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Numero do processo: 13609.903161/2010-30
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. INSUMOS. RELAÇÃO ENTRE GASTOS INCORRIDOS E PROCESSO PRODUTIVO. PROVA. DIREITO AO CRÉDITO NÃO RECONHECIDO.
O conceito de insumo, ressalvadas as exceções legais abrange o custo de produção (Decreto-Lei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291) e as despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Para ter direito ao crédito reconhecido, o interessado deve esclarecer - e, sobretudo, provar - a relação existente entre os gastos incorridos e o processo produtivo. A simples formulação de pedido assentado na suposta natureza irrestrita do conceito de insumo - que abrangeria todos os dispêndios necessários à manutenção da atividade econômica do contribuinte - mostra-se insuficiente para tal fim, até porque não é essa a orientação adotada pela Jurisprudência do CARF.
PAGAMENTO À PESSOA FÍSICA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Não há que se falar em crédito de pagamentos de pessoas físicas, em face da vedação do § 3º, I, do art. 3º da Lei nº 10.637/2002.
MATERIAL REFRATÁRIO. FORNOS DE ALTA TEMPERATURA. INSUMO. INDUSTRIAL. REQUISITOS PARA O CREDITAMENTO NÃO DEMONSTRADOS.
O material refratário utilizado no revestimento dos fornos de alta temperatura constitui insumo da atividade industrial, quando demonstrado o consumo ou desgaste no processo de industrialização, em função de ação direta sobre o produto em fabricação; e vida útil inferior a trezentos e sessenta e cinco dias. Não tendo sido apresentada prova da presença desses requisitos, não cabe o reconhecimento do direito ao crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3802-003.592
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente.
(assinado digitalmente)
SOLON SEHN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Adriene Maria de Miranda Veras.
Nome do relator: SOLON SEHN
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REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. RELAÇÃO ENTRE GASTOS INCORRIDOS E PROCESSO PRODUTIVO. PROVA. DIREITO AO CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. O conceito de insumo, ressalvadas as exceções legais abrange o custo de produção (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291) e as despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Para ter direito ao crédito reconhecido, o interessado deve esclarecer e, sobretudo, provar a relação existente entre os gastos incorridos e o processo produtivo. A simples formulação de pedido assentado na suposta natureza irrestrita do conceito de insumo que abrangeria todos os dispêndios necessários à manutenção da atividade econômica do contribuinte mostrase insuficiente para tal fim, até porque não é essa a orientação adotada pela Jurisprudência do CARF. PAGAMENTO À PESSOA FÍSICA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Não há que se falar em crédito de pagamentos de pessoas físicas, em face da vedação do § 3º, I, do art. 3º da Lei nº 10.637/2002. MATERIAL REFRATÁRIO. FORNOS DE ALTA TEMPERATURA. INSUMO. INDUSTRIAL. REQUISITOS PARA O CREDITAMENTO NÃO DEMONSTRADOS. O material refratário utilizado no revestimento dos fornos de alta temperatura constitui insumo da atividade industrial, quando demonstrado o consumo ou desgaste no processo de industrialização, em função de ação direta sobre o produto em fabricação; e vida útil inferior a trezentos e sessenta e cinco dias. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 90 31 61 /2 01 0- 30 Fl. 174DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Não tendo sido apresentada prova da presença desses requisitos, não cabe o reconhecimento do direito ao crédito. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente. (assinado digitalmente) SOLON SEHN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi e Adriene Maria de Miranda Veras. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada pelo Recorrente, com base nos fundamentos de fato e de direito resumidos na ementa a seguir transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 COFINS. CRÉDITOS. INSUMOS. No cálculo da Cofins Não Cumulativa somente podem ser computados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços. DESPESAS COM MÃO DE OBRA PESSOA FÍSICA. No sistema da não cumulatividade, não geram créditos passíveis de desconto da contribuição em exame, as despesas com mão de obra pessoa física, por força da legislação. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. AGENCIAMENTO DE TRANSPORTE. As despesas correspondentes aos serviços de logística e intermediação de exportação não são passíveis de creditamento, por falta de previsão legal para integrar base de cálculo na apuração de créditos nãocumulativos. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13609.903161/201030 Acórdão n.º 3802003.592 S3TE02 Fl. 175 3 Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido”. O pedido de ressarcimento tem por objeto saldo credor acumulado da contribuição em decorrência de operações de exportação. A DRJ não reconheceu o direito ao crédito relativo aos materiais refratários utilizados como revestimento interno do altoforno na siderurgia, por entender que as aquisições de bens e serviços aplicadas sobre o ativo imobilizado da empresa não geram créditos de PIS/Pasep e Cofins como insumos, em face da vedação do § 4º, alínea “a” do art. 8º da IN SRF nº 404/2004. Também negou o direito ao relativo aos gastos com mão de obra de pessoa física, por falta de previsão de creditamento na legislação, bem como de gastos com a aquisição de outros bens e serviços. Neste último caso, por entender que não se enquadram no conceito de insumo, bem como outros gastos com serviços de exportação diversos daqueles previstos no inc. II, alínea “e” do art. 8º da IN SRF nº 404/2004 (armazenagem e frete). O Recorrente, nas razões de fls. 148 e ss., sustenta que o direito ao crédito do PIS/Pasep e da Cofins deve ser irrestrito, abrangendo “qualquer dispêndios necessários a manutenção da atividade econômica do contribuinte”, nos termos do que foi decidido no acórdão relativo ao processo n° 11020.001952/200622. Afirmou ainda que a homologação da compensação não traria prejuízo aos cofres públicos, à medida que o direito ao creditamento seria integral. Requer o provimento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Solon Sehn A ciência da decisão recorrida ocorreu em 20/03/2013 (fls. 146), ao passo que o recurso foi protocolizado, por meio postal, em 02/04/2013 (fls. 168), dentro do prazo legal (cf. ADN nº 19/1997, item “a”1). Assim, estando a matéria em debate inserida no âmbito da competência da Terceira Seção de Julgamento e presentes os demais requisitos de admissibilidade, o recurso pode ser conhecido. A amplitude do conceito de insumos, para efeitos de creditamento de PIS/Pasep e de Cofins,vem sendo fonte de inúmeras controvérsias no âmbito do Carf, desde os primeiros julgados do então Segundo Conselho de Contribuintes (acórdãos nº 20312.469 e n° 20312.741,da 3ª C.). Dentre as decisões que versaram sobre a matéria, destacamse, mais recentemente, os acórdãos nº 930301.036 (Rel. Henrique Pinheiro Torres), nº 930301.740 (Rel. Nanci Gama), da Câmara Superior de Recursos Fiscais; e, da Terceira Seção, os acórdãos nº 320200.226 (Rel. Gilberto de Castro Moreira Junior), 2ª C./2ª TO; nº 310101.109, 1ª C./1ª TO(Rel. Tarásio Campelo Borges); nº 310201.148, 1ª C./2ª TO (Rel. Luis Marcelo Guerra de Castro); nº 3201000.959, 2ª C./1ª TO (Rel. Daniel Mariz Gudiño); nº 3202000.411, 2ª C./2ª TO; nº 3302001.781, 3ª C./2ª TO (Rel. Desig. Fabiola Cassiano Keramidas); nº 340101.715, 1 “a) será considerada como data da entrega, no exame da tempestividade do pedido, a data da respectiva postagem constante do aviso de recebimento, devendo ser igualmente indicados neste último, nessa hipótese, o destinatário da remessa e o número de protocolo referente ao processo, caso existente;” Fl. 176DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 4ª C. /1ª TO (Rel. Odassi Guerzoni Filho); nº 3402001.661, 4ª C./2ª TO (Rel. Fernando Luiz da Gama Lobo D’Eça); nº 3403001.766, 4ª C./3ª TO (Rel. Antonio Carlos Atulim). A partir do exame dos julgados em referência, identificamse três correntes, consoante síntese encontrada em declaração de voto da eminente Conselheira Susy Gomes Hoffmann (cf. acórdão nº 930301.740): [...] em rápida síntese podemos verificar três correntes de entendimento sobre o tema: a) O termo insumo (na verdade bens e serviços, utilizados como insumos...) referido na legislação do PIS e da COFINS deve ser interpretado de acordo com a legislação do IPI. Nesta esteira cito o Acórdão 20312.469 da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (Relator Cons. Odassi Guerzoni Filho), que tem a seguinte ementa: O aproveitamento dos créditos do PIS no regime da não cumulatividade há que obedecer às condições específicas ditadas pelo artigo 3° da Lei n° 10.637, de 2002, c/c o artigo 66 da IN SRF n° 247, de 2002, com as alterações da IN SRF n° 358, de 2003. Incabíveis, pois, créditos originados de gastos com seguros (incêndio, vendaval etc.), material de segurança (óculos, jalecos, protetores auriculares), materiais de uso geral (buchas para máquinas, cadeado, disjuntor, calço para prensa, catraca, correias; cotovelo, cruzetas, reator para lâmpada), peças de reposição de máquinas, amortização de despesas operacionais, conservação e limpeza, e manutenção predial. No caso do insumo "água", cabível a glosa pela ausência de critério fidedigno para a quantificação do valor efetivamente gasto na produção. b) O termo “insumo” indicado na legislação do PIS e da COFINS deve seguir a legislação do IRPJ e neste caso cito o Acórdão n° 320200.226 da Terceira Seção de julgamento do CARF (Relator Cons. Gilberto de Castro Moreira Júnior) que trouxe em parte da sua ementa o seguinte texto: O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. Neste caso os insumos referiamse a serviços efetuados sob encomenda para empresa preponderantemente exportadora, materiais para manutenção de máquinas e equipamentos, energia elétrica, crédito sobre estoques de abertura existentes no momento do ingresso no sistema não cumulativo; e, a atividade da empresa era no setor de fabricação de móveis. c) Os bens e serviços que geram os insumos previstos na legislação do PIS e da COFINS não podem ser assumidos como similares ao da legislação do IPI e, tampouco, estão inseridos nos conceitos de custos ou despesas previstos na legislação do IRPJ. Tais insumos (bens e serviços classificáveis como insumos) devem ser definidos por critérios próprios. A primeira exegese que equipara o conceito de insumo ao da legislação do IPI, restringindoo nos moldes da IN SRF nº 404/2004 já se encontra superada entre as Turmas da Terceira Seção de Julgamento. A segunda, por sua vez, foi afastada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, no acórdão nº 930301.740, entendeu ser inviável a equiparação de insumo a todo e qualquer custo ou despesa necessário à atividade da empresa. Atualmente, a tendência é o acolhimento da interpretação que, sem se restringir às legislações do IPI e do Irpj, busca a construção do conceito de insumo a partir de critérios próprios do PIS/Pasep e da Cofins. Insumo, nessa linha, abrangeria o custo de produção e, dependendo das particularidades do caso concreto, despesas de venda do produto industrializado, notadamente quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13609.903161/201030 Acórdão n.º 3802003.592 S3TE02 Fl. 176 5 Entendese, assim, que o conceito de insumo, ressalvadas as exceções da Lei nº 10.833/2003, compreende o custo de produção, ou seja, os gastos incorridos na produção dos bens que serão comercializados, consoante previsto de forma exemplificativa na legislação do imposto de renda (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291)2. Essa conclusão, segundo ressalta Ricardo Mariz de Oliveira, decorre do art. 12, § 1º, que trata do crédito relativo ao estoque de abertura dos bens previstos nos incisos I e II do art. 3º, por ocasião da data do início da vigência do regime não cumulativo: “Outro elemento subsidiário está no art. 11 da Lei n. 10.637 e art. 12 da Lei 10.833, que outorgam o direito a um ‘crédito’ de PIS e outro de COFINS sobre os estoques de abertura quando da introdução dos respectivos regimes de ‘não cumulatividade’, dizendo que os mesmos devem ser calculados sobre o ‘valor do estoque’. Ora, no valor do estoque de produtos acabados estão inseridos todos os custos diretos e indiretos de produção, e não apenas os valores das matériasprimas, dos produtos intermediários, dos materiais de embalagem e de outros bens que sofram alteração, de modo que não haveria nenhuma razão sistemática para os ‘créditos’ relativos a insumos adquiridos após a entrada em vigor do sistema ‘não cumulativo’ serem considerados apenas sobre aqueles três tipos de componentes da produção ou outros bens que sofram qualquer alteração”3. O mesmo também foi sustentado por Natanael Martins: “[...] o conceito de insumo pode se ajustar a todo consumo de bens ou serviços que se caracterize como custo segundo a teoria contábil, visto que necessários ao processo fabril ou de prestação de serviços como um todo. É dizer, ‘bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços’, na acepção da lei, referese a todos os dispêndios em bens e serviços relacionados ao processo fabril ou de prestação de serviços, ou seja, insumos seriam aqueles bens e serviços contabilizados como custo de produção, nos termos do art. 290, do Regulamento do Imposto de Renda”4. Feito esse registro, ingressando no exame do caso concreto, entendo que deve ser mantida a decisão recorrida. Isso porque, embora esta tenha adotado o conceito de insumo da IN SRF nº 404/2004, o Recorrente não esclareceu nem tampouco fez prova da relação entre os gastos incorridos e o processo produtivo. Ao invés disso, fundamentou o pedido de revisão do acórdão da DRJ na suposta natureza irrestrita do conceito de insumo, que abrangeria todos os dispêndios necessários à manutenção da atividade econômica do contribuinte. Ora, como se viu, não é essa a orientação adotada pelo CARF. Na verdade, ainda que fosse, o Recorrente deveria ter feito prova de que os gastos incorridos são efetivamente necessários à manutenção da atividade da empresa. 2 SEHN, Solon. PISCofins: não cumulatividade e regimes de incidência. São Paulo: Quartier Latin, 2011, p. 315 e ss. 3 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Aspectos relacionados à “não cumulatividade” da COFINS e da contribuição ao PIS. In: PEIXOTO, Marcelo Magalhães; FISCHER, Octavio Campos (Coord.) PISCOFINS: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 4748. 4 MARTINS, Natanael. O conceito de insumos na sistemática nãocumulativa do PIS e da COFINS. In: PEIXOTO, Marcelo Magalhães; FISCHER, Octavio Campos (Coord.) PISCOFINS: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 207. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Portanto, pela falta de prova da relação entre o gasto e o processo produtivo, descabe o crédito no tocante aos seguintes itens: peças/manutenção de veículos; peças/manutenção de equipamento, máquinas, instalações; gastos com alimentação, assistência médica, convênio/farmácia, cesta básica, viagens, estadias, estacionamentos; gastos com equipamentos de segurança; gastos com telefone; gastos com serviços de exportação, exceto fretes; gastos diversos com pessoa jurídica e outros gastos não considerados insumos. O mesmo se aplica às despesas com outros serviços de exportação, sobretudo porque o Recorrente, nas razões recursais ou na manifestação de inconformidade, sequer especifica quais seriam os serviços em questão. Além disso, não há que se falar em crédito de pagamentos de pessoas físicas, em face da vedação do § 3º, I, do art. 3º da Lei nº 10.637/2002: “Art. 3º. [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País;” Por fim, no tocante ao material refratário utilizados no revestimento dos fornos de alta temperatura, estes podem ser considerados insumos (material intermediário), desde que demonstrado que: (i) são consumidos ou desgastados no processo de industrialização, em função de ação direta sobre o produto em fabricação; e (ii) não apresentem vida útil superior a trezentos e sessenta e cinco dias. Presentes os requisitos acima, o direito ao crédito decorre do próprio art. 8º, § 4º, I, “a”, da IN SRF nº 404/2004: “Art. 8º. [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado;” Portanto, não é necessário o consumo integral e imediato do bem no processo produtivo. Tais requisitos foram aplicáveis apenas ao IPI no período de vigência do art. 32, I, do Decreto nº 70.162/1972 (Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados), que restringia expressamente o direito ao crédito aos insumos que fossem “consumidos, imediata e integralmente, no processo de industrialização”: “Art. 32. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse do imposto; I Relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, importados ou de fabricação nacional, recebidos para emprego na industrialização de produtos Fl. 179DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13609.903161/201030 Acórdão n.º 3802003.592 S3TE02 Fl. 177 7 tributados, por estabelecimento industrial ou pelo estabelecimento a que se refere o inciso III do § 1º do artigo 3º, compreendidos, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, imediata e integralmente, no processo de industrialização;” Desde o Decreto nº 83.263/1979, inclusive à luz do Regulamento do IPI em vigor (Decreto nº 7.212/2010, art. 226, I), não há mais exigência de consumo integral e imediato: “Art. 226. Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;” Nesse linha, cumpre destacar o seguinte julgado da 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que reconheceu o direito ao crédito em relação ao IPI: “TRIBUTARIO. IPI. MATERIAIS REFRATARIOS. DIREITO AO CREDITAMENTO. OS MATERIAIS REFRATARIOS EMPREGADOS NA INDUSTRIA, SENDO INTEIRAMENTE CONSUMIDOS, EMBORA DE MANEIRA LENTA, NÃO INTEGRANDO, POR ISSO, O NOVO PRODUTO E NEM O EQUIPAMENTO QUE COMPOE O ATIVO FIXO DA EMPRESA, DEVEM SER CLASSIFICADOS COMO PRODUTOS INTERMEDIARIOS, CONFERINDO DIREITO AO CREDITO FISCAL.” (STJ. 2ª T. REsp 18.361/SP, Rel. Min. Hélio Mosimann. DJ 07/08/1995, p. 23026) É por esse motivo que, mesmo para quem interpreta o conceito de insumo a partir da IN SRF nº 404/2004, não cabe condicional o crédito ao consumo integral e imediato do produto intermediário. Apesar disso, no presente caso, o Recorrente não apresentou qualquer laudo técnico ou documento que comprove o prazo de vida útil do material refratário utilizado ou ainda a periodicidade de realização desses gastos. Tratase de prova imprescindível, porque, como bem ressaltou a DRJ, o desgaste de refratários pode variar em função do tipo do material ou mesmo da região em que o mesmo se encontra. Votase, assim, pelo conhecimento e desprovimento do recurso. (assinado digitalmente) Solon Sehn Relator Fl. 180DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Fl. 181DF CARF MF Impresso em 17/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por SOLON SEHN, Assinado digitalmente em 17/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10680.901860/2012-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Nov 19 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3202-000.221
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Acompanhou o julgamento o advogado Valter de Souza Lobato, OAB/MG nº 61.186.
Assinado digitalmente
IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente
TATIANA MIDORI MIGIYAMA - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Tatiana Midori Migiyama (Relatora).
Relatório
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ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarouse impedido. Acompanhou o julgamento o advogado Valter de Souza Lobato, OAB/MG nº 61.186. Assinado digitalmente IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente TATIANA MIDORI MIGIYAMA Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Tatiana Midori Migiyama (Relatora). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 01 86 0/ 20 12 -5 6 Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.209 2 Relatório A SAMARCO MINERAÇÃO S/A apresentou recurso voluntário contra Acórdão nº 0246.012, de 8 de julho de 2013 (de fls. 1024 a 1055), proferido pela 1ª Turma da DRJ/BHE, que julgou por unanimidade de votos, procedente em parte a manifestação de inconformidade, de sorte a: · Cancelar as glosas efetuadas em relação às despesas com transmissão de energia elétrica, recompondo o crédito, nos valores constantes na planilha nº 15 da fiscalização (fl. 888); e · Cancelar em parte as glosas efetuadas em relação aos bens do ativo imobilizado, recompondo o crédito, nos valores constantes na coluna “Crédito com o Imobilizado” do demonstrativo constante do aditamento da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte; · Ressaltar que a DRF de origem deverá, ainda: (1) proceder à verificação dos pagamentos efetuados, relativos às glosas sobre as quais não houve litígio, conforme item 2 do aditamento apresentado pela reclamante, e efetuar os procedimentos necessários à extinção dos respectivos débitos; e (2) Proceder à recomposição dos créditos passíveis de ressarcimento/compensação, conforme planilhas nºs 26 e 27 da fiscalização, homologando as DCOMPs apresentadas até o limite dos créditos apurados. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório integrante da decisão recorrida, a qual transcrevo a seguir: “A contribuinte acima identificada apresentou Pedido de Ressarcimento – PER – de crédito de Cofins nãocumulativa – Exportação, relativo ao 1º trimestre de 2008, no valor de R$ 21.263.548,98, com posterior encaminhamento de Declaração(ões) de Compensação – Dcomp – relativa(s) ao mesmo crédito, além de Dcomp relativa ao mês de janeiro, no valor de R$ 10.099.801,32. Os documentos tiveram processamento eletrônico, com intervenção manual do Serviço de Fiscalização da DRF/Belo Horizonte, que procedeu a auditoria para verificação quanto à procedência dos créditos. Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.210 3 O crédito foi reconhecido parcialmente, no valor de R$ 27.311.589,41, em face das glosas efetuadas pelo fisco, por entender que tais créditos não estavam em consonância com o disposto na legislação que rege a matéria. Os dispositivos legais infringidos constam no Relatório Fiscal relativo ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 06101002011.014270 (fls. 1001/1021). Em conseqüência, houve homologação parcial de sua(s) Dcomp, conforme Despacho Decisório com nº de rastreamento 022394295, emitido em 04.05.2012 (fl. 455), do qual a contribuinte tomou ciência em 14.05.2012, conforme tela acostada à fl. 1023. Em 13.06.2012, foi protocolizada a manifestação de inconformidade de fls. 02/53 (anexos às fls. 55/454), contendo os elementos que se seguem. TEMPESTIVIDADE Informa sobre as datas de ciência do Despacho Decisório e da apresentação da Manifestação de Inconformidade no prazo de 30 dias. 2. OS PONTOS DISCORDANTES QUANTO AOS CRÉDITOS DE PIS/COFINS. BREVE RELATO DOS FATOS. Nesse item, foram levantados os pontos de discordância em relação ao Relatório da Fiscalização, a seguir sintetizados: a) Que a fiscalização demonstra contradição entre a própria autuação e a sua descrição do objeto social da empresa, posto que diversos créditos glosados são oriundos de autênticos insumos para as atividades ali relacionadas; b) Que a fiscalização deu ao conceito de insumos a mesma interpretação restritiva do IPI, a qual, além de ultrapassada, não consta em lei e ainda fere o princípio da confiança, já que havia uma promessa de que os contribuintes poderiam creditarse de toda despesa e todo custo necessários à sua produção e ao exercício de sua atividade; c) Que alguns produtos foram glosados sob o argumento de que deveriam ter sido contabilizados como bens do ativo imobilizado; Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.211 4 d) Que foram glosados produtos adquiridos com alíquota zero, o que, segundo o fisco, estaria impedido pelo § 2º do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003; e) Que a fiscalização entende que a empresa não poderia se creditar dos dispêndios com o uso dos sistemas de conexão e de distribuição de energia, mas apenas com a compra de energia, o que a contribuinte considera um absurdo, já que não se pode dissociar uma coisa da outra e, além disso, segundo ele, haveria dispositivo expresso determinando o creditamento sobre o custo de tal energia; f) Que, apesar de a contribuição para o PIS e a Cofins terem como base a totalidade das receitas, a fiscalização não reconhece a contrapartida (despesas e custos necessários à consecução das atividades), usando o argumento de que “nem todos os custos, despesas ou encargos incorridos para a consecução do faturamento da empresa geram direitos a créditos, (...)”, glosando itens diversos. Sobre esses itens, discorre, de forma individual, a saber: f.1) Insumos e Serviços Utilizados no Mineroduto – que a fiscalização entende que não se enquadram como insumos os gastos nele empregados, e que se trata de transporte de produto em fase de elaboração, efetuado pela própria empresa, entre seus estabelecimentos, não gerando direito a créditos. Sobre esse entendimento, a contribuinte entende estarem indo de encontro à intenção contida no sistema de não cumulatividade. f.2) Demais Serviços – que os créditos foram glosados por referiremse a gastos com serviços utilizados indiretamente na produção do minério, não se enquadrando no conceito de insumo e que a fiscalização elenca alguns desses serviços, “a título exemplificativo”, conforme se segue: f.2.1) Aluguel de Veículos – que, segundo a fiscalização, não se encontra listado no art. 3º do inciso IV das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Por outro lado, a contribuinte alega que os créditos se referem a equipamentos e máquinas empregados em seu processo produtivo. f.2.2) Locação de dragas, locação de reboque, serviço de rebocador, serviços portuários – que a fiscalização desconsiderou a atividade de Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.212 5 administração do porto, constante no objeto social da empresa. Além disso, segundo a reclamante, as dragas são utilizadas na mineração. f.2.3) Serviços de limpeza, recolhimento e transporte de rejeitos – segundo a reclamante, faltaram motivo e motivação para a glosa, cuja fundamentação foi apenas no sentido de não se constituírem insumos. Além disso, alega que tal serviço busca o reaproveitamento do minério e está inserido diretamente no processo produtivo. f.2.4) Serviços de topografia, operações de efluentes, serviços de drenagem, análises físicas e químicas – que, segundo a fiscalização, são empregados em etapas posteriores ou anteriores ao processo produtivo. A contribuinte, por outro lado, entende que são empregadas ao longo do processo. Além disso, alega que há exigência da legislação ambiental para a contratação desses serviços. f.2.5) Serviços e insumos utilizados na operação, manutenção e conservação das usinas hidrelétricas próprias – que as glosas também foram motivadas com base no conceito de insumo – do qual a reclamante discorda – e devido ao entendimento de que não se tratam de bens e serviços em contato direto com o produto final f.3) Obras de Construção Civil – que as glosas foram efetuadas por não se amoldarem ao conceito de insumo. Por sua vez, a reclamante sustenta que tais obras se referem a manutenção das barragens, e, portanto, essenciais e intrínsecas ao seu processo produtivo. Resumindo o seu relato, a contribuinte infere que a fiscalização não detalhou os produtos e serviços glosados, nem motivou suas glosas, ferindo o seu direito de defesa. 3. RECONHECIMENTO PARCIAL DA GLOSA. PRODUTOS SUJEITOS A ALÍQUOTA ZERO. EQUÍVOCO GERADO PELO SISTEMA. PAGAMENTO. No que diz respeito às glosas efetuadas sobre produtos adquiridos com alíquota zero, a contribuinte admite que se creditou indevidamente, informando que já procedeu à recomposição da conta gráfica, e que iria recolher o valor devido. Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.213 6 4. DA AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. INSUBSISTÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NECESSIDADE DE CANCELAMENTO DA AUTUAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO SEM DILIGÊNCIAS IN LOCO. Seguindo em sua explanação, a contribuinte afirma que o lançamento está eivado de nulidades, uma vez que a fiscalização se baseou em arquivos eletrônicos, sem proceder a inspeção in loco, e, nesse sentido, segue argumentando sobre a falta de motivação e da apresentação de provas por parte do fisco, e requer a declaração de nulidade do lançamento fiscal. 5. NOTAS INTRODUTÓRIAS. A ATIVIDADE DA REQUERENTE E SEU OBJETO SOCIAL. A PECULIARIDADE DA SUA PLANTA, DESDE A SUA CONCEPÇÃO. No item 5 de sua manifestação de inconformidade, a reclamante faz uma detalhada descrição do objeto social da empresa, do seu processo produtivo e da sua planta integrada. Sobre o seu objeto social, destacase que envolve a pesquisa, lavra de minério em todo o território nacional, industrialização e comercialização de minérios transporte e navegação no interior do porto, inclusive para terceiros, importação, para seu uso, de equipamentos, peças sobressalentes e matérias primas, produção e distribuição de energia elétrica e comercialização de carvão, podendo ainda participar do capital de outras empresas como acionista ou quotista. Sobre seu processo produtivo, explica que é integrado, da mina ao porto, sendo essa a concepção desde sua origem. Descreve esse processo, desde a lavra, que se dá na unidade de Germano, em Mariana e Ouro Preto (MG), passando pelos processos de separação do rejeito, moagem, deslamagem, flotação, até o seu transporte, como polpa, para a unidade de Ubu, em Anchieta (ES), por meio de minerodutos, terminando na etapa de pelotização, citando inclusive os diversos produtos utilizados como agentes nesse processo, explicando sua ação. Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.214 7 E sobre sua planta integrada, discorre sobre a sua concepção, ressaltando que não se trata de apenas uma empresa de mineração, mas uma empresa que extrai minério e agrega valor ao produto, além de o exportar, daí a necessidade da total integração do seu processo produtivo. Acrescenta, ainda, os efeitos dessa integração nos resultados alcançados pela empresa, ressaltando a sua importância. 6. MÉRITO. NÃO CUMULATIVIDADE PIS/COFINS. A CORRETA INTERPRETAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS E OS EQUÍVOCOS COMETIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. Nesse item, a manifestante inicia com uma longa explanação sobre a legislação relativa ao tema, desde o texto constitucional até a jurisprudência sobre o assunto, incluindose a relação com as legislações do IRPJ e do IPI. A seguir, adentra na questão da interpretação do conceito de insumos, defendendo, a partir dos dispositivos constitucionais e legais, que todo bem ou serviço, que seja necessário à obtenção de receitas pela empresa, deve ser admitido como gerador de crédito de PIS e Cofins. Alega, ainda, em resumo: que a Constituição Federal reservou à lei apenas a definição do setor econômico ao qual se destinaria a não cumulatividade; que não e pode utilizar, para a nãocumulatividade do PIS e da Cofins, o conceito de insumo que serve para o IPI, dadas as diferenças entre tais tributos, inclusive no que diz respeito aos serviços, não incluídos neste (nesse sentido, cita decisões judiciais que consideram a essencialidade como a condição a ser observada na determinação do conceito); e que, devido às semelhanças do PIS e a Cofins com o IRPJ, o conceito a ser adotado seria o mesmo adotado para esse imposto (citando decisões judiciais e Acórdão do CARF nesse sentido). Cita alguns exemplos do que classifica como “equívocos cometidos pela fiscalização quanto ao conceito de insumos”, qual o dos créditos relativos a gases e combustíveis que a empresa utiliza nos fornos, e os relativos a óleos combustíveis utilizados nos caminhões que transitam na Mina, solicitando que esta DRJ considere insubsistentes a glosas efetuadas ou, caso assim não entenda, que considere os insumos constantes de sua planilha anexa ou, em última instância, que seja feita prova pericial, a fim de Fl. 1350DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.215 8 demonstrar que todos os créditos glosados se referem a produtos e serviços essenciais à atividade da empresa e, portanto, legítimos. A partir de então, procede à argumentação sobre a improcedência da glosa para cada tipo de crédito, conforme se segue, de forma resumida. BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS – ATIVO IMOBILIZADO: Em relação às glosas efetuadas por terem sido considerados créditos relativos a bens destinados ao ativo imobilizado, mais uma vez a reclamante alega falta de motivação do lançamento, pela fiscalização. Acusa, ainda, a falta de manifestação da fiscalização sobre a possibilidade de se creditar pro rata, nos termos do inciso VI do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, caso se considere o bem como parte integrante do ativo imobilizado. De acordo com o seu entendimento, se a fiscalização, ao recompor a conta gráfica da empresa, não considerou as parcelas já devidas com base na depreciação, o crédito tributário resultante das glosas caracterizase insubsistente. Em última instância, entende que tal recomposição deva ser feita pela fiscalização, caso não se considere o crédito integralmente. CRÉDITO SOBRE DESPESAS COM ENERGIA ELÉTRICA: Sobre os créditos sobre despesas com energia elétrica, a reclamante insurge contra as glosas efetuadas sobre os insumos e serviços relativos às usinas próprias da empresa e sobre os custos com transmissão e distribuição de energia (encargos denominados TUSD). No caso dos gastos empregados em suas usinas, argumenta que não haveria sentido em a aquisição de energia das concessionárias gerar mais créditos que a autoprodução, uma vez que o Governo Federal incentiva os investimentos com produção de energia elétrica. Acrescenta que a energia elétrica é essencial ao processo produtivo da empresa e ressalta que a não cumulatividade não é benefício fiscal, mas apenas cumprimento de preceito constitucional, conforme já defendido antes. Quanto aos gastos empregados nos encargos de distribuição, segundo o entendimento da reclamante, estão contidos nos custos incorridos com energia elétrica, nos termos do inciso IX do art. 3º da lei nº 10.637/2002 e do inciso III do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Em defesa do seu entendimento, Fl. 1351DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.216 9 explica em detalhes o modelo do setor elétrico brasileiro, concluindo que o fato de os custos relativos à distribuição de energia serem cobrados separadamente dos custos com a compra, como é o caso da contribuinte, que se encontra na categoria de consumidor livre, é irrelevante para a sua classificação como créditos de PIS e Cofins passíveis de aproveitamento. CRÉDITO SOBRE SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS: Sobre as glosas dos créditos relativos a serviços, a reclamante contesta, de forma geral, a sua falta de enquadramento, pela fiscalização, do conceito de insumo, e, a seguir, contesta alguns pontos do relatório em relação a cada serviço. Serviços prestados no mineroduto: Em relação aos serviços prestados no mineroduto, insiste no conceito de planta única de produção, na qual o mineroduto seria apenas uma das etapas, a saber, o ponto de ligação entre os dois estabelecimentos da empresa. Reforça seu entendimento sobre a possibilidade de creditamento desses serviços, com o questionamento “o tributo plurifásico não cumulativo não deve ser neutro? Ora, se a planta de MG pertencesse a uma empresa, o mineroduto a outra e a planta do ES a uma terceira, os custos da primeira planta e do mineroduto seriam passíveis de creditamento pela planta do ES, certo? Se assim o é, a requerente tem direito aos créditos ora vindicados.”. Nesse sentido, segundo afirma, versa Acórdão do CARF, que também transcreve. Aluguel de veículos: Sobre o creditamento dos gastos com aluguel de veículos, argumenta que o contrato também prevê a locação de equipamentos, como caminhões e tratores utilizados na mineração, cujos créditos são os únicos tomados pela empresa e, portanto, dentro da previsão do inciso IV do art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Locação de dragas e reboque, serviço de rebocador, serviços portuários: O mesmo argumento é utilizado em relação aos créditos relativos à locação de dragas e reboque e aos serviços de rebocador e portuários. Acrescenta que, nesse item, a legislação sequer fala em insumos, mas Fl. 1352DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.217 10 simplesmente exige que tais máquinas e equipamentos sejam “aplicados nas atividades da empresa”. Explica a natureza do afretamento, concluindo que nada mais são, em sua essência, que contratos de locação de embarcação, sendo que algumas modalidades (afretamento por viagem e por tempo) possuem um caráter híbrido, pois, nesses casos, está incutido um misto de locação e de prestação de serviço, já que os custos com tripulação, manutenção, abastecimento, etc, correm por conta do fretador e não do contratante (afretador). No sentido de firmar esse entendimento, cita decisão do STJ e consulta à Superintendência Regional da Receita Federal – SRRF da 8ª RF, versando sobre créditos de aluguéis. Por fim, alega que a própria fiscalização mencionara a administração do porto como uma das atividades da empresa, onde seriam empregadas as dragas cujo crédito fora glosado, e acrescenta que tais dragas também são utilizadas na atividade de mineração, como provam as notas fiscais que listam serviços realizados na unidade de Mariana/MG, de forma que requer a insubsistência das alegações fiscais quanto a este item. Serviços de limpeza. Recolhimento e transporte de rejeitos: Sobre os créditos relativos a serviços de limpeza, recolhimento e transporte de rejeitos, a reclamante afirma que faltou motivo e motivação para as respectivas glosas, uma vez que, segundo afirma, a fiscalização nada diz sobre esses serviços. Assim, entende que poderá ser feita prova pericial, a fim de se comprovar que tais serviços não se tratam de simples limpeza, mas de reaproveitamento de rejeitos, e em obediência aos ditamos ambientais, intrínseco, portanto, ao processo produtivo. Serviços de topografia, operações de efluentes, serviços de drenagem, análises físicas e químicas: Em relação aos serviços de topografia, operações de efluentes, serviços de drenagem e análises físicas e químicas, a reclamante, juntando notas fiscais como prova, afirma que mais uma vez a fiscalização teria cometido equívoco, ao afirmar que tais serviços são empregados em etapas posteriores ou anteriores ao processo produtivo propriamente dito. Cita Acórdão, em que o CARF se pronuncia sobre os serviços de terraplanagem, e decisões sobre o entendimento do que seja considerado o processo Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.218 11 produtivo, para efeito de beneficiamento do ICMS, argumentando que está pacificado o entendimento de que deva prevalecer o critério da essencialidade na definição dos valores que podem ser creditados. Serviços e insumos utilizados na operação, manutenção e conservação das Usinas Hidrelétricas próprias: No que diz respeito aos créditos relativos a serviços empregados nas usinas hidrelétricas próprias, o argumento é no sentido de que os insumos utilizados na autoprodução de energia também integram o produto final, na mesma linha do que já foi longamente abordado. Obras de construção civil: E, sobre os créditos decorrentes dos serviços denominados “obras de construção civil”, afirma que tais obras se referem a manutenção das barragens essenciais, intrínsecas ao processo produtivo, anexando notas fiscais que, segundo ela, comprovam a natureza dos serviços. Insiste que faltou uma análise in loco, pela fiscalização, e que a simples análise dos contratos já permite se verificar que os serviços cujo crédito fora glosado são imprescindíveis ao processo produtivo da mineração. 7. DO PEDIDO DE PERÍCIA. Após todos os seus apontamentos e argumentações sobre a improcedência das glosas efetuadas, conforme acima sintetizado, a contribuinte aborda a necessidade de se proceder a prova pericial, dada a complexidade e o volume de informações apresentadas e tendo em vista que as discussões travadas no presente processo dizem respeito à análise do processo produtivo da empresa e aos gastos vinculados à sua atividade, em confronto com os fatos levantados pela autoridade administrativa. Nesse sentido, elenca diversos pontos que, a seu ver, deverão ser resolvidos pela prova pericial, que vão desde a concepção da empresa, em sua origem, até o detalhamento do bens que tiveram seus créditos glosados, indicando, inclusive, um assistente técnico para a solicitada perícia. Entre os pontos levantados, a reclamante questiona: sobre as atividades realizadas pela empresa e sobre como a empresa foi concebida, em sua origem; sobre a existência ou não do direito a determinados créditos; sobre a composição do crédito levantado pela fiscalização; sobre o Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.219 12 enquadramento dos encargos de energia elétrica glosados pela fiscalização no conceito de custo da energia; sobre a essencialidade de determinados serviços no processo produtivo da empresa; sobre a abrangência de determinadas rubricas que tiveram seus créditos glosados. Pede, ainda, que sejam relacionados (em planilhas) os itens glosados (bens e serviços), com informações diversas relativas ao produto, sua essencialidade para as atividades da empresa e sobre a possibilidade de dedução de seu custo, para fins de IRPJ e CSLL. 8. DO PEDIDO. Conclui sua manifestação de inconformidade, pedindo que seja reconhecida a insubsistência do Despacho Decisório ora recorrido, com a conseqüente homologação da compensação efetuada e a extinção dos respectivos débitos. Requer, ainda, a juntada posterior dos documentos faltantes da manifestação de inconformidade. 9. ADITAMENTO. Posteriormente, em 17.07.2012, a contribuinte juntou novos documentos (fls. 475/546), solicitando que fossem tomados como “aditamento” às razões apresentadas anteriormente. Inicialmente, faz um breve relato dos fatos, resumindo os pontos de discordância em relação às glosas efetuadas, já longamente abordados na manifestação de inconformidade original. Sobre a parte da glosa relacionada a produtos sujeitos a alíquota zero, a qual já havia reconhecido inicialmente como devida, acrescenta planilhas, demonstrando os valores em relação ao total do crédito glosado, por trimestre, e detalhando os valores recolhidos com seus acréscimos moratórios, bem como os respectivos comprovantes de pagamento. Quanto aos créditos relativos a aquisições de bens destinados ao ativo imobilizado, repete as alegações iniciais sobre a possibilidade de se creditar parte dos valores, relativa à depreciação dos bens, nos termos § 1º, III e § 14 do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, insistindo no fato de que a fiscalização deveria ter considerado tais créditos e recomposto sua conta, já que procedeu a lançamento tributário. Acrescentou planilhas demonstrativas dos Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.220 13 créditos inicialmente aproveitados em relação aos créditos devidos sobre o ativo imobilizado, com as respectivas diferenças apuradas, as quais, segundo entende, devem substituir as glosas efetuadas, além de outros documentos, no sentido de comprovar a procedência desses valores. Embora não conste na manifestação inicial, a reclamante se insurge aqui contra as glosas efetuadas sobre os créditos relativos a óleo combustível. Segundo afirma, esses óleos seriam utilizados tanto para alimentar os fornos de pelotização do minério, quanto para abastecer os caminhões utilizados na mina. Cita Solução de Consulta da SRRF da 10ª RF e decisão do Conselho de Contribuintes de Minas Gerais – CCMG, relativa ao ICMS. Defende que esta DRJ deve julgar “insubsistente o lançamento”, tendo em vista a impossibilidade de se analisar todos os produtos glosados, e deferir a prova pericial, para análise dos julgadores. Conclui, pedindo, mais uma vez, que seja reconhecida a insubsistência do Despacho Decisório ora recorrido, com a conseqüente homologação da compensação efetuada e a extinção dos respectivos débitos, além de requerer a reformulação do crédito tributário cobrado, considerandose o pagamento parcial, conforme comprovado. E, mais uma vez, requer a juntada posterior de quaisquer documentos que se façam necessários ao julgamento. 10. DILIGÊNCIA. Em 11.03.2013, esta DRJ emitiu Resolução, convertendo o julgamento em diligência, a fim de que fossem verificadas a origem e as utilizações das máquinas e equipamentos que tiveram seus créditos glosados, e a conseqüente possibilidade de descontos dos créditos relativos aos respectivos encargos com depreciação. Para a realização da diligência, o Serviço de Fiscalização da DRF de Belo Horizonte procedeu à abertura do Mandado de Procedimento Fiscal – MPF nº 0610100.2013 004204, intimando a contribuinte, em 16.04.2013, a apresentar a documentação necessária, a qual foi apresentada em 07.05.2013. Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.221 14 Após a análise da documentação apresentada, a Fiscalização emitiu, em 20.05.2013, Relatório Fiscal, com as conclusões abaixo transcritas, em resposta aos questionamentos desta DRJ: 1. As máquinas e equipamentos foram adquiridos de pessoas jurídicas e foram utilizadas na produção de bens destinados à venda e/ou prestação de serviços, conforme determinam a legislação de regência; 2. Ratificamos a veracidade dos cálculos juntados aos autos na manifestação de inconformidade de 17/07/2012, relativamente aos valores de créditos do PIS/Pasep e da Cofins nãocumulativos calculados sobre os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado que foram objetos de glosas por esta fiscalização, conforme determinado nos dispositivos legais pertinentes à matéria (art. 3º, § 14, art. 15 II, da Lei nº 10.833/2003, cujo § 14 foi incluído pelo art. 21 da Lei nº 10.865/2004; art. 1º da Lei nº 11.774/2008). Em 22.05.2013, a contribuinte tomou ciência do Relatório Fiscal, com o resultado da diligência, não apresentando, no prazo que lhe foi facultado, quaisquer outros questionamentos. É o relatório.” A DRJ, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte o lançamento tributário em acórdão com a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ATIVO IMOBILIZADO. Geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os encargos de depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos de pessoa jurídica e utilizados na produção de bens destinados à venda. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. SERVIÇOS RELACIONADOS À USINA. Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.222 15 Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com serviços relacionados à manutenção de máquinas e equipamentos da usina, por não se classificarem como insumos na produção de minério. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ENERGIA ELÉTRICA. Na apuração da Contribuição para o PIS e da Cofins nãocumulativas, podem ser descontados créditos das despesas e custos relativos à energia elétrica adquirida de pessoa jurídica domiciliada no país, incluindose os gastos com transmissão e distribuição de energia elétrica produzida pelo contribuinte ou adquirida de terceiros. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. MINERODUTO. Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com serviços relacionados a mineroduto, por não se classificarem como insumos na produção de minério. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. ALUGUEL DE VEÍCULOS. Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com aluguel de veículos, por falta de previsão legal, e nem os gastos com aluguel de máquinas e equipamentos, que não sejam comprovadamente empregados na produção de minério. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. LOCAÇÃO DE DRAGAS, LOCAÇÃO DE REBOQUE, SERVIÇO DE REBOCADOR, SERVIÇOS PORTUÁRIOS. Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com locações, por falta de previsão legal, nem os serviços relacionados ao porto, que não sejam comprovadamente empregados na atividade de navegação, por não se classificarem como insumos na produção de minério. Não se pode considerar o simples fato de uma determinada atividade constar no objeto social da empresa suficiente para que todo e qualquer serviço relacionado diretamente a essa atividade tenha seus créditos descontados do valor devido pela empresa. Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.223 16 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. SERVIÇOS DE LIMPEZA, RECOLHIMENTO E TRANSPORTE DE REJEITOS. Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com serviços que não são comprovadamente empregados diretamente na produção de minério. SERVIÇOS DE TOPOGRAFIA, OPERAÇÕES DE EFLUENTES, SERVIÇOS DE DRENAGEM, ANÁLISES FÍSICAS E QUÍMICAS Não geram direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins apuradas de forma nãocumulativa os gastos com serviços que não são empregados diretamente na produção de minério. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. SERVIÇOS RELACIONADOS À MANUTENÇÃO CIVIL. Os gastos com serviços empregados em edificações somente podem gerar crédito a ser descontado da contribuição para o PIS e da Cofins, apuradas de forma nãocumulativa, em relação aos respectivos encargos com depreciação e amortização. Não se enquadram como insumo, para efeito de gerarem direito a crédito, os gastos com serviços que não são empregados diretamente na produção de minério. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS. Na apuração da Contribuição para o PIS e da Cofins nãocumulativas, podem ser descontados créditos relativos aos gastos com combustível consumido nos fornos no processo produtivo, mas não podem ser descontados os relativos ao combustível consumido nos veículos utilizados na mina. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte” Cientificado do referido acórdão em 4 de outubro de 2013 (fl. 1073), a interessada apresentou recurso voluntário em 17 de outubro de 2013 (fls. 1074 a 1140), pleiteando o provimento integral do presente recurso, a fim de que seja parcialmente reformado o acórdão da DRJ para, de forma sucessiva: · Decretar a insubsistência do despacho decisório, porque não houve inspeção in loco para constatar se os produtos e serviços se aplicam no Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.224 17 processo produtivo da Recorrente; o ato administrativo do lançamento não tem a correta motivação, o que impede o direito de defesa pela recorrente e não pode a Fiscalização elencar os produtos e serviços apenas de maneira exemplificativa, pois novamente fere o direito de defesa da recorrente; · Ad argumentandum, se assim não entender, devem os autos serem baixados em diligência para que a Receita Federal do Brasil informe, detalhadamente, como se deu a reformulação do crédito tributário, uma vez que a ausência da memória de cálculo impede que a recorrente verifique a exatidão dos números apontados como remanescentes do crédito tributário. Além disso, deverão ser descontados todos os combustíveis que participam do processo produtivo (com base na planilha elaborada pela fiscalização) a fim de que se dê efetividade à decisão da DRJ. · Ainda de forma sucessiva, a decisão recorrida merece ser anulada, retornando os autos à origem para elaboração da prova pericial ou, se assim não entender, que esta prova se realize por determinação da segunda instância administrativa. Ad argumentandum, se por absurdo o CARF não entender pela nulidade da decisão recorrida pela não realização da prova pericial ou pela impossibilidade de realização desta, por estarem os autos em segunda instância administrativa, requer sejam os autos baixados em diligência para que a fiscalização responda aos quesitos acima mencionados, concedendo vista a recorrente para que também se manifeste sobre a apuração da fiscalização; · No mérito, merece ser reconhecida a insubsistência do Despacho Decisório ora recorrido, com a reforma parcial da decisão recorrida e conseqüente homologação da compensação ora pleiteada e extinção dos débitos fiscais nelas compensados, pois todos os produtos elencados são consumidos no processo produtivo, sendo essencial a este; todos os serviços são utilizados diretamente no processo produtivo, assim, em homenagem a não cumulatividade e aos precedentes administrativos e judiciais existentes, o creditamento deve ser mantido. Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.225 18 É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama, Relatora Da admissibilidade Por conter matéria desta E. Turma da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 7 de outubro de 2013, apresentando a recorrente recurso voluntário em 17 de outubro de 2013. Depreendendose da análise dos processos vêse que a lide em comento envolve a liquidez e a certeza do crédito de PIS e COFINS constituído pela recorrente decorrente de vários eventos. Quanto ao conceito de Insumos, primeiramente, descreve a recorrente as atividades vinculadas ao seu objeto social, trazendo, entre outros, o objeto que consta de seu estatuto social: “[...] pesquisa, lavra de minério em todo o território nacional, industrialização e comercialização de minérios, transporte e navegação no interior do porto, inclusive para terceiros, importação para seu uso, de equipamentos, peças sobressalentes e matérias primas, produção e distribuição de energia elétrica e comercialização de carvão, podendo ainda participar do capital de outras empresas como acionistas ou quotista.” Descreve, assim, que a Samarco, quanto: 1. ao Objeto Social: · Detém a tecnologia e as instalações necessárias à extração de minério, seu beneficiamento, pelotização e embarque; · Por meio de permanente evolução técnica, extrai minério de baixo teor de ferro e o converte em produto de alta qualidade para a siderurgia, de forma rentável e competitiva; Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.226 19 · O principal produto da empresa é a pelota de minério de ferro; · Para atender às exigências dos clientes em escala global, produz e comercializa um número considerável de diferentes tipos de pelotas; · Esta flexibilidade engloba demandas específicas, conforme o tipo de tecnologia de redução adotada pelo cliente, seja altoforno ou redução direta; · A pelota de minério de ferro, dentre as matériasprimas utilizadas na fabricação do aço, é um dos insumos de qualidade bem determinada, que garante aos processos de redução direta e alto forno elevada produtividade e estabilidade; 2. Ao Processo Produtivo da Samarco: · Executa três atividades principais, quais sejam, extração do minério de ferro (lavra), beneficiamento e pelotização do minério e exportação das pelotas; Sendo: 1ª Etapa – processo de tratamento de minério bruto (objeto da lavra): o minério lavrado passa por uma instalação de peneiramento e britagem a seco. Esse minério alimenta os prémoinhos que alimentarão os moinhos primários. 2ª Etapa – processo de concentração do teor do minério de ferro: Após esta etapa, a polpa é deslamada na ciclonagem. O material é alimentado no circuito de flotação em coluna. Posteriormente, a polpa alimenta os espessadores. 3ª Etapa – processo de bombeamento do concentrado para a Usina: A polpa é transferida para os tanques de estocagem para, então, ser bombeada pelo mineroduto até as usinas de pelotização em Ubu. 4ª Etapa – processo de preparação do minério concentrado: A polpa recebida passa por diversas etapas de preparação do minério, sendo elas: torre de recebimento, espessamento, tanques homogeneidade, filtragem, roller press e área de insumos (mistura). Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.227 20 5ª Etapa – processo de adição de insumos e formação das pelotas: Após receber as adições de insumos (carvão, calcário e aglomerante) o minério segue para os discos pelotizadores, onde se inicia a formação das pelotas cruas. Ao serem descarregadas dos discos, as pelotas cruas passam por um processo de classificação nas mesas de rolos, sendo posteriormente reclassificadas na alimentação do forno de endurecimento. 6ª Etapa – processo de separação das pelotas e embarque para exportação: após a etapa de queima das pelotas, as mesmas passam por um conjunto de peneiras que separam as pelotas. As pelotas são empilhadas no pátio e posteriormente recuperada para o embarque. 3. À concepção de planta integrada: · Possui um processo de produção integrado, da mina ao porto, que garante alta eficiência produtiva e baixos custos operacionais; · A planta demonstra que a Samarco foi concebida para ser não somente uma empresa de mineração, mas uma empresa que extrai o minério, passando este por um processo produtivo que agrega valor ao produto, uma empresa exportadora – o que justifica o processo produtivo ser integrado – de Minas Gerais (onde está a matéria prima) ao Espírito Santo (onde se encontra o porto); · A integração das plantas de MG e do ES busca maximizar o processo produtivo, agregar valor ao minério e deixar o produto pronto para ser exportado; · A existência de atividades portuárias visa exatamente dar cabo da última etapa de sua concepção de sua atividade: a exportação. Fl. 1363DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.228 21 Descritas todas as etapas de produção e justificação da adoção da planta para observância do objeto social da Samarco, passa a discorrer sobre o conceito de insumos. O que, quanto a esse tema, traz a recorrente que: · O texto constitucional não trouxe qualquer condicionante para aplicação da não cumulatividade; · Mesmo que se aceite as limitações constantes nos textos legais, o conceito de insumo não poderia ser amesquinhado com a analogia ao IPI, posto que as contribuições têm espectro amplo; · A Fiscalização desconsiderou o conceito restritivo trazido pela própria RFB. Com efeito, traz que com o advento da EC 42/2003, a faceta exclusiva da não cumulatividade aos tributos plurifásicos foi modificada, tendo sido acrescentado o parágrafo 12 ao art. 195 da CF/88: “Art. 195(...) § 12 A Lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b, e IV do caput serão não cumulativas.” Aduz que o § 12 do art. 195 da CF, não obstante tenha deixado ao alvedrio do legislador ordinário definir quais seriam os setores abrangidos pela não cumulatividade, nada dispôs sobre os contornos desta sistemática não cumulativa imposta (extensão e efeitos do creditamento), sendo certo que a definição da não cumulatividade aplicável defluiria da própria natureza do fato imponível destas contribuições, em muito divergente da materialidade dos demais tributos não cumulativos. Em face da amplitude da materialidade dos tributos incidentes sobre a receita, desenvolve a recorrente que o cumprimento da não cumulatividade deveria necessariamente partir da premissa de que a efetiva depuração da base de cálculo das contribuições ocorre tão somente quando creditadas todas as despesas incorridas para a formação da receita, sempre que tais despesas forem efetivamente suportadas pelo contribuinte e se mostrarem necessárias à atividade produtiva do contribuinte. Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.229 22 Assim, define a recorrente que certo é que a Constituição não outorgou poderes ao legislador infraconstitucional para definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, conclui que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte. Sempre que estas se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Neste sentido, a recorrente destaca o duplo caráter da essencialidade discutida de natureza ontológica e jurídica. Traz ainda: · as premissas que devem ser fixadas para a análise da repercussão da não cumulatividade sobre a apuração da base tributável do PIS e a COFINS; · que a não cumulatividade estabelecida para o PIS e a COFINS possui suas bases nos art. 195 e foi instituída de forma ampla, visando o afastamento da sobreposição tributária; · que, assim, a observância ao preceito da não cumulatividade deve levar em consideração a própria natureza do fato gerador da obrigação tributária e a amplitude da base de incidência econômica de modo a possibilitar a efetiva depuração de base, afastando a incidência em cascata da tributação, premissa maior da adoção da sistemática não cumulativa em qualquer espécie tributária; o que, portanto, devese reconhecer a possibilidade de creditamento de todas as despesas que se mostrem necessárias à atividade produtiva do contribuinte e que tenham constituído receita de outras pessoas jurídicas em razão do produto ou serviços adquiridos, evitandose a sobreposição tributária; · a impossibilidade de se aplicar, por analogia, as regras atinentes à não cumulatividade dos demais tributos plurifásicos (IPI e ICMS) ao regime de não cumulatividade imposto pela CF ao PIS e a COFINS – o que afasta a possibilidade de se restringir o direito de creditamento ao que, na sistemática dos impostos, denominase crédito físico, pois as despesas que afetam a receita tributável do contribuinte não necessariamente se relacionam ou integram o produto final no processo produtivo; · as disposições das Leis 10.637/02 e 10.833/03 regulam a sistemática do creditamento do PIS e da COFINS; Não obstante a posterior Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.230 23 constitucionalização da não cumulatividade atrelada as contribuições e a amplitude do alcance do texto constitucional, a RFB passou a adotar uma interpretação restritiva das legislações, entendendo que o conceito de insumos deveria buscar o conceito do IPI; · O que, enfatiza que, de acordo com a RFB, a CF teria conferido a lei ordinária poderes para delimitar os contornos de uma não cumulatividade que a própria CF não limitou. Dessa forma, conclui a recorrente que se torna necessário afastar qualquer espécie de interpretação que vislumbre o estabelecimento de critério restritivo para apuração de créditos e extensivo para apuração da base de cálculo das contribuições, pelo que, em face da elevação da não cumulatividade do PIS e da Cofins à esfera constitucional, não restam dúvidas de que o rol de dispêndios ensejadores de créditos constante dos arts. 3º da Lei 10.637/02 e 3º da Lei 10.833/03, possui caráter meramente exemplificativo, sendo restritivas apenas as vedações expressamente estabelecidas por lei. Continuando, manifesta que houve equívocos cometidos pela Fiscalização quanto ao conceito de insumos, em relação a glosa de produtos que participam do processo produtivo da Empresa, tendo em vista que adotando um critério mais restritivo a fiscalização tomou como base uma planilha informativa, na qual constavam dois questionamentos – quais sejam, se o produto é desgastado no processo produtivo e se tinha contato físico com o minério e sempre que a resposta à última coluna (contato físico com o produto) fosse “não”, glosava o crédito. Assim, traz que a fiscalização ignorou que nessa mesma planilha também constava expressamente a pergunta “usa no processo”. Dos produtos utilizados no processo produtivo Para a recorrente, os créditos de combustíveis já foram restabelecidos pela decisão da DRJ na fundamentação, pois seguindo o entendimento fiscal, deveriam ter sido glosados somente os lubrificantes que não participassem do processo produtivo – o que não foi feito, pois os lubrificantes que muito embora participassem do processo produtivo não entravam em contato direto com o minério, foram glosados pela fiscalização, mas mantidos pela DRJ. Fl. 1366DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.231 24 O que, entende a recorrente que merece ser restabelecido o crédito sobre todos os lubrificantes e graxas que atuam diretamente no processo produtivo, a fim de manter a coerência fiscal consoante entendimento administrativo sobre o assunto e, acima de tudo, em respeito a assentada decisão. Para tanto, cita alguns produtos glosados pela Fiscalização e que são diretamente utilizados no processo produtivo, tais como: · Soda Caustica líquida – insumo utilizado para regular o pH do minério e para gelatinizar o amido; · MONOAMINA – coletor utilizado no processo de flotação para separar as partículas minerais de seus contaminantes (sílica). Do combustível utilizado nos caminhões fora de estrada Para o pedido de consideração desses combustíveis para fins de creditamento das r. contribuições, argumenta a recorrente que este CARF acata os insumos imprescindíveis ao processo produtivo, mas a fiscalização glosou créditos de gases e combustíveis que a empresa utiliza nos fornos. Etapa primordial e nuclear de seu processo produtivo na pelotização do minério e, que, por sua vez, foi considerado como gerador de crédito pela DRJ ainda que não seja aplicado diretamente no produto, mas nos fornos que são utilizados na produção do minério. Dos serviços utilizados como insumos Quanto aos créditos sobre serviços utilizados como insumos, manifesta a recorrente que a fiscalização glosou serviços essenciais e intrinsecamente ligados à atividade produtiva da empresa, tais como: · Serviços prestados no mineroduto; · Aluguel de veículos; · Locação de dragas, locação de reboque, serviço de rebocador, serviços portuários; Fl. 1367DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.232 25 · Serviço de limpeza, recolhimento e transporte de rejeitos; · Serviços de topografia, operações de efluentes, serviços de drenagens, análises físicas e químicas; · Consorcio UHE GuilmanAmorim, operação, Manutenção e Conservação UHE Muniz Freire; · Obras de Construção Civil. Contesta, portanto, os serviços glosados, trazendo defesa para cada serviço. O que passo a discorrer: Do Serviços prestados no mineroduto Menciona a recorrente que o processo produtivo iniciase em Germano e finaliza com a exportação das pelotas de minério de ferro em UBU, sendo: · a extração de minério e a remoção de material estéril realizadas utilizando frota de equipamentos móveis de grande porte, aliada ao uso de sistema de correias transportadoras; · a polpa de minério concentrado transportada da unidade de Germano até a unidade de UBU pelos minerodutos; · quando a polpa chega a UBU, no município de Anchieta, começa a etapa da pelotização; · Posteriormente, os produtos são exportados. Descreve a recorrente que a fiscalização entendeu que todos os insumos e serviços alocados no centro de custo do mineroduto não podem gerar o direito ao creditamento, pois os atos normativos impõem como requisito indispensável para ser considerado como insumo que o bem ou serviço seja aplicado ou consumido diretamente na produção ou fabricação de bens destinados a venda. Do aluguel de veículos equipamentos Especificamente a essa questão, ao citar o art. 3º, IV das Leis 10.637/02 e 10.833/03, a Fiscalização entende que o dispositivo não citou aluguel de veículos, o que conclui que a intenção do legislador era outorgar o direito a tal crédito. Fl. 1368DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.233 26 Não obstante, observa que a empresa não toma o crédito com o transporte de pessoas, mas apenas a locação de equipamentos. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade, afirmando que, muito embora a locação tenha sido de máquinas e equipamentos, e não aluguel de veículos, não restou comprovado que os equipamentos são diretamente empregados no seu processo produtivo. Quanto à locação de dragas, locação de reboque, serviço de rebocador, serviços portuários, a recorrente traz a mesma literalidade do item anterior, posto que as leis 10.637/02 e 10.833/03, em seu art. 3º, inciso IV autorizam o creditamento dos valores de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Traz que não se mencionam processo produtivo, insumos, nada disso. O único critério é que os prédios, as máquinas e os equipamentos locados sejam aplicados nas atividades da empresa. Aduz que a decisão da DRJ afastase da literalidade da lei na medida em que insistente que as atividades glosadas não servem à extração/industrialização do minério, mas seriam somente de transporte. A premissa trazida pela DRJ se traduz que muito embora a atividade portuária esteja prevista no objeto social da empresa – o que caracterizaria os serviços e locações como atividade da empresa, a recorrente não demonstrou que tais atividades foram praticadas durante o período fiscalizado. Entende o fisco que somente é devido o crédito da contribuição para o PIS e da Cofins incidente sobre as despesas, caso os serviços tenham sido aplicados ou consumidos na prestação de serviços portuários. Continua: “ Essa condição, contudo, não foi comprovada, ou seja, não foram apresentados elementos capazes de afastar que as despesas incorridas foram empregadas na atividade de transporte e navegação no interior do porto ou nas atividades de escoagem do minério produzido pela própria empresa.” Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.234 27 Quanto aos contratos de afretamento de embarcações, temse que há três espécies diferentes de contrato de afretamento: · Afretamento a casco nu: contrato de aluguel. O afretador recebe o navio e será responsável por providenciar tripulação, manutenção, abastecimento, etc. · Afretamento por viagem: o navio é contratado pelo afretador para uma única viagem, com destino e carga préestipulados. Todos os custos com tripulação, manutenção, abastecimento, correrão por conta do afretador; · Afretamento por tempo – nesse caso, o fretador disponibiliza do tempo. Assim como nos afretamento por viagem, os custos permanecem nas mãos do fretador; Quanto à locação de dragas, a recorrente traz que além de serem utilizadas nas atividades do porto, atividade da empresa frente ao objeto que consta de seu objeto social, também é utilizada na mineração. Quando a locação de dragas foi feita no porto, traz a contribuinte que se trata de locação de equipamentos para uma atividade da empresa – sendo essencial ao processo produtivo e sua atividade. Quanto aos serviços de limpeza, descreve a recorrente que a fiscalização apenas trouxe que não se tratam de insumos, não esclarecendo o motivo para tal entendimento. Traz também que, apesar da nomenclatura dos serviços, não se tratam especificamente de serviços de limpeza com o intuito de manter a higiene do local do serviço, mas para reaproveitamento de resíduos e rejeitos. E que tal reaproveitamento foi comprovado através de laudo técnico preparado pela área responsável, explicitando passo a passo como se dá o reaproveitamento de rejeitos no sistema produtivo. Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.235 28 Quanto ao pedido da recorrente, caso não fosse acatado tal prova, solicita a baixa dos autos em diligência ou a produção de prova pericial para que então se esclareça o teor de cada uma destas atividades. Quanto aos serviços de topografia, operações de efluentes, serviços de drenagem, análises e químicas, aduz a contribuinte que a fiscalização entende que se tratam de etapas posteriores ou anteriores ao processo produtivo e, por isso, a lei não assegura o creditamento. Porém, a DRJ reconhece a imprescindibilidade dos serviços: “nenhum dos serviços aqui tratados, como ensaios químicos e análises minerológicas, (...) são empregados diretamente na produção do minério, embora não se possa negar a sua importância para o melhor desempenho dessa atividade.” A recorrente manifesta também, porém, que as análises físicas e químicas são realizadas ao longo do processo, pois sem a composição correta do produto em elaboração, o produto final estaria comprometido. Relativamente ao Tratamento de efluentes, traz que a despesa incorrida daria direito ao crédito, por conta de uma exigibilidade disposta em legislação ambiental. Quanto aos serviços e insumos utilizados na operação, manutenção e conservação das Usinas Hidrelétricas próprias, insurge que o relatório fiscal glosa parte das despesas com energia elétrica especialmente os insumos e serviços utilizados nas Usinas próprias da empresa, os custos com a transmissão e distribuição de energia. A DRJ quanto a transmissão de energia e sua distribuição entendeu pela procedência da manifestação de inconformidade, uma vez que a contratação do uso dos sistemas de transmissão e distribuição de energia é necessária para este tipo de consumidor e, nos termos da legislação setorial, obrigatória, as despesas realizadas a título de Encargo de Uso da Rede Elétrica (...) não podem ser dissociadas da energia propriamente dita, consumida na produção da empresa”. Fl. 1371DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.236 29 Concluiu a DRJ que “independentemente das despesas efetuadas com a transmissão de energia elétrica serem relativas à energia produzida pela contribuinte ou à energia adquirida de terceiros, são passíveis de creditamento, podendo ser descontadas da contribuição para o PIS ou da Cofins não cumulativa apurada”. Quanto aos insumos utilizados nas Usinas da empresa, entendeu a fiscalização que os serviços empregados na Usina dizem respeito à operação, manutenção, limpeza e conservação. Quanto às obras de construção civil, a recorrente menciona que, diferentemente do que seria de fato, a DRJ diz que a barragem não se confunde com a atividade de produção de minério, não podendo os serviços nela empregados serem considerados insumos. Quanto aos serviços glosados, tais como desassoreamento, manutenção mecânica, paradas de pátio, a recorrente traz que somente consta da manifestação de inconformidade que os serviços não estão intrinsecamente ligados ao processo produtivo da empresa. Sendo assim, em vista de todo o exposto e depreendendose da análise dos documentos acostados, em homenagem ao princípio da verdade material que permeia o processo administrativo tributário, bem como para fins de clarear o anoitecer do processo produtivo, serviços e produto que aqui transitam, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem: · Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo produtivo, apontando a utilização dos insumos, despesas, custos ora glosados na produção do referido bem destinado à exportação, ou na prestação de serviços vinculados ao processo produtivo e ao seu objeto social; Considerando também que tal laudo deverá, entre outros: o demonstrar a função de cada bem que pretende o reconhecimento como insumo e o motivo pelo qual ele é indispensável ao processo produtivo; Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA Processo nº 10680.901860/201256 Resolução nº 3202000.221 S3C2T2 Fl. 1.237 30 o esclarecer o teor de cada uma das atividades exercidas pela recorrente vinculando ao processo produtivo ou ao seu objeto social. · Cientifique a fiscalização para se manifestar sobre o resultado da diligência, se houver interesse e caso entenda ser necessário; · Cientifique o contribuinte sobre o resultado da diligência, para que, se assim desejar, apresente no prazo legal de 30 (trinta) dias, manifestação, nos termos do art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/11; · Findo o prazo acima, devolva os autos ao CARF para julgamento. Assinado digitalmente Tatiana Midori Migiyama Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 19/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/11/2014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 17/11/2 014 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TOR RES OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10660.000362/00-18
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 31 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/04/1989 a 30/04/1989
Ementa:
COTAS DA CONTRIBUIÇÃO NA EXPORTAÇÃO DE CAFÉ - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS-DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO- ART. 62-A DO RICARF. De acordo com os termos contidos no dispositivo sentencial de ser aplicada a correção monetária a partir dos recolhimentos efetuados com as repercussões decorrentes dos expurgos inflacionários. Recurso provido.
Numero da decisão: 9303-003.084
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial.
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa (Substituto convocado), Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente).
Nome do relator: FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente. FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa (Substituto convocado), Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente).
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Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/04/1989 a 30/04/1989 Ementa: COTAS DA CONTRIBUIÇÃO NA EXPORTAÇÃO DE CAFÉ EXPURGOS INFLACIONÁRIOSDECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO ART. 62A DO RICARF. De acordo com os termos contidos no dispositivo sentencial de ser aplicada a correção monetária a partir dos recolhimentos efetuados com as repercussões decorrentes dos expurgos inflacionários. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso especial. OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Nanci Gama, Rodrigo da Costa Pôssas, Rodrigo Cardozo Miranda, Joel Miyazaki, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Ricardo Paulo Rosa (Substituto convocado), AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 00 03 62 /0 0- 18 Fl. 959DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Relatório Nas fls. 850/862 Recurso Especial interposto pela Contribuinte admitido pelo Despacho nº 320017 (fl. 893) se insurgindo contra o decidido em sede de Recurso Voluntário de fls. 689/809 que teve o provimento negado pelo voto de qualidade na conformidade da ementa a seguir: CUMPRIDAS AS EXIGÊNCIAS DE DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO E ASSUNÇÃO DA RESPONSABILIDADE PELAS CUSTAS PROCESSUAIS E PELOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RESTITUIÇÃO NOS LIMITES DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. EXECUÇÃO ADMINISTRATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA. Reorno de diligência. Atestado o cumprimento dos requisitos exigíveis para a sequência da execução na via administrativa quanto ao direito declarado judicialmente. O direito creditório decorrente da sentença judicial declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, transitada em julgado, poderá ser objeto de restituição nos termos considerados na sentença. Os expurgos inflacionários somente podem ser aplicados na execução administrativa quando expressos na decisão judicial. A administração tributária está limitada aos termos da NECOSAR/COSIT nº 08/97, carecendo de autorização legal para restituir além desse limite. Recurso voluntário negado. Inicia a Recorrente informando que formalizou sob a vigência da IN 21/97, pedido administrativo de restituição/compensação de créditos decorrentes de recolhimentos tributários indevidos, relativos a cotas de contribuição na exportação de café, ocorridos em abril de 1989 com esteio em decisão judicial transitada em julgado. Informa que a PFN opôs Embargos de Declaração acolhidos pelo Acórdão 30335.781 para deixar consignado que o recurso voluntário do contribuinte foi parcialmente provido, retificandose a parte dispositiva do Acórdão cuja ementa vai transcrita acima. Assim sendo fica esclarecido que a rejeição ocorreu apenas em relação aos expurgos inflacionários tendo sido dado provimento ao recurso voluntário quanto à compensação dos valores recolhidos indevidamente, com atualização monetária pelos índices da Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR nº 08/97 devendo ser aplicada a partir de 1º de janeiro de 1996, a taxa referencial SELIC, declarandose ainda, suspensa a exigibilidade do crédito tributário, com base no art. 151, III, do CTN. Continua informando que as compensações correspondentes à parcela do crédito compreendida pelos expurgos inflacionários continuam com a exigibilidade suspensa até o advento de decisão administrativa definitiva sobre a matéria. Transcreve os paradigmas decidindo pela inclusão dos expurgos inflacionários. (fl. 853/854) Fl. 960DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10660.000362/0018 Acórdão n.º 9303003.084 CSRFT3 Fl. 906 3 Solicita sejam considerados fatos supervenientes às questões em discussão como sendo o contido na Lei nº 11.672/2008 quanto aos repetitivos e confirmando estar consolidado o entendimento de que os índices de correção monetária devem incidir em repetição de indébito tributário. Termina afirmando que diante da legislação e dos princípios norteadores da atividade administrativa não é mais cabível o prosseguimento de demandas administrativas por anos a fio a ensejar discussão da concessão ou não de correção monetária integral dos créditos a serem restituídos/compensados e, por isto, pleiteia os acréscimos de 42,72% para janeiro/89; 10,14% para fevereiro/89; 84,32% para março/90; 44,40% para abril/90; 7,87% para maio/90 e 21,87% para fevereiro/91. Nas fls. 897/ Contra Razões da Procuradoria da Fazenda Nacional perquirindo pela correta aplicação da lei na decisão sob combate a partir do entendimento de que quando o contribuinte faz a opção em submeterse aos procedimentos administrativos e não aos judiciais, tem de submeterse a esse ambiente uma vez que a Administração tem atividade vinculada. Isto porque existem expressos ditames legais na esfera administrativa quanto a aplicação de correção monetária. Destaca que com a exceção dos casos em que a decisão judicial especifique a aplicação dos expurgos, o que não aconteceu no presente processo, a administração não está autorizada a aplicar qualquer índice de atualização fora dos previstos na Norma de Execução Conjunta. Transcreve excerto do Acórdão nº 30335.716 que reverbera a possibilidade de aplicação dos expurgos exclusivamente quando determinados judicialmente. É o relatório. Voto Conselheiro FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA O presente Recurso preenche condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Evidenciase no litígio ora sob análise com exclusividade, se os expurgos inflacionários decorrentes da política monetária brasileira, devem compor o valor a ser restituído/compensado, ou não, em pedido de crédito a ser compensado com débito de terceiros (fl.486), fundado nos arts. 12, 15 e 17 da IN 21/97. Fl. 961DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 O dispositivo sentencial que julgou procedente a restituição de indébito relativa a cota de contribuição incidente nas exportações de café, após a Constituição Federal de 1988, assim prescreveu, fl. 411: “Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido.............acrescidas de juros legais e correção monetária.” Indiscutivelmente o marco quanto a atualização monetária estabelecido na decisão não ficou estabelecido como sendo a contar da data de sua exaração. Ao contrário, percebese nela que os juros e a correção monetária estão compreendidos a contar dos recolhimentos indevidos haja vista que o pedido a isto se refere. De outra banda o E. STJ já se posicionou a respeito deste assunto quando, por exemplo, no Agravo em Recurso Especial nº 70.244RJ fica decidido que a inclusão dos índices dos expurgos inflacionários na correção monetária do cálculo de liquidação de sentença não implica julgamento extra petita nem viola coisa julgada. Diante do exposto, também com fundamento no art. 62A do RICARF, voto no sentido de prover o Recurso Especial articulado pela Contribuinte para que sejam incluídos os expurgos inflacionários na correção monetária de seus créditos. Sala das Sessões, 14 de agosto de 2014. FRANCISCO MAURÍCIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA Relator Fl. 962DF CARF MF Impresso em 31/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 28/08/2014 por FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
score : 1.0
Numero do processo: 10425.000801/2005-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009
IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR QUE SE APERFEIÇOA NO DIA 31 DE DEZEMBRO.
Como se sabe, o fato gerador do IRPF é complexivo, aperfeiçoando-se no dia 31/12 de cada ano-calendário.
Não havendo, no presente caso, o decurso do prazo de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a intimação do contribuinte da lavratura do auto de infração, não há de se falar em decadência do crédito tributário.
SIGILO BANCÁRIO. LEI TRIBUTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 2 do CARF).
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE PERÍCIA.
Analisado expressamente pela decisão recorrida o pedido de perícia, deve ser afastada a preliminar de nulidade suscitada pelo Recorrente.
LEI 10.174/01 E LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. APLICABILIDADE IMEDIATA.
Nos termos do artigo 144, §1º., do CTN, aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. Os depósitos em conta corrente da pessoa física podem ser justificados com documentos comprobatórios legais e idôneos que atestem a origem dos recursos, contabilizados na pessoa jurídica cujo contribuinte é o proprietário, desde que contenham correspondência perfeita entre valores, datas, registros e documentos contábeis etc.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2101-002.575
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do tributo lançado os valores correspondentes aos itens 3, 5, 7 e 8 do relatório de diligência (fls. 2759 e 2760 - efls. 2779 e 2780). Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Heitor de Souza Lima Jr., que votaram por dar provimento em parte em menor extensão. Originalmente, o Conselheiro Relator e o Conselheiro Odmir Fernandes haviam votado por dar provimento em maior extensão, voto que restou prejudicado pela aplicação do disposto no art. 60 do anexo II do RICARF. Designada a Conselheira Maria Cleci Coti Martins para redação do voto vencedor.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA - Relator
(assinado digitalmente)
MARIA CLECI COTI MARTINS - Redatora designada
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Odmir Fernandes e Heitor de Souza Lima Junior.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 IRPF. DECADÊNCIA. FATO GERADOR QUE SE APERFEIÇOA NO DIA 31 DE DEZEMBRO. Como se sabe, o fato gerador do IRPF é complexivo, aperfeiçoando-se no dia 31/12 de cada ano-calendário. Não havendo, no presente caso, o decurso do prazo de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a intimação do contribuinte da lavratura do auto de infração, não há de se falar em decadência do crédito tributário. SIGILO BANCÁRIO. LEI TRIBUTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 2 do CARF). PROCESSO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE PERÍCIA. Analisado expressamente pela decisão recorrida o pedido de perícia, deve ser afastada a preliminar de nulidade suscitada pelo Recorrente. LEI 10.174/01 E LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. APLICABILIDADE IMEDIATA. Nos termos do artigo 144, §1º., do CTN, aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. Os depósitos em conta corrente da pessoa física podem ser justificados com documentos comprobatórios legais e idôneos que atestem a origem dos recursos, contabilizados na pessoa jurídica cujo contribuinte é o proprietário, desde que contenham correspondência perfeita entre valores, datas, registros e documentos contábeis etc. Recurso provido em parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do tributo lançado os valores correspondentes aos itens 3, 5, 7 e 8 do relatório de diligência (fls. 2759 e 2760 - efls. 2779 e 2780). Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Heitor de Souza Lima Jr., que votaram por dar provimento em parte em menor extensão. Originalmente, o Conselheiro Relator e o Conselheiro Odmir Fernandes haviam votado por dar provimento em maior extensão, voto que restou prejudicado pela aplicação do disposto no art. 60 do anexo II do RICARF. Designada a Conselheira Maria Cleci Coti Martins para redação do voto vencedor. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA - Relator (assinado digitalmente) MARIA CLECI COTI MARTINS - Redatora designada Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Odmir Fernandes e Heitor de Souza Lima Junior.
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DECADÊNCIA. FATO GERADOR QUE SE APERFEIÇOA NO DIA 31 DE DEZEMBRO. Como se sabe, o fato gerador do IRPF é complexivo, aperfeiçoandose no dia 31/12 de cada anocalendário. Não havendo, no presente caso, o decurso do prazo de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a intimação do contribuinte da lavratura do auto de infração, não há de se falar em decadência do crédito tributário. SIGILO BANCÁRIO. LEI TRIBUTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” (Súmula 2 do CARF). PROCESSO ADMINISTRATIVO. PEDIDO DE PERÍCIA. Analisado expressamente pela decisão recorrida o pedido de perícia, deve ser afastada a preliminar de nulidade suscitada pelo Recorrente. LEI 10.174/01 E LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. APLICABILIDADE IMEDIATA. Nos termos do artigo 144, §1º., do CTN, “aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.” DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO. Os depósitos em conta corrente da pessoa física podem ser justificados com documentos comprobatórios legais e idôneos que atestem a origem dos recursos, contabilizados na pessoa jurídica cujo contribuinte é o proprietário, desde que AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 42 5. 00 08 01 /2 00 5- 51 Fl. 2698DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 contenham correspondência perfeita entre valores, datas, registros e documentos contábeis etc. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para excluir da base de cálculo do tributo lançado os valores correspondentes aos itens 3, 5, 7 e 8 do relatório de diligência (fls. 2759 e 2760 efls. 2779 e 2780). Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos e Heitor de Souza Lima Jr., que votaram por dar provimento em parte em menor extensão. Originalmente, o Conselheiro Relator e o Conselheiro Odmir Fernandes haviam votado por dar provimento em maior extensão, voto que restou prejudicado pela aplicação do disposto no art. 60 do anexo II do RICARF. Designada a Conselheira Maria Cleci Coti Martins para redação do voto vencedor. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator (assinado digitalmente) MARIA CLECI COTI MARTINS Redatora designada Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Odmir Fernandes e Heitor de Souza Lima Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em 06 de janeiro de 2006 (efls. 1.879/1.918) em face de acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (PE) (efls. 1.857/1.874), do qual o Recorrente teve ciência em 12 de dezembro de 2005 (efl. 1.878), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de efls. 1.162/1.182, lavrado em 23 de junho de 2005, em decorrência de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada e de falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão (multa isolada), verificadas nos anos calendário de 2000 a 2003. O acórdão teve a seguinte ementa: Fl. 2699DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10425.000801/200551 Acórdão n.º 2101002.575 S2C1T1 Fl. 2.774 3 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2000, 2001, 2002 e 2003 Ementa: PESSOA FÍSICA. EQUIPARAÇÃO A PESSOA JURÍDICA. Somente é conceituada como empresa individual e equiparada a pessoa jurídica a pessoa fÍsica que, comprovadamente, executa obras por empreitada, com a venda de materiais ou o concurso de outros profissionais qualificados. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. Devem ser indeferidos os pedidos de diligência e perícia, quando for prescindível para o deslinde da questão a ser apreciada ou se o processo contiver os elementos necessários para a formação da livre convicção do julgador. Lançamento Procedente” (efl. 1.857). Não se conformando, o Recorrente interpôs recurso voluntário, pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o lançamento. Em 20 de setembro de 2006, a então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução n. 10601.380 (efls. 2.146/2.151), resolveu converter o julgamento em diligência, que culminou com a lavratura do Termo de Informação Fiscal e Encerramento de Diligência de fls. 2.762/2.780. Digitalizados os autos em 04 de junho de 2014, o processo foi movimentado para elaboração do presente relatório. Voto Vencido Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Em seu recurso, o Recorrente alega basicamente que: (a) teria havido decadência quanto aos fatos geradores anteriores a junho de 2000; (b) o auto de infração seria nulo em virtude da quebra de sigilo bancário sem autorização judicial; (c) a decisão recorrida seria nula, pois não teria se manifestado sobre o pedido de perícia; (d) o lançamento teria se Fl. 2700DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 apoiado em meras presunções; (e) a Lei n. 10.174/2001 não seria aplicável, em virtude do princípio da irretroatividade das leis. Após a interposição do recurso, o Recorrente apresentou a petição de efls. 2.024/2025, acostando planilhas que teriam sido elaboradas com base nos documentos já apresentados durante a fiscalização e que comprovariam a origem de todos os depósitos realizados em suas contas correntes (efls. 2.026/2.145). O objeto da diligência determinada pela então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes foi justamente a análise das referidas planilhas. O Recorrente aduz a ocorrência da decadência dos valores lançados anteriormente a junho de 2000 com base no quanto previsto pelo artigo 150, § 4.º do CTN, pois o auto de infração foi lavrado apenas em 23 de junho de 2005, ou seja, segundo o Recorrente, após a consumação do quinquênio decadencial previsto nesse dispositivo legal. De acordo com o disposto pelo art. 62A do Regimento Interno do CARF, e em que pese ao entendimento pessoal deste relator consubstanciado no Acórdão n.º 102 49.406, o dies a quo para o início do prazo decadencial em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação deverá ser aquele previsto pelo art. 150, §4º, do CTN, contado a partir da ocorrência do fato gerador, apenas e tãosomente nas hipóteses em que restar comprovado o início de recolhimento por parte do contribuinte, passível de homologação pela fiscalização, tudo em conformidade com o entendimento consolidado pelo STJ no REsp 973733/SC, julgado pela sistemática do art. 543C do CPC. No caso vertente, muito embora note ter havido antecipação do imposto de renda devido, referida verificação em nada aproveita ao contribuinte, na medida em que o contribuinte recebeu intimação da lavratura do auto de infração em 28 de junho de 2005 (fl. 1.184), antes, portanto, do dia 31/12/2005, prazo fatal para o lançamento tributário em relação às omissões e inexatidões verificadas no tocante ao anocalendário de 2000. Por essa razão, portanto, sendo incorreta a premissa do contribuinte pela qual o fato gerador do IRPF seria mensal, e não anual (31/12), não há de se acolher a alegação de decadência in casu. O Recorrente defende, ainda, a tese de que, por ser o sigilo bancário uma das garantias constitucionais, não poderia a Fazenda Pública ter quebrado referido sigilo sem prévia autorização judicial, o que teria maculado de nulidade o presente feito. No que concerne à alegação de que a legislação, ao autorizar a utilização pela fiscalização de dados bancários para lavratura de autos de infração, teria violado a Constituição da República no que toca ao seu art. 5º, X e XII, cumpre salientar que este Conselho já pacificou o entendimento, consolidado no verbete de número 2, segundo o qual não lhe assiste competência para verificar a constitucionalidade de dispositivos legais, cuja análise fica a cargo do Poder Judiciário. Nesse esteio, cumpre repisar que a Medida Provisória n.º 449/2008, ao introduzir o art. 26A no Decreto n.º 70.235/72, pacificou tal discussão, vedando expressamente a aferição da constitucionalidade de diplomas legais, cuja validade o ordenamento jurídico pátrio expressamente presume. Dessa forma, foge da competência dessa Turma analisar as questões de inconstitucionalidade suscitadas pelo Recorrente. Fl. 2701DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10425.000801/200551 Acórdão n.º 2101002.575 S2C1T1 Fl. 2.775 5 Deve ser afastada, outrossim, a alegação de nulidade da decisão recorrida, pois, ao contrário do que sustenta o Recorrente, o pedido de diligência ou perícia foi sim analisado pela DRJ, conforme se extrai das efls. 1.872/1.873. No mérito, aduz o Recorrente que viola a Constituição da República a aplicação retroativa da Lei Federal n.º 10.174/2001 e da Lei Complementar n.º 105/2001, que autorizam a utilização dos dados bancários do contribuinte para apuração de eventuais créditos tributários decorrentes da aplicação da presunção referida pelo art. 42 da Lei Federal n.º 9.430/96, e, bem assim, que não seria cabível a lavratura de auto de infração com supedâneo apenas na movimentação bancária do contribuinte. Quanto à primeira alegação, é entendimento assente deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, na esteira do que estatui o art. 144, §1º, do CTN, que a utilização de técnicas procedimentais, cujo escopo é possibilitar um maior leque de opções para a fiscalização, como é o caso das leis referidas pelo Recorrente, é permitida no que toca aos rendimentos auferidos anteriormente à sua vigência, respeitado, no entanto, o prazo decadencial para o lançamento do crédito tributário. Confirase: “QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO RETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 POSSIBILIDADE – A Lei Complementar nº 105, de 2001, por tratar de aspectos processuais da atividade do lançamento tem aplicação imediata, não oferecendo conflitos de direito intertemporal. Destarte, revelase descabida a argüição de nulidade em decorrência da quebra do sigilo bancário realizada em procedimento fiscal em consonância com a referida Lei Complementar.” (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 150.912, Relator Conselheiro José Raimundo Tosta Santos, sessão de 22/01/2008) “APLICAÇÃO DA NORMA NO TEMPO RETROATIVIDADE DA LEI Nº 10.174, de 2001 Ao suprimir a vedação existente no art. 11 da Lei nº 9.311, de 1996, a Lei nº 10.174, de 2001, nada mais fez do que ampliar os poderes de investigação do Fisco, sendo aplicável essa legislação, por força do que dispõe o § 1º do art. 144 do Código Tributário Nacional.” (1º Conselho de Contribuintes, 4ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 153.401, Relatora Conselheira Heloísa Guarita Souza, sessão de 24/01/2008) “LC Nº 105 E LEI Nº 10.174, DE 2001 RETROATIVIDADE As normas que autorizaram o acesso à movimentação bancária dos sujeitos passivos e a sua utilização para constituição de créditos tributários apresentam natureza procedimental, sendo, portanto, também aplicáveis a fatos pretéritos, ex vi do disposto no § 1º do art. 144 do CTN.” (1º Conselho de Contribuintes, 5ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 150.912, Relator Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães, sessão de 25/05/2006) No que tange à segunda alegação, de acordo com a qual não seria legítimo presumirse a renda com base em extratos que demonstram movimentação bancária, entendo Fl. 2702DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 que é igualmente desprovida de fundamento. Nesse sentido, cumpre trazer à colação o estatuído pelo artigo 42 da Lei 9.430/96, in verbis: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º. O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º. Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos.” Na realidade, instituiu o referido dispositivo autêntica presunção legal relativa, cujo condão é justamente o de inverter o ônus da prova, atribuindoo ao contribuinte, que passa a ter o dever de a refutar. Como é cediço, a presunção, seja ela hominis ou legal, é meio de prova que prescreve o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Ou seja, provando se diretamente o fato indiciário, temse, por conseguinte, a formação de um juízo de probabilidade com relação ao fato presumido que, a partir de então, necessita ser afastado pelo contribuinte. Nesse sentido, a presunção relativa referida pelo artigo 42 da Lei n.º 9.430/96 é legítima, não ferindo, em nenhum ponto, a legislação tributária em vigor. Notese, ainda, que a Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos (TFR), segundo a qual seria insuficiente para comprovação da omissão de rendimentos a simples verificação de movimentação bancária, consubstancia jurisprudência firmada anteriormente à edição da Lei n.º 9.430/96, motivo pelo qual não deve ser aplicada. A 2ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, da qual esta 1ª Turma Ordinária teve origem, por sua vez, já consolidou entendimento de acordo com o qual, a partir da edição da Lei n.º 9.430/96, é válida a presunção em referência, sendo ônus do Recorrente desconstituíla com a apresentação de provas suficientes para tanto. É o que se depreende das seguintes ementas, destacadas dentre as inúmeras existentes sobre o tema: “OMISSÃO DE RENDIMENTOS LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários.” (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 158.817, Relatora Conselheira Núbia Matos Moura, sessão de 24/04/2008) Fl. 2703DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10425.000801/200551 Acórdão n.º 2101002.575 S2C1T1 Fl. 2.776 7 “LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. TRIBUTAÇÃO PRESUMIDA DO IMPOSTO SOBRE A RENDA O procedimento da autoridade fiscal encontrase em conformidade com o que preceitua o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em que se presume como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantidos em instituição financeira, cuja origem dos recursos utilizados nestas operações, em relação aos quais o titular pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações.” (1º Conselho de Contribuintes, 2ª Câmara, Recurso Voluntário nº. 141.207, Relator Conselheiro Romeu Bueno de Camargo, sessão de 22/02/2006) No presente caso, como se viu, em virtude da apresentação da petição de e fls. 2.024/2025, foi determinada a realização de diligência pela então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, para que fossem analisadas as planilhas acostadas aos autos pela Recorrente. Conforme esclarece o auditor fiscal que realizou a diligência: “o contribuinte, em suas defesas, declara que os depósitos analisados originaramse a partir da execução de diversos contratos de empreitada, num total de ONZE obras realizadas, a saber: duas para o Colégio Motiva João Pessoa (PB), três para o Colégio Motiva Campina Grande (PB), duas para o Residencial People Park, uma para o Condomínio Golden Mansion, uma para a Prefeitura Municipal de Puxinanã e outra para a URBEMA, além de gastos com a construção e administração do Condomínio Lua de Ouro. Afirma ainda, o contribuinte, que parte dos depósitos eram oriundos de venda de apartamentos, Prólabores recebidos, transferências entre contas e recebimentos de fundo de consórcio.” Após intimar cada um dos contratantes a apresentar o cronograma de pagamentos efetuados ao Recorrente ou à empresa Rocha Empreendimentos Imobiliários, como contrapartida aos serviços prestados, bem como o próprio contribuinte, inclusive para se manifestar sobre as conclusões iniciais do auditor fiscal, este concluiu que: “Em resumo, de acordo com o apurado e a manifestação do contribuinte, consolidamos a análise conforme abaixo: 1) Despesas Pagas (comprovadas com. recibos), não escrituradas na contabilidade do contratante e sem correlação de data/valor entre os depósitos bancários: Condomínio People Park. 2) Despesas não pagas e não escrituradas na contabilidade dos contratantes: Condomínio Lua D’Ouro e Centro Campinense de Educação. Fl. 2704DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 3) Despesas pagas (comprovadas com recibos), escrituradas na contabilidade da Imobiliária Rocha Ltda e na contabilidade dos contratantes: Centro Pessoense de Educação (Motiva João Pessoa lI e Motiva AmbientaI JP III), Urbema e Prefeitura Municipal de Puxinanã. 4) Despesas pagas (comprovadas com recibos) e escrituradas; porém sem correlação de data/valor entre os depósitos bancários: Centro Pessoense de Educação (Motiva João Pessoa I). 5) Despesas pagas por pessoa física, comprovadas: Condomínio Golden Mansion. 6) Despesas supostamente pagas por pessoa física, não comprovadas e sem correlação com os depósitos no tocante a datas e valores: Venda de apartamentos. 7) Outros créditos comprovados pelo contribuinte: Prólabore e fundo de consórcio recebido (fls. 2.617 e 2.618). 8) Transferências entre contas tributadas indevidamente: Crédito de R$ 5.000,00, Conta corrente no FINASA, em 30/01/2001, estornada pelo banco de origem. Diante do exposto, em regra, não encontramos correlação entre os depósitos nas contas correntes do contribuinte ora fiscalizado e suas justificativas ao longo do processo, com as seguintes exceções: Centro Pessoense de Educação (Motiva João Pessoa ll e Motiva Ambiental JP III), Urbema e Prefeitura Municipal de Puxinanã, cujos valores recebidos no decurso das obras foram escriturados na contabilidade da Imobiliária Rocha Ltda, e Condomínio Golden Mansion, cujos valores recebidos, exceto R$ 20.418,70 (Fls. 2.140 e 2.305), foram comprovados. Devese ainda, ajustar o auto de infração, excluindo a .Transferência no valor de R$ 5.000,00, Conta corrente no.FlNASA, em 30/01/2001, estornada pelo banco de origem. Outrossim, conforme solicitado pelo Conselho de Contribuintes, o fiscalizado comprovou o recebimento de prólabores e fundo de consórcio.” Como se viu, o Recorrente alegou, basicamente, que exercia atividade empresarial, motivo pelo qual o auto de infração deveria ser cancelado. Após a realização minuciosa e exaustiva da diligência, chegouse à conclusão de que grande parte das despesas apontadas pelo contribuinte foram comprovadas, algumas guardando relação direta com os depósitos efetuados e outras não. Independentemente do fato de algumas dessas despesas pagas pelos contratantes não coincidirem exatamente com os valores dos depósitos, entendo que, dada a peculiaridade da atividade, a comprovação dessas despesas seria suficiente, a meu ver, para afastar a presunção do artigo 42 da Lei n. 9.430/96, principalmente no presente caso, em que, conforme se extrai do auto de infração (efls. 1.165/1.166), já em 27 de janeiro e 01 de março de 2005 o Recorrente apresentou as informações contidas nas mencionadas planilhas. Assim, de acordo com meu entendimento, devem ser mantidas na base de cálculo do tributo apenas e tão somente as despesas não pagas e não escrituradas na contabilidade dos contratantes, quais sejam, aquelas relacionadas ao Condomínio Lua D’Ouro (2001: R$ 388.891,61; 2002: R$ 882.776,52; 2003: R$ 74.985,54) e ao Centro Campinense de Educação (2000: R$ 563.489,41; 2001: R$ 217.141,35), bem como a venda de apartamentos (2002: R$ 119.886,00; 2003: 190.115,06), igualmente não comprovada. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de AFASTAR as preliminares e, no mérito, DAR provimento EM PARTE ao recurso, para manter na base de cálculo do tributo as despesas não pagas e não escrituradas na contabilidade dos contratantes, quais sejam, Fl. 2705DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10425.000801/200551 Acórdão n.º 2101002.575 S2C1T1 Fl. 2.777 9 aquelas relacionadas ao Condomínio Lua D’Ouro (2001: R$ 388.891,61; 2002: R$ 882.776,52; 2003: R$ 74.985,54) e ao Centro Campinense de Educação (2000: R$ 563.489,41; 2001: R$ 217.141,35), bem como a venda de apartamentos (2002: R$ 119.886,00; 2003: 190.115,06). (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Voto Vencedor Conselheira Maria Cleci Coti Martins O contribuinte apresentou justificativas sobre as origens dos depósitos bancários que a autoridade fiscal classificou em sete grupos, conforme a seguir: Grupo 1) Despesas Pagas (comprovadas com. recibos), não escrituradas na contabilidade do contratante e sem correlação de data/valor entre os depósitos bancários: Condomínio People Park. Grupo 2) Despesas não pagas e não escrituradas na contabilidade dos contratantes: Condomínio Lua D’Ouro e Centro Campinense de Educação. Grupo 3) Despesas pagas (comprovadas com recibos), escrituradas na contabilidade da Imobiliária Rocha Ltda e na contabilidade dos contratantes: Centro Pessoense de Educação (Motiva João Pessoa II e Motiva Ambiental JP III), Urbema e Prefeitura Municipal de Puxinanã. Grupo 4) Despesas pagas (comprovadas com recibos) e escrituradas; porém sem correlação de data/valor entre os depósitos bancários: Centro Pessoense de Educação (Motiva João Pessoa I). Grupo 5) Despesas pagas por pessoa física, comprovadas: Condomínio Golden Mansion. Grupo 6) Despesas supostamente pagas por pessoa física, não comprovadas e sem correlação com os depósitos no tocante a datas e valores: Venda de apartamentos. Grupo 7) Outros créditos comprovados pelo contribuinte: Prólabore e fundo de consórcio recebido (fls. 2.617 e 2.618). Grupo 8) Transferências entre contas tributadas indevidamente: Crédito de R$ 5.000,00, Conta corrente no FINASA, em 30/01/2001, estornada pelo banco de origem. A investigação desenvolvida pela autoridade fiscal considerou que os valores dos grupos 1, 2, 4 e 6 referemse a depósitos cuja origem dos recursos não ficou comprovada por um ou mais dos seguintes motivos: a) não ficou comprovado o pagamento; b) não foram Fl. 2706DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 escrituradas na contabilidade das empresas contratantes; c) sem correlação de valores, datas de depósito e despesa. Os valores dos grupos 3, 5, 7 e 8 referemse a depósitos para os quais o contribuinte pessoa física identificou a origem dos recursos. Em relação aos depósitos do grupo 3, a autoridade fiscal, no decorrer da diligência, constatou que esses valores decorrem de despesas pagas, comprovadas com recibos e que foram escrituradas na contabilidade dos contratantes. Entendo que, muito embora, os recibos e a escrituração contábil estejam atrelados à pessoa jurídica pela qual o contribuinte é responsável, os valores foram originados de prestação de serviços aos contratantes mencionados e, portanto, os depósitos na conta da pessoa física do contribuinte estariam justificados. A inclusão desses depósitos bancários na base de cálculo do tributo da pessoa física ocasionaria a tributação duplicada desses valores (na pessoa física e na pessoa jurídica). Voto pelo provimento parcial do Recurso Voluntário para excluir da base de cálculo do tributo os depósitos relacionados acima nos itens 3, 5, 7 e 8. (assinado digitalmente) MARIA CLECI COTI MARTINS Redatora designada Fl. 2707DF CARF MF Impresso em 21/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 05/10/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 31/10/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10830.903155/2008-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004
COMPROVAÇÃO DO ERRO. VERDADE MATERIAL.
Restando comprovado pelo contribuinte o erro em que se funda o lançamento impositiva se torna sua desconsideração em prol da verdade material.
ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. VALOR CORRETO DECLARADO EM DIPJ.
O descumprimento da obrigação de retificar a DCTF não enseja a perda do direito creditório, desde que o verdadeiro valor devido possa ser confirmado pela fiscalização através de outros meios que estivessem à disposição da Fiscalização.
DIPJ É CAPAZ DE PRODUZIR EFEITOS PARA FINS DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO.
A IN SRF nº 166/99 reconhece a produção de efeitos da DIPJ, para fins de restituição e/ou compensação de tributos.
Numero da decisão: 1302-001.540
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. O Conselheiro Eduardo de Andrade acompanhou o relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Júnior - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Hélio Eduardo de Paiva Araújo - Relator.
EDITADO EM: 27/10/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior (presidente da turma), Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo.
Nome do relator: HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 COMPROVAÇÃO DO ERRO. VERDADE MATERIAL. Restando comprovado pelo contribuinte o erro em que se funda o lançamento impositiva se torna sua desconsideração em prol da verdade material. ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DCTF. VALOR CORRETO DECLARADO EM DIPJ. O descumprimento da obrigação de retificar a DCTF não enseja a perda do direito creditório, desde que o verdadeiro valor devido possa ser confirmado pela fiscalização através de outros meios que estivessem à disposição da Fiscalização. DIPJ É CAPAZ DE PRODUZIR EFEITOS PARA FINS DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. A IN SRF nº 166/99 reconhece a produção de efeitos da DIPJ, para fins de restituição e/ou compensação de tributos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. O Conselheiro Eduardo de Andrade acompanhou o relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Júnior Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 31 55 /2 00 8- 46 Fl. 89DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR 2 (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator. EDITADO EM: 27/10/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior (presidente da turma), Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade e Hélio Eduardo de Paiva Araújo. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR Processo nº 10830.903155/200846 Acórdão n.º 1302001.540 S1C3T2 Fl. 90 3 Relatório EMS SIGMA PHARMA PARTICIPAÇÕES S.A., já qualificada nos autos, recorre da decisão proferida pela 9a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP DRJ/CPS, que, por unanimidade, julgou improcedente a manifestação de inconformidade interposta contra o despacho decisório que não homologou a Declaração de Compensação – DCOMP n° 36872.38589.061004.1.3.040469, por meio da qual a contribuinte, ora recorrente, fez uso de pagamento indevido de IRPJ Estimativa verificado no período de apuração encerrado em 31/05/2004, uma vez que no entendimento daquele orgão a quo, não restou comprovada a existência do alegado pagamento indevido ou a maior, portanto inexistente o direito creditório e, portanto, a compensação que dele se aproveitaria não pôde ser homologada. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP) com aproveitamento de suposto pagamento indevido. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação (fl. 6), tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito do contribuinte. Cientificada do despacho decisório em 20/08/2008 (fl. 48), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 09/09/2008 (fls. 8/9), na qual alega: 1) O contribuinte apresentou declaração de compensação (N° Declaração: 36984.81826.140904.1.3.048837 — recibo 10.64.06.75.98) na data de 14/09/2004 tendo em vista saldo de crédito de IRPJ existente em função do recolhimento efetuado a maior no período de apuração 05/2004. 2) Não existia valor devido referente a apuração de 05/2004, porém o valor recolhido foi de R$ 863.327,63, gerando saldo a ser compensado no valor integral do DARF. 3) Em 14/09/2004, foi apresentado tal Dcomp, com Crédito Original Inicial de R$ 863.327,63, referente a Saldo de IRPJ (Cód. Receita 2362), com período de apuração 31/05/2004 e recolhimento em 30/06/2004 indevidamente. (...) 4) Na Dcomp inicial discriminada acima, houve utilização parcial para pagamento de COFINS (Cód. Receita 5856), com período de apuração agosto de 2004 e recolhimento em 15/09/2004. 5) Complementarmente, a DCTF referente ao 2° Trimestre de 2004, está sendo retificada, pois a Declaração Original não detalhava tal crédito. 6) Apresentamos cópia da DIPJ Referente ao Exercício de 2004, onde não existe saldo apurado de IRPJ a recolher referente ao Período de Apuração 03/2004. Apresentamos também cópia da DCTF Original e da DCTF Retificadora. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR 4 Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs recurso voluntário através do qual repisa os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, neles insistindo. Ademais, aduz que a Autoridade Administrativa Fazendária deve privilegiar a verdade material em detrimento do formalismo, e alega que no presente caso foi cabalmente demonstrada a regularidade das operações através dos documentos trazidos aos autos Por fim pede o provimento integral do Recurso Voluntário, ou subsidiariamente que os autos sejam baixados em diligência, a fim de que possam ser verificadas os lançamentos contábeis que embasaram as informações prestados em DIPJ e DCTF Retificadora. É o relatório. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR Processo nº 10830.903155/200846 Acórdão n.º 1302001.540 S1C3T2 Fl. 91 5 Voto Conselheiro Hélio Eduardo de Paiva Araújo O Recurso Voluntário é tempestivo, bem como atende aos demais requisitos de admissibilidade do Decreto 70.235/72, portanto, dele conheço. Tratase de pedido de compensação onde o contribuinte deseja ver compensado crédito advindo de recolhimento a maior de IRPJ Estimativa, relativo ao período de apuração Maio/04, recolhimento em Jun/04, com valor histórico na data da transmissão da Dcomp de R$ 863.327,63, contra débitos de COFINS apurado em agosto/04, no valor principal de R$ 129.564,19. O despacho decisório, eletrônico, de nº 781188325, da DRF Campinas, não homologou a compensação pleiteada sob o fundamento de que o pagamento havia sido totalmente utilizado para quitar o valor de IRPJ Estimativa declarado em DCTF. O contribuinte manifesta sua inconformidade quanto à referida não homologação, argumentando, em síntese, que o valor declarado em DCTF devese a erro formal no preenchimento da mesma, sendo que não havia qualquer valor devido a título de IRPJ Estimativa para o período de apuração em questão (maio/04), uma vez que a empresa até aquele momento apresentavase em situação de prejuízo fiscal. Aduz ainda que o referido prejuízo fiscal poderia ser corroborado pela fiscalização através da conferência dos valores declarados na DIPJ/05, configurandose, desta forma, um pagamento indevido à título de IRPJ Estimativa da ordem de R$ 863.327,63, o qual poderia ser compensado contra débitos tributário deste mesmo contribuinte. A DRJ/CPS julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada para manter a não homologação das compensações pleiteadas sob o fundamento de que: "(...) o sucesso da contribuinte, nesta instância administrativa, já fora da órbita do tratamento eletrônico, em ver homologada a compensação declarada condicionase a comprovação da liquidez e certeza do direito de crédito. A retificadora que pretendeu demonstrar a existência do crédito por si só, não tem o condão de fazer nascer o direito de crédito e de comprometer a decisão que não homologou a declaração de compensação. No entendimento deste julgador, a decisão recorrida foi omissa ao desprezar completamente a DIPJ apresentada pelo contribuinte (e disponível para a fiscalização no momento em que o despacho eletrônico fora proferido), o que, ao meu ver, caracteriza a preterição do direito de defesa dos Contribuintes prevista no art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/72. Ademais, tal preterição de direito deveria ser sanada, sob pena de supressão de instância. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR 6 Considerando que as informações relativas ao direito creditório do contribuinte poderiam ter sido verificadas perante o sistema da RFB pela fiscalização, entendo que não há necessidade de anular os atos praticados, por força do quanto dispõe o art. 59, §3º, do Decreto nº 70.235/72 – a declaração de nulidade não será pronunciada se a decisão de mérito for a favor de quem aquela aproveitaria. Não é possível negar validade a outras informações constantes no banco de dados da Receita Federal no momento da decisão – a exemplo da DIPJ ignorada. Ainda, o descumprimento da obrigação de retificar a DCTF (a qual fora retificada apenas alguns dias após exarado o despacho decisório de não homologação da compensação pleiteada) não enseja a perda do direito creditório, uma vez que a IN SRF nº 166/99 reconhece a produção de efeitos da DIPJ, para fins de restituição e/ou compensação de tributos. Art. 4 º Quando a retificação da declaração apresentar imposto menor que o da declaração retificada, a diferença apurada, desde que paga, poderá ser compensada ou restituída. Parágrafo único. Sobre o montante a ser compensado ou restituído incidirão juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, até o mês anterior ao da restituição ou compensação, adicionado de 1% no mês da restituição ou compensação, observado o disposto no art. 2 º , inciso I, da Instrução Normativa SRF n º 22, de 18 de abril de 1996. Logo, o fato de a contribuinte não ter retificado a DCTF para reduzir o tributo ali originalmente informado não pode obstar a utilização, em compensação, de indébito demonstrado em DIPJ apresentada antes da edição do despacho decisório que expressou a não homologação da compensação, especialmente porque a própria autoridade administrativa reputou desnecessária uma análise mais aprofundada da compensação, submetendoa ao processamento eletrônico de informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal. Portanto, a Fiscalização não poderia ter limitado sua análise apenas às informações prestadas em DCTF, já que havia informações provenientes de outras declarações nos bancos de dados da Receita que permitiam a análise quanto ao crédito pleiteado. Isto é, caberia à Fiscalização, ao menos questionar a divergência existente entre as declarações (DIPJ e DCTF), cotejandoas com os lançamentos contábeis, por fim, procedendo com eventual retificação espontânea (de ofício) que se fizesse necessária. O simples fato de haver divergências entre as informações constantes em DCTF e DIPJ, por si só, já obrigava a Fiscalização a aprofundar as suas investigações, de modo a corroborar sua convicção sobre os fatos e direito. Assim sendo, restando incontroverso que não subsiste o ato de não homologação de compensação que deixa de ter em conta informações prestadas espontaneamente pelo sujeito passivo em DIPJ e que confirmam a existência do indébito informado na DCOMP, mister se faz analisar se o crédito alegado pelo contribuinte revestese da liquidez e certeza necessárias para que a compensação pleiteada seja homologada. Compulsando os documentos juntados aos autos, verifico que o alegado pagamento de R$ 863.327,63, foi efetivamente comprovado através da cópia do DARF em que se deu tal recolhimento (documento de fls. 19). Fl. 94DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR Processo nº 10830.903155/200846 Acórdão n.º 1302001.540 S1C3T2 Fl. 92 7 Ademais, a DCTF retificadora (ainda que declarada a destempo) também encontrase às fls 21 e seguintes, bem como a DIPJ/05, a qual comprova o prejuízo fiscal acumulado em maio de 2004, portanto confirmando que nenhum valor seria devido a título de IRPJ Estimativa. Tal DIPJ encontrase às fls. 20 e seguintes dos autos. Portanto, baseandome no princípio da verdade material, e acatando a tese de que mero erro formal no preenchimento de declaração acessória, desde que devidamente comprovada por outros elementos de prova, não teria o condão, para invalidar ou mesmo macular eventual direito creditório do contribuinte, entendo que existe o direito creditório e que este se reveste de certeza e liquidez suficientes para possibilitar a sua utilização através de Dcomp. Assim, comprovado que não havia valor devido a título de IRPJ Estimativa para o período de apuração maio de 2004 e também comprovado o recolhimento de R$ 863.327,63, resta ao contribuinte um direito creditório neste mesmo valor a ser compensado, ou seja, todo este valor resta disponível para aproveitamento como crédito a favor do contribuinte, subtraindose, por óbvio, as eventuais outras compensações já efetuadas. Em outras palavras, ficou evidenciado nos autos que o pagamento de IRPJ Estimativa em questão (DARF às fls. 19) foi indevido, indébito este que poderia ter sido comprovado pela Fiscalização através da DIPJ/05 apresentada antes da edição do despacho decisório que expressou a nãohomologação da compensação, bem como pela DCTF Retificadora, ainda que esta só tenha sido retificada após a edição do referido despacho decisório, mas, de toda sorte, antes da edição do Acórdão do órgão julgador a quo. Em suma, como o comprovante de recolhimento (DARF), bem como DCTF e DIPJ dos períodos de apuração foram devidamente juntados aos autos, restando devidamente comprovada a liquidez e certeza do crédito pleiteado, não vejo óbice ao atendimento do pleito formulado pelo contribuinte. Em se tratando de indébito tributário, na forma do art. 39, § 4º da Lei 9.250/95 c/c art. 73 da Lei 9.532/97, deve o mesmo ser atualizado à taxa SELIC desde o momento do recolhimento indevido – mais precisamente a partir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou maior que o devido até o mês anterior ao da compensação e de 1% no mês em que esta estiver sendo efetuada. Por todo o acima exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 836.327,63, e para homologar a compensação pleiteada, até o limite do direito creditório reconhecido, devendo a autoridade fiscal se ater a eventual compensações que já possam ter sido efetuadas pelo contribuinte. Sala de Sessões, 22 de outubro de 2014. (documento assinado digitalmente) Hélio Eduardo de Paiva Araújo Relator Fl. 95DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR 8 Fl. 96DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 2 7/10/2014 por HELIO EDUARDO DE PAIVA ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/11/2014 por ALBERTO PINTO S OUZA JUNIOR
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Numero do processo: 16707.003597/2007-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Oct 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2007
ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. DIREITO ADQUIRIDO. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. IDENTIDADE DE OBJETO DA MATÉRIA EM DISCUSSÃO. SÚMULA CARF N. 01. INCIDÊNCIA. a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo importa renúncia à instância administrativa.
INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária
PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. ART. 291 DO DECRETO 3.048/99. AUSÊNCIA DE CORREÇÃO DA FALTA. NÃO CABIMENTO. Somente deve ser acabado o pedido de relevação da multa, quando a falta aplicada for integralmente corrigida pela contribuinte dentro do prazo de defesa, o que não ocorreu no presentes autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Igor Araújo Soares - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2007 ISENÇÃO. ATO CANCELATÓRIO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. DIREITO ADQUIRIDO. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. IDENTIDADE DE OBJETO DA MATÉRIA EM DISCUSSÃO. SÚMULA CARF N. 01. INCIDÊNCIA. a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo importa renúncia à instância administrativa. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. ART. 291 DO DECRETO 3.048/99. AUSÊNCIA DE CORREÇÃO DA FALTA. NÃO CABIMENTO. Somente deve ser acabado o pedido de relevação da multa, quando a falta aplicada for integralmente corrigida pela contribuinte dentro do prazo de defesa, o que não ocorreu no presentes autos. Recurso Voluntário Negado.
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ATO CANCELATÓRIO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI 8.212/91. DIREITO ADQUIRIDO. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. IDENTIDADE DE OBJETO DA MATÉRIA EM DISCUSSÃO. SÚMULA CARF N. 01. INCIDÊNCIA. a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo importa renúncia à instância administrativa. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária PEDIDO DE RELEVAÇÃO DA MULTA. ART. 291 DO DECRETO 3.048/99. AUSÊNCIA DE CORREÇÃO DA FALTA. NÃO CABIMENTO. Somente deve ser acabado o pedido de relevação da multa, quando a falta aplicada for integralmente corrigida pela contribuinte dentro do prazo de defesa, o que não ocorreu no presentes autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 70 7. 00 35 97 /2 00 7- 10 Fl. 348DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Igor Araújo Soares Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 16707.003597/200710 Acórdão n.º 2401003.618 S2C4T1 Fl. 349 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS NEVES em face do acórdão fls. 306/313 que considerou procedente em parte o Auto de Infração n° 37.054.1170, nos termos do relator, em razão de ter o contribuinte entregado GFIP Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias. Consta do relatório fiscal que foram verificadas as seguintes irregularidades: a) que os dados de FPAS, código de outras entidades(terceiros) e alíquota de SAT, durante todo o período fiscalizado, foram informados nas GFIP's dos dois estabelecimentos da empresa, considerando o benefício da isenção das contribuições previdenciárias. b) verificouse ainda, erros no preenchimento dos campos referentes as deduções do Saláriofamília e do SalárioMaternidade, em diversas competências; c) omissões das informações dos códigos de movimentação referentes aos afastamentos das seguradas em gozo de licença maternidade; Às fls. 192 fora determinada a realização de diligência para que o fiscal autuante motivasse a contento o lançamento efetuado. Elaborado novo relatório fiscal, a contribuinte fora devidamente intimada de seu teor, apresentando manifestação. Após, em decorrência da promulgação da Lei 11.941/09, o feito fora novamente convertido em diligência para que diante do caput do art. 32A da Lei 8.212/91, fosse oportunizado ao contribuinte corrigir as GFIP´s tidas por incorretas, e, caso não fossem corrigidas, que se fizesse a apuração da multa com base na nova sistemática. Devidamente intimado o contribuinte não apresentou qualquer GFIP (fls. 299). O período de apuração compreende a competência de 01/11/1999 a 31/01/2007, com ciência do contribuinte em 25/07/2007. Em seu Recurso, sustenta preliminarmente que a NFLD esta viciada por haver ilegalidade e inconstitucionalidades. Ressalta ainda que a época dos lançamentos em questão já era isento da cota patronal de Previdência Social, possuindo direito adquirido por prazo indeterminado, por força do disposto no Decreto Lei 1.572/1977, assim como alega que nunca deixou de atender isolada ou cumulativamente as exigências fixadas no art. 55 da Lei 8.212/91. Fl. 350DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES 4 Aduz ainda que é declarado de utilidade pública tanto federal pelo Decreto 71.978/73, Estadual (Lei Estadual 3.538/67) quanto Municipal (Lei 4.830/97) e ainda é registrado no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) e portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEAS/CEBAS). Relata que seu certificado CEAS/CEBAS sempre foi renovado pela CNAS, assim como suas associadas jamais foram remuneradas ou usufruíram de qualquer vantagem ou benefício em decorrência de seus objetivos institucionais. Aduz que tem por missão primordial desenvolver a educação em seus vários graus de ensino; Promover programas complementares de assistência social que compreenda ações integradas e complementares ao projeto educacional; Crie condições para o desenvolvimento integral da personalidade humana, orientando e capacitando o indivíduo, qualificandoo no campo profissional; e Dinamizar atividades sócioculturais formativas e de orientação da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e da terceira idade. Para corroborar sua tese sustenta que todo e qualquer resultado obtido é aplicado na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais, o que nesta linha de raciocínio defende que seja nula a autuação ora discutida. Defende que a Secretaria da Receita Federal do Brasil, antiga Secretaria da Receita Previdenciária /Instituto Nacional do Seguro Nacional I.N.S.S. ao não restabelecer a "ISENÇÃO" de Contribuições Sociais Quota Patronal de Previdência Social do RECORRENTE e ao não aplicar o Parecer CJP 2.901, de 21 de novembro de 2002, está desrespeitando o art. 42 da Lei Complementar n. 73, de 10 de fevereiro de 1993. Em relação ao direito discutido esclarece que a NFLD não deve prosperar pois o Contribuinte esta e consonância com todas as normas constitucionais necessárias para o reconhecimento de sua isenção diante do ato jurídico perfeito. Sustenta que o direito alegado não poderia ter deixado de ser analisado pelo v. acórdão recorrido, quando reconheceu a concomitância das esferas judicial e administrativa, pois, a exigência de exaurimento da via administrativa para provocação do Poder Judiciário significa lesão ao direito insculpido pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, do Artigo 5o, inciso XXXV. Por fim, requer a relevação da multa com base no art. 291 do Decreto 3.048/99 Sem Contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 351DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 16707.003597/200710 Acórdão n.º 2401003.618 S2C4T1 Fl. 350 5 Voto Conselheiro Igor Araújo Soares Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. Sem preliminares. MÉRITO Conforme fora noticiado nos autos, a contribuinte impetrou a ação judicial n. Ação Ordinária n° 2005.84.00.0100985 perante a 5° Vara da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte. Tal fato, além de ter sido noticiado no relatório fiscal, também veio a ser reconhecido quando do julgamento de primeira instância, que deixou de se manifestar sobre a condição de isenta da entidade recorrente por este motivo. Os documentos objeto da ação judicial foram juntados aos autos, de sorte que da análise da petição inicial e decisões proferidas nos autos, resta claro que o objeto da discussão judicial é o mesmo que traz a recorrente no bojo de seu recurso voluntário, de modo que reconheço o óbice legal para que este conselho venha a conhecer da matéria, diante do enunciado da Súmula n. 01 do CARF, a seguir: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Dessa forma, deixo de apreciar os argumentos trazidos em sede de recurso voluntário em razão de serem os mesmos objeto da impugnação apresentada e mesmo da ação judicial supramencionada, manejada especificamente contra a decisão que cassou sua isenção com base no Ato Cancelatório n° 001/2005, com efeitos a partir de 01/01/1994. Também deixo de manifestarme sobre a alegada violação ao art. 5o, XXXV, já que, tais irresignações não podem ser analisadas por este Conselho, em respeito a competência privativa do Poder Judiciário, já que, o afastamento da aplicação da Legislação referente as contribuições, indubitavelmente, ensejaria o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei em vigor, conforme previsto nos artigos 97 e 102, I, "a" e III, "b" da Constituição Federal, o que é vedado a este Eg. Conselho. Fl. 352DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES 6 Sobre o tema, o CARF consolidou referido entendimento por meio do enunciado da Súmula n. 02, a seguir: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Ademais, ressalto que a Eg. Terceira Turma desta câmara, ao julgar recurso voluntário da mesma contribuinte, correlato ao presente lançamento, desembocou nas mesmas conclusões. Confirase a ementa do julgado no processo 16707.003595/200712: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração:01/01/1990 a 31/12/2006 ISENÇÃO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 55 DA LEI N.8.212/91.CANCELAMENTO.COMPETÊNCIA DO INSS. Compete ao INSS cancelar, a qualquer momento, a isenção das entidades que não estejam cumprindo os requisitos previstos no art.55 da Lei n.8.212/91, ainda que possuam CEBAS em vigor. CONCOMITÂNCIA.SÚMULA CARF N.1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual,antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação,pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário não Conhecido. No que se refere ao pedido de relevação, o § 1° do art. 291 do RPS, vigente ao tempo da infração e apresentação da impugnação assim dispunha, verbis: Art.291.(omisso) §1 cA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (redação pelo Decreto n" 6.032 de 1°/2/2007 DOU DE 2/2/2007). §2° (omisso). Desta forma, embora tenham sido verificadas correções da falta em relação às informações do saláriomaternidade e saláriofamília, em nenhuma competência houve a correta informação em GFIP, pois que as informações dos códigos de enquadramento do FPAS, terceiros e SAT permaneceram incorretas, conforme restou apurado no resultado de diligência e confirmado pelo v. acórdão recorrido. Portanto, não há que se falar em relevação da penalidade, haja vista que a recorrente não corrigiu a integralidade da falta que lhe fora imputada. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES Processo nº 16707.003597/200710 Acórdão n.º 2401003.618 S2C4T1 Fl. 351 7 Ante todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. Igor Araújo Soares. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 24/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/10/2 014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 08/10/2014 por IGOR ARAUJO SOARES
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Numero do processo: 13558.001524/2008-29
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 23 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
Não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal, tampouco em cerceamento do direito de defesa do recorrente, quando este exercitou seu direito de defesa mas não apresentou qualquer prova apta a afastar as infrações apuradas pela Autoridade Fiscal.
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM DEPENDENTES, DESPESAS MÉDICAS e DE INSTRUÇÃO DE DEPENDENTES.
Deve ser comprovada, documentalmente, a condição de dependência, para fins de dedução de despesas com dependentes e despesas médicas e de instrução de dependentes da base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física.
MULTA OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
Em se tratando de crédito tributário apurado em procedimento de ofício, impõe-se a aplicação da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996.
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Preliminares Rejeitadas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-003.768
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente e Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal, tampouco em cerceamento do direito de defesa do recorrente, quando este exercitou seu direito de defesa mas não apresentou qualquer prova apta a afastar as infrações apuradas pela Autoridade Fiscal. DEDUÇÃO DE DESPESAS COM DEPENDENTES, DESPESAS MÉDICAS e DE INSTRUÇÃO DE DEPENDENTES. Deve ser comprovada, documentalmente, a condição de dependência, para fins de dedução de despesas com dependentes e despesas médicas e de instrução de dependentes da base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física. MULTA OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Em se tratando de crédito tributário apurado em procedimento de ofício, impõe-se a aplicação da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1809; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE01 Fl. 128 1 127 S2TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13558.001524/200829 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2801003.768 – 1ª Turma Especial Sessão de 08 de outubro de 2014 Matéria IRPF Recorrente NICÉA LAURO DE SOUZA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Não há que se falar em nulidade do procedimento fiscal, tampouco em cerceamento do direito de defesa do recorrente, quando este exercitou seu direito de defesa mas não apresentou qualquer prova apta a afastar as infrações apuradas pela Autoridade Fiscal. DEDUÇÃO DE DESPESAS COM DEPENDENTES, DESPESAS MÉDICAS e DE INSTRUÇÃO DE DEPENDENTES. Deve ser comprovada, documentalmente, a condição de dependência, para fins de dedução de despesas com dependentes e despesas médicas e de instrução de dependentes da base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física. MULTA OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Em se tratando de crédito tributário apurado em procedimento de ofício, impõese a aplicação da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430/1996. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 00 15 24 /2 00 8- 29 Fl. 128DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13558.001524/200829 Acórdão n.º 2801003.768 S2TE01 Fl. 129 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/SDR/BA. Por bem descrever os fatos, reproduzse abaixo o relatório da decisão recorrida: A interessada impugna auto de infração do imposto de renda do anocalendário 2004, onde foram glosadas parcialmente as deduções, como a seguir. Declaração Glosas Contribuição para a previdência oficial 1.031,96 0,00 Dependentes 5.088,00 3.816,00 Despesas com instrução 5.896,00 5.896,00 Despesas médicas 21.631,15 19.300,00 TOTAIS 33.647,11 29.012,00 Os argumentos da impugnante são, em síntese, os seguintes. 0 lançamento seria nulo porque o MPF fora instituído para investigar a declaração do exercício 2004 (anocalendário 2003), e não do exercício 2005 (anocalendário 2004). Houve cerceamento do direito de defesa porque fora intimada a apresentar apenas certidões de nascimento dos dependentes, seus netos, e não o termo de guarda dos mesmos. Traz agora certidões de nascimento dos quatro netos declarados. Traz comprovante de despesa de instrução com um dos seus netos. A multa aplicada é desproporcional e confiscatória, e por isso inconstitucional. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13558.001524/200829 Acórdão n.º 2801003.768 S2TE01 Fl. 130 3 A impugnação foi julgada improcedente, conforme Acórdão de fls. 108/109, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FiSICA IRPF Anocalendário: 2004 DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. As deduções devem ser comprovadas com documentos hábeis e idôneos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Regularmente cientificada daquele Acórdão em 03/12/2010 (fl. 113), a Interessada interpôs recurso voluntário de fls. 114/125, em 03/01/2011, no qual repete os argumentos da impugnação. A numeração de folhas citada nesta decisão referese à serie de números do arquivo PDF. É o relatório. Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Preliminarmente, é de se rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração sob a alegação de que o MPF se reporta à DIRPF 2004 e o lançamento decorrente referese à DIRF 2005, pois, ao contrário do que afirma a Recorrente, o MPF referese ao período de 01/01/2004 a 31/12/2004 (DIRPF do exercício 2005), conforme evidenciado, à fl. 03. Melhor sorte não socorre a Interessada quanto ao suscitado cerceamento do seu direito de defesa, tendo em vista que o Termo de Inicio do Procedimento Fiscal não solicitou o Termo de Guarda dos dependentes, eis que, nos termos da legislação de regência, para comprovação da dependência é necessário apresentação de documento hábil, dependendo de cada relação. No caso de netos, a detenção da guarda conferida pela autoridade judicial é exigida como caracterização de dependência e requisito da dedutibilidade do imposto de renda pessoa física. Ademais, as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa estão preservadas pela oportunidade que teve a Contribuinte de examinar o processo e dele obter cópia, bem como de apresentar as razões contidas na impugnação e no recurso. No mérito, ante a inexistência da guarda judicial dos netos, não há como se considerar a condição de dependência, para fins de dedução de despesas com dependentes e Fl. 130DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 13558.001524/200829 Acórdão n.º 2801003.768 S2TE01 Fl. 131 4 despesas médicas e de instrução de dependentes da base de cálculo do imposto sobre a renda da pessoa física. Ressaltese, ainda, que a apuração de infrações em auditoria fiscal é condição suficiente para ensejar a exigência dos tributos mediante lavratura do auto de infração e, por conseguinte, aplicar a multa de oficio de 75% nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996. Assim, havendo lançamento de ofício, como neste caso, essa multa é devida. Ademais, é oportuno citar a Súmula CARF nº 2, a saber: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 131DF CARF MF Impresso em 23/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN
score : 1.0
Numero do processo: 11065.000157/2006-09
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE CONTRAPRESTAÇÕES DA TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE SALDOS CREDORES DE ICMS. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
No presente caso, o Excelso Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-B do Código de Processo Civil, acolheu a tese da inconstitucionalidade da incidência da COFINS não cumulativa sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS, como na presente hipótese.
Recurso Especial do Procurador Negado
Numero da decisão: 9303-002.793
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial.
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente Substituto
Rodrigo Cardozo Miranda - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Gileno Gurjão Barreto (Substituto Convocado) e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente Substituto). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE CONTRAPRESTAÇÕES DA TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE SALDOS CREDORES DE ICMS. DESCABIMENTO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Excelso Supremo Tribunal Federal, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543B do Código de Processo Civil, acolheu a tese da inconstitucionalidade da incidência da COFINS não cumulativa sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS, como na presente hipótese. Recurso Especial do Procurador Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso especial. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente Substituto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 01 57 /2 00 6- 09 Fl. 244DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 2 Rodrigo Cardozo Miranda Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Maria Teresa Martínez López, Gileno Gurjão Barreto (Substituto Convocado) e Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente Substituto). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Susy Gomes Hoffmann e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente). Relatório Cuidase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 168 a 186) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 154 a 165) que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao ressarcimento do saldo credor da COFINS sem a incidência da SELIC. A ementa do v. acórdão recorrido, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL — COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 COFINS. INCIDÊNCIA SOBRE CONTRAPRESTAÇÕES DA TRANSFERÊNCIA ONEROSA DE SALDOS CREDORES DE ICMS. DESCABIMENTO. A cessão onerosa de saldo credor acumulado de ICMS não oferece em contrapartida para a pessoa jurídica cedente a percepção de receitas, motivo pelo qual é descabida a exigência de Cofins sobre referidas importâncias. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS. TAXA SELIC. Dada a expressa determinação legal vedando a atualização ou a remuneração de créditos do PIS e da Cofins nãocumulativos nos pedidos de ressarcimento, é inadmissível a aplicação da Selic aos créditos não aproveitados na escrita fiscal por insuficiência de débitos no respectivo período de apuração, devendo o ressarcimento de tais créditos se dar pelo valor nominal. Recurso voluntário provido em parte. (grifos nossos) Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs o já mencionado recurso especial, alegando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros com a finalidade de recebimento de vantagens patrimoniais configura receita que deve ser considerada na base de cálculo da COFINS. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA Processo nº 11065.000157/200609 Acórdão n.º 9303002.793 CSRFT3 Fl. 216 3 O recurso foi admitido através do r. despacho de fls. 195. Contrarrazões às fls. 198 a 210. É o relatório Voto Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda, Relator Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Com relação ao mérito, especificamente quanto à cessão onerosa de créditos de ICMS a terceiros, com a finalidade de recebimento de vantagens patrimoniais, configurar receita que deve ser considerada na base de cálculo da COFINS, é de se destacar que o Excelso Supremo Tribunal Federal já se posicionou quanto à matéria na sistemática do artigo 543B do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise de recurso extraordinário com a observância do requisito da repercussão geral. O precedente proferido tem a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 4 IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuida se de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA Processo nº 11065.000157/200609 Acórdão n.º 9303002.793 CSRFT3 Fl. 217 5 (RE 606107, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe231 DIVULG 22112013 PUBLIC 25112013) (grifos e destaques nossos) Com isso, restou consolidado no âmbito do Excelso Supremo Tribunal Federal a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS, como na presente hipótese. O Regimento Interno do CARF, por sua vez, na redação dada recentemente pela Portaria MF nº 586, de 21/12/2010, tem os seguintes comandos nos seus artigos 62 e 62 A: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B.} § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos e destaques nossos) Verificase, assim, que a referida decisão do Excelso Supremo Tribunal Federal deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA 6 Por conseguinte, em face de todo o exposto, com arrimo no artigo 62A do RICARF, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional. Rodrigo Cardozo Miranda Fl. 249DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRANDA, Assinado digitalmente em 10/11/2 014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 14/10/2014 por RODRIGO CARDOZO MIRA NDA
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Numero do processo: 10183.005182/2005-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
RECURSO DE OFICIO. IMPROCEDÊNCIA.
Nega-se provimento ao recurso de ofício quando a autoridade julgadora singular aprecia o feito nos termos da legislação de regência e das provas constantes dos autos.
ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA.
A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de áreas de proteção ambiental (áreas de preservação permanente, reserva legal, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas ou imprestáveis para fins do setor primário, de servidão florestal ou ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN e cobertas por floresta nativa), tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação.
ITR. REDUÇÃO DO VALOR DA TERRA NUA. LAUDO TÉCNICO.
Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontados no SIPT, exige-se que o Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel.
Recurso de Ofício Negado
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2102-002.543
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofício e em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para se acolher o valor de R$ 6.009.275,97, como sendo o Valor da Terra Nua (VTN).
Assinado digitalmente.
Rubens Maurício Carvalho Relator e Presidente em exercício.
EDITADO EM: 02/06/2014
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rubens Mauricio Carvalho, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Francisco Marconi de Oliveira e Carlos André Rodrigues Pereira Lima.
Nome do relator: RUBENS MAURICIO CARVALHO
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IMPROCEDÊNCIA. Negase provimento ao recurso de ofício quando a autoridade julgadora singular aprecia o feito nos termos da legislação de regência e das provas constantes dos autos. ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO DO ADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do ITR em se tratando de áreas de proteção ambiental (áreas de preservação permanente, reserva legal, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas ou imprestáveis para fins do setor primário, de servidão florestal ou ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN e cobertas por floresta nativa), tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente tal obrigação. ITR. REDUÇÃO DO VALOR DA TERRA NUA. LAUDO TÉCNICO. Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontados no SIPT, exigese que o Laudo Técnico de Avaliação, emitido por profissional habilitado, atenda aos requisitos essenciais das Normas da ABNT, demonstrando, de forma inequívoca, o valor fundiário do imóvel. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 51 82 /2 00 5- 81 Fl. 488DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao Recurso de Ofício e em DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para se acolher o valor de R$ 6.009.275,97, como sendo o Valor da Terra Nua (VTN). Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho – Relator e Presidente em exercício. EDITADO EM: 02/06/2014 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rubens Mauricio Carvalho, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Núbia Matos Moura, Ewan Teles Aguiar, Francisco Marconi de Oliveira e Carlos André Rodrigues Pereira Lima. Relatório Trata o presente processo de autuação do ITR decorrente de retificações de ofício. Os valores declarados, retificados de ofício e julgados na DRJ seguiram o seguinte histórico: ITR 2001 Declarado, fl. 02 Retificação de ofício Acórdão DRJ, fl. 191 02 Área de Preservação Permanente 3.400,0 ha 0,0 ha 4.741,9 ha 03 Área de Utilização Limitada 50.000,0ha 0,0 ha 28.683,5 ha 16 Valor da Terra Nua R$ 3.500.000,00 R$ 7.319.990,86 Sem alteração do VTNm Para descrever a sucessão dos fatos deste processo até o julgamento na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), adoto de forma livre o relatório do acórdão da instância anterior de fls. 178 a 192: Trata o presente processo do auto de infração e documentos correlatos de fls. 02 a 08, através do qual se exige o Imposto Territorial Rural – ITR, no valor original de R$ 1.462.909,86, acrescido de juros moratórios e multa de ofício, decorrentes de glosa das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, informadas na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial – DITR (DIAC/DIAT), do exercício de 2001, referente ao imóvel rural denominado “Fazenda Nova Larga”, com área total de 57.366,7 ha, Número do Imóvel – NIRF 0.327.3300, localizado no município de Cáceres / MT. No referido lançamento, houve também a avaliação do valor da terra nua de acordo com o Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT. 2. As alterações no cálculo do imposto estão demonstradas à fl. 02. A glosa efetuada causou aumento da área tributável de 3.966,7 ha para 57.366,7 ha. O valor da terra nua tributável, que lhe é proporcional, aumentou para R$ 7.319.990,92, valor alcançado também em decorrência da avaliação da terra nua de acordo com os valores constantes do SIPT. O grau de utilização do imóvel, após a glosa efetuada, reduziuse de 95,2% para 6,6%, com a conseqüente alteração da alíquota, de acordo com a tabela referida no art. 11 da Lei n° 9.393/96, de 0,45% para 20,00%. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 4 3 3. Conforme a descrição dos fatos e enquadramento legal, fls. 06 e 07, a glosa das áreas de preservação permanente e de utilização limitada foi efetuada por não ter sido comprovada a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental, além de o laudo técnico não ter informado o enquadramento legal da área de preservação permanente de 4.741,89 ha, e considerado indevidamente nessa classificação, por falta de previsão legal, a área de 18.974,91 ha. Além disso, a área de reserva legal averbada seria de 28.683,51 ha, inferior à área declarada nessa rubrica, de 50.000,00 ha, mas, pela falta de Ato Declaratório Ambiental tempestivo, mesmo o quantitativo menor não pode ser excluído da incidência do tributo. Quanto ao valor da terra nua, sua valoração foi efetuada de acordo com o SIPT – Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal, por falta de laudo técnico que fosse satisfatório à vista das estipulações da Associação Brasileira de Normas Técnicas. 4. A interessada apresentou impugnação tempestivamente, fls. 89 a 94, na qual, após qualificarse e resumir os fatos, assim formula sua defesa: “2. DO DIREITO. 1.1–Preliminar. O que será provado, mediante documentação é que dentro do total de área total do imóvel, existem área de preservação permanente, Área de utilização limitada – não tributáveis – que não foram levadas em consideração pelo agente fiscal, por não termos anexados junto ao Laudo que foi apresentado, e, ainda, que o valor da terra nua arbitrado pelo mesmo esta acima do valor de qualquer hectare em área próxima a do requerente, como será demonstrada no Laudo Técnico que será apresentado. 1.2 Área de Utilização Limitada – Reserva Legal. A Lei n° 9.393/96 é clara em seu artigo 10°, inciso II, letra "a" quando diz: `Art. 10–(..) (transcreve o dispositivo mencionado) O Decreto n° 4.382/02, também deixa bem definido em seu artigo 10°, inciso II, que: (transcreve o dispositivo mencionado) Fica de maneira clara definida que as áreas de utilização limitada (reservas legais), para a legislação pertinente ao ITR, são áreas não tributáveis; Este impugnante, conforme o Laudo Técnico que será apresentado, Documento Comprobatório do Cartório de 1° Ofício do Município de Cáceres/MT e do Ato Declaratório Ambiental – ADA, possui 28.683,51 ha – ( Vinte e oito mil, seiscentos e oitenta e três hectares e cinqüenta e um ares), da área total do imóvel de 57.366,7 ha, de Área de Utilização Limitada – Reserva Legal sendo, portanto, Área não tributável. Toda a legislação acima mencionada, bem como os princípios básicos do Direito Tributário como ciência jurídica é bem nítida ao definir o que vem a ser área tributável e área não tributável e as razões que levam o Estado (latu sensu) a não tributar determinada área (já que a regra geral é que todos que vivem em coletividade devem recolher seu tributos) são todas definidas e determinadas em lei; Sabido é de todos que em respeito ao Princípio da Legalidade (legalidade estrita), todos os favores fiscais, tais como: isenção, imunidade constitucional, remissões, etc...), só são permitidos dentro dos limites estreitos definidos na lei. Fora da incidência da lei, não existem os favores fiscais. Fora dos limites da lei impera a regra geral, qual seja, ‘todos respondem pelo tributo que deram origem ou tiraram proveito’, como bem disse o mestre Rubens Gomes de Souza; Fl. 490DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 5 4 Assim sendo, as legislações acima mencionadas deixam claro que as áreas de reserva legal – utilização limitada – são não tributáveis e este requerente (conforme documento em anexo) possui 28683,51 ha, legalmente constituída como reserva legal. Vale salientar que o proprietário possui um título de Reconhecimento, de acordo com a Portaria n.° 172, de 20 de novembro de 2001, do IBAMA, A RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL DENOMINADA RESERVA PANTANAL – MUNICÍPIO DE CÁCERESMT. Esta Reserva é representativa do Pantanal, área de relevante importância ambiental e relevante beleza cênica, contribuindo para a ampliação da ESEC de Taiamã e das área protegidas no Estado de Mato Grosso. Foi gravada em Cartório com perpetuidade, para proteger a biodiversidade, em benefício das futuras gerações, á Área de 35.531,00 Há. 1.3 Área de Preservação Permanente. Especificamente neste item o agente fiscal, de acordo com a documentação apresentada, não foi possível considerar como não tributáveis (Área de Preservação Permanente), mas a legislação é clara e precisa quanto a não tributação das Áreas de Preservação Permanente. Há que levar em consideração, também, o fato de que o governo do Estado de Mato Grosso, através da lei n° 5.993, de 03 de junho de 1992, (DOC.06) definiu a política de ordenamento Territorial e ações para a sua consolidação, objetivando o uso racional dos recursos naturais da área rural do Estado de Mato Grosso, segundo o Zoneamento Antrópico Ambiental, tecnicamente denominado Zoneamento SócioEconômicoEcológico A propriedade pertencente ao IMPUGNANTE e objeto desta impugnação encontrase abrangida pela lei na seção 6, Zona 6, conforme, também, se pode observar pelo Mapa de Zoneamento SócioEconômicoEcológico. 1.3 Valoração da Terra Nua. Quando o agente fiscal diz: ‘Assim o Valor da Terra Nua por hectare Declarado foi substituído pelo Valor da Terra Nua por hectare constante no SIPT ( Sistema de Preços de Terras da Secretária da Receita Federal). O que ele quis na verdade dizer é que estava ‘arbitrando’ um valor já que o demonstrado não lhe foi suficiente para o seu convencimento. Será apresentado um Laudo Técnico, onde conterá itens essenciais a analise do mesmo, tais como: identificação das fontes de informação, numero de dados efetivamente utilizados, conforme NBR 8799 da ABNT, atualizada pela NBR 146533.” 5. Apresenta os pedidos: “1) que a presente IMPUGNAÇÃO seja recebida, pela existência de erros de fato, processada e devidamente apreciada pelas razões e documentos dela constantes e que seja concedido um prazo de 90 dias para apresentação do Laudo Técnico, juntamente com o ADA protocolado junto IBAMA sob o n.° 121/2001, datado de 16.02.2001, tendo em vista a grande extensão do imóvel e por estar localizado dentro do pantanal matogrossense, dificultando assim o levantamento para distribuição das áreas da propriedade; 2) que todos os argumentos aqui expendidos sejam bem analisados, bem como todos os documentos anexados, colocandose o IMPUGNANTE ao inteiro dispor dessa Delegacia para dirimir quaisquer dúvidas que ainda permanecerem; 3) e,que, finalmente, seja DECLARADA A NULIDADE DO LANÇAMENTO, cancelandose o crédito Tributário representado pela Notificação e por via de Fl. 491DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 6 5 conseqüência o mesmo valor seja, também, baixado do Sistema de Conta Corrente dessa Delegacia, por ser de inteira JUSTIÇA” 6. Junta documentos de fls. 95 a 100, e faz considerações adicionais às fls. 105 a 114: “(...) A Lei n°8.847. de 28 de janeiro de 1994, que dispõe sobre o imposto sobre a propriedade Territorial Rural, alterado, posteriormente pela lei n°9.393, de 19 de dezembro de1996, diz em seus artigos 4° e 11 o seguinte: (transcreve dispositivos mencionados) Encontrase anexado à presente IMPUGNAÇÃO o LAUDO TÉCNICO elaborado pelo Engenheiro Agrônomo Milton de Paula Ferreira Junior, registrado no CREA/MT sob o número 060.053/D!MT, acompanhado da respectiva ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) registrada no CREA/MT sob o número 33M293538, no qual é feita uma descrição pormenorizada do imóvel em questão, com quadro de distribuição das áreas na propriedade, levantamento básico do meio físico, geomorfologia, solos, hidrografia, vegetação, fauna, ocorrências de fenômenos naturais e suas conseqüências, levantamento das áreas do imóvel e considerações sobre as áreas de pantanal, existente na propriedade. Esse Laudo destaca que o imóvel, caracterizase como Área de Preservação Permanente, por se tratarem de áreas de pantanal, alagadiças e que essas áreas encontramse totalmente em sua forma original, conforme disposto no artigo 2° da lei n° 4.771/65 (Código Florestal), com as alterações da lei n° 7.803/80. Foi apresentado no processo fotografia obtida através de imagem de satélite (Imagem Obtidas Landsat), através da qual podese observar, de forma bastante nítida toda área em questão, dandose ênfase para as seguintes informações encontradas como legendas no rodapé dessa fotografia via satélite, como complementações constantes no Laudo Técnico: Há que levar em consideração, também, o fato de que o governo do Estado de Mato Grosso, através da lei n° 5.993, de 03 de junho de 1992, (...) definiu a política de ordenamento Territorial e ações para a sua consolidação, objetivando o uso racional dos recursos naturais da área rural do Estado de Mato Grosso, segundo o Zoneamento Antrópico Ambiental, tecnicamente denominado Zoneamento SócioEconômicoEcológico A propriedade pertencente ao IMPUGNANTE e objeto desta impugnação encontrase abrangida pela lei na seção 6, Zona 6, conforme, também, se pode observar pelo Mapa de Zoneamento SócioEconômicoEcológico. Jurisprudência sobre o assunto (transcreve ementas de acórdãos) Ainda versando sobre o assunto, os Acórdãos do 2° Conselho de Contribuintes, abaixo indicados: a) – Ac. 203.03047 – 3° C – Rel. Mauro Wasilewski – DOU 01.12.97, p. 28170; b) – Ac. 201.73230 – 1° C – Rel. Mauro Freire – DOU 19.04.2000, p. 17. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ÁREAS DE PANTANAL, EXISTENTE NA PROPRIEDADE Uma das características mais forte do Pantanal, são os capões, palavra de origem guarani ( caapãu + pedaço de mato) são aterros naturais, provavelmente restos de diques antigos, de tamanhos variáveis, normalmente de forma arredondada. São ilhas de árvores localizadas em terrenos mais Fl. 492DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 7 6 elevados geralmente contrastando com os campos, que ficam inundados durante o período de chuva. É um tipo de paisagem muito comum às pessoas que vivem no pantanal. Por serem locais mais altos, durante a estação de chuva, onde os campos ficam cobertos de água, os capões estão menos sujeito à inundações, tornandose muito importante, tanto para os habitantes locais como para a fauna. A maioria dos pantaneiros utilizam para manter o gado e outros para o plantio de roças (normalmente praticando policultivo, ou seja, cultivo de várias espécies ao mesmo tempo, dentro de uma mesma área, por exemplo plantações de milho junto com abóbora e melancia), sendo também o local ideal para a construção de casas. A vegetação dos capões é utilizada tanto em construções, como de casas, móveis, cercas, quanto medicinalmente. Os capões servem ainda de refúgio para muitos animais, que no período de águas altas, tomamse mais vulneráveis, com a diminuição da sua área territorial, protegendose nestas áreas. Os capões são utilizados ainda para reprodução de alguns grupos de animais como cutias, macacos, lobinhos, caxinguelês e outros. É nos capões que se concentram as aves paludícolas de grande porte, aves que vivem associadas aos ambientes aquáticos e que se alimentam de organismos que vivem na água. Estas as utilizam na construção de viveiros ou ninhais, locais destinados à reprodução das aves como os cabeçassecas, colhereiros, garças, biguás, biguatingas e outros. Os pantaneiros percebem o capão e assim o definem : ‘parte alta que não enche e serve para plantar, fazer casa, para ter pau, onde os bichos e passarinhos fazem ninhos e ficam na época da cheia’. Uma definição, que demonstra como o pantaneiro conhece e utiliza o seu ambiente. Muitas das plantas encontradas no capão, são também utilizadas por diversos animais que freqüentam a área e muitos agem como dispersores de algumas espécies, como é o caso da bocaiúva, acuri, jatobá, muito apreciadas principalmente por pequenos roedores, como cutias, pacas, caxinguelês e primatas, como o macaco prego. Outros vão ao capão a procura de presas que freqüentam a área. Dessa forma os capões são considerados de grande importância, por serem um tipo de paisagem que se repete por todo pantanal, fortalecendo as relações da fauna à este tipo de ambiente, o que os toma importantes unidades de manutenção da biodiversidade, tendo um valor incalculável, tanto no aspecto financeiro quanto ambiental.” 7. Por fim, requer: “(...) EX POSITIS, pelas razões e fundamentos acima explicitados, e, ainda CONSIDERANDO que a Declaração do ITR/2001 embasadora de lançamento contém erro de fato, induzindo a emissão da Notificação, (sic) elaborado por Engenheiro florestal e agrônomo registrados no CREA/MT acompanhado das respectivas ART’s (Anotação de Responsabilidade Técnica), demonstrando a existência física de área de preservação permanente, área constituída totalmente por pantanal, que por força da legislação ambiental não pode ser utilizada para a agricultura, sendo considerada imprestável e portanto isenta do tributo; CONSIDERANDO a juntada de fotografia obtida através da imagem de satélite (Imagens Orbitais Landsat), onde se pode observar, de forma Fl. 493DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 8 7 bastante nítida toda área em questão, com ênfase para as áreas constituídas pelo pantanal e por Capões; CONSIDERANDO, finalmente, a juntada de cópia autenticada do Diário do Estado de Mato Grosso, datado de 03.06.1992, que publicou a lei n° 5.993, de 03 de junho de 1992, bem como do Mapa de Zoneamento Sócio EconômicoEcológico, que tratam da definição da política de Ordenamento Territorial do Estado de Mato Grosso, notase, claramente, que pelas coordenadas da área em questão, a mesma encontrase abrangida pela lei acima por estar localizada na seção 6 da Zona 6; CONSIDERANDO a juntada do Ato Declaratório Ambiental – ADA, protocolado junto ao IBAMA sob o n.° 121, datado de 16/02/2001. CONSIDERANDO a juntada do Laudo Técnico elaborado conforme NBR 8799 da ABNT, atualizada pela NBR 146533. CONSIDERANDO que o imóvel está localizado no Pantanal Matogrossense, com a função, ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas, de acordo com a Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965 e suas alterações. CONSIDERANDO que a UNESCO declarou o Pantanal Matogrossense como Patrimônio da Humanidade. REQUER o IMPUGNANTE 1) que a presente IMPUGNAÇÃO seja recebida, pela existência de erros de fato, processada e devidamente apreciada pelas razões e documentos dela constantes; 2) que todos os argumentos aqui expendidos sejam bem analisados, bem como todos os documentos anexados, colocandose o IMPUGNANTE ao inteiro dispor dessa Delegacia para dirimir quaisquer dúvidas que ainda permanecerem; 3) e que, finalmente, seja declarada a nulidade do lançamento e do Auto de Infração, cancelandose o crédito Tributário representado pela Notificação e por via de conseqüência o mesmo valor seja, também, baixado do Sistema de Conta Corrente dessa Delegacia, por ser de inteira Justiça” 8. Junta também os documentos de fls. 115 a 157 e 161 a 165. 9. É o relatório. Diante desses fatos, as alegações da impugnação e demais documentos que compõem estes autos, o órgão julgador de primeiro grau, ao apreciar o litígio, em votação unânime, julgou procedente em parte o lançamento, alterando o lançamento, para restabelecer as áreas isentas de Preservação Permanente, 4.741,9 ha e Utilização Limitada de 28.683,5 ha. Manteve os demais aspectos do lançamento, considerando que os argumentos da recorrente não foram acompanhadas de provas suficientes e fundamentos legais, para desconstituir os fatos postos nos autos que embasaram o lançamento, resumindo o seu entendimento na seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. Atendidas as demais condições estabelecidas na legislação, inclusive protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental ADA, perante o IBAMA ou órgão Fl. 494DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 9 8 conveniado, são passíveis de exclusão da incidência do ITR as áreas de preservação permanente, comprovadas mediante laudo técnico, emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, que as discrimine, quantifique e identifique o enquadramento legal em que se enquadrem; e a área de reserva legal averbada à margem da matrícula do imóvel, em data anterior à de ocorrência do fato gerador do ITR. VALOR DA TERRA NUA. Deve ser mantido o valor da terra nua VTN adotado para fins de lançamento, com base no Sistema de Preços de Terras SIPT, quando o laudo técnico de avaliação não atende satisfatoriamente aos requisitos estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, deixando de demonstrar, de maneira inequívoca, o valor da terra nua do imóvel. Ainda, o acórdão da DRJ submeteu à apreciação dessa instância superior, o seu julgado por força de recurso necessário. De outro lado, cientificado e inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, de fls. 201 a 209 que depois foi substituído pelo Recurso Voluntário de fls. 266 a 271, requerendo pelo provimento ao recurso e cancelamento da exigência, cujo conteúdo se resume no seguinte: Fl. 495DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 10 9 Dando prosseguimento ao processo este foi encaminhado para o julgamento de segunda instância administrativa. É O RELATÓRIO. Voto Conselheiro Rubens Maurício Carvalho. ADMISSIBILIDADE O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Assim sendo, dele conheço. RECURSO DE OFÍCIO Trata o presente de recurso de oficio da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande que exonerou o contribuinte nomeada à epígrafe de crédito tributário superior ao limite de alçada da Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Assim, o Recurso preenche os requisitos legais, devendo ser conhecido e apreciado. Passo à análise de um dos trechos da decisão recorrida que acolheu parte das alegações do Interessado. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 11 10 Assim, devem ser restabelecidas as áreas de preservação permanente e de utilização limitada de 4.741,9 ha e 28.683,5 ha, respectivamente, por terem sido satisfatoriamente comprovadas mediante laudo técnico e matrículas do imóvel, bem como ter sido apresentado o ADA tempestivamente; e mantida a avaliação da terra nua conforme o SIPT, por não ter sido satisfatório, quanto a suas conclusões, o laudo técnico de avaliação apresentado. Verifico pelas peças constantes dos autos que a autoridade julgadora singular decidiu o feito nos termos da legislação de regência e das provas apresentadas, especialmente aos fatos levantados pela própria autoridade preparadora, concedendo isenção sobre áreas de Reserva legal e Preservação Permanente, diante do atendimento dos requisitos de ADA e averbação na matrícula do imóvel, já reconhecida pela própria fiscalização, para a Área de Reserva Legal e Laudo Técnico e ADA para a Área de Preservação Permanente. Essa é a mesma linha que a presente Turma julgadora vem decidindo as matérias análogas e, desta forma, a decisão não merece reparos nesses dois pontos. Por todo exposto, tomo conhecimento do recurso de ofício pelo fato do mesmo atender aos requisitos de sua admissibilidade, ao mesmo tempo que lhe NEGO PROVIMENTO. RECURSO VOLUNTÁRIO Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN Inicialmente, devese ressaltar que a Secretaria da Receita Federal do Brasil exige a apresentação do ADA tempestivo para todas as áreas de proteção ambiental (áreas de preservação permanente, reserva legal, de interesse ecológico para proteção dos ecossistemas ou imprestáveis para fins do setor primário, de servidão florestal ou ambiental, de Reserva Particular do Patrimônio Natural RPPN e cobertas por floresta nativa) e também exige a averbação à margem da matrícula do imóvel rural no Cartório de Registro de Imóveis das áreas de reserva legal, de servidão florestal e ambiental e de RPPN, como condição para fruição de benesse no âmbito do ITR1. Pesquisando a jurisprudência do Carf encontramos julgado dessa mesma propriedade objeto do litígio e mesma matéria, Processo:10183.005552/200741, Acórdão nº 2202002.007 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, sessão de 18/09/2012, Nelson Mallmann Presidente e Relator: Como visto no relatório e nos autos, a discussão gira em torno de um pedido de diligência e, no mérito, a discussão diz respeito à área de utilização limitada Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), equivalente a 35.531,0 ha e o nó da questão restringese a exigência relativa ao ADA Ato Declaratório Ambiental, que deve conter as informações de tais áreas e ter sido protocolado tempestivamente junto ao IBAMA/órgão conveniado e averbação no cartório de registro, para fins de exclusão dessas áreas da tributação. Da peça acusatória observase, que a autoridade fiscal lançadora entendeu o seguinte: 1 Vide o site da Secretaria da Receita Federal do Brasil. Perguntas e Respostas do ITR2009. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/itr/2009/PerguntasITR2009.pdf. Fl. 497DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 12 11 Para fins de apuração do ITR, a exclusão das áreas conhecidas como reserva particular do patrimônio natural RPPN, além do reconhecimento específico pelo órgão ambiental, devem estar averbadas na matrícula do imóvel e constar de ato declaratório ambiental ADA. Constatase, que através da Portaria nº 50/2002, de 18 de abril de 2002, às fls. 203, o IBAMA reconheceu como reserva particular do patrimônio natural a área de 35.531,0 ha, constituindo se parte integrante do imóvel "Fazenda Nova Larga”, de propriedade do interessado. Cumpre mencionar que o art. 2° dessa Portaria determina ao proprietário do imóvel o cumprimento das exigências contidas no Decreto n° 1.922, de 5 de junho de 1996, em especial no seu art. v, incumbindoo de proceder à averbação do respectivo termo de compromisso no Registro de Imóveis competente, nos termos do § 1" do art. 6º do mencionado Decreto. Contudo, descumprindo a expressa determinação contida na Portaria supracitada, bem como o § 1° do art. 21 da Lei nº 9.985, de 2000, o interessado não providenciou a averbação dessa área de utilização limitada nas matrículas pertinentes ao imóvel rural em tela. Averbou a RPPN somente em 15/05/2007. Portanto para os exercícios de 2003, 2004 e 2005 ora fiscalizados, fatos geradores em 1º de janeiro de 2003, 2004 e 2005, não será aceita a exclusão da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, por não estarem devidamente averbadas à margem da matrícula a RPPN até as datas mencionadas. Além disso, na cópia do ADA apresentada não há informação referente RPPN, também sendo o motivo da glosa. Observase nos autos, que o ADA trazido foi protocolado no IBAMA em 15/02/2001 (ADA relativo a outro exercício). Além disso, constatase que no requerimento do ADA (fls. 379), não contempla Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em discussão. Assim, é de se considerar falta de apresentação de ADA tempestivo. Além disso, a área de RPPN foi averbada, somente, em 15/05/2007 (fls. 340/378). Pelo exposto e dentro da mesma linha aplico o julgado acima para o lançamento, ora apreciado, negando provimento nesse ponto, uma vez que, o ADA de fl. 174 não contempla qualquer área de RPPN. Valor da Terra Nua Em sede de recurso, não foram apresentados novos elementos de prova para contestar os argumentos utilizados pelo relator do voto do acórdão da DRJ acerca do VTN, apenas foi solicitada novamente que fosse aceito o valor indicado no Laudo Técnico apresentado.. De outro lado, como visto acima, o acórdão recorrido, foi minucioso acerca da impossibilidade legal e fática para que seja aceita a tese da defesa, impedindo a retificação do lançamento, conforme se vê nos seguintes excertos do julgado de primeira instância que transcrevo livremente: (...) Fl. 498DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 13 12 A autuação fiscal baseouse, também, na avaliação da terra nua conforme os valores constantes do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal – SIPT, visto que a autoridade fiscal considerou insatisfatório o laudo técnico apresentado, por não identificar fontes de informação, não utilizar pelo menos cinco elementos amostrais, não homogeneizar os resultados de acordo com as características dos imóveis e não expurgar os valores excedentes ao desvio padrão, conforme NBRs 8799 e 146533. Em sede de impugnação, apresentou a interessada o laudo técnico de fls. 115 a 143, que utiliza os elementos amostrais indicados nas fls. 130 a 138, consistindo em informações de órgãos oficiais, negócios realizados e ofertas, referentes aos meses de abril/2001, outubro/2001, dezembro/2005, junho/2004, outubro/2001, maio/2004, maio/2005 e dezembro/2003. O laudo técnico apresentado informa, em seu item 9, fl. 121, adotar o “MÉTODO DIRETO COMPARATIVO DE DADOS DE MERCADO” , esclarecendo que se trata de técnica que consiste na “... comparação com outros imóveis transacionados ou em oferta, pertencentes a uma mesma microrregião, contemporâneos e de características semelhantes (dados de mercado), ...”. A contemporaneidade dos elementos amostrais é assunto tratado no item 7.4.3.3, da NBR 146533 e, no conjunto amostral adotado, as datas das ofertas, transações e informações divergem, em maior ou menor grau, da data de ocorrência do fato gerador do exercício 2001 – 1º de janeiro desse ano. Datam as amostras dos meses de abril/2001, outubro/2001, dezembro/2005, junho/2004, outubro/2001, maio/2004, maio/2005 e dezembro/2003. A peça técnica deveria ter demonstrado, para os elementos amostrais não contemporâneos, a pertinência do valor obtido com a data de referência da avaliação, fazendo, se fosse o caso, os ajustes necessários para assegurar a aplicabilidade do resultado obtido. Na presente situação, em que se requer a reforma de lançamento tributário regularmente efetuado, é necessária prova inconteste das argumentações do interessado – aí incluída a comprovação do VTN do imóvel – o que não pode ser feito por um trabalho que deixa de demonstrar, satisfatoriamente, que suas conclusões seriam aplicáveis à data de referência – ou seja, a data de ocorrência do fato gerador no exercício de 2001. Por todas as razões expostas, o laudo apresentado não pode ser aceito para fins de comprovar o alegado valor da terra nua, devendo ser mantida a avaliação feita pelo Fisco, com fundamento no caput do art. 14, da Lei n° 9.393/96, mencionado à fl. 07 dos autos. Assim sendo, é imprescindível que as provas e argumentos sejam carreados aos autos, no sentido de refutar o procedimento fiscal, se revistam de toda força probante capaz de propiciar o necessário convencimento e, conseqüentemente, descaracterizar o que lhe foi imputado pelo fisco. A recorrente não enfrentou com argumentos e não trouxe em sede de recurso provas suficientes pra descaracterizar o que foi consubstanciado pela fiscalização, tampouco argumentado pela DRJ na transcrição acima. Contudo, nesse contexto, cumpre observar que para essa mesma propriedade, no exercício 2003, apreciado no citado Acórdão nº 2202002.007, foi aceito VTN do laudo técnico apresentado pelo próprio contribuinte, da seguinte forma: Fl. 499DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO Processo nº 10183.005182/200581 Acórdão n.º 2102002.543 S2C1T2 Fl. 14 13 Assim sendo, é de se acolher o valor de R$ 6.009.275,97, constante do Laudo de Avaliação, como sendo o Valor da Terra Nua (VTN) para o exercício de 2003. Ou seja, diante desse parâmetro resta coerente e adoto para o presente exercício o mesmo valor indicado no próprio Laudo do Contribuinte apresentado e aceito por esse Conselho, no processo 10183.005552/200741, qual seja, o valor de terra nua tributável, de R$ 6.009.275,97. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto POR NEGAR provimento ao Recurso de Ofício e pelo PROVIMENTO PARCIAL do Recurso Voluntário, para acolher o valor de R$6.009.275,97, como sendo o Valor da Terra Nua (VTN). Assinado digitalmente. Rubens Maurício Carvalho Relator. Fl. 500DF CARF MF Impresso em 08/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/06/2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO, Assinado digitalmente em 02/06/ 2014 por RUBENS MAURICIO CARVALHO
score : 1.0
Numero do processo: 13811.001685/97-51
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1995, 1996
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONFISSÃO.
O Pedido de Compensação previsto na Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, não constitui confissão de dívida em relação aos débitos que se pretende compensar, exigindo a realização de lançamento tributário para a sua regular constituição.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
A Declaração de Compensação prevista no artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996, é tacitamente homologada após o decurso de cinco anos contados da sua apresentação.
Numero da decisão: 1801-002.139
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Ana de Barros Fernandes Wipprich Presidente
(assinado digitalmente)
Neudson Cavalcante Albuquerque Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich.
Nome do relator: NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1995, 1996 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CONFISSÃO. O Pedido de Compensação previsto na Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, não constitui confissão de dívida em relação aos débitos que se pretende compensar, exigindo a realização de lançamento tributário para a sua regular constituição. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. A Declaração de Compensação prevista no artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996, é tacitamente homologada após o decurso de cinco anos contados da sua apresentação.
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CONFISSÃO. O Pedido de Compensação previsto na Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997, não constitui confissão de dívida em relação aos débitos que se pretende compensar, exigindo a realização de lançamento tributário para a sua regular constituição. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. A Declaração de Compensação prevista no artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996, é tacitamente homologada após o decurso de cinco anos contados da sua apresentação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (ASSINADO DIGITALMENTE) Ana de Barros Fernandes Wipprich– Presidente (ASSINADO DIGITALMENTE) Neudson Cavalcante Albuquerque – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 16 85 /9 7- 51 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 882 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria de Lourdes Ramirez, Fernando Daniel de Moura Fonseca, Neudson Cavalcante Albuquerque, Alexandre Fernandes Limiro, Rogério Aparecido Gil e Ana de Barros Fernandes Wipprich. Relatório BICICLETAS CALOI S/A, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida no Acórdão nº 1616.926 (fl. 773), pela DRJ São Paulo I, interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. O processo trata de pedido de restituição combinado com pedidos de compensação. O contribuinte afirma possuir dois créditos de IRRF sobre aplicações financeiras (fl. 4): EXERCÍCIO VALOR (R$) FLS. 1995 217.601,84 4 1996 21.150,46 4 Utilizando os créditos apontados, pretende extinguir os débitos relacionados na tabela seguinte (débitos de terceiros – Caloi Norte S/A): TRIBUTO PERÍODO DE APURAÇÃO VALOR (R$) FLS. 8109 06/97 50.950,40 2 8109 07/97 42.788,15 2 8109 08/97 47.769,64 2 8109 09/97 54.399,81 2 8109 02/98 9.891,20 149 2172 02/98 64.296,29 149 A DERAT São Paulo, por meio do despacho decisório de fl. 647, reconheceu o direito creditório relativo a 1996 (R$ 21.150,46) e deferiu parcialmente as compensações, limitandoas ao valor do crédito reconhecido. Todavia, não reconheceu o direito creditório relativo a 1995 (R$ 217.601,84), por entender que este já estava sendo analisado no processo nº 13811.001684/9798, conforme demonstra o seguinte excerto do despacho decisório: 15. 0 interessado não explica os motivos de seu Pedido de Restituição (fl. 2). Menciona apenas que o valor se refere a "Retenção IRRF s/ aplicações financeiras". Tal pleito, da forma como foi apresentado, deveria ser indeferido por absoluta falta de objeto. No entanto, localizouse o processo nº Fl. 2DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 883 3 13811.001684/9798, o qual trata de Pedido de Restituição de antecipações do IRPJ referentes a 1995 e 1996, em decorrência da apuração de prejuízo. Conforme Despacho Decisório, proferido por esta EQPIR/DIORT para tal processo (vide cópia as fls. 311 a 322), devido a inexistência de previsão legal para o pedido de restituição, analisouse, visando à economia processual, o direito de restituição de saldo negativo de IR apurado no anocalendário de 1995 (fl. 316). Da mesma forma, a despeito de não constar neste processo os motivos do pedido de restituição, entendese que o interessado pretende obter restituição de saldo negativo de IR. Como o saldo negativo de IR apurado em 1995 já foi analisado no processo 13811.001684/97 98, será objeto de apreciação neste processo apenas e tão somente o saldo negativo apurado em 1996. O requerente apresentou manifestação de inconformidade (fl. 683) em que alega, em síntese: i) o fato de a autoridade fiscal ter deixado de apreciar o crédito relativo à 1995, mas ter mantido os débitos originalmente apontados, causou um descompasso entre os créditos e débitos que se pretendia casar, levando ao indeferimento indevido de parte das compensações; ii) Os débitos que se pretende extinguir pela compensação têm fatos geradores em fevereiro de 1998, ou antes disso, e não há lançamento tributário para eles. Os pedidos de compensação foram realizados em 25/11/1997 e 06/03/1998. A ciência do despacho decisório se deu em 24/10/2007. Assim, não é mais possível efetuar o lançamento dos referidos débitos, em razão da decadência, e os pedidos de compensação foram homologados tacitamente. Por fim, requer que seja retificada a decisão, para constar o integral deferimento do pedido de restituição, bem como para que haja a apreciação dos pedidos de compensação em conjunto com a apreciação do crédito relativo ao anocalendário de 1995, segregado pela autoridade administrativa para outro processo. A DRJ considerou improcedente a manifestação de inconformidade, por entender que não houve prejuízo para o requerente no fato de o crédito pleiteado relativo a 1995 ter deixado de ser apreciado no presente processo. Entendeu também que não poderia conhecer de matéria relativa a compensação de débito de terceiros. A decisão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 1996 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDEFERIMENTO. Tendo sido totalmente concedido o pedido de restituição no que tange o anocalendário de 1996, e tendo sido o saldo negativo do IRPJ relativo ao anocalendário de 1995 objeto de análise em outro processo, indeferese a solicitação da interessada. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 884 4 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PRÓPRIO. DÉBITO DE TERCEIROS. Os pedidos de compensação de créditos próprios com débitos de terceiros não foram convertidos em Declaração de Compensação, não cabendo a apreciação, pelas DRJs, de manifestação de inconformidade a eles relativas. Cientificado dessa decisão em 05/03/2008, por via postal (fl. 877), o contribuinte interpôs o presente Recurso Voluntário (fl. 801), em 04/04/2008, repisando os mesmos argumentos já apresentados em sede de impugnação. Todavia, acrescenta o argumento da necessidade de admissão da empresa Caloi Norte S/A no pólo passivo da lide, uma vez que esta é o sujeito passivo das obrigações tributárias que se pretende extinguir, e reclama de nulidade do despacho decisório que não foi levado ao conhecimento dessa empresa. É o relatório Voto Conselheiro Neudson Cavalcante Albuquerque, Relator. O recurso voluntário apresentado atende aos pressupostos de admissibilidade, sendo digno de conhecimento. Inicialmente, não reconheço a alegada necessidade de incluir no pólo passivo da presente lide o terceiro beneficiado pela compensação pretendida. Quando os citados artigos 741, caput, da Lei nº 9.430, de 1996, e 262, caput, da Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005, utilizam a expressão “sujeito passivo” estão referindose ao sujeito passivo que apura crédito passível de restituição. Na espécie, apenas a empresa Bicicletas Caloi S/A está nessa situação. Assim, a empresa Caloi Norte S/A, apesar de ser destinatária do crédito apurado, não figura no pólo passivo da presente lide, conforme as referidas normas processuais. O recorrente traz um argumento preliminar de decadência, que deve ser acatado. Os Pedidos de Compensação em análise foram apresentados sob a regulação da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997. É certo que esses pedidos não têm o caráter de confissão de dívida. O surgimento da Declaração de Compensação, por meio da Instrução Normativa SRF nº 210, de 2002, não converteu os antigos Pedidos de Restituição/Compensação, apenas autorizou a apresentação de Declaração de Compensação 1 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) 2 Art. 26. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela SRF. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 885 5 com o mesmo objeto de antigo Pedido de Restituição/Compensação, conforme o seu artigo 21, §4º: § 4º O sujeito passivo poderá utilizar, na compensação de débitos próprios relativos aos tributos e contribuições administrados pela SRF, créditos que já tenham sido objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento encaminhado à SRF, desde que referido pedido se encontre pendente de decisão administrativa à data do encaminhamento da "Declaração de Compensação". Na espécie, o contribuinte não apresentou nova Declaração de Compensação e o seu pedido é para compensar débito de terceiros. Portanto, os seus pedidos de restituição/compensação continuaram sob a égide da referida Instrução Normativa SRF nº 21, de 1997. Sob essa ótica, assistiria razão à decisão recorrida quando afirmou que a impugnação apresentada não poderia ser conhecida, pois não há previsão legal para que os referidos Pedidos de Compensação sejam processados nos termos do Decreto nº 70.235, de 1996. Todavia, a verificação da decadência é mister de toda autoridade julgadora, conforme inteligência do artigo 295, IV, do Código de Processo Civil pátrio: Art. 295. A petição inicial será indeferida:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) ... IV quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição (art. 219, § 5o); (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) Como já foi relatado, os fatos geradores dos débitos que se pretende extinguir por compensação são de 1997 e 1998. Os respectivos créditos tributários não foram constituídos por confissão e não há notícia de lançamento tributário para eles. Portanto, eles não podem ser exigidos hoje e também não é mais possível o necessário lançamento tributário, em razão da decorrência do prazo de decadência, que é de cinco anos, conforme o artigo 1733, I, do Código Tributário Nacional. Todavia, a Lei nº 10.637, de 2002, incluiu o §4º no artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996, determinando a conversão incondicional dos antigos Pedidos de Compensação em novas Declarações de Compensação: § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) 3 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Fl. 5DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 886 6 Mais uma inovação surgiu com a Lei nº 10.833, de 2003, que alterou o §5º e incluiu os parágrafos 6º a 12 no referido artigo 74. Dentre as inovações, foi estipulado um prazo de natureza decadencial para a eventual resolução da compensação por parte da Administração Tributária (homologação tácita) e a Declaração de Compensação ganhou o caráter de confissão de dívida para os débitos declarados. Sob essa nova ótica, os Pedidos de Compensação em análise teriam sido convertidos em Declarações de Compensação e os respectivos débitos foram constituídos pela confissão inerente ao instrumento. Todavia, o fato de os débitos apontados serem de terceiros traz duas dificuldade na aplicação dos referidos dispositivos: a primeira dificuldade surge da constatação de que o artigo 74 trata somente de compensação de crédito próprio e a segunda dificuldade reside em tolerar que um contribuinte confesse uma obrigação tributária de outro contribuinte. Melhor seria reconhecer que a nova legislação não alcança os Pedidos de Compensação em tela, conforme já decidiu a 3ª Turma Especial desta 1ª Seção de Julgamento do CARF, no Acórdão nº 1803001.511, de 2 de outubro de 2012, que recebeu a seguinte ementa: PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. EQUIPARAÇÃO. Somente foram equiparados a Declarações de Compensação, para os efeitos legais, os pedidos de compensação com débitos próprios. Porém, a DRF analisou os pedidos conforme a nova legislação. Seguindo esse liame, porém, constatase que essas novas Declarações de Compensação haviam sido homologadas tacitamente muito antes da emissão do Despacho Decisório atacado. Por último, mesmo que se insista na não homologação das compensações, conforme a decisão atacada, não é possível a exigência dos débitos apontados sem a realização de lançamento de ofício, nos termos da Súmula Carf nº 52: Súmula CARF nº 52: Os tributos objeto de compensação indevida formalizada em Pedido de Compensação ou Declaração de Compensação apresentada até 31/10/2003, quando não exigíveis a partir de DCTF, ensejam o lançamento de ofício. Em conclusão, considerando todas as variantes possíveis, os débitos que se pretendeu compensar não são mais exigíveis, seja pela adoção do regime da Instrução Normativa SRF nº 21, de 1998, seja pelo regramento da redação atual da Lei nº 9.430, de 1996. As demais questões de mérito ficam superadas pela constatação da decadência. Por todo o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial do recurso voluntário para: i) indeferir o pedido de compensação; Fl. 6DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE Processo nº 13811.001685/9751 Acórdão n.º 1801002.139 S1TE01 Fl. 887 7 ii) reconhecer a decadência dos débitos que se pretendia extinguir por compensação. (ASSINADO DIGITALMENTE) Neudson Cavalcante Albuquerque Fl. 7DF CARF MF Impresso em 24/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE ALBUQUERQUE, Assinado digitalmente em 30/10/2014 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 29/10/2014 por NEUDSON CAVALCANTE A LBUQUERQUE
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