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Numero do processo: 10805.721765/2011-36
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PREÇO PRATICADO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO - PRL 60%. LEGALIDADE.
É licito considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, uma interpretação que se coaduna com a melhor leitura da fórmula contemplada na lei e com o controle dos preços de transferência no Brasil.
PREÇO DE TRANSFERÊNCIA MÉTODO PRL.
Na apuração dos preços praticado, assim, como dos preços parâmetro, deve-se incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação.
INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. LEI OU ATO NORMATIVO. APRECIAÇÃO.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula Carf nº 2), isso porque, a instância administrativa não é foro apropriado para discussões desta natureza, pois qualquer discussão sobre a constitucionalidade e/ou ilegalidade de normas jurídicas deve ser submetida ao crivo do Poder Judiciário que detém, com exclusividade, a prerrogativa dos mecanismos de controle repressivo de constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal.
JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora são devidos unicamente sobre os tributos, não tendo sua incidência sobre a multa de ofício.
Numero da decisão: 1103-000.835
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acordam os membros da 3ª Turma Ordinária da 1ª. Câmara da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcos Shigueo Takata e Hugo Correia Sotero que deram provimento parcial para excluir a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício.
Aloysio José Percínio da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Sergio Luiz Bezerra Presta
Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Aloysio José Percínio da Silva, Hugo Correia Sotero, André Mendes de Moura, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro e Sérgio Luiz Bezerra Presta.
Nome do relator: SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA
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MÉTODO PRL. PREÇO PRATICADO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. AÇÃO JUDICIAL CONCOMITANTE: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL 60%. LEGALIDADE. É licito considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, uma interpretação que se coaduna com a melhor leitura da fórmula contemplada na lei e com o controle dos preços de transferência no Brasil. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA MÉTODO PRL. Na apuração dos preços praticado, assim, como dos preços parâmetro, deve se incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. LEI OU ATO NORMATIVO. APRECIAÇÃO. 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JUROS DE MORA. MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora são devidos unicamente sobre os tributos, não tendo sua incidência sobre a multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos acordam os membros da 3ª Turma Ordinária da 1ª. Câmara da PRIMEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por maioria em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Marcos Shigueo Takata e Hugo Correia Sotero que deram provimento parcial para excluir a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Aloysio José Percínio da Silva Presidente (assinado digitalmente) Sergio Luiz Bezerra Presta Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os Conselheiros Aloysio José Percínio da Silva, Hugo Correia Sotero, André Mendes de Moura, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto parte do relato do órgão julgador de primeira instância administrativa até aquela fase: “Cuidam os autos de veicular exigências relativas ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no importe total de R$ 7.374.172,42, então computados juros de mora até 29/07/2011 (lavratura havida em 11/08/2011, com ciência em 14/09/2011), bem que multa de ofício no patamar de 75%. Referidas exigências foram formalizadas segundo a sistemática do Lucro Real anual, com referência ao ano calendário de 2006, e sob o fundamento de falta de adição ao Lucro Líquido (no caso, R$ 10.677.674,64) de parcela de custos relativos a bens, direitos e/ou serviços adquiridos no exterior de pessoa vinculada, isto por inobservância da legislação atinente ao controle de Preços de Transferência (art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; por tudo, vide fls. 670/682). Relevante dizer, ainda que em Relatório, que o Contribuinte responde por exigências de mesmíssima natureza – IRPJ e CSLL decorrentes de adições ao Lucro Líquido à conta da sistemática de Preços de Transferência – nos autos sob nº 16643.000385/201060 e nº 10805.721766/201181. No primeiro, por obra e arte de ajuste assim procedido ao Lucro Líquido respeitante ao ano calendário de 2005 da pessoa jurídica Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda., inscrita no CNPJ sob nº Fl. 1075DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.075 3 49.871.155/000192, incorporada pelo Contribuinte em fins do ano calendário de 2007. No segundo, em razão de ajuste ao Lucro Líquido pertinente ao ano calendário de 2006 do próprio Contribuinte. Todos os procedimentos, autos sob nº 10805.721766/201181, nº 16643.000385/201060 e nº 10805.721765/201136, recebem, por oportuno, atenção na corrente sessão de julgamento. Mas, em retorno aos presentes autos, o contexto pode ser apanhado com mais detalhe e proveito a partir do “TERMO DE CONSTATAÇÃO E ENCERRAMENTO PARCIAL” de fls. 659/669 (destaques do original): Período fiscalizado 1 Esta fiscalização, [...] atevese à verificação do cumprimento das obrigações tributárias decorrentes das regras de preços de transferência dos produtos importados no ano de 2006. Responsabilidade tributária 2 A DELPHI AUTOMOTIVE SYSTEMS DO BRASIL (DELPHI) incorporou, em 29/12/2007, a DELPHI DIESEL SYSTEMS DO BRASIL (DIESEL) CNPJ nº 49.871.155/000192, tornandose responsável pelas obrigações tributárias decorrentes desse evento, em razão do disposto no artigo 207 do Regulamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99 (RIR/99): [...] Cálculos dos preços de transferência 3 Foram adotados os três métodos previstos na legislação para avaliação dos bens importados. 4 Para a maior parte dos produtos, a Contribuinte adotou o Método do Preço de Revenda Menos Lucro com margem de 60% PRL 60%, utilizandose, no entanto, da sistemática prevista na Instrução Normativa SRF nº 32/2001, embora na época da ocorrência do fato gerador do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, vigesse a metodologia estabelecida pela Instrução Normativa SRF nº 243/2002. 5 As razões que levaram a empresa a optar por tal procedimento foram esposadas no Mandados de Segurança nº 2007.61.00.0340487. 6 No mandamus, foi prolatada, em 1ª instância, sentença denegatória da segurança pleiteada, não dando guarida à alegada ilegalidade que teria sido veiculada nas disposições contidas na IN SRF nº 243/2002. A empresa apelou ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, obtendo decisão favorável, em acórdão publicado em 14/09/2010, que afasta a aplicação da sistemática de cálculo estabelecida no ato administrativo antes mencionado. 7 Embora o assunto encontrese sub judice, posto que a Fazenda impetrou Recursos e Extraordinário, não podendo o mérito ser discutido pela Contribuinte em sede de contencioso administrativo, em razão da prevalência da decisão judicial, cumprenos fundamentar este lançamento tributário, em relação aos procedimentos que devem ser seguidos para a apuração dos preços de transferência praticados na importação, nas hipótese de arbitramento efetuado com a utilização do método do preço de revenda com a dedução da margem de Fl. 1076DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.076 4 lucro de 60% PRL 60%, lastreado na regulamentação trazida pela Instrução Normativa SRF nº 243/2002. [...] 11 O texto legal [referese ao art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação determinada pelo art. 2º da Lei nº 9.959, de 27 de janeiro de 2000]é bastante claro. Ao prescrever o cálculo da margem bruta de lucro, determina que seja considerado 60% sobre o valor líquido de revenda, portanto, daquela parcela que foi importada e, posteriormente, revendida. É extremamente importante notar que o art. 2º da Lei 9.959/2000 nunca estabeleceu que fosse considerado “60% sobre o valor integral do preço líquido de venda do produto menos o valor agregado no País”. [...] 13 É fundamental perceber que a forma de cálculo, baseada na margem de lucro de 60% sobre o valor líquido de venda do produto fabricado, foi estabelecida administrativamente pela SRF e é procedimento distinto do que foi determinado no texto da Lei, ou seja, margem de 60% do preço líquido de revenda da mercadoria ou insumo importado. 14 A regulamentação trazida pela IN SRF nº 243/2002 deixou de ir além da lei, como cabe a uma boa norma administrativa. Tratase de uma sistemática de apuração dos preços e margens fundamentada no valor de revenda dos bens importados, conforme o exigido pela Lei. 15 Apuramos, ainda, que alguns produtos importados foram revendidos diretamente e também utilizados na produção de outros bens. Nesses casos, ao refazermos os cálculos, conformandoos aos procedimentos previstos na IN nº 243/2002, obtivemos o preço parâmetro pela ponderação entre os preços parâmetros resultantes da aplicação das metodologias do método PRL com margem de 20% e de 60%. [...] 26 Assim sendo, considerandose que o Método PRL é definido “como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos”, decorre a conclusão lógica de que, nos casos em que parte da importação de determinado bem se destinar à produção e parte à revenda direta, há que se proceder à ponderação de acordo com as quantidades revendidas, utilizandose a margem de 20%, ou à produção, com a observância da margem de 60%, em atenção à distinção prevista nos itens 1 e 2 da alínea “d” do inciso II do artigo 18 da Lei nº 9.430/96. 27 Idêntica metodologia foi aplicada na apuração do preço médio ponderado do PRL, relatada nos itens anteriores, nos casos em que determinado insumo importado é aplicado na produção de diversos bens finais, podendo gerar preços parâmetros distintos para cada bem final envolvido. 28 Notamos, ainda, que a empresa não considerou os valores relativos à quantidade e a valor do estoque inicial na apuração do preço praticado. 29 A IN SRF nº 243/2002 é clara ao determinar, em seu artigo 12, §3º, que as mercadorias constantes no estoque no início do período, valorado pelo custo de importação, devem ser adicionadas às compras do ano sob análise para que se Fl. 1077DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.077 5 chegue ao preço a ser comparado com o preço parâmetro, proveniente das vendas do período. 30 Diferentemente dos outros dois métodos transacionais previstos na legislação de preços de transferência, destinados à avaliação de bens, serviços ou direitos adquiridos de pessoas vinculadas, nos quais os preços parâmetro e praticado devem ser construídos no período da importação ou aquisição, no PRL, a averiguação da ocorrência ou não da transferência de lucro para o exterior, em consonância com os pressupostos da legislação pátria, darseá no momento da revenda dos itens comprados do exterior. [...] 33. A DIESEL, ao avaliar alguns bens adquiridos de vinculadas no exterior, utilizou o Método dos Custos de Produção mais Lucro – CPL. Durante o procedimento de auditoria, apenas nos foram apresentadas planilhas demonstrativas das rubricas componentes do custo de fabricação de tais bens importados. 34 Apesar de requerida a comprovação dos valores atribuídos aos custos de produção, a empresa não logrou fornecer nenhuma documentação que desse suporte ao preço parâmetro declarado, razão pela qual o método apresentado pela pessoa jurídica foi desconsiderado, adotandose o PRL. 35 Por último, para os produtos submetidos ao método dos Preços Independentes comparados – PIC, tomamos ambos os preços, praticado e parâmetro, na condição Free On Board (FOB) e ajustamos a quantidade consumida no período. 36 Isto posto, recalculamos os preços de transferência, fazendo uso nesta feita da metodologia estipulada na Instrução Normativa nº 243/2002, apurando os valores constantes das memórias de cálculo integrantes deste termo e cujo resumo apresentamos no Anexo I. Multa de lançamento de ofício. 37 Os valores devidos a título de imposto de renda da pessoa jurídica e de contribuição social sobre o lucro líquido, apurados a partir da base de cálculo acima discriminada, foram acrescidos a multa de 75%, prevista no artigo 44 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 11.488/2007, em razão de não estar a empresa, na época do vencimento dos respectivos tributos, protegida por nenhuma condição de suspensão de exigibilidade, posto que o Mandado de Segurança foi impetrado apenas em 12.12.2007. Compensação da base negativa da CSLL. 38 No controle do saldo da base negativa da contribuição social sobre o lucro líquido fornecido pela empresa não consta o valor compensado em razão do lançamento efetuado em 2010, decorrente da fiscalização de preços de transferência do ano base de 2005. 39 No presente lançamento, referente às operações de importação do ano de 2006, estamos igualmente compensando parte do saldo da base negativa da CSLL, restando o montante demonstrado no quadro abaixo: [...] Fl. 1078DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.078 6 40 Fica essa empresa ciente de que deverá alterar seu controle da base negativa da CSLL de modo a refletir as compensações realizadas pela Receita Federal. 41 Este Termo de Verificação representa encerramento parcial desta ação fiscal, na medida em que abrange apenas as operações conduzidas pela DELPHI DIESEL SYSTEMS DO BRASIL LTDA. As importações efetuadas diretamente pela DELPHI AUTOMOTIVE SYSTEMS DO BRASIL LTDA. serão analisadas em outra oportunidade. Do todo teve ciência o Contribuinte, como já se adiantou, em 14/09/2011, vindo a colacionar sua insurgência em 13/10/2011 (fls. 714/731). Eis, em suma, as razões de insurgência: 1. Anota que ele, Contribuinte, Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda., inscrito no CNPJ sob nº 00.857.758/000140, incorporou a pessoa jurídica Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda., inscrita no CNPJ sob nº 49.871.155/000192, isso em 29/12/2007. Ocorre que esta última disputava, e ainda disputa, questão atinente à suposta ilegalidade da Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, isso nos autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487. Em tal feito teve a incorporada a emissão de provimento judicial favorável ao seu ponto de vista já em sede de apelação, conforme julgado em Acórdão produzido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (sobre tal aguardase o processamento de recursos especial e extraordinário opostos pela Fazenda Nacional). Isso considerado, e haverseia de obstar a imputação de multa de ofício ao presente feito, certo que suspensa a exigibilidade do crédito tributário já no momento de lavratura da autuação. Esse mesmo argumento seria serviente para determinar a nulidade in totum das exigências correntes, já que, ao se vincularem a dispositivo normativo (a IN SRF nº 243, de 2002, no caso) posto de lado por tutela judicial, errase na capitulação legal da hipótese fática ao se insistir, justamente, no dito dispositivo. 19. Assim, em conclusão, temse que no momento da lavratura dos Autos de Infração os critérios de cálculo relativos ao PRL na forma em que previstos na IN SRF n° 9.430/96 eram (como ainda são até o presente momento) inaplicável à Requerente, por força de decisão judicial, o que implica a suspensão da exigibilidade de eventual débito tributário decorrente da aplicação dos referidos critérios de cálculo. 20. Entretanto, muito embora a exigibilidade do suposto débito tributário exigido por meio dos Autos de Infração em questão estivesse suspensa em virtude de decisão judicial proferida nos autos do Mandado de Segurança da Diesel, a D. Fiscalização deixou de lavrar as autuações na forma do artigo 63 da Lei n° 9.430/96, e teve por bem exigir da Requerente a multa punitiva de 75% prevista no inciso I do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, o que é absolutamente descabido. [...] 23. Desse modo, a presente autuação fiscal não poderia subsistir, uma vez que a D. Fiscalização deixou de considerar o afastamento das regras de cálculo para o método PRL previstas na IN SRF n° 243/02 pelo Acórdão prolatado no Mandado de Segurança Diesel [...]. Fl. 1079DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.079 7 2. Para efeito de cômputo do preço praticado (preço/custo de aquisição) dos itens então sujeitos ao controle pelo Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL, não se poderia nele incluir as rubricas de despesas com seguros, fretes e tributos incidentes na operação, certo que determinados estes últimos em face de terceiro não vinculado ao Contribuinte. Mais, não poderia a Fiscalização deixar de considerar no cômputo da quantidade de cada item que, enfim, se acreditou merecedor de ajustes em seus custos de importação (para efeito de limitação da respectiva dedutibilidade no cálculo do IRPJ e da CSLL), os estoques finais deles, assim formados em 31/12/2006. 35. Como se vê, o custo levado em consideração pela D. Fiscalização incorpora uma série de valores incorridos pela Requerente no Brasil, com parte não vinculada. Referidos custos jamais poderiam ser considerados pela D. Fiscalização na apuração do preço médio de aquisição, pois são custos incorridos com terceiros e que não poderiam estar sujeitos a qualquer tipo de manipulação de preço. Por essa razão, também não deveriam se sujeitar a ajustes de preços de transferência. 36. Outra inconsistência notada no cálculo da D. Fiscalização para apuração do preço médio de aquisição foi a não desconsideração do saldo final, ou seja, a não subtração dos insumos e produtos que foram importados em 2006, mas não consumidos naquele anocalendário. 3. Pertinente aos cálculos mesmos levados a cabo pela Fiscalização, entende descabida a ponderação havida entre o Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL com margem de lucro de 60% (Lei nº 9.430, de 1996, art. 18, inciso II, mas considerado, entre os itens da sua alínea “d”, o de nº 1 – nomeiese PRL60%) e o Método do Preço de Revenda menos Lucro – PRL com margem de lucro de 20% (mesma Lei, mesmos artigo e inciso, mas considerado, entre os itens de sua alínea “d”, o de nº 2; nomeiese PRL20%). 4. Diz que, sobre um ajuste que promovera por conta do Método do Preço de Revenda Menos Lucro – PRL e pertinente à variável “juros praticados pelos fornecedores estrangeiros”, não estaria obrigado a maiores detenças de comprovação. 14. Por último, a D. Fiscalização desconsiderou os ajustes financeiros realizados pela Requerente com relação aos preços, sem qualquer justificativa legal para tanto. [...] (viii) o ajuste do preço parâmetro calculado pelo Método PRL com relação aos juros praticados pelos fornecedores estrangeiros é medida que, no caso do inciso II do § 6º do artigo 12 da IN SRF n° 243/02, não está condicionada a qualquer espécie de comprovação por parte do contribuinte, motivo pelo qual deve ser excluída da autuação a parcela relativa a esses ajustes; 5. Diz d’uma retificação procedida pela Fiscalização, com base art. 11 da IN SRF nº 243, de 2002, nos ajustes feitos por ele, Contribuinte, quando do uso do Método dos Preços Independentes Comparados – PIC (art. 18, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996). Sugere que tal retificação, sobre considerar apenas as importações havidas no curso do anocalendário de 2006, seria descabida. Fl. 1080DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.080 8 6. A multa de ofício (a se considerar vencida a argumentação sobre a suspensão da exigibilidade do crédito tributário aqui formalizado), no patamar em que exigida, configuraria verdadeira hipótese de confisco, com imediata ofensa ao disposto no art. 150, inciso IV, da Constituição. 7. Inconstitucional seria o uso da taxa Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic para efeito de cálculo dos juros de mora. Ainda nesse ponto, sobre eventual má sorte no presente processado, a título de resguardo futuro, já pondera sobre a impossibilidade de incidência de juros de mora (no caso, estimada pela taxa em comento) sobre a multa de ofício, isso quando se vir na circunstância de solver o total do débito aqui constituído. 45. Ainda que os juros de mora incidam apenas sobre o valor dos tributos lançados, a Requerente, para assegurar que diante de um futuro resultado desfavorável a atualização do débito não será feita com a incidência de juros pela taxa SELIC sobre a multa aplicada, vem esclarecer o quanto segue. 46. A multa configura penalidade e não tem natureza tributária. Assim sendo, não há razão para ser aplicada a taxa de juros SELIC sobre o seu valor. É evidente que a multa de ofício não pode ser aumentada pela aplicação de taxa de juros, sob pena de ser caracterizado o agravamento da sanção, o que é inaceitável!”. A 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP, em sessão de 16/05/2011, ao analisar a peça impugnatória apresentada, proferiu o acórdão n° 1638.903 entendendo “por unanimidade de votos, dar por IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO, mantendose o crédito tributário tal qual exigido nos presentes autos”, sob argumentos assim ementados: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PREÇO PRATICADO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o Método PRL, devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. PREÇOPARÂMETRO. ESTOQUES FINAIS. Na apuração dos preçosparâmetro segundo o Método PRL não há previsão de se considerar, como elemento redutor da quantidade do produto adquirido/importado enfim sujeito a ajuste, o importe registrado em estoque final. Tal possibilidade se abre, sem dúvida, com a Normativa SRF nº 243, de 2002, mas apenas sob o viés contábil. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PONDERAÇÃO. Na hipótese de um mesmo bem importado ser aplicado na produção de mais de um produto, o preço parâmetro final será a média ponderada dos valores encontrados mediante a aplicação do PRL com margem 60%. O mesmo caso um bem importado ser parcialmente aplicado em processo produtivo e parcialmente revendido, oportunidade em que a ponderação se dará entre os resultados apurados Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.081 9 segundo o PRL com margem de 20% e aqueles outros computados segundo o PRL com margem de 60%. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 INCONSTITUCIONALIDADE. RECONHECIMENTO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. Cumpre à Administração Tributária aplicar a Lei de ofício. Por outra, em nível administrativo, não se afasta a aplicação de Lei, não se declara a sua inconstitucionalidade. Entendimento já consolidado, inclusive, no enunciado nº 02 da Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60%. AJUSTE, IN SRF nº 243, de 2002. ILEGALIDADE. CONCOMITÂNCIA DA DISCUSSÃO COM A ESFERA JUDICIAL. Se a questão (ponto controvertido) em debate no processo administrativo é levada à apreciação do Poder Judiciário, a Autoridade Tributária, originalmente competente para proferir decisão sobre a contenda, deixa de sêlo: a competência para decidir deslocase da esfera da Administração para a do Poder Judiciário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. MULTA DE OFÍCIO. Não caracteriza hipótese de suspensão de exigibilidade do crédito tributário a colhida de tutela judicial em sede de apelação, certo que o provimento original (formado em instância primeira) fora denegatório seja de medida liminar, seja meritoriamente , e considerado ainda o recebimento do dito recurso tão só sob o efeito devolutivo, bem que inexistente ainda notícia de reversão de tal condição junto ao Tribunal competente por medida processual autônoma que seja. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Segundo consta dos autos, (fls. 887) a Recorrente teria sido cientificada da decisão proferida pela 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP, na sessão de 16/05/2011, através de sua caixa postal eletrônica, conforme pode ser visto abaixo: Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.082 10 Em seu recurso voluntário a Recorrente afirma que: Diante deste fato, afirma a Recorrente que só foi efetivamente cientificada da decisão de primeira instância em 10/08/2012, data em que a Recorrente “compareceu novamente à agencia da RFB em São Caetano do Sul para obtenção das copias do processo (Doc. 06), bem como para formalizar o pedido de vista do processo, no que foi atendido(...)”. Diante desta afirmação e analisando os autos, constado, às fls. 889 e segs o referido pedido de vista. Desta forma, a DELPHI AUTOMOTIVE SYSTEMS DO BRASIL LTDA., qualificada nos autos em epígrafe, inconformada com a decisão contida no Acórdão nº 1638.903, recorreu em 24/08/2012 (fls 900 e segs) a este Conselho Administrativo de Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.083 11 Recursos Fiscais objetivando a reforma do julgado reiterando, basicamente, os argumentos da peça impugnativa, além de um tópico especifico sobre a tempestividade da peça recursal. Na referência às folhas dos autos considerei a numeração do processo eletrônico (eprocesso). É o relatório do essencial. Voto Conselheiro SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA Observo que nos autos não consta a comprovação de que a Recorrente teria optado por receber as notificações, via caixa postal eletrônica, no portal ecac localizado no sito da RFB, entendo ser necessária a aplicação do principio do “in dubio pro reu”, e visando que seja mantida a segurança jurídica e observado o que determina observado as determinações constantes do PAF do art. 33 do Decreto nº. 70.235/1972, por isso conheço a tempestividade do recurso voluntário apresentado, que preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele, portanto tomo conhecimento. A questão de mérito dos autos trata de um assunto que vem sendo muito debatido nesta 3ª Turma Ordinária da 1ª. Câmara da Primeira Seção de Julgamento. Porém vou ter que me privar de trazer a mesa a discussão. Faço isso porque, depois de uma longa análise nas idas e vindas do presente processo, entendo ser necessário, antes de qualquer coisa, transcrever parte dos argumentos apresentados pela 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP, constantes do Acórdão nº 1638.903, “verbis”: “SOBRE OS MANDADOS DE SEGURANÇA E SUAS INFLUÊNCIAS NO PRESENTE FEITO. A cada personalidade jurídica, sua sorte. Assim, no curso de 2007, se deu nos autos do Mandado de Segurança (preventivo) sob nº 2007.61.00.0315183, em que a pessoa jurídica Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda. defendeu os interesses de sua personalidade jurídica em face da IN SRF nº 243, de 2002, ou mais precisa e fortemente contra o disposto no art. 12, § 11, da referida Instrução Normativa. Assim aconteceu, também no curso do ano de 2007, contra a mesma Instrução Normativa, nos autos do Mandado de Segurança (preventivo) sob nº 2007.61.00.0340487, em que a pessoa jurídica Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda. igualmente procurou resguardar os interesses de sua personalidade jurídica. Nos tempos seguintes (pós 2007), três intercorrências: [1] Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda. incorporou a Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda. (conforme se apanha no sítio eletrônico da Jucesp, tal evento vai a registro na sessão daquele órgão em 12/02/2008; documentos juntados); [2] O Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0315183 foi extinto sem resolução de mérito, por Fl. 1084DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.084 12 desistência do Impetrante, Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda. (fl. 1.637 dos autos sob nº 10805.721766/201181); [3] O Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487, originalmente impetrado pela agora incorporada Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda., teve sorte diferente e ainda segue, levado adiante pela incorporadora Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda., ao aguardo do processamento de Recursos Especial e Extraordinário, assim opostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra Acórdão exarado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (que afastou, na espécie, a aplicação da IN SRF nº 243, de 2002; documentos juntados). Observese que, considerado os autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0315183, não há meio e modo de se visualizar eventual concomitância entre as esferas administrativa e judicial sobre o específico ponto da legalidade, ou não, da IN SRF nº 243, de 2002. É que a Fiscalização encontra o Contribuinte, iniciado o procedimento fiscal a ele cientificado em 02/02/2011 (fls. 278/279), quando este último já houvera desistido do mandamus, como homologado pelo juízo de origem em sentença – por evidente, sem resolução de mérito – datada de 11/12/2008 (fl. 1.637 dos 10805.721766/201181), certo ainda que no histórico de acompanhamento do dito expediente não se encontra notícia de senão algum da Procuradoria da Fazenda Nacional, arquivado que foi o feito em definitivo (documento juntado; além disso, tenhase também em perspectiva o conjunto dos arts. 158, parágrafo único, 267, inciso VIII e seu §4º, todos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil – CPC). Tomados agora os autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487, haverá, aí, uma particular concomitância sobre ser, ou não, legal a IN SRF nº 243, de 2002. Tal acontece quando o presente Contribuinte, incorporador do original Impetrante do mandamus em referência (Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda.), ao prosseguir na demanda, vem de proteger da incidência da questionada Instrução Normativa o exato e não mais que o limite do patrimônio incorporado. Os Mandados de Segurança sobreditos nasceram sob a guarda de personalidades jurídicas distintas para a tutela de patrimônios distintos. Na medida em que Delphi Automotive Systems do Brasil Ltda. sucede processualmente Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda. nos autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487, assim o faz na defesa do patrimônio original (agora incorporado), sem que haja de se pensar, daí, qualquer reflexo sobre o patrimônio da própria incorporadora. Sobre esse ponto, preciosa é a lição do Prof. Cândido Rangel Dinamarco: ‘As pessoas jurídicas extinguemse pela dissolução, que não opera sucessão universal, ou pelos fenômenos da incorporação, fusão ou cisão de sociedades, quando então ocorre a sucessão universal por ato inter vivos. Em todos esses casos, a transferência integral da universalidade de direitos e obrigações é natural desdobramento da superveniente inexistência da personalidade jurídica do primitivo titular (CC, arts. 1.116 – 1.119). [...] [...] Fl. 1085DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.085 13 Daí decorre que, extinta uma pessoa jurídica e atribuído seu patrimônio a outra, esta adquire não só os ativos e passivos patrimoniais segundo as regras de direito substancial, como também, consequentemente, a legitimidade ativa ou passiva para a defesa judicial de interesses relacionados com o patrimônio absorvido. A pessoa jurídica que houver adquirido a titularidade deste é autêntico sucessor da sociedade extinta por incorporação, fusão ou cisão, e, como todo sucessor, ela é tratada, com relação à universalidade recebida, como se ainda fosse a sociedade extinta (ficção legal – supra, n. 1.388) (DINAMARCO, Cândido Rangel. “Instituições de Direito Processual Civil”. São Paulo: Malheiros Editora, 3. ed., v. IV, 2009, p. 143; destacouse)’ É dessa especial concomitância entre as esferas administrativa e judicial, ao derredor da legalidade, ou não, da IN SRF nº 243, de 2002 (mais precisamente, art. 12, § 11, da referida Instrução Normativa), que se cuida nos presentes autos sob nº 10805.721765/201136. Então, em síntese, na particular questão sobre a legalidade, ou não, da IN SRF nº 243, de 2002: [1] vistos os autos do Mandado de Segurança nº 2007.61.00.0315183, não há concomitância entre as esferas administrativa e judicial frente aos autos do processo administrativo nº 10805.721766/201181; [2] considerados os autos do Mandado de Segurança nº 2007.61.00.0340487, há concomitância entre as esferas administrativa e judicial (ao derredor da legalidade, ou não, da metodologia exposta no art. 12, § 11, da referida Instrução Normativa) em presença dos autos do processo administrativo nº 10805.721765/201136. Enfim, não se abrirá, aqui, discussão sobre a regra de proporção como sistematizada no art. 12, § 11, da Instrução Normativa nº 243, de 2002, porque tal questão foi posta sob a órbita – e assim continua (há concomitância) – do Poder Judiciário nos autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487. É a orientação posta no Ato Declaratório Normativo – Cosit nº 03, de 14 de fevereiro de 1996: (...) Já o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF entende o mesmo, conforme se tira do Enunciado nº 01 de sua Súmula: (...) Ainda sob o horizonte do Mandado de Segurança de nº 2007.61.00.0340487, continuese, agora, para dizer sobre a pertinência, sim, da imputação de multa de ofício, como prefigurada pelo art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Ou, d’outra maneira, de que não se está, no caso, em presença de causa suficiente à suspensão de exigibilidade do crédito tributário ora constituído.(...)”. Fazendo uma pesquisa encontramos o Mandado de Segurança, proc. nº. 2007.61.00.0340487, que possui os seguintes dados: Fl. 1086DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.086 14 O referido processo foi distribuído em 12/12/2007 e teve sentença denegatória da segurança publicada em 16/10/2008, com recurso ao TRF da 3ª Região, que em 19/08/2010, prolatou a seguinte decisão: “APELAÇÃO CÍVEL Nº 003404852.2007.4.03.6100/SP 2007.61.00.0340487/SP EMENTA: TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTAÇÃO EM TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS VINCULADAS. METODOLOGIA DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL. IN Nº 243/2002. ILEGALIDADE. RECURSO PROVIDO. Tratandose de transações internacionais entre pessoas jurídicas vinculadas, a tributação dáse através do conceito "preço de transferência", sob a metodologia, no caso da impetrante, do "Preço de Revenda menos Lucro" (art. 18 da Lei nº 9.430/1996). À guisa de complementar a disposição legal regente do assunto, sobrevieram instruções normativas da Secretaria da Receita Federal, incluindo a de nº 243/2002, que extrapolou o poder regulamentar que lhe é imanente, daí se avistando ofensa ao princípio da reserva da lei formal. Necessidade de se garantir à impetrante a utilização dos critérios de apuração do preço de transferência pelo método PRL, conforme art. 18 da Lei nº 9.430/1996, afastadas as alterações trazidas pela IN nº 243/2002. Recurso provido. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por maioria, dar provimento à apelação, nos termos do voto do Desembargador Federal Márcio Moraes e da certidão de julgamento, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado”. Na presenta data o Mandado de Segurança, proc. nº. 2007.61.00.0340487 encontra aguardando a admissibilidade de Recurso Especial e Extraordinário protocolados pela PGFN e já com contra razões da Recorrente. Fl. 1087DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.087 15 Diante da notícia acima, trazida pela 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP, vejo que no caso em tela houve a ocorrência da renúncia à instância administrativa, quando a Recorrente, sucedeu processualmente a sociedade Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda., por incorporação, nos autos do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487. Assim, não resta dúvida que temos no presente caso a situação de concomitância entre as esferas administrativa e judicial. E, este tema já se encontra sumulado no âmbito desta Corte Administrativa: “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Assim, em decorrência de ter a Recorrente incorporado a Delphi Diesel Systems do Brasil Ltda. está sob a égide dos benefícios da decisão proferida pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região na Apelação Cível nº 003404852.2007.4.03.6100/S, consubstanciada no acórdão nº. 2208/2010, ficando configurada, de forma inconteste, a ocorrência de renúncia à instância administrativa, única e tão somente em relação à regra de proporção como sistematizada no art. 12, § 11, da Instrução Normativa nº 243/2002, em decorrência do Mandado de Segurança sob nº 2007.61.00.0340487. Desta feita voto no sentido de não conhecer o recurso voluntário, em decorrência da existência de processo judicial anterior a data da autuação em relação à regra de proporção como sistematizada no art. 12, § 11, da Instrução Normativa nº 243/2002. Ultrapassado esse ponto, passo a análise dos demais temas constantes da decisão da 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP, quais sejam: Ø A ponderação entre o PRL20% e o PRL60% A decisão da 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP sobre a ponderação entre o PRL20% e o PRL60% tem a seguinte fundamentação, “verbis”: “Não há que se criticar a ponderação havida entre o PRL20% e o PRL60%, isso para a hipótese em que, considerado um dado bem, direito ou serviço importado de pessoa vinculada ou de país com tributação favorecida, ora dito item é vendido tal e qual (cabível o PRL20%), ora é incorporado (como insumo) em outro produto, este enfim vendido (próprio seria o PRL60%). Tal aconteceu, por exemplo, com o item importado sob o código 7123308T (“anel de ressalto de aço”), ora vendido exatamente como importado, ora aplicado à produção de outros itens, tais os de códigos V3640F3111, V3640F3701, V3340F0502, V3340F0121, 3340F090Y1, 3340F0701 e 3340F0501. No particular caso sobredito – e disso tirase lição para as mais hipóteses em que houve a discutida ponderação – 319 unidades do item sob o código 7123308T foram Fl. 1088DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.088 16 vendidas tais como importadas, daí porque a Fiscalização, nessa particular venda, considerou o PRL20%. D’outro tanto, quando dito item serviu de insumo na saída dos produtos V3640F3111, V3640F3701, V3340F0502, V3340F0121, 3340F090Y1, 3340F0701 e 3340F0501, fixouse no PRL60%.Vide Tabela 01 abaixo. O preço parâmetro é calculado sempre a partir d’uma amostra de transações de compra e venda entre partes não relacionadas (para não deixar esquecer, o ponto de partida para o cálculo do preço parâmetro é a venda, que se supõe com terceiro não relacionado, daquele item importado de parte relacionada ou de país com tributação favorecida), amostra essa cuja amplitude não é fixada em Lei. Ficase, assim, com o problema de, no mínimo, bem dimensionala, exatamente para que possa ela cumprir com sua precípua função: representatividade da população de referência. Ora, consideradas, como consideradas foram, importações distribuídas no curso do ano calendário de 2006, quanto mais operações de compra e venda entre partes não relacionadas se apanhar igualmente distribuídas no curso do ano em referência, mais fidedigna será a amostra. É o máximo que se pode exigir. Foi o que fez a Fiscalização. Digase ainda, como já adiantado pela Fiscalização, que três e não mais que três são os métodos de controle dos preços/custos de bens, direitos e serviços importados de partes vinculadas ou de país com tributação favorecida (correspondentes aos incisos I, II e III do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996). A se dar azo à inteligência do Contribuinte, tendente a considerar, para um mesmo item importado e sujeito ao controle da sistemática de Preços de Transferência, estanques e autônomas as duas formas de apuração afetas ao Método de Preço de Revenda Menos Lucro (isto é, PRL20% e PRL60%, conforme o dito item seja vendido tal qual importado, ou, d’outra banda, seja ele incorporado como insumo em produto final enfim vendido, respectivamente), estarseia admitindo que são quatro e não três os métodos de controle no âmbito de importações. Cabe o mesmo raciocínio – da ponderação – no caso em que um dado item importado é usado na produção de vários produtos finais então vendidos. Por outra, a cada espécie de produto final vendido e que tenha nele incorporado como insumo o item importado cujo preço/custo querse Fl. 1089DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.089 17 controlar pela sistemática de Preços de Transferência, calculase o respectivo preço parâmetro que seria então imputável a dito item importado. Após, para se ter um único preço parâmetro que levar em consideração, ponderamse os preços parâmetros assim encontrados em função das quantidades consumidas do referido item/insumo importado e incorporado em cada espécie de produto final vendido”. Observando os argumentos acima e aqueles que se contrapõem no recurso voluntário, podese concluir, com certa facilidade que a Lei nº 9.430/96 visa, através das normas de preços de transferência evitar a manipulação de preços. Em uma definição mais ampla, o termo “preço de transferência” é conceituado como o preço utilizado em operações comerciais envolvendo partes relacionadas, localizadas em jurisdições tributárias diversas, responsáveis pela percepção de renda. Por cota disso, a legislação brasileira definiu como Preço de Revenda Menos Lucro – PRL aquele preço parâmetro que deve ser encontrado pela decomposição do preço de venda do bem pelo importado. Tomase o valor final de venda e se promove a decomposição, nos termos em que previsto na legislação, até se aplicar a margem de lucro prevista na lei. Desta forma, tomando por base a redação original da Lei nº 9.430/96, encontramos, no art. 18, que o PRL regerseia da seguinte forma: “Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda;” Porém, no ano de 2000 foi editada a Lei nº 9.959 que alterou o art. 18 acima transcrito, passando a prever duas hipóteses de aplicação do PRL, de acordo com a destinação do bem importado, senão vejamos: A primeira quando se tratar de mera revenda do bem importado, ai aplicase margem de lucro de 20%, (chamado PRL20%); Já a segunda quando o bem importado for utilizado como insumo na produção do bem final, ai aplicase margem de lucro de 60%, (chamado PRL60%). O cerne da divergência ora em julgamento diz respeito à aplicação do método PRL 60. Vejase o art. 18 da lei nº 9.430/96, in litteris: Fl. 1090DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.090 18 “Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção;” Observando o disposto acima, o entendimento da Recorrente é que a Lei nº 9.430/96 na fixação do método PRL, não fazia diferenciação entre os bens importados aplicados à produção, daqueles bens importados que eram revendidos diretamente no mercado interno, conforme pode ser visto de parte do recurso voluntário, a seguir transcrito, (fls 915): Fl. 1091DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.091 19 Diante do que foi visto acima entendo que a decisão da 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP não pode ser validada opor não observar a legislação de regência, assim, neste ponto voto negar provimento ao recurso voluntário, não pode ser apreciado concomitância . não houve discussão sobre a forma de calculo, . Ø As despesas com seguros, fretes e tributos incidentes na importação de insumos sujeitos a controle de preço/custo na questão dos estoques finais. E, por fim, quero me ater à questão das despesas com seguros, fretes e tributos incidentes na importação de insumos sujeitos a controle de preço/custo na questão dos estoques finais. É importante ressaltar que na sessão de 19/11/2012, esta 3ª Turma Ordinária da 1ª. Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, quando do julgamento unanime do processo nº. 19 16327.001646/200584, consubstanciado através do Acórdão nº. 1103000.780 da lavra do ilustre exConselheiro Mário Sérgio Fernandes Barroso, ementa da decisão abaixo, “verbis”: Fl. 1092DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.092 20 Diante da decisão acima, peço vênia para transcrever as razões de decidir no que se refere ao “PRL 20 E A INCLUSÃO DOS VALORES RELATIVOS AO FRETE, AO SEGURO E AO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO A recorrente contesta os preços praticados apurados pela fiscalização segundo o método PRL, devido à inclusão dos valores relativos ao frete, ao seguro e aos tributos nos cálculos. O disposto no artigo 18, § 6º, da Lei nº 9.430/96, trata do assunto: ‘Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda; (...) § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. (...)’ Dessa forma, dúvida não há a respeito da inclusão como custo do valor do frete, do seguro e dos impostos incidentes sobre a importação. Sobre o tema, a jurisprudência do antigo Primeiro Conselho é uníssona como no acórdão n.º 10323199, de 13 de setembro de 2007, a saber: Fl. 1093DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.093 21 ‘PREÇO DE TRANSFERÊNCIA – MÉTODO PRL – Na apuração dos preços praticado, assim, como dos preçosparâmetro, devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação...’ A recorrente, alega que a IN SRF nº 38/97, reforçaria seu entendimento de que para o custo do produto importado não se incluiria o frete, o seguro e o imposto de importação. Primeiramente, observamos, que a citada instrução normativa não poderia revogar a lei (§ 6º, do artigo 18, da Lei nº 9.430/96) contudo, pelo amor ao debate, observamos que carece e lógica a afirmação da recorrente, pois, como comparar coisas diferentes, ou seja, se no valor das vendas a pessoa não vinculadas praticado pela recorrente no caso dos autos incluiu o frete, o seguro e o imposto de importação, como querer agora ao aplicar o método PRL não utilizar no custo de sua compra com pessoa vinculada o seguro, frete e imposto de importação. Sem estes valores o custo é reduzido, ou seja, não é real, e o ajuste realizado vem justamente realizar o objetivo da lei, no caso, coibir o superfaturamento da compra com pessoa vinculada, que neste caso se traduz pela diminuição do custo da empresa aqui no Brasil. Diminuindo o custo da importação o contribuinte diminui o ajuste do preço de transferência (excesso de custo) que é a diferença do custo de importação e o preço de referência. Neste ponto, transcrevese parte do acórdão atacado: ‘Tal procedimento é obvio, na apuração do preço de transferência pelo método PRL. Esse método parte do preço de revenda praticado pelo contribuinte (média aritmética), e, daí, são excluídos alguns valores (descontos incondicionais concedidos, impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, comissões e corretagens pagas, e margem de lucro, nos termos do artigo 18, item II, da Lei nº 9.430/96 e do artigo 12 da IN SRF nº 38/97), para se chegar ao preçoparâmetro, que será comparado ao preço considerado pela contribuinte como custo. Como, evidentemente, a contribuinte considerou, na formação do preço de revenda, todos os seus custos, inclusive os de frete e seguro, por ela assumidos, e os tributos incidentes na importação, o preçoparâmetro, formado a partir do preço de revenda, também tem nele embutido os citados custos, ou seja, tratase de preço CIF, e não FOB, como quer fazer crer a impugnante.’ Dessa forma, o ajuste efetuado pela fiscalização tornou o custo real, e esse diminuído do preço de referência (PRL 20) gerou uma diferença de excesso de custo e este foi lançado cumprindo rigorosamente os ditames da lei”. Assim, não há duvidas que a decisão da 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP deve ser mantida neste ponto, por isso voto para negar provimento ao recurso voluntario, para que seja mantido na apuração dos preços praticado, assim, como dos preçosparâmetro, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. Fl. 1094DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.094 22 Ø Aplicação de juros de mora sobre a multa de oficio. Em relação ao argumento da Recorrente constante do Recurso Voluntario sobre a “impossibilidade de aplicação de juros de mora sobre a multa de oficio”. A Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF já se manifestou no sentido da incidência dos juros de mora sobre o tributo e a multa de ofício, conforme ementa transcrita abaixo: A pesar da decisão acima, entendo que o art. 61 da Lei n° 9.430/1996, regula a incidência dos acréscimos moratórios sobre os débitos para com a União Federal, não concede a possibilidade de aplicação de juros de mora sobre a multa de oficio conforme pode ser visto abaixo: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Fl. 1095DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.095 23 § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento.” Tal entendimento decorre da leitura que faço do § 3°, do art. 61, da Lei n° 9.430/1996, onde vejo que somente incidem juros sobre “os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”. Na verdade, a expressão “decorrentes de tributos e contribuições” tem a função de excluir do alcance da norma os débitos não tributários, e neste contexto é equivalente a ideia de crédito tributário. Nos termos do art. 139 do CTN o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Por isso afirmo que a multa de ofício não foi alcançada pelo disposto no §3°, do art. 61, ou seja, a multa de oficio não está inserta na expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições”. Isso porque, a multa de ofício é uma penalidade que é prevista no art. 44, do mesmo diploma legal. E, como penalidade é aplicável nos casos de lançamento de ofício, quanto se verificar a falta de pagamento ou recolhimento de tributo, a falta de declaração ou a declaração inexata. Tanto é que o art. 113 do CTN é expresso em determinar que a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto o pagamento do tributo e da penalidade pecuniária. Logo, essa penalidade pecuniária não pode integrar o crédito tributário, tendo em vista que é uma mera consequência do inadimplemento do tributo, sendo que este último (o tributo) já tem sobre ele a incidência dos juros. A multa é uma decorrência possível, mas não necessária do tributo. Ao meu ver, a simples leitura do “caput” do art. 61 deixa claro que a expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições” é restritiva equivalente a créditos tributários, os quais, por força do próprio CTN, incluem só o tributo, estando a penalidade fora desse escopo. Por essa razão, entendo que a multa de oficio não paga no vencimento, diferente do tributo, não se sujeita à incidência de juros. Recentemente, a 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça reiterou entendimento no sentido de ser “legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário” (AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/12), tendo o acórdão recebido a seguinte ementa: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.” (REsp Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA Processo nº 10805.721765/201136 Acórdão n.º 1103000.835 S1C1T3 Fl. 1.096 24 1.129.990/PR, Rel. Min.Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido”. (destaquei) Colhese do respectivo voto condutor: “(...) Quanto ao mérito, registrou o acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região à fl. 163: ‘... os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, é possível a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento.’” Mantémse, portanto, a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Ø Questões de constitucionalidade. Já no que se refere à alegada inconstitucionalidade levantada pela Recorrente, aplicase a Súmula Carf nº 2, assim redigida: “Súmula Carf nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Diante do exposto, observando tudo que consta nos autos, voto no sentindo PARA DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso para considerar válido o método de apuração do PRL60% utilizado pela Recorrente, além d e excluir da imputação tributária os juros sobre a multa de ofício, mantendo a decisão da 1ª Turma da DRJ/São Paulo01SP nos demais itens pelos fundamentos acima. Sérgio Luiz Bezerra Presta Relator (assinado digitalmente) Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/0 2/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/12/2013 por SERGIO LUIZ BEZER RA PRESTA
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Numero do processo: 10283.006769/2005-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 02 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. FISCALIZAÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA.POSSIBILIDADE.
Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos,a utilização de informações financeiras pelas autoridades fazendárias não viola o sigilo de dados bancários, em face do que dispõe não só o Código Tributário Nacional (art.144,§ lº),mas também a Lei 9.311/96 (art 11, § 32, com a redação introduzida pela Lei 10.174/2001) e a Lei Complementar 105/2001 (arts.5ºe 6º) ,inclusive podendo ser efetuada em relação a períodos anteriores à vigência das referidas leis.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996
Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS - DO ÔNUS DA PROVA
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.Recurso provido em parte (Súmula CARF no.26).
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA; CONCOMITÂNCIA
É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1º, itens II e III, da Lei nº. 9.430, de 1996).
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC APLICAÇÃO.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema especial de Liquidação e CustódiaSELIC para títulos federais.(Súmula CARF nº4).
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. CONTAGEM DO PRAZO.
Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador(art.150,§4º,do CTN).
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física,relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF Nº 38).
Rejeitar as preliminares
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2202-002.724
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JUNIOR e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, que acolhem a preliminar. QUANTO AS DEMAIS PRELIMINARES: Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. QUANTO AO MÉRITO: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da exigência a multa isolada do carnê-leão, aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Vencido o Conselheiro FABIO BRUN GOLDSCHMIDT que provia em maior extensão o recurso para afastar a aplicação conjunta das sanções (multa de ofício e isolada), com aplicação exclusiva da multa isolada.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente
(assinado digitalmente)
Dayse Fernandes Leite Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Fabio Brun Goldschmidt.
Nome do relator: DAYSE FERNANDES LEITE
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FISCALIZAÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA.POSSIBILIDADE. Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos,a utilização de informações financeiras pelas autoridades fazendárias não viola o sigilo de dados bancários, em face do que dispõe não só o Código Tributário Nacional (art.144,§ lº),mas também a Lei 9.311/96 (art 11, § 32, com a redação introduzida pela Lei 10.174/2001) e a Lei Complementar 105/2001 (arts.5ºe 6º) ,inclusive podendo ser efetuada em relação a períodos anteriores à vigência das referidas leis. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.Recurso provido em parte (Súmula CARF no.26). MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA; CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 67 69 /2 00 5- 89 Fl. 203DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1º, itens II e III, da Lei nº. 9.430, de 1996). JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC APLICAÇÃO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema especial de Liquidação e CustódiaSELIC para títulos federais.(Súmula CARF nº4). DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO. CONTAGEM DO PRAZO. Nas exações cujo lançamento se faz por homologação, havendo pagamento antecipado, contase o prazo decadencial a partir da ocorrência do fato gerador(art.150,§4º,do CTN). O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física,relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF Nº 38). Rejeitar as preliminares Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO, PEDRO ANAN JUNIOR e FABIO BRUN GOLDSCHMIDT, que acolhem a preliminar. QUANTO AS DEMAIS PRELIMINARES: Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. QUANTO AO MÉRITO: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da exigência a multa isolada do carnêleão, aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Vencido o Conselheiro FABIO BRUN GOLDSCHMIDT que provia em maior extensão o recurso para afastar a aplicação conjunta das sanções (multa de ofício e isolada), com aplicação exclusiva da multa isolada. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente (assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Marcio de Lacerda Martins (Suplente Convocado), Rafael Pandolfo, Pedro Anan Junior, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Fabio Brun Goldschmidt. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 3 3 Relatório Contra o contribuinte, MÁRIO EXPEDITO NEVES GUERREIRO, foi lavrado auto de infração de fls. 55/65, relativo ao imposto sobre a renda de pessoas físicas, anocalendário 2000. Das verificações realizadas resultou a apuração do crédito tributário no valor total de R$195.244,73 (cento noventa e cinco mil, duzentos quarenta e quatro reais e setenta e três centavos). O credito tributário constituído decorreu da constatação das seguintes irregularidades: 1. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS E ROYALTIES RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS 2. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA 3. MULTAS ISOLADAS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPF DEVIDO A TITULO DE CARNE LEÃO Impugnou o lançamento (fls. 69/85), alegando, consoante o relatório da decisão de primeira instância, o seguinte: 1. Fato gerador do imposto de renda e o seu lançamento. Depósito bancário não é renda tributável. 0 procedimento fiscal instaurado contra o Impugnante, afronta os princípios da legalidade e da segurança do contribuinte. 0 agente do fisco, ampliando o campo de incidência do imposto de renda traçados pelo artigo 43 do CTN, fez incidir o tributo indiscriminadamente sobre os valores supostamente de origem não comprovada representados por depósitos bancários. A matéria fática que teria dado nascimento obrigação tributária de responsabilidade do Impugnante seria a existência de depósitos bancários em conta corrente, hipótese não contemplada pela lei como fato gerador do imposto de renda. No auto de infração está expressamente reconhecido que o fato imponível foi a existência de depósitos bancários em nome do autuado. Cita também os artigos 114, 105 e 144 do CTN. 0 lançamento retroage à data do fato gerador. Esse procedimento somente poderia ser adotado a partir da Lei n° Fl. 205DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 10.174/2001, pois a Lei n° 9.311/96, que instituiu a cobrança da CPMF, em seu art. 11, vedava expressamente, a utilização de informações bancarias para constituição de créditos tributários relativos a outros impostos ou contribuições. Desse modo, não poderia a fiscalização utilizarse dos registros de depósitos bancários existentes em nome do impugnante, junto a instituições financeiras, relativos ao anocalendário de 2000, situação somente modificada com o advento da Lei n° 10.174/01. Cita a Súmula 182 do TRF; 2. Decadência do direito do Fisco para constituição do crédito tributário exigido do Impugnante pelo Auto de Infração. Cita os arts. 2° e 11, da Lei n°7.713/88 e o art. 150, § 4° do CTN. No caso especifico do Impugnante, os valores tributáveis decorrentes de depósitos bancários ocorreram respectivamente de janeiro a dezembro de 2000, portanto há mais de cinco anos, considerando que o auto de infração somente foi lavrado em 28/12/2005. Desse modo, todos os fatos geradores ocorridos há mais de cinco anos da ciência do auto de infração, 28/12/05, ou seja, anteriores a 28/12/2005, estão atingidos pela decadência, não sendo mais suscetíveis de qualquer lançamento e/ou questionamento pelo fisco federal; 3. 0 valor apurado exofficio como acréscimo patrimonial no ano calendário de 1999 deve acobertar aumento patrimonial do ano calendário de 2000, exercício de 2001, demonstrado no auto impugnado. 0 impugnante preferiu pagar o valor apurado no auto de infração relativo ao anocalendário de 1999, parceladamente, o que vem fazendo mediante débito em sua conta corrente no Banco do Brasil. Anexou documentação. O valor apurado nesse auto de infração soma R$ 265.175,51 (R$ 2.000,00 + 194.975,51 + 68.200,00), já tributado e aceito pelo Impugnante, deve acobertar o aumento patrimonial, apurado mensalmente pelo fluxo de caixa pela fiscalização, relativamente ao anocalendário de 2000, pois, tais recursos passaram a integrar o patrimônio disponível do contribuinte. Em 30/12/2005, o Impugnante foi autuado pela fiscalização do imposto de renda, relativamente ao anocalendário de 2000, sendo apurado um aumento patrimonial não justificado (depósitos bancários) de R$ 274.861,54 (item 002 do auto de infração) e de receita de aluguéis omitida no valor de R$ 1.650,00, totalizando R$ 276.511,54. Desse modo o acréscimo efetivo tributável no ano calendário de 2000 será de R$ 11.336,03 (R$ 276.511,54 — R$ 265.175,51). Conclui que se o acréscimo patrimonial apurado de oficio pela autoridade fiscal já foi tributado em 1999, nada impede que este seja aproveitado para acobertar aumento patrimonial registrado no anocalendário seguinte (2000), uma vez que a movimentação financeira do contribuinte não se reduz a zero a cada período de doze meses. Tendo sido apurada a sua existência, ela passa a integrar o seu patrimônio por ter sido objeto de tributação; 4. Cobrança da multa isolada por falta de pagamento do carnê leão é indevida frente a cobrança da multa de oficio; 5. Ilegalidade e inconstitucionalidade de utilização da taxa SELIC no calculo dos encargos legais do auto de infração; 6. Cita ampla doutrina e jurisprudência. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 4 5 0 sujeito passivo não se insurge contra a infração referente a omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas fisicas, fls. 57/58, Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, não cabendo a manifestação da autoridade julgadora sobre tal matéria, sendo tal considerada como não impugnada, com base no art. 17 do Decreto n° 70.235/72, ficando o presente litígio delimitado apenas para o crédito tributário de IRPF do exercício de 2001, anocalendário de 2000, no valor de R$ 75.586,92 (setenta e cinco mil, quinhentos e oitenta e seis reais e noventa e dois centavos) e seus acréscimos legais. Assim, em face da impugnação parcial, como preceitua o art. 21, caput, do retro mencionado dispositivo legal, a repartição de origem deverá providenciar a apartação dos autos, devendo providenciar a cobrança da parte não contestada. A DRJ julga a impugnação procedente em parte, mantendo o lançamento em sua integridade, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000 EMENTA: INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE DE DISPOSITIVOS LEGAIS. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. Falece competência à autoridade julgadora de se manifestar acerca da argüição de inconstitucionalidade e ilegalidade de dispositivos legais, por ser matéria de exclusiva competência do Poder Judiciário. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade e de legalidade até decisão em contrário do Poder Judiciário. A atividade do lançamento é obrigatória e vinculada, devendo a legislação tributária ser aplicada em todos os seus termos, sob pena de responsabilidade funcional. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. DOUTRINA. ENTENDIMENTO DOMINANTE DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. VINCULAÇÃO ADMINISTRATIVA. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais, quando comprovado que o contribuinte não figurou como parte na referida ação judicial. A autoridade julgadora administrativa não se encontra vinculada ao entendimento dos Tribunais Superiores pois não faz parte da legislação tributária de que fala o art. 96 do Código Tributário Nacional, desde que não se traduzam em simula vinculante nos termos da Emenda Constitucional n° 45, DOU de 31/12/2004. Da mesma forma, não há vinculação do julgador administrativo à doutrina jurídica. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PROVENIENTES DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, a Lei n° 9.430, de 1996, no seu art. 42 autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. DECADÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DO LANÇAMENTO. FATO GERADOR. TERMO INICIAL. IRPF. FATO • GERADOR ANUAL. ANTECIPAÇÃO. PAGAMENTO. 0 artigo 2° da Lei n° 7.718/1988 esteve longe de ter tornado o IRPF mensal, pois a tributação desse imposto só se torna definitiva com o ajuste anual, na forma dos artigos 2°, 10 e 11 da Lei n° 8.134/1990, corroborada por lei posteriores. No caso de pagamento ou antecipação do recolhimento do IRPF em determinado anocalendário, aplicase o artigo 150, § 4°, do Código Tributário Nacional (CTN), devendo o termo inicial da decadência somente ocorrer no último dia daquele anocalendário, quando se aperfeiçoa o fato gerador. MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CARNÊLEÃO. Apurandose omissão de rendimentos sujeitos ao recolhimento do Carnê Leão, é pertinente a multa exigida sobre o valor do imposto mensal devido e não recolhido, que será cobrada isoladamente. TAXA SELIC. Devidos os juros de mora calculados com base na taxa Selic, na forma da legislação vigente. Eventual inconstitucionalidade e/ou ilegalidade da norma legal deve ser apreciada pelo Poder Judiciário. ÔNUS DA PROVA. DISTRIBUIÇÃO. O ônus da prova existe afetando tanto o Fisco como o sujeito passivo. Não cabe a qualquer delas manterse passiva, apenas alegando fatos que a favorecem, sem carrear provas que os sustentem. Assim, cabe ao Fisco produzir provas que sustentem os lançamentos efetuados, como, ao contribuinte as provas que se contraponham à ação fiscal. Nesse passo, o Fisco deve comprovar regularmente seu direito ao crédito tributário provando o acréscimo patrimonial. Já o contribuinte deve apresentar qualquer fato extintivo, modificativo ou impeditivo ao referido acréscimo. Impugnação Procedente em Parte Intimado do acórdão proferido pela DRJ, o contribuinte interpôs recurso voluntário, alegando, em síntese, o seguinte: 1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE · o procedimento fiscal, em questão, fere os princípios da legalidade e da segurança do contribuinte, vez que a matéria fática que teria dado nascimento obrigação tributária de sua responsabilidade seria a existência de depósitos bancários em sua conta corrente, hipótese não contemplada pela lei, como fato gerador do imposto de renda. · O auto de infração expressamente aponta como fato imponível a existência de depósitos bancários em seu nome, quanto todos sabem que o imposto de renda tem como fato gerador a • aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, nos precisos termos do art. 43 do CTN. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 5 7 · Por outro lado dispõe o art. 114 do CTN, imprime caráter declaratório ao lançamento, pois se rege pela lei em vigor na data de sua ocorrência e, não pela vigente na data de sua elaboração (do lançamento), como adverte o insuperável ALIOMAR BALEEIRO, in Direito Tributário, pág. 446, comentando o artigo 133 do CTN. · Partindo da assertiva de que o lançamento retroage a. data do fato gerador, o imposto suplementar apurado relativamente ao ano calendário de 2000, tem por base depósitos bancários relativos ao período de janeiro/dezembro de 2000, identificados pela quebra do seu sigilo bancário junto a instituições financeiras e que serviram de base a. cobrança da CPMF. · Segundo entende, esse procedimento somente poderia ser adotado a partir da edição da Lei n° 10.174, de 9 de janeiro de 2001,pois a Lei n° 9.311/96, que instituiu a cobrança do CPMF, em seu art. 11, vedava expressamente, a utilização de informações bancarias para constituição de créditos tributários relativos a outros impostos ou contribuições. · A vedação e expressa e o seu atendimento deve ser feito em obsequio ao principio da segurança do contribuinte segundo o qual, este tem direito à segurança nas suas relações com o fisco, não podendo ser surpreendido por exigência fiscal não prevista em lei. · Assim sendo, não poderia a fiscalização utilizarse dos registros de depósitos bancários existentes em seu nome, junto a instituições financeiras, relativos ao anocalendário de 2000, porque esta utilização estava vedada pelo §3° do art. 11, da Lei n° 9311/96, que instituiu a CPMF, situação somente modificada com o advento da Lei n° 10.174/01. · Cita ampla doutrina e jurisprudência , para ilustrar suas alegações. · Assim, fica evidenciado, ao contrário do que entendeu o culto julgador da primeira instancia que depósitos bancários, apenas identificados como tal, não constituem fato gerador do imposto de renda. É necessário que o Fisco identifique tais valores como renda tributável. · Desta forma, não pode prosperar a exigência contida no auto de infração, vez que a situação fática ali descrita existência de depósitos bancários não constitui fato gerador do imposto de renda e mais, a quebra do sigilo bancário do Recorrente, através da cobrança da CPMF, não poderia ser realizado, face ã vedação contida no art. 11, § 3º, da Lei n° 9.311/96, somente revogado com a edição da Lei n° 10.174, de 2001. 2) DECADÊNCIA · Assevera que o direito do fisco para a constituição do crédito tributário foi atingido pela decadência, vez que os depósitos bancários considerados pela autoridade fiscal como fato gerador do imposto de renda, ocorreram no período de janeiro a dezembro/2000, portanto, há Fl. 209DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 mais de cinco anos, vez que o auto de infração foi lavrado em 28.12.2005. · Cita ampla doutrina e jurisprudência , para ilustrar suas alegações. · Destaca que a ampla doutrina e jurisprudência , transcritas em seu recurso, tem o objetivo de demonstrar o entendimento sobre o tema discutido neste processo pelos órgãos julgadores e não para fazer valer contra o procedimento, pois, é sabido e ressabido que o julgado somente favorece aqueles que foram parte na demanda. · Assim entendido pelo Primeiro Conselho de Contribuintes quanto a matéria em discussão, não hi como cobrar imposto de renda sobre os rendimentos auferidos pelo Recorrente, se o culto julgador não acolher a primeira preliminar e entender que depósitos bancários realizados na conta corrente do autuado constitui renda tributável — tomando como base de cálculo os depósitos realizados em data anterior a 28.12.2000, posto que já atingidos pela decadência quinquenal. (art.150, § 4º, CTN) 3) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO · Quanto ao valor apurado exofficio como acréscimo patrimonial a descoberto no ano calendário de 1999 , assegura que o julgador de primeira instância não enfrentou a questão posta em discussão — qual seja que um valor tributado como omitido em determinado ano, deve ser considerado como disponibilidade para o ano seguinte. · Observa que sobre o tema, que qualquer que seja a denominação dada ao ocorrido — acréscimo patrimonial a descoberto ou omissão de rendimentos — é fato que houve a tributação do valor apurado pelo Fisco. Este valor passou então a ter existência legalizada e disponível para o contribuinte, ora Recorrente. · Para uma melhor compreensão por parte do culto julgador da matéria em discussão, deve ser esclarecido que em 29.12.2004, foi autuado pela fiscalização do imposto de renda, relativamente ao ano calendário de 1999, exercício de 2000. · Lavrado, o auto de infração, em 29.12.2004, relativo ao ano calendário de 1999, exercício de 2000, foram apurados e tributados pela autoridade fiscal os seguintes valores: a) R$ 2.000,00 aluguéis não declarados; b) R$194.975,51, como omissão de rendimentos; e c) R$ 68.200,00, como ganho de capital omitido; R$ 265.175,51 · Destaca que os valores acima indicados, submetidos a tributação, resultaram no imposto de renda e encargos no total de R$164.725,93, relativamente ao ano calendário de 1999. (vide doc. nº 04, anexo à impugnação). · Observa que aceitou a tributação e não interpôs qualquer defesa ao procedimento fiscal e está pagando, parceladamente, mediante debito Fl. 210DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 6 9 em sua conta corrente do Banco do Brasil ( conta 2905X, ag. 32867) e relativo ao anocalendário de 1999, exercício de 2000, conforme se faz prova com os documentos anexos a impugnação como docs. 5/18. · Esclarece que o valor apurado no auto de infração antes referido, soma R$265.175,51 (R4 2.000,00 + 194.975,51 + 68.200,00), tributado e por ele aceito, mostrase como valor disponível para acobertar o aumento patrimonial (ou omissão de rendimentos ) apurado pela fiscalização relativamente ao anocalendário de 2000, pois, aquele recurso (R$265.175,51) passou a integrar o seu patrimônio. · Ressalta que em 30.12.2005, foi autuado pela fiscalização do imposto de renda, relativamente ao anocalendário de 2.000, exercício de 2.001, sendo apurado um aumento patrimonial não justificado (depósitos bancários) de R$274.861,54 (item 002 do auto de infração) e de receita de alugueis omitida no valor de R$1.650,00, totalizando R$276.511,54. · Entende que como acréscimo efetivo tributável no anocalendário de 2000, exercício de 2001, devese considerar apenas a quantia de R$11.336,03 (R$ 276.511,54— R$ 265.175,51). Uma vez que o valor tributado como omitido em 1999 no montante de R$ 265.175,51 se tomou disponível em seu patrimônio. Assim, entende que se o aumento patrimonial apurado de oficio pela autoridade fiscal já foi tributado em 1999, nada impede inexiste lei dizendo ao contrário que este seja aproveitado para acobertar aumento patrimonial registrado no anocalendário seguinte, (2000) uma vez que a movimentação financeira do contribuinte não se reduz a zero a cada período de doze meses, tendo sido apurada a sua existência, ela passa a integrar o seu patrimônio, tanto que foi objeto de tributação. 4) MULTA ISOLADA POR FALTA DE PAGAMENTO DO CARNELEÃO X MULTA DE OFICIO. · Assevera que é indevida a cobrança da multa isolada no valor de R$284,06. 5) DA ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA DOS JUROS MORATÓRIOS COM BASE NO ÍNDICE SELIC. Destaca que é ilegal e inconstitucional a utilização da taxa SELIC no calculo dos encargos legais do auto de infração É o relatório. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 Voto Conselheira Dayse Fernandes Leite, Relatora O recurso está dotado dos pressuposto legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. A autoridade fiscal, de posse de informações originadas dos controles sobre a arrecadação da extinta CPMF, constatou que a movimentação financeira do recorrente, no anocalendário 2000, alcançava valores muito acima dos rendimentos declarados naquele ano.. O recorrente apresentou os documentos (extratos bancários) relativos a sua movimentação financeira durante o período de 2000. Intimado a comprovar a origem dos recurso utilizados nessas operações, o recorrente , não comprovou, em sua totalidade, as informações solicitadas, sendo desta forma submetida a tributação como rendimentos omitidos aos créditos/depósitos não comprovados referentes ao ano calendário de 2000, mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme art. 42 da Lei nº 9.430/96; art. 4º da Lei nªº 9.481/97; art. 1º da Lei nº 9.887/99. Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre examinar, de antemão, as preliminares suscitadas pela defesa. Da Preliminar de Nulidade por Quebra do Sigilo Bancário Alega o suplicante, em síntese, que houve quebra ilegal do seu sigilo bancário Pois bem, em que pese a alegação do recorrente quebra ilegal de seu sigilo bancário, sua irresignação, contudo, não merece acolhimento. Ao contrário do que alega, verificase que o afastamento de seu sigilo bancário se deu com base na Lei Complementar nº 105/2001, bem como no § 3º do art. 11 da Lei nº 9.311/1996 (redação dada pela Lei nº 10.174/2001). Vale lembrar que, a Lei Complementar nº 105, de 2001, autorizou, expressamente, o acesso aos dados bancários pelas autoridades e agentes fiscais,condicionando a sua utilização ao resguardo do sigilo, nos seguintes termos: “Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (...) § 3º Não constitui violação do dever de sigilo: I a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III o fornecimento das informações de que trata o § 2º do art. 11 da Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996; Fl. 212DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 7 11 IV a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 7º e 9º desta Lei Complementar. (...) Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (...) Art. Revogase o art. 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964.” Se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os AuditoresFiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Fl. 213DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Desse modo, ausente qualquer ilicitude na prova decorrente da transferência de sigilo bancário para a Receita Federal do Brasil, posto que a Lei Complementar 105, de 2001 confere às autoridades administrativas tributárias a possibilidade de acesso aos dados bancários, sem autorização judicial, desde que haja processo administrativo e justificativa para tanto. E é este o caso nos autos. Ademais, a tese de ilicitude da prova obtida não está sendo acolhida pela Câmara Superior]de Recursos Fiscais, conforme a jurisprudência já consolidada. Rejeito, portanto, o questionamento preliminar argüido quanto ilicitude da prova por quebra do sigilo bancário. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei nº 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1º do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 726778/PR. De igual modo o CARF já consolidou a posição sobre a suposta irretroatividade: O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. (Súmula CARF No. 35). É de se negar provimento a essa parte do recurso. Preliminarmente, também não assiste razão ao Recorrente em sua alegação de supressão de instância, em relação a alegação de que o valor apurado exofficio como acréscimo patrimonial no ano calendário de 1999 deve acobertar aumento patrimonial do ano calendário de 2000, exercício de 2001, na medida em que o Acórdão examinou sua alegação, conforme os fundamentos que concordo e peço vênia para transcrevêlo abaixo: “AUMENTO PATRIMONIAL DECORRENTE DE AUTO DE INFRAÇÃO. Conforme fls 81/82, o sujeito passivo pretende que: "o valor apurado exofficio como acréscimo patrimonial no de 1999 deve acobertar aumento patrimonial do ano calendário de 2000, exercício de 2001, demonstrado no auto de infração ora impugnado." Tal alegação em nada pode socorrer o contribuinte, no presente caso, fls. 58/60, por descabida. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 8 13 O sujeito passivo não foi autuado por acréscimo patrimonial a descoberto, mas sim por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, caracterizada por valores creditados em contas de depósito mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos nessas operações, • conforme apurado durante procedimento fiscal.” Afastadas as preliminares acima, passase ao exame da decadência, preliminar que envolve o próprio mérito. A exigência é do IRPF, sujeito a ajuste anual,do ano calendário de 2000. O Auto de Infração (autuação) ocorreu em 30/12/2005(fls.55). O início do prazo decadencial, com a existência de pagamento, é o dia 01.01.2001.Confirase: Súmula CARF nº 38 (VINCULANTE): O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário. Entre 01.01.2001 e a ciência do Auto de Infração, em 30/12/2005, mesmo que se admita haver pagamento, prazo mais favorável ao autuado, não transcorreu lapso temporal superior a cinco anos para se operar a decadência. Afasto assim a decadência. DA OMISSÃO DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS No mérito, faz diversas e exaustivas considerações doutrinárias para sustentar a ilegalidade da tributação da omissão de rendimentos caracterizada pelos depósitos bancários, por não constituírem renda. Os depósitos bancários podem até não constituir renda, mas se o contribuinte, intimado, não comprovar a origem desses depósitos temos a presunção legal que caracteriza renda, mediante a inversão do ônus da prova, na forma do art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996. Confirase na Súmula CARF nº 26: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Não é necessária toda digressão doutrinária feita pelo autuado, a matéria é unicamente de fato, basta comprovar que os depósitos não correspondem a rendimento tributável para se eximir da autuação, mas nada fez, preferiu o poder da exaustiva argumentação sem qualquer comprovação Da Multa Isolada Cabe reconhecer, que no tocante ao lançamento da multa de ofício exigida de forma isolada pelo recolhimento em atraso do carnêleão, se faz necessário destacar que o lançamento engloba valores recebidos mensalmente, cujas importâncias foram lançadas de ofício, através da constituição de crédito tributário via Auto de Infração. Fl. 215DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 A Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, ao tratar do Auto de Infração com tributo e sem tributo dispôs: “Art. 43 Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente à multa ou juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Art. 44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II (omissis). § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II isoladamente quando o tributo ou contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao Fl. 216DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10283.006769/200589 Acórdão n.º 2202002.724 S2C2T2 Fl. 9 15 vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Da análise dos dispositivos legais retro transcritos é possível se concluir que para aquele contribuinte, submetido à ação fiscal, após o encerramento do anocalendário, que deixou de recolher o “carnêleão” que estava obrigado, existe a aplicabilidade da multa de lançamento de ofício exigida de forma isolada. É cristalino o texto legal quando se refere às normas de constituição de crédito tributário, através de auto de infração sem a exigência de tributo. Do texto legal concluise que para o ano calendário de 2000, não existe a possibilidade de cobrança concomitante de multa de lançamento de ofício juntamente com o tributo (normal) e multa de lançamento de ofício isolada sem tributo, ou seja, se o lançamento do tributo é de ofício deve ser cobrada a multa de lançamento de ofício juntamente com o tributo (multa de ofício normal), não havendo neste caso espaço legal para se incluir a cobrança da multa de lançamento de ofício isolada. JUROS MORATÓRIOS COM BASE NO ÍNDICE SELIC A cobrança dos juros de mora, da mesma forma, está prevista em normas legais em pleno vigor, regularmente citada no auto de infração (artigo 61, § 30 da Lei 9.430 de 1996), portanto, considerase acertada a sua cobrança.. No que tange à aplicação dos juros Selic, cabe trazer à colação a Súmula CARF n°4, que assim dispõe: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ainda,é oportuno citar a Súmula CARF nº 2, a saber: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ante ao exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, para excluir da exigência a multa isolada do carnêleão, aplicada concomitantemente com a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Dayse Fernandes Leite Fl. 217DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 Fl. 218DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 20/08/201 4 por DAYSE FERNANDES LEITE, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 13896.000125/2007-29
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LIMITES DA LIDE. JULGAMENTO. OFICIALIDADE. PRECLUSÃO.
Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo a esse campo, sua atuação. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação.
Pedidos do contribuinte feitos fora do tempo e que se modificam no curso do processo, causam confusão e desenvolvimento arbitrário do mesmo.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitando-se, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Interpretação da lei conforme jurisprudência do STJ.
JUROS MORATÓRIOS. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA.
Aplica-se o IRPF sobre juros moratórios, mesmo se fixados em reclamatória trabalhista, levando-se em conta duas exceções: a) quando pagos no contexto de despedida ou rescisão de contrato de trabalho (STJ - REsp 1.227.133/RS - repetitivo); e b) se atinentes a verba principal igualmente isenta ou fora da incidência do imposto (accessorium sequitur suum principale).
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2801-003.605
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, em virtude de sentença judicial trabalhista, no valor de R$ 5.021,44, e a infração relativa a glosa de imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 2.238,15, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida que negava provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Mara Eugenia Buonanno Caramico.
Nome do relator: Marcio Henrique Sales Parada
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LIMITES DA LIDE. JULGAMENTO. OFICIALIDADE. PRECLUSÃO. Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo a esse campo, sua atuação. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos, respectivamente, pelo ato de lançamento e pela impugnação. Pedidos do contribuinte feitos fora do tempo e que se modificam no curso do processo, causam confusão e desenvolvimento arbitrário do mesmo. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL. JUSTIÇA DO TRABALHO. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. No caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, mas o cálculo do imposto deverá considerar os períodos a que se referirem os rendimentos, evitandose, assim, ônus tributário ao contribuinte maior do que o devido, caso a fonte pagadora tivesse procedido tempestivamente ao pagamento dos valores reconhecidos em juízo. Interpretação da lei conforme jurisprudência do STJ. JUROS MORATÓRIOS. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. Aplicase o IRPF sobre juros moratórios, mesmo se fixados em reclamatória trabalhista, levandose em conta duas exceções: a) quando pagos no contexto de despedida ou rescisão de contrato de trabalho (STJ REsp 1.227.133/RS repetitivo); e b) se atinentes a verba principal igualmente isenta ou fora da incidência do imposto (accessorium sequitur suum principale). Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 01 25 /2 00 7- 29 Fl. 213DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 214 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, em virtude de sentença judicial trabalhista, no valor de R$ 5.021,44, e a infração relativa a glosa de imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 2.238,15, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida que negava provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Marcio Henrique Sales Parada e Mara Eugenia Buonanno Caramico. Relatório Contra o contribuinte identificado foi lavrado Auto de Infração, em 04/12/2006, conforme folha 134 e seguintes, onde se verifica o lançamento relativo ao Imposto de Renda da Pessoa Física, do exercício de 2002, ano calendário de 2001. Não houve imposto suplementar exigido, resultando da ação fiscal a redução do valor do imposto a restituir, que passou dos R$ 35.758,57, apurados na declaração, para R$ 9.738,52. Este último valor, sobre o qual não havia discussão, portanto, foi enviado ao Banco pela Receita Federal em 24/04/2007, corrigido por juros, e resgatado pelo contribuinte, conforme extrato nas folha 151 e 152 dos autos. Na “descrição dos fatos” e sua complementação, que constam da folha 136/138, relata a Autoridade Fiscal o seguinte: “O presente auto de infração originouse da revisão de sua declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2002, ano calendário de 2001, efetuada com base nos artigos 788, 835 a 839, 841, 844, 871, 926 e 992, do regulamento do imposto de renda, decreto 3.000, de 26 de marco de 1999. foi constatada a existência de irregularidades na declaração, conforme descrito e capitulado em anexo. Foram alterados os valores das seguintes linhas de sua declaração: * rendimentos recebidos pessoas jurídicas para R$ 113.236,87 . * deduções de despesas medicas para R$ 0,00 . Fl. 214DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 215 3 * imposto de renda retido na fonte para R$ 34.709,83 . Foi apurado imposto a restituir no valor de R$ 9.738,52 após a revisão de sua declaração. ...” (...) Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica ou física, decorrentes de trabalho com vinculo empregatÍcio. Alteração do valor da dedução como advogado de R$ 28.000,00 para R$ 22.978,56, pois do valor total do rendimento da ação trabalhista, R$ 148.282,94, excluindose rendimento isento e de tributação exclusiva na fonte, apenas R$ 121.690,29 era rendimento tributável ( 82% do total do rendimento ). ... Glosa total da despesa médica .... as demais despesas também foram totalmente glosadas, pois o contribuinte não comprovou o efetivo desembolso financeiro das despesas e não apresentou atestado para as despesas continuadas. ... Dedução indevida de imposto de renda retido na fonte. alteração do valor de imposto de renda retido na fonte de R$ 34.840,79 para R$ 32.242,56, pois O valor de R$ 2.238,15 corresponde a retenção do 13º e portanto de tributação exclusiva na fonte. Inconformado, o contribuinte apresentou Impugnação ao Lançamento que conhecida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/DRJSPOII, foi, em resumo, assim tratada (fl. 143): 1 . DA IMPUGNAÇÃO “Devidamente intimado das alterações processadas em sua declaração, o contribuinte apresentou impugnação, através do instrumento, de fls. 01/06, e dos documentos acostados As fls. 07/131, alegando, em síntese, que: Não houve omissão de rendimentos decorrentes do trabalho com vinculo empregatÍcio, mas confusão da Receita na análise do rendimento de vinculação trabalhista com o valor da ação judicial; Contesta a declaração da Receita Federal em deduzir parte das despesas com advogado do valor liquido da Ação Judicial; Com relação à glosa de despesas médicas com filha menor: Débora Cristina Regatieri de Almeida Mello, estudante universitária do 3° ano de direito, nascida em 30.08,1979 — está anexando a certidão de nascimento; Com relação à glosa de despesas com serviços profissionais de Profissional de Farmácia nos serviços de elaboração de fórmulas para deformidade por má cicatrização — quelóide — tratase de profissional de saúde; Com relação A glosa de despesas médicas dos profissionais Tiago A Almeida, Geraldo A de A Mello, Caludineia Provasi e Fl. 215DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 216 4 Ultracon, para dirimir este item junta documentos a este processo; Junta provas das demais despesas glosadas por falta da demonstração do efetivo desembolso financeiro; Com relação à dedução indevida de imposto de renda na fonte contido na ação judicial, a Receita confundiu na análise rendimento de salário com vinculo empregatício com valor de Ação Judicial; Requer, ante o exposto, a insubsistência e improcedência do lançamento”. 2 . DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS Justifica a Fiscalização que o valor da dedução de despesas com advogado foi alterado de RS 287000,00 para 22.978,56, pois do valor total do rendimento de R$ 148.282,94 recebido na ação trabalhista, excluindose rendimento isento e de tributação exclusiva na fonte, apenas R$ 121.690,29 era rendimento tributável (82% do total do rendimento). Sendo assim, aplicou a referida alíquota ao valor informado de despesas com advogado de R$ 28.000,00, obtendo o valor de R$ 22.978,56. O Impugnante alega que não houve omissão de rendimentos decorrente do trabalho com vinculo empregatício, mas confusão da Receita na análise do rendimento de vinculação trabalhista com o valor da ação judicial e contesta a declaração da Receita Federal em deduzir parte das despesas com advogado do valor liquido da Ação Judicial....(grifei) Os honorários advocatícios pagos pelo contribuinte devem ser proporcionalizados conforme a natureza dos rendimentos recebidos em ação judicial, isto é, entre os rendimentos tributáveis, os sujeitos à tributação exclusiva e os isentos e não tributáveis. Pelo exposto, verificase que a Fiscalização agiu nos estritos termos da legislação quando procedeu ao lançamento do valor de R$ 113.236,87 como rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, visto que é o somatório dos rendimentos recebidos da fonte pagadora Strutura Recursos Humanos Ltda (R$ 14.525,17) com o valor de R$ 98.711,70 (R$ 121.690,26 R$ 22.978,56).(sublinhei) 3. DO IMPOSTO RETIDO NA FONTE A fiscalização glosou o valor de R$ 2.238,15 correspondente a dedução indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte. Justifica a fiscalização que o valor do imposto de renda retido na fonte foi alterado de R$ 34.840,79 para 32.242,56, pois o rendimento correspondente ao 13° Salário é de tributação exclusiva na fonte. (...) Fl. 216DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 217 5 0 contribuinte informou em sua DIRPF/2002 o valor de 34.840,79 de imposto na fonte sobre rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, quando teria direito a deduzir somente o IRRF no valor de R$ 32.632,64; vistoque o imposto incidente sobre o décimo terceiro salário é de tributação exclusiva na fonte. Sendo assim, devese manter a glosa do valor de R$ 2.238,15. (sublinhei) 4. DA DEDUÇÃO COM DESPESAS MÉDICAS A fiscalização glosou a totalidade das deduções informadas pelo contribuinte em sua DIRPF 2002 por falta de comprovação do efetivo desembolso financeiro das despesas e porque não apresentou atestado para as despesas continuadas. ... a autoridade fiscal pode exigir que o contribuinte apresente, além dos simples recibos emitidos pelo profissional, documentos que comprovem o efetivo desembolso dos valores, ou até mesmo documentos que comprovem os procedimentos médicos realizados. No presente caso, verificase que os rendimentos auferidos no anocalendário fiscalizado totalizam R$ 141.858,50, tendo o contribuinte informado, apenas com despesas médicas, o montante de R$ 82.763,00. Sendo assim, entendo necessária a comprovação do efetivo desembolso financeiro das despesas glosadas pela fiscalização. Em sua impugnação, o contribuinte limitouse a apresentar os recibos das despesas médicas (alguns já apresentados à fiscalização), fls. 71/131 e declarações de alguns dos profissionais informados como beneficiários destas, fls. 65/70. Também juntou Declarações de Empréstimo em Dinheiro, de fls. 59/64, Informes de Rendimentos Financeiros, de fls. 20/25 e extratos de conta corrente, de fls. 26/58, não tendo apresentado nenhum documento que fizesse prova do efetivo desembolso das despesas médicas informadas em sua declaração de ajuste, motivo pelo qual a glosa destas despesas deve ser mantida. (sublinhei) Assim, deuse o julgamento recorrido para manter o lançamento tributário questionado, considerandoo procedente. Cientificado dessa decisão em 11/12/2009 (sexta feira), conforme AR na folha 154, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 11/01/2012, conforme protocolo na folha 158. Em sede de recurso, apresenta as seguintes razões, em suma: 0(s) auditor(es) por cujas mãos passaram as suas justificativas, agiram à revelia das leis e com máfé. Desprezaram seus comentários sobre juros da ação trabalhista ameaçandoo e induzindoo a pensar serem ilegais. Os “Conselheiros de Contribuintes” infelizmente não as analisaram também, pois, se o fizessem, teriam observado que se tratava de assunto mais complexo: juros moratórios de processo trabalhista não são renda têm natureza indenizatória. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 218 6 Nega veementemente a afirmação feita no 2° parágrafo da notificação n° 1424/2009: "0 contribuinte já resgatou os valores em 24/07/2007.." deveria ser: "A Receita depositou parte do valor pleiteado..." e não transmitir ao contribuinte a culpa pelo depósito feito pela própria receita. Além disso, tem a intenção de induzir a quem 1ê que se trata do valor total e ou que o contribuinte aceitoua como definitivo. Essa afirmação jamais seria escrita pelo Judiciário! Trata de diversos planos econômicos dos governos, ocorridos entre 1988 e 1994, para concluir que a maior parte do valor que recebeu na ação judicial aqui em comento referese a juros. Afirma que a Receita Federal “propositalmente” não mencionou nada sobre a natureza das verbas envolvidas: juros, férias não gozadas, 13º salário, rescisão de contrato de trabalho e outras. Diz que “nas justificativas à Receita Federal” afirmou que “ação trabalhista não é salário”, mas foi induzido a erro pelo Servidor Federal que citava “dezenas de leis, artigos, decretos e portarias da R.F. mostrando que tinha razão.” Nos cálculos do processo trabalhista, “a empresa ré, com receio da prepotência da Receita Federal, calculou o I.R. sobre o valor da causa e os de natureza indenizatória” fazendo “subir o total” e prejudicando o empregado. Cita jurisprudência sobre tributação de juros de mora. Passa, então, a tratar de “repetição do indébito”, pleiteando a restituição do valor de R$ 34.840,79, indicando o DARF recolhido a título de retenção na fonte, durante a Ação Judicial Trabalhista. Esclarece que: “Infelizmente, no mesmo ano em que recebi o valor da causa trabalhista, fui demitido da Strutura Recursos Humanos Ltda que trabalhava como terceirizado. Nos cálculos da Rescisão do Contrato de Trabalho, a empresa, com receio das ações da Receita calculou o I.R. sobre as Férias não gozadas — Prejudicando o empregado”. Apresenta cálculos próprios sobre os valores recebidos, discriminando a natureza das verbas e o valor do IR retido. Trata do prazo prescricional para pleitear repetição do indébito, colacionando jurisprudência. Trata da tributação incidente sobre diferenças salariais recebidas acumuladamente e sobre juros de mora. Assim, REQUER : a) Considerando que o IR.R.F. do Processo Trabalhista foi recolhido e cobrado sobre o valor do principal e dos juros moratórios — indenizatórios , a repetição do Indébito referente ao Imposto de Renda cobrado sobre os juros moratórias, sobre o valor da Rescisão e sobre as Férias Processo 1430/93 040 Vara TRT SP. Aponta o total de R$ 34.840,79, que deverá ser corrigido monetariamente pela Taxa Selic a partir da data do recolhimento indevido feita em 22 de Junho de 2.001. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 219 7 b) Considerando que o IR.R.F. da Rescisão de Contrato de Trabalho foi aplicado sobre o valor da Rescisão e sobre as Férias, contrariando a legislação, a repetição do Indébito referente ao Imposto de Renda cobrado sobre a Rescisão e Férias. Aponta o total da Restituição em R$ 1.048,88 que deverá ser reajustado monetariamente pela Taxa Selic desde a data do recolhimento indevido em 16 e abril de 2.001. O processo foi apreciado por esta Turma Especial, em Sessão de 15 de maio de 2012, decidindose, à unanimidade, pelo sobrestamento do julgamento, sob o argumento de que a matéria que versa sobre tributação de rendimentos recebidos acumuladamente está entre aquelas às quais o STF atribuiu “repercussão geral”, determinando o sobrestamento dos recursos na origem, o que deveria ser repetido pelos Conselheiros, neste CARF, por força de dispositivos de seu Regimento Interno. Contudo, os §§1º e 2º do art. 62A do Regimento do CARF foram revogados em recente decisão do Sr. Ministro da Fazenda, publicada no DOU de 20 de novembro de 2013: PORTARIA No 545, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2013 Altera o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, do Ministro de Estado da Fazenda. O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e o art. 4º do Decreto nº 4.395, de 27 de setembro de 2002, resolve: Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Assim, o processo retorna à pauta de julgamentos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em meio eletrônico (arquivo.pdf). À luz da melhor doutrina pátria, o processo civil, na linha do qual se encontra o processo administrativo fiscal, é um método de composição dos litígios, usado pelo Estado Fl. 219DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 220 8 para cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto e mediato de pacificação e paz social. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. No dizer de Humberto THEODORO JÚNIOR, “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.” Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo” (Theodoro Junior, Humberto in Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 41 ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) Pois bem, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Na lição clássica de Carnelutti, para que haja lide ou litígio é necessário que ocorra “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”, sendo a pretensão “a exigência de uma parte de subordinação de um interesse alheio a um interesse próprio” (Apud THEODORO JR. Humberto, Curso de Direito Processual Civil, 41 ed, Forense, Rio de Janeiro: 2004, p. 32). Segundo Marcos Vinicius NEDER e Maria Teresa Martinez LOPÉZ: “Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos respectivamente pelo ato de lançamento e pela impugnação....(grifei) A lei processual estabelece regras que deverão presidir as relações entre os intervenientes na discussão tributária. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética....Na lição de Calamandrei, “o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera,depois, deles um novo impulso....”Se no curso deste processo, constatarse a concordância de opiniões, devese por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Da mesma forma, não há o que julgar se o contribuinte não contesta a imposição tributária que lhe é imputada.(NEDER, Marcos Vinícius e LOPEZ, Maria Teresa Martinez. Processo Administrativo Fiscal Comentado. 2ª ed,. Dialética, São Paulo, 2004, p. 265/266) ...esclarece Alberto Xavier que “nos caos em que o ato do lançamento impugnável seja ‘cindível’, a impugnação pode ser Fl. 220DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 221 9 apenas parcial, de tal modo que o impugnante poderá individualizar o objeto do processo, especificando as ‘questões ou pedidos parciais’ que pretende impugnar, ficando as demais, em virtude da renúncia á impugnação, sujeitas á preclusão”(XAVIER. Alberto. Do lançamento...2ª ed. Forense, São Paulo, 1997, p. 333, Apud NEDER, Op. Cit, p. 269) Portanto, vejamos que o Auto de Infração, que formalizou o ato de lançamento, e que contém a “pretensão” do Fisco em relação à exigência fiscal sobre a qual versa este processo, imputou ao sujeito passivo três infrações à legislação tributária, determinando a matéria tributável, calculando o montante de tributo devido e aplicando a penalidade cabível, como dispõe o artigo 142, caput, do Código Tributário Nacional (CTN). Então, na fase litigiosa, é sobre isso, exclusivamente, que se deveria tratar (fl. 137), pelo lado do Fisco: a) R$ 5.021,44, relativos a “omissão de rendimentos” apurados pela diferença entre o valor dos honorários advocatícios deduzidos do montante recebido (R$ 28.000,00) e o valor considerado como dedutível pela Fiscalização (R$ 22.978,56); b) R$ 82.763,00, relativos a dedução com despesas médicas, integralmente glosadas pela Fiscalização, por não ter sido comprovado o efetivo pagamento, por referiremse a pessoa não declarada como dependente, por se tratar de despesa não dedutível e por ausência de comprovação; c) R$ 2.238,15, relativos a imposto de renda retido sobre 13º salário, uma vez que tal rendimento é de tributação exclusiva na fonte, não se submetendo à apuração na declaração de ajuste anual, juntamente com verbas tributáveis de outras naturezas. O contribuinte declarou como “imposto pago” o valor total retido pela fonte pagadora (DARF na folha 20) e a Fiscalização entendeu que parte desse total referese a 13º salário, a partir da discriminação que consta da fl. 19, elaborada pela parte Ré na Ação Trabalhista que concedeu o direito à percepção de verbas, ao contribuinte. Por outro lado, a lide restringese pela manifestação do contribuinte, que questiona expressamente as razões do Acórdão de 1ª Instância. No recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), antigo “Conselho de Contribuintes”, Órgão colegiado integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, regido pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, recorrese das decisões proferidas pelas Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ), repartições da Secretaria da Receita Federal do Brasil, igualmente colegiadas. Digo isso para esclarecer ao Recorrente, que alegou não ter tido, antes daqui, suas razões analisadas pelos “Conselheiros dos Contribuintes”. Reza o artigo 1º, do Anexo I, da Portaria supracitada: “Art. 1° O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), órgão colegiado, paritário, integrante da estrutura do Ministério da Fazenda, tem por finalidade julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre a aplicação da legislação referente a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil Fl. 221DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 222 10 Conforme relatado, o Acórdão recorrido, motivadamente, negou integralmente as razões da impugnação. Considerou que os pagamentos das despesas médicas não foram efetivamente comprovados, considerou correta a manifestação fiscal em relação ao IRFONTE sobre 13º salário e considerou igualmente correto o lançamento complementar da verba recebida de pessoa jurídica, confirmando o entendimento e o cálculo sobre a dedução com honorários advocatícios. Na peça recursal, igualmente relatada, o contribuinte nada fala sobre as despesas médicas, não questionando o assentado até então nos autos, tampouco trazendo qualquer documento complementar. Entendo então que a matéria está definitiva, em sede administrativa, não mais dela se tratando. Fala, sim, sobre os rendimentos obtidos, que provém de duas fontes: a) a Ação Judicial Trabalhista, contra a pessoa jurídica COPERSUCAR, que lhe pagou, acumuladamente, no ano de 2001, o valor total de R$ 148.282,94, referente a verbas trabalhistas de diversos períodos anteriores, compreendidos entre 06/1988 e 08/1991, e b) a empresa STRUTURA LTDA, que lhe pagou rendimentos de trabalho assalariado (fl. 192) e rendimentos decorrentes de rescisão do contrato de trabalho (fl. 191), no mesmo ano de 2001. Como se observa de seus pedidos, em sede recursal, no bojo deste processo requer repetição do indébito, parte em relação à ação trabalhista contra a Copersucar, sob o argumento de que houve a tributação também sobre juros moratórios e verbas não tributáveis e também repetição do indébito em relação a imposto retido na fonte, sobre determinadas verbas, na rescisão do contrato de trabalho com a empresa Strutura Ltda. Como até aqui nos propusemos a esclarecer, estes autos não são hábeis a analisar pedidos de repetição do indébito, sobre verbas em relação às quais não houve lançamento, formalizado pelo Auto de Infração, que aqui se discute. Mesmo porque, essas alegações e pedidos são novos, no recurso, e não foram propostas em 1ª instância (impugnação na folha 2 e seguintes). Vejase os “contornos da lide” citados acima. Conforme a Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, que aprovou o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, compete: Art. 78. À Coordenação Especial de Ressarcimento, Compensação e Restituição Corec compete gerenciar as atividades e processos de compensação, ressarcimento, reembolso e restituição de receitas arrecadadas pela RFB, bem assim administrar e supervisionar as atividades pertinentes às Gerências de Ressarcimento, Compensação e Restituição Grec1 e 2. Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF,... X executar as atividades relacionadas à restituição, compensação, reembolso, ressarcimento, redução e reconhecimento de imunidade e isenção tributária, inclusive as relativas a outras entidades e fundos; Art. 233. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com jurisdição nacional, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, Fl. 222DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 223 11 especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais: ... IV contra apreciações das autoridades competentes em processos relativos a restituição, compensação, ressarcimento, reembolso, imunidade, suspensão, isenção e redução de alíquotas de tributos, .... (efetuei destaques) Portanto, não se pode analisar, em sede de recurso administrativo, um pedido de restituição de tributo (repetição do indébito tributário) que, primeiro, não foi objeto de lançamento de ofício aqui discutido e, segundo, não foi pedido em um competente “processo relativo a restituição” e não foi apreciado em 1ª instância. Analisar isso seria proferir juízo de valor sobre matéria estranha à lide instaurada. Espero estar sendo claro ao Contribuinte, que também manifestouse inconformado com o procedimento do(s) Auditor(es) Fiscal (is) que, “citando dezenas de Portarias e Leis”, haveriamno “induzido a erro”, mediante “intimidação e coação”. Este é nosso labor e não é possível proferir aqui um juízo sem citar “portarias e leis”. Relembro que o desconhecimento das leis do país é inescusável, não apenas à Autoridade Fiscal, mas também a qualquer Cidadão. Se sentiuse tratado fora do campo legal, com qualquer desvio ou abuso de poder, também pode buscar seus direitos, porém não, pelos motivos aqui exaustivamente expostos, no curso deste processo administrativo. DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. O lançamento versa, de fato e em parte, sobre rendimentos recebidos acumuladamente pelo Contribuinte, decorrentes de ação trabalhista, como descreve o Auto de Infração, mas que foram declarados pelo contribuinte em sua DIRPF, e a alteração procedida pelo Auditor Fiscal fora no sentido apenas de imputar, como não dedutíveis, R$ 5.021,44, considerando as despesas com advogado (honorários advocatícios), no curso da Ação. Assim, alterouo o valor dos rendimentos tributáveis declarados de R$ 108.215,43 para R$ 113.236,87 (fl. 135). Observase que a tributação deuse, então, na forma do artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, que determina que, nesses casos, o imposto incide sobre o total dos rendimentos, no mês do recebimento do valor, diminuído das despesas, inclusive os honorários, com a ação judicial necessárias ao recebimento. Ocorre, entretanto, que a constitucionalidade da regra estabelecida no art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente no mês do recebimento do crédito, foi levada à apreciação, em caráter difuso, por parte do Supremo Tribunal Federal, o qual reconheceu a repercussão geral do tema e determinou o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do Código de Processo Civil (CPC), em decisão assim ementada: Fl. 223DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 224 12 “TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados – se por regime de caixa ou de competência – vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC.” (STF, RE 614406 AgRQORG, Relatora: Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03/03/2011). Ante o reconhecimento da repercussão geral do tema pela Corte Suprema, com a determinação do sobrestamento dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC, vinhase sobrestando os julgamentos dos recursos atinentes, neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), até que ocorresse o julgamento final do Recurso Extraordinário, conforme disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações das Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010, que assim dispõe: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 225 13 Por sua vez, o art. 2º da Portaria CARF n° 1, de 03 de janeiro de 2012, estabelece que: Art. 2º Cabe ao Conselheiro Relator do processo identificar, de ofício ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art. 1º. Contudo, os §§1º e 2º do art. 62A do Regimento do CARF foram revogados em recente decisão do Sr. Ministro da Fazenda, publicada no DOU de 20 de novembro de 2013: PORTARIA No 545, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2013 Altera o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, do Ministro de Estado da Fazenda. O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e o art. 4º do Decreto nº 4.395, de 27 de setembro de 2002, resolve: Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. A (in)constitucionalidade ainda não foi declarada pelo Pretório Excelso e o dispositivo de lei permanece em vigor. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), contudo, já se manifestou, inclusive atribuindo aos recursos a sistemática dos “repetitivos”, sobre a interpretação a ser dada ao dispositivo da Lei nº 7.713/1988, em comento. Vejamos: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. (grifei) 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.(grifei) (REsp 1118429 / SP RECURSO ESPECIAL 2009/00557226. Ministro HERMAN BENJAMIN (1132). DJe 14/05/2010) TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. (...). ACÓRDÃO DO Fl. 225DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 226 14 TRIBUNAL DE ORIGEM EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ QUANTO AO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO DE PARCELAS PAGAS ACUMULADAMENTE EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL. TEMAS JÁ JULGADOS PELA SISTEMÁTICA INSTITUÍDA PELO ART. 543C DO CPC. 1.... 2. Em relação ao ponto do recurso especial em que a Procuradoria da Fazenda Nacional alega contrariedade ao art. 12 da Lei n. 7.713/88 e impugna o capítulo do acórdão do Tribunal de origem sob a rubrica "Da incidência mês a mês do imposto de renda", consta da decisão ora agravada que o mencionado recurso não procede porque a decisão proferida pelo Tribunal de origem está em consonância com a orientação firmada pela Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), cuja ementa assim enuncia: "O imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." 3. Ao dispor sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, o art. 12 da Lei 7.713/88 disciplina o momento da incidência do imposto de renda, porém nada diz a respeito das alíquotas aplicáveis a tais rendimentos. Assim, no julgamento do recurso especial, não ocorreu violação do art. 97 da Constituição da República, tampouco contrariedade à Súmula Vinculante n. 10/STF. Como já proclamou a Quinta Turma, ao julgar os EDcl no REsp 622.724/SC (Rel. Min. Felix Fischer, REVJMG, vol. 174, p. 385), "não há que se falar em violação ao princípio constitucional da reserva de plenário (art. 97 da Lex Fundamentalis) se, nem ao menos implicitamente, foi declarada a inconstitucionalidade de qualquer lei".(sublinhei) 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no REsp 1332443 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES 2012/0138520 DJe 08/02/2013) Houve, inclusive, a edição do Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009 que sedimentou o entendimento de que não pode prevalecer a tributação integral de verbas recebidas acumuladamente segundo a tabela progressiva vigente no mês do recebimento. É fato também que esse Parecer da PGFN foi posteriormente revogado, mas de tal sobreveio o AD PGFN nº 1/2009, com o seguinte teor, que transcrevemos a título de ilustração, registrando que se encontra suspenso: “ATO DECLARATÓRIO Nº 1, DE 27 DE MARÇO DE 2009 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 227 15 O PROCURADOR GERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009, desta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 13/05/2009, DECLARA que fica autorizada a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: "nas ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global.". JURISPRUDÊNCIA: Resp 424225/SC (DJ 19/12/2003); Resp 505081/RS (DJ 31/05/2004); Resp 1075700/RS (DJ 17/12/2008); AgRg no REsp 641.531/SC (DJ 21/11/2008); Resp 901.945/PR (DJ 16/08/2007). “SUSPENSÃO DE ATO DECLARATÓRIO. (Suspende o Ato Declaratório nº 1, de 27 de março de 2009 (DOU de 14.05.2009, Seção I, p. 15), que dispõe sobre a dispensa de recursos nos casos de imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, em face do acolhimento de Repercussão Geral pelo STF dos RREE 614.406 e 614.232). Rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente. O imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos. Ato Declaratório nº 1, de 27 de março de 2009 (DOU de 14.05.2009, Seção I, p. 15), editado pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional com fundamento no PARECER PGFN/CRJ 287/2009, aprovado pelo Ministro da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 13.05.2009, Seção I, p. 9. Reconhecimento de Repercussão Geral nos RREE 614.406 e 614.232. Suspensão (Parecer PGFN nº 2.331, de 27.03.2010). Outrossim, diz ALEXANDRE DE MORAES que “assim como podemos afirmar que o STF é o guardião da Constituição, também podemos fazêlo no sentido de ser o STJ o guardião do ordenamento jurídico federal” . Continuando, o autor diz que em relação ao recurso especial, ensinanos o Ministro do STJ Sálvio de Figueiredo Teixeira, tratarse: “de modalidade de recurso extraordinário latu sensu, destinado, por previsão constitucional, a preservar a unidade e autoridade do direito federal, sob inspiração de que nele o interesse público, refletido na correta interpretação da lei, deve prevalecer sobre os interesses das partes...”(MORAES. Alexandre, Direito Constitucional, 15ª ed., São Paulo : Atlas, 2004, p. 496 e 498)(sublinhei) Fl. 227DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 228 16 Para REGINA HELENA COSTA, “a aplicação reiterada das normas jurídicas por órgãos do Poder Judiciário constrói pensamento hábil a orientar a conduta dos jurisdicionados, bem como influenciar a atuação dos legisladores e administradores na busca de aperfeiçoamentos e modificações que o ordenamento jurídico requer.”(sublinhei) Assim, conclui a Ministra do STJ e livredocente em Direito Tributário, que: “Nos dias atuais, inegável o papel da jurisprudência como fonte do direito. Conquanto não ostente a mesma importância que apresenta nos países que adotam o sistema da common law, a jurisprudência tem ganho cada vez mais visibilidade, especialmente no campo tributário, à vista do elevado grau de litigiosidade existente nessa seara.” (COSTA. Regina Helena, Curso de Direito Tributário, 2ª ed. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 47)(destaquei) No Recurso Especial (REsp 1118429 / SP) ao qual foi atribuída a sistemática dos “repetitivos”, acima transcrito, tratase de revisão de benefício previdenciário, uma vez que era esse o caso que estava em julgamento. Contudo, observo que o Tribunal Superior vem aplicando a mesma tese também aos rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de sentença judicial trabalhista. Vejamos: Resp 383.309/SC. Recurso Especial 2001/01569679 Relator Ministro João Otávio de Noronha.Data do julgamento 07/03/2006 TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. 2. O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que cabe à fonte pagadora o recolhimento do tributo devido. Porém, a omissão da fonte pagadora não exclui a responsabilidade do contribuinte pelo pagamento do imposto, o qual fica obrigado a declarar o valor recebido em sua declaração de ajuste anual. 3. No cálculo do imposto incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente em decorrência de decisão judicial, devem ser aplicadas às alíquotas vigentes à época em que eram devidos referidos rendimentos. 4. .... 5. Recurso especial parcialmente provido. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 229 17 (sublinhei/destaquei) No mesmo sentido: Resp 704.845/PR Recurso ESPECIAL 2004/01654173, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 19/08/2008. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA E CONTRIBUINTE. INCLUSÃO DE MULTA. RENDIMENTOS ACUMULADOS. ALÍQUOTA APLICÁVEL 2. No cálculo do imposto incidente sobre os rendimentos pagos acumuladamente em decorrência de decisão judicial, devem ser aplicadas as alíquotas vigentes à época em que eram devidos os referidos rendimentos. (destaquei). Destaco também a data dessas decisões, sendo uma de 2006, anterior à data do lançamento aqui em discussão, e outra de 2008, para assentar que há muito o Tribunal Superior vem decidindo dessa forma. Ainda, no REsp 783.724/RS Recurso Especial 2005/01589590, Relator Ministro Castro Meira, data do julgamento em 15/08/2006, o Relator bem demonstra que a aplicação da interpretação que deve ser dada ao artigo 12 da Lei nº 7.713/1988, em relação à forma de apurar o valor do tributo incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente, não se distingue em relação ao motivo da demora no recebimento, sejam benefícios previdenciários, onde a fonte pagadora seria o INSS, ou verbas trabalhistas, com fonte pagadora privada, citando, indiscriminadamente, como fundamento para decidir, uma e outra situação. Transcrevo do Voto: (...) O artigo 12 da Lei 7.713/88 dispõe que o imposto de renda é devido na competência em que ocorre o acréscimo patrimonial (art. 43 do CTN), ou seja, quando o respectivo valor se tornar disponível para o contribuinte. Prevê o citado dispositivo: "Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização." O dispositivo citado não fixa a forma de cálculo, mas apenas o elemento temporal da incidência. Assim, no caso de rendimentos pagos acumuladamente em cumprimento de decisão judicial, a incidência do imposto ocorre no mês de recebimento, como dispõe o art. 12 da Lei 7.713/88, mas o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referirem os rendimentos. Nesse sentido, há inúmeros precedentes de ambas as Turmas de Direito Público, como se observa das seguintes ementas(...) (sublinhei) Fl. 229DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 230 18 O que o STJ entende, na minha modesta leitura, seguindo aliás a melhor doutrina, é que existem, dentre outros, dois aspectos distintos do fato gerador, e que o artigo 12 da Lei nº 7.713/1998 rege o aspecto temporal, mas não o aspecto quantitativo: Aspecto quantitativo do Fato Gerador: neste aspecto, destacam se a base de cálculo e a alíquota. Na operação de lançamento tributário, após a verificação da ocorrência do fato gerador, da identificação do sujeito passivo e da determinação da matéria tributável, há que se calcular o montante do tributo devido aplicandose a alíquota sobre a base de cálculo. Esta é, pois, uma ordem de grandeza própria do aspecto quantitativo do fato gerador. Aspecto temporal do Fato Gerador: é de fundamental importância esse aspecto para definição da lei aplicável, segundo o princípio tempus regit actum. Esse aspecto diz respeito ao momento da consumação ou da ocorrência do fato gerador, ....(HARADA. Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário, 23ª ed, Atlas : São Paulo, 2014, p. 544/545) Considerando que a jurisprudência do Tribunal Superior, a quem compete promover a interpretação última da lei federal, já se posicionou pela forma como deve ser interpretado o art. 12 da Lei nº 7.713/1988, esclarecendo que não se trata de negarlhe aplicação ou muito menos de conferirlhe inconstitucionalidade, verifico então que existe erro de cunho material na apuração do montante devido, por aplicação incorreta da legislação, destoante de interpretação dada pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de Recurso Especial, usando essa interpretação como fonte de aplicação do direito e fundamento para decidir. Então, em relação aos R$ 5.021,44 lançados como “omissão de rendimentos”, sou pelo cancelamento da infração. Assim sendo, deixo de apreciar os argumentos do recurso em relação à terminologia empregada: “omissão”, bem como a natureza da verba, por desnecessário à solução da lide, nesse ponto, citando: ... É cediço, no STJ, que o juiz não fica obrigado a manifestarse sobre todas as alegações das partes, nem a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato ocorreu. Ressaltese, ainda, que cabe ao magistrado decidir a questão de acordo com o seu livre convencimento, utilizandose dos fatos, das provas, da jurisprudência, dos aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto. Nessa linha de raciocínio, o disposto no art. 131 do Código de Processo Civil: "Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento." (STJ. AgRg no Resp nº 1.130.754, Rel. Min. Humberto Martins, DJ 13.04.2010). Ou ainda: Fl. 230DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 231 19 "o magistrado não é obrigado a responder todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados." (STJ. REsp 684.311/RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ 18.4.2006). DA GLOSA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE Houve, ainda, a constatação da infração identificada como “dedução indevida de imposto de renda retido na fonte” (IRRF), relativa à fonte CNPJ 61.149.589/000189, Cooperativa de Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo Copersucar, no importe de R$ 2.238,15, correspondente ao processo trabalhista. Ora, se entendemos acima que a parte do lançamento que versa sobre forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, no curso de Ação Trabalhista, estava incorreto, o mesmo raciocínio devese aplicar ao cálculo do imposto de renda retido pela fonte sobre essas verbas e verifico impropriedade no montante apurado pela Fiscalização. Assim, se o valor da retenção na fonte declarado está equivocado, é de se observar que o valor dos rendimentos declarados também. Portanto, o raciocínio empreendido pela Autoridade Fiscal, nesse ponto, apesar de correto em relação à tributação do 13º salário, fica prejudicado. Pelo exposto e pelos mesmos fundamentos discorridos no item anterior, entendo pelo cancelamento da infração sobre imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 2.238,15. DA TRIBUTAÇÃO SOBRE JUROS DE MORA FIXADOS EM RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. Apesar das jurisprudências colacionadas pelo Recorrente, o entendimento último do STJ em relação a esta matéria, conforme já esclareceu o Tribunal Superior, é o seguinte: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, OBSCURIDADE OU CONTRADIÇÃO. OCORRÊNCIA. EFEITO MODIFICATIVO. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. JUROS MORATÓRIOS. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. 1. Cuidase de matéria que trata de verbas de natureza trabalhista, e não previdenciária. 2. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 1.089.720/RS (j. 10.10.2012, Rel. Min. Mauro Campbell Marques), ratificou o entendimento de que se aplica o IRPF sobre juros moratórios, mesmo se fixados em reclamatória trabalhista, levandose em conta duas exceções: a) isenção quando pagos no contexto de despedida ou rescisão de contrato de trabalho (REsp 1.227.133/RS repetitivo); e b) isenção ou não incidência se atinentes a verba principal igualmente isenta ou fora do âmbito do imposto (accessorium sequitur suum principale). Fl. 231DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 232 20 ... 4. A apuração do tributo devido sobre os juros de mora deve observar individualmente as parcelas mensais atrasadas, de modo que será devido o Imposto de Renda apenas quando essa tributação ocorrer sobre a mencionada prestação. Relativamente às parcelas mensais não tributadas, igualmente não poderá incidir a exação sobre os respectivos juros de mora. 5. Embargos de Declaração acolhidos, com efeito modificativo. (Edcl no Agrg no Aresp 229308/RS Resp 2012/01853136) Assim, verbas de natureza salarial, recebidas no curso de Ação Trabalhista, ao contrário do que entende o recorrente, são sim tributáveis, salvo quando a lei diga, especificamente, que são isentas ou não tributáveis. Os juros pagos sobre essas verbas são igualmente tributáveis, pelo emprego do princípio de que ‘o acessório segue o principal’. Há duas exceções: os rendimentos decorrentes de rescisão do contrato de trabalho e aqueles juros que incidam sobre verbas igualmente isentas ou não tributáveis. Na ação trabalhista movida contra a Copersucar existem “salários” (a maior parte), 13º salário e férias (fls. 19 e 20) De qualquer forma, como se tentou esclarecer, essa questão sobre a qual o contribuinte pede “repetição do indébito” está fora da lide a ser aqui solucionada, pois não foi objeto de lançamento de ofício. As verbas foram declaradas pelo contribuinte, em sua DIRPF. O lançamento versou apenas sobre parte dos honorários advocatícios deduzidos. DAS DESPESAS COM MÉDICOS E AFINS. GLOSA DA DEDUÇÃO. Em relação a esta matéria, como já aqui assentado, nada diz o recurso que possa ser considerado para alterar o disposto na decisão de 1ª instância, pelo que voto pela manutenção da mesma, neste ponto. CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, em virtude de sentença judicial trabalhista (R$ 5.021,44), e cancelar a infração relativa a glosa de imposto de renda retido na fonte (R$ 2.238,15), consubstanciadas na Notificação de Lançamento, mantendose o demais (fl. 135/137). Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 232DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 13896.000125/200729 Acórdão n.º 2801003.605 S2TE01 Fl. 233 21 Fl. 233DF CARF MF Impresso em 20/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN
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Numero do processo: 11516.001729/2004-41
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL.
Em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente recebidos por força de ação judicial, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ e Julgado do STJ sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62-A do Regimento Interno.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA.
Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizando-se um vício material a invalidá-lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida.
ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE.
Os rendimentos recebidos por portadores de moléstia grave somente são isentos do imposto de renda quando decorrentes de aposentadoria ou reforma.
JUROS MORATÓRIOS. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA.
Para garantir a isenção dos juros de mora recebidos em reclamatória trabalhista é preciso que tenha sido paga no contexto de rescisão de contrato de despedida ou rescisão do contrato de trabalho.
Recuso voluntário provido.
Numero da decisão: 2802-003.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Júnior. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson acompanhou o voto vencedor pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente e Redador designado.
(assinado digitalmente)
Jaci de Assis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente momentaneamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
Nome do relator: Jaci de Assis Junior
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. Em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente recebidos por força de ação judicial, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ e Julgado do STJ sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62-A do Regimento Interno. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizando-se um vício material a invalidá-lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. Os rendimentos recebidos por portadores de moléstia grave somente são isentos do imposto de renda quando decorrentes de aposentadoria ou reforma. JUROS MORATÓRIOS. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. Para garantir a isenção dos juros de mora recebidos em reclamatória trabalhista é preciso que tenha sido paga no contexto de rescisão de contrato de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Recuso voluntário provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Júnior. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson acompanhou o voto vencedor pelas conclusões. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso Presidente e Redador designado. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente momentaneamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano.
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Em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente recebidos por força de ação judicial, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ e Julgado do STJ sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62A do Regimento Interno. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidálo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. ISENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. Os rendimentos recebidos por portadores de moléstia grave somente são isentos do imposto de renda quando decorrentes de aposentadoria ou reforma. JUROS MORATÓRIOS. RECLAMATÓRIA TRABALHISTA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 17 29 /2 00 4- 41 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO 2 Para garantir a isenção dos juros de mora recebidos em reclamatória trabalhista é preciso que tenha sido paga no contexto de rescisão de contrato de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Recuso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencido o Conselheiro Jaci de Assis Júnior. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso. O Conselheiro Ronnie Soares Anderson acompanhou o voto vencedor pelas conclusões. (assinado digitalmente) Jorge Cláudio Duarte Cardoso – Presidente e Redador designado. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernández, Ronnie Soares Anderson e Carlos André Ribas de Mello. Ausente momentaneamente a Conselheira Julianna Bandeira Toscano. Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração, fls. 15 a 21 (processo digitalizado), pelo qual se exige a o recolhimento do crédito tributário a título de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF. De acordo com Demonstrativo das Infrações, fls. 16, verificase que o lançamento decorre de omissão de rendimentos, recebidos no anocalendário 2001, em decorrência do processo trabalhista no 971/89, que tramitou na 2ª Vara do Trabalho de Florianópolis e glosa do IRRF declarado. O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 1 a 3, instruída com os documentos de fls. 4 a 72, cujo resumo se extraí da decisão recorrida, fls. 101: A inventariante apresentou a impugnação de fls. 01/03, alegando em síntese que o de cujus era portador de cardiopatia grave, que foi aposentado por invalidez em 01/01/1993, em virtude de seqüelas de um AVC; que do valor recebido no processo judicial no 971/89, declarou como rendimentos tributáveis o valor de R$50.124,76, e a diferença de R$42.124,76 declarou como rendimentos isentos e não tributáveis em razão da moléstia grave; que por ser portador de doença cardiovascular e aposentado por invalidez, os rendimentos foram declarados corretamente como isentos e não tributáveis; e que pelo atestado de óbito podese verificar que o mesmo faleceu em Fl. 195DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO Processo nº 11516.001729/200441 Acórdão n.º 2802003.096 S2TE02 Fl. 90 3 conseqüência da cardiopatia grave. Requer o cancelamento do Auto de Infração. Apreciando a impugnação apresentada, a 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis (SC) manteve integralmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 0722.602, fls. 100 a 103, sendo oportuno transcrever a parte conclusiva do voto condutor: De acordo com o texto legal, depreendese que há dois requisitos cumulativos indispensáveis à concessão da isenção. Um reportase à natureza dos valores recebidos, que devem ser proventos de aposentadoria ou reforma e pensão, e o outro se relaciona com a existência da moléstia tipificada no texto legal. No caso de os rendimentos recebidos acumuladamente por portadores de moléstia grave serem referentes a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, referidos valores estariam isentos da tributação do imposto de renda, pelo que está disposto na IN n° 15/2001 colacionada, mesmo que se relativos a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave. Entretanto, no caso em tela, os rendimentos decorrem de diferenças remuneratórias do período de novembro de 1986 a janeiro de 1989, conforme se pode denotar da sentença prolatada nos autos no processo trabalhista n.° 971/89 (fls. 44/53) [fls. 46 a 55, processo digitalizado], e, como tal, não estão alcançados pela isenção, a qual abarca tãosomente os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão percebidos pelos portadores das doenças consignadas nos dispositivos transcritos. Além do mais, não consta dos autos laudo pericial comprovando a moléstia grave conforme determina o art. 30 da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995. Assim, em razão dos rendimentos recebidos acumuladamente no processo trabalhista n.° 971/89, não serem proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, entendo que o contribuinte não faz jus à isenção por moléstia grave pleiteada na peça impugnatória.” Cientificado do Acórdão de primeira instância, em 23/02/2011, conforme AR de fl. 106, o contribuinte interpôs, em 24/03/2011, o recurso de fls. 112 a 125, firmado por seu procurador, alegando, em síntese, que: não resta dúvida que os rendimentos recebidos no anocalendário de 2001 estão abrangidos pela isenção prevista na Lei nº 7.713, de 1988 e na IN nº 15, de 2001; os valores declarados não merecem ajustes porque a verba recebida de R$91.050,66 era composta por um montante principal de R$50.124,76, que foi levado à tributação, e uma verba indenizatória de R$40.925,90, decorrente da aplicação de juros de mora; o valor dos juros recebidos não podem ser tributados por não representarem auferimento de renda. Seu papel é trazer para o presente o montante que deveria ter sido pago no passado; cita o art. 404 do Código Civil, e transcreve ementas das decisões judiciais; Fl. 196DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO 4 requer o cancelamento do autos de infração e que as intimações sejam realizadas no escritório do patrono do contribuinte. O processo foi incluído na pauta da sessão realizada em 16 de maio de 2012, tendo a 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 2ª Seção proferido a Resolução nº 220200.218, que sobrestou o julgamento nos termos do §1º do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 que aprovou o Regimento Interno do CARF RICARF c/c Portaria CARF nº 01/2012, fls. 131 a 135. Tendo em vista que a Portaria nº 545, de 18 de novembro de 2013, revogou os parágrafos primeiro e segundo do art. 62 A do RICARF, o presente processo foi redistribuído, por sorteio, a este Conselheiro. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Jaci de Assis Junior, Relator O recurso foi tempestivamente apresentado e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Embora o julgamento deste recurso tenha sido sobrestado ao argumento de se tratar de rendimentos acumulados, ainda não houve decisão do STF nos recursos paradigmas que cuidam da matéria rendimentos acumulados (RE614232 e RE 614406) que possa afetar o presente julgamento. Por outro lado, entendo que não se aplica ao caso tratado nos presentes autos o entendimento formulado pelo STJ no REsp 111.8429/SP, examinado sob o rito do art. 543C do Código de Processo Civil, com trânsito em julgado 17/6/2010, cuja ementa é transcrita. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art.543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.( REsp 1118429 / SP) Nesse sentido, ressaltese, de plano, que não se observa das peças impugnatória e recursal que o contribuinte tenha contestado a matéria sob tal aspecto. Portanto, preclusa a sua discussão nesta esfera de julgamento. Ressaltese, ainda, que, compulsandose os autos, constatase que o contribuinte sequer instruiu suas petições com elementos probatórios que pudessem evidenciar a renda auferida, mês a mês, à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO Processo nº 11516.001729/200441 Acórdão n.º 2802003.096 S2TE02 Fl. 91 5 A decisão recorrida, examinando a alegação de que o rendimento recebido estaria sujeito à isenção do imposto de renda, registrou que, embora o contribuinte esteja aposentado desde o ano de 1993, depreendeuse da cópia da sentença prolatada nos autos do processo trabalhista nº 971/89, fls. 46 a 55 (processo digitalizado), que as diferenças remuneratórias correspondem ao período de novembro de 1986 a janeiro de 1989. Portanto, não se enquadrando na hipótese de isenção prevista no inciso XXXIII do art. 39 do Decreto nº 3.000, de 1999, RIR/1999. O. § 2º do art. 5º da Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001, regulamentou o assunto no seguintes termos: Art. 5º.................................................................................... § 3º São isentos os rendimentos recebidos acumuladamente por portador de moléstia grave, conforme os incisos XII e XXXV, atestada por laudo médico oficial, desde que correspondam a proventos de aposentadoria ou reforma ou pensão, ainda que se refiram a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave. Tendo em vista a constatação de que as verbas recebidas em virtude da referida ação não correspondem a proventos de aposentadoria ou pensão, não se aplica ao caso a regra prevista no § 2º do art. 5º da Instrução Normativa SRF nº 15, de 6 de fevereiro de 2001. Entendimento nesse sentido faz parte do enunciado contido na Súmula CARF nº 63: Súmula CARF nº 63: Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. (negrito não consta do original) O recorrente alega que o valor dos juros recebidos possuem natureza indenizatória. A esse respeito, observese que o artigo 55, XIV, do Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999) dispõe expressamente que os juros moratórios e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento integram os rendimentos tributáveis recebidos com atraso: “Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis;” Fl. 198DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO 6 Uma vez que se trata de juros moratórios, é de se aplicar, com fulcro no artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, com as alterações introduzidas pela Portaria MF nº 586, de 2010, o decidido por ocasião do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp. n.º 1.227.133 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel. para acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28/09/2011, pela não incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios legais vinculados a verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial. Contudo, é preciso esclarecer que, para que se aplique à hipótese o entendimento ventilado no referido Recurso Repetitivo/STJ nº 1.227.133, tornase necessário que dos autos fique evidenciado que se trata de verbas trabalhistas reconhecidas em decisão judicial no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Sobre tal aspecto, o próprio o STJ esclareceu que o precedente em questão somente se aplica à hipótese em que a verba principal (trabalhista), sobre a qual incidiram os juros moratórios, tiver natureza indenizatória, a teor da seguinte ementa proferida em julgamento realizado em 14/03/2012, nos autos do RESP 1.163.490/SC: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg nos EREsp 1163490/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2012, DJe 21/03/2012) O julgado demonstra a tese verdadeiramente firmada no Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, qual seja: o imposto de renda não incide sobre os juros quando a verba trabalhista possui natureza indenizatória, nas situações em que o trabalhador perde o emprego ou quando a verba principal é isenta ou está fora do campo de incidência do IR. É bom lembrar que o julgamento, apesar de não ter se dado no rito dos recursos repetitivos previsto pelo artigo 543C do CPC, fixou interpretação para o precedente em recurso representativo da controvérsia (REsp nº 1.227.133), a fim de orientar os tribunais de segunda instância. Em seu voto, o relator, ministro Mauro Campbell Marques, destacou que a regra geral (prevista no artigo 16, caput e parágrafo único, da Lei nº 4.506/64) é a incidência do IR sobre os juros de mora, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória. Entretanto, segundo o ministro, há duas exceções. A primeira: são isentos de IR os juros de mora pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em Fl. 199DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO Processo nº 11516.001729/200441 Acórdão n.º 2802003.096 S2TE02 Fl. 92 7 reclamatórias trabalhistas ou não. A segunda: quando incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (segundo a regra de que o acessório segue o principal). Nessas situações, os juros de mora incidentes sobre as verbas pagas ao trabalhador em decorrência da perda do emprego são isentos de tributação, independentemente da natureza jurídica da verba principal (remuneratória ou indenizatória) e mesmo que essa verba principal não seja isenta. Concluise, pois, que para garantir a isenção em reclamatória trabalhista é preciso que esta se refira às verbas decorrentes da perda do emprego e/ou se configurem isentas do imposto de renda, conforme já decidiu o STJ no julgamento do REsp nº 1.227.133. Na hipótese em análise verificase do exame da documentação apresentada pelo contribuinte que não restou evidenciado que a verba principal foi recebida em virtude de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, haja vista constar do relatório da sentença judicial às fls. 47 (digital) que aquela demanda ao pleito de verbas relacionadas à adequação ao plano de cargos e salários da Caixa Econômica Federal dos funcionários oriundos do extinto Banco Nacional de Habitação – BNH. Portanto, não merece reparo a decisão recorrida. Voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jaci de Assis Junior Voto Vencedor Conselheiro Jorge Claudio Duarte Cardoso, Redator designado Não obstante o bem elaborado voto do Conselheiro Relator, divirjo, em relação à assertiva do relator de que é preclusa a análise da tributação dos rendimentos recbidos acumuladamente e , consequentemente, chego a conclusão diversa. Explicase. Não há dúvida que o lançamento da omissão de rendimentos está sendo contestado expresamente, ainda que não tenha usado a argumentação inerente à forma de tributar os rendimentos acumuladas. Impõese ao Colegiado o dever de adotar a correta interpretação do art. 12 da Lei 7.713/1988, notadamente quando se trata de entendimento decidido no rito do art. 543C do CPC de reprodução obrigatória no CARF. Tratase do REsp 111.8429/SP, cuja ementa é transcrita. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO 8 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art.543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008.( REsp 1118429 / SP) É incontroverso que o lançamento teve por objeto rendimentos recebidos acumuladamente. Citase excerto do relatório. “... os rendimentos decorrem de diferenças remuneratórias do período de novembro de 1986 a janeiro de 1989, conforme se pode denotar da sentença prolatada nos autos no processo trabalhista n.° 971/89 (fls. 44/53) [fls. 46 a 55, processo digitalizado], e... O Colegiado entendeu, por maioria, que deve ser aplicada a interpretação do art. 12 da lei 7.713/1988 segundo a qual o cálculo do imposto deve levar em conta as tabelas e alíquotas da época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao contribuinte. Diversamente, o lançamento adotou a interpretação do dispositivo legal que corresponde ao regime de caixa sobre o montante recebido acumuladamente. O vício contido no lançamento não pode ser resumido em um mero erro na aplicação da alíquota. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, a autoridade fiscal empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidálo. Em outros julgados, o Conselheiro Jaci de Assis Júnior, ora Relator, sustentou que o problema limitarseia à correção da alíquota, adotando técnica de apuração em que a base de cálculo dos rendimentos recebidos acumuladamente é definida independente do ajuste anual. Todavia, o Ajuste Anual é a regra para os rendimentos da pessoa física e não consta da interpretação dada pelo STJ que essa sistemática (ajuste anual) tenha sido afastada. A título de exemplo, cito trecho do Parecer PGFN/CAT Nº 815/2010 que no intuito de solucionar inúmeras dúvidas da expostas Pela Secretaria da receita Federal indicou a forma de cálculo que o Fisco deveria adotar à época em que vigoraram os Pareceres da PGFN que autorizavam as revisões de ofício com base na jurisprudência do STJ: 100. Temse, assim, nos termos acima fixados, conjunto de soluções para implemento concreto das decisões do Superior Tribunal de Justiça em âmbito de rendimentos acumulados. Concluise: a) Deve a Administração proceder aos cálculos de imposto de renda incidente sobre os rendimentos acumuladamente recebidos segundo o regime de competência, seguindose às decisões do Superior Tribunal de Justiça, bem como se levando em conta a negativa do Supremo Tribunal Federal em conferir repercussão geral à matéria, a par de recente decisão do Tribunal Regional da 4ª Região, que definiu Fl. 201DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO Processo nº 11516.001729/200441 Acórdão n.º 2802003.096 S2TE02 Fl. 93 9 pela inconstitucionalidade de regra que possibilitaria utilização de regime de caixa, no cômputo dos valores de que trata a presente manifestação; b) A recomposição do valor tributável à época deve ser aplicada apenas na hipótese de a RFB possuir os dados necessários devendo por sua vez disponibilizar os referidos dados ao contribuinte para que este espontaneamente possa também verificar o valor do imposto devido. c) Nesses casos, devese somar os valores originalmente reconhecidos com os valores posteriormente recebidos, de uma única vez, de modo que se tenha uma nova base de cálculo. d) Nas situações em que a RFB não disponha dos referidos dados para recomposição da base de cálculo, devese tãosomente aplicar as tabelas da época em face de valores supervenientemente recebidos. e) Assim, simplesmente, desprezandose o que no passado foi recebido pelo interessado, contabilizamse, exclusivamente, valores posteriormente recebidos, à luz de tabelas originais.; f) O valor do imposto deve ser calculado resgatandose o valor original da base de cálculo declarada pelo sujeito passivo em sua Declaração de Ajuste Anual relativa ao ano a que o rendimento corresponde (A), e adicionandose o valor do rendimento recebido acumuladamente (excluídos as atualizações monetárias e juros, conforme item 83, e as parcelas mencionadas nos itens 84 e 85) (B), e chegandose ao valor da base de cálculo que seria declarada se o rendimento tivesse sido percebido na época própria (C). Sobre esta base de cálculo e, tomando se em conta a tabela progressiva vigente na época a que o rendimento corresponde, calculase o imposto correspondente (D). g) Os juros moratórios devem ser tributados, quando da recomposição dos valores resultar em imposto a pagar, devendose os cálculos serem efetuados com base no período de recebimento e juntamente com outros rendimentos do período. Pelo conjunto de razões acima expostas, entendo que a manutenção da exigência representaria um novo lançamento com outro critério jurídico. Ocorre que não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos mas tão somente afastar a exigência indevida. Citamse excertos de ementas de alguns precedentes que operam no mesmo sentido: (...) PIS – LEI COMPLEMENTAR 7/70 – BASE DE CÁLCULO – O parágrafo único do art. 6° da LC 7/70 estabeleceu que a base de cálculo correspondia ao faturamento do 6° mês anterior. Se o lançamento desrespeitou essa norma, e como ao julgador administrativo não é permitido refazer o lançamento, então resta apenas cancelar a exigência. (...).( CSRF/0105.163, de 29/11/2004)(grifos acrescidos) Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2008 DESPESA DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. NATUREZA JURÍDICOCONTÁBIL. Fl. 202DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO 10 Equivocase o lançamento que considera a despesa de amortização do ágio como despesa com provisão, pois o ágio é a parcela do custo de aquisição do investimento (avaliado pelo MEP) que ultrapassa o valor patrimonial das ações, o que não se confunde com provisões expectativas de perdas ou de valores a desembolsar. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. A instância julgadora pode determinar que se exclua uma parcela da base tributável e que se recalcule o tributo devido, ou mesmo determinar que se recalcule a base de cálculo considerando uma despesa dedutível ou uma receita como não tributável, mas não pode refazer o lançamento a partir de outro critério jurídico que o altere substancialmente. (Acórdão 1302001.170, de 11/09/2013)(grifos adicionados) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INALTERABILIDADE DO CRITÉRIO JURÍDICO DO LANÇAMENTO EM RELAÇÃO AO MESMO SUJEITO PASSIVO. Na fase contenciosa, não é admissível a mudança do critério jurídico adotado no lançamento contra o mesmo sujeito passivo em relação aos fatos geradores já concretizados. (...) (Acórdão 2802002.489, de 17/09/2013)(grifos não constam do original) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1996 LANÇAMENTO FISCAL. REDUÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. REDUÇÃO DE SALDO NEGATIVO. DIFERENÇA. No lançamento fiscal, a irregularidade de se lançar sem reduzir o prejuízo fiscal implica em erro na formação da própria base tributável, o que não é passível de correção por parte do julgador administrativo, que não pode alterar o lançamento. Neste sentido, a jurisprudência do CARF é tranqüila no sentido de se cancelar o auto de infração por inteiro. (...) 1401001.086, de 07/11/2013) (grifos acrescentados) Diante do exposto, devese DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário para cancelar o lançamento. (Assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARDOSO, Assinado digitalmente em 22 /09/2014 por JACI DE ASSIS JUNIOR, Assinado digitalmente em 19/09/2014 por JORGE CLAUDIO DUARTE CARD OSO
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Numero do processo: 10218.720972/2007-15
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ITR. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO.
A subavaliação do Valor da Terra Nua (VTN) declarado pelo contribuinte autoriza o arbitramento do VTN pela Receita Federal. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização e dimensão do imóvel e a capacidade potencial da terra.
No caso, a matéria não foi questionada no recurso e foi considerada fora do litígio, nos termos do artigo 17 do PAF.
ALTERAÇÃO DA DIRPF APÓS A NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. CONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Tendo em conta que a quase totalidade dos tributos, atualmente, sujeitam-se a lançamento por homologação, o § 1º do art. 147 do CTN tem sido invocado e aplicado por analogia para definir o marco até quando pode o contribuinte retificar livremente suas declarações. O § 1º simplesmente retira do contribuinte a possibilidade de tornar, por ato próprio, insubsistente a sua declaração originária, quando já notificado o lançamento. Não compromete, porém, o direitos de petição. Poderá o contribuinte, pois, a qualquer tempo, enquanto não decaído seu direito, peticionar administrativamente noticiando os equívocos e solicitando a revisão de ofício pela autoridade, forte no art. 149 do CTN, desde que apresente documentação hábil, idônea e inequívoca comprovando o erro.
MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
Presentes os pressupostos de exigência, cobra-se multa de ofício pelo percentual legalmente determinado. (Art. 44, da Lei 9.430/1996).
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4)
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 2801-003.661
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio Henrique Sales Parada, José Valdemir da Silva e Ewan Teles Aguiar.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO. A subavaliação do Valor da Terra Nua (VTN) declarado pelo contribuinte autoriza o arbitramento do VTN pela Receita Federal. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização e dimensão do imóvel e a capacidade potencial da terra. No caso, a matéria não foi questionada no recurso e foi considerada fora do litígio, nos termos do artigo 17 do PAF. ALTERAÇÃO DA DIRPF APÓS A NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. CONHECIMENTO DE OFÍCIO. Tendo em conta que a quase totalidade dos tributos, atualmente, sujeitamse a lançamento por homologação, o § 1º do art. 147 do CTN tem sido invocado e aplicado por analogia para definir o marco até quando pode o contribuinte retificar livremente suas declarações. O § 1º simplesmente retira do contribuinte a possibilidade de tornar, por ato próprio, insubsistente a sua declaração originária, quando já notificado o lançamento. Não compromete, porém, o direitos de petição. Poderá o contribuinte, pois, a qualquer tempo, enquanto não decaído seu direito, peticionar administrativamente noticiando os equívocos e solicitando a revisão de ofício pela autoridade, forte no art. 149 do CTN, desde que apresente documentação hábil, idônea e inequívoca comprovando o erro. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 09 72 /2 00 7- 15 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 2 Presentes os pressupostos de exigência, cobrase multa de ofício pelo percentual legalmente determinado. (Art. 44, da Lei 9.430/1996). JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4) Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Carlos César Quadros Pierre, Marcio Henrique Sales Parada, José Valdemir da Silva e Ewan Teles Aguiar. Relatório Contra o contribuinte identificado foi lavrada Notificação de Lançamento, conforme folhas 01 e seguintes, onde foi exigido Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR suplementar, relativo ao exercício de 2004, no valor de R$ 51.906,00, acrescido de multa proporcional de 75%, no valor de R$ 38.929,50 e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic, tendo por objeto o imóvel rural denominado “Agropecuária Vale dos Sonhos LTDA”, cadastrado na RFB sob o nº 3.550.1936, com área declarada de 8.712,0 há e localizado na margem direita do Rio Xingu, Município de São Félix do Xingu/PA. Na “descrição dos fatos”, constante de fls. 02, narra a Autoridade Fiscal que efetuou o lançamento que, após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da Terra Nua declarado. O valor foi então arbitrado, conforme demonstrativo da folha 03. A DITR/2004 objeto da revisão fiscal está copiada na folha 12, entregue em 30/09/2004, sem informações sobre a existência de Área de Preservação Permanente (APP) e com a informação de 50% (4.356,0 há) de área de Reserva Legal (ARL). Na folha 07 consta cópia do Termo de Intimação, intimando o contribuinte a apresentar Laudo Técnico de Avaliação do Imóvel, com especificidades, e a advertência que a Fl. 72DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 3 falta de comprovação do VTN ensejaria o arbitramento com base no Sistema de Preços de Terras da RFB – SIPT. O comprovante de ciência está na folha 09. Na folha 38 consta a tela do referido sistema SIPT, com informações sobre o VTN por aptidão agrícola para o Município de localização do imóvel, referentes ao exercício de 2004 Inconformado com o lançamento do crédito tributário, o contribuinte apresentou impugnação (folha 19 e seguintes). Tal manifestação foi conhecida e tratada pela DRJ/BRASÍLIA, nos seguintes termos, em resumo (fl. 39). Disse o Julgador de 1ª instância que: Na impugnação, o contribuinte cita dispositivos da NBR 14.6533, argumentando que não é possível elaborar, em 2007, laudo de avaliação retroativamente ao exercício de 2004, pois não houve coleta de dados àquela época, sendo impossível sua confirmação. portanto, houve cerceamento do direito de defesa, pois não havia como cumprir com a exigência da autoridade fiscal. Por fim, requer a extinção do crédito tributário, por restar prejudicada a elaboração do laudo de avaliação exigido, além de poder provar por todos os meios de prova legais em direito admitidos. Não verificava qualquer nulidade no procedimento fiscal. Caracterizada a subavaliação do VTN declarado, não comprovado por documento hábil, só restava à autoridade fiscal arbitrar novo valor de terra nua para efeito de cálculo do ITR/2004, em obediência ao disposto no art. 14, da Lei nº 9.393/1996, e artigo 52 do Decreto nº 4.382/2002 (RITR). Não há qualquer impedimento para a realização, de forma retroativa, da avaliação do valor fundiário do imóvel (VTN), a preços de 1º/01/2004, podendo o autor do trabalho se valer de negociações efetivadas àquela época, conforme registrado no Cartório de Registro de Imóveis e de outras fontes de pesquisa de preços de terras na região, por exemplo: Corretores de Imóveis, Prefeitura Municipal, INCRA/EMATER/Agranual/FGV/INTERPA, que possuem informações sobre os valores históricos de preços de terras. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa, pois é perfeitamente possível a elaboração de laudo técnico de avaliação, para fins de demonstrar, de forma retroativa, o valor fundiário do imóvel, a preços daquela época (1º/01/2004). Cabe ser mantida a tributação da “Agrop. Vale dos Sonhos Ltda” com base no VTN de R$ 871.200,00 ou R$ 100,00 por hectare, arbitrado pela fiscalização com base no menor valor, por aptidão agrícola, apontado no SIPT, exercício de 2004, para o município onde se localiza o imóvel. Assim, decidiu o Acórdão recorrido “por unanimidade de votos, considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido,.... Não encontrei nos autos o comprovante de ciência dessa Decisão, ao contribuinte. Na folha 48 consta despacho da DRFB à ARF/Redenção/PA para que “se proceda à intimação do contribuinte”, com data de 09/03/2012. No recurso, protocolizado em 13/04/2012, o contribuinte afirma ter tomado ciência pessoal, na Unidade de atendimento da Receita Federal, em 14/03/2012, reputando sua manifestação como tempestiva. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 4 Em sua peça recursal, alega, em resumo, o seguinte: 1 – Aponta haver uma “cobrança em duplicidade”, referente ao ITR/2004, eis que existem lançamentos referentes ao mesmo exercício nos processos 10218.720127/200731 e 10218.720973/200751; 2 – Identifica o imóvel objeto desta exigência, constante destes autos; 3 – Diz que na Notificação de Lançamento guerreada, os juros de mora e a multa excederam o valor do crédito tributário, merecendo correção; 4 – Houve tributação sobre área de reserva legal e preservação permanente, equivocadamente. Foi ignorada a exigência legal de se manter como reserva legal, na Amazônia, o percentual de 80% da área do imóvel; 5 – É ilegítima a exigência de apresentação de Ato Declaratório Ambiental – ADA, para comprovar as áreas de reserva legal e preservação permanente. Cita a IN SRF nº 73/2000; 5 – Sugere que sejam revistos o G.U e a alíquota aplicável, na apuração do imposto devido; 6 – Efetua novo cálculo, falando em “reserva averbada” de 80% Desta feita, REQUER que seja reformada a decisão de 1ª instância, para se considerar como reserva legal 80% da área do imóvel; ou que sejam consideradas 50% de área de reserva legal e 50% de área ocupada com pastagens; que os juros de mora incidam à taxa de 1% ao mês, que as notificações e intimações sejam encaminhadas aos Procuradores, com procuração anexa. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator Não encontrando nos autos a data em que efetivamente o contribuinte tomou ciência da decisão recorrida, verificando compatibilidade entre as datas de trâmite do processo e o afirmado no recurso e considerando a ampla defesa e o disposto no art. 14, § 1º do CPC, conheço do recurso, reputandoo tempestivo, conforme relatado, e com condições de admissibilidade. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é a identificada após a digitalização do processo, transformado em arquivo eletrônico (formato .pdf). PRELIMINAR DE DUPLICIDADE DE COBRANÇA. O contribuinte alega que este processo, de nº 10218.720972/200715, que referese Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR suplementar, relativo ao exercício de 2004, tendo por objeto o imóvel rural denominado “Agropecuária Vale dos Sonhos LTDA”, cadastrado na RFB sob o nº 3.550.1936, com área declarada de 8.712,0 há e localizado na margem direita do Rio Xingu, Município de São Félix do Xingu/PA, enseja cobrança em duplicidade com os processos 10218.720973/200751 e 10218.720127/200731. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 5 Observo que o processo 10218.720973/200751, que também encontrase sob nossa análise enseja a Notificação de Lançamento nº 02103/00932/2007 e referese à Fazenda Vale dos Sonhos, cadastrada na RFB sob o nº 4.297.2043, localizado na margem direita do Rio Xingu, lote 48, de propriedade da Agropecuária Vale dos Sonhos LTDA, com área de 4.356,0 há, no Município de São Felix do Xingu, para o exercício de 2004. Portanto, outra área, de outro imóvel, com outro número de cadastro. Já o processo 10218.720127/200731, que se encontra em cobrança na PSFN em Marabá/PA, referese à Fazenda Madeira, de propriedade de Carlo Iave Furtado de Araújo, sócio da Agropecuária Vale dos Sonhos, com nº de cadastro 5.358.3035, localizado na margem direita do Rio Xingu, porém na gleba 49, com área de 4.356,0 há e que já foi apreciado neste CARF, em 19/06/2013, conforme Acórdão 2101002.221. Assim, outro número de cadastro, outra área e outra gleba, diversa deste processo. Não anexa qualquer documento a suportar suas alegações e pelas considerações acima expostas, não vejo nenhum impedimento a que se proceda a análise destes autos. A cobrança de créditos tributários regularmente constituídos é atividade exclusiva da Receita Federal do Brasil, conforme seu Regimento Interno (Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012): Art. 224. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, ..., quanto aos tributos administrados pela RFB, inclusive os destinados a outras entidades e fundos, compete, no âmbito da respectiva jurisdição, no que couber, desenvolver as atividades de arrecadação, controle e recuperação do crédito tributário, de análise dos dados de arrecadação .... e, especificamente: IX desenvolver as atividades relativas à cobrança, recolhimento de créditos tributários e direitos comerciais, parcelamento de débitos, retificação e correção de documentos de arrecadação;(destaquei) Assim, eventual cobrança em duplicidade deve ser alegada e resolvida perante o órgão com jurisdição competente. LIMITES DA LIDE. ALTERAÇÃO DO VTN. Na lição clássica de Carnelutti, para que haja lide ou litígio é necessário que ocorra “um conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida”, sendo a pretensão “a exigência de uma parte de subordinação de um interesse alheio a um interesse próprio” (Apud THEODORO JR. Humberto, Curso de Direito Processual Civil, 41 ed, Forense, Rio de Janeiro: 2004, p. 32) assim, também importante estudar os contornos da lide. Segundo Marcos Vinicius NEDER e Maria Teresa Martinez LOPÉZ: “Para a solução do litígio tributário deve o julgador delimitar, claramente, a controvérsia posta à sua apreciação, restringindo sua atuação apenas a um território contextualmente demarcado. Esses limites são fixados, por um lado, pela pretensão do Fisco e, por outro, pela resistência do contribuinte, expressos respectivamente pelo ato de lançamento e pela impugnação....(grifei) Fl. 75DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 6 A lei processual estabelece regras que deverão presidir as relações entre os intervenientes na discussão tributária. A atuação dos órgãos administrativos de julgamento pressupõe a existência de interesses opostos, expressos de forma dialética....Na lição de Calamandrei, “o processo se desenvolve como uma luta de ações e reações, de ataques e defesas, na qual cada um dos sujeitos provoca, com a própria atividade, o movimento dos outros sujeitos, e espera,depois, deles um novo impulso....”Se no curso deste processo, constatarse a concordância de opiniões, devese por fim ao processo, já que o próprio objeto da discussão perdeu o sentido. Da mesma forma, não há o que julgar se o contribuinte não contesta a imposição tributária que lhe é imputada.(NEDER, Marcos Vinícius e LOPEZ, Maria Teresa Martinez. Processo Administrativo Fiscal Comentado. 2ª ed,. Dialética, São Paulo, 2004, p. 265/266) ...esclarece Alberto Xavier que “nos caos em que o ato do lançamento impugnável seja ‘cindível’, a impugnação pode ser apenas parcial, de tal modo que o impugnante poderá individualizar o objeto do processo, especificando as ‘questões ou pedidos parciais’ que pretende impugnar, ficando as demais, em virtude da renúncia á impugnação, sujeitas á preclusão”(XAVIER. Alberto. Do lançamento...2ª ed. Forense, São Paulo, 1997, p. 333, Apud NEDER, Op. Cit, p. 269) O procedimento fiscal, que culminou com a Notificação de Lançamento onde está expressa “a pretensão do Fisco” e que promoveu alteração nas informações prestadas em DITR/2004 pelo próprio contribuinte limitouse á revisão do Valor da Terra Nua (VTN) declarado. Não apresentando o contribuinte o Laudo Técnico conforme exigido, arbitrou o valor com base em informação constante de sistema de preços de terra – SIPT, da RFB. Na impugnação, o contribuinte disse, em sede material, que a apresentação do Laudo, nos termos exigidos, não era possível, e alegou cerceamento de defesa. Bem debatido o tema pelo Julgador de 1ª instância, que fundamentou seu entendimento para manter a exigência fiscal, no Recurso, mudase totalmente a alegação, não mais se falando sobre o valor da terra nua, mas requerendo que se considere como área isenta de tributação a “reserva legal”. No recurso, o contribuinte deve recorrer daquilo que foi decidido pela instância a quo, dentro dos limites da lide. O procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Não pode desenvolverse aleatoriamente, com alegações que se alteram em cada fase, sob pena de não atingir seus objetivos. Assim, não tendo expressamente questionado a matéria atinente à alteração do VTN, procedida pela Autoridade Fiscal e mantida pela DRJ, considerase a mesma não recorrida e fora do litígio, nos termos do artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972 (PAF). Não obstante, por amor ao debate, já é ponto constante de diversas decisões neste CARF, a possibilidade de utilização do VTN por aptidão agrícola, calculado a partir das informações sobre preços de terras referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Fl. 76DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 7 Agricultura das Unidades Federadas, para imóveis localizados em determinado Município, como base para arbitramento de valor da terra nua pela autoridade fiscal, uma vez que além de encontrar previsão legal, mostrase parâmetro que reflete a realidade e a peculiaridade do imóvel. Senão vejamos: Acórdão nº 2801002.942 – 1ª Câmara / 1ª Turma Especial (12/03/2013) VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Na ausência de tais informações, a utilização do VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas para determinado município e exercício, por não observar o critério da capacidade potencial da terra, não pode prevalecer. Acórdão nº 2201001.945 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária (22/01/2013) VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. UTILIZAÇÃO DOS DADOS DO SIPT. O VTN médio declarado por município, constante da tabela SIPT, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. Assim, é importante trazer o disposto na Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, art. 14, § 1º, in verbis: “Lei nº 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.”(grifei) ALTERAÇÃO DE DADOS INFORMADOS NA DITR, QUE NÃO FORAM OBJETO DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 8 A existência da obrigação acessória de prestar declarações ao Fisco raramente diz respeito a um lançamento por declaração. Não é sua existência que define a modalidade de lançamento, mas quem efetua os cálculos e define o montante a pagar. Assim, o ITR é tributo sujeito a lançamento por homologação e não por declaração. Tendo em conta que a quase totalidade dos tributos, atualmente, sujeitamse ao lançamento por homologação, o § 1º do art. 147 do CTN tem sido invocado e aplicado por analogia para definir o marco até quando pode o contribuinte retificar livremente suas declarações, com eficácia imediata. É de se citar LEANDRO PAULSEN: “... O § 1º simplesmente retira do contribuinte a possibilidade de tornar, por ato próprio, insubsistente a sua declaração originária, quando já notificado o lançamento...Não compromete, porém, os direitos de petição e de acesso ao Judiciário. Poderá o contribuinte, pois, a qualquer tempo, enquanto não decaído seu direito, peticionar administrativamente noticiando os equívocos e solicitando a revisão de ofício pela autoridade, forte no art. 149 do CTN. Poderá também ajuizar ação no sentido de ver anulado lançamento e cancelada inscrição indevidos...” (PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário....15. ed. Porto Alegre : Livraria do Advogado Editora, ESMAFE, 2013, p.1054) O STJ já reconheceu a possibilidade do contribuinte socorrerse da via judicial para anular crédito oriundo de lançamento eventualmente fundado em erro de fato, em que o contribuinte declarou base de cálculo superior à realmente devida para a cobrança de imposto. (STJ, 2ª T. Resp 1015623/GO, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, maio/2009). Assim, considerando o art. 145, III, e o art. 149, VIII, todos do CTN, em homenagem ao princípio da verdade material, seria possível conhecer de documentos eventualmente acostados aos autos, apresentados juntamente com a impugnação ou recurso, para analisálos. O contribuinte quer ter alterados dados que foram informados na DITR, como ARL (área de reserva legal) e área de pastagens, sem juntar os documentos necessários a que se comprove o erro de fato ao declarar e se possa proceder a alterações de ofício em sua DITR. Declarou 4.356,0 hectares de reserva legal, o que corresponde a 50% da área total do imóvel (incluída na área não tributável), e 1.628,0 hectares como área de pastagens (incluída na área utilizada pela Atividade Rural), ambas consideradas na apuração do lançamento, bastando observar o demonstrativo, na folha 03. Não há um Laudo ou qualquer outro comprovante da existência de pastagens em área superior ao declarado, como pretende o Recorrente, tampouco que ateste a existência de reserva legal de 80% da área total do imóvel. Não obstante esses critérios materiais, há ainda a ausência de formalidades para que se considere, por exemplo, as áreas isentas de reserva legal e preservação permanente. Vejamos. DA AVERBAÇÃO DA RESERVA LEGAL NA MATRÍCULA DO IMÓVEL Fl. 78DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 9 Para fazer jus à isenção, ao contrário do que afirma o Recorrente, deverá o sujeito passivo cumprir determinada exigência, especialmente em relação à reserva legal. Tratase da averbação no órgão competente de registro da destinação para preservação ambiental, conforme determina o Código Florestal, Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, art. 16, § 8º, com a redação dada pela MP nº 2.166/67, de 24 de agosto de 2001, verbis: Art.16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (...) §8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (grifei) Bem, penso que a averbação no registro de imóveis não se trata tão somente de matéria de prova acerca da configuração da área de reserva legal ou, ainda, de obrigação acessória a ser cumprida pelo contribuinte, pelo contrário, tratase de ato constitutivo da própria área de reserva legal, documenta e cria um registro público da sua existência e faz surgir uma obrigação real de preservação. A Lei nº 9.393/1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, em seu artigo 10, que trata da apuração e pagamento do imposto, menciona que para efeitos de apuração do ITR considerarseá “área tributável” a área total do imóvel “menos as áreas de preservação permanente e de reserva legal”, previstas na Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965, com redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989. O tamanho da área tributável influi no cálculo e, conseqüentemente, no valor a pagar de ITR. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se manifestou em relação ao assunto: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. ITR. ISENÇÃO. ART. 10, § 1º, II, a, DA LEI 9.393/96. AVERBAÇÃO DA ÁREA DA RESERVA LEGAL NO REGISTRO DE IMÓVEIS. NECESSIDADE. ART. 16, § 8º, DA LEI 4.771/65. 1. Discutese nestes embargos de divergência se a isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) concernente à Reserva Legal, prevista no art. 10, § 1º, II, a, da Lei 9.393/96, está, ou não, condicionada à prévia averbação de tal espaço no registro do imóvel. O acórdão embargado, da Segunda Turma e relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, entendeu pela imprescindibilidade da averbação. 2. Nos termos da Lei de Registros Públicos, é obrigatória a averbação “da reserva legal” (Lei 6.015/73, art. 167, inciso II, n° 22). Fl. 79DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 10 3. A isenção do ITR, na hipótese, apresenta inequívoca e louvável finalidade de estímulo à proteção do meio ambiente, tanto no sentido de premiar os proprietários que contam com Reserva Legal devidamente identificada e conservada, como de incentivar a regularização por parte daqueles que estão em situação irregular. 4. Diversamente do que ocorre com as Áreas de Preservação Permanente, cuja localização se dá mediante referências topográficas e a olho nu (margens de rios, terrenos com inclinação acima de quarenta e cinco graus ou com altitude superior a 1.800 metros), a fixação do perímetro da Reserva Legal carece de prévia delimitação pelo proprietário, pois, em tese, pode ser situada em qualquer ponto do imóvel. O ato de especificação fazse tanto à margem da inscrição da matrícula do imóvel, como administrativamente, nos termos da sistemática instituída pelo novo Código Florestal (Lei 12.651/2012, art. 18). 5. Inexistindo o registro, que tem por escopo a identificação do perímetro da Reserva Legal, não se pode cogitar de regularidade da área protegida e, por conseguinte, de direito à isenção tributária correspondente. Precedentes: REsp 1027051/SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.5.2011; REsp 1125632/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 31.8.2009; AgRg no REsp 1.310.871/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 14/09/2012. 6. Embargos de divergência não providos. Apesar de em sua proposta de cálculo o contribuinte falar em “reserva averbada” não apresentou a Certidão de Matrícula do imóvel onde esteja constando a averbação. Além disso, temos a exigência do Ato Declaratório Ambiental (ADA). ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) A apresentação do ADA – Ato Declaratório Ambiental, para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal, que outrora era exigida pela RFB com base em norma infra legal, surgiu no ordenamento jurídico com o art. 1º, da Lei nº 10.165/2000, que incluiu o art. 17O, § 1º na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, para os exercícios a partir de 2001: Art. 17O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental – ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (...) §1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (grifei) Fl. 80DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 11 O Decreto regulamentador do ITR também possui determinação expressa. Decreto 4.382/2002: Art. 10. Área tributável é a área total do imóvel, excluídas as áreas: I de preservação permanente; II – de reserva legal, ... § 1º A área do imóvel rural que se enquadrar, ainda que parcialmente, em mais de uma das hipóteses previstas no caput deverá ser excluída uma única vez da área total do imóvel, para fins de apuração da área tributável. § 3º Para fins de exclusão da área tributável, as áreas do imóvel rural a que se refere o caput deverão: I ser obrigatoriamente informadas em Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado pelo sujeito passivo no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, nos prazos e condições fixados em ato normativo (Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 17O, § 5º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000); e(grifei) Com essa declaração aos órgãos responsáveis, em busca da preservação ambiental dessas áreas, o Estado concede isenção tributária quanto ao ITR. Destaquese que a isenção tributária, como a incidência, decorre de lei. É o próprio poder público competente para exigir tributo que tem o poder de isentar. É a isenção um caso de exclusão tributária, de dispensa do crédito tributário, conforme determina o I, Art. 175 do Código Tributário Nacional (CTN). Também não apresentou tal documento, nos autos. DA MULTA DE OFÍCIO APLICADA Neste aspecto, importante frisar que a falta de recolhimento do imposto constatada nos autos enseja sua exigência por meio de lançamento de ofício, com a aplicação da multa de ofício de 75%, prevista na Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 44. Para aplicação da multa de 75,0% devese observar, primeiramente, o disposto no § 2º do art. 14, da Lei nº 9.393/1996, que assim estabelece: “Art. 14 (...) § 1º (...) § 2º As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais tributos federais.” Essas multas, aplicadas aos tributos e contribuições federais, estão previstas no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996, que dispõe: Fl. 81DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 12 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;” Portanto, a cobrança da multa lançada de 75% está devidamente amparada nos dispositivos legais citados anteriormente (§ 2º do art. 14 da Lei nº 9.393/1996 c/c o art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996). Importante lembrar da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. DOS JUROS DE MORA Destacamos que, neste aspecto, é pacífico o entendimento esposado nesta instância administrativa, inclusive já sendo matéria constante de Súmula. Assim, os créditos tributários são cobrados e pagos com a aplicação de juros de mora, com base na Taxa SELIC, vejamos: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4)” Ademais, o art. 161 do Código Tributário Nacional CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo. Neste sentido, decidiu a 2ª Turma da CSRF, conforme Acórdão nº 9202 01.806, julgado na sessão plenária de 16 de fevereiro de 2012, cuja ementa transcrevese a seguir: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Ano calendário:1997 JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. Recurso Especial Negado.” Fl. 82DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN 13 CONCLUSÃO. O contribuinte não apresentou recurso em relação ao VTN arbitrado. Mantémse o arbitramento. A alteração posterior da DITR é possível quando comprovado erro de fato com base em documentos hábeis e idôneos. A falta de comprovação inequívoca não autoriza que seja retificada declaração, no curso de processo administrativo de exigência fiscal, mormente quando tais dados não foram objeto de lançamento de ofício. Além disso, não se demonstra o cumprimento de requisitos formais previstos em lei para o gozo de isenção pretendida. Mantida a exigência dos juros de mora e da multa de ofício, conforme lançamento. Assim, face ao exposto, VOTO por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 83DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 21 /08/2014 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 24/08/2014 por TANIA MARA PASCHO ALIN
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Numero do processo: 10280.003587/2006-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Sep 04 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3101-000.379
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos em converter o julgamento do recurso voluntário do contribuinte em diligência, nos termos do voto da relatora.
RODRIGO MINEIRO FERNANDES
Presidente Substituto
VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
Relatora
Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Luiz Roberto Domingo, José Henrique Mauri, Amauri Amora Câmara Junior e Elias Fernandes Eufrásio. .
Nome do relator: VALDETE APARECIDA MARINHEIRO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos em converter o julgamento do recurso voluntário do contribuinte em diligência, nos termos do voto da relatora. RODRIGO MINEIRO FERNANDES Presidente Substituto VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Luiz Roberto Domingo, José Henrique Mauri, Amauri Amora Câmara Junior e Elias Fernandes Eufrásio. .
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1867; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 31 1 30 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10280.003587/200667 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3101000.379 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 21 de agosto de 2014 Assunto Diligência Recorrente PARÁ PIGMENTOS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos em converter o julgamento do recurso voluntário do contribuinte em diligência, nos termos do voto da relatora. RODRIGO MINEIRO FERNANDES Presidente Substituto VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Participaram, ainda, do presente julgamento os conselheiros: Luiz Roberto Domingo, José Henrique Mauri, Amauri Amora Câmara Junior e Elias Fernandes Eufrásio. . Por bem relatar, adotase o relatório de fls.240 a 242 dos autos emanados da decisão DRJ/BEL, por meio do voto do relator Nelson Klautau Guerreiro da Silva, nos seguintes termos “Trataopresenteprocessodepedidoderessarcimentodecréditosde PIS/Pasepnãocumulativoreferenteaoterceirotrimestrede2005,vinculadosàreceitade exportação,novalordeR$338.255,22,feitoatravésdoPER/DCOMPdefinal5400(fls.04/07)Referid ocréditofoiutilizadoemcompensaçõesnosPER/DCOMP’sdefinais6350 (fls.101/104),0102(fls.105/108),0350(fls.109/112),3022(fls.113/116),5601(fls.117/120),4080(fl s.121/124). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .0 03 58 7/ 20 06 -6 7 Fl. 293DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES Processo nº 10280.003587/200667 Resolução nº 3101000.379 S3C1T1 Fl. 32 2 2.ADRF/Belém,atravésdoDespachodefl.86,deferiuparcialmenteo pedido reconhecendoodireitoaocréditodeR$116.218,78.SegundoaInformaçãoFiscaldefl 79/85,queembasouadecisão,comareduçãoparazerodaalíquotadacontribuições sobre as receitasfinanceirasdaspessoasjurídicassujeitasànãocumulatividade,ocorridaapartirdo Decretonº5.164,de2004,asmesmasnãomaiscompõemareceitabrutaparafinsdecálculo dorateioproporcionaldequetrataoart.3º,§8º,IIdaLeinº10.833,de2003. 3.Alémdisso,foramglosados: a)osgastoscomcombustíveiselubrificantes,soboargumentodequeos mesmosnãopodemserconsideradosinsumospornãoentrarememcontatocomoproduto fabricado(caulim); b)despesascomserviçosdeterraplenagem,sondagem,topográficosede bombeamento,prestadosporterceiros,pornãohaveremsidoaplicadosouconsumidosna produçãodocaulim. 4.EmseguidafoiexpedidonovosParecere Despacho Decisório (fls.125/127) para tratamento das compensações vinculadas, sendo homologada parcialmente a de final 6350 e não homologada as demais, em função da insuficiência de crédito. 5.Inexistindonoprocessoqualquerregistrodadatadaciênciadaempresa, considerasetempestivaamanifestaçãodeinconformidadedefls.138/169eanexos,naquala interessadaapresentaosseguintesargumentos,emsíntese: a)IndicasernulooDespachoporinexistênciadedescriçãodosfatosque teriamlevadoaonãoreconhecimentointegraldoscréditos;osdespendidoscomserviçosde terraplenagem,sondagem,topográficose de bombeamento, geram créditos por se caracterizarem como insumo. b) “De fato, no Parecer SEORT/DRF/BEL nº 0655/2011 é feita umasimplesremissãoao‘PARECERàsfls.78/84’que,naverdade,tratasedoRPFnº(...), nãosendo, em nenhum momento, abordados os pontos objeto do mencionado relatório deprocedimentofiscal.”; c)Defendeainclusãodareceitafinanceiranocômputoda receita bruta para cálculodaproporcionalidadeentreareceitatotaleareceita sujeita à incidência não cumulativa; d)Entendequeosvalorespagosnaaquisiçãodeóleos combustível e lubrificante,eaquelesdespendidoscomserviçosdeterraplenagem, sondagem, topográficos e debombeamento,geramcréditos porsecaracterizaremcomoinsumo; e)Argumentaqueadefiniçãodeinsumotrazidapelosatosnormativosda ReceitaFederalfoipegadeempréstimo,“demodoflagrantementeimpróprio”,daslegislaçõesdoICM SedoIPI,nãopodendoserutilizadaspara a contribuição, uma vez que a materialidade destaúltimaémuitomaiorqueadosimpostos,devendoapossibilidadedecreditamento tambémsermaisabrangente; f)“Poroportuno,ressaltesequenoRPFn°0210100/005992010éfeita remissãoaoart.66,§5º,IIdaIN/SRFno247/2002,paraindeferir o creditamento dos valores recolhidosatítulodeserviçosdeterraplanagem, quando o correto seria a indicação do inciso I do referido artigo, pois é este que cuida do creditamento de serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ( o inciso II trata do serviço Fl. 294DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES Processo nº 10280.003587/200667 Resolução nº 3101000.379 S3C1T1 Fl. 33 3 aplicado ou consumido na prestação de serviço), o que, por si só, enseja a nulidade do despacho decisório quanto aos créditos apurados relacionados com esse item .” ; g)“Vêse, pois, que, o conceito de insumo, para fins de apuração decréditodaCOFINS,deveabrangertodoequalquerbemouserviçoutilizadonaobtençãodereceita,se ndoilegais,portanto,asrestriçõescontidasnoart.8°,§4°,1,“a”,daIN/SRFn°404/2004enoart.66,§50,I I,“b”,daIN/SRFn°247/2002.”; h)CitaaSoluçãodeDivergêncianº37,de2008,daCosit, que entende ser aplicávelaopresentecaso,naqualaadministraçãoteriaconcluído que os óleos combustíveis e lubrificantes utilizados ou consumidos no processo de produção de bens e serviços geram créditos de Cofins, não havendo necessidade de que os mesmos ajam diretamente sobre o produto fabricado. Transcreve trechos do documento; i)Destacaqueoóleoéconsumidocomocombustívelno processo de evaporaçãodocaulim; j)“Comoseissonãofosseobastante,nasecagem,umdosprocessosde produçãodo'caulim',ogásquenteresponsávelpeloaquecimentodoardesecagem é obtido pela queima de combustível(BFP1A)emumafornalharevestidacomtijolosrefratários.”; k))“Dessemodo,podeseaindaafirmarquenãosóosóleoslubrificantes ecombustíveissãoconsumidosnoprocessodefabricaçãodoproduto,como também atuam diretamente sobre esse processo produtivo. De fato, como visto, o óleo combustível atua diretamentenoprocessodereduçãodeumidadedocaulim.”; l) Com relação aos serviços intermediários, julga que, apesar de não agiremdiretamentesobreoprodutofabricado,nãohádúvidadequesãoutilizadosemseu processodefabricação; m)Afirmaqueirájuntarlaudostécnicosexplicandodeformadetalhadaa participaçãodosóleoscombustíveiselubrificantes,assimcomodosserviçosdeterraplenagem,sondag em,topográficosedebombeamentonoseuprocessoprodutivo; n)Conclui: “Nas Seções anteriores encontrase devidamente demonstrado que aREQUERENTE tem direito a se creditar dos valores relativos aos óleoscombustívelelubrificante,aosserviçosdeterraplenagem,sondagem,topográficoede bombeamento,tendoemvistaquetratamsedebenseserviçosutilizadosparaaobtençãode receitae,porconseguinte,podemserclassificadoscomo insumos passíveis de creditamento, nos termos do art. 3º, II, daLein°10.637/2002. Noentanto,casoassimnãoseentenda,oqueseadmiteapenaspara argumentar,aREQUERENTErequerarealizaçãodeperícia,nostermosdoart.16,IV,do Decreton°70.235/1.972,paraquesejamrespondidososseguintesquesitos: a) Os óleos combustíveis e lubrificantes adquiridos pela IMPUGNANTE são utilizados e/ou consumidos no processo de fabricação do 'caulim'oudequalqueroutroprodutodaREQUERENTE? b)Osserviçosdeterraplanagemsãoutilizadose/ouconsumidosnoprocessodefabricaç ãodo'caulim'oudequalqueroutroprodutodaREQUERENTE? c) Os serviços de sondagem são utilizados e/ou consumidos no processo defabricaçãodo'caulim'oudequalqueroutroprodutodaREQUERENTE? Fl. 295DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES Processo nº 10280.003587/200667 Resolução nº 3101000.379 S3C1T1 Fl. 34 4 d) Os serviços topográficos são utilizados e/ou consumidos no processo defabricaçãodo'caulim'oudequalqueroutroprodutodaREQUERENTE? e)Osserviçosdebombeamentosãoutilizadose/ouconsumidosnoprocessodefabricaç ãodo'caulim'oudequalqueroutroprodutodaREQUERENTE? f)OsóleoscombustíveiselubrificantesadquiridospelaREQUERENTEtêmaçãodiret anoprocessodefabricaçãodo“caulim”oudequalqueroutroprodutoda REQUERENTEou,ainda,osreferidosbensintegramdealgumaformaocaulimouqualqueroutroprod utofinaldaREQUERENTE? Poroportuno, a REQUERENTE indica o Sr. Anselmo Duarte Pereira, engenheiro químico, inscrito no Conselho Regional de Química sob o n°03.302.6626ªRegião,paraatuarcomoseuperito. Portodooexposto,aREQUERENTErequeraV.Sa.quesejadadointegral provimentoàsuamanifestaçãodeinconformidade,paraque,aofinal,sejamhomologados integralmenteosseuspedidosdecompensaçãoefetuados(...)”A decisão recorrida emanada do Acórdão nº. 0823.931de fls.239 traz a seguinte ementa: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÃOPARAOPIS/PASEP Períododeapuração:01/ 07/2005a30/09/2005 INCIDÊNCIANÃOCUMULATIVA.CRÉDITO. Domontanteapuradoparaacontribuição,apessoajurídicapodedescontar créditossobre os valores das aquisições efetuadas no mês de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos naproduçãooufabricaçãodebensouprodutosdestinadosàvenda. COMBUSTÍVEISELUBRIFICANTES. Os combustíveis e lubrificantes, assim como a energia elétrica, quando participantes do processo industrial, caracterizamse como insumos indiretospara os quais há determinação específica na legislação que permiteoaproveitamentodecréditos. ManifestaçãodeInconformidadeProcedenteemParte DireitoCreditórioReconhecidoemParte O contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho – CARF onde alega em suma o seguinte: I – Insiste na nulidade do Despacho Decisório, por não conter de forma clara e precisa os motivos que a levaram a indeferir determinado pedido de compensação ou ressarcimento. Cita várias jurisprudências que entende lhe favorecer e conclui que: “(...) ao contrário do afirmado pelo acórdão recorrido deve ser declarada a nulidade do Parecer SEORT/DRF/BEL nº 0655/2011 e do despacho decisórios nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, tendo em vista as incorreções cometidas pela Fiscalização ao determinar a matéria tributável (descrição dos fatos) e o enquadramento legal da exigência.” Fl. 296DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES Processo nº 10280.003587/200667 Resolução nº 3101000.379 S3C1T1 Fl. 35 5 II – O direito ao crédito de PIS relativo aos serviços de terraplanagem, sondagem, topográfico e bombeamento nesse item, basicamente repete os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. Repete o acórdão recorrido que afirma: “... ainda, que os serviços de terraplanagem, sondagem, topográfico e de bombeamento não dariam direito ao creditamento do PIS porque os mesmos não integrariam a linha de industrialização do “caulim.” Entretanto, a Recorrente defende que os serviços de terraplanagem, por exemplo são preparatórios para a exploração mineral, visto que tem como objetivo aplainar o terreno, para que se possa iniciar a extração do “caulim”, restando, também, extreme de dúvida a sua importância dentro do processo produtivo. Dentro da mesma esteira a Recorrente demonstrou a necessidade dentro do processo de produção do “caulim” dos serviços de sondagem, de topografia e de bombeamento. Informa que foram anexados laudos comprobatórios quando da apresentação da manifestação de inconformidade que confirmam a participação dos serviços de terraplanagem, sondagem, topografia e bombeamento dentro do processo produtivo do “caulim”. É o relatório. Conselheira Relatora Valdete Aparecida Marinheiro, O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, por conter todos os requisitos de admissibilidade. Inicialmente o Recorrente insistiu na nulidade do Despacho Decisório, por não conter de forma clara e precisa os motivos que levaram a indeferir determinado pedido de compensação ou ressarcimento. Reconheço o inconformismo da Recorrente, que em tese tem razão, mas no presente caso, analisando os autos o desenrolar de suas defesas, tenho que concordar com a decisão recorrida nesse ponto que para não ser repetitiva, posso ler em sessão se necessário. Entretanto, quanto ao direito ao crédito de PIS relativo aos serviços de terraplanagem, sondagem, topografia e bombeamento, é certo que a decisão recorrida não se sustenta, apenas ao afirmar que esses serviços não dão direito ao creditamento do PIS porque os mesmos não integrariam a linha de industrialização do “caulim”. É certo, também, que o princípio da nãocumulatividade do PIS nãocumulativo não se conforma com a nãocumulatividade do IPI e ICMS. Tem uma aproximação, mas não são iguais. É certo, também, que o conceito que se quer dar aos “insumos” para efeito de PIS não cumulativo não é o mesmo que se aplica ao IPI. Não é tão restritivo como quer o fisco federal aplicar. O CARF não vem julgando assim, com tanta restrição, muito ao contrário, apesar de insano, o julgamento é caso a caso, levando em consideração, a essencialidade, a necessidade, o custo para produzir a receita tributável etc. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES Processo nº 10280.003587/200667 Resolução nº 3101000.379 S3C1T1 Fl. 36 6 E mais, o judiciário, vem mais lentamente, também, dando uma interpretação menos restritiva aos insumos que geram crédito do PIS/COFINS não cumulativo do que a legislação do IPI permite. A teoria do crédito físico, amplamente defendida pelo fisco é no meu entendimento ultrapassado, quando estamos diante de um serviço, seja esse serviço objeto material para tributação, seja, para gerar crédito de algum imposto. No presente caso estamos diante de uma extração de um minério, o “caulim”, portanto, não se compara a uma indústria de transformação de uma ou mais matéria prima se transformando em um produto acabado. Entretanto, dado a peculiaridade da atividade da empresa Recorrente, proponho a conversão do julgamento do Recurso Voluntário em diligência para que se traga aos autos a diligência concluída nos processos 10.280.003595/200611, 10280.003596/200658 e 10.280.003594/200669 quanto a terraplanagem, bem como, se complete a diligência no mesmo sentido, ou seja: comprovar que os serviços de sondagem, topografia e bombeamento, constantes dos presentes autos no ano fiscalizado coincidem com o montante informado em DACON e pleiteado pelo contribuinte e finalmente que esses serviços integram o processo produtivo da Recorrente. Concluída a diligência proposta, volte os autos a esse Conselho CARF para julgamento. É como voto. VALDETE APARECIDA MARINHEIRO Relatora Fl. 298DF CARF MF Impresso em 04/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 02 /09/2014 por VALDETE APARECIDA MARINHEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por RODRIGO MINEIRO F ERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 10580.722173/2008-18
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 19 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Sep 25 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2202-000.325
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Nelson Mallmann Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Rafael Pandolfo.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Rafael Pandolfo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1655; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.722173/200818 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.325 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 19 de setembro de 2012 Assunto Solicitação de sobrestamento Recorrente JOÃO PINHEIRO DE SOUZA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidir pelo sobrestamento do processo, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Após a formalização da Resolução o processo será movimentado para a Secretaria da Câmara que o manterá na atividade de sobrestado, conforme orientação contida no § 3º do art. 2º, da Portaria CARF nº 001, de 03 de janeiro de 2012. O processo será incluído novamente em pauta após solucionada a questão da repercussão geral, em julgamento no Supremo Tribunal Federal, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Rafael Pandolfo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 22 17 3/ 20 08 -1 8 Fl. 186DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 3 2 Relatório JOÃO PINHEIRO DE SOUZA, contribuinte inscrito no CPF/MF sob o nº 008.398.17568, com domicílio fiscal na cidade de Salvador, Estado Bahia, à Rua Professor Sabino Silva, nº 460 – apto 1402, Jardim Apipema Bairro Ondina, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Salvador BA, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 129/135, prolatada pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador BA, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls.140/178. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, em 03/12/2008, o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 03/12), com ciência por AR, em 19/12/2008 (fl. 35), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 285.557,41 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculado sobre o valor do imposto de renda relativo aos exercícios de 2005 e 2007, correspondentes aos anoscalendário de 2004 e 2006, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente aos exercícios de 2005 e 2007, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver classificação indevida de rendimentos na DIRPF. O sujeito passivo classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis na declaração de ajuste os rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CNPJ 13.100.722/000160, a título de “valores Indenizatórios de URV”, a partir de informações a ele fornecidas pela fonte pagadora. Infração capitulada nos arts. 1º ao 3º e §§, da Lei nº 7.713, de 1988; arts. 1º ao 3º, da Lei nº 8.134, de 1990; arts. 39 e 43 do RIR, de 1999; art. 1º da Medida Provisória nº 22, de 2002 convertida na Lei nº 10.451, de 2002; art. 1º da Lei nº 11. 119, de 2005; art. 1º da Lei nº 11.311, de 2006. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do próprio Auto de Infração, os seguintes aspectos: que tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de valor – URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003; que estas diferenças recebidas têm natureza eminentemente salarial, e conseqüentemente, são tributadas pelo imposto de renda, conforme disposto nos arts. 43 e 114 da Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1996 – Código Tributário Nacional (CTN), sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento para sujeitálo ou não à incidência do imposto; que resta claro, pois, que os valores recebidos pelo atuado referentes a diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, denominadas “Valores indenizatórios de URV” são tributáveis pelo imposto de renda. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 4 3 Irresignado com o lançamento o autuado apresenta, tempestivamente, em 16/01/2009, a sua peça impugnatória de fls. 36/63, instruído pelos documentos de fls. 64/66, solicitando que seja acolhida a impugnação e determinado o cancelamento do crédito tributário amparado, em síntese, nos seguintes argumentos: que se pode verificar a condição de servidor público que o Autuante exercia, pelo que, segundo a legislação que regulamenta o Imposto de Renda, caberia à Fonte Pagadora, no caso o Estado da Bahia, e não ao atuado, o dever de retenção do referido tributo. E se a Fonte Pagadora não fez tal retenção, ou melhor, se levou o Autuado a informar tal parcela como isenta, porque de natureza indenizatória segunda a própria legislação estadual – que evidentemente goza de presunção de validade, repitase – não tem o mesmo qualquer responsabilidade pela “infração”; que a própria Autuante reconhece que a classificação dos “valores indenizatórios de URV” foi feita apenas e tão somente com base nas informações fornecidas pela fonte pagadora Estado de Bahia, que figura como substituto tributário e, portanto real responsável pela retenção do IRRF na presente relação jurídicotributário que percebese, então, que não partiu do Autuado qualquer identificação ou classificação das verbas de URV recebidas. Foi a própria fonte pagadora quem lhe apresentou a recomposição devida e ao fazer essa entrega lhe informou a que título a verba estava sendo paga, ou seja, de natureza indenizatória, isenta de IRPF; que afinal, tanto o Estado da Bahia, quanto o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, foram os responsáveis pela emissão e declaração de classificação dessa verba, sem que ao Impugnante pese qualquer responsabilidade, porque, como dito, nada declarou ou classificou, apenas informou a classificação feita pelo seu “empregador” que, como ente público, presumiu legítimos seus atos administrativos. Podese indagar: Que culpa teve o Autuado se a informação prestada se amparava em dispositivo legal que se presumia válido; que por sua vez, a Lei 8.541/92 deixa evidente que a fonte pagadora substitui o contribuinte em relação ao recolhimento do tributo, notadamente quando os rendimentos forem pagos em cumprimento de decisão judicial, ou quando o Estado da Bahia, mediante Lei publicada, resolveu pagar valores indenizatórios isentos, esses tidos somente pelo fisco federal como rendimentos tributáveis, e ainda assim apenas para os pagamentos de URV recebidos pelos servidores públicos estaduais, já que para os “federais” é público e notório que houve “dispensa” de tal receita, que caso mantida a exigência o que se cogita apenas pelo princípio da eventualidade não deverá o Defendente suportar o pagamento de multa no importe de 75% do débito, pois não cometeu qualquer tipo de infração legal; que merece ser abordado, ainda antes da análise do próprio mérito da cobrança fiscal, referese à forma de constituição do débito, já que o ilustre Auditor Fiscal se limitou em aplicar a alíquota de 27,5% sobre todo o rendimento recebido ao final de cada ano, como se tivesse sido pago em parcela única; que não foi realizada a apropriação, mês a mês, dos recebimentos, até para que se pudesse verificar se no ajuste anual tais receitas não poderiam ser incorporadas, valendo notar que na própria autuação consta que tais pagamentos ocorreram em trinta e seis parcelas, e não em parcelas únicas, como lançado; que o despacho do Presidente do Conselho da Justiça Federal (CJF), Ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, que bem reflete o entendimento aqui esposado, foi Fl. 188DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 5 4 referendado pelo colegiado do CJF, onde se decidiu seguir precedente do Supremo Tribunal Federal, em especial decisão dada em sessão administrativa de 21/02/2008, segundo a qual os juros da URV pagos com atraso não deveriam ser tributados pelo imposto de renda, tendo em vista sua natureza indenizatória; que no caso em exame toda a receita arrecadada com a eventual incidência do imposto de renda sobre as parcelas recebidas de “URV” será posteriormente revertida para o próprio Estado da Bahia, em vista da distribuição de receitas prevista constitucionalmente. E se o Estado já classificou legalmente tais pagamentos como “indenizações” foi porque evidentemente renunciou ao recebimento!; que se deve ter em mente que tal receita proveniente do recolhimento do IR incidente sobre rendimentos pagos, a qualquer título, pelo Estado, devem permanecer no Tesouro Estadual, sequer transitando pela Receita Federal; que é pacífico o entendimento segundo o qual a União é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da relação processual nos casos em que o servidor deseja obter judicialmente a isenção ou a não incidência do IRPF, posto que além de competir ao Estado tal retenção, é dele a renda proveniente de tal recolhimento; que da mesma forma que não há incidência de Imposto Renda sobre o pagamento de URV (por ser verba de natureza indenizatória, data máxima vênia), é assente o entendimento da doutrina e da jurisprudência de que não há incidência de IR sobre os juros moratórios. Tal entendimento também foi manifestado pelo Conselho da Justiça Federal, que na seção de 07/03/2008, referendou despacho do seu Presidente, decidindo seguir precedente do Supremo Tribunal Federal, em especial decisão administrativa dada em sessão de 21/02/2008, segundo a qual os juros da URV pagos com atraso não deveriam ser tributados pelo imposto de renda, tendo em vista sua natureza indenizatória. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Terceira Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Salvador BA, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que primeiramente, cabe observar que os rendimentos objeto do lançamento fiscal foram recebidos em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, que em seu art. 3º dispõe sobre “diferenças decorrentes do erro na conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. A referida conversão era realizada mês a mês no período de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e visava a manutenção do valor real do salário. Verifica se, portanto, que as diferenças reconhecidas através da citada lei tinham, em sua origem, natureza eminentemente salarial, por se incorporarem à remuneração dos Magistrados do Estado da Bahia. Tanto é assim, que as parcelas recebidas no devido tempo foram espontaneamente oferecidas à tributação pelo contribuinte, que reconhecia a ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do art. 43, inciso I, do CTN; que observese, ainda, que a tributação não se restringe ao valor do principal, mas, também, aos juros e atualização monetária. Quanto ao art. 5º da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 2003, que dispõe expressamente que as diferenças em questão são de natureza indenizatória, cabe lembrar que o imposto de renda é regido por legislação federal, portanto, tal dispositivo não tem qualquer efeito tributário. Além disso, devese observar que a incidência do imposto independe da denominação do rendimento, e que as indenizações não gozam de Fl. 189DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 6 5 isenção indistintamente, mas tão somente as previstas em lei específica que conceda a isenção, conforme previsto no art. 150, § 6º, da Constituição Federal; que o art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis; que foi alegado, também, que caberia o reconhecimento da isenção com base na Resolução do STF nº 245, de 2002, que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos Magistrados Federais. Entretanto, tal resolução não pode ser estendida às verbas pagas aos Magistrados do Estadual da Bahia, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Não se poderia, também, recorrer à analogia em matéria que trate de isenção, que está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN; que o impugnante reclama isonomia de tratamento frente aos membros da esfera federal, entretanto, tratase de funcionários públicos sujeitos a leis específicas distintas, cada um com suas peculiaridades. Observese, ainda, que o reconhecimento da isenção na esfera federal decorreu de resolução no âmbito do poder judiciário federal, cujo alcance não pode ser ampliado mediante a aplicação da analogia; que quanto à alegação de que o responsável pela retenção do imposto era a fonte pagadora, cabe observar o Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, que dispõe que a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF extinguese no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora; que é certo que, por determinação constitucional, se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção do IRRF, o valor arrecadado lhe pertenceria. Entretanto, tal retenção não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União; que quanto à alegação de que não caberia a imposição de multa de ofício em razão do impugnante ter agido de boa fé, seguindo informação prestada pela fonte pagadora,cabe observar que a aplicação desta multa no percentual de 75% independe da intenção do agente, conforme estabelecido no art. 136, do CTN. Não se trata da multa qualificada no percentual de 150%, que depende da ocorrência de evidente intuito de fraude, conforme previsto no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; que o impugnante destacou que o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV12/2007. Entretanto, a citada consulta na realidade não seguiu o rito do processo administrativo de consulta previsto no art. 48 da Lei nº 9.430, de 1996, portanto, teve caráter meramente informativo, sem qualquer efeito vinculante. Da mesma forma, a Nota Técnica Fl. 190DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 7 6 Cosit nº 4, de 29 de abril de 2009, que subsidiou tal informação, não vincula o presente julgamento, por não se tratar de norma complementar, nos termos do art. 100 do CTN. Quanto à Nota AGU/AV12/2007 mencionada no Parecer PGFN/CAT/nº 179/2009, que conclui pela não incidência de multa no imposto devido pelos servidores do TRE SP, em razão de recebimento da verba referente a URV, cabe observar que se trata de um comando de abrangência restrita, e não uma norma de caráter abstrato que vincule a presente Turma de Julgamento; que o impugnante alegou que as diferenças foram tributadas isoladamente, sem que fossem considerados os rendimentos e deduções já declaradas. Entretanto, nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, com exceção dos anos bases 1995 e1996, anos em que o contribuinte estava sujeito à alíquota intermediária de 26,6%, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas legalmente. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão; que verificase que no demonstrativo elaborado pela fiscalização, às fls. 78, foi aplicada a alíquota de 35% sobre a diferença recebida nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho e dezembro de 1995. Entretanto, a alíquota que deveria ter sido aplicada era a de 26,6%, pois a base de cálculo declarada no referido ano acrescida da diferença lançada de ofício não ultrapassa o valor de R$ 171.771,00, que era o limite a partir do qual estaria o contribuinte sujeito à alíquota de 35%. Assim, é cabível a exclusão do crédito tributário correspondente à diferença das alíquotas (8,4%) aplicada sobre o valor lançado nos meses de fevereiro, março, abril, maio, junho e dezembro de 1995, o que equivale a R$ 2.777,22. A decisão de Primeira Instância está consubstanciada nas seguintes ementas: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos Magistrados do Estado da Bahia, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 18/11/2010, conforme Termo constante a fl.139, e, com ela não se conformando, o recorrente interpôs, em tempo hábil (19/11/2010), o recurso voluntário de fls. 140/178, com instrução de documento adicional fl. 179, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator Do exame inicial dos autos verificase que existe uma questão prejudicial à análise do mérito da presente autuação, relacionada com sobrestamento de julgados. Observase às fls. 03/12 do Auto de Infração os seguintes excertos: Tais rendimentos decorrem de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de valor – URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08 de setembro de 2003. Estas diferenças recebidas têm natureza eminentemente salarial, e conseqüentemente, são tributadas pelo imposto de renda, conforme disposto nos arts. 43 e 114 da Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1996 – Código Tributário Nacional (CTN), sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento para sujeitálo ou não à incidência do imposto. Resta claro, pois, que os valores recebidos pelo atuado referentes a diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, denominadas “Valores indenizatórios de URV” são tributáveis pelo imposto de renda. Com visto, resta claro da análise dos autos, que se trata de ação trabalhista, cujo resultado foi o pagamento de rendimentos acumulados. Assim sendo, a discussão sobre o recebimento de rendimentos acumulados, por enquanto, não faz sentido haja vista que se trata de mais um caso de sobrestamento de julgado feito, por unanimidade de votos, por esta turma de julgamento, nos termos do art. 62A e parágrafos do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Após breve análise no conteúdo da acusação fiscal resta claro, nos autos de que a exigência fiscal teve origem em procedimentos de fiscalização de Imposto de Renda, onde a autoridade lançadora entendeu haver classificação indevida de rendimentos na Declaração de Ajuste Anual. Ou seja, o contribuinte classificou indevidamente na Declaração de Ajuste os Fl. 192DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 10580.722173/200818 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2202000.325 S2C2T2 Fl. 9 8 rendimentos recebidos em virtude de ação trabalhista, conforme descrito em Termo de Verificação e de Encerramento da Ação Fiscal, parte integrante deste auto. Infração capitulada nos artigos 1º ao 3º e §§, da Lei nº 7.713, 1988; artigos 1º ao 3º, da Lei nº 8.134, de 1990 e artigo 21 da Lei 9.532, de 1997. Assim sendo, resta evidente nos autos de que se trata de imposto de renda incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente em virtude de decisão judicial, assunto na esfera das matérias de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal, conforme os recursos extraordinários 614232 e 614406. A vista disso, seja o presente processo encaminhado à Secretaria da 2ª Câmara da 2ª Seção para as devidas providencias no sentido de atender o sobrestamento do julgamento. Observando que, após solucionada a questão, o presente processo será novamente incluído em pauta publicada. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 193DF CARF MF Impresso em 25/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 28/09/2012 por NELSON MALLMANN
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Numero do processo: 13971.722944/2012-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2011
PASEP. MUNICIPALIDADE. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES.VALORES RECEBIDOS EM TRANSFERÊNCIA DA UNIÃO E DESTINADOS À COMPOSIÇÃO DO FUNDEB. IMPOSSIBILIDADE.
As transferências recebidas da União e destinadas a compor o Fundo de que cuida a Lei nº 11.494/2007 não se excluem da base de cálculo da contribuição devida pelos Estados e Municípios por não ter o referido fundo personalidade jurídica própria, não se podendo equiparar às entidades mencionadas no art. 7º da Lei nº 9.715/98
RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO
Numero da decisão: 3101-001.661
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário.
Rodrigo Mineiro Fernandes Presidente Substituto
Luiz Roberto Domingo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mônica Monteiro Garcia de los Rios (Suplente), Valdete Aparecida Marinheiro, José Henrique Mauri (Suplente), Glauco Antonio de Azevedo Morais, Luiz Roberto Domingo e Rodrigo Mineiro Fernandes (Presidente Substituto).
Nome do relator: LUIZ ROBERTO DOMINGO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1855; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C1T1 Fl. 2.060 1 2.059 S3C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13971.722944/201248 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3101001.661 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de maio de 2014 Matéria PIS/PASEP Recorrente MUNICÍPIO DE BLUMENAU Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2011 PASEP. MUNICIPALIDADE. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES.VALORES RECEBIDOS EM TRANSFERÊNCIA DA UNIÃO E DESTINADOS À COMPOSIÇÃO DO FUNDEB. IMPOSSIBILIDADE. As transferências recebidas da União e destinadas a compor o Fundo de que cuida a Lei nº 11.494/2007 não se excluem da base de cálculo da contribuição devida pelos Estados e Municípios por não ter o referido fundo personalidade jurídica própria, não se podendo equiparar às entidades mencionadas no art. 7º da Lei nº 9.715/98 RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Rodrigo Mineiro Fernandes – Presidente Substituto Luiz Roberto Domingo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mônica Monteiro Garcia de los Rios (Suplente), Valdete Aparecida Marinheiro, José Henrique Mauri (Suplente), Glauco Antonio de Azevedo Morais, Luiz Roberto Domingo e Rodrigo Mineiro Fernandes (Presidente Substituto). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 29 44 /2 01 2- 48 Fl. 2060DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.061 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão n° 0731.381 4ª Turma da DRJ/FNS (fls. 2005/2016) que manteve parcialmente o auto de infração lavrado pela fiscalização (fls. 1943/1944), decorrente da ausência de inserção dos valores percebidos do FUNDEB na base de cálculo da contribuição para o PASEP entre julho de 2007 a dezembro de 2011, conforme relatório que transcrevo abaixo: Trata o presente processo de auto de infração lavrado em razão da insuficiência de recolhimento da contribuição para o PIS/Pasep devida em relação a fatos geradores ocorridos no período 07/2007 a 12/2011. Está sendo exigida, da interessada em epígrafe, a quantia de R$ 6.214.646,20, acrescida de multa de ofício de 75% e de juros de mora. Do relatório fiscal A autoridade fiscal incluiu na base de cálculo da contribuição os valores repassados ao FUNDEB, por se tratarem de transferências correntes, como consta da legislação de regência (Artigo 2º, III da Lei nº 9.715, de 15/11/1998). Relata que, da análise dos demonstrativos de apuração da base de cálculo e da contribuição ao PASEP (DOC. 03), dos Balancetes Mensais, (DOC. 04 a 12), apresentados pela Prefeitura Blumenau, e Extratos Mensais da Retenção na Fonte de Transferências da União (DOC. 13), verificou que o contribuinte deixou de deduzir todas as contribuições ao Pasep retidas, e deduziu indevidamente da base de cálculo os valores repassados ao FUNDEB e, por conseqüência, os valores devidos do PASEP. Acrescenta que o FUNDEB não é considerada entidade pública, portanto, apesar do procedimento adotado pelo Banco do Brasil S/A quando da retenção das contribuição, os valores que foram repassados ao fundo não pode ser excluídos da base de cálculo da contribuição devida pelo Município, cita a Solução da Divergência COSIT no 2, de 10 de fevereiro de 2009. DOU 12/02/2009. Em relação aos FUNDOS MUNICIPAIS afirma que, embora sujeitos à inscrição no CNPJ, estes não possuem personalidade jurídica própria, e suas receitas compõem a receita do Município a que está vinculado. Esclarece, então, que as bases de cálculo mensais foram apuradas dos valores constantes dos BALANCETES MENSAIS GERAIS – RECEITAS DO MUNICÍPIO E FUNDOS MUNICIPAIS apresentados pelo sujeito passivo (DOC. 04 a 12), somandose as Receitas Correntes (incluindo as Transferências Correntes) com as Transferências de Capital, subtraindose as Deduções da Receita Corrente, conforme Planilhas “Demonstrativo de Apuração Mensal dos Fundos Municipais e PMB” (DOC. 16) e “Demonstrativo da Apuração Mensal do Pasep Consolidado” (DOC. 17), período de 07/2007 a 12/2011. Acrescenta que o presente lançamento tributário consiste na aplicação da alíquota de 1% (um por cento) sobre as bases de cálculo apuradas, deduzidos os valores das contribuições do PASEP retidas pelo Banco do Brasil, conforme relatório Demonstrativo de Distribuição da Arrecadação do SISBB Sistema de Informações Banco do Brasil, (DOC. 13). Ressalta que foram, ainda, deduzidos os valores recolhidos e valores parcelados, como constam das DCTF. Fl. 2061DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.062 3 Por fim informa que, concomitantemente à lavratura do presente Auto de Infração, foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais – RFFP (contra os prefeitos, e seus vices, em exercício durante o período fiscalizado) e encaminhada à autoridade competente, para que sejam tomadas as providências cabíveis, em virtude do sujeito Passivo não ter declarado, antes do início do procedimento fiscal, todos os fatos geradores das contribuições devidas ao Pasep, o que constitui em tese, Crime contra a Ordem Tributária previsto no Art. 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90. Da impugnação Em contestação ao auto lavrado, a interessada apresentou impugnação alegando, inicialmente, nulidade do lançamento: por ausência da indicação do fundamento legal para a aplicação da correção monetária; falta de intimação pessoal do prefeito acerca do procedimento fiscal; ausência do termo de início da ação fiscal, do MPF e da anuência do representante legal da interessada para o início dos trabalhos de fiscalização. Alega: impossibilidade de se formular RFFP contra os gestores públicos do Município de Blumenau ante a ausência de dolo dos gestores citados no relatório fiscal; inadmissibilidade da instauração de processo criminal, enquanto própria Administração Pública está finalizando a constituição do crédito tributário. Suscita, com fundamento no art. 150, §4º, do CTN, decadência do direito da Fazenda Pública de lançar seus créditos em relação aos fato geradores anteriores a 08/11/2007, considerando que foi cientificada da autuação em 09/11/2012. Salienta que não está sendo exigido o PASEP integral relativo ao período, o que confirma a aplicação do prazo de decadência indicado, mas são exigidos apenas “débitos” adicionais àqueles que já foram regularmente pagos. A impugnante segue defendendo a não inclusão, na base de cálculo da contribuição, dos valores relativos ao FUNDEB e demais fundos municipais. Em relação aos recursos repassados ao FUNDEB, considerando a natureza deste fundo, argumenta que tal verba tem natureza contábil transitória e, portanto, está fora da base de cálculo da contribuição; conclui que a contribuição para o FUNDEB é, pois, parte de sua despesa com a manutenção do desenvolvimento de ensino. Em relação aos demais fundos, a impugnante alega que os fundos municipais têm autonomia própria para cumprir com suas obrigações tributárias, tanto que possuem CNPJ fornecido pela Receita Federal, e que, portanto, não é legal, que “se exija do Município uma obrigação tributária da qual não é ele o sujeito passivo da relação tributária obrigacional”. Argumenta, ainda que, mesmo que não seja acolhida a argumentação acima, ainda assim, os valores apurados não se coadunam com a realidade, pois, pelo que se depreende do relatório fiscal, a auditora não considerou a dedução da receita do Fundo de Participação dos Municípios FPM, do FUNDEB e do ITR. Reclama, por fim, que existem dúvidas quanto, à totalidade das retenções de obrigação da Secretaria do Tesouro Nacional, porquanto, ao relatar acerca dos valores retidos, a “Auditora não especifica, quais verbas que dizem respeito a essa retenção, o que prejudica a defesa do município”. A manutenção parcial do auto de infração, que excluiu do crédito sob o argumento de estar decaído, teve como fundamento o quanto constou na seguinte emenda: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 2062DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.063 4 PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/07/2007 A 31/12/2011 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. Para fins do cômputo do prazo decadencial, cabível a adoção do entendimento de que: tendo havido pagamento, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; não tendo havido qualquer pagamento ou restando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, aplicase a regra do art. 173, inc. I, do CTN. BASE DE CÁLCULO. TRANSFERÊNCIAS CONSTITUCIONAIS. RECURSOS DESTINADOS AO FUNDEB. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ao receberem da União valores relativos as transferências constitucionais do FPE e do FPM devem incluílos na sua totalidade em suas respectivas bases de cálculos mensais de incidência da Contribuição para o Pasep, inclusive a parte destacada e destinada para Fundeb. BASE DE CÁLCULO. FUNDO PÚBLICO MUNICIPAL. Os valores recebidos pelo Município destinados a compor Fundo Público Municipal constituem receitas correntes do próprio Município, integrando, assim, a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep por este devida. Notificada da decisão em 11/06/2013 (fl. 2034), a recorrente apresentou Recurso Voluntário em 05/07/2013 (fls. 2036/2050), requerendo a reforma do Acórdão da DRJ para que, acolhidas as preliminares, fosse o presente processo administrativo fiscal extinto ou, pelo mérito, fosse o auto de infração em comento revisto ou cancelado. Para tanto, sustentou as seguintes razões: (i) preliminarmente, a anulação do feito em razão da inbservância da intimação pessoal ao autor do procedimento e pelo não encaminhamento do “termo de início de ação fiscal”, o que gerou cerceamento de defesa; (ii) no mérito, inicialmente, o afastamento da multa de ofício ante seu caráter confiscatório, colacionando julgado do STF e porque o julgamento de primeira instância afastou o dolo e a fraude; (iii) a impossibilidade de se formular representação para fins fiscal penal em face dos gestores do município de Blumenau; (vi) não inclusão dos valores recebidos a título de FUNDEB na base de cálculo do PASEP; É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Roberto Domingo, Relator Conheço do recurso, por atender aos requisitos de admissibilidade. Em relação à preliminar de ausência de intimação do autor do procedimento, creio que não houve o alegado cerceamento ao direito de ampla defesa. A municipalidade teve e está e tendo toda a oportunidade de defenderse e de apresentar argumentos e documentos à sua defesa. Inclusive atendeu às intimações iniciais e as posteriores via correio, a partir das quais se fez representado por seus procuradores, não lhe tendo havido qualquer prejuízo. Fl. 2063DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.064 5 Quanto ao afastamento da multa de ofício, ante o alegado caráter confiscatório (colacionando julgado do STF), entendo que a matéria é de cunho constitucional, ou seja, o acolhimento do pleito importaria reconhecer a inconstitucionalidade da norma que instituiu a penalidade, o que é vedado às instâncias administrativas (Súmula CARF nº 2). Quanto à representação para fins penais, inicialmente, entendo que não se trata de matéria de competência deste Conselho, uma vez que não está prevista no PAF. Aliás, tendo o julgamento de primeira instância afastado o dolo e a fraude, não é de cogitarse as repercussões penais. Quanto ao mérito, propriamente dito, o cerne da questão versa sobre a inclusão, na base de cálculo da contribuição para o PASEP, dos valores percebidos pela Recorrente proveniente do FUNDEB. Sobre isso, destaco que o assunto se encontra positivado nos seguintes dispositivos da Lei 9.715/1998: Art. 2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (...) III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Art. 7o Para os efeitos do inciso III do art. 2o, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Assim, consoante se extrai do texto normativo, a composição da base de cálculo se dá por meio da somatória mensal das (i) receitas correntes arrecadadas; (ii) receitas de transferências correntes recebidas e (iii) das receitas de transferência de capital recebidas. Entendeu a Recorrente não ser devida a inclusão das verbas provenientes do FUNDEB ante o não preenchimento de nenhum deste requisitos. Contudo, sem razão. A previsão normativa que dispõe sobre a matéria é clara ao enunciar, no já transcrito art. 7°, que nas receitas correntes mensais que compõem a base de cálculo serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas no todo ou em parte por outra entidade da Administração Pública, fazendo como única ressalva, a possibilidade de dedução aos casos de transferência efetuadas a outras entidades públicas. Importa considerar que o FUNDEB não é uma entidade pública, por ser fundo de natureza contábil e sem personalidade jurídica. Logo, não está abarcados na hipótese normativa que autoriza seu desconto. De mais a mais, a natureza contributiva da formação do patrimônio do fundo entre os entes federativos é irrelevante para o caso em apreço, posto que, ao cabo, importará o quanto daquele todo, efetivamente, acabou sendo vertida como receita transferida à pessoa jurídica de direito público beneficiada. Fl. 2064DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.065 6 Ou seja, o fato de possuírem uma destinação específica, importa em redução do grau de disponibilidade do gestor desta receita, algo que pode ser interessante para outros ramos do Direito, mas não tem o condão de desnaturar o conceito de “receitas transferidas”, suficiente para o preenchimento da hipótese normativa. Louvome das muito bem lançadas considerações da Dra. Nayra Bastos Manatta no voto condutor do Acórdão nº 20402.840, de 18/10/2007, ao apreciar a inclusão das verbas recebidas do FUNDEF. Disse ela: Em relação às exclusões de transferências para o Fundef, de acordo com o art. 2°, inciso III da Lei n° 9715/98 a contribuição para o Pasep será apurada mensalmente pelas pessoas jurídicas de direito público com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas, sendo que no art. 7° da referida lei resta definido que serão incluídas nas receitas correntes quaisquer receitas tributarias, ainda que arrecadadas no todo ou em parte por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Os repasses realizados pelo Governo do Estado de Goiás ao Fundef não geram direito à exclusão de tais valores da base de cálculo da contribuição por ser este fundo, nos termos definidos pela Lei n° 9244/96 que o instituiu, um fundo de natureza contábil, sem personalidade jurídica própria, representando mera conta destinatária dos recursos vinculados à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental e valorização do magistério, gerido pelos Estados, Distrito Federal e Municípios. Verificase do disposto no art. 7° da Lei n° 9715/98 que apenas as transferências realizadas para outras entidades públicas é que podem ser excluídas da base de cálculo do Pasep e as transferências para o Fundef, por não ter este personalidade jurídica própria, sendo mero fundo de natureza contábil, não pode ser enquadrado como transferências para outra entidade pública. Prossegue, mais adiante, a relatora da decisão recorrida, com o brilhantismo costumeiro: ... As receitas correntes arrecadadas, segundo estabelecido na Lei n° 4320/64, correspondem às receitas tributárias (impostos, taxas e contribuições de melhorias), receitas patrimoniais (receitas imobiliárias, de valores mobiliários, participações e dividendos e outras receitas patrimoniais), receitas industriais (receitas de empresas publicas e de serviços públicos). As transferências correntes correspondem às cotaparte do IR, cotaparte de impostos concorrentes, cotaparte de imposto sobre combustíveis e lubrificantes, cotaparte do imposto sobre minérios, cotaparte do imposto sobre energia elétrica, contribuições da União, dos Estados e dos Municípios e contribuições diversas. Incluemse também as receitas diversas que são aquelas advindas das multas, cobranças da divida ativa, indenizações e restituições e outras. Também compõem a base de cálculo as transferências de capital recebidas, ou seja, os auxílios da União, Estados e Municípios e auxílios diversos. Nessa linha de julgamento, também entendo que a Lei nº 11.494, de 20/06/2007, delimita o regime jurídico do fundo, cujos três primeiros artigos assim disciplinam: Fl. 2065DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.066 7 Art. 1o É instituído, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB, de natureza contábil, nos termos do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT. Parágrafo único. A instituição dos Fundos previstos no caput deste artigo e a aplicação de seus recursos não isentam os Estados, o Distrito Federal e os Municípios da obrigatoriedade da aplicação na manutenção e no desenvolvimento do ensino, na forma prevista no art. 212 da Constituição Federal e no inciso VI do caput e parágrafo único do art. 10 e no inciso I do caput do art. 11 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, de: I pelo menos 5% (cinco por cento) do montante dos impostos e transferências que compõem a cesta de recursos do Fundeb, a que se referem os incisos I a IX do caput e o § 1o do art. 3o desta Lei, de modo que os recursos previstos no art. 3o desta Lei somados aos referidos neste inciso garantam a aplicação do mínimo de 25% (vinte e cinco por cento) desses impostos e transferências em favor da manutenção e desenvolvimento do ensino; II pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos demais impostos e transferências. Art. 2o Os Fundos destinamse à manutenção e ao desenvolvimento da educação básica pública e à valorização dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna remuneração, observado o disposto nesta Lei. ... Art. 5o A complementação da União destinase exclusivamente a assegurar recursos financeiros aos Fundos, aplicandose o disposto no caput do art. 160 da Constituição Federal. § 1o É vedada a utilização dos recursos oriundos da arrecadação da contribuição social do salárioeducação a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Federal na complementação da União aos Fundos. § 2o A vinculação de recursos para manutenção e desenvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 da Constituição Federal suportará, no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União. ... Art. 8o A distribuição de recursos que compõem os Fundos, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, darseá, entre o governo estadual e os de seus Municípios, na proporção do número de alunos matriculados nas respectivas redes de educação básica pública presencial, na forma do Anexo desta Lei. Fl. 2066DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 13971.722944/201248 Acórdão n.º 3101001.661 S3C1T1 Fl. 2.067 8 ... Art. 17. Os recursos dos Fundos, provenientes da União, dos Estados e do Distrito Federal, serão repassados automaticamente para contas únicas e específicas dos Governos Estaduais, do Distrito Federal e dos Municípios, vinculadas ao respectivo Fundo, instituídas para esse fim e mantidas na instituição financeira de que trata o art. 16 desta Lei. ... Art. 19. Os recursos disponibilizados aos Fundos pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal deverão ser registrados de forma detalhada a fim de evidenciar as respectivas transferências. Os trechos grifados no texto legal acima, parecemme indicar que a lei apenas vinculou uma parte das transferências constitucionais asseguradas aos Estados, Municípios e Distrito Federal à aplicação em despesas com a educação. Também previu que uma parte desses mesmos recursos fosse transferida pelos Estados aos Municípios com o mesmo fim. Destarte, que apenas essa última parcela – transferências aos municípios – é que poderia ser, a teor da Lei 9.718, excluída da base de cálculo da contribuição devida pelo Estado, dado que será tributada pelos próprios Municípios. No que tange ao “repasse” ao fundo, no entanto, entendo não se tratar de uma transferência feita pelo Estado ou pelo Município, pois estes valores ingressam em suas receitas com um fim específico, mas não para uma outra pessoa jurídica. O que há, como já dito, é mera vinculação de valores transferidos pela União e que seriam, de todo modo, tributados pelo PASEP por força do que dispõe o inciso III do art. 2º da Lei 9.715/98. O fato de estarem vinculados a um tipo específico de despesa não é bastante e suficiente para mudar a natureza jurídica de receita, sendo necessário que a própria lei instituidora ou outra posterior previsse sua exclusão, o que não ocorre. Assim, não possuindo personalidade jurídica própria o fundo não pode ser sujeito passivo da contribuição, como o são as entidades mencionadas no art. 7º da Lei 9.715. Nesses termos, permitir a exclusão pretendida equivale a conceder isenção sobre aquela parcela das receitas transferidas sem lei que a preveja. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. Luiz Roberto Domingo Fl. 2067DF CARF MF Impresso em 18/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por LUIZ ROBERTO DOMINGO, Assinado digitalmente em 18/08/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES
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Numero do processo: 12971.004933/2010-58
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/1994 a 31/03/1995
CONFISSÃO E PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA TÁCITA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO.
Quando o contribuinte confessa e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido.
Recurso Voluntário Não Conhecido - Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2803-003.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator, em razão de desistência tácita (confissão e parcelamento).
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Caio Eduardo Zerbeto Rocha, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator, em razão de desistência tácita (confissão e parcelamento). (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Caio Eduardo Zerbeto Rocha, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
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DESISTÊNCIA TÁCITA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Quando o contribuinte confessa e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido. Recurso Voluntário Não Conhecido Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do voto do Relator, em razão de desistência tácita (confissão e parcelamento). (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Caio Eduardo Zerbeto Rocha, Natanael Vieira dos Santos, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 97 1. 00 49 33 /2 01 0- 58 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12971.004933/201058 Acórdão n.º 2803003.561 S2TE03 Fl. 80 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário que busca a reforma de decisão que manteve o lançamento referente à contribuições previdenciárias não retidas e recolhidas que deveriam ter sido realizadas em razão de contrato de cessão de mãodeobra, no período de 11/1994 a 03/1995. O recurso foi tempestivamente protocolizado, mas não foi admitido pela não realização de depósito prévio de 30%, assim, o crédito foi inscrito em dívida ativa e executado. Em 28.04.2011, a PGFN apresentou petição que informa que o contribuinte teria aderido ao REFIS, confessado e parcelando o débito, na forma do art. 3º, da Lei n. 9.964/2000, em 01.03.2000. Contudo, não teria honrado pó parcelamento, pedindo o prosseguimento da execução fiscal. (fls. 66 a 68 dos autos digitais) Mesmo assim, os autos vieram à presente turma conforme o despacho de fls. 74 dos autos digitais, de 03.04.2012, por razão da inconstitucionalidade da exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade do recurso voluntário. É o relatório. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12971.004933/201058 Acórdão n.º 2803003.561 S2TE03 Fl. 81 3 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato Preliminarmente, os recurso voluntário não deve ser conhecido. Indiferente da inconstitucionalidade declarada da exigência de depósito prévio como condição de admissibilidade do recurso voluntário, a contribuinte confessou o crédito e o parcelou (art. 3º, I, da Lei n. 9.964/2000), não havendo mais questões a serem conhecidas administrativamente. O disposto art. 78,§§2º e 3º, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF/MF, é claro: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, descabendo recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de interesse. Com a informação da adesão da contribuinte ao REFIS, confessando e parcelando o débito, demonstra a desistência, mesmo que tácita, do recurso voluntário. Logo, o mesmo não deve ser conhecido. Isso posto, voto em não conhecer o recurso voluntário, em razão de desistência tácita (confissão e parcelamento). É como voto. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator Fl. 81DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 12971.004933/201058 Acórdão n.º 2803003.561 S2TE03 Fl. 82 4 Fl. 82DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 11/09/2014 po r GUSTAVO VETTORATO, Assinado digitalmente em 16/09/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
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Numero do processo: 10580.720844/2009-97
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Aug 22 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2201-000.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012. Fez sustentação oral o Dr. Izaak Broder, OAB 17521/BA.
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
(assinatura digital)
RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE - Relator.
(assinatura digital)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Rodrigo Santos Masset Lacombe, Rayana Alves De Oliveira Franca, Eduardo Tadeu Farah, Gustavo Lian Haddad (Vice-Presidente), Pedro Paulo Pereira Barbosa.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012. Fez sustentação oral o Dr. Izaak Broder, OAB 17521/BA. MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente. (assinatura digital) RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE - Relator. (assinatura digital) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Rodrigo Santos Masset Lacombe, Rayana Alves De Oliveira Franca, Eduardo Tadeu Farah, Gustavo Lian Haddad (Vice-Presidente), Pedro Paulo Pereira Barbosa.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012. Fez sustentação oral o Dr. Izaak Broder, OAB 17521/BA. MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. (assinatura digital) RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE Relator. (assinatura digital) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Rodrigo Santos Masset Lacombe, Rayana Alves De Oliveira Franca, Eduardo Tadeu Farah, Gustavo Lian Haddad (VicePresidente), Pedro Paulo Pereira Barbosa. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte em face do acórdão 1526.187 3ª Turma da DRJ/SDR que negou provimento à impugnação ao Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda da Pessoa Física, referente aos exercícios de 2005, 2006 e 2007, no qual foi apurado crédito tributário no valor de R$ 156.090,14, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis, rendimentos estes que foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 20 84 4/ 20 09 -9 7 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 2 7/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10580.720844/200997 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201000.101 S2C2T1 Fl. 154 2 Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. O contribuinte sustentou em sua impugnação, em apertada síntese que: a) classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) segundo a legislação que regulamenta o imposto de renda, caberia à fonte pagadora, no caso o Estado da Bahia, e não ao autuado, o dever de retenção do referido tributo. Portanto, se a fonte pagadora não fez tal retenção, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; c) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício, pois o autuado teria cometido erro escusável em razão de ter seguido orientações da fonte pagadora; d) o Ministério da Fazenda, em resposta à Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União, através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB; e) o lançamento fiscal seria nulo por ter tributado de forma isolada os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar a totalidade dos rendimentos e deduções cabíveis; f) ainda que o valor decorrente do recebimento da URV em atraso fosse considerado como tributável, não caberia tributar os juros incidentes sobre ele, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) em razão da distribuição constitucional das receitas, todo o montante que fosse arrecado a título de imposto de renda incidente sobre os valores pagos a título de URV teriam como destinatário o próprio Estado da Bahia. Assim, se este último classificou legalmente tais pagamentos como indenização, foi porque renunciou ao recebimento; h) é pacífico que a União é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da relação processual nos casos em que o servidor deseja obter judicialmente a isenção ou a não incidência do IRRF, posto que além de competir ao Estado tal retenção, é dele a renda proveniente de tal recolhimento. Pelo mesmo motivo, poderia concluirse que a União é parte ilegítima para exigir o referido imposto se o Estado não fizer tal retenção; i) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem a natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; Fl. 154DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 2 7/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10580.720844/200997 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201000.101 S2C2T1 Fl. 155 3 j) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos Magistrados Federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que por esse motivo não sofre a incidência do imposto de renda. Assim, tributar estes mesmos valores recebidos pelos Magistrados Estaduais constitui violação ao princípio constitucional da isonomia. A DRJ/BSB manteve o crédito tributário sob o argumento de que: a) a diferença apurada pela conversão do valor do salário em URV tem natureza salarial incidindo o IRPF; b) o IRPF é regido por legislação Federal não sendo legítima a concessão de isenção por legislação Federada; c) Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, que dispõe que a responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF extinguese no prazo fixado para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora, conforme abaixo transcrito; d) que a citada consulta na realidade não seguiu o rito do processo administrativo de consulta previsto no art. 48 da Lei nº 9.430, de 1996, portanto, teve caráter meramente informativo, sem qualquer efeito vinculante, bem como as demais normas e pareceres; e) que nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas legalmente. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão; f) que o art. 55, inciso XIV, do RIR/99 dispõe claramente que tanto os juros moratórios, quanto quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, estão sujeitos à tributação, a menos que correspondam a rendimentos isentos ou não tributáveis; e) que a Resolução do STF nº 245 não pode ser estendida às verbas pagas aos Magistrados do Estadual da Bahia, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Não se poderia, também, recorrer à analogia em matéria que trate de isenção, que está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN Em recurso voluntário o contribuinte reitera os argumentos apresentados na impugnação, sem trazer qualquer novo elemento. Às fls 151 e seguintes o contribuinte solicita alteração de endereço. É o relatório do necessário. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 2 7/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10580.720844/200997 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201000.101 S2C2T1 Fl. 156 4 Voto Conselheiro Relator Rodrigo Santos Masset Lacombe O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos formais e materiais, razão pela que deles conheço. Inicialmente entendo que o caso reclama o sobrestamento. Em que pese o entendimento deste relator, certo é que esta Colenda Turma julgadora por maioria vem entendendo pela procedência parcial do lançamento, forçando no presente caso a análise da questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados. Ocorre que ao apreciar a admissibilidade do RE nº 614406, que versa exatamente sobre tal forma de cálculo do imposto objeto dos presentes autos, o Supremo Tribunal Federal determinou o sobrestamento dos demais feitos que versam sobre o mesmo tema, nos termos do artigo 543B do CPC, in verbis: RE 614406 AgRQORG / RS RIO GRANDE DO SUL REPERCUSSÃO GERAL NA QUESTÃO DE ORDEM NO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Julgamento: 20/10/2010 – Publicação DJe043 DIVULG 03032011 PUBLIC 04032011 EMENT VOL0247601 PP00258 LEXSTF v. 33, n. 388, 2011, p. 395414 TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados se por regime de caixa ou de competência vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC. Decisão Fl. 156DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 2 7/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10580.720844/200997 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201000.101 S2C2T1 Fl. 157 5 Decisão: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral objeto do recurso e reformou a decisão de inadmissibilidade do extraordinário. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Diante do exposto, proponho o sobrestamento do presente feito, tendo em vista o disposto no art. 62A do RICARF por tratarse de matéria com repercussão geral acolhida pelo STF, devendo o contribuinte ser cientificado no novo endereço informado às fls. 151/152. É como voto Fl. 157DF CARF MF Impresso em 22/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 2 7/09/2012 por RODRIGO SANTOS MASSET LACOMBE, Assinado digitalmente em 15/10/2012 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO
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