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Numero do processo: 13005.000872/2002-40
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000, 2001
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO.
Constitui-se rendimento tributável o valor correspondente ao acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis declarados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte ou de tributação definitiva.
ÔNUS DA PROVA.
Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Não sendo comprovada a suficiência de recursos há de se manter o lançamento tributário.
MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DO PAGAMENTO DO CARNÊ LEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO VINCULADA AO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE.
A multa isolada do carnê leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício sobre o imposto lançado no ajuste anual, esse em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA ADMINISTRATIVA.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
JUROS DE MORA. COBRANÇA NO CURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE.
O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. E a razão é muito simples: como o devedor conhece a data em que a obrigação tributária deve ser cumprida, o inadimplemento ocorre no vencimento e os efeitos da mora a partir daí, de forma que a insurgência do sujeito passivo, em processo administrativo fiscal, não obsta a fluência dos juros incidentes sobre o crédito tributário constituído, sob pena de premiar os contribuintes que não honram seus débitos em época oportuna e utilizam o contencioso administrativo para procrastinar o pagamento de dívidas tributárias. (conforme Acórdão nº 2801-003.544 - 1ª Turma Especial, de 14 de maio 2014)
PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA
Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências ou perícia que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis.
Pedido de Diligência/Perícia Indeferido.
Preliminares Rejeitadas
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2801-003.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos:
Acordam os membros do colegiado:por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa isolada, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
José Valdemir da Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos Almeida, José Valdemir da Silva, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: JOSE VALDEMIR DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Constitui-se rendimento tributável o valor correspondente ao acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis declarados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte ou de tributação definitiva. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Não sendo comprovada a suficiência de recursos há de se manter o lançamento tributário. MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DO PAGAMENTO DO CARNÊ LEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO VINCULADA AO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE. A multa isolada do carnê leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício sobre o imposto lançado no ajuste anual, esse em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA ADMINISTRATIVA. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA. COBRANÇA NO CURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE. O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. E a razão é muito simples: como o devedor conhece a data em que a obrigação tributária deve ser cumprida, o inadimplemento ocorre no vencimento e os efeitos da mora a partir daí, de forma que a insurgência do sujeito passivo, em processo administrativo fiscal, não obsta a fluência dos juros incidentes sobre o crédito tributário constituído, sob pena de premiar os contribuintes que não honram seus débitos em época oportuna e utilizam o contencioso administrativo para procrastinar o pagamento de dívidas tributárias. (conforme Acórdão nº 2801-003.544 - 1ª Turma Especial, de 14 de maio 2014) PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências ou perícia que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. Pedido de Diligência/Perícia Indeferido. Preliminares Rejeitadas Recurso Voluntário Provido em Parte
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Constituise rendimento tributável o valor correspondente ao acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis declarados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte ou de tributação definitiva. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus acréscimos patrimoniais. Não sendo comprovada a suficiência de recursos há de se manter o lançamento tributário. MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DO PAGAMENTO DO CARNÊ LEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO VINCULADA AO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE. A multa isolada do carnê leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício sobre o imposto lançado no ajuste anual, esse em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA ADMINISTRATIVA. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA. COBRANÇA NO CURSO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 08 72 /2 00 2- 40 Fl. 267DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 268 2 O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta. E a razão é muito simples: como o devedor conhece a data em que a obrigação tributária deve ser cumprida, o inadimplemento ocorre no vencimento e os efeitos da mora a partir daí, de forma que a insurgência do sujeito passivo, em processo administrativo fiscal, não obsta a fluência dos juros incidentes sobre o crédito tributário constituído, sob pena de premiar os contribuintes que não honram seus débitos em época oportuna e utilizam o contencioso administrativo para procrastinar o pagamento de dívidas tributárias. (conforme Acórdão nº 2801 003.544 1ª Turma Especial, de 14 de maio 2014) PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências ou perícia que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. Pedido de Diligência/Perícia Indeferido. Preliminares Rejeitadas Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos: Acordam os membros do colegiado:por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas, indeferir o pedido de perícia e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa isolada, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente José Valdemir da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos Almeida, José Valdemir da Silva, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 8a.Turma da DRJ/POA. Por bem descrever os fatos, reproduzse abaixo o relatório da decisão recorrida: Mediante Auto de infração, de fls. 121/140, exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento do imposto de renda pessoa física, acrescido de juros de mora, calculados até Fl. 268DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 269 3 31/05/2002, e multa proporcional, multa regulamentar e multa isolada no valor total de R$ 23.300,08, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente aos exercícios de 1999, 2000, 2001, anos calendários de 1998, 1999 e 2000. A fiscalização informa às fls. 122/124 ter constatado omissão de rendimentos do trabalho recebidos de pessoa jurídica, omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas físicas, acréscimo patrimonial a descoberto, falta de informação de bens da declaração de bens e direitos e falta de recolhimento de imposto de renda pessoa física devido a título de carnêleão. O contribuinte apresentou impugnação de fls. 159/162, a qual foi considerada tempestiva conforme manifestações de fls. 172, 177 e 199, com as seguintes alegações: a)Renúncia do litígio das infrações relativas à omissão de rendimentos do trabalho recebidos de pessoas jurídicas e omissão de rendimentos de trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas físicas. Afirmou ter promovido o pagamento integral desta parte do imposto lançado com a redução de 50% da multa aplicada, mais os respectivos juros. b)Impugnação do item 3 – acréscimo patrimonial a descoberto, em razão do equívoco fiscal em presumir a omissão de rendimentos de março/1998 no valor de R$ 23.667,00 demonstrado no anexo 2. Afirmou que a disponibilidade gerada e declarada no patrimônio em 31 de dezembro do ano precedente (1997) e rendimento da venda de veículo em Março/1998. c)Impugnação dos itens 4 e 5 – multa regulamentar e multa isolada pelo fato de que o fisco somente poderá impor multa de ofício isolada se o fizer dentro do períodobase de apuração e pagamento e antes do contribuinte entregar sua declaração de ajuste anual. Adiante, disse que a multa de ofício e as multa formais não podem coexistir na mesma peça impositiva, calculadas sobre idêntica base de cálculo, ou seja, não comporta a cobrança de multa isolada em lançamento de ofício, sob pena de dupla incidência de multa de ofício sobre a mesma infração. A impugnação apresentada foi julgada improcedente, conforme acórdão de ( fls.203/209numeração digital), assim ementado a seguir: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. PRESUNÇÃO LEGAL. A variação patrimonial não justificada através de provas inequívocas da existência de rendimentos (tributados, não Fl. 269DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 270 4 tributáveis, ou tributados exclusivamente na fonte), à disposição do contribuinte dentro do período mensal de apuração está sujeita à tributação. PLANILHAS DE FLUXO FINANCEIRO. ELABORAÇÃO. APURAÇÃO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. Para apuração de variação patrimonial a descoberto devem ser elaboradas planilhas de fluxo financeiro mensal, considerando se as origens e aplicações de recursos existentes em cada mês, computandose os saldos positivos de um no mês seguinte. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens e/ou comprovados pelo contribuinte. Deve o contribuinte fazer prova concreta em contrário para alterar as planilhas elaboradas pela Fiscalização a partir de documentos e da declaração de ajuste anual do mesmo. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÉ LEÃO. É aplicável a multa isolada na hipótese do contribuinte deixar de recolher mensalmente imposto de renda através do carnêleão. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA Nada obsta que se aplique a multa de ofício e a multa isolada por se referirem a diferentes infrações cometidas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão de 1a instância em 18.08.2011(fl.232numeração digital), o contribuinte, representado por seu advogado (fl.240), apresentou recurso em 12.09.2011( fls.243/252numeração digital), reprisando os termos da impugnação,aduzindo ainda em preliminar Diligência fiscal com fulcro nos arts. 37/38 da Lei 9784/99, Prescrição Intercorrente, mora recíproca suspensão dos juros de mora não impulsão do processo e a impossibilidade de concomitância de multas de ofício e isolada e acrescentando o seguinte: É o Relatório Voto Conselheiro José Valdemir da Silva, Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Em PRELIMINAR, argui o Contribuinte Nulidade do Auto de Infração e Prescrição Intercorrente, não merecendo prosperar quais quer das alegações a saber: Fl. 270DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 271 5 (i)Nulidade do Auto de Infração. O artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 1.972, com as alterações introduzidas pela Lei nº 8.748, de 09 de dezembro de 1993, enumera os casos que acarretam a nulidade do lançamento: “Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio.” Vejamos alguns exemplos da amplamente majoritária jurisprudência administrativa a respeito da nulidade do lançamento e do cerceamento do direito de defesa: CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA INEXISTÊNCIA Inexiste nulidade no auto que contém a descrição dos fatos e seu enquadramento legal, permitindo amplo conhecimento da alegada infração. ( Ac. 1º CC 10805.383) PAF NULIDADE AUTO DE INFRAÇÃO Não há que se alegar cerceamento de defesa por inadequado enquadramento legal no Auto de Infração, quando este está mencionado de forma satisfatória, ensejando minuciosa defesa do sujeito passivo. ( Ac. 1º CC 10417073) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE Contendo o auto de infração completa descrição dos fatos e enquadramento legal, mesmo que sucintos, atendendo integralmente ao que determina o art. 10 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, especialmente quando a infração detectada foi simples falta de recolhimento de tributo. ( Ac. 2º CC 20211700). (ii)Prescrição Intercorrente: não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal (Súmula CARF n.11). Súmula CARF n. 11. Na se aplica a prescrição Intercorrente no processo Administrativo Fiscal Preliminares rejeitadas (iii)Diligência/Perícia. Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligência ou perícia que entender necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis. Pedido de Diligência/Perícia Indeferido Fl. 271DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 272 6 Ademais a solução da lide está adstrita à análise documental, daquilo que já consta dos autos, portanto não vejo o porquê de se determinar diligências ou perícias, estando suficientemente esclarecido sobre o assunto, com fulcro no art. 18 e 29 do Decreto nº 70.235/1972, indefiro tal pedido. Cuida o presente lançamento de exigência do IRPF sobre acréscimo patrimonial a descoberto, nos anoscalendário de 1998, 1999 e 2000. A tributação do acréscimo patrimonial a descoberto pautouse pelos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2o O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3o O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidas em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. [...] § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Assim, cabe ao contribuinte justificar o acréscimo patrimonial apontado no levantamento da autoridade fiscal, seja indicando rendimentos tributáveis, isentos ou não tributáveis ou, ainda, tributáveis exclusivamente na fonte. Tal sistemática está em consonância com o princípio de que o ônus da prova cabe a quem a alega. Nesse sentido, o artigo 333 do Código de Processo Civil prevê que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito e ao réu, quanto à existência de fato impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor. Importa destacar também que o ônus de provar implica trazer elementos que não deixem nenhuma dúvida quanto a determinado fato questionado. Logo, cabe apenas ao sujeito passivo, e não ao fisco, obter provas da inexistência do acréscimo patrimonial. Observese que o artigo 332 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, estabelece que “todos os meios legais, bem como os moralmente Fl. 272DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 273 7 legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos em que se funda a ação ou defesa”. Desse modo, não havendo hierarquia do valor probante dos meios de prova, excetuado o uso de provas ilícitas (art. 5º, inciso LVI da Constituição Federal de 1988), podese provar qualquer situação de fato por qualquer via. A jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF corrobora o quanto exposto, conforme segue: ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos informado para acobertar acréscimos patrimoniais. – Recurso nº. 150.175 – Sessão de 05/03/2008). A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessário acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio, art. 806 e 855 do RIR/99. “A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessário acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio.” No caso o lançamento foi efetuado com o objetivo de apurar variação patrimonial a descoberto, pelo confronto, mês a mês, das origens e das aplicações de recursos do recorrente. O Recorrente aduz que a autoridade fiscal não considerou como recursos a venda do automóvel de sua propriedade no mês de Março de 1998 pelo valor de R$ 15.000,00 ( quinze mil reais ). Percebese dos autos, que não logrou comprovado a venda do automóvel no mês de Março de 1998, tendo em vista que o documento único de transferência”DUT”verso, data de 20 de Maio de 1998(fl.169). Ademais o automóvel não constou na declaração de bens e direitos do Recorrente no exercício de 1999, ano calendário 1998(fl.12). Nesse aspecto, razão não assiste ao Recorrente, no que concerne ao aproveitamento da venda do automóvel na planilha de fluxo de caixa do mês de Março/1998. Diz ainda, que a fiscalização não levou em consideração a disponibilidade existe na DIPF do exercício 1998 no valor de R$ 10.704,00, referente à diferença dos rendimentos tributáveis deduzido os descontos, pois não se trata de presunção de receitas. Nada obstante o contribuinte não demonstrou nos autos ter os rendimentos que suprisse a variação patrimonial negativa apontado pela autoridade fiscal. Assim, entendo que as alegações trazidas pelo recorrente não são suficientes no sentido de cancelar o lançamento tributário efetuado dentro dos ditames legais que cercam a Fl. 273DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 274 8 matéria, de modo que o acréscimo patrimonial a descoberto apurado pela autoridade fiscal não foi justificado pelo contribuinte, motivo pelo qual o lançamento, bem como a r. decisão recorrida não merece reparos. Penalidade pecuniária ao autuado em decorrência da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física a multa de ofício vinculada ao imposto devido no ajuste anual, no percentual de 75% do imposto, e a multa isolada pelo não recolhimento do carnêleão –, quando as multas têm a mesma base de cálculo. No auto em análise, os rendimentos recebidos de pessoas físicas, cujo imposto deveria ter sido antecipado dentro do ano calendário, estão inclusos na base de cálculo para a apuração do imposto anual, com a aplicação de multa de ofício no percentual de 75% incidente sobre o imposto apurado. Em suma, a cobrança da multa de ofício isolada sobre a omissão de rendimentos percebidos de pessoa física, levaria a uma dupla penalidade, o que não seria admitido em nosso ordenamento jurídico. Transcrevo ementa de julgado nesse sentido: Acórdão n° CSRF/0104.987, sessão de 15 de junho de 2004. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. MESMA BASE DE CÁLCULO. A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1°, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996) e da multa de oficio (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1°, itens II e III, da Lei n°. 9.430, de 1996). Acórdão n° 10616.124, sessão de 28 de fevereiro de 2007. [...] LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA CONCOMITANTE. É de ser afastada a aplicação de multa isolada concomitantemente com multa de ofício tendo ambas a mesma base de cálculo. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1°, itens II e III, da Lei n°. 9.430, de 1996). Fl. 274DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA Processo nº 13005.000872/200240 Acórdão n.º 2801003.673 S2TE01 Fl. 275 9 Acórdão n° 10616.124, sessão de 28 de fevereiro de 2007. DOS JUROS SELIC E SUA FLUÊNCIA NO CURSO DO CONTENCIOSO. A aplicação da taxa Selic é matéria já sumulada por este Conselho, sendo de observância obrigatória neste julgamento, conforme disposição regimental e, portanto, desnecessário alongar a discussão. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Quanto à fluência dos juros no curso do contencioso administrativo, aplicase a Súmula CARF n. 05; "Súmula CARF nº 5 São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral."(grifei) Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas, indeferir o pedido de diligência/perícia e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para afastar a multa isolada. Assinado digitalmente José Valdemir da Silva Fl. 275DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/09/20 14 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 13/09/2014 por JOSE VALDEMIR DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001661/2010-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Aug 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007, 01/12/2008 a 31/12/2008
DESMUTUALIZAÇÃO OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES IMPOSSIBILIDADE DE SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE OPERAÇÃO SOCIETÁRIA
A operação decorrente de documentos societários devidamente registrados na Junta Comercial e de acordo com o objetivo pretendido pelos associados só pode ser desconsiderado, de acordo com a jurisprudência deste Tribunal, se o propósito negocial não for verdadeiro, o que não ocorreu. Outra hipótese seria se a fiscalização comprovasse que o meio escolhido para a desmutualização foi equivocado, nulo ou ilegal e nestes termos revisse o próprio ato societário realizado pela BOVESPA (art. 116, CTN), pois se não for revisto, o ato societário torna-se negócio jurídico perfeito, e não pode ser desconsiderado enquanto válido.
VENDA DE ATIVOS NÃO INCIDÊNCIA DE PIS
A receita decorrente da venda de ativos está fora do campo de incidências da contribuição ao PIS. Bens adquiridos com a intenção de permanência devem ser registrados no ativo permanente.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3302-001.841
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da redatora designada. Vencidos os conselheiros José Antonio Francisco (relator) e Maria da Conceição Arnaldo Jacó, que negavam provimento ao recurso. Designada a Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas para redigir o voto vencedor. Os Conselheiros Gileno Gurjão Barreto e Walber José da Silva apresentarão declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
Walber José da Silva Presidente e Relator Ad Hoc
(Assinado digitalmente)
Fabiola Cassiano Keramidas Redatora Designada
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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P. MORGAN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007, 01/12/2008 a 31/12/2008 DESMUTUALIZAÇÃO OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES IMPOSSIBILIDADE DE SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE OPERAÇÃO SOCIETÁRIA A operação decorrente de documentos societários devidamente registrados na Junta Comercial e de acordo com o objetivo pretendido pelos associados só pode ser desconsiderado, de acordo com a jurisprudência deste Tribunal, se o propósito negocial não for verdadeiro, o que não ocorreu. Outra hipótese seria se a fiscalização comprovasse que o meio escolhido para a desmutualização foi equivocado, nulo ou ilegal e nestes termos revisse o próprio ato societário realizado pela BOVESPA (art. 116, CTN), pois se não for revisto, o ato societário tornase negócio jurídico perfeito, e não pode ser desconsiderado enquanto válido. VENDA DE ATIVOS NÃO INCIDÊNCIA DE COFINS A receita decorrente da venda de ativos está fora do campo de incidências da contribuição à COFINS. Bens adquiridos com a intenção de permanência devem ser registrados no ativo permanente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007, 01/12/2008 a 31/12/2008 DESMUTUALIZAÇÃO OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES IMPOSSIBILIDADE DE SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE OPERAÇÃO SOCIETÁRIA A operação decorrente de documentos societários devidamente registrados na Junta Comercial e de acordo com o objetivo pretendido pelos associados só pode ser desconsiderado, de acordo com a jurisprudência deste Tribunal, se o propósito negocial não for verdadeiro, o que não ocorreu. Outra hipótese AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 16 61 /2 01 0- 90 Fl. 1916DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 746 2 seria se a fiscalização comprovasse que o meio escolhido para a desmutualização foi equivocado, nulo ou ilegal e nestes termos revisse o próprio ato societário realizado pela BOVESPA (art. 116, CTN), pois se não for revisto, o ato societário tornase negócio jurídico perfeito, e não pode ser desconsiderado enquanto válido. VENDA DE ATIVOS NÃO INCIDÊNCIA DE PIS A receita decorrente da venda de ativos está fora do campo de incidências da contribuição ao PIS. Bens adquiridos com a intenção de permanência devem ser registrados no ativo permanente. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da redatora designada. Vencidos os conselheiros José Antonio Francisco (relator) e Maria da Conceição Arnaldo Jacó, que negavam provimento ao recurso. Designada a Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas para redigir o voto vencedor. Os Conselheiros Gileno Gurjão Barreto e Walber José da Silva apresentarão declaração de voto. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva – Presidente e Relator Ad Hoc (Assinado digitalmente) Fabiola Cassiano Keramidas – Redatora Designada Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 1917DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 747 3 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 624 a 689) apresentado em 02 de agosto de 2011 contra o Acórdão no 1631.989, de 09 de junho de 2011, da 7ª Turma da DRJ/SP1 (fls. 596 a 617), cientificado em 14 de julho de 2011, que, relativamente a auto de infração de Cofins e PIS dos períodos de outubro a dezembro de 2007 e dezembro de 2008, julgou a impugnação da Interessada procedente em parte, nos termos de sua ementa, a seguir em parte reproduzida: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/10/2007, 30/11/2007, 31/12/2007, 31/12/2008 RECEITA DECORRENTE DE VENDA DE AÇÕES DA SOCIEDADE BOVESPA HOLDING S/A RECEBIDAS EM DECORRÊNCIA DA DESMUTUALIZAÇÃO DA BOVESPA ASSOCIAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES NO ATIVO CIRCULANTE. INCLUSÃO NO FATURAMENTO. O recebimento de ações da Bovespa Holding S/A, em decorrência da operação de desmutualização da Bovespa Associação, seja em decorrência da devolução de patrimônio representado pelos títulos patrimoniais da associação, seja em decorrência da incorporação de ações da CBLC, caracterizase como aquisição de ativo, e não como mera troca ou substituição. Demonstrada a intenção de venda no curto prazo, devem as ações serem classificadas no ativo circulante, e não no ativo permanente, não cabendo a sua exclusão da base de cálculo da COFINS. O faturamento deve ser entendido como as receitas decorrentes da atividade empresarial típica, o que, no caso dos bancos, inclui a compra e venda de ações de carteira própria. O erro constatado na apuração da base de cálculo da contribuição, por ter sido considerado valor do resultado da venda das ações informado incorretamente em demonstrativo elaborado pelo contribuinte, implica na exclusão, no julgamento, dos valores lançados a maior. A indicação de normas apenas regulamentares no corpo do auto de infração não implica em sua nulidade, tendo sido constatado que a norma legal encontrase explicitada no termo de verificação, do qual o contribuinte teve ciência. A incidência da taxa SELIC encontra previsão legal no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que não pode ser afastado pelo julgador administrativo com base em alegações de inconstitucionalidade, a teor do artigo 26A do Decreto nº 70.235/72. Fl. 1918DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 748 4 [...] Impugnação Procedente em Parte” O auto de infração foi lavrado em 13 de dezembro de 2010, de acordo com o termo de fls. 39 a 46. A Primeira Instância assim resumiu o litígio: Relata o autuante que a Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, associação civil sem fins lucrativos, foi objeto de uma operação denominada de “desmutualização”, em 28 de agosto de 2007, por meio do qual as suas atividades foram transferidas a uma companhia aberta, da seguinte forma: criação da Bovespa Holding S/A; cisão parcial da antiga Bovespa; incorporação do capital cindido, parte diretamente na Bovespa Holding e parte na Bovespa Serviços e Participações S/A (BVSP); incorporação pela Bovespa Holding das ações da BVSP e da CBLC. Os títulos patrimoniais da Bovespa, representativos de seu patrimônio e cuja propriedade era necessária para se ter acesso às operações organizadas pela bolsa e que eram mantidos no Ativo Permanente, foram convertidos em ações da Bovespa Holding, sendo de R$ 2,23 o valor patrimonial unitário dessas ações, em 28.08.2007. O Banco J P Morgan possuía, àquela época, 6 títulos patrimoniais da Bovespa e 2.100 ações da CBLC. Após a reestruturação, passou a ter 8.123.304 ações da Bovespa Holding, sendo 3.882.732 oriundas das ações da CBLC e 4.240.572 dos títulos da Bovespa. A impugnante alienou, em 2007, todas as ações da Bovespa Holding. No caso da BM&F, a desmutualização ocorreu em 20 de setembro de 2007, produzindo efeitos a partir de 01.10.2007. Os detentores dos títulos da BM&F passaram a deter ações da BM&F S/A. Em 1º de novembro de 2007 a fiscalizada vendeu parte das ações da BM&F S/A, e em 2008 alienou o restante. O autuante afirma que, por ter vendido parte das ações pouco tempo após a decisão de desmutualização das bolsas, está clara a intenção de negociação das ações no mercado de renda variável, e não a sua manutenção como investimento permanente, o que a obrigava a classificálas no ativo circulante e não no ativo permanente, conforme artigo 179 da Lei nº 6.404/96, como, aliás, era a orientação da própria Bovespa, no seu Ofício Circular 225/2007 – DG. O estatuto social da autuada dispõe, em seu artigo 3º, que “o banco tem por objeto social a prática de serviços e operações financeiras ativas, passivas e acessórias, inerentes às respectivas Fl. 1919DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 749 5 carteiras autorizadas, de acordo com as disposições legais e regulamentares em vigor”. O AuditorFiscal cita o Parecer PGFN/CAT nº 2.773/2007, que delimita o que se entende por faturamento para as instituições financeiras, para fins de incidência do PIS e da COFINS prevista na Lei nº 9.718/98. A Procuradoria da Fazenda Nacional com base no item 5 do Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços (GATS), promulgado pelo Decreto nº 1.355/94, afirma que o conceito de serviços, para instituições financeiras, compreende a totalidade das atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras em torno do seu objeto social legalmente tipificado, e abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira). Conclui o autuante, então, que a negociação das ações da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A compõe a receita bruta da fiscalizada, caracterizandose uma operação típica, e deve sofrer a incidência do PIS e da COFINS conforme a Lei nº 9.718/98. Assim, calcula as respectivas bases de cálculo como sendo os ganhos em renda variável, e lança os tributos, impondo multa de 75% sobre o valor do principal. Em 12.01.2011 o contribuinte apresentou impugnação (fls. 72 a 119). Inicia afirmando que o lançamento é nulo, por ter sido indicado no campo “enquadramento legal” os artigos 2º, inciso I, alínea “a” e inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22, 26 e 51 do Decreto nº 4.524/02 como fundamento das autuações, sendo que a única menção a dispositivo legal diz respeito ao artigo 18 da Lei nº 10.684/2003, que trata da alíquota de 4% da COFINS. Vê nisso ofensa ao artigo 10, inciso IV do Decreto nº 70.235/72 e ao artigo 142 do Código Tributário Nacional, que obrigam que os autos de infração sejam motivados com a indicação do texto de lei, e não de meros dispositivos regulamentares, o que é decorrência do princípio da legalidade, previsto tanto no artigo 5º, II da Constituição Federal como no seu artigo 37. É requisito de validade do auto de infração que ele contenha a caracterização precisa não só da falta cometida como do dispositivo legal violado, já que as acusações fiscais não suficientes comprovadas originarão o cerceamento de defesa. Sendo assim, pugna pelo reconhecimento da nulidade dos autos de infração. No mérito, cita o artigo 3º, §2º, IV da Lei nº 9.718/98, que exclui da receita bruta para fins de incidência do PIS e da COFINS a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente, para justificar a não tributação da receita decorrente da venda das ações da Bovespa Holding e da BM&F. Fl. 1920DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 750 6 Afirma que o elemento fundamental para decidir se determinado bem deve ser classificado no ativo permanente ou circulante é a intenção da sociedade no momento de sua aquisição, que no caso é o momento em que adquiriu os títulos patrimoniais da Bovespa e da BM&F. O fato de tal ativo (participação societária – títulos patrimoniais) ter sido permutado por outro ativo (participação societária – ações) não enseja tratamento contábil diferente, pois as ações apenas substituíram os títulos originais, não representando ativo novo. Houve alteração apenas de forma, e não de substância, pois o patrimônio subjacente é exatamente o mesmo, tendo a impugnante recebido ações em valores absolutamente equivalentes aos dos títulos. Afirma, com base em doutrina, e no artigo 229, §5º da Lei nº 6.404/76, que a operação de cisão (assim como as de transformação, incorporação e fusão) tem por escopo a continuidade patrimonial da entidade personificada – substância – mas sob outra forma, e por isso a cisão ocorrida na desmutualização não tem o condão de transformar um bem que sempre esteve no ativo permanente em ativo circulante. É da essência da cisão que os sócios recebam participação societária nova em substituição da participação societária anterior, não havendo qualquer devolução de patrimônio da sociedade cindida com conseqüente aquisição de patrimônio novo. Para que houvesse a devolução de patrimônio, os sócios deveriam receber dinheiro ou bens e direitos constantes do ativo da cindida, e jamais ações de outra sociedade, que ficou com o dinheiro ou os bens e direitos eventualmente existentes. A venda de um bem do ativo permanente não gera a sua transferência automática da conta de ativo permanente para ativo circulante, pois, se assim fosse, nunca haveria alienação de um bem do ativo permanente, tornando inócua a previsão do artigo 3º, §2º, IV da Lei nº 9.718/98. Cita nesse sentido a Solução de Consulta nº 36/06, da 7ª Região Fiscal, que dispõe que a mera intenção de alienação de participação societária permanente é incapaz de alterar a classificação, como não operacional, da receita decorrente da eventual concretização da operação. Ainda que não fosse assim, a receita da venda das ações não estão sujeitas à tributação pelo PIS e pela COFINS. Isso porque a impugnante tem em seu favor decisões judiciais proferidas nos autos do Mandado de Segurança nº 1999.61.00.0597414 (PIS) e da Ação Ordinária nº 1999.61.00.0097624 (COFINS). No caso do PIS, houve decisão do TRF da 3ª Região em 30.01.2009 no sentido de considerar como faturamento a receita bruta da venda de mercadorias e serviços. A Fazenda Nacional Fl. 1921DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 751 7 limitouse a apresentar contrarrazões de recurso especial e extraordinário, que se encontram atualmente aguardando juízo de admissibilidade, e por isso, nesse ponto, o acórdão transitou em julgado para a União Federal, o que impedia a autuação fiscal, sob pena de violação à coisa julgada. Quanto à COFINS, houve sentença proferida e mantida em sua integralidade pelo TRF da 3ª Região, afastando a pretensão da Fazenda Nacional de exigir aquela contribuição sobre receitas que não decorram do faturamento, tal como previsto na Lei Complementar nº 70/91 (receita decorrente da venda de mercadorias e/ou prestação de serviços), de modo que o prosseguimento da cobrança viola a autoridade e a supremacia das decisões judiciais, impondose também o cancelamento da multa de ofício com base no artigo 63 da Lei nº 9.430/96. Afirma ainda que não se mantém a exigência feita com base no artigo 2º, parágrafo único do Decreto nº 4.524/02, pois que tal norma regulamentar está fundada no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, já julgado inconstitucional pelo STF, quando do julgamento dos Res 346.084/PR, 390.840/MG, 358.840/RS e 357.950/RS, que estabeleceu o conceito de faturamento como sendo a receita bruta decorrente da venda de mercadorias, de mercadorias e serviços, e de serviços de qualquer natureza. A seu ver, o conceito de faturamento é um só, que não se altera em função do objeto social da pessoa jurídica e em hipótese alguma abarca as receitas financeiras. Se prevalecesse o entendimento do autuante de que o conceito de faturamento varia em função do objeto social de cada contribuinte, a base de cálculo das contribuições em tela estaria sujeita a um grau de incerteza incompatível com uma obrigação tributária, além do que passariam a ser incluídas receitas sobre as quais anteriormente ao advento da Lei nº 9.718/98 jamais se cogitou de sua incidência, como por exemplo os dividendos auferidos por empresas “holding”. Por outro lado, entende que não se pode invocar o Tratado da OMC que incorpora o anexo do GATS para fins de alterar a natureza jurídica das receitas financeiras para fins de incidência do PIS e da COFINS, conforme definida no ordenamento pátrio, e tratálas como serviços, pois é definição feita em sede de tratado internacional apenas para precisar o alcance das normas nele previstas, justamente pela diferente natureza jurídica que o ordenamento interno de cada Estado contratante pode atribuir ao objeto da definição. Nesse sentido, as receitas financeiras estão sujeitas ao IOF, nos termos do artigo 153, V da CF/88 e artigo 63, “caput” e incisos III e IV do CTN, enquanto que os serviços sujeitamse ao ISS, de competência dos Municípios. De todo modo, no caso concreto a receita auferida com a alienação das ações da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A não decorre de qualquer prestação de serviço a cliente seu, sendo absolutamente atípica e excepcional. Fl. 1922DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 752 8 Afirma a impugnante, ainda, que a base de cálculo utilizada no lançamento para o ano de 2008 está incorreta, pois não corresponde aos resultados efetivamente obtidos com a alienação das ações, conforme Extrato de Movimentação Contábil apresentado à fiscalização, que, porém, utilizou planilha elaborada com erro pelo contribuinte. A base de cálculo correta deve ser tomada com base no saldo do extrato de movimentação contábil de 31.12.2008, no valor de R$ 20.837.271,00. Contesta a incidência de juros sobre a multa de ofício, já que, no seu entender, apenas a penalidade que decorre da inobservância da obrigação acessória estaria sujeita a tais acréscimos, pois ela, por si só, consubstancia obrigação principal. Quanto à penalidade acessória ao principal, não se pode falar em incidência de juros, já que o termo “crédito” no artigo 161 do CTN apenas engloba o tributo. Além disso, os artigos 43 e 61 da Lei nº 9.430/96 apenas prevêem juros sobre tributos, contribuições e multas isoladas. Afirma que não se pode exigir a taxa SELIC, pois, além de ser figura híbrida, composta de correção monetária, juros e valores correspondentes a remuneração de serviços das instituições financeiras, é fixada unilateralmente por órgão do Poder Executivo, e extrapola o percentual de 1% previsto no artigo 161 do CTN. Conclui requerendo o reconhecimento da insubsistência dos autos de infração lavrados, se antes não reconhecida a nulidade. No recurso, a Interessada repetiu as alegações apresentadas na impugnação. [...] a desmutualização das Bolsas brasileiras partiu de decisão interna corporis das associações e de seus associados, detentores dos títulos de propriedade, seguindo tendências mundiais do setor; não houve, repitase, qualquer determinação estatal para tanto. [...] Por mais engenhosas que tenham sido as operações societárias que culminaram com a transferência das atividades das Bolsas para uma S.A., não há como fugir da simplicidade dos fatos. Ou seja, ao final das operações, as associações civis sem fins lucrativos estavam extintas e, em seu lugar, constituíramse sociedades anônimas. Ora, os institutos da fusão, cisão e incorporação não são de utilização permitida pelas associações por força do disposto no artigo 1.113 e seguintes do Código Civil, cuja localização topográfica indica sua aplicação somente às sociedades empresárias (Livro II – Do Direito de Empresa; Título II – Da Sociedade; Subtítulo II – Da Sociedade Personificada; Capítulo Fl. 1923DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 753 9 X – Da Transformação, Da Incorporação, Da Fusão e Da Cisão das Sociedades). Corrobora esse entendimento, ou seja, de aplicação daqueles institutos jurídicos somente às sociedades mercantis, a Instrução Normativa Nº 88 do DNRC3, que, em pleno vigor, dispõe sobre o arquivamento dos atos de transformação, incorporação, fusão e cisão de sociedades mercantis. [...] Como se observa, ilustres Conselheiros (as), uma vez que a cisão e a incorporação não podem ser aplicadas às sociedades civis, as operações societárias resultaram, em verdade, na extinção das sociedades civis Bovespa e BM&F. Em casos como estes, a regra aplicável não é outra senão o artigo 61 do Código Civil. Citou trechos de decisões judiciais no sentido de suas alegações. Na sequência, tratou da classificação contábil das ações recebidas pela Interessada, mencionando o Ofício Circular n. 225/2007DG e destacando o seguinte: Ocorre que, por outros instrumentos firmados ao longo do processo de Desmutualização, os Associados da Bovespa se obrigaram, desde o início, a destinar parte das ações recebidas para negociação ou venda em IPO promovida pela S.A. recém criada. Dessa forma, não havia possibilidade de considerar tais ações como investimento, contabilizadas no Ativo Permanente, se, desde o início, já se destinavam à venda. Também mencionou o “Instrumento de Aceitação de Venda de Ações Ordinárias da Bolsa de Mercadorias & Futuros BM&F S.A e Outorga de Poderes” e afirmou que a Fiscalização não teria procedido com base em meras suposições, uma vez que aplicou o disposto no art. 179 da Lei n. 6.404, de 1976, destacando que “a alienação das ações foi realizada até o final do exercício subsequente ao ingresso dos bens no patrimônio do contribuinte – ou seja, entre 2007 e o final de 2008 – conforme atestam os documentos tomados em consideração pela Fiscalização”. A seguir, tratou da tributação dos valores pelas contribuições sociais e da aplicação dos juros sobre a multa. É o relatório. Voto Vencido CONSELHEIRO WALBER JOSÉ DA SILVA – RELATOR AD HOC O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. Fl. 1924DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 754 10 Uma vez que fui designado relator ad hoc, transcrevo a seguir o voto proferido em sessão pelo então Conselheiro Relator José Antonio Francisco. Inicialmente, analisase a questão do sobrestamento do julgamento do recurso, à vista da disposição do art. 62A do Regimento Interno do Carf e do RE n. 609.096. A ementa do acórdão de repercussão geral do referido RE foi a seguinte: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. COFINS E CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. INCIDÊNCIA. RECEITAS FINANCEIRAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CONCEITO DE FATURAMENTO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Podese verificar que se trata de incidência de Cofins e PIS sobre receitas financeiras de instituições financeiras, natureza que, em determinado momento da defesa, a Interessada avoca para definir os resultados tributados no presente auto de infração. Há dois aspectos distintos a serem analisados: primeiramente, a de se a Cofins incide sobre receitas financeiras por ser a obtenção de tais receitas própria da atividade das instituições e, além disso, a existência ou não de sobrestamento dos processos no âmbito do próprio STF. Em relação à primeira questão, como se verá mais adiante, a conclusão dependeria da análise do mérito da matéria, em que se discute a natureza específica dos valores sujeitos à tributação. No tocante à segunda, não houve, no acórdão mencionado, ordem de sobrestamento dos recursos extraordinários, condição para o sobrestamento dos recursos administrativos no âmbito do Carf, de acordo com o dispositivo citado do Ricarf e a Portaria Carf n. 1, de 2012. Além disso, no julgamento da Petição n. 73.745/201STF, em que a Febraban, ao solicitar suas inclusão no processo como “acimus curiae”, requereu o sobrestamento das demais ações e recursos, o relator destacou o seguinte: Quanto ao pedido de suspensão dos processos que tratam da mesma matéria versada nesses autos que tramitam em primeiro e segundo graus, entendo que não merece acolhida. É que os arts. 543B do CPC e 328 do RISTF tratam do sobrestamento de recursos extraordinários interpostos em razão do reconhecimento da repercussão geral da matéria neles discutida, e não de ações que ainda não se encontram nessa fase processual. Além disso, uma vez que esta Corte já reconheceu a repercussão geral da matéria aqui debatida, os recursos extraordinários que versam sobre o mesmo assunto ficarão sobrestados, na origem, por força do próprio art. 543B do CPC. Isso posto, defiro o pedido de ingresso da FEBRABAN na qualidade de amicus curiae e indefiro o pedido de suspensão requerido. Fl. 1925DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 755 11 Publiquese Brasília, 10 de junho de 2011. Ministro RICARDO LEWANDOWSKI Relator Portanto, nada disse o relator sobre o sobrestamento dos RE que estariam pendentes de julgamento no âmbito do STF, condição requerida para o sobrestamento dos recursos no âmbito do Carf. Portanto, não é o caso de sobrestar o julgamento do recurso. Feitas as considerações acima, passa à análise das questões de nulidade. Nessas matérias, descabe razão à Interessada, uma vez que o Regulamento das contribuições baseiamse nas leis que as instituíram, citadas nos dispositivos regulamentares. Quanto aos demais aspectos, adoto os fundamentos do acórdão de primeira instância, com fulcro no art. 50, § 1º, da Lei n. 9.784, de 1998. Quanto ao mérito, a Fiscalização considerou, para concluir que a totalidade das vendas de ações estaria sujeita à incidência das contribuições, os fatos de que a empresa tem como objeto social a negociação de títulos e valores mobiliários, de que adquiriu as ações em questão para revenda e que as vendeu, representando o produto da venda faturamento de venda de serviços, segundo entendimento do Parecer PGFDN/CAT n. 2.773, de 2007. À vista das questões levantadas no recurso, as questões a serem analisadas são: a natureza do resultado da venda das ações após a desmutualização; a caracterização do resultado da venda como faturamento; e a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Em relação à primeira questão, a Interessada alegou, em resumo, que teria havido apenas transformação do patrimônio, que se trataria de bens classificados no ativo permanente e que, portanto, não estaria o resultado sujeito à incidência da Cofins. Em relação a aspecto importante da questão, devidamente destacado abaixo, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região decidiu o seguinte, na AC n. 313.991 (processo n. 000870605.2008.4.03.6100): TRIBUTÁRIO. DEVOLUÇÃO À IMPETRANTE DOS VALORES CORRESPONDENTES A TÍTULOS DA BOVESPA E DA BM&F. INVESTIMENTO INTEGRAL EM AÇÕES DAS MESMAS ENTIDADES, TRANSFORMADAS EM SOCIEDADES POR AÇÕES. DIFERENÇA ENTRE O VALOR INVESTIDO E O VALOR DEVOLVIDO. CARACTERIZAÇÃO DE GANHOS DE CAPITAL. INAPLICABILIDADE DO "MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL". CARACTERIZAÇÃO DE RENDA. DISPONIBILIDADE JURÍDICA. INCIDÊNCIA DO ART. 17 DA LEI 9.532/97. 1. Nos termos da decisão já proferida no dia três do corrente, mantenho meu entendimento no sentido de que a matéria dos autos não se insere na competência da CVM, visto que esta não Fl. 1926DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 756 12 tem função de fiscalizar e exigir o pagamento de tributos, ainda que incidente sobre operações gestadas nas suas atividades típicas, pelo que deve ser indeferido o pedido de retirada do processo de pauta e o seu sobrestamento para manifestação da CVM. 2. Controvérsia sobre a aplicabilidade ou não do art. 17 e seus parágrafos, da Lei 9.532/97, para efeito de incidência do IRPJ e CSLL, sobre ganhos de capital, no tocante aos valores gerados pela atualização dos títulos patrimoniais que a impetrante detinha na BOVESPA e BM&F e que foram convertidos em ações daquelas instituições, quando da cisão em duas novas entidades, operação intitulada "desmutualização". 3. A conversão dos títulos em ações importa em reversão jurídica dos valores a que correspondiam os citados títulos, ainda que tais valores tenham sido integralmente convertidos em ações da entidade que resultou da transformação. 4. Caracterizada a disponibilidade jurídica dos ganhos de capital equivalentes à diferença entre o valor investido pela pessoa jurídica e aquele posteriormente devolvido a ela, configurando renda nos moldes do art. 43 do CTN. 5. A inocorrência de dissolução ou extinção da associação que se transformou em sociedade por ações (art. 1.113 e 2.033 do Código Civil) tem relevância apenas para a preservação da titularidade dos direitos e obrigações da própria sociedade, que não terá solução de continuidade e manterseá íntegra. 6. Todavia, é inegável que a transformação implica em modificação da natureza jurídica das participações societárias ou dos títulos de natureza similar que forem convertidos em ações da neonata pessoa jurídica. 7. Não há como ignorar o fato de que houve, do ponto de vista jurídico, a devolução à impetrante dos valores que correspondiam aos títulos que ela detinha, ainda que estes valores tenham sido inteiramente utilizados na aquisição de ações da nova sociedade. 8. Não há lugar, na hipótese dos autos, para contabilização dos ganhos de capital pelo "método da equivalência patrimonial", posto que este método tem aplicação quando surge a necessidade de encontrar a expressão econômica das participações no capital social de outra pessoa jurídica. 9. Esta não é a hipótese dos autos, em que o capital da impetrante estava investido em títulos e não em participação societária na outra empresa, daí porque as diferenças entre os valores investidos e aqueles devolvidos devem ser tratadas como ganhos de capital, sofrendo incidência do art. 17 da Lei 9.532/97. 10. Não socorrem a impetrante os atos regulamentares e interpretativos editados antes da apontada lei, tal como a Fl. 1927DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 757 13 Portaria MF 785/77, visto que se consideram abrogados pela nova legislação, que cuida especificamente do tema em discussão. 11. Rejeitada a alegação de decadência, haja vista que o fato gerador do IRPJ e da CSLL (devolução dos títulos) ocorreu somente depois que houve a deliberação, em Assembléia Geral Extraordinária, pela transformação da BOVESPA e da BM&F em sociedades anônimas, respectivamente, em 28 de agosto e 20 de setembro de 2007, menos de um ano antes do ajuizamento do presente "mandamus". 12. Improvido o agravo retido, por ausência de verossimilhança das alegações da parte agravante. 13. Apelação improvida. (http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/PesquisarDocumento?p rocesso=00087060520084036100) Portanto, segundo os fundamentos acima citados, os quais adoto plenamente, não houve, no caso, mera transformação para além do objetivo de continuidade e preservação patrimonial , mas alteração substancial do direito em questão, uma vez que a Interessada não era, anteriormente, detentora de ações da nova sociedade. Essa conclusão não é suficiente ao raciocínio que permite a tributação pela contribuição, uma vez que, segunda a Interessada, tratarseia de bem do ativo permanente e não do circulante. A Fiscalização considerou que, desde o início, as ações foram emitidas com a finalidade de venda em curto prazo (Instrumento de Aceitação de Venda de Ações Ordinárias da Bolsa de Mercadorias & Futuros – BM&F S.A e Outorga de Poderes) e, assim, não poderiam ser registradas no permanente. Tal interpretação está de acordo com o art. 179, I, da Lei das SA, sendo aplicável ao caso o Parecer Normativo CST n. 108, de 1978. Conforme consta dos autos, houve orientação no mesmo sentido pelo Ofício Circular n. 228DG, de 2007. Ainda assim, quanto à incidência das contribuições, restaria saber qual a natureza específica das receitas decorrentes da alienação das ações. Alega a Interessada que não representaria faturamento, conceituado como receita bruta da venda de produtos e serviços, à vista da inconstitucionalidade parcial do art. 3º da Lei n. 9.718, de 1998. A respeito da matéria, a Interessada apresentou ação judicial, o que poderia implicar a renúncia às instâncias administrativas de parte da matéria. Nas ações impetradas, a Interessada requereu o reconhecimento do direito de recolher as contribuições com base na Lei Complementar n. 70, de 1991. Fl. 1928DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 758 14 Na referida ação, nada alegou a Interessada especificamente quanto ao tratamento dado aos títulos e valores mobiliários, não negando nem afirmando que se tratassem de mercadorias ou serviços. De fato, a tributação das referidas operações ou é efetuada de acordo com o que foi acima exposto ou de acordo com os §§ 5º e 6º do art. 3º da Lei n. 9.718, de 1998, uma vez que o caput do referido artigo não foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo os referidos §§, as exclusões seriam as mesmas do PIS, que estão definidas na Lei n. 9.701, de 1998, que define a base de cálculo como sendo a “receita bruta operacional auferida no mês”. Portanto, para as instituições financeiras, a base de cálculo é a receita bruta operacional, o que inclui, necessariamente, a venda das referidas ações, conforme já exposto anteriormente. Esclareçase que tais considerações não compreendem inovação, já que a Fiscalização, embora tenha defendido a incidência pela definição de faturamento, também fundamentou a exigência na apuração do resultado operacional e citou expressamente os §§ 5º e 6º do art. 3º da Lei n. 9.718, de 1998. Ademais, o fato de a Fiscalização haver exposto sua interpretação sobre os fatos (de que se trataria de prestação de serviços), não altera a sua subsunção, ainda que não tratasse de serviços, ao que dispõe a lei. Nesse contexto, não é relevante para o deslinde da questão a aplicação do GATS, muito embora a aplicação dos §§ 5º e 6º da Lei n. 9.718, de 1998, ao caso da Cofins e a aplicação das disposições da Lei n. 9.701, de 1995, ao do PIS sejam fundamentais para a questão. À vista do exposto, verificase que a autuação não sofre impedimento por conta das ações judiciais apresentadas, uma vez que as receitas em questão representam faturamento, quer no sentido de receita bruta de vendas de mercadorias, quer no sentido de receita bruta operacional. Cabe ainda um esclarecimento. De respeito de matéria similar tratou o Ac. 20178.009, de 09 de novembro de 2004(RV 126.176), que teve o seguinte fundamento: Parecem ter sido esses os critérios que orientaram a conclusão da fiscalização de que o resultado da operação representaria faturamento: os referidos títulos caracterizamse como bens móveis e as receitas resultam de sua alienação. Entretanto, nem todo bem móvel pode caracterizarse como mercadoria. Segundo o conceito econômico, mercadoria é todo bem que se destina a satisfazer uma necessidade humana. O conceito é abrangente, mas preciso, e pressupõe a existência de consumo. Quem adquire a mercadoria ou tem a intenção de comercializá la (revenda) ou de consumila. Fl. 1929DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 759 15 No mercado, o comércio de mercadorias é feito contra pagamento em dinheiro, por meio de escambo ou cessão de crédito. Assim, há, no moderno mercado capitalista, meios para financiamento da aquisição de mercadorias. Os meios financeiros situamse no campo do financiamento da procura, enquanto que as mercadorias situamse no campo da oferta. O resultado da revenda de mercadorias advém de uma operação de alienação (ato de disposição), mas não se perde de vista que sempre haverá um consumidor disposto a adquirila para consumo. É o caso de uma revenda de um quadro (obra de arte). O resultado da alienação do quadro representa faturamento, pois se está falando de uma mercadoria que será consumida. O consumo, nesse contexto, representa o simples ato de utilização do bem no fim para o qual foi fabricado. No caso do quadro, é a sua exposição numa sala, por exemplo, para embelezamento ou apreciação. Tal não ocorre com os títulos em questão, pois sua finalidade é meramente financeira. Sua emissão tem o propósito de captar recursos no mercado e o adquirente originário e todos os demais têm o único propósito de obter ganhos financeiros, ou com o deságio na aquisição ou com a obtenção de ganhos no resgate. Não se trata, portanto, de bem destinado ao consumo (mercadoria), mas à obtenção de ganhos financeiros. A situação é semelhante à da própria moeda estrangeira e à dos títulos de crédito. Observese que a incidência da Cofins sobre os resultados das empresas que operam no mercado cambial e das “factorings” (que operam com compra de títulos de crédito) ocorre pelo segundo critério (resultado operacional), e não pelo primeiro (conceito estrito de faturamento). Nesse caso, a incidência da Cofins se dá pelo resultado da operação (ganho), e não pelo valor da alienação da moeda estrangeira ou do título de crédito. Por fim, a incidência da Cofins pelo segundo critério (resultado operacional), no caso dos “Tbills”, é impossível, por que não se trata de título de crédito. Portanto, não se pode pretender que a Cofins incida sobre o resultado de alienação dos “Tbills”, nem pelo primeiro nem pelo segundo critérios. A conclusão do acórdão foi de que da operação com títulos mobiliários decorre receita financeira, representada pelo “spread”. Entretanto, tal raciocínio não pode ser aplicado às operações de vendas com ações, que não tem meramente representação monetária, por envolver vários outros direitos (algumas dão direito a representação, todas se qualificam como patrimônio da empresa etc.). Fl. 1930DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 760 16 Uma ação, portanto, é um bem móvel que não representa apenas valor de crédito, tanto é assim que, para efeito do imposto de renda de pessoas físicas, podem gerar ganho de capital em operações de renda variável. Nesse contexto, as ações podem, sim, ser vistas como mercadorias, de forma que o produto de sua venda enquadrase dentro do conceito de resultado das atividades empresariais, que é, segundo já citadas decisões do STF, a base de cálculo das contribuições. Finalmente, quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, a questão foi constatada quando do encaminhamento dos valores devidos, o que não permitiu a discussão prévia da matéria no âmbito da impugnação e do recurso. Vejase que a Portaria SRF n. 379, de 23 de dezembro de 1988, que tinha por pressuposto outra legislação, já revogada, determinava a incidência de correção monetária sobre a multa, o que é situação diversa do caso dos juros de mora. O Parecer SRF/Cosit/Coope/Senog nº 28, de 2 de abril de 1998, estabeleceu o seguinte: 3. Assim, desde 01.01.97, as multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referncial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, desde que estejam associadas a: Inicialmente, no caso da Selic, não havia previsão legal para incidência de juros sobre a multa, mas apenas sobre o tributo. O art. 84 da Lei n. 8.981, de 1995, dispunha expressamente que o tributo ou contribuição não pago no vencimento sujeitarseia à incidência dos juros. Ao instituir a Selic, a Medida Provisória n. 947, de 1995, art. 13, reportouse ao referido artigo, não prevendo incidência de juros sobre a multa. A Lei n. 9.065, de 1995, convertida da mencionada MP, manteve a disposição do art. 13, da seguinte forma: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Entretanto, a Lei n. 9.430, de 1996, art. 61, § 3º, alterou a disposição: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. Fl. 1931DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 761 17 (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. A disposição não diz que os débitos devam decorrer diretamente de tributos e contribuições administrados pela RFB. Como a multa de ofício decorre indiretamente de tributos e contribuições administrados pela RFB, os juros incidem sobre a multa de ofício. À vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva – Relator Ad Hoc Voto Vencedor CONSELHEIRA FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, RELATORA O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele o conheço. A controvérsia dos autos referese à incidência do PIS e da COFINS sobre a receita derivada da venda de participação societária da Recorrente, em sociedades que passaram por processo de transformação (de associações transformaramse em sociedades anônimas). Vale destacar que a tributação imposta no lançamento tem por base as disposições contidas na Lei nº 9.718/98, norma esta que estabelece que a base de cálculo das contribuições é o faturamento (e não a receita bruta). O Fisco entende que as receitas advindas das vendas das participações que a Recorrente possuía na BOVESPA e na BM&F – pós transformação em sociedades anônimas – é tributável pelas referidas contribuições porque (i) tais participações não poderiam estar classificadas no ativo permanente da Recorrente, bem como porque (ii) advém do desenvolvimento de seu objeto social, qual seja, a compra e venda de títulos e valores mobiliários, compondo então a receita do desenvolvimento de suas atividades empresariais, receita esta que corresponderia à base de cálculo do PIS e da COFINS. (i) Do Registro em Ativo Permanente Em primeiro lugar, deve ser analisado se procede o questionamento fiscal, quanto à classificação destas participações societárias em conta do ativo permanente da Recorrente. Para tanto é necessário analisar se, com a transformação das associações em sociedades anônimas as respectivas participações societárias deveriam sofrer reavaliação e reclassificação, sendo retiradas da conta de ativo permanente e transferidas para contas de ativo circulante – como alega a fiscalização. Fl. 1932DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 762 18 Vale destacar que não se discute, em momento algum nestes autos, quanto à adequação da classificação no ativo permanente das participações societárias mantidas pela Recorrente nas associações (antes da transformação da BOVESPA e da BM&F), representada pela propriedade de títulos patrimoniais (que lhes garantia a atuação como corretoras de valores perante as duas instituições). A controvérsia limitase, portanto, ao momento da transformação das associações, quando o Fisco desconsidera a operação societária da forma como realizada pela BOVESPA e BM&F. Assim, para melhor compreensão da matéria, mister se faz dividila em dois aspectos: a primeira questão a ser avaliada referese à (a) operação societária, a qual consequentemente gera efeitos na conclusão da (b) classificação contábil das ações. (i.a.) Da Operação Societária Conforme esclarecido, a premissa da fiscalização para realizar o lançamento fiscal foi interpretar que, em decorrência das operações societárias procedidas, ocorreu a devolução – à Recorrente do capital investido na então associação sem fins lucrativos. Este capital devolvido teria sido novamente investido, agora em outra sociedade. Como não poderia deixar de ser, este novo investimento, em decorrência das regras contábeis, teve que ser avaliado para poder adentrar ao patrimônio da nova sociedade e, uma vez que se tratava de ações, para as quais a Recorrente tinha intenção de venda, o registro contábil deveria ser realizado no ativo circulante. Em outras palavras, o Fisco entende que a conferência das ações das sociedades anônimas (pós transformação) aos associados da BOVESPA e da BM&F, representou uma nova aquisição de participação societária o que implicou na necessidade de reavaliação (e eventual reclassificação) do ativo, quando então, segundo entendimento fiscal, as ações deveriam ser registradas no ativo circulante, pois a Recorrente tinha, naquele momento, a intenção de vender tais ações. A Recorrente, por sua vez, defende que não houve devolução de capital, tampouco “nova” aquisição de participação societária, mas a mera substituição de um tipo de participação (títulos patrimoniais), por outro tipo de participação (ações). O que, portanto, não demandaria a necessidade de nova avaliação ou reclassificação destes ativos. Por este raciocínio, temse que estes ativos seriam, em verdade, o mesmo ativo até então contabilizado, apenas sob uma forma/título diferente. Esta diferença de interpretação realizada pelo Fisco e contribuinte é extremamente relevante, pois na hipótese de tratarse de investimento novo e não de manutenção de investimento antigo, já classificado contabilmente não resta dúvida que haveria a necessidade de nova análise do ativo com a conseqüência de uma nova classificação contábil deste ativo. Resumidos os fatos, passo a analisar as opções apresentadas. De acordo com a interpretação da fiscalização, a operação realizada resultou na devolução do capital para os associados. Mister se faz discorrer sobre este fato. A devolução de capital ocorre quando alguém que detém participação na sociedade decide desligarse ou, ainda, quando uma sociedade se extingue. Em ambas as ocasiões, a sociedade devolve o capital investido ao participante (que deseja se retirar, ou a todos, no caso de extinção). Logo, temse que a devolução do capital alcança as situações em que o ocorrem a extinção do Fl. 1933DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 763 19 investimento, ainda que para aquele associado em particular. Ademais, como este capital foi devolvido ao investidor, este possui total liberdade sobre o destino deste novo capital, o que significa disponibilidade econômica e jurídica. Logo, a operação deve ter a forma e a substância de extinção. Na situação em tela, contudo, formalmente não ocorreu nem uma nem outra hipótese (devolução do capital para todos os associados ou para um associado em particular). Conforme constatado pelo próprio Termo de Verificação Fiscal, a Associação BOVESPA, em agosto/2007, se submeteu a uma operação societária que resultou na versão de boa parte de seu patrimônio para uma pessoa jurídica com fins lucrativos. Nos termos do voto do ilustre Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, proferido nos autos do processo administrativo nº16327.001339/201061, que discutiu matéria idêntica à presente: “Inicialmente, a instituição sujeitouse a uma cisão parcial, com alocação dos ativos e passivos cindidos em duas sociedades, a Bovespa Holding S.A. e a Bovespa Serviços e Participações S.A., ambas constituídas imediatamente antes da operação. Em seguida, as ações emitidas por esta última sociedade foram incorporadas pela primeira, daí decorrendo a formação de uma subsidiária integral. Concluídos os atos societários, portanto, parte dos títulos patrimoniais emitidos pela Associação Bovespa foi extinta e substituída por ações representativas do capital social da incorporadora, a Bovespa Holding S.A., a significar que, no ativo da recorrente e dos demais associados, as novas ações passaram a ocupar a posição dos antigos títulos (a ‘Desmutualização’).” A primeira questão a ser avaliada, portanto, referese à operação societária ocorrida. É possível à associação sem fins lucrativos submeterse a processo de cisão? Mais do que isso, é possível, à fiscalização desconsiderar o procedimento da forma como realizado? Ainda, é possível o entendimento apresentado pela fiscalização? No que se refere à possibilidade de uma associação sem fins lucrativos proceder à cisão, passo a análise dos dispositivos específicos referentes a este assunto. A fiscalização entendeu que, por ser tratar de associação sem finalidade lucrativa, aplicase ao caso o artigo 61 do Código Civil, o qual da seguinte forma determina, verbis: “Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. § 1o Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. § 2o Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.” – destacamos. Fl. 1934DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 764 20 Ao interpretar o dispositivo legal citado, a fiscalização concluiu que não seria possível, a uma associação sem fins lucrativos, transferir patrimônio para uma sociedade com finalidade lucrativa. Por outro giro, em vista desta impossibilidade, o agente fiscal considerou que a operação realizada pela BOVESPA gerou a devolução do patrimônio investido na associação para o associado, o qual procedeu a novo investimento, agora em sociedade com fins lucrativos. Alguns aspectos apresentamse relevantes. O primeiro é: pode ser realizada a cisão? Neste ponto divirjo do entendimento apresentado pela fiscalização. Data vênia, entendo que sim, é possível proceder a cisão, ainda que a parte cindida seja vertida para a constituição de uma sociedade lucrativa. É que entendo que a obrigatoriedade de versão do patrimônio para outra entidade sem fins lucrativos se aplica apenas no caso de dissolução da entidade, isto é, de extinção da personalidade jurídica. Este entendimento está pautado na interpretação dos termos da lei, verbis: “Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, (...) será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes” Vale salientar que não houve extinção das pessoas jurídicas, mas sim transformação. A transformação, por sua vez, de acordo com o Código Civil (artigo 1.1131) e a Lei das S/A (Lei nº 6.404/76 artigo 220), é meio de reorganização societária que se dá independentemente da dissolução ou liquidação da sociedade. Aliás, por tratarse de mera alteração do tipo da sociedade, esta não poderia, mesmo, extinguirse ou liquidarse sob pena de não restar pessoa jurídica para ter seu tipo alterado. Por outro giro, a possibilidade de cisão está prevista no Código Civil, artigo 2.033, que expressamente se refere às entidades sem fins lucrativas, a saber: “Art. 2.033. Salvo o disposto em lei especial, as modificações dos atos constitutivos das pessoas jurídicas referidas no art. 44, bem como a sua transformação, incorporação, cisão ou fusão, regemse desde logo por este Código.” Neste sentido, determina o artigo 44 do mencionado Código: “Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I as associações; II as sociedades; III as fundações. IV as organizações religiosas; 1 Código Civil: "CAPÍTULO X Da Transformação, da Incorporação, da Fusão e da Cisão das Sociedades Art. 1.113. O ato de transformação independe de dissolução ou liquidação da sociedade, e obedecerá aos preceitos reguladores da constituição e inscrição próprios do tipo em que vai converterse." Fl. 1935DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 765 21 V os partidos políticos; VI as empresas individuais de responsabilidade limitada. § 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negarlhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. § 2o As disposições concernentes às associações aplicamse subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. § 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.” Confesso que o procedimento adotado pela BOVESPA suscitou dúvidas nesta relatora, mas não encontrei na legislação a limitação interpretada pela fiscalização, ao contrário, outras entidades sem fins lucrativos como clubes, entidades de ensino, etc já realizaram este procedimento, passando a auferir lucros e apurar tributos na pessoa jurídica cindida. Ademais, apenas a legislação específica que trata das entidades sem fins lucrativos constituídas na forma de Fundação versa sobre o caráter obrigatoriamente público do patrimônio da entidade, no sentido de que uma vez que o patrimônio é propriedade da Fundação, nunca mais poderá ser privado. Neste diapasão, é de meu entendimento que a cisão poderia ter sido realizada e que não houve extinção da pessoa jurídica, como interpretou a fiscalização. Imperioso esclarecer que, com isso não estou validando procedimentos societários abusivos realizados por associados. O ilustre Procurador Federal, ao proceder à sustentação oral em defesa do lançamento da forma como realizado, argumentou que as associações são constituídas e mantidas com incentivo público e que consiste abuso, após a associação estar consolidada justamente por contar com estes incentivos públicos, converter quase totalidade deste patrimônio para a iniciativa privada. Neste particular concordo com a Procuradoria. Realmente, ao proceder a análise sistemática do ordenamento, pareceme abusivo permitir que alguns particulares se aproveitem de patrimônio constituído e consolidado com base em incentivos públicos. A lei permite a cisão, mas não o abuso, operação com este supedâneo deve ser desconstituída por abuso de forma e até mesmo erro de substância. Todavia, in casu o auto de infração não foi lavrado com base na ocorrência de fraude, tanto é assim que não houve majoração de multa para o percentual de 150%. Não houve alegação/comprovação, por parte da Fazenda, de que as operações societárias ocorreram com abuso de forma. De que houve lesão ao patrimônio público. Em conseqüência deste raciocínio, passemos ao próximo ponto, sendo a cisão ilegal para entidades sem fins lucrativos, a fiscalização poderia desconsiderála da forma como desconsiderou? Entendo que não. É importante considerar que a operação societária foi efetivamente realizada, que os documentos societários foram devidamente registrados na Junta Comercial e que não houve desvio de finalidade por parte dos contribuintes envolvidos na operação societária, uma Fl. 1936DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 766 22 vez que os documentos de cisão demonstram claramente o objetivo pretendido pelos associados da BOVESPA. Não resta dúvida que a operação de cisão foi formalmente realizada e aceita. Tais aspectos são relevantes porque, conforme mencionado, a fiscalização desconsiderou a operação da forma como realizada para considerar como ocorrida outra realidade, qual seja, a restituição do capital investido e o novo investimento na pessoa jurídica que procedeu ao IPO. Todavia, a desconsideração precisa ser justificada. Que os fatos ocorreram desta maneira – ainda que formalmente não resta dúvida, assim, como é que poderiam ser desconsiderados? De acordo com a jurisprudência deste Tribunal, os atos podem ser desconsiderados se o propósito negocial, a razão que os justificam, não são verdadeiras. Na hipótese da formalização do procedimento destoar da realidade dos fatos. Ocorre que este não é o caso dos autos. Os fatos demonstram que os contribuintes pretendiam proceder a desmutualização e posterior abertura de capital da BOVESPA, e para atingir este objetivo procederam à cisão. Não houve alteração em relação ao propósito negocial pretendido. Na hipótese de a fiscalização entender que o meio escolhido para a desmutualização foi equivocado, nulo ou ilegal, deveria rever o próprio ato societário realizado pela BOVESPA (art. 116, CTN). Entretanto, o ato da desmutualização, que gerou efeito na contabilidade da Recorrente, não foi revisto. A operação societária realizada até o momento, pelas informações contidas nos autos – consiste em negócio jurídico perfeito e não pode ser desconsiderada enquanto válida. Com este raciocínio, a meu sentir, somente seria possível desconsiderar os efeitos da desmutualização para a Recorrente se a própria operação societária tivesse sido desconsiderada. O ato jurídico que deve ser analisado e, se o caso, desconsiderado, é a operação realizada pela própria BOVESPA, sob pena de se tributar uma ficção jurídica, o que não se admite na legislação. Caso o fato em si – a cisão da BOVESPA – não seja desconsiderado, tem que ser admitido como válido pelo Fisco, uma vez que foi devidamente formalizado e registrado nos órgãos competentes. Esclareço que com isso não estou dizendo que a JUCESP tem o poder de validar atos nulos ou ilegais, apenas que um ato jurídico perfeito tem que ser devida e justificadamente desconsiderado para deixar de surtir efeitos no mundo jurídico. Desta feita, haja vista que a cisão foi realizada, registrada e validada, que não há razão que fundamente a desconsideração do procedimento realizado, posto que o propósito negocial foi devidamente atendido, entendo que não é permitido à fiscalização simplesmente desconsiderar a operação societária de cisão, interpretando que na verdade o que ocorreu foi uma devolução de capital com sucessivo investimento em nova sociedade. Ademais, e agora adentrando no aspecto da substância pretendida pelo Fisco, os investidores não tiveram, entre a desmutualização e a criação na nova sociedade, a disponibilidade jurídica dos valores investidos na entidade sem fins lucrativos, tanto é assim que não tinham opção de investir em outra sociedade qualquer. Este fato não ocorreu e não pode ser presumido. Fl. 1937DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 767 23 Portanto, concluo que a alegação do Fisco de que as ações recebidas quando da transformação da BOVESPA e da BM&F se deu em razão de devolução de capital, não se sustenta. No mesmo sentido, não há de se falar em “novas” empresas ou “novas” participações. As empresas sofreram alteração do tipo societário, modificando a forma de se organizar. O Fisco utiliza este argumento – de que houve devolução do capital – também para justificar seu entendimento de que as ações detidas pela Recorrente não se confundem com os títulos patrimoniais que detinha. Em decorrência do raciocínio acima apresentado, concluo que as premissas adotadas pelo Fisco estão equivocadas. Em primeiro lugar porque, como dito, não houve devolução de patrimônio e, em segundo lugar, porque justamente a equivalência das ações e dos títulos patrimoniais anteriormente detidos, no que se refere aos valores, bem como o fato de ter havido uma transformação do tipo societário, evidenciam que não se trata de nova aquisição de participação, mas mera substituição de um tipo de participação por outro, em razão da transformação das entidades. Tanto assim, que como bem observou o Fisco, quando da substituição dos títulos patrimoniais pelas ações, foi necessário conferir ações que representassem o mesmo valor dos títulos patrimoniais anteriormente detidos. Esta equivalência também evidencia se tratar de mera substituição de um tipo de título representativo de capital por outro. Por esta razão, a interpretação fiscal de que deveria ter sido registrado na contabilidade uma devolução de capital, distribuição de superávit, incorporação de bens e obrigações ao patrimônio da Recorrente, com posterior aquisição de novas participações em “outras” sociedades anônimas, não se mantém, pois esta realidade não ocorreu. (i.b.) Da Classificação Contábil das Ações A questão da operação societária é absolutamente relevante para a análise da classificação contábil das ações recebidas como troca pelos títulos que a Recorrente possuía da entidade sem fins lucrativos. Isso porque pelo raciocínio da fiscalização, como houve um novo investimento, necessária se faria uma nova classificação. Neste sentido, se a classificação contábil correntemente se faz no momento em que o ativo é adquirido, claro que a constituição de uma nova sociedade é o momento de classificação do ativo, assim, no instante da constituição da BM&F, antes da venda das ações, deveria ser verificada a intenção do contribuinte para com o ativo, classificandoo como permanente (se a intenção era de manutenção do investimento a longo prazo) ou circulante (se a intenção era disponibilizar as ações para venda). Todavia, conforme esclarecido, discordo deste posicionamento, no sentido de que a meu ver não se trata de novo investimento, mas de manutenção de investimento antigo, haja vista que não coaduno com a interpretação de que houve a devolução do capital investido mas procedimento de cisão. Fl. 1938DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 768 24 Neste diapasão, a questão que me parece relevante é saber se haveria, para a Recorrente, no momento da desmutualização ou em qualquer outro instante antes da venda das ações, obrigação de reclassificar o ativo, alterando a forma de contabilização de permanente para circulante. É de se observar que os títulos foram adquiridos para o fim de investimento, sem que houvesse a intenção, por parte de Recorrente, de utilizálos para obtenção de lucros. Até porque, à época, a obtenção do título era requisito para a que a Recorrente pudesse operar na Bolsa de Valores. Neste sentido, imperioso relembrar que, como bem esclarece o Parecer Normativo nº 03/80, citado pela Recorrente em sua defesa, temse como regra que a classificação contábil é determinada no momento da aquisição deste bem. Neste sentido, destaco trecho do citado Parecer, verbis: "5. Por conseguinte, tendo em vista os reflexos da alteração pretendida na apuração dos resultados da pessoa jurídica, é evidente que o contribuinte não tem faculdade de classificar as contas, ou reclassificálas, segundo critérios subjetivos de sua conveniência. Ao contrário, impõe se a rigorosa observância dos preceitos da lei comercial e fiscal. 6. Os critérios de classificação a serem observados devem ser aqueles consubstanciados nos arts. 178 a 182, da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976, aplicável por expressa determinação do § 4° do art. 70 do DecretoLei n° 1.598/77. No caso sob exame, a reclassificação, para o ativo circulante, de direitos registrados no ativo imobilizado fere frontalmente disposições do art. 179 da Lei n° 6.404/76. Segundo a alínea I desta norma, somente podem ser incluídos no ativo circulante os direitos de crédito e os que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio ou da indústria da companhia, além das disponibilidades e das aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. (...) 8. Em face do exposto, impõese a conclusão lógica de que a simples pretensão da pessoa jurídica no sentido de alienar bens destinados à utilização na exploração do objeto social ou na manutenção das atividades da empresa não autoriza, para os efeitos da legislação do imposto de renda, a exclusão dos elementos correspondentes registrados em contas do ativo permanente, devendo a cifra respectiva continuar integrando aquele agrupamento até a alienação, baixa ou liquidação do bem." (destaquei) Assim, no momento da desmutualização, não resta dúvida que os títulos estavam registrados no ativo permanente da Recorrente e que esta classificação estava correta. Da mesma forma, pareceme claro que a classificação do bem deve obedecer à intenção de seu proprietário no momento de sua aquisição2, o que aliás, é confirmado pela boa técnica contábil, 2 No presente caso, quando os títulos patrimoniais das entidades foram adquiridos a intenção da Recorrente era mantêlos, até porque deles dependia o desenvolvimento de sua atividade de corretora de valores, na medida em Fl. 1939DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 769 25 que determina a avaliação do bem no momento de seu registro na contabilidade da empresa. Tanto é assim que a fiscalização, para justificar a necessidade de nova classificação do bem, entendeu que houve uma devolução de patrimônio com investimento em nova sociedade, pois sem dúvida neste momento – realização de nova contabilidade – deve ser realizado o registro contábil, bem como deve ser questionada a intenção do contribuinte para referido o bem (se investimento permanente ou não). A dúvida, a meu sentir, é: a modificação de “título” para “ação” é condição suficiente para demandar a revisão/alteração do registro contábil ? Existe um momento para a reavaliação do registro contábil ? As ações são mercadorias ? A fiscalização cita, para justificar a autuação, informação da BOVESPA a todos os associados no sentido de que as ações “trocadas” deveriam ser registradas: no Ativo Circulante, em subconta especifica da conta Títulos. de Renda Variável, se a decisão for a de alienar as ações e no Ativo Permanente, em subconta especifica da conta Ações e Cotas se a decisão for a de considerar essas ações como investimento. Fato é que não consta da nomenclatura jurídica uma regra clara que determine o momento de reclassificação do patrimônio na contabilidade. Neste sentido não se determina que a alteração tenha que ser realizada durante o ano calendário, no exato momento em que a empresa entende pela venda do ativo. Ao buscar as normas complementares que esclarecerem os dispositivos legais e constitucionais, localizei o Parecer Normativo 108/78 – PN que da seguinte forma determina verbis: 7.1 Por participações permanentes em outras sociedades, se entendem as importâncias aplicadas na aquisição de ações e outros títulos de participação societária, com a intenção de mantêlas em caráter permanente, seja para obter o controle societário, seja por interesses econômicos, como, por exemplo, a constituição de fonte permanente de renda. Essa intenção será manifestada no momento em que se adquire a participação, mediante a sua inclusão no subgrupo de investimentos caso haja interesse de permanência ou registro no ativo circulante, não havendo esse interesse. Será, no entanto, presumida a intenção de permanência sempre que o valor registrado no ativo circulante não for alienado até a data do balanço do exercício seguinte àquele em que tiver sido adquirido; neste caso, deverá o valor da aplicação ser transferido para o subgrupo de investimentos e procedida a sua correção monetária, considerando como data de aquisição a do balanço do exercício social anterior.” que era condição para o exercício de tal atividade a propriedade de tais títulos. Aliás, não se discute nestes autos o fato de que estes títulos foram adequadamente classificados como ativo permanente, visto que a fiscalização e DRJ concordaram expressamente com esta classificação. Fl. 1940DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 770 26 A permanência do bem no patrimônio se presume na hipótese de o bem não ser vendido no mesmo exercício em que foi adquirido. In casu, o bem permaneceu no ativo da Recorrente durante muitos anos, o que demonstra que, neste aspecto, a “intenção de permanência” quando o bem foi adquirido está clara. Podese dizer que a alteração desta intenção de permanência se iniciou em agosto de 2007, quando realizados os procedimentos societários para desmutualização da BOVESPA. Isso porque o Protocolo de Intenções da cisão esclareceu o objetivo de transformação da parte da sociedade cindida em sociedade privada, bem como a posterior abertura de capitais. No caso em análise a venda das ações ocorreu nos meses subseqüentes ao IPO, ainda no ano de 2007. Importante observar que no texto do mencionado PN não consta determinação para a alteração de registro contábil – do circulante para o permanente – no decorrer do exercício. O Parecer Normativo reporta à alteração no exercício seguinte3, sendo que não há menção de novo registro/classificação durante o andamento do exercício. Por outro giro, a legislação expressamente exclui, da base de cálculo das contribuições ao PIS e COFINS, o valor referente à venda do ativo permanente. Logo, claro está que é possível realizar a venda de bens classificados no ativo permanente, no sentido de que não é preciso transferir o bem para o ativo circulante para proceder à sua venda. Os investimentos em discussão iniciaram o ano como título patrimonial e ficaram assim desde a existência da bolsa. O fato de a BOVESPA ter sido desmutualizada em agosto e do IPO ter ocorrido mais ao final do ano não altera a natureza do bem que continua sendo investimento próprio e, consequentemente, não, justifica a mudança de classificação contábil no próprio exercício e a reclassificação. Raciocínio inverso levaria à conclusão de inexistência/impossibilidade de opção de venda de ativo permanente. Isto porque, se as empresas forem obrigadas à reclassificação contábil do bem sempre que houver a intenção de venda do ativo, não haverá venda de ativo permanente, posto que antes da venda ocorrerá mudança de rubrica contábil (de circulante para permanente ou de permanente para circulante). Ainda, é de meu entendimento que sequer a alteração de rubrica contábil justifica a incidência tributária, pois as ações são investimento próprio e não mercadorias. Neste sentido está a já citada redação do Parecer Normativo CST nº 3/80, a saber: “8. Em face do exposto, impõese a conclusão lógica de que a simples pretensão da pessoa jurídica no sentido de alienar bens destinados à utilização na exploração do objeto social ou na manutenção das atividades da empresa não autoriza, para os efeitos da legislação do imposto de renda, a exclusão dos elementos correspondentes registrados em contas do ativo permanente, devendo a cifra respectiva continuar integrando 3 PN 108/78: "(...) Será, no entanto, presumida a intenção de permanência sempre que o valor registrado no ativo circulante não for alienado até a data do balanço do exercício seguinte àquele em que tiver sido adquirido; neste caso, deverá o valor da aplicação ser transferido para o subgrupo de investimentos." Fl. 1941DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 771 27 aquele agrupamento até a alienação, baixa ou liquidação do bem.” No mais, vale perscrutar qual é a essência do negócio jurídico em discussão. Da análise que faço, entendo que desde o início a Recorrente pretendeu vender seu ativo permanente, mesmo que na forma de ações e em procedimento de IPO. Para tal objetivo realizou a permuta de participações societárias (título x ação), sendo que corrobora esta interpretação o fato de serem sociedades com mesmo capital, mesmos investidores e mesma atividade econômica. Inicialmente cumpre registrar que a Deliberação CVM nº 29/86 esclarece que a contabilidade se baseia na essência e não na forma jurídica dos institutos, verbis: “(...) 2º) A contabilidade possui um grande relacionamento com os aspectos jurídicos que cercam o patrimônio, mas, não raro, a forma jurídica pode deixar de retratar a essência econômica. Nessas situações deve a Contabilidade guiarse pelos seus objetivos de bem informar, seguindo, se for necessário para tanto, a essência ao invés da forma.” (destaquei) No mesmo sentido, a Resolução nº 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade determina que os registros contábeis devem seguir a essência do ato jurídico: “Art. 1º. (...) §2º Na aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade há situações concretas e a essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais.” (destaquei) As ações não foram adquiridas com a finalidade de mercancia, mas de investimento. E ainda que a desmutualização tenha ocorrido com o aval da Recorrente – os atos societários da cisão denotam que os associados estavam de acordo com o procedimento de alteração do tipo societário exatamente para alcançar a finalidade de proceder ao IPO – isso não significa, em minha interpretação, que o título se transformou em produto, ao contrário, significa que a Recorrente pretendia tornar seu ativo permanente para venda. Claro que o título ganhou “mais valia”, mas o fato de terse tornado mais valioso não mudou a situação e natureza de ser investimento próprio da Recorrente, inclusive registrado em seu próprio patrimônio. Por outro giro, o fato de terse transformado um investimento valioso justifica o interesse da Recorrente na venda do bem. Ademais, mister se faz avaliar os instrumentos assinados pela Recorrente no sentido de se comprometer com a alienação de parte das ações que receberia após a transformação das entidades em sociedades anônimas. Este fato faz com que tais ações devessem estar registradas no ativo circulante da Recorrente? Algumas considerações, neste particular, precisam ser realizadas. A Recorrente – assim como todas as demais associadas da BOVESPA e da BM&F – precisou se comprometer a vender parte das ações que receberia (em substituição aos títulos patrimoniais), como condição da realização da própria transformação das associações em sociedades anônimas. Fl. 1942DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 772 28 Na ocasião todas as corretoras que participavam da BOVESPA e da BM&F através de investimentos em títulos patrimoniais se comprometeram a alienar parte das ações substitutivas que viriam a receber, como forma de possibilitar a realização da própria transformação social. Quer dizer, para que as entidades pudessem se transformar em uma sociedade anônima, e considerando ainda que antes era uma entidade sem finalidade lucrativa, precisaria apresentar ao mercado uma oferta de ações, de modo a viabilizar a operação societária (abertura do capital). Assim, cada associado precisou se comprometer a alienar uma parte das ações que lhes caberia, em substituição aos títulos patrimoniais que até então detinham, para que pudesse ser aberto (ofertado) o capital das entidades, sob pena de a transformação não ocorrer (na hipótese, por exemplo, de nenhum dos associados às entidades, ofertar/vender as ações que receberiam). Por isso as associadas (inclusive a Recorrente) tiveram de assinar um instrumento através do qual se comprometiam a realizar a venda de parte das ações que receberiam em substituição aos títulos patrimoniais das associações, como forma de garantir a realização da transformação societária. Ainda, para garantir o sucesso da operação, as corretoras assinaram, também junto às entidades, termos através dos quais se comprometiam a alienar uma parcela das ações diretamente a um determinado fundo, que de acordo com negociações prévias com a BOVESPA e com a BM&F, garantiria a liquidez das operações, e o sucesso (mínimo) da abertura do capital (referido fundo comprometeuse a realizar a aquisição de parte do capital das entidades, no momento da abertura do capital, como forma de garantir a transformação das associações em sociedades anônimas). Portanto, a alienação destas participações societárias não foi feita por liberalidade das corretoras, mas sim como condição da realização da própria transformação societária que se realizaria. Aliás, isso se comprova da análise dos instrumentos através dos quais a Recorrente se comprometeu a fazêlo, que foi assinado com as próprias entidades, e não com o potencial comprador (fls. 15/22). Registro ainda que, por mais que a Recorrente, neste momento, apresentasse a firme intenção de venda, isso não desnatura a característica de investimento do patrimônio em comento, o qual foi adquirido com intenção de permanência no patrimônio. Significa, outrossim, que existiu a intenção de venda do ativo imobilizado. Reiterando que a tese de que a Recorrente recebeu as ações em devolução de capital, o que justificaria nova avaliação contábil, com dito anteriormente, a meu ver não procede, sendo que entendo que efetivamente houve a substituição dos títulos patrimoniais. Em relação à outra parcela das ações vendidas, também não se pode concluir que no momento da obtenção destes ativos a Recorrente visava sua venda, pois ainda que tais vendas tenham sido realizadas por liberalidade das corretoras (e da própria Recorrente), a venda da participação claramente não foi a razão pela qual tais participações adentraram o patrimônio das empresas. As ações não foram compradas no mercado para venda, já existiam no patrimônio da Recorrente como investimento permanente. A meu ver, são investimentos próprios que se tornaram valiosos, razão pela qual a empresa decidiu vendêlos. O motivo pelo qual a Recorrente decidiu vender as ações foi porque elas foram valorizadas, não porque foram transformadas em mercadorias. Diante deste cenário – e mesmo que por hipótese se admita, apenas ad argumentandum, que se tratasse de aquisição de novos/outros bens – é evidente que também neste caso as ações não teriam sido adquiridas com a finalidade de serem alienadas. As ações Fl. 1943DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 773 29 teriam sido adquiridas, então, para substituir o capital investido nas entidades – ou seja, como afirma o Fisco, para recuperação do capital anteriormente investido. Aliás, ainda que fossem adotadas as alegações da autoridade fiscal, de que se trata de conferência de ações como forma de devolução de capital, mister constatar que, se devolução de capital é, então não poderia ser aquisição de ações para revenda. E, assim, sendo, não poderiam ser (re)classificados tais bens no ativo circulante da Recorrente, como pretendia a fiscalização. Com estas considerações, posto que adotada a premissa de que os bens em comento se integram ao ativo permanente, cabe razão à Recorrente quanto a não incidência do PIS e da COFINS sobre o resultado das alienações de tais bens, na medida em que há previsão legal expressa na Lei nº 9.718/98 afastando a tributação sobre tais receitas. Necessário observar que a fiscalização fundamenta a autuação no entendimento de que a receita auferida referese à receita operacional da Recorrente, tributável, portanto, nos termos da Lei nº 9.718/98, no sentido de que a discussão acerca da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo não se aplica ao caso em apreço, porque a tributação incidiu sobre o faturamento. De acordo com a argumentação apresentada resta claro meu entendimento no sentido de que as ações alienadas não são produto, mas investimento próprio, constante do ativo permanente, razão pela qual concluo como irrelevante o argumento trazido pela fiscalização. Ante o exposto, conheço do recurso apresentado para o fim de DARLHE PROVIMENTO, reformando assim a decisão de primeira instância administrativa. É como penso. É como voto. Sala das Sessões, em 23 de outubro de 2013. (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Declaração de Voto WALBER JOSÉ DA SILVA No presente recurso voluntário votei no sentido de desconstituir o lançamento porque a empresa Recorrente é um banco comercial e não é atividade própria dos bancos Fl. 1944DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 774 30 comerciais a compra em nome próprio, para posterior revenda, de títulos e valores mobiliários, a exemplo de ações. Eventual operação desta natureza, como a que aconteceu no presente caso, a receita auferida com a venda das ações não é receita da atividade própria do banco Recorrente. Não sendo receita da atividade do contribuinte, não integrava a base de cálculo do PIS e da Cofins antes da alteração promovida pela Lei nº 9.718/98, que restou declarada inconstitucional pelo STF. Mais ainda, a referida receita não decorre da prestação de serviços ou da revenda de mercadorias, como sustentam alguns. No caso dos autos, o banco comercial Recorrente adquiriu ações em nome próprio (com ou sem compromisso de revender), que passou a integrar o seu patrimônio, e as contabilizou (no ativo circulante ou no ativo imobilizado, conforme o caso) como tal. Posteriormente vendeu essas ações (a totalidade ou parte, não faz diferença), auferindo uma receita de mesma natureza (receita de alienação de patrimônio), que não é tributada pelo PIS e pela Cofins no regime cumulativo. Estão são as razões, em apertada síntese, que me levam a concluir pela improcedência do lançamento e, portanto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Walber José da Silva CONSELHEIRO GILENO GURJÃO BARRETO Cabe a esse colegiado decidir acerca da procedimento que se convencionou designar por “desmutualização” da Bolsa de Valores de São Paulo Bovespa e da Bolsa de Mercadorias e Futuros BMF, especificamente no que se refere ao tratamento tributário a ser dispensado ao ganho de capital eventualmente apurado por ocasião da alienação pelo contribuinte das ações recebidas em substituição aos títulos patrimoniais de Bovespa e BMF, por ele detidos, para fins de incidência das contribuições devidas ao Programa de Integração Social PIS e ao Financiamento da Seguridade Social COFINS. 1. Aspectos gerais da “desmutualização” As instituições autorizadas a operar na Bovespa e na BMF (conjuntamente denominadas “bolsas”), eram proprietárias de títulos patrimoniais representativos do capital dessas entidades, devidamente registrados em seus livros contábeis. As bolsas, até recentemente, eram entidades civis sem fins lucrativos, contudo, tendo passado pelo processo de “desmutualização”, seu objeto passou a ser desenvolvido através de sociedades por ações, constituídas nos termos da Lei nº 6.404/76.. Nesse processo, os títulos patrimoniais foram substituídos por ações representativas do capital das novas sociedades. Em etapa subseqüente procedeuse à alienação, no mercado, das ações recebidas pelos antigos detentores de títulos patrimoniais de forma a democratizar o capital Fl. 1945DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 775 31 dessas sociedades. A alienação se faz mediante ofertas públicas, secundárias das ações de Bovespa e BMF, transferindo os contribuintes a sua participação societária para os novos adquirentes. Por ocasião da alienação das ações, apurouse ou não ganho de capital, nos casos em que o valor de realização dos ativos foi superior ao seu respectivo custo de aquisição. Nesse contexto, esse colegiado deverá decidir sobre a incidência sobre o referido ganho de capital (sim, é de ganho de capital que estamos aqui a discorrer), para fins de incidência do PIS e da COFINS, o que exigirá transpassarmos pela legislação do IRPJ e da CSLL, inclusive no tocante à forma de determinação do custo de aquisição das ações que seria computado para fins de determinação do ganho de capital a ser tributado, caso esse colegiado decida adotar essa interpretação. 2. Da análise das operações realizadas 2.1 Natureza da “desmutualização” De forma geral, a “desmutualização” consistiu na conversão das bolsas, antigas entidades sem fins lucrativos, em sociedades com fins lucrativos constituídas sob a forma de companhia. O processo se fez observados os seguintes passos: (i) cisão parcial de Bovespa e BMF, com versão das parcelas de seus patrimônios para pessoas jurídicas com fins lucrativos; e (ii) troca dos títulos patrimoniais por ações das companhias criadas. Efetivada a “desmutualização “, procedeuse à venda compulsória firmada em compromisso de acionistas, pelos antigos detentores de títulos patrimoniais, no mercado, de parte das ações recebidas. O acordo firmado entre as partes envolvidas, bolsas e acionistas, determinou que essa venda se fizesse em até 180 dias a contar da desmutualização. As operações indicadas em (i) e (ii) acima integram um contrato amplo, atípico, formado a partir de contrato típico regulado em lei, a cisão, autorizada também para entidades sem fins lucrativos, pelo art. 2033, do Código Civil/CC, convergindo, ao mesmo tempo, para obter os efeitos da figura jurídica da transformação, também autorizada para entidades sem fins lucrativos no mesmo art. 2033 do CC. É de se observar que pela cisão, parcelas de patrimônio das antigas bolsas, entidades sem fins lucrativos, foram transferidas para sociedades por ações, com fins lucrativos, sucedendo essas sociedades todos os direitos e obrigações referentes às referidas parcelas recebidas. De seu lado, os antigos detentores dos títulos patrimoniais tornaramse sócios das novas sociedades, capitalizandoas com suas antigas participações, sem qualquer alteração em sua situação patrimonial. A cisão está prevista no CC, art. 1122 e, de forma subsidiária no presente caso, na lei societária, art. 229. O recebimento das parcelas cindidas das bolsas, por sociedades com fins lucrativas, deu nascimento à transformação dessa parcela de patrimônio de entidade sem fins lucrativos para um patrimônio de entidade com fins lucrativos, convergindo, portanto, para a figura da transformação. Pela transformação a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro, devendo observar os preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado, no caso companhia. O tema é tratado nos arts. Fl. 1946DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 776 32 1113 a 1115 do CC e 220 e 221 da lei societária. A transformação tem como principal decorrência a continuidade da sociedade transformada, no caso representada pelas parcelas patrimoniais parcelas vertidas no momento da cisão, atribuindose aos detentores dos títulos, convertidos em ações, todos os direitos de que anteriormente desfrutavam em relação a essas parcelas, apenas que, agora, sob uma entidade com fins lucrativos. É certo, pois, que os sócios das novas companhias mantiveram suas condições anteriores de detenção e tratamento dos ativos, da mesma forma que as novas sociedades sucederam direitos e obrigações das parcelas de patrimônio das bolsas. O que ser poderia arguir, e o que agora se faz, é se o contribuinte poderia ter agido de forma distinta, ou se estaríamos diante de uma operação sem propósito negocial ou desprovida de substância econômica, com o único fito de elidir a parcela dos tributos sobre o lucro, ou para evitar o surgimento de uma receita, ou seja, se esse “ganho de capital”, não tributável pelo PIS e pela COFINS desde tempos imemoriais, poderia em algum momento ter se constituído em uma “receita”, ainda que independentemente de sua denominação ou classificação contábil. 2.2 Histórico do tratamento contábiltributário dos títulos patrimoniais De forma a permitir a adequada compreensão de todos os aspectos relevantes aplicáveis à matéria, mister se faz recuperar o conjunto de dispositivos legais que regularam, ao longo do tempo, os títulos patrimoniais das bolsas. 2.2.1 Tratamento contábil A Lei n° 4.595/64 que dispõe sobre a atividade financeira no País , dentre outras matérias, deu competência ao Conselho Monetário Nacional – CMN para expedir normas gerais de contabilidade a serem observadas pelas instituições financeiras (art. . 4°). De sua vez, a Lei n° 6.385/76, em seu art. 224, §§ 1º, II e IV, e § 2º, conferiu igual prerrogativa à Comissão de Valores Mobiliários CVM, determinando ainda que tais disposições se apliquem, no que não forem incompatíveis, às instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil BACEN. Assim, o BACEN está autorizado a editar normas contábeis cuja observância pelas instituições financeiras e demais entidades por ele autorizadas a funcionar é obrigatória, sendo que a CVM goza de idêntica prerrogativa, desde que as normas por ela editadas não sejam conflitantes com as determinações do BACEN. No que se refere à contabilização dos títulos patrimoniais das bolsas, nas instituições financeiras que os detinham, ela obedecia às disposições da Circular nº 1.273/87, do BACEN, que instituiu o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeira Nacional COSIF, de adoção obrigatória pelas referidas entidades.5. Dentre as normas instituídas pelo COSIF, mais especificamente no Elenco de Contas (e suas seções Relação de Contas e Função das Contas), destacamse as seguintes rubricas: (a) No Ativo Permanente, subgrupo Investimentos: 4 Com a redação dada pelo Decreto Federal nº 3.995/01. 5 A partir do período findo em 30.06.1988. Fl. 1947DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 777 33 2.1.4.10.002 Títulos Patrimoniais, e seu desdobramento, 2.1.4.10.105 De Bolsas de Valores (b) No Patrimônio Líquido: 6.1.3.00.000 Reservas de Capital, e seu desdobramento, 6.1.3.70.009 Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais No descritivo da Função das Contas, dispõe o COSIF acerca das funções correspondentes às rubricas acima especificadas: (a) Títulos Patrimoniais (2.1.4.10.002), com seus desdobramentos De Bolsas de Valores (2.1.4.10.105) e demais. Função: Registrar os títulos patrimoniais de bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e outros de propriedade da instituição, inclusive as contas patrimoniais da CETIP6. Ver itens 1.11.3.3 a 5 das Normas Básicas. As cotas patrimoniais da CETIP devem ser registradas nesta conta. (b) Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais (6.1.3.70.009) Função: Registrar o valor das atualizações anuais de títulos patrimoniais de bolsas e da CETIP. Nas disposições contidas nas Normas Básicas, acima mencionadas, encontramse as orientações a serem observadas para fins de registro do valor dos títulos patrimoniais, bem como sua respectiva atualização: Seção: Ativo Permanente 11 Tópico: 3 Outros Investimentos 1 Constituem a carteira Outros Investimentos as seguintes aplicações: (...) (b) títulos patrimoniais; (...) 6 Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos. Fl. 1948DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 778 34 3 Os títulos patrimoniais de bolsas de valores, de mercadorias e de futuros, e da CETIP são atualizados, por ocasião dos balanços, pelo valor informado pela respectiva bolsa, procedendose aos seguintes lançamentos de ajustes: se o novo valor informado pelas bolsas for superior ao saldo contábil na data base do balanço, debitase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS; se o novo valor informado pelas bolsas for inferior ao saldo contábil na data base do balanço, creditase TÍTULOS PATRIMONIAIS pela diferença apurada, em contrapartida com RESERVA DE ATUALIZAÇÃO DE TÍTULOS PATRIMONIAIS, até o limite de seu saldo. A parcela excedente, se houver, é debitada em LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS. Assim, no que se refere ao tratamento contábil a ser adotado para fins de registro do valor correspondente aos títulos representativos dos patrimônios das bolsas, bem como sua respectiva atualização, o COSIF determinava que essa atualização deveria ser registrada em conta de ativo permanente, tendo como contrapartida reserva de capital no patrimônio líquido intitulada Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais. Ressaltese, apenas para enfatizar, que o registro da contrapartida da atualização dos títulos diretamente em conta de reserva de capital, de per si, já teria o condão de afastar qualquer efeito no resultado do período. 2.2.2 Tratamento tributário As manifestações oficiais quanto ao tratamento tributário da contrapartida da atualização dos títulos patrimoniais remontam a período anterior à instituição do COSIF. Assim, a Portaria 785, datada de 23/12/77, editada pelo Ministro da Fazenda, dispunha: “O Ministro do Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, e, com fundamento no dispõe o artigo 223, “m”, do Regulamento do Imposto sobre a Renda, aprovado pelo Decreto n° 76.186, de 2 de setembro de 1975, resolve: 1. O acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita, nem ganho de capital das corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas, desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. 2. Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no DecretoLei n° 1.109, de 28 de junho de 1970, artigo 3°, § 3° (RIR, artigo 237)”. (D.O.U. de 23/12/1977).” (Grifos nossos) O dispositivo do Regulamento do Imposto de Renda – RIR atinente à matéria, vigente à época e citado pela Portaria, trazia a seguinte redação: “Art. 223. Serão excluídos do lucro real para os efeitos de tributação: (...) Fl. 1949DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 779 35 m) o valor das ações, quotas ou quinhões de capital, recebidos em decorrência de aumentos de capital efetuados nos termos e condições dos artigos...” (com remissão, entre outros diplomas legais, ao art. 3° e respectivo § 1° do DecretoLei n° 1.109/70, que determinava que a não incidência se estendia aos sócios, acionistas ou titulares beneficiários, pessoas físicas ou jurídicas, podendo estas realizar aumentos de capital nas mesmas condições, mediante a incorporação dos valores distribuídos). À época da edição da citada Portaria, e até o final do exercício de 1987 (quando da publicação da Circular BACEN n° 1.273/87, que instituiu o COSIF), a contrapartida da atualização dos títulos patrimoniais das bolsas deveria ser efetuada em conta de resultado, integrando assim o lucro líquido do exercício e, por conseguinte, também o lucro real, base de cálculo do IR. Como se depreende, a Portaria foi editada com o fim precípuo de afastar a incidência do IR sobre o valor correspondente à atualização dos títulos, mediante a exclusão do lucro líquido para fins de determinação do lucro real, respeitadas 3 (três) condições: (i) que o acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das bolsas não fosse distribuído aos acionistas; (ii) que esse acréscimo constituísse reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital; e (iii) que não ocorresse redução de capital ou extinção da pessoa jurídica nos 5 (cinco) anos subseqüentes, sob pena de tributação da parcela corresponde ao aumento de capital mediante a incorporação de reservas oriundas da atualização daqueles títulos, na pessoa jurídica, como lucro distribuído, ficando os respectivos sócios ou acionistas sujeitos à tributação pelo IR na declaração, ou na fonte, como disposto no DL 1109/70. A partir do exercício social de 1988, por força da entrada em vigor do Plano Contábil COSIF, a contrapartida credora da atualização positiva dos Títulos Patrimoniais das Bolsas de Valores deixou de transitar em resultado, passando a ser registrada em conta específica de Reserva de Capital, integrante do patrimônio líquido. A ausência de trânsito em resultado, por determinação do BACEN, eliminou qualquer reflexo tributário, exceto se houvesse uma especial determinação no sentido de que tal verba devesse ser tributada, o que não era o caso. Contudo, continuavam pertinentes as determinações da Portaria 785/77 no sentido de que somente o registro em conta de reserva de capital, agora autorizada pelo BACEN, afastava o risco de tributação. As condições referentes à não distribuição dos lucros para afastar a tributação, na forma prevista na Portaria, decorriam do fato de que, à época, a distribuição de lucros e dividendos estavam sujeitas à incidência do Imposto sobre a renda na fonte IRF. A Portaria sob exame, embora não expressamente, foi revogada por ser incompatível com o sistema jurídico, pois que além de haver especial previsão do BACEN para registro da contrapartida da atualização dos títulos patrimoniais, a partir de janeiro de 1996, por força do disposto no art. 10 da Lei nº 9.249/95, a distribuição de lucros e dividendos, não mais está sujeita à incidência do IRF, nem tampouco devem eles integrar a base de cálculo do IR do beneficiário. A restrição da Portaria, entretanto, continua aplicável a lucros anteriores a 1996. Fl. 1950DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 780 36 2.3. Ações: aspectos contábeis e tributários 2.3.1. Considerações preliminares Primeiramente, importante mencionar dois fatos: no lançamento de ofício as autoridades fiscais cuidam de tentar configurar a operação como passível de tributação pelas contribuições do PIS e da COFINS nos seguintes termos, que transcrevemos por pensar ser importante para adequadamente contextualizarmos os fatos: 2 .1. O PRECESSO DE DESMÜTUALIZAÇÃO DAS BOLSAS Convencionouse chamar de "desmutualização" o conjunto de alterações societárias ocorridas no ano de 2007 em que a BOVESPA e a BM&F, ambas Associações Civis sem Fins Lucrativos, transferiram suas atividades para companhias abertas (Sociedade Anônima). Estas associações durante sua existência emitiram diversos títulos patrimoniais representativos de fração do seu patrimônio. A propriedade do título era condição necessária para se ter acesso às operações organizadas pelos seus emissores (bolsas). Como resultado das desmutualizações, as pessoas físicas e jurídicas associadas,detentoras dos títulos patrimoniais de ambas as associações (bolsas), passaram a deter açõesdas companhias (empresas S.A.) criadas no processo e que incorporaram as atividades dasantigas Bolsas. Com relação às ações resultantes do processo de desmutualização, houve orientação aos acionistas exarado no OFÍCIO CIRCULAR 225/2007 DG da BOVESPA: Detentores de Títulos Patrimoniais da BOVESPA Os detentores de títulos patrimoniais da BOVESPA deverão promover a baixa do valor convertido em ações da BOVESPA HOLDING S.A. do Ativo Permanente (Títulos Patrimoniais de Bolsa de Valores — conta do Cosifn" 2.1.4.10). Em contrapartida, à sua opção: "registrar o correspondente valor no Ativo Circulante, em subconta específica da conta Títulos de Renda Variável (conta do COSIF n° 1.3.1.20.), das ações de emissão da BOVESPA Holding S.A. recebidas em substituição, se a decisão for a de considerar essas ações como sendo "títulos disponíveis para negociação ou venda", ou (...) GN Como a fiscalizada alienou parte das ações recebidas no processo de desmutualização pouco tempo após a decisão de desmutualização das bolsas, claro está a intenção de negociação das ações no mercado de renda variável. Fl. 1951DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 781 37 A quase imediata alienação das ações denota que o contribuinte não teve a intenção de manutenção das mesmas como investimento. Essa é a disposição da Lei n° 6.404/96: Art. 179. As contas serão classificadas do seguinte modo: I no ativo circulante: as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte; II no ativo realizável a longo prazo: os direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas (art. 243), diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia; III em investimentos: as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa; (...) " GN A FIPECAPI1 interpreta assim a classificação em Investimentos: "Em suma, a característica fundamental para classificação desses investimentos no Realizável a Longo Prazo ou no Ativo Permanente é a condição de serem permanentes ou não, em face da intenção da empresa investidora." A Lei n° 9.718/98, por sua vez, determina: "(...) Art. 2o As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3o O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (...)" GN O Estatuto Social atualizado até 01/07/2009 dispõe, no ARTIGO 3o : O Banco tem por objeto social a prática de serviços e operações financeiras ativas, passivas e acessórias, inerentes às respectivas carteiras autorizadas, de acordo com as disposições legais e regulamentares em vigor. Para interpretação da matéria e correta definição das bases de cálculo do PIS e da COFINS apuradas, utilizaremos a conceituação prevista no Parecer PGFN/CAT/No.2773/2007: Fl. 1952DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 782 38 Considerações acerca da definição do conceito de FATURAMENTO para fins de Instituição Financeira: O parecer PGFN/CAT/n° 2773/2007, elaborado em resposta à consulta formulada pela Receita Federal do Brasil acerca da natureza jurídica das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros, destaca: 1) O conceito de Instituição Financeira como pessoas jurídicas públicas ou privadas que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valores propriedade de terceiros (Itens 20 e 21); 2) O "spread" bancário é a remuneração recebida pela aludida intermediação, ou seja, é a diferença entre o que o banco paga para captar numerário e o valor cobrado quando do empréstimo a quem o procura (Item 29); 3) A decisão do STF de submeter as atividades bancárias à disciplina do código de defesa do consumidor, que delimita o serviço como qualquer atividade fornecida ao mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, decrédito e securitária. Fica claro que a atividade bancária é constituída por serviços que são disponibilizados aos clientes, dentre os quais se inclui a intermediação financeira (Itens 31 e 4) O item 5 do Anexo sobre Serviços Financeiros do Acordo Geral sobre Comércio e Serviços (GATS), firmado na Rodada Uruguai do GATT (1994) e promulgado pelo Decreto n° 1.355/94, caracterizou que o conceito de serviços compreende a totalidade das atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras em torno do seu objeto social legalmente tipificado (item 35); 5) A aplicação do GATS como instrumento legal de definição de serviços bancários (Itens 38 a 49); 6) A seguir transcrevemos, em parte, a conclusão do Parecer: "66. Em face dos argumentos acima expedidos, concluise que ": "h) Serviços para instituições financeiras abarcam as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira) " "Têmse, então, que a natureza das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros pode ser classificada como serviços para fins tributários, estando sujeita à incidência das contribuições em causa, na forma dos arts 2o, 3o, caput e nos §§ 5o e 6o do mesmo artigo, exceto no que diz respeito ao "plus " contido no § lo do art. 3o da Lei no. 9.718, de 1998, considerado inconstitucional por meio do Recurso Extraordinário 357.9509/RS e dos demais recursos que forma julgados na mesma assentada ". Fl. 1953DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 783 39 Portanto, a negociação de ações da BOVESPA HOLDING S.A. e da BM&F S.A. compõe a receita bruta da fiscalizada, caracterizandose operação típica da mesma, e deve sofrer a incidência do PIS e da COFINS, a teor da Lei n° 9.718/98, retrocitada. Vemos aqui, portanto, que a fiscalização não fundamenta seu lançamento no fato de que a classificação contábil procedida pelo contribuinte fora incorreta, e que por isso o tratamento tributário seria inadequado. Fundamenta no fato de que tal operação seria de qualquer sorte uma operação financeira, com base no Acordo do GATTS, e que por isso comporia a receita bruta da fiscalizada. Com a devida vênia, é o oposto do que temos visto nesse E. Conselho, onde a fiscalização tem buscado, mormente nos casos em que se analisam reestruturações societárias, desconstituirse eventuais deduções (tais como de ágio), pelo fato de que as operações careceriam de fundamentação econômica. Há portanto uma inversão da ordem, a contabilidade sobreporseá à substância econômica da operação, caso prevaleça o entendimento desposado nesse lançamento. Teria, portanto, a ciência contábil de per si o poder de transformar a substância de uma operação em outra, para fins meramente tributários ? tecerei alguns comentários, de resto absolvidos de artigo que escrevi em outras circunstâncias: A ciência econômica em sua vertente neoclássica compreende o mundo pela ótica de que pessoas, empresas e governos são agentes racionais que escolhem também racionalmente a melhor opção para valeremse de recursos escassos para atender necessidades ilimitadas. Dentro do nosso contexto, as expressões econômicas que devem ser capturadas nesse estudo e que são capturadas pela ciência contábil e pelo Direito são renda, patrimônio e consumo. Resumidamente, estas são riquezas essenciais e que interagem dentro do nosso sistema e, também, que se comportam e podem ser medidas das mais diferentes formas. Ainda que existam vários métodos de medição e apuração, não podemos esquecer requisitos essenciais que são, respectivamente, riqueza nova acrescida, riqueza acumulada e riqueza consumida. Essas expressões econômicas ganham envergadura em diversas disciplinas específicas dentro da contabilidade e do direito seja ele comercial ou tributário. Tais disciplinas estão separadas basicamente pelas funcionalidades específicas de seus propósitos, todavia, sem se deslocar da unidade que deve ser mantida tanto no Direito quanto na Contabilidade. A Contabilidade é outra das ciências sociais que mede a riqueza, diferentemente da ciência econômica, entretanto, por meio de um processo de (i) reconhecimento, (ii) mensuração e (iii) evidenciação das ações econômicas em determinada entidade apurandose seu patrimônio e suas variações no tempo. No processo de reconhecimento, verificase qual é a classificação da ação de natureza econômica. Para obterse a classificação dessa ação econômica é necessário um conjunto de definições próprias da contabilidade, que não necessariamente fazem parte da economia ou do Direito, muito embora o fenômeno ocorra no mundo real para todas essas ciências. Assim também se comporta quando a contabilidade mensura, quando a ação de natureza econômica devidamente classificada recebe sua expressão monetária contábil. Essa expressão monetária pode não Fl. 1954DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 784 40 corresponder à expressão jurídica (uma venda registrada a valor presente, não tem o mesmo valor expresso no contrato de compra e venda) ou à expressão econômica (o patrimônio líquido não reflete, em regra, o valor de utilidade da marca desenvolvida pela entidade). Por isso a contabilidade exige método específico que conduza à evidenciação e que torne possível demonstraremse ao usuário das informações contábeis quais foram esses procedimentos de reconhecimento e de mensuração utilizados. Dessa forma o processo contábil possui uma lente própria – com seus usos, métodos e costumes para enxergar a realidade e retratála. 7 Fabio Konder Comparato também sistematiza esse entendimento8 afirmando que (...) o balanço como de resto toda a contabilidade não pode jamais ser um simples reflexo de fatos econômicos, porque, se trata de uma interpretação simbólica e, portanto, convencional, da realidade. De fato, a contabilidade é um instrumento de medição de riqueza, que adota como meio a organização sistemática e consistente dos registros econômicosfinanceiros. Esse instrumento é frequentemente utilizado por especialistas de outras ciências, dentre elas o próprio Direito, que por sua vez, outras ocasiões também é utilizado pela ciência contábil. Um é fonte do outro em diversas situações, outrossim, não raro ambos distanciamse um do outro. Certamente a ciência contábil é importante para mensurar e reduzir consistentemente a uma linguagem universal as informações econômicas, todavia, ela não será sempre utilizada como parâmetro para fins de legislação societária ou tributária. Conforme Rodrigo de Freitas9 as hipóteses de incongruência entre a ciência contábil e o Direito devem ser procuradas na própria legislação (societária/tributária). 2.3.2 Do Fato gerador e base de cálculo do PIS e da COFINS Desde a Constituição Federal de 1988, com redação conferida pela Emenda Constitucional nº 20/1998, já havia a previsão da incidência dessas contribuições sobre a receita ou o faturamento da empresa, sendo que a base de cálculo do PIS e da COFINS não cumulativos teve sua definição por meio das referidas Medidas Provisórias nº 66/2002 e nº 135/2003, respectivamente convertidas nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, como seguem, prevendo como base de cálculo o valor do faturamento mensal, assim entendido como o total das receitas auferidas pela empresa, independentemente da denominação ou classificação contábil a ela atribuídas,ou seja todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica nos seguintes termos: Lei nº 10.637/2002: “Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. 7 Lopes, Alexsandro broedel e Roberto Quiroga Mosquera. In O Direito Contábil. Fundamentos Conceituais, aspectos da Experiência Brasileira e Implicações. , Controvérsias JurídicoContábeis São Paulo, Ed. Dialética, 2011, p. 59 8 Ensaios e pareceres de direito empresarial, forense,1977, p. 32 9 Freitas, Rodrigo de. In Ciência Contábil e Direito Contábil: a Nova Relação. Controvérsias JurídicoContábeis, Ed. Dialética, p. 424. Fl. 1955DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 785 41 § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.” Lei nº 10.833/2003: “Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.” 2.3.3 Principais aspectos sobre o conceito de receita para fins de tributação do PIS e da COFINS O legislador ao escolher como base de cálculo do PIS e da COFINS a “totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica”, no exercício da nova competência constitucional outorgada à União através da Emenda Constitucional nº 20/1998, olvidou de delimitar o sentido e alcance do termo “receita”. Ocorre que a simples menção ao termo “receita” em nossa Carta Constitucional implica na delimitação da liberdade do legislador infraconstitucional pelo legislador constituinte derivado, já que permitir ao intérprete ou ao legislador ordinário definir o sentido e alcance de institutos e conceitos constitucionalmente empregados seria autorizálos a que, arbitrariamente, firmassem nova discriminação de competência – hipótese não aceita pelo ordenamento jurídico pátrio. A nossa doutrina também se manifesta no sentido de que receita é uma espécie do gênero entrada, como ensina Geraldo Ataliba: “(...) Entrada é todo o dinheiro que ingressa nos cofres de determinada entidade. Nem toda entrada é receita. (...) Receita é a entrada que passa a pertencer à entidade. Assim, só se considera receita o ingresso de dinheiro que venha a integrar o patrimônio da entidade que recebe (...)”. Neste sentido, Marco Aurélio Greco considera que: “Nem todo “dinheiro” que “entra” no universo da disponibilidade da pessoa jurídica integra a base de cálculo da COFINS. Não basta ser uma “entrada” (mera movimentação financeira) é preciso que se configure como “ingresso”, no sentido de entrada como sentido de permanência e que resulte da atividade que corresponda ao seu objeto social (ou dele decorrente).” Ainda neste sentido, manifestouse Aires Fernandino Barreto (RDDT nº 5): “i.e.1. Ingressos e receitas Fl. 1956DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 786 42 Nem todos os valores que entram nos cofres das empresas são receitas. Os valores que transitam pelo caixa das empresas (ou pelos cofres públicos) podem ser de duas espécies: os que configuram receitas e os que se caracterizam como meros ingressos (que, na Ciência das Finanças, recebem a designação de movimentos de fundo ou de caixa). Receitas são entradas que modificam o patrimônio da empresa, incrementandoo. Ingressos envolvem tanto as receitas como as somas pertencentes a terceiros (valores que integram o patrimônio de outrem). São aqueles valores que não importam em modificação do patrimônio de quem os recebe, para posterior entrega a quem pertencem. Apenas os aportes que incrementam o patrimônio, como elemento novo e positivo, são receitas.” José Antonio Minatel, por sua vez, após longo e aprofundado estudo acerca do conceito de receita no contexto constitucional, na lei societária, na ciência contábil, na economia, nas finanças públicas, na lei tributária, bem como sobre a diferença entre receita, faturamento e ingresso, entre outras análises, verificou ser possível “reconhecer os seguintes atributos imprescindíveis para qualificar essa específica realidade expressa sob o signo de receita”: “a) conteúdo material: ingresso de recursos financeiros no patrimônio da pessoa jurídica; b) natureza do ingresso: vinculada ao exercício de atividade empresarial; c) causa do ingresso: contraprestação em negócio jurídico que envolva a venda de mercadorias ou prestação de serviços, assim como pela cessão onerosa e temporária de bens e direitos e pela remuneração de investimentos; d) disponibilidade: pela definitividade do ingresso; e) mensuração instantânea: isolada em cada evento, abstraindo se dos custos e de periodicidade para a sua apuração. “ Nesse sentido, como bem observado por Ricardo Mariz de Oliveira, tratando em específico sobre o conceito de receita (onde não por acaso tece criticas à obra de De Plácido e Silva por, em sua ótica, confundir receita com ingresso ou entrada), para a contabilidade (1) a receita é algo que integra o resultado do período, (2) que existe quando terceiros efetuem o pagamento de uma transação ou assumam o compromisso firme de efetivá lo em decorrência de uma venda ou de serviços, (3) podendo também existir pelo desaparecimento de uma dívida ou pela geração natural de ativos. Relevante relembrar que tanto a lei que disciplina a contribuição ao PIS quanto aquela que aborda a COFINS prevêem que a caracterização da receita independe da denominação ou classificação contábil. Não obstante a ressalva em questão possa inferir que todas as receitas podem ser objeto de tributação pelas contribuições em tela – exceto as exclusões, isenções e outros benefícios previstos em lei – não há como afastar os conceitos econômico e contábil de receita, mormente quando afirmados pelo novel denominado (mas não consensuado quanto à sua existência) Direito Contábil. Fl. 1957DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 787 43 Observamos, ainda, que o conceito de receita delimitado não é similar ao de renda, ou seja, que auferirse receita apenas ocorra quando há lucro ou ganho. Isto porque, para caracterização da receita, não se leva em conta nem custos nem despesas. Ou seja, “ainda quando haja uma venda com prejuízo, por ser o custo da coisa vendida maior que o preço da sua venda, este, de per si, representa um elemento positivo na formação do patrimônio. (...) Este isolamento do fator positivo, para a identificação do que seja receita, é que distingue receita de lucro, renda ou ganho (...)” (OLIVEIRA, Ricardo Mariz de apud SEHN, Solon. Op. cit., p. 159160). Além dessas espécies de receitas, existem outras, antes denominadas “não operacionais”, mas hoje consideradas simplesmente “outras receitas” (vide, por exemplo, a atual redação do art. 187, IV, da Lei 6.404/1976, em contraposição com a sua redação original). Como ensina a doutrina: “Com a edição da Lei nº 11.941/09, art. 187, inciso IV, deixa de existir a segregação dos resultados em operacionais e não operacionais. A partir do exercício de 2008, os normativos fazem referência apenas à segregação das atividades em continuadas e não continuadas. Assim, passam a ser reconhecidas como outras receitas e despesas operacionais os ganhos ou perdas que decorram de transações que não constituam as atividades ordinárias de uma entidade. Ou seja, o conceito de lucro operacional engloba os resultados das atividades principais e acessórias, e essas outras receitas e despesas operacionais são atividades acessórias do objeto da empresa” (IUDÍCIBUS, Sérgio, et al. op. cit., p. 516). As outrora denominadas receitas nãooperacionais incluíam as receitas financeiras, as receitas com vendas de ativo permanente e as receitas extraordinárias. Essas espécies de receitas foram contempladas na legislação do PIS e da COFINS nãocumulativos, quando a norma literalmente dispôs que a totalidade das receitas inclui, além da receita bruta das vendas de bens e serviços, “todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica” (art. 1º, § 1º, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003). Vêse, portanto, que a base de cálculo do PIS e da COFINS corresponde à totalidade das receitas auferidas pela empresa, porém, não qualquer ingresso, mas aquelas cujo conceito jurídico e técnicocontábil encerra uma repercussão patrimonial positiva para a empresa. Concluindo, no caso concreto, tivemos, como consta dos autos, a alienação das ações recebidas em troca pela sua posição inicialmente mantida, porém, não deixou de ser uma alienação de ações, que resultou contabilmente em uma receita de natureza não operacional. Se ainda assim julgássemos que essas receitas fossem submetidas á tributação, caberia a aplicação dos dispositivos da Lei nº 11.638/07 no sentido de que qualquer efeito decorrente das alterações da lei societária, que ocorreu de fato após a operação aqui analisada, seria necessariamente neutra do ponto de vista tributário. Prosseguindo, na percepção desse julgador, nada do que houve a posterior, ou independentemente de ter havido uma operação complexa, elidiria o fato de que a operação teve como propósito negocial a alienação da participação societária detida pelo contribuinte no mercado. Fl. 1958DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 788 44 Essa alienação apenas foi viável, sob a ótica do direito societário, pelo processo de conversão e troca de títulos representativos de um patrimônio por outros títulos, cuja colocação no mercado era possível, de acordo com a legislação de regência dos mercados de capitais. Não fazêlo significaria não apenas uma perda de oportunidade econômica para o contribuinte, mas também para a sociedade, para outros investidores, desejosos de adquirir essa participação do outro lado. Na origem, o contribuinte detinha títulos representativos de um patrimônio, cuja aquisição era obrigatória para o exercício, ai sim, de sua atividade econômica. A atividade principal do contribuinte, como instituição financeira, sempre foi negociar com ações em nome de terceiros, ou intermediar operações financeiras. As instituições financeiras, entretanto, não estão impedidas de negociar ações em seu próprio nome, podendo fazêlo inclusive à guisa de maximizar a sua rentabilidade, e manter a sua saúde financeira. Entretanto, a norma regulatória sempre exigiu que essas operações fossem registradas em contas separadas. Esses títulos representativos da antiga Bovespa sempre tiveram intenção de permanência até porque era a única forma de operação naquele mercado, e o fato de ter sido alienada não poderia transmutar a sua natureza, ainda que por força de uma interpretação e até mesmo de observância contábil dessa interpretação, em uma operação simples de negociação com ações realizadas por ordem de terceiros, no curto prazo, com fins meramente especulativos. O mesmo afirma o Professor Eliseu Martins às fls 19 e ss. do seu parecer, às fls 632 e ss. dos autos do Processo no. 16.327.001329/200991 2.3.4 Tratamento contábil das ações Como já foi comentado, os ativos têm seu registro contábil definido por ocasião de sua aquisição, considerandose a destinação que a sociedade pretende dar ao bem ou direito. Nesse sentido, como o título patrimonial era investimento diretamente vinculado às suas finalidadese e nos estritos termos do COSIF suscetível de registro como investimento permanente, suscetível de receber atualizações, sua conversão em ações de companhia não poderia merecer tratamento diferente. Dessa forma, até o momento da venda das ações deveriam elas estar classificadas como investimentos permanentes, ainda que sua venda parcial tivesse sido previamente ajustada, por força do acordo já mencionado. Observese que a manutenção de investimentos permanentes, nessa condição, até a data de sua venda, sempre fora aceita inclusive pelas autoridades fiscais, que não submetem o ganho oriundo da venda de investimento permanente à tributação antecipada, em nenhuma hipótese. De acordo com os autos, o contribuinte não detinha investimento relevante nas bolsas o que, por ocasião da substituição dos títulos anteriormente detidos, pelas ações representativas do capital das bolsas, determinava a sua classificação contábil sob a rubrica 2.1.9.90.003 Outros Investimentos que deveriam ser mantidos até o momento da venda se concretizada no ano de 2007, o mesmo exercício social da “desmutualização”. Ainda que as ações tenham sido alienadas em data posterior ao término do prazo pelo qual tivesse sido firmado o compromisso de manutenção da respectiva participação acionária, em decorrência da assinatura do referido acordo de acionistas, o tratamento contábil seria o mesmo: manutenção em conta de ativo permanente, até a venda dos bens, rubrica (2.1.9.90.003). Esse registro prestouse, exclusivamente, a substituir aquele correspondente aos títulos até então detidos (2.1.4.10.105 Títulos Patrimoniais de Bolsas de Valores), Fl. 1959DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 789 45 também classificáveis em conta integrante do Grupo Permanente – Investimentos. Ou seja, em nossa visão, o conjunto de atos praticados não poderia em qualquer hipótese, caracterizar uma “aquisição” de participação societária nova que justificasse a sua contabilização em conta diversa, como pretenderam as autoridades fiscais. Por fim, importante ressaltar que, a partir da data de recebimento das ações em substituição aos títulos anteriormente detidos, o valor do investimento que não estivesse sujeito à avaliação com base no método de equivalência patrimonial, de que tratam o art. 248 da Lei das S.A. e a Instrução CVM nº 247/96, deveria ser avaliado pelo método do custo de aquisição, nos termos do disposto no art. 183, III daquela lei, não mais se lhes aplicando as disposições anteriormente citadas, sobretudo a Circular BACEN nº 1.273/87 (no que se refere ao registro dos Títulos Patrimoniais de Bolsas de Valores). 2.3.5 Tratamento tributário da atualização dos títulos A primeira questão a ser avaliada diz respeito ao tratamento a ser dado à contrapartida da atualização dos títulos, registrada como reserva de capital, no momento em que estivessem sendo alienadas as ações das novas sociedades. A matéria deve ser analisada sob 2 (duas) diferentes linhas de interpretação que conduzem, sempre, à não tributação desse valor, a saber: (i) primeiramente, por causa da ausência de comando para cômputo da reserva na determinação do lucro real: a Portaria 785/77 foi editada com a finalidade de evitar a tributação da atualização dos títulos, vigorando ela, plenamente, para os lucros gerados até 1995. Nesse caso há dois diferentes aspectos a serem observados: cômputo da atualização no lucro real e cômputo da atualização para fins de IRF. No que tange ao cômputo no cálculo do lucro real, o RIR dispõe no art. 442 , parágrafo único:: “Art. 442 Não serão computadas na determinação do lucro real as importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários de sua emissão a título de: I ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à formação de reservas de capital; II valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; III prêmio na emissão de debêntures; IV lucro na venda de ações em tesouraria. § único O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será dedutível na determinação do lucro real.” (Grifos nossos) A reserva de capital constituída pelas instituições financeiras, em decorrência da atualização dos títulos patrimoniais das bolsas, não está contemplada dentre as reservas de capital não tributadas pelo IR, contudo essa atualização foi expressamente excluída do lucro real pelo Poder Executivo, nos exercícios em que foi reconhecida (até dezembro de 1995), não havendo, hoje, qualquer possibilidade de se determinar a sua inclusão no lucro real por força do princípio da segurança jurídica, que mantém a proteção de que ela desfrutou, no passado e, Fl. 1960DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 790 46 adicionalmente, por força da decadência que já teria se operado em relação aos períodos em que essa regra vigorou. Tampouco há previsão de que o montante da reserva devesse ser revertido para resultado, devendo ela ser usada, apenas, para aumento de capital ou compensação de prejuízos. Quanto à incidência do IRF, não ocorrendo a distribuição do lucro, ele não poderia ser cobrado e o evento da cisão das bolsas, seguido de sua transformação em companhia, bem como da venda das ações, não caracterizaram distribuição de lucros, para fins de IRF, na forma da Portaria 785/77. (ii) finalmente, pela “equiparação” dessa atualização àquela decorrente dos resultados oriundos de investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial, não sujeitos a tributação: o fundamento dessa interpretação decorre de específica manifestação da então Secretaria da Receita Federal SRF, contida no Parecer Normativo da então Coordenadoria do Sistema de Tributação CST n° 78/78, com a seguinte ementa: “Investimentos relevantes e influentes em sociedades coligadas ou controladas devem ser avaliados pelo valor de patrimônio líquido: 1) nas sociedades anônimas; 2) nas demais sociedades quando devam refletirse no balanço de sociedade anônima e 3) nas sociedades em que o exija lei especial.” (Grifo nosso) Muito embora o referido Parecer aborde apenas o tratamento tributário da contrapartida da avaliação, pelo método de equivalência patrimonial, de investimentos relevantes e influentes em sociedades coligadas ou controladas, as fundamentações legais nele descritas, que embasaram o entendimento das autoridades fiscais, são aplicáveis ao tratamento a ser dispensado às atualizações dos títulos patrimoniais das bolsas, creditadas em conta específica de reserva de capital pelas instituições financeiras. Observese que os títulos eram investimentos próprios da operação das sociedades, relevantes para sua atuação negocial, o que justifica a assemelhação pretendida. Ressaltese que o BACEN também entendia a natureza dos títulos dessa forma, pois que o COSIF determinou fossem eles classificados como ativo permanente, investimentos sujeitos a atualização. Além da expressa determinação procedimental do COSIF e a ausência de qualquer efeito tributário decorrente dessa metodologia são suficientes para concluir que o seu uso estava autorizado pelo sistema como se depreende da leitura do conteúdo do trecho, abaixo citado, do Parecer em questão: “7 Não obstante a generalidade das regras acima discutidas, ressalvese a possibilidade de legislação específica para setores econômicos ou classes de empresas estabelecer outros critérios de avaliação pelo patrimônio líquido. Particularmente, a Lei da Reforma Bancária (n° 4.595/64, art. 4°, item XII) atribui ao Conselho Monetário Nacional a fixação de normas contábeis para as instituições financeiras, assim como a Lei n° 6.385/76 (art. 22, parágrafo IV) deferiu às companhias abertas a fixação de padrões de contabilidade para companhias abertas. 7.1 – Dado que tais normas devem ser interpretadas integradamente com a legislação tributária, a imposição pelo Banco Central ou Comissão de Valores Mobiliários de avaliação de investimentos por valor de patrimônio líquido, em situações que não as referidas no § 4° do art. 20 do DecretoLei n° 1.598, Fl. 1961DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 791 47 cria para as pessoas jurídicas obrigação de assim proceder nas demonstrações financeiras, com os reflexos pertinentes na apuração do lucro real.” (Grifos nossos) Com base nos fundamentos legais mencionados no item 7 do Parecer, bem como nas referências por ele efetuadas aos atos normativos anteriormente citados, é possível afirmarse que, considerando a obrigatoriedade das instituições financeiras de registrarem a contrapartida da atualização dos títulos patrimoniais, em conta específica de Reserva de Capital, por força das determinações emanadas do CMN (notadamente aquelas previstas pelo COSIF), à semelhança da contrapartida da aplicação da metodologia de equivalência patrimonial, os mesmos reflexos devem ser por elas observados no tocante à determinação do lucro real, portanto, nenhum efeito fiscal quanto ao Imposto de Renda e à Contribuição Social. À vista dos fatos, podemos concluir que os acréscimos correspondentes à atualização dos títulos não estão sujeitos à tributação pelo IR ou pelo IRF, no momento da venda, integrando o custo de aquisição dedutível para todas as finalidades. Nessa afirmativa, dois aspectos são importantes: (i) o respeito às disposições da Portaria 785/77 e ao sistema jurídico e (ii) a ausência da característica de distribuição de lucros da troca de títulos por ações. Ou seja, como anteriormente descrito, a única base imputável possível para fins de IRPJ e de CSLL seria como ganho de capital, o que no caso equipararseia ao resultado de equivalência patrimonial, de resto também não tributável para fins de PIS e da COFINS, por expressa previsão legal. 2.3.6 Tratamento tributário do ganho ou perda de capital na venda das ações 2.3.6.1 IR e CSLL Em que pese já repute suficiente para o deslinde da questão, teceremos comentários acerca do tratamento tributário pelo IRPJ e pela CSLL como se ganho de capital tributável fosse, para ao fim concluir quanto às nossas contribuições sociais. De acordo com o disposto no art. 418 do RIR/9910, os resultados da alienação de bens do ativo permanente serão computados na determinação do lucro real. Ao tratar da forma pela qual se determina o ganho ou perda de capital, nos casos de alienação de investimentos avaliados pelo valor de patrimônio líquido, assim dispõe o RIR, em seu art. 426: “Art. 426 O valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 384), será a soma algébrica dos seguintes valores (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 33, e DecretoLei n° 1.730, de 1979, art. 1°, inciso V): I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do 10 Disposição contida no Livro II, Título IV, Subtítulo III, Capítulo VII, que trata da tributação dos resultados não operacionais. Fl. 1962DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 792 48 contribuinte, excluídos os computados nos exercícios financeiros de 1979 e 1980, na determinação do lucro real; III provisão para perdas que tiver sido computada, como dedução, na determinação do lucro real, observado o disposto no parágrafo único do artigo anterior.” (Grifos nossos) Assim, em consonância com o anteriormente disposto, o valor de custo das ações a ser computado para fins de determinação do ganho ou perda de capital, por ocasião de sua alienação, deveria equivaler ao valor de “patrimônio líquido” pelo qual o investimento estivesse registrado. Nesse valor estaria contemplado, portanto, o montante correspondente à contrapartida da atualização dos títulos, com base no valor informado pelas respectivas bolsas. No que se refere à determinação da base de cálculo da CSLL, a Lei nº 7.689/88 dispõe que a base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, apurado com observância da legislação comercial, antes da provisão para o imposto de renda. Diversas normas concernentes à apuração dessa base de cálculo foram posteriormente editadas sem, contudo, haver na legislação ordinária dispositivo legal que consolide as normas de apuração e pagamento da CSLL, o que somente foi efetuado pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal11 IN SRF nº 390/0412. Por ocasião da edição da Portaria nº 785/77 e do Parecer Normativo CST nº 78/78, normas que delimitaram, conforme abordado anteriormente, o tratamento fiscal a ser dispensado à contrapartida da atualização dos títulos patrimoniais representativos do capital das bolsas de valores, a CSLL não havia sido instituída. Não obstante, são aplicáveis à CSLL os comentários anteriormente descritos em relação ao lucro real, no tocante ao cálculo do ganho de capital a ser tributado por ocasião da alienação das ações, uma vez que o ganho ou perda de capital decorrente da alienação de bens ou direitos integra o resultado do período, apurado em consonância com a legislação comercial (Lei nº 6.404/76 e alterações). A atualização dos títulos segue protegida de tributação, pois quando registrada não transitou em resultado e, hoje, nas diversas operações não se constitui em lucro ou resultado tributável, como já comentado. Outrossim, o tratamento tributário desse conjunto de operações para fins de IRPJ e de CSLL não vem sendo adequadamente compreendido por parte das autoridades fiscais. Manifestaramse de forma equivocada pela incidência do IR, porém, em momento anterior à venda (realização) das ações, no momento designado por “desmutualização”. De fato, as Soluções de Consulta da CoordenadoriaGeral de Tributação nº 10, de 26 de outubro de 2007, e da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil nº 521, de 07 de novembro de 2007, cujas respectivas ementas são idênticas pronunciaramse de forma diversa. A consulta acima mereceu por parte da Bovespa e da BMF, publicação de fato relevante onde questionaram a orientação tomada RFB. De fato, a consulta acima contém impropriedades diversas, a saber: (i) ignora o contrato atípico (cisão seguida de transformação) e os efeitos pretendidos pelas partes; 11 Atual Receita Federal do Brasil RFB. 12 Neste caso, as disposições da IN devem, necessariamente, estar suportadas por disposições constantes da legislação ordinária, sob pena de não aplicação, pelo contribuinte, naquilo que lhe for mais oneroso. Fl. 1963DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 793 49 (ii) ignora que os institutos previstos em lei podem ser utilizados por todo tipo de entidade exceto se o procedimento for vedado ou se a sua implementação for total e completamente incompatível com a situação à qual se pretende aplicálo. No que tange à cisão das bolsas, deixou de observar que o já citado art. 2033 do CC autoriza o uso desse instituto nas entidades sem fins lucrativos; (iii) considera que houve destinação de parcela de patrimônio das bolsas para entidade com fins lucrativos, em desacordo como o art. 61 do CC, quando a situação não é de destinação mas de cisão seguida de transformação (iv) considera que a avaliação das cotas, ou frações ideais das bolsas, deva ser feita pelo custo de aquisição, afastando desse conceito o valor da atualização determinada e protegida por lei; (v) conclui pela incidência do IRPJ calculado sobre a diferença entre o valor nominal das ações (da sociedade) recebidas pelos associados (sociedades corretoras) e o custo de aquisição das cotas ou frações ideais representativo do patrimônio segregado das bolsas de valores;. (vi) muda entendimento manifestado anteriormente (Solução de Consulta COSIT nº 13, de 10.11.1997), em consulta então formulada pela Associação Nacional das Corretoras de Valores, Câmbio e Mercadorias (“ANCOR”), que tinha por objeto operação semelhante ao processo de “desmutualização”; (vii) descumpre o princípio da segurança jurídica, não observando as regras aplicáveis ao reconhecimento da atualização dos títulos e seus reflexos tributários, ao longo do tempo. Em termos práticos, a Solução de Consulta afirma que será tributado o resultado de atualização (equivalência patrimonial) do patrimônio das antigas bolsas, refletido no custo contábil dos títulos patrimoniais de seus associados, e que o fato gerador desse ganho de capital seria a cisão parcial do patrimônio das bolsas. A operação de cisão, feita a valores patrimoniais, não gera para os partícipes, sócios ou associados, nenhum reflexo tributário, caracterizada que é pela sucessão universal, afastandose as hipóteses de alienação, realização, devolução ou similares de ativos. Não há qualquer acréscimo patrimonial gerado para os antigos detentores dos títulos, quando trocados por ações, razão pela qual mais uma vez equivocase a autoridade fiscal. Entendo pois que a manifestação das autoridades fiscais excedera completamente os limites da lei, concluindose que: (i) no momento da “desmutualização”, por configurarse mera sucessão, não há incidência de tributação, pelo IR ou pela CSLL, sobre eventual ganho gerado e (ii) na venda das ações, o ganho de capital deve ser calculado a partir do custo de aquisição atualizado pela forma preconizada pela Portaria 785/77 e pelo COSIF e, após, submetido à tributação pelo IR e pela CSLL. 2.3.6.2 PIS e COFINS No que se refere à incidência das contribuições devidas ao PIS e à COFINS, pelas instituições financeiras, determina a Lei nº 9.718/98 que a sua base de cálculo é o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, assim entendida a totalidade de receitas por ela auferida, sendo irrelevantes a classificação contábil adotada para as receitas. Fl. 1964DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 794 50 Admite a lei sejam excluídas à base de cálculo das contribuições o valor das receitas oriundas da venda de ativo permanente (art. 3º, § 2º, IV ). Como a participação societária oriunda da troca de títulos, por ações, caracterizase como sucessão, não afetando a natureza de investimento permanente de que os títulos já desfrutavam, cabe o registro das ações em igual rubrica. É de se entender, portanto, que a receita correspondente à venda das ações deve ser excluída de tributação a essas contribuições, especialmente porque, como já comentado, o adequado registro contábil deve ele ser feito na conta 2.1.9.90.003 Outros Investimentos (COSIF), integrante do Ativo Permanente, Investimentos Nesse contexto, entendo não haver incidência das contribuições ao PIS e COFINS, nos termos do art. 3º, § 2º, IV da Lei nº 9.718/98, sobre o montante do ganho de capital apurado (ou que vier a ser apurado enquanto durar a vigência do citado dispositivo) por ocasião da alienação das ações representativas do capital das novas companhias. Caso houvesse a incidência, ainda assim entendo que deveria para esse fim, ser computado como custo o valor atualizado do investimento na data da substituição dos títulos anteriormente detidos por ações, cujo montante deveria corresponder ao percentual de participação detido pela sociedade no patrimônio líquido informado pelas respectivas bolsas de valores. Enfatizese, novamente, que o fato de o ativo ser destinado à venda, por acordo de sócios, não o caracteriza como bem realizável, de curto ou longo prazo, pois que essa caracterização é dada no momento da aquisição. Dessa forma, eventual transferência da conta de ativo permanente para conta de circulante, como pretendeu a fiscalização, além de ser procedimento contrário à lei societária, não poderia gerar qualquer reflexo tributário para fins de PIS e COFINS, pois a alienação é de bem destinado ao objeto da sociedade que mantém essa característica até sua transferência ao comprador. Observese que a legislação atinente ao PIS e à COFINS considera irrelevante a contabilização (classificação), em que pese meu entendimento de que essa norma carece sempre de interpretação casuística, dada à receita auferida para fins de tributação, no sentido de que à tributação não se excluem verbas que revestindo a natureza de receita bruta foram contabilizadas em rubricas que não permitem inferir essa condição. Esse é justamente o caso em que a norma deve ser interpretada à luz dos fatos, do caso concreto, sob pena de relegar à insignificância todo o ordenamento jurídico econômica pátrio, em especial a lei societária e as normas cogentes reguladoras. A suposta irrelevância de que se revestiria a norma contábil, em termos de contribuições sociais, permite afirmar, em contrapartida, que uma indevida e antecipada contabilização de investimento, que sempre se caracterizou como permanente e assim esteve registrado, em rubrica do circulante, não ensejaria a tributação da correspondente receita, por ocasião da venda, sob a alegação de que a operação foi de investimento voltado à operação, sempre classificado no permanente e que essa transferência não seria suficiente para retirarlhe tal condição. Reforça esse argumento a ausência de operação nova, alienação, distribuição de lucros ou similares. Isso posto, voto no sentido de dar provimento integral ao recurso voluntário. Caso vencido, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário para determinar a atualização contábil dos valores que serviram de base para o cálculo da receita, deduzindoa do “ingresso” que servira de base para a tributação, no mais atendendo as disposições da Fl. 1965DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 16327.001661/201090 Acórdão n.º 3302001.841 S3C3T2 Fl. 795 51 legislação de regência das contribuições atinentes às instituições financeiras, que permite a dedução dos custos das operações, e a tributação da maisvalia obtida nas operações de caráter financeiro. É como voto. Sala das Sessões, em 23 de outubro de 2012 (assinado digitalmente) Gileno Gurjão Barreto Fl. 1966DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 22/0 8/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assi nado digitalmente em 06/08/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Numero do processo: 16327.001124/2004-00
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF
Exercício: 1999
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Há de se rejeitar os embargos quando ausentes os requisitos legais. Ratificação do acórdão nº. 9303-01.056.
RETIFICAÇÃO DE ERRO NA EMENTA.
CPMF. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO. Art. 150 § 4º do CTN. Diante do teor da súmula vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, a contagem do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de oficio das contribuições sociais deve obedecer às regras previstas no CTN.
Numero da decisão: 9303-002.129
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar os embargos de declaração por não se verificar a omissão alegada e, de ofício, determinar a retificação do erro material na ementa.
VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente substituto
MARIA TERESA MARTÍNEZ LÓPEZ - Relatora.
NOME DO REDATOR - Redator designado.
EDITADO EM: 24/10/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Teresa Martínez López, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Mércia Helena Trajano DAmorim (substituta convocada), e Susy Gomes Hoffmann. Ausentes os Conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda e justificadamente Marcos Aurélio Pereira Valadão e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente).
Nome do relator: MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ
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ementa_s : Assunto: Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira - CPMF Exercício: 1999 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Há de se rejeitar os embargos quando ausentes os requisitos legais. Ratificação do acórdão nº. 9303-01.056. RETIFICAÇÃO DE ERRO NA EMENTA. CPMF. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO. Art. 150 § 4º do CTN. Diante do teor da súmula vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, a contagem do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de oficio das contribuições sociais deve obedecer às regras previstas no CTN.
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Há de se rejeitar os embargos quando ausentes os requisitos legais. Ratificação do acórdão nº. 930301.056. RETIFICAÇÃO DE ERRO NA EMENTA. CPMF. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO. Art. 150 § 4º do CTN. Diante do teor da súmula vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, a contagem do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de oficio das contribuições sociais deve obedecer às regras previstas no CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar os embargos de declaração por não se verificar a omissão alegada e, de ofício, determinar a retificação do erro material na ementa. VALMAR FONSECA DE MENEZES – Presidente substituto MARIA TERESA MARTÍNEZ LÓPEZ Relatora. NOME DO REDATOR Redator designado. EDITADO EM: 24/10/2013 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 11 24 /2 00 4- 00 Fl. 502DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 24/ 10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 03/12/2013 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Teresa Martínez López, Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Mércia Helena Trajano D’Amorim (substituta convocada), e Susy Gomes Hoffmann. Ausentes os Conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda e justificadamente Marcos Aurélio Pereira Valadão e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Relatório Tratase de processo retornado a pauta de julgamento em razão de embargos de declaração interpostos pela UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), com apoio no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em razão da existência de vícios na decisão veiculada por meio do acórdão n.º 930301.056, proferido pela Terceira Turma, no processo administrativo em epígrafe, pelas razões a seguir aduzidas. 0 Auto de Infração objeto do presente processo, fls. 06 a 10, foi lavrado pela falta de recolhimento (fl. 08) da CPMF referente as competências 23/06/1999, 21/07/1999, 18/08/1999, 22/09/1999, 20/10/1999, 17/11/1999, 15/12/1999 e 29/12/1999. A sua formalização, com a ciência ao sujeito passivo, se deu em 18/08/2004 (fl. 06). O contribuinte pede, em seu recurso voluntário, para que se reconheça a decadência apenas dos períodos de junho e julho/1999 pela aplicação do art. 150, § 4º. do CTN. O acórdão ora embargado deu provimento ao Recurso Especial do contribuinte para acolher a decadência dos créditos objeto do presente Processo Administrativo, na forma solicitada pelo então recorrente, aplicando a norma prevista no art. 150, § 4º do CTN. A ementa do julgado, está assim redigida: PIS. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO. Diante do teor da súmula vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, a contagem do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de oficio das contribuições sociais deve obedecer às regras previstas no CTN. PIS. DECADÊNCIA Nos casos de lançamento por homologação, aplicase o artigo 150, § 4º do CTN, contandose o prazo de 5 anos a partir da ocorrência do fato gerador SOMENTE QUANDO HOUVER PAGAMENTO. Alega a embargante que (SIC) “A egrégia Turma, entretanto, incorreu em omissão ao não analisar o fato de inexistirem, no caso que se apresenta, pagamentos parciais antecipados (fl.08) e em contradição, já que a parte dispositiva da decisão não condiz com o que consta de sua ementa.” Que (SIC): Fl. 503DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 24/ 10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 03/12/2013 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16327.001124/200400 Acórdão n.º 9303002.129 CSRFT3 Fl. 4 3 Considerando que o lançamento foi formalizado em 18/08/2004, os créditos não foram atingidos pela decadência. Outrossim, ainda que tivesse havido recolhimentos parciais o que não foi o caso e a regra a ser utilizada fosse a do 150, § 4º do CTN, ou seja, a contagem do lustro se iniciasse com a ocorrência do fato gerador, somente as competências de junho e julho de 1999 estariam decaídas. É o relatório. Voto Conselheira Relatorfa Maria Teresa Martínez López Conforme relatado, tratase de análise de embargos de declaração. Há de se observar que os embargos são apenas um meio formal de integração do ato decisório, pelo qual se exige do seu prolator uma sentença ou acórdão complementar que opere a dita integração. O Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, assim dispõe quanto aos embargos de declaração: “Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. § 1° Os embargos de declaração poderão ser interpostos, mediante petição fundamentada dirigida ao presidente da Turma, no prazo de cinco dias contado da ciência do acórdão: (...); II pelo contribuinte, responsável ou preposto; (...). § 2º O presidente da Turma poderá designar conselheiro para se pronunciar sobre a admissibilidade dos embargos de declaração. § 3° O despacho do presidente será definitivo se declarar improcedentes as alegações suscitadas, sendo submetido à deliberação da turma em caso contrário. § 4° Do despacho que rejeitar os embargos de declaração será dada ciência ao embargante. (...). Fl. 504DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 24/ 10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 03/12/2013 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES 4 O primeiro requisito extrínseco a ser verificado é o da tempestividade. Compulsando os autos verifico a tempestividade dos embargos. Passo aos requisitos intrínsecos, pressupostos subjetivos dos embargos de declaração. Os pressupostos intrínsecos são aqueles que dizem respeito a decisão recorrida em si mesma considerada. Para serem aferidos, levase em consideração o conteúdo e a forma da decisão impugnada. Penso não assistir razão à embargante. Quer, na verdade, a embargante, a aplicação do art. 173 do CTN, em que a contagem inicial do prazo se desloca para o início do exercício seguinte. È verdade que a ementa, não condiz com a parte dispositiva da decisão, mas, de fato, apresenta apenas uma inexatidão material. É fato incontroverso, que esta relatora vinha se manifestando, ao longo do período anterior à alteração do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, com o acréscimo do artigo 62A, 1 no Anexo II, na forma exposta na decisão embargada, ou seja, independentemente de ter ou não ocorrido pagamento (parte dispositiva da decisão), uma vez afastada a aplicação da regra inserida pelo famigerado art. 45 da Lei nº 8.212/91 (10 anos), deveria ser aplicado o art. 150, § 4º do CTN. Em conclusão, apenas a ementa está inexata. Por outra frente vejamos o disposto no art. 67 do Decreto nº 7.574/2011 (artigo 32 do Decreto nº 70.235/72): Art. 67. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante a prolação de um novo acórdão. O disposto no art. 67, acima reproduzido permite ao julgador alterar a decisão para corrigir de ofício, ou a requerimento do interessado, inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes que podem ser corrigidos a qualquer tempo ainda que a decisão tenha transitado em julgado. Entendese por lapso, o erro cometido por descuido, distração, esquecimento ou engano involuntário; e por manifesto, o acontecimento patente, claro, evidente, notório, flagrante (Holanda. Aurélio Buarque de. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa, versão 3.0). A ementa deve ser corrigida para alterar o tributo (onde se lê PIS, leiase CPMF) e excluir a inexistência do pagamento. Portanto, não conheço dos embargos, nos termos do art. 65 do RICARF, mas de ofício corrijo a ementa que passa a ter a seguinte redação: CPMF. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PRAZO. Art. 150 § 4º do CTN. Diante do teor da súmula vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal, a contagem do prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de oficio 1 Eis a redação do artigo 62A do Anexo II, do Ricarf: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 24/ 10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 03/12/2013 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 16327.001124/200400 Acórdão n.º 9303002.129 CSRFT3 Fl. 5 5 das contribuições sociais deve obedecer às regras previstas no CTN. Em razão do exposto, considerando que o lançamento foi cientificado em 18/08/2004, e se reporta ao período de 23/06/99 a 29/12/99, aplicandose o disposto no art. 150, § 4º, do CTN, na forma solicitada pela então recorrente, temos decaídos os períodos anteriores a 08/99. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de não acolher os embargos, segundo o disposto no art. 65 do RICARF, devendo ser corrigido a ementa de ofício, na forma aqui exposto. Maria Teresa Martínez López Relatora Fl. 506DF CARF MF Impresso em 18/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 24/ 10/2013 por MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, Assinado digitalmente em 03/12/2013 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.909061/2011-79
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O preço predeterminado em contrato não perde sua natureza simplesmente pela previsão de reajuste decorrente da correção monetária. Se a pretensão do legislador, a partir da Lei nº 10.833/03, fosse não abarcar os contratos com cláusula de reajuste, o termo apropriado seria preço fixo, que não se confunde com o preço predeterminado. Precedentes judiciais e administrativos.
Numero da decisão: 3803-006.125
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer que os reajustes de preços do fornecimento de bens e serviços, pelo IGPM, de contratos firmados antes de 31 de outubro de 2003, com prazo superior a 1 (um) ano, não perdem o seu caráter de preço predeterminado. Vencidos os conselheiros Corintho Oliveira Machado e Demes Brito, que convertiam o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O preço predeterminado em contrato não perde sua natureza simplesmente pela previsão de reajuste decorrente da correção monetária. Se a pretensão do legislador, a partir da Lei nº 10.833/03, fosse não abarcar os contratos com cláusula de reajuste, o termo apropriado seria preço fixo, que não se confunde com o preço predeterminado. Precedentes judiciais e administrativos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer que os reajustes de preços do fornecimento de bens e serviços, pelo IGPM, de contratos firmados antes de 31 de outubro de 2003, com prazo superior a 1 (um) ano, não perdem o seu caráter de preço predeterminado. Vencidos os conselheiros Corintho Oliveira Machado e Demes Brito, que convertiam o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 90 61 /2 01 1- 79 Fl. 476DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani e Jorge Victor Rodrigues. Relatório Esta Contribuinte transmitiu a Declaração de Compensação utilizando como crédito pagamento a maior da contribuição para o PIS nos períodos de apuração julho a dezembro de 2004, maio de 2005 e julho a dezembro de 2005. Tais indébitos fundamse na apuração da contribuição pela sistemática da cumulatividade, sobre as receitas de contratos de fornecimento de bens e serviços a preço predeterminado, auferidas sob contratos com prazo superior a um ano, firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº 10.833/2003, e de acordo com orientações emanadas da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL. Despacho Decisório proferido pela DRF/Porto Alegre reconheceu parte do direito creditório, porém, não pelas razões que estão na base do direito invocado pela declarante das compensações, mas por identificação de pagamentos a maior justificados por seus próprios critérios de apuração. Os fundamentos da declarante foram rejeitados pela DRF/Porto Alegre, sob o argumento de que os contratos dos segmentos de Geração e de Transmissão, nos períodos fiscalizados, não preenchem o conceito de preço predeterminado. No seu entender, a correção do preço pelo IGPM não se amoldaria à disciplina do art. 109 da Lei nº 11.196/2005[1]. Irresignada, a Interessada apresentou manifestação de inconformidade contra o indeferimento do seu pleito, sustentando que: a) existem exceções à regra da não cumulatividade, especialmente a prevista no inciso XI, b, do art. 10 da Lei nº 10.833/2003[2]; b) o IGPM enquadrase no conceito apresentado pelo art. 27 da Lei nº 9.069/95[3], consubstanciado no IPCr, uma vez que o substituiu; transcreve doutrina e jurisprudência que corroboram o entendimento de que a correção monetária do valor das tarifas não descaracteriza a condição de preço predeterminado; c) suas receitas foram tributadas pelo regime cumulativo até a primeira alteração de preço efetuada em suas tarifas, e, após este fato, pela não cumulatividade; 1 Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1º de novembro de 2003. 2 Art. 10. [...] XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: [...]l; b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; 3 Art. 27. A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994, inclusive, somente poderá darse pela variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 11080.909061/201179 Acórdão n.º 3803006.125 S3TE03 Fl. 477 3 d) a ANEEL, autarquia federal que regula o setor elétrico, firmou entendimento, por meio da Nota Técnica nº 224SFF, de 19/06/2006, de que os reajustes efetuados preenchiam os requisitos legais disciplinados pelo art. 10, XI, b da Lei nº 10.833/2003; e) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção; f) existem nulidades, como a ausência dos valores cobrados das contribuições, não expressos no despacho decisório de forma específica, e do montante do débito não homologado. Em julgamento da lide, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Manifestante, com base nos fundamentos resumidos na ementa seguinte: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/03/2005 a 31/03/2005 PRELIMINAR DE NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Demonstrado que o Despacho Decisório foi formalizado de acordo com os requisitos de validade previstos em lei e que não ocorreu violação ao disposto no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não deve ser acatado o pedido de nulidade formulado. PREÇO PREDETERMINADO. IGPM. ÍNDICE GERAL. Nos termos do disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. O IGPM não é índice que obedeça ao disposto no art. 109 da Lei nº 11.196/2006, por ser índice geral de reajuste de preços. Cientificada da decisão em 25 de março de 2013, irresignada, apresentou recurso voluntário em 15 de abril de 2013, em que maneja os mesmos argumentos da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Belchior Melo de Sousa Relator Fl. 478DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 O recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A controvérsia gira em torno da aplicação do disposto no art. 10, XI, “b” da Lei nº 10.833/2003, que mantém no regime cumulativo de apuração do PIS e da Cofins as receitas decorrentes de: (i) contratos para fornecimento de bens ou serviços; (ii) firmados antes de 31 de outubro de 2003; (iii) com prazo superior a 1 (um) ano;e (iv) a preço determinado. Reza o dispositivo: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...) XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...) b) empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; Vêse que os três primeiros requisitos legais são objetivos, ao passo que a disputa se dá sobre o quarto item, que envolve um aberto e impreciso conceito: o de preço predeterminado. A Recorrente é Sociedade de Economia Mista; com participação mínima de 51% do capital social do Estado do Rio Grande do Sul, prevista no Estatuto Social, tem seus contratos regidos pela Lei nº 10.192/2001[4], que dispõe sobre medidas complementares ao Plano Real e dá outras providências, e regula a forma como os contratos administrativos são reajustados, verbis: Art. 2º. É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano.[grifei] 4 E subsidiariamente pela Lei nº 8.666/93. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 11080.909061/201179 Acórdão n.º 3803006.125 S3TE03 Fl. 478 5 Art. 3o. Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da Administração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no que com ela não conflitarem, da Lei nº 8.666/93.[grifei] A proficiente e rígida regulação macroeconômica do Plano Real, que pôs sob controle a histórica inflação brasileira, permitiu – nos termos do art. 27, I, da Lei nº 9.069, de 1995 , a correção da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994 em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico , desde que se desse pela aplicação do Índice de Preços ao Consumidor, Série r/IPCr. Alternativamente, poderia haver reajuste em função do custo de produção ou variação de índice que refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, verbis: Art. 27. A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994, inclusive, somente poderá darse pela variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr. § 1º O disposto neste artigo não se aplica: I. omissis II. aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; A citada lei, em seu art. 8º e § 1º, extinguiu o IPCr e permitiu a sua substituição por índice de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano: Art. 8º A partir de 1º de julho de 1995, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística IBGE deixará de calcular e divulgar o IPCr. § 1º Nas obrigações e contratos em que haja estipulação de reajuste pelo IPCr, este será substituído, a partir de 1º de julho de 1995, pelo índice previsto contratualmente para este fim. A Nota Técnica SFF nº 224, de 19/06/96, da ANEEL[5], destaca que o índice utilizado nos Contratos de Suprimento de Energia Elétrica, bem como nos Contratos de Concessão do Serviço Público de Transmissão é o IGPM (índice Geral de Preços do Mercado), calculado pela Fundação Getúlio Vargas FGV. 5 35. Neste ponto, cabe observar que o índice utilizado nos Contratos de Suprimento de Energia Elétrica (sejam eles Contratos Iniciais ou Contratos Bilaterais), bem nos Contratos de Concessão do Serviço Público de Transmissão é o IGPM (índice Geral de Preços do Mercado), apurado pela Fundação Getúlio Vargas FGV. O IGPM é índice que se enquadra no conceito apresentado pelo art. 27 da Lei n° 9.069/95. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 No entanto, a Instrução Normativa SRF nº 468/04, em regulamentação do inciso XI do art. 10 da Lei no 10.833/03, viabilizou uma definição de preço predeterminado, dispondo: IN SRF 468/04: Art. 2º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º. Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º. Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art 1º. § 3º. Se o contrato estiver sujeito a regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, o caráter predeterminado do preço subsiste até a eventual implementação da primeira alteração nela fundada após a data mencionada no art 1º. Por essa disciplina, os atos de restaurar o equilíbrio econômicofinanceiro do contrato ou de aplicar sobre o preço da geração e transmissão de energia elétrica índice visando à recomposição do poder de compra, corroído pelo efeito da inflação, resultariam na submissão das receitas ao regime não cumulativo das contribuições PIS/Pasep e Cofins, por se descaracterizar o preço predeterminado. Em suma, o regulamento define preço predeterminado como preço fixo, uma condição que estabelece para que as receitas fossem mantidas no regime cumulativo de apuração. Entendo que a IN SRF nº 468/04 inovou a ordem jurídica, por extrapolar o seu poder regulamentar ao disciplinar a norma de preço predeterminado na Lei nº 10.833/03, Visando a estancar a disputa suscitada pelo limitado e controverso conceito de preço predeterminado por ela trazido foi introduzido entre as inúmeras disposições tributárias, na Lei nº 11.196/05, o art. 109, que dispôs, pontualmente, sobre o reajuste de preço na circunstância que indica. Da norma deflui que o ato do reajuste, por si, não descaracteriza o preço predeterminado. Aditese que esta norma do art. 109 não traz conceito novo de preço predeterminado, como aludido na decisão administrativa, uma vez que o seu efeito retroage para a data de início de vigência do regime da não cumulatividade da Cofins. Não há direito novo com efeito retroativo fora das hipóteses do art. 106 do Código Tributário Nacional. Veja se o seu teor: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado.[grifei] Fl. 481DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 11080.909061/201179 Acórdão n.º 3803006.125 S3TE03 Fl. 479 7 Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1º de novembro de 2003. Todos estes elementos acima instanos a enfrentar o nó de aferir em que medida foi acertada a decisão recorrida ao considerar improcedente a manifestação de inconformidade contra o despacho decisório da DRF/Porto Alegre, que descaracterizou como preço determinado as receitas dos contratos da Companhia Estadual de Geração e Transmissão de Energia Elétrica, pela utilização do índice de reajuste IGPM, sob o argumento de ferir a disposição do art. 27, § 1º, II, da Lei nº 9.069/95, referido pelo art. 109 da Lei nº 11.196/2005, na linha da antecedente decisão da Autoridade administrativa, verbis: Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho define o que vem a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômicofinanceira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” [6] A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 1997[7]. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Em reforço à definição do termo reajuste, quanto ao seu propósito de manter o equilíbrio financeiro do contrato, vejase o que está assentado pelo Superior Tribunal de Justiça: 6 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 7 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – CONTRATO ADMINISTRATIVO REAJUSTE DE PREÇOS AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO CONTRATUAL DESCABIMENTO. 1. O reajuste do contrato administrativo é conduta autorizada por lei e convencionada entre as partes contratantes que tem por escopo manter o equilíbrio financeiro do contrato. 2. ... STJ – Resp. 730568 SP 2005/00363158. Aqui se está a tratar de reajuste, não de recomposição nem de repactuação. Ora, sob a égide da execução do Plano Real os contratos podiam ser reajustados sem ferir os cânones da estabilização econômica, desde que, obrigatoriamente, por meio do índice legalmente fixado, o IPCr, segundo o art. 27, caput, da Lei nº 9.069/95. Se, acaso, a empresa se obrigasse a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, a obrigatoriedade do caput seria desconsiderada se o reajuste fosse efetuado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, conforme o § 1º, inciso II, deste mesmo artigo. Esta última alternativa de reajuste, art. 27, § 1º, inciso II, da Lei nº 9.069/95, claramente flexibiliza a regra do caput para permitir que o ajuste se dê a maior ou a menor que o índice oficial preconizado, podendo ser favorável a uma ou à outra parte contratantes. Este entendimento imanta a interpretação que a norma do art. 109 da Lei nº 11.196/2005 veio trazer[8][9]: impedir que se interprete a simples aplicação de reajuste como critério para descaracterizar o contrato a preço predeterminado. Assim, o reajuste de preço é possível, e na circunstância indicada é ato que não descaracteriza o preço predeterminado. A Instrução Normativa nº 658/06, ao disciplinar o dispositivo legal acima, segregou o parâmetro tomado como referência reajuste de preços em função do acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos – de meros reajustes contratuais e ajustes contratuais para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro. No entanto, o teor de sua disciplina modifica os signos da regra legal, de “reajuste de preços em função” para “reajuste de preços em percentual não superior”. Ao fazêlo de modo aparentemente imperceptível dá ensejo a nova significação, vale dizer, para que o reajuste não perca o caráter de preço predeterminado tem que haver a demonstração pelo interessado de que o percentual não se deu em número superior aos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos. E isso não é o que está legalmente estabelecido: IN/SRF nº 658, de 4 de julho de 2006, assim dispôs: Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data 8 Por isso o seu efeito retroativo a novembro de 2003, 9 Combinando a norma das alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei nº 10.833 com a do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 11080.909061/201179 Acórdão n.º 3803006.125 S3TE03 Fl. 480 9 mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. Dito isso, temse que índices de preços são números que agregam e representam os preços de determinada cesta de produtos. Sua variação mede, portanto, a variação média dos preços dos produtos dessa cesta. Podem se referir, por exemplo, a preços ao consumidor, preços ao produtor, custos de produção ou preços de exportação e importação10. O IGPM[11], segundo informa a Fundação Getúlio Vargas, registra a inflação de preços de matériasprimas agrícolas e industriais, e bens e serviços finais. Não obstante seja um índice geral está abarcado pela previsão da Lei nº 10.192/2001 para os contratos da espécie, como retrocitado. Entre os índices de preços este é o que é concebido com a maior carga de ponderação, eis que é composto com pesos diferenciados do Índice de Preços no AtacadoIPA (60%), Índice de Preços ao ConsumidorIPC (30%) e Índice Nacional de Custo da Construção CivilINCC (10%). Os índices que o integram, IPA e o INCC, por sua vez, são compostos por subíndices e grupos, respectivamente. Pelos fundamentos acima, convençome de que o reajuste dos contratos efetuados pelo IGPM cumpre o ditame do art. 109, não desnaturando o caráter de preço 10 Fonte: Banco Cenral do Brasil. http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/focus /FAQ%202 %20%C3%8Dndices%20de%20Pre%C3%A7os%20no%20Brasil.pdf.<acesso em 30.10.2013.> 11 O IGPM é uma média ponderada de outros índices: o IPA, com peso de 60%, o IPC, com peso de 30%, e o INCC, com peso de 10%. A definição dos pesos, estabelecida quando da implantação do cálculo do índice, foi justificada com base no objetivo de reproduzir aproximadamente o valor adicionado de cada setor (atacado, varejo e construção civil) no PIB. O IPA é um índice de preços no atacado de abrangência nacional. Além do índice geral, o IPA desdobrase em outros subíndices, divididos em dois conjuntos: · segundo a origem de produção: agropecuários, com peso de 24,2%, e industrial, com peso de 75,8%; · segundo estágios de processamento: bens finais (36,0%), bens intermediários (39,9%), e matériasprimas brutas (24,2%); Sua pesquisa de preços desenvolvese diariamente, cobrindo sete das principais capitais do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília. O índice geral é composto por sete grupos: alimentação; habitação; vestuário; saúde e cuidados pessoais; educação; leitura e recreação; transportes e despesas diversas. A cesta de consumo, a partir da qual se definiram os bens incluídos no índice e sua respectiva ponderação, foi selecionada da Pesquisa de Orçamentos Familiares POF, elaborada pelo IBRE no biênio 2002/2003 O INCC mede a evolução mensal de custos de construções habitacionais, a partir da média dos índices de sete capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre e Brasília). A lista de itens componentes do INCC e respectivos pesos atualizados é feita com base em orçamentos de edificações previstas pela ABNT (materiais e equipamentos, serviços e mãodeobra). Além do índice geral, o INCC desdobrase em dois grupos: mãodeobra (16 itens) e de materiais, equipamentos e serviços (51 itens). Fl. 484DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 predeterminado e alinhome às decisões judiciais na matéria[12] e as no âmbito desta Corte, conquanto suas conclusões tenham se ancorado em outros fundamentos e premissas. Ante o exposto, voto por dar provimento ao recurso, para reconhecer que os preços do fornecimento de bens e serviços, pelo IGPM, de contratos firmados antes de 31 de outubro de 2003, com prazo superior a 1 (um) ano, reajustados pelo IGPM, não perdem o seu caráter de preço predeterminado. Sala das sessões, 25 de abril 2014 (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa 12 TRF 3ª Região. AMS 200561000030246. DJ 06/12/2007, TRF 4ª Região. AMS 200572000072027. DJ 15/05/2007, TRF 3ª Região. AG 234522.DJU 21/03/2007, TRF 1ª Região. REOMS 200536000125322. DJ 9/3/2007. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 11080.909061/201179 Acórdão n.º 3803006.125 S3TE03 Fl. 481 11 Fl. 486DF CARF MF Impresso em 24/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 01/09/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 13971.004310/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Sep 22 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005
CANCELAMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
Havendo manifesto equívoco procedimental no auto de infração expedido, compete ao Delegado da Receita Federal da respectiva jurisdição reconhecer o erro e saneá-lo de ofício.
DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.
Em observância ao artigo 62-A do RICARF deve ser observado resultado de julgamento submetido a regime de recurso repetitivo nos termos do art. 543-C.
MULTA ISOLADA. FRAUDE, SONEGAÇÃO OU CONLUIO.
Inaplicável a multa isolada no percentual de 150% sobre os valores em aberto quando não comprovada intenção ou dolo do sujeito passivo, no sentido de caracterizar fraude, sonegação ou conluio.
JUROS DE MORA - SELIC
Aplica-se a taxa SELIC, a partir de 01/01/1996, na atualização monetária do indébito, não podendo ser cumulada, porém com qualquer outro índice.
Numero da decisão: 3302-002.361
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas, que davam provimento parcial para reduzir a multa de ofício e reconhecer a decadência parcial.
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(Assinado Digitalmente)
GILENO GURJÃO BARRETO - Relator.
(Assinado Digitalmente)
EDITADO EM: 18/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Paulo Guilherme Deroulede Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: GILENO GURJAO BARRETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2005 CANCELAMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Havendo manifesto equívoco procedimental no auto de infração expedido, compete ao Delegado da Receita Federal da respectiva jurisdição reconhecer o erro e saneá-lo de ofício. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Em observância ao artigo 62-A do RICARF deve ser observado resultado de julgamento submetido a regime de recurso repetitivo nos termos do art. 543-C. MULTA ISOLADA. FRAUDE, SONEGAÇÃO OU CONLUIO. Inaplicável a multa isolada no percentual de 150% sobre os valores em aberto quando não comprovada intenção ou dolo do sujeito passivo, no sentido de caracterizar fraude, sonegação ou conluio. JUROS DE MORA - SELIC Aplica-se a taxa SELIC, a partir de 01/01/1996, na atualização monetária do indébito, não podendo ser cumulada, porém com qualquer outro índice.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas, que davam provimento parcial para reduzir a multa de ofício e reconhecer a decadência parcial. WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (Assinado Digitalmente) GILENO GURJÃO BARRETO - Relator. (Assinado Digitalmente) EDITADO EM: 18/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Paulo Guilherme Deroulede Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto.
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LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Havendo manifesto equívoco procedimental no auto de infração expedido, compete ao Delegado da Receita Federal da respectiva jurisdição reconhecer o erro e saneálo de ofício. DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Em observância ao artigo 62A do RICARF deve ser observado resultado de julgamento submetido a regime de recurso repetitivo nos termos do art. 543 C. MULTA ISOLADA. FRAUDE, SONEGAÇÃO OU CONLUIO. Inaplicável a multa isolada no percentual de 150% sobre os valores em aberto quando não comprovada intenção ou dolo do sujeito passivo, no sentido de caracterizar fraude, sonegação ou conluio. JUROS DE MORA SELIC Aplicase a taxa SELIC, a partir de 01/01/1996, na atualização monetária do indébito, não podendo ser cumulada, porém com qualquer outro índice. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Alexandre Gomes e Fabiola Cassiano Keramidas, que davam provimento parcial para reduzir a multa de ofício e reconhecer a decadência parcial. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 43 10 /2 00 9- 12 Fl. 895DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO 2 WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (Assinado Digitalmente) GILENO GURJÃO BARRETO Relator. (Assinado Digitalmente) EDITADO EM: 18/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Paulo Guilherme Deroulede Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Adotase o relatório da decisão recorrida, por bem refletir a contenda. “Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 730/736, lavrado em 28/10/2009, com ciência da contribuinte na mesma data, totalizando ó crédito tributário de R$ 3.314.703,30. Segundo a descrição dos fatos de fls. 732 e o termo de verificação fiscal de fls. 757/774, houve falta de recolhimento de IPI, nó período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005, porque o estabelecimento industrial não declarou em DCTF nem tampouco recolheu o IPI destacado nas notas fiscais de saída de produtos tributados. Em virtude do intuito de fraude constatado, foi majorada a multa básica aplicada (150%). Inconformada com a autuação, a contribuinte, por intermédio de seu representante legal, protocolizou impugnação de fls. 781/797, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: 1. Contesta o cancelamento, por erro na identificação do sujeito passivo, do auto de infração de IPI lavrado em 22/09/2009, que se encontra no processo administrativo n° 13971.003415/2009 46; não havia irregularidade nos procedimentos de fiscalização no estabelecimento matriz, não existindo qualquer vício na constituição do crédito tributário; aquele auto de infração não podia ter sido cancelado pelo Delegado da DRF Blumenau, após a apresentação de impugnação, pois somente tem competência para alterar o lançamento, e jamais para cancelálo; não há como prosperar o crédito tributário constante no presente processo, visto que o julgamento que deveria prosseguir seria o constante do processo n° 13971.003415/200946; 2. Pela aplicação do parágrafo 4o do art. 150 do CTN, já havia transcorrido o prazo decadencial para os créditos constituídos Fl. 896DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 13971.004310/200912 Acórdão n.º 3302002.361 S3C3T2 Fl. 3 3 de janeiro de 2004 até o 2° decêndio de outubro de 2004, já que a ciência do auto de infração ocorreu em 28/10/2009; 3. Não há fundamento para a aplicação da multa qualificada de 150% pois não se caracterizou a fraude, pois, embora o imposto não tenha sido declarado em DCTF, ele foi devidamente exposto na DIPJ, DIFBEBIDAS, no Livro Registro de Apuração do IPI e Livro Razão; 4. É inaplicável a taxa SELIC como taxa de juros moratórios incidentes sobre débitos de natureza fiscal. Por fim, requer: o cancelamento do auto de infração em razão do não prosseguimento do julgamento do processo n° 13971.003415/200946; o apensamento do processo n° 13971.003415/200946, para que prossiga o seu julgamento e o consequente cancelamento por erro de identificação do sujeito passivo; pela aplicação do instituto da decadência em parte do lançamento; pela desqualificação da multa de 150%; e pela não aplicação da taxa SELIC.” Vistos, relatados e discutidos os autos, acordaram os membros da 2ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente o lançamento. Intimada do acórdão supra, em 24.05.2010, inconformada a Recorrente interpôs recurso voluntário em 09.06.2010. É o relatório. Voto Conselheiro GILENO GURJÃO BARRETO, Relator O presente recurso preenche os requisitos de admissibilidade, por isso dele conheço. Do cancelamento do AIIM, referente ao processo nº 13971.003415/2009 46 Acerca do cancelamento do AIIM relacionado ao processo nº 13971.003415/200946, perfilome com o decidido pelo Colegiado de primeira instância, isto porque, conforme restou assentado, se o Recorrente aduz que o AIIM referente àquele processo não podia ser cancelado pelo Delegado da Receita Federal de Blumenau, esta é uma questão que deveria ter sido discutido naqueles autos, não havendo suporte jurídico que tal questão seja levantada nos presentes autos. Ademais, não fosse o motivo supracitado, também não haveria razão ao Recorrente em suas alegações, pois nos termos do art. 149 do CTN, o lançamento é efetuado e revisto pela autoridade administrativa nos seguintes casos: Fl. 897DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO 4 “Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.” Da mesma forma, determina o artigo 302 do Regimento Interno da RFB, Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012. Art. 302. Aos Delegados da Receita Federal do Brasil e Inspetores Chefes da Receita Federal do Brasil incumbem, no âmbito da respectiva jurisdição, as atividades relacionadas com a gerência e a modernização da administração tributária e aduaneira e, especificamente: decidir sobre a revisão de ofício, a pedido do contribuinte ou no interesse da administração, inclusive quanto aos créditos tributários lançados, inscritos ou não em Dívida Ativa da União; Fl. 898DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 13971.004310/200912 Acórdão n.º 3302002.361 S3C3T2 Fl. 4 5 Assim, estando o procedimento administrativo inserido num ambiente de Estrita Legalidade, a autoridade administrativa detectando erros no lançamento, resta claro seu poderdever de saneálas de ofício. Pelo exposto, não assiste razão ao Recorrente. Da Decadência Conforme já sedimentado por este Conselho, em que pese a opinião divergente desse Conselheiro, não havendo pagamentos do débito em questão, o prazo decadencial da Fazenda contarseá na forma estabelecida no artigo 173, inciso I do CTN que assim prevê: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;” Neste sentido temos o seguinte julgado: “DECADÊNCIA. DECISÃO DEFINITIVA DO STJ SOBRE A MATÉRIA. APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. O Superior Tribunal de Justiça STJ, em acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC (Recurso Especial nº 973.733 SC) definiu que o prazo decadencial para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) “contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”(artigo 173, I do CTN); e da data do fato gerador, quando a lei prevê o pagamento antecipado e este se dá (artigo 150, § 4º, do CTN). Por força do art. 62A do anexo II do RICARF, as decisões definitivas proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Recurso especial negado.” (Acórdão 9202002.768. Sessão 06.08.2013) Assim estando a matéria pacificada neste Colegiado, bem como por imposição do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, deve aderir à tese esposada pelo STJ no Recurso Fl. 899DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO 6 Especial nº 973.733/SC, julgado em 12 de agosto de 2009, cujo acórdão foi submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, nos seguintes termos: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 900DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 13971.004310/200912 Acórdão n.º 3302002.361 S3C3T2 Fl. 5 7 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (STJ – Resp 973.733. DJe 18.09.2009) Portanto, na hipótese de não haver antecipação do pagamento para o exercício de 2005, o dies a quo é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, conforme prevê o inciso I, do art. 173 do CTN. Quanto a 2004, houve pagamento, ainda que de valores inferiores ao devido, por isso cabível a aplicação do art. 150 par. 4o, logo estariam decaídos os valores lançados até setembro de 2004. Contudo, esse item dependerá do julgamento do item subseqüente – se o Colegiado entender que aplicável a multa qualificada, automaticamente seria cabível a aplicação do art. 173, I, uma vez que os pagamentos, em valores reduzidos, como veremos, não seriam consideráveis como efetivo pagamento, mas como um elemento da fraude, em minha opinião. Neste sentido, neste tópico não assiste razão ao Recorrente caso considerada a fraude, ou assistirá, caso negativo. Da multa qualificada Alega a Recorrente que por meio do auto de infração ora combatido, dentre outros, foilhe imputado multa agravada de 150%, sob a alegação de que ela teria deixado de recolher os tributos devidos à Fazenda Nacional com o intuito de sonegação. Outrossim, alega que não é o caso de nenhuma figura caracterizadora de multa qualificada. Conforme já julgado diversas vezes pelo CARF, para que seja aplicada a multa qualificada, deve restar caracterizado o intuito de fraude, dolo, simulação, através de usos de subterfúgios pela Recorrente, com o intuito de esconder da autoridade fazendária a ocorrência do fato gerador de determinado tributo. O ponto aqui a ser discutido é sobre até que limite os indícios de conduta imprópria poderiam ser prova ou elemento tipificador da conduta prescrita na Lei no. 4.502/64. No caso concreto, a Recorrente em nenhum momento obstaculizou a fiscalização, pelo contrário, ao ser fiscalizada sempre apresentou seus livros fiscais, devidamente escriturados, sem qualquer restrição, do período fiscalizado. Deixou de declarar ou recolher o tributo em um período de dois anos, é certo, porém no primeiro ano pagou algo em torno de R$ 200 ao longo dos decêndios, deixandolhes de pagar. Por outro lado, declarou os débitos na DCTF de 2004, deixando de fazêlo em 2005, e declarouos todos em DIPJ, DIFBEBIDAS, no Livro Registro de Apuração do IPI e Livro Razão nos dois exercícios. Fl. 901DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO 8 Afirma a própria fiscalização às fls. 764: “14. Consulta às Declarações de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, anoscalendário 2004 e 2005, doravante apenas DIPJ, entregues pela fiscalizada, mostrou que a mesma declarou ali os valores de IPI constantes da tabela do Anexo 01 deste TVF. 15. Da mesma forma, consulta aos sistemas informatizados da RFB mostrou que a fiscalizada informou na Declaração Especial de Informações Fiscais Relativas à Tributação de Bebidas DIF BEBIDAS, relativamente ao mesmo período, os valores constantes da tabela do Anexo 02 deste TVF. 16. Por sua vez, análise dos livros fiscais Registro de Apuração do IPI e Registro de Saídas resultaram nos valores devidos de IPI constantes das tabelas constantes do Anexo 03 deste TVF. 17. O livro contábil Razão, de seu turno, evidencia a escrituração dos valores de IPI constantes dos livros fiscais, com algumas pequenas discrepâncias. Estes valores estão consignados em tabela do Anexo 04 do TVF. 18. Entretanto, a par de constar dos livros fiscais, contábeis e de outras declarações obrigatórias, os valores devidos de IPI passaram ao largo das Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, posto que esta fiscalização constatou que a fiscalizada nada informou de débito de IPI nas quatro declarações do ano de 2004, sendo que em 2005 sequer consta a sua entrega. 19. É verdade que a fiscalizada procedeu a alguns pagamentos de IPI, mas apenas relativamente à competência 2004, e em valores muito menores que os constantes do Livro Registro de Apuração do IPI, da contabilidade (LivroRazão) e declarados em DIPJ e DIFBebidas.” Assim, em princípio, pela uniformidade do procedimento, é difícil não considerar a conduta do contribuinte como dolosa, eis que de tão organizada e padronizada ao longo do período fiscalizado. Entendo que para ser caracterizada a multa isolada de 150% aplicada pela fiscalização, seria necessária a demonstração de clara e inequívoca evidência de intenção, por parte da contribuinte de fraudar ou sonegar valores junto ao Fisco, o que me parece que ocorreu. Por isso, entendo adequada a aplicação da multa no percentual de 150%, conforme regra geral prescrita na Lei nº 9.430/96, e entendimento pacífico deste colegiado. Juros de Mora – SELIC No que tange a aplicação da Taxa Selic, também não assiste razão à Recorrente, na medida em que a partir de 01 de abril de 1995 os juros moratórios incidentes sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência à taxa referencial SELIC. Conclusão Fl. 902DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO Processo nº 13971.004310/200912 Acórdão n.º 3302002.361 S3C3T2 Fl. 6 9 Por todo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso do contribuinte. É como voto. Sala das Sessões, em 26 de novembro de 2013. GILENO GURJÃO BARRETO Relator Fl. 903DF CARF MF Impresso em 22/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO, Assinado digitalmente em 20/09/201 4 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 18/09/2014 por GILENO GURJAO BARRETO
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Numero do processo: 10950.904867/2009-05
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 27 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2001 a 30/06/2001
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO.
Cabe à autoridade administrativa autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A ausência de elementos imprescindíveis à comprovação desses atributos impossibilita à homologação.
ALEGAÇÕES E PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3803-005.042
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
CORINTHO OLIVEIRA MACHADO - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JORGE VICTOR RODRIGUES - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa, juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues., João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente).
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2001 a 30/06/2001 MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO. Cabe à autoridade administrativa autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A ausência de elementos imprescindíveis à comprovação desses atributos impossibilita à homologação. ALEGAÇÕES E PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Presidente. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 90 48 67 /2 00 9- 05 Fl. 87DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 JORGE VICTOR RODRIGUES Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Belchior Melo de Sousa, juliano Eduardo Lirani; Hélcio Lafetá Reis, Jorge Victor Rodrigues., João Alfredo Eduão Ferreira, e Corintho Oliveira Machado (Presidente). Relatório Trata o processo de manifestação de inconformidade, apresentada em face da não homologação da compensação declarada por meio de Per/Dcomp n 27702.05590.250806.1.3.04006, nos termos do despacho decisório emitido em09/06/2009 pela DRF em Maringá/PR. Segundo o despacho decisório, do qual o contribuinte foi cientificado em 04/08/2009(fl.10), a compensação não foi homologada porque o crédito indicado (parte do pagamento de R$ 7.095,54, cód. 2172, efetuado em 29/08/2001) já se encontrava integralmente utilizado, vinculado ao processo administrativo n. 13951.000331/200131. Manifestando a sua inconformidade a contribuinte, após breve relato dos fatos, suscitou a título de premissas as seguintes questões: (i) a LC nº 70/91, por ser materialmente lei ordinária, poderia ter sido alterada e até revogada pela Lei 7.718/98; (ii) A LC nº 70/91 foi legitimamente revogada (por incompatibilidade) pela Lei 9.718/98; (iii) como a Lei nº 9.718/98 era vigente (sentido amplo) e eficaz desde a sua publicação, foi nessa data que ocorreu a revogação da LC 70/91; (iv) A Lei nº 9.718/98 não foi recepcionada pelo artigo 195, I, da CF, pela redação dada pela EC 20/98; e, (v) apesar da Lei 9.718/98 ter sido recepcionada pela Constituição (EC 20/98), não fica restabelecida a LC 70/91 anteriormente revogada. Consubstanciada em tais premissas a Manifestante observou que a havendo a LC nº 70/91 sido revogada legitimamente pela Lei nº 9.718/98, na data de sua publicação, bem assim que esta lei não foi recepcionada pela EC nº 20/98, atualmente não existe norma válida impondo a exigência da COFINS, seja sobre o faturamento, seja sobre a totalidade das receitas, para concluir pela inconstitucionalidade das modificações de base de cálculo. Ademais disso aduziu a contribuinte que a Lei nº 9.718/98 ao tentar fazer incidir a contribuição sobre a totalidade das receitas, mesmo com as exclusões de que trata o § 2º do art. 3º, acabou por alargar o conceito de faturamento para receitas que extrapolam aquelas decorrentes da venda de mercadorias e serviços. Postulou ao final pela reforma da decisão proferida pela DRF Maringá PR, para homologação integral da compensação pleiteada, e para determinação: a) da suspensão dos valores compensados na presente DComp até que haja o julgamento definitivo na esfera administrativa do presente processo de crédito de nº 109*50.904867/200905, ao qual se encontra vinculada a presente compensação, por força do previsto no art. 48, § 3º, I, da IN Fl. 88DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10950.904867/200905 Acórdão n.º 3803005.042 S3TE03 Fl. 7 3 SRF nº 600/05 e § 5º do art. 66 da IN RFB nº 900/08, bem como do art. 151, III, do CTN; b) que a autoridade administrativa se abstenha de emitir auto de infração e de exigir a aplicação de multa moratória, seja o percentual limitado a 20% legais, seja superior a este; e c) não seja aplicada multa isolada punitiva, tendo em vista que o crédito tributário ainda se encontra sob análise do processo de compensação, tendo em vista as implicações que dela possam advir. A decisão da DRJ/CTA, em seu acórdão de n. 0635.398, de 1de fevereiro de 2012 assim julgou: Assunto: Normas da Administração Tributária Período de Apuração: 01/06/2001 a 30/06/2001 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. O Julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a aplicar a legislação vigente, restando, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. A DRJ também se manifestou quanto aos demais pedidos: Quanto ao efeito suspensivo da manifestação apresentada, são oportunas as seguintes considerações. Segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, as declarações de compensação constituem confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados (§ 6º). Essas declarações, acaso não homologadas, são passíveis, em relação à decisão denegatória, de apresentação de manifestação de inconformidade, que, a propósito, deve obedecer ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972, e se enquadra no disposto no inc. III do art. 151 do CTN, relativamente ao objeto da compensação. Assim, à vista da legislação de regência, uma vez apresentada a manifestação de inconformidade, a exigência do “débito objeto da compensação” encontrasse temporariamente suspensa, cabendo à DRF competente observar os efeitos pertinentes. Quanto ao pedido para que não seja lavrado auto de infração para exigir multa (moratória ou isolada punitiva), tratase de questão que vai além do litígio presente nos autos e que, portanto, não pode ser apreciada no presente âmbito. No que tange à alegação de inconstitucionalidade da majoração da base de cálculo da Cofins pela Lei nº 9.718, de 1998, também não há como analisála no âmbito administrativo. Com efeito, por conta do caráter vinculado da atividade administrativa, considerações sobre a inconstitucionalidade de dispositivos legais não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa, uma vez definida objetivamente pela lei, não dando, portanto, margem a conjecturas atinentes a juízos de valor. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Nesse contexto, qualquer pedido ou alegação que ultrapasse a análise de conformidade do ato administrativo de lançamento com as normas legais vigentes, como a contraposição a princípios constitucionais, somente podem ser reconhecidos pela via competente, no caso o Poder Judiciário. Em sede de Recurso Voluntário a contribuinte usou os mesmos argumentos usados em sua Manifestação de Inconformidade, qual seja: A inconstitucionalidade da Lei 9.718/98. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Victor Rodrigues Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. A matéria devolvida para apreciação por esta Corte resumese à inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, pois tal premissa serviu como pressuposto ensejador do recolhimento realizado a maior ou indevido pela contribuinte, eis que do aludido alargamento resultaram créditos que foram utilizados em pedido de compensação, com débitos próprios, bem assim à comprovação de liquidez e certeza do crédito tributário alegado pelo sujeito passivo. O alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins foi matéria analisada em definitivo no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a repercussão geral para a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 e, dentre os precedentes destacase aquele cuja ementa transcrevese adiante: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235/MG, Relator: Min. Cézar Peluso, julgado em 10/09/2008). Fl. 90DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10950.904867/200905 Acórdão n.º 3803005.042 S3TE03 Fl. 8 5 Por sua vez a Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, introduziu nova redação ao artigo 62 e 62A do RICARF/2009, notadamente ao parágrafo único e inciso I, respectivamente, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. (Grifei). Inferese do texto acima transcrito que a decisão do STF é vinculativa para os órgãos judicantes integrantes do CARF, portanto devendo ser reproduzida pelos seus conselheiros, ex vi da orientação normativa contida no RICARF/09. Os efeitos jurídicos decorrentes dessa decisão também trouxeram implicações em relação ao conceito de faturamento instituído pela LC nº 70/91, que houvera sido alterado com o advento da Lei nº 9.718/98, notadamente no que pertine ao alargamento da base de cálculo, ou seja, a referida decisão devolveu o entendimento dado à definição de faturamento àquele já consagrado pelo artigo 2º do DL nº 70/91, que compreende tão somente o ingresso de receitas provenientes da venda de mercadorias e da prestação de serviços, ou da combinação de ambos. A este entendimento me filio em observância ao disposto nos artigos 62 e 62 A do RICARF/09, ao contido nos artigos 1º e 4º do Decreto nº 2.346/97, e no art. 79, XII, da Lei nº 11.941/09. De outra parte, há o tema acerca da não homologação do Per/DComp por meio de despacho decisório eletrônico, que compreende a insuficiência de saldo credor para solver os débitos informados na aludida DComp, sendo certo que a este respeito esteve silente a Recorrente, tanto por ocasião da manifestação de inconformidade aviada, quanto no recurso voluntário interposto, inclusive não constando dos autos os elementos de prova que deveriam consubstanciar os argumentos probantes da liquidez, certeza e exigibilidade do crédito vindicado, o que deveria ocorrer sob à égide do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72 (ressalvadas as hipóteses previstas no seu § 4º), eis que cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado, haja vista que tal procedimento é de iniciativa exclusivamente sua. Em contrapartida cabe à autoridade administrativa autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A ausência de elementos imprescindíveis à comprovação desses atributos impossibilita à homologação. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Com estas observações, em face do disposto no princípio da verdade material, oriento o meu voto pelo desprovimento do recurso, por não restar demonstrada a existência do crédito alegado. É assim que voto. Sala de Sessões, em 27 de novembro de 2013. (assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator Fl. 92DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 25/07/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 11/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10830.917863/2011-60
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 22 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3802-000.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por maioria, em converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem certifique se as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros s/ aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata foram efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e Cofins, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Solon Sehn.
Vencido o Conselheiro Waldir Navarro, que negava provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Fez sustentação oral Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP 161.851.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por maioria, em converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem certifique se as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros s/ aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata foram efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e Cofins, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Solon Sehn. Vencido o Conselheiro Waldir Navarro, que negava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP 161.851. Relatório e Voto RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 17 86 3/ 20 11 -6 0 Fl. 130DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10830.917863/201160 Resolução nº 3802000.200 S3TE02 Fl. 131 2 Tratase de recurso voluntário interposto em face de acórdão da 2ª Turma da DRJ de Juiz de Fora/MG, que, por unanimidade, indeferiu a manifestação de inconformidade formalizada pela interessada em face da nãohomologação de compensação. Aduziu a Recorrente que a origem do crédito seria decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Informa que a contribuição em tela foi apurada sobre a “receita bruta”, com base no dispositivo referenciado ainda em vigor. Com a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo acima, que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS, houve por bem a recorrente efetuar uma revisão contábil interna, ocasião em que se constatou recolhimento a maior da contribuição no período mencionado. Sustenta ainda que a decisão do STF deve ser reproduzida pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no artigo 62A, Regimento Interno (Portaria MF nº 256/09). Aduz a prescindibilidade da retificação da DCTF, apresentando, ao final, documentação contábil e fiscal, bem como demonstrativo do débito. Ao final, requer que seu recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido e subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento deste colegiado, o retorno do autos a DRJ de origem para que, em instancia inicial, proceda a análise de toda documentação apresentada, pugnando pela juntada posterior de documentos, bem como, sendo necessária, a conversão do julgamento em diligência. É o Relatório. Por conter matéria de competência deste Colegiado, estando o crédito pleiteado dentro do seu limite de alçada e presentes os demais requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte. Como se sabe, o §1º do art. 3o da Lei no 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE no 346.084/PR: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da Fl. 131DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10830.917863/201160 Resolução nº 3802000.200 S3TE02 Fl. 132 3 classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel. Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/RG, decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), no qual também foi deliberada a edição de súmula vinculante sobre a matéria: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RGQO. Rel. Min. CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Assim, apesar de ainda não editada a súmula vinculante, deve ser aplicado o disposto no art. 62A do Regimento Interno, o que implica o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. Não é possível, entretanto, o exame das demais questões de mérito sem que as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros s/ aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata foram efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e Cofins. Entendese, assim, que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem verifique se as receitas contabilizadas nas contas em questão foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 132DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 20/08/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 16327.900233/2008-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2002
COMPENSAÇÃO. DÉBITO DECLARADO EM DCTF. RETIFICAÇÃO. PROVA DO CRÉDITO E DA COMPENSAÇÃO.
A inexistência de comprovação do crédito pretendido, através de diligência realizada, afasta a possibilidade de validar a compensação pretendida.
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Numero da decisão: 3201-001.682
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
JOEL MIYAZAKI Presidente
LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES - Relator.
EDITADO EM: 16/09/2014
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Daniel Mariz Gudiño.
Nome do relator: LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES
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DÉBITO DECLARADO EM DCTF. RETIFICAÇÃO. PROVA DO CRÉDITO E DA COMPENSAÇÃO. A inexistência de comprovação do crédito pretendido, através de diligência realizada, afasta a possibilidade de validar a compensação pretendida. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. JOEL MIYAZAKI – Presidente LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES Relator. EDITADO EM: 16/09/2014 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Daniel Mariz Gudiño. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 02 33 /2 00 8- 27 Fl. 181DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORA ES 2 Relatório Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: Trata o presente processo de compensação de débito de PIS do período 12/2002 no valor de R$941.591,13, com crédito decorrente de alegado pagamento a maior de PIS relativo ao período de 11/2002, efetuado em 13/12/2002, no valor total de R$2.219.403,40, conforme declarado pela empresa na Declaração de Compensação (Dcomp) nº 41611.24306.311003.1.3.048472 (fls.2025), transmitida em 31/10/2003. Referida compensação não foi homologada pela Deinf/SP conforme Despacho Decisório de fls. 19, nos seguintes termos: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...) mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Segundo informa a Deinf/SP às fls. 34, a contribuinte foi cientificada da decisão mediante AR de fls. 30 (RF757861179 BR), em 02/05/2008 e enviou em 03/06/2008 a manifestação de inconformidade de fls. 0205, acompanhada dos documentos de fls. 0632. Em sua defesa, a contribuinte alega possuir um valor de PIS pago a maior, referente a competência de 11/2002, no montante de R$1.913.431,80, tendo utilizado na Dcomp nº 41611.24306.311003.1.3.048472 o valor de R$941.591,13. Aduz que foi recolhido PIS no valor de R$2.219.403,40 e, de acordo com a DCTF retificadora, o débito de PIS para competência 11/2002 seria de R$305.971,60. A empresa alega que entregou em 16/01/2008, DCTF retificadora alterando o PIS de 11/2002 para o valor de R$305.971,60, valor este apresentado na DIPJ 2003. Todavia, segue a manifestante, a DCTF retificadora enviada em 16/01/2008 não foi considerada nessa decisão. Requer seja considerado, em relação à competência 11/2002, a titulo de PIS, o valor de R$305.971,60, consoante a DCTF retificadora e homologado o referido pedido de compensação, considerando extinto o valor do débito relativo ao PIS da competência 12/2002, até o montante solicitado pelo PER/DCOMP em epígrafe, ou seja R$941.591,13, em seu valor original. Fl. 182DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORA ES Processo nº 16327.900233/200827 Acórdão n.º 3201001.682 S3C2T1 Fl. 442 3 Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP não acolheu a defesa ofertada, conforme Decisão DRJ/SP1 n.º 35.656, de 12/01/2012: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2002 COMPENSAÇÃO. DÉBITO DECLARADO EM DCTF. RETIFICAÇÃO. DESCABIMENTO. Considerase confissão de dívida o débito declarado em DCTF, cabendo à contribuinte a comprovação da necessidade de alteração do valor originalmente declarado. Se a contribuinte não comprova a existência do erro material alegado, deve ser mantido o valor do débito declarado. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÕES DESACOMPANHADAS DE PROVA. A manifestação de inconformidade deve estar instruída com todos os documentos e provas que fundamentem a defesa. Alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios não são suficientes para alterar o despacho decisório contestado. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Cientificado o contribuinte, apresenta recurso voluntário. Iniciado o julgamento, este foi convertido em diligencia para verificar a existência de crédito em nome da recorrente, em face dos documentos juntados. Assim, retornam os autos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes Exigese neste processo PIS, o qual não foi compensado por suposta falta de crédito, já que, à época da decisão, não foram aceitos e analisados os documentos juntados pela recorrente, a saber, declarações retificadoras que suportariam o seu direito creditório. Embora o principal fundamento da improcedência da manifestação de inconformidade tenha sido a retificação extemporânea da DCTF, o fato é de que o CARF vem relativizando esse entendimento, sempre buscando a chamada verdade material. Fl. 183DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORA ES 4 Entretanto, para que esta busca chegue ao resultado esperado, o contribuinte deve comprovar o erro ocorrido e o seu direito creditório pleiteado, ainda mais quando a retificação da declaração ocorre após a ciência do despacho decisório. Nesse sentido, há diversos julgados: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2003 DCTF. RETIFICAÇÃO CONSIDERADA NÃO ESPONTÂNEA EM PROCESSO ANTERIOR. VERDADE MATERIAL. DCTF retificadora apresentada de forma não espontânea, em virtude de transmissão efetivada após a ciência de despacho decisório de não homologação de compensação, que não reconhecer o direito creditório alegado, viabiliza compensações posteriores, relativas a esse mesmo crédito se for comprovada através dos documentos fiscais competentes em virtude do princípio da verdade material. DÉBITOS CONFESSADOS. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE DE ESCRITA FISCAL. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Eventual retificação dos valores confessados em DCTF deve ter por fundamento, como no caso, os dados da escrita fiscal do contribuinte, para a comprovação da existência de direito creditório decorrente de pagamento indevido (Acórdão 130201.015– 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária) Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2004 PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. AUSÊNCIA DE PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da DCTF, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da existência do crédito compensado. A simples retificação, desacompanhada de suporte probatório, não autoriza a homologação da compensação do crédito tributário. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (Acórdão3802001.550– 2ª Turma Especial) Como vemos neste processo, diferente de outros, a recorrente juntou aos autos razão contábil e cópia de sua DIPJ no seu recurso voluntário, documentos com os quais pretende comprar a origem de seu crédito, utilizado para a compensação realizada. Baixado em diligência, esta assim concluiu: Sendo assim, constatase que não houve recolhimento a maior da COFINS de junho de 2002, tendo em vista que o débito apurado na presente análise corresponde a R$ 8.363.539,44, enquanto que o valor efetivamente recolhido foi de R$ 8.225.407,84, ou seja, o pagamento efetuado não foi sequer suficiente para liquidação da COFINS devida, cabendo ressaltar, no entanto, não ser possível a cobrança da diferença apurada devido ao Fl. 184DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORA ES Processo nº 16327.900233/200827 Acórdão n.º 3201001.682 S3C2T1 Fl. 443 5 decurso do prazo decadencial para o eventual lançamento de ofício. Assim, voto por negar provimento ao recurso interposto, prejudicados os demais argumentos. Sala de sessões, 23 de julho de 2014. Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator Fl. 185DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORA ES
score : 1.0
Numero do processo: 10980.909294/2008-60
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1803-000.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento na realização de diligência, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento na realização de diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1941; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 443 1 442 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.909294/200860 Recurso nº Resolução nº 1803000.109 – Turma Especial / 3ª Turma Especial Data 26 de agosto de 2014 Assunto PER/DCOMP DILIGÊNCIA Recorrente EMPRESA AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS DO PARANÁ LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento na realização de diligência, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. RELATÓRIO A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 00947.06382.121104.1.3.020088 em 12.11.2004, fls. 0821, utilizandose do crédito relativo ao saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$27.674,38 referente ao terceiro trimestre do anocalendário de 2003, apurado pelo lucro real, para compensação dos débitos ali confessados. Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, fl. 02, e a Planilha de fls. 0307, cientificado a Recorrente em 22.08.2008, fl. 02, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo deferimento em parte do pedido: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 09 29 4/ 20 08 -6 0 Fl. 378DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 444 2 Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP: PARC. CRÉDITO RETENÇÕES NA FONTE SOMA PARC. CRÉDITO PER/DCOMP 27.674,38 27.674,38 CONFIRMADAS 22.160,18 22.160,18 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$27.674,38 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$27.674,38 IRPJ devido: R$0,00 Valor do saldo negativo disponível» (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) (IRPJ devido) Valor do saldo negativo disponível: R$22.160,18 O crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo, razão pela qual HOMOLOGO PARCIALMENTE a compensação declarada no PER/DCOMP: acima identificado [...] Parcelas Confirmadas Parcialmente ou Não Confirmadas CNPJ da Fonte Pagadora Código de Receita Valor Per/DComp Valor Confirmado Valor Não Confirmado Justificativa 00.000.000/353272 1708 47,18 0,00 47,18 Retenção na fonte não comprovada 00.394.460/001628 6147 1.410,29 1.405,69 4,60 Informação do PER/DCOMP excede o valor da retenção proporcional. Comprovação parcial. 00.394.494/011332 6147 789,47 273,80 515,67 Informação do PER/DCOMP excede o valor da retenção proporcional. Comprovação parcial. 01.701.201/000189 1708 3.936,43 3.931,86 4,57 Retenção comprovada em DIRF 02.013.622/000180 1708 101,96 71,96 30,00 Retenção comprovada em DIRF 02.377.474/000182 1708 38,45 0,00 38,45 Retenção na fonte não comprovada 02.437.232/000137 6147 365,77 314,79 50,98 Informação do PER/DCOMP excede o valor da retenção proporcional. Comprovação parcial. 03.368.739/000149 1708 193,42 0,00 193,42 Retenção na fonte não comprovada 03.776.284/001920 1708 61,62 0,00 61,62 Retenção na fonte não comprovada 03.802.018/001681 1708 88,81 0,00 88,81 Retenção na fonte não comprovada 03.802.018/001762 1708 88,81 0,00 88,81 Retenção na fonte não comprovada 03.944.724/000262 1708 81,07 81,06 0,01 Retenção comprovada em DIRF 04.719.822/000188 1708 85,35 85,35 Retenção na fonte não comprovada 07.450.604/001665 1708 84,62 84,62 Retenção na fonte não comprovada 30.464.614/000195 1708 73,04 73,02 0,02 Retenção na fonte comprovada por documentos apresentados pelo Fl. 379DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 445 3 contribuinte 33.055.146/007872 1708 34,55 34,53 0,02 Retenção comprovada em DIRF 33.066.408/000115 1708 1.907,83 1.907,76 0,07 Retenção na fonte comprovada por documentos apresentados pelo contribuinte 33.530.486/009428 1708 94,48 0,00 94,48 Retenção na fonte não comprovada 33.641.358/040103 1708 88,81 0,00 88,81 Retenção na fonte não comprovada 33.641.358/078690 1708 59,20 0,00 59,20 Retenção na fonte não comprovada 33.641.358/148303 1708 177,61 0,00 177,61 Retenção na fonte não comprovada 34.028.316/002076 1708 2.043,13 0,00 2.043,13 Retenção na fonte não comprovada 49.327.943/001003 1708 47,92 47,91 0,01 Retenção na fonte comprovada por documentos apresentados pelo contribuinte 59.966.879/002621 1708 141,64 141,63 0,01 Retenção na fonte comprovada por documentos apresentados pelo contribuinte 60.701.190/000104 1708 43,82 0,00 43,82 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/019700 1708 35,67 0,00 35,67 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/035234 1708 209,64 0,00 209,64 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/050381 1708 51,97 0,00 51,97 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/067276 1708 41,61 0,00 41,61 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/086572 1708 83,22 0,00 83,22 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/095210 1708 51,97 0,00 51,97 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/100230 1708 41,61 0,00 41,61 Retenção na fonte não comprovada 60.701.190/101121 1708 74,31 0,00 74,31 Retenção na fonte não comprovada 61.528.030/001900 1708 30,73 0,00 30,73 Retenção na fonte não comprovada 73.471.989/001671 1708 11,01 0,00 11,01 Retenção na fonte não comprovada 75.110.585/000100 1708 648,43 648,42 0,01 Retenção comprovada em DIRF 75.315.333/004104 1708 76,18 76,17 0,01 Retenção comprovada em DIRF 76.492.172/000191 1708 496,38 0,00 496,38 Retenção na fonte não comprovada 76.669.324/000189 1708 121,82 0,00 121,82 Retenção na fonte não comprovada 78.128.030/000175 1708 49,55 0,00 49,55 Retenção na fonte não comprovada 78.586.070/000160 1708 76,54 76,5 0,01 Retenção comprovada em DIRF 79.345.583/000142 1708 33,43 33,42 0,01 Retenção comprovada em DIRF 81.905.176/000194 1708 347,92 347,91 0,01 Retenção comprovada em DIRF 86.547.619/019074 1708 924,71 924,70 0,01 Retenção comprovada em DIRF 89.940.878/021118 1708 413,38 0,00 413,38 Retenção na fonte não comprovada Total 15.905,36 10.391,16 5.514,20 Para tanto, cabe indicar o seguinte enquadramento legal: art. 168 da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) e art. 6º, art. 28 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, bem como art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 600, de 28 de dezembro de 2005. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 2223, apresentando os argumentos abaixo sintetizados. Suscita que: DOS FATOS Compensação do contribuinte, dos tributos e contribuições administrados pela [RFB], inclusive em processo de restituição. Para tributos e contribuições de espécie diferentes, mediante prévio requerimento do contribuinte e aceite da Fazenda ("Pedido de Compensação'). Fl. 380DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 446 4 DO DIREITO DA PRELIMINAR A compensação constitui modalidade de extinção de obrigação tributária, sendo norma individual e concreta introduzida no ordenamento jurídico capaz de satisfazer o direito creditório da Fazenda, por intermédio da utilização de direito creditório do contribuinte, em montante equivalente. Art. 74 da Lei n°. 9.430/96 IN n °. 21/97, alterada pela IN n° 73/97 e IN n° 41/00. Para fins do direito tributário, a compensação se dá nas condições e sob as garantias que estipular a lei. Fundamento legal:Artigos 156, inciso II, 170 e l70A do Código Tributário Nacional. São requisitos da compensação tributária: A reciprocidade de obrigações; Liquidez das dívidas; Exigibilidade das prestações; e Fungibilidade das coisas devidas. DO MÉRITO COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO TÁCITA Passados cinco anos do pedido de compensação, desde que convertido em declaração de compensação, nos termos dos parágrafos 4º e 5º, do artigo 74, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada, respectivamente, pelo artigo 49 da Lei n° 10.637/02 e artigo 17 da Lei n° 10.833/03, perde o Fisco o direito de não homologar a compensação, verificandose a definitiva liquidação do tributo. " (1° Conselho de Contribuintes – 8ª Câmara Recurso 142.328). Tendo como parâmetro, a data da entrega da COMPENSAÇÃO HOMOLOGADA PARCIALMENTE em 31/08/2004, temo que a forma utilizada para análise de crédito, mediante consulta aos sistemas da [RFB], não reconhecendo alguns créditos informados na Declaração de Compensação, preocupouse em não ultrapassar os cinco anos do pedido de compensação. As retenções na Fonte não efetuadas ou não declaradas pelas fontes pagadoras aos Sistemas da Secretaria da Receita Federal, resultaram na hOmologação parcial da compensação declarada no Per/DComp acima identificado. Sendo que a empresa fez as devidas retenções em suas Notas Fiscais, e totalizou as mesmas deduzindo do Valor dos Serviços as retenções efetuadas. Desta forma entende o sujeito passivo, que além de ter auferido pelos serviços prestados valores deduzidos. da devida retenção, não pode ser prejudicado pelo fato do não recolhimento pelas Fontes Pagadoras destes valores. Cabendo à própria Receita Federal buscar estas receitas, e se preciso for intimai as Fontes Pagadoras a regularizar as informações junto aos Sistemas de Informação em prol desta empresa. DOCUMENTOS Em tempo hábil, apresentaremos copias das Notas Fiscais emitidas, comprovando a retenção do IRRF. Conclui que: Fl. 381DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 447 5 A vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência (parcial ou total) do Despacho Decisório, requer que seja dado provimento a presente Manifestação. Está registrado como ementa do Acórdão da 1ª TURMA/DRJ/CTA/PR nº 06 27.304, de 08.07.2010, fls. 228231: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2003 RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. A compensação do crédito relativo à retenção sofrida sujeitase apresentação de comprovantes idôneos emitidos pela fonte pagadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada, de acordo com o carimbo dos correios, em 21.07.2010, sem que fosse indicada expressamente a data de recebimento, fl. 234 (inciso II do § 2º do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972), a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 24.08.2010, fls. 235240, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Reitera todos os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Acrescenta: I – DOS ARGUMENTOS PRELIMINARES 1. A empresa contribuinte, ora recorrente tem suas instalações em prédios históricos tombados pelo patrimônio público que, embora, bem conservados, apresentam corriqueiramente problemas estruturais. 2. Nos anos de 2006 e 2008 foi necessário efetuar algumas reformas no prédio onde funcionava o arquivo de guarda da documentação contábil e fiscal da empresa e, em razão disso, parte das notas fiscais de serviço relativamente aos anos de 2001 e 2002 foram realocados, perdendose o seu controle. 3. Por esta razão, com fundamento no Decreto 70.235/72 em seu artigo 16, inciso IV requer o prazo de 15 dias úteis, a contar da data do protocolo, para apresentar demais documentos que comprovem as retenções por parte das fontes pagadoras constantes dos valores incluídos no PER/DCOMP em questão. 4. Ademais, considerando que as planilhas de valores retidos confirmados parcialmente ou não confirmados, anexadas ao despacho rescisório e ao acórdão, não informam os números das Notas Fiscais vem requerer, com base no mesmo Decreto em seu artigo 16, V, diligências e perícias nas respectivas Notas Fiscais e extratos bancários que vão confirmar as efetivas retenções pelas fontes pagadoras dos IRPJ na fonte. a) DA HOMOLOGAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO 5. Em 31 de agosto de 2004 a contribuinte apresentou, na forma do § 4º do art. 74 da Lei nº 9.430 de 27 de dezembro de 1996, a PER/DCOMP com demonstrativo de Fl. 382DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 448 6 crédito compensado, relativos às retenções efetuadas por fontes pagadoras nos anos de 2001 a 2003. 6. Em 08 de julho de [2010], passados seis anos, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba, por meio do Acórdão nº 0627.304, homologou parcialmente o referido PER/DCOMP. [...]. 9. Importante observar que a referida Lei, nas redações dadas pelas Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, não prevê condições de suspensão ou de interrupção da fluência do prazo estabelecido nos §§ 4º e 5º de seu art. 74. 10. Por esta razão, é totalmente ilegal a homologação parcial proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba da Receita Federal do Brasil, via Acórdão nº 0627.304 proferido em 08 de julho de 2010. 11. Por esta razão, a Empresa Auxiliar de Serviços Gerais do Paraná Ltda. requer a esse d. Conselho Fiscal de Recursos Administrativos a homologação dos valores declarados no PER/DCOMP nº 00947.06382.121104.1.3.020088, por decurso de prazo. II DOS FATOS 12. A contribuinte recorrente é uma empresa que atua no ramo de prestações de serviços profissionais de limpeza, conservação, higiene, telefonia, telegrafia, radio, comunicação, assessoria, datilografia, portaria, recepção, copa, recados, pinturas de painéis e paredes, jardinagem, manutenção predial, transportes, etc. Presta serviços a diversas empresas. 13. No período do terceiro trimestre do ano de 2003 (meses de julho a setembro), com os fundamentos na Lei nº 9.430/1996 e redações, a empresa contribuinte teve retido pela sua clientela — diversas empresas e órgãos públicos , a parcela relativa ao imposto de renda na fonte sobre o valor bruto de notas fiscais que correspondem aos serviços por ela prestados. 14. Conforme o processo administrativo nº 10980.909294/200860, a ora Recorrente procedeu à compensação das obrigações posteriores, tendo sido comunicada a Receita Federal do Brasil através da Declaração de Compensação, via Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e, da Declaração de Compensação (PER/DCOMP). 15. No Despacho Decisório e sob a alegação da não confirmação das retenções, a contribuinte teve indeferida a parte da compensação efetuada, e foi notificada para, se quisesse, recorrer do indeferimento parcial, por meio do presente Oficio SEORT nº 468/2010 datado de 16 de julho de 2010, cientificandoa dos termos do Acórdão nº. 06 27.304 de 08/07/2010, que considerou improcedente a manifestação de inconformidade apresentado pela empresa recorrente. III DO R. ACÓRDÃO RECORRIDO 16. Como se vê, a 1ª. Turma da Delegacia da RFB de Julgamento, por unanimidade, julgou "improcedente a manifestação de inconformidade" no pedido de compensação de imposto de renda retido na fonte. [...] 19. Devese, portanto, observar que a obrigação acessória prevista no RIR/99 em seu artigo 942 e, parágrafo único, aplicase à fonte pagadora que seu descumprimento não deve prejudicar o prestador, no presente caso, a contribuinte recorrente. Fl. 383DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 449 7 20. Dentre as declarações faltantes estão as da Procuradoria da República no Paraná e Departamento de Estradas e Rodagem do Paraná, conforme mostram as notas fiscais e demonstrativos, todos anexados. 21. Sendo assim, os extratos bancários juntados nos autos devem ser aceitos como prova cabal das retenções efetuadas pelas fontes pagadoras. IV DO MÉRITO 22. Em seu parecer o relator esclarece que, ".... resta evidente que simples notas fiscais emitidas pelo próprio beneficiário do rendimento não substituem, para fins de comprovação da retenção, os comprovantes que, a teor do artigo 942 do mencionado RIR99, obrigatoriamente são fornecidos pelas fontes pagadores." 23. A respeito do parecer do relator de que a documentação trazida aos autos, os documentos apresentados não se prestam como prova da efetiva retenção pelo tomador, pois simples notas fiscais emitidas pelo próprio beneficiário do rendimento não substituem, para os fins de comprovação da retenção. Veja que a contribuinte juntou cópias das notas fiscais e dos extratos bancários que comprovam o pagamento dos valores das referidas notas fiscais com os descontos efetuados, a titulo de retenção do INSS (Lei nº 8.212/91, art. 31) e do IRPJ, de forma que está comprovada a retenção dos valores indeferidos. 24. Os extratos bancários juntados, s.m.j devem ser tomados como substitutos dos Comprovantes Anuais de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte, como prova inequívoca da retenção por parte da fonte pagadora, referentemente do imposto de renda demonstrado em tabela anexa. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: 25. Isto posto, levandose em conta os argumentos expostos e os demais pontos considerados, entre outros que serão supridos, requer a este d. Conselho: a) — a revisão do Acórdão recorrido; b) — a homologação dos valores declarados no referido PER/DCOMP por decurso de prazo; c) — as diligências e perícias nas respectivas Notas Fiscais e extratos bancários que vão confirmar as efetivas retenções pelas fontes pagadoras dos IRPJ na fonte e, d) — o deferimento das compensações comunicadas por meio do PER/DCOMP nº 00947.06382.121104.1.3.020088. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. VOTO Fl. 384DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 450 8 Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (inciso II do § 2º do art. 23 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar e ainda que a autoridade julgadora pode determinar de ofício a realização de diligência porque é necessária ao deslinde da questão litigiosa1. Compulsando os presentes autos, resta constatado que não se encontram em condições de julgamento, pelas razões que passo a expor. A Recorrente suscita que o Per/DComp deve ser deferido. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Ainda, o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional 2. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais3. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à 1 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 2 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 3 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 385DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 451 9 Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial4. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do IRPJ pelo regime de tributação com base no lucro real anual deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano. O IRPJ a ser pago será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a vinte mil reais ficará sujeita à incidência de adicional do imposto à alíquota de dez por cento5. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como o IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de IRPJ a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza6. 4 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 5 Fundamentação legal: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 6 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 386DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 452 10 Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. Em relação à dedução de IRRF, a legislação prevê que no regime de tributação com base no lucro real a pessoa jurídica pode deduzir do valor apurado no encerramento do período, o valor retido na fonte sobre as receitas que integraram a base de cálculo correspondente7. Para tanto, as pessoas jurídicas qualificadas como fontes pagadoras são obrigadas a prestar aos órgãos da RFB, no prazo legal, informações sobre os rendimentos que pagaram ou creditaram no anocalendário anterior, por si ou como representantes de terceiros, com indicação da natureza das respectivas importâncias, do nome, endereço e número de inscrição no CNPJ, das pessoas que o receberam, bem como o imposto de renda retido da fonte, mediante a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF). Também as pessoas jurídicas que efetuarem pagamentos com retenção do tributo na fonte devem fornecer à pessoa jurídica beneficiária, até o dia 31 de janeiro, documento comprobatório, em duas vias, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das deduções e do imposto retido no anocalendário anterior, que no caso é o Informe de Rendimentos. Assim, o valor retido na fonte somente pode ser compensado se a pessoa jurídica possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora para fins de apuração do saldo negativo de IRPJ no encerramento do período8. Vale esclarecer que a pessoa jurídica poderá deduzir da do IRPJ devido o valor retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do tributo, em conformidade com o enunciado da Súmula CARF nº 80. A legislação prevê que o valor do IRRF são considerados, entre outros, como antecipações do IRPJ devido: o código de arrecadação nº 1708 a título de prestações de serviços efetuados por pessoas jurídicas (art. 83 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995); e o código de arrecadação nº 6147 a título de aplicações financeiras em renda fixa (art. 64 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996). A Instrução Normativa SRF/STN/SFC nº 23, de 02 de março de 2001, que regulamenta no anocalendário de 1999 o art. 64 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, consigna que a alíquota a ser aplicada na retenção sobre o rendimento é de 5,85%, do qual 1,2% corresponde ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, 1,0% corresponde à CSLL, 3,00% corresponde à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins e 0,65% corresponde a Contribuição para o PIS/PASEP. A partir de 29.12.2004 essa matéria passou a ser regida pela Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004 e a partir de 12.01.2012 pela Instrução Normativa RFB nº 1.234, de 11 de janeiro de 2012. 7 Fundamentação legal: Lei 10.833 de 29 de dezembro de 2003. 8 Fundamentação legal: art. 86 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 11 do DecretoLei nº 1.968, de 23 de novembro de 1982 e art. 10 do DecretoLei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. Fl. 387DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10980.909294/200860 Resolução nº 1803000.109 S1TE03 Fl. 453 11 Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Os autos estão instruídos com: (a) as Notas Fiscais de Prestação de Serviços; (b) os Demonstrativos de Faturamento; e (c) os extratos das contas bancárias. Tendo em vista as peculiaridades dos presentes autos, bem como do início de prova produzido pela Recorrente, em sucedendo e com observância do disposto no art. 18 do Decreto nº 70.235, de 1972, voto por converter o julgamento na realização de diligência para que: (a) a Recorrente deve apresentar para cada fonte pagadora indicada às fls. 0208: planilha com a relação individualizada coincidente em datas e valores das Notas Fiscais de Serviços, dos depósitos em conta bancária e a escrituração no Livro Caixa e no Livro Razão dos valores correspondentes com clareza e precisão, como forma de comprovar a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do tributo, em conformidade com o enunciado da Súmula CARF nº 80; e documentos contábeis e fiscais pertinentes; (b) a autoridade preparadora da Unidade da Receita Federal do Brasil que jurisdicione a Recorrente deve cotejar as informações fornecidas pela Recorrente e com os registros internos da RFB, tais como Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) e os pagamentos efetuados para aferir a verossimilhança, a clareza, a precisão e a congruência. A autoridade designada ao cumprimento da diligência solicitada deverá elaborar o Relatório Fiscal circunstanciado e conclusivo sobre os fatos averiguados, em especial relativamente ao crédito relativo ao saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) no valor de R$27.674,38 referente ao terceiro trimestre do anocalendário de 2003, A Recorrente deve ser cientificada dos procedimentos referentes às diligências efetuadas e do Relatório Fiscal para que, desejando, se manifeste a respeito dessas questões com o objetivo de lhe assegurar o contraditório e a ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes9 . (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 9 Fundamentação legal: inciso LV do art. 5º da Constituição da República. Fl. 388DF CARF MF Impresso em 10/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/09/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 23034.008166/2003-33
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/1999 a 31/10/2002
A PEÇA APRESENTADA NÃO SE CONFIGURA COMO RECURSO, SENDO DIRIGIDA A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2803-003.663
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente).
Helton Carlos Praia de Lima. -Presidente
(Assinado digitalmente).
Oseas Coimbra Júnior - Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira Santos, Oseas Coimbra Júnior, Amílcar Barca Teixeira Júnior e Gustavo Vettorato.
Nome do relator: OSEAS COIMBRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/1999 a 31/10/2002 A PEÇA APRESENTADA NÃO SE CONFIGURA COMO RECURSO, SENDO DIRIGIDA A ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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