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Numero do processo: 10166.727087/2011-98
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008
RETROATIVIDADE BENIGNA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CONHECIMENTO. REQUISITOS DE ADMISSIBIDADE DO RECURSO ESPECIAL. DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA E DE SIMILITUDE FÁTICA.
Para demonstração da divergência há necessidade de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, a fim de que reste demonstrada a divergência de interpretação entre os colegiados em análise.
Na hipótese a Fazenda Nacional se equivocou no pedido do Recurso Especial por que a obrigação acessória discutida nestes autos possui aplicação de penalidade própria não sendo cabível o pedido de aplicação da chamada cesta de multas. Por esta razão não há comprovação de similitude fática.
Numero da decisão: 9202-005.665
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008 RETROATIVIDADE BENIGNA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CONHECIMENTO. REQUISITOS DE ADMISSIBIDADE DO RECURSO ESPECIAL. DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA E DE SIMILITUDE FÁTICA. Para demonstração da divergência há necessidade de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, a fim de que reste demonstrada a divergência de interpretação entre os colegiados em análise. Na hipótese a Fazenda Nacional se equivocou no pedido do Recurso Especial por que a obrigação acessória discutida nestes autos possui aplicação de penalidade própria não sendo cabível o pedido de aplicação da chamada “cesta de multas”. Por esta razão não há comprovação de similitude fática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 70 87 /2 01 1- 98 Fl. 686DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2803003.780, proferido pela 3ª Turma Especial / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Autos de Infração – AI lavrados, cujos créditos tributários são os descritos a seguir: AI DEBCAD nº 51.008.1886, no valor de R$ 1.524.43, por infringência ao disposto na Lei nº 8.212, de 24/7/1991, artigo 32, inciso I, combinado com o disposto no Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, artigo 225, inciso I e § 9º (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 30); AI DEBCAD nº 51.008.1894, no valor de R$ 15.244,14, por descumprimento de obrigação por infringência ao disposto na Lei nº 8.212, de 24/07/1991, artigo 32, inciso II, combinado com disposto no Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999, artigo 225, inciso II e §§ 13 a 17 (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 34); AI DEBCAD nº 51.008.1908, no valor de R$ 1.524,43, por descumprimento de obrigação acessória estabelecida pela Lei nº 8.212 de 24/7/1991, artigo 30, inciso I, alínea “a” e pela Lei nº 10.666 de 8/5/2003. artigo 4º, caput, combinado com o Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6/5/1999, artigo 216, inciso I, alínea “a” (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 59); e AI DEBCAD nº 51.008.1843, no valor de R$ 5.500,00, por infringência ao que dispõe a Lei nº 8.212, de 24/7/1991, artigo 32, inciso IV (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 78). Esses AI, em razão de possuírem os mesmos elementos de prova, foram objeto de um único processo administrativo, em conformidade com o que dispõe o Decreto nº 70.235/1972, do artigo 9º, § 1º. Tendo em vista a comparação efetuada nos autos que tratam do AI DEBCAD 37.345.6255 (processo nº 10166.727039/201108), com vistas a aplicar a multa mais favorável ao contribuinte, nos termos do disposto no CTN, artigo 106, inciso II, alínea “c”, constatouse que a legislação vigente na data da autuação (após MP nº 449/2008) era a mais favorável ao contribuinte, tendo sido aplicada multa mínima de R$ 500,00 por competência, de 01/2008 a 08/2008 e de 10/2008 a 11/2008. Em relação à competência 12/2008 já estava vigente a legislação atualmente em vigor e foi aplicada multa mínima de R$ 500,00. A multa aplicada, por competência, foi calculada de acordo com a Lei nº 8.212/1991, artigo 32A, caput, inciso I e §§ 2º e 3º, na redação dada pela Medida Provisória – MP nº 449, de 3/12/2009, convertida na Lei nº 11.941/2009. O valor total da autuação foi de R$ 5.500,00. O Contribuinte apresentou a impugnação de fls. 583/605, aduzindo, em síntese: a nulidade da autuação por ter apresentado o auditor relatório dos fatos genéricos, ficando a cargo da discriminação dos fatos geradores apenas a Planilha de Lançamento, em que todas as situações foram lançadas numa planilha comum, sem distinção, o que impossibilita destacar o que realmente foi aplicado; que o fato puro simples da empresa não estar inscrita no PAT não é suficiente para considerar a alimentação como sendo integrante do salário de contribuição; que o pagamento do vale em transporte em pecúnia não desvirtua sua finalidade, não podendo assim ser considerada verba previdenciária; que cumpre rigorosamente com seus Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10166.727087/201198 Acórdão n.º 9202005.665 CSRFT2 Fl. 10 3 compromissos, sendo que a não declaração excepcionalmente na GFIP ocorreu por falha e não por dolo, porém o que era devido foi pago; no que tange ao dissídio e as férias retroativas houve um engano do auditor fiscal, já que a CCT, em sua cláusula primeira, prevê o aumento apenas em 1/11/2008; e, na remota hipótese de não serem acatadas as teses alinhavadas, deve se levar em consideração o disposto na Lei nº 11.941/2009 quanto à aplicação da multa pela não declaração em GFIP e pelo não recolhimento das contribuições previdenciárias, devendo ser revisto os autos de infração. A 8ª Turma da DRJBHE/MG, às fls. 607/623, votou pela procedência parcial da impugnação e pela manutenção do crédito exigido por meio do AI. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 629/634, reiterando os argumentos de defesa já expostos na impugnação. A 3ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 640/654, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, afastando a incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre os valores pagos pela recorrente a título de auxílio transporte e para que fosse aplicada a multa prevista no artigo 32A, I, da Lei 8.212/91, caso mais benéfica da norma em favor do contribuinte. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008 CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA O cerceamento do direito de defesa se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, ou então pelo óbice à ciência do auto de infração, impedindo a contribuinte de se manifestar sobre os documentos e provas produzidos nos autos do processo. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO IN NATURA. AUSÊNCIA DE NATUREZA SALARIAL. NÃO INCIDÊNCIA. O valetransporte pago pela empresa não integra o salário de contribuição, mesmo que pago em pecúnia, vez que não possui natureza salarial. Súmula CARF n.º 89. MULTA. APLICAÇÃO DA MAIS BENÉFICA. Podese aplicar a multa de forma retroativa se for mais benéfica ao contribuinte. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. NÃO ENFRENTAMENTO. Não apresentado a recorrente, efetivamente, recurso em face das demais verbas lançadas na autuação, não há o que ser provido, respeitandose, por consectário, o princípio tantum devolutum quantum appellatum. Recurso Voluntário Provido em Parte Fl. 688DF CARF MF 4 Crédito Tributário Mantido em Parte Às fls. 655/668, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, alegando, preliminarmente, erro material no relatório do acórdão recorrido, e, no mérito, divergência jurisprudencial em relação à seguinte matéria: retroatividade benigna. Consignou, inicialmente, que a hipótese em análise no acórdão paradigma é idêntica a que hora se reporta. Isso porque, o que se encontrava em julgamento era exatamente o auto de infração, por descumprimento de obrigação acessória, em que também se lavrou Auto de infração para exigência de contribuições previdenciárias, correlatas e em decorrência da mesma ação fiscal. Contudo, o colegiado a quo entendeu que, por se tratar de infração relacionada à apresentação da GFIP, o dispositivo legal que deve retroagir para regulamentar a multa aplicada é o art. 32 A da Lei nº 8.212/91, independentemente de ter havido ou não lançamento de ofício. Entretanto, o acórdão paradigma considera que, havendo lançamento de contribuições previdenciárias, o dispositivo legal aplicado passa a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que remete ao art. 44, I da Lei 9.430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Havendo lançamento de tributo, a multa passa a ser aplicada nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212/91, sob pena de bis in idem. Às fls. 669/673, a 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação à divergência arguida, uma vez vislumbrada a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigmas, configurando a divergência jurisprudencial apontada, relativamente à Retroatividade Benigna. Cientificado às fls. 676/677, o Contribuinte permaneceu inerte, vindo os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, contudo não atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, não merece ser conhecido. Tratase de Autos de Infração – AI lavrados, cujos créditos tributários são os descritos a seguir: AI DEBCAD nº 51.008.1886, no valor de R$ 1.524.43, por infringência ao disposto na Lei nº 8.212, de 24/7/1991, artigo 32, inciso I, combinado com o disposto no Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, artigo 225, inciso I e § 9º (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 30); AI DEBCAD nº 51.008.1894, no valor de R$ 15.244,14, por descumprimento de obrigação por infringência ao disposto na Lei nº 8.212, de 24/07/1991, artigo 32, inciso II, combinado com disposto no Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999, artigo 225, inciso II e §§ 13 a 17 (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 34); AI DEBCAD nº 51.008.1908, no valor de R$ 1.524,43, por descumprimento de obrigação acessória estabelecida pela Lei nº 8.212 de 24/7/1991, artigo 30, inciso I, alínea “a” e pela Lei nº 10.666 de 8/5/2003. artigo 4º, caput, combinado com o Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6/5/1999, artigo 216, inciso I, alínea “a” (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 59); e AI DEBCAD nº 51.008.1843, no valor de R$ 5.500,00, Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10166.727087/201198 Acórdão n.º 9202005.665 CSRFT2 Fl. 11 5 por infringência ao que dispõe a Lei nº 8.212, de 24/7/1991, artigo 32, inciso IV (Código de Fundamentação Legal – CFL nº 78). Esses AI, em razão de possuírem os mesmos elementos de prova, foram objeto de um único processo administrativo, em conformidade com o que dispõe o Decreto nº 70.235/1972, do artigo 9º, § 1º. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário, determinando a aplicação do artigo 32A, I, da lei 8.212/91 (registrese decisão equivocada, pois não houve parcial procedência e sim manutenção do auto, pois manteve o auto de infração que já havia sido lançado nestes mesmos moldes). O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a seguinte divergência: Multa retroatividade benigna, pois considera que havendo lançamento de contribuições previdenciárias, o dispositivo legal aplicado passa a ser o art. 35 A da Lei 8.212/91, que remete ao art. 44, I da Lei 9.430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Havendo lançamento de tributo, a multa passa a ser aplicada nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212/91, sob pena de bis in idem (registrese a Fazenda Nacional se equivocou no pedido por que a obrigação acessória discutida nestes autos possui aplicação de penalidade própria não sendo cabível o pedido de cesta de multas). Ainda, a fim de corroborar o encaminhamento de não conhecimento o acórdão paradigma que sustenta o recurso em apreço trata de situação diversa, cujas diferenças fáticas são essenciais ao reconhecimento da divergência jurisprudencial necessária ao recebimento do Recurso Especial que por fim não restou comprovada. Diante do exposto voto por não conhecer do Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 690DF CARF MF
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Numero do processo: 13888.720501/2014-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 30/06/2011 a 30/11/2012
GLOSA DE COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA. INCONSTITUCIONALIDADE.
É vedado aos conselheiros do CARF, por força do art. 62 do RICARF e Súmula CARF nº. 02, afastar dispositivo legal com fundamento na inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
RESPONSABILIDADE DO PREFEITO. IMPOSSIBILIDADE.
Resta descaracterizada a responsabilidade do prefeito municipal, uma vez que não se pode atribuir a responsabilidade pessoal do crédito tributário ao mesmo, com fulcro no artigo 135, III, do CTN, que trata da responsabilidade dos gestores das pessoas jurídicas de direito privado. A analogia não se aplica no direito tributário para resultar em exigência de tributo por responsabilidade solidária.
RESPONSABILIDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. INTERESSE COMUM.
A aplicação da responsabilidade passiva solidária, contida no art. 124, I, do CTN, exige a presença de interesse jurídico comum, ou seja, que as pessoas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato gerador. O mero interesse econômico entre tais sujeitos ou mesmo o interesse jurídico reflexo, oriundo de outra relação jurídica afasta a aplicação do mencionado dispositivo legal.
Numero da decisão: 2401-004.858
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer dos recursos. No mérito, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela autuada, mantendo o crédito tributário lançado. Quanto aos recursos apresentados pelos sujeitos passivos solidários, por maioria, dar-lhes provimento para afastar os respectivos vínculos de responsabilidade. Vencidos os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini, que negavam provimento aos recursos.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 30/06/2011 a 30/11/2012 GLOSA DE COMPENSAÇÃO. MULTA ISOLADA. INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado aos conselheiros do CARF, por força do art. 62 do RICARF e Súmula CARF nº. 02, afastar dispositivo legal com fundamento na inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. RESPONSABILIDADE DO PREFEITO. IMPOSSIBILIDADE. Resta descaracterizada a responsabilidade do prefeito municipal, uma vez que não se pode atribuir a responsabilidade pessoal do crédito tributário ao mesmo, com fulcro no artigo 135, III, do CTN, que trata da responsabilidade dos gestores das pessoas jurídicas de direito privado. A analogia não se aplica no direito tributário para resultar em exigência de tributo por responsabilidade solidária. RESPONSABILIDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. INTERESSE COMUM. A aplicação da responsabilidade passiva solidária, contida no art. 124, I, do CTN, exige a presença de interesse jurídico comum, ou seja, que as pessoas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato gerador. O mero interesse econômico entre tais sujeitos ou mesmo o interesse jurídico reflexo, oriundo de outra relação jurídica afasta a aplicação do mencionado dispositivo legal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer dos recursos. No mérito, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela autuada, mantendo o crédito tributário lançado. Quanto aos recursos apresentados pelos sujeitos passivos solidários, por maioria, dar-lhes provimento para afastar os respectivos vínculos de responsabilidade. Vencidos os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini, que negavam provimento aos recursos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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MULTA ISOLADA. INCONSTITUCIONALIDADE. É vedado aos conselheiros do CARF, por força do art. 62 do RICARF e Súmula CARF nº. 02, afastar dispositivo legal com fundamento na inconstitucionalidade. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. RESPONSABILIDADE DO PREFEITO. IMPOSSIBILIDADE. Resta descaracterizada a responsabilidade do prefeito municipal, uma vez que não se pode atribuir a responsabilidade pessoal do crédito tributário ao mesmo, com fulcro no artigo 135, III, do CTN, que trata da responsabilidade dos gestores das pessoas jurídicas de direito privado. A analogia não se aplica no direito tributário para resultar em exigência de tributo por responsabilidade solidária. RESPONSABILIDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. INTERESSE COMUM. A aplicação da responsabilidade passiva solidária, contida no art. 124, I, do CTN, exige a presença de interesse jurídico comum, ou seja, que as pessoas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato gerador. O mero interesse econômico entre tais sujeitos ou mesmo o interesse jurídico reflexo, oriundo de outra relação jurídica afasta a aplicação do mencionado dispositivo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 05 01 /2 01 4- 23 Fl. 4898DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer dos recursos. No mérito, por unanimidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela autuada, mantendo o crédito tributário lançado. Quanto aos recursos apresentados pelos sujeitos passivos solidários, por maioria, darlhes provimento para afastar os respectivos vínculos de responsabilidade. Vencidos os conselheiros Denny Medeiros da Silveira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Miriam Denise Xavier Lazarini, que negavam provimento aos recursos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 4899DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.899 3 Relatório Tratamse de recursos voluntários interpostos por Município de Itirapina (fls. 3976 e ss.), Omar de Oliveira Leite (fls. 4043 e ss.) e Castellucci Figueiredo e Advogados Associados (fls. 4072 e ss.) em face do acórdão nº. 0735.331 (fls. 3933/3967), que julgou improcedente as impugnação dos recorrentes, restando assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 30/06/2011 a 30/11/2012 AIs nos 51.041.5431 e 51.053.4651, de 10/03/2014. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA. A Pessoa jurídica sujeito passivo da obrigação tributária é responsável tributário pelo pagamento das penalidades pecuniárias aplicadas por infrações praticadas por seus agentes. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO. CABIMENTO. Em virtude de a lei previdenciária equiparar os órgãos da administração direta à empresa, é extensível à atribuição da responsabilidade tributária aos municípios. COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES RECOLHIDAS COM BASE EM REGRA DE INCIDÊNCIA PREVISTA EM LEI AINDA VÁLIDA. NECESSIDADE DE RECONHECER AO JUDICIÁRIO. O simples entender do contribuinte de que a contribuição previdenciária foi recolhida com fulcro em lei inconstitucional ou ilegal não o autoriza a compensar os valores já pagos, tendo em vista a necessidade de recorrer ao Judiciário para se pronunciar a respeito do seu direito à compensação. CONCOMITÂNCIA DE LITÍGIO SOBRE O MESMO OBJETO NA ESFERA ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. RENÚNCIA AO JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. Importa renúncia a julgamento administrativo a propositura de ação judicial com o mesmo objeto. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. DECLARAÇÃO COM FALSIDADE. APLICABILIDADE DA MULTA DE 150%. Fl. 4900DF CARF MF 4 Na hipótese de declaração com falsidade, é aplicável a multa de 150% sobre os valores indevidamente compensados. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO. INCOMPETÊNCIA DAS DRJ. As DRJ não são competentes para apreciar arguições de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal. COMPENSAÇÃO. PRAZO PRESCRICIONAL. O prazo para pleitear a compensação de tributos pagos indevidamente é de cinco anos, contados da data do pagamento indevido. ALÍQUOTA RAT. ALEGAÇÕES DE AUTOENQUADRAMENTO NA ATIVIDADE PREPONDERANTE INDEVIDO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. As alegações no sentido de que a atividade preponderante informada em GFIP pelo próprio sujeito passivo foi feita de forma indevida deve vir acompanhada dos elementos de provas demonstrando o correto enquadramento. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. O décimo terceiro salário, por determinação legal, integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. DECISÕES DE TRIBUNAIS SUPERIORES SOB O RITO DE RECURSOS COM REPERCUSSÃO GERAL E RECURSOS REPETITIVOS. IMPRESCINDÍVEL O PRONUNCIAMENTO DA PGFN. As decisões de Tribunais superiores sob o rito de recursos com repercussão geral e recursos repetitivos somente vinculam as DRJ se for emitido Parecer da PGFN determinando a observância de julgado no âmbito do julgamento administrativo. DECISÕES JUDICIAIS EM CASO CONCRETO. REPERCUSSÃO ENTRE AS PARTES. A sentença judicial faz coisa julgada somente entre as partes litigantes, não beneficiando, nem prejudicando terceiros estranhos à lide. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DA DRJ. As DRJ não são competentes para apreciar controvérsias relacionadas a Representações Penais Para Fins Penais. Fl. 4901DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.900 5 Trata o presente processo administrativo fiscal dos Autos de Infração nº. 51.041.5431 e 51.053.4651: AI nº. 51.041.5431: Glosa de compensações indevidas, atinentes ao período de 06/2011 a 10/2012, totalizando o valor de R$ 6.701.005,47; AI nº. 51.053.4651: Multa isolada aplicada em virtude de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo quanto aos créditos informados, calculada em 150% sobre o valor total do débito indevidamente compensado, atinente às competências 07/2011 a 11/2012, no importe de R$ 7.398.013,18. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 1829/1891), o procedimento de compensação foi amparado nos seguintes processos judiciais: MS nº. 000767430.2011.4.03.6109 e MS nº. 000767345.2011.4.03.6109. A decisão de primeira instância pormenorizou os fatos que ensejaram a lavratura dos presentes autos de infração, razão pela qual passo a reproduzilos a seguir. O MS nº. 000767430.2011.4.03.6109 teve como pedidos o reconhecimento do direito de adotar e utilizar para fins de contribuição ao SAT o critério de determinação da alíquota através da aferição pelo grau de risco da atividade preponderante desenvolvida pelo Município, e que fosse determinado que a RFB se abstivesse de praticar qualquer medida impeditiva à aplicação da alíquota da contribuição ao SAT na forma pleiteada. O referido processo foi extinto sem resolução de mérito, por falta de comprovação de que o instrumento processual utilizado era compatível e adequado, bem como que o provimento invocado seria materialmente útil e que a manifestação judicial pretendida era necessária. O processo transitou em julgado com baixa definitiva ao arquivo na origem em 14/09/2012. Já o MS nº. 000767345.2011.4.03.6109 tem como objeto a declaração de inexistência de relação jurídica entre o impetrante e a Receita Federal (União), referente à contribuição previdenciária patronal incidente sobre as remunerações pagas aos segurados empregados a título de horas extras, terço constitucional de férias (art. 7º., XVII, CF), aviso prévio indenizado, férias indenizadas, férias em pecúnia, salárioeducação, auxíliocreche, auxíliodoença e auxílioacidente (15 primeiros dias de afastamento), abono assiduidade, abono único anual, valetransporte, adicional de periculosidade, adicional de insalubridade, adicional noturno. Em 11/2011 foi concedida liminar suspendendo a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre os quinze primeiros dias de auxíliodoença e auxílioacidente, auxíliocreche, férias indenizadas e em pecúnia, aviso prévio indenizado, vale transpote e abono assiduidade indenizado. Em 06/12/2022, foi deferido em parte agravo de instrumento interposto pela Prefeitura incluindo nas verbas com suspensão de exigibilidade o terço constitucional de férias e o auxílioeducação. Consoante ainda o REFISC, o processo (na data da lavratura do Auto de Infração 27/02/2014), encontravase aguardando julgamento de recurso no TRF da 3ª Região, desde 27/06/2013. Fl. 4902DF CARF MF 6 Discorre o AFRFB que a Prefeitura, através da documentação apresentadas e pelos documentos e informações ofertados pelo Escritório Castelucci Figueiredo e Advogados Associados, ambos autuados e ora recorrentes, justificou que as compensações são decorrentes de direito conquistados das referidas ações judiciais. Todavia, entendeu o AFRFB que as compensações seriam indevidas, pois a Prefeitura Municipal de Itirapina, em relação aos créditos utilizados, não atenderiam aos pressupostos básicos delimitadores do tema, como a existência do direito creditório líquido e certo contra a Fazenda Pública e a existência de trânsito em julgado das demandas judiciais. Ainda, afirma que a Prefeitura, em conluio com o mencionado escritório, montou uma farsa para legitimar as compensações, pretendendo validar créditos inexistentes. Para sustentar a referida afirmação, expõe que a Prefeitura, juntamente com o referido escritório, defende as compensações com base em ações judiciais, entretanto as compensações foram iniciadas em 07/2011 (competência 06/2011), antes mesmo de serem iniciadas as ações judiciais (protocoladas em 03/08/2011). Dessa maneira, antes sequer do protocolo das ações judiciais, a Prefeitura de Itirapina já teria compensado R$ 590.000,00, bem como já haviam sido pagos honorários relativos à compensação, no montante de 20% do valor compensado. Segundo a fiscalização, a prefeitura municipal teria tentado iludir o fisco informando os créditos a que teria direito a compensação. No demonstrativo apresentado, consta, em 30/06/2011, o valor do saldo inicial atualizado a ser compensado de R$ 1.785.897,94 (crédito sobre verbas compensatórias/indenizatórias). Em 30/12/2011, acrescenta ao saldo a compensar R$ 607.814,61 (crédito sobre alíquota indevida do RAT). Em 30/01/2012, informa mais R$ 911.262,80 (crédito sobre verbas indenizatórias). Em 30/07/2012, adiciona R$ 635,731,49 (crédito sobre cargos eletivos). Por fim, em 30/09/2012, acrescenta ao saldo a compensar R$ 914.965,12 (crédito 1/3 salário), que se refere a 13º salário. Quanto ao valor de R$ 1.785.897,94, inicialmente indicado na planilha, segundo o fiscal, diz respeito às seguintes verbas, conforme discriminadas na citada tabela: a) 1/3 férias competências de 07/2006 a 05/2011 RS 192.585,16 (terço constitucional de férias (art. 7 °, XVII CF); b) 1/3 férias proporcionais competências de 07/2006 a 05/2011 – R$ 52.737,73; c) 1/3 férias vencidas competências de 07/2006 a 05/2011 RS 22.464,73; d) hora extra competências de 07/2006 a 05/2011 RS 524.981,71; e) abono noturno 25% competências de 07/2006 a 05/2011 RS 76.705,18; f) abono insalubridade competências de 07/2006 a 05/2011 RS 312.131,02; g) abono função gratificada competências de 07/2006 a 05/2011 RS 246.063,43; h) abono sexta parte competências de 07/2006 a 05/2011 RS 14.598,27; i) abono pecuniário competências de 07/2006 a 05/2011 RS 64.370,00; j) abono qüinqüênio competências de 07/2006 a 05/2011 RS 264.637,08; e k) abono periculosidade competências de 07/2006 a 05/2011 RS 14.623,63. Destaca o AFRFB que na descrição das rubricas há um fator que despertou a atenção, qual seja, a utilização da denominação "abono" em rubricas que não possuem esta natureza. Além disso, observa que, das verbas mencionadas, conforme anexo "Tabela de Incidência", as rubricas 1/3 de férias proporcionais, 1/3 de férias vencidas e abono pecuniário não foram considerados pelo sujeito passivo como incidentes de contribuição previdenciárias nas folhas de pagamento, portanto, para essas rubricas, verificariase fraude ainda maior. Fl. 4903DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.901 7 Quanto à função gratificada, sexta parte e quinquênio, sequer foram objeto da ação judicial. Quanto ao 1/3 de férias, hora extra, adicional noturno, adicional de insalubridade, adicional de periculosidade, ainda que pleiteadas judicialmente, em nenhuma decisão houve algum êxito quanto às suas pretensões. AInda, acrescenta que nas folhas de pagamento e nos documentos apresentados como memória de cálculo das rubricas mencionadas, a fiscalização elaborou os anexos Memória de Cálculo para cada rubrica. Examinando tais adendos, constatou um erro grosseiro pela Prefeitura Municipal e pelo escritório de advocacia para as competências 07 e 08 de 2009, que considerou os dados das folhas de pagamento de 07 e 09 de 2011. Quanto ao primeiro acréscimo ao saldo a compensar no montante de R$ 607.814,61, identifica como sendo referente ao RAT. No entanto, a ação judicial referente a esse pleito já transitou em julgado sem o reconhecimento de qualquer direito do contribuinte. Saliente o AFRFB que, para a contribuição ao RAT foi verificado que a prefeitura municipal declara a alíquota de 2%, com exceção ao ano de 2012, portanto, durante todo o período do cálculo e a partir de 01/2013 até a data da lavratura da autuação, reconhece, confessando em GFIP a alíquota de 2%. Quanto ao valor de R$ 911.262.80 e R$. 635.731.49, adicionados na planilha pela Prefeitura, em 30/12/2011 e 30/07/2012, respectivamente, relata a autoridade lançadora que o fiscalizado não apresentou nenhum documento ou memória de cálculo concernente a estes. Em relação ao acréscimo de "crédito" ocorrido em 30/07/2012, referente à remuneração dos exercentes de cargos eletivos, também não apresenta nenhum documento ou memória de cálculo, assim como não existe ação judicial transitada em julgada referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre estas importâncias. Com relação ao valor de R$ 914.965,12, identificado como referente a 1/3 Salário, verificou que foi extraído das competências 13/2007, 13/2008, 13/2009, 13/2010 e 13/2011. Todavia, segundo a autoridade autuante, essa rubrica que sequer foi paga e foi compensada pelo sujeito passivo, denotando mais uma vez o dolo e a intenção em declarar na GFIP créditos inexistentes. Além disso, verificou que os juros moratórios (Selic) foram calculados em valores superiores ao determinado pela legislação vigente à época das compensações. Por todo o exposto, inferiu a fiscalização que o sujeito passivo sabia que não tinha direito aos créditos informados no campo "compensação" da GFIP, vez que só créditos líquidos e certos podem ser compensados e que até mesmo valores questionados judicialmente só podem ser compensados depois de transitada em julgado a respectiva decisão. No entender do fiscal, ao informar em GFIP créditos que sabia inexistentes, o sujeito passivo reduziu deliberadamente e indevidamente as contribuições previdenciárias a seu cargo, o que configura conduta manifestamente ilegal, passando para a Administração Fl. 4904DF CARF MF 8 Tributária a falsa idéia de que estava adimplente com suas obrigações atuais e passadas, evitando a sua cobrança, ficando caracterizado o evidente intuito de fraude. Expõe a autoridade lançadora que na montagem do plano o mentor intelectual que elaborou toda a engrenagem para demonstrar os créditos foi o Escritório Castellucci, através do advogado Sr. Alécio Castellucci Figueiredo, que administra o Escritório com 99,90 % de participação. Relata que foi formalizado o contrato com o sujeito passivo objetivando a prestação de serviços com a finalidade de legitimar as compensações, sendo que essas compensações somente foram possíveis com a conivência do então Prefeito Municipal: o Sr. Omar de Oliveira Leite. Informa que, em atendimento ao TIPF, a Prefeitura relativamente às compensações apresenta apenas uma planilha "Compensação de créditos tributários", não possuindo os documentos comprobatórios e as memórias de cálculo. A fiscalização somente conseguiu os documentos referentes às ações judiciais, documentos de comprovação das compensações e memórias de cálculo dos créditos com a diligência ao Escritório. Em diligência ao Sr. Prefeito à época dos fatos, este, além de procurar justificar as autorizações para as compensações e os pagamentos dos honorários em cumprimento do contrato com o Escritório, confirmou que tudo era realizado seguindo as orientações do Escritório. Já o Sr. Fernando Romero Olbrick (Procurador Jurídico de 06/2011 a 02/2013) declarou não ter conhecimento técnico para responder aos questionamentos, afirmando que a Secretaria da Fazenda era que cuidava desses assuntos, não passando pelo departamento jurídico. Em relação à Srª Mara Simone de Campos, Secretária Municipal de Administração (03/04/2012 a 31/12/2012), em resposta à intimação, assinalou que seu conhecimento sobre GFIP era bastante superficial e que obteve informações de que o Secretário da pasta manifestouse contrariamente a estas atitudes, inclusive recusando em assinar os atestados de conclusão dos serviços prestados pela empresa contratada para apurar os valores a serem compensados, prática também adotada pela diligenciada. Afirmou que não conferia os cálculos, pois a contratada não repassava qualquer planilha ou memorial de cálculo, simplesmente a orientação para compensação dos créditos em cada mês, e quem autorizava a compensação dos valores calculados pela contratada era o Sr. Prefeito Municipal Omar de Oliveira Leite, o qual firmou contrato com a Empresa, e era quem atestava os serviços executados pela contratada. A fiscalização destacou documento apresentado pela Sra. Mara, referente a uma minuta de parecer para contratação sem licitação do Escritório Castellucci, preparada pelo próprio Escritório. Também foi diligenciado o Sr. Alceu Gonçalves, Secretário Municipal de Administração de 02/12/2009 a 03/04/2012, o qual ratificou as informações fornecidas por Mara Simone de Campos. Por fim, consta do Relatório Fiscal, teor do comunicado do Prefeito atual ao Procurador Geral do município, apresentado à fiscalização, por meio do qual o atual Prefeito Fl. 4905DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.902 9 expõe que durante a gestão 2009/2012, a Câmara Municipal de Itirapina tentou, via requerimento de informações, investigar o contrato milionário entre a Prefeitura de Itirapina e o escritório Castellucci Figueiredo e Advogados Associados, contratado sem licitação para realizar compensações de contribuição previdenciária durante os últimos anos, todavia o trabalho foi em vão. Nada conseguiram. Afirmase, ainda, que o exprefeito, Omar de Oliveira Leite, era o próprio gestor do contrato e que os trabalhos eram desenvolvidos no escritório do contratado; que o valor do contrato foi estimado em RS 100.000.00, mas o escritório Castellucci recebeu RS 941.421,84; que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, em sua auditoria de 2011, apontou irregularidades no referido contrato e classificou como irregular. Além disso, concluiu que houve grande conluio e acerto de favorecimentos diversos entre o então prefeito municipal e advogados da Prefeitura de Itirapina, gestão 2009/2012, juntamente com o escritório Castellucci, razões estas idênticas ao que a Promotoria de Justiça de Araraquara utilizou em sua ação civil pública, como fundamentação técnica e jurídica. Posto todos esses fatos, a autoridade lançadora passou a enumerar todos os fatos já demonstrados que evidenciariam a intenção da autuada de reduzir de forma irregular e intencional os valores devidos, concluindo, ao fim, pela atribuição de responsabilidade solidária do Prefeito e do Escritório Castellucci em relação aos créditos lançados no presente processo, com fulcro no artigo 124, I, e 135, III, ambos do CTN, respectivamente. Nesse rumo, assegura o auditor que, no presente caso, o Sr. Omar, como Prefeito Municipal, agiu com excesso ao seu mandato e em transgressão à lei, e ainda de forma dolosa. Quanto ao Escritório Castellucci, agiu de maneira intencional em conluio com o Prefeito obtendo vantagem, se beneficiando com o recebimento de honorários indevidos em detrimento aos interesses do Município de Itirapina, que acabou penalizado com o lançamento fiscal do presente processo. Já nas "Considerações Finais" do Relatório Fiscal, o auditor noticia que a compensação de contribuições sociais previdenciárias não recolhidas, bem como de contribuições incidentes sobre parcelas da remuneração que o sujeito quer excluir da base de cálculo da Previdência Social sem o amparo de qualquer decisão administrativa ou judicial, reduzindo o valor declarado em GFIP mediante inserção de créditos considerados inexistentes, resulta em falsidade da declaração e configura, em tese, a prática de Crime Contra a Ordem Tributária, previsto no art. 1°, incisos I, II e IV, da Lei n ° 8.137, de 27 de dezembro de 1990, em razão do que seria lavrada Representação Fiscal para Fins Penais, a ser encaminhada ao Ministério Público Federal, para as providências cabíveis. Apresentadas as impugnações (fls. 1931 e ss. Município de Itirapina; fls. 1971 e ss. Omar de Oliveira Leite; e fls. 1993 e ss. Castelucci Figueiredo e Advogados Associados), as quais foram julgadas improcedentes, nos termos do acórdão acima reproduzido. Intimados do referido acórdão, conforme AR´s de fls. 3973, 3974, 4066, foram apresentados os respectivos recursos voluntários: a) Município de Itirapina: fls. 3976 e ss.; Fl. 4906DF CARF MF 10 b) Omar de Oliveira Leite: fls. 4043 e ss.; c) Castelucci Figueiredo e Advogados Associados: fls. 4072 e ss.. Nos referidos recursos voluntários, alegam os recorrentes, em síntese: a) Município de Itirapina: Por possuir a natureza jurídica de ente público, não pode ser apenado, não podendo figurar como sujeito passivo das sanções aplicadas; Como pessoa jurídica, não possui vontade própria, tem existência ficta, de pura abstração, faltando consciência, vontade e finalidade para que se configure o fato típico, bem como imputabilidade e possibilidade de conhecimento do injusto, necessários para a culpabilidade; Nesse tocante, articula que o Município de Itirapina não é provido de consciência e de vontade própria, e a ele, conseqüentemente, não se aplicariam os princípios da responsabilidade pessoal e da culpabilidade, que se restringem à pessoa física; A multa do § 10º do artigo 89 da Lei nº. 8.212/91 não poderia ser imputada ao município, pois a responsabilização por ato de improbidade é pessoal e somente o agente ímprobo pode sofrer as sanções previstas na lei, sendo o ente público vítima da conduta; Assim, acredita que não pode ser atribuída a responsabilidade tributária em face do Município de Itirapina por ato material de exclusiva responsabilidade do então Prefeito Municipal Omar de Oliveira Leite; Em outro plano, analisando a evolução legislativa ao longo dos anos em relação à multa aplicável por compensação indevida, conclui que o ônus da prova na questão da fraude cabe ao fisco, a quem incumbe o encargo de comprovar inclusive o dolo do declarante; Por fim, assegura que a multa infligida possui cunho confiscatório, em afronta ao art. 150, IV, da CF. Nessa linha de entendimento, considera ser razoável, então, no caso, de fixação da multa, o patamar de 20%. b) Omar de Oliveira Leite Alega que artigo 135 do CTN destinase a responsabilizar os administradores de pessoas jurídicas de direito privado que agem de forma contrária aos interesses da sociedade, e desta atitude surge uma obrigação tributária, acarretando, assim, a responsabilidade exclusiva do sócio administrador; Ressalta que o artigo por si só não enseja responsabilização do recorrente, haja vista tratarse de representante de pessoa jurídica de direito privado. Por isso que, de forma a complementar o embasamento legal, utilizouse do artigo 15, I, da Lei nº 8.212/91, sendo esta Lei Ordinária; Nesse ponto, indaga se poderia uma lei ordinária imputar responsabilidade ao contribuinte referente à obrigação tributária, seja ela principal ou acessória; Amparandose no art. 137, I, do CTN, argumenta ainda que, por se tratar de pessoa jurídica de direito público a sua representação cabe ao Prefeito. Nessa situação, tendo Fl. 4907DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.903 11 em vista que o agente político atua no exercício regular de um mandato, a responsabilidade por infração à legislação tributária, porventura cometida, deve recair sobre a própria pessoa jurídica; Além disso, assevera o que artigo 135, III, do CTN não comporta interpretação extensiva, devendo sua interpretação, nos moldes do artigo 112, III, CTN, ser mais favorável ao acusado; Quanto à contratação do escritório Castellucci, afirma que o ajuste com citada sociedade foi efetivada visando ao interesse público. Complementa ainda que a forma de contratação de profissional jurídico por dispensa de licitação não encontra óbice algum em nosso ordenamento jurídico; ao contrário disso, afirma que é inequívoco o amparo legal para inexigibilidade de licitação na contratação em comento; Na seqüência, aduz que a análise do contrato deve ser feita pelo Tribunal de Contas, que ainda não se posicionou quanto sua aprovação ou não. Sendo assim, no seu modo de ver, imputar culpa ou máfé ao impugnante, seria um total desrespeito ao princípio do devido processo legal, expurgando o contraditório e a ampla defesa, atos estes indispensáveis a dar o revestimento de segurança jurídica ao alegado; Em outra linha, argumenta que a compensação é direito do contribuinte, a qual está sujeita à posterior homologação pela administração tributária. Destarte, diante do entendimento que a compensação era indevida, no seu entender, ao impugnante, somente se poderia carrear acréscimos pelo inadimplemento do tributo, pois os fatores que geraram a compensação são de cunho da pessoa jurídica de direito público, ou seja, a Prefeitura Municipal de Itirapina; Posto isto, citando a Súmula 430 do STJ, assegura que não caberia, então, a responsabilidade solidária do sócio gerente; Ao fim, conclui que, com base em suas considerações, em momento algum agiu com excesso de poderes ou infração à lei, requisitos estes tidos como necessários à aplicação do artigo 135, III, do CTN. c) Castelucci Figueiredo e Advogados Associados Sustenta que, de acordo com o artigo 22, I, da Lei n°. 8.212/91, a expressão utilizada remuneração paga ao empregado nada mais é que seu próprio salário. Assim forçoso concluir que as contribuições do art. 22 , I da Lei n°. 8.212/91 incidem unicamente sobre o salário, e sobre todas as remunerações percebidas, desde que venham integrar o salário para fins de benefícios, conforme preceitua o art. 201, § 11, da CF/88; Assim sendo, considera que se pode concluir que não integram o salário as verbas recebidas a título indenizatório ou compensatório, pois estas diferenciam daquele por terem como finalidade a reparação dos danos ou ressarcimento de gastos do empregado; Fl. 4908DF CARF MF 12 Ademais, aponta para as previsões legais que abonariam as exclusões:§11 do art. 201 da CF/88; art. 28, § 9º, "e", "7", da Lei n°. 8.212/91; e art. 214, § 9%, IV, V, "í", "j", "l" e "m", do Decreto n°. 3.048/99 e "art. 58, I, da IN RFB n° 971/09. Nesse sentido, assevera que não incide contribuição previdenciária sobre férias gozadas, adicional de férias, horas extras e adicional noturno, insalubridade, salário maternidade, terço constitucional de férias e férias indenizadas, adicional de periculosidade, saláriofamília, avisoprévio, salárioeducação, auxíliodoença, auxíliocreche, valetransporte, abono assiduidade, gratificações eventuais e abono único. Outrossim, afirma que o STF e o STJ, através de vários julgados, firmaram entendimento no sentindo de que somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Discorre individualmente sobre cada uma das verbas compensadas; Invoca o impugnante o Parecer PGFN/CRJ nº 492/2010, que trata da utilidade ou não do mencionado órgão em recorrer contra acórdãos lastreados em jurisprudência reiterada e pacífica do STF e do STJ; Nesse sentido, alega que foi editado em 05/07/2013 novo parecer, com o fim de vincular os órgãos de julgamento de primeira instância administrativa, em cumprimento ao disposto no art. 7º da Portaria MF n° 341, de 12/07/2011; de dispensar impugnação judicial, quando já existirem precedentes do STF ou do STJ, julgado na sistemática dos arts. 543B e 543C, do CPC, favoráveis ao contribuinte; e de possibilitar a restituição e a compensação, na forma da legislação em vigor; Para o recorrente, está, assim, configurado o direito líquido e certo do Município em não mais recolher a contribuição previdenciária patronal, incidentes sobre as verbas de natureza indenizatória constante da decisão no âmbito do RE nº 593.068, de decisões submetidos à sistemática dos arts. 543B e 543C do CPC, bem como de recuperar os valores indevidamente recolhidos, por meio do sistema de compensação; Defende o direito à compensação administrativa sem anuência do judiciária ou RFB, por autorização do art. 66 da Lei nº. 8.383/91 e vedação da Constituição Federal a utilização do tributo como forma de confisco; Sustenta que o art. 44 da IN nº. 900/2008 autoriza o contribuinte a efetuar as compensações, por sua conta e risco, independente da anuência do Judiciária ou órgão da RFB; Defende a inaplicabilidade da multa isola de 150%, ante a ausência de falsidade nas declarações; Ausência de critério jurídico para a emissão da Representação Fiscal para Fins Penais; Defende a prescrição decenal dos prazos para a compensação administrativa, nos termos do art. 168 do CTN; Defende o direito ao autoenquadramento no RAT; Inconstitucionalidade da alínea "h" do inciso I do art. 12 da Lei nº. 8.212/919, acrescentado pelo § 1º do art. 12 da Lei nº. 9.506, de 30/10/1997; Fl. 4909DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.904 13 Alega que os tribunais no âmbito da Justiça Federal pacificaram o entendimento no sentido da inaplicabilidade da multa isolada de 150% pela tipificação não comprovada de fraude, sonegação e conluio, nos termos dos artigos 71; 72 e 73 da Lei 4502/64; É o relatório. Fl. 4910DF CARF MF 14 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade Os recursos voluntários são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, por isso, deles tomo conhecimento. Preliminarmente Da Responsabilidade do Município Alega o recorrente Município ed Itirapina que não teria capacidade para ser incluído no polo passivo da presente autuação, por não possuir vontade própria, razão pela qual não poderia ser responsabilizado. Destacase que a presente autuação decorre de uma infração administrativa tributária e não a imputação de um ilícito penal. Nos termos do art. 121 do CTN, temos que: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Ora, cabe ao Município o pagamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários, nos termos dos artigos 22, I e II, e 30, I, "a", da Lei nº. 8.212/91, e este, por força do artigo 15 do mesmo diploma legal, equiparase a empresa para fins de tributação. In verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; Fl. 4911DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.905 15 b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços; (...) Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: I a empresa é obrigada a: a) arrecadar as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço, descontandoas da respectiva remuneração; [...] Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Assim, para efeitos de cobrança das contribuições previdenciárias, indiscutível a sujeição passiva do município, razão pela qual afasto suas alegações de impossibilidade de responsabilização. Da Responsabilidade do Prefeito Municipal Omar de Oliveira Leite Alega o Sr. Omar de Oliveira Leite, prefeito municipal à época dos fatos, que sua responsabilização não poderia decorrer do art. 135, III, do CTN, pois este refeririase somente às pessoas jurídicas de direito privado. Segundo o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 1984 e ss.) do ora recorrente, a autoridade fiscal fundamenta a sua responsabilidade no art. 135, III, do CTN, combinado com o art. 15, I, da Lei nº. 8212/91, este último já reproduzido acima. Vejamos o artigo 135, III, do CTN: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...] Fl. 4912DF CARF MF 16 III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Assim, reconhecendo que o inciso III acima trata especificamente das pessoas jurídicas de direito privado, o AFRFB traz o artigo 15, I, da Lei nº. 8.212/91 para, por analogia, dizer que pessoas jurídicas de direito público se equiparam a pessoas jurídicas de direito privado para fins previdenciários. Primeiramente, ressaltese que em que pese a tentativa do AFRFB de aplicar a analogia acima referida, o art. 15, I, diz respeito ao pagamento das contribuições previdenciárias pelo ente público, não podendo ser a sua determinação estendida a responsabilidade tributária dos agentes públicos. Por mais reprovável que seja a conduta deste recorrente, e de fato o é, a sua responsabilidade deverá ser apurada na esfera cível/criminal, sob o prisma da improbidade administrativa sem, contudo, ser possível a atribuição de responsabilidade tributária nos moldes propostos pelo AFRFB no referido Termo de Sujeição Passiva. Isto posto, voto por afastar a responsabilidade solidária do Sr. Omar de Oliveira Leite. Da Responsabilidade de Castelluci Figueiredo e Advogados Associados Alega também o referido escritório de advocacia que não poderia responder solidariamente pelos débitos ora exigidos, com fulcro no art. 124, I, do CTN, como imputado pelo AFRFB. Eis o disposto no referido dispositivo: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; A fiscalização entendeu configurada a sujeição passiva solidária pelo fato do referido escritório ter realizado as diversas compensações, em conluio com o Sr. Prefeito Municipal, beneficiandose como recebimento de honorários indevidos em detrimento dos interesses do Município de Itirapina, resultando em milionário prejuízo para aquele. Não resta dúvidas do "interesse econômico" desta recorrente na conduta que ensejou a lavratura dos autos de infração, contudo, tal fato não implica, automaticamente, na verificação do instituto jurídico da solidariedade tributária pelo "interesse comum" na "situação que constitua o fato gerador da obrigação principal". A matéria foi precisamente enfrentada no Acórdão nº. 2301004.800, onde o relator do voto vencedor, Conselheiro Fabio Piovesan Bozza, com seu brilhantismo habitual, bem definiu a questão (a qual, inclusive, referiase ao mesmo escritório de advocacia): "Referido dispositivo trata da chamada solidariedade de fato ou solidariedade paritária, a qual exige que as pessoas sejam sujeitos da relação jurídica que deu azo à ocorrência do fato gerador. A expressão “interesse comum”, embora não definida legalmente, diz respeito ao interesse jurídico ostentado pelas partes, e não a qualquer interesse econômico. Fl. 4913DF CARF MF Processo nº 13888.720501/201423 Acórdão n.º 2401004.858 S2C4T1 Fl. 4.906 17 Tratase de interesse que decorre de uma situação jurídica. Nesse sentido, revelam interesse juridicamente comum as pessoas que participem do mesmo polo da relação jurídica, objeto da hipótese de incidência tributária (ex. coproprietários que alienam certo bem), diferentemente do que ocorre com aquelas que figurem em polos antagônicos (ex. prestador e tomador de serviços). A esse respeito, confirase a lição de Rubens Gomes de Sousa, em sua obra clássica Compêndio de Legislação Tributária (Edições Financeiras, 3ª ed., p. 67): São solidariamente obrigadas pelo crédito tributário as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, segundo prevê o art. 124, I, do CTN. O interesse comum das pessoas não é revelado pelo interesse econômico no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas pelo interesse jurídico, que diz respeito à realização comum ou conjunta da situação que constitui o fato gerador. É solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra, ou outras pessoas, a situação que constitui o fato gerador, ou que, em comum com outras pessoas, esteja em relação econômica com o ato, fato ou negócio que dá origem a tributação por outras palavras (...) pessoa que tira uma vantagem econômica do ato, fato ou negócio tributário. Em vista do exposto, considero que o escritório de advocacia ostenta mero interesse econômico na relação jurídica que constitui fato gerador da obrigação tributária principal. Sequer participa de um dos polos dessa relação jurídica. Quando muito, apresenta interesse jurídico reflexo, oriundo de outra relação jurídica mantida com o Recorrente. Escapa, assim, da aplicação do art. 124, inc. I do CTN. Em conclusão, conduzo meu entendimento para excluir o escritório de advocacia da imputação de responsabilidade solidária da obrigação tributária." Coaduno com as lições acima proferidas pelo i. Conselheiro e, utilizandome também como razões de decidir do presente processo, voto por afastar a responsabilidade solidária do recorrente Castelucci Figueiredo Advogados Associados, por inaplicabilidade do art. 124, I, do CTN, ao caso concreto. Do Mérito Entendendo por afastar a responsabilidade solidária dos recorrentes Omar de Oliveira Leite e Castelucci Figueiredo Advogados Associados, passo a análise de mérito das razões recursais do sujeito passivo mantido na presente autuação, o Município de Itirapina. O recurso voluntário do Município de Itirapina possui duas alegações: a) a ausência de responsabilidade do município, alegação já afastada no preliminar acima; Fl. 4914DF CARF MF 18 b) inaplicabilidade da multa isolada no patamar de 150%, a qual passaremos a analisar no tópico a seguir. Da multa isolada Para defender a inaplicabilidade e o afastamento da multa de 150%, com fulcro no § 10º do art. 89 da Lei nº. 8.212/91, a recorrente baseiase única e exclusivamente em razões de que esta não poderia superar o patamar de 20%, pois então restaria caracterizado o seu nítido caráter confiscatório. Traça diversas alegações de ordem constitucional, a fim de demonstrar a inconstitucionalidade da multa aplicada, ficando este relator defeso à análise destas por força da Súmula CARF nº. 2, assim disposta: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Nesse sentido, também, o artgo 62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Assim, por impossibilidade regimental, deixo de apreciar as razões recursais da recorrente quanto à inaplicabilidade da multa de 150% aplicada ao presente lançamento. CONCLUSÃO Isto posto, voto no sentido de conhecer dos recurso voluntário para, no mérito, DARLHES PARCIAL PROVIMENTO, para o fim de: a) Afastar a responsabilidade solidária do Sr. Omar de Oliveira Leite; b) Afastar a responsabilidade solidária de Castelluci Figueiredo e Advogados Associados; c) Manter incólume o lançamento em face do Município de Itirapina. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 4915DF CARF MF
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Numero do processo: 10935.001272/2011-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATOS DE PARCERIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESCABIMENTO.
O crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços.
Se o criador de aves, por contrato de parceria, não tem o direito de usar, gozar ou dispor da coisa, posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvê-los a quem lhe entregou, inclusive a sua (quota-parte), não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria, mas sim em prestação de serviço; não cabendo portanto crédito presumido à agroindústria.
Não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador por parceira com relação a sua quota-parte e os demais animais, ou produz ou presta serviço, na totalidade, indistintamente, sem segregá-los em "produtos" em relação à sua quota-parte e "serviços" em relação aos demais. Na espécie, temos caracterizada a prestação de serviço do criador para a agroindústria, inclusive em relação a cota-parte.
CRÉDITO PRESUMIDO. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO E MERCADO INTERNO. NÃO DISCRIMINAÇÃO POR PRODUTO OU SETOR.
Aplica-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se discrimina o cálculo por produto ou setor.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.022
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcos Roberto da Silva, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATOS DE PARCERIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESCABIMENTO. O crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços. Se o criador de aves, por contrato de parceria, não tem o direito de usar, gozar ou dispor da coisa, posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvê-los a quem lhe entregou, inclusive a sua (quota-parte), não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria, mas sim em prestação de serviço; não cabendo portanto crédito presumido à agroindústria. Não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador por parceira com relação a sua quota-parte e os demais animais, ou produz ou presta serviço, na totalidade, indistintamente, sem segregá-los em "produtos" em relação à sua quota-parte e "serviços" em relação aos demais. Na espécie, temos caracterizada a prestação de serviço do criador para a agroindústria, inclusive em relação a cota-parte. CRÉDITO PRESUMIDO. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO E MERCADO INTERNO. NÃO DISCRIMINAÇÃO POR PRODUTO OU SETOR. Aplica-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se discrimina o cálculo por produto ou setor. Recurso Voluntário Negado.
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CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. Recorrente COOPAVEL COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATOS DE PARCERIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESCABIMENTO. O crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços. Se o criador de aves, por contrato de parceria, não tem o direito de usar, gozar ou dispor da coisa, posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvêlos a quem lhe entregou, inclusive a sua (quota parte), não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria, mas sim em prestação de serviço; não cabendo portanto crédito presumido à agroindústria. Não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador por parceira com relação a sua quotaparte e os demais animais, ou produz ou presta serviço, na totalidade, indistintamente, sem segregálos em "produtos" em relação à sua quotaparte e "serviços" em relação aos demais. Na espécie, temos caracterizada a prestação de serviço do criador para a agroindústria, inclusive em relação a cotaparte. CRÉDITO PRESUMIDO. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO E MERCADO INTERNO. NÃO DISCRIMINAÇÃO POR PRODUTO OU SETOR. Aplicase aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se discrimina o cálculo por produto ou setor. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 12 72 /2 01 1- 09 Fl. 2353DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcos Roberto da Silva, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido de PIS nãocumulativo(a) Exportação, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, que possui o direito ao ressarcimento/compensação do crédito presumido acima (apurado nos termos do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004) em face da introdução do art. 56A na Lei 12.350, de 2010, realizada pelo art. 9º da Medida Provisória nº 517, de 2010. Por sua vez, a Seção de Orientação e Análise Tributária – SAORT da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel – PR, após a realização de uma auditoria fiscal, emitiu Despacho Decisório reconhecendo parcialmente o direito creditório solicitado, sem a incidência de atualização monetária ou de juros de mora. A contribuinte foi cientificada do mencionado despacho decisório, apresentando manifestação de inconformidade, cujo teor é resumido a seguir. Incialmente, após um breve relato dos fatos, no item “Do Indeferimento/Glosa dos Créditos Presumidos”, subitem “1) Do direito a apuração do crédito presumido sobre a aquisição da produção dos produtores rurais nos contratos de parceira avícola/suinícola”, a interessada sustenta que os contratos de parceria caracterizam juridicamente as operações realizadas como produção de bens e não como prestação de serviços. Diz que, como não existe (ainda) lei específica, os contratos de parceria rural estão sob a égide do art. 96 do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 1964, e do Decreto nº 59.566, de 1966. Sustenta que o produtor, ao final da realização do objeto do contrato, recebe uma parte da produção, e que “Apenas por força do contrato de parceria avícola/suinícola o produtor se obriga a comercializar a sua quotaparte da produção com a agroindústria (parceiro outorgante). Se a previsão contratual não existisse o produtor rural estaria livre para comercializar a sua quotaparte da produção conforme sua conveniência.” Alega que referido entendimento, de que, nos contratos de parceira rural, a parte da produção do produtor rural é considerada como sendo produção Fl. 2354DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 4 3 própria, é corroborado pela legislação do Funrural (art. 168 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009) e confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ. Argumenta, também, que a administração tributária, em face do que dispõe o art. 110 do Código Tributário Nacional – CTN, não pode alterar a definição de institutos privados, qualificando as operações como prestação de serviços para efeito da apuração do crédito presumido e como produção própria para efeito da incidência da contribuição para o Funrural. No subitem a seguir, denominado “2) Da alíquota para apuração do crédito presumido da produção de carnes”, a contribuinte defende a aplicação do percentual de 60% sobre a alíquota básica da contribuição (PIS 60% sobre alíquota de 1,65%, com alíquota efetiva de 0,99 % e Cofins 60% sobre a alíquota de 7,60%, com alíquota efetiva de 4,56%) para a apuração do crédito presumido relativo à produção de carnes. Alega que a legislação (art. 8º da Lei 10.925, de 2004) é clara ao definir que a alíquota é aplicada de acordo com os produtos fabricados e não conforme os insumos adquiridos. Diz que apurou o crédito presumido sobre os insumos adquiridos (aves/suínos e milho/ração) aplicando o percentual de 60%, mas que a autoridade fiscal, de forma diversa, apurou o crédito utilizando o percentual de 35% (sobre a alíquota básica da contribuição). Acrescenta que a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF corrobora o seu entendimento e que os seus produtos constam compreendidos no capítulo 2 da NCM, devendo ser aplicado, portanto, o percentual de 60 % (previsto no inciso I, § 3º, do mencionado art. 8º). Na sequencia, no subitem “3) Do índice de exportação para ressarcimento do crédito presumido”, a interessada defende a aplicação do método de rateio proporcional de forma setorial, de modo que sejam aplicados percentuais específicos para os setores de carne (receita de exportação carnes/receita bruta total carnes) e de óleo (receita de exportação óleo/receita bruta total óleo). Diz que o método aplicado pela fiscalização, de apuração de um índice único (receita de exportação/receita bruta total), com a inclusão de todas as receitas auferidas pela cooperativa no computo da receita bruta total, demonstrase ilegal e afronta os artigos 56A e 56B da Lei 10.350, de 2010, uma vez que o objetivo da inclusão do citados artigos foi o de permitir a conversão dos créditos acumulados em moeda (ativo financeiro). Argumenta que o método do rateio proporcional, previsto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, deve ser interpretado de modo que “o crédito presumido a ressarcir deve corresponder ao apurado sobre os bens adquiridos e utilizados na produção dos bens exportados com direito ao crédito presumido.” Sustenta que a interpretação da autoridade tributária ao diminuir o indíce do percentual de exportação, e consequentemente o valor do crédito presumido apurado, viola o princípio constitucional da isonomia, uma vez que diferencia empresas que mantém uma única atividade das que exercem diversas atividades econômicas. Logo a seguir, no item “Da Atualização Monetária dos Créditos Obstados Ilegalmente”, a contribuinte defende a atualização monetária dos créditos, por meio da aplicação da taxa Selic acumulada, desde a formalização dos pedidos administrativos. Alega que a correção monetária Fl. 2355DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 5 4 deve ser aplicada para manter a integralidade dos créditos e não para punir a mora da administração pública em ressarcilos e que a devolução dos créditos em valores originais representa um enriquecimento sem causa da União. Diz, também, que a aplicação da atualização aos pedidos de ressarcimento vem sendo reconhecida, conforme a jurisprudência administrativa (Conselho Administrivo de Recursos Fiscais – CARF) e judicial (Superior Tribunal de Justiça – STJ) que colaciona na manifestação. Em outro item, denominado “Da Suspensão da Exigibilidade da Multa Isolada Lançada de Ofício”, a interessada pugna pela suspensão da exigibilidade da multa isolada, lançada no percentual de 50% sobre o valor do crédito indeferido, por meio do auto de infração constante do processo administrativo nº 10935.722746/201311. Sustenta que a exigibilidade da referida multa deve restar suspensa com a apresentação da manifestação de inconformidade contra o indeferimento do pedido de ressarcimento a ela relativo, conforme prevê o § 18 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, inserido pelo art. 20 da Lei nº 12.844, de 2013. Por último, no item “Do Pedido”, a contribuinte solicita: (i) a suspensão da exigibilidade da multa isolada lançada no auto de infração constante do processo administrativo nº 10935.722746/201311; (ii) o acolhimento da manifestação apresentada para o fim de reformar o despacho decisório e acolher as razões e argumentos apresentados; (iii) proceder à devolução do crédito presumido solicitado com a atualização monetária, por meio da aplicação da taxa Selic acumulada, desde a formalização dos pedidos administrativos até a data do efetivo pagamento. Registrese, quanto ao pedido de suspensão da multa de ofício isolada (de 50%), que a contribuinte foi orientada pela autoridade a quo a apresentar impugnação específica para o processo administrativo nº 10935.722746/201311. Anotese, também, que a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade complementar, por meio da qual acrescenta argumentos a respeito do percentual a ser aplicado sobre as alíquotas básicas (de PIS e Cofins) para a apuração do crédito presumido sobre os insumos adquiridos, relativamente à produção de carnes. No caso, a interessada repisa o seu entendimento de que deve ser aplicado o percentual (de 60%), levandose em conta, portanto, a origem dos insumos adquiridos e não a dos produtos fabricados. Acrescenta, também, que a polêmica na aplicação do referido percentual foi resolvida com a edição do art. 33 da Lei nº 10.865, de 2013, que inseriu o § 10 ao art. 8º da Lei 10.925, de 2004, o qual dispôs nos seguintes termos: “Para efeito de interpretação do inciso I do 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Por fim, é de se ressaltar a existência do mandado de segurança nº 5005004.61.2013.404.7005/PR, o qual tem como objetivo, entre outros, o reconhecimento do direito à correção monetária pela taxa Selic do crédito reconhecido no presente processo (assim como em outros 23 processos de Fl. 2356DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 6 5 ressarcimento), acumulada a partir do protocolo dos pedidos de ressarcimento até o seu efetivo pagamento. A DRJ decidiu pela procedência parcial da manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06050.193. Inconformada com os indeferimentos e glosas mantidos na decisão recorrida, a COOPAVEL defende a ilegalidade destas. Ao final, pugna pela inclusão das aquisições de produtos da quotaparte do produtor rural nos contratos de parceria avícola/suinícola na base de cálculo para a apuração do crédito presumido; e que, na apuração do crédito a ser ressarcido seja utilizado o índice de exportação aferido da relação percentual da receita bruta da exportação dos produtos do setor carnes e óleo de soja degomado com a receita bruta total destes produtos (índice setorial). É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.013, de 31 de agosto de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.000742/201117, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.013):Relator "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. O Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido da Cofins da recorrente lastreiase no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, c/c os artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, incluídos pela Lei nº 12.431/2011: Da Lei nº 10.925/2004: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e Fl. 2357DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 7 6 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Da Lei nº 12.350/2010: Art. 56A. O saldo de créditos presumidos apurados a partir do ano calendário de 2006 na forma do § 3º do art. 8º da Lei no 10.925, de 23 de julho de 2004, existentes na data de publicação desta Lei, poderá: (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] II ser ressarcido em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] § 2º O disposto neste artigo aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Art. 56B. A pessoa jurídica, inclusive cooperativa, que até o final de cada trimestrecalendário, não conseguir utilizar os créditos presumidos apurados na forma do inciso II do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, poderá: (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] II solicitar seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Parágrafo único. O disposto no caput aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita auferida com a venda no mercado interno ou com a exportação de farelo de soja classificado na posição 23.04 da NCM, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Direito à apuração do crédito presumido sobre a alegada aquisição da produção dos criadores nos contratos de parceria avícola/suinícola Conforme relatado, a Delegacia de origem efetuou glosa relativa às entradas de frangos e suínos provenientes dos contratos de parceria, tendo em vista o entendimento de que essas operações não se qualificam como compra efetiva mas sim como pagamento de serviços prestados (mão de obra) para seus associados. Esta argumentou ter havido "uma simulação de compra de bens (aves/suínos) a qual representa o pagamento dos serviços prestados pelos produtores rurais com os cuidados no trato e criação dos lotes de aves ou suínos". Por consequencia, considerou não haver direito à apuração do crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, entendendo Fl. 2358DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 8 7 que "referido crédito somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços". De fato, o dito art. 8º fala em " calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003", estas que delimitam o creditamento da insumos no desenho da Pis/Pasep e da Cofins não cumulativas,"bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda"; restingindo o crédito presumido aos bens, excluindo os serviços. Se são bens e tratase de prestação de serviços, reproduzo a argumento da fiscalização: “Nestes contratos de parceria, fica evidente que as aves e animais já são de propriedade da cooperativa, apenas são remetidos às propriedades rurais dos associados para a contra prestação de serviços na sua criação e posterior devolução, devendo o parceiro, em resumo, seguir rígido sistema de manejo pré estabelecido, adotar na alimentação exclusivamente a ração e medicamentos fornecidos pela contratante e ao final do prazo estabelecido, devolver o lote completo de animais ou aves, recebendo como pagamento por seus serviços o resultado de um índice que mede o êxito do seu trabalhão (IEP – Índice de Eficiência Produtiva). Para subsidiar esta conclusão destacamos alguns fatos que traduzem por si o entendimento de que não há compra de mercadoria, mas pagamento de prestação de serviços: • A cooperativa não paga diretamente em espécie o resultado do trabalho do associado medido pelo IEP, usa o artifício de entregar simbolicamente seu equivalente valor em produto (aves/suínos), mas com uma cláusula de fidelidade nos contratos, obriga o parceiro a vender exclusivamente para a própria cooperativa tal parte, ou seja, faz um operação triangular, para ocultar o pagamento a título de serviços prestados, substituindo pelo imediato pagamento de uma suposta compra de produtos (que documentalmente já é de sua propriedade, ou seja, como pode comprar aquilo que já é seu?); • Sem entrar na seara tributária com o reflexo de tal procedimento equivocado, o fato é que representa uma distorção da realidade, onde o parceiro é investido na qualidade de proprietário das aves/suínos de forma virtual e apenas por alguns segundos, tempo suficiente para a emissão da nota fiscal de compra, instrumento que na pratica retrata o pagamento por seus serviços; • Ao término da criação, o transporte integral do lote de aves/suínos, da propriedade rural até o frigorífico é realizado pela Coopavel, para garantir que não haja desvio da produção. Somente no abate o parceiro/produtor rural tomará conhecimento do valor de seus serviços prestados, ocasião em que para recebelo aceita a emissão de uma nota fiscal simulando a venda de parte do lote, que não é seu, pois apenas detém a posse precária e não a propriedade; • Os contratos de parceria caracterizam o criador como fiel depositário das aves ou suínos; Fl. 2359DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 9 8 • Se os próprios contratos de parcerias definem que o criador receberá pelas suas tarefas/trabalhos para cada lote que concluir a criação, um valor pecuniário, logo, considerando não pertencer ao criador a propriedade dos animais e aves, ração e medicamentos utilizados no trato, é impróprio que este possa vender à cooperativa parte do lote (que não é seu), para mascarar o pagamento dos serviços prestados, dandolhe a versão de ‘aquisição de mercadorias’;” (Grifos deste relator). A recorrente defendo o contrário: "a operação realizada tem natureza jurídica de produção de bens da quotaparte do produtor rural nos contratos de parceria e não de prestação de serviços como se pretendeu na decisão recorrida"(Grifos deste relator). Traz o art. 96 do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964) que trata dos contratos de parceria rural. Diz que seu § 5º prevê que as regras dos contratos de parceria rural não se aplicam aos contratos de parceria agroindustrial para a criação de aves e suínos que possuirão legislação específica; mas que, como até então não foi publicada a lei específica, tem se mantido a aplicação das regras da parceria rural. Observa que esse artigo fora regulamentado pelo Decreto nº 59.566/1966, destacandose, para o presente caso, partes do seu art. 4º: Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa [...] lhe entrega (a outra pessoa) animais para cria, recria, invernagem, engorda [...] mediante partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da lei. (Grifos do original. Explicação entre parênteses, deste relator). E prossegue: Nos contratos de parceria avícola/suinícola o objeto do contrato é a criação de frangos/suínos para o abate. A agroindústria (parceiraoutorgante) se obriga ao fornecimento de pintos e suínos para cria, recria, medicamentos, ração, assistência técnica e transporte e o produtor rural (parceirooutorgado) se obriga ao alojamento em estrutura própria (aviário) e ao desenvolvimento desses animais até chegarem ao ponto ideal de abate, arcando com as despesas trabalhistas e previdenciárias da contratação de funcionários, energia elétrica, manutenção, etc. [...] A parte do produtor é caracterizada como produção rural própria e não prestação de serviços. Ao final da realização do objeto do contrato, o produtor recebe parte da produção e não por haver prestado serviços. Apenas por força do contrato de parceria avícola/suinícola o produtor se obriga a comercializar a sua quota parte da produção com a agroindústria (parceirooutorgante). Se a previsão contratual não existisse o produtor rural estaria livre para comercializar a sua quotaparte da produção conforme sua conveniência. Fl. 2360DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 10 9 O Código Civil estabelece o conceito de proprietário/ direito de propriedade como um conjunto de direitos: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavêla do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Se o criador não tem o direito de usar, gozar, dispor da coisa; posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvêlos a quem lhe entregou; inclusive a sua, assimchamada, quotaparte; por força do contrato de parceria; não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria; mas sim em prestação de serviço por parte do criador; não sendo portanto cabível o pretendido direito ao crédito presumido. O animal, que se representa sua quotaparte é apenas um parâmetro, uma referência para sua remuneração. E mais, não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador com relação a sua quotaparte dos demais animais, como dizer que com relação a um animal produz e aos outros presta serviço. Traz a recorrente em seu favor, a Instrução Normativa RFB nº 971/2009: [...] no capítulo I do título III ao dispor das normas e procedimentos das atividades rural e agroindustrial, menciona nos incisos XI e XIV do artigo 165 sobre o contrato de parceria rural. Expressamente, o § único do artigo 168 da referida instrução normativa prescreve que a quotaparte do parceiro é considerada produção rural própria do produtor rural e base de incidência da contribuição previdenciária sobre a receita da comercialização da produção rural. [...] Parágrafo único. A parte da produção que na partilha couber ao parceiro outorgante é considerada produção própria." (Grifos do original). Este entendimento também é confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça, que instado a se manifestar sobre a incidência da contribuição previdenciária (funrural) nos contratos de parceria avícola, concluiu pela incidência da contribuição sobre a receita auferida pelo produtor rural quando da comercialização da sua quotaparte na produção a empresa agroindustrial (parceiro outorgante). [...] O artigo 110 do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172/1966) veda a possibilidade do ente competente de alterar a definição de institutos de direito privado [...] De fato, tal Instrução Normativa ´considera a quotaparte do parceiro produção rural própria, mas para fins específicos de incidência da contribuição previdenciária. Não pode ela alterar o instituto da propriedade esculpido no Código Civil, por força do referido art. 110 do Código Tributário. Fl. 2361DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 11 10 Traz a recorrente jurisprudência deste CARF em seu socorro. Importante examinar os termos dos contratos de parceria que regulam as relações em pauta: “A retenção de frangos pelo CRIADOR em índice superior ao permitido, [...]caracterizará o furto, respondendo o mesmo penal e civilmente pelo ato praticado. “O CRIADOR. por cada lote criado, receberá pecuniariamente o valor apurado através da tabela referente ao Índice de Eficiência Produtiva IEP, observandose o seguinte: Peso Médio (X) Sobrevivência (X) 100 % (:) Conversão Alimentar (X) Idade dos Frangos.” “Facultase ao CRIADOR utilizar 0,15% (zero vírgula quinze por cento) do total de aves do lote em formação, para o seu próprio sustento. Não consumindo o total permitido, obrigase o CRIADOR a entregar todo o saldo de aves viáves e remanescentes não consumidas.” “O CRIADOR se obriga ainda: [...] “O CRIADOR por este instrumento constituise fiel depositário das aves postas em seu poder pela COOPAVEL, para que efetue a criação obejto deste instrumento, devendo respeitar orientações técnicas, zelando pela sua guarda e conservação, sendo que não o fazendo por ato de sua responsabilidade, responderá pelas penas de depositário infiel, nos termos da lei, especialmente se der causa ao desaparecimento de frangos não autorizados por este instrumento. As penas do depositário infiel serão de ordem civil e criminal.” (Grifos do original) O fato de ser constituído fiel depositários das aves (entendo, de todas elas) postas em seu poder pela COOPAVEL demonstra que, como já examinado, não são suas as aves, apenas presta serviço com relação a elas. Sua remuneração é pelo Índice de Eficiência Produtiva e não pela venda de animais. Se pode reter parte dos animais é para o seu sustento, não sendo estas devolvidas ao produtor, apenas se houver saldo. Situação semelhante ocorre com os contratos relativos aos suínos. Assim, nesse tema, nego provimento ao recurso voluntário. Do índice de exportação para ressarcimento do crédito presumido Consta do acórdão recorrido que a Delegacia de origem recalculou o crédito presumido (relativamente às aquisições comprovadas e não glosadas) aplicando um novo critério de rateio proporcional; desconsiderando a aplicação do índice setorial de exportação utilizado pela recorrente. Empregou a unidade índice de exportação calculado mediante a comparação das exportações realizadas (de carne e de óleo de soja degomado) com a receita bruta total da empresa no período: Fl. 2362DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 12 11 Em síntese, a autoridade fiscal, após determinar as aquisições de milho, soja, e animais realizadas de pessoas físicas que poderiam conceder o direito ao crédito presumido, aplicou: (i) o índice de exportação de carnes (frango e suíno), calculado por meio da divisão do total de exportações de carne pela receita bruta total, sobre as aquisições de animais (frango e suínos) e de milho com direito à crédito; e (ii) o índice de exportação de óleo degomado, calculado por meio da divisão do total das exportaçoes de óleo pela receita bruta total, sobre as aquisições de soja in natura com direito à crédito. No caso, a fiscalização partiu da premissa de que o milho foi empregado exclusivamente na fabricação da ração e a soja somente na industrialização do óleo de soja degomado, caracterizandose, portanto, a existência de consumo direto nos respectivos processos produtivos e de exportações de carne e de óleo de soja degomado. A contribuinte, por outro lado, aplicou e defende a aplicação das seguintes fórmulas: A recorrente alega ilegalidades na forma de apuração utilizada pelo Fisco, tendo em vista o disposto nos já citados artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, os quais autorizam a compensação com débitos próprios ou o ressarcimento em dinheiro, respectivamente: a) de saldo de créditos presumidos apurados a partir do ano calendário de 2006 na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, existentes à data de publicação da lei; e b) para a pessoa jurídica, inclusive cooperativa, que até o final de cada trimestrecalendário, não conseguir utilizar os créditos presumidos apurados na forma do inciso II do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004; remetendo o cálculo aos §s 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e §s 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Argumenta que, quanto à primeiro situação, a exposição de motivos da Medida Provisória nº 517/2010, na qual fora convertida a dita lei, traz que a finalidade da medida é monetizar o estoque de créditos presumidos vinculados às receitas de exportação, permitindo que as pessoas jurídicas consigam realizar estes ativos de modo a reduzir os custos de produção (grifos do original). Reproduzo, para análise mais detalhada, os disposições em pauta: Art. 3º. [...] § 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Fl. 2363DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 13 12 § 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. (Grifos deste relator). A recorrente, optante pelo rateito proporcional, assim interpretou o respectivo dispositivo: [...] o crédito presumido a ressarcir vinculado a receita de exportação será apurado pela aplicação sobre os custos (bens adquiridos) da relação percentual da receita bruta da exportação dos produtos com direito ao crédito presumido em relação a receita bruta total dos produtos com direito ao crédito presumido, ou seja, obtido conforme a seguinte fórmula. Entendo pelo acerto da Delegacia de origem e da Delegacia de Julgamento: a disposição do 3o, § 8o , II, da Lei n. 10.833/2003 não deixa margem à interpretação da recorrente, posto que baseia o rateio na "relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total". Se é "receita bruta total" não é receita bruta total por produto (ou setor) carne e óleo de soja degomado como quer fazer crer a recorrente. A exposição de motivos que traz em seu favor não tem o poder de alterar o significado da lei, no máximo direcionar a seu interpretação quando houver margem para tanto. Ainda assim, também não ampara a fórmula defendida pela recorrente, por não discriminar produtos/ setores. Aduz a recorrente que o Receita Federal estaria a violar o princípio constitucional da isonomia, "diferenciado para empresas que investem e produzem através de diversas atividades em unidade filiais, das empresas que mantém uma única atividade e assim não tem que computar para Fl. 2364DF CARF MF Processo nº 10935.001272/201109 Acórdão n.º 3301004.022 S3C3T1 Fl. 14 13 cálculo de seu crédito receita de outras atividades. De plano, não compete a este Conselho se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Ainda assim, entendo que o legislador, ao estatuir a opção pelo método da apropriação direta, permite que a empresa compute operação a operação o seu crédito. Já na opção pelo rateio proporcional, o legislador elegeu um método mais geral e simplificado, para empresas com incidência nãocumulativa da COFINS, para apenas parte de suas receitas, sem o detalhamento por produto/ setor. Assim, nessa questão, nego provimento ao recurso voluntário. Conclusão Por todo o exposto, nego provimento os recurso voluntário da COOPAVEL." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, o Crédito Presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, c/c os artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, incluídos pela Lei nº 12.431/2011, e o cálculo de rateio proporcional no regime da não cumulatividade se aplica tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 2365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13016.000232/2005-53
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.378
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 02 32 /2 00 5- 53 Fl. 146DF CARF MF Processo nº 13016.000232/200553 Acórdão n.º 9303005.378 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.852. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13016.000232/200553 Acórdão n.º 9303005.378 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 13016.000232/200553 Acórdão n.º 9303005.378 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13016.000232/200553 Acórdão n.º 9303005.378 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.720756/2014-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.601
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1111; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 1.244 1 1.243 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.720756/201443 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2401000.601 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 05 de julho de 2017 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 20 75 6/ 20 14 -4 3 Fl. 1244DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.245 2 Relatório Tratamse de recursos voluntários (fls. 289/1212) interpostos em face do Acórdão nº. 0735.372 (fls. 257/285), cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 DEBCAD nº 51.038.4137 COMPENSAÇÃO DE RECOLHIMENTOS. PAGAMENTOS INDEVIDOS PARA O SIMPLES. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias com valor recolhido indevidamente para o SIMPLES. MULTA DE OFÍCIO Sempre que restar configurada uma das situações descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o artigo 44, inciso I da Lei nº 9.430/1996 deverá ser duplicado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. As contribuições em atraso estão sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC. DEBCAD nº 51.038.4145 MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. FALSIDADE NA DECLARAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. PERCENTUAL EM DOBRO. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. Na hipótese de compensação indevida, e uma vez presente a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, impõe se a aplicação da multa isolada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), calculada com base no valor total do débito indevidamente compensado. MULTA DE OFÍCIO Sempre que restar configurada uma das situações descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o artigo 44, inciso I da Lei nº 9.430/1996 deverá ser duplicado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. As contribuições em atraso estão sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 1245DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.246 3 Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza são responsáveis solidárias pelas contribuições previdenciárias. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, sob pena de preclusão, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. MULTA. PRINCÍPIO DA BOAFÉ. INAPLICABILIDADE EM FUNÇÃO DA PRIMAZIA DA TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. O legislador adotou a teoria da responsabilidade objetiva para as multa por infração à legislação tributária, portanto a penalidade aplicável prescinde da pesquisa de elementos subjetivos. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de atos legais regularmente editados. Tratase o presente processo decorrente de ação fiscal desenvolvida na CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. (CNPJ nº. 05.241.315/000144), empresa prestadora de serviços na área de administração de condomínios residenciais. Consoante o Relatório Fiscal – REFISC (fls. 24/38), a autoridade lançadora, na mesma ação fiscal, além de ter efetivado a exclusão da empresa autuada do SIMPLES NACIONAL, sob a acusação de ter ocorrido a constituição da empresa de forma simulada com utilização de interpostas pessoas, lavrou os seguintes Autos de Infração de Obrigação Principal, consolidados em 07/02/2014: Fl. 1246DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.247 4 PAF DEBCAD DESCRIÇÃO VALOR TOTAL (R$) 51.038.4110 EMPRESA 10.868.656,73 10166.720755/201407 51.038.4129 GLOSA DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA 1.606.820,05 51.038.4137 TERCEIROS 2.953.605,94 10166.720756/201443 51.038.4145 MULTA ISOLADA SOBRE GLOSA DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA 1.698.830,48 Assim, nestes autos, exigese as contribuições previdenciárias relativas aos terceiros, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais, e a multa isolada sobre as glosas de compensações indevidas, relativamente às competências 01/2010 a 12/2012, inclusive décimo terceiro salário. Informa a autoridade lançadora que a Autuada, optante pelo Regime Simplificado de Tributação – SIMPLES NACIONAL desde 01/01/2009, incorreu em diversas hipóteses de exclusão do referido programa, que restou na lavratura, em 26/09/2013, da Representação Fiscal Administrativa ao Delegado da Receita Federal do Brasil em BrasíliaDF e, por consequência, na sua exclusão do SIMPLES NACIONAL, nos termos do disposto no artigo 29, incisos II, III, IV, VIII e IX da Lei Complementar nº 123/2006, com efeito retroativo a 01/01/2007, conforme determinado pelo Ato Declaratório Executivo – ADE nº 71, de 21/10/2013 (D.O.U de 23/10/2013, Seção I). Destacase que referido Ato de Exclusão não foi contestado. Ainda, segundo o Relatório Fiscal: a) Da Remuneração Dos Segurados Empregados Durante a ação fiscal foram emitidos 4 (quatro) Termos de Intimação Fiscal para que a Fiscalizada apresentasse os documentos lá solicitados, não tendo havido nenhuma manifestação de sua parte. Não foram apresentadas as folhas de pagamento dos meses de 01 a 03/2010 e 12/2011, inclusive as relativas ao pagamento do décimo terceiro salário dos segurados empregados para os anos de 2010, 2011 e 2012; os registros contábeis (Livro Caixa, ou Livro Diário e Razão); nem as Notas Fiscais de prestação de serviço emitidas no período sob ação fiscal. Esclarece que, em razão da ausência da documentação exigida, a apuração mensal da base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas, composta pela remuneração auferida por seus segurados empregados, tomou como base as informações prestadas pela empresa em suas Guias de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social – GFIP, e que para a obtenção dos valores relativos ao décimo terceiro salário foram utilizadas as informações prestadas na RAIS dos anos de 2010, 2012 e 2013. Fl. 1247DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.248 5 Esclarecese que, além da Planilha contendo os valores mensais apurados, consta do conjunto de provas, anexo aos autos, em formato digital (Anexo I), os comprovantes de entrega da GFIP com protocolo de envio; os Relatórios “Totais de Vínculos e Massa Salarial RAIS” obtidos no Sistema Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS; e a listagem contendo todas as GFIP´s, utilizadas pela fiscalização na apuração da base de cálculo deste levantamento, por tomador de serviço informado, com respectivo código de controle. b) Da Compensação Indevida Alega que a Autuada, no período fiscalizado, informou em GFIP valores referentes à compensação de retenção para a Previdência Social realizadas por seus tomadores de serviço, relativamente ao fornecimento de mãodeobra, principalmente, para as atividades de limpeza, conservação, higienização, portaria diurna e noturna, entre outros. Diz que intimada, por meio dos Termos de Intimação Fiscal nº 02 e 03, este reiterado com envio para a residência do sóciogerente da empresa, para apresentar todas as Notas Fiscais de prestação de serviço emitidas no período de 01/2010 a 12/2012, assim como sua contabilidade, para que fosse verificada a correção dos valores compensados, a Fiscalizada não se manifestou. Por essa razão, promoveu a abertura de Diligências Fiscais em 7 (sete) tomadores de serviço da empresa CENTRO SUL, os quais foram selecionados com base nas informações prestadas, pela mesma, em GFIP, a partir das quais obteve cópias de Contratos de Prestação de Serviço; relação de empregados cedidos; Notas Fiscais de Prestação de Serviço emitidas pela empresa; e Guias da Previdência Social recolhidas. Do exame da referida documentação, constatou que, apesar de a CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA. – ME (CNPJ nº 05.241.315/000144) constar em GFIP como empresa contratada, alguns dos contratos foram firmados, na verdade, pela empresa CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – EPP (CNPJ nº 01.726.963/000130), pertencente ao mesmo grupo econômico da primeira, que também emitiu as Notas Fiscais de prestação de serviço. Também, restou identificado que as Guias de Recolhimento da Previdência Social GPS, de código 2631, eram emitidas alternadamente para CNPJ´s distintos, sem haver vinculação direta com o efetivo prestador de serviços. Concluiu que a empresa CENTRO SUL atua, com outras empresas, como um conjunto de sociedades, formando um grupo econômico “de fato”, que por sua vez adota procedimentos internos de controle de faturamento e consequentes compensações de contribuições previdenciárias em descompasso com as normas legais e infralegais existentes, tudo isso aliado à negativa da empresa Fiscalizada, de forma reiterada e não justificada, de exibição de livros e documentos à fiscalização. Desse modo, por falta de comprovação hábil, regular e inequívoca por parte da empresa Autuada, conforme mandamento contido no art. 89, §§ 9º e 10º da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, os valores de contribuição previdenciária foram considerados indevidamente compensados, inclusive com falsidade, tendo sido glosados e cobrados os valores não recolhidos á época da compensação. c) Do Grupo Econômico Nesse tópico, a fiscalização aponta, do item 50 ao 79 do REFISC, todos as situações apuradas que indicam a formação do grupo econômico “de fato”, denominado, de forma genérica, como “Grupo CS”, o qual é composto pelas seguintes empresas: Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.249 6 01.726.963/000130 CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA EPP; 02.977.647/000101 CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA ME; 03.614.621/000153 VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA; 05.241.315/000144 CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA ME; Colhese, ainda, as seguintes evidências: a) a outorga de poderes de gerência e administração feita em favor do Sr. Avelar Oliveira Silva pelas empresas CS Empreendimentos, Administração e Serviços Gerais Ltda. (CNPJ nº 12.523.206/000185), AOS Administração, Comercio, Construção E Serviços Gerais Ltda. – ME (CNPJ nº 72.651.813/000152) e Valquel Comercio de Fibra de Vidro e Construção Ltda. (CNPJ nº 03.614.621/000153), deixa claro a existência comprovada de sócio oculto ou “de fato” no comando das diversas empresas; b) a utilização de um mesmo endereço de funcionamento para as diversas empresas do grupo evidencia a utilização de uma mesma estrutura física para seu funcionamento, configura a confusão patrimonial e gerencial; e c) a utilização de força de trabalho comum a todas as empresas. Em resumo, esclarece que os fatos apontados nesse relatório demonstram caracterizada a confusão patrimonial com vinculação gerencial por coincidência de sócios e administradores, havendo abuso de forma entre as empresas integrantes do agrupamento. Toda documentação, que formam o conjunto de provas para a caracterização do grupo econômico, encontrase anexa aos autos, em formato digital. d) Da Sujeição Passiva Explica que restou configurada, à luz da legislação e dos fatos apontados no REFISC, a constituição e atuação do grupo de empresas, na forma de grupo econômico “de fato”, razão pelo qual todas elas foram incluídas no pólo passivo da relação tributária referente às contribuições previdenciárias, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei nº 8.212, de 1991; do art. 222 do Decreto 3.48/99; do art. 179, inciso I da Instrução Normativa MPS/SRP nº 3, de 14/07/2005, mesma disposição repetida no art. 152 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 13/11/2009. Assim, também, restou responsabilizado o sócioadministrador “de fato” ou oculto da empresa Autuada e das integrantes do “Grupo CS”, na pessoa do Sr. Avelar Oliveira Silva, CPF 394.993.67349, em decorrência da prática dos atos de excesso de poder, infração à Lei e ao contrato social. Esclarece que as empresas serão cientificadas dos créditos tributários, constituídos na presente ação fiscal, por meio da lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária, em conformidade com o art. 495 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009. Fl. 1249DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.250 7 Devendo, portanto, serem responsabilizados tanto o sócioadministrador “de fato” ou oculto quanto as empresas integrantes do “Grupo CS”, na pessoa do Sr. Avelar Oliveira Silva. e) Da Multa Qualificada e Agravada Por fim, esclarece que em face dos fatos apurados no curso da ação fiscal foi aplicada, concomitantemente, a multa qualificada e agravada de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento), consoante art. 44, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/1996. No caso da compensação indevida, aplicase o disposto no art. 89, § 9º da Lei nº 8.212/91 (Lei de Custeio da Previdência Social). Após ser apresentada a impugnação unicamente pela devedora principal (fls. 95/118), sobreveio o acórdão cuja ementa está acima reproduzida. Após a intimação do referido acórdão para todos os devedores (principal e solidários), foram apresentados os recursos voluntários: 1) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. – fl. 289/302; 2) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 303/432; 3) AVELAR OLIVEIRA SILVA – fls. 433/562; 4) VALQUEL COMÉRCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÕES LTDA. – fls. 563/692; 5) CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 693/822; 6) CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS – fls. 823/952; 7) AOS ADMINISTRAÇÃO, COMÉRCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 953/1082; 8) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. fls. 1083/1212. É o relatório. Fl. 1250DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.251 8 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator 1) Admissibilidade 1.1) Dos recursos voluntários dos sujeitos passivos solidários Além do recurso voluntário da devedora principal (CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 693/822), foram apresentados recursos voluntários pelos 7 (sete) devedores passivos solidários, conforme acima mencionado. Ocorre que, conforme se depreende destes autos, nenhum dos sujeitos passivo solidários impugnaram o auto de infração no presente processo administrativo fiscal, assim precluindo o seu direito de discutir o presente crédito tributário que lhes fora atribuído. Eis o disposto no art. 14 do Decreto 70.235/72: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Assim, não tendo os sujeitos passivos solidários abaixo relacionados impugnado o lançamento, não instauraram o contencioso administrativo e, portanto, não figuram no presente processo administrativo fiscal. Desse modo, não conheço dos recursos voluntários abaixo mencionados: 1) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. – fl. 289/302; 2) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 303/432; 3) AVELAR OLIVEIRA SILVA – fls. 433/562; 4) VALQUEL COMÉRCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÕES LTDA. – fls. 563/692; 5) CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS – fls. 823/952; 6) AOS ADMINISTRAÇÃO, COMÉRCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 953/1082; 7) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. fls. 1083/1212. Fl. 1251DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.252 9 1.2) Do recurso voluntário do devedor principal (CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 693/822) O recurso voluntário da devedora principal é tempestivo. Todavia, há uma preliminar a ser apreciada acerca se, também quanto ao devedor principal, foi instaurado o contencioso administrativo. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília, por meio da informação de fls. 256, fez constar o seguinte: Assim, consignou informação nestes autos de que a impugnação apresentada seria intempestiva. Eis os documentos acerca da intimação da devedora principal: · Fl. 86 "Lista de Postagem Registrados" elaborada pelo Correios para o seu cliente Ministério da Fazenda, onde consta o número do registro SA340496056BR, entregue no endereço SCIA QD. 14, CONJ. 07, LOTE 01 ST. INDÚSTRIAS, em Brasília/DF, para o destinatário CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS, com data de postagem em 10/02/2014; · Fl. 87 Rastreamento do número do registro SA340496056BR, constando como entregue em 12/02/2014; · Fls. 88/91 Solicitação da Receita Federal do Brasil para os Correios acerca do AR número do registro SA340496056BR pois, ao que nos parece da leitura dos documentos, o referido AR não foi devolvido à Receita Federal do Brasil; · Fls. 92/93 Cópia do AR (número do registro SA340496056BR) enviado para a empresa CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS. Fl. 1252DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.253 10 O referido AR de fls. 92/93 é justamente a ciência do Auto de Infração que a informação de fls 256 considerou para declarar a intempestividade da impugnação de fls. 95/118, posto que a ciência daquele AR se dá em 12/02/2014 e a impugnação fora protocolada em 17/03/2014, no 33º dia do prazo recursal. Em que pese tal demonstração indicar, aparentemente, a clara intempestividade da peça impugnatória, o "diabo mora nos detalhes". Eis a qualificação do devedor principal conforme o Auto de Infração de fl. 3: E eis o AR que sustenta a alegação de intempestividade por parte da DRF: Como se vê, além de nome distintos das pessoas jurídicas, o endereço também não é o mesmo. Desse modo, teríamos que verificar os demais ARs constantes do processo administrativo fiscal para verificar a intimação da devedora principal (CENTRO SUL ADMISTRADORA DE CON E SERV GERAIS LTDA.) e dos sujeitos passivos solidários:: a) TSPS n. 01: Fl. 226 CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1026 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; b) TSPS n. 02: Fl. 230 CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. AR FL. 1029 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; c) TSPS n. 03: Fl. 234 VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA. AR FL. 1032 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; Fl. 1253DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.254 11 d) TSPS n. 04: Fl. 238 CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1035 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; e) TSPS n. 05: Fl. 242 CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA.. AR FL. 1038 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; f) TSPS n. 06: Fl. 246 AVELAR OLIVEIRA SILVA AR FL. 1041 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; g) TSPS n. 07: Fl. 250 AOS ADMINISTRAÇÃO,COMERCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS AR FL. 1044 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; Eis a controvérsia ora instaurada: 1) A impugnação de fls. 95 e ss. foi protocolada em 17/03/2014 onde, se considerada como data de intimação o AR de fls. 92/93 (12/02/2014, é nitidamente intempestivo. 2) Se considerada a data de intimação de 13/02/2014 (quando foram intimados todos os sujeitos passivos solidários), temos que a impugnação seria tempestiva. O que fez a DRJ acerca da intempestividade? Eis o decisum de fl. 268: A impugnação apresenta os requisitos legais para admissibilidade, dela conheço. Ou seja, em que pese a informação de intempestividade e os fatos acima relacionados, a impugnação foi considerada tempestiva sem que, contudo, houvesse ao menos a indicação de que tenha sido realizada uma análise minuciosa da tempestividade de acordo com os documentos acostados ao processo. Fato é, digase, que foi considerada tempestiva. Eis que a devedora principal, autuada, tem a seguinte qualificação: · CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. CNPJ 05.241.315/000144 Porém, eis a relação das empresas (devedora principal e solidárias) intimadas via AR: a) CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS fls. 92/93 b) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1026 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; c) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. AR FL. 1029 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; d) VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA. AR FL. 1032 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; Fl. 1254DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.255 12 e) CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1035 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; f) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. AR FL. 1038 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; g) AVELAR OLIVEIRA SILVA AR FL. 1041 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; h) AOS ADMINISTRAÇÃO,COMERCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS AR FL. 1044 do PAF nº. 10166.720755/201407 Intimação em 13/02/2014; Assim, perguntase: 1) ONDE ESTÁ A INTIMAÇÃO DA DEVEDORA PRINCIPAL "CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. CNPJ 05.241.315/000144"? 2) QUE EMPRESA É "CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS"? É A DEVEDORA PRINCIPAL? É DEVEDORA SOLIDÁRIA? Isto posto, feitas todas as considerações acima, entendo não haver condições de atestar a intempestividade da peça impugnatória (informada pela DRF na informação de fl. 256), e assim declarar não instaurada a fase litigiosa do presente processo administrativo para a devedora principal, tampouco atestar a tempestividade tacitamente reconhecida pela decisão de piso. Assim, proponho a realização de diligência para que seja a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília 1ª RF, para o fim de esclarecer: a) Por qual motivo o AR de fls. 92/93 foi considerado como intimação da devedora principal CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS CNPJ 05.241.315/000144? b) Apesar da descrição do nome do destinatário e o endereço não serem os mesmos dos constantes na qualificação do sujeito passivo devedor principal do auto de infração à fl. 3, por qual motivo o AR de fls. 92/93 está sendo considerado como a intimação da devedora principal? CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o presente processo seja remetido à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília 1ª RF, para que sejam prestadas as seguintes informações: a) Por qual motivo o AR de fls. 92/93 foi considerado como intimação da devedora principal CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS CNPJ 05.241.315/000144? Fl. 1255DF CARF MF Processo nº 10166.720756/201443 Resolução nº 2401000.601 S2C4T1 Fl. 1.256 13 b) Apesar da descrição do nome do destinatário e o endereço não serem os mesmos dos constantes na qualificação do sujeito passivo devedor principal do auto de infração à fl. 3, por qual motivo o AR de fls. 92/93 está sendo considerado como a intimação da devedora principal? c) Após, que seja a contribuinte intimada para se manifestar acerca das informações apresentadas pela Receita Federal do Brasil na presente diligência. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 1256DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.722266/2012-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Período de apuração: 09/11/2007 a 30/05/2011
ARTIGO 5º DA LEI N. 10.182/01. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS.
INDISPENSÁVEL APRECIAÇÃO SOBRE A DEFINIÇÃO DE PROCESSO PRODUTIVO.
Dentre os vários requisitos para a fruição do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001 está a destinação dos produtos importados para o processos produtivos de automóveis (§ 1º e incisos).
A adição de reles em motores de arranque configura processo produtivo, na modalidade de beneficiamento, autorizando, assim, a utilização do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 09/11/2007 a 30/05/2011
MULTA REGULAMENTAR POR INFORMAÇÃO INEXATA SOBRE A DESTINAÇÃO DA MERCADORIA. CARACTERIZADA A INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE. POSSIBILIDADE.
Fica sujeita a multa de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria, o importador ou beneficiário de regime aduaneiro que prestar de forma inexata informação sobre destinação da mercadoria importada.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. NÃO COMPROVADO O EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. POSSIBILIDADE.
Se a autuada apenas prestou informações divergentes das que foram obtidas pela fiscalização, no curso do procedimento fiscal, resta descaracterizado o evidente intuito de fraude e a circunstância qualificadora necessária para imposição da multa de ofício de 150% (cento e cinquenta por cento) do valor do imposto devido.
JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE.
A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida.
MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA.A mudança de
critério jurídico vedada pelo artigo 146 do Código Tributário Nacional pressupõe a existência de dois ou mais lançamentos fundados em premissas distintas.Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Numero da decisão: 3302-004.616
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância por alteração do critério jurídico, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. Por maioria de votos, foi rejeitada a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância pela falta de apreciação do agravamento da multa para os produtos químicos (código NCM 3815.90.99), ao jogo de rolos para a conformação do papel (código NCM 8479.90.90) e sobre o aparelho de profundidade de penetração da solda (código NCM
8543.20.00), vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, foi dado
provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores relativos à industrialização de 11.269 motores de arranque, conforme laudo e-fls. 4179/4185 e para
reduzir a multa qualificada ao percentual de 75%, vencidos os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado que dava provimento integral, a Conselheira Maria do Socorro F. Aguiar que negava provimento, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que dava provimento parcial apenas para afastar a multa qualificada, o Conselheiro Charles Pereira Nunes que dava provimento apenas para excluir do lançamento os 11.269 motores de arranque e os Conselheiros Sarah
Maria L. de A. Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus que davam provimento também para excluir os juros Selic sobre a multa de ofício. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor quanto manutenção da multa prevista no artigo 711 do RA/2009, quanto à desqualificação da multa de ofício e quanto à manutenção dos juros de mora sobre a multa de ofício e o Conselheiro
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS. INDISPENSÁVEL APRECIAÇÃO SOBRE A DEFINIÇÃO DE PROCESSO PRODUTIVO. Dentre os vários requisitos para a fruição do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001 está a destinação dos produtos importados para o processos produtivos de automóveis (§ 1º e incisos). A adição de reles em motores de arranque configura processo produtivo, na modalidade de beneficiamento, autorizando, assim, a utilização do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 09/11/2007 a 30/05/2011 MULTA REGULAMENTAR POR INFORMAÇÃO INEXATA SOBRE A DESTINAÇÃO DA MERCADORIA. CARACTERIZADA A INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DA PENALIDADE. POSSIBILIDADE. Fica sujeita a multa de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria, o importador ou beneficiário de regime aduaneiro que prestar de forma inexata informação sobre destinação da mercadoria importada. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. NÃO COMPROVADO O EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. POSSIBILIDADE. Se a autuada apenas prestou informações divergentes das que foram obtidas pela fiscalização, no curso do procedimento fiscal, resta descaracterizado o evidente intuito de fraude e a circunstância qualificadora necessária para imposição da multa de ofício de 150% (cento e cinquenta por cento) do valor do imposto devido. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 09 09 .7 22 26 6/ 20 12 -8 9 Fl. 5.319Fl. 5.319 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária julho de 2017 Imposto sobre a Importação - II Imposto sobre a Importação - II REMY AUTOMOTIVE BRASIL LTDA REMY AUTOMOTIVE BRASIL LTDA FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 5320DF CARF MF 2 JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE. A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA.A mudança de critério jurídico vedada pelo artigo 146 do Código Tributário Nacional pressupõe a existência de dois ou mais lançamentos fundados em premissas distintas.Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância por alteração do critério jurídico, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Designado o Conselheiro Walker Araújo para redigir o voto vencedor. Por maioria de votos, foi rejeitada a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância pela falta de apreciação do agravamento da multa para os produtos químicos (código NCM 3815.90.99), ao jogo de rolos para a conformação do papel (código NCM 8479.90.90) e sobre o aparelho de profundidade de penetração da solda (código NCM 8543.20.00), vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores relativos à industrialização de 11.269 motores de arranque, conforme laudo e-fls. 4179/4185 e para reduzir a multa qualificada ao percentual de 75%, vencidos os Conselheiros Lenisa Rodrigues Prado que dava provimento integral, a Conselheira Maria do Socorro F. Aguiar que negava provimento, o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que dava provimento parcial apenas para afastar a multa qualificada, o Conselheiro Charles Pereira Nunes que dava provimento apenas para excluir do lançamento os 11.269 motores de arranque e os Conselheiros Sarah Maria L. de A. Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus que davam provimento também para excluir os juros Selic sobre a multa de ofício. Designado o Conselheiro José Fernandes do Nascimento para redigir o voto vencedor quanto manutenção da multa prevista no artigo 711 do RA/2009, quanto à desqualificação da multa de ofício e quanto à manutenção dos juros de mora sobre a multa de ofício e o Conselheiro (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Rodrigues Prado - Relatora (assinatura digital) Walker Araújo - Redator designado (assinatura digital) José Fernandes do Nascimento - Redator designado Fl. 5321DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.320 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Prado. Relatório A questão tem início em procedimento de fiscalização1 sobre as importações registradas pela contribuinte no período de 02/07/2007 a 30/05/20112, com vistas à verificar a regularidade do pagamento dos tributos e contribuições, especialmente quanto à fruição do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001. As conclusões abaixo reproduzidas foram extraídas do Relatório Fiscal que subsidia a exigência ora questionada: "=>DIVERGÊNCIA "A" - ALTERNADORES - NCM8511.50.10: o contribuinte não efetuava a industrialização de alternadores novos, bem como não descreveu o processo produtivo aos quais seriam destinados; =>DIVERGÊNCIA "B" - MOTORES DE PARTIDA - NCM 8511.40.00: os códigos desses motores sequer constam no laudo técnico apresentado, de forma que nem mesmo foi descrito o processo produtivo aos quais seriam destinados; =>DIVERGÊNCIA "C" - MOTORES DE PARTIDA - NCM 8511.40.00: refere-se aos motores que, de acordo com o contribuinte, não poderiam ser comercializados sem a adição de um relé, componente dito 'imprescindível'. Apurou-se que a informação é falsa, pois jamais houve, no estabelecimento, quantidade de relés suficientes para que tal processo industrial tenha ocorrido; =>DIVERGÊNCIA "D" - CATALISADOR (ACELERADOR DE REAÇÃO) -NCM 3815.90.99: trata- se de produto químico, insumo não abrangido pelo beneficio fiscal; => DIVERGÊNCIA "E" - NCM 8479.90.90 - jogo de rolos para a conformação do papel: trata-se de parte para máquinas e não para veículos e não está abrangida pelo benefício fiscal; 1 Inaugurado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n. 0927800-2012-00057-9 (fl. 3960), por meio do qual deu-se início a revisão aduaneira das declarações de importação relacionadas no Anexo I, bem como à verificação da regularidade do pagamento dos tributos e contribuições, especialmente quanto a fruição do benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei n. 10.182/2001, além da aplicação das preferências tributárias. 2 Para evitar questionamentos sobre a decadência, o fiscal considerou, para fins de lançamento, o período de 01/11/2007 a 30/05/2011. Fl. 5322DF CARF MF 4 =>DIVERGÊNCIA "F" - NCM 8543.20.00 - aparelho de controle de profundidade de penetração de solda: trata-se um equipamento com finalidade própria não abrangido pelo benefício fiscal; => DIVERGÊNCIA "G": refere-se a componentes diversos para motores de partida e alternadores, cujos códigos sequer foram informados no Laudo Técnico apresentado, ou seja, o contribuinte sequer indicou a que processo produtivo se referem e a que produto industrializado final se destinaram; => DIVERGÊNCIA "H": refere-se a componentes diversos para motores de partida e alternadores para os quais foi identificada a comercialização dos próprios bens importados, pois não houve outras entradas ou mercadorias em estoque em quantidade suficiente para justificar a origem das mercadorias comercializadas. Merece destaque o fato de que, conforme consta na TABELA XXIV, há uma série de componentes que se enquadram simultaneamente nas situações "G" e "H" acima listadas. Além disso, identificou-se que o contribuinte prestou informações inverídicas quanto ao destino a ser dado às mercadorias importadas, no caso dos motores de arranque e alternadores, motivo pelo qual aplica-se a multa prevista no Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n° 6.759/09, art. 711, inciso III, e § 1°, inciso II, consideradas as disposições dos §§ 2°a 5°." (fls. 3.960/4.031). Diante das conclusões acima transcritas, foi lavrado auto de infração onde são exigidas as diferenças entre o valor pago pela contribuinte e o considerado devido pela fiscalização à título de Imposto de Importação (II) incidente sobre a importação de motores de arranque, alternadores e outros componentes do setor automotivo, adquiridos com redução da alíquota do referido imposto. À diferença tributária exigida, foram acrescidos juros moratórios, multa qualificada de 150% e também a multa regulamentar, resultando no valor total de R$ 7.161.266,05. Cientificada sobre o referido lançamento, o contribuinte apresentou sua impugnação (fls. 4040/4080), onde aborda de forma mais extensa, os seguintes tópicos de defesa: (i) a atividade exercida pela Impugnante referente a beneficiamento e acondicionamento configuram hipótese de processo produtivo, fazendo jus ao benefício de redução de alíquota trazido pelo art. 5°, da Lei n. 10.182/2001; (ii) ainda que não contasse a Impugnante com processo produtivo próprio, o que se faz somente para argumentar, poderia permanecer a fruir da redução de alíquota, uma vez que a legislação de regência não determina que a pessoa do importador e a pessoa do fabricante/montador Fl. 5323DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.321 5 sejam a mesma, valendo somente o destino levado a cabo pela mercadoria importada; (iii) o controle de importação (entrada e saída dos bens) contam com o devido grau de zelo e precisão, não havendo que se falar em inadequação ou falsidade das informações ali prestadas, sendo, portanto, inadequada a aplicação da multa regulamentar na hipótese; e (iv) alternativamente, no improvável caso que se entenda pela legalidade da cobrança do tributo em voga, ainda assim não poderia se aplicar multa qualificada de 150%, dada sua irregularidade observada com lastro na legislação e na remansosa jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ("CARF") acerca da impossibilidade de aplicação de tal penalidade quando da inexistência de dolo por parte do contribuinte e nem, tampouco, da multa regulamentar, dado que não houve qualquer imprecisão nas informações prestadas pela Impugnante" . A 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza julgou improcedente a impugnação em acórdão assim ementado: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 07/03/2008, 06/05/2008, 28/01/2010, 12/04/2010, 02/06/2010, 16/06/2010, 12/05/2011. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. OCORRÊNCIA. Deve ser considerada não impugnada a matéria referente aos produtos com os códigos 3815.9099, 8543,2000 e 8479.9090 na Nomenclatura Comum do Mercosul, por não ter sido expressamente contestada pelo impugnante, ficando definitivamente constituído na esfera administrativa o respectivo crédito tributário. Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 09/11/2007 a 30/05/2011 ARTIGO 5º DA LEI N. 10.182/01. BENEFÍCIO FISCAL. GLOSA. PROCEDÊNCIA. Procede a glosa da redução do Imposto sobre a Importação se o importador não logrou êxito em provar que faria jus ao benefício que pleiteara quando do registro das Declarações de Importação e a auditoria revelou que os produtos foram diretamente comercializados no mercado interno sem passarem pelo processo produtivo da empresa, condição essa assumida no momento do despacho aduaneiro pelo importador para fruição do benefício fiscal instituído pelo art. 5º da Lei n. 10.182, de 12 de fevereiro de 2001. Fl. 5324DF CARF MF 6 MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL DE 150% . PROCEDÊNCIA. O fornecimento de informações inverídicas pelo interessado, a fim de obter um benefício fiscal do qual não fazia jus, reduzindo o montante do imposto devido, é conduta tipificada no art. 72, da Lei n. 4.502/64 que, de acordo com o art. 44, § 1º, da Lei n. 9.430/96, leva à aplicação da multa de ofício no percentual de 150%. Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 06/11/2007 a 30/05/2011 INFORMAÇÃO INEXATA NECESSÁRIA À DETERMINAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADUANEIRO APROPRIADO. MULTA DE 1%. PROCEDÊNCIA. No caso concreto, a informação incorreta quanto à destinação da mercadoria prejudicou o procedimento de controle aduaneiro associado às operações em que se pleiteou o benefício fiscal, sendo procedente a aplicação da multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria. Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, motivo pelo qual os autos do processo ascenderam a este Conselho. O Processo Administrativo n. 10909.722279/2012-58 - Representação Fiscal para Fins Penais - foi apensado aos autos do processo sob análise. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Lenisa Rodrigues Prado A contribuinte foi cientificada sobre o teor do acórdão proferido pela instância de origem em 4/12/2013 (aviso de recebimento postal à folha 5160) e interpôs tempestivamente o recurso voluntário em 2/1/2014 (certidão de juntada de documento à folha 5311), motivo pelo qual tomo conhecimento sobre as razões contidas no apelo. 1. PRELIMINARES 1.1. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. INCIDÊNCIA DA MULTA DE 150%. OMISSÃO DA INSTÂNCIA DE ORIGEM. A recorrente esclarece que recolheu os impostos, os juros de mora e a multa de ofício de 75% devidos sobre a importação dos produtos químicos (código NCM 3815.90.99), ao jogo de rolos para a conformação do papel (código NCM 8479.90.90) e sobre o aparelho de profundidade de penetração da solda (código NCM 8543.20.00). No entanto, ressalta que remanesce nos autos a discussão sobre a ilegalidade da incidência da multa qualificada de 150% e sobre a multa regulamentar calculada sobre os Fl. 5325DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.322 7 montantes recolhidos, uma vez que essa matéria foi trazida na impugnação e reiterada no recurso voluntário sob análise. A aplicação da multa de 150% foi abordada pelo voto vencedor do acórdão recorrido o item "Da aplicação da multa do art. 44, § 1º, da Lei n. 9.430/1996 no percentual de 150%" (fls. 5074/ 5076). A discussão sobre o tema culminou com a seguinte conclusão: "Assim, acompanho o entendimento da acusação de que o interessado forneceu informações inverídicas a fim de obter um benefício fiscal do qual não fazia juiz, reduzindo o 'montante do imposto devido', conduta tipificada no art. 72, da Lei n. 4.502/64 que, de acordo com o art. 44, § 1º da Lei n. 9.430/96, leva à aplicação da multa no percentual de 150%". Os principais fundamentos que levaram o colegiado de piso à tal dedução foram: "o importador agiu com dolo e simulação, pois tinha pleno conhecimento, já por ocasião do registro das DI, de que as mercadorias seriam destinadas à comercialização e não ao seu processo produtivo. Fato, segundo o autuante, demonstrado pelo código CFOP 3102- compra para comercialização - informado nas notas fiscais de entrada (...) De uma maneira geral, em relação aos produtos objeto da glosa, o quadro probante apresentado pela fiscalização é eficaz para levar à convicção de que as mercadorias eram importadas com a clara finalidade de comercialização direta sem a passagem por qualquer processo produtivo, diferente do que sustentava a empresa desde o despacho aduaneiro e ao longo de todo procedimento fiscal". A conclusão apresentada pela autoridade no Relatório Fiscal sobre os produtos importados, fiscalizados, sobre os quais incidiram a multa de 150%, mas que não foram objeto da impugnação apresentada pela recorrente, foram as seguintes: DIVERGÊNCIA D - CATALISADOR (ACELERADOR DE REAÇÃO) - NCM 3815.90.99: trata-se de produto químico, insumo não abrangido pelo benefício fiscal DIVERGÊNCIA E - NCM 8479.90.90 - jogo de rolos para a conformação do papel: trata-se de parte para máquinas e não para veículos e não está abrangida pelo benefício fiscal; DIVERGÊNCIA F - NCM 8543.20.00 - aparelho de controle de profundidade de penetração de solda: trata-se de equipamento com finalidade própria não abrangido pelo benefício fiscal (fl. 4030) Para justificar a aplicação da multa de 150% prevista no art. 44, I, da Lei n. 9.430/1996, a autoridade autuante considerou que o contribuinte: "o contribuinte praticou AÇÕES DOLOSAS, consistentes na prestação LIVRE E CONSCIENTE DE INFORMAÇÕES FALSAS em laudo técnico e respostas a intimações, e, ainda OMISSÕES DOLOSAS por não declarar ao fisco quais Fl. 5326DF CARF MF 8 mercadorias foram sumariamente revendidas sem industrialização, tudo com O OBJETIVO DE MODIFICAR CARACTERÍSTICA ESSENCIAL DO FATO GERADOR no que diz respeito a seu elemento valorativo no que tange à alíquota aplicável, a fim de reduzir proposital e indevidamente o imposto devido'' (grifos no original) Não há no Relatório Fiscal, no que concerne os três itens descritos acima (fls. 4015/4016), nenhuma alegação que o contribuinte tenha agido com dolo ou simulação ao importar os produtos. A autoridade fiscal afasta a redução tributária sobre esses produtos porque são insumos, o que não os inclui no rol do art. 5º da Lei n. 10.182/2001, mas impõe a multa de 150% sobre o total apurado na fiscalização. Apesar dos julgadores de origem reconhecerem que deve ser definida se incide ou não a multa de 150% sobre os produtos químicos (código NCM 3815.90.99), o jogo de rolos para a conformação do papel (código NCM 8479.90.90) e sobre o aparelho de profundidade de penetração da solda (código NCM 8543.20.00), mas assim não procedeu, incorrendo em evidente omissão. 1.2. ART. 5º DA LEI N. 10.182/2001. PRONUNCIAMENTO DA SUPREMA CORTE SOBRE A AMPLITUDE DO BENEFÍCIO. JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO N. 405.579/PR. A questão trazida nos autos está relacionada com o conjunto de medidas adotadas pelo governo brasileiro a partir de 1995 que ficaram conhecidas como Regime Automotivo Brasileiro, que era um programa de investimento e de exportação que tinha por finalidade a expansão da indústria automotiva no País, mediante a concessão de benefícios fiscais, consistente na renúncia parcial do Imposto sobre a Importação, obedecidos os requisitos e condições estabelecidos nas lei editadas naquele período. A última lei editada para integrar o Regime Automotivo foi a Lei n. 10.182/2001, que é o resultado das 14 conversões da Medida Provisória n. 1.939 e que traz em seu artigo 5º a previsão para a redução progressiva da alíquota do Imposto de Importação. A norma em comento encontra arrimo no art. 153, § 1º da Constituição Federal, que faculta a alteração da alíquota da exação diretamente pelo Poder Executivo, por se tratar de medida extrafiscal da mais alta relevância para a política econômica nacional. Trago a conhecimento o mencionado artigo: Art. 5º O Imposto de Importação incidente na importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos fica reduzido em: I - 40% (quarenta por cento) até 31 de agosto de 2010; II - 30% (trinta por cento) até 30 de novembro de 2010; III - 20% (vinte por cento) até 30 de maio de 2011; e IV - 0% (zero por cento) a partir de 1º de junho de 2011. § 1º O disposto no caput aplica-se exclusivamente às importações destinadas aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes de: I - veículos leves: automóveis e comerciais leves; II - ônibus; Fl. 5327DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.323 9 III - caminhões; IV - reboques e semi-reboques; V - chassis com motor; VI - carrocerias; VII - tratores rodoviários para semi-reboques; VIII - tratores agrícolas e colheitadeiras; IX - máquinas rodoviárias; e X - autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção dos veículos listados nos incisos I a IX, incluídos os destinados ao mercado de reposição. § 2º. O disposto nos arts. 17 e 18 do Decreto-Lei n. 37, de 18 de novembro de 1966 e no Decreto-Lei n. 666, de 2 de julho de 1969, não se aplica aos produtos importados nos termos deste artigo, objeto de declarações de importações registradas a partir de 7 de janeiro de 2000. Art. 6º. A fruição da redução do imposto de importação de que trata esta Lei depende da habilitação específica no Sistema Integrado de Comércio Exterior - SISCOMEX. Parágrafo único. A solicitação de habilitação será feita mediante petição dirigida à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, contendo: I - comprovação de regularidade com o pagamento de todos os tributos e contribuições sociais federais; II - cópia autenticada do cartão de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; III - comprovação, exclusivamente para as empresas fabricantes dos produtos relacionados no inciso X do § 1º do artigo anterior, de que mais de cinqüenta por cento do seu faturamento líquido anual é decorrente da venda desses produtos, destinados à montagem e fabricação dos produtos relacionados nos incisos I a X do citado § 1º e ao mercado de reposição. (grifos nossos). Percebe-se que os requisitos para a fruição da redução das alíquotas do Imposto sobre Importação são, taxativamente, (i) os produtos serem submetidos a importação para o processo produtivo de automóveis (§ 1º e incisos); (ii) habilitação específica no SISCOMEX; (iii) comprovação de regularidade do pagamento dos tributos e contribuições; (iv) cópia autenticada do cartão do CNPJ, e; (v) comprovação (nas hipóteses elencadas no inciso X do § 1º) de que mais de 50% do seu faturamento líquido anual é decorrente da venda desses produtos, destinados à montagem e fabricação dos produtos relacionados nos incisos I a X do § 1º e ao mercado de reposição. Fl. 5328DF CARF MF 10 A Lei n. 10.182/2001 é norma isentiva, sem dúvida. Como tal, não pode a autoridade administrativa exigir requisitos que dela não constam, sob pena de modificar e restringir texto de lei, ato para qual não detém legitimidade ou competência. Souto Maior Borges3, ao tratar sobre as leis que prevêem isenções tributárias, assim discorre: "Sob outro ângulo, a análise jurídica revela ser a extensão do preceito que tributa delimitada pelo preceito que a isenta. A norma que isenta é, assim, uma norma limitadora ou modificadora: restringe o alcance das normas jurídicas de tributação; delimita o âmbito material ou pessoal a que deverá estender-se o tributo ou altera a estrutura do próprio pressupostos de sua existência". Sobre a norma transcrita e o seu objeto, acredito ser pertinente para a solução da questão submetida a este colegiado trazer a conhecimento o pronunciamento da Suprema Corte4 ao julgar recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão que deferiu a redução tributária a uma empresa importadora de pneus, com arrimo no artigo 150, II da Constituição Federal. O Ministro Joaquim Barbosa, relator do recurso, esclarece que: "O problema da isonomia que a presente questão implica a necessidade de se interpretar a legislação infraconstitucional (no caso, a Lei n. 10.182/2001). Ou seja, a fim de saber se a norma cria um fator de discrímen, privilegiando empresas montadoras e fabricantes de produtos dispostos no art. 5º, §1º, X da referida lei, em detrimento de importadoras de pneus como a GINAP, faz-se necessário um esforço interpretativo da legislação infraconstitucional impróprio em sede de RE. No entanto, ainda que fosse possível interpretar a legislação infraconstitucional em recurso extraordinário, considerações de mérito levariam ao provimento do recurso. Como bem salientou a Fazenda Nacional, a isenção de que trata a lei não atinge a importação de pneumáticos para o mercado de reposição, seja para montadoras, seja para fabricantes de veículos. O § 1º do referido art. 5º torna claro que as importações que gozam da isenção estipulada são exclusivamente 'destinadas aos processos produtivos'. A Fazenda Nacional deixa expresso em seu memorial: 'A letra da lei está a revelar que o que se poderá destinar ao mercado de reposição não são os insumos importados com redução de imposto (categoria dos pneumáticos), mas os itens fabricados a partir desses insumos. É esse o produto que deverá: I) ser incorporado no processo da indústria automotiva; ou II) ser comercializado no mercado de reposição'. 3 BORGES, José Souto Maior. Isenções tributárias. 2. ed. São Paulo: Sugestões Literárias, 1980, pg. 163. 4 Existem inúmeros precedentes do STJ declinando de sua competência para analisar a questão, já que o enfoque constitucional nas discussões lançadas nos autos prevalece. Princípio da Isonomia. Art. 150 da Carta Magna. Fl. 5329DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.324 11 Portanto, os fabricantes de que trata o art. 5º, § 1º, somente podem importar pneumáticos para que estes sejam envolvidos em algum processo produtivo. A lei não permite a sua destinação imediata ao mercado consumidor. Isso significa que, ainda que se pudesse analisar o presente recurso sob o prisma da isonomia, a recorrida não se encontraria em situação equivalente à dos fabricantes de que trata o art. 5º, §1º". (trecho extraído do acórdão proferido nos autos do Recurso Extraordinário 405.579/PR, julgado em 25/11/2004 - grifos nossos). É de igual importância transcrever as ponderações feitas pelos demais Ministros que compuseram o Plenário naquela assentada, quando debateram sobre o ponto central da lei que concede o benefício: Ministro Marco Aurélio - O fato que respalda o próprio texto normativo, ou seja, o envolvimento da montadora, o fornecimento de material destinado à reposição e a circunstância de a recorrente importar esse mesmo material e não ser montadora. Então, não há qualquer dúvida quanto aos fatos. Ministro Nelson Jobim - Ministro, é evidente que a legislação está beneficiando o produtor, ou seja, a produção nacional de veículos. Ministro Eros Grau - Em primeiro lugar, o artigo 6º da Lei fecha porta que estaria aberta ao dizer que, para a fruição dessa redução, é necessária a comprovação de que se é fabricante. Ministro Cezar Peluso - Na verdade, a norma, a despeito da impropriedade da interpretação - parece-me que a interpretação correta é de que concerne a peças de insumo propriamente dito, de substituição -, se destina a estimular o desenvolvimento da indústria nacional, dirigindo-se, portanto, ao mercado de criação e, por isso mesmo, não pode beneficiar o mercado comercial, que tem por objeto produtos acabados, destinados ao mercado chamado 'mercado de reposição'. Ministro Gilmar Mendes - Portanto, também entendo correta a interpretação adotada pelo Tribunal a quo para estender o benefício da redução de 40% do imposto de importação, previsto no art. 5º, §1º, X, da Lei n. 10.182/2001, também aos contribuintes, diversos dos fabricantes e montadoras, que atuem no mercado de reposição. Ministro Dias Tóffoli - É que o art. 5º da Lei n. 10.182/01 não tem o alcance dado pelo v. acórdão recorrido. Ele permite a redução do tributo em tela para pneus apenas se essees forem utilizados na fabricação de veículos, não estendendo o benefício ao caso de pneus destinados ao mercado de reposição, desvinculados que estão do processo de fabricação de um novo veículo ou de partes de um veículo. Essa é a interpretação que sobressai da norma em apreço, a qual apenas concede o benefício fiscal às importações dos insumos constantes do caput Fl. 5330DF CARF MF 12 - quais sejam: 'partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semi-acabados, e pneumáticos' - quando esses se destinam exclusivamente ao processo produtivo das empresas montadoras e dos fabricantes dos produtos elencados nos incisos I a X, conforme expresso no §1º. Assim, a condição para fazer jus ao benefício é que os insumos importados possam ser usados na produção de veículos ou de partes desses veículos. Não se discute que a recorrente faz parte do rol elencado no inciso X do § 1º do artigo 5º da Lei n. 10. 182/20015, já que, de acordo com o Relatório Fiscal, a unidade fabril da contribuinte é dedicada à produção de motores de partida para aplicações na linha leve, além de possuir áreas de apoio operacional e logístico. Portanto, sua principal atividade econômica é a fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores (fl. 3.961). Diante da descrição apresentada pelo fiscal sobre as atividades econômicas exercidas pela contribuinte, é lógico presumir que as peças que fabrica também podem ser destinadas ao mercado de reposição. Depreende-se das discussões entabuladas no plenário da Suprema Corte que o benefício fiscal sob julgamento é concedido às indústrias brasileiras que importam produtos utilizados no processo de produção (inicial ou de reposição) de peças destinadas ao mercado de automóveis. Portanto, já que não se discute que a contribuinte exerce atividade reconhecidamente beneficiária deste benefício, o único ponto sob discussão é a definição da expressão "processo de produção". 1.3. ACÓRDÃO RECORRIDO. ALTERAÇÃO DO CRITÉRIO JURÍDICO. OMISSÃO RELEVANTE CONSTATADA NO ACÓRDÃO RECORRIDO. Assiste razão a recorrente quando afirma que a autuação se fundamenta, unicamente, na ausência de comprovação de industrialização dos produtos importados, já que esses beneficiados com a redução da alíquota do Imposto de Importação. É a constatação que faço sobre os termos do Relatório Fiscal, a partir da leitura das transcrições abaixo: "Entre as constatações efetuadas, foi observado que em muitas importações beneficiadas com a redução do imposto de importação e relativas a componentes para motores de partida e alternadores, as notas fiscais de entradas haviam sido emitidas indicando o CFOP 3102, relativo à COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO. Ocorre que se tais componentes se destinavam à industrialização pelo importador, situação necessária para justificar o benefício fiscal fruído, não deveriam ter dado entrada no estabelecimento como destinados à comercialização. Além disso, observou-se também que havia notas fiscais de saída relativas a venda de componentes das mesmas referências (códigos da mercadoria) importadas com o benefício fiscal, indicando que tais componentes eram simplesmente revendidos sem passar por processamento industrial, sendo que as notas fiscais de venda indicavam, inclusive, CFOP relativo a VENDA DE MERCADORIA ADQUIRIDA OU RECEBIDA DE TERCEIROS. Por tal motivo, decidiu-se incluir no procedimento fiscal novas operações de 5 X. autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção de veículos listados nos incisos I a IX, incluídos os destinados ao mercado de reposição. Fl. 5331DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.325 13 importação, de modo a englobar todas as importações promovidas no período fiscalizado (julho/2007 a maio/2011) em que o contribuinte usufruiu do benefício fiscal em comento" (fl. 3969 - grifos nossos) "Feitas as considerações precedentes, parte-se agora a apurar as espécies e quantidades de mercadorias importadas que não fazem jus ao benefício fiscal utilizado, fundamentando e demonstrando o modo de apuração. O procedimento foi dividido em três tópicos, envolvendo as três categorias de mercadorias importadas com benefício, alternadores, motores de partida e componente, cujo emprego no processo produtivo não foi demonstrado ou comprovadamente não ocorreu" (fl. 3999 - grifos nossos) "(...) Tais produtos não foram objeto de transformação, conforme demonstram os laudos apresentados pelo contribuinte, tendo, no máximo, sido agregados porcas e um relé. Não houve alteração substancial dos produtos, nem mesmo em suas referências ou códigos de identificação. O produto comercializado, nesses casos, foi o mesmo importado, ainda que tenha passado por algum tipo de procedimento que possa ser considerado industrialização" (fl. 3.976 - grifos nossos) "Tomando-se como exemplo os motores de partida e alternadores importados, os quais não foram objeto de transformação, pois no máximo lhes foram agregadas porcas e relés, e observando os códigos das mercadorias declarados na escrituração fiscal, constatou-se que, em muitos casos, a quantidade de saídas foi gritantemente inferior a das entradas (...) É imprescindível que, nesses casos, os códigos dos produtos permitam rastreá-los desde a sua entrada, passando pelo processo produtivo e pela venda. Ressalte-se que tais produtos não foram transformados em outros durante o processo produtivo." (fl. 3977 - grifos nossos) "Todos os motivos narrados, considerados INDIVIDUAL ou COLETIVAMENTE, demonstram que os motores referidos NÃO FORAM SUBMETIDOS AO PROCESSO PRODUTIVO FALSAMENTE DESCRITO NO LAUDO TÉCNICO, CONSTATAÇÃO ESSA COMPROVADA DE VÁRIAS FORMAS. Sendo assim, é indevida a redução do imposto de importação utilizada pelo contribuinte, posto que as mercadorias não se destinaram ao seu processo produtivo" (fls. 4013/4014 - grifos nossos). "É importante destacar que o método utilizado é o mais benéfico ao contribuinte, já que aponta sempre para as quantidades MÍNIMAS de mercadoria importada com benefício e que foi revendida. Além disso, o laudo técnico contém informações falsas e não correlaciona os componentes, por seus códigos específicos, com os códigos específicos dos produtos produzidos e a escrituração fiscal não permite o acompanhamento detalhado da utilização das peças importadas no processo Fl. 5332DF CARF MF 14 produtivo, de modo que o CONTRIBUINTE NÃO COMPROVOU A UTILIZAÇÃO DOS COMPONENTES IMPORTADOS EM SEU PROCESSO PRODUTIVO. Diante disso, caberia a exigência dos tributos devidos sobre TODAS as importações. Entretanto, esta fiscalização adotou procedimentos de apuração baseados em critérios MAIS FAVORÁVEIS AO CONTRIBUINTE. Procurou-se aproveitar, dos livros fiscais, o que foi possível, A FIM DE BENEFICIAR O CONTRIBUINTE, ou seja, embora a escrituração não reflita fidedignamente os fatos ocorridos, nem seja apta a permitir o rastreamento da utilização das mercadorias na produção, ainda assim os lançamentos foram considerados de forma a apontar os valores MÍNIMOS, tendo sido aproveitados no que foi possível e em benefício do contribuinte. (...) Assim, a partir das quantidades apuradas conforme TABELA XXIII,que resultaram nos montantes listados na COLUNA N, representativos dos componentes que NÃO FAZEM JUS AO BENEFÍCIO FISCAL fluido, por terem sido revendidos sem industrialização, foram identificadas as DIs mais recentes na quantidade correspondente, que se encontram identificadas com a letra 'H' na coluna DIVERGÊNCIA na TABELA XXIV" (fls. 4023/4024 - grifos nossos). Percebe-se que o auditor fiscal reconhece como processo produtivo apenas a técnica aplicada a determinados produtos que resulte em sua alteração substancial. Por outro lado, a contribuinte compreende que processo industrial pode ser o de beneficiamento ou de acondicionamento, como já esclarecido acima. Em sua impugnação, recorrente aponta que a autoridade fiscalizadora interpretou de modo equivocado o texto contido no § 1º, do art. 5º da Lei n. 10.182/2001, que condiciona o benefício fiscal da redução do Imposto de Importação à destinação dos produtos importados aos "processos produtivos" das empresas montadoras e dos fabricantes de veículos, de autopeças e componentes necessários à produção de veículos. Ao seu ver, a correta interpretação deveria ser aquela segundo a qual o "processo produtivo" não precisa, necessariamente, ser realizado pelo importador dos produtos, mas pode ser realizado pela montadora de veículos para a qual os produtos importados tenham sido vendidos dentro do território nacional. Esclarece que: "o objetivo principal do dispositivo em questão, que concede um benefício fiscal, é o de reduzir a carga tributária incidente sobre a produção de veículos (e, em última análise, reduzir o preço final destes), sendo que as condições para fruição de tal benefício incluem o enquadramento do produto importado no rol de produtos listados pela norma em questão e a necessidade de submissão do produto importado ao processo produtivo de veículos, sem que haja necessidade de que tal processo seja desenvolvido pelo próprio importador, uma vez que inexiste previsão expressa nesse sentido. Tendo em vista que a Recorrente realiza processo de industrialização envolvendo os produtos por ela importados, o Fl. 5333DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.326 15 argumento de que o processo produtivo não precisa ser realizado pelo importador, no presente julgamento, acaba sendo um argumento subsidiário da Recorrente" (fl. 5179). Para a recorrente, o Regulamento do IPI (adotado por analogia tanto pelo recorrente quanto pela autoridade fiscalizadora) conceitua o "processo de beneficiamento" como sendo um "processo de modificação, aperfeiçoamento, embelezamento ou alteração de funcionamento de um produto já existente" (fl.5180). Assim, a colocação de reles em motores de arranque configura processo produtivo, na modalidade de beneficiamento, já que o rele é "um dispositivo de proteção de sobrecarga elétrica aplicado a motores que visa evitar o sobreaquecimento dos enrolamentos do motor quando ocorre uma circulação de corrente elétrica acima da tolerada em seus enrolamentos. Este aquecimento é prejudicial ao motor, uma vez que acarreta a redução de sua vida útil por desgastar a isolação dos enrolamentos modificando a sua rigidez dielétrica" (fl. 5181) Informa que a Decisão n. 2 (6/8/1997), que trata sobre outros procedimentos considerados como processo industrial pela COSIT, subsidia sua defesa, já que lá consta: "ENQUADRAMENTO DE OPERAÇÃO INDUSTRIAL - A atividade consistente no encaixe de elementos cerâmicos (chips) em suporte de plástico e papel (fita base) com selamento térmico e posterior enrolamento em carretéis é operação de beneficiamento (...)". Sobre a questão, cita precedentes deste Conselho (Acórdão n. 201-66.317/90 e Acórdão n. 201-66.804/90). Especificamente sobre o aperfeiçoamento do produto através de processo de beneficiamento a recorrente destaca: "INDUSTRIALIZAÇÃO - A operação industrial que substitui a cabine simples de um veículo automóvel para transporte de mercadorias do tipo picape ('pick-up') por um de cabine dupla não importa na obtenção de espécie nova, com deslocamento de classificação fiscal, e sim na modificação e aperfeiçoamento da utilização, acabamento e aparência desse produto, sem perda de sua identidade original, caracterizando-se a modalidade de industrialização por beneficiamento" (Acórdão n. 202-12954, de 16.08.2001) (fl. 5182). A contribuinte aduz que o auditor fiscal autuante não se ateve a qualquer elemento fático de seu processo produtivo, já que não considerou o fato que a contribuinte também exerce as atividades de beneficiamento (fls. 4050/4054) e acondicionamento (fls. 4054/ 4055) dos produtos importados. Da leitura do acórdão, mais especificamente da folha 7, percebe-se que a turma julgadora apreciou a questão sob o enfoque da destinação das mercadorias importadas sob a concessão da redução dos tributos. Naquela assentada, o colegiado considerou que não era relevante definir o que constitui o processo produtivo, porque tal questão era fato incontroverso. Transcrevo do acórdão trechos indicativos desta afirmativa: "No entanto, embora no que se refere especificamente ao processo produtivo dos motores de arranque linha pesada, a Fl. 5334DF CARF MF 16 fiscalização tenha se manifestado no sentido de que a fixação de um relé auxiliar e externo não alteraria a natureza da mercadoria importada, 'não constituindo montagem, já que não resulta em novo produto, nem mesmo a aperfeiçoa para consumo', a afirmação foi feita de maneira incidental. A acusação, em realidade, não se fixa na qualificação dos procedimentos a que os produtos importados, segundo a empresa, teriam sido submetidos. Tanto é assim que a fiscalização empreendeu uma detalhada análise sobre o processo produtivo alegado pelo interessado, conforme se verifica no decorrer do Relatório Fiscal. O cerne da denúncia é de que após a auditoria restou demonstrado que os produtos importados, para os quais se glosou o benefício, foram diretamente comercializados no mercado interno sem passarem pelo processo descrito nos laudos apresentados durante a fase inquisitiva. (...) Portanto, não será objeto deste julgamento determinar se os procedimentos descritos pelo interessado se enquadram ou não no conceito de processo produtivo de que trata o § 1º, do art. 5º da Lei n. 10.182/01 6 , pois este não constitui ponto controverso e muito menos foi um dos pilares para a autuação, conforme equivocadamente afirma o impugnante." (fl. 5065 - grifos nossos) Diante dos esclarecimentos acima, constato que apesar do relatório fiscal estar amparado na observação do agente de que a atividade desenvolvida pela recorrente não configura processo produtivo, e que há desproporcionalidade entre a quantidade de motores e de relés adquiridos, a instância de origem desconsiderou os fundamentos elencados pelo fiscal, e considerou não ser relevante para o julgamento da lide definir se a atividade desenvolvida pela contribuinte configura ou não processo produtivo, porque esse não seria o motivo da autuação fiscal. Limitou-se, apenas, a definir se os produtos forma comercializados diretamente no mercado interno. Há, ao meu ver, evidente alteração do critério jurídico, uma vez que a fundamentação principal do lançamento não foi o motivo apresentado pela DRJ de Fortaleza para manter a cobrança dos tributos. A alteração do critério jurídico adotado pelo fiscal autuante resulta em evidente cerceamento ao direito de defesa, já que o contribuinte apresentou defesa sobre o que lhe foi imputado, e não sobre a alegação apresentada e acolhida pela turma julgadora da impugnação. Deste modo, recai o que prevê o Decreto n. 70.235/1972: Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. 6 Art. 5º. O Imposto de Importação incidente na importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos fica reduzido em: § 1º. O disposto no caput aplica-se exclusivamente às importações destinadas aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes de: Fl. 5335DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.327 17 Ao escolher um viés de interpretação da norma pertinente em face aos fatos investigados, a instância de origem incorreu em outro equívoco, que é a omissão sobre as alegações de defesa apresentadas tempestivamente pela contribuinte sobre os processos de beneficiamento e acondicionamento. Tal omissão acarreta em evidente prejuízo porque, como já se viu, os integrantes da Suprema Corte concordam que definir a amplitude da expressão "processo produtivo" é relevante para a concessão do benefício fiscal reclamado. Ultrapassadas as preliminares, passamos ao mérito. 2. MÉRITO 2.1. SOBRE A LEGISLAÇÃO APLICÁVEL E DA EQUIVALÊNCIA ENTRE AS EXPRESSÕES "PROCESSO PRODUTIVO" E "PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO" A recorrente se insurge contra a manifestação do auditor fiscal que a exclui do rol das beneficiárias da redução do Imposto sobre Importações (previsto na Lei n. 10.182/2001), por considerar que a contribuinte não realiza qualquer processo produtivo. Defende que as expressões "processo produtivo" e "processo de industrialização" são equivalentes. São as razões apresentadas no recurso voluntário: "(i) pela própria semântica das duas expressões em destaque, que lhes confere caráter sinonímico, de modo que a imposição de entendimento diverso ao presente caso implicaria em inevitável ofensa ao art. 110 do CTN; (ii) pela inegável utilização dos conceitos de industrialização trazidos pela legislação do IPI como sinônimos de "processo produtivo", conforme já celebrado pela jurisprudência, e; (iii) pela inegável conexão da matéria ora em litígio à legislação do IPI, que, inclusive, é utilizada pela própria D. Autoridade Lançadora no caso, ao suscitar que a exigência escritural para redução do II teria como base o controle para o IPI" (fl. 5178). A contribuinte reputa que a melhor interpretação a ser conferida ao parágrafo 1º do artigo 5º da Lei n. 10.182/2001 é aquela na qual o "processo produtivo" ao qual deverão ser submetidos os produtos importados sob o benefício da redução do II não precisa, necessariamente, ser realizado pelo importador de tais produtos. "mas pode ser realizado pela montadora de veículos para os quais os produtos tenham sido vendido pelo importador". Esclarece que: "56. Em outras palavras, o objetivo principal do dispositivo em questão, que concede um benefício fiscal, é o de reduzir a carga tributária incidente sobre a produção de veículos (e, em última análise, reduzir o preço final destes), sendo que as condições para a fruição de tal benefício incluem o enquadramento do produto importado no rol de produtos listados pela norma em questão e a necessidade de submissão do produto importado ao processo produtivo de veículos, sem que haja necessidade de que tal processo seja desenvolvido pelo próprio importador, uma vez que inexiste previsão expressa nesse sentido". (fl. 5179). Fl. 5336DF CARF MF 18 Para a solução da lide é necessário trazer a conhecimento, novamente, a manifestação da Suprema Corte sobre a interpretação do artigo 5º da Lei n. 10.182/2001, ao decidir quem são os destinatários do benefício fiscal objeto dos autos. Como já dito alhures, consta no voto condutor do acórdão proferido no julgamento do Recurso Extraordinário n. 405.579/PR, que as mercadorias importadas sob o regime fiscal mais benéfico não podem ser imediatamente colocadas à disposição do mercado consumidor, porque devem ser destinadas ao processo produtivo de automóveis. Segue trecho do voto condutor sobre esse requisito: "Como bem salientou a Fazenda Nacional, a isenção de que trata a lei não atinge a importação de pneumáticos para o mercado de reposição, seja para montadoras, seja para fabricantes de veículos. O § 1º do referido art. 5º torna claro que as importações que gozam da isenção estipulada são exclusivamente 'destinadas aos processos produtivos'. A Fazenda Nacional deixa expresso em seu memorial: 'A letra da lei está a revelar que o que se poderá destinar ao mercado de reposição não são os insumos importados com redução de imposto (categoria dos pneumáticos), mas os itens fabricados a partir desses insumos. É esse o produto que deverá: I) ser incorporado no processo da indústria automotiva; ou II) ser comercializado no mercado de reposição'. Portanto, os fabricantes de que trata o art. 5º, § 1º, somente podem importar pneumáticos para que estes sejam envolvidos em algum processo produtivo. A lei não permite a sua destinação imediata ao mercado consumidor". ( grifos nossos) Da leitura da manifestação dos demais componentes da turma julgadora, percebe-se que chegou-se a conclusão que o benefício fiscal se estende também àqueles importadores que, mesmo não sendo fabricantes, atuem no mercado nacional de reposição de peças necessárias para a indústria automotiva. Seguem as colocações apresentadas pelos Ministros sobre o assunto: Ministro Marco Aurélio - O fato que respalda o próprio texto normativo, ou seja, o envolvimento da montadora, o fornecimento de material destinado à reposição e a circunstância de a recorrente importar esse mesmo material e não ser montadora. Então, não há qualquer dúvida quanto aos fatos. Ministro Nelson Jobim - Ministro, é evidente que a legislação está beneficiando o produtor, ou seja, a produção nacional de veículos. Ministro Eros Grau - Em primeiro lugar, o artigo 6º da Lei fecha porta que estaria aberta ao dizer que, para a fruição dessa redução, é necessária a comprovação de que se é fabricante. Ministro Cezar Peluso - Na verdade, a norma, a despeito da impropriedade da interpretação - parece-me que a interpretação correta é de que concerne a peças de insumo propriamente dito, Fl. 5337DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.328 19 de substituição -, se destina a estimular o desenvolvimento da indústria nacional, dirigindo-se, portanto, ao mercado de criação e, por isso mesmo, não pode beneficiar o mercado comercial, que tem por objeto produtos acabados, destinados ao mercado chamado 'mercado de reposição'. Ministro Gilmar Mendes - Portanto, também entendo correta a interpretação adotada pelo Tribunal a quo para estender o benefício da redução de 40% do imposto de importação, previsto no art. 5º, §1º, X, da Lei n. 10.182/2001, também aos contribuintes, diversos dos fabricantes e montadoras, que atuem no mercado de reposição. Ministro Dias Tóffoli - É que o art. 5º da Lei n. 10.182/01 não tem o alcance dado pelo v. acórdão recorrido. Ele permite a redução do tributo em tela para pneus apenas se esses forem utilizados na fabricação de veículos, não estendendo o benefício ao caso de pneus destinados ao mercado de reposição, desvinculados que estão do processo de fabricação de um novo veículo ou de partes de um veículo. Essa é a interpretação que sobressai da norma em apreço, a qual apenas concede o benefício fiscal às importações dos insumos constantes do caput - quais sejam: 'partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semi-acabados, e pneumáticos' - quando esses se destinam exclusivamente ao processo produtivo das empresas montadoras e dos fabricantes dos produtos elencados nos incisos I a X, conforme expresso no §1º. Assim, a condição para fazer jus ao benefício é que os insumos importados possam ser usados na produção de veículos ou de partes desses veículos. (grifos nossos) E tal conclusão não poderia ser outra, já que o texto da lei é de clareza solar sobre quem são os beneficiários do regime fiscal diferenciados: Art. 5º O Imposto de Importação incidente na importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos fica reduzido em: I - 40% (quarenta por cento) até 31 de agosto de 2010; II - 30% (trinta por cento) até 30 de novembro de 2010; III - 20% (vinte por cento) até 30 de maio de 2011; e IV - 0% (zero por cento) a partir de 1º de junho de 2011. § 1º O disposto no caput aplica-se exclusivamente às importações destinadas aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes de: I - veículos leves: automóveis e comerciais leves; II - ônibus; III - caminhões; IV - reboques e semi-reboques; Fl. 5338DF CARF MF 20 V - chassis com motor; VI - carrocerias; VII - tratores rodoviários para semi-reboques; VIII - tratores agrícolas e colheitadeiras; IX - máquinas rodoviárias; e X - autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção dos veículos listados nos incisos I a IX, incluídos os destinados ao mercado de reposição. III - comprovação, exclusivamente para as empresas fabricantes dos produtos relacionados no inciso X do § 1º do artigo anterior, de que mais de cinqüenta por cento do seu faturamento líquido anual é decorrente da venda desses produtos, destinados à montagem e fabricação dos produtos relacionados nos incisos I a X do citado § 1º e ao mercado de reposição. (grifos nossos). Porém, apesar de expressamente constar na lei concedente a extensão do benefício para as empresas que destinam as mercadorias importadas ao mercado de reposição (alínea X do § 1º do art. 5º), a autoridade autuante lavra a exigência contra a contribuinte porque esta não comprovou o efetivo emprego dos bens importados no processo produtivo da importadora (fl. 3966). Percebe-se, aqui, o ponto nodal do recurso sob julgamento: a autoridade administrativa não reconhece que a lei concede o benefício também àqueles importadores de peças para a reposição de peças do setor automotivo. E, por deduzir esta interpretação mui restritiva da Lei n. 10.182/2001, o auditor fiscal não apurou quantas mercadorias importadas foram, efetivamente, destinadas ao mercado de reposição. Vale consignar que o próprio auditor fiscal constata que a contribuinte opera no mercado nacional como importadora de peças de reposição, como se percebe dos excertos abaixo: "A REMY AUTOMOTIVE BRASIL LTDA tem por atividade econômica principal, conforme CNAE informado no CNPJ, a fabricação de peças e acessórios para o sistema motor de veículos automotores. Na sua página eletrônica na internet é possível obter informações sobre seu ramo de atuação e atividades conforme abaixo reproduzido: 'Remy Automotive Brasil No Brasil, a história da Remy começou em 1998, (...) Ainda, temos um escritório em São Paulo, que é um centro de competência dos negócios para América do Sul, , engenharia de com vendas de equipamentos originais e mercado de reposição aplicação e serviços, respaldo técnico, marketing e planejamento. Trabalhando e concentrando os esforços para alcançar o máximo nível de satisfação dos clientes e a excelência em todos os processos e serviços, produzidos para os principais fabricantes de automóveis instalados no Brasil e outros países sul americanos." (fls. 3960/3961 - grifos nossos). Fl. 5339DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.329 21 "No site também se encontram informações sobre o MERCADO DE REPOSIÇÃO: 'A Remy Automotive Brasil, responsável pelo gerenciamento de todos os negócios de reposição da América do Sul, atende a mercado com mais de 100 pontos de vendas divididos entre distribuidores e rede de assistência técnica. Com sistema logístico e eficaz, abastece os distribuidores e disponibiliza produtos de diversas unidades da Remy, proporcionando total cobertura de atendimento ao mercado com um completo portifólio de produtos. Assim, está bastante claro que o contribuinte é o responsável pelo abastecimento dos distribuidores e redes de assistência técnica disponibilizando-lhes produtos e peças de reposição oriundos de diversas unidades do grupo REMY ao redor do mundo. Constata-se, portanto, que a empresa é tanto uma indústria quanto uma distribuidora de peças importadas" (fls. 3962/3963 - grifos nossos). Consta no Relatório Fiscal que 94% dos motores importados foram efetivamente destinados à comercialização, como se infere do excerto abaixo: "Ainda em relação às NFs de entrada relacionadas na TABELA X, em nada menos que 185 NFs, de um total 197, ou seja, em 94% dos casos, o CFOP informado foi '3102- COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO'!' (fl. 4006 - grifos nossos) Apesar de reconhecer que a maioria dos produtos importados foram destinados à comercialização no mercado interno - que é a destinação exata prevista no inciso X do § 1º do artigo 5º da Lei n. 10.182/2001 -, o auditor não averigua quem foi o comprador final das mercadorias importadas. O fato do auditor fiscal não ter promovido a devida investigação para apurar quais foram os consumidores das mercadorias categorizadas sob o CFOP n. 3102 comprova que a sindicância desconsiderou a permissão contida no inciso X do art. 5º da Lei 10.192/2001, o que redunda na imprestabilidade da inspeção e no conseqüente esvaziamento da autuação fiscal. A meu ver, o auto de infração sob julgamento deve ser cancelado, já que as provas nos autos indicam que a contribuinte promoveu a importação dos produtos em estrita observância ao que dispõe o inciso X do art. 5º da Lei n. 10.192/2001. 2.2. SOBRE O PROCESSO PRODUTIVO REALIZADO PELA RECORRENTE. A recorrente afirma que cumpre com os requisitos necessários para a fruição do benefício fiscal já que acondiciona e beneficia os produtos importados. 2.2.1. SOBRE O PROCESSO DE BENEFICIAMENTO No rol listado no artigo 4º do Regulamento de IPI está prevista a prática do beneficiamento, sendo esta a que "importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto" (inciso II). Fl. 5340DF CARF MF 22 Afirma que "nesse processo, o produto resultante permanece na mesma classificação fiscal originária, ou seja, não tem nova classificação na nomenclatura brasileira de mercadorias", conforme delineado no Parecer Normativo n. 398/1971. Aduz ainda que submete os motores de arranque importados ao processo de beneficiamento. Tal beneficiamento consiste, em síntese, no seguinte roteiro procedimental, devidamente pormenorizado no laudo anexo a Impugnação (doc. 4) e instruído com fotografias de cada uma das etapas que lá foram descritas. E conclui que a colocação de relés em motores de arranque configura a realização de processo produtivo exigido para a fruição do benefício fiscal. E sua conclusão estaria fundamentada na Decisão COSIT n. 2, publicada em 06/08/1997, e também reconhecida por este Conselho nos Acórdãos n. 201-66.317/90 e 201-66.804/90. Esclarece que beneficia os relés em duas situações: (i) quando os aplica aos motores importados sem esse dispositivo e (ii) quando embala os motores de arranque que são importados já munidos de relés. Afirma que realizou o processo de beneficiamento em 11.269 motores de arranque, sendo que para cada existe identificação de seus códigos part number . E continua esclarecendo que: "72. Ademais, a saída de tais produtos industrializados também foi comprovada pela Recorrente com base em (i) tabela elaborada pela empresa de auditoria Deloitte, que relaciona a composição do Livro de Registro de Saídas e Notas Fiscais de Saída emitidas pela Recorrente (doc. 5 da impugnação) e identifica motores de arranque vendidos, com indicação dos números das respectivas notas fiscais de saídas; assim como com base (ii) nas próprias notas fiscais de saída cujas cópias também foram juntadas ao processo (doc. 6 da impugnação). 73. Em relação a tais documentos anexos à Impugnação, é importante ressaltar que as notas fiscais de saída emitidas pela Recorrente (que fazem parte do doc. 6) demonstram claramente no campo 'código do produto' os códigos part number identificados na tabela acima." (fl 5183) A recorrente trouxe aos autos, tempestivamente, laudo técnico que esclarece qual o processo de beneficiamento a que são submetidos os motores de arranque importados sem relés (doc. 4 da impugnação - fls. 4.172/4.185 dos autos eletrônicos). Tal informação foi corroborada pelo laudo subscrito pela auditoria independente, onde estão relacionado e identificados os part numbers nos livros de saída da contribuinte, assertiva que também está demonstrada nas Notas Fiscais de Saída acostadas ao documento 6 da impugnação. Tal assertiva se encontra em harmonia com a conclusão do auditor, que apurou que existiam no estoque da recorrente 16.273 unidades de relés7 - "quantidade máxima disponível para emprego no processo produtivo" - o que extrapola a quantidade de relés identificadas no laudo independente. Por esse motivo, entendo que as provas nos autos demandam o cancelamento da autuação no que se refere o Imposto sobre a Importação referente aos 11.269 motores de 7 Segue trecho do Relatório Fiscal: "Somando-se as entradas ao estoque inicial e deduzindo-se as saídas e o que restou em estoque, chega-se ao montante de apenas 16.237 unidades, o que corresponde a quantidade MÁXIMA disponível para emprego no processo produtivo no período de 01/11/2007 a 30/06/2011. E processo produtivo aqui referido é o de qualquer natureza, inclusive remanufatura e industrialização de motores da linha leve" (fl. 4007). Fl. 5341DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.330 23 arranque importados pela contribuinte, já que estes foram efetivamente submetidos ao processo de beneficiamento. 2.2.2. SOBRE O PROCESSO DE ACONDICIONAMENTO A recorrente defende que o processo de acondicionamento, previsto no inciso IV, do art. 4º do Regulamento do IPI, e corresponde ao processo de alteração da embalagem visual do produto, o que efetivamente ocorre na hipótese dos autos. Para comprovar o que alega, a impugnante promoveu a juntada do laudo pormenorizado do acondicionamento, que também demonstra o caráter promocional da embalagem empregada nesse processo, bem como a sua boa qualidade e acabamento. Sobre a questão acerca do processo de acondicionamento, a recorrente informa que: "96. Note-se que a D. Autoridade Julgadora desconsidera o laudo apresentado pela Recorrente nestes autos (doc. 7 da Impugnação), que descreve a operação de acondicionamento, à qual foram submetidos os motores de arranque e os alternadores, sob o argumento de que o 'fato de ser apresentado laudo técnico ou de existir uma determinada instrução de trabalho que pode ser aplicada a determinada mercadoria importada não comprova, por si só, que as operações descritas foram aplicadas a ela, ainda mais quando já se sabe de antemão que o contribuinte também revende peças importadas', por outro lado, não se verifica nos autos que a D. Autoridade Lançadora tenha comprovado que a Recorrente não realizara as operações de acondicionamento em parte dos produtos por ela importados" (fl. 5190). Para Raymundo Clóvis do Valle Cabral Mascarenhas8, o beneficiamento consiste em "modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou aparência do produto". O autor destaca que o Parecer Normativo n. 100/1971 inclui na definição de beneficiamento "as pequenas operações realizadas por estabelecimento industrial em produto semi-acabado que adquire de outro fabricante, necessárias ao seu acabamento, sem que signifique a obtenção de espécie nova". Ao discorrer sobre o processo de beneficiamento ou recondicionamento, o mencionado autor afirma que "ocorre o reacondicionamento quando a colocação da embalagem é feita em substituição à original" (definição transportada do Parecer Normativo n. 199/1971). E trás a seguinte ressalva: "A operação em lide somente será considerada como industrialização, sujeitando o produto à incidência do IPI, quando a forma de embalagem do produto puder ser entendida como 'acondicionamento de apresentação', na forma do disposto no artigo 6º do RIPI. (...) Fica caracterizada a operação de acondicionamento/reacondicionamento sempre 8 Economista, Auditor Fiscal da Receita Federal e autor do livro Tudo sobre IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, onde está registrada a anotação feita no livro da 5ª edição, São Paulo: Aduaneiras - Informação sem fronteiras, 2003, pgs. 31/ 33. Fl. 5342DF CARF MF 24 que se engarrafar, embalar, etc... quaisquer produtos tributados em unidades, ainda que sem dizerem promocionais, entendendo-se como unidade a menor quantidade que isoladamente possa ser apresentada a consumo" (pg. 39 da mencionada obra- grifos nossos). É no mesmo sentido a interpretação acolhida pelos autores do manual Regulamento do IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados, anotado e comentado 9, coordenado por Marcelo Magalhães Peixoto e Luiz Roberto Domingo, de onde extraio: "A operação de acondicionamento ou reacondicionamento será considerada como industrialização caso a embalagem sirva para a apresentação do produto, isto é, caso ela seja colocada para levá-lo a consumo, conforme disposto no art. 6º, II. Se a embalagem ser apenas para o transporte da mercadoria, a operação é excluída do conceito de industrialização (PN n. 199/70, 460/70, 472/70, 482/70, 538/70, 160/71). A colocação de embalagem de apresentação em produto de procedência estrangeira constitui operação industrial sujeita a tributação pelo IPI (PN CST n. 2.942/81 e 1.282/82). Ocorre o reacondicionamento quando a embalagem original é substituída por outra (PN n. 1999/71)." A auditoria independente assinala as etapas do processo de industrialização promovidos pela ora recorrente como sendo: Etapa 1: Motores chegam em caixa a granel ou embaladas; Etapa 2: Motores são colocados na rampa da linha de produção; Etapa 3.1.: Os motores são analisados, uma porca é retirada; Etapa 3.1.2: Colocação de duas porcas com espaçamento necessário para o chicote; Etapa 3.1.3.: Apertar as porcas; Etapa 3.2. Motor em rele; Etapa 3.2.1. Colocação do rele. Etapa 3.2.2. Motor com rele Etapa 4.: Colocação de etiqueta de identificação no motor Remy Brasil; Etapa 5: Elaboração de testes de qualidade e marcação; e Etapa 6: Motores são acondicionados em embalagem retornável e enviados aos clientes. Cotejando a descrição do processo industrial da recorrente e o entendimento da doutrina sobre as definições contidas no RIPI, entendo que as etapas 2, 4 e 6 correspondem, efetivamente, aos processos de acondicionamento e reacondicionamento. 9 Publicado em 208 pela MP Editora. São os autores desta obra: ZOMER, Antônio; BEZERRA NETO, Antonio; ASSIS, Emanuel Carlos Dantas; VALADÃO, Marcos Aurélio Pereira e FREITAS, Rinaldo Maciel. Fl. 5343DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.331 25 Ao restringir o processo de industrialização às hipóteses previstas nos incisos I (transformação), II (beneficiamento) e III (montagem) do art. 4º do Regulamento, o auditor fiscal quedou-se inerte a avaliar os fatos sob a perspectiva dos incisos IV do mencionado artigo. Por sua vez a contribuinte apresentou tempestivamente as provas necessárias para confirmar o que defende. 2.2.3. SOBRE O PROCESSO PRODUTIVO INDIRETO JÁ RECONHECIDO POR ESTE CONSELHO A Recorrente defende que não deve ser privilegiada a interpretação restritiva adotada pelo fiscal sobre o conteúdo do art. 5º da Lei n. 10.182/2001, porque o parágrafo 1º do indigitado artigo determina que o benefício fiscal se estende às empresas montadoras e/ ou fabricantes de determinadas mercadorias. A condicionante para a fruição da redução é, de acordo com a contribuinte, o destino da mercadoria importada. Aponta como paradigmas dessa discussão os Acórdãos n. 202-13610 e 302-39761. Sobre o Acórdão n. 3102-00.444 a Recorrente esclarece que: "134. Veja-se que esta é justamente a situação observada pela ora Recorrente! Ainda que se considere que seus produtos não tenham sofrido processo produtivo dentro de seu estabelecimento, o que se faz apenas por amor ao debate, tem-se que a Recorrente, durante o trabalho fiscal, muniu a autoridade fiscal de documentação robusta comprovando que tais mercadorias foram vendidas às empresas montadoras. 135. Assim, a partir da análise das Notas Fiscais de Saída do período de 11/07 a 06/11 escrituradas nos livros fiscais, verifica- se claramente que mais de 89% dos motores de partida vendidos pela Recorrente tiveram como destino empresas montadoras, conforme pode ser observado na tabela abaixo 136. Tais informações são demonstradas de forma mais detalhada no doc. 9 da Impugnação, no qual são indicadas todas as saídas realizadas a montadoras por quantidades e com identificação do número das respectivas notas fiscais de saída também anexadas à Impugnação (doc. 10 da Impugnação) 137. Embora a fiscalização tenha tido acesso às Notas Fiscais de Saída, não houve qualquer apreciação sobre a destinação das mercadorias importadas com o intuito de ponderar se haveria industrialização por uma empresa montadora nas etapas seguintes". (fls. 5200/5201). Sobre esse argumento de defesa da recorrente, já apresentei no item 2.1. as razões pelas quais entendo que o auto de infração merece ser cancelado. Acresço, ainda, o fato que existem nos autos provas que mais de 89% dos motores de partida vendidos pela Recorrente tiveram como destino a Volkswagen Caminhões10, motivo pelo qual reitero minha opinião que a contribuinte importou as mercadorias exatamente de acordo com o que prevê o inciso X, do § 1º do art. 5º da Lei n. 10.182/2001. 10 De forma mais sucinta, tal informação está lavrada no Laudo Tecnico, mais exatamente à folha 4.185 dos autos eletrônicos. Fl. 5344DF CARF MF 26 3. SOBRA A INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NO ART. 711 DO REGULAMENTO ADUANEIRO - ADEQUAÇÃO, SUFICIÊNCIA E VERACIDADE DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA EM SUAS IMPORTAÇÕES. A contribuinte se insurge contra a pena sofrida, já que a sanção prevista no artigo 711 do Regulamento Aduaneiro porque sustenta não ter apresentado informações falsas. Reputa não ser adequada a multa imposta, já que decorre da divergência entre o fiscal e a contribuinte sobre a definição de processo produtivo. Afirma, ainda, que: "142. É importante notar também que a autoridade fiscal toma como base para a autuação e cobrança da multa regulamentar o fato que de que grande parte das notas fiscais de entrada teria CFOP de 'compra para comercialização'. 143. Todavia, a r. decisão não menciona ou leva em consideração o fato de que a Recorrente pode simplesmente ter se equivocado em relação ao CFOP adotado nas notas fiscais de entrada, uma vez que a Recorrente declarou nas DIs que as importações se destinavam a consumo e a grande maioria das notas fiscais de saída emitidas pela Recorrente no período autuado (aproximadamente 86% das notas fiscais de saída segundo relatório Deloitte anexo) tinham CFOP 6.101- Venda de Produção do Estabelecimento, o que corrobora a informaão prestada nas DIs, assim como está em consonância com os argumentos acima que demonstram que a Recorrente submete os produtos por ela importados a um processo produtivo" (fl. 5203) Como já dito, voto pelo cancelamento do auto de infração diante da imprestabilidade da sindicância promovida pelo auditor, o que resulta no corolário óbvio que é o afastamento da multa imposta. 4. DA ILEGALIDADE DA APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA DE 150% AO CASO EM TELA A contribuinte também rechaça a aplicação da multa de 150% porque entende que o auto de infração reflete uma divergência na interpretação da norma, o que afasta a alegação de que teria prestado informações falsas, e também porque sempre atendeu às intimações recebidas. Não há nos autos, de acordo com a recorrente, a configuração da fraude, prevista no inciso II, do artigo 44 da Lei n. 9.430/96. Como já dito, voto pelo cancelamento do auto de infração diante da imprestabilidade da sindicância promovida pelo auditor, o que resulta no corolário óbvio que é o afastamento da multa imposta. 5. SOBRE A INAPLICABILIDADE DE JUROS SOBRE A MULTA Utilizando precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão n. 02-03.133) como fundamento, a recorrente pleiteia pelo cancelamento dos juros de mora, calculados com base na taxa SELIC, sobre a multa de ofício lançada no auto de infração sob julgamento. Como já dito, voto pelo cancelamento do auto de infração diante da imprestabilidade da sindicância promovida pelo auditor, o que resulta no corolário óbvio que é o afastamento da multa imposta. Fl. 5345DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.332 27 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para cancelar o auto de infração sob julgamento. Lenisa Rodrigues Prado - Relatora Fl. 5346DF CARF MF 28 Voto Vencedor Conselheiro Walker Araújo, Redator Designado. Peço vênia para discordar do resultado proferido pela i. Relatora, nos seguintes termos. a) Preliminar: mudança de critério jurídico Inicialmente, entendo que a decisão de piso não alterou os fundamentos do lançamento ao restringir sua análise a matéria concernente a destinação dada ao produto importado, deixando, assim, de apresentar qualquer juízo de valor sobre o fato de que os procedimentos descritos pela Recorrente se enquadram ou não no conceito de processo produtivo de que trata o § 1º, do artigo 5º, da Lei nº 10.182/2001. Com efeito, o fundamento principal da autuação refere-se a destinação dada aos produtos importados constatado através dos registros e documentos fiscais analisados pela fiscalização, onde restou apurado que os produtos importados com o benefício sob análise foram destinados diretamente à comercialização. A própria Recorrente afirma em sua impugnação que a questão envolvendo o conceito de processo produtivo não restou definido pela fiscalização quando da formalização do relatório fiscal. É o que se extrai do primeiro item do parágrafo décimo terceiro: "13. Com efeito, conforme se verá adiante,o auto de infração ora combatido fora lavrado sob dois pilares estranhos à aplicação do benefício de redução de I.I previsto na Lei nº 10.182/01, quais sejam: (i) que o conceito de processo produtivo (não definido na r. autuação, diga-se) seria, no entender da D. Fiscalização algo alheio àquele conhecido e expresso na legislação vigente (i.e. art. 4º, do Decreto nº 7.212/10 - Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados - "RIPI"); Portanto, os fatos que ensejaram a autuação foram ocasionados pela divergência das informações registradas nas DI´s e nas Notas Fiscais. A respeito disso, destaco trechos do Relatório Fiscal de fls. 3.960-4.301: Da análise dos documentos e esclarecimentos apresentados, foram constatadas divergências que motivaram a formalização de nova intimação, bem como a inclusão de novas operações de importação no procedimento fiscal, conforme constou no Termo de Intimação Fiscal nº 173/2012-SAFIA/ALF/ITJ (fls. 1410-1433). Entre as constatações efetuadas, foi observado que em muitas importações beneficiadas com a redução do imposto de importação e relativas a componentes para motores de partida e alternadores, as notas fiscais de entradas haviam sido emitidas indicando o CFOP10 3102, relativo à COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO. Ocorre que se tais componentes se destinavam à industrialização pelo importador, situação necessária para justificar o benefício fiscal fruído, não deveriam ter dado entrada no estabelecimento como destinados à comercialização. Além disso, observou-se também que havia notas fiscais de saída relativas a vendas de componentes das mesmas referências (códigos da mercadoria) importadas com benefício fiscal, indicando que tais componentes eram simplesmente revendidos sem passar por processamento industrial, sendo que as notas fiscais de venda indicavam, inclusive, CFOP relativo a VENDA DE MERCADORIA ADQUIRIDA OU RECEBIDA DE TERCEIROS. Por tal motivo, Fl. 5347DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.333 29 decidiu-se incluir no procedimento fiscal novas operações de importação, de modo a englobar todas as importações promovidas no período fiscalizado (julho/2007 a maio/2011) em que o contribuinte usufruiu do benefício fiscal em comento. 8.1. ALTERNADORES - NCM 8511.50.10 Por meio dos livros fiscais apresentados em meio eletrônico, identificamos que no período compreendido entre 01/11/2007 a 30/06/2011 consta o registro da entrada, relativa a compras, de 10.602 unidades de alternadores, conforme códigos IFS (apenas 201 unidades a mais do que a quantidade importada com benefício fiscal), conforme TABELA III em anexo (fls. 2702-2718). Nela estão relacionados 222 (duzentas e vinte e dois) diferentes números de notas fiscais de entrada. Em apenas duas dessas (correspondendo a apenas 25 unidades) foi informado o CFOP 3101 relativo à COMPRA PARA INDUSTRIALIZAÇÃO. Em todas as demais as mercadorias já entraram no estabelecimento com a indicação do CFOP 3102 - COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO. Tal fato demonstra que o contribuinte já tinha conhecimento, desde o momento em que as importações foram efetivadas, de que as mercadorias se destinavam à REVENDA E QUE NÃO SERIAM DESTINADAS A SEU PROCESSO PRODUTIVO. (...) Em remate, de plano se constata que os ALTERNADORES importados com benefício fiscal NÃO FORAM UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO do contribuinte, posto que esse sequer descreveu qualquer processo produtivo porventura aplicado aos mesmos. Assim, as demais considerações apresentadas servem para confirmar que tais mercadorias, quando de sua importação, já se destinavam a mera revenda, bem como estabelecer, desde logo, que os livros fiscais do contribuinte NÃO REPRESENTAM EFETIVAMENTE a movimentação dos bens no estabelecimento, não sendo aptos a comprovar a utilização das mercadorias - quaisquer delas - em seu processo produtivo. Destarte, são exigíveis os tributos que deixaram de ser recolhidos por ocasião do despacho aduaneiro em virtude da utilização indevida do benefício fiscal em questão. 8.2. MOTORES DE PARTIDA - NCM 8511.40.00 No laudo técnico respectivo, FORAM INFORMADOS APENAS 13 (TREZE) CÓDIGOS DE MERCADORIA RELATIVOS AOS MOTORES DE ARRANQUE AOS QUAIS TAL PROCESSO PRODUTIVO TERIA SIDO APLICADO. Ora, se foram importados motores de 100 códigos diferentes, e em somente 13 desses códigos alega o contribuinte ter havido a aplicação de processo produtivo, de plano se conclui que os motores dos demais 87 códigos NÃO FORAM SUBMETIDOS A PROCESSO PRODUTIVO ALGUM. Apresentamos abaixo um quadro com as quantidades importadas por código, onde as linhas que contém células sombreadas e com caracteres em negrito e itálico correspondem aos códigos de mercadorias aos quais supostamente teria sido aplicado o PROCESSO PRODUTIVO “A”. As demais linhas, sem sombreamento e caracteres em fonte comum se referem a códigos de motores não mencionados no laudo técnico. Totalizando as quantidades informadas, vê-se que os treze códigos relativos aos motores supostamente submetidos ao processo produtivo correspondem a 116.385 (cento e dezesseis mil trezentos e oitenta e cinco) unidades, ou 80,4% do total, enquanto os demais representam 28.421 (vinte e oito mil quatrocentos e vinte e Fl. 5348DF CARF MF 30 uma) unidades, ou 19,6%. Em relação aos motores de partida englobados nesses 19,6%, de plano se constata a inaplicabilidade da redução do imposto de importação utilizada pelo contribuinte, posto que as mercadorias não se destinaram ao seu processo produtivo. Na TABELA XXIV (fls. 3563-3708) tais motores estão identificadas com a letra “B” na coluna “DIVERGÊNCIA”. Apesar disso, procurou-se identificar como as entradas dessas mercadorias foram registradas. Identificaram-se nos Livros Registro de Entradas as NFs relativas às entradas dos motores com tais códigos. Conforme TABELA IX (fls. 2788-2803), foram identificadas 427 NFs diferentes, representando uma quantidade de 52.634 unidades de motores. A quantidade é bem superior a obtida a partir das DIs (28.521 unidades), mas a diferença pode ser explicada, ao menos em parte, por talvez terem ocorrido importações das mesmas mercadorias sem benefício fiscal. Dessas NFs, em 404 delas (94,6%) foi informado o CFOP 3102 - COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO, contemplando 50.337 unidades (95,6%) e em a apenas 5 delas, relativas a 274 unidades foi informada a CFOP 3102 - COMPRA PARA INDUSTRIALIZAÇÃO. Logo, é evidente que desde o momento das importações o contribuinte já tinha conhecimento de que as mercadorias SE DESTINAVAM À COMERCIALIZAÇÃO. 10. DA MULTA POR PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES INEXATAS Nos termos da Instrução Normativa SRF nº 680/06, que disciplina o despacho aduaneiro de importação, a DI será formulada pelo importador no Siscomex e consistirá na prestação das informações constantes do anexo único à referida instrução (art. 4º). Nos termos do referido anexo, entre as informações de prestação obrigatória pelo importador encontra-se a de nº 39 - Aplicação da Mercadoria - Destino da mercadoria: consumo ou revenda. No caso presente, o contribuinte importou peças ao amparo de benefício fiscal sob condição de utilizá-las em seu processo produtivo, porém, no caso dos ALTERNADORES importados, sequer alegou efetuar qualquer industrialização, já que não possui linha industrial para tal fim, e, para os MOTORES DE PARTIDA, apresentou laudo técnico ideologicamente falso, alegando que seria imprescindível a agregação de um relé a cada motor, porém demonstrou-se que nunca houve quantidade de relés suficientes para tal. Junte-se a isso o fato, incontestável, de que na quase totalidade das notas fiscais de entrada de tais mercadorias o contribuinte informava se tratar, conforme CFOP informado, de COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO. Paradoxalmente, nas DIs respectivas a REMY informou, em quase todos os casos, que as mercadorias se destinavam a CONSUMO, e não REVENDA. Do total de 1.044 (um mil e quarenta e quatro) adições, relacionadas na TABELA XXVI (fls. 3944-3952), envolvendo importações de alternadores e motores de partida, em apenas quatro casos (insignificantes 0,38%) foi informado se tratar de mercadoria destinada à REVENDA. Nos demais foi informado que as mercadorias seria destinadas a CONSUMO. É fato que a fiscalização analisou o Laudo Técnico carreado pela Recorrente e, por meio de tal análise verificou se os produtos importados seriam de fato utilizados na industrialização de mercadorias, o que, no entendimento deste Conselheiro, tal trabalho foi realizado para confirmar, juntamente com a divergência apurada nos registros e documentos fiscais, que os produtos importados não foram submetidos à industrialização. Portanto, entendo que o lançamento fiscal não se pautou única e exclusivamente, na ausência de comprovação de industrialização dos produtos importados, sendo que a motivação principal da autuação diz respeito a destinação dada aos produtos importados, esta apurada por meio de análise documental carreada pela própria Recorrente. Fl. 5349DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.334 31 Aliás, a decisão de piso ao afirmar que deixaria de determinar se os procedimentos descritos pelo interessado se enquadram ou não no conceito de processo produtivo de que trata o § 1º, do art. 5º da Lei nº 10.182/01 (matéria não tratada no relatório fiscal), não deixou de analisar o emprego dos produtos importados no processo produtivo da Recorrente, conforme se verifica nos trechos da decisão abaixo: A controvérsia específica em relação a esse produto é se teria havido ou não a adição do relé auxiliar aos motores após a sua importação, conforme afirma a Remy. A fiscalização demonstrou que para as 116.385 unidades de motores importados, correspondentes aos 13 códigos informados nos laudos técnicos, todos destinados à linha pesada, haveria a disponibilidade no período de apenas 16.273 unidades de relés auxiliares, com o agravante de que estes poderiam ser utilizados em qualquer processo produtivo, independente de sua natureza, inclusive remanufatura e industrialização de motores da linha leve, o que, dentre outros fatores considerados, levou à convicção sobre a inveracidade do laudo apresentado e à glosa do benefício em relação a esses produtos. Especificamente quanto aos códigos 8200053 e 8200072, que na impugnação o interessado insiste em afirmar que existiria uma quantidade corresponde a 4284 unidades que teriam sido objeto de adição de relés, verifica-se, objetivamente, mais uma vez a improcedência da alegação, pois esses tipos de motores, conforme catálogo técnico da Remy (fls. 2059/2060), estão associados ao relé auxiliar de part number nº 10512097 (equivalente ao código IFS 45714), produto para o qual não havia disponibilidade suficiente no período para a realização do alegado processo produtivo, conforme demonstrado no quadro abaixo, para cuja elaboração tomou- se como fonte os dados apresentados nas Tabelas XI, XII, XV e XXIII (fls. 2812/2817, 2818/2821, 3335 e 3549/3562): (...) Ou seja, mesmo para os 4284 motores de arranque a que se faz referência na impugnação, não haveria a possibilidade da adição da mesma quantidade de relés, a menos que estes proviessem de produção interna da Remy, o que não é caso, porque segundo as informações fornecidas pela empresa nas fls. 1444/1516 os relés auxiliares não fazem parte do processo produtivo no Brasil. Portanto, não há como se acatar tal alegação. Quanto aos produtos motores de arranque (sem adição de relés), alternadores e componentes, o impugnante afirma que a eles é aplicado o processo de acondicionamento. Quanto a essa questão, vale repetir o que, com razão, a fiscalização afirmou em seu relatório fiscal: o fato de ser apresentado um laudo técnico ou de existir uma determinada instrução de trabalho que pode ser aplicada a determinada mercadoria importada não comprova, por si só, que as operações descritas foram aplicadas a ela, ainda mais quando já se sabe de antemão que o contribuinte também revende peças importadas, sendo responsável por manter um sistema logístico que abastece os distribuidores e oferece produtos oriundos de distintas unidades da Remy, proporcionando cobertura total ao mercado com uma linha completa de produtos. Somente do cotejo entre as informações contidas nas instruções de trabalho, no laudo técnico, nos livros fiscais, nas DIs e demais documentos obtidos na auditoria é que se pode concluir pela utilização ou não das mercadorias no processo produtivo do importador, conforme acertadamente assevera o autuante. Fl. 5350DF CARF MF 32 O impugnante, aliás, concorda sobre esse aspecto quando afirma que o laudo “em consonância com seu título, simplesmente descreve processos produtivos, não tendo como escopo detalhar se tais processos foram aplicados às mercadorias importadas no período fiscalizado ou não” (vide fl. 4053). Perceba-se que, quanto aos alternadores, a empresa sequer descreveu qualquer processo produtivo porventura aplicado aos mesmos. E mais, em virtude das inconsistências na escrituração fiscal do contribuinte tornou-se impossível o rastreamento dos produtos no processo produtivo da empresa, conforme demonstra o trecho abaixo extraído do relatório fiscal (fls. 3999/4003): Ou seja, a julgadora "a quo" convalidou integralmente o trabalho realizado pela fiscalização, utilizando-se, para tanto, os mesmos fundamentos e suporte documental. Não houve inovação ou alteração de fundamento para manter o lançamento fiscal. Sobre mudança de critério jurídico, vale transcrever os ensinamentos do i. professor Hugo Brito de Machado Machado que, com a clarividência que lhe é peculiar expõe seu entendimento sobre o tema: Há mudança de critério jurídico quando a autoridade administrativa simplesmente muda de interpretação, substitui uma interpretação por outra, sem que se possa dizer que qualquer das duas seja incorreta. Também há mudança de critério jurídico quando a autoridade administrativa, tendo adotado uma entre várias alternativas expressamente admitidas em lei, na feitura do lançamento, depois pretende alterar esse lançamento, mediante a escolha de outra das alternativas admitidas e que enseja a determinação de um crédito tributário em valor diverso, geralmente mais elevado (Hugo de Brito Machado, Curso de Direito Tributário, 12ª edição, Malheiros, 1997, p 123) Neste cenário, entendo que a decisão de piso não alterou os fundamentos do lançamento, pelo contrário, convalidou integralmente o trabalho da autoridade fiscal. Vale registrar, que o entendimento deste relator restringi-se apenas na análise da mudança de critério jurídico alegada pela Recorrente, não se confundido com a matéria de mérito propriamente dita. Portanto, entendo que não há razões plausíveis para anular a decisão de piso. b) Mérito De proêmio, insta tecer que este relator concorda com o entendimento apresentado pela i. Relatora no item "2.2.1. Sobre o Processo de Beneficiamento" que, considerou o processo de beneficiamento em relação aos 11.269 motores de arranque importados pela contribuinte e afastou a cobrança do Imposto sobre a Importação sobre esse montante, a saber: 2.2.1. Sobre o Processo de Beneficiamento No rol listado no artigo 4º do Regulamento de IPI está prevista a prática do beneficiamento, sendo esta a que "importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto" (inciso II). Afirma que "nesse processo, o produto resultante permanece na mesma classificação fiscal originária, ou seja, não tem nova classificação na nomenclatura brasileira de mercadorias", conforme delineado no Parecer Normativo n. 398/1971. Fl. 5351DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.335 33 Aduz ainda que submete os motores de arranque importados ao processo de beneficiamento. Tal beneficiamento consiste, em síntese, no seguinte roteiro procedimental, devidamente pormenorizado no laudo anexo a Impugnação (doc. 4) e instruído com fotografias de cada uma das etapas que lá foram descritas. E conclui que a colocação de relés em motores de arranque configura a realização de processo produtivo exigido para a fruição do benefício fiscal. E sua conclusão estaria fundamentada na Decisão COSIT n. 2, publicada em 06/08/1997, e também reconhecida por este Conselho nos Acórdãos n. 201-66.317/90 e 201- 66.804/90. Esclarece que beneficia os relés em duas situações: (i) quando os aplica aos motores importados sem esse dispositivo e (ii) quando embala os motores de arranque que são importados já munidos de relés. Afirma que realizou o processo de beneficiamento em 11.269 motores de arranque, sendo que para cada existe identificação de seus códigos part number . E continua esclarecendo que: "72. Ademais, a saída de tais produtos industrializados também foi comprovada pela Recorrente com base em (i) tabela elaborada pela empresa de auditoria Deloitte, que relaciona a composição do Livro de Registro de Saídas e Notas Fiscais de Saída emitidas pela Recorrente (doc. 5 da impugnação) e identifica motores de arranque vendidos, com indicação dos números das respectivas notas fiscais de saídas; assim como com base (ii) nas próprias notas fiscais de saída cujas cópias também foram juntadas ao processo (doc. 6 da impugnação). 73. Em relação a tais documentos anexos à Impugnação, é importante ressaltar que as notas fiscais de saída emitidas pela Recorrente (que fazem parte do doc. 6) demonstram claramente no campo 'código do produto' os códigos part number identificados na tabela acima." (fl 5183) A recorrente trouxe aos autos, tempestivamente, laudo técnico que esclarece qual o processo de beneficiamento a que são submetidos os motores de arranque importados sem relés (doc. 4 da impugnação - fls. 4.172/4.185 dos autos eletrônicos). Tal informação foi corroborada pelo laudo subscrito pela auditoria independente, onde estão relacionado e identificados os part numbers nos livros de saída da contribuinte, assertiva que também está demonstrada nas Notas Fiscais de Saída acostadas ao documento 6 da impugnação. Tal assertiva se encontra em harmonia com a conclusão do auditor, que apurou que existiam no estoque da recorrente 16.273 unidades de relés11 - "quantidade máxima disponível para emprego no processo produtivo" - o que extrapola a quantidade de relés identificadas no laudo independente. Por esse motivo, entendo que as provas nos autos demandam o cancelamento da autuação no que se refere o Imposto sobre a Importação referente aos 11.269 motores de arranque importados pela contribuinte, já que estes foram efetivamente submetidos ao processo de beneficiamento. No mais, a controvérsia remanescente cinge-se em saber se os produtos importados pela recorrente (com exceção dos 11.269 anteriormente citados), foram ou não 11 Segue trecho do Relatório Fiscal: "Somando-se as entradas ao estoque inicial e deduzindo-se as saídas e o que restou em estoque, chega-se ao montante de apenas 16.237 unidades, o que corresponde a quantidade MÁXIMA disponível para emprego no processo produtivo no período de 01/11/2007 a 30/06/2011. E processo produtivo aqui referido é o de qualquer natureza, inclusive remanufatura e industrialização de motores da linha leve" (fl. 4007). Fl. 5352DF CARF MF 34 destinados ao seu processo produtivo, requisito imprescindível, para fim de manutenção do gozo do benefício da redução do II, instituído no art. 5º da Lei 10.182/2001, onde o importador deve atender os requisitos fixados no art. 6º do citado diploma legal. Para facilitar a análise, seguem transcritos os citados preceitos legais: Art. 5 o O Imposto de Importação incidente na importação de partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos fica reduzido em: (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) I - 40% (quarenta por cento) até 31 de agosto de 2010;(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) II - 30% (trinta por cento) até 30 de novembro de 2010;(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) III - 20% (vinte por cento) até 30 de maio de 2011; e(Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) IV - 0% (zero por cento) a partir de 1 o de junho de 2011. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010) § 1º O disposto no caput aplica-se exclusivamente às importações destinadas aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes de: I - veículos leves: automóveis e comerciais leves; II - ônibus; III - caminhões; IV - reboques e semi-reboques; V - chassis com motor; VI - carrocerias; VII - tratores rodoviários para semi-reboques; VIII - tratores agrícolas e colheitadeiras; IX - máquinas rodoviárias; e X - autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção dos veículos listados nos incisos I a IX, incluídos os destinados ao mercado de reposição. [...] Art. 6º A fruição da redução do imposto de importação de que trata esta Lei depende de habilitação específica no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX. Parágrafo único. A solicitação de habilitação será feita mediante petição dirigida à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, contendo: I comprovação de regularidade com o pagamento de todos os tributos e contribuições sociais federais; Fl. 5353DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.336 35 II cópia autenticada do cartão de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica; III comprovação, exclusivamente para as empresas fabricantes dos produtos relacionados no inciso X do § 1º do artigo anterior, de que mais de cinqüenta por cento do seu faturamento líquido anual é decorrente da venda desses produtos, destinados à montagem e fabricação dos produtos relacionados nos incisos I a X do citado § 1º e ao mercado de reposição. A leitura combinada dos preceitos legais em destaque revela que a fruição do referido benefício de redução do II está sujeita à observância cumulativa de três requisitos: a) prévia habilitação específica do importador no Siscomex concedida pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex) em face do cumprimento dos requisitos previstos pelos incisos do parágrafo único do art. 6º; b) natureza do produto (partes, peças, componentes, conjuntos e subconjuntos, acabados e semiacabados, e pneumáticos); e c) destinação das importações aos processos produtivos das empresas montadoras e dos fabricantes dos produtos elencados nos incisos I a X, do § 1º, do art. 5º. Segundo a fiscalização, na condição de fabricante de autopeças, componentes, conjuntos e subconjuntos necessários à produção dos veículos, a recorrente não destinou ao seu processo produtivo parte dos produtos importados objeto da presente autuação, ou seja, os produtos foram revendidos no mesmo estado em que importados, o que acarretara o descumprimento do requisito da destinação ao processo produtivo. Para demonstrar o referenciado desvio de finalidade, a fiscalização elencou as principais irregularidades apuradas no curso do procedimento fiscal, que foram resumidas com os seguintes dizeres: - foram importados motores de arranque de 100 códigos diferentes (part numbers), no entanto no laudo técnico referente foram informados apenas 13 (treze) códigos aos quais o alegado processo produtivo teria sido aplicado. De onde se pode concluir, de plano, que os motores dos demais 87 códigos não foram submetidos a processo produtivo algum; - para o processo produtivo “A” - motor de arranque linha pesada - a afirmação da Remy de que para cada motor de arranque importado com benefício fiscal é agregado um relé, sem o qual a venda dos motores não seria possível, não se sustenta, entre outros fatores, pela verificação objetiva, de acordo com os dados contábeis, de que para 144.806 unidades importadas no período com benefício fiscal, havia a disponibilidade de apenas 16.273 relés, sendo que, se fosse o caso, estes tanto poderiam ser utilizados nos produtos novos importados para a linha pesada, como naqueles da linha leve e nos submetidos à remanufatura (vide fls. 4003/4014); - em muitas importações beneficiadas com a redução do II e relativas a componentes para motores de partida e alternadores, as notas fiscais de entradas foram emitidas com o Código Fiscal de Operações e Prestações (CFOP) 3102, relativo à compra para comercialização; Fl. 5354DF CARF MF 36 - existência de notas fiscais de saída relativas a vendas de componentes das mesmas referências (códigos da mercadoria) importadas com benefício fiscal, indicando que tais componentes eram simplesmente revendidos sem passarem por processamento industrial, sendo que as notas fiscais de venda indicavam, inclusive, CFOP relativo a venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros; - os laudos técnicos apresentados sequer faziam referência a determinados itens importados, como no caso, por exemplo, dos alternadores (NCM 8511.50.10) e de 27% dos códigos dos componentes. Assim, com exceção dos 11.269 anteriormente citados, a fiscalização demonstrou que os demais produtos não foram submetidos a processo produtivo algum, mas revendidos no mercado interno, sem ser submetido a qualquer processo de produção. De outra parte, na peça recursal em apreço a recorrente alegou que era indevida a cobrança dos tributos lançados, sob o argumento de que todos os produtos importados com a redução do II passaram, basicamente, por dois processos produtivos, a saber: “(i) a adição de relés e porcas; ou (ii) o acondicionamento.” Em relação a adição de relés, insta tecer que este relator já apresentou suas considerações sobre o tema, concluindo pelo cancelamento da autuação em relação ao beneficiamento de 11.269 motores de arranque. Já em relação ao acondicionamento, trata-se de operação de industrialização, definida no art. 4º, IV, do RIPI/2010, que não configura processo produtivo, para fins de benefício de fiscal. Neste ponto, a recorrente não se dignou apresentar contraprova adequada e idônea que infirmasse a conclusão do desvio de finalidade demonstrada pela autoridade fiscal. De fato, em vez de apresentar provas, a recorrente dedicou parte substanciosa da sua defesa na descrição do processo produtivo que realizava, quando a questão de fundo seria a apresentação de provas de que os produtos importados foram destinados ao seu processo produtivo, ou seja, submetido ao processo de montagem por ela alegado. c) Conclusão Por todo exposto, voto por rejeitar a preliminar de mudança de critério jurídico e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir do lançamento os valores relativos à industrialização de 11.269 motores de arranque, conforme laudo e-fls. 4179/4185. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo - Redator Designado Voto Vencedor 2 Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Este Conselheiro foi designado para redigir o voto vencedor atinente à preliminar de nulidade da decisão de primeiro grau, em razão de omissão quanto à análise de matéria impugnada pela recorrente, bem como sobre às questões meritórias atinentes à (i) Fl. 5355DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.337 37 manutenção da multa regulamentar, prevista no artigo 711 do RA/2009, (ii) desqualificação da multa de ofício e (iii) manutenção dos juros de mora sobre a multa de ofício. I Das Questões Preliminares Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade da decisão recorrida por omissão de análise de matéria impugnada e em razão de mudança de critério jurídico. Da preliminar de nulidade da decisão recorrida por omissão. Com a devida vênia da nobre Relatora, no julgado recorrido, não houve a alegada omissão da análise da aplicação da multa qualificada de 150% sobre a parcela do crédito tributário apurado sobre valor aduaneiro dos produtos químicos (código NCM 3815.90.99), jogo de rolos para a conformação do papel (código NCM 8479.90.90) e aparelho de profundidade de penetração da solda (código NCM 8543.20.00), em relação aos quais a recorrente reconheceu era devida a parcela relativa ao benefício da redução II utilizada na operação de importação. Com efeito, diferentemente do que asseverou a nobre Relatora, segundo o voto condutor do julgado recorrido, a referida matéria foi sim apreciada no tópico que trata da “Da aplicação da multa do art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96 no percentual de 150%”. Inclusive, no tópico em que se referiu a matéria não impugnada pela autuada, foi expressamente mencionado que a questão atinente à qualificadora da multa seria apreciada no citado tópico, conforme exposto nos fragmentos colhidos do referido julgado, que seguem transcritos: Na impugnação apresentada não se identifica qualquer argumento referente a essa acusação específica. De modo que, nos termos do art. 17, do Decreto nº 70.235/72 a parcela referente ao principal dos tributos , respectivos juros de mora e a multa de 75%, correspondente a esses produtos deve ser considerada como matéria não impugnada, uma vez que não foi “expressamente contestada pelo impugnante”, ficando definitivamente constituída na esfera administrativa. Restando analisar, quanto a esta parcela, as alegações relacionadas à aplicação da multa no percentual duplicado de 150%, do que se cuidará mais adiante. (grifos não originais) Portanto, é inquestionável que, no referido julgado, foi sim apreciada a controvérsia concernente à legalidade da aplicação da multa de ofício qualificada sobre a totalidade do crédito tributário lançado, incluindo os valores incontroversos dos débitos recolhidos pela recorrente. A propósito, cabe consignar que a recorrente não suscitou tal omissão no recurso em apreço, o que representa mais uma forte evidência de que a matéria foi devidamente apreciada no âmbito do julgado recorrido e, de fato, foi devidamente apreciada, conforme se infere da simples leitura do inteiro teor do referido tópico em que apreciada a legalidade da referida qualificadora. Por todas essas razões, com a devida vênia da nobre Relatora, rejeita-se a presente preliminar de nulidade. Fl. 5356DF CARF MF 38 Da preliminar de nulidade da decisão recorrida por mudança de critério jurídico Mais uma vez pede-se vênia a i. Relatora, para dissentir da proposta de acatamento da preliminar de nulidade da decisão recorrida, desta feita, baseada no argumento de que houve cerceamento do direito de defesa em razão da mudança de critério, prevista no art. 146 do CTN. Para a recorrente, ao afastar do julgamento a apreciação do enquadramento ou não dos procedimentos descritos pela recorrente no conceito de processo produtivo, o órgão julgador de primeiro grau incorrera em flagrante alteração do critério jurídico adotado pelo lançamento fiscal, inovando na fundamentação e descrição fática, que embasou o auto de infração. E concluiu, in verbis: No caso em exame, é inconteste que não se pode admitir que a r. decisão altere a fundamentação trazida no lançamento, pois não apenas implica na inviabilidade de discussão da matéria em dupla instância - tal qual exigido pela processo administrativo fiscal federal -, implicando, não apenas, em nítida supressão de instância, cerceamento de defesa e mácula do amplo contraditório, como também acaba por afastar a capital matéria de fato e de direito que sustentou o lançamento, referente ao processo industrial realizado pela Recorrente e sua possibilidade de adequação aos termos de regência do benefício de II em voga, qual seja de “processo produtivo”. Previamente, cabe esclarecer que a restrição da mudança de critério cinge-se ao procedimento de constituição do crédito tributário mediante o lançamento realizado autoridade administrativa, o denominado lançamento de ofício, conforme, expressamente, dispõe o art. 146 do CTN, que segue transcrito: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (grifos não originais) Assim, se aplicação da referida restrição cinge-se ao ato de constituição do crédito tributário, logo, ele não se aplica ao ato decisório prolatado pela autoridade julgadora ou pelo órgão administrativo competente. Assim, fica demonstrada a impertinência da alegação da recorrente, acatada pela nobre Relatora, de que houve cerceamento do direito de defesa por mudança de critério jurídico. Se no julgamento do ato de lançamento tributário há alteração da fundamentação fática ou jurídica, trata-se de modificação na fundamentação e não de mudança de critério jurídico, como alegado pela recorrente. Porém, de acordo com o voto condutor julgado recorrido, também não houve alteração da fundamentação da autuação no âmbito do referido julgamento, mas a clara manifestação da convicção do Colegiado julgador de que, a discussão sobre o processo produtivo era desnecessária, uma vez que havia elementos seguros nos autos que comprovavam que os produtos importados pela recorrente foram destinados diretamente à comercialização no mercado interno sem passar pelo processo produtivo alegado pela recorrente. Para afastar qualquer dúvida a respeito, transcreve-se a seguir seguintes trechos relevantes extraído do citado voto: Fl. 5357DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.338 39 No início de sua defesa, o interessado traz argumentos, acompanhados de decisões jurisprudenciais, no intuito de convencer sobre a equivalência entre as expressões “processo produtivo” e “processo de industrialização” e afirma que o beneficiamento descrito no laudo apresentado (doc. 04 – fls. 4172/4178) se assemelha a outros procedimentos considerados como processo industrial pela própria Coordenação-Geral de Tributação (Cosit), desta Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). No entanto, embora no que se refere especificamente ao processo produtivo dos motores de arranque linha pesada, a fiscalização tenha se manifestado no sentido de que a afixação de um relé auxiliar e externo não alteraria a natureza da mercadoria importada, “não constituindo montagem, já que não resulta em novo produto, nem mesmo a aperfeiçoa para consumo”, a afirmação foi feita de maneira incidental. A acusação, em realidade, não se fixa na qualificação dos procedimentos a que os produtos importados, segundo a empresa, teriam sido submetidos. Tanto é assim, que a fiscalização empreendeu uma detalhada análise sobre o processo produtivo alegado pelo interessado, conforme se pode verificar no decorrer do Relatório Fiscal. O cerne da denúncia é de que após a auditoria restou demonstrado que os produtos importados, para os quais se glosou o benefício, foram diretamente comercializados no mercado interno sem passarem pelo processo descrito nos laudos apresentados durante a fase inquisitiva. Já no item 1 do Relatório Fiscal, o autuante deixa essa questão bem clara quando afirma no final do tópico que: Considerando-se as respostas e documentos apresentados pelo contribuinte, constatou-se que o contribuinte não destinou ao processo produtivo parte das mercadorias importadas com o benefício fiscal previsto no art. 5º da Lei 10.182/2001, conforme será detalhado na sequência. (destaques não originais) Assim, se no âmbito do processo administrativo fiscal, em conformidade com disposto no art. 29 do Decreto 70.235/1972, a autoridade julgadora tem plena liberdade para formar a sua convicção sobre as provas coligidas aos autos, logo, revela-se de todo inapropriada e indevida qualquer intervenção ou reparo sobre a esse aspecto da decisão por parte do órgão de julgamento ad quem, especialmente, quando há, no julgado atacado, adequada e suficiente fundamentação das razões pelas quais tais fatos encontravam-se comprovados, como no caso em apreço. Se há discordância em relação aos fundamentos da decisão de primeiro grau que manteve a autuação, baseada no acervo probatório colacionada aos autos, a forma adequada de atacá-la é por meio do recurso voluntário, conforme feito pela recorrente, por meio da robusta peça recursal em apreço. Fl. 5358DF CARF MF 40 Com base nessas considerações, pede-se licença, novamente, a nobre Relatora para afastar a presente preliminar de nulidade. II Das Questões de Mérito Em relação ao mérito, a este Redator coube a análise das questões atinentes à manutenção da cobrança (i) da regulamentar de 1% (um por cento) sobre o valor aduaneiro da mercadoria, por omissão ou prestação de forma inexata ou incompleta na DI de informação de natureza administrativo-tributária, pelo beneficiário do referido regime aduaneiro especial; (ii) da multa de oficio normal, com base no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e não de 150% (cento e cinquenta por cento), como proposto pela fiscalização; e (iii) dos juros moratórios sobre a multa de ofício. Das multas aplicadas e da qualificadora da multa de ofício. De acordo com os itens 9 e 10 do Relatório Fiscal de fls. 3960/4031, em decorrência das infrações apuradas, a fiscalização propôs a aplicação de duas penalidades. A multa de ofício qualificada, capitulada no art. 44, I, e § 1º, da Lei 9.430/1996, em razão do cometimento de fraude tributária, definida no art. 72 da Lei 4.502/1964, e a multa regulamentar por informação inexata na DI, instituída no art. 84, caput, da Medida Provisória 2.158-35/2001, combinada com o disposto art. 69, § 1°, da Lei 10.833/2003. Ambas as penalidades encontram- se regulamentadas nos arts. 711, III, e 725 do Decreto 6.759/2009, a seguir transcritos: Art. 711. Aplica-se a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 84, caput; e Lei nº 10.833, de 2003, art. 69, § 1º): [...] III - quando o importador ou beneficiário de regime aduaneiro omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativo-tributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 1º As informações referidas no inciso III do caput, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal do Brasil, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo (Lei nº 10.833, de 2003, art. 69, § 2º): I - identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador ou exportador; adquirente (comprador) ou fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; II - destinação da mercadoria importada: industrialização ou consumo, incorporação ao ativo, revenda ou outra finalidade; III - descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil que confiram sua identidade comercial; IV - países de origem, de procedência e de aquisição; e V - portos de embarque e de desembarque. Fl. 5359DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.339 41 [...] § 6º A aplicação da multa referida no caput não prejudica a exigência dos tributos, da multa por declaração inexata de que trata o art. 725, e de outras penalidades administrativas, bem como dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, art. 84, § 2º). [...] Art. 725. Nos casos de lançamentos de ofício, relativos a operações de importação ou de exportação, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou a diferença dos impostos ou contribuições de que trata este Decreto (Lei nº 9.430, de 1996, art. 44, inciso I, e § 1º, com a redação dada pela Lei no 11.488, de 2007, art. 14): I - de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso II; e II - de cento e cinqüenta por cento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. [...] (grifos não originais) Segundo o item 10 do Relatório Fiscal, as razões apresentadas para aplicação da multa regulamentar foram as seguir relatadas, in verbis: [...]. No caso presente, o contribuinte importou peças ao amparo de benefício fiscal sob condição de utilizá-las em seu processo produtivo, porém, no caso dos ALTERNADORES importados, sequer alegou efetuar qualquer industrialização, já que não possui linha industrial para tal fim, e, para os MOTORES DE PARTIDA, apresentou laudo técnico ideologicamente falso, alegando que seria imprescindível a agregação de um relé a cada motor, porém demonstrou-se que nunca houve quantidade de relés suficientes para tal. Junte-se a isso o fato, incontestável, de que na quase totalidade das notas fiscais de entrada de tais mercadorias o contribuinte informava se tratar, conforme CFOP informado, de COMPRA PARA COMERCIALIZAÇÃO. Paradoxalmente, nas DIs respectivas a REMY informou, em quase todos os casos, que as mercadorias se destinavam a CONSUMO, e não REVENDA. Do total de 1.044 (um mil e quarenta e quatro) adições, relacionadas na TABELA XXVI (fls. 3944-3952), envolvendo importações de alternadores e motores de partida, em apenas quatro casos (insignificantes 0,38%) foi informado se tratar de mercadoria destinada à REVENDA. Nos demais foi informado que as mercadorias seria destinadas a CONSUMO. Ora, o contribuinte tinha, nesses casos, PLENO CONHECIMENTO, NO MOMENTO DA IMPORTAÇÃO, de que as mercadorias se destinavam à REVENDA. Entretanto, prestou proposital e dolosamente informações inverídicas com o ÚNICO Fl. 5360DF CARF MF 42 OBJETIVO DE AUFERIR VANTAGEM TRIBUTÁRIA INDEVIDA, ou seja, obter a redução do pagamento do imposto de importação para mercadorias que sabidamente não seriam submetidas a processo industrial. É possível fazer a mesma afirmação em relação ao componentes que não foram utilizados no processo produtivo. Nesse caso, porém, há casos em que parte pode ter sido industrializada. Diante disso, não é possível afirmar categoricamente que o contribuinte já sabia, por ocasião da importação, quais componentes seriam industrializados e quais seriam revendidos. Entretanto, é certo que parte dos componentes foram importadas UNICAMENTE PARA FINS DE REVENDA, inclusive porque muitas das NF de entrada foram emitidas como compras para comercialização, mas torna-se difícil determinar exatamente quais. Assim, preferiu-se adotar novamente procedimento MAIS FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE, não propondo a aplicação da penalidade em questão para as tais mercadorias (componentes). Diante do exposto, aplica-se a multa em questão às operações de importação envolvendo MOTORES DE PARTIDA e ALTERNADORES quando, nas adições, foi informado falsamente se tratar de mercadorias para fins de CONSUMO. A leitura dos trechos transcritos revela que, embora tenha informado nas DI que os produtos destinavam a consumo, a fiscalização apresentou elementos probatórios robustos de que “motores de partida” e “alternadores” importados não foram aplicados no processo produtivo, ou seja, tais produtos foram revendidos sem ter passado por seu processo produtivo. De fato, se em relação aos “alternadores” a recorrente sequer alegou que dispunha de processo de produção e em relação aos “motores de partida” o laudo técnico apresentado revelou-se imprestável, porque inverídicas as informações nele contida, restou demonstrado que tais produtos não foram submetidos a processo de produção antes da comercialização no mercado interno, o que era imprescindível para manutenção da redução tributária informada. Além disso, corrobora a conclusão de que tais produtos não se submeteram a processo produtivo algum, o fato comprovado nos autos de que na quase totalidade das notas fiscais de entrada dos referidos produtos o CFOP informado referia-se a produtos destinados à comercialização e não à produção. No recurso em apreço (subitem IV.D), em vez de apresentar provas adequadas, com vistas a infirmar as irregularidades apontadas e comprovadas pela fiscalização, a recorrente limitou-se em apresentar alegações genéricas, tais como a de que todo o arcabouço de documentos produzido para cumprir com a legislação fiscal brasileira eram condizentes com a realidade fática da empresa e com as normas que disciplinam o benefício fiscal de redução do II em questão. Ademais, para a fiscalizada, o que importava, para fins de benefício fiscal, era a destinação da mercadoria, independentemente, do nome sob o qual ocorreu seu despacho aduaneiro. Assim, na ausência de prova em contrário, chega-se a conclusão de que a multa em questão foi corretamente aplicada, haja vista que, inequivocamente, a recorrente prestou informação inexata e não verídica nas correspondentes DI, quanto a real destinação dos produtos importados, situação que se subsume, perfeitamente, a hipótese da infração descrita nos citados preceitos legal e regulamentar. As circunstâncias qualificadoras da multa ofício foram apresentadas no item 09 do Relatório Fiscal. O trecho a seguir reproduzido resume bem as razões da qualificação realizada: No presente caso, conforme já relatado, o contribuinte praticou AÇÕES DOLOSAS, consistentes na prestação LIVRE E CONSCIENTE DE INFORMAÇÕES FALSAS em laudo técnico e respostas a intimações, e, ainda OMISSÕES DOLOSAS por não Fl. 5361DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.340 43 declarar ao fisco quais mercadorias foram sumariamente revendidas sem industrialização, tudo com O OBJETIVO DE MODIFICAR CARACTERÍSTICA ESSENCIAL DO FATO GERADOR no que diz respeito a seu elemento valorativo no que tange à alíquota aplicável, a fim de reduzir proposital e indevidamente o imposto devido. Pelos motivo elencados, o imposto deve ser exigido com a multa prevista no art. 44, inciso I, combinado com § 1º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 11.488/07. As informações inverídicas sobre a destinação dos produtos importados, prestadas nas correspondentes DI, inequivocamente, configuram declaração inexata, infração sancionada com a multa de ofício normal, definida no art. 725, I, do RA/2009. Em relação a esse ponto não merece reparo o trabalho da fiscalização. O mesmo não pode ser dito em relação as razões que motivaram a qualificação e duplicação da multa ofício aplicada. Nesse sentido, de acordo com o trecho colhido do citado Relatório Fiscal, as condutas imputadas à recorrente consistiram (i) na prestação de informações inverídicas, seja em laudo técnico, seja em respostas a intimações, bem como (ii) ausência de informação sobre quais mercadorias foram sumariamente revendidas sem industrialização ou submissão ao processo produtivo, certamente, não representam circunstâncias adequadas e suficientes para efeito de caracterização da fraude tributária definida no art. 72 da Lei 4.502/1964 e principal motivo que levou a qualificação e duplicação do percentual da multa de oficio imposta. Com efeito, o fato de a recorrente ter omitido ou prestado informações divergentes das que foram obtidas pela fiscalização, no curso do procedimento fiscal, certamente, não representa condição suficiente para caracterização do evidente intuito de fraude, indispensável para a imposição da multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento), porque ausente a conduta material bastante para caracterizar a conduta fraudulenta, definida no citado preceito legal como sendo toda “ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.” De acordo com teor do art. 72 da Lei 4.502/1964, a materialização da fraude depende do cometimento de ação ou omissão dolosa anterior ou pelo menos concomitante à ocorrência do fato gerador. No caso em tela, os supostos fatos fraudulentos imputados à recorrente e motivadores da qualificação da multa, obviamente, ocorreram após as datas dos fatos geradores do II lançados na presente autuação, ou seja, após as datas de registro das correspondentes DI. Assim, não há como há tais fatos atribuir o efeito da redução do montante do imposto devido. Deveras, como os referidos fatos irregulares ou ilícitos ocorreram no curso do procedimento fiscal, em princípio, em decorrência da sua prática, a recorrente estava sujeita a sanções específicas, a exemplo, da multa por embaraço à fiscalização, fixada no art. 728, IV, “c”, do RA/2009. Ademais, se a recorrente desviou os bens importados da finalidade para quais foram importados com a redução do II, ou utilizou de falsidade nas provas exigidas para obtenção do referido benefício tributário, como sobejamente demonstrado nos autos, essas condutas configuram infração sancionadas com multa 100% (cem por cento) do valor imposto devido, determinada no art. 702, I, do RA/2009, a seguir transcrito: Art. 702. Aplicam-se as seguintes multas, proporcionais ao valor do imposto incidente sobre a importação da mercadoria ou o que incidiria se não houvesse isenção ou redução(Decreto-Lei nº 37, de 1966, art. 106, caput): Fl. 5362DF CARF MF 44 I - de cem por cento: a) pelo não-emprego dos bens de qualquer natureza nos fins ou atividades para que foram importados com isenção do imposto; b) pelo desvio, por qualquer forma, de bens importados com isenção ou com redução do imposto; c) pelo uso de falsidade nas provas exigidas para obtenção dos benefícios e incentivos previstos no Decreto-Lei nº 37, de 1966; e d)pela não-apresentação de mercadoria submetida ao regime de entreposto aduaneiro; [...] (grifos não originais) Entretanto, em vez de aplicar, as penalidades específicas para as correspondentes infrações que foram cometidas pela recorrente, equivoca e inexplicavelmente, a fiscalização imputou- lhe uma circunstância qualificadora para duplicação do percentual da multa ofício de aplicada, a qual, com devido respeito ao entendimento em contrário, não restou caracterizada ou demonstrada nos autos. Por todas essas razões, chega-se a conclusão de que, por falta de caracterização, a qualificadora deve ser afastada e mantida apenas a cobrança da multa de ofício normal, com base no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), bem como a cobrança da referida multa regulamentar. Da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. A recorrente alegou que era indevida a! exigência!de! juros!moratórios!sobre!a! multa!de!ofício/proporcional,!porque!o!art.!61,!§!3º,!da!Lei!9.430/1996,!previa!a!incidência!dos!juros! de!mora,!calculado!com!base!na!variação!da!taxa!Selic,!apenas!sobre!o!montante!do!tributo!devido,! mas!não!sobre!a!penalidade!pecuniária.!Além!disso,!asseverou!a!recorrente!que!quando!o!legislador! quis! que! os! juros!moratórios! incidisse! sobre! o! valor! da!multa! o! fez! de! forma! expressa,! conforme! estabelecido!no!art.!43!do!citado!diploma!legal. Sem razão a recorrente. A cobrança da juros moratórios, com base na variação da taxa Selic, alcança apenas os débitos decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, conforme determina o artigo 61, § 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...). § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (destacou-se) O débito atinente à multa de ofício decorre da aplicação da penalidade pecuniária, que, sabidamente, não tem a mesma natureza do tributo. Diferentemente da multa, o tributo não constitui sanção de ato ilícito, conforme estabelecido no art. 3º do CTN. Em Fl. 5363DF CARF MF Processo nº 10909.722266/2012-89 Acórdão n.º 3302-004.616 S3-C3T2 Fl. 5.341 45 outras palavras, o valor da multa aplicada não tem natureza tributária, mas sancionatória, posto que decorre do descumprimento do dever legal de apurá-lo ou pagá-lo. No entanto, há previsão legal expressa para cobrança de juros moratórios, calculado com base na variação da taxa Selic, mas tal cobrança restringe-se apenas às multas aplicadas isoladamente, nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir reproduzido: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. É pertinentes ressaltar que os transcritos preceitos legais pertencem ao mesmo diploma legal, o que evidencia que o legislador, deliberada e intencionalmente, conferiu tratamento distinto para ambas as situações, mas com o objetivo de conferir tratamento isonômico para as duas situações. E a razão desse tratamento diferente é óbvia, pois, se a multa de ofício incide sobre o valor do tributo devido, acrescido dos juros moratórios, logo, na data do pagamento, tal gravame, automaticamente, também integrará o valor da multa de ofício proporcional. Em outras palavras, não são os juros que incidem sobre a multa, mas sim a multa que incide sobre o crédito tributário acrescido de juros moratórios. Logo, por força dessa característica, o valor dos juros moratórios sempre comporá o valor da multa proporcional ou de ofício, calculada sobre a “totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento”, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996. No mesmo sentido, o entendimento explicitado no enunciado da ementa do julgado que segue transcrito: JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido. Não procede ao argumento de que somente no caso do parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Isso porque a previsão contida no dispositivo refere-se à aplicação de multa isolada sem crédito tributário, Assim, nada mais lógico que venha dispositivo legal expresso para fazer incidir os juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa. 12 (Grifos não originais) Por todas essas razões, fica demonstrado que os juros moratórios incidem diretamente sobre o valor da multa isolada e indiretamente sobre o valor da multa de ofício, 12 CARF. 1ª Seção. 4ª Câmara. 1ª Turma Ordinária, Ac. 1401-00.155, j. 28.01.2010, rel. Alexandre Antônio Allcmim Teixeira. Fl. 5364DF CARF MF 46 calculada proporcionalmente ao valor do tributo lançado. Portanto, em qualquer das hipóteses os juros moratórios são devidos. Da conclusão. Por todo o exposto, vota-se por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto redator. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento. Fl. 5365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.906829/2011-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.912
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo contribuinte supra identificado em face do acórdão da DRJ Florianópolis/SC que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se requerer a reforma do despacho decisório exarado pela repartição de origem. De acordo com o despacho decisório, o crédito informado na Declaração de Compensação já se encontrava integralmente alocado a outro débito do sujeito passivo, decorrendo daí a não homologação da compensação declarada. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do direito à restituição da contribuição recolhida sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, em face da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento submetido à sistemática da repercussão geral, cujo teor deve ser reproduzido pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 83 .9 06 82 9/ 20 11 -3 1 Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10183.906829/201131 Resolução nº 3201000.912 S3C2T1 Fl. 3 2 A decisão da DRJ Florianópolis/SC, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de comprovação da liquidez e certeza do crédito, dada a ausência de retificação tempestiva da DCTF. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando a existência do crédito tributário postulado e requerendo a integral homologação da compensação declarada, tendose em conta o princípio da verdade material que exige o aprofundamento da investigação dos fatos por parte da Fiscalização, em face do conjunto probatório por ele produzido. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3201000.905, de 29/06/2017, proferido no julgamento do processo 10530.904837/201156, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201000.905): A questão em apreço se resolveria pela aplicação do decidido pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão geral, conforme ementa a seguir transcrita: "RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98." (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27 112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL0234310 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Temse, então, que o § 1° do art. 3° da Lei 9.718/98 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como sabido, a aplicação do decidido pela Corte Suprema em sede de repercussão geral é de aplicação obrigatória por parte deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme se depreende da redação do art. do RICARF: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10183.906829/201131 Resolução nº 3201000.912 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal o u do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)" A jurisprudência deste colegiado administrativo é pacífica em relação ao tema. Vejamos: "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/09/2001 a 30/09/2001 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62 DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62 do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal." (Processo 11516.002621/200719; Acórdão 3401003.239; Conselheiro LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO, Sessão de 26/09/2016) Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. A recorrente além das DCTF's apresentou planilha de cálculo, balancete e comprovante de arrecadação referente ao período em apreço e, por fim, juntamente com o seu recurso anexa o LivroRazão. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Saliento o fato de assistir razão à recorrente quando alega que a falta de retificação de declaração não tem o condão de tornar devido o que é indevido, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade e da verdade material. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10183.906829/201131 Resolução nº 3201000.912 S3C2T1 Fl. 5 4 Neste sentido já decidiu o CARF: "Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Anocalendário: 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585235 QORG." (Processo 10280.905801/2011 89; Acórdão 3302003.619; Conselheira SARAH MARIA LINHARES DE ARAÚJO PAES DE SOUZA; Sessão de 21/02/2017) (nosso destaque) Recentemente, em questão similar, em processo relatado pela Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário (10830.917695/201111 Resolução 3201000.848), esta Turma por unanimidade de votos, decidiu em converter o julgamento em diligência, conforme a seguir transcrito: "Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora." Do voto da relatora destaco: "Na hipótese dos autos, observase que não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal." Ademais, em casos análogos envolvendo a recorrente, este conselho administrativo nos processos 10530.902899/201123 e Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10183.906829/201131 Resolução nº 3201000.912 S3C2T1 Fl. 6 5 10530.902898/201189 decidiu por converter o julgamento em diligência através das Resoluções 3801000.816 e 3801000.815. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que possa ser apurado e informado, de modo pormenorizado, o valor do débito e do crédito existentes na data de transmissão dos PER/DCOMPs dos processos, bem como a existência do crédito postulado a partir de toda a documentação apresentada pelo contribuinte e outras diligências que possam ser realizadas a critério da autoridade competente, com a elaboração do devido relatório. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos e apresente documentos adicionais, caso entenda necessário, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pelo contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, também foram juntados em cópias nestes autos (planilha, balancete e/ou razão). Dessa forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, decido por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora certifique a efetiva existência do crédito postulado, a partir dos documentos apresentados pelo contribuinte e por meio de outras diligências que se mostrarem necessárias, apurando os valores do débito e do crédito existentes na data de transmissão do PER/DCOMP, consignandoos em relatório pormenorizado. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.722637/2012-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS COM INCORREÇÕES. ART. 12, II, DA LEI Nº 8.218/91. Constatada a incorreção nas informações constantes nos arquivos magnéticos disponibilizados à fiscalização, é dever da autoridade fiscal aplicar a multa capitulada no art.12, II, da Lei nº 8.218/91. Configurada a infração quanto aos dados das notas fiscais de saída, concernentes à CLASSIFICAÇÃO FISCAL 8480.7100.
MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS EM ATRASO. ART. 12, III, DA LEI Nº 8.218/91. Se os arquivos magnéticos não forem entregues na totalidade, então não cabe a multa por apresentação em atraso, pois a obrigação acessória não foi adimplida. Não se trata de atraso na entrega, mas sim de omissão de informações, sendo capitulada no inciso II e não no III do art. 12, da Lei nº 8.218/91.
Recurso de Ofício não provido.
Recurso Voluntário parcialmente provido.
Numero da decisão: 3301-003.628
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Marcos Roberto da Silva e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS COM INCORREÇÕES. ART. 12, II, DA LEI Nº 8.218/91. Constatada a incorreção nas informações constantes nos arquivos magnéticos disponibilizados à fiscalização, é dever da autoridade fiscal aplicar a multa capitulada no art.12, II, da Lei nº 8.218/91. Configurada a infração quanto aos dados das notas fiscais de saída, concernentes à CLASSIFICAÇÃO FISCAL 8480.7100. MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS EM ATRASO. ART. 12, III, DA LEI Nº 8.218/91. Se os arquivos magnéticos não forem entregues na totalidade, então não cabe a multa por apresentação em atraso, pois a obrigação acessória não foi adimplida. Não se trata de atraso na entrega, mas sim de omissão de informações, sendo capitulada no inciso II e não no III do art. 12, da Lei nº 8.218/91. Recurso de Ofício não provido. Recurso Voluntário parcialmente provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1853; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2.914 1 2.913 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.722637/201221 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3301003.628 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de maio de 2017 Matéria Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Recorrentes Lorenpet Indústria e Comércio de Plásticos Ltda. Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS COM INCORREÇÕES. ART. 12, II, DA LEI Nº 8.218/91. Constatada a incorreção nas informações constantes nos arquivos magnéticos disponibilizados à fiscalização, é dever da autoridade fiscal aplicar a multa capitulada no art.12, II, da Lei nº 8.218/91. Configurada a infração quanto aos dados das notas fiscais de saída, concernentes à CLASSIFICAÇÃO FISCAL 8480.7100. MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS EM ATRASO. ART. 12, III, DA LEI Nº 8.218/91. Se os arquivos magnéticos não forem entregues na totalidade, então não cabe a multa por apresentação em atraso, pois a obrigação acessória não foi adimplida. Não se trata de atraso na entrega, mas sim de omissão de informações, sendo capitulada no inciso II e não no III do art. 12, da Lei nº 8.218/91. Recurso de Ofício não provido. Recurso Voluntário parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 26 37 /2 01 2- 21 Fl. 2914DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.915 2 Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, José Henrique Mauri, Marcos Roberto da Silva e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de recurso voluntário e de recurso de ofício intentados contra o acórdão nº 0957.742, da 3ª Turma da DRJ/JFA. O recurso voluntário insurgese contra a manutenção da exigência do valor de R$ 2.793.671,11 a título de multa regulamentar com fulcro no artigo 12, inciso II, da Lei n° 8.218/91. Por sua vez, o recurso de ofício foi interposto devido a exoneração do valor de R$ 2.793.671,11 a título de multa regulamentar com fulcro no artigo 12, inciso III, da Lei n° 8.218/91. A autuação se deu pelo cometimento das seguintes infrações: 001 MULTAS PROPORCIONAIS OMISSÃO/ERRO NOS DADOS FORNECIDOS EM MEIO MAGNÉTICO Multa regulamentar, equivalente a 5 (cinco) por cento sobre o valor das operações com informações incorretas em sistema de processamento de dados, conforme detalhadamente relatado no TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, datado de 26/11/12. Data Ocorrência Valor Multa Regulamentar 26/11/2012 R$ 2.793.671,11 Enquadramento Legal: Arts. 11 e 12, inciso II, da Lei n° 8.218/91, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória n° 2.15834/2001 e reedições; Art. 504, inciso II, c/c art. 318, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02). 002 MULTAS PROPORCIONAIS FALTA/ATRASO NA ENTREGA DE ARQUIVO MAGNÉTICO Multa regulamentar equivalente a 0,02% por dia de atraso, pelo não cumprimento do prazo estabelecido para apresentação dos arquivos magnéticos e sistemas, conforme detalhadamente relatado no TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, datado de 26/11/12. Data Ocorrência Valor Multa Regulamentar 26/11/2012 R$ 2.793.671,11 Enquadramento Legal: Arts. 11 e 12, inciso III, da Lei n° 8.218/91, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória n° 2.15834/2001 e reedições; Art. 504, inciso III, c/c art. 318, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02). Fl. 2915DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.916 3 Seus dispositivos legais de aplicação são: Lei n° 8.218/91 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (...) Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita bruta da pessoa jurídica no período; III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o ano calendário em que as operações foram realizadas. O Termo de Verificação Fiscal indica o contexto das infrações: TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL (...) 101. Em 08/DEZ/2010, o fiscalizado, juntamente com demais documentos solicitados apresentou um CD (cujos Códigos de Identificação Geral do(s) Arquivo(s) adiante seguem transcritos), dizendo conter todos os arquivos solicitados, juntamente com Recibos extraídos pelo SVA “Sistema de Validação e autenticação de Arquivos Digitais", e com "Relatórios analíticos de Mensagens da Validação", também extraídos do SVA; Fl. 2916DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.917 4 102. Estes relatórios de validação, extraídos pela própria empresa, apontavam individualizadamente (indicando o número da linha do respectivo arquivo), todas as incongruências existentes nos arquivos mensais 432, 433, 434 e 491, ou seja, já em DEZ/2010, era de conhecimento deste estabelecimento, através de seus representantes legais, que independentemente de futuras análises desta Auditora, seus arquivos iriam gerar relatórios inconsistentes. 103. Em 26/08/11 o contribuinte foi cientificado da continuidade do exame fiscal e do início da presente fiscalização, relativamente aos períodos de JAN/07 a DEZ/08, através da entrega do competente Mandado de Procedimento Fiscal, expedido com o n° 08.1.90.002011027290 e do respectivo Termo de Início de Fiscalização, relativo ao tributo IPI. 104. Neste Termo de 26/08/11, o contribuinte foi devidamente cientificado sobre a documentação a ser apresentada e que parte dos arquivos solicitados não haviam sido apresentados até esta data: (...) OBS: OS ARQUIVOS 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2, 4.6.1, e 4.7.1 NÃO FORAM APRESENTADOS ATÉ A PRESENTE DATA. (...) 105. Os arquivos apresentados foram trabalhados em programas oficiais de utilização interna da Receita Federal do Brasil e no "microsoft office access" e por apresentarem irregularidades significativas, que prejudicaram o exame digital da escrita fiscal do AC 2007 e 2008, em 26/08/2011, lavrei TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL ARQUIVO DIGITAL, cujos elementos solicitados seguem abaixo transcrito: (...) 1. Inconsistências nos arquivos digitais 4.3.3 e 4.3.4: ESTES ARQUIVOS DEVEM REPRODUZIR OS DADOS DOS LIVROS DE ENTRADAS, LIVRO REGISTRO DE APURAÇÃO DE IPI E DE TODAS AS NOTAS FISCAIS DE ENTRADA RELATIVAS AOS PERÍODOS EM REFERÊNCIA AC 2007 E 2008. 2. Falta de apresentação dos arquivos 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2, 4.6.1, e 4.7.1. (...) 5. Com relação aos dados constantes nos arquivos digitais relativos às Notas Fiscais de Entrada, na execução de uma análise preliminar, foi constatado que os mesmos apresentam inconsistências, pois as somas mensais dos arquivos de Notas Fiscais de Entradas, constantes dos arquivos 4.3.3 e 4.3.4, meses de JAN/2007 a DEZ/2007 e JAN/2008 a DEZ/2008, juntamente com as tabelas que os complementam, estão incompatíveis com os totais dos Livros de Registro de IPI e dos Livros de Entradas, conforme fica demonstrado nas planilhas que seguem anexas ao presente Termo; 6. Os arquivos 4.3.3 e 4.3.4, juntamente com as tabelas que os complementam, devem refletir todos os dados nas Notas Fiscais de ENTRADAS, tal qual emitidas, e por conseqüência, o registrado no Livro Registro de ENTRADAS e no Livro de Registro de apuração de IPI; 7. O fiscalizado deve ficar ciente que os dados constantes dos arquivos 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3 e 4.3.4, juntamente com as tabelas que os complementam (4.9.1, 4.9.4 e 4.9.5) devem recompor os dados registrados no LIVRO REGISTRO DE APURAÇÃO DE IPI, e como conseqüência seus saldos mensais; 8. Os arquivos 4.3.5, 4.3.6, 4.5.2, 4.6.1 e 4.7.1 não foram apresentados, como pode ser verificado na tela acima anexada que reflete os arquivos apresentados para cada mês de JAN/2007 a DEZ/2 007 e JAN/2008 a DEZ/2 008 e conforme detalhado no Recibo SVA com "CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO GERAL DOS ARQUIVOS”, discriminados no item 3 acima; Fl. 2917DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.918 5 9. Em síntese, fica constatado que as inconsistências impossibilitam a correta reconstituição das ENTRADAS (Livro Registro de Entradas AC 2007 e 2008), e como conseqüência, a impossibilidade de verificação dos SALDOS DE IPI e do direito ao crédito pleiteado nas PER/DCOMPs em referência. 10. As penalidades relativas ao assunto estão consignadas nos Artigos 11 e 12, incisos II e III, da Lei n. 8.218/91, com a redação dada pelo artigo 72 da Medida Provisória n. 2.15834/2001 e reedições. (...) 107. Em 05/SET/2011 a fiscalizada apresentou solicitação de prorrogação de prazo de 20 dias, sendo o mesmo concedido através de termo específico, lavrado nesta mesma data de 05/SET/2011, sendo então concedido o prazo de 20 dias, que venceria em 26/SET/2011; 108. Em 20/SET/2011 o fiscalizado, através de seu representante legal, apresentou justificativas sobre as irregularidades apontadas no TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL de 26/08/11, demonstrando, entre outras pequenas diferenças, que as irregularidades apontadas nos relatórios extraídos dos arquivos digitais AC 2007 e 2008 (relativamente às entradas) eram oriundas das Notas Fiscais de entrada do fornecedor "Valfilm Amazônia", onde a fiscalizada destacou o IPI, como se IPI houvesse, denominando este ficto creditamento, como "crédito presumido de IPI"; 109. Para cumprir o prazo devidamente concedido em 05/SET/2011, o fiscalizado em 25/SET/11 solicitou urgência na recepção dos novos Arquivos Digitais por ele providenciados e por este motivo, nesta mesma data de 28/SET/11, o fiscalizado através de meio eletrônico, enviou um arquivo compactado, denominado "CD240911", E ARQUIVO PDF DENOMINADO "SVA", que foram recepcionados para posterior verificação; 110. Estes arquivos, que foram apresentados sem validação e com proposital adulteração da data da extração do respectivo recibo extraído pelo SVA, foram analisados, e os mesmos continuaram a apresentar inconsistências, razão pela qual, em 30/SET/11, lavrei o TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL II ARQUIVO DIGITAL, cientificado pela empresa em 04/OUT/2 011; 111. O solicitado e cientificado no citado TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL II ARQUIVO DIGITAL 30/SET/2011, que precede a lavratura do presente TERMO DE CONSTATAÇÃO, teve o objetivo de CONSTATAR A FALTA DE ENTREGA DOS ARQUIVOS SOLICITADOS EM 16/11/10 E 26/08/10, não havendo REINTIMAÇÃO para apresentação dos citados arquivos incorretos (...) 112. Dizendo estar dando continuidade ao exame fiscal do MPF em referência, a fiscalizada, em 04/OUT/2011, apresentou 01 CD contendo 04 pastas denominadas "4.7.1_2007", "4.7.1_2008", "Foco_2007 Novo" e "Foco_2 008 Novo", contendo 144 arquivos digitais relativos a períodos de 2007 e 2008, acompanhado de vários Recibos extraídos no S.V.A (recibos extraídos separadamente, não havendo nenhum recibo para a consolidação do conteúdo geral do CD) e por esta razão , na presença do fiscalizado, foi por mim extraído o "RECIBO DE ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS", datado de 04/OUT/11, com CÓDIGO: 781e5eed76b0edede63f6f90ef6 8df9 8; 113. Tais arquivos foram entregues em 04/OUT/11, através de uma "Carta" datada de 28/SET/11, dizendo conter os arquivos 4.5.2, 4.6.1 e 4.7.1. 114. Estes arquivos foram apresentados desacompanhados de qualquer tipo de relatório, de forma irreconhecível, pois parte estava em aplicativo desconhecido e parte em "txt", porém não vieram acompanhados de nenhuma outra Fl. 2918DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.919 6 documentação (conforme determina o item 2 do Anexo Único do Ato Declaratório Executivo COFIS n° 15, de 23 de Outubro de 2001), nem dos respectivos layouts, razão pela qual, suas denominações, seguem transcritas, com o objetivo de demonstrar o não cumprimento das instruções legais relativas ao assunto, principalmente por não identificarem as características e o tamanho de cada campo, dificultando assim, suas leituras: "CB 012007012007001", "CC 012 0 0 7 012 0 0 7 0 01" "PC 012 0 0 7012007001" (estes em aplicativos desconhecidos denominados "ARQUIVO 01"), e "CE0107", "IN0107" "TM0107" (estes em "txt") e assim sucessivamente para todos os meses dos anos de 2007 e 2008, totalizando os 144 arquivos apresentados; (...) 117. Em função destas diversas irregularidades e atrasos, e da respectiva limitação apresentada pela empresa, esta fiscalização tratou de dar andamento â fiscalização, relativamente aos períodos de JAN/07 a DEZ/08, através dos dados disponíveis neste banco de dados apresentados e de um exame físico das Notas Fiscais, limitandose a fazer amostragens, em virtude da grande quantidade de Notas Fiscais relativas a estes períodos; 118. Com o objetivo de ilustrar o presente Termo, informo que a empresa, não só relativamente a seu banco de dados, mas também em relação à outras solicitações ocorridas no decorrer dos trabalhos fiscais, demonstra "dificuldades técnicas" para atender as necessidades do exame fiscal a ser efetuado, e ao ser solicitada a apresentar documentos essenciais à análise desta fiscalização, na forma solicitada, se mostra "incapacitada" em atender o mínimo necessário (legibilidade nos documentos), razão pela qual, em 28/OUT/11 foi lavrado TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, encaminhado diretamente à empresa, cientificando os interessados sobre o comportamento da fiscalizada ao atender as solicitações efetuadas (...). 119. Em 10/NOV/2011 a empresa apresentou a carta de esclarecimento, justificando o motivo das inconsistências constantes dos referidos arquivos em PDF ilegíveis, anexando cópias reprográficas das Notas Fiscais de Saída nas planilhas n.° 01 e 02, anexas à Intimação fiscal de 22/SET/11, bem como Livros encadernados de notas fiscais de Saída, AC 2007 e 2008, conforme solicitado; 120. Assim sendo, sintetizo este tópico, relativo aos ARQUIVOS DIGITAIS solicitados em 26/08/2011 (ciência em 30/08/12 e prazo de 05 dias), com pedido de prorrogação de prazo de 20 dias em 05/SET/11, e concessão do prazo em 05/SET/ll, informando: arquivo 4.6.1 não foi apresentado ATÉ A PRESENTE DATA; 30/SET/11 TERMO CONSTATANDO FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS ARQUIVOS 4.7.1, 4.5.2 e 4.9.5, não havendo nenhuma outra solicitação e nem sendo concedido novo prazo para apresentação de novos arquivos, conforme item 18 do referido Termo, a seguir transcrito (...) 04/OUT/2011 apresentação dos arquivos "CEO107", "IN 0107" e "TM0107" (e assim sucessivamente pra todos os meses de 2007 e 2008), sem acompanhamento de relatórios específicos e layouts, e portanto, irreconhecíveis; 20/OUT/2011 apresentação dos arquivos 4.7.1, 4.5.2 e 4.9.5 de forma correta e portanto aceitos (sendo que o último prazo concedido havia vencido em 26/SET/2011). 121. Importante ressaltar que a empresa LORENPET INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICOS LTDA possui um porte significativo, posto que suas RECEITAS DECLARADAS, no período em questão (AC 2007 e 2008), totalizam aproximadamente 283 MILHÕES DE REAIS, razão pela qual, os Fl. 2919DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.920 7 argumentos verbais trazidos pelos representantes da fiscalizada, sobre as sérias dificuldades técnicas encontradas, mesmo aceitos por esta auditora, causam razoável estranheza, já que diversas empresas, com porte infinitamente inferior, dificilmente apresentam as referidas dificuldades alegadas; (...) 128. Ressalto também, que o próprio fiscalizado, na carta resposta de 20/SET/2011 e nas demonstrações efetuadas para justificar os erros encontrados nos Relatórios extraídos dos arquivos digitais apresentados, informou que o motivo preponderante das diferenças apontadas, era a alimentação dos dados das Notas Fiscais de Entrada do fornecedor VALFILM AMAZÔNIA, onde podese verificar, que mesmo não constando dos documentos comprobatórios (Notas Fiscais), o fiscalizado (embasado em tese própria e alicerçado na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal conforme decisão originada do RE 212.484/RS) acrescentou subjetivamente uma base tributável pelo IPI, uma alíquota de 15% e um valor de IPI equivalente a esta alíquota (como se IPI houvesse), em todas as Notas Fiscais relativas às compras junto a VALFILM, nos anos calendário de 2007 e 2008, ou seja, houve alimentação de dados incongruentes com os respectivos documentos probantes; 129. Finalizando este tópico, informo que muitas das informações e relatórios extraídos do banco de dados relativos às notas fiscais de Entrada e de Saída, apresentado pela empresa, exigiu tratamento manual para as respectivas leituras, já que os programas internos oficiais utilizados pela Receita Federal do Brasil, à época (programados e amparados pelas Normas Legais já citadas), não puderam extrair informações precisas que amparassem um exame cauteloso a ser efetuado já que o exame do IPI está totalmente vinculado à descrição da mercadoria e principalmente à CLASSIFICAÇÃO FISCAL NCM, de onde as corretas alíquotas devem ser informadas, além do valor correto relativo ao tributo IPI; 130. Através deste exame específico, foram extraídos relatórios de interesse fiscal nos dados digitais das Notas fiscais de Entrada e Notas Fiscais de Saída, e a partir daí pudemos observar diversas informações incorretas, em campos de extrema importância para a fiscalização do IPI, tais como: campo "classificação fiscal NCM", campo "base tributável do IPI", campo "alíquota do IPI" campo " tributo IPI" 131. Por todo o exposto, por determinação legal Arts. 11 e 12 da Lei n.° 8.218/91, a constatação de atrasos e informações incorretas relativas aos arquivos digitais, objetivamente direcionada às operações sob exame, acarretará a imposição de penalidades, como adiante demonstrado, cujas apurações serão detalhadamente relatadas e identificadas nos itens seguintes. A decisão de piso foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS COM INCORREÇÕES. Fl. 2920DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.921 8 Constatada a incorreção nas informações constantes nos arquivos magnéticos disponibilizados à fiscalização, é cabível a aplicação da multa prevista no artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.218/91. ARQUIVOS MAGNÉTICOS APRESENTADOS EM ATRASO. IMPROCEDÊNCIA. CUMPRIMENTO PARCIAL DA OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. OMISSÃO DE INFORMAÇÕES. A entrega de arquivos magnéticos configura cumprimento de obrigação acessória. No caso de arquivos digitais, o cumprimento da obrigação acessória requer a entrega integral dos dados solicitados. O cumprimento parcial da intimação não configuração adimplemento da obrigação acessória, razão pela qual não há que se falar em atraso na entrega e sim em omissão de informações. É cabível a aplicação da multa prevista no artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.218/91. Em seu recurso voluntário, a empresa alega: 1Em preliminar, a nulidade do auto por falta de prova da acusação de inconsistência do banco de dados relativo às notas fiscais de saída; 2Improcedência da acusação de inconsistências relativas à alíquota do IPI constante nas notas fiscais de entrada, pois é legítima a tomada de crédito. 3Improcedência da acusação de inconsistências relativas à classificação fiscal indicada nas notas fiscais de entrada, porque a fiscalização deveria ter feito prova da classificação fiscal e não fez. 4Improcedência da acusação de inconsistências relativas à classificação fiscal indicada nas notas fiscais de saída, porque ausentes nos autos as notas fiscais de saída, que deveriam ter sido trazidas aos autos pela fiscalização. 5 Bis in idem na cumulação das multas e confiscatoriedade de seus índices. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro Os recursos de ofício e voluntário reúnem os pressupostos legais de interposição, devendo ser conhecidos. Fl. 2921DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.922 9 RECURSO VOLUNTÁRIO Preliminar Em preliminar, a empresa alega a nulidade do auto de infração, por falta de prova da acusação de inconsistência do banco de dados relativo `as notas fiscas de saída. A alegação de nulidade decorre da acusação de que a Recorrente entregou arquivos magnéticos com informações incorretas se comparados com os documentos fiscais originalmente emitidos, mas a fiscalizacao deixou de anexar ao auto de infração a prova correspondente, ou seja, as notas fiscais de saída emitidas para a Recorrente. Entendo que não há razão nesse argumento, pois todo o processo de fiscalização teve como base os documentos apresentados pela própria Recorrente. Ademais, não vislumbro quaisquer outras nulidades do auto de infração, por ausência de violação às prescrições dos artigos 142 do CTN, 10 e 59 do Decreto nº 70.235/1972, pois a autuação está fundamentada nos dispositivos legais que a regem e a descrição dos fatos condiz com as situações jurídicas que desencadearam o lançamento, pois a narração é clara, o que permitiu à empresa identificar o fundamento da exigência fiscal. Consta nos autos que a Recorrente foi intimada de todos os atos, bem como foi exercido o amplo direito de defesa mediante contraditório regularmente instaurado, tendo sido ofertada a impugnação ao lançamento e apresentado o presente recurso voluntário. Enfim, restando o enquadramento legal e a descrição dos fatos aptos a permitir a identificação da infração imputada ao sujeito passivo, e estando presentes nos autos todos os documentos que serviram de base para a autuação sob exame, não há que se falar em nulidade. Multas por omissão/erro nos dados fornecidos em meio magnético Confirase a descrição da infração no Termo de Verificação Fiscal: XI.4 A) COM RELAÇÃO AO BANCO DE DADOS RELATIVOS ÀS NOTAS FISCAIS DE ENTRADA; XI.4 A.1 As Notas Fiscais de Entrada, relativas às compras de produtos isentos de IPI junto à empresa Valfilm Amazônia, foram alimentadas no banco de dados da empresa, com acréscimo de dados que não constavam dos referidos documentos originais, quais sejam, foi indevidamente atribuído o valor do produto ISENTO como "BASE TRIBUTÁVEL", uma alíquota de IPI de 15% e apontado um crédito de IPI equivalente a esta mesma alíquota, fazendo com que fossem gerados Relatórios Fiscais totalmente inconciliáveis com os documentos probantes, ou seja, os Relatórios relativos às compras , geraram um total de crédito de IPI absolutamente ficto, já que estas referidas aquisições (nos montantes de R$ 46.447.007,11 em 2007 e R$ 47.876.393,61 em 2008) não estavam sendo tributadas pelo IPI, conforme detalhadamente relatado no Termo de Constatação Fiscal de 11/JUL/2012. Fl. 2922DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.923 10 A fiscalizada, apesar de se dizer embasada para este ficto creditamento, contrariando os dispositivos legais que regem a apresentação do referidos Arquivos Digitais, alimentou seu banco de dados de forma a gerar falsos relatórios referentes aos créditos de IPI, com valores integralmente incompatíveis com os documentos originais destas operações. Da mesma forma, utilizandose desta mesma conduta sem amparo legal, a empresa gerou seus pedidos de ressarcimento de IPI PER/DCOMPS, apropriandose destes mesmos créditos fictos, relativos às compras junto à "VALFILM". Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais de entrada "VALFILM" ac 2007: R$ 46.447.007,11; Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais de entrada "VALFIM" ac 2008: R$ 47.876.393,61. Obs: AS PLANILHAS N.° 11 e 14 DISCRIMINAM INDIVIDUALIZADAMENTE AS REFERIDAS NOTAS FISCAIS DA EMPRESA VALFIM AMAZÔNIA AC 2007 E 2008. XI. 4 A. 2 Diversas Notas Fiscais de Entrada, no banco de dados apresentado AC 2007, vieram com classificação fiscal incorreta, ou seja, a classificação fiscal indevidamente atribuída nestas notas 3923.3000 (cuja alíquota do IPI seria de 15%), não está compatível com os documentos originais expedidos e não correspondem às respectivas descrições da mercadoria. Obs: NCM 3923.3000 Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais COM INCORRETO NCM 3923.3000 AC 2007: R$ 42.339.740,48 Obs: A PLANILHA N.°12 DISCRIMINA INDIVIDUALIZADAMENTE AS REFERIDAS NOTAS FISCAIS COM ATRIBUIÇÃO INCORRETA DO NCM 3923.3000 AC 2007. XI.4 B) COM RELAÇÃO AO BANCO DE DADOS RELATIVOS ÀS NOTAS FISCAIS DE SAÍDA: Ao analisar os dados relativos às Notas fiscais de Saída, verifiquei que muitos dados relativos às respectivas notas fiscais de saída, concernentes à CLASSIFICAÇÃO FISCAL 8480.7100, estavam incorretos se comparados aos documentos originalmente emitidos. XI.5 DO CÁLCULO E DO VALOR DA MULTA INFORMAÇÕES INCORRETAS inciso II do ART. 12 da Lei n.° 8.218/91 136. A legislação determina que a multa legalmente estipulada seja de 5% sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a 1% da receita bruta da pessoa jurídica no período; 137. Conforme estipulado no Mandado de Procedimento Fiscal em tela, as operações correspondentes no período, são referentes ao tributo IPI, onde fica determinado de uma forma sumária, que o trabalho a ser executado será com vistas à natureza de operações, exame de produtos/insumos adquiridos e vendidos, suas classificações fiscais (isentas, tributadas e não tributadas), bases de cálculo, alíquotas e cálculo do IPI debitado e/ou creditado, bem como, seus respectivos Fl. 2923DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.924 11 emitentes e/ou destinatários, portanto, exame integral das informações constantes das Notas Fiscais de Entrada e de Notas Fiscais de Saída, tendo como objetivo final, o exame de saldos mensais de IPI e como conseqüência, valores passíveis de ressarcimento e/ou IPI destacado a menos ou não destacado. 138. Assim sendo, de acordo com a legislação de regência, segue descrito o calculo da multa em questão, ficando plenamente demonstrado que esta fiscalização utiliza como base de cálculo da multa em referência, a soma das operações relativas as Notas Fiscais com informações incorretas, relacionadas pelo próprio fiscalizado, em seu banco de dados: I AC 2007 1. SOMA DAS NOTAS FISCAIS COMPRAS DA EMPRESA "VALFILM" COM ATRIBUIÇÃO INDEVIDA DE BASE TRIBUTÁVEL, ALÍQUOTA E CRÉDITO DE IPI AC 2007: R$ 46.447.007,11 2. SOMA DAS NOTAS FISCAIS ENTRADAS DIVERSAS COM ATRIBUIÇÃO DE NCM INCORRETO AC 2007: R$ 42.339.740,48 3. SOMA DAS NOTAS FISCAIS SAÍDAS DIVERSAS COM ATRIBUIÇÃO DE NCM INCORRETO AC 2007: R$ 34.139.198,98 4. BASE DE CÁLCULO PARA APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA ESTIPULADA EM 2007 (1+2+3): R$ 122.925.946,57 5. MULTA CALCULADA 5% DA BASE DE CÁLCULO: R$ 6.146.297,33 6. RECEITA BRUTA ANUAL DO ESTABELECIMENTO, DECLARADA NO ANO DE 2007, CONFORME DIPJ/2008 Ficha 60 "DISCRIMINAÇÃO DA RECEITA DE VENDAS DOS ESTABELECIMENTOS POR ATIVIDADE", APRESENTADA: R$ 132.351.728,48 7. LIMITE LEGAL ESTIPULADO 1% DA REC. BRUTA NO PERÍODO: R$1.323.517,28 8. MULTA A SER AUTUADA AC 2007: R$ 1.323.517,28 II AC 2008 1. SOMA DAS NOTAS FISCAIS COMPRAS DA EMPRESA "VALFILM" COM ATRIBUIÇÃO INDEVIDA DE ALÍQUOTA E CRÉDITO DE IPI AC 2008: R$ 47.876.393,61 2. SOMA DAS NOTAS FISCAIS SAÍDAS DIVERSAS COM ATRIBUIÇÃO DE NCM INCORRETO AC 2008: R$ 7.617.061,76 3. BASE DE CÁLCULO PARA APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA ESTIPULADA EM 2008 (1+2): R$ 55.493.455,37 4. MULTA CALCULADA 5% DA BASE DE CÁLCULO: R$ 2.774.672,77 5. RECEITA BRUTA ANUAL DO ESTABELECIMENTO, DECLARADA NO ANO DE 2008, CONFORME DIPJ/2009 Ficha 60 "DISCRIMINAÇÃO DA RECEITA DE VENDAS DOS ESTABELECIMENTOS POR ATIVIDADE", APRESENTADA: R$ 147.015.383,01 Fl. 2924DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.925 12 6. LIMITE LEGAL ESTIPULADO 1% DA REC. BRUTA NO PERÍODO: R$ 1.470.153,83 7. MULTA A SER AUTUADA AC 2008: R$ 1.470.153,83 Constatada a incorreção nas informações constantes nos arquivos magnéticos disponibilizados à fiscalização, é dever da autoridade fiscal aplicar a multa capitulada no art.12, II, da Lei nº 8.218/91, ou seja, a multa de 5% sobre o valor da operação correspondente, em decorrência de informações prestadas incorretamente, com a limitação de 1% sobre a receita bruta no período. Entretanto, os fatos constituídos nestes autos não apontam para a ocorrência de todas as infrações descritas acima. Isso porque as infrações apontadas pela fiscalização nos itens XI.4A, A.1 e A.2 não se subsomem à tipificação da lei. Explico. O item A.1 aponta que as Notas Fiscais de Entrada, relativas às compras de produtos isentos de IPI da Valfilm Amazônia, foram alimentadas no banco de dados da empresa, com alíquota de IPI de 15%. Já o item A.2 afirma que diversas Notas Fiscais de Entrada vieram com classificação fiscal incorreta, ou seja, a classificação fiscal indevidamente atribuída nestas notas 3923.3000 (cuja alíquota do IPI seria de 15%). Resta integralmente ligada a repreensão deste item ao item A.2, não devendo subsistir. Com razão a Recorrente quanto à alegação de igualdade com a infração anterior (A.1). Entendo que não estão configuradas os dois fatos ilícitos (A.1 e A.2), uma vez que a Recorrente não gerou falsos relatórios referentes aos créditos de IPI. A empresa refletiu nos arquivos o seu entendimento quanto ao creditamento de IPI (ainda que equivocado), cuja autuação por falta de recolhimento do IPI e aplicação de multa ofício já foi objeto do processo administrativo nº 19515.721546/201278. Dessa forma, devem ser excluídas da base de cálculo da multa regulamentar, os valores: A.1 Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais de entrada "VALFILM" ac 2007: R$ 46.447.007,11; Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais de entrada "VALFIM" ac 2008: R$ 47.876.393,61. A.2 Valor TOTAL das operações relativas às Notas Fiscais COM INCORRETO NCM 3923.3000 AC 2007: R$ 42.339.740,48 Por outro lado, entendo cabível a multa do item B, com relação ao banco de dados das notas fiscais de saída. Fl. 2925DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.926 13 Consignou a fiscalização que, ao analisar os dados relativos às Notas fiscais de Saída, verificouse que muitos dados relativos às respectivas notas fiscais de saída, concernentes à CLASSIFICAÇÃO FISCAL 8480.7100, estavam incorretos se comparados aos documentos originalmente emitidos (cf. Planilhas nº 13 e 14). Entendo que as materialidades das multas dos itens A.1 e A.2 são totalmente diferentes do item B. Neste item, observase erro nas informações relativas ao NCM 8480.7100, sendo, portanto, devida, uma vez que a materialidade da multa regulamentar não se refere ao créditos fictos de IPI, mas sim à exatidão na prestação de informações para os controles do fisco. Em suma, deve ser dado parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir a aplicação de multa regulamentar quantos aos seguintes itens A.1 e A.2 do relatório fiscal. Por outro lado, deve ser mantida a autuação de multa regulamentar quanto ao item B. Alegação da confiscatoriedade da multa regulamentar Todos os traços das multas aplicadas estão previstos em lei, atendendo ao princípio da legalidade, nos termos dos art. 5º, II e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Cumpre salientar que, de acordo com o parágrafo único do art. 142 do CTN, a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Dessa forma, constatadas as infrações descritas na legislação, a autoridade fiscal não só está autorizada como, por dever funcional, está obrigada a proceder ao lançamento de ofício da multa regulamentar pertinente. A caracterização da multa como efeito confiscatório implica em análise de constitucionalidade, o que encontra óbice na Súmula CARF nº 02, a qual dispõe que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim, deve ser afastado esse pleito da Recorrente. RECURSO DE OFÍCIO Multas por falta/atraso na entrega de arquivo magnético A multa aplicada equivalente a dois centésimos por cento, por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, referese ao não cumprimento do prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. Se os arquivos magnéticos não forem entregues na totalidade, então não cabe a multa por apresentação em atraso, pois a obrigação acessória não foi adimplida. Não se trata de atraso na entrega, mas sim de omissão de informações, sendo capitulada no inciso II e não no III do art. 12, da Lei nº 8.218/91. Por isso, não há reparos a serem feitos na decisão de piso. Fl. 2926DF CARF MF Processo nº 19515.722637/201221 Acórdão n.º 3301003.628 S3C3T1 Fl. 2.927 14 Explico. Neste caso, os arquivos digitais foram apresentados em 8 de dezembro de 2010. Todavia, o termo de constatação fiscal aponta informações incorretas nos arquivos 4.7.1, 4.5.2 e 4.9.5, bem como houve ausência total de entrega do arquivo 4.6.1: 139. Conforme podese constatar nos Recibos de entrega de Arquivos digitais SVA datados de 08/DEZ/2010, 04/OUT/2011 e 20/OUT/2011, não foi apresentado o arquivo 4.6.1, de extrema necessidade para análise do direito ao ressarcimento de IPI, já que deveria trazer as informações sobre "INSUMOS" utilizados na industrialização exercida por este estabelecimento, cujos dados seriam trabalhados em programas internos da Receita Federal do Brasil, específicos para tal análise. Assim, não se trata de situação que se subsuma ao disposto no inciso III, dessa forma deve a multa ser cancelada em sua integralidade. Logo, deve ser negado provimento ao recurso de ofício. Conclusão Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício e dar parcial provimento ao recurso voluntário. Sala de Sessões, 23 de maio de 2017. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 2927DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.900857/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 29/02/2008
RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVO.
É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida, após esse prazo legal considera-se intempestivo o recurso.
Recurso Voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3301-003.889
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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PIS/COFINS. Recorrente DISTRIBUIDORA AMARAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 29/02/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. PRAZO. INTEMPESTIVO. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida, após esse prazo legal considerase intempestivo o recurso. Recurso Voluntário não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 02045.464, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar a compensação em litígio. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 90 08 57 /2 01 2- 11 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10665.900857/201211 Acórdão n.º 3301003.889 S3C3T1 Fl. 3 2 fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, tempestivamente, conforme relatado na decisão recorrida, alegando, em síntese, o seguinte: verificase pelos documentos anexos, que foi realizada a apuração pelo regime não cumulativo no que atine ao mês em questão por meio do Dacon, porém segundo se apurou no Dacon retificador o valor do débito nãocumulativo devido seria inferior ao efetivamente recolhido, resultando um saldo a ser compensado no PerDcomp; deve ser esclarecido que, na época própria, o contribuinte realizou a devida retificação em anexo, porém, em virtude de alteração ocorrida na própria legislação que resultou na mudança de versões, tanto do Dacon quanto na DCTF, a retificação foi transmitida, gerando assim o débito constante do Despacho Decisório; contudo, a falha no sistema em deixar de transmitir a devida retificação não pode conduzir a que seja violado o princípio constitucional da nãocumulatividade, ainda que posteriormente demonstrada, de forma cabal e inequívoca, a existência do crédito que se pretende compensar; Requerendo, ainda, o acolhimento da manifestação de inconformidade para o fim de determinar o cancelamento do débito constante do presente processo. Tendo em vista a negativa do Acórdão da 2ª Turma da DRJ/BHE, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo Contribuinte, este ingressou com Recurso Voluntário visando reformar a referida decisão. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.883, de 29 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10665.900851/201236, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.883): "O Recurso Voluntário, de 22 de agosto de 2013, interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 0245.458, de Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10665.900857/201211 Acórdão n.º 3301003.889 S3C3T1 Fl. 4 3 25 de junho de 2013, é intempestivo, logo não atende um pressuposto legal de admissibilidade, motivo pelo qual não deve ser conhecido. O prazo para que seja interposto o Recurso Voluntário contra as decisões das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento é de 30 dias a partir da ciência da referida decisão. Observase no presente processo que a Decisão recorrida foi proferida em 25 de junho de 2013 e o Contribuinte tomou ciência da decisão recorrida em 09 de julho de 2013 como se depreende da leitura do Termo de Abertura de Documento (fls. 95): TERMO DE ABERTURA DE DOCUMENTO O Contribuinte tomou conhecimento do teor dos documentos relacionados abaixo, na data 09/07/2013 8:14h, pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC) através da opção Consulta Comunicados/Intimações. Acórdão de Manifestação de Inconformidade Contribuinte: 21.759.758/000188 DISTRIBUIDORA AMARAL LTDA (ou seu Representante Legal) DATA DE EMISSÃO : 09/07/2013 Já às fls. 96 apurase no Termo de Ciência por Decurso de Prazo que essa ciência por decurso de prazo ocorreu em 19 de julho de 2013: TERMO DE CIÊNCIA POR DECURSO DE PRAZO Foi dada ciência, ao Contribuinte, dos documentos relacionados abaixo, por decurso de prazo de 15 dias a contar da disponibilização destes documentos através da Caixa Postal, Modulo eCAC do Site da Receita Federal. Data da disponibilização na Caixa Postal: 04/07/2013 Data da ciência por decurso de prazo: 19/07/2013 Acórdão de Manifestação de Inconformidade DATA DE EMISSÃO : 20/07/2013 Constatase assim que Contribuinte tomou ciência da decisão recorrida em 09 de julho de 2013 como se depreende da leitura do Termo de Abertura de Documento e pelo Termo de Ciência por Decurso de Prazo que essa ciência ocorreu em 19 de julho de 2013. Assim, no melhor dos quadros, o prazo final para interpor o recurso seria em 20 de agosto de 2013, e que só ocorreu em 22 de agosto de 2013. Para bem ilustrar o ocorrido cito abaixo imagem do Recurso Voluntário do Contribuinte com o devido protocolo da Analista Tributário Glêucia Felipe Santiago, matrícula 012.91476 (fls. 107): Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10665.900857/201211 Acórdão n.º 3301003.889 S3C3T1 Fl. 5 4 Portanto, de acordo com a legislação vigente e os autos do processo, voto em não conhecer do Recurso Voluntário por ser intempestivo." Da mesma forma que no caso do paradigma, no presente processo o recurso voluntário foi apresentado em 22/08/2013, e a data da ciência da decisão da DRJ, por decurso de prazo, também ocorreu em 19/07/2013. Comprovado está que também nestes autos o recurso voluntário foi apresentado após o prazo de 30 dias, portanto, intempestivamente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 126DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.720755/2014-07
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.600
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .7 20 75 5/ 20 14 -0 7 Fl. 2299DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.300 2 Relatório Tratamse de recursos voluntários (fls. 1351/2274) interpostos em face do Acórdão nº. 0735.371 (fls. 1297/1328), cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 DEBCAD nº 51.038.4110 COMPENSAÇÃO DE RECOLHIMENTOS. PAGAMENTOS INDEVIDOS PARA O SIMPLES. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias com valor recolhido indevidamente para o SIMPLES. CONTRIBUIÇÃO PARA O SAT. ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA. A alíquota aplicável para cobrança da contribuição para o SAT é aquela correspondente à atividade preponderante da empresa. MULTA DE OFÍCIO Sempre que restar configurada uma das situações descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei nº 9.430/1996 deverá ser duplicado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. As contribuições em atraso estão sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC. DEBCAD nº 51.038.4129 COMPENSAÇÃO. ANÁLISE DA CERTEZA E LIQUIDEZ. FALTA DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA. A omissão de documentos que permitam a apuração do valor do tributo devido à época do suposto recolhimento indevido impossibilita a confirmação dos requisitos de certeza e liquidez do crédito do contribuinte objeto de compensação. REQUISITOS PARA DEFERIMENTO DA COMPENSAÇÃO OU RESTITUIÇÃO ADMINISTRATIVA. A restituição ou a compensação de quantias recolhidas indevidamente a título de tributo administrado pela RFB, cujo direito creditório foi reconhecido por sentença judicial transitada em julgado, somente será possível se cumpridos os requisitos exigidos na legislação pertinente. Fl. 2300DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.301 3 MULTA DE OFÍCIO Sempre que restar configurada uma das situações descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei nº 9.430/1996 deverá ser duplicado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. As contribuições em atraso estão sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza são responsáveis solidárias pelas contribuições previdenciárias. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, sob pena de preclusão, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. MULTA. PRINCÍPIO DA BOAFÉ. INAPLICABILIDADE EM FUNÇÃO DA PRIMAZIA DA TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA. O legislador adotou a teoria da responsabilidade objetiva para as multa por infração à legislação tributária, portanto a penalidade aplicável prescinde da pesquisa de elementos subjetivos. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade de atos legais regularmente editados. Tratase o presente processo decorrente de ação fiscal desenvolvida na CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. (CNPJ nº. 05.241.315/000144), empresa prestadora de serviços na área de administração de condomínios residenciais. Consoante o Relatório Fiscal – REFISC (fls. 26/52), a autoridade lançadora, na mesma ação fiscal, além de ter efetivado a exclusão da empresa autuada do SIMPLES NACIONAL, sob a acusação de ter ocorrido a constituição da empresa de forma simulada com utilização de interpostas pessoas, lavrou os seguintes Autos de Infração de Obrigação Principal, consolidados em 07/02/2014: Fl. 2301DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.302 4 PAF DEBCAD DESCRIÇÃO VALOR TOTAL (R$) 51.038.4110 EMPRESA 10.868.656,73 10166.720755/201407 51.038.4129 GLOSA DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA 1.606.820,05 51.038.4137 TERCEIROS 2.953.605,94 10166.720756/201443 51.038.4145 MULTA ISOLADA SOBRE GLOSA DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA 1.698.830,48 Assim, nestes autos, exigese as contribuições previdenciárias relativas à parte patronal e SAT/RAT, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais, e sobre as glosas de compensações indevidas, relativamente às competências 01/2010 a 12/2012, inclusive décimo terceiro salário. Informa a autoridade lançadora que a Autuada, optante pelo Regime Simplificado de Tributação – SIMPLES NACIONAL desde 01/01/2009, incorreu em diversas hipóteses de exclusão do referido programa, que restou na lavratura, em 26/09/2013, da Representação Fiscal Administrativa ao Delegado da Receita Federal do Brasil em BrasíliaDF e, por consequência, na sua exclusão do SIMPLES NACIONAL, nos termos do disposto no artigo 29, incisos II, III, IV, VIII e IX da Lei Complementar nº 123/2006, com efeito retroativo a 01/01/2007, conforme determinado pelo Ato Declaratório Executivo – ADE nº 71, de 21/10/2013 (D.O.U de 23/10/2013, Seção I). Destacase que referido Ato de Exclusão não foi contestado. Ainda, segundo o Relatório Fiscal: a) Da Remuneração Dos Segurados Empregados Durante a ação fiscal foram emitidos 4 (quatro) Termos de Intimação Fiscal para que a Fiscalizada apresentasse os documentos lá solicitados, não tendo havido nenhuma manifestação de sua parte. Não foram apresentadas as folhas de pagamento dos meses de 01 a 03/2010 e 12/2011, inclusive as relativas ao pagamento do décimo terceiro salário dos segurados empregados para os anos de 2010, 2011 e 2012; os registros contábeis (Livro Caixa, ou Livro Diário e Razão); nem as Notas Fiscais de prestação de serviço emitidas no período sob ação fiscal. Esclarece que, em razão da ausência da documentação exigida, a apuração mensal da base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas, composta pela Fl. 2302DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.303 5 remuneração auferida por seus segurados empregados, tomou como base as informações prestadas pela empresa em suas Guias de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência Social – GFIP, e que para a obtenção dos valores relativos ao décimo terceiro salário foram utilizadas as informações prestadas na RAIS dos anos de 2010, 2012 e 2013. Esclarecese que, além da Planilha contendo os valores mensais apurados, consta do conjunto de provas, anexo aos autos, em formato digital (Anexo I), os comprovantes de entrega da GFIP com protocolo de envio; os Relatórios “Totais de Vínculos e Massa Salarial RAIS” obtidos no Sistema Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS; e a listagem contendo todas as GFIP´s, utilizadas pela fiscalização na apuração da base de cálculo deste levantamento, por tomador de serviço informado, com respectivo código de controle. b) Da Compensação Indevida Alega que a Autuada, no período fiscalizado, informou em GFIP valores referentes à compensação de retenção para a Previdência Social realizadas por seus tomadores de serviço, relativamente ao fornecimento de mãodeobra, principalmente, para as atividades de limpeza, conservação, higienização, portaria diurna e noturna, entre outros. Diz que intimada, por meio dos Termos de Intimação Fiscal nº 02 e 03, este reiterado com envio para a residência do sóciogerente da empresa, para apresentar todas as Notas Fiscais de prestação de serviço emitidas no período de 01/2010 a 12/2012, assim como sua contabilidade, para que fosse verificada a correção dos valores compensados, a Fiscalizada não se manifestou. Por essa razão, promoveu a abertura de Diligências Fiscais em 7 (sete) tomadores de serviço da empresa CENTRO SUL, os quais foram selecionados com base nas informações prestadas, pela mesma, em GFIP, a partir das quais obteve cópias de Contratos de Prestação de Serviço; relação de empregados cedidos; Notas Fiscais de Prestação de Serviço emitidas pela empresa; e Guias da Previdência Social recolhidas. Do exame da referida documentação, constatou que, apesar de a CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA. – ME (CNPJ nº 05.241.315/000144) constar em GFIP como empresa contratada, alguns dos contratos foram firmados, na verdade, pela empresa CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – EPP (CNPJ nº 01.726.963/000130), pertencente ao mesmo grupo econômico da primeira, que também emitiu as Notas Fiscais de prestação de serviço. Também, restou identificado que as Guias de Recolhimento da Previdência Social GPS, de código 2631, eram emitidas alternadamente para CNPJ´s distintos, sem haver vinculação direta com o efetivo prestador de serviços. Concluiu que a empresa CENTRO SUL atua, com outras empresas, como um conjunto de sociedades, formando um grupo econômico “de fato”, que por sua vez adota procedimentos internos de controle de faturamento e consequentes compensações de contribuições previdenciárias em descompasso com as normas legais e infralegais existentes, tudo isso aliado à negativa da empresa Fiscalizada, de forma reiterada e não justificada, de exibição de livros e documentos à fiscalização. Desse modo, por falta de comprovação hábil, regular e inequívoca por parte da empresa Autuada, conforme mandamento contido no art. 89, §§ 9º e 10º da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, os valores de contribuição previdenciária foram considerados indevidamente compensados, inclusive com falsidade, tendo sido glosados e cobrados os valores não recolhidos á época da compensação. Fl. 2303DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.304 6 c ) Do Grupo Econômico Nesse tópico, a fiscalização aponta, do item 50 ao 79 do REFISC, todos as situações apuradas que indicam a formação do grupo econômico “de fato”, denominado, de forma genérica, como “Grupo CS”, o qual é composto pelas seguintes empresas: 01.726.963/000130 CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA EPP; 02.977.647/000101 CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA ME; 03.614.621/000153 VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA; 05.241.315/000144 CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS LTDA ME; Colhese, ainda, as seguintes evidencias: a) a outorga de poderes de gerência e administração feita em favor do Sr. Avelar Oliveira Silva pelas empresas CS Empreendimentos, Administração e Serviços Gerais Ltda. (CNPJ nº 12.523.206/000185), AOS Administração, Comercio, Construção E Serviços Gerais Ltda. – ME (CNPJ nº 72.651.813/000152) e Valquel Comercio de Fibra de Vidro e Construção Ltda. (CNPJ nº 03.614.621/000153), deixa claro a existência comprovada de sócio oculto ou “de fato” no comando das diversas empresas; b) a utilização de um mesmo endereço de funcionamento para as diversas empresas do grupo evidencia a utilização de uma mesma estrutura física para seu funcionamento, configura a confusão patrimonial e gerencial; e c) a utilização de força de trabalho comum a todas as empresas. Em resumo, esclarece que os fatos apontados nesse relatório demonstram caracterizada a confusão patrimonial com vinculação gerencial por coincidência de sócios e administradores, havendo abuso de forma entre as empresas integrantes do agrupamento. Toda documentação, que formam o conjunto de provas para a caracterização do grupo econômico, encontrase anexa aos autos, em formato digital. d) Da Sujeição Passiva Explica que restou configurada, à luz da legislação e dos fatos apontados no REFISC, a constituição e atuação do grupo de empresas, na forma de grupo econômico “de fato”, razão pelo qual todas elas foram incluídas no pólo passivo da relação tributária referente às contribuições previdenciárias, nos termos do art. 30, inciso IX da Lei nº 8.212, de 1991; do art. 222 do Decreto 3.48/99; do art. 179, inciso I da Instrução Normativa MPS/SRP nº 3, de 14/07/2005, mesma disposição repetida no art. 152 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 13/11/2009. Assim, também, restou responsabilizado o sócioadministrador “de fato” ou oculto da empresa Autuada e das integrantes do “Grupo CS”, na pessoa do Sr. Avelar Oliveira Silva, CPF 394.993.67349, em decorrência da prática dos atos de excesso de poder, infração à Lei e ao contrato social. Fl. 2304DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.305 7 Esclarece que as empresas serão cientificadas dos créditos tributários, constituídos na presente ação fiscal, por meio da lavratura do Termo de Sujeição Passiva Solidária, em conformidade com o art. 495 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009. Devendo, portanto, serem responsabilizados tanto o sócioadministrador “de fato” ou oculto quanto as empresas integrantes do “Grupo CS”, na pessoa do Sr. Avelar Oliveira Silva. e) Da Multa Qualificada e Agravada Por fim, esclarece que em face dos fatos apurados no curso da ação fiscal foi aplicada, concomitantemente, a multa qualificada e agravada de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento), consoante art. 44, §§1º e 2º da Lei nº 9.430/1996. No caso da compensação indevida, aplicase o disposto no art. 89, § 9º da Lei nº 8.212/91 (Lei de Custeio da Previdência Social). Após ser apresentada a impugnação unicamente pela devedora principal (fls. 1045/1201), sobreveio o acórdão cuja ementa está acima reproduzida. Após a intimação do referido acórdão para todos os devedores (principal e solidários), foram apresentados os recursos voluntários: 1) AOS ADMINISTRAÇÃO, COMÉRCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 1351/1480; 2) AVELAR OLIVEIRA SILVA – fls. 1481/1610; 3) VALQUEL COMÉRCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÕES LTDA. – fls. 1611/1740; 4) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. – fls. 1741/1870; 5) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 1871/2000; 6) CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 2001/2131; 7) CS EMPREENDIMENTO, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS – fls. 2132/2260; 8) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. – fl. 2261/2274. É o relatório. Fl. 2305DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.306 8 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator 1) Admissibilidade 1.1) Dos recursos voluntários dos sujeitos passivos solidários Além do recurso voluntário da devedora principal (CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 2001/2131), foram apresentados recursos voluntários pelos 7 (sete) devedores passivos solidários, conforme acima mencionado. Ocorre que, conforme se depreende destes autos, nenhum dos sujeitos passivo solidários impugnaram o auto de infração no presente processo administrativo fiscal, assim precluindo o seu direito de discutir o presente crédito tributário que lhes fora atribuído. Eis o disposto no art. 14 do Decreto 70.235/72: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Assim, não tendo os sujeitos passivos solidários abaixo relacionados impugnado o lançamento, não instauraram o contencioso administrativo e, portanto, não figuram no presente processo administrativo fiscal. Desse modo, não conheço dos recursos voluntários abaixo mencionados: 1) AOS ADMINISTRAÇÃO, COMÉRCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 1351/1480; 2) AVELAR OLIVEIRA SILVA – fls. 1481/1610; 3) VALQUEL COMÉRCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÕES LTDA. – fls. 1611/1740; 4) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. – fls. 1741/1870; 5) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. – fls. 1871/2000; 6) CS EMPREENDIMENTO, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS – fls. 2132/2260; 7) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA. – fl. 2261/2274. Fl. 2306DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.307 9 1.2) Do recurso voluntário do devedor principal (CENTRO SUL EMPREENDIMENTO E SERVIÇOS LTDA. – fls. 2001/2131) O recurso voluntário da devedora principal é tempestivo. Todavia, há uma preliminar a ser apreciada acerca se, também quanto ao devedor principal, foi instaurado o contencioso administrativo. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília, por meio da informação de fls. 1294, fez constar o seguinte: Assim, consignou informação nestes autos de que a impugnação apresentada seria intempestiva. Eis os documentos acerca da intimação da devedora principal: · Fl. 1016 "Lista de Postagem Registrados" elaborada pelo Correios para o seu cliente Ministério da Fazenda, onde consta o número do registro SA340496056BR, entregue no endereço SCIA QD. 14, CONJ. 07, LOTE 01 ST. INDÚSTRIAS, em Brasília/DF, para o destinatário CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS, com data de postagem em 10/02/2014; · Fl. 1017 Rastreamento do número do registro SA340496056BR, constando como entregue em 12/02/2014; · Fls. 1018/1021 Solicitação da Receita Federal do Brasil para os Correios acerca do AR número do registro SA340496056BR pois, ao que nos parece da leitura dos documentos, o referido AR não foi devolvido à Receita Federal do Brasil; · Fls. 1022/1023 Cópia do AR (número do registro SA340496056BR) enviado para a empresa CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS. Fl. 2307DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.308 10 O referido AR de fls. 1022/1023 é justamente a ciência do Auto de Infração que a informação de fls 1294 considerou para declarar a intempestividade da impugnação de fls. 1045/1201, posto que a ciência daquele AR se dá em 12/02/2014 e a impugnação fora protocolada em 17/03/2014, no 33º dia do prazo recursal. Em que pese tal demonstração indicar, aparentemente, a clara intempestividade da peça impugnatória, o "diabo mora nos detalhes". Eis a qualificação do devedor principal conforme o Auto de Infração de fl. 3: E eis o AR que sustenta a alegação de intempestividade por parte da DRF: Como se vê, além de nome distintos das pessoas jurídicas, o endereço também não é o mesmo. Desse modo, teríamos que verificar os demais ARs constantes do processo administrativo fiscal para verificar a intimação da devedora principal (CENTRO SUL ADMISTRADORA DE CON E SERV GERAIS LTDA.) e dos sujeitos passivos solidários:: a) TSPS n. 01: Fl. 1024 CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1026 Intimação em 13/02/2014; b) TSPS n. 02: Fl. 1027 CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. AR FL. 1029 Intimação em 13/02/2014; c) TSPS n. 03: Fl. 1030 VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA. AR FL. 1032 Intimação em 13/02/2014; Fl. 2308DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.309 11 d) TSPS n. 04: Fl. 1033 CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1035 Intimação em 13/02/2014; e) TSPS n. 05: Fl. 1036 CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA.. AR FL. 1038 Intimação em 13/02/2014; f) TSPS n. 06: Fl. 1039 AVELAR OLIVEIRA SILVA AR FL. 1041 Intimação em 13/02/2014; g) TSPS n. 07: Fl. 1042 AOS ADMINISTRAÇÃO,COMERCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS AR FL. 1044 Intimação em 13/02/2014; Eis a controvérsia ora instaurada: 1) A impugnação de fls. 1046 e ss. foi protocolada em 17/03/2014 onde, se considerada como data de intimação o AR de fls. 1922/1923 (12/02/2014, é nitidamente intempestivo. 2) Se considerada a data de intimação de 13/02/2014 (quando foram intimados todos os sujeitos passivos solidários), temos que a impugnação seria tempestiva. O que fez a DRJ acerca da intempestividade? Eis o decisum de fl. 1308: A impugnação apresenta os requisitos legais para admissibilidade, dela conheço. Ou seja, em que pese a informação de intempestividade e os fatos acima relacionados, a impugnação foi considerada tempestiva sem que, contudo, houvesse ao menos a indicação de que tenha sido realizada uma análise minuciosa da tempestividade de acordo com os documentos acostados ao processo. Fato é, digase, que foi considerada tempestiva. Eis que a devedora principal, autuada, tem a seguinte qualificação: · CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. CNPJ 05.241.315/000144 Porém, eis a relação das empresas (devedora principal e solidárias) intimadas via AR: a) CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS fls. 1922/1923 b) CS ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1026 Intimação em 13/02/2014; c) CS COMERCIO DE MATERIAIS DE LIMPEZA LTDA. AR FL. 1029 Intimação em 13/02/2014; d) VALQUEL COMERCIO DE FIBRA DE VIDRO E CONSTRUÇÃO LTDA. AR FL. 1032 Intimação em 13/02/2014; e) CS EMPREENDIMENTOS, ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA. AR FL. 1035 Intimação em 13/02/2014; Fl. 2309DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.310 12 f) CS CONSTRUÇÕES E SERVIÇOS LTDA.. AR FL. 1038 Intimação em 13/02/2014; g) AVELAR OLIVEIRA SILVA AR FL. 1041 Intimação em 13/02/2014; h) AOS ADMINISTRAÇÃO,COMERCIO, CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS GERAIS AR FL. 1044 Intimação em 13/02/2014; Assim, perguntase: 1) ONDE ESTÁ A INTIMAÇÃO DA DEVEDORA PRINCIPAL "CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS LTDA. CNPJ 05.241.315/000144"? 2) QUE EMPRESA É "CENTRO SUL EMPREENDIMENTOS E SERVIÇOS"? É A DEVEDORA PRINCIPAL? É DEVEDORA SOLIDÁRIA? Isto posto, feitas todas as considerações acima, entendo não haver condições de atestar a intempestividade da peça impugnatória (informada pela DRF na informação de fl. 1294), e assim declarar não instaurada a fase litigiosa do presente processo administrativo para a devedora principal, tampouco atestar a tempestividade tacitamente reconhecida pela decisão de piso. Assim, proponho a realização de diligência para que seja a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília 1ª RF, para o fim de esclarecer: a) Por qual motivo o AR de fls. 1022/1023 foi considerado como intimação da devedora principal CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS CNPJ 05.241.315/000144? b) Apesar da descrição do nome do destinatário e o endereço não serem os mesmos dos constantes na qualificação do sujeito passivo devedor principal do auto de infração à fl. 3, por qual motivo o AR de fls. 1022/1023 está sendo considerado como a intimação da devedora principal? c) Após, que seja a contribuinte intimada para se manifestar acerca das informações apresentadas pela Receita Federal do Brasil na presente diligência. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o presente processo seja remetido à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Brasília 1ª RF, para que sejam prestadas as seguintes informações: a) Por qual motivo o AR de fls. 1022/1023 foi considerado como intimação da devedora principal CENTRO SUL ADMINISTRADORA DE CONDOMÍNIOS E SERVIÇOS GERAIS CNPJ 05.241.315/000144? b) Apesar da descrição do nome do destinatário e o endereço não serem os mesmos dos constantes na qualificação do sujeito passivo devedor principal do auto de Fl. 2310DF CARF MF Processo nº 10166.720755/201407 Resolução nº 2401000.600 S2C4T1 Fl. 2.311 13 infração à fl. 3, por qual motivo o AR de fls. 1022/1023 está sendo considerado como a intimação da devedora principal? c) Após, que seja a contribuinte intimada para se manifestar acerca das informações apresentadas pela Receita Federal do Brasil na presente diligência. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 2311DF CARF MF
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