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Numero do processo: 10855.000657/00-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: SIMPLES NACIONAL
Ano-calendário: 1999
AUTO DE INFRAÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO EM RAZÃO DE COMPENSAÇÃO DE VALORES
Comprovado nos autos que o valor lançado pelo Fisco a título de insuficiência de valores já se encontra com o crédito tributário constituído em face de declaração apresentada pelo próprio contribuinte, inclusive sendo objeto de execução fiscal por parte da PFN, sua nova constituição, via lançamento de ofício, revela-se desnecessária e em duplicidade.
Lançamentos que se cancelam.
Numero da decisão: 1402-002.222
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Lançamentos que se cancelam. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE - Relator. Fl. 958DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 2 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (presidente), Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Gilberto Baptista, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone e Roberto Silva Junior. Fl. 959DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 3 3 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado em face de decisão exarada pela 5ª Turma da DRJ/RPO, em sessão de 06 de junho de 2015 (fls. 890/897) 1 , que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada perante aquela Turma Julgadora para excluir a exigência do PIS e não conheceu da matéria submetida à análise do Poder Judiciário, por entendimento de haver concomitância, em Acórdão assim ementado ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 1999 AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE LIMITAÇÃO DETERMINADA PELO PRINCÍPIO DA UNICIDADE DE JURISDIÇÃO. INGRESSO DE MEDIDA JUDICIAL DE OBJETO E CAUSA DE PEDIR COM CONTEÚDO ANÁLOGO À IMPUGNAÇÃO APRESENTADA NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Importa em renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de medida judicial sob qualquer natureza de modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio e independentemente da consecução ou não de provimento jurisdicional, sobretudo quando configurada a identidade do conteúdo do objeto da pretensão e da causa de pedir demandada na esfera administrativa e na via judicial. AUTO DE INFRAÇÃO DO PIS. IMPROCEDÊNCIA Constatado o direito creditório do PIS e a possibilidade de compensação com débitos do próprio PIS objeto de pedido anterior de compensação, deve ser cancelada a exigência. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Conforme descrição dos fatos pelo Auditor no corpo do próprio auto de infração (fls. 5/27), os lançamentos de ofício resultariam de: “001 - INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO Valor-apurado conforme base de cálculo informada pelo contribuinte. O contribuinte efetuou a compensação de parte dos valores a recolher do SIMPLES, nos meses de Fevereiro a junho de 1998 (fatos geradores de Janeiro a Maio de 1998), conforme processo Administrativo n? 10855.001480/98-15. Em decisão proferida em 15.10.1998, através do despacho decisório n ° 974/98, foi indeferido o pedido de compensação, por inexistência de crédito do PIS.a serem, compensado. Portanto, o contribuinte 1 A numeração referida das fls., quando não houver indicação contrária, é sempre a digital Fl. 960DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 4 4 compensou indevidamente parte dos valores a recolher do SIMPLES com PIS. Face ao acima exposto, procedemos ao lançamento de oficio para cobrança dos valores não recolhido e / ou declarado”. Irresignado, o contribuinte apresentou impugnação alegando possuir ação judicial que lhe permitiria efetuar compensações de débitos tributários em face de créditos advindos de recolhimentos a maior de PIS, que havia execução fiscal em andamento dos valores cujo direito creditório não foi reconhecido pela Administração Tributária e que os lançamentos de ofício acabaram por criar exigência em duplicidade. DA DECISÃO RECORRIDA Analisando o litígio, a 5ª Turma da DRJ/RPO entendeu por “não conhecer da impugnação interposta pela contribuinte quanto a matéria decidida no judiciário, cancelar as exigências relativas ao auto de infração do PIS, mantendo as demais exigências consubstanciadas no presente processo e declarar a definitividade do crédito tributário na esfera administrativa” (fls. 897). DO RECURSO VOLUNTÁRIO Cientificada do R. decisum em 21/07/2015 (fls. 910), a recorrente interpôs Recurso Voluntário em 14/08/2015 (fls. 911/928), no qual, basicamente, repisa os argumentos anteriormente expendidos e acrescenta: i) que, “conforme já mencionado na impugnação, além de não reconhecer a compensação promovida no processo administrativo de nº 10855.001480/98/15, a Fazenda Nacional passou a controlar os supostos débitos por meio do processo nº 10855.001207/2005-55, inscreveu em dívida ativa sob nº 80404001869-96 (cópia anexa) e ajuizou execução fiscal nº 0000140-93.2005-826.0443, que tramita perante a 2ª Vara Cível da comarca de Piedade-SP”; ii) que, “não obstante, enquanto não findava a discussão administrativa no Processo nº 10855.001480/98-15, a Fazenda Nacional desdobrou este processo, alocou os mesmo valores e competências no Processo nº 10855.001207/2003-55, e ajuizou a execução mencionada acima”; iii) que, “não obstante, para repelir a Execução Fiscal ajuizada, a Recorrente efetuou o depósito integral do valor exequendo, opôs Embargos à Execução, processo que recebeu nº 00053431.2008.526.0443, sendo que neste processo o M Juízo proferiu sentença favorável à ora Recorrente, pois extinguiu os débitos executados”; iv) que, “ao elaborar o Demonstrativo de Débitos – fls. 904 e 905, a Delegacia da Receita Federal de Sorocaba-SP considerou a compensação do PIS,porém manteve o lançamento dos demais”; Fl. 961DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 5 5 v) que, “resta devidamente demonstrada a ilegalidade praticada pela Fazenda Nacional, sendo totalmente nulo o lançamento decorrente deste auto de infração,pois exigido em duplicidade”. E conclui seu RV requerendo a reforma da decisão recorrida, a anulação dos débitos, “que estão sendo exigidos em duplicidade, pois coincidem com os débitos inscritos em dívida ativa sob nº 80404001869-96, decorrentes do processo administrativo nº 10855.001207/2003-55” e que “seja homologada a compensação realizada”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Fl. 962DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 6 6 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Na decisão recorrida perfilou-se entendimento de ser “patente a concomitância do pleito remanescente do contribuinte em sua impugnação com o que foi decidido na ação judicial, pelo que não pode ser atendido o pedido especifico para compensação do PIS com outros tributos, haja vista a impossibilidade do conhecimento da impugnação nessa parte” (voto condutor – fls. 897), posição sintetizada na ementa: “importa em renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de medida judicial sob qualquer natureza de modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio e independentemente da consecução ou não de provimento jurisdicional, sobretudo quando configurada a identidade do conteúdo do objeto da pretensão e da causa de pedir demandada na esfera administrativa e na via judicial”. De fato, ao primeiro olhar, haveria a concomitância apontada pela decisão de 1º Grau. Entendo, todavia, que o que se cuida neste Processo (nº 10855.000657/00-43) vai além do que se vê nos autos judiciais e tem relação direta com o que se retrata nos Processos Administrativos nºs 10855.001480/98/15 e 10855.001207/2005-55 (e até com o PA nº 10855.724591/2012-59 – exclusão do contribuinte do regime do Simples Nacional, em julgamento nesta mesma sessão por esta Turma). Melhor esclarecendo, enquanto a decisão recorrida sustenta sua posição da concomitância pela existência de ação judicial na qual a recorrente discute direito creditório que entende possuir de PIS (por recolhimentos a maior ou indevidos), no caso deste processo (nº 10855.000657-00-43) o que se discute é se os lançamentos de ofício perpetrados pela Autoridade Fiscal (autos de infração de fls. 5/27) nos quais são exigidas as exações presentes dentro do regime do Simples Federal, meses de janeiro/1999 a maio de 1999 (embora nos AI constem, indevidamente, o ano de 1998) não estariam constituindo crédito tributário já constituídos e exigindo-os em duplicidade. Ou seja, trata-se de verificar a correção do “lançamento de ofício” e sua validade. Não de “compensação” e sua concomitância com discussão judicial, embora, claro, haja reflexos nos citados lançamentos, como se verá adiante. Exprima-se, o que se discute é se os lançamentos de ofício aqui analisados criaram exigência em duplicidade e não se a recorrente faria jus à compensação que buscou via judicial, hipótese em que, aí sim, haveria concomitância. Assim, não vejo – no caso concreto – a concomitância que a decisão recorrida enxergou. Por este motivo, à vista do princípio da verdade material e por economia e celeridade processuais, supero tal aspecto e aprecio as alegações da recorrente. Fl. 963DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 7 7 Para consecução dos lançamentos, o Agente Fiscal tomou a “Receita Bruta” do contribuinte, aplicou a alíquota do SIMPLES (nela incluídos IRPJ, PIS, CSLL, COFINS e Contr-INSS) para a faixa pertinente (5,4%), e do resultado apurado subtraiu as parcelas informadas como “compensadas” e que tiveram despacho denegatório (Despacho Decisório nº 974/98 – fls. 34), chegando, pela “diferença” entre um e outro valor, aos montantes dos lançamentos (conforme planilha de fls. 42 da lavra da Fiscalização): . E consolidada às fls. 41: Valores distribuídos nos AI nas rubricas respectivas (quadro abaixo, elaborado por esta Relatoria): Tributo Período jan/99 fev/99 mar/99 abr/99 mai/99 IRPJ 25,01 24,49 31,91 28,63 27,96 PIS 25,01 24,49 31,91 28,63 27,96 CSLL 192,36 188,41 245,49 220,20 215,04 COFINS 384,71 376,82 490,99 440,40 430,09 Contr.INSS 411,64 403,19 525,36 471,23 460,20 TOTAIS 1.038,73 1.017,40 1.325,66 1.189,09 1.161,25 Pois bem, neste primeiro instante, abstraindo o fato de que há pequenas divergências entre o valor lançado pelo Fisco e o efetivamente informado como compensado pela recorrente (irrelevante, como se verá adiante) razão caberia à Autoridade Fiscal quando constituiu o crédito tributário, posto que, indevida a compensação pretendida, tais valores deveriam se submeter a tal procedimento. Todavia – e aí reside o cerne da questão – tais valores de “compensação” – com pequenas diferenças -, JÁ SE ENCONTRAM SOB COBRANÇA pela Procuradoria da Fazenda Nacional, ou seja, são créditos tributários já constituídos e sob execução! Fl. 964DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 8 8 Para melhor compreensão, imperioso socorrer-se do Processo nº 10855.001480/98/15 (da própria recorrente) posto que nele se controla administrativamente não só as compensações intentadas, como o despacho denegatório, a ação judicial pertinente e a situação atual (em abril/2016) de tais valores, com reflexos diretos no que se discute nestes autos. A respeito da “compensação” originalmente negada, vejam-se excertos da “Informação Fiscal” datada de 21/03/2016 (fls. 769/770 do Processo nº 10855.001480/98-15), do Seort/DRF/Sorocaba: (...) Para concluir: Observe-se que a Informação Fiscal faz referência direta aos meses de 05/98 a 05/99, o que inclui o período compreendido nos autos de infração. Seguindo, mais explícito e esclarecedor quanto aos valores em discussão, o “Despacho” datado de 18/04/2016 (fls. 799/800 do citado processo): “O processo em questão trata de compensação de créditos recolhidos a maior, relativo ao PIS considerado inconstitucional Fl. 965DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 9 9 pelos Decretos-Leis n° 2.445 e 2.449/88, com débitos referentes ao SIMPLES, período de apuração 05/1998 a 05/1999, cujos pedidos de compensação foram juntados às fls. 03, 13, 18, 20, 22, 35, 49, 58,60, 76, 78, 82, e 129. Os débitos a compensar foram cadastrados no processo 10855.001207/2003-55. O contribuinte obteve decisão favorável ao seu pleito conforme disposto na informação fiscal acostada às fls.769 a 770. Às fls. 759/764 e 765/768, constam os valores dos saldos de pagamento deferidos ao contribuinte. Para fins de verificar a suficiência do crédito deferido perante os débitos de simples constantes do processo 10855.001207/2003- 55, criamos o processo eletrônico n°10855-721261/2016-35, onde foram cadastrados os débitos objetos da compensação. Tal processo foi vinculado ao presente processo e após operacionalizar a compensação extinguiram-se todos os débitos constantes dos pedidos de compensação acima elencados (vide doc. de fls.796/797). Remanesceu ao contribuinte crédito após compensação conforme documento anexo às fls. 798. Assim sendo, uma vez que os pedidos de compensação foram apresentados antes da inscrição do débito em dívida ativa, a inscrição DAU n° 80 4 04 001869-96 deverá ser cancelada e o processo 10855.001207/2003-55 deverá retornar a este SEORT/DRF/SOR para prosseguimento e conclusão dos procedimentos de compensação”. (destacou-se) Para resumir no quadro abaixo: Finalmente, a reprodução de fls. 786/791 do mesmo processo: Janeiro/1999 Fl. 966DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 10 10 Fevereiro/1999 Março/1999 Abril/1999 Maio/1999 Fl. 967DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 11 11 É induvidoso que os valores inseridos nos autos de infração como “insuficiência de recolhimento” são os mesmos que se estampam nas informações presentes nos despachos constantes no Processo nº 10855.001480/98-15, com pequenas diferenças, abaixo delineadas, no cálculo feito pelo Fisco no momento da consecução dos lançamentos em razão da metodologia adotada. De fato, para realizar o lançamento, o AFRF partiu da “Receita Bruta” da autuada, sobre ela aplicou a alíquota do Simples Federal (no caso, 5,4%) e subtraiu as parcelas que considerou pagas pela recorrente (cf. expressamente consta dos AI), chegando, por diferença, ao que entendeu ser o “valor não recolhido” (fls. 41/42). Na verdade, tais montantes (não recolhidos) são os “compensados” e já estampados neste voto e objeto de pedidos de compensação juntados, por cópia, a este processo, reprodução abaixo: Fls. 75 Fls. 73 Fls. 69 Fls. 70 Fls. 68 Fl. 968DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 12 12 Divergência que não causou qualquer prejuízo ao erário, posto que os valores apontados e lançados pelo Fisco acabaram por ser “menores” que os efetivamente devidos e compensados e posteriormente levados a execução fiscal, como se vê abaixo: 1. Período 2. Valor Compensado 3. Valor Lançado 4. Diferença Sob Execução Autos de Infração 2 (-) 3 jan/99 1.073,16 1.038,73 34,43 fev/99 1.045,67 1.017,40 28,27 mar/99 1.349,30 1.325,66 23,64 abr/99 1.205,13 1.189,09 16,04 mai/99 1.167,22 1.161,25 5,97 TOTAIS 5.840,48 5.732,13 108,35 Resumindo, os lançamentos só teriam razão de ser se os valores apurados pelo Fisco sobrepusessem os montantes das compensações, oportunidade em que este “plus” poderia significar parcela dos tributos incluídos no Simples e não submetida à tributação, impondo o procedimento de ofício. Constatado que tais valores foram inferiores aos compensados pela recorrente, revelam-se indevidos e desnecessários. Portanto, se tais valores já eram objeto de execução fiscal pela PGFN, evidente que o crédito tributário “JÁ estava constituído”, de forma que, impende reconhecer, razão assiste à recorrente quando assenta que a exigência se faz em duplicidade, i) pela execução fiscal, em face do não reconhecimento do direito creditório pleiteado – Despacho Decisório nº 974/98 – fls. 34, e, ii) pelos lançamentos presentes nos autos de infração de fls. 5/27. Mais ainda, na forma explícita do Despacho de fls. 799/800 do referido processo (nº 10855.001480/98-15), a execução proposta pela Fazenda Pública sequer obteve êxito e a inscrição em dívida ativa, CDA n° 80.4.04.001869-96 “deverá ser cancelada e o processo 10855.001207/2003-55 deverá retornar a este SEORT/DRF/SOR para prosseguimento e conclusão dos procedimentos de compensação”. Compensação que, aliás, restou reconhecida, a teor da Informação Fiscal de fls. 769/770 (destaques acrescentados): “A restrição estabelecida pela decisão judicial transitada em julgado teve como fundamento o artigo 66 da Lei nº 8383/1991, a qual disciplina a compensação de tributos da mesma espécie efetuada na contabilidade. Entretanto o Pedido administrativo foi apresentado nos termos dos art. 73 e 74 da Lei 9430/96, segundo o qual créditos podem ser compensados com débitos próprios relativos a quaisquer tributos administrados pela RFB. Conforme entendimento exarado através da Solução de Consulta nº 279 – COSIT de 7/10/2014, créditos reconhecidos por decisão transitada em julgado que tenha permitido apenas a compensação com débitos da mesma espécie, podem ser Fl. 969DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Processo nº 10855.000657/00-43 Acórdão n.º 1402-002.222 S1-C4T2 Fl. 13 13 compensados com débitos próprios relativos a quaisquer tributos administrados pela RFB quando houver legislação superveniente que assegura tal tratamento aos demais contribuintes. Sendo assim, decidimos pela revisão do entendimento anterior exarado por este SEORT através da Informação de fls 672, com a apuração do crédito oriundo de PIS para compensação dos débitos de SIMPLES de 05/98 a 05/99”. Em síntese, naquilo que é pertinente ao deslinde da refrega, inexistem dúvidas de que a eventual insuficiência de IRPJ, PIS, CSLL, COFINS e Contr-INSS que pudessem estar presentes dentro da alíquota de 5,4% do Simples Federal a que a recorrente se sujeitava de janeiro/1999 a maio de 1999, já se encontrava com o crédito tributário devidamente constituído e sob execução pela Procuradoria da Fazenda Nacional, motivo pelo qual sua constituição, via lançamento de ofício, revelou-se equivocada, implicando em comprovada exigência em duplicidade. Deixo de me manifestar sobre os demais argumentos expendidos no Recurso Voluntário da recorrente, em virtude da decisão lhe ser favorável. Por todo o exposto, VOTO no sentido de DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário da contribuinte. É como voto. Brasília (DF), Sala das Sessões, em 09 de junho de 2016. (documento assinado digitalmente) PAULO MATEUS CICCONE – Relator Fl. 970DF CARF MF Impresso em 12/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assinado digitalmente em 11/07/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE, Assina do digitalmente em 05/07/2016 por PAULO MATEUS CICCONE Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 12466.003408/2010-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jul 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 27/04/2005 a 20/10/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão na apreciação de fundamento relevante e autônomo no acórdão embargado.
DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA.
Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do Decreto-Lei no 37/1966.
Embargos acolhidos em Parte sem efeitos infringentes.
Crédito Mantido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos Declaratórios para rerratificar o Acórdão Embargado, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), José Luiz Feistauer de Oliveira, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão na apreciação de fundamento relevante e autônomo no acórdão embargado. DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei no 37/1966. Embargos acolhidos em Parte sem efeitos infringentes. Crédito Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos Declaratórios para rerratificar o Acórdão Embargado, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 34 08 /2 01 0- 25 Fl. 2319DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.228 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (Presidente), José Luiz Feistauer de Oliveira, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, Jose Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para aplicação da multa substitutiva de pena de perdimento, pela prática de ocultação do real adquirente mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta na importação, definida como dano ao erário, lavrado em face de GEMAX TRADING COMPANY S/A como importador e de DISTRIVIX COMERCIO E EQUIPAMENTOS ELETRONICOS LTDA, como real adquirente. Na sessão de 23/02/2016, esta turma proferiu o acórdão nº 3302003.062, com a seguinte ementa, na parte embargada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 10/01/2005 a 25/11/2005 DECADÊNCIA. PENALIDADE ADUANEIRA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o artigo 139 do DecretoLei nº 37/1966. [...] Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração, alegando omissão quanto à análise da ocorrência de fraude na infração punida com a multa lavrada (interposição fraudulenta na importação), o que levaria à aplicação do prazo decadencial previsto no artigo 173, inciso I do CTN, observando julgamento do STJ sob a sistemática de recursos repetitivos e as Súmulas CARF nº 72 e 101, os quais foram admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A Fazenda Nacional alegou omissão quanto à análise da ocorrência de fraude na interposição fraudulenta, o que levaria à aplicação do artigo 173, inciso I do CTN e das Súmulas CARF nº 72 e 101. De fato, a DRJ entendeu que a ocorrência de fraude levaria o prazo decadencial para o artigo 173, I do CTN. Entretanto, este não é o posicionamento deste Conselho, nem da própria Receita Federal. A pena de perdimento decorrente do dano ao erário possui natureza Fl. 2320DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.228 S3C3T2 Fl. 4 3 administrativa, cujo bem tutelado não se restringe à arrecadação tributária, mas referese ao próprio controle aduaneiro, evitando a burla ao controle da habilitação para operar no comércio exterior, a blindagem do patrimônio do real adquirente ou encomendante etc, e é aplicada ainda que não haja tributos devidos numa importação com interposição fraudulenta. Assim, as disposições do Decretolei n º 37/1966 são específicas em relação à Lei nº 5.172/1966. Observase que o DL nº 37/1966, publicado em 21/11/1966, posterior à Lei nº 5.172/1966, publicada em 27/10/1966, previu no artigo 139 o prazo decadencial de cinco anos a contar da data da infração para o direito de impor penalidade. Por sua vez, o Decretolei nº 2.472/1988 alterou a redação do artigo 138, adequando ao comando do artigo 173, inciso I e ao artigo 150, §4º do CTN, evidenciando a diferença entre os prazos decadenciais para constituição de crédito tributário e para imposição de penalidade. Art.138 O direito de exigir o tributo extinguese em 5 (cinco) anos, a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Parágrafo único. Tratandose de exigência de diferença de tributo, contarseá o prazo a partir do pagamento efetuado. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. A Receita Federal reconheceu este entendimento com a edição da Solução de Consulta nº 32/2013, cuja ementa dispôs: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA CONTROLE ADUANEIRO DAS IMPORTAÇÕES. INFRAÇÃO. MULTA DE NATUREZA ADMINISTRATIVOTRIBUTÁRIA. PRAZO O prazo para efetuar lançamento de multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações é de 5 (cinco) anos, contado da data da infração. A natureza administrativotributária das multas relacionadas ao controle aduaneiro das importações permite que a elas se apliquem regras tributárias de constituição e cobrança do respectivo crédito, inclusive o rito estabelecido pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (Processo Administrativo Fiscal), mas não a regra de contagem do prazo decadencial prevista no inciso I do art. 173 do CTN, pois a norma aplicável à espécie, pelo critério da especialidade, é o art. 78 da Lei nº 4.502, de 1964. Dispositivos Legais: Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), arts. 4º, 113 e 173; Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, arts. 78 e 83; DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966, arts. 94, 96, 138 e 139; Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009, art. 704; Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. De outro lado, não houve declaração de inconstitucionalidade do artigo 139 do Decretolei nº 37/1966, mas, pelo contrário, o Superior Tribunal de Justiça afirmou a Fl. 2321DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.228 S3C3T2 Fl. 5 4 validade do artigo 139 nos julgamentos dos Recursos Especiais nº 1.379.708CE, julgado em 05/12/2015, e nº 643.185SC, julgado em 15/03/2007, cuja ementa deste último transcrevese: EMENTA ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. VIOLAÇÃO AO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA. LEGISLAÇÃO ADUANEIRA. IMPOSIÇÃO DE PENALIDADE. PERDIMENTO DOS BENS. EXPORTAÇÃO CLANDESTINA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. 1. A ausência de debate, na instância recorrida, sobre os dispositivos legais cuja violação se alega no recurso especial atrai, por analogia, a incidência da Súmula 282 do STF. 2. Não viola o artigo 535 do CPC, nem importa em negativa de prestação jurisdicional o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia posta. Precedentes: EDcl no AgRg no EREsp 254949/SP, Terceira Seção, Min. Gilson Dipp, DJ de 08.06.2005; EDcl no MS 9213/DF, Primeira Seção, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 21.02.2005; EDcl no AgRg no CC 26808/RJ, Segunda Seção, Min. Castro Filho, DJ de 10.06.2002. 3. Nos termos dos artigos 138 e 139 do Decretolei nº 37/66, é de cinco anos o prazo decadencial para a imposição das penalidades nele previstas. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. Destacase, ainda, que o HC nº 70.379/RS, julgado em 06/08/2009, ao tratar sob a incursão em crimes de descaminho, reafirmou a natureza administrativa da pena de perdimento, conforme ementa abaixo: EMENTA PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS . 1. DESCAMINHO. PENA DE PERDIMENTO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. INOCORRÊNCIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DO TRIBUTO E ACESSÓRIOS. 2. ILEGITIMIDADE PASSIVA DE UMA DAS ACUSADAS. QUESTÕES DE FUNDO. VIA ANGUSTA. INCURSÃO FÁTICOPROBATÓRIA. COGNIÇÃO VEDADA. 3. ORDEM DENEGADA. 1. A pena de perdimento caracteriza sanção de natureza administrativa, que não obsta a perseguição do crime de descaminho, diante da omissão no recolhimento do imposto devido, que muitas vezes se revela superior ao preço da própria mercadoria. 2. Não é lícito a esta Corte Superior ingressar em questionamentos acerca de matéria de fundo da ação penal. Tais aspectos devem ser examinados na via ordinária, em que a Fl. 2322DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.228 S3C3T2 Fl. 6 5 dialética processual terá lugar com toda a amplitude que lhe é conatural. 3. Ordem denegada. Assim, o artigo 139 não traz nenhuma dissonância com o artigo 173 do CTN. Salientase, ainda, que este Conselho já se posicionou em diversos acórdãos sobre a matéria, a saber: Acórdão nº 3402002.989, de 17/03/2016: DECADÊNCIA. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DATA DA INFRAÇÃO. TERMO INICIAL. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. O prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes de ilícitos aduaneiros tem como termo inicial a data de ocorrência da infração, na forma prevista no art. 139 do DL nº. 37/66. Tratandose de penalidade devida em face da interposição fraudulenta na importação (DL nº 1.455, art. 23, V), sujeitase à decadência ao cabo do prazo de cinco anos, cujo termo inicial é a prática da infração na data de registro da declaração de importação. Acórdão nº 3202001.588: SUBFATURAMENTO. MULTAS ADMINISTRATIVAS.DECADÊNCIA. Tratandose de imposição de multa, previstas no art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória n° 2.15835/ 01, para o II, e no art. 83, I, da Lei nº 4.502/1964., para o IPI, por se cuidarem de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial, na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37/66 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco)anos tem seu curso iniciado na data da infração. Precedentes. Acórdão nº 3201001.884, de 25/02/2015: DECADÊNCIA. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para aplicação das penalidades referentes a interposição fraudulenta prevista no art. 23, Inciso V do DecretoLei nº 1.455/76 é de 5 (cinco) anos contados a partir da data do registro da Declaração de Importação DI, nos termos previstos no art. 139 do DecretoLei nº 37/66. Recurso Voluntário Provido Acórdão nº 3401002.807, de 11/11/2014: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. MULTA. DECADÊNCIA. Fl. 2323DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 12466.003408/201025 Acórdão n.º 3302003.228 S3C3T2 Fl. 7 6 Tratandose da imposição de pena de perdimento, na hipótese do artigo 618, XXII do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002), por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração. Acórdão nº 3403003.225, de 16/09/2014: AUTO DE INFRAÇÃO. IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. DECADÊNCIA. O direito de aplicação de penalidade relacionada à interposição fraudulenta de pessoa em operações de importação extinguese em cinco anos contados da data do registro da Declaração de Importação. Quanto à suposta inobservância das Súmulas nº 72 e nº 101, ressaltase que todos os paradigmas destas súmulas versaram sobre constituição de crédito tributário e não sobre imposição de penalidade aduaneira, restando, portanto, inaplicáveis a este processo. Diante do exposto, voto para acolher os embargos opostos, para sanar a omissão alegada, sem, contudo, aplicarlhes efeitos infringentes, ratificando o Acórdão nº 3302003.062. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 2324DF CARF MF Impresso em 06/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 05/07 /2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 29/06/2016 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 11684.000566/2010-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 19/07/2009, 28/08/2009
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.680
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 19/07/2009, 28/08/2009 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 68 4. 00 05 66 /2 01 0- 96 Fl. 206DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 207 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3802002.970. No que diz respeito à denúncia espontânea, o Colegiado a quo decidiu que esse instituto é inaplicável para afastar a exigência da multa em comento. Após tomar ciência do mencionado acórdão, a Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei 12.350, de 2010, para afastar a multa que lhe foi imputada pelo Fisco. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.552, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 11128.007573/200648, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.552): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Importante observar, quanto à comprovação da divergência, que recorrido e paradigma trataram da exigência da mesma penalidade (art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966) e foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Fl. 207DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 208 3 Lei 12.350, de 20/12/2010). Além disso, ambos citaram expressamente as alterações promovidas pela mencionada lei na redação do art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea, apesar de tal consignação não ser imprescindível. Todavia, os arestos confrontados, que guardam identidade fática e jurídica, chegaram a resultados opostos quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea sobre a exigência da penalidade em foco. Não há dúvida, portanto, quanto à existência de dissenso jurisprudencial. A matéria devolvida a este Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Não vejo como dar razão à pretensão da Contribuinte, sob pena de aniquilar o cumprimento, com observância dos prazos estabelecidos pela legislação, do dever instrumental de prestar informação. Aplicandose o entendimento defendido pela Recorrente, os prazos estipulados pela legislação aduaneira, para prestar informações à RFB, poderiam ser descumpridos pelo sujeito passivo sem punição, tendo como única condição que a prestação das informações seja efetuada antes do início de ação fiscal. Ou seja, os prazos para a apresentação de informações seriam bastante elásticos, a depender de cada caso, e não prazos fatais, como é a regra na legislação tributária. Por concordar na íntegra com os fundamentos, e por aplicarse à solução do presente litígio, adoto o voto proferido pelo ilustre Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802 002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "O Recorrente alega ainda que as informações sobre o embarque foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A aplicabilidade da denúncia espontânea às “obrigações acessórias” é sustentada por parte da doutrina com base na expressão “se for o caso”, encontrada no caput do art. 138 do CTN. Nesse sentido, cumpre destacar as lições de Hugo de Brito Machado, Luciano Amaro e Sacha Calmon Navarro Coêlho: 'Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se Fl. 208DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 209 4 refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como a infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias' 1. 'A expressão ‘se for o caso’ explicase em face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações acessórias, não acarretam, diretamente, nenhuma falta de pagamento de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136). Outras infrações, porém, de um modo ou de outro, resultam em falta de pagamento. Em relação a estas é que o Código reclama o pagamento' 2. 'Se quisesse excluir uma ou outra, teria adjetivado a palavra infração ou teria dito que a denúncia espontânea elidiria a responsabilidade pela prática de infração à obrigação principal excluindo a assessória, ou viceversa. Ora, onde o legislador não distingue não é lícito ao intérprete distinguir segundo cediço princípio de hermenêutica' 3 Essa interpretação, porém, não foi acolhida pela Jurisprudência, consoante se depreende dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça: 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' (...) A mesma interpretação foi adotada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF nº 49: 'A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 182 e ss. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 437. 3 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105106. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 210 5 entrega de declaração', que foi fruto de reiterados julgados do Câmara Superior de Recursos Fiscais (...). A discussão, entretanto, foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) De fato, a Lei nº 12.350/2010 resultou da conversão da Medida Provisória n.º 497/2010. De acordo com a exposição de motivos desta, seu objetivo foi 'deixar claro' que o instituto da denúncia espontânea aplicase a todas as penalidades pecuniárias, inclusive multas isoladas vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória, conforme se depreende da leitura da exposição de motivos: '40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. [...] 43. Fundamentalmente, o Linha Azul é um procedimento simplificado que propicia às empresas habilitadas um menor percentual de seleção para os canais de verificação amarelo e vermelho e conferência aduaneira das declarações selecionadas realizada prioritariamente, Fl. 210DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 211 6 inclusive com compromisso de tempo máximo para essa conferência estipulado. Esse procedimento segue a orientação internacional de Operadores Econômicos Autorizados OEA, ou seja, de credenciamento de operadores legítimos e confiáveis para operar no comércio exterior com menores entraves burocráticos. 44. A avaliação sistêmica da empresa candidata ao Linha Azul inclui a realização, previamente à adesão, de uma auditoria de controles internos para autoavaliação de seus controles e procedimentos aduaneiros, referente, no mínimo, aos quatro últimos semestres civis. O objetivo dessa autoavaliação é induzir a empresa a verificar o cumprimento da legislação aduaneira (controles administrativos e fiscais), com reflexo na garantia da regularidade dos registros aduaneiros e do recolhimento dos tributos devidos. Exigese, sempre que a auditoria de controles internos aponte irregularidades, que sejam apresentados documentos que comprovem o seu saneamento ou a adoção das providências cabíveis para a sua solução. 45. No caso específico, o que se tem verificado é que, durante o processo de auditoria, as empresas têm constatado reiterados erros em declarações de importação registradas e desembaraçadas no canal verde de conferência e, como forma de sanear a irregularidade para cumprimento do programa, apresentado a relação desses erros na unidade de jurisdição e adotado as respectivas providências para a retificação das declarações aduaneiras. 46. Todavia, ao adotar essa providência, mesmo que a empresa não tenha que recolher quaisquer tributos, ela pode estar sujeita à imposição da referida multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (multa isolada), disciplinada no art. 711 do Regulamento Aduaneiro, ainda que espontaneamente tenha apurado tais erros e adotado as providências para a sua regularização, o que onera por demais o processo de adesão à Linha Azul. 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.' (EMI nº 111/MF/MP/ME/MCT/ MDIC/MT). Todavia, cumpre considerar que, nas obrigações acessórias ou deveres instrumentais, o sujeito passivo está Fl. 211DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 212 7 vinculado a um fazer ou nãofazer, sem expressão econômica, destinado a facilitar a fiscalização e a arrecadação dos tributos4. Podem assumir os conteúdos mais variados, desde a manutenção de escrituração fiscal regular, da descrição adequada do bem importado na declaração de importação, emissão de nota fiscal, bem como da apresentação de informações para a Fazenda Pública dentro dos prazos previstos na legislação tributária. Em razão disso, na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo. Essa importante distinção foi evidenciada em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3ª SJ, C1, 2ª TO, S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme 4 CARVALHO, Paulo de Barros. "Curso de direito tributário". 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 277349. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 213 8 expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face Fl. 213DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 214 9 da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 5. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" O objetivo do art. 138 do CTN é estimular o contribuinte que não pagou os tributos a fazêlo e regularizar a situação, resgatando as pendências deixadas e não conhecidas pelo fisco, que recebe o que deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. Tal norma objetiva estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias. Porém, a responsabilidade pelo cometimento das infrações restará afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservando assim a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estímulo à inadimplência. De fato, a jurisprudência dominante em nossos tribunais não admite a configuração da denúncia espontânea ante a prática de determinados atos, que representam 5 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 215 10 infrações à legislação tributária. Várias são as decisões no sentido da inaplicabilidade do art. 138 do CTN no descumprimento do prazo quanto às obrigações acessórias. Vejamos: “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória.” (STJ, 2ª T. AgRg no Resp 916.168/SP, Herman Benjamin, mar/09) No mesmo sentido do entendimento ora defendido, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Fl. 215DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 216 11 Importante observar que, no mesmo sentido da mencionada decisão do TRF da 4ª RF, existe a Súmula CARF nº 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, não se trata aqui de aplicar a Súmula 49 para resolver o presente litígio, uma vez que proferida antes das alterações promovidas pela Lei 12.350/2010. A intransigência em matéria de controles administrativos aduaneiros se justifica, muito mais do que pela questão tributáriofinanceira, pela questão da defesa do Estado nacional. A falta de pagamento de tributo, ou de parte dele, não é o único dano que se faz aos cofres públicos e à sociedade no descumprimento das regras de controle aduaneiro. Muitas vezes, a administração tributária prioriza a arrecadação de tributos e não enfatiza as razões dos controles não tributários ou aduaneiros. Assim, pode ficar a impressão de que não havendo falta de pagamento de tributos não há dano efetivo ao erário, mas essa é uma falsa observação. Cabe a administração aduaneira cumprir as decisões dos demais órgãos do Poder Executivo e de Acordos Internacionais, relativamente à saúde, à defesa da economia, à defesa dos interesses culturais, do patrimônio histórico, da segurança pública, entre outros. São atribuições fundamentadas em conhecimentos que ultrapassam largamente aqueles necessários à excelência do trabalho de fiscalização. Ao fazer o julgamento, especialmente por que não há tantos julgadores especializados em nuances do comércio internacional, passase ao largo dos verdadeiros delitos que são cometidos à sombra da ausência de danos fiscais explícitos — quero dizer — da falta de pagamento de impostos. Por último, é de se observar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, sobre atracação de embarcação, sobre vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, e diante de recurso do contribuinte, o resultado do julgamento é por negar provimento ao recurso especial, resultado que deve ser aplicado aos demais processos vinculados ao julgamento deste, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). À luz do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por Fl. 216DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11684.000566/201096 Acórdão n.º 9303003.680 CSRF‐T3 Fl. 217 12 considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 217DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 19515.720224/2014-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010
MULTA QUALIFICADA - INCABÍVEL - FALTA DE PROVA CABAL
A multa de ofício qualificada somente pode ser aplicada quando houver prova cabal de que foi cometido crime contra a ordem tributária.
MULTA DE MORA - INCABÍVEL EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO
Em lançamento de ofício de crédito tributário, efetuado pela Autoridade Fiscal, cabe, exclusivamente, a aplicação da multa de ofício.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte
Numero da decisão: 3301-002.830
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, que mantinha o auto de infração integral. Ausente o Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que deixou consignado seu voto na sessão anterior.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O Conselheiro Francisco José Barroso Rios não estava presente, porém declarou seu voto na sessão do dia 25 de janeiro de 2016.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010 MULTA QUALIFICADA - INCABÍVEL - FALTA DE PROVA CABAL A multa de ofício qualificada somente pode ser aplicada quando houver prova cabal de que foi cometido crime contra a ordem tributária. MULTA DE MORA - INCABÍVEL EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO Em lançamento de ofício de crédito tributário, efetuado pela Autoridade Fiscal, cabe, exclusivamente, a aplicação da multa de ofício. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, que mantinha o auto de infração integral. Ausente o Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que deixou consignado seu voto na sessão anterior. Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O Conselheiro Francisco José Barroso Rios não estava presente, porém declarou seu voto na sessão do dia 25 de janeiro de 2016.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1977; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 10 1 9 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720224/201473 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301002.830 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de fevereiro de 2016 Matéria COFINS diferenças entre DACON e DCTF Recorrente NAMBEI INDÚSTRIA DE CONDUTORES ELÉTRICOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010 MULTA QUALIFICADA INCABÍVEL FALTA DE PROVA CABAL A multa de ofício qualificada somente pode ser aplicada quando houver prova cabal de que foi cometido crime contra a ordem tributária. MULTA DE MORA INCABÍVEL EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO Em lançamento de ofício de crédito tributário, efetuado pela Autoridade Fiscal, cabe, exclusivamente, a aplicação da multa de ofício. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, que mantinha o auto de infração integral. Ausente o Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que deixou consignado seu voto na sessão anterior. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, José Henrique AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 02 24 /2 01 4- 73 Fl. 147DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 11 2 Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. O Conselheiro Francisco José Barroso Rios não estava presente, porém declarou seu voto na sessão do dia 25 de janeiro de 2016. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Adoto o relatório constante do julgamento de primeira instância: "Foi lavrado contra a contribuinte acima identificada o presente Auto de Infração, relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 71 a 74), correspondente aos períodos de apuração de janeiro a abril, agosto, setembro e novembro de 2010, no montante de R$ 13.947.287,49, incluindo multa de ofício (150%) e juros de mora. Os dispositivos legais infringidos constam no “Enquadramento Legal” do referido Auto e Infração e dos demonstrativos que o acompanham. No Termo de Verificação Fiscal (TVF), às fls. 61 a 67, a fiscalização esclarece que efetuou o trabalho de revisão interna do Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais (Dacon) relativo ao anocalendário 2010, determinado pelo Registro de Procedimento Fiscal – RPF – Revisão Interna nº 08.1.90.002013 043322, em que constatou divergências entre os valores declarados e recolhidos a título de Cofins e os calculados com base na legislação em vigor e/ou informados pela contribuinte naquele Demonstrativo. De acordo com o TVF, a contribuinte foi intimada a prestar esclarecimentos sobre a diferença a maior apurada nos valores informados no Dacon, em relação aos valores informados em DCTF ou recolhidos, e respondeu alegando erro de preenchimento da DCTF, uma vez que os valores apurados no Dacon teriam sido compensados em PER/Dcomp. Foi então solicitado à contribuinte que informasse o(s) número(s) do(s) PER/Dcomp, mas alegou não têlos localizado em seus arquivos. Ainda segundo o TVF, a fiscalização procedeu a consultas nos sistemas da RFB, sem contudo ter identificado qualquer PER/Dcomp que contemplasse os débitos em questão. A fiscalização verificou, ainda, que originalmente a contribuinte havia declarado débitos de Cofins na DCTF, mas retificou posteriormente, zerando os valores. Assim, a fiscalização procedeu ao lançamento de ofício dos débitos apurados no Dacon, cujo pagamento ou compensação (conforme alegado) não foram identificados. Tendo em vista que a contribuinte declarou originalmente os débitos e depois retificou reiteradamente suas DCTF zerando esses débitos, a fiscalização Fl. 149DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 13 4 entendeu que cabia a multa qualificada prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Em 20/02/2014, a contribuinte tomou ciência dos autos de infração (AR à fl. 77) e, em 24/03/2014, foi protocolizada a impugnação às fls. 81 a 93, contendo, em síntese, os elementos que se seguem, na forma como foram apresentados pela reclamante. PRELIMINARES DOS PRINCÍPIOS QUE DEVEM SER OBSERVADOS E RESPEITADOS PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Invoca o artigo 2º da Lei nº 9.784/1999, alegando que, por vezes, deixaram de ser observados pela fiscalização os princípios que devem ser obedecidos pela Administração Pública. DA VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO Alega falta de motivação para a instauração do procedimento fiscalizatório sofrido e sustenta que o objetivo da ação fiscal é no sentido de verificar tão somente divergência nas declarações apresentadas. DA VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL Afirma que “antes do devido esclarecimento acerca da motivação para o procedimento de fiscalização foi lavrado o auto de infração ora impugnado, violando, assim, o princípio do devido processo legal” e conclui que a não informação acerca da motivação que gerou o procedimento fiscal a impediu do livre exercício da ampla defesa e do contraditório, incorrendo em cerceamento de defesa. NO MÉRITO ORIGEM DOS DÉBITOS TRIBUTÁRIOS Alega que a fiscalização teve por base as informações prestadas pela própria contribuinte no Dacon, com base no qual foram preenchidas as DCTF inicialmente, mas posteriormente foram retificadas de maneira equivocada, devido ao preenchimento dos PER/Dcomp. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 14 5 Destaca que utiliza comumente o PER/Dcomp, nos moldes previstos pela legislação, e que a fiscalização não apresentou qualquer prova ou documento que comprove ou dê indício da suposta infração por parte da impugnante, que em momento algum deixou de apresentar os esclarecimentos que lhe foram solicitados. Argumenta que a fiscalização encerrou os trabalhos sem ao menos esclarecer à contribuinte que não havia encontrado na base de dados da RFB as informações relacionadas aos alegados PER/Dcomp, cerceando o seu direito de defesa. Aduz que os seus atos não demonstram qualquer má fé e que os argumentos da fiscalização não correspondem a realidade fática, violando diversos princípios e preceitos legais, e insiste na nulidade do auto de infração, em cumprimento ao princípio da legalidade, ou, caso assim não se entenda, requer a sua improcedência. CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA CONSTITUÍDA NO AUTO DE INFRAÇÃO Quanto à aplicação da multa prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996, a contribuinte alega que não omitiu qualquer informação da fiscalização, capaz de justificar a aplicação da multa qualificada. Aduz que as normas tributárias devem ser interpretadas de acordo com as demais e com os princípios do ordenamento jurídico brasileiro, e não isoladamente de forma literal, de forma que a multa de 150% (cento e cinqüenta por cento) não guarda respeito com o princípio da proporcionalidade, além de possuir caráter confiscatório. Entende que não houve prática de qualquer conduta dolosa, fraudulenta, ou, ainda, prática de simulação ou omissão de receita, considerando a exigência da multa, no presente caso, arbitrária, incorrendo em locupletamento ilícito do fisco, o que contraria o artigo 150, IV, da Constituição Federal, de forma que, ainda que o lançamento fosse regular, não poderia subsistir a cobrança da multa aplicada. Segue citando posicionamento doutrinário e jurisprudencial a respeito do tema, concluindo que tal multa não se aplicaria, ainda que tivesse ocorrido omissão de receita – o que não é o caso. REPRESENTAÇÃO Fl. 151DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 15 6 Entende que não existe no procedimento fiscalizatório matéria que dê ensejo a representação fiscal para fins penais e que eventual divergência entre as diversas declarações acessórias não têm o condão de atribuir a conduta delitiva definida como crime contra a ordem tributária, conforme quer fazer crer a fiscalização. Destaca que não se olvidou de prestar esclarecimentos e que foi com base em suas próprias declarações (Dacon) que a fiscalização efetuou o lançamento." A DRJ em Belo Horizonte (MG), por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão n° 0259.669 1ª Turma da DRJ/BHE, cuja ementa reproduzo, abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010 DIFERENÇAS APURADAS ENTRE O VALOR DEMONSTRADO E O DECLARADO. Correto o Auto de Infração que exige valores de Cofins apurados a partir do Dacon (Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais) elaborado pela contribuinte se não houve a correspondente declaração em DCTF e não se comprova o respectivo recolhimento. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010 PENALIDADE. QUALIFICAÇÃO. A retificação de DCTF em sucessivos períodos, reduzindo para zero os débitos apurados no DACON e anteriormente declarados, constitui ilicitude que implica qualificação da penalidade. MULTA QUALIFICADA O percentual da multa de ofício aplicada decorre de lei, não tendo a autoridade administrativa competência para afastálo sob a alegação de confisco. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 16 7 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2010 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NULIDADE. Estando o ato administrativo revestido de suas formalidades essenciais e, não tendo restado comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que se decretar sua nulidade. MEIO DE PROVA. No processo administrativo tributário são hábeis para comprovar os fatos todos os meios de prova admitidos em direito, o que inclui as informações prestadas em obrigações acessórias, cabendo ao sujeito passivo demonstrar na impugnação sua inexatidão ou inveracidade. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. O julgamento administrativo não é foro próprio para apreciar discussão sobre representação fiscal para fins penais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, em que discute, exclusivamente, a capitulação da infração como crime contra a ordem tributária e, por conseguinte, a aplicação da multa qualificada de 150%. Para o caso em comento, alega que a multa deveria ser reduzida para percentual igual ou inferior a 20%. É o relatório. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 17 8 Voto Marcelo Costa Marques d'Oliveira Conselheiro Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e contém os demais requisitos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Revisão eletrônica do Demonstrativo de Contribuições Sociais (DACON) da Recorrente originou lançamento de ofício da COFINS, relativa ao período de janeiro a abril e agosto, setembro e novembro de 2010, conforme Termo de Verificação Fiscal (fls.61 a 70) e Auto de Infração (fls.71 a 75). Foram detectadas diferenças entre os valores apresentados nos DACON e nas correspondentes Declarações de Contribuições e Tributos Federais (DCTF). Os valores indicados nos DACON não foram recolhidos. O principal da COFINS R$ 4.938.492,65 foi lançado de ofício, acrescido de juros R$ 1.601.055,88 e multa de ofício qualificada (150%) R$ 7.407.738,96. A Autoridade Fiscal capitulou a multa de ofício no § 1° do art. 44 da Lei n° 9.430/96, combinado com inciso I do art. 71 da Lei 4.502/64, a saber: "Lei n° 9.430/96 Art. 44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (. . .) Fl. 154DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 18 9 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." "Lei n° 4.502/64 Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; (. . .) Para a autuante e o colegiado da DRJ, o fato de os valores devidos terem sido declarados na DCTF e posteriormente retificados evidencia intuito de "mascarar o débito apurado, com a redução a débito zero". Como agravante, informam que a Recorrente, uma vez intimada, afirmou que os débitos teriam sido liquidados por meio de compensação de PER/DCOMP, porém não os apresentou. Com efeito, em busca no banco de dados da Receita Federal do Brasil, a autuante constatou que não havia PER/DCOMP que sustentasse tal afirmação do contribuinte. Assim sendo, à luz do § 1° do art. 44 da Lei n° 9.430/96, combinado com inciso I do art. 71 da Lei 4.502/64, concluiu que teria havido crime contra a ordem tributária, tendo como consequência a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%. Antes de passar à análise do conteúdo do Recurso Voluntário, fazse mister mencionar que a Recorrente combateu somente a qualificação da multa de ofício aplicada. Portanto, não há o que se discutir acerca do principal e dos juros, cujos valores lançados pela autuante permanecem intactos. No Recurso, após a descrição dos fatos, no item "(II) DA NECESSIDADE DE REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO", a Recorrente alega, em suma, que não houve dolo ou máfé, pois, se houvesse intenção de omitir ou retardar o conhecimento do Fisco sobre a Fl. 155DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 19 10 ocorrência do fato gerador, não teria informado os valores devidos nos correspondentes DACON. No item "(III) DO CARÁTER CONFISCATÓRIO DA MULTA CONSTITUÍDA NO AUTO DE INFRAÇÃO", a Recorrente reitera que não houve prática dolosa e que, portanto, a multa aplicada teria caráter confiscatório, pois desproporcional à infração cometida. Cita o Acc. 1° CC 107.07683/04, em que foi considerada inaplicável a multa qualificada, pois não teria restado "cabalmente provado o dolo por parte do contribuinte". Menciona ainda decisões judiciais que condenam a desproporção entre o erro cometido pelo contribuinte e o valor da penalidade aplicada. No item "(IV) DO PEDIDO", requer a redução da multa de 150% para percentual igual ou inferior a 20%. Assiste razão à Recorrente, quanto ao descabimento da qualificação da multa de ofício (150%), porém não em relação à redução ao patamar de 20%, conforme o disposto nos parágrafos seguintes. Os valores devidos e não pagos de COFINS, lançados de ofício, foram conhecidos pela Autoridade Fiscal, por meio de revisão eletrônica dos DACON, que foram regularmente apresentados pela Recorrente. De pronto, verificase que o contribuinte levou ao conhecimento da autoridade tributária que era devedora da contribuição. As diferenças objetos do lançamento de ofício foram apuradas a partir do exame e comparação com as DCTF retificadoras, também regularmente apresentadas pela Recorrente. O fato das DCTF originais, corretas, terem sido retificadas, para então nelas não constarem valores devidos, por si só, não caracteriza que teria havido "(. . .) ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais (inciso I e caput do art. 71 da Lei n° 4.502/72). Se a intenção fosse "mascarar o débito", a Recorrente também teria de ter retificado as DACON correspondentes, para que nelas figurasse "zero" no campo destinado aos valores de COFINS devidos. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 20 11 Também não se pode considerar que o fato de a Recorrente, inicialmente, ter respondido a intimação, dizendo que os valores haviam sido liquidados via PER/DCOMP, e, posteriormente, que não os havia localizado nos arquivos, significa que tentou ludibriar a fiscalização. Pode ter ocorrido falha nos controles gerenciais de pagamento e, simplesmente, não terem sido liquidados. O simples inadimplemento de obrigação fiscal também não configura crime tributário, se não acompanhado de prova que ateste o contrário. Em linha com os dois parágrafos anteriores, encontramse várias decisões do CARF, tais como, as seguintes: "Acórdão 1402001.954 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária / Sessão de 25 de março de 2015 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2008, 2009 RECURSO DE OFÍCIO MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. A simples omissão de receitas, mesmo sendo de forma reiterada, por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada, prevista no § 1º do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. Assim, para se proceder a qualificação da multa de ofício exigese que a mesma seja devidamente comprovada e justificada nos autos do processo. Além disso, exigese que o sujeito passivo tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1964." "Acórdão nº 2202002.187 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária / Sessão de 20 de fevereiro de 2013 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 157DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 21 12 Exercício: 2008 MULTA QUALIFICADA. JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO. NECESSIDADE DA CARACTERIZAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. A evidência da intenção dolosa exigida na lei para a qualificação da penalidade aplicada há que aflorar na instrução processual, devendo ser inconteste e demonstrada de forma cabal. Assim, o lançamento da multa qualificada de 150% deve ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos arts. 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502, de 1964. A falta de inclusão de algum bem ou direito na Declaração de Ajuste Anual (Declaração de Bens e Direitos), por si só, não caracteriza evidente intuito de fraude, que justifique a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no § 1º do artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, já que ausente conduta material bastante para sua caracterização. Diante da ausência de prova cabal de que foi cometido crime contra a ordem tributária, concluise ser incabível a imposição da multa de ofício qualificada de 150%, porém a de 75%, prevista no inciso I do art. 44 da Lei n° 9.430/96. Não se poderia admitir a aplicação da multa de 20% ou ainda menor, como pretende a Recorrente, posto que esta se aplica a pagamento espontâneo (art. 61 da Lei n° 9.430/96), o que, evidentemente, não é o caso. Ademais, sobre a suposta inconstitucionalidade de multas de ofício, este colegiado não pode opinar, nos termos da Súmula CARF n° 2. Cumpre reiterar que a Recorrente não discutiu a cobrança do principal (R$ 4.938.492,65) da COFINS e dos juros (R$ 1.601.055,88), pelo que estão integralmente mantidos, tal qual o apontado no Auto de Infração em comento (fls. 71 a 75). Enfim, voto pelo provimento parcial do Recurso Voluntário, considerando inaplicável a multa de ofício qualificada de 150%, fixandoa em 75%. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator Fl. 158DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL Processo nº 19515.720224/201473 Acórdão n.º 3301002.830 S3C3T1 Fl. 22 13 Fl. 159DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente e m 23/03/2016 por MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 24/03/2016 por ANDRADA M ARCIO CANUTO NATAL
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000214/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Apr 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
Ementa:
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Comprovada a origem de parte dos depósitos bancários, deve ser afastada a presunção do art. 42 da lei nº 9.430/1996.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INOCORRÊNCIA.
A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Tributário Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto na Constituição Federal.
Numero da decisão: 2201-002.814
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo o valor de R$ 59.489,53.
Assinado Digitalmente
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI - Presidente em Exercício.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Relator.
EDITADO EM: 20/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente em exercício), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), EDUARDO TADEU FARAH, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Comprovada a origem de parte dos depósitos bancários, deve ser afastada a presunção do art. 42 da lei nº 9.430/1996. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. INOCORRÊNCIA. A multa de lançamento de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Tributário Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto na Constituição Federal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo o valor de R$ 59.489,53. Assinado Digitalmente CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente em Exercício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 02 14 /2 00 9- 51 Fl. 652DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator. EDITADO EM: 20/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente em exercício), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), EDUARDO TADEU FARAH, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE e ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Ausente, justificadamente, o Conselheiro HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR (Presidente). Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2005, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 262/267, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 1.572.948,45, calculado até 30/04/2009. A fiscalização apurou omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresenta Impugnação alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: 1) As solicitações fiscais não foram cumpridas na data aprazada apenas pela desídia das instituições bancárias, entretanto todas as foram atendidas; 2) Discorre sobre vários conceitos, em especial fato gerador, renda, disponibilidade e proventos de qualquer natureza, citando Constituição Federal, Código Tributário Nacional, doutrina e concluindo que os depósitos bancários não constituem fato gerador do imposto de renda por não caracterizarem disponibilidade econômica de renda e nem de proventos; 3) Os depósitos bancários não podem servir de base de cálculo para a apuração da referida exação, pois será comprovado nesta impugnação que os valores creditados em conta corrente não são renda e sim integralidade do faturamento da empresa Triaço Industrial Lida; 4) Por dificuldades financeiras da empresa da qual figura como sócio, se viu obrigado a efetuar transações que seria da mesma utilizando suas contas particulares sob pena de paralisação das atividades e das obrigações trabalhistas; 5) Foram excluídas do lançamento todas as operações realizadas pela empresa Triaço, contudo àquelas cujo beneficiário fosse a mesma empresa não foram excluídas. Se as contas de titularidade do recorrente foram utilizadas em benefício da empresa, claro seria que a empresa além de depositar, receberia depósitos; Fl. 653DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 16095.000214/200951 Acórdão n.º 2201002.814 S2C2T1 Fl. 3 3 6) Justifica as movimentações financeiras que a autoridade fiscal entendeu serem omissas seguindo a relação apresentada no auto de infração com as anotações e documentos que demonstram a sua origem e utilização pela empresa Triaço concedendo isenção ao contribuinte quanto a real utilização de suas contas correntes em benefício da pessoa jurídica; 7) As movimentações são provenientes de depósitos bancários que não foram creditados em sua conta por insolvência dos devedores, nem todos os depósitos tinham fundos. Junta documentos para justificar pagamentos parciais de acordos, trocas de títulos, fomentos e outras operações diárias de uma empresa que se utilizou da conta corrente da pessoa física de seu sócio; 8) Necessária a comprovação da utilização dos valores depositados como renda consumida, demonstração de que o uso dos recursos resultou em aumento de riqueza do impugnante, acréscimo patrimonial ou sinais exteriores de riqueza, o que não ocorreu. Cita decisões administrativas e judiciais, Súmula n° 182 do antigo Tribunal Federal de Recursos e doutrina; 9) Junta documentação, quadro demonstrativo comparativos dos depósitos, sua origem e indicações necessárias para sua comprovação, bem como comprovantes relativos às afirmações aqui postas; 10) Atribuir ao recorrente a responsabilidade do crédito tributário em sua integralidade é o mesmo que atribuir toda a carga tributária da empresa que possui quadro societário próprio e independente da pessoa física em questão; 11) Caso entendesse que há responsabilidade pessoal do recorrente como sócio da empresa, necessário seria desconsideração da personalidade jurídica; 12) Requer nulidade do lançamento pela impossibilidade de a autoridade efetuar o mesmo, pelos motivos expostos. A 10ª Turma da DRJ em São Paulo/SP2 julgou improcedente a Impugnação, conforme ementas abaixo transcritas: DA NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Tendo o auto de infração sido lavrado com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento e, existentes no instrumento todas as formalidades essenciais necessárias ao exercício do contraditório e da ampla defesa, não há que se falar em nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A presunção legal de omissão de rendimentos autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular das contas bancárias, regularmente intimado, não comprove, Fl. 654DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósitos ou de investimentos. Tratandose de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus da prova em contrário. LANÇAMENTO COM BASE EM EXTRATOS BANCÁRIOS. SÚMULA 182 TFR. A Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos TFR, com edição anterior ao ano de 1988, não serve como parâmetro para decisões a serem proferidas em lançamentos fundados na Lei n° 9.430/96. CONFUSÃO DE PATRIMÔNIOS. O patrimônio da pessoa jurídica não se confunde com o da pessoa física e as transações financeiras da sociedade com as transações financeiras de seus proprietários não exime o contribuinte de apresentar prova da efetividade do ocorrido. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. DOUTRINA. EFEITOS. As decisões judiciais, a exceção daquelas proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade de normas legais, e as administrativas não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela, objeto da decisão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 31/10/2011 (fl. 631) e, em 21/11/2011, interpôs o recurso de fls. 634/648, sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos postos em sua Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah, Relator O recurso reúne os requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, relativamente a fatos ocorridos no ano calendário 2005. Em seu apelo, alega o recorrente que o lançamento com base em depósitos bancários não constitui fato gerador do imposto de renda, por não caracterizar disponibilidade econômica de renda e tampouco de proventos de qualquer natureza. Assevera ainda que os valores creditados referemse a faturamento da empresa Triaço Industrial Ltda. Por fim, insurge contra a multa imposta, alegando ser confiscatória. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 16095.000214/200951 Acórdão n.º 2201002.814 S2C2T1 Fl. 4 5 De início, cumpre trazer a lume a legislação que serviu de base ao lançamento, no caso, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996, verbis: Art.42 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. De acordo com o dispositivo supra, basta ao fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de uma presunção legal do tipo juris tantum (relativa), e, portanto, cabe ao fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a omissão de rendimentos. Na presunção legal a lei se encarrega de presumir a ocorrência do fato gerador, razão pela qual há necessidade de o fisco comprovar o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão. Além do mais, a autoridade fiscal não tem que demonstrar renda incompatível e, também, renda consumida, conforme se observa da Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Sobre a argumentação de que os depósitos bancários não conduziriam a presunção de disponibilidade econômica, vale registrar que o fato gerador do Imposto de Renda, conforme art. 43 do Código Tributário Nacional1, alberga tanto as disponibilidades econômicas quanto as disponibilidades jurídicas de renda ou proventos de qualquer natureza. Cumpre esclarecer que a Lei nº 8.021/1990, ora revogada, condicionava a falta de comprovação da origem dos recursos à demonstração dos sinais exteriores de riqueza, contudo, a presunção da Lei nº 9.430/1996, atualmente em vigor, está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos depositados, em nome do fiscalizado, em instituições financeiras. Passando às questões pontuais de mérito, alega o suplicante que os valores movimentados pertencem à pessoa jurídica Triaço Industrial Ltda, conforme inúmeros documentos carreados às fls. 293/619. Pois bem, compulsandose os autos, verificase que a defesa procura justificar a origem de cada depósito indicando, para tanto, algum tipo de operação relacionada à pessoa jurídica, conforme se infere dos documentos juntados às fls. 293/619. Nesse passo, cotejandose as justificativas apresentadas pelo recorrente, com as inúmeras provas carreadas aos autos, verifico, pois, que os Termos Aditivos de Contratos de fomento mercantil da Triaço com a ACDC Factoring Fomento Mercantil Ltda, 298/445, por si só, não comprovam as 1 CTN – Lei n° 5.172, de 1966 – Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 origens dos depósitos. Na verdade, não é possível identificar, de forma inconteste, que os valores indicados são relativos à atividade da pessoa jurídica e foram recebidos na conta corrente da pessoa física. Com efeito, os borderôs indicam recebimentos de valores pelos quais não consta a correspondente nota fiscal. Ademais, não é possível aferir, com precisão, se os montantes discriminados pela empresa de factoring são documentos oficiais produzidos pela emitidora dos títulos, já que não foi assinado pelo contratante Triaço Industrial Ltda e pelos responsáveis solidários. A mesma observação anterior também se aplica para os seguintes documentos: Recibos de cessão de direitos creditórios da Triaço Industrial Ltda para Federal Tec Ativos e Fomento Mercantil Ltda, fls. 490/494; Termos Aditivos de Contrato de fomento mercantil compra de crédito à vista entre Triaço Industrial Ltda e Lego Fomento Mercantil Ltda, fls. 521/534; Recibos e Termos Aditivos de contrato de fomento mercantil entre Triaço Industrial ltda e AC Representações e Cobrança Ltda / Montreal Fomento Mercantil, fls. 535/582. Os demais documentos carreados, tais como: Extrato Lego Fomento Mercantil X Triaço Industrial Ltda, fls. 500/520; Polipec conciliação, fl. 583; extratos bancários, fls. 584/608 e demais documentos de fls. 617/619, não vincularam os valores com as origens dos depósitos. Relativamente às notas fiscais juntadas às fls. 446/489; 495/498; fls. 609/616, cotejandoas com a relação dos depósitos não comprovados, fls. 249/269, verificase a coincidência de valores e proximidade de datas da nota fiscal nº 48.062 da FICAP S/A no valor de R$ 21.891,97, fl. 446, e a nota fiscal nº 48.892 da Miralux Ind e Comércio no valor de R$ 37.597,56, fl. 458. As demais notas fiscais não apresentaram coincidência de datas e valores e, dessa feita, a origem não foi comprovada. Não se pode perder de vista que quando não se encontra presente nos autos prova objetiva da ocorrência de determinada situação, a autoridade julgadora formará sua livre convicção na forma do art. 29 do Dec. 70.235/72: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção (...) Isso posto, devese excluir da base de cálculo o montante de R$ 59.489,53. Por fim, quanto ao caráter confiscatório da multa aplicada, deve ser esclarecido que não compete a este Órgão declarar a ilegitimidade da norma legalmente constituída. A legalidade de dispositivos aplicados ao lançamento deve ser questionada, exclusivamente, perante o Poder Judiciário. O exame da obediência das leis tributárias aos princípios constitucionais (vedação ao confisco) é matéria que não deve ser abordada na esfera administrativa, consoante se infere da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ante a todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo o valor de 59.489,53. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah Fl. 657DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 16095.000214/200951 Acórdão n.º 2201002.814 S2C2T1 Fl. 5 7 Fl. 658DF CARF MF Impresso em 15/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 22/02/2016 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 01/04/2016 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 13884.002919/2004-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
VÍCIOS DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO QUE AMPARA O LANÇAMENTO.
Súmula CARF 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
NULIDADES NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
Não se apresentando as causas elencadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade.
DECADÊNCIA.
Restando configurado o dolo, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a contida no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, incidindo-se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. TRIBUTAÇÃO. SÚMULA CARF 26.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicável a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo e dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.da
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSTAS PESSOAS.
Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Carf 34 - vinculante).
QUALIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO
A responsabilidade passiva e solidária do responsável tributário foi legitimamente qualificada no auto de infração através do Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária.
SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA.
Comprovado, mediante provas documentais obtidas na ação fiscal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, mantém-se a obrigação tributária solidária imputada.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ESPÓLIO.
Os créditos tributários, notificados ao de cujus antes da abertura da sucessão, ainda que neles incluídos encargos e penalidades, serão exigidos do espólio ou dos sucessores (RIR/99, art. 23, § 3º)
Numero da decisão: 2301-004.716
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito (b) por maioria de votos, rejeitar a alegação de decadência; vencida, nesta questão, a conselheira Alice Grecchi, que aplicava, na espécie, Resp. 973.733, de 12/08/2009 (repetitivo); votaram pelas conclusões os conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes e Andrea Brose Adolfo; (c) por unanimidade de votos, não reconhecer erro de identificação passiva no lançamento; (d) pelo voto de qualidade, não conhecer dos documentos trazidos no aditamento ao recurso voluntário realizada em 07/06/2016, em face de ser a tese nele carreada contraditória com as razões de defesa apresentadas até então; vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior; (e) por unanimidade de votos, considerar não caracterizado no caso concreto cerceamento do direito de defesa; (f) por maioria de votos, entender aplicável a multa de ofício como lançada (225%); vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves, que votaram pela desqualificação da multa (para 112,5%), por entender que a multa qualificada não se transmite aos herdeiros; (g) por unanimidade de votos, considerar caracterizada a condição de responsável tributário do Sr. José Perci Ribeiro da Costa; (h) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário nas demais questões. Fez sustentação oral o Dr. Daniel Borges Costa, OAB/SP 250118.
JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator.
EDITADO EM: 28/06/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 VÍCIOS DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO QUE AMPARA O LANÇAMENTO. Súmula CARF 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. NULIDADES NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se apresentando as causas elencadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade. DECADÊNCIA. Restando configurado o dolo, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a contida no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, incidindo-se o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. TRIBUTAÇÃO. SÚMULA CARF 26. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicável a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo e dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.da OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSTAS PESSOAS. Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Carf 34 - vinculante). QUALIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO A responsabilidade passiva e solidária do responsável tributário foi legitimamente qualificada no auto de infração através do Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA. Comprovado, mediante provas documentais obtidas na ação fiscal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, mantém-se a obrigação tributária solidária imputada. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ESPÓLIO. Os créditos tributários, notificados ao de cujus antes da abertura da sucessão, ainda que neles incluídos encargos e penalidades, serão exigidos do espólio ou dos sucessores (RIR/99, art. 23, § 3º)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito (b) por maioria de votos, rejeitar a alegação de decadência; vencida, nesta questão, a conselheira Alice Grecchi, que aplicava, na espécie, Resp. 973.733, de 12/08/2009 (repetitivo); votaram pelas conclusões os conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes e Andrea Brose Adolfo; (c) por unanimidade de votos, não reconhecer erro de identificação passiva no lançamento; (d) pelo voto de qualidade, não conhecer dos documentos trazidos no aditamento ao recurso voluntário realizada em 07/06/2016, em face de ser a tese nele carreada contraditória com as razões de defesa apresentadas até então; vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior; (e) por unanimidade de votos, considerar não caracterizado no caso concreto cerceamento do direito de defesa; (f) por maioria de votos, entender aplicável a multa de ofício como lançada (225%); vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves, que votaram pela desqualificação da multa (para 112,5%), por entender que a multa qualificada não se transmite aos herdeiros; (g) por unanimidade de votos, considerar caracterizada a condição de responsável tributário do Sr. José Perci Ribeiro da Costa; (h) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário nas demais questões. Fez sustentação oral o Dr. Daniel Borges Costa, OAB/SP 250118. JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator. EDITADO EM: 28/06/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente).
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Súmula CARF 2 “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. NULIDADES NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se apresentando as causas elencadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade. DECADÊNCIA. Restando configurado o dolo, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a contida no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, incidindose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. TRIBUTAÇÃO. SÚMULA CARF 26. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, aplicável a fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo e dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.DA OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTERPOSTAS PESSOAS. Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 00 29 19 /2 00 4- 13 Fl. 3366DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 2 recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. (Súmula Carf 34 vinculante). QUALIFICAÇÃO DO RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO A responsabilidade passiva e solidária do responsável tributário foi legitimamente qualificada no auto de infração através do Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA. Comprovado, mediante provas documentais obtidas na ação fiscal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, mantémse a obrigação tributária solidária imputada. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA DO ESPÓLIO. Os créditos tributários, notificados ao de cujus antes da abertura da sucessão, ainda que neles incluídos encargos e penalidades, serão exigidos do espólio ou dos sucessores (RIR/99, art. 23, § 3º) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado: (a) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito (b) por maioria de votos, rejeitar a alegação de decadência; vencida, nesta questão, a conselheira Alice Grecchi, que aplicava, na espécie, Resp. 973.733, de 12/08/2009 (repetitivo); votaram pelas conclusões os conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes e Andrea Brose Adolfo; (c) por unanimidade de votos, não reconhecer erro de identificação passiva no lançamento; (d) pelo voto de qualidade, não conhecer dos documentos trazidos no aditamento ao recurso voluntário realizada em 07/06/2016, em face de ser a tese nele carreada contraditória com as razões de defesa apresentadas até então; vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza, Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amílcar Barca Texeira Júnior; (e) por unanimidade de votos, considerar não caracterizado no caso concreto cerceamento do direito de defesa; (f) por maioria de votos, entender aplicável a multa de ofício como lançada (225%); vencidos os conselheiros Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza e Gisa Barbosa Gambogi Neves, que votaram pela desqualificação da multa (para 112,5%), por entender que a multa qualificada não se transmite aos herdeiros; (g) por unanimidade de votos, considerar caracterizada a condição de responsável tributário do Sr. José Perci Ribeiro da Costa; (h) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário nas demais questões. Fez sustentação oral o Dr. Daniel Borges Costa, OAB/SP 250118. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e Relator. EDITADO EM: 28/06/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Junior (suplente). Relatório Fl. 3367DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.296 3 Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 10.520, exarado pela 7ª Turma da DRJ em São Paulo (fls. 2172 a 2208 – numeração dos autos eletrônicos). O auto de infração (fls. 1982 a 1995), é referente imposto sobre a renda da pessoa física (IRPF), e diz respeito à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, correspondentes ao anocalendário 1998, por intermédio do qual é exigido crédito tributário de R$49.596.261,58, dos quais R$11.950.618,44 correspondem a imposto, R$26.888.891,49 à multa e R$10.756.751,65 a juros de mora. Transcrevo do relatório da decisão recorrida: 2. As infrações apuradas, que resultaram na constituição do crédito tributário referido, encontramse relatadas na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração (fls. 1128 a 1137) e nos dá conta, segundo relato, de omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimentos, mantidas em Instituições Financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, do qual destacamse os seguintes aspectos: 2.1. iniciada a ação de fiscalização em 23/03/2001 (fls. 04/05), foi detectado de imediato que o fiscalizado, Clóvis Ferreira da Silva, identificação em epígrafe, é analfabeto, uma vez que no quadro destinado à assinatura do contribuinte foi aposta a sua impressão digital. Ante a inusitada situação, foi lavrado o Termo de Constatação de fls. 06, indicando a suspeição de existência de "interposta pessoa"; 2.2. após relatar várias etapas do procedimento de investigação, e com base nos extratos bancários fornecidos pelo agente financeiro Banco BCN S/A, referentes as contas n° 1.965.6217 (poupança viva) e n° 927.9225 (conta corrente), foram elaborados vários demonstrativos, conforme relatado em fl. 1129 (itens 1 a 5), informando que em fl. 893 encontrase o somatório dos recursos movimentados em ambas as contas, subtotalizados por mês e totalizados no anocalendário de 1998; 2.3. esclarece que, da análise dos extratos fornecidos pelo agente financeiro, e na elaboração dos demonstrativos, foram excluídas as transferências entre contas; 2.4. uma vez elaborados os demonstrativos, foi o fiscalizado intimado, em 04/05/2004, para que justificasse a origem do numerário detectado, conforme Termo de Intimação Fiscal às fls. 873. À fl. 894 encontrase acostada a procuração lavrada por instrumento público no Io cartório da Notas de São José dos Campos, concedendo poderes amplos, gerais e irrestritos às advogadas nela mencionadas, para agirem em nome do outorgante, embora não tenha havido manifestação, de qualquer teor, por parte das bastante procuradoras; 2.5. expirado o prazo em 27/05/2004, foi emitido o Termo de Reintimação Fiscal de fl. 1.044, sem que tenha havido manifestação do Sr. Clóvis Ferreira da Silva, por si ou por suas procuradoras; (...) 2.9. de posse dos demonstrativos e, considerando que o Sr. Percy movimentava as contas mencionadas mediante procuração lavrada por instrumento público no 3o Cartório de Notas de São José dos Campos Fl. 3368DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 4 (fls. 52/53), a fiscalização emitiu o Termo de Intimação Fiscal de fl. 895, ao qual anexou o Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária (fls. 896/897), com fulcro no artigo 128 do Código Tributário Nacional (Lei n° 5.172/1996), dando ao Sr. José Percy a mesma Responsabilidade Tributária do fiscalizado, Sr. Clóvis Ferreira da Silva, além da Solidariedade definida no artigo 124, I, do CTN. Faz a ressalva de que o Sr. José Percy, ao tomar ciência do Termo de Intimação Fiscal recebeu, além do termo de fls. 896/897, cópia de todos os atos emitidos ao Sr. Clóvis Ferreira da Silva; (...) 2.12. em 10/05/2004, foi expedido o ofício n° 548/2004SC 01J1240 (fl. 947), de ordem do MM Juiz de Direito, Dr.Miguel Thomaz Di Piero Júnior, referente à solicitação do Sr.Delegado da Receita Federal em São José dos CamposSJC, e cujo atendimento resultou em cópias de Termos de Depoimento e de Depoimento da Testemunha de Acusação, os 2 (dois) primeiros às fls. 953/955 e 956/957, prestados à Polícia Federal de SJC, e o terceiro, às fls. 958/965, prestado ao MM Juiz de Direito da Ia Vara da Justiça Federal de SJC, cujos teores são analisados no Auto de Infração; 2.13. em 26/05/2004, a procuradora do Sr. José Percy protocolizou petição (fls. 966/970), alegando basicamente que: a) todas as movimentações das contas investigadas em nome de Clóvis Ferreira da Silva eram promovidas pelo Sr. José Percy, através de procuração, mas tais valores foram transferidos de contas do Sr. Fernando José Leite da Costa, que as mantinha junto aos bancos BANESPA S/A e BCN S/A, fazendo ressalva de que tais contas, embora estivessem em nome de Fernando José Leite da Costa, recebiam depósitos advindos da empresa Cinelândia Telefones Ltda., que realizava operações de faturização; (...) 2.14. a fiscalização relata uma série de desencontros e a aparente tentativa do contribuinte (através de suas procuradoras) de criar embaraço à fiscalização...; 2.15. considerando que a procuradora do Sr. José Percy alegou que todos os valores movimentados em todas as contas foram tributados na DIRPJ da empresa Cinelândia Telefones Ltda., foram juntadas cópias (fls. 1000/1017) da DIRPJ da empresa Cinelândia Telefones Ltda., CNPJ n° 53.165.056/000162, e a fiscalização procedeu a uma análise de todas as informações prestadas pela procuradora e dos dados já conhecidos, chegando nos seguintes resultados: 2.15.1. a movimentação nas contas poupança viva e conta corrente, respectivamente, de n° 1.965.6217 e 927.9225, no ano calendário 1998 foi, após a exclusão dos valores tributados na DIRPF, de Clóvis Ferreira da Silva, através do processo administrativo n° 13884.000086/200194 (fis. 1045/1052), atingiu o montante de R$ 43.472.503,43; 2.15.2. a empresa Cinelândia Telefones Ltda. declarou em sua DIRPJ do exercício 1999, ano calendário 1998, os seguintes valores a título de Receita Bruta (fl.1.134): a) Io Trimestre (fl. 1001) receita bruta a 32% R$ 7.200,00 outras receitas e ganho de capital R$61.274,63 total do trimestre R$68.474,63 b) 2o Trimestre (fl. 1001 v°) receita bruta a 32% R$ 4.100,00 Fl. 3369DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.297 5 outras receitas e ganho de capital R$ 777,69 total do trimestre R$ 4.877,69 c) 3o Trimestre (fl. 1002) receita bruta a 32% R$ 6.600,00 outras receitas e ganho de capital R$ 1.888,17 total do trimestre R$ 8.488,17 d) 4o Trimestre (fl. 1002 v°) receita bruta a 32% R$5.100,00 outras receitas e ganho de capital R$ 900,00 total do trimestre R$ 6.000,00 2.16. pelo acima exposto e, considerando o valor dos rendimentos omitidos pelo Sr. Clóvis Ferreira da Silva (R$43.472.503,43) e o montante anual proveniente de Outras Receitas e Ganhos de Capital (R$ 64.840,49), informados pela empresa Cinelândia Telefones Ltda. em sua DIRPJ do exercício de 1999, anocalendário 1998, podese concluir que os argumentos da procuradora do Sr. José Percy não procedem, pois, em nenhum momento a mencionada procuradora apresentou Livro Caixa e documentação de suporte das receitas auferidas; 2.17. reintimados em 28/05 e 27/05 , respectivamente (fis. 1043/1044), para que prestassem os devidos esclarecimentos, o Sr. Clóvis não se manifestou. Quanto ao Sr. José Percy, manifestouse à fls. 1053/1058, repetindo o teor do que já havia mencionado na manifestação de fls. 966/970, não acrescentando nenhum novo elemento àqueles já sobejamente repisados. A fiscalização ressaltou, ainda, que das fis. 252 a 872 encontramse micro filmes dos cheques emitidos, mês a mês, de valores iguais ou superiores a R$ 12.000,00, que demonstram o "modus operandi" do Sr. José Percy; 2.18. prossegue a fiscalização, "para caracterizar mais contundentemente o crime de falsidade ideológica, diligenciei junto ao escritório regional da Junta Comercial em São José dos Campos e obtive cópia da ficha cadastral da empresa Cinelândia Telefones Ltda. (fls. 1119/1123), cujo objeto ramos de negócio é a prestação de serviços de telecomunicações, objeto até a presente data não alterado"; Os fundamentos legislativos do auto de infração são: art. 42 da Lei 9.430, de 1996; art. 4º da Lei 9.481, de 1997 e art. 21 da Lei 9.532, de 1997. O auto de infração foi cientificado ao contribuinte em 30/09/2004. Em 29/10/2004, o contribuinte apresentou a impugnação (fls. 83 a 100), alegando, em síntese: 1. a decadência do lançamento, face ao disposto no art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional; 2. que a sociedade Cinelândia tinha por objeto social a realização de operações de faturização, pelo que, de acordo com a Portaria SRF 563, de 27/03/1998, as fiscalizações que envolvem empresas de faturização devem ser feitas pela Delegacia Especial das Instituições Financeiras da 8a Região Fiscal (arts. I°e 2°); 3. o auto de infração foi expedido sem a correta obediência ao art. 10 do Decreto n° 70.235/72, uma vez que quanto ao Sr. Perci, há apenas a indicação: "OUTRO", devendo ser reconhecida sua nulidade, ao menos em face do Sr. Perci; Fl. 3370DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 6 4. por diversas vezes, requereu que fosse realizado cruzamento das contas do Sr. Clóvis com as contas do Sr. Fernando José Leite (Banco Banespa e Banco BCN) e da Sra. Maria do Carmo, com o que pretendia demonstrar que os valores movimentados nas contas do contribuinte pertenciam à sociedade Cinelândia, não compondo o seu patrimônio; a diligência também serviria para demonstrar se houve qualquer nexo entre a sua variação patrimonial e o montante depositado em sua conta; a variação patrimonial é o critério material para a imposição tributária, de modo que há a necessidade de demonstração do nexo causal entre os depósitos e o incremento patrimonial; a imputação do tributo na forma como lançada adota critério material diverso (depósito bancário) do que a legislação permite; lembra que tentou trazer aos autos parte da documentação que comprova que os valores pertenciam à Cinelândia e que se tratavam de operações de faturização, conforme Medida Cautelar de exibição de documentos (processo n° 1560/04) ingressada em 17/06/2004; o indeferimento da diligência tolheu seu direito de ampla defesa, de modo a eivar de nulidade o processo administrativo; 5. inconstitucionalidade e irregularidade na quebra de seu sigilo bancário; 6. depósito bancário não é hipótese suficiente para caracterizar renda do titular da conta de depósito; há que se apontar o nexo de causalidade entre os depósitos bancários e a variação patrimonial do contribuinte; destaca que, a única variação patrimonial, alegada pelo auditor fiscal que realizou o lançamento, diz respeito apenas a dois imóveis que totalizam o montante de R$ 55.000,00; ainda que os imóveis não tinham sido lançados, por mero equívoco, na DIRPF do Sr. Perci, ele possuía disponibilidade suficiente para comprálos; há que se ter em conta que houve informação prestada pelo autuado de que os valores movimentados nas contas de sua titularidade pertenciam à empresa Cinelândia; solicitou por diversas vezes que fosse realizado o cruzamento de contas e também informou que os documentos que podem comprovar as alegações lançadas foram apreendidos pela Polícia Federal; 7. não há qualquer fato que justifique a aplicação da multa de 225%; a Constituição Federal, em seu art. 145, § Iº, estabelece como princípio geral o respeito à capacidade econômica do contribuinte; a aplicação de multa acaba transgredindo a vedação ao confisco, nos termos do art. 150, inciso IV, da CF; 8. quanto à solidariedade passiva tributária do sr. José Perci Ribeiro da Costa, que não se pode permitir que, o simples fato de uma pessoa figurar como procuradora de outra configure o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; há de se demonstrar o interesse comum, nos termos do art. 265 do CC, cuja prova é fundamental para a legalidade do ato que utiliza dos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN); 9. a existência do dever de análise das questões constitucionais pela Administração. Pediu a realização de prova pericial para comprovar que os valores movimentados nas contas bancárias pertencem à empresa Cinelândia; que os valores eram utilizados para realização de operações de faturização; e, principalmente, que não há qualquer nexo entre os depósitos bancários realizados na conta do Sr. Clóvis e a variação patrimonial do Sr. Perci (autuado), de modo que não houve fato jurídico tributário necessário para desencadear a relação jurídica tributária posta no auto de infração. A DRJ julgou a impugnação improcedente em acórdão que recebeu as seguintes ementas: Fl. 3371DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.298 7 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998 Ementa: NORMAS NULIDADE. PROCESSUAIS Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade processual, nem em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. DECADÊNCIA. Afastadas as hipóteses de contagem segundo lançamento por homologação ou por declaração, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a contida no art. 173, I, do Código Tributário Nacional, incidindose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. REGULARIDADE DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal foi emitido por autoridade competente, contendo todos os dados previstos na legislação de regência, em especial o tributo a ser fiscalizado e respectivo período de apuração. COMPETÊNCIA DA DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS. O procedimento fiscal foi regularmente instaurado pela Delegacia da Receita Federal em São José dos Campos, circunscrição que compreende o domicílio fiscal do fiscalizado, pessoa física, conforme Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal. QUALIFICAÇÃO DO TRIBUTÁRIO SOLIDÁRIO. RESPONSÁVEL A responsabilidade passiva e solidária de José Perci Ribeiro da Costa foi legitimamente qualificada no Auto de Infração através do Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendose, então, falar em ampla defesa ou cerceamento dela. Sendo concedida, na fase impugnatória, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos é improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa. Fl. 3372DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 8 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESCABIMENTO. Descabe o pedido de diligência quando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção. As perícias devem limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também já incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. Estando clara a identificação da matéria tributável na descrição dos fatos relatados no Auto de Infração, tendo o contribuinte tomado ciência de todos os valores lançados por meio de demonstrativos e constando dos autos os demais elementos que deram origem a autuação, descabe o pedido para que se realize perícias para levantar elementos que já se encontram no processo. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. REGULARIDADE NA REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. Todos os requisitos para expedição de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, pela Delegacia da Receita Federal, foram observados no procedimento fiscal, conforme relatório circunstanciado, informando os motivos que exigiam a expedição da requisição e demonstrando a indispensabilidade do exame das informações acerca da movimentação financeira do contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Com a edição da Lei n.° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de ofício, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. MULTA. CARÁTER CONFISCATORIO. A multa constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo Fl. 3373DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.299 9 inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal. SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA. Comprovado, mediante provas documentais obtidas na ação fiscal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, mantémse a obrigação tributária solidária imputada. ILEGALIDADE / INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. A autoridade administrativa, de qualquer instância, é impedido o exame da ilegalidade e da inconstitucionalidade da legislação tributária, haja vista ser a matéria de análise reservada, exclusivamente, ao Poder Judiciário. A ciência dessa decisão ocorreu, (a) para o responsável solidário, Sr. José Perci Ribeiro da Costa (doravante, José Perci), em 04/02/2005 (AR, fl. 2213) (b) para o contribuinte, em 25/03/2005, em face de edital afixado em 09/03/2005 (fl. 2016). Em 04/03/2005, foi apresentado recurso voluntário pelo responsável tributário (efls. 2220 a 2248), sendo repetidos, em síntese, os argumentos apresentados por ocasião da impugnação. Em 07/12/2005, a extinta 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, pela Resolução 10202.253, determinou diligência com o seguinte teor (fls. 2565 a 2577): (...) Nesses termos, considerando que em 26 de maio de 2004, José Perci R da Costa informou sobre a necessidade de compor sua defesa com documentos da lide judicial, fls. 967 e 969, deve o julgamento ser convertido em diligência para que seja providenciado por funcionário competente da unidade de origem pesquisa sobre a existência da lide judicial e caso positivo, providenciado junto aos sujeitos passivos a identificação de quais documentos deverão compor como provas este processo, para que seja oficiado o correspondente órgão judicial no sentido da vinda de cópias para complementar sua instrução. Deve compor também o procedimento investigatório complementar, a verificação junto à empresa Cinelândia Telefones Ltda para identificar a escrituração dos depósitos e créditos bancários que serviram de suporte à renda presumida neste lançamento e quanto aos correspondentes pagamentos de tributos. Posteriormente, os sujeitos passivos devem ser informados sobre o procedimento, ter prazo legal para manifestação e, uma vez extinto este último, devolvido o processo a esta Câmara para julgamento da lide. Fl. 3374DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 10 Realizada a diligência fiscal (fls. 2581 a 3125), o contribuinte foi intimado de suas conclusões (fls. 3126 a 3132), as quais contestou em 24/06/2011 (fls. 3133 a 3137), alegando, em síntese, que a sua impossibilidade de reaver as informações contidas (a) nos computadores apreendidos pela Delegacia da Polícia Federal de São José dos Campos e (b) nos autos do processo judicial 1999.61.03.0020678 torna inviável a demonstração de que os valores que embasaram o auto de infração se referem a valores decorrentes da atividade de factoring pela sociedade Cinelândia Telefones Ltda (doravante nominada de Cinelândia). Em 06/03/2012, a extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção do Carf decidiu sobrestar o processo (fls. 3188 a 3190). Em 19/08/2015, o espólio do Sr. José Perci Ribeiro da Costa informou o falecimento do responsável solidário, solicitou a retificação dos autos, para que conste como sujeito passivo o espólio do Sr. José Perci, representado por sua inventariante. Solicitou, outrossim, a exclusão da multa de 225% aplicada ao Sr. José Perci. O processo foi distribuído para este relator em 09/12/2015 (fl. 3294). É o relatório. Voto Conselheiro Relator João Bellini Júnior Por primeiro, consigno que o contribuinte, Sr. Clóvis Ferreira da Silva, não apresentou recurso voluntário, restando definitiva, quanto a ele, a constituição do crédito tributário. O recurso voluntário do responsável tributário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. DAS NULIDADES Segundo o responsável tributário, teria ocorrido a nulidade auto de infração, que foi expedido sem a correta obediência ao art. 10 do Decreto n° 70.235/72, uma vez que, quanto ao Sr. Perci, há apenas a indicação: "OUTRO", devendo ser reconhecida sua nulidade, ao menos em face do Sr. Perci. Outra causa de nulidade decorreria de que, segundo alega, a sociedade Cinelândia tinha por objeto social a realização de operações de faturização, pelo que, de acordo com a Portaria SRF 563, de 27/03/1998, as fiscalizações que envolvem empresas de faturização devem ser feitas pela Delegacia Especial das Instituições Financeiras da 8a Região Fiscal (arts. 1°e 2°). Não lhe assiste razão. É consabido que no processo administrativo fiscal as causas de nulidade se limitam às que estão elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972: Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 3375DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.300 11 II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Parágrafo acrescentado pela Lei 8.748, de 1993.) A teor do art. 60 do mesmo diploma legislativo, as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das retromencionadas não configuram nulidade, devendo ser sanadas se “resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio”: Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Nesse sentido, a jurisprudência consolidada desde os tempos do 1o Conselho de Contribuintes: PRELIMINAR DE NULIDADE – Não se configurando nenhuma das hipóteses arroladas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal, não se pode admitir pedido de nulidade, mormente quando fica demonstrado à saciedade que a recorrente teve oportunidade e exerceu o mais amplo direito de defesa. (1º CC – Ac. 10193.381 – 1ª C. – Rel. Kazuki Shiobara – DOU 29.06.2001 – p. 103) NULIDADE DO LANÇAMENTO – As causas de nulidade do processo administrativo estão elencadas no art. 59, incs. I e II do Decreto nº 70.235/72. (1º CC – Ac. 10319.982 – 3ª C. – Rel. Neicyr de Almeida – DOU 22.06.1999 – p. 6) NULIDADE DE AUTO DE INFRAÇÃO – As causas de nulidade no processo administrativo fiscal estão elencadas no art. 59, incisos I e II, do Decreto n.° 70.235/72. Não pode ser inquinado de nulo o lançamento efetuado em acordo com as disposições legais de regência. (1º CC – Ac. 10512.292 – 5ªC – DOU 05.05.1998 – p. 14) NULIDADE DO PROCESSO FISCAL – O Auto de Infração e demais termos do processo fiscal só são nulos nos casos previstos no art. 59 do Decreto nº 70.235/72 (Processo Administrativo Fiscal). (1º CC – Ac. 10609.632 – 6ª C – Rel. Adonias dos Reis Santiago – DOU 17.12.1998) Fl. 3376DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 12 NULIDADE – Não é nulo o Auto de Infração que contém todos os elementos necessários à compreensão inequívoca pelo contribuinte das exigências e dos fatos que o motivaram. Somente serão nulos os atos e termos processuais se lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa (Art. 59 do Decreto nº 70.235/72). (1º CC – Proc. 10245.000092/9912 – Rec. 133570 – (Ac. 10707028) – 2ª C. – Rel. Natanael Martins – DOU 07.07.2003 – p. 31) PAF – NULIDADE DO LANÇAMENTO – As causas de nulidade no processo administrativo estão elencadas no art. 59, incisos I e II do Decreto nº 70.235/72 (Ac. 10806.897) – 3ª C. – Relª Marcia Maria Loria Meira – DOU 07.06.2002 – p. 47) NULIDADE. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento e estando os atos administrativos motivados de forma explícita, clara e congruente, não há que se falar em nulidade dos atos em litígio. (processo 11075.900013/200899, Acórdão 1801001.499, Relator(a) Carmen Ferreira Saraiva) Mais recentemente, tal jurisprudência vem sendo confirmada pelas Turmas que integram a 2ª Seção do CARF: NULIDADE CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL INEXISTÊNCIA As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a título de preliminar se confundir com o próprio mérito da questão. (processo: 11634.000552/200681, Acórdão: 2202002.892, relator: Antonio Lopo Martinez) Preliminar. Nulidade. Não se apresentando as causas elencadas no artigo 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade. (processo: 10680.015093/200531, Acórdão: 280100.790, redatoradesignada Amarylles Reinaldi e Henriques Resende) Não estão apontadas quaisquer atos ou termos lavrados por pessoa incompetente ou despacho ou decisão proferidos por autoridade incompetente (art. 59, I), nem despachos ou decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa (art. 59, II). Friso que o responsável exerce a sua ampla defesa participando deste processo administrativo fiscal, no qual participa ativamente, apresentando impugnação, recurso voluntário, petições, solicitação de diligência, as quais comprovam o exercício de seu direito de defesa. Por outro lado, não restou comprovado nestes autos que os depósitos bancários decorreriam de operações da sociedade Cinelândia, pelo que não há falar em fiscalização pela Delegacia Especial das Instituições Financeiras. Da mesma forma, não seria causa de nulidade constar no auto de infração a expressão “Outro”, para designar o responsável tributário, uma vez que o art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 não obriga à qualificação do responsável, apenas do autuado. A responsabilidade passiva e solidária do responsável tributário foi legitimamente qualificada no Fl. 3377DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.301 13 auto de infração através do Termo de Declaração de Sujeição de Responsabilidade Tributária e Passiva Solidária (efls. 1702 e 1703). Logo, não há qualquer nulidade do auto de infração. DO SIGILO BANCÁRIO – LEI COMPLEMENTAR 105, DE 2001 E DECRETO 3724, DE 2001 É alegada a quebra ilegal e inconstitucional de seu sigilo bancário, fundamentada na Lei Complementar 105, de 2001 e no Decreto 3724, de 2001. Não assiste razão ao contribuinte. Não há qualquer ilegalidade, nulidade ou irregularidade na requisição e obtenção de documentos bancários pela Receita Federal do Brasil junto às instituições financeiras, pois, para tanto há suporte jurídico na Lei Complementar 105, de 2001, regulamentada pelo Decreto 3.724, de 2001, e na Lei 10.174, de 2001. No que tange às alegações de inconstitucionalidade dessas e de quaisquer normas, cumpre esclarecer que tanto o Decreto 70.235, de 1972, em seu artigo 26A, quanto a própria jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), plasmada em sua Súmula 02, são claros ao impedirem o controle repressivo de constitucionalidade por parte deste do CARF (com a ressalva das exceções a seguir descritas): Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Decreto 70.235, de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6 O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 3378DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 14 c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Ademais, em 24/02/2016, o Pleno do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu o julgamento das ADI 2859, 2390, 2386 e 2397 e do Recurso Extraordinário 601.314, que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial, concluindo pela constitucionalidade da norma. Como os acórdãos ainda não foram formalizados, trago a notícia do sítio eletrônico do STF: STF garante ao Fisco acesso a dados bancários dos contribuintes sem necessidade de autorização judicial O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu na sessão desta quartafeira (24) o julgamento conjunto de cinco processos que questionavam dispositivos da Lei Complementar (LC) 105/2001, que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. Por maioria de votos – 9 a 2 – , prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Na semana passada, foram proferidos seis votos pela constitucionalidade da lei, e um em sentido contrário, prolatado pelo ministro Marco Aurélio. Na decisão, foi enfatizado que estados e municípios devem estabelecer em regulamento, assim como fez a União no Decreto 3.724/2001, a necessidade de haver processo administrativo instaurado para a obtenção das informações bancárias dos contribuintes, devendose adotar sistemas certificados de segurança e registro de acesso do agente público para evitar a manipulação indevida dos dados e desvio de finalidade, garantindose ao contribuinte a prévia notificação de abertura do processo e amplo acesso aos autos, inclusive com possibilidade de obter cópia das peças. Na sessão desta tarde, o ministro Luiz Fux proferiu o sétimo voto pela constitucionalidade da norma. O ministro somouse às preocupações apresentadas pelo ministro Luís Roberto Barroso quanto às providências a serem adotadas por estados e municípios para a salvaguarda dos direitos dos contribuintes. O ministro Gilmar Mendes também acompanhou a maioria, mas proferiu voto apenas no Recurso Extraordinário (RE) 601314, de relatoria do ministro Edson Fachin, e na Ação Direta de Inconstitucionalidade 2859, uma vez que estava impedido de participar do julgamento das ADIs 2390, 2386 e 2397, em decorrência de sua atuação como advogadogeral da União. O ministro afirmou que os instrumentos previstos na lei impugnada conferem efetividade ao dever geral de pagar impostos, não sendo medidas isoladas no contexto da autuação fazendária, que tem poderes e prerrogativas específicas para fazer valer esse dever. Gilmar Mendes lembrou que a inspeção Fl. 3379DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.302 15 de bagagens em aeroportos não é contestada, embora seja um procedimento bastante invasivo, mas é medida necessária e indispensável para que as autoridades alfandegárias possam fiscalizar e cobrar tributos. O decano do STF, ministro Celso de Mello, acompanhou a divergência aberta na semana passada pelo ministro Marco Aurélio, votando pela indispensabilidade de ordem judicial para que a Receita Federal tenha acesso aos dados bancários dos contribuintes. Para ele, embora o direito fundamental à intimidade e à privacidade não tenha caráter absoluto, isso não significa que possa ser desrespeitado por qualquer órgão do Estado. Nesse contexto, em sua opinião, o sigilo bancário não está sujeito a intervenções estatais e a intrusões do poder público destituídas de base jurídica idônea. “A administração tributária, embora podendo muito, não pode tudo”, asseverou. O decano afirmou que a quebra de sigilo deve se submeter ao postulado da reserva de jurisdição, só podendo ser decretada pelo Poder Judiciário, que é terceiro desinteressado, devendo sempre ser concedida em caráter de absoluta excepcionalidade. “Não faz sentido que uma das partes diretamente envolvida na relação litigiosa seja o órgão competente para solucionar essa litigiosidade”, afirmou. O presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, último a votar na sessão desta quarta, modificou o entendimento que havia adotado em 2010, no julgamento do RE 389808, quando a Corte entendeu que o acesso ao sigilo bancário dependia de prévia autorização judicial. “Tendo em conta os intensos, sólidos e profundos debates que ocorreram nas três sessões em que a matéria foi debatida, me convenci de que estava na senda errada, não apenas pelos argumentos veiculados por aqueles que adotaram a posição vencedora, mas sobretudo porque, de lá pra cá, o mundo evoluiu e ficou evidenciada a efetiva necessidade de repressão aos crimes como narcotráfico, lavagem de dinheiro e terrorismo, delitos que exigem uma ação mais eficaz do Estado, que precisa ter instrumentos para acessar o sigilo para evitar ações ilícitas”, afirmou. O relator das ADIs, ministro Dias Toffoli, adotou observações dos demais ministros para explicitar o entendimento da Corte sobre a aplicação da lei: “Os estados e municípios somente poderão obter as informações previstas no artigo 6º da LC 105/2001, uma vez regulamentada a matéria, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001, tal regulamentação deve conter as seguintes garantias: pertinência temática entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de cobrança no procedimento administrativo instaurado; a prévia notificação do contribuinte quanto a instauração do processo e a todos os demais atos; sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico; existência de sistemas eletrônicos de segurança que sejam certificados e com registro de acesso; estabelecimento de instrumentos efetivos de apuração e correção de desvios.” Fl. 3380DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 16 (http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConte udo=310670&caixaBusca=N, acessado em 09/06/2016) DO MÉRITO DA DECADÊNCIA DO PODERDEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO É alegada a decadência do poderdever de constituir o crédito tributário, face ao disposto no art. 150, §4º, do CTN. Não lhe assiste razão. De acordo com a Súmula CARF 38 (vinculante), “O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário”. Assim, em relação ao anocalendário 1998, o fato gerador ocorreu dia 31/12/1998. Como tratase de caso envolvendo dolo de sonegar, com a utilização de interposta pessoa (vide depoimentos do Sr. Clóvis Ferreira da Silva às fls. 1768 a 1780 e termo de constatação à fl. 07), justificase, inclusive, a imposição de multa qualificada, a teor da Súmula Carf 34 (vinculante): Súmula CARF nº 34 (VINCULANTE): Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. Gizese que, de acordo com documentação acostada aos autos pelo inventariante do responsável solidário, o Sr. José Perci Ribeiro da Costa foi condenado, no processo judicial 0002067741999.4036103 (1999.61.03.0021678) pelo crimes de formação de quadrilha, lavagem de capitais e usura (este com prescrição da pretensão punitiva) (fls. 3138 a 3184). Desse modo, são aplicáveis as regras do art. 173, I, do CTN, pelo que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. A omissão de receitas somente pode ser verificada após a entrega da declaração de ajuste anual (DAA), referente ao anocalendário 1998 (DAA 1999), fato que ocorreu tão somente em 29/04/1999 (fl. 1724). Assim, o lançamento somente poderia ser efetuado a partir de 30/04/1999. Dessa forma, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, 1º/01/2000, sendo 31/12/2004 o seu termo final. Ressaltase que a Súmula CARF nº 101 dispõe que “na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado”. Como a ciência ocorreu em 30/09/2004 (fl. 1995), não correu a decadência do crédito tributário. Fl. 3381DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.303 17 O entendimento aqui manifestado é idêntico ao que lastreou o acórdão 2201 002, de 12/02/2015 (processo 13884.003132/200593), em que é contribuinte o Sr. José Perci. Daquele processo extraio: A matéria já é de conhecimento deste Colegiado, tendo sido consolidado o entendimento de que nos casos de ocorrência de dolo, fraude ou simulação devese aplicar a regra do artigo 173, inciso I do CTN segundo a qual o início do prazo decadencial se verifica no primeiro dia do exercício seguinte ao fato gerador, conforme Súmula 101 a seguir transcrita: (...) Devese ressaltar, ainda que o fato gerador do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física ocorre em 31 de dezembro e tem como base de cálculo a soma anual dos valores apurados mensalmente, conforme se verifica da súmula CARF nº 38, aprovada em sessão de 08/12/2009 (conforme Portaria MF 383 de julho de 2010), in verbis: (...) Assim, verificase que de fato não ocorreu a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos no exercício de 1999 (fato gerador ocorrido em 31/12/1999), na medida em que nos termos do artigo 173, inciso I do CTN, não transcorreu período superior a 5 (cinco) anos entre o primeiro dia seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (1º/1/2001) e a data de ciência do lançamento (09/09/2005) (Grifouse.) SOLIDARIEDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA Quanto à solidariedade passiva tributária do sr. José Perci Ribeiro da Costa, foi alegado que não se pode permitir que, o simples fato de uma pessoa figurar como procuradora de outra configure o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; há de se demonstrar o interesse comum, nos termos do art. 265 do CC, cuja prova é fundamental para a legalidade do ato que utiliza dos termos do art. 124 do CTN. Ocorre que as normas de solidariedade aplicáveis ao direito tributário são específicas, não sendo aplicável o art. 265 do Código Civil. Quanto à solidariedade passiva, dispõe o art. 124, I, do CTN: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem." Convém trazer à balha a lição de Bernardo Ribeiro de Moraes a respeito da solidariedade tributária (Compêndio de direito tributário, 2º vol., 3ª ed., 1995, p. 303): Fl. 3382DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 18 No direito tributário toda dívida será solidária, desde que alcance duas ou mais pessoas, como conseqüência do pressuposto de fato que dá origem à respectiva obrigação. Isto resulta da própria natureza ex lege da obrigação tributária. Esta solidariedade se estabelece sem a necessidade de que a lei o diga expressamente (...) Assim, não há necessidade de previsão em lei ou no contrato para caracterização da solidariedade passiva de que trata o art. 124, inciso I, do CTN. No entanto, o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária deve restar demonstrado nos autos para que se estabeleça a solidariedade passiva, ou seja, a prova do interesse comum cabe à autoridade administrativa. Assim, no caso em apreço, é evidente o interesse direto que o Sr. José Perci nas receitas que originaram o lançamento, não tratando de “simples fato de uma pessoa figurar como procuradora de outra”. Em primeiro lugar, analisemos a relação do Sr. Clóvis Ferreira da Silva com o sr. José Perci Ribeiro da Costa. O sr. Clóvis Ferreira da Silva, titular da conta bancária objeto da autuação, é analfabeto (comprovado pela aposição de sua digital no termo de início da ação fiscal, efl. 06 e na procuração pública da efl. 11 e por seu depoimento à Polícia Federal, no qual assim se declarou, efls. 1768 a 1770) e trabalhou por dezoito anos como peão e capataz na Fazenda Rancho Alegre, de propriedade do Sr. José Perci (ver depoimento à Polícia Federal, efl. 1768). Sua declaração de ajuste anual (DAA), entregue em 16/05/2001, após o início da ação fiscal (23/03/2001) (efls. 14 a 16), evidencia rendimentos tributáveis de R$10.000,00; porém, o Sr. Clóvis, em depoimento à Polícia Federal, em 21/12/2001, alegou desconhecer a existência da referida DAA (efls. 1768 a 1770); ademais, no mesmo depoimento, expressa o desejo de retificar na íntegra sua declaração em depoimento anterior, “pois na ocasião praticamente não pôde se manifestar, sendo que tudo que foi consignado em seu Termo de Declarações foi ditado pelo Advogado Dr. Aarão M. Pinto Neto e pelo seu patrão, José Perci Ribeiro da Costa”; ademais, o Sr. Clóvis relatou que, após a prisão do Sr. Perci, foi despedido e pressionado por sua filha a deixar a cidade, lhe sendo oferecido dinheiro para que fosse morar em outro Estado, “... até a poeira baixar”; foi afirmado, outrossim que sr. Clóvis, a pedido do Sr. Perci, lhe outorgou procuração em 05/09/1991, conferindo a esse amplos poderes para movimentar contas bancárias, poupança e qualquer outra operação bancária, sendo que desconhece de conta bancária aberta em seu nome, bem como dos recibos bancários correlatos; afirmou ainda que o Sr. Perci, como é do conhecimento de todos, é um dos maiores agiotas da região e que teme por sua vida, em razão do referido depoimento. Por outro lado, o Sr. José Perci, alegou que o numerário que transitou pela conta corrente (e de investimento, a ela vinculada) pertencia à pessoa jurídica Cinelândia Telefones Ltda. (doravante, Cinelândia), da qual é sócio administrador. Ora, a referida conta foi aberta em nome do Sr. Clóvis Ferreira da Silva e movimentada pelo Sr. José Perci; a simples alegação de que tais valores pertencem à pessoa jurídica Cinelândia não possui o condão de descaracterizar a omissão de rendimentos por parte daqueles que a movimentaram. Ou seja, há confissão de sua ligação com a movimentação financeira, não havendo como alegar falta de interesse comum em relação aos valores depositados nas referidas contas. Fl. 3383DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.304 19 Com o objetivo de investigar se a movimentação financeira em causa seria resultado da atividade mantida por Cinelândia, a fiscalização, na fase investigatória, juntou sua DIPJ 1999 (efls. 1815 a 1849) e elaborou análise comparativa entre os valores declarados pela pessoa jurídica e os valores aqui discutidos, chegando à conclusão de que os valores relativos a movimentação, no anocalendário de 1998, nas contas poupança viva e contacorrente, respectivamente, n°s 1.965.6217 e 927.9225, após a exclusão dos valores tributados na DAA do Sr. Clóvis Ferreira da Silva, atingiu o montante de R$43.472.503,43 (efl. 1981) enquanto o montante anual proveniente de Outras Receitas e Ganhos de Capital (R$64.840,49) somado ao da Receita Bruta (R$23.000,00) declarados pela Cinelândia na DIPJ 1999, anocalendário 1998, foi de R$87.840,49. Cumpre ressaltar que não há nos autos qualquer prova de que a movimentação financeira pertencia à Cinelândia. O resultado da diligência que teve como finalidade propiciar ao responsável solidário produzir prova nesse sentido será analisado no próximo tópico. Se não restou comprovado que se tratava de movimentação decorrente da atividade mantida pela pessoa jurídica Cinelândia, foi comprovado que o Sr. Perci participou ativamente do referido fluxo financeiro, revestido de interesse pessoal, haja vista a extensa documentação juntada aos autos, quais sejam, as cópias de cheques emitidos pelo Sr. Perci, anexadas às efls. 446 a 1618. DA OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA A tributação em exame tem como base legal o artigo 42 da Lei 9.430, de 1996, a seguir transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano Fl. 3384DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 20 calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) Pelo citado dispositivo legal, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento presumem omissão de rendimentos, desde que a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados na operação. É o que ocorre no presente caso. A partir da vigência do artigo 42 da Lei 9.430, de 1996, os depósitos bancários deixaram de ser modalidade de arbitramento – que exigia da fiscalização a demonstração de gastos incompatíveis com a renda declarada (aquisição de patrimônio a descoberto e sinais exteriores de riqueza), conforme interpretação consagrada pelo Poder Judiciário (Súmula TFR 182), pelo Primeiro Conselho de Contribuintes e artigo 9º, inciso VII, do DecretoLei 2.471, de 1988 (que determinava o cancelamento dos lançamentos do imposto sobre a renda arbitrado com base exclusivamente em valores de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários) – para se constituir na própria omissão de rendimento (art. 43 do CTN), decorrente de presunção legal, que inverte o ônus da prova em favor da Fazenda Nacional. No âmbito do contencioso administrativo fiscal, foi editada a Súmula CARF 26, a fim de consolidar tal entendimento: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Quanto à prova de que os valores movimentados nas contas do contribuinte, Sr. Clóvis Ferreira da Silva pertenciam à sociedade Cinelândia, como relatado, o antigo Conselho de Contribuintes solicitou diligência específica nesse sentido. Cumprindo a diligência, a unidade preparadora solicitou ao recorrente que indicasse as provas pelas quais pretendia demonstrar suas alegações. Fl. 3385DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.305 21 Esse afirmou impossibilidade de indicar as provas por estarem apreendidas pela Delegacia da Polícia Federal de São José dos Campos ou nos autos do processo judicial 1999.61.03.0020678; porém, (a) a Delegacia da Polícia Federal de São José dos Campos informou que não recebeu qualquer pedido de acesso às citadas provas, apesar de estar de posse da documentação de 12/03/2004 a 17/08/2010 (fl. 2583), e, (b) não obstante tenha sido deferido o seu acesso aos autos do processo judicial, o contribuinte não conseguiu demonstrar sequer que buscou acessar tais documentos. Reproduzo do termo de Constatação Fiscal que se seguiu à diligência (efls. 3126 a 3132): Informar se requereu junto a Secretaria da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo para ter acesso aos autos do processo 1999.61.03.0020678, e em caso afirmativo, apresentar comprovação da solicitação; Caso não tenha obtido acesso a tais documentos, apresentar a documentação que comprove tal fato; Resposta: Em 02/09/2010, alega que requereu acesso conforme petições anexas (fl.2234 a 2239) tanto aos autos do processo 1999.61.03.00206708, quanto aos documentos apreendidos pela Policia Federal (fl.2117 a 2129). No entanto, da análise das duas petições constatouse que ambas se referiam, exclusivamente, ao pleito de acessar aos documentos e bens apreendidos que em tese, estariam na posse da Delegacia da Polícia Federal. Desta forma, o contribuinte não comprovou que buscou consultar os 22 (vinte e dois) apensos da Ação Penal 1999.61.03.0020678, acautelados na Secretaria da Sexta Vara Federal Criminal em São Paulo, aos quais foi deferido o acesso pelo prazo de 05 (cinco) dias pelo juiz federal substituto Márcio Rached Millani (fl.1967 e 1968 ); Vale ressaltar que as referidas petições estão datadas de 2007 enquanto a ciência da decisão judicial foi em 17042006, com prazo de 5 dias para acesso a documentação, ou seja, não comprovou a petição a Policia Federal dentro do prazo estabelecido pelo juízo. (...) 1 – Pesquisar a existência de lide judicial e caso positivo, providenciado junto aos sujeitos passivos a identificação de quais documentos deverão compor como provas este processo, para que seja oficiado o correspondente órgão judicial no sentido da vinda de cópias para complementar sua instrução. Resposta: Em atendimento a este item da solicitação foi feita a diligência na pessoa do senhor José Perci Ribeiro da Costa e verificada a existência do processo judicial 1999.61.03.002067 8, além de oficiarse a Policia Federal e a Justiça Federal. Também se intimou o contribuinte sobre quais documentos ele entenderia necessários para compor sua defesa. Obtêmse como resposta a este item as manifestações do contribuinte e resposta aos os ofícios, de acordo com a exposição dos fatos acima relacionados no item II. Fl. 3386DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 22 Com relação a alegação do contribuinte de que os equipamentos eletrônicos em posse da Polícia Federal estavam avariados e com impossibilidade de uso, tem um ponto duvidoso, já que no prosseguimento desta informação, ele faz a seguinte citação "... uma vez que os documentos consubstanciados basicamente em equipamentos eletrônicos estavam avariados, não possuindo a Delegacia, meios para que a representante legal pudesse testá los" (fl.2123). Desta forma, fica realçada a possibilidade do dano nos equipamentos ser apenas físico, e não das informações, o que representaria uma recusa do contribuinte em se obter provas por ele procuradas; Em resposta a ofício deste Serviço de Fiscalização, a Delegacia da Polícia Federal em São José dos Campos informou que os materiais objeto das apreensões realizadas, com base nos IPL's n°s 190036/2001 e 190131/2004, foram encaminhados ao Juízo da 6ª Vara Criminal Federal em 17/08/2010 (fls. 1.697), materiais, estes, que não eram apenas compostos de hardwares e demais mídias eletrônicas, tendo no seu bojo diversos documentos em papel, verificandose que o contribuinte recusou se a receber equipamentos eletrônicos, no entanto, não ficou comprovada a tentativa de retirada do restante da documentação apreendida, que poderia fazer prova a alegação da contribuinte, tais como contratos de faturização, notas fiscais, recibos de pagamentos, etc, restando nítido que estes documentos ficaram à disposição do contribuinte; Portanto, a comprovação efetiva darseia com a apresentação de documentos físicos como: Notas Fiscais de Faturização, Contratos de Faturização e outros, que o contribuinte alega ter sido apreendido, mas se mostrou incapaz de indicar em quais itens dos diversos termos de apreensão eles estariam relacionados, se limitando a informar que os elementos necessários para o deslinde da situação estavam nas mídias eletrônicas. Como se vê, além do controle eletrônico mantido pelo contribuinte (por exemplo, planilhas, relações de clientes, etc), a prova do alegado se dá basicamente por documentação em papel, a qual teria sido supostamente apreendida, mas em nenhum momento,houve prova de tentativa de sua retirada perante a Polícia ou a Justiça Federal; 2 Deve compor também o procedimento investigatório complementar, a verificação junto à empresa Cinelândia Telefones Ltda para identificar a escrituração dos depósitos e créditos bancários que serviram de suporte à renda presumida neste lançamento e quanto aos correspondentes pagamentos de tributos. Resposta: Em atendimento a este item da solicitação foi feita a diligência na empresa Cinelândia Telefones Ltda, a qual apresentou apenas o livro caixa de 1998 (fl. 1768 a 1955), alegando para os demais documentos comprobatórios os fatos explicitados no item II do presente relatório e os acima expostos. Da análise do livro caixa de 1998 concluise que os valores escriturados no livro Caixa de 1998 são incompatíveis com a Fl. 3387DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.306 23 movimentação financeira mantida em conta corrente pelo contribuinte. (Grifouse.) Em sua manifestação do resultado da diligência, o responsável solidário asseverou que todas as provas de que os depósitos bancários constituíam receita da Cinelândia, decorrentes de operações de faturização estavam registrados nos computadores dessa sociedade, os quais, segundo alega, não lhe teriam sido lhe disponibilizados. No entanto, em ofício encaminhado pela Polícia Federal (efl. 2583) é afirmado que o recorrente “não protocolizou nenhuma requisição para acesso dos documentos apreendidos”. Em outro momento processual (resposta à intimação, efls. 3003 a 3015) alega que compareceu à Delegacia da Polícia Federal em São José dos Campos e verificou que os equipamentos eletrônicos estavam avariados, “conforme comprova anexa certidão”. Pois tal certidão não foi localizada por este relator. Em sentido contrário, porém, foi possível localizar laudo pericial no equipamento eletrônico, elaborado por Peritos Criminais Federais, que atestam a integridade das mídias analisadas (efls. 2602 a 2608). Ademais, na sentença penal, julgada em 26/10/2010, em que foi réu o Sr. José Perci, restou reconhecido que a Cinelândia era utilizada para mascarar os crimes de usura, lavagem de dinheiro e de quadrilha, pelos quais o recorrente restou condenado (efls. 3138 a 3184): Segundo o laudo de exame econômicofinanceiro, foram constatados créditos de quase R$2.000.000,00 (dois milhões de reais) e faturamento de menos de R$70.000,00 (setenta mil reais), de modo que “os peritos descartam qualquer operação regular que possa justificar tal fato” (fl. 3292) (efl. 3167) (...) Realmente, de todo o conjunto probatório produzido no presente processo, temse por bastante claro o modus operandi da quadrilha. O crime a ser praticado era o de usura, consubstanciado na cobrança de juros extorsivos, mediante meios coercitivos de cobrança. A liderança da quadrilha era exercida por JOSÉ PERCI, responsável pela maioria dos negócios, com a participação de seus filhos MARIA DO CARMO, MARIA APARECIDA E FERNANDO. Para ocultar a origem dos valores obtidos das vítimas, ficou claro que, ao menos, JOSÉ PERCI, MARIA DO CARMO E FERNANDO exigiam que os pagamento fossem feitos em nome de terceiros – como o laranja CLÓVIS e os demais membros da família, ou, como era curial, fossemlhe outorgadas procurações para a transmissão de imóveis pertencentes as vítimas. (...) (efl. 3169) Além disso, o responsável solidário, em sua manifestação em decorrência da diligência (efl. 3136, item 16), cita outros processos administrativos fiscais, os quais analisam outras contas bancárias, outros contribuintes e outros anoscalendário, mas, tendo o Sr. José Perci como responsável tributário, também procurouse relacionar as respectivas receitas à Cinelândia. Fl. 3388DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 24 Processo 13884.004171/200311, em que é contribuinte Maria do Carmo, filha do recorrente. Sendo a contribuinte, também parte do esquema criminoso, foi acolhida a ilegitimidade passiva do recorrente, pela falta de investigação complementar quanto a pertencer as respectivas receitas à pessoa jurídica Cinelândia. O procedimento naquele processo difere, na espécie, do presente, pela oportunização de prova ao contribuinte de que as receitas pertenciam à pessoa jurídica, como já analisado. Do voto do relator no processo 13884.004171/200311 extraio: (b) Titularidade da empresa Cinelândia Telefones Ltda. Compõe também o conjunto probatório indiciário, a participação do pai na empresa Cinelândia Telefones Ltda, praticamente de sua titularidade, porque em montante equivalente a 95% no capital social, enquanto a composição deste com sua esposa, com quem era casado sob regime de comunhão universal de bens. Conhecido esse detalhe, a ligação com o uso das contas correntes bancárias sob procuração e com movimentação elevada poderia permitir a conclusão por uma ilegalidade caracterizada vulgarmente como "caixa 2" da empresa de sua titularidade. (c) Mudança de atividade da empresa Cinelândia Telefones Ltda. A transformação da empresa Cinelândia Telefones Ltda em Cinelândia Factoring Fomento Mercantil Ltda ou a criação dessa nova empresa conduz ao raciocínio de que a atividade de troca de cheques, compra de títulos com deságio, inerentes àquela de factoring já estava sendo desenvolvida havia algum tempo pelo próprio titular com uso das instalações da pessoa jurídica, mas disfarçada porque não constante da escrituração desta. Essa afirmativa é reforçada também pelo confronto das conclusões possíveis de extrair dos processos indicados no Relatório, evidência de que José Percy participou em diversos períodos como "responsável solidário" em função de movimentar contas bancárias de significativa expressão financeira sem que externasse a terceiros essa autoria (...) h) Julgado em que José Percy R da Costa era parte responsável. (...) Nesta situação, foi informado à autoridade fiscal, ainda durante o procedimento investigatório, em 10 de outubro de 2003, sobre a efetiva titularidade dos depósitos e créditos bancários como pertencentes à empresa Cinelândia Telefones Ltda, fls. 734 e 735, vIV, embora afirmação não fundada em documentos de prova direta desse conteúdo. A autoridade fiscal interpretou essa informação como de efeitos não significativos para resolução da situação fática e decidiu pela estruturação da exigência com base na dita presunção e nas provas disponíveis. Essa atitude, no entender deste que escreve, Fl. 3389DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.307 25 contrária à formalização correta do crédito tributário por meio dessa prova indiciária. Em face do conjunto probatório indireto posto, tenho por mim que o dever funcional era de investigar a referida indicação, não apenas por força do dito parágrafo 3°, mas também pela determinação daquela do artigo 845, § 1°, do Decreto n° 3.000, de 1999, Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, citada. Frente a esse conjunto de elementos probatórios indiciários e em razão da falta do aprofundamento da investigação durante o procedimento fiscal, bem assim, no procedimento complementar de diligência, permanece a dúvida quanto à titularidade e adequação da base presuntiva decorrente das contascorrentes em que José Percy R. da Costa detinha outorga de poderes. Essa dúvida permite invalidar a correspondente parcela da exigência em razão da conformação obrigatória aos requisitos da legalidade e certeza para permanência e eficácia. Processo 13884.004578/200330, em que é contribuinte Fernando José Leite da Costa, filho do recorrente: reconhecida, por maioria, a decadência do crédito tributário. Sem análise de outras questões de mérito. Processo 13884.003881/200404, em que é contribuinte Cinelândia telefones Ltda. Foi dado provimento ao recurso voluntário, uma vez que comprovada a origem dos depósitos mantidos em conta corrente a margem da escrituração. Processo 13884.003882/200441, em que é contribuinte Cinelândia telefones Ltda. Sendo reflexo do processo 13884.003881/200404, também foi dado provimento ao recurso voluntário, pelas mesmas razões. Desse modo, o recorrente, mesmo com a diligência específica para este fim, não conseguiu provar que as receitas em apreço seriam da titularidade de pessoa jurídica. Competia ao recorrente provar a veracidade do que afirma, segundo o disposto na referida Súmula CARF 32, no art. 42 da Lei 9.430, de 1996 e, ainda no art. 36 da Lei 9.784, de 1999 (texto legal que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal): Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Corroborando tal tese, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: Allegare nihil et allegatum non probare paria sunt — nada alegar e não provar o alegado, são coisas iguais. (Habeas Corpus nº 1.1710 — RJ, R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 4, (39): 211276, novembro 1992, p. 217) Alegar e não provar significa, juridicamente, não dizer nada. (Intervenção Federal Nº 83 — PR, R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (66): 93116, fevereiro 1995. 99) Fl. 3390DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR 26 DA IMPOSIÇÃO DE MULTA O recorrente afirmou que a imposição da multa (225%) não pode prosperar, pois a Constituição Federal, em seu art. 145, § Iº, estabelece como princípio geral o respeito à capacidade econômica do contribuinte e a aplicação de multa acaba transgredindo a vedação ao confisco, nos termos do art. 150, inciso IV, da CF. Em petição protocolada em 20/08/2015, peticiona o espólio do Sr. José Perci, representado pela inventariante, Gicélia Moreira da Costa (efls. 3247 a 3277), no qual solicita, em face do falecimento do responsável tributário, que seja excluída a multa, e repisa o seu caráter inconstitucional. Como já exposto, questões envolvendo o controle repressivo de constitucionalidade não podem ser conhecidas pelo Carf (Súmula 02). Quanto à imposição da multa, é aplicável ao caso o art. 23, § 3º, do Decreto 3.000, de 1999 (RIR 99), pelo qual “Os créditos tributários, notificados ao de cujus antes da abertura da sucessão, ainda que neles incluídos encargos e penalidades, serão exigidos do espólio ou dos sucessores” (Grifouse.): Art. 23. São pessoalmente responsáveis (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 50, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 131, incisos II e III): I o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelo tributo devido pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão, do legado, da herança ou da meação; II o espólio, pelo tributo devido pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. (...) § 3º Os créditos tributários, notificados ao de cujus antes da abertura da sucessão, ainda que neles incluídos encargos e penalidades, serão exigidos do espólio ou dos sucessores, observado o disposto no inciso I. Assim, descabe o cancelamento da multa aplicada. DO ADITAMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO Em 07/06/2016, Foi realizado aditamento ao recurso voluntário, pelo qual o espólio do Sr. José Perci, representado pela inventariante, Gicélia Moreira da Costa (efls. 3296 a 3313), solicita que seja reconhecido vício material, decorrente de erro de sujeição passiva, desta vez porque o Sr. José Perci deveria ser qualificado como “contribuinte” e não como mero “responsável solidário”, em violação ao art. 121 do CTN e ao art. 42, § 5º da Lei 9430, de 1996. Tal aditamento não merece ser conhecido, uma vez que não há previsão no Decreto nº 70.235, de 1972 ou no Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Fl. 3391DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 13884.002919/200413 Acórdão n.º 2301004.716 S2C3T1 Fl. 3.308 27 Portaria MF 343, de 2015 (Ricarf) que permita tal aditamento, uma vez ocorridas as preclusões temporal e consumativa. Ademais, suas razões estão em contradição com toda a sua defesa até o presente momento, no qual sustentou, em sede de impugnação e de recurso voluntário que as receitas seriam pertencentes à Cinelândia, tendo inclusive solicitado diligência nesse sentido deferida pela Turma que por primeiro apreciou seu recurso voluntário. O ordenamento jurídico proíbe comportamento contraditório, sintetizado na máxima nemo potest venire contra factum proprium, fundamentados nos princípios da boafé objetiva, no princípio constitucional da solidariedade social (CF, art. 3º, I, parte final) e nos princípios da lealdade processual e da segurança jurídica. Não é possível ao recorrente se beneficiar de situação de era por ele negada até o presente momento. Nesse sentido, a jurisprudência do STF: (...) 4. “No sistema das invalidades processuais[,] devese observar a necessária vedação ao comportamento contraditório, cuja rejeição jurídica está bem equacionada na teoria do venire contra factum proprium, em abono aos princípios da boafé e lealdade processuais” (HC nº104.185/RS, Segunda Turma, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 5/9/11). 5. Assim, “ninguém pode se opor a fato a que [tenha dado] causa; é esta a essência do brocardo latino nemo potest venire contra factum proprium” (ACO nº 652/PI, Pleno, Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 30/10/14)(...) (HC 121285 / RJ) Conclusão Voto, portanto, por não conhecer das questões acerca das inconstitucionalidades de lei, rejeitar as preliminares, e, no mérito, por NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 3392DF CARF MF Impresso em 30/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR, Assinado digitalmente em 28/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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Numero do processo: 15956.000180/2008-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/06/2003 a 31/07/2007
ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO ADMINISTRATIVO. SUPERVENIENTE PERDA DO FUNDAMENTO DE FATO E DE DIREITO DA DECISÃO DEFINITIVA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE REVER OS SEUS PRÓPRIOS ATOS.
A coisa julgada é apenas uma preclusão de efeitos internos, não tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração não deixa de ser um simples ato administrativo decisório, sem a força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32a ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2006
Os efeitos do ato administrativo definitivo podem ser revistos integral ou parcialmente quando há perda dos fundamentos de fato e de direito de sua emissão. Art. 53 da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (inspirado na antiga Súmula 473 do STF).
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.294
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL para excluir do lançamento o período de concessão do CEBAS (competências até 12/2003 e de 02/2005 a 07/2007).
(assinado digitalmente)
André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Maria Cleci Coti Martins e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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PREV. ISENÇÃO/IMUNIDADE Recorrente ASSOCIAÇÃO DAS URSULINAS DE RIBEIRÃO PRETO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/06/2003 a 31/07/2007 ATO CANCELATÓRIO DE ISENÇÃO. TRÂNSITO EM JULGADO ADMINISTRATIVO. SUPERVENIENTE PERDA DO FUNDAMENTO DE FATO E DE DIREITO DA DECISÃO DEFINITIVA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE REVER OS SEUS PRÓPRIOS ATOS. A coisa julgada é “apenas uma preclusão de efeitos internos, não tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração não deixa de ser um simples ato administrativo decisório, sem a força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário” (MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 32a ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2006 Os efeitos do ato administrativo definitivo podem ser revistos integral ou parcialmente quando há perda dos fundamentos de fato e de direito de sua emissão. Art. 53 da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (inspirado na antiga Súmula 473 do STF). Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para excluir do lançamento o período de concessão do CEBAS (competências até 12/2003 e de 02/2005 a 07/2007). (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi – Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 01 80 /2 00 8- 73 Fl. 2246DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Maria Cleci Coti Martins e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 2247DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 15956.000180/200873 Acórdão n.º 2401004.294 S2C4T1 Fl. 2.247 3 Relatório Tratase de lançamento nº 37.131.9909, lavrado em 23/06/2008, que constituiu crédito tributário relativo às contribuições destinadas a outras entidades e fundos (Terceiros), incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados, no período de 06/2003 a 07/2007, tendo resultado na constituição do crédito tributário de R$ 1.176.136,20 (um milhão, cento e setenta e seis mil, cento e trinta e seis reais e vinte centavos), consolidado em 23/06/08. Em procedimento fiscal anterior àquele que culminou na lavratura do Auto de Infração em comento, constatouse que a entidade não atendia aos requisitos para a concessão do CEBAS, tendo sido emitida Representação Administrativa e Informação Fiscal em 30/06/2004. Posteriormente, conforme Informação Fiscal de 05/04/2007, que deu origem ao Ato Cancelatório n° 002/2007 (09/08/2007), retroativo a 01/01/1998, constatouse que a recorrente não atendia ao art. 55, II, da Lei n° 8.212/91 ausência de CEBAS (processo 17460.000192/200714). Resolvida a questão relativa ao cancelamento de sua isenção, foi iniciado o procedimento fiscal relativo ao lançamento em destaque. Lavrado o Auto de Infração, a recorrente tomou ciência pessoal da autuação em 27/06/2008, fls. 01, e apresentou a impugnação de fls. 232/253, na qual sustentou argumentos similares aos constantes do recurso voluntário. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) de Ribeirão Preto solicitou fossem os documentos relacionados com o cancelamento da isenção juntados ao presente. A fiscalização juntou os documentos solicitados e informou, fls. 307/308, o seguinte: Foi elaborada Informação Fiscal para cancelamento da Isenção, em 05/04/2007, constante do Processo n° 17460.000192/200714 (n° este, recebido no Ministério da Fazenda DRJ RPO PROT SP, quando da fusão ocorrida na forma da Lei n° 11.457/2007), pelo não cumprimento pela Associação do contido no inciso II, do art. 55, da Lei n° 8.212/91. Foi encaminhada via da Informação Fiscal à Empresa através do Ofício n° 229/2007/DRPRIB/ SRP/MPS, de 05/04/2007, com AR Aviso de Recebimento n° 354926303, cientificada em 17/04/2007, com abertura de prazo para apresentação de defesa no prazo de 15 (quinze) dias. A Associação apresentou defesa tempestiva e a decisão culminou no Acórdão de n° 1416.133 9ª Turma da DRJ/RPO (Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP), de 22/06/2007, onde seus membros acordaram por unanimidade de votos, considerar procedente a Informação fiscal, com trânsito em julgado administrativamente e determinou a emissão do Ato Cancelatório. Fl. 2248DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 4 Assim, foi emitido o Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais n° 002/2007, de 09/08/2007, encaminhado à empresa através do Ofício n° 668/2007/DRF/RPO/GAB, de 09/08/2007(fls. 377 a 379) do presente Auto de Infração, recebido pela Empresa em 15/08/2007 AR n° 613319001. Da decisão que cancelou a isenção não coube interposição de recurso administrativo, de conformidade com o estabelecido no § 9o do art. 206 do Decreto n° 3.048/99. Cientificada da informação fiscal em 06/03/2009, a recorrente aditou sua impugnação, insistindo nos fatos narrados em sua peça inicial. A 9ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, no Acórdão de fls. 319 e seguintes, julgou a impugnação improcedente, tendo a recorrente sido cientificada do decisório em 21/10/2009, fls. 331. Especificamente quanto ao resultado do processo no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) publicado em 28/02/2008, o Acórdão a quo entendeu que a recorrente somente a partir daquela data teria passado a atender o requisito do inciso II do art. 55 da Lei 8.212/91. Ficou consignada a conclusão de que o certificado anterior não teve seus efeitos estendidos, pois o CNAS não teria feito qualquer ressalva no novo CEBAS. Em seguida, a DRJ consignou que a discussão sobre a existência de isenção não poderia ser objeto de discussão no presente processo. Como a então impugnante não havia discutido os aspectos fáticos dos fatos geradores, estes foram considerados matéria não impugnada. No recurso voluntário, apresentado em 17/11/2009, fls. 333/343, a recorrente argumenta que: o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) deferiu seu CEBAS conforme anexo 2 da defesa inicial. Em decisão publicada em 28/02/2008, a recorrente teve reconhecida a validade de seu Certificado nos períodos 01/2001 a 12/2003 e 17/02/2005 a 16/02/2008. Diante disso, o Ato Cancelatório 002/2007 teria perdido a validade; o Ato Cancelatório referente ao Acórdão 1674/2006 também foi reformado pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) conforme consta do Anexo 3 da defesa inicial; insiste que preenche todos os requisitos para a imunidade/isenção Suscita a aplicação da Nota DECOR/CGU/AGU 180/2009 ao caso. A recorrente apresentou pedido de desistência em relação aos fatos geradores de 01 a 13/2004 e 01 e 02/2005, fls. 666/669. Encaminhados os autos ao CARF e distribuídos à 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara, os Conselheiros decidiram por converter o julgamento do recurso voluntário em diligência para: 1. Que seja solicitado ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) cópia integral dos processos 71010.002063/2004 61, 71010.002064/200414, 44006.005179/200062 e 71010.000199/199/200518, citados no item 2 da Resolução 35 de fevereiro de 2008 daquele órgão; 2. Após a juntada dos documentos, que seja o presente processo enviado ao titular da DRF/Ribeirão Preto para que este se pronuncie sobre a legalidade integral do Ato Cancelatório 002/2007 e, caso conclua pela ilegalidade parcial, realize, se Fl. 2249DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 15956.000180/200873 Acórdão n.º 2401004.294 S2C4T1 Fl. 2.248 5 entender cabível, a revisão de ofício do referido Ato, juntando o eventual novo documento aos autos. Entendeu a Turma que, especificamente quanto ao resultado do processo no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) publicado em 28/02/2008, remanesce produzindo efeitos o Ato Cancelatório 002/2007 até que seja retirado do mundo jurídico por autoridade competente para tanto. Todavia, como o único fundamento do Ato Cancelatório 002/2007 restou afastado em relação aos períodos para os quais foi reconhecida a existência de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS), caberia a sua revisão. Ficou consignada a discordância em relação ao posicionamento adotado no Acórdão a quo que apontou que a decisão do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) de 28/02/2008 teria efeitos apenas ex nunc em relação à isenção. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), de fato, não decidiria sobre isenção, mas decidiria sobre o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). Quem decide se a recorrente possuía ou não CEBAS válido em determinado período não é a Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB) e sim o CNAS. Sendo o CEBAS requisito para a isenção, a decisão definitiva sobre esta deveria ter aguardado o pronunciamento final do CNAS sobre o certificado por se tratar de questão prejudicial, o que não foi feito (em que pese não impediria o respectivo lançamento fosse realizado para evitar a decadência dos fatos geradores relativos a períodos nos quais a isenção estava sendo questionada). Consignouse ainda na Resolução que, com a decisão definitiva posterior do CNAS com efeitos ex tunc, o Ato Cancelatório 002/2007 restaria desprovido de fundamentos em relação ao período de 01/01/2001 a 31/12/2003 e 17/02/2005 a 16/02/2008. Porém, como a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) no processo 17460.000192/200714 alcançou a definitividade na esfera administrativa, caberia diligenciar para se apurar se a decisão do CNAS já alcançou a definitividade na esfera administrativa para, em momento posterior, avaliarse os rumos do lançamento. No Despacho de Diligência (fls. 2.579 dos autos 15956.000178/200802), a DRF explica que a Resolução 35/2008 (publicada em 28/02/2008) CNAS deferiu pedidos de renovação do CEBAS: processo/CNAS n.º 44006.005179/200062, com validada assegurada de 01/01/2001 a 31/12/2003; e processo nº. 71010.000199/200518, com validade assegurada de 17/2/2005 a 16/02/2008. Sobre o Ato Cancelatório, entendeu a DRF que não tem competência para julgar matéria transitada em julgado com decisão da DRJ Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento/Ribeirão Preto (após ampla defesa concedida a Entidade) e que culminou no Acórdão n.º 1416.133 datado de 22/06/2007. A recorrente se manifestou (a partir das fls. 2.587 dos autos 15956.000178/200802). É o relatório. Fl. 2250DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 6 Voto Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Relator Ato Cancelatório. Trânsito em julgado Administrativo. Superveniente Perda do Fundamento de Fato e de Direito. Conforme Despacho de Diligência de fls. 2.579, a Resolução 35/2008 (publicada em 28/02/2008) CNAS deferiu pedidos de renovação do CEBAS: processo/CNAS n.º 44006.005179/200062, com validada assegurada de 01/01/2001 a 31/12/2003; e processo nº. 71010.000199/200518, com validade assegurada de 17/2/2005 a 16/02/2008. Estes períodos cobrem todas as competências que remanescem em discussão, tendo em vista que a recorrente apresentou pedido de desistência em relação aos fatos geradores de 01 a 13/2004 e 01 e 02/2005, fls. 666/669. Os fundamentos do presente lançamento são a ausência de CEBAS (fático) e, consequentemente, o não cumprimento do artigo 55, II, da Lei n° 8.212/91 (de direito). Respeitando o procedimento então vigente, a fiscalização emitiu Ato Cancelatório de Isenção, que era condição sine qua non para o lançamento das contribuições. Este Ato Cancelatório de Isenção transitou em julgado administrativamente. A partir de tal cancelamento, o gozo da isenção somente voltaria a ocorrer após novo pedido de isenção (artigo 55, § 1°, da Lei n° 8.212/91). O Ato Cancelatório de Isenção transitou em julgado administrativamente, mas, para parte do período analisado, sobreveio a concessão retroativa do CEBAS (01/01/2001 a 31/12/2003 e 17/2/2005 a 16/02/2008). Parecenos que o trânsito em julgado administrativo não é óbice para o reconhecimento da superveniente perda do fundamento fático e de direito para a sua emissão. Com efeito, para o período de 01/01/2001 a 31/12/2003 e de 17/2/2005 a 16/02/2008, o Ato Cancelatório não merece prosperar, visto que a entidade passou a ostentar o CEBAS e, consequentemente, a cumprir o artigo 55, II, da Lei n° 8.212/91. Com relação aos argumentos relativos à definitividade do ato cancelatório, consigno que a própria utilização da expressão “coisa julgada” para a matéria administrativa é criticada pela doutrina. Maria Sylvia Zanella Di Pietro afirma que “não se pode simplesmente transpor uma noção, como a coisa julgada, de um ramo, onde tem pleno fundamento, para outro, em que não se justifica” (Direito administrativo. 19a ed. São Paulo: Atlas, 2006). Hely Lopes Meirelles ressalta que a coisa julgada administrativa seria “apenas uma preclusão de efeitos internos, não tem o alcance da coisa julgada judicial, porque o ato jurisdicional da Administração não deixa de ser um simples ato administrativo decisório, sem a força conclusiva do ato jurisdicional do Poder Judiciário” (Direito Administrativo Brasileiro. 32a ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2006). Portanto, entendemos que os efeitos do ato administrativo definitivo podem ser revistos integral ou parcialmente, até porque é isso que determina o art. 53 da Lei n° 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (inspirado na antiga Súmula 473 do STF): Fl. 2251DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 15956.000180/200873 Acórdão n.º 2401004.294 S2C4T1 Fl. 2.249 7 Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Assim, embora para o período posterior 31/12/2003 e anterior a 17/2/2005 (competências 01/2004 a 01/2005) a entidade continue a não fazer jus à isenção, no período de concessão do CEBAS (01/01/2001 a 31/12/2003 e 17/2/2005 a 16/02/2008), não subsiste o fundamento fático e jurídico do lançamento. Como o lançamento abrangeu as competências 06/2003 a 31/07/2007, devem ser excluídas as competências de 06/2003 a 12/2003 e de 02/2005 a 07/2007, mantidas, portanto, as competências de 01/2004 a 01/2005 (período sem ulterior concessão do CEBAS). Pelo exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, excluindo do lançamento as competências de 06/2003 a 12/2003 e de 02/2005 a 07/2007. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 2252DF CARF MF Impresso em 02/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
score : 1.0
Numero do processo: 16561.000200/2007-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon May 16 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1401-000.170
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
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Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva– Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias Trata o presente feito de auto de infração em que se discute a incidência do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e a contribuição social sobre o lucro líquido – CSLL sobre o lucro, rendimentos e ganhos de capital auferidos por intermédio de controladas e coligadas no exterior, nos termos do art. 74 da medida provisória nº 2.15835/2001. A constitucionalidade de referido dispositivo está em julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 611.586, sob regime de repercussão geral. Ainda, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 65 61 .0 00 20 0/ 20 07 -2 1 Fl. 622DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 16561.000200/200721 Resolução nº 1401000.170 S1C4T1 Fl. 3 2 no RE 540.410, o ministro César Peluso “decidiu estender a aplicação do art. 543B do Código de Processo Civil aos recursos cujo tema constitucional apresente repercussão geral reconhecida pelo Plenário, ainda que interpostos contra acórdãos publicados antes de 3 de maio de 2007” (RE 574.975). Segundo o art. 62, § 1º Código de Processo Civil, “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543b, do CPC”. Ainda, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento da repercussão geral conduzirá |à aplicado no art. 543B do CPC. Senão, veja se: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. (sem grifos no original). Ainda, a Portaria nº 138, de 23 de julho de 2009, do Supremo Tribunal Federal, impõe que todo processo onde tiver havido repercussão geral deverá ser sobrestado, independentemente de determinação expressa nesse sentido. Leiase o dispositivo, in verbis: PORTARIA Nº 138, DE 23 DE JULHO DE 2009 O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 543B, § 5º, do Código de Processo Civil, com a redação da Lei nº 11.418/06, e no art. 328, parágrafo único, do Regimento Interno, com redação da Emenda Regimental nº 21/07, RESOLVE: Art. 1º Determinar à Secretaria Judiciária que devolva aos Tribunais, Turmas Recursais ou Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais os processos múltiplos ainda não distribuídos relativos a matérias submetidas à análise de repercussão geral pelo STF, os encaminhados em desacordo com o disposto no § 1º do art. 543B, do Código de Processo Civil,bem como aqueles em que os Ministros tenham determinado sobrestamento ou devolução. Pelo exposto, entendo deva o presente feito ficar sobrestado até ulterior análise da questão constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Fl. 623DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA Processo nº 16561.000200/200721 Resolução nº 1401000.170 S1C4T1 Fl. 4 3 Transitada em julgada a decisão do Excelso Pretório, retornem os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 624DF CARF MF Impresso em 16/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANTONIO ALKMIM TEIXEIRA, Assinado digitalmente em 20/03/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/12/2012 por ALEXANDRE ANT ONIO ALKMIM TEIXEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.720387/2008-47
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
IRPF - DEDUTIBILIDADE DE DESPESA MÉDICA - COMPROVAÇÃO DA EFETIVIDADE DAS DESPESAS.
É obrigação do sujeito passivo a comprovação da efetividade das despesas médicas. No caso, o conjunto probatório foi considerado suficiente para essa comprovação.
Numero da decisão: 9202-003.694
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento do Recurso Especial do Contribuinte. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Heitor de Souza Lima Junior, que entendem que a fiscalização pode fazer ilações, sob pena de lhe ser tolhido o poder fiscalizatório.
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente.
Gerson Macedo Guerra - Relator.
EDITADO EM: 29/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente).
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 IRPF - DEDUTIBILIDADE DE DESPESA MÉDICA - COMPROVAÇÃO DA EFETIVIDADE DAS DESPESAS. É obrigação do sujeito passivo a comprovação da efetividade das despesas médicas. No caso, o conjunto probatório foi considerado suficiente para essa comprovação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento do Recurso Especial do Contribuinte. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Heitor de Souza Lima Junior, que entendem que a fiscalização pode fazer ilações, sob pena de lhe ser tolhido o poder fiscalizatório. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente. Gerson Macedo Guerra - Relator. EDITADO EM: 29/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente).
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É obrigação do sujeito passivo a comprovação da efetividade das despesas médicas. No caso, o conjunto probatório foi considerado suficiente para essa comprovação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento do Recurso Especial do Contribuinte. Votaram pelas conclusões os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira e Heitor de Souza Lima Junior, que entendem que a fiscalização pode fazer ilações, sob pena de lhe ser tolhido o poder fiscalizatório. Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente. Gerson Macedo Guerra Relator. EDITADO EM: 29/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 03 87 /2 00 8- 47 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente). Relatório Tratase de notificação de lançamento decorrente de procedimento de revisão da declaração de ajuste apresentada no exercício 2007 pelo contribuinte em epígrafe, reduzindo o valor a restituir originalmente apurado, mediante glosa de despesas médicas, por falta de comprovação ou previsão legal para dedução. O contribuinte declarou pagamento a maior ao plano de saúde, pagamento de despesas médicas do cônjuge, que elaborava declaração em separado e despesas de tratamento dentário próprias, em relação às quais apresentou os respectivos recibos, porém não comprovou a respectiva transação financeira. Apenas houve impugnação com relação às despesas médicas próprias, momento em que o contribuinte juntou novamente os documentos apresentados no procedimento de fiscalização, quais sejam: (i) recibos carimbados pela profissional prestadora dos serviços; (ii) declaração da profissional quanto aos serviços prestados; (iii) documentação ortodôntica composta de laudo radiográfico e prontuário descriminando cada procedimento realizado e respectivas datas. No âmbito da DRJ a impugnação foi julgada improcedente, ao argumento de que a simples disponibilização dos recibos não atende aos requisitos legais exigidos para a regular dedução das despesas, devendo o contribuinte também comprovar o respectivo pagamento pelos serviços. Após análise do tempestivo recurso voluntário oposto pelo contribuinte a 1ª Turma Especial dessa 2ª seção de julgamento, a ele negou provimento em decisão assim ementada: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. POSSIBILIDADE. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar elementos de prova da efetividade dos correspondentes pagamentos. Nessa hipótese, se o contribuinte não logra fazêlo, são mantidas as glosas efetuadas. Recurso Voluntário Negado" Cientificado em da decisão, o contribuinte interpôs recurso especial tempestivo, nos termos do art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), no qual alega divergência com os acórdãos nºs 10617.215 e 10244.707, conforme ementas a seguir: Fl. 91DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.720387/200847 Acórdão n.º 9202003.694 CSRFT2 Fl. 91 3 "Acórdão nº 10617.215 ASSUNTO IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS (IRPF) Ano calendário: 2000, 2001, 2002. DESPESAS DEDUTÍVEIS. RECIBOS DOS PAGAMENTOS DAS DESPESAS QUE CUMPREM AS FORMALIDADES DA LEGISLAÇÃO. GLOSA UNICAMENTE BASEADA NA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS PAGAMENTOS E EM EVENTUAL DESPROPORÇÃO ENTRE AS DESPESAS E OS RENDIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. É ônus de a autoridade autuante comprovar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinar a matéria tributável, calcular o montante do imposto devido e identificar o sujeito passivo, na forma do art. 142 do Código Tributário Nacional. Assim, cabe a autoridade fiscalizadora fazer a prova necessária para infirmar os recibos de despesas dedutíveis acostados aos autos pelo fiscalizado, comprovando a não prestação do serviço ou o não pagamento. Não se pode, simplesmente, glosar as despesas médicas com base em eventual desproporção entre as despesas e os rendimentos do fiscalizado, ou pelo fato deste não comprovar documentalmente o pagamento, já que o contribuinte, em relação a este último ponto, não está obrigado a liquidar as obrigações representativas dos serviços por títulos de créditos, podendo fazer a liquidação em espécie. Ainda, diversas declarações dos profissionais ratificando a prestação do serviço foram juntadas aos autos, o que confirma higidez das despesas dedutíveis, devendo restabelecêlas. Recurso voluntário provido." "Acórdão nº 10244707 IRPF. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. Tendo o contribuinte comprovado com documentos hábeis e idôneos os efetivos dispêndios efetuados com despesas médicas, há de ser restabelecida a dedução pleiteada na Declaração de Rendimentos, com base nos recibos por serviços médicos prestados ao contribuinte e seus dependentes. Recurso parcialmente provido." Após demonstrar a divergência jurisprudencial, o contribuinte apresenta suas razões recursais, resumidas nos seguintes pontos: 1. O contribuinte cumpriu fielmente o comando legal juntando os recibos com indicação do nome, endereço e CPF, e, indo além, juntou radiografia, declaração do dentista e ficha clínica, comprovando a efetividade do tratamento realizado; Fl. 92DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 2. cabe a RFB cobrar do firmatário dos recibos os valores eventualmente não declarados, e não considerar como não pagos esses valores pelos contribuintes que tomaram os serviços, conforme já decidiu o TRF 4; 3. considerando a legislação aplicável, a exigência de apresentação de cheques apenas seria cabível na ausência dos recibos, já que a própria lei diz serem os cheques documentos supletivos, apenas passíveis de apresentação na falta de outros; 4. apenas se cogita glosar as deduções se houvesse argumento de falsidade quanto aos recibos apresentados, o que não ocorreu no presente caso, pois. em momento algum a fiscalização questiona a validade dos documentos apresentados; 5. sob esses fundamentos, o contribuinte pede o provimento de seu recurso visando a reforma do acórdão em questão para considerar dedutíveis as despesas odontológicas comprovadas mediante recibo de pagamento. Intimada do Recurso do Contribuinte a União, tempestivamente, apresentou contra razões alegando: 1. que a Lei exige a comprovação do pagamentos efetuados para permitir a dedução da despesa; 2. que os documentos juntados suprem a comprovação do pagamento, de modo que não restou comprovada a prestação dos serviços. Este é o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator É certo que toda as deduções pleiteadas na declaração de rendimentos estão sujeitas a comprovação a juizo da autoridade lançadora (art. 73 do Decreto n' 3.000, de 26 de março de 1999, R1R/99). No caso das despesas médicas, o artigo 80, do RIR/99, fundado na Lei n a 9250, de 26 de dezembro de 1995, assim dispõe: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Em relação à comprovação dos pagamentos, assim dispõe o § 1º, inciso III, do referido artigo 80: § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) Fl. 93DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10980.720387/200847 Acórdão n.º 9202003.694 CSRFT2 Fl. 92 5 III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; De acordo com o dispositivo legal acima transcrito, podem ser deduzidos da base de cálculo do ajuste anual os pagamentos efetuados pelo contribuinte dentistas, desde que relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes. Ainda de acordo com a lei, o contribuinte deve comprovar as despesas médicas incorridas mediante apresentação de documento que especifique o pagamento, com indicação do nome, endereço e CPF ou CNPJ de quem prestou o serviço. Apenas na falta desse documento a lei admite a indicação do cheque nominativo como comprovação dos pagamentos. Logo, até prova em contrário, atendidos os requisitos legais, os recibos fornecidos pelo profissional da área de saúde nos quais esteja consignado que o pagamento deuse em razão de tratamento prestado ao contribuinte ou a seus dependentes são documentos hábeis para comprovar a prestação do serviço . A legislação não exige que o profissional discrimine o serviço prestado, até porque eles devem guardar sigilo em razão do exercício de sua profissão. Além disso, não há na legislação nada que proíba o pagamento em dinheiro e, muito menos, que obrigue o contribuinte a apresentar outra prova que demonstre a transferência efetiva de numerário (cópia de cheque, saque da conta corrente do contribuinte ou depósito feito na conta do beneficiário etc), além do próprio recibo fornecido pelo prestador do serviço. Nesse sentido, cabe invocar o art. 320 do Código Civil, em que se admite o uso de instrumento particular, corno os recibos ora analisados, como forma de quitação das obrigações: Art. 320 A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da divida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o• lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante Assim, não cabe à fiscalização fazer ilações quanto à forma de pagamento sem apresentar elementos de prova contundentes que conduzam a conclusão de que os serviços não foram efetivamente prestados. No presente caso, os recibos anexados, a declaração do profissional, bem como a ficha descritiva das atividades comprovam a efetividade de serviços de ortodontia prestados durante o anocalendário fiscalizado, havendo a perfeita identificação da profissional de acordo com os requisitos legais (nome, endereço e CPF ou CNPJ do prestador do serviço), razão pela qual deve ser restabelecida a dedução nesse valor a titulo de despesas médica. Caso duvidasse da idoneidade dos recibos apresentados pelo contribuinte, caberia a fiscalização ter se aprofundado mais na ação fiscal, diligenciando junto ao Fl. 94DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 profissional, ou carreando outros elementos de prova que pudessem demonstrar, de forma incontestável, que tais documentos não correspondiam aos fatos neles contidos, o que não ocorreu. Diante disso, voto pela procedência do Recurso Especial do contribuinte. A maioria da Turma entende que é obrigação do sujeito passivo a comprovação da efetividade das despesas médicas e que, no caso, o conjunto probatório foi considerado suficiente para essa comprovação. Gerson Macedo Guerra Relator Fl. 95DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por GERSON MACEDO GUERRA, Assinado digitalmente em 30/03/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 11968.000802/2009-54
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon May 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/11/2008 a 28/02/2009
PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decreto-lei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.712
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/11/2008 a 28/02/2009 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 08 02 /2 00 9- 54 Fl. 464DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 465 2 Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Auto de Infração que exige da contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Julgando o feito, a Turma recorrida negou provimento ao recurso voluntário, nos termos do Acórdão 3801004.841. No que diz respeito à denúncia espontânea, o Colegiado a quo decidiu que esse instituto é inaplicável para afastar a exigência da multa em comento. Após tomar ciência do mencionado acórdão, a Contribuinte apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei 12.350, de 2010, para afastar a multa que lhe foi imputada pelo Fisco. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º a 3º do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.552, de 26/04/2016, proferido no julgamento do processo 11128.007573/200648, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9303003.552): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele tomo conhecimento. Importante observar, quanto à comprovação da divergência, que recorrido e paradigma trataram da exigência da mesma penalidade (art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966) e foram proferidos após 28/07/2010 (data da publicação da MP 497, convertida na Fl. 465DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 466 3 Lei 12.350, de 20/12/2010). Além disso, ambos citaram expressamente as alterações promovidas pela mencionada lei na redação do art. 102, § 2º, do DecretoLei 37/66, que trata da denúncia espontânea, apesar de tal consignação não ser imprescindível. Todavia, os arestos confrontados, que guardam identidade fática e jurídica, chegaram a resultados opostos quanto à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea sobre a exigência da penalidade em foco. Não há dúvida, portanto, quanto à existência de dissenso jurisprudencial. A matéria devolvida a este Colegiado cingese, exclusivamente, à possibilidade de aplicar a denúncia espontânea, após a alteração promovida pela Lei 12.350/2010, para afastar a exigência da multa pelo atraso na prestações de informações sobre veículo ou carga nele transportada. Não vejo como dar razão à pretensão da Contribuinte, sob pena de aniquilar o cumprimento, com observância dos prazos estabelecidos pela legislação, do dever instrumental de prestar informação. Aplicandose o entendimento defendido pela Recorrente, os prazos estipulados pela legislação aduaneira, para prestar informações à RFB, poderiam ser descumpridos pelo sujeito passivo sem punição, tendo como única condição que a prestação das informações seja efetuada antes do início de ação fiscal. Ou seja, os prazos para a apresentação de informações seriam bastante elásticos, a depender de cada caso, e não prazos fatais, como é a regra na legislação tributária. Por concordar na íntegra com os fundamentos, e por aplicarse à solução do presente litígio, adoto o voto proferido pelo ilustre Conselheiro Solon Sehn no Acórdão 3802 002.314, de 27/11/2013, do qual transcrevo os seguintes excertos: "O Recorrente alega ainda que as informações sobre o embarque foram prestadas antes da lavratura do auto de infração. Portanto, nos termos do art. 138, caput, do Código Tributário Nacional (CTN), a multa deveria ter sido excluída em razão da caracterização da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A aplicabilidade da denúncia espontânea às “obrigações acessórias” é sustentada por parte da doutrina com base na expressão “se for o caso”, encontrada no caput do art. 138 do CTN. Nesse sentido, cumpre destacar as lições de Hugo de Brito Machado, Luciano Amaro e Sacha Calmon Navarro Coêlho: 'Como a lei diz que a denúncia há de ser acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido, resta induvidoso que a exclusão da responsabilidade tanto se Fl. 466DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 467 4 refere a infrações das quais decorra o não pagamento do tributo como a infrações meramente formais, vale dizer, infrações das quais não decorra o não pagamento do tributo. Inadimplemento de obrigações tributárias meramente acessórias' 1. 'A expressão ‘se for o caso’ explicase em face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações acessórias, não acarretam, diretamente, nenhuma falta de pagamento de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136). Outras infrações, porém, de um modo ou de outro, resultam em falta de pagamento. Em relação a estas é que o Código reclama o pagamento' 2. 'Se quisesse excluir uma ou outra, teria adjetivado a palavra infração ou teria dito que a denúncia espontânea elidiria a responsabilidade pela prática de infração à obrigação principal excluindo a assessória, ou viceversa. Ora, onde o legislador não distingue não é lícito ao intérprete distinguir segundo cediço princípio de hermenêutica' 3 Essa interpretação, porém, não foi acolhida pela Jurisprudência, consoante se depreende dos seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça: 'TRIBUTÁRIO. MULTA MORATÓRIA. ART. 138 DO CTN. ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. 1. O STJ possui entendimento de que a denúncia espontânea não tem o condão de afastar a multa decorrente do atraso na entrega da declaração de rendimentos, pois os efeitos do art. 138 do CTN não se estendem às obrigações acessórias autônomas. 2. Agravo Regimental não provido.” (STJ. 2ª T. AgRg nos EDcl no AREsp 209663/BA. Rel. Min. Herman Benjamin. DJe 10/05/2013).' (...) A mesma interpretação foi adotada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF nº 49: 'A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na 1 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 27. Ed. São Paulo: Malheiros, 2006, p. 182 e ss. 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10 Ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 437. 3 COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Teoria e prática das multas tributárias. 2. Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p. 105106. Fl. 467DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 468 5 entrega de declaração', que foi fruto de reiterados julgados do Câmara Superior de Recursos Fiscais (...). A discussão, entretanto, foi reaberta em face da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, decorrente do art. 40 da Lei nº 12.350/2010: Art. 102. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988). § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). (...) De fato, a Lei nº 12.350/2010 resultou da conversão da Medida Provisória n.º 497/2010. De acordo com a exposição de motivos desta, seu objetivo foi 'deixar claro' que o instituto da denúncia espontânea aplicase a todas as penalidades pecuniárias, inclusive multas isoladas vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória, conforme se depreende da leitura da exposição de motivos: '40. A proposta de alteração do § 2º do art. 102 do DecretoLei nº 37, de 1966, visa a afastar dúvidas e divergência interpretativas quanto à aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da imposição de determinadas penalidades, para as quais não se tem posicionamento doutrinário claro sobre sua natureza. [...] 43. Fundamentalmente, o Linha Azul é um procedimento simplificado que propicia às empresas habilitadas um menor percentual de seleção para os canais de verificação amarelo e vermelho e conferência aduaneira das declarações selecionadas realizada prioritariamente, Fl. 468DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 469 6 inclusive com compromisso de tempo máximo para essa conferência estipulado. Esse procedimento segue a orientação internacional de Operadores Econômicos Autorizados OEA, ou seja, de credenciamento de operadores legítimos e confiáveis para operar no comércio exterior com menores entraves burocráticos. 44. A avaliação sistêmica da empresa candidata ao Linha Azul inclui a realização, previamente à adesão, de uma auditoria de controles internos para autoavaliação de seus controles e procedimentos aduaneiros, referente, no mínimo, aos quatro últimos semestres civis. O objetivo dessa autoavaliação é induzir a empresa a verificar o cumprimento da legislação aduaneira (controles administrativos e fiscais), com reflexo na garantia da regularidade dos registros aduaneiros e do recolhimento dos tributos devidos. Exigese, sempre que a auditoria de controles internos aponte irregularidades, que sejam apresentados documentos que comprovem o seu saneamento ou a adoção das providências cabíveis para a sua solução. 45. No caso específico, o que se tem verificado é que, durante o processo de auditoria, as empresas têm constatado reiterados erros em declarações de importação registradas e desembaraçadas no canal verde de conferência e, como forma de sanear a irregularidade para cumprimento do programa, apresentado a relação desses erros na unidade de jurisdição e adotado as respectivas providências para a retificação das declarações aduaneiras. 46. Todavia, ao adotar essa providência, mesmo que a empresa não tenha que recolher quaisquer tributos, ela pode estar sujeita à imposição da referida multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (multa isolada), disciplinada no art. 711 do Regulamento Aduaneiro, ainda que espontaneamente tenha apurado tais erros e adotado as providências para a sua regularização, o que onera por demais o processo de adesão à Linha Azul. 47. A proposta de alteração objetiva deixar claro que o instituto da denúncia espontânea alcança todas as penalidades pecuniárias, aí incluídas as chamadas multas isoladas, pois nos parece incoerente haver a possibilidade de se aplicar o instituto da denúncia espontânea para penalidades vinculadas ao nãopagamento de tributo, que é a obrigação principal, e não haver essa possibilidade para multas isoladas, vinculadas ao descumprimento de obrigação acessória.' (EMI nº 111/MF/MP/ME/MCT/ MDIC/MT). Todavia, cumpre considerar que, nas obrigações acessórias ou deveres instrumentais, o sujeito passivo está Fl. 469DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 470 7 vinculado a um fazer ou nãofazer, sem expressão econômica, destinado a facilitar a fiscalização e a arrecadação dos tributos4. Podem assumir os conteúdos mais variados, desde a manutenção de escrituração fiscal regular, da descrição adequada do bem importado na declaração de importação, emissão de nota fiscal, bem como da apresentação de informações para a Fazenda Pública dentro dos prazos previstos na legislação tributária. Em razão disso, na aplicação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devese analisar o conteúdo da “obrigação acessória” violada. Isso porque nem todas as infrações pelo descumprimento de deveres instrumentais são compatíveis com a denúncia espontânea, como é o caso das infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo. Essa importante distinção foi evidenciada em voto do eminente Conselheiro José Fernandes do Nascimento, no Acórdão 310200.988. 3ª SJ, C1, 2ª TO, S. de 22/08/2013: O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme 4 CARVALHO, Paulo de Barros. "Curso de direito tributário". 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 277349. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 471 8 expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citada a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face Fl. 471DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 472 9 da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Destarte, a aplicação da denúncia espontânea às infrações caracterizadas pelo fazer ou nãofazer extemporâneo do sujeito passivo implicaria o esvaziamento do dever instrumental, que poderia ser cumprido há qualquer tempo, ao alvedrio do sujeito passivo. Exegese dessa natureza comprometeria toda a funcionalidade dos deveres instrumentais no sistema tributário. Destacase, nesse sentido, a doutrina de Yoshiaki Ichihara: 'Caso se entenda que o descumprimento de dever instrumental formal possa ser denunciado e corrigido sem o pagamento das multas decorrentes, na prática não haverá mais infração da obrigação acessória. Seria, a rigor, uma verdadeira anistia, que somente poderá ser concedida por lei específica. Exemplificando, uma empresa que deixou de registrar e escriturar livros fiscais, com a denúncia espontânea da infração, se assim se entender, não haverá mais multa, e a aplicação da lei tributária estará integralmente frustrada' 5. Entendese, portanto, que a denúncia espontânea (art. 138 do CTN e art. 102 do DecretoLei n° 37/1966) não alcança as penalidades exigidas pelo descumprimento de dever instrumental caracterizado pelo atraso na prestação de informação à administração aduaneira. (...)" O objetivo do art. 138 do CTN é estimular o contribuinte que não pagou os tributos a fazêlo e regularizar a situação, resgatando as pendências deixadas e não conhecidas pelo fisco, que recebe o que deveria ter sido pago e cuja satisfação, não fosse a iniciativa do contribuinte, talvez jamais ocorresse. Tal norma objetiva estimular o cumprimento espontâneo das obrigações tributárias. Porém, a responsabilidade pelo cometimento das infrações restará afastada apenas com o reconhecimento e cumprimento da obrigação, preservando assim a higidez do sistema, não se podendo ver nela nenhum estímulo à inadimplência. De fato, a jurisprudência dominante em nossos tribunais não admite a configuração da denúncia espontânea ante a prática de determinados atos, que representam 5 ICHIHARA, Yoshiaki. Sanções tributárias questões sugeridas. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Sanções administrativas tributárias. São Paulo: DialéticaICET, 2004, p. 502. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 473 10 infrações à legislação tributária. Várias são as decisões no sentido da inaplicabilidade do art. 138 do CTN no descumprimento do prazo quanto às obrigações acessórias. Vejamos: “DENÚNCIA ESPONTÂNEA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INAPLICABILIDADE. 1. Inaplicável o instituto da denúncia espontânea quando se trata de multa isolada imposta em face do descumprimento de obrigação acessória.” (STJ, 2ª T. AgRg no Resp 916.168/SP, Herman Benjamin, mar/09) No mesmo sentido do entendimento ora defendido, manifestouse recentemente o e. Tribunal Regional Federal da 4ª Região, conforme se infere do enunciado da ementa e dos trechos do voto condutor do julgado, a seguir transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966. 2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas. 3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...]Voto. [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...] (BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 5005999 81.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013) (grifo acrescido) Fl. 473DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 474 11 Importante observar que, no mesmo sentido da mencionada decisão do TRF da 4ª RF, existe a Súmula CARF nº 49 A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Todavia, não se trata aqui de aplicar a Súmula 49 para resolver o presente litígio, uma vez que proferida antes das alterações promovidas pela Lei 12.350/2010. A intransigência em matéria de controles administrativos aduaneiros se justifica, muito mais do que pela questão tributáriofinanceira, pela questão da defesa do Estado nacional. A falta de pagamento de tributo, ou de parte dele, não é o único dano que se faz aos cofres públicos e à sociedade no descumprimento das regras de controle aduaneiro. Muitas vezes, a administração tributária prioriza a arrecadação de tributos e não enfatiza as razões dos controles não tributários ou aduaneiros. Assim, pode ficar a impressão de que não havendo falta de pagamento de tributos não há dano efetivo ao erário, mas essa é uma falsa observação. Cabe a administração aduaneira cumprir as decisões dos demais órgãos do Poder Executivo e de Acordos Internacionais, relativamente à saúde, à defesa da economia, à defesa dos interesses culturais, do patrimônio histórico, da segurança pública, entre outros. São atribuições fundamentadas em conhecimentos que ultrapassam largamente aqueles necessários à excelência do trabalho de fiscalização. Ao fazer o julgamento, especialmente por que não há tantos julgadores especializados em nuances do comércio internacional, passase ao largo dos verdadeiros delitos que são cometidos à sombra da ausência de danos fiscais explícitos — quero dizer — da falta de pagamento de impostos. Por último, é de se observar que o entendimento acerca da impossibilidade de aplicar a denúncia espontânea para afastar a multa capitulada no artigo no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DL 37, de 1966, alcança, indistintamente, a exigência dessa penalidade nas diversas situações nas quais é aplicada, tais como: atraso na prestação de informações sobre mercadoria embarcada, sobre atracação de embarcação, sobre vinculação de manifesto de carga, etc. Afastada a aplicação da denúncia espontânea, e diante de recurso do contribuinte, o resultado do julgamento é por negar provimento ao recurso especial, resultado que deve ser aplicado aos demais processos vinculados ao julgamento deste, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). À luz do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo, por Fl. 474DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11968.000802/200954 Acórdão n.º 9303003.712 CSRF‐T3 Fl. 475 12 considerar inaplicável a denúncia espontânea como excludente da multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Fl. 475DF CARF MF Impresso em 23/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/05/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 18/05/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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