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Numero do processo: 10283.007028/2007-87
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que esta: junte aos autos as informações das contribuições devidas e valore recolhidos no período de 12/2001 a 09/2002, para cota patronal, contribuição do segurado e contribuição devida a terceiros sobre a folha de pagamento; elabore planilha demonstrando em colunas distintas os valores dos tributos em questão declarados e dos tributos efetivamente recolhidos, no período em litígio; e informe sobre a origem dos valores designados no RDA com a sigla CRED, que foram imputados a valores devidos no lançamento. Após, que seja intimado o contribuinte para manifestação, no prazo de trinta dias, retornando-se os autos ao relator, para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo De Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que esta: junte aos autos as informações das contribuições devidas e valore recolhidos no período de 12/2001 a 09/2002, para cota patronal, contribuição do segurado e contribuição devida a terceiros sobre a folha de pagamento; elabore planilha demonstrando em colunas distintas os valores dos tributos em questão declarados e dos tributos efetivamente recolhidos, no período em litígio; e informe sobre a origem dos valores designados no RDA com a sigla CRED, que foram imputados a valores devidos no lançamento. Após, que seja intimado o contribuinte para manifestação, no prazo de trinta dias, retornando-se os autos ao relator, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo De Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que esta: junte aos autos as informações das contribuições devidas e valore recolhidos no período de 12/2001 a 09/2002, para cota patronal, contribuição do segurado e contribuição devida a terceiros sobre a folha de pagamento; elabore planilha demonstrando em colunas distintas os valores dos tributos em questão declarados e dos tributos efetivamente recolhidos, no período em litígio; e informe sobre a origem dos valores designados no RDA com a sigla CRED, que foram imputados a valores devidos no lançamento. Após, que seja intimado o contribuinte para manifestação, no prazo de trinta dias, retornandose os autos ao relator, para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo De Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator Participaram, da presente Resolução, os Conselheiros Luiz Eduardo De Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia Da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis Da Costa Bacchieri. Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 83 .0 07 02 8/ 20 07 -8 7 Fl. 497DF CARF MF Processo nº 10283.007028/200787 Resolução nº 9202000.047 CSRFT2 Fl. 498 2 Tratase o presente de lançamento de referente às contribuições sociais de segurado empregado (não descontada), parte patronal, e de Outras Entidades (Terceiros) incidente sobre remunerações arbitradas com base na RAIS, FGTS, GFIP (Lev. RAI, ARB, FIS) e Reclamatória Trabalhista, período intermitente: 01/1999 a 12/2005, e Lev DAL — Acréscimos Legais, comp. Intermitente: 05/2000 a 05/2006.. O lançamento foi levado a conhecimento em 10/2007, em face do sujeito passivo acima identificado, tendo em vista ter ele se auto enquadrado como Entidade Beneficente de Assistência Social – EBAS, sem ter feito o pedido de isenção para tanto. No julgamento deste Recurso, a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por maioria de votos, deu parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a decadência do direito de constituição do crédito tributário, com base no § 4º, do artigo 150, do CTN, para fatos geradores ocorridos até a competência 09/2002, exarando a seguinte decisão: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 31/05/2006 Ementa: DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. Ocorrendo pagamento antecipado, aplicase a regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado: I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para, nas preliminares, devido à regra decadencial expressa no § 4º, Art. 150 do CTN, excluir do lançamento as contribuições apuradas até a competência 09/2002, anteriores a 10/2002, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Mauro José Silva, que votou pela aplicação do I, Art. 173 do CTN para os fatos geradores não homologados tacitamente até a data do pronunciamento do Fisco com o início da fiscalização; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento às demais alegações apresentadas pela Recorrente, nos termos do voto do Relator. Cientificada da decisão, a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial, trazendo como paradigma o acórdão 240201.443, alegando divergência quanto ao reconhecimento do termo inicial da decadência pelo art. 150, §4°, do CTN, em relação a todos os fatos geradores, quando se verifica pagamento relativo a apenas um fato gerador. Em suas razões alega a União que o pagamento a ser considerado para atração do artigo 150, §4º, do CTN deve ser considerado em relação à cada fato gerador, não importando se houve pagamento de crédito relativo a outro fato gerador, seja anterior ou posterior. Não havendo pagamento, aplicase a regra decadencial do artigo 173, do CTN. Fl. 498DF CARF MF Processo nº 10283.007028/200787 Resolução nº 9202000.047 CSRFT2 Fl. 499 3 Diz a União que no presente caso, restou comprovado nos autos que em relação às competências 12/2001, 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 05/2002, 06/2002, 07/2002, 08/2002 e 09/2002 não houve recolhimento antecipado de tributo. Sob tal perspectiva, as competências ocorridas a partir de 12/2001 poderiam ter sido lançadas em 2002. Logo, 01/01/2003, primeiro dia do exercício seguinte, e o termo inicial da contagem do prazo decadencial, que somente se encerra em 01/01/2008. Como o contribuinte foi cientificado em 16/10/2007, o crédito tributário foi regular e tempestivamente constituído em relação ás competências 12/2001, 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 05/2002, 06/2002, 07/2002, 08/2002 e 09/2002. No exame de admissibilidade o Presidente da 3ª Câmara da 2ª seção acolheu o alegado pela União, dando seguimento ao Recurso. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou contrarrazões, pugnando, pelo não provimento do recurso, haja vista que a existência de pagamento das contribuições pelo no período em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator Diante da ausência dos comprovantes de pagamento das contribuições que deram fundamentação à decisão da Turma a quo nos presentes autos entendo ser prudente converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, para que esta: junte aos autos as informações das contribuições devidas e valores recolhidos no período de 12/2001 a 09/2002, para cota patronal, contribuição do segurado e contribuição devida a terceiros sobre a folha de pagamento; elabore planilha demonstrando em colunas distintas os valores dos tributos em questão declarados e dos tributos efetivamente recolhidos, no período em litígio; e informe sobre a origem dos valores designados no RDA com a sigla CRED, que foram imputados a valores devidos no lançamento. Nesse contexto, voto por converter o julgamento em diligência. É como voto. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 499DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.900335/2006-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3302-000.537
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência
Nome do relator: LENISA RODRIGUES PRADO
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Interessado FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Ricardo Paulo Rosa - Presidente Lenisa Rodrigues Prado - Relatora Participaram da sessão de julgamentos os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa (Presidente), Paulo Guilherme Dérouledé, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo e Lenisa Prado. RELATÓRIO Tratam-se de embargos de declaração opostos pelo Banco do Estado de Sergipe S.A. (fls. 172/187), com arrimo no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, com a redação aprovada pela Portaria MF n. 343, de 9/06/2015, contra o Acórdão n. 3802-004.061, proferido na sessão de julgamentos do dia 24/02/2015. Esse julgado recebeu a seguinte ementa: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .9 00 33 5/ 20 06 -2 7 RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 10 .9 00 33 5/ 20 06 -2 7 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária agosto de 2016 agosto de 2016 NORMAS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA NORMAS DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA BANCO DO ESTADO DE SERGIPE S.A. BANCO DO ESTADO DE SERGIPE S.A. FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. julgamento em diligência. julgamento em diligência. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 196 2 Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do art. 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez dos créditos alegados impossibilita a extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Em 15/04/2016 foi proferido o juízo de admissibilidade, momento no qual o recurso foi considerado tempestivo e remetido à este Colegiado por que concluiu-se que: "Entendo restar evidenciado que os vícios de obscuridade e omissão estão apontados objetivamente. Verifica-se que a Embargante suscitou matérias para as quais não houve expressa manifestação do julgado sobre ponto em que se impunha o seu pronunciamento de forma obrigatória. O voto no acórdão embargado reproduziu a decisão de primeira instância, sem revelar o que fora discutido e decidido em sede de julgamento do recurso voluntário da contribuinte". (fls. 192/194). É o relatório. VOTO Conselheira Lenisa Prado, A questão tem início em Manifestação de Inconformidade (fls. 35/47) apresentada pelo Banco do Estado de Sergipe S.A. contra o Despacho Decisório n. 466/ 2008 (fls. 26/28), que não homologou a compensação declarada na DCOMP n. 37782.15123.010404.1.7.04-5649. A contribuinte visa compensar os débitos de IRPJ de agosto/99 com créditos relativos a pagamentos a maior de COFINS realizado em 28/07/99, referente ao período de apuração de abril/1999, no montante de R$ 69.391,751. A Delegacia de Julgamentos da Receita em Aracaju (DRF/AJU) indeferiu a compensação pretendida porque não identificou nos sistemas da Receita Federal os pagamentos a maior ou indevidos, visto que, para todos os períodos analisados contavam informações que os recolhimentos estavam perfeitamente alocados em relação aos débitos confessados em DCTFs, não restando créditos a serem aproveitados. 1 DCOMP n. 37782.15123.01040.1.7.04-5649, apresentado em 1/04/2004. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 197 3 A contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade que foi rejeitada pela instância de origem em julgamento2 assim sumariado: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS Data do fato gerador: 01/04/1999 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INEXISTENTE.. É premissa básica para que seja efetivada a compensação de crédito tributário a existência de crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional. Rest/Ress. Indeferido Compensação não homologada. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls.97/ 111), defendendo seu direito ao crédito pleiteado. A já extinta 2ª Turma Especial desta 3ª Seção de julgamentos negou provimento ao recurso (fls. 160/163), reproduzindo "o voto objeto da decisão de primeira instância"¸ como afirma o redator Conselheiro Francisco José Barroso Rios, que registra que: "Preliminarmente, ressalto que, nos termos do artigo 17, inciso III, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc para a formalização do acórdão, considerando o resultado do julgamento nos termos da ATA da correspondente sessão de julgamentos. (...) Ressalvado o meu entendimento pessoal - no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso - reproduzo, abaixo, o voto objeto da decisão de primeira instância, já que a minuta do conselheiro relator a que tive acesso está desprovida do correspondente voto". (fls. 161/162). Deste ponto, é importante traçar algumas linhas sobre preliminar indissociável ao mérito da questão. PRELIMINAR - SOBRE O CABIMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL, DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO, A BUSCA PELA DEVIDA PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. Diante do registro feito no acórdão embargado, não resta dúvidas sobre a ausência de discussão e análise dos argumentos lançados no recurso voluntário (ou seja, o apelo do contribuinte não foi submetido ao devido julgamento). Essa é uma situação sui generis e um tanto quanto absurda. 2 Folhas 90 a 93. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 198 4 Não se discute sobre a legalidade (ou não) do conteúdo do art. 17, III, do RICARF, verbis: Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo colegiado e ainda: (...) III - designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazê- lo ou não mais componha o colegiado. Percebe-se que a designação de redator ad hoc pressupõe a existência de decisões já proferidas. No caso dos autos, como já dito, não há se falar em decisão, uma vez que na sessão do julgamento o relatório, a ementa e o voto do relator não haviam sido disponibilizados. Diante desse cenário, entendo que o Conselheiro Francisco José Barroso Rios foi submetido a uma situação impossível, podendo ser descrita como ultrajante, já que não lhe foi conferida a possibilidade de recusa a designação a função de redator de acórdão inexistente, pois decorrente de julgamento inválido/inexistente. E a inutilidade do julgamento está revelada em vários e dispersos comandos previstos no Regimento Interno deste Conselho, como os que abaixo colaciono: Art. 41. São deveres dos conselheiros, dentre outros previstos neste Regimento Interno: (...) V - apresentar, previamente ao início de cada sessão de julgamento, ementa, relatório e voto dos recursos em que for o relator, por meio eletrônico. Art. 50. No prazo máximo de 6 (seis) meses, contados da data do sorteio, o relator deverá incluir em pauta os processos a ele destinados. (...) § 5º. Será desconsiderada para efeitos da contagem do prazo do caput deste artigo, a inclusão de processo em pauta que não esteja com ementa, relatório e voto elaborados na data da sessão, bem como a inclusão de processo cujo retirada de pauta foi realizada a pedido do relator. Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: (...) III - relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 199 5 § 1º A ementa, o relatório e o voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, por meio eletrônico. §2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. Ora, não tendo sido apresentado o voto do relator na assentada do julgamento, o processo deveria ter sido retirado de pauta, seja pela imposição regimental, ou pelo resultado óbvio desta circunstância: a ausência de relatório contendo os substratos fáticos, técnicos e processuais do recurso resulta em evidente limitação do alcance das discussões próprias do julgamento, cerceando de forma gritante o direito a ampla defesa do contribuinte. O novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015) é concludente ao definir os elementos que devem estar presentes em uma decisão, sendo esta o pronunciamento que contém análise de todos os argumentos deduzidos no processo, capazes de infirmar a decisão recorrida. Também é claríssimo ao estabelecer que pronunciamento judicial que contenha, apenas, reprodução de atos já existentes, sem explicar a sua correlação com os argumentos trazidos pelas partes, não é decisão propriamente dita. A propósito, transcrevo o artigo a que me reporto: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito. § 1º. Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou questão decidida; (...) III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedentes ou enunciados de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos. Deste modo, entendo não é possível concluir que o aresto embargado seja, de fato, resultado de julgamento propriamente dito. Ademais, a inobservância à regra contida nos §§ 1º e 2º do art. 57 do RICARF resulta em nulidade do acórdão proferido pelo redator ad hoc. Fl. 199DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 200 6 A nulidade do aresto embargado, pois decorrente de julgamento inexistente para todos os fins, também está prevista no Decreto n. 70.235/1972, como se percebe: Art. 59. São nulos: (...) II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. É certo que os embargos de declaração previstos no art. 65 do RICARF têm cabimento restrito, sendo via estreita para sanar os vícios de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma. No entanto, o Código de Processo Civil vigente alarga o cabimento dos aclaratórios, fazendo com que esse recurso seja apropriado para solucionar a questão submetida nos autos sob análise, já que estamos diante dos vícios elencados nos incisos I, III, IV e V do artigo 489, §1º. Trago a conhecimento a letra do artigo apropriado: Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único - Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, §1º. É, portanto, indiscutível o cabimento dos presentes embargos, por ser o instrumento processual adequado para sanar a ausência da devida prestação jurisdicional. Deste modo, é de rigor o saneamento da omissão perpetrada, conduzindo julgamento válido sobre o recurso voluntário manejado pela embargante. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 201 7 SOBRE A DECISÃO RECORRIDA A instância de origem rechaçou os argumentos trazidos na impugnação oferecida pela contribuinte diante da seguinte narrativa: "No presente caso, não houve o alegado 'pagamento a maior ou indevido' da Cofins relativa a abril/99, cuja compensação com débito de IRPJ de agosto/99 foi declarada na DCOMP ora em análise. Para quitar o débito de R$ 187.903,24 da Cofins informado na DCTF original (fl. 06), em 28/07/1999 a interessada efetuou pagamento no valor de R$ 183.424, 45, conforme DARF à folha 09, que acrescido de juros e multa totalizou R$ 225.006,77. Remanesceu, portanto, um saldo a recolher no valor de R$ 4.478,79. Em consulta aos sistemas da RFB (fl. 76), constata-se que em 28/02/2000 a interessada apresentou DCTF retificadora (fl. 77), mantendo o mesmo valor do débito da Cofins mas o vinculando a diversas compensações. Logo, nessa DCTF retificadora não mais constava vinculação ao DARF de pagamento. Assim, em 10/09/2003, quando não mais havia a referida vinculação do DARF ao débito, a interessada transmitiu o PER/DCOMP original (fls. 79/81) pretendendo compensar o DARF recolhido em 28/07/1999, no valor total de R$ 225.006,77, com débito do IRPJ relativo a julho/1999. Posteriormente, em 07/11/2003, mais uma vez retificou a DCTF (fl. 78), agora vinculando o mesmo débito da Cofins a novo DARF de pagamento (fl. 10), efetuado na mesma data, no valor principal de R$ 75. 266, 52, que, acrescido apenas da multa de mora, sem os juros, totalizou R$ 135.585,10. Note-se que a mesma vinculação consta da última DCTF retificadora (fl. 07), recepcionada em 27/08/2004, e que se encontra ativa nos sistemas da RFB. Em 01/04/2004, transmitiu a PER/DCOMP retificadora ora em análise (fls. 01/05), agora pretendendo compensar parte do DARF recolhido em 28/07/1999 com débito do IRPJ relativo a agosto de 1999. Desta forma, em relação à PER/DCOMP original, alterou o período compensado - antes, IRPJ de julho/99, no valor de R$ 225.006,77 (fl. 80 - verso), e depois, IRPJ de agosto/99, no valor de R$ 69.391,75 (fl. 04) - e o DARF 'do pagamento indevido ou a maior'. Portanto, constata-se que não houve, em relação ao primeiro DARF, o pagamento a maior ou indevido previsto na legislação. Na verdade, o contribuinte pretendeu substituir um DARF referente a 'pagamento a menor' - tanto que acarretou o saldo de R$ 4.478,79 - por um novo DARF, em face da alteração na vinculação informada na DCTF, hipótese não prevista na legislação de regência. Veja-se, ainda, que nem mesmo o DARF no valor principal de R$ 75.266,52 foi recolhido corretamente, não incluindo os juros de mora Fl. 201DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 202 8 incidentes entre o vencimento da Cofins de abril/99, 10/05/1999, e a data do recolhimento, efetuado em 07/11/2003. Conseqüentemente, assiste razão à autoridade administrativa a quo ao afirmar que a interessada equivocou-se 'quando fez um segundo recolhimento em valor superior à diferença constatada na DCTF original e, mais ainda, quando apresentou declarações de compensação para liquidar parte do débito informado na DCTF retificadora, para com isso pleitear a devolução total do pagamento efetuado por ocasião da DCTF original', e ao concluir que, no tocante ao recolhimento realizado em 07/11/2003, 'o que se verifica é que (...) resta um saldo credor de R$ 126.621,26, podendo o contribuinte requerer a sua restituição ou compensá-lo com outros débitos, mediante entrega de pedido de restituição ou de declaração de compensação específica, observando, todavia, o prazo decadencial de que trata o artigo 168 do Código Tributário Nacional - CTN. Isto posto, voto para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação declarada". (fls. 92/93 - grifos nossos). A decisão recorrida está assentada nas seguintes premissas: 1. Não é legítima a apresentação de DCTF retificadora vinculando o mesmo débito a novo DARF de pagamento; 2. A contribuinte pretende substituir DARF referente a pagamento a menor com novo DARF. Porém, ao final, reconhece que a contribuinte detém saldo credor, que poderá vir a ser compensado com outros débitos, mediante entrega de novo pedido de restituição ou de declaração de compensação específica, desde que respeitado o prazo decadencial. SOBRE OS FUNDAMENTOS DO RECURSO VOLUNTÁRIO Por sua vez a recorrente alega que o débito tributário declarado na DCTF retificadora foi plenamente extinto por ocasião da vinculação dos novos pagamentos (parte feito mediante compensações) o que lhe garante o direito creditório reclamado. Esclarece os fatos do seguinte modo: "Por ocasião da retificação da DCTF em 2003, vinculou o NOVO débito de Cofins declarado na DCTF retificadora a NOVO pagamento mediante DARF no valor de R$ 75.266, 52, e as NOVAS Declarações de Compensação (DCOMPs) nos valores originais de R$ 99.663,62 e R$ 12.973, 10, extinguindo- o nos termos do artigo 156 do CTN, a despeito do valor de R$ 225.006,77 (principal + multa + juros) recolhido durante o ano calendário de 1999, o que faz surgir de forma inequívoca para o Recorrente, um recolhimento 'maior que o devido em face da legislação tributária', no valor total exato de R$ 225.006,77, nos termos do artigo 165 do Código Tributário Nacional". Afirma que "a declaração retificadora tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindo-a integralmente, para todos os efeitos legais". Desse Fl. 202DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 203 9 modo, uma vez retificada a DCTF o novo valor declarado substitui integralmente o débito originalmente confessado, que deixa de existir (art. 9º da Instrução Normativa SRF n. 255/2002). Sustenta que a instância de origem incorreu em equívoco, já que é impossível concluir que a recorrente tenha efetuado pagamento insuficiente para cobrir os débitos de COFINS, uma vez que "não obstante tenha apurado e constituído na competência de abril de 1999, débito de Cofins no valor de R$ 187.903, 24, o Recorrente recolheu a este título, a título de principal, o equivalente a R$ 371.327, 69". Aduz que a legislação de regência não impõe a ordem cronológica determinada pelo acórdão recorrido. Destaca que todo o procedimento de compensação foi feito dentro do prazo prescricional de 5 anos, conforme previsto no art. 168 do CTN, interpretado conforme o art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, "uma vez que o recolhimento a maior se deu em 28/07/1999 e a transmissão da DCOMP ocorreu apenas em 1º/04/2004". Aponta que a instância de origem incorreu em outro erro, já que "o DARF recolhido em 07/11/2003, no montante de R$ 75.266,52 foi corretamente recolhido, COM A EFETIVA INCLUSÃO DOS JUROS DE MORA INCIDENTES ENTRE O VENCIMENTO E A DATA DE RECOLHIMENTO". Pois bem. As hipóteses admitidas pela Secretaria da Receita Federal para a retificação da DCTF estão dispostas na Instrução Normativa RFB n. 255, de 11/12/2002, vigente há época dos fatos. Por ser necessário para a solução da lide, transcrevo o normativo citado: Art. 9º. Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF mencionada no caput deste artigo terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindo a integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores dos débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores. §2º Não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições: I. cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional para a inscrição da Dívida Ativa da União, nos casos em que o pleito importe alteração desse saldo; ou II em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado do início do procedimento fiscal. Da simples leitura do acima transcrito, constata-se que a DCTF retificadora apresentada pelo contribuinte só não subsistirá e não subsistirá a originária, se a retificação Fl. 203DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10510.900335/2006-27 Resolução nº 3302-000.537 S3-C3T2 Fl. 204 10 tiver por objeto a redução dos débitos relativos a impostos e contribuições: (a) que já tenham sido enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional para a inscrição em Dívida Ativa da União, e; (b) sobre os quais o contribuinte já tiver sido intimado sobre início de procedimento fiscal. No caso sob análise nenhuma das hipóteses de insubsistência da DCTF retificadora foram constatados. Porém, é incontroverso a existência de retificações e novos DARFs, o que impossibilita, no atual momento processual, que seja feita análise da existência do crédito reclamado. Dessa forma, diante da necessidade do confronto dos documentos acostados aos autos para a comprovação (ou não) da existência do crédito pleiteado pela recorrente, é de rigor a conversão do julgamento em diligência para que a instância preparadora responda a questão. Diante do exposto, voto por acolher os embargos de declaração para dar-lhes efeitos infringentes e, conseqüentemente, converter o julgamento em diligência para que a instância de origem responda, diante dos documentos que compõem os presentes autos, se há o crédito reclamado pela recorrente. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/10/2016 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 13/10/20 16 por LENISA RODRIGUES PRADO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10580.720561/2009-45
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 9202-000.021
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Câmara de origem para exame de petição e posterior retorno ao colegiado.
(Assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Câmara de origem para exame de petição e posterior retorno ao colegiado. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1927; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 462 1 461 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.720561/200945 Recurso nº Especial do Contribuinte Resolução nº 9202000.021 – 2ª Turma Data 21 de junho de 2016 Assunto IRPF Recorrente Cláudia Lula Xavier Garcia Interessado Fazenda Nacional Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência à Câmara de origem para exame de petição e posterior retorno ao colegiado. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 280202.800, prolatado pela 2a Turma Especial da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 20 de março de 2014 (efls. 257 a 266). Ali, por unanimidade de votos, deu se parcial provimento ao Recurso Voluntário de forma a se excluir a multa de ofício do lançamento, na forma de ementa e decisão a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 20 56 1/ 20 09 -4 5 Fl. 462DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 463 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 Ementa: ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Restando incontroverso que a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica o entendimento acima referido. JUROS DE MORA. Sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal, não sendo lícito ao julgador administrativo afastar a exigência. Fl. 463DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 464 3 ALEGAÇÃO DE NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS DE MORA RECEBIDOS PELO CONTRIBUINTE, SOBRE RENDIMENTOS RECEBIDOS A DESTEMPO. CARÁTER TRIBUTÁVEL NOS TERMOS DO RIR E DA LEI N. 7.713/88. IMPOSSIBILIDADE DO EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE DE TAIS DISPOSITIVOS NO PRESENTE ADMINISTRATIVO (ART.62 DO REGIMENTO DO CARF) E AUSÊNCIA DE JURISPRUDÊNCIA JUDICIAL VINCULANTE. É de se rejeitar a alegação de nãoincidência de IRPF sobre juros de mora recebidos pelo contribuinte, sobre rendimentos recebidos a destempo, eis que tais verbas possuem caráter tributário, em razão de disposições expressas contidas no RIR e na legislação em vigor e da ausência de decisões judiciais vinculantes do CARF em sentido contrário. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Recurso provido em parte. Decisão: por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator. Enviados os autos à contribuinte para fins de ciência do decisum, ciência esta ocorrida em 11/06/2014 (efl. 309), a autuada apresentou, inicialmente, em 13/06/14 (efl. 275) embargos de declaração de efls. 275 a 288 e anexos, rejeitados através de despachos de efls. 314 a 317. Cientificada da rejeição de seus embargos em 28/01/2015 (efl. 321), a autuada interpôs, em 06/02/2015 (efl. 323) Recurso Especial, com fulcro nos arts. 64, II e 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 323 a 366 e anexos). Alegase, no pleito: a) Divergência em relação ao decidido no âmbito do Acórdão no. 210201.687, de lavra da 2a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste CARF, que teria reconhecido a não incidência do IRPF sobre as verbas recebidas referentes a abono variável pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, a partir de uma interpretação extensiva da Resolução STF no. 245, de 2002. A seguir, reproduzse a ementa e decisão deste primeiro Acórdão Paradigma, datado de 30 de novembro de 2011: Acórdão 210201.687 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 Fl. 464DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 465 4 RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei complementar baiana nº 20/2003 pagou as diferenças de URV aos Membros do Ministério Público local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros do Ministério Público da Bahia, na formada Lei complementar estadual nº 20/2003. Recurso Voluntário Provido. Decisão: por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso. Nesta seara, defende a contribuinte o caráter compensatório da URV, que no entender da recorrente, não representa qualquer acréscimo patrimonial, produto do capital ou trabalho, mas ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração, possuindo caráter indenizatório, citando, a propósito, a mencionada Resolução STF no. 245, de 2002, que sustentaria seu posicionamento e que, posteriormente, foi objeto de extensão também aos membros do Ministério Público da União, consoante despacho do Sr. Procurador da República. Ainda a propósito, entende que a qualificação jurídica estabelecida pela Lei Complementar no. 20, de 2003, em seu art. 2o. (que define a referida verba como indenizatória), não poderia ser afastada pelo Fisco federal, que deveria, previamente, buscar a inconstitucionalidade do referido dispositivo, o que não ocorreu. Entende que "(...)Se a interpretação conferida às diferenças auferidas pelos Membros do MPF, com base no ar. 2o da Lei n° 10.477/2002, foi de que tais parcelas possuem natureza indenizatória, igual entendimento deve ser adotado em relação às diferenças auferidas pelos Membros do Ministério Público da Bahia, com base na Lei complementar n° 20/2003, pois onde há a mesma razão, deve necessariamente haver o mesmo direito", sob pena de violação ao princípio constitucional da isonomia, o qual restaria também violado pelo tratamento diferenciado conferido entre os membros da Magistratura Federal e os membros do Ministério Público do Estado da Bahia, como a recorrente. Tece, ao final, longa argumentação acerca da similitude fática entre os membros da Magistratura Federal e do MPF e os membros do Ministério Público do Estado da Bahia. Rechaça, ainda, que, quando do reconhecimento do caráter indenizatório da verba em questão, se possa cogitar de violação ao princípio da legalidade tributária, uma vez que esta foi reconhecida não por diploma legal, mas por Resolução do Supremo Tribunal Federal. Fl. 465DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 466 5 b) Divergência em relação ao estabelecido pela 1a. Turma Especial da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento no âmbito do Acórdão 2801003.595, de 17 de julho de 2014 (ementa e decisão a seguir transcritas), no sentido de que, consoante posicionamento firmado pelo STJ por ocasião do julgamento do recurso repetitivo REsp 1.118.429/SP (de obediência obrigatória neste CARF por força do art. 62A do Regimento Interno deste Conselho então em vigor), o imposto de renda incidente sobre benefícios pagos acumuladamente deveria ser calculado pelo regime de competência, decorrendo daí, no entendimento do Colegiado paradigmático (também defendido pela recorrente), a necessidade de cancelamento do auto de infração; Acórdão 2801003.595 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. RENDIMENTO RECEBIDO ACUMULADAMENTE. APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos, o imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado pelo regime de competência, tendo em vista que o art. 12 da Lei nº 7.713/1988 disciplina o momento da incidência, e não a forma de calcular o imposto. Recurso Voluntário Provido. Decisão: por maioria devotos,dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal relativa à omissão de rendimentos recebidos acumuladamente. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada.Vencido o Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida que dava provimento parcial ao recurso para excluir a multa de ofício de 75%. c) Finalmente, entende a recorrente estar caracterizada entre o recorrido e o decidido no âmbito do Acórdão no. 2801002.264, de lavra da 1a. Turma Especial da 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, datado de 12 de março de 2012, de ementa e decisão que se seguem. Acórdão 2801002.264 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 NULIDADE. LANÇAMENTO. ACÓRDÃO DRJ. INOCORRÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972. COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL. A repartição da receita tributária pertencente à União com outros entes federados não afeta a competência tributária da União para Fl. 466DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 467 6 instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Portanto, não implica transferência da condição de sujeito ativo. ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA CARF Nº 12 Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. As verbas recebidas por membros do Ministério Público do Estado da Bahia não têm natureza indenizatória do abono variável previsto pelas Leis nº s 10.474 e 10.477, de 2002, sendo incabível excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. Decisão: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo lançada a parcela referente aos juros moratórios e, sobre a parte mantida, excluir a multa de ofício de 75%. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre (Relator), Sandro Machado dos Reis e Luiz Cláudio Farina Ventrilho, que davam provimento ao recurso. Designada redatora do voto vencedor a Conselheira Tânia Mara Paschoalin. Ressalta que, no âmbito do paradigma, a decisão do Colegiado de exclusão dos valores recebidos a título de juros do valor objeto de tributação baseouse também em decisão em sede de recurso repetitivo (sistemática estabelecida pelo art. 543C do CPC) no âmbito do STJ (REsp 1.227.133/RS), de adoção obrigatória por parte deste CARF. Ainda, ressalta seu entendimento no sentido dos juros de mora possuírem caráter indenizatório, destinandose a recompor os danos emergentes pelo não uso, pelo credor, do patrimônio, pela mora do devedor, abarcando tais juros, ainda, com a evolução doutrinária e jurisprudencial, eventuais danos morais suportados pelo mesmo credor. Reproduz voto do Min. do STJ César Asfor Rocha, no âmbito do julgamento do referido REsp, que sustentaria tal posicionamento, ressaltando inexistir, qualquer acréscimo patrimonial ou renda decorrente do recebimento de tais juros moratórios. Reitera, ainda, a Fl. 467DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 468 7 desnecessidade de verificação da natureza jurídica da verba principal para que se estabeleça a natureza jurídica dos juros em questão, tendo restado tal posição vencida no âmbito do referido REsp, devendo, assim, os juros, serem aferidos de forma autônoma e independente no que diz respeito à necessidade de seu oferecimento à tributação. Assim, entende que, uma vez necessariamente de se adotar o entendimento esposado pelo STJ no âmbito do exaustivamente mencionado REsp 1.227.133/RS, de se excluir a parcela referente aos juros moratórios da tributação, em linha com o realizado pelo Acórdão Paradigma. Resumidamente, destarte, requer que o recurso seja conhecido e provido. para que : a) seja reformado in totum o acórdão recorrido, declarando a não incidência do Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos pelo ora Recorrente à título de "diferenças de URV", conforme posicionamento exposto no Acórdão no. 210201.687 pela 2a. Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento do CARF ou, b) caso assim não entenda este Ilustre Conselho, seja reformado o acórdão ora vergastado, para determinar o cancelamento da exigência fiscal, em virtude da adoção de regime de apuração equivocado para o caso concreto, estando o auto de infração maculado por erro de cunho material, em consonância com o exposto no Acórdão no. 2801003.595, proferido pela Ia Turma Especial da 1a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento do CARF ou, c) por fim, caso os paradigmas apresentados não sejam acolhidos, requer seja parcialmente reformado o acórdão ora vergastado, para determinar a exclusão da parcela referente aos juros moratórios, em consonância com o exposto no acórdão no. 280102.264 pela 1a. Turma Especial da 2a. Seção de Julgamento do CARF. O recurso foi parcialmente admitido pelos despachos de efls. 411 a 419, exclusivamente quanto às seguintes matérias: a) não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória (Acórdão paradigma no. 210201.687) e b) caso se entenda pela incidência, que seja rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora (Acórdão paradigma no. 2801002.264). Entendeuse não ter satisfatoriamente restado demonstrada a divergência para a matéria referente ao cancelamento do auto de infração, consoante excerto de efls. 415/416, verbis: "(...) Com efeito, os acórdãos recorrido e paradigma não discordam quanto à aplicação das tabelas da época aos rendimentos em geral, recebidos acumuladamente. Todavia, no acórdão recorrido entendeuse que tal forma de tributação não seria aplicável ao caso concreto, em que o recebimento de referida verba pelos Membros do Ministério Público da Bahia teria decorrido diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial. Fl. 468DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 469 8 Cumpre ressaltar que a demonstração de divergência é ônus da Contribuinte, de acordo com o previsto no §8º do art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, abaixo transcrito: “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido.” (Negrito) Ressaltese que tal requisito já estava presente no §6º do art. 67, do Anexo II, do RICARF anterior, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, conforme reproduzido abaixo: “Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 6° A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido.” (Negrito) Destarte, no presente caso, a divergência somente estaria demonstrada se a Contribuinte evidenciasse que o paradigma teria tratado da mesma espécie de verba, ou seja, de rendimentos referentes a diferenças de URV, recebidos por membro do Ministério Público da Bahia. Entretanto, a peça recursal não permite que se chegue à conclusão de que o paradigma teria tratado de caso desta espécie. Ressaltase que os trechos do paradigma transcritos pela Contribuinte apenas demonstram a aplicação do recurso repetitivo, sem qualquer apontamento acerca da especificidade do caso concreto. Assim, não tendo sido demonstrada a divergência, o recurso não pode ter seguimento em relação à segunda matéria suscitada pela Contribuinte (necessidade de cancelamento do lançamento, por erro material). (...)" Encaminhados os autos à autuada, para fins de ciência dos despachos de admissibilidade recursal, ciência esta ocorrida em 17/09/2015 (efl. 423), a contribuinte apresentou requerimento de efls. 425 a 431, insurgindose contra a negativa de seguimento de seu pleito no que tange à necessidade de cancelamento do lançamento por erro material, alegando que se tratou das mesmas verbas tanto no Acórdão recorrido como no paradigma e, anda, repisando a argumentação quanto ao tema já trazida em sede de Recurso Especial. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 470 9 Encaminhados os autos à PGFN em 04/11/2015, esta apresenta contrarrazões tempestivas, datadas de 05/11/2015 (efls. 453 a 460), onde: a) Defende que as diferenças objeto de tributação em questão tinham natureza eminentemente salarial, uma vez que se incorporavam à remuneração dos membros do Ministério Pùblico Estadual e seu recebimento extemporâneo não tem o condão de alterar tal natureza. Cita o art. 56 do RIR/99, de forma a concluir que a tributação também de aplica a juros e correção monetária, além dos valores a título de principal; b) Entende que o art. 3o. da Lei Complementar do Estado da Bahia no. 20, de 2003, não possui qualquer efeito tributário para fins de tributação pelo imposto sobre a renda, uma vez que este é regrado por legislação federal. c) Argumenta que a incidência do imposto independe da denominação do rendimento auferido e que dependeria a isenção de valores indenizatórios de lei específica, citando o art. 55, XIV do RIR/99 para defender que tanto os juros moratórios como outras indenizações por atraso de pagamento estão sujeitos à tributação, a menos que se refiram a rendimentos isentos ou não tributáveis. Requer, assim, a Fazenda Nacional que seja mantido o inteiro teor do recorrido, com o não provimento do Recurso Especial da Contribuinte. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigma consistente e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço quanto às matérias para a qual se deu seguimento. Todavia, faço notar, quanto à petição (pedido de reconsideração) de efls. 425 a 431 da contribuinte, que ainda que o despacho de reexame de admissibilidade de efls. 418 e 419 possua caráter definitivo, com base no art. 71, § 3o. do Regimento (em vigor à época de lavratura e ciência dos exame/reexame de admissibilidade em questão), não houve qualquer manifestação no âmbito deste CARF acerca do referido pleito, sendo que o entendimento deste Colegiado é de que a competência para tal apreciação foge a esta Turma, sendo praxe, em situações semelhantes à presente, a retirada do feito de pauta para fins de apreciação do expediente pelas autoridades demandadas (Sra. Presidente da 2a. Câmara da 2a. Seção e Sr. Presidente do CARF), com posterior retorno a este Colegiado, para fins de prosseguimento na análise recursal. Assim, preliminarmente à análise de mérito, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à Câmara de origem para exame de petição, com posterior retorno ao colegiado para fins de prosseguimento. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 470DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO Processo nº 10580.720561/200945 Resolução nº 9202000.021 CSRFT2 Fl. 471 10 Heitor de Souza Lima Junior Relator Fl. 471DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 13/ 07/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 14/07/2016 por CARLOS ALBERTO FREI TAS BARRETO
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Numero do processo: 13811.001555/99-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1996
COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE TERCEIRO.
Os institutos da homologação tácita e da conversão em declaração de compensação referem-se a pedidos de compensação com débitos próprios.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 1996
COMPENSAÇÃO NÃO CONVERTIDA EM DCOMP. JULGAMENTO. COMPETÊNCIA.
Inexiste previsão legal para julgamento, no âmbito do CARF, de recursos voluntários relativos a pedidos de compensação não convertidos em declarações de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 1401-001.711
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Julio Lima Souza Martins.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Ricardo Marozzi Gregorio, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
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Recorrente BULL SOUTH AMERICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1996 COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE TERCEIRO. Os institutos da homologação tácita e da conversão em declaração de compensação referemse a pedidos de compensação com débitos próprios. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1996 COMPENSAÇÃO NÃO CONVERTIDA EM DCOMP. JULGAMENTO. COMPETÊNCIA. Inexiste previsão legal para julgamento, no âmbito do CARF, de recursos voluntários relativos a pedidos de compensação não convertidos em declarações de compensação. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin e Julio Lima Souza Martins. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 15 55 /9 9- 15 Fl. 235DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 236 2 Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar VillasBôas, Ricardo Marozzi Gregorio, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por BULL SOUTH AMERICA LTDA contra acórdão proferido pela DRJ/São Paulo I que concluiu pela procedência parcial de manifestação de inconformidade acerca do não deferimento do pedido de compensação de crédito de sua titularidade com débitos de terceiros. Todavia, a mesma decisão deferiu o pedido de restituição do crédito com o qual estava cumulado o referido pedido de compensação. Em seu relatório, a decisão recorrida assim descreveu o caso: DOS PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO Trata o presente de Pedido de Restituição, protocolizado em 17/06/99, de valores recolhidos a título de estimativa da CSLL nos meses de janeiro e fevereiro de 1996, informando que os recolhimentos foram efetuados indevidamente (fl. 01), cumulado com Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros (fl. 02). Esse mesmo pedido de compensação consta à fl. 01 do processo nº 13807.002957/200499, conforme informação de fl. 121. A fim de subsidiar o pleito, a contribuinte anexou a planilha de fl. 04 e os DARFs de fls. 05 e 06. DO DESPACHO DECISÓRIO DA DERAT/DIORT Em face desses pedidos, a DERAT/DIORT proferiu o Despacho Decisório de fls. 116 a 119, nos seguintes termos: A contribuinte foi intimada (fl. 36) a apresentar cópias dos balancetes de suspensão / redução registrados nos livros Diário e LALUR, referentes aos meses de janeiro, fevereiro, março e dezembro de 1996, e apresentou os documentos de fls. 38 a 86. Posteriormente, foi intimada (fl. 93) a apresentar demonstrativo da base de cálculo da CSLL, acompanhado de cópia do LALUR referente aos meses supracitados, e apresentou os documentos de fls. 95 a 115. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 237 3 Examinandose a documentação apresentada, verificouse que a interessada, nos meses de janeiro e fevereiro de 1996, conforme demonstrativos de fl. 105, apresentou demonstrativo da base de cálculo da CSLL com base em balancete de suspensão / redução e com base na receita bruta. Os pagamentos realizados pela contribuinte, conforme se observa nos DARFs de fls. 05 e 06 (e pesquisa Sinal08 de fl. 92) e no demonstrativo apresentado, foi realizado com base na receita bruta. A interessada não apresentou os balancetes de suspensão / redução transcritos no livro Diário, que é uma exigência capital para confiabilidade dos valores apresentados pela contribuinte para suspensão do pagamento do imposto, tendo anexado aos autos tãosomente os balancetes mensais de fls. 60 a 86. Além disso, na cópia do LALUR a contribuinte parece ter optado pela apuração mensal e em sua DIRPJ informou ter realizado a apuração anual. Sendo assim, os valores pagos pela contribuinte foram devidos com base na receita bruta, e a contribuinte não apresentou documento que comprovasse que nos meses de janeiro e fevereiro realizou balancete com apuração de base de cálculo de CSLL não positiva, com conseqüente não apuração de CSLL por estimativa. Considerando que a interessada não demonstrou, com os elementos constantes no processo, de forma efetiva a liquidez e certeza do direito creditório, não há que se falar em restituição de CSLL paga indevidamente. Assim sendo, a DERAT/DIORT indeferiu o Pedido de Restituição (fl. 01) e as compensações de fl. 02 deste processo e fl. 01 do processo no 13807.002957/2004 99 (Pedido de Compensação de Crédito com Débito de Terceiros), e facultou à contribuinte a apresentação de manifestação de inconformidade a esta Delegacia de Julgamento, destacando que essa manifestação de inconformidade não suspende a exigibilidade de débitos de terceiros, devendo o crédito tributário ser mantido em cobrança. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificada do Despacho Decisório em 26/06/2007 (fl. 120, verso), a contribuinte, por meio de sua advogada, regularmente constituída (fl. 139), apresentou, em 2310712007, a manifestação de inconformidade de fls. 123 a 127, alegando, em síntese, o seguinte. Da decadência Entre o protocolo dos pedidos de compensação (1999) e a ciência da decisão (28/06/2007) transcorreram mais de 5 anos (8 anos), evidenciandose a decadência (prazo iniciado em 01/01/2000 e findo em 31/12/2005, ou, para os mais rigorosos, em 31/12/2006), não podendo o Fisco exigir qualquer tributo, devendo considerar como existente o crédito e corretamente realizadas as compensações. A questão do prazo decadencial é regida pelo artigo 74, §§ 4º e 5º , da Lei nº 9.430/96, com as alterações das leis no 10.637/2002, 10.833/2003 e 11.051/2004, e pelos artigos 64 e 73 da IN SRF nº 460/2004. Não se trata, no caso, sequer de dar como certo o crédito informado, mas sim de homologar as compensações realizadas, até o limite do crédito informado, independentemente de ter sido comprovado ou não o crédito. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 238 4 E não há que se falar em prazo decenal, por tratarse de CSLL, pois esta tem natureza tributária e sujeitase ao prazo decadencial de 5 anos. Por todo o exposto, resta homologada tacitamente a compensação realizada. Do limite de 30% Não se aplica ao caso concreto a alegação de que a manifestante teria compensado a base negativa acima do limite de 30%, posto que, uma vez ocorrida a decadência, esse limite se encontra por ela também absorvido. Portanto, mesmo que a compensação tenha sido feita acima do limite, nada mais poderá ser exigido. Quanto à alegação da fiscalização de que a manifestante realizava apuração mensal da contribuição mas que depois informa apuração anual, deve ser esclarecido que a apuração da manifestante é anual, mas que esta procede a antecipações mês a mês, por estimativa, cujo resultado (crédito ou débito) "fecha" por ocasião do ajuste anual de rendimentos. Quanto à alegação de que a contribuinte não teria apresentado os balancetes de redução /suspensão transcritos no livro Diário, novamente se afirma que, se tal fato não ocorreu, deveria ter sido questionado pelo Fisco dentro do prazo legal para tanto. Não o fazendo, essa questão foi absorvida pela decadência. Além disso, conforme carta resposta (doc. 05) na qual a manifestante informa os documentos que entregou à fiscalização, notase que todos os documentos solicitados foram apresentados, tendo a manifestante cumprido todas as exigências. Do pedido Pelo exposto, requerse que seja declarada a decadência do direito do Fisco de exigir a compensação em debate, bem como a declaração de homologação tácita integral pela compensação realizada. A 5ª Turma da já mencionada DRJ/São Paulo I proferiu, então, o Acórdão nº 1617.736, de 8 de julho de 2008, por meio do qual concluiu pela procedência parcial da manifestação de inconformidade. Assim figurou a ementa daquele julgado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1996 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO PRÓPRIO COM DÉBITO DE TERCEIRO. IMPOSSIBILIDADE DA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA E DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. Os pedidos de compensação de crédito próprio com débitos de terceiros, apresentados nos moldes da IN SRF n° 21/97, não se convertem em Declaração de Compensação (DCOMP), sendo aplicável ao caso o rito previsto na Lei 9.784/99, que rege o processo administrativo no âmbito federal, inexistindo, portanto, a possibilidade de homologação tácita desses pedidos, nem a suspensão da exigibilidade dos débitos. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 239 5 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. RECOLHIMENTOS A MAIOR. Evidenciandose recolhimentos a maior a título de CSLL, ainda não aproveitados, faz jus a contribuinte à sua restituição. Solicitação Deferida em Parte Inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário no qual, resumidamente, deduz os seguintes argumentos: (i) a compensação com débitos de terceiros era um procedimento permitido pela legislação, portanto, um ato jurídico perfeito sem possibilidade de sua alteração; (ii) a decadência ocorreu porque foram transcorridos mais de cinco anos entre a data do pedido de compensação e a data da ciência do despacho decisório; (iii) a retroatividade da lei tributária só pode ocorrer em benefício do contribuinte; e (iv) a homologação tácita dos pedidos de compensação, mesmo com débitos de terceiros, está pacificada dentro da própria Administração (transcreve trechos de decisões nos quais entende haver essa orientação). Ao final, pede que se declare a decadência do direito de o Fisco exigir os tributos e que se homologue integralmente a compensação realizada até o limite do crédito já reconhecido. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Como relatado, a lide não trata mais do pedido de restituição do crédito (já considerado procedente pela decisão recorrida). A recorrente, assim, insurgese contra a não homologação do subsequente pedido de compensação do mesmo crédito com débitos de terceiros. O artigo 74 da Lei nº 9.430/95, com a redação dada pela Lei nº 10.637/02, deixou claro que os pedidos de compensação incluídos no seu escopo são aqueles referentes a débitos próprios. Vejase a redação desse artigo e dos subsequentes parágrafos que importam para o caso: Fl. 239DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 240 6 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (grifei) (...) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Ou seja, não há que se falar nos institutos da homologação tácita e da conversão em declaração de compensação, previstos nos seus §§ 2º, 4º e 5º, nos casos de compensação com débitos de terceiros. Nesse sentido, corretos os entendimentos da Receita Federal estampados nos artigos 86 e 91 da Instrução Normativa RFB (IN/RFB) nº 900/08. Confirase: Fl. 240DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 241 7 Art. 86. Os pedidos de compensação que, em 1º de outubro de 2002, encontravamse pendentes de decisão pela autoridade administrativa da RFB serão considerados Declaração de Compensação, para os efeitos previstos no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação dada pelo art. 49 da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo art. 17 da Lei nº 10.833, de 2003. Parágrafo único. Não foram convertidos em Declaração de Compensação os pedidos de compensação pendentes de apreciação em 1º de outubro de 2002 que têm por objeto créditos de terceiros, "créditoprêmio" instituído pelo art. 1º do Decreto Lei nº 491, de 1969, título público, crédito decorrente de decisão judicial não transitada em julgado e crédito que não se refira a tributos administrados pela RFB. (...) Art. 91. Os pedidos de compensação não convertidos em Declaração de Compensação não estão sujeitos à homologação tácita e devem ser objeto de decisão pela autoridade competente da RFB. Parágrafo único. A autoridade da RFB que indeferir o pedido deverá dar prosseguimento à cobrança do crédito tributário já lançado de ofício ou confessado, ressalvada a ocorrência de prescrição, independentemente de o sujeito passivo ter apresentado manifestação de inconformidade contra o indeferimento de seu pedido de compensação. Portanto, tem razão a instância a quo, no que diz respeito à inexistência do prazo de cinco anos previsto na referida lei, para a prolação do despacho decisório no presente caso. Outrossim, como o pedido de compensação não se converteu em declaração de compensação, não se aplica também ao caso o rito processual do Decreto nº 70.235/72 porque os §§ 9º a 11 acima transcritos, ao tratarem de manifestação de inconformidade contra a não homologação de compensação, restringemse ao já referido escopo dos débitos próprios. Não há nem previsão legal para que os pedidos de compensação com débitos de terceiros possam ser julgados por este Colegiado. Com efeito, o artigo 3º, II, da Lei nº 8.748/93, ao prever outros casos de repetição do indébito no âmbito da competência desta Casa, até inclui os julgamentos dos recursos voluntários de decisão de primeira instância nos processos relativos a restituição de tributos e ressarcimento de créditos do IPI. Porém, limitase a isso. Vejase: Lei nº 8.748/93: Art. 1º Os dispositivos a seguir, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que, por delegação do DecretoLei nº 822, de 5 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 242 8 de setembro de 1969, regula o processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, passam a vigorar com a seguinte redação: (...) Art. 3º Compete aos Conselhos de Contribuintes, observada sua competência por matéria e dentro de limites de alçada fixados pelo Ministro da Fazenda: I julgar os recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância, nos processos a que se refere o art. 1º desta lei; II julgar recurso voluntário de decisão de primeira instância nos processos relativos a restituição de impostos e contribuições e a ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados. (Redação dada pela Lei nº 10.522, de 19.7.2002) Art. 4º O Ministro da Fazenda expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto nesta lei, inclusive à adequação dos regimentos internos dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), as atribuições e competências do extintos Conselhos de Contribuintes foram para ele transferidas. Nesse sentido, o artigo 49 da Lei nº 11.941/09, verbis: Art. 49. Ficam transferidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais as atribuições e competências do Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, e suas respectivas câmaras e turmas. Destarte, como as alegações da recorrente não tratam de pedido de compensação convertido em declaração de compensação, elas devem ser analisadas segundo os critérios da Lei nº 9.784/99 que regem o processo administrativo federal. E, como disse a instância a quo, sem suspensão da exigibilidade dos débitos indicados para compensação. Registrese, no entanto, o caráter definitivo da decisão proferida na primeira instância acerca do direito do contribuinte à restituição do crédito indicado para a compensação. Pelo exposto, oriento meu voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 13811.001555/9915 Acórdão n.º 1401001.711 S1C4T1 Fl. 243 9 Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 243DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 10730.723713/2014-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IRRF RETIDO E RECOLHIDO. DIREITO A COMPENSAÇÃO.
Quando comprovada a retenção e realizado o recolhimento, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Rapahel Okano Pinto de Oliveira, OAB/SP 344.096.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 IRRF RETIDO E RECOLHIDO. DIREITO A COMPENSAÇÃO. Quando comprovada a retenção e realizado o recolhimento, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual. Recurso Voluntário Provido
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DIREITO A COMPENSAÇÃO. Quando comprovada a retenção e realizado o recolhimento, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Rapahel Okano Pinto de Oliveira, OAB/SP 344.096. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 37 13 /2 01 4- 68 Fl. 260DF CARF MF 2 Relatório Tratase de notificação fiscal de lançamento em 25/08/2014, fls. 17 e s., para constituição de crédito tributário de IRPF anocalendário 2012 por glosa de compensação indevida. No caso, o recorrente é diretorempregado responsável pelo setor de exportações da fonte pagadora, fls. 21 e s., que reteve mas não recolheu o imposto. A fiscalização intimou o recorrente para a apresentação de documentos, dentre os quais os comprovantes de recolhimento do imposto retido, caso ele seja proprietário ou administrador da fonte pagadora, fls. 44. A decisão de primeira instância julgou o lançamento procedente sob o fundamento de responsabilidade solidária com a fonte pagadora. Segue transcrição da ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 RETENÇÃO DE IRRF. DIRETOR DE EMPRESA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos quando restarem devidamente comprovados os respectivos recolhimentos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os autos do processo nº 10730.723713/201468, ACORDAM os membros da 19ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ), por UNANIMIDADE de votos, julgar IMPROCEDENTE a impugnação, devendo ser cancelado o imposto de renda da pessoa física (cód.0211), no valor de R$64.398,44, bem como a multa de mora de 20% e os juros de mora. ... A glosa foi efetuada pelo fato de o contribuinte constar como sóciodiretor da referida empresa de abril/1998 a janeiro/2014, tendolhe sido solicitado, quando do recebimento do termo de intimação fiscal de fls. 44, que apresentasse comprovantes do recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte, pedidos de compensação e DCTF (contribuinte proprietário ou administrador da fonte pagadora). ... De análise aos autos, verificase que o contribuinte foi administrador (diretor) da empresa E D E F MAN BRASIL S/A., CNPJ nº 35.829.068/000162, na época dos fatos, conforme Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 253 3 extratos de fls. 61/62. A informação relativa ao imposto de renda retido na fonte glosado, no valor de R$64.398,44, consta de DIRF e de recibos de pagamento assinados pelo próprio. No entanto, uma vez verificados os respectivos recolhimentos no Sistema Informatizado da SRFB, constatase que não houve o efetivo recolhimento das parcelas relativas ao IRRF informado, não restando comprovado, assim, o pagamento correspondente (fls. 63). A respeito do assunto, há de ser salientado o disposto no art. 8º, do Decretolei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, que dispõe que são solidariamente responsáveis com a fonte pagadora os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos débitos decorrentes do não recolhimento do imposto de renda descontado na fonte: ... Nos autos em análise, conforme consignado no cadastro da pessoa jurídica junto à Receita Federal, conforme telas de fls. 61/62, como o contribuinte foi diretor da fonte pagadora obrigada ao recolhimento do IRRF, é cabível a sua responsabilização solidária pelo não recolhimento aos cofres da União do imposto retido de seus rendimentos tributáveis recebidos a título de prólabore (fls. 63), motivo pelo qual deve ser mantida a glosa do imposto de renda retido. ... Na impugnação o recorrente demonstrou para o período de 26/10/2000 a 06/01/2014 seu vínculo de emprego com a fonte pagadora na condição de diretor de exportações, trouxe os recibos de salários com as retenções do IRPF, fls. 24. Assim, alegou que eventuais impostos não recolhidos deveriam ser cobrados da fonte pagadora. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde se reitera as alegações trazidas na impugnação, e acrescenta que a autuação deve ser cancelada e também que a decisão é nula, pois inovou no critério jurídico quando adotou como fundamento a responsabilidade solidária prevista no artigo 8º do Decretolei nº 1.736/1979 e no art. 135 do CTN. O recurso foi incluído em pauta com encaminhamento pela intempestividade do recurso; contudo, em análise mais detida pela turma julgadora constatouse que não havia decorrido o trintídio, sendo então proposta sua reinclusão. É o Relatório. Fl. 262DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Cumpridos os pressupostos processuais, conheço do recurso. A norma vigente à época do exercício já determinava a responsabilidade solidária dos representantes legais da pessoa jurídica fonte pagadora dos rendimentos pelo IRRF não recolhido: RIR99 Decreto nº 3.000 de 26 de Março de 1999 Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º ). Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação (DecretoLei no 1.736, de 1979, art. 8o, parágrafo único). No presente caso, o fundamento do lançamento e da decisão recorrida é que sendo um dos diretores, o recorrente seria responsável pelo imposto dele retido na condição de contribuinte beneficiário dos rendimentos, e nessa condição somente seria aceita a compensação na DAA com a efetiva comprovação do recolhimento. Acontece que o lançamento em exame, embora procure fundamento legal na responsabilidade solidária, foi pela glosa da compensação na DAA da pessoa física, na condição de contribuinte beneficiário de rendimentos, devidamente comprovados. A fiscalização não realizou diligência ou a busca de qualquer informação sobre a fonte pagadora que não fosse a consulta sobre a condição do recorrente como diretor, apresentandose como responsável pelo setor de exportações da fonte pagadora. Conseqüentemente, a fiscalização não trouxe a pessoa jurídica fonte pagadora para o pólo passivo da exigência. De acordo com o Parecer Normativo COSIT nº 01, de 25/09/2002, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora, o contribuinte tem o direito de compensação com o imposto retido: IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 254 5 juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. ... Imposto retido e não recolhido 17. Ocorrendo a retenção do imposto sem o recolhimento aos cofres públicos, a fonte pagadora, responsável pelo imposto, enquadrase no crime de apropriação indébita previsto no art. 11 da Lei nº 4.357, de 16 de julho de 1964, e caracterizase como depositária infiel de valor pertencente à Fazenda Pública, conforme a Lei nº 8.866, de 11 de abril de 1994. Ressaltese que a obrigação do contribuinte de oferecer o rendimento à tributação permanece, podendo, nesse caso, compensar o imposto retido. Nesse sentido, pela responsabilidade exclusive da fonte pagadora: Processo nº 13746.720735/201312 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.149– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF Recorrente SYLVERIO DO ESPIRITO SANTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 IRPF. GLOSA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. APRESENTAÇÃO DE PROVAS DA RETENÇÃO COMPENSADA PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE. De conformidade com a jurisprudência administrativa, tendo a recorrente comprovado o imposto de renda retido na fonte objeto de compensação em sua Declaração de Imposto de Renda, impõese rechaçar a glosa procedida pela fiscalização, devendo ser restabelecido seu Ajuste Anual na forma apresentada pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido. ... Também a precedentes nas turmas dessa segunda seção que inverte o ônus da prova em desfavor do contribuinte nos casos em que há indícios de fraude. No caso apresentado por aquela turma, além do grau de parentesco do contribuinte com os sócios da fonte pagadora havia indícios de que não houve a prestação do serviço que justificasse os rendimentos e correspondente retenção do imposto: Processo nº 13855.722971/201417 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.192– 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A Fl. 264DF CARF MF 6 RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente EDITH BERTHA SABLEWSKY DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 GLOSA DE IRRF. INDÍCIOS DE FRAUDE. RELAÇÃO DE PARENTESCO DO CONTRIBUINTE COM A FONTE PAGADORA. Nos casos de suspeitas de fraude e de inidoneidade do comprovante de rendimentos, o imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos quando a retenção restar devidamente comprovada por meio de outros documentos, hábeis e idôneos, ou, ainda, por meio da comprovação dos respectivos recolhimentos. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Recurso Voluntário Negado ... Entendo que o dever de comprovar a retenção na fonte cabe a fonte pagadora, e não à contribuinte. Porém tratase de caso atípico, pois há relação de parentesco entre a contribuinte e sua fonte pagadora, sendo o sócioadministrador da fonte pagadora filho da contribuinte, cabe nestes casos ao contribuinte o ônus de apresentar elementos probatórios inequívocos de que houve a retenção. Ademais, há de ser salientado que a contribuinte foi intimada a apresentar outros documentos que viessem a comprovar a alegada retenção de imposto de renda na fonte, tais como contracheques, contrato de prestação de serviços e/ou respectivo termo de rescisão e carteira de trabalho (fls. 30 e 02). No entanto, limitouse a juntar aos autos o comprovante de rendimentos já apresentado e não aceito pelo Fisco para comprovar a referida retenção (fls. 34), bem como o recibo de fls. 37/38, sem assinatura do signatário. E, em recurso voluntário, apresenta recibo com assinatura (fls. 64/65). Como se pode constatar dos autos, o recorrente não é sócio, mas empregado da fonte pagadora e mesmo assim sua área de atuação não tem relação com a responsabilidade administrativa sobre o cumprimento de obrigações tributárias da fonte pagadora. Por tudo, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 255 7 Fl. 266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726166/2009-76
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV.
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9202-004.224
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento com retorno dos autos à turma a quo para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra (relator) e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
(Assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento com retorno dos autos à turma a quo para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra (relator) e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
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PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Recurso Especial do Procurador Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 61 66 /2 00 9- 76 Fl. 307DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento com retorno dos autos à turma a quo para análise das demais questões postas no recurso voluntário, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra (relator) e Maria Teresa Martínez López, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 627 3 Relatório Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Ministério Público da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar nº 20/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada totalmente improcedente. Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, apreciado pela 2ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 2ª Seção de Julgamento, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. NÃO INCIDÊNCIA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. RESOLUÇÃO STF Nº 245/2002. INTEGRANTES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. Os valores pagos aos integrantes do ministério público federal a título de diferença de URV foram excluídos da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, nos termos da Resolução STF nº 245/2002 e Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Aplicação do mesmo entendimento à verbas de mesma natureza, pagas aos integrantes do ministério público da Bahia, na forma da Lei complementar estadual nº 20/2003. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso. Inconformada com essa decisão a União, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: Fl. 309DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 4 a) Em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções. Logo, os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda. b) Não há Lei que isento do imposto de renda referidos rendimentos; c) A Resolução STF nº 245/2002 é restrita ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União, e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda também para os membros do MPF. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. Na análise de admissibilidade, o Presidente da 1ª Câmara da 2ª Sessão, deu seguimento ao Recurso Especial interposto tendo em vista serem as interpretações dos acórdãos recorrido e paradigma divergentes. No primeiro, entendeuse que as diferenças auferidas pelos membros do Ministério Público Federal, com base no art. 2º da Lei nº 10.477/2002, têm caráter indenizatório, e que igual raciocínio deve ser aplicado às diferenças auferidas aos membros do Ministério Público da Bahia. Portanto, que esses valores não devem sofrer a incidência do imposto de renda. No outro, que descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a analogia para verificar a incidência tributária. Regularmente intimado o contribuinte apresentou contrarrazões. a) Os rendimentos previstos na Lei Complementar 20/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; b) É nítida a natureza indenizatória das diferenças de URV, na medida em que representam ressarcimento pelo erro de cálculo da remuneração; c) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; É o relatório. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 628 5 Voto Vencido Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, deve ser admitido o recurso da União. Pois bem. No presente caso, o contribuinte enquadrou no campo de rendimentos isentos e não tributáveis de suas declarações de ajuste anual, exercícios 2005, 2006 e 2007, valores recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia, por entendelas isentas de imposto de renda à luz do disposto na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que assim dispõe Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei. O STF, ao se posicionar sobre o abono variável pago aos magistrados da União, nos termos do artigo 2º, da Lei 10.474/2002, que compreendia as diferenças de URV, dentre outras verbas, manifestouse pela sua natureza indenizatória, conforme artigo 1º da Resolução 245/2002, que assim dispõe: Art. 1º É de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2º da Lei nº 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal. Conforme conclusões do STF nas decisões que ensejaram o nascimento da Resolução em questão, a regra de incidência tributária é excetuada quando a concessão do abono for "feita para reparação da supressão ou perda de direito, característica que lhe emprestaria o caráter de indenização", que foi, exatamente, o que ocorreu com o abono variável e provisório previsto pelo art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 27 de junho de 2002. Registrese ainda que somente com o advento da Lei nº 10.477, de 2002, os membros do Ministério Público da União passaram a fazer jus ao abono variável criado pela Lei nº 9.655/1998. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 6 Na ocasião, a PGFN se pronunciou por meio dos Pareceres 529/2003 e 923/2003, concluindo que, tal qual o abono pago aos membros da magistratura da União, o abono concedido aos membros do Ministério Público da União possui natureza indenizatória, conforme Resolução 245/2002, do STF. Importante destacar que o Parecer emitido pela PGFN foi aprovado pelo Sr. Ministro da Fazenda que chancelou a exclusão da incidência do imposto de renda as verbas referentes às diferenças de URV, pagas aos servidores federias em questão. Nesse contexto, considerando que o pagamento da diferença de URV tem o objetivo de reparação ou supressão de perda de direito, e esta característica lhe confere a natureza de verba indenizatória para os membros da magistratura e Ministério Público da União, outra não pode ser sua natureza quando paga aos membros de Ministério Público Estadual. Observese que aqui não se está aplicando analogia para afastar o tributo devido, mas apenas dando a mesma interpretação jurídica a normas que só não são idênticas por provirem de fontes diversas União e Estado da Bahia e terem destinatários diferentes. Porém os efeitos do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 e da Lei complementar estadual nº 20/2003 são idênticos, no caso das diferenças da URV, beneficiando destinatários diversos, não podendo o imposto de renda incidir sobre diferenças de uma, sendo afastado de outra. Diante de todo o aqui exposto, entendo que deve ser cancelado o crédito tributário exigido no Auto de Infração. Ante o exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso da União. Gerson Macedo Guerra Fl. 312DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 629 7 Voto Vencedor Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Redatora Designada DO MÉRITO Peço licença ao ilustre conselheiro para divergir do seu entendimento quanto ao mérito da incidência de Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos acumuladamente de diferenças de URV, bem como aplicação do princípio da isonomia no presente caso. Em face do REsp e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelos membros do Ministério Público da Bahia. Competência para legislar sobre IR. Primeiramente, conforme descrito no lançamento, a Lei Complementar nº 20 do Estado da Bahia, de 08 de setembro de 2003, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, entendo que a competência para legislar sobre imposto de renda é da União, conforme disposto no art. 153, IV, da CF/88. Dessa forma, fazse necessário realizar a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III renda e proventos de qualquer natureza; [...[ § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º O imposto previsto no inciso III: I será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Neste ponto, convém diferenciar a natureza salarial que se subsume ao citado dispositivo face a configuração de nítido acréscimo patrimonial das verbas com natureza indenizatórias, cujo fundamento para exclusão configurase como a reparação por um dano sofrido, ou mesmo as verbas legalmente descritas como indenizatórias. Nessa linha de raciocínio, entendo que a referida lei estadual não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência da devida correção salarial Fl. 313DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 8 decorrentes de alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo sujeito passivo, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Concluindo, em relação a este item, entendo incabível tomar como absoluta para exclusão da incidência do IR lei de outro ente da federação (no caso, o Estado da Bahia), face a competência instituída pelo texto constitucional. Incidência sobre valores de diferenças de URV. Ainda quanto ao mérito, é sabido que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subseqüentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, da Bahia (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Nesse sentido, estáse diante de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Frente as considerações acima, também afasto os fundamentos adotados pelo julgador da turma a quo para definir a natureza das diferenças de URV. Segundo o acórdão recorrido a verba recebida pelos servidores estaduais possui a mesma natureza daquela percebida pelos seus pares da União e, portanto, não se poderia dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram em mesma situação. Entendo, que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os pertencentes aos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 630 9 Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Dessa forma, ao contrário do exposto pelo julgador a quo entendo que ao adotar mesmo tratamento tributário, alterando a natureza dos pagamentos, estaria sim, me valendo da analogia para definir fato gerador e base de cálculo de imposto sob a competência da União. A Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) nº 245/2002 conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei nº 9.655/1998 e Lei nº 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF, contudo, tal verba não pode ser confundida com as diferenças decorrentes de URV, ora sob análise. Por fim, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal Fl. 315DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 10 do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Pelos fundamentos expostos, entendo que a verba em exame deve ser tributada. Quanto ao caráter salarial das verbas pagas a título de URV, já se pronunciou este conselho em outras ocasiões acerca do tema, ao qual cito julgados que corroboram com o encaminhamento aqui formulado: ACÓRDÃO 9202003.659 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 9202.003.585 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 631 11 Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 2201002.491 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA 12 Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988. Frente as questões colocadas acima, entendo que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV" consistem em diferenças salariais sujeitas a incidência de IR, sendo incabível acatar a argumentação de que a natureza salarial da referida verba seja alterada por legislação estadual, qual seja, a Lei Complementar nº 20, de 08 de setembro de 2003, ou mesmo que Resolução nº 245 do STF lastreada em Lei federal com destinação específica possa ser aplicada por analogia a outros casos que não os expressamente nela descritos. Por fim, conforme acima esclarecido, a competência para legislar sobre IR recai sobre a União, não podendo ser alterada a natureza jurídica da verba para efeitos de definição do fato gerador. Nesse sentido, importante destacar que não pode o agente fiscal entender ou mesmo questionar a constitucionalidade de lei Estadual, cujo ente Estadual possui competência para definir não apenas a natureza jurídica da verba, como a incidências sobre os tributos cuja competência para legislar esteja sob sua égide. Por exemplo, a definição da natureza jurídica para efeitos de definição da natureza tributos de contribuição previdenciária para regime próprio de previdência. Assim, ao fisco Federal compete apreciar se a verba recebida pelos Membros do MP da Bahia, encontrase abarcada como fato gerador de IR, utilizandose dos fundamentos dessa legislação para apuração do fato gerador, da natureza jurídica do pagamento e da base de cálculo e montante do tributos apuráveis. Dessa forma, não há que se falar ser necessário, primeiramente, declarar a constitucionalidade da legislação estadual. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA Processo nº 10580.726166/200976 Acórdão n.º 9202004.224 CSRFT2 Fl. 632 13 Quanto a incompetência do CARF para afastar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, entendo não ser essa a questão aplicável ao caso concreto. Realmente nos termos do art. 62 do CARF: "é vedado aos membros das turmas de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade", todavia, a competência básica dos membros desse colegiado é identificar se o lançamento se amolda as exigências legais e se os argumentos apontados pelo recorrente seriam suficientes para a desconstituição do lançamento. Assim, esse julgador em momento algum descumpri ou fere dispositivo regimental, pelo contrário, entendo que ao acatar os argumentos do recorrente pela aplicabilidade da legislação estadual e resolução 245/STF, aí sim, estaria afastando dispositivo legal. Bem, conforme foi apreciado acima, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal ao lançar as contribuições, posto que os valores recebidos, pela análise da legislação aplicável ao caso concreto, quais sejam, CF/88, CTN e legislação do IR, incorreto considerar os rendimentos como isentos ou não tributáveis. Quanto as demais questões trazidas em sede de contrarrazões deixou de apreciálas, considerando a existência de outros argumentos trazidos ainda em sede de recurso voluntário, mas não apreciados pela turma a quo frente ao encaminhamento do relator de no mérito dar provimento ao recurso. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. É como voto. (Assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 09/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 15/09/2016 por GERSON MACEDO GUERRA
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Numero do processo: 10980.005837/2007-97
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2003
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.677
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 58 37 /2 00 7- 97 Fl. 873DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 874DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 875DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 876DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 877DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 878DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 879DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 880DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 881DF CARF MF Processo nº 10980.005837/200797 Acórdão n.º 9202004.677 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 882DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002684/2009-59
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Há fatos relevantes no acórdão recorrido que não se apresentam no acórdão paradigma, justificando a diferença entre as decisões.
Numero da decisão: 9101-002.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), Adriana Gomes Rego e André Mendes de Moura, que conheceram. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Vidal de Araujo.
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente e relator.
(Assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araujo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Julgamento iniciado na sessão de 20/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 22/11/2016 no período da tarde.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Há fatos relevantes no acórdão recorrido que não se apresentam no acórdão paradigma, justificando a diferença entre as decisões. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão (relator), Adriana Gomes Rego e André Mendes de Moura, que conheceram. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Vidal de Araujo. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão – Presidente e relator. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo – Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flávio Neto, Rafael Vidal de Araujo, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado). Julgamento iniciado na sessão de 20/09/2016 no período da tarde e concluído na sessão de 22/11/2016 no período da tarde. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 26 84 /2 00 9- 59 Fl. 1611DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.591 2 Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzo o relatório da decisão recorrida: O processo trata de suspensão de imunidade tributária da Fundação Carlos Chagas segundo o rito prescrito pelo art. 32 da Lei 9.430/1996, mediante o ADE – Ato Declaratório Executivo nº 235 (fls. 606), expedido pela Delegada da Receita Federal de Fiscalização de São Paulo em 17 de setembro de 2009, e de exigência de crédito tributário de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), conforme autos de infração de fls. 839, 846 e 855, respectivamente, relativos ao anocalendário 2004, com multa de ofício no percentual de 75% previsto no art. 44, I, do referido ato legal. A notificação fiscal (fls. 563), expedida segundo o art. 32, § 1º, da Lei 9.430/1996, conteve indicação de descumprimento dos requisitos fixados pelo art. 14, I a III, do CTN – Código Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), tendo em vista a constatação das seguintes irregularidades: a) destinação de recursos para fora do Brasil, inclusive paraíso fiscal, estranha aos fins institucionais de desenvolvimento de atividades primordialmente técnicas e científicas, abrangendo aplicação de aproximadamente 93,59% dos recursos do período no mercado financeiro e na construção de imóvel para futura locação; b) pagamento de passagens aéreas, faturas de cartões de créditos corporativos e planos de saúde do diretorpresidente da Fundação, sua esposa e sua enteada, sem comprovação de vinculação de tais dispêndios aos fins da entidade; c) distribuição disfarçada de lucros através de pessoa jurídica ligada, na qual figura como sócia a cônjuge do presidente da Fundação. Constou também informação de que a entidade não possuía o Cebas – Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. A Fundação tomou ciência da notificação em 15/07/2009 (fls. 588) e apresentou contrarrazões no dia 13 do mês seguinte (fls. 865), muito embora haja registro de ausência de manifestação da fiscalizada no parecer que embasou a expedição do ADE (fls. 595). Na impugnação do ADE (fls. 1.094), a Fundação requereu o reconhecimento da nulidade do ato de suspensão da imunidade, tendo em vista a omissão no exame da contestação da notificação fiscal, e o retorno dos autos à autoridade competente para apreciação das suas alegações. Fl. 1612DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.592 3 Segundo o termo de constatação fiscal (fls. 819), a entidade dispunha de escrituração contábil regular, sujeitandose à apuração ex officio do IRPJ e da CSLL pelo regime de tributação do lucro real trimestral. A autoridade fiscal relatou a ocorrência de (a) dedução indevida de provisão para perdas em investimentos, (b) despesas com cartão de crédito corporativo sem comprovação do vínculo com a atividade fim e (c) distribuição de lucro por intermédio de pessoa ligada. A Fundação impugnou o lançamento tributário, suscitando preliminar de nulidade em razão da alegada irregularidade do ato de suspensão da imunidade, e também o contestou no mérito (fls. 1.100). Por intermédio da Resolução nº 180 (fls. 1.214), de 29/04/2010, a 2ª Turma da DRJ/São Paulo I determinou o retorno dos autos à Delegacia da Receita Federal de Fiscalização em São Paulo para exame da contestação à notificação fiscal. A Delegada da Defis/SP ratificou a decisão original de suporte à expedição do ato de suspensão da imunidade, com base no parecer de fls. 1.219, de 08/07/2010, dando ciência à fiscalizada no dia 16 do mesmo mês (fls. 1.229) e intimandoa para se manifestar no prazo previsto no art. 44 da Lei 9.784/1999, de 10 dias, o que foi feito por meio da peça de fls. 1.235. Ao analisar as impugnações, a 2ª Turma da DRJ/São Paulo I julgou procedentes o ADE e os autos de infração, por unanimidade, nos termos do Acórdão nº 1627.983/2010 (fls. 1.250), assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PRELIMINAR DE NULIDADE. Rejeitase essa preliminar, uma vez que a ampla defesa do sujeito passivo não foi arranhada, e o ato declaratório executivo de suspensão de imunidade do sujeito passivo, e tampouco o posterior lançamento, padecem de quaisquer vícios capazes de tornálos nulos. ATO DECLARATÓRIO DE SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. COMPETÊNCIA. O Delegado da Receita Federal é competente para a edição de Ato Declaratório de suspensão de imunidade, por expressa disposição da legislação tributária. IMUNIDADE. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. NÃO APLICAÇÃO. Fl. 1613DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.593 4 Pelas atividades desempenhadas, a Fundação Carlos Chagas não se confunde com as entidades beneficentes de assistência social, não se lhe aplicando o benefício constitucional a essas restrito. ATO DECLARATÓRIO DE SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. IMPUGNAÇÃO. A impugnação contra o ato declaratório de suspensão de imunidade tributária não impede que o Fisco promova, logo após a expedição do ato contestado, o lançamento do imposto cuja suspensão da imunidade foi declarada pelo respectivo Delegado da Receita Federal titular na circunscrição do contribuinte. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. PESSOA LIGADA. Considerase pessoa ligada outra pessoa jurídica que, além de ser também representada pelo diretorpresidente da distribuidora dos lucros, pertence integralmente a este e seus parentes próximos. Configura distribuição disfarçada de lucros a quantia efetivamente paga ou creditada a pessoa ligada, em condições de favorecimento. DECADÊNCIA. A modalidade de lançamento por homologação se dá quando o contribuinte apura montante tributável e efetua o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa. Na ausência de pagamento, não há que se falar em homologação, regendose a decadência pelos ditames do art. 173 do CTN, com início do lapso temporal no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2004 SUSPENSÃO DE IMUNIDADE E AUTOS DE INFRAÇÃO. Lavrados Autos de Infração, as impugnações contra o ato declaratório e contra as exigências de crédito tributário são reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente. LUCRO REAL TRIMESTRAL VERSUS ANUAL OU ARBITRADO. O lucro real, base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa jurídica, deve ser apurado trimestralmente, na forma do art. 220 do RIR/1999, a apuração anual é uma alternativa que, para seu exercício requer pagamentos mensais por estimativa, no termos das normas de regência. Tem o fisco a faculdade de arbitrar o lucro do sujeito passivo quando a sua escrita fiscal se mostra imprestável. Fl. 1614DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.594 5 APURAÇÃO DO LUCRO REAL. PROVISÕES. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. As perdas na realização de créditos podem ser consideradas como despesas dedutíveis para efeito de apuração do Lucro Real, desde que devidamente comprovadas, observadas as condições previstas na legislação de regência. À autoridade administrativa cabe cumprir a determinação legal, aplicando o ordenamento vigente às infrações concretamente constatadas. É vedada a dedução, na apuração do lucro real, de qualquer provisão, exceto aquelas legalmente previstas. DESPESAS COM CARTÕES DE CRÉDITO. DEDUTIBILIDADE. Sem a prova cabal, nos autos, de que as despesas se realizaram em benefício da empresa, não se validam como dedutíveis. Tais gastos só são assim considerados quando comprovadas a sua efetividade e a obediência aos requisitos da necessidade e da vinculação aos objetivos da pessoa jurídica. DISTRIBUIÇÃO DISFARÇADA DE LUCROS. Presumese distribuição disfarçada de lucros quando a pessoa jurídica realiza, com pessoa ligada, qualquer negócio em condições de favorecimento, assim entendidas condições mais vantajosas para a pessoa ligada do que as que prevaleçam no mercado, ou em que a pessoa jurídica contrataria com terceiros. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão relativa ao lançamento principal se aplica, no que couber, às exigências dele decorrentes posto que fundamentados nos mesmos elementos de prova. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Anocalendário: 2004 COFINS. FUNDAÇÃO DE DIREITO PRIVADO. ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISENÇÃO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INCIDÊNCIA. Estão isentas de COFINS somente as receitas relativas às atividades próprias das fundações de direito privado, assim entendidas as receitas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais, nas quais não se incluem, evidentemente, as receitas de prestação de serviços que têm caráter contraprestacional. Fl. 1615DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.595 6 Cientificada da decisão em 22/12/2010 (fls. 1.294), a contribuinte interpôs recurso voluntário no dia 19 do mês seguinte (fls. 1.641). Suscitou preliminares de nulidade do ato de suspensão de imunidade e do lançamento tributário e indicou “vícios de construção” dos autos de infração, além de alegar decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário. No mérito, refutou os fundamentos apontados pela fiscalização e a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. A Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF proferiu o Acórdão nº 1103000.810, de 5 de março de 2013, cujas ementa e decisão transcrevo, respectivamente: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. EXPEDIÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO SEM EXAME DA CONTESTAÇÃO À NOTIFICAÇÃO FISCAL. NULIDADE. A contestação da notificação fiscal relativa à suspensão de imunidade tributária impõe à autoridade administrativa competente o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pelo sujeito passivo. É nulo o ato declaratório suspensivo de imunidade expedido sem exame da impugnação à notificação fiscal, por cerceamento do direito de defesa. SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. REDUÇÃO DE PRAZO PARA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE. A impugnação relativa à suspensão da imunidade tributária segue as demais normas reguladoras do processo administrativo tributário da União, devendo ser apresentada no prazo de 30 (trinta) dias, sendo descabida a sua redução. RETORNO DE DILIGÊNCIA. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE CONTRARRAZÕES. O sujeito passivo tem assegurado prazo legal de 30 (trinta) dias para se manifestar a respeito do resultado de diligências ou perícias. ATO ABSOLUTAMENTE NULO. CONVALIDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os atos administrativos dotados de ilegalidades caracterizadoras de nulidade absoluta não são passíveis de convalidação. NULIDADE. ALCANCE. ATOS SUBSEQUENTES. Fl. 1616DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.596 7 O ato nulo alcança os subsequentes dele dependentes, igualmente viciandoos e, consequentemente, impedindo seus efeitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os membros do colegiado DECLARAR NULOS o ADE Defis/São Paulo nº 235/2009 e os autos de infração, por maioria, vencidos os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso e Eduardo Martins Neiva Monteiro, e a decisão de primeira instância, por unanimidade, dispensada a repetição dos referidos atos em razão da superveniente ocorrência de decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário relativo ao anocalendário 2004. Foram interpostos embargos de declaração pela Fazenda Nacional, rejeitados conforme Acórdão nº 1103000.912, de 6 de agosto de 2013, da Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF, assim ementado e decidido: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REABERTURA DA DISCUSSÃO DE MÉRITO. DESCABIMENTO. A utilização dos embargos de declaração para contestar o próprio mérito da decisão atacada, sem comprovação da ocorrência dos seus pressupostos (dos embargos), não é cabível nessa restrita via recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade, rejeitar os embargos. Inconformada, a Fazenda Nacional apresenta recurso especial por divergência, argumentando, em síntese: a) que o acórdão, ora recorrido, destoa da jurisprudência consolidada de outras Câmaras no ponto em que entendeu ser de natureza formal [rectius, material] o vício decorrente do descumprimento do procedimento prévio à emissão do ato de suspensão da imunidade tributária, fixado no art. 32 da Lei 9.430/96; b) que o art. 32 da Lei 9.430/1996 estabeleceu procedimento a ser cumprido pelo Fisco, nos casos de suspensão de imunidade tributária e constituição do crédito tributário dela decorrente; c) que o referido comando legal descreve um procedimento a ser seguido pela autoridade administrativa competente, não entrando no mérito do cumprimentos dos requisitos necessários ao gozo da imunidade em si, mas apenas delineando um procedimento de condutas a serem adotadas; d) que os requisitos, nele elencados, possuem natureza formal, ou seja, determinam como o ato administrativo, in casu, o Ato Declaratório e o auto de infração, deve exteriorizarse; Fl. 1617DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.597 8 e) que, ao contrário do quanto fixado no acórdão recorrido, na hipótese em apreço, o equívoco no procedimento adotado pela autoridade fiscal, que deixou de analisar a defesa do contribuinte ou lhe deu prazo inferior ao previsto para defesa, acarretando, em tese, prejuízo ao seu direito de defesa, tem, nitidamente, caráter formal; f) que um lançamento tributário é anulado por vício formal quando não se obedece às formalidades necessárias ou indispensáveis à existência do ato, isto é, às disposições de ordem legal para a sua feitura; g) que os atos eivados de vício material não são passíveis de convalidação, i. e., não podem ser corrigidos, devendo ser obrigatoriamente anulados; por sua vez, os atos com vício de forma, podem ser convalidados ou repetidos, dessa vez sem o defeito original; h) que o vício procedimental gera defeito de ordem formal, o que permite: (i) a convalidação do ato, mediante o suprimento do vício, ou (ii) a repetição do ato, desta vez sem o vício que culminou na sua anulação; e i) que o vício, no procedimento fiscalizatório que acarretou cerceamento ao direito de defesa da parte, tem natureza formal (e não material), razão pela qual merece ser reformado o acórdão ora recorrido. Requer a Fazenda Nacional, ao final, o provimento do recurso, reformando o acórdão e reconhecendose que o vício ali observado enseja tão somente nulidade por vício formal, e não material, o que permitirá o reinício do prazo para lançamento, nos termos do art. 173, II, do CTN. O recurso foi admitido pelo presidente da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF. Devidamente cientificado, o contribuinte apresentou contrarrazões, a seguir resumidas: a) que o acórdão vergastado, por unanimidade de votos, entendeu de dar provimento ao recurso voluntário apresentado pela Recorrida, para declarar a nulidade do Ato Declaratório Executivo Defis/São Paulo nº 235/2009 e dos autos de infração referentes a IRPJ, CSLL e Cofins do anocalendário de 2004; b) que a Fazenda Nacional, com esteio em suposta divergência jurisprudencial no que tange ao desfecho da discussão trazida aos autos, apresentou pretensão recursal, que foi admitida; c) que o juízo de admissibilidade do recurso especial, desviandose de sua função precípua, acabou por admitir o processamento do apelo fora dos limites requeridos pela Recorrente, o que não poderá ser confirmado; d) que registra a Recorrida a impropriedade do exame de admissibilidade, que se distanciou absurdamente das razões recursais e, portanto, da discussão pretendida pela Recorrente; e) que, ao admitir o processamento do apelo, a Presidência da 1ª Câmara da 1ª Seção o fez sob o fundamento de que a decisão recorrida apontou a existência de uma Fl. 1618DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.598 9 nulidade absoluta nos atos administrativos, e o paradigma, analisando caso semelhante, apontou a existência de uma nulidade relativa; f) que a divergência vislumbrada no juízo de admissibilidade não restou demonstrada no acórdão paradigma e, digase de passagem, sequer foi ventilada pela Recorrente; g) que o vício formal consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à sua existência, enquanto o vício material envolve questões relacionadas à matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato; h) que um ato administrativo eivado de vício, quer seja este vício formal ou material, poderá apresentar nulidade absoluta ou relativa, dependendo da intensidade desse vício; i) que, se for um vício insanável, porquanto apresente grave violação à norma, temse que o ato apresenta nulidade absoluta; do contrário, se o vício puder ser suprido, temse que a nulidade é apenas relativa; j) que, dessa forma, independentemente de o ato apresentar um vício material ou formal, poderá este ato conter nulidades absolutas ou relativas; k) que a discussão travada nos autos não se ateve ao tipo de vício que contaminou o ato, ou seja, não se manifestou para afirmar se o vício era material ou formal; l) que, apesar de não se debruçar sobre a natureza do vício, o acórdão recorrido não deixa qualquer dúvida de que ato administrativo analisado estava contaminado de uma nulidade absoluta e insanável, exatamente como concluído no acórdão paradigma; m) que, além de o acórdão paradigma nada mencionar sobre nulidade absoluta ou nulidade relativa, este também não é o cerne do Recurso Especial formulado pela Recorrente; n) que, no vertente procedimento não foi feito o necessário cotejo da decisão recorrida com a decisão tida por paradigmática, nem foi observado o pedido deduzido pela Recorrente, pois se tal exame tivesse ocorrido, por certo o recurso formulado teria sido, desde logo obstado, pela Presidência incumbida desse mister; o) que, no caso em tela, é evidente a falta de similitude fática do acórdão paradigma com o acórdão recorrido, e o conhecimento e eventual provimento do recurso especial manejado pela Fazenda Nacional consistirá em desvio da finalidade da Câmara Superior de Recursos Fiscais, o que não pode ser admitido; p) que o processo trata da expedição do Ato Declaratório Executivo de Suspensão de Imunidade nº 235/09, e posterior exigência de crédito tributário de IRPJ, CSLL e Cofins do ano de 2004, sem o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pela Recorrida; q) que, em face de tal situação fática, o acórdão recorrido deixou consignado entendimento de que o ADE 235/09 era nulo, na medida em que houve “evidente lesão ao interesse público, caracterizada pelo cerceamento do direito de defesa” da Recorrida, e que “o Fl. 1619DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.599 10 ato (decisão) que aprovou o parecer de exame da contestação à notificação fiscal (fls. 1.229), elaborado após o retorno dos autos ao órgão de origem determinado pela Resolução nº 180/2012, é, na verdade, um novo ato desvinculado do anterior, sem alcançar o ADE nulo, desprovido de força capaz de convalidálo, só produzindo efeitos prospectivos (ex nunc), a partir da ciência da interessada em 17/07/2010; r) que aquele acórdão ressaltou que “o suprimento da causa da nulidade cerceamento do direito de defesa não pode resgatar, a partir do nascedouro, os efeitos do ato original ‘convalidado’, ressuscitando os demais nele baseados”; s) que, assim, “a nova decisão da Defis não ressuscitou (convalidou) atos praticados sob a égide do ADE, inclusive os autos de infração, que deveriam ser refeitos ao amparo daquele que fez as vezes do ato declaratório exigido pelo art. 32, § 3º, da Lei 9.430/1996”; t) que, por seu turno, o acórdão trazido pela Recorrente como paradigma remete apenas à existência de autos de infração para exigência de IRPJ, CSLL e Cofins, lavrados sem a prévia expedição de Ato Declaratório Executivo de Suspensão da Imunidade, o que evidentemente leva a situações fáticas totalmente diversas; u) que, demonstrada está, assim, a improcedência da pretensão fazendária, impondose, desde logo, o não conhecimento de seu recurso especial; v) que, no mérito, o acórdão recorrido sequer ventilou analisar o tipo de vício que teria atingido o Ato Declaratório Executivo, se formal ou material; x) que assim não o fez, porquanto não havia necessidade de tal análise; y) que o art. 173, inciso II, do Código Tributário Nacional se refere exclusivamente a decisões que tenham anulado, por vício formal, lançamentos anteriormente efetuados; w) que este é, de fato, o caso analisado pelo paradigma, mas que nada tem a ver com o caso analisado pelo acórdão recorrido; z) que, nos presentes autos, o ato administrativo atingido, por primeiro, pela nulidade absoluta foi o Ato Declaratório Executivo; aa) que, assim, ainda que se admita que o tipo de vício que atingiu aquele ato declaratório foi de natureza formal, poderseia falar apenas em interrupção da decadência para expedição de um novo ato de suspensão de imunidade; ab) que, porém, este novo ato, a par do acórdão recorrido, já foi expedido em 17/07/2010; ac) que à mesma conclusão não se pode chegar, todavia, quando analisados os autos de infração baseados no Ato Declaratório Executivo nulo; ad) que, considerandose, como de fato ocorreu, que os autos de infração foram lavrados sob a falsa premissa de que, naquele momento, a Recorrida havia perdido sua Fl. 1620DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.600 11 condição de imune, o vício que os atingiu foi, sem sombra de dúvidas, um vício material, qual seja a ausência da comprovação da ocorrência do fato gerador; e ae) que não há motivos, assim, para se cogitar de hipótese de reabertura do prazo decadencial, nem tampouco de reforma da decisão no vertente processo. É o Relatório. Fl. 1621DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.601 12 Voto Vencido Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isso, conheço do especial. Analiso, inicialmente, as preliminares contidas nas contrarrazões da Recorrida, os quais se fundamentam basicamente em dois pontos: a) na pretensa impropriedade do juízo de admissibilidade do recurso especial efetuado; e b) na suposta falta de similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma apontado. Com relação à primeira questão — pretensa impropriedade do juízo de admissibilidade do recurso especial efetuado —, cumpre destacar que a insurgência da Recorrida se deu contra o teor do contido no despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, de seguinte dicção (efls. 1.564 a 1.567, destaques do original): Aludido Recurso Especial, interposto tempestivamente pela Fazenda Nacional, está manejado em relação à matéria: “efeito anulatório do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996”, assim ementada e decidida no Acórdão recorrido: [...]. Do Acórdão recorrido, transcrevemse os seguintes trechos: [...]. Traz a Recorrente à colação acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007), cuja ementa, quanto a essa matéria, é a seguinte: [...]. Do acórdão paradigma, transcrevemse os seguintes excertos: [...]. Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a Recorrente logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, pois, em situações fáticas semelhantes, sob a mesma incidência tributária e à luz das mesmas normas jurídicas, chegouse a conclusões distintas. Fl. 1622DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.602 13 Enquanto a decisão recorrida entendeu que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, acarretaria a nulidade absoluta dos atos que lhe são posteriores, sem possibilidade de convalidação (“vício material”), o acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007) decidiu, de modo diametralmente oposto, que o descumprimento daquele rito somente redundaria na nulidade relativa dos atos que lhe são posteriores (“vício formal”). Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização da divergência de interpretação suscitada. Pelo exposto, do exame dos pressupostos de admissibilidade, PROPONHO seja ADMITIDO o Recurso Especial interposto. Procura a contraarrazoante distinguir entre “vício formal” e “vício material”, afirmando que tanto um como outro poderão apresentar “nulidade absoluta” ou “nulidade relativa”, dependendo da intensidade desse vício. A decisão recorrida tratou como “nulidade absoluta” o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, como segue (grifei): SUSPENSÃO DE IMUNIDADE. EXPEDIÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO SEM EXAME DA CONTESTAÇÃO À NOTIFICAÇÃO FISCAL. NULIDADE. A contestação da notificação fiscal relativa à suspensão de imunidade tributária impõe à autoridade administrativa competente o exame das alegações e provas tempestivamente apresentadas pelo sujeito passivo. É nulo o ato declaratório suspensivo de imunidade expedido sem exame da impugnação à notificação fiscal, por cerceamento do direito de defesa. [...]. ATO ABSOLUTAMENTE NULO. CONVALIDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os atos administrativos dotados de ilegalidades caracterizadoras de nulidade absoluta não são passíveis de convalidação. Como consequência dessa “nulidade absoluta” no descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, referida decisão entendeu não ser cabível, no caso, a aplicação do art. 173, inciso II, do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), mas, sim, do art. 173, inciso I, do mesmo diploma legal (sublinhei): Vêse, portanto, que estão marcados por nulidade absoluta o ADE Defis/São Paulo nº 235/2009, os autos de infração e o acórdão de primeira instância. A repetição dos atos nulos referidos deve ser dispensada em razão da superveniente ocorrência de decadência do direito de constituição do crédito tributário pelo Fisco quanto aos fatos geradores do ano calendário 2004, objeto do presente processo, nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Fl. 1623DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.603 14 Ou seja, embora pretenda a contraarrazoante defender que a “nulidade absoluta” possa ocorrer tanto por “vício formal”, quanto por “vício material”, a decisão recorrida entendeu que a “nulidade (absoluta)” pelo descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, é caso de “vício material”, e não de “vício formal”, ao aplicar à hipótese o disposto no art. 173, inciso I, do CTN, e não o contido no art. 173, inciso II, daquele diploma legal (destaquei): Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Portanto, correto o despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, ao afirmar que (destaque do original): Enquanto a decisão recorrida entendeu que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, acarretaria a nulidade absoluta dos atos que lhe são posteriores, sem possibilidade de convalidação (“vício material”), [...]. E é justamente essa a questão oportunamente levantada pela Fazenda Nacional em seu recurso especial (destaques do original): Na visão da douta autoridade julgadora, a inobservância pelo Fisco do procedimento prévio previsto no art. 32 da Lei 9.430/1996, nos casos de suspensão de imunidade tributária e constituição do crédito tributário dela decorrente, teria acarretado a nulidade tanto do ADE Defis/São Paulo nº 235/2009, como dos autos de infração e do acórdão de primeira instância, por vício de natureza material. Data maxima venia, a r. decisão merece reforma, pois está em dissonância com a jurisprudência de outras Turmas deste conselho, conforme será demonstrado. Para tanto, foi por ela indicado acórdão paradigma assim ementado (Acórdão nº 10516.411, de 2007, grifei): SEBRAE IMUNIDADE VÍCIO FORMAL NULIDADE – Tratandose de instituição de educação e assistência social, sem fins lucrativos, a entidade integrante do sistema “S” goza de imunidade tributária, cuja suspensão deve obedecer o rito instituído pelo art. 32 da Lei nº 9.430/96. É nulo, por vício formal, o lançamento não precedido daquelas formalidades. Ou seja, de modo diametralmente oposto ao da decisão recorrida, o acórdão paradigma entendeu que a “nulidade (relativa)” pelo descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, é caso de “vício formal”, e não de “vício material”, ao aplicar à hipótese o disposto no art. 173, inciso II, do CTN, e não o contido no art. 173, inciso I, daquele diploma legal (sublinhei): Fl. 1624DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.604 15 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado Portanto, correto o despacho de exame de admissibilidade de recurso especial, ao afirmar que (destaque do original): [...] o acórdão paradigma (Acórdão nº 10516.411, de 2007) decidiu, de modo diametralmente oposto, que o descumprimento daquele rito somente redundaria na nulidade relativa dos atos que lhe são posteriores (“vício formal”). No tocante à segunda questão — suposta falta de similitude fática entre o acórdão recorrido e o paradigma apontado —, é bem de se ver que “similitude fática” não se confunde com “igualdade fática”. Ora, os fatos descritos nos acórdãos, recorrido e paradigma, na generalidade dos casos, nunca são iguais ou idênticos entre si, a começar pela diversidade de sujeitos passivos, passando pelas datas e valores das ocorrências, e terminando nas circunstâncias específicas ensejadoras de cada situação. O importante é que fique caracterizado que, em situações semelhantes ou similares, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal. E é justamente o que ocorre no presente caso. Na decisão recorrida, em face do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 — ausência de exame da contestação à notificação fiscal antes da emissão do Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária — aplicouse o contido no art. 173, inciso I, do CTN (“vício material”), para o lançamento posteriormente efetuado. Já no acórdão paradigma, em face, também, do descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 — ausência de notificação fiscal e de Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária — aplicouse, ao revés, o contido no art. 173, inciso II, do mesmo CTN (“vício formal”), para o lançamento posteriormente efetuado. Ou seja, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal (art. 173, incisos I e II, do CTN) para situações semelhantes ou similares (descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996). Observese, por oportuno, que o vício cometido no acórdão paradigma foi mais grave do que o verificado na decisão recorrida, pois que o descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 se deu, naquele, de forma integral (sem emissão de Ato Declaratório Executivo ADE), enquanto nesta, foi de forma parcial (houve a emissão de ADE, embora sem o exame da contestação à notificação fiscal). Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.605 16 Ou seja, enquanto na decisão recorrida teria havido “cerceamento do direito de defesa”, no acórdão paradigma teria ocorrido, além do “cerceamento do direito de defesa”, também a “incompetência da autoridade fiscalizadora”, ao desconsiderar a imunidade tributária sem a necessária emissão de ADE. Mesmo assim, considerouse, naquele caso (decisão recorrida), a existência de “vício material” e, neste (acórdão paradigma), de “vício formal”. Por conseguinte, a mera circunstância de esse descumprimento do rito previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, ter se dado de forma distinta em cada caso — ausência de exame da contestação à notificação fiscal antes da emissão do Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária e ausência de notificação fiscal e de Ato Declaratório Executivo de suspensão da imunidade tributária —, não é de molde a descaracterizar a efetiva existência de dissenso jurisprudencial quanto a esse ponto (natureza do vício, se “formal” ou “material”). Adentro ao mérito. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese à natureza do vício decorrente do descumprimento do procedimento de fiscalização previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 (suspensão da imunidade tributária), se “formal” ou “material”. No presente caso, não foi seguido o rito previsto legalmente para a suspensão da imunidade tributária, tendo sido expedido o ato declaratório suspensivo do benefício (ADE), e lavrados os consequentes autos de infração, antes da decisão sobre a improcedência das alegações e provas apresentadas pela entidade contra a notificação fiscal expedida pela fiscalização. Analiso, primeiramente, a distinção existente entre vício formal e vício material. O vício formal ou instrumental se caracteriza pela violação de normas de natureza formal, estando ligado ao desatendimento de dois dos cinco elementos do ato administrativo: a “competência” e a “forma”. Já o vício material ou substancial corresponde à transgressão de normas de conteúdo material, dizendo respeito, portanto, aos três elementos restantes do ato administrativo: o “objeto”, o “motivo” e a “finalidade”. Haverá, por conseguinte, vício formal nos casos de incompetência da autoridade e inobservância do procedimento; ocorrerá vício material, por sua vez, nas situações de ilegalidade do objeto, inexistência de motivos e desvio de finalidade. Para bem ilustrar essa questão, trago à colação o conceito legal de vício de forma, constante do art. 2º, parágrafo único, alínea “b”, da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, que “regula a ação popular”, bem como a Súmula CARF Vinculante nº 21, respectivamente: Art. 2º [...]: [...]. Parágrafo único. [...]: Fl. 1626DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.606 17 [...]; b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato. [...]. Súmula CARF vinculante nº 21: É nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da autoridade que a expediu. Dessa conclusão, aliás, não destoa a Recorrida, em suas contrarrazões (efls. 1.579): 4. Como se sabe, os chamados vícios dos atos administrativos são aqueles defeitos que atingem a validade do ato, podendo levar ao reconhecimento de sua nulidade. Tais defeitos podem ser formais ou materiais, conforme atinjam a forma prevista em lei para a validade do ato ou a própria matéria tributada pela autoridade administrativa. Em outras palavras, o vício formal consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à sua existência, enquanto o vício material envolve questões relacionadas à matéria de fato ou de direito em que se fundamenta o ato. Dispõe o caput do art. 32 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (grifei): Capítulo IV PROCEDIMENTOS DE FISCALIZAÇÃO Seção I Suspensão da Imunidade e da Isenção Art.32. A suspensão da imunidade tributária, em virtude de falta de observância de requisitos legais, deve ser procedida de conformidade com o disposto neste artigo. Como se verifica, estamos diante de uma regra procedimental de fiscalização. Ora, não tendo sido obedecido esse rito, é caso de vício formal, ao qual se aplicam as disposições contidas no art. 173, inciso II, do CTN, de seguinte teor: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: [...]; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.607 18 Cumpre destacar, por outro lado, tratarse, no caso, de um erro de fato — e não de direito —, uma vez que a expedição do ato declaratório suspensivo do benefício, antes da decisão sobre a improcedência das alegações e provas apresentadas pela entidade contra a notificação fiscal expedida pela fiscalização, se deu em face do equívoco de se entender que aquela entidade não havia apresentado tais alegações e provas. Ou seja, aquela omissão deveuse a um “descompasso ocorrido entre a recepção da contestação apresentada pela Fundação e o repasse ao setor encarregado do exame” (como constou da decisão da DRJ), e não a um erro na interpretação das normas tributárias. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para considerar que a nulidade do Ato Declaratório Executivo Defis/São Paulo nº 235/2009, e consequentes autos de infração, se deu por vício formal, facultandose à repartição de origem proceder à nova emissão do ADE e à nova lavratura dos autos de infração correspondentes, na forma do art. 173, inciso II, do CTN, desde que sem qualquer alteração em seu conteúdo. Na hipótese de ser este o voto adotado pelo colegiado, proponho a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 SIMILITUDE FÁTICA. IGUALDADE OU IDENTIDADE FÁTICA. SITUAÇÕES SEMELHANTES OU SIMILARES. Os fatos descritos nos acórdãos, recorrido e paradigma, na generalidade dos casos, nunca são iguais ou idênticos entre si, a começar pela diversidade de sujeitos passivos, passando pelas datas e valores das ocorrências, e terminando nas circunstâncias específicas ensejadoras de cada situação. O importante é que fique caracterizado que, em situações semelhantes ou similares, foram adotadas soluções diversas, na interpretação do mesmo dispositivo legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO PREVISTO NO ART. 32 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. SUSPENSÃO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA DO VÍCIO. Possui natureza formal o vício decorrente do descumprimento do procedimento de fiscalização previsto no art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996 (suspensão da imunidade tributária). Eis o meu voto. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.608 19 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Redator designado. O acórdão recorrido declarou a nulidade do ADE e dos autos de infração. Em parágrafo específico disse que esses atos não poderiam ser repetidos e que a decadência aplicável é a do inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional, e não a do inciso II do mesmo artigo, que trata da nulidade formal. Com isso, falou, ainda que não expressamente, que ocorreu nulidade material. O recurso especial da Fazenda Nacional, sob a minha ótica, tem dois objetos: que, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430, de 1996, a nulidade do ADE seja de ordem formal e que a nulidade dos autos de infração também seja de ordem formal. O paradigma declarou que a nulidade dos autos de infração por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96 é de ordem formal. Assim, não é possível conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional em relação a um de seus objetos, qual seja: a natureza da nulidade do ADE, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96, pois não há paradigma para essa matéria. Para a segunda parte, o segundo objeto: a natureza da nulidade dos autos de infração, por descumprimento do art. 32 da Lei nº 9.430/96; em tese, seria caso de conhecimento, mas há um fato específico desse processo que impede o conhecimento também dessa parte. É que o recorrido foi expresso em dizer que o ADE não poderá mais ser refeito, e mais, a imprudência daquela decisão chegou a dizer que outro ADE foi emitido (na fase de diligência da DRJ). Assim, entendo que estas particularidades (fatos relevantes) impedem que a decisão do paradigma seja aplicável ao caso do recorrido; pois, no paradigma, haverá novo ADE (ainda que surja depois uma discussão sobre decadência, ou não, do direito de fazêlo), já no recorrido não poderá haver um novo ADE (pois a decisão do CARF, ao declarar sua nulidade, obstou a produção de um novo ADE e colocou a trava da decadência natureza material inclusive para o ADE). Quanto a isso a PGFN não se insurgiu. Veja bem, se a decisão do recorrido tivesse parado apenas em declarar que o ADE é absolutamente nulo, haveria a configuração de divergência, pois tanto recorrido quanto paradigma partiriam para a emissão de um novo ADE. Num caso haveria autos de infração sem ADE e em outro haveria autos de infração com ADE absolutamente nulo (ou inexistente). O problema surgiu quando o recorrido disse que o ADE não poderia mais ser repetido, que já o tinha sido em fase de diligência da DRJ e que foi fulminado pela decadência, em resumo, que essa nulidade do ADE é material. Assim, não é possível, no caso, darse a mesma solução do paradigma ao recorrido, não sendo caso de conhecimento dessa segunda parte por ausência de "similitude Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 19515.002684/200959 Acórdão n.º 9101002.485 CSRFT1 Fl. 1.609 20 fática" (e que os fatos são relevantes e não irrelevantes, como se defende em alguns casos que se pretende aplicar essa expressão). Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Redator designado Fl. 1630DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11762.720036/2012-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 06/03/2009 a 01/11/2011
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. FATOS INDICIÁRIOS OCORRIDOS EM PERÍODOS DIVERSOS DOS PERÍODOS EM QUE OCORRERAM AS IMPORTAÇÕES.
A configuração da presunção relativa de interposição fraudulenta exige que os fatos indiciários guardem relação de pertinência com os períodos em que ocorreram as importações em relação às quais, presumivelmente, teria ocorrido a interposição fraudulenta de terceiros.
ÔNUS DA PROVA. PRESUNÇÃO LEGAL DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA ELIDIDA PELO CONTRIBUINTE. PROVA DA ORIGEM DOS RECURSOS.
Tendo o contribuinte se desincumbido do ônus da prova da origem dos recursos empregados nas importações objeto da autuação, elide-se a presunção relativa de interposição fraudulenta.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3402-003.311
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Sustentou pela recorrente a Dra. Ilana Benjó, OAB/DF nº 26.793-A.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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FATOS INDICIÁRIOS OCORRIDOS EM PERÍODOS DIVERSOS DOS PERÍODOS EM QUE OCORRERAM AS IMPORTAÇÕES. A configuração da presunção relativa de interposição fraudulenta exige que os fatos indiciários guardem relação de pertinência com os períodos em que ocorreram as importações em relação às quais, presumivelmente, teria ocorrido a interposição fraudulenta de terceiros. ÔNUS DA PROVA. PRESUNÇÃO LEGAL DE INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA ELIDIDA PELO CONTRIBUINTE. PROVA DA ORIGEM DOS RECURSOS. Tendo o contribuinte se desincumbido do ônus da prova da origem dos recursos empregados nas importações objeto da autuação, elidese a presunção relativa de interposição fraudulenta. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Sustentou pela recorrente a Dra. Ilana Benjó, OAB/DF nº 26.793A. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 76 2. 72 00 36 /2 01 2- 50 Fl. 3630DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de auto de infração com ciência do contribuinte por via postal em 04/04/2012 (fl. 1037), lavrado para exigir a multa por acobertamento, prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, e a multa equivalente a 100% do valor aduaneiro das mercadorias relacionadas nas declarações de importação registradas entre 06/03/2009 e 01/11/2011. Segundo o termo de verificação fiscal de fls. 52/67, foi constatado basicamente o seguinte: a) os dois sócios da pessoa jurídica não comprovaram a origem lícita das integralizações de capital social no valor de R$ 150.000,00 cada um, realizadas por meio de vários depósitos bancários durante o ano de 2008, principalmente, porque uma parte dos valores utilizados para tal fim foram fornecidos por familiares dos sócios, os quais não se desincumbiram de comprovar a origem lícita dos valores fornecidos; e b) a análise da escrita contábil e demais documentos contábeis do contribuinte dos anos calendário de 2009 e 2010 revelaram, sem síntese, as seguintes irregularidades: 1) existência de lançamentos descrevendo fatos contábeis opostos aos evidenciados pelos documentos que lhe deram lastro, caracterizando o ingresso de recursos no caixa sem justa razão; 2) valores contabilizados como ingressos na conta bancos, sem a existência do correspondente depósito na conta bancária; 3) existência de depósitos nas contas bancárias não lançados na conta bancos da contabilidade; 4) existência de saldo credor na sub conta contábil bancos 10070 entre 03/12/2009 e 31/12/2009; 5) divergências entre o histórico do lançamento registrado na contabilidade e o fato demonstrado nos extratos da conta bancária; 6) divergência entre os histórico de movimentações financeiras fornecidos pelos bancos com os dados extraídos do razão; c) existência de pagamentos a terceiros e recebimentos de terceiros não registrados como tais na contabilidade. Diante de tais constatações, o Fisco considerou que não houve prova da origem lícita dos recursos empregados nas operações de importação e aplicou, a todas as Declarações de Importação citadas no demonstrativo de apuração, a presunção relativa estabelecida no art. 23, V, § 2º do DL nº 1.455/76, combinado com o art. 11, II, da IN SRF nº 228/2002, e a multa estabelecida no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, arrolando os dois sócios como responsáveis solidários pelas multas, com base no art. 135, do CTN. Em sede de impugnação, o contribuinte alegou, em síntese, nulidade do lançamento por cerceamento de defesa e, no mérito, a improcedência do lançamento em virtude da má aplicação da presunção relativa ao caso concreto. Basicamente a defesa entende que o fisco se limitou a importar para o caso concreto as conclusões do procedimento especial instaurado com base na IN SRF nº 228/2002, sem no entanto vincular os indícios com as DI autuadas. Entende a defesa, que o auto de infração deve ser cancelado porque não houve a individualização de cada conduta, uma vez que o fisco não vinculou os valores que supostamente não teriam origem à determinada operação de importação realizada. Demonstrou a improcedência da alegação do fisco de que não houve comprovação da integralização do Fl. 3631DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11762.720036/201250 Acórdão n.º 3402003.311 S3C4T2 Fl. 3 3 capital social. Apresentou farta documentação no intuito de demonstrar que em todas as operações de importação autuadas foram empregados recursos de origem lícita, provenientes de sua atividade operacional. Insurgiuse contra a aplicação simultânea das multas por acobertamento de terceiro e a resultante da conversão da pena de perdimento, sob a alegação de bis in idem. Alegou que a fiscalização não demonstrou a existência de elementos aptos que rendam ensejo à responsabilização solidária dos sócios. Por meio do Acórdão nº 35.071, de 25 de junho de 2014, a 1ª Turma da DRJ Florianópolis, julgou a impugnação procedente. Após a turma de julgamento ter afastado as preliminares de nulidade, as questões de mérito foram decididas a favor do contribuinte com as seguintes razões de decidir: a) Relativamente à integralização do capital social, a DRJ considerou que os próprios cheques e extratos bancários juntados pelo fisco comprovam a origem, a transferência e a disponibilidade dos recursos, pois demonstram os valores e as datas em que os cheques foram depositados nas contas bancárias da empresa. Ficou decidido que o fato de os familiares que forneceram uma parte dos recursos aos sócios da pessoa jurídica não terem registrado as operações em suas declarações perante o Fisco, não estabelece a presunção de que esses recursos não tiveram origem lícita; b) No que tange às inconsistências apuradas entre os registros contábeis da pessoa jurídica e a sua movimentação financeira, entendeu a DRJ que a farta documentação acostada com a impugnação nos Anexos I, II e III (fls. 2.179 a 3.247), comprovaram a origem lícita dos recursos empregados em cada uma das declarações de importação autuadas; c) Acrescentou o colegiado de primeira instância que o procedimento fiscal não correlacionou a acusada não comprovação da origem dos recursos com as respectivas declarações de importação autuadas, em frontal violação do art. 11 da IN SRF nº 228/2002; d) A DRJ também considerou procedente a alegação do contribuinte, no sentido de que as declarações de importação registradas durante o ano de 2011 deveriam ser excluídas da autuação, em razão da escrituração contábil do referido ano calendário não ter sido examinada pela fiscalização. Houve interposição de recurso de ofício ao CARF por parte do ilustre Presidente da Turma Julgadora. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O recurso de ofício preenche o requisito formal para sua admissibilidade, uma vez que a magnitude do valor exonerado pela DRJ supera em mais de seis vezes do limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 03, de 03/01/2008. Fl. 3632DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 Tratase de caso de interposição fraudulenta presumida, decorrente da aplicação da presunção relativa estabelecida no art. 23, V, § 2º, do DecretoLei nº 1.455/76, com a redação que lhe foi dada pelo art. 59, da Lei nº 10.637/2002, que estabelece o seguinte: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I a IV omissis... V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1oO dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2oPresumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Grifei) Já o art. 11, caput, da IN SRF nº 228/2002, ao regulamentar o procedimento especial de fiscalização, estabelece o seguinte: Art. 11. Concluído o procedimento especial, aplicarseá a pena de perdimento das mercadorias objeto das operações correspondentes, nos termos do art. 23, V do Decretolei nº1.455, de 7 de abril de 1976, na hipótese de: (...)" A leitura desses textos deixa evidente que deve existir uma relação de pertinência entre o período em que se constatou o fato indiciário da presunção com a operação de importação presumivelmente fraudulenta. No caso concreto, verificase que isso não ocorreu. A fiscalização constatou fatos indiciários ao longo dos anos de 2009 e 2010, quantificou alguns desses fatos, mas não os correlacionou com determinada declaração de importação. O fisco simplesmente apurou divergências e as estendeu a todas as operações de importação, estabelecendo a presunção relativa em relação a todas elas, inclusive às do ano de 2011, em relação às quais nem sequer houve verificação da contabilidade. Vejam senhores conselheiros, que o Fisco entendeu que não houve prova da origem dos recursos empregados na integralização do capital social no valor de R$ 300.000,00 em 2008 e adotou esse fato indiciário para presumir a interposição fraudulenta em declarações de importação registradas entre março de 2009 e novembro de 2010, cujas mercadorias importadas totalizaram cerca de R$ 5 milhões de Reais. Ora, como se pode aceitar que aqueles R$ 300.000,00 iniciais, depositados nas contas da empresa em 2008, financiaram importações realizadas cerca de três anos depois em 2011? Fl. 3633DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 11762.720036/201250 Acórdão n.º 3402003.311 S3C4T2 Fl. 4 5 A mesma perplexidade se verifica em relação aos fatos indiciários apurados na escrita do contribuinte nos anos de 2009 e 2010, que não foram vinculados às operações de importação realizadas em datas próximas às quais foram constatados os fatos indiciários. O cancelamento do auto de infração se impõe em razão da má aplicação da presunção relativa por parte do Fisco, ou seja, em razão da não vinculação do fato indiciário de interposição fraudulenta à operação que se presumiu ter sido fraudulenta, o que configura violação frontal do art. 11 da IN SRF nº 228/2002. Ad argumentandum, apenas para esgotar a matéria objeto do recurso de ofício em relação à documentação apresentada pela defesa, constatase que realmente houve a comprovação da origem lícita dos valores empregados na integralização do capital social por parte dos sócios da recorrente. Agiu com o costumeiro acerto a DRJ Florianópolis, pois os extratos bancários e os cheques carreados aos autos pelo fisco demonstram que os valores foram depositados nas contas bancárias da empresa e também de onde provieram. Eventuais omissões cometidas nas declarações prestadas ao fisco por pessoas físicas e jurídicas que forneceram recursos aos sócios não têm o condão de afetar a comprovação por eles efetuada, pois de tais omissões não decorre logicamente a conclusão de que a origem dos recursos foi ilícita. Relativamente à documentação constante dos Anexos I, II, e III, apresentados com a impugnação, verificase que ela é suficiente para elidir a presunção, caso a presunção tivesse sido corretamente aplicada, uma vez que a defesa conseguiu demonstrar para cada DI que os recursos empregados nas operações de importação foram originalmente provenientes da integralização do capital social e, na sequência das operações, que os recursos provieram de recebimentos de seus clientes, o que revela que o numerário empregado nas importações basicamente teve origem na atividade operacional da empresa. Também não merece reparo a decisão recorrida na parte em que determinou a exclusão sumária das DI registradas em 2011, pois se a fiscalização nem sequer examinou a escrita fiscal desse ano calendário, significa que não foram constatados fatos indiciários para sustentar a aplicação da presunção legal para nenhuma DI registrada no período. Com esses fundamentos, encaminho meu voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício para ratificar o acórdão de primeira instância por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 3634DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Fl. 3635DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 14098.000473/2008-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO COMPROVADOS. PRESUNÇÃO.
A presunção contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza que o fato indiciário (depósitos bancários de origem não comprovada) seja equiparado ao fato presumido (omissão de receitas). Uma vez caracterizado o fato indiciário, a sua equiparação com o fato presumido é uma determinação legal.
MULTA AGRAVADA. INADMISSIBILIDADE.
É incabível o agravamento da multa quando a lei prevê uma consequência direta para a não apresentação dos elementos solicitados.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA.
A autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar alegações de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL.
Incabível a responsabilização solidária por interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN quando não se verifica a confusão patrimonial de esferas pessoais típica desse conceito.
RO Negado e RV Provido em Parte
Numero da decisão: 1401-001.707
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL, apenas ao recurso voluntário do Sr. MARCOS CARDOSO BRITO. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Antonio Bezerra Neto.
Documento assinado digitalmente.
Antônio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Ricardo Marozzi Gregorio - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: RICARDO MAROZZI GREGORIO
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Omissão de receitas por depositários bancários não contabilizados. Multa qualificada e agravada. Responsabilidade tributária. Recorrentes AM2 DISTRIBUIDORA BRASILEIRA DE PETROLEO LTDA ME e OUTROS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO COMPROVADOS. PRESUNÇÃO. A presunção contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza que o fato indiciário (depósitos bancários de origem não comprovada) seja equiparado ao fato presumido (omissão de receitas). Uma vez caracterizado o fato indiciário, a sua equiparação com o fato presumido é uma determinação legal. MULTA AGRAVADA. INADMISSIBILIDADE. É incabível o agravamento da multa quando a lei prevê uma consequência direta para a não apresentação dos elementos solicitados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 INCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar alegações de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. CONFUSÃO PATRIMONIAL. Incabível a responsabilização solidária por interesse comum previsto no artigo 124, I, do CTN quando não se verifica a confusão patrimonial de esferas pessoais típica desse conceito. RO Negado e RV Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 00 04 73 /2 00 8- 45 Fl. 501DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 502 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL, apenas ao recurso voluntário do Sr. MARCOS CARDOSO BRITO. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas Boas e Antonio Bezerra Neto. Documento assinado digitalmente. Antônio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini de Carvalho, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por AM2 DISTRIBUIDORA BRASILEIRA DE PETROLEO LTDA ME e OUTROS contra acórdão proferido pela DRJ/Campo Grande que concluiu pela procedência parcial das impugnações. No mesmo acórdão, recorreuse de ofício em face da exoneração de crédito tributário que superou o limite previsto na Portaria MF nº 03/2008. Os créditos tributários lançados, no âmbito da Defis/SP, referentes ao IRPJ e reflexos, devidos nos períodos de apuração correspondentes ao anocalendário de 2005, totalizaram o valor de R$ 98.215.171,77. A autuação foi motivada pela omisssão de receitas por depósitos bancários não comprovados. Houve, também, a imposição de multas qualificadas e agravadas, bem como a atribuição de responsabilidade tributária às pessoas físicas de CHRISTIANE EVARISTO MENDANHA REIS, MARCOS CARDOSO BRITO, EDI MOREIRA DA SILVA e CLÁUDIO DE SOUZA ARAÚJO. O processo havia sido convertido em diligência pela extinta 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 1ª Seção. Por bem descrever os fatos, peço vênia para reproduzir o relatório da correspondente resolução: Fl. 502DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 503 3 Tratase de lançamentos por meio dos quais a Fiscalização, apurando omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários não contabilizados, formalizou a exigência de crédito tributário relativo a IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no montante de R$ 98.215.171,77, compreendendo tributo, multa e juros, tendo por fundamento legal o art. 42 da Lei n° 9.430/1996 e demais dispositivos indicados nos autos de infração de fls. 02 a 12,13 a 21, 22 a 30 e 31 a 38. A contribuinte, não resignada, apresentou impugnação alegando, em síntese, que os valores depositados nas contas bancárias provêm de operações de compra e venda de combustíveis e derivados de petróleo. A exigência, portanto, não poderia prevalecer em razão da imunidade que, alcançando tais produtos, impediria a incidência de qualquer imposto ou contribuição, ressalvados o ICMS e os impostos de importação e exportação. Esse entendimento encontraria amparo no § 3° do art. 155 da Constituição Federal, na redação anterior à que foi dada pela Emenda Constitucional n° 33/2001. Concluiu, assim, pela impossibilidade de se exigir tributo sobre operações que tenham por objeto combustíveis e derivados de petróleo, bem como sobre a renda e o faturamento dai provenientes. Alegou ainda inconstitucionalidade da taxa Selic. Disse que ela, ao estabelecer percentuais superiores a 1% ao mês, violou o disposto no §1° do art. 161 do Código Tributário Nacional — CTN. Assim, a aplicação da taxa Selic, naquilo que excede a 1% ao mês, consubstancia majoração de tributo sem lei que o preveja, violando o principio da legalidade. Além disso, teria a Selic fins remuneratórios. Quanto à multa, sustentou ter efeito confiscatório e violar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Com esses fundamentos, pugnou pela nulidade dos atos administrativos de constituição do crédito tributário. Em seqüência, foram os autos remetidos à DRJ de origem, que, entretanto, os devolveu à. unidade preparadora, a fim de que se incluíssem no pólo passivo os sócios e administradores, tendo em vista considerações de duas ordens: a) os termos em que se apresenta descrita a infração; e b) a existência de representação penal, que forçosamente imputa responsabilidade pessoal a sócios e administradores. Uma vez incluídos no pólo passivo dos lançamentos, foram intimados Christine Evaristo Mendanha Reis, Marcos Cardoso de Brito, Edi Moreira da Silva e Cláudio de Souza Araújo, os quais, à exceção do último, manifestaramse, em peça única, por meio da impugnação de fls. 293 a 302. Nela os impugnantes afirmam terem prestado, em 27/11/2008, os esclarecimentos solicitados pela Fiscalização, que não se manifestou a respeito. Ademais teria havido, na obtenção dos extratos bancários, afronta ao principio constitucional da inviolabilidade de dados. No mérito, afirmaram que o imposto de renda não pode recair sobre a movimentação bancária, que não é renda nem pode servir de base de cálculo para lançamento do imposto. Os valores depositados eram provenientes de operações de compra e venda de combustíveis que não produziram qualquer lucro. No que tange à multa, insistiram os impugnantes no vicio decorrente do caráter abusivo e confiscatório da sanção pecuniária. Pugnaram, por fim, pela insubsistência da autuação. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 504 4 Na data do julgamento, foi juntada aos autos a impugnação de Cláudio de Souza Araújo, a qual, posto apresentada tempestivamente, só chegou à DRJ em 21/01/2010 (f1.312), o que obrigou a retirar de pauta o processo, a fim de examinaremse os argumentos alinhados na impugnação. O impugnante afirmou ser descabida a imputação de responsabilidade solidária e que deve ser cancelado o ato administrativo por inobservância, em sua constituição, dos princípios que norteiam o direito administrativo. Preliminarmente arguiu nulidade na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF, já que foi conferido o exercício de instaurar o ato de controle a quem também está encarregado de executálo; além disso, não teria havido motivação quando de sua expedição, afrontando, por tudo isso, o principio da razoabilidade. De motivação careceria também a sujeição passiva que recai sobre o impugnante. Ele já não era representante da empresa ao tempo dos fatos, pois declinara dos poderes recebidos em 15/08/2005. Acrescentou não haver causa que justificasse a responsabilidade do impugnante, uma vez que esta só se verifica quando presentes os requisitos do art. 135, inciso II, do CTN. E, nesse sentido, afirmou não ter cometido abusos, excessos ou infrações à lei, estatutos ou contrato social. Disse que em 2005 fora contratado por Edi Moreira da Silva para prestar serviços e, para desempenhar essa tarefa, recebera uma procuração com amplos poderes, nos quais se incluía a movimentação bancária em Paulínea, até que fosse contratado um gerente financeiro. Porém, a Fiscalização é que deveria provar que o impugnante, ao tempo da constituição do crédito tributário (sic), exercia o cargo de gerência ou administração da empresa. Ademais, a responsabilidade do sócio, gerente ou administrador é subjetiva, cabendo, também nesse ponto, à Fazenda provar a máfé, o excesso ou a infração à lei. Além disso, a simples mora ou ausência de recolhimento não pode dar ensejo à responsabilização pessoal do mandatário. Por fim, concluiu dizendo que o lançamento foi realizado sem observar o disposto no art. 142 do CTN e com violação aos principias da reserva legal e da segurança jurídica. Disse que não foi legitima a verificação da ocorrência do fato gerador e que meras presunções ou indícios são elementos insuficientes para caracterizar a ocorrência do fato gerador. Com esses fundamentos, requereu sua exclusão do pólo passivo e, como os demais impugnantes, pediu o cancelamento do auto de infração. A 2ª TURMA DA DELEGACIA FEDERAL DE JULGAMENTO EM CAMPO GRANDE DRJ/CGE, ao analisar as impugnações opostas, houve por bem exonerar em parte o crédito tributário, reduzindo a multa de oficio cominada, de 225 % (duzentos e vinte e cinco por cento) para 150% (cento e cinquenta por cento). Assim restou ementando referido decisum: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 Fl. 504DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 505 5 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EXPEDIÇÃO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. Eventual irregularidade na expedição de mandado de procedimento fiscal não gera nulidade do lançamento, se dela não decorre prejuízo para o contribuinte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS. ORIGEM NÃO ESCLARECIDA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. Os valores creditados em contas bancárias geram presunção "juris tantum" de omissão de receitas, quando a pessoa jurídica, não os tendo contabilizado, não comprovar a origem dos recursos utilizados nas respectivas operações. REPRESENTANTE DE PESSOA JURÍDICA. PREPOSTO. PRÁTICA DE ATO COM VIOLAÇÃO DE LEI, ESTATUTOS OU CONTRATO SOCIAL. RESPONSABILIDADE. O representante de pessoa jurídica responde pelos créditos tributários decorrentes de atos praticados com violação de lei, estatutos ou contrato social. MULTA. VEDAÇÃO AO CONFISCO. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. Ê vedado ao órgão administrativo o exame da razoabilidade da lei e de eventuais ofensas pela norma legal a princípios constitucionais, inclusive aquele que veda o tributo confiscatório. MULTA. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INTIMAÇÃO. FALTA DE ESCLARECIMENTO QUANTO AS ORIGENS DOS VALORES DEPOSITADOS. AGRAVAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A falta de esclarecimento pelo contribuinte quanto às origens dos valores depositados na contas bancárias só autoriza a presunção de omissão de receitas e não o agravamento da multa." Intimada, por via postal, em 05.03.2010 (fl. 420), a autuada interpôs Recurso Voluntário tempestivo, em 29.03.2010 (fls. 425 e ss.). Foi interposto, outrossim, Recurso de Oficio, em virtude das exonerações perpetradas. Como já anunciado, o processo havia sido convertido em diligência pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 1ª Seção. O motivo dessa diligência foi o fato de ter sido constatado que as pessoas físicas apontadas como responsáveis solidários não haviam sido cientificadas da decisão recorrida. Procedeuse, assim, às intimações daquelas pessoas físicas da seguinte forma: os Srs. MARCOS CARDOSO BRITO e CLÁUDIO DE SOUZA ARAÚJO, por correspondência com aviso de recebimento; e os Srs. EDI MOREIRA DA SILVA e CHRISTIANE EVARISTO MENDANHA REIS, por edital. Decorridos os prazos regulamentares, apenas o Sr. MARCOS CARDOSO BRITO apresentou recurso. Fl. 505DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 506 6 Em seu recurso (fls. 430 a 433), a empresa contribuinte basicamente argumenta que a movimentação bancária não se confunde com a renda e que haveria ofensa ao princípio constitucional da inviolabilidade dos dados. Por sua vez, o Sr. MARCOS CARDOSO BRITO, em seu recurso (fls. 462 a 469), alega que: (i) a fiscalização deveria comprovar que os depósitos realmente equivalem a rendimentos omitidos; (ii) não se beneficiou economicamente, não participou das condutas narradas no auto de infração, nem foi intimado a esclarecer as origens dos depósitos (e mesmo que o fosse não teria a mínima condição de prestar tais informações, tendo em vista que jamais abriu ou movimentou alguma conta bancária da empresa); (iii) não obteve retiradas prólabore nem participação nos lucros e resultados da empresa; (iv) a empresa sempre foi gerida pelo Sr. Edi Moreira; (v) apenas passou procuração pública para que os administradores gerissem a empresa; e (vi) a empresa de responsabilidade limitada é pessoa distinta dos seus sócios. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Marozzi Gregorio, Relator Os recursos voluntários são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, deles tomo conhecimento. Além disso, o valor do crédito tributário exonerado pela decisão de primeira instância supera aquele previsto no artigo 2º da Portaria MF nº 375/2001, com o valor alterado pela Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008 (tributos e encargos de multa superior a R$ 1.000.000,00), motivo pelo qual o recurso de ofício interposto também deve ser conhecido. Conforme relatado, afora a exoneração do agravamento da multa que ensejou o recurso de ofício, o litígio circunscrevese às alegações apresentadas pela empresa autuada e pelo Sr. MARCOS CARDOSO BRITO, uma vez que as demais pessoas físicas apontadas como responsáveis não apresentaram recursos voluntários. Com relação ao recurso da empresa, há pouco a acrescentar além daquilo que foi suscitado no acórdão recorrido. A tributação dos depósitos bancários de origem não comprovada ocorre porque há uma presunção legal de omissão de receita. Nesse sentido, vejase que a fiscalização fundamentou seu feito na conformidade do que prevê o artigo 42 da Lei nº 9.430/96, verbis: Fl. 506DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 507 7 Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; (...) Observase, neste particular, que a empresa foi devidamente intimada a comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas bancárias (cf. Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais nos Autos de Infração fls. 6 e 7; 17 e 18; 26 e 27; e 35 e 36). Registrese que os mencionados depósitos foram devidamente individualizados (fls. 73 a 123). Como resposta, a empresa nada respondeu nem justificou o porquê do silêncio. A fiscalização, ainda assim, identificou os valores que correspondiam a cheques devolvidos e os desconsiderou (cf. Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais nos Autos de Infração fls. 8; 19; 28; e 37). Portanto, a fiscalização agiu rigorosamente de acordo com a previsão legal. A presunção contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96 autoriza que o fato indiciário (depósitos bancários de origem não comprovada) seja equiparado ao fato presumido (omissão de receitas). Não se trata de autuação baseada em mero indício. Uma vez caracterizado o fato indiciário, a sua equiparação com o fato presumido é uma determinação legal. Quanto à alegação de que haveria ofensa ao princípio constitucional da inviolabilidade dos dados, na mesma linha do que foi levantado na primeira instância acerca das alegações endereçadas ao caráter confiscatório das multas aplicadas, lembro que a inconstitucionalidade de comandos legais não pode ser apreciada por este Colegiado. É que a atuação administrativa deve ser pautada pelas normas estabelecidas pela lei. A competência desta Casa está circunscrita a verificar os aspectos legais dessa atuação. Quanto a isso, vale a pena transcrever o que dispõem o artigo 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/15, e a Súmula CARF nº 2: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (grifei) Fl. 507DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 508 8 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, cumpre enfatizar a exigência regimental para que os julgados desta Casa observem os entendimentos sumulados. É o que está determinado no artigo 72 do Anexo II do RICARF: Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. No que diz respeito ao recurso do Sr. MARCOS CARDOSO BRITO, primeiramente, remetese à questão já enfrentada concernetnte à não necessidade de a fiscalização ter que comprovar que os depósitos equivalem a rendimentos omitidos. A lei já faz essa presunção legal. Quanto ao pleito que pretende excluílo da condição de sujeito passivo, há que se buscar a motivação para a sua inclusão como responsável solidário pelos créditos tributários constituídos. Como relatado, foi a instãncia a quo quem provocou o retorno dos autos à unidade de origem, para que esta incluísse no pólo passivo os sócios e administrores da empresa, considerando os termos em que se apresentava descrita a infrção e a existência de representação fiscal para fins penais. De fato, na Descrição dos Fatos e Enquadramentos Legais nos Autos de Infração (fls. 6 e 7; 17 e 18; 26 e 27; e 35 e 36), a autoridade autuante afirma que: "a informação dada pelo Sr. Cláudio de Souza Araújo que o administrador da empresa era o Sr. EDI MOREIRA DA SILVA, ensejando a esta fiscalização que, ao acatar tal informação coloca o mesmo como o responsável pela empresa e os sócios constantes no Contrato Social, MARCOS CARDOZO DE BRITO E CHRISTINE EVARISTO MENDANHA DOS REIS como interpostas pessoas" Por conta disso, foram lavrados quatro termos de sujeição passiva solidária. Relativamente à pessoa física objeto do recurso que se analisa, o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 283 e 284) foi fundamentado no artigo 124 do CTN. Quando se busca a motivação para esse enquadramento, verificase que a autoridade fiscal tão somente afirma que o recorrente "pode não ter sido o mentor intelectual dos fatos que culminaram com a sonegação dos impostos mas teve participação e por isso deve ser colocado como sujeito passivo solidário". E conclui que o recorrente tem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária porque "faz parte do contrato social da empresa na qualidade de sócio". O artigo 124 do CTN prescreve: Fl. 508DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 509 9 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. O interesse comum é um conceito indeterminado que exige construção jurisprudencial. De imediato, impõese a consagrada interpretação segundo a qual ocorre tal hipótese quando duas ou mais pessoas se instalam no mesmo lado da relação obrigacional escolhido pelo legislador para a configuração da sujeição passiva tributária (exemplo clássico dos coproprietários de um imóvel em relação ao IPTU). Além disso, o STJ cristalizou o entendimento de que o fato de haver empresas que pertençam ao mesmo grupo econômico, por si só, não enseja a responsabilidade solidária (AgRg no REsp nº 1.102.894, AgRg no Ag nº 1.055.860, REsp nº 834.044, REsp nº 1.001.450). Portanto, em situações semelhantes, há que se demonstrar algo mais do que a mera pertinência dentro do grupo econômico. Entendo que caracterizase também o interesse comum quando é constatada a existência de pessoas diretamente beneficiadas por recursos financeiros ou patrimoniais fornecidos pelo contribuinte. No caso de pessoas jurídicas, normalmente essa situação vem acompanhada de uma ligação umbilical entre atividades aparentemente independentes, marcada pela confusão patrimonial, vinculação gerencial e coincidência de sócios administradores. No caso de pessoas físicas, normalmente há a apropriação direta dos recursos da empresa contribuinte, marcada pela obtenção de empréstimos ou usufruto de bens desprovidos de maiores formalidades. Essas pessoas não possuem apenas o interesse mediato no resultado econômicofinanceiro das atividades da empresa contribuinte, como é o que ocorre, de regra, com qualquer pessoa que regularmente pertença ao quadro societário de uma empresa. Têm também o interesse imediato e comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal (a receita, o lucro). Isso porque se beneficiam dessas situações jurídicas diretamente, dispensando a regular distribuição de lucros, por obra da confusão patrimonial estabelecida entre suas esferas pessoais e a da empresa contribuinte. Nada obstante, não há nos autos evidência de que possa ter havido a citada confusão patrimonial. Inexiste qualquer menção à apropriação direta dos recursos da empresa autuada pelo recorrente. Nesse contexto, entendo que deva ser afastada a responsabilidade tributária contra a ele atribuída. Por fim, no tocante ao recurso de ofício, constatase que a decisão recorrida motivou o desagravamento das multas aplicadas no fato de que a falta de atendimento à intimação para explicar as origens dos valores depositados já tem uma consequência própria, qual seja, a efetivação da presunção legal contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Sei que boa parte da jurisprudência desta Casa inclinase no sentido de restringir o agravamento da multa às situações em que a falta de cooperação do contribuinte causa prejuízos para a ação fiscal. Noutros casos, a ideia de “causar prejuízos” é substituída por expressões de conteúdo semelhante como “dificultar”, “impedir” ou “embaraçar” a fiscalização. Fl. 509DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 510 10 Nada obstante, não concordo com esse entendimento. Para começar, a redação do artigo 44, § 2º, “a”, da Lei nº 9.430/96, enuncia um critério absolutamente distinto: o “não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos”. Admito até discutir a amplitude do conceito indeterminado “prestar esclarecimentos”, mas não vejo motivo para impor uma restrição que a lei não previu. Ademais, como inferir que não houve prejuízo, dificuldade, impedimento ou embaraço à fiscalização se não se pode ter certeza de que outros fatos poderiam estar sendo ocultados? E se tais fatos ensejassem créditos tributários de maior soma? E se comprovassem outras responsabilidades tributárias? E se motivassem a ampliação da ação fiscal (tributos, períodos, outros contribuintes)? E se, por outro lado, atuassem em benefício dos sujeitos passivos, não haveria também que se considerar o prejuízo de uma ação fiscal que indevidamente imputou o ônus tributário? O dever de prestação de informações à Receita Federal tem respaldo legal e foi consolidado nos artigos 927 e 928 do RIR/99, verbis: Art. 927. Todas as pessoas físicas ou jurídicas, contribuintes ou não, são obrigadas a prestar as informações e os esclarecimentos exigidos pelos AuditoresFiscais do Tesouro Nacional no exercício de suas funções, sendo as declarações tomadas por termo e assinadas pelo declarante (Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º). Art. 928. Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não, poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 123, DecretoLei nº 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 197). Portanto, a falta de resposta à intimação que solicita informações ou esclarecimentos caracteriza verdadeira falta de respeito para com a Administração Tributária. Por isso, a determinação legal é de que tal conduta deva ser penalizada. Sem embargo, as informações solicitadas não poderão ter conteúdo dissociado daquilo que for razoavelmente necessário para a apuração das situações fáticas concernentes aos tributos e períodos preestabelecidos para a ação fiscal. Nada impede, contudo, se as respostas fornecidas revelarem indícios de que houve descumprimento de obrigações tributárias em outros tributos e/ou períodos, que seja solicitada a ampliação da ação fiscal. A partir de então, os elementos solicitados deverão estar circunscritos dentro dessa nova amplitude. Obedecida essa premissa, o agravamento da multa nada mais é do que a sanção legal para o não cumprimento do mencionado dever legal de prestação de informações. Diante disso, prefiro seguir a literalidade da lei. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 14098.000473/200845 Acórdão n.º 1401001.707 S1C4T1 Fl. 511 11 Por outro lado, quando a lei prevê uma consequência direta para a não apresentação dos elementos solicitados, entendo que não cabe o agravamento. É o caso, por exemplo, da não apresentação da escrituração contábil/fiscal, que acarreta o arbitramento do lucro. Ou da não apresentação da documentação comprobatória de uma determinada despesa, que autoriza a sua glosa. E também da não comprovação da origem de depósitos bancários, que concretiza a presunção legal de omissão de receita. Nestes casos, o conflito normativo é resolvido pelo critério da especialidade de modo que os elementos solicitados não podem ser incluídos no âmbito dos “esclarecimentos” veiculados no artigo 44, § 2º, “a”, da Lei nº 9.430/96. Nesse sentido, no presente processo, além dos esclarecimentos atinentes à comprovação dos valores lançados nos extratos bancários, observo que foram solicitadas informações condizentes com a representação legal da empresa. O conteúdo de todas as intimações ficou restrito a isso. Como já ressaltado, a consequência da não apresentação desses elementos redundou na efetivação da presunção legal de omissão de receitas. Essa regra especial tem precedência sobre a regra do agravamento da multa pretendida pela fiscalização. Acresçase a isso, o fato de a autoridade não ter indicado esclarecimentos distintos que possam ter motivado o agravamento. Correta, portanto, a exoneração promovida pela DRJ, no que fica caracterizado o não provimento do recurso de ofício. Pelo exposto, oriento meu voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial, apenas ao recurso voluntário do Sr. MARCOS CARDOSO BRITO, para excluir a responsabilidade solidária que lhe havia sido atribuída. Documento assinado digitalmente. Ricardo Marozzi Gregorio Relator Fl. 511DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 10/10/ 2016 por RICARDO MAROZZI GREGORIO, Assinado digitalmente em 13/10/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO
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