivo assegurado no art. 151, II, do Código Tributário Nacional.” Requer em seguida o imediato religamento dos equipamentos do SICOBE. Diante das respostas e documentos apresentados pela empresa, ao tempo em que se consulta o andamento do processo judicial, podese constatar preliminarmente que não há, neste momento, nenhuma decisão judicial em vigor que determine o imediato religamento do SICOBE, tampouco impeça a RFB de aplicar a multa relativa ao período da anormalidade explicitada pelo Ato Declaratório ADE COFIS 44/2013. Ao contrário, existe recurso de agravo de instrumento interposto pela União (500586746.2014.404.0000), por meio do qual houve a concessão do efeito suspensivo dos efeitos decorrentes da citada sentença de antecipação de tutela. Fl. 920DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 921 6 Essa decisão do TRF 4 está sendo combatida pela empresa por meio do Recurso Especial comentado anteriormente. Por outro lado, mesmo que o depósito judicial complementar seja reconhecido pela justiça como motivo para determinar o religamento do SICOBE e impedir a RFB de proceder ao lançamento da multa pela anormalidade, devese observar que a decisão poderá ser exnunc, ou seja, com seus efeitos a partir da efetivação do citado depósito. Nesse sentido, o período ora abrangido por essa ação fiscal, que é de dezembro de 2013 a junho de 2014, é anterior à realização do depósito judicial, o que, s.m.j., ainda compreende a situação de anormalidade não sanada, portanto estando a empresa passível de ser autuada, face a previsão legal da aplicação da penalidade em foco, a cada período de apuração do IPI”. O demonstrativo de apuração de multas regulamentares (fl. 746) foi elaborado com base nos valores comerciais da produção mensal das bebidas fornecidos pelo sujeito passivo, conforme os montantes discriminados abaixo: Fato Gerador Valor em Reais Dezembro/2013: 1.547.467,10 Janeiro/2014: 2.270.917,74 Fevereiro/2014: 2.112.013,37 Março/2014: 2.097.708,84 Abril/2014: 1.185.518,68 Maio/2014: 1.200.521,52 Junho/2014: 1.052.433,64 Total: R$ 11.466.580,89 Regularmente cientificado da primeira peça acusativa em 02/04/2014 por via postal (AR, fl. 70), apresentou o sujeito passivo a impugnação às fls. 590/610 em 02/05/2014, subscrita pelo respectivo procurador (instrumento legal à fl. 619), em que, basicamente, sustenta que: I. Preliminarmente: a) A inconstitucionalidade da cobrança da taxa de ressarcimento é objeto da Ação Coletiva nº 502833269.2012.404.7000, ajuizada perante a 1ª Vara Federal de Curitiba, PR, pela AFREBRAS – Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil; antecipação de tutela concedida em 18/02/2014 para a suspensão da cobrança do ressarcimento, em razão da instalação do sistema de controle SICOBE, pelas empresas associadas em favor da Casa da Moeda, devendo a União Federal se abster de fazer a referida cobrança das empresas associadas à autora e da imposição de multas, penalidades e de restrições pela falta de pagamento do ressarcimento; b) Em virtude do indeferimento de pedido de compensação dos débitos de ressarcimento do SICOBE com créditos de PIS/COFINS, foi proposta a ação ordinária nº 500657719.2013.404.7205, em 05/06/2013, para a garantia da referida compensação; com o indeferimento da antecipação de tutela requerida, a impugnante efetuou o depósito em juízo do valor integral relativamente ao saldo devedor do Fl. 921DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 922 7 ressarcimento no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013; para evitar os prejuízos da retirada arbitrária dos equipamentos, foi feito o depósito em juízo do valor consignado no Termo de Ocorrências nº 2013.090/1, ou seja, R$ 458.408,85; o suposto saldo remanescente de ressarcimento no valor de R$ 113.162,58, observado pela Casa da Moeda, que não foi objeto do Mandado de Procedimento Fiscal, é inválido e arbitrário, já que sua inclusão implica violação ao direito de ampla defesa e contraditório; portanto, o processo administrativo fiscal, em relação ao valor devido, é viciado por nulidade; II. No mérito: a) O ressarcimento em questão, instituído por lei, tem natureza tributária, sendo que a respectiva definição viola vários princípios constitucionais tributários e que o SICOBE, desenvolvido estritamente no âmbito público, serve ao interesse da fiscalização do Estado: tratase a espécie tributária de taxa, instituída em razão do poder de polícia estatal; as leis que tratam da “taxa de ressarcimento” delegaram a fixação da base de cálculo e da alíquota (elemento qualitativo) à Receita Federal do Brasil, o que caracteriza inconstitucionalidade; b) A impugnante possui créditos de PIS/COFINS em montante superior aos débitos relativos à taxa de ressarcimento do SICOBE, sendo que a compensação de débitos e créditos tem previsão legal (art. 74 da Lei nº 9.430/96) e regulamentação infralegal (IN nº 900/2008); assim, não há razão para o pagamento do SICOBE, apesar de que este deva funcionar regularmente; c) A multa de 100% sobre o faturamento, em caso de inadimplemento da taxa do SICOBE, é abusiva e confiscatória; a imposição de multa em tal patamar tem condão de fulminar o direito fundamental ao livre exercício da atividade econômica (CF, art.170); há precedentes do STF acerca da matéria; há previsão infralegal apenas (IN RFB nº 869/2008, art. 13, § 2º), já que a Lei nº 11.488/2007 somente estipula a multa para a hipótese de prejuízo ao funcionamento do SICOBE (art. 30), e não para inadimplemento da taxa de ressarcimento: uma ilegalidade. Por fim, requer que a impugnação seja acolhida e que seja cancelado o débito fiscal com base nas razões e fundamentos apresentados. Regularmente cientificado da segunda peça acusativa em 27/08/2014 por via postal (AR, fl. 749), apresentou o sujeito passivo a impugnação às fls. 752/777 em 26/09/2014, subscrita pelo respectivo representante legal (alteração de contrato social às fls. 780/787), em que, basicamente, sustenta que: a) Em virtude da suposta ausência de pagamento do ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 houve a caracterização de anormalidade no funcionamento do SICOBE, o que dá sustentação à autuação fiscal; em virtude do indeferimento de pedido de compensação dos débitos de ressarcimento do SICOBE com créditos de PIS/COFINS, foi proposta a Ação Ordinária nº 500657719.2013.404.7205, em 05/06/2013, para a garantia da referida compensação; com o indeferimento da antecipação de tutela requerida, a impugnante efetuou o depósito em juízo do valor integral relativamente ao saldo devedor do ressarcimento no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 (R$ 458.408,85); um saldo remanescente de ressarcimento no valor de R$ 113.162,58, apontado pela Casa da Moeda, motivou a autuação anterior, devidamente impugnada; b) A exigência fiscal em questão diz respeito ao período de 01/12/2013 a 30/06/2014, sendo que, intimada, a impugnante apresentou comprovantes do Fl. 922DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 923 8 pagamento da taxa de ressarcimento, informações sobre ações judiciais em curso, planilha demonstrativa da produção do período fiscalizado e o preço mínimo de venda dos produtos; além disso, a impugnante solicitou o religamento do SICOBE em razão do depósito judicial do valor integral da taxa, incluído o saldo remanescente de R$ 113.162,58; é indevida a aplicação da multa, no montante de R$ 9.919.113,00, referente aos meses de janeiro a junho de 2014 porque os depósitos judiciais foram feitos em 17/01/2014 (R$ 458.408,85) e em 23/07/2014 (R$ 113.162,58), tendo cessado a causa geradora da infração, no máximo poderia ser cobrada multa no valor de R$ 1.514.467,10 e o religamento do SICOBE já deveria ter sido efetuado pela Casa da Moeda, uma vez que não existe mais a ação ou omissão tendente a impedir ou retardar a instalação ou o normal funcionamento do sistema, tendo sido a impugnante injustamente onerada, com grande comprometimento financeiro; c) Em 23/07/2004, com o depósito judicial de R$ 113.162,58, deixou de existir anormalidade que justifique a continuação do desligamento do SICOBE na produção da impugnante; a existência da Ação Ordinária já mencionada não é motivo para manter o desligamento, sendo o restabelecimento do sistema SICOBE não dependente de uma decisão judicial; a inexigibilidade da multa aplicada é inquestionável, pois há a suspensão da exigibilidade do crédito tributário principal em razão dos depósitos judiciais realizados (CTN, art. 151, II), com efeitos extensivos ao acessório: a aplicação da sanção; d) A multa de 100% sobre o faturamento, em caso de inadimplemento da taxa do SICOBE, é abusiva e confiscatória; no máximo, a multa deveria ter como base de cálculo somente o valor da exação não recolhida (taxa de ressarcimento: R$ 571.571,43); a imposição de multa em tal patamar (20 vezes maior do que a taxa não recolhida) tem o condão de fulminar o direito fundamental ao livre exercício da atividade econômica (CF, art.170); há precedentes do STF acerca da matéria; há previsão infralegal apenas (IN RFB nº 869/2008, art. 13, § 2º), já que a Lei nº 11.488/2007 somente estipula a multa para a hipótese de prejuízo ao funcionamento do SICOBE (art. 30), e não para inadimplemento da taxa de ressarcimento: uma ilegalidade; e) A impugnante industrializa para terceiros (serviço de industrialização), como é o caso dos energéticos NITRIX e ENERGY DRINK produzidos pela empresa MISTURA S Comércio de Produtos Alimentícios e Bebidas em Geral Ltda. (CNPJ 15.519.518/000103); nesse caso, não cabe a cobrança de taxa de ressarcimento pelo uso do SICOBE e, portanto, não pode ser imposta multa por falta de recolhimento já que sobre tal produção não incide a taxa (a empresa encomendante não está obrigada, conforme lista extraída da própria RFB); assim sendo, deve ser excluído o montante de R$ 1.767.453 da multa aplicada, correspondente ao serviço de industrialização para terceiros, conforme planilha anexa (demonstrativo de produção – dezembro de 2013 a junho de 2014) e amostragem de notas fiscais de prestação de serviços de industrialização de junho de 2014 que comprovam a operação. Por derradeiro, repisa toda a argumentação, principalmente a suspensão da exigibilidade da multa ou a redução do valor de R$ 1.767.453,90; ademais, requer que todas as intimações sejam encaminhadas exclusivamente ao patrono da empresa, sob pena de nulidade. A DRJ considerou improcedente a impugnação sob a seguinte ementa: Fl. 923DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 924 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2013, 31/08/2013, 30/09/2013, 31/10/2013, 30/11/2013, 31/12/2013, 31/01/2014, 28/02/2014, 31/03/2014, 30/04/2014, 31/05/2014, 30/06/2014 MULTA REGULAMENTAR. ANORMALIDADE NO FUNCIONAMENTO DO SICOBE. A ação ou omissão tendente a prejudicar a obrigatoriedade de ressarcir a Casa da Moeda do Brasil pela utilização do SICOBE, caracterizada a respectiva anormalidade de funcionamento, implica a imposição de multa correspondente a 100% do valor comercial da mercadoria produzida em cada período de apuração, no período de constatação da irregularidade, em montante global não inferior a R$ 10.000,00, devendo a exigência fiscal ser escoimada de valores relativos a prestação de serviços na industrialização por encomenda de terceiros na apuração da base de cálculo da multa regulamentar. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/07/2013, 31/08/2013, 30/09/2013, 31/10/2013, 30/11/2013, 31/12/2013, 31/01/2014, 28/02/2014, 31/03/2014, 30/04/2014, 31/05/2014, 30/06/2014 INTIMAÇÕES. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. As intimações, para ciência, devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Impugnação Improcedente Crédito tributário Mantido A contribuinte repetiu no recurso voluntário os argumentos da impugnação. Fl. 924DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 925 10 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Foram lavrados dois autos de infração, em 25/03/2014 e em 22/08/2014, para exigir respectivamente R$ 7.955.505,22 relativos ao período de julho a novembro de 2013 e R$ 11.466.578,89 relativos ao período de dezembro de 2013 a junho de 2014, no total de R$ 19.422.084,11 de multa regulamentar por ação ou omissão tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (SICOBE). A decisão de 1ª instância excluiu a muita regulamentar em relação à industrialização por encomenda e manteve a exigência da multa em relação à industrialização própria da recorrente. Recurso de Ofício: A decisão de 1ª instância considerou procedente em parte a impugnação, com a exoneração de R$ 1.767.554,02 no que concerne à multa regulamentar. Na decisão de primeira instância, foi consignada a interposição de recurso ofício, uma vez que a exoneração tributária ultrapassou o limite de alçada de R$ 1.000.000,00, estabelecido pela Portaria n° 03/08, em vigor na data do julgamento. Contudo, em 10/02/17, foi publicada a Portaria MF n° 63/2017, alterando o limite de alçada para R$ 2.500.000,00. E assim dispõe a Súmula CARF n° 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância." Como o propósito do presente recurso ofício é analisar o valor exonerado de R$ 1.767.554,02, e este está abaixo do limite de alçada em vigor na data de hoje, voto por não conhecer do recurso de ofício, em cumprimento da Súmula CARF n° 103. Recurso Voluntário: A recorrente não efetuou o pagamento do ressarcimento devido à Casa da Moeda do Brasil no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 em virtude da realização de procedimentos de manutenção preventiva/corretiva realizadas no SICOBE pela Casa da Moeda do Brasil. A infração cometida pela recorrente ficou caracterizada com a edição do Ato Declaratório Executivo COFIS nº 44, de 27/05/2013. Fl. 925DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 926 11 A lei prevê a incidência de multa na hipótese de anormalidade de funcionamento do SICOBE, mesmo que tal anormalidade resulte apenas da falta de pagamento dos valores a título de ressarcimento para a Casa da Moeda do Brasil, o que ocorreu no caso concreto. De início, constatase que a autoridade fiscal cumpriu os ditames legais e não houve violação de preceitos constitucionais na lavratura da infração. A penalidade imposta tem abrigo na Lei nº 11.488, de 2007, art. 30, I e § 1º, não havendo portanto, imposição de multa com fulcro em ato normativo infralegal. Como dito, a anormalidade de funcionamento do SICOBE foi decorrente da falta de pagamento dos valores a título de ressarcimento para a Casa da Moeda do Brasil. Tal falta de pagamento foi consequência, dentre outras razões, de discussão judicial requerendo a compensação de supostos créditos. A questão da compensação é discutida apenas no âmbito judicial, mas, a título informativo, não é possível a compensação entre tributos e taxas cujos administradores são distintos: Receita Federal do Brasil e Casa da Moeda do Brasil. Não há previsão legal para a compensação entre créditos de PIS e COFINS, tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, e débitos concernentes a taxa administrada pela Casa da Moeda do Brasil. A recorrente apresenta uma série de ações judiciais acerca do tema: a) Ação Coletiva nº 502833269.2012.404.7000: Promovida pela Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (AFREBRAS), com o fito de questionar a validade da exigência da taxa de ressarcimento para a Casa da Moeda do Brasil, em fase de apreciação de recurso especial encaminhado ao STJ. b) Agravo de Instrumento nº 500586746.2014.4.04.0000: Ação manejada pela União Federal para suspender os efeitos da antecipação de tutela concedida nos autos do processo nº 02833269.2012.404.7000. O TRF da 4ª Região deu provimento, por unanimidade, ao Agravo de Instrumento. Situação atual: baixa definitiva. c) Ação Ordinária nº 500657719.2013.4.04.7205: Ação impetrada visando ao reconhecimento do direito à compensação de créditos do PIS e da COFINS com os valores referentes às taxas de ressarcimento devidas à Casa da Moeda do Brasil. O TRF da 4ª Região não deu provimento ao recurso de apelação interposto contra a sentença denegatória da 1ª instância. Em fase de apreciação dos recursos especial e extraordinário pelo STJ e pelo STF, respectivamente. Portanto, verificase que não há concomitância entre o processo em tela e as ações judiciais acima elencadas. No mérito, verificase que as razões que levaram à lavratura dos autos de infração são incontroversas. Realmente, a recorrente não efetuou o pagamento do ressarcimento devido à Casa da Moeda do Brasil no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013 em virtude da realização de procedimentos de manutenção preventiva e corretiva realizadas no SICOBE pela Casa da Moeda do Brasil. Fl. 926DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 927 12 A falta de manutenção preventiva e corretiva do Sicobe, em consequência da ausência de ressarcimento à CMD pelos serviços de manutenção por esta prestados à recorrente, conduz a uma conduta omissiva devidamente comprovada nos autos, que acarretou o desligamento das máquinas do Sicobe e assim prejudicou o normal funcionamento do Sistema. Logo, resta devidamente materializada a conduta tipificada no art. 30, I, e § 1º, da Lei 11.488/2007. Fica demonstrado que a multa aplicada tem amparo legal e, portanto, não houve ofensa ao princípio da estrita legalidade inscrito no art. 97, V, do CTN. Portanto, reputa se legítima a cobrança da multa em apreço. Em complemento, há mais uma questão a ser analisada. Apesar de não ter sido alegado pela recorrente em sede de recurso voluntário, é imperioso analisar se a obrigação acessória que fundamentou os auto de infração foi ou não revogada, acarretando na aplicação da retroatividade benigna em favor do contribuinte Como veremos adiante, esta obrigação acessória não foi revogada na prática, pois a própria Lei 13.097/2015, em seu art. 35, instituiu obrigação idêntica e de mesma natureza, verbis: Art. 35 As pessoas jurídicas que industrializam os produtos de que trata o art. 14 ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, aplicandose, no que couber, as disposições contidas nos arts. 27 a 30 da Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007. Para adequada apreciação da matéria, impõese transcrever os respectivos textos legais que incidem na espécie: De início, a Lei nº 10.833/2003 instituiu a obrigatoriedade da instalação de equipamentos contadores de produção: LEI Nº 10.833/2003 Art. 58A. A Contribuição para o PIS/Pasep, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, a Contribuição para o PIS/PasepImportação, a Cofins Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI devidos pelos importadores e pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização dos produtos classificados nos códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e 22.03, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – Tipi, aprovada pelo Decreto no 6.006, de 28 de dezembro de 2006, serão exigidos na forma dos arts. 58B a 58U desta Lei e nos demais dispositivos pertinentes da legislação em vigor. (Incluído pela Lei nº 11.727, de 2008) Art. 58T. As pessoas jurídicas que industrializam os produtos de que trata o art. 58A desta Lei ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, aplicandose, no que couber, as disposições contidas Fl. 927DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 928 13 nos arts. 27 a 30 da Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007. (Redação dada pela Lei nº 11.827, de 2008) § 1o A Secretaria da Receita Federal do Brasil estabelecerá a forma, limites, condições e prazos para a aplicação da obrigatoriedade de que trata o caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 36 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. (Incluído pela Lei nº 11.827, de 2008)” Posteriormente, a Lei nº 11.488/2007 instituiu a multa em tela: LEI Nº 11.488/2007 Art. 27. Os estabelecimentos industriais fabricantes de cigarros classificados na posição 2402.20.00 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, excetuados os classificados no Ex 01, estão obrigados à instalação de equipamentos contadores de produção, bem como de aparelhos para o controle, registro, gravação e transmissão dos quantitativos medidos na forma, condições e prazos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. § 1o Os equipamentos de que trata o caput deste artigo deverão possibilitar, ainda, o controle e o rastreamento dos produtos em todo o território nacional e a correta utilização do selo de controle de que trata o art. 46 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, com o fim de identificar a legítima origem e reprimir a produção e importação ilegais, bem como a comercialização de contrafações. § 2o No caso de inoperância de qualquer dos equipamentos previstos neste artigo, o contribuinte deverá comunicar a ocorrência no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, devendo manter o controle do volume de produção, enquanto perdurar a interrupção, na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. § 3o A falta de comunicação de que trata o § 2o deste artigo ensejará a aplicação de multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais). (...) Art. 28. Os equipamentos contadores de produção de que trata o art. 27 desta Lei deverão ser instalados em todas as linhas de produção existentes nos estabelecimentos industriais fabricantes de cigarros, em local correspondente ao da aplicação do selo de controle de que trata o art. 46 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1o O selo de controle será confeccionado pela Casa da Moeda do Brasil e conterá dispositivos de segurança aprovados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que possibilitem, ainda, a verificação de sua autenticidade no momento da aplicação no estabelecimento industrial fabricante de cigarros. Fl. 928DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 929 14 § 2o Fica atribuída à Casa da Moeda do Brasil a responsabilidade pela integração, instalação e manutenção preventiva e corretiva de todos os equipamentos de que trata o art. 27 desta Lei nos estabelecimentos industriais fabricantes de cigarros, sob supervisão e acompanhamento da Secretaria da Receita Federal do Brasil e observância aos requisitos de segurança e controle fiscal por ela estabelecidos. § 3o Fica a cargo do estabelecimento industrial fabricante de cigarros o ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil pela execução dos procedimentos de que trata o § 2o deste artigo, bem como pela adequação necessária à instalação dos equipamentos de que trata o art. 27 desta Lei em cada linha de produção. (...) Art. 30. A cada período de apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados, poderá ser aplicada multa de 100% (cem por cento) do valor comercial da mercadoria produzida, sem prejuízo da aplicação das demais sanções fiscais e penais cabíveis, não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais): I se, a partir do 10o (décimo) dia subseqüente ao prazo fixado para a entrada em operação do sistema, os equipamentos referidos no art. 28 desta Lei não tiverem sido instalados em virtude de impedimento criado pelo fabricante; II se o fabricante não efetuar o controle de volume de produção a que se refere o § 2o do art. 27 desta Lei. § 1o Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, considerase impedimento qualquer ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a impedir ou retardar a instalação dos equipamentos ou, mesmo após a sua instalação, prejudicar o seu normal funcionamento. (Grifei) Logo, constatase que a discussão judicial empreendida pela contribuinte e que se mostrou infrutífera para ela, ocasionou a falta de ressarcimento à Casa da Moeda, o que é considerada uma atitude que prejudica o normal funcionamento do Sicobe e que no caso concreto levou até ao desligamento do sistema. Por isso, a IN RFB nº 869/2008, no § 2º do seu art. 13, esclarece que “a falta de manutenção preventiva e corretiva junto ao Sicobe, comunicada pela Casa da Moeda à RFB, em virtude da ausência do ressarcimento de que trata o art. 11 ou pela negativa de acesso dos técnicos da Casa da Moeda ao estabelecimento industrial, caracterizase como prática prejudicial ao normal funcionamento do Sicobe”. No caso concreto, por omissão integralmente imputável ao sujeito passivo, ou seja, a falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, houve a interrupção dos procedimentos de manutenção preventiva/corretiva no Sicobe e, na seqüência, o seu desligamento, materializandose a partir de então, a toda evidência, prejuízo ao “normal funcionamento” dos equipamentos contadores de produção que compõem o Sicobe. Fl. 929DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 930 15 Verificase, pois, que a conduta do sujeito passivo encontra previsão na lei formal que disciplina o tema, inexistindo fundamento para sua alegação de que não há justa causa para aplicação da penalidade ou, ainda, que a multa em tela serlheia inaplicável por ausência de subsunção, a qual restou suficientemente demonstrada. Registrese, neste ponto, em relação a obrigações tributárias acessórias que, nos termos dos artigos 113, § 2º e 115 do CTN, as mesmas decorrem da legislação tributária, tomando lugar a aplicação da penalidade prevista no texto normativo de incidência quando demonstradas, respectivamente, a oponibilidade da obrigação e o seu inadimplemento. No caso concreto, como resulta evidente que o sujeito passivo se encontrava obrigado a não obstar o “normal funcionamento” dos equipamentos contadores de produção que compõem o Sicobe, apresentase inafastável a imposição da multa. Também aplicável à análise acima empreendida, vale assinalar, no que diz respeito à alegação de que não houve qualquer evasão de tributos devidos, que a responsabilidade por infrações à legislação tributária, salvo disposição de lei em contrário, exibe natureza objetiva, nos termos do art. 136 do CTN, fazendose irrelevante, pois, para a materialização da infração, a intenção que moveu o agente, extraindose, ainda, que a responsabilidade por infrações também independe da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, ou seja, não se exige que tenha havido, concretamente, prejuízo econômico ao fisco, bastando o potencial de lesão resultante da conduta do agente. Consoante já fora exposto no tópico anterior, o dispositivo que institui a multa, um dos fundamentos do auto de infração, é o art. 30 da Lei nº 11.488/07, que se encontra plenamente em vigor. O sujeito passivo, de fato, não realizou a manutenção preventiva e corretiva do Sicobe. Tratase de conduta omissiva devidamente comprovada nos autos, que acarretou o desligamento das impressoras do Sicobe e assim prejudicou o normal funcionamento do Sistema. Logo, restou devidamente materializada a conduta tipificada no art. 30, § 1º, da Lei 11.488/2007. Ademais, como já adiantado em tópico anterior, a obrigação acessória de que estamos tratando, antes prevista no art. 58T da Lei 10.833/2003, não foi revogada na prática, pois a própria Lei 13.097/2015, em seu art. 35, instituiu obrigação idêntica e de mesma natureza, verbis: Lei 13.097/2015 Art. 35 As pessoas jurídicas que industrializam os produtos de que trata o art. 14 ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, aplicandose, no que couber, as disposições contidas nos arts. 27 a 30 da Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007. Ou seja, se por um lado a Lei 13.097 revogou o art. 58T da Lei 10.833/2003, por outro, instituiu no seu art. 35 a mesma obrigação acessória ali prevista. O artigo 35 acima transcrito, além de ter a mesma redação do art. 58T, também faz referência aos arts. 27 a 30 da Lei 11.488/2007, o que significa dizer que também para esta obrigação acessória, será cominada a multa prevista no art. 30 da Lei 11.488/2007. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 931 16 Logo, o art. 35 da Lei 13.097/2015 realizou um agrupamento da norma que estabelece a obrigação acessória com a norma que estabelece a multa pelo seu descumprimento de alguma maneira. Tal artigo não só instituiu a mesma obrigação acessória, antes prevista no art. 58T, de instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, como também lhe cominou a mesma penalidade para os casos de inadimplemento. Constatase que a jurisprudência do CARF não discorda desse entendimento, conforme recentes julgados cujas enunciados das ementas, na parte de interesse, seguem reproduzidos: SICOBE. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. MULTA Nos termos do art. 30 da Lei nº. 11.488/2007, se restar caracterizado que o fabricante concorreu para prejudicar o normal funcionamento do Sicobe, caberá multa de 100% do valor comercial da mercadoria produzida. (Acórdão 3402002.011 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara Rel. Cons. Gilson Macedo Rosenburg Filho) SICOBE. MULTA. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. PREVISÃO LEGAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RESSARCIMENTO. A multa prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007, por ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a prejudicar o normal funcionamento do equipamento que compõe o SICOBE (Sistema de Controle de Produção de Bebidas) aplicase no caso de omissão caracterizada pela falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, responsável pela manutenção preventiva/corretiva. (Acórdão 3403003.307 da 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara Rel. Cons. Ivan Allegretti e Red. Desig. Cons. Rosaldo Trevisan) SICOBE. MULTA. PREJUÍZO AO NORMAL FUNCIONAMENTO. PREVISÃO LEGAL. OMISSÃO. AUSÊNCIA DE RESSARCIMENTO. A multa prevista no art. 30 da Lei no 11.488/2007, por ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a prejudicar o normal funcionamento do Sistema de Controle de Produção de Bebidas aplicase no caso de omissão caracterizada pela falta de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil, responsável pela manutenção preventiva /corretiva. (Acórdão 3101001.6951ª Turma Ordinária da 1ª Câmara (, Rel. Cons. Rodrigo Mineiro Fernandes) Enfim, constatase que, mesmo com a revogação do art. 58T da Lei 10.833/2003, a obrigação acessória ainda permanece vigente, uma vez que o art. 35 da Lei 13.097/2015 estabeleceu obrigação acessória idêntica àquela, cominando, inclusive, a mesma penalidade prevista no art. 30 da Lei nº 11.488/07. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 13971.720831/201470 Acórdão n.º 3301004.137 S3C3T1 Fl. 932 17 Multa Confiscatória: A recorrente alega que a multa de 100% sobre o faturamento, em caso de inadimplemento da taxa do SICOBE, é abusiva e confiscatória, sendo a imposição de multa em tal patamar tem condão de fulminar o direito fundamental ao livre exercício da atividade econômica, de acordo com a CF/88. Sobre a matéria transcrevo a Súmula Nº 2 do CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, nego provimento ao recurso nessa matéria. Assim, tendo em vista tudo o acima exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício e por negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 932DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.720424/2007-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Atendidos os pressupostos regimentais e constatada a alegada divergência jurisprudencial, o Recurso Especial deve ser conhecido.
PARCELA REMUNERATÓRIA DE EQUIVALÊNCIA (PRE). DIFERENÇAS DE URV. ANALOGIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL.
Ainda que a verba denominada "Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE)", recebida por membros do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, possa ser equiparada, por analogia, às "diferenças de URV", recebidas pelos membros da Magistratura e do Ministério Público do Estado da Bahia, não há que se falar em isenção de Imposto de Renda, tendo em vista sua natureza salarial.
CONTRARRAZÕES. CONHECIMENTO. LIMITES.
Não se conhece das Contrarrazões, relativamente às matérias não tratadas no Recurso Especial. Assentada a natureza tributável da verba em tela, que constituiu o objeto do apelo interposto pela Fazenda Nacional, as demais questões suscitadas no Recurso Voluntário serão examinadas quando do retorno dos autos ao Colegiado a quo.
Numero da decisão: 9202-006.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Miriam Denise Xavier (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado) na reunião anterior.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201803
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Atendidos os pressupostos regimentais e constatada a alegada divergência jurisprudencial, o Recurso Especial deve ser conhecido. PARCELA REMUNERATÓRIA DE EQUIVALÊNCIA (PRE). DIFERENÇAS DE URV. ANALOGIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL. Ainda que a verba denominada "Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE)", recebida por membros do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, possa ser equiparada, por analogia, às "diferenças de URV", recebidas pelos membros da Magistratura e do Ministério Público do Estado da Bahia, não há que se falar em isenção de Imposto de Renda, tendo em vista sua natureza salarial. CONTRARRAZÕES. CONHECIMENTO. LIMITES. Não se conhece das Contrarrazões, relativamente às matérias não tratadas no Recurso Especial. Assentada a natureza tributável da verba em tela, que constituiu o objeto do apelo interposto pela Fazenda Nacional, as demais questões suscitadas no Recurso Voluntário serão examinadas quando do retorno dos autos ao Colegiado a quo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10283.720424/2007-01
anomes_publicacao_s : 201804
conteudo_id_s : 5854101
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-006.660
nome_arquivo_s : Decisao_10283720424200701.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10283720424200701_5854101.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Miriam Denise Xavier (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado) na reunião anterior. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
id : 7232961
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:15:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050008810422272
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2084; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 245 1 244 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10283.720424/200701 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.660 – 2ª Turma Sessão de 22 de março de 2018 Matéria RECLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado EVELYN FREIRE DE CARVALHO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Atendidos os pressupostos regimentais e constatada a alegada divergência jurisprudencial, o Recurso Especial deve ser conhecido. PARCELA REMUNERATÓRIA DE EQUIVALÊNCIA (PRE). DIFERENÇAS DE URV. ANALOGIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL. Ainda que a verba denominada "Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE)", recebida por membros do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, possa ser equiparada, por analogia, às "diferenças de URV", recebidas pelos membros da Magistratura e do Ministério Público do Estado da Bahia, não há que se falar em isenção de Imposto de Renda, tendo em vista sua natureza salarial. CONTRARRAZÕES. CONHECIMENTO. LIMITES. Não se conhece das Contrarrazões, relativamente às matérias não tratadas no Recurso Especial. Assentada a natureza tributável da verba em tela, que constituiu o objeto do apelo interposto pela Fazenda Nacional, as demais questões suscitadas no Recurso Voluntário serão examinadas quando do retorno dos autos ao Colegiado a quo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, a conselheira Miriam Denise Xavier (suplente convocada) não votou nesse julgamento, por se tratar de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 72 04 24 /2 00 7- 01 Fl. 245DF CARF MF 2 questão já votada pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado) na reunião anterior. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Júnior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do anocalendário de 2003, acrescida de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a dedução indevida de despesas médicas e a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas a título de “Parcela Remuneratória de Equivalência PRE”. Em sessão plenária de 22/08/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2102001.458 (fls. 115 a 122), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. INDELEGÁVEL. Nos termos do art. 7° do CTN, a competência tributária é indelegável. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencerá à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos (art. 6° do CTN). ISENÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DE EFEITOS. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção.” A decisão foi assim resumida: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso.” Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 246 3 O processo foi recebido na PGFN em 26/06/2012 (Relação de Movimentação de fls. 124) e, em 27/07/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 125 a 146 (Relação de Movimentação de fls. 147), com fundamento no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a incidência do Imposto de Renda sobre a verba denominada Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE), recebida do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 06/06/2014 (efls. 175 a 177). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: a não incidência do IRPF sobre importâncias percebidas a título de "valores indenizatórios de URV" aos membros da Magistratura Federal e do MPU constitui isenção e como tal deve ter sua aplicação analisada sob o prisma mais restritivo possível; a regra é a tributação destes valores e, somente nas situações excepcionalmente elencadas nas Leis nºs 9.665, de 1998, e 10.477, de 2002, conforme Resolução nº 245, de 2002, do STF, encampada pelo Ministro da Fazenda por meio do Parecer PGFN n° 923, de 2003, é que a incidência de IRPF deve ser afastada; as principais normas jurídicas que tratam de isenção (tributária), estabelecendo os contornos fundamentais do instituto, são as seguintes: "Art. 150. (...) § 6º. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de calculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativas a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2", XII, g." (Constituição) "Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias." (Código Tributário Nacional)" "Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares." (Código Tributário Nacional) (Grifos acrescidos)" Fl. 247DF CARF MF 4 diante dos comandos constitucionais e legais transcritos não subsiste dúvida: a isenção é exceção feita expressamente à regra jurídica de tributação e deve ser veiculada por meio de lei; como exceção à regra, a isenção comporta interpretação e aplicação restritivas, portanto somente as hipóteses clara e explicitamente consagradas pelo legislador podem gozar da isenção; no que se refere à Resolução STE n° 245, de 2002, cabe observar que esta restringese ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União; esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923, de 2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda; nesta seara, atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis nºs 10.477, de 2002, e 9.655, de 1998, seria alargar as fronteiras da não incidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto; não se trata, no caso concreto, de mera equiparação de benefício previsto em lei federal (competente para reger a matéria) para Magistratura Federal a membro da Magistratura Estadual, mas sim de elastecer a concessão de uma isenção por analogia, diante da inexistência de previsão legal, o que não se pode permitir; confirase, por fim, as conclusões estampadas no Parecer PGFN/CAT 1.679, de 2005, que tratou especificamente do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas e da verba Parcela Remuneratória Autônoma ou de Equivalência e do não alcance da Resolução 245, de 2002, do STF (inteiro teor anexo): "Com essas observações, concluise, sinteticamente: a. Os Pareceres da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, Pareceres PGFN nº 529/203 e 923/2003, evidenciados nos contornos da Consulta .fazem referência específica à situação da Magistratura e do Ministério Público Federais, porque há leis especificas, federais, prevendo o abono variável e posterior Resolução do Supremo Tribunal Federal, explicitando que tais valores tratamse de verbas indenizatórias; b. A situação concreta do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas não é idêntica, dado que a resolução colegiada avança em matéria federal, suscitando isenção heterônoma; indiquese, da mesma forma, que toda a legislação colecionada na peça de consulta, e que dá conta de produção legislativa do estado do Amazonas, não pode, e nem poderia, avançar em campo normativo reservado à União Federal. c. E porque não há lei específica, federal, o modelo exegético de compreensão e isenção, a exemplo do enunciado no art. 111, II do CTN, indica que não há porque proporcionarse tratamento tributário idêntico, simplesmente porque não há identidade fática ou normativa. Respondese, pois, a Consulta, esclarecendose que nos termos do art. 151, III da Constituição Federal, combinado com o artigo 43 do Código Tributário Nacional, a par do art. 3º da Lei Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 247 5 Federal 7.313, de 1988, além de demais aspectos doutrinários e jurisprudenciais, há incidência de imposto de renda retido na fonte em relação aos valores identificados na consulta que presentemente se responde. Registrese, por .fim, que ao estado do Amazonas pertencem as receitas de imposto de renda, como noticiado, por força de repartição constitucional de receitas tributárias, não se evidenciando, em nenhum momento, deslocamento de competência, que é indelegável, e que fora, ao que consta, inadequadamente alcançada pela Consulente, salvo melhor juízo. Deve a Administração, no caso presente, manter os entendimentos do Parecer PGF/CAT n" 282/2005, bem como da Nota PGFN/CAT nº 409/205." Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Como se pode constatar da Intimação de Resultado de Julgamento de efls. 179, a Contribuinte somente foi cientificada do Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial, sem que lhe fossem encaminhados o Acórdão nº 2102001.458, de 22/08/2011, e o Recurso Especial da Fazenda Nacional, fato este por ela remarcado em sede de Contrarrazões (efls. 182 a 185). Distribuído o processo na Instância Especial, o lapso foi identificado e, por meio do Despacho de Saneamento, de 28/07/2017 (efls. 189/190), foi determinado o retorno do processo à Unidade de Origem, para que fosse sanado o vício na intimação, cientificandose a Contribuinte do Acórdão nº 2102001.458 e do Recurso Especial da Fazenda Nacional, bem como facultandolhe o oferecimento de novas Contrarrazões, no prazo de quinze dias. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 19/09/2017 (AR Aviso de Recebimento de efls. 193), a Contribuinte ofereceu, em 27/09/2017 (carimbo aposto às efls. 196), as Contrarrazões de efls. 196 a 241, contendo os seguintes argumentos: Da falta de comprovação da divergência interpretativa o Recurso Especial da Fazenda Nacional deixou de cumprir a exigência do art. 67, § 7º, da Portaria MF 256, de 2009, vigente à data em que foi interposto, ou seja, não foi instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou cópia da publicação em que tivessem sido divulgados ou a apresentação de cópia de publicação de suas ementas; a Recorrente limitouse a transcrever ementas, sequer indicando onde e quando foram publicadas, além de não demonstrar, analiticamente, os pontos em que os acórdãos especificamente divergiram, deixando de atender ao requisito do art. 67, § 6º, da Portaria MF 256, de 2009, então vigente. Da ilegitimidade e da falta de interesse da União / Da incompetência da União / Da nulidade do Auto de Infração / Da Constituição Federal, art. 157, I Fl. 249DF CARF MF 6 o acórdão recorrido deixou de apreciar as questões preliminares agitadas pela Contribuinte em seu Recurso Voluntário, uma vez que, quanto ao mérito, a decisão lhe seria favorável; assim, aplicouse a regra segundo a qual não se declara nulidade quando se puder decidir do mérito em favor da parte a quem aproveita a nulidade (CPC/73, art. 249, § 2.°; CPC/2015, art. 282, § 2.°), porém nada impede renovar a questão preliminar concernente à ilegitimidade/incompetência/nulidade do Auto de Infração; dispõe o art. 157, I, da Carta Federal pertencer aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem; o IRPF incidente sobre a Parcela Autônoma de Equivalência (PRE), se fosse devido, pertenceria ao Estado do Amazonas, porquanto tratarseia de rendimento auferido como contraprestação (salário) de trabalho e sujeito à tributação na fonte; em decorrência da regra do art. 157, I, da Carta Magna, os tribunais têm proclamado não ter a União interesse e legitimidade nas demandas em que servidor estadual impugne a incidência do IRPF sobre seus rendimentos, pois esse tributo pertence aos Estados e ao Distrito Federal; facilmente se percebe que o crédito tributário apurado no auto de infração não pertence à União/Fazenda Nacional, já que, se devido fosse, pertenceria ao Estado do Amazonas; nesse caso, "Os valores recebidos a título de imposto de renda na fonte, pelos Estados, de seus servidores, são de interesse daqueles, consoante determinam os preceitos constitucionais [...], e bem assim porque são os responsáveis pelos descontos e destinatários finais da verba retida; não há falar em interesse da União, porquanto a importância descontada não se destina aos seus cofres, cabendo a ela, tãosomente, instituir o tributo" (STJ2ª Turma, REsp 263.580MG, rel. Min. Franciulli Netto, j. 19.09.2000, não conheceram, v. u., DJ 05.03.2001, p.); tratandose de IRPF incidente sobre remuneração de servidor estadual ou distrital e necessariamente descontado na fonte, incumbe ao Estado ou Distrito Federal arrecadálo, o que implica dizer que a União/Fazenda Nacional não tem competência para fiscalizálo, pois esse tributo não lhe pertence; é clara a incompetência da União/Fazenda Nacional, é inevitável concluir pela nulidade do Auto de Infração, porquanto redigido por servidor incompetente, já que somente a Fazenda Pública Estadual/Distrital teria a atribuição legal de lançar o IRPF incidente sobre a PRE; em tese, o servidor federal que redigiu o auto de infração cometeu a conduta típica do art. 328, do CPB (usurpar o exercício de função pública). Da decisão que declarou a natureza indenizatória da PRE / Decadência consolidada a União/Fazenda Nacional não tomou qualquer providência no sentido de anular a decisão pela qual o Plenário do TCE declarou a nãoincidência de IRPF sobre a PRE; Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 248 7 essa decisão, proferida em sessão de 20.12.2002, cristalizouse sob o manto da imutabilidade por força da decadência, ex vi do art. 54, da Lei nº 9.784, de 1999; não prospera o entendimento de que o Auto de Infração caracterizaria medida administrativa no sentido de impugnar a validade da decisão proferida pelo TCE, fato que ensejaria a aplicação do § 2º, do art. 54, da Lei nº 9.784, de 1999; afinal, a União/Fazenda Nacional não tem competência para anular ato administrativo de EstadoMembro, e a autotutela, poder de que cogita o art. 54, da Lei nº 9.784, de 1999, significa prerrogativa de anular os próprios atos; a União/Fazenda Nacional, para anular um ato administrativo do Estado do Amazonas, haveria necessariamente de recorrer ao Poder Judiciário e, como tal não ocorreu, forçoso concluir que a decisão do TCE a respeito da não incidência de IRPF sobre a PRE, proferida há mais de cinco anos, consolidouse, porquanto não pode mais ser atacada pela via judicial (Decreto nº 20.910, de 1932, art. 1.°); Da correta solução dada ao caso pelo acórdão impugnado pela União/Fazenda Nacional / Reajustes concedidos à magistratura e ao Ministério Publico, antes da Lei 10.474/2002, no âmbito federal e estadual, tinham natureza indenizatória, conforme orientação consagrada pela Resolução 245, de 2002STF / Dispensar tratamento tributário distinto ao Ministério Público da União e ao Ministério Público do Estado do Amazonas violaria o princípio da isonomia fixado constitucionalmente destacou a Contribuinte, quando flexionou o recurso que veio a ser provido pelo acórdão recorrido, que a PRE era a equivalente estadual da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE), auferida pela magistratura federal, Ministério Público da União (MPU) e Tribunal de Contas da União (TCU), tendo sido instituída por decisão administrativa adotada pelo STF, em sessão administrativa de 12/08/1992, com base na regra do parágrafo único, do art. 1º, da Lei nº 8.448, de 1992; por meio da PRE e de outras parcelas (v.g., URV), o Estado do Amazonas, a exemplo da União, buscou indenizar/compensar os reajustes que deveriam ter sido concedidos à magistratura estadual e ao Ministério Público Estadual (MPE) na época própria, mas não foram concedidos; o reajuste, digase, somente veio a ser dado a partir da Lei 10.474, de 2002; ora, compreender que, a despeito de sua ofuscante identidade jurídica, PAE e PRE devem receber tratamento tributário diverso seria uma ofensa aos princípios da isonomia e razoabilidade; aliás, apenas a título de ilustração, o Estado do Amazonas, reconhecendo a natureza indenizatória da PRE, cessou a cobrança de contribuição previdenciária sobre a referida parcela e restituiu as contribuições previdenciárias indevidamente arrecadadas; deve ser rejeitada qualquer alegação no sentido de que teria sido aplicada analogia, pois reconheceuse apenas que os reajustes anteriores à Lei nº 10.474, de 2002, concedidos à magistratura estadual e federal e ao MPU/ MPE, tinham a mesma natureza jurídica indenizatória, não havendo incidência de IRPF; Fl. 251DF CARF MF 8 o STJ já reconheceu que se aplica à magistratura estadual a orientação fixada pela Resolução 245, de 2002, inexistindo motivo razoável para não inferir que o mesmo raciocínio se estende, também, ao MPE; por sinal, os tribunais estaduais, apreciando litígios entre membros da magistratura ou do Ministério Público e os Estados, relativamente à cobrança de IRPF sobre a PRE/PAE, têm seguido o mesmo raciocínio, conforme evidenciam os seguintes precedentes: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCIDÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA SOBRE PARCELA AUTÔNOMA DE EQUIVALÊNCIA PAE. NATUREZA INDENIZATÓRIA. 1. Na hipótese dos autos, temse que a concessão de auxílio moradia aos Membros do Poder judiciário teve por finalidade precípua a recomposição patrimonial dos mesmos, na medida em que foram obrigados a suportar gastos não previstos com moradia ante a inexistência de imóvel funcional a eles disponível. Decerto, a intenção do Tribunal de justiça do Maranhão ao elaborar a Resolução n.° 11/2009, foi de ressarcir os Magistrados que tenham vivenciado essa específica circunstância. 2. Pagamento do PAE (Parcela Autônoma de Equivalência) referese às diferenças de auxíliomoradia do período de setembro de 1994 a dezembro de 1999, em razão de a Agravada ter sido obrigada a suportar com seus próprios recursos o ônus de manter moradia nas comarcas onde exerceu sua função jurisdicional, por não lhe ser facultada a utilização de imóvel funcional. 3. Destacase que o PAE, ainda que isoladamente considerado, isto é, ainda que sem qualquer inclusão de valores referentes ao auxílio moradia, vem sendo reconhecido como verba de caráter indenizatório, o que implica a não incidência do Imposto de Renda. 4. Agravo de Instrumento conhecido e impróvido. 5. Unanimidade." (TJMA5ª Câmara Cível, AI 0010166 53.2014.8.10.0000, rel. Des. Ricardo Duailibe, j. 19.10.2015). "EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AÇÃO DE SEPARAÇÃO JUDICIAL LITIGIOSA. Discordância de somente um dos cônjuges não impede a concessão do divórcio. Verba atinente a PAE (Parcela Autônoma de Equivalência). Tratandose a verba atinente a PAE de caráter indenizatório, não se sujeitam à partilha de bens nem ao pensionamento, com base no art. 1659, VI do CCB/2002, pois proventos do trabalho pessoal do embargante, procedendo os embargos quanto a esse ponto. Incidência do art. 1659, VI do CCB. Embargos acolhidos em parte." (TJRS7ª Câmara Cível, ED 70053925186, rel. Des, Munira Hanna, j. 22.05.2013) (grifos acrescidos) Da multa indevida / Declaração do IRPF feita com base na DIRF emitida pela fonte pagadora / Erro provocado / Intenção de omitir rendimento tributável / Inexistência Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 249 9 a Declaração Anual de Ajuste apresentada pela Contribuinte refletiu a DIRF expedida pela fonte pagadora, ou seja, pelo Estado do Amazonas, que classificou a PRE como rendimento nãotributável, portanto correta a sua conduta, em que pese a resistência da União/Fazenda Nacional; seja como for, admitindose apenas para argumentar, que tenha havido erro da Contribuinte ao declarar a PRE como rendimento nãotributável, teria sido induzida pelas informações prestadas pela fonte pagadora; em situações como essa, os tribunais têm decidido pela exclusão da multa, pois compreendem não ser cabível responsabilizar o contribuinte que seguiu as informações da fonte pagadora. Ao final, a Contribuinte requer seja negado provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Caso assim não se entenda, requer sejam acolhidas as preliminares ou restituídos os autos ao órgão julgador a quo, para que sejam apreciadas e seja excluída a multa aplicada. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. O apelo visa rediscutir a incidência do Imposto de Renda sobre a verba denominada Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE), recebida do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas. Em sede de Contrarrazões, oferecidas tempestivamente, a Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial, alegando descumprimento da exigência do art. 67, § 7º, da Portaria MF nº 256, de 2009, bem como falta de demonstração analítica da divergência alegada. Ademais, suscita diversas matérias, preliminares e de mérito, que não teriam sido tratadas no acórdão recorrido. Quanto à suposta violação ao disposto no art. 67, § 7º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, verificase que a regra constante do § 9º do citado artigo confere respaldo à Fazenda Nacional, como a qualquer outro Recorrente, no que tange à dispensa de juntada de inteiro teor ou de cópia de publicação: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 7º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. Fl. 253DF CARF MF 10 (...) § 9º As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. (grifouse) Aliás, a própria Fazenda Nacional, em seu Recurso Especial, registrou a utilização da prerrogativa do § 9º, acima colacionado (fls. 127): "Ressaltese que, nos termos da norma regimental, farseá uso aqui da alternativa prevista no § 9º do art. 67, do RICARF, segundo o qual, 'As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade'." (destaque da Recorrente) Nesse diapasão, forçoso concluir que, para o cumprimento dos requisitos formais previstos no art. 67 do RICARF, era e continua sendo suficiente a reprodução da integralidade da ementa do acórdão paradigma no corpo do recurso, o que foi feito pela PGFN, não sendo necessária a juntada de cópia da publicação do julgado. Relativamente à alegação de falta de demonstração analítica da divergência, esclareçase que a Fazenda Nacional está dispensada de demonstrar o prequestionamento no acórdão recorrido, conforme § 3º, do art. 67, do RICARF, então vigente. Quanto ao § 6º do mesmo dispositivo regimental, este determina que a divergência deve ser demonstrada analiticamente, com a indicação dos pontos no paradigma colacionado, que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. Tal pressuposto também foi cumprido pela Fazenda Nacional que, antes de colacionar as ementas dos paradigmas, resumiu o ponto de divergência suscitado, de sorte que não se vislumbra o descumprimento de pressuposto recursal. Confirase: "O v. acórdão ora recorrido destoa da jurisprudência consolidada de outras Câmaras no ponto em que decidiu por aplicar o entendimento encampado pelo Ministro da Fazenda acerca da não incidência de IRPF sobre os valores recebidos a titulo de diferenças de URV prevista na Lei nº 9.655/98 aos membros da Magistratura Federal também aos membros da Magistratura/Ministério Público/Tribunais de Contas Estaduais, a despeito da inexistência de previsão neste sentido. Nesta seara, diversamente do entendimento esposado pelo acórdão recorrido, a Segunda Turma da Segunda Câmara da Segunda Seção do CARF proferiu paradigmas nos quais se verifica, que, diante da inexistência de previsão legal, não há como estender o beneficio instituído por lei federal ao MPU/Magistratura Federal para os membros do Ministério Público/Magistratura Estadual sob pena dc afronta ao art. 111 do CTN. Eis as ementas dos referidos julgados: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2004, 2005, 2006. IRPF RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legitima a Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 250 11 constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF n" 12). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Sumula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO Á EXTENSÃO DE NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTARIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto â tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de Oficio. JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei n°. 9.430, de 1996. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de oficio, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Rafael Pandolfo (Relator) e Pedro Anan Júnior, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez."Acórdão n" 220201274. (Grifos nossos). "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 IRPF RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA Constatada a omissão de rendimentos sujeitos A incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legitima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido A respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para Fl. 255DF CARF MF 12 instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTARIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de calculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de oficio. JUROS DE MORA. Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei no. 9.430, de 1996. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de oficio, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Ewan Teles Aguiar (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Júnior, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez."Acórdão nº 220201.208" (destaques da Recorrente) No que tange às matérias não tratadas no acórdão recorrido, portanto estranhas ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, as Contrarrazões não podem sequer ser conhecidas. Isso porque as Contrarrazões, como a própria denominação da peça está a indicar, devem abrigar unicamente os contrapontos às razões de recurso apresentadas pela parte recorrente. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e passo a examinarlhe o mérito. Tratase de discussão acerca da incidência do Imposto de Renda sobre a verba denominada Parcela Remuneratória de Equivalência (PRE), recebida do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas. No acórdão recorrido, sem que fossem analisados os argumentos apresentados pela Contribuinte em sede de Recurso Voluntário, aplicouse à verba em questão o mesmo tratamento concedido às diferenças de URV recebidas pela Magistratura e Ministério Público Estadual do estado da Bahia no Acórdão nº 2102001.337, que considerou ditas verbas isentas de Imposto de Renda. Confirase: "No caso, considerando que, no mérito, a razão está ao lado da RECORRENTE, cabe superar as preliminares razões de defesa. Cuidase de processo idêntico a outro já apreciado nesta Turma, em sessão realizada em 08/06/2011, razão porque peço vênia Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 251 13 para transcrever o voto proferido pelo ConselheiroPresidente Giovanni Christian Nunes Campos, no Acórdão nº 2102 001.337, de 08/06/2011, que em tudo se aplica ao presente caso: Para o deslinde da controvérsia, trazse a Resolução STF nº 245/2002: (...) Em minha leitura, o pagamento da diferença da URV previsto no art. 2º da Lei complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 tem a mesma natureza daqueles pagos ao Ministério Público Federal, pois o Ministério Público do Estado da Bahia também não tinha qualquer expectativa de aumento salarial com a Lei nº 9.655/98, que era voltada apenas à Magistratura mantida pela União (por óbvio, somente a lei estadual poderia versar sobre estipêndios dos Membros do MP local). Veio a Lei complementar do Estado da Bahia nº 20/2003 e pagou as diferenças de URV, as quais, no caso dos membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda, pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003. (...) Considerando as razões exaradas no voto acima transcrito, devese cancelar o crédito tributário exigido no Auto de Infração, de modo que tornase desnecessária a análise das demais argumentações apresentadas pela contribuinte no recurso. Ante o exposto, voto por DAR provimento ao recurso." De plano, esclareçase que o julgado que norteou o acórdão recorrido foi reformado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais em 03/03/2015, por meio do Acórdão nº 9202003.585, cujo voto, da lavra do Ilustre Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, teve a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: Fl. 257DF CARF MF 14 "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." "Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (suplente convocada), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Maria Teresa Martínez López." Após esse julgado, a Instância Especial já teve a oportunidade de apreciar centenas de recursos de igual teor, nos quais foi mantido o posicionamento esposado no acórdão acima, relativamente à natureza tributável da verba ali tratada diferenças de URV recebidas pela Magistratura e Ministério Público do Estado da Bahia. Por concordar com eles, adoto os fundamentos do voto condutor do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, que ora reitero como minhas razões de decidir: "Quanto ao mérito, aduz o contribuinte que os valores recebidos teriam natureza indenizatória, razão pela qual não haveria que se falar em sua inclusão na base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física. Fundamentase, para tanto, na redação do art. 3º da Lei Complementar do Estado da Bahia n.º 20/2003, segundo o qual “São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei”. Tal entendimento foi adotado pelo acórdão recorrido. Não obstante o mencionado dispositivo consignar o caráter indenizatório dos rendimentos, imprescindível que se realize a análise de sua natureza jurídica, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10283.720424/200701 Acórdão n.º 9202006.660 CSRFT2 Fl. 252 15 proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: 'I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)'. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: 'Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)' (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: 'Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. Fl. 259DF CARF MF 16 No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)' (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 260DF CARF MF
score : 1.0