Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10850.003081/2002-12
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996
PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF.
De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratando-se de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS exigido com base na Medida Provisória n° 1.212/95 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998, cujo artigo 18 fora declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADIn n° 1.417-0/DF, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contando-se da data da ocorrência do fato gerador.
Recurso extraordinário negado.
Numero da decisão: 9900-000.920
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo Presidente
(Assinado digitalmente)
Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator
EDITADO EM: 22/12/2014
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Ivacir Júlio de Souza (conselheiro convocado) substituiu circunstancialmente (até a votação do item 7 da pauta) o conselheiro Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF), bem assim também foi convocado o conselheiro Antônio Lisboa Cardoso (substituição da conselheira Susy Gomes Hoffman, no dia 8/12/2014) e o Conselheiro Paulo Cortez (em substituição à conselheira Karem Jureidini Dias, no dia 09/12/2014).
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Pleno
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF. De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratando-se de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Contribuição para o Programa de Integração Social - PIS exigido com base na Medida Provisória n° 1.212/95 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998, cujo artigo 18 fora declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADIn n° 1.417-0/DF, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contando-se da data da ocorrência do fato gerador. Recurso extraordinário negado.
turma_s : PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10850.003081/2002-12
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5437770
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9900-000.920
nome_arquivo_s : Decisao_10850003081200212.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10850003081200212_5437770.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator EDITADO EM: 22/12/2014 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Ivacir Júlio de Souza (conselheiro convocado) substituiu circunstancialmente (até a votação do item 7 da pauta) o conselheiro Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (Vice-Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (Vice-Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (Vice-Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (Vice-Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF), bem assim também foi convocado o conselheiro Antônio Lisboa Cardoso (substituição da conselheira Susy Gomes Hoffman, no dia 8/12/2014) e o Conselheiro Paulo Cortez (em substituição à conselheira Karem Jureidini Dias, no dia 09/12/2014).
dt_sessao_tdt : Tue Dec 09 00:00:00 UTC 2014
id : 5845003
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703934468096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2086; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFPL Fl. 12 1 11 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10850.003081/200212 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900000.920 – Pleno Sessão de 09 de dezembro de 2014 Matéria PEDIDO RESTITUIÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida REFRIGERANTES ARCO IRIS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF. De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratandose de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Contribuição para o Programa de Integração Social PIS exigido com base na Medida Provisória n° 1.212/95 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998, cujo artigo 18 fora declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADIn n° 1.417 0/DF, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contandose da data da ocorrência do fato gerador. Recurso extraordinário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, negaram provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 30 81 /2 00 2- 12 Fl. 265DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 2 (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 22/12/2014 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Antônio Carlos Guidoni Filho (Vice Presidente da 1ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Rafael Vidal de Araújo (Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), João Carlos de Lima Júnior (VicePresidente da 2ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmar Fonseca de Menezes (Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Valmir Sandri (VicePresidente da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Jorge Celso Freire da Silva (Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Karem Jureidini Dias (Vice Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção do CARF), Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Alexandre Naoki Nishioka (VicePresidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Gustavo Lian Haddad (VicePresidente da 2ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Ivacir Júlio de Souza (conselheiro convocado) substituiu circunstancialmente (até a votação do item 7 da pauta) o conselheiro Marcelo Oliveira (Presidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Manoel Coelho Arruda Júnior (VicePresidente da 3ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Elias Sampaio Freire (Presidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira (VicePresidente da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF), Henrique Pinheiro Torres (Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Nanci Gama (Vice Presidente da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Joel Miyasaki (Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo Cardozo Miranda (VicePresidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Maria Teresa Martínez López (VicePresidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF), Júlio César Alves Ramos (convocado para ocupar o lugar do Presidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF) e Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva (VicePresidente da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF), bem assim também foi convocado o conselheiro Antônio Lisboa Cardoso (substituição da conselheira Susy Gomes Hoffman, no dia 8/12/2014) e o Conselheiro Paulo Cortez (em substituição à conselheira Karem Jureidini Dias, no dia 09/12/2014). Fl. 266DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10850.003081/200212 Acórdão n.º 9900000.920 CSRFPL Fl. 13 3 Relatório REFRIGERANTES ARCO IRIS LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já devidamente qualificada nos autos do processo administrativo em epígrafe, apresentou Pedido de Restituição/Compensação da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, em 21 de novembro de 2002, em relação ao período de apuração de 10/1995 a 02/1996, conforme Petição Inicial, às fls. 01/10, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto Recurso Especial pela Procuradoria contra Acórdão nº 20180.200, da 1a Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes, que deu provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, a Egrégia 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 11/02/2009, por maioria de votos, achou por bem NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº CSRF/0203.777, sintetizados na seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/1995 a 28/02/1996 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PIS. PRAZO DE RESTITUIÇÃO. NORMA INCONSTITUCIONAL. PRAZO DECADENCIAL. Pedido de restituição de indébitos referentes à contribuição para o PIS, no período de 1710/1995 a 29/02/1996, pagos com base na MP n° 1.212/95, formulado antes do prazo de cinco anos da data da publicação do Acórdão do STF na ADIn n° 1.4170/DF, há de se manter afastada a decadência. Recurso Especial do Procurador Negado”. Ainda irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário ao Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, às fls. 191/215, com arrimo nos artigo 9º e 43, do então Regimento Interno da CSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Inicialmente, pretende seja conhecido seu Recurso Extraordinário, uma vez observados os requisitos para tanto, eis que o Acórdão atacado, ao determinar que o prazo para restituição do indébito tributário, nos casos de declaração de inconstitucionalidade, tem início no momento em que o Poder Executivo e/ou Judiciário reconhece não mais ser devida a exação, divergiu de outras decisões exaradas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se extrai do Acórdão nº 930300.080, ora adotado como paradigma. Sustenta que o Acórdão encimado, ora adotado como paradigma, diverge do decisum guerreado, na medida em que admite como termo inicial para contagem do prazo decadencial do pedido de restituição a data do pagamento indevido e não com a publicação de Fl. 267DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 4 ato normativo ou prolação de decisão judicial, na forma que restou decidido pela Turma recorrida. Após breve relato dos fatos ocorridos no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, por entender ter contrariado os preceitos contidos nos artigos 168, caput, e inciso I, 156, inciso I, do CTN, e artigos 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/05. Assevera que a Declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado, do efeito retroativo imprimido ao PIS pela parte final do artigo 18 da Lei n° 9.715/95, não exerce qualquer influência na contagem do prazo para repetição de indébito e/ou compensação. Nesse sentido, sustenta que, para o CTN, a causa do recolhimento indevido é irrelevante, eis que não definiu como termo a quo para contagem da prescrição a edição de Resolução do Senado Federal ou declaração de inconstitucionalidade pelo STF, não podendo o julgador dar à norma legal em comento interpretação que dela não decorre. Suscita que os artigos 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, c/c artigo 106, inciso I, do CTN, corroboram seu entendimento, possibilitando, inclusive, a aplicação retroativa do artigo 3º, da LC nº 118, em virtude de sua natureza interpretativa. A fazer prevalecer sua pretensão, traz à colação julgados da esfera Judicial e Administrativa a propósito da matéria, consonantes com o entendimento acima esposado. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Extraordinário, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, o ilustre Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, entendeu por bem admitir o Recurso Extraordinário da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no decisum paradigma, Acórdão nº 930300.080, consoante se positiva do Despacho nº 910000.673/2011, às fls. 253/254. Instada a se manifestar a propósito do Recurso Extraordinário da Procuradoria, a contribuinte não apresentou suas contrarrazões. É o Relatório. Fl. 268DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10850.003081/200212 Acórdão n.º 9900000.920 CSRFPL Fl. 14 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pelo ilustre Presidente da CSRF, a divergência suscitada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, conheço do Recurso Extraordinário e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende da análise do Recurso Extraordinário, pretende a Procuradoria a reforma do Acórdão recorrido, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali esposadas contrariaram de outras decisões exaradas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se extrai do Acórdão nº 930300.080, ora adotado como paradigma. Em defesa de sua pretensão, sustenta que o Acórdão atacado malferiu os preceitos contidos nos artigos 165, inciso I e 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, os quais prescrevem que o direito de o sujeito passivo pleitear a restituição de tributo pago indevidamente ou a maior extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento indevido. Nesse sentido, reitera que, para o CTN, a causa do recolhimento indevido é irrelevante, eis que não definiu como termo a quo para contagem da prescrição a edição de Resolução do Senado Federal, a declaração de inconstitucionalidade pelo STF ou outro ato administrativo qualquer, não podendo o julgador dar à norma legal em comento interpretação que dela não decorre. Infere, ainda, que os artigos 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, c/c artigo 106, inciso I, do CTN, corroboram seu entendimento, possibilitando, inclusive, a aplicação retroativa do artigo 3º, da LC nº 118, em virtude de sua natureza interpretativa. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu insurgimento, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, que assim prescrevem: “ Art.165 O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do art. 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido;” “Art.168 O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: Fl. 269DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 6 I nas hipóteses dos incisos I e II do art. 165, da data da extinção do crédito tributário;” Na hipótese dos autos, não há dúvidas quanto a existência do indébito, tendo em vista tratarse de pedido de restituição/compensação da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS exigido com base no artigo 15 da Medida Provisória n° 1.212/1995 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998 (artigo 18), declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal nos autos da ADIn n° 1.4170/DF, com decisão publicada em 19/04/2001. Nesse sentido, a discussão centrase tão somente no prazo prescricional para o contribuinte exercer seu direito de repetição de indébito, mais precisamente em relação ao termo a quo de referido prazo. A Procuradoria da Fazenda Nacional, com amparo nos artigos 168, caput e inciso I, 156, inciso I, do CTN, c/c artigos 3º e 4º, da Lei Complementar 118/2005, entende que o termo a quo do prazo prescricional em comento é a data do pagamento do tributo indevido. Por sua vez, a Turma recorrida, em sua maioria, determinou que o prazo para a contribuinte pleitear a restituição e/ou compensação dos tributos em referência (PIS) iniciase na data da publicação do Acórdão do STF exarado nos autos da ADIn n° 1.4170/DF, em 19/04/2001, entendimento compartilhado por este conselheiro, pelas razões de fato e de direito que passamos a desenvolver. Afora as várias discussões doutrinárias a propósito do tema, o certo é que o PIS cobrado com arrimo no artigo 15 da Medida Provisória n° 1.212/1995 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998 (artigo 18) só passou a ser indevido quando da definitiva exclusão de tais diplomas legais do ordenamento jurídico, ou seja, a partir da publicação do Acórdão do STF exarado nos autos da ADIn n° 1.4170/DF, em 19/04/2001, a qual extirpou do ordenamento jurídico os ditames daquelas normas, com efeito erga omnes. Em outras palavras, antes de aludido Acórdão do STF, o tributo em debate era devido e deveria ser recolhido em época própria, ou melhor, os pagamentos foram efetuados com fulcro na legislação de regência vigente. Nessa toada, ao admitir como termo a quo do prazo prescricional sub examine a data do pagamento do tributo indevido, estamos privilegiando o contribuinte que não o pagou, eis que não cumpriu a legislação de regência válida à época e não suportará lançamento fiscal com o fito de exigir tal exação, porquanto declarada inconstitucional posteriormente. Em outra via, o contribuinte que cumpriu com suas obrigações tributárias, pagando o tributo em dia, será penalizado por seguir os preceitos do malfadado diploma legal. Mais a mais, repitase, à época dos pagamentos do PIS exigido na forma do artigo 15 da Medida Provisória n° 1.212/1995 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998 (artigo 18), tal tributo era efetivamente devido, só passando a ser indébito quando da publicação do Acórdão proferido nos autos da ADIn n° 1.4170/DF. Na esteira desse entendimento, as razões de decidir do Acórdão atacado representam, além da observância ao princípio da legalidade, o cumprimento do dever legal do julgador de se fazer justiça. Assim, não se pode admitir como termo inicial do prazo prescricional em análise, a data do pagamento do tributo. Este, aliás, era o entendimento majoritário da doutrina Fl. 270DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10850.003081/200212 Acórdão n.º 9900000.920 CSRFPL Fl. 15 7 e jurisprudência judicial e administrativa, conforme restou circunstanciadamente demonstrado nos autos do processo, especialmente nas peças recursais da contribuinte. A propósito da matéria, mister trazer à baila a jurisprudência, anteriormente consolidada nesse Colendo Tribunal Administrativo, oferecendo proteção ao pleito da contribuinte, senão vejamos: “ PIS. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL DE CONTAGEM. RESOLUÇÃO Nº 49 DO SENADO FEDERAL – O prazo prescricional para se pleitear a restituição/compensação do indébito iniciase da Resolução nº 49, de 10/10/1995, do Senado Federal, a qual conferiu efeito erga omnes à decisão que declarou inconstitucional os DecretosLeis nos. 2.445/88 e 2.449/88, eis que proferida inter partes em sede de controle difuso de constitucionalidade. Precedentes CSRF.Recurso negado.” (2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Acórdão nº CSRF/0202.373 – Sessão de 24/07/2006) “ PRESCRIÇÃO. Nos pleitos de compensação/restituição de PIS, formulados em face da inconstitucionalidade dos Decretos Leis nºs 2.445/88 e 2.449/88, o prazo de prescrição do direito creditório é de 5 (cinco) anos contado da data da publicação da Resolução nº 49 do Senado Federal, de 10 de outubro de 1995. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais.Recurso especial negado.” (2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Acórdão nº CSRF/0202.481 – Sessão de 16/10/2006) “ PIS – PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO – DECADÊNCIA – Cabível o pleito de restituição/compensação de valores recolhidos a maior a título de Contribuição para o PIS, nos moldes dos inconstitucionais Decretosleis nºs 2.445 e 2.449, de 1998, sendo que o prazo de decadência/prescrição de cinco anos deve ser contado a partir da edição da Resolução nº 49/Senado Federal.Recurso especial negado.” (2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Acórdão nº CSRF/02 02.552 – Sessão de 22/01/2007) Não obstante as razões de fato e de direito acima esposadas, as quais vinham sendo adotadas nos julgados por este Colegiado, ao contemplar a matéria, o certo é que o tema vem sendo objeto de inúmeras discussões no Judiciário, o qual já se manifestou das mais diversas formas, sobretudo após a edição da Lei Complementar nº 118, que em seus artigos 3o e 4o, assim prescreveu: “Art. 3o Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.” Fl. 271DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 8 Escorado nos dispositivos legais encimados, a Procuradoria reforça sua tese, mormente com arrimo no artigo 4º, que estabelece a retroatividade de aludidas determinações. Em face da edição da Lei Complementar nº 118/2005, inúmeras foram as discussões que permearam o Judiciário, especialmente no que tange a constitucionalidade do disposto na parte final do artigo 4º, relativamente à retroatividade daquela norma. Após muitas disceptações a propósito da matéria, o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido de que os preceitos inscritos na parte final do artigo 4º da Lei Complementar nº 118/2005, encontramse maculados por vício de inconstitucionalidade, não se cogitando na aplicabilidade retroativa do disposto no artigo 3°, consoante se infere da ementa do Acórdão exarado nos autos do Recurso Especial nº 1.002.932/SP, nos seguintes termos: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: [...] 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por Fl. 272DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10850.003081/200212 Acórdão n.º 9900000.920 CSRFPL Fl. 16 9 homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada." ). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.” ” (STJ – 1a Seção – Resp n° 1.002.932/SP – Relator Ministro Luiz Fux, Julgado em 25/11/2009) Conforme se depreende da ementa acima transcrita, o Superior Tribunal de Justiça posicionouse no sentido de que, no caso de repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo prescricional para protocolizar o pedido, após o advento da Lei Complementar n° 118, contase da seguinte forma: 1) Recolhimentos efetuados antes da LC 118/2005 – Prazo de 10 (dez) anos – tese dos 5 + 5 , contados da ocorrência do fato gerador, limitado ao período máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova; 2) Recolhimentos realizados após a vigência da LC 118 (09/06/2005) – Prazo de 05 (cinco) anos a contar da data do pagamento indevido; Fl. 273DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 10 No mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal, rechaçou de uma vez por todas qualquer dúvida quanto à matéria, ratificando a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, mantendo, portanto, o prazo prescricional com base na tese dos 5 + 5 para nos casos de recolhimentos indevidos ocorridos anteriormente à vigência de aludido Diploma Legal. É o que se extrai do Acórdão exarado nos autos do Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado sob o manto do rito previsto no artigo 543B do Código de Processo Civil, com a seguinte ementa: “DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO .VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA . NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA Processo nº 10850.003081/200212 Acórdão n.º 9900000.920 CSRFPL Fl. 17 11 Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Como se observa do julgado acima ementado, o Supremo Tribunal Federal, ao contemplar a matéria, corroborou a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, ressalvando, porém, seu entendimento no sentido de que referido Diploma Legal somente poderá ser aplicado às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. No caso vertente, não se cogita em prescrição do direito da contribuinte, tendo em vista que apresentou pedido de restituição/compensação em 21/11/2002, antes da vigência da Lei Complementar n° 118/2005, relativamente a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário 1995 a 1996, mais precisamente no período de 10/1995 a 02/1996, a título de PIS exigido na forma do artigo 15 da Medida Provisória n° 1.212/1995 e reedições, convertida na Lei n° 9.715/1998 (artigo 18), dentro, portanto, do prazo decenal, seja qual for o posicionamento a ser adotado, do STF ou STJ. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento parcial ao recurso voluntário da contribuinte, por outros fundamentos, na forma decidida pela 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, ratificado pela 2ª Turma da CSRF, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDINÁRIO DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 275DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA 12 Fl. 276DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA, Assinado digitalm ente em 19/01/2015 por OTACILIO DANTAS CARTAXO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por RYCARDO HENR IQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 11065.724132/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
SIMULAÇÃO.PESSOA JURÍDICA CONSTITUÍDA SEM PROPÓSITO NEGOCIAL, COM OBJETIVO SOCIAL DE REDUÇÃO DE CARGA TRIBUTÁRIA.
O negócio jurídico será reputado como simulado quando se comprove a sua inexistência, pela ausência dos elementos essenciais do negócio jurídico - sujeitos, objeto e causa. Falso um dos elementos que conformam a estrutura da relação jurídica negocial, há a simulação.
Se os objeto transações que nunca ocorreram de fato, sendo apenas articuladas documentalmente, ou aquelas que, embora ocorridas, são desprovidas de substância, há simulação.
MULTA AGRAVADA.
Tomando-se como pressuposto a ocorrência de simulação nas transações, cabível o agravamento da multa de ofício.
Numero da decisão: 3201-001.889
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negado provimento ao recurso voluntário com relação ao principal. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto votou pelas conclusões. Por maioria de votos, mantida a multa qualificada, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino e Erika Costa Camargos Autran que retiravam a qualificação da multa.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SIMULAÇÃO.PESSOA JURÍDICA CONSTITUÍDA SEM PROPÓSITO NEGOCIAL, COM OBJETIVO SOCIAL DE REDUÇÃO DE CARGA TRIBUTÁRIA. O negócio jurídico será reputado como simulado quando se comprove a sua inexistência, pela ausência dos elementos essenciais do negócio jurídico - sujeitos, objeto e causa. Falso um dos elementos que conformam a estrutura da relação jurídica negocial, há a simulação. Se os objeto transações que nunca ocorreram de fato, sendo apenas articuladas documentalmente, ou aquelas que, embora ocorridas, são desprovidas de substância, há simulação. MULTA AGRAVADA. Tomando-se como pressuposto a ocorrência de simulação nas transações, cabível o agravamento da multa de ofício.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11065.724132/2013-15
anomes_publicacao_s : 201504
conteudo_id_s : 5454752
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3201-001.889
nome_arquivo_s : Decisao_11065724132201315.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
nome_arquivo_pdf_s : 11065724132201315_5454752.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negado provimento ao recurso voluntário com relação ao principal. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto votou pelas conclusões. Por maioria de votos, mantida a multa qualificada, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino e Erika Costa Camargos Autran que retiravam a qualificação da multa. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5892844
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:39:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703940759552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2063; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 93 1 92 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.724132/201315 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.889 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria PIS/PASEP E COFINS Recorrente INDÚSTRIA DE CLAÇADOS FREITAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 SIMULAÇÃO.PESSOA JURÍDICA CONSTITUÍDA SEM PROPÓSITO NEGOCIAL, COM OBJETIVO SOCIAL DE REDUÇÃO DE CARGA TRIBUTÁRIA. O negócio jurídico será reputado como simulado quando se comprove a sua inexistência, pela ausência dos elementos essenciais do negócio jurídico sujeitos, objeto e causa. Falso um dos elementos que conformam a estrutura da relação jurídica negocial, há a simulação. Se os objeto transações que nunca ocorreram de fato, sendo apenas articuladas documentalmente, ou aquelas que, embora ocorridas, são desprovidas de substância, há simulação. MULTA AGRAVADA. Tomandose como pressuposto a ocorrência de simulação nas transações, cabível o agravamento da multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negado provimento ao recurso voluntário com relação ao principal. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto votou pelas conclusões. Por maioria de votos, mantida a multa qualificada, vencidos os conselheiros Daniel Mariz Gudino e Erika Costa Camargos Autran que retiravam a qualificação da multa. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 41 32 /2 01 3- 15 Fl. 2296DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 2 Joel Miyazaki – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Joel Miyazaki (Presidente), Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Erika Costa Camargos Autran. Relatório Referese o presente processo administrativo a auto de infração para a cobrança de PIS/PASEP e Cofins. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: 4. O processo em exame versa sobre um lançamento de Cofins e outro de Pis, ambos realizados em 04/11/2013 pela DRF de Novo Hamburgo, com o escopo de constituir débitos dessas contribuições apurados no período de janeiro a dezembro de 2009. 5. O lançamento da Cofins foi formalizado no auto de infração anexo às fls. 2.047/2.050, cujos demonstrativos se acham nas fls. 2.051/2.067; já o do Pis deu origem ao auto de infração das fls. 2.069/2.072, cujos demonstrativos se encontram nas fls. 2.073/2.090. 6. Segundo o minucioso Relatório Fiscal redigido pela autoridade autuante, anexo às fls. 2.092/2.114, houve insuficiência de recolhimento no período autuado divido às seguintes infrações: Crédito superior ao permitido 6.1 Tratase de crédito presumido sobre o estoque de abertura aproveitado em valor superior ao previsto na legislação, consoante tabelas incluídas na fl. 2.097 (item 3.1 do Relatório Fiscal). Crédito indevido 6.2 Em desacordo com a legislação de regência, a empresa apurou crédito sobre mãodeobra paga a pessoa física (folha de salários), valendose para tanto de um contrato simulado de serviços de industrialização por encomenda. Os valores dos créditos glosados se acham discriminados em tabela incluída na fl. 2.113 (item 3.2 do Relatório Fiscal). 7. O crédito tributário exigido — composto de principal, multa de ofício de 75% (item 3.1) e 150% (item 3.2), além de juros de mora calculados até 11/2013 — perfaz os montantes de R$ 335.930,42 no caso da Cofins e R$ 72.601,47 no caso do Pis. Fl. 2297DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 94 3 8. Intimada dos lançamentos pessoalmente em 06/11/2013 (fl. 2.116), apresentou a contribuinte em 26/11/2013 — tempestivamente portanto — a impugnação anexa às fls. 2.122/2.130, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de alguns documentos. Resumo da Impugnação Principal a. Começa por assinalar haver sido autuada, de forma totalmente equivocada, sob a alegação de que se apropriara “indevidamente de créditos sobre o estoque de abertura, bem como em decorrência de serviços prestados a fornecedores do mesmo grupo econômico, tendo com isso deixado de recolher as contribuições devidas”. b. Alega que “em nenhum momento se apropriou de créditos ou se utilizou de interposta empresa para reduzir tributos”, tendo havido apenas prestação de serviços realizada pela empresa “Indústria de Calçados Três Américas Ltda.”, operação essa plenamente jurídica e legal. c. Afirma comprovarem os documentos anexos haver a fiscalização laborado em equívoco ao concluir pela alegada irregularidade, consoante “sobejamente comprovado nos autos do processo administrativo de n° 1010700.2011000570”. d. As assertivas e conclusões da autoridade fiscal, no seu entender, carecem de “sustentação fática e jurídica”, razão por que as impugna integralmente, bem como os valores lançados. e. Pondera que — mesmo admitindose, por força de argumento, houvesse ela cometido a irregularidade apontada — tal conduta, longe de configurar ilicitude, poderia quando muito caracterizar, em tese, elisão fiscal. f. Fundada em excerto de doutrina transcrito no item 2.8 da impugnação, acrescenta ser perfeitamente legal e jurídica a prática de elisão fiscal. g. Afirma que, tivesse o governo reconhecido o excesso de contribuições previdenciárias incidentes sobre seu ramo de atividade econômica, “não haveria a necessidade da utilização de elisão fiscal para reduzir a carga previdenciária incidente sobre a folha de pagamento”. h. Observa que o legislador poderia ter estendido ao pretérito, alcançando assim a impugnante, a vigência da MP n° 540/2011, cujo art. 8° denota haver ele reconhecido o excesso de carga tributária. i. Concluindo o raciocínio, assevera que a irregularidade apontada pela autora do feito, tendo sido praticada antes da ocorrência do fato gerador do tributo, poderia, na pior das hipóteses, caracterizar elisão fiscal, segundo definição contida Fl. 2298DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 4 no citado texto doutrinário, “e como tal deveria ser tratada, não havendo que se falar em evasão fiscal”. Multa de ofício j. Insurgese contra as penalidades pecuniárias aplicadas, alegando haver exigência de multa de ofício e multa de mora abusiva, o que, além de bis in idem, constitui verdadeiro confisco, vedado pelo art. 150, IV, da Carta de 1988, segundo o qual é vedado à União “utilizar tributo com efeito de confisco” ou, em outras palavras, “o tributo — incluindo a multa arbitrada, não poderá ter efeitos confiscatórios”. k. Acrescenta que, ainda que fosse legal e constitucional a cobrança de multa na forma adotada pela autoridade fiscal, seu percentual deveria ser reduzido para 20%. l. Cita acórdão judicial cuja ementa declara possuir caráter confiscatório a multa de mora quando fixada em patamar superior a 20%. m. Em remate, afirma imporse no caso vertente o afastamento de uma das multas aplicadas, bem como a redução do valor “arbitrado”, visto terem sido “arbitradas de forma excessiva e desproporcional”, configurando afronta ao princípio constitucional do nãoconfisco “a dualidade de tal encargo”. Juros de Mora n. Em breve dissertação a respeito da taxa SELIC, assevera que sua utilização como índice de atualização de débitos tributários, além de inconstitucional, caracteriza confisco, devendose aplicar, em vez dela, os juros moratórios de 1% previstos no art. 161, § 1°, do CTN. Requerimento o. Encerrando o arrazoado, requer se declare insubsistente o auto de infração e as respectivas multas e solicita a realização de perícia técnica. 9. É o relatório. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO A insuficiência de recolhimento torna indispensável o lançamento de ofício, a fim de constituir o crédito tributário devido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 2299DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 95 5 Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO A insuficiência de recolhimento torna indispensável o lançamento de ofício, a fim de constituir o crédito tributário devido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 MULTA DE OFÍCIO (75%) A mera insuficiência de recolhimento sujeita a contribuinte à exigência de multa de ofício de 75%, nos termos do art. 44, I, da lei n° 9.430/96. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA (150%) A prática de sonegação, fraude ou conluio, tal como o definem os arts. 71, 72 e 73 da lei n° 4.502/64, constitui infração apenável com multa qualificada, nos termos do art. 44, § 1°, da lei n° 9.430/96. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC Procede a cobrança de encargos de juros com base na taxa SELIC, visto estar amparada em lei (art. 61, § 3º, da lei nº 9.430/96). PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO Os pedidos de perícia, quando prescindíveis ou em desacordo com os requisitos previstos no art. 16, IV, do decreto nº 70.235/72 (PAF), deverão ser sumariamente indeferidos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A decisão recorrida afirmou que a Indústria de Calçados Três Américas Ltda., consoante o atestam os documentos anexos à autuação e como sobejamente comprovado nos autos do processo administrativo de n° 1010700.2011000570, supostamente lhe prestava serviços de industrialização por encomenda, quando, em verdade, era parte da própria Indústria de Calçados Freitas Ltda., com ela constituindo uma única empresa, de sorte que concluiu que o contrato de prestação de serviços era simulado, não correspondendo à realidade dos fatos. Referido artifício era empregado no intuito de reduzir a carga tributária previdenciária. A contribuinte teria criado empresa fictícia para simular um contrato de prestação de serviços de industrialização por encomenda, de forma que pudesse contabilizar custos relativos a sua folha de salários (mãodeobra paga a pessoa física), cujo desembolso não gera direito a crédito de Cofins e PIS, como “serviços utilizados como insumos” , no período de janeiro a dezembro de 2009. Fl. 2300DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 6 A Indústria de Calçados Freitas Ltda obtinha, por conseguinte, benefício do ingresso de sua mãodeobra no SIMPLES, reduzindo, por conseguinte, sua carga tributária previdenciária e usufruía do benefício do creditamento das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS relativamente a esses serviços de industrialização por encomenda, os quais são insumos que geram direito a crédito quando contratados com pessoa jurídica, na forma do artigo 3º, § 3º, inciso I, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A decisão recorrida adotou as conclusões da auditoria fiscal realizada em 2011 na Indústria de Calçados Freitas Ltda, na qual se constataram as seguintes situações: i. embora as empresas tivessem domicílios tributários distintos funcionavam em um único parque fabril; ii.ambas têm o mesmo objeto social; iii.os sócios das duas empresas são ligados por laços de parentesco; iv.existem funções essenciais nas duas empresas que são desempenhadas por empregados cadastrados em uma delas; v. houve migração gradativa dos empregados da autuada para a terceirizada; vi. não há separação física entre os empregados e, tampouco, identificação por empregador; vii.o faturamento da Indústria de Calçados Três Américas Ltda, provém de serviços prestados exclusivamente para a Indústria de Calçados Freitas Ltda.; vii. no ano de 2009 o custo da mãodeobra da Três Américas correspondeu a 112,36% e, em 2010, representou 84,36% da receita bruta; viii. a atividade de Recursos Humanos é desempenhada pela mesma pessoa nas duas empresas; ix.o fornecimento de refeições para os empregados das duas empresas é feito pela autuada, não sendo identificada qualquer registro na escrituração da Três Américas de despesas com alimentação na Indústria de Calçados Três Américas Ltda; x. na Indústria de Calçados Três Américas Ltda firmou contrato de locação com a autuada que inclui despesas com impostos, taxas e energia elétrica, sabidamente elevados para uma indústria; ademais, o aluguel inclui máquinas e equipamentos, cujos custos de manutenção são suportados pela pela autuada, resultando que todas essas despesas são superiores à receita de locação. Assim, tendo reputada as operações referidas como simuladas, considerando os custos relativos à própria folha de pagamento da Indústria de Calçados Freitas Ltda., para os débitos apurados no item 3.2 do Relatório Fiscal (fl. 2.113) foram acrescidos de multa qualificada de 150%, na forma do § 1° c/c o inciso I, devido à utilização de contrato simulado com evidente intuito de fraude, procedimento que se subsume ao disposto nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64: Apresentado recurso voluntário, repetiramse os argumentos defesa, argumentando a Recorrente que as suas operações teriam se configurado como elisão fiscal, totalmente legítimas. Sobre a multa agravada, entendeua aplicada como se de mora fosse, argumentando ser confiscatória, devendo ser limitada ao teto de 20%. Finalmente, argumentou a inconstitucionalidade da taxa SELIC como índice aplicável aos tributos federais. Fl. 2301DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 96 7 É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Como se depreende dos autos, o cerne da controvérsia gravita em torno da legitimidade do planejamento tributário realizado pelo contribuinte: seria uma situação de elisão fiscal, que se legitimaria perante o ordenamento jurídico brasileiro, ou de evasão, hipótese em que procedente a presente autuação. O tema planejamento tributário, é sabido, suscita acalorados embates na doutrina e jurisprudência, especialmente porque a evolução desta última, não se reflete necessariamente no direito positivo brasileiro, razão pela qual, algumas premissas deverão ser traçadas. O direito positivo brasileiro permite que a autoridade administrativa requalifique atos ou negócios jurídicos dos contribuintes, conforme disposição expressa do art.149, VII do Código Tributário Nacional, que prescreve que o lançamento poderá ser efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos casos em que “se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação”. Em relação à dissimulação, ou simulação relativa, a Lei Complementar 104/2001 acresceu um parágrafo ao art.116 do CTN1, que permitiu a requalificação de atos ou negócios jurídicos, nas hipóteses de constatação de dissimulação, condicionando a sua eficácia à edição de lei ordinária, que, contudo, ainda não veio à luz. A Medida Provisória 66, nos arts. 13 a 19, previa procedimentos para desconsideração dos atos ou negócios realizados para dissimular a ocorrência do fato gerador; contudo na conversão na Lei n. 10.637/2002, não constaram esses dispositivos, que, nitidamente, ampliavam o espectro semântico do “negócio dissimulado”2, veiculando os conceitos como o de “abuso de forma”. É dizer, atualmente o direito positivo tributário 1 "Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária." 2 Art. 14 São passíveis de desconsideração os atos ou negócios jurídicos que visem a reduzir o valor de tributo, a evitar ou a postergar o seu pagamento ou a ocultar os verdadeiros aspectos do fato gerador ou a real natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. § 1º Para a desconsideração de ato ou negócio jurídico deverseá levar em conta, entre outras, a ocorrência de: I falta de propósito negocial; ou II abuso de forma. § 2º Considerase indicativo de falta de propósito negocial a opção pela forma mais complexa ou mais onerosa, para os envolvidos, entre duas ou mais formas para a prática de determinado ato. § 3º Para o efeito do disposto no inciso II do § 1, considerase abuso de forma jurídica a prática de ato ou negócio jurídico indireto que produza o mesmo resultado econômico do ato ou negócio jurídico dissimulado. Fl. 2302DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 8 brasileiro não opera, para fins de requalificação de atos ou negócios e, assim, no tratamento dos planejamentos tributários, com critérios normativos que se remetam a conceito de ilícito atípico3, como conduta que, embora não contrarie as regras do direito positivo, contrarie alguns vetores axiológicos do ordenamento, prevalecendo o ambiente de estrita legalidade. Assim, o primeiro ponto fundamental desse voto, é a premissa de que apenas os negócios simulados poderão ser desconsiderados pelo Fisco. Portanto, no caso em apreço, fundamental elucidarmos se as operações realizadas pela Recorrente, configuraramse como um ilícito atípico, por dissimulação, abuso de forma, fraude à lei, como este defende, ou, se efetivamente, tratase de hipótese de simulação, que implica na nulidade das respectivas relações jurídicas. O conceito de “simulação” é buscado no Direito Civil, todavia, devendo se adequar aos princípios informadores do Direito Tributário. Nesse contexto, a doutrina e a jurisprudência, ao abordarem casos de planejamentos tributários em que haja simulação, invariavelmente se remetem à doutrina civilista, que imprime ênfase ao elemento subjetivo das declarações, ou seja, na divergência entre a vontade dos sujeitos e o negócio jurídico exteriorizado. A ênfase no elemento subjetivo da declaração, pode ser facilmente justificada na própria conformação principiológica do Direito Civil, especialmente após a codificação de 2002, que dá primazia a vetores como ética e boafé, cuja análise é indissociável da intenção do sujeito. A doutrina, especialmente a civilista, no intento de construir uma definição conotativa de “simulação”, imprime ênfase ao elemento subjetivo das declarações, ou seja, na divergência entre a vontade/intenção dos sujeitos e o negócio jurídico exteriorizado. Nos dizeres de Sílvio Rodrigues4: A simulação é, na definição de Clóvis Beviláqua, uma declaração enganosa da vontade, visando a produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Portanto, negócio simulado é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam. Para Marco Aurélio Greco, essa tese apresenta o problema de que o exame de oponibilidade ao Fisco é dado pelo elemento “vontade”, bastando ao contribuinte demonstrar a sua efetiva intenção ao realizar o negócio jurídico, ainda que assumindo os riscos, enquanto ao Fisco, deve ser provada a divergência de vontades, de forma que restaria impossível a comprovação de simulação5. Embora faça sentido a consideração do elemento subjetivo como foco da análise da simulação no âmbito do Direito Civil que, como já afirmamos, labora com vetores 3 Manuel Atienza e Juan Ruiz Manero, Ilícitos Atípicos, p.25 e ss. 4Direito Civil –Parte Geral, p.238. 5 “O referencial de exame de oponibilidade dos negócios perante o Fisco é dado pelo elemento vontade, e a defesa dos contribuintes consiste em demonstrar a sua ‘vontade’ real de praticar o negócio jurídico questionado. Ou seja, mostrar que o contribuinte quis incorporar ou doar e não quis outra coisa. Sendo assim, se não há outra vontade com a qual comparar a vontade aparente não há simulação. Se existir uma única vontade consistente que assume as consequências ainda que indesejáveis do negócio praticado, não existe simulação.” (Op. citada, p. 183) Fl. 2303DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 97 9 de eticidade, boafé, bons costumes, esse concepção não pode ser trasladada ao Direito Tributário sem ressalvas. O elemento subjetivo não assume tal força perante o Sistema Tributário Brasileiro; apenas se houver objetivação dos respectivos fatos jurídicos em suporte probatório suficiente, permitese concluir se determinado negócio jurídico é simulado. Vale dizer, a intenção dos sujeitos envolvidos em um negócio jurídico será relevante para efeitos fiscais, se corporificadas em suporte probatório que encerre a marca da ilicitude, afetando um dos elementos constitutivos da relação jurídica, como afirma Lapatza6: O significado puramente factual que o negócio tem para a Fazenda Pública permite que esta prescinda, naturalmente, do negócio inexistente, tanto na simulação absoluta quanto na relativa, para exigir o tributo de acordo com os fatos efetivamente realizados. Mas, para tanto, deve destruir a aparência criada, demonstrando de modo certo e induvidoso que o negócio simulado não existe por lhe faltar algum elemento essencial: sujeitos, objeto e causa. E na simulação relativa, deve provar, além, disso, de modo certo, a existência do negócio dissimulado. Podese afirmar que a “vontade real” da parte, habita em sistema distinto do jurídico, e para ele inacessível – o da psicologia humana de maneira que apenas é “real” a vontade expressa em suportes físicos, estes sim, passíveis de processamento pelo sistema jurídico. Se o Direito Civil permite uma maior porosidade na interface com aquele sistema, o Direito Tributário conformase de maneira muito mais cerrada a essas informações do ambiente, pois ao operar com critérios de segurança jurídica e estrita legalidade, os códigos de licitude e ilicitude devem ser aplicados com precisão, com a menor margem possível de subjetivismo. A “simulação”, não tendo sido definida pela legislação tributária, remetenos à legislação civil, que, por sua vez, valese de uma definição denotativa do termo, no art. 1677, que revestirá os negócios jurídicos que se revistam dos seguintes elementos: i. aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; ii. contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; iii. os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. 6 Direito Tributário, p.96. 7Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. Fl. 2304DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 10 Esse tipo de definição, denotativa ou por enumeração tende a ser incompleta, pois parte da premissa que haja um sujeito onisciente, que logre a esgotar a enumeração de todos os elementos de uma classe, o que não é possível, como no caso da classe dos números8. Ademais,embora a prática das comunicações aponte ser essa a forma mais “didática” de se explicitar o significado de um termo, encontra uma série de restrições, como o fato de que a enumeração de elementos, invariavelmente não permite que se conheça quais foram os critérios conotativos selecionados. Nesse contexto, é de se perquirir se o § 1º do art.167 traz hipóteses taxativas de ocorrência de simulação ou exemplificativas, que ficariam jungidas a depender de uma definição conotativa do termo, ou que, ao realizar uma definição analítica do termo, seria hábil a incluir diversos outros eventos que não estão retratados nos incisos do §1º, do art.167. Poderia se considerar que o ato de emitir declarações falsas, pela sua extraordinária abertura, atingiria um rol tão grande de eventos, que abrangeria todas as hipóteses de simulação; por outro lado, justamente pela referida abertura, impediria uma correta exegese e apreensão do conceito de simulação para aplicação concreta, mormente em um ambiente de estrita legalidade. Em princípio, a pragmática demonstra que há uma série de situações que são consideradas como indícios de condutas simuladas, como o curto lapso temporal entre operações de reestruturação societária, o desfazimento dos efeitos do ato simulado, que não necessariamente estão subsumidas às hipóteses legais, a ausência do cumprimento de formalidades na vivência societária, a existência de transmissão de fundos entre a sociedade e o controlador, a ausência de assembleias, de contabilidade, a falta de emissão de ações, dentre outras. Na busca de uma definição conotativa para “simulação”, vislumbramse duas correntes doutrinárias – a que identifica a simulação como um vício de vontade e a que a identifica com o vício na causa do negócio jurídico. Na clássica lição de Francesco Ferrara 9: [...] na simulação quer se enganar sobre a existência de uma situação não verdadeira; na dissimulação, sobre a inexistência duma situação real. A simulação pode compararse a um fantasma, a dissimulação a uma máscara. Um negócio apenas poderá ser reputado como simulado quando se comprove efetivamente a sua inexistência pela Fazenda Pública, o que pode ser levado a cabo na ausência dos elementos essenciais do negócio jurídico – sujeitos, objeto e causa. Falso um dos elementos fáticos que conformam a estrutura da relação jurídica negocial, há a sua nulidade. Quanto aos sujeitos, o art.167, §1º, II, reputa como simulada uma operação na qual se “confere ou se transmite direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se 8Como aponta LeonidasHegenberg:“Está claro que o aspecto semântico depende de reconhecimento de propriedades relevantes dos objetos. Depende, em suma, da intensão do termo em pauta. A intensão, como facilmente se percebe, nem sempre se determina com precisão, o que requer aperfeiçoamentos graduais e sucessivos de nosso vocabulário. Tais aperfeiçoamentos são alcançados, muitas vezes, por meio de adequadas definições.” (Saber de e Saber que, p.79). 9 A simulação nos negócios jurídicos, p. 50. Fl. 2305DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 98 11 confere, ou transmite”, ou seja, no caso de interposição de pessoas ou outros vícios quanto aos sujeitos. A legislação tributária inclusive possui disposição específica aplicável às hipóteses de operações de importação, no art. 23 §2º do DecretoLei n.1.455/1976, com a redação dada pela Lei nº 10.637/200210, nas quais figuram interpostas pessoas ou “laranjas”, como meio de dificultar a verificação da origem dos recursos aplicados, dos responsáveis por infração à legislação e afastamento de normas de preço de transferência. As questões mais polêmicas e que poderiam se enquadrar na hipótese de vício quanto aos sujeitos, como condição para requalificação de negócios jurídicos, seriam as situações em que se põem em dúvida a existência efetiva de pessoa jurídica, que se entende constituída para fins apenas de redução/supressão de carga tributária. Na análise de cada caso concreto, deve ser avaliada a efetividade da constituição da pessoa jurídica ou reorganização societária, sendo simulada a forma desprovida de conteúdo. Da mesma forma, inexistente o objeto, isto é, falsa a prestação ou a contraprestação, reputado simulado, da mesma forma e, por conseguinte, nulo o negócio jurídico. Se o negócio jurídico em causa tratarse de compra e venda, deve haver pagamento, contra entrega de coisa, se houver doação, deve haver entrega de coisa a título gratuito e assim por diante. Na ausência de uma das prestações que estão pressupostos no tipo negocial que o pressupõe, este pode ser reputado simulado, pela inexistência do objeto. Os julgamentos que versaram sobre a dedutibilidade do ágio, por exemplo, afirmaram que, além da questão das empresas veículo, um dos critérios para discernir a dedutibilidade legítima daquelas simuladas ou artificiais, era da verificação de efetivo pagamento de preço nas operações, como no Acórdão nº 1202000.884, o Acórdão n.º 140200.802, Acórdão 1402001.369. . Finalmente, o mesmo tanto pode se dito em relação à causa, ou ao negócio jurídico que condiciona a relação jurídica. Se simulada, não tem o condão de gerar os direitos e obrigações do consequente. A delimitação do que seja a causa jurídica de determinado negócio, é tema que desde sempre vem causando embates na doutrina, havendo autores que a identificam como a “função econômicosocial do negócio”, com a “função práticosocial”, havendo, ainda, autores que distingam as causas subjetivas dos contratos, enquanto os motivos que levaram os sujeitos a celebrarem o contrato. A causa típica de um contrato é aquela prescrita no ordenamento jurídico como tal, assim, no contrato de compra e venda, é o pagamento em troca da entrega da coisa. Os motivos subjetivos que levaram os sujeitos à celebração do contrato estão fora do campo da juridicidade; outra coisa é a subsunção do fato à norma, a ocorrência do evento da celebração 10 §2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. Fl. 2306DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 12 do negócio, para gerar os respectivos efeitos jurídicos.Valendonos mais uma vez dos ensinamentos de Lapatza11: Concluímos assim nossa exposição sobre a simulação na causa. E a conclusão não poderia ser mais simples. Ou a causa típica, geral, abstrata e suficiente de um negócio existe e, portanto, só se pode falar neste caso o negócio existe e configura o ‘fato’ tipificado como fato imponível pela lei – de ‘economia de opção’; ou a causa não existe e tampouco existe o negócio, e com isso só se pode falar em simulação. Tertium non datur. Nesse passo, importante discorrer, da mesma forma, sobre o “propósito negocial”. A jurisprudência administrativa tem encampado na fundamentação das decisões, o “propósito negocial”, remetendose, em princípio, à doutrina do “business purpose” criada nos EUA, como critério relevante e, às vezes, determinante, para aferir a legalidade dos planejamentos tributários. O direito americano serve de fonte de inspiração para as doutrinas brasileiras de planejamento tributário, possui diversas correntes doutrinárias de “business purpose” – economic substance, substance over form, sham transactions semelhantes e, muitas vezes, entrelaçadas, que podem ser analisadas como tendo em comum o fato de o contribuinte desbordar a intenção do legislador, a despeito da legitimidade da forma adotada. Contudo, o direito positivo brasileiro prescreve limites que impedem que o direito alienígena seja aplicado indiscriminadamente, ou seja, o motivo extratributário não é critério relevante para a análise dos planejamentos tributários, porém, apenas o descompasso entre os fatos narrados e os verificados, excluindose a aplicação de doutrinas como a de abuso de forma. A corrente denominada Sham Transaction Doctrine ou da Transação Simulada, tem como objeto transações que nunca ocorreram de fato, apenas articuladas documentalmente, desprovidas de substância (shams in fact) ou aquelas que, embora ocorridas, são desprovidas de substância (shams in substance). No âmbito dessa doutrina, a Suprema Corte americana estabeleceu o reconhecimento de negócio, se houver substância econômica em operação com partes efetivamente distintas, que não tenham como único escopo a redução da carga tributária12.. Se o contribuinte não foi motivado por nenhum propósito negocial, além do benefício fiscal; e se transação não tiver substância econômica, por não haver alguma possibilidade razoável de gerar lucro, entendese que houve a simulação. Nesses casos, verificase que estáse diante de hipóteses em que há ausência de efetiva da relação jurídica negocial, condição para que haja a requalificação dos negócios jurídicos. Em muitos casos a verificação do “propósito negocial” é um dos elementos que, juntamente com outros, pode conduzir à conclusão de presença ou não de simulação. 11Op. Citada, p.99. 12 “[W]here ... there is a genuine multipleparty transaction with economic substance whichis compelled or encouraged by business or regulatory realities, is imbued with taxindependent considerations, and is not shaped solely by taxavoidance features that have meaningless labels attached, the Government should honor the allocation of rights and duties effectuated by the parties.” (ApudMartin J. McMahon, Jr, op. citada, p.8) Fl. 2307DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO Processo nº 11065.724132/201315 Acórdão n.º 3201001.889 S3C2T1 Fl. 99 13 Nessas hipóteses, pode ser entendido que o “propósito negocial” é empregado como elemento indiciário, que guarda compatibilidade com o Sistema Tributário Nacional, e, da mesma forma, é instrumento útil ao contribuinte, para lastrear os negócios jurídicos a serem realizados, ainda que com economia de tributos. No caso em apreço, o relatório da fiscalização apontou uma série de elementos de prova, que, isoladamente, não constituem o fato jurídico da simulação; contudo, visto em conjunto, permitem que o julgador infira essa circunstância. Assim, o fato de as empresas operarem no mesmo estabelecimento (observandose que juridicamente declaram endereços distintos), não é por si só, causa de desconsideração do negócio jurídico. Da mesma forma, o fato de os sócios manterem vínculos de parentesco. Não obstante, da análise conjunta de todos os elementos indiciários apurados pela fiscalização, aliado ao fato da ausência de propósito negocial, permitem inferir a inexistência de substância para a Três Américas, exceto a vantagem tributária aberta à Recorrente. Interessante observar que a própria Recorrente em sua defesa, afirma que a Três Américas teria como única razão de constituição, a redução da alta carga tributária a que estava submetida, e que esta seria medida que se imporia, em face da inércia da União na implementação de política fiscal adequada. O relatório da fiscalização apurou que os custos com pessoal da empresa Três Américas no ano de 2009 representou 112,36% da sua receita bruta e 84,16% no ano de 2010, demonstrando a ausência de finalidade lucrativa, inerente a qualquer sociedade empresária. Ademais, por outro lado, verificouse que a empresa Três Américas desenvolvia suas atividades industriais em prédio de propriedade da Freitas, estribada em um contrato de locação, da mesma forma, totalmente desprovido de substância, posto que pelo valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), mensais, a locadora assumia despesas do imóvel que inviabilizariam o negócio jurídico, conforme levantado pela fiscalização: Ainda que juridicamente a Três Américas seja constituída nos moldes da legislação de regência, que seja cumpridora de todas as obrigações acessórias, que apresente notas fiscais de prestação de serviços à sua única contratante, a Indústria Freitas, a mera forma ou formalidade jurídica, totalmente destituída de conteúdo ou substância, não pode ser oponível contra o Fisco, pois o Direito é forma, mas também conteúdo. Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO 14 Não se vislumbra, no caso concreto, causa jurídica ao negócio, propósito negocial, o que está imbricado com questão do vício quanto aos sujeitos, posto que a Três Américas constituída documentalmente, não possui substância, razão pela qual, reputase como simulado o negócio jurídico realizado. No mais, quanto a aplicação da multa agravada, que a Recorrente defende como se fora a de mora, e por isso a entende abusiva, em verdade, possui como hipótese de aplicação a ocorrência de algumas das condutas prescritas na Lei n. 4502/64, arts. 71,72 e 73. Tomandose como pressuposto a ocorrência de simulação, cabível o agravamento da sanção. Em face do exposto, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 2309DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 09/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 18470.728180/2011-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 2202-002.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, tendo em vista a intempestividade.
Assinado digitalmente
ANTONIO LOPO MARTINEZ - Presidente.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), SUELY NUNES DA GAMA, PEDRO ANAN JUNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. Recurso não conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 18470.728180/2011-88
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5441800
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2202-002.997
nome_arquivo_s : Decisao_18470728180201188.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
nome_arquivo_pdf_s : 18470728180201188_5441800.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, tendo em vista a intempestividade. Assinado digitalmente ANTONIO LOPO MARTINEZ - Presidente. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), SUELY NUNES DA GAMA, PEDRO ANAN JUNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
id : 5862069
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703946002432
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1692; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 49 1 48 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18470.728180/201188 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202002.997 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de fevereiro de 2015 Matéria IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS Recorrente JOÃO BAPTISTA MALAN DE PAIVA CHAVES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, tendo em vista a intempestividade. Assinado digitalmente ANTONIO LOPO MARTINEZ Presidente. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANTONIO LOPO MARTINEZ (Presidente), JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), SUELY NUNES DA GAMA, PEDRO ANAN JUNIOR, MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 81 80 /2 01 1- 88 Fl. 49DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório Foi efetuada notificação de lançamento contra JOÃO BAPTISTA MALAN DE PAIVA CHAVES, em virtude de omissão de rendimentos recebidos da Odeprev Odebrecht Previdência, no anocalendário de 2008. Após ter sido cientificado da notificação de lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, que a Odeprev teria equivocadamente informado em DIRF os rendimentos pagos a ele, que teriam natureza isenta. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (DRJ/RJ1) julgou improcedente a impugnação, cuja ementa foi assim redigida. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2009 RESGATE DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. ISENÇÃO. A isenção do imposto sobre resgate de previdência complementar depende da comprovação de que o benefício pago pela entidade de previdência privada corresponde a contribuições efetuadas exclusivamente pelo beneficiário no período de 1º de janeiro de 1989 a 31 de dezembro de 1995, nos termos do Parecer PGFN/CRJ nº 2139. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi cientificado da decisão em 18 de outubro de 2012, por via postal, conforme aviso de recebimento (A.R.) à fl. 32, tendo interposto recurso voluntário em 26 de novembro de 2012 (fls. 35 a 43). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Tratase de recurso voluntário contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação, mantendo o lançamento efetuado relativo à infração de omissão de rendimentos recebidos da Odeprev Odebrecht Previdência, no anocalendário de 2008. Cabe, inicialmente, a análise da tempestividade do recurso interposto. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, assim estabelece: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. [...] Art. 23. Farseá a intimação: Fl. 50DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 18470.728180/201188 Acórdão n.º 2202002.997 S2C2T2 Fl. 50 3 I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 2° Considerase feita a intimação: I – na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. A ciência da decisão de primeira instância deuse em 18 de outubro de 2012, por via postal, conforme aviso de recebimento (A.R.) à fl. 32. Assim, ao apresentar o recurso voluntário (fls. 35 a 43) somente no dia 26 de novembro de 2012, estava exaurido o prazo legal de trinta dias, que se venceu em 19 de novembro de 2012 (segundafeira). Portanto, o recurso foi interposto após o prazo legal, carecendo do pressuposto processual da tempestividade, razão pela qual não merece ser conhecido. Em face ao exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso voluntário, por ser intempestivo. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 51DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/02/2015 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 16/02/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10166.727389/2012-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3302-000.504
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator.
EDITADO EM: 27/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Terceira Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10166.727389/2012-47
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5435078
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3302-000.504
nome_arquivo_s : Decisao_10166727389201247.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : WALBER JOSE DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10166727389201247_5435078.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 27/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5838299
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:10 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703949148160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1556; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.727389/201247 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3302000.504 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 25 de fevereiro de 2015 Assunto Realização de Diligência. Recorrente CAENGE S/A CONSTRUÇÃO, ADMINISTRAÇÃO E ENGENHARIA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA – Presidente e Relator. EDITADO EM: 27/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. RELATÓRIO Por bem representar os fatos, transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida, como segue: “Tratase de autos de infração para a exigência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e da Contribuição para o PIS/PASEP, no montante de R$ 8.016.601,50 e R$ 2.111.794,10, respectivamente. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 27 38 9/ 20 12 -4 7 Fl. 2371DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 3 2 I. DO PROCEDIMENTO FISCAL O procedimento fiscal consistiu em promover as denominadas verificações obrigatórias, tendo a fiscalização identificado divergências entre os registros contábeis da empresa e os valores das referidas contribuições informados nos DARF, DACON e DCTF, referentes aos anos de 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 e aos meses em curso do ano de 2012. Em face das divergências identificadas, a autoridade fiscal lavrou o Termo de Constatação Fiscal nº 001, de 12/06/2012, por meio do qual intimou a contribuinte a, no prazo de 5 dias, se manifestar acerca das diferenças apuradas entre os valores escriturados de Cofins e de contribuição para o PIS a recolher e aqueles informados nos mencionados demonstrativos e declarações. Para tanto, elaborou o agente fiscal as planilhas que integram o denominado Anexo “E” (fls. 54/55, 68/69, 79/80, 93/95, 107/109 e 120/122. Em resposta datada de 18/07/2012, a fiscalizada justificou: “Em que pese o exíguo prazo para a análise, foi observado por parte desta empresa que a constatação do fiscal deuse em razão deste ter utilizado a coluna de crédito do Razão de todos os tributos e ter considerado como base de cálculo e comparado com a DCTF. Frisese que a coluna de crédito do razão é a apropriação total, para o cálculo ficar correto e igual à DCTF tem que considerar os estornos, retenções, ajustes, Lalur. Anexa planilha demonstrativa.” A autoridade fiscal considerou insatisfatórias as explicações da contribuinte. Não obstante, elaborou novas planilhas que subsidiaram os autos de infração. Nessas novas planilhas, anexadas às fls. 24/40, o agente fiscal identifica mês a mês, de janeiro/2007 a março/2012, de forma englobada (para os quatro códigos de receita 8109, 6912, 2172 e 5856), as diferenças da referidas contribuições sociais, promovendo o cotejo entre os valores escriturados de Cofins e de contribuição para o PIS a recolher e aqueles informados em DCTF. Destaquese que, para o ano de 2007, a autoridade fiscal não apurou diferença a favor do Fisco, mas, sim, crédito em favor do contribuinte. Referido crédito foi sendo abatido a partir do mês de apuração de janeiro/2008, tendo o agente fiscal apurado diferença a favor do Fisco somente a partir do período de apuração de setembro/2008. II. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada dos autos de infração, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 407/438, por meio da qual deduz, em síntese, o seguinte: 1. Os Razões contábeis utilizados pela fiscalização contém informações tanto das atividades operacionais exclusivamente da CAENGE como das Sociedades em Conta de Participação SCP, das quais é sócia ostensiva. 2. A fiscalização não se deu ao trabalho de examinar todas as informações prestadas pela empresa, ignorando as questões relativas à diferença dos códigos de recolhimento, em função de a empresa ter atividade própria e atividades desenvolvidas através das SCP. Fl. 2372DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 4 3 3. O critério utilizado pela fiscalização resumiuse a confrontar todos os valores lançados a crédito das contas de obrigações da empresa (PIS e Cofins a pagar), com as DCTF e Dacon. 4. Em nenhum momento a fiscalização reconheceu os lançamentos a débito, a exceção dos DARF recolhidos, muito embora a autuada tenha esclarecido várias vezes que existiram diversos lançamentos a título de estornos, compensações de impostos retidos e ajustes de meses anteriores, “que como a empresa não cancelava os lançamentos, os mesmos eram tratados como estornos.” 5. O crédito a favor da contribuinte, no valor de R$ 673.689,06, referente ao ano de 2007, apurado pela própria fiscalização, “seria muito bem vindo”, mas infelizmente não é crédito da empresa. 6. Elabora planilha para demonstrar que não há qualquer diferença a recolher a título de Cofins ou de contribuição para o PIS relativos aos meses do ano de 2007. 7. Quanto aos demais períodos de apuração, esclarece, mês a mês, a partir de janeiro/2008 que não foram consideradas determinadas retenções ou estornos, fazendo referência às folhas dos livros Razão Analítico que anexou à peça de impugnação. 8. Reconhece que há diferenças em favor do Fisco em alguns poucos períodos de apuração. 9. Solicita parcelamento, com direito à redução da multa, dos montantes de R$ 150.994,03, R$ 46.614,79 e R$ 812.288,92, referentes aos anos de 2008, 2009 e 2011, respectivamente. Para tanto, pede que os presentes autos sejam apartados. É o breve relatório. III. DA SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Conforme consignado no relatório, a impugnante sustenta que grande parte das diferenças de Cofins e de contribuição para o PIS a recolher, apuradas pelo Fisco, não subsiste. Segundo a contribuinte, com exceção de alguns poucos meses, as divergências entre os registros contábeis da empresa e os valores das referidas contribuições informados nas DCTF só foram apuradas porque a fiscalização não considerou diversos lançamentos a título de estornos, compensações de impostos retidos e ajustes de meses anteriores A fiscalização, por seu turno, informou que os esclarecimentos prestados pela fiscalizada foram “insatisfatórios” para justificar as divergências constatadas. Na impugnação, a contribuinte anexou, entre outros documentos, os Razões Analíticos do períodos objeto de lançamento. Examinandose, por amostragem, os Razões Analíticos apresentados, constatase que realmente a fiscalização considerou o somatório dos lançamentos a crédito das contas de Cofins e de contribuição para o PIS. Ocorre que a impugnante justifica, por exemplo, a divergência constatada pela fiscalização para o mês de janeiro/2008, no montante de R$ 57.312,87, por não ter o Fisco considerado as retenções de contribuição para o PIS, no valor de R$ 12.336,84, e de Cofins, no valor de R$ 44.976,07, lançamentos a débito nas aludidas contas, conforme evidenciam os documentos anexados às fls. 663 e 666, respectivamente. Fl. 2373DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 5 4 Nos demais meses, o cenário se repete Nesse contexto, considerando que: 1. Ao que parece, somente com a impugnação apresentou a contribuinte os esclarecimentos detalhados (acompanhados de elementos probantes) das divergências apuradas pela fiscalização. 2. As provas carreadas aos autos não permitem a este julgador decidir com segurança qual o efetivo quantum debeatur, mormente porque a fiscalização apurou um crédito em favor da contribuinte, no ano de 2007, que a própria impugnante não reconhece. 3. A fiscalização pode proceder à verificação de outros lançamento contábeis relacionados ou prestar outras informações relevantes para o deslinde da controvérsia. Proponho, com fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, a conversão do julgamento em diligência, devendo para tanto o presente processo retornar à Delegacia da Receita Federal em Brasília (DF). A. A Autoridade fiscal diligenciante deverá: 1. Examinar a documentação acostada na impugnação, promovendo ainda as diligências que entender cabíveis, anexando termos e documentos. 2. Elaborar parecer conclusivo sobre os esclarecimentos e provas carreadas pela impugnante, apresentado proposta fundamentada para o seu acolhimento integral, acolhimento parcial ou não acolhimento. 3. No caso de proposta de acolhimento, ainda que parcial, elaborar novas planilhas, separadas para a Cofins e para a contribuição para o PIS, que contenham, mês a mês, os novos valores de principal devidos para essas contribuições. 4. Concluída a diligência, se for o caso, do seu resultado deverá ser dado ciência ao contribuinte para que, querendo, se manifeste nos autos. B. A autoridade administrativa deverá: 1. Formalizar autos apartados para promover a cobrança da Cofins e da contribuição para o PIS, referentes aos anos de 2008, 2009 e 2011, nos montantes de R$ 150.994,03, R$ 46.614,79 e R$ 812.288,92, respectivamente. Após, retornese a esta Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ) em Brasília (DF).” Cumprida a diligência solicitada por este órgão julgador, a autoridade fiscal lavrou, em 28/03/2013, o Termo de Ciência e de Solicitação de Documentos nº 0003 (fl. 1.455), por meio do qual (1) deu ciência à contribuinte do Relatório de Diligência Fiscal de fls. 1.448/1.454); e (2) intimou a interessada a proceder, no prazo de 5 (cinco) dias, à vinculação dos DARF, referentes aos códigos de receita 8109, 6912, 2172 e 5856, não informada nas DCTF. Solicitada a prorrogação do referido prazo, a autoridade fiscal concedeu prazo adicional de 30 (trinta) dias para atendimento da mencionada intimação. Dentro do novo prazo, em 10/06/2013, a contribuinte deu entrada em petição a que denomina renovação de impugnação (fls. 1.463/1.482), por meio da qual assevera que, a despeito da manifestação parcialmente favorável da autoridade fiscal diligenciante, ainda assim deixaram de ser avaliados diversos aspectos e não foram Fl. 2374DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 6 5 consideradas várias comprovações apresentadas durante o curso da fiscalização e por ocasião da impugnação. Em sua manifestação, a contribuinte, em síntese, alega que remanescem sem ser considerados pela fiscalização alguns estornos, retenções, parcelamentos e até pagamentos efetuados. Elabora demonstrativos para diversos períodos objeto de exigência fiscal, concluindo ora pela não existência do crédito tributário, ora pela sua existência apenas parcial. Reitera o pedido de desmembramento do presente processo, para a formação de autos apartados quanto à parte não contestada. Encaminhado o processo à Divisão de Controle e Acompanhamento Tributário da DRF em Brasília/DF, para cumprimento da segunda providência solicitada por este Relator, no aludido despacho de diligência, qual seja, a de formalizar autos apartados para promover a cobrança da Cofins e da contribuição para o PIS, referentes aos anos de 2008, 2009 e 2011, nos montantes de R$ 150.994,03, R$ 46.614,79 e R$ 812.288,92, respectivamente, o AuditorFiscal responsável prestou a seguinte informação (fls. 1.570/1.571): “3. No âmbito da RFB, os créditos tributários levados à cobrança são discriminados por tributo, código de receita e período de apuração/exercício. Ausente essa informação no referido despacho, o setor de cobrança desta DICAT, diante da inviabilidade de se cobrar o crédito tributário pelos montantes totais reconhecidos, solicitou a este setor a indicação dos tributos/receitas/períodos de apuração que devem sofrer o desmembramento (fls. 1569). Podese inferir do auto de infração e do extrato do processo que os tributos exigidos nestes autos são de apuração mensal. 4. Compulsada a peça impugnatória, constatouse que o contribuinte apurou, em certos meses, créditos de ambos os tributos/receitas, que alega fazer jus, compensando os, pelo valor total, com a soma dos débitos de outros tantos períodos de apuração, inclusive de meses em que sequer houve lançamento. O resultado deste cotejo é o montante reconhecido como devido pelo impugnante, não sendo possível determinar qual tributo/receita/período credor é compensado com qual tributo/receita/período devedor. 5. Outrossim, o desmembramento solicitado pelo contribuinte implicaria legitimar os créditos reivindicados, questão que, com a devida vênia, entendese residir no próprio mérito do contencioso, cuja solução transborda a competência deste setor. De outra forma, apartar somente os tributos/receitas/períodos devedores implicaria a cobrança de valores superiores ao montante reconhecido pelo sujeito passivo. 6. Desse modo, as informações disponíveis no processo não permitem determinar com a certeza que o caso requer sobre quais tributos/receitas/períodos de apuração deve recair o desmembramento solicitado. Assim, propõese o retorno do processo ao setor de cobrança para a adoção das medidas a seu encargo, com a sugestão de que a questão seja perquirida junto à Delegacia de Julgamento.” A 2a Turma de Julgamento da DRJ em Brasília DF julgou procedente, em parte, a Impugnação, nos termos do Acórdão no 0357.144, de 18/11/2013, cuja ementa abaixo se transcreve. Fl. 2375DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 7 6 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. No procedimento fiscal consistente em promover as denominadas verificações obrigatórias, em que a fiscalização identifica divergências entre os registros contábeis da empresa e os valores da Cofins informados nos DARF, DACON e DCTF, devem ser considerados os lançamentos a título de estornos, compensações de impostos retidos e ajustes de meses anteriores, bem os pagamentos efetuados, ainda que sem vinculação em DCTF. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011 VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. No procedimento fiscal consistente em promover as denominadas verificações obrigatórias, em que a fiscalização identifica divergências entre os registros contábeis da empresa e os valores da contribuição para o PIS informados nos DARF, DACON e DCTF, devem ser considerados os lançamentos a título de estornos, compensações de impostos retidos e ajustes de meses anteriores, bem os pagamentos efetuados, ainda que sem vinculação em DCTF. Ciente desta decisão em 13/12/2013 (conforme AR), a interessada ingressou, no dia 10/01/2014, com Recurso Voluntário, no qual alega: 1 que não foi alocado aos débitos lançados os DARFs pendentes de vinculação em DCTF, conforme expressamente determinou o Acórdão recorrido. Não é possível à Recorrente efetuar a retificação das DCTF para fazer as vinculações determinadas pela DRJ em face do que dispõe o art. 9º, § 2º, II; 2 parte dos débitos objeto da autuação foram parcelados administrativamente e, portanto, foram confessados e alguns foram inscritos em DAU. O fato do parcelamento ter sido rescindido não autoriza o lançamento de ofício dos débitos objeto do parcelamento, posto que houve confissão de dívida. A decisão recorrida não excluiu do lançamento os débitos parcelados que cita. 3 para o PA 09/2008 não foi deduzido o valor de R$ 1.966,77 de PIS e R$ 9.077,42 decorrentes de "estornos ou valores de ajustes do razão"; 4 para os PA 09/2009 e 10/2009 não foi considerado os valores inseridos em parcelamentos e as retenções que cita; 5 para os PA de 02/2010 a 11/2011 não foi considerado pagamentos efetuados (DARF), retenções realizadas, parcelamentos formalizados, "impostos a compensar", "estornos ou valores de ajuste do razão" que identifica. 6 pelo princípio da verdade material, eventuais erros cometidos no preenchimento de declarações não são suficientes para a manutenção do lançamento de ofício, conforme jurisprudência administrativa que cita. É o Relatório do essencial. Fl. 2376DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 8 7 VOTO Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele se conhece. Conforme relatado, contra a empresa Recorrente foi lavrado autos de infração para exigir o pagamento de PIS e de Cofins, apurado pelo rito conhecido como "verificações preliminares", ou seja, pelo confronto entre os valores das exações declarados em DCTF e DACON e os valores apurados com base na escrituração do contribuinte. No caso dos autos, não há discussão sobre a composição da base de cálculo das exações lançadas e, conseqüentemente, sobre o valor devido. A discussão gira em torno da extinção dos débitos apurados (pagamento ou retenção pela fonte pagadora), da confissão em parcelamento (não pode ser lançado de ofício) e "ajustes" e "estornos" na contabilidade da Recorrente. Em relação aos pagamentos efetuados, a empresa Recorrente alega que a DRF em Brasília DF não executou a contendo o acórdão da DRJ, que determinou a alocação dos pagamentos efetuados ao valor devido, independente de vinculação em DCTF, para apurar o valor remanescente do auto de infração. Alega, ainda, que pagamentos localizados posteriormente também não foram considerados. Ocorre que a Recorrente não identifica, um a um, os DARFs que deixaram de ser alocados aos débitos do respectivo tributo (PIS/Cofins) e período de apuração, em face da determinação do acórdão recorrido como, também, em relação aos pagamentos (DARF) localizados posteriormente. Quanto aos "ajustes" e "estornos" efetuados na contabilidade da Recorrente, que supostamente justificam a redução do crédito tributário lançado, ela Recorrente apenas alega que tais eventos aconteceram sem, contudo, provar a legitimidade/regularidade dos referidos lançamentos. Quanto aos débitos que foram incluídos em parcelamento (rescindidos ou não), a Recorrente também não identifica os respectivos processos e os valores incluídos por tributos (PIS/Cofins) e período de apuração. Nos dois processos de parcelamento citados pela Recorrente, os débitos não estão identificados por período de apuração, apenas pelo valor global. As alegações da Recorrente de que não foi considerado valores retidos por órgãos públicos também são genéricas. Ela não identifica o órgão público que efetuou a retenção, a nota fiscal, a data do recebimento/retenção e o valor retido em cada período de apuração. Em atenção ao princípio da verdade material, alegado pela Recorrente, e considerando que as alegações aduzidas referemse a erro material e, ainda, considerando que o Fl. 2377DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10166.727389/201247 Resolução nº 3302000.504 S3C3T2 Fl. 9 8 ônus da prova é de quem alega, entendo que devese dar oportunidade à Recorrente de demonstrar clara e objetivamente quais pagamentos não foram alocados aos correspondentes débitos, quais retenções não foram consideradas, quais débitos confessados em parcelamentos foram incluídos também no auto de infração e a natureza e origem dos "ajustes" e "estornos" que reduziram o valor dos débitos lançados, independente do que foi declarado em DCTF e DACON. Para isso, deve a Recorrente apresentar demonstrativo detalhado, claro e objetivo, acompanhado de prova inequívoca, período de apuração por período de apuração, tributos por tributo (PIS/Cofins) e, um a um, os valores devidos e os respectivos pagamentos, retenções e exclusões (compensação/ajustes/estornos). Recebido o demonstrativo supra, com as respectivas provas (ou indicação de sua localização neste processo), deve a DRF em Brasília se manifestar sobre a sua procedência (total ou parcial) ou não. Isto posto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à DRF em Brasília DF para as seguintes providências: 1 intimar a Recorrente a apresentar demonstrativo claro e objetivo, acompanhado de prova inequívoca, período de apuração por período de apuração, tributos por tributo (PIS/Cofins) dos valores devidos e dos respectivos pagamentos, parcelamento, retenções e exclusões (compensação/parcelamento/ajustes/estornos). No caso dos "ajustes" e "estornos", deve ser apresentado, junto com as provas, justificativa para a sua realização. 2 intimar a Recorrente a identificar quais os pagamentos deixaram de ser alocados, conforme determinação do Acórdão da DRJ/BSADF, bem como os débitos parcelados que foram incluídos no lançamento. 3 realizar as diligências que entender pertinente, prestar as informações e os esclarecimentos que julgar importante para o deslinde da questão e opinar sobre a procedência (total ou parcial) da resposta apresentada pela Recorrente em atenção aos itens 1 e 2, acima. 5 dar ciência à recorrente desta Resolução e, ao final, do resultado desta diligência (item 3), abrindolhe o prazo previsto no Parágrafo Único do art. 35 do Decreto nº 7.574/11. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator Fl. 2378DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 18471.001530/2008-50
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1997 a 31/12/1998
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. APLICABILIDADE. ART. 31 DA LEI 8.212/91 - REDAÇÃO DA ÉPOCA DO LANÇAMENTO.
O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2803-004.054
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I- Em preliminar, por voto de qualidade, a Turma decidiu que o atual julgador do feito não se vincula a pedido de diligência feito por outro julgador, tal fato não encontra respaldo legal, além de se configurar inversão da lógica normal de julgamento. II- No Mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
assinado digitalmente
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
assinado digitalmente
Oséas Coimbra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1997 a 31/12/1998 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. APLICABILIDADE. ART. 31 DA LEI 8.212/91 - REDAÇÃO DA ÉPOCA DO LANÇAMENTO. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mão-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Terceira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 18471.001530/2008-50
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5437743
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2803-004.054
nome_arquivo_s : Decisao_18471001530200850.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : OSEAS COIMBRA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 18471001530200850_5437743.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I- Em preliminar, por voto de qualidade, a Turma decidiu que o atual julgador do feito não se vincula a pedido de diligência feito por outro julgador, tal fato não encontra respaldo legal, além de se configurar inversão da lógica normal de julgamento. II- No Mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
id : 5844976
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703971168256
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1911; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE03 Fl. 2 1 1 S2TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.001530/200850 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2803004.054 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de fevereiro de 2015 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente PETROBRAS PETRÓLEO BRASILEIRO S/A E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1997 a 31/12/1998 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. APLICABILIDADE. ART. 31 DA LEI 8.212/91 REDAÇÃO DA ÉPOCA DO LANÇAMENTO. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãode obra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I Em preliminar, por voto de qualidade, a Turma decidiu que o atual julgador do feito não se vincula a pedido de diligência feito por outro julgador, tal fato não encontra respaldo legal, além de se configurar inversão da lógica normal de julgamento. II No Mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. assinado digitalmente Helton Carlos Praia de Lima Presidente. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 15 30 /2 00 8- 50 Fl. 465DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima, Oséas Coimbra Júnior, Gustavo Vettorato, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Eduardo de Oliveira e Ricardo Magaldi Messetti. Fl. 466DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a notificação fiscal lavrada, referente a contribuições apuradas com base no instituto da responsabilidade solidária, decorrente da execução de contrato de cessão de mãodeobra , de acordo com o art. 31 , da Lei nº 8.212/91 , deixando de ser apresentada, pela empresa tomadora dos serviços, folhas de pagamento específicas da mãodeobra cedida e os respectivos comprovantes de recolhimento. Reproduzo excerto do relatório da r. decisão, que bem esclarece a situação posta. 11. O CRPS, sendo competente à época, através do Acórdão 1990/2004 anulou a DecisãoNotificação prolatada nos autos por entender que seria necessário constatar a existência do crédito previdenciário junto ao prestador de serviços, antes de arbitrar as contribuições devidas. Pedido de Revisão do Acórdão às fls. 248/252, contraarrazoado às fls. 254/257 e 261/263. Os membros da 2a CJ do CRPS acordaram não conhecer do pedido de revisão, fls. 269/278. As interessadas foram comunicadas da decisão conforme fls. 281/284, sendo informadas do reinício do contencioso. 12. A Petrobrás impetrou Mandado de Segurança visando rever os valores depositados a título de depósito recursal, conforme fls. 287/305. 13. No interregno do julgamento do pedido de revisão ao reinício do Contencioso Administrativo, o Conselho Pleno do CRPS exarou o Enunciado nº 30, editado pela Resolução nº 1, de 31/01/2007, publicada no DOU de 05/02/2007, da seguinte forma: Em se tratando de responsabilidade solidária o fisco previdenciário tem a prerrogativa de constituir os créditos no tomador de serviços mesmo que não haja apuração prévia no prestador de serviços. 14. Cumprindo o Acórdão do CRPS, o AuditorFiscal efetuou pesquisas nos sistemas informatizados da exSRP (fls. 305/309), sendo analisadas as informações disponíveis relativas à empresa prestadora dos serviços, constatandose que esta havia sofrido ação fiscal com exame de sua contabilidade apenas até 12/1997, portanto, anterior ao crédito apurado. Afirma, ainda, que a empresa não aderiu ao parcelamento especial da Lei 9.964/2000 (REFIS) nem mesmo ao da Lei 10.684/2003 (PAES). 15. Os contribuintes principal e solidária tomaram ciência dos Acórdãos n°1.990 e 1.078 da 2 aCâmara de Julgamento do CRPS e do Resultado de Diligência de 17/01/2008, conforme Fl. 467DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 5 4 intimações de fls.319/320, quedandose inertes no prazo aberto para manifestação. O r. acórdão – fls 369 e ss, conclui pela procedência parcial da impugnação apresentada, retificando a Notificação lavrada em razão da decadência reconhecida. Inconformada com a decisão, apresenta recurso voluntário, alegando, em síntese, o seguinte: · É importante mencionar que a NFLD ora atacada não faz qualquer menção, seja no seu relatório; seja nos seus fundamentos, onde estaria caracterizada a responsabilidade tributária da ora Recorrente. Limita se apenas a mencionar o objeto contratual, deixando, contudo, de apontar onde estaria consubstanciada a cessão de mãodeobra, necessária para ensejar a lavratura da indigitada NFLD. Notese que esse objeto faz expressa menção a um serviço específico e não indica qualquer tipo de "cessão". · Além disso, a Fiscalização, no relatório "Fundamentos Legais do Débito", se restringiu a apontar diversos dispositivos, deixando de elaborar uma argumentação lógica e de correlação entre os fatos que, pretensamente, ensejaram a lavratura da NFLD e os fundamentos, legais e normativos, em que se apoiaram. · Da irretroatividade da aplicação do Enunciado 30 do CRPS. Processo Administrativo Fiscal Art. 2°, XIII, da Lei 9.784/99. · Do descumprimento da Decisão do CRPS.Anulação da DN e realização de diligência fiscal suplementar para evitar duplo pagamento. · Inexistência da "cessão de mãodeobra" Ausência de fato gerador que justifique a exação, carece a NFLD de requisito formal necessário, eis que a Fiscalização não especificou onde estaria devidamente caracterizada essa hipotética cessão de mãodeobra, ocorrida naquele contrato. · Não houve um serviço contínuo, com a colocação de empregados / segurados à disposição da Recorrente, de modo a configurar uma cessão de mãodeobra, e, por via de conseqüência, ensejar a responsabilidade tributária. É o caso do contrato firmado entre a Recorrente e a contratada, que versou sobre uma prestação de serviços específica, com direção e coordenação exclusivas da contratada e dentro dos estreitos limites do objeto, com a execução do serviço pelo todo (não o fornecimento de mãodeobra) e com prazo para consecução. · Impõese dizer que é inegável a existência da previsão de solidariedade passiva na Lei; mas, importante aqui ressaltar, é que essa solidariedade pressupõe a configuração prévia da dívida ou da obrigação, a fim de que o credor possa imputála a um dos devedores solidários. Essa previsão legal, porém, não conferiu à Autarquia competência para presumir que o contribuinte originário não efetivou Fl. 468DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 6 5 os recolhimentos e, diretamente, cobrar do devedor solidário um crédito ainda não configurado em face do devedor originário. · Exclusão dos responsáveis legais. · Irregularidade na base de cálculo aplicada · Necessidades de diligências complementares. Está comprovado que a Fiscalização se absteve de cumprir o que foi determinado pelo CRPS, deixando de promover a diligência fiscal diretamente na contabilidade da empresa contratada. · Requer primeiramente, constatada a ocorrência de erro formal em sua lavratura, a Recorrente requer a V.Sa. o cancelamento da Notificação Fiscal em epígrafe, tendo em vista a nulidade acima apontada. Requer, também, a reapreciação dos documentos acostados aos autos, com a sua detida análise e, se ainda assim permanecer o entendimento de que a documentação não se presta para elidir o lançamento, requer a esse Douto Conselho que determine a baixa dos autos para a imediata realização das diligências determinadas no Acórdão proferido pela 2a Câmara do CRPS. · Sendo assim, nos termos da fundamentação aduzida acima, onde restou demonstrado que não há como prosperar o entendimento contido no Auto de Infração e no Acórdão em referência, a Recorrente requer a esse Douto Órgão Julgador que conheça e, ao final, dê provimento ao presente recurso, extinguindo integralmente o lançamento tributário, para todos os fins de direito. · Aproveita e reitera todos os termos de sua defesa, como se aqui os mesmos estivessem transcritos, protestando, ainda, pela juntada de documentação superveniente, caso necessário se faça para demonstrar o direito da Recorrente, bem como pela produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, em especial a técnica pericial, se necessário for. · Por fim, requer também a imediata exclusão dos nomes dos diretores, sócios e demais responsáveis legais da Recorrente do pólo passivo das presentes autuações. É o relatório. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Oséas Coimbra O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DA EXCLUSÃO DOS SÓCIOS DOS RELATÓRIOS CORESP E VÍNCULOS Os relatórios CORESP RELAÇÃO DE CORESPONSÁVEIS e VÍNCULOS RELAÇÃO DE VÍNCULOS trazem os responsáveis pela administração da empresa, com sua respectiva qualificação e período de atuação. Os referidos relatórios foram lavrados em consonância com a legislação vigente, não tendo que se falar em retificação dos mesmos. Acrescentese que a presença nos referidos relatórios não implica em automática sanção, pois apenas sintetizam informações que constam dos registros públicos de constituição da própria empresa, disponíveis a qualquer cidadão. A responsabilidade pelos débitos apurados, até o presente momento, é somente da empresa autuada. DA DECISÃO DO CRPS O acórdão do CRPS traz o seguinte: CONCLUSÃO: Pelo exposto voto no sentido de anular a decisãonotificação, para que sejam adotadas as cautelas mínimas de auditoria fiscal previdenciária para evitar duplicidade de exação tendo por base a mesma dívida, sob o fundamento de responsabilidade solidária. Percebese que não há determinação de diligência alguma, e nem poderia, pois diligência é cabível para instrução processual, quando o julgador entende que necessita de novos esclarecimentos para formar seu juízo acerca do que debatido. Dessa feita, sempre os procedimentos diligentes PRECEDERÃO a decisão da turma. Se uma decisão é tomada – caso dos autos, fica patente que não há que se falar em diligência para instruir o processo, pois seu objetivo, trazer esclarecimentos ao julgador para sua decisão, esvaiuse. Existe, isso sim uma genérica orientação para se evitar duplicidade de cobrança. Assim sendo, não há que se falar em descumprimento de diligência, uma vez que sequer há determinação desta. Para esgotar a discussão, vejamos a legislação pertinente. O regimento interno do CRPS bem esclarece a função da diligência – Portaria 88/2004: Art. 12. Incumbe ao conselheiro relator das Câmaras e Juntas: Fl. 470DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 8 7 I presidir e acompanhar a instrução do processo no âmbito do Colegiado, inclusive requisitando diligência preliminar, até sua inclusão em pauta; Nessa linha a portaria RFB 1687/14 Art. 3º Para os fins desta Portaria, entendese por procedimento fiscal: ... II de diligência: ações que tenham por objeto a coleta de informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual. Regimento interno do CARF Art. 18 I determinar, de ofício, diligência para suprir deficiências de instrução de processo; Fica assim patente que as diligências se referem à instrução processual, e se fazem necessárias quando o julgador necessita de outros elementos para firmar sua convicção. A diligência é do julgador do feito. Caso haja mudança de relator, o novo julgador tem total liberdade para apreciação das provas, podendo assim entender desnecessárias diligências já requeridas caso as provas presentes se mostrem suficientes, no seu entender. Apenas a título de argumentação, não há como uma autoridade julgadora se vincular a necessidade de instrução processual determinada por outra instância julgadora, não apenas por flagrante infração à lei, mas também por clara violação ao princípio da convicção do relator do feito, este sim deve apreciar as provas e determinar se o processo esta ou não pronto para julgamento. Vejamos o decreto 70.235/72 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) SEÇÃO VI Do Julgamento em Primeira Instância Fl. 471DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 9 8 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Fica assim demonstrado que o atual julgador do feito não se vincula a pedido de diligência feito por outro julgador, tal fato não encontra respaldo legal, além de se configurar inversão da lógica normal de julgamento. DA AUTUAÇÃO O relatório fiscal informa se tratar de autuação em razão de solidariedade entre contratante e contratado, por conta do contrato 105.2.016.957 firmado com GUSTI E Cia, mediante cessão de mão de obra, para serviços de locação, manutenção e operação de centrifugadoras. Dessa feita, não há como acolher o argumento de obscuridade no relatório, que aponta objetivamente o contrato firmado a que diz respeito e as atividades envolvidas, inclusive a própria defesa apresentada demonstra total conhecimento da matéria. A atividade descrita por certo se enquadra no conceito de cessãodemão de obra, registrese que a recorrente faz genérica defesa sem se reportar diretamente ao enquadramento da atividade desenvolvida por GUSTI serviços de locação, manutenção e operação de centrifugadoras. Sobre eventual pagamento em duplicidade ou sobre obrigação extinta, a diligência de fls 198 e ss já se manifestou, no que não foi contestado. Igualmente para evitar tal fato, a empresa prestadora de serviço foi notificada e apresentou o devido recurso. Informa a citada diligência: Observamos que as GRPS apresentadas, relacionadas no item 2.1 foram elaboradas deforma genérica, não individualizando a tomadora dos serviços, Petrobrás, em desacordo com o item 3 da OS INSS/DAF 83/93 ou item 10 da OS INSS/DAF 178/97, por não conter os elementos essenciais exigidos no campo 8. 4. Portanto, em que pesem os documentos anexados a defesa, até então não apresentados quando da ação fiscal na empresa Petrobrás, conforme item 11 à fl.32 do Relatório Fiscal, não restou comprovada a vinculação inequívoca das GRPS ao tomador do serviço ou às Notas Fiscais de Prestação dos Serviços oriundas do contrato no. 101.2.108.971, não havendo assim a comprovação de recolhimento das contribuições que foram objeto desta NFLD. 5. Quanto às notas fiscaisfaturas apresentadas, conforme o item 2.TX temos a esclarecer o seguinte: 5.1 Observamos, no corpo das notas fiscais, que não há qualquer discriminação de valores referentes a locação e manutenção de equipamentos, sendo assim perfeitamente correta a aplicação da alíquota de 40% sobre o valor bruto das notas fiscais, para Fl. 472DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 10 9 aferição do salário de contribuição, conforme determina os art. 63 e 64 da LN 70/2002; 5.II. Verificase ainda que, ao contrário do que alega a empresa prestadora na sua defesa, o critério utilizado para o lançamento da contribuição apurada foi o do mês da prestação dos serviços conforme indicado no corpo das notas fiscais. Insurgese a recorrente também acerca da cobrança direta a mesma, sem ter sido comprovada a falta de recolhimento por parte dos prestadores de serviço. Tenho que não assiste razão ao contribuinte. A lei 8.212/91, em seu art. 31, redação da época, informava: Art. 31. O contratante de quaisquer serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, responde solidariamente com o executor pelas obrigações decorrentes desta Lei, em relação aos serviços prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Depreendese do termo legal que, uma vez não constatado o recolhimento da obra em comento, a cobrança pode recair sobre o contratante e executor, sem benefício de ordem, o que significa dizer que a cobrança pode se dar em qualquer dos envolvidos, sem a necessidade de se apurar a responsabilidade específica de cada um. O crédito pode ser cobrado, no total, de qualquer dos citados. Ao aplicar o instituto da solidariedade, agiu a Fazenda Nacional em conformidade com a lei, sendo assim irretocável o lançamento, nesse ponto. Vejamos jurisprudência deste Conselho. Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/1996 a 28/02/2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPUGNAÇÃO INOVADORA. PRECLUSÃO. No Processo Administrativo Fiscal, dada à observância aos princípios processuais da impugnação específica e da preclusão, todas as alegações de defesa devem ser concentradas na impugnação, não podendo o órgão ad quem se pronunciar sobre matéria antes não questionada, sob pena de supressão de instância e violação ao devido processo legal. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. O proprietário, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CONSTRUÇÃO CIVIL. ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Nas hipóteses em que o cálculo do tributo tiver por base, ou tomar em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a Fl. 473DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 11 10 autoridade lançadora, mediante processo regular, poderá arbitrar o valor da base de cálculo ou os aludidos preços, sempre que forem omissos ou não merecerem fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado. Em caso de recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o fisco federal pode inscrever de ofício importância que reputar devida, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. A utilização de percentual definido em ato normativo, incidente sobre o valor dos serviços contidos em notas fiscais, para fins de apuração indireta da base de cálculo das contribuições previdenciárias, constitui procedimento que observa os princípios da legalidade e da proporcionalidade. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO. ELISÃO DA SOLIDARIEDADE. IMPOSSIBILIDADE. A CND apenas certifica que, no momento de sua emissão, não havia crédito tributário formalmente constituído em desfavor da empresa signatária da certidão, circunstância que não afasta o direito da Fazenda Pública de constituir e cobrar qualquer débito eventualmente apurado após a sua emissão, conforme ressalvado na própria CND. A apresentação de CND emitida em nome de empresa prestadora de serviços não é suficiente para elidir a responsabilidade solidária na construção civil. A elisão somente é possível com a comprovação do recolhimento da contribuição devida, pela apresentação dos documentos exigidos pela legislação de regência. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido.Processo 11080.722508/201016, acórdão 2302002.131, Relator Manoel Coelho Arruda Júnior Nessa linha temos igualmente o Parecer CJ/MPAS n° 2.376/2000, que transcrevo excerto: (...) 10. No caso em tela, com a ocorrência do fato gerador, fica o fisco autorizado a proceder o lançamento, constituindo o devido crédito tributário. Este crédito tributário, obviamente, pode ser constituído tanto em face do contribuinte, como do responsável tributário. Pode ser feito em relação ao contribuinte e depois em relação ao responsável, ou ainda, somente em função do responsável tributário. 11. Isto porque o contribuinte e o responsável tributário são solidários em relação à obrigação tributária, não cabendo, nos termos do parágrafo único do artigo 124 do CTN, benefício de ordem. Cabe, portanto, ao credor escolher de quem irá cobrar, dentre os sujeitos passivos, a satisfação da obrigação tributária. E obviamente poderá fazêlo em relação a todos os coobrigados, ou em relação a apenas um deles. (grifos nossos) 12. Havendo responsabilidade solidária, o INSS deve cobrar o seu crédito tanto do contribuinte, quanto do responsável tributário. Deve negar a expedição de CND para os Fl. 474DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 12 11 dois e deve inscrever o nome de um e do outro no cadastro de in adimplentes pois ambos são responsáveis solidários pelo valor total da obrigação. 13. Por outro lado, a lei não veda a existência de mais de um crédito tributário em relação à mesma obrigação tributária. Pode o fisco lançar o tributo (constituir o crédito tributário) e depois anular o lançamento, seja de ofício, seja por ordem judicial, e constituir outro crédito. Por outro lado, pode ainda ser constituído um crédito parcial e depois, verificando tal situação, lançar o crédito restante, tudo incidente sobre a mesma obrigação. Pode ainda constituir um crédito contra o responsável e um outro contra o contribuinte, pois o crédito tributário não se confunde com a obrigação tributária que, neste caso, será sempre a mesma. 14. O que não pode haver é a cobrança de uma obrigação já paga ou negociada, ou seja, se um dos sujeitos passivos do tributo extinguir a obrigação pelo pagamento ou se ocorrer uma das hipóteses previstas de suspens ão da exigibilidade do crédito tributário, não poderá o INSS cob rar, ou continuar cobrando, a obrigação do outro sujeito passivo . 15. Vejase, portanto, que sobre uma mesma obrigação tributária podem existir diversos créditos tributários, sem que com isso se possa afirmar que esteja havendo bis in idem. Este só ocorreria se houvesse duplicidade de pagamento. Até a ocorrência deste, ou a negociação da dívida, através de um contrato de parcelamento, por exemplo, não há que se falar e m bis in idem. 16. Desta forma, temos que o ordenamento jurídico não veda a possibilidade de existência de mais de um crédito sobre a mes ma obrigação tributária. O que não pode ser admitido é a cobra nça de um débito já pago. 17. Nos casos de responsabilidade solidária, o credor pode escolher, dentre os coresponsáveis solidários, contra quem irá exigir a satisfação da obrigação. A escolha de um deles não exclui a responsabilidade dos demais até mesmo quando a Certidão de Dívida Ativa não contempla o nome do responsável tributário. Nestes casos, a Jurisprudência vem admitindo que a execução fiscal seja direcionada ao responsável, mesmo quando o nome deste não esteja na CDA. 18. Vejamos a propósito o seguinte precedente do Eg. Superior Tribunal de Justiça: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL EXECUÇÃO FISCAL RESPONSABILIDADE DO SÓCIOGERENTE DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE FRAUDE À EXECUÇÃO CARACTERIZAÇÃO. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 13 12 Sóciogerente que dissolve irregularmente a sociedade, deixando de recolher os tributos devidos, infringe a lei e se torna responsável pela dívida da empresa. Mesmo não constando da CDA o nome dos diretores, gerentes ou representantes das pessoas jurídicas de direito privado, podem ser citados, e ter seus bens penhorados para o p agamento de dívidas da sociedade da qual eram sócios. Para a caracterização da fraude à execução basta que a alienação seja posterior à existência de pedido de executivo despachado pelo juiz, não sendo necessária e efetivação da citação. (STJ, 1ª Turma, REsp 193226/SP, Relator Min. GARCIA VIEIRA, julgado em 14.12.1998, publicado no DJ de 08.03.1999). 19. Portanto, não há "bis in idem". O que há é a possibilidade, p ara o credor, de escolher, dentre os devedores solidários, contra qual deles irá forçar o cumprimento da obrigação tributária. Esta cobrança, portanto, pode se dar em relação a um dos coobrigados, em relação a todos ou em relação apenas ao responsável. Não há, portanto, nenhuma vedação legal a isso e nem haverá cobrança em duplicidade. O Egrégio STJ já irradiou em seus arestos a interpretação que deve prevalecer na pacificação do debate em torno do assunto, lançando definitivamente uma pá de cal nessa infrutífera discussão, consoante se depreende do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 2002/00892216, da Relatoria do Min. Luiz Fux, assim ementado: Processo AgRg no Ag 463744 / SC ; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2002/00892216 Relator(a) Ministro LUIZ FUX (1122) Órgão Julgador TI PRIMEIRA TURMA Data do Julgamento 20/05/2003 Data da Publicação/Fonte DJ 02.06.2003 p. 192 Ementa: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO TOMADOR DE SERVIÇOS PELO RECOLHIMENTO DOS VALORES DEVIDOS PELO PRESTADOR DE SERVIÇOS. AGRAVO REGIMENTAL. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS PARA INFIRMAR A DECISÃO AGRAVADA. DESPROVIMENTO. I. O artigo 31 da Lei 8.212/91 impõe ao contratante de mãode obra a solidariedade com o executor em relação às obrigações de recolhimento das contribuições previdenciárias, bem como outorga o direito de regresso contra o executor, permitindo, inclusive, ao tomador a retenção dos valores devidos ao executor para imporlhe o cumprimento de suas obrigações. 2. Para a empresa tomadora de serviços isentarse da responsabilidade pelo não pagamento das Fl. 476DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 14 13 contribuições previdenciárias devidas pela prestadora de serviço, é necessário que demonstre o efetivo recolhimento destas contribuições. 3. O Agravante não trouxe argumento capaz de infirmar o decisório agravado, apenas se limitando a corroborar o dispos to nas razões do Recurso Especial e no Agravo de Instrumento interpostos, de modo a comprovar o desacerto da decisão agravada. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. O Supremo Tribunal já se manifestou sobre o tema quando do julgamento do RE 579.281/PR, de relatoria do Min. Cezar Peluso: TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA ANULATÓRIA. AFERIÇÃO INDIRETA. ORDEM DE SERVIÇO. LEGALIDADE. Não padece de vício de legalidade a Ordem de Serviço nº 083/93, que estabelece percentuais a incidirem sobre o valor bruto de nota fiscal de serviço ou fatura, na hipótese de aferição indireta do salário de contribuição. Tratase de regulamentação do procedimento de arbitramento, a estabelecer critérios para tanto. Do contrário, não existiriam parâmetros objetivos para o Fisco proceder ao levantamento do débito nos casos em que não dispusesse de elementos concretos para fazêlo, ante a imprestabilidade ou inexistência de escrita contábil relativa a mãodeobra empregada pelo contribuinte’ (fl. 308). A recorrente, com fundamento no art. 102, III, a, alega violação ao disposto nos arts. 5º, II; 37; 14 6, III, a; e 150, I, da Constituição Federal. Inadmissível o recurso Finalmente, o Superior Tribunal de Justiça, assim se manifestou no RESP 719350/SC, inclusive sobre as normas tributárias no caso de aferição: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DODIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMOINICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (RESP 973.733/SC). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. FORNECEDOR/CEDENTE DE MÃODEOBRA X TOMADOR/CESSIONÁRIO DE MÃODEOBRA. ARTIGO 31, Fl. 477DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 15 14 DA LEI 8.212/91. PERÍODO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 9.711/98 (RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA). PERÍODO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI 9.711/98 (RESPONSABILIDADE PESSOAL DO TOMADOR DO SERVIÇO). RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA (RESP 1.131.047/MA). AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. ARTIGO 148, DO CTN, C/C ARTIGO 33, § 6º, DA LEI 8.212/91. PROCEDIMENTO REGULADO POR ORDEM DE SERVIÇO. LEGALIDADE. TAXA SELIC. APLICAÇÃO AOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PAGOS A DESTEMPO. LEI 9.065/95. (...) 4. Destarte, remanesce a análise da insurgência especial atinente à responsabilidade tributária do tomador/cessionário de mãodeobra no que concerne às contribuições previdenciárias cujos fatos imponíveis ocorreram entre janeiro de 1996 e janeiro de 1999, à luz dos disposto no artigo 31, da Lei 8.212/91. 5. Com efeito, o sujeito passivo da obrigação tributária principal é a pessoa física ou jurídica, privada ou pública, a quem incumbe o dever jurídico de adimplir a prestação pecuniária equivalente ao tributo. 6. À luz do artigo 121, do CTN, tanto o contribuinte, quanto o responsável podem figurar como sujeito passivo da obrigação tributária principal. 7. O contribuinte (também denominado, na doutrina, de sujeito passivo direto, devedor direto ou destinatário legal tributário) tem relação causal, direta e pessoal com o pressuposto de fato que origina a obrigação tributária (artigo 121, I, do CTN), ao passo que o responsável tributário (por alguns chamado sujeito passivo indireto ou devedor indireto) não apresenta liame direto e pessoal com o fato jurídico tributário, decorrendo o dever jurídico de previsão legal (artigo 121, II, do CTN). (...) 11. Acerca da obrigação tributária solidária, forçoso ressaltar que é de sua essência a unicidade da relação jurídica tributária em seu pólo passivo, o que autoriza a autoridade administrativa a direcionarse contra qualquer um dos coobrigados (contribuintes entre si, responsáveis entre si, ou contribuinte e responsável), que responderá in totum et totaliter pelo débito fiscal. (...) 26. Conseqüentemente, os créditos tributários ora exigíveis (cujos fatos imponíveis ocorreram entre janeiro de 1996 e janeiro de 1999) subsumemse ao regime legal anterior à Fl. 478DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 16 15 vigência das alterações introduzidas pela Lei 9.711/98, razão pela qual sobressai a responsabilidade tributária solidária do cessionário da mãodeobra no período, o que facultava ao ente previdenciário eleger o sujeito passivo da obrigação tributária entre os respectivos coobrigados, observada, entre outras, a possibilidade de o cessionário elidir sua responsabilidade acaso demonstrasse que o cedente comprovara o recolhimento prévio das contribuições sociais pertinentes (mediante cópia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha de pagamento), quando da quitação da nota fiscal ou da fatura correspondente aos serviços executados. 27. Os artigos 136 e 137, do CTN (que versam sobre a responsabilidade tributária por infrações à legislação tributária), não conflitam com a responsabilidade tributária solidária instituída pela Lei 8.212/91 (com base no artigo 128, do mesmo código), máxime tendo em vista a conexão entre o nascimento da obrigação tributária solidária do cessionário e o descumprimento de seu dever de fiscalização da prestação pecuniária que deveria ter sido adimplida pelo cedente. 28. In casu, restou assente na origem que: "O que se observa no caso em tela é que a empresa impetrante, não tendo realizado as obrigações acessórias (§§ 3º e 4º, do art. 31, da Lei 8.212/91) relativas à fiscalização do pagamento das exações devidas pelas empresas que lhe prestavam serviços, não tomou ciência de que as mesmas não estavam cumprindo com suas obrigações perante o fisco. Deveria a apelante, para eximirse da instituída responsabilidade solidária, terse acautelado com a comprovação do pagamento das contribuições previdenciárias pelas empresas contratadas. Tornouse, assim, conforme disposição legal, responsável solidária pelo débito, vindo a ser executada pelo INSS. (...) Apuradas diferenças a menor no recolhimento da contribuição previdenciária, então, a autarquia poderia executar qualquer dos devedores, posto que cada um deles responde in totum pela obrigação. Movendose contra a impetrante ao lavrar as NFLD's, resta apenas o direito regressivo da apelante contra as empresas por ela contratadas, a fim de reaver, em ação própria, o montante que não era de sua responsabilidade. Destarte, ante o entendimento acima exposto, descabida qualquer alegação de impossibilidade de penalização por irregularidades cometidas pela empresa cedente de serviço, vez que cabia à empresa cessionária a fiscalização, sua obrigação acessória Não há qualquer mácula aos arts. 136 e 137, porque há disposição legal sobre a responsabilidade da empresa apelante." 29. Outrossim, a Administração Tributária pode proceder à aferição indireta ou arbitramento da base imponível do tributo, nas hipóteses enumeradas no artigo 148, do CTN, verbis: "Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços Fl. 479DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 17 16 ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial." 30. O artigo 33, § 6º, da Lei 8.212/91, determina que, "se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário". 31. Destarte, a ausência de documentação que reflita, de maneira idônea, a realidade dos fatos, autoriza a autoridade fiscal a proceder à aferição indireta das contribuições sociais devidas, desde que observados os princípios da finalidade da lei, da razoabilidade, da proporcionalidade e da capacidade contribuinte, sendo certo, ainda, que a expedição de Ordens de Serviço a fim de regular o procedimento de arbitramento da base de cálculo, autorizada pela lei ordinária, não caracteriza ofensa ao princípio da legalidade tributária estrita. (...) 33. Recurso especial desprovido Assim tenho como correta a responsabilização efetivada. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, NEGOlhe provimento. assinado digitalmente Oséas Coimbra Relator. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR Processo nº 18471.001530/200850 Acórdão n.º 2803004.054 S2TE03 Fl. 18 17 Fl. 481DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 10640.002396/2007-22
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2006
DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO.
Restando configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP 973.733 - SC, submetido ao regime do art. 543 - C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Manoel Coelho Arruda Junior Relator
EDITADO EM:23/02/2015
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2006 DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP 973.733 - SC, submetido ao regime do art. 543 - C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Recurso especial negado.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10640.002396/2007-22
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5437672
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 9202-003.381
nome_arquivo_s : Decisao_10640002396200722.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10640002396200722_5437672.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Relator EDITADO EM:23/02/2015 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
id : 5844905
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703977459712
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1472; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 6 1 5 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10640.002396/200722 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.381 – 2ª Turma Sessão de 18 de setembro de 2014 Matéria Decadência Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado THEMA VEÍCULOS LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/2006 DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO LANÇAR TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Restando configurado que o sujeito passivo não efetuou recolhimentos, o prazo decadencial do direito do Fisco constituir o crédito tributário deve observar a regra do art. 173, inciso I, do CTN. Precedentes no STJ, nos termos do RESP 973.733 SC, submetido ao regime do art. 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os menbros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 23 96 /2 00 7- 22 Fl. 215DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior – Relator EDITADO EM:23/02/2015 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente à época do julgamento), Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Pedro Anan Junior (suplente convocado), Maria Helena Cotta Cardozo, Gustavo Lian Haddad e Elias Sampaio Freire. Relatório Tratase de crédito previdenciário lançado contra a contribuinte em epígrafe correspondente a contribuição da empresa incidente sobre a remuneração paga aos segurados contribuintes individuais. A Primeira Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do CARF deu provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a preliminar de decadência, com relação as competências até 12/2001 nos termos do artigo 173, I do CTN: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/1999 a 30/12/2006 Ementa: DECADÊNCIA PARCIAL De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Havendo recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 150, § 4o, do CTN. LANÇAMENTO DE OFÍCIO AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Não havendo recolhimento antecipado da contribuição previdenciária devida incidente sobre a remuneração paga pela empresa aos segurados a seu serviço, aplicase o prazo decadencial previsto no art. 173, do CTN, pois tratase de lançamento de ofício. REMUNERAÇÃO CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja Fl. 216DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10640.002396/200722 Acórdão n.º 9202003.381 CSRFT2 Fl. 7 3 em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. REMUNERAÇÃO INDIRETA – DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS– A empresa está obrigada a recolher a contribuição devida sobre a remuneração paga aos seus sócios. Incide contribuição previdenciária sobre o valor pago pela empresa a seus sócios, a título de “LUCROS DISTRIBUIÍDOS”. Recurso Voluntário Provido em Parte. A Fazenda Nacional se insurge contra o acórdão que deu provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento, devido a regra decadencial expressa no art. 173, I, do CTN, porém entendendo que a contagem do prazo decadencial dáse a partir do fato imponível, as contribuições apuradas até a competência 12/2001, anteriores a 01/2002 (fls. 153verso), enquanto a recorrente entende que o aresto merece reforma, visto que o acórdão recorrido diverge do entendimento mantido pelo CARF, também com fundamento no recurso repetitivo do STJ, de que a contagem da decadência regida pelo art. 173, I, do CTN, dáse a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (fls. 171). Segundo a recorrente, o acórdão recorrido diverge do paradigma que apresenta, proferido pela Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção de Julgamento (fls. 172/181): Ac. N. 2401001.759 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2000 a 30/09/2003 PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DO PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO QUE O LANÇAMENTO PODERIA TER SIDO REALIZADO. Não se verificando antecipação de pagamento das contribuições, aplicase, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no inciso I do art. 173 do CTN. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2000 a 30/09/2003 SALÁRIO MATERNIDADE. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Por expressa determinação legal o salário maternidade é considerado saláriodecontribuição. AUDITORIA FISCAL. COMPETÊNCIA PARA VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS A ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Os então Auditores Fiscais da Previdência Social detinham competência para verificação do cumprimento por parte das entidades beneficentes de assistência social dos requisitos necessários à fruição da isenção da cota patronal previdenciária. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DIREITO ADQUIRIDO. As entidades que gozavam da isenção da cota patronal previdenciária na vigência da Lei n. 3.577/1959, estavam desobrigadas de requererem esse benefício ao INSS, nos termos do § 1. do art. 55 da Lei n. 8.212/1991. Recurso Voluntário Provido Ao final, requereu a PGFN que seja o presente recurso conhecido e provido, para que seja reformado o acórdão proferido pela e. Terceira Turma Especial da Terceira Fl. 217DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Câmara da Segunda Seção do CARF, e afastada a decadência do direito de constituição do crédito tributário de 12/2001. Instado a se manifestar, o i. Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção resolveu dar seguimento ao Recurso Especial interposto. Intimado a se manifestar, o Sujeito Passivo apresentou contrarazões [que reitera os argumentos expostos no decisum recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Relator O recurso especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e demonstrada a divergência, passo ao exame do mérito. Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais. Conforme recente alteração do Regimento Interno do CARF, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ,na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Diante disso, temse que o STJ já enfrentou o tema objeto do presente recurso especial, julgandoo sob o rito dos recursos repetitivos, no seguinte sentido: A imperiosidade de aplicação dessa decisão do STJ, no âmbito do CARF, é inequívoca, conforme o disposto no artigo 62A do seu Regimento Interno. Desse modo, ao observar o caso concreto trazido a esta câmara superior de julgamento, nota se que à recorrente assiste razão quanto ao seu inconformismo no que se refere à fundamentação do acórdão recorrido. De acordo com o julgado, foi suscitada a decadência do crédito tributário com base no disposto no art. 150, § 4º do CTN. Senão vejamos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do Fl. 218DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10640.002396/200722 Acórdão n.º 9202003.381 CSRFT2 Fl. 8 5 débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) No entanto, conforme se o observa no precedente vinculante do Superior Tribunal de Justiça, deverseá aplicar o disposto no art.173, I do CTN quando do cálculo do Fl. 219DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 prazo quinquenal, mesmo nos casos de lançamento por homologação e quando não houver pagamento do tributo. No caso, verifico que há informação nos autos que há informação de recolhimento de contribuição previdenciária [fls. 22], fato que, per se, remeteria aplicação do disposto no enunciado da Súmula CARF n. 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Não obstante, registrese que a irresignação Especial foi interposta pela PGFN não sendo possível o agravamento da Recorrente, em atendimento do reformatio in pejus. DISPOSITIVO Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO ESPECIAL interposto, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É o voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 220DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/03/2 015 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 12466.001851/2010-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 28/02/2005 a 26/01/2006
Ementa PROVA EMPRESTADA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CABIMENTO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA.
É válido no processo administrativo o instituto da prova emprestada, desde que garantido às partes o contraditório e a ampla defesa, mostrando-se válido o lançamento que carreia aos autos elementos de prova suficientes a demonstrar a ocorrência de fatos jurídicos semelhantes àqueles verificados em outro procedimento administrativo, ainda que envolva partes distintas.
AUSÊNCIA DE PROVA. ACOLHIMENTO. RECURSO DE OFÍCIO. PROVIMENTO. MÉRITO. ENFRENTAMENTO.
Revista, em sede de recurso de ofício, a decisão de primeira instância administrativa que acolhe argumento de ausência de prova do ilícito administrativo, necessária se faz a devolução do julgamento para enfrentamento da questão meritória remanescente, a fim de que não haja indevida supressão de instância.
Numero da decisão: 3401-002.919
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício com retorno à unidade julgadora de primeiro grau, vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima e Ângela Sartori(relatora) que negavam provimento e o Conselheiro Eloy que dava provimento sem retorno. Designado o Conselheiro Robson Bayerl para o voto vencedor. Fez sustentação oral pela recorrente dr. Carlos Eduardo Garcia Ashikaga OAB/SP/171032.
JULIO CÉSAR ALVES RAMOS- Presidente.
ANGELA SARTORI - Relator.
ROBSON JOSE BAYERL Redator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, ANGELA SARTORI e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA .
Nome do relator: ANGELA SARTORI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 28/02/2005 a 26/01/2006 Ementa PROVA EMPRESTADA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CABIMENTO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. É válido no processo administrativo o instituto da prova emprestada, desde que garantido às partes o contraditório e a ampla defesa, mostrando-se válido o lançamento que carreia aos autos elementos de prova suficientes a demonstrar a ocorrência de fatos jurídicos semelhantes àqueles verificados em outro procedimento administrativo, ainda que envolva partes distintas. AUSÊNCIA DE PROVA. ACOLHIMENTO. RECURSO DE OFÍCIO. PROVIMENTO. MÉRITO. ENFRENTAMENTO. Revista, em sede de recurso de ofício, a decisão de primeira instância administrativa que acolhe argumento de ausência de prova do ilícito administrativo, necessária se faz a devolução do julgamento para enfrentamento da questão meritória remanescente, a fim de que não haja indevida supressão de instância.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 12466.001851/2010-61
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5441207
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 16 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3401-002.919
nome_arquivo_s : Decisao_12466001851201061.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANGELA SARTORI
nome_arquivo_pdf_s : 12466001851201061_5441207.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício com retorno à unidade julgadora de primeiro grau, vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima e Ângela Sartori(relatora) que negavam provimento e o Conselheiro Eloy que dava provimento sem retorno. Designado o Conselheiro Robson Bayerl para o voto vencedor. Fez sustentação oral pela recorrente dr. Carlos Eduardo Garcia Ashikaga OAB/SP/171032. JULIO CÉSAR ALVES RAMOS- Presidente. ANGELA SARTORI - Relator. ROBSON JOSE BAYERL Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, ANGELA SARTORI e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA .
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5859940
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:38:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703983751168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2253; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 5 1 4 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12466.001851/201061 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3401002.919 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria Aduaneiro Recorrente Fazenda Nacional Interessado Cotia Trading S.A ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 28/02/2005 a 26/01/2006 Ementa PROVA EMPRESTADA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CABIMENTO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. É válido no processo administrativo o instituto da “prova emprestada”, desde que garantido às partes o contraditório e a ampla defesa, mostrandose válido o lançamento que carreia aos autos elementos de prova suficientes a demonstrar a ocorrência de fatos jurídicos semelhantes àqueles verificados em outro procedimento administrativo, ainda que envolva partes distintas. AUSÊNCIA DE PROVA. ACOLHIMENTO. RECURSO DE OFÍCIO. PROVIMENTO. MÉRITO. ENFRENTAMENTO. Revista, em sede de recurso de ofício, a decisão de primeira instância administrativa que acolhe argumento de ausência de prova do ilícito administrativo, necessária se faz a devolução do julgamento para enfrentamento da questão meritória remanescente, a fim de que não haja indevida supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso de ofício com retorno à unidade julgadora de primeiro grau, vencidos os Conselheiros Bernardo Leite de Queiroz Lima e Ângela Sartori(relatora) que negavam provimento e o Conselheiro Eloy que dava provimento sem retorno. Designado o Conselheiro Robson Bayerl para o voto vencedor. Fez sustentação oral pela recorrente dr. Carlos Eduardo Garcia Ashikaga OAB/SP/171032. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 18 51 /2 01 0- 61 Fl. 777DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 2 JULIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. ANGELA SARTORI Relator. ROBSON JOSE BAYERL – Redator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: JULIO CESAR ALVES RAMOS (Presidente), ROBSON JOSE BAYERL, JEAN CLEUTER SIMÕES MENDONÇA, ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, ANGELA SARTORI e BERNARDO LEITE DE QUEIROZ LIMA . Relatório A autoridade fiscal apontou algumas simulação perpetrada pelas empresas: Segurança em relação à fiscalização, visto que os elementos que revelam as efetivas transações comerciais permanecem ocultos; Quebra da cadeia do IPI, visto que a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. deveria ser equiparada à empresa industrial, esquivandose assim de obrigações tributárias principais e acessórias, obtendo substancial vantagem fiscal indevida; Informa a autoridade fiscal que a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. está habilitada para atuar como interveniente no comércio internacional desde 27/12/2002 e poderia ter sido apresentada como importadora, seja por conta própria, seja através de terceiros (por sua conta e ordem ou como encomendante), atendendo ainda a legislação do IPI,o que não o fez, demonstrando sua intenção de se manter à margem da legislação, utilizandose de interpostas pessoas para promover o comércio de mercadorias importadas. A fiscalização, com vistas a demonstrar o modus operandi adotado pela empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A., traz aos autos provas emprestadas do processo administrativo fiscal n° 12466.002687/200976. Com relação a tais documentos indica que se tratam de operação de importação em que a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A utilizou outro interveniente com vistas a realizar operação de importação de mercadorias do mesmo tipo que é objeto da presente "autuação, restando demonstrado a natureza das mercadorias e os necessários ajustes pelo fabricante no exterior para que as mesmas possam ser adequadas às especificações determinadas pela real adquirente, a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. Fl. 778DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 6 3 Conforme relatado à folhas 22 e 23, o negócio real, era efetuado nos seguintes moldes: LA GRADIENTE interessada em reduzir seus custos, e aumentar sua competitividade, passou, a comercializar produtos fabricados na CHINA. Para isso localizou fabricantes.de eletroeletrônicos nesse País, através de escritório próprio estabelecido para esse fim, em Shenzen (sul do País)., Uma vez localizado o fabricante, combinaram os principais pontos, quantidades, preços, itens da customização, prazos e demais condições do negócio real. 2. Uma vez acertadas às condições definidas as quantidades totais, com base em schedule estipulando as datas de produção e embarque nas datas próprias, a GRADIENTE passou a formularmos pedidos ao fabricante (exemplo fls. 119 a 121); O fabricante promoveu a produção dás encomendas, que quando concluídas foram, inspecionadas a pedido da GRADIENTE (exemplo do relatório fls. 122 à 125): Aprovadas as mercadorias e definida a data de embarque, a GRADIENTE,. Considerando os preços negociados formulou os pedidos destinados à COTIA, que passou a cuidar dos demais trâmites para os embarques e nacionalização das mercadorias. 3. Em posse do pedido recebido, a COTIA, coordenou a parte logística da operação, preparou os pagamentos antecipados ou contratou as cartas de crédito, conforme o caso. Informa que fez a devida Representação Fiscal para Fins Penais, processo administrativo n° 12466.001852/201014. Intimada, a empresa COTIA TRADING S.A. apresentou impugnação às folhas 526 a 574, anexando os documentos de folhas.575 a 582. Em síntese, traz as seguintes alegações: Que, há nulidades, na autuação, visto, que deveriam ser lavrados autos de infração, distintos para cada contribuinte; a revisão aduaneira não se destina a aplicar a pena de perdimento de mercadoria já desembaraçada; Que a conversão do perdimento em multa, somente é admitida no caso de mercadoria não localizada ou que tenha sido consumida. No presente caso, a mercadoria foi desembaraçada e comercializada no País, não sendo o caso de mercadoria extraviada ou Fl. 779DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 4 perdida (não localizada), nem mesmo de mercadoria que pereceu, evaporou desapareceu ou foi roubada (consumida), o que impede a aplicação da penalidade, em razão do princípio daestrita legalidade; Seguiuse então o transporte internacional e a nacionalização a cargo da COTIA, e as entregas acobertadas por notas fiscais de venda de mercadorias já nacionalizadas. Os argumentos apresentados pela autoridade fiscal objetivam comprovar que o importador, empresa COTIA TRADLNG S.A., e o adquirente, empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A., praticaram diversas irregularidades em suas operações de importação, todas com vistas a reduzir tributos devidos ou a simular situação distinta da realidade, com a finalidade de descaracterizar a incidência do IPI, calculados sobre a diferença entre a compra e venda, na saída dos produtos importados colocados a consumo pela real importadora, a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A., que se manteve oculta em todas as declarações formuladas perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil. Portanto, ambas empresas praticaram simulação fraudulenta, ocultação do real comprador, falsificação de documentos e prestaram informações falsas à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em síntese, a pessoa jurídica importadora, empresa COTIA TRADLNG S.A., não participou das transações comerciais que originaram as importações das mercadorias. Participou, entretanto, de simulações de importações por conta própria, em acordo simulatório com o real adquirente das mercadorias. Logo, sua atividade dizia respeito ao despacho aduaneiro das mercadorias importadas, ou seja, é de se dizer que atuava por conta e ordem do real adquirente das mercadorias de procedência estrangeira. Indica também a autoridade fiscal que ocorreu simulação e falsidade ideológica em todas as declarações de importação feitas e registradas no SISCOMEX, falsidade ideológica nos BL e Faturas Internacionais apresentados. Informa a autoridade fiscal que a conduta perpetrada pelas interessadas causou dano ao Erário (fls. 48 a 56), apresentando demonstrativo de cálculo do IPI que deixou de ser recolhido pela filial da empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. : (CNPJ 43.185.362/002827), destinatária das mercadorias importadas, conforme notas fiscais de venda da empresa COTIA TRADLNG S.A. Que, a ciência do auto de infração foi dada em 23/07/2010, houve inequívoca decadência para as DI's registradas antes de 23/07/2005; Que, a autuação é ilegal devido à falta de amparo em Mandado de Procedimento Fiscal válido, violando o princípio constitucional do devido processo legal; Que, a impugnante contratou o câmbio, recebeu a fatura comercial e os conhecimento de transporte em seu nome (legítima proprietária da mercadoria conforme consignado nestes documentos), emitiu notas fiscais a título de compra e venda, além de contabilizar a operação como compra e venda de mercadorias de seu estoque. Não ocorreu mera prestação de serviço, mas sim operação de compra e venda de mercadorias importadas regularmente, mesmo que sob encomenda prévia; Que, não há como aplicar retroativamente o disposto na Lei n° 11.281/06, que criou nova hipótese de equiparação a industrial, tornando o Fl. 780DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 7 5 encomendante um contribuinte do IPI. A mesma só pode atingir fatos geradores ocorridos após a publicação da referida lei, pois criou nova hipótese tributária. A importação para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros; Que, a análise da documentação anexada ao presente processo administrativo e utilizada no despacho aduaneiro de importação (faturas comerciais, declaração de importação, contrato de câmbio, conhecimento de transporte, packing list, notas fiscais), prova que a impugnante promoveu a importação em nome e com recursos próprios, sendo a real adquirente das mercadorias importadas, visando revendêlas no mercado nacional a um proponente comprador, a Gradiente; Que, para que as operações fossem consideradas como uma importação por conta e ordem de terceiros, estas deveriam preencher os requisitos das INs SRF n° 225/02 e 247/02, além do ADI SRF n° 07/02, o que não ocorreu no presente caso. O procedimento adotado pela impugnante está em conformidade com interpretação fiscal constante" de ato expedido pela Secretaria da Receita Federal", afastando a aplicação de qualquertipo de penalidade, consoante o artigo 610 do Regulamento Aduaneiro, além do artigo 101 do Decreto lei n° 37/66; Que, a operação presumida pelo agente fiscal no presente auto de infração não encontra amparo legal, fático, probatório e, por tanto, "não fecha". Meras presunções não provam efetivamente o alegado sem o amparo de outros elementos probatórios; Que, a alegação de ocultação do real adquirente, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta não pode simplesmente ser presumida, mas sim provada de forma inequívoca, sob pena de cometer injustiças e atrocidades absurdas, além de inexplicáveis. Não havia obrigação legal que impusesse ao importador informar na DI que era seu possível e futuro cliente comprador (imposição que viola o princípio da legalidade);Que, não houve adiantamento de recursos, pois todos os pagamentos da Gradiente foram posteriores ao faturamento da Cotia, a qual não pediu reembolso, mas sim realizou uma venda com pagamento parcelado, praxe comercial comum, legal e efetivamente realizada no presente caso, tendo em vista que a Cotia tinha comprovada capacidade econômicofinanceira, agiu com recursos próprios e, portanto, assumiu o risco comercial da operação Que, houve claro intuito comercial por parte da impugnante ao realizar à operação de compra e venda muito mais lucrativa que uma mera prestação de serviços por conta e ordem; Que, a conversão da pena de perdimento após o desembaraço acarreta em penalização de valor superior ao que seria devido caso tais bens ainda não tivessem sido desembaraçados, isto é, a interessada recolheu os valores a título de tributos incidentes na operação de importação, e posteriormente, após o desembaraço sofre com penalização de 100% do valor aduaneiro, total absurdo. Viola princípios constitucionais da legalidade e da isonomia. Enriquecimento ilícito da União em detrimento aos contribuintes de boafé; Que, a presunção de falta de recolhimento de tributos, em especial do IPI, por equiparação a industrial do futuro cliente da impugnante é improcedente. A impugnante recolheu efetivamente todos os tributos correta e tempestivamente; Que, a aplicação da multa em trato afronta o princípio da proporcionalidade, o dano ao Erário alegado pelo fisco é muito menor que a penalidade imposta ao contribuinte; Que, somente o ato comissivo, a ação do importador em elaborar documento falso caracterizaria tal infração, o que não ocorreu no presente caso, pois a impugnante não elaborou tais faturas comerciais ou conhecimentos de transporte. Tais documentos foram elaborados pelo exportador, a impugnante apenas adquiriu os produtos, não Fl. 781DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 6 tendo como e nem porque duvidar das informações ali constantes. Não há provas ou indícios de conduta delituosa, não há que se falar em falsidade ideológica nem material; Que, a prova emprestada utilizada é falha justamente por se equiparar a um mero indício, já que nem sempre o que ocorreu em um procedimento terá ocorrido em outro, a autoridade administrativa tem o dever de apurar os fatos; Que, a aplicação da multa substitutiva à pena de perdimento de mercadorias em sede de revisão aduaneira não encontra fundamento legal no enquadramento citado, pela fiscalização. As mercadorias em trato já foram submetidas ao despacho aduaneiro; foram regularmente desembaraçadas. O enquadramento invocado destinase à aplicação da pena de perdimento nas hipóteses em que ainda não houve a conclusão do despacho aduaneiro de importação; Que, a autuação deveria estar limitada ao disposto no artigo 33 da Lei n° 11.488/07; Que, a impugnante não tem interesse comum com a Gradiente; na situação que constitui o fato gerador dos tributos em questão. As empresas possuem objetivos totalmente divergentes em suas operações; Requer seja declarada a nulidade do auto de infração, no mérito julgado insubsistente e improcedente, revogada a aplicação da pena de perdimento, alternativamente, seja reduzida para multa mais benéfica (10% do valor aduaneiro), por fim, que todas as intimações sejam feitas em nome da impugnante. Intimada, a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. apresentou impugnação às folhas 588 a 608, anexando os documentos de folhas 609 a 677. Em síntese, traz as seguintes alegações: Que, para que seja configurada a importação por conta e ordem de terceiros, é condição determinante que a real adquirente tenha suportado todos os gastos e despesas decorrentes da operação a que deu mando. No caso dos autos a própria fiscalização atesta que as operações foram custeadas pela empresa importadora; Que, a impugnante agiu como adquirente de boa fé, ausente a responsabilidade tributária. Apenas adquiriu mercadorias da empresa autuada sem, contudo, participar de qualquer procedimento ou planejamento tendente a simular operações de importação, não participou do procedimento de internação das mercadorias; Que, para a configuração de presunção capaz de subsidiar uma autuação fiscal e, por via de conseqüência, a responsabilização de terceiro, é de fundamental importância que o fato conhecido esteja adequada e cabalmente provado. No caso há ausência de prova do fato ensejador da responsabilidade da impugnante. Sequer existe julgamento em definitivo nos autos do PA n° 12466.002687/200976 capaz de atestar a veracidade e seriedade das provas nele constante; DRJ decidiu: A S S U N T O : O B R I G A Ç Õ E S A C E S S Ó R I AS Período de apuração: 28/02/2005 a 26/01/2006 PENALIDADE. PROVAS. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. É ônus da fiscalização instruir o lançamento com todos os elementos de prova dos fatos constituintes do direito da Fazenda. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à Fl. 782DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 8 7 norma legal, sem o que é impossibilitada, a aplicação de penalidade. Impugnação Procedente O processo subiu para análise de Recurso de Ofício tão somente. Voto Vencido Conselheiro Angela Sartori Preenchidos os requisitos formais de admissibilidade do processo conheço do recurso de ofício. Ambas empresas alegam, em síntese, que a fiscalização não juntou aos autos prova capaz de demonstrar que as interessadas tenham incorrido numa das condutas que dão ensejo à aplicação da pena de perdimento das mercadorias importadas e, por via de conseqüência, da conversão desta em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. A fiscalização traz aos autos documentos que indicam que a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A., por ocasião de outras operações de importação, utilizandose de outros intervenientes que não a empresa COTIA TRADLNG S.A., efetivamente encomendou mercadorias junto à fabricantes/exportadores: e que naquelas operações a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. efetivamente era á real responsável. Tal conduta, provada para aquelas operações, traduzse em indícios que; eventualmente, podem demonstrar um modus operandidi empresa para realizar suas operações de importação de mercadorias, contudo não há, nos autos qualquer outro elemento que confirme, a prática deste modus operandi nas operações em tela. Não houve a apresentação de qualquer documento capaz de atestar que nas operações em caso tenham sido utilizadas as mesmas práticas. A fiscalização não logrou demonstrar que existisse qualquer contrato ou acordo entre as empresas objeto de lançamento, também não logrou demonstrar e provar documentalmente que a empresa COTIA TRADING S.A. tenha atuado como mera prestadora de serviço, isto é, que as vendas realizadas à empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. não tenham sido efetuadas em condições normais de mercado, com margem de lucro; também não foram anexados aos autos planilhas ou documentos emitidos pelas interessadas e que demonstrem que tenha ocorrido mero repasse de custos com ausência de lucro na venda das mercadorias. Em que pese se tratar de importações de mercadorias da marca "GRADIENTE", a fiscalização não logrou demonstrar que a empresa COTIA TRADING S.A não pudesse comercializar livremente estas mercadorias com qualquer empresa. Em suma, não Fl. 783DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 8 foram trazidos aos autos outros elementos além dos indícios relacionados à prova emprestada de outro procedimento relacionado à outro contribuinte que não a empresa COTIA TRADING S.A.. Tais indícios, no ver deste julgador, não lograram possuir a necessária força para imputar às interessadas os fatos acusados no lançamento. Assim, tendo em vista os argumentos acima destacados e a legislação de regência, fazse necessário apresentar algumas considerações a respeito do tema concernente ao ônus da prova no processo administrativo fiscal. De certo que a presunção dos atos administrativos serem como meio de supressão de lacunas probatórias. Tal entendimento, antes de ser resultado de qualquer formulação doutrinária ou jurisprudencial, nasce diretamenteda lei, posto que, como se depreende da parte final do caput do art. 9° do Decreto n° 70;235/1972, os autos de infração e notificações de lançamento "deverão estar instruídos com iodos os termos', depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito". Justificada resta hoje a disposição legal, em razão de que, no âmbito de um procedimento obrigatoriamente informado por princípios como o do contraditório e o da ampla defesa, inadmissível se torna o desequilíbrio na repartição do ônus probatório. As ações fiscais, por estarem submetidas ao princípio inquisitivo circunstância, por vezes, indispensável aos procedimentos de caráter investigativo,podem até ser conduzidas unilateralmente por parte da autoridade, fiscal; entretanto os resultados desta conduta unilateral devem ficar devidamente consubstanciados por provas nos termos do direito , sob pena de, em assim não sendo, restar comprometida a possibilidade concreta assegurada pela Constituição Federal no inciso LV do' art. 5o ) de o contribuinte, na fase litigiosa do procedimento fiscal, contraditar os argumentos e meios utilizados pelo fisco para embasar o lançamento. No âmbito do Código do Processo Civil (CPC), encontrase rio art 333 um importante preceito que define uma regra fundamental para a compreensão do sistema adotado pelo legislador nacional: "Art. 333. O ônus da prova incumbe: .. . . . Iao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo òu extintivo do direito do autor. (...)" ' ' Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe á quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída tanto ao autor do procedimento, a autoridade fiscal (consoante o art. 9o do Decreto n° Fl. 784DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 9 9 70.235/1972), quanto ao contribuinte que contesta o lançamento (art. 16, inciso III do mesmo diploma legal). Por outro lado, vale lembrar que o direito processual brasileiro adotou, em termos de prova, um sistema bastante aberto, fundado em poucas restrições à atividade probatória. Assim é que o art. 332 do citado CPC assim dispõe: "Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa." Assim, excetuado o uso das provas ilícitas (inciso LVI do art. 5o da Constituição Federal), podese provar qualquer situação de fato por qualquer via, ou seja, pode se demonstrar a veracidade de uma dada assertiva tanto por meio de uma prova direta (por exemplo, um documento que, por si só, ateste a verdade dos fatos), quanto por meio de provas indiretas (indícios, presunções, ficções legais, etc). Na busca pela verdade material, que é um princípio do processo administrativo fiscal, a comprovação de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova direta, concludente por si. só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente pouco podem atestar, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Não há, em sede de processo administrativo, uma préestabelecida hierarquização dos meios de prova, sendo perfeitamente regular a formação da convicção a partir do cotejamento de subsídios de variada ordem. E a consagração da chamada prova indiciária, de largo uso no Direito. Neste sentido, no caso concreto, impende notar que a autoridade fiscal não logrou carrear aos autos elementos que demonstrem, de forma insofismável, a ocultação do real responsável pelas operações de importação objeto da presente autuação, caracterizando a simulação e conseqüente interposição fraudulenta, também por via de conseqüência não logrou apresentar elementos que corroborem a aventada "falsidade ideológica" dos documentos apresentados por ocasião dos despachos de importação, posto que referida falsidade seria conseqüência da própria ocultação do real responsável pelas operações de importação. A atuação, apesar dos argumentos apresentados no lançamento, acabou por se prender somente no plano dos indícios, os quais, contudo, não se mostram com força para ser usado como prova indiciária, haja vista que os elementos efetivamente existentes nos autos não atestam a comprovação da conduta ilícita. Fl. 785DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Assim, diante da ausência de um conjunto consistente provas diretas ou de indícios convergentes levantados pela fiscalização, resta plenamente caracterizado que a presente autuação não pode prosperar, eis que dos autosnão se extraem elementos suficientemente adequados a comprovar as hipóteses de infração apontadas pela fiscalização. Assim, em virtude de todos os motivos apresentados e dos fatos presentes no caso concreto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Angela Sartori Relator Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, Redator designado Com as costumeiras vênias, divirjo da conclusão lançada pela Conselheira Relatora e, por via reflexa, da decisão submetida ao recurso de ofício. Inicialmente convém destacar o fundamento adotado pela decisão sob reexame para tornar insubsistente a autuação, no caso vertente, a ausência de elementos de prova que pudessem confirmar que a GRADIENTE ELETRÔNICA S/A fosse a real adquirente das mercadorias importadas, a partir de elementos trazidos de outros processos, como se extrai da seguinte passagem do voto: “A fiscalização traz aos autos documentos que indicam que a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A., por ocasião de outras operações de importação, utilizandose de outros intervenientes que não a empresa COTIA TRADING S.A., efetivamente encomendou mercadorias junto à fabricantes/exportadores e que naquelas operações a empresa GRADIENTE ELETRÔNICA S/A. efetivamente era a real responsável. Tal conduta, provada para aquelas operações, traduzse em indícios que, eventualmente, podem demonstrar um modus operandi da empresa para realizar suas operações de importação de mercadorias, contudo não há, nos autos qualquer outro elemento que confirme, a prática deste modus operandi nas operações em tela.” Pois bem, fixado o ponto nodal do debate, cabe então examinar se os documentos juntados ao presente processo respaldam a acusação fiscal estampada no lançamento. Neste passo, distintamente do entendimento de aludidas autoridades julgadoras, vislumbro, sim, elementos suficientes neste processo a embasar a autuação. Primeiramente, chamo a atenção para a validade da prova emprestada, eis que colhida de procedimento administrativo aviado pela própria unidade de jurisdição onde realizado o procedimento fiscal sub examine, sendo que um dos contribuintes listados no pólo passivo desta exigência fiscal, GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, também figurava, como interveniente, nos processos administrativos em que extraídas as provas aqui utilizadas. Relativamente ao sujeito passivo remanescente, COTIA TRADING S/A, ainda que não compondo, em qualquer condição, os processos originários dos elementos de prova aqui empregados, foilhe franqueado amplo acesso a estes documentos e ao presente Fl. 786DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 10 11 processo, bem como, oportunizado o pleno contraditório, como corolário da ampla defesa, mediante o procedimento contencioso administrativo, com todas as faculdades, ônus e efeitos daí decorrentes, principalmente, a interposição dos recursos cabíveis. A meu sentir o transplante de provas de um processo para outro é plenamente admissível, desde que observado o princípio da ampla defesa, mormente o contraditório em relação a estes elementos de convicção, o que, sem dúvida alguma, ocorreu nestes cadernos processuais. Logo, não vislumbro vício algum que possa macular a higidez do acervo probatório coligido aos autos. Ultrapassado este ponto, destaco que os principais documentos acostados e que lastreiam a argumentação da autuação são a existência de acordos de fornecimento (purchase agreements) firmados pela pessoa jurídica GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, e as empresas estrangeiras, fornecedoras das mercadorias importadas por COTIA TRADING S/A, a exemplo do contrato de fls. 117/118; a indicação de que as mercadorias já eram importadas com a marca GRADIENTE, segundo consta do campo “Descrição Detalhada da Mercadoria”, da Declaração de Importação (p.e. doc. fls. 195/196, 212/213, 227/228, 261/262, 309/310, 344 e 395/396); e, que todas estas mercadorias foram vendidas à GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, como atestam as notas fiscais de venda juntadas (p.e. doc. fls. 201/207, 219/223, 233/238, 267/275, 314/319, 350/351 e 401/406). Somese a estas provas documentais a incontrovérsia dos fatos atinentes à destinação das mercadorias importadas, previamente à operação, concertada entre a GRADIENTE ELETRÔNICA S/A e a COTIA TRADING S/A, narrados no instrumento de lançamento, como bem observou a Procuradoria da Fazenda Nacional em suas contrarrazões, que peço licença para transcrever: “A Turma julgadora a quo entendeu que as provas trazidas de outras autuações contra a GRADIENTE, nas quais ela se valeu de outras empresas importadoras para internar mercadorias, não se prestariam a dar sustentação documental ao presente feito, por se tratar de operações distintas, sendo que nada garantiria que aquele modus operandi ali demonstrado teria se repetido aqui. Os documentos referentes a outros processos administrativos estão acostados entre as fls. 102 e 175. Em síntese, tratase de documentos cuja finalidade seria demonstrar que a Cotia Trading é empresa especializada na nacionalização de mercadorias importadas para terceiras empresas; que a Gradiente terceirizou a produção e a aquisição de determinados equipamentos contratando fabricantes chineses (purchase agreement e purchase order de fls. 117/121); que a Gradiente negociava as mercadorias com o exportador (emails de fls. 126/132); que a Gradiente era o destinatário predeterminado das mercadorias importadas, sendo que a importadora atuava conforme suas orientações (emails de fls. 122/125 e 133/135). Tais documentos buscam provar, simplesmente, que a Gradiente seria a real adquirente das mercadorias, na medida em que se apresenta como encomendante das mesmas junto ao importador e ao exportador. Identificando esta forma de agir em diversos casos, a autoridade fiscal considerou que este seria o modus operandi da Gradiente na introdução de Fl. 787DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 12 mercadorias fabricadas para ela na China. Isto é, as importadoras nacionais importavam os produtos sob encomenda da Gradiente. Este modus operandi depreendido pela fiscalização NÃO FOI NEGADO POR NENHUMA DAS AUTUADAS. Pelo contrário, foi admitido expressamente no recurso voluntário da Cotia Trading: ‘Entretanto, nesse caso, não houve contrato e câmbio entre Gradiente Eletrônica S.A. (Brasil) e os exportadores estrangeiros, nem registro de Declaração de Importação por parte da Gradiente Eletrônica S.A., tratandose de, no máximo, mera relação comercial que não descaracteriza a importação por encomenda EFETIVAMENTE realizada pela Cotia Trading S.A.’ (fl. 542) ‘Deste modo, é cristalina a caracterização da presente operação como uma importação por conta própria, mesmo que sob encomenda mas realizada antes da vigência da IN SRF 634/06, ou seja, antes da obrigatoriedade de informar os dados do encomendante na DI, sendo impossível a caracterização da suposta ocultação do real adquirente, pois este é inegavelmente a COTIA!’ (fl. 543) ‘Retomando o já exposto, concluímos que a operação realizada pela Impugnante não se enquadra como uma importação por conta e ordem de terceiros, mas sim uma importação própria para revenda a um cliente ou destinatário no mercado nacional, ainda que sob encomenda prévia.’ (fl. 552) Portanto, restou INCONTROVERSO que a Gradiente tenha encomendado ao importador as mercadorias relacionadas nas DI objeto da autuação. Para fatos incontroversos, não é necessária prova. Assim, ainda que os documentos “emprestados” de outros processos não configurem prova cabal de que as presentes importações se deram por encomenda da Gradiente, a não contestação de tal fato (ou melhor, sua confirmação pelas autuadas), é suficiente para manter o sustentáculo fático da autuação.” (destaques no original) Na seqüência, verificase que a planilha constante da fl. 3, componente do quadro “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, do auto de infração, revela que os exportadores que produziram as mercadorias importadas pela COTIA TRADING S/A são os mesmos identificados nos PAs 12466.002687/200976 e 12466.000121/201043, que albergam procedimentos fiscais que demonstraram ser a GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, também citada nestes autos, como a real adquirente das mercadorias importadas, situação esta textualmente apontada pela fiscalização, verbis: “Nesses Processos Administrativos (autuação envolvendo as outras empresas FUNDAPEANAS e a mesma empresa GRADIENTE), estão incluídos processos de importação de 2005 e 2006, igual período dos processos tratados neste procedimento e foram envolvidas as empresa exportadoras PRO VERSATILE INC, ALFA TECHNOLOGY, MICO ELETRIC LIMITED, BEST SUCCESSION, EASTECH ELETRONICS, XIAMEN OVERSEAS, PT SANSUNG ELETRONICS e LE HONG PO COMP, já neste procedimento estão envolvidas as exportadoras PRO VERSATILE INC, MICO ELETRONIC LIMITED, EASTECH ELETRONICS e CHIAMEN OVERSEAS CHINESE, como vemos são as mesmas empresas.” (fls. 41) Segundo a fiscalização, a produção exportada de equipamentos da marca “GRADIENTE” para o Brasil atendia à demanda definida pela GRADIENTE ELETRÔNICA Fl. 788DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 12466.001851/201061 Acórdão n.º 3401002.919 S3C4T1 Fl. 11 13 S/A, submetendose à sua inspeção e aprovação. Acentuese que esta imputação não foi contraditada em momento pela recorrente interessada, a quem se refere a afirmação. Aliada a esta coincidência de exportadores estrangeiros, considerando que as mercadorias já eram importadas, como dito alhures, com a marca “GRADIENTE” e que todas elas foram posteriormente enviadas à GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, como devidamente comprovado pelas notas fiscais de saída, é, sim, plausível e lícito concluir que o modus operandi adotado pelas autuadas era idêntico àquele constatado nos PAs 12466.002687/2009 76 e 12466.000121/201043, modificando tãosomente o “importador”, que nesta autuação é a COTIA TRADING S/A. Outrossim, como reconhecido pelos recorrentes, a destinatária predeterminada das mercadorias importadas era, de fato, a GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, de modo que, à luz dos elementos de prova juntados ao processo, na compreensão da maioria dos julgadores formada em plenário, há fundamento fático suficiente para o lançamento realizado. Da mesma forma, mostrase infundado o raciocínio apresentado pela decisão recorrida segundo o qual a COTIA TRADING S/A teria a livre disponibilidade das mercadorias importadas, haja vista que houve reconhecimento, em recurso de impugnação, que apenas atendia a “encomenda” formalizada pela GRADIENTE ELETRÔNICA S/A, como aduziu a Procuradoria da Fazenda Nacional, o que demonstra justamente o inverso da premissa. Demais disso, a totalidade das mercadorias importadas, além de ostentarem a marca “GRADIENTE”, foram entregues a esta última autuada. Cabe agora, então, o exame se essas operações de importação, nos termos da legislação vigente por ocasião de sua ocorrência, caracterizamse como sendo “por conta própria”, segundo pretendem as autuadas, ou se se qualificam como sendo “por conta e ordem de terceiros”, como defendem a autoridade autuante e a Procuradoria da Fazenda Nacional. Nesta senda, uma vez que esta questão de direito, o verdadeiro mérito do lançamento ora combatido, não foi enfrentado pelo colegiado a quo, uma vez acolhida a alegação de ausência de prova, deve o processo ser devolvido à DRJ Florianópolis/SC para que, transposta a questão probatória, julgue da forma que entender consoante com o direito envolvido, evitando com isso a indesejada supressão de instância. Em face de todo exposto, voto por dar provimento ao recurso de ofício e reconhecer a existência de prova suficiente a calçar a acusação fiscal, devendo o processo retornar à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento competente para julgamento de mérito. Robson José Bayerl Fl. 789DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL 14 Fl. 790DF CARF MF Impresso em 16/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2015 por ANGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por A NGELA SARTORI, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalment e em 11/03/2015 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 10280.902052/2012-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não-cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes.
Gastos com a aquisição de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Direito Creditório Reconhecido em Parte
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
Numero da decisão: 3402-002.636
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas de créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Kern Relator
Participaram ainda do julgamento os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, João Carlos Cassuli Júnior e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva.
Nome do relator: ALEXANDRE KERN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não-cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Gastos com a aquisição de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10280.902052/2012-19
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5440145
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3402-002.636
nome_arquivo_s : Decisao_10280902052201219.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ALEXANDRE KERN
nome_arquivo_pdf_s : 10280902052201219_5440145.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas de créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern Relator Participaram ainda do julgamento os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, João Carlos Cassuli Júnior e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
id : 5854943
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:58 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703992139776
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2203; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 1.082 1 1.081 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.902052/201219 Recurso nº 10.280.902052201219 Voluntário Acórdão nº 3402002.636 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de fevereiro de 2015 Matéria PIS PEDIDO DE RESSARCIMENTO DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 RECURSO. CONHECIMENTO. A parte, ao recorrer, deve claramente identificar o objeto e os motivos de sua irresignação. Não se conhece do recurso genérico e desprovido de fundamentação. PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixe de formular quesitos. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social nãocumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Gastos com a aquisição de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, no contexto do Processo Bayer de produção de alumina, ensejam o creditamento das contribuições sociais não cumulativas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 20 52 /2 01 2- 19 Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas de créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Kern – Relator Participaram ainda do julgamento os conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, João Carlos Cassuli Júnior e Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva. Relatório Alunorte –alumina do Norte do Brasil S/A transmitiu o Pedido Eletrônico de Ressarcimento – PER nº 38796.66259.190110.1.1.097947,, visando ao ressarcimento do saldo credor da PIS acumulado no 2° trimestre de 2009, no valor de R$ 37405037,07. A DRF/BEL deferiu o ressarcimento de R$ 26579042,379999999. De acordo com o Parecer SEORT/DRF/BEL Nº 672 (fls. 10 a 38), que amparou o Despacho Decisório, a glosa de R$ 10825994,690000001, deveuse aos seguintes ajustes: (i) no coeficiente de rateio dos créditos, previsto no inciso II do § 8º do art. 3º da Lei de Regência, pelo recálculo das receitas de vendas para o mercado interno, com acréscimos das receitas omitidas contribuinte; (ii) exclusão dos créditos sobre bens que não são empregados na produção de bens destinados à venda, ou descritos de forma imprecisa que não possibilita enquadramento para fins de aproveitamento do crédito; (iii) exclusão dos créditos tomados sobre ferramentas e equipamentos de segurança e proteção individual; (iv) exclusão dos créditos tomados sobre itens não enquadrados como partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado, que não atende aos requisitos para crédito, porque não são partes e peças de reposição que possam comprovadamente ser enquadradas como insumos diretos; Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.083 3 (v) exclusão dos créditos tomados sobre itens empregados indiretamente na produção: a aquisição de bens e serviços não enquadrados como insumos diretos, porque não sofrem alterações em decorrência da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação; (vi) exclusão dos créditos tomados sobre combustíveis e lubrificantes, não aplicados em máquinas e equipamentos diretamente envolvidos na produção dos bens destinados à venda; (vii) exclusão dos créditos tomados sobre serviços que não guardam relação direta com as atividades produtivas; (viii) exclusão dos créditos tomados sobre serviços de manutenção de bens componentes do Ativo Imobilizado; (ix) exclusão dos créditos sobre serviços de hotelaria e sobre serviços prestados por pessoas físicas; (x) exclusão dos créditos tomados sobre o valor das despesas com fretes contratados para o transporte de produtos acabados ou em elaboração entre estabelecimentos industriais e destes para os estabelecimentos comerciais da mesma pessoa jurídica; (xi) exclusão dos créditos tomados sobre serviços não especificados adequadamente em relação ao processo produtivo: (xii) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, mas que, pela sua descrição, não se destinam ao AI (serviços de hotelaria, sedex, locação de veículos, serviços de apoio administrativo, aluguel de imóvel residencial, serviços de intérprete e tradução francês português, limpeza de fossa, fornecimento de combustíveis, serviços de paisagismo, serviços de transporte, desenvolvimento e implantação de site da internet); (xiii) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, não utilizados na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços: (compra de cadeiras para o restaurante, armários, condicionador de ar, válvulas); (xiv) exclusão dos créditos tomados sobre as despesas de depreciação de bens destinados ao Ativo Imobilizado, sem prova de que efetivamente destinemse ao AI: Fl. 1084DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 aquisição de materiais diversos, fornecimento de materiais; (xv) recomposição dos créditos tomados sobre edificações, procedida pelo contribuinte à taxa de 1/12, quando o correto é 1/24., e; (xvi) exclusão dos créditos tomados em aquisições de bens com suspensão das contribuições sociais. Todos esses ajustes foram detalhados, item por item, consolidados em planilha específica. Sobreveio Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela 3ª Turma da DRJ/BEL. O Acórdão nº 01030.181, de 9/30/2014 (fls. 886 a 909), teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2009 a 30/06/2009 PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. PAF. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões judiciais e administrativas relativas a terceiros não possuem eficácia normativa, uma vez que não integram a legislação tributária de que tratam os arts. 96 e 100 do Código Tributário Nacional. PAF. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia que deixa de atender aos requisitos previstos no art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/1972, também se fazendo incabível sua realização quando presentes nos autos os elementos necessários e suficientes à dissolução do litígio administrativo. PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. BENS E SERVIÇOS. DESCRIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO. IMPRESCINDIBILIDADE. Em sede de ressarcimento, deve restar demonstrada de forma induvidosa a existência dos créditos alegados. A descrição precisa de bens e serviços, bem como a perfeita identificação de sua concreta aplicação ou consumo na produção ou fabricação do produto, é imprescindível ao reconhecimento da pretensão creditória. PIS NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CRÉDITOS. Fl. 1085DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.084 5 No cálculo do PIS NãoCumulativo somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. PIS NÃOCUMULATIVO. FRETE. CRÉDITOS. A pessoa jurídica somente poderá descontar créditos calculados em relação a frete na operação de venda e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor. PIS NÃOCUMULATIVO. ATIVO IMOBILIZADO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. CRÉDITOS. Na nãocumulatividade do PIS, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos no País para utilização na produção de bens destinados à venda, desde que observadas as disposições normativas que regem a espécie. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da 3ª Turma da DRJ/BEL. O arrazoado de fls. 914 a 959, após síntese dos fatos relacionados com a lide, repetindo integralmente os termos da Manifestação de Inconformidade, está estruturado em três capítulos. O primeiro, intitulado “DA BREVE SÍNTESE DO PROCESSO PRODUTIVO DA ALUMINA DA APLICAÇÃO DIRETA DE ALGUNS DOS INSUMOS INEXPLICAVELMENTE GLOSADOS DO INCABIMENTO DAS GLOSAS RELATIVAS AO ÁCIDO SULFÚRICO, CALCÁRIO CALDEIRA. INIBIDOR DE CORROSÃO E SERVIÇOS EMPREGADOS COMO INSUMOS DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA DE SUA INCLUSÃO NO COMPUTO DO CUSTO DE PRODUÇÃO DA ALUMINA EXPORTADA DA JURISPRUDÊNCIA DO CARF QUE VEM REFORMANDO TAIS GLOSAS ESPECIFICAS”, descreve o processo produtivo da alumina, controverte as glosas dos créditos tomados sobre as compras de ácido sulfúrico, calcário e inibidores de corrosão, explicando seu emprego no processo. Irresignase também contra as glosas dos créditos sobre os serviços de remoção de rejeitos industriais. O segundo capítulo – DO INCABIMENTO DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS RELATIVOS AO ATIVO IMOBILIZADO/EDIFICAÇÕES SEGUNDO O REGIME PREVISTO NAS LEIS 10833/2003 E 10637/2002 ART. 31. INCISO II. DA LE111.196/2005 E §14, DO ART. 3° DA LEI 10833/2003 E INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N° 457/2004 – pugna pelo direito de tomada de créditos sobre a depreciação acelerada, aplicável para as aquisições de bens de capital realizadas por pessoas jurídicas estabelecidas na área de atuação da SUDAM, com fundamento na Lei nº 11.196, de 2005, que instituiu o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP), ou Fl. 1086DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 com fundamento na Lei nº 11.488, de 2007, que instituiu o Regime Especial de Investimentos para o Desenvolvimento da InfraEstrututra (REIDI). O último capítulo – DOS CONTORNOS LEGAIS. ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL RELATIVO AO REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE APLICADO A COFINS E CONTRIBUIÇÃO AO PISPASEP – digressiona sobre a não cumulatividade das contribuições sociais. Em conclusão, pede a reversão das glosas e reitera o pedido de realização de perícia, indicando e qualificando o perito. A numeração das folhas referese à atribuída pelo processo eletrônico. É o Relatório. Voto Conselheiro Alexandre Kern, Relator Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 914 a 959 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJBEL3ª Turma nº 01030.181, de 9/30/2014. MATÉRIAS CONTROVERTIDAS Dentre os diversos ajustes procedidos pela Fiscalização, o recorrente atevese às glosas dos créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, de calcário e de inibidores de corrosão e sobre a contratação de serviços de transporte de resíduos industriais. PEDIDO DE PERÍCIA Transcrevo o pedido de perícia formulado na conclusão do recurso para maior clareza: Reiterase, outrossim, o pedido e realização de perícia suplementar em que pese o material probatório que ilustra claramente, não somente a aplicação efetiva dos bens glosados como insumos que integram o custo de produção do produto final destinado à venda como ainda que não houve classificação e apropriação de créditos sobre "edificações" ao Ativo Imobilizado da companhia recorrente, senão de máquinas e equipamentos que, portanto, deveriam ter sido considerados como cabíveis para esse fim, levando em consideração não ter sido realizada qualquer inspeção física presencial na industrial da Refinaria da Recorrente. Na condição de assistente técnico, reitera a nomeação do Sr. Sebastião José Rosa inscrito no CRC/RJ, sob o n.° 039332/04, residente e domiciliada na cidade de Barcarena PA, sito na Tv. Lino José Gomes, 223, CEP 68447 000. Fl. 1087DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.085 7 A propósito, o § 1° do art. 16 do Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 PAF determina que se considere não formulado o pedido de perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do mesmo artigo. Embora tenha indicado e qualificado o perito, o recurso deixou de formular quesitos, de sorte que tenho como não formulado o pedido. MÉRITO Conceito de insumo adotado neste voto Com a edição da Emenda Constitucional nº 42, de 31 de dezembro de 2003, o princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais alcançou o plano constitucional através da inserção do § 12 ao art. 195 da Constituição da República Federativa do Brasil – CF/88. É verdade, da norma constitucional em referência não se extrai a possibilidade de dedução de créditos a todo e qualquer bem ou serviço adquirido para consecução da atividade empresarial, restando expresso que a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade aplicável às Contribuições Sociais ficaria afeta ao legislador ordinário. Foi o art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 , inc. II, com a redação da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, no que pertine ao PIS, que regulamentou o direito de crédito da Contribuição sobre bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI. Interpretando o conteúdo da legislação fiscal em comento, a Autoridade Tributária veiculou, pela Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002 (redação alterada pela Instrução Normativa SRF nº 358, de 9 de setembro de 2003), e Instrução Normativa SRF nº 404, de 12 de março de 2004, orientação necessária à sua execução, estabelecendo, para fins de aproveitamento de créditos, o alcance do termo "insumo", ao dispor: INSRF nº 247, de 2002 PIS/Pasep Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I – das aquisições efetuadas no mês: [...] b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: (Redação dada pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.1) na fabricação de produtos destinados à venda; ou (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b.2) na prestação de serviços; (Incluída pela IN SRF 358, de 09/09/2003) Fl. 1088DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 8 [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) II utilizados na prestação de serviços: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) INSRF nº 404, de 2004 Cofins Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: [...] b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o Fl. 1089DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.086 9 produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...] O que se deduz da leitura das referidas regras infralegais é que a apuração do creditamento da Contribuição ao PIS e da Cofins foi restrita aos bens que compõem diretamente os produtos da empresa (a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado) ou prestação de serviços aplicados ou consumidos na fabricação do produto. A definição de "insumos" adotada pelo Fisco foi, nitidamente, contrabandeada da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, ditada, atualmente pelo art. 226 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, aprovado pelo Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010 – RIPI/2010. Comparese: Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; [...] Todavia, penso não ser possível que a sistemática das Contribuições Sociais nãocumulativas colha o conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI, porque o legislador ordinário simplesmente não fez essa importação. Cabe enfatizar: nas leis que tratam do PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, não há remissão a qualquer arcabouço normativo em vigor para se colher o conceito de "insumos". A nãocumulatividade das Contribuições Sociais apresenta perfil totalmente diverso daquela atinente ao IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Como se verifica, na técnica de arrecadação dessas contribuições, não há propriamente um mecanismo nãocumulativo, decorrente do creditamento de valores das entradas de bens que sofrerão nova incidência em etapa posterior da cadeia produtiva, nos moldes do que existe para o IPI, tributo geneticamente informado pelo Fl. 1090DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 10 princípio. As próprias Leis Instituidoras elasteceram a definição de "insumos", ao admitir que prestação de serviços seja considerada como tal, verdadeira heresia no regime do IPI. Ressalta se, ainda, que a nãocumulatividade do PIS e da Cofins não tem por objetivo eliminar o ônus destas contribuições apenas no processo fabril, visto que a incidência destas exações não se limita às pessoas jurídicas industriais, mas a todas as pessoas jurídicas que aufiram receitas, inclusive prestadoras de serviços (excetuandose as pessoas jurídicas que permanecem vinculadas ao regime cumulativo elencadas nos artigos 8º da Lei nº 10.637, de 2002, e 10 da Lei nº 10.833, de 2003), o que dá maior extensão ao contexto normativo desta contribuição do que aquele atribuído ao IPI. A utilização da legislação do IR, como pretende parcela da doutrina e a jurisprudência marginal do CARF, também encontra o óbice do excessivo alargamento do conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a produção de uma empresa, perdendo a conceituação uma desejável proximidade ao processo produtivo e à atividadefim, que é o que se intenta desonerar, passandose a desonerar o produtor como um todo e não especificamente o processo produtivo. Com efeito, o conceito de “insumos” não é próprio da legislação do Imposto de Renda que faz uso de termos jurídicocontábeis, a exemplo dos termos “Custos de mercadorias ou serviços” e “Despesa Operacional”. Sob o signo “Despesas Operacionais” se encontra uma miríade de despesas que sequer se aproximam de um conceito formulado pelo senso comum de “insumos”. Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: Fl. 1091DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.087 11 a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. O Carf, ao menos majoritariamente, vem sufragando o entendimento de que o conceito de insumo para o fim de creditamento das contribuições sociais não cumulativas é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que integram o custo de produção. Ilustro: Acórdão nº 3403002.783, de 25 de fevereiro de 2014, Cons. Rosaldo Trevisan ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/10/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS .NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RSRG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art.62 A de seu Regimento Interno. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO.CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos, e as despesas de remoção de resíduos industriais. Por outro lado, não constituem insumos os Fl. 1092DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 12 combustíveis utilizados em veículos da empresa que transportam funcionários. Acórdão nº 3403002.656, de 28 de novembro de 2013, Cons. Rosaldo Trevisan: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/04/2004 a 30/06/2004 Ementa: PEDIDOS DE RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos referentes a pedidos de compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO.SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Particularmente, entendo ainda mais apropriado a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Com as disposições das Leis de Regência em vista e à luz do conceito acima deduzido, passase à analise do caso concreto. A Alunorte dedicase à extração da alumina (Al2O3) da bauxita por meio do processo Bayer. De 4 a 7 toneladas métricas de bauxita extraemse 2 toneladas métricas de Fl. 1093DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.088 13 alumina, que permitirão produzir 1 tonelada métrica de alumínio.As principais etapas desse processo são: moagem, digestão (extração com soda cáustica), separação e filtração de resíduos sólidos, precipitação e calcinação, obtendose então a alumina calcinada1. Fluxograma do Processo Bayer 2 Em apertadíssima síntese, a alumina é separada da bauxita por meio de uma solução aquecida de soda cáustica (hidróxido de sódio) e de cal (óxido de cálcio). A mistura é bombeada para o interior de recipientes de alta pressão e aquecida. A soda cáustica dissolve a alumina, que se precipita da solução saturada. A alumina é, então, lavada e aquecida para a remoção da água. O material precipitado é filtrado e lavado, para remover e recuperar a solução cáustica. Todo o restante é eliminado por filtragem e a alumina é seca até atingir a forma de pó branco. Mérito: glosa de créditos a título de insumos No contexto do Processo Bayer, a recorrente explica que o ácido sulfúrico é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros 1 Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/78211/, visitado em 04/02/2015. 2 Publicado em http://www.hydro.com/pt/AHydronoBrasil/Sobreoaluminio/Ciclodevidado aluminio/Refinodaalumina/, visitado em 04/02/2015. Fl. 1094DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 14 equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. O calcário (produto AL 200 – Carbomil) é empregado durante o processo de combustão nas caldeiras a carvão para absorção do enxofre, que é formado durante o processo de queima do carvão mineral. O inibidor de corrosão, por sua vez, é usado em refinarias de alumina para desincrustar linhas dos trocadores de calor e outros equipamentos. É utilizado também para neutralização de efluentes e desmineralização da água para as caldeiras. Entendo que o recorrente demonstrou de maneira satisfatória, por meio de sua explicação, a relação de pertinência e essencialidade destes três bens para com o processo produtivo, nos termos do conceito de insumo que se adota neste voto, devendose reverter as respectivas glosas. No que pertine à glosa dos créditos sobre serviços, a insurgência recursal resumiuse ao excerto abaixo transcrito: Especificamente quanto aos serviços utilizados com insumos. a D. autoridade fazendária, glosara serviços inegavelmente empregados como insumos porque diretamente aplicados ao processo produtivo, particularmente o de Transporte de Rejeitos Industriais, Serviço de Limpeza Industrial. Ácido Sulfúrico e Serviços Portuários. Naturalmente, que não poderia furtarse a impugnante do creditamento dos valores desembolsados com o transporte destes rejeitos, que são sabidamente inerentes ao processo fabril da alumina produzida e exportada por pessoa jurídica como a requerente. Os dispêndios com este transporte são, portanto, irrefutavelmente, dedutíveis. Não obstante a variada gama de rejeitos produzidos – alguns relacionados com a atividade produtiva, outros não, o fato é que o recurso foi genérico, sem especificar a que resíduo industrial se referia, nem indicar como se dá a prestação do serviço de transporte, de modo que se pudesse aferir sua pertinência com o processo produtivo e certificar a satisfação dos demais requisitos para a tomada de créditos a título de insumo (e.g., ser prestado por pessoa jurídica). Incidentalmente, convém também frisar que o Parecer nº 672 não reporta qualquer glosa com a designação genérica “Transporte de Rejeitos Industriais”. A teor do art. 17 do Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 PAF, é dever do contribuinte indicar as matérias contra as quais se insurge, bem como deduzir as razões de alegação, sendolhe vedado fazer contestações genéricas. Nesse sentido, não conheço dessa insurgência recursal. Mérito – glosa dos créditos sobre as despesas de depreciação Da planilha de créditos tomados sobre despesas de depreciação, além daqueles tomados sobre bens que não compõem o AI (e.g. serviços de hotelaria, sedex, locação de veículos, serviços de apoio administrativo, aluguel de imóvel residencial, serviços de intérprete e tradução francês/português, limpeza de fossa, fornecimento de combustíveis, serviços de paisagismo, serviços de transporte, desenvolvimento e implantação de sítio da internet etc.) e que não são utilizados para utilização na produção de bens (e.g. cadeiras para o restaurante, armários, condicionador de ar, válvulas etc.), a Fiscalização glosou o creditamento em excesso, decorrente, ou do emprego do valor de aquisição do bem como base de cálculo do crédito, ou do emprego de taxa de depreciação acelerada (1/12), sobre bens relacionados a edificações, entendendo que, neste caso, deve ser aplicada taxa de depreciação em função da Fl. 1095DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.089 15 vida útil da edificação, ou seja, 25 anos ou 1/24 avos na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (art. 6º da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). A Recorrente, por sua vez, não contesta a classificação das operações, tal como realizada pela Fiscalização. O argumento recursal fundamental é o de que, em relação a DRS Depósito de Rejeitos Sólidos; motobombas de diversas capacidades; válvulas angulares de diversos tamanhos; tanques de diversos tamanhos; empilhadeiras de bauxita e carvão; recuperadoras de bauxita e carvão; filtros hiperbáricos para polpa de bauxita; moinhos; Agitadores; aquecedores de polpa de bauxita; digestores pequenos e grandes; aquecedores de licor pobre; flash tanques; hidrociclones para remoção de areia; decantadores de licor rico; lavadores de lama vermelha; filtros de lama vermelha; válvulasfacas nos filtros de lama vermelha; filtros de pressão e licor rico; trocadores de calor de tubos; trocadores de calor de placas; precipitadores de hidrato; hidrociclones de hidrato; classificadores gravimétricos de hidrato; espessadores de hidrato; filtros de hidrato; calcinadores de hidrato/alumina; correias transportadoras de hidrato e alumina, e; silos de hidrato e alumina, os gastos com a aquisição e montagem de tais equipamentos são evidentes passíveis de incorporação ao ativo imobilizado, e os créditos gerados sobre os valores de compra, naturalmente apropriáveis no período apuratório considerado pelos regimes especiais constantes do art. 31, inciso II, da Lei 11.196/2005 e §3°, do art. 14 da Lei 10.833/2003 e Instrução Normativa SRF n° 457/2004 Alega, a Recorrente, que a Lei de Regência teria assegurado o direito de crédito também para estas hipóteses, conforme previsto categoricamente no art. 3°, incisos VI e VII. Ocorre que, nada obstante se esteja tratando de situação prevista pela Lei como hipótese de creditamento, tratase de hipótese em que a Lei não permite o creditamento pelo valor da aquisição, mas na proporção de sua depreciação. O que fez a Fiscalização, portanto, foi glosar o crédito que o contribuinte apropriou pelo valor integral da aquisição, visto que, ao classificarse a operação na hipótese do inciso VI, não poderia haver o creditamento tomando como base de cálculo o valor total pelo qual foi adquirido o bem. Não procede, pois, a alegação do Recorrente, devendo ser mantida a glosa. O Recorrente também sustenta que a Lei nº 11.196, de 2005, concede aos beneficiários do RECAP a possibilidade de optar pela amortização de em periodicidade diferenciada de 1/12 para os equipamentos referidos pela Lei. A Lei nº 11.196, de 2005, foi regulamentada pelo Decreto nº 5.988, de 2006, que assim dispôs: Art. 1º Sem prejuízo das demais normas em vigor aplicáveis à matéria, para bens adquiridos de 1° de janeiro de 2006 a 31 de dezembro de 2013, as pessoas jurídicas que tenham projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação, enquadrado em setores da economia considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em microrregiões menos desenvolvidas localizadas nas áreas de atuação das extintas SUDENE e SUDAM, terão direito: Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 16 I à depreciação acelerada incentivada, para efeito de cálculo do imposto sobre a renda; e II ao desconto, no prazo de doze meses contado da aquisição, dos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS de que tratam o inciso III do § 1° do art. 3° da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o inciso III do § 1° do art. 3° da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e o § 4° do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, na hipótese de aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, destinados à incorporação ao ativo imobilizado. O Recorrente, no entanto, não demonstrou o preenchimento dos requisitos para a fruição deste benefício de amortização acelerada, não tendo impugnado pontualmente os fundamentos específicos das glosas, nem detalhado as características de cada um dos bens glosados. A arguição já foi apreciada pelo Conselheiro Ivan Allegretti por ocasião do julgamento do recurso voluntário interposto pela própria Alunorte, no processo nº 10280.722278/200932, idêntico ao que ora se analisa, resultando no Acórdão nº 3403 002.764, de 25 de fevereiro de 2014. Confirase as ementas pertinentes, que corroboram a presente decisão: MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E OUTROS BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E EDIFICAÇÕES. ART. 3°, VI e VII, e § 1º, III, DA LEI 10.833/2003. Nada obstante se esteja tratando de situações previstas pela Lei como hipóteses de creditamento, tratase de hipóteses em que a Lei não permite o creditamento pelo valor da aquisição, mas na proporção dos encargos de depreciação e amortização. ATIVO IMOBILIZADO. FALTA DE IMPUGNAÇÃO CONCRETA DOS BENS ENVOLVIDOS. DEPRECIAÇÃO ACELERADA PREVISTA NA LEI 11.196/2005. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Para a fruição da depreciação acelerada prevista na Lei n° 11.196/2005 é necessário demonstrar o atendimento de seus requisitos. Conclusão Com essas considerações, voto em dar provimento parcial ao recurso, para reverter as glosas dos créditos tomados sobre as aquisições de ácido sulfúrico, calcário AL 200 Carbomil e inibidor de corrosão. Sala de sessões, em 24 de fevereiro de 2015 Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 10280.902052/201219 Acórdão n.º 3402002.636 S3C4T2 Fl. 1.090 17 Fl. 1098DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por ALEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por A LEXANDRE KERN, Assinado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 11128.002417/2006-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 14/08/2004
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Aplica-se o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 102 do Decreto-Lei nº 37/66 às obrigações de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
Numero da decisão: 3101-001.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
(assinado digitalmente)
RODRIGO MINEIRO FERNANDES - Redator designado ad hoc.
EDITADO EM: 28/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Rodrigo Mineiro Fernandes, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Ausente justificadamente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201207
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 14/08/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 102 do Decreto-Lei nº 37/66 às obrigações de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11128.002417/2006-91
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5437663
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3101-001.183
nome_arquivo_s : Decisao_11128002417200691.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
nome_arquivo_pdf_s : 11128002417200691_5437663.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente. (assinado digitalmente) RODRIGO MINEIRO FERNANDES - Redator designado ad hoc. EDITADO EM: 28/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Rodrigo Mineiro Fernandes, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Ausente justificadamente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
id : 5844896
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047703997382656
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1978; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 106 1 105 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.002417/200691 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3101001.183 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de julho de 2012 Matéria Auto de Infração Aduaneiro Recorrente MSC MEDITERRANEAN SHIPPING BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/08/2004 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Aplicase o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 102 do Decreto Lei nº 37/66 às obrigações de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. (assinado digitalmente) RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado ad hoc. EDITADO EM: 28/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado, Rodrigo Mineiro Fernandes, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Ausente justificadamente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 24 17 /2 00 6- 91 Fl. 148DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/02 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 11128.002417/200691 Acórdão n.º 3101001.183 S3C1T1 Fl. 107 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida (fls. 78 a 79): Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência da multa pela não prestação de informação sobre veículo ou carga nele transportada no prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, preceituada no art. 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei n° 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03. Relata a autoridade fiscal que as mercadorias objeto da Declaração de Despacho de Exportação (DDE) n° 2040802144/6 foram embarcadas ao amparo do Conhecimento Marítimo MSCUSZ741725 em 13/08/2004 (cópia na fl. 10). Ocorre que a empresa responsável pelo transporte das mercadorias registrou, no SISCOMEX, em 06/08/2004 (na fl. 11), data anterior ao efetivo embarque das mercadorias, dados incorretos relativamente ao nome do navio, a data de embarque (05/08/2004) e a data da emissão do manifesto (05/08/2004), conforme extrato daquele sistema, na fl. 12. A legislação vigente quando da exportação em pauta determinava que o registro dos dados de embarque pelo transportador, no SISCOMEX, deveria ser feito em até 24h da data do efetivo embarque da mercadoria. Em face do exposto, o transportador foi intimado a apresentar o DARF com o recolhimento da multa prevista no inciso IV, alínea "e" combinado com a alínea "c", do art. 107 do DecretoLei n° 37/66, alterado pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03 (cópia da Intimação n° 085/04EQDEX/GMAX na fl. 13). No entanto, a empresa transportadora não atendeu à intimação, razão pela qual foi lavrado o presente auto de infração, formalizando a exigência da multa pela não prestação de informação sobre veículo ou carga nele transportada no prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, preceituada no art. 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei n° 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03, no valor de R$ 5.000,00 (na fl. 5). Cientificado da lavratura da peça fiscal em 09/05/2006 (fl. 16verso), o contribuinte, por intermédio de seus procuradores (cópias de Alterações do Contrato Social e Instrumento de Mandato de fls. 24 a 56), protocolizou impugnação, tempestivamente, em 31/05/2006, de fls. 18 a 23, alegando, resumidamente, que: 1) cumpre notar que a multa lançada aplicase a quem agir com dolo específico de embaraçar, dificultar ou impedir ação fiscalizadora, deixando, inclusive, de atender notificação formulada pela RFB; 2) de fato, a emissão do manifesto ocorreu em 05/08/04, os dados de embarque registrados em 06/08/04 e em 13/08/04 a mercadoria foi embarcada; que a impugnante, agindo com a mais pura boafé e lealdade, Fl. 149DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/02 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 11128.002417/200691 Acórdão n.º 3101001.183 S3C1T1 Fl. 108 3 requereu, em caráter espontâneo, a retificação de dados extemporaneamente no SISCOMEX, a fim de que fosse sanado qualquer eventual problema que pudesse ocorrer, tendo, inclusive, fornecido toda a documentação necessária para a devida retificação, qual seja, cópia do BL e respectivo Manifesto; 3) nada justifica a perpetuação do embaraço, nem sua manutenção fora das três hipóteses previstas no art. 44 da IN SRF n° 28/94; que a atitude da impugnante não pode ser caracterizada como violação ao inciso IV, item E e C do artigo 107, do DecretoLei n° 37/66, ou seja, pelo suposto embaraço à fiscalização aduaneira; pelo contrário, diante da informação equivocada prestada ao SISCOMEX, a impugnante envidou todos os esforços para a devida regularização junto à fiscalização; que a autoridade aduaneira respondeu ao pedido de retificação informando sobre a impossibilidade de atender o pleito, sob a alegação de que o SISCOMEX não permitia a mudança da data de embarque; 4) a exigência da intimação encaminhada ao transportador não se coaduna com as possibilidades estatuídas na legislação aplicável ao caso; que o art. 526 do RA dispõe que a retificação da declaração de exportação, realizada mediante a alteração das informações prestadas, ou a inclusão de outras, deve ser feita pela autoridade aduaneira na forma estabelecida pela Secretaria da Receita Federal; que IN SRF n° 28/94 estabelece como exigência ao transportador a correção dos dados de embarque registrados no SISCOMEX (art. 49, § 1°, inciso I); analogamente, a IN SRF n° 611/06, estabelece que alteração ou inclusão de informações prestadas na declaração, decorrentes de incorreções constatadas no curso do despacho aduaneiro ou em procedimento de revisão aduaneira, serão formalizadas no SISCOMEX pelo AFRF responsável; se existir divergências de informações, a averbação do embarque também será realizada pelo AFRF após as devidas correções; 5) se as normas aplicáveis prevêem alteração e/ou inclusão relativas ao despacho de exportação, inclusive determinando que se realize as "devidas correções"antes de finalizada a averbação do embarque, não se deve considerar que não ocorreu a conclusão no caso em questão, pelo não atendimento de retificação sob a alegação de impossibilidade, quando existe previsão legal para tanto. O impugnante anexou aos autos cópia de pedido de retificação dos dados informados erroneamente no SISCOMEX, dentre eles, a data de embarque relativa à exportação em pauta: de 05/08/2004 para 13/08/2004, que foi protocolizado na Alfândega do Porto de Santos em 24/08/2004 (PCl/EQDEX 004/046.345), na fl.. 69. O contribuinte anexou também aos autos cópia de despacho da fiscalização informando sobre a impossibilidade de atendimento do pleito do interessado, justificada pelo fato de o SISCOMEX não permitir mudança da data de embarque, na fl. 70. A DRJ competente manteve o indeferimento do pleito e o contribuinte recorreu a este Conselho. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/02 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 11128.002417/200691 Acórdão n.º 3101001.183 S3C1T1 Fl. 109 4 Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes – redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fls. 147, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101001.183, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relatora original e pelos demais integrantes do colegiado. Tratase de lançamento de multa pela não prestação de informação sobre veículo ou carga nele transportada, na forma e no prazo estabelecido pela Receita Federal do Brasil, preceituada no art. 107, inciso IV, alínea "e" do DecretoLei n° 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/03, pelo fato da empresa autuada não ter registrado no Siscomex os dados de embarque das mercadorias despachadas através da DDE n° 2040802144/6 em desacordo com a forma e prazos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. Entretanto, no presente caso, os dados de embarque foram apresentados antes de qualquer procedimento de fiscalização, caracterizando a denúncia espontânea, devendo ser excluída a penalidade ora discutida, de natureza administrativa, conforme previsão do parágrafo segundo do artigo 102 do DecretoLei nº 37/66: Art.102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. Essa turma de julgamento já se manifestou, por unanimidade, nesse sentido: DENÚNCIA ESPONTÂNEA CONFIGURAÇÃO A retificação de informação prestada em registro de conhecimento de carga antes de qualquer procedimento da fiscalização aduaneira, está amparada pela denúncia espontânea prevista no art. 102, do mesmo diploma legal Fl. 151DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/02 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 11128.002417/200691 Acórdão n.º 3101001.183 S3C1T1 Fl. 110 5 (Acórdão 3101001.138, 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, sessão de 22/05/2012, Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo) Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. E essas são as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Rodrigo Mineiro Fernandes – Redator ad hoc Fl. 152DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 28/02 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
score : 1.0
Numero do processo: 10580.911731/2009-07
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Exercício: 2003
NÃO EXISTÊNCIA DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO.
Embargos de declaração com efeitos infringentes. Impossibilidade.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3802-004.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes auto.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer do presente recurso de embargos e, no mérito, rejeitá-los.
(assinado digitalmente)
Mercia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cláudio Augusto Gonçalves Pereira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorin (Presidente) Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201502
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Exercício: 2003 NÃO EXISTÊNCIA DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. Embargos de declaração com efeitos infringentes. Impossibilidade. Embargos rejeitados.
turma_s : Segunda Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10580.911731/2009-07
anomes_publicacao_s : 201503
conteudo_id_s : 5436395
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3802-004.227
nome_arquivo_s : Decisao_10580911731200907.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10580911731200907_5436395.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes auto. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer do presente recurso de embargos e, no mérito, rejeitá-los. (assinado digitalmente) Mercia Helena Trajano Damorim - Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorin (Presidente) Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
id : 5842268
ano_sessao_s : 2015
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:37:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047704013111296
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1399; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE02 Fl. 111 1 110 S3TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.911731/200907 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3802004.227 – 2ª Turma Especial Sessão de 24 de fevereiro de 2015 Matéria CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Recorrente SOCIEDADE ANONIMA HOSPITAL ALIANÇA Recorrida SOCIEDADE ANONIMA HOSPITAL ALIANÇA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2003 NÃO EXISTÊNCIA DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. Embargos de declaração com efeitos infringentes. Impossibilidade. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes auto. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, conhecer do presente recurso de embargos e, no mérito, rejeitálos. (assinado digitalmente) Mercia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 91 17 31 /2 00 9- 07 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorin (Presidente) Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Solon Sehn, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório Tratase de recurso de embargos que chega a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em razão da insurgência do contribuinte em epígrafe contra o Acórdão lavrado pela 2ª Turma Especial da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamentos do Carf, em que foi conhecido e negado provimento ao Recurso Voluntário interposto. Ao analisar a questão, a 2ª Turma Especial proferiu o seguinte acórdão: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/09/2003 Direito ao crédito não conhecido. Ausência de prova do crédito pleiteado. Em recurso que ora é objeto de exame, o sujeito passivo se insurge contra o acórdão em epígrafe, argumentando que houve contradição, no que concerne ao reconhecimento do crédito pleiteado para possível compensação, e que houve, também, omissão quanto à negativa de acolhimento dos termos da sentença proferida no mandado de segurança nº 2009.34.00.031.4472, em andamento na 9ª Vara Federal da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal. Voto Verificase que o presente Recurso de Embargos é tempestivo e preenche todos os seus requisitos positivos. Portanto, dele tomo conhecimento e passo analisar o mérito. Por intermédio de manobra diversionista, o recorrente pretende efeitos infringentes em sede de embargos, o que é vedado pela legislação de regência. Tal motivo já é suficiente para negar provimento. Contudo, para elucidar a questão, renovase aqui os termos da decisão proferida em sede de recurso voluntário. O recorrente tem, em tese, ao seu favor, uma decisão judicial precária apenas, pois o processo ainda está em andamento e, por via de conseqüência, não aconteceu o trânsito em julgado do mandado de segurança. Esta situação, portanto, s.m.j., não implica no reconhecimento da liquidez e da certeza dos créditos tributários, nos termos do artigo 170 do CTN e do artigo 66 da lei nº 8.383/91. Ou seja, para que se possa promover a compensação dos pretensos créditos, necessário se faz o preenchimento dos requisitos da liquidez e da certeza, o que, de fato, não foram preenchidos. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10580.911731/200907 Acórdão n.º 3802004.227 S3TE02 Fl. 112 3 Inclusive, aprofundando um pouco mais o debate, não há nos autos, qualquer prova que o contribuinte é beneficiário da noticiada decisão judicial, já que não há documentos que comprovam a condição de ser o ora recorrente integrante dos quadros associativos da associação que consta no polo ativo do mandado de segurança, muito menos os atos constitutivos dela para saber o funcionamento do regramento jurídico nos casos de representação coletiva em sede judicial. Portanto, pelas razões acima expostas, CONHEÇO dos presentes Embargos e, no mérito, Rejeitoos. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Fl. 142DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 04/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0