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Numero do processo: 13888.004115/2010-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2008
LITÍGIO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA MANIFESTADA.
O pedido de parcelamento comprovado, nos termos da Lei nº 11.941/09, enseja desistência do litígio administrativo.
Numero da decisão: 2201-004.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em razão da desistência do litígio administrativo manifestada da tribuna e mediante petição juntada ao processo eletrônico, em decorrência de inclusão do débito em questão em parcelamento.
(assinado digitalmente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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PEDIDO DE PARCELAMENTO. DESISTÊNCIA MANIFESTADA. O pedido de parcelamento comprovado, nos termos da Lei nº 11.941/09, enseja desistência do litígio administrativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, em razão da desistência do litígio administrativo manifestada da tribuna e mediante petição juntada ao processo eletrônico, em decorrência de inclusão do débito em questão em parcelamento. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 41 15 /2 01 0- 67 Fl. 271DF CARF MF 2 Tratase de Recurso de Voluntário interposto contra acórdão da 7ª Turma da DRJ Ribeirão Preto/SP que manteve o lançamento tributário relativo às contribuições sociais previdenciárias devidas pela empresa, inclusive a parcela devida a Terceiros, e incidentes sobre valores pagos a título de PLR. Tal crédito foi constituído por meio de Auto de Infração que contém os Debcad's 37.271.2142 (fls. 8 do processo digitalizado), devidamente explicitado pelo Relatório Fiscal de folhas 20. Mencionado documento contém crédito tributário no valor de R$ 592.886,30, em valores consolidados em agosto de 2014. A ciência pessoal do Auto de Infração, que contém o lançamento referente às contribuições devidas no período de julho de 2007 a dezembro de 2008, ocorreu em 18 de agosto de 2010, conforme se verifica às folhas 8. Em 10 de setembro de 2010, foi apresentada a impugnação ao lançamento (fls.128). Em 08 de dezembro de 2010, a 7ª Turma da DRJ Ribeirão Preto, por meio da decisão consubstanciada no Acórdão 1431.847 (fls. 192), de forma unânime, julgou improcedente a defesa administrativa apresentada e tal decisão restou assim ementada: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. ENDEREÇO CADASTRAL. INTIMAÇÃO ENDEREÇADA A ADVOGADOS. INDEFERIMENTO. O domicílio tributário do sujeito passivo é endereço, postal, eletrônico ou de fax fornecido pelo próprio contribuinte à Receita Federal do Brasil para fins cadastrais. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o 'pedido de endereçamento das intimações ao escritório dos advogados. INCONSTITUCIONAL1DADE. ILEGALIDADE. ARGUIÇÃO. AFASTAMENTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para afastar a aplicação da legislação vigente em decorrência da arguição de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade. PROVAS. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental no contencioso administrativo previdenciário deve ser apresentada juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas. Impugnação Improcedente" Tal decisão tem o seguinte relatório que, por sua clareza e precisão, reproduzo (fls. 645): Fl. 272DF CARF MF Processo nº 13888.004115/201067 Acórdão n.º 2201004.381 S2C2T1 Fl. 272 3 Trata o presente de AutodeInfração de Obrigações Principais AIOP Debcad n.° 37.271.2142, de 11/08/2010, no montante de R$ 592.886,30 (quinhentos e noventa e dois mil, oitocentos e oitenta e seis reais e trinta centavos), referente a contribuições à Seguridade Social, parte patronal, da alíquota para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho — RAT, incidentes sobre remunerações de empregados a título de participação nos resultados pagas em desacordo com a legislação. Informa o Relatório do Auto de Infração — RF (fls. 12/23): A autuada foi intimada e apresentou o "Acordo Coletivo de Plano de Participação nos Resultados — PPR" relativo ao período de 01/2007 a 06/2007, alegando que, embora o PPR apresentado se referisse apenas ao primeiro semestre de 2007, o mesmo havia sido aplicado nos períodos subsequentes. Em relação ao período de 07/2007 a 12/2008, não houve acordo coletivo arquivado no sindicato dos trabalhadores, deixando a autuada de atender o previsto no art. 2.°, § 2.° da Lei 10.101/00; O PPR apresentado (relativo ao período de 01/2007 a 06/2007) prevê que os empregados receberiam uma importância variável a ser aferida de acordo com critérios estabelecidos e, ainda, mensurados e quantificados através de cartas individuais que cada empregado receberia após a celebração do acordo; A fiscalização entendeu que os procedimentos adotados pela empresa não atenderam o disposto na Lei 10.101/00 no que tange a constar regras claras, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, pois as cartas onde foram estabelecidos, para cada empregado, como os critérios seriam mensurados e quantificados, foram por eles recebidas após a celebração do plano, sem pactuação prévia, elaboradas pela empresa de forma unilateral. Assim, a empresa não demonstrou, nos acordos, os mecanismos de que se utilizou para apurar o valor final a ser pago individualmente a cada empregado, sem a observância da negociação coletiva como exigido por lei; Fica claro que o programa de PPR da empresa fiscalizada, além de não possuir regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos, visa a complementação da remuneração dos empregados, como instrumento de política salarial, condicionando seu recebimento à assiduidade, pontualidade (para os empregados não operacionais), além de outros critérios de avaliação individual, como a qualidade do trabalho e o cumprimento de prazos. Não se pode considerar parâmetros como assiduidade e pontualidade para a participação nos lucros e resultados, urna vez que eles não correspondem necessariamente ao lucro ou resultado de empresa, sendo que a citada Lei 10.101/00 não cuida do desempenho de cada trabalhador considerado individualmente, mas sim regula a Fl. 273DF CARF MF 4 participação destes nos lucros e resultados da empresa (art. 2.°, § 1.0, I); A empresa efetuou pagamentos de participação nos resultados em todos os meses, sendo que, no período fiscalizado, urna média de 27,43% dos empregados não receberam a participação nos resultados em suas remunerações mensais e, no mesmo período os valores pagos a título de PPR, na média, representaram 214,47% das remunerações — base de cálculo para as contribuições previdenciárias, o que evidencia o uso dessa participação como política salarial e complementação da remuneração dos empregados, constituindo tal fato urna violação do art. 3.° da Lei 10.101/00, que veda tal substituição ou complementação; O pagamento relativo à participação nos resultados foi efetuado em parcelas mensais, conforme previsto no laeordo apresentado, constando, nas folhas de pagamento como verba não sujeita à incidência de contribuições previdenciárias, tendo sido, portanto, realizado em desacordo com a legislação, urna vez que, pela Lei 10.101/00, o pagamento a esse título é vedado em periodicidade inferior a seis meses, ou mais de duas vezes no mesmo ano; Concluise que o programa de PPR da autuada está em desacordo com a Lei 10.101/00 e, além disso, em relação ao período de 07/2007 a 12/2008, não houve acordo arquivado na entidade sindical dos trabalhadores, exigido pelo art. 2.°, § 2.° dessa lei. Assim, os valores integrais pagos pela empresa no período, a título de PPR. constituem fatos geradores de contribuições previdenci árias; Foram examinados os seguintes documentos, relativos ao período de 01/2007 a 12/2008: folhas de pagamento fornecidas através de arquivos digitais; Guias da Previdência Social — GPS; Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social — GFIP; acordos coletivos de Plano de Participação em Resultados dos empregados da autuada, contabilidade fornecida através de arquivos digitais; Livros Diários de 2007 e 2008, sendo que os relativos a 2008 foram registrados após o início da ação fiscal, tendo tal fato sido objeto de auto de infração de obrigação acessória; A falta de declaração em GF1P das remunerações relativas ao PPR e respectivas contribuições constituiu infração à obrigação acessória prevista no art. 32, IV e § 5.0 da Lei 8.212/91, com previsão, de acordo com a legislação vigente à época, de aplicação de multa prevista no art. 32, § 5,° da mesma Lei 8.212/91, além da cobrança de multa de mora de 24% aplicada no descumprimento da obrigação principal, de acordo com o art. 35 do mesmo diploma legal, tudo na redação anterior à trazida pela Lei 11.941/09. Em respeito ao disposto no art. 106. II, "c" do CTN, para infrações cometidas em competências anteriores a 12/2008. a soma dos valores das multas citadas deve ser confrontada com a multa prevista no art. 44:1 da Lei 9.430/96 combinado com o art. 35A da Lei 8.212/91, na redação da Medida Provisória n.° Fl. 274DF CARF MF Processo nº 13888.004115/201067 Acórdão n.º 2201004.381 S2C2T1 Fl. 273 5 449, de 04/12/2008, convertida na Lei 11.941/09, de 27/05/2009, aplicandose, em cada competência, a penalidade mais benéfica ao contribuinte. Tal comparação foi efetuada conforme anexo "Demonstrativo do Cálculo da Multa" de fls. 39/40, no qual concluise que as penalidades previstas na legislação anterior à MP 449 (multa de mora de 24% mais auto de infração por descumprimento de obrigação acessória) são mais benéficas para as competências até 09/2008 e, a partir de 10/2008, foi aplicado o previsto no art. 44. I da Lei 9.430/96 (auto de infração com multa de oficio de 75%), garantindose assim o disposto no art. 106. II, "c do CTN; Pela falta de declaração do total das remunerações em GF1P e respectivas contribuições previdenciárias, após o trânsito em julgado no âmbito administrativo, havendo confirmação do débito, a empresa será representada ao Ministério Público pelo crime em tese. de sonegação fiscal, na forma da lei. Durante a ação fiscal, foram lavrados, além do presente AlOP. os seguintes autos de infração, que estão sendo julgados concomitantemente: AIOP Debcad ri.0 37.271.2150, referente a contribuições a outras entidades e fundos (terceiros) sobre pagamentos de PPR; Auto de infração de obrigação acessória— AIOA Debcad n.° 37.271.216 9 (CFL 38), lavrado por descumprimento de obrigação acessória em relação a livros contábeis; AlOP Debcad n.° 37.271.2177, referente a contribuições dos segurados sobre pagamentos de PPR; AIOA Debcad n.° 37.271.2185 (CFL 68), lavrado por descumprirnento de obrigação acessória de informar todos os fatos geradores cru GFIP. Os processos acima encontramse anexados ao presente, denominado de "processo principal", por conter todos os documentos relacionados à ação fiscal tais corno intimações, termos e avisos de recebimento. impugnação: Dentro do prazo regulamentar, o sujeito passivo apresentou impugnação. através do instrumento de fls. 117/135, na qual, inicialmente, requer que todas as notificações i ntunaç õ" es sejam enviadas a advogados que nomm eia e apresenta as se g,uintes argumen tações em resumo: , Do rigor excessivo: Afirma a defendente que, quando da realização da fiscalização, houve rigor excessivo, que não se justifica, porquanto a fiscalização não encontrou nenhuma infração, POIS a autuada cumpre fiel e rigorosamente todos os preceitos da legislação trabalhista. Fl. 275DF CARF MF 6 Do ato nulo: É nulo o ato praticado, não tendo a fiscalização autuado com o devido zelo, desrespeitando os princípios norteadores do Direito Público, quais sejam: os princípios da legalidade, da finalidade, da motivação e da razoabilidade, não visando o interesse público primário, preocupandose, exclusivamente, com o interesse público secundário. Da imunidade tributária: O art. 3.° e seu § 3.° da Lei 10.101/00 estão em perfeita harmonia com o disposto no art. 7.° da CF, que instituiu a imunidade tributária dos lucros ou resultados distribuídos pelas empresas a seus funcionários. O texto constitucional, na parte que os desvinculou da remuneração é autoaplicável e, mesmo que assim não fosse, os requisitos enumerados na citada lei têm caráter meramente indicativo, nela não se encontrando qualquer dispositivo que vincule tal benefício ao conceito de remuneração ou que desconsidere sua desvinculação na hipótese de inobservância de qualquer um dos requisitos previstos em seu art. 2.° e nem o poderia, porque o que a CF imunizou, o legislador ordinário não poderia tributar. Caberia ao legislador infraconstitucional, por meio de lei complementar, apenas regular a limitação constitucional ao poder de tributar, nos termos do art. 146, II da CF. Por isso, há de ser interpretada com intensa restrição o disposto no art. 28, § 9.°, "j" da Lei 8.212/91, que determina a não incidência de contribuições sociais, exclusivamente, a participação nos lucros e resultados da empresa quando paga ou creditada de acordo com a lei específica. Como se vê, a lei específica não poderia considerar o benefício intributável, por expressa disposição constitucional, em remuneração integrante do salário de contribuição, a pretexto de que preteriu alguma formalidade nela prevista, sendo nula a autuação, porquanto não cabe à fiscalização disciplinar se o PPR pago enquadrase ou não nas disposições da Lei Ordinária 10.101/00, porquanto tal matéria possui imunidade tributária prevista na CF. Do acordo coletivo de PPR e da falta de regras claras quanto à aferição de seu cumprimento: Afirma o sujeito passivo não ter razão a fiscalização em seu entendimento que as regras para a aferição do PPR não são claras, bem como as cartas individuais de PPR terem sido entregues ao empregados após a celebração do acordo. Ressalta que o acordo coletivo foi celebrado com base no art. 7.0, XXVI ("XXVI reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;") e art. 8.°, III ("III ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;") da CF porque o sindicato, ao celebrar esse acordo, o fez na qualidade de representante da categoria, defendendo os Fl. 276DF CARF MF Processo nº 13888.004115/201067 Acórdão n.º 2201004.381 S2C2T1 Fl. 274 7 interesses dela, não havendo corno retirar a validade do referido documento. O fato das cartas individuais de metas do PPR serem entregues aos empregados após a celebração do acordo não significa que delas o sindicato não tornou conhecimento nem delas participou, estabelecendo metas e condições mais favoráveis a eles. Não houve atitude arbitrária e unilateral da impugnante, mas sim um acordo coletivo, um consenso entre as partes, com total c pleno conhecimento de seus termos, sendo objeto de negociação entre as partes, não havendo que sc falar em ausência de regras claras. A defendente também não concorda que os critérios utilizados para a aferição não se prestam a tal fim porque está se falando de plano de participação em resultados e não em lucros, sendo que os resultados não estão adstritos a lucros, tendo um conceito muito mais amplo e cita alguns objetivos de um programa de participação nos resultados: motivaçao do quadro funcional; melhoria da renda dos trabalhadores sem encargos sociais ou trabalhistas; seu comprometimento com metas e resultados da empresa; envolvimento nos processos de redução de custos c maximização do uso de recursos existentes, sendo que, se cada colaborado' fizer sua parte, com metas individuais, a meta global será atingida. Até por falta de previsão legal, não pode a administração federal imiscuirse na política de gestão da empresa, atribuindo fraude onde há, de fato, uni programa de administração através da maximização dos insumos Produtivos via política de incentivo de seus recursos humanos, devidamente aprovado pelo sindicato profissional. Do uso do PPR como instrumento de política salarial e complementação da remuneração dos empregados. Da periodicidade do pagamento do PPR: Contesta o entendimento, por parte da fiscalização, que o PPR visava complementar a remuneração dos empregados, como instrumento de política salarial, visto que contrariamente ao seu entendimento, apura que, dos 1.499 empregados da autuada. 1.037 receberam o PPR, ou seja, se tal verba se destinasse a uma complementação salarial todos não deveriam recebêla? Reafirma que o conceito de resultado é mais amplo do que a fiscalização prevê, bem que os resultados globais estão diretamente ligados a resultados individuais. No que tange à periodicidade aplicada, afirma a defendente que, à época não só ela, como várias outras empresas, pagavam o PPR mensalmente, inclusive alicerçadas em Orientação Jurisprudencial Transitória do TST, que proferiu acórdão nesse sentido, o qual transcreve. Fl. 277DF CARF MF 8 Em interpretação sistemática do art. 7º da CF, que dispõe sobre os direitos dos trabalhadores, com destaque para o inciso XXVI, concluise pela prevalência coletiva sobre as normas estatutárias. Assim, unia vez manifestada a vontade flexibilizadora das da vontade periodicidade do referido pagamento, seu desejo deverá prevalecer, não só pela observância do que foi pactuado, mas sob pena de fazer letra morta o dispositivo constitucional que a o que a resguarda. Ademais, o referido acordo só veio trazer benefício aos empregados, o que não pode ser ignorado. Da fundamentação quanto à diferenciação entre resultados e lucros: Sob este título, a autuada desenvolve extensa argumentação, baseada em modernas técnicas de administração e gestão de pessoas, no sentido de que os critérios de mensuração de metas e resultados são válidos e não é porque a estimativa de consecução dos resultados propostos parece ser subjetiva é ela destituída de valor. Ao final, conclui que não se pode confundir lucro com resultado. Dos resultados da empresa e não dos empregados: Aduz a autuada que a fiscalização afirma que a lei regulamentadora da participação nos resultados da empresa destinase à empresa e não aos empregados, ou seja, os resultados são aqueles obtidos pelo empregador e não pelo empregado. A seguir, elabora arrazoado no sentido de demonstrar que o resultado operacional de uma empresa não pode estar desvinculado do resultado produtivo de sua força de trabalho e que a estratégia escolhida de conceder participação nos resultados através da mensuração dos resultados individuais de cada empregado direciona, competitivamente, os processos de gestão rumo à obtenção de resultados operacionais, financeiros e organizacionais sustentáveis. Conclui afirmando ser impossível, segundo a ótica orientada para resultados, desvincularse O.resultado da empresa do resultado individual de cada empregado. Da inexistência de acordo coletivo de PPR arquivado no sindicato dos trabalhadores referente ao período de 07/2007 a 12/2008: Foi apresentado à fiscalização o acordo coletivo firmando entre a impugnante e o sindicato representante da categoria de seus empregados, relativo ao período até 06/2007, ao qual não foi dada nenhuma validade. No período remanescente, ou seja, de 07/2007 a 12/2008, com a anuência do sindicato e principalmente de seus empregados, foi prorrogado o PPR nos moldes do acordo coletivo firmado anteriormente, não havendo como retirar a validade dos referidos acordos. Fl. 278DF CARF MF Processo nº 13888.004115/201067 Acórdão n.º 2201004.381 S2C2T1 Fl. 275 9 Do crime de sonegação fiscal: O auto de infração impugnado imputa que, após trânsito em julgado, no âmbito administrativo, a empresa deverá ser representada ao Ministério Público (MP) para apuração de crime de sonegação fiscal. Entende a defendente que, nos casos de crime de sonegação fiscal, se a Fazenda Pública não tiver a certeza da existência de tributo devido e não pago, em razão da interposição de recurso administrativo, não reunirá também o MP condições de propor ação penal e muito menos a instalação do competente inquérito para apurar fato que ainda não recebeu contornos de ilicitude. Tendo em vista a extensa impugnação apresentada, a inexistência de dolo específico e da possibilidade de suspensão da pretensão em razão de acordo entre o acusado e o fisco, nos termos da legislação vigente (art. 9.° da Lei 10.684/03), que criou nova forma de extinção de punibilidade pelo pagamento, de nenhuma valia e fora de propósito processual o oferecimento de denúncia quando ainda estiver pendente o recurso administrativo interposto pelo pretenso devedor. Conclusão: Finalmente, anexando os documentos de fls. 136/178, solicita o acolhimento das preliminares suscitadas para que seja julgado nulo o AIOP e, se assim não for, seja declarada a insubsistência da autuação e seu posterior arquivamento. É o relatório" Cientificado da decisão que contrariou seus interesses em 15 de fevereiro de 2011, (AR de fls. 207), o sujeito passivo apresentou tempestivamente recurso voluntário (fls.211), cujos argumentos serão analisados ao longo do voto. O recurso foi distribuído por sorteio eletrônico, em sessão pública, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, Relator Registro a manifestação, realizada da Tribuna, do Patrono do Recorrente no sentido da desistência do presente processo administrativo em face do parcelamento comprovado por meio de documentos acostados ao processo às folhas 245/255. Assim, forçoso não conhecer do recurso voluntário protocolizado Fl. 279DF CARF MF 10 Deixo, portanto, de apresentar o voto por mim elaborado, que por decorrência lógica não foi votado pelo colegiado, devendo ser retirado do presente acórdão. CONCLUSÃO Diante do exposto, e pelos fundamentos apresentados, voto por não conhecer do recurso voluntário em razão da desistência do litígio administrativo manifestada da tribuna e mediante petição juntada ao processo eletrônico, em decorrência de inclusão do débito em questão em parcelamento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 280DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.901097/2014-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2014
DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA INEQUÍVOCA. ERRO ALEGADO NÃO COMPROVADO. DENEGAÇÃO DO CRÉDITO PRETENDIDO.
Não se reconhece o crédito pretendido, referente a pagamento indevido ou a maior, fundamentado exclusivamente em DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos de prova materiais, capazes de, cabalmente, comprovar erro supostamente cometido no preenchimento da declaração original.
Numero da decisão: 1402-003.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA INEQUÍVOCA. ERRO ALEGADO NÃO COMPROVADO. DENEGAÇÃO DO CRÉDITO PRETENDIDO. Não se reconhece o crédito pretendido, referente a pagamento indevido ou a maior, fundamentado exclusivamente em DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório, quando o contribuinte deixa de apresentar elementos de prova materiais, capazes de, cabalmente, comprovar erro supostamente cometido no preenchimento da declaração original. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 10 97 /2 01 4- 23 Fl. 145DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo o r. Despacho Decisório que deixou de homologar a compensação pretendida, denegando a existência do crédito declarado em DCOMP, por não ter sido constatada qualquer monta de recolhimento a maior ou indevido. Em sua Manifestação de Inconformidade, em suma, alegou a ora Recorrente que teria havido recolhimento a maior de IRPJ e CSLL, fato este que teria sido percebido apenas após auditoria contábil externa. Assim, procedeu a Contribuinte a inúmeras compensações, valendose de tal valor. A Recorrente também esclarece que não foi reconhecida a existência do crédito pela Unidade Local pois apenas veio a retificar sua DCTF após a prolatação r. decisório de piso, corrigindo, então, suposto erro na declaração originalmente transmitida. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento à defesa, por não ter a Contribuinte logrado êxito na comprovação da sua pretensão creditória, estando ausente nos autos qualquer demonstração ou prova de erro que justificaria a retificação procedida na DCTF. Diante de tal revés, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, agora sob análise, em suma, repetindo as suas alegações da Manifestação de Inconformidade, apontando expressamente para os motivos de reforma do v. Acórdão recorrido, afirmando ter constituído prova eficaz do seu direito. Na sequência, os autos foram encaminhados para este Conselheiro relatar e votar. É o relatório. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.112, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 11040.901104/2014 97, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.112): "O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Ausentes alegações preliminares, passase ao mérito da demanda. Como relatado, a Recorrente alega ter recolhido valores de IRPJ e CSLL maiores do que aquilo efetivamente devido no período. Uma vez constatado tal excesso no adimplemento fiscal, prontamente procedeu a compensações via DCOMP. Contudo, apenas veio a retificar a DCTF correspondente posteriormente à prolatação do r. Despacho Decisório, motivo pelo qual a Autoridade Fiscal não teria reconhecido a existência de tal crédito naquela oportunidade. Restou firmado no v. Acórdão da DRJ que, ainda que retificada a DCTF, validando o cálculo da monta da pretensão creditícia da Contribuinte, não houve a comprovação da existência de erro na primeira declaração ou a prova de qualquer outro motivo que justificasse tal alteração. Em Recurso Voluntário a Recorrente afirma que possui a plena prerrogativa de proceder à retificação da sua DCTF e o fez regularmente, em momento adequado, dentro do prazo concedido pelas normas que regem a matéria em tela. Alega que denegar o crédito implicaria em enriquecimento ilícito da Fazenda Nacional. Ora, é certo que a Contribuinte tem a prerrogativa de retificar suas declarações, inclusive a DCTF. Todavia, os efeitos de tal correção não são automáticos e absolutos, para todos os fim tributários, quando envolvida a percepção de crédito em favor do contribuinte após tal manobra. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 5 4 Nesse sentido, a Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010, aplicável ao presente caso, é clara ao regular o tema em seu artigo 9º: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir os débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU;ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. II alterar os débitos de impostos e contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o crédito tributário. (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.177, de 25 de julho de 2011) § 4º Na hipótese do inciso II do § 2º, havendo recolhimento anterior ao início do procedimento fiscal, em valor superior ao declarado, a pessoa jurídica poderá apresentar declaração retificadora, em atendimento a intimação fiscal e nos termos desta, para sanar erro de Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 6 5 fato, sem prejuízo das penalidades calculadas na forma do art. 7º. § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. § 6º A pessoa jurídica que apresentar DCTF retificadora, alterando valores que tenham sido informados: I na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ retificadora; ehttp://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutro s.action?idArquivoBinario=0 II no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon retificador. (destacamos) Extraise de tal dispositivo que, promovida a alteração após a prolatação de r. Despacho Decisório, deveria a Contribuinte ter trazidos prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original, demonstrando que os valores originalmente inseridos na declaração primeiramente transmitida não refletiam os fatos e eventos efetivamente apurados na mensuração das obrigações lá constituídas. Sobre isso, a Recorrente alegou que teria trazido aos autos sua DIPJ, dando o necessário respaldo probante ao seu direito. Ocorre que apenas foram juntadas Fichas isoladas da DIPJ do período. Nenhum elemento de prova material, relacionado à contabilidade ou mesmo às atividades da Contribuinte, foi acostado ao processo. Frisese que a DIPJ, ainda que integralmente considerada, regularmente preenchida e transmitida, tem caráter informativo, sendo confeccionada unilateralmente pelo contribuinte, sem a necessidade de instrução direta com documentos. Assim, mesmo que as informações inseridas na linhas das Fichas da Declaração acostada guardassem identicidade com aquilo trazido na DCTF retificadora, tal encontro de dados guarda valor probante extremamente relativo, não se revestindo de prova inequívoca. Nos casos referente a restituição e compensação, regulados pelo art. 74 da Lei nº 9.430/96, o ônus probatório do crédito alegado recai sobre contribuinte. Por fim, o entendimento acima professado possui pleno respaldo na jurisprudência atual desse E. CARF. Ilustrando, confirase o Acórdão nº 1301002.103, proferido pela C. 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara dessa mesma 1ª Seção, de relatoria do I. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 7 6 Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, publicado em 23/08/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS A CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EXISTÊNCIA DE OUTROS IMPEDIMENTOS. IMPOSSIBILIDADE Não há impedimento para que a DCTF seja retificada após o despacho decisório, desde que sejam respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010, e alterações posteriores. Necessidade de análise das restrições através do exame de documentação juntada ao processo, o que foi impossível, ante a não juntada de documentos pela interessada, sendo seu dever o ônus de provas. INDÉBITO.COMPROVAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ. A comprovação da certeza e liquidez dos créditos deve ocorrer pelo exame de documentação hábil e apta, cujo ônus de juntar a documentação pertinente pertence a parte que requer o reconhecimento do direito creditório. Ainda, na mesma esteira decidiuse no Acórdão nº 3402 004.849, prolatado pela C. 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção dessa C. Corte Administrativa, de relatoria do I. Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, publicado em 02/02/2018: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Data do fato gerador: 29/07/2005 NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA Não ocorre a nulidade do feito fiscal quando a autoridade demonstra de forma suficiente os motivos pelos quais o lavrou, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa ao contribuinte e sem que seja comprovado o efetivo prejuízo ao exercício desse direito. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITO. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11040.901097/201423 Acórdão n.º 1402003.083 S1C4T2 Fl. 8 7 PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. JUNTADA DE PROVAS. Deve ser indeferido o pedido de diligência, quando tal providência se revela prescindível para instrução e julgamento do processo. Recurso Voluntário Negado. Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário, mantendose o v. Acórdão recorrido." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 151DF CARF MF
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Numero do processo: 13888.916996/2011-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.278
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Paulo Roberto Duarte Moreira.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Paulo Roberto Duarte Moreira. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que indeferira o Pedido de Restituição formulado sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o deferimento de seu pedido de restituição, arguindo que o indébito decorrera da incidência da contribuição sobre receitas financeiras e outras receitas, incidência essa julgada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do RE nº 346.084. Alegou, ainda, que o CARF já se pronunciara, em diversas oportunidades, pela extensão da decisão do STF a todos os contribuintes, transcrevendo ementas. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .9 16 99 6/ 20 11 -4 1 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 13888.916996/201141 Resolução nº 3201001.278 S3C2T1 Fl. 144 2 A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na ausência de efeitos erga omnes da decisão do STF que reconhecera a inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições promovida pela Lei nº 9.718/1998, bem como na falta de comprovação da liquidez e certeza do indébito reclamado. Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, repisando os argumentos de defesa, afirmando existir nos autos documentação comprobatória do seu direito. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.265, de 21/03/2018, proferido no julgamento do processo 13888.914725/201151, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.265): Como relatado, discutese no presente feito a legitimidade de crédito postulado pela Recorrente por meio de PER/DCOMP, originado de pagamento indevido ou a maior Em despacho decisório eletrônico, foi indeferida a solicitação da contribuinte, em razão da inexistência de saldo do pagamento indicado no PER/DCOMP, o qual teria sido utilizado integralmente para quitar débito informado pela própria contribuinte em DCTF. Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente aduz que o crédito utilizado é legítimo, informando que o crédito decorre do recolhimento indevido da contribuição sobre parcelas que não integram o faturamento, nos termos da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Foi anexada à Impugnação documentação comprobatória da existência do crédito. A Delegacia da Receita Federal indeferiu a Manifestação apresentada ao argumento de que a "alegação deveria vir acompanhada da documentação comprobatória da existência do pagamento a maior, mesmo porque, nesse caso, o ônus da comprovação do direito creditório é da contribuinte, pois se trata de uma solicitação de seu exclusivo interesse", o que não teria logrado comprovar a Recorrente. Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente reafirma os argumentos de defesa e, diante dos fundamentos do acórdão recorrido, ressalta que foram anexados diversos documentos à Manifestação de Inconformidade e requer a juntada e exame das cópias dos DARFs, Pedido de Restituição e Livro Razão Geral. Além disso, apresenta planilha demonstrativa do crédito postulado. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 13888.916996/201141 Resolução nº 3201001.278 S3C2T1 Fl. 145 3 Na hipótese dos autos, não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese que em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Desse modo, voto por CONVERTER O FEITO EM DILIGÊNCIA para que a Autoridade Preparadora efetue a análise do Pedido de Compensação com base nos documentos já acostados aos autos, tanto em sede de Manifestação de Inconformidade, como em Recurso Voluntário, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessários. Após a manifestação fiscal, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. Importa registrar que, nos presentes autos, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora efetue a análise do Pedido de Compensação com base nos documentos já acostados aos autos, tanto em sede de Manifestação de Inconformidade, como em Recurso Voluntário, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessários. Após a realização da diligência, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.723562/2010-85
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006, 2007
IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MAGISTRADOS DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL.
Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria.
IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV.
Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN.
Numero da decisão: 9202-006.495
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões constantes do Recurso Voluntário, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10580.727006/2009-44, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. MAGISTRADOS DA BAHIA. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI FEDERAL. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda, tendo em vista a competência da União para legislar sobre essa matéria. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos a incidência de Imposto de Renda nos termos do art. 43 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões constantes do Recurso Voluntário, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10580.727006/200944, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 35 62 /2 01 0- 85 Fl. 177DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de auto de infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, para exigência de crédito tributário, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme descrição dos fatos e enquadramento legal constantes no auto de infração, o crédito tributário foi constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, conseqüentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Na apuração do imposto devido não foram consideradas as diferenças salariais que tinham como origem o décimo terceiro salário, por estarem sujeitas à tributação exclusiva na fonte, nem as que tinham como origem o abono de férias, em atendimento ao despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 16 de novembro de 2006, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 2.140/2006. Foi atendido, também, o despacho do Ministro da Fazenda publicado no DOU de 11 de maio de 2009, que aprovou o Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, que dispõe sobre a forma de apuração do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA julgado a impugnação improcedente, mantendo integralmente o crédito tributário apurado. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento, prolatandose com o seguinte resultado: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso”. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, que interpôs, tempestivamente, o presente Recurso Especial, objetivando a reforma do acórdão recorrido em relação à incidência de IRPF sobre diferenças de URV pagas aos magistrados da Bahia. Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi dado seguimento, conforme Despacho de Admissibilidade exarado pelo Presidente da Câmara. A recorrente afirma que o acórdão recorrido, ao isentar do IRPF verbas referentes às diferenças de URV pagas aos magistrados do Estado da Bahia, ofende os artigos 111 do CTN e 150, §6º da Constituição Federal e ressalta que a legislação que dispor sobre isenção deve ser interpretada literalmente, como também a necessidade de lei específica para concessão de isenção. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10580.723562/201085 Acórdão n.º 9202006.495 CSRFT2 Fl. 3 3 Salienta que os rendimentos objeto do presente lançamento fiscal foram recebidos em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20/2003, que em seu art. 2º dispõe sobre “diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade real de Valor – URV”; conversão esta realizada mês a mês no período de abril de 1994 a agosto de 2001, e visava a manutenção do valor real do salário, portanto, de natureza eminentemente salarial. Argumenta que o entendimento de que haveria isenção sobre esses valores com base na resolução nº 245/2002 (que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos magistrados federais) não pode prosperar, uma vez que tal resolução não pode ser estendida às verbas pagas aos membros da Magistratura Estadual, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Lembra ainda que o artigo 111 do CTN dispõe que todo dispositivo legal que trate de isenção, suspensão, exclusão de crédito tributário deve receber interpretação restritiva; e portanto, descabido conferir às leis mencionadas alcance que não contêm. Cientificada do Acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, a contribuinte apresentou, tempestivamente, suas contrarrazões. Em suas contrarrazões, a contribuinte cita o artigo 150, inciso II da Constituição Federal e ainda argumenta: · Diz que tal dispositivo tratase do Princípio da Isonomia e visa a garantia do indivíduo, evitando perseguições e favoritismos; e que está sendo violado em casos como o presente quando a PGFN promove ações judiciais contra os Magistrados e membros do Ministério Público do Estado da Bahia, deixando de lado os casos dos Magistrados Federais. Acrescenta que não é razoável confirmar a isenção para os servidores da alçada federal e não para os da alçada estadual, quando é sabido que a lei da Magistratura é única. · Traz doutrinas de juristas de renome que tratam do tema, como também um julgamento recente do STJ, do Resp nº 1187109 de relatoria da Ministra Eliana Calmon, que entendeu pela aplicabilidade da resolução nº 245 do STF também para os magistrados estaduais. · Ressalta que as decisões divergentes colacionadas pela Procuradoria da Fazenda, ao desconsiderarem a lei Estadual por entenderem que a isenção somente poderá ser concedida mediante lei específica (§6º do art. 150 da CF/1988), nada mais fizeram que apreciar a in(constitucionalidade) da Lei Estadual, uma vez que afastou sua aplicabilidade por considerála incompatível com dispositivo da Constituição Federal, o que é expressamente vedado pelo art. 62 do RICARF. · Acrescenta que, ainda que tenha prevalecido o fundamento de que a legislação estadual não seria competente e legítima para versar sobre norma de isenção relativa a imposto federal, a sua aplicação deveria ter sido preservada, até para preservar a segurança jurídica entre o Fisco e o Cidadão; até porque o controle de constitucionalidade é instituto do direito para o qual se prevê procedimento específico, Fl. 179DF CARF MF 4 sendo o CARF órgão absolutamente incompetente para apreciar a (in)constitucionalidade de uma lei. · Argumenta que cabia à Fazenda Nacional ajuizar uma ADI, nos termos do art. 102, I, “a” da Carta Magna, mas jamais proceder como fez, desconsiderando Lei estadual válida e eficaz. · Afirma que o acórdão recorrido, ao dar provimento ao Recurso Voluntário, aplicando a resolução nº 245 do STF, acertadamente reconheceu a natureza indenizatória das verbas recebidas a título de URV pela ora Recorrida · Por fim, salienta que, caso o recurso da Procuradoria seja provido no mérito, o lançamento deverá ser revisto, uma vez que foi feito em uma base de cálculo completamente inadequada: ao invés de ter feito lançamentos isolados em cada valor de URV recebido, a fiscalização deveria ter refeito as três DIRFs (2004, 2005 e 2006) da Contribuinte, a fim de apurar, mês a mês, os valores de imposto de renda supostamente devidos em conjunto com os salários auferidos. Isto porque, como é sabido, a legislação do imposto de renda prevê a declaração de ajuste anual, onde o Contribuinte tem a possibilidade de excluir da base de cálculo do tributo determinadas parcelas isentas, passando normalmente a ter imposto a restituir no exercício seguinte. E mais ainda: ao importar os valores apresentados pelo Instituto Pedro Ribeiro de Administração Judiciária do Tribunal de Justiça da Bahia – IPRAJ para os cálculos trazidos no “Demonstrativo do Imposto de Renda Apurado”, a fiscalização levou em consideração todo o valor recebido pelo contribuinte (URV, juros e correção); e da mesma forma que não há incidência de Imposto de Renda sobre o pagamento de URV (por ser verba de natureza indenizatória), o entendimento da doutrina e da jurisprudência é de que não incide IR sobre os juros moratórios. É o relatório. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202006.493, de 20/03/2018, proferido no julgamento do processo 10580.727006/200944, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202006.493): Pressupostos de Admissibilidade Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10580.723562/201085 Acórdão n.º 9202006.495 CSRFT2 Fl. 4 5 O Recurso Especial interposto é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do Mérito Delimitação da Lide Em face do RE e do conteúdo do acórdão recorrido, cingese a discussão ao caráter indenizatório dos rendimentos relativos aos pagamentos recebidos pelos membros do Magistratura da Bahia. A base do fundamento do acórdão recorrido encontrase na própria ementa do acórdão, assim descrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RESOLUÇÃO STF N 245/2002. DIFERENÇAS DE URV CONSIDERADAS PARA A MAGISTRATURA DA UNIÃO E PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL COMO VERBAS ISENTAS DO IMPOSTO DE RENDA PELO PRETÓRIO EXCELSO. DIFERENÇAS DE URV PAGAS AOS MAGISTRADOS DA BAHIA. NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. A Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003 pagou as diferenças de URV aos Membros da Magistratura local, as quais, no caso dos Membros do Ministério Público Federal, tinham sido excluídas da incidência do imposto de renda pela leitura combinada das Leis nº 10.477/2002 e nº 9.655/98, com supedâneo na Resolução STF nº 245/2002, conforme Parecer PGFN nº 923/2003, endossado pelo Sr. Ministro da Fazenda. Ora, se o Sr. Ministro da Fazenda interpretou as diferenças do art. 2º da Lei federal nº 10.477/2002 nos termos da Resolução STF nº 245/2002, excluindo da incidência do imposto de renda, exemplificadamente, as verbas referentes às diferenças de URV, não parece juridicamente razoável sonegar tal interpretação às diferenças pagas a mesmo título aos Membros da Magistratura da Bahia, na forma da Lei Estadual da Bahia nº 8.730/2003. Recurso Voluntário Provido Embora o recorrente entenda ter a turma a quo acertado na decisão proferida, colacionando outros argumentos para reforçar a tese, entendo que não seja a interpretação mais acertada, conforme exposto a seguir. Competência para legislar sobre IR Primeiramente, conforme descrito no acórdão a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, consignaria o caráter indenizatório dos rendimentos, todavia, entendo que a competência para legislar sobre imposto de renda é da União, conforme disposto no art. 153, IV, da CF/88. Dessa forma, fazse Fl. 181DF CARF MF 6 necessário realizar a análise da natureza jurídica dos valores recebidos, de forma a se determinar seu caráter indenizatório ou salarial. Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III renda e proventos de qualquer natureza; [...] § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 2º O imposto previsto no inciso III: I será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei; Neste ponto, convém diferenciar a natureza salarial que se subssume ao citado dispositivo face a configuração de nítido acréscimo patrimonial das verbas com natureza indenizatórias, cujo fundamento para exclusão configurase como a reparação por um dano sofrido, ou mesmo as verbas legalmente descritas como indenizatórias. Nessa linha de raciocínio, entendo que a referida lei estadual não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência da devida correção salarial decorrentes de alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo sujeito passivo, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Concluindo, em relação a este item, entendo incabível tomar como absoluta para exclusão da incidência do IR lei de outro ente da federação (no caso, o Estado da Bahia), face a competência instituída pelo texto constitucional. Incidência sobre valores de diferenças de URV Quanto ao mérito, é sabido que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV” advêm de diferenças salariais decorrentes da conversão da remuneração dos servidores beneficiados, quando da implantação do Plano Real. Em função disso, constatase que tais valores tem ligação direta com a remuneração, ou seja, se referem a remuneração (vencimentos) não percebidos anteriormente e acabam por importar diferenças ao longo dos anos subsequentes. Nesse sentido, podemos concluir que o objetivo de ações judiciais sob esse fundamento ou mesmo da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, da Bahia (que apenas reconheceu esse direito) foi simplesmente pagar ao recorrente aquilo que antes deixou de ser pago, ou seja, diferença de salários. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10580.723562/201085 Acórdão n.º 9202006.495 CSRFT2 Fl. 5 7 Considerando o nítido caráter salarial diferenças pagas a posteriori, penso que a verba trazida à discussão encontrase sujeita à incidência do IR, conforme dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Nesse sentido, estáse diante de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Frente as considerações acima, também afasto os fundamentos adotados pelo julgador da turma a quo para definir a natureza das diferenças de URV. Segundo o acórdão recorrido a verba recebida pelos servidores estaduais possui a mesma natureza daquela percebida pelos seus pares da União e, portanto, não se poderia dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram em mesma situação. Entendo, que não há como igualar as situações dos membros do Ministério Público Federal e Magistratura Federal com os pertencentes aos quadros do Estado da Bahia, haja vista inexistir lei federal determinando o mesmo tratamento tributário, pois a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II do art. 111 do CTN. Com efeito, o Código Tributário Nacional veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação semelhantes. Pensar diferente implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º do art. 150 da CF e o art. 176 do CTN. Dessa forma, ao contrário do exposto pelo julgador a quo entendo que ao adotar mesmo tratamento tributário, alterando a natureza dos pagamentos, estaria sim, me valendo da analogia para definir fato gerador e base de cálculo de imposto sob a competência da União. A Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) nº 245/2002 conferiu natureza jurídica indenizatória ao abono variável apenas aos Magistrados do Poder Judiciário Federal e, posteriormente, aos membros do Ministério Público da União (Lei nº 9.655/1998 e Lei nº 10.474/2002). No mesmo sentido, a PGFN, por meio do Parecer PGFN/Nº 529/2003, aprovado pelo Fl. 183DF CARF MF 8 Ministro da Fazenda, reconheceu a natureza indenizatória do abono apenas para a Magistratura Federal e MP Federal, respeitando a interpretação do STF, contudo, tal verba não pode ser confundida com as diferenças decorrentes de URV ora sob análise. Por fim, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerando o como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10580.723562/201085 Acórdão n.º 9202006.495 CSRFT2 Fl. 6 9 compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Pelos fundamentos expostos, entendo que a verba em exame deve ser tributada. Quanto ao caráter salarial das verbas pagas a título de URV, já se pronunciou este conselho em outras ocasiões acerca do tema, ao qual cito julgados que corroboram com o encaminhamento aqui formulado: ACÓRDÃO 9202003.659 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 9202.003.585 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido. ACÓRDÃO 2201002.491 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 PAF. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. O julgador administrativo não está obrigado a rebater todas as questões levantadas pela parte, mormente quando os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. Fl. 185DF CARF MF 10 INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. INCOMPETÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 2. Falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. RESPONSABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 12. “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção”. IRRF. COMPETÊNCIA. A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. IMPOSTO DE RENDA. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. Os valores recebidos por servidores públicos a título de diferenças ocorridas na conversão de sua remuneração, quando da implantação do Plano Real, são de natureza salarial, razão pela qual estão sujeitos aos descontos de Imposto de Renda. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE LEI. Inexistindo lei federal reconhecendo a isenção, incabível a exclusão dos rendimentos da base de cálculo do Imposto de Renda. IRPF. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE. TABELA MENSAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO RICARF. O imposto de renda incidente sobre os rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, conforme dispõe o Recurso Especial nº 1.118.429/SP, julgado na forma do art. 543C do CPC. Aplicação do art. 62A do RICARF (Portaria MF nº 256/2009). IRPF. MULTA. EXCLUSÃO. SÚMULA CARF Nº 73. “Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício”. IRPF. JUROS DE MORA SOBRE VERBAS TRIBUTADAS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. "No julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que apenas os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, por se tratar de verba Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10580.723562/201085 Acórdão n.º 9202006.495 CSRFT2 Fl. 7 11 indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do inciso V do art. 6º da Lei n° 7.713/1988." Frente as questões colocadas acima, entendo que as verbas recebidas a título de “Valores Indenizatórios de URV" consistem em diferenças salariais sujeitas a incidência de IR, sendo incabível acatar a argumentação de que a natureza salarial da referida verba seja alterada por legislação estadual, qual seja, a Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003, ou mesmo que Resolução nº 245 do STF lastreada em Lei federal com destinação específica possa ser aplicada por analogia a outros casos que não os expressamente nela descritos. Quanto a necessidade de prévia declaração de inconstitucionalidade da lei estadual. Quanto a argumentação de que necessário, antes de efetivar ao lançamento, ter declarada a inconstitucionalidade da lei Estadual, entendo não ser esse o melhor entendimento aplicável. Conforme acima esclarecido a competência para legislar sobre IR recai sobre a União, não podendo ser alterada a natureza jurídica da verba para efeitos de definição do fato gerador. Contudo, não pode o agente fiscal entender ou mesmo questionar a constitucionalidade de lei Estadual, cujo ente Estadual possui competência para definir não apenas a natureza jurídica da verba, como a incidências sobre os tributos cuja competência para legislar esteja sob sua égide. Por exemplo, a definição da natureza jurídica para efeitos de definição da natureza tributos de´contribuição previdenciária para regime próprio de previdência. Assim, ao fisco Federal compete apreciar se a verba recebida pelos Magistrados da Bahia, encontrase abarcada como fato gerador de IR, utilizandose dos fundamentos dessa legislação para apuração do fato gerador, da natureza jurídica do pagamento e da base de cálculo e montante do tributos apuráveis. Dessa forma, afasto a argumentação, de que necessário primeiramente declarar a constitucionalidade da legislação estadual. Quanto a incompetência do CARF para afastar lei sob o fundamento de inconstitucionalidade, entendo não ser essa a questão aplicável ao caso concreto. Realmente nos termos do art. 62 do CARF: "é vedado aos membros das turmas de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob o fundamento de inconstitucionalidade", todavia, a competência básica dos membros desse colegiado é identificar se o lançamento se amolda as exigências legais e se os argumentos apontados pelo recorrente seriam suficientes para a desconstituição do lançamento. Bem, conforme foi apreciado acima, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal ao lançar as contribuições, posto que os valores recebidos, pela análise da legislação aplicável ao caso concreto, quais sejam, CF/88, CTN e legislação do IR incorreto considerar os rendimentos como Fl. 187DF CARF MF 12 isentos ou não tributáveis. Assim, esse julgador em momento algum descumpri ou fere dispositivo regimental, pelo contrário, entendo que ao acatar os argumentos do recorrente pela aplicabilidade da legislação estadual e resolução 245/STF, aí sim, estaria afastando dispositivo legal. Quanto as demais questões trazidas em sede de contrarrazões deixou de apreciálas, considerando a existência de outros argumentos trazidos ainda em sede de recurso voluntário, mas não apreciados pela turma a quo frente ao encaminhamento do relator de no mérito dar provimento ao recurso. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. É como voto. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para apreciação das demais questões constantes do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 188DF CARF MF
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Numero do processo: 16349.720181/2012-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.302
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de pedido de restitução/compensação de Pis, por força do trânsito em julgado do MS 1999.61.14.0035305, no qual restou decidido a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98. A empresa foi intimada a apresentar documentos contábeis que demonstrassem as bases de cálculo e valores a restituir. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 49 .7 20 18 1/ 20 12 -3 5 Fl. 763DF CARF MF Processo nº 16349.720181/201235 Resolução nº 3201001.302 S3C2T1 Fl. 764 2 O Fisco aponta as seguintes irregularidades: período de 01/1999 a 08/2000 – a empresa não apresentou documentos contábeis para demonstrar as bases de cálculo. Desse modo ,não se reconheceu nenhuma restituição desse período; período de 09/2000 a 12/2001 acatouse a restituição de 0,65% sobre as receitas financeiras, com exceção dos meses de 12/2001 e 09/2002, cujos Darfs foram menores que o devido. A empresa apresentou Manifestação de Inconformidade, no qual sustenta: que é detentora de direito de crédito, por decisão transitada em julgado no MS 1999.61.14.0035305, que reconheceu a inconstitucionalidade do §1º do art. 3§ da Lei 9.718/98; e, portanto, requereu a compensação do que foi pago a maior sobre as receitas financeiras; que as planilhas de apuração apresentadas ao Fisco, com informação das bases de cálculo e Darf, são provas suficientes para homologação da compensação; que não logrou êxito em localizar balancetes do período de 01/1999 a 08/2000; mas que as planilhas apresentadas são suficientes para demonstrar, a não ser que se presuma a máfé da impugnante; que deve prevalecer a presunção de boafé e a verdade material; que, em relação aos meses em que houve homologação parcial, o Fisco não apontou claramente os motivos da decisão, e não se investigaram as razões da divergência; A DRJ/São Paulo I/SP – 9ª Turma, por meio do Acórdão 1652.890, de 21/11/2013, pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002 MONTANTE DO DIREITO CREDITÓRIO. Intrínseco à apreciação da restituição e subjacente ao exame da compensação existe uma pretensão creditória no mesmo montante do valor que se quer restituído ou compensado, cabendo ao contribuinte provar sua legitimidade. INTIMAÇÃO DESATENDIDA. O processo não pode culminar em decisão favorável ao sujeito passivo quando o mesmo se furta a atender plenamente a intimação fiscal tendente à certificação do montante de crédito. O contribuinte deve apresentar apontamentos contábeis e livros fiscais, bem como demais documentos ou esclarecimentos solicitados pelo Fisco, necessários à análise do valor do direito creditório, sob pena de ter contra si decisão de caráter denegatório. A empresa então apresentou Recurso Voluntário, onde reitera as razões a Manifestação de Inconformidade. Sustenta ainda: que a decisão recorrida deve é nula pela ausência de motivação; que deve haver diligência para apuração dos reais valores devidos; Fl. 764DF CARF MF Processo nº 16349.720181/201235 Resolução nº 3201001.302 S3C2T1 Fl. 765 3 que acosta nova documentação, Darfs, planilhas de apuração de cada um dos períodos, discriminação das receitas auferidas e das respectivas contas contábeis, bem como indicação da base de cálculo do Pis; balancetes de cada um dos períodos; Voto O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Entendo que o processo não está maduro para julgamento. Em relação ao período de 1999 a 08/2000, a motivação do Fisco para a não homologação foi que a recorrente, mesmo intimada a apresentar a documentação contábil, limitouse a entregar planilhas e demonstrativos. Na Manifestação de Inconformidade, também somente foram apresentados planilhas e demonstrativos. A escrituração contábil/fiscal difere de meras planilhas quanto à confiabilidade, posto que possuem requisitos de registros e temporalidade. Além disso, a própria contabilidade não prescinde de ser lastreada em documentos do relacionamento da empresa com terceiros, tais como notas fiscais e contratos, a conferir veracidade ao registro. Esses aspectos da força probante dos documentos são tratados nos artigos 219 e 226 do Código Civil: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. (...) Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. A obrigação de conservar os registros até que prescrevam os direitos reclamados com base neles, consta do Código Tributário Nacional, §único do artigo 195: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 16349.720181/201235 Resolução nº 3201001.302 S3C2T1 Fl. 766 4 Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fechando o arcabouço legal pertinente, temse ainda que, em se tratando de pedido de restituição e consequente compensação, o ônus da prova é do contribuinte, conforme art. 36 da Lei 9.784/991, art. 373, I do CPC2. Quanto às reclamações da recorrente quanto à desconfiança do Fisco em suas planilhas, esclareço que não se trata de desconfiança em nível pessoal. A própria natureza da atividade fiscal exige a constante aferição da correção e lastreamento dos valores informados ou declarados, sendo responsabilidade do Fisco zelar pelos créditos tributários. A exigência probatória é o mister do Fisco, seu dever, e seu cotidiano. Confiramse nesse o artigo 1423 do CTN, o caput do artigo 195, já transcrito, e o artigo 1974 da mesma Lei. Desse modo, é insofismável que a recorrente, até a Manifestação de Inconformidade, não trouxe elementos suficientes para a comprovação do alegado, no que tange aos períodos não homologados. Não obstante, no Recurso Voluntário, a recorrente trouxe balancetes contábeis. Ainda que não tenha trazido os respectivos lastros, entendo que a nova prova encontra abrigo na dialética processual, como exigência decorrente da decisão recorrida, e por homenagem ao princípio da verdade material, em vista da plausibilidade dos registros dos balancetes. Assim, e com base no artigo 295, combinado com artigo 16, §§4º e 6º6, do PAF – Decreto 70.235/72, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o Fisco 1 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 3 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. 4 Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: I os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício; II os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras; III as empresas de administração de bens; IV os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais; V os inventariantes; VI os síndicos, comissários e liquidatários; VII quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão. 5 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Fl. 766DF CARF MF Processo nº 16349.720181/201235 Resolução nº 3201001.302 S3C2T1 Fl. 767 5 tenha a oportunidade de aferir a idoneidade dos balancentes apresentados no Recurso Voluntário, em confronto com os respecivos livros e lastros, conforme o Fisco entender necessário e/ou cabível, e produção de relatório conclusivo sobre as bases de cálculo corretas. Após, a recorrente deve ser cientificada, com oportunidade para manifestação, e o processo deve retornar ao Carf para prosseguimento do julgamento. Marcelo Giovani Vieira Relator 6 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (...) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Fl. 767DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.722314/2013-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO - RECURSO DE OFÍCIO - SUMULA 103
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
PROCESSUAL - VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO - DESERÇÃO
Constatado o vício de representação processual por falta de instrumento de procuração e se, após regularmente intimado para sanar o vício, o contribuinte permanece inerte, há que se reconhecer a deserção.
Numero da decisão: 1302-002.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos recurso voluntário e de ofício, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos César Candal Moreira Filho, que foi substituído no colegiado pelo Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Guimarães da Fonseca - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Flávio Machado Vilhena Dias, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado) e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: GUSTAVO GUIMARAES DA FONSECA
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EPP FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO RECURSO DE OFÍCIO SUMULA 103 Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. PROCESSUAL VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO DESERÇÃO Constatado o vício de representação processual por falta de instrumento de procuração e se, após regularmente intimado para sanar o vício, o contribuinte permanece inerte, há que se reconhecer a deserção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos recurso voluntário e de ofício, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos César Candal Moreira Filho, que foi substituído no colegiado pelo Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 23 14 /2 01 3- 51 Fl. 2333DF CARF MF 2 Convocado), Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Flávio Machado Vilhena Dias, Edgar Bragança Bazhuni (Suplente Convocado) e Gustavo Guimarães da Fonseca. Relatório Como este processo já foi objeto de relatório, por ocasião da prolação da Resolução de nº 1302000.489, da lavra do Conselheiro Alberto Pinto de Souza Júnior, tomo a liberdade de o reproduzir para, tão só, complementálo ao final: Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 0254.230 da 3ª Turma da DRJ/BHE, o qual foi assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 SIGILO BANCÁRIO. Não constitui violação do dever de sigilo e independe de autorização judicial a prestação de informações pelas instituições financeiras nos termos e condições estabelecidos pelos artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse como omissão de receita os valores creditados em conta bancária cuja origem não seja comprovada pelo titular, mediante documentação hábil e idônea. ARBITRAMENTO DE LUCROS. Sujeitase ao arbitramento de lucros o contribuinte que, validamente intimado, deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. Impõese ainda o arbitramento quando a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. O percentual da multa de ofício será duplicado se estiverem comprovadas as circunstâncias previstas em lei como caracterizadoras de infração qualificada. LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. PIS. COFINS. O decidido para o lançamento de IRPJ estendese aos lançamentos que com ele compartilham o mesmo Fl. 2334DF CARF MF Processo nº 10166.722314/201351 Acórdão n.º 1302002.660 S1C3T2 Fl. 2.333 3 fundamento factual e para os quais não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhes recomende tratamento diverso. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009, 2010 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. As pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador são solidariamente responsáveis pelo crédito tributário apurado. E os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte”. A recorrente interpôs recurso voluntário, no qual aduz as seguintes razões de defesa: a) quanto à preliminar de nulidade do lançamento: a.1)que o artigo 24 da Lei n.° 9.249/1995 determina que seja adotado o regime jurídico de tributação adotado pela pessoa jurídica e, em se adotando o arbitramento, as normas desse regime têm de ser observadas; a.2) que, uma vez adotada a presunção legal de tributação com base em depósitos bancários, sobre os quais incidiu o arbitramento, é vedado aos agentes fiscais valeremse de dados da escrituração, por eles mesmos rejeitada; a.3) que é incabível tomar dados da DIPJ, cujo caráter é apenas informativo, no objetivo de replicar nova base de tributação; a.4) que são nulos, então, todos os lançamentos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, obtidos por dados das informações contábeis fiscais, consideradas IMPRESTÁVEIS pela própria equipe de autuação; b) que a quebra do sigilo bancário é inconstitucional, pois implausível que a Recorrente, na condição de Fiscalizada, tenha "espontaneamente" franqueado seus dados bancários à Receita Federal e, se assim procedeu, foi em razão do exercício do poder COERCITIVO da Fiscalização e da intimação recebida; c) quanto ao mérito: c.1) que muito embora a Recorrente tenha demonstrado à saciedade que o lançamento sobre suposta omissão de receita representada por empréstimo de sócios à pessoa jurídica Fl. 2335DF CARF MF 4 (suprimento de caixa) não tem sustentação, por se tratar de tributo obtido de "escrituração desclassificada" pelos fiscais, não se furtará, a Recorrente, de se manifestar quanto à referida "infração; c.2) que tratase, em verdade, de erro material da escrita contábil, originada do seguinte fato: a empresa entabulou negociações para a compra de um terreno situado no Comércio Local CL210, Lote H, Santa MariaDF, em janeiro de 2009, razão porque iria lançar mão de recursos de sócios, a título de empréstimo; c.3) que os pagamentos relativos à citada compra seriam feitos a prazo, em 2009, mas não chegaram a se concretizar, sendo que, em face de desacordo comercial, as tratativas foram sustadas, o negócio prometido foi desfeito e o empréstimo perdeu seu objeto e finalidade; c.4) que esse lançamento contábil deveria ter sido estornado, mas não o foi, por equívoco, a Certidão de ônus já anexada aos autos comprova que referido imóvel NUNCA transitou pelo patrimônio da Recorrente e, do mesmo modo, jamais ingressou dinheiro correspondente ao empréstimo, dado porque o mencionado mútuo se destinava a essa aquisição que não aconteceu; c.5) que verificase no caso a absoluta distorção do conceito de "renda" perpetrada pelo artigo 42 da Lei n.° 9.430/1996, ao admitir tratar depósitos bancários como tal, por presunção, na hipótese de o contribuinte não comprovar a origem dos recursos; c.6) que os Autuantes aplicaram a presunção legal em foco de maneira precipitada e abusiva, valendose apenas e tão somente dos extratos bancários da Recorrente para, somando depósitos havidos, apurar, presumivelmente, suposta renda auferida pela mesma e não oferecida à tributação; c.7) que não se pode rotular de "renda" o que não é, até porque não há no presente processo quaisquer outras provas que comprovem a utilização da suposta disponibilidade de milhões de reais, à margem da declaração ao Fisco, atribuída ao Recorrente; c.8) que é inadmissível a inversão do ônus probatório, no sentido de que o contribuinte deve provar a inocorrência da citada omissão, pois, na realidade, cabe à Administração Fazendária colher elementos de prova capazes de justificar a lavratura do auto e, repitase, a simples quebra do sigilo bancário, não fornece tais elementos; c.9) que, de início, cabe ressaltar que foi o Fisco quem entrou em contato com as instituições bancárias e delas solicitou os extratos das duas contas de titularidade da ora Recorrente. A rigor, os extratos bancários que foram juntados ao auto de infração foram obtidos pelos fiscais condutores do feito fiscal; Fl. 2336DF CARF MF Processo nº 10166.722314/201351 Acórdão n.º 1302002.660 S1C3T2 Fl. 2.334 5 c.10) que, no acórdão da DRJ, ora vergastado, os julgadores acusaram a empresa de "máfé", porque teria deixado de informar a existências de outras contas em nome da mesma; c.11) que não cabe a alegação de máfé no presente caso, eis que os auditores não solicitaram à contribuinte, ou a seus sócios, nem extratos nem informações sobre outras contas mantidas em instituições financeiras; c.12) que as transferências entre contas bancárias de mesma titularidade têm o condão, sim, de provar a origem das receitas da empresa, não configurando, então, omissão de receita; c.13) que a a fiscalização não se dignou a verificar as transações realizadas entre as contas da mesma titularidade da pessoa jurídica autuada. Revelase indispensável que o CARF corrija essa anomalia; c.14) que, conforme entendimento apresentado pelo relator do caso, devem ser excluídas todas as demais transferências que se deram entre quaisquer contas bancárias de titularidade da ora Recorrente, até mesmo aquelas que não tenham sido incluídas no levantamento fiscal; c.15) que o relator fundamenta sua posição no artigo 42, §3°, inciso I da Lei n° 9.430/96, o qual prescreve que, para efeito de determinação da receita omitida, os créditos sejam analisados individualmente e que não sejam considerados os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; c.16) que um imóvel no valor de R$ 1.440.000,00 (um milhão, quatrocentos e quarenta mil reais) foi vendido e o correspondente valor foi pago por meio de alguns depósitos realizados na conta de titularidade da empresa; c.17) que, tendo em vista a venda do imóvel ter sido efetivada em prestações, a empresa Recorrente conseguiu identificar, nos depósitos bancários, uma parcela de R$ 720.000,00 (setecentos e vinte mil reais) e o outra no valor de R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), ambas referentes à aludida operação e, para comprovar ainda a transação realizada, consta nos autos a escritura de venda do imóvel em questão, sendo que as datas e valores constantes do documento cartorial, a escritura, se confrontadas com os depósitos bancários, conferem credibilidade às afirmações da Recorrente; c.18) que, quanto a alguns depósitos, que a empresa comprovou trataremse de receitas de operações normais de sua atividade, alegam os julgadores que não foram juntadas as autos as notas fiscais, porém, é de se salientar que a Recorrente trouxe aos presentes autos cópia do Livro de Serviços Prestados (livro obrigatório exigido para efeito das informações do ISS, no Distrito Federal), sendo que esse livro contém os registros das prestações de serviços, remetendo à nota fiscal emitida que, por seu turno, confere com o depósito lançado no extrato bancário, Fl. 2337DF CARF MF 6 tratandose de documento hábil para comprovar a origem desses recursos que transitaram nas contas bancárias da pessoa jurídica; c.19) que, no tocante às situações em que uma nota fiscal teve o seu pagamento realizado por meio de vários depósitos parciais, a decisão da DRJ foi no sentido de não aceitar a nota fiscal como comprovação dessas origens, mas, na sua defesa, a Recorrente anexou documentos que comprovam a correlação entre notas fiscal e soma de depósitos bancários parciais, de sorte que o douto Colegiado do CARF certamente irá concordar que tais operações não só são corriqueiras na área empresarial, como também é comum uma nota fiscal ser paga parcialmente; d) quanto à responsabilidade solidária d.1) que não satisfeita em exigir milhões de reais da Recorrente, a Fiscalização convola as pessoas físicas dos sócios como "responsáveis solidários", o que merece ser rechaçado pelos órgãos Julgadores do Ministério da Fazenda, em face de ser uma conclusão completamente ilegal, como veremos a seguir; d.2) que revelase desprovida de quaisquer fundamentos fático probatórios e jurídicos a desastrada iniciativa da Fiscalização, visando a imputar a outros Contribuintes o ônus de responsabilidade tributária solidária, quanto ao crédito tributário constituído no presente processo, pelo que se faz imperativa a exclusão dos sócios da Recorrente, quanto a referido auto de infração; e) quanto à qualificação da multa de ofício: e.1) que, em inequívoco descompasso com o ordenamento constitucional, na hipótese dos autos, a Fiscalização aplicou, SEM PROVAS MATERIAIS DO COMETIMENTO DE FRAUDE, DOLO, OU SIMULAÇÃO, aplicou à Recorrente multa no elevado percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), conforme atesta o Auto de Infração, bem como foi mantido conforme o "Demonstrativo de Débito "A" Intimação n° 297/2014"; e.2) que a multa tal como fixada no Auto de Infração não pode subsistir, haja vista infringir o basilar princípio da vedação ao confisco, ao atingir direta e injustamente o patrimônio da Recorrente; e.3) que, sem adentrar no mérito da inconstitucionalidade dessa aberração jurídica, estabelece a Lei n° 9.430/96 que a multa há de ser estipulada em cento e cinquenta por cento, ante a ocorrência de fraude, nos moldes em que definida nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64; e.4) que, in casu, a Fiscalização não comprova a ocorrência de tais ilícitos, eis que a Recorrente não praticou nenhum ato que pudesse ser enquadrado nos tipos legais, eis que simples depósitos bancários, por si mesmos, não são suficientes para atestar a existência de dolo nos atos praticados pela Contribuinte; Fl. 2338DF CARF MF Processo nº 10166.722314/201351 Acórdão n.º 1302002.660 S1C3T2 Fl. 2.335 7 e.5) que é inafastável é a afirmativa de que meras presunções, interpretações conclusões ou indícios, são elementos insuficientes para caracterizar a existência do dolo que justifique a aplicação de multa agravada; f) quanto ao juros de mora: f.1) que, independentemente do enfoque atribuído ao litígio, a taxa SELIC não pode ser aplicada para cálculo de juros moratórios, considerando a sua falta de consonância com os princípios norteadores de nosso sistema constitucional tributário; g) que rogase que os d. Membros da Turma Julgadora acolham suas razões de defesa para que sejam acatados todos os argumentos apresentados quanto aos pontos contestados, REFORMANDOSE a parte do acórdão de Ia instância, no que lhe foi desfavorável. Insta apenas destacar que os devedores solidários, não obstante regularmente intimados do resultado do julgamento realizado pela DRJ, não interpuseram recursos próprios; apenas o contribuinte aviou seu apelo, sendo certo que, em relação ao argumento aí lançado, concernente à responsabilidade das pessoas físicas, houve inovação nesta instância (uma vez que não aventado pelo recorrente em sua impugnação). Cumpre, mais, esclarecer, que a DRJ havia dado parcial provimento (por maioria de votos) às impugnações para excluir do crédito parcelas concernentes à movimentações cuja origem teria sido comprovada (ou que se tratariam de simples movimentação entre contas pertencentes ao próprio contribuinte). Como o valor exonerado (R$ 1.012.128,88, conforme planilhas constantes de fl. 2208/2210), ultrapassava o limite preconizado pela, então vigente, Portaria 3, de 3 de janeiro de 2008 (art. 1º), o órgão colegiado a quo recorreu de ofício à este CARF. Pois bem. Distribuídos os autos ao então relator, Conselheiro Alberto Pinto de Souza Júnior, este identificou problemas que demandavam apuração, mormente porque, de acordo com os documentos acostados ao feito, o recurso voluntário teria sido juntado ao processo no dia 16/05/2014; considerandose que o contribuinte foi intimado do resultado do julgamento realizado pela DRJ em 15/05/2014, o predito apelo, em princípio, estaria intempestivo. Todavia, do citado recurso constante um carimbo de recebimento datado de 15/05/2014; como não foi possível identificar o servidor que teria recebido o documento (por ausência do nome e de seu número de matrícula), não era possível, a este Colegiado, afirmar a autenticidade do mencionado carimbo. Demais disso, o então Relator identificou, também, que os patronos que assinado o recurso não detinham procuração nos autos para representar, nem o contribuinte, nem tampouco os devedores solidários. Por conta destes fatos, decidiuse por converter o julgamento em diligência a fim de, primeiramente, confirmar a autenticidade do carimbo aposto no recurso voluntário (e, assim, atestar a sua tempestividade) e, ainda, para intimar o recorrente para sanear o vício de representação processual apontado. Fl. 2339DF CARF MF 8 À fl. 2.321 foi apresentado relatório de diligência por meio do qual se afirmou a autenticidade do carimbo, mediante identificação do servidor responsável pelo recebimento do recurso. O contribuinte foi então cientificado do resultado da diligência, ocasião em que foi intimado a apresentar a procuração tratada na parte final da aludida resolução. Sua ciência, digase, deuse por abertura de caixa postal eletrônica em 06/07/2017 (doc. de fl. 2325). Este, o relatório. Voto Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca Relator. I Do recurso de ofício. Consoante mencionado no relatório acima, o valor total do crédito exonerado pela DRJ alçou a monta de R$ 1.012.128,88, valor que, à época comportava a interposição do recurso de ofício, nos termos da Portaria de nº 3/2008 e do art. 34, I, do Decreto 70.235/72. Todavia, com a publicação da Portaria de nº 63/17, o valor de alçada pré fixado para os fins do citado art. 34, I, do Decreto 70.235/75, foi majorado para R$ 2.500.000,00. Neste particular, e ressalvado o entendimento, pessoal, deste Relator acerca da aplicação da lei processual no tempo, é de se obedecer, aqui, aos preceitos da Súmula 103 do CARF, de observância obrigatória por este Colegiado, cujo teor reproduzo abaixo: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. II Do recurso voluntário. Como se extrai do voto proferido pelo Ínclito Conselheiro, Alberto Pinto, por ocasião da já noticiada prolação da Resolução de nº 1302000.489, a aplicação supletiva do CPC/2015 (por força dos preceitos de seu art. 15) impunha, a este Colegiado, antes de declarar a inadmissibilidade do recurso, intimar a parte interessada para sanar a irregularidade processual identificada (falta de instrumento de procuração a outorgar poderes aos patronos do recorrente para manejar o apelo). Daí constar da parte final da aludida Resolução a seguinte determinação: b) intime a recorrente a apresentar, no prazo de cinco dias, procuração, na qual sejam conferidos poderes a, pelo menos, um dos dois subscritores do recurso voluntário (Leliana Maria Rolim de Pontes Vieira e Antonio Keldon Cavalcante de Oliveira), para representála nestes autos. In casu, observase que o recorrente foi regularmente cientificado do resultado da diligência fiscal, ocasião em que também foi intimado à apresentar a procuração tal qual determinado pela Resolução supra referida. A predita intimação foi Fl. 2340DF CARF MF Processo nº 10166.722314/201351 Acórdão n.º 1302002.660 S1C3T2 Fl. 2.336 9 juntada à fl. 2.322 e a sua ciência se deu, conforme já declinado no relatório, em 06/07/2017, conforme "Termo de Ciência por Abertura de Mensagem" de fl. 2.325. Nada obstante o cumprimento, a risca, dos primados constantes do digesto processual civil e, a despeito da correta e escorreita intimação do recorrente, este permaneceu inerte, não tendo, pois, providenciado a juntada do instrumento de procuração por meio do qual concederia poderes para sua representação aos subscritores do apelo (Leliana Maria Rolim de Pontes Vieira e Antonio Keldon Cavalcante de Oliveira). Neste passo, tendo em conta a irregularidade quanto a representação processual, não saneada pelo recorrente, ainda que intimado para tanto, há que se reconhecer que o apelo não reúne condições de procedibilidade, sendo, pois, de se reconhecer a sua deserção. III. Conclusão. Pelo exposto, voto por não conhecer dos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Gustavo Guimarães da Fonseca Fl. 2341DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001712/2004-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO NA DATA DE JULGAMENTO DO RECURSO.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Súmula CARF nº 103.
TRATADOS INTERNACIONAIS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. CONTRADIÇÃO. COLISÃO. INEXISTÊNCIA.
Não há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430/96 e os acordos internacionais para evitar a dupla tributação, firmados pelo Brasil, em matéria relativa ao princípio arm's length.
IN SRF 38/97. INCIDÊNCIA AO CASO CONCRETO. INAPLICABILIDADE DA IN SRF 32/2001.
Até 2001, a inclusão de frete e seguro, cujo ônus tenha sido da empresaimportadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação, foiinterpretada pela administração fiscal como uma opção e não um dever docontribuinte. Dicção do art. § 4º, art. 4º, da IN SRF 38/97, aplicável para osfatos geradores ocorridos no ano de 1999.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. REDAÇÃO ORIGINAL DOART. 18 DA LEI Nº 9.430 DE 1996. BENS, SERVIÇOS OU DIREITOSAPLICADOS À PRODUÇÃO. PREÇO DE REVENDA. RESTRIÇÃOINDEVIDA DA INSTRUÇÃO NORMATIVA.
A previsão expressa da aplicação do PRL60 a bens importados aplicados à produção passou a vigorar apenas após a edição da Lei nº 9.959, de 2000, que deu nova redação ao art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. O § 1º do art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997 transbordou da sua competência normativa ao proibir a aplicação do método PRL20 para bens submetidos à transformação para posterior revenda, uma vez que entrou em conflito com a redação original do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996.
Numero da decisão: 1301-003.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO NA DATA DE JULGAMENTO DO RECURSO. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Súmula CARF nº 103. TRATADOS INTERNACIONAIS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. CONTRADIÇÃO. COLISÃO. INEXISTÊNCIA. Não há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430/96 e os acordos internacionais para evitar a dupla tributação, firmados pelo Brasil, em matéria relativa ao princípio arm's length. IN SRF 38/97. INCIDÊNCIA AO CASO CONCRETO. INAPLICABILIDADE DA IN SRF 32/2001. Até 2001, a inclusão de frete e seguro, cujo ônus tenha sido da empresaimportadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação, foiinterpretada pela administração fiscal como uma opção e não um dever docontribuinte. Dicção do art. § 4º, art. 4º, da IN SRF 38/97, aplicável para osfatos geradores ocorridos no ano de 1999. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. REDAÇÃO ORIGINAL DOART. 18 DA LEI Nº 9.430 DE 1996. BENS, SERVIÇOS OU DIREITOSAPLICADOS À PRODUÇÃO. PREÇO DE REVENDA. RESTRIÇÃOINDEVIDA DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. A previsão expressa da aplicação do PRL60 a bens importados aplicados à produção passou a vigorar apenas após a edição da Lei nº 9.959, de 2000, que deu nova redação ao art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. O § 1º do art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997 transbordou da sua competência normativa ao proibir a aplicação do método PRL20 para bens submetidos à transformação para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 12 /2 00 4- 35 Fl. 1632DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.633 2 posterior revenda, uma vez que entrou em conflito com a redação original do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1633DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.634 3 Relatório JANSSEN CILAG FARMACEUTICA LTDA recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 16 25.427proferido pela 5ª Turma da Delegacia de Julgamento em São Paulo/SP1 que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada. O Presidente da turma julgadora de primeira instância recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, , c/c , art. 1º da Portaria MF nº 03, 03 de janeiro de 2008, haja vista o acórdão de origem ter exonerado o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Por bem refletir o litígio até aquela fase processual, adoto o relatório da decisão de primeira instância, complementandoo ao final: DA AUTUAÇÃO Conforme Termo de Constatação de fls. 421/426, em fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada, relativa aos preços de transferência no anocalendário de 2004, constatouse o seguinte: A contribuinte importa partes e peças automotivas, para revenda e industrialização, de empresas vinculadas sediadas no Japão e nos Estados Unidos, sujeitandose, portanto, às normas de preços de transferência. A contribuinte não fez nenhuma adição ao lucro líquido do exercício, decorrente dos métodos de preços de transferência, conforme Ficha 09A da DIPJ do anocalendário de 2004 (fl. 8). Para os cálculos dos preços de transferência referentes aos produtos importados de vinculadas, a contribuinte utilizou o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro) nos percentuais de 20% (PRL20) e 60% (PRL60), dependendo de os produtos destinaremse, respectivamente, à comercialização ou à industrialização, tendo também optado, para alguns produtos, pelo método PIC (Preços Independentes Comparados). Apesar de não haver feito nenhum ajuste de preços de transferência na DIPJ, após ter sido intimada a apresentar os cálculos, os demonstrativos apresentados pela empresa indicavam um ajuste no valor de R$ 589.958,60, conforme demonstrativo “Composição das Operações por Produto – Importações (Sintético)”, de fls. 94/108, onde estão relacionados todos os produtos importados de vinculadas, os métodos utilizados para cada um, os preços praticados, os preçosparâmetro e a apuração final do ajuste. Todos os produtos importados sujeitos aos preços de transferência foram objeto de fiscalização. Todavia, foram eleitos os 60 produtos mais significativos para exame mais detalhado e minucioso. Prosseguindo nas análises, a fiscalização verificou o seguinte. Importações As importações registradas pela empresa estavam de acordo com os dados constantes do Siscomex. Produtos calculados pelo método PIC Inicialmente, para comprovação dos preços de transferência pelo método PIC, a contribuinte apresentou uma mera relação em planilha Excel, com informações no idioma japonês, que se referiam às operações da matriz com terceiros não vinculados. Esse demonstrativo não foi aceito pela fiscalização. A contribuinte providenciou, então, junto à vinculada nos EUA as invoices, que foram trazidas ao Brasil devidamente notarizadas e consularizadas. Os documentos da matriz no Japão vieram traduzidas em parte (por amostragem) por tradutor juramentado, dos documentos relacionados à fl. 422. Esses documentos foram aceitos, sendo que o ajuste segundo o método PIC é o apurado pela própria empresa, referente ao produto “Sensor Ox. OZA151D3”, código 16459, no valor de R$ 2.151,69 (fl. 97), conforme demonstrativo da empresa de fls. 94/108. Fl. 1634DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.635 4 Produtos calculados pelo método PRL20 Após informar qual o método escolhido para cada produto sujeito ao preço de transferência e entregar as planilhas de cálculo, a contribuinte, posteriormente, ao detalhar esses cálculos, alterou o método de PRL20 (anteriormente apresentado) para PIC, para os produtos relacionados à fl. 423 (códigos 15776, 16417, 16558, 7100029 e 9100042). Não houve alterações a fazer nos cálculos da empresa. Assim, com as alterações do método PRL20 para PIC para os supracitados produtos, o ajuste, apurado pela própria empresa (fls. 94/108) é de R$ 120.065,05 (vide demonstrativo resumo às fls. 417/418). Bens aplicados à produção – método PRL60 A fiscalização, ao analisar os demonstrativos dos produtos aplicados à produção e calculados pelo método PRL60, verificou que, em alguns casos, havia erro nas informações referentes aos custos dos produtos, de tal forma que às vezes o percentual de custo da matéria prima importada excedia a 100% do custo total do produto. Assim, a fiscalização solicitou que fossem conferidos os dados informados. A contribuinte, então, forneceu novo demonstrativo (fls. 207/260) com produtos que foram retificados após revisão dos cálculos. Saneadas as informações, a fiscalização verificou que, tanto nas primeiras informações, quanto nas informações revisadas, em inúmeros casos o valor da venda – inclusive o valor líquido – era menor que o valor do custo do produto. Indagada sobre o motivo dessa situação, a contribuinte informou (fl. 196) que vende para empresas montadoras de veículos, e que nem sempre pode reajustar seus preços. Essa situação levaria, necessariamente, a ajuste de preços de transferência. Todavia, não é o que ocorre nos cálculos da empresa. Nos demonstrativos elaborados pela contribuinte (fls. 207/260) constam as informações e cálculos relacionados à fl. 424. A fiscalização constatou que os procedimentos utilizados pela empresa para encontrar o preço parâmetro pelo método PRL60 estão flagrantemente em desacordo com o que determina a IN SRF nº 243/2002, que detalha os procedimentos no artigo 12, § 11, e incisos I a V. Não bastasse isso, verificase que, pela fórmula de cálculo da empresa, mesmo para os produtos cujo valor líquido de venda é menor que o custo de fabricação, na maioria dos casos, não há ajuste a ser feito, situação absurda com relação aos preços de transferência. Para corrigir os cálculos segundo o método PRL60, de forma a atender ao disposto na IN SRF nº 243/2002, a fiscalização elaborou os demonstrativos de “Apuração do PRL60% Matéria Prima Aplicada à Produção” (fls. 273/413), para cada um dos produtos selecionados. Nesse demonstrativo, a fiscalização considerou os dados informados pela empresa (relacionados à fl. 425), e, a partir desses dados, apurou os preços de transferência conforme determinado na legislação. No demonstrativo de apuração do ajuste do PRL60 (fls. 416/418), confrontase o preçoparâmetro apurado pela fiscalização (nos termos da legislação vigente) e o preço praticado pela empresa. A diferença corresponde ao ajuste a ser oferecido à tributação, no montante de R$ 7.718.611,21. Desse demonstrativo constam apenas os produtos sujeitos a ajuste, acima da margem de divergência de 5%. Tendo em vista que o volume de papeis entregues pela empresa à fiscalização é muito grande, e visando a economia processual, a fiscalização anexou ao processo apenas os elementos indispensáveis às análises. As informações entregues em papel pela empresa, assim como as comprovações referentes ao método PIC, vindas do Japão e dos EUA, estão no dossiê arquivado na DEAIN. Dos lançamentos Em face do acima exposto, foram efetuados os seguintes lançamentos, relativos ao anocalendário de 2004: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) Auto de Infração fls. 428/432 Fundamento legal artigo 241 do RIR/99; artigo 1º da Lei nº 9.430/96; e artigos 2º a 8º, 12, 38 e 41 da IN SRF nº 243/2002, Crédito Tributário 1.960.206,99 Imposto Fl. 1635DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.636 5 (em reais) 1.470.155,23 Multa proporcional (75%) 1.205.331,27 Juros de mora (cálculo até 30/10/2009) 4.635.693,49 TOTAL Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Auto de Infração fls. 433/437 Fundamento legal artigo 2º, e §§, da Lei nº 7.689/88; artigo 1º da Lei nº 9.316/96; artigo 28 da Lei nº 9.430/96; e artigo 37 da Lei nº 10.637/2002 Crédito Tributário 705.674,51 Contribuição (em reais) 529.255,88 Multa proporcional (75%) 433.919,25 Juros de mora (cálculo até 30/10/2009) 1.668.849,64 TOTAL Crédito Tributário Total (em reais) Consolidado até 4.635.693,49 IRPJ 30/10/2009 1.668.849,64 CSLL 6.304.543,13 TOTAL DA IMPUGNAÇÃO Cientificada dos lançamentos em 27/11/2009 (fls. 431 e 436), a contribuinte, por meio de seus advogados, regularmente constituídos (fls. 512/513), apresentou, em 24/12/2009, a impugnação de fls. 442/489, alegando, em síntese, o seguinte: DA ILEGALIDADE DA IN SRF nº 243/2002 No que tange à parte do Auto de Infração relativo ao método PRL60, a autoridade fiscal relata, no Termo de Constatação, que a forma utilizada pela impugnante para encontrar o preçoparâmetro está em total descompasso com o que determina a IN SRF nº 243/2002. No entanto, cumpre ressaltar que a forma utilizada pela autoridade fiscal para encontrar o preçoparâmetro pelo método PRL60, descrita na IN SRF nº 243/2002, não merece acolhida, face às gritantes ilegalidades da referida instrução normativa, que legisla em seara não autorizada pela Lei nº 9.430/96, que inaugurou a sistemática dos preços de transferência no ordenamento brasileiro. Utilizandose o método PRL60 segundo a IN SRF nº 243/2002 a fiscalização obteve o ajuste total de R$ 7.718.611,21 (conforme demonstrativo de fls. 416/418, reproduzido às fls. 458/460), enquanto que, utilizando se a metodologia segundo a Lei nº 9.430/96, com redação dada pela Lei nº 9.959/2000, obtémse o ajuste total de R$ 110,84 (conforme demonstrativo de fls. 460/461). A análise comparativa dos 2 métodos de cálculo demonstra a discrepância existente entre aquele estipulado pela lei que rege a matéria e o estabelecido pelo ato infralegal, deixando evidente que a instrução normativa avançou, em sua função regulamentar, o campo reservado exclusivamente à lei ordinária. Diante disso, o afastamento das ilegais e inconstitucionais disposições da IN SRF nº 243/2002, com o conseqüente cancelamento da exigência de IRPJ e CSLL, é medida que se impõe. DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO MÉTODO PRL60 O presente Auto de Infração merece ser cancelado, tendo em vista que o critério utilizado pela fiscalização está completamente equivocado, ao presumir, em seus cálculos, que todos os itens submetidos ao PRL60 haviam sido importados de pessoa jurídica vinculada. A fiscalização não levou em conta, para cada item, apenas a quantidade importada de vinculada e utilizada na produção de um determinado bem. Ao contrário, partiu da quantidade consumida de cada item, sem tomar o cuidado de verificar se a quantidade consumida era equivalente à importada de vinculada, e, também, se no bem produzido havia sido utilizada somente a quantidade importada (tal informação pode ser verificada no Termo de Constatação, pg. 5). Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.637 6 A impugnante, na produção de diversos bens, utilizou matérias primas importadas de vinculadas (nesse caso, efetuou o cálculo dos preços de transferência pelo método PRL60), importadas de não vinculadas, bem com adquiridas no mercado nacional. Assim, na apuração dos ajustes, deveriam ser expurgadas do cálculo todas as importações que não forem de vinculadas e as aquisições no mercado nacional. Em razão da quantidade de itens produzidos e movimentações realizadas com diversas empresas, vinculadas e não vinculadas, não foi possível, no prazo da impugnação, reunir todos os demonstrativos de que, para a produção de um mesmo bem, foram utilizadas matérias primas importadas de vinculadas e de não vinculadas, e adquiridas no mercado nacional. Tais demonstrativos serão carreados aos autos antes do julgamento e deverão ser levados em consideração, em homenagem ao princípio da verdade material, informador do processo administrativo, como assente na doutrina e na jurisprudência administrativa. Assim, diante da imprestabilidade dos cálculos segundo o método PRL60, deve ser reconhecida a nulidade do lançamento, com o conseqüente cancelamento dos débitos de IRPJ e CSLL exigidos. NOVO PIC Determinados itens (relacionados à fl. 466), que no momento da fiscalização foram analisados como sendo sujeitos ao método PRL60 (pois teriam sido utilizados na industrialização), a esse método não se sujeitam, em razão de suas peculiaridades. O melhor método que se aplica aos itens supracitados não é o PRL60, visto que esses itens, nas linhas de produção da contribuinte, podem e foram substituídos por similares importados de pessoas jurídicas não vinculadas ou adquiridos no mercado nacional. Em razão dessa substituição, há a possibilidade de utilização do método PIC, bastando que fique demonstrada a similaridade entre os itens avaliados pela autoridade fiscal e os importados de pessoas jurídicas não vinculadas ou adquiridos no mercado nacional. Os itens em questão podem ser divididos em 3 grupos de insumos: Cabo AT, Arame e Aço Bobinado. Com relação ao Cabo AT, no anocalendário objeto da autuação, a impugnante importou, de pessoa não vinculada, item similar àquele que foi fiscalizado e valorado, para fins de preços de transferência, pelo método PRL60. A comprovação da similaridade dos itens (importado de vinculada e importado de não vinculada) pode ser atestada pelo laudo técnico elaborado pela Engenharia de Produtos (doc. 5). Tratase de cabos destinados à mesma finalidade, utilizado na fabricação do mesmo produto, possuindo as mesmas especificações, estando, portanto, atendidos os requisitos de similaridade trazidos pelo artigo 28 da IN SRF nº 243/2002. Também com relação aos itens Arame e Aço Bobinado, o melhor método aplicável é PIC, eis que a impugnante, em determinadas situações, os substitui por similares adquiridos no mercado nacional (em especial da empresa Belgo Bakaert Arames) ou os importa de pessoas não vinculadas. No que tange à similaridade desses itens, conforme laudo técnico elaborado pela Engenharia de Produtos (doc. 9), é possível comprovar que os itens adquiridos no mercado nacional ou importados de pessoas não vinculadas possuem as mesmas especificações daqueles importados de pessoa vinculada, possuindo a mesma aplicabilidade, de modo que restam atendidos os requisitos de similaridade descritos no artigo 28 da IN SRF nº 243/2002. Verificase, portanto, que para os 3 grupos aqui mencionados (Cabo AT, Arame e Aço Bobinado – 13 itens no total), é possível se utilizar o método PIC, ao invés do PRL60, como entendeu a fiscalização, de modo que, durante o julgamento desta impugnação, o cálculo dos ajustes devem levar em conta o método PIC, e não o PRL60. Feitas as considerações a respeito da possibilidade de utilização do método PIC para os itens aqui considerados, a impugnante passa a demonstrar que o PIC lhe é mais favorável. A autoridade fiscal efetuou os cálculos a partir da quantidade consumida de cada item, e não da quantidade importada de vinculada, que é a que efetivamente se sujeita à sistemática dos preços de transferência. A Fl. 1637DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.638 7 autoridade fiscal deveria verificar, previamente, se toda a quantidade consumida teve origem em importações com vinculadas. O cálculo fiscal adota a presunção, equivocada, de que toda a quantidade consumida do item é importada, quando, na verdade, há parcela de similares adquiridos no mercado interno ou importados de pessoas não vinculadas. Diante disso, o cálculo dos eventuais ajustes, além de deverem ser feitos utilizando o método PIC, precisam aterse apenas à quantidade importada de vinculada do item, conforme demonstra a tabela de fls. 475/476 (doc. 10, fl. 745). Patente, portanto, a demonstração de que o método PIC é o mais benéfico à contribuinte, podendo ser utilizado para os referidos itens. Destarte, para os itens ora discutidos (Cabo AT, Arame e Aço Bobinado), deve a presente impugnação ser julgada procedente, para que o cálculo dos ajustes leve em conta o método PIC e, também, apenas a quantidade importada da mercadoria, cancelandose, nesse aspecto, os débitos de IRPJ e CSLL. QUANTIDADE CONSUMIDA X QUANTIDADE IMPORTADA Retirando do PRL60 os itens listados no tópico anterior, os remanescentes, ainda que avaliados pelo PRL60, devem ter, no cálculo do ajuste, o expurgo da quantidade consumida, a fim de que não haja distorção no cálculo. Isso porque a metodologia de cálculo da fiscalização está equivocada, na medida em que não se pode tomar a quantidade consumida do item para efetuar a apuração do ajuste total de cada item (ajuste unitário X quantidade), mas sim a quantidade importada. Diante disso, devese anular o lançamento efetuado ou, ao menos, recalcular o valor do ajuste apurado pela fiscalização, atendose à quantidade importada do bem, e não à quantidade consumida, como feito inicialmente. MÉTODO PIC – REVENDA PELA PESSOA VINCULADA Uma última questão que merece ser debatida, com relação ao método PIC, é a que tange à possibilidade de utilização de tal método, em substituição ao PRL60, nas situações em que a pessoa jurídica vinculada sediada no território nacional adquire determinados itens de pessoas jurídica vinculada mediante simples revenda praticada por esta última. É o caso, por exemplo, em que para se produzir um determinado bem é necessário adquirir um cabo específico, importado de pessoa jurídica vinculada, sendo que esta não o produz, mas o compra de terceira pessoa jurídica, não vinculada, e o revende (exporta) para a empresa vinculada sediada no Brasil. Em tais situações é possível utilizar o método PIC, posto que o único requisito para a sua utilização é que haja operações de compra e venda praticadas entre compradores e vendedores não vinculados. Os itens a que a impugnante se refere estão relacionados às fls. 479/480. Para esses itens devese utilizar o método PIC, mais favorável à contribuinte. Assim, há que se cancelar a exigência ou, ao menos, refazer o cálculo fiscal, substituindose o método PRL60 pelo PIC. Em razão da necessidade de coleta de informações no exterior, relativamente aos preços de aquisição, pelas pessoas jurídicas vinculada, a impugnante protesta pela juntada posterior dos demonstrativos dos referidos preços de aquisição desses materiais, bem como dos cálculos comparativos entre os métodos PRL60 e PIC, provando que esse último método, por ser o mais benéfico à contribuinte, deve ser aplicado. MÉTODO PRL20 No que tange à parte da autuação que versa sobre o PRL20, a fiscalização apontou um ajuste de R$ 120.065,05. Entretanto, a utilização, pela fiscalização, do método PRL20 não é a mais adequada para o caso em questão, visto que há outro método – o PIC – mais favorável à impugnante. Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.639 8 Durante a fase de fiscalização, a impugnante procurou demonstrar para a autoridade fiscal que o melhor método aplicável ao caso seria o PIC, apresentando, para tanto, planilhas de similaridade entre os itens sujeitos à sistemática dos preços de transferência e aqueles adquiridos no mercado interno ou importados de pessoas não vinculadas. A autoridade fiscal, no entanto, não aceitou tal método, rejeitando as planilhas de similaridade, motivo pelo qual efetuou os cálculos segundo o PRL20 (doc. 12). Os itens em questão são os relacionados na tabela de fls. 483/484 (doc. 13), que aponta o valor total do ajuste que deveria ser considerado, com a utilização do método PIC na apuração do preçoparâmetro (R$ 2.092,44), mais favorável à contribuinte. Por todo o exposto, há que se cancelar a exigência fiscal calculada segundo o método PRL20. Caso assim não se entenda, deve o cálculo da fiscalização ser refeito, substituindose o método PRL20 (ajuste de R$ 120.065,05) pelo PIC (ajuste de R$ 2.092,44). Em razão da quantidade de itens que foram avaliados indevidamente pelo método PRL20, não foi possível, para todos eles, reunir, ainda, os documentos que comprovam a similaridade (laudo técnico) e as aquisições, no período abrangido pelo Auto de Infração, dos itens similares (notas fiscais, DIs e comprovantes de importação). Tais documentos comprobatórios serão carreados aos autos antes do julgamento, devendo ser levados em conta na decisão a ser proferida, em atendimento ao princípio da verdade material, que deve nortear o processo administrativo. DAS CONCLUSÕES E DO PEDIDO A impugnante sintetiza suas razões de defesa às fls. 485/486 e requer que: a) seja reconhecida a ilegalidade e inconstitucionalidade da IN SRF nº 243/2002, sendo, portanto válido o cálculo da impugnante para o método PRL60, cancelandose a exigência correspondente; b) seja reconhecida a imprestabilidade do cálculo fiscal para o método da PRL60 (que não expurgou as parcelas de matéria prima adquirida no mercado interno ou importada de pessoa jurídica não vinculada) e declarada nula a exigência fiscal ou recalculados os ajustes; c) seja desconsiderado o método PRL60, aplicandose o método PIC, mais favorável à contribuinte, para os itens relacionados na impugnação, cancelandose a exigência ou recalculando os ajustes; d) seja considerada inválida a aplicação do método PRL20, aplicandose o método PIC, mais favorável à contribuinte, para os itens relacionados na impugnação, cancelandose a exigência ou recalculando os ajustes. Por fim, a impugnante protesta pela juntada posterior de novos documentos, em homenagem ao princípio a verdade material. RELAÇÃO DE DOCUMENTOS A contribuinte relaciona, às fls. 488/489, os documentos juntados com a impugnação. Analisando a impugnação apresentada, a turma julgadora de primeira instância julgoua parcialmente procedente, cancelando parcela da exigência referente ao método PRL 60 em razão de erros nas quantidades consideradas pela fiscalização. Houve interposição de recurso de ofício em relação ao tema. O contribuinte foi intimado da decisão em 23 de junho de 2010 (fl. 836), apresentando recurso voluntário de fls. 838885 em 22 de julho de 2010. Em resumo, reafirma os termos de sua impugnação, argumento que a IN SRF 243/2002 seria ilegal e requerendo a adoção de outros métodos para cálculo dos ajustes referentes ao preço de transferência, diferente daqueles indicados na DIPJ e adotados pela fiscalização na realização do lançamento. É o relatório. Fl. 1639DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.640 9 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE Em relação ao recurso voluntário, além de tempestivo, foram preenchidos os demais pressupostos para sua admissibilidade. Dele, portanto, conheço. No que diz respeito ao recurso de ofício, foi exonerada parcela do crédito tributário, a saber: Exigido (a) Exonerado (a) Mantido (a) IRPJ 1.458.985,63 796.353,76 662.631,87 Multa IRPJ 1.094.239,22 597.265,32 496.973,90 CSLL 700.313,10 382.249,80 318.063,30 Multa CSLL 525.234,82 286.687,35 238.547,47 TOTAL 3.778.772,77 2.062.556,23 1.716.216,54 Conforme se observa, o valor de tributos e multas exonerado foi de R$ 2.062.556,23. À época da interposição do recurso de ofício vigia a Portaria MF nº 03, 03 de janeiro de 2008, que fixava o limite de R$ 1.000.000,00 de tributos e multas exonerados para que houvesse interposição de recurso de ofício. Contudo, considerandose que para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância, nos termos da Súmula CARF nº 103, é importante ressaltar que com a edição Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, o valor de tributo e encargos de multa exonerado a partir do qual se impõe a interposição de recurso de ofício foi elevado para R$ 2.500.000,00. Assim sendo, voto por não conhecer do recurso de ofício. 2 MÉRITO Inicialmente, convém ressaltar que, tratandose de exigências de IRPJ e CSLL com base nos mesmos dispositivos legais, o decidido quanto ao IRPJ aplicase integralmente à exigência de CSLL. 2.1 TRATADOS INTERNACIONAIS E PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA No que diz respeito na suposta colisão entre o disposto nos artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430, de 1996, e o conteúdo de tratados internacionais subscritos pelo Brasil, não assiste razão à recorrente. Sobre o tema, recentemente a 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 1ª Seção de Julgamento se proununciou sobre a matéria. Peço vênia para transcrever os fundamentos do voto do Conselheiro Relator Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira no acórdão 1402002.814: Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.641 10 Em relação aos tratados internacionais apontados, não assiste razão ao contribuinte. Os tratados convivem harmonicamente com as normas de preços de transferência, via art. 9º (CMOCDE). A única questão que pode ser colocada em relação a tratados, que não é o caso, são as hipóteses de pessoas vinculada prevista no art. 23 que não se enquadram na redação do tratado. O desvio das margens predeterminadas, conforme a Lei, que definem o padrão arm´s length, já é razão suficiente para aplicação das regras de TP, cumprindo com o requisito do tratado. Esta c. Turma já apreciou a matéria em recente julgado que peço vênia para incorporar às minhas razões de decidir: (...) Ocorre que os acordos então vigentes não definiram, nem limitaram, as metodologias de controle dos preços favorecidos, usualmente, denominadas "preço de transferência". Apenas possibilitaram a tributação dos preços favorecidos nas operações comerciais entre os Estados Contratantes. Em síntese, os Acordos não prevêem a utilização de métodos de preço de transferência. No Estado brasileiro, o controle e a tributação dos preços de transferência se encontram delineados nos artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430/96. Tais dispositivos, à época dos fatos geradores, eram regulamentados pela Instrução Normativa SRF n° 243/2002, com as alterações promovidas pelas Instruções Normativas SRF 321/2003 e 382/2003. Tratase de hipóteses fáticas, delimitadas pelo legislador nacional, que presumem a evasão de divisas através de operações com condições especiais entre vinculadas. Com efeito, os artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430/96 não colidem com os suscitados acordos internacionais. ( Proc. n. 10283.720642/201114 , Acórdão n.1402002.122 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária) Vale notar que há resposta Solução de Consulta sobre a matéria cuja transcrição se faz oportuna: COSIT n° 6, de 23/11/2001 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ementa: Aplicamse os ajustes previstos na Lei n° 9.430, de 27 dezembro de 1996, em matéria de Preços de Transferência. Não há contradição entre o artigo 9° do Modelo de Convenção Fiscal sobre o Rendimento e o Patrimônio da OCDE que trata dos preços de transferência nas convenções , e os artigos 18 a 24 da Lei n° 9.430, de 1996, que inserem e tributam os preços de transferência na legislação fiscal brasileira. Tampouco há contradição entre as disposições da Lei n° 9.430, de 1996 e os acordos de bitributação firmados pelo Brasil em matéria relativa ao princípio arm's length. Fl. 1641DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.642 11 Do exposto não vejo como prosperar a pretensão da recorrente neste ponto na medida em que o tratado contra bitributação em absolutamente nada obsta a aplicação das regras de Preço de Transferência. No mesmo sentido se decidiu no acórdão 110300.608 (sessão de 17/01/2012), de relatoria do Conselheiro Marcos Shigueo Takata, cujo excerto de interesse de sua ementa reproduzse a seguir: [...] TRATADOS INTERNACIONAIS – PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA O Brasil não adotou em seus tratados o previsto no art. 9º, § 2º, da Convenção Modelo da OCDE, mas somente o § 1º dela. O preceito contido neste autoriza a aplicação de ajustes de preços de transferência por um Estado contratante se, nas relações entre empresas associadas ou vinculadas situadas nos Estados contratantes, não for observado o arm’s length price. Inexistência de ofensa ao art. 9º dos Tratados celebrados pelo Brasil. Desse modo, rejeito a alegação da recorrente sobre a suposta contradição/colisão entre as normas brasileiras de preço de transferência e os tratados firmados pelo Brasil para evitar a bitributação da renda. 2.2 INCLUSÃO DE FRETE, SEGURO E TRIBUTOS NO CÁLCULO DO PREÇO PRATICADO DURANTE A VIGÊNCIA DA IN SRF nº 38/97 Pois bem, sobre o tema, na vigência da IN SRF nº 243, de 2002, tenho opinião firmada a respeito da legalidade dessa norma complementar. Entendo que os valores relativos a frete, seguro e imposto de importação devem compor a apuração do preço praticado, uma vez que compõem também o preço parâmetro. Isso porque o § 4º do art. 4º da IN SRF nº 243/2002 reflete o disposto no § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96, com a redação vigente à época dos fatos (“§ 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação”). Não se pode olvidar que, para fins de preço de transferência, a comparação entre preço praticado e preço parâmetro deve se dar a partir de grandezas semelhantes. Ora, se os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação são computados na apuração do preço de revenda, e o que se deseja é apurar o preço parâmetro em patamares similares aos mesmos bens ou serviços adquiridos no Brasil e de partes independentes, necessariamente o custo do frete, seguro e os tributos não recuperáveis de importação deverão ser considerados. Há de se ter simetria na comparação. O dispositivo legal em debate é claro ao determinar que o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação integram o custo. Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.643 12 Tal procedimento, na apuração do preço de transferência pelo método PRL, é óbvio. Esse método parte do preço de revenda praticado pelo contribuinte (média aritmética), e, daí, são excluídos alguns valores (descontos incondicionais concedidos, impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, comissões e corretagens pagas, e margem de lucro, nos termos do artigo 18, inciso II, da Lei nº 9.430/96, e do artigo 12 da IN SRF nº 243/2002), para se chegar ao preçoparâmetro, que será comparado ao preço considerado pela contribuinte como custo. Como, evidentemente, a contribuinte considerou na formação do preço de revenda, todos os seus custos, inclusive os de frete e seguro, por ela assumidos, e os tributos incidentes na importação, o preçoparâmetro, formado a partir do preço de revenda, também tem nele embutido os citados custos, ou seja, tratase de preço CIF, e não FOB, como quer fazer crer a impugnante. Assim, para que não ocorram distorções na comparação do preçoparâmetro com o preço praticado pela contribuinte, também o preço praticado deverá ter, em sua composição, tais custos. Comparar nada mais é do que subtrair um do outro, de modo que o efeito de tais custos na apuração de eventual ajuste a ser feito no Lucro Real e na base de cálculo da CSLL será nulo. É justamente dessa forma que se elimina a influência das parcelas do custo de aquisição que não têm qualquer relação de vinculação entre as empresas importadora e exportadora, e se analisa apenas o valor da mercadoria importada. No mesmo sentido podese citar precedente da extinta 5ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes que, no acórdão 1051671, enfrentou a questão com propriedade: [...] A inclusão ou não dos valores do frete, seguro e dos impostos nãorecuperáveis dependerá do método utilizado: PIC, PRL ou CPL. c. Os valores do frete, seguro e dos impostos não recuperáveis alteram de acordo com a variação do preço, das distâncias a serem percorridas,do tipo de transporte a ser utilizado, do peso transportado, entre outras variáveis. Desta maneira, nos casos de comparação direta entre os preços praticados na operação de importação de bens entre pessoas vinculadas e não vinculadas, como no método PIC, a inclusão dos valores mencionados alteraria a comparabilidade entre os preços praticados. d. Neste mesmo sentido, teríamos a opção de não computar os referidos valores, quando da utilização do método CPL. e. Não é o caso do PRL inscrito na legislação brasileira. Este método parte de um preço pelo qual o produto adquirido de uma pessoa vinculada é revendido a uma pessoa não vinculada. A partir deste preço de revenda são efetuados os ajustes deduzindo os valores legalmente especificados. Após o ajuste é deduzida uma margem legalmente estabelecida de 20%. O empresário agrega ao Prego de Revenda os custos correspondentes ao frete, seguro e os impostos não recuperáveis. Desta maneira, se desconsiderarmos no Custo da Importação os valores relativos ao frete, seguro e dos impostos não recuperáveis a Fl. 1643DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.644 13 comparabilidade para fins de preço de transferência estaria prejudicada. [...] No que tange aos argumentos a respeito da nova redação do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96, nos termos da Lei nº 12.715, de 2012, comumente trazido ao debate, entendo que seu teor depõe contra a recorrente. Explico. Em primeiro lugar, caso comumente adotado pelos recorrentes fosse adotada, os custos de frete e seguro suportados pelo importador somente seriam despesas dedutíveis em razão do disposto na redação original do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96. Isso porque o alcance de tal dispositivo somente diria respeito à dedutibilidade de tais despesas. Ora, partindose de tal premissa, teríamos que concluir que a nova redação dada pela Lei nº 12.715/12 teria revogado a dedutibilidade das despesas com frete e seguro realizadas com pessoas não vinculadas nas operações de importações, uma vez que não mais comporão o cálculo do preço praticado para fins de comparação com o preço parâmetro. Não me parece, portanto, a melhor interpretação a tese de que a antiga redação do dispositivo tivesse como objetivo tornar dedutíveis tais desembolsos. Há de se encontrar outra interpretação ao enunciado em questão. Nesse sentido, entendo que a melhor exegese do dispositivo legal em tela coadunase com o disposto no § 4º do art. 4º da IN SRF 243/2002, ou seja: o custo de seguro e frete, bem como dos tributos incidentes na importação, à luz da redação original do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96, deveria ser incluído para fins de cálculo do preço praticado porque também estava contido na apuração do preço parâmetro. O objetivo da norma infralegal atacada era equalizar as bases comparativas, em nada desbordando do texto legal. Retornandose ao novo diploma legal, alguns outros comentários merecem ser feitos. Se por um lado o dispositivo passou a excluir do preço parâmetro as operações de frete e seguro contratadas com pessoas não vinculadas (e cujo ônus tenha sido do importador FOB), por outro deixou evidente que nos casos de tais ônus não serem suportados diretamente pelo importador (CIF) os respectivos valores devem compor o preço praticado. Sem dúvida, a partir de 2013 (início de produção de efeitos da Lei nº 12.715/12), o grau de litigiosidade tende a diminuir. Por outro lado, se é possível depreender que a nova redação pode alterar a exegese da anterior – por seu caráter, digamos, interpretativo , não se pode desprezar que também pode se extrair que o novo texto legal inovou, passando a surtir efeitos a partir do ano calendário de 2013. E podese enxergar ainda que há pontos interpretativos e pontos modificativos na norma. Assim, quem contratou com cláusula CIF pode enxergar que a Lei nº 12.715/12 aplicase somente a partir de 2013; por outro lado, quem contratou com cláusula FOB dirá que a nova norma somente interpreta a norma anterior, traduzindo o espírito da arm´s length. O Fisco, por sua vez, pode interpretar de maneira absolutamente inversa, entendendo que em relação à cláusula CIF o novo diploma foi interpretativo, mas no que tange à cláusula FOB aplicarseá somente a partir de 2013. O mesmo raciocínio aplicase aos valores referentes aos tributos incidentes na importação e demais gastos aduaneiros. Portanto, o caráter de mitigação da litigiosidade FiscoContribuinte estampado na exposição de motivos da MP 563 possui muito mais caráter prospectivo que retrospectivo. A meu ver, os pontos trazidos pela Lei nº 12.715, de 2012, revestemse de caráter inovador no que tange à exclusão do preço praticado de algumas despesas. Se na Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.645 14 redação original do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, constava que “Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação”, o novo mandamento legal foi claro ao passar a permitir a exclusão da apuração do preço parâmetro dos valores de frete e seguro, de ônus do importador (FOB), quando contratados com pessoas não vinculadas e não localizadas em “paraísos fiscais”. De outro ângulo, observase que manteve a inclusão de tais valores no preço praticado quando a importação se der com cláusula CIF, pois, quisesse alterar seu quantum, certamente o teria feito como o fez nos fretes e seguros contratados diretamente pela importadora com pessoas não vinculadas. A questão da inovação fica ainda mais clara ao analisarmos o tratamento dos tributos incidentes na importação. Se na redação original do dispositivo em tela constava explicitamente que tais valores deveriam compor o preço praticado, o § 6ºA inserto no art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, pela Lei nº 12.715, de 2012, passou a determinar a exclusão dos tributos incidentes na importação da composição do preço praticado. Tal alteração, indubitavelmente, não pode ser tachada de interpretativa, pois altera diametralmente o tratamento de tais valores, primeiro incluindoos no preço praticado, e, posteriormente, excluindoos de seu cálculo. Diante do exposto, concluo que, para fins determinação do preço praticado, qualquer exclusão, inclusive dos valores de frete, seguro, tributos, deve ser expressamente autorizada pela legislação, tal qual trazido pela Lei nº 12.715, de 2012. Contudo, no caso concreto, os fatos geradores ocorreram no anocalendário de 1999, em cuja época vigia a IN SRF nº 38/97, cuja redação era distinta da contida na IN SRF nº 243/2002. Sobre o tema, colaciono o decidido no acórdão 9101002.940, na sessão de 08 de junho de 2017, acórdão de relatoria do Conselheiro Luís Flávio Neto, transcrevendo excertos de interesse da ementa e do voto condutor do aresto: Ementa: IN SRF 38/97. INCIDÊNCIA AO CASO CONCRETO. INAPLICABILIDADE DA IN SRF 32/2001. ANTERIORIDADE. Até 2001, a inclusão de frete e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação, foi interpretada pela administração fiscal como uma opção e não um dever do contribuinte. Dicção do art. § 4º, art. 4º, da IN SRF 38/97, aplicável para os fatos geradores ocorridos no ano de 2001. [...] Voto condutor: A Secretaria da Receita Federal enunciou instruções normativas sobre o tema. Fl. 1645DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.646 15 A IN n. 38/97, estabeleceu a seguinte orientação em seu art. 4º, § 4º: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. § 1º A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pelo própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, somente será efetuada com base nos métodos de que tratam os arts. 6° e 13. § 1º A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pela própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, será efetuada com base nos métodos de que tratam o art. 6o , o § 10 do art. 12 e o art. 13. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 113, de 19 de dezembro de 2000) § 2º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. § 3º A dedutibilidade dos encargos de depreciação ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado por um dos métodos de que tratam os arts. 6º e 13. § 4º Na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, PODERÃO, também, ser computados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. [grifos do apostos no acórdão] Assim, como se pode observar, a IN 38/97 expressamente indicou uma opção: poderia o contribuinte optar pela inclusão ou não do frete, seguro e tributos de importação na composição do preço praticado, a ser comparado com o preço parâmetro. Embora a interpretação do art. 18 da Lei n. 9.430/96 tenha se mostrado controvertida, é inegável que, na vigência da IN n. 38/97, as autoridades fiscais mostravamse vinculadas ao reconhecimento do contribuinte não Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.647 16 incluir frete, seguro e tributos de importação na composição do preço praticado, a ser comparado com o preço parâmetro. A referida IN 38/97 foi alterada pela IN 32, de 30.03.2001, que dispôs: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção, exceto na hipótese do § 1o, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. (...) § 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. A IN 32/2001, contudo, não pode ser aplicada ao caso concreto, que diz respeito ao próprio período de 2001. Ocorre que, ainda que a IN 32/2001 seja vocacionada a regular a Lei n. 9.430/96, é evidente que conferiu tratamento mais gravoso ao contribuinte, pois passou a exigir do contribuinte a inclusão de preços, seguros e tributos incidentes na importação, enquanto a IN 38/97 tratava tal inclusão como uma opção. Assim, ao optar pela não inclusão de frete, seguro e tributos no cálculo do preço praticado a ser comparado com o preço parâmetro, o contribuinte agiu em conformidade não apenas com a IN n. 38/97 [...] No mesmo sentido, em sessão realizada em 12 de setembro de 2011, no acórdão 9101001.166, de relatoria da Conselheira Karem Jureidini Dias, assim consta em sua ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. INSTRUÇÃO NORMATIVA. VINCULAÇÃO. INOBSERVÂNCIA. NULIDADE. A autoridade administrativa, ao efetuar o lançamento, está vinculada à Instrução Normativa, bem como ao direito por ela conferido ao contribuinte. PREÇO DE TRANSFERÊNCIA PRL INCLUSÃO DE CUSTOS COM FRETE, SEGURO E IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NA APURAÇÃO DO CUSTO A IN SRF n° 38/97, em seu artigo 4°, § 4°, estabelece que a inclusão dos valores de frete, seguro e imposto de importação na composição do custo é uma faculdade do contribuinte importador. Pela vinculação da autoridade administrativa ao referido ato normativo, deve tal faculdade ser respeitada, sob pena de nulidade do lançamento. Acompanhando, então, esses argumentos transcritos que embasaram parte das razões de decidir de ambos os precedentes citados, tratandose de fatos geradores ocorridos no ano de 1999, portanto sob a égide da IN SRF nº 38/97, creio que os princípios que regem a Fl. 1647DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.648 17 Administração Pública impõem a adoção do disposto nas normas complementares vigentes à época dos fatos geradores. Nesse mesmo sentido, a própria Lei nº 9.784, de 19991, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, determina que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, ao princípio da segurança jurídica, vedando a aplicação retroativa de nova interpretação. A esse respeito, em situação semelhante à ora analisada, a própria Procuradoria Geral da Fazenda Nacional já se pronunciou no sentido de fazer prevalecer a orientação contida em normas complementares expedidas pela Administração Tributária, aplicandose novel interpretação somente com efeitos ex nunc. A esse respeito, em razão da importância do entendimento da PGFN sobre o tema, peço vênia para transcrever excerto substancial do Parecer PGFN/CAT nº 1285/2008: Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 19, de 7 de dezembro de 2007. Instrução Normativa RFB nº 791, de 10 de dezembro de 2007. Fixação de Alcance no Tempo. Regra do Tempus Regit Actus. Estabelecimentos Hospitalares. Percentuais Diferenciados de Presunção para Fins de Fixação de Imposto de Renda. Princípio da BoaFé. Princípio da Segurança Jurídica. Eficácia Preclusiva da Decisão Administrativa Favorável ao Contribuinte. 29. A linha de entendimento é definitivamente fechada com os atos normativos cujo alcance temporal aqui se define, viz., os já citados Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 19, de 2007 e Instrução Normativa RFB nº 791, de 2007. Cabe, porém, analisar quais os efeitos dos referidos documentos no que se refere à aplicação dessas regras no tempo. 30. São duas as linhas interpretativas que o momento sugere. Cuidase dos efeitos temporais dos atos jurídicos. Preocupase com referenciais de boafé da Administração, bem como de segurança jurídica. Pretendese a consensualidade, buscase incansavelmente a segurança jurídica, tomandose esta última como aquele valor proporcionado por “(...) instituições que garantem previsibilidade no emprego do poder” (Diogo de Figueiredo Moreira Neto, Curso de Direito Administrativo, Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 78). Vinculase Administração e administrados, em regime de confiança; a este último não se pode penalizar, quando seguira orientação daquele primeiro. Fazêlo é medida que potencializará a litigância. 31. Prioritariamente, a regra geral remete o intérprete à parêmia do tempus regit actum, isto é, em cada instante tributariamente alcançado aplicase a disposição legal pertinente, bem como, para os efeitos do caso presente, o entendimento da Receita Federal, no momento especifico, respeitandose, bem entendido, decisões judiciais aplicáveis a fatos concretos. E do ponto de vista de interpretação de regra 1 Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: [...] XIII interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.649 18 fiscal remetese, com mais exatidão, para a mudança de critério exegético. 32. Concretamente, cuidase de hipótese de aplicação do art. 146, do Código Tributário Nacional, que dispõe que “a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução”. Há mudança de critério jurídico, por parte da Administração, circunstância justificativa de projeções concretas de feição exnunc. 33. Devese proteger e se estimular a boafé nas relações entre Administração e administrados. Colocandose nos termos mais simples possíveis, não poderia a Administração projetar preteritamente novo entendimento, com prejuízo para quem, no passado, pautou negócios nos termos precisos das orientações administrativas, que então havia. 34. Junto à legalidade absoluta, buscase um fair play, um jogo limpo, entre Fiscalização e fiscalizados, cuidandose dos interesses do Fisco e dos contribuintes, que não são necessariamente antagônicos, na medida em que focalizados à luz do bem comum. Fide, sed cui, vide, confia, mas vê em quem, é advertência apropriada para o momento, no sentido de se fixar adequadamente a pauta de orientações apresentada pela Administração. 35. A boafé remetenos à segurança jurídica. Nos termos de conhecido excerto doutrinário: “ Esta ‘segurança jurídica’ coincide com uma das mais profundas aspirações do Homem: a da segurança em si mesma, a da certeza possível em relação ao que o cerca, sendo esta uma busca permanente do ser humano. É a insopitável necessidade de poder assentarse sobre algo reconhecido como estável, ou relativamente estável, o que permite vislumbrar com alguma previsibilidade o futura; e ela, pois, que enseja projetar e iniciar, conseqüentemente – e não aleatoriamente, ao mero sabor do acaso, comportamento cujos frutos são esperáveis a médio e a longo prazo. Dita previsibilidade é, portanto,o que condiciona a ação humana. Esta é a normalidade das coisas. Bem por isso, o Direito, conquanto seja, como tudo o mais, uma constante mutação, para ajustarse a novas realidades e para melhor satisfazer interesses públicos, manifesta e sempre manifestou, em épocas de normalidade, um compreensível empenho em efetuar suas inovações causando o menor trauma possível, a menor comoção, às relações jurídicas passadas que se perlongaram no tempo ou que dependem da superveniência de eventos futuros previstos” (Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Malheiros, 2008, pp. 124125). 36. Para outro autor clássico, “a ela [a segurança jurídica] está visceralmente ligada a exigência de maior estabilidade das situações jurídicas, mesmo daquelas que na origem apresentem vícios de ilegalidade. A segurança jurídica é geralmente caracterizada como uma das vigas mestras do Estado de Direito” (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo: Malheiros, 2008, p. 99). 37. Há outra passagem, de autoria de Professora Titular de Direito Administrativo da Universidade de São Paulo, que em passo que converge tematicamente para com o tema aqui avaliado, observou, como segue: Fl. 1649DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.650 19 “A segurança jurídica tem muita relação com a idéia de respeito à boafé. Se a Administração adotou determinada interpretação como correta e a aplicou a casos concretos, não pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com base em errônea interpretação. Se o administrado teve reconhecido determinado direito com base em interpretação adotada em caráter uniforme para toda a Administração, é evidente que a sua boafé deve ser respeitada. Se a lei deve respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, por respeito ao princípio da segurança jurídica, não é admissível que o administrado tenha seus direitos flutuando ao sabor das interpretações jurídicas variáveis no tempo” (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 2008, p. 80). 38. A matéria é presentemente objeto de lei. É que o art. 2º, caput, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, dispõe: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. (grifei) [grifos do original] 39. Segurança jurídica e boafé qualificam as instâncias interpretativas que a presente questão exige. Nesse sentido, boafé é locução de amplo uso no Direito Público. Especialmente, “a boafé não é elemento ou circunstância a ser considerada apenas no que diz respeito às relações de direito privado entre particulares, ou de direito penal; a consideração da boa ou máfé, tanto do particular que se relaciona com a Administração Pública quanto do agente público que se relaciona com o administrado, é também essencial, configurando, sim, um princípio também de direito administrativo” (Sérgio Ferraz e Adilson Abreu Dallari, Processo Administrativo, São Paulo: Malheiros, 2007, p. 103). 40. O Supremo Tribunal Federal tem sido muito rigoroso com os exatos contornos da segurança jurídica. Por exemplo, em outra circunstância, e em contexto de outra discussão, por ocasião do Mandado de Segurança nº 22.3570DF, relatado pelo Ministro Gilmar Mendes, ementouse que: “ (...) 5.Obrigatoriedade da observância do princípio da segurança jurídica enquanto subprincípio do Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situações do Estado de Direito. Necessidade de estabilidade das situações criadas administrativamente. 6. Princípio da confiança como elemento do princípio da segurança jurídica. Presença de um componente de ética jurídica e sua aplicação nas relações jurídicas de direito público”. 41. Também em outra circunstância, e em outro contexto, o Supremo Tribunal Federal manifestouse a propósito da aplicação do princípio da segurança jurídica, enquanto subprincípio do Estado de Direito; é o que se lê na ementa no mandado de segurança nº 24.268 0MG, relatado originariamente pela Ministra Ellen Gracie, com acórdão relatado pelo Ministro Gilmar Mendes. De igual modo, a segurança jurídica é vetor hermenêutico da questão de ordem em petição nº 2.9003RS. 42. E porque aplicável o art. 146 do CTN, deveria a Administração simplesmente verificar se o contribuinte recolheu no pretérito do modo exato como a própria Administração entendia que deveria ser feito. Tãosomente seguese a compromisso anterior. Que deve ser cumprido. Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.651 20 43. E porque o quantum debeatur originário já fora fixado pela própria Administração, o interessado que recolheu nos moldes preconizados não vislumbraria legitimidade em lançamentos suplementares, que decorrem de mudança de entendimento. Nesse sentido, que qualifica a boafé, é que a segunda hipótese emerge como solução que atenta para princípios e regras que regem a matéria. Indico, expressamente, o referido princípio, subsumido em regra, e refirome à parte final do inciso IV, do parágrafo único, do art. 2º, da Lei nº 9.784, de 1999. 44. A segurança jurídica, circunstância que enseja identificação principiológica e normativa, derivada e sublimada na concepção de boafé, justifica, no caso presente, que se atente para o comando do art. 146 do Código Tributário Nacional, de modo que o Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 19, de 2007, bem como a Instrução Normativa RFB nº 791, de 2007, sejam aplicados em seus respectivos aspectos prospectivos de tempo, alcançando situações ocorridas com e após a necessária publicação e conseqüente divulgação dos referidos atos normativos. 45. Respeitamse situações pretéritas consolidadas, nos termos de legislação e orientação anteriormente vigentes. Devese verificar, caso a caso, qual o instrumento legal aplicável, com o propósito de se definir a natureza do serviço hospitalar investigado. 46. Tempus regit actum, o tempo rege o ato, é regra seminal que informa o direito ocidental, centrado na racionalidade, na busca de eficiência. A matéria não era de entendimento pacífico, não há regra geral absoluta que se aplique, especialmente porque os Tribunais oscilaram, transitando de interpretação ampliativa em favor do contribuinte para exegese restritiva em prol do Fisco. 47. Ipso facto, o Ato Interpretativo RFB nº 19, de 2007 e a Instrução Normativa RFB nº 791, de 2007, operamse exnunc, de modo prospectivo, não podendo suscitar surpresa no contribuinte, que no pretérito se comportara de acordo com a fórmula abraçada pela Administração. 48. O novo entendimento que a Administração Fiscal abraça qualifica modificação introduzida de ofício, identifica critério jurídico distinto, há lançamento (ainda que suplementar), circunstâncias que são alcançadas pelo primeiro fragmento da dicção do art. 146 do Código Tributário Nacional. 49. O superior cânone da boafé, ancorado na vedação de uso retroativo de norma tributária de maior imposição, síntese de uma segurança jurídica desejada por sociedade democrática, justificam que se respeite ao contribuinte que recolheu do modo como preconizado pela Administração. Por outro lado, o Ato Declaratório RFB nº 19, de 2007, e a Instrução Normativa RFB nº 791, de 2007, não autorizam que se defiram pretensões de restituição ou de repetição de indébito. Não é desse assunto que tratam, e nem se tem hipótese de eventual devolução. 50. Conclusivamente, os atos legais aqui estudados não alcançam situações jurídicas consolidadas. São dotados, sic et simpliciter, de efeitos prospectivos. Dada a necessidade de ação uniforme, adequado que a questão seja encaminhada ao Senhor Ministro de Estado da Fazenda, para análise, ponderação e eventual outorga de efeitos vinculantes, pesadas as razões aqui lançadas. À consideração superior. COORDENAÇÃOGERAL DE ASSUNTOS TRIBUTÁRIOS, em 23 de junho de 2008. Fl. 1651DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.652 21 ARNALDO SAMPAIO DE MORAES GODOY CoordenadorGeral de Assuntos Tributários De acordo. Concordo. Encaminhese ao Senhor ProcuradorGeral da Fazenda Nacional. PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, em 26 de junho de 2008. FABRÍCIO DA SOLLER ProcuradorGeral Adjunto da Fazenda Nacional Aprovo. Encaminhese ao Senhor Ministro de Estado da Fazenda. PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, em 26 de junho de 2008. LUÍS INÁCIO LUCENA ADAMS ProcuradorGeral da Fazenda Nacional Conforme se observa, a própria Administração Tributária entende que, havendo alteração de entendimento sobre determinado tema, em prejuízo ao contribuinte, a nova interpretação deve ser aplicada prospectivamente, ou seja, com efeitos ex nunc, não havendo que se falar em retroatividade de nova interpretação que venha a prejudicar o contribuinte que se comportou conforme entendimento da Administração vigente à época dos fatos geradores. Nesse mesmo sentido, convém destacar o disposto na Instrução Normativa RFB nº 1396, de 16 de setembro de 2013, que dispõe sobre o processo de consulta: Art. 9º A Solução de Consulta Cosit e a Solução de Divergência, a partir da data de sua publicação, têm efeito vinculante no âmbito da RFB, respaldam o sujeito passivo que as aplicar, independentemente de ser o consulente, desde que se enquadre na hipótese por elas abrangida, sem prejuízo de que a autoridade fiscal, em procedimento de fiscalização, verifique seu efetivo enquadramento. DOS EFEITOS DA CONSULTA Art. 10. A consulta eficaz, formulada antes do prazo legal para recolhimento de tributo, impede a aplicação de multa de mora e de juros de mora, relativamente à matéria consultada, a partir da data de sua protocolização até o 30º (trigésimo) dia seguinte ao da ciência, pelo consulente, da Solução de Consulta. [...] Art. 17. Na hipótese de alteração de entendimento expresso em Solução de Consulta sobre interpretação da legislação tributária e aduaneira, a nova orientação alcança apenas os fatos geradores que ocorrerem depois da sua publicação na Imprensa Oficial ou depois da ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. [grifos nossos] Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.653 22 Ora, se uma decisão em processo de consulta, ainda que não formulada pelo contribuinte, lhe traz segurança suficiente para aplicar o entendimento da Administração Tributária sem que possa lhe ser exigido o tributo futuramente, não há como se imaginar não adotar o mesmo raciocínio para um ato (instrução normativa) dirigido absolutamente a todos os contribuintes. Nesse contexto, a incidência da IN SRF nº 38/97 ao presente caso configura fundamento suficiente para o afastamento da parcela da exigência em questão. 2.3 UTILIZAÇÃO DO MÉTODO PRL20 NA VIGÊNCIA DA REDAÇÃO ORIGINAL DO ART. 18 DA LEI Nº 9.430, DE 1996 A respeito do tema, mais uma vez valhome da atual jurisprudência da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Sobre o tema, adoto como razões de decidir o os fundamentos do voto condutor (vencedor) do acórdão nº 9101002.507, de lavra do Conselheiro André Mendes de Moura, julgado na sessão de 12 de dezembro de 2016, transcrevendoo a seguir, antecidido da ementa que interessa ao caso concreto: PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL20. REDAÇÃO ORIGINAL DO ART. 18 DA LEI Nº 9.430 DE 1996. BENS, SERVIÇOS OU DIREITOS APLICADOS À PRODUÇÃO. PREÇO DE REVENDA. RESTRIÇÃO INDEVIDA DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. A previsão expressa da aplicação do PRL60 a bens importados aplicados à produção passou a vigorar apenas com a redação da Lei nº 9.959, de 2000 que alterou o art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. O § 1º do art. 4º da IN SRF nº 38, de 1997 transbordou da sua competência normativa ao proibir a aplicação do PRL20 para bens submetidos à transformação para posterior revenda, vez que entrou em conflito com a redação original do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. Voto Vencedor Apesar da bem fundamentada exposição da ilustre relatora, peço vênia para divergir no mérito, a respeito da possibilidade de a pessoa jurídica adotar o PRL20, em momento no qual vigorava a redação original do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: definido como a média aritmética dos preços de bens, serviços ou direitos, idênticos ou similares, apurados no mercado brasileiro ou de outros países, em operações de compra e venda, em condições de pagamento semelhantes; Fl. 1653DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.654 23 II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda; III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: definido como o custo médio de produção de bens; serviços ou direitos, idênticos ou similares, no país onde tiverem sido originariamente produzidos, acrescido dos impostos e taxas cobrados pelo referido pais na exportação e de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o custo apurado. (grifei) (...) [grifos do acórdão] Entendeu a Fiscalização que a contribuinte não poderia ter adotado o PRL, em razão da vedação constante na IN SRF nº 38, de 1997, art. 4º, § 1º: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. § 1º A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pelo própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, somente será efetuada com base nos métodos de que tratam os arts. 6° e 13. (grifei) [grifos do acórdão] No art. 6º, encontrase o método PIC, e no 13, o método CPL. Aduz a Contribuinte que, na época dos fatos, não havia vedação no art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, para adoção do método PRL, e que a restrição imposta pela IN SRF nº 38, de 1997, art. 4º, § 1º, seria ilegal. Entendo que assiste razão à Contribuinte. De fato, a restrição imposta pela instrução normativa não encontra nenhum respaldo legal. Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.655 24 O caput do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, deixa claro que, primeiro, o legislador obrigou o contribuinte a apurar o preço de transferência obrigatoriamente mediante aplicação de um dos três métodos, PRL, PIC ou CPL, e segundo, que a escolha seria livre, sem restrições. Por outro lado, a instrução normativa em debate impôs restrição expressa quando o bem, serviço ou direito fosse para emprego, utilização ou aplicação, pelo própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito. Fato é que, apesar de o PRL20 na redação original mencionar a margem de lucro sobre o preço de revenda, não implicou, necessariamente, em proibição a insumo que eventualmente poderia sofrer transformação e ser comercializado sob a forma de um outro produto. Em nenhum momento a redação deixou transparecer que o PRL20 seria apenas aplicável a insumo que fosse diretamente revendido no mercado interno sem nenhum processo de transformação. Resta mais evidente a situação com a redação da Lei nº 9.959, de 2000, alterando o inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 2º A alínea "d" do inciso II do art. 18 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: "d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses." (NR) (Grifei) A redação dada ao PRL60 é clara: sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção. Ora, preço de revenda é gênero, aplicável a espécie insumo submetido a transformação e a espécie insumo não submetido a transformação. Na redação original do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, faziase referência ao gênero, e por consequência aplicouse tratamento idêntico às espécies, vez que a lei não trouxe nenhuma distinção de espécie. Com a alteração promovida pela Lei nº 9.959, de 2000, passouse a dispor sobre cada uma das espécies, e, por consequência, cada espécie passou a receber tratamento particular da legislação: ao insumo submetido a transformação aplicase o PRL60, e ao insumo não submetido a transformação o PRL20. Fl. 1655DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.656 25 O tema já foi debatido em outras oportunidades. Transcrevo excerto do voto vencedor proferido pelo exConselheiro Caio Marcos Cândido, no Acórdão 10194.859, da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: Quanto à possibilidade de aplicação do método PRL (preço de revenda menos lucro), como método de apuração de preço parâmetro a ser utilizado na identificação de preços de transferência em insumos destinados a produção de outro bem, restringida pelo parágrafo 1° do artigo 4° da Instrução Normativa SRF n° 38/1997, entendo (como já entendeu de forma unânime esta Câmara nos julgamentos dos recursos 137.936 e 134.780) ter a orientação administrativa exacerbado sua função regulamentadora, impondo restrição onde a lei de regência da matéria, lei n° 9.430/1996, não impôs. Tal conclusão se sustenta nas disposições do caput do artigo 18 da citada lei combinado com o conteúdo do seu parágrafo 4°, que prevêem a existência de três métodos: de Preços Independentes Comparados (PIC), do Prelo de Revenda menos Lucro (PRL) e Custo de Produção mais Lucro (CPL) e a possibilidade de livre escolha pelo contribuinte daquele, dentre eles, que lhe for mais favorável. Restringir onde a lei não o fez, impondo ônus tributário ao contribuinte é causa de ilegalidade da regra restritiva, no caso da IN n° 38/1997 (artigo 4°, parágrafo 1°), o que implica o afastamento de seus efeitos. Portanto, a espécie "bens importados aplicados à produção" passou a receber tratamento específico apenas com a redação da Lei nº 9.959, de 2000, no qual se passou a adotar a margem de lucro de 60% sobre o preço de revenda. Antes disso, não havia nenhuma restrição para que, no caso de bens importados aplicados à produção, pudesse ser utilizado método PRL20. Enfim, resta prejudicada apreciação sobre a outra matéria, se haveria ou não produção de um novo bem, vez que, diante da ilegalidade da instrução normativa, restou afastada por completo a infração fiscal. Logo, improcede a exigência também em relação a esse ponto. Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 16327.001712/200435 Acórdão n.º 1301003.035 S1C3T1 Fl. 1.657 26 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por não conhecer do recurso de ofício e por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 1657DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000299/2006-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.532
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer da representação de nulidade, afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, manter o Acórdão 101-97.023 em seu inteiro teor. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa que votou pela anulação da decisão.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Lizandro Rodrigues de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer da representação de nulidade, afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, manter o Acórdão 101-97.023 em seu inteiro teor. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa que votou pela anulação da decisão. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Lizandro Rodrigues de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer da representação de nulidade, afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, por maioria de votos, manter o Acórdão 10197.023 em seu inteiro teor. Vencido o Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa que votou pela anulação da decisão. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente Substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Lizandro Rodrigues de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente Substituto). Ausente justificadamente o Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 00 29 9/ 20 06 -5 3 Fl. 1349DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.350 2 Relatório Tratase de apreciar a Representação de Nulidade nº 02/2017, de 13/01/2017 (fls. 6/7 do Processo nº 15169.000004/201707 apenso) fruto da arguição feita pela CorregedoriaGeral do Ministério da Fazenda em face do quanto concluído no curso da investigação conduzida no âmbito da chamada “Operação Zelotes”, encaminhada a este CARF mediante Memorando nº 934/2016/COGER/GMF/MFDF, de 23/11/2016, acolhida pela Presidência do Colegiado conforme despacho de 28/03/2017 (fls. 945/946) e que questiona a decisão exarada pela então 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, em 13/11/2008 (Ac. 10197.023), cuja ementa tem a seguinte redação: CAUSAS DE NULIDADE. TAXATIVIDADE. DECRETO 70.235/72 As causas de nulidade previstas nos artigos 59 e 60 do Decreto 70.235/72 são taxativas, de modo que somente os fatos nela previstos viciam o procedimento fiscal. FATO GERADOR. LUCROS DISPONIBILIZADOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. DECADÊNCIA Em virtude de ficção legal prevista no art. 1° da Lei 9.532/92, considerase ocorrido o fato gerador no momento da disponibilização para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, contandose daí o prazo decadencial para o lançamento. CONVENÇÃO BRASILPORTUGAL. NÃO APLICAÇÃO NA ZONA FRANCA DA ILHA DA MADEIRA. O acordo para evitar bitributação assinado entre Brasil e Portugal, introduzido no ordenamento por meio do Decreto 4.012/2001, não impede a incidência tributária sobre lucros auferidos com empresas estabelecidas na Ilha da Madeira. LUCRO NO EXTERIOR. TAXA DE CONVERSÃO PARA A MOEDA NACIONAL. A conversão para a moeda nacional dos lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas deve ser feita com a taxa de cambio do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de oficio. Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a conversão cambial na data da disponibilização dos lucros, determinando a utilização da taxa de cambio da data das demonstrações financeiras, vencidos Jose Ricardo da Silva e Aloysio José Percinio da Silva que davam provimento integral, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Praga (Presidente da Camara), Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho (VicePresidente), Sandra Maria Faroni, Valmir Sandri, Caio Marcos Fl. 1350DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.351 3 Cândido, Joao Carlos Lima Junior, José Ricardo da Silva e Aloysio José Percinio da Silva. Referida “Representação” tem o seguinte teor: REPRESENTAÇÃO DE NULIDADE Nº 02/2017 Brasília, 13 de janeiro de 2017. A CorregedoraGeral do Ministério da Fazenda, mediante o memorando nº 934/2016/COGER/GMF/MFDF, de 23/11/2016, cientificou este CARF da conclusão de investigação conduzida no âmbito da Operação Zelotes em que "apurou a participação de conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF/MF em irregularidades cometidas" no curso dos Processos Administrativos Fiscais (PAF) nos 16561.000068/200677 e 16327.000299/200653. Diante disso, solicitou a formalização da Representação de Nulidade de que trata o § 3º do artigo 80 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. A representação de nulidade em tela foi formalizada em 20/12/2016 de forma individual para os dois processos fiscais referidos pela COGER/MF, conforme Representação de Nulidade nº 03/2016, acostada às efls. 07/08 do processo nº 15169.000155/201676, criado especificamente para a análise da nulidade do PAF nº 16561.000068/200677. Ressaltese que a numeração do expediente em questão foi feita de forma equivocada, eis que já existia uma representação nº 03/2016. Ademais, há a necessidade de formalização de representações individuais para os dois processos fiscais referidos, já que podem conter realidades fáticas e ter instrução probatória independentes. Ante o exposto, para sanear o problema, e considerando a competência de que trata o § 3º do artigo 80 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, formalizo a presente Representação de Nulidade, que retifica àquela outrora protocolizada tão somente para determinar que esta deverá ser autuada em apenso ao processo administrativo fiscal nº 16327.000299/200653 (§ 6º do citado artigo 80) já que outra representação tratará exclusivamente do outro processo apontado pela COGER. Encaminhese ao Presidente da 1ª Seção de Julgamento para adoção das providências elencadas no citado artigo 80 no anexo II ao RICARF necessárias à apreciação da questão. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Com o Memorando veio o “Relatório de Análise nº 18/2016, composto de 249 páginas, dando conta do resultado da investigação havida, que culminou com o pedido de nulidade supra, apontando para possível “atuação ilícita” (fls. 01) dos exconselheiros Sandra Maria Faroni, Valmir Sandri e José Ricardo da Silva em esquema destinado a “influir no resultado do julgamento de processos administrativos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais” (ibidem) e, no que importa no momento, na decisão prolatada pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, em 13/11/2008 (Ac. 10197.023, ementa já transcrita) Segundo excertos do “Relatório de Análise nº 18/2016”, peça central da acusação imputada, o contribuinte foi alvo de fiscalização da Receita Federal com lavraturas de Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.352 4 autos de infração no montante histórico de R$ 597.96.123,57 e os exconselheiros, alvos da representação, participaram do julgamento. Vejase: (...) Diz ainda o “Relatório de Análise nº 18/2016” que, "em sessão realizada no dia 13/11/2008 o recurso foi julgado pela 2ª turma ordinária, da 1ª Câmara do CARF que resultou na negativa ao Recurso de Ofício protocolado pela Fazenda e no provimento parcial do Recurso Voluntário", e que, "os Conselheiros Aloysio José Percinio da Silva e JOSÉ RICARDO DA SILVA davam provimento integral ao recurso do contribuinte" (destaques do original). Mais, que outros conselheiros merecem atenção, citando Valmir Sandri que votou a favor do contribuinte e que "posteriormente sua empresa de advocacia (...) foi contemplada com parcelas de valores remuneratórios pagos pelo banco em razão do benefício alcançado no julgamento do processo". Que, "com relação a conselheira SANDRA MARIA FARONI, esta juntouse a VALMIR SANDRI e LEONARDO MUSSI na sociedade de advogados em 2010, logo após sua Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.353 5 aposentadoria (...) percebendo desde então pro labore e distribuição de lucros. Mais tarde, em 2014 seu sobrenome foi incluído no nome empresarial da MUSSI & SANDRI". (destaques no original). Intimadas as partes (fls. 1031/1034), a pessoa jurídica BANK OF AMERICA NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, atual denominação de BOSTON NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA. e as pessoas físicas e exconselheiros Valmir Sandri e Sandra Maria Faroni acostaram manifestações refutando as acusações, quedandose silente o ex conselheiro José Ricardo da Silva, que não apresentou defesa. Resumidamente os interpelados expuseram seus entendimentos acerca do libelo acusatório nos seguintes termos: 1. BANK OF AMERICA (fls. 1038/1068) Principia por arguir quatro nulidades, a saber: Em relação à primeira delas, diz ter sido cerceado seu direito de defesa por não ter tido acesso completo aos autos, mais especificamente do PA nº 12100.000079/201514, além do “prazo exíguo que teve para analisar a íntegra do presente processo administrativo”. Sobre a “decadência” entende que o prazo para a Administração Pública pleitear a nulidade do acórdão nº 101.97.023 já teria se esvaído, posto que exarada a decisão em 13/11/2008 e a sua ciência da presente representação ocorreu em 24/04/2017, mais de oito anos depois (traz doutrina e jurisprudência). Assenta, ainda, não se poder cogitar de “máfé” nos votos proferidos pelos Conselheiros Valmir Sandri e Sandra Faroni se, “à época do julgamento, em 13/11/2008, esses não possuíam qualquer envolvimento ou ligação com o PAF nº 16327.000299/200653” (fls. 1049). Sustenta que a máfé a que alude o art. 54 da Lei nº 9.784/99 deve ser comprovada e isso “não ocorre nos presentes autos”, já que o Relatório que traz a acusação “é um conjunto de suposições e alegações, quando muito, que deve ser visto como ponto de partida para investigações mais aprofundadas”, e que, “em sendo assim (...) o direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários decai em 5 anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé, circunstância que não ficou demonstrada nos autos”. Suscita, também, nulidade por erro de direito da representação de nulidade, por entender que, à época dos fatos, o artigo 80 do RICARF, assumido pela Corregedoria MF, não Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.354 6 estava em vigor; do mesmo modo, os artigos 42 e 62 do mesmo diploma regimental, não vigentes na oportunidade. Em suas palavras (fls. 1051): Por fim, levanta mais uma preliminar de nulidade, no caso, por ausência de motivação da representação, tendo em conta que, no seu pensar, esta estaria embasada no Relatório de Análise 18/16, “sendo este um descritivo de alegações e suposições, sem correlação fática efetiva com o PAF 15169.000004/201707”, não havendo “menção acerca de possíveis normas jurídicas violadas, tampouco a qualquer dispositivo do Regimento Interno deste E. CARF”; ao contrário, “em mais de 240 páginas, dedicouse a formular diversas ilações, sem qualquer descrição clara e precisa que permitisse à Requerente se defender”. Segue dizendo que “não são necessárias grandes construções jurídicas para evidenciar o flagrante erro perpetrado na Representação de Nulidade 02/17 ao furtarse do dever legal de motivar o ato praticado”; que, “o dever de motivar os atos administrativos é tema incontroverso”; que, “o que se questiona é: afinal, qual a suposta ilegalidade cometida pelos indivíduos citados na Representação de Nulidade 02/17 que justificaria a nulidade do Acórdão nº 10197.023?” (fls. 1056). Cita doutrina e jurisprudência para finalizar aduzindo que “a própria Corregedoria MF conclui que haveria a necessidade de apuração exaustiva das possíveis práticas delituosas, recomendando a ampliação da investigação”. No mérito, depois de fazer um resumo dos fatos, centra sua defesa alinhavando que, contrariamente às manifestações presentes nos autos, “a Requerente não obteve êxito integral na discussão de mérito do PAF nº 16327.000299/200653”; que, “o próprio Relatório de Análise 18/2016 reconhece em seus parágrafos 64, 122 e 195 que os conselheiros Sandra Faroni e Valmir Sandri não possuíam nenhuma relação com a Requerente ou seus procuradores à época do julgamento dos Recursos de Ofício e Voluntário”; que, “especificamente em relação ao Recurso de Ofício, os membros da 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento negaram, por unanimidade, provimento ao referido recurso, confirmando a parte da decisão da DRJ que foi favorável à Requerente. Vale dizer, o Recurso de Ofício foi negado por uma decisão unânime dos 8 conselheiros da turma de julgamento. Ou seja, além dos 3 conselheiros apontados pela Representação de Nulidade, outros 5 conselheiros votaram para negar provimento ao recurso, de forma que o resultado final do julgamento do Recurso de Ofício teria sido idêntico mesmo se a participação dos 3 conselheiros citados houvesse sido desconsiderada”. (fls. 1062/1063) Expõem que “apenas dois conselheiros deram provimento integral ao referido recurso: José Ricardo da Silva e Aloysio José Percínio, este último conselheiro fazendário que sequer foi citado na Representação de Nulidade”. Mais, que “em face do Acórdão nº 10197.023, a Requerente opôs Embargos de Declaração, sendo certo que a Fazenda Nacional não adotou a mesma medida”; segue dizendo que os ED foram acolhidos em 02/07/2010 e que, nesta oportunidade, a composição da Turma era totalmente diferente daquela que exarou o Acórdão embargado, ou seja, “nenhum dos 3 conselheiros citados pela Representação de Nulidade participou do julgamento dos Embargos de Declaração da Requerente”. Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.355 7 Prossegue sustentando: “se o decidido no Acórdão nº 10197.023 não estivesse de acordo com a legislação em vigor e com a jurisprudência de E. CARF, a Fazenda Nacional teve duas oportunidades para reformálo (...) o que não ocorreu”. E finaliza: “ainda que tivesse ocorrido qualquer irregularidade (...) é certo que o resultado do julgamento em 13/11/2008 seria exatamente o mesmo, na medida em que frisese o entendimento exarado no Acórdão nº 10197.023 corresponde à jurisprudência consolidada neste E. CARF”. Para concluir requerendo a procedência de sua manifestação e o afastamento da nulidade pretendida pela Administração. 2. VALMIR SANDRI (fls. 1283/1297) Refuta veementemente as acusações dizendo que incorre em “flagrante distorção da realidade, tecendo juízos de ilação com contornos maldosos, revelando intuito de se punir a qualquer custo, nem que para isso tenha que se valer de informações construídas, inverídicas e descontextualizadas, as quais contrariam o próprio teor do relatório”. Que, “quando do julgamento do recurso voluntário o escritório Mussi e Sandri sequer tinha perspectiva de ser contratado, o que se deu tão somente em setembro de 2009, isto é, quase um ano depois”. Que, “o escritório MUSSI e SANDRI foi inicialmente contratado para prestar serviços ao BANK BOSTON, apenas em setembro de 2009, com repactuação em março de 2010 e abril de 2010 (...) ao passo que o julgamento da câmara baixa se deu em data de 13 de novembro de 2008”; que, “o escritório MUSSI e SANDRI recebeu (...) na data de 05.08.2010, a importância líquida de R$ 1.785.000,00 (...) em decorrência de ter logrado êxito na elaboração dos Embargos, memoriais e sustentação oral perante a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara (julgado em 05.07.2010), da qual o intimado não fazia parte”. (destaque no original) Assenta ter se declarado impedido em todos os processos envolvendo o BANK BOSTON a partir da contratação, conforme pode ser aferido pelo julgamento havido na CSRF em 03/11/2009 (Ac. 910100.420); ser falaciosa a ilação de que os honorários recebidos tem relação com o decidido no Recurso Voluntário e nos Embargos e que essa alegação “deve ser creditada ao desejo incontido das autoridades administrativas (...), no sentido de tentar, a qualquer custo, imputar ao Intimado, conduta em desacordo com o artigo 42 (RICARF), mesmo que para isso tenha que se valer de fatos inverídicos”. Diz que as informações financeiras e bancárias trazidas são desassociadas do teor da investigação e que, “quanto aos demais itens mirabolantes constantes do Relatório de Análise, aqui não abordados, entende o Intimado não ser este o foro adequado para sua apreciação”, e que, “ficou mais que demonstrado nesta manifestação, que por ocasião da prolação do Acórdão 101 97.023, ora sob exame, o Intimado não se encontrava, em conformidade com o artigo 42, da Portaria MF 256/2009 (RICARTF), impedido de participar do julgamento, bem como, estava no gozo do exercício de conselheiro, não se aplicando, portanto, o art. 59 do Decreto nº 70.235/72” (fls.1296). Encerra reiterando a insubsistência das acusações. 3. SANDRA MARIA FARONI (fls. 1202/1240) Em extensa peça de defesa, depois de fazer detalhada síntese dos fatos, a investigada rebate as ponderações e conclusões do Relatório já citado, diz que a "minha Fl. 1355DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.356 8 participação restringiuse ao julgamento do processo nº 16327.000299/200663 e deuse exclusivamente na sessão de 13/11/2008, tendo resultado no Acórdão 10197.023 (cuja nulidade está sendo arguida), quando, por unanimidade de votos foi negado provimento ao recurso de ofício e por maioria de votos foi dado provimento parcial ao recurso voluntário". Que, "a aferição de impedimento deve ser feita tendo por base a regra de regência da época do fato"; que, "não obstante, ainda que se considerasse a norma do Regimento atual (...), não haveria qualquer impedimento para a minha atuação, nem do ponto de vista normativo, nem, muito menos, do ponto de vista ético"; que, "com efeito, na data da sessão de julgamento eu não me encontrava incursa em nenhuma das hipóteses de impedimento previstas, quer no art. 15 do Regimento então em vigor,quer no art. 42 do Regimento atual"; e, que, "para aferir se eu estava enquadrada na hipótese (interesse econômico), é fundamental fazer uma breve síntese cronológica dos fatos, sem ainda fazer juízo de valor acerca das afirmações bradadas pelo subscritor do relatório". E pontua: " Fui auditora fiscal da Receita Federal tendo ingressado por concurso em 1970, e passei a integrar o Conselho de Contribuintes em 1991, onde permaneci até me aposentar, no final de 2010. Em 16/03/2006 foi feito o lançamento do crédito tributário. Em 12/04/2006 foi impugnado auto de infração que originou o processo 16327.000299/200653. Em 22/08/2006 foi julgada a impugnação pela DRJ/SPO. Sendo a memória insuficiente, recorrese ao relatório que integra o acórdão atacado (10197.023/2008) para precisar as matérias que implicaram redução do crédito tributário influenciadas pelo referido julgado. O julgamento que se pretende anular foi concluído em 13/11/2008. Segundo o relatório, foi celebrado um contrato de prestação de serviços com o escritório MUSSI & SANDRI, cujo objeto era o processo 16327.000299/200653, em setembro de 2009, que foi repactuado com relação ao prazo em março de 2010, e transmudado para uma sociedade em conta de participação em 05/04/2010. Em 04/02/2010 foram opostos Embargos Declaratórios pelo contribuinte. Em 05/07/2010 foram julgados os Embargos Declaratórios. Segundo relatório,em 30/07/2010 foi pago à Pagnozzi o montante de R$ 8.231.534,15 como causa do acolhimento parcial dos embargos declaratórios. Desse valor, à sociedade Mussi & Sandri Advogados, foi destinada a importância de R$ 1.785.000,00 em 05/08/2010, tendo os sócios Valmir Sandri, Leonardo Mussi, Marcos Pimenta e Luciano Ogawa efetuado retiradas nos valores de, respectivamente, R$ 1.135.300,00, R$ 300.000,00, R$ 267.480,11 e R$ 260.701,32, ainda em agosto de 2010. Após minha aposentadoria, em meados de 2010 aceitei informalmente prestar serviços colaborativos ao escritório MUSSI & SANDRI. Tias serviços consistiriam em, quando solicitada por advogado do Fl. 1356DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.357 9 escritório, dar minha opinião jurídica referente a questões tributárias sobre casos em que estivessem trabalhando (dada minha longa experiência nessa área). Contudo, por um problema familiar de saúde a efetividade da colaboração só passou a ocorrer em 2011. Nesse período a investigação aponta dois pagamentos a mim pela Mussi & Sandri, no valor de R$ 5.000,00 (cada um), sendo um em outubro de 2010 e outro em outubro de 2011. Em 05/04/2011 foram opostos Embargos Declaratórios pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Ingressei na sociedade de Advocacia MUSSI & SANDRI em 2012, quando passei a receber prólabore e participar dos resultados em função dos trabalhos por mim efetivamente desenvolvidos. Registrese que nos trabalhos de caráter personalíssimo por mim executados (pareceres pessoais sobre casos tributários), o valor faturado pelo escritório, era integralmente repassado a mim, após desconto dos ônus tributários suportados pela sociedade. No ano de 2012 além do prólabore de R$ 8.397,00 recebi da sociedade a título de participação nos lucros, a importância de R$ 211.807,31.. Dentro dessa distribuição está compreendido o resultado de valores pagos ao escritório como remuneração de parecer elaborado por mim (trabalho personalíssimo) demandado pelo escritório Pinheiro Neto Advogados, relativo à legalidade da Instrução Normativa SRF nº 243/2002, a ser utilizado em quatro processos administrativos que estavam sendo defendidos por aquele escritório. O valor bruto acertado com Pinheiro Neto foi de R$ 200.000,00 que foi pago mediante a emissão de 4 faturas (por solicitação de Pinheiro Neto), duas em outubro e uma em novembro de 2012, e uma em março de 2013 (emitida para LG Eletrônica). (...) Em 08/05/2013 foram julgados novos Embargos Declaratórios. Em 21/10/2013 foi interposto Recurso Especial ainda pendente de julgamento. Saí da sociedade de Advocacia MUSSI & SANDRI em agosto de 2015". Segue dizendo que só participou da sociedade "a partir do ano de 2012 e até agosto de 2015" (fls. 1232); que não se aponta "um único documento indicando qualquer recebimento meu de lucros em período anterior a 2012"; que, "até meados de 2010" nunca teve "qualquer relação com o escritório Mussi e Sandri"e que, "minha relação com Valmir Sandri decorria do fato de sermos participantes do mesmo colegiado"; E finaliza reafirmando sua condição profissional de que é "público e notório que minha atuação, ao longo de 40 anos de serviço público no Ministério da Fazenda, dos quais quase 20 junto ao Conselho de Contribuintes/CARF, observou rigorosamente, sem uma concessão sequer, parâmetros exclusivamente éticos/técnicos" Cientificada em 14/06/2017 da Representação de Nulidade nº 02/2017, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional acostou Manifestação (fls. 1308/1314), na qual Fl. 1357DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.358 10 preliminar e literalmente afirma que "apesar das irregularidades demonstradas pela CorregedoriaGeral do Ministério da Fazenda no Relatório de Análise nº 18/2016, não há utilidade na anulação do Acórdão nº 10197.023". No mérito, analisa outros aspectos que serão tratados à frente. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Fl. 1358DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.359 11 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator Todas as manifestações dos interessados são tempestivas e feitas de forma pessoal; quando através procuradores constituídos, a representação está corretamente formalizada e os demais pressupostos exigidos para admissibilidade foram atendidos, de modo que as recebo e delas conheço. Como relatado, tratam os autos de Representação de Nulidade (nº 02/2017) de emissão pela CorregedoriaGeral do Ministério da Fazenda em face do quanto concluído no curso da investigação conduzida no âmbito da chamada “Operação Zelotes”, encaminhada a este CARF mediante Memorando nº 934/2016/COGER/GMF/MFDF, de 23/11/2016, acolhida pela Presidência do Colegiado conforme despacho de 28/03/2017 (fls. 945/946) e que questiona a decisão exarada pela então 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, em 13/11/2008. Antes de ver o mérito, cabe afastar as preliminares de nulidade suscitadas pela pessoa jurídica BANK OF AMERICA NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA, atual denominação de BOSTON NEGÓCIOS E PARTICIPAÇÕES LTDA. São elas: Em relação à primeira, cerceamento de defesa, claramente a requerente, ainda que tenha tido acesso ao processo com prazo exíguo para se manifestar, pôde fazêlo de forma íntegra, como mostra a ampla e profunda peça de defesa que acostou. Sobre as demais, pela pertinência e com eles concordar, adoto os argumentos expressos pela PGFN (fls. 1308/1309), abaixo reproduzidos: "Cabe esclarecer, a princípio, as dúvidas levantadas nas preliminares da manifestação do Contribuinte. A Representação de Nulidade nº 02/2017 tem como motivação a imputação de impedimento a ex conselheiros que participaram da sessão em que foi proferido o Acórdão nº 10197.023 (13/11/2008), com base na acusação de interesse econômico no julgamento dos recursos, o que caracteriza, em tese, a violação às regras que disciplinam o impedimento dos conselheiros, que estavam previstas no art. 15 do Regimento Interno vigente à época (art. 42 do atual RICARF). A base normativa da Fl. 1359DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.360 12 Representação de Nulidade nº 02/2017, portanto, está no art. 15, inciso II, do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, c/c o art. 18, inciso I, da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 19991. Por outro lado, tendo em vista a constatação de máfé – caracterizada pela ocultação da relação entre o exconselheiro José Ricardo da Silva (SGR) e a PAGNOZZI, consultoria responsável pela defesa do Contribuinte no processo administrativo –, o prazo decadencial para a declaração de nulidade teve início a partir do momento em que o CARF foi cientificado do vício subjacente ao Acórdão nº 10197.023, nos termos do art. 54 da Lei nº 9.784, de 1999"2. Rejeito, pois, as preliminares. MÉRITO É sabida a repercussão, inclusive na mídia, da deflagração e posteriores desdobramentos da citada Operação Zelotes. Também conhecidos os reflexos das investigações em outras áreas, penal, por exemplo. Entretanto, no caso aqui trazido para apreciação, suas consequências restringem se em analisar se a demanda da CorregedoriaGeral do Ministério da Fazenda requerendo seja "anulado" o Acórdão 10197.023, sessão de 13/11/2008, em razão da presença dos ex Conselheiros Sandra Maria Faroni, Valmir Sandri e José Ricardo da Silva como julgadores do Colegiado e que poderia ter influído “no resultado do julgamento de processos administrativos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais”, tudo conforme relatado no “Relatório de Análise nº 18/2016, composto de 249 páginas., merece acolhimento. Para melhor fixação, reproduzse, novamente, a ementa do acórdão atacado: CAUSAS DE NULIDADE. TAXATIVIDADE. DECRETO 70.235/72 As causas de nulidade previstas nos artigos 59 e 60 do Decreto 70.235/72 são taxativas, de modo que somente os fatos nela previstos viciam o procedimento fiscal. FATO GERADOR. LUCROS DISPONIBILIZADOS POR CONTROLADA NO EXTERIOR. DECADÊNCIA Em virtude de ficção legal prevista no art. 1° da Lei 9.532/92, considerase ocorrido o fato gerador no momento da disponibilização para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, contandose daí o prazo decadencial para o lançamento. CONVENÇÃO BRASILPORTUGAL. NÃO APLICAÇÃO NA ZONA FRANCA DA ILHA DA MADEIRA. O acordo para evitar bitributação assinado entre Brasil e Portugal, introduzido no ordenamento por meio do Decreto 4.012/2001, não impede a incidência tributária sobre lucros auferidos com empresas estabelecidas na Ilha da Madeira. LUCRO NO EXTERIOR. TAXA DE CONVERSÃO PARA A MOEDA NACIONAL. A conversão para a moeda nacional dos lucros auferidos no exterior por coligadas ou controladas deve ser feita com a taxa de cambio do dia das demonstrações financeiras em que foram apurados. Fl. 1360DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.361 13 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de oficio. Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar a conversão cambial na data da disponibilização dos lucros, determinando a utilização da taxa de cambio da data das demonstrações financeiras, vencidos Jose Ricardo da Silva e Aloysio José Percinio da Silva que davam provimento integral, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Praga (Presidente da Camara), Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho (Vice Presidente), Sandra Maria Faroni, Valmir Sandri, Caio Marcos Cândido, Joao Carlos Lima Junior, José Ricardo da Silva e Aloysio José Percinio da Silva. Pois bem, o ponto central da discussão é saber se a presença dos exconselheiros no julgamento relativo ao processo nº 16327.000299/200653, na sessão de 13/11/2008 da então 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção (Ac. 10197.023), poderia ter levado a uma decisão diferente daquela que seria prolatada caso os investigados não estivessem presentes, digase, não fizessem parte daquele Colegiado. Em dizer diferente e mais explícito, importa definir se os três exconselheiros, por suposto relacionamento que pudessem ter com o sujeito passivo, estariam impedidos de participar da sessão e na forma regimental deveriam ter assim se declarado e não o fizeram, o que levaria à nulidade do julgamento. E, como consequência final deste procedimento, a Fazenda Pública Federal restaria prejudicada por uma decisão que poderia ter resultado diferente sem a presença de José Ricardo, Sandra e Valmir. Todavia, preliminarmente a qualquer análise nesse campo, ou seja, possível envolvimento dos exconselheiros nos casos narrados, há que se apreciar a expressa manifestação da Procuradoria da Fazenda Nacional em relação ao mérito, quando, depois de cientificada em 14/06/2017, manifestou se da seguinte forma logo no início da peça acostada aos autos: "apesar das irregularidades demonstradas pela CorregedoriaGeral do Ministério da Fazenda no Relatório de Análise nº 18/2016, não há utilidade na anulação do Acórdão nº 10197.023". Vejase que se está diante de manifestação expressa da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, instituição de caráter permanente, técnica e juridicamente subordinada ao AdvogadoGeral da União e administrativamente ao Ministro de Estado da Fazenda (artigo 1º do Regimento Interno da PGFN, aprovado pela Portaria MF nº 36, de 24 de janeiro de 2014) responsável pela defesa dos interesses da Fazenda Federal e, especificamente no que interessa, “representar a União nas causas de natureza fiscal, assim entendidas as relativas a tributos de competência da União, inclusive infrações referentes à legislação tributária, empréstimos compulsórios, apreensão de mercadorias, nacionais ou estrangeiras, decisões de órgãos do contencioso administrativo fiscal, benefícios e isenções fiscais, créditos e estímulos fiscais à exportação, responsabilidade tributária de transportadores e agentes marítimos, e incidentes Fl. 1361DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.362 14 processuais suscitados em ações de natureza fiscal” (art. 1º, inciso VI); “representar e defender os interesses da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais)” (inciso VIII, letra “c”) e “prestar, aos órgãos do Ministério da Fazenda, consultoria e assessoria jurídicas nas matérias de que trata este artigo” (ibidem, inciso XIV) Ou seja, é o parecer conclusivo do órgão que, além das atribuições acima transcritas, "desempenha as atividades de consultoria e assessoramento jurídicos no âmbito do Ministério, regendose, no desempenho dessas atividades, pelas disposições do DecretoLei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967, e da Lei Orgânica da AdvocaciaGeral da União" (art. 1º, § 2º, do Regimento Interno) e que, por intermédio de sua Coordenação do Contencioso Administrativo Tributário tem por competência dentre outras, "I coordenar as atividades relativas à representação da Fazenda Nacional no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais" (art. 25 do mesmo diploma regimental). Ou seja, instituição com participação direta e permanente junto ao CARF e profundamente afeta aos processos administrativotributários lá levados a julgamento e, mais ainda, com a jurisprudência do órgão Colegiado. Pela sua relevância e pertinência, imperativo trazerse a íntegra da manifestação fazendária (fls. 1308/1314): (destaques do original) "os tópicos VI e VIII do Relatório de Análise nº 18/2016 demonstram que, no momento em que foi proferido o Acórdão nº 10197.023, a SGR Consultoria Empresarial possuía vínculo contratual com a PAGNOZZI para exercer a defesa do Contribuinte no processo nº 16327.000299/2006 53. Por consequência, o exconselheiro José Ricardo, na qualidade de sócio da SGR, encontravase impedido de participar do julgamento do processo em questão, como apontado no Relatório de Análise: “119. Situação peculiar e intrigante foi a do conselheiro JOSE RICARDO que na condição de contratado do BANK BOSTON para defender o interesse da instituição financeira, via contrato com a PAGNOZZI, atuou no julgamento do processo sem declararse impedido. Mais ainda, foi responsável, por intermédio de sua empresa SGR, pela apresentação do Recurso Voluntário objeto da deliberação dos conselheiros e o memorial descritivo distribuído por ocasião do julgamento. Vale trazer a baila que o êxito ensejaria o recebimento por parte de JOSE RICARDO de quantia que poderia chegar a R$ 6 milhões de reais, consoante ao que regia a cláusula quarta do contrato celebrado entre a empresa PAGNOZZI e a SGR. 120. Ainda sobre a participação de JOSE RICARDO, o suposto desfazimento do contrato entre a PAGNOZZI e a SGR se deu em 01/12/2008, portanto após o julgamento. [...]121. Isto posto, de forma cabal e inegável JOSE RICARDO atuou como conselheiro no processo 16327.000299/200653 em julgamento no CARF, no qual tinha interesse direito, contratual e financeiro na causa.” Fl. 1362DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.363 15 Constatado o impedimento do exconselheiro, é necessário analisar se a sua participação no julgamento foi decisiva, ou seja, se o resultado parcialmente favorável ao Contribuinte sofreu a influência de conselheiro com interesse no resultado da causa.3 Isso porque, segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o impedimento de julgador integrante de órgão colegiado somente implica a nulidade da decisão quando o seu voto tenha sido determinante para o resultado do julgamento, vale dizer, nas hipóteses em que a participação do julgador impedido acarrete prejuízo. Nesse sentido, confirase a lógica subjacente aos seguintes precedentes do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. INOBSERVÂNCIA DO ART. 252, III, DO CPP. IMPEDIMENTO. MAGISTRADO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. ART. 563 DO CPP. NULIDADE NÃO DECRETADA. 1. Em processo, especificamente em matéria de nulidades, vigora o princípio maior de que, sem prejuízo, não se reconhece nulidade (art. 563 do CPP). 2. Não se verifica prejuízo na hipótese em que Ministro impedido participa de julgamento cujo resultado é unânime, pois a subtração do voto desse magistrado não teria a capacidade de alterar o resultado da votação. 3. Ordem denegada. (STF. 1ª Turma. HC 116.715/SE. Relatora: Ministra Rosa Weber. Sessão de julgamento: 5/11/2013) Habeas corpus. Constitucional. Processual Penal. Crime de peculato (art. 312 do CP). Condenação mantida no Superior Tribunal de Justiça. Embargos declaratórios em recurso especial. Participação de Ministros impedidos no julgamento dos embargos. Decisão unânime. A exclusão dos votos dos Ministros impedidos não modifica o resultado do julgamento. Inutilidade de pronunciamento da nulidade absoluta. Aplicação do art. 563 do CPP. Precedente. Habeas corpus denegado e liminar cassada. 1. O pronunciamento da nulidade absoluta não terá nenhum efeito prático no mundo jurídico, devendo imperar, na espécie, o disposto no art. 563 do Código de Processo Penal, segundo o qual "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". 2. Não há nenhuma utilidade na anulação de julgamento que teve como resultado votação unânime pela rejeição dos embargos, Fl. 1363DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.364 16 pois a subtração dos votos dos Ministros impedidos não teria o condão de modificar o resultado antes verificado. 3. Habeas corpus denegado e liminar cassada. (STF. 1ª Turma. HC 92.235/PE. Relator: Ministro Menezes de Direito. DJe 15.02.2008). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. EFEITOS INFRINGENTES. EXCEPCIONALIDADE. NULIDADE DO ACÓRDÃO EMBARGADO. PARTICIPAÇÃO DECISIVA DE MINISTRO IMPEDIDO NO JULGAMENTO DO COLEGIADO. [...]I – Nulidade do acórdão embargado, dada a participação decisiva de ministro impedido no julgamento do colegiado. Novo julgamento do agravo regimental em respeito aos Princípios da Economia e da Celeridade Processual. [...]VI – Embargos de declaração acolhidos para, atribuindolhes excepcional efeitos infringentes, anular o acórdão embargado e negar provimento ao agravo regimental. (STF. 2ª Turma. RE 639.866 AgRED. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. Sessão de julgamento: 08/11/2011) PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. NULIDADE DO JULGAMENTO EM VIRTUDE DA PARTICIPAÇÃO DE MINISTRO IMPEDIDO. DESNECESSIDADE. VOTO NÃO DETERMINANTE PARA A APURAÇÃO DO RESULTADO DO JULGAMENTO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NÃO PROVIDO. 1. A participação de Ministro impedido em julgamento em órgão colegiado não anula o julgado se o seu voto não tiver sido decisivo para o resultado. 2. Embargos de divergência não provido. (STJ. Segunda Seção. EREsp 1008792/RJ. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Sessão de julgamento: 09/02/2011) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECURSO ESPECIAL JULGAMENTO DECISÃO UNÂNIME IMPEDIMENTO DE INTEGRANTE DA TURMA JULGADORA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO ARTIGO 280 DO RISTJ NULIDADE DO VOTO DO INTEGRANTE IMPEDIDO VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA. Fl. 1364DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.365 17 1. Anulado o voto do Ministro impedido e ausente qualquer prejuízo do entendimento firmado pela Turma julgadora, ratificase o resultado proclamado. 2. Não ocorre ofensa ao artigo 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 3. Embargos de declaração acolhidos tãosomente para declarar nulo o voto do Ministro impedido, sem alteração do julgado. (STJ. 2ª Turma. EDcl no REsp 811376/CE. Relatora: Ministra Eliana Calmon. Sessão de julgamento: 15/09/2009) (grifamos) No caso concreto, o voto proferido pelo conselheiro impedido foi integralmente favorável ao Contribuinte. A sua orientação, todavia, não prevaleceu no colegiado, que deu provimento parcial ao recurso voluntário, tãosomente para reconhecer que os lucros disponibilizados ao Contribuinte devem ser convertidos pela taxa de câmbio vigente na data em que apurados nos balanços da controlada no exterior, na forma do art. 25, § 4º, da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995. Cumpre assinalar que, no capítulo em que foi favorável ao Contribuinte, o Acórdão nº 10197.023 se limitou a aplicar a jurisprudência pacífica do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes4, que viria a ser sumulada pelo CARF em dezembro de 2013, nestes termos: Súmula CARF nº 94: Os lucros auferidos no exterior por filial, sucursal, controlada ou coligada serão convertidos em reais pela taxa de câmbio, para venda, do dia das demonstrações financeiras em que tenham sido apurados tais lucros, inclusive a partir da vigência da MP nº 2.15835, de 2001. Por essa razão, o Acórdão nº 10197.023 não foi objeto de recurso especial de divergência por parte da Fazenda Nacional. Ressaltese que a não interposição do recurso especial não decorreu de “inércia” da Fazenda Nacional, como equivocadamente sugerido na manifestação do Contribuinte, sendo motivada pela observância da jurisprudência consolidada do Tribunal Administrativo. A rigor, o Acórdão nº 10197.023 foi favorável à Fazenda Nacional nas principais teses jurídicas em discussão no recurso voluntário (i.e., a aplicação do Tratado Brasil Portugal e a tese do “emprego do valor” dos lucros auferidos no exterior), entendimento que prevaleceu em definitivo após o julgamento do recurso especial do Contribuinte pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão nº 9101002.466, de 20/10/2016). No tocante ao recurso de ofício, o colegiado confirmou por unanimidade a exoneração parcial do crédito tributário realizada pela DRJ, tendo em vista Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.366 18 que o lançamento desconsiderou que os lucros apurados no exterior no ano calendário de 1998 já haviam sido disponibilizados ao controlador Bank Boston Banco Múltiplo, por força do aumento de capital do Contribuinte em 27/12/1999, com aporte de ações da Bank Boston Latino Americano (BBLA). Aliás, a maior parte do êxito financeiro do Contribuinte no processo nº 16327.000299/200653 resultou precisamente da desconsideração dessa disponibilização prévia dos lucros da BBLA na lavratura dos autos de infração, o que causou (i) o cancelamento da exigência fiscal referente aos lucros apurados no anobase de 1998 pela DRJ, mantido em recurso de ofício,5 bem como (ii) a exoneração do crédito tributário relativo aos lucros apurados em 1999, no julgamento dos primeiros embargos de declaração opostos pela Contribuinte, providos em parte no Acórdão nº 110200.244 (5/7/2010).6 Concluise, portanto, que o voto do conselheiro impedido não foi decisivo para o resultado do Acórdão nº 10197.023. Além disso, na hipótese de realização de novo julgamento, o resultado seria idêntico na parte em que o Contribuinte foi favorecido, em virtude da incidência da Súmula CARF nº 94 e considerando os aspectos fáticos que levaram ao improvimento do recurso de ofício. Em face do exposto, a FAZENDA NACIONAL reitera que, apesar da constatação de impedimento do exconselheiro, não há utilidade na anulação do Acórdão nº 10197.023, sendo cabível a responsabilização nas demais esferas em decorrência das irregularidades detalhadas no Relatório de Análise nº 18/2016". Como deflui da manifestação acima reproduzida, a PGFN, depois de aduzir que, "constatado o impedimento do exconselheiro, é necessário analisar se a sua participação no julgamento foi decisiva, ou seja, se o resultado parcialmente favorável ao Contribuinte sofreu a influência de conselheiro com interesse no resultado da causa", dissertou categoricamente que "segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o impedimento de julgador integrante de órgão colegiado somente implica a nulidade da decisão quando o seu voto tenha sido determinante para o resultado do julgamento, vale dizer, nas hipóteses em que a participação do julgador impedido acarrete prejuízo". Que, "no caso concreto", segue afirmando a PGFN, "o voto proferido pelo conselheiro impedido foi integralmente favorável ao Contribuinte. A sua orientação, todavia, não prevaleceu no colegiado, que deu provimento parcial ao recurso voluntário, tãosomente para reconhecer que os lucros disponibilizados ao Contribuinte devem ser convertidos pela taxa de câmbio vigente na data em que apurados nos balanços da controlada no exterior, na forma do art. 25, § 4º, da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995". Ainda nas vozes da PGFN, "no capítulo em que foi favorável ao Contribuinte, o Acórdão nº 10197.023 se limitou a aplicar a jurisprudência pacífica do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, que viria a ser sumulada pelo CARF em dezembro de 2013". Mais ainda, que, "a rigor, o Acórdão nº 10197.023 foi favorável à Fazenda Nacional nas principais teses jurídicas em discussão no recurso voluntário (i.e., a aplicação do Tratado BrasilPortugal e a tese do “emprego do valor” dos lucros auferidos no exterior), entendimento que prevaleceu em definitivo após o julgamento do recurso especial do Fl. 1366DF CARF MF Processo nº 16327.000299/200653 Resolução nº 1402000.532 S1C4T2 Fl. 1.367 19 Contribuinte pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão nº 9101 002.466, de 20/10/2016)". Para concluir assentando que, "o voto do conselheiro impedido não foi decisivo para o resultado do Acórdão nº 10197.023. Além disso, na hipótese de realização de novo julgamento, o resultado seria idêntico na parte em que o Contribuinte foi favorecido, em virtude da incidência da Súmula CARF nº 94 e considerando os aspectos fáticos que levaram ao improvimento do recurso de ofício". E finalizar que, "apesar da constatação de impedimento do exconselheiro, não há utilidade na anulação do Acórdão nº 10197.023". Pois bem, se a própria Fazenda Nacional, representada pela PGFN afirma peremptoriamente que, "apesar da constatação de impedimento do exconselheiro, não há utilidade na anulação do Acórdão nº 10197.023", seria absurda e absolutamente incoerente que este Colegiado acolhesse o pleito para que fosse "anulado" o Acórdão antes citado, isto porque, como expresso na manifestação fazendária, "segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o impedimento de julgador integrante de órgão colegiado somente implica a nulidade da decisão quando o seu voto tenha sido determinante para o resultado do julgamento, vale dizer, nas hipóteses em que a participação do julgador impedido acarrete prejuízo". Pelos motivos aduzidos, encaminho meu voto para conhecer da Representação de Nulidade nº 02/2017 por corretamente formalizada, afastar as preliminares de nulidade suscitadas pela contribuinte e, no mérito, REJEITAR o pedido para que seja anulado o Acórdão nº 10197.023, da então 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, em sessão de 13/11/2008. Em razão do decidido, deixo de me manifestar sobre as demais condições relatadas na referida Representação, por restarem prejudicadas pela decisão de mérito. É como voto. Brasília (DF), em 21 de fevereiro 2018. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 1367DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.728319/2012-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/06/2007
PRELIMINAR DE NULIDADE. FORMALIZAÇÃO DA EXIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA.
Tendo os requisitos para a lavratura do auto de infração sido devidamente cumpridos pela autoridade fiscal, e tendo sido a interessada devidamente cientificada das infrações, com a expressa abertura de prazo para impugnação do lançamento, devidamente exercido pela autuada, nos exatos moldes previstos no citado decreto que regula o PAF, inexiste qualquer nulidade na constituição do crédito tributário exigido.
PAF. RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÕES GENÉRICAS E INOVAÇÃO NAS RAZÕES DE MÉRITO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de alegações genéricas suscitadas no recurso voluntário e/ou que não tenham sido apresentadas na impugnação.
Numero da decisão: 1302-002.807
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, por não conhecer do recurso voluntário quanto às alegações de mérito, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Angelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Rogerio Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 30/06/2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. FORMALIZAÇÃO DA EXIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo os requisitos para a lavratura do auto de infração sido devidamente cumpridos pela autoridade fiscal, e tendo sido a interessada devidamente cientificada das infrações, com a expressa abertura de prazo para impugnação do lançamento, devidamente exercido pela autuada, nos exatos moldes previstos no citado decreto que regula o PAF, inexiste qualquer nulidade na constituição do crédito tributário exigido. PAF. RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÕES GENÉRICAS E INOVAÇÃO NAS RAZÕES DE MÉRITO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de alegações genéricas suscitadas no recurso voluntário e/ou que não tenham sido apresentadas na impugnação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, por não conhecer do recurso voluntário quanto às alegações de mérito, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Angelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Rogerio Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo.
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OMISSÃO DE RECEITAS Recorrente RAMIREZ STAICHOK DOS SANTOS ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 30/06/2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. FORMALIZAÇÃO DA EXIGÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo os requisitos para a lavratura do auto de infração sido devidamente cumpridos pela autoridade fiscal, e tendo sido a interessada devidamente cientificada das infrações, com a expressa abertura de prazo para impugnação do lançamento, devidamente exercido pela autuada, nos exatos moldes previstos no citado decreto que regula o PAF, inexiste qualquer nulidade na constituição do crédito tributário exigido. PAF. RECURSO VOLUNTÁRIO. ALEGAÇÕES GENÉRICAS E INOVAÇÃO NAS RAZÕES DE MÉRITO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de alegações genéricas suscitadas no recurso voluntário e/ou que não tenham sido apresentadas na impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, por não conhecer do recurso voluntário quanto às alegações de mérito, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Angelo Abrantes Nunes (suplente convocado), Rogerio Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 83 19 /2 01 2- 11 Fl. 874DF CARF MF Processo nº 10980.728319/201211 Acórdão n.º 1302002.807 S1C3T2 Fl. 874 2 Flavio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Ausente justificadamente o conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo. Fl. 875DF CARF MF Processo nº 10980.728319/201211 Acórdão n.º 1302002.807 S1C3T2 Fl. 875 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 0126.635, proferido pela 1ª Turma da DRJCuritiba/PR, em 26 de março de 2013, que julgou improcedente a impugnação e manteve integralmente o lançamento dos tributos devidos e apurados no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples, conforme consubstanciado na seguinte ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples Período de apuração: 01/01/2007 a 30/06/2007 PRELIMINAR DE NULIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Rejeitase a preliminar de nulidade invocada pela defesa, uma vez que o lançamento foi efetuado com obediência a todos os requisitos legais inerentes a essa atividade, inclusive, tendo sido identificado corretamente o sujeito passivo da relação processual. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE DO CONTADOR. Não pode o contribuinte eximirse de sua responsabilidade pelo crédito tributário, atribuindo ao contador o não cumprimento das obrigações principal e acessória, por absoluta falta de previsão legal, e pela impossibilidade de oposição contra o fisco de convenções particulares tendentes a alterar a responsabilidade pelo cumprimento das obrigações tributárias. SIMPLES. DEDUÇÃO DE DESPESAS DA BASE DE CÁLCULO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. No regime do Simples, os valores devidos são calculados mediante simples aplicação de percentuais sobre a receita bruta, inexistindo qualquer ressalva quanto a dedutibilidade de custos ou despesas. CONFISCO A vedação ao confisco previsto na Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a lei nos moldes que o poder competente a instituiu. Cientificada do acórdão de primeiro grau em 02/04/2013 (fls. 860), a interessada apresentou recurso voluntário em 02/05/2013, no qual alega, em síntese: a) em caráter preliminar a nulidade do auto de infração, ante a inexistência de notificações distintas, sendo uma para ciência do auto de infração e outra para imposição da pena, devendo esta última ser confirmada por autoridade superior; Fl. 876DF CARF MF Processo nº 10980.728319/201211 Acórdão n.º 1302002.807 S1C3T2 Fl. 876 4 b) que é obrigatória a notificação prévia e de abertura do prazo de defesa para o infrator notificado, antes de imposição de penalidade, nos moldes do processo judicial; c) no mérito, que inexistiu a suposta sonegação fiscal a ensejar a autuação, tendo as operações contábeis sido erroneamente interpretadas pela autoridade fiscal, "pois não se trata de rendas, são valores pertencentes ao cliente"; e d) que, "na referida operação de empréstimo contabilizado, registrase o valor total da operação sabendose que a renda percebida é de 20% sobre o valor contabilizado. Desta feita o valor tributário (sic), automaticamente seria de 20% da operação contável (sic) registrada". Ao final requer seja declarada a insubsistência do auto de infração. É o relatório. Fl. 877DF CARF MF Processo nº 10980.728319/201211 Acórdão n.º 1302002.807 S1C3T2 Fl. 877 5 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos pressupostos legais e regimentais. A recorrente apresenta alegações, em sede de recurso voluntário, distintas das suscitadas na sua impugnação. A primeira concerne à suposta nulidade da atuação, tendo em vista que teria sido inobservado o rito correto para a notificação do lançamento, que, no entender da recorrente, deveriam ser duas notificações distintas, sendo uma para ciência do auto de infração e outra para imposição da pena, devendo esta última ser confirmada por autoridade superior. Em que pese não tenha sido aventada em sua impugnação, como se trata de alegação de nulidade, em tese passível de ser conhecida em qualquer fase processual, conheço da alegação, mas impõese a sua rejeição. O rito para a cobrança de tributos e imposição da respectiva penalidade está expressamente prevista no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972, que regula o processo administrativo fiscal, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Todos os requisitos para a lavratura do auto de infração, no caso em apreço, foram devidamente cumpridos pela autoridade fiscal, sendo a interessada devidamente cientificada das infrações, com a expressa abertura de prazo para impugnação do lançamento, devidamente exercido pela autuada, nos exatos moldes previstos no citado decreto que regula o PAF. Ante ao exposto, voto por rejeitar a preliminar suscitada. Fl. 878DF CARF MF Processo nº 10980.728319/201211 Acórdão n.º 1302002.807 S1C3T2 Fl. 878 6 No mérito, a recorrente alega genericamente a inexistência de sonegação fiscal e que as operações contábeis teriam sido erroneamente interpretadas pela autoridade fiscal, sem apontar nenhum elemento concreto. Aduz ainda uma suposta operação de empréstimo contabilizado, na qual a renda percebida consistiria em apenas 20% do valor contabilizado. Não encontro nos autos e no Termo de Verificação Fiscal (fls. 629/648) quaisquer referência ao suposto empréstimo nem de sua utilização nas bases tributáveis. Além disso, as alegações de mérito trazidas no recurso não constaram da peça impugnatória, ao desamparo do disposto no art. 16, inc. III e 17 do Decreto nº 70.235/1972, verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Assim, voto por não conhecer das alegações de mérito trazidas no recurso voluntário. Ante ao exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, por não conhecer do recurso voluntário quanto às alegações de mérito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 879DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.726444/2009-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO
Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuição de efeitos infringentes.
Numero da decisão: 2401-005.411
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos, e dar-lhes provimento, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada.
(Assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005, 2006, 2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO Acolhem-se os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuição de efeitos infringentes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos, e dar-lhes provimento, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira.
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OMISSÃO Acolhemse os embargos declaratórios para sanar a omissão apontada sem atribuição de efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 64 44 /2 00 9- 95 Fl. 337DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos, e darlhes provimento, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess e Rayd Santana Ferreira. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10580.726444/200995 Acórdão n.º 2401005.411 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pela contribuinte, em face de decisão prolatada no Acórdão nº 2101002.445 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da 2ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), da lavra do Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka (fls. 268/272), em sessão de julgamento realizada em 20 de março de 2014, que possui a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS COMO ISENTOS E NÃO TRIBUTÁVEIS PELO CONTRIBUINTE A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. LEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO. A União tem legitimidade ativa para cobrar o imposto de renda da pessoa física nas hipóteses em que o Estado não tenha efetuado a retenção na fonte. IRPF. VALORES NÃO RETIDOS A TÍTULO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE SUJEITO AO AJUSTE ANUAL. RENDIMENTOS NÃO SUBMETIDOS À TRIBUTAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA DO CONTRIBUINTE. Nos termos do Parecer Normativo SRF n.º 01, de 24 de setembro de 2002, verificada a falta de retenção pela fonte pagadora antes da data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, passase a exigir do contribuinte o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, nos casos em que este não tenha submetido os rendimentos à tributação. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza salarial. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. O erro escusável do Recorrente justifica a exclusão da multa de ofício (Súmula CARF 73). Recurso provido em parte. Fl. 339DF CARF MF 4 Alega a Embargante omissão no julgado, pois não teria abordado os seguintes assuntos: preliminar de ilegitimidade da União para cobrar Imposto de Renda que pertence ao Estado; a quebra do princípio constitucional da isonomia ao instituir tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente, em especial, os magistrados federais e membros do Ministério Público que não pagaram Imposto de Renda sobre as parcelas recebidas por diferenças de URV; a não incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora, conforme decisão proferida no Recurso Especial 1.227.133/RS, julgado sob o rito dos recursos repetitivos. Em despacho de admissibilidade de fls. 322/324, ocorreu admissão parcial dos aclaratórios, apenas com relação ao questionamento da tributação sobre os juros de mora recebidos,razão porque foi determinada a sua inclusão em pauta de julgamento. O processo foi redistribuído para a relatoria desta Conselheira. É o relatório Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10580.726444/200995 Acórdão n.º 2401005.411 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Juízo de admissibilidade Conheço dos embargos declaratórios, pois presentes os requisitos de admissibilidade. Mérito O pleito da contribuinte relacionado à não incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora, de fato restou omisso na decisão embargada. Dessa forma, dentro do estreito limite dos embargos declaratórios, necessário se faz o pronunciamento da matéria posta no Recurso Voluntário. Cabe inicialmente ressaltar que os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitaram as preliminares suscitadas e, no mérito, deram provimento em parte ao recurso voluntário, para afastar tão somente a multa de ofício. A Turma concluiu pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual firmou entendimento de que as parcelas recebidas por diferenças de URV deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Destarte, dentro do contexto do posicionamento já apontado no julgado, trata se de verbas decorrentes de rendimentos recebidos acumuladamente e que estão sujeitos à incidência de IR. Assim, os juros vinculamse à regra de tributação incidente sobre o rendimento do qual são consectários, não se lhe aplicando a decisão proferida no REsp. 1.227.133/RS, por se referir especificamente a não incidência de IRPF sobre juros de mora pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Dessa forma, resta sanada a omissão apontada. Fl. 341DF CARF MF 6 Conclusão Ante o exposto, conheço dos Embargos de Declaração, na parte admitida, e, no mérito, DOULHES PROVIMENTO para sanar a omissão apontada, sem atribuirlhes efeitos modificativos. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 342DF CARF MF
score : 1.0