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Numero do processo: 13964.000298/2002-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 01 00:00:00 UTC 2010
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2000
JUNTADA DE PROVA APÓS A IMPUGNAÇÃO
A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo ern outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refira-se a fato ou a direito superveniente; destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
Não se pode tomar como superveniente fato que precede a instauração da ação fiscal.
Ademais o "protesto" genérico pela juntada de novas provas formulado na impugnação não se confunde com o pleito de apresentação após essa fase processual.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/12/2000
Ementa:
REFIS. DÉBITOS INFORMADOS NA DIP3
A partir do ano-calendário 1999, exercício 2000, os saldos informados em DEPT deixaram de ter o caráter de confissão de divida. Por outro lado, a legislação que disciplinava o Refis definiu categoricamente a obrigatoriedade de informar, quando da adesão ao Programa de Recuperação Fiscal, os débitos informados em DIPJ, mesmo nos exercícios em que tal declaração tinha o condão de caracterizar a pré-falada confissão.
A apresentação de declaração retificadora após o início do
procedimento fiscal não caracteriza denúncia espontânea, nem atrai, consequentemente, os benefícios do art 138 do Código Tributário Nacional.
TAXA SELIC.
É legítima a aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic como índice de correção dos débitos e créditos de natureza tributária. Aplicação da Súmula CARP n° 4.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3102-00.782
Decisão: Acordão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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ementa_s : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2000 JUNTADA DE PROVA APÓS A IMPUGNAÇÃO A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo ern outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refira-se a fato ou a direito superveniente; destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se pode tomar como superveniente fato que precede a instauração da ação fiscal. Ademais o "protesto" genérico pela juntada de novas provas formulado na impugnação não se confunde com o pleito de apresentação após essa fase processual. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 30/12/2000 Ementa: REFIS. DÉBITOS INFORMADOS NA DIP3 A partir do ano-calendário 1999, exercício 2000, os saldos informados em DEPT deixaram de ter o caráter de confissão de divida. Por outro lado, a legislação que disciplinava o Refis definiu categoricamente a obrigatoriedade de informar, quando da adesão ao Programa de Recuperação Fiscal, os débitos informados em DIPJ, mesmo nos exercícios em que tal declaração tinha o condão de caracterizar a pré-falada confissão. A apresentação de declaração retificadora após o início do procedimento fiscal não caracteriza denúncia espontânea, nem atrai, consequentemente, os benefícios do art 138 do Código Tributário Nacional. TAXA SELIC. É legítima a aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic como índice de correção dos débitos e créditos de natureza tributária. Aplicação da Súmula CARP n° 4. Recurso Voluntário Negado
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 13964.000298/2002-81 Recurso n° 166.926 Voluntário Acórdão n° 3102-00.782 — 1u Câmara / 2° Turma Ordinária Sessão de 1 de outubro de 2010 Matéria Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Recorrente COMÉRCIO DE TECIDOS E MALHAS DEHON LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1998 a 31/12/2000 JUNTADA DE PROVA APÓS A IMPUGNAÇÃO A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo ern outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refira-se a fato ou a direito superveniente; destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se pode tomar como superveniente fato que precede a instauração da ação fiscal. Ademais o "protesto" genérico pela juntada de novas provas formulado na impugnação não se confunde com o pleito de apresentação após essa fase processual. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 30/12/2000 Ementa: REFIS. DÉBITOS INFORMADOS NA DIP3 A partir do ano-calendário 1999, exercício 2000, os saldos informados em DEPT deixaram de ter o caráter de confissão de divida. Por outro lado, a legislação que disciplinava o Refis definiu categoricamente a obrigatoriedade de informar, quando da adesão ao Programa de Recuperação Fiscal, os débitos informados em DIPJ, mesmo nos exercícios em que tal declaração tinha o condão de caracterizar a pré-falada confissão. DENÚNCIA ESPONTÂNEA Assinadc d citalmente em 11/1 1/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Autenticado digitannente ern 11/11/20'10 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO annido em'2911212010 polo MinistOrio da Fazenda DE CARE R1F- Fl 71 A apresentação de declaração retificadora após o inicio do procedimento fiscal não caracteriza denúncia espontânea, nem atrai, consequentemente, os benefícios do art 138 do Código Tributário Nacional. TAXA SELIC. legitima a aplicação da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - Selic como índice de correção dos débitos e créditos de natureza tributária. Aplicação da Súmula CARP n° 4. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Fernandes do Nascimento, Ricardo Paulo Rosa, Beatriz Veríssimo de Sena, Luciano Pontes de Maya Gomes, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. ' Relatório Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto relatório que embasou o acórdão recorrido, que passo a transcrever: Contra a interessada foram lavrados os Autos de Infração clefts. 167/178 e 440/451, que lhe exigem o recolhimento de créditos tributários relativos el Cofins (PA de 01/1998 a 12/2000) e ao PIS/Pasep (PA de 01/1998 a 12/2000), sendo, com juros de mora calculados até 28/6/2002: Cofins 610,252,25 Juros de Mora 266.522,16 Multa Proporcional (passível de redução) 457 689,0, TOTAL 1 . 334 ,463,42 PIS/Pasep 111.215,59 Juros de Mora 50.089,55 Multa Proporcional (passível de redução) 83.411,55 Assinado digaaftnente ern 11/11/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Autenticado ( 'IipilFilmenIe em 11/1112010 poi LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Emiliclo cm 2 1(2/2010 polo Ministerie do Fazonda Fl. 72 DI' CA RI. MI; Processo no 13964,000298/2002-81 83-C1T2 Acórdão n,° 3102-00.782 Fl , 2 TOTAL 244,716,69 Segundo as respectivas "Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) LegoOs)", constantes dos Autos de Infração, os lançamentos decorreram de diferenças apuradas entre os valores escriturados e os declarados / pagos, conforme Termos de Verificação Fiscal as fls 195/196 e 455/456. Inconformado com as exigências, das quais tomou ciência em 24/07/2002 Os. 173 e 446) o contribuinte ingressou em 27/08/2002 fls. 202/216 e 462/470, com impugnação contra os lançamentos, alegando o que se segue; - esta sendo exigido da contribuinte; no presente auto de infração, valores que já se encontram parcelados através do REFIS, ou seja, está havendo uma bi-tributação; - visando facilitar a checagem dos periodos, a contribuinte junta o extrato dos débitos consolidados no REFIS onde está clara a composição dos valores incluidos no Programa - ainda, no tocante ao REFIS, parte dos débitos em discussão foram declarados nas DIPJ retificadoras, ou seja, constavam ern aberto no sistema da Receita Federal, - o procedimento adotado pela contribuinte levou en: conta o disposto no artigo 30 do Decreto n° 3.431/00, no qual deveriam ser informados ao Órgão apenas os débitos cuja exigibilidade estivesse suspensa e os que não fossem do conhecimento do - dessa forma,. os Milos em aberto, de conhecimento do Fisco, deveriam ser automaticamente incluidos no REF1S, assim como todos os parcelamentos existentes. Foi o que ocorreu com os Milos objetos do presente auto de infração, foram declarados como devidos e não pagos, ou seja, estavam em aberto no sistema da Receita e deveriam ter sido incluidos no REFIS, sem que fosse necessária qualquer outra manifestação da contribuinte. - a afastamento da cobrança da multa de oficio de 75% sobre os débitos lançados, haja vista que no presente auto de infração estão sendo exigidos valores declarados pelo próprio contribuinte como devidos, através da entrega das DIPJ e DCTF. Entretanto, o ilustre auditor lançou a multa de oficio de 75% como se os débitos ado fossem declarados. No máximo, seria devida a multa de mora. - a exclusão da taw SELIG da remuneração de mora, pois não pode incidir sobre débitos de natureza tributário, indo contra o preceituado em nossa Constituição Federal, bem como a jurisprudência pacifica do STJ, bem coma seja afastada a aplicação dos juros moratórias previstos no artigo 84 da Lei n° 8_981/95, tendo em vista que os fatos geradores da suposta exigência tributária ocorreram anteriormente a sua vigência„afrontando os principias constitucionais da Assinado digitalmente em 11/11/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Autenitca4digitatmente ern 11/11/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE cAs-r RO Emitido em 20/1212010 polo Minisiorio da Fazenda H. 73 DF CARF anterioridade e da irretroatividade da norma tributária, nas conformidades estabelecidas pela alínea "a", inciso III, do artigo 150, da CF. No seu pedido, a contribuinte se reserva o direito de posteriormente juntar "documentos e pareceres, requerer diligencias e pericias, bem como aduzir alegações referentes matéria objeto do processo", conforme permissão legal contida no artigo 38, da Lei n° 9,784, de 29/01/1999, que ,regula o Processo Administrativo Federal, Conforme Termo à fl 555, o processo n.° 13964.000299/2002- 26, que tratava do lançamento de PIS/Pasep, foi juntado por anexação a este, em atendimento ao art. 20 da Portaria SRF n.° 6129, de 2/12/2005. Ponderando as razões aduzidas pela autuada, juntamente com o consignado no voto condutor, decidiu o órgão de piso pela manutenção integral da exigência, conforme se observa na ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição pata o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 1998, 1999, 2000 REFIS INCLUSÃO DE DÉBITOS A alegação não comprovada de que os débitos cobrados no auto de infração foram incluídos no REFIS, por si só, não é suficiente para se cancelar a exaçãofiscal. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO FISCAL EM CURSO, Já iniciado o procedimento fiscal, não se admite a declaração de rendimentos retificadora que vise sanar os valores que evidenciam a infração investigada, porque excluída a espontaneidade do sujeito passivo. LANÇAMENTO DE OFICIO. DÉBITOS INFORMADOS NA DIPJ/2001 cabível o lançamento de oficio, com a aplicação de multa de oficio e juros moratórios correspondentes, dos débitos informados na Declaração de Informações Económico-fiscais da Pessoa Jurídica relativa ao exercício de 2001, ano-calendário de 2000, por não se constituírem em confissão de divida. MULTA DE OFICIO. APLICAÇÃO. Verificada pelo Fisco afalta ou insuficiência de recolhimento do imposto de renda é cabível a aplicação da multa de ofício de setenta e cinco por cento, nos moldes da legislação vigente. JUROS DEMORA. TAXA SELIC Os tributos e contribuições sociais não pagos ate o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1 ° de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, Assinado digihitnenle em 11 1 11/2010 pot LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Aulenitcado digitalmenle ern 11/1112010 poi LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 Emilido ern 29/12J2010 polo Minisletia do Fazonda M F M F Processo n° 13964.000298/2002-81 Accirdao n.° 3102-00.782 equivalentes, a par/ir de 1 ° de abril de 1995, et tara referencial do SELIC para títulos federais. PROVA DOCUMENTAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante faze-10 em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; refira-se a fato ou a direito superveniente ou destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. A impugnação mencionará, dentre outros, as diligências, ou pendas que o impugnanie pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito, considerando-se não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender ao previsto no citado dispositivo legal Lançamento Procedente 74 S3-C1T2 Fl 3 Após tomar ciência da decisão de 1' instancia, comparece a autuada mais uma vez ao processo para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa, acrescentando que: - apresentou aditamento à impugnação pleiteando que fossem analisadas novas provas juntadas ao processo e que tais provas não foram conhecidas pela autoridade "a quo"; - haveria fundamento para a apresentação de prova documental após a impugnação, uma vez que os documentos que pretendia apresentar se inseririam nas exceções do § 4° do art. 16 do Decreto no 70.235, de 1972, eis que diria respeito a fato ou direito supervenientes, no caso à inclusào de débitos no Refis. - os tributos objeto de litígio foram alvo de lançamento por homologação anterior à lavratura do auto de infração, mediante retificação da sua DIPJ, documento que preencheria os mesmos requisitos da DCTF, onde procedeu à confissão dos débitos constituídos; - os valores constantes da retificação foram incluídos no Refis e yam sendo regularmente pagos juntamente com outros incluídos naquele programa; - assim sendo, não haveria como novamente impor nova "norma geral e abstrata sobre um fato concreto que já gerou tributo a pagar"; - face a esses argumentos, não poderia prosperar a conclusão do julgado a quo, que alegadamente fundada no MAJUR/2001, não reconhecera na DIPJ meio hábil confissão de divida; DF CA Ri Assinado d jtalmente em 11111/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Autenticado digitalmente ore itt 1t2010 poi LUIS MARCELO GUERRA DE CAS7R0 Emitido ort 1 29/1212010 polo Ministèrie da Eazoncia 5 DF CARF Fl 75 11; - assim sendo, o lançamento de oficio não poderia desconstituir o realizado por homologação, cabendo impor tal cobrança exclusivamente à eventual diferença apurada, nem impor a multa de 75%, capitulada no art. 44, 1 da Lei n°9.430/1996. Citou jut isprudência; - o rito adotado para inclusão dos débitos seguira o disposto no art. 3 0 do Decreto n° 3.431/00. Transcreveu o dispositivo; - a manutenção do lançamento sem a apuração do quantum devido após a retificação da DIN e inclusão dos débitos no Refis implicaria bitributação; - o § 2°, do art. 2°, da Instrução Normativa SRF n° 43, de 2000 determinara expressamente que os débitos j á declarados e não pagos não fossem incluídos na confissão inerente b. adesão ao Refis. Transcreveu o dispositivo; - o art. 3 0 da mesma instrução normativa n° 43, de 2000 ratificaria o caráter de confissão de divida da DWI. Transcreveu o dispositivo. Relatório Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Relator Como é possivel perceber, a matéria trazida a este Colegiado se escora em quatro soutos principais, sendo urn deles corn natureza de preliminar e três de caráter meritór .o. Analiso-os separadamente a seguir. 1 1-Juntada de Documentos Após a Impugnação A definição do momento em que a prova documental deve ser apresentada, bem assim as exceVies a essa regra encontram-se disciplinadas no § 4 0 do art. 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, que reza: 5s. 4° A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnan(e fazê-lo em outro momento processual, a menos que- (Incluido pela Lei n°9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de faro maior; (Incluído pela Lei n° 9 532, de 1997) b) refira-se a fato ou a direito superveniente,ancluido pela Lei n°9532, de 1997) c) destine-se a contrapor faros ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluido pela Lei n° 9 532, de 1997) Essencialmente, a juntada alegadamente pleiteada estaria fundamentada na alínea "h" acima transcrita, uma vez que, na convicção da recorrente, a comprovação de que os crédito alvo de lançamento encontrar-se-iam incluídos no Refis representariam fato ou direito superveniente. Assinedo diciMtrnente em 11/1112010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Autenticado diPitalinente em 11111/2010 pof LUIS MARCELO GUF.RRA OE CASTRO Emitido em 29 12/2010 poi() MiniotOrio da Fazetida e DF CARY' MP FI, 76 Processo n° 13964.000298/2002-81 83-CIT2 Ac6rddo n 3102-00.782 FI, 4 Ora, com o máximo respeito, não vejo comp considerar tais elementos que se pretende provar como supervenientes, na medida em que como a alegada adesão ao Refis, segundo alegado pela recorrente, precederia a lavratura do próprio auto de infração. Por outro lado, não se noticia a edição de lei ou ato normativo posterior, o que igualmente invalidaria o fundamento do direito superveniente. Apenas para o esclarecimento dos meus pares, compulsando os autos, este Relator não localizou qualquer documento que demonstrasse a apresentação de petição dirigida ao órgão preparador ou julgador postulando a juntada de provas posterior a impugnação. Ao que parece, portanto, dito pedido se limitou ao formulado no encerramento da petição onde a recorrente, à época impugnante, protesta pela juntada de provas. Cabe aqui relembrar o que diz o §50 do mesmo art. 16: § 5° A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com Andamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (inclad° pela Lei n° 9.532, de 1997) 1 Rejeito, portanto, tal preliminar, 2- Prévia Inclusão dos Débitos no Refis O primeiro ponto a ser enfrentado com relação ao mérito do litígio é a alegação do sujeito passivo de que os débitos litigiosos já se encontrariam incluídos no Refis. Preliminarmente, cabe esclarecer que, conforme demonstrativos As fls.157 a 159, o Fisco comparou os montantes devidos com os informados quando da adesão ao Refis, apresentados no demonstrativo à fl. 165 e chegou As diferenças que constam do presente auto de infração. Restaria, portanto, indagar se tais débitos se encontrariam automaticamente incluidos naquele programa de recuperação, ern face das informações prestadas na D1PJ. A fim de dar maior clareza A explanação, peço vênia para transcrever o dispositivo que permitiu conferir a característica de confissão de divida As declarações prestadas ao Fisco. Diz o Decreto-lei no 2.124, de 1984 (original sem destaques): Art 5 0 0 Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. ,¢ I° O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, Nota COS1T rig 27, de 8/01/98 Quando da juntada de documentos após a impugnacAo, nos termos do §9 do art, 16 do PAF, com a redacao dada pelo art. 67 da Lei no 9.532/97, proceder-se-á em conformidade com o estabelecido no item 1 da letra "A" do anexo constante da Portaria SRF no 4980/94. Assinado digitatinenIe am 11/11/2010 pot LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Aulenlicado digitalinente em I li 1 1/2010 poi LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Emilido oml 29/12)2010 polo Ministorio da Fazendo I-1, 77 DF CA RV constituirá confissão de divida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito . Fazendo uso dessa competência, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, A época Secretaria da Receita Federal, atribuiu, até o ano-calendário 1998, exercício 1999, o caráter de confissão de divida aos saldos devedores informados na DIPJ, instituída pela IN SRF n° 127, de 30/10/98. Confira-se o que dizia a IN SRF n° 077, de 1998: Art. 1 0 Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas fisicas e jurídicas e da declaração do IT]?, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição coma Divida Ativa da União. Ocorre que, a partir do ano-calendário 1999, exercício 2000, tal declaração anual perdeu a característica de instrumento de confissão de divida, face A, alteração promovida pela Instrução Normativa SRF no 14, de 14 de fevereiro de 2000, que informa, in verbis: Art, 1° 0 art. 1° da Instrução Normativa SRF N° 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art 10 Os saldos a pagar, relativos a tributOs e contribuições, constantes da declaração de rendimentos das pessoas físicas e da declaração do .1T,!?, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Divida Ativa da União. Na nova redação, observe-se, foi a retirada da expressão "e jurídicas", referindo-se à declaração de rendimentos. Donde se pode concluir que, a partir de então, apenas a declaração de rendimentos da pessoa física e a declaração do ITR é que continuaram como confissão de divida. No que se ref= as pessoas jurídicas, o instrumento hábil para confessar os tributos devidos seria apenas a DCTF. Por outro lado, no que se refere As declarações anteriores, resta igualmente prejudicado o argumento de prévia confissão de débito, na medida em que as declarações retificaporas só foram apresentadas em 14/04/2002 2, ou seja em data posterior ao inicio da ação fiscal, nstaurada em 08/04/2002 3 . Descabe, portanto, o argumento de que os débitos teriam sido confessados. Finalmente, e mais importante, conforme consignado no § 4° do art. 2° da InstruçAo Normativa SRF If' 43, de 2000, os débitos não declarados em DCTF deveriam obrigatoriamente ser informados na declaração do Ref is, ainda que constassem de DIPS. Confir -se (original não destacado): § 40 Os débitos relativos õs contribuições para a P1S/Pasep e Cofins, não declarados em DCTF - Declaração de Contribuições e Tributos Federais ou Declaração de Débitos e Créditos 2 Extrato à fl.. 556 3 Cópia do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Inicio de Fiscalizagrio as fls. 01 a 03. Assinado dial almente em 11111/2010 po LUIS MARCELO GUERRA OE CASTRO Antonin:ado digitalmente em 11/1112010 poi WIS MARCELO GUERRA DE CASE RI) Emitido em 2 /12/2010 pelo Ministetio da Fazetida 8 1.)1•7 CARF MF 1. 73 Processo 0 13964,000298/2002-81 S3-C1T2 Acórdão n.°3102-00,782 Fl 5 Tributários Federais, deverão ser confessados por meio da Declaração Refis, ainda que as bases de cálculo ou os valores da contribuição já tenham sido informados na Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica DIRPJ, não se aplicando, neste caso, o disposto nos parágrafos anteriores. Ou seja, mesmo nos anos calendário em que a DIPJ (A época DIRPJ) representaria um instrumento de confissão de débito, havia obrigatoriedade de inclusão dos débitos na declaração do Refis. 3-Denúncia Espontânea Sendo certo que tais débitos não se encontravam incluídos no Refis, não haveria como aplicar, ainda que por extensão, o instituto da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional 4 para afastar a imposição da multa capitulada no art. 44, I, da Lei n° 9.430, de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moral ária, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; 4- Taxa Selic Apesar da longa dissertação da recorrente acerca da inaplicabilidade da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC aos débitos tributários, não vejo como afastar a sua incidência sobre exigência discutida nos autos do presente recurso Voluntário, face A obrigatoriedade de observância da Súmula CARF no 4, que diz: A partir de 1° de abril de 1995 6 legitima a aplicação/utilização da taxa Selic no cálculo dos juros moratórios incidentes sobre débitos tributcirios administrados pela Secretaria da Receita Federal, 4 Art. 138. A responsabilidade é excluida pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do deposito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração, Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o inicio de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração Assinado d gitalinenle ern 11/11/2010 por LUIS MARCELO GUERRA OE CASTRO 9 Autenticad digitalmente ern 111 I 1/20'I0 por LUIS MARCELO GUERRA DE CAsTRO EmIticlo em 29/12/20'10 pelo Minimerio da Fazencla 4F F1, 79 CARF 5- Con lusio Corn essas considera9c3es, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. Sala das Sessões, em 1 de outubro de 2010 Luis Marcelo Guerra de Castro Assinado kit atraente em 11/11/2010 per LUIS MARCELO GUERRA OE CASTRO Auteillteado digitalraente ern 11/11/2010 por LUIS MARCELO GUERRA DE CAM TO Eraitido em 2U12/2010 pdlo Ministegie da Fazenda 10
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Numero do processo: 10325.000262/2007-40
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2003
LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAL. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. REGRA GERAL.
Para fins de determinação do lucro presumido das pessoas jurídicas cuja atividade seja a prestação de serviços, inexistindo expressa previsão legal no sentido contrário, o percentual que deve ser aplicado sobre a receita bruta é de 32% (trinta e dois por cento).
INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. LEI OU ATO NORMATIVO. APRECIAÇÃO.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula Carf nº 2), isso porque, a instância administrativa não é foro apropriado para discussões desta natureza, pois qualquer discussão sobre a constitucionalidade e/ou ilegalidade de normas jurídicas deve ser submetida ao crivo do Poder Judiciário que detém, com exclusividade, a prerrogativa dos mecanismos de controle repressivo de constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal.
Recurso negado
Numero da decisão: 1803-002.054
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da 3ª Turma Especial da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva - Presidente
(Assinado Digitalmente)
Sérgio Luiz Bezerra Presta - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, que presidiu a Turma, Meigan Sack Rodrigues,Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sergio Rodrigues Mendes, Neudson Cavalcante Albuquerque.
Nome do relator: SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2003 LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAL. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. REGRA GERAL. Para fins de determinação do lucro presumido das pessoas jurídicas cuja atividade seja a prestação de serviços, inexistindo expressa previsão legal no sentido contrário, o percentual que deve ser aplicado sobre a receita bruta é de 32% (trinta e dois por cento). INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. LEI OU ATO NORMATIVO. APRECIAÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula Carf nº 2), isso porque, a instância administrativa não é foro apropriado para discussões desta natureza, pois qualquer discussão sobre a constitucionalidade e/ou ilegalidade de normas jurídicas deve ser submetida ao crivo do Poder Judiciário que detém, com exclusividade, a prerrogativa dos mecanismos de controle repressivo de constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal. Recurso negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da 3ª Turma Especial da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 00 02 62 /2 00 7- 40 Fl. 155DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 156 2 (Assinado Digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walter Adolfo Maresch, que presidiu a Turma, Meigan Sack Rodrigues,Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Sergio Rodrigues Mendes, Neudson Cavalcante Albuquerque. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 157 3 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao presente contencioso administrativo, adoto parte do relato do contido no Acórdão nº 08023.397 proferido pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE, constante das fls. 130 e seguintes dos autos, a seguir transcrito: “Tratase de auditoriafiscal determinada pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 0320200.2007.000277, tendo no pólo passivo a pessoa jurídica PENITENTE PRESTADORA DE SERVIÇOS AGRÍCOLAS LTDA., CNPJ 03.497.952/000150, concernente ao anocalendário 2003, exercício 2004, ao final da qual foi constituído crédito tributário no montante de R$ 85.023,96 (oitenta e cinco mil, vinte e três reais e noventa e seis centavos). 2. Conforme registrado no Termo de Início de Fiscalização, fl. 04, a empresa (foi instada a apresentar alegações que justificassem a ‘apuração do percentual de 8% sobre a receita bruta do anocalendário de 2003 (conforme DIPJ 2004) tendo em vista que a atividade 'ASSESSORIA ÀS ATIVIDADES AGRÍCOLAS E PECUÁRIAS CNAEFISCAL 74.160/01' está obrigada ao percentual de 32% sobre a receita bruta como cálculo de lucro presumido’. Também foi determinada a apresentação do contrato social e das alterações posteriores. 3. Em resposta recepcionada pela unidade de origem em 19/03/2007, foi apresentado o documento de fls. 17/18 em que o representante legal da fiscalizada afirmou ser o ‘objeto da empresa a prestação de serviços de colheita, de tratamento de produtos agrícolas e outras atividades de serviços relacionados diretamente com a atividade meio da agricultura’, que todas as receitas auferidas no anocalendário sob ação fiscal decorreram dos serviços de preparo do solo, plantio, cultivo e colheita’, o que seria possível se depreender a partir da análise das notas fiscais emitidas ‘nas quais estão discriminadas as receitas que são compostas de serviços de mecanização agrícola (preparo do solo, plantio e colheita) e mãodeobra (operadores de máquinas agrícolas)’. 4. Fez constar ainda que não houvera a prática de serviços de assessoria às atividades agrícolas, atividade sujeita ao percentual de 32%, mas a prestação de serviços relacionados com a atividade rural, que estariam sujeitos ao percentual de 8%. Acompanhado a resposta, apresentou cópia do contrato social, fls. 19/23, e cópia da primeira alteração contratual, fls. 27/30, dentre outros. 5. Em 25/04/2007 foi lavrado o auto de infração de fls. 103/109, em que o contribuinte, optante pelo lucro presumido, foi autuado sob o fundamento de ‘APLICAÇÃO INDEVIDA DE COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO DO LUCRO REAL”, com a descrição dos fatos e o enquadramento legal a seguir reproduzidos: (...) conforme alegação da empresa contribuinte, em § 2° e 3° acima transcrito a empresa se enquadra, para efeito de tributação no lucro presumido (fls. 22), na alínea a, inciso III, §1°, artigo 519 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto Fl. 157DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 158 4 3.000 de 26 de março de 1999, ou seja, base de cálculo do imposto e do adicional em cada trimestre será de 32% sobre a receita bruta auferida no período de apuração. As notas fiscais mencionadas na resposta apresentada pela empresa contribuinte não foram entregues ao Auditor responsável pela fiscalização, o que não impede a realização dos trabalhos, tendo em vista que não há necessidade das mesmas para constatação da irregularidade objeto do presente Auto de infração. Conforme atos constitutivos, cláusula 1ª, a empresa tem objetivo: Assessoria às atividades agrícolas e pecuárias – outros serviços técnicos especializados inclusive agrônomos; outros serviços prestados, principalmente às empresas; serviço de colheita; serviços relacionados ao tratamento de produtos agrícolas e outras atividades de serviços relacionados com a agricultura (fls. 13). Dentro da tributação com base no lucro presumido (fls. 22) todas as atividades cima se enquadram na alínea a, inciso III, §1°, artigo 519 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto 3.000 de 26 de março de 1999. Enquadramento Legal: arts. 518 e 519 do RIR 99 A ciência do lançamento, por via postal, deuse em 08/05/2007. fl. 111. Inconformada com a autuação, em 15/05/2007 a pessoa jurídica impugnou lançamento, fls. 115/118, apresentando os mesmos argumentos expressados por ocasião da resposta ao Termo de Início de Fiscalização. 08. Reiterou ser o ‘objeto da empresa a prestação de serviços de colheita, de tratamento de produtos agrícolas e outras atividades de serviços relacionados diretamente com a atividade meio da agricultura’, e que ‘Todas as receitas da empresa foram provenientes da prestação de serviços com a utilização de maquinário agrícola, e se referem aos serviços de preparo do solo, plantio, cultivo e colheita’, atividades que estariam sujeitas à alíquota de 8%, em razão do que requereu a decretação da procedência da impugnação, com a exoneração da cobrança do crédito tributário em litígio”. A 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE, na sessão de 04/05/2012, ao analisar a peça impugnatória apresentada, proferiu o Acórdão nº 08023.397 entendendo “por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido”, em decisão assim ementada: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2003 LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAL. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. REGRA GERAL. Para fins de determinação do lucro presumido das pessoas jurídicas cuja atividade seja a prestação de serviços, inexistindo expressa previsão legal no sentido contrário, o percentual que deve ser aplicado sobre a receita bruta é de 32% (trinta e dois por cento). Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Fl. 158DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 159 5 Cientificada da decisão de primeira instância em 22/06/2012, sextafeira, (AR constante das fls. 140), a PENITENTE PRESTADORA DE SERVIÇOS AGRÍCOLAS LTDA., qualificada nos autos em epígrafe, inconformada com a decisão contida no Acórdão nº 10126.033, recorre em 20/07/2012, sextafeira, (fls 145 e segs) a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais objetivando a reforma do julgado reiterando, basicamente, os argumentos da peça impugnativa. Encontro às fls. 143 um despacho de perempção, com o seguinte teor: “Ref. Termo de Perempção Transcorrido o prazo regulamentar de 30 (trinta) dias (Decreto nº. 70.235/1972, art. 33) e não tendo o interessado apresentado recurso à instância superior da decisão da autoridade de primeira instância, lavrase este termo de perempção na forma da legislação vigente. Esgotado o prazo da cobrança amigável, sem que tenha sido cumprida a exigência fiscal, o processo será encaminhado à Procuradoria da Fazenda Nacional para cobrança executiva (art. 21, § 3º do Decreto 70.235/1972).” Na referência às folhas dos autos considerei a numeração do processo eletrônico (eprocesso). É o relatório do essencial. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 160 6 Voto Conselheiro SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Relator Observando o despacho constante das fls. 143, vejo que não condiz com a realidade que consta dos autos, tendo em vista que a Recorrente foi cientificada da decisão de primeira instância em 22/06/2012, uma sextafeira, (AR constante das fls. 140); assim o prazo para interposição do recurso voluntário só começaria a ser computado na segundafeira seguinte dia 25/06/2012 e se extinguido no dia 25/07/2012 (quartafeira). O Recurso foi protocolado em 20/07/2012, ou seja, bem antes do prazo final. Assim, conforme determina os arts. 5º e 33 ambos do Decreto nº. 70.235/1972 conheço a tempestividade do recurso voluntário apresentado, preenchendo os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele, portanto tomo conhecimento. Porém mesmo sendo tempestivo, entendo que a Recorrente não conseguiu comprovar nos autos suas alegações de defesa e de recurso voluntário de fundamentasse a razão para que suas atividades estariam sujeitas à alíquota de 8% como base percentual para o lucro presumido e não a alíquota de 32%, esta última destinada às prestadoras de serviços em geral, para os quais não haja previsão de percentual específico. Na verdade a sistemática do lucro presumido é regime de tributação simplificado e facultativo que abrange largo espectro de empresas com diferentes características. Os prestadores de serviços representam importante subconjunto de optantes por esse regime e, em algumas situações, defrontamse com razoável número de possibilidades de apuração dos tributos. Porém, para fugir da regra comum a empresa prestadora de serviços tem que comprovar que se encontra albergada por alguma das normas excludentes da regra comum, aqui tributada com a alíquota de 32%. Observando a legislação à época dos fatos geradores, observo que deveriam ser aplicados os seguintes percentuais na determinação do lucro presumido: a) 8% (oito por cento) sobre a receita bruta mensal proveniente: a.1) da venda de produtos de fabricação própria; a.2) da venda de mercadorias adquiridas para revenda; a.3) da industrialização de produtos em que a matériaprima, ou o produto intermediário ou o material de embalagem tenham sido fornecidos por quem encomendou a industrialização; a.4) da atividade rural; Fl. 160DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 161 7 a.5) de serviços hospitalares; a.6) do transporte de cargas; a.7) de outras atividades não caracterizadas como prestação de serviços; b) 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita bruta mensal auferida com as atividades de: b.1) prestação de serviços, pelas sociedades civis, relativos ao exercício de profissão legalmente regulamentada; b.2) intermediação de negócios; b.3) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis ou direitos de qualquer natureza; b.4) construção por administração ou por empreitada unicamente de mãode obra; b.5) prestação de qualquer outra espécie de serviço não mencionada anteriormente. E, no contrato social da Recorrente, constante das fls. 19 e segs dos autos, encontramos como atividade: Fora isso, não encontro nos autos nenhuma prova dos serviços que a Recorrente alega prestar. Na verdade a Recorrente não trouxe aos autos provas que combatessem as alegações do termo de verificação fiscal (fls. 100 e segs dos autos); e, na falta de outros elementos, o fisco utilizou a alíquota prevista na regra geral e efetuou o lançamento da “diferença faltante do percentual de 32% da base (24%), portanto, este Auto Infração torna sem efeito a exigência do crédito tributário constante do auto de infração de 09/04/2007 (t1s.79 às 86), por retificação do lançamento, observado as disposições dos artigos 145, III, 147, § 2" e 149, IV da Lei ri° 5.172/66 (Código Tributário Nacional)”. Agindo assim, entendo que a Recorrente não observou que um dos princípios que lastreiam o processo administrativo fiscal é o Principio da Legalidade, também denominado de legalidade objetiva. Tal princípio determina que o processo deverá ser instaurado nos estritos ditames da lei. Ou seja, na administração privada se pode fazer tudo que a lei não proíbe; já na administração pública só é permitido fazer o que a lei autoriza expressamente, como forma de se atender as exigências do bem comum. Em suma enquanto que para o particular a lei significa “pode fazer assim”, para o Administrador público significa Fl. 161DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 162 8 “deve fazer assim”, a atividade administrativa é plenamente vinculada, é regrada pelos limites impostos pela própria lei. E, foi com base nesse principio que a Recorrente deveria ter apresentado as provas que os serviços por ela prestados estavam sob a égide da alíquota de 8% e não na alíquota de 32%. Veja que poderia a Recorrente juntar suas alegações antes do julgamento da DRJ ou deste Conselho, tendo em vista que a prova no processo Administrativo Fiscal é de fundamental importância e deveria ser criteriosamente produzida pela Recorrente nesses quase 7 (sete) anos contados entre o inicio da fiscalização e o presente julgamento. Isso porque é através da prova o julgador administrativo forma sua convicção. Diante deste fato se poderia perguntar: “Qual o momento para a apresentação das provas no PAF?”. A resposta encontrase inserta nos Artigos 3º e 38 da Lei 9.784/99, a seguir transcrito: “Art. 3º. O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: (...) III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; (…)” “Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer diligências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo” E, caso tenha alguma duvida o Art. 16 do Decreto nº 70.235/1972, assim determina: “Art. 16 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)” Diante da legislação acima, é importante acentuar que a responsabilidade pela comprovação da verdade material caberia a Recorrente; e, para isso deveria buscar na legislação de regência o substrato legal para juntar as provas que entendesse como necessárias a defesa e que comprovasse a licitude da alíquota aplicada; e, isso não o fez! Aqui, não se está falando em indicio, mas sim em uma alíquota definida em lei, que também coloca os limites para redução; e, no caso de ausência de comprovação por meios hábeis e idôneos, de que tinha direito a redução utilizada. Fl. 162DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA Processo nº 10325.000262/200740 Acórdão n.º 1803002.054 S1TE03 Fl. 163 9 Já no que se refere à alegada inconstitucionalidade levantada pela Recorrente, aplicase a Súmula Carf nº 2, assim redigida: “Súmula Carf nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Assim, voto no sentido de manter integralmente a decisão proferida pela 3ª Turma de Julgamento da DRJ em Fortaleza CE em todos os seus termos, ratificando a imposição tributária e mantendo a diferença faltante do percentual de 32% da base (24%), com os acréscimos legais. (Assinado Digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Fl. 163DF CARF MF Impresso em 11/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 11/0 3/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRES TA
score : 1.0
Numero do processo: 14367.000154/2010-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2402-000.488
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Julio César Vieira Gomes - Presidente
Nereu Miguel Ribeiro Domingues - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Julio César Vieira Gomes Presidente Nereu Miguel Ribeiro Domingues Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Julio César Vieira Gomes, Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Luciana de Souza Espíndola Reis, Thiago Taborda Simões, Ronaldo de Lima Macedo, Lourenço Ferreira do Prado. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 43 67 .0 00 15 4/ 20 10 -3 7 Fl. 513DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 20/02/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 14367.000154/201037 Resolução nº 2402000.488 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de auto de infração constituído em 16/06/2010 para exigência de contribuição previdenciária parte da empresa e GILRAT, incidentes sobre pagamentos efetuados a parlamentares no período de 06/2007 a 12/2009. Conforme discriminado no Relatório Fiscal (fls. 20/23), as contribuições exigidas referemse: (i) Levantamento RA: a parte devida pela ALEAM no percentual de 20% sobre importâncias pagas aos parlamentares a título de cotas, gratificações extraordinárias e diferenças de subsídios pagos com atraso; (ii) Levantamento DI: a diferença do percentual referente ao risco ambiental de trabalho (RAT), ante a alteração legislativa promovida pelo Decreto nº 6.042/2007, que alterou a alíquota de 1% para 2% em relação à Administração Pública; e (iii) Levantamentos DI2 e RA2, criados para receber a multa de ofício nas competências a partir de 12/2008, em decorrência da MP nº 449/08. Em 13/07/2010 a Recorrente apresentou Impugnação parcial ao lançamento, deixando de apresentar defesa em relação à diferença de alíquota do RAT. A DRJ de Belém/PA manteve integralmente o crédito tributário exigido, pois: (i) considerou insuficientes as provas trazidas aos autos pela Recorrente para comprovar a natureza indenizatória das cotas pagas pela ALEAM aos parlamentares, razão pela qual foram consideradas como integrantes do saláriodecontribuição nos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/91; (ii) as gratificações extraordinárias pagas aos parlamentares são integrantes do saláriodecontribuição nos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/91, pois a legislação previdenciária não excepciona a sua incidência (art. 28, § 9º da Lei nº 8.212/91 c/c art. 214, § 9º do Decreto 3.048/99); (iii) as contribuições previdenciárias estão sujeitas ao princípio contábil de regime de competência, conforme art. 215, § 13, I, do Decreto 3.048/99, razão pela qual estaria correto o lançamento dos reajustes retroativos dos subsídios, dos meses 04 e 05/2007, pagos em 06/2007; e (iv) as provas trazidas aos autos para demonstrar a vinculação de determinados parlamentares a regime previdenciário próprio representam meros indícios, mas não são suficientes para anular o lançamento. Considerando a inexistência de impugnação em relação à diferença de alíquota apurada em relação ao RAT, foi realizado o desmembramento do presente auto de infração, tendo sido gerado o auto de infração n° 37.326.1373 (14363.000001/201119), para cobrança imediata desses valores. A Recorrente foi intimada da decisão DRJ em 19/06/2013, e em 17/07/2013 apresentou Recurso Voluntário requerendo: (i) a exclusão da base de cálculo das contribuições dos valores referentes às cotas e gratificações extraordinárias, por se tratarem de ressarcimentos de despesas de gabinete e verba indenizatória, respectivamente; (ii) a exclusão dos valores relativos à diferença dos subsídios paga aos parlamentares no mês de 06/2007 e que corresponderiam aos meses de 04 e 05 de 2007, uma vez que se referem a importâncias correspondentes a períodos não abrangidos pela fiscalização; e (iii) a exclusão da base de cálculo das contribuições das importâncias pagas a parlamentares vinculados a regime previdenciário próprio, apresentando novos documentos. Fl. 514DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 20/02/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 14367.000154/201037 Resolução nº 2402000.488 S2C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Nereu Miguel Ribeiro Domingues, Relator Primeiramente, cabe mencionar que o presente recurso é tempestivo e preenche a todos os requisitos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Sustenta a Recorrente, dentre outros, que há parlamentares vinculados a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), não havendo que se falar na incidência das contribuições previdenciárias sobre as remunerações pagas a tais trabalhadores. No que se refere a este tema, verificase no Relatório Fiscal que a autuação foi fundamentada no art. 12, inc. I, "j" da Lei nº 8.212/911, o qual prescreve serem segurados obrigatórios da previdência as pessoas físicas exercentes de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, "desde que não vinculado a regime próprio de previdência social”. Contudo, constatase que a fiscalização pautou o lançamento no fato de que os exercentes de mandato eletivo federal, estadual ou municipal são segurados obrigatórios da Previdência Social, não fazendo qualquer menção sobre a exceção de que trata a parte final da alínea “j” destaca acima. Tendo o lançamento sido feito com base no art. 12, inc. I, alínea "j" da Lei nº 8.212/91, entendese que a fiscalização deveria ter feito considerações sobre a exceção contida no referido artigo, de modo a fundamentálo devidamente. Ou seja, deveria a fiscalização ao menos informar o motivo pelo qual a regra excepcional contida na referida alínea “j” não foi considerada quando da apuração dos fatos geradores. A DRJ de Belém/PA, ao analisar a referida exceção, delimitou o que seria considerado Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), conforme previsão contida no art. 10, § 3º do Decreto nº 3.048/99. Além disso, consignou que"não resta comprovado, por meio de atos legais, a existência de regime próprio de previdência social, que garanta a concessão de aposentadorias e pensão por morte previstas no art. 40 da Constituição Federal, conforme determina o §3º do art. 10 do Regulamento de Previdência Social – RPS". Com isso, constatase que a fiscalização acabou realizando parte do trabalho do auditor fiscal, buscando fundamentar o lançamento de acordo com o dispositivo legal tido como seu alicerce. Por este motivo, percebese que o ônus da prova, em relação ao fato de os parlamentares (ou parte deles) estarem ou não inseridos em RPPS, foi transferido indevidamente para a Recorrente. Além disso, como não houve a devida análise desta exceção por parte da fiscalização, verificase que restou a dúvida no processo acerca deste fato, havendo "indícios" de que alguns deputados poderiam eventualmente estar vinculados a RPPS. 1 “Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004).” Fl. 515DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 20/02/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES Processo nº 14367.000154/201037 Resolução nº 2402000.488 S2C4T2 Fl. 5 4 Nesse sentido, ao analisar os argumentos expostos pela Recorrente, consignou a DRJ: "Em que pese as provas juntadas aos autos, essas revestemse de indícios, porém não são suficientes para a comprovação dessas alegações." (fl. 298). Desta forma, considerando que não houve manifestação da fiscalização quanto à exceção do art. 12, I, “j” da Lei nº 8.212/91, bem como que o fato de a decisão proferida pela DRJ de Belém/PA afirmar existirem indícios no processo acerca da vinculação de deputados a regime próprio de previdência, entendo que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a autoridade fiscal se manifeste sobre a referida regra excepcional. Ressaltase que deve a fiscalização analisar se os parlamentares objeto deste processo estão ou não inscritos em RPPS, nos termos do art. 12, I, “j” da Lei nº 8.212/91, fundamentando devidamente a autuação. Ante o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que o auditor fiscal se manifeste acerca da regra excepcional prevista no art. 12, I, “j” da Lei nº 8.212/91. Após a realização da diligência, deve ser aberto prazo de 30 dias para manifestação do contribuinte, em atenção ao princípio da ampla defesa e do contraditório. É o voto. Nereu Miguel Ribeiro Domingues. Fl. 516DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2015 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 20/02/20 15 por NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMINGUES, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR VIEIRA GO MES
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Numero do processo: 10925.000019/2009-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
FALTA DE RECOLHIMENTO. EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL.
PEDIDO JUDICIAL DE SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA EXCLUSÃO E DE ANULAÇÃO DAS INTIMAÇÕES DECORRENTES. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA EM PRELIMINAR. O fato de o sujeito passivo submeter à apreciação do Poder Judiciário a validade das intimações das quais resultam o lançamento, defendendo a suspensão dos efeitos da exclusão em razão do litígio administrativo, não impede que, em preliminar, seja declarada improcedente a exigência, em razão do cancelamento do ato de exclusão por falta de provas. Interpretação da Súmula CARF nº 1.
Numero da decisão: 1101-001.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 FALTA DE RECOLHIMENTO. EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL. PEDIDO JUDICIAL DE SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA EXCLUSÃO E DE ANULAÇÃO DAS INTIMAÇÕES DECORRENTES. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA EM PRELIMINAR. O fato de o sujeito passivo submeter à apreciação do Poder Judiciário a validade das intimações das quais resultam o lançamento, defendendo a suspensão dos efeitos da exclusão em razão do litígio administrativo, não impede que, em preliminar, seja declarada improcedente a exigência, em razão do cancelamento do ato de exclusão por falta de provas. Interpretação da Súmula CARF nº 1.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
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S. MÁQUINAS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 FALTA DE RECOLHIMENTO. EXCLUSÃO DO SIMPLES FEDERAL. PEDIDO JUDICIAL DE SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA EXCLUSÃO E DE ANULAÇÃO DAS INTIMAÇÕES DECORRENTES. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA EM PRELIMINAR. O fato de o sujeito passivo submeter à apreciação do Poder Judiciário a validade das intimações das quais resultam o lançamento, defendendo a suspensão dos efeitos da exclusão em razão do litígio administrativo, não impede que, em preliminar, seja declarada improcedente a exigência, em razão do cancelamento do ato de exclusão por falta de provas. Interpretação da Súmula CARF nº 1. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vicepresidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 00 19 /2 00 9- 24 Fl. 299DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 3 2 Relatório J. S. MÁQUINAS LTDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto/SP que, por unanimidade de votos, julgou IMPROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 28/01/2009, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 152.486,63. Consoante relatório fiscal de fls. 50/84, em razão de procedimento do qual resultou a exigência de débitos de contribuições previdenciárias formalizados no processo administrativo nº 10925.000023/200992, constatouse que o contribuinte compõe um grupo de empresas, denominado "GRUPO IDUGEL", integrado também pelas empresas "KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA" e "IDUGEL INDUSTRIAL LTDA.". Embora as empresas possuam aparentemente sócios distintos, todas são administradas diretamente pelo Sr. José Schazmann e Sra. Silvana Marques Schazmann, conforme cópia das procurações e documentos anexos (fls. 91 a 112 do AI DEBCAD 37.129.2280/COMPROT 10925.0000231200992). As demais pessoas, que contratualmente participam da gerência, são familiares próximos (mãe, irmã, filhos). Depois de discorrer sobre a composição societária de cada empresa do grupo, a autoridade lançadora registra que no mesmo imóvel situado na BR 282, km 385, Trevo Oeste, Acesso Adolfo Ziguelli, Joaçaba/SC, funcionam as empresas IDUGEL INDUSTRIAL LTDA e J.S. MAQUINAS LTDA ME. Embora a empresa KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA ME, indique em seu contrato social e alterações ter como endereço a Rua Almirante Barroso, 592, Bairro Tobias, Joaçaba/SC, tratase na verdade do endereço residencial das Sras Elita Schimidtz Schazmann e Claúdia Schazmann Perottoni, sócias da empresa J.S. As empresas IDUGEL, J.S. e KF, funcionam na verdade, no mesmo endereço e estabelecimento, com empregados formalmente vinculados a cada uma delas, mas com uniforme contendo a descrição "GRUPO IDUGEL", trabalhando sob a administração de um mesmo empregador. A supremacia dos fatos revelase tratar de uma só empresa. O exame da contabilidade das pessoas jurídicas mencionadas revelou que a empresa IDUGEL INDUSTRIAL LTDA é responsável por praticamente toda a atividade industrial, compreendendo a aquisição de insumos, matériaprima, materiais de embalagem, energia, etc. As empresas J.S. MAQUINAS LTDA ME e KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA ME, são meras fornecedoras de mãodeobra. Da mesma forma, praticamente todo o faturamento com vendas é através da empresa IDUGEL, ficando a prestação de serviço de instalação das máquinas a cargo da empresa KF. Os auditores fiscais também relatam a existência de diversos “pagamentos cruzados” entre as empresas pertencentes ao “GRUPO”, de pagamentos efetuados pela empresa em nome dos sócios administradores e seus familiares referentes a compromissos assumidos com terceiros, de pagamentos “extrafolha” aos seus empregados, de pagamentos registrados a vista, embora realizados a prazo. Conclui, assim, que o "GRUPO" é administrado como se fosse uma única empresa, entendimento equivocado por parte de seus administradores e que contraria a legislação comercial em vigor, comprometendo de forma irremediável sua escrituração contábil. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 4 3 Quanto ao cálculo do IPI, a autoridade fiscal consignou que: Para apuração do valor do IPI devido e em razão da falta de atendimento das intimações fiscais para prestação de informações sobre a descrição dos produtos vendidos, classificação fiscal e créditos decorrentes de aquisições de produtos, foi arbitrado o valor tributável através do levantamento de todas as vendas efetuadas pelo contribuinte pelo exame da escrituração contábil apresentada em meio magnético e atribuído a classificação fiscal através da descrição da atividade desempenhada pela empresa em seu contrato social e alterações, código 8437.80.10 —Máquinas para Trituração ou Moagem de Grãos. Do valor apurado foram deduzidos os créditos decorrentes dos recolhimentos efetuados no SIMPLES e SIMPLES NACIONAL, conforme planilha do ANEXO I (fls. 14 a 32). Sobre o valor remanescente foi aplicada multa qualificada de 150%, dado que o relato dos fatos deixa caracterizado de forma clara o intuito de fraude por parte da fiscalizada, especialmente tendo em conta o que consignado no item 13 do relatório: A fiscalização, conclui que de fato, ocorreu simulação de constituição de empresas com o objetivo de segmentar parte das atividades e faturamento, e se beneficiar do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte SIMPLES e SIMPLES NACIONAL. A exigência fiscal foi precedida da edição do Ato Declaratório Executivo DRF/JOA nº 018/2008, que excluiu a contribuinte do Simples Federal a partir de 01/01/2003 em razão da constatação da prática de simulação de existência de empresa autônoma, por meio de interpostas pessoas, para segmentação artificial de atividades, do faturamento e do emprego da mãodeobra, para obtenção de benefícios do Simples. A matéria é objeto do processo administrativo nº 10925.002073/200823. Impugnando a exigência, a contribuinte questionou as intimações que lhe foram dirigidas para prestar declaração ao fisco pelo regime comum de tributação, apesar da discussão administrativa acerca da exclusão, e deduziu os mesmos argumentos de defesa opostos contra a exclusão do Simples Federal. Juntou à defesa cópia da petição inicial do Mandado de Segurança nº 2008.72.03.0028261, impetrado com vistas a obstar qualquer lançamento ou aplicação de penalidade por falta de atendimento a intimação até o julgamento final das defesas apresentadas contra as exclusões do Simples Federal e Nacional, bem como restabelecer sua condição de optante nos sistemas de controle da Receita Federal e vedar impedimento a nova opção em períodos subseqüentes, impedindo a exigência de qualquer recolhimento em outro regime que não o simplificado. A Turma Julgadora rejeitou aqueles argumentos em acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Demonstrado o evidente intuito de fraude, mantémse a multa por infração qualificada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 NULIDADE. EXCLUSÃO SIMPLES. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 5 4 A manifestação de inconformidade da exclusão do Simples não impede que a Administração Tributária lance os créditos tributários apurados nos termos das normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. INTIMAÇÃO. REPRESENTANTE LEGAL. ENDEREÇAMENTO. Dada a existência de determinação legal expressa, as notificações e intimações devem ser endereçadas ao sujeito passivo no domicílio fiscal eleito por ele. PROVA TESTEMUNHAL. No rito do processo administrativo fiscal inexiste previsão legal para audiência de instrução, na qual seriam ouvidas testemunhas; devendo, se tidas a seu favor, ser apresentadas sob forma de declaração escrita, já com a impugnação. IMPUGNAÇÃO. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação posterior de documentos, pois a prova documental será apresentada na impugnação. Cientificada da decisão de primeira instância em 24/05/2010 (fl. 176), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 08/06/2010 (fls. 177/), no qual inicialmente reproduz a defesa apresentada contra a exclusão do Simples Federal. Principia com a seguinte epígrafe: "SIMULAÇÃO – INEXISTÊNCIA – Não é simulação a instalação de duas empresas na mesma área geográfica com o desmembramento das atividades antes exercidas por uma delas, objetivando racionalizar as operações e diminuir a carga tributária (3o C. 1° Conselho de Contribuintes, ac. 103.23.357/08, proc. 11516.002462/2004 18, Rel Paulo Jacinto do Nascimento, publ. DOU n° 57, de 25/03/2008) No preâmbulo da peça consigna, dentre outros aspectos, que: Concomitante à exclusão do regime simplificado e, a despeito da interposição de recursos administrativos e do efeito suspensivo garantido a estes, o agente fiscal expediu intimações com a finalidade de exigir a prestar declaração ao fisco pelo regime comum de tributação, para as quais foram apresentadas manifestações no sentido da incompatibilidade com o efeito suspensivo atribuído aos recursos pendentes. Reintimada, foram reiterados os termos da manifestação anterior. E, por fim, foi surpreendida com a emissão dos autos de infrações constantes no rol anexo. Aduz que o grupo familiar de Elita Schazmann, formado por si e seus filhos e netos exploram o ramo industrial e comercial de fabricação de máquinas e equipamentos industriais, e que com a evolução do negócio e por interesse dos entes familiares para evitar desentendimentos, optaram pela separação das atividades, com o fracionamento da cadeia produtiva, considerando o envolvimento de cada um nesse processo, o conhecimento técnico e a capacidade financeira de cada familiar, para chegar à disposição empresarial hoje existente. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 6 5 Neste sentido, em virtude dos conhecimentos técnicos e por já atuar no ramo de projetos, fabricação e comércio desse tipo de produção de maquinários, José Schazmann e sua esposa integraram a empresa IDUGEL, a qual é responsável pelos projetos dos maquinários, comercialização e coordenação da execução dos mesmos (knowhow), que conta com a participação de diversas outras empresas delegadas (não apenas KF Montagens e JS Máquinas). Por sua vez, mediante participação financeira e visando o sustento familiar dentro do mesmo ramo negocial, formaram, a mãe e irmã de José Schazmann, a empresa recorrente, para participarem da cadeia produtiva de máquinas industriais comercializadas pela empresa IDUGEL. Já KF Montagens, formada por Karine e Felipe, filhos de José Schazmann, dedica se exclusivamente à montagem dos equipamentos fabricados pela empresa IDUGEL (por si ou através de terceiros), diretamente nos locais definitivos. Desta forma, a recorrente é responsável pela fabricação dos acessórios e complementos das máquinas produzidas pela empresa lDUGEL (direta ou indiretamente), e KF Montagens é responsável pela montagem e instalação das máquinas e acessórios fabricados pela IDUGEL, sendo que outras empresas, além da recorrente, participam da cadeia produtiva. Defende que nenhum ilícito existe na formação de empresas por grupo de familiares, bem como a terceirização no caso em tela não se traduz em cessão de mão de obra como interpretou o agente fiscal, em que pese tenha assim concluído por análise equivocada dos fatos. Reportase ao art. 116 do CTN e diz que, no mundo negocial, há um momento anterior à sua efetivação, no qual é permitido ao participante do negócio optar por um ou outro caminho a alcançar um único objetivo, no caso, fato gerador. E cita doutrina acerca da permissão, presente na legislação tributário, em favor do desenvolvimento de ações (ou omissões) tendentes a evitar a ocorrência da hipótese de incidência (fato gerador), através da chamada Elisão Fiscal, qual seja, “direito à economia de impostos". No caso, não houve qualquer concretização de hipótese normativa de incidência anterior ao fato gerador dos tributos. Desta forma a ação é legítima ao passo que é perfeitamente lícita a formação de empresas que mantêm contratação entre si, ainda que constituídas por grupo de familiares. Não há como exigir que se funde apenas uma empresa. Variando percentuais proporcionais à participação financeira ou de trabalho de cada um, se há como separar perfeitamente as atividades em diversos setores. Ademais, as práticas foram revestidas de formalidades perfeitamente válidas, atendidos todos os pressupostos contábeis idôneos a registrar as operações. Conclui, assim, que nenhuma mácula existe na constituição e operacionalização da empresa requerente, suficiente a afastarlhe o direito a opção pelo regime simplificado de tributação. Prossegue afirmando ilegal o ato praticado, porque não especificado o termo final dos efeitos da exclusão. Observa que na fundamentação do ato de exclusão está expresso que o ato disciplina apenas as situações abrangidas pelo Simples Federal, a evidenciar a ilegalidade da extensão daqueles efeitos para além de 30/06/2007. Argumenta, ainda, que a fundamentação exposta para exclusão demonstra a total insegurança da decisão, em razão da adoção de motivos totalmente incompatíveis entre si. Entende que ao promover o enquadramento da recorrente como sendo a atividade desempenhada “locação de mão de obra", está se respaldando a relação jurídica havida entre as empresas Idugel e J.S. Deste modo, se há relação jurídica entre referidas empresas, logo, existem; e devem ser reconhecidas como duas personalidades distintas, autônomas. E, se assim Fl. 303DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 7 6 o são, é incompatível com a decisão de anular a existência da empresa JS, considerandoa como parte integrante da própria empresa Idugel, como leva a crer na fundamentação em apreço. Entende que, ao optar por se cercar de todos os fundamentos possíveis e impossíveis a prejudicar a requerente, a autoridade fiscal praticou ato nulo por defeito de fundamentação, com prejuízo à defesa da requerente, na forma do artigo 59, do Decreto 70.235/72, e nos termos de doutrina que cita. Defende a aplicação do prazo previsto no art. 45, parágrafo único, do Código Civil para anulação da constituição da pessoa jurídica, observando que sua constituição pelas sócias Elita e Cláudia Schazmann está informada no CNPJ desde 20/02/98, sem qualquer questionamento por parte da Receita Federal. Acrescenta que mesmo considerando a regra do art. 2028 do Código Civil, estaria fulminada pela decadência a possibilidade de anulação da empresa requerente, como pretende a autoridade fiscal. Aduz, também, que a apuração de fatos no exercício de 2008 somente se presta como prova da alegada simulação neste período, revelandose absurda a exclusão com efeitos desde 01/01/2003. Observa que a cada exercício é feita a opção pelo regime simplificado, com validade única e exclusiva para aquele. Reportase aos arts. 105 e 106 do CTN, e ao art. 15 da Lei nº 9.317/96 para defender que em se tratando que a situação excludente foi atestada (equivocadamente) durante o exercício de 2008, deveria ser aplicada a regra de exclusão a partir da constatação da mesma pois e quando se dá a ocorrência, pois que resultante de situação fática, cuja situação na data da verificação não pode ser estendida ao período pretérito. Cita manifestações dos Tribunais Regionais Federais TRF da 1a e da 3a Região, neste sentido e conclui pela inexistência de qualquer base jurídica para fixar a data de exclusão em 01.01.2003, devendo o ato de exclusão operar efeitos a partir de outubro/2008. Cita doutrina para argumentar que a cobrança com efeito retroativo dos tributos, tem efeitos confiscatórios, sob o aspecto da capacidade contributiva, malferida pelo Poder Executivo, até porque os contribuintes não deram causa à exclusão da condição de microempresa ou empresa de pequeno porte. Reportase ao art. 97 do CTN e destaca que a exclusão de um regime tributário cujo tratamento favorecido está constitucionalmente positivado e a conseqüente migração para outro mais oneroso, implica em majorar, indiretamente, a base de cálculo dos tributos. Acrescenta que tal circunstância impede um planejamento para a incidência dos tributos majorados, e que a exclusão afasta benefícios previstos na Lei nº 9.841/99, desvirtuando sua finalidade expressa já em seu art. 1o, como corolários dos arts. 170 e 179 da Constituição Federal, penalizando as microempresas e empresas de pequeno própria com indevida restrição ao direito de exercer a atividade econômica, que independe da autorização de órgãos públicos, além de configurar uma exigência sem o devido processo legal, com grave violação ao direito de defesa do contribuinte, posto que a autoridade que impõe a restrição não é competente para apreciar se a exigência do tributo ou se a condição da empresa é de enquadramento ou não, ou se e legítima ou ilegítima. Observa que a cobrança retroativa de tributos será realizada com incidência de juros e correção monetária, e diz que nos termos do art. 15 da Lei nº 9.317/96, a sanção tributária esta a ser aplicada por força da exclusão de ofício, a critério exclusivo da autoridade fiscal, passando esta a impor a tributação aplicável as demais pessoas jurídicas, a partir da data dos efeitos da exclusão. Cita doutrina acerca da necessidade de ato ilícito Fl. 304DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 8 7 praticado pelo contribuinte para imposição de sanção, reportase ao art. 112 do CTN, e questiona se existe algum ilícito administrativo, a ensejar a aplicação da penalidade de pagamento retroativo dos tributos. Acrescenta que, quando da edição da Lei Federal n.° 9.317/96, vários contribuintes passaram a desenvolver atividades comerciais sob a égide da tributação simplificada, com o acolhimento do pedido de adesão por parte do Órgão competente do Poder Executivo, e com o advento da Lei Federal n.° 9.841/99, houve uma consolidação em massa da abertura de microempresas e empresas de pequeno porte, sendo que somente em 2004 passaram a ser emitidos atos declaratórios, fundados na vedação da continuidade da tributação simplificada sob o argumento de que a "atividade é vedada", sem qualquer diretriz legal para os atos, ficando a critério subjetivo da autoridade fiscal de atribuir vedação ou não à atividade, sem apresentar sequer o fundamento legal do fato da exclusão, e não da exclusão em si mesma. Argumenta, ainda, que a legitimação da interpretação aleatória das regras juridicotributárias e fundada em meros indícios das atividades desenvolvidas pelos contribuintes foi inserida no Código Tributário na forma do Parágrafo Único do artigo 116. A atuação fiscal aqui questionada estaria fundada naquele autorização legal, ainda dependente de procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária, sem a qual permitese interpretações elásticas e, às vezes até fantasiosa. A ausência de limites seguros para atuação fiscal, portanto, evidencia que a atuação fiscal não tem amparo legal. Reportase à diferença entre locação/cessão de mão de obra e empreitada, citando a Instrução Normativa INSS/DC nº 100/2003, e enfatizando que na cessão de mão de obra é o tomador quem gerencia a realização do serviço, sendo que no caso presente, tratase de Empreitada, pois há delegação de tarefa da contratante à contratada, mediante retribuição pecuniária por execução do serviço, cabendo ã contratada a gerência do serviço, bem como a responsabilidade por seus empregados, e, ainda, o emprego de meios mecânicos necessários à execução da tarefa. Entende, assim, que não há que se falar na vedação do artigo 9o, XII, “f” da Lei 9317/96. Aduz que a Fiscalização não demonstrou não serem, as sócias Elita e Cláudia, as verdadeiras titulares da sociedade, sendo que o fato de terem outorgado procurações para representálas em situações especificas, visando a facilitação das práticas empresariais e desburocratização, não desconstitui a sociedade, nem configura a existência de interpostas pessoas na sua formação, mormente tendo em conta o disposto no art. 1018 do Código Civil. Observa que as sócias proprietárias recebem pro labore mensal e distribuição de lucros/dividendos, reportase à definição de interpostas pessoas, destaca que as sócias que integram a empresa requerente têm legítimo interesse nas atividades desenvolvidas pela mesma, objetivando e obtendo para si lucro e renda suficiente a mantêlas, e arremata que não há qualquer motivo ilícito para que os sócios integrantes da empresa Idugel figurem no quadre societário, nada existindo a acobertar. Conclui que falta amparo legal à exclusão do Simples, mas ainda cita provas inservíveis juntadas pela Fiscalização, porque referentes a datas posteriores a outubro/2007, e enfatiza que há uma divisão física que separa o imóvel e, por conseqüência, as empresas em tela, observando que esta ocorrência deveria ter sido atestada pela Fiscalização, e reportandose a cópia da planta do imóvel para demonstrar sua alegação, à instalação de sistemas de alarmes e à certificação municipal neste sentido. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 9 8 Discorre sobre a atividade da empresa Idugel, citando doutrina acerca dos resultados obtidos por quem detém knowhow em alguma atividade, e enfatizando que aquela empresa detém capacidade técnica para desenvolver projetos e possibilidade de angariar contratos e obras em razão da tradição de mercado e capacidade técnica de José Schazmann e outros engenheiros contratados, observando que parte desta atividade é delegada para empresas terceirizadas, como a recorrente, por empreitada, razão pela qual o valor agregado de cada produto produzido pelas empresas contratadas é muito inferior àquele cobrado pela empresa IDUGEL quando da comercialização do conjunto todo. Cita exemplo prático para demonstrar que o faturamento das empresas contratadas, em que pese com número de empregados muito superior à contratante, apresente faturamento inversamente proporcional. Reportase a documentos que evidenciam outro tipo de atuação em parceria das empresas referidas e conclui que a simples análise de desproporção do faturamento entre as empresas lDUGEL e JS não se presta a comprovar ilegalidade nas suas constituições ou no relacionamento entre elas, assim como não é possível, diante das peculiaridades do caso, considerar proporcionalidade de faturamento com número de empregados. Afirma a regularidade de sua escrituração contábil, reconhecendo que houve empréstimo entre ela e a empresa Idugel, mas que tais transferências não desqualificam a individualidade de ambas, porque sempre na proporção dos créditos existentes da ora requerente perante a empresa IDUGEL. Diz que quando existente crédito e, ao mesmo tempo, devido algum pagamento, ocorreram situações que a devedora IDUGEL pagou pelos serviços através da quitação de débitos específicos. E invoca a aplicação do princípio da proporcionalidade, eis que a partir do momento que o agente fiscal firmou entendimento (equivocado) sobre a ilegalidade da ora requerente, passou a buscar elementos, por mais insignificantes fossem, para sustentar referido convencimento. Reportase a jurisprudência do TRF/4a Região e pede o afastamento a ilegalidade apontada, até porque insuficiente a formar convencimento sobre a inidoneidade da empresa requerente. Complementa sua defesa apresentada contra a exclusão do Simples Federal opondose à acusa de registro de pagamentos cruzados em sua contabilidade, reafirmando a existência de empréstimos entre IDUGEL e JS, e a regularidade de sua escrituração, bem como frisando que a Fiscalização somente se reportou a 6 (seis) lançamentos no período fiscalizado, motivo pelo qual invoca a aplicação do princípio da proporcionalidade. Ademais, a idoneidade de sua escrituração permitiu que a Fiscalização identificasse valores esporadicamente pagos a empregados, apesar de não lançados em GFIP, o que, inclusive, afasta a aferição indireta, limitando a aplicação da verba previdenciária às parcelas pagas (maio/2006 e setembro/2007), sem estendêlas a outras competências. Questiona, também, exigências correspondentes a prolabore, sem qualquer fundamentação, para além da irregularidade de sua escrituração. Diz que houve apenas cinco pagamentos no período fiscalizado em favor do sócio José Schazmann, o que impede a aferição indireta. Transcreve a ementa citada na epígrafe e excerto do voto condutor do acórdão para afirmar perfeitamente legal, legítima a constituição e relacionamento da empresa requerente para com a IDUGEL. E finaliza a abordagem de mérito fazendo considerações acerca da inviabilização de suas atividades caso mantida a interpretação dada pela Fiscalização. Na seqüência, aponta vício formal do ato administrativo, citando o art. 142 do CTN, o art. 10 do Decreto nº 70.235/72, o art. 293 do Decreto nº 3.048/99, e questionando a Fl. 306DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 10 9 lavratura de auto de infração, e não de notificação fiscal de lançamento, sem a indicação da penalidade aplicada e sua gradação, nem a disposição legal infringida, para o que não se presta a indicação dos fundamentos legais das rubricas. Acrescenta que há que ser considerado que o montante constante no auto de infração corresponde à pena aplicada, equivalente ao valor do tributo corrigido. Razão pela qual deixa a impugnante de manifestarse quanto ao mérito das rubricas lançadas no auto em epígrafe. E na seqüência discorda da penalidade no percentual de 200% prevista no art. 284, II do Decreto nº 3.048/99, porque não verificada a hipótese do inciso IV do art. 225 do mesmo decreto, e também porque não observada a limitação para a penalidade. Cita jurisprudência em favor de seu entendimento. Argúi, ainda, cerceamento ao seu direito de defesa, porque pendentes intimações fiscais objeto de impugnações administrativas não decididas, observando que no relatório fiscal há referência a diversas intimações para apresentação de documentos, as quais não esclarece quanto ao atendimento ou não por parte do contribuinte, bem como se foram as mesmas tomadas como base na emissão do auto de infração em epígrafe, com aplicação de penalidade equivalente ao valor do tributo mais encargos. Diz que o descumprimento das intimações não é verdadeiro, porque comprovados os questionamentos administrativos antes mencionados. Afirma, também, a nulidade do processo administrativo, porque o auto de infração não foi submetido a qualquer revisão de ofício pela autoridade tributária superior ao autuante, na forma do art. 149, VII do CTN. Mais à frente, diz que o lançamento também seria nulo porque a penalidade não poderia ter recaído sobre os valores apurados pela Fiscalização, dado que apesar da unificação dos impostos e contribuições houve recolhimento do tributo, que não foi identificado como crédito na apuração fiscal. Por fim, argúi a decadência do direito de o Fisco constituir as contribuições previdenciárias devidas de janeiro a dezembro/2003, na forma do art. 173, I do CTN, conforme jurisprudência que cita, dado que houve pagamento antecipado. E nega a ocorrência de fraude, que só pode ser aferida no momento da ocorrência do fato gerador, e deve ser provada pelo Fisco. Ademais, na forma do art. 112 do CTN, na dúvida em face do planejamento tributário adotado pela recorrente, a decisão deve lhe ser favorável, consoante jurisprudência que cita. Em acréscimo à defesa apresentada no âmbito do Simples Federal, também consigna que não há como aplicar multa qualificada, eis que ausente qualquer demonstração de má fé ou fraude no caso em tela, como já fundamentado anteriormente. Arremata requerendo a produção de prova oral, cujo rol de testemunhas será apresentado oportunamente, quando da designação de data para sua oitiva. O recurso voluntário foi distribuído, inicialmente, para relatoria do Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes, integrante da 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 3a Seção deste Conselho, que por meio do Acórdão nº 3201000.714 declinou competência em favor desta 1a Seção de Julgamento. Fl. 307DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 11 10 Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Como relatado, o lançamento aqui formalizado decorre da exclusão da contribuinte do Simples Federal, objeto do processo administrativo nº 10925.002073/200823. Naqueles autos, há notícia de que a contribuinte impetrou o Mandado de Segurança nº 2008.72.03.0028261/SC, questionando os atos praticados em razão daquela exclusão. Em consulta ao sítio da Justiça Federal da 4a Região na Internet, constatase que o mandado de segurança foi impetrado em 09/12/2008, e a sentença posteriormente proferida traz o seguinte relato do pedido de liminar: Pleiteou, ademais, a concessão de liminar no sentido de: "(a) obstar qualquer exigência à impetrante para optar pelo regime tributário diverso daquele simplificado (SIMPLES) no período impugnado, e, consequentemente, vedação à exigência de documentos relativos a regime tributário divergente do SIMPLES até julgamento final dos processos administrativos n.s. 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823; (b) ordenar o restabelecimento da impetrante no regime simplificado perante todo o sistema da Receita Federal do Brasil, inclusive no sítio da internet até julgamento final dos processos administrativos n.s 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823; (c) ordenar a vedação de qualquer impedimento a nova opção pelo regime simplificado de tributação até julgamento final dos processos administrativos n.s 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823; (d) obstar qualquer penalidade decorrente do não atendimento aos termos de intimações n.s. 001, 002 e 003, por se tratarem de documentos relativos ao regime tributário "lucro real"; (e) afastar a possibilidade de aplicação, pela autoridade coatora, de qualquer ato tendente a exigir o recolhimento dos tributos por outro regime com penalidades administrativas, assim como o fornecimento de certidões negativas, até julgamento final dos processos administrativos n.s 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823". A liminar foi indeferida em decisão publicada em 06/02/2009, nos seguintes termos: A impetrante pretende, inclusive em provimento liminar, seja assegurada sua reinclusão junto ao Simples Nacional, vedada qualquer exigência ou aplicação de penalidade decorrente de regime tributário diverso do simplificado, até julgamento final dos processos administrativos nº 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823. Alega, em síntese, que apresentou tempestivo recurso administrativo contra os atos de exclusão, o qual possui efeito suspensivo. Notificada, a Autoridade apresentou informações alegando, preliminarmente, a perda de objeto da presente lide, tendo em vista a suspensão da exclusão até decisão administrativa definitiva. O impetrante apresentou manifestação. Vieram os autos conclusos. Decido. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 12 11 Considerando a informação e documentos apresentados pela impetrada, noticiando a suspensão da exclusão e dos efeitos dos Atos Declaratórios Executivos nº 18/2008 e 21/208, até decisão administrativa definitiva, com a consequente reinclusão da impetrante no Simples Nacional, ausente o periculum in mora, o que impede o deferimento do provimento liminar requerido. Ante o exposto, INDEFIRO o pedido de liminar. Em 28/01/2009 foi formalizada a presente exigência, consta da sentença proferida no mandado de segurança que a contribuinte peticionou nos autos para informar que em razão do não atendimento das intimações encaminhadas pelo Fisco e, sobretudo, pela desconsideração do efeito suspensivo dos recursos administrativos protocolizados, a autoridade fiscal emitiu diversos autos de infração em seu desfavor, todos no sentido de exigir a tributação pelo lucro real. Acrescentouse que naquela peça a contribuinte pugnou pelo reconhecimento de nulidade daqueles expedientes. Na seqüência, verificase nos autos da ação judicial a designação de diligência nos seguintes termos: Converto o julgamento em diligência. A impetrante pretende seja assegurada a sua permanência junto ao Simples Nacional, vedada qualquer exigência ou aplicação de penalidade decorrente de regime tributário diverso do simplificado, até julgamento final dos processos administrativos nº 10925.002252/200861 e nº 10925.002073/200823. Alega, em síntese, que apresentou tempestivo recurso administrativo contra os atos de exclusão, o qual possui efeito suspensivo. Notificada, a Autoridade apresentou informações alegando, preliminarmente, a perda de objeto da presente lide, tendo em vista a suspensão da exclusão e dos efeitos dos Atos Declaratórios Executivos nº 18/2008 e 21/2008, até decisão administrativa definitiva. Muito embora a Impetrada tenha apresentado informações (fls. 19/22), nas quais noticiou a suspensão dos efeitos dos Atos Declaratórios Executivos n.s 18/2008 e 21/2008, com a consequente reinclusão da Impetrante no Simples Nacional, a documentação acostada pela empresa às fls. 42/43 indica ter havido a lavratura de diversos autos de infração em desfavor daquela pessoa jurídica, cujo Termo de Encerramento de Procedimento Fiscal TEPF foi datado em 23.01.2009, momento posterior às informações apresentadas. Dessarte, reputo necessária nova notificação da Impetrada para que apresente, no prazo de 10 (dez) dias, informações complementares, a fim de esclarecer as razões que justificaram a autuação da Impetrante nos autos do MPF n. 0920300.2008.00200, já que a suspensão noticiada pela Autoridade Impetrada decorreu das disposições contidas no art. 33 do Decreto nº 70.235/72. CÓPIA DA PRESENTE DECISÃO SERVIRÁ COMO OFÍCIO Nº 3277427, a ser encaminhado com cópias da petição e documentos das fls. 41/43. Apresentadas as informações, retornem conclusos. Também da sentença extraise que a autoridade prestou informações complementares (fls. 68/72) no sentido de que "os créditos tributários lançados em nome da impetrante encontramse com a exigibilidade suspensa em virtude da impugnação do ato de exclusão do Simples Nacional apresentada (conforme documentos anexos), e que os lançamentos dos débitos tiveram como objetivo prevenir possível decadência do direito de fazêlo". Fl. 309DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 13 12 Frente a tais circunstâncias, o MM. Juiz Federal Substituto Ivan Arantes Junqueira Dantas Filho assim decidiu: II FUNDAMENTAÇÃO Mérito 1. Reconhecimento parcial do pedido A fls. 19/22 a autoridade impetrada apresentou informações dando conta de que "a DRF efetivou a suspensão das exclusões feitas, suspendendo assim os efeitos dos Atos Declaratórios Executivos n.s 18/2008 e 21/2008, até decisão administrativa definitiva". Na mesma ocasião, coligiu aos autos comprovantes da reinclusão da impetrante no Simples Nacional e no Simples Federal (a partir de 01/01/2003) e de que a impetrante encontrase, atualmente, e a partir de 01/07/2007, na situação de optante pelo Simples Nacional (fls. 23/26). Destarte, a autoridade impetrada reconheceu a procedência do pedido formulado pela impetrante nos itens "b" e "c" de fls. 07 de sua exordial, bem como daquele descrito a fls. 08, consistente em "assegurar o direito líquido e certo da impetrante em permanecer no regime tributário instituído pela Lei Complementar n. 123/2006 (SIMPLES), para recolhimento dos tributos na forma do artigo 18, § 5º, VII da referida Lei Complementar (...) até julgamento final dos processos administrativos n.s 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823". Assim, restam controversos apenas os pedidos arrolados nos itens "a", "d" e "e" de fls. 07 da inicial. 2. Pedidos constantes dos itens "a", "d" e "e" de fls. 07 da inicial Verificase dos autos que ato contínuo à exclusão do SIMPLES, a Receita Federal intimou e reintimou a contribuinte impetrante para que apresentasse escrituração fiscal ordinária, visando a apurar lucro real, IPI etc (fls. 30/32). Porque não apresentada tal documentação, autuou a contribuinte e promoveu lançamentos de ofício (fls. 71). A autoridade fiscal ignorou, assim, a eficácia suspensiva de que dotado o recurso interposto contra o ato de exclusão. Uma vez legalmente reconhecido efeito suspensivo à impugnação administrativa, a vida fiscal da contribuinte permanece regida pelas normas que disciplinam o sistema de tributação simplificada. Reconhecer que a decisão que excluiu a impetrante do SIMPLES teve sua eficácia suspensa é dizer que todas as suas obrigações, principais ou acessórias, permanecem sendo aquelas impostas por tal regime especial. Não há qualquer amparo jurídico em reconhecer a permanência ainda que provisória do contribuinte em certo regime de tributação e ao mesmo tempo exigirlhe escrituração fiscal de outro. Configurase, nesta exigência, burla à regra legal que castra de eficácia o ato administrativo recorrido. Se para a lei, interposta a impugnação, o contribuinte permanece no SIMPLES, não pode o Fisco imporlhe deveres e ônus que não sejam aqueles próprios deste mesmo SIMPLES. Vejase que a alegação da Fazenda de que efetuou os lançamentos para prevenir decadência (fls. 68) não se sustenta. Esta figura jurídica (lançamento para prevenir decadência), prevista no art. 63 da Lei 9.430/96, visa a compatibilizar as funções jurisdicional e administrativa, quando exercidas em sobreposição temporal. Desta forma, ao mesmo tempo em que a decisão judicial impede qualquer investida fiscal contra o patrimônio do contribuinte, possibilitase à Administração cumprir seu dever legal de verificar a ocorrência de fatos geradores e constituir os respectivos créditos tributários. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 14 13 Esta situação não se verifica no caso em tela, em que não há exercício concomitante de função judicial e administrativa sobre um mesmo fato. O que se verifica na hipótese dos autos é a existência de um processo administrativo em fase recursal, sendo que a eficácia suspensiva da exclusão decorre de ato da própria Administração, que recebeu e processou a impugnação apresentada pelo contribuinte. Desta forma, não se verifica o cabimento de lançamento para prevenção de decadência. O contexto concreto é diverso da fattispecie legal. Ademais, percebase que não se está a discutir a ocorrência de um fato gerador ou a incidência de determinado tributo, mas a exclusão de um regime tributário simplificado. Se a exclusão não produz efeito, fica prejudicado todo e qualquer ato constitutivo de crédito que guarde como fundamento remoto esta exclusão, já que não haverá incidência das normas ordinárias de tributação. Assim, se a Fazenda exige prestação, principal ou acessória, com base em norma cuja incidência está obstada pela interposição de recurso, pratica ato destituído de base legal, e portanto nulo. Devo observar, por outro lado, que se o Fisco não se vê munido de poder legal para constituir o crédito, contra ele não fluirá prazo decadencial. Somente a partir do momento em que estivesse juridicamente dotado de condições legais para lançar (o que, no caso, darseia com eventual decisão final confirmadora da exclusão do SIMPLES) é que teria o ônus de fazêlo. Portanto, não existe decadência a ser prevenida, pois sequer há fluência de prazo decadencial. Feita essa observação, o que se conclui da situação concreta é que, enquanto não julgada a impugnação da impetrante contra sua exclusão do SIMPLES, não lhe poderão ser exigidas obrigações de regime diverso, e tampouco efetuadas autuações e lançamentos com base em normas estranhas ao regime simplificado, sendo nulas as que desta maneira já realizadas. III DISPOSITIVO Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, com resolução do mérito, para: i) nos termos do art. 269, II, do CPC, diante do reconhecimento da impetrada, declarar o direito líquido e certo da impetrante de permanecer no regime tributário simplificado (SIMPLES FEDERAL de 01/01/2003 a 30/06/2007 e SIMPLES NACIONAL a partir de 01/07/2007) até o julgamento final dos processos administrativos 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823; ii) nos termos do art. 269, I, do CPC, declarar nulas as intimações e reintimações fiscais feitas à impetrante com base em normas estranhas ao SIMPLES (fls. 30/32), bem como as autuações e lançamentos delas decorrentes (fls. 70/71), reconhecendo seu direito à obtenção de certidão de regularidade fiscal se por outro motivo não estiver impedida sua expedição; iii) nos termos do art. 269, I, do CPC, ordenar à autoridade impetrada que se abstenha de impor à impetrante qualquer obrigação estranha ao SIMPLES, principal ou acessória, até o julgamento final dos processos administrativos 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823. [...] Referida decisão foi submetida a reexame necessário e mantida por seus próprios fundamentos, consoante ementa do acórdão datado de 28/08/2012: TRIBUTÁRIO. SIMPLES. EXCLUSÃO. IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. EFICÁCIA SUSPENSIVA. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 15 14 1. Uma vez legalmente reconhecido efeito suspensivo à impugnação administrativa, a vida fiscal da contribuinte permanece regida pelas normas que disciplinam o sistema de tributação simplificada. 2. No caso, não se verifica o cabimento de lançamento para prevenção de decadência, pois não há exercício concomitante de função judicial e administrativa sobre um mesmo fato, mas apenas a existência de um processo administrativo em fase recursal, com eficácia suspensiva decorrente de ato da própria Administração. A União Federal interpôs recurso especial, que foi admitido em 13/02/2014, mas não foi identificado o processo correspondente no Superior Tribunal de Justiça. Há neste relato manifestações judiciais acerca da (in)validade das intimações das quais resultaram a presente exigência, bem como do próprio lançamento, se destinado a prevenir a decadência. Além disso, foi dirigida ao Delegado da Receita Federal em Joaçaba a ordem para que se abstenha de impor à impetrante qualquer obrigação estranha ao SIMPLES, principal ou acessória, até o julgamento final dos processos administrativos 10925.002252/200861 e 10925.002073/200823, mas isto depois de formalizado o lançamento aqui sob análise. De outro lado, este Conselho já pacificou o entendimento de que importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Observase, porém, que o objeto deste processo administrativo é mais amplo que o submetido à apreciação judicial. Isto porque, antes de questionar as exigências feitas no sentido da adequação de sua escrituração em razão de sua exclusão do Simples, a contribuinte repete, aqui, os argumentos veiculados em sua manifestação de inconformidade contra a exclusão, os quais, apreciados nos autos do processo administrativo nº 10925.002073/200823, ensejaram o cancelamento do ato de exclusão por ausência de provas, nos termos do voto condutor do Acórdão nº 1101001.243, a seguir reproduzido: Este Colegiado apreciou, recentemente, atos simulados praticados com vistas a assegurar que uma atividade econômica, apesar de sua expansão, continuasse a usufruir dos benefícios do regime simplificado de recolhimentos. Os atos de exclusão e os lançamentos decorrentes foram mantidos por unanimidade de votos, nos termos das ementas a seguir transcritas: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Anocalendário: 2005, 2006, 2007 EXCLUSÃO DO SIMPLES O excesso de receita bruta e a prática reiterada de infração à legislação tributária são causas de exclusão da pessoa jurídica do Simples. Assunto: Simples Nacional Anocalendário: 2007, 2008, 2009 EXCLUSÃO DO SIMPLES O excesso de receita bruta, a prática reiterada de infração à legislação tributária e a omissão na folha de pagamento de empregado são causas de exclusão da pessoa jurídica do Simples Nacional. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 312DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 16 15 Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 NULIDADE DOS LANÇAMENTOS. É válido o lançamento resultante de procedimento fiscal desenvolvido com observância das normas legais. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. A ocorrência de fraude impõe a contagem do prazo decadencial a partir do primeiro dia exercício seguinte àquele em que lançamento poderia ter sido efetuado. UNICIDADE EMPRESARIAL. CONFUSÃO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. Demonstrada a simulação em razão da confusão operacional, comercial, financeira e trabalhista entre as pessoas jurídicas fiscalizadas, correto o lançamento que reúne, na pessoa jurídica que primeiro foi constituída, o faturamento partilhado entre as demais pessoas jurídicas com vistas a manter a atividade empresária beneficiada pela sistemática simplificada de recolhimento. EXCLUSÃO DO SIMPLES. Caracterizada a simulação e a fraude, o lançamento tributário depende, apenas, da formalização da exclusão da pessoa jurídica autuada do SIMPLES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM NA SITUAÇÃO QUE CONSTITUI O FATO GERADOR. A confusão entre pessoas jurídicas formalmente constituídas para que entre elas fosse partilhado o faturamento decorrente da atividade empresária impõe a responsabilidade solidária de todas pelo crédito tributário. ARBITRAMENTO DO LUCRO. PESSOA JURÍDICA EXCLUÍDA DO SIMPLES. A contabilidade da pessoa jurídica, quando escriturada fracionada e com vícios, erros e falhas não é hábil para que se proceda a tributação com base no lucro real ou pelo lucro presumido. EMPRÉSTIMOS E ADIANTAMENTOS PARA FUTURO AUMENTO DE CAPITAL NÃO COMPROVADOS. INDÍCIOS EXTRAÍDO DE ESCRITURAÇÃO IMPRESTÁVEL. Se os vícios que ensejam a imprestabilidade da escrituração afetam significativamente os registros de disponibilidades não é possível tomar como indícios de presunção de omissão de receitas os empréstimos e adiantamentos que, segundo a acusação fiscal, teriam se prestado a evitar a configuração de saldo credor de caixa. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Válida a aplicação de multa qualificada nos casos de fraude e simulação. (Acórdão nº 1101001.093, sessão de julgamento de 09 de abril de 2014) Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Período de apuração: 01/01/2006 a 30/06/2007 EXCLUSÃO. PRÁTICA REITERADA DE INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA POR INTERPOSTA PESSOA. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. Confirmadas as irregularidades na escrituração da movimentação financeiras, consistente na manutenção de conta corrente e de depósitos à margem da escrituração, seguindose a constituição de pessoa jurídica sem qualquer autonomia em relação à optante e com interpostas pessoas no quadro social, de modo a evitar que a receita bruta auferida pela atividade ultrapasse o limite fixado para permanência no Simples, é válida a exclusão com efeitos no próprio ano fiscalizado e no subseqüente. Assunto: Simples Nacional Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009 EXCLUSÃO. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. CONSTITUIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA POR INTERPOSTA PESSOA. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS DE TRIBUTOS FEDERAIS. ESCRITURAÇÃO QUE NÃO IDENTIFICA A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. O excesso de receita bruta verificado no anocalendário anterior, ocultado pela simulação de constituição de pessoa jurídica para fracionamento do faturamento, agravada pelo uso de interpostas pessoas no quadro social, além da constatação de débitos do Simples Federal não recolhidos e ocultados mediante retificação das declarações originalmente apresentadas, e da manutenção de contas correntes à margem Fl. 313DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 17 16 da escrituração, autorizam a exclusão com efeitos retroativos à data de opção pelo Simples Nacional. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008, 2009 ARBITRAMENTO. O lucro tributável deve ser arbitrado se a escrituração dos sujeito passivo mostrase imprestável para identificação da efetiva movimentação financeira, vez que constatada a manutenção de contas correntes (e de depósitos) à margem da contabilidade, mormente se o sujeito passivo não questiona as receitas presumidas em razão destas omissões, bem como não responde à intimação formulada no curso do procedimento fiscal para opção pelo lucro presumido ou real, em razão da exclusão da pessoa jurídica do regime simplificado de recolhimentos. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. Verificada a omissão de receita, o valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para a seguridade social COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. ALÍQUOTA ZERO. PIS/COFINS. Para que fosse possível admitir que as receitas omitidas seriam correspondentes a vendas tributadas à alíquota zero, necessário que fossem apresentadas as notas fiscais de venda a corroborar a alegação, não escrituradas na contabilidade. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INTERESSE COMUM. Comprovado que a empresa designada responsável solidária foi constituída por pessoas físicas ligadas aos reais sócios e administradores do empreendimento, única e exclusivamente para fracionar o faturamento da contribuinte autuada, de modo a permitir a sua permanência no SIMPLES FEDERAL e, posteriormente, no SIMPLES NACIONAL, o que se tem é apenas uma pessoa jurídica, um único faturamento, uma única atividade e um único patrimônio, que deve ser chamado a responder pelo crédito tributário devido pela atividade desempenhada pelas empresas em conjunto, inclusive com a utilização indistinta de recursos humanos e patrimoniais. (Acórdão nº 1101001.158, sessão de julgamento de 31 de julho de 2014). Traço comum dos litígios em referência é a prova produzida pela Fiscalização em favor da confusão patrimonial e da ausência de autonomia entre as pessoas jurídicas, evidenciando um único empreendimento formalmente dividido com vistas, apenas, a usufruir das isenções conferidas aos beneficiários do sistema simplificado de recolhimentos. No presente caso, a representação fiscal para exclusão da contribuinte do SIMPLES também se reporta a simulação para segmentação de atividades/faturamento. Inicialmente aponta a existência de documentação anexa, onde se observa a designação de “GRUPO IDUGEL”, possivelmente reportandose ao papel timbrado usado por Idugel Industrial Ltda, que ao lado da designação desta pessoa jurídica traz o logotipo do grupo (fl. 11), o mesmo se verificando no demonstrativo consolidado de salários dos empregados de pessoas jurídicas do grupo à fl. 81. A autoridade fiscal indica as pessoas jurídicas integrantes do grupo (Idugel Industrial Ltda, J.S. Máquinas Ltda ME e KF Montagens Industriais Ltda ME), descrevendo seu endereço, objeto social, data de opção pelo SIMPLES e informações sobre o número de empregados. Na seqüência, discorre sobre as características da composição societária do grupo, enfatizando a administração das três pessoas jurídicas, por procuração, pelo casal José Schazmann e Silvana Marques Schazmann (que também são sócios e administradores de Idugel Industrial Ltda), e relatando a atuação dos demais familiares: Elita Schimidtz Schazmann (mãe de José Schazmann, sócia administradora da fiscalizada e antiga sócia administradora de KF Montagens Industriais Ltda ME); Claudia Schazmann Perottoni (irmã de José Schazmann e sócia administradora da autuada); Felipe Marques Schazmann (filho de José Schazmann e sócio administrador de KF Fl. 314DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 18 17 Montagens Industriais Ltda ME); e Karinne Marques Schazmann (filha de José Schazmann e sócia cotista de KF Montagens Industriais Ltda ME). Os quadros abaixo demonstram as alterações da composição societária das pessoas jurídicas do grupo empresarial: Para afirmar que as três pessoas jurídicas constituem uma única empresa, a autoridade lançadora consigna que: · As três pessoas jurídicas ocupariam o mesmo imóvel, situado na BR 282, km 385, Trevo Oeste, Acesso Adolfo Ziguelli, Joaçaba/SC, pois este é o endereço declarado por Idugel Industrial Ltda e JS Máquinas Ltda ME, enquanto o endereço declarado por KF Montagens Industriais Ltda ME é o endereço residencial das sócias da fiscalizada. Todavia, a autoridade fiscal nada menciona acerca das instalações físicas deste imóvel, e não infirma a possibilidade de naquele mesmo espaço físico Idugel Industrial Ltda estar encarregada de projetos, comércio, montagem e manutenção das máquinas Fl. 315DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 19 18 e equipamentos, restando à J.S. Máquinas Ltda ME a fabricação propriamente dita dos equipamentos, ou de partes deles, e à KF Montagens Industrias Ltda ME a prestação de serviços a Idugel Industrial Ltda para instalação dos equipamentos fora do estabelecimento industrial; · A fiscalizada atuaria basicamente como empresa de cessão de mãodeobra para Idugel Industrial Ltda, pois embora o objeto social de JS Máquinas Ltda ME seja fabricação e comercialização de máquinas e equipamentos e acessórios para moinhos, silos e cerealistas, as duas pessoas jurídicas ocupam o mesmo espaço físico de trabalho e tem seu pessoal subordinado ao comando das mesmas pessoas. Como dito, a ocupação do mesmo espaço físico é afirmada pela Fiscalização apenas em razão da identidade de endereço. Não há qualquer descrição de diligência no estabelecimento em referência, ou termo lavrado neste sentido, para investigação acerca das atividades exercidas pela mãodeobra contratada ou da logística dos materiais, com vistas a afirmar que José Schazmann e Silvana Marques Schazmann estariam administrando uma atividade empresarial única em razão da confusão operacional entre elas; · A tomadora de mãodeobra – IDUGEL , que não é optante pelo SIMPLES, teve, por exemplo, em 2007, dois empregados registrados em seu nome, e concentrou praticamente todo o faturamento de vendas. Porém, nada impediria que Idugel Industrial Ltda se responsabilizasse apenas pelo projeto e comércio dos equipamentos, desde que seus empregados e suas instalações físicas estivessem efetivamente destinadas a estas atividades, e houvesse contratação formal e material de JS Máquinas Ltda ME para a produção dos equipamentos projetados e vendidos, atividade a ser realizada em instalações específicas do imóvel compartilhado pelas duas pessoas jurídicas, com seus próprios empregados, mormente tendo em conta que a fiscalizada teria como sócias pessoas distintas dos sócios de Idugel Industrial Ltda. Necessário seria que houvesse simulação na composição do quadro social da fiscalizada, distribuição informal de receitas contratadas com clientes por apenas uma das pessoas jurídicas, ou descompasso na distribuição entre as pessoas jurídicas da remuneração contratualmente fixada, tendo em conta a natureza dos serviços que cada ente prestaria; · Os setores administrativos (financeiro, pessoal, etc...) atendem as duas empresas. Ocorre que para demonstrar esta prática, a Fiscalização se reportou a demonstrativos de pagamento de folha de salário, juntados às fls. 75/81, nos quais apenas se observa a utilização da mesma máscara para o relatório, com substituição da marca de cada pessoa jurídica, além de um relatório consolidando os resultados das três pessoas jurídicas. Não há sequer a individualização dos empregados destes setores administrativos, subsistindo a possibilidade de os relatórios terem sido produzidos de forma padronizada por uma mesma pessoa jurídica em favor da qual foram terceirizadas estas atividades; · Além das pessoas jurídicas funcionarem num mesmo estabelecimento, os empregados usam uniforme contendo a descrição “GRUPO IDUGEL”, trabalhando sob a administração de um mesmo empregador. A indicação do logotipo do grupo empresarial no uniforme, entretanto, é apenas um indício de eventual confusão operacional entre as pessoas jurídicas. Como dito, nenhum elemento foi trazido aos autos demonstrando a impossibilidade de Idugel Industrial Ltda ter operado com apenas dois ou três empregados para executar o projeto e o comércio dos equipamentos, ou a atuação dos empregados de JS Máquinas Ltda em favor de outra pessoa jurídica ou em suas instalações. A localização das duas pessoas jurídicas no mesmo imóvel Fl. 316DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 20 19 e a administração das três sociedades pelas mesmas pessoas físicas são aspectos formais que podem indicar irregularidades, mas estas devem ser materializadas com provas, ou ao menos indícios consistentes e convergentes, colhidos das instalações físicas, da atividade operacional e da gerência efetiva da atividade empresária; · A escrituração contábil das pessoas jurídicas revela vários pagamentos “cruzados” ferindo o princípio contábil da “Entidade”, ou seja, quando não havia recursos financeiros para pagar os compromissos assumidos por uma das empresas, simplesmente utilizavam os recurso da outra, como se na verdade fosse uma única empresa com diversas contas bancárias. Ademais, os pagamentos foram autorizados por Silvana Marques Schazmann. Porém, os elementos juntados à acusação fiscal, com datas do ano de 2007, apenas refletem as operações em si, e não ensejaram qualquer questionamento às empresas do grupo acerca da solução adotada para adequação dos saldos bancários das pessoas jurídicas, sendo certo que os registros contábeis, na parte em que evidenciados, apontavam a baixa de disponibilidades pela pessoa jurídica que implementou o pagamento, e nada foi esclarecido acerca da forma contábil adotada para registro da despesa ou do ativo vinculado a tais pagamentos, que deveria se dar na pessoa jurídica que promoveu sua aquisição/contratação ou incorreu no tributo devido. Vejase: o Relação de lançamentos a crédito da conta Caixa de JS Máquinas Ltda ME em razão de pagamentos de “INSS a Recolher” promovidos com a débito de conta bancária mantida por Idugel Industrial Ltda e autorizados por Silvana M. Schazmann (fls. 82/87); o Relação de lançamentos a crédito da conta Caixa de KF Montagens Industriais Ltda ME em razão de pagamentos de “INSS a Recolher” e “FGTS a Recolher” promovidos com a débito de conta bancária mantida por Idugel Industrial Ltda e autorizados por Silvana M. Schazmann (fls. 82/92 e 98/99); o Relação de lançamentos a débito da conta Caixa de KF Montagens Industriais Ltda ME em razão de pagamentos de boletos bancários tendo Idugel Industrial Ltda como sacado, e debitados em conta bancária de KF Montagens Ltda ME, com autorização de Silvana M. Schazmann (fls. 82 e 93/97); o Relação de valestransporte e valesrefeição de empregados vinculados a J.S. Máquinas Ltda ME e K.F. Montagens Ltda ME, pagos com cheque emitido por Idugel Industrial Ltda (fls. 101/106); o Aquisição de material por Idugel Industrial Ltda debitada em conta bancária de J.S. Máquinas Ltda ME, com autorização de Silvana M. Schazmann (fls. 107/109); o Pagamento de boleto bancário tendo como sacado J.S. Máquinas Ltda ME, debitado em conta bancária de Idugel Industrial Ltda com autorização de Silvana M. Schazmann (fls. 110/111); e o Pagamento de nota fiscal de aquisição de uniformes e correspondente boleto bancário tendo como sacado Idugel Industrial Ltda, debitado em conta bancária de KF Montagens Industriais Ltda (fls. 112/114). · Não há preocupação de justificar contabilmente, de forma correta, tais registros, ou seja, a empresa que faz os pagamentos contabiliza as saídas na Fl. 317DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 21 20 conta “Bancos” e as entradas na conta “Caixa”. A empresa que tem suas contas pagas simplesmente contabiliza esses valores como saídas da conta “Caixa”. Contudo, estas ocorrências apenas revelam o uso do “Caixa Flutuante”, prática por meio da qual todos os valores movimentados em Bancos transitam por conta Caixa. Inexistiria qualquer irregularidade se, depois de contabilizar um pagamento de outra empresa do grupo mediante débito de “Caixa” e crédito de “Bancos”, a pessoa jurídica registrasse outro lançamento creditando “Caixa” e debitando “Créditos com pessoas ligadas”, representativo do direito que passou a deter ao destinar suas disponibilidades ao pagamento de dívida de outra pessoa jurídica. Logo, os registros apontados pela Fiscalização não se prestam a comprometer de forma irremediável a escrituração contábil apresentada; · Idugel Industrial Ltda é a responsável por praticamente toda a atividade gerencial/industrial do “grupo”, compreendendo as aquisições de insumos, matériaprima, material de embalagem, energia, etc. As empresa J.S. e K.F. são meras fornecedoras de mãodeobra, e todo o faturamento com vendas é através da empresa IDUGEL, ficando a prestação de serviço de instalação de máquinas a cargo da empresa KF. O único elemento que aparenta ter correlação com esta acusação é a nota fiscal emitida por KF Montagens Industriais Ltda por prestação de serviços a Idugel Industrial Ltda, no valor de R$ 48.000,00, em 30/04/2008, juntada à fl. 115. Para além disso, a autoridade fiscal se limita a elaborar quadros com a relação custo x receita e receita por empregado, de 2003 a 2007, para demonstrar a concentração de receitas e custos em Idugel Industrial Ltda, e de empregados em J.S. Máquinas Ltda ME e K.F. Montagens Ltda ME. Como já dito, não houve qualquer investigação acerca da logística destes materiais, das relações contratuais entre as pessoas jurídicas do grupo, e da forma de prestação de serviço pelos empregados, para materializar as suspeitas advindas do objeto social das pessoas jurídicas, do endereço por elas adotados, da designação de seus administradores, e dos quantitativos de receitas, custos e número de empregados. A conclusão fiscal, diante destes fatos, é de que houve simulação para fracionamento da atividade e o faturamento, hábil a ensejar a exclusão da fiscalizada do Simples para que os resultados por ela declarados não fossem beneficiados com o tratamento diferenciado conferido por aquela sistemática de recolhimento. Em paralelo, afirmase também que a atividade de cessão ou locação de mãodeobra também impediria a permanência da contribuinte no Simples Federal. O ato de exclusão faz referência às constatações consolidadas no Parecer SACAT nº 316/2008. Neste documento algumas acusações recebem nova abordagem: o O Grupo Idugel constituiria uma única empresa, com faturamento global superior aos limites permitidos para ingresso e permanência no Simples Federal, sendo que Idugel Industrial Ltda beneficiouse indevidamente por acometer artificialmente à pessoa jurídica J.S. Máquinas Ltda ME, no regime diferenciado, a responsabilidade por significativa parcela dos tributos com os quais normalmente teria que arcar, especialmente contribuições previdenciárias, uma vez que o faturamento da única empresa de fato (Idugel), do pretenso “grupo empresarial, ultrapassa sistematicamente os limites para ingresso e permanência no Simples Federal. Contudo, em momento algum a autoridade fiscal demonstrou que o faturamento do grupo superaria o limite para permanência no Simples Federal. Os quadros comparativos de receitas, custos e empregados apresentam totais anuais, mas não são correlacionados com os limites de Fl. 318DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 22 21 faturamento estipulados para cada anocalendário, dado que sua elaboração não tinha este objetivo. Demais disso há ao menos uma evidência de nota fiscal de prestação de serviços emitida por KF Montagens Ltda ME em favor de Idugel Industrial Ltda, a exigir a exclusão destas operações recíprocas para se aferir o volume real de receita do grupo. o J.S. Máquinas Ltda, a partir de determinado momento teria perdido, se é que possuía, sua autonomia como entidade empresarial, passando a ter suas atividades incorporadas pela empresa Idugel Industrial Ltda, assumindo existência apenas no campo formal, uma ficção, sob os aspectos econômico, contábil, administrativo, operacional e societário, desde então constituída por interpostas pessoas, de inteira confiança dos proprietários da Idugel Industrial Ltda. Mas, além de a representação fiscal para exclusão não ter sido acompanhada de provas desta alegada existência meramente formal da fiscalizada, não houve investigação para demonstrar que as sócias administradoras de JS Máquinas Ltda ME seriam interpostas pessoas, sem qualquer participação na sociedade, a evidenciar que os administradores da pessoa jurídica por procuração (José Schazmann e Silvana Marques Schazmann) seriam, em verdade, seus sócios de fato ou, nas palavras do mencionado Parecer, seus sócios verdadeiros; o As alterações societárias se prestaram a submeter o controle administrativo da fiscalizada ao casal José Schazmann e Silvana Marques Schazmann, bem como a alterar o endereço de J.S. Máquinas Ltda ME, que deixou de ter sede própria em 22/09/97 para adotar o mesmo endereço de Idugel Industrial Ltda, com indicação em blocos diferentes do mesmo imóvel, sendo esta uma pequena diferença, apenas formal. Como já demonstrado, além de a Fiscalização não ter infirmado a divisão em blocos do imóvel ocupado pelas pessoas jurídicas, também não houve qualquer prova de que o mencionado controle administrativo por José Schazmann e Silvana Marques Schazmann seria absoluto, sem prestação de contas às sócias administradoras da fiscalizada, que lhes outorgaram procuração para gerir a J.S. Máquinas Ltda; o Ainda que exercesse atividade econômica autônoma a fiscalizada apenas forneceria mãodeobra a Idugel Industrial Ltda, dado que os gastos de JS Máquinas Ltda ME com insumos não justificam – por serem irrisórios comparados aos da Idugel – o faturamento consignado em sua contabilidade, mostrandose os gastos contábeis com mãodeobra, por outro lado, exagerados e incompatíveis com este mesmo faturamento, também quando comparados aos números da Idugel Industrial Ltda. Ocorre que não há, nos autos, qualquer intimação dirigida à fiscalizada exigindo esclarecimentos acerca das atividades por ela exercidas, ou de suas relações comerciais com Idugel Industrial Ltda, de modo que as incompatibilidades aventadas são apenas inferências a partir dos valores escriturados, motivadas em razão da administração das sociedades pelas mesmas pessoas. Não é possível declarar gastos com mãodeobra incompatíveis com o faturamento, nem afirmar que houve locação ou cessão de mãodeobra sem avaliar, documentalmente ou no plano fático, qual a atividade exercida pelas pessoas jurídicas e a forma como ela se processou; e o A exclusão deveria operar efeitos desde janeiro/2003, dado que as vedações tratadas no art. 14, inciso IV, da Lei nº 9.317/96 (interposição de pessoas no quadro social) e no art. 9o, inciso XII, alínea “f”, da mesma lei (locação ou cessão de mãodeobra) estariam demonstradas nos autos, em especial nos quadros comparativos de receita, custos e gastos com mãodeobra. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 23 22 Contudo, por tudo antes exposto, as evidências reunidas não são suficientes para caracterizar a interposição de pessoas no quadro social, ou mesmo que as atividades da fiscalizada pudessem caracterizar locação ou cessão de mãodeobra, verificandose idêntica situação em todos os períodos investigados, desde 2003. Acrescentese que ao prosseguir na análise do litígio formado a partir desta exclusão, examinando as exigências tributárias daí decorrentes, constatouse a referência ao procedimento fiscal descrito nos autos do processo administrativo nº 10925.000023/200992, no qual foram formalizadas exigências de contribuições previdenciárias já apreciadas pela 3a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento. No Relatório Fiscal lavrado naqueles autos foram identificadas algumas diligências aqui não relatadas, anteriores à representação fiscal para exclusão. Vejase: No dia 04 de março de 2008, em cumprimento ao Mandato de Procedimento Fiscal — MPF n° 0920300.2008.00160, na presença da Sra. Silvana Marques Schazmann e através da ciência do Sr. José Schazmann no Termo de Início da Ação Fiscal — TIAF (fls.75, 76) iniciouse a ação fiscal no contribuinte IDUGEL INDUSTRIAL LTDA. Durante essa visita inicial ao estabelecimento do contribuinte, foi constatada a existência de uma quantidade de segurados empregados muito superior à declarada a Previdência Social através da Guia de Recolhimento do FGTS e Informação a Previdência Social — GFIP, informação essa decorrente do procedimento de pré análise feita pela fiscalização com base nas informações dos sistemas internos (GFIPWEB). Pôdese verificar que tais segurados trabalhavam usando uniforme com identificação visual contendo ?' descrição "GRUPO IDUGEL". Foram observados também na recepção do estabelecimento ,, do fiscalizado, "banners", quadros . com foto do estabelecimento e documentos com a mesma identificação visual. Questionado o Sr. José Schazmann sobre a existência de outras empresas de sua propriedade, foi informado à fiscalização que havia, além da IDUGEL INDUSTRIAL LTDA, as empresas J.S. MÁQUINAS LTDA ME e KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA ME. Foi solicitado o nome completo das empresas e o número do CNPJ e informado ao Sr. José Schazmann que ambas seriam fiscalizadas. [...] Em atendimento ao TIAF, o fiscalizado apresentou parcialmente os documentos discriminados, com destaque para os arquivos magnéticos conforme Recibo de Entrega de Arquivos Digitais (fls. 77 a 81). Os documentos solicitados foram apresentados pelo escritório de contabilidade CONTASSESC CONTABILIDADE E ASSESSORIA, com sede a Rua Getúlio Vargas 835, Centro Joaçaba/SC, contratado pelo contribuinte para a execução de sua escrita fiscal. A fiscalização foi atendida pelo Sr. Tiago, sendo este o contato para esclarecimento de todas as questões relativas à fiscalização. Foi informado à fiscalização que todas a empresas pertencentes ao "GRUPO IDUGEL" haviam sido recém incorporadas a carteira de clientes do escritório, sendo que até a competência de agosto de 2007 elas eram atendidas pelo escritório de contabilidade GABARITO ASSESSORIA CONTÁBIL, com sede a Rua 13 de Maio, 11, sala 19, Centro, Joaçaba/SC. Em razão disso, alguns documentos não puderam ser disponibilizados de imediato, pois ainda encontravamse de posse do antigo escritório de contabilidade. Posteriormente a fiscalização iniciou a análise dos documentos que deram origem à escrita contábil dos contribuintes (IDUGEL INDUSTRIAL LTDA, KF MONTAGENS INDUSTRIAIS LTDA ME e J.S. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS LTDA ME), sendo disponibilizados na sede do fiscalizado. 4.2 TERMO DE INTIMAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS — TIAD DE 27/06/2008 Por meio do TIAD de 2710612008 (fis. 82) intimamos o contribuinte a fornecer cópia da procuração com cessão de poderes para José Schazmann e Silvana Marques Schazmann. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 24 23 Tal solicitação teve como objetivo comprovar de forma clara e objetiva que a empresa fiscalizada na verdade é administrada de forma direta pelos proprietários da empresa IDUGEL INDUSTRIAL LTDA., constatação já evidenciada pela análise da documentação contábil apresentada pelo contribuinte. Constatase do assim exposto que a autoridade fiscal promoveu diligências ao estabelecimento da fiscalizada, e lá colheu as impressões acerca do uniforme usado pelos empregados (aqui citada), além da identificação comum das empresas, que não foi ressaltada na acusação aqui produzida. Observase, também, que nenhuma contestação foi objetivamente apresentada acerca da divisão do imóvel em blocos, para complementar a afirmação posterior de que ela seria apenas formal. Ou seja, não foram descritas as atividades exercidas no imóvel, os empregados nelas alocados e seus vínculos empregatícios, a forma de supervisão de seu trabalho, etc. Quanto às atividades administrativas, surgem as referências à terceirização antes cogitada. E, no que tange à administração das pessoas jurídicas por José Schazmann e Silvana Marques Schazmann, confirmase que a investigação resumiu se à outorga de poderes pelas sócias da fiscalizada, sem qualquer questionamento acerca da efetiva atuação destas como sócias, para suportar a acusação de que elas seriam interpostas pessoas. A ausência das provas referidas neste voto impede que, neste julgamento, sejam refutadas as justificativas apresentadas na defesa, especialmente que: o O interesse do grupo familiar em termos societários e operacional em fracionar a cadeia produtiva, aproveitando o conhecimento técnico e a capacidade financeira de cada familiar, para chegar à disposição empresarial hoje existente: não houve qualquer questionamento dirigido aos administradores ou aos sócios das pessoas jurídicas envolvidas perquirindo as razões comerciais para o fracionamento das atividades, e a Fiscalização não as infirmou para prevalência da motivação tributária; o A experiência profissional de José Schazmann e sua esposa para administrar em Idugel Industrial Ltda os projetos dos maquinários, comercialização e coordenação da execução dos mesmos (knowhow), bem como as atividades delegadas à diversas outras empresas (não apenas KF Montagens e JS Máquinas): não foram investigadas as relações comerciais entre as pessoas jurídicas do grupo e entre elas, seus fornecedores, clientes e parceiros, para assim reunir evidências de confusão operacional; o A participação financeira, visando o sustento familiar dentro do mesmo ramo negocial, em favor daqueles que são sócios de JS Máquinas Ltda ME e KF Montagens Ltda ME: não foi questionado a formação do capital social das pessoas jurídicas que teriam sido supostamente constituídas por interpostas pessoas, nem eventual desproporção entre sua participação nos lucros e a remuneração dos administradores; o A recorrente seria responsável pela fabricação dos acessórios e complementos das máquinas produzidas pela empresa lDUGEL (direta ou indiretamente), e KF Montagens é responsável pela montagem e instalação das máquinas e acessórios fabricados pela IDUGEL, sendo que outras empresas, além da recorrente, participam da cadeia produtiva: não há, nos autos, registros da atividade operacional da fiscalizada, dos insumos por ela adquiridos, das receitas por ela registradas, dos contratos por ela firmados, das funções exercidas por seus empregados; o Seria perfeitamente lícita a formação de empresas que mantêm contratação entre si, ainda que constituídas por grupo de familiares. Não há como exigir que se funde apenas uma empresa. Variando percentuais proporcionais à participação financeira ou de trabalho de cada um, se há como separar Fl. 321DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 25 24 perfeitamente as atividades em diversos setores: sem a demonstração de como se processaram as atividades e as relações comerciais entre as pessoas jurídicas do grupo empresarial, não há como dizer que as atividades não estavam separadas, e que seu resultado era partilhado na proporção da participação financeira e do trabalho dos sócios e administradores; o As sócias proprietárias recebem pro labore mensal e distribuição de lucros/dividendos, tendo legítimo interesse nas atividades desenvolvidas pela mesma, objetivando e obtendo para si lucro e renda suficiente a mantê las: a outorga de procuração para que outrem administre a sociedade não permite que se classifique os integrantes do quadro social como interpostas pessoas. A condição de sócio pressupõe capacidade financeira para formação do capital social da pessoa jurídica, da qual resultará a pretensão de auferir lucros, que podem ser acompanhados de pro labore mensal, caso os sócios também exerçam atividades em favor da pessoa jurídica, isto para além de demandar a prestação de contas por parte daqueles a quem conferiu poderes para administrar a pessoa jurídica. Nenhuma destas circunstâncias foi infirmada durante o procedimento fiscal; o ...há uma divisão física que separa o imóvel e, por conseqüência, as empresas em tela, consoante atesta a cópia da planta do imóvel, a instalação de sistemas de alarmes e a certificação municipal neste sentido: a autoridade fiscal apenas afirma que a divisão do imóvel é meramente formal e nada traz aos autos para fundamentar sua constatação; o A empresa Idugel detém capacidade técnica para desenvolver projetos e possibilidade de angariar contratos e obras em razão da tradição de mercado e capacidade técnica de José Schazmann e outros engenheiros contratados, observando que parte desta atividade é delegada para empresas terceirizadas, como a recorrente, por empreitada, razão pela qual o valor agregado de cada produto produzido pelas empresas contratadas é muito inferior àquele cobrado pela empresa IDUGEL quando da comercialização do conjunto todo: como o comparativo entre receitas, custos e mãodeobra teve em conta apenas os totais anuais registrados por cada pessoa jurídica, não há como afastar a possibilidade de as anormalidades aventadas pela Fiscalização decorrerem, apenas, da natureza das atividades exercidas por cada uma das pessoas jurídicas; e o Houve empréstimo entre ela e a empresa Idugel: como antes demonstrado, sem a investigação acerca da forma de escrituração da despesa ou dos ativos pagos por outra empresa do grupo, não há como afastar a possibilidade de que este registro tenha sido feito em contrapartida a empréstimos. Relevante frisar que não se admite, aqui, a ampla liberdade para a formação de empresas por grupo de familiares, bem como para a alegada terceirização que teria ocorrido no caso em tela. A sistemática simplificada de recolhimentos confere isenções significativas para as empresas de baixo faturamento, e para todas as beneficiárias no âmbito previdenciário. Por esta razão, há limites de faturamento para opção, e esta é vedada à pessoa jurídica que resulte de qualquer desmembramento de outra pessoa jurídica, bem como a pessoas jurídicas em cujo quadro societário conste titular de participação em outra pessoa jurídica também optante, além de restrições a atividades que apresentam alta incidência previdenciária. Assim, a formação de empresas por grupos familiares e a terceirização de operações pode se prestar como meio para auferir as vantagens que a lei não conferiu a determinadas atividades, e a prova da simulação em tais Fl. 322DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 26 25 circunstâncias é suficiente para a prática dos atos administrativos de exclusão e lançamento, independentemente do disposto no parágrafo único do art. 116 do CTN. A atuação das três pessoas jurídicas no mesmo ramo de atividades, operando sob a mesma administração, no mesmo local e no mesmo ramo de negócio são indícios sérios de que vantagens tributárias ilícitas poderiam ser auferidas pelo grupo, porém a acusação de simulação não pode estar suportada, apenas, por inferências que sequer constituem presunções simples. Assim, uma vez demonstrado que não há, nos autos, provas que suportem a acusação de ilicitude da estruturação societária, operacional e comercial adotada pelo grupo familiar, não pode subsistir o ato de exclusão do Simples Federal. Irrelevante, assim, se a argumentação subsidiária acerca da prática de locação de mãodeobra pela fiscalizada seria incompatível com a acusação principal que pretendeu anular a existência da empresa JS, ou se outro conceito deve ser atribuído às atividades de locação de mãodeobra, vez que nenhuma das irregularidades aventadas no ato de exclusão podem sustentálo. Desnecessário, também, apreciar a argüição de decadência do direito de o Fisco questionar a constituição da pessoa jurídica fiscalizada, ou a postergação dos efeitos da exclusão em razão da constatação, apenas em 2008, das irregularidades aqui abordadas. Impróprio, ainda, discutir o efeito confiscatório da exigência retroativa dos créditos tributários, na medida em o litígio, aqui, limitase à exclusão da contribuinte do Simples Federal. O mesmo se diga acerca da extensa abordagem em favor da existência de vício formal no ato administrativo de lançamento, e de cerceamento ao direito de defesa em razão das intimações que lhe foram dirigidas quando ainda pendentes de apreciação as impugnações interpostas contra os atos de exclusão, bem como de nulidade por ausência de prévia revisão de ofício do lançamento e de decadência de parte da exigência de contribuições previdenciárias. Por todo o exposto, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para cancelar o ato de exclusão do Simples Federal. Assim, sem adentrar aos aspectos submetidos ao Poder Judiciário, é possível solucionar o presente litígio já em preliminar, e cancelar a presente exigência, na medida em que a contribuinte subsiste optante pelo Simples Federal no período autuado, o que a dispensa da apuração individualizada do tributo aqui lançado. Ademais, em virtude da presente decisão não será exigido do Delegado da Receita Federal a prática de ato vedado na ordem judicial expedida na sentença do Mandado de Segurança nº 2008.72.03.0028261/SC. Por tais razões, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Relatora Fl. 323DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO Processo nº 10925.000019/200924 Acórdão n.º 1101001.249 S1C1T1 Fl. 27 26 Fl. 324DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Numero do processo: 11516.723089/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.717
Decisão: RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por maioria de votos, o julgamento foi convertido em diligência nos termos do voto do relator. Vencidos conselheiros Alexandre Kern e Maria Aparecida Martins de Paula que votaram pela desnecessidade da diligência.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Maria Aparecida Martins de Paula e Alexandre Kern.
RELATÓRIO
Para elucidar os fatos ocorridos nos autos transcrevo o relatório do Acórdão refutado, in verbis:
Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 5.265.572,58 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 24.253.558,67 relativo ao ano de 2009 (fls. 2.411/2.431), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2.346/2.356;
A empresa apresenta impugnação na qual alega, em síntese:
a) DA NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E DA COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA;
b) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE BENS ADQUIRIDOS PARA REVENDA;
c) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE;
d) DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE;
e) DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI Nº 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS;
f) DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO;
g) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES;
h) DO CRÉDITO DECORRENTE DE CUSTOS HAVIDOS COM SERVIÇOS NECESSÁRIOS À ATIVIDADE DA RECORRENTE;
i) DA EXCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES;
j) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS;
k) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA;
l) DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO LANÇADA;;
A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 09.49790, de 19 de fevereiro de 2014, cuja ementa abaixo reproduzo:
ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Ano- calendário: 2009
INSUMOS
O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004.
AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO.
Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos.
PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE
Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições.
MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR.
A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida.
Impugnação Improcedente.
O sujeito passivo teve ciência da decisão e apresentou recurso voluntário onde repisa os argumentos apresentados na impugnação.
É o relatório.
VOTO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Vencidos conselheiros Alexandre Kern e Maria Aparecida Martins de Paula que votaram pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Maria Aparecida Martins de Paula e Alexandre Kern. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 23 08 9/ 20 13 -1 5 Fl. 2676DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 101 2 RELATÓRIO Para elucidar os fatos ocorridos nos autos transcrevo o relatório do Acórdão refutado, in verbis: Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 5.265.572,58 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 24.253.558,67 relativo ao ano de 2009 (fls. 2.411/2.431), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2.346/2.356; A empresa apresenta impugnação na qual alega, em síntese: a) DA NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E DA COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA; b) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE BENS ADQUIRIDOS PARA REVENDA; c) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE; d) DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE; e) DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI Nº 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO – ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS; f) DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO; g) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES; h) DO CRÉDITO DECORRENTE DE CUSTOS HAVIDOS COM SERVIÇOS NECESSÁRIOS À ATIVIDADE DA RECORRENTE; i) DA EXCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES; j) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS; k) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; l) DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO LANÇADA;; A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 09.49790, de 19 de fevereiro de 2014, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 2677DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 102 3 Ano calendário: 2009 INSUMOS O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos. PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida. Impugnação Improcedente. O sujeito passivo teve ciência da decisão e apresentou recurso voluntário onde repisa os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar. Preliminarmente, ressalto que o sujeito passivo apresentou um laudo técnico elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia, com o objetivo de verificar se os serviços de frete, carreto, de abate e processamento, de inspeção sanitária, de carga e descarga, de lavagem Fl. 2678DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 103 4 de uniformes, de transporte interno e de reforma de “paletes” são essenciais ao processo produtivo da empresa. A Unidade de Origem não teve acesso ao laudo, o que me permite concluir que os dados nele constantes não foram atestados pela Autoridade Fiscal. Diante deste quadro, converto o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem faça uma análise das informações contidas no laudo apresentado pelo recorrente e elabore um parecer conclusivo sobre a participação de cada serviço/bem no processo produtivo da empresa. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. Após todos os procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. Sala das Sessões, 27/01/2015 GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Fl. 2679DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001719/2006-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2102-000.128
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento, pois se trata de debate sobre a transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte para o fisco, matéria em debate no Supremo Tribunal Federal no rito da repercussão geral (art. 62A, §§, do Anexo II, do RICARF).
Assinado digitalmente.
Rubens Maurício Carvalho Relator e Presidente em exercício.
EDITADO EM: 16/08/2013
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rubens Mauricio Carvalho, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Francisco Marconi de Oliveira, Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: Não se aplica
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Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento, pois se trata de debate sobre a transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte para o fisco, matéria em debate no Supremo Tribunal Federal no rito da repercussão geral (art. 62A, §§, do Anexo II, do RICARF). Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho – Relator e Presidente em exercício. EDITADO EM: 16/08/2013 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rubens Mauricio Carvalho, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Francisco Marconi de Oliveira, Carlos André Rodrigues Pereira Lima. RELATÓRIO Tratase de Auto de Infração no valor de R$ 3.650.014,32, expedido após ação de verificação do cumprimento das obrigações tributárias do contribuinte acima identificado, referente aos anoscalendário de 2002 e 2003, em que foi apurada omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 320/331. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 01 71 9/ 20 06 -9 0 Fl. 810DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 16/08/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 19515.001719/200690 Resolução nº 2102000.128 S2C1T2 Fl. 101 2 Foi expedida intimação ao recorrente para que apresentasse os extratos bancários das movimentações financeiras. Face ao não atendimento à intimação fiscal, foram expedidas as Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras (RMF), fls. 238. Inconformado com a decisão de primeiro grau, fls. 534 a 548, apresentou Recurso Voluntário às fls. 556 a 591. Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento de segunda instância administrativa. É o Relatório. VOTO Conselheiro Rubens Maurício Carvalho. ADMISSIBILIDADE O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. Antes enfrentar as questões de mérito, verificase que a controvérsia tributária gira em torno de informações extraídas de extratos bancários fornecidos pelas instituições financeiras, com base em RMF, indicada acima, expedida pela auditoria no curso do procedimento de fiscalização, e que o recorrente solicita a anulação do lançamento devido, ente outras questões, a ausência de ordem judicial para a quebra de sigilo bancário. A matéria foi levada à apreciação, em caráter difuso, pela Suprema Corte Federal, que reconheceu a repercussão geral do tema, nos seguintes termos: Tema 225 Fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 b) Aplicação retroativa da Lei nº 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. RE 601.314 Relator o Min. Ricardo Lewandowski. O tema está enquadrado na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC), com sobrestamento dos demais recursos sobre a mesma matéria até o pronunciamento definitivo da Corte. E, nesse aspecto, se faz necessário observar a possibilidade de apreciação da matéria em face do disposto no art. 62A, caput e § 1º, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), que determina o sobrestamento do julgamento de matéria idêntica em recurso administrativo, aguardando a decisão definitiva da Suprema Corte, sempre que a controvérsia tributária seja admitida no rito da repercussão geral (art. 543B do CPC): As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos Fl. 811DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 16/08/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 19515.001719/200690 Resolução nº 2102000.128 S2C1T2 Fl. 102 3 recursos no âmbito do CARF. § 1º. Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. Diante do exposto, conforme jurisprudência pacífica nessa Turma, voto para sobrestar o presente recurso até ulterior decisão definitiva do egrégio Supremo Tribunal Federal, nos termos do disposto pelos artigos 62A, §§1º e 2º, do RICARF. Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. Fl. 812DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 16/08/ 2013 por RUBENS MAURICIO CARVALHO
score : 1.0
Numero do processo: 13955.000024/2002-00
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997
CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS E DE COOPERATIVAS.
As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo.
É lícita a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas de produtores.
CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE ÓLEO COMBUSTÍVEL.
Somente as matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, conforme a conceituação albergada pela legislação tributária, podem ser computados na apuração da base de cálculo do incentivo fiscal.
CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. CUSTOS DE FRETE.
Para ser admitido no cômputo do benefício fiscal, o frete deve compor o preço do insumo adquirido.
CRÉDITO PRESUMIDO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO.
Somente podem ser computadas como receita de exportação os valores das notas fiscais de venda para exportação presentes em Despacho de Exportação, com registro no sistema de processamento de dados pertinente (SISCOMEX).
CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos).
Numero da decisão: 3803-006.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para afastar o óbice quanto às aquisições de pessoas físicas e cooperativas e proceder ao correspondente ajuste do estoque final, bem como a aplicação da taxa Selic a tal parcela do crédito da recorrente, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento.
Corintho Oliveira Machado - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 12/01/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes, Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997 CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS E DE COOPERATIVAS. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. É lícita a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas de produtores. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE ÓLEO COMBUSTÍVEL. Somente as matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, conforme a conceituação albergada pela legislação tributária, podem ser computados na apuração da base de cálculo do incentivo fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. CUSTOS DE FRETE. Para ser admitido no cômputo do benefício fiscal, o frete deve compor o preço do insumo adquirido. CRÉDITO PRESUMIDO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. Somente podem ser computadas como receita de exportação os valores das notas fiscais de venda para exportação presentes em Despacho de Exportação, com registro no sistema de processamento de dados pertinente (SISCOMEX). CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos).
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BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS E DE COOPERATIVAS. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. É lícita a inclusão, na base de cálculo do crédito presumido de IPI, dos valores pertinentes às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagens, efetuadas junto a pessoas físicas e a cooperativas de produtores. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE ÓLEO COMBUSTÍVEL. Somente as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, conforme a conceituação albergada pela legislação tributária, podem ser computados na apuração da base de cálculo do incentivo fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. CUSTOS DE FRETE. Para ser admitido no cômputo do benefício fiscal, o frete deve compor o preço do insumo adquirido. CRÉDITO PRESUMIDO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. Somente podem ser computadas como receita de exportação os valores das notas fiscais de venda para exportação presentes em Despacho de Exportação, com registro no sistema de processamento de dados pertinente (SISCOMEX). CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 95 5. 00 00 24 /2 00 2- 00 Fl. 543DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para afastar o óbice quanto às aquisições de pessoas físicas e cooperativas e proceder ao correspondente ajuste do estoque final, bem como a aplicação da taxa Selic a tal parcela do crédito da recorrente, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento. Corintho Oliveira Machado Presidente e Relator. EDITADO EM: 12/01/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Belchior Melo de Sousa, Paulo Renato Mothes de Moraes, Jacques Mauricio Ferreira Veloso de Melo e Corintho Oliveira Machado. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: A interessada protocolizou, em 21/01/2002, o pedido de ressarcimento de crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), referente aos quatro trimestres calendário de 1997, com supedâneo na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, e na Portaria MF nº 38, de 27 de fevereiro de 1997, no montante de R$ 191.990,64. O Despacho Decisório de 26/05/2008, de fls. 376/399, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Maringá, PR, deferiu parcialmente a solicitação de crédito presumido de IPI no importe de R$ 19.226,23. Foram encetadas as seguintes exclusões pela autoridade fiscal: a) receita de exportação: duas notas fiscais que não constam do despacho de exportação informado (fl. 383); b) custos de energia elétrica (CFOP: 1.42) (fl. 111); c) custos de frete (CFOP: 1.62 e 2.62) (fl. 111); Fl. 544DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13955.000024/200200 Acórdão n.º 3803006.754 S3TE03 Fl. 3 3 d) insumos adquiridos de pessoas físicas e de sociedades cooperativas, com as devidas reversões concernentes a devoluções de compras (fls. 342/350 e 354/360); e) aquisições de óleo combustível “BPF” (fls. 361 e 362); f) ajuste para exclusão do estoque final de produtos em elaboração ou acabados, mas não vendidos (fl. 397). No Despacho Decisório foi noticiado que a requerente inicial fora sucedida por incorporação pela empresa Cocamar Cooperativa Agroindustrial, CNPJ 79.114.450/000165, em 30/09/2005 (fl. 267). Insubmissa à decisão administrativa da qual teve ciência em 30/06/2008, conforme o AR nos autos, a contribuinte apresentou, em 30/07/2008, a manifestação de inconformidade, de fls. 425/453, subscrita pelos patronos da pessoa jurídica, qualificados no instrumento legal de fl. 454, na qual, resumidamente, aduz que os valores referentes às notas fiscais nº 8.842 e 8.922 (com cópias anexadas à defesa) foram indevidamente excluídos da receita de exportação, já que, pela Portaria MF nº 38, de 1997, deveriam ser computados; a energia elétrica, por tratarse de produto intermediário indispensável ao funcionamento de equipamentos industriais e à obtenção do produto final (suco de laranja), não poderia ser glosada, sendo aceita na seara do ICMS (art. 33, II, da LC 87/96) e no âmbito do Conselho de Contribuintes; sendo que os atos normativos devem ser interpretados segundo o espírito da Lei nº 9.363/96, pelas mesmas razões anteriores o frete não pode ser retirado da apuração do benefício; quanto aos insumos adquiridos de pessoas físicas ou de sociedades cooperativas, o conteúdo da referida lei, tendente à inclusão da totalidade das aquisições de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem no cálculo do benefício, não pode ser restringido por normas infralegais, ou seja, normas complementares das leis, conforme precedentes do Conselho de Contribuintes; a exclusão da aquisição de óleo BPF é também indevida sendo o insumo uma fonte energética para o funcionamento da caldeira industrial, igualmente um produto intermediário (no laudo técnico juntado referente ao processo produtivo do suco de laranja concentrado congelado fica demonstrada a essencialidade do funcionamento da caldeira industrial para a fabricação do produto exportado), sendo que há pronunciamento de Conselho de Contribuintes favorável à inclusão de combustíveis na apuração; o ajuste do montante dos produtos acabados e semiacabados não vendidos (de R$ 213.993,53 para R$ 141.963,09) é resultante das mencionadas exclusões e é impertinente; o pleito deve ser atualizado monetariamente para que sejam evitadas perdas imensuráveis, sendo o Conselho de Contribuintes favorável a isso; por fim, requer o deferimento do pedido de ressarcimento à vista da lisura dos procedimentos adotados pela interessada, assim como o endereçamento das intimações ao advogado desta. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 A DRJ em RIBEIRÃO PRETO/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade ficando a decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997 CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS E DE COOPERATIVAS. São glosados os valores referentes a aquisições de insumos de pessoas físicas e de cooperativas, nãocontribuintes do PIS/PASEP e da COFINS, pois, conforme a legislação de regência, os insumos adquiridos devem sofrer o gravame das referidas contribuições. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. AQUISIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE ÓLEO COMBUSTÍVEL. Somente as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, conforme a conceituação albergada pela legislação tributária, podem ser computados na apuração da base de cálculo do incentivo fiscal. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. CUSTOS DE FRETE. Para ser admitido no cômputo do benefício fiscal, o frete deve compor o preço do insumo adquirido. CRÉDITO PRESUMIDO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. Somente podem ser computadas como receita de exportação os valores das notas fiscais de venda para exportação presentes em Despacho de Exportação, com registro no sistema de processamento de dados pertinente (SISCOMEX). Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997 INTIMAÇÕES POR VIA POSTAL. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELEITO PELO SUJEITO PASSIVO. As intimações necessárias no curso do processo, por via postal, devem ser destinadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/1997 CRÉDITO PRESUMIDO. RESSARCIMENTO. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. É incabível a concessão do estímulo fiscal acrescido de juros de mora pela taxa Selic, por ausência de autorização legal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Fl. 546DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13955.000024/200200 Acórdão n.º 3803006.754 S3TE03 Fl. 4 5 Direito Creditório não Reconhecido Discordando da decisão de primeira instância, o interessado apresentou recurso voluntário, onde aponta nulidade do despacho decisório (por não dizer o motivo da glosa das aquisições de óleo BPF) e repisa os argumentos esgrimidos em primeira instância relativos às notas fiscais de venda para exportação, aquisições de óleo BPF, energia elétrica, despesas de transporte, compras de pessoas fisicas ou cooperativas, aplicação da taxa Selic e ajuste do estoque final; ultimando, requer deferimento do recurso voluntário sub analisis, para reconhecer o crédito integralmente. A Repartição de origem encaminhou os presentes autos para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, para fins de julgamento. Relatado, passase ao voto. Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Em preliminar, cumpre rejeitar o pedido de decretação de nulidade do despacho decisório, por supostamente não declinar os motivos da glosa do óleo BPF, utilizado pela recorrente em caldeira, porquanto o motivo reclamado está explicitado nos itens 68 e 69 do despacho decisório, fl. 392 do processo, efl. 394. Dito isso, passase às matérias de fundo. Fl. 547DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS A controvérsia em torno das aquisições de pessoas físicas e cooperativas não merece maiores comentários hodiernamente, pois neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já pacificouse o entendimento de que inexiste tal óbice para o creditamento pleiteado pela recorrente. A título de ilustração trazse excerto de acórdão da e. Câmara Superior de Recursos Fiscais nº 9303002.884, da 3ª Turma, em que o eminente Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, então relator, pontifica: Esse tema tem sido objeto de acirrados debates no CARF, ora prevalecendo a posição contrária da Fazenda Nacional ora a dos contribuintes, dependendo da composição das Turmas de Julgamento. Todavia, com a alteração regimental, que acrescentou o art. 62A ao Regimento Interno do Carf, as decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos devem ser observados no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Assim, se a matéria foi julgada pelo STJ, em sede de recurso repetitivo, a decisão de lá deve ser adotada aqui, independentemente de convicções pessoais dos julgadores. Essa é justamente a hipótese dos autos, em que o STJ, em sede de recurso repetitivo versando sobre matéria idêntica à do recurso ora sob exame, decidiu que, O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. .............................................................................................. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matéria prima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 Regulamento do IPI , posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). ...................................................................................... A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim Fl. 548DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13955.000024/200200 Acórdão n.º 3803006.754 S3TE03 Fl. 5 7 considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). Essa decisão foi proferida, justamente, em julgamento relativo a pedido de ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, de que trata a lei 9.363/1996, em que atos normativos infralegais obstaculizaram a inclusão na base de cálculo do incentivo das compras realizadas junto a pessoas físicas e cooperativas. ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEL Outro tema que não traz maior dificuldade para este Colegiado e que envolve dois alegados insumos por parte da recorrente, a saber, energia elétrica e óleo BPF utilizado como combustível em caldeira do processo produtivo da interessada, é o constante em Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a de nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. Como o enunciado deste tipo de súmula deve ser peremptoriamente aplicado pelos membros desta turma, nos termos do art. 72 do RICARF, 1 entendo a matéria sem maior complexidade e bem por isso as glosas a título energia elétrica e óleo BPF, por parte da auditoriafiscal, são legítimas. DESPESAS DE TRANSPORTE As despesas com transporte, ou fretes, só podem integrar a base de cálculo do crédito presumido do IPI se estiverem vinculadas às notas fiscais dos insumos adquiridos para a produção do produto industrializado pela contribuinte, consoante remansosa jurisprudência deste Conselho, da qual trazse dois arestos inter plures: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA PESSOA JURÍDICA. Não se incluem no cálculo do crédito presumido de IPI os valores pagos a título de frete na movimentação de produtos/mercadorias entre estabelecimentos da mesma pessoa 1 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. Fl. 549DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 jurídica, sem vinculação com as notas fiscais de aquisição de matériasprimas, produtos intermediários ou material de embalagem utilizados no processo produtivo. Acórdão 3803005.912; 26/03/2014; Relator: Hélcio Lafetá Reis CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. FRETES. Quando não vinculados à nota fiscal dos insumos, os fretes não compõem a base de cálculo do crédito presumido do IPI. (...) Acórdão 3401002.580; 25/04/2014; Relatora: Angela Sartori Bem nessa linha de entendimento é o caso destes autos, em que desde o primeiro momento a auditoriafiscal está a dizer da falta de vinculação dos fretes com os insumos adquiridos, fl. 390: Quanto ao outro conjunto de desembolsos considerado pela empresa na base de cálculo do benefício, relativamente a despesas com transporte registradas no CFOP 1.62 e 2.62 (fl. 111), de igual modo ao já abordado com respeito a energia elétrica, a mera aquisição de prestação de serviço de transporte não se enquadra em quaisquer das hipóteses de incidência, definidas no art. 2° da Lei n. 9.363, de 1996, para fins de apuração do crédito presumido do IPI, porquanto não se trata de aquisição de matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, para serem utilizados no processo produtivo. Na verdade, para que a empresa pudesse se apropriar da despesa em questão de forma a integrála na base de cálculo do crédito presumido, seria necessário que tal despesa compusesse, de fato, o preço do produto, o que implica, necessariamente, sua inclusão no documento fiscal a ele pertinente. 57. Nesse sentido, é oportuno trazer à colação novamente o conjunto "Perguntas e Respostas sobre Crédito Presumido do IPI' que, embora não veiculado em Diário Oficial da União, mas em Informativo Interno (Boletim Central n ° 147, de 04/08/1998), apresenta os devidos esclarecimentos e posicionamento da Receita Federal sobre a matéria. A teor da resposta ao quesito 2.8, temos: "... no caso de frete pago a terceiros (compra FOB, por exemplo), em que o transporte for efetuado por pessoa jurídica (contribuinte de PIS e COFINS), com o Conhecimento de Transporte vinculado única e exclusivamente à Nota Fiscal de aquisição, admitese que o frete integre a base de cálculo do CP. " 58. Da transcrição acima destacase a necessidade da estreita vinculação do frete ao produto, para que o seu valor possa compor a base de cálculo do benefício. Portanto, caberia restar inequivocamente demonstrada tal vinculação, especialmente mediante a inclusão no documento fiscal correspondente à aquisição do insumo produtivo, o que não se verifica no presente caso. Fl. 550DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13955.000024/200200 Acórdão n.º 3803006.754 S3TE03 Fl. 6 9 59. Restou assim que a aquisição de serviços de transporte, isoladamente considerada, registrada em CFOP distinto do insumo adquirido, embora possa representar um custo que onera o processo produtivo, não integra a base cálculo do crédito presumido de IPI, não sendo assim considerado na presente apuração. No excerto supra, o grifo é deste relator, justamente para evidenciar que as despesas com transporte da recorrente não estão vinculadas com insumos e ipso facto não devem integrar o quantitativo de créditos pleiteado. DA COMPROVAÇÃO DE EXPORTAÇÃO O benefício do crédito presumido do IPI com arrimo na Lei nº 9.363/96 tem como pressuposto a exportação de produtos industrializados, bem por isso há que ter comprovação dessa exportação para fazer jus ao benefício. A Portaria MF 38/97, mencionada pela defendente desde a manifestação de inconformidade, constituiu obrigações acessórias no sentido de a auditoriafiscal verificar a existência de exportação, por meio de notas fiscais e respectivos despachos de exportação, dentre outros elementos. 2 Se as notas fiscais da interessada não constam de despacho de exportação não há como crer que "o próprio corpo da nota fiscal comprove a remessa dos produtos ao exterior", como assevera, de forma desprovida de razoabilidade, a recorrente. Assim é que escorreita a exclusão das notas fiscais inexistentes em despacho de exportação, para fins de apuração do quantitativo da receita de exportação. AJUSTE DO ESTOQUE FINAL O ajuste para exclusão do estoque final de produtos em elaboração ou acabados, mas não vendidos, no último trimestrecalendário de apuração do benefício fiscal no ano, é consequência das glosas apontadas anteriormente, daí porque deve ser redimensionado 2 Art. 6º A empresa produtora e exportadora beneficiada com o crédito presumido deverá apresentar ao órgão da Secretaria da Receita Federal de seu domicílio fiscal, até o último dia útil dos meses de abril, julho, outubro e janeiro, demonstrativo referente à fruição do benefício nos trimestres encerrados, respectivamente, nos meses de março, junho, setembro e dezembro, imediatamente anteriores, em que deverá constar: I relação das notas fiscais relativas às exportações diretas, com a indicação do destinatário e país de seu domicílio, do valor, da data do embarque e do respectivo número do despacho de exportação, correspondentes a cada nota fiscal; (...) Fl. 551DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 levando em consideração a ilegitimidade do expurgo relativo às aquisições de pessoas físicas e cooperativas já abordadas em item anterior. TAXA SELIC A atualização de créditos escriturais como o crédito presumido do IPI não tem encontrado guarida no âmbito administrativo nem no judicial. A decisão recorrida traz percuciente explanação sobre a interessante diferença entre o ressarcimento que ora se cuida e a restituição/compensação: O exame mais acurado do incentivo fiscal em epígrafe mostra que o ressarcimento do crédito presumido não se confunde com a restituição ou a compensação pelo pagamento indevido de tributos. Pelo contrário, a empresa, ao adquirir os insumos mediante operações tributadas, “paga” o PIS e a Cofins exatamente como determina a lei. O que existe posteriormente é um favor fiscal que prevê a devolução dessas contribuições incidentes nas duas operações imediatamente anteriores à industrialização a título de incentivo. Não há pagamento indevido. A União fica na posse de um dinheiro recebido licitamente. O ressarcimento e a restituição são portanto, institutos distintos, porquanto o primeiro é modalidade de aproveitamento de incentivo fiscal (um benefício), ao passo que a restituição, ou repetição de indébito, é a devolução ao contribuinte que tenha suportado o ônus do tributo ou contribuição pagos indevidamente, ou em valor maior do que o devido, ou seja, de receita tributária que ingressou indevidamente nos cofres da Fazenda Pública. Fossem institutos idênticos, a Lei não os teria tratado distintamente. À guisa de exemplo, a Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993, que reformulou o processo administrativo fiscal, no artigo 3º, inciso II, estabelece clara diferenciação entre restituição de impostos e contribuições e ressarcimento de créditos de IPI. É evidente que se o legislador quisesse abonar acréscimo de correção monetária e juros SELIC também para o ressarcimento em questão, teria incluído esse instituto, expressamente, na redação do citado art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995, exatamente como fez no caso da Lei nº 8.748, de 1993. Rejeitase assim, o pedido para correção dos valores a serem ressarcidos. Todavia, merece especial atenção a observação do julgador de piso que vem na linha do decidido neste Conselho: Supondo vencedora a tese da interessada, poderia somente incidir a taxa Selic, para a recomposição monetária do pleito, a partir da data de protocolo do pedido de ressarcimento (21/01/2002). Nesse diapasão, trazse novamente o mesmo acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais já declinado em item anterior, agora Fl. 552DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 13955.000024/200200 Acórdão n.º 3803006.754 S3TE03 Fl. 7 11 contemplando, no particular, o entendimento que favorece parcialmente o pleito de aplicação da taxa Selic aos créditos da recorrente: CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS E COOPERATIVAS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. (...) No ressarcimento/compensação de crédito presumido de IPI, em que atos normativos infralegais obstaculizaram o creditamento por parte do sujeito passivo, é devida a atualização monetária, com base na Selic, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento do crédito (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos) Acórdão 9303002.884; 20/02/2014; Relator: Rodrigo da Costa Pôssas Ante o exposto, voto pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso voluntário, para afastar o óbice quanto às aquisições de pessoas físicas e cooperativas e proceder ao correspondente ajuste do estoque final, bem como a aplicação da taxa Selic a tal parcela do crédito da recorrente, desde o protocolo do pedido até o efetivo ressarcimento (recebimento em espécie ou compensação com outros tributos). CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 553DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 18/02 /2015 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 13502.000295/2007-90
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 07 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2002
NULIDADE.
A decisão deverá referir-se expressamente às razões de defesa suscitadas pela Recorrente, sob pena de nulidade por preterição do direito de defesa.
Numero da decisão: 1803-001.795
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário para que seja proferida nova decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Redatora Ad Hoc e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente em Exercício à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes, Marcelo de Assis Guerra e Maria Elisa Bruzzi Boechat.
Nome do relator: VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário para que seja proferida nova decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Redatora Ad Hoc e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente em Exercício à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes, Marcelo de Assis Guerra e Maria Elisa Bruzzi Boechat.
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A decisão deverá referirse expressamente às razões de defesa suscitadas pela Recorrente, sob pena de nulidade por preterição do direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento em parte ao recurso voluntário para que seja proferida nova decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Redatora Ad Hoc e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walter Adolfo Maresch (Presidente em Exercício à Época do Julgamento), Meigan Sack Rodrigues, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Victor Humberto da Silva Maizman, Sérgio Rodrigues Mendes, Marcelo de Assis Guerra e Maria Elisa Bruzzi Boechat. Relatório Consta na Representação Saort/DRF/Camaçari/BA, fl. 02 Em consulta ao sistema "SIEFPER/DCOMP" constatouse, em nome da BRASKEM S/A, a existência de DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, por meio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 02 95 /2 00 7- 90 Fl. 394DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 395 2 da qual se pretende utilizar crédito de sucedida, TRIKEM S/A — CNPJ n° 13.558.226/000154, oriundo de Saldo Negativo de IRPJ apurado no exercício de 2002, anocalendário 2001, requerido através de PEDIDO DE RESTITUIÇÃO PER, para compensação com débito próprio administrado pela SRF, conforme discriminado a seguir: n° do Documento Tipo do Documento Data de Transmissão Valor do Crédito Solicitado/Util izado Cod. Receita do Débito PA Valor do Débito 30630.34339.040105.1.2.02 1726 Pedido de Restituição Original 04/01/2005 R$231.129,10 03761.57552.040105.1.3.02 3601 Declaração de Compensação Original 04/01/2005 R$231.129,10 5869 5º sem/dez/2 004 R$358.157,65 Sendo assim, proponho a formalização de processo para fins de análise e tratamento manual do pedido de restituição, bem como da declaração de compensação, efetuados através dos referidos PER/DCOMP. Em conformidade com o Despacho Decisório DRF/CCI nº 0220/2007, fls. 90100, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: 57. No uso da competência de que trata o inciso VI, do art. 238, do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n.° 95, de 30 de abril de 2007 (DOU de 02/05/2007), a mim delegada pelo inciso I, do art. 40, da Portaria DRF/CCI n° 65, de 31 de maio de 2007 (DOU de 15/06/2007), observado, ainda, os termos dos argumentos anteriormente expostos, DECIDO: a. NÃO RECONHECER o direito creditório contra a Fazenda Nacional em favor de BRASKEM S/A, CNPJ n° 42.150.391/000170, correspondente ao saldo negativo de 1RPJ pretensamente apurado por sua sucedida TRIKEM S/A, CNPJ n° 13.558.226/000154, na DIPJ 2002, anocalendário 2001, ND 0980999 DV58 (data de transmissão: 28/06/2002 — fl. 84), requerido mediante apresentação do Pedido de Restituição Eletrônico (PER) n.°30630.34339.040105.1.2.021726. b. NÃO HOMOLOGAR a compensação declarada na DCOMP n° 03761.57552.040105.1.3.023601, transmitida pela requerente. c. DETERMINAR que se prossiga na cobrança do débito cuja compensação não foi homologada, observandose o disposto nos parágrafos 6° a 11 do art. 74 da Lei n.° 9.430, de 1996, incluídos pelo art. 17 da MP n.° 135, de 2003, convertida na Lei n.° 10.833, de 2003. [...] 58. Dêse ciência ao sujeito passivo, mediante entrega de cópia do presente Despacho Decisório, bem como o intime a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência deste, o pagamento do débito indevidamente compensado, ressalvandose que lhe é facultado apresentar, dentro do mesmo prazo, manifestação de inconformidade dirigida à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Salvador — DRJ/SDR, nos termos dos §§ 7°, 9° e 11, do art. 74, da Lei 9.430, de Fl. 395DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 396 3 27 de dezembro de 1996, e art. 48, da Instrução Normativa SRF 600, de 28 de dezembro de 2005. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 1132, com os argumentos a seguir discriminados: 2 DA GLOSA QUANTO À COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS DURANTE O BEFIEX A) POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS DURANTE A VIGÊNCIA DO PROGRAMA BEFIEX NOS SEIS ANOSCALENDÁRIO SUBSEQUENTES, MESMO APÓS O TÉRMINO DO PROGRAMA 2.1. Conforme sinalizado na descrição dos fatos, em 19/12/1989, a ora Requerente firmou com a União Federal, o Termo de Compromisso n° 659/89 (doc. 02), por meio do qual tornouse titular do Programa Especial de Exportação — BEFIEX, com ciência a partir de 29/12/1989, e o qual vigorou até 31/12/1999. 2.2. O Programa BEFIEX consistia em instrumento de política industrial, tendo por objetivo a modernização e o aumento da competitividade do parque industrial do País. 2.3. De acordo com a legislação de regência do referido programa vigente à época, qual seja, o Decreto Lei n° 2.433/88 e o Decreto regulamentar n° 96.760/88, tal programa tinha por finalidade o incremento das exportações e a obtenção de saldo global acumulado positivo de divisas, mediante a celebração de compromissos firmados por empresas exportadoras com a União. 2.4. Às indústrias titulares de tal programa de exportação, podiam ser concedidos os seguintes benefícios, nos termos do art. 8° do Decreto Lei n° 2.433/88: I. Isenção ou redução de 90% (noventa por cento) do Imposto de Importação incidente sobre máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos e materiais, e respectivos acessórios e ferramentas, destinados a integrar o ativo imobilizado de empresas industriais; II. Isenção ou redução de 50% (cinqüenta por cento) de Imposto de Importação e sobre Produtos Industrializados incidentes na importação de matérias primas, produtos intermediários, componentes e peças de reposição; III. Compensação total ou parcial dos prejuízos verificados nos períodosbase subseqüentes, desde que não sejam distribuídos lucros ou dividendos a seus sócios ou acionistas enquanto houver prejuízos a compensar, para efeitos de apuração do imposto de renda; IV. Isenção do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, relativo aos bens importados com os benefícios de que tratam os itens I e II; V. Depreciação acelerada das máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos, de produção nacional, utilizados no processo de produção e em atividades de desenvolvimento tecnológico industrial, para efeitos de apuração do imposto de renda. 2.5. Da análise do Termo de Compromisso n° 659/89 e do correspondente Certificado SDI/BEFIEX já juntados aos autos (does 02 e 03), verificase que, Fl. 396DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 397 4 dentre outros benefícios, foi assegurado à Requerente a compensação total ou parcial do prejuízo verificado em um período bases com o lucro real determinado nos seis períodos—base subseqüentes, desde que não distribuídos lucros ou dividendos aos seus sócios e acionistas, enquanto houver prejuízo a compensar, para efeito de apuração do imposto de renda. 2.6. Neste diapasão, em 20 de janeiro de 1995, foi editada a Lei n° 8.981, que alterou os requisitos necessários à compensação dos prejuízos fiscais apurados durante a vigência do Programa BEFIEX, como se pode ver do seu art. 95, abaixo transcrito para uma melhor análise: [...] 2.7. Assim, a teor de tal preceito normativo, os prejuízos fiscais apurados em um período base passaram a ser compensáveis nos seis anoscalendário subseqüentes, independentemente da distribuição de lucros e dividendos a sócios ou acionistas, mas desde que observando o disposto no art. 42 da referida Lei, que preceituava o seguinte: [...] 2.8. Desse modo, temse que, à luz da Lei 8.981/95, em sua redação original, as empresas titulares do Programa BEFIEX não mais precisavam atender à exigência de não distribuírem lucros para que pudessem compensar os prejuízos fiscais apurados; cujo aproveitamento, entretanto, foi limitado ao percentual de 30% do lucro líquido existente após a realização dos ajustes legais, em conformidade com disposto no caput do art. 42 da mencionada norma. 2.9. Posteriormente, a Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, através de seu art. 1°, conferiu nova redação ao art. 95 da Lei n° 8.981, excluindo a limitação de 30%, imposta pelo art. 42 daquele instrumento legal, para fins de compensação de prejuízo fiscal apurado por empresa titular do Befiex: [...] 2.10. Tanto é assim, que a Instrução Normativa SRF n° 11, de 21 de fevereiro de 1996, ao dispor sobre compensação de prejuízos fiscais, consignou expressamente em seu art.35, § 40, que o limite de 30% para redução do lucro líquido, para fins de apuração do lucro real, não se aplicava aos prejuízos fiscais apurados pelas empresas industriais titulares do Programa Befiex, aprovados até 3 de julho de 1993, nos termos do art. 95 da Lei n° 8.981 com redação conferida pela Lei n° 9.065, ambas de 1995, como se pode ver a seguir: 2.11. Vêse desse modo, que a nova roupagem conferida ao art. 95 da Lei 8.981/95 pela Lei 9.065/95, exigia apenas a titularidade do Programa Beflex, aprovado até 03/06/1993, para que o prejuízo fiscal apurado em um períodobase fosse compensável com lucro real auferido nos seis anoscalendário subseqüentes, retirandose, em definitivo, as iniciais restrições de distribuição de lucros a acionistas e sócios, e a limitação de redução deste em 30% do lucro real, para os fins compensatórios aqui tratados. 2.12 Pois bem. Tendo a Requerente apurado, no âmbito do Programa em questão, prejuízo fiscal nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, decidiu compensálos com o Lucro Real auferido no anocalendário de 2001, dentro, portanto, do limite temporal de compensação nos seis anoscalendário posteriores, como estabelecido no Decreto n° 2.433/88 com alterações posteriores. 2.13. Para tanto, informou no demonstrativo de apuração do Lucro Real contido na DIPJ de 2002, na Ficha 09A, linha 45, a compensação de parte do lucro apurado, no valor de R$69.021.585,65 [...], com os prejuízos fiscais acumulados, apurados nos anoscalendário acima citados, sem observar qualquer limitação a tal Fl. 397DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 398 5 compensação, por ser empresa industrial titular do Programa BEFIEX, concedido antes de 03/06/1993 (doc. 03). 2.14. Ocorre que o preposto fazendário, ao analisar a correição da apuração do Lucro Real auferido no anocalendário de 2001, para fins de verificação da existência de saldo negativo de IRPJ neste período, no bojo do processo de Restituição/Compensação n° 13502.000295/200790, entendeu por glosar a compensação integral dos prejuízos fiscais auferidos durante a vigência do Programa BEFIEX. 2.15. Para fundamentar tal glosa, alegou, dentre outros argumentos que serão oportunamente enfrentados, que tais prejuízos somente podiam ser integralmente compensados com o lucro real apurado no anocalendário de 2001 caso, neste ano, ainda estivesse em vigor o Programa BEFIEX deferido em prol da Requerente. A seu ver, como, no anocalendário de 2001, o prazo de vigência do Programa BEFIEX, concedido à Signatária, já tinha se esgotado, o direito a essa compensação integral já não mais lhe podia beneficiar, ainda que tais prejuízos tivessem sido aproveitados dentro dos seis anoscalendário posteriores ao da apuração, como ocorrido. 2.16. Assim, muito embora reconheça que os prejuízos fiscais apurados em 1996, 1997 e 1999, poderiam ter sido compensados com o lucro Real auferido no anocalendário de 2001, por este estar dentro do limite temporal permitido para a compensação de prejuízo, qual seja, nos seis anoscalendário subseqüentes ao da apuração do mesmo, conclui por indevida a compensação integral de tais prejuízos efetivada no citado anocalendário, em razão de ter sido feita fora da vigência do Programa BEFIEX outorgado à Requerente, que se encerrou em 31 de dezembro de 1999, como se pode ver do trecho da decisão aqui combatida: [...] 2.17. Da análise do Decisório sob análise, constatase que o preposto fazendário invoca, como fundamento jurídico da alegação ora vergastada, os ditames do § 2°, do art. 470, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 — RIR199 (Decreto 3.000, de 26 de março de 1999), que reproduz a dicção do art. 12 do DecretoLei n° 2.433/98, abaixo transcritos: [...] 2.18. Desse modo, realiza uma interpretação literal e restritiva dos supra transcritos dispositivos, para concluir que o beneficio compensatório de prejuízo fiscal apurado no âmbito do BEFIEX e assegurado aos seus titulares, somente poderia ser utilizado durante a vigência do mencionado Programa. 2.19. Ocorre que, esta não é a melhor, nem a correta interpretação que deve ser conferida ao art. 12 do Decretolei n° 2.488/88! 2.20. Primeiramente, e a fim de afastar a interpretação literal e restritiva realizada pelo preposto fiscal na decisão ora recorrida, não se pode perder de vista que a compensação/e prejuízo fiscal não consiste em isenção, a merecer interpretação tal. 2.21. Com efeito, nos termos do art. 175 do Código Tributário Nacional, a isenção é modo de exclusão do crédito tributário, sendo instrumento de exoneração legal de pagamento de tributos devidos. [...] 2.23. Por sua vez, a compensação de prejuízos fiscais implica em mero mecanismo, previsto na legislação de regência do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, de dedução ou abatimento do resultado negativo obtido em dado período do resultado positivo auferido em outro subsequente. Fl. 398DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 399 6 2.24. Deste modo, o legislador, por meio da compensação de prejuízos fiscais, permite que a pessoa jurídica contribuinte do IRPJ abata do lucro auferido o valor relativo ao prejuízo auferido em momento anterior, técnica esta que evidencia o efetivo acréscimo patrimonial experimentado num determinado período de tempo pelo sujeito passivo; acréscimo este que sofrerá, por conseguinte, a incidência do aludido imposto. 2.25. Não se trata, portanto, de isenção que exonere a pessoa jurídica do pagamento do IRPJ devido, já que a compensação de prejuízos é realizada antes mesmo da apuração do imposto devido pelo sujeito passivo, que reduzirá o seu lucro real mediante o aproveitamento dos prejuízos fiscais detidos, resultado sobre o qual fará incidir a alíquota do imposto em tela, para fins de apuração do montante por ele devido. 2.27. Não se constituindo a compensação de prejuízos fiscais em isenção, a norma constante do art. 12 do Decreto 2.433/88, que aborda o tema, não está adstrita às prescrições do art. 111 do Código Tributário Nacional, que determina a interpretação literal na seara das isenções tributárias. 2.28. Logo, a técnica jurídica recomenda que se analise com mais apuro o teor do propalado dispositivo legal e dos demais que regulam a matéria, lançando mão da hermenêutica jurídica como "o meio ou o modo por que se devem interpretar as leis, a fim de que se tenha delas o exato sentido ou fiel pensamento do legislador". 2.29. O sentido do art. 12 do referido Decreto passa indubitavelmente por uma análise finalística, que é aquele que atenta para o "espírito" da lei, ou seja, através desse método se busca identificar o objetivo da norma que instituiu o BEFIEX, eliminando as interpretações que possam parecer absurdas. 2.30. Ora, como já esclarecido acima, a finalidade perseguida pelo legislador ao criar tal programa foi o de modernizar o parque industrial brasileiro, além de incentivar as exportações. 2.31. De tal modo, não se pode tolher beneficio que foi outorgado aos titulares do programa justamente com esta finalidade, garantindo assim o incremento da produção industrial, ao fazêlo valer tão somente no período em que vigeu o aludido programa, pois tal raciocínio amesquinha e restringe o objetivo do legislador. 2.32. Vejamos. Se adotarmos, ao pé da letra, o quanto disposto no art. 12 aqui examinado, o beneficio conferido aos titulares do BEFIEX de compensar os prejuízos fiscais apurados durante o programa pelo prazo de seis anos cairia no absoluto vazio, tornandose ineficaz à maioria dos prejuízos fiscais apurados sob sua vigência, haja vista que, por exemplo, em um Programa aprovado por seis anos de duração, tal beneficio não alcançaria os prejuízos apurados já a partir do segundo ano 2.33. Tal problemática é refletida ainda com mais intensidade nos programas concedidos por maior prazo, como no caso da Requerente, em que o BEFIEX foi aprovado por 10 (dez) anos, de 29/12/1989 a 31/12/1999, tendo em vista que estariam imprestáveis à compensação os prejuízos auferidos pela Requerente a partir do quinto ano de vigência do Programa, o que tornaria sem sentido tal incentivo!! 2.34. Não se pode também deixar de observar as demais normas que cuidam do assunto para que se possa alcançar o verdadeiro objetivo do art. 12 do Decretolei n° 2.433/88. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 400 7 2.35. E, neste panorama, não se pode perder de vista que o art. 95 da Lei n° 8.981/95, com redação dada pela Lei n° 9.065/95, conforme anteriormente exposto, assegurava a compensação integral dos prejuízos fiscais auferidos enquanto em curso o BEFIEX com o lucro real determinado nos seis anoscalendário posteriores; não trazendo assim nenhuma outra restrição à compensação desses prejuízos fiscais. 2.36. Repisese que tais prescrições foram, inclusive, ratificadas pelo art. 35, §4° da IN SRF n° 11/96, que deixou ainda mais clara a inexistência de quaisquer limitações ao aproveitamento dos prejuízos fiscais apurados durante o BEFIEX. 2.37. Pelo aqui demonstrado, fica mais do que evidente o total descabimento da interpretação conferida ao art. 12 da Lei n° 8.981/95 pelo preposto fazendário, no sentido de que o prejuízo fiscal auferido pelo titular do BEFIEX somente é compensável durante a vigência deste. 2.38. Ora, não fosse isso suficiente, a simples leitura do art. 12 da Lei n° 8.981/95 e do art. 470, I e § 2° do RIR199 revela, com solar clareza, que tais dispositivos não determinam que o prejuízo fiscal suportado por titular de BEFIEX seria com pensável apenas com os LUCROS apurados durante a vigência desse Programa s conforme fez crer o decisório ora em combate. 2.39. Caso fosse essa a intenção de tais normas, a restrição supra apontada certamente não seria fruto de interpretação, estando, ao contrário, expressamente prevista pelo legislador, que vincularia a compensação de prejuízo fiscal apurado durante o BEFIEX ao Lucro apurado durante a sua vigência, e não nos seis anos calendário posteriores. 2.40. Desse modo, outro não pode ser o entendimento a ser aqui adotado senão o de que o referido art. 12 não limitou a compensação integral dos prejuízos fiscais apurados pelos titulares de tal Programa ao período em que vigente o BEFIEX, mas, sim, garantiu o direito destes ao beneficio de compensar os prejuízos que fossem auferidos durante a vigência do Programa. 2.41. Corroborando o posicionamento aqui defendido, o Conselho de Contribuintes já afastou, em diversas oportunidades, a interpretação literal do art. 12 da Lei 8.981/95, para reconhecer a possibilidade de compensação de prejuízo fiscal apurado durante a vigência do BEFIEX, mesmo após o seu término, como se pode ver das ementas abaixo transcritas: [...] 2.43. Diante disso, dúvidas não há de que: a) o art. 12 da citada Lei não pode ser interpretado literal e restritivamente para impedir a compensação integral de prejuízo fiscal suportado durante a vigência do Programa BEFIEX, pois tal entendimento acaba por fulminar o próprio beneficio; b) o referido artigo apenas garantiu a compensação daqueles prejuízos fiscais auferidos durante a vigência do BEFIEX; e c) tais prejuízos são compensáveis com lucro real apurado nos seis anoscalendário posteriores, mesmo após o término de tal programa. 2.44. Do exposto, resta demonstrada a total impropriedade da glosa efetuada pelo preposto fazendário, relativamente à compensação integral dos prejuízos fiscais apurados pela Requerente durante a vigência do BEFIEX com o Lucro Real do ano calendário de 2001, em vista da equivocada interpretação conferida ao referido art. 12 do Decretolei 2.433/88. Fl. 400DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 401 8 B) DA POSSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS EM EXERCÍCIOS EM QUE A PESSOA JURÍDICA DESFRUTE DE ISENÇÃO DO IMPOSTO. 2.45. Vencida a primeira premissa firmada pelo Preposto Fazendário para glosar a compensação integral dos prejuízos fiscais apurados em 1996, 1997 e 1999 com o lucro real apurado em 2001, verificase que resta outro argumento a ser combatido, que foi levantado com o fim de elidir a pretensão da Requerente. 2.46. Nos termos do referido decisório, constatase que o Preposto Fazendário tece afirmação no sentido de que, ainda que fosse possível a compensação integral de prejuízos fiscais após o término do Programa BEFIEX, não seriam compensáveis os prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrutou de isenção do imposto de renda por incentivo fiscal regional. 2.47. Por tal razão, a Autoridade Fiscal entendeu indevida a compensação dos prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, já que nestes períodos a Requerente gozava da isenção prevista no art. 13 da Lei n° 4.239/63, concedida pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste — SUDENE, através da Portaria DAI/IET n° 0320/95. 2.48. Tal posicionamento lastreouse no Manual de Orientação de Fiscalização da Receita Federal do Brasil, que aponta para o quanto disposto no Parecer CST n° 2.131/83, cujo teor foi reproduzido pelo Preposto Fazendário na decisão ora atacada: [...] 2.49. Como se vê, o raciocínio contido no aludido Parecer coloca o Poder Tributante na condição de "parceiro" das pessoas jurídicas de direito privado, na medida em que aquele participa dos resultados desta. 2.5 O. Deste modo, segundo o parecer, sempre que o resultado da pessoa jurídica é positivo, o Poder Tributante abocanha parcela deste, arrecadandoo; sendo que, quando tal resultado é negativo, o mesmo Poder participa deste resultando, desta vez permitindo sua compensação com os lucros futuros. 2.51. E, nestes termos, o Parecer CST n° 2.131/83 consigna que, todavia, não haveria direito à compensação de prejuízo fiscal apurado em um exercício com o lucro apurado em outro, quando o Poder Tributante deixasse de participar do resultado da pessoa jurídica. 2.52. De fato, o entendimento esposado no citado parecer possui uma lógica econômica, já que, se o Poder Tributante não participa do resultado positivo em razão de uma norma de isenção, não poderia participar também do resultado negativo. 2.53. No entanto, a despeito de possuir uma lógica econômica, tal posicionamento não possui qualquer respaldo jurídico, uma vez que não existe nenhuma norma posta no ordenamento jurídico que vede a compensação de prejuízo fiscal apurado em exercício em que a pessoa jurídica esteja beneficiada pela isenção. 2.54. Existia até uma disposição legal que caminhava nesse sentido, a qual se encontrava veiculada no art. 8°, do DecretoLei n° 2.429/88: [...] 2.55. Conforme se pode constatar, tal dispositivo legal vedava a compensação de prejuízo fiscal apurado em decorrência do exercício de atividades tributadas com uma alíquota maior com lucros decorrentes de atividades tributadas com uma alíquota menor e viceversa. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 402 9 2.56. De uma interpretação extensiva da referida norma, poderse ia até extrair algum substrato jurídico para o posicionamento firmado no Parecer CST n° 2.131/83, o qual, repitase, não admite a compensação prejuízo fiscal apurado em exercício que a pessoa jurídica esteja beneficiada pela isenção. 2.57. No entanto, tal disposição legal foi totalmente expurgada do ordenamento jurídico, com edição da Lei n° 9.430/96, que, no seu art. 88, inciso XV, revogou expressamente a aludida norma, nos seguintes termos: [...] 2.58. A revogação do comentado dispositivo legal deixa evidente que a ordem jurídica não alberga a restrição direcionada à compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute do benefício fiscal da isenção. 2.59. Ora, tal vedação apenas poderia ser imposta caso houvesse uma previsão legal dispondo nesse sentido, sob pena de afronta ao princípio da estrita legalidade e da tipicidade cerrada, amplamente consagrados no âmbito do Direito Tributário. 2.60. Inserto na seção atinente às "Limitações ao Poder de Tributar" constante do Texto Excelso, o princípio da estrita legalidade na seara tributária encontrase traduzido nos seguintes termos: [...] 2.62. Erigido a princípio constitucional basilar, a legalidade afeiçoase como um autêntico freio à possibilidade de intervenção direta do Estado na esfera do direito de propriedade dos particulares; daí a razoabilidade do extremado rigor aplicado ao seu cumprimento. 2.63. O princípio ora em comento, portanto, antes de se constituir em garantia conferida ao contribuinte contra atuação arbitrária do Estado, revelase como verdadeiro alicerce do Estado Democrático de Direito. 2.64. Corolário da legalidade, não se pode olvidar o princípio da tipicidade, segundo o qual o legislador deve promover a rigorosa definição do tipo tributário, a fim de resguardar a segurança jurídica, além de dar cumprimento ao comando genérico do artigo 5°, II da C.F./88. 2.65. Diante de tal prisma, o princípio da estrita legalidade, combinado com o da tipicidade cerrada, impõem ao poder legislativo a exclusiva função de prescrever, de forma exaustiva, todos os elementos da norma tributária. 2.66. Seguindo a esteira desse raciocínio, não se pode olvidar que o posicionamento firmado na decisão ora atacada, o qual lastreouse no Parecer CST n° 2.131/83, fere frontalmente o princípio da legalidade e da tipicidade cerrada, já que, conforme amplamente demonstrado, não existe qualquer norma legal que restrinja a possibilidade de compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute do beneficio fiscal da isenção. 2.67. Ora, se a lei não traz tal limitação, não poderia a Administração Pública tentar instituíla, valendose apenas de um raciocínio meramente econômico. 2.68. A rigor, se analisarmos as normas existentes e válidas no ordenamento jurídico pátrio, é possível perceber que existem, em verdade, normas que autorizam tanto a isenção (art. 13 da Lei n° 4.239/64), quanto a compensação integral de prejuízo fiscal, em razão de ser titular do Programa BEFIEX (art. 470 e 509 do Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/99). Fl. 402DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 403 10 2.69. Sendo assim, nada impede que o sujeito passivo exerça seu direito de compensar os prejuízos fiscais apurados durante o período em que gozava de isenção, já que o ordenamento silencia quanto à sua inviabilidade. 2.70. De tudo quanto expendido e demonstrado, forçoso concluir que, frente à legalidade, a Requerente possui o direito de compensar integralmente os prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, com o lucro real auferido em 2001, contrariamente ao quanto afirmado na decisão recorrida. C) DA POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DOS PREJUÍZOS FISCAIS DECORRENTES DE ATIVIDADES NÃO ISENTAS. 2.71. Conforme restou amplamente demonstrado nos tópicos precedentes, a Requerente possui o direito de compensar integralmente os prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, com o lucro real auferido no exercício relativo ao ano de 2001, tendo em vista que tal beneficio pode ser exercido mesmo após o término do BEFFEX, e considerando a total ilegalidade do Parecer CST n° 2.131/83, que veda a compensação de prejuízos fiscais gerados enquanto a pessoa jurídica usufrui de isenção. 2.72. No entanto, na remota hipótese dessa Douta Turma Julgadora não acolher os argumentos aventados no Item 2B, entendendo pela legalidade do raciocínio exposto no Parecer CST n° 2.131/83, o que obviamente não se espera, ainda assim os termos do despacho decisório ora atacado merecem ser reformados. 2.73. Isto porque, ao considerar que a Requerente não possuía o direito de compensar os comentados prejuízos fiscais, por desfrutar, à época da sua apuração, da isenção do imposto de renda concedida pela SUDENE, o Preposto Fiscal não se ateve para o fato de que este benefício não atinge a totalidade das atividades desenvolvidas pela Requerente. 2.74. Assim, desprezando completamente tal realidade, a Autoridade Fiscal entendeu que não seria compensável a integralidade dos prejuízos fiscais que a Requerente apurou nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, períodos em que gozava de incentivo fiscal regional de isenção apenas em relação à parte das atividades operacionais desempenhadas. 2.75. De fato, a Requerente desenvolve outras atividades não agraciadas pela isenção, dentre os quais se inserem algumas atividades operacionais, bem como a totalidade das atividades nãooperacionais. 2.76. Desta forma, mesmo entendendose pela aplicabilidade da restrição de se compensar prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto de renda, que, repisese, não possui qualquer respaldo jurídico, jamais poderia o Preposto Fazendário ter glosado a compensação dos prejuízos fiscais que não decorreram das atividades isentas. 2.78. Da análise das DIPJ's relativas aos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999 (Doc. 04), constatase que a Requerente apurou, nos referidos períodos, prejuízos decorrentes de atividades "operacionais não incentivadas" e "não operacionais", em valores equivalentes a R$20.888.784,10, R$4.911.294,16 e R$78.622.039,60, respectivamente, totalizando assim o montante de R$104.422.117,86, conforme demonstram claramente as planilhas anexas (Doc. 05). 2.79. Portanto, por não tratarem de prejuízos fiscais relacionados às atividades incentivadas, a compensação de tais valores nunca poderia ter sido negada pelo Fl. 403DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 404 11 Preposto Fazendário, uma vez que, mesmo que prosperasse a restrição defendida no Parecer CST n° 2.131/83, esta somente deve se limitar, por óbvio, aos prejuízos decorrentes das atividades incentivadas. [...] 2.81. modo, mesmo que se julgue legal a restrição imposta à compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute de beneficio fiscal, a Requerente possui o direito de compensar parte do valor acima exposto, no valor de R$ 72.584.987,30, a título de prejuízos fiscais decorrentes das atividades operacionais não incentivadas e daqueles gerados a partir das atividades não operacionais, com o lucro real auferido no período de apuração relativo ao ano calendário de 2001. 2.82. Há que se ressaltar ainda que este lucro real, no valor de R$143.025.641,15, foi todo gerado a partir de receitas nãooperacionais, não tendo a compensação realizada pela Requerente, portanto, desrespeitado a previsão constante no art. 511 do Regulamento do Imposto de Renda — RIR, que assim estabelece: [...] 2.83. Da análise da Ficha 06A — Demonstração do Resultado, da DIPJ/2002, constante às fls. 13 dos presentes autos, verificase que as receitas nãooperacionais auferidas pela Requerente se encontram assim compostas: FICHA 06A — DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 42. Receitas Alien. Bens/Direitos do Ativo Permanente 854.316,82 43. Outras Receitas NãoOperacionais 154.154.864,09 44. () Valor Contábil dos Bens e Direitos Alienados 5.108.232,75 45. () Outras Despesas NãoOperacionais 4.348.114,00 2.84. Como se vê, as receitas nãooperacionais auferidas pela Requerente no mencionado período totalizaram o valor de R$145.552.834,16, sendo superior ao lucro real apurado, o qual montou a quantia de R$143.025.641,15, conforme pode se verificar da Ficha 09A da DIPJ/2002, constante às fls. 16 dos presentes autos, pelo que se conclui que todo o lucro real foi gerado a partir das receitas nãooperacionais. 2.85. Tendo em vista, portanto, que a Requerente faz jus a compensar o montante de R$72.584.987,30, a título de prejuízos fiscais decorrentes das atividades operacionais não isentas e das nãooperacionais, com o lucro real auferido no período de apuração relativo ao anocalendário de 2001, mesmo que não seja acolhida a argumentação que aponta a ilegalidade da restrição defendida no Parecer CST n° 2.131/83, deve ser refeita a Ficha 12A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, da DIPJ/2002, nos seguintes termos: FICHA 12A — CÁLCULO DO IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL VALOR (R$) 01. A ALÍQUOTA DE 15% 10.566.098,08 03. ADICIONAL 7.020.065,39 DEDUÇÕES 05. () PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR 201.482,54 10. () ISENÇÃO E REDUÇÃO DO IMPOSTO 17.384.680,92 13. () IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE 231.129,10 18. IMPOSTO DE RENDA A PAGAR 231.129,15 Fl. 404DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 405 12 2.86. Conforme se verifica, após realizada a revisão do demonstrativo de apuração do imposto de renda, foi apurado um saldo negativo de IRPJ igual ao apurado na DIPJ/2002, pelo que o direito creditório pleiteado no presente processo compensatório deve ser totalmente reconhecido, em face dos sólidos argumentos aqui aduzidos. 3 DO DIREITO DA REQUERENTE À REDUÇÃO DE 37,5% DO IRPJ EM FACE DO SEU ENQUADRAMENTO DENTRE OS SETORES DA ECONOMIA CONSIDERADOS PRIORITÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL 3.1. Apesar do direito creditório já se encontrar totalmente resguardado em vista dos argumentos expostos nos Itens 2A, 2B e 2C, ainda assim cumpre demonstrar que o último dos argumentos sustentados pelo D. Preposto Fazendário para glosálo, relativo ao descabimento da dedução da redução de 37,5% do IRPJ devido, também não merece prosperar. 3.2. Consoante exposto no intróito fático, o preposto fazendário, ao averiguar a correição do procedimento de apuração do Saldo Negativo de Imposto de Renda em 2001, a partir da análise da origem das deduções constantes das linhas 10 e 13 da FICHA 12A da DIPJ/2002 (Isenção/Redução e IRRF), não acolheu a dedução realizada a título de redução de 37,5% do imposto, discriminada na linha 25 da aludida Ficha 10, no valor de R$ 3.767.380,70, sob o argumento de que a Requerente não comprovou possuir direito ao gozo de tal beneficio, por não ter apresentado Despacho Decisório emitido pela RFB e Laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional, reconhecendo o beneficio em apreço. 3.3. Buscando fundamentar tal entendimento, assevera que o beneficio da redução de 37,5%, inicialmente previsto no § 2° do art. 3° da Lei n° 9.532/97, foi extinto pelo art. 2° da Medida Provisória n° 2.19914, de 24 de agosto de 2001, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de janeiro de 2001, exceto para aquelas empresas consideradas prioritárias, pelo Poder Executivo, para o desenvolvimento regional. 3.4. Desse modo, aduz que o direito ao referido beneficio deveria então ser reconhecido pela Receita Federal do Brasil RFB, com base, inclusive, em Laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional, a teor do disposto no caput do art. 3° do Decreto n° 4.213, de 26 de abril de 2002. 3.5. Ocorre, todavia, que o entendimento exposto pela Autoridade fazendária para justificar a glosa da dedução da parcela relativa à redução de 37,5% do IRPJ encontrase manifestamente equivocado desprovido de suporte lógicojurídico, conforme restará a seguir demonstrado. 3.6. Com efeito, a Lei n° 4.239/64, que aprovou o Plano Diretor do Desenvolvimento do Nordeste, instituiu os incentivos fiscais de: a) isenção do Imposto de Renda e adicionais não restituíveis, destinado àqueles empreendimentos industriais ou agrícolas que se instalassem, modernizassem ou se ampliassem, nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM, e o de b) redução desse imposto e adicionais, para aqueles outros empreendimentos que já estivessem em operação na área de atuação da SUDENE ou SUDAM quando da sua publicação. 3.7. Assim, dispôs em seu art. 13 que as empresas industriais ou agrícolas que se instalassem, modernizassem, ampliassem ou se diversificassem, nas áreas da Fl. 405DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 406 13 SUDAM ou SUDENE, até o exercício de 1982, ficariam isentas do Imposto de Renda e adicionais não restituíveis incidentes sobre seus resultados operacionais, pelo prazo de 10 anos. 3.8. Para tanto, a teor do art. 16 da citada Lei, a SUDENE deveria emitir, em favor das empresas interessadas, declaração de que estas satisfaziam as condições exigidas para o gozo do beneficio de isenção, documento que instruiria, por sua vez, processo de reconhecimento pelo Diretor da Divisão do Imposto de Renda. 3.9. Assim, de acordo com as prescrições acima expostas da Lei n°4.239/64, para que as empresas industriais situadas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE fizessem jus ao beneficio da isenção do imposto e adicionais não restituíveis, prevista no mencionado art. 13, era necessário que estas tivessem se instalado, modernizado, ampliado ou se diversificado até o ano de 1982, obtendo declaração de tais órgãos de que satisfaziam aos requisitos impostos pela legislação para o gozo do incentivo fiscal. 3.10. Posteriormente, no entanto, o prazo inicialmente estabelecido pelo art. 13 da Lei n° 4.239/64 para a instalação, modernização, ampliação e diversificação dos empreendimentos situados nas áreas de atuação da SUDENE ou SUDAM, para fins de gozo do beneficio da isenção do IRPJ, foi prorrogado sucessivas vezes no tempo: a) até 1985, pelo art. 1° do Decretolei n° 1.898/81, b) até 1988, pelo art. 59 da Lei 7.450/85, c) posteriormente até 1993, pelo art. 1° do Decretolei n° 2.454/88, e finalmente, d) até o ano de 2000, pelo art. 2° da Lei 8.874/94. 3.11. Neste contexto, a Salgema Indústrias Químicas S.A, empresa que se encontrava situada em Maceió, Alagoas área de atuação da SUDENE promoveu no ano de 1990 e seguintes, a ampliação de sua capacidade produtiva, preenchendo assim as exigências necessárias ao gozo do beneficio da isenção em questão, que lhe foi concedida em 18 de julho de 1991, através da Portaria DAYPTE — 0294/91, retific da, posteriormente, pelas Portarias DAI/PTE — 242/92 e 243/92 (docs. 06). 3.12. Conforme se verifica das aludidas portarias (docs. 04 e 05), foi reconhecido em favor da Salgema o direito à isenção do Imposto de Renda incidente sobre o lucro da exploração das atividades de fabricação de CLORO e SODA CÁUSTICA, pelo período de 10 anos, iniciados no exercício fiscal de 1991, ano base de 1990, e com término no exercício de 2000, ano base 1999. 3.13. Em 12.12.1996, a Salgema Indústrias Químicas foi incorporada pela Trikem S.A (doc.07), tendo sido tal direito transferido para a sua incorporadora. 3.14. Isto porque, concretizada a incorporação, há que se reconhecer o desaparecimento da empresa incorporada, passando a existir tão somente a incorporadora, que sucede a primeira em todos os direitos e obrigações, de acordo com o que dispõe os arts. 227 da Lei n° 6.404/76 e 1.116 do Código Civil: [...] 3.15. Deste modo, tendo havido a continuação de fato da sociedade incorporada, através da incorporadora, esta absorve, necessária e indispensavelmente, também o direito à isenção assegurado pelas Portarias supra, emitidas pela SUDENE. 3.16. Neste diapasão, a Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, em seu art. 3°, extinguiu o referido beneficio fiscal de isenção, previsto pelo art. 13 da Lei n° 4.239/63, para os projetos de instalação, ampliação, modernização e diversificação que fossem aprovados a partir de janeiro de 1998, os quais passariam a ser beneficiados apenas com a redução do imposto de renda e adicionais não Fl. 406DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 407 14 restituíveis, em percentuais variáveis no decorrer do tempo, de 75%, 50% e 25%, exceto para os projetos anteriores, como se pode ver abaixo: [...] 3.17. Desse modo, os benefícios fiscais de isenção anteriormente concedidos às empresas situadas nas áreas de atuação da SUDENE, em razão da implementação dos mencionados projetos (instalação, modernização, ampliação e diversificação), não foram atingidos pelas prescrições do citado dispositivo normativo da Lei. n° 9.532/97, estando assegurado o gozo de tal isenção pelo prazo em que concedidas pela SUDENE. 3.18. Sendo assim, a antiga Trikem, empresa incorporada pela Requerente em 15.01.2004 (doc. 08), que a sucedeu em todos os seus direitos e obrigações como acima exposto, desfrutou da isenção do Imposto de Renda incidente sobre o lucro das suas atividades incentivadas (produção de Cloro e Soda Cáustica) e da qual, ressaltese, tirou proveito em parte, em percentual correspondente a 37,5% até o anocalendário de 1999, quando terminou o prazo de 10 anos do incentivo que lhe foi concedido; após o que passou a se subsumir à hipótese prevista no art. 14 da Lei n° 4.239/63, que prescreveu o seguinte: [...] 3.19. Da leitura do dispositivo retro, temse que o beneficio da redução do imposto de renda e adicionais era assegurado àquelas empresas industriais que estivessem operando na área de atuação da SUDENE. 3.20. Observese que, do mesmo modo como ocorrido com o prazo estabelecido para a concessão do beneficio isentivo, o prazo inicialmente previsto pelo citado artigo para a concessão da redução de 50% do Imposto de Renda, em tela, foi estendido diversas vezes, da seguinte forma: > Até 1978, pelo art. 35 da Lei n° 5.508/98; > Até 1985, pelo art. 2° do Decretolei n° 1.898/81; > Até 1989, pelo art. 58 da Lei n° 7.450/85; > Até 1994, pelo art. 2° do Decretolei n° 2.454/88; D Até 2001, pelo art. 2° da Lei n° 8.874/94 3.21. Posteriormente, o referido art. 30 da Lei n° 9.532/97, em seu §2°, modificou o percentual do beneficio de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis em questão, previsto originalmente pelo art. 14 da mencionada norma em 50%, que passou a ser calculado da seguinte forma: I. 37,5% (trinta e sete e meio por cento), a partir de 1° de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2003; II. 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1° de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2008; III. 12,5% (doze e meio por cento), a partir de 10 de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2013. 3.22. Verificase, desse modo, que, com o término do beneficio de isenção em 1999, a Trikem, incorporada pela ora Requerente, passou automaticamente a gozar, a partir do ano base de 2000, do referido beneficio fiscal da redução do imposto de renda e adicionais não restitufveis, com base na extensão promovida pelo art. 2° da Lei n° 8.874/94, no percentual de 37,5%, previsto pelo inciso I, do § 2°, do art. 30 da Lei n° 9.532/97, em virtude de estar em operação em área de atuação da SUDENE. Fl. 407DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 408 15 3.23. Isto porque, à luz do art. 14 da Lei n° 4.239/63, bastava que a empresa industrial estivesse operando em área de atuação da SUDENE para fazer jus à mencionada redução. 3.24. Neste particular, cumpre pontuar, que as citadas Portarias (docs. 06) expedidas pela SUDENE para fins de reconhecimento do direito à isenção do imposto, em razão da ampliação produtiva que promoveu, já haviam reconhecido que a antiga Salgema se tratava de empresa industrial situada em uma área de atuação da SUDENE, vez que tal constatação também era necessária para concessão da referenciada isenção. 3.25. Diante disso, obviamente, se tornou desnecessário um novo pronunciamento da SUDENE e da SRF, com vistas à expedição de uma declaração formal de que a Trikem, sucessora da Salgema, e incorporada pela Requerente, se situava em área de sua atuação, para que gozasse da redução em tela. 3.26. Mesmo porque tais atos tinham caráter meramente declaratório e não constitutivo, como poderia parecer, pois o próprio art. 16 da Lei 4239/64 o definia como tal. [...] 3.27. Ademais, já tendo a empresa atendido a requisitos mais extensos e rigorosos para fins de reconhecimento do direito à isenção do imposto de renda seria desnecessário passar por novo processo, para que lhe fosse declarado o direito, desta v z, à redução, cujos requisitos, por sua vez, eram muito menos rigorosos. 3.28. Ocorre, todavia, que no próprio ano de 2000, foi editada a Medida provisória n° 2.058, de 23 de agosto de 2000, a qual extinguiu, em seu art. 2°, o beneficio da redução aqui discutida, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1° de janeiro de 2001, exceto para aqueles empreendimentos atinentes aos setores da economia que viessem a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional. [...] 3.29. Com vistas à manutenção da extinção parcial do beneficio da redução nos termos da citada Medida Provisória, esta foi reeditada sucessivas vezes, até a edição da MP n°2.19914, de 24.08.2001. 3.30. Neste diapasão, em 26 de abril de 2002, foi editado o Decreto n° 4.213, definindo os setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da então i\SUDENE, para os fins de gozo do benefício de redução do imposto de renda. 3.31. Assim, tal Decreto estabeleceu, no inciso VI, "e", do art. 2°, como empreendimentos prioritários, dentre outros, aqueles situados no setor da indústria da transformação de materiais químicos e petroquímicos; materiais plásticos; produção de petróleo e seus derivados. [...] 3.32. Diante disso, a Trikem, incorporada pela ora Requerente, em vista de se encontrar enquadrada no setor químico e petroquímico, foi considerada automaticamente como empreendimento prioritário para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da SUDENE, tendo, assim, sido mantido, desde 2001, o seu beneficio fiscal de redução do imposto de renda, nos termos do art. 2° da MP n° 2.19914/01 (2.058/00). 3.33. Constatase, desse modo, que, para a Trikem, incorporada pela Requerente, o beneficio da redução do imposto de renda a que fazia jus, em virtude de se encontrar em operação em área de atuação da SUDENE, em nenhum momento Fl. 408DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 409 16 restou extinto, pois a norma acima citada é clara ao dispor que a extinção de tal beneficio não alcançaria as empresas integrantes dos setores da economia que viessem a ser considerados prioritários pelo Poder Executivo s conforme se verifica in casu. 3.34. Assim é que, muito embora os setores prioritários para o desenvolvimento regional tenham somente sido definidos pelo Decreto n° 4.213 em 2002, suas prescrições devem ser indubitavelmente aplicadas retroativamente ao ano de 2000, quando a primeira Medida Provisória, qual seja a MP n° 2.058/00, estabeleceu em seu art. 20 a extinção da redução em questão, bem como as exceções a esta extinção. 3.35. Ora, nobres julgadores, o raciocínio é obvio e lógico. Se o beneficio da redução aqui tratado não foi extinto para as empresas constantes dos setores da economia que viessem a ser considerados prioritários para o desenvolvimento regional pelo Poder Executivo, de acordo com a exceção estabelecida por tal MP, a definição posterior desses setores pelo supra citado Decreto regulamentar só poderia ser aplicada para alcançar a prescrição contida naquela MP, que trouxe a regra de extinção da redução e sua exceção, sob pena de tornar inócua tal norma. 3.36. Tanto é esse o entendimento, que o próprio preposto fazendário lança mão de tal decreto para justificar a glosa do percentual deduzido do imposto de Renda do anocalendário de 2001 a título de redução, no percentual de 37,5%. [...] 3.37. Ocorre que a Autoridade Fazendária exige, para o gozo do direito ao beneficio de redução do Imposto de Renda, a apresentação de Laudo Constitutivo, emitido pelo Ministério da Integração Nacional, e de Despacho Decisório da RFB reconhecendoo, amparandose para tanto no art. 3° do Decreto em referência: [...] 3.38. De fato, o art. 3° do Decreto em apreço trata do reconhecimento do beneficio da redução do imposto de renda e adicionais não pela RFB, com base em Laudo do Ministério da Integração Nacional. Contudo, não se pode perder de vista que tal decreto tem função meramente regulamentar, devendo dispor em consonância com os termos da norma regulamentar, sob pena de transgredila e usurpar sua competência. 3.39. E, nesta perspectiva, ao atinarmos para as disposições constantes da Medida Provisória que prorrogou a redução do IRPJ, verificase que esta elegeu como requisito para a continuidade do beneficio apenas e tão somente a empresa estar enquadrada dentre os setores considerados prioritários para o desenvolvimento regional, através de ato do Poder Executivo. 3.40. Isto contudo não foi observado pelo decreto regulamentar em comento, que trouxe esse novo requisito ao gozo de tal direito. 3.41. No entanto, a ausência dos documentos referidos no citado Decreto não pode consistir em óbice ao gozo de um beneficio que a Requerente já possuía!!! 3.42. Isto porque, a exigência de Laudo e de Despacho Decisório da Receita Federal do Brasil reconhecendo o direito ao beneficio da redução de 37,5% do imposto de renda, neste caso, decorre de mero FORMALISMO, uma vez que Trikem, incorporada pela Requerente, já usufruía, desde o anocalendário de 2000, de tal redução, antes mesmo da edição da mencionada ATP, a partir de quando então o referido benefício foi apenas mantido, ante a constatação de que se enquadrava dentre os empreendimentos considerados prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas da SUDENE, à luz do art. 2°, VI, "e", do Decreto em destaque. Fl. 409DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 410 17 3.43. Acrescentese a isso o fato de a Receita Federal do Brasil não depender da mencionada documentação para verificar se determinado empreendimento preenche o requisito elencado no art. 2° da MP n°2.19914/01 (MP n° 2.058/00)!!! Para tanto, os prepostos fazendários, valendose de sua competência fiscalizatória, tem o poderdever de averiguar se o setor correspondente ao empreendimento da Requerente foi ou não considerado prioritário para fins de gozo da redução do imposto, pelo art. 2° do Decreto n° 4.213/02. 3.44. Deste modo, não se pode imputar ao contribuinte o mister de provar que atende o requisito imposto pela MP como condição para o gozo do beneficio ali previsto, se o cumprimento de e requisito pode ser facilmente verificado pelo Fisco por meio de fiscalização. 3.45. Isto posto, concluise que a ausência dos documentos exigidos pela Receita Federal do Brasil não é suficiente para afastar o gozo do direito ao beneficio da redução a que faz jus a Trikem, empresa incorporada pela Requerente, e cujo saldo negativo de IRPJ deu causa ao presente feito administrativo, em virtude desta ter sido considerada empreendimento prioritário ao desenvolvimento regional, na área de atuação da extinta SUDENE, amoldandose, assim, aos ditames do art. 2° da MP n° 2.19914/01 (MP n° 2.058/00). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: 3.1. A Requerente pugna para que essa Egrégia Turma reforme a decisão recorrida, para que seja reconhecido o seu direito creditório no valor histórico total de R$ 231.129,10 (duzentos e trinta e um mil, cento e vinte e nove reais e dez centavos), declarado da DIRPJ/2002 referente ao anocalendário de 2001; com a conseqüente homologação da compensação da parte do crédito não reconhecido em primeira instância no valor de R$358.157, 65 [...], com o débito de CPMF relativa à 5ª semana de dezembro de 2004, tendo em vista que: a) A Requerente podia aproveitar os prejuízos fiscais apurados durante a vigência do Programa BEFIEX, nos seis anoscalendário subsequentes à sua apuração, mesmo após o seu término (Item 2 A); b) O entendimento exposto no Parecer n° 2.131/83 afigurase ilegal, não tendo base em lei, ferindo assim o princípio da legalidade (Item 2B). 5.2. Na remota hipótese dessa Ilustre Junta não acatar os argumentos constante do Item 2B, ainda assim, a Requerente pugna para que seja reformada a decisão ora recorrida, sendo reconhecido o crédito supra mencionado e o direito à sua integral compensação, tendo em vista que, conforme exposto no Item 2C, os prejuízos não operacionais e os operacionais não isentos, apurados em 1996, 1997 e 1999, podem ser compensados com o lucro real apurado em 2001. 5.3. Outrossim, a Requerente requer que seja reconhecido seu direito de deduzir 37,5% do IRPJ apurado em 2001, em vista do beneficio de redução de que é titular, por se encontrar na área de atuação da SUDENE e ser integrante dos setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, sendo dispensável e ilegal a exigência de apresentação de laudo do Ministério da Integração Nacional e Despacho Decisório da Receita Federal do Brasil, como exposto no Item 3. Fl. 410DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 411 18 Está registrado como ementa do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/SDR/BA nº 15.16.271, de 16.06.2008, fls. 310321: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. Mantémse o indeferimento do pedido de restituição e a não homologação da compensação declarada, em face da inexistência do saldo negativo informado na DIPJ. Solicitação Indeferida Notificada em 27.08.2008, fl. 324, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 26.09.2008, fls. 340382, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: 2— DA NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA EM RAZÃO DA PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA DO CONTRIBUINTE. 2.1. Antes de adentrar à análise do mérito do Recurso, cumpre à Recorrente destacar que a decisão recorrida não merece subsistir, em vista da sua patente nulidade, a qual restará demonstrada a seguir. 2.2. Conforme explanado no tópico anterior, o saldo negativo de IRPJ apurado relativamente ao ano calendário de 2001, no valor de R$231.129,10, foi originado, em parte, em razão da compensação integral de prejuízos fiscais, em vista de ser a empresa incorporada titular do BEFIEX. 2.3. No entanto, o preposto fazendário responsável pela análise da Declaração de Compensação apresentada para fins de aproveitamento do Saldo Negativo de IRPJ entendeu indevido o referido procedimento, glosando, por conseguinte, a compensação dos prejuízos fiscais sob o argumento de que: (i) teria sido realizada fora do prazo de vigência do programa BEFIEX, o qual se estendeu, no caso da Recorrente, até 31.12.1999, dando a entender que esta compensação não poderia ter ocorrido sem obediência à trava legal de 30%; e (ii) ainda que fosse possível, não seriam compensáveis os prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto de renda em razão de incentivo fiscal regional. 2.4. Em vista do indeferimento do seu direito creditório e da não homologação da compensação realizada com o aludido saldo negativo, a Recorrente apresentou tempestiva manifestação de inconformidade, alegando, em síntese: a) a possibilidade de compensação dos prejuízos fiscais apurados durante a vigência do programa BEFIEX nos seis anoscalendário subseqüentes, mesmo após o término do programa; b) a possibilidade da compensação integral de prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto, tendo em vista a inexistência de fundamento legal apto a proibir tal procedimento; Fl. 411DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 412 19 c) subsidiariamente, apenas para a hipótese de não restar acolhido o argumento supra relatado, sustentou a possibilidade de compensação dos prejuízos fiscais originados a partir de atividades não operacionais e das operacionais não incentivadas; e por fim d) o direito da Recorrente à redução de 37,5% do IRPJ em face do seu enquadramento dentre os setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional. 22.5. Entretanto, a 2ª Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Camaçari — BA, através do Acórdão n° 1516.271 indeferiu a manifestação de inconformidade apresentada pela Recorrente, asseverando que os argumentos apresentados já haviam sido apreciados na oportunidade do julgamento da impugnação apresentada contra o Auto de Infração 13502.000689/200748, lavrado em decorrência do Despacho Decisório n° 0220/2007; quando restou decidido que existia saldo de imposto a pagar, e não saldo negativo de IRPJ, [...] 2.6. Do quanto até aqui exposto já é possível concluir que o Acórdão ora guerreado justificou a não homologação da compensação valendose apenas dos argumentos erigidos pela 2 a Turma de Julgamento da DRJ no Acórdão n° 15 16.206; partindo da premissa de que tudo quanto alegado pela ora Recorrente havia sido devidamente analisado naquele julgado. 2.7. Ocorre, entretanto, que a ilustre Turma de Julgamento, ao adotar tal conduta, não atentou para o fato de que foram argüidos, em sede de manifestação de inconformidade, alguns argumentos que não foram sustentados na impugnação ao auto de infração n° 13502.000689/200748, quais sejam: a) a lisura da compensação integral de prejuízos fiscais apurados mesmo em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto, em vista da ausência de fundamento legal que vede tal procedimento; e b) por amor ao debate, vislumbrando a possibilidade remota de não ser acolhido o quanto acima descrito, sustentou ainda possibilidade de compensação dos prejuízos fiscais originados a partir de atividades não operacionais e das operacionais não incentivadas. 2.8. E, como tais argumentos não foram suscitados na citada impugnação, obviamente que não poderiam ter sido analisados pela Turma julgadora na ocasião do seu julgamento. 2.9. Sendo assim, a 2ª Turma, pautandose apenas nos fundamentos contidos no propalado Acórdão, negligenciou os robustos argumentos levantados pela Recorrente em sua manifestação de inconformidade, desatendendo assim ao quanto disposto no art. 31 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências. [...] 2.10. Com efeito, o dispositivo acima impõe à autoridade fazendária não apenas o dever de se referir aos argumentos aduzidos pelo sujeito passivo em sua defesa, mas também o de enfrentálos expressamente, explicitando os motivos que, eventualmente, revelem sua eventual discordância com estes. 2.11. Mesmo porque, somente o cumprimento de tal mandamento garante ao sujeito passivo o exercício, de forma plena, do seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Fl. 412DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 413 20 2.12. Portanto, não pode a autoridade fazendária se escusar de analisar argumento suscitado pelo sujeito passivo em sua defesa, sob pena de infringir o artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal, que garante aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 2.13. E, justamente com o propósito de salvaguardar tal garantia, é que o Decreto 70.235/72 comina a pecha de nulo ao julgamento que pretere direito de defesa, nos termos do art. 59, inciso II, [...] 2.12. Portanto, não pode a autoridade fazendária se escusar de analisar argumento suscitado pelo sujeito passivo em sua defesa, sob pena de infringir o artigo 5°, inciso LV, da Constituição Federal, que garante aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 2.13. E, justamente com o propósito de salvaguardar tal garantia, é que o Decreto 70.235/72 comina a pecha de nulo ao julgamento que pretere direito de defesa, nos termos do art. 59, inciso II, [...] 2.17. Sob esta ótica, fica claro que a decisão ora guerreada acabou por cercear o direito de defesa da Recorrente, na medida em que silenciou sobre dois argumentos essenciais ao deslinde da causa, erigidos por ocasião da apresentação de manifestação de inconformidade. 2.18. Diante do exposto, afigurase imperiosa a necessidade da declaração de nulidade da decisão recorrida, tendo em vista a não apreciação pelos julgadores "a quo" de pontos capitais, suscitados na Manifestação de Inconformidade, caracterizando a hipótese prevista no art. 59, inciso II, do Decreto n° 70.235/72. 2.19. Todavia, apenas por cautela, na remota hipótese de os argumentos ora expostos não encontrarem guarida junto à esse Emérito Órgão Julgador, verificase que no mérito a decisão recorrida não encontrará melhor sorte, conforme a Recorrente passará a demonstrar. 3 DA GLOSA QUANTO À COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS APURADOS DURANTE O BEFIEX A) Possibilidade de compensação de prejuízos fiscais apurados durante a vigência do Programa BEFIEX nos seis anoscalendário subsequentes, mesmo após o término do Programa. 3.1. Conforme sinalizado na descrição dos fatos, em 19/12/1989, a ora Recorrente firmou com a União Federal, o Termo de Compromisso n° 659/89, por meio do qual se tornou titular do Programa Especial de Exportação — BEFIEX, com vigência a partir de 29/12/1989, e o qual vigorou até 31/12/1999. 3.2. O Programa BEFIEX consistia em instrumento de política industrial, tendo por objetivo a modernização e o aumento da competitividade do parque industrial do País. 3.3. De acordo com a legislação de regência do referido programa vigente à época, qual seja, o Decreto Lei n° 2.433/88 e o Decreto regulamentar n° 96.760/88, tal programa tinha por finalidade o incremento das exportações e a obtenção de saldo global acumulado positivo de divisas, mediante a celebração de compromissos firmados por empresas exportadoras com a União. Fl. 413DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 414 21 3.4. Às indústrias titulares de tal programa de exportação, podiam ser concedidos os seguintes benefícios, nos termos do art. 8° do Decreto Lei n° 2.433/88: Isenção ou redução de 90% (noventa por cento) do Imposto de Importação incidente sobre máquinas, equipamentos, aparelhos, instrumentos e materiais, e respectivos acessórios e ferramentas, destinados a integrar o ativo imobilizado de empresas industriais; Isenção ou redução de 50% (cinqüenta por cento) de Imposto de Importação e sobre Produtos Industrializados incidentes na importação de matérias primas, produtos intermediários, componentes e peças de reposição; Compensação total ou parcial dos prejuízos verificados nos períodosbase subseqüentes, desde que não sejam distribuídos lucros ou dividendos a seus sócios ou acionistas enquanto houver prejuízos a compensar, para efeitos de apuração do imposto de renda; Isenção do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante, relativo aos bens importados com os benefícios de que tratam os itens I e II; Depreciação acelerada das máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos novos, de produção nacional, utilizados no processo de produção e em atividades de desenvolvimento tecnológico industrial, para efeitos de apuração do imposto de renda. 3.5. Da análise do Termo de Compromisso n° 659/89 e do correspondente Certificado SDI/BEFIEX já juntados aos autos, verificase que, dentre outros benefícios, foi assegurado à Recorrente a compensação total ou parcial do prejuízo verificado em um período base, com o lucro real determinado nos seis períodos— base subseqüentes, desde que não distribuídos lucros ou dividendos aos seus sócios e acionistas, enquanto houvesse prejuízo a compensar, para efeito de apuração do imposto de renda. 3.6. Neste diapasão, em 20 de janeiro de 1995, foi editada a Lei n° 8.981, que alterou os requisitos necessários à compensação dos prejuízos fiscais apurados durante a vigência do Programa BEFIEX, como se pode ver do seu art. 95, abaixo transcrito para uma melhor análise: [...] 3.7. Assim, a teor de tal preceito normativo, os prejuízos fiscais apurados em um período base passaram a ser compensáveis nos seis anoscalendário subseqüentes, independentemente da distribuição de lucros e dividendos a sócios ou acionistas, mas desde que observando o disposto no art. 42 da referida Lei, que preceituava o seguinte: [...] 3.8. Desse modo, temse que, à luz da Lei 8.981/95, em sua redação original, as empresas titulares do Programa BEFIEX não mais precisavam atender à exigência de não distribuírem lucros para que pudessem compensar os prejuízos fiscais apurados; cujo aproveitamento, entretanto, foi limitado ao percentual de 30% do lucro líquido existente após a realização dos ajustes legais, em conformidade com disposto no caput do art. 42 da mencionada norma. 3.9. Posteriormente, a Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995, através de seu art. 1 0, conferiu nova redação ao art. 95 da Lei n° 8.981, excluindo a limitação de 30%, imposta pelo art. 42 daquele instrumento legal, para fins de compensação de prejuízo fiscal apurado por empresa titular do Befiex: [...] Fl. 414DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 415 22 3.10. Tanto é assim, que a Instrução Normativa SRF n° 11, de 21 de fevereiro de 1996, ao dispor sobre compensação de prejuízos fiscais, consignou expressamente em seu art.35, § 4°, que o limite de 30% para redução do lucro líquido, para fins de apuração do lucro real, não se aplicava aos prejuízos fiscais apurados pelas empresas industriais titulares do Programa Befiex, aprovados até 3 de julho de 1993, nos termos do art. 95 da Lei n° 8.981 com redação conferida pela Lei n° 9.065, ambas de 1995, como se pode ver a seguir: [...] 3.11. Vêse desse modo, que a nova roupagem conferida ao art. 95 da Lei 8.981/95 pela Lei 9.065/95, exigia apenas a titularidade do Programa Befiex, aprovado até 03/06/1993, para que o prejuízo fiscal apurado em um períodobase fosse compensável com lucro real auferido nos seis anoscalendário subseqüentes, retirandose, em definitivo, as iniciais restrições de distribuição de lucros a acionistas e sócios, e a limitação de redução deste em 30% do lucro real, para os fins compensatórios aqui tratados. 3.12 Pois bem. Tendo a Recorrente apurado, no âmbito Cio Programa em questão, prejuízo fiscal nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, decidiu compensálos com o Lucro Real auferido no anocalendário de 2001, dentro, portanto, do limite temporal de compensação nos seis anoscalendário posteriores, como estabelecido no Decreto n° 2.433/88 com alterações posteriores. 3.13. Para tanto, informou no demonstrativo de apuração do Lucro Real contido na DIPJ de 2002, na Ficha 09A, linha 45, a compensação de parte do lucro apurado, no valor de R$ 69.021.585,65, com os prejuízos fiscais acumulados, apurados nos anoscalendário acima citados, sem observar qualquer limitação a tal compensação, por ser empresa industrial titular do Programa BEFIX, concedido antes de 03/06/1993. [...] 3.14. Ocorre que o preposto fazendário, ao analisar nesses autos a correção da apuração do Lucro Real auferido no anocalendário de 2001, para fins de verificação da existência de saldo negativo de IRPJ neste período, entendeu por glosar a compensação integral dos prejuízos fiscais auferidos durante a vigência do Programa BEFIEX. 3.15. Para fundamentar tal glosa, alegou, dentre outros argumentos que serão oportunamente enfrentados, que tais prejuízos somente podiam ser integralmente compensados com o lucro real apurado no anocalendário de 2001 caso, neste ano, ainda estivesse em vigor o Programa BEFIEX deferido em prol da Recorrente. A seu ver, como, no anocalendário de 2001, o prazo de vigência do Programa BEFIEX, concedido à Signatária, já tinha se esgotado, o direito a essa compensação integral já não mais lhe podia beneficiar, ainda que tais prejuízos tivessem sido aproveitados dentro dos seis anoscalendário posteriores ao da apuração, como ocorrido. 3.16. Assim, muito embora reconheça que os prejuízos fiscais apurados em 1996, 1997 e 1999, poderiam ter sido compensados com o lucro Real auferido no anocalendário de 2001, por este estar dentro do limite temporal permitido para a compensação de prejuízo, qual seja, nos seis anoscalendário subseqüentes ao da apuração do mesmo, concluiu por indevida a compensação integral de tais prejuízos efetivada no citado anocalendário, em razão de ter sido feita fora da vigência do Programa BEFIEX outorgado à Recorrente, que se encerrou em 31 de dezembro de 1999. 3.17. O referido entendimento foi mantido pela 2ª Turma de Julgamento Fiscal da Delegacia de Julgamento da Receita Federal em Salvador, ao proferir o Acórdão n° 1516.206 nos autos do processo administrativo originado com a Fl. 415DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 416 23 lavratura do auto de infração 13502.000689/200748, e o qual acabou servindo de fundamento para o Acórdão ora combatido, [...] 3.18. Da análise do Acórdão sob análise, constatase que a 2a Turma de Julgamento da DRJ/SDR invoca, como fundamento jurídico da alegação ora vergastada, os ditames do § 2°, do art. 470, do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 — RIR/99 (Decreto 3.000, de 26 de março de 1999), que reproduz a dicção do art. 12 do DecretoLei n° 2.433/98, [...] 3.19. Desse modo, realiza uma interpretação literal e restritiva dos supra transcritos dispositivos, para concluir que o beneficio compensatório de prejuízo fiscal apurado no âmbito do BEFIEX e assegurado aos seus titulares, somente poderia ser utilizado durante a vigência do mencionado Programa. 3.20. Ocorre que, esta não é a melhor, nem a correta interpretação que deve ser conferida ao art. 12 do Decretolei n° 2.488/88! 3.21. Primeiramente, e a fim de afastar a interpretação literal e restritiva realizada na decisão ora recorrida, não se pode perder de vista que a compensação de prejuízo fiscal não consiste em isenção, a merecer interpretação tal. 3.22. Com efeito, nos termos do art. 175 do Código Tributário Nacional, a isenção é modo de exclusão do crédito tributário, sendo instrumento de exoneração legal de pagamento de tributos devidos. 3.23. Por sua vez, a compensação de prejuízos fiscais implica em mero mecanismo, previsto na legislação de regência do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, de dedução ou abatimento do resultado negativo obtido em dado período do resultado positivo auferido em outro subseqüente. 3.24. Deste modo, o legislador, por meio da compensação de prejuízos fiscais, permite que a pessoa jurídica contribuinte do IRPJ abata do lucro auferido o valor relativo ao prejuízo suportado em momento anterior, técnica esta que evidencia o efetivo acréscimo patrimonial experimentado num determinado período de tempo pelo sujeito passivo; acréscimo este que sofrerá, por conseguinte, a incidência do aludido imposto. 3.25. Não se trata, portanto, de isenção que exonere a pessoa jurídica do pagamento do IRPJ devido, já que a compensação de prejuízos é realizada antes mesmo da apuração do imposto devido pelo sujeito passivo, que reduzirá o seu lucro real mediante o aproveitamento dos prejuízos fiscais detidos, resultado sobre o qual fará incidir a alíquota do imposto em tela, para fins de apuração do montante por ele devido. 3.26. Não se constituindo a compensação de prejuízos fiscais em isenção, a norma constante do art. 12 do Decreto 2.433/88, que aborda o tema, não está adstrita às prescrições do art. 111 do Código Tributário Nacional, que determina a interpretação literal na seara das isenções tributárias. 3.27. Logo, a técnica jurídica recomenda que se analise com mais apuro o teor do propalado dispositivo legal e dos demais que regulam a matéria, lançando mão da hermenêutica jurídica como "o meio ou o modo por que se devem interpretar as leis, a fim de que se tenha delas o exato sentido ou o fiel pensamento do legislador"2.. 3.28. O sentido do art. 12 do referido Decreto passa indubitavelmente por uma análise finalística, que é aquela que atenta para o "espírito" da lei, ou seja, através Fl. 416DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 417 24 desse método se busca identificar o objetivo da norma que instituiu o BEFIEX; eliminando as interpretações que possam parecer absurdas. 3.29. Ora, como já esclarecido acima, a finalidade perseguida pelo legislador ao criar tal programa foi o de modernizar o parque industrial brasileiro, além de incentivar as exportações. 3.30. De tal modo, não se pode tolher benefício que foi outorgado aos titulares do programa justamente com esta finalidade, garantindo assim o incremento da produção industrial, ao fazêlo valer tão somente no período em que vigeu o aludido programa, pois tal raciocínio amesquinha e restringe o objetivo do legislador. 3.31. Vejamos. Se adotarmos, ao pé da letra, o quanto disposto no art. 12 aqui examinado, o beneficio conferido aos titulares do BEFIEX de compensar os prejuízos fiscais apurados durante o programa pelo prazo de seis anos cairia no absoluto vazio, tornandose ineficaz à maioria dos prejuízos fiscais apurados sob sua vigência, haja vista que, por exemplo, em um Programa aprovado por seis anos de duração, tal beneficio não alcançaria os prejuízos apurados já a partir do segundo ano. 3.32. Tal problemática é refletida ainda com mais intensidade nos programas concedidos por maior prazo, como no caso da Recorrente, em que o BEFIEX foi aprovado por 10 (dez) anos, de 29/12/1989 a 31/12/1999, tendo em vista que estariam imprestáveis à compensação os prejuízos auferidos pela Recorrente a partir do quinto ano de vigência do Programa, o que tornaria sem sentido tal incentivo. 3.33. Não se pode também deixar de observar as demais normas que cuidam do assunto para que se possa alcançar o verdadeiro objetivo do art. 12 do Decretolei n° 2.433/88. 3.34. E, neste panorama, não se pode perder de vista que o art. 95 da Lei n° 8.981/95, com redação dada pela Lei n° 9.065/95, conforme anteriormente exposto, assegurava a compensação integral dos prejuízos fiscais auferidos enquanto em curso o BEFIEX com o lucro real determinado nos seis anoscalendário posteriores; não trazendo assim nenhuma outra restrição à compensação desses prejuízos fiscais. 3.35. Repisese que tais prescrições foram, inclusive, ratificadas pelo art. 35, §4° da IN SRF n° 11/96, que deixou ainda mais clara a inexistência de quaisquer limitações ao aproveitamento dos prejuízos fiscais apurados durante o BEFIEX. 3.36. Pelo aqui demonstrado, fica mais do que evidente o total descabimento da interpretação conferida ao art. 12 da Lei n° 8.981/95 pelo preposto fazendário, no sentido de que o prejuízo fiscal auferido pelo titular do BEFIEX somente é compensável durante a vigência deste. 3.37. Ora, não fosse isso suficiente, a simples leitura do art. 12 da Lei n° 8.981/95 e do art. 470, I e § 2° do RIR/99 revela, com solar clareza, que tais dispositivos não determinam que o prejuízo fiscal suportado por titular de BEFIEX seria compensável apenas com os LUCROS apurados durante a vigência desse Programa, conforme fez crer o decisório ora em combate. 3.38. Entretanto, a redação das normas supra indicadas não aponta para tal entendimento, posto que não vinculou a compensação de prejuízo fiscal apurado durante o BEFIEX ao Lucro apurado durante a sua vigência, tendo simplesmente restringido tal compensação aos lucros havidos nos seis anoscalendário posteriores. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 418 25 3.39. Desse modo, outro não pode ser o entendimento a ser aqui adotado senão o de que o referido art. 12 não limitou a compensação integral dos prejuízos fiscais apurados pelos titulares de tal Programa ao período em que vigente o BEFIEX, mas, sim, garantiu o direito destes ao beneficio de compensar os prejuízos que fossem auferidos durante a vigência do Programa. [...] 3.42. Diante disso, dúvidas não há de que: a. o art. 12 da citada Lei não pode ser interpretado literal e restritivamente para impedir a compensação integral de prejuízo fiscal suportado durante a vigência do Programa BEFIEX, pois tal entendimento acaba por fulminar o próprio beneficio; b. o referido artigo apenas garantiu a compensação daqueles prejuízos fiscais auferidos durante a vigência do BEFIEX, e c. tais prejuízos são compensáveis com lucro real apurado nos seis anoscalendário posteriores, mesmo avós o término de tal programa. 3.43. Do exposto, resta demonstrada a total impropriedade da glosa efetuada pelo preposto fazendário, relativamente à compensação integral dos prejuízos fiscais apurados pela Recorrente durante a vigência do BEFIEX com o Lucro Real do ano calendário de 2001, em vista da equivocada interpretação conferida ao referido art. 12 do Decretolei 2.433/88. B) Da possibilidade da compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto. 3.44. Vencida a primeira premissa firmada como fundamento para a glosa da compensação integral dos prejuízos fiscais apurados em 1996, 1997 e 1999 com o lucro real apurado em 2001, verificase que ainda resta outro argumento que merece ser combatido. 3.45. Ao analisarmos o Despacho Decisório n° 0220/2007 —cujos termos permanecem inalterados em vista de sua integral manutenção pelo Acórdão ora recorrido constatase que restou ali consignada afirmação no sentido de que, ainda que fosse possível a compensação integral de prejuízos fiscais após o término do Programa BEFIEX, não seriam compensáveis os prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrutou de isenção do imposto de renda por incentivo fiscal regional. 3.46. Por mais esta razão, portanto, foi tida por indevida a compensação dos prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, já que nestes períodos a Recorrente gozava da isenção prevista no art. 13 da Lei n° 4.239/63, concedida pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste — SUDENE, através da Portaria DAMET n° 0320/95. 3.47. Tal posicionamento que restou incólume após a prolação do Acórdão recorrido lastreouse no Manual de Orientação de Fiscalização da Receita Federal do Brasil, que aponta para o quanto disposto no Parecer CST n° 2.131/83, [...] 3.48. Como se vê, o raciocínio contido no aludido Parecer coloca o Poder Tributante na condição de "parceiro" das pessoas jurídicas de direito privado, na medida em que aquele participa dos resultados desta. 3.49. Deste modo, segundo o parecer, sempre que o resultado da pessoa jurídica é positivo, o Poder Tributante abocanha parcela deste, arrecadandoo; sendo que, quando tal resultado é negativo, o mesmo Poder participa deste resultando, desta vez permitindo sua compensação com os lucros futuros. Fl. 418DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 419 26 3.50. E, nestes termos, o Parecer CST n° 2.131/83 consigna que, todavia, não haveria direito à compensação de prejuízo fiscal apurado em um exercício com o lucro apurado em outro, quando o Poder Tributante deixasse de participar do resultado da pessoa jurídica. 3.51. De fato, o entendimento esposado no citado parecer possui uma lógica econômica, já que, se o Poder Tributante não participa do resultado positivo em razão de uma norma de isenção, não poderia participar também do resultado negativo. 3.52. No entanto, a despeito de possuir uma lógica econômica, tal posicionamento não possui qualquer respaldo jurídico, uma vez que não existe nenhuma norma posta no ordenamento jurídico que vede a compensação de prejuízo fiscal apurado em exercício em que a pessoa jurídica esteja beneficiada pela isenção. 3.53. Existia até uma disposição legal que caminhava nesse sentido, a qual se encontrava veiculada no art. 8°, do DecretoLei n° 2.429/88 [...]. 3.54. Conforme se pode constatar, tal dispositivo legal vedava a compensação de prejuízo fiscal apurado em decorrência do exercício de atividades tributadas com uma alíquota maior com lucros decorrentes de atividades tributadas com uma alíquota menor e viceversa. 3.55. De uma interpretação extensiva da referida norma, poderseia até extrair algum substrato jurídico para o posicionamento firmado no Parecer CST n° 2.131/83, o qual, repitase, não admite a compensação prejuízo fiscal apurado em exercício que a pessoa jurídica esteja beneficiada pela isenção. 3.56. No entanto, tal disposição legal foi totalmente expurgada do ordenamento jurídico, com edição da Lei n° 9.430/96, que, no seu art. 88, inciso XV, revogou expressamente a aludida norma, [...] 3.57. A revogação do comentado dispositivo legal deixa evidente que a ordem jurídica não alberga a restrição direcionada à compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute do benefício fiscal da isenção. 3.58. Ora, tal vedação apenas poderia ser imposta caso houvesse uma previsão legal dispondo nesse sentido, sob pena de afronta ao principio da estrita legalidade e da tipicidade cerrada, amplamente consagrados no âmbito do Direito Tributário.[...] 3.61. Erigido a principio constitucional basilar, a legalidade afeiçoase como um autêntico freio à possibilidade de intervenção direta do Estado na esfera do direito de propriedade dos particulares; daí a razoabilidade do extremado rigor aplicado ao seu cumprimento. 3.62. O princípio ora em comento, portanto, antes ife se constituir em garantia conferida ao contribuinte contra atuação arbitrária do Estado, revelase como verdadeiro alicerce do Estado Democrático de Direito. 3.63. Corolário da legalidade, não se pode olvidar o princípio da tipicidade, segundo o qual o legislador deve promover a rigorosa definição do tipo tributário, a fim de resguardar a segurança jurídica, além de dar cumprimento ao comando genérico do artigo 5°, II da C.F./88. Fl. 419DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 420 27 3.64. Diante de tal prisma, o princípio da estrita legalidade, combinado com o da tipicidade cerrada, impõem ao Poder Legislativo a exclusiva função de prescrever, de forma exaustiva, todos os elementos da norma tributária. 3.65. Seguindo a esteira desse raciocínio, não se pode olvidar que o posicionamento firmado no Despacho Decisório 220/2007 e mantido pela decisão ora atacada, lastreado no Parecer CST n° 2.131/83, fere frontalmente o princípio da legalidade e da tipicidade cerrada, já que, conforme amplamente demonstrado, não existe qualquer norma legal que restrinja a possibilidade de compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute do beneficio fiscal da isenção. 3.67. Ora, se a lei não traz tal limitação, não poderia a Administração Pública tentar instituíla, valendose apenas de um raciocínio meramente econômico. 3.68. A rigor, se analisarmos as normas existentes e válidas no ordenamento jurídico pátrio, é possível perceber que existem, em verdade, normas que autorizam tanto a isenção (art. 13 da Lei n° 4.239/64), quanto a compensação integral de prejuízo fiscal, em razão de ser titular do Programa BEFIEX (art. 470 e 509 do Regulamento do Imposto de Renda Decreto n° 3.000/99). 3.69. Sendo assim, nada impede que o sujeito passivo exerça seu direito de compensar os prejuízos fiscais apurados durante o período em que gozava de isenção, já que o ordenamento silencia quanto à sua inviabilidade. 3.70. De tudo quanto expendido e demonstrado, forçoso concluir que, frente à legalidade, a Recorrente possui o direito de compensar integralmente os prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, com o lucro real auferido em 2001. C) Da possibilidade de compensação dos prejuízos fiscais decorrentes de atividades não isentas. 3.71. Conforme restou amplamente demonstrado nos tópicos precedentes, a Recorrente possui o direito de compensar integralmente os prejuízos fiscais apurados nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, com o lucro real auferido no exercício relativo ao ano de 2001, tendo em vista que tal beneficio pode ser exercido mesmo após o término do BEFIEX, e considerando a total ilegalidade do Parecer CST n° 2.131/83, que veda a compensação de prejuízos fiscais gerados enquanto a pessoa jurídica usufrui de isenção. 3.72. No entanto, na remota hipótese desse Douto Conselho não acolher os argumentos aventados no Item 2B, entendendo pela legalidade do raciocínio exposto no Parecer CST n° 2.131/83, o que obviamente não se espera, ainda assim os termos do Acórdão ora atacado merecem ser reformados. 3.73. Isto porque, ao considerar que a Recorrente não possuía o direito de compensar os comentados prejuízos fiscais, por desfrutar, à época da sua apuração, da isenção do imposto de renda concedida pela SUDENE, os julgadores não se ativeram para o fato de que este benefício não atinge a totalidade das atividades desenvolvidas pela Recorrente. 3.74. Assim, desprezando completamente tal realidade, entendeuse que não seria compensável a integralidade dos prejuízos fiscais que a Recorrente apurou nos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999, períodos em que gozava de incentivo fiscal Fl. 420DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 421 28 regional de isenção apenas em relação à parte das atividades operacionais desempenhadas. 3.75. De fato, a Recorrente desenvolve outras atividades não agraciadas pela isenção, dentre os quais se inserem algumas atividades operacionais, bem como a totalidade das atividades nãooperacionais. 3.76. Desta forma, mesmo entendendose pela aplicabilidade da restrição de se compensar prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto de renda, que, repisese, não possui qualquer respaldo jurídico, jamais poderia o Preposto Fazendário ter glosado a compensação dos prejuízos fiscais que não decorreram das atividades isentas. 3.78. Da análise das DIPJ's relativas aos anoscalendário de 1996, 1997 e 1999 (fls. 179265 dos autos), constatase que a Recorrente apurou, nos referidos períodos, prejuízos decorrentes de atividades "operacionais não incentivadas" e "nãooperacionais", em valores equivalentes a R$20.888.784,10, R$4.911.294,16 e R$78.622.039,60, respectivamente; totalizando assim o montante de R$104.422.117,86. 3.79. Portanto, por não tratarem de prejuízos fiscais relacionados às atividades incentivadas, a compensação de tais valores nunca poderia ter sido negada, uma vez que, mesmo que prosperasse a restrição defendida no Parecer CST n° 2.131/83, esta somente deve se limitar, por óbvio, aos prejuízos decorrentes das atividades incentivadas. [...] 3 .81. Deste modo, mesmo que se julgue legal a restrição imposta à compensação de prejuízos fiscais apurados em exercícios que a pessoa jurídica desfrute de beneficio fiscal, a Recorrente possui o direito de compensar parte do valor acima exposto, no valor de R$ 72.584.987,30, a título de prejuízos fiscais decorrentes das atividades operacionais não incentivadas e daqueles gerados a partir das atividades nãooperacionais, com o lucro real auferido no período de apuração relativo ao anocalendário de 2001. 3.82. Há que se ressaltar ainda que este lucro real, no valor de R$143.025.641,15, foi todo gerado a partir de receitas nãooperacionais, não tendo a compensação realizada pela Recorrente, portanto, desrespeitado a previsão constante no art. 511 do Regulamento do Imposto de Renda —RIR, [...] 3.83. Da análise da Ficha 06A — Demonstração do Resultado, da DIPJ/2002, constante às fls. 13 dos presentes autos, verificase que as receitas nãooperacionais auferidas pela Recorrente se encontram assim compostas: FICHA 06A — DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 42. Receitas Alien. Bens/Direitos do Ativo Permanente 854.316,82 43. Outras Receitas NãoOperacionais 154.154.864,09 44. () Valor Contábil dos Bens e Direitos Alienados 5.108.232,75 45. () Outras Despesas NãoOperacionais 4.348.114,00 3.84. Como se vê, as receitas nãooperacionais auferidas pela Recorrente no mencionado período totalizaram o valor de R$ 145.552.834,16, sendo superior ao lucro real apurado, o qual montou a quantia de R$ 143.025.641,15, conforme pode se verificar da Ficha 09A da DIPJ/2002, constante às fls. 16 dos presentes autos, Fl. 421DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 422 29 pelo que se conclui que todo o lucro real foi gerado a partir das receitas não operacionais. 3.85. Tendo em vista, portanto, que a Recorrente faz jus a compensar o montante de R$ 72.584.987,30, a título de prejuízos fiscais decorrentes das atividades operacionais não isentas e das nãooperacionais, com o lucro real auferido no período de apuração relativo ao anocalendário de 2001, mesmo que não seja acolhida a argumentação que aponta a ilegalidade da restrição defendida no Parecer CST n° 2.131/83, deve ser refeita a Ficha 12A — Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real, da DIPJ/2002, nos seguintes termos: FICHA 12A — CÁLCULO DO IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL IMPOSTO SOBRE O LUCRO REAL VALOR (R$) 01. A ALÍQUOTA DE 15% 10.566.098,08 03. ADICIONAL 7.020.065,39 DEDUÇÕES 05. () PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR 201.482,54 10. () ISENÇÃO E REDUÇÃO DO IMPOSTO 17.384.680,92 13. () IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE 231.129,10 18. IMPOSTO DE RENDA A PAGAR 231.129,15 3.86. Conforme se verifica, após realizada a revisão do demonstrativo de apuração do imposto de renda, foi apurado um saldo negativo de IRPJ igual ao apurado na DIPJ/2002, pelo que o direito creditório pleiteado no presente processo compensatório deve ser totalmente reconhecido, em face dos sólidos argumentos aqui aduzidos. 4 DO DIREITO DA RECORRENTE À REDUÇÃO DE 37,5% DO IRPJ EM FACE DO SEU ENQUADRAMENTO DENTRE OS SETORES DA ECONOMIA CONSIDERADOS PRIORITÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL 4.1. Apesar do direito creditório já se encontrar totalmente resguardado em vista dos argumentos expostos nos Itens 2A, 2B e 2C, ainda assim cumpre demonstrar que o último dos argumentos sustentados pelo D. Preposto Fazendário para glosálo, o qual foi mantido pela 2a Turma de Julgamento, relativo ao descabimento da dedução da redução de 37,5% do IRPJ devido, também não merece prosperar. 4.2. Consoante exposto no intróito fático, não foi acolhida a dedução realizada a título de redução de 37,5% do imposto, discriminada na linha 25 da aludida Ficha 10, no valor de R$ 3.767.380,70, sob o argumento de que a Recorrente não comprovou possuir direito ao gozo de tal beneficio, por não ter apresentado Despacho Decisório emitido pela RFB e Laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional, reconhecendo o benefício em apreço. 4.3. Como fundamento para tal entendimento, foi argüido que o beneficio da redução de 37,5%, inicialmente previsto no § 2° do art. 3° da Lei n° 9.532/97, foi extinto pelo art. 2° da Medida Provisória n° 2.058, de 23 de agosto de 2001, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de janeiro de 2001, exceto para aquelas empresas consideradas prioritárias, pelo Poder Executivo, para o desenvolvimento regional. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 423 30 4.4. Desse modo, aduziuse que o direito ao referido beneficio deveria então ser reconhecido pela Receita Federal do Brasil RFB, com base, inclusive, em Laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional, a teor do disposto no caput do art. 3° do Decreto n° 4.213, de 26 de abril de 2002. 4.5. Ocorre, todavia, que o entendimento exposto para justificar a glosa da dedução da parcela relativa à redução de 37,5% do IRPJ encontrase manifestamente equivocado e desprovido de suporte lógicojurídico, conforme restará a seguir demonstrado. 4.6. Com efeito, a Lei n° 4.239/64, que aprovou o Plano Diretor do Desenvolvimento do Nordeste, instituiu os incentivos fiscais de: a) isenção do Imposto de Renda e adicionais não restituíveis, destinado àqueles empreendimentos industriais ou agrícolas que se instalassem, modernizassem ou se ampliassem, nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM, e o de b) redução desse imposto e adicionais, para aqueles outros empreendimentos que já estivessem em operação na área de atuação da SUDENE ou SUDAM quando da sua publicação. 4.7. Assim, dispôs em seu art. 13 que as empresas industriais ou agrícolas que se instalassem, modernizassem, ampliassem ou se diversificassem, nas áreas da SUDAM ou SUDENE, até o exercício de 1982, ficariam isentas do Imposto de Renda e adicionais não restituíveis incidentes sobre seus resultados operacionais, pelo prazo de 10 anos. 4.8. Para tanto, a teor do art. 16 da citada Lei, a SUDENE deveria emitir, em favor das empresas interessadas, declaração de que estas satisfaziam as condições exigidas para o gozo do beneficio de isenção, documento que instruiria, por sua vez, processo de reconhecimento pelo Diretor da Divisão do Imposto de Renda. 4.9. Assim, de acordo com as prescrições acima expostas da Lei n°4.239/64, para que as empresas industriais situadas nas áreas de atuação da SUDAM e da SUDENE fizessem jus ao beneficio da isenção do imposto e adicionais não restituíveis, prevista no mencionado art. 13, era necessário que estas tivessem se instalado, modernizado, ampliado ou se diversificado até o ano de 1982, obtendo declaração de tais órgãos de que satisfaziam aos requisitos impostos pela legislação para o gozo do incentivo fiscal. 4.10. Posteriormente, no entanto, o prazo inicialmente estabelecido pelo art. 13 da Lei n° 4.239/64 para a instalação, modernização, ampliação e diversificação dos empreendimentos situados nas áreas de atuação da SUDENE ou SUDAM, para fins de gozo do beneficio da isenção do IRPJ, foi prorrogado sucessivas vezes no tempo [...] 4.11. Neste contexto, a Salgema Indústrias Químicas S.A, empresa que se encontrava situada em Maceió, Alagoas área de atuação da SUDENE promoveu no ano de 1990 e seguintes, a ampliação de sua capacidade produtiva, preenchendo assim as exigências necessárias ao gozo do beneficio da isenção em questão, que lhe foi concedida em 18 de julho de 1991, através da Portaria DAI/PTE — 0294/91, retificada, posteriormente, pelas Portarias DAI/PTE — 242/92 e 243/92 (fls. 269 274). 4.12. Conforme se verifica das aludidas portarias, foi reconhecido em favor da Salgema o direito à isenção do Imposto de Renda incidente sobre o lucro da exploração das atividades de fabricação de CLORO e SODA CÁUSTICA, pelo período de 10 anos, iniciados no exercício fiscal de 1991, ano base de 1990, e com término no exercício de 2000, ano base 1999. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 424 31 4.13. Em 12.12.1996, a Salgema Indústrias Químicas foi incorporada pela Trikem S.A (fls. 275278), tendo sido tal direito transferido para a sua incorporadora. 4.14. Isto porque, concretizada a incorporação, há que se reconhecer o desaparecimento da empresa incorporada, passando a existir tão somente a incorporadora, que sucede a primeira em todos os direitos e obrigações, de acordo com o que dispõe os arts. 227 da Lei n° 6.404/76 e 1.116 do Código Civil: [...] 4.11. Neste contexto, a Salgema Indústrias Químicas S.A, empresa que se encontrava situada em Maceió, Alagoas área de atuação da SUDENE promoveu no ano de 1990 e seguintes, a ampliação de sua capacidade produtiva, preenchendo assim as exigências necessárias ao gozo do beneficio da isenção em questão, que lhe foi concedida em 18 de julho de 1991, através da Portaria DAI/PTE — 0294/91, retificada, posteriormente, pelas Portarias DAI/PTE — 242/92 e 243/92 (fls. 269 274). 4.12. Conforme se verifica das aludidas portarias, foi reconhecido em favor da Salgema o direito à isenção do Imposto de Renda incidente sobre o lucro da exploração das atividades de fabricação de CLORO e SODA CÁUSTICA, pelo período de 10 anos, iniciados no exercício fiscal de 1991, ano base de 1990, e com término no exercício de 2000, ano base 1999. 4.13. Em 12.12.1996, a Salgema Indústrias Químicas foi incorporada pela Trikem S.A (fls. 275278), tendo sido tal direito transferido para a sua incorporadora. 4.14. Isto porque, concretizada a incorporação, há que se reconhecer o desaparecimento da empresa incorporada, passando a existir tão somente a incorporadora, que sucede a primeira em todos os direitos e obrigações, de acordo com o que dispõe os arts. 227 da Lei n° 6.404/76 e 1.116 do Código Civil: [...] 4.17. Desse modo, os benefícios fiscais de isenção anteriormente concedidos às empresas situadas nas áreas de atuação da SUDENE, em razão da implementação dos mencionados projetos (instalação, modernização, ampliação e diversificação), não foram atingidos pelas prescrições do citado dispositivo normativo da Lei. n° 9.532/97, estando assegurado o gozo de tal isenção pelo prazo em que concedidas pela SUDENE. 4.18. Sendo assim, a antiga Trikem, empresa incorporada pela Recorrente em 15.01.2004, que a sucedeu em todos os seus direitos e obrigações como acima exposto, desfrutou da isenção do Imposto de Renda incidente sobre o lucro das suas atividades incentivadas (produção de Cloro e Soda Cáustica)até o anocalendário de 1999, quando terminou o prazo de 10 anos do incentivo que lhe foi concedido; após o que passou a se subsumir à hipótese prevista no art. 14 da Lei n° 4.239/63, que prescreveu o seguinte: [...] 4.19. Da leitura do dispositivo retro, temse que o beneficio da redução do imposto de renda e adicionais era assegurado àquelas empresas industriais que estivessem operando na área de atuação da SUDENE. 4.20. Observese que, do mesmo modo como ocorrido com o prazo estabelecido para a concessão do beneficio isentivo, o prazo inicialmente previsto pelo citado artigo para a concessão da redução de 50% do Imposto de Renda, em tela, foi estendido diversas vezes, da seguinte forma: Fl. 424DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 425 32 Até 1978, pelo art. 35 da Lei n° 5.508/98; Até 1985, pelo art. 2° do Decretolei n° 1.898/81; Até 1989, pelo art. 58 da Lei n° 7.450/85; Até 1994, pelo art. 2° do Decretolei n° 2.454/88; Até 2001, pelo art. 2° da Lei n° 8.874/94 4.21. Posteriormente, o referido art. 3° da Lei n° 9.532/97, em seu §2°, modificou o percentual do beneficio de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis em questão, previsto originalmente pelo art. 14 da mencionada norma em 50%, que passou a ser calculado da seguinte forma: 37,5% (trinta e sete e meio por cento), a partir de 1° de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2003; 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1° de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2008; 12,5% (doze e meio por cento), a partir de 1° de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2013. 4.22. Verificase, desse modo, que, com o término do beneficio de isenção em 1999, a Trikem, incorporada pela ora Recorrente, passou automaticamente a gozar, a partir do ano base de 2000, do referido beneficio fiscal da redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis, com base na extensão promovida pelo art. 2° da Lei n° 8.874/94, no percentual de 37,5%, previsto pelo inciso I, do § 2°, do art. 3° da Lei n° 9.532/97, em virtude de estar em operação em área de atuação da SUDENE. 4.23. Isto porque, à luz do art. 14 da Lei n° 4.239/63, bastava que a empresa industrial estivesse operando em área de atuação da SUDENE para fazer jus à mencionada redução. 4.24. Neste particular, cumpre pontuar, que as citadas Portarias expedidas pela SUDENE para fins de reconhecimento do direito à isenção do imposto, em razão da ampliação produtiva que promoveu, já haviam reconhecido que a antiga Salgema se tratava de empresa industrial situada em uma área de atuação da SUDENE, vez que tal constatação também era necessária para concessão da referenciada isenção. 4.25. Diante disso, obviamente, se tornou desneces4ário um novo pronunciamento da SUDENE e da SRF, com vistas à expedição de uma declaração formal de que a Trikem, sucessora da Salgema, e incorporada pela Recorrente, se situava em área de sua atuação, para que gozasse da redução em tela. 4.26. Mesmo porque tais atos tinham caráter meramente declaratório e não constitutivo, como poderia parecer, pois o próprio art. 16 da Lei 4239/64 o definia como tal. [...] 4.27. Ademais, já tendo a empresa atendido a requisitos mais extensos e rigorosos para fins de reconhecimento do direito à isenção do imposto de renda seria desnecessário passar por novo processo, para que lhe fosse declarado o direito, desta vez, à redução, cujos requisitos, por sua vez, eram muito menos rigorosos. 4.28. Ocorre, todavia, que no próprio ano de 2000, foi editada a Medida provisória n° 2.058, de 23 de agosto de 2000, a qual extinguiu, em seu art. 2°, o Fl. 425DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 426 33 beneficio da redução aqui discutida, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1° de janeiro de 2001, exceto para aqueles empreendimentos atinentes aos setores da economia que viessem a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional. [...] 4.29. Com vistas à manutenção da extinção parcial do beneficio da redução nos termos da citada Medida Provisória, esta foi reeditada sucessivas vezes, até a edição da MP n° 2.19914, de 24.08.2001. 4.30. Neste diapasão, em 26 de abril de 2002, foi editado o Decreto n° 4.213, definindo os setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da então SUDENE, para os fins de gozo do beneficio de redução do imposto de renda. 4.31. Assim, tal Decreto estabeleceu, no inciso VI, "e", do art. 2°, como empreendimentos prioritários, dentre outros, aqueles situados no setor da indústria da transformação de materiais químicos e petroquímicos; materiais plásticos; produção de petróleo e seus derivados. [...] 4.32. Diante disso, a Trikem, incorporada pela ora Recorrente, em vista de se encontrar enquadrada no setor químico e petroquímico, foi considerada automaticamente como empreendimento prioritário para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da SUDENE, tendo, assim, sido mantido, desde 2001, o seu beneficio fiscal de redução do imposto de renda, nos termos do art. 2° da MP n° 2.199 14/01 (2.058/00). 4.33. Constatase, desse modo, que, para a Trikem, incorporada pela Recorrente, o beneficio da redução do imposto de renda a que fazia jus, em virtude de se encontrar em operação em área de atuação da SUDENE, em nenhum momento restou extinto, pois a norma acima citada é clara ao dispor que a extinção de tal beneficio não alcançaria as empresas integrantes dos setores da economia que viessem a ser considerados prioritários pelo Poder Executivo, conforme se verifica in casu. 4.34. Assim é que, muito embora os setores prioritários para o desenvolvimento regional tenham somente sido definidos pelo Decreto n° 4.213 em 2002, suas prescrições devem ser indubitavelmente aplicadas retroativamente ao ano de 2000, quando a primeira Medida Provisória, qual seja a MP n° 2.058/00, estabeleceu em seu art. 2° a extinção da redução em questão, bem como as exceções a esta extinção. 4.35. Ora, nobres julgadores, o raciocínio é obvio e lógico. Se o beneficio da redução aqui tratado não foi extinto para as empresas constantes dos setores da economia que viessem a ser considerados prioritários para o desenvolvimento regional pelo Poder Executivo, de acordo com a exceção estabelecida por tal MP, a definição posterior desses setores pelo supra citado Decreto regulamentar só poderia ser aplicada para alcançar a prescrição contida naquela MP, que trouxe a regra de extinção da redução e sua exceção, sob pena de tornar inócua tal norma. 4.36. Ocorre que está a se exigir, para o gozo do direito ao beneficio de redução do Imposto de Renda, a apresentação de Laudo Constitutivo, emitido pelo Ministério da Integração Nacional, e de Despacho Decisório da RFB reconhecendo o, amparandose para tanto no art. 3° do Decreto em referência: [...] Fl. 426DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 427 34 4.37. De fato, o art. 30 do Decreto em apreço trata do reconhecimento do beneficio da redução do imposto de renda e adicionais não pela RFB, com base em Laudo do Ministério da Integração Nacional. Contudo, não se pode perder de vista que tal decreto tem função meramente regulamentar, devendo dispor em consonância com os termos da norma regulamentar, sob pena de transgredila e usurpar sua competência. 4.38. E, nesta perspectiva, ao atinarmos para as disposições constantes da Medida Provisória que prorrogou a redução do IRPJ, verificase que esta elegeu como requisito para a continuidade do beneficio apenas e tão somente a empresa estar enquadrada dentre os setores considerados prioritários para o desenvolvimento regional, através de ato do Poder Executivo. 4.39. Isto, contudo, não foi observado pelo decreto regulamentar em comento, que trouxe esse novo requisito ao gozo de tal direito. 4.40. No entanto, a ausência dos documentos referidos no citado Decreto não pode consistir em óbice ao gozo de um beneficio que a Recorrente já possuía. 4.41. Isto porque, a exigência de Laudo e de Despacho Decisório da Receita Federal do Brasil reconhecendo o direito ao beneficio da redução de 37,5% do imposto de renda, neste caso, decorre de mero FORMALISMO, uma vez que Trikem, incorporada pela Recorrente, já usufruía, desde o anocalendário de 2000, de tal redução, antes mesmo da edição da mencionada MP, a partir de quando então o referido beneficio foi apenas mantido, ante a constatação de que se enquadrava dentre os empreendimentos considerados prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas da SUDENE, à luz do art. 2°, VI, "e", do Decreto em destaque. 4.42. Acrescentese a isso o fato de a Receita Federal do Brasil não depender da mencionada documentação para verificar se determinado empreendimento preenche o requisito elencado no art. 2° da MP n° 2.19914/01 (MP n° 2.058/00)!!! Para tanto, os prepostos fazendários, valendose de sua competência fiscalizatória, tem o poderdever de averiguar se o setor correspondente ao empreendimento da Recorrente foi ou não considerado prioritário para fins de gozo da redução do imposto, pelo art. 2° do Decreto n° 4.213/02. 4.43. Deste modo, não se pode imputar ao contribuinte o mister de provar que atende o requisito imposto pela MP como condição para o gozo do beneficio ali previsto, se o cumprimento deste requisito pode ser facilmente verificado pelo Fisco por meio de fiscalização. 4.44. Isto posto, concluise que a ausência dos documentos exigidos pela Receita Federal do Brasil não é suficiente para afastar o gozo do direito ao beneficio da redução a que faz jus a Trikem, empresa incorporada pela Recorrente, e cujo saldo negativo de IRPJ deu causa ao presente feito administrativo, em virtude desta ter sido considerada empreendimento prioritário ao desenvolvimento regional, na área de atuação da extinta SUDENE, amoldandose, assim, aos ditames do art. 2° da MP n° 2.19914/01 (MP n° 2.058/00). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Fl. 427DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 428 35 5.1. Em vista das firmes razões expendidas, pugna a Recorrente para que essa Egrégia Câmara dê provimento ao presente Recurso Voluntário, reformando a decisão recorrida para que seja integralmente reconhecido o direito creditório pleiteado pela Recorrente e homologadas as compensações declaradas. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Redatora Designada Ad Hoc Inicialmente é de se ressaltar, que em face da necessidade da formalização da decisão proferida no Acórdão nº 1803001.798, de 07 de agosto de 2013, processo de competência da 3ª Turma Especial da 4ª Câmara da 1ª Seção e, tendo em vista que o Conselheiro Victor Humberto da Silva Maizman, relator do processo, não mais faz parte de nenhum dos colegiados que integram o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de ordem, foi designada esta Conselheira como Redatora ad hoc, para formalizar o Acórdão já proferido, nos termos do art. 17 e do art. 18 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF). Está registrada na Ata da Reunião de Julgamento formalizada no processo nº 15169.000109/201162: Aos sete dias do mês de agosto do ano de dois mil e treze, às nove horas, no Setor Comercial Sul, Quadra 01, Edifício Alvorada, 5º andar, sala 502, em Brasília Distrito Federal, reuniramse os membros da 3ªTE/4ª CÂMARA/1ª SEJUL/CARF/MF/DF, estando presentes WALTER ADOLFO MARESCH (Presidente em Exercício), MEIGAN SACK RODRIGUES, SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN, SERGIO RODRIGUES MENDES, MARCELO DE ASSIS GUERRA, MARIA ELISA BRUZZI BOECHAT e eu, MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES, Chefe da Secretaria, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. [...] Relator(a): VICTOR HUMBERTO DA SILVA MAIZMAN Processo: 13502.000295/200790 Recorrente: BRASKEM SA e Recorrida: FAZENDA NACIONAL Acórdão 1803001.795 Decisão: Por unanimidade de votos, DERAM provimento PARCIAL ao recurso voluntário, para que seja proferida nova Fl. 428DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 429 36 decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade. Sustentação oral realizada por Fernanda R. Taboada Fontes, OAB/BA 16.340. Fez sustentação oral: BRASKEM S/A Votação: Por Unanimidade Questionamento: RECURSO VOLUNTÁRIO Resultado: Recurso Voluntário Provido em Parte Aguardando Nova Decisão O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente, preliminarmente, alega que a decisão de primeira instância de julgamento é nula, porque não foram examinadas matérias expressamente indicadas na manifestação de inconformidade. Os atos administrativos não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. Ocorre cerceamento do direito de defesa no caso em que há falta de manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória, dentro dos ditames da causa de pedir, gerando prejuízo para a Recorrente. A decisão deverá referirse expressamente às razões de defesa suscitadas pela Recorrente, sob pena de nulidade por preterição do direito de defesa, conforme determina a legislação de regência da matéria. Sobre a questão a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, determina: Art. 50 [...] § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Por seu turno, o Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, prevê: 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. Fl. 429DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 430 37 Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. [...] Art. 59. São nulos: [...] II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Consta no Voto condutor do Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/SDR/BA nº 15.16.271, de 16.06.2008, fls. 310321: Ao apreciar o Pedido de Restituição e a Declaração de Compensação, objetos desse processo, a autoridade competente, analisando a DIPJ do exercício de 2002, anocalendário de 2001, na qual foi apurado o crédito pleiteado pela requerente, decidiu por não reconhecer o direito creditório e, conseqüentemente, pela não homologação da compensação, alegando, em síntese, ser indevida a compensação de prejuízos fiscais informada pela empresa na Ficha 09A, item 45, da DIPJ/2002 (Indústrias Titulares de Programa de Exportação — BEFIEX), no montante de R$69.021.585,65, por ter sido efetuada após o prazo de vigência do Programa, bem como a redução do imposto de renda com base no lucro da exploração, por falta de comprovação do pedido de reconhecimento do benefício fiscal. O saldo negativo informado na DIPJ/2002, no montante de R$231.129,10, passaria, após os ajustes efetuados, para um saldo apagar no valor de R$17.901.972,18. Em sua defesa, a requerente alega que a melhor interpretação da legislação pertinente é no sentido de permitir a compensação de prejuízos apurados durante a vigência do Programa BEFIEX, nos seis anoscalendário subseqüentes à sua apuração, mesmo após o término do Programa. Em relação à redução, tida como indevida, do imposto de renda com base no lucro da exploração, alega, basicamente, que detém o direito de deduzir 37,5% do IRPJ apurado em 2001, em vista do beneficio de redução de que é titular, por se encontrar em área de atuação da Sudene e por ser integrante dos setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, sendo dispensável e ilegal a exigência de apresentação de laudo do Ministério da Integração e Despacho Decisório da Receita Federal do Brasil. De início, observase que os fatos que fundamentaram o Despacho Decisório em apreço foram objeto de representação à Seção de Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Camaçari, que lavrou o auto de infração objeto do Processo n° 13502.000689/200748. Esse lançamento, por sua vez, já foi objeto de apreciação por esta Turma, Acórdão n° 1516.206 2ª Turma da DRJ/SDR, de 16 de julho de 2008, que considerou procedente em parte o lançamento, reduzindo o imposto devido em 31/12/2001 para R$7.175.049,09. Os pontos aqui tratados já foram objeto de apreciação no citado Acórdão, cópia anexada às fls. 283/291, cujas ementas são reproduzidas a seguir: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2001 Fl. 430DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 431 38 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo ao imposto sobre a renda extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. MULTA DE OFICIO. SUCESSORA POR INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. A incorporadora é responsável pelo pagamento da multa de oficio decorrente de infração atribuída à incorporada. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001 REDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. NOVAS CONDIÇÕES. Para o aproveitamento do beneficio de redução do imposto de renda, a partir de 1° de janeiro de 2001, o empreendimento deve estar enquadrado entre aqueles considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em ato do Poder Executivo, para o qual deverá ser apresentado ao Delegado da Receita Federal novo pleito, instruído com laudo constitutivo emitido pelo Ministério da Integração Regional, nos termos da legislação de regência. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. PROGRAMA BEFIEX. REQUISITOS. O beneficio de compensação integral de prejuízos fiscais, concedido às indústrias titulares de Programa BEFIEX, só é assegurado durante a vigência do respectivo programa, estando garantida, em caso contrário, a compensação dentro do limite legal de 30% do lucro líquido ajustado. Com isso, verificase que não existe o saldo negativo de IRPJ apurado pela contribuinte na DIPJ/2002, passível de restituição ou compensação, e sim um saldo a pagar no montante de R$7.175.049,09, razão pela qual deve ser indeferido o seu pleito. Logo, voto no sentido de confirmar a decisão da DRF em CamaçariBA, de não reconhecer o direito creditório relativo ao saldo negativo do imposto de renda pessoa jurídica do exercício de 2002, anocalendário de 2001, não homologando a compensação do crédito informado na Declaração de Compensação objeto deste processo. Analisando o Voto condutor da referida decisão de primeira instância, verificase que não foram analisados os seguintes argumentos da Recorrente: "a) a lisura da compensação integral de prejuízos fiscais apurados mesmo em exercícios em que a pessoa jurídica desfrute de isenção do imposto, em vista da ausência de fundamento legal que vede tal procedimento; e b) por amor ao debate, vislumbrando a possibilidade remota de não ser acolhido o quanto acima descrito, sustentou ainda possibilidade de compensação dos prejuízos fiscais originados a partir de atividades não operacionais e das operacionais não incentivadas." Fl. 431DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 13502.000295/200790 Acórdão n.º 1803001.798 S1TE03 Fl. 432 39 Na decisão de primeira instância de julgamento, os fundamentos de fato e de direito abordados sobre essas questões ficaram limitados à transcrição da ementa do Acórdão 2ª Turma da DRJ/SDR n° 1516.206, de 16.07.2008, fls. 293309, de interesse da Recorrente, sem que fossem analisados todos os argumentos de defesa de forma, clara explícita e congruente dentro dos ditames da causa de pedir. Nesse sentido, deve ser proferida nova decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade, nos termos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, está demonstrada. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para que seja proferida nova decisão de primeira instância apreciando todos os elementos da manifestação de inconformidade. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 432DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 30/03/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 15979.000275/2007-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 26/10/2005
CUSTEIO - AUTO DE INFRAÇÃO - ARTIGO 52, II DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO. AUTO DE INFRAÇÃO - DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS .
A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto-de-infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária.
Inobservância do artigo 52, II da Lei n.º 8.212/91. É vedada a distribuição de lucros aos sócios por empresa em débito com a Previdência Social.
Não há como manter lançamento de multa consubstanciado em distribuição indevida de lucros, estando em débito com a previdência social, quando nem no relatório fiscal, nem mesmo no julgamento de primeira instância somos capazes de determinar qual o débito imputado ao recorrente.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2401-003.923
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Relatora e Presidente em Exercício
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carlos Henrique de Oliveira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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AUTO DE INFRAÇÃO DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS . A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do autode infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do artigo 52, II da Lei n.º 8.212/91. É vedada a distribuição de lucros aos sócios por empresa em débito com a Previdência Social. Não há como manter lançamento de multa consubstanciado em distribuição indevida de lucros, estando em débito com a previdência social, quando nem no relatório fiscal, nem mesmo no julgamento de primeira instância somos capazes de determinar qual o débito imputado ao recorrente. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 97 9. 00 02 75 /2 00 7- 48 Fl. 108DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora e Presidente em Exercício Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carlos Henrique de Oliveira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15979.000275/200748 Acórdão n.º 2401003.923 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Trata o presente autodeinfração, lavrado sob o n. 35.826.3620, em desfavor da recorrente, originado em virtude do descumprimento do art. 52, II da Lei n ° 8.212/1991 c/c art. 280, II, “a” do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999. Segundo a fiscalização do INSS, a recorrente deu ou atribuiu cota ou participação nos lucros a sócio cotista, diretor ou outro membro de órgão dirigente, fiscal ou consultivo, ainda que a título de adiantamento, estando em débito para com a seguridade social. Conforme consta do relatório fiscal, fls. 04, Foi constatado durante esta ação fiscal que a empresa em epígrafe atribuiu lucros ao sócio cotista Sr. Luis Alberto dos Santos Gabriel nos anoscalendário 2000 e 2001 conforme constatei através das Declarações de IRP] o que constitui infração prevista no artigo 52 inciso II da Lei n. 8212/91 c/c artigo 285 do Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Decreto n. 3048/99 que prescreve que : " À empresa em débito para com a Seguridade Social é proibido dar ou atribuir cota ou participação nos lucros a sóciocotista, diretor ou outro membro de órgão dirigente, fiscal ou consultivo, ainda que a título de adiantamento" . As xerocópias das declarações acima apontadas encontramse juntadas aos autos. Em decorrência da infração praticada, está sendo aplicada a multa cabível, nos termos do artigo 285 do Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Decreto 3.048199, no valor de R$14.500,00 (Catorze mil e quinhentos Reais) . Importante, destacar que a lavratura da NFLD deuse em 26/10/2005, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no dia 27/10/2005. Não conformado com a autuação, o recorrente apresentou impugnação, fls. 67 a 76, onde aduz basicamente: A requerente solicitou parcelamento de débitos previdenciários, e durante o andamento da fiscalização, foi levantado a distribuição de lucros ao sócio nos anos calendário 2000 e 2001, os quais não poderiam ter sido distribuídos, tendo em vista seus débitos com este órgão Ocorre que a mesma acreditou estivesse suspensa a Lei 4357, Art.' 32, tendo em vista que a mesma era de 1.964 e foi ressucitada em dezembro de 2004 através da Lei 11.051, Art.' 17 e que alguns tributaristas acreditam que a lei de 1964 deixou de vigorar com a promulgação da Constituição Federal de 1.988.. A DRFB emitiu a Decisão, fls. 101 a 107, mantendo a autuação em sua integralidade. Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 26/10/2005 AI debcad n.° 35.826.3620 Fl. 110DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 4 Descumprimento de obrigação acessória. É vedado à empresa distribuir lucros estando em débito com a Seguridade Social. Lançamento Procedente O recorrente não concordando com a DN emitida pelo órgão previdenciário interpôs recurso, fls. 114 a 138. Em síntese o recorrente alega o seguinte: 1. Em 1710312005, houve julgamento de questão análoga ao caso em tela (lei estadual proibindo impressão de notas fiscais por empresas devedoras de ICMS) pelo STF, tendo o Tribunal concluído que o governo não pode valerse de meios coercitivos para compelir o contribuinte ao adimplemento de suas obrigações fiscais, sendo como para o julgamento "as garantias constitucionais do livre exercício da atividade econômica", entre outras.A Delegacia da Receita Federal do Brasil, encaminhou o processo a este Conselho sem o oferecimento de contrarazões. 2. Ainda, nesta esteira de defesa, cabe salientar que a OAB de São Paulo, impetrou Mandado de Segurança Coletivo contra o dispositivo em discussão, onde ao analisar o pedido de liminar, a Dra. Silvia Figueiredo Marques, juíza da 26a Vara da Justiça Federal de São Paulo, concedeu liminar para que as autoridades impetradas se abstenham de impor aos membros da Impetrante — sociedades de advogados e advogados que as integram — as penalidades previstas pela cumulação dos arts.17 da Lei n. 11.051104 e 32 da Lei n. 4.357194. 3. Analogicamente, uma vez que o assunto é o mesmo, distribuição de lucros a sócio restando débito com a seguridade social, temos que é patente a violação de direito, concluindo ainda pela ilegalidade da sanção imposta. 4. Desta forma, atendendo ao princípio da razoabilidade, requer seja reconsiderada a decisão anterior, julgandose improcedente o referido lançamento e extinguindo o débito relativo a ele. 5. Caso V. Sas. tenham entendimento diverso, requerse, subsidiariamente, a revisão do valor arbitrado, uma vez que a fiscalização que deu origem ao lançamento, foi iniciativa da própria empresa, que abriu suas portas a auditoria fiscal da Receita, com a finalidade de ver seu débito parcelado, gozando de boafé e boa vontade para sanar a situação de devedora que ora se encontrava perante a seguridade social. É o relatório. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 15979.000275/200748 Acórdão n.º 2401003.923 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 140. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DO MÉRITO No recurso em questão, o contribuinte resumiuse a atacar a validade da norma aplicável ao caso concreto, face sua flagrante inconstitucionalidade. Ressaltese que em momento algum o recorrente rebate que os valores foram realmente pagos, pelo contrário, destaca que possui realmente parcelamento. Contudo, embora questione a possibilidade de se cobrar a exação, face a ilegalidade da norma aplicável, entendo que exista um ponto central, que acaba por tornar frágil toda a autuação e que vem de encontrar a identificar se a norma aplicáse ao caso concreto. Observemos a imputação fiscal: Foi constatado durante esta ação fiscal que a empresa em epígrafe atribuiu lucros ao sócio cotista Sr. Luis Alberto dos Santos Gabriel nos anoscalendário 2000 e 2001 conforme constatei através das Declarações de IRP] o que constitui infração prevista no artigo 52 inciso II da Lei n. 8212/91 c/c artigo 285 do Regulamento da Previdência Social RPS aprovado pelo Decreto n. 3048/99 que prescreve que : " À empresa em débito para com a Seguridade Social é proibido dar ou atribuir cota ou participação nos lucros a sóciocotista, diretor ou outro membro de órgão dirigente, fiscal ou consultivo, ainda que a título de adiantamento" . As xerocópias das declarações acima apontadas encontramse juntadas aos autos. Ou seja, não consegui identificar que tipo de debito foi constatado pela autoridade fiscal. Passando aos termos da decisão de primeira instância, também observase a fragilidade de todo o lançamento, posto que o julgador, apenas ratificou as palavras do auditor, sem novamente descrever que tipo de débito foi constatado, capaz de determinar a procedência da autuação. Vejamos trecho da decisão: A impugnação foi apresentada com observância do prazo legal e demais requisitos de admissibilidade, e dela tomase conhecimento. O presente Auto de Infração AI encontrase revestido das formalidades legais, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos disciplinadores da matéria. O art. 52, 11, da Lei n.° 8.212/91 estabelece que: Fl. 112DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 6 Ari. 52 À empresa em débito para com a Seguridade Social é proibido: I distribuir bonificação ou dividendo a acionista; II dar ou atribuir cota ou participação nos lucros a sócio cotista, diretor ou outro membro de órgão dirigente, fiscal ou consultivo, ainda que a título de adiantamento. De acordo com a constatação feita pela AuditoraFiscal autuante, a empresa violou tal dispositivo ao distribuir lucros ao sócio Sr. Luis Alberto dos Santos Gabriel, nos anoscalendário 2000 e 2001, estando em débito com a Seguridade Social. Em sua defesa, a autuada limitase a invocar equívoco relativo à vigência de lei estranha à presente autuação. O ato legal infringido é a Lei n.° 8.212/91 e inexiste dúvida. quanto a sua vigência. Assim, voto pela procedência do lançamento. Novamente, não é possivel identificar se a situação da empresa se subssumi ao caso concreto. Aliás, a única pista capaz de identificar a natureza do suposto débito, foi dado pelo próprio recorrente em sua impugnação: "A requerente solicitou parcelamento de débitos previdenciários, e durante o andamento da fiscalização, foi levantado a distribuição de lucros ao sócio nos anos calendário 2000 e 2001, os quais não poderiam ter sido distribuídos, tendo em vista seus débitos com este órgão Ocorre que a mesma acreditou estivesse suspensa a Lei 4357, Art.' 32, tendo em vista que a mesma era de 1.964 e foi ressucitada em dezembro de 2004 através da Lei 11.051, Art.' 17 e que alguns tributaristas acreditam que a lei de 1964 deixou de vigorar com a promulgação da Constituição Federal de 1.988." Nem mesmo depois dessa alegação trouxe o julgador a quo qualquer informação acerca do débito que consubstanciou o lançamento, o que no meu entender não pode ser pautado na existência de mero parcelamento, mas tão somente se fosse identificado que o mesmo encontravase inscrito em dívida ativa. Assim, como não promoveu a autoridade fiscal, a correta descrição dos elementos que consubstanciariam o descumprimento do art. 52 da lei 8212/91, ou seja, não demonstra a efetiva falta cometida pelo recorrente, entendo deva ser dado provimento ao recurso, anulandose toda a autuação pela ausência da correta imputação fiscal, quanto ao descumprimento legal. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para no mérito DAR LHE PROVIMENTO É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 25/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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Numero do processo: 10580.730146/2011-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 05 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO ENTRE OS FUNDAMENTOS E O DISPOSITIVO. ERRO MATERIAL SANÁVEL. EMBARGOS PROVIDOS PARA INTEGRAR O ACÓRDAO.
Havendo contradição entre os fundamentos do acórdão o dispositivo lançado em conclusão, afere-se mero erro material, passível de saneamento mediante o provimento dos Embargos de Declaração para integrar o acórdão contraditório.
Numero da decisão: 1301-001.769
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, embargos acolhidos e providos para retificar o resultado do julgamento.
(assinado digitalmente)
Valmar Fonseca de Menezes
Presidente
(assinado digitalmente)
Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR
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CONTRADIÇÃO ENTRE OS FUNDAMENTOS E O DISPOSITIVO. ERRO MATERIAL SANÁVEL. EMBARGOS PROVIDOS PARA INTEGRAR O ACÓRDAO. Havendo contradição entre os fundamentos do acórdão o dispositivo lançado em conclusão, aferese mero erro material, passível de saneamento mediante o provimento dos Embargos de Declaração para integrar o acórdão contraditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, embargos acolhidos e providos para retificar o resultado do julgamento. (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 01 46 /2 01 1- 14 Fl. 1649DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/03/2015 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES 2 Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Valmar Fonseca de Menezes, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Relatório Cuidase de Embargos de Declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional, reputando que o dispositivo do acórdão embargado seria contraditório à fundamentação e ao dispositivo do próprio voto condutor, porquanto no acórdão constou que fora dado provimento ao Recurso Voluntário quando, em verdade, fora negado provimento ao Recurso segundo consta do voto condutor. A dito omissão imporia o acolhimento dos Embargos para então, integrando o acórdão embargado, ajustarse o conteúdo decisório aos fundamentos lançados. Sendo distribuídos os Declaratórios, elaborei Despacho em 20 de outubro próximo passado, reconhecendo monocraticamente a referida contradição, submetendo tal decisão à Presidência desta Turma, de sorte que agora trago à apreciação plenária o tema. É a síntese do necessário. É o relatório. Fl. 1650DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/03/2015 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES Processo nº 10580.730146/201114 Acórdão n.º 1301001.769 S1C3T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. Os Embargos de Declaração opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional são tempestivos e formalmente dotados dos atributos de recorribilidade. Admitoos para julgamento. A questão trazida aos autos se ocupa de evidente contradição, aliás, muito mais se ocupa de um erro material, de sorte que, registro de pronto que assiste rigorosa razão à Fazenda Embargante. Com efeito, toda a fundamentação e até mesmo o dispositivo do voto condutor foram no sentido de NEGAR provimento ao Recurso de Ofício e, igualmente, NEGAR provimento ao Recurso Voluntário, malgrado tenha constado no acórdão que se estava a prover o Recurso Voluntário. Como bem assinalou a Embargante, tal contradição, embora precise ser sanada, não compromete a higidez da decisão proferida, porquanto toda a fundamentação foi no sentido de desproverse o Recurso da contribuinte. Diante disso, voto no sentido de conhecer os Embargos de Declaração, e assim o fazendo, darlhes provimento para os fins de integrando o acórdão embargado extirpar a pecha de contradição, assentandose que fora negado provimento aos Recursos Voluntário e de Ofício. Sala das Sessões, em 05 de fevereiro de 2015. (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior. Fl. 1651DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalm ente em 27/02/2015 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Assinado digitalmente em 24/03/2015 p or VALMAR FONSECA DE MENEZES
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