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Numero do processo: 11020.720398/2007-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Dec 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO.
Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta-se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.
Numero da decisão: 3101-000.890
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Vanessa Albuquerque Valente (Relatora), Leonardo Mussi da Silva e Luiz Roberto Domingo, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Corintho Oliveira Machado.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES
Presidente
RODRIGO MINEIRO FERNANDES
Redator designado para o voto vencido
CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
Redator designado para o voto vencedor
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Tarásio Campelo Borges, Leonardo Mussi da Silva (Suplente), Corintho Oliveira Machado, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente).
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta-se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2006 A 31/03/2006 MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO. Os valores que por definição legal são excluídos da base de cálculo da contribuição não constituem isenção e não dão origem a créditos. Interpreta se restritivamente o art. 17 da Lei nº 11.033/2004, e somente as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS permitem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Vanessa Albuquerque Valente (Relatora), Leonardo Mussi da Silva e Luiz Roberto Domingo, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Corintho Oliveira Machado. HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente RODRIGO MINEIRO FERNANDES Redator designado para o voto vencido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 03 98 /2 00 7- 67 Fl. 72DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 107 2 CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Redator designado para o voto vencedor Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Tarásio Campelo Borges, Leonardo Mussi da Silva (Suplente), Corintho Oliveira Machado, Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida (fls.54): Trata o presente do pedido de ressarcimento do PIS não cumulativo mercado interno, referente aos períodos de apuração de janeiro a março de 2006, juntando cópia do DACON do período (fls. 03/06). Foi o ressarcimento indeferido pela DRF em Caxias do Sul, conforme explicado às fls. 08/10. A justificativa foi de que a interessada, por tratarse de cooperativa de produção agropecuária na especialidade da vitivinicultura, pretendia ressarcimento por considerar que as exclusões da base de cálculo que a legislação permite (artigo 15 da Medida Provisória n°2.15835/2001, artigo 1º da Lei nº10.676/2003 e artigo 17 da Lei n" 10.684/2003), equivaleriam a uma isenção parcial, tese que a autoridade a quem cabe a apreciação não concorda, argumentando inexistir tal isenção ante a inexistência de ato neste sentido e porque o artigo 111 do Código Tributário Nacional determina que devem ser interpretados literalmente os dispositivos legais que tratem de exclusão, suspensão ou outorga de isenção do credito tributário. Assim, não cabe tentar estender para o caso o disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033, de 2004, já que a contribuinte não dá saída a nenhum produto com suspensão, alíquota zero, isenção ou não incidência. Cientificada, a interessada apresenta sua inconformidade (fls. 12/17), argumentando que os artigos 17 da Lei n°11033, de 2004, e 16 da Lei n°11.116, de 2005, são aplicáveis a todos os contribuintes do PIS e da Cofins, e que as exclusões da base de cálculo constituemse em desonerações tributárias, portanto seriam isenções parciais. Aponta e transcreve jurisprudência que se lhe afigura estar de conformidade com a tese que adota. Assegura que a única alternativa de definição aplicável às exclusões atribuídas pelas regras dos artigos 15 da Medida Provisória n°2.15835, de 2001, 1º da Lei n° 10.676, de 2003, 17 da Lei nº 10.684, de 2003, e 10 da Instrução Normativa SRF n° 635, de 2006, á a da hipótese de não incidência em face de prática de ato cooperativo. Também assegura que não se utilizou de créditos presumidos, ou seja, daqueles que seriam Fl. 73DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 108 3 decorrentes da aquisição direta de produtor rural de produtos agropecuários. Assim, seu pedido conteria apenas valores decorrentes de aquisição de produtos e mercadorias tributadas pelo PIS e pela Cofins, adquiridas no mercado interno e aplicadas na produção e comercialização de produtos e mercadorias igualmente tributadas por aquelas contribuições. A DRJ competente manteve o indeferimento do pleito e o contribuinte recorreu a este Conselho. Voto Vencido Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes – redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fls. 71, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101000.890, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pelo relatora original, que ficou vencida no julgamento: A Recorrente requereu ressarcimento de créditos das contribuições sociais ao Programa de Integração Social (PIS), com esteio no artigo 16, Lei n°11.116/2005, ante o direito de manutenção de créditos autorizado pelo disposto no artigo 17, Lei n°11.033/2004. Segundo seu entendimento, seu direito creditório se deu em função de saídas com base de cálculo reduzida, configurando isenção parcial. Entendemos que o direito ao crédito aplicase a todo e qualquer caso de vendas em que se configure saída suspensa, isenta, alíquota zero ou não incidente em relação às contribuições sociais em tela. As reduções de base de cálculo instituídas pela norma em comento são isenções parciais, tal qual definido pelo STJ. In casu, observada a natureza isentiva da redução de base de cálculo instituída pelo art. 15, Medida Provisória n°215835/2001, art. 1°, Lei n°10.676/2003, art. 17. Lei n° 10.684/2003, e outros, cumpre exclusivamente aplicarse a previsão de manutenção creditória do art. 17 da Lei no. 11.033/2004. Com base nesses fundamentos, voto por dar provimento ao recurso voluntário apresentado. E essas são as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Rodrigo Mineiro Fernandes – Redator ad hoc Fl. 74DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 109 4 Voto Vencedor Conselheiro Corintho Oliveira Machado – Redator designado. Sem embargo das razões ofertadas pela recorrente e das considerações tecidas pelo eminente Conselheiro Relator, o Colegiado, pelo voto de qualidade, firmou entendimento de que não assiste razão a ambos no que diz com a interpretação do art. 17 da Lei nº 11.033/2004, notadamente no que se refere à amplitude de seu preceito em aplicação sistemática com as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que configuram a tributação do PIS e da COFINS não cumulativos. Com efeito, o aludido dispositivo legal permite a mantença dos créditos vinculados às operações de venda efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições não cumulativas, porém observase que tais institutos são deveras distintos, e têm em comum apenas o resultado da inexistência de tributação das operações atingidas por eles. Quisesse o legislador permitir a manutenção dos créditos para as operações de venda em que ocorre redução da base de cálculo e exclusões dessa, as teria elencado no rol do art. 17, porquanto tais institutos tributários são também bastante diferentes da suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência, tendo como ponto comum tão só a inexistência de tributação das operações, ainda que parcial no caso da redução da base de cálculo. Por outras palavras, os institutos que dão margem à manutenção dos créditos, por força do prefalado art. 17 são apenas aqueles nominalmente previstos na lei, de maneira numerus clausus, até porque o diploma pátrio nacional, em seu art. 111, manda interpretar restritivamente qualquer lei que trate de suspensão ou exclusão de crédito tributário. Nesse diapasão, voto pelo DESPROVIMENTO do recurso voluntário. CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Fl. 75DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES Processo nº 11020.720398/200767 Acórdão n.º 3101000.890 S3C1T1 Fl. 110 5 Fl. 76DF CARF MF Impresso em 04/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/10/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 30/10 /2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 03/12/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S, Assinado digitalmente em 10/11/2014 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES
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Numero do processo: 13839.000770/2004-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 04 00:00:00 UTC 2011
Numero da decisão: 3202-000.028
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário em diligência, nos termos do voto da Relatora. José Luiz Novo Rossari Presidente Irene Souza da Trindade Torres Relatora Editado em 24/06/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros José Luiz Novo Rossari, Irene Souza da Trindade Torres, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Mara Cristina Sifuentes e Antônio Spolador Junior. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: Em 22/04/2004, foi lavrado Auto de Infração para constituição de crédito tributário referente à aplicação de pena de perdimento convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, no valor de R$ 29.975.843,00 (fls. 02/05). Fl. 1DF CARF MF Emitido em 08/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDA DE TORRES Processo nº 13839.000770/200483 Resolução n.º 3202000.028 S3C2T2 Fl. 2.428 2 A contribuinte autuada é a empresa CBA COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA (ora denominada CBA), a qual teria entregue a consumo produtos por ela importados com interposição fraudulenta de terceiros, não restando comprovada a origem dos recursos utilizados nas importações efetuadas. Além da contribuinte retrocitada, foram também autuados, como responsáveis solidários, os sócios da CBA, os senhores ANTÔNIO CARLOS BRUNO e MÁRCIO PASCOAL GUIDA, bem como o Sr. SIMON BOLÍVAR DA SILVEIRA BUENO, proprietário da empresa Colorado Participações e que seria, na realidade, a pessoa que gerenciaria a CBA. O procedimento de fiscalização teve início em função de demanda da Inspetoria da Receita Federal em Jaguarão/RS, em outubro de 2003, ao se verificar, por meio do Sistema RADAR, que a empresa não disporia de recursos para realizar a importação de 270.000 kg de arroz, registrada na DI nº. 03/07519745, no valor de R$ 294.000,00. O Termo de Constatação Fiscal integrante do Auto de Infração relata, minudentemente, os fatos apurados que levaram à autuação (fls.55/76). Tanto contribuinte quanto responsáveis solidários foram devidamente intimados da autuação e apresentaram impugnação tempestiva. Em 13/10/2004, a DRJSão PauloII/SP converteu o julgamento em diligência (fls. 2.096/2.097), a fim de que o Auto de Infração fosse retificado, para dar tratamento objetivo aos fatos apreciados, e fosse juntada relação discriminada das importações objeto de autuação. Como resultado da diligência, foi lavrado Termo de Constatação Fiscal Complementar (fls. 2102/2112). Em 25/01/2005, foi dado ciência do Termo de Constatação Fiscal Complementar ao contribuinte CBA Comércio, Importação e Exportação Ltda (fl. 2.113), reabrindose o prazo para defesa. Transcorrido o prazo legal sem que fosse apresentada nova impugnação, seguiram os autos para julgamento (fl. 2.115). A DRJSão Paulo II/SP, então, converteu novamente o julgamento em diligência, para que fosse dado ciência do Termo de Constatação Fiscal Complementar aos responsáveis solidários autuados, reabrindose, para estes, novo prazo de defesa (fls. 2.115/2.116). Conforme atesta o documento de fl. 2.154, somente o Sr. Márcio Pascoal Guida apresentou impugnação (fls. 2.133/2.143). A DRJSão Paulo II/SP julgou procedente o lançamento, nos termos da ementa transcrita adiante (fls. 2.155/2290): Assunto: Imposto sobre a Importação II Período de apuração: 01/10/2002 a 29/02/2004 Ementa: IMPORTAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 08/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDA DE TORRES Processo nº 13839.000770/200483 Resolução n.º 3202000.028 S3C2T2 Fl. 2.429 3 A lei prevê a presunção de interposição fraudulenta de terceiros na operação de comércio exterior se a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados na importação de mercadorias estrangeiras não for comprovada. Considerase Dano ao Erário a interposição fraudulenta de terceiros, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Irresignada, a contribuinte CBA apresentou recurso voluntário (fls. 2.294/2.342), repisando in totum os argumentos expendidos na inicial, acrescendo a alegação preliminar de nulidade do processo, por cerceamento do direito de defesa, em razão de não ter tido acesso aos autos para que pudesse xerocopiálos, em função da greve de servidores. Ao final, requereu “seja reformada a r. decisão de fls. 21552290, acatando se as preliminares, declarandose a nulidade do auto de infração, ou, se superadas, seja julgado improcedente o auto de infração em sua totalidade, e declarada a sua insubsistência Consta dos autos, ainda, recurso voluntário oferecido pelo autuado responsável Sr. Simon Bolivar da Silveira Bueno (fls. 2.375/2395), o qual apresentou as seguintes alegações, em síntese: nulidade do processo, em virtude do cerceamento do direito de defesa, pela impossibilidade de vista dos autos, pois, mesmo tendo seu domicílio em São Paulo, foram os autos remetidos à DRF/Fortaleza; nulidade da decisão de primeira instância por ter deixado de apreciar a integralidade dos argumentos de defesa apresentados na impugnação; ilegitimidade passiva, em razão de não haver nos autos qualquer comprovação de que tenha praticado atos de gestão ou representação da empresa autuada; e nulidade do auto de infração em razão de ter havido descrição fática única para sustentar a penalidade, sem que tenha sido feita uma individualização dos fatos e da respectiva penalidade para cada um dos autuados. Ao final, requereu “seja reformada a r. decisão de fls. 21552290, acatando se as preliminares, declarandose a nulidade do auto de infração e reconhecida a sua ilegitimidade para figurar no pólo passivo(..), ou, se superadas, seja julgado improcedente o auto de infração em sua totalidade, e declarada a sua insubsistência” É o Relatório. Voto Conselheira Irene Souza da Trindade Torres, Relatora Ao teor do relatado, tratase de Auto de Infração, lavrado em 22/04/2004, para constituição de crédito tributário referente à aplicação de pena de perdimento convertida em Fl. 3DF CARF MF Emitido em 08/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDA DE TORRES Processo nº 13839.000770/200483 Resolução n.º 3202000.028 S3C2T2 Fl. 2.430 4 multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, no valor de R$ 29.975.843,00 (fls. 02/05). Foram autuados a contribuinte, CBA COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, e os responsáveis solidários, os senhores ANTÔNIO CARLOS BRUNO, MÁRCIO PASCOAL GUIDA e SIMON BOLÍVAR DA SILVEIRA BUENO, que apresentaram suas impugnações, oferecidas tempestivamente e analisadas no julgamento da DRJ. Acontece, porém, que, compulsandose os autos, verificase que, da decisão de primeira instância, apenas foram cientificados a contribuinte CBA e o responsável solidário Sr. Simon Bolívar, conforme demonstra o quadro abaixo: Autuados Impugnação (fls.) Ciência da decisão DRJ RV CBA COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA 1.959/1.995 29/05/2006 (fl. 2.293) 26/06/2006 (fls. 2.294/2342) SIMON BOLÍVAR DA SILVEIRA BUENO 2.010/2.025 19/10/2006 (fl. 2.373) 17/11/2006 (fls.2.375/25.395 ANTÔNIO CARLOS BRUNO 2.033/2.041 Não consta Não consta MÁRCIO PASCOAL GUIDA 2.049/2.083 e 2.133/2.143 Não consta Não consta Assim, para que se evite o cerceamento ao direito de defesa dos autuados, necessário se faz seja dada ciência do teor da decisão de primeira instância aos Srs. Antônio Carlos Bruno e Márcio Pascoal Guida, para que, querendo, apresentem recurso voluntário a este Colegiado, no prazo legal. Desta forma, voto no sentido de que seja CONVERTIDO O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade preparadora providencie as intimações necessárias. É como voto. Irene Souza da Trindade Torres Fl. 4DF CARF MF Emitido em 08/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por JOSE LUIZ NOVO ROSSARI, Assinado digitalmente em 27/06/2011 por IRENE SOUZA DA TRINDA DE TORRES
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Numero do processo: 10283.721388/2009-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA - A luz do regramento processual vigente, a autoridade julgadora é livre para, diante da situação concreta que lhe é submetida, deferir ou indeferir pedido de diligência/perícia formulado pelo sujeito passivo, ex vi do disposto no art, 18 do Decreto n° 70.235, de 1972. No caso vertente, demonstrada, à evidência, a dispensabilidade do procedimento, há que se indeferir o pedido correspondente.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.479
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, , por unanimidade de votos indeferir o pedido de perícia solicitada pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Guilherme Barranco de Souza, Odmir Fernandes e Pedro Anan Junior.
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez
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No caso vertente, demonstrada, à evidência, a dispensabilidade do procedimento, há que se indeferir o pedido correspondente. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA) POR LEI. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. A partir do exercício de 2001, com a introdução do art. 17 na Lei nº 6.938, de 1981, por força da Lei nº 10.165, de 2000, o Ato Declaratório Ambiental (ADA) passou a ser obrigatório para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, , por unanimidade de votos indeferir o pedido de perícia solicitada pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Guilherme Barranco de Souza, Odmir Fernandes e Pedro Anan Junior. 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Helenilson Cunha Pontes e Rafael Pandolfo. Processo nº 10283.721388/200957 Acórdão n.º 220201.479 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, WOW AMAZONIAN RESORTS , por meio da Notificação de Lançamento n° 02201/00092/2009 de fls. 10/14, emitida, em 30.11.2009, a contribuinte identificada no preâmbulo foi intimada a recolher o crédito tributário, no montante de R$ 8.107.859,80, referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício de 2006, acrescido de multa lançada (75%) e juros de mora, tendo como objeto o imóvel denominado "Fazenda Matei", cadastrado na RFB sob o n° 5.756.2083, com área declarada de 9.917,0 ha, localizado em Manaus/AM. A ação fiscal, proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2004 incidentes em malha valor, iniciouse com o Termo de Intimação Fiscal n° 02201/00029/2009 de fls. 01/02, para a contribuinte apresentar os seguintes documentos de prova: 1o Identificação do contribuinte; 2o matrícula atualizada do registro imobiliário ou, em caso de posse, documento que comprove a posse e a inexistência de registro de imóvel rural; 3o Certificado de Cadastro de Imóvel Rural CCIR do INCRA; 4o Ato Declaratório Ambiental ADA requerido dentro de prazo junto ao IBAMA; 5o documentos, tais como Laudo Técnico emitido por engenheiro agrônomo/fio restai, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART registrada no CREA, que comprovem as áreas de preservação permanente declaradas, identificando o imóvel rural e detalhando a localização e dimensão das áreas declaradas a esse título, previstas nos termos das alíneas "a" até "h" do art. 2o da Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, que identifique a localização do imóvel rural através de um conjunto de coordenadas geográficas definidores dos vértices de seu perímetro, preferivelmente georeferenciadas ao sistema geodésico brasileiro; 6o Certidão do órgão público competente, caso o imóvel ou parte dele esteja inserido em área declarada como de preservação permanente, nos termos do art. 3o da Lei n° 4.771/1965, acompanhado do ato do poder público que assim a declarou; 7o matrícula atualizada do registro imobiliário, com a averbação da área de reserva particular do patrimônio natural; 8o documento que comprove a localização da área de reserva particular do patrimônio natural, nos termos do art. 21 da Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 02201/00029/2009, a contribuinte protocolou correspondência de fls. 4, em 21.08.2009, acompanhada dos documentos de fls. 05, 06 e 07/08, solicitando prorrogação do prazo por mais 20 dias, para apresentação dos documentos arrolados na intimação. Tal solicitação foi atendida por meio do despacho constante às fls. 04. 4 Em 15.09.2009, a contribuinte apresentou correspondência, às fls. 09, solicitando concessão de novo prazo de 30 (trinta) dias, para atendimento do Termo de Intimação Fiscal. O pedido foi parcialmente aceito, com a prorrogação do prazo até 30.09.2009, conforme despacho de fls. 09. Por meio das correspondências de fls. 10 e 11, a contribuinte solicitou a concessão de novo prazo de 15 dias, em cada uma delas, para resposta ao Termo de Intimação Fiscal. No procedimento de análise e verificação da documentação apresentada e das informações constantes da DITR/2006, a fiscalização resolveu glosar integralmente as áreas de preservação permanente e de reserva particular do patrimônio natural (RPPN) de, respectivamente, 1.500,0 ha e 8.300,0 ha, além de alterar o Valor da Terra Nua (VTN) declarado, reduzido de R$24.577.698,00 (R$2.478,34/ha) para R$19.285.193,22 (R$1.944,66/ha), com base em valor constante do SIPT, com conseqüentes aumentos da área tributável/área aproveitável, do VTN tributável e da alíquota aplicada, e disto resultando o imposto suplementar de R$3.855.744,63, conforme demonstrado às fls. 13. A descrição dos fatos e os enquadramentos legais das infrações, da multa de ofício e dos juros de mora constam às fls. 13/14 e 16. Cientificada do lançamento em 11.12.2009, às fls. 110, ingressou a contribuinte, em 23.12.2009, às fls. 21, com sua impugnação de fls. 22/33, instruída com os documentos de fls. 34/36, 37, 38, 39/43, 44/54, 55/56, 57/59, 60/63, 64, 65, 66, 67 e 68/74, alegando e solicitando o seguinte, em síntese: salienta que, sobre a desnecessidade do ADA, a alínea "a", do inciso II, do art. 10, da Lei n° 9.393/96 não impõe qualquer exigência ou prérequisito para a concessão de isenção do ITR às áreas de preservação permanente e reserva particular do patrimônio natural, bastando que as terras sejam, de fato, áreas de preservação permanente; entende que não há qualquer lei que estabeleça a exigência do ADA e diz que a própria COSIT editou a Solução de Consulta Interna n° 12, de 21.05.2003, que ratifica esse entendimento; considera que, antes da Lei n° 10.165/00, somente atos administrativos (Instruções Normativas SRF) é que impunham a exigibilidade do ADA para fins de isenção do ITR, não havendo qualquer lei que assim dispusesse; ressalta que, se a lei não determinou a forma de agir do contribuinte, uma Instrução Normativa não poderá fazêlo, considerando que os particulares devem obedecer tão somente à lei formulada por seus representantes eleitos e que passou pelo devido processo legislativo, não havendo que se falar em obediência a uma omissão à lei e cita e transcreve posicionamentos doutrinários sobre o tema; afirma que não há dúvidas que tanto a Notificação de Lançamento, quanto a decisão a quo não se lastrearam na lei que regula a DITR, mas somente em IN que avança na seara da lei; ressalta, também, que, tentar vincular a concessão da isenção a requisitos meramente formais é afastarse do objetivo da isenção, que serve como incentivo à preservação; entende que, a ausência do ADA não altera a realidade e que o imóvel possui área de reserva legal e de grande interesse Processo nº 10283.721388/200957 Acórdão n.º 220201.479 S2C2T2 Fl. 3 5 ecológico e que vem sendo preservada, já que nenhuma atividade é nela desenvolvida, salientando, quanto à isenção, que o importante é exista a área preservada, não passando o ADA de mera formalidade, e cita e transcreve Ementas de Decisões do Conselho de Contribuintes e de Decisões Judiciais para referendar seus argumentos; considera nula a Notificação de Lançamento em função de ter sido tributada área que de fato é de preservação permanente e de reserva particular do patrimônio natural, sob o argumento de que não deu cumprimento à obrigação acessória prevista na IN/SRF n° 73/00, ignorando a primazia da realidade dos fatos, consubstanciado no processo administrativo fiscal pela busca dogmática da verdade material; requer, com fundamento no art. 16 do Decreto n° 70.235/1972, a realização de diligência e perícia na área que se pretende tributar, indicando Perito e arrolando quesitos; pelo exposto, requer que sejam acolhidas as razões da impugnação, em face de o procedimento fiscalizatório que deu origem a Notificação de Lançamento encontrar se eivado de nulidades insanáveis, de modo que devem ser desconsiderados para a constituição de qualquer crédito tributário. Em 11.01.2010, a impugnante juntou aos autos a Petição de fls. 76/87, acompanhada dos documentos de fls. 88, 89/91 e 92/102, alegando e solicitando o seguinte, em síntese: alegou, preliminarmente, que estaria prescrito o direito de a Fazenda Pública à constituição do crédito tributário e posterior execução, referente ao exercício de 2004, conforme art. 174 do CTN que fixa o prazo de 5 anos para a Fazenda executar seus créditos e transcreve várias Ementas de Decisões Judiciais sobre a prescrição de crédito tributário; discorre sobre as condições da ação, no processo de conhecimento e no processo executivo, e, especificamente, sobre a legitimidade passiva, salientando que as recorrentes não possuem legitimidade passiva, para figurar na dita relação obrigacional tributária; considera que os pretensos executados, ora recorrentes, não eram sócios da pessoa jurídica WOW, e sim o Sr Carlos Edson Guedes de Oliveira e Carlos Edson Guedes de Oliveira Júnior, conforme cópia do contrato social e suas alterações, conforme anexo; salienta que, no período da hipótese de incidência e do posterior surgimento da obrigação tributária, as recorrentes, já qualificadas, não eram sócias da pessoa jurídica, ora questionada e que lhes falta legitimidade passiva, para figurar na presente relação jurídica obrigacional tributária, posto que a alteração contratual ocorreu em 10 de outubro de 2006; ressalta que, no período compreendido, do ano base de 2004, 2005 e 2006, as recorrentes jamais foram sócias da pessoa jurídica de direito privado WOW AMAZONIAN LTDA; 6 informa que os Sr Carlos Edson Guedes de Oliveira e Carlos Edson Guedes de Oliveira Júnior transferiram as cotas da pessoa jurídica, ora mencionada, para as recorrentes, pessoas estas sem conhecimento do caso concreto, e que vieram arcar com as conseqüências; considera que, se o principal desiderato do fisco, é de cobrar o seu crédito tributário, é mister cobrar de quem tem legitimidade para figurar no pólo passivo da relação obrigacional tributária, e não de quem não tem condições de pagar essa quantia; entende que o fato gerador do tributo fora realizado pelos antigos sócios da pessoa jurídica, ora mencionada; afirma que desconheciam que a WOW AMAZONIAN estava nessa situação, por falta de conhecimento técnico, e que os antigos sócios e responsáveis pela hipótese de incidência, obrigação e lançamento tributário, passaram as mencionas cotas, em 10.10.2006, configurando um verdadeiro atentado às leis, por uão dizer que ocorreu fraude contra seus credores, em especial à Fazenda Pública; informa, por derradeiro, que os recorrentes não possuem bens e que seu patrimônio, conjunto de bens, direitos e obrigações, é inexistente; solicita a Extração das peças e o envio das mesmas ao Ministério Público Estadual, por força do art. 40 do CPP, havendo no caso em espécie, sonegação de tributo estadual, para verificação da tipicidade exposta na Lei n° 8.137/1990; em face dos argumentos expostos: a) requer de imediato o acolhimento do presente incidente, com a conseqüente exclusão dos recorrentes da relação obrigacional tributária processual executiva, por ausência de legitimidade passiva ad causam e a inclusão dos antigos sócios os Sr03 Carlos Edson Guedes de Oliveira e Carlos Edson Guedes de Oliveira Júnior; b) pronunciamento da prescrição ora ventilada; c) extração das Peças ao Ministério Público Federal, para posterior verificação de infração penal na modalidade crime. Lei n° 8.137/1990. A DRJ/Brasília julgou o lançamento procedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 LEGITIMIDADE PASSIVA. REGISTRO DO IMÓVEL. CONVENÇÕES PARTICULARES Contribuinte do Imposto Territorial Rural é o proprietário de imóvel rural, o titular de seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. Enquanto não cancelado o registro imobiliário, referente à matrícula do imóvel rural junto ao competente Cartório de Registro Imobiliário, ele continua produzindo todos seus efeitos legais, inclusive para fins de identificação do sujeito passivo da obrigação tributária. Salvo disposição de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à Processo nº 10283.721388/200957 Acórdão n.º 220201.479 S2C2T2 Fl. 4 7 responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem se opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. DA NULIDADE LANÇAMENTO Contendo a Notificação de Lançamento todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Adrninistrativo Fiscal (PAF) e tendo sido o procedimento fiscal instaurado em conformidade com as normas e os princípios constitucionais vigentes, possibilitando ao contribuinte exercer plenamente o seu direito de defesa, não há que se • falar em qualquer irregularidade que macule o lançamento (Nulidade). DA PROVA PERICIAL A perícia técnica destinase a subsidiar a formação da convicção do julgador, limitandose ao aprofundamento de questões sobre provas e elementos incluídos nos autos, não podendo ser utilizada para suprir o descumprimento de uma obrigação prevista na legislação. DO ÔNUS DA PROVA Cabe ao contribuinte, quando solicitado pela autoridade fiscal, comprovar com documentos hábeis, os dados cadastrais informados na sua DITR, posto que é seu o ônus da prova. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) As áreas de preservação permanente e de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), para fins de exclusão da tributação do ITR, devem estar incluídas no requerimento do Ato Declaratório Ambiental (ADA) protocolado tempestivamente junto ao IBAMA, além de estar a área de RPPN averbada, em tempo hábil, à margem da matrícula do imóvel. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Insatisfeito a contribuinte interpõe recurso voluntário reiterando as razões da impugnação. Da áreas de preservação permanente não dependem de ato administrativo e do ADA. Da Verdade Material e realização de perícia, cerceamento de direito de defesa. Da não incidência de juros e multa. É o relatório. 8 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Do ADA Como é de notório conhecimento, o ITR incide sobre: (i) o direito de propriedade do imóvel rural; (ii) o domínio útil; (iii) a posse por usufruto; (iv) a posse a qualquer título, tudo conforme ditado pela Lei nº 9.393, de 1996. Conquanto, este tributo será devido sempre que no plano fático se configurar a hipótese de incidência ditada pela norma (Lei 9393/96): (i) a norma dita que a obrigação tributária nasce sempre em primeiro de janeiro de cada ano uma vez que a periodicidade deste tributo é anual; (ii) o imóvel deve estar localizado em zona rural; (iii) os demais requisitos já constam acima posse, propriedade ou domínio útil. Tenho para mim que para excluir as áreas de Interesse Ambiental de Preservação Permanente e as de Utilização Limitada da base de cálculo do ITR e anular a sua influência na determinação do Grau de Utilização, duas condições têm de ser atendidas. Uma é a sua averbação a margem da escritura no Cartório de Registro de Imóveis outra é a sua informação no Ato Declaratório Ambiental – ADA. Destaquese que ambas devem ser atendidas à época a que se refere a Declaração do ITR. É de se ressaltar, que em nenhum momento estou questionando a existência e o estado das Reservas Preservacionistas, relatórios técnicos que atestam a sua existência não atingem o âmago da questão. Mesmo aquelas possíveis áreas consideradas inaproveitáveis, para integrarem as reservas da propriedade, para fins de cálculo do ITR, devem, no meu ponto de vista, obrigatoriamente, atender as exigências legais. Um dos objetivos precípuos da legislação ambiental e tributária é, indubitavelmente, estimular a preservação do meio ambiente, via beneficio fiscal. No entanto, o beneficio da exclusão do ITR, inclusive em áreas de proteção e/ou interesse ambiental como os Parques Estaduais, não se estende genérica e automaticamente a todas as áreas do imóvel por ele abrangidas. Somente se aplica a áreas especificas da propriedade, vale dizer, somente para as áreas de interesse ambiental situadas no imóvel como: área de preservação permanente, área de reserva legal, área de reserva particular do patrimônio natural e área de proteção de ecossistema bem como área imprestável para a atividade rural, desde que reconhecidas de interesse ambiental e desde que haja o reconhecimento dessas áreas por ato especifico, por imóvel, expedido pelo IBAMA, o Ato Declaratório Ambiental (ADA). Não tenho dúvidas de que a obrigatoriedade da apresentação do ADA para fins de exclusão das áreas de preservação permanente e de utilização limitada (reserva legal) da base de cálculo do ITR, surgiu no ordenamento jurídico pátrio com o art. 1º da Lei nº 10.165, de 2000 que incluiu o art. 17, § 1º na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, para os exercícios a partir de 2001, verbis: Art. 17 O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 Processo nº 10283.721388/200957 Acórdão n.º 220201.479 S2C2T2 Fl. 5 9 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria." (NR) (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. Tal dispositivo teve vigência a partir do exercício de 2001, anteriormente a este, a imposição da apresentação do ADA para tal fim era definido por ato infralegal, que contrariava o disposto no § 1º do inciso II do art. 97, do Código Tributário Nacional. Os presentes autos tratam do lançamento de ITR do exercício de 2002, portanto, a exigência do ADA para fins de exclusão da base de cálculo daquele tributo encontra respaldo legal, pelo quê, deve ser mantido quanto a este ponto, já o recorrente não comprovou nos autos a protocolização tempestiva do requerimento/ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado. É oportuno salientar, que Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem entendido em suas decisões de que a dispensa de comprovação relativa às áreas de interesse ambiental (preservação permanente/utilização limitada), conforme redação do parágrafo 7°, do art. 10, da Lei n° 9.363, de 1996, introduzido originariamente pelo art. 3º da MP n° 1.95650, de 2000, e mantido na MP n° 2.16667, de 2001, ocorre quando da entrega da declaração do ITR, o que não dispensa o contribuinte de, uma vez sob procedimento administrativo de fiscalização, comprovar as informações contidas em sua declaração por meio dos documentos hábeis previstos na legislação de regência da matéria. Enfim, a solicitação tempestiva do ADA constituiuse um ônus para o contribuinte. Assim, caso não desejasse a incidência do ITR sobre as áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal, o proprietário do imóvel deveria ter providenciado, dentro do prazo legal, o requerimento do ADA. Portanto, não há outro tratamento a ser dada às áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal glosadas pela fiscalização, por falta de comprovação da exigência tratada anteriormente, que devem realmente passar a compor as áreas tributável e aproveitável do imóvel, respectivamente, para fins de apuração do VTN tributado e do seu Grau de Utilização (do imóvel). Desta forma, não tendo sido comprovada a protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental — ADA, junto ao IBAMA/órgão conveniado, cabe manter as glosas efetuadas pela fiscalização em relação às áreas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal. Da Verdade Material e realização de perícia, cerceamento de direito de defesa. Não há necessidade de realização de perícia, uma vez que a luz do regramento processual vigente, a autoridade julgadora é livre para, diante da situação concreta que lhe é submetida, deferir ou indeferir pedido de diligência/perícia formulado pelo sujeito passivo, ex vi do disposto no art, 18 do Decreto n° 70.235, de 1972. No caso vertente, demonstrada, à evidência do descumprimento da norma relativa ao ADA, há que se indeferir o pedido correspondente. No que toca a incidência de juros e multa, existe previsão legal para que seja aplicada multa de ofício e juros, não se identificando qualquer ilegalidade nesse procedimento. 10 Ante ao exposto, voto por indeferir o pedido de perícia solicitada pela Recorrente e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez
score : 1.0
Numero do processo: 13804.000509/2004-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 10 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999
MAJORAÇÃO DE RENDIMENTOS.
Face aos elementos constantes nos autos e a ausência de comprovação, mantém-se a majoração de rendimentos tributáveis, nos valores confirmados pela fonte pagadora.
Numero da decisão: 2101-000.995
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente na data da formalização do Acórdão.
(Assinado digitalmente)
Odmir Fernandes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Naoki Nishioka, Ana Neyle Olimpio Holanda, Caio Marcos Candido (Presidente), Gonçalo Bonet Allege, José Raimundo Tosta e Odmir Fernandes.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
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Face aos elementos constantes nos autos e a ausência de comprovação, mantémse a majoração de rendimentos tributáveis, nos valores confirmados pela fonte pagadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente na data da formalização do Acórdão. (Assinado digitalmente) Odmir Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Naoki Nishioka, Ana Neyle Olimpio Holanda, Caio Marcos Candido (Presidente), Gonçalo Bonet Allege, José Raimundo Tosta e Odmir Fernandes. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 05 09 /2 00 4- 81 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES 2 Tratase de Recurso Voluntário da decisão da 6a Turma de Julgamento da DRF de São Paulo/SP que manteve parte da autuação do Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, do anocalendário 1999, exercício 2000 sobre omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Autuação a fls. 17 a 21. A decisão recorrida cancelou parte da autuação pela comprovação de pagamento, e possui a seguinte ementa. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1999 MAJORAÇÃO DE RENDIMENTOS. Face aos elementos constantes nos autos, mantémse a majoração de rendimentos tributáveis, nos valores confirmados pela fonte pagadora, majorandose a dedução do imposto de renda retido na fonte. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. Em consonância com a legislação de regência, a apuração de falta de pagamento do imposto de renda da pessoa física enseja a aplicação da multa de oficio de 75% (setenta e cinco por cento). Não obstante, reduzse a multa de oficio na proporção correspondente ao imposto suplementar exonerado. JUROS DE MORA. TAXA REFERENCIAL SELIC. Havendo previsão legal para a aplicação da taxa SELIC, não cabe à Autoridade Julgadora exonerar a cobrança dos juros de mora legalmente estabelecida. Lançamento Procedente em Parte No Recurso Voluntário, apresentado pela inventariante, sustenta nulidade da autuação por falta de intimação do autuado. No mérito, sustenta que moveu ação mandamental para exonerarse da exigência. Obteve a medida liminar, mas foi vencido ao final da ação. Assim, fez o pagamento do tributo mediante descontos em folha de pagamento da pensionista, em razão de o autuado, falecido, ter sido servidor publico estadual, e assim nada deve sobre o tributo exigido. E o relatório Voto Conselheiro Odmir Fernandes Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES Processo nº 13804.000509/200481 Acórdão n.º 2101000.995 S2C1T1 Fl. 3 3 Cuidase de autuação do Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, do anocalendário 1999, exercício 2000 objeto da revisão da declaração de rendimentos onde foi apurada omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Em preliminar, sustenta nulidade da autuação por falta de intimação. Não se comprova nem se alega qualquer prejuízo processual por essa falta de intimação. A defesa e o recurso foram apresentados tempestivamente e conhecidos, de forma que eles suprem a eventual falta de intimação. Ademais, não se pronuncia nulidade se dela não resultar prejuízo para a defesa do acusado. Nada é alegado e, menos ainda, comprovado sobre possível prejuízo processual. Assim, rejeito a preliminar e passo ao exame do mérito. No mérito, o representante do autuado insiste nas razões de recurso que pagou a totalidade do tributo exigido mediante desconto em folha de pagamento, nada mais sendo devido. A decisão recorrida cotejou as provas dos pagamentos sustentados pelo Recorrente, excluiu parte da autuação e manteve outra parte da exigência que não teve a de vida comprovação. Nas razões recursais o Recorrente, por sua representante legal, insiste na quitação da totalidade da autuação, mas não demonstra a existência de qualquer desacerto da decisão recorrida. Observese, consta da decisão recorrida a existência de diferença de tributo e da parte mantida. O recurso não ataca essa questão, não demonstra nem comprova o desacerto feito pela decisão recorria. Assim, sem demonstração clara e precisa da quitação total do tributo, a autuação parcial deve ser mantida. Tocante a exigência da multa e dos juros a decisão recorrida também não possui reparos. Ante o exposto, pelo meu voto, rejeito a preliminar de nulidade da autuação e, no mérito, nego provimento ao recurso para manter a decisão por seus próprios fundamentos. (Assinatura digital) Odmir Fernandes – Relator Fl. 101DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES 4 Fl. 102DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.008922/2005-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA.
O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins que gera direito de crédito restringe-se aquele utilizado na produção ou fabricação de bens e produtos, não alcançando despesas posteriores ao processo produtivo.
PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE.
O crédito presumido previsto na Lei nº 10.925/04, só pode ser utilizados para a dedução de Pis e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. Precedentes do STJ.
RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.037-25, de 2000, atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplica-se, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo. No que se refere à Cofins, a isenção não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1º de fevereiro de 1999 e 17 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos a vedação contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 1.858-6, de 1999, e reedições (atual Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001). Quanto ao PIS, a isenção aplica-se somente para os fatos geradores ocorridos a partir do dia 18 de dezembro de 2000.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito de pedido de ressarcimento de créditos da contribuição não cumulativa, é legítima a redução do valor objeto do pedido de ressarcimento pela inclusão na base de cálculo de valor desconsiderado pelo sujeito passivo, uma vez que o objeto do procedimento é a apuração do saldo passível de ressarcimento e não a exigência de tributo. RESSARCIMENTO. PIS NÃO-CUMULATIVO. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros Sebe, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei n° 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-01.170
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a glosa decorrente da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS devido no mês, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Walber José da Silva, que negava provimento ao recurso, e Alexandre Gomes (relator), Leonardo Mussi da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas, que reconheciam o direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e consideravam a receita da venda para a ZFM como receita de exportação. O Conselheiro Leonardo Mussi da Silva apresentou declaração de voto. Designado o Conselheiro José Antonio da Silva para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Adriana Oliveira e Ribeiro, OAB/DF 19961 e, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Rodrigo Burgos.
Nome do relator: Alexandre Gomes
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INSUMOS. FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins que gera direito de crédito restringese aquele utilizado na produção ou fabricação de bens e produtos, não alcançando despesas posteriores ao processo produtivo. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. O crédito presumido previsto na Lei nº 10.925/04, só pode ser utilizados para a dedução de Pis e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. Precedentes do STJ. RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. A isenção prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo. No que se refere à Cofins, a isenção não alcança os fatos geradores ocorridos entre 1º de fevereiro de 1999 e 17 de dezembro de 2000, período em que produziu efeitos a vedação contida no inciso I do § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 1.8586, de 1999, e reedições (atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Quanto ao PIS, a isenção aplicase somente para os fatos geradores ocorridos a partir do dia 18 de dezembro de 2000. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PIS NÃO CUMULATIVO. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito de pedido de ressarcimento de créditos da contribuição não cumulativa, é legítima a redução do valor objeto do pedido de ressarcimento pela inclusão na base de cálculo de valor desconsiderado pelo sujeito passivo, uma vez que o objeto do procedimento é a apuração do saldo passível de ressarcimento e não a exigência de tributo. RESSARCIMENTO. PIS NÃOCUMULATIVO. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros Sebe, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei n" 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a glosa decorrente da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS devido no mês, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Walber José da Silva, que negava provimento ao recurso, e Alexandre Gomes (relator), Leonardo Mussi da Silva e Fabiola Cassiano Keramidas, que reconheciam o direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e consideravam a receita da venda para a ZFM como receita de exportação. O Conselheiro Leonardo Mussi da Silva apresentou declaração de voto. Designado o Conselheiro José Antonio da Silva para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral, pela recorrente, a Dra. Adriana Oliveira e Ribeiro, OAB/DF 19961 e, pela recorrida, o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. Rodrigo Burgos. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) Alexandre Gomes Relator (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Redator designado Fl. 318DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 2 3 EDITADO EM: 14/09/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alan Fialho Gandra, Alexandre Gomes e Leonardo Mussi. Relatório Por fielmente retratar a controvérsia tratada no presente processo, transcreve se o relatório produzido pela decisão recorrida: Trata o presente processo de Declarações de Compensação de débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com créditos de PIS não cumulativo apurados no 3° trimestre de 2005. O Despacho Decisório n° 1910/2007 (fls.182), aprovou a informação Fiscal de fls. 165/173 e reconheceu parcialmente o direito creditório requerido, homologando parcialmente as compensações declaradas até o limite do direito creditório reconhecido. De acordo com o Relatório de Ação Fiscal (11s.165/173), inicialmente, constatouse a existência de divergência entre os valores informados no DACON e aqueles apresentados à Fiscalização por meio da memória de cálculo de fls. 145. A empresa reconheceu a existência de erro no preenchimento da DACON, afirmando que faria a retificação do demonstrativo, ratificando os valores informados à Fiscalização. A empresa deixou ainda de incluir na base de cálculo da contribuição vendas para cliente com sede na cidade de Tabatinga, por considerar que essas operações estariam albergadas pelo benefício de alíquota zero concedido à Zona Franca de Manaus. Tal município está localizado a mais de mil quilômetros da cidade Manaus, não compondo a região da Zona Franca de Manaus, estabelecida pelo Decreto n° 61.244/1967. Dessa forma, os valores referentes a essas vendas foram incluídos na base de cálculo da contribuição. Com relação aos créditos apontados no DACON, verificou a fiscalização a existência de divergências nos valores informados. A empresa reconheceu as divergências que tiveram origem no cômputo em duplicidade de créditos calculados sobre aquisições de determinados serviços. Sobre o montante reconhecido como correto pelo contribuinte, constatouse que as contas "Frete Transferências para Vendas" referemse a fretes pagos pela transferência de produtos acabados entre diversos estabelecimentos da empresa ou então para estabelecimentos de terceiros não clientes e, portanto, não geram créditos, por falta de previsão legal. Sendo assim, essa parcela foi glosada pela Fiscalização. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 4 Observouse também que o crédito presumido, concedido pelo art. 8° da Lei n° 10.925/2004, não pode ser objeto de compensação, nos termos do disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005. A parcela de crédito vinculada à receita bruta tributada no mercado interno também não é passível de compensação, só podendo ser objeto de dedução da própria contribuição. Já os créditos que decorrem dos custos e despesas vinculados à receita bruta não tributada no mercado interno, tendo em vista vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência, bem como a parcela de créditos vinculada à receita de exportação são passíveis de compensação com débitos de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A segregação desses créditos, no 3° trimestre de 2005, foi efetuada com base na receita bruta auferida, uma vez que essa foi a opção da interessada no DACON do primeiro trimestre de 2005 (fls.85). Tempestivamente, a interessada apresenta manifestação de inconformidade, onde inicialmente pondera que: a) apurou no 3° trimestre de 2005 créditos de exportação no valor total de R$ 4.051.950,90, sendo que parte deste valor foi utilizado para quitar débitos de PIS decorrentes de operações realizadas no mercado interno (R$ 1.125.547,55); b) apresentou pedido de ressarcimento do saldo remanescente (R$ 2.926.403,35) em 21/10/2005; c) entregou Declaração de Compensação (fls.01, retificada fls.70)no valor de R$ 1.620.793,92 para compensar débitos da própria Cofins e a DCOMP de fls.188191 retificada a fls.192/198 para extinguir débitos de IRRF. A empresa prossegue na sua manifestação juntando Declarações de Ingresso emitidas pela SUFRAMA, as quais teriam o condão de comprovar a internação na Zona Franca de Manaus das mercadorias constantes das notas fiscais desconsideradas pela Fiscalização. Insurgese contra a glosa de créditos escriturados nas contas "Fretes Transferências para Vendas", alegando que a legislação admite o aproveitamento de créditos em duas situações: no caso de serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda e na hipótese de frete na operação de venda. Na primeira situação, o frete representaria custo de produção e, na segunda, uma despesa operacional sendo passível de creditamento. Entende que a autoridade fiscal não poderia embasar tal glosa nas afirmações da empresa de que os fretes escriturados nessas contas referemse à etapa anterior à venda (fls.236). Afirma que não houve comprovação nos autos da situação descrita pela fiscalização. Com relação ao crédito presumido concedido pelo art. 8° da Lei n° 10.925/2004, afirma que houve inovação na interpretação dada pelo Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 15/2005, que teria restringido a utilização do crédito presumido apenas para Fl. 320DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 3 5 dedução da contribuição para o PIS e Cofins nãocumulativos, não podendo ser ressarcido ou utilizado para compensação de outros débitos tributários. Acredita que o crédito presumido deveria compor a totalidade dos créditos de PIS — Exportação e somente após a apuração total ser utilizado a) • dedução do débito da contribuição mensal, afim de não diminuir a base de cálculo dos créditos de PIS — Exportação. Argumenta que a receita provenientes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus deveria compor o receita bruta de exportação na segregação de créditos de PIS, por serem vendas equiparadas à exportação nos termos do disposto no DecretoLei n° 288/1967. Após análise do processo, a DRJ de Porto Alegre entendeu por bem indeferir a solicitação em decisão que assim ficou ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 ZONA FRANCA DE MANAUS ALÍQUOTA ZERO Apenas as vendas; para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus estão albergadas pelo benefício concedido de redução a zero da alíquota para o PIS e para a Cofins não cumulativos, não sendo extensivo tal benefício para outras cidades da região norte. FRETES Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS nãocumulativo sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes. CRÉDITO PRESUMIDO UTILIZAÇÃO LIMITAÇÃO A própria Lei n° 10.925/2005 já limitou a utilização do crédito presumido previsto em seu art. 8° à dedução de débitos das contribuições para o PIS e para a Cofins não cumulativos. TAXA SELIC VEDAÇÃO LEGAL De acordo com o disposto nos arts. 13 e 15 da Lei n° 10.833/2003, não incide correção monetária e juros sobre os créditos de PIS e de Cofins objeto de ressarcimento. Solicitação Indeferida Contra esta decisão foi proposto Recurso Voluntário onde, em síntese, alega: a) sobre a questão das vendas para a Zona Franca de Manaus aduziu que: “Não assiste razão à fiscalização reconstituir a base tributável do PIS no referido mês, pois as receitas de vendas computadas no (novo) cálculo se referem a mercadorias internadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) como provam as Declarações de Ingresso — SUFRAMA, anexadas aos autos, de números 450673cb02b6b14bb771073830abac3f, 2c4b5efc5883275d26013a2864f2163a e 77d814ebe17fc582832aa01c3dbe3116, confirmando se que a receita proveniente da venda desses produtos não está sujeita à tributação, considerando que referidas operações são equiparadas a exportação como demonstraremos posteriormente” e ainda que “se examinadas as Declarações de Ingressos na SUFRAMA em referência, será possível constatar que nelas contém os dados mínimos previstos na Portaria Fl. 321DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 6 da SUFRAMA, uma prova inequívoca de que efetivamente as mercadorias ingressaram na Zona Franca de Manaus. Ao contrário, se mantido o entendimento da autoridade julgadora a quo de que as Declarações de Ingresso não comprovam o internamento das mercadorias na Zona Franca de Manaus, o ônus da prova se inverte para a Administração Tributária”; b) que possui direito aos créditos de fretes “uma vez O texto legal não admite interpretação que não a literal. Como vimos, a legislação prevê duas situações para o aproveitamento de créditos de PIS calculados em relação a: (i) serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (art. 30 inciso I); (ii) a frete na operação de venda (art. 3° inciso IX). Na primeira, o frete representa custo de produção e na segunda tratase de despesa operacional. c) que possui direito crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925/04 uma vês que “O permissivo legal é o de que o crédito presumido de PIS apurado pela pessoa jurídica deve ser compensado com a contribuição de PIS devida em cada período de apuração. O mesmo procedimento deve ser adotado com relação a COFINS. A lei não diz que a compensação só é admitida com relação ao crédito presumido calculado sobre os insumos da produção vendida no mercado interno, ou determina que a pessoa jurídica beneficiária deva segregar os créditos presumidos • em razão do destino das vendas (mercado interno ou externo). d) que foram realizadas segregações ilegais da uma vez que conforme se verifica no “demonstrativo às fls. 170 fine (Tabela 5), a fiscalização segregou receitas auferidas pela Recorrente no 3° trimestrecalendário de 2005, em: (i) receita bruta tributada no mercado interno; (ii) receita bruta não tributada no mercado interno; (iii) e receita bruta de exportação, para fins de apurar os respectivos créditos em percentual (%) e em valor (R$), observando a opção da Impugnante pela segregação dos créditos com base na proporção da receita bruta total. A fiscalização considerou receitas brutas não tributadas no mercado interno as seguintes: (i) vendas de leite UHT e leite tipo C; (ii) vendas para a Zona Franca de Manaus e; (iii) vendas de ovos. E como receita bruta de exportação apenas a proveniente das vendas para o exterior. Neste particular, fazemos o seguinte questionamento. (...) Embora estas receitas tenham sido contabilizadas pela Recorrente em separado das receitas de exportação, inclusive destacadas na Memória de Cálculo (fls. 149), decorrem de operações equiparadas à exportação, consoante legislação sobre a Zona Franca de Manaus, devendo, portanto, integrar a receita bruta de exportação para fins de apuração dos créditos de PIS exportação”. e) por fim, que é devida a atualização dos créditos pela SELIC. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Alexandre Gomes, Relator O presente Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os demais requisitos e dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relatório acima são cinco os temas a serem analisados no presente processo: (i) a reconstituição da base de calculo do PIS por conta da tributação de vendas consideradas pela Recorrente como sujeitas a alíquota zero; (ii) não existência de direito ao credito relativo aos fretes realizados entre estabelecimentos da mesma Fl. 322DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 4 7 empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes; (iii) a limitação ao ressarcimento e a compensação do credito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei 10.925/05; (iv) incorreta segregação das vendas para a Zona Franca como sendo vendas no mercado interno; e (v) a correção dos créditos pela SELIC. Para melhor entendimento trataremos pontualmente cada um dos itens acima listados. (i) a reconstituição da base de calculo do PIS por conta da tributação de vendas consideradas pela Recorrente como isentas. A Fiscalização ao analisar o pedido de ressarcimentos de créditos decorrentes da não cumulatividade do PIS, entendeu por bem glosar parte dos créditos pleiteados sob o argumento que a Recorrente deixou de incluir na base de cálculo da contribuição declarada e recolhida valores relativos a vendas que não teriam sido alcançadas pela isenção uma vez que não haveria prova de que teriam sido efetuados com destino a Zona Franca de Manaus. Independente da questão de terem sido internalizadas corretamente na SUFRAMA e terem de fato sido destinadas a Zona Franca de Manaus, há tema de fundo que merece análise preliminar, qual seja, a modificação da base de cálculo do tributo em sede de pedido de ressarcimento. A matéria tratada é de ordem publica, podendo ser conhecida de ofício pelo julgador administrativo, pois claramente ofende o principio da legalidade, afrontando o disposto nos 13, §º I; 114, 115, 116, incisos I e II, 142, 144 e 149, todos do Crédito Tributário Nacional. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem reiteradamente se manifestado a respeito do tema, como vemos da ementa abaixo transcrita: Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÃO AO PIS NO REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS GERADOS. PEDIDO DE, COMPENSAÇÃO DOS CRÉDITOS COM OUTROS TRIBUTOS. FISCALIZAÇÃO PARA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO NO MESMO PERÍODO. NECESSIDADE DE LANÇAMENTO. A sistemática de creditamento da COFINS e do PIS não cumulativos não permite que, em pedido de compensação, seja sumariamente subtraída, do montante a ressarcir, a diferença de valores que a fiscalização considerar como recolhidos a menor, decorrentes da revisão da apuração da base de cálculo da contribuição. Se a fiscalização entende que valores como o de transferências de créditos de ICMS devem sofrer a incidência da Contribuição, tem de promover a sua exigência necessariamente por meio de lançamento de oficio, não podendo fazer a subtração sumária do crédito que o contribuinte utilizou para o pagamento de outros tributos, que ficariam a descoberto. Fl. 323DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 8 Recurso Voluntário Provido. Do voto do eminente Conselheiro Ivan Alegretti, cito e adoto como razão de decidir o seguinte trecho: “Assim, por entender que o contribuinte teria deixado de fazer incidir a Contribuição ao PIS em relação aos valores correspondentes à venda de créditos de 1CMS, a Fiscalização utilizou parte do saldo de créditos para o pagamento do valor que corresponderia ao débito de l'IS relativo à venda de créditos de ICMS. Na linha de manifestações anteriores deste Conselho, entendo que o procedimento é equivocado. A sistemática não cumulativa da Contribuição ao PIS e da COFINS não funciona tal como a sistemática de apuração do IN, como parece pretender a Fiscalização. No caso do IPI se promove a escrituração de créditos e débitos para, no final do período de apuração, mediante o balanço entre tais valores, obterse (a) ou um saldo credor que é transferido para aproveitamento no período subseqüente (b) ou um saldo devedor —que implica em recolhimento do tributo. No caso do PIS e da COFINS a incidência e a apuração não dependem do confronto entre créditos e débitos. Sua incidência se dá sobre a receita ou o faturamento, determinando o valor devido, independente da existência de créditos que possam ser usados para redução deste valor. Com efeito, a única diferença da sistemática não cumulativa reside em permitir que "Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação (...)" (art. 3º da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003). É nítido, portanto, que os créditos gerados no sistema não cumulativo da COFINS e do PIS não compõem nem interferem na apuração da base de cálculo destas mesmas Contribuições. No âmbito do pedido de compensação que utiliza créditos de PIS não cumulativo não é cabível que a Fiscalização utilize parte do crédito a titulo de "irregularidade", reduzindo o saldo de créditos — como meio indireto para promover a revisão e ampliação da base de cálculo da Contribuição, para o efeito de cobrança dos valores que entende devidos. Se a Fiscalização entende que determinado valor recebido pelo contribuinte configura receita sujeita às referidas Contribuições, de modo que o contribuinte teria declarado e recolhido tributo menor que o devido, é imprescindível que promova a constituição do crédito pelo meio próprio: o lançamento. Confirase, ademais, que o presente entendimento reitera a jurisprudência deste Conselho em julgamentos anteriores: PEDIDO DE RESSARCIMENTO. COF1NS NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO DOS DÉBITOS DIFERENÇA A EXIGIR NECESSIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO A sistemática de ressarcimento da COFINS e do Fl. 324DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 5 9 PIS nãocumulativos não permite que, em pedidos de ressarcimento, valores como o de transferências de créditos de 1CMS, computados pela fiscalização no faturamento, base de cálculo dos débitos, sejam ,subtraídas do montante a ressarcir. Em tal hipótese, para a exigência tais Contribuições carece seja efetuado lançamento de oficio.. RESSARCIMENTO. COFINS NÃOCUMULAIIVA. JUROS SELIC INAPLICABILIDADE. Ao ressarcimento não se aplicam os juros SELIC, inconfundível que é com a restituição ou compensação, sendo que no caso do PIS e COFINS não cumulativos os arts. 13 e 15, VI, da Lei nº 10833/2003, vedam expressamente tal aplicação. Recurso provido em parte. (Acórdão 2031.1852, Recurso Voluntário nº 130.611, Conselheiro EMANUEL CARLOS DANTAS DE ASSIS D.O.U de 06/06/2007, Seção I, pág. 49) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL LANÇAMENTO. Constatado que, na apuração do tributo devido, no âmbito do lançamento por homologação, o sujeito passivo não oferecera à tributação, matéria que a fiscalização julga tributável, impõese o lançamento para formalização da exigência tributária. pois a mera glosa de créditos legítimos do .sujeito passivo configura irregular compensação de oficio com crédito tributário ainda não constituído e, portanto, destituído da certeza e da liquidez imprescindíveis a sua cobrança. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. PIS NÃO CUMULATIVO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA 1NCABÍVEL. É incabível a atualização monetária do .saldo credor do PIS não cumulativo objeto de ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Recurvo Voluntário nº 140.760, PA nº 11065.002884/200511, Conselheira SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, j. 22/07/2008) No mesmo sentido citamos ainda: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PIS/Pasep NÃO CUMULATIVO. RESSARCIMENTO. ERRO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/Pasep . LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A sistemática de ressarcimento do PIS/Pasep Não Cumulativo não exime a autoridade fiscal de proceder ao lançamento de ofício para exigir eventual diferença da contribuição deduzida do valor do crédito para fins de ressarcimento. No caso, a Fl. 325DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 10 autoridade fiscal limitouse a reduzir o valor do saldo a ressarcir mediante mero ajuste escriturai, aumentando o valor da contribuição ao PIS/Pasep diminuída do ressarcimento, em detrimento de lançamento de ofício para a constituição do crédito tributário correspondente. RESSARCIMENTO PIS/PASEP REGIME NÃO • CUMULATIVO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o Artigo 13, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Recurso provido em parte (Processo n° 11065.005339/200315. Recurso n° 134.005 Relator ODASSI GUERZONI FILHO. J 27/01/2007) Como se vê, é fato inconteste que, havendo discordância da base de cálculo utilizada para a apuração da contribuição devido no mês é dever da autoridade fiscal promover o respectivo lançamento, não lhe sendo permitido, em substituição a este, promover a glosa de créditos em pedidos de ressarcimento ou compensação. Diante dos precedentes citados, entendo que as glosas decorrentes da inclusão das vendas para a Zona Franca de Manaus devem ser canceladas, e eventual discussão a cerca da incidência sobre as operações efetuadas pela Recorrente deverá ser tratada mediante lavratura de auto de infração. (ii) não existência de direito ao credito relativo aos fretes A fiscalização negou o direito ao crédito decorrente dos fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa ou para estabelecimentos de terceiros não clientes É certo que nessas contas não se faz o registro de aquisição de serviços de frete utilizados como insumo na produção de bens destinados à venda, pois para isso existem outras contas especificas, principalmente no subgrupo "Estoques de Matéria prima" (folha 118). Do exame de alguns documentos fiscais comprobatórios de operações lançadas nas contas "Fretes s/ Vendas" e "Fretes Transferência p/ Vendas", observouse que os fretes objeto de registro na primeira conta foram aqueles pagos pelo transporte dos produtos acabados de um estabelecimento do contribuinte até seus clientes (folhas 122 e 123). Já os fretes objeto de registro na segunda conta foram aqueles pagos pela transferência de produtos acabados entre os diversos estabelecimentos do contribuinte ou então para estabelecimentos de terceiros, não clientes, o que caracteriza fretes não vinculados a operações de venda (folhas 124 a 128). Em conseqüência, não geram créditos, por falta de previsão legal. (g.n) A lei 10.637/02 que dispõe sobre a nãocumulatividade na cobrança da contribuição para os Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), assim prescreve: Fl. 326DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 6 11 Art. 3º Do valor apurado na firma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) A Lei 10.833/03, que tratou da nãocumulatividade da COFINS, possui o mesmo dispositivo legal acima transcrito, tratando a matéria de forma igual. Do exame atento do art. 3° caput e parágrafo 1º das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, verificase que estas leis adotaram uma sistemática em que as contribuições incidem sobre a totalidade da receita auferida pela pessoa jurídica, com o desconto de créditos através da aplicação da alíquota sobre a base de cálculo, relativamente aos custos, encargos e despesas suportados pela empresa no decorrer de suas atividades. Vale destacar que a chamada “não cumulatividade” do PIS e da COFINS não guarda qualquer simetria com aquele delineado pelas legislações do IPI e do ICMS. Assim, a primeira diferença que destacamos é de ordem jurídica: a sistemática “não cumulativa” do PIS e COFINS, diferentemente da existente parA o IPI e o ICMS, não vem prevista na Constituição Federal e sim em lei ordinária. Outra diferença tem relação com o método da “não cumulatividade” formalmente erigido pelo legislador ordinário para o PIS e COFINS. Para essas contribuições, o Poder Executivo, ao editar as MPs 66/02 e 135/03, optou, conforme exposição de motivos da lei, pelo chamado “Método Indireto Substantivo”, como forma de garantir apenas neutralidade parcial do impacto tributário sobre os agentes da cadeia de valor. Ou seja, na sistemática do PIS e da COFINS não cumulativa o direito ao crédito não leva em consideração o valor das contribuições pagas nas etapas anteriores, mas sim certas bases de créditos e débitos (valor dos bens e serviços) desde que sujeitos a tributação nesta etapa anterior. De outro lado, no caso do IPI, temos o método de crédito do imposto que determina que o cálculo do crédito a ser utilizado leva em consideração o valor destacado de IPI na nota fiscal de aquisição dos insumos. Porém a falta de melhor definição dos termos utilizados na Lei 10.637/02 e 10.833/03 acabou por permitir uma grande discussão a respeito do alcance da possibilidade de utilização dos créditos para abatimento das contribuições devidas. De um lado, a Receita Federal que procura restringir o direito ao crédito igualando a sistemática de apuração a do IPI, ou seja, somente dariam direito ao creditamento Fl. 327DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 12 as aquisições de insumos que se consumirem ou se desgastarem no processo produtivo, e de outro, os contribuintes, buscando um alargamento deste conceito de insumo. A respeito do tema vale destacar recente decisão do Conselho Administrativo de Recurso Fiscal – CARF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO. RESSARCIMENTO. A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Recurso negado. (CSRF. Resp 248.457. Relator Henrique Pinheiro Torres Data Julgamento: 23/08/2010) Do voto do eminente Relator Henrique Pinheiro Torres destacase pela relevância para o aqui discutido: A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio César Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo nº 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do IPI ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de “insumos” aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão “insumos”, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que aí incluiu “serviços”, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Após analisar o tema e os dispositivos legais relacionados, assim conclui o nobre relator: Fl. 328DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 7 13 Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Como vemos a jurisprudência administrativa do CARF caminha a passos largos para um distanciamento cada vez maior da aplicação dos conceitos do IPI na apuração dos créditos de PIS e COFINS não cumulativo. No mesmo norte, decidiu a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção do CARF, de forma unânime, nos autos do processo 11020.001952/200622, de cuja ementa destacase: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de Apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 (...) REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e COFINS deve ser entendido como toda e qualquer despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI. Uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. (...) Recurso Voluntário provido em Parte. Neste contexto, entendo que assiste razão a recorrente, que pode creditarse de frete realizado pela empresa, uma vez que se tratam de despesas operacionais indispensáveis e essenciais ao funcionamento da Recorrente, sem os quais a atividade industrial da empresa fica evidentemente prejudicada. (iii) a limitação ao ressarcimento e a compensação do credito presumido estabelecido pelo art. 8º da Lei 10.925/05 Entre os valores a serem utilizados nas compensações realizadas a recorrente incluiu a parcela excedente dos créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei 10.925/05. Assim prescreve citado dispositivo: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos Capítulos 2 a 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os Fl. 329DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 14 códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 09.01, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Neste ponto também não assiste razão a Recorrente. A leitura da legislação é clara ao afirmar que o credito presumido poderá ser deduzido da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração. Assim me parece correto afirmar que os valores do credito presumido só podem ser utilizados para a dedução de PIS e Cofins no mês de sua apuração, não podendo ser utilizado em pedido de ressarcimento ou de compensação de períodos diversos de apuração. A propósito, esta também é a interpretação uníssona do STJ, senão vejamos: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. ART 8º DA LEI N.10.925/2004. ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO SRF 15/05. ILEGALIDADE INEXISTENTE. 1. Ambas as Turmas integrantes da Primeira Seção desta Corte Superior firmaram entendimento no sentido de que o ato declaratório interpretativo SRF 15/05 não inovou no plano normativo, mas apenas explicitou vedação que já estava contida na legislação tributária vigente. 2. Precedentes: REsp 1233876/RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 1.4.2011; e REsp 1118011/SC, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 31.8.2010. 3. Recurso especial não provido. (REsp 1240954 / RS. Relator. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES. Dje 21/06/2011) Assim correta a decisão exarada pela DRJ de Porto Alegre. (iv) incorreta segregação das vendas para a Zona Franca como sendo vendas no mercado interno A fiscalização contabilizou os créditos decorrentes de vendas para a Zona Franca de Manaus como créditos oriundos de receita bruta não tributada no mercado interno, já que estas estão sob o abrigo da alíquota zero para a contribuição em tela. Fl. 330DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 8 15 A Recorrente, por sua vez, entende que as vendas para a Zona Franca de Manaus equiparamse, para todos os efeitos, a uma venda para o exterior, devendo, portanto, ser incluídas na parcela denominada receita bruta exportação. Afirma a Recorrente que “a fiscalização considerou receitas brutas não tributadas no mercado interno as seguintes: (i) vendas de leite UHT e leite tipo C; (ii) vendas para a Zona Franca de Manaus e; (iii) vendas de ovos. E como receita bruta de exportação apenas a proveniente das vendas para o exterior. Neste particular, fazemos o seguinte questionamento. Informa ainda que, embora tenham sido escrituradas em conta separada das receitas de exportação, tratase de vendas efetivadas para a Zona Franca de Manaus revestindo se de natureza equiparada a exportação. Com razão a Recorrente. Quando da criação da Zona Franca de Manaus, assim prescreveu o art. 4º do DecretoLei 288/67: Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. A Constituição Federal de 1988, nos Atos das Disposições Transitórios assim tratou do tema: Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Parágrafo único. Somente por lei federal podem ser modificados os critérios que disciplinaram ou venham a disciplinar a aprovação dos projetos na Zona Franca de Manaus. Estado as vendas para a Zona Franca de Manaus equiparadas às vendas para o exterior, para todos os efeitos legais, correta o critério de incluílas entre a denominada “RECEITA BRUTA DE EXPORTAÇÃO”. (v) a correção dos créditos pela SELIC. Em relação a SELIC sem razão a recorrente. A lei 10.833/03, sem seu art. 15, combinado com o art. 13, veda expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros aos pedidos de ressarcimento por ela regulados.. Estando a aplicação da SELIC expressamente afastada por Lei em vigor, é vedado ao julgador administrativo afastála. Fl. 331DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 16 Assim, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário nos termos do voto acima transcrito. (Assinado digitalmente) Alexandre Gomes Voto Vencedor Conselheiro José Antonio Francisco, Relator Designado Divirjo do ilustre Relator em relação ao direito ao crédito sobre fretes entre estabelecimentos da empresa e à equiparação da receita da venda para a ZFM à receita de exportação, matérias para as quais fui designado redator para o acórdão. Em relação à primeira questão, destaquese que o creditamento das despesas de frete é somente permitido em relação às operações de venda, “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. De fato, frete representa, por definição, prestação de serviço de transporte. Dessa forma, quando se fala em frete estáse falando de serviço prestado por terceiro, sendo, portanto, discutido, no âmbito de sua natureza, a possibilidade ou não de creditamento. Afora a expressa previsão acima mencionada, o creditamento de despesas de frete somente seria admissível na definição do art. 3º, II, da Lei no 10.833, de 2003 (ou da Lei no 10.637, de 2002, no caso do PIS). Referido dispositivo referese a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de produtos destinados a vendas. Dentro desse conceito é que se tentam enquadrar as mais variadas despesas incorridas pela empresa produtora para o fim de creditamento das contribuições não cumulativas. Entretanto, é preciso ter em conta que, de um lado, tal conceito não se confunde com o de insumo de IPI, restrito a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. De outro, não é qualquer bem ou serviço adquirido que gera direito de crédito. A condição é de que o bem ou serviço seja insumo, mas não qualquer insumo, uma vez que o dispositivo especifica claramente que deva ser utilizado na prestação de serviços ou na produção e fabricação de produtos. Portanto, embora insumo seja genericamente qualquer elemento necessário para produzir mercadorias ou serviços, a lei exige que, para gerar crédito, ele seja utilizado na produção ou fabricação. Tal disposição, singela e bastante clara, restringe drasticamente as pretensões de interpretar a disposição legal citada como referente a todo e qualquer insumo de produção. A primeira conclusão é elementar: custos e despesas posteriores à produção ou à prestação de serviços não geram direito de crédito com base no dispositivo. Assim, somente os casos Fl. 332DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 9 17 previstos em outros incisos específicos do citado dispositivo geram crédito, quando não enquadrados no conceito de insumo utilizado na produção. Dessa forma, embora o frete entre estabelecimentos seja insumo, relativamente ao produto final, ele não se enquadra na definição do dispositivo legal citado, não gerando direito a crédito das contribuições. Quanto às vendas para a Zona Franca de Manaus ZFM, primeiramente há que se analisar a questão da necessidade de lançamento para efetuar a inclusão dos débitos na apuração do saldo passível de ressarcimento. Em regra, o crédito tributário não constituído por meio de declaração do sujeito passivo tem que ser objeto de lançamento, atividade vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142 do CTN. Entretanto, no presente caso, embora não tenha havido um lançamento sob o ponto de vista formal (não há ato administrativo denominado de lançamento nos presentes autos), houve lavratura de atos administrativos que contêm todos os requisitos de um lançamento. Houve autorização para reexame (fl. 52); termo de início de fiscalização (fl. 53); relatório que descreveu as infrações, apurou a base de cálculo e o valor devido (fls. 68 e seguintes), efetuado por auditorfiscal; ciência de todo o procedimento com direito ao processo previsto no Decreto no 70.235, de 1972, satisfazendo o procedimento ao disposto no art. 11 do referido decreto. Portanto, devese considerar que o procedimento adotado foi hábil e idôneo para o efeito de constituir o crédito do fisco, tornandoo líquido e certo, sujeito à impugnação. Ademais, ainda que não fosse legítima a interpretação acima exposta, devese considerar que o procedimento, desde seu início, foi o de apuração do saldo passível de ressarcimento, conforme requerimento do sujeito passivo. Nas verificações que se seguiram, o fisco apurou irregularidade na apuração dos débitos. Como o saldo a ser ressarcido é a diferença positiva entre os créditos e os débitos, tanto a majoração irregular de créditos como a redução indevida dos débitos influem o resultado apurado. Assim, da mesma forma como é possível, por meio do procedimento adotado nos presentes autos, reduzir o montante de créditos do sujeito passivo, também é possível a majoração de débitos, independentemente de lançamento, uma vez que o objetivo não é exigir tributo, mas apenas apurar o montante de ressarcimento devido ao sujeito passivo. Quanto ao mérito, primeiramente há que se esclarecer que, se uma lei dispõe em sentido contrário ao que determina a constituição, há inconstitucionalidade material. Não há como simplesmente “abandonar” suas disposições para “preferir” as disposições constitucionais sem considerar que a lei contraria a Constituição. Nesse contexto, aplicamse o art. 62 do Regimento Interno do Carf e a Súmula Carf no 2, descabendo também sua apreciação no âmbito do presente recurso. Fl. 333DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 18 Quanto ao mérito, adoto o entendimento do Acórdão 20308988, RV 122018, de lavra da Ilustre Conselheira Luciana Pato Peçanha Martins, cujo teor foi o seguinte: No que se refere às receitas de exportação, a Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, estabeleceu em seu art. 7º: “Art 7º É ainda isenta da contribuição a venda de mercadorias ou serviços destinados ao exterior, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo.” O Decreto nº 1.030, de 29 de dezembro de 1993, que regulamentou o disposto no art.7º da Lei Complementar nº 70, de 1991, estabeleceu as condições para a concessão de isenção, assim dispondo: “Art.1º Na determinação da base de cálculo da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), instituída pelo art. 1º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, serão excluídas as receitas decorrentes da exportação de mercadorias ou serviços, assim entendidas: I vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, realizadas diretamente pelo exportador; II exportações realizadas por intermédio de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes; III vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras, nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IV vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo; e V fornecimentos de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível. Parágrafo único . A exclusão de que trata este artigo não alcança as vendas efetuadas: a) a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em Área de Livre Comércio; b) a empresa estabelecida em Zona de Processamento de Exportação; c) a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados a exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992; d) no mercado interno, às quais sejam atribuídos incentivos concedidos à exportação. (...)”(grifouse) Fl. 334DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 10 19 Por sua vez, a Lei Complementar nº 85, de 15 de fevereiro de 1996, em seu art. 1º alterou a redação do art. 7º da Lei Complementar nº 70, de 1991, para isentar da Cofins as receitas provenientes das hipóteses adiante mencionadas, determinando ainda no seu art. 2º que seus efeitos retroagissem aos fatos geradores ocorridos a partir do dia 1º de abril de 1992, data de início dos efeitos do disposto na referida Lei Complementar nº 70, de 1991. “Art.1º O art. 7º da Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art.7º São também isentas da contribuição as receitas decorrentes: I de vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, realizadas diretamente pelo exportador; II de exportações realizadas por intermédio de cooperativas, consórcios ou entidades semelhantes; III de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras, nos termos do Decretolei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IV de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo; V de fornecimentos de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações ou aeronaves em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; VI das demais vendas de mercadorias ou serviços para o exterior, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo." Art. 2º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação, retroagindo seus efeitos a 1o de abril de 1992.” (grifouse) A Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, não fez qualquer referência à exclusão de receitas de exportações ou à isenção das contribuições sobre tais receitas. A Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, e reedições até a Medida Provisória nº 2.03424, de 23 de novembro de 2000, redefiniu no seu art. 14 as regras de desoneração da contribuição em tela nas hipóteses especificadas e revogou expressamente todos os dispositivos legais relativos a exclusão de base de cálculo e isenção, existentes até o dia 30 de junho de 1999. A respeito do instituto da isenção, deve ser lembrado que o Código Tributário Nacional dispõe, em seu art. 111, que interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção. Fl. 335DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 20 Não procede a argumentação da recorrente de que, para fins de isenção da Cofins, teria o art. 4º do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, equiparado a venda de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro à exportação brasileira para o exterior. O referido dispositivo estabelece: “Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” (grifouse) Sobre o alcance do artigo referido, deve ser ressaltado que abrangia tãosomente os efeitos fiscais previstos na legislação então vigente, conforme norma inserta no dispositivo suso transcrito, verbalizada na expressão seguinte: constante da legislação em vigor. De outro lado, essa equiparação não é absoluta, podendo ser mitigada para não alcançar incentivos fiscais que o legislador pretendeu ou pretenda estender exclusivamente às exportações efetivas para o exterior. Para que não paire dúvida do aqui afirmado, basta dar uma espiada na norma inserta no artigo 7º do DecretoLei nº 1.435/1975, que se transcreve abaixo: “Art. 7º A equiparação de que trata o artigo 4º do DecretoLei no 288, de 28 de fevereiro de 1967, não compreende os incentivos fiscais previstos nos DecretosLeis nº s 491, de 5 de março de 1969; 1.158, de 16 de março de 1971; 1.189, de 24 de setembro de 1971; 1.219, de 15 de maio de 1972, e 1.248, de 29 de novembro de 1972, nem os decorrentes do regime de “drawback”. Vejase que o legislador, no dispositivo legal acima transcrito, restringiu o alcance da equiparação em comento para evitar que os incentivos específicos para a exportação, previstos nos diplomas legais enumerados nesse artigo 7º, fossem estendidos às remessas para a Zona Franca de Manaus. Se o legislador pretendesse contemplar, indistintamente, com a isenção dessa contribuição, todas as receitas de vendas efetuadas para quaisquer empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, teria feito constar expressamente na legislação específica da Cofins, mas isso não foi feito, ao contrário, dispôs inequivocamente que a isenção não alcança as vendas efetuadas a empresas estabelecidas nessa área de livre comércio, como disposto no parágrafo único do artigo 1º do Decreto nº 1.030, de 29 de dezembro de 1993, que regulamentou o disposto no art.7º da Lei Complementar nº 70, de 1991. Por seu turno, a discussão a respeito do art. 40 do Ato das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988, conforme dito preliminarmente, não será realizada por considerar que o contencioso administrativo não é o foro próprio e adequado para questionamentos de natureza constitucional. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 11 21 Registrese, por oportuno, que o Supremo Tribunal Federal, na ADIN nº 2.3489, impetrada pelo Governador do Estado do Amazonas, na sessão plenária do dia 7 de dezembro de 2000, deferiu medida cautelar quanto ao disposto no inciso I do § 2º do artigo 14 da Medida Provisória nº 2.03724, de 2000, suspendendo ex nunc a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”. Acatando a liminar concedida pelo STF, na edição da Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, publicada no Diário Oficial da União de 22 de dezembro de 2000, atual Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, foi suprimida a expressão "na Zona Franca de Manaus" do inciso I do § 2º do art. 14 que constava de suas edições anteriores. Assim, enquanto não julgada definitivamente, a ADIN apenas suspende a eficácia da incidência de Cofins sobre as receitas de vendas efetuadas a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus a partir da concessão de liminar pelo STF. Vale observar que o § 1º do art. 11 da Lei nº 9.868, de 1999 determina que “a medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, salvo se o Tribunal entender que deva concederlhe eficácia retroativa.” Para complementação do voto, adoto o entendimento do Acórdão 20401806, de lavra da Ilustre Conselheira Nayra Bastos Manatta: Portanto, os efeitos da liminar concedida não se aplicam aos períodos compreendidos entre janeiro a dezembro/97, primeiro em virtude dos efeitos ex nunc concedidos pelo Tribunal, e segundo porque a alteração normativa incidiu sobre a Medida Provisória nº 2.03724, de 2000. Quanto à aplicação do disposto no art. 7º da Lei Complementar nº 70/91 às vendas à ZFM, é de se observar que o referido dispositivo legal contempla apenas as operações de exportação e o CTN no seu art. 111, inciso II determina que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção. Assim sendo, não se pode estender os efeitos do disposto no referido art. 7º, bem como do disposto no DecretoLei nº 288/67, uma vez que naquele dispositivo consta expressamente que só diz respeito à legislação em vigor quando da sua edição, o que não é o caso dos autos. No que diz respeito ao PIS, mantémse as mesmas considerações tecidas para a Cofins sobre os efeitos da liminar concedida pelo STF em sede do ADIN nº 23489 e sobre a modificação normativa trazida pela Medida Provisória nº 203724, de 2000, bem como quanto à impossibilidade de se estender os efeitos do disposto no DecretoLei nº 288/67 ao caso dos autos. Alem disto é de se observar que a partir da edição da Lei nº 7714/88, as vendas efetuadas a empresas estabelecidas na ZFM não estavam isentas desta contribuição, pelo que dispôs literalmente o art. 5º, §2º, alínea “a” do referido dispositivo legal. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 22 “Art. 5º Para efeito de cálculo da contribuição para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PASEP e para o Programa de Integração Social PIS, de que trata o DecretoLei nº 2.445, de 29 de junho de 1988, o valor da receita de exportação de produtos manufaturados nacionais poderá ser excluído da receita operacional bruta. “§ 1º Serão Consideradas exportadas, para efeito do disposto no caput deste artigo, as mercadorias vendidas a empresa comercial exportadora, de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972. (Parágrafo incluído pela MP 622, de 22.09.94) “§ 2º A Exclusão prevista neste artigo não alcança as vendas efetuadas:(Parágrafo incluído pela MP 622, de 22.09.94) a) a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em Área de Levre Comércio;” Ademais, adoto o entendimento da Receita Federal, que considera que “A isenção da Cofins (ou PIS/Pasep) prevista no art. 14 da Medida Provisória no 2.03725, de 2000, atual Medida Provisória no 2.15835, de 2001, quando se tratar de vendas realizadas para empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, aplicase, exclusivamente, às receitas de vendas enquadradas nas hipóteses previstas nos incisos IV, VI, VIII e IX, do referido artigo.” O entendimento acima, exposto na Solução de Consulta n. 8, de 2002, é exatamente de que somente aquelas isenções previstas à época do mencionado DecretoLei n. 288, de 1967, é que se aplicam e não todos os casos do art. 14 da MP citada. À vista do exposto, na parte em que dá provimento ao recurso, voto por seguir o relator apenas em relação às glosas decorrentes da inclusão das vendas para a ZFM na base de cálculo do PIS (item IV de seu voto). (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Declaração de Voto Conselheiro Leonardo Mussi 1) A questão da reconstituição da base de cálculo do PIS por conta da tributação das vendas para Zona Franca de Manaus. O ilustre Relator, de forma brilhante, rechaçou a possibilidade de, em procedimento, visando a homologar a compensação, as autoridades administrativas promoverem a redução do crédito, por suposto erro do contribuinte na apuração do débito tributário a ser quitado mediante compensação. Com razão o Relator. Ao tratar “da competência para apreciar pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e declaração de compensação”, a IN 900, deixa patente que o objeto da análise a ser realizada pela autoridade competente é tão somente sobre a resituição, o ressarcimento ou a homologação da compensação, verbis: Fl. 338DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 12 23 “Art. 57. A decisão sobre o pedido de restituição de crédito relativo a tributo administrado pela RFB, o pedido de ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e o pedido de reembolso, caberá ao titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF), da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat) ou da Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, ressalvado o disposto nos arts. 58 e 60. Parágrafo único. A restituição, o reembolso ou o ressarcimento dos créditos a que se refere o caput, bem como sua compensação de ofício com os débitos do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, caberão à DRF, à Derat ou à Deinf que, à data da restituição, do reembolso, do ressarcimento ou da compensação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. . . . . Art. 63. A homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo à RFB será promovida pelo titular da DRF, da Derat ou da Deinf que, à data da homologação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo.” A competência atribuída é tão somente para julgar o pedido de restituição ou homologar a compensação. O fisco pode negar a restituição ou deixar de homologar a compensação se há problema em relação ao crédito a ser restituído. Mas não é dado o direito de, no âmbito restrito do processo instaurado para se discutir o pedido de restituição ou compensação, a autoridade exigir, por vias obliquas, eventuais débitos encontrados na revisão, como no caso dos autos, da base de cálculo do tributo. A competência de exigir o crédito tributário é regulada por outras regras, que visam dar certeza, liquidez e exigibilidade ao crédito do fisco. Nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício ou por declaração, o fisco apura o montante do tributo devido e expede a notificação de lançamento, estabelecendo a data ou termo para o pagamento da dívida. A certeza, liquidez e exigibilidade do crédito foram devidamente determinadas pela legislação e pela administração pública. Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a questão é um pouco diversa. Num primeiro momento, a legislação determina que a dívida tributária seja apurada pelo próprio contribuinte, devendo este, verificar a ocorrência do fato gerador, determinar a matéria tributável e recolher antecipadamente, se for o caso, o montante do débito acrescido ou não de penalidades. Além de realizar esta atividade (apurar e, eventualmente, pagar), o lançamento por homologação somente se opera, nos termos do artigo 150 do CTN, isto é, somente produz efeitos, se as autoridades administrativas tomarem conhecimento daquela atividade exercida pelo contribuinte. As autoridades administrativas tomam conhecimento da atividade exercida pelo contribuinte por intermédio das obrigações acessórias, notadamente das declarações Fl. 339DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 24 criadas com esta finalidade. Estas declarações constituem instrumento hábil à exigência do crédito, consoante expressamente previsto no § 1º do art. 5º do DecretoLei nº 2.124/84: “§ 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito.” Se o contribuinte deu ciência às autoridades administrativas quanto à atividade por ele exercida (determinar a matéria tributável, apurar o montante do tributo devido e, se for o caso, recolher o tributo devido com ou sem multa), operase o lançamento por homologação. Nesta hipótese, tendo em vista o lançamento realizado pelo contribuinte, as autoridades administrativas poderão realizar a sua revisão nos termos da cabeça do art. 149 do CTN. Se o fisco não encontrar qualquer erro na atividade exercida pelo contribuinte, haverá a sua homologação expressa, que ocorre com o simples termo de encerramento de fiscalização. Mas se as autoridades, ao realizarem a revisão, encontrarem algum equivoco na atividade realizada pelo contribuinte, deverão proceder ao lançamento de ofício, de modo a exigir eventual diferença do tributo, nos termos do inciso V do artigo 149, que assevera: “Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: ….. V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;” O artigo seguinte mencionado no dispositivo acima é exatamente o artigo 150 que trata do lançamento por homologação, que vem a ser, segundo o dispositivo: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.” (grifamos) Desta forma, se o contribuinte apurou e deu conhecimento da atividade exercida às autoridades administrativas, eventual revisão desta atividade, poderá ser realizada pelas autoridades administrativas nos termos do artigo 149, V, do CTN antes mencionado, que condiciona a revisão “quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade” realizada no âmbito do lançamento por homologação. Toda esta revisão é executada por intermédio de um procedimento administrativo de fiscalização regulado, dentre outras regras, pelo Decreto nº 3.724/01, que prescreve: "Art. 2º Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Fl. 340DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 13 25 Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. . . . . § 2º Entendese por procedimento de fiscalização a modalidade de procedimento fiscal a que se referem o art. 7o e seguintes do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972.” O Decreto nº 70.235/72 também estabelece que: “Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos.” A função do procedimento de fiscalização é a de dar a certeza e liquidez necessárias ao crédito tributário. A exigibilidade, necessária a qualquer crédito, depende da formalização de um ato administrativo, qual seja, o auto de infração ou a notificação de lançamento, conforme estabelece o artigo 9º do Decreto 70.235/72, verbis: “Art. 9º A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.” Em apertada síntese, o crédito tributário no caso do lançamento por homologação possui exigibilidade em razão de o contribuinte ter realizado a atividade que determina o artigo 150 do CTN, apurando a dívida e informando as autoridades administrativas, ou se estas, tomando conhecimento da atividade assim exercida, ao realizarem a revisão daquela atividade, encontram eventual diferença, lavrando o auto de infração ou a notificação de lançamento. No caso dos autos, as autoridades administrativas encontraram diferenças na base de cálculo do tributo apurado pelo contribuinte no âmbito do lançamento por homologação. Ao invés de promoverem o início de um procedimento de fiscalização, nos termos da legislação acima mencionada, optaram por simplesmente negar parte da restituição do contribuinte. Fl. 341DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 26 Ou seja, exigiram o crédito tributário de forma oblíqua, por intermédio de um procedimento interno sem previsão legal e em manifesta violação com as regras do Decreto nº 70.235/72 e do Decreto nº 3.724/01. E o que é pior, com a possibilidade de violar a regra fundamental do parágrafo único do artigo 149 do CTN, que prescreve que “a revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública”, que é de 5 anos contado do fato gerador do tributo. Ademais, ao realizar este procedimento interno, deixando de lavra o auto de infração para exigir tributo, as autoridades, discricionariamente, estarão abrindo mão da multa de ofício, o que é vedado pelo artigo 142, parágrafo único do CTN, que diz ser a atividade administrativa do lançamento vinculada e obrigatória. Neste caso, essas autoridades deverão ser responsabilizadas pessoalmente pela multa que deixou de ser exigida. E mais, além de violar todas as regras acima mencionadas, o procedimento pretendido constitui verdadeira compensação de ofício, sem obediência às regras desta modalidade de compensação, e sem existir dívida líquida e certa, necessária a qualquer tipo de compensação, nos termos do artigo 170 do CTN. No mérito, acompanho o entendimento do relator, exarado em seu voto, no sentido de que as vendas para a zona franca de Manaus constituem, ao fim e ao cabo, uma receita de exportação isentas às contribuições ao PIS e à COFINS, na esteira de diversos julgados deste Conselho. 2) A questão envolvendo o crédito de PIS sobre frete A questão objeto dos autos, diz respeito exclusivamente ao direito do crédito de PIS sobre gastos efetuados pelo contribuinte a título de frete entre estabelecimento da mesma empresa. Como a legislação que regula a nãocumulatividade está “consolidada” na Lei nº 10.833/04, que trata da COFINS, vou me referir na maior parte do voto apenas a esta norma legal, valendo o mesmo raciocínio para o PIS. 2.1) A não aplicação da regra do IPI e do IRPJ à nãocumulatividade do PIS e da COFINS Recentemente, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, de forma acertada, rejeitou a aplicação da legislação do IPI como fonte de inspiração para se interpretar e aplicar a nãocumulatividade do PIS, em aresto assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO. RESSARCIMENTO. A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de combustíveis e de lubrificantes, denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep às aquisições de matériasprimas, produtos Fl. 342DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 14 27 intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada.” (Grifos nossos) (Acórdão 930301.35) Esse aresto rechaçou o entendimento que aplicava a legislação do IPI, mais precisamente, o Parecer Normativo nº 65/79, à nãocumulatividade do PIS e da COFINS. O Parecer Normativo nº 65/79, cabe ressaltar, alterou um posicionamento anterior mais restrito sobre as regras que tratavam do direito de crédito no âmbito do IPI, em razão da alteração legislativa no RIPI/72 perpetrada pelo Decreto nº 83.263, de 09 de março de 1979 (RIPI/79). Eis o que diz a ementa do referido Parecer Normativo, a saber: “A partir da vigência do RIPI/79, "ex vi" do inciso I de seu art. 66, geram direito ao crédito ali referido, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários "stricto sensu", e material de embalagem), quaisquer outros bens, desde que não contabilizados pelo contribuinte em seu ativo permanente, que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas. Inadmissível a retroação de tal entendimento aos fatos ocorridos na vigência do RIPI/72 que continuam a se subsumir ao exposto no PN CST nº 181/74.” De acordo com o inciso I do art. 32 do Decreto nº 70.162/72 (RIPI), o crédito de IPI dependia do consumo imediato e integral do produto. O novo regramento à época (RIPI/79), por sua vez, deixou de prever esta restrição, ampliando o próprio conceito de matériaprima, produto intermediário "stricto sensu", e material de embalagem, para abarcar outros bens equivalentes que sofram alteração no processo de produção. Eis o que diz o Parecer: “10. Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deva entender como produtos "que, embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de industrialização", para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1. Como o texto fala em "incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários", é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu, semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2. A expressão "consumidos", sobretudo levandose em conta que as restrições "imediata e integralmente", constantes do Fl. 343DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 28 dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. 10.3. Passam, portanto, a fazer jus ao crédito, distintamente do que ocorria em face da norma anterior, as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas, independentemente de suas qualificações tecnológicas, se enquadrem no que ficou exposto na parte final do subitem 10.1 (se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida).” Duas observações são necessárias. A primeira, diz respeito ao alcance da legislação do IPI, pois esta sempre tratou tão somente da definição legal de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, e nunca definiu o conceito de insumo. E assim o faz pelo simples motivo de que no IPI o crédito denominado de básico é do “imposto relativo á matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente;” (art. 226, I, do Decreto 7.212/10 – RIPI). O Decreto 7.212/10, ao fim e ao cabo, incorpora o entendimento exarado pelo referido Parecer Normativo nº 65/79. A segunda observação diz respeito ao fato de que a legislação do IPI estabeleceu apenas uma definição legal dos termos (i) matériaprima, (ii) produto intermédio e (iii) material de embalagem, que pode variar de acordo com a convenção normativa. Estes termos podem ser estipulados pelo legislador de forma estrita, como no RIPI/72 ou de forma mais ampla, com a alteração do RIPI/79. A definição legal pode, ainda, ser delimitada em razão da aplicação do Direito aos casos concretos, que demandam uma interpretação específica e uma decisão do caso em concreto à luz da não cumulatividade prevista na Carta Magna. No âmbito do IPI não é inusitado a discussão se determinados bens conferem ou não crédito para efeito da não cumulatividade. O que quero demonstrar com essa singela evolução legislativa é que a legislação do IPI sempre cuidou da definição legal de matériaprima, produto intermédio e material de embalagem para efeito de crédito de IPI, na vigência do RIPI/72, de forma mais restrita, e a partir do RIPI/79 até os dias atuais, como o RIPI/10, de forma mais ampla. E tratou apenas destas espécies de insumo, posto que o direito ao crédito está inexoravelmente jungido ao imposto incidente na aquisição desses produtos. Em verdade, a legislação do IPI nunca tratou do conceito de insumo, até mesmo por lhe ser despiciendo. Quando a legislação do IPI utiliza o termo insumo, o faz em substituição aos termos específicos matériaprima, produto intermediário e material de embalagem. O faz, por exemplo, no artigo 42 do RIPI/10, ao dispor que podem sair com suspensão “as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem destinados à industrialização, desde que os produtos industrializados sejam enviados ao estabelecimento remetente daqueles insumos” (inciso VI). Fl. 344DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 15 29 Não há a menor dúvida que matériaprima, produto intermediário e material de embalagem são espécies do gênero insumo, mas daí a dizer que o conceito de insumo restringese apenas àquelas três espécies, é contrariar a natureza das coisas. Em resumo, o que importa e foi amplamente discutido e delineado pela legislação do IPI foram os conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, que são meras espécies de insumo. O gênero insumo nunca foi conceituado pela legislação do IPI para efeito de crédito. Então, é totalmente descabido, violador das regras mais comezinhas da hermenêutica jurídica, utilizar os conceitos da legislação do IPI que definem tão somente os termos matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, espécies do gênero insumo, como paradigma na aplicação da não cumulatividade do PIS e da COFINS, cuja legislação em momento algum utiliza tais termos. Não é possível estabelecer uma sistemática de nãocumulatividade similar àquela aplicável ao IPI e ao ICMS, até porque o pressuposto de fato é diferente, como reconhece Marco Aurélio Greco, em brilhante estudo: "Embora a nãocumulatividade seja uma idéia comum a IPI e a PIS/COFINS, a diferença de pressuposto de fato (produto industrializado versus receita) faz com que assuma dimensão e perfil distintos. Por esta razão, pretender aplicar na interpretação das normas de PIS/COFINS critérios ou formulações construídas em relação ao IPI é: a) esconsiderar os diferentes pressupostos constitucionais; b) agredir a racionalidade da incidência de PIS/COFINS; e c) contrariar a coerência interna da exigência, pois esta se forma a partir do pressuposto de "receita" e não "produto". Além disso, a constatação de que o ponto de partida constitucional é outro implica em o sentido das normas que compõem o subordenamento do PIS/COFINS, ainda que eventualmente utilizem as mesmas palavras utilizadas no âmbito do IPI, serem também diferentes. O significado não é algo que se agregue indissociavelmente à palavra – como já o demonstrou Alf Ross no seu clássico Tû Tû. O significado é evocado no interlocutor e determinado pelo contexto em que utilizada a palavra. No caso, o significado das palavras utilizadas nas leis examinadas é definido pelo respectivo pressuposto de fato constitucionalmente qualificado. A palavra utilizada num contexto cujo pressuposto de fato é a receita assume sentido e alcance diferente do que resulta do contexto em que o pressuposto de fato é o produto industrializado ou a circulação de mercadoria."(Não cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS, p. 108109) Fl. 345DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 30 Mas se é verdade que a legislação que trata do IPI não serve como paradigma à interpretação das regras da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, não é menos correto que não se presta a esta finalidade as regras do IRPJ, como pretende o ilustre Relator do caso, com a devida venia. Por exemplo, a mão de obra ligada a fabricação é custo, e portanto, insumo aplicado na produção, de acordo com a legislação do imposto de renda. Porém, esse custo foi excluído expressamente para efeito de crédito de PIS e COFINS, pela simples razão de não influenciar na cumulatividade do tributo, na medida em que as pessoas físicas estão fora do campo de incidência do PIS e COFINS. Há outros exemplos de insumos que seriam custos ou despesas para o imposto de renda, mas que não dariam direito a crédito do PIS e da COFINS, exatamente por não violar a nãocumulatividade. Outro exemplo interessante, a demonstrar que é equivocado usar a legislação do IRPJ como parâmetro para se interpretar as regras atinentes aos créditos do PIS e da COFINS, diz respeito ao período de competência do reconhecimento do custo. Para a legislação do IRPJ, o custo somente impactará a base de cálculo do tributo quando da efetiva venda da mercadoria ou do produto, havendo a baixa do estoque, no ativo, contra Custo do Produto/Mercadoria Vendido, no resultado. Esse mesmo custo, por outro lado, gera o crédito de PIS e da COFINS quando da aquisição do bem ou do serviço, e não quando o custo impactar o resultado, o que demonstra um descasamento entre a legislação do IRPJ e das contribuições em tela no que tange ao tratamento fiscal dos custos e despesas fundamentais a ambos os tributos. Então como decidir a questão posta nos autos? Só há uma resposta a essa indagação: resolvese o problema por intermédio da interpretação jurídica específica das normas legais atinentes a não cumulatividade das contribuições ao PIS e COFINS. Vejamos. 2.2) A necessidade de se interpretar a regra da nãocumulatividade do PIS e da COFINS É fundamental para se dirimir a questão posta nos autos, utilizar as regras da hermenêutica jurídica que fixam o “instrumento a ser utilizado pelo intérprete para alcançar o núcleo semântico da norma”1, de modo a interpretar as normas legais atinentes à não cumulatividade do PIS e da COFINS. A hermenêutica, em apertada síntese, elenca os seguintes métodos interpretativos: o gramatical, que diz respeito à forma do texto e significado das palavras; o lógico, que, pelo raciocínio, busca encontrar o pensamento jurídico subjacente à edição da lei e esclarecer sua finalidade, através da perquirição acerca da sua razão e da sua intenção; o histórico, caracterizado pela investigação de elementos históricos subjacentes à edição da lei, os motivos pelos quais os legisladores editaram a lei; o sistemático, aquele em que se confronta o dispositivo legal com as outras normas, visando à manutenção da unidade do sistema previsto no ordenamento jurídico; e o teleológico, que se caracteriza pela busca da finalidade da norma, ou seja, a finalidade da edição da lei. 1 Celso Bastos, op. cit., p. 3435. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 16 31 Esses métodos de interpretação constituem os parâmetros delimitadores da subjetividade do intérprete2, de modo a evitar juízos sem a devida fundamentação ou justificativa e, portanto, arbitrários do ponto de vista jurídico, na medida em que afastam, ou melhor, não permitem o controle de sua verossimilhança. Veja que o controle é da verossimilhança e não da verdade, que é estranha ao direito. Buscase o justo e não o verdadeiro, sendo que “o sentido do justo comporta sempre mais de uma solução [Heller]”, daí Eros Grau sustentar que a interpretação do direito é uma prudência, pois, o intérprete pratica a juris prudentia, e não juris scientia. Segundo Eros, o: “intérprete atua segundo a lógica da preferência, e não conforme a lógica da conseqüência [Comparato]: a lógica jurídica é a da escolha entre várias possibilidades corretas. Interpretar um texto normativo significa escolher uma entre várias interpretações possíveis, de modo que a escolha seja apresentada como adequada [Larenz]. A norma não é objeto de demonstração, mas de justificação. Por isso a alternativa verdadeiro/falso é estranha ao direito; no direito há apenas o aceitável (justificável). Mas esta prudência recomenda que seja a interpretação adequada a algumas pautas, assim elencadas por Grau: (i) a primeira relacionada à interpretação do direito no seu todo; (ii) a segunda, à finalidade do direito; (iii) a terceira, aos princípios. A primeira das pautas emana que a interpretação leve em consideração o direito como um todo, não de textos isolados, desprendidos. Daí a celebre frase de Eros Grau de que “não se interpreta o direito em tiras, aos pedaços.” Assevera o ilustre Professor paulista que “a interpretação de qualquer texto de direito impõe ao intérprete, sempre, em qualquer circunstância, o caminhar pelo percurso que se projeta a partir dele – do texto – até a Constituição. Um texto de direito isolado, destacado, desprendido do sistema jurídico, não expressa significado normativo algum.” Com essa pauta, alcançaríamos a necessária coerência do ordenamento jurídico, pois, na dicção de Bobbio (1996), “num ordenamento jurídico não devem existir antinomias”3, como condição de justiça do próprio ordenamento.4 É certo que existem normas jurídicas incoerentes, mas há regras que visam justamente dirimir os conflitos das leis.5 Portanto, não é dado ao intérprete produzir algo que leve a incoerência do ordenamento. Muito 2 Idem, Ibidem, p. 56. 3 Norberto Bobbio, Teoria do Ordenamento Jurídico. 8. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996, p. 110 4 Idem, Ibidem,, p. 113 5 “A coerência não é condição de validade, mas é sempre condição para a justiça do ordenamento. É evidente que quando duas normas contraditórias são ambas válidas, e pode haver indiferentemente a aplicação de uma ou outra, conforme o livrearbítrio daqueles que são chamados a aplicálas, são violadas duas exigências fundamentais em que se inspiram ou tendem a inspirarse os ordenamentos jurídicos: a exigência da certeza (que corresponde ao valor da igualdade). Onde existem duas normas antinômicas, ambas válidas, e portanto ambas aplicáveis, o ordenamento jurídico não consegue garantir nem a certeza, entendida como possibilidade, por parte do cidadão, de prever com exatidão as conseqüências jurídicas da própria conduta, nem a justiça, entendida como o igual tratamento das pessoas que pertencem à mesma categoria.” (BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 8.ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996, p. 113) Fl. 347DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 32 pelo contrário, seu trabalho precípuo é construir conceitos tratando o ordenamento como um sistema harmônico, como uma unidade, pois, o “direito objetivo, de facto, não é um aglomerado caótico de disposições, mas um organismo jurídico, um sistema de preceitos coordenados ou subordinados, em que cada um tem o seu porto próprio, conforme ensina Ferrara (2002)6. No âmbito do direito tributário esta pauta é fundamental, visto que, consoante Amaro (2006), “não se legisla, nem se teoriza, nem se ensina matéria tributária sem que se tenha presentes conceitos estruturados noutros ramos da ciência jurídica.”7 Por este motivo é fundamental à compreensão dos institutos, conceitos e formas de outros ramos do Direito. Isto porque as regras tributárias são ditas de sobreposição. Segundo Francisco Bianco: "o direito tributário, como todo mundo sabe, é aquele direito de sobreposição, é um direito que se sobrepõe ao direito privado para dele extrair o conceito e regular os efeitos tributários decorrentes".8 Esta sobreposição, inclusive, foi regulada pelo próprio CTN, ao estabelecer dentre as “regras legais”9 de hermenêutica, no artigo 109, que "os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários”, e também no art. 110, que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. A segunda pauta diz respeito à finalidade. Com arrimo em Von Jhering, diz Eros que “a finalidade é o criador de todo o direito e não existe norma ou instituto jurídico que não deva sua origem a uma finalidade”, concluindo que “a “contemplação, no sistema jurídico, de normasobjetivo importa a introdução, na sua “positividade”, de fins aos quais ele – o sistema – está voltado. A pesquisa dos fins da norma, desenrolada no contexto funcional, tornase mais objetiva; a metodologia teleológica repousa em terreno firme.” A terceira e última pauta da interpretação como prudência, requer que o intérprete esteja vinculado pelos princípios, asseverando Grau que “a interpretação do direito deve ser dominada pela força dos princípios; são eles que conferem coerência ao sistema.” As regras de hermenêutica e as pautas da interpretação como prudência, que na minha opinião se complementam, dão à intepretação a qualificação de jurídica e a necessária verossimilhança. Mas é importante frisar, para encerrar este tópico, que há limites à interpretação. Celso Bastos ensina que “a interpretação aparece diante do juiz como se fosse um quadro, ou melhor, uma moldura, dentro da qual o intérprete tem a faculdade de exercer a sua escolha, sendo que qualquer que seja a sua opção desde que dentro deste perímetro ela é válida. Todavia, se a escolha recair fora deste quadro, será inválida.” O que delimita a moldura é o texto normativo, como assevera Eros Grau: “Todo intérprete, embora jamais esteja submetido ao “espírito da lei” ou à “vontade do legislador”, estará sempre vinculado 6 Francesco Ferrara, Como aplicar e interpretar as leis, trad. Joaquim Campos Miranda – Belo Horizonte: Líder, 2002. p. 37. 7 Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 12ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2006, p 9 8 BIANCO, João Francisco. O Planejamento Tributário e o Novo Código Civil. In: Eduardo de Carvalho Borges (Coordenador).Impacto Tributário do Novo Código Civil. São Paulo: Quartier Latin, 2004, p. 124. 9 V. R. Limongi França, Hermenêutica Jurídica. 6ª ed. Ver. E aum. – São Paulo: Saraiva, 1997, p. 21 Fl. 348DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 17 33 pelos textos normativos, em especial – mas não exclusivamente – pelos que veiculam princípios (e faço alusão aqui, também, ao “texto” do direito pressuposto). Ademais, os textos que veiculam normasobjetivo reduzem a amplitude da moldura do texto e dos fatos, de modo que nela não cabem soluções que não sejam absolutamente adequadas a essas normasobjetivo.” E finaliza o ilustre Professor da Universidade do Largo de São Franciso, que: “A “abertura” dos textos de direito, embora suficiente para permitir que o direito permaneça ao serviço da realidade, não é absoluta. Qualquer intérprete estará, sempre, permanentemente por eles atado, retido. Do rompimento dessa retenção pelo intérprete autêntico resultará a subversão do texto. Além disso, outra razão impeleme a repudiar o entendimento de que o intérprete autêntico atua no campo de uma certa “discricionariedade”. Essa razão repousa sobre a circunstância de ao intérprete autêntico não estar atribuída a formulação de juízos de oportunidade – porém, exclusivamente, de juízos de legalidade. Ainda que não seja o juiz meramente a “boca que pronuncia as palavras da lei”, sua função – deverpoder – está contida nos lindes da legalidade (e da constitucionalidade). Interpretar o direito é formular juízos de legalidade. A discricionariedade é exercitada em campo onde se formulam juízos de oportunidade (= escolha entre indiferentes jurídicos), exclusivamente, porém, quando uma norma jurídica tenha atribuído à autoridade pública a sua formulação.” São estas as premissas que pretendo adotar nas razões do meu voto, que passo a expor. 2.3) O princípio da nãocumulatividade e o seu papel na aplicação da lei. Muito se discute sobre a natureza da nãocumulatividade no âmbito da Carta Magna, se esta norma seria um princípio ou uma regra jurídica. Esta norma foi primeiramente fixada para o IPI e ICMS e, mais recentemente, para o PIS e a COFINS. Canotilho propõe um método para distinguir as regras dos princípios, de acordo com as seguintes razões, a saber: “a) Grau de abstracção; os princípios são normas com um grau de abstracção relativamente elevado; de modo diverso, as regras possuem uma abstracção relativamente reduzida. b) Grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto: os princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem de mediações concretizadoras (do legislador, do juiz), enquanto as regras são susceptíveis de aplicação directa. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 34 c) Carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito: os princípios são normas de natureza estruturante ou com um papel fundamental no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes (ex.: princípios constitucionais) ou à sua importância estruturante dentro do sistema jurídico (ex.: princípio do Estado de Direito). d) “Proximidade” da idéia de direito: os princípios são “standards” juridicamente vinculantes radicados nas exigências de “justiça” (Dworkin) ou na “idéia de direito” (Larenz); as regras podem ser normas vinculativas com um conteúdo meramente funcional. f) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética fundamentante.” Alerta Canotilho que “a distinção entre princípios e regras é particularmente complexa”, e mais adiante assevera que: “Os princípios interessarnosão, aqui, sobretudo na sua qualidade de verdadeiras normas, qualitativamente distintas das outras categorias de normas, ou seja, das regras jurídicas. As diferenças qualitativas traduzirseão, fundamentalmente, nos seguintes aspectos. Os princípios são normas jurídicas impositivas de uma optimização, compatíveis com vários graus de concretização, consoante os condicionalismos fácticos e jurídicos; as regras são normas que prescrevem imperativamente uma exigência (impõem, permitem ou proíbem) que é ou não é cumprida (nos termos de Dworkin: applicable in allornothing fashion); a convivência dos princípios é conflitual (Zagrebelsky), a convivência de regras é antinômica; os princípios coexistem, as regras antinômicas excluemse. Conseqüentemente, os princípios, ao constituírem exigências de optimização, permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, à “lógica do tudo ou nada”), consoante o seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflituantes; as regras não deixam espaço para qualquer outra solução, pois se uma regra vale (tem validade) deve cumprirse na exacta medida das suas prescrições, nem mais nem menos. Como se verá mais adiante, em caso de conflito entre princípios, estes podem ser objecto de ponderação e de harmonização, pois eles contêm apenas “exigências” ou “standards” que, em “primeira linha” (prima facie), devem ser realizados; as regras contêm “fixações normativas” definitivas, sendo insustentável a validade simultânea de regras contraditórias. Realçase também que os princípios suscitam problemas de validade e peso (importância, ponderação, valia); as regras colocam apenas questões de validade (se elas não são correctas devem ser alteradas).” Fl. 350DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 18 35 A nãocumulatividade, em sua essência, é uma mera técnica de apuração do tributo, que pode ser concretizada de várias maneiras (impostocontraimposto, basecontra base, dentre outras técnicas). Porém, quando alçada a nível constitucional, a não cumulatividade pode adquirir feições de princípio ou regra, ao talante do legislador constitucional. A definição quanto a ser um princípio ou uma regra, a não cumulatividade, dependerá exclusivamente (i) do grau de abstração; (ii) do grau de determinabilidade na aplicação do caso concreto; (iii) do carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito; (iv) da “proximidade” da idéia de direito; (v) da natureza normogenética. No caso do IPI e do ICMS, me parece que a Constituição instituiu uma regra, estabelecendo, de plano, qual seria a técnica da não cumulatividade a ser empregada pelo legislador ordinário. Com isso, a regra da não cumulatividade do IPI e do ICMS é aplicada diretamente e com um conteúdo meramente funcional, perdendo certo grau de abstração, o carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito, e a natureza normogenética. Por outro lado, quando a Constituição estabelece a não cumulatividade para as contribuições sociais, o faz de forma principiológica, exatamente pelo elevado grau de abstração e pela necessidade de determinabilidade na aplicação do caso concreto, pois, carece de mediação concretizadora (do legislador e do juiz). E neste contexto, a não cumulativide ganha um carácter de fundamentalidade no sistema das fontes de direito, pois deve ser visto com um subprincípio concretizador de outros princípios (o da capacidade contributiva, da legalidade, dentre outros), passa a ter mais proximidade da ideia de direito, tendo natureza normogenética, ao ser fundamento das regras legais necessárias à sua concretização. Este é o ponto fundamental, ao deixar ao talante do legislador ordinário traçar as normas legais concretizadoras da nãocumulatividade, a Constituição a traçou como uma verdadeira ratio para tais regras. O legislador possui liberdade para traçar os parâmetros da nãocumulatividade, mas a sua atuação não é absoluta, na medida em que poderá ser mediada pelo juiz, que dirá se em determinado caso concreto a regra legal da não cumulatividade respeitou o princípio constitucional da nãocumulatividade. 2.4) A concretização do princípio pela regra da nãocumulatividade, que adotou o método indireto subtrativo: crédito sobre aquisição de bens e serviços e custos, despesas e encargos A Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 135/03 (EM no 197A/2003 – MF), posteriormente convertida na Lei nº 10.833/03, esclarece que a legislação adotou o denominado “método indireto subtrativo”, para efeito de aplicar a regra da nãocumulatividade das contribuições em comento, assim descrito: “Por se ter adotado, em relação à nãocumulatividade, o método indireto subtrativo, o texto estabelece as situações em que o contribuinte poderá descontar, do valor da contribuição devida, créditos apurados em relação aos bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos que menciona.” (Grifos nossos) Fl. 351DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 36 O legislador optou por usar o denominado “método indireto subtrativo” como forma de aplicar ou concretizar a nãocumulatividade no âmbito do PIS e da COFINS. Assim, do valor apurado das contribuições calculadas sobre as receitas (vendas, serviços e outras) auferidas pelo contribuinte, deduzse créditos calculados sobre os “bens e serviços adquiridos, custos, despesas e encargos mencionados pela norma legal”. É importante notar que o crédito de PIS e COFINS não é sobre “insumo”. Em momento algum a norma legal diz isso. Mas voltaremos a falar sobre isso mais adiante. O crédito é sobre bens e serviços adquiridos e custos, despesas e encargos incorridos, pagos ou creditados. Basta uma leitura perfunctória pelos dispositivos das Leis 10.637/02 e 10.833/03 para verificar que o crédito sempre está ligado à aquisição de bens e serviços ou de um custo, despesa ou encargo. O § 3º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, é expresso neste sentido ao explicitar que o direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; Mas há diferença entre bens e serviços adquiridos e custos, despesas e encargos incorridos, pagos ou creditados? Certamente que sim. Em relação a bens e serviços, não há grande dificuldades. O Código Civil cuida tanto de um quanto de outro, bem como o Código de Defesa do Consumidor e outras normas que dão a conformação do conceito jurídico de bens e serviços, a servir de parâmetro para aplicação da regra tributária, ex vi do artigo 109 e 110 do CTN. Porém, a questão não é tão simples relativamente a custos, despesas e encargos. A dúvida que exsurge é a de se existe um conceito jurídico de custo, despesa e encargo, que possa ser utilizado para efeitos da legislação tributária? Acreditamos que sim. Com efeito, o conceito jurídico de custo, despesa e encargo há ser perquirido no conjunto da legislação que regula a geração e a divulgação das informações contábeis, que vem sendo chamado pela doutrina de Direito Contábil. Segundo Edmar Oliveira Andrade Filho: “No Brasil, o Direito Contábil é formado pelo conjunto das normas jurídicas que dispõe sobre a formação, elaboração e divulgação de demonstrativos contábeis, e visam á tutela de diversos direitos dos usuários imediatos de tais informações (os sócios ou acionistas) ou mediatos, como são os investidores potenciais Esse conjunto de normas é formado por normas imperativas (também denominadas normas de ordem publica) e por normas jurídicas dispositivas ou facultativas.”10 E complementa Andrade mais adiante, verbis: “No ornamento jurídico brasileiro, a Lei n. 6.404/76, diversas vezes modificadas, é o principal diploma em matéria contábil porque veicula inúmeras regras sobre o registro, e mensuração e 10 O Direito Contábil e a Disciplina Jurídica das Demonstraçoes Financeiras Andrade Filho, Edmar Oliveira Fl. 352DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 19 37 a divulgação de fatos contábeis. Também o Código Civil de 2002 contém normas de índole contábil que devem ser adotadas pelas sociedades empresárias sujeitas a ele. A lei ordinária não é a única fonte formal de introdução de normas jurídicas no ornamento estatal, na medida em que certa parcela do poder de legislação vem sendo transferida a órgãos do Poder Executivo que são constituídos sob a forma das denominadas Agências ou semelhantes, como é o caso da CVM. A lei outorga poderes normativos a vários órgãos: assim, por exemplo, o poder de expedir normas contábeis é deferido á CVM pelo parágrafo 3º do artigo 177 da Lei n. 6.404/76, que tem o seguinte enunciado: “ § 3º As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, e serão obrigatoriamente auditadas por auditores independentes registrados na mesma comissão.” No fim do ano de 2007, foi editada a Lei n. 11.638/07, que introduziu o parágrafo 5º do artigo 177 da Lei n. 6.404/76, para reafirmar os poderes normativos da CVM em matéria contábil que, a partir de então, recebeu autorização para editar normas que introduzissem no ornamento jurídico brasileiro regras alinhadas com padrões contábeis adotados em outros países. O preceito em questão tem a seguinte redação: ‘’ § 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3º deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. ‘’11 A legislação tributária utiliza reiteradamente os conceitos e qualificações dos fatos fornecidos por este conjunto de regras do Direito Contábil, notadamente da Lei nº 6.404/76, para manter os mesmos efeitos que estes fatos produzem no resultado da empresa também em âmbito fiscal. Em outras situações, a legislação tributária utiliza o fato qualificado pelo Direito Contábil e regula os seus efeitos, para restringir total ou parcialmente ou para ampliálos. O regramento do IRPJ sobre despesas é um bom exemplo. As despesas, pelo Direito Contábil, todas elas, reduzem o lucro líquido da pessoa jurídica. Porém, a legislação do imposto de renda somente permite a redução do lucro tributável (lucro real) pelas despesas a que denominou de “despesas operacionais” ou “despesas necessárias”. Tais despesas, segundo a legislação fiscal, são aquelas “necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora” (art. 299 do RIR/99)”. Para não deixar o conceito de necessidade ao juízo subjetivo de cada aplicador da norma, a legislação, ademais, definiu que: “são necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa” (§ 1º); e que: “as despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa” (§ 2º). 11 Ob. cit. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 38 Veja que a legislação tributária não altera o conceito de despesa dada pelo Direito Contábil, esta continua sendo um gasto despendido para obtenção de receitas, cujo efeito é o de reduzir o lucro líquido da sociedade, em termos gerais. A norma tributária apenas qualifica, para efeitos tributários, dentre a totalidade daquelas despesas, quais as que serão admitidas para redução do lucro tributável. As que não forem admitidas fiscalmente serão somadas ao lucro líquido exclusivamente para efeito da apuração do lucro real (lucro tributável). Ou seja, a legislação tributária restringiu o efeito fiscal das despesas conceituadas pelo Direito Contábil. Mas a norma fiscal também pode ampliar os efeitos do Direito Contábil para beneficiar o contribuinte, como no caso da depreciação acelerada, dentre outros exemplos. Em diversas oportunidades as autoridades administravas manifestaram o entendimento quanto a estreita relação entre a norma contábil e a tributária. Neste sentido é o Parecer Normativo CST nº 26/82, cuja ementa preceitua: “EMENTA As expressões "inexatidão quanto ao períodobase de escrituração" e "inexatidão quanto ao períodobase de competência", contidas no "caput" e no § 1º do art. 171. do Regulamento do Imposto de Renda/80, significam inobservância do regime de competência contábil previsto no art. 177. da Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações).” Mais recentemente, a Lei nº 11.683/07, ao alterar a Lei nº 6.404/76, expressamente dispôs: “Art. 177........................................................... § 2º As disposições da lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou à elaboração de outras demonstrações não elidem a obrigação de elaborar, para todos os fins desta Lei, demonstrações financeiras em consonância com o disposto no caput deste artigo e deverão ser alternativamente observadas mediante registro: I – em livros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil; ou II – no caso da elaboração das demonstrações para fins tributários, na escrituração mercantil, desde que sejam efetuados em seguida lançamentos contábeis adicionais que assegurem a preparação e a divulgação de demonstrações financeiras com observância do disposto no caput deste artigo, devendo ser essas demonstrações auditadas por auditor independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários.” A norma demonstra a prevalência da escrituração mercantil sobre a tributária, estabelecendo que eventual efeito fiscal diverso daquele estabelecido pela lei societária deva ser registrado de forma apartada (em livros ou escrituração própria). Por outro lado, deflui deste dispositivo que se inexistir “lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhia que conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes”, prevalece os critérios da norma contábil para efeito fiscal. O que estou querendo dizer é que o conceito jurídico de custo, despesa e encargo para efeito da aplicação das regras do PIS e da COFINS, relativamente à não cumulatividade, deve ser perquirido no conjunto da legislação que regula a geração e a Fl. 354DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 20 39 divulgação das informações contábeis, no Direito Contábil, notadamente na Lei nº 6.404/76 e sua regulação. De posse destes conceitos do Direito Contábil é que devemos identificar se a legislação desses tributos, do PIS e da COFINS, os absorveu e deu o mesmo tratamento ou se os tratou de forma diversa do ponto de vista fiscal, para extrair o correto alcance da norma. 2.5 O conceito jurídico de bem e serviços e de custo, despesa e encargos. Bens, segundo Silvio Rodrigues, “são coisas que, por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico.”12 Segundo o Vocabulário Jurídico, “toda coisa, todo direito, toda obrigação, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, pode se designada como bens” (De Placido e Silva, p. 208). Quanto a serviço, o código civil dispõe que: “a prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou á lei especial, regerseá pelas disposições deste Capítulo” (Art. 593), estabelecendo ainda que: “toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição” (Art. 594). O Código de Consumidor, no art. 3º, § 2°, prevê que serviço “é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”. Há uma relação direita entre o conceito de bens e serviços e o de custo, despesas e encargos. A rigor, para o Direito Contábil, todos os bens e serviços adquiridos por uma empresa constituem ou custo, ou despesa ou geram um encargo. A classificação do bem ou serviços dentre uma destas categorias depende exclusivamente do destino a ele dado dentro da empresa. Posso adquirir um serviço que pode ser reconhecido como um custo, num momento, e o mesmo serviço, ser uma despesa ou um encargo noutro, dependendo da utilidade deste serviço. Podemos dizer que para o Direito Contábil custo, despesa e encargo são bens e serviços devidamente qualificados de acordo com a sua destinação dada pela empresa. E qual a diferença entre custo, despesa e encargo? Vejamos o que diz o Direito Contábil. O artigo 187 da Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76), separa, didaticamente, o “custo das mercadorias vendidas” das “despesas” com vendas, financeiras, gerais e administrativas, se referindo, ainda, a outras despesas operacionais, a saber: “Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: .... II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; 12 Direito Civil, 34ª ed., at., São Paulo. Saraiva. 2003., p.116 Fl. 355DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 40 III as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais;” Os custos, despesas e encargos impactam o resultado da mesma forma, reduzindo o lucro comercial (lucro líquido), mas cada um ao seu tempo e modo devidos, de acordo com o tratamento despendido pela norma em comento. O artigo 187 da Lei nº 6.404/76 não faz por mero acaso a distinção entre “os custos das mercadorias e serviços vendidos” (i) das “despesas” (ii). Ensina o Professor Eliseu Martins da FEA/USP, que custo constitui o “gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”, enquanto que despesa representa o “bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. Veja que bem e serviço podem ser tanto custo quanto despesa. Será custo quando o bem ou serviço forem empregados na produção de outros bens e serviços e despesa quando consumidos na obtenção de receitas. Noutras palavras, considerase custo todos os gastos da entidade com a aquisição de bens e serviços (gastos com MP, PI, ME, serviços de manutenção, fretes, energia, aluguel etc.) para a produção daqueles bens e serviços que serão postos a venda pela companhia. O conjunto desses gastos denominase “custo de produção”. Segundo o catedrático paulista: “são custos de produção os gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda, e somente eles. Não se incluem nesse grupo as despesas financeiras, os de administração e as de vendas(...)”. Todos os dispêndios realizados após o produto ser colocado à venda pela empresa constituemse despesas, que podem ser de vendas (comissões e fretes), administrativas (estabelecimento de venda, aluguel, luz etc.), financeiras (juros, encargos etc.). Eliseu Martins assevera que “teoricamente, a separação é fácil: os gastos relativos ao processo de produção são custos, e os relativos à administração, às vendas e aos financiamentos são despesas”. O ilustre Professor da USP, ainda, em sua festejada obra, ao tratar da questão de “Onde Terminam os Custos de Produção”, assevera o seguinte: “É bastante fácil a visualização de onde começam os custos de produção, mas nem sempre é da mesma maneira simples a verificação de onde eles terminam. É relativamente comum a existência de problemas de separação entre custos e despesas de venda. A regra é simples, bastando definirse o momento em que o produto está pronto para a venda. Até aí, todos os gastos são custos. A partir desse momento, despesas. Por exemplo, os gastos com embalagens podem tanto estar numa categoria como noutra, dependendo de sua aplicação; quando um produto é colocado para venda tanto a granel quanto em pequenas quantidades, seu custo terminou quando do término de sua produção. Como a embalagem só é aplicada após as vendas, deve ser tratada como despesa. Isso implica a contabilização do estoque de produtos acabados sem a embalagem, e esta é ativada num estoque a parte. Fl. 356DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 21 41 Se, por outro lado, os produtos já são colocados à venda embalados de forma diferente, então seu custo total inclui o de seu acondicionamento, ficando ativados por esse momento.” (grifamos) Todos os custos estão diretamente ligados ao processo de produção de bens e serviços, até a efetiva venda do produto acabado. Enquanto não vendidos, os custos são contabilizados na conta de estoque. De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 16(R1), estoques são ativos: (a) mantidos para venda no curso normal dos negócios; (b) em processo de produção para venda; ou (c) na forma de materiais ou suprimentos a serem consumidos ou transformados no processo de produção ou na prestação de serviços. Ainda de acordo com o referido Pronunciamento: “10. O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Custos de aquisição 11. O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. (NR)” Então, todos os “gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda, e somente eles” são “custos de produção, conforme ensina Eliseu Martins, e são agrupados na conta de estoque da empresa até o momento da venda do produto. Quando se efetiva a venda do produto, e tão somente neste momento, o estoque é baixado mediante um crédito contra um débito na conta de “Custo dos produtos Vendidos” (art. 187, II, da Lei 6.404/76), que é uma conta de resultado. De acordo com o Manual de Contabilidade FIPECAF, “a apuração do custo dos produtos vendidos está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representa a baixa efetuada nas contas dos estoques por vendas realizadas no período.” Sérgio Iudícibus e José Carlos Marion demonstram que para cada setor da economia deve haver uma denominação para o custo de venda ou custo de produção, a saber: para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo do Produto Vendido (CPV); Fl. 357DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 42 para empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); para empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP).13 Alexandre Assaf Neto demonstra com muita propriedade o custo de venda por cada atividade: “O custo das mercadorias vendidas na empresa comercial nada mais representa do que o custo histórico de aquisição desses bens. Nesse custo foram incluídos, ainda na forma de estoque, os gastos com colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguros, etc. (...) No caso da indústria, o custo dos produtos vendidos é obtido em função da soma dos estoques iniciais com os custos de produção do período e a diminuição dos estoques finais. Nesses custos de produção, como também comentado na seção relativa a imobilizado, é adotado, no Brasil, o custeio por absorção. Nesse principio de avaliação entram todos os custos relativos á área de produção, quer direitos com relação aos produtos, quer indiretos, quer fixos, quer variáveis. (...) Nas vendas de serviços as regras são as mesmas, teoricamente, é comum encontrar empresas que não apuram o custo dos serviços prestados e acabam tratando todos esses gastos diretamente como despesas do exercício e misturandoas ás despesas administrativas. Dentro de algumas áreas, com energia elétrica e telefonia, há certa homogeneidade de tratamento no custo desses serviços, mas tal fato não é comum em outras áreas. Isso, porem, não é tão grave já que a maioria dessas empresas não estoca serviços e tal tratamento não afeta o resultado do exercício. Para as sociedades que executam projetos e ordens de serviços, isso é altamente relevante, pois muitas vezes deveriam constar no Ativo como serviços em elaboração os custos com serviços parcialmente elaborados, mas cujas receitas ainda não foram apropriadas porque mesmo sendo serviços de curto prazo, não foram ainda transferidos aos clientes.14 Registrese, por ser importante à questão dos autos, na lição de Assaf Neto, que são tidos como custos todos “os gastos com colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguros, etc.” Ou seja, os gastos realizados pela empresa até o momento da colocação do produto em condições de venda, o que abarca os fretes, inclusive entre estabelecimentos da própria empresa, constituem custo de produção.Com o advento da venda, há a baixa do estoque e o correspondente registro do custo do produto/mercadoria/serviço vendido, não se falando mais em “custos”. 13 Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 / Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion. – 9. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010, p. Pagina 229 14 Finanças corporativas e valor / Alexandre Assaf Neto. – 3. Ed. – 2. Reimpr. – São Paulo : Atlas, 2008, Pagina 102 Fl. 358DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 22 43 A partir deste evento, a venda, a empresa reconhece apenas despesas, que “constituemse das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa e, dentro do conceito da Lei nº 6.404/76, abrangem também as despesas liquidas para financiar suas operações; os resultados líquidos das atividades acessórias da empresa são também considerados operacionais.”15 Despesa, portanto, são todos os “gastos que se destinam às fases de administração, esforço de venda e financiamento”.16 As despesas mais comuns são as de venda e as administrativas. As de venda “representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos da empresa, bem como os riscos assumidos pela venda, constando dessa categoria despesas como: o pessoal da área de vendas, marketing, distribuição, pessoal administrativo interno de vendas, comissões sobre vendas, propaganda e publicidade, gastos estimados com garantia de produtos vendidos, perdas estimadas dos valores a receber, provisão para créditos de liquidação duvidosa etc.” 17 As despesas administrativas são “os gastos, pagos ou incorridos, para a direção ou gestão da empresa, e constituemse de varias atividades gerais que beneficiam todas as fases do negócio ou objeto social. Constam dessa categoria itens como honorários da administração (Diretoria e Conselho), salários e encargos do pessoal administrativo, despesas legais e judiciais, material de escritório etc.” Dentre as despesas administrativas “estarão registradas as despesas com a ocupação física dos imóveis e as instalações representadas por alugueis e despesas de condomínio, quando os imóveis ou bens forem de terceiros”, sendo certo que “para os bens próprios, a despesa seria de Depreciação e Amortização”, isto é, os denominados encargos. Desta forma, o art. 187 da Lei nº 6.404/76, quando menciona o “custo das mercadorias e serviços vendidos”, está se referindo exatamente a todos os custos atinentes à produção de bens e serviços postos à venda, que são denominados também de custos de venda, todos estes calculados até o momento em que o produto/serviço está pronto para a venda. Estando o produto/serviço pronto para a venda, ou seja, efetivamente colocado no ponto de venda da pessoa jurídica (no estabelecimento vendedor), não mais se cogita de custos, e sim, de despesas com as vendas, despesas financeiras, administrativas e outras operacionais. Do exposto, em apertada síntese, pelas regras do Direito Contábil, mais precisamente do artigo 187 da Lei nº 6.404/76 e das normas que o regulam, concluise que: Custo é o gasto relativo à aquisição de bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços; Despesa representa o bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. 15 Manual de Contabilidade das sociedades por ações: aplicável ás demais sociedades / FIPECAFI; diretor responsável Sergio de Iudícibus. 7ªed. – 4. Reimp. – São Paulo : Atlas, 2008 manual ..... 16 Cf. Eliseu Martins, ob. cit. P. 27 17 Ob. cit. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 44 Os custos de produção agrupados no estoque da empresa são os gastos despendidos até o momento em que o produto está pronto para a venda, no estabelecimento vendedor da empresa; Com a venda, o estoque é baixado contra o Custo de produtos vendidos no resultado da empresa; A partir da venda somente há de se falar em despesas, como as despesas de venda, as administrativas e financeiras. Determinados dispêndios, com aquisição de bens e serviços podem ser tanto custos como despesas. Será custo quando o bem ou serviço servir para a produção de outros bens e serviços e despesa quando usado para a obtenção das receitas, como a embalagem utilizada até o momento em que o produto é posto à venda, ou despesa (de venda), se, por exemplo, a embalagem for utilizada após a venda. Identificando o conceito legal de custos, despesas e encargos, devemos verificar o tratamento fiscal dado a cada um destes itens pela legislação fiscal que engendrou a sistemática da não cumulatividade do PIS e da COFINS. 2.6) Dos créditos regulados pelas normas legais que tratam da não cumulatividade do PIS e da COFINS O artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que cria a regra da não cumulatividade, com as alterações perpetradas posteriormente, estabelece que do débito de COFINS “a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 360DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 23 45 VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.” Esta regra deve ser analisada na sua íntegra. Não há como compreender o inciso I e II dos demais incisos da norma legal. Eles se completam como norma e sentido. Vejamos. 2.7 O crédito de bens adquiridos para a revenda (atividade comercial) O item I do dispositivo, a toda evidência, cuidou da atividade comercial, ou seja, aquela em que o bem é adquirido para ser revendido, sem ingressar em qualquer processo de produção ou fabricação. Tanto é assim que o próprio dispositivo, ao excetuar determinados bens para efeito do crédito, utiliza o termo mercadoria e não produto, sendo este ligado apenas à atividade industrial. Na atividade comercial, portanto, o crédito de PIS e da COFINS, para efeito da não cumulatividade, será apurado sobre os “bens adquiridos para revenda”. Consoante o §1º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, este crédito de bens adquiridos para a revenda será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista na Lei sobre o valor: “dos itens mencionados (...), adquiridos no mês”. Noutro giro, o crédito nesta hipótese será calculado sobre o valor do bem adquirido para revenda e apropriado pelas aquisições ocorridas no próprio mês. Duas importantes observações devem ser feitas. A primeira diz respeito ao significado de “bens adquiridos para revenda” para o Direito Contábil. “Bens adquiridos para revenda” representa exatamente o custo das vendas ou, mais acertadamente, o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), nas atividades comerciais, nos termos do artigo 187 da Lei nº 6.404/76. Eis as palavras de Assaf Neto, que vale novamente transcrever, quando diz que “o custo das mercadorias vendidas na empresa comercial nada mais representa do que o custo histórico de aquisição desses bens.” Fl. 361DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 46 A segunda observação referese ao efeito fiscal do crédito de PIS e COFINS, tratado de forma diversa do efeito previsto no Direito Contábil, mais precisamente no que tange ao momento de apropriação. Para a legislação comercial o custo de venda ou custo da mercadoria vendida (CMV) somente é apropriado e impacta o resultado da empresa no momento da efetiva venda da mercadoria. Para a legislação em tela, o crédito de PIS e COFINS calculado sobre este custo da mercadoria vendida (CMV) é apropriado no mês de aquisição, que, em regra, não coincide com o momento da venda da mercadoria. 2.8) O crédito de bens e serviços adquiridos para serem usados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda (atividade industrial e de prestação de serviços) O II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 estabelece que “a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes”. Analisemos esse dispositivo detalhadamente. ...crédito calculado em relação a bens e serviços... Dissemos acima que bens são todas coisas, direitos, obrigações, enfim, qualquer elemento material ou imaterial, representando uma utilidade ou uma riqueza, integrado no patrimônio de alguém e passível de apreciação monetária, e que serviços são quaisquer atividades fornecidas no mercado de consumo, mediante remuneração. O dispositivo é de clareza meridiana ao dizer que o crédito é sobre bens e serviços. Insisto neste ponto, porque não é inusitado encontrar afirmações no sentido de que o crédito do PIS e da COFINS é sobre insumos, buscando no conceito deste a delimitação do alcance da norma. Em nossa opinião, constitui equívoco manifesto esta forma de interpretar o dispositivo, invertendo a equação da norma. O crédito não é calculado em relação aos insumos, mas sim sobre bens e serviços, não constituindo esta questão mero jogo de palavras, como demonstraremos adiante. ... utilizados como insumo ... O crédito é sobre bens e serviços utilizados como insumo, diz a norma. O verbo utilizar neste trecho possui o sentido de “empregar (algo) em ou para determinado fim” (Houaiss). Tal verbo no particípio (forma nominal) expressa uma ação plenamente concluída. Ou seja, o crédito somente pode ser calculado em relação aos bens e serviços que foram efetivamente empregados em determinada finalidade. Se o bem ou o serviço for desviado da finalidade, o crédito não poderá ser usado. Fl. 362DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 24 47 A finalidade condicionante do crédito estipulada pelo legislador foi a de que o bem ou serviço seja utilizado/empregado “como insumo”. No contexto do dispositivo o termo “como” expressa uma equivalência, uma semelhança, tratandose de uma conjunção comparativa. Isto que dizer, no contexto, que o bem ou serviço não são necessariamente insumos, mas “utilizados como insumo”. Há uma diferença substancial de ser insumo ou ser utilizado como insumo, com adiante veremos. Insumo, segundo o Dicionário Houaiss, constitui “cada um dos elementos (matériaprima, equipamentos, capital, horas de trabalho etc.) necessários para produzir mercadorias ou serviços”. Para o Dicionário Michaellis insumo “designa todas as despesas e investimentos que contribuem para a obtenção de determinado resultado, mercadoria ou produto até o acabamento ou consumo final”. O Dicionário Aulete, o conceitua como “cada um dos elementos ou fatores (como máquinas e equipamentos, energia, trabalho ou mão de obra) envolvidos na produção de mercadorias ou serviços.” O sentido funcional de insumos não discrepa do sentido econômico, constituindo insumos os bens e serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços, também denominados de fatores de produção, abarcando as matériasprimas, bens intermediários, uso de equipamentos, capital, horas de trabalho, energia e etc. De acordo com Robert S. Pindyck e Daniel L Rubinfeld, professores, respectivamente, da M.I.T (Massachusetts Institute of Technolog) e da Universidade da Califórnia, em sua festejada obra sobre Microeconomia, asseveram: “Durante o processo produtivo, as empresas transformam insumos, também denominados fatores de produção, em produtos. Os fatores de produção são tudo aquilo que a empresa utiliza no processo produtivo. Em uma padaria, por exemplo, os insumos incluem o trabalho; matériasprimas, como farinha e açúcar; e o capital investido nos fornos, batedeiras e em outros equipamentos necessários à produção de pães, bolos e confeitos. Como se vê, podemos dividir os insumos em amplas categorias de trabalho, matériasprimas e capital, podendo cada uma dessas incluir subdivisões mais limitadas. O trabalho abrange os trabalhadores especializados (carpinteiros, engenheiros) e os não especializados (trabalhadores agrícolas), bem como os esforços empreendedores dos administradores da empresa. As matériasprimas incluem o aço, o plástico, a eletricidade, a água e quaisquer outros materiais que a empresa adquira e transforme em produto final. O capital inclui o terreno, as instalações, a maquinaria e outros equipamentos, bem como os estoques.” O conceito jurídico adota o sentido econômico de insumo, consoante Maria Helena Diniz, que diz ser insumo: “1. Despesa e investimentos que contribuem para um resultado, ou para a obtenção de uma mercadoria ou produto até o consumo final. 2. É tudo aquilo que entra (input), em contraposição ao produto (output), que é o que sai. 3. Tratase da combinação de fatores de produção, diretos (matériaprima) e indiretos (mãodeobra, energia, Fl. 363DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 48 tributos), que entram na elaboração de certa quantidade de bens ou serviços.18(grifamos) Pois bem, os insumos do ponto de vista econômico e jurídico podem ser divididos em várias categorias. Mas o que importa ao presente caso é a divisão de insumos como fatores de produção diretos e indiretos. Os insumos diretos são, por exemplo, as matérias primas, e os indiretos, a energia, apenas para citar estes dois. Os fatores de produção direitos podem ser, por sua própria natureza, tidos como insumo. Os fatores de produção indiretos são insumos, não pela sua natureza, mas sim por equivalência. O que quero dizer, é que a expressão “bens e serviços utilizados como insumo” abarca não apenas aquelas coisas que são insumos por sua própria natureza (matéria prima), ou insumos diretos, mas sim, todas as coisas que são empregadas como fator de produção e que, portanto, são também consideradas insumo, os denominados insumos indiretos. Por exemplo, um serviço de manutenção, por sua natureza, não constitui um insumo. Porém, se este serviço for empregado na produção ele equivalerá, para todos os fins, a um fator de produção ou insumo. A energia elétrica, a rigor, também não é um insumo, mas o será quando for empregado na produção. Os combustíveis e lubrificantes também não são insumos propriamente ditos, mas adquirem esta qualificação se utilizados como fator de produção. Aliás, este exemplo foi dado pela própria norma, o que comentaremos mais adiante. Assim, verificamos que há bens e serviços que são, por sua natureza, insumos, como a mão de obra, a terra, o capital, a matéria prima, que são ligados diretamente à produção de bens e serviços. São os denominados fatores de produção diretos, que são assim identificados por estarem ligados inexoravelmente à produção. Mas há outros bens e serviços que somente ganharão o status de insumo (indiretos) ou fator de produção, pelo fenômeno da equivalência, quando (estes bens e serviços) forem efetivamente empregados no processo de produção da empresa. São os denominados fatores de produção indiretos. Em resumo, o crédito do PIS e da COFINS são calculados em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como todos os fatores de produção diretos e indiretos aplicados na prestação de serviço ou no processo de produção das empresas, os termos do II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. ... na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ... O crédito é sobre bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. A evolução legislativa deste dispositivo revela, neste particular, a abrangência do seu alcance e a amplitude do termo insumo. Com efeito, na redação original do inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/02, que tratava apenas do PIS, a previsão era de que o crédito seria calculado sobre: “II bens e 18 DINIZ, Maria Helena. Dicionário jurídico, vol. 2. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 870 Fl. 364DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 25 49 serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes”. A redação deste dispositivo era confusa, pois dava a entender que no caso de prestação de serviço o crédito previsto era tão somente de bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos que seriam usados, os produtos fabricados, na prestação de serviços. Ou seja, o crédito não seria de bens e serviços usados na prestação de serviços, mas sim de bens e serviços utilizados na fabricação de produtos que seriam destinados à prestação de serviços. Por ser confuso, o inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.637/02 foi rapidamente alterado pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003, passando a dispor que o crédito seria sobre “II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes.” A substituição foi sutil, a troca do “à” por “na”, mas alterou substancialmente o sentido da frase, pois o crédito passou a ser conferido sobre os bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços, abarcando, como demonstrado acima, todos os fatores de produção, diretos e indiretos, aplicados na prestação de serviço. Mas repare que, até este momento, o dispositivo mencionava apenas créditos calculados sobre bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados á venda. Ou seja, apenas os bens e serviços empregados no processo de fabricação poderiam gerar o crédito, o que na minha opinião abarcava apenas os fatores de produção diretos. Posteriormente, o legislador alterou novamente a regra, inclusive para o PIS, ao instituir a nãocumulatividade para a COFINS, por intermédio da Lei nº 10.833/03, que estabeleceu o crédito sobre “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes”. Este dispositivo foi alterado pela Lei nº 10.865, de 2004, que deu a redação atual acima transcrita. Para facilitar, vejamos a evolução deste normativo num quadro comparativo: Lei 10.637 Lei nº 10.684 Lei nº 10.833 Lei nº10.865 II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes” II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes.” II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes” II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 365DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 50 Portanto, até o advento da Lei nº 10.833/03, os bens e serviços que davam direito ao crédito eram os utilizados como insumo apenas na atividade de fabricação, ou seja, os insumos ou fatores de produção diretos. Após aquele normativo, a regra ampliou sobremaneira o seu alcance, passando a admitir o crédito dos bens e serviços não apenas usados como insumo na fabricação (fatores de produção diretos), mas sim em todo o processo de produção (fatores de produção diretos e indiretos). O sentido teleológico da alteração foi o de ampliar o alcance da regra de crédito, não apenas para abarcar os bens e serviços usados como insumo na fabricação, que é uma das formas de produção, mas os bens e serviços usados como insumo em todas as atividades em que haja produção. Fabricação, na verdade, foi mantido no texto e passou a ser um termo meramente expletivo do gênero produção. Neste sentido o “ou” que liga produção a fabricação, tem a função de uma conjunção explicativa. Assim, o dispositivo passou a abarcar o conceito econômico de produção, que, segundo Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos, “é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado.”19 No mesmo sentido assevera Antonio Barros de Castro e Carlos Francisco Lessa, a saber: “A produção baseiase no trabalho humano dirigido no sentido do atendimento de necessidades econômicas individuais e coletivas. Em dependência do produto que se tenha em vista, o processo produtivo envolverá o uso de determinadas formas de trabalho, capital e recursos naturais. Cada combinação de fatores trabalho, capital e recursos naturais constituindo uma unidade produtora é alimentada pelo resto do sistema, que lhe provê matériasprimas, combustíveis, energia, serviços de diversas ordens etc. Notese, enquanto o emprego de fatores não implica modificar substancialmente sua existência, os bens correntemente adquiridos pelas unidades produtoras para alimentar seu processo produtivo ditos insumos sofrem sucessivas transformações, pelas quais chegam ulteriormente a convertese em bens de utilização final. Com efeito, a produção constitui, por vezes, uma longa cadeia composta de diversas fases nas quais os bens, em processo de elaboração, incorporam, progressivamente, as características com que se deverão apresentar em mercado quando prontos para uso final.” O legislador optou por conferir o crédito abarcando o conceito de insumo ligado à produção ou fator de produção, em razão da diversidade de atividades produtivas sujeitas a nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Empresas que, a despeito de serem industriais, não possuíssem unidade fabril, por esta ser em parte ou totalmente realizada por terceiros, como é comum no setor de bebidas e automotivo, por exemplo, estariam prejudicadas se não fosse o alargamento da regra referente ao crédito. 19 Cf., in Economia Micro e Macro, 4ª ed. – SP: Atlas. 2011, p. 109. Fl. 366DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 26 51 A produção agrícola, mineral e outras, por exemplo, estariam também prejudicadas com o conceito restrito de insumos empregados na fabricação, na forma da legislação anterior. Com o alargamento perpetrado pela Lei nº 10.833/03 para abarcar bens e serviços empregados como insumo na prestação de serviços ou produção e fabricação, todas as atividades produtivas estão alcançadas pela norma, de forma a dar a máxima efetividade ao princípio da nãocumulatividade. Cabe ressaltar que não há como restringir o sentido de produção à determinada atividade, como pretendem alguns, que sustentam que este termo foi inserido no dispositivo apenas para abarcar a produção agrícola. Com a devida vênia, além de ser uma interpretação que contraria o princípio da nãocumulatividade, esta pretensa restrição do dispositivo viola as regras mais comezinhas da hermenêutica, pois, ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus (onde a lei não distingue, não pode o intérprete distinguir). Como ensina Carlos Maximiliano: “Quando o texto menciona o gênero, presumemse incluídas as espécies respectivas; se faz a referência ao masculino, abrange o feminino; quando regula o todo, compreendemse também as partes. Aplicase a regra geral aos casos especiais, se a lei não determina evidentemente o contrário. Asseverando de forma contundente o saudoso Maximiliano, que: “Quando o texto dispõe de modo amplo, sem limitações evidentes, é dever do intérprete aplicalo a todos os casos particulares que se possam enquadrar na hipótese geral prevista explicitamente; não tente distinguir entre as circunstancias da questão e as outras; cumpra a norma tal qual é, sem acrescentar condições novas, nem dispensar nenhuma das expressas.” 20 O termo “produção” mencionado no dispositivo em comento, constitui o processo de transformação dos fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda, sendo gênero de várias espécies (produção industrial, agrícola, mineral, agropecuária e etc), todas elas abarcadas pelo dispositivo para efeito de crédito. Tratou do gênero produção, e não apenas de um processo produtivo, que é a fabricação. ... inclusive combustíveis e lubrificantes O advérbio inclusive, significa “com inclusão de, de forma inclusiva” (Aulete) ou ainda, “inclusivamente” (Michaellis). Inclusivamente significa “de maneira inclusiva, com inclusão, de modo que fique incluído ou compreendido; sem exceção, sem exclusão” (Aulete). O legislador desde a edição da Lei nº 10.637/02, ao tornar incluso os combustíveis e lubrificantes dentre os bens e serviços que dariam direito ao crédito, explicitou que não apenas os bens e serviços empregados como insumo diretamente no processo de fabricação, isto é, os fatores de produção diretos, serviriam para o cálculo do crédito, mas 20 Hermenêutica e Aplicação do Direito, Rio de Janeiro : Forense, 1996, p. 246/247 Fl. 367DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 52 também os fatores de produção indiretos, aqueles bens e serviços equivalentes a insumo em razão de serem empregados no processo de produção (fatores indiretos), como são os combustíveis e lubrificantes. A questão controvertida estava em saber se, com a inclusão de combustíveis e lubrificantes, o legislador ampliou o dispositivo para abarcar todos os fatores de produção indiretos, ou apenas aqueles que mencionaram. Essa discussão, entretanto, tornouse despicienda com a alteração legislativa levada a efeito pela Lei nº 10.833/03, que inseriu o termo “produção” no texto do normativo, para deixar claro que todos os insumos ou fatores de produção diretos e indiretos conferiam o crédito de PIS e da COFINS. Então o crédito do PIS e da COFINS é calculado em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como todos os fatores de produção diretos e indiretos aplicados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. 2.9) O valor e o momento de apropriação do crédito O § 1º do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 estabelece que o crédito calculado sobre os “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833) será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista na Lei sobre o valor “dos itens mencionados (...), adquiridos no mês”, ou seja, dos bens e serviços empregados como fator de produção direto ou indireto. No Direito Contábil o valor dos fatores de produção diretos e indiretos ou insumo é representado pelo custo de produção ou custo das vendas, ou mais precisamente, usando o termo legal previsto no artigo 187 da Lei nº 6.404/72, e na lição de Iudícibus e Marion: para empresas industriais, o custo das vendas é denominado Custo do Produto Vendido (CPV); para empresas comerciais, o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV); para empresas prestadoras de serviços, o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP).21 É fundamental observar que os termos “insumo” ou “fator de produção”, “custo de produção”, “custo de venda”, “Custo do Produto Vendido (CPV)”, “Custo das Mercadorias Vendidas (CMV)”, “Custo dos Serviços Prestados (CSP)”, são representações de uma mesma realidade, o que muda é apenas a visão do observador. Quando se fala em insumo ou fator de produção a realidade é descrita pela ótica da economia. Ao mencionar custo de produção, custo de venda, esta mesma realidade é descrita pelos contadores. Quando falamos em Custo do Produto Vendido (CPV), Custo das 21 Contabilidade comercial: atualizado conforme Lei nº 11.638/07 e Lei nº 11.941/09 / Sérgio de Iudícibus, José Carlos Marion. – 9. Ed. – São Paulo : Atlas, 2010, p. Pagina 229 Fl. 368DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 27 53 Mercadorias Vendidas (CMV), Custo dos Serviços Prestados (CSP), àquela realidade é tratada pelo Direito Contábil. Do ponto de vista fiscal esta mesma realidade foi absorvida pela legislação do PIS e da COFINS ao dispor sobre os créditos calculados sobre os “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda”. Aliás, se fizermos uma comparação entre os conceitos de custo, custo de produção e a referida norma fiscal, veremos que todos tratam de uma mesma realidade: Conceito da Lei nº 10.833 Conceito de custo Conceito de custo de produção “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” “gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços” (Eliseu Martins) “os gastos incorridos no processo de obtenção de bens e serviços colocados à venda”. (Eliseu Martins) O sentido teleológico do dispositivo é muito simples, os custos ou custos de produção, ou CPV e CSP, são os gastos realizados pela empresa na aquisição de bens e serviços empregados ou utilizados na obtenção dos produtos destinados à venda. Para o direito fiscal, esses dispêndios são os essenciais à obtenção da receita tributável pelo PIS e pela COFINS. O legislador, em nossa opinião, empregou este conceito de custo de produção ou de CPV, CMV e CSP exatamente por serem conceitos técnicos, razoavelmente definidos pelo Direito Contábil, deixando ao intérprete apenas a função de analisar as operações concretas de cada empresa para identificar se este ou aquele gasto é efetivamente um custo de produção. É vasta a doutrina sobre custo, seja na economia, na contabilidade ou no Direito Contábil, por serem estes os gastos fundamentais à Teoria da Empresa, na medida em que estão ligados à sua produção. Cabe ressaltar que dois equívocos são comumente praticados ao se analisar a questão em tela. O primeiro, e mais comum, é de inserir determinadas despesas no rol dos gastos que seriam custo. Custo e despesa são termos técnicos e possuem conceitos diversos e delimitados, como demonstrado acima. Um dispêndio não é custo ou despesa ao talante do aplicador da norma, pois as normas do Direito Contábil delimitam com razoável precisão o alcance de cada termo. O inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 tratou do crédito de PIS e COFINS apenas dos custos de produção, e não de despesas. As despesas, que geram o crédito de PIS e COFINS, foram taxativamente determinadas nos demais incisos III a IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. Ou seja, o legislador didaticamente separou os custos de produção, Fl. 369DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 54 permitindo que todos eles gerassem crédito de PIS e da COFINS, no inciso II acima mencionado, e nos demais inciso cuidou de determinadas despesas, e apenas estas, dariam direito ao crédito. O segundo equívoco é trazer para a análise do caso o conceito de necessidade, ou seja, sustentar que daria direito ao crédito de PIS e COFINS os gastos que seriam necessários à empresa. Daí advém a dúvida: os créditos gastos seriam necessário à produção? Necessários à atividade? Necessários ao empreendimento? Necessários ao dono da empresa? Necessários para a Receita Federal do Brasil? Ora, o legislador ao regular o crédito do PIS e da COFINS em momento algum usou o termo “necessidade”. Utilizou o termo “utilizado”, no sentido de empregado, para regular os bens e serviços ligados à prestação de serviço ou produção, para efeito de conferir o crédito. E mais, quando se traz o conceito de necessidade haverá sempre a tentação de se buscar na legislação do imposto de renda a definição de “despesas necessárias”, para se aplicar, por analogia, as regras referentes ao crédito do PIS e da COFINS. Veja que a legislação do imposto de renda define as “despesas necessárias”, como um limitador do conceito de “despesa” do Direito Contábil, como acima demonstrado. Esta definição em hipótese alguma se aplica aos custos ou custos de produção. Os custos são gastos sempre e inexoravelmente essenciais à empresa, e não apenas necessários. O conceito de necessidade não se aplica aos custos de produção. Mas qualquer custo de produto (direto e indireto) é passível de conferir o crédito de PIS e COFINS? A resposta é negativa. Sobre esta questão, mais uma vez o legislador foi didático, criando as seguintes restrições: veda o crédito sobre custos diretos e indiretos de mãodeobra paga a pessoa física; veda o crédito da aquisição de bens ou serviços (custos de produção) não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição; limita o crédito exclusivamente aos bens e serviços (custo de produção) adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; e que os custos incorridos, sejam pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. A título de conclusão, podemos ressaltar que, nos termos do inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, o crédito do PIS e da COFINS é calculado em relação a todos os bens e serviços empregados como insumo, assim entendido como os fatores de produção diretos e indiretos, na prestação de serviço ou no processo de produção das empresas. O valor do crédito será apurado aplicandose a alíquota regular sobre o Custo do Produto Vendido (CPV)” ou o “Custo dos Serviços Prestados (CSP)”, registrado na contabilidade da empresa, e serão apropriados no mês da aquisição do bem ou serviço. 2.10) O frete como custo de produção. Fl. 370DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 28 55 Feitas as considerações acima, a respeito do conceito legal de bens e serviços e custo e despesa, para efeito do crédito de PIS e COFINS, vejamos onde se enquadram os gastos feitos pelas empresas a título de frete. Num ciclo de produção, até o momento em que o produto é colocado efetivamente para venda no estabelecimento vendedor da empresa, pode haver inúmeros gastos com transporte (frete). Assim, da fábrica o produto pode ser enviado para armazéns, para centros de distribuição (CD), inclusive em outros Estados. Todas essas remessas ainda fazem parte do processo de produção da empresa, segundo o Direito Contábil. Mesmo estando o produto acabado, apenas o processo de fabricação foi esgotado, não o processo de produção o qual se finaliza apenas quando o produto é colocado efetivamente à venda. Os gastos de frete da empresa até o momento em que o produto está colocado à venda, mesmo se este frete for despendido após o produto estar acabado, irão integrar o custo da mercadoria ou produto vendido, segundo o Direito Contábil (art. 187, II, da Lei nº 6.404/76). Nesses casos, em todos eles, o frete é tido como custo de produção ou fator de produção. Na verdade, a produção iniciase com a aquisição das matériasprimas, antes de iniciado qualquer processo de fabricação. Com a fabricação, o ciclo de produção somente encerra após o produto estar disponível para a venda. Durante todo este processo de produção os gastos com transportes irão integrar o custo de produção, ou custo de venda, ou, ainda, custo do produto vendido. Aliás, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil vem reconhecendo reiteradamente o direito ao crédito sobre o custo de fretes na aquisição de matéria prima, isto é, o custo de algo que sequer ainda integrou o processo de fabricação. E o fundamento para o deferimento desse crédito é singela, pois o valor do frete integra o custo do bem, conforme diversas soluções de consulta, a saber: “CRÉDITO. FRETE NA AQUISIÇÃO. O valor do frete pago pelo adquirente à pessoa jurídica, para transportar bens adquiridos para serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda, compõe o custo do bem, podendo, portanto ser utilizado como crédito a ser descontado do PIS/Pasep nãocumulativo.” (Solução de Consulta nº 132 de 10 de maio de 2005) ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: CRÉDITO. FRETE. O valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde Fl. 371DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 56 que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência da Cofins. ( SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 63 de 12 de Julho de 2010) ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: O VALOR DO FRETE INTEGRA A BASE DE CÁLCULO NA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS QUE COMPÔEM O CÁLCULO DA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA O contribuinte poderá descontar créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda ou utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O valor do frete incidente na compra destes bens integra o custo de aquisição, podendo, portanto, compor a base de cálculo na apuração dos créditos da COFINS. (SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 234 de 13 de Agosto de 2007) Este é o ponto fundamental, nobres colegas. O fato é que pelo Direito Contábil, todos os valores despendidos com transporte (frete) desde a aquisição da matéria prima até o produto acabado ser colocado à venda nos pontos de vendas, fazem parte do custo do produto e são considerados custo de produção. Em outras palavras, os fretes pagos pela empresa durante todo o processo produtivo, que abarca além da aquisição de matéria prima, a fabricação, a distribuição do produto acabado e a remessa para os pontos de venda, compõem o custo do produto destinado à venda, nos termos do artigo 187 da Lei nº 6.404/76. Esta é, aliás, a jurisprudência reiterada do próprio Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aresto cuja ementa é a seguinte: “FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA O preço do frete de mercadorias entre os estabelecimentos da empresa complementa o custo de aquisição delas, nos termos do disposto no parágrafo único do art. 182 do RIR/80 (Ac. 1º CC 10182.937/92 DO 08/05/95).” O Conselheiro José Eduardo Rangel de Alckmin, Relator, em seu aresto asseverou: “Está correto o entendimento da autoridade revisora, segundo o qual o custo com a transferência de mercadorias entre os estabelecimentos da empresa complementa o custo de aquisição delas, nos termos do disposto no parágrafo único do art.182 do RIR/80. Com efeito, o preço do transporte da mercadoria de um para outro estabelecimento é inerente à própria mercadoria e a ela se agrega para comporlhe o custo. Há um vinculo específico do frete à mercadoria transportada, não podendo dela ser apartado para ser incluído em despesas gerais como pretende a recorrente.” A despeito de ser aplicada no âmbito do IRPJ, esta decisão é inteiramente aplicável ao presente caso, exatamente porque trata do frete como custo de aquisição da mercadoria antes dela ser colocada a venda. O Conselho reconheceu que o frete como custo é Fl. 372DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 29 57 do Direito Contábil, devendo, pelas regras do IRPJ, ser mantido o mesmo efeito. No IRPJ o impacto de se reconhecer este gasto como custo de produção ou despesa é temporal. Se fosse despesa o contribuinte anteciparia o impacto do gasto, pois como custo este gasto somente reduziria o lucro líquido quando da venda, com a baixa do estoque. O Conselho decidiu que o frete entre estabelecimentos, pelo Direito Contábil, é efetivamente custo do produto ou mercadoria. Neste mesmo sentido, são os seguintes arestos do antigo Conselho de Contribuintes, verbis: “FRETES SUBAVALIAÇÃO DE ESTOQUES Os dispêndios com fretes de mercadorias integram o custo de aquisição e são imputados proporcionalmente aos estoques, sendo elementos constitutivos do custo das mercadorias vendidas nas posteriores saídas. Em havendo subavaliação de estoques no balanço de encerramento do período, decorrente da não inclusão do valor dos fretes correspondentes, correta é a glosa dos valores apropriados indevidamente como despesas, quando nos exercícios envolvidos foram apurados ou compensados prejuízos fiscais.” (Ac. CSRF/011.253/91 DO 25/11/94). “FRETES A subavaliação de estoques tem por efeito acarretar o diferimento da tributação do lucro para o exercício seguinte. Os fretes, por se integrarem ao custo das mercadorias vendidas, não podem constar como despesas relacionadas com as mercadorias que se encontram em estoque no momento da apuração dos resultados do exercício. Em ambos os casos, há postergação do pagamento do imposto.” (Ac. 1º CC 1038.957/89 Resenha Tributária, IR Jurisprudência Administrativa 12.2, pág. 261). O frete como custo de aquisição não é uma regra do direito tributário, da legislação do IRPJ, mas sim do Direito Contábil, que regula e limita o conceito de custo. E neste ponto, é fundamental trazer a baila novamente a questão da coerência. Não há como interpretar e aplicar a norma dizendo que os dispêndios com fretes integram o custo de aquisição e são imputados proporcionalmente aos estoques, sendo elementos constitutivos do custo do produto vendido para efeito do IRPJ, e não aplicar este mesmo raciocínio para efeito da legislação do PIS e da COFINS. A coerência é fundamental a qualquer pessoa que queira realizar um pouco de justiça! A realidade é que o Direito Contábil regula e determina que todos os valores pagos de frete, desde a aquisição da matériaprima até o produto ser posto à venda, fazem parte do custo de produção, estando o crédito assegurado pelo inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. Desta forma, o contribuinte possui o direito de utilizar o crédito do PIS e da COFINS sobre os fretes pagos para a movimentação de seus produtos até a sua colocação no Fl. 373DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO 58 estabelecimento vendedor, visto que todos esses gastos constituem, exatamente, o custo de produção, crédito este assegurado pelo inciso II, do artigo 3º, da Lei nº 10.833/03. E não se pode confundir o crédito de PIS sobre o frete utilizado como insumo na produção, isto é, como custo de produção, crédito este que tem fundamento no inciso II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, com o frete pago na venda do produto, tido como despesa, cujo crédito foi assegurado no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03. 2.11) O crédito de PIS e de COFINS sobre as despesas de frete Se é verdade que pelo Direito Contábil todos os gastos do frete pagos antes da venda da mercadoria compõem o custo da mercadoria ou produto vendido, não é menos correto que o dispêndio com frete na venda do produto será tido como despesa. Esta despesa decorre de operações mercantis de compra e venda, em que cabe ao vendedor a obrigação de entregar a mercadoria ao comprador em seu estabelecimento, correndo por conta do vendedor as despesas com frete. São negócios com a denominada cláusula CIF (abreviatura da expressão inglesa “Cost, Insurance and Freight”), nos quais o preço da venda abarca as despesas com seguro e frete até o local de destino o vendedor. A cláusula CIF se contrapõem a cláusula FOB (“Free On Board”), quando é atribuído ao comprador as despesas decorrentes do transporte (frete e seguro). O inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/03, ao estabelecer o crédito calculado em relação ao “frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”, cuidou exatamente do frete tido como uma despesa, aquele pago pela empresa nas operações realizadas com a cláusula CIF. O legislador foi didático e cuidou neste dispositivo apenas do frete “na operação de venda” e apenas quando “ônus for suportado pelo vendedor”, referindose às operações de venda com cláusula CIF. Cabe registar que a referência a que o dispositivo faz a “nos casos dos inciso I e II”, tem o condão de restringir o crédito com despesas frete. É que somente dará crédito os fretes cujo ônus foi assumido pelo vendedor (cláusula CIF) na operação de venda de mercadorias revendidos, no caso da atividade comercial (inciso I do art. 3º da Lei nº 10.833/03), ou na operação de venda de produtos, no caso da atividade produtiva (inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/03). Com esta restrição, por exemplo, o frete pago pela empresa na venda, de um ativo, não estaria abarcado pelo dispositivo. Na minha ótica, seria um nonsense a conclusão de que o legislador concedeu o crédito sobre uma despesa de venda, isto é, o frete “na operação de venda”, na forma do inciso IX, e não ter concedido o crédito sobre os custos que a empresa realizou com fretes, o que decorreria da interpretação do inciso II. Os custos, inclusive com frete, fazem parte da própria existência, da razão de ser das empresas, sem eles não há produto, não há receita, não haveria PIS e COFINS. Não existe nem na legislação contábil ou na tributária um conceito de custo necessário, pois o adjetivo necessário seria um pleonasmo. Todo o custo é necessário à empresa, diferente das despesas. E é por esse motivo que os incisos I e II do artigo 3º da Lei nº 10.833/03 asseguram os créditos sobre os custos de produção das empresas nas atividades neles Fl. 374DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO Processo nº 11080.008922/200551 Acórdão n.º 330201.170 S3C3T2 Fl. 30 59 mencionadas (atividade comercial, de serviço e de produção), estabelecendo os demais incisos (III a IX) daquele normativo a regra de crédito de PIS e COFINS sobre determinadas despesas neles especificadas. Em conclusão, a Lei nº 10.833/03, em homenagem ao princípio da não cumulatividade, estabelece o direito de crédito de todos os custos ou despesas com frete, o primeiro, o frete como custo de produção, no inciso II do artigo 3º, e, o segundo, despesas com frete, no inciso IX, do artigo 3º, ressaltando que este crédito está condicionado à assunção do custo pelo vendedor (cláusula CIF) e a que as operações sejam de venda de mercadorias ou produtos. Por estas razões, neste particular, acompanho o voto do ilustre Relator, para dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte, mas o faço apenas pelas conclusões. É como voto. (Assinado digitalmente) Leonardo Mussi Fl. 375DF CARF MF Impresso em 26/03/2012 por LEVI ANTONIO DA SILVA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 25/01/20 12 por LEONARDO MUSSI DA SILVA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assina do digitalmente em 13/02/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 14/09/2011 por JOSE ANTO NIO FRANCISCO
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Numero do processo: 10950.002805/2005-25
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Obrigações Acessórias
Exercício: 2005
EMENTA: A multa por atraso na entrega de DCTF é devida quando a data da entrega ultrapassa o prazo prorrogado pela Receita Federal em razão de problemas técnicos no sistema de transmissão pela internet.
Numero da decisão: 9101-001.099
Decisão: ACORDAM os membros da 1° turma da câmara superior de recursos fiscais, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Karem Jureidini Dias e Otacilio Dantas Cartaxo. Designado a conselheira Viviane Vidal Wagner para redação do voto vencedor.
Matéria: DCTF - Multa por atraso na entrega da DCTF
Nome do relator: Karem Jureidini Dias
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1a turma da câmara superior de recursos fiscais, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Karem Jureidini Dias e Otacilio Dantas Cartaxo. Designado a conselheira Viviane Vidal Wagner para redação do voto vencedor. (assinado digitalnzente) Otacilio Dantas Cartaxo — Presidente. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias — Relatora. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner — Redatora Designada A, d INAL3CIIS SA - CIS F. dIVI1r201 I por VN"ANE VIDA IVINER, /2011 po Kit'RENI A d;;;IllaimePtkI: en 17í `r2011 pc 2rT:\CIL,0 AS CAN .IAX.C. €-,crt 211110011 por SANA I CL lir!`.:11N3 '277:1',77 NA CRUZ Dr CAR!' 1 , 86 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Otacilio Dantas Cartaxo, Orlando José Gonçalves Bueno, Claudemir Rodrigues Malaquias, Valmir Sandri, Alberto Pinto Souza Júnior, Viviane Vidal Wagner, Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, João Carlos de Lima Júnior, Antonio Carlos Guidoni Filho e Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz. AiLiemloodo en 3111 fL120 1 ;I'D!. SILVANA t 1„,i 1)S SANICIS Y2f; 1 I poi- VVANEVO /VASI\IFP 1!;.:‘()11 poi- Kt:REV: DIAS i=s oro -171 /2U1 1 or Ci fy,C , b ;') Aí1 CAR:,-AXts ; 2 ?I:11/2011 ror SUELt TOt ';', 13E;\:',1);:isS :71A CiA.17 DI - CAR' FL 87 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 3 Relatório Trata-se de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Naciolia! em Cace do Acórdão n.° 303-34.987, proferido pela Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. Em 12 de julho de 2005 foi lavrado Auto de Infração (fls. 03) para a exigência de valores relativos à multa por atraso na entrega de Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais – DCTF do 4° trimestre de 2004, no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais). Impugnado o lançamento (lis. 01/02) o Contribuinte alega, em suma, que a DCTF foi apresentada fora do prazo, por motivo de falha técnica a nível regional, o que ocasionou o congestionamento no site da Receita Federal, conforme teria informado a Sra. Alacir Braz, chefe do Centro de Atendimento ao Contribuinte – CAC em Maringá. Encaminhados os autos A. Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba – PR, esta julgou procedente o lançamento (fls. 18/22), nos termos da seguinte ementa: "Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: DECLARAÇÃO DE DÉBITOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS — DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. CABIMENTO. A contribuinte que, obrigada à entrega da DCTF, a apresenta fora do prazo legal sujeita-se à multa estabelecida na legislação de regência. Lançamento Procedente" Adveio, então, o Recurso Voluntário do Contribuinte (fls. 26/34), em que reitera os argumentos apresentados em sua Impugnação e acrescenta, em suma, que: (i) a única forma que a Receita Federal do Brasil disponibiliza aos contribuintes para que cumpram com suas obrigações acessórias, em especial a entrega da DCTF, é pela internet, conforme estabelece o artigo 5 0, § 1°, da IN SRF n.° 482, de 21 de dezembro de 2004; (ii) no item 18 do acórdão recorrido, os julgadores destacam que a Receita Federal considerou espontâneas todas as DCTF's apresentadas até 18/02/2005, contudo, como se pode exigir um cumprimento daquilo que formalmente até então ninguém sabia, pois a instrução acerca da benevolência do prazo somente foi disponibilizada em 08/04/2004; (iii) não poderia ter sido penalizado uma vez que somente após 52 (cinquenta e dois) dias tomou ciência de que estaria obrigado a fazer a entrega nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro, conforme Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de Autf. , nril:adO d PLmenit.) e 31110íZ)1 1 pi ; : i;u3 (,);. s,,,11;:, .:};) 03:11.2011 por VIV;ANE VDAL i2;) < KfiEZDV: L':<AS, A I 7F11;2011 OTAULIt: DAN'f AS CAR' ÏAY.0 3 6.n-171/11120 S..EL r CILFN nr, , ;) ¶EENSES EI C,Ruz Di' CAR F. MC' LI. Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.e 9101 -01.099 Fl. 4 08/04/2005, e que diariamente manteve contato com os funcionários da Receita Federal em Maringá, que ate o dia da entrega efetiva da DCTF não sabiam o que fazer. Devidamente processado o recurso, este foi encaminhado para a Terceira Camara do Tivito Conselho de Contribuintes, que proferiu decisão (fls. 37/47) onde, por unanimidad ,,,; dos votos, deu provimento ao recurso voluntário, nos termos da ementa: 'Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: DCTF/4° TRIMESTRE/2004. FALTA DE SERVIÇO. CULPA ADMINISTRATIVA. EMPREGO DA EQUIDADE. INCABÍVEL A IMPOS10 -0 DE MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. Deve-se interpretar a lei tributária que defina infrações, ou comine penalidades, da maneira mais favorável ao acusado no caso de dúvida quanto a natureza ou às circunstâncias materiais do fato, quanto et natureza ou extensão dos seus efeitos, quanto a autoria da infração, imputabilidade, ou punibilidade. 0 procedimento administrativo adequado deveria estar ajustado coin a moralidade administrativa, com a eficiência da administração pública, com a boa-fé na relação com o contribuinte e exigia, neste caso, que tão logo houvesse o diagnóstico da situação, estando a administração fiscal finalmente ciente dos limites técnicos para recepção da massa de DCTF ainda pendente da regular via eletrônica de transmissão e recepção, pudesse de modo claro e geral informar aos contribuintes o prazo prospectivo que seria a todos concedido para proceder a transmissão eletrônica da DCTF sem falha do sistema.' A definição de tal prazo requeria necessariamente prévia, oportuna, e adequada análise técnica. Poderiam ser necessários dois dias, três dias ou dez dias, o importante é que a informação fosse precisa, oportuna e proporcionasse aos contribuintes em geral a possibilidade de transpor o obstáculo representado pela pane no sistema oficial de transmissão da DCTF, sem incorrer em ação faltosa. Neste caso há percepção de negligência administrativa quanto a definir com antecipação adequada o critério de :distribuição diária da transmissão e recepção da: demanda esperada de declarações, hem como o prazo gral prospectivo que deveria ser concedido, em igualdade de condições, a todos os contribuintes que foram impedidos de entregar suas DCTF eletronicamente no prazo legal. No caso concreto, observando-se as circunstâncias do caso e a devida eqüidade, conforme previsto no CTN, deve-se afastar a penalidade indevidamente aplicada. Recurso Voluntário Provido" Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial (fls. 52/67) contra o Acórdão n.° 303-34.987 (fls. 37/47), sustentado-o no acórdão divergente n.° 302- 38.631, da Segunda Camara do Terceiro Conselho de Contribuintes, e, argumentando, basicamente, que: ao , t1:;.foo em ::;',I10:201 rA.1.; '..)S P0. I-Y::r porrerrip err 031',1;2C1 1 por VrVIAPPP \ILAL WAONER, 7 . r em 7'3/11/2011 por o' 1000 4 dr,.ih:rmntc: err 17Í1 1/2011 pr.): 71 17,77JO D/ÇNTAF: oro impio, sr,o ein 21/11/7011 por 117 CRUZ LI. 89 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 5 (i) o contribuinte sequer fez prova dos fatos que aduz, de modo a caracterizar eventual obstrução por parte da Administração Pública e que A. época, conforme artigo 4° da IN n.° 255, de 11/12/2002, o contribuinte já estava obrigado a transmitir a DCTF por meio eletrônico. (ii) o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de 08/04/2005, foi editado, com a devida motivação, para sanar e esclarecer todos as consequências decorrentes dos problemas técnicos verificados no sistema de transmissão da DCTF em 15/02/2005. (iii) Se a autoridade administrativa competente determinou que fossem admitidas, sem mora, as DCTF's apresentadas entre os dias 16 e 18 de fevereiro de 2005 é porque reconheceu a insuficiência do referido sistema eletrônico apenas naqueles dias, elegendo critério seguro para proteger os contribuintes prejudicados. 0 exame de admissibilidade foi realizado (fls. 69/71), determinando o seguimento do Recurso Especial interposto. Devidamente cientificado, o Contribuinte apresentou suas contrarrazões (fls. 75/80). o relatório. !jig liairre Me ern 3111 O'IeG I I p , DOS ,",.so 20 px ViV;:\NE VUAL WAGNLK s;Anafics digit,)inonte cio 175 52511 O FAG:1_10 17151555 C 5 e, one en 21/110W per I 5:1.ENTiNi0 5'5 ES 175.55 DL CARE. H. 90 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão ri.° 9101 -01.099 Fl. 6 Voto Vencitil o Conselheira Karem Jureidini Dias, Relatora 0 Recurso Especial reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na !cgislaçáo de regência e lhe foi dado seguimento em despacho de admissibilidade, pelo que dc,lo conheço. Informo que o recurso é de divergência, porquanto o acórdão recorrido foi votado à unanimidade. 0 acórdão citado pela D. Procuradoria da Fazenda Nacional (AC n.° 302-38.631) se presta como paradigma, por tratar de caso de todo semelhante. Inicialmente, cumpre delimitar a lide. A exigência objeto deste processo refere-se à multa de oficio por atraso na entrega da DCTF correspondente ao 4° Trimestre de 2004. 0 Contribuinte questionou a aplicação da multa objeto da autuação, sob a alegação de que s6 houve o atraso em decorrência dos problemas técnicos, ocorridos exatamente em 15 de fevereiro de 2005, dia limite para a entrega das declarações, que posteriormente foram admitidos formalmente pela Receita Federal do Brasil no Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24, de 8 de abril de 2005, publicado somente em 12 de abril de 2005. Ainda, o Contribuinte afirma que, manteve contato com a Delegacia da Receita Federal, tanto no dia aprazado para a entrega da declaração, quanto nos dias seguintes, a fim de obter uma orientação oficial de como proceder. No entanto, somente em 12 de abril de 2005, quase dois meses após a data de vencimento legal, foi publicado o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005, que estendeu o prazo para a entrega das DCTF's relativas ao 4° trimestre de 2004 e declarou válidas somente as declarações entregues até 18 de fevereiro de 2005. A despeito da d. Procuradoria alegar que não há prova de obstrução por parte da Administração Pública, não restam dúvidas quanto A. ocorrência de problemas técnicos que impossibilitaram a transmissão das declarações dentro do prazo legal, conforme reconhecido no próprio Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005. Ora, o citado ato declaratório, apesar de reconhecer que o Contribuinte pode ter ficado impossibilitado de cumprir o seu dever legal, dispensou da multa somente aqueles que entregaram a declaração nos três dias subseqüentes, em detrimento daqueles, como a Recorrida, que entregaram dias após o vencimento (a Recorrida entregou em 28 de fevereiro de 2005), apesar de também terem entregado antes da publicação do Ato Declaratório. Ou seja, o contribuinte cumpriu com a obrigação antes da publicidade por parte da Administração Pública acerca do reconhecimento do problema causado e do deferimento para entrega em outro prazo. A sanção é consequência jurídica da desobediência de uma determinada norma jurídica, relacionada ao comportamento licito que se quer realizado. A proporcionalidade na imputação da sanção tem por função garantir os fins perseguidos pelo Estado, em relação de ponderação com os direitos e garantias individuais. Além da proporcionalidade que se espera da Lei, o que não é objeto de nossa análise, há que se observar r¡tg;-e.;te eto311;cy,:oll i);j1 Lv At I 0:i FL AF:',` 0:,111 i2t) 1 V ■ DAL WACALFZ, As.00 o ioe ern 2 31'11/2:A r)',AS, A d,gli.a:menV% ent 17/1 1/2G1'; o 3 AC2 O 13AN S C,N-rrAY,f 6 jrnp(C., ,,,,:0 um 2 1 1'2011 1,_zo SIlFO 101 ENT' NO 2 \r`)Fi S DA <227 :7 DI CART MI' H. 91 Processo ri" 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 7 a proporcionalidade no caso concreto. Nesse sentido, se ao ato de reconhecimento da Administração Pública só foi dado publicidade posteriormente ao cumprimento da obrigação por parte do administrado, não há logicamente equidade ou tratamento proporcional entre este contribuinte e aquele que da mesma forma, cumpriu posteriormente ao prazo legal, mas antes do Ato Decla:-a:ório. De mais a mais, plausível a dúvida sobre a informação por parte da Receita Feclud do Biasil acerca da data em que poderia a DCTF ser transmitida sem a implicação em media imputação de penalidade, bem como de se interpretar a favor do contribuinte no sentido de que este procurou cumprir com o seu dever legal. Nesse sentido, dispõe o Código Tributário Nacional: "Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributaria utilizara, sucessivamente, na ordem indicada: I- a analogia; II- os princípios gerais de direito tributário,. os princípios gerais de direito público; IV- a equidade. §1° 0 emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei. §2° 0 emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I- a capitulação legal do fato; LT- à natureza ou as circunstancias materiais do fato, ou a natureza ou extensão dos seus efeitos; III- à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV- à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação". No caso em análise, o Ato Declaratório Executivo SRF n.° 24/2005, foi publicado no dia 12 de abril de 2005, quase dois meses após a data de vencimento legal para a entrega da declaração, na qual reconhecidamente houve o problema na recepção dos dados. De acordo com o principio da publicidade, insculpido no artigo 37, caput, da Constituição Federal, e observado os ensinamento de José Afonso da Silva in (Curso de Direito Constitucional Aut ido (;;;v121:'“ente em n 311', 0;20 I 1 0.;; SiLVANA CAIS = ;NA CCC SANTOS TE,2`;:i;,1: ■<;oo(iiq 0311r2:)11 f,of VIVIANE \NAGNLF., 03.'111201i ps;1 KAREM ..`:.;Tia:;INi DIAS, A ç, sir, aclo 17f11/201 -, IDAN1 AC CAN 7 ,)1/1 I I p m SJO/ a..r N - ;;N(3 DF (AR - M17 H. 92 Processo n° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101-01.099 Fl. 8 Positivo, 31 ed., São Paulo: Ed. Malheiros Editores, 2008, pg. 670) "A publicidade se faz pela inserção do ato no jornal oficial ou por edital afixado no lugar de divulgação de atos públicos, para conhecimento do público em geral e inicio da produção de seus efeitos. A publicação oficial é exigência da executoriedade do ato que tenha que produzir efeitos externos.". Não bastasse, no caso há prova contundente da boa-fé do Contribuinte em cumprir a obrigação e a falta de informação sobre a possibilidade de entrega a posteriori. Importanie ttanscrever o relato da Superintendência da 9' Regido Fiscal, exarado pela tlinc;nti(tria Alacir Braz, Chefe do CAC — Centro de Atendimento ao Contribuinte em Maringá -- PR, nos autos do processo n.° 10950.002735/2005-13, juntado As fls.95: "Em atendimento ao despacho as folhas de n° 31, esclarecemos; I. Contribuintes reclamaram durante, pelo menos uma semana antes das entrega da DCTF, questionando sobre as dificuldades encontradas e a não disponibilidade do Programa para entrega pela Internet; 2. Tentamos durante todo o período, inclusive com a SATEC, responder aos questionamentos, porem, não tivemos nada oficial de que seria um problema em nossa Rede; 3. No último dia, como derradeira tentativa de resolver os problemas dos contribuintes passamos um Notes para a Satec, solicitando que fosse verificada a possibilidade deste CAC receber as DCTF impressas. Não foi possível, uma vez que a legislação, permitia sua recepção, somente em casos de constatação oficial do problema na Rede; 4. A situação foi bem dramática, chegamos a deixar a Delegacia aberta até as 20 horas para que os contribuintes tentassem enviar as declarações pelo autoatendimento; 5. Os esclarecimentos a serem dados, como se colocou, não se tratava de anexação de documentos, uma vez que somente trabalhamos com informações oficiais; o que foi dito é que se daria as informações do ocorrido, como se faz agora; 6. Houve realmente uma reunião com o Delegado o chefe da SATEC e os contribuintes que estavam com dificuldades de transmitir a DCTF. Eles, (Delegado/Chefe SATEC) esclareceram que as DCTF's deveriam ser entregues o mais rápido possível, e que oficialmente a MULTA não poderia deixar de ser cobrada tendo em vista o efetivo atraso na entrega das declarações. 7. Tivemos sempre a preocupação de somente repassar as informações oficiais, por isso esclarecíamos ao contribuinte que o prazo limite era as 20 horas da data prevista, porque esta era a informação ser dada. 8. Realmente, se soubéssemos que haveria a prorrogação do prazo para a entrega alertaríamos aos contribuintes, uma vez que os mesmos vieram na manhã seguinte buscando unia solução junto a este CAC e a preocupação foi encaminhada ao Gabinete. tti;; 0,r1a1r—ori pc: ,:»LVNA la:NA u(As si,r4Tes Ass' 03;11/2011 po: ViANE 0311 12D'il 51)1 KAlE s;,aoo (iqi;,c.11,-in. nic: en) ;7/11 12011 pr: , ' 1 ».1:1.1C: 55;'•1111;;;',P ,,i ,?. -FAX0 2111112011 wm 31170 TÇ5N rr\k:+ MEN'Es,F IDA 1007 )- Fn o;.1-,5 A 8 Di: CAR F FL ).; Processo n° 10950.002805/2005-25 Acórdão n.° 9101-01.099 CSRF-T1 Fl. 9 9. Ainda, não tínhamos até aquele momenta qualquer noticia de que poderia haver prorrogação ou ato oficial que permitisse a entrega sem a emissão da multa. 10. As tentativas para verificar os problemas ocorridos foram :lctuados por este CAC e SATEC, a exaustão; víamos o sofrimento dos contribuinte na tentativa de entrega com os sistemas congestionados." Considerando que, até a publicação do ato mencionado, o Contribuinte não possuía nenhuma informação acerca de nova data para a transmissão da declaração, bem como a prLsunção da tentativa por parte do contribuinte impera, por força do disposto no artigo 112 do Código Tributário Nacional, entendo que deve ser exonerada a multa em questão. Vale neste ponto destacar a ponderação exarada pelo no voto do Relator Zenaldo Loibman, no Acórdão n.° 303-34-989, proferido nos autos do processo n.° 10950.002853/2005-13, quando do julgamento do Recurso Voluntário n.° 137.623, que tratou de idêntica questão: omissão da administração enz explicitar a razão ou o critério objetivo que normalmente deveria fundamentar o ato normativo complementar exarado na forma do ADE SRF 24/2005, equivale a se poder tomar o referido ato administrativo por arbitrário, e nesse sentido além da injustificável afronta a isonoinia acusada coin acerto pela recorrente, é, a meu ver, e s.mj., o caso de se observar as prescrições legais no art. 108 c/c o art. 112, do CTN. o io 03:11:2011 po; VVONE SP, 1000 thrmta .r::1i0 eo Neste rumo penso que ao se pode aqui olvidar a consideração cumulativa dessas normas jurídicas quanto a estabelecer autorização legal para que a autoridade competente, no caso a autoridade julgadora representada por esse colegiado, possa aplicar a equidade para afastar a penalidade que, embora prevista em norina geral encontrada na legislação tributária, exigiu a expedição de nova norma especialmente exarada pela administração, mediante o ADE SRF referido, que em face da ausência de disposição expressa, vale dizer fundamento lógico garantidor de isonoinia, e agredindo o principio da irretroatividade da norma administrativa que leva à aplicação de penalidade, revelou-se inexplicavelmente omissa quanto â razão de dispensar a multa apenas de uma parte dos contribuintes, isto é, somente dos que incorreram em atraso de até três dias, em detrimento dos demais que eventualmente entregaram sua declaração com atraso de quatro dias ou de dez dias, principalmente quando se examinam as circunstâncias que envolvem o caso concreto Acresce que o CTN determina que se deve interpretar a "lei tributária" que defina infrações, ou coinine penalidades, da maneira mais favorável ao acusado no caso de dúvida quanto a natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou a natureza ou extensão de seus efeitos, ou quanto a autoria da infração, imputabilidade, ou punibilidade. Pois bem, se entendermos que a norma definidora da extensão da data do vencimento para a entrega da DCTF em foco, foi err. 31/1C:2011 exarada 'por: meio, dosADE (SRF,. .e .pode r'smentendida como vu _1 AL :,',,fiku;'?„ 0:',J1112011 LU\ 0, A ! 7111120 :1 por 0 - 1, C20011,.4," TP:S Ci',RDVKO TDLEN'f L.4'1*ND:..S DA CRUZ. 9 Processo n° 10950.002805/2005-25 Acórdão n.° 9101-01.099 1' . 94 CSRF-T1 Fl. 10 sendo, lato sensu, a lei tributária que combinada com as demais leis indicadas no auto de infração servem de base legal para a exigência da multa lançada, pode-se concluir que há evidentes dúvidas quanto ás circunstâncias materiais do lato impeditivo da transmissão e recepcdo das DCTF na data legal de vencimento, rein como há evidente dúvida sobre a possibilidade que teria a autoridade administrativa de naquele momento do incidente, ou muito próximo a ele, estabelecer o período de tempo razoável, bem como um critério eficiente de distribuição, ao longo de tal período, do volume total das transmissões de DCTF esperadas. Mas, há ainda neste caso, duvida sobre a ocorrência ou mesmo autoria da infração, sobre a sua imputabilidade e principalmente sobre a punibilidade do ora recorrente, havendo a percepção de negligência administrativa quanto a definir com antecipação adequada o critério de distribuição diária da transmissão e recepção da demanda esperada de declarações, bem como o prazo geral prospectivo que deveria ser concedido, em igualdade de condições, a todos os contribuintes que foram impedidos de entregar suas DCTF eletronicamente no prazo legal. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para com base no disposto no art.108 c/c o art.112, do GEV, aplicar neste caso juízo de eqüidade e propor o cancelamento da multa lançada." Também de se considerar que o ato que impossibilitou o envio da declaração em nada se relaciona com a vontade do Contribuinte. A conduta da Administração Pública é pautada pela boa-fé objetiva, inclusive no concernente as suas obrigações colaterais, dentre elas, os deveres de informação e de proteção. Quando o Estado transfere ao contribuinte um dever, ele também fornece ou deve fornecer as informações e os meio que dependem do Estado para o cumprimento da obrigação. A questão que se discute não é de espontaneidade, mas in cant, de ausência de culpabilidade por parte do contribuinte, de presunção da sua boa-fé subjetiva que, por seu turno, pressupõe a confiança na boa-fé objetiva do Estado. Se não foi possível o cumprimento da obrigação por falha corretamente reconhecida pela própria Administração Pública; e, se a autorização para o cumprimento posterior s6 foi noticiada após o próprio cumprimento da obrigação pelo administrado, não há que se falar em infração passível de multa. Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Karem Jureidini Dias — Relatora. digiairnente en: 31'101201 1:o! SAN 'i e 12 5 .11 po, V1V!A1\ic \PDAt \,',/ACNI-Lt< d:', - ;:a!reallo, en: 1;,:!": t2011 DAS d 1 7/111;J:01 no; O 1 AO 1 .10 LOiÍAS 10 mo err i 7 DI 1120 : SUE.1 Ta..t- NT ;NO f, ES DA C.1 0.7._ DJ CARE N11. Processo n° 1 09 50 .0028 05 / 20 05 -25 Acórdão n. ° 9101-01.099 CSRF-Tl Fl. 11 Voto Vencedor Conselheira Viviane Vidal Wagner — Redatora designada Peço vênia para discordar do bem fundamentado voto da conselheira relatora. Em sessão do mês de março de 2011, esta Primeira Turma da CSRF decidiu, por maioria de votos, manter a multa devida pelo atraso na entrega da DCTF do 4 0 trimestre de 2004 em vários processos com situação fática idêntica a deste. Por economia processual, transcrevo a integra do meu voto prolatado num daqueles processos (processo n° 10950002294/2005-41), com o qual fundamento as razões de decidir o presente recurso, in verbis: A discussão cinge-se a validade ou não do auto de infração de imposição de multa por atraso na entrega de DCTF entregue após a data da prorrogação definida no Ato Declaratário Executivo SRF n° 24, de 8 de abril de 2005, que estabeleceu, ipsis litteris: Artigo único. As Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) relativas ao 4° trimestre de 2004, que tenham sido transmitidas nos dias 16, 17 e 18 de fevereiro de 2005, serão consideradas entregues no dia 15 de fevereiro de 2005. O voto condutor do acórdão recorrido sustenta que deve ser aplicada ao caso a equidade prevista no art. 108, §2°, do CTN, devendo ser considerada tempestiva a entrega da DCTF relativas ao 4° trimestre de 2004 na data em que foi entregue pelo contribuinte, ainda que posterior ao término da prorrogação concedida pelo ato referido. Esse argumento, no meu entender, não merece prosperar. Como decidiu esta colenda Primeira Turma da CSRF, em sessão realizada em fevereiro de 2011, a prorrogação do prazo da entrega da DCTF do 4" trimestre de 2004 não teve força de torná-lo indefinido. E posso acrescentar: ainda que a publicação do ato tenha se dado quase dois meses após o ocorrido, não se subsume disso o alargamento do prazo até a data de sua publicação. A Secretaria da Receita Federal é o órgão competente para estabelecer o prazo de entrega da DCTF, conforme dispõe a Lei n° 10.426, de 2002, que alterou a sistemática de apuração da multa devida pelo atraso na entrega de declarações, in verbis: T‘lik, { 11! ■ ;O:i(), "!125'1"; p0C C:r) eql 7 VI i2G1 ern 31. C/201 Dim SILVANA ;NA OCE: 7 1. . di,„ ila;mente ViDAL Assa ado 0 . fri01m0;;16 ern 0,, PI 1 p201 - 11.1 ;A88;0 0A3'ITA8 C;/Er;'!-A;KO poi (Cl. EN .;ES F.';A aAS, A ( ' AR F. MI : Processo n° 10950.002805 12005-25 Acórdão n° 9101-01.099 Art.7=0 sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica e Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirt), nos prazos fixados, ou yi as apresentar corn incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-á as seguintes multas: [...] (destaquei) Com fundamento no disposto no art. 50 do Decreto-lei n°2.124, de 13 de junho de 1984, e no art. 16 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999, foi editada a 1nstrução Normativa SHE n° 255, em 11 de dezembro de 2002, dispondo sobre a forma e o prazo de entrega da DCTF, verbis: Da Forma de Apresentação Art. 4o A DCTF sera apresentada em meio magnético, mediante a utilização de programa gerador de declaração, disponível na Internet, no endereço <http://www.recei ta.fazenda.gov.br>. Do Local e do Prazo de Entrega Art. 5o A DCTF deverá ser apresentada até o último dia fail da primeira quinzena do segundo mês subseqüente ao trimestre de ocorrência dos fatos geradores, sendo transmitida via Internet, na forma determinada pela Secretaria da Receita Federal. (destaquei) A regra geral no ordenaniento jurídico brasileiro é que, na impossibilidade material de cumprimento do prazo na data fatal, prorroga-se o mesmo para o primeiro dia útil seguinte. No caso sob análise, o contribuinte ficou impossibilitado de entregar a DCTF do 4' trimestre de 2004 dentro do prazo previsto na legislação, assim como os denials que deixaram para cumprir a obrigação acessória no último dia do prazo, em razão de problemas técnicos no sistema eletrônico disponível para a transmissão de declarações. O próprio órgão competente reconheceu o problema e considerou entregues no prazo as declarações enviadas pela internet até o dia 18 de fevereiro de 2005, resguardando o direito daqueles que insistiram na entrega logo após a pane. Sendo ônus do contribuinte, não restou demonstrado nos autos a impossibilidade de entrega nos dias subsequentes. Por dedução lógica, tal prova nem seria possível, visto que a maioria dos contribuintes em idêntica situação conseguiu apresentar a declaração naquele período, ficando exonerada da multa. No presente caso, apenas vários dias após o fim do prazo original, o contribuinte enviou sua declaração pela internei, extrapolando o prazo prorrogado pelo ADE SRF n°24/2005. 11. 9() CSRF-T1 Fl. 12 Auteuticio d;g0a'm ,0v1e 31:1(.1 2 1 .NA 11O1 L. A. , ' 03/ I 112{11 po VLVu1AL • ,2/31'1 T.SC -: 1 p;,r 3;„!NL" D,1:5 ; LI dqitaltr,(1 .1(i c., : -r; 1 FT11:2011 AS 12 hrlpwss::: on 21/1112211 púr SUEL! 01 1 u7 Dr CARI - F. Processo n ° 10950.002805/2005-25 CSRF-T1 Acórdão n.° 9101 -01.099 Fl. 13 Isto posto, voto no sentido de dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Verificando-se no presente caso a ausência de entrega efetiva da DCTF por qualquer outro meio no prazo regulamentar e a entrega em meio eletrônico em data posterior prorrogação concedida pela Receita Federal do Brasil, voto no sentido de considerar devida a multa imposta, dando provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Atitoow .d() çente en. :.>1/1. 0/2011 S:LVPS4A cr 7:1NA ,r% os \l ■VIANE ViDAL VI/AGNER Aic 0311 '1[20'; 1 pofKA3Ms.`',!:-.:1-'1)1\1; :AS, A ,,sir; ado dicptakneitc: cm 17! 11(2011 por 6 {AC1:) D».;`:,'FAS 11Y1Ott":SS0 crn 7 i1 1 ::23 11 pf.:f SUFI NO (;;;', 13
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Numero do processo: 10880.004611/99-35
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES
ANO-CALENDÁRIO: 1999
Ementa:
SIMPLES.APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEGISLAÇÃO. Nos termos da jurisprudência consolidada do STJ, o art. 106 do CTN, que estabelece quando a lei tributária será aplicada a atos ou fatos pretéritos, não se aplica ao caso das vedações aos optantes pelo SIMPLES.
Numero da decisão: 9101-001.232
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional.
Nome do relator: VALMAR FONSECA DE MENEZES
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES ANO-CALENDÁRIO: 1999 Ementa: SIMPLES.APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEGISLAÇÃO. Nos termos da jurisprudência consolidada do STJ, o art. 106 do CTN, que estabelece quando a lei tributária será aplicada a atos ou fatos pretéritos, não se aplica ao caso das vedações aos optantes pelo SIMPLES.
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ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES ANO-CALENDÁRIO: 1999 Ementa: SIMPLES.APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEGISLAÇÃO. Nos termos da jurisprudência consolidada do STJ, o art. 106 do CTN, que estabelece quando a lei tributária será aplicada a atos ou fatos pretéritos, não se aplica ao caso das vedações aos optantes pelo SIMPLES. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (documento assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente (documento assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Antonio Carlos Guidoni Filho, Joao Carlos de Lima Junior, Alberto Pinto Souza Junior, Valmar Fonseca de Menezes, Jorge Celso Freire da Silva, Valmir Sandri e Claudemir Rodrigues Malaquias. Relatório Fl. 140DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Adoto, por oportuno e suficiente, o relatório do acórdão recorrido, o qual transcrevo, a seguir, in verbis: “Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: O contribuinte acima qualificado, mediante Ato Declaratório de emissão do Sr. Delegado da Receita Federal em São Paulo, foi excluído do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, ao qual havia anteriormente optado, na forma da Lei n° 9.317, 05/12/1996 e alterações posteriores. Apresentando o interessado reclamação contra a referida exclusão, manifestou-se a DRF de origem por sua improcedência. De acordo com os artigos 14 e 15 do Decreto n ° 70.235, de 06/03/1972, com a nova redação dada pela Lei n ° 8.748/1993, o contribuinte apresentou impugnação (fis. 29/44), através de seus procuradores, com procuração à fl. 11 alegando, em síntese: A Constituição Federal garante ao cidadão o direito de livre exercício de profissão bem como a constituição de empresas sejam elas de qualquer porte. Garante, também, às microempresas e empresas de pequeno porte, tratamento diferenciado conforme expresso no art. 179. Por seu turno, a Lei n° 9.317/1996 veio regular tal situação dando as hipóteses e a forma para o exercício de tal prerrogativa Constitucional. A Lei n° 9.317/1996 na parte que estabelece condições qualificativas e não apenas quantificativas para opção pelo regime diferenciado, certamente exorbitou, transformando-se em um verdadeiro "monstrengo legislativo", eivado de inconstitucionalidades. Pelo art. 179 da CF, evidente está que caberia apenas à lei infraconstitucional a função de definir quantitativamente o que sejam microempresas e empresas de pequeno porte. Em momento algum, o constituinte delegou ao legislador comum o poder de fixação ou até mesmo de definição de atividades excluídas do beneficio. Não bastasse, o texto legal referido traz ainda uma evidente quebra da igualdade tributária (art. 150, inciso II da Constituição Federal). A atividade empresarial exercida pela prestadora de serviços educacionais é muito mais ampla que a desenvolvida pelo professor ou assemelhado, esta sim absurda e inconstitucionalmente "vedada" pela legislação ordinária. Muito embora não haja referência expressa nesse sentido, pode-se afirmar que a decisão ora impugnada concluiu que a atividade da escola é assemelhada a do professor. A escola para exercer sua atividade necessita um complexo de instalações, de insumos„ de valores, às vezes mais expressivos que o custo da mão de obra do professor. Fl. 141DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10880.004611/99-35 Acórdão n.º 9101-001.232 CSRF-T1 Fl. 2 3 Por ocasião da Lei n° 7.256/1984, a exemplo do que ocorre hoje, em razão dos absurdos de interpretação que vinham ocorrendo, a matéria foi levada a apreciação do Conselho de Contribuintes, que decidiu favoravelmente ao enquadramento dos estabelecimentos de ensino como microempresa. As disposições contidas no art. 90 da Lei n° 9.317/1996 é praticamente "bis in idem" daquelas contidas no inciso VI, do art. 3° da Lei n°7.256/1984. A entidade mantenedora educacional não é uma sociedade de profissionais para o exercício da profissão de professor. A entidade é sim uma sociedade entre empresários, sem exigência de qualificação profissional e livre para contratar profissionais devidamente qualificados e habilitados para o exercício de suas profissões. Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP indeferiu o pleito da recorrente, conforme Decisão DRJ/SPO n° 1.864, de 28/06/00, fls. 48/53, assim ementada: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 1999 Ementa: SIMPLES Não podem optar pelo SIMPLES as pessoas jurídicas cuja atividade não esteja contemplada pela legislação de regência, tal como é o caso de prestação de serviços de professor. Solicitação Indeferida. Às fls. 55 o contribuinte foi intimado da decisão supra, motivo pelo qual apresenta Recurso Voluntário de fls. 57/69, tendo sido dado, então, seguimento ao mesmo. Posto em julgamento, é convertido em diligência, fls. 72/76, para verificar as atividades exercidas pela recorrente. A diligência foi realizada às fls. 83/88, tendo retornado os autos para novo julgamento.” A 2a. Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes assim decidiu a questão, conforme ementa a seguir: “ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES ANO-CALENDÁRIO: 1999 SIMPLES. EXCLUSÃO. ATIVIDADE DE ENSINO. Podem optar pelo SIMPLES as pessoas jurídicas cuja atividade é relacionada ao ensino, forte no art. 1° da lei n° 10.034/2000. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO”. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresenta recurso especial de divergência, admitido pelo despacho de fls. XX, nos seguintes termos: “a) Acontece que, no presente caso, a exclusão da recorrida do SIMPLES se deu sob a égide da Lei n° 9.317/1996. A exclusão se justifica com fundamento no art. 9°, inciso XIII, da Lei 9.317/96, consistente na proibição de adesão ao Simples das empresas que desenvolvessem atividade de ensino assemelhada a professor. b) lnobstante, a decisão recorrida achou por bem se valer da Lei 10.034/2000, ainda não existente à época da exclusão, aplicando-a retroativamente e, por conseqüência, afastando a Lei n° 9.317/96, então em vigor. O que aconteceu, pois, foi a suscitação de um "aparente" conflito temporal de normas. c) A Lei 10.034 de 24/10/2000 passou a viger em 01/01/01. Assim, não se pode afirmar que a retroatividade determinada na decisão ora recorrida tenha sido oriunda da EXPRESSA determinação legal. d) a pacífica a jurisprudência do STJ corrobora todo o esposado acima e ratifica a necessidade de modificação do acórdão recorrido. e) requer a Fazenda Nacional que seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, para reformar a decisão recorrida no sentido de declarar legítimo o ato de exclusão da empresa do SIMPLES.” Devidamente notificada, a interessada não apresentou as suas contra-razões. É o relatório. Voto Conselheiro Valmar Fonsêca de Menezes, Relator. Preliminarmente, passo à análise dos pressupostos de admissibilidade do presente recurso. Verifico que a divergência foi bem caracterizada nos autos, razão por que estou de acordo com o despacho de admissibilidade. Desta forma, conheço o recurso especial interposto. Inicialmente, cabe ressaltar de conhecimento de todos que por várias vezes já votei neste Colegiado no mesmo sentido do acórdão recorrido. No entanto, a evolução da jurisprudência me fez adotar, hoje, a posição do Superior Tribunal de Justiça, à qual me curvo, passando, a seguir a transcrevê-la, in verbis, por oportuno e suficiente para decisão: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELO SIMPLES. ESTABELECIMENTO DE ENSINO. RESTRIÇÃO. EXCEÇÃO PROMOVIDA PELA LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. RETROATIVIDADE INVIÁVEL. PRECEDENTES. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10880.004611/99-35 Acórdão n.º 9101-001.232 CSRF-T1 Fl. 3 5 1. O art. 90, XIII, da Lei 9.317/96, não permite que os estabelecimentos de ensino optem pelo SIMPLES, porquanto prestam serviços profissionais de professor. Com o advento da Lei 10.03412000, afastou- se a restrição em relação às pessoas jurídicas que explorem exclusivamente a atividade de creche, pré-escola ou de ensino fundamental. 2. Contudo, a orientação prevalente nas Turmas de Direito Público deste Tribunal firmou-se no sentido de que o direito à opção pelo SIMPLES, com fundamento na legislação superveniente, somente pode ser exercido a partir da vigência de tal legislação. 3. Recurso especial provido."(STJ, RESP 829059, Primeira Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 07.02.2008, pg. 01) "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELO SIMPLES. RESTRIÇÃO CONTIDA NA LEI 9.317/96. EXCEÇÃO PROMOVIDA PELA LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. RETROATIVIDADE INVIÁVEL. PRECEDENTES A orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que a Resolução 74/98 do CONTRAN regulamenta a exigibilidade de habilitação para a prestação do serviço de formação de condutores de veículos, impondo a certificação na Controladoria Regional de Trânsito - CRT - e o credenciamento nos órgãos executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal. Desse modo, tratando-se de profissão cujo exercício depende de habilitação profissional legalmente exigida, não é possível a opção pelo SIMPLES. Nesse sentido: REsp 509.434/RS, 1 a Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 20.10.2003; REsp 479.0321SC, ia Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 1 0.2.2005; REsp 499.597/SC, 2a Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, DJ de 6.6.2005. 2. Por outro lado, é certo que a partir da vigência da Lei 10.684/2003 (que alterou a Lei 10.034/2000) a restrição em comento deixou de existir, pois, nos termos da legislação mencionada, "ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 90 da Lei 9.317/96 (...) as pessoas jurídicas que se dediquem exclusivamente às Seguintes atividades: (...) centros de formação de condutores de veículos automotores de transporte terrestre de passageiros e de carga". No entanto, a orientação prevalente nas Turmas de Direito Público deste Tribunal firmou-se no sentido de sue o direito à opção pelo SIMPLES, com fundamento na legislação superveniente, somente pode ser exercido a partir da vigência de tal legislação. Precedentes: REsp 884.1861RJ, 1' Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 11.6.2007; REsp 722.307/SC, 2° Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 16.5.2005. 3. Recurso especial desprovido". (STJ, RESP 764.307, Primeira Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ 19.11.2007, pg. 187) "TRIBUTÁRIO. OPÇÃO PELO SIMPLES. INSTITUIÇÃO DE ENSINO ATIVIDADE DE CRECHE. PRÉ-ESCOLA E ENSINO FUNDAMENTAL. LEI 10.034/2000. APLICAÇÃO INCIDENTAL. SÚMULA 07/STJ 1. O art. 1°, inciso I e II, da Lei 10.034/2000, com a redação dada pela Lei 10.684/2003, reconhece o direito de as instituições de ensino que se dediquem exclusivamente às atividades de creche, pré-escolas e ensino Fl. 144DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 fundamental optarem pelo SIMPLES (RESP 603.451/PE, Rei Min. Luiz Fux, ia Turma, DJ de 28.06.2004). Por outro lado, o direito à referida opção somente pode ser exercido a partir da vigência da norma em comento (RESP. 722.3071SC, 2' Turma, Min. Castro Meira, DJ de 16.05.2005). 2. A análise com conteúdo fático-probatória da demanda encontra óbice na Súmula 07/STJ. 3. Recurso especial a que se dá parcial provimento."(STJ, RESP 884186, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Zavascki, DJ. 11.06.2007, pg. 288) "TRIBUTÁRIO. SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DE MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES. ESTABELECIMENTO DE ENSINO. OPÇÃO. ART. 90, INCISO XIII, DA LEI N.° 9.317/96. RESTRIÇÃO, ART. 10 DA LEI N° 10.034/00. RETROAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Com o advento da Lei n.° 10.034/2000, as pessoas jurídicas dedicadas às atividades de creche, pré-escola e ensino fundamental foram excluídas das restrições impostas pelo art. 90 da Lei n.° 9.317/96, permitindo-se-lhes a opção pelo SIMPLES. 2. O art. 106 do CTN, em seus incisos, estabelece quando a lei tributária será aplicada a atos ou fatos pretéritos. O caso dos autos não se enquadra nas hipóteses, de modo que descabido cogitar de retroação da Lei n.° 10.034/00. 3. A pessoa jurídica que se dedica à creche, pré-escola e ao ensino fundamental somente tem direito a optar pelo SIMPLES a partir da vigência da Lei n.° 10.034/00, que não pode ter aplicação retroativa. 4. Recursos especiais providos."(STJ, RESP 721675, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ 19.09.2005, pg. 297)” Diante de todo o exposto, dou provimento ao recurso da Fazenda Nacional. (documento assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes - Relato Fl. 145DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2014 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 13/07/2014 por VALMAR FONSECA DE MENEZES, Assinado digitalmente em 31/07/2014 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 13804.005169/2005-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 07 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002
CRÉDITO PRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO DO INCENTIVO.
Indefere-se a solicitação de ressarcimento de crédito prêmio do IPI relativo a período não mais abrigado por este incentivo.
Negado Provimento ao Recurso Voluntário.
Numero da decisão: 3101-000.812
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente.
(assinado digitalmente)
MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS - Redator designado.
EDITADO EM: 05/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Corintho Oliveira Machado e Vanessa Albuquerque Valente.
Nome do relator: VANESSA ALBUQUERQUE VALENTE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 CRÉDITO PRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO DO INCENTIVO. Indeferese a solicitação de ressarcimento de crédito prêmio do IPI relativo a período não mais abrigado por este incentivo. Negado Provimento ao Recurso Voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente. (assinado digitalmente) MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Redator designado. EDITADO EM: 05/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente), Tarásio Campelo Borges, Valdete Aparecida Marinheiro, Corintho Oliveira Machado e Vanessa Albuquerque Valente. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 51 69 /2 00 5- 65 Fl. 153DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 154 2 Tratase de pedido de ressarcimento de crédito prêmio do IPI (art. 1° do DL 491/69), oriundo de exportações realizadas no período de janeiro a dezembro de 2002, incluído no montante solicitado a atualização monetária calculada pela taxa SELIC. Em Despacho Decisório a Delegacia da Receita Federal competente indeferiu o pleito, demonstrando que o para o período em questão o créditoprêmio de IPI já havia sido revogado. Tempestivamente, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que o beneficio ainda encontrase em vigor, conforme julgados que cita. Aduz que a restrição desse direito legal não poderia se dar mediante Atos Administrativos. A DRJ de Ribeirão Preto indeferiu o pleito de ressarcimento, nos termos do Acórdão 1418.963 (fls. 98 a 115). Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário a este Conselho, trazendo os mesmos argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Mônica Monteiro Garcia de los Rios – redatora ad hoc Por intermédio do Despacho de efolha 152, nos termos da disposição do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF1, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, incumbiume o Presidente da Turma a formalizar o Acórdão 3101000.812, não entregue pela relatora original, Conselheira Vanessa Albuquerque Valente, que não integra mais nenhum dos colegiados do CARF. Desta forma, a elaboração deste voto deve refletir a posição adotada pela relatora original, que foi acompanhada, por unanimidade, pelos demais integrantes do colegiado. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para sua admissibilidade. Dele se tomou conhecimento. O contribuinte, em seu recurso voluntário, repete os mesmos argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, e que foram devidamente apreciados pela DRJ de Ribeirão Preto. Desta forma, o colegiado não fez qualquer reparo na decisão recorrido, cujos fundamentos são adotados neste julgamento, merecendo transcrição os seguintes excertos da decisão a quo: 1 Art. 17. Aos presidentes de turmas julgadoras do CARF incumbe dirigir, supervisionar, coordenar e orientar as atividades do respectivo órgão e ainda: (...) III designar redator ad hoc para formalizar decisões já proferidas, nas hipóteses em que o relator original esteja impossibilitado de fazêlo ou não mais componha o colegiado; Fl. 154DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 155 3 “Decorridos aproximadamente 10 (dez) anos da instituição do créditoprêmio à exportação, por meio do DL n° 491, de 1969, o Poder Executivo baixou o Decretolei n° 1.658, de 24 de janeiro de 1979, que previa a redução gradual do referido beneficio, a partir de janeiro daquele ano, até a sua extinção total, em 30 de junho de 1983, verbis: (...) Ainda naquele mesmo ano, o governo baixou o Decretolei n° 1.722, de 03 de dezembro de 1979, que deu nova redação ao artigo 1°, § 2º, do Decretolei n° 1.658, de 1979: "Artigo 3° O § 2° do artigo I°, do DecretoLei n° 1.658, de 24 de janeiro de 1979, passa a vigorar com a seguinte redação: § 2° O estimulo será reduzido de 20% (vinte por cento) em 1980, 20% (vinte por cento) em 1981, 20% (vinte por cento) em 1982 e de 10% (dez por cento) até 30 de junho de 1983, de acordo com ato do Ministro de Estado da Fazenda". Então, até 30/06/1983, as reduções alcançariam o patamar de 100%, o que corresponde à plena extinção do favor fiscal. (...) O Supremo Tribunal Federal, na apreciação do RE n° 186.3595/RS (DJU de 10/05/2002, p. 53), decidiu o seguinte: TRIBUTO BENEFÍCIO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. Surgem inconstitucionais o artigo 1° do Decretolei n° 1.724, de 7 de dezembro de 1979, e o inciso I do artigo 3º do Decretolei n° 1.894, de 16 de dezembro de 1981, no que implicaram a autorização ao Ministro de Estado da Fazenda para suspender, aumentar, reduzir, temporária ou definitivamente, ou extinguir os incentivos fiscais previstos nos artigos 1°c 5° do Decretolei n°491, de 5 de março de 1969. (...) O art. 1°, § 2°, do DL n° 1.658, de 1979, não foi declarado inconstitucional e nem revogado por norma jurídica superveniente, motivo pelo qual nunca deixou de produzir efeito até a extinção do beneficio em 30106/83. Considerando que o sobredito diploma legal previa a extinção total do créditoprêmio em 30/06/83, é ilógico dizer que o DL n° 1.894, de 1981, teria restabelecido o créditoprêmio antes da sua extinção, porquanto, não há nenhuma consistência em afirmar que uma lei é editada para restabelecer a vigência de outra que ainda está vigorando. Tal interpretação, por constar do Parecer AGU n° 172, de 1998, tomouse vinculante para toda a Administração Pública Federal, nos termos da Lei Complementar n° 73, de 1993, art. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 156 4 40, § 1°, uma vez que adotado pelo Advogado Geral da União e aprovado pelo Presidente da Republica, foi publicado no Diário Oficial de 21/10/98, pág. 23. (...)” O entendimento de que o crédito Prêmio do IPI foi extinto em 1983 está expresso em diversos julgados do CARF, como, por exemplo, o Acórdão 330200.654, de 27 de outubro de 2010, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/11/2003 a 30/09/2008 CRÉDITOPRÊMIO DO IPI. EXTINÇÃO. O créditoprêmio à exportação está extinto desde 30/06/83, mormente porque não foi reavaliado e nem reinstituído por norma jurídica posterior à vigência do art. 41 do ADCT da CF/1988. Recurso Voluntário Negado Na melhor das hipóteses, também existem no CARF decisões que adotam o recente entendimento do STF, de que o benefício em foco teria se extinguido em 1990. Como exemplo, citese o Acórdão 34030015, de 9 de dezembro de 2010, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 08101/1998 a 11/12/1998 (...) CRÉDITOPRÊMIO. VIGÊNCIA ATÉ OUTUBRO DE 1990. Conforme decidiu o E. STF por ocasião do RE. n° 577.302, o créditoprêmio do IPI, instituído pelo DL n ° 491169, existiu somente até 5 de outubro de 1990. Recurso negado Como o presente pedido se refere a crédito prêmio do IPI apurado sobre exportações efetuadas de janeiro a dezembro de 2002 (fls. 01/03), não há outra conclusão a não ser a inequívoca inexistência do direito pleiteado. Não reconhecido o direito ao ressarcimento do crédito prêmio do IPI (principal), não há que se falar em atualização monetária ou incidência de juros sobre o crédito pleiteado (questão acessória), dado que o acessório segue o principal. Nestes termos, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário apresentado. E são essas as considerações possíveis para suprir a inexistência do voto. Mônica Monteiro Garcia de Los Rios – Redatora ad hoc Fl. 156DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS Processo nº 13804.005169/200565 Acórdão n.º 3101000.812 S3C1T1 Fl. 157 5 Fl. 157DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 10/09/2014 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS
score : 1.0
Numero do processo: 10166.721545/2009-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 02 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu Aug 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE.
Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções.
É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes.
Lançamento Anulado
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2301-002.490
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em anular a autuação, devido a existência de vício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Damião Cordeiro de Moraes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzáles Silvério, Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva
Nome do relator: DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes. Lançamento Anulado Crédito Tributário Exonerado
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AUTUAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. Os atos administrativos devem ser devidamente motivados; notadamente quando imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções. É constitucionalmente assegurada ampla defesa aos litigantes em processo administrativo com os meios e os recursos a ela inerentes. Lançamento Anulado Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em anular a autuação, devido a existência de vício, nos termos do voto do Relator; II) Por maioria de votos: a) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 15 45 /2 00 9- 61 Fl. 540DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Adriano Gonzáles Silvério, Wilson Antônio de Souza Correa, Bernadete De Oliveira Barros, Damiao Cordeiro de Moraes, Mauro Jose Silva Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte, CEB DISTRIBUIÇÃO S/A, contra decisão que julgou válido o lançamento, mantendo o débito contra a empresa. 2. Conforme o Relatório Fiscal, verificouse que a empresa em questão apresentou GFIP – Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias provenientes do fornecimento das rubricas ticket alimentação, lanche matinal, auxílio escolar e programa de incentivo educacional, infringindo, assim, o disposto na Lei n.º 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inc. IV e §§ 3º e 5º, acrescentado pela Lei n.º 9.528, de 10/12/1997, combinado com o art. 225, IV e § 4º, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999 , no período de 01/2006 a 12/2006. 3. Cumpre transcrever a ementa do julgamento administrativo de origem nos seguintes termos: “MULTA POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OMISSÃO DE FATO GERADOR EM GFIP. CFL 68. Constitui infração capitulada na Lei nº. 8.212, de 24.07.91, art. 32, inc. IV e §5º, acrescentado pela Lei n. 9.528, de 10.12.97, combinado com art. 225, IV, §4° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº. 3.048, de 06.05.99. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106 do CTN. Tratandose de autodeinfração decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória, aplicase a lei superveniente somente quando cominar penalidade menos severa que a prevista naquela vigente ao tempo de sua lavratura. A partir da edição da MP 449/08, a multa em lançamento de ofício das contribuições previdenciárias, nos casos de falta de recolhimento, de falta de declaração, e de declaração inexata, passou a ser regida pelo artigo 44 da Lei n.º 9.430/96. A multa prevista no inciso I, do art. 44 é única, no importe de 75%, e visa apenar, de forma conjunta, em um só lançamento, tanto o não pagamento do tributo (obrigação principal) como a não apresentação da declaração ou apresentação da declaração inexata (obrigação acessória). A multa do artigo 32A, da Lei 8.212/91(Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008), só se aplica quando não há a incidência do artigo 44, da Lei n.º 9.430/96. (lançamento de ofício). Impugnação Improcedente Fl. 541DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 10166.721545/200961 Acórdão n.º 2301002.490 S2C3T1 Fl. 541 3 Crédito Tributário Mantido” 4. O contribuinte, por sua vez, interpôs recurso voluntário, alegando em suma: a) nulidade do auto de infração na medida em que não constam, expressamente, quais as obrigações tributárias que teriam motivado o crédito tributário tal como lançado, os erros constatados nas informações prestadas pelo contribuinte e os dispositivos legais que o fundamentaram; b) os benefícios ticket alimentação e lanche matinal fornecidos pelo contribuinte a seus empregados estavam enquadrados na exceção do art. 28,§ 9º, “c”, da Lei nº 8.212/91, pois o contribuinte encontravase devidamente inscrito no Programa de Alimentação ao Trabalhador do Ministério do Trabalho e Emprego (PAT); c) ainda que o contribuinte não fosse inscrito no PAT desde o ano de 2004, o lanche matinal fornecido e o ticket alimentação não poderiam integrar o salário de contribuição por possuírem finalidade de manter a integridade da saúde dos trabalhadores, possuindo, assim, caráter indenizatório, posto que, somente as verbas que fazem parte da remuneração dos empregados integram a base de cálculo da contribuição social; d) as rubricas programa de incentivo educacional e auxílio escolar, seja em face da legislação previdenciária ou trabalhista, não podem fazer parte do salário de contribuição; e) inadequação da capitulação da obrigação principal atribuída à recorrente, indevida, por consequência, a cobrança de quaisquer obrigações acessórias. 5. Sem contrarrazões, os autos foram encaminhados a este Conselho para a apreciação do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que atende aos pressupostos de admissibilidade. DA MULTA APLICADA 2. Preliminarmente, alega o contribuinte a existência de nulidade do auto de infração, em razão de não constarem, expressamente, as obrigações tributárias que teriam motivado o crédito tributário tal como lançado, os erros constatados nas informações prestadas pelo contribuinte e os dispositivos legais que o fundamentaram. Fl. 542DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES 4 3. Compulsando os autos verificouse que, conforme o relatório fiscal, f. 17, a fiscalização aplicou as multas previstas no art. 32, § 5º, da Lei 8.212/1991 combinado com o art. 283 e 284, inciso I e II e art. 373, do Regulamento da Previdência Social RPS, por considerálas mais benéficas ao contribuinte, em respeito ao art. 106, II, “c”, do CTN, nos seguintes termos: “O art. 32, § 5,º da Lei n.º 8.212/1991 com redação conferida pela Lei n.º 9.528/1997 (anteriormente citado) combinado com os arts. 283 e 284, incisos I e II e art. 373, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 6/5/1999, republicado no DOU em 12/5/1999 (...)” “41. Cabe ressaltar que a lavratura do presente Auto de Infração e a aplicação da multa acima descrita se devem ao fato de que para este procedimento fiscal, em todas as competências, as multas a serem aplicadas em virtude das condutas infratoras apuradas são as dispostas na Lei n. 8.212/1991 de acordo com a redação anterior à MP n. 449/2008 (convertida na Lei 11.941/2009), tendo em vista serem mais benéficas ao contribuinte, em respeito ao mandamento contido no art. 106, II, “c”, do CTN, conforme demonstrado no Relatório Fiscal do Auto de Infração DEBCAD n. 37.192.5703.” 4. Não obstante a aplicação da Lei 11.941/2009 que resultou no benefício da redução do quantum da multa aplicada, impondo ao contribuinte disposição legal mais benéfica, o procedimento adotado pelo auditor fiscal, ao apresentar planilha sem dados explicativos que comprovem pormenorizadamente os valores aplicados à multa, gera dúvida quanto ao caminho trilhado para se chegar à constatação de que a multa aplicada seria a mais benéfica. 5. Assim, o cotejamento entre a legislação antiga e a nova deve ser feito de forma a possibilitar a aferição pelo contribuinte do gravame e, por consequência, viabilizar a ampla defesa conforme assegurada pelo art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, que assim dispõe: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;(...)” 6. Os atos praticados no lançamento também servem para que o julgador possa efetuar o controle de legalidade, bem como analisar as questões trazidas aos autos. A omissão de informações e procedimentos para o processo inviabiliza a compreensão exata da imputação fiscal. 7. A motivação correta do lançamento fiscal é exigida do agente público especialmente quando diz respeito à imposição de ônus ao contribuinte. Desse modo, não restam evidenciadas, de forma clara, as razões técnicas e jurídicas que determinaram o lançamento, conforme dispõe o art. 50, II, §1º, da Lei 9.784/99 e o art. 38 do Decreto 7.574/2011: Fl. 543DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES Processo nº 10166.721545/200961 Acórdão n.º 2301002.490 S2C3T1 Fl. 542 5 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.” Art. 38º. A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade (Decreto no 70.235, de 1972, art. 9o, com a redação dada pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25). 8. Por fim, cumpre ressaltar que sem a devida fundamentação e motivação, em consonância com o que determina a legislação que rege o processo administrativo fiscal notadamente o art. 50 da Lei n.º 9.784/99 e o art. 38 do Decreto 7.574/2011, é nulo o lançamento fiscal. CONCLUSÃO 9. Assim, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, ANULAR o lançamento fiscal. (assinado digitalmente) Damião Cordeiro de Moraes Relator Fl. 544DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES, Assinado digitalmente em 01/10 /2013 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 27/06/2013 por DAMIAO CORDEIRO DE MORAES
score : 1.0
Numero do processo: 10830.009167/2002-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
Sujeitam-se à tributação na fonte e na Declaração de Ajuste Anual os benefícios recebidos e os valores resgatados do plano de previdência privada, ainda que este tenha sido constituído parcial ou totalmente com depósito realizado a título de pagamento de verbas indenizatórias referentes a incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário (PDV).
Numero da decisão: 2101-000.942
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente na data da formalização do Acórdão.
(Assinado digitalmente)
Odmir Fernandes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Naoki Nishioka, Ana Neyle Olimpio Holanda, Caio Marcos Cândido, Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos e Odmir Fernandes.
Nome do relator: ODMIR FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2000 PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Sujeitam-se à tributação na fonte e na Declaração de Ajuste Anual os benefícios recebidos e os valores resgatados do plano de previdência privada, ainda que este tenha sido constituído parcial ou totalmente com depósito realizado a título de pagamento de verbas indenizatórias referentes a incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário (PDV).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1760; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 2 1 1 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.009167/200297 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101000.942 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de fevereiro de 2011 Matéria IRPF Recorrente FRANCISCO STORILLO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Sujeitamse à tributação na fonte e na Declaração de Ajuste Anual os benefícios recebidos e os valores resgatados do plano de previdência privada, ainda que este tenha sido constituído parcial ou totalmente com depósito realizado a título de pagamento de verbas indenizatórias referentes a incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário (PDV). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente na data da formalização do Acórdão. (Assinado digitalmente) Odmir Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Naoki Nishioka, Ana Neyle Olimpio Holanda, Caio Marcos Cândido, Gonçalo Bonet Allage, José Raimundo Tosta Santos e Odmir Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 91 67 /2 00 2- 97 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário da decisão da 7a Turma de Julgamento da DRJ de São Paulo II/SP, que manteve a autuação do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF decorrente da reclassificação dos rendimentos considerados como isentos e não tributável do resgate da previdência privada. A decisão recorrida manteve a exigência: primeiro, os valores alterados foram somada a base de cálculo de R$ 172.588,67, do Previdência Privada, mais o valor declarado pelo contribuinte de R$ 26.421,86, no total de R$ 199.010,54, não havendo se falar em nulidade da autuação por irregularidades; segundo, estão sujeitos à tributação na fonte e na Declaração de Ajuste Anual, conforme art. 33 da Lei n° 9.250, de 1995, e os arts. 39, XXXVIII, e 43, XIV, do RIR/1999, os valores resgatados do plano de previdência privada, ainda que este tenha sido constituído parcial ou totalmente com depósitos diretos realizados a título de pagamento de verbas indenizatórias referente ao incentivo à adesão a PDV. A decisão recorria esta assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999 NORMAS PROCESSUAIS NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade processual, nem em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. PROGRAMA DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Sujeitamse à tributação na fonte e na Declaração de Ajuste Anual os benefícios recebidos e os valores resgatados relativos a plano de previdência privada, ainda que este tenha sido constituído parcial ou totalmente com depósitos diretos realizados a título de pagamento de verbas indenizatórias referentes a incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário (PDV). Lançamento Procedente No Recurso Voluntário insiste que o valor correspondente ao resgate do plano de previdência privada não se sujeita ao imposto. É o relatório. Voto Fl. 68DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10830.009167/200297 Acórdão n.º 2101000.942 S2C1T1 Fl. 3 3 Conselheiro Odmir Fernandes – Relator. O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e deve ser deve ser conhecido. Tratase de Recurso sobe a autuação do Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF sobre o resgate da previdência privada, conforme conta da autuação. Sustenta o Recorrente autuado que o rendimento sujeita se sujeita ao imposto por se tratar de indenização do Programa de Demissão Voluntária – PDV, mantida pela empregadora, a empresa IBM, conforme correspondência que junta. Alega que a Instrução Normativa SRF n° 165, de 31.12.98 e o Ato Declaratório n° 3, de 07.01.99 dispensam a tributação ao declarar: "O Secretário da Receita Federal, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no art. 6° V da Lei n°7.773 de 22/12/1988 declara que: I Os valores pagos por pessoa jurídica a seus empregados, a titulo de incentivo à adesão a Programas de Desligamento Voluntário. PDV, considerados, em reiteradas decisões do Poder Judiciário como verbas de natureza indenizatória, e assim reconhecidos por meio do Parecer PGFN/CRJ/ 1278/98 aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda em 17 de setembro de 1998, não se sujeitam à incidência do imposto de renda na fonte nem na Declaração de ajuste Anual “ Em abono de sua tese destaca a decisão da 8a Região Fiscal no Processo de Consulta n° 323/99, cuja ementa, publicada no DOU de 09.12.1999, traz a seguinte redação: PROCESSO DE CONSULTA N° 323/99 DOU 09.12.1999 "Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF e Imposto sobre a Renda de Pessoa Física — IRPF Ementa: RESGATE DE ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. O valor do resgate de reserva de entidade de previdência privada, cujo título de previdência tenha sido recebido como incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário PDV, no que corresponder ao montante objeto do PDV, não estará sujeito à incidência de imposto de renda na fonte nem na Declaração de Ajuste Anual. Por outro lado, os rendimentos produzidos pelo título de previdência privada sujeitamse à tributação do imposto sobre a renda. Dispositivos Legais: Decreto n° 3.000/1999, arts. 43, XIV, e 633, IN SRF n° 165/1998, AD SRF n° 03/1999 e ADN COSIT n° 07/1999' Cita ainda decisões deste Conselho admitindo a não incidência do IR sobre tais verbas, no Acórdão 10244.364, de 16.08.2000. IRPF — INDENIZAÇÃO PAGA POR ENTIDADE FECHADA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA Indenização de incentivo à demissão voluntária paga por ocasião de desligamento do empregado por entidade de previdência privada fechada cuja patrocinadora seja a empresa empregadora, com numerário Fl. 69DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES 4 fornecido por este se equipara aquela paga diretamente para fins de tributação. PROGRAMA DE INCENTIVO À APOSENTADORIA É uma espécie do mesmo gênero a que pertencem os PDV (programas de desligamento voluntário) PDI (programas de desligamento incentivado) e outros com idênticas características e, portanto, os valores pagos por pessoa jurídica a seus empregados em decorrência do mesmo não se sujeitam à incidência de imposto de renda, seja por ocasião da Declaração de Ajuste Anual, visto terem natureza indenizatória por ocasião da despedida ou rescisão do contrato de trabalho. Recurso provido. No acórdão n°. 10616.908, de 28.05.2008: RESTITUIÇÃO PDV UTILIZAÇÃO DA SELIC PARA REAJUSTAR RETENÇÃO INDEVIDA RV PROVIDO. A conversão da verba indenizatória obtida em Plano de Demissão Voluntária em título de previdência privada não descaracteriza a natureza jurídica do PDV. Restituição devida. Aplicação da SELIC para reajustar o valor desde a retenção indevida. Recurso Voluntário provido. A decisão recorrida manteve exigência por entender que o pagamento do resgate da previdência privada se fez por pessoa distinta do empregador. Cita a decisão recorrida que o Ato Declaratório (Normativo) Consit n° 07, de 1999, evidencia que não basta que as verbas sejam pagas em virtude de desligamento voluntário para estarem abrangidas pela não incidência do imposto. "..... II entendese como verbas indenizatórias contempladas pela dispensa de constituição de créditos tributários, nos termos da Instrução Normativa SRF n° 165/1998, aqueles valores especiais recebidos a título de incentivo à adesão ao PD V, não alcançando, portanto, as quantias que seriam percebidas normalmente nos casos de demissão; III não são considerados valores recebidos a título de incentivo à adesão a PDV, estando sujeitas às normas de tributação em vigor: a) as verbas rescisórias previstas na legislação trabalhista ou em dissídio coletivo e convenções trabalhistas homologados pela Justiça do Trabalho, a exemplo de: décimo terceiro salário, saldo de salário, salário vencido, férias proporcionais, férias vencidas; b) os valores recebidos em função de direitos adquiridos anteriormente à adesão a PDV, em decorrência do vínculo empregatício, tais como o resgate de contribuições efetuadas à previdência privada em virtude de desligamento do plano de previdência" (grifamos) Cita ainda o art. 33, da Lei n° 9.250, de 1995 ao determinar: "Art. 33. Sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte e na declaração de ajuste anual os benefícios recebidos de entidade de previdência privada, bem como as importâncias correspondentes ao resgate de contribuições." Fl. 70DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES Processo nº 10830.009167/200297 Acórdão n.º 2101000.942 S2C1T1 Fl. 4 5 Finaliza a decisão guerreada que o Manual de Perguntas e Respostas de IRPF/2001 nas respostas nºos. 209 e 210 deixa clara a tributação das verbas da previdência privada resgatadas no plano de demissão voluntária. "209. Qual é o tratamento tributário das indenizações pagas a título de incentivo à adesão a Programa de Desligamento Voluntário (PD V)? As. verbas especiais pagas a título de PDV por pessoa jurídica de direito público a servidor público civil são isentas do imposto de rendam na fonte e na declaração de ajuste. ..... Não se incluem no conceito de verbas especiais indenizatórias recebidas a título de adesão ao PDV: ...... b) os valores recebidos em função de direitos adquiridos, anteriormente à adesão ao PDV, em decorrência do vínculo empregatício, a exemplo do resgate de contribuições efetuadas à previdência privada em virtude de desligamento do plano de previdência. 210. Contribuinte que adere a Programa de Demissão Voluntária (PDT') e, na mesma ocasião, resgata valores pagos a entidade de previdência privada da empresa da qual fazia parte, pode considerar os valores do resgate da previdência também isentos? Ainda que recebidos por ocasião de adesão a Programa de Demissão Voluntária (131), os resgates de previdência privada, sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte e na Declaração de Ajuste Anual. No entanto, excluise da incidência o valor do resgate das contribuições, cujo ônus tenha sido da pessoa física, recebido por ocasião de seu desligamento do plano de benefícios da entidade de previdência privada, que corresponder às parcelas de contribuições efetuadas no período de 01/01/1989 a 31/12/1995. (Lei n° 9.250, de 1995, arts. 4°, V, e 8°, II, "e"; RIR/1999, arts. 39, XXXVIII e 74, II; ADN Cosit n° 9, de 1999). O resgate da previdência sofreu tributação na fonte e o autuado declarou os rendimentos sob a rubrica: isentos e não tributáveis, mas se utilizou o imposto retido e pago na fonte. O plano de previdência foi pago por sociedade distinta do empregador. Não há provas no sentido de que o resgate da previdência privada corresponde a indenização decorrente do plano de demissão voluntária pelo acusado. Comprovase nos autos a condição oferecida ao autuado para o resgate ou a transferência do plano de previdência (fls. 12), mas não se comprovou como se fez os depósitos na previdência privada, e se houve ou não dedução do imposto nas respectivas datas. Também não se comprovou se o plano de demissão voluntária permitia o resgate da previdência privada e não é possível utilizar o imposto retido na fonte e declarar os rendimentos deles decorrentes não sujeitos ao imposto. Fl. 71DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES 6 Questiona ainda nas razões de recurso uma reclassificação indevida de rendimento no valor de R$ 3.068,12. Consta da decisão recorrida que essa diferença decorre da soma de R$ 172.588,68 com o resgate da Previdência Privada. O total do rendimento tributável declarado de R$ 26.421,86 foi somado a R$ 172.588,68, totalizando R$ 199.010,54, conforme consta do Auto de Infração. Ao que consta os valores estão corretos. A soma do informe de rendimento totaliza R$ 172.588,68 (fls. 25 e 26). Este valor com a soma dos rendimentos declarados (fls. 21) corresponde à importância da reclassificação dos rendimentos. Não se demonstra de onde se extraiu essa suposta diferença, não explica e com isso não há como admitir essa discussão. Ante o exposto, pelo meu voto, conheço e nego provimento ao recurso para manter a decisão recorrida e a autuação. (Assinado digitalmente) Odmir Fernandes – Relator Fl. 72DF CARF MF Impresso em 17/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES, Assinado digitalmente em 17/03/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por ODMIR FERNANDES
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