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Numero do processo: 11516.002843/2006-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/07/2003
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO CONSTATADA. SANEAMENTO.
Constatada a existência de omissão no julgado recorrido, tal vício deve ser sanado em sede de embargos declaratórios.
Embargos parcialmente acolhidos, com efeitos infringentes, para fins de sanar a omissão apontada, e, em consequência, acolher em parte o Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, no sentido de determinar que os valores indicados no auto de infração sejam revistos, em razão da análise da Consulta nº 117 - SRRF09/Diana.
Numero da decisão: 3301-003.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos Declaratórios para que, considerando a análise da Solução de Consulta nº 117 - SRRF09/Diana, o Recurso Voluntário seja parcialmente provido, excluindo-se da autuação os valores relativos às mercadorias cuja classificação fiscal determinada pela fiscalização divirja da classificação fiscal apontada na referida Solução de Consulta.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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OMISSÃO CONSTATADA. SANEAMENTO. Constatada a existência de omissão no julgado recorrido, tal vício deve ser sanado em sede de embargos declaratórios. Embargos parcialmente acolhidos, com efeitos infringentes, para fins de sanar a omissão apontada, e, em consequência, acolher em parte o Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, no sentido de determinar que os valores indicados no auto de infração sejam revistos, em razão da análise da Consulta nº 117 SRRF09/Diana. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os Embargos Declaratórios para que, considerando a análise da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, o Recurso Voluntário seja parcialmente provido, excluindose da autuação os valores relativos às mercadorias cuja classificação fiscal determinada pela fiscalização divirja da classificação fiscal apontada na referida Solução de Consulta. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Marcos Roberto da Silva, Maria Eduarda Alencar Câmara AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 28 43 /2 00 6- 51 Fl. 297DF CARF MF 2 Simões (Relatora), Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente). Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 298 3 Relatório Por economia processual, adoto o relatório constante da decisão embargada (fls. 243 e seguintes dos autos): Adoto o relatório da DRJ nos seguintes termos: Trata, o presente processo, de impugnação contra Auto de Infração efetuado em virtude de errônea classificação fiscal pelo sujeito passivo, conforme fls. 155 a 176. Em atendimento aos Mandados de Procedimento Fiscal – MPF e MPF Complementar nº 09.2.01.00.2005.0043561, fls. 1 e 2, a autoridade fiscal desenvolveu procedimento de fiscalização, tendo por objeto o Imposto sobre Produtos Industrializados, o que, ao final, redundou no lançamento tributário de fls. 170, no valor total de R$ 3.286.588,56. O montante do valor do crédito tributário exigido decorre da exigência de R$ 1.543.947,07, a título de imposto, R$ 584.681,44 a título de juros de mora e R$ 1.157.960,05, a título de multa. Consta nos autos que a interessada é estabelecimento industrial fabricante de tintas, esmaltes sintéticos e vernizes, thinner, diluentes, solventes, catalizadores PU, lacas, tingidores, aguarrás mineral e etc, constituindose, assim, em contribuinte do IPI. Conforme Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal de fls. 177 a 185, durante o procedimento de fiscalização foram efetuados outros autos de infração conforme processos 11516.002571/200609 e 11516.002677/200692, com as infrações neles apontadas. Quanto ao presente processo, as condutas infracionais imputadas ao contribuinte são as seguintes: a) A empresa adotou classificações fiscais para o produto CATALIZADOR PU resultando em falta de lançamento ou lançamento a menor do IPI, conforme DEMONSTRATIVO DO IPI NÃO LANÇADO, fls. 122. Conforme referido termo, a “classificação fiscal do CATALIZADOR PU no código 3824.90.32, com alíquota de 10% (fl. 108), tem por base as informações prestadas pela empresa e está amparada nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado 1ª e 6ª e notas explicativas nº 1, do capítulo 29, nº 4 do capítulo 32 e nº 3 da posição 3909 (IN 123/98), conforme detalhado nos itens 3.1.1.1, 3.1.1.2 e 3.1.1.3. b) Os SOLVENTES E DILUENTES, segundo as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado 1ª e 3ª “a”, estão classificados na TIPI no código 3814.00.00, sujeitos a tributação do IPI à alíquota de 10% (fl. 107). Das classificações adotadas pela empresa resultou falta de lançamento ou lançamento a menor do IPI, por erro de classificação fiscal, por infringência ao disposto nos artigos 15, 16, 17 e 122 do Decreto nº 4.544, de 26/12/2002 (RIPI/02). Fl. 299DF CARF MF 4 Foi elaborado o DEMONSTRATIVO DO IPI NÃO LANÇADO – THINNERS E DILUENTES, conforme fls. 122. O contribuinte tomou ciência do Auto de Infração em 17/10/2006 e apresentou sua defesa em 16/11/2006, em síntese, nos seguintes termos. 1. Em preliminar, alega a interessada a nulidade do lançamento em virtude do princípio da motivação (falta de clareza do lançamento), bem como, de a autoridade fiscal não ter alicerçado seu entendimento em prova pericial; 2. Inobservância por parte da autoridade administrativa do princípio do ônus da prova, assentandose o lançamento tributário em suas interpretações próprias; 3. Reprodução das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI), alegando, ao final, não ser lícito à Administração buscar posição mais vantajosa para exigir alíquota mais alta”; 4. Afirma que a classificação fiscal adotada pela empresa está correta, não devendo prevalecer aquela adotada pela autoridade fiscal, podendo o produto CATALISADOR PU ser classificado nos capítulos 39 ou 32, bastando ser considerados um prépolímero com 3 e 5 unidades monoméricas em média e que seja próprio para fabricação de tintas e vernizes, que nada mais é do que o emprego dado ao mercado; 5. Que em relação aos THINNERS e DILUENTES o fisco fundouse, tão somente, à falta de provas de que referido produto contivesse componentes aromáticos em teores acima de 65%; 6. Alega a inconstitucionalidade da Multa em face de seu caráter confiscatório, bem como a impossibilidade legal de cobrança de juros com base na taxa SELIC. A decisão recorrida encontrase assim ementada: 2ª Turma da DRJ/RPO Sessão de 27 de janeiro de 2012 Processo 11516.002843/200651 Interessado FARBEN S/A INDÚSTRIA QUÍMICA CNPJ/CPF 85.111.441/000113 ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESCRIÇÃO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. Restando evidenciado que a descrição dos fatos e enquadramento legal encontramse suficientemente claros para propiciar o entendimento das infrações imputadas, descabe acolher alegação de nulidade do auto de infração. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Não tendo o contribuinte apresentado argumentos suficientes para ilidir a classificação fiscal adotada pela autoridade administrativa, que se mostra correta, há de se manter o lançamento de ofício. TAXA SELIC. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. ILEGALIDADES. INCONSTITUCIONALIDADES. O artigo 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, alude expressamente a juros (equivalentes à taxa referencial do sistema Selic), e não à correção monetária. Os juros de mora, com base na taxa SELIC, encontram previsão em normas regularmente editadas, não tendo o julgador administrativo competência para apreciar argüições de sua inconstitucionalidade e/ou ilegalidade, pelo dever de agir vinculadamente às mesmas. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 299 5 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificada em 13/03/2012 (AR – fl. 218), foi interposto em 11/04/2012, o recurso voluntário de fls. 219 e seguintes, onde, em síntese, a Recorrente reitera os argumentos constantes de sua impugnação, sustentando que produz mais de vinte tipos de catalisadores, também chamados endurecedores, e dependendo do tipo do produto a classificação fiscal é diferente. Aduzindo também que na verdade o Fisco não teria discordado da classificação fiscal por ela adotada, vez que no período fiscalizado de 16.12.2002 a 20.10.2003 havia formulado referidos produtos com 65% ou mais de solventes aromáticos em sua composição, e como não teve oportunidade de juntar as suas ordens de produção, a autoridade simplesmente adotou a presunção, sem contudo certificarse de provar que os mencionados produtos não tinham mais de 65% de componentes aromáticos em sua formulação. Afirma por fim ter ocorrido vício material insanável, distante do erro de classificação fiscal quanto aos produtos “catalisadores pu”, bem como que teria sido contrariado o efeito vinculante da Solução de Consulta nº 117 – SRRF09/Diana, e em relação aos thiners e diluentes, que não houve comprovação do Fisco de que não continham 65% ou mais em sua formulação de solventes aromáticos. Ao analisar o caso, este Conselho entendeu, através do Acórdão nº 3301 002.117, por negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, sob o fundamento de que, para afastar a classificação fiscal adotada pela autoridade fiscal, seria necessário que o interessado comprovasse com argumentos e provas materiais, inclusive laudos técnicos especializados. A referida decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2003 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA O ENQUADRAMENTO. Para afastar a classificação fiscal adotada pela autoridade fiscal, é necessário que o interessado comprove com argumentos e provas materiais, inclusive laudos técnicos especializados. Recurso Improvido. O contribuinte, então, interpôs embargos declaratórios, através dos quais alega que a decisão recorrida teria incorrido nos seguintes vícios: (i) omissão/erro material diferentemente do que constou do relatório do acórdão vergastado, o recurso voluntário não teria apenas reiterado os argumentos constantes da sua impugnação e não teria tratado somente do debate a respeito dos CATALISADORES PU, pois aprofundaria o debate técnico mediante novos argumentos sobre a classificação adotada pela autoridade notificante tanto para os CATALISADORES PU como para os THINNERS e DILUENTES; (ii) omissão/erro material o relator teria deixado de analisar em seu voto a classificação fiscal dos 20 tipos de CATALISADORES PU produzidos pela recorrente (omissão) e teria consignado que, conforme analisado pela decisão de primeira instância, não haveria sido formulada nenhuma consulta pela Recorrente (erro material); Fl. 301DF CARF MF 6 (iii) omissão quanto à classificação fiscal utilizada pela autoridade fiscal para os THINNERS e DILUENTES, a decisão não teria enfrentado o argumento do contribuinte de arbitrariedade da presunção utilizada, a qual teria sido fundada em meras suposições, face à inexistência de laudo comprobatório de que os produtos foram fabricados com menos de 65% de solventes aromáticos. Ato contínuo, em sessão realizada em 28/09/2016, este Conselho entendeu por converter o julgamento em diligência, para que fosse anexado aos presentes autos o inteiro teor da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana. Cumprida esta diligência, os autos retornaram a esta julgadora, para fins de julgamento. É o relatório. Fl. 302DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 300 7 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Os Embargos Declaratórios opostos são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço. Conforme relatado acima, foram três os fundamentos apresentados pelo embargante em seu recurso, quais sejam: (i) omissão/erro material diferentemente do que constou do relatório do acórdão vergastado, o recurso voluntário não teria apenas reiterado os argumentos constantes da sua impugnação e não teria tratado somente do debate a respeito dos CATALISADORES PU, pois aprofundaria o debate técnico mediante novos argumentos sobre a classificação adotada pela autoridade notificante tanto para os CATALISADORES PU como para os THINNERS e DILUENTES; (ii) omissão/erro material o relator teria deixado de analisar em seu voto a classificação fiscal dos 20 tipos de CATALISADORES PU produzidos pela recorrente (omissão) e teria consignado que, conforme analisado pela decisão de primeira instância, não haveria sido formulada nenhuma consulta pela Recorrente (erro material); (iii) omissão quanto à classificação fiscal utilizada pela autoridade fiscal para os THINNERS e DILUENTES a decisão não teria enfrentado o argumento do contribuinte de arbitrariedade da presunção utilizada, a qual teria sido fundada em meras suposições, face à inexistência de laudo comprobatório de que os produtos foram fabricados com menos de 65% de solventes aromáticos. Quanto ao item (i), entendo que não assiste razão à Embargante. Isso porque, embora tenha a decisão recorrida mencionado que o recurso voluntário teria reiterado os termos da impugnação, o fato de a Recorrente ter trazido argumentos novos em seu recurso não leva à existência de omissão/erro material da decisão recorrida. O Julgador não precisa tratar necessariamente sobre todos os argumentos trazidos aos autos pelo contribuinte, bastando que fundamente a sua decisão em elementos suficientes à conclusão a que chegou em seu julgado. No que tange ao item (iii), entendo que tampouco assiste razão ao contribuinte. Isso porque, verificase que a decisão recorrida não foi omissa neste ponto, tendo tratado sobre o tema, ainda que de forma sucinta. É o que se extrai da transcrição a seguir: Em relação ao produto thinner ou diluente, a interessada adota a classificação 3814.00.00, com a qual a autoridade fiscal concorda. No período de 16/12/2002 a 20/10/2003, o produto thinner ou diluente foi classificado na posição 2707.50.00, tributado a alíquota 0%, sem contudo haver comprovação de que produto sob análise preenchia as condições necessárias para que pudesse ter tal enquadramento. Fl. 303DF CARF MF 8 Ou seja, entendeu o julgador naquela oportunidade que, para fazer jus à classificação que lhe atribuía alíquota de 0%, deveria o contribuinte comprovar que o produto preenchia as condições necessárias para que pudesse ter tal enquadramento, e que o contribuinte não teria se desincumbido deste ônus. Não há que se falar, portanto, em omissão do julgado recorrido, mas em insurgência do contribuinte quanto ao seu conteúdo, o que não se pode admitir em sede de embargos declaratórios. Quanto ao item (ii), alega o contribuinte que teria havido omissão/erro material em razão de o relator ter deixado de analisar em seu voto a classificação fiscal dos 20 tipos de CATALISADORES PU produzidos pela recorrente (omissão), tendo consignado que, conforme analisado pela decisão de primeira instância, não haveria sido formulada nenhuma consulta pela Recorrente (erro material). Neste ponto, entendo que assiste razão ao contribuinte. Para que melhor se compreenda a discussão ora em debate, transcrevemse as passagens dos seguintes documentos constantes dos autos: (a) decisão da DRJ; (b) decisão do CARF; (c) embargos declaratórios opostos pelo contribuinte: Decisão da DRJ (fl. 209 dos autos) Ao querer atribuir validade ao lançamento somente após “parecer técnico”, a interessada deturpa integralmente o instituto. Curioso, que a própria interessada poderia ser mais diligente na classificação fiscal de seus produtos, inclusive utilizandose de perícias, ou de modo mais eficaz, de consulta fiscal, o que não fez. Ressaltese que a interessada não está obrigada a solicitar esclarecimentos prévios sobre eventual classificação fiscal de seus produtos, seja em consulta fiscal ou parecer técnico, sendo de sua exclusiva responsabilidade os atos de sua iniciativa, nos termos do artigo 20 e seu parágrafo único da Lei 4.502/64. Art . 20. O lançamento consistirá na descrição da operação que o originar e do produto a que se referir, na classificação fiscal dêste no cálculo do impôsto devido e no registro de seu valor, em parcela destacada, na guia ou na nota fiscal em que deva ser efetuado. Parágrafo único. O lançamento é de exclusiva responsabilidade do contribuinte. Nesse sentido, se comprovado pela autoridade fiscal que o contribuinte errou na classificação fiscal de seus produtos, legítima e necessária a reclassificação fiscal, em obediência às normas de tributação, ainda que essa reclassificação seja mais onerosa ao contribuinte, não configurando postura odiosa por parte do Ente tributante e sim obediência à legalidade. Acórdão nº 3301002.117 (fls. 246/247 dos autos) De acordo com a decisão recorrida a interessada, ora Recorrente, adotou, para um mesmo produto, várias classificações fiscais. O produto CATALIZADOR PU foi classificado nas seguintes posições: 3208.90.39 e 3824.90.32, no período de 01/2002 a 12/2002, alíquota de 10%; 3909.50.11, no período de 16/12/2002 a 10/07/2003), alíquota de 5%; 3824.90.32, no período de 11/07/2003 a 01/08/2003, alíquota de 10%; 3909.50.11, no período de 04/08/2003 a 31/05/2005, alíquota de 5% e a partir de 02/06/2005, adotou a classificação 2929.10.29, alíquota de 0%. A autoridade fiscal classificou o produto na posição 3824.90.32, que estabelece uma alíquota de 10%, conforme item 3 do termo supracitado. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 301 9 Em sua defesa, para este produto, conforme fls. 195, a interessada afirma que a classificação fiscal por ela adotada está correta, afirmando através das informações técnicas de fls. 31 e seguintes, constando as seguintes justificativas: CATALISADORES Os produtos 175.010, 273.927, 273023, 273.725, 273.730, 273.925, 273.828, 273.750, 273.033, 273.021, 573.600 e 573.700 a partir de 02/06/2005 alteramos a classificação fiscal para 2929.1029. De acordo com a descrição abaixo através de uma análise técnica e comparação com o praticado no mercado, entendemos que esta é a classificação mais adequada para os produtos acima descrito e por nós comercializado; THINNERS E DILUENTES No período de 16/12/02 a 20/10/03 a classificação dos diluentes foi definida como 27.07.50.00, tendo em vista que a composição química dos produtos citados nesse período atendiam a especificação de conter 65% ou mais ( em volume) de solventes aromáticos em sua formulação Desta forma, conforme bem fundamentou o acórdão recorrido, para um mesmo produto, a interessada, ora Recorrente adotou várias classificações fiscais. O produto CATALIZADOR PU foi classificado nas seguintes posições: 3208.90.39 e 3824.90.32, no período de 01/2002 a 12/2002, alíquota de 10%; 3909.50.11, no período de 16/12/2002 a 10/07/2003), alíquota de 5%; 3824.90.32, no período de 11/07/2003 a 01/08/2003, alíquota de 10%; 3909.50.11, no período de 04/08/2003 a 31/05/2005, alíquota de 5% e a partir de 02/06/2005, adotou a classificação 2929.10.29, alíquota de 0%. A autoridade fiscal classificou o produto na posição 3824.90.32, que estabelece uma alíquota de 10%, conforme item 3 do termo supracitado. Em relação ao produto thinner ou diluente, a interessada adota a classificação 3814.00.00, com a qual a autoridade fiscal concorda. No período de 16/12/2002 a 20/10/2003, o produto thinner ou diluente foi classificado na posição 2707.50.00, tributado a alíquota 0%, sem contudo haver comprovação de que produto sob análise preenchia as condições necessárias para que pudesse ter tal enquadramento. Na análise dos autos, verifico que as regras foram devidamente observadas e os produtos devidamente classificados. Em relação à mencionada Solução de Consulta, ao contrário do que foi afirmado pela Recorrente, a decisão recorrida foi categórica em afirmar que não foi formulada nenhuma consulta. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Grifos apostos). Embargos declaratórios (fls. 252/253) "Notese que em seu recurso voluntário a recorrente, primeiro, suscitou a necessidade de cancelamento do ato fiscal pela ocorrência de vício material insanável, pois, no que tange aos CATALISADORES PU, a autoridade notificante não aprofundou sua análise a cada tipo de produto industrializado pela recorrente, partindo da premissa de que existe apenas um tipo de CATALISADOR PU, e que, por isso, todos eles mereceriam ser indistintamente classificados sob a NCM 3824.90.32, o que ficou demonstrado ser um erro, principalmente, pela conclusão diversa a que chegou a própria Receita Federal do Brasil na Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, de 18 de maio de 2010, que foi trazida aos autos por ocasião do recurso voluntário, segundo a qual tais produtos deveriam se classificar nas NCM 3208.90.39 e 3911.90.29. Fl. 305DF CARF MF 10 Acontece que, laborando com omissão e também erro material, o acórdão deixou de analisar a classificação dos 20 tipos de CATALISADORES PU produzidos pela recorrente e consignou que, conforme afirmado pela decisão de primeira instância, não haveria sido formulada nenhuma consulta pela recorrente. Todavia, nesse ponto, o vício é grosseiro. A uma, porque a decisão de primeira instância em momento algum se referiu à existência ou inexistência de qualquer Solução de Consulta, pois este tema definitivamente não havia sido objeto da impugnação. A duas, porque não poderia ser mesmo objeto da impugnação qualquer Solução de Consulta, já que a Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana é de 18.05.2010, enquanto a impugnação data da 16.11.2006. Portanto, é cronologicamente impossível ter havido o debate sobre a validade de Solução de Consulta na impugnação. Por isso é que a recorrente trouxe à baila, na íntegra, a Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana quando do seu recurso voluntário. A três, porque, ao partir dessa premissa, o acórdão embargado deixou de se manifestar quanto ao vício da notificação fiscal por colidência com o resultado da Solução de Consulta e o efeito vinculante desta, suscitado com base no princípio da retroatividade benigna da lei tributária". Consoante se extrai da análise da decisão embargada, verificase que esta, de fato, incorreu em erro material ao dispor que "a decisão recorrida foi categórica em afirmar que não foi formulada nenhuma consulta". Isso porque, consoante apontou a Embargante, a indicação da solução de consulta que pretendia ver analisada (Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana de 18/05/2010) ocorreu apenas quando da interposição do Recurso Voluntário, não tendo sido objeto da Impugnação apresentada em 2006 pelo contribuinte. Logo, entendo que a DRJ, ao dispor que não fora apresentada consulta por parte do contribuinte, o fez em sentido genérico, dispondo que o contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar que a classificação fiscal realizada pelo mesmo havia se dado corretamente. Ou seja, não tratou a decisão da DRJ da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana de 18/05/2010. Contudo, uma vez apresentado pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário um argumento novo, atinente à existência da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, este Conselho deveria ter se pronunciado sobre o mesmo, tendo a decisão embargada incorrido em omissão/erro material ao não fazêlo. Até porque, à primeira vista, apresentavase relevante do argumento trazido à tona pelo contribuinte, qual seja, existência de Consulta Fiscal em que a própria Receita Federal teria concluído pela classificação fiscal de determinados produtos objeto da presente autuação nos NCMs 3208.90.39 e 3911.90.29. A importância dessa análise decorria ainda do argumento do contribuinte de que a referida empresa produziria 20 tipos diferentes de CATALISADORES PU, ao passo que a fiscalização teria considerado todos como sendo um só produto. A distinção entre os referidos CATALISADORES teria sido analisada na referida Solução de Consulta. Porém, embora o contribuinte tivesse alegado a existência da referida Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, tendo transcrito passagens da mesma em seu Recurso Voluntário, não havia juntado aos presentes autos o seu inteiro teor. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 302 11 Diante disso, a presente demanda foi convertida em diligência, no intuito de que fosse anexado aos presentes autos o inteiro teor da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, para que este Conselho pudesse analisar a sua extensão e aplicabilidade ao caso concreto ora analisado. Uma vez juntada a referida solução de consulta, podese verificar que esta teve como interessada a Farben S/A Indústria Química, teve por objeto o "endurecedor PU", vulgarmente denominado "catalisador PU", e concluiu que as mercadorias consultadas deveriam ser classificadas nos códigos 3208.90.39 (alíquota de 10%), produtos indicados na Tabela 1, e 3911.90.29 (alíquota de 5%), produtos indicados na tabela 2. Ocorre que, embora a decisão embargada tenha sido omissa quanto à apreciação da referida solução de consulta, a sua análise não socorre o contribuinte para fins de embasar a classificação fiscal adotada pelo mesmo. Isso porque, naquele documento, foram indicadas como corretas as seguintes classificações fiscais: 3208.90.39 e 3911.90.29. Acontece que o contribuinte adotou classificações fiscais distintas, consoante se extrai do esclarecimento prestado pelo mesmo (vide fl. 178 dos autos): Porém, embora a Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana não socorra o contribuinte em sua pretensão de justificar a classificação fiscal por ele adotada, serve para demonstrar que tampouco a classificação fiscal adotada pela fiscalização, considerando uma mesma classificação fiscal para todos os CATALISADORES PU de forma indistinta, estava correta. Notese que a solução de consulta analisou os seguintes produtos: De outro norte, extraise do auto de infração aqui combatido que foi objeto de fiscalização os seguintes produtos: Fl. 307DF CARF MF 12 Ou seja, é inconteste que há identidade entre certos produtos analisados. E, consoante destacou o contribuinte em seu Recurso Voluntário, a referida solução de consulta identificou a classificação correta de acordo com cada código do produto ali analisado (vide tabelas 1 e 2 às fls. 278/281). Sendo assim, entendo que a apresentação da referida solução de consulta faz prova em favor do contribuinte, no sentido de demonstrar, quanto a determinadas mercadorias, a classificação correta a ser considerada no caso concreto aqui analisado. E, uma vez identificada que a classificação correta era diversa da apontada pela fiscalização, há de ser reconhecida a improcedência do auto de infração quanto a tais mercadorias específicas. Nesse sentido, trazse à colação decisão desta turma julgadora: Acórdão: 3301003.147 Número do Processo: 10831.724290/201465 Data de Publicação: 02/05/2017 Contribuinte: PADTEC S/A Relator(a): LIZIANE ANGELOTTI MEIRA Ementa: Classificação Fiscal Período de apuração: 2006 a 2010 FUNDAMENTAÇÃO DO LANÇAMENTO. TERCEIRA HIPÓTESE DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. Verificado que a classificação fiscal das mercadorias, objeto da lide, diz respeito a um código NCM diverso, tanto daquele utilizado pela impugnante, bem como daquele que a fiscalização entendeu ser a correta, o lançamento deverá ser julgado improcedente por erro na sua fundamentação. Sendo improcedente a classificação do Fisco, também devem ser julgadas improcedentes as multas dos artigos 44 e 45 da Lei nº 9.430/96, e do artigo 84, I, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, cominadas em decorrência do lançamento equivocadamente fundamentado. Recurso Voluntário Provido Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Diante do acima exposto, entendo que deverão ser parcialmente acolhidos os embargos declaratórios opostos pelo contribuinte, com efeitos infringentes, para fins de sanear a omissão apontada e, com base na análise da Solução de Consulta nº 117 SRRF09/Diana, concluir que o Recurso Voluntário deverá ser parcialmente provido, no sentido de determinar que os valores indicados no auto de infração sejam revistos, excluindose da autuação os valores relativos às mercadorias cuja classificação fiscal determinada pela fiscalização divirja da classificação fiscal apontada na referida Solução de Consulta. É como voto. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 11516.002843/200651 Acórdão n.º 3301003.657 S3C3T1 Fl. 303 13 Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 309DF CARF MF
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Numero do processo: 10480.727759/2017-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.915
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento para aguardar a decisão do processo principal 10480.729138/2017-49, afastadas as preliminares relativas à responsabilidade da recorrente por erro de classificação fiscal do fornecedor, alteração de critério jurídico e competência da Suframa.
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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INSUMOS. GASTOS GERAIS DE FABRICAÇÃO. Recorrente NORSA REFRIGERANTES S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento para aguardar a decisão do processo principal 10480.729138/201749, afastadas as preliminares relativas à responsabilidade da recorrente por erro de classificação fiscal do fornecedor, alteração de critério jurídico e competência da Suframa. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Déroulède. Relatório Tratase de auto de infração lavrado para o lançamento do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, para constituir créditos tributários em desfavor da contribuinte RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 80 .7 27 75 9/ 20 17 -9 8 Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 3 2 epigrafada, no montante total de R$ 104.655.326,18 (cento e quatro milhões, seiscentos e cinqüenta e cinco mil, trezentos e vinte e seis reais e dezoito centavos), consolidado na data do lançamento, em decorrência das infrações abaixo enumeradas: Ø Créditos Indevidos crédito básico indevido : o estabelecimento industrial creditouse indevidamente de créditos básicos, em desrespeito à legislação do imposto; Ø Créditos Indevidos (DEMAIS MODALIDADES DE CRÉDITO) : O estabelecimento industrial calculou erroneamente créditos de IPI decorrentes de aquisições de "Kit concentrados" da empresa Recofarma, e Ø Créditos Indevidos SALDO CREDOR DE PERÍODO ANTERIOR INDEVIDO: O estabelecimento industrial creditouse indevidamente de saldo credor de período anterior, em desrespeito à legislação do imposto. A fiscalização concluiu que o procedimento correto para classificação fiscal dos kits adquiridos pela fiscalizada é a aplicação da RGI n° 1 sobre cada componente individual, e não sobre o conjunto, como fez a empresa e tendo em vista que os componentes dos kits devem ser enquadrados em códigos tributados à alíquota zero, o imposto calculado, como se devido fosse, seria zero. Assim, seria INEXISTENTE o direito a crédito de IPI decorrente das aquisições dos Kits da Recofarma. Além dos créditos indevidos decorrentes das aquisições da Recofarma, a empresa escriturou como créditos de IPI valores decorrentes da aquisição bens de consumo, a exemplo de solventes e detergentes, os quais não se prestam a ofertar créditos por não se enquadrarem como insumos. Analisando a notas fiscais de entrada, com créditos de IPI aproveitados pela fiscalizada, verificouse que ela se creditou do IPI incidente sobre a aquisição de ANTIBACTERIAL, OXONIA ATIVO, LUBODRIVE etc, que não podem ser considerados matériasprimas , pois não se incorporam aos produtos fabricados, posto que são, in facto, produtos de limpeza. Também não se prestam a material de embalagem. Quanto a serem produtos intermediários, igualmente não podem ser assim considerados, por não restar caracterizada a “ação diretamente exercida pelo insumo sobre o produto em fabricação ou deste sobre aquele”. Esses itens são, em verdade, material de consumo, não ensejando o direito ao crédito do IPI, consoante entendimento adotado pela administração tributária no Parecer Normativo da Coordenação do Sistema de Tributação n° 65/79. Procedeuse, então à reconstituição da escrita fiscal do IPI no período compreendido entre março de 2015 e dezembro de 2016. A planilha “Reconstituição da Escrita Fiscal do IPI” leva em consideração os seguintes estornos de créditos glosados nesta fiscalização: 1. a coluna “Glosas Recofarma” representa os créditos calculados sobre os Kits adquiridos da Recofarma e que não são reconhecidos pela Receita Federal; e Fl. 1036DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 4 3 2. a coluna “Glosas uso/consumo”, representa o estorno do IPI que foi aproveitado quando da entrada de bens de consumo, posto que tais aquisições não têm o condão de produzir créditos. Ainda ressaltou que a fiscalização desconsiderou o saldo credor lançado pela Norsa Refrigerantes, em sua escrita fiscal, já que o ora fiscalizado iniciou suas atividades em março de 2015, fruto de um processo de cisão com a Refrescos Guararapes, quando trouxe o saldo de IPI (de fevereiro/2015) apresentado pelo estabelecimento da Refresco Guararapes inscrito no CNPJ sob o n° 08.715.757/000416, no valor de R$ 24.516.709,06. Ocorre que aquele estabelecimento da Refrescos Guararapes sofreu idêntica fiscalização desta Receita Federal, quando se constatou a inexistência de saldo credor ao final de fevereiro de 2015. Cientificada do lançamento, a autuada apresentou impugnação, aduzindo em sua defesa as razões sumariamente expostas a seguir: ü Da responsabilidade da impugnante (terceiro adquirente do concentrado); ü Nunca existiu na lei e não existe mais sequer previsão regulamentar estabelecendo a obrigação de o adquirente verificar a correção da classificação fiscal do produto na nota fiscal; ü Os fatos geradores objeto do AUTO sob exame foram apurados sob a vigência de lei que não impõe e de RIPI (de 2010) que não mais impõe a obrigação de o adquirente examinar o acerto da classificação fiscal do produto; ü Da alteração de critério jurídico; ü A IMPUGNANTE sempre aproveitou os créditos de IPI decorrentes da aquisição de concentrados isentos para refrigerantes oriundos da Zona Franca de Manaus à alíquota prevista da posição 21.06.90.10 EX. 01 da TIPI; ü Da competência da SUFRAMA para definir a classificação fiscal dos produtos fabricados em projeto industrial aprovado para fruição de benefícios fiscais e do ato administrativo; ü Ao definir o PPB do produto incentivado, para fins de fruição de benefícios fiscais, é necessário que a SUFRAMA identifique qual é a classificação fiscal do produto incentivado, porque, para fins de IPI, definir o produto é efetuar sua classificação fiscal; ü Portanto, é inerente à sua competência para aprovação do PPB a definição da classificação fiscal do referido produto beneficiado; ü Registrese que a RFB também tem competência para definir a classificação fiscal de produtos, mas essa não é exclusiva; ü A SUFRAMA definiu a classificação fiscal para o concentrado produzido pela RECOFARMA; Fl. 1037DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 5 4 ü A própria SUFRAMA reconhece que o concentrado, por configurar "preparações químicas", pode ser entregue desmembrado em partes/kits, sem que isso desnature a sua condição de produto único (de concentrado para refrigerantes), classificado na posição 21.06.90.10 EX. 01 da TIPI/2011, qual seja, preparações compostas para bebidas com capacidade de diluição superior a 10 partes da bebida para cada concentrado por isso classificado no EX. 01, a qual tinha alíquota de 27%; ü A própria SUFRAMA confirma que a RECOFARMA continua cumprindo a classificação fiscal do concentrado; ü Dessa forma, a classificação fiscal do concentrado para refrigerantes, utilizada pela RECOFARMA, qual seja, 21.06.90.10 EX. 01 da TIPI/2011, está consubstanciada em ato administrativo vinculatório (Resolução do CAS n° 298/2007, integrada pelo Parecer Técnico n° 224/2007); ü Com efeito, pelo histórico das TIPIs, desde 1988, constatase que o concentrado para refrigerantes sempre foi classificado como uma mercadoria única constituída por diversos componentes, sendo relevante e suficiente para determinar a classificação como produto único a existência de um extrato concentrado/sabor concentrado daquela posição para que todos os demais componentes que a ele se juntem integrem o mesmo produto e sejam classificados na mesma posição; ü O item XI da Nota Explicativa referente à Regra Geral de Interpretação 3 b) também reforça o fato de que os concentrados para refrigerantes, entregues em forma de "kits", são tratados como produtos únicos, porque a sua literalidade demonstra que esses concentrados constituem mercadoria unitária, integrada por diferentes componentes; ü E a razão de ser afastada a aplicação da regra de exceção 3 b) (que determina que os produtos misturados ou sortidos devem ser classificados levando em consideração a posição da matéria ou artigo que lhe confira a característica essencial) é justamente porque já existe posição específica na legislação brasileira para os concentrados para refrigerantes da posição 22.02, qual seja, a posição 2106.90.10 EX. 01 e, pois, por essa razão deve ser aplicada a Regra Geral de Interpretação 1; ü De fato, as Notas Explicativas III, a), e IV da Regra Geral de Interpretação 1 e a Nota Explicativa X da Regra Geral 2 b) esclarecem que a aplicação da Regra Geral de Interpretação 1 se dá automaticamente quando há uma posição específica para classificar a mercadoria, sem que seja necessário recorrer às subsequentes Regras Gerais Interpretativas (2 a 6), que são subsidiárias; Fl. 1038DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 6 5 ü Destaquese ainda que há outras mercadorias que, da mesma forma que o concentrado para refrigerantes, são entregues conjuntamente, em embalagens separadas, e, a despeito disso, são classificadas em uma única posição; ü Por fim, se houvesse qualquer dúvida quanto à aplicação da posição 21.06.90.10 EX. 01 aos concentrados para refrigerantes, constante das notas fiscais emitidas pela RECOFARMA, essa deveria prevalecer por ser a classificação dada pela SUFRAMA, em ato administrativo, devendo ser aplicado ao presente caso o disposto no art. 112 do CTN; ü Da impossibilidade de exigência de multa, juros de mora e correção monetária. Em 23 de janeiro de 2018, através do Acórdão de Impugnação n° 1475.794, a 8ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Ribeirão Preto/SP, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Entendeu a Turma que: ü Na situação em comento, as notas fiscais de aquisição das mercadorias que originaram o suposto crédito, ao consignarem classificação fiscal equivocada que não se aplica ao produto comercializado, deixam de ostentar o amparo necessário ao direito pretendido pela interessada. Ainda que legítimas e idôneas, aspecto que não é alvo de embate neste processo, não possuem mais a capacidade suficiente para respaldar o crédito ficto escriturado, sendo cabível a glosa, pois não existe previsão legal para a manutenção de créditos indevidos. Principalmente por estes créditos serem incentivados, já que a saída se deu por isenção, e não houve qualquer ônus financeiro por parte da contribuinte. Admitir que uma isenção indevida possa conferir direito ao crédito do IPI resultaria em repassar ao Estado um ônus que não lhe cabe, haja vista que este ônus é inerente ao risco da atividade mercantilista; ü Quando constatado que algum procedimento ou abordagem contraria normas jurídicas, a sua alteração não se trata de mudança de critério jurídico, pois, frisese, critério jurídico supõe a adoção de uma posição interpretativa que a autoridade entenda ser a mais adequada ao caso concreto e outros similares, sem que a outra interpretação, preterida, possa ser tida como ilegal ou ilegítima. Ou seja, critério jurídico permite certa discricionariedade por parte do agente público, não se admitindo, nesta discricionariedade, interpretações que transbordem os limites impostos pelos normativos vigentes; ü Segundo a disposição do PAF, a classificação fiscal não é aspecto técnico e, desta forma, o laudo de especialistas não tem qualquer vinculação para a autoridade administrativa no que a ela se refere, pois a própria autoridade, considerando as regras aplicáveis à classificação, tem competência para formar seu juízo a respeito. Em outras palavras, o que define a classificação fiscal de um produto não Fl. 1039DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 7 6 são as características técnicas, condição esta que, aliás, também é extraída das RGI/SH (Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado) e da própria TIPI, posto que não há nenhuma menção de que as descrições contidas nos textos devam estar condicionadas às características técnicas das mercadorias como determinantes para enquadramento em um ou outro código, a não ser quando elas assim especificam; ü A alegação de que outros órgãos técnicos poderiam ser responsáveis pela classificação fiscal dos produtos é absolutamente equivocada. Tanto é que nenhuma disposição normativa que trate dessa suposta competência foi mencionada na impugnação; ü Portanto, é totalmente descabido afirmar que a SUFRAMA tenha competência para efetuar a classificação fiscal de produtos ou tenha definido a classificação fiscal dos produtos da Recofarma; ü À evidência dos fatos, improcede qualquer tentativa de conduzir a discussão em uma linha de interpretação que considere os chamados “concentrados” (kits) como mercadorias unitárias, a exemplo do que consta da impugnação; ü Não se está a discutir, a partir da classificação adotada pela contribuinte, a interpretação capaz de considerar os chamados “concentrados” (kits) como mercadorias unitárias, mas se a realidade fática atinente a essas mercadorias admite uma única classificação ou classificações individualizadas a cada componente do kit. É neste contexto que a aplicação da Regra 2.a e Regra 3.b, que mais se aproximam do intento de conferir única classificação fiscal ao kit, foi suscitada, tendoas por inapropriadas; ü A narrativa dos fatos constatados pela Fiscalização revela que a empresa Recofarma, fornecedora dos insumos (kits) empregados pelo estabelecimento industrial, não utiliza diretamente, em seu processo de industrialização, matériasprimas agrícolas e extrativas vegetais de produção regional; ü Não é a SUFRAMA que concede a isenção. Esta decorre da lei. A SUFRAMA aprova o projeto apresentado pela empresa. Somente estas empresas, cujo projeto tenha sido aprovado pela SUFRAMA, é que podem beneficiarse da isenção; ü Ocorre que o açúcar cristal e demais matériasprimas utilizadas pela Recofarma já são produtos resultantes de processo industrial, são matériasprimas industrializadas e não se constituem em “matérias primas agrícolas e extrativas vegetais de ü produção regional” a que a legislação faz menção específica. Somente poderiam ser Fl. 1040DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 8 7 ü enquadradas na tipificação legal a canadeaçúcar e a semente de guaraná matériasprimas agrícolas e extrativas regionais por excelência; ü Os produtos de limpeza não tem contato direto com o refrigerante. Deve ser observado que a legislação que rege a matéria não se refere a insumos genericamente utilizados na produção, nem ao conceito estabelecido pelos dicionários ou pela doutrina, mas especificamente ao conceito de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem usualmente adotado pela legislação do imposto. Logo, para se considerar que tais gastos ensejam em direito ao crédito, estes terão que se enquadrar em algum daqueles insumos citados (MP, ME, PI); ü Tem plena previsão legal a incidência de juros moratórios sobre a multa aplicada, visto que se trata de débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB. A empresa NORSA REFRIGERANTES S.A foi cientificada do Acórdão de Impugnação em 14/02/2018, por via eletrônica, às folhas 754. A empresa NORSA REFRIGERANTES S.A ingressou com Recurso Voluntário em 14/03/2018, folhas 756, apresentando suas razões de folhas 828 à 901. Foi alegado em síntese que: ü Da não responsabilidade da recorrente (terceiro, adquirente do concentrado) por suposto erro na classificação fiscal do concentrado; ü Da alteração de critério jurídico; ü Da competência da SUFRAMA para efetuar a classificação fiscal dos produtos fabricados em projeto industrial aprovado para fruição de benefícios fiscais e do ato administrativo; ü Da natureza do produto elaborado pela RECOFARMA como mercadoria única; ü Da classificação fiscal do produto definida pela SUFRAMA, pelas regras gerais de interpretação do sistema harmonizado e NESH; ü Da aplicação do art. 112 do CTN; ü Da ilegaiidade do Auto de Infração; ü Do direito ao crédito relativo à aquisição de insumos isentos beneficiados pela isenção do art. 9° do DL N° 288/67; ü Da coisa julgada formada no MSI N° 95.00094703; ü Do direito ao crédito relativo à isenção do art. 6° do DL N° 1.435/75; Fl. 1041DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 9 8 ü Da utilização indevida de saldo credor do período anterior; ü Da impossibilidade de exigência de multa, juros de mora e correção monetária; ü Da impossibilidade de exigência de multa; ü Dos créditos oriundos da aquisição de produtos utilizados no processo de industrialização dos refrigerantes; ü Da improcedência da exigência de juros sobre a multa de ofício exigida no auto. DO PEDIDO Pelo exposto, a RECORRENTE pede e espera que seja dado provimento ao presente recurso para reformar a DECISÃO, cancelar o auto de infração em epigrafe e extinguir o crédito tributário exigido. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 14 de fevereiro de 2018, por via eletrônica, às folhas 754 do processo digital. O recurso voluntário foi apresentado em 14 de março de 2018, sendo, portanto, tempestivo. Da controvérsia. ü Da não responsabilidade da recorrente (terceiro, adquirente do concentrado) por suposto erro na classificação fiscal do concentrado; ü Da alteração de critério jurídico; ü Da competência da SUFRAMA para efetuar a classificação fiscal dos produtos fabricados em projeto industrial aprovado para fruição de benefícios fiscais e do ato administrativo; ü Da natureza do produto elaborado pela RECOFARMA como mercadoria única; Fl. 1042DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 10 9 ü Da classificação fiscal do produto definida pela SUFRAMA, pelas regras gerais de interpretação do sistema harmonizado e NESH; ü Da aplicação do art. 112 do CTN; ü Da ilegaiidade do Auto de Infração; ü Do direito ao crédito relativo à aquisição de insumos isentos beneficiados pela isenção do art. 9° do DL N° 288/67 da coisa julgada formada no MSI N° 95.00094703; ü Do direito ao crédito relativo à isenção do art. 6° do DL N° 1.435/75; ü Da utilização indevida de saldo credor do período anterior; ü Da impossibilidade de exigência de multa, juros de mora e correção monetária; ü Da impossibilidade de exigência de multa; ü Dos créditos oriundos da aquisição de produtos utilizados no processo de industrialização dos refrigerantes; ü Da improcedência da exigência de juros sobre a multa de ofício exigida no auto. Passase à análise. DAS PRELIMINARES. Da não responsabilidade da recorrente (terceiro, adquirente do concentrado) por suposto erro na classificação fiscal do concentrado. É alegado nos itens 3.14 a 3.17 do Recurso Voluntário: Como se vê, não há na lei (art. 62 da Lei n° 4.502/64) e não existe no regulamento a obrigação de o adquirente verificar a correção da classificação fiscal do produto na nota fiscal, sendo certo que os fatos geradores objeto do AUTO foram apurados sob a vigência de lei que não impõe e de RIPI (de 2010) que não mais impõe a obrigação de o adquirente examinar o acerto da classificação fiscal do produto. No caso, há aliquota especifica de 20% prevista na TIPI para o produto da posição 21.06.90.10 EX. 01, constante da nota fiscal, e o cálculo é feito mediante simples operação aritmética: a RECORRENTE identifica a classificação fiscal indicada na nota pela RECOFARMA e verifica na TIPI qual é a aliquota prevista para tal classificação. E é incontroverso que a RECORRENTE calculou o crédito de IPI segundo a aliquota de 20%, decorrente da classificação fiscal na posição 21.06.90.10. EX. 01, feita pelo fornecedor do insumo. Portanto, como a classificação dos concentrados na posição 21.06.90.10 EX. 01 foi feita pela RECOFARMA, fornecedora do Fl. 1043DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 11 10 concentrado, e não cabe ao adquirente questionar essa classificação fiscal, a RECORRENTE agiu licita e corretamente ao calcular o crédito de IPI com base na alíquota correspondente a essa classificação fiscal. Faço minhas as palavras da Douta Procuradoria da Fazenda Nacional em sua contribuição nas Contrarrazões apresentas no Processo 11065.721801/201721, que se aplicam adequadamente a questão: A recorrente sustenta que a responsabilidade pela classificação fiscal seria exclusiva dos fornecedores, de modo que lhe deve ser reconhecido o direito à manutenção dos créditos de IPI, “posto que agiu de boafé” (fl. 470). A rigor, o cerne da demanda é o descumprimento dos requisitos legais para o aproveitamento do crédito de IPI, e não a regularidade formal do preenchimento da nota fiscal, o que conduz à rejeição da tese no particular. Não se trata propriamente de responsabilidade por infração à legislação tributária, mas do reconhecimento de que, por erro de classificação fiscal, houve apuração indevida de crédito de IPI, com repercussão na base de cálculo do imposto devido pela recorrente, na condição de contribuinte, e não de responsável. Assim, afigurase irrelevante discutir se o erro de classificação fiscal deve ser imputado em tese exclusivamente às fornecedoras dos “kits”. Constatado o erro de classificação fiscal, impõese o lançamento do tributo pela autoridade fiscal, por se tratar de atividade vinculada, nos termos do parágrafo único do art. 142 do CTN. Nessa linha, a letra do artigo 62 da Lei n° 4.502/64, onde se determina que o adquirente verifique se os produtos que tenham ingressado em seu estabelecimento e as notas fiscais que os acompanham atendem às prescrições legais e regulamentares: Art. 62. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se eles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao selo de controle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares. A Câmara Superior de Recursos Fiscais enfrentou o assunto no Acórdão n° 03 06.055, Sessão de 08 de setembro de 2008, e admitiu a aplicação do artigo 62 da Lei n° 4.502/64 em caso análogo: “O Recurso Especial do Sr. Procurador Representante da Fazenda Nacional atendeu aos pressupostos para sua admissibilidade. O apelo merece ser conhecido. No mérito, circunscreve a questão, ao meu ver, em definir a correta aplicação dos artigos 62 e 82, ambos da Lei n.° 4.502/64, que Fl. 1044DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 12 11 estabelece a obrigação do adquirente de produtos industrializados de verificar a regularidade do documento fiscal e a respectiva sanção. Passo a apreciar, então, os argumentos expendidos pelo voto vencedor do aresto em questão, que se subdividem em duas grandes linhas de raciocínio: a primeira pugna pela necessidade de prévia existência de ação fiscal contra o produtor remetente para que se possa apenar o adquirente; a segunda defende que não se podería autuar o adquirente por descumprimento das obrigações previstas no artigo 173 do RJPI/82, quando estas se referirem à classificação fiscal. Na forma do artigo 62 da Lei n.° 4.502/64, “os fabricantes, comerciantes e depositários que recebem ou adquirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se eles se acham devidamente rotulados ou marcados, ou ainda, selados se estiverem sujeitos ao selo de controle bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estes satisfazem a todas as prescrições legais”. Da alteração de critério jurídico. Os argumentos referentes a esse tópico são condensados no item 4.7 do Recurso Voluntário: 4.7. Em suma: a) o critério jurídico do lançamento efetuado em relação ao mesmo sujeito passivo somente pode ser modificado de oficio ou em consequência de decisão administrativa ou judicial para fatos geradores e/ou saldos credores de IPI posteriores à introdução do fato que ensejou a alteração do critério; b) no presente caso, o novo critério jurídico foi aplicado em relação ao período anterior a 11.09.2017, data da ciência do presente AUTO, no qual foram questionadas a natureza do produto adquirido e a sua classificação fiscal pela primeira vez em relação à RECORRENTE; e c) por conseguinte, a modificação do critério jurídico no sentido de que o produto não seria o concentrado para bebidas não alcoólicas e que haveria equivoco de classificação fiscal somente poderia ter sido introduzida para os lançamentos relativos a fatos geradores e/ou saldos credores de IPI referentes a operações posteriores ao referido marco. Não assiste razão ao Recorrente. A apontada violação do art. 146 do CTN decorreria de novo critério jurídico adotado pela autoridade fiscal, hipótese não constatada no caso dos autos. Fl. 1045DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 13 12 O fulcro da ação fiscal foi a consideração de uma situação de fato: A impossibilidade de se enquadrar os “concentrados” na classificação na posição 21.06.90.10 Ex. 01 da NCM/TIPI. A Recorrente tenta distorcer a aplicação do art. 146 do CTN, que pressupõe mesma circunstância fática, mesmo sujeito passivo e alteração do critério jurídico para os mesmos fatos geradores, o que não é o caso. Artigo 146 do CTN: Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Nas palavras da Douta Procuradoria da Fazenda Nacional em sua contribuição nas Contrarrazões apresentas no Processo 11065.721801/201721, que se aplicam adequadamente a questão: O dispositivo em comento é claro ao estabelecer o parâmetro temporal para aplicação do novo critério jurídico em relação ao mesmo sujeito passivo, qual seja: os fatos geradores futuros, isto é, ocorridos após a introdução do critério jurídico modificado. O mandamento legal pressupõe a segurança do sujeito passivo, estabilizando a intepretação jurídica dos fatos geradores que interferirão na esfera jurídica do eventual autuado. No caso em tela, não houve qualquer alteração de critério jurídico relacionado aos fatos geradores do IPI lançados contra a Ambev. Desde o início do procedimento fiscal, a autoridade lançadora demonstrou, sob a mesma premissa jurídica, que a Recorrente não poderia ter utilizado dos créditos de IPI porque eles não atendiam aos preceitos legais concessivos do benefício, notadamente as Regras Gerais de Interpretação do Sistema Harmonizado RGI/SH. A Fiscalização demonstrou que a classificação dos kits de “concentrados” adquiridos pela “engarrafadora” não poderiam ter sido classificados na posição 21.06.90.10 Ex. 01 da TIPI, fato que impossibilita a recorrente de aproveitar os créditos de IPI com alíquota de 20% (vinte por cento). Além disso, o art. 146 do CTN é aplicável quando a modificação do critério jurídico no exercício do lançamento ocorre para o mesmo sujeito passivo. A recorrente não experimentou qualquer alteração nesse sentido, tendo em vista que ela não demonstrou que foi autuada precedentemente por auto de infração que tivesse manifestado expressamente classificação fiscal diversa em relação aos “kits”.. O fato de a recorrente ter supostamente adquirido “os mesmos kits de seus fornecedores localizados na Zona Franca de Manaus, sob a mesma classificação fiscal sem sofrer qualquer tipo de questionamento configura hipótese de mero silêncio administrativo, o que não se Fl. 1046DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 14 13 confunde com adoção de critério jurídico pela autoridade administrativa. Se não houve previamente adoção de critério jurídico acerca da classificação fiscal do produto em relação ao mesmo sujeito passivo, é logicamente impossível que tenha havido posterior alteração de critério jurídico. Ademais, a tese recursal afronta os diversos precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Acórdão n° 3402004.073: Em meu entendimento, para que haja a alteração de critérios jurídicos adotados no lançamento, vedada pelo art. 146 do CTN, deve ter havido um lançamento de ofício anterior em relação aos mesmos fatos geradores cujo posicionamento se pretende alterar. Não se cogita, obviamente, a impossibilidade de o Fisco mudar os critérios jurídicos adotados pelo próprio contribuinte na atividade prévia do sujeito passivo do lançamento por homologação. Como a recorrente não especifica no recurso voluntário qual teria sido o ato administrativo anterior emitido com posicionamento divergente do presente lançamento, pelo contexto de suas alegações, entendese que a recorrente esteja se referindo à ausência de autuações anteriores para reclassificação fiscal dos denominados "kits". No entanto, o art. 146 do CTN não abriga a tese da recorrente, o que representaria uma verdadeira mordaça à fiscalização. Com bem expressou o Conselheiro Relator Antonio Bezerra Neto sobre o tema, no seu voto no Acórdão n° 1401001.649 4(' Câmara / 1 Turma Ordinária, de 8 de junho de 2016, "Se vingar esse entendimento da Recorrente, passase um atestado de onisciência para a fiscalização, ou seja, ela é obrigada a encontrar toda irregularidade existente na empresa, pois senão, nos anos seguintes, mesmo que detectado essa irregularidade o fiscal não poderia mais autuar, sob o fundamento de que estaria mudando o critério jurídico". Eventuais procedimentos fiscais anteriores efetuados em face da contribuinte e seus atos decorrentes (lançamento ou decisão motivada de não lançar) não podem ser estendidos para períodos posteriores, eis que estão vinculados aos fins para os quais foram instaurados. O procedimento fiscal não pode ser dissociado dos fatos ocorridos naquele período fiscalizado e da matéria sob investigação, além de veicular posicionamento específico de um ou mais agentes administrativos, inclusive sujeito a reforma pelos órgãos julgadores, no caso de resultar lançamento, por exemplo. Por essas razões não pode prosperar a alegação da recorrente de alteração dos critérios jurídicos adotados no lançamento a que se refere o art. 146 do CTN. Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 15 14 Acórdão n° 3402003.799: ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. ART. 146 DO CTN. NÃO OCORRÊNCIA. A alteração de critério jurídico que impede a lavratura de outro Auto de Infração diz respeito a um mesmo lançamento e não a lançamentos diversos, como aduzido neste caso. Quanto às “práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas”, cumpre assinalar que o termo “observadas”, no texto legal, tem a conotação de que a autoridade administrativa ao praticar, ou deixar de praticar um ato, ou conjunto de atos discricionários, analisouos e julgouos adequados àquela determinada situação. O termo “reiteradamente” leva ao entendimento de que a autoridade administrativa, após análise do caso concreto, julgando apropriado o procedimento adotado, repetiuo por vezes. A mera repetição, entretanto, não é suficiente. Não é qualquer ato praticado por autoridades administrativas que pode ser considerado como norma complementar. Somente os atos em relação aos quais é permitida certa discricionariedade, quando praticados reiteradamente, podem ser considerados como normas complementares nos termos do art. 100 do CTN. Por outro lado, os atos de natureza vinculada, quando praticados em desacordo com a legislação, não estão sujeitos a validação e não podem ser considerados como normas complementares. Como se pode facilmente constatar, as práticas reiteradas das autoridades administrativas nada mais são do que os usos e costumes da Administração. Nesse sentido, para que se forme uma prática reiterada devem estar presentes o uso, ou seja, a conduta reiterada (requisito objetivo) e a convicção jurídica de que aquela conduta é a que deve ser observada (requisito subjetivo). Presentes o uso e a convicção jurídica, surge a norma jurídica que deriva de longa prática uniforme, pública e geral de determinado ato, com a convicção de sua necessidade jurídica. Da competência da SUFRAMA para efetuar a classificação fiscal dos produtos fabricados em projeto industrial aprovado para fruição de benefícios fiscais e do ato administrativo; O Sistema Harmonizado é uma nomenclatura utilizada internacionalmente, como um sistema padronizado, desenvolvido e mantido pela Organização Mundial das Alfândegas (OMA), sediada em Bruxelas, da qual o Brasil é integrante e ativo participante. A Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), aplicável aos países membros do bloco desde 1995, é calcada no Sistema Harmonizado e segue rigorosamente as suas diretrizes, especialmente quanto a manter a uniformização no tratamento das transações do comércio internacional. A classificação de mercadorias, no país, como de resto toda a aplicação da legislação aduaneira, é da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma do Decreto nº 9.003, de 13/03/2017 e do Regimento Interno da Receita Federal do Brasil Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 16 15 Decreto nº 9.003, de 13/03/2017: Art. 25. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete: (...) XIX dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relacionadas com nomenclatura, classificação fiscal e econômica e origem de mercadorias, inclusive representando o País em reuniões internacionais sobre a matéria; Regimento Interno da Receita Federal do Brasil: Art. 1º A Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), órgão específico singular, diretamente subordinado ao Ministro de Estado da Fazenda, tem por finalidade: (...) XIX dirigir, supervisionar, orientar, coordenar e executar as atividades relativas a nomenclatura, classificação fiscal e econômica e origem de mercadorias, e representar o País em reuniões internacionais sobre a matéria; Para aclarar a questão, colacionase fragmento do Acórdão n° CSRF 9303 006.987 da Câmara Superior de Recursos Fiscais de relatoria do Ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas: A Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) é uma autarquia vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços que administra a Zona Franca de Manaus, com a responsabilidade de construir um modelo de desenvolvimento regional que utilize de forma sustentável os recursos naturais, assegurando viabilidade econômica e melhoria da qualidade de vida das populações locais. Assim, é natural que o mecanismo escolhido pelo legislador para demonstrar que o projeto produtivo atende à política de desenvolvimento da agropecuária e agroindústria da região tenha sido a aprovação pela SUFRAMA. Mas é a Receita Federal do Brasil, vinculada ao Ministério da Fazenda, quem tem a competência para verificar o cumprimento de todos os requisitos quando da efetiva utilização de benefícios fiscais, e cobrar os valores de imposto que sejam devidos, observando se inclusive que a Administração Fazendária e os seus servidores fiscais possuem precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei (art. 37, XVIII, da Constituição Federal). Não há que se falar em conflito entre a SUFRAMA e a Receita Federal. A autarquia, exercendo sua competência, aprovou o projeto de Recofarma, que reconhecidamente permanece válido para fins de atendimento a um dos requisitos previstos no art. 6° do Decreto Lei n° 1.435/75. O Fisco, exercendo a sua competência, analisou a legitimidade da utilização da isenção, e constatou que não foi atendida a exigência de emprego de matériaprima extrativa vegetal de Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 10480.727759/201798 Resolução nº 3302000.915 S3C3T2 Fl. 17 16 produção regional. As competências são exercidas concorrentemente, respeitandose a área de atuação de cada órgão. Esse mesmo entendimento é repisado pelos seguintes Acórdãos de Recurso Voluntário:3302003.741, 3302004.410 e 340202.934. Da utilização indevida de saldo credor do período anterior. O § 5o do artigo 6o da Portaria MF Nº 343, de 09 de junho de 2015., que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), assim determina:] Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: (...) § 5º Se o processo principal e os decorrentes e os reflexos estiverem localizados em Seções diversas do CARF, o colegiado deverá converter o julgamento em diligência para determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo na Câmara, de forma a aguardar a decisão de mesma instância relativa ao processo principal. É alegado nos itens 9.1 e 9.2 do Recurso Voluntário: A AUTORIDADE glou, na escrita fiscal da RECORRENTE, o saldo credor apurado no periodo anterior à época dos fatos geradores do presente AUTO, em razão de o estabelecimento da Refrescos Guararapes (incorporado após cisão parcial) ter sofrido idêntica fiscalização que constatou a inexistência de saldo credor ao final de fevereiro de 2015 e que resultou na lavratura do auto de infração, objeto do processo administrativo n° 10480.729138/201749. Ocorre que a discussão administrativa referente ao PA n° 10480.729138/2017 49 ainda não está encerrada e, portanto, a escrita fiscal da RECORRENTE não deve ser reconstituída até que seja confirmada, ou não, a glosa do crédito Com estas considerações, voto no sentido de determinar a vinculação dos autos e o sobrestamento do julgamento do processo. É como voto. Jorge Lima Abud. Fl. 1050DF CARF MF
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Numero do processo: 13701.000675/90-04
Turma: Terceira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 1994
Data da publicação: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 1994
Ementa: IPI - COSMÉTICOS - CLASSIFICAÇÃO FISCAL NA TIPI - Os Certificados de Registros de produtos, expedidos pelo Ministério da Saúde, através da Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Cosméticos - DICOP devem ser considerados, eis que se trata de Órgão técnico que analisa a composição química de cada um deles. Assim, como nos produtos certificados constam as expressões "produtos de higiene", "produtos desodorantes", "desodorante colônia" e que é "destinado a perfumar o corpo e combater os odores da transpiração", é óbvio que se trata de desodorante sendo, pois, correta a classificação fiscal adotada pela Recorrente. Recurso provido.
Numero da decisão: 203-01939
Nome do relator: MAURO JOSE SILVA
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SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo n" : 13701.000675/90-04 Sessão de 06 de dezembro de 1994 Acórdão o" : 203-01.939 Recurso n" : 90.041 Recorrente : DCN - PRODUTOS DE BELEZA LTDA. Recorrida : DRF no Rio de Janeiro - RJ IPI - COSMÉTICOS - CLASSIFICAÇÃO FISCAL NA TIPI - Os Certificados de Registros de produtos, expedidos pelo Ministério da Saúde, através da Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Cosméticos - DICOP devem ser considerados, eis que se trata de Órgão técnico que analisa a composição química de cada uni deles. Assim, como nos produtos certificados constam as expressões "produtos de higiene", "produtos desodorantes", "desodorante colônia" e que é "destinado a perfumar o corpo e combater os odores da transpiração", é obvio que se trata de desodorante sendo, pois, correta a classificação fiscal adotada pela Recorrente Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por DCN - PRODUTOS DE BELEZA LTDA. ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em dar provimento ao reclino. Sala das Sessões, em 06 de dezembro de 1994 foi.) Osv. io Josl4 e Souza • esidente -.6111111111" •tp , jt A e br; ilewski MEV Pei?„ :kk VI:IL Link_aria Vant Diniz ElaLÁ eiráaturadora - Rtpresentante da Fazenda Nacional VISTA EM SESSÃO DE é • Participaram, ainda, cio presente julg'amento; os Conselheiros Ricardo Leite Rodrigues, Miaria Thereza Vasconcellos de Almeida, Sérgio Afanasieff, Tiberany Ferraz dos Santos, Celso Angelo Lisboa Gallueci ve ;Sebastião Borges Taquary. ih /5 a #' k „ MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES : Processo n" : 13701.000675/90-04 Acórdão n" : 203-01.939 Recurso n 90.041 Recorrente DCN - PRODUTOS DE BELEZA LTDA, RELATÓRIO Por bem descreveras fatos em exame no presente processo, adoto e transcrevo, a seguir, Relatório de fls. 94/97 que compõe a decisão recorrida "Contra a firma identificada acima foi lavrado o auto de infração n 6380/90, à fl. 02, por haver a fiscalização apurado, no exame de sua escritura fiscal, que a mesma adquiriu da empresa RAMA FYTOCOSMETICA PRODUTOS COSMÉTICOS LTDA., no período de janeiro/86 a maio/90, produtos tributados sem o correto lançamento do imposto nas respectivas Notas-Fiscais, em decorrência de utilização de classificação fiscal errônea, e sem que o fato tenha sido comunicado por carta ao remetente das mercadorias, conforme preceitua o art. 173 do RIPI/82. A autuada apresentou tempestivamente sua iinpugnação às Ils. 56/61, alegando em síntese que: a) o autuante não desdobrou o crédito por itens, dificultando, com isso, o conhecimento do crédito exigido unicamente sobre o produto denominado "Afiei- Shave Leopardo", b) não há como confundir desodorante corporal com água de colónia. O primeiro é classificado como produto de higiene e o segundo como perfume_ Os produtos "DEO COLÔNIA" foram registrados e classificados pelo D1COP - Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Cosméticos (Ministério da Saúde) como produtos de higiene e não como perfumes, pois contém urna substância ativa denominada TRGASAN DP 300, que favorece a eliminação das bactérias residentes na pela e que é amplamente utilizada como agente bacteriostático na formação de desodorantes corporais, substância essa não encontrada na formulação dos perfilmes, c) para a classificação correta, perfeita e adequada de determinados produtos, sujeitos a registros e licenças, exigidos por lei ordinária, existem algumas regras especificas, dentre as quais a Norma de Execução CST n't 32/85, Áue estabeleceu rotina administrativa para formalização e tramitação de consultas sobre classificação fiscal de mercadorias. Em seu item 5 aquela norma preceitua que: 2 tat, MINISTÉRIO DA FAZENDA 1511. P iLi," ! SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Lt...;1?). Processo n° : 13701.000675/90-04 Acórdão n" : 203-01,939 "Quando se tratar de classificação de produtos cuja industrialização, comercialização, importação, etc., dependem de autorização do Órgão especificado em Lei, deverá ser apresentada cópia do Registro do Produto ou Documento equivalente no Órgão competente". Isto vale dizer que a classificação fiscal será feita seguindo-se norma de classificação do órgão técnico competente; d) os certificados de registros emitidos pelo DICOP e seus respectivos dados técnicos trazem aos autos a necessária e suficiente prova de que os produtos adquiridos pela DCN Produtos de Beleza Ltda, receberam classificação fiscal absolutamente correta, ao contrário do alegado pelo Sr. autuante, que não trouxe aos autos qualquer prova para descaracterizar o enquadramento e a finalidade precípua dos produtos adquiridos razão pela qual deve o auto de infração ser declarado subsistente (à exceção da parte relativa ao produtos AVIER SUAVE LEOPARDO) O autuante apresentou sua réplica as fls. 82/86, esclarecendo que. a) contrariamente ao alegado pela autuada, verifica-se na prática a total insegurança da empresa fornecedora quanto à classificação fiscal adotada, em determinado instante utiliza uma classificação cuja aliquota na TIPI é de 10% e aplica uma aliquota de 77% e em outro instante, utiliza uma classificação com a aliquota na TPI de 77% e aplica uma aliquota de 10% (ver Notas-Fiscais n's 1847, 1849, 1856, 1858, 1859, 1862, 1863, 1871, 1872, 1873, 1902, 1903, 1904, 1908, 1912, 1916, 1918, 1932, 1933, 1935, 1936, 1937, 1940, 1941, 1945, 1946, 1949 e 1955, b) não é correta a afirmativa da autuada de que a NE CST 32/85 estabelece que a classificação fiscal devera ser feita seguindo-se norma de classificação do órgão técnico competente. Na verdade a citada NE estabelece rotina administrativa para formalização e tramitação de consultas sobre classificação fiscal de mercadorias. Assim, a apresentação de cópia do registro do produto do órgão competente servirá, tão somente, para subsidiar a decisão no processo de consulta e, embora seja uma condição essencial, não é, por si só, determinante da classificação fiscal a ser adotada. c) a DICOP não é o órgão responsável pela classificação fiscal dos produtos. Originalmente, ela compete ao próprio contribuinte que, em caso de dúvida, pode recorrer ao Departamento da Receita Federal através de processo de consulta; 3 4tv:à 1-A MINISTÉRIO DA FAZENDA ». SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 444, 4. Processo n" : 13701.000675190-04 Acórdão n" : 203-01.939 d) os produtos objeto de autuação estão corretamente registrados na D1COP como desodorante colônia, como atestam os documentos fornecidos por aquele órgão. Em momento algum foi questionada a veracidade e a legitimidade do registro dos produtos junto à D1COP, posto que essa competência é inerente ao órgão do Ministério da Saúde, fora, portanto, das atribuições de um auditor fiscal. O que se está discutindo, com tudo, nesse caso, é tão somente a classificação fiscal adotada relativamente aos produtos saídos do estabelecimento industriai, identificados pelas Notas-Fiscais de saida (fls. 23 a 50) e seus respectivos rótulos (lis. 80). Os produtos saídos do estabelecimento não se identificam com aqueles registrados na D1COP. e) além disso, a D1COP exige para sua aprovação que os rótulos dos produtos objeto do auto de infração tenham a expressão DESODORANTE colocada de maneira clara e bem visível, de fácil leitura, para não induzir a erro o consumidor final, o que não foi praticado pela autuada, corno se verifica através do exame dos modelos de rótulos utilizados (fls. 80); O a classificação fiscal dos produtos denominados "Deo Colônia" deve ser feita corno base nos critérios expedidos nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, relativas ao capitulo 31 Referidas notas esclarecem que os produtos das posições 3303 a 3307 classificam-se por estas posições quando se apresentam acondicionados para venda ao consumidor, indicando por meio de etiquetas, impressos ou de outro modo, que se destinam a empregar-se como produtos de perfumaria, de toucador, como cosméticos ou como desodorantes. Verifica-se, assim, a importância das informações contidas nos rótulos. No caso em questão, os produtos objeto de atuação estão, efetivamente, registrados no órgão competente, cumprindo, dessa forma, um dos requisitos necessários à correta classificação fiscal. No entanto, conforme se pode observar pelos rótulos apresentados à fl. 80, uma condição essencial ; para fins de classificação fiscal, não foi atendida: a) obrigatoriedade de constar do rótulo a correta indicação do produto, no caso presente a indicação de que o produto é um desodorante, conforme, aliás, consta dos rótulos aprovados pela D1COP, às fls. 65 e 69; g) pelo exposto, deve o auto de infração ser mantido integralmente, com a recomendação ao órgão local para proceder à cobrança do débito correspondente à parte não impugnada (relativa ao produto AFTER SHAVE LEOPARDO). Diante da natureza do problema constante do presente processo, foi o mesmo encaminhado pela SECJTD/DIVTRYDRF-R1 à DIVTRUSRRF/T RF em I 7.12.91, para que se pronunciasse quanto à correta classificação fiscal dos produtos Deo Colônia 'figreza Deo Colônia Leopardo, Deo Colônia Elle e Deo 4 41:111 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo n" : 13701.000675/90-04 Acórdão n° : 203-01.939 Colônia Ella, o que foi feito na Informação NBM/DIVTRI/73 n° 004/92, às fls. 87/91." Na mencionada decisão de primeira instância administrativa, o Delegado da Receita Federal no Rio de Janeiro, às fls. 94/98, julgou procedente a ação fiscal, baseando-se nos seguintes considerando: CONSIDERANDO que o procedimento fiscal obedeceu as normas vigentes aplicáveis á espécie, estando as infrações devidamente descritas e caracterizadas no auto de infração às fls. 02; CONSIDERANDO o disposto na Informação NI3M/DIVTRI/7° RF n' 004/92, as fls. 87/91, onde esta indicada a correta classificação fiscal dos produtos Deo Colónia Tigreza, Deo Colônia Leopardo, Deo Colônia Elle e Deo Colônia Ella; CONSIDERANDO nada haver a autuada questionado, em sua impugnação, quanto à parte do auto de infração relativa ao produto After Shave Leopardo; CONSIDERANDO que as razões de defesa trazidas ao processo não suficientes para ilidir o feito, refutadas que foram, minuciosamente, na informação fiscal apresentada pelo autuante, às fls. 56/61; CONSIDERANDO que, assim, não só se exime a autuada de responder pelos ilícitos fiscais apurados neste processo CONSIDERANDO que a autuada é primária (fls. 93); e CONSIDERANDO tudo o mais que do processo consta." Inconformada, recorre a atuada, tempestivamente, a este Conselho, fls. 102/109, alegando, em síntese, que: a) os produtos saídos do estabelecimento identificam-se com aqueles registrados na DICOP, o que pode ser verificado, confrontando-se o número do registro constante do certificado e o número constante da embalagem aprovada e recebida pela recorrente; b) os produtos em causa foram classificados corretamente pela DICOP, não havendo qualquer dúvida que levasse o fabricante a consultar a Receita Federal por não saber onde enquadrar o produto "desodorante"; 5 1%6 • - MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo n" : 13701.000675/90-04 Acórdão n" : 203-01.939 c) os produtos foram adquiridos pela recorrente, de boa-fé, não havendo qualquer motivo que a levasse a pensar em irregularidades no documento fiscal emitido pelo fornecedor, d) tendo agido de boa-fé, não havia razão plausivel que justificasse à recorrente socorrer-se do disposto no § 3° do artigo 173 do R1P1, e) houve precipitação, por parte da fiscafização, ao autuar a recorrente antes de ter sido prolatada decisão irrecorrivel concluindo pela classificação errada fornecida pela D1COP. Esclareça-se que o autuante tinha conhecimento do auto de infração lavrado contra o fabricante dos produtos fornecidos à empresa autuada, relativamente à questão da classificação fiscal, e o respectivo processo ainda ato tem decisão irrecorriveL Ao final, reportando-se a todos os argumentos expendidos, solicita a recorrente a reforma da decisão de primeira instância administrativa. É o relatório. .i t) MINISTÉRIO DA FAZENDA ., . , . SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES • .. Processo n° : 13701.000675/90-04 Acórdão n° : 203-01.939 VOTO DO CONSELILEIRO-RELATOR MAURO WASILEWSKI O objeto da pendenga fiscal é relativo à classificação fiscal dos produtos que a Recorrente adquire, para comercialização, os quais o AFTN autuante entendeu como "água-de- colônia" e o contribuinte como "desodorante corporal". Todavia, em seu parecer (fls. 87 a 90), a NBM/DIVTRI/7" RF entendeu que ambos estão errados, sugerindo que os mesmos sejam classificados na TIPI como "outros produtos ...". Por outro lado, o julgador singular, com uma fundamentação bastante exígua 1 e com pouco conteúdo, julgou procedente o feito fiscal. Inclusive num dos considerandos, refere-se à correção da informação NBM/DVTRI/7" RF e em outro ("considerando") diz que a informação fiscal não foi refutada, apesar da discrepância da classificação fiscal entre ambos. Contrapondo-se á juntada de parte de embalagens pelo Fisco (fls. 80) onde não aparece a expressão "desodorante", nas embalagens apresentadas pela Recorrente (fls. 118) está expresso tratarem-se de "desodorante colônia". Assim, tratando-se de matéria que envolve conhecimento técnico dos produtos, afigura-se mais coerente considerar o entendimento do Ministério da Saúde, através da Divisão Nacional de Vigilância Sanitária de Cosméticos - DICOP, entendimento esse que deflui dos Certificados de Registro de Produto (fls. 62 a 71), onde está mencionado que o grupo principal é "produtos desodorantes" e o grupo complementar é "desodorante colônia", que é "destinado a perfumar o corpo e combater os odores da transpiração" e, ainda, num dos Certificados que se trata de "produtos de higiene". Diante do exposto e do mais que constam dos autos, conheço do Recurso c dou-lhe provimento total, alertando que parte do feito fiscal não foi impugnada nem recorrida pela contribuinte. Sala.. : -ssões, e' 06 de dezembro de 1994j/fir / • O WASILEWSKIi _-- 7 //,
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Numero do processo: 10711.006342/2007-55
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 29/12/2005
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CERÂMICA CARBOLITE, PRODUTO COMPOSTO DE MULITA.
Em razão do disposto na Nota Explicativa nº 01 do Capítulo 25, os produtos que, embora compostos de mulita, sejam resultantes de uma mistura, não nas se incluem nas posições do referido capítulo.
Correta a classificação fiscal realizada pela fiscalização no código 3824.90.79.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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Recorrente BJ QUÍMICA DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 29/12/2005 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CERÂMICA CARBOLITE, PRODUTO COMPOSTO DE MULITA. Em razão do disposto na Nota Explicativa nº 01 do Capítulo 25, os produtos que, embora compostos de mulita, sejam resultantes de uma mistura, não nas se incluem nas posições do referido capítulo. Correta a classificação fiscal realizada pela fiscalização no código 3824.90.79. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Alan Tavora Nem, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora) e Carlos Alberto da Silva Esteves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 1. 00 63 42 /2 00 7- 55 Fl. 607DF CARF MF 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ, às fls. 91/92 dos autos: Trata o presente processo de quatro autos de infração. O primeiro auto trata do Imposto de Importação, juros de mora, multa de oficio e multa por classificação fiscal incorreta (fls. 0107) em decorrência de classificação fiscal incorreta de mercadoria. Valor da autuação R$ 7.203,51. O segundo auto trata do Imposto sobre Produtos Industrializados, juros de mora e multa de oficio (fls. 0811) em decorrência de classificação fiscal incorreta de mercadoria. Valor da autuação R$ 7.586,73. Os terceiros e quarto autos de infração tratam respectivamente das contribuições sociais Cofins e PisPasep incidentes na importação (fls. 1317 de R$ 228,83 e 1822 de R$ 49,70). Seguem as alegações da fiscalização aduaneira. A empresa autuada, mediante a DI n° 05/14215024, importou a mercadoria descrita na adição 01 como "NOME COMERCIAL: CERAMICA CARBO LITE 16/20 QUALIDADE DE USO: AGENTES DE SUSTENTAÇÃO DE FRATURAS DE POÇOS DE PETROLEO TEOR DE PUREZA: NÃO AVALIAVEL ESTADO FISICO: SOLIDO" e classificou a mercadoria no código 2508.60.00. Retirada amostra do produto e emitido laudo técnico Labor, a mercadoria foi identificada como "Preparação química à base de óxidos de alumínio, silício, titânio e ferro", classificável no código 3824.90.79. Intimada a empresa autuada (fl. 53), ingressou a mesma com a impugnação de fls. 5476. Seguem as alegações da empresa. A classificação pretendida pelo fiscal elimina a possibilidade de a cerâmica ser tipificada em qualquer uma das posições correspondentes aos produtos do capitulo 25 da TEC, posicionamento inadmissível ante ao fato de que cerâmicas são produtos típicos, perfeitamente classificáveis no capitulo 25, mormente, como mulita. Inconformada com a classificação pretendida pela fiscalização que, equivocadamente enquadrara os produtos no Capitulo 38 da TEC, a impugnante, demonstrando sua boafé em definir a natureza do produto, encomendou dois laudos técnicos de laboratórios e profissionais distintos. As folhas 5860, transcreve trechos dos Laudos. A Nesh referente ao Capitulo 25 afirma a possibilidade da inclusão de produtos calcinados nas Posições do Capitulo. O Laudo técnico em anexo à impugnação conclui que a mercadoria é um caulim calcinado, sendo que a mulita se origina da calcinação do caulim. Logo, a Nesh do Capitulo 25 é totalmente inaplicável ao caso em questão uma vez que a mulita não passa por qualquer processo de calcinação, apenas decorre da calcinação do caulim. O caulim calcinado se apresenta na forma de mulita e tal substância está expressamente prevista na posição 2508. Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10711.006342/200755 Acórdão n.º 3002000.409 S3C0T2 Fl. 608 3 O Conselho de Contribuintes já decidiu pela prevalência do Laudo dos profissionais especializados em caso de discordância com o Laudo da fiscalização. Alega já haver importado mercadorias sob o código constante na DI sem qualquer questionamento por parte da Alfândega, muitas vezes até com análise documental e verificação física, inclusive na DI do caso em questão. O artigo 146 do CTN veda a mudança de critério jurídico. Alega a boa fé e o artigo 100 do CTN. Defende a aplicação do artigo 112 do CTN. Solicita a improcedência da autuação. Protesta pela intimação em endereço indicado à folha 76. Solicita pela produção de provas em direito admitidas. Indica perito e quesitos. A folha 172, encaminhouse o processo para julgamento e informouse a tempestividade da impugnação. Juntada de documentos à folha 173192. À sua manifestação de inconformidade, o contribuinte anexou os seguintes documentos: i) cartão de CNPJ e atos constitutivos e de representação da empresa (fls. 159/196); ii) auto de infração (fls. 201/245); iii) laudo de análise elaborado pelo Ministério da Fazenda (fl. 247); iv) outros documentos relacionados à importação da mercadoria (fls. 251/194); v) informações prestadas pelo fabricante da mercadoria importada, com a respectiva tradução juramentada (fl.295/315); vi) laudo elaborado pelo Dr. Amílcar Pereira da Silva Filho (fls. 319 a 323) e iv) laudo elaborado pelo laboratório "Analytical Solutions" (fls. 327/345). Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, por unanimidade de votos, julgar procedente o lançamento (fls.395/408), sob o fundamento de que os laudos apresentados pelo contribuinte não afastaram as conclusões atingidas pelo laudo da fiscalização, tendo, pelo contrário, corroborado com elas, visto que o produto em questão corresponde a uma mistura/preparação, razão pela qual não poderia ser classificada nas posições do capítulo 25 da TEC. A partir da análise das posições apontadas pela fiscalização e pelo contribuinte como corretas, bem como dos laudos elaborados por ambas as partes e, também, analisadas as regras para interpretação do sistema harmonizado, a primeira instância concluiu que a posição apontada pela fiscalização para a classificação fiscal da mercadoria estaria correta. Rejeitou o argumento de que o costume de importar a mercadoria sob o mesmo código constante da DI sob análise representaria norma complementar (art. 100 CTN), sob o fundamento de que tal fato não gera direito adquirido e que a administração tem direito de rever seus atos. Sobre a aplicação do artigo 112 do CTN, o acórdão consignou não existir dúvida a autorizar tal procedimento. Entendeu, como consequência de considerar a classificação fiscal incorreta, existir diferença de tributo a ser recolhida junto com multa de ofício e juros de mora, nos termos da autuação. O acórdão afastou, ainda, a aplicação do artigo 146 do CTN, sob fundamento de que o despacho aduaneiro não constitui declaração expressa de homologação nem implica em adoção de critério jurídico. Consignou que, nos termos do artigo 54 do Decretolei 37/66, com a redação dada pelo artigo 2º do Decretolei 2.472/88, o Fisco pode reexaminar, no prazo de 05 Fl. 609DF CARF MF 4 (cinco) anos, a partir do registro da DI, as informações prestadas pelo importador na ocasião do despacho aduaneiro para verificar a regularidade do pagamento do imposto. O contribuinte foi intimado acerca desta decisão em 19/05/2009 (vide AR à fl. 410 dos autos) e, insatisfeito com o seu teor, interpôs, em 18/06/2009, Recurso Voluntário (fls. 418/450). Em seu recurso, o contribuinte alegou que o acórdão deve ser reformado por se basear em premissas equivocadas. Argumentou que: i) a posição por ele adotada é a correta por ser mais específica para o produto do que a posição indicada pelo Fisco; ii) conforme os laudos acostados à impugnação, foi constatada, no produto, a presença de mulita, que decorre do processo de calcinação do caulim, sendo este produto classificado no capítulo 25, sob o código 2508.60.00; iii) com base nas regras de interpretação do sistema harmonizado e nas notas explicativas ao capítulo 25 da TEC, a correta classificação do produto é a apontada pelo contribuinte; iv) a recorrente encomendou um terceiro parecer técnico elaborado com base em laudo da USP, dos quais requer a juntada, e pede que sejam apreciados em homenagem ao princípio da verdade material; v) a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se manifestou pela possibilidade de apresentação de laudos técnicos em fase de recurso; vi) em caso de conflito entre parecer técnico da Receita Federal e parecer elaborado por profissionais especializados, deve prevalecer este último, consoante entendimento do Conselho de Contribuintes. Pediu, ao fim, a reforma do acórdão para que sejam anuladas as exigências de II, IPI, PISimportação, COFINSimportação e respectivas multas, considerandose a flagrante improcedência da autuação, conforme laudos técnicos de renomados laboratórios do País. Acostou, com o recurso, procuração e atos societários (fls. 456/488 e 573/604) e parecer técnico (fls. 492/566). Os autos, então, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. É o relatório. Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora: O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Consoante acima narrado, a presente contenda versa sobre a correta classificação fiscal do produto objeto da presente autuação, conforme descrição a seguir, realizada pelo contribuinte: "NOME COMERCIAL: CERAMICA CARBO LITE 16/20 QUALIDADE DE USO: AGENTES DE SUSTENTAÇÃO DE FRATURAS DE POÇOS DE PETRÓLEO TEOR DE PUREZA: NÃO AVALIÁVEL ESTADO FÍSICO: SÓLIDO". O contribuinte classificou tal produto no código 2508.60.00 da Tarifa Externa Comum (incidência de 4% de II e 0% de IPI), ao passo que a fiscalização entendeu que a classificação correta seria a descrita no código 3824.90.79 da TEC (incidência de 14% de II e 10% de IPI), em razão do laudo técnico elaborado pelo LABOR que identificou a mercadoria como "Preparação química à base de óxidos de alumínio, silício, titânio e ferro". Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10711.006342/200755 Acórdão n.º 3002000.409 S3C0T2 Fl. 609 5 Para que melhor se compreenda o cerne da discussão, transcrevo a seguir o teor das referidas classificações fiscais, extraída da TIPI aprovada por meio do Decreto nº 4.542/2002, vigente à época do fato gerador em questão, ocorrido em 29/12/2005: 25.08 OUTRAS ARGILAS (EXCETO ARGILAS EXPANDIDAS DA POSIÇÃO 68.06), ANDALUZITA, CIANITA, SILIMANITA, MESMO CALCINADAS; MULITA; BARRO COZIDO EM PÓ (TERRA DE "CHAMOTTE") E TERRA DE DINAS 2508.60.00 Mulita *** 38.24 AGLUTINANTES PREPARADOS PARA MOLDES OU PARA NÚCLEOS DE FUNDIÇÃO; PRODUTOS QUÍMICOS E PREPARAÇÕES DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS OU DAS INDÚSTRIAS CONEXAS (INCLUÍDOS OS CONSTITUÍDOS POR MISTURAS DE PRODUTOS NATURAIS), NÃO ESPECIFICADOS NEM COMPREENDIDOS EM OUTRAS POSIÇÕES 3824.90 Outros 3824.90.7 Produtos e preparações à base de elementos químicos ou de seus compostos inorgânicos, não especificados nem compreendidos em outras posições 3824.90.79 Outros Ao analisar o caso, a DRJ entendeu que a classificação indicada pela fiscalização seria a correta, visto que a Nota nº 01 do capítulo 25, abaixo transcrita, vedaria a inserção nas posições do capítulo de misturas: Notas de Capitulo 1. Salvo disposições em contrário e sob reserva da Nota 4 abaixo, apenas se incluem nas posições do presente Capítulo os produtos em estado bruto ou os produtos lavados (mesmo por meio de substâncias químicas que eliminem as impurezas sem modificarem a estrutura do produto), partidos, triturados, pulverizados, submetidos à levigação, crivados, peneirados, enriquecidos por flotação, separação magnética ou outros processos mecânicos ou físicos (exceto a cristalização). Não estão, porém, incluídos os produtos ustulados, calcinados, resultantes de uma mistura ou que tenham recebido tratamento mais adiantado do que os indicados em cada uma das posições. Destacou, inclusive, que a empresa autuada não contestou o fato do produto em tela corresponder a uma mistura e que os laudos anexados ao processo confirmariam essa informação. É o que se extrai da passagem a seguir colacionada, extraída da decisão recorrida: Fl. 611DF CARF MF 6 (...) Em seu recurso voluntário, o contribuinte volta a defender que a classificação por ele adotada seria a correta, trazendo, em resumo os seguintes fundamentos: (i) a posição 2508.60.00 é mais específica para o produto do que a posição indicada pelo Fisco, razão pela qual deveria prevalecer; ii) conforme os laudos acostados à impugnação, foi constatada, no produto, a presença de mulita, que decorre do processo de calcinação do caulim; iii) com base nas regras de interpretação do sistema harmonizado e nas notas explicativas ao capítulo 25 da TEC, a correta classificação do produto é a apontada pelo contribuinte; iv) a recorrente encomendou um terceiro parecer técnico elaborado com base em laudo da USP, dos quais requer a juntada, e pede que sejam apreciados em homenagem ao princípio da verdade material; v) a Câmara Superior de Recursos Fiscais já se manifestou pela possibilidade de apresentação de laudos técnicos em fase de recurso; vi) em caso de conflito entre parecer técnico da Receita Federal e parecer elaborado por profissionais especializados, deve prevalecer este último, consoante entendimento do Conselho de Contribuintes. Da análise do recurso voluntário interposto, portanto, verificase que o contribuinte não se insurgiu quanto ao principal fundamento constante da decisão recorrida no sentido de que o produto importado corresponde a uma mistura. Insistiu em defender que a classificação fiscal adotada por ele estaria correta visto que o produto seria composto primordialmente por mulita, sem, contudo, justificar porque a Nota nº 01 do capítulo 25 que Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10711.006342/200755 Acórdão n.º 3002000.409 S3C0T2 Fl. 610 7 afasta a possibilidade de classificação neste capítulo de produtos resultantes de misturas deveria ser desconsiderada. Conforme laudos anexados pelo contribuinte aos presentes autos, não restam dúvidas que o produto importado possui mulita em sua composição. Ocorre que os referidos laudos constataram, além da mulita, a presença de outras substâncias, levando à conclusão de que corresponde a uma mistura, o que impossibilitaria o seu enquadramento no capítulo 25, como pretendido pelo contribuinte, em razão do disposto na Nota nº 01 já referida. Ademais, entendo que o terceiro laudo técnico elaborado pelo Laboratório de Análises da Universidade de São Paulo USP trazido aos autos pelo contribuinte quando do Recurso Voluntário, cuja análise poderá ser admitida no presente caso e será realizada nesta oportunidade, não lhe socorre quanto à sua pretensão. Para que se possa compreender a análise que aqui se faz, trazse à colação a conclusão constante do referido laudo: Como se vê, o referido laudo concluiu que o produto é formado preponderantemente, e não exclusivamente, como mulita. Nesse contexto, ao meu ver, não logra modificar a conclusão a que chegou a DRJ na decisão recorrida de que o produto corresponde a uma mistura. Inaplicável, portanto, o art. 30 do Decreto nº 70.235/1972, como pretendido pela Recorrente. Por outro lado, quanto à parte constante do laudo apresentado em que aponta que a posição 2508.60.00 corresponderia à correta classificação fiscal do produto, penso que esta passagem deverá ser desconsiderada. Isso porque, entendo que o laudo deverá limitarse à análise das características técnicas do produtos, para que a classificação fiscal possa ser corretamente identificada pelo órgão competente para fazêlo. Eventual classificação fiscal apontada em laudo técnico elaborado por um laboratório, decerto não vincula este Colegiado, a quem compete a análise e aplicação das normas que versam sobre classificação fiscal. Nesse sentido, assim dispõe o parágrafo 1º do art. 30 do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: Fl. 613DF CARF MF 8 § 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos. Diante das razões acima expostas, entendo que o contribuinte não logrou comprovar no presente caso que o produto em tela não corresponde a uma mistura. Ao contrário, trouxe aos autos laudos técnicos que levam justamente à conclusão oposta. E, face à disposição expressa na Nota nº 01, não há como enquadrar o produto resultante de uma mistura no referido capítulo. De outro norte, na mesma linha das razões constantes da decisão recorrida, cujos fundamentos transcrevo a seguir, adotandoos como razão de decidir, entendo correta a classificação fiscal indicada pela fiscalização, no código 3824.90.79, diante da impossibilidade de classificar o produto em tela no capítulo 25, que leva, invariavelmente, à inexistência de classificação fiscal mais específica: A Nota n° 1 do Capitulo 38 (Id razão ao procedimento da fiscalização aduaneira, uma vez que prevê que produtos de constituição química definida não são classificáveis no Capitulo 38, o que, a contrario sensu, quer dizer que produtos que não são de constituição química definida devem ser ali classificados., CAPÍTULO 38 PRODUTOS DIVERSOS DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS Notas de Capitulo 1.0 presente Capitulo não compreende: a)os produtos de constituição química definida, apresentados isoladamente, exceto os seguintes: (.) Conforme o Laudo Técnico de folhas 24, a mercadoria não tem constituição química definida, uma vez que é uma mistura (preparação) de quatro tipos diferentes de óxidos. A Nota Explicativa do Sistema Harmonizado do Capitulo 38 é ainda mais explicita ao afirmar que não são classificados ali os produtos de composição química definida apresentados isoladamente, sendo que a mercadoria em questão é uma mistura de vários tipos de óxidos, todos misturados. (grifos nossos). Considerações Gerais Página 553 (IN 123/98): Este Capitulo abrange um número considerável de matérias pertencentes ao domínio das indústrias químicas ou das indústrias conexas. Não compreende os produtos de composição química definida, apresentados isoladamente (que se incluem, em geral, nos Capítulos 28 ou 29), com exceção, porém, dos produtos enumerados na seguinte lista limitativa: Por força da Regra n° 1 do Sistema Harmonizado, a mercadoria descrita no Laudo Técnico corresponde à Posição 3824 — Produtos químicos e preparações das indústrias químicas ou das indústrias conexas (incluídos os constituídos por misturas de produtos naturais, não especificados nem compreendidos em outras posições). Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10711.006342/200755 Acórdão n.º 3002000.409 S3C0T2 Fl. 611 9 Como nenhuma subposição descrevia a classificação de preparações à base de óxidos, deve ser adotada a subposição 90 (3824.90). Dentro da subposição 90, deve ser adotado o item 7, uma vez que óxidos são elementos químicos inorgânicos e nos outros itens não havia previsão de classificação. E, finalmente, dentro do item 7 (3824.90.7) deve ser adotado o subitem 9 (3824.90.79), uma vez que nenhum dos subitens anteriores previa a classificação dos tipos de óxido descrito no Laudo de folhas 81. Correta, portanto, a classificação adotada pela Fiscalização Aduaneira. Há de se destacar, inclusive, que este Conselho já teve a oportunidade de analisar a classificação fiscal deste produto em auto de infração lavrado em face deste mesmo contribuinte, tendo concluído, da mesma forma, pela correção da classificação fiscal indicada pela fiscalização, constante do código 3824.90.79. É o que se extrai da ementa a seguir colacionada: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 17/04/2001 Apresentação de Laudo Técnico na Fase Recursal A faculdade de determinar, de ofício, a realização de diligência ou perícia, por via oblíqua, autoriza que, excepcionalmente, se conheça de laudo técnico juntado aos autos juntamente com o recurso voluntário. Atentaria contra a economia processual converter o julgamento em diligência para que fossem realizados novos exames a fim de apurar aquilo que o sujeito passivo já realizou ou, o que seria mais grave, determinar a juntada aos autos daquilo que já se encontra juntado. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 17/04/2001 MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INOCORRÊNCIA A correção de ofício da classificação fiscal fornecida pelo sujeito passivo, levada a efeito em sede de Revisão Aduaneira, realizada nos contornos do art. 54 do Decretolei nº 37, de 1966, segundo a redação que lhe foi fornecida pelo Decretolei nº 2.472, de 1988, não representa retificação do lançamento em razão de erro de direito ou de mudança de critério jurídico, não afrontando, consequentemente o art. 146 do Código Tributário Nacional. Tratandose de correção de informação prestada pelo sujeito passivo, tal procedimento encontra pleno respaldo no art. 149, IV do mesmo Código Tributário Nacional. Ademais, não se pode falar em mudança de critério jurídico se a identificação e a classificação fiscal da mercadoria foram referendadas pelo Fisco, que só entregou a mercadoria mediante a retirada de amostra e assinatura de termo de responsabilidade. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 17/04/2001 Carbolite. Classificação Produto comercialmente denominado Carbolite, composto de Mulita, obtida artificialmente por meio de processo de calcinação, e Sílica como criatobalita, classificase no código 3824.90.79 da Nomenclatura Comum do Mercosul. MULTA DE OFÍCIO DE 75% EM RAZÃO DE INEXATIDÃO NA DECLARAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CABIMENTO. Fl. 615DF CARF MF 10 A inexatidão da classificação fiscal, principalmente quando acompanhada da descrição equivocada e insuficiente da mercadoria, inserese no universo das condutas puníveis com a multa de 75% sobre o imposto que deixou de ser recolhido. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 17/04/2001 Erro de Classificação. Licenciamento. Efeitos. O erro na indicação da classificação fiscal ou a insuficiência na descrição da mercadoria não são suficientes para imposição da multa por falta de licença de importação. É indispensável que a falha na indicação da classificação caracterize prejuízo ao controle administrativo das importações. Recurso Voluntário Parcialmente Provido (Acórdão 3102001.346 de 26/01/2012). Da conclusão Diante das razões supra expendidas, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte no presente caso. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 616DF CARF MF
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Numero do processo: 10860.001597/97-30
Data da sessão: Mon Jan 28 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Mon Jan 28 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS —
Período de apuração: 05/08/1992 a 27/02/1997
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO.
Em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado a lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades.
IPI. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE.
O conteúdo semântico da expressão "e se êstes satisfazem a
todas as prescrições legais e regulamentares" existente na parte
final do art. 62 da Lei n2 4.502/64 não inclui a obrigatoriedade de o adquirente verificar se a classificação fiscal dos produtos
adquiridos está correta.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: CSRF/02-02.895
Decisão: ACORDAM os Membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos
Fiscais, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso especial, vencidos os conselheiros Josefa Maria Coelho Marques e Henrique Pinheiro Torres que deram provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Antonio Carlos Atulim
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I MINISTÉRIO DA FAZENDA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS 'ktft. SEGUNDA TURMA Processo n° 10860.001597/97-30 Recurso n° 202-118.900 Especial do Procurador Matéria IP I Acórdão n° 02-02.895 Sessão de 28 de janeiro de 2008 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado REFRIGERAÇÃO PARANÁ S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS — Período de apuração: 05/08/1992 a 27/02/1997 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Em caso de dúvida quanto à capitulação legal do fato, interpreta- se da maneira mais favorável ao acusado a lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades. IPI. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE. O conteúdo semântico da expressão "e se êstes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares" existente na parte final do art. 62 da Lei n2 4.502/64 não inclui a obrigatoriedade de o adquirente verificar se a classificação fiscal dos produtos adquiridos está correta. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso especial, vencidos os conselheiros Josefa Maria Coelho Marques e Henrique Pinheiro Torres que deram provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. • • 5 n NI P: P • GA Presidente ()) _ . . Processo n.° 10860.001597/97-30 __ CSRF/T02 C Acórdão n.° 02-02.895 -----%\ Fls. 2 ANINIO CARLOS A. ULIM Relator FORMALIZADO EM: 25 AGO 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Josefa Maria Coelho Marques, Fabiola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Antonio Carlos Atulim, Antonio Lisboa Cardoso (Substituto convocado), Maria Teresa Martinez Lopez, Emanuel Carlos Dantas de Assis (Substituto convocado), Henrique Pinheiro Torres, Leonardo Siade Manzan, Júlio César Vieira Gomes, Misael Lima Barreto, Elias Sampaio Freire, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Alexandre Andrade Lima da Fonte Filho. Ausentes justificadamente os Conselheiros Gileno Gurjão Barreto e Dalton César Cordeiro de Miranda.. . . • Processo n.° 10860.001597/97-30 CSRF/T02 Acórdão n.° 02-02.895 Eis. 3 Relatório Trata-se de recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional interposto com fulcro na contrariedade à lei, em face do Acórdão n 2 202-15.355, por meio do qual deu-se provimento ao recurso voluntário para cancelar a multa regulamentar do IPI prevista no art. 368 c/c 364 do RIPI/82, lançada contra o adquirente de produtos com erro de classificação fiscal e aliquota, por descumprimento do disposto no art. 173 do mesmo regulamento. Alegou o Procurador da Fazenda Nacional que a argumentação lançada no acórdão recorrido no sentido de que a cláusula final do art. 173, caput, do RIPI182 não tem amparo na lei é improcedente. O fundamento legal do art. 173 do RIPI182 é o art. 62 da Lei n2 4.502/64 onde se encontra a previsão de que o adquirente deve examinar se os produtos estão acompanhados dos documentos exigidos e se estes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares. Ora, a classificação fiscal integra o rol de prescrições legais e regulamentares acerca da nota fiscal, logo, o adquirente é legalmente obrigado a verificar a correção da classificação fiscal dos produtos. Não se desincumbindo deste ônus, está sujeito à penalidade prevista no art. 368 do RIP1/82. Requereu o acolhimento de suas razões para reformar o acórdão recorrido com o conseqüente restabelecimento da decisão de primeira instância. O recurso especial foi admitido por meio do despacho n2 202-145 (fls. 427/428). Regularmente notificado do Acórdão n2 202-15.355, do recurso especial e do despacho que lhe deu seguimento, o contribuinte apresentou em tempo hábil as contra-razões de fls. 432/441, pugnando pela mantença do acórdão recorrido. A/ É o Relatório. Processo n.° 10860.001597/97-30 CSRF/T02 Acórdão n.° 02-02.895 Fls. 4 Voto Conselheiro ANTONIO CARLOS ATULIM, Relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. O cerne da controvérsia é a interpretação do art. 62 da Lei n2 4.502/64 que estabelece o seguinte: "Art . 62. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprégo ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se éles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao Mio de contróle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se êstes satisfazem a tôdas as prescrições legais e regulamentares." (..)" (grifei) O acórdão recorrido entendeu que o artigo 173 do RIPI/82 ampliou o rol de exigências estabelecido no art. 62 da Lei n2 4.502/64 ao substituir a expressão acima em negrito pela expressão "(..) se estão de acordo com a classificação fiscal, o lançamento do imposto e as demais prescrições deste regulamento (..)". Vejamos a transcrição do regulamento: "Art. 173. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se estes estão devidamente rotulados ou marcados e, ainda, selados, quando sujeitos ao selo de controle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estão de acordo com a classificacão fiscal, o lançamento do imposto e as demais prescrições deste Regulamento." (Grifei) Segundo a interpretação vertida no acórdão recorrido, a exigência prevista na parte final do art. 62 da Lei n2 4.502/64 obriga o adquirente apenas a examinar se os elementos exigidos para a validade da nota fiscal estão preenchidos e, nos itens que deva conhecer pela natureza da operação mercantil, se estão corretos. Tais elementos seriam os especificados no art. 242 do RIPI/82 (art. 48 da Lei n2 4.502/64), quais sejam: a denominação "Nota Fiscal", o número da nota, a data da emissão e saída, a natureza da operação, os dados cadastrais do emitente e do destinatário, a quantidade e a discriminação dos produtos, a classificação fiscal dos produtos, aliquota, o valor tributável, os dados cadastrais do transportador e os dados de impressão do documento. Isto porque se o bem descrito na nota permite, por um critério racional, seu enquadramento nas posições da Tabela de Incidência do IPI indicadas na nota fiscal, não há 1 Processo n.° 10860.001597/97-30 CSRUTO2 Acórdão n.° 02-02.895 Fls. 5 como exigir que o adquirente o questione, tendo em vista que a classificação de produtos pelo sistema harmonizado de classificação de mercadorias requer conhecimentos específicos, muito técnicos e complexos, que nem sempre podem ser detectados no exame normal que o adquirente realiza ao receber produtos. Por outro lado, a Procuradoria da Fazenda Nacional, lançando mão da argumentação do ilustre Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no processo n2 10860.001389/97-12, sustenta que o art. 173 do RIPI182 contém de forma implícita a obrigatoriedade de o adquirente verificar a classificação fiscal dos produtos que adquire, pois conquanto esta locução não conste expressamente do suporte fisico do art. 62 da Lei n2 4.502/64, ela integraria o rol das "prescrições legais e regulamentares", existente na parte final da cabeça daquele dispositivo legal. Segundo a interpretação do ilustre Conselheiro, adotada pela PFN em seu recurso, a obrigação do adquirente verificar a correta classificação fiscal dos produtos está contida no art. 62 da Lei n2 4.502/64 porque este artigo, ao impor aos adquirentes a obrigação de verificarem se os documentos fiscais atendem a todas as prescrições legais, está determinando que seja observada a correta classificação fiscal, posto que esta, bem como o valor do imposto incidente sobre o produto devem constar, obrigatoriamente, da nota fiscal. Assim, o art. 173 do RIPI/82, teria apenas explicitado o que já se continha no art. 62 da Lei n2 4.502/64 e não criado uma obrigação inexistente na lei. Como se vê, o deslinde da questão passa por estabelecer o conteúdo semântico da expressão "e se êstes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares", existente na parte final do art. 62, da Lei n2 4.502/64. A meu ver as duas interpretações acima são válidas, pois podem ser lastreadas por argumentos robustos que atendem ao princípio da persuasão racional do julgador. O conteúdo semântico da expressão "e se êstes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares" tanto pode conter a obrigatoriedade de o contribuinte verificar se a classificação fiscal dos produtos está correta, como pode apenas conter a obrigação de o adquirente verificar se a classificação fiscal dos produtos foi consignada formalmente na nota fiscal. Neste caso específico, o desrespeito à norma jurídica veiculada pelo suporte fisico do art. 173 do RIPI182 rende ensejo à inflição de uma sanção administrativa, que é a multa do art. 368 c/c art. 364 do RIPI/82. O art. 368 remete expressamente ao art. 173 do RIPI/82. Portanto, este segundo dispositivo, integra o tipo legal da penalidade prevista no 368, pois à medida que a legislação vai alterando as prescrições do art. 173, alteram-se as hipóteses de inflição da multa do art. 368. É inequívoco, portanto, que o suporte fisico do art. 173 do RIPI182 veicula norma jurídica cujo desrespeito desencadeia uma conseqüência jurídica consistente na inflição de uma penalidade. Tratando-se de norma jurídica que integra a definição de uma penalidade e existindo dúvida quanto a sua interpretação, deve incidir a regra do art. 112, I do CTN que estabelece o seguinte: • 1 Processo n.° 10860.001597/97-30 CSRE/T02 Acórdão n.° 02-02.895 Fls. 6 "Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: - à capitulação legal do fato; No caso concreto o fato à ser subsumido ao art. 62 da Lei n 9 4.502/64 é a obrigatoriedade do adquirente verificar se a classificação fiscal está correta ou não. As duas interpretações acima expostas são igualmente válidas e revelam a existência de dúvida quanto à capitulação legal do fato. Existe dúvida quanto ao conteúdo semântico da expressão "e se êstes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares", pois ela tanto pode conter a obrigatoriedade do adquirente verificar se a classificação fiscal está correta, quanto conter apenas a obrigação de o adquirente verificar se no campo correspondente da nota foi consignado formalmente o código da classificação fiscal. O art. 112 do CTN manda que se aplique a interpretação mais favorável ao acusado, que no caso concreto é a obrigatoriedade de verificar se na nota fiscal foi preenchido o campo correspondente à classificação fiscal, e não se o remetente classificou corretamente os produtos. Desse modo, não estando o adquirente obrigado a verificar se a classificação fiscal dos produtos que adquire está correta, não existe suporte fático para a inflição da multa do art. 368 do RIM/82, quando o remetente emite a nota fiscal com erro de classificação fiscal e aliquota, devendo ser mantido o acórdão recorrido. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional. _ Sala das essões, em 28 .Nde janeiro de 2008 , AND:417111 • OS AT LIM (I(< Page 1 _0027900.PDF Page 1 _0028100.PDF Page 1 _0028300.PDF Page 1 _0028500.PDF Page 1 _0028700.PDF Page 1
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Numero do processo: 10980.723210/2014-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 25 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Mon Jul 27 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI)
Exercício: 2010, 2011, 2012
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Os Embargos de Declaração se prestam a sanar omissão existente no acórdão quanto ao pedido de diligência.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. NOVAS PROVAS. DESCABIDO.
Desnecessária qualquer diligência ou prova adicional para comprovar as alegações recursais trazidas pelas empresas no sentido de que seu produto seria um filme e a semelhança existente entre seus produtos e os toners de impressoras ou ao papel carbono. Tratam-se de alegações que não se mostraram relevantes para alterar a classificação fiscal das mercadorias adotada pela fiscalização.
Embargos Acolhidos para sanar a omissão, sem efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3402-007.507
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para sanar a omissão, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora.
(documento assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes Presidente
(documento assinado digitalmente)
Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Sílvio Rennan do Nascimento Almeida, Renata da Silveira Bilhim e Sabrina Coutinho Barbosa (suplente convocada). Ausente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: Maysa de Sá Pittondo Deligne
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OMISSÃO. Os Embargos de Declaração se prestam a sanar omissão existente no acórdão quanto ao pedido de diligência. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. NOVAS PROVAS. DESCABIDO. Desnecessária qualquer diligência ou prova adicional para comprovar as alegações recursais trazidas pelas empresas no sentido de que seu produto seria um “filme” e a semelhança existente entre seus produtos e os toners de impressoras ou ao papel carbono. Tratam-se de alegações que não se mostraram relevantes para alterar a classificação fiscal das mercadorias adotada pela fiscalização. Embargos Acolhidos para sanar a omissão, sem efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para sanar a omissão, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. (documento assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes – Presidente (documento assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Sílvio Rennan do Nascimento Almeida, Renata da Silveira Bilhim e Sabrina Coutinho Barbosa (suplente convocada). Ausente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 32 10 /2 01 4- 41 Fl. 2666DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 Relatório Tratam-se de embargos de declaração interpostos pela empresa MASTERCORP DO BRASIL EIRELI e pelo responsável solidário Sr. Juliano Anderson Galera Cunha às e-fls. 2.605/2.621 (ratificado pela petição da e-fl. 2.627) em face do acórdão n.º 3402-004.076, ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Exercício: 2010, 2011, 2012 LANÇAMENTO. ERRO CLASSIFICAÇÃO FISCAL. IPI A falta de pagamento do imposto, por erro de classificação fiscal/alíquota inferior à devida, justifica o lançamento de ofício do IPI com os acréscimos legais cabíveis. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, restando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadra-se nas hipóteses tipificadas no art. 71, inciso I, da Lei nº 4.502/64. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIOADMINISTRADOR. ART. 124, INCISO I DO CTN. IMPOSSIBILIDADE. A responsabilidade tributária prescrita no art. 124, inciso I do CTN pressupõe a partilha do mesmo fato gerador pelos interessados, o que não se configura com a presença de um simples interesse econômico do responsabilizado na prática do fato gerador tributado. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 8o DO DECRETO-LEI N. 1.736/79 E ART. 28 DO DECRETO 7.212/2010. ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRECEDENTES VINCULANTES DOS TRIBUNAIS JUDICIAIS SUPERIORES. O art. 8o do Decreto-lei n. 1.736/79 que, por sua vez, está fundado no disposto no art. 28 do Decreto 7.212/2010 (Regulamento do IPI/2010), se contrapõe a precedente vinculante veiculado pelo STJ quando do julgamento do REsp n. 1.101.728/SP, julgado sob o rito de repetitivos, oportunidade em que O citado Tribunal reconheceu que a simples inadimplência fiscal não é, per si, causa de responsabilização em matéria tributária. Tais dispositivos legais também são inconstitucionais, conforme já decidido pelo STF (RE n. 562.276) em caso afetado por repercussão geral. Nesta oportunidade o STF decidiu que apenas lei complementar pode tratar de questão afeta à responsabilidade tributária, nos termos do que prevê o art. 146, inciso III, alínea "b" da Magna Lex. Os dois precedentes citados vinculam este Tribunal Administrativo, exatamente como estabelece o art. 927 do Código de Processo Civil, aqui aplicado subsidiariamente, nos termos do art. 15 do citado Codex, bem como em razão do disposto no art. 62, § 1º, incisos I e II, alínea "b" do RICARF. Recurso provido em parte. (e-fls. 2.569/2.570) Os Embargos de Declaração foram parcialmente admitidos pelo r. despacho de admissibilidade das e-fls. 2.642/2.652 nos seguintes termos: CONCLUSÃO Isso posto, ACOLHO PARCIALMENTE os Embargos de Declaração opostos pelo sujeito passivo, apenas no que tange ao item vício de omissão pela juntada de novos documentos e provas. (e-fl. 2.651) Fl. 2667DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 Após a conversão do julgamento dos Embargos em diligência por meio da Resolução nº 3402-001.758 para sua livre distribuição dentre os integrantes desta Turma julgadora, o processo foi a mim distribuído. É o relatório. Voto Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne, Relatora. Conheço dos Embargos de Declaração no ponto em que foi admitido no Despacho de admissibilidade proferido, especificamente quanto ao pedido de produção de provas complementares. Neste ponto, o despacho de admissibilidade foi proferido nos seguintes termos: 2 - OMISSÃO QUANTO AO PEDIDO DE DILIGÊNCIA E OUTRAS PROVAS Argui a Embargante omissão com relação a duas matérias: Omissão pela não apreciação do pedido de diligência e juntada de outras provas e omissão quanto à apreciação do Laudo Técnico apresentado. Verifica-se que em seu Recurso voluntário, fl.2.449, assim alega: Pugna, pois repisando a impugnação, pela juntada de novos documentos e provas, se tal se mostrar oportuno. Da análise do acórdão embargado, em que pese o bem fundamentado e minudente voto do referido acórdão embargado, constata-se que em relação ao pedido [pela juntada de novos documentos e provas, se tal se mostrar oportuno,] não há apreciação da matéria. Com relação ao Laudo Técnico, assim se manifesta a peça embargada: Por fim, quanto ao Laudo a que se refere a recorrente, este nada mais faz do que discriminar as formas de produção, técnica e uso entre o produto da empresa e as fitas de máquinas de escrever, que pouco importa para a correta classificação fiscal dos produtos. Já a classificação fiscal que o Laudo aponta como correta não vincula a autoridade fiscal, pois consabido que a classificação fiscal de produtos não é considerada como aspecto técnico dos laudos. A propósito, veja- se o disposto no art. 64 do Decreto 7.574/2011, o qual reproduz os termos do Decreto 70.235/72.(grifei) Art. 64. Os laudos e os pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres (Decreto no 70.235, de 1972, art. 30, com a redação dada pela Lei no 9.532, de 1997, art. 67). § 1º Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos. Diante do exposto, correta a classificação fiscal adotada pelo Fisco. Para melhor explicitação da matéria arguida, transcreve-se a seguir excertos da decisão recorrida: Fl. 2668DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 Ademais, o fato de se classificar as impressoras importadas pela empresa na posição 8433, não implica necessariamente enquadrar o produto produzido por ela no mesmo código, já que a empresa não produz impressoras e sim fitas para impressão – classificação excluída da seção que se encontra a posição 84. Com relação ao Laudo Técnico, não assiste razão à embargante, haja vista que o julgador detém a prerrogativa da livre convicção motivada na apreciação das provas dos autos, conforme lhe assegura o art. 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, já destacado na presente análise, e no caso específico de classificação fiscal, estando o produto corretamente identificado, como se constata pelos robustos fundamentos do voto- condutor, conforme excertos acima, a título exemplificativo, o órgão oficial no Brasil com competência para pronunciar-se sobre classificação fiscal de mercadorias é a Secretaria da Receita Federal do Brasil –RFB, portanto, por expressa determinação legal, não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos, assim ratificou o voto embargado a classificação adotada pela fiscalização, que segundo seu entendimento, adequava-se às normas legais para classificação fiscal, que são as Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e, subsidiariamente, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (NESH), uma vez que sendo o Brasil, Parte Contratante da Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de mercadorias aplica no processo classificatório de uma mercadoria/produto referidas as Regras Gerais para a Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e, subsidiariamente, as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias (NESH). (...) Assim, os vícios apontados, exceto quanto ao pedido para junta de documentos, não se confirmaram na análise do acórdão embargado, na realidade as razões trazidas em sede de embargos, visam não só rediscutir as razões já trazidas em sede de recurso voluntário, como o contexto probatório, assim constata-se que os argumentos manejados pela Embargante, não podem ser acolhidos em sede de embargos, uma vez que fogem ao escopo regimental, expresso na dicção do artigo 65, caput, do RICARF, haja vista que estando os fatos contextualizados e restando clara a linha decisória no julgado ora embargado, fica evidenciado que não foi demonstrado no acórdão embargado, omissão com relação ao item 3 ou contradição, com relação aos itens 1 e 3, logo a análise pretendida, na visão da Embargante, ensejaria um novo julgamento, hipótese não admitida em sede de embargos, visto que demandaria rediscutir questões que já foram examinadas e sobre as quais o Colegiado já proferiu o seu entendimento, como bem demonstrado no acórdão embargado. CONCLUSÃO Isso posto, ACOLHO PARCIALMENTE os Embargos de Declaração opostos pelo sujeito passivo, apenas no que tange ao item 2- vício de omissão pela juntada de novos documentos e provas. (e-fls. 2.648/2.651 - grifei) Com efeito, como mencionado no r. despacho acima transcrito, no acórdão embargado o I. Conselheiro Relator não adentrou especificamente em um tópico quanto a desnecessidade de novas provas e diligências no presente caso. Há, portanto, uma omissão a ser sanada nesta oportunidade, para analisar esse pedido. A leitura do acórdão embargado quanto à classificação fiscal evidencia que as provas produzidas e alegações trazidas pelos sujeitos passivos foram enfrentadas naquela oportunidade, indicando que os documentos apresentados pelo sujeito passivo não levantaram Fl. 2669DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 dúvida quanto à correta classificação fiscal da mercadoria, o que, por conseguinte, evidencia o entendimento que prevaleceu no Colegiado pela desnecessidade de diligência ou complementação de provas. Cabe, portanto, evidenciar esse raciocínio para afastar expressamente esse pedido formulado pelas Recorrentes. Vejamos os trechos do acórdão embargado que evidenciam a análise das provas e alegações carreadas nos autos: Trecho do relatório (...) Não resignada com a r. decisão, a empresa interpôs o presente recurso (fls. 2440/2509), no qual, em suma, alega: 1 Ser totalmente descabida a pretensão de classificar filme de termo de termo transferência como subgrupo de fita de máquina de escrever, pois não há qualquer similaridade. Afirma que o produto que fabrica é utilizado em impressoras e aparelhos de fax com a finalidade de imprimir papéis, etiquetas, crachás e outros meios, como, entende, descrito na tabela da posição 84.43 (impressão por meio de blocos, cilindros e outros elementos da posição 84.42). Acresce que "esse grupo abrange todos os métodos de impressão utilizados no mercado, impressão por jato de tinta, impressão a laser e impressão por sistema térmico, sendo que certamente existe a necessidade de abrir um novo grupo para classificar os produtos desta família, que sabidamente não tem classificação específica", concluindo que "deveria existir a linha de produto 8443.99.5 (que não existe) impressoras de termo-transferência, pois, afinal, a impressão por transferência térmica é uma tecnologia que não pode ser equiparada à impressão térmica". Em resumo, entende que "se todo o aparato de impressão a jato de tinta e laser estão no grupo 8443, e lá estão também as impressoras e equipamentos de fax que utilizam os filmes de termo-transferência, é lógico que os filmes estão também neste grupo", o que o laudo que acosta conclui. Acresce às suas razões o fato de que as impressoras e equipamentos de fax que importa classifica-se no código 8443.32.99, conforme entendimento do próprio Fisco. Assim, conclui que "os filmes de termo-transferência estão no grupo 8443, que alberga todos os meios de impressão, máquinas, equipamentos, partes, peças e suprimentos". Na sequência, trata em item apartado (CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS FILMES DE TERMO-TRANSFERÊNCIA) sobre a classificação fiscal objeto da lide, com arrimo em Laudo produzido a seu pedido por "engenheiros especialistas em exame de processos produtivos". Veja-se o quesito e a resposta abaixo, inserto no mencionado Laudo; Com base nesse Laudo, arremata: "Diante de todo o exposto e dos pareceres técnicos a respeito dos produtos produzidos pela empresa autuada, mostra-se claro que não podem ser aplicados na NCM 9612". Discorre, ainda sobre seu processo produtivo, e conclui no tópico: Fl. 2670DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 A seguir, traça análise comparativa entre os processos produtivos de fitas de máquinas de escrever e filmes de termo-transferência, concluindo que "enquanto a fita de máquina de escrever pode ser fabricada na garagem de casa, o filme de termo- transferência é produto de alta tecnologia de produção, em diferentes etapas e procedimentos que requerem conhecimentos específicos e avançados". Em relação às exportações que utiliza o código 9612.10.19, conforme anotado no relato fiscal, alega que "existem empresas que solicitam que os produtos sejam enquadrados em uma ou outra classificação fiscal, provavelmente com o objetivo de alcançarem vantagens fiscais à luz da legislação fiscal de regência da cada país." E continua: "Assim, existem casos pontuais de exportações realizadas com a classificação fiscal desejada pela autoridade fiscal 9612.10.19". Acresce que o SISCOMEX em seu sistema de registro de exportações somente tem aceito o registro com esse código, ou seja, alude, "este é imposto pela RFB, não uma opção ou escolha do contribuinte". Trecho do voto quanto à classificação fiscal das mercadorias CLASSIFICAÇÃO FISCAL Igualmente improcedente as alegações do contribuinte quanto à classificação fiscal dos produtos denominados ribbons. Antes de adentrar nesse mérito, registre-se, como salientado no TVF, que esta mesma empresa teve contra si um auto de infração de período distinto, portanto desvinculados entre si quer por conexão quer por dependência, com mesma imputação fiscal. Ou seja, no processo 10980.724847/2010- 21, já lhe tinha sido dado conhecimento acerca da Solução de Divergência COANA 1, de 19/03/2003, referente à classificação fiscal dos produtos comercializados pelo contribuinte, que deveriam ser classificados no código 9612.10.19 e tributados à alíquota de 20%. Ora, se o contribuinte tem convicção de que a classificação fiscal dos (TTR thermal transfer ribbons) é a que adota desde então, código 8443.91.99 (alíquota zero), deveria ter buscado resguardar seu entendimento com base em consulta fiscal sobre a classificação fiscal desses produtos, instrumento importante para a segurança do contribuinte/Fisco em relação à aplicação da legislação fiscal e classificação fiscal de mercadorias. Assim, caso a resposta à consulta fosse ao encontro do seu entendimento, não mais haveria qualquer controvérsia sobre o tema. Mas quedou-se inerte nesses quatro anos mesmo sabendo do entendimento fiscal, o que poderia levar, como veio a concretizar-se, em nova exigência sobre mesmo fato! E, mais, chegou ao absurdo de explicitar em sua peça recursal que quando exportou os ribbons com a NBM 9612.10.19, o fez porque assim os importadores o exigiam, como se a classificação fiscal de mercadorias não tivesse imposição legal com base em regras internacionais, ficando ao alvedrio de conveniências mercadológicas e discricionárias para tanto. Talvez por isso, toda sua longa articulação tentando "impor" a classificação fiscal que adotava, sequer tangenciou as RGI e/ou as NESH, normas legais impositivas que devem nortear a devida classificação fiscal, devidamente examinadas no libelo fiscal. Passemos ao exame da matéria. A fiscalização classificou os produtos fabricados pelo estabelecimento filial da empresa no código 9612.10.19, fundamentado na aplicação dos critérios de classificação indicados nas Regras Gerais de Interpretação (RGI), que dão uniformidade à aplicação Fl. 2671DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 da Nomeclatura do Sistema Harmonizado (NESH), o Fisco considerou o conceito de “fitas para impressão” que está presente na posição 9612, cuja descrição reproduz- se, incluídos seus códigos derivados: A fiscalização enquadrou os produtos da recorrente no código 96.12.10.19 por corresponderem a fitas impressoras de material plástico não enquadradas nos subitens anteriores. Observe-se que, no caso, a alíquota correspondente é a de 20% (que é a mesma alíquota para qualquer elemento da mesma posição). Em contrapartida, como relatado, a classificação adotada pelo contribuinte é 84.43.91.99, outras partes e acessórios de máquinas e aparelhos de impressão que operem por meio de blocos, cilindros e outros elementos de impressão, conforme abaixo: Em síntese, o contribuinte contestou à classificação adota pela fiscalização no código 9612.10.19, afirmando que seus produtos não são “fitas” e sim “filmes”, alegando que a distinção ainda que sutil adquire relevância quando se trata de nominar e qualificar o produto, com vista à sua classificação fiscal, e manifestou a semelhança existente entre seus produtos e os toners de impressoras ou ao papel carbono, afirmando que seus produtos são muito mais complexos do que os produtos da posição 96.12. Criticou as impressões da fiscalização acerca de seu processo produtivo, que seria de maior complexidade do que o percebido pela fiscalização. Mencionou também o laudo técnico pericial apresentado nos autos. Não reproduzo aqui, mas os produtos sob análise são aqueles discriminados no suso relato e cujas fotos encontram-se tanto no TVF como na decisão recorrida (fls. 2408/2414). REGRAS GERAIS COMPLEMENTARES (RGC) 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendo-se que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. Tendo estes parâmetros em mente, vamos analisar a classificação pretendida pelo contribuinte: 84.43.91.99 Partes de máquinas e aparelhos de impressão por meio de blocos, cilindros e outros elementos da posição 84.42. Fl. 2672DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 Essa classificação enquadra inicialmente os produtos na posição 84.43, que diretamente se refere a máquinas e indiretamente irá se referir a seus elementos constituintes (partes e acessórios). Ocorre que os produtos fabricados pela contribuinte são elementos a serem utilizados em máquinas de impressão térmica. Assim, somente poderiam se enquadrar nessa posição se houvesse uma determinante identidade com as subposições desse grupo, conforme determina a RGI. Porém, isso não ocorre, pois a subposição 84.43.91 se refere a partes de máquinas e aparelhos de impressão por meio de blocos, cilindros e outros elementos da posição 84.42, que é relativa a clichês, blocos, cilindros, pedras litográficas, placas e similares, preparados para impressão. Todos esses são elementos rígidos e usados para impressão em relevo (tipografia, offset e outros), e não elementos macios para impressão (plástico, tecidos, papel). Acrescente-se o fato de as Notas de Seção, mas especificamente a Nota nº 1, excluir expressamente as fitas impressoras para máquinas de escrever e fitas impressoras semelhantes da classificação nesta seção. SEÇÃO XVI MÁQUINAS E APARELHOS, EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS, E SUAS PARTES; APARELHOS DE GRAVAÇÃO OU DE REPRODUÇÃO DE SOM, APARELHOS DE GRAVAÇÃO OU DE REPRODUÇÃO DE IMAGENS E DE SOM EM TELEVISÃO, E SUAS PARTES E ACESSÓRIOS Notas. 1.A presente Seção não compreende: a) (...) q) as fitas impressoras para máquinas de escrever e fitas impressoras semelhantes, montadas ou não em bobinas ou em cartuchos (regime da matéria constitutiva, ou posição 96.12, caso estejam tintadas ou de outra forma preparadas para imprimir). Não se enquadrando em nenhum destes elementos (clichês, blocos, cilindros, pedras litográficas, placas e similares, preparados para impressão) o produto em questão não pode ser classificado nesta posição mesmo que, a grosso modo, possa se assemelhar a toner (impressora laser) ou jato de tinta. Releva que o produto da empresa não é toner e não é jato de tinta, nem a eles se assemelham. Toner é uma tinta em pó usada nas impressoras a laser e fotocopiadoras para formar texto e imagens em papel. As partículas do toner são transferidas para o papel por meio de cargas magnéticas e fricção, e logo após fundidas no papel pelo calor do rolo fusor enquanto o papel é impresso. O tamanho das partículas de toner variam de 1 a 15 micrômetros. O toner é fornecido em um cartucho que é instalado na impressora. Nesses casos, a tinta não está impregnada ou revestida em papel, plástico ou tecido, e é transferida diretamente para o material a ser impresso. No caso do produto do contribuinte, uma película plástica é revestida com tinta e silicone que ao receber calor transfere a tinta para o material a ser impresso. Não identifico qualquer similaridade técnica com os produtos em questão (ribbon, toner e jato de tinta) ou mesmos similaridade visual. O produto também não é papel carbono ou papel copiativo, ou a eles se assemelham, pois sua função não é obter um segundo exemplar ou cópia do que está sendo escrito e o papel carbono e copiativo não servem para “imprimir”, mas para copiar. Logo, evidente que essa classificação não inclui o material produzido pelo contribuinte. Ao aplicar a RGI 1 e 3A, verifica-se que entre o texto da posição 96.12 (Fitas impressoras para máquinas de escrever e fitas impressoras semelhantes, tintadas ou preparadas de outra forma para imprimir, montadas ou não em carretéis ou cartuchos; almofadas de carimbo, impregnadas ou não, com ou sem caixa) e o da posição 84.43 (Máquinas e aparelhos de impressão por meio de blocos, cilindros e outros elementos de Fl. 2673DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 9 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 impressão da posição 84.42); a posição que mais se adequa ao produto “filmes para impressão” é, inexoravelmente, a 96.12, isto porque: 1. Tratam os produtos de material impressor (película plástica) revestido com tinta; montados em bobinas e, como podemos observar pelas fotos, cortados em tiras, faixas ou fitas de diversos tamanhos. Sendo que, no caso, o uso do termo fita caracteriza a unidade em faixas sem especificação de tamanho. 2. A própria tradução do termo em inglês “ribbon” é fita, cinta, faixa, portanto serve para caracterizar o produto como “fita”; 3. A impressão se dá por meio da fita de plástica, e não por blocos, cilindros, placas, clichês, etc. 4. A caracterização principal da posição é a “impressão” por meio de material tintado (revestido); 5. A Posição não especifica que tipo de impressão (texto, imagens, gráficos, paisagens, desenhos), a qualidade técnica do produto ou de sua produção e não especifica o tipo de material a ser impresso, se papel, metal plástico, entre outros, somente exige ser fita impressora. Apenas afirma que devem ser fitas impressoras semelhantes a de máquina de escrever, tintadas ou preparadas de outra forma para imprimir. 6. O filme a que se refere o contribuinte nada mais é do que o elemento constitutivo da fita (polietileno tereftalato – material plástico). Assim o produto produzido é “fita de filme”. 7. Somente se caracterizam como filmes, o insumo do produto, ou seja, a matéria-prima: Jumbo (filmes virgens de poliéster polietileno tereftalato), ou os filmes (Jumbo) tintados mas ainda não aptos ao uso em equipamento de impressão (não cortados em bobinas) que são classificados na posição NCM 3921.90.90 (outras chapas, folhas, películas, tiras e lâminas, de plástico). A matéria-prima (Jumbo) tem dimensões variadas, tendo em media 678mm de largura por 20.000m de comprimento e peso ao redor de 150kg. O produto acabado é denominado ribbon e apresentado em bobinas variáveis de 25 a 220 mm de largura e de 51 a 600 metros de comprimento. Isto porque, de acordo com as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado à Posição 9612 compreende: 1) As fitas impressoras montadas ou não em carretéis ou cartuchos, para máquinas de escrever, calcular, e quaisquer máquinas que comportem um dispositivo que imprima por meio destas fitas (básculas automáticas, tabuladoras, teleimpressoras, etc). Estas fitas são, na maioria das vezes, de tecidos de matérias têxteis, mas também podem ser de plásticos ou de papel. Para se incluírem nesta posição, devem ser tintadas ou preparadas para imprimir (impregnadas, no caso de fitas têxteis, revestidas, no caso de fitas de plástico ou de papel, de uma matéria corante, de tinta, etc.). Assim, a qualidade técnica do produto e sua forma de produção, o tipo de impressão e o tipo de material impresso pouco importam para assumir a classificação fiscal no código 96.12, pois o que caracteriza a regra é o produto ser similar a fita de impressão das máquinas de escrever, ou seja, ser tintado, ser cortado em faixas, fitas ou tiras e servir para a impressão em máquinas de imprimir. E é exatamente esta a característica do produto fabricado pelo contribuinte, que serve para imprimir código de barras e fax, em impressoras térmicas. Aqui, a similaridade se dá tanto pela forma como pela função de impressão e não pelo produto em si (características técnicas, tamanho e tipo), como entendeu o contribuinte. Mesmo a interpretação de que as fitas devam ter menos de 3cm para Fl. 2674DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 10 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 que possam ser consideradas fitas similares às da máquina de escrever está equivocada. O que as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH da posição 96.12 quis dizer com “Excluem-se desta posição: a) os rolos de papel carbono (químico*) ou de outros papéis copiativos, que são colocados em máquinas de calcular, caixas registradoras etc, para obtenção de um segundo exemplar das fichas impressas. Estes rolos, que não podem ser utilizados como fitas de maquinas de escrever, são geralmente muito mais largos (mais de 3cm)” é que este tipo de papel não pode ser utilizado/classificado como fita de máquina de escrever, por serem mais largos, mas não diz que as fitas impressoras semelhantes devem ter menos de 3cm, mesmo porque os rolos de papel copiativos nem se enquadram neste conceito (fitas impressoras semelhantes). Aplicando a RGI nº 6, temos que o produto se enquadra na subposição 9612.10, já que o material utilizado na confecção do produto é o polietileno tereftalato (PET), um tipo de plástico e mais especificamente no codigo NCM 9612.10.19 (“outros”), ja que o produto não pode ser classificado em nenhum outro subitem dentro desse item. Alegou ainda a recorrente que a classificação no código 9612.10.19 é obrigatória no SISCOMEX, pois o sistema não aceitaria outra. Contudo, como já dito, a classificação fiscal deve seguir as normas legais e não as conveniências comerciais ou a operacionalidade de sistemas de informática. Se o SISCOMEX obriga a classificação dos “ribbons” na posição 9612.10.19, não seria porque esta é a classificação correta? (...) Por fim, quanto ao Laudo a que se refere a recorrente, este nada mais faz do que discriminar as formas de produção, técnica e uso entre o produto da empresa e as fitas de máquinas de escrever, que pouco importa para a correta classificação fiscal dos produtos. Já a classificação fiscal que o Laudo aponta como correta não vincula a autoridade fiscal, pois consabido que a classificação fiscal de produtos não é considerada como aspecto técnico dos laudos. (e-fls. 2.578/2.584 - grifei) Observa-se, portanto, que segundo o acórdão embargado, “as formas de produção, técnica e uso entre o produto da empresa e as fitas de máquinas de escrever” (e-fl. 2.584) (raciocínio desenvolvido pelos sujeitos passivos para considerar o seu produto como “filme”) não importam para a correta classificação fiscal dos produtos considerando as orientações trazidas na NESH. Indica o acórdão que “a qualidade técnica do produto e sua forma de produção, o tipo de impressão e o tipo de material impresso pouco importam para assumir a classificação fiscal no código 96.12, pois o que caracteriza a regra é o produto ser similar a fita de impressão das máquinas de escrever, ou seja, ser tintado, ser cortado em faixas, fitas ou tiras e servir para a impressão em máquinas de imprimir.”(e-fl. 2.582) Da mesma forma, foi expressamente afastada qualquer semelhança existente entre os produtos da Recorrente e os toners de impressoras ou ao papel carbono para fins de classificação fiscal. Com base na NESH, o i. Conselheiro relator afirmou que “não identifico qualquer similaridade técnica com os produtos em questão (ribbon, toner e jato de tinta) ou mesmos similaridade visual.” (e-fl. 2.581) Diante deste contexto, mostra-se desnecessária qualquer diligência ou prova adicional para comprovar as alegações recursais trazidas pelos então Recorrentes, repita-se, no sentido de que seu produto seria um “filme” e a semelhança existente entre seus produtos e os Fl. 2675DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 11 do Acórdão n.º 3402-007.507 - 3ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10980.723210/2014-41 toners de impressoras ou ao papel carbono. Tratam-se de alegações que não se mostraram relevantes para alterar a classificação fiscal das mercadorias adotada pela fiscalização. Ou seja, os elementos modificativos trazidos pelos então Recorrentes em seu Recurso não foram admitidos como relevantes para alterar a classificação fiscal adotada pela fiscalização, evidenciando, por conseguinte, a desnecessidade de provas ou diligências adicionais para que que essas alegações fossem demonstradas. Dessa forma, considerando que as provas e alegações trazidas pelos sujeitos passivos nos autos quanto à classificação fiscal das mercadorias foram enfrentadas e afastadas no acórdão recorrido, resta evidente a desnecessidade de provas e diligências adicionais, devendo ser este pedido expressamente afastado. Assim, uma vez que todas as alegações trazidas pelas então Recorrentes foram afastadas face a irrelevância para alterar a classificação fiscal das mercadorias adotada pela fiscalização, cabe ser igualmente afastada qualquer necessidade de nova diligência para levantamento adicional de provas. Diante do exposto, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração opostos para sanar a omissão, sem efeitos infringentes, indeferindo o pedido de diligência e nova produção de provas. É como voto. (documento assinado digitalmente) Maysa de Sá Pittondo Deligne Fl. 2676DF CARF MF Documento nato-digital
score : 2.6545186
Numero do processo: 10314.720547/2018-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2023
Data da publicação: Tue Jul 18 00:00:00 UTC 2023
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO (II)
Ano-calendário: 2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO.
Constatada contradição entre os fundamentos e o dispositivo do Acórdão embargado é dever o provimento dos Aclaratórios.
Numero da decisão: 3401-011.846
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração, dando-lhe provimento somente com efeitos integrativos, alterando o dispositivo do voto embargado para o seguinte: Acordam os membros do colegiado, (1) por força do artigo 19-E da Lei nº 10.522/02, em cancelar a totalidade do crédito lançado (tributos, multa por erro de classificação fiscal e multa por ausência de LI) relativo às mercadorias desembaraçadas no canal vermelho, vencidos os conselheiros Luís Felipe de Barros Reche, Gustavo Garcia Dias dos Santos, Maurício Pompeo da Silva e Ronaldo Souza Dias, (2) por maioria de votos, em manter a multa aplicada por erro de classificação fiscal nas operações parametrizadas em canais que não o vermelho, vencidos neste item a conselheira Fernanda Vieira Kotzias (relatora) e o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, (3) por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para cancelar o crédito tributário lançado por ausência de LI também para as operações parametrizadas nos demais canais de conferência aduaneira.
(documento assinado digitalmente)
Arnaldo Diefenthaeler Dornelles - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Oswaldo Goncalves de Castro Neto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Gustavo Garcia Dias dos Santos, Oswaldo Goncalves de Castro Neto, Marcos Roberto da Silva, Fernanda Vieira Kotzias, Renan Gomes Rego, Carolina Machado Freire Martins, Ricardo Piza di Giovanni (suplente convocado(a)), Arnaldo Diefenthaeler Dornelles (Presidente). Ausente(s) o conselheiro(a) Leonardo Ogassawara de Araujo Branco, substituído(a) pelo(a) conselheiro(a) Ricardo Piza di Giovanni.
Nome do relator: OSWALDO GONCALVES DE CASTRO NETO
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CONTRADIÇÃO. Constatada contradição entre os fundamentos e o dispositivo do Acórdão embargado é dever o provimento dos Aclaratórios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração, dando-lhe provimento somente com efeitos integrativos, alterando o dispositivo do voto embargado para o seguinte: “Acordam os membros do colegiado, (1) por força do artigo 19-E da Lei nº 10.522/02, em cancelar a totalidade do crédito lançado (tributos, multa por erro de classificação fiscal e multa por ausência de LI) relativo às mercadorias desembaraçadas no canal vermelho, vencidos os conselheiros Luís Felipe de Barros Reche, Gustavo Garcia Dias dos Santos, Maurício Pompeo da Silva e Ronaldo Souza Dias, (2) por maioria de votos, em manter a multa aplicada por erro de classificação fiscal nas operações parametrizadas em canais que não o vermelho, vencidos neste item a conselheira Fernanda Vieira Kotzias (relatora) e o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, (3) por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para cancelar o crédito tributário lançado por ausência de LI também para as operações parametrizadas nos demais canais de conferência aduaneira”. (documento assinado digitalmente) Arnaldo Diefenthaeler Dornelles - Presidente (documento assinado digitalmente) Oswaldo Goncalves de Castro Neto - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Gustavo Garcia Dias dos Santos, Oswaldo Goncalves de Castro Neto, Marcos Roberto da Silva, Fernanda Vieira Kotzias, Renan Gomes Rego, Carolina Machado Freire Martins, Ricardo Piza di Giovanni (suplente convocado(a)), Arnaldo Diefenthaeler Dornelles (Presidente). Ausente(s) o conselheiro(a) Leonardo Ogassawara de Araujo Branco, substituído(a) pelo(a) conselheiro(a) Ricardo Piza di Giovanni. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 05 47 /2 01 8- 82 Fl. 558DF CARF MF Original Fl. 2 do Acórdão n.º 3401-011.846 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10314.720547/2018-82 Relatório 1.1. Trata-se de Embargos de Declaração contra Acórdão desta Turma de Relatoria da Conselheira Fernanda e que fui designado como Redator do Voto Vencedor, assim ementado: REVISÃO ADUANEIRA. IMPORTAÇÃO PARAMETRIZADA EM CANAL VERMELHO. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO CARACTERIZADA. O despacho aduaneiro por meio de canais de conferência que não sejam o verde, por resultarem em fiscalização efetiva (não automática/eletrônica) das informações prestadas pelo sujeito passivo como condição indispensável ao desembaraço das mercadorias, representam ato administrativo próprio do auditor-fiscal, o qual é regulamento e vincula o sujeito passivo, sendo instrumento genuíno à fiscalização e ao lançamento fiscal. Portanto, trata-se de procedimento pelo qual há clara fixação de critério jurídico do qual cabe, inclusive, discussão pelo contribuinte por meio de manifestação de inconformidade e que poderá ensejar auto de infração. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. RGI 3. COMPARAÇÃO. A RGI3 somente deve ser utilizada se houver confronto no mesmo nível da NCM. Subposição de primeiro nível somente é comparável a subposição de primeiro nível, não o é com subposição de segundo nível ou com subitem de qualquer nível. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. EX TARIFÁRIO. O benefício fiscal nomeado de Ex tarifário é concedido para a descrição da máquina e não para a classificação fiscal. Assim, do mesmo modo que a incorreção na classificação fiscal não impede o gozo do benefício, o enquadramento do maquinário no benefício não impede a multa por classificação fiscal incorreta. 1.2. Em sua peça, a Embargante alega contradição entre os fundamentos do acórdão e o resultado de julgamento, pois, embora tenha sido cancelado a autuação apenas em parte, o dispositivo menciona o cancelamento da “totalidade do crédito tributário lançado”. Voto Conselheiro Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Relator. 2.1. Na forma do voto da sempre Justa Conselheira Fernanda, no auto de infração objeto do presente PAF foram lançados 1) multa por classificação fiscal incorreta, 2) multa por ausência de LI e 3) diferença entre os tributos recolhidos e os efetivamente devidos (todos com os respectivos consectários legais). 2.2. No tópico de número 2 do voto da Conselheira Fernanda, esta afastou os três lançamentos (multa por classificação fiscal incorreta, multa por ausência de LI e diferenças tributárias) de todas as mercadorias parametrizadas em canal vermelho de conferência; no que foi acompanhada por seus pares (este redator incluso) – ao menos, em número suficiente para reversão do lançamento. Fl. 559DF CARF MF Original Fl. 3 do Acórdão n.º 3401-011.846 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10314.720547/2018-82 2.2.1. Porém, constata a Conselheira Fernanda (bem atenta aos autos) que também foram lançados tributos e sanções aduaneiras em mercadorias parametrizadas em outros canais de conferência. Conforme demonstrado pela recorrente, parte das importações objeto do lançamento, e cujo desembaraço aduaneiro ocorreu em anos diferentes e com espaçamento temporal entre as operações, dizem respeito a mercadorias importadas que foram desembaraçadas em canal vermelho. (...) Nestes termos, voto pela nulidade do lançamento ora analisado de forma completa em razão de as fiscalizações físicas terem se dado, ainda que alternadamente com outro canais de despacho, ao longo de todo o período autuado. Alternativamente, caso a Turma discorde desse posicionamento, entendo que, ao menos as DIs objeto de canal vermelho necessitam ser excluídas do lançamento, visto que estas foram objeto de fiscalização efetiva e incontestável em momento anterior à lavratura do AI. 2.2.1.1. Neste ponto, como se infere do voto, o lançamento foi integralmente mantido (ao menos, a priori); ou seja, a Turma discordou do primeiro posicionamento de nulidade, mas concordou que “ao menos as DIs objeto de canal vermelho necessitam ser excluídas do lançamento”, o que levou a Conselheira Fernanda a analisar os demais argumentos da Embargada no tópico 3. 2.3. No tópico 3 a Conselheira Fernanda apresenta fortes razões para o afastamento do lançamento com fundamento no acerto da classificação fiscal da Recorrente. Todavia, estas razões foram afastadas por outras levantadas por esta Turma e expressas em voto que fui agraciado com a redação. Assim, para as mercadorias não parametrizadas em canal vermelho, foi mantida a multa por erro de classificação fiscal. 2.4. Ao final, como a Conselheira Fernanda concordou com a classificação fiscal adotada pela Embargada, para essa nobre Julgadora restou prejudicada a análise da multa por ausência de Licença de Importação. Acontece que, vencida a tese da correção da classificação fiscal, ressurgiu o debate acerca da multa por ausência de Licença de Importação. 2.5. Nos debates, embora não esteja expresso no Acórdão, restou definida a impossibilidade de aplicação de multa por falta de licenciamento visto que, a) a mercadoria encontrava-se corretamente descrita e não houve constatação de dolo ou fraude da Embargada, o que leva ao afastamento da sanção com base no Ato Declaratório Normativo COSIT 12/1997, b) não se tratava de caso de falta de licença, mas de licença incorretamente emitida, c) para ambas as classificações o licenciamento era não automática. 2.5.1. Desta forma, o crédito decorrente da aplicação de sanção aduaneira por ausência de licença de importação foi afastado para as demais operações de importação (parametrizadas em outros canais de conferência) – e, daí, talvez, a confusão redacional, que há de ser corrigida ao ser alterada para a seguinte: Acordam os membros do colegiado, (1) por força do artigo 19-E da Lei nº 10.522/02, em cancelar a totalidade do crédito lançado (tributos, multa por erro de classificação fiscal e multa por ausência de LI) relativo às mercadorias desembaraçadas no canal vermelho, vencidos os conselheiros Luís Felipe de Barros Reche, Gustavo Garcia Dias dos Santos, Maurício Pompeo da Silva e Ronaldo Souza Dias, (2) por maioria de votos, em manter a multa aplicada por erro de classificação fiscal nas operações parametrizadas em canais que não o vermelho, vencidos neste item a conselheira Fernanda Vieira Kotzias (relatora) e o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Fl. 560DF CARF MF Original Fl. 4 do Acórdão n.º 3401-011.846 - 3ª Sejul/4ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10314.720547/2018-82 Branco., (3) por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para cancelar o crédito tributário lançado por ausência de LI também para as operações parametrizadas nos demais canais de conferência aduaneira. 3. Pelo exposto, admito, porquanto tempestivo, e conheço dos Embargos de Declaração dando-lhe provimento somente com efeitos integrativos, alterando o dispositivo do voto embargado para o seguinte: Acordam os membros do colegiado, (1) por força do artigo 19-E da Lei nº 10.522/02, em cancelar a totalidade do crédito lançado (tributos, multa por erro de classificação fiscal e multa por ausência de LI) relativo às mercadorias desembaraçadas no canal vermelho, vencidos os conselheiros Luís Felipe de Barros Reche, Gustavo Garcia Dias dos Santos, Maurício Pompeo da Silva e Ronaldo Souza Dias, (2) por maioria de votos, em manter a multa aplicada por erro de classificação fiscal nas operações parametrizadas em canais que não o vermelho, vencidos neste item a conselheira Fernanda Vieira Kotzias (relatora) e o conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco., (3) por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso, para cancelar o crédito tributário lançado por ausência de LI também para as operações parametrizadas nos demais canais de conferência aduaneira. (documento assinado digitalmente) Oswaldo Gonçalves de Castro Neto Fl. 561DF CARF MF Original
score : 2.6514142
Numero do processo: 10314.004833/2003-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 19/06/1998 a 24/10/2001
MULTA POR CLASSIFICAÇÃO FISCAL INCORRETA. IMPROCEDÊNCIA DE RECLASSIFICAÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELO FISCO. NULIDADE.
Constatado que a classificação fiscal da mercadoria objeto da lide diz respeito a um código NCM diverso, tanto daquele utilizado pelo contribuinte na importação, quanto do indicado pelo Fisco no lançamento, este deve ser anulado por vício material, o que também acarreta a exoneração da multa isolada por erro de classificação fiscal.
Numero da decisão: 9303-005.501
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (relator), Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Augusto do Couto Chagas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 19/06/1998 a 24/10/2001 MULTA POR CLASSIFICAÇÃO FISCAL INCORRETA. IMPROCEDÊNCIA DE RECLASSIFICAÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELO FISCO. NULIDADE. Constatado que a classificação fiscal da mercadoria objeto da lide diz respeito a um código NCM diverso, tanto daquele utilizado pelo contribuinte na importação, quanto do indicado pelo Fisco no lançamento, este deve ser anulado por vício material, o que também acarreta a exoneração da multa isolada por erro de classificação fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (relator), Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Augusto do Couto Chagas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
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IMPROCEDÊNCIA DE RECLASSIFICAÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELO FISCO. NULIDADE. Constatado que a classificação fiscal da mercadoria objeto da lide diz respeito a um código NCM diverso, tanto daquele utilizado pelo contribuinte na importação, quanto do indicado pelo Fisco no lançamento, este deve ser anulado por vício material, o que também acarreta a exoneração da multa isolada por erro de classificação fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (relator), Andrada Márcio Canuto Natal e Luiz Augusto do Couto Chagas, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Redator Designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 48 33 /2 00 3- 11 Fl. 218DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, em face do acórdão nº 3202001.403, que possui a seguinte ementa: ACÓRDÃO DA DRJ. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. PERÍCIA. Presentes os elementos de fato necessários ao julgamento, tornase prescindível a realização de perícia. FUNDAMENTAÇÃO DO LANÇAMENTO.TERCEIRA HIPÓTESE DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL. IMPROCEDÊNCIA. Constatado que a classificação fiscal das mercadorias, objeto da lide, diz respeito a um código NCM diverso, tanto daquele utilizado pela impugnante, bem como daquele que a fiscalização entendeu ser a correta, o lançamento deverá ser julgado improcedente por erro na sua fundamentação. Sendo improcedente a classificação do Fisco, também devem ser julgadas improcedentes as multas dos artigos 44 e 45 da Lei 9.430/96, do artigo 169, I, “b” do Decretolei 37/66 e do artigo 636 do decreto 4.543/2002, cominadas em decorrência do lançamento equivocadamente fundamentado. A matéria de fundo referese a Autos de Infração, lavrado em nome do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos Industrializados, acrescidos de juros de mora e multas dos artigos 44 e 45 da Lei 9.430/96, do artigo 169, I, “b” do Decretolei 37/66 e do artigo 636 do decreto 4.543/2002, em razão da incorreta classificação fiscal de mercadoria importada na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Apreciando o pleito da Contribuinte, a DRJ julgou procedente em parte o lançamento, acolhendo apenas a alegação de decadência. Por ocasião do julgamento do recurso voluntário, a Segunda Turma, da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF, promoveu uma “terceira classificação” da mercadoria importada, em razão de discordar tanto da classificação eleita pelo contribuinte, como daquela oferecida pelo Fisco, ocasião em que julgou por bem cancelar as multas cominadas em função do lançamento equivocadamente fundamentado A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de divergência quanto à manutenção da multa de 1% por erro de classificação fiscal, que foi admitido pela demonstração de dissídio jurisprudencial, conforme despacho de admissibilidade às fls.142 a 145. O sujeito passivo apresentou suas contrarrazões às fls. 201 a 205. É o relatório. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10314.004833/200311 Acórdão n.º 9303005.501 CSRFT3 Fl. 219 3 Voto Vencido Conselheiro RODRIGO DA COSTA PÔSSAS O recurso interposto pelo sujeito passivo é tempestivo, e foi admitido pelo Presidente da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF. A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional quanto à manutenção da multa por erro de classificação ainda que improcedente a reclassificação promovida pelo Fisco, pelo fato de o contribuinte ter laborado em erro quando da sua classificação fiscal O Colegiado a quo concluiu que, em sendo improcedente a classificação promovida pelo Fisco, as multas cominadas seriam, consequentemente, improcedentes. Diversamente, a 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, da Terceira Seção do CARF, manteve a multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, prevista no inciso I do artigo 84 da MP 2.15835/01, mesmo no caso em que foi descartado tanto a classificação promovida pelo contribuinte, como também aquela invocada pelo Fisco, chegandose a uma “terceira classificação”. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à manutenção ou não da multa por erro de classificação fiscal, em caso de incorreção da reclassificação fiscal promovida pela autoridade fiscal. O Acórdão recorrido decidiu pelo afastamento das multas aplicadas tendo em vista a improcedência da reclassificação promovida pelo Fisco. Transcrevo excerto do voto condutor do acórdão recorrido: “[...] Consequetemente, sendo improcedente a classificação do Fisco, também devem ser julgadas improcedentes as multas dos artigos 44 e 45 da Lei 9.430/96, do artigo 169, I, “b” do Decretolei 37/66 e do artigo 636 do decreto 4.543/2002, cominadas em decorrência do lançamento equivocadamente fundamentado.” Em que se pese as considerações do julgador a quo, entendo que a decisão não foi devidamente fundamentada. Não foram apreciados os tipos infracionais das multas aplicadas para se chegar na conclusão de improcedência das multas aplicadas. Foram aplicadas as seguintes multas no Auto de Infração: (i) multa de ofício proporcional (Art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96); (ii) multa do Controle Administrativo (Art. 169, inciso I, alínea "b" do DecretoLei 37/66); e (iii) multa por classificação incorreta (Art. 84 da Medida Provisória 2.15835/2001). O afastamento da multa de ofício, de natureza tributária, é decorrência lógica do afastamento do principal cobrado. Entretanto, o mesmo não ocorre para as penalidades de natureza aduaneira lançadas. Como o Recurso Especial foi admitido apenas em relação à aplicação da multa por classificação incorreta, restringirei a análise a tal penalidade. Assim dispõe o inciso I do artigo 84 da Medida Provisória 2.15835/2001, matriz legal da sanção aplicada: Fl. 220DF CARF MF 4 Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou [...] Destacase que o tipo infracional é classificar incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul a mercadoria importada. A classificação incorreta é fato incontroverso, sendo admitida inclusive pelo acórdão recorrido. Independentemente da improcedência da reclassificação fiscal promovida pelo Fisco, constatase que efetivamente ocorreu o erro de classificação fiscal promovido pelo sujeito passivo em sua declaração de importação. A incidência da multa de um por cento prevista no art. 84 da MP 215835/2001 apenas reclama a mera classificação incorreta na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria ou, alternativamente, a quantificação incorreta na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. Dessa forma, é apenas necessário comprovar a errônea classificação fiscal do produto importado (fato inequívoco nos autos) para a aplicação da penalidade prevista no art. 84 da MP 215835/2001, sendo de todo impertinente alegar, como motivo para a sua não exigência, o fato de o Fisco também ter se equivocado quando da classificação fiscal. O erro de classificação original persiste, bem como as consequências dele decorrentes. No presente caso, os fundamentos da exigência fiscal mantêmse incólumes. Em face do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial da Fazenda Nacional, para manter a exigência de multa de um por cento do valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, prevista no inciso I do artigo 84 da MP 2.15835/01. (assinatura digital) RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10314.004833/200311 Acórdão n.º 9303005.501 CSRFT3 Fl. 220 5 Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator designado No presente caso, segundo o acórdão recorrido, o Fisco, no ato lançamento, e a contribuinte, quando da importação, igualmente equivocaramse ao promover a classificação fiscal do produto importado. Donde a integral exoneração dos valores lançados, inclusive da multa de um por cento em face do erro de classificação fiscal, entendimento contra a qual, especificamente quanto ao cancelamento desta última, insurgiuse a Recorrente, a douta Procuradoria da Fazenda Nacional. Consoante o mesmo acórdão recorrido, a exoneração das multas aplicadas, incluindo a multa isolada que decorre do erro de classificação, deveuse ao fato de o lançamento estar equivocadamente fundamentado. Já o il. relator do voto vencido, diz bastar, para a aplicação da mesma penalidade isolada, ser necessário apenas comprovar a errônea classificação fiscal do produto importado, sendo absolutamente irrelevante o fato de o Fisco também ter se equivocado em sua classificação fiscal, porque, acredita, o erro de classificação persistiu, bem como as consequências deste erro decorrentes. Discordamos. Primeiro, o fato de o erro de classificação fiscal persistir, ou seja, o fato de a classificação fiscal correta não ser a adotada pela contribuinte (classificação "A"), tampouco ser a indicada pelo Fisco (classificação "B"), mas, sim, uma terceira classificação (classificação "C"), não autoriza, só por isso, a manutenção da multa isolada. Se assim fosse, também se deveria manter a exigência do crédito tributário lançado, no caso em que, não obstante o erro de classificação da contribuinte e do Fisco, a terceira classificação fiscal, a classificação "C", se apresentasse com as mesmas alíquotas de II e de IPI vinculado que aquela indicada pelo Fisco no lançamento, a classificação "B". Afinal, neste caso, também continuaria a haver a falta de recolhimento de tributos na importação, assim como, é o que se defende, o erro de classificação (Onde há a mesma razão, haveria de se aplicar o mesmo direito). Segundo, porque, para apontar um erro de classificação fiscal, o Fisco deve indicar as regras de classificação não observadas e a classificação fiscal correta. E assim é porque, não fosse pelo caráter norteador das Regras de Interpretação do Sistema Harmonizado – as quais se direcionam a apontar como chegar à correta classificação fiscal do produto importado, não à errada! –, a Administração Tributária deve informar ao administrado (no caso, o importador) não apenas o erro que cometera, mas, também, como deveria ter agido, a fim de que o erro não venha a se repetir, com todas as consequências daí advindas (o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.784, de 1999, impõe que, nos processos administrativos, a atuação da Administração Pública se dê segundo padrões éticos de probidade, decoro e boafé). Não se pode afirmar errada uma classificação, senão indicando a correta e apontando as regras que autorizam esta nova classificação (por isso, nunca vimos um auto de infração, e estou certo que jamais veremos, que apontasse o erro de classificação cometido pelo importador, mas não indicasse a classificação correta). Terceiro, o lançamento tributário é um ato administrativo que, como outros de mesma natureza, apresenta requisitos cuja não observância enseja a declaração de sua nulidade. Um desses requisitos é a motivação, consistente no relato, em linguagem adequada, do motivo do ato – o fato do mundo fenomênico que autoriza o lançamento. Noutras palavras, Fl. 222DF CARF MF 6 é a exposição, por escrito e de forma inteligível, de que os seus pressupostos de fato realmente ocorreram. Segundo o il. exConselheiro LUÍS EDUARDO BARBIERI, a "autoridade fiscal, ao efetuar o lançamento, deve demonstrar e comprovar que a situação fática (fato jurídico relatado) se enquadrou perfeitamente no pressuposto de direito (dispositivo legal). Devese, portanto, demonstrar a subsunção entre o evento, ocorrido no mundo fenomênico e relatado na linguagem competente – fato jurídico, à hipótese de incidência tributária" (BARBIERI, Luís Eduardo Gorrossino, Lançamento tributário: vícios e seus defeitos, São Paulo: Novas Edições Acadêmicas, 2015, p. 226). Um dos equívocos apontados na mesma obra quanto à motivação do lançamento é a ausência, insuficiência ou o erro na descrição dos fatos do auto de infração (p. 227), erro como o que ora constatamos no presente lançamento, uma vez que, na sua motivação, a autoridade fiscal deveria ter demonstrado o equívoco que laborou a contribuinte, mediante análise das regras de interpretação que seriam aplicáveis ao caso e a indicação, como vimos, em face dessas mesmas regras, da classificação correta. A nosso juízo, portanto, a autoridade fiscal cometeu um vício de motivação no lançamento, do qual resulta, pura e simplesmente, a sua nulidade por vício material. Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 223DF CARF MF
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Numero do processo: 14090.720754/2017-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2013
MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DE PENALIDADES. ORIENTAÇÃO ADMINISTRATIVA
O art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/1964 prevê o afastamento da multa de ofício quando o contribuinte se orienta de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal.
Não é o caso dos autos, tendo em vista que a multa de ofício foi aplicado por infração diversa daquela estampada nos precedentes citados pela contribuinte.
Numero da decisão: 3301-006.085
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão quanto a alegação de inaplicabilidade da multa de ofício.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Marco Antonio Marinho Nunes, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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APLICAÇÃO DE PENALIDADES. ORIENTAÇÃO ADMINISTRATIVA O art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/1964 prevê o afastamento da multa de ofício quando o contribuinte se orienta de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal. Não é o caso dos autos, tendo em vista que a multa de ofício foi aplicado por infração diversa daquela estampada nos precedentes citados pela contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão quanto a alegação de inaplicabilidade da multa de ofício. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Marco Antonio Marinho Nunes, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 0. 72 07 54 /2 01 7- 89 Fl. 10474DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração (fls. 397413) opostos contra acórdão nº 3301005.546 proferido por esta turma ordinária em sessão de 28/11/2018, com argumentos de omissão ou contradição em diversos pontos da referida decisão. No entanto, apenas um ponto foi admitido pelo despacho de admissibilidade (fls. 469472) e, por bem resumir, transcrevo abaixo para fazer parte do relatório: A leitura dos embargos de declaração do contribuinte revela que, exceto em relação à aplicabilidade do art. 76, II, "a", da Lei nº 4.502/64, não foram alegados os vícios que rendem ensejo ao manejo do referido recurso, mas sim deduzidos argumentos que visaram atacar o julgado, objetivando sua reforma pela mesma instância em que foi proferido, o que não é a função dos embargos de declaração. Com efeito, alegar que o Acórdão manteve o auto de infração com fundamentação diferente daquela originalmente invocada pelo fisco não caracteriza contradição entre as premissas e a conclusão do julgado, mas sim verdadeira reação contra seus fundamentos, objetivando obter sua reforma pela mesma instância na qual foi proferido.. Também no que tange à alegação de suposta contradição na análise dos laudos do INT e do laboratório Falcão Bauer, a embargante está reagindo contra a valoração da prova efetuada pelo colegiado, pois a suposta contradição só existiria se a premissa levantada pela recorrente no parágrafo 4.3 dos embargos fosse verdadeira, qual seja: "a única conclusão possível" a ser extraída do laudo do INT é a de que os kits são um produto único. Caso contrário, se essa premissa não for verdadeira, então não haveria contradição alguma no julgado. Para avaliar se a premissa dos embargos é ou não verdadeira, o colegiado teria que reexaminar a prova, ou seja, julgar o processo novamente. Os embargos de declaração não se prestam para forçar o colegiado a revolver o conjunto probatório. O mesmo se diga quanto à suposta contradição na análise dos Atos da Suframa, pois do fato de o colegiado ter admitido a existência de tais atos, não decorre logicamente a conclusão de que eles se pronunciaram sobre a classificação fiscal dos concentrados. A embargante está fazendo um jogo de palavras em seu recurso, pois se "manifestar quanto à natureza do produto" é coisa completamente distinta de se manifestar quanto à classificação fiscal do produto. Aliás, o relator deixou essa circunstância bem clara nos seguintes excertos do voto condutor, in verbis: "(...) Também não assiste razão os argumentos acerca da competência da SUFRAMA para definir a classificação fiscal dos produtos objeto de projetos industriais aprovados por este órgão para fruição de benefícios fiscais. Isso porque é atribuição da Receita Federal do Brasil o desenvolvimento desta tarefa, nos termos do art. 30 do Decreto nº Fl. 10475DF CARF MF Processo nº 14090.720754/201789 Acórdão n.º 3301006.085 S3C3T1 Fl. 10.475 3 70.235/1972. Ademais, o Fisco, no TVF, consignou que a SUFRAMA não se pronunciou sobre o enquadramento na TIPI dos produtos em questão, tendo a classificação fiscal sido colocada no projeto e avaliação técnica trazida pela própria RECOFARMA para aprovação do projeto e obtenção da sua aprovação pela SUFRAMA. Compete à SUFRAMA a fiscalização do atendimento aos requisitos para gozo da isenção, mas o atendimento da legislação tributária, incluindose classificação fiscal e a alíquota utilizada pelos adquirentes para cálculo dos créditos, é tema de fiscalização da RFB. (...)" Portanto, não existe contradição alguma no fato de admitir a existência dos atos da Suframa e decidir que aquele órgão não se pronunciou sobre o enquadramento dos concentrados na Nomenclatura porque ele não tem competência para realizar esse mister. Por fim, quanto à aplicabilidade do art. 76, II, "a", da Lei nº 4.502/64, verificase que a defesa alegou no item 7 do recurso voluntário, folhas 10.147 e ss. que a multa de ofício seria inaplicável nos casos em que os contribuintes agem conforme entendimento fixado em decisão administrativa irrecorrível. Consultando a decisão embargada, verificase que assiste razão a embargante quanto a omissão alegada. A decisão guerreada não se manifestou sobre a alegação de inaplicabilidade da multa de ofício. Com esses fundamentos, valhome do art. 65, § 3º do RICARF, para rejeitar em caráter definitivo os embargos de declaração, em relação às contradições alegadas, em virtude da inexistência dos vícios e da improcedência das alegações e acolho os embargos de declaração, relativamente à omissão na apreciação da aplicabilidade do art. 76, II, "a", da Lei nº 4.502/64. (grifei) É o relatório Voto Conselheiro SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Conforme apontado na síntese acima, a Embargante trouxe em seu recurso voluntário o argumento subsidiário para o afastamento da multa de ofício. Assim, caso mantida a autuação, sob a alegação de que entendia não ter a obrigação de conferir a classificação fiscal adotada pelo seu fornecedor RECOFARMA na nota fiscal quando do recebimento das mercadorias. Afirma a Embargante, e também afirmou em seu Recurso Voluntário, a existência de decisões irrecorríveis de última instância administrativa proferidas em processos fiscais no sentido de que não cabe ao adquirente do produto verificar a sua correta classificação fiscal (Acórdãos: 0202.895, de 28.01.2008, relator Conselheiro ANTONIO CARLOS Fl. 10476DF CARF MF 4 ATULIM; 0202.752, de 02.07.2007, relator Conselheiro ANTONIO BEZERRA NETO e 02 0.683, de 18.11.1997, relator Conselheiro MARCOS VINÍCIUS NEDER DE LIMA) Em vista disso, como decorrência do princípio da confiança, o art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/1964 prevê o afastamento da multa de ofício, verbis: Art . 76. Não serão aplicadas penalidades: II enquanto prevalecer o entendimento aos que tiverem agido ou pago o impôsto: a) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado; Realmente, não foi proferida decisão sobre este ponto, havendo omissão. O contexto é o art. o art. 62 da Lei nº 4.502/1964, que estabelece o dever do adquirente de verificar se os produtos adquiridos para utilização em sua produção apresentam correção nas notas fiscais, isto é, se este documento atende as prescrições da legislação. O questionamento é se este dispositivo exige ou não que se examine a classificação fiscal dos produtos dada pelo fornecedor. Ressaltese que no voto Embargado restou consignado que sim, a classificação fiscal está inserida neste dispositivo: Art . 62. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprêgo ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se êles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao sêlo de contrôle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se êstes satisfazem a tôdas as prescrições legais e regulamentares. § 1º Verificada qualquer falta, os interessados, a fim de se eximirem de responsabilidade, darão conhecimento à repartição competente, dentro de oito dias do recebimento do produto, ou antes do início do consumo ou da venda, se êste se der em prazo menor, avisando, ainda, na mesma ocasião o fato ao remetente da mercadoria. (grifei) Os regulamentos do IPI anteriores, ao regulamentar o art. 62 do da Lei 4.502/1964, traziam consigo uma disposição expressa de que a verificação das "prescrições legais" das notas fiscais incluíam a classificação fiscal, porém, na atual redação do dispositivo dada pelo Art. 327 do RIPI/2010, tal especificação foi retirada do texto, passando a ter a mesma redação do art. 62 do dispositivo legal retrocitado. As decisões administrativas citadas pela Embargante afastaram as penalidades aplicada sobre a obrigatoriedade da conferência das notas fiscais para fins de identificar se atendiam todas "as prescrições legais e regulamentares". Estas decisões tratam da discussão se nesta exigência estão inseridas ou não a conferência da correção da classificação fiscal. Pois bem, ao analisar os precedentes citados pela ora Embargante, constatase que não estão relacionados com o caso dos autos. Isso porque, no caso em análise, foi aplicada a multa de ofício prevista no artigo 80 da Lei nº 4.502/1964. Esta sanção é aplicada para os Fl. 10477DF CARF MF Processo nº 14090.720754/201789 Acórdão n.º 3301006.085 S3C3T1 Fl. 10.476 5 casos de falta de pagamento de imposto, tendo a Embargante incorrido nesta hipótese de incidência por ter escriturado um crédito de IPI a maior do que o devido, com base em classificação fiscal equivocada. Nos precedentes citados pela Embargante a infração é outra, específica para o art. 62. A sanção é a seguinte: caso o adquirente de uma mercadoria detecte equívocos no documento fiscal que desobedeçam as prescrições legais e regulamentares, deve informar o fornecedor e o Fisco; a falta do cumprimento deste dever incorre em uma sanção. Assim, a discussão destes precedentes gira em torno da obrigação de o adquirente comunicar ao fornecedor e ao fisco, eventuais irregularidades da nota fiscal de aquisição. Referidos precedentes tratavam de fatos geradores ocorridos sob a vigência do RIPI/1982 ou do RIPI/1998 que previam esta penalidade em seus artigos 368 e 465, respectivamente, que nada mais faziam do que repetir a penalidade prevista no art. 82 da Lei nº 4.502/1964. No atual regulamento vigente, RIPI/2010, a penalidade é a mesma e o dispositivo equivalente é o art. 575. Esta penalidade é aplicada especificamente para o contexto do art. 62 acima transcrito, onde se prevê, como no caso de seu § 1º, a obrigação de informar o Fisco caso o adquirente verifique alguma incorreção na nota fiscal. Caso o adquirente não realize esta comunicação, será penalizado com a sanção prevista no art. 82, verbis: Art . 82. A inobservância das prescrições do artigo 62 e de seus parágrafos, pelos adquirentes e depositários ali mencionados, sujeitálosá às mesmas penas cominadas ao produtor ou remetente dos produtos pela falta apurada, considerada, porém, para efeito de fixação e graduação da penalidade, o capital registrado daqueles responsáveis. Nos precedentes citados pela Embargante esta penalidade foi afastada porque havia uma discussão sobre se o adquirente estava obrigado a verificar a correção da classificação fiscal estampada no documento fiscal emitido pelo fornecedor, isto é, se na expressão sobre se os documentos fiscais "satisfazem a tôdas as prescrições legais e regulamentares" constante na parte final do art. 62 da Lei nº 4.502/1964 inclui a verificação da classificação fiscal. O entendimento foi que a verificação da classificação fiscal não estava incluída. Inclusive, um dos acórdãos ainda ressalta que há dúvida na interpretação na expressão "prescrições legais e regulamentares", havendo fortes argumentos tanto para se entender que não está incluída a necessidade de verificar a classificação fiscal, quanto que está incluída. Daí porque, diante da dúvida, referido acórdão (nº 202118.900) aplicou o art. 112, I do CTN para afastar a penalidade do art. 82 da Lei nº 4.502/1964. Entretanto, a autuação em nenhum momento teve por base a falta de conferência, pelo Embargante, da correção da classificação fiscal adotada pelo fornecedor e seu consequente dever de informar o Fisco os eventuais equívocos encontrados. A multa aplicada não foi por causa desta falta. A multa de ofício aplicada na presente autuação fiscal é prevista no art. 80 da Lei 4.502/1964 e foi aplicada em razão da falta de recolhimento de imposto, por se ter Fl. 10478DF CARF MF 6 constatado que a Embargante se creditou indevidamente do IPI com base em classificação fiscal equivocada, gerando um grande volume de créditos, que culminou na falta de pagamento do imposto. Esta foi a sanção aplicada no auto de infração e julgada por esta turma no acórdão ora Embargado. A Embargante utiliza jogo de palavras para confundir os julgadores, já que a multa de ofício não foi aplicada porque deixou de conferir a nota fiscal e informar os equívocos como ordena o art. 62 da Lei nº 6402/1964, o que poderia até lhe dar guarida por existir estas raras decisões da CSRF afastando a penalidade pela falta de informação se o equívoco ou divergência for em relação à classificação fiscal. Este argumento da conferência ou não é absolutamente lateral no caso dos autos, já a multa foi aplicada porque não houve recolhimento do imposto, justamente porque a Embargante se pautou em classificação fiscal equivocada, inclusive já afirmada na Solução de Consulta SRRF02/Diana nº 5/2010, de 20/05/2010 (anterior aos fatos geradores), ratificada pela Informação Coana/Ceclam nº 8/2015, no sentido de que a classificação correta do denominado kit é a 2106.9010, sem o ex trarifário. Desta feita, os precedentes citados pela Embargante, como decisões administrativas de última instância que orientaram sua conduta, não prestam para o caso em análise, pois tratam de outra sanção, diversa da dos autos, sendo assim, não se aplica o art. 76, II, "a" da Lei nº 4.502/1964. Tratase de assunto que não foi objeto da autuação fiscal, por mais que ventilado em sede de recurso voluntário e que, em verdade, no julgamento do recurso, deveria ser matéria não conhecida. CONCLUSÃO Isto posto, acolho os embargos de declaração sem efeitos infringentes, para sanar a omissão quanto a alegação de inaplicabilidade da multa de ofício. SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator Fl. 10479DF CARF MF
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Numero do processo: 10920.000057/95-89
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 1998
Data da publicação: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 1998
Ementa: IPI - MULTA - TIPICIDADE - A Lei nr. 4.502/64, art. 62 RIPI/82, arts. 173, §§, 364, II e 368 - Obrigação acessória do adquirente de produtos industrializados. A cláusula final do artigo 173 caput; "e se estão de acordo com a classificação fiscal, o lançamento do imposto " - é inovadora, vale dizer, não encontra amparo no artigo 62 da Lei nr. 4.502/64. Destarte, não pode prevalecer, por isso que as penalidades são reservadas à lei (CTN, art. 97 V; Lei nr. 4.502/64, art. 64, § 1). Recurso provido.
Numero da decisão: 201-71324
Nome do relator: Jorge Freire
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O. U. 2- 'oci -{ a/ 0 19 2e. C MINISTÉRIO DA FAZENDA C......... Rubrica SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4.15Y1-gr Processo : 10920.000057/95-89 Acórdão : 201-71.324 Sessão : 27 de janeiro de 1998 Recurso : 100.269 Recorrente: Brasfrigo S.A. Recorrida : DRJ Florianópolis - SC IPI - MULTA - TIPICIDADE - A Lei 4.502/64, art. 62, RIPI/82, arts. 173, §§, 364, II e 368 - Obrigação acessória do adquirente de produtos industrializados. A cláusula final do artigo 173 caput; - "e se estão de acordo com a classificação fiscal, o lançamento do imposto" - é inovadora, vale dizer, não encontra amparo no artigo 62 da Lei n. 4.502/64. Destarte, não pode prevalecer, por isso que as penalidades são reservadas à lei (CTN, art. 97 V; Lei 4502/84, art. 64, § 15. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por BRASFRIGO S.A. ACORDAM os Membros da Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Valdemar Ludvig. Sala das Sessões, em 27 de janeiro de 1998 10* Luiza Fie- al- nte de Moraes Presidenta • —v, Jorge Freire Relator Participaram, ainda do presente julgamento, os Conselheiros Expedito Terceiro Jorge Filho, Rogério Gustavo Dreyer, Serafim Femandes Correa, Geber Moreira e Sérgio Gomes Velloso. Fclb/mas 0211 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10920.000057/95-89 Acórdão : 201-71.324 Recurso : 100.269 Recorrente : Brasfrigo S.A. RELATÓRIO Trata-se de recurso à decisão monocrática proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento erri Florianipolis, SC, tendo em vista a manutenção integral do auto de infração lavrado pela Delegacia da Receita Federal em Joinville, SC. O lançamento formalizado neste processo decorreu de a empresa Sabroe Tupiniquim (CGC 80.446.529/0001-72) ter sido autuada, dentre outras razões, por erro de classificação fiscal quanto aos produtos de sua fabricação denominados Painel Frigoloc e Styropainel ( portas frigoríficas). Entende o Fisco que a classificação correta é 8418.99.9900, alíquota de 15 % (quinze por cento), ao invés da adotada pela autuada, 7308.30.0000, aliquota zero. Da mesma forma em relação ao uso indevido de redução/isenção do IPI previsto no art. 17 do Decreto-Lei 2.433/88 c/c art. 5 0 da Lei 7.988/89. Tendo a recorrente comprado tais mercadorias da empresa originariamente autuada, através das notas-fiscais relacionadas às fls. 04/06, entenderam os agentes do fisco que a mesma inobservou o disposto no art. 173 do mesmo regulamento, desta forma sujeitando-se à penalidade prevista no art. 368 do RIPI/82. A multa aplicada foi a correspondente ao valor que deixou de ser lançado (364, II). lrresignada, a empresa impugna o lançamento sustentando a legalidade da classificação fiscal e a isenção/redução adotada pela SABROE. A decisão monocrática mantém ia integrum o lançamento (fls. 60/69). Há recurso a este Colegiado onde a empresa alega que não pode a mesma ser autuada em função de matéria de alta complexidade como a classificação fiscal de mercadorias, que é matéria ensejadora de perícia. No mais, repisa seus argumentos. A Fazenda Nacional, em suas contra-razões, pugna pela manutenção de decisão recorrida (fl. 84). É o relatório. 2 ca MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10920.000057195-89 Acórdão : 201-71.324 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR JORGE FREIRE Até então vinha entendendo que o descumprimento das obrigações do art. 173 do RIPI/82, daria margem à aplicação da penalidade do art. 368 do mesmo Regulamento, também quando se referissem a não comunicação de erro de classificação fiscal. Embasava minha posição no fato de que, embora não houvesse autorização legal explícita no art. 62 da Lei 4.502164, o próprio artigo referenciava a outras "prescrições legais e regulamentares". Tratar-se-ia, portanto, de norma em branco que o Regulamento do IPI veio preencher, e diligenciava para saber a sorte do processo principal, sobrestando seus resultados até julgamento final. Todavia, já há unanimidade contrária à minha posição pelas demais Câmaras deste Conselho e por esta Primeira Câmara, que desde sempre teve no ilustre Conselheiro Dr. Rogério G. Dreyer, voto neste sentido. E também é este o entendimento do Judiciário especificamente quanto à penalização por não cumprimento da obrigação acessória do art. 173 no que tange à dassificação fiscal. Do voto do nominado Conselheiro, no recurso 99496, transcrevo o excerto infra, por entender que ele é exaustivo e definitivo, o qual adoto, em parte, como fundamento de decidir "... Tendo em vista a importância da matéria, sob o aspecto jurídico, e em vista do posicionamento que venho defendendo em relação a mesma, peço vênia aos meus pares para iniciar o julgamento atacando o último item enfocado. A matriz legal do artigo 173 do PIPI, o artigo 62 da Lei n° 4.502164, estabelece o seguinte: Art. 62 - Os fabricantes, comerciantes e depositários que re- ceberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos esta- belecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão exami- nar se eles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao selo de controle bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estes satisfazem todas as prescrições legais e regulamentares. Já o artigo 173 do RIPI assim estabelece: 3 • aqr MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES -r Processo : 10920.000057195-89 Acórdão : 201-71.324 Art. 173 - Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se estes estão devidamente rotulados ou marcados e, ainda, selados, quando sujeitos ao selo de controle, bem como se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estão de acordo com a classificação fiscal, o lançamento do imposto e as demais prescrições deste Regulamento. Constata-se manifesta inovação por parte do R1P1/82, contrariando a legislação de regência do tributo, quando atribui ao contribuinte responsabilidade transcendente ao nela estabelecido. A matriz legal estabeleceu que o adquirente verificasse, relativamente aos produtos: a) Se estão rotulados; b) Se estão marcados; c) Se devidamente selados, caso sujeitos ao selo de controle; tO Se devidamente acompanhados dos documentos exigidos; Já em relação aos documentos: e) Se estes satisfazem a todas as prescrições legais e regulamentares Estas são as responsabilidades atribuidas ao adquirente, na atividade de auxílio à fiscalização, procurando verificar a regularidade da operação entre ele e seu for- necedor. Não se pode pretender que o artigo 62 da Lei n° 4.502/64, quando diz satisfazem a todas as normas legais e regulamentares, tenha autorizado que a norma regulamentar exigisse do adquirente a verificação, nos documentos que acompanham o produto, da sua exata classificação fiscal. A lei atribuiu responsabilidade ao adquirente para verificar a satisfação de todas as prescrições legais e regulamentares, somente em relação aos documentos exigidos. Neste pé, a responsabilidade do adquirente importa a verificação de que a classificação fiscal e o destaque 4 csV-/G , MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10920.00005719549 Acórdão : 201-71.324 do imposto constem do documento, pois se trata de prescrição legal e regulamentar. Importa ainda na verificação da correta emissão da nota em outros aspectos formais, como por exemplo, quando em operação ao abrigo de exclusão do credito triutá rio, dela constar a norma excludente. Não importa, entretanto, verificar a exatidão da classificação fiscal ou da alíquota adequada, nem mesmo a exatidão da regra excludente do crédito tributário. Estas exigências regulamentares, no meu entendimento, transcendem a lei, sendo, por tal, manifestamente ilegais. Aliás, o regulamento, de forma infeliz, subverteu os termos da matriz legal, para determinar ao adquirente a responsabilidade da verificação relativa a todas as prescrições legais e regulamentares quanto à correção do imposto destacado relativamente ao produto, como se verifica no artigo 173, in fine, do WH. Salvo melhor juizo, não é isto que a Lei determina. Ela estabelece, restritivamente, a responsabilidade do adquirente em verificar o cumprimento das disposições legais e regulamentares, somente em relação aos documentos (aspecto formal), e não em relação aos aspectos de natureza material. Assim entendeu o extinto Egrégio Tribunal Federal de Recursos, no julgamento, por sua 6a Turma, da Apelação em Mandado de Segurança n° 105.951-RS, cujo acórdão junto, como parte integrante do presente voto, quando, por unanimidade, decidiu: TRIBUTÁRIO. IPI. MULTA. 1W? CIDADE Lei n°4.502/64, art. 62. Decreto 70.162/72, art. 169. Decreto 83.263119, art. 266. I. A cláusula final dos artigos 169 e 266 dos Decretos rfs 70.162172 e 83.263179 - inclusive quanto à exata classificação fiscal dos produtos e à correção do imposto lançado' - é inovadora, vale dizer, não encontra amparo no att. 62 da Lei n° 4.502/64. Destarte, não pode prevalecer, por isso que penalidades são reservadas à rei (CTN, art. 97, V; Lei 4.502/64, art. 64, § 1°). 11- Recurso improvido. Vou mais além. Tivesse a matriz legal atribuído ao adquirente verificar a regularidade do lançamento (correta classificação fiscal, aliquota e valor do imposto), estaria a mesma perpetrando manifesta ilegalidade, por afrontar o CTN, que estabelece ser a atividade da constituição do crédito 5 )\67 02. MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10920.000057195-89 Acórdão : 201-71.324 tributário, via lançamento, como privativa da autoridade administrativa. O lançamento, no dizer do CTN, é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrênela do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível (artigo 142). Desta forma, pretender atribuir ao adquirente da mercadoria a responsabilidade sobre a verificação da classificação fiscal e a decorrente aliquota aplicável - da qual decorre alteração no lançamento - e sobre a correção do imposto lançado, é elevá-lo à condição que a lei não lhe defere. Esta atribuição é privativa da autoridade administrativa. Além disto, desprezando a ilegalidade mencionada, cabe referir aspecto específico em relação à prática da determinação da classificação fiscal adequada aos produtos sujeitos ao imposto. Sabe-se que a determinação exata da classificação fiscal é tarefa que requer conhecimento técnico profundo, ao ponto de, no mais das vezes, representar este objetivo dificuldade à própria Receita Federal. Neste aspecto, importante a manifestação contida no voto proferido pelo eminente Conselheiro Sérgio Gomes Velloso, Relator do processo n° 10680.007831/90-20, acórdão n°201.69.756, como segue: Neste particular, observo que inúmeras são as hipóteses em que um aparente defeito na nota-fiscal pode ser descaracterizado pelo fabricante emitente. Dentre elas destaca-se a de divergência quanto à classificação fiscal do produto. Não são poucas as vezes em que a fiscalização se equivoca, em que o lançamento não é mantido na decisao final proferida no contencioso administrativo. Também em relação a questionamentos de isenções, enderêços, etc., são freqüentes as ocasiões em que o contribuinte e capaz de justifkar os dados que suscitam à primeira vista a acusação fiscal, enquanto que menos freqüentemente o adquirente dispõe dos elementos necessários à justificação do 6 (2/1 e MINISTERIO DA FAZENDA 'S•çt'MZ' SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4Z::::=2k1s>' Processo : 10920.000057195-89 Acórdão : 201-71.324 procedimento adotado pelo contribuinte- fornecedor. Cito ainda que, a Segunda Câmara deste Egrégio Conselho, sobre a matéria, ainda que por maioria, julgou procedente o Recurso n° 97.818, processo n° 10880.049954/92-06, assim ementando o seu acórdão de n° 202.9.414: !PI - MULTA. Tipicidade. Lei 4.502/64, art. 62, R1P1/82, arts. 173, §§, 364, 11 e 368 - Obrigação acessória do adquirente de produtos industrializados. A cláusula final do artigo 173 caput - "e se estão de acordo com a classificação fiscal, o lançamento do imposto" - é inovadora, vale dizer, não encontra amparo no artigo 62 da Lei n. 4.502/64. Destarte, não pode prevalecer, por isso que as penalidades são reservadas à lei (CTN, art. 97 V; Lei 4502/64, art. 64, § 19. Recurso provido. Cito igualmente, ainda que não vinculado diretamente aos textos legais sob comento, o estabelecido no Ato Declaratorio (Normativo) n° 36, de 05 de outubro de 1995, determinando que não configura declaração inexata, para efeitos de aplicação da multa prevista no artigo 4° da Lei n° 8.218/91, a aposição errônea da classificação tarifária constante do despacho aduaneiro, desde que corretamente descrito o produto e não constatado intuito doloso ou má-fé. De proveitoso, no referido Ato Declaratório, o reconhecimento manifesto da autoridade administrativa, das dificuldades em determinar com exatidão a classificação de produtos. Isto posto, quer pela ilegalidade mencionada, quer pela manifestações jurisprudenciais citadas, entendo que não cabe, em nenhuma circunstância, apenar o adquirente de mercadoria, com base no artigo 173 do RIPI/82, em relação à divergência quanto à classificação fiscal do produto ou em relação à correção do imposto lançado. Entendo, com o devido respeito aos que de mim divergem, que o contribuinte, em relação a tais fatos, não tem qualquer obrigação de comunica-los ao seu fornecedor'. O entendimento de que o contribuinte ao ter de verificar a classificação fiscal e conseqüente aliquota estaria se elevando à condição de autoridade administrativa, de vez que tal fato poderia dar margem à alteração do lançamento, exorbita a matéria dos autos e com ela não pactuo. 7 MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo : 10920.000057195-89 Acórdão : 201-71.324 O que se litiga aqui não é ter ou não o contribuinte de cumprir as obrigações acessórias estatuídas no art. 173 do RIPI/82 ou do art. 62 da Lei 4.502/64, mas sim se há previsão legal para sancionar administrativamente seu descumprimento. Não tenho dúvidas de que deve o contribuinte, com base nas referidas normas, verificar a regularidade da operação comercial e sua exata conexão com o documentário fiscal. Aliás, a decisão judicial a que se refere o ilustre relator do voto parcialmente susa transcrito se atém à regularidade da sanção penal administrativa e não quanto a ter ou não o contribuinte de cumprir as prestações do art. 62 da Lei 4.502/64, ou mesmo aquelas instituídas pelo poder regulamentar do Presidente da República. Também nestes termos cinge-se à decisão prolatada no Acórdão 202.9.414. Esse é o cerne da controvérsia, ter o Regulameto extrapolado os limites legais, assim inquinando a tipicidade restrita da penalizaçâo administrativa. Se a Lei 4.502/64 determinasse de forma explícita que deveria o contribuinte notificar seu fornecedor-industrial sobre erro na classificação fiscal (e demais obrigações do art. 173, caput, do RIPI/82), aliquota, isenção etc., sob pena de não o fazendo, e constatando o Fisco que seria incorreta, ser penalizado, p. ex., com base no art. 368 do RIPI/82, então legitima seria a imposição da penalidade. Enfim, não há previsão legal para a multa do art. 368 do RIPI/82, tendo corno fundamento o descumprimento de obrigação acessória de não informar o comprador a seu fornecedor-industrial sobre erro de classificação fiscal, alíquota ou isenção, em relação às mercadorias adquiridas, aplicando-se na espécie o art. 97, V, do CTN. Diante do exposto, CONSIDERO IMPROCEDENTE O LANÇAMENTO. É assim que voto. Sala das sessões, em 27 de janeiro de 1998 JORGE FREIRE 8
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