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Numero do processo: 10840.003842/2004-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1999, 2000
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. INTIMAÇÃO POR EDITAL. CABIMENTO.
A Autoridade Administrativa deve fazer publicar edital, em respeito às determinações do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, quando restarem infrutíferas as tentativas de intimação pessoal e por via postal.
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO.
O prazo decadencial para o lançamento tributário para os tributos que a lei determina antecipação de pagamento é de 5 anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, salvo nos casos de fraude, dolo ou simulação.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO. OCORRÊNCIA
A existência de retenção do Imposto de Renda devido na Fonte, pela fonte pagadora não desobriga o contribuinte do cumprimento de suas obrigações tributárias, no caso, de informar e ajustar o imposto devido via DAA.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS. OCORRÊNCIA.
A comprovação dos valores de aquisição e alienação de imóveis, imprescindíveis para a apuração do ganho de capital, é ônus do contribuinte, nos casos em que o Fisco os obtém por meio de escrituras públicas e utiliza tais valores para embasar o lançamento tributário.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
A Lei nº 9.430/96 presume que os depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, por meio de documentação hábil e idônea, pelo Contribuinte devidamente intimado para tal fim, são rendimentos que devem ser tributados.
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADORA. CABIMENTO.
Tendo a Autoridade Lançadora comprovado que o sujeito passivo praticou, dolosamente, sonegação, fraude ou conluio é cabível a alíquota de 150% no lançamento de ofício.
Numero da decisão: 2201-003.632
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 22/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: Relator Carlos Henrique de Oliveira
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1999, 2000 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. INTIMAÇÃO POR EDITAL. CABIMENTO. A Autoridade Administrativa deve fazer publicar edital, em respeito às determinações do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, quando restarem infrutíferas as tentativas de intimação pessoal e por via postal. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O prazo decadencial para o lançamento tributário para os tributos que a lei determina antecipação de pagamento é de 5 anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, salvo nos casos de fraude, dolo ou simulação. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO. OCORRÊNCIA A existência de retenção do Imposto de Renda devido na Fonte, pela fonte pagadora não desobriga o contribuinte do cumprimento de suas obrigações tributárias, no caso, de informar e ajustar o imposto devido via DAA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS. OCORRÊNCIA. A comprovação dos valores de aquisição e alienação de imóveis, imprescindíveis para a apuração do ganho de capital, é ônus do contribuinte, nos casos em que o Fisco os obtém por meio de escrituras públicas e utiliza tais valores para embasar o lançamento tributário. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A Lei nº 9.430/96 presume que os depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, por meio de documentação hábil e idônea, pelo Contribuinte devidamente intimado para tal fim, são rendimentos que devem ser tributados. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADORA. CABIMENTO. Tendo a Autoridade Lançadora comprovado que o sujeito passivo praticou, dolosamente, sonegação, fraude ou conluio é cabível a alíquota de 150% no lançamento de ofício.
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LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. INTIMAÇÃO POR EDITAL. CABIMENTO. A Autoridade Administrativa deve fazer publicar edital, em respeito às determinações do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, quando restarem infrutíferas as tentativas de intimação pessoal e por via postal. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. O prazo decadencial para o lançamento tributário para os tributos que a lei determina antecipação de pagamento é de 5 anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, salvo nos casos de fraude, dolo ou simulação. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO. OCORRÊNCIA A existência de retenção do Imposto de Renda devido na Fonte, pela fonte pagadora não desobriga o contribuinte do cumprimento de suas obrigações tributárias, no caso, de informar e ajustar o imposto devido via DAA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS. OCORRÊNCIA. A comprovação dos valores de aquisição e alienação de imóveis, imprescindíveis para a apuração do ganho de capital, é ônus do contribuinte, nos casos em que o Fisco os obtém por meio de escrituras públicas e utiliza tais valores para embasar o lançamento tributário. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 38 42 /2 00 4- 17 Fl. 936DF CARF MF 2 A Lei nº 9.430/96 presume que os depósitos bancários cuja origem não seja comprovada, por meio de documentação hábil e idônea, pelo Contribuinte devidamente intimado para tal fim, são rendimentos que devem ser tributados. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICADORA. CABIMENTO. Tendo a Autoridade Lançadora comprovado que o sujeito passivo praticou, dolosamente, sonegação, fraude ou conluio é cabível a alíquota de 150% no lançamento de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente e Relator. EDITADO EM: 22/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso de Voluntário interposto contra acórdão da 7ª Turma da DRJ São Paulo II que manteve na integralidade o lançamento tributário relativo ao IRPF supostamente devido nos anoscalendário de 1999 e 2000, em razão omissão de rendimentos recebidos a título de previdência privada, ganho de capital e decorrentes de depósito bancário de origem não comprovada. Importante ressaltar que houve encerramento parcial da Auditoria Fiscal desenvolvida em face do contribuinte, decorrente do mesmo procedimento, relativa ao anocalendário 1998, em 11 de dezembro de 2003. Tal crédito foi constituído por meio do auto de infração (fls. 16 do processo digitalizado), devidamente explicitado no Termo de Verificação Fiscal (folhas 25), pelo qual foi apurado o crédito tributário de R$ 2.365.874,86, que compreende imposto (R$ 725.928,14), juros de mora (R$ 551.054,52), multa proporcional (R$ 1.088.892,20), valores consolidados em dezembro de 2004. A ciência presumida do auto de infração, que contém o lançamento referente ao IRPF dos anoscalendário 1999 e 2000, ocorreu em 30 de dezembro de 2004, por meio de edital publicado na Delegacia da Receita Federal (fls. 709). Em 28 de janeiro de 2005 (fls 712), foi apresentada impugnação ao lançamento. A decisão da 7ª Turma da DRJ São Paulo II, que entendeu totalmente procedente Fl. 937DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 937 3 o lançamento tributário foi proferida em 29 de junho de 2005, por meio do Acórdão 12.825 (fls. 792). O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância que contrariou seus interesses em 11 de julho de 2005 (AR fls. 829), tendo apresentado tempestivamente recurso voluntário em 09 de agosto seguinte, cujas alegações serão analisadas no voto. Em 04 de julho de 2007, o Primeiro Conselho de Contribuintes, por meio de sua Segunda Câmara, resolveu converter o julgamento em diligência (Resolução de fls. 869). Tal determinação foi cumprida pela Autoridade Lançadora em 29 de outubro de 2009, sendo produzido Termo de Enceramento de Diligência (fls. 923), do qual o contribuinte teve ciência em 09 de novembro de 2009 (AR. de fls. 927). Por fim, em 15 de agosto de 2012, por meio da Resolução nº 2102000.085, a extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 2ª Seção de Julgamento, decidiu sobrestar o presente julgamento em face da repercussão geral reconhecida pelo STF no RE 601.314/SP. Utilizo, pela concisão e clareza, o relatório constante de tal Resolução (fls. 2 do processo digitalizado) Ao contribuinte foram imputadas as seguintes infrações, todas apenadas com multa de ofício de 150% sobre o imposto lançado: 1. omissão de rendimentos recebidos a título de previdência privada/Fapi, no importe de R$ 1.347,84, no anocalendário 1999; 2. omissão de rendimentos provenientes de ganho de capital, em alienação efetuadas no anocalendário 2000; 3. omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, nos anoscalendário 1999 e 2000, nos importes de R$ 2.064.121,09 e R$ 532.360,34, respectivamente, a partir de extratos obtidos via as RMFs que foram expedidas em 30/06/2004 (fls. 127 a 133). Mais à frente se detalhará a motivação das imputações acima. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. A 7ª Turma de Julgamento da DRJ São Paulo II (SP), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 12.825, de 29 de junho de 2005 (fls. 745 e seguintes). Notificado da decisão acima em 11/07/2005 (fl. 782), o contribuinte, irresignado, interpôs recurso voluntário em 09/08/2005 (fl. 785). Em sessão plenária de 04 de julho de 2007, a Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria, converteu o julgamento em diligência, pela Resolução nº 0202.381 (fls. 821 e seguintes). Fl. 938DF CARF MF 4 Para evitar repetições desnecessárias, tomase o relatório da diligência acima (fls. 822 a 832) como se aqui estivesse transcrito e fazse a leitura dele nesta sessão, no qual se detalha com minúcias a motivação da autuação e as defesas trazidas no recurso voluntário. O objetivo da conversão em diligência foi identificar o desenvolvimento de uma pretensa atividade de factoring informal por parte do recorrente, em decorrência da presença de um número expressivo de cheques devolvidos nas contas auditadas, o que levaria à equiparação da tributação da pessoa física à da pessoa jurídica, na forma do art. 150, § 1º, II, do Decreto nº 3.000/99. Dessa forma, o Colegiado determinou que a autoridade fiscal tomasse as seguintes providências (fl. 838): "a) Selecione, por amostragem, os dois cheques de maior valor, devolvidos sem provisão de fundos, no anocalendário de 1999, realizando diligências, inclusive junto às instituições financeiras, para identificar seus emitentes; b) Selecione, por amostragem, os dois cheques de menor valor, devolvidos sem provisão de fundos, no anocalendário de 2000, realizando diligências, inclusive junto às instituições financeiras, para identificar seus emitentes. c) Selecione o cheque de maior valor, de origem não comprovada, regularmente compensado em cada um dos primeiros três meses do ano de 1999 e em cada um dos últimos três meses do ano de 2000, realizando diligências, inclusive junto às instituições financeiras, para identificar seus emitentes. d) Identificados os emitentes dos cheques especificados nas letras anteriores, sejam estes intimados para informarem qual a natureza do negócio realizado, e com quem foi realizado, que justificou a emissão dos referidos cheques; e) No caso de ser constatado que alguns dos cheques não foram emitidos, diretamente, em favor do contribuinte e sim em benefícios de terceiros, procure a fiscalização, pelos meios que dispõe, obter informações sobre o tipo de negócio realizado entre o contribuinte e a pessoa ou empresa que lhe repassou os cheques; f) Caso entender necessário, realize a fiscalização outras diligências que julgar cabíveis para apurar a verdade sobre a alegação do contribuinte de que exercia atividade de troca de cheques. g) Seja, ao final, emitindo parecer conclusivo acerca da alegada existência de atividade de troca de cheques invocada, com sua respectiva intimação do contribuinte." (grifos do original) A autoridade que presidiu a diligência intimou o contribuinte a comprovar a materialidade das operações de “troca de cheques”, pretensamente oferecidas pelo fiscalizado, a partir dos créditos acima de R$ 1.000,00 ocorridos nas contas auditadas, bem como identificar, para cada devolução de cheque depositado em suas contas correntes bancárias relacionado no DEMONSTRATIVO DEVOLUÇÃO DE CHEQUES Fl. 939DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 938 5 DEPOSITADOS, o nome completo ou a razão social, o CPF ou o CNPJ das pessoas emitentes destes cheques (fls. 843 e 844). Em petição de fls. 847 e seguintes, o recorrente informou que os cheques depositados no Unibanco decorriam de operações de troca de cheques com a empresa Passalacqua, que atua no ramo de tapeçaria, estabelecida na cidade de Ribeirão Preto (SP), já os depositados no banco Itaú provinham de inúmeras pessoas, sendo impossível identificálas. Ainda registro que todos os cheques trocados eram identificados com um nome ou sinal no verso para a devida identificação, caso fossem devolvidos. Por fim, autorizou a Fiscalização a solicitar diretamente todos os documentos especificados na diligência diretamente às instituições financeiras. A fiscalização intimou a empresa Passalacqua Administradora de Bens Ltda. a especificar as operações comerciais que eventualmente tivesse com o recorrente, tendo tal pessoa jurídica afirmado que não mantinha qualquer operação comercial ou financeira com o fiscalizado (fls. 850 a 852). Ainda, intimou o próprio fiscalizado a comprovar documentalmente suas operações comerciais com a empresa Passalacqua (fl. 853), quando aquele afirmou que recebia os cheques dessa empresa em uma fita impressa, com valor de face superior ao da troca, não tendo como comprovar a operação, exceto se a fiscalização viesse a intimar alguns dos emitentes dos cheques depositados em sua conta corrente, quando se clarificariam as operações dos emitentes com a empresa Passalacqua (o mesmo esclarecimento poderia ser obtido a partir dos cheques devolvidos – fls. 854 a 857). Indo mais além, a fiscalização resolveu circularizar a existência de operações comerciais do recorrente com as empresas do Grupo Passalacqua, obtendo do responsável deste a seguinte resposta (fls. 858 a 863): Reportandonos a intimação 0026, vimos pela presente para informar que as empresas Maresias Empreendimentos e Negócios Ltda — CNPJ 00.091.860/000191, S3SS Administradora de Bens Ltda — CNPJ 01.001.906/000193, Samuel Passalacqua Imóveis — CNPJ 01.542.897/000148, Passalacqua & Cia Ltda — CNPJ 55.973.366/000139 e Passalacqua Indústria e Comércio Ltda — CNPJ 74.404.278/000160, não tiveram qualquer relacionamento comercial com o Senhor Jorge Luiz Ambrust Figueiredo, muito mais qualquer transação de desconto financeiro de cheques ou recebimentos proveniente do mesmo. A autoridade que presidiu a diligência confeccionou relatório conclusivo de suas investigações (fls. 984 a 878), ratificando a tributação imposta ao recorrente, pois não se conseguiu desvendar as atividades desenvolvidas por estes, bem como juntou aos autos cópia de Consulta Interna da Coordenação Geral de Fiscalização COFIS para a CoordenaçãoGeral de Tributação COSIT, na qual a primeira defende a impossibilidade Fl. 940DF CARF MF 6 de emissão de RMF a partir de diligências da DRJ e dos Conselhos de Contribuintes (fls. 864 a 867), e cópia da Solução de Consulta Interna COSIT nº 37/2008 (fls. 868 a 873), que impede as autoridades fiscais de emitir RMFs em desfavor de bancos para obter cópias de cheques de terceiros depositados na conta do contribuinte fiscalizado (o acesso às informações bancárias pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, mediante RMF, restringese ao sujeito passivo sob procedimento de fiscalização autorizado mediante Mandado de Procedimento Fiscal —Fiscalização). O contribuinte foi notificado do encerramento da diligência (fl. 878), sendo o processo devolvido para esta instância para prosseguimento, quando se registrou a impossibilidade de execução da diligência como proposta na Resolução nº 0202.381. Juntouse cópia de Ofício Judicial, proveniente da 6ª Vara Federal da 2ª Subseção Judiciária da Justiça Federal de São Paulo (SP), solicitando informação incontinenti do encerramento do julgamento do recurso voluntário. O recurso foi distribuído por sorteio eletrônico para este Conselheiro, em razão do Conselheiro Relator prevento não mais integrar este Conselho Administrativo. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Relator Carlos Henrique de Oliveira Presente os requisitos de admissibilidade, passo a apreciar o Voluntário na ordem de suas alegações. Considerando o sobrestamento determinado pela extinta 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 2ª Seção, inicio a análise do presente recurso voluntário pela análise da legalidade da quebra do sigilo bancário pelo Fisco, tendo em vista a requisição dos extratos das contas correntes do Contribuinte, feita diretamente aos bancos, com fulcro na Lei Complementar nº 105/01. Vejamos. Em recentíssimo julgamento, ocorrido em 24 de fevereiro passado, examinando as Ações Declaratórias de Inconstitucionalidade, ADI's 2859, 2390, 2386 e 2397, além do Recurso Extraordinário (RE) 601314 SP, este sob o rito da repercussão geral, o Pleno do STF decidiu pela constitucionalidade das disposições da Lei Complementar nº 105/01. Consulta ao sitio do Supremo Tribunal Federal ( ), contém a decisão final proferida no curso da ADI 2390, representativa do entendimento da Corte Suprema: Decisão Final Fl. 941DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 939 7 Após o relatório e as sustentações orais, pelo requerente Partido Social Liberal PSL, do Dr. Wladimir Reale, e, pela Advocacia Geral da União, da Dra. Grace Maria Fernandes Mendonça, SecretáriaGeral de Contencioso, o julgamento foi suspenso. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 17.02.2016. Após o voto do Ministro Dias Toffoli (Relator), que conhecia da ação e a julgava improcedente, no que foi acompanhado pelos Ministros Edson Fachin, Teori Zavascki, Rosa Weber e Cármen Lúcia; o voto do Ministro Roberto Barroso, que acompanhava em parte o Relator, conferindo interpretação conforme ao art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, para estabelecer que a obtenção de informações nele prevista depende de processo administrativo devidamente regulamentado por cada ente da federação, em que se assegure, tal como se dá com a União, por força da Lei nº 9.784/99 e do Decreto nº 3.724/2001, no mínimo as seguintes garantias: a) notificação do contribuinte quanto à instauração do processo e a todos os demais atos; b) sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico do requerente; c) existência de sistemas eletrônicos de segurança que sejam certificados e com registro de acesso, d) estabelecimento de mecanismos efetivos de apuração e correção de desvios; e o voto do Ministro Marco Aurélio, que dava interpretação conforme aos dispositivos impugnados de modo a afastar a possibilidade de acesso direto aos dados bancários pelos órgãos públicos, o julgamento foi suspenso. Impedido o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, o Ministro Luiz Fux. Presidência do Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 18.02.2016. O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou improcedente o pedido formulado na ação direta, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Reajustou o voto o Ministro Roberto Barroso para acompanhar integralmente o Relator. Impedido o Ministro Gilmar Mendes. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016." (destaques não são originais) Mister realçar que o RE 601.314/SP, expressamente, versa sobre a possibilidade de aplicação dos dispositivos constantes da Lei Complementar para fato pretéritos a sua edição, além da da quebra de sigilo bancário pelo Fisco, mesmo tema da ADI 2390. São os termos da decisão proferida no mencionado recurso extraordinário submetido a sistemática da repercussão geral: "O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, conheceu do recurso e a este negou provimento, vencidos os Ministros Marco Fl. 942DF CARF MF 8 Aurélio e Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016." (negritamos e sublinhamos) Ora, a clareza da decisão tomada pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, no curso de ação declaratório de inconstitucionalidade, e no âmbito de um recurso extraordinário com repercussão geral, extingue de maneira definitiva qualquer dúvida sobre a lisura e legalidade do procedimento fiscal relativo a requisição às instituições financeiras dos dados referente a movimentação financeira dos contribuintes, quando tomados nos termos da Lei 10.174/01 e do Decreto nº 3724/01, com suas alterações posteriores. Nesse sentido, mister verificar no caso em apreço, o cumprimento das disposições constantes do Decreto nº 3724/01, especialmente quanto à exigência da existência de procedimento fiscalizatório prévio a requisição dos dados bancários e da indispensabilidade de tal solicitação. Observo o cumprimento de tais requisitos. Encontro às folhas 11 e seguintes a instauração, por meio do competente Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), de procedimento fiscalizatório, bem como sua prorrogação tempestiva sempre que necessário. Ressalto a ciência do contribuinte nos mencionados documentos. Instaurado o devido processo de fiscalização, verifico também que houve a requisição, pelo Fisco, dos dados necessários para a verificação do cumprimento das obrigações tributárias diretamente ao contribuinte (TVF, folhas 33 e34), sendo que as requisições de movimentação financeiras (RMF's), somente foram enviadas às instituições após a comprovada inércia do sujeito passivo, consubstanciada na intimação e reintimação do mesmo, ainda que houvesse apresentação parcial do documentos solicitados (fls. 56 a 65; 66 e 67; 69 a 149). Diante do exposto, forçoso considerar que o procedimento fiscal respeitou o sigilo bancário do Contribuinte, consoante as recentes determinações do Supremo Tribunal Federal. Com essas considerações, passo a analisar o apelo do Contribuinte na ordem de suas alegações. NULIDADE DE INTIMAÇÃO Como preliminar, o Recorrente alega nulidade na ciência do Auto de Infração ocorrida por meio de edital. Considera que a ciência por edital não poderia ter ocorrido, posto que (fls. 835): "(...) o Recorrente na data de 10 de dezembro de 2.004 esteve a trabalho em São Paulo, tendo de lá retornado na noite do dia Fl. 943DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 940 9 seguinte. Já a partir do dia 12 de dezembro de 2.004, juntamente com sua esposa, realizou uma viagem de férias, aproveitando a ocasião das festas de final de ano, como costumeiramente faz, tendo retornado a esta cidade no dia 04 de janeiro de 2.005. Ao chegar em sua residência, deparouse com alguns avisos do correio, sem indicação de conteúdo, para que comparecesse junto à agência dos correios, a fim de receber tais correspondências direcionadas à sua pessoa, e que somente poderiam ser retiradas pessoalmente pelo mesmo. Desta sorte, cuidou de imediatamente comparecer nas dependências do correio, ocasião em que foi informado que as referidas correspondências já haviam sido devolvidas ao remetente, que era a Secretaria da Receita Federal. Mediante tal informação, no dia seguinte, ou seja, em 05 de janeiro de 2.005, o Recorrente esteve nas dependências desse D. Órgão, e procurou saber o conteúdo das referidas correspondências, tendo sido informado que tratava do presente Auto de Infração, e que o mesmo já se encontrava no setor competente. Foi sustentado ainda ao Recorrente, que em face das tentativas frustradas de intimação pelo correio, o mesmo teria sido intimado através de edital afixado nas dependências da Secretaria da Receita Federal com prazo de 15 (quinze) dias, conseqüentemente, a intimação foi considerada como efetivada na data de 29 de dezembro de 2.004. No corpo do auto de infração consta como forma de ciência, a via postal. Ora, conforme o exaustivamente exposto, tal ciência não ocorreu na forma apontada. Inexiste nos autos, qualquer comprovante com a ciência do Recorrente através da forma indicada, o que não poderia ser diferente, em face da ausência do mesmo desta cidade em razão de sua viagem de férias, fato que por si só serve para macular o auto de infração em questão. Ainda que não fosse este o entendimento, o que se admite apenas a título de argumentação, jamais se poderia admitir a intimação do Recorrente através de edital porque não ocorreu qualquer das hipóteses que pudesse autorizar a intimação editalícia. Com efeito, a intimação por edital somente é válida se estivesse o Recorrente em local incerto e não sabido, o que não é o caso, haja vista que o mesmo possui residência fixa, tendo em seu endereço sido regularmente intimado de todos os atos praticados ao longo do processo de fiscalização. A simples ausência do Recorrente de seu domicílio em virtude de férias pelo período de aproximadamente duas semanas não serve para justificar a ocorrência da intimação editalícia." Fl. 944DF CARF MF 10 A decisão de piso muito bem enfrentou a questão e assim se pronunciou sobre o tema (fls. 808): "Observese que, após tentativas frustradas, por parte da fiscalização, para dar ciência pessoal do Auto de Infração ao contribuinte, foi o mesmo encaminhado por via postal SEDEX, tendo os Correios feito a primeira tentativa de entrega em 10/12/2004 (14:30h), depois em 10/12/2004 (19:25h), 11/12/2004 (8:40h) e 13/12/2004 (8:50), registrando sempre mesma resposta: NA não atendido. Destaquese que consta do corpo do Auto de Infração (AI) "encaminhado p/ ciência via postal c/ AR" porque, efetivamente, o AI foi encaminhada aos correios, entretanto, em razão de resultar infrutíferas as tentativas de entrega, o mesmo retornou à Receita Federal. Este fato, ao contrário do que pretende o impugnante, não macula, em absoluto, o Auto de Infração, não ferindo qualquer aspecto formal. Correto, portanto, o Auto de Infração também sob os aspectos formais. Nessa esteira, há de se destacar que a Autoridade Pública não pode ficar à mercê da "sorte", aguardando passivamente que um dia, quem sabe, possa encontrar o contribuinte que se busca, para daí, então, dar continuidade ao seu trabalho. Um dos princípios reguladores do processo administrativo é o princípio da Oficialidade pelo qual compete à Administração impulsionar o processo até seu atofim. Hely Lopes Meirelles (in Processo Administrativo e em Especial o Tributário, Malheiros, São Paulo, p. 16) entende que "o princípio da oficialidade atribui sempre a movimentação do processo administrativo à Administração, ainda que instaurado por provocação do particular: uma vez iniciado passa a pertencer ao poder Público, a quem compete o seu impulsionamento, até a decisão final. Se a Administração o retardar, ou dele se desinteressa, infringe o princípio da oficialidade, e seus agentes podem ser responsabilizados pela omissão". Também não se sustenta a alegação de que a intimação por edital somente é válida se estivesse o impugnante em local incerto e não sabido com fulcro na legislação processual civil, pois, como se sabe, o processo administrativo fiscal tem rito próprio previsto no Decreto 70.235/1972, aplicandoselhe, apenas subsidiariamente, os preceitos da Lei 9.784/1999 e do Processo Civil, e, como se viu, o processo administrativo fiscal Decreto 70.235/1972 autoriza a intimação por Edital, nas condições ali prescritas, e atendidas, no presente caso." (negritei) A simples leitura da lei que regula o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235/72, espanca qualquer dúvida e legitima o procedimento fiscal, como apontado pela decisão vergastada. Vejamos o que determina o artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, com a redação vigente à época dos fatos: "Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a Fl. 945DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 941 11 assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II" Ora, como reconhecido pelo próprio recorrente, a citação pessoal e a realizada por via postal restaram infrutíferas, posto que ausente o Contribuinte de seu domicílio. Exsurge a determinação legal para o uso do edital como forma de cientificação do contribuinte da existência de lançamento tributário em seu desfavor. Correto o procedimento da autoridade administrativa. Rejeito a preliminar de nulidade apontada. DECADÊNCIA Segundo o Recorrente, ocorreu o perecimento do direito do Fisco em constituir o crédito tributário referente a renda auferida no anocalendário 1999. São seus argumentos (fls 839): "Com efeito, o Auto de Infração reporta sobre eventual crédito tributário relativos aos exercícios de 1.999 e 2.000, razão pela qual conseqüentemente, com relação ao exercício de 1.999, o mesmo poderia ser regularmente lançado somente até 31 de dezembro de 2.004, ou seja, cinco anos após, e não em 31 de dezembro de 2.005, como equivocadamente entende a DD. Relatora do V. Acórdão. Destarte, tendo o Recorrente tomado conhecimento da lavratura do Auto de Infração objeto da presente, somente no dia 05 de janeiro de 2.005, ou seja, após o decurso de cinco anos do exercício a que se refere, temos como certa a ocorrência da decadência. Com efeito, nos tributos sujeitos à homologação, não declarada a obrigação tributária, nem efetuado o pagamento, caberá ao Fisco, no prazo decadencial de 05 (cinco) anos, efetuar o lançamento, sob pena de decaimento do direito." (negritos não constam do recurso) A decisão de piso não acata os argumentos do Contribuinte. Abaixo a motivação da decisão quanto ao tópico que aqui se discute (fls 809): "Quanto à preliminar de decadência levantada é de se observar que o impugnante, em sua argumentação, parte de premissa equivocada, já que, diversamente do que pretende, como acima se demonstrou, o contribuinte tomou ciência do auto de Fl. 946DF CARF MF 12 infração em questão em 29/12/2004, ficando o mesmo, nesta data, regularmente notificado dá autuação, nos termos da legislação pertinente elencada e dentro, portanto, do prazo decadencial preconizado pelo próprio impugnante 31/12/2004 (destaquese que este não é o entendimento desta julgadora que considera findo o prazo para lançar em 31/12/2005)." (destaquei) Novamente a decisão de piso, concisa porém precisa, exprime a decisão mais acertada. Não obstante o prazo decadencial previsto na lei para os tributos sujeitos ao pagamento antecipado seja de 5 anos a contar da data da ocorrência do fato gerador, quando houver o efetivo pagamento antecipado, o que no caso concreto nos remete ao dia 31 de dezembro de 2004, o lançamento tributário que aqui se discute se aperfeiçoou como dito acima em 30 de dezembro de 2004, data da ciência presumida pela lei para os casos de cientificação por edital. Assim, imperativo reconhecer que o crédito tributário foi constituído pelo lançamento de ofício dentro do prazo legal previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, aplicável no caso em análise. Recurso voluntário negado nessa parte. NO MÉRITO Constam do recurso as seguintes alegações genéricas de mérito (fls 842): "Inicialmente o Recorrente quer deixar consignada a sua irredesignação no tocante a descrição dos fatos apresentadas pelo Ilustre Sr. Auditor Fiscal. Vale dizer, inobstante todo o respeito que o zeloso Auditor Fiscal merece, in casu, é inegável o esforço do mesmo em tentar somar argumentos para alocar a absurda multa de 150% aplicada, trazendo situações totalmente distorcidas de qualquer realidade, situação esta que faz com que milite com indisfarçáveis contradições. Vale dizer, com a máxima vênia o mesmo se reporta de forma distorcida sobre fatos totalmente pretéritos, que sequer fazem parte do auto de infração em questão, pois são relativos a dois outros autos de infração, tendo no primeiro caso o Recorrente realizado parcelamento e no segundo, interposto Recurso contra o mesmo, pendente de decisão, como comprova em anexo. Outrossim, ao contrário do alegado pelo zeloso Auditor Fiscal jamais houve pelo Recorrente qualquer intenção em ocultar qualquer informação solicitada, mesmo porque o Fisco possui meios próprios para obter as informações de qualquer contribuinte, como é notoriamente sabido, tendo inclusive o Recorrente autorizado expressamente que tais pedidos fossem feitos diretamente pela Receita Federal. Como se vê, a totalidade da documentação requisitada não foi prontamente apresentada, porque o Recorrente dependia de terceiros, mormente de instituições financeiras, tendo, porém, Fl. 947DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 942 13 naquilo que não pode atender, por motivos inerentes a sua vontade, considerando a sua dependência junto a terceiros, apresentado suas dificuldades e facultado à fiscalização, a liberdade de acesso direto aos documentos e informações não alcançadas. Destarte não se pode admitir como caracterizada qualquer recusa do Recorrente em apresentar extratos das contas e demais documentos mencionados no corpo do auto de infração. Houve sim pedidos de dilação de prazo pelo Recorrente, o que não poderia ser diferente diante da vasta documentação que lhe foi solicitada ao longo do processo de fiscalização deparada com os exíguos prazos que lhe eram assinalados pelo Fisco, tendo inclusive indeferidas algumas dilações de prazo solicitadas que culminaram inclusive no cerceamento de sua defesa. Tendo o Sr. Auditor Fiscal repelido a pretensão do Recorrente na produção de provas, frente ao indeferimento das últimas dilações de prazo requeridas, jamais poderia fundamentar sua posição no auto de infração sob a justificativa de ausência de provas pelo mesmo." Não observo a ocorrência da alegações genéricas formuladas no apelo. A uma porque, como visto, o procedimento fiscalizatório foi conduzido no sentido da procura pela comprovação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo, por meio da intimação e reintimação para apresentação de documentos. A inércia do contribuinte, ou mesmo sua incapacidade de comprovação para alguns fatos, ensejaram as consequências previstas na lei, ou seja, a constituição do crédito devido, restando o processo administrativo tributário como oportunidade para a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito comprovado pelo Fisco. A duas, porque a remissão feita pela Autoridade Lançadora a fatos pretéritos apurados em outro procedimento fiscal, deveuse a contextualização do procedimento fiscal, a sua motivação original, em nada comprometendo a fiscalização que resultou no crédito tributário que aqui se discute. Afasto as alegações genéricas produzidas nesta parte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS A TÍTULO DE RESGATES DE CONTRIBUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA" Segundo o recorrente a ausência de declaração do resgate do título de previdência privada tornase desnecessária diante da retenção de IRF ocorrida. Sobre o tema, assim se pronunciou a decisão de piso: Quanto ao alegado cumprimento da obrigação tributária, relativamente ao pagamento do IR, em razão da retenção do mesmo pela fonte pagadora, cabe lembrar que com a edição da Fl. 948DF CARF MF 14 Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990, o imposto é devido mensalmente, porém a título de antecipação. Criouse uma exigência provisória do tributo, ou seja, o valor pago poderia não ser definitivo. O fato de o contribuinte antecipar o pagamento do imposto no curso do anocalendário não tem o condão de caracterizar a definitividade do pagamento, isso porque, com a entrega da declaração é que o imposto se torna ostensivo ou definitivo, podendo inclusive resultar em imposto a restituir, e, com base nos dados fornecidos pelo contribuinte, pode a autoridade administrativa aceitálos ou exigir eventual diferença de tributo. (...)" (destaquei) Correta a decisão objeto do presente recurso. Nada tenho a acrescentar. A existência de retenção do IRF pela fonte pagadora não desobriga o contribuinte do cumprimento de suas obrigações tributárias, no caso, de informar e ajustar o imposto devido via DAA, sob pena do lançamento de ofício, o que de fato ocorreu. Recurso negado nessa parte. OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEIS Quanto ao suposto ganho de capital ocorrido com a venda do imóvel da Rua São José, matrícula 79.753, adquirido da Encol, o Recorrente argumenta que (fls.844): "O valor de R$312,02, decorre de valor lançado pela Associação dos Adquirentes de Unidades, constituída após a falência da ENCOL, após consolidação de valores que o Recorrente não sabe precisar. Importante esclarecer que os valores dos créditos dos adquirentes das unidades existentes no referido edificio, eram variáveis, vale dizer, assim como o Recorrente teria pago o valor de R$62.139,72, outros adquirentes haviam quitado o valor total da unidade adquirida, e outros ainda havia pago apenas um pequeno sinal, porém, por força da escritura efetivada entre a referida Associação e a Massa Falida da Encol, em razão de consolidação de valores encontrados por ambas, todos os condôminos receberam através de uma única escritura, a consignação de sua unidade no mesmo valor de R$312,02. Inicialmente importante asseverar que jamais e em momento algum a Fiscalização solicitou qualquer esclarecimento acerca do valor constante da escritura pública e tal valor certamente não justificaria em hipótese alguma o valor correspondente ao bem em questão. A própria data da escritura pública evidencia que a lavratura da mesma foi efetivada muito após a aquisição do imóvel assim como da própria decretação da falência da ENCOL. Como se vê, pelo Recorrente inexistiu qualquer lesão ou omissão de valores ao Fisco, porque apresentou o valor real da aquisição de R$62.139,72, como também o valor da venda, R$60.000,00, valor este devidamente comprovado, e reconhecido pelo próprio Sr. Auditor Fiscal." Fl. 949DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 943 15 Sobre tais alegações, a decisão recorrida se manifesta nos seguintes termos (fls. 812): "Analisando os elementos constantes do processo, temse que, a aquisição do referido imóvel ocorreu em 19/12/1997, no valor de R$ 312,02, retratada pela Escritura Pública de Venda e Compra, lavrada no Io Serviço Notorial de Ribeirão PretoSP, no valor de R$ 312,02, conforme registro R3 da matrícula 79.753, fls. 643 v°. O impugnante, a fim de comprovar seus argumentos, defende que em suas declarações de ajuste anuais apresentou o valor real da aquisição de R$ 62.139,72, como também o valor da venda de R$ 60.000,00, valor este devidamente comprovado e reconhecido pelo próprio fiscal. Por ocasião da impugnação ao Auto de Infração, mais uma vez o contribuinte não apresentou documentos que comprovassem suas alegações. O conteúdo das DIRPF deve estar amparado por documentação hábil e idônea. O art. 800 do Decreto 3.000/1999 prescreve que os bens serão declarados discriminadamente pelos valores de aquisição em reais, constantes dos respectivos instrumentos de transferência de propriedade ou da nota fiscal. Não cabe, para efeito de se eximir da obrigação tributária, pretender, contra as provas dos autos, que o valor de aquisição de determinado imóvel seja diferente do que consta da Escritura Pública. Para este fim, ou seja, para se considerar um valor diferente do constante do Instrumento Público, é preciso que sejam carreadas aos autos provas que não deixem dúvidas da ocorrência do fato alegado. A escritura pública é o instrumento formal, previsto no art. 134 do Código Civil Brasileiro, abaixo transcrito, para a transmissão da propriedade de bem imóvel e os elementos ali contidos têm fé pública atestada pela autoridade competente. (...) A lavratura da escritura pública presume verdadeiro o fato e os demais elementos nela contidos, salvo se a ela se opuser prova em contrário, que há de possuir, no mínimo, a mesma força probante" (destaquei) Mais uma vez acerta o julgador de primeira instância. Verificando o cumprimento das obrigações tributárias pelo Recorrente, a Autoridade Lançadora observa uma divergência entre os valores declarados na alienação de bens e os comprovados pelos documentos hábeis. Comprova do direito de crédito do Fisco e efetua o correspondente lançamento tributário. Cabe ao sujeito passivo, aqui Recorrente, comprovar a ocorrência de fatos modificativos, impeditivos ou extintivos do direito da Fazenda Nacional. No caso em comento, ao declarar um custo de aquisição distinto do constante da escritura, caberia ao Recorrente comprovar, pelos meios admitidos, o valor da aquisição do bem nos termos de sua declaração, conforme bem apontado pela decisão 'a quo'.. Fl. 950DF CARF MF 16 Não soube, ou não pode, afastar tal ônus. Recurso voluntário negado também nessa parte. Prossegue o Recorrente (fls. 846): "No tocante ao imóvel situado na RUA CERQUEIRA CÉSAR, 1565 — matricula 18.386 — adquirido pelo valor constante da declaração apresentada em 1.999, relativa ao ano de 1.998, com valor de R$8.617,48, que com os acréscimos de benfeitorias declaradas no ano de 1.999 no valor de R$15.000,00 e de 2.000, no valor de R$19.800,00, passou a valer R$44.417,48, tendo sido objeto de arrematação pelo valor de R$44.100,00, não tendo conseqüentemente gerado qualquer lucro imobiliário, conforme exposto e provado O V. Acórdão, chancelando as ponderações trazidas pelo Sr. Fiscal justifica a autuação sustentando que o Recorrente não comprovou as referidas benfeitorias. Ora, absurda a colocação, considerando que jamais e em momento algum houve pelo Sr. Auditor Fiscal qualquer pedido de comprovação das referidas benfeitorias, o que se verifica pela simples leitura do presente procedimento, e jamais e em momento algum houve qualquer impugnação pelo Fisco aos valores das benfeitorias apresentados nas declarações de renda relativas aos anos de 1.999 e 2.000. Reiterase que referido imóvel foi objeto de arrematação pelo valor de R$44.100,00, não tendo conseqüentemente gerado qualquer lucro imobiliário, conforme exposto e provado. " (destaquei) Ao examinar este ponto, a DRJ assevera (fls 813): "Pelo exame dos autos, verificase que não há, no presente processo, por parte do litigante, qualquer discussão sobre a efetividade, ou não, da ocorrência de operação caracterizável como alienação de bem imóvel registros do imóvel de fls. 648 a 649. Nem mesmo sobre o valor tomado pela autoridade fiscal como correspondente à venda do bem em telaR$ 44.100,00. O cerne do presente litígio se prende, então, à discussão sobre a forma de determinação do custo do imóvel alienado. No que tange ao tema, há que ser observado, além da Instrução Normativa SRF n° 48, de 26/05/1998, o que consta do RIR/99 que cuida da matéria: O artigo 128, § 7o, do RIR/1999, dispunha que: "Podem integrar o custo de aquisição de imóveis, desde que comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na declaração de bens: I os dispêndios com a construção, ampliação, reforma e pequenas obras, ... "(grifei) Fl. 951DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 944 17 Pela análise dos normativos transcritos, resta claro que gastos efetuados com construções, ou quaisquer outros dispêndios admitidos pela lei fiscal, devem, sim, ser comprovados mediante documentação hábil e idônea, se objetivar o contribuinte incluí los no custo de aquisição de seus imóveis, com o fito de utilizá los na apuração de posterior ganho de capital tributável. O fiscalizado, na fase do procedimento fiscal, não apresentou documento algum que comprovasse o efetivo gasto com as alegadas benfeitorias. O impugnante argumenta que não apresentou porque a fiscalização não solicitou, entretanto, conforme se observa da legislação transcrita, a comprovação da benfeitoria é inerente à alegação de que houve a benfeitoria, assim, quando o contribuinte foi intimado a comprovar os valores efetivamente desembolsados com o imóvel em causa (Intimação 013, item B3.2), se interesse tivesse, deveria ter apresentado todos os comprovantes relativos aos gastos com benfeitorias, a fim de comprovar o aumento no custo do imóvel. Por outro lado, repitase, é na fase impugnatória que o contribuinte tem a oportunidade de apresentar seus motivos de fato e de direito e as razões e provas que possuir (art. 16 do Decreto n° 70.235/1972), dessa forma, se o interessado perdeu a oportunidade de fazer prova a seu favor durante o procedimento fiscal, não há prejuízo algum para ele, pois, após a ciência da lavratura do Auto de Infração é que inicia a contagem do prazo para sua defesa. Contudo, não o fazendo adequadamente, com apresentação de provas, não se pode aceitar a simples alegação. A comprovação, para se impor ao Fisco, tem como única forma, no presente caso, a apresentação de documentação que conduza à efetividade dos gastos com as benfeitorias do imóvel, como por exemplos, notas fiscais de compra de material, notas fiscais de prestação de serviços de mãodeobra, etc. Os valores relativos a essas despesas devem estar discriminados na declaração de bens do anocalendário em que foram incorridos, devem ser comprovados com documentação hábil e idônea e a construção tem que ter projeto aprovado pelos órgãos municipais competentes. Ou seja, havia de ser apresentada documentação inconteste, que demonstrasse os gastos efetuados com benfeitorias no imóvel em comento, tudo isso em consonância com a acumulação de tais valores nas declarações de bens concernentes aos anos durante os quais foi levado a cabo o empreendimento em questão, em caso de as benfeitorias levar mais de um ano calendário, para se ter, enfim, a formação do custo final da obra. Destaquese, não é suficiente fazer constar das DIRPF, anoscalendário 1999 e 2000, a informação de que houve benfeitorias no imóvel. O que se tem de concreto em relação às operações negociais com o imóvel em causa são os registros efetuados no Io CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS, fls. 648 e 649, onde se vê sob a identificação R.05/18.396 Data: 30/04/1992, o Fl. 952DF CARF MF 18 registro da escritura de venda do imóvel em causa, a JORGE LUIZ ARMBRUST FIGUEIREDO, pelo valor de Cr$ 12.000.000,00. Referido valor, corrigido segundo a legislação de regência, foi declarado corretamente pelo contribuinte (fl. 653) no valor de R$ 8.617,48. Cabe destacar que a escritura pública é dotada de fé pública e, apesar de não gozar de presunção absoluta de veracidade, seus conteúdos só se enfraquecem por prova inequívoca produzida por quem os contesta. Isto posto, positivada a norma legal no ordenamento jurídico nacional, é dever da autoridade fiscal simplesmente aplicála. Dessa forma, o tratamento tributário dispensado ao contribuinte segue estritamente os preceitos legais pertinentes à espécie, os quais devem ser fielmente observados pela autoridade lançadora, cuja "atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional", conforme preceitua o art. 142, § único, do CTN." (destaques originais) Novamente sem reparos a decisão de piso. Faço da motivação da decisão e de seus fundamentos os meus motivos para decidir. Reitero as considerações do tópico anterior. Não comprovou o Recorrente suas alegações enquanto o Fisco prova seu direito de crédito. Crédito tributário hígido neste ponto, recurso voluntário negado nesta parte. DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Assim justifica, o Recorrente, sua movimentação bancária (fls 848): Quanto aos exames das contas bancárias do Recorrente, reitera se que por força da troca de cheques que realizava na época, podendo ser comparado a uma factoring informal, o volume de cheques em suas contas eram bastante significativos, o que justifica a dificuldade no levantamento individualizado dos mesmos, conforme o exaustivamente exposto e provado. Todavia, pela simples leitura dos extratos fica evidenciado que os valores das entradas em confronto com os das saídas são sempre muito próximos, o que corrobora que os juros praticados pelo Recorrente eram os admitidos pela legislação de regência, fato que por si só serve para justificar a ausência de qualquer aumento patrimonial. Destarte, ainda que não se reconheça a total nulidade do auto de infração objeto do presente, frente às nulidades que maculam o mesmo, o que se admite apenas a titulo de argumentação, mister se faz à retificação do mesmo para considerar a tributação apenas sobre os juros legais auferidos pelo Recorrente, que deverão ser calculados à razão de 1% ao mês sobre as trocas dos cheques." Fl. 953DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 945 19 Em acréscimo, o Apelante reitera os argumentos que simples depósitos bancários não denotam sinais de riqueza, que não houve demonstração do valor da renda tributável, sendo tomado o valor dos depósitos como tal, que não foi observado, pela Autoridade Fiscal, os limites estabelecidos pela legislação de regência para o lançamento. Cita jurisprudência e doutrina que, entende, militam em seu favor. Nesse ponto, mister realçar que a resolução de folhas 869, tomada pela 2ª Câmara do 1ª Conselho de Contribuintes, determinou diligência com o fito de comprovar a alegada atividade de factoring informal pelo Contribuinte. Assim se pronunciou a Autoridade Lançadora sobre a questão (fls. Ainda que mais uma vez nada foi provado pelo sujeito passivo, esta Fiscalização diligenciou no sentido de obter da empresa Passalacqua Administradora de Bens Ltda., CNPJ n° 66.644.196/000165, quaisquer elementos que pudessem trazer, ao menos, o menor sopro de verdade quanto a alegação de troca de cheques com a empresa, os quais teriam sido creditados na contacorrente bancária 104.5357 do Unibanco S/A . — Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de Documentos n° 0024, de 14/02/2008 — ciência em 16/02/2008 — (fls. 850 e 851). A resposta do Sr. Samuel Passalacqua, responsável pela empresa intimada, foi taxativa (fls.852): "... Reportandonos ao Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de documentos n° 0024, servimonos da presente para informar que nossa empresa nunca teve qualquer relacionamento com o Senhor Jorge Luiz Armbrust Figueiredo — CPF n° 002.779.68844, muito menos qualquer transação financeira que importe no desconto de cheques e recebimentos de valores do mesmo..." Novamente o sujeito passivo foi intimado a, pelo menos, comprovar a atividade própria (ainda que ilícita) de instituição financeira, qual seja a de troca de cheques com a empresa Passalacqua, que, em tese, explicaria os depósitos ocorridos em sua conta bancária do Unibanco S/A Termo de Intimação Fiscal n°0025, de 15/02/2008 (fls. 853). Em 19/02/2008, o Sr. Jorge Luiz Armbrust Figueiredo afirmou o que durante toda a ação fiscal ficou demonstrado pela Fiscalização (resposta protocolizada em 20/02/2008 fls. 854 a 857) " Não tenho nenhum documento hábil e idôneo que comprove a troca de cheques porque eles nunca existiram. ..." Em que pese a convicção do acerto demonstrado durante a ação fiscal, no que pertine às infrações cometidas pelo sujeito passivo relacionadas com a milionária e obscura movimentação financeira do sujeito passivo, esta Fiscalização perseverou na busca de informações. Fl. 954DF CARF MF 20 O Sr. Samuel Passalacqua, CPF n° 310.858.90082, tem/teve seu nome relacionado como responsável por 06 (seis) empresas perante a RFB (fls. 858 a 860 incluindo aquela intimada em 16/02/2008), no período objeto da fiscalização do sujeito passivo — 1999 e 2000. Assim, através do Termo de Intimação Fiscal n° 0026 (fls. 861 e 862), de 05/03/2008, o contribuinte Samuel Passalacqua foi intimado a, nos mesmos moldes da Intimação n° 0024, apresentar quaisquer elementos que pudessem evidenciar relacionamento financeiro/comercial com o sujeito passivo, mantido por outras 05 (cinco) empresas do grupo Passalacqua, a saber: Maresias Empreendimentos e Negócios Ltda,; S3SS Administradora de Bens Ltda,; Samuel Passalacqua Imóveis; Passalacqua & Cia. Ltda.; Passalacqua Indústria e Comércio Ltda. Ao Sr. Samuel foram disponibilizadas as informações do sujeito passivo, no sentido de que a Passalacqua seria a responsável pelas trocas de cheques que resultaram em depósitos bancários havidos no Unibanco S/A. Em 14/03/2008, mais uma vez, o Sr. Samuel, agora em nome das outras empresas do grupo Passalacqua negou qualquer relacionamento comercial destas com o Sr. Jorge Luiz Armbrust Figueiredo e qualquer transação de desconto financeiro de cheques ou recebimentos provenientes do mesmo (fls. 863)." (destaques originais) A simples leitura do termo de encerramento da diligência determinada pelo antigo Conselho de Contribuintes demonstra que, uma vez mais, as alegações do contribuinte não podem, ou não conseguem, ser comprovadas. Sem provas, não se afasta a presunção legal, como mencionado pela decisão recorrida (fls. 818) "Em se tratando de atividade comercial, deverão ser observados as seguintes disposições legais: parágrafo único, do art. 195 do CTN; art. 210 do Decreto 1.040/1994 e art. 264 do decreto 3.000/1999, que cuidam, igualmente, da guarda e conservação dos documentos fiscais, até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. O auto de infração foi lavrado em 10/12/2004, sem que a referida documentação comprobatória tivesse sido apresentada; a impugnação foi protocolizada em 28/01/2005, fundamentando se, basicamente, em questões de direito (nulidade do auto de infração, decadência, cerceamento de defesa), praticamente não se manifestando quanto às questões de fato, deixando de apresentar, também nesta fase impugnatória, as provas da origem dos recursos dos depósitos em suas contas correntes,' Fl. 955DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 946 21 sendo que são estas, tãosomente, que podem afastar a procedência do lançamento. Destarte, não comprovada a origem dos recursos, tem a autoridade fiscal o poder/dever de autuar a omissão no valor dos depósitos bancários recebidos. Nem poderia ser de outro modo, ante a vinculação legal decorrente do princípio da legalidade que rege a Administração Pública, cabendo ao agente tão somente a inquestionável observância das normas vigentes. Assim, a fiscalização cumpriu perfeitamente o seu papel ao apresentar os elementos necessários para a constituição do crédito tributário, cabendo, num segundo momento, a critério do contribuinte, apresentar documentação hábil e idônea que comprove os fatos modificativos ou extintivos do ato promovido pela autoridade fiscal, o que não ocorreu." Novamente a omissão do contribuinte quanto à comprovação do alegado. A decisão de piso, desfavorável ao impugnante, se funda na ausência de provas, tornando perfeitamente aplicável a presunção constante da Lei nº 9.430/96, quanto à consideração de renda dos depósitos bancários de origem não comprovadas. Segunda constatação da inércia do contribuinte quanto à comprovação dos seus argumentos. Apresentouse recurso voluntário. Nenhum documento acostado. Nada que comprove as alegações constantes do recurso, da impugnação e das respostas às intimações da Fiscalização. Mister aplicarse a presunção do artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Sobre o tema, importante recordarmos as lições de Florence Haret, que em obra decorrente da brilhante tese de doutorado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, explicitou (Teoria e Prática das Presunções no Direito Tributário, Ed. Noeses, pag.622): "Ademais, cabe lembrar, a presunção relativa, assim chamada pela doutrina tradicional, é o lugar por excelência em que se deve aplicar o contraditório. Nela, a parte interessada, deve movimentar o processo, requerendo e apresentando provas da ocorrência ou inocorrência do fato presumido em tempo útil. Não se opondo de forma conveniente ao prosseguimento do feito, a relatividade da presunção se torna verdade jurídica do fato, produzindo a partir daí efeitos de direito. O não pronunciamento da parte a favor ou em contrário à presunção equivale a renúncia do direito ao contraditório "in concreto", o que, em termos de efeito prático, significa a preclusão em rediscutir sobre a verdade instituída pelo enunciado presuntivo" Ora, a lição da jovem doutrinadora cabe à perfeição ao caso concreto. A inércia do sujeito passivo em se livrar do ônus probatório, tornou verdade jurídica do fato produzindo a partir daí, efeitos de direito, ou seja, o efeito previsto na norma presuntiva, o artigo 42 da Lei nº 9.430/96: Fl. 956DF CARF MF 22 "Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações." Não cabe razão ao Recorrente. Não houve comprovação, por documentos hábeis e idôneos, da origem dos recursos. Em acréscimo, ressalto que as demais alegações recursais, idênticas às constantes da impugnação, afasto pelas mesmas razões e pelos mesmos fundamentos da decisão de piso. MULTA DE OFÍCIO O Recorrente se opõe a multa qualificada aplicada pelo Fisco. Entende não ter praticado nenhuma das condutas previstas na lei para sofrer tal punição. Alega que atendeu, na medida de sua possibilidades e de acordo com a obtenção da informações junto às fontes que as continham, todas as intimações da Autoridade Fiscal. Argui que o Fisco, no afã de comprovar a conduta que enseja a majoração da multa de ofício, incorre em contradições, posto que visa amoldar a multa imposta em face das operações realizadas com a corretora Fator Dória Atherino S/A. Argumenta, o Recorrente, nos seguintes termos (fls. 857): "Sem estar de posse da documentação exigida, pelos motivos expostos, ou seja, sua dependência junto a terceiros e as conseqüentes dificuldades na obtenção dos mesmos, mormente a Corretora Fator Dória e Instituições Financeiras, o Recorrente consignou a impossibilidade no preenchimento do resumo de apuração de ganhos de renda variável. A Fiscalização utilizandose de dispositivos legais e ainda de própria autorização do Recorrente, autorização esta omitida no termo em questão, elaborou requisições as instituições financeiras UNIBANCO, BANESPA, Banco baú e Fator Dória Atherino S/A — Corretora de Valores. Os extratos foram apresentados pelas referidas instituições financeiras, ressaltandose que como exposto no auto de infração, a Corretora Fator Dona Atherino sustentou que não estava apresentando toda documentação, necessitando de maior prazo, fato este que justifica as dificuldades apresentadas pelo Recorrente em suas manifestações. Importante ressaltar que antes da expedição de requisição da Fiscalização à referida Corretora, ou seja, logo que instado a apresentar os documentos em questão, o Recorrente prontamente apresentou cópias das notas de corretagem que conseguiu obter envolvendo as transações realizadas junto à referida Corretora de valores FATOR DORIA ATHERINO S/A., ressaltando por ocasião da apresentação, que não podia afirmar com plena certeza se as notas apresentadas eram ou não referentes a todas as transações ocorridas nos referidos exercícios, considerando que referida corretora fundiuse com outra, fato que implica em conseqüentemente dificuldade na localização dos documentos pela empresa sucessora. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 947 23 O Recorrente considerou ainda que não dispunha de qualquer documentação que pudesse servir ou dar elementos para a relação solicitada com a posição das participações societárias — ações, discriminadas separadamente por tipo, nome/especificação e CNPJ da pessoa jurídica, quantidade e valores, existentes em seu nome em 31/12/1998 (saldo/estoque inicial), em 31/12/1999 (saldo/estoque inicial/final) e em 31/12/2000 (saldo/estoque final), tendo, porém, para atendimento da intimação em questão solicitado à Corretora FATOR DORIA ATHERINO mediante notificação através de carta com aviso de recebimento na data de 05 de outubro de 2.004, conforme comprovado documentalmente, informando inclusive que a solicitação em questão decorria da fiscalização em questão, não tendo recebido qualquer resposta. Em conseqüência do informado acima, foi sustentado que dependia do atendimento da FATOR DORIA ATHERINO ao conteúdo da solicitação/notificação endereçada à mesma para apresentar a documentação hábil e idônea comprobatória dos saldos/estoques das participações societárias e dos investimentos em 31/12/1998, 31/12/1999 e em 31/12/2000. Importante consignar que para apresentar as apurações corretas, necessitaria das operações dos exercícios anteriores a 1.999, para definição de resultado das operações apresentadas nos exercícios de 1.999 e 2.000, razão pela qual o Recorrente inclusive solicitou cópias das ordens de compra e venda de ações do período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 1.998, conforme comprovado documentalmente, através da referida notificação endereçada a FATOR DORIA ATHERINO, representada pelo doc. 01 acostado com a resposta dada a intimação fiscal n o 013. Em suma, impossível se completar um resumo de apuração de ganho sem a existência de notas de compra de datas anteriores a 31 de dezembro de 1.998 eventualmente vendidas nos exercícios de 1.999 e 2.000, o que provavelmente importaria na apuração de um resultado equivocado e distante da realidade. A dificuldade apresentada pelo Recorrente encontrase comprovada com a dificuldade encontrada pelo Ilustre Auditor Fiscal que dispondo de meios legais valiosos não conseguiu obter a documentação na totalidade, conforme reportado pelo mesmo, tendo inclusive deixado de apresentar qualquer trabalho no tocante as referidas notas de corretagem, fato este que inclusive denuncia a não conclusão dos trabalhos de fiscalização realizados. Vale dizer, o auto de infração restou inconcluso, ante a falia de apuração das transações realizadas com a citada corretora Fator Dona, portanto incompleto, o que por si só macula o ato. Em outras palavras, o Sr. Auditor Fiscal no afã de concluir seu trabalho, deixa de apurar fatos que em contrapartida (sic), inclusive serviram para justificar a absurda multa imposta." Fl. 958DF CARF MF 24 A imposição da multa foi justificada pela Autoridade Lançadora por meio de relatório fiscal minudente, onde demonstrou a situação fática ocorrida durante o desenvolvimento da ação fiscal, inclusive trazendo aos autos, informações do envolvimento do sujeito passivo com operações financeiras objeto de processos judiciais com vistas a apurar crimes de "lavagem de dinheiro" (TVF, fls. 25/33). Em acréscimo, o Auditor Fiscal alega (fls 44): 23 A multa de ofício qualificada, aplicada ao presente caso, está definida no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96, e será de 150% sobre a totalidade do Imposto de Renda, a ser apurado no Auto de Infração, em função do evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71. 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, pelos seguintes motivos: O contribuinte nos anoscalendário 1999 e 2000, remeteu à corretora Fator Dória Atherino S/A valores equivalentes a R$ 406.503,56 e R$ 803.689,27, respectivamente, em função de aquisição de ativos financeiros ações (fls. 505 e 506). No mesmos períodos, recebeu da corretora, respectivamente, R$ 538.746,84 e 254.836,92, em virtude da venda de parte dos ativos financeiros. 23.3 Além de não ter preenchido o Resumo de Apuração dos Ganhos Renda Variável na época em que confeccionara suas Declarações de Ajuste Anual Imposto de Renda Pessoa Física exercícios 2000 e 2001 (que estava obrigado em função das operações realizadas e intermediadas pela corretora), o contribuinte deixou de declarar os saldos de seus ativos financeiros, conforme se depreende dos demonstrativos remetidos pela corretora à Fiscalização (fls. 502 a 504), em confronto com os valores declarados pelo fiscalizado (fls. 653 e 656): Ações Saldo em 31/12 de Demonstrativo da Fator Dória corretora Informação da DIRPF bens/direitos Petrobrás 1998 200.000 0 Telebrás 1998 600.000 0 Aracruz 2000 24.000 24.000 Célese 2000 500.000 0 Cemig 2000 4.500.000 4.500 23.4 Não é só em relação às participações societárias (operações de compra e venda e saldos)que o contribuinte omite informações. Saldos de valores expressivos de aplicações financeiras,mantidas nos bancos Itaú (fls. 135 a 142Ve Unibanco (fls. 145 a 148), também não foramdiscriminadas nas relações de bens e direitos, constantes das Declarações de Ajuste Anual Imposto de Renda Pessoa Física exercícios 1999 a 2001, anoscalendário 1998 a 2000,conforme demonstrativo abaixo: Saldos Ativos financeiros Saldos em 31/12 de Informes Rendimentos Financeiros ITAÚ Saldos declarados nas relações de bens e direitos DIRPFs contas correntes 1998 112,71 0,00 poupanças 1998 10.593,60 83.741,12 Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 948 25 aplicações/investimentos 1998 56.296,11 0,00 Totais dos saldos 1998 67.002,42 83.741,12 contas correntes 1999 29.492,67 622,97 poupanças 1999 11.913,54 0,00 aplicações/investimentos 1999 11.768,50 11.768,50 Totais dos saldos 1999 53.174,71 12.391,47 contas correntes 2000 8,79 8,32 Poupanças 2000 13.359,86 0,00 aplicações/investimentos 2000 59.937,69 4.382,49 Totais dos saldos 2000 73.306,34 4.390,81 Saldos Ativos financeiros Saldos em 31/12 de Informes Rendimentos Financeiros — ITAÚ Saldos declarados nas relações de bens e direitos DIRPFs Totais dos saldos 1998 67.002,42 83.741,12 Totais dos saldos 1999 53.174,71 12.391,47 Totais dos saldos 2000 73.306,34 4.390,81 Soma dos três anos 193.483,47 100.523,40 (...) Diante das informações acima, não é razoável supor que o fiscalizado, pessoa que operou valores expressivos na Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo, no mercado à vista, com compra e venda de ações, e ainda, acostumado às aplicações financeiras e investimentos mantidos em instituições financeiras, também em valores relevantes, tenha, inadvertidamente, se equivocado em suas Declarações de Ajuste Anual IRPF, por três exercícios consecutivos. Há imensa discrepância entre os rendimentos tributáveis declarados (R$ 32.400,00 trinta e dois mil e quatrocentos reais soma dos três anoscalendário) e o que restou evidenciado como rendimentos omitidos no período fiscalizado 0998 a 2000 R$ 4.883.512,94). 23.10Portanto, são fortes as evidências que atestam ter o contribuinte a intenção de,conscientemente, cometer a fraude, caracterizando o dolo: relevância de valores omitidos ereincidência de conduta, restando comprovado a absoluta impossibilidade de mero equívoco, dosimples erro material de pequena monta. As cópias das Declarações de Ajuste Anual IRPF exercícios 2000 e 2001, anoscalendário 1999 e 2000, encontramse às fls. 651 a 656." Recordemos o texto legal, vigente à época da autuação, no tocante a aplicação da multa qualificada: "Art.44.Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de Fl. 960DF CARF MF 26 declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis (...)" (destaquei) Recordemos o texto dos artigos mencionados da Lei 4.502/64: "Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72." (negritei) Mister perquirirmos os conceitos mencionados na legislação, para a correta interpretação da norma e da aplicação do caso concreto ao seus comandos. O dolo, leciona Luiz Regis Prado (Curso de Direito Penal Brasileiro, 6ª ed. Ed. Revista dos Tribunais, p. 113), se observa quando "(...) age dolosamente o agente que conhece e quer a realização dos elementos da situação fática ou objetiva, sejam descritivos, sejam normativos, que integram o tipo legal do delito." (negritamos) Transportando para a seara tributária, podemos dizer que age dolosamente o contribuinte que conhecendo a incidência tributária, sabendo que determinada conduta enseja o fato gerador, dela procura se afastar, não com vista a não praticar o fato ensejador da incidência, mas sim, buscando de alguma forma, se escusar ao cumprimento da obrigação tributária. Nesse sentido a dicção da Lei nº 4.502/64, que conceitua fraude como sendo toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador ou a reduzir as suas características essenciais de modo a reduzir o montante do tributo devido. Já a sonegação, nos dizeres legais, é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10840.003842/200417 Acórdão n.º 2201003.632 S2C2T1 Fl. 949 27 da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte ou do crédito tributário. Claro resta que a intenção do agente, do contribuinte é determinante para caracterização da fraude e da sonegação nos termos da Lei nº 4.502/64. E mais, deve ser provada pela Fisco. Mas como a Autoridade Fiscal pode verificar a intenção do contribuinte, se a verificação do cumprimento das obrigações tributárias é realizada, praticamente sempre, tempos após o surgimento dessas obrigações? Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ªed., Saraiva, pág. 790), ensina que sonegação, nos dizeres da Lei 4.502, pressupõe: "falsidade: nesses casos, o que se pune não é o não pagamento, mas a declaração falsa, a omissão de informação ou declaração, (...) No tocante à fraude, a lição de Vasco Branco Guimarães, reproduzida por Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 15ª ed., Livraria do Advogado Editora, p. 1117), nos auxilia: "A fraude fiscal pode ser definida como a conduta ilegítima tipificada que visa a obtenção indevida de vantagem mediante: não liquidação, entrega ou pagamento de prestação tributária; aquisição de benefício fiscal indevido; aquisição de qualquer outra vantagem patrimonial à custa de receitas tributárias" Ora, patente no relatório fiscal que as condutas do Recorrente visavam, por meio de declarações falsas, ou declarações com omissão de informações, impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador ou reduzir suas condições essenciais com vista a obtenção de vantagem por meio da postergação ou não pagamento do tributo devido. Sem número de situações foram comprovadas pelo Fisco quanto às condutas, as mais diversas, desde a ocultação de sua atividade econômica e remessa de valores para o exterior, até a simples omissão de bens e valores de suas declarações por anos consecutivos, contribuíram para o convencimento deste julgador da ocorrência das condições legais ensejadoras da qualificação da multa de ofício. Acertada a decisão de piso (item 115, fls. 826), que mantém a qualificadora da multa de ofício em face da conduta dolosa de sonegação e fraude praticada pelo Recorrente. Recurso voluntário negado também nessa parte. CONCLUSÃO Por todo o exposto, e com base nos fundamentos apresentados, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares e no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Fl. 962DF CARF MF 28 Relator Carlos Henrique de Oliveira Fl. 963DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.939971/2011-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 13/06/2003
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA DE MORA.
Quando o contribuinte efetua o pagamento do tributo, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, a multa moratória deve ser excluída em razão da denúncia espontânea.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3301-003.602
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. Recorrente CIA. DE CIMENTO ITAMBÉ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 13/06/2003 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA DE MORA. Quando o contribuinte efetua o pagamento do tributo, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, a multa moratória deve ser excluída em razão da denúncia espontânea. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade apresentada em face de despacho decisório que não homologou a compensação do débito declarado pelo contribuinte, sob o fundamento de falta do direito creditório apontado, tendo em vista que constava do sistema da Receita Federal do Brasil a informação de que o referido crédito já havido sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 99 71 /2 01 1- 70 Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 3 2 O contribuinte alega em sua manifestação que o seu direito creditório decorreria da multa de mora que teria recolhido indevidamente, tendo em vista o pagamento de tributo pago espontaneamente, nos termos do art. 138 do CTN. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 14048.808. Para que melhor se compreenda a conclusão a que chegou a DRJ, transcreve se a seguir parte do voto proferido pelo Relator da decisão recorrida: "O presente Despacho Denegatório denegou a restituição do IPI porque o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte. Portanto, independentemente do direito creditório invocado ser líquido e certo, ou não, tal matéria reputase incontroversa, ao teor do disposto no Decreto n° 70.235 (PAF), de 1972, art. 17: Art. 17 Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Quanto ao mérito, O débito fora recolhido/compensado em atraso e a manifestante entende que a multa de mora não deve ser aplicada, em virtude de denúncia espontânea a que alude o Código Tributário Nacional CTN, art. 138. Cingese a controvérsia a esse ponto. (...) Logo, a defesa não tem razão quando, invocando o art. 138 do CTN, pretende eximirse do acréscimo da multa moratória, legalmente definida, incidente sobre tributos em atraso na extinção do crédito tributário por meio de compensação. O instituto da denúncia espontânea exclui, tão somente, a responsabilidade por infrações, o que significa afastar as penalidades aplicáveis ao contribuinte infrator que agiu espontaneamente. Contudo, como a multa de mora não tem natureza jurídica de sanção ou penalidade, e sim de indenização pelo atraso no pagamento, não cabe a exclusão de sua exigência nos casos de denúncia espontânea." Inconformado, o contribuinte apresentou tempestivamente recurso voluntário, através do qual repisa os argumentos constantes da sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.445, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.939964/201178, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.445): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Como se denota do exposto acima, resta incontroverso nos autos que houve denúncia espontânea por parte do contribuinte. O que se discute, então, é se a denúncia espontânea teria o condão de afastar a exigência da multa de mora ou não. Entendeu a DRJ que não. Defende o contribuinte que sim. Neste ponto, entendo que assiste razão ao contribuinte. Como é cediço, acerca da denúncia espontânea, o art. 138 do Código Tributário Nacional expressamente dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medido de fiscalização, relacionados com a infração. Da análise de dito dispositivo legal extraise que há duas condições para que a denúncia espontânea seja reconhecida: (i) que esta seja acompanhada do pagamento do tributo; (ii) que ela se dê antes do início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização relacionados com a infração. No caso dos presentes autos, constatase que ambas as condições acima dispostas foram observadas pelo contribuinte, visto que a DCTF em que o contribuinte reconheceu o débito em questão foi transmitida em 15/09/2005 e o recolhimento do tributo já havia sido realizado desde 20/05/2004, ou seja, antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte da Receita Federal. Tanto que não houve qualquer argumentação por parte da DRJ no sentido de que a denúncia espontânea não teria ocorrido. Os fundamentos da decisão recorrida concentraramse no fato de que a multa de mora seria devida ainda que configurada a denúncia espontânea. Logo, resta caracterizada de forma inconteste a denúncia espontânea neste caso concreto, inclusive nos moldes da decisão do Superior Tribunal de Justiça abaixo transcrita, submetida ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, cuja aplicação deve ser observada por este Conselho: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 5 4 respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 1149022/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/06/2010, DJe 24/06/2010) (Grifos apostos). Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 6 5 Nesse contexto, ao contrário do que entendeu a DRJ, entendo que a multa de mora deverá ser afastada sempre que identificada a denúncia espontânea, nos moldes do que determina o art. 138 do CTN, a qual restou devidamente configurada no caso concreto ora analisado. Por oportuno não é demais trazer à baila decisão proferida por este Conselho Administrativo Fiscal em 19/01/2016, por meio da qual afasta a imposição de multa de mora em caso de denúncia espontânea: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO COM JUROS DE MORA. INEXIGIBILIDADE DE MULTA DE MORA. RESTITUIÇÃO. Quando o contribuinte efetua o pagamento do tributo, depois de vencido, mas antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização por parte do Fisco, acrescido dos juros de mora, surge o direito de restituição, até o limite dos pagamentos comprovados, pois a multa moratória deve ser excluída pela denúncia espontânea. (Processo n° 10980.010765/200538 Acórdão n° 1201001.269). Com base nos fundamentos acima expostos, entendo que merece reforma a decisão de primeira instância administrativa em sua fundamentação, para fins de reconhecer a necessidade de se afastar a cobrança da multa de mora imposta quando constatada a denúncia espontânea. Ultrapassado este ponto, há de ser analisado, então, o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: O presente Despacho Denegatório denegou a restituição do IPI porque o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte. Portanto, independentemente do direito creditório invocado ser líquido e certo, ou não, tal matéria reputase incontroversa, ao teor do disposto no Decreto n° 70.235 (PAF), de 1972, art. 17: Art. 17 Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Em outras palavras, entendeu a DRJ que, ainda que se concluísse pela liquidez e certeza do direito creditório do contribuinte, não haveria como deferir a compensação pleiteada, uma vez que o débito já teria sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte, e que este último não teria se insurgido quanto a tal argumento, tornandoo incontroverso. Novamente, discordo da conclusão a que chegou a DRJ. Isso porque, entendo que o contribuinte insurgiuse desde a sua manifestação de inconformidade quanto ao argumento do despacho decisório de que o débito já teria sido utilizado integralmente para a quitação de outros débitos do contribuinte. É o que se infere da passagem a seguir, extraída daquela peça recursal: Nesse contexto, a Recorrente transmitiu o Pedido Eletrônico de Restituição ora em discussão, com a finalidade específica de ter restituída a multa moratória paga por ocasião do recolhimento em atraso do IPI do 2o Decêndio de Julho/1999. Fl. 70DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 7 6 Conforme se observa da DCTF anexa (doc. 05), para o referido período a Empresa apurou o imposto devido na ordem de R$ 125.557,13, utilizando para a sua quitação dois DARFs, nas quantias de R$ 91.521,37 e R$ 34.035,76. Especificamente em relação ao segundo DARF, a Contribuinte promoveu o seu recolhimento após o vencimento da obrigação, fazendoo no total de R$ 69.579,30. Esse valor pode ser discriminado da seguinte maneira: Valor do Principal: R$ 34.035,76 Valor da Multa: RS 6.807,15 Valor dos Juros: R$ 28.736,39 Ocorre que, como tal pagamento foi realizado espontaneamente pela Recorrente, a mesma faz jus à devolução da multa dc mora, exatamente o direito creditório pleiteado neste pedido de restituição. In casu, a exclusão da multa de mora com a sua restituição à Contribuinte é mera conseqüência da denúncia espontânea havida com o pagamento do débito antes de qualquer procedimento fiscalizatório e anteriormente à retificação da DCTF para a inclusão do DARF indicado no pedido de restituição. E isso, independentemente do montante declarado em DCTF estar integralmente alocado para a quitação do tributo, na medida em que o "Valor Pago do Débito" corresponde ao valor do tributo apurado, o qual foi devidamente acompanhado dos juros legais exigidos. Ao não observar essas particularidades que circunscrevem à hipótese, o despacho decisório olvidouse da natureza do crédito pleiteado multa decorrente de pagamento espontâneo , bem como do fato de que todos os requisitos exigidos no artigo 138, do Código Tributário Nacional (CTN) foram cumpridos pela Recorrente, impondose o de ferimento da restituição pretendida. De fato, o pagamento do DARF foi realizado em 13/06/2003, sendo que a DCTFRetificadora foi transmitida somente em 15/09/2005, não havendo como se questionar a espontaneidade do recolhimento. Assim sendo, ao indeferir o PER/DCOMP objeto do presente processo, decisório ora recorrido afastouse do melhor entendimento doutrinário e jurisprudencial a respeito da matéria, segundo o qual nenhuma penalidade é devida nos casos de denúncia espontânea. Com efeito, o artigo 138, do CTN, dispensa o pagamento de multa seja ela qual for, em casos de denúncia espontânea apresentada antes do início de qualquer procedimento administrativo. De fato, houve o recolhimento do montante de R$ 69.579,30 para a quitação do débito em questão. Acontece que, conforme esclareceu o contribuinte, o recolhimento deuse com o acréscimo de juros e multa de mora, quando deveria incidir na hipótese apenas os juros, em razão da denúncia espontânea. E o valor do crédito pleiteado (R$ 6.807,15) corresponde com exatidão ao montante da Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10980.939971/201170 Acórdão n.º 3301003.602 S3C3T1 Fl. 8 7 multa de mora paga indevidamente pelo contribuinte, consoante se extrai do DARF anexado aos autos. Sendo assim, diante da denúncia espontânea constatada no caso em epígrafe, entendo que deverá ser reconhecido o direito creditório do contribuinte no importe de R$ 6.807,15, com a consequente homologação da compensação apresentada. Da conclusão Diante do acima exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de, reconhecendo o direito do contribuinte ao afastamento da multa de mora quando constatada a denúncia espontânea, reconhecer o direito creditório pleiteado e, em consequência, determinar a homologação da compensação apresentada, no limite do direito creditório reconhecido." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo constatouse as condições para que a denúncia espontânea seja reconhecida, sendo que o recolhimento do montante para a quitação do débito em questão foi anterior à retificação da DCTF, e deuse com o acréscimo de juros e multa de mora, quando deveria incidir na hipótese apenas os juros, em razão da denúncia espontânea. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de, reconhecendo o direito do contribuinte ao afastamento da multa de mora quando constatada a denúncia espontânea, reconhecer o direito creditório pleiteado e, em conseqüência, determinar a homologação da compensação apresentada, no limite do direito creditório reconhecido. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 72DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721172/2013-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012
DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO PELO FISCO.
De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a sua constituição, sendo descabido o ato formal de lançamento pela autoridade administrativa quanto aos valores depositados.
Numero da decisão: 1302-002.108
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO PELO FISCO. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a sua constituição, sendo descabido o ato formal de lançamento pela autoridade administrativa quanto aos valores depositados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1527; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 497 1 496 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.721172/201309 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 1302002.108 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 12 de abril de 2017 Matéria IRPJ. DEPÓSITOS JUDICIAIS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MERRIL LYNCH S/A CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESNECESSIDADE DE LANÇAMENTO PELO FISCO. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a sua constituição, sendo descabido o ato formal de lançamento pela autoridade administrativa quanto aos valores depositados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 11 72 /2 01 3- 09 Fl. 497DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 498 2 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto em face do Acórdão nº 1539.774, de 20/04/2016, pela 2ª Turma da DRJ Salvador, que julgou procedente a impugnação apresentada por MERRIL LYNCH S/A CORRETORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, em face do lançamento de IRPJ e exonerou o crédito tributário lançado no montante de R$10.332.151,90. O lançamento referese a exigência de IRPJ devido nos anoscalendário 2009 a 2012, informados nas DCTF com exigibilidade suspensa em face de depósito judicial, tendo em vista ação judicial em que o contribuinte discute judicialmente a dedução da CSLL da base de cálculo do IRPJ. A interessada foi cientificada da autuação e apresentou impugnação tempestiva, cujas alegações foram descritas no acórdão recorrido, verbis: Às fls. 23 a 37, a pessoa jurídica apresentou impugnação ao Auto de Infração de IRPJ, alegando, em resumo, que: em relação aos fatos, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal (TVF), o pretenso crédito tributário foi lançado com a exigibilidade suspensa apenas para prevenir a decadência, em razão de depósitos judiciais realizados nos autos do Mandado de Segurança (MS) nº 2001.61.00.0293677, impetrado com o objetivo de discutir a dedutibilidade da CSLL da base de cálculo do IRPJ e da própria CSLL. Ou seja, a própria Fiscalização reconhece a existência de causa suspensiva da exigibilidade do crédito tributário ora cobrado, consubstanciada em seu depósito integral, vinculada ao MS; ainda segundo o TVF, o IRPJ ora exigido corresponde aos valores depositados em juízo, conforme se depreende da planilha (reproduz) elaborada pela própria autoridade fiscal, constatandose que o lançamento corresponde justamente às parcelas das estimativas mensais de IRPJ (código 231901) cuja exigibilidade permanece suspensa, conforme também manifestado pela autoridade fiscal no Auto de Infração, conforme trechos que transcreve; a Fiscalização sequer procedeu à verificação de eventual base de cálculo tributável pelo IRPJ no respectivo ajuste anual, o que, de antemão, denota a insubsistência da autuação em debate. Não obstante a discussão judicial da possibilidade de dedução da CSLL da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que não se discute nesta defesa, a autuação não merece subsistir, pois, conforme será demonstrado adiante: (i) o lançamento viola a Súmula CARF nº 82, que impede que a autoridade fiscal lance estimativas mensais do IRPJ; (ii) o crédito tributário já foi, prévia e definitivamente, constituído via declaração em DCTF, bem como mediante depósitos judiciais correlatos, dispensando a sua constituição de ofício; (iii) ad argumentandum, são inaplicáveis os juros de mora, tendo em vista a suspensão da exigibilidade do crédito tributário quando de sua constituição, nos termos preconizados pela Súmula CARF nº 05; preliminarmente, a impugnação afigurase cabível e merece ser conhecida, pois trata de matéria diferente daquela sujeita à alçada do Poder Fl. 498DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 499 3 Judiciário, nos autos do MS referido anteriormente. Nos casos em que a matéria discutida no processo administrativo não seja abordada na esfera judicial, ainda que decorrente dessa, não há que se falar em renúncia à esfera administrativa. Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 1 do CARF (transcreve). Desse modo, considerando que a matéria impugnada em nada se identifica com aquela arguida no MS, impõese o conhecimento da presente impugnação, para que seja julgada procedente; no mérito, de pronto, cabe o imediato cancelamento do Auto de Infração, uma vez que os valores lançados se referem a estimativas mensais do IRPJ, em clara afronta à Súmula CARF nº 82. De acordo com o já exposto, o crédito tributário foi exigido em razão dos depósitos judiciais efetuados pela Impugnante no citado MS, com o objetivo de prevenir a decadência. A ação da autoridade fiscal para a apuração dos débitos supostamente devidos, referentes aos anoscalendário de 2009, 2010, 2011 e 2012, restringiuse à simples tomada dos valores depositados em juízo, como se estes não fossem passíveis de qualquer verificação ou reparo; nos termos da Súmula CARF nº 82 (transcreve), é pacífico o entendimento de que não cabe o lançamento de estimativas mensais após o encerramento do respectivo período de apuração. E nem poderia ser outro o entendimento firmado, visto que os valores recolhidos a título de estimativas mensais não se referem aos tributos efetivamente devidos, mas correspondem à mera sistemática de arrecadação criada pelo legislador no intuito de aperfeiçoar a apuração do IRPJ e da CSLL, sendo que o verdadeiro quantum devido a título de IRPJ e CSLL somente é apurado ao final do anocalendário. Tanto é assim que o recolhimento das estimativas não tem o condão de extinguir o crédito tributário, uma vez que este somente será efetivamente apurado após a realização do ajuste ao fim do exercício; · nesse sentido, transcreve os artigos 15 e 16 da IN SRF nº 93, de 24/12/1997. Assim, ao final de cada anocalendário, surge o dever referente ao ajuste anual, obrigação que absorve o dever de recolhimento de estimativas, razão que torna sua exigência descabida. Considerando que o lançamento efetuado corresponde à cobrança de estimativas de IRPJ referentes a períodos de apuração já encerrados, deve ser cancelado o Auto de Infração, em observância à Súmula CARF nº 82; a autoridade fiscal efetuou o lançamento ora guerreado com base nas DCTF, nas quais foram declarados depósitos judiciais de IRPJ efetuados pela Impugnante, nos autos do MS nº 2001.61.00.0293677. Ora, uma vez declarado em DCTF, é fato que se encontra definitivamente constituído o crédito tributário, conforme Súmula nº 436 do STJ (transcreve), muito antes da lavratura do Auto de Infração, nos termos do art. 5º, §1º do DecretoLei nº 2.124/84 (transcreve). Dessa forma, já tendo sido o débito objeto do Auto de Infração constituído por ocasião de sua declaração em DCTF, na forma do lançamento por homologação, afigurase incabível o seu lançamento de ofício, conforme entendimento manso e pacífico firmado pelo CARF (transcreve ementas de acórdãos); ainda que se entenda que a declaração na DCTF não seria suficiente para constituir o crédito tributário, descabe a autuação em tela também em razão de depósitos judiciais do pretenso débito nos autos do referido MS, o que também implica a constituição do crédito tributário, tal como entende o STJ (transcreve excertos de julgados do STJ). Portanto, não somente em função da declaração em DCTF, mas também pela realização de depósitos judiciais, resta evidente que o lançamento do débito em discussão ocorrera antes da lavratura do Auto de Infração, fato este que o torna nulo e reclama seu cancelamento, sob pena de se admitir Fl. 499DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 500 4 duplicidade de lançamento/constituição de crédito tributário, o que não se cogita. Salientese que, caso a decisão do MS seja desfavorável à Impugnante, os depósitos judiciais serão convertidos em renda da União, configurando efetivo recolhimento dos tributos ora debatidos. Em vista do exposto, inarredável a conclusão de crédito tributário constituído em duplicidade, pelo que se impõe a exoneração do Auto de Infração em tela; a Impugnante ainda demonstra a necessidade de revisão do lançamento, pela indevida aplicação de juros de mora, tendo em vista a existência de depósito judicial em montante integral, que suspende a exigibilidade dos pretensos débitos, nos termos do art. 151, II, do CTN. Enquanto tramitar o MS com o respectivo depósito judicial da integralidade do saldo dos pretensos débitos, fica afastada a incidência dos juros de mora, uma vez que sobre o valor depositado judicialmente já incide a taxa SELIC, sendo certo que o total encontrase disponível na conta única da União, nos termos do art. 1º, §3º, inciso I, da Lei nº 9.703/98 e art. 39, §4º, da Lei nº 9.250/95 (transcreve). Nesse sentido, ainda que ao final do MS, a Impugnante tenha seu pleito denegado, os valores depositados, já corrigidos pela SELIC, estarão aptos à conversão em renda da União, com os devidos acréscimos moratórios; o próprio CARF firmou entendimento pela impossibilidade da incidência de juros moratórios na constituição do crédito tributário quando há depósito judicial (transcreve ementas de acórdãos). E depositando uma pá de cal sobre o tema, o CARF editou a Súmula nº 5 (transcreve), que reconhece a não incidência de juros de mora sobre o crédito tributário cujo montante integral está depositado judicialmente; por todo o exposto, pugnase pela procedência da impugnação, tendo em vista a violação da Súmula CARF nº 82, bem como a pretensa constituição de crédito tributário em duplicidade, em face da prévia constituição em DCTF e depósitos judiciais, pela autoridade fiscal. Subsidiariamente, há de ser excluída a rubrica de juros de mora, em vista da existência de depósitos judiciais integrais, nos termos da Súmula nº 5 do CARF. Juntamente com a impugnação, a Interessada trouxe aos autos os documentos de fls. 38 a 416. O colegiado de primeiro grau acolheu integralmente a impugnação e cancelou a exigência, conforme sintetizado na ementa do acórdão recorrido, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 NULIDADE. Descabe a arguição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo e em consonância com a legislação vigente. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011, 2012 LANÇAMENTO DE OFÍCIO DE ESTIMATIVAS. INOCORRÊNCIA. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 501 5 Resta confirmado nos autos que não ocorreu o lançamento dos valores de estimativas mensais não recolhidas, hipótese esta vedada pela legislação de regência que, nesses casos, determina apenas o lançamento da multa de ofício sobre tais valores ou, quando a falta de recolhimento for verificada após o término do anocalendário, também o lançamento do imposto apurado em 31 de dezembro, com os acréscimos legais que couberem. ESTIMATIVAS MENSAIS. ANTECIPAÇÃO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. FALTA DE DECLARAÇÃO EM DCTF ANUAL. DÉBITO NÃO CONFESSADO. Tendo em vista que os valores das estimativas são meras antecipações do tributo, e não tributos efetivamente devidos, sua declaração em DCTF mensais não implica constituição do crédito tributário correspondente, cujo montante definitivo somente é apurado ao final do anocalendário e, quando declarado em DCTF anual, considerado como confissão de dívida. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2009, 2010, 2011,2012 DEPÓSITO JUDICIAL. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESCABIMENTO DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. No caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o depósito judicial do montante integral do crédito tributário tem o condão de suspender sua exigibilidade e, se a Fazenda Pública não faz restrições quanto à integralidade do depósito, aceita, expressa ou tacitamente, o valor indicado pelo contribuinte, caracterizando a homologação, nos termos previstos no art. 150, § 4º, do CTN, sendo que as declarações prestadas na guia do depósito prestamse à constituição do respectivo crédito tributário, não havendo mais que se falar em transcurso do prazo decadencial e, via de consequência, em lançamento de ofício para prevenir a decadência. O colegiado recorrido, considerou insubsistente o lançamento realizado para prevenir a decadência, uma vez que os depósitos judiciais equivalem, consoante a jurisprudência do STJ e pareceres da PGFN e Solução de Consulta Interna da Cosit, ao lançamento por homologação, e constituem confissão de dívida, dispensando a realização de lançamento para prevenir a decadência. Como a exoneração de crédito tributário superou o limite de alçada fixado pelo Ministro da Fazenda, a Turma Julgadora recorreu de ofício a este Colegiado. É o Relatório. Fl. 501DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 502 6 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator Quanto à admissibilidade do recurso de ofício, cumpre observar que os valores correspondentes a tributo e multa exonerados em primeira instância superam o limite estabelecido pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. Portanto, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. Passo ao reexame da decisão recorrida. O colegiado a quo cancelou o lançamento sob o entendimento de que é desnecessária a realização do lançamento para prevenir a decadência na hipótese em que o contribuinte efetua depósito integral do crédito exigido antes da realização do lançamento. Após discorrer longamente sobre a doutrina e jurisprudência e o entendimento administrativo trazido no Parecer PGFN/CAT nº 456/2011 e na Solução de Consulta Interna nº 3 Cosit, de 03/03/2016, assim dispõe o voto condutor do acórdão em suas conclusões: Diante dos fatos acima narrados e apreciados, configurase despropositado o lançamento tributário ora em análise, ainda que desacompanhado da multa de ofício e sob a égide de prevenção da decadência, tendo em vista as razões enumeradas a seguir: 1) o artigo 63 da Lei nº 9.430, de 1996, que dispõe sobre “a constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência”, aplicase, tãosomente, às situações previstas nos incisos IV e V do artigo 151 do CTN, quais sejam a concessão de medida liminar em mandado de segurança e a concessão de medida liminar ou tutela antecipada em outras espécies de ação judicial, não havendo previsão legal de lançamento de ofício para prevenir a decadência no caso de crédito tributário suspenso em função do depósito de seu montante integral; 2) quando o contribuinte discute a exação, no caso de tributo sujeito ao lançamento por homologação, como é o IRPJ, as declarações prestadas na guia de depósito judicial – aprovada pela IN SRF nº 421, de 2004, que dispõe sobre os Depósitos Judiciais e Extrajudiciais referentes a tributos e contribuições federais administrados pela RFB –, identificando todos os aspectos da obrigação tributária e quantificandoa monetariamente, prestamse à constituição do crédito tributário, caracterizando confissão de dívida, o que equivale, exemplificativamente, à entrega da DCTF, não havendo mais que se cogitar a hipótese de decadência; 3) efetivado o depósito judicial integral do montante controverso, vinculado às declarações obrigatoriamente prestadas pelo contribuinte, resta suspensa a exigibilidade do crédito tributário, configurandose procedimento equiparável ao lançamento por homologação (art. 150 do CTN), com a diferença de que o sujeito passivo, embora tenha calculado o valor do tributo, deixou de efetuar o pagamento antecipado, em face de discordar do referido valor, optando por depositálo judicialmente; 4) avaliando o montante depositado, poderia a autoridade fiscal manifestarse a respeito de sua integralidade, se considerasse o depósito em valor inferior ao efetivamente devido e poderia, inclusive, ter lançado de ofício diferenças porventura encontradas – como, por exemplo, na hipótese de depósito realizado após a data do Fl. 502DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 503 7 vencimento do tributo, sem multa e juros de mora –, desde que observado, aí sim, o prazo decadencial. Isso não veio a ocorrer no presente caso, tendo o Fisco, portanto, acatado o valor do tributo apontado pelo contribuinte para efeito de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, o que corresponde à homologação do lançamento, no prazo e nas condições estabelecidos no § 4º do artigo 150 do CTN. 5) caso a ação judicial seja decidida favoravelmente à Fazenda Pública, o depósito será convertido em renda e haverá a extinção do respectivo crédito tributário, nos termos do artigo 156, inciso VI, do CTN, evidenciando não só a desnecessidade do lançamento levado a efeito como também sua completa redundância. A análise da solicitação, subsidiária, feita pela Impugnante, para que seja afastada a incidência dos juros de mora, resta prejudicada, uma vez que o lançamento foi considerado insubsistente. Entendo que o recurso deve ser improvido, sendo suficiente repisar alguns dos fundamentos trazidos no acórdão recorrido. Com efeito, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica quanto aos efeitos constitutivos do crédito tributário em face da iniciativa do contribuinte de efetuar o depósito integral do crédito tributário discutido em juízo e ao descabimento do lançamento por parte do Fisco para prevenir a decadência, conforme julgado recente, verbis: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL DA DÍVIDA. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ART. 151, II, DO CTN. PRAZO DECADENCIAL PARA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL. DISPENSA DO ATO FORMAL DE LANÇAMENTO. DECADÊNCIA NÃO CONFIGURADA. SUMULA 83/STJ. 1. Tribunal a quo julgou improcedente a apelação e não reconheceu a decadência quanto aos depósitos efetuados para discutir a exigibilidade de tributo relativo ao período anterior a 23/04/2007. 2. É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido de que, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o contribuinte, ao realizar o depósito judicial com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, promove a constituição deste; como resultado, tornase desnecessário o ato formal de lançamento pela autoridade administrativa no que se refere aos valores depositados. 3. O acórdão recorrido está em sintonia com o atual entendimento deste Tribunal Superior, razão pela qual não merece prosperar a irresignação. Incide, in casu, o princípio estabelecido na Súmula 83/STJ: "Não se conhece do Recurso Especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida." 4. Recurso especial não provido. RECURSO ESPECIAL Nº 1.637.092 RS (2016/02870150) RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN Fl. 503DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 504 8 Não obstante tal decisão (exemplificativa) não tenha sido proferida no rito dos chamados Recursos Repetitivos, representa mansa e pacífica jurisprudência do STJ. Tal fato não passou desapercebido dos órgãos fazendários encarregados da constituição e cobrança do crédito tributário, conforme mencionado no acórdão recorrido. Interessante transcrever a parte final do Parecer PGFN/CAT nº 456/2011, mencionada no acórdão recorrido, que ressalta a desnecessidade de qualquer atividade homologatória por parte do Fisco, com vistas à exigir o crédito tributário, ressalvada eventual insuficiência do depósito em face do montante do tributo devido, verbis: [...] Essa sistemática, contudo, sofre alteração quando o contribuinte vai ao Judiciário questionar o crédito tributário e ali realiza o depósito integral do seu montante. É que, nessa situação, o juízo sobre a higidez do crédito objurgado – que caracteriza a atividade da homologação do lançamento – já não mais pertence ao Fisco, mas sim, e por opção do próprio contribuinte, ao Poder Judiciário, tornando inteiramente despicienda qualquer atividade homologatória por parte das autoridades fiscais, às quais, portanto, não se poderá imputar qualquer inércia que dê causa à extinção daquele crédito pela decadência. Poderá, sim, o Fisco vir a sofrer os efeitos da decadência se, constatando embora a insuficiência do depósito, permanecer inerte, eis que, nessa hipótese, para cobrar as diferenças, deverá lançar o tributo dentro do quinquênio decadencial – contado sem qualquer interrupção ou suspensão, como normalmente deve acontecer nos prazos dessa espécie, conforme já dito”. Da mesma forma, a Solução de Consulta Interna Cosit nº 3/2016 traz em suas conclusões os mesmos fundamentos, amparada na jurisprudência do STJ, verbis: [...] Em face do exposto, concluise que: a) o levantamento de (valores do) depósito não tem o condão de desconstituir o crédito tributário correspondente, “não torna írritas as declarações efetuadas pelo contribuinte quando da efetivação dos depósitos” e terá como efeito “apenas o de tornar exigível o crédito”, na linha do Parecer PGFN/CAT/Nº 796/2011; b) descabida a formalização do lançamento pelo Fisco, visto ser desnecessário, em atenção ao princípio da eficiência; c) caso haja levantamento de depósito sob alegação de erro de fato, cumpre à autoridade fiscal aferir a procedência desta alegação; caso pertinente, desnecessária a autuação, haja vista que em situações tais o crédito tributário deve ser cancelado em sede de revisão de ofício; caso a alegação de erro de fato não se sustente, de igual modo não se faz necessário o lançamento, visto não ter sido desconstituído pelo levantamento dos valores; Fl. 504DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 505 9 d) para a hipótese de outra conduta irregular, é cabível a autuação fiscal, a fim de deixar caracterizada, na constituição do crédito tributário, dentre outros requisitos, a descrição do fato e a disposição legal infringida, requisitos contidos no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972. Desta feita, se o depósito judicial representa confissão de dívida de modo irretratável por parte do sujeito passivo, resta devidamente constituído o crédito em favor do Fisco, caso vitorioso na demanda judicial proposta pelo sujeito passivo, sendo incabível a formalização de auto de infração para a exigência do mesmo crédito tributário. Penso que tais razões são suficientes para o cancelamento da exigência, na esteira do entendimento trazido pelo acórdão recorrido. Não obstante, se isto não bastasse, entendo que o lançamento não poderia subsistir por outra razão apontada pela contribuinte em sua impugnação, mas não acolhida pelo colegiado a quo. Entendo que o tributo informado na DCTF, ainda que com exigibilidade suspensa em face do montante integral do crédito tributário, constitui confissão de dívida e pode ser exigido pelo Fisco, independente de qualquer outro procedimento. Irrelevante, ao meu ver, o fato do contribuinte ter indicado na DCTF o código de recolhimento de estimativas mensais. As normas que regem a DCTF são taxativas quanto à possibilidade de encaminhamento para inscrição em dívida ativa dos débitos confessados na DCTF, quando divergência quanto aos valores pagos ou informados com exigibilidade suspensa, sem fazer distinção alguma quanto à natureza de tais débitos (estimativas ou saldo anual do IRPJ). É o que dispunha o artigo 8º, § 1º a IN. RFB 1.110/2010, verbis: Art. 8º Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. § 1º Os saldos a pagar relativos a cada imposto ou contribuição, informados na DCTF, bem assim os valores das diferenças apuradas em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, serão enviados para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), com os acréscimos moratórios devidos. Tal dispositivo foi mantido pela IN. RFB nº 1.258, de 13 de março de 2012. Assim, tendo o contribuinte declarado os débítos com exigibilidade suspensa em sua DCTF, independentemente de ter comprovadamente depositado em juízo os valores devidos, já seria motivo suficiente para considerar constituído o crédito tributário exigido no auto de infração lavrado.Assim, por mais esta razão não pode subsistir o lançamento efetuado. Ante ao exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 505DF CARF MF Processo nº 16327.721172/201309 Acórdão n.º 1302002.108 S1C3T2 Fl. 506 10 Fl. 506DF CARF MF
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Numero do processo: 11128.727601/2013-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 24/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 24/09/2008
MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração.
2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração.
AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE.
O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 24/09/2008
INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.023
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 24/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea e do inciso IV do artigo 107 do Decreto-lei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 24/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 24/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 24/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. SISCOMEX CARGA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DA CARGA. IMPOSIÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. A prestação de informação a destempo sobre a carga transportada no Siscomex Carga configura a infração regulamentar definida na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, sancionada com a multa regulamentar fixada no referido preceito legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/09/2008 MULTA REGULAMENTAR. INFRAÇÃO ADUANEIRA. PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÃO EXTEMPORÂNEA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O instituto da denúncia espontânea é incompatível com o descumprimento extemporâneo de obrigação acessória concernente à prestação de informação ou entrega de documentos à administração aduaneira, uma vez que tal fato configura a própria infração. 2. A multa por atraso na prestação de informação, no Siscomex, sobre dados de embarque de mercadoria exportada não é passível de denúncia espontânea, porque o fato infringente consiste na própria denúncia da infração. AGENTE DE CARGA. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO PARA PRESTAR INFORMAÇÃO. RESPONSABILIDADE PELA MULTA APLICADA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 72 76 01 /2 01 3- 76 Fl. 161DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 3 2 O agente de carga, na condição de representante do transportador e a este equiparado para fins de cumprimento da obrigação de prestar informação sobre a carga transportada no Siscomex Carga, tem legitimidade passiva para responder pela multa aplicada por infração por atraso na prestação de informação sobre a carga transportada por ele cometida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/09/2008 INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. ALEGAÇÃO DE PROBLEMA NO ACESSO AO SISTEMA DE REGISTRO. AUSÊNCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA PENALIDADE. IMPOSSIBILIDADE. A mera alegação de que o atraso na prestação de informação sobre veículo, operação ou carga foi motivado por impossibilidade de acesso sistema (Siscomex Carga), desprovida comprovação do fato, segundo as regras de contingência estabelecidas, não configura condição suficiente para afastar a aplicação da multa cominada. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de processo referente à exigência de multa pelo descumprimento da obrigação de prestar informação sobre veículo, operação realizada ou carga transportada, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Nos termos do relatado no acórdão recorrido, de acordo com a descrição dos fatos constante no Auto de Infração, a autuada concluiu a destempo a desconsolidação das cargas relativas ao conhecimento eletrônico (CE) genérico ali identificado (MasterHouse Bill of LadingMHBL), em razão de ter informado com atraso o CE agregado (House Bill of LadingHBL) especificado. Para demonstrar a irregularidade apurada, a autoridade lançadora também apresentou dados referentes à embarcação, viagem, escala, data da atracação, manifesto eletrônico relativos à carga cujo atraso na informação deu ensejo ao lançamento. Na sequência a fiscalização discorreu sobre o Siscomex Carga e sua norma regente, a IN RFB nº 800/2007, destacando a abrangência do termo transportador nela utilizado, e os prazos estabelecidos para prestar as informações exigidas (arts. 22 e 50 da referida IN, e art. 64 do ADE Corep nº 3/2008). Fl. 162DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 4 3 Em seguida, falou da responsabilidade legal do transportador e da penalidade aplicável em caso de descumprimento da obrigação em foco (arts. 37 e 107, IV, “e”, do DecretoLei nº 37/1966), enfatizando a natureza objetiva dessa responsabilidade, que independe da intenção do agente ou responsável, bem como da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 94 do DL 37/1966). A autoridade lançadora prosseguiu seu relato explanando acerca da motivação da obrigação imposta, destacando sua importância na definição prévia de procedimentos a serem aplicados, objetivando proporcionar maior segurança e racionalidade ao controle aduaneiro de cargas. Foi descrita a nova sistemática de controle implementada a partir de 2002, quando a fiscalização aduaneira passou a ter foco mais abrangente, de forma a alcançar não apenas os importadores e exportadores, mas todos os intervenientes envolvidos nas operações de comércio exterior. Dando seguimento, a fiscalização comentou sobre a interpretação da norma que prescreve a multa imposta. Foi considerado que, com base no art. 112 do CTN, deve ser considerada a conclusão veiculada na Solução de Consulta Interna Cosit nº 8/2008, relativamente à quantidade de multas a serem aplicadas. No tópico seguinte, intitulado “DA APLICAÇÃO DA PENALIDADE IMPOSTA”, foi feita detalhada abordagem a respeito da denúncia espontânea e chegada à conclusão que, apesar de sua aplicabilidade ter sido estendida às penalidades de natureza administrativa (Lei nº 12.350/2010), não foram atendidos os requisitos próprios desse instituto. Para reforçar seu entendimento, a autoridade lançadora recorreu à doutrina e também à jurisprudência administrativa e judicial. Na sequência a fiscalização falou sobre a materialidade da infração, que considerou devidamente caracterizada, e sobre os intervenientes aduaneiros designados pela legislação, tendo em vista o disposto no art. 76, § 2º, da Lei nº 10.833/2003 e nos arts. 3º a 5º da IN RFB nº 800/2007. Concluiu que, com base na documentação juntada aos autos, era a autuada, na condição de consignatária do citado CE genérico, a responsável por prestar as informações relativas aos correspondentes CEs agregados incluídos com atraso. A penalidade foi formalizada no Auto de Infração em debate. Cientificado da exação, o sujeito passivo, apresentou impugnação alegando, em síntese: a) Ilegitimidade passiva. O prazo estabelecido pela IN RFB n° 800/2007 não se aplica à impugnante, que na condição de agente de carga, não se confunde com a atividade do transportador, que é o sujeito das obrigações instituídas pela referida Norma. A classificação da impugnante como tal distorce conceito de direito privado, o que é expressamente vedado pelo art. 110 do CTN. b) Denúncia espontânea. Conforme se depreende dos autos, ainda que a destempo, as informações foram prestadas pela própria impugnante, antes do início de fiscalização. Assim não é cabível a multa exigida, pois se aplica ao caso o instituto da denúncia espontânea, consoante dispõe o art. 102, § 2º, do DecretoLei nº 37/1966, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 5 4 c) Inaplicabilidade de multa no período de contingência do Siscomex Carga. As operações objeto da autuação ocorreram no chamado “período de contingência”, em que o cumprimento dos prazos da IN RFB nº 800/2007 não era exigido, já que o Siscarga não estava integralmente disponível para utilização pelos agentes e desconsolidadores. Dessa forma, evidenciado que a impugnante não poderia agir de outra forma, a aplicação de multa no presente caso afronta, além do princípio da inexigibilidade de conduta diversa, o da razoabilidade, que impõe à Administração Pública o dever de agir com bom senso, prudência e moderação, levando em conta a relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a prática do ato. Ao final a impugnante pedia o cancelamento do lançamento. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, os integrantes do Colegiado de primeiro grau rejeitaram a preliminar de ilegitimidade passiva e, no mérito, julgaram a impugnação improcedente e mantiveram integralmente a exigência fiscal, nos termos do Acórdão 0833.463. Após ciência ao acórdão de primeira instância, a autuada protocolou recurso voluntário em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória. Em aditamento, alegou que o acórdão recorrido não dera aos fatos em análise a correta interpretação, aplicando equivocadamente a legislação vigente; e que os argumentos expostos na impugnação foram refutados por simples negativa, sem que se levantassem razões jurídicas hábeis a infirmálos. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.022, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.730402/201345, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.022): O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O litígio cingese aos seguintes pontos: a) ilegitimidade passiva da recorrente; b) impossibilidade de aplicação da multa durante o período de contingência do Siscomex Carga; e c) excludente de responsabilidade por denúncia espontânea da infração. Previamente a análise controvérsia, cabe destacar que a aplicação da penalidade em apreço foi motivada pela prática da infração tipificada, genericamente, na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo art. 77 da Lei 10.833/2003, a seguir transcrito: Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaa porta, ou ao agente de carga; (...) E em relação à prestação de “informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute” no Siscomex Carga, para conferir efetividade a referida norma penal em branco, foi editada a Instrução Normativa RFB 800/2007, que estabeleceu a forma e o prazo para a prestação das referidas informações. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal que integra o presente Auto de Infração (fls. 01/05), a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos ao conhecimento eletrônico (HBL) CE 150805190343826, vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL) CE 150805184751721, conforme explicitado no trecho que segue transcrito: O Agente de Carga CEVA FREIGHT MANAGEMENT DO BRASIL LTDA, CNPJ 03.229.138/000406, concluiu a desconsolidação relativa ao Conhecimento Eletrônico Sub Master (MHBL) CE 150805184751721 a destempo às 09h52min do dia 09/10/2008, segundo o prazo previamente estabelecido pela Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, para o seu conhecimento eletrônico agregado (HBL) CE 150805190343826. A carga objeto da desconsolidação em comento foi trazida ao Porto de Santos acondicionada nos Containers NYKU7940080, NYKU7104578 e NYKU7149079, pelo Navio M/V CAPE CHARLES, em sua viagem 101W, no dia 07/10/2008, com atracação registrada às 18h26min. Os documentos eletrônicos de transporte que ampararam a chegada da embarcação para a carga são Escala 08000222050, Manifesto Eletrônico 1508501842589, Conhecimento Eletrônico Master MBL 150805183878000, Conhecimento Eletrônico SubMaster MHBL 150805184751721 e Conhecimento Eletrônico Agregado HBL 150805190343826. Especificamente, no que tange à prestação de informação sobre a conclusão da operação de desconsolidação, os prazos permanentes e temporários foram estabelecidos, respectivamente, no art. 22, “d”, III, e art. 50, parágrafo único, da Instrução Normativa RFB 800/2007, que seguem transcritos. Art. 22. São os seguintes os prazos mínimos para a prestação das informações à RFB: Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 7 6 [...] III as relativas à conclusão da desconsolidação, quarenta e oito horas antes da chegada da embarcação no porto de destino do conhecimento genérico. [...] Art. 50. Os prazos de antecedência previstos no art. 22 desta Instrução Normativa somente serão obrigatórios a partir de 1º de abril de 2009. (Redação dada pela IN RFB nº 899, de 29 de dezembro de 2008) Parágrafo único. O disposto no caput não exime o transportador da obrigação de prestar informações sobre: I a escala, com antecedência mínima de cinco horas, ressalvados prazos menores estabelecidos em rotas de exceção; e II as cargas transportadas, antes da atracação ou da desatracação da embarcação em porto no País. (grifos não originais) No caso, como as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreu antes de 1º de abril de 2009, a recorrente estava obrigada a cumprir o prazo estabelecido no norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 destacado. Os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, as informações foram prestadas somente às 09h52min do dia 9/10/2008 (data/hora da inclusão no Siscomex Carga do conhecimento eletrônico agregado HBL 150805190343826), portanto, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ocorrida no dia 07/10/2008, às 18h26min. Logo, fica claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Além disso, não resta qualquer dúvida que a conduta praticada pela recorrente subsumese perfeitamente à hipótese da infração descrita nos referidos preceitos legal e normativo. Aliás, em relação à materialidade da mencionada infração inexiste controvérsia nos autos. Apresentadas essas breves considerações, passase a analisar as razões de defesa suscitadas pela recorrente. Da ilegitimidade passiva A recorrente alegou que, na condição de agente de carga, no período compreendido entre a data da vigência da Instrução Normativa RFB 800/2007 até 1º de abril de 2009, ela não estava obrigada a respeitar o prazo estabelecido no art. 22 da citada IN, nem o prazo estabelecido no inciso II do parágrafo único do art. 50 do citado ato, sob o argumento de que este último preceito normativo aplicavase apenas ao transportador. A alegação da recorrente não procede, porque, embora o disposto no parágrafo único do art. 50 da referida IN tenha se referido apenas ao Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 8 7 transportador, não se pode olvidar que, para fins de cumprimento de obrigação acessória perante o Siscomex Carga, o termo transportador compreende o agente de carga e demais pessoas jurídicas que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga, discriminadas no inciso IV do § 1º do art. 2º da Instrução Normativa RFB 800/2007, a seguir transcrito: Art. 2º Para os efeitos desta Instrução Normativa definese como: [...] V transportador, a pessoa jurídica que presta serviços de transporte e emite conhecimento de carga; [...] § 1º Para os fins de que trata esta Instrução Normativa: [...] IV o transportador classificase em: a) empresa de navegação operadora, quando se tratar do armador da embarcação; b) empresa de navegação parceira, quando o transportador não for o operador da embarcação; c) consolidador, tratandose de transportador não enquadrado nas alíneas "a" e "b", responsável pela consolidação da carga na origem; (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.473, de 2 de junho de 2014) d) desconsolidador, no caso de transportador não enquadrado nas alíneas “a” e “b”, responsável pela desconsolidação da carga no destino; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) e) agente de carga, quando se tratar de consolidador ou desconsolidador nacional; [...] Além disso, há expressa menção na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003, que o agente de carga responde pela referida penalidade, se prestar informação sobre a carga fora do prazo estabelecido. No caso em tela, é fato incontroverso que, em relação às operações de desconsolidação que executou, a recorrente atuou como representante do transportador estrangeiro, no País. Logo, dada essa condição, era dela a responsabilidade de proceder o registro tempestivo, no Siscomex Carga, dos dados sobre as operações que executou em nome da empresa de navegação representada. Dessa forma, tratandose de infração à legislação aduaneira e tendo em vista que a recorrente concorreu para a prática da questionada infração, induvidosamente, ela deve responder pela correspondente Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 9 8 penalidade aplicada, conforme dispõe o inciso I do art. 95 do Decretolei nº 37, de 1966, a seguir transcrito: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...]. Assim, na condição de agente e, portanto, mandatário do transportador estrangeiro, a recorrente estava obrigada a prestar, tempestivamente, as informações no Siscomex Carga sobre a carga transportada pelo seu representado. Em decorrência dessa atribuição e por ter cumprido a destempo a dita obrigação, a autuada foi quem cometeu a infração capitulada na alínea “e” do inciso IV do artigo 107 do Decretolei 37/1966, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n° 10.833, de 2003, por conseguinte, deve responder pela infração em apreço. Por fim, cabe ainda ressaltar que, os termos do caput do art. 94 do Decreto lei 37/1966, no âmbito da legislação aduaneira, constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que “importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste Decretolei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completá los”. Com base nessas consideração, resta demonstrado que a recorrente deve ser mantida polo passivo da autuação, porque há expressa previsão legal que nesse sentido. Da inaplicabilidade da multa na fase de contingência do Siscomex Carga. Em relação a esse ponto, a recorrente alegou que não havia que se falar em aplicação ou descumprimento dos prazos estabelecidos pela “IN RFB 800/2007, vez que ao operador não restava qualquer alternativa para a imputação das informações no sistema”. Segundo a recorrente, a exigência do cumprimento de uma obrigação sem que lhe fosse oferecidos os meios indispensáveis para tanto feriria o princípio da razoabilidade e o instituto da inexigibilidade de conduta diversa. Este Relator está de pleno acordo com a recorrente de que imputar infração ao usuário do Sistema por descumprimento de obrigação que ele não cumpriu ou não poderia cumprir por falhas operacionais ou ausência de meios necessários, revelase, nitidamente, irrazoável e desproporcional, conforme alegado. Porém, como se trata de alegação que envolve situação de natureza fática, a recorrente tinha o dever de comprovála, o que não ocorreu no caso em tela. E na distribuição do ônus prova, prevista o art. 373, II, da Lei 13.105/2015, que instituiu o vigente Código de Processo Civil (CPC), que corresponde ao art. 333, II, do CPC anterior, por ser fato relevante para isentar a recorrente da exigência, não era suficiente a simples alegação de que não havia meios para prestar informações sobre a carga. Dada a alegada impossibilidade, cabia a recorrente o dever prová la, o que não ocorreu. Neste sentido, prevendo a possibilidade de falhas de funcionamento, na fase inicial de implantação do sistema, foram fixados os procedimentos a serem adotados pelos usuários, nos termos dos arts. 1º, 2º e 4º, III da IN RFB 835/2008, a seguir transcritos: Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 1º Na impossibilidade de acesso ao Siscomex Carga, por mais de duas horas consecutivas, em virtude de problemas de ordem técnica do sistema, ou na ocorrência de fatores operacionais que prejudiquem o fluxo de comércio exterior, as operações relativas ao controle de embarcações e cargas em portos alfandegados, conforme estabelecido na Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007, observarão os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Art. 2º Compete ao chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), no âmbito de sua jurisdição, reconhecer a impossibilidade de acesso ao sistema, por razões de ordem técnica, e autorizar a adoção dos procedimentos de contingência. Parágrafo único. A data e a hora da restauração do acesso ao sistema deverá ser registrada nos documentos de autorização, para fins de auditoria e controle. Art. 4º Na hipótese do art. 2º, restaurado o acesso ao sistema: [...] III relativamente à informação dos manifestos, conhecimento eletrônico (CE) e itens, o transportador deverá informar todos os manifestos, CE e itens no sistema, relacionálos e solicitar à RFB a baixa dos bloqueios decorrentes da informação após o prazo estabelecido. [...] (grifos não originais) Assim, como a recorrente não trouxe aos autos nenhum elemento de prova, em que demonstrado a impossibilidade de acesso ao Sistema, conforme procedimentos disciplinados nos referidos preceitos normativos, a alegação suscitada não tem qualquer relevância. A recorrente alegou ainda que era descabida a exigência de prova da indisponibilidade do Sistema, porque a própria edição da IN RFB 835/2008 já constituía prova de que o Sistema não funcionava adequadamente. Essa alegação também não procede, porque não é verdade que a referida IN reconheceu a impossibilidade de funcionamento do Sistema, mas, na possibilidade dessa situação vir a ocorrer e, caso ocorresse, o usuário deveria adotar os procedimentos nela estabelecidos com vistas a resguardálo da imposição de qualquer sanção. Da denúncia espontânea da infração. A recorrente alegou a denúncia espontânea da infração cometida, para excluir a multa que lhe fora aplicada, sob o argumento de que as informações foram prestadas antes de qualquer ato da fiscalização, portanto, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 11 10 a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração, no caso em tela, não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), no caso em tela, as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos não originais) Porém, ainda que tal restrição não se aplicasse à infração em apreço, o que se admite apenas para argumentar, melhor sorte não teria a recorrente, porque a infração em apreço, inequivocamente, não é passível de denúncia espontânea, pela razões aduzidas no voto da lavra deste Conselheiro que serviu de fundamento da decisão consignada no Acórdão nº 3102002.187, de 26 março de 2014, cujos excertos relevantes, que aqui adotase como fundamento de decidir, seguem transcritos: Da denúncia espontânea da infração. Alegou a recorrente que, no caso em tela, era incabível a aplicação de qualquer penalidade, porque às informações sobre a carga transportada fora feita a tempo e antes de qualquer intimação ou de qualquer outra notificação porventura expedida pela fiscalização aduaneira, o que configurava denúncia espontânea da infração, nos termos do art. 138 do CTN e do art. 102 do Decretolei nº 37, de 1966. Não procede a alegação da recorrente, pois, no caso em comento, não se aplica o instituto da denúncia espontânea da infração previsto no art. 138 do CTN e tampouco o específico da infração a legislação aduaneira estabelecido no art. 102 do Decretolei n° 37, de 1966, com as novas redações dadas pelo Decretolei nº 2.472, de 01 de setembro de 1988 e pela Lei nº 12.350, de 20 dezembro de 2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 12 11 imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 1º Não se considera espontânea a denúncia apresentada: (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) a) no curso do despacho aduaneiro, até o desembaraço da mercadoria; (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) b) após o início de qualquer outro procedimento fiscal, mediante ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, tendente a apurar a infração. (Incluído pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) § 2o A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) (grifos não originais) O objetivo da norma em destaque, evidentemente, é estimular que o infrator informe espontaneamente à Administração aduaneira a prática das infrações de natureza tributária e administrativa instituídas na legislação aduaneira. Nesta última, incluída todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais (segundo alguns) que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse fiscalização das operações de comércio exterior, incluindo os aspectos de natureza tributária, administrativo, comercial, cambial etc. Não se pode olvidar que, para aplicação do instituto da denúncia espontânea, é condição necessária que a infração de natureza tributária ou administrativa seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. Em outras palavras, é requisito essencial da excludente de responsabilidade em apreço que a infração seja denunciável. No âmbito da legislação aduaneira, em consonância com o disposto no retrotranscrito preceito legal, as impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea podem decorrer de circunstância de ordem lógica (ou racional) ou legal (ou jurídica). No caso de impedimento legal, é o próprio ordenamento jurídico que veda a incidência da norma em apreço, ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. A título de exemplo, podem ser citadas as infrações por dano erário, sancionadas com a pena de perdimento, conforme expressamente determinado no § 2º, in fine, do citado art. 102. A impossibilidade de natureza lógica ou racional ocorre quando fatores de ordem material tornam impossível a denunciação espontânea da infração. São dessa modalidade as infrações que Fl. 171DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 13 12 têm por objeto as condutas extemporâneas do sujeito passivo, caracterizadas pelo cumprimento da obrigação após o prazo estabelecido na legislação. Para tais tipos de infração, a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo inevitável do tempo. Compõem essa última modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. São dessa última modalidade todas as infrações que têm no núcleo do tipo da infração o atraso no cumprimento da obrigação legalmente estabelecida. A título de exemplo, pode ser citado a conduta do transportador de registrar extemporaneamente no Siscomex os dados das cargas embarcadas, infração objeto da presente autuação. Veja que, na hipótese da infração em apreço, o núcleo do tipo é deixar de prestar informação sobre a carga no prazo estabelecido, que é diferente da conduta de, simplesmente, deixar de prestar a informação sobre a carga. Na primeira hipótese, a prestação intempestiva da informação é fato infringente que materializa a infração, ao passo que na segunda hipótese, a mera prestação de informação, independentemente de ser ou não a destempo, resulta no cumprimento da correspondente obrigação acessória. Nesta última hipótese, se a informação for prestada antes do início do procedimento fiscal, a denúncia espontânea da infração configurase e a respectiva penalidade é excluída. De fato, se registro extemporâneo da informação da carga materializasse a conduta típica da infração em apreço, seria de todo ilógico, por contradição insuperável, que o mesmo fato configurasse a denúncia espontânea da correspondente infração. De modo geral, se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o que se admite apenas para argumentar, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Esse sentido e alcance atribuído a norma, com devida vênia, constitui um contrassenso jurídico, uma espécie de revogação da penalidade pelo intérprete e aplicador da norma, pois, na prática, a sanção estabelecida para a penalidade não poderá ser aplicada em hipótese alguma, excluindo do ordenamento jurídico qualquer possibilidade punitiva para a prática de infração desse jaez. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 14 13 [...].1 (destaques do original) No mesmo sentido, o entendimento manifestado pela 3ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9303003.552, cujo enunciado da ementa segue reproduzido: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 07/06/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A modificação introduzida pela Lei 12.350, de 2010, no § 2º do artigo 102 do Decretolei 37/66, que estendeu às penalidades de natureza administrativa o excludente de responsabilidade da denúncia espontânea, não se aplica nos casos de penalidade decorrente do descumprimento dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira. Recurso Especial do Contribuinte Negado. 2 No âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRF), o entendimento tem sido o mesmo. A título de exemplo, citase trechos do enunciado da ementa e do voto condutor do do TRF da 4ª Região, proferido no julgamento da Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC, que seguem parcialmente transcritos: EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MULTA DECORRENTE DA INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA DE DADOS DE EMBARQUE. AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA AUTÔNOMA. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIAESPONTÂNEA. MULTA. PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. VALOR QUE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE CONFISCO. 1. O agente marítimo assume a condição de representante do transportador perante os órgãos públicos nacionais e, ao deixar de prestar informação sobre veículo ou carga transportada, concorre diretamente para a infração, daí decorrendo a sua responsabilidade pelo pagamento da multa, nos termos do artigo 95, I, do DecretoLei nº 37, de 1966.2. Não se aplica a denúncia espontânea para os casos de descumprimento de obrigações tributárias acessórias autônomas.3. A finalidade punitiva e dissuasória da multa justifica a sua fixação em valores mais elevados, sem que com isso ela ofenda os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco. [...] Voto. 1 BRASIL. CARF, 3ª Seção, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, Ac. 3102002.187, de 26/03/2014, rel. José Fernandes do Nascimento. 2 BRASIL. CARF, CSRF, 3ª Turma, Ac. 9303003.552, de26/04/2016, rel. Rodrigo da Costa Pôssas. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 15 14 [...] Não é caso, também, de acolhimento da alegação de denúncia espontânea. A Lei nº 12.350, de 2010, deu ao artigo 102, § 2º, do DecretoLei nº 37, de 1966, a seguinte redação: [...] Bem se vê que a norma não é inovadora em relação ao artigo 138 do CTN, merecendo, portanto, idêntica interpretação. Nesse sentido, é pacífico o entendimento no sentido de que a denúncia espontânea não se aplica para os casos em que a infração seja à obrigação tributária acessória autônoma. [...]3. Também com base no mesmo entendimento, a questão tem sido decidida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme confirma, a título de exemplo, o recente acórdão proferido no julgamento do REsp 1613696/SC, cujo enunciado da ementa segue transcrito: O art. 107 do Decretolei 37, de 1966, por sua vez, estabelece a penalidade de multa, no caso de descumprimento da obrigação acima mencionada. Oportuno anotar, ainda, que a declaração do embarque das mercadorias é obrigação acessória e sua apresentação intempestiva caracteriza infração formal, cuja penalidade não é passível de ser afastada pela denúncia espontânea.”. 4 Com base nessas considerações, afastase a alegada excludente de responsabilidade por denúncia espontânea, suscitada pela recorrente. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo: a) a conduta que motivou a imputação da multa em apreço foi a prestação da informação a destempo, no Siscomex Carga, dos dados relativos a conhecimento eletrônico (HBL), vinculado à operação de desconsolidação do Conhecimento Eletrônico SubMaster (MHBL), Conhecimentos Eletrônicos cujos números constam da descrição dos fatos do Auto de Infração deste; b) as informações sobre a operação de desconsolidação ocorreram antes de 1º de abril de 2009, o que sujeita a recorrente a cumprir o prazo estabelecido na norma temporária, inscrita no inciso II do parágrafo único do art. 50 da Instrução Normativa RFB 800/2007; 3 BRASIL. TRF4. 2ª Turma. Apelação Cível nº 500599981.2012.404.7208/SC. rel. Des. Rômulo Pizzolatti, j. 10.12.2013. 4 BRASIL. STJ. REsp 1613696/SC. Rel. Min. Herman Benjamim. Decisão Monocrática de 2/9/2016. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11128.727601/201376 Acórdão n.º 3302004.023 S3C3T2 Fl. 16 15 c) os extratos colacionados aos autos, contendo o registro da conclusão da referida operação de desconsolidação, comprovam que a informação fora prestada pela recorrente fora do prazo estabelecido no citado preceito normativo, ou seja, após a atracação da embarcação no Porto de Santos, ficando claramente evidenciado que a recorrente praticou a conduta infracionária em apreço. Desta forma, os fundamentos adotados para manter exigência da penalidade no caso do paradigma, também justificam sua manutenção nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 175DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.720145/2012-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.913
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente GLOBO COMÉRCIO DE AUTOMÓVEIS E PEÇAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 01 45 /2 01 2- 89 Fl. 239DF CARF MF Processo nº 11516.720145/201289 Acórdão n.º 3302003.913 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06050.082. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 240DF CARF MF Processo nº 11516.720145/201289 Acórdão n.º 3302003.913 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 11516.720145/201289 Acórdão n.º 3302003.913 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11516.720145/201289 Acórdão n.º 3302003.913 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11516.720145/201289 Acórdão n.º 3302003.913 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 244DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13204.000086/2004-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2008
OMISSÃO NA IDENTIFICAÇÃO DE DATAS. INEXATIDÃO. ACOLHIMENTO DE EMBARGOS PARA ESCLARECIMENTO.
Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração visando a correção de inexatidão contida no acórdão, que pode vir a trazer dúvidas por ocasião do cumprimento da decisão.
Numero da decisão: 1201-001.588
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos da Fazenda Nacional, para fixar a data de 31/01/2005 como o marco temporal a partir do qual deve o contribuinte ser reinserido na sistemática do SIMPLES.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2008 OMISSÃO NA IDENTIFICAÇÃO DE DATAS. INEXATIDÃO. ACOLHIMENTO DE EMBARGOS PARA ESCLARECIMENTO. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração visando a correção de inexatidão contida no acórdão, que pode vir a trazer dúvidas por ocasião do cumprimento da decisão.
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INEXATIDÃO. ACOLHIMENTO DE EMBARGOS PARA ESCLARECIMENTO. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração visando a correção de inexatidão contida no acórdão, que pode vir a trazer dúvidas por ocasião do cumprimento da decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos da Fazenda Nacional, para fixar a data de 31/01/2005 como o marco temporal a partir do qual deve o contribuinte ser reinserido na sistemática do SIMPLES. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 20 4. 00 00 86 /2 00 4- 68 Fl. 146DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Em suma, a discussão aqui analisada norteia a exclusão do ora embargado do enquadramento no SIMPLES NACIONAL, por constarem pendências de débitos de natureza tributária junto a Procuradoria da Fazenda Nacional. O acórdão nº 137851, proferido em 28 de fevereiro de 2008, houve por bem converter o processo em diligência, nos seguintes termos: “(...) Consoante extrato de fls. 30, o contribuinte possui débito inscrito em Dívida Ativa da União (fl. 30), sendo esta uma vedação legal. Assim, a necessidade de comprovação da regularidade junto A. Dívida Ativa da União é inconteste, visto ser requisito legal A concessão do benefício. Eis que, consoante destaca a r. decisão recorrida, efetuada pesquisa no sistema de Divida Ativa da PGFN (fls. 30), constatouse a existência das inscrições n° 20 6 99 007204 74 de 17/09/1999, 20 4 02 00076930 de 15/03/2002, n° 0 4 02 00077074 de 15/03/29. 1° 20 4 04 00036770 de 10/08/2004. Ocorre que, conforme também destacado pela r. decisão recorrida, bem como se observa nos autos do processo, o Requerente não comprovou o pagamento dos débitos, a fim de garantir a extinção das referidas inscrições que motivaram o indeferimento de sua solicitação. No entanto, às fls. 35 o contribuinte noticia que iniciara pagamentos. Nesta senda, como não se encontram presentes nos autos quaisquer comprovantes de quitação das dívidas, na busca pelo cumprimento do princípio da verdade material, entendo por mais justo converter o julgamento em diligência à repartição de origem, para que intime o contribuinte apresentar comprovantes de quitação dos débitos. Outrossim, manifestese também a autoridade competente a respeito da eventual quitação dos referidos débitos e/ou existência de inscrições. (...)” Retornados os autos a este Conselho para julgamento, restaram comprovados os parcelamentos dos débitos através da diligência: Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13204.000086/200468 Acórdão n.º 1201001.588 S1C2T1 Fl. 3 3 “(...) Entretanto, após a realização da diligência solicitada foi possível constatar que em 21/12/2010 os processos encontravamse com a exigibilidade suspensa em razão do parcelamento dos débitos, senão vejamos: (1) o débito inscrito sob o nº 20 4 02 00076930 de 15/03/2002 (processo 10280200.727/ 200210) foi parcelado, entretanto não consta dos autos a data do parcelamento, mas apenas que em 21/12/2010 este estava parcelado e, portanto com a exigibilidade suspensa; (2) o débito inscrito sob o nº 20 4 00 077074 de 15/03/2002 (processo 10280200.728/ 200264) na data de 21/12/2010 estava suspenso em razão do parcelamento do débito e a primeira parcela do parcelamento foi paga em 31/01/2003; (3) o débito inscrito sob o nº 20 4 04 00036770 de 10/08/2004 (processo10280201.099/200451) na data de 21/12/2010 estava suspenso em razão do parcelamento do débito e a primeira parcela foi paga em 31/01/2005. Desse modo, após a diligência requerida, em 28/02/2008, pelos membros da Terceira Câmara do extinto Terceiro Conselho de Contribuintes e análise dos documentos acostados aos autos pelo contribuinte, verificouse que este já havia efetuado parcelamento dos débitos, pois a primeira parcela do débito inscrito sob o nº 20 4 00 077074 de 15/03/2002 foi paga em 31/01/2003 e a primeira parcela do parcelamento relativo ao débito sob o nº 20 4 04 00036770 de 10/08/2004 foi paga em 31/01/2005.(...)” O acórdão nº 1201000.794, proferido em 10 de Abril de 2013, fora, então, ementado como segue: SIMPLES. INCLUSÃO RETROATIVA. DÉBITOS PERANTE A PGFN. REGULARIZAÇÃO DURANTE O PROCESSO ADMINISTRATIVO. A regularização dos débitos em aberto junto à PGFN descaracteriza a hipótese de vedação à inclusão no Simples prevista no inciso XV, do artigo 9º, da Lei 9.317/96. A partir da decisão firmada, então, foram interpostos Embargos de Declaração pela União (Fazenda Nacional), alegando a omissão e obscuridade que insurgiram diante da incerteza quanto a data de reinserção do embargado na sistemática do SIMPLES. Fl. 148DF CARF MF 4 Os Embargos foram admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de 13/03/2015, passo diretamente à análise dos vícios apontados. De fato, não há a indicação quanto a data exata em que se dariam os efeitos retroativos de inclusão na sistemática do Simples Nacional, após a devida comprovação do parcelamento dos débitos. O presente julgador vem por meio deste esclarecer, pois, que a reinserção do ora embargado no SIMPLES retroage à data de 31/01/2005, período exato em que se concretizou o parcelamento do último débito pendente junto à PGFN. Veja, a Lei nº 123/06 (Lei do SIMPLES) define que a pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional não pode ter débito, seja de natureza tributária ou não tributária, com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. A previsão é precisa no inciso V do art. 17 da referida Lei, in verbis: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; Definese, então, como condição para a inclusão e permanência no SIMPLES a inexistência de débitos, cuja a exigibilidade não esteja suspensa, perante a Fazenda Nacional. O parcelamento é elencado no art. 151 do CTN justamente como uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário: “(...) Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...) VI – o parcelamento.(...)” Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13204.000086/200468 Acórdão n.º 1201001.588 S1C2T1 Fl. 4 5 Através do parcelamento, o contribuinte já está vinculado, de certa forma, ao pagamento e liquidação do tributo, mas contrai voluntariamente uma restrição temporal que impede sua realização imediata. O que vale, no entanto, é a iniciativa que causa essa vinculação, no momento de adesão ao parcelamento, e revela a intenção do optante em ser reinserido no sistema. O reconhecimento da suspensão da exigibilidade de seus créditos legitima e valida, então, sua inclusão no SIMPLES novamente. Desta forma, uma vez aderido ao parcelamento, o débito está com a exigibilidade suspensa e o contribuinte volta a preencher requisito legalmente disposto para sua inclusão na sistemática do SIMPLES. Portanto reiterase a data de 31/01/2005 como aquela a partir da qual deve o contribuinte ser inserido retroativamente na sistemática do SIMPLES, uma vez que define o marco temporal em que todos os débitos se encontraram regularizados. Assim, procedente o argumento da Embargante acerca desta inexatidão no acórdão embargado. Conclusão Diante do exposto, ACOLHO os Embargos de Declaração apresentados para sanar a omissão e obscuridade instauradas nos autos, determinando a data de 31/01/2005 como o marco temporal exato a partir do qual deve o contribuinte ser reinserido na sistemática do SIMPLES. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.724389/2012-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008
NULIDADE. FALTA DE CLAREZA NA DESCRIÇÃO DOS FATOS PELA ACUSAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA DOS ASPECTOS LEGAIS PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA
Descabe a declaração de nulidade do auto de infração quando o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88.
A relação apresentada no anexo denonimado Relatório de Vínculos, que compõe o auto de infração lavrado unicamente contra a pessoa jurídica, não atribui responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, dada a sua finalidade meramente informativa (Súmula Carf nº 88).
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO. DÉBITO TRIBUTÁRIO DA EMPRESA SUCEDIDA ANTERIOR À SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REQUISITOS.
As normas tributárias assentadas na Seção II do Capítulo V do Código Tributário Nacional estabelecem a responsabilidade tributária da sucessora pelos créditos tributários de responsabilidade da sucedida, decorrentes de fatos geradores ocorridos até a data da incorporação, mesmo que constituído o crédito tributário em data posterior.
Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio da empresa incorporada que se transfere à incorporadora, de modo que a sua cobrança não pode ser cingida (Recurso Especial nº 923.012/MG, julgado na sistemática dos recursos repetitivos).
Nas hipóteses de empresas sob controle comum ou pertencentes a grupo econômico, antes da sucessão empresarial, é cabível também a imputação da multa por descumprimento de obrigação acessória à incorporadora, por infração cometida pela incorporada, ainda que lançada posteriormente ao evento de sucessão.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARQUIVOS DIGITAIS.
Constitui infração, punível com multa, apresentar as informações em meio digital com incorreções, quando a pessoa jurídica utiliza sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO.
Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de preparar a folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos na legislação tributária federal. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. DESCONTO PELA EMPRESA.
Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados a seu serviço. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação.
Numero da decisão: 2401-004.791
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar-lhe provimento. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Processo julgado em 11/05/2017.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 NULIDADE. FALTA DE CLAREZA NA DESCRIÇÃO DOS FATOS PELA ACUSAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA DOS ASPECTOS LEGAIS PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA Descabe a declaração de nulidade do auto de infração quando o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88. A relação apresentada no anexo denonimado Relatório de Vínculos, que compõe o auto de infração lavrado unicamente contra a pessoa jurídica, não atribui responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, dada a sua finalidade meramente informativa (Súmula Carf nº 88). CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO. DÉBITO TRIBUTÁRIO DA EMPRESA SUCEDIDA ANTERIOR À SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REQUISITOS. As normas tributárias assentadas na Seção II do Capítulo V do Código Tributário Nacional estabelecem a responsabilidade tributária da sucessora pelos créditos tributários de responsabilidade da sucedida, decorrentes de fatos geradores ocorridos até a data da incorporação, mesmo que constituído o crédito tributário em data posterior. Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio da empresa incorporada que se transfere à incorporadora, de modo que a sua cobrança não pode ser cingida (Recurso Especial nº 923.012/MG, julgado na sistemática dos recursos repetitivos). Nas hipóteses de empresas sob controle comum ou pertencentes a grupo econômico, antes da sucessão empresarial, é cabível também a imputação da multa por descumprimento de obrigação acessória à incorporadora, por infração cometida pela incorporada, ainda que lançada posteriormente ao evento de sucessão. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração, punível com multa, apresentar as informações em meio digital com incorreções, quando a pessoa jurídica utiliza sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO. Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de preparar a folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos na legislação tributária federal. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. DESCONTO PELA EMPRESA. Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados a seu serviço. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar-lhe provimento. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Processo julgado em 11/05/2017. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado).
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CFL 22, 30 E 59 Recorrente EMPRESA BRASIL DE COMUNICAÇÃO S.A. EBC Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 NULIDADE. FALTA DE CLAREZA NA DESCRIÇÃO DOS FATOS PELA ACUSAÇÃO FISCAL. AUSÊNCIA DE OBSERVÂNCIA DOS ASPECTOS LEGAIS PARA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA Descabe a declaração de nulidade do auto de infração quando o relatório fiscal e seus anexos contêm a descrição pormenorizada dos fatos imputados ao sujeito passivo, indicam os dispositivos legais que ampararam o lançamento e expõem de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA. SÚMULA CARF Nº 88. A relação apresentada no anexo denonimado “Relatório de Vínculos”, que compõe o auto de infração lavrado unicamente contra a pessoa jurídica, não atribui responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comporta discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, dada a sua finalidade meramente informativa (Súmula Carf nº 88). CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCORPORAÇÃO. DÉBITO TRIBUTÁRIO DA EMPRESA SUCEDIDA ANTERIOR À SUCESSÃO. RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REQUISITOS. As normas tributárias assentadas na Seção II do Capítulo V do Código Tributário Nacional estabelecem a responsabilidade tributária da sucessora pelos créditos tributários de responsabilidade da sucedida, decorrentes de fatos geradores ocorridos até a data da incorporação, mesmo que constituído o crédito tributário em data posterior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 43 89 /2 01 2- 95 Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 395 2 Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio da empresa incorporada que se transfere à incorporadora, de modo que a sua cobrança não pode ser cingida (Recurso Especial nº 923.012/MG, julgado na sistemática dos recursos repetitivos). Nas hipóteses de empresas sob controle comum ou pertencentes a grupo econômico, antes da sucessão empresarial, é cabível também a imputação da multa por descumprimento de obrigação acessória à incorporadora, por infração cometida pela incorporada, ainda que lançada posteriormente ao evento de sucessão. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. ARQUIVOS DIGITAIS. Constitui infração, punível com multa, apresentar as informações em meio digital com incorreções, quando a pessoa jurídica utiliza sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO. Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de preparar a folha de pagamento mensal da remuneração paga, devida ou creditada a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos na legislação tributária federal. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. DESCONTO PELA EMPRESA. Constitui infração, punível com multa, deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados a seu serviço. O valor da penalidade é único e indivisível, independentemente do número de infrações verificadas no período de autuação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 396 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, rejeitar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Processo julgado em 11/05/2017. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado). Fl. 396DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 397 4 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (DRJ/CGE), cujo dispositivo julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 0434.514 (fls. 324/341): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2008 SUCESSÃO POR INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE A empresa que resultar de fusão, transformação, incorporação ou cisão é responsável pelo pagamento das contribuições sociais previdenciárias e das contribuições destinadas às outras entidades ou fundos, devidas pelas empresas fusionadas, transformadas, incorporadas ou cindidas, até a data do ato da fusão, da transformação, da incorporação ou da cisão VALIDADE DO LANÇAMENTO O Auto de Infração é válido e eficaz visto que foi lavrado com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. ATIVIDADE ADMINISTRATIVA DE LANÇAMENTO VINCULADA A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. RELAÇÃO DE PESSOAS VINCULADAS À EMPRESA A discussão de eventual coresponsabilidade de pessoas indicadas em anexo da peça fiscal como vinculadas à empresa deve ser realizada no foro próprio, distinto daquele em que se desenvolve o processo administrativo fiscal. SALÁRIO IN NATURA. HABITAÇÃO Não integram o saláriodecontribuição,exclusivamente, as importâncias recebidas a título de ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado. Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente, os valores correspondentes a habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 398 5 de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO A contribuição a cargo da empresa é de quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho. JETON. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL Deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de contribuinte individual, o membro de conselho fiscal de sociedade ou entidade de qualquer natureza. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Constatada a ocorrência de infração a dispositivo deste Regulamento, será lavrado auto de infração com discriminação clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi praticada, contendo o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os critérios de gradação, e indicando local, dia e hora de sua lavratura, observadas as normas fixadas pelos órgãos competentes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 2. Extraise do Relatório Fiscal, às fls. 8/17, que o processo administrativo é composto por 3 (três) autos de infração (AI), por descumprimento de obrigações tributárias acessórias, a saber: (i) AI nº 51.013.9574, por ter a empresa apresentado com omissão ou incorreção os arquivos e sistemas das informações em meio digital correspondentes aos registros de seus negócios e atividades econômicas ou financeiras, livros ou documentos de natureza contábil e fiscal, Código de Fundamentação Legal CFL 22 (fls. 3); (ii) AI nº 51.013.9582, por ter a empresa deixado de elaborar a folha de pagamento na forma exigida na legislação tributária federal CFL 30 (fls. 4); e (iii) AI nº 51.013.9590, por ter a empresa deixado de descontar a contribuição previdenciária de todos os segurados empregados e contribuintes individuais a seu serviço CFL 59 (fls. 5). 2.1 A auditoria fiscal abrangeu o período de 06/2007 a 12/2008, compreendo a análise de fatos geradores oriundos da Empresa Brasileira de Comunicação S/A RADIOBRÁS, CNPJ 00.464.073/000134 ("Radiobrás"), assim como da sua incorporadora, ora recorrente, a Empresa Brasil de Comunicação EBC, CNPJ 09.168.704/000142 ("EBC"). Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 399 6 2.2 Os créditos tributários correlatos referentes às obrigações principais foram constituídos por meio de autos de infração específicos, os quais compõem o Processo nº 10166.724388/201241. 3. Com ciência pessoal das autuações em 31/5/2012, às fls. 3/5, por meio do seu gerente jurídico, o contribuinte impugnou a exigência fiscal separadamente por auto de infração lavrado (fls. 178/189, 229/236 e 276/283). 4. Intimada por via postal, em 7/1/2014, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 342/344, a recorrente apresentou recurso voluntário no dia 31/1/2014 (fls. 347/358). 4.1 Em síntese, aduz as seguintes razões de fato e direito contra a decisão de piso que manteve intacta a pretensão fiscal: (i) nulidade das autuações em razão da confusão entre as empresas fiscalizadas, visto que Radiobrás e EBC são pessoas jurídicas distintas, autônomas e individualizadas até 12/6/2008, data em que se realizou a incorporação pela recorrente; (ii) nulidade dos autos de infração por ausência de observação dos aspectos legais e constitucionais para a lavratura dos documentos; (iii) o documento denominado "Relatório de Vínculos" apresenta incorreções quanto à vinculação de algumas pessoas físicas com a recorrente; (iv) as divergências apuradas entre os dados constantes na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP), Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf) e nas folhas de pagamento são explicadas pelo fato de ter havido desligamento de alguns segurados da extinta Radiobrás, nas respectivas competências, e devido a outros empregados lograrem êxito em ações trabalhistas movidas contra a empresa, com trânsito em julgado; (v) os valores relacionados a fatos geradores da extinta Radiobrás devem ser extirpados dos autos de infração, dado que a empresa incorporada não foi arrolada como sujeito passivo; (vi) os autos de infração são nulos, devendo ser canceladas as multas aplicadas. É o relatório. Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 400 7 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Julgamento em conjunto 6. Tendo em vista a prejudicialidade do julgamento em separado dos Processos nº 10166.724388/201241 e 10166.724389/201295, a apreciação dos respectivos recursos voluntários acontece na mesma sessão deste colegiado, a fim de manter a congruência decisória. Preliminares a) Nulidade: confusão entre as empresas 7. Pelos autos depreendese que a recorrente é uma empresa pública, criada pelo Decreto nº 6.246, de 24 de outubro de 2007, organizada sob a forma de sociedade anônima de capital fechada e vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (fls. 359/371). 8. A Medida Provisória nº 398, de 10 de outubro de 2007, convertida na Lei nº 11.652, de 7 de abril de 2008, determinou a integralização do capital da EBC mediante recursos provenientes, entre outras fontes ali mencionadas, da incorporação do patrimônio da Radiobrás (art. 9º). 8.1 O ato de incorporação ocorreu em 12/6/2008, conforme aprovação em Ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada pela EBC (fls. 225/228). 9. A incorporação significou que a Radiobrás foi absorvida pela EBC, que lhe sucedeu em todos os direitos e obrigações. Com a extinção da personalidade jurídica da empresa Radiobrás, a sucessora EBC passou a responder pelos tributos devidos pela sucedida até a data do ato da incorporação. 10. Nesse sentido, a disciplina legal da responsabilidade por sucessão empresarial prevista nos arts. 129 e 132 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN): Fl. 400DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 401 8 Art. 129. O disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. (...) Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. 11. Em 31/5/2012, data em que se intimou a EBC a respeito da constituição de ofício do crédito tributário, a Radiobrás era uma pessoa jurídica extinta. Logo, de forma escorreita a autoridade fiscal realizou o lançamento em nome da empresa sucessora, ora recorrente, tanto em relação aos fatos geradores praticados na qualidade de contribuinte (responsabilidade própria), quanto aos fatos geradores apurados na Radiobrás até a data de incorporação, na condição de responsável tributário pelos débitos nos termos dos arts. 129 e 132 do CTN (responsabilidade por sucessão). 12. Aquilo que a recorrente denomina de "confusão entre as empresas" é resultado da sua própria conduta irregular durante o procedimento fiscal, uma vez que disponibilizou à autoridade tributária um único arquivo digital para as folhas de pagamento do período fiscalizado, sem fazer distinção, nas competências de operação simultânea, entre os fatos geradores ocorridos na Radiobrás e EBC. 12.1 A autoridade lançadora registrou as dificuldades encontradas em tópico específico do Relatório Fiscal, que reproduzo abaixo (item 40, às fls. 16/17): 40. Cabe destacar que durante a fiscalização foram encontradas algumas dificuldades pontuais, tais como: a) Quando da geração dos arquivos digitais solicitados, a empresa gerou em um mesmo arquivo de forma integrada e sem distinção de estabelecimentos os dados de folha de pagamento da antiga RADIOBRAS e da atual EBC (incorporadora da Radiobrás), alegando que não seria possível separar os dados das duas empresas por problemas técnicos na geração dos arquivos. (...) d) Por ter a empresa gerado os dados de folha de pagamento da RADIOBRAS e da EBC de forma unificada, foi necessário unificar os dados existentes nos sistemas da fiscalização (GFIP, DIRF e GPS) para permitir uma comparação completa dos valores a serem apurados e um Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 402 9 aproveitamento adequado de todas as guias de pagamento existentes. (...) 13. Alega a recorrente que as folhas de pagamento sempre estiveram separadas. Entretanto, cuidase apenas de um discurso retórico, desprovido de qualquer esteio em prova hábil e documental nos autos. 14. Observo, ainda, que o procedimento de lançamento adotado pela autoridade fiscal, devido à apresentação deficiente dos arquivos digitais, não resultou em prejuízo concreto à parte recorrente. Tampouco é correto dizer que a fiscalização confundiu uma empresa com a outra. 14.1 Com efeito, as planilhas juntadas pela fiscalização detalham os fatos geradores e bases de cálculo apuradas, discriminando a competência do fato gerador, o nome do trabalhador, a remuneração paga ou creditada, o número de inscrição do segurado e a empresa a quem o trabalhador prestou serviço, Radiobrás ou EBC, tornando viável, desse modo, o pleno exercício do direito de defesa e contraditório em face da pretensão fiscal (fls. 159/175 deste Processo, além das fls. 252/1.679 e 1.824/1.840 do Processo nº 10166.724388/201241). 15. Sem razão, portanto, a recorrente quanto à alegação de nulidade da autuação fiscal. b) Nulidade: inobservância dos aspectos legais para a lavratura dos autos de infração 16. Aduz a recorrente a falta de clareza dos autos de infração quanto às penalidades aplicadas e suas gradações, sequer fazendo parte do relatório algum item explicativo a respeito dos juros e das multas incidentes sobre as contribuições. A peticionante afirma também que os autos de infração não distinguem quais segurados empregados estavam ou não relacionados em GFIP. 17. Assim não me parece. Li e reli o Relatório Fiscal, bem como os seus anexos, e não constatei a falta de clareza da acusação fiscal ou o alegado cerceamento do direito de defesa (fls. 8/17). 18. Não só pela descrição pormenorizada dos fatos que são imputados ao sujeito passivo, o Relatório Fiscal expõe igualmente de forma clara e objetiva os elementos que levaram a fiscalização a concluir pela efetiva ocorrência dos fatos jurídicos desencadeadores do liame obrigacional. 19. Há a discriminação transparente e precisa das infrações e das circunstâncias em que foram praticadas, dispositivos legais infringidos, além das penalidades aplicadas e os critérios de sua graduação. 20. De modo tal que a autoridade fiscal motivou de forma adequada o ato administrativo, por meio da descrição dos fatos, do enquadramento legal e da demonstração da subsunção à regra matriz de incidência da penalidade, conforme exigido pelos incisos III e IV do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e pelo art. 142 do CTN. Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 403 10 21. Assinalo que diversas alegações deduzidas pela recorrente no recurso voluntário dizem respeito tão somente aos autos de infração relacionados à falta de recolhimento de tributos, cujos argumentos de defesa foram exaustivamente analisados no Processo nº 10166.724388/201241, julgado em conjunto. 22. Ausentes vícios quanto aos pressupostos e elementos do ato administrativo, entendo que descabe cogitar, mais uma vez, a nulidade do lançamento fiscal. c) Exclusão de representantes legais 23. No tocante ao pedido de exclusão de representantes legais do polo passivo da relação tributária, é importante esclarecer que o Relatório de Vínculos, acostado às fls. 18/19, é um documento administrativo de caráter apenas informativo, não havendo atribuição de responsabilidade tributária por parte do Fisco às pessoas físicas qualificadas como diretor, presidente, administrador ou sócio ali indicadas. 24. A matéria foi objeto de súmula neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), redigida nos seguintes termos: Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. 25. Destarte, não incumbe ao colegiado manifestarse acerca do tema, pois tais questões ventiladas no recurso voluntário não comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo regido pelo Decreto nº 70.235, de 1972. Mérito a) AI nº 51.013.9582 (CFL 30) e AI nº 51.013.9590 (CFL 59) 26. No Processo nº 10166.724388/201241, julgado em conjunto, o Colegiado decidiu, em votação unânime, pela manutenção integral da acusação fiscal no que diz respeito à existência de omissão de informações de segurados nas GFIP´s e folhas de pagamento, exigindose o recolhimento das respectiva contribuições devidas sobre as remunerações dos trabalhadores, não adimplidas de maneira espontânea pelo sujeito passivo da obrigação tributária principal. 27. Quanto às obrigações acessórias, as infrações relacionadas à elaboração das folhas de pagamento em desacordo com a forma exigida na legislação tributária (CFL 30) e à ausência de desconto da contribuição previdenciária dos segurados a serviço da empresa (CFL 59) possuem o mesmo valorbase para a multa, único e indivisível, o qual independe do período do fato gerador ou do número de infrações verificadas. Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 404 11 27.1 Em outras palavras, basta para a caracterização e imputação da multa a ocorrência de uma só infração à obrigação tributária violada. 28. Segundo as planilhas de fls. 159/175, a autoridade lançadora identificou as condutas contrárias à legislação tributária em competências posteriores e anteriores ao ato de incorporação, revelandose as provas carreadas aos autos integralmente favoráveis à procedência das penalidades aplicadas pelo agente fiscal. 29. Mantêmse, portanto, as multas lavradas pela fiscalização. b) AI nº 51.013.9574 (CFL 22) 30. De acordo com o Relatório Fiscal, a pessoa jurídica, comprovadamente, utilizava sistema eletrônico de processamento de dados e, intimada a apresentar as informações em meio digital, prestou incorretamente os dados solicitados. 30.1 Mais especificamente, no arquivo digital da folha de pagamento entregue pela fiscalizada, na parte correspondente às competências 06/2007 a 02/2008, constatouse a inclusão de valores de tíquete refeição/tíquete alimentação cujas rubricas não deveriam estar incluídas na documentação digital (fls. 100/141). 31. Pois bem. Não há no recurso voluntário argumentação específica quanto à improcedência da penalidade imposta. Seu inconformismo referese à imputação de responsabilidade tributária no período de existência da extinta Radiobrás, anteriormente ao ato de incorporação de 12/6/2008. 32. Passemos a considerações adicionais sobre a matéria. A sucessão empresarial implica sucessão tributária. A fim de orientar o viés interpretativo, ressalto que o patrimônio é composto por um conjunto de bens, direitos e obrigações, de maneira que o sucessor não recebe somente os bens e direitos, mas também as obrigações integrantes do patrimônio do sucedido. 33. Conquanto o art. 132 do CTN refirase tão somente aos tributos, ao interpretálo conjuntamente com o art. 129, dispositivo que inaugura a Seção denominada "Responsabilidade dos sucessores", chegase à conclusão de que a regra também aplicase aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos. 33.1 Para maior clareza do raciocínio, reproduzo novamente os artigos mencionados do CTN: Art. 129. O disposto nesta Seção aplicase por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. (...) Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 405 12 responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. (grifouse) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. 34. O momento da constituição do crédito tributário pelo ato de lançamento, que compreende também a penalidade, consoante o § 1º do art. 113 do CTN, acaba tornandose irrelevante, porquanto o que interessa é a data da ocorrência do fato gerador. 35. Essa linha de pensamento é prevalente no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a exemplo da decisão no Recurso Especial (REsp) nº 923.012/MG, proferida na sistemática dos recursos repetitivos, da relatoria do Ministro Luiz Fux, cuja ementa reproduzo parcialmente, na parte que interessa ao presente feito: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. 1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. (Precedentes: REsp 1085071/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2009, DJe 08/06/2009; REsp 959.389/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 21/05/2009; AgRg no REsp 1056302/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; REsp 3.097/RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/10/1990, DJ 19/11/1990) (...) 36. Ressalvo, no entanto, o ponto de vista pessoal que a multa moratória e/ou punitiva analisada e mencionada no julgado diz respeito ao descumprimento da obrigação principal, decorrente do não pagamento de tributo na época do vencimento, coerente assim com a interpretação conjunta dos arts. 129 e 132 do CTN, antes referida. 37. Pareceme que nesse sentido foi redigido o voto nos Embargos de Declaração do mesmo REsp nº 923.012/MG, de lavra do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Transcrevo a respectiva ementa no ponto em que vinculada à questão em debate: Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 406 13 EMBARGOS DECLARATÓRIOS EM RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE EMPRESAS (INCORPORAÇÃO). ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO MERCANTIL. EXCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO DESDE QUE INCONDICIONAL. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1a. SEÇÃO, NO RESP. 1.111.156/SP, REL .MIN. HUMBERTO MARTINS, DJE 22.10.2009, SOB O REGIME DO ART. 543 C DO CPC. ASSERTIVA DO ACÓRDÃO RECORRIDO DE QUE NÃO FICOU COMPROVADA ESSA INCONDICIONALIDADE, NA HIPÓTESE DOS AUTOS. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. PRETENSÃO DE ALTERAÇÃO DO JULGADO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. (...) 4. Tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio (direitos e obrigações) da empresa incorporada que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. 5. O que importa é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. (...) (GRIFEI) 38. Com a devida vênia, estender a interpretação para as obrigações acessórias significa um passo adiante, de maneira que não estou convencido que a decisão no rito dos recursos repetitivos pretendeu abarcar conscientemente também a situação de aplicação da multa pelo descumprimento de um dever instrumental, não associada diretamente ao desatendimento da obrigação principal. 39. Sob a ótica do direito tributário, os §§ 2º e 3º do art. 113 do CTN prescrevem a respeito da obrigação acessória: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 407 14 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. 40. É evidente que a obrigação acessória não se converte imediatamente em principal pelo fato da sua inobservância, conforme a dicção do § 3º do art. 113. Se assim fosse, o sujeito passivo poderia pagar a multa e não cumprir a prestação positiva ou negativa estabelecida na legislação. 41. Quer dizer o dispositivo de lei que uma vez identificado pelo Fisco o descumprimento do dever instrumental, será imposta uma multa, de cunho patrimonial, reportandose ao momento do seu fato gerador e sendo exigida e cobrada por intermédio dos mesmos mecanismos aplicados aos tributos. 42. Enquanto não aplicada a penalidade pelo descumprimento da obrigação acessória, a multa fiscal não passa a integrar o passivo da empresa, não sendo correto afirmar, ainda que relativa à obrigação tributária surgida até a data da sucessão, que fazia parte do patrimônio da sucedida. 43. Penso, todavia, que tal interpretação estrita deve ceder na hipótese de empresas sob controle comum ou pertencentes a grupo econômico, antes da sucessão empresarial, todas sabedoras das condutas perpetradas por uma e outra relativamente a fatos tributários preexistentes ao ato sucessório. 44. Essa posição encontra, inclusive, amparo na jurisprudência administrativa, consoante enunciado da Súmula Carf nº 47, assim vazado: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. 45. É verdade que, a rigor, o enunciado da Súmula nº 47 retrata a jurisprudência construída à època em torno da multa de ofício imposta como sanção pela falta de recolhimento espontâneo de tributo. Porém, entendo que seus fundamentos podem também ser aplicados nas questões relativas à multa por inadimplemento de obrigação acessória. Daí porque a hipótese excepcional é perfeitamente admissível ao caso descrito nos autos. 46. Com efeito, de acordo com o Decreto nº 2.958, de 8 de fevereiro de 1999, a Radiobrás era uma empresa pública federal com personalidade de direito privado, organizada sob a forma de sociedade por ações, vinculada à Secretaria de Estado de Comunicação do Governo Federal. 46.1 Sob o controle acionário da União, a empresa estatal tinha como objeto social gerir, operar e explorar os serviços de radiodifusão do Governo Federal. 47. A EBC, ora recorrente, veio a substituir as funções da Radiobrás. Com maioria das ações ordinárias nominativas de titularidade da União, foi concebida para a prestação de serviços de radiodifusão pública e serviços conexos, além da criação de uma televisão pública de âmbito nacional (Decreto nº 6.246, de 2007). Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10166.724389/201295 Acórdão n.º 2401004.791 S2C4T1 Fl. 408 15 47.1 A viabilização operacional da nova empresa se deu por intermédio da incorporação da Radiobrás, de quem herdeu os bens e pessoal permanente, necessários ao início das atividades. A EBC sucedeu a Radiobrás nos seus direitos e obrigações, e absorveu, mediante sucessão trabalhista, os empregados integrantes do seu quadro de pessoal (MP nº 398, de 2007, convertida na Lei nº 11.652, de 2008). 48. Nesse quadro de reorganização efetuada pela União, na qualidade de acionista majoritário, para a execução de atividades de seu interesse, por meio de empresas dotadas de personalidade jurídica de direito privado, não é concebível evitar a aplicação de qualquer penalidade sob o pretexto de falta de responsabilidade tributária do sucessor. 49. Por ocasião da incorporação da Radiobrás, em 12/6/2008, a situação fiscal da empresa extinta já havia sido avaliada e identificada, inclusive quanto ao descumprimento das obrigações tributárias acessórias, devendo integrar o passivo tributário da empresa incorporada as multas de qualquer natureza relativamente aos fatos geradores ocorridos até a data da incorporação, mesmo que constituído o crédito tributário em data posterior. 50. Em síntese, as mudanças societárias não podem servir de instrumento à liberação do encargo fiscal, inclusive penalidades, quando a sucessora conhecia perfeitamente as obrigações tributárias da empresa sucedida não cumpridas nos moldes exigidos pela legislação. 51. Responde a recorrente, nessa hipótese, não só pelas sanções fiscais garantidoras do cumprimento do dever tributário principal pela empresa incorporada, como também pelas aplicadas em face da inobservância dos deveres instrumentais, mesmo que tenham sido objeto de lançamento de ofício posterior ao evento de sucessão. 52. Logo, também não merece reparo a decisão de piso que manteve a exigência da penalidade consubstanciada no AI nº 51.013.9574. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, REJEITO as preliminares e, no mérito, NEGO PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 408DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720406/2013-43
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2009
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INOCORRÊNCIA.
Ao se constatar que inexistiram quaisquer dos vícios alegados pela embargante, os embargos declaratórios devem ser rejeitados. Os embargos declaratórios não se prestam à introdução de argumentos não trazidos anteriormente em sede de recurso, nem à complementação de provas que deveriam ter sido tempestivamente produzidas nos autos.
Numero da decisão: 1301-002.440
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos embargos.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Ausente o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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OMISSÃO. INOCORRÊNCIA. Ao se constatar que inexistiram quaisquer dos vícios alegados pela embargante, os embargos declaratórios devem ser rejeitados. Os embargos declaratórios não se prestam à introdução de argumentos não trazidos anteriormente em sede de recurso, nem à complementação de provas que deveriam ter sido tempestivamente produzidas nos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Ausente o Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 04 06 /2 01 3- 43 Fl. 1998DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 1.999 2 Trata o presente de embargos de declaração opostos pelo Contribuinte acima identificado, em face do acórdão nº 1301002.115 (fls. 1903/1923), prolatado por esta 1ª Turma na sessão de julgamento de 10/08/2016. No referido julgado, o Colegiado pronunciouse por maioria de votos no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, em decisão assim ementada: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2009 PROVAS DOCUMENTAIS A CARGO DO SUJEITO PASSIVO. DILIGÊNCIA. DESCABIMENTO E DESNECESSIDADE. Mostrase descabida e desnecessária a realização de diligência para a produção de prova documental, com forma prevista na legislação e cujo ônus recai sobre o sujeito passivo, por se destinar a provar suas alegações de defesa. NULIDADE. NÃO ACEITAÇÃO DE DOCUMENTOS. FALTA DE MOTIVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Ao se constatar que os motivos pelos quais não foram aceitos os documentos apresentados durante a fiscalização como comprovação dos alegados prejuízos de períodos anteriores foram clara e minuciosamente expostos no ato do lançamento, não se há de reconhecer qualquer nulidade por falta de motivação. LUCROS NO EXTERIOR. SUCURSAIS. EXTINÇÃO POR INCORPORAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NO BRASIL. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO NO BALANÇO DE ENCERRAMENTO. DATA DO FATO GERADOR. Havendo extinção por incorporação de pessoa jurídica no Brasil, os lucros auferidos por sucursais daquela empresa no exterior deverão ser adicionados ao lucro líquido da pessoa jurídica extinta até a data do balanço de encerramento. Eventual insuficiência nessa adição deve ser objeto de lançamento considerando como data de ocorrência do fato gerador a data da extinção por incorporação, e como ponto de partida para a adição o lucro líquido apurado pela pessoa jurídica extinta no balanço de encerramento. LUCROS DE SUCURSAL NO EXTERIOR. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO DE PERÍODOS ANTERIORES. PROVA. REQUISITOS FORMAIS. Para fins de comprovação de prejuízos auferidos por sucursais no exterior em períodos anteriores, passíveis de compensação com os lucros dessas mesmas sucursais no período fiscalizado, as demonstrações financeiras levantadas pelas sucursais, traduzidas em idioma nacional e convertidas em Reais que embasarem as demonstrações financeiras no Brasil, deverão ser transcritas ou copiadas no livro Diário da pessoa jurídica no Brasil. Não cumpridos tais requisitos, a compensação de prejuízos pretendida não pode ser admitida. Alega a embargante que o aresto combatido terseia omitido acerca da existência e aplicabilidade ao caso concreto de tratados internacionais do setor aéreo que constam do sítio eletrônico do Ministério das Relações Exteriores. Referese a interessada ao Decreto nº 446/1992, que internalizou o “Acordo sobre Transporte Aéreo entre o governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América”, especificamente o art. 8º, § 4º, e art. 9º, § 1º. Afirma a embargante que, segundo esse diploma legal, a contribuinte teria o direito de solicitar a remessa das “receitas locais excedentes às somas localmente Fl. 1999DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.000 3 desembolsadas” para a empresa brasileira. Somente após essa solicitação é que se poderia falar em disponibilidade de renda para fins do artigo 42 do Código Tributário Nacional. A embargante acrescenta o quanto segue, acerca dos prejuízos auferidos pelas filiais dos EUA e da Alemanha: Quanto aos prejuízos auferidos pelas filiais dos EUA e da Alemanha no ano calendário 2007 no valores de R$ 31.015.278,00 e R$ 60.773.496,0, que seriam suficientes para compensar todo lucro apurado no anocalendário 2008 por estas filiais, o acórdão embargado afirma que não é possível verificar através dos balancetes contábeis se estão em reais ou outra moeda. Desde já esclarece que estão em reais e traduzem as informações contábeis daquele país. Para que não pairem dúvidas quanto aos valores constantes do balancete contábil apresentado, requer a juntada de Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício elaborados a partir dos balancetes contábeis de fls 315/317, 368/369, 989/991, o que demonstra que tais documentos comprovavam a existência de prejuízos naqueles países que deveriam ser compensados com os lucros a serem tributados no Brasil, segundo determina a Lei nº 9.249/95 (Doc. 05). Ao final, a embargante requer o conhecimento e provimento de seus embargos para sanar as omissões apontadas, reformando o acórdão embargado e dando integral provimento ao recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator A embargante tomou ciência do acórdão ora embargado em 08/09/2016, quintafeira (termo à fl. 1934). Tendo sido os embargos de fls. 1936/1939 apresentados em 13/09/2016, terçafeira (termo à fl. 1935), tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. Ademais, a embargante apontou objetivamente os vícios que pretende ver sanados, atendendo, desta forma, ao requisito regimental. Atendidos os demais requisitos processuais, conheço dos embargos e passo a analisálos, tendo por parâmetros delimitadores aqueles estabelecidos pelo caput do art. 65 do Anexo II do RICARF, verbis: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. 1. Alegada omissão acerca do “Acordo sobre Transporte Aéreo entre o governo da República Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América” (Decreto nº 446/1992). Fl. 2000DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.001 4 O referido Decreto nº 446 foi expressamente mencionado pela interessada1 em seu recurso voluntário apenas à fl. 1045, no tópico intitulado IV.2 Do direito à compensação de prejuízo de exercícios anteriores da documentação comprobatória devidamente apresentada. Essa menção se deu no contexto em que a então recorrente buscava demonstrar a regularidade formal dos documentos por ela apresentados com a finalidade de comprovar prejuízos auferidos em períodos anteriores pelas sucursais Bolívia, Estados Unidos, Alemanha, Argentina e Uruguai. Eis o parágrafo em comento (sublinhados não constam do original): Registrese que em função do Acordo sobre Transporte Aéreo firmado entre o Governo da Republica Federativa do Brasil e o Governo dos Estados Unidos da América [...], conforme Decreto nº 446/62 [sic] [...], as referidas filiais localizadas nestes países não necessitam manter escrituração contábil local, estando a sua escrituração sob a responsabilidade da Recorrente que as elabora em moeda estrangeira e as converte para o padrão brasileiro (Doc. 09 da Impugnação, fls. 989 a 991 dos autos). No tópico específico acerca de tratados para evitar a dupla tributação da renda (intitulado IV.3 Da existência de tratados para evitar a dupla tributação da renda), a partir da fl. 1049, a então recorrente não menciona expressamente o Decreto 446, nem mesmo menciona a existência de algum tratado entre o Brasil e os Estados Unidos da América. Suas palavras são absolutamente genéricas (fl. 1051, grifos não constam do original): Deste modo, existindo Acordo entre Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai e demais países aonde a Recorrente possui sucursal, o Fisco Brasileiro está adstrito às regras impostas em referido acordo, regras estas de delimitação de competência tributária, em especial no que se refere ao art. 7º do Decreto nº 87.976/82 que promulga a Convenção entre o Brasil e a Argentina destinada a evitar a Dupla Tributação e Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria do Imposto de Renda, qual seja, Lucros das empresas. [...] Em sede de embargos, a interessada sustenta que o Colegiado terseia omitido sobre a aplicação ao caso concreto do Decreto nº 446/1992, especificamente o art. 8º, § 4º, e art. 9º, § 1º, que transcrevo: Artigo 8 Oportunidades Comerciais [...] 4. As empresas aéreas de uma Parte Contratante terão o direito de converter e remeter para seu país, a pedido, as receitas locais excedentes às somas localmente desembolsadas. A conversão e remessa dessas receitas serão autorizadas de imediato, sem impedimento ou taxação, à taxa de câmbio em vigor para transações e remessas correntes na data da conversão e remessa. Se uma das Partes Contratantes exigir a apresentação de uma solicitação para a conversão e remessa, as empresas aéreas da outra Parte Contratante poderão apresentar as solicitações livres da exigência de documentos excessivos ou discriminatórios. 1 Ainda que com erro quanto ao ano de edição. No recurso, fl. 1045, consta que o Decreto seria de 1962, enquanto que o ano correto é 1992. Fl. 2001DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.002 5 [...] Artigo 9 Taxas e Direitos Alfandegários Cada Parte Contratante concorda com as isenções especificadas neste Artigo, para as empresas aéreas designadas da outra Parte Contratante: 1) As isenções recíprocas das restrições e limitações econômicas de importação, bem como as isenções recíprocas de todos os direitos alfandegários nacionais e de outras taxas, impostos e tarifas, cobrados pelas autoridades nacionais, que não se basearam no custo dos serviços prestados, aplicarseão a: a) aeronaves das empresas aéreas da outra Parte Contratante operadas no transporte aéreo internacional; b) equipamentos de uso regular, equipamentos de uso no solo, sobressalentes (incluindo motores), combustível, lubrificantes, provisões técnicas de consumo, suprimento de bordo (artigos de consumo imediato, incluindo mas não limitado a comida, bebida, fumo e outros produtos destinados ou utilizados pelos passageiros durante o vôo) e outros itens, previstos para uso exclusivo ou assim usados na operação ou na manutenção das aeronaves mencionadas no subparágrafo (a) deste parágrafo, se estes itens forem: i) introduzidos ou fornecidos no território da Parte Contratante que concede a isenção, para a operação ou manutenção das aeronaves, sendo ou não estes produtos consumidos totalmente dentro daquele território, ou ii) mantidos a bordo da aeronave, desde o momento da chegada até o momento da partida do território da Parte Contratante que conceder a isenção, sendo ou não estes produtos consumidos totalmente dentro daquele território; e c) folhetos promocionais: catálogos impressos, listas de preços, horários e avisos comerciais concernentes aos serviços de transporte aéreo internacional das empresas aéreas da outra Parte Contratante, assim como folhetos turísticos (incluindo "posters"). Afirma a embargante que, segundo esse diploma legal, a contribuinte teria o direito de solicitar a remessa das “receitas locais excedentes às somas localmente desembolsadas” para a empresa brasileira. Somente após essa solicitação é que se poderia falar em disponibilidade de renda para fins do artigo 42 do Código Tributário Nacional. Como se observa, tratase de argumento completamente novo em relação às razões aduzidas no recurso voluntário. Não se há de cogitar de omissão do Colegiado em relação a matéria que sequer foi ventilada no recurso. Os embargos declaratórios não se prestam à introdução de novos argumentos, não trazidos tempestivamente à discussão. Pelo exposto, voto por rejeitar os embargos, quanto a este ponto. Fl. 2002DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.003 6 2. Acerca dos prejuízos auferidos pelas filiais dos EUA e da Alemanha no anocalendário 2007. Aqui, a embargante não especifica tratarse de omissão, contradição ou obscuridade. Esse tema foi abordado no acórdão embargado como segue (grifos não constam do original): Resta, então, a parcela do ajuste das sucursais VRG Estados Unidos e VRG Alemanha, com lucros em 2008 nos valores respectivos de R$ 17.432.699,02 e R$ 10.760.863,44, considerados pelo Fisco como integralmente disponibilizados para a pessoa jurídica no Brasil, mas sem qualquer adição feita em sua DIPJ pelo contribuinte, tudo conforme o mencionado quadro de fl. 565. A alegação da recorrente é de que não haveria qualquer adição a ser feita para as sucursais VRG Estados Unidos e VRG Alemanha em 31/12/2008 diante dos prejuízos de períodos anteriores auferidos por essas sucursais, compensados com os lucros auferidos em 2008, conforme autorizado pela legislação. O Fisco entendeu que os documentos apresentados seriam insuficientes para fazer prova desses alegados prejuízos anteriores, o mesmo acontecendo em primeira instância. Considero relevante, antes do exame dos documentos em si, transcrever os arts. 4º e 6º da Instrução Normativa nº 213/2002, que cuida das demonstrações financeiras das sucursais no exterior. [...] Compulsando a vasta documentação juntada aos autos, e buscando segregar aquilo que se refere às sucursais VRG Estados Unidos e VRG Alemanha, identifiquei a planilha de fl. 273, na qual a interessada demonstra a origem dos prejuízos compensados pra cada sucursal, conforme segue: Bases 2007 Alemanha R$ 60.773.496,00 Estados Unidos R$ 31.015.278,00 De fato, se existentes e comprovados documentalmente esses prejuízos, seriam eles suficientes para absorver integralmente os lucros apurados por cada sucursal em 2008. A questão é de prova. Considero que a prova dos prejuízos deve ser feita segundo a disciplina do art. 6º da IN 213/2002, anteriormente transcrito. Isso implica, em síntese, a existência e apresentação de demonstrações financeiras do ano de 2007 para cada sucursal, sua versão para o idioma e moeda nacionais e, finalmente, a transcrição destas últimas no livro Diário da pessoa jurídica no Brasil. Às fls. 315/317 encontro documento intitulado Balancete Local Acumulado da VRG Alemanha, correspondente ao ano 2007. Os nomes das contas e demais informações estão em Português, mas não há indicação de qual seria a moeda (consta somente o símbolo “*”). Ao final, na linha correspondente a “Apropriação do Resultado”, na coluna de dezembro, encontrase o valor –60.773.496,13. No entender da interessada, seria esse o documento capaz de comprovar a origem do prejuízo compensado em 2008. No mesmo sentido, os documentos acostados em meio magnético (fls. 989/991 e 992). De modo análogo, às fls. 368/369 encontro documento intitulado Balancete Local Acumulado da VRG Estados Unidos, correspondente ao ano 2007. Os nomes das contas e demais informações estão em Português, mas não há indicação de qual Fl. 2003DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.004 7 seria a moeda (consta somente o símbolo “*”). Ao final, na linha correspondente a “Apropriação do Resultado”, na coluna de dezembro, encontrase o valor – 31.015.277,58. No entender da interessada, seria esse o documento capaz de comprovar a origem do prejuízo compensado em 2008. No mesmo sentido, os documentos acostados em meio magnético (fls. 989/991 e 992). Penso que tais documentos são insuficientes para os fins pretendidos, especialmente diante da exigência expressa no § 6 do art. 6º da IN SRF 213/2002, acerca da transcrição das demonstrações financeiras no Livro Diário da pessoa jurídica no Brasil. Tal rigor não é desmedido, especialmente se considerarmos que não é possível ao Fisco brasileiro auditar aquela demonstração financeira da sucursal estrangeira. Ela deve ser acreditada tal como se apresenta, mas para esse crédito os aspectos formais se mostram ainda mais relevantes. No mínimo, exigese tradução para o idioma nacional (o que teria sido atendido), conversão para moeda nacional (aparentemente, também atendido), classificação das contas segundo as normas da legislação comercial brasileira nas demonstrações financeiras (o que não foi feito, o balancete não substitui a demonstração do resultado do exercício nem o balanço patrimonial segundo a legislação brasileira) e, finalmente, a transcrição no livro Diário, que não encontro em parte alguma dos autos2. Tudo isso se mostra indispensável para que os documentos apresentados possam transmitir a confiança de que não foram feitos no calor da hora, tão somente para apresentação ao Fisco, mas que, ao contrário, foram tempestivamente apurados e registrados. Em assim não sendo, não faço reparos à decisão de primeira instância que manteve o lançamento, neste aspecto, por falta de comprovação dos prejuízos de períodos anteriores. Como se vê, as provas constantes dos autos foram exaustivamente examinadas e consideradas pelo Colegiado como insuficientes para provar as alegações recursais, pelos motivos claramente expostos. Dos termos em que formulados os embargos (vide transcrição no relatório que antecede este voto), percebese que a intenção da embargante é a de trazer novas provas, o que não se admite para essa espécie de recurso. Não se cuidando de omissão, contradição nem de obscuridade, os embargos devem ser rejeitados, quanto a este ponto. Conclusão. Em conclusão, por todo o exposto, voto por negar provimento aos presentes embargos, ratificando integralmente o quanto decidido pelo Acórdão nº 1301002.115, de 10/08/2016. 2 À fl. 1045 de seu recurso, a recorrente afirma expressamente que “as Demonstrações Financeiras foram devidamente escrituradas nos livros fiscais da Recorrente, conforme o preceito do § 6º do art. 6º da IN RFB nº 213/2002 [...]”. No entanto, não menciona em que páginas dos autos estaria a comprovação dessa escrituração. Em sentido contrário, nas contrarrazões apresentadas, a Fazenda Nacional afirma a falta de transcrição das demonstrações financeiras no Diário, o que também já havia sido constatado pelo julgador de primeira instância. Fl. 2004DF CARF MF Processo nº 16682.720406/201343 Acórdão n.º 1301002.440 S1C3T1 Fl. 2.005 8 (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 2005DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912629/2009-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PER-DCOMP. DUPLICIDADE DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. UNICIDADE DO DÉBITO COMPENSADO.
Ainda que existam 02 processos administrativos que se refiram à utilização do mesmo crédito, não há duplicidade de utilização do crédito na hipótese em que o débito a ser compensado também fora indevidamente duplicado.
Numero da decisão: 1201-001.747
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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PERDCOMP. DUPLICIDADE DE PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. UNICIDADE DO DÉBITO COMPENSADO. Ainda que existam 02 processos administrativos que se refiram à utilização do mesmo crédito, não há duplicidade de utilização do crédito na hipótese em que o débito a ser compensado também fora indevidamente duplicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 26 29 /2 00 9- 92 Fl. 361DF CARF MF 2 Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Tratase o presente processo da não homologação da Declaração de Compensação – PER/DCOMP n. 36497.57986.200905.1.3.043659, referente a suposto pagamento a maior da antecipação da CSLL da competência de outubro de 2004. O valor original em cobrança é igual a R$ 622.508,55. Transcrevo abaixo, trechos do relatório constante do acórdão proferido pela 3. Turma da DRJ/BHE: “Despacho Decisório da DRF 3. A análise do documento protocolizado pelo contribuinte foi efetuada pela DRF através do Despacho Decisório n° 831819929 anexado à fl. 44, exarado aos 09/04/2009, que assim se manifestou: "Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o Saldo Negativo de IRPJ ou CSLL do período". 3.1 Como enquadramento legal foram citados os arts. 165 e 170 da Lei n° 5.172, de 1966 ( CTN), art. 10 da Instrução Normativa SRF n° 600, de 2005 e art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996. 4. Tendo em vista as razões acima expendidas, a DRF NÃO HOMOLOGA as compensações declaradas pelo contribuinte na DCOMP identificada no item 2. Manifestação de Inconformidade 5. O contribuinte foi cientificado do procedimento aos 30/04/2009, conforme documento à fl. 66. Irresignado, o contribuinte apresenta em 02/06/2009 a manifestação de inconformidade anexada às fls. 01 a 10, onde, em síntese, argumenta: 5.1 "(..)a bem da verdade e lealdade, mister . um esclarecimento inicial. A PER/Dcomp n" 36497.57986.200905.1.3.043659 não poderia ter sido objeto de análise em despacho decisório, posto que, segundo os controles da empresa, ora Requerente, foi ou deveria ter sido cancelada". 5.1.1 "Por um lapso, a Requerente. não possui em seu poder o pedido de cancelamento, mas todos os indícios internos demonstram que ele ocorreu, assim, pede que se apure se este pedido consta dos controles da RFB e porque ele não .foi processado". Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10680.912629/200992 Acórdão n.º 1201001.747 S1C2T1 Fl. 3 3 5.1.2 O manifestante tece diversas considerações acerca da declaração dos débitos na DCTF e dos créditos a eles vinculados. Acrescenta que "no presente caso concreto os débitos do quarto trimestre de 2004 já estão integralmente pagos independentemente da homologação da PER/Dcomp ora analisada, feita pela empresa quando decidiu pela revisão dos créditos e débitos e cancelamento da PER/DComp em análise nos presentes autos". 5.1.3 Em síntese, o manifestante argumenta que "em qualquer caso, os débitos.indicados como objeto de compensação na PER/Dcomp não poderiam ser exigidos simplesmente porque o total dos débitos referentes aos respectivos períodos de competência já estão plenamente satisfeitos por outros meios de pagamento/compensação(..)" 5.2 O impugnante pleiteia ainda que "seja suspenso o julgamento da presente manifestação até que sejam analisadas as PER/Dcomp 's que se vinculam, na respectiva DCTF, aos débitos ora cobrados." 5.3 Em outra linha argumentativa, o manifestante menciona que "deverá ser analisado o mérito da existência do crédito". Neste contexto, tece diversas considerações, no intuito de validar o crédito utilizado na DCOMP. 5.3.1 Informa que no período de janeiro a dezembro/2004 apurou a CSLLEstimativa Mensal mediante o levantamento de balanços/balancetes de suspensão/redução, apurando. Um valor a pagar no importe de R$ 2.090.248,13 no mês de outubro. O valor apurado foi quitado através de pagamentos e compensação. Apresenta planilha demonstrativa e conclui: "todo o valor do terceiro DARF (.) constitui crédito decorrente de pagamento indevido OU a maior, então precisa necessariamente compor o saldo negativo anual." 5.3.2 A fundamentação indicada pela DRF para a não homologação das compensações declaradas reportase ao art. 10 da IN SRF n° 600, de 2005. Argumenta que a restrição contida neste artigo foi abolida pela IN RFB n° 900, de 2008. 5.3.2.1 "Seja como .for, o fito é que a Instrução Normativa n° 600/2005 jamais pretendeu impedir a compensação nos moldes feitos pela requerente(negrito do original)." Afirma que "o objetivo da norma era vedar a compensação de recolhimentos efetivamente devidos feitos a título de estimativa que superassem o tributo devido pelo balancete de suspensão/redução, e não o crédito decorrente de pagamentos indevidos a título de estimativa feitos em um . determinado período". 5.3.2.2 O manifestante tece diversas considerações acerca do assunto, concluindo: "em termos práticos, pouco importa o pagamento a maior de estimativa ser aproveitado como tal, ou compor o saldo negativo e este ser compensado após o final do ano (..)" Busca amparo para suas alegações no art. 165 do CTN e ilustra com Acórdão do Conselho de Contribuintes e com texto de Ives Gandra Martins.” Fl. 363DF CARF MF 4 A DRJ/BHE julgou improcedente a manifestação de inconformidade para indeferir o pedido de cancelamento da DCOMP, a suspensão do julgamento da lide e a juntada de novos documentos e, no mérito, não homologar as compensações em litígio neste processo. Contra referido acórdão, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário, por meio do qual ratifica os termos da Impugnação. Diligência Em 25/09/2014, esta Turma de Julgamento resolveu através da Resolução n. 1201000.158, converter o julgamento em diligência para determinar que a DRF procedesse às seguintes verificações: i) identificar se a antecipação de CSLL referente ao mês de outubro de 2004, foi paga através de apuração por estimativa ou por balancete de suspensão/redução; ii) identificar a composição do pagamento da parcela de antecipação do mês de outubro de 2004, com indicação de DARF e Per/DComps; iii) identificar a composição do pagamento das parcelas de antecipação dos meses de novembro e dezembro de 2004, com indicação de DARF e Per/DComps; iv) identificar os pedidos de compensação (e débitos compensados) relacionados aos Per/DComps n. 36497.57986.200905.1.3.043659 e 16559.94433.271107.1.3.046411. v) identificar se o crédito ora em discussão foi utilizado em outros processos de compensação tributária que não estão sob análise no presente processo administrativo. Resultado da Diligência Em 22/01/2015, a DRF apresentou resposta à diligência determinada por esta turma, por meio do qual traz os seguintes esclarecimentos: i) as estimativas da CSLL relativas aos períodos de apuração outubro, novembro e dezembro de 2004 foram apuradas por balancete de suspensão/redução, conforme telas da DIPJ 2005 ativa às folhas 169 a 174; ii) a antecipação da estimativa do PA 10/2004, foi quitada através de DARF no valor de R$ 1.952.526,98 e compensação no valor de R$ 137.721,15, totalizando R$ 2.090.248,13, conforme documentos de fls. 176178; iii) a antecipação da estimativa do PA 11/2004, foi quitada através de DARF no valor de R$ 1.651.305,94 e compensação no valor de R$ 208.036,57, totalizando R$ 1.859.342,51, conforme documentos de fls. 196199; iv) a antecipação da estimativa do PA 12/2004, foi quitada através de DARF no valor de R$ 1.522.477,56 e compensação no valor de R$ 598.634,60, totalizando R$ 2.121.112,16, conforme documentos de fls. 211214; Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10680.912629/200992 Acórdão n.º 1201001.747 S1C2T1 Fl. 4 5 v) com relação ao item da diligência que pede a identificação dos pedidos de compensação (e débitos compensados) relacionados aos Per/DComps n. 36497.57986.200905.1.3.043659 e 16559.94433.271107.1.3.046411, a DRF trouxe as seguintes informações: 4 PERDCOMP números 36497.57986.200905.1.3.043659 e 16559.94433.271107.1.3.046411 O Perdcomp nº 36497.57986.200905.1.3.043659, objeto do presente processo, encontrase às folhas 72 a 76 (numeração digital). O crédito utilizado tem origem em suposto pagamento a maior da estimativa da CSLL, período de apuração outubro de 2004. O pagamento, no valor de R$ 2.622.067,89, foi efetuado em 30.11.2004 e o crédito informado na Dcomp é de R$ 618.108,02. Os débitos elencados para compensação são: O Perdcomp nº 16559.94433.271107.1.3.046411, objeto do processo número 10680.933505/2009 41, encontrase às folhas 221 a 225. O crédito informado é de R$ 835.518,91 (pagamento a maior da estimativa da CSLL PA 10/2004) e tem como origem o mesmo pagamento citado anteriormente, no valor de R$ 2.622.067,89. Os débitos elencados nessa Dcomp são: Já em relação ao item da diligência que pede à DRDF que identifique se o crédito ora em discussão foi utilizado em outros processos de compensação tributária que não estão sob análise no presente processo administrativo, o relatório traz a seguinte informação: 5 Utilização do crédito discutido no presente processo As Dcomp 36497.57986.200905.1.3.043659 e 16559.94433.271107.1.3.046411 informam o mesmo DARF como origem do crédito de pagamento indevido, conforme informado no item 4. Esse DARF apresenta saldo disponível de R$ 835.518,91, insuficiente para a confirmação dos dois créditos, que totalizam R$ 1.453.626,93. Conforme já registrado nos itens 3 e 4, a Dcomp 16559.94433.271107.1.3.046411 é tratada no processo 10680.933505/200941, atualmente no CARF para julgamento de recurso voluntário. Manifestação da Contribuinte quanto ao Resultado da Diligência Fl. 365DF CARF MF 6 Regularmente intimada, a Recorrente apresentou manifestação nos seguintes termos: i) restou devidamente comprovado o pagamento a maior de R$ 835.518,91 em relação ao PA 10/04 (montante equivalente à diferença entre R$ 2.622.067,89 (DARF) e R$ 1.786.548,98 (débito); ii) a conclusão da diligência é equivocada quando afirma que o crédito de R$ 835.518,91 não seria insuficiente para a homologação integral das compensações em discussão, em razão do crédito também ter sido utilizado para compensação do PA nº 10680.933505/200941 isso porque, por equívoco da Recorrente, de fato, o mesmo crédito foi utilizado na compensação de débitos controlados no mencionado processo, contudo, os débitos compensados em ambos os PTA’s também são idênticos (PA 11/2004 e 12/2004), ou seja, a cobrança está sobreposta (feita em duplicidade); Em relação a este último ponto, trago trecho da manifestação da Recorrente: É o Relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais, assim, merece ser conhecido. O crédito em discussão no montante de R$ 618.108,02, foi tratado pela interessada como crédito originado em pagamento indevido ou a maior de pagamento mensal da CSSL por estimativa, sendo este o evento que motivou a não homologação da compensação, Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10680.912629/200992 Acórdão n.º 1201001.747 S1C2T1 Fl. 5 7 pois, devido à aplicação do artigo 10 da IN 600/2005, tal crédito deve compor o saldo negativo do período e não ser considerado isoladamente como pagamento indevido ou a maior. No entanto, cabe a análise da existência do crédito, independentemente do tipo de crédito utilizado pela recorrente para restituição do mesmo, quer seja ele pagamento indevido ou saldo negativo. A recorrente apresentou o DARF recolhido no montante de R$ 2.622.067,89, bem como o débito demonstrado na DCTF, a utilização de R$ 1.952.526,98 (folha 100/147) que juntamente com a Perdcomp de R$ 137.721,15 compõe o valor de R$ 2.090.248,13, sendo o mesmo demonstrado na ficha 17 da DIPJ de R$ 2.090.248,13. (folha 55/147). Com base nestes documentos, concluo que a contribuinte, em tese, possui o referido crédito no ano calendário de 2004. Adicionalmente, é necessário também trazer a Súmula CARF n. 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. No entanto, a Contribuinte solicita em seu recurso voluntário que o crédito seja homologado e também pleiteia a extinção dos débitos vinculados ao referido Perdcomp, pedido este que entendo que é contraditório as alegações anteriores feitas pela Contribuinte. A Contribuinte alega o seguinte: “Em qualquer caso, os débitos indicados como objeto de compensação na PER/DComp não poderiam ser exigidos simplesmente porque o total dos débitos referentes aos respectivos períodos de competência já estão plenamente satisfeitos por outros meios de paqamento/compensação, tudo conforme demonstra a DCTF em anexo, e exatamente dai surge a necessidade de se reconhecer o cancelamento da mencionada PER/DComp. (folha 141/147)” Conforme o mencionado acima, independente do crédito ser homologado, o débito não é devido por ter sido liquidado por outros meios de pagamento. Contudo, mediante a análise dos documentos comprobatórios, identifiquei que o mesmo crédito ora pleiteado foi utilizado para quitar parte dos débitos de Novembro e Dezembro de 2004, no entanto, foi formalizado através de outra Perdcomp, número 16559.94433.271107.1.3.046411. (folha 64 e 66/147). Diante de tais fato, esta Turma entendeu necessário que a DRF efetuasse algumas verificações quanto à real existência do crédito e sua posterior utilização. A DRF confirmou a existência de crédito no valor de R$ R$ 835.518,91 em relação ao PA 10/04. Assim, solucionada está esta parte da discussão. Fl. 367DF CARF MF 8 Contudo, em sua resposta à diligência, a DRF afirmou que ter ocorrido uma utilização em duplicidade do crédito em questão, vez que as Dcomp 36497.57986.200905.1.3.043659 e 16559.94433.271107.1.3.046411 informam o mesmo DARF como origem do crédito. Assim, este suposto aproveitamento em duplicidade passa a ser, portanto, o núcleo da presente discussão. Neste ponto, afirma a Recorrente que através do PER/DComp nº 36497.57986.200905.1.3.043659 tentou homologar compensações relativas a débitos que já estavam definitivamente extintos, o que levou a Empresa a transmitir nova declaração (PER/DCOMP nº 16559.94433.271107.1.3.046411) a fim de corrigir o erro. Ressalta, inclusive, que o débito de R$ 36.678,92 referente ao PA 10/2004 é inexistente, pois o relatório de diligência fiscal demonstra que todos os débitos do período foram devidamente quitados, não havendo qualquer valor em aberto em relação PA 10/2004. De fato, num primeiro momento, temse a impressão de que houve aproveitamento em duplicidade do crédito agora confirmado pela DRF. Contudo, da análise da documentação acostada e dos esclarecimentos da DRF e da Recorrente, percebo que tal duplicidade não existiu, cabendo razão à Recorrente quando diz que se utilizou somente uma vez de tal crédito. Isso porque, a DRF esclareceu que os únicos débitos em aberto se referem aos de R$ 146.611,34 (11/2004) e R$ 598.634,60 (12/2004), de acordo com a informação constantes das DCTFs entregues pela Recorrente. Nesta linha, ao verificarmos o quadro resumo trazido pela Recorrente em sua manifestação ao resultado da diligência, percebemos que mencionados débitos são os mesmos que constam em aberto por decorrência da compensação nº 16559.94433.271107.1.3.046411 (Proc. nº 10680.933505/200941), o que denota que os débitos em aberto estão devidamente alinhados ao crédito em discussão. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10680.912629/200992 Acórdão n.º 1201001.747 S1C2T1 Fl. 6 9 Assim, resta claro que os débitos em aberto relacionados ao PER/DCOMP nº 36497.57986.200905.1.3.04 3659 já haviam sido pagos. Outro racional possível, mas que leva à mesma conclusão é de que tais débitos foram sobrepostos na compensação nº 16559.94433.271107.1.3.046411. Desta sorte, não obstante existirem 02 processos administrativos que se referem à utilização do mesmo crédito, tenho que não houve duplicidade de compensação, vez que os débitos é que foram duplicados. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário para no MÉRITO, DARLHE PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Fl. 369DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720026/2012-28
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
CRÉDITO DE IPI. RESSARCIMENTO. PRODUTO FINAL IMUNE OU NT. IMPOSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO.
A possibilidade de manutenção e utilização, inclusive mediante ressarcimento, dos créditos de IPI incidente nas aquisições de insumos destinados à industrialização de produtos, incluídos os isentos e os sujeitos à alíquota zero, não se estende às pessoas jurídicas não contribuintes do imposto, produtoras de mercadorias classificadas como não tributadas - NT. (Súmula CARF nº 20)
Numero da decisão: 9303-004.581
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, que não conheceu e, no mérito, acordam, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Demes Brito.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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RESSARCIMENTO. PRODUTO FINAL IMUNE OU NT. IMPOSSIBILIDADE DE APROVEITAMENTO. A possibilidade de manutenção e utilização, inclusive mediante ressarcimento, dos créditos de IPI incidente nas aquisições de insumos destinados à industrialização de produtos, incluídos os isentos e os sujeitos à alíquota zero, não se estende às pessoas jurídicas não contribuintes do imposto, produtoras de mercadorias classificadas como não tributadas NT. (Súmula CARF nº 20) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, que não conheceu e, no mérito, acordam, por voto de qualidade, em negarlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Solicitou apresentar declaração de voto o Conselheiro Demes Brito. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 00 26 /2 01 2- 28 Fl. 1470DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.471 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que negou provimento ao recurso voluntário. O presente processo originouse de auto de infração lavrado para se exigir parcela do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), decorrente da apuração de utilização indevida de créditos básicos do imposto, relativos à aquisição de insumos aplicados em produtos Não Tributados (NT). A Delegacia de Julgamento julgou indevida a manifestação de inconformidade manejada pelo contribuinte, arguindo que inexistia autorização normativa para o aproveitamento de créditos decorrentes da não cumulatividade do IPI quando se trata da industrialização de produtos NT. A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF julgou improcedente o recurso voluntário, valendose da Súmula CARF nº 201, tendo o acórdão sido ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. Não podem ser escriturados créditos relativos a matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade objetiva.Aplicação da Súmula CARF n. 20. Cientificado, o contribuinte apresentou recurso especial, devidamente admitido pelo Presidente da Câmara, e requereu o cancelamento do auto de infração, arguindo que a Súmula CARF nº 20 não se aplica ao presente caso por se tratar de saída de produto imune, situação essa não condizente com os acórdãos paradigmas que deram ensejo à formalização da referida súmula. Em contrarrazões, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) alega a inexistência de divergência jurisprudencial, por versarem o acórdão recorrido e o paradigma indicado pelo recorrente sobre situações fáticas distintas, bem como a inexistência de previsão 1 Súmula CARF nº 20 Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Fl. 1471DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.472 3 legal de crédito presumido de IPI que pudesse justificar o ressarcimento na hipótese de imunidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, Relator O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. Conforme acima relatado, a divergência jurisprudencial restringese à questão relativa ao direito de se creditar do IPI nas aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos Não Tributados (NT). De pronto, devese ressaltar que a PGFN se equivocou ao arguir a inocorrência de divergência jurisprudencial no que se refere a essa matéria, pois o trecho do voto condutor do acórdão recorrido de que ela se vale para construir sua tese não corresponde à posição adotada pelo Colegiado, mas da posição defendida pela Fiscalização quando do lançamento de ofício, posição essa apenas referenciada pelo relator. Eis os trechos do voto condutor que demonstram esse equívoco: O Termo de Verificação Fiscal corroborado pela decisão recorrida, rechaçam esse enquadramento dos produtos como imunes, por se entender que os produtos alcançados pela imunidade seriam apenas aqueles imediatamente derivados do petróleo (...) Os produtos em tela não seriam imunes, portanto, porque não são derivados básicos de petróleo, mas sim produtos que utilizam como matériaprima (70% ou mais da composição) os derivados básicos de petróleo, e não decorreriam da operação física ou química diretamente realizada sobre o petróleo para a sua decomposição, mas sim da transformação de derivados de petróleo realizada em fase subsequente. (...) A leitura conjunta dos dispositivos referidos, não levam ao entendimento defendido pela fiscalização, qual seja, que apenas seriam alcançados pela imunidade os produtos em que a atividade de industrialização é exercida diretamente do petróleo, de forma “direta” e “imediata”, pois esses termos não são expressos e nem subentendidos da legislação de regência. E quanto ao fato de os óleos lubrificantes em questão serem derivados do petróleo, não é matéria controversa nos autos. Não há no direito positivo qualquer dispositivo que trace a distinção preconizada pela autoridade de fiscalização, não sendo possível, portanto, amesquinhar o direito à imunidade em questão. (destaques meus) Fl. 1472DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.473 4 Verificase dos excertos supra que o relator do acórdão recorrido faz referência ao entendimento da Fiscalização de que os produtos sob comento não seriam imunes, mas para afastálo em seguida, reafirmando tratarse de hipótese de imunidade tributária. Nesse sentido, temse por prejudicado o argumento da PGFN quanto a uma possível inexistência de divergência jurisprudencial por dessemelhança das situações fáticas. Feitas essas considerações, passase à análise da matéria submetida a julgamento nesta instância, qual seja, a existência ou não de autorização legal para se creditar do IPI nas aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos Não Tributados (NT). Os produtos fabricados pelo Recorrente sobre os quais se controverte nestes autos são os lubrificantes derivados de petróleo, classificados nas posições 2710.19.31 (óleos lubrificantes sem aditivos) e 2710.19.32 (óleos lubrificantes com aditivos) da TIPI, aprovada pelo Decreto n° 4.542, de 26 de dezembro de 2002, e que recebem na tabela a notação NT (Não Tributados). Tais produtos se subsumem na hipótese de imunidade tributária prevista no § 3º do art. 155 da Constituição Federal, que assim dispõe: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) (...) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Não se pode perder de vista que a imunidade tributária é uma delimitação negativa da competência tributária dos entes políticos da Federação que os impede de instituir tributo sobre aqueles bens, situações ou pessoas identificados no texto constitucional como excluídos do campo de incidência tributária. A imunidade tributária se diferencia das figuras exonerativas da isenção e da alíquota zero principalmente pelo fato de que, nessas situações, os entes políticos têm competência para instituir o tributo, mas que, por razões extrafiscais, decidem exonerar determinados setores ou produtos por meio de normas infraconstitucionais, cuja tributação encontravase constitucionalmente autorizada. Notase que a Constituição Federal, no que tange à hipótese de imunidade tributária sobre a qual se controverte nestes autos, não faz qualquer alusão acerca dos limites semânticos do termo "derivados de petróleo", nem remete à norma infraconstitucional a sua limitação, não se vislumbrando, portanto, a possibilidade de se estipularem critérios delimitadores que não estejam previstos no ordenamento jurídico. Fl. 1473DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.474 5 O Requerente busca o ressarcimento de créditos de IPI decorrentes das aquisições de insumos aplicados na produção de lubrificantes derivados de petróleo, que, de acordo com a Constituição Federal, é imune em relação ao IPI. O art. 11 da Lei nº 9.779/1999 assim dispõe sobre a possibilidade de se requerer ressarcimento do saldo credor de IPI incidente nas aquisições de insumos aplicados na industrialização: Art. 11 O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. Verificase que a lei prevê o direito a ressarcimento do saldo credor do IPI decorrente de aquisições de insumos aplicados na industrialização, ainda que de produto isento ou tributado à alíquota zero, observada a regulamentação por parte da Administração tributária federal. A Receita Federal, ao regulamentar o referido dispositivo, por meio da Instrução Normativa SRF nº 33/1999, assim dispôs: Art. 2º Os créditos do IPI relativos a matériaprima (MP), produto intermediário (P1) e material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializados serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI. (...) § 3° Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT) Art. 4° O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidos no art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à aliquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999. Da leitura dos dispositivos supra, é possível constatar que a instrução normativa prevê que os créditos relativos a insumos aplicados em produtos não tributados devem ser estornados para fins de fruição do benefício instituído pela Lei nº 9.779/1999; tudo isso em conformidade com o princípio da não cumulatividade. A questão se complica, um pouco, em razão do contido no art. 4º da instrução normativa acima reproduzido, em que se altera a dicção da lei, prevendose, também, o Fl. 1474DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.475 6 aproveitamento do imposto relativamente a insumos aplicados em produtos imunes, podendo levar a entender que o benefício se estenderia a todas as hipóteses constitucionais de imunidade. Contudo, a leitura que se deve fazer do art. 4º da IN SRF nº 33/1999 não pode ser isolada de sua matriz legal (art. 11 da Lei nº 9.779/1999) e do ordenamento jurídico como um todo, pois às normas complementares das leis, como o são as instruções normativas, não é dado poder para criar incentivo fiscal, tarefa essa reservada à lei específica, conforme preceitua a própria Constituição Federal, no § 6º do art. 1502. A IN SRF nº 33/1999, ao incluir a expressão "imune" no rol das hipóteses passíveis de ressarcimento de crédito de IPI, requer uma interpretação no sentido de que se autoriza a manutenção do crédito do imposto mas somente em relação a produtos cuja exportação goza de imunidade tributária, produtos esses que, se comercializados no mercado interno, em regra, seriam tributados pelo IPI. A instrução normativa não tem poder para estender, sem base legal, o beneficio fiscal para os produtos NT e/ou imunes, como o são os derivados de petróleo. Foi nesse sentido que se posicionou a SRF ao editar o ADI nº 5/2006, verbis: "Art. 1º Os produtos a que se refere o art. 4° da Instrução Normativa SRF n°33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais ao legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos. Art. 2º O disposto no art. 11 da Lei n° 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5º do Decretolei n° 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4° da Instrução Normativa SRF n° 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação 'NT' (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto n" 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5º do Decreto n°4.544, de 26 de dezembro de 2002 — Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Ripi). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na Tipi que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior. (g. n.) Não socorre o Recorrente a sua alegação de que os seus produtos são imunes e, portanto, não enquadráveis como "Não Tributados" (NT), pois, diferentemente do que ele defende, para que um produto possa dar o direito ao crédito do IPI, nos termos do art. 11 da Lei 2 § 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g. Fl. 1475DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.476 7 nº 9.779/1999, há que ser, primeiramente, tributado pela legislação do IPI, o que não ocorre com os lubrificantes derivados do petróleo, pois a sua saída do estabelecimento, por se tratar de operação imune, não configura fato gerador do referido imposto. A TIPI engloba sob a rubrica "Não Tributável" os casos de (i) não incidência "pura e simples" (fatos estranhos à regra jurídica da tributação), (ii) isenção e (iii) imunidade, conforme muito bem demonstrou o próprio Recorrente em seu recurso voluntário (fls. 1.318 a 1.319). Dessa forma, tratandose de produto classificado como NT, a aquisição de insumos aplicados em sua fabricação não gera direito a crédito de IPI, conforme preceitua a Súmula CARF nº 20, verbis: Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. De acordo com o art. 723 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, as súmulas do CARF são de observância obrigatória pelos membros do CARF, sob pena de perda de mandato4. Nesse sentido, independentemente da discussão acerca do alcance do termo "Não Tributado" (NT) utilizado na legislação do IPI, se aplica ou não às hipóteses de imunidade constitucionalmente instituídas, no presente caso, estáse diante de uma regra clara e objetiva em que se estipula uma vedação específica, sobre a qual este Colegiado não dispõe de discricionariedade para afastála, dado que a Tabela de Incidência do IPI (TIPI) encontrase aprovada por meio de um decreto vigente à época dos fatos, cuja observância é obrigatória, nos termos do art. 62 do Anexo II do RICARF, que assim dispõe: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou 3 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. 4 Art. 45. Perderá o mandato o conselheiro que: (...) VI deixar de observar enunciado de súmula ou de resolução do Pleno da CSRF, bem como o disposto no art. 62; Fl. 1476DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.477 8 dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) Verificase do dispositivo supra que somente nas hipóteses elencadas podese afastar a aplicação de um decreto sob fundamento de inconstitucionalidade. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Declaração de Voto Conselheiro Demes Brito Com a máxima vênia, divirjo do Ilustre Conselheiro Relator Rodrigo da Costa Pôssas. Trata o presente processo de lançamento de ofício de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, (incluído principal, multa de ofício de 75% e juros de mora calculados até 12/2011), referente ao período de apuração de 01/01/2007 a 31/12/2007, decorrente da utilização de créditos básicos indevidos. A Autoridade Fiscal entendeu que a Contribuinte não tem direito aos créditos nas aquisições de matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem, considerando que os produtos industrializados (óleos lubrificantes) não contemplam a imunidade tributaria prevista no artigo 155, § 3º, da Constituição Federal. Fl. 1477DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.478 9 Compulsando os autos, verifico que os produtos industrializados pela Contribuinte (óleos lubrificantes com aditivos e óleos lubrificantes sem aditivos) gozam da imunidade Constitucional, inserida no artigo 155, parágrafo 3º, da CF, por se tratarem de derivados de petróleo. Destarte, a decisão recorrida não reconheceu a imunidade destes produtos, negando o direito ao crédito de IPI em razão da aquisição dos insumos empregados no processo produtivo estar em sintonia com os dispositivos da Lei nº 9.779/99, considerando ainda que, no presente caso aplicase a Súmula nº 20 do CARF, a qual trata sobre a impossibilidade de creditamento de IPI quando os produtos com saídas do estabelecimento forem classificadas na TIPI como NT. Discordo diametralmente da decisão recorrida, a Contribuinte industrializa produtos alcançados pela imunidade tributária, prevista no artigo 155, parágrafo 3º da Constituição, não restando qualquer dúvida quanto sua aplicação legal. A própria Constituição Federal, dispõe no artigo 153, parágrafo, 3º, inciso II, bem como o artigo 49 do CTN e artigos 164 do RIPI/2002 e artigo 226 do RIPI/2010, permitem o creditamento do imposto relativo á MP, PI e ME, incluindose matérias primas e produtos intermediários que sejam consumidos no processo de industrialização, não estabelecendo qualquer restrição ao princípio da não cumulatividade. Portanto, entendo que não se aplica ao presente caso a Súmula nº 20 do CARF, considerando que ela não se refere a produtos imunes, como é o caso de óleos lubrificantes. Neste sentido, o Acórdão paradigma nº 3403001.678, da lavra do Ilustre Conselheiro Robson José Bayerl, julgado em 28 de junho de 2012, afastou a aplicação da Súmula nº 20 do CARF, reconhecendo o direito ao creditamento do IPI de que trata o artigo 11 da lei nº 9.779/99, o qual alcança igualmente os produtos acobertados pela imunidade, no caso os derivados de petróleo, indiferente de sua classificação na TIPI como NT. Vejamos: "Consoante art. 153, § 3º da CF/88 as balizas que dão o contorno principal do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI são as seguintes: “Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I importação de produtos estrangeiros; II exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III renda e proventos de qualquer natureza; IV produtos industrializados; V operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI propriedade territorial rural; VII grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Fl. 1478DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.479 10 § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. § 3º O imposto previsto no inciso IV: I será seletivo, em função da essencialidade do produto; II será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)” (destaquei) Como se observa do preceptivo em destaque, a apuração não cumulativa do IPI, que ora interessa, se dá pelo abatimento do valor cobrado nas aquisições de insumos (MP, PI e ME) e o valor devido na saída do produto tributado, de modo que é pressuposto, a meu sentir, inarredável, que tenha havido cobrança do imposto em ambas as etapas da cadeia de produção. Neste sentido a redação do art. 49 do Código Tributário Nacional: “Art. 49. O imposto é não cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transferese para o período ou períodos seguintes.” A própria norma legal impositiva do imposto em comento, Lei nº 4.502/64, por via oblíqua, sinaliza neste sentido, quando determina que seja estornado o crédito do imposto relativo aos insumos empregados na fabricação de produtos isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, nestes termos: “Art. 25. A importância a recolher será o montante do imposto relativo aos produtos saídos do estabelecimento, em cada mês, diminuído do montante do imposto relativo aos produtos nele entrados, no mesmo período, obedecidas Fl. 1479DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.480 11 as especificações e normas que o regulamento estabelecer. (Redação dada pelo DecretoLei nº 1.136, de 1970) § 1º O direito de dedução só é aplicável aos casos em que os produtos entrados se destinem à comercialização, industrialização ou acondicionamento e desde que os mesmos produtos ou os que resultarem do processo industrial sejam tributados na saída do estabelecimento. (Redação dada pelo DecretoLei nº 1.136,de 1970) § 2º (Revogado pelo Decreto Leinº 2.433, de 1988) § 3º. O Regulamento disporá sobre a anulação do crédito ou o restabelecimento do débito correspondente ao imposto deduzido, nos casos em que os produtos adquiridos saiam do estabelecimento com isenção do tributo ou os resultantes da industrialização estejam sujeitos à alíquota zero, não estejam tributados ou gozem de isenção, ainda que esta seja decorrente de uma operação no mercado interno equiparada a exportação, ressalvados os casos expressamente contemplados em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.798, de 1989)” Portanto, a regra era a impossibilidade de aproveitamento de créditos de IPI pela aquisição de matériaprima, material intermediário e de embalagem empregados na produção de mercadorias isentas, não tributadas e tributadas às alíquotas zero, lembrando que, no caso vertente, o produto final (emulsões asfálticas de petróleo, posição 2715.00.00) seria imune ao imposto, nada obstante possuir alíquota positiva na TIPI. Com o advento da Lei nº 9.779/99, através de seu art. 11, o tratamento deste tema ganhou nova roupagem, eis que mitigado o rigor da disposição adrede citada da Lei nº 4.502/64, ao se permitir a manutenção do crédito nos casos de produtos saídos com isenção e alíquota zero, nestes termos: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestre calendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.” Fl. 1480DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.481 12 Normatizando o assunto foi editada a IN SRF 33/99, que esclarece a forma de aproveitamento do aludido direito creditório, estabelecendo, dentre outras coisas, o seguinte: “Art. 2º Os créditos do IPI relativos a matériaprima (MP), produto intermediário (PI) e material de embalagem (ME), adquiridos para emprego nos produtos industrializados, serão registrados na escrita fiscal, respeitado o prazo do art. 347 do RIPI: (...) § 3º Deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Art. 4º O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999.” À primeira vista, o ato normativo parece contraditório, ao reconhecer que os produtos imunes gozam da vantagem conferida pela legislação que especifica e, ao mesmo tempo, esclarece que não estão alcançados pela hipótese de ressarcimento os produtos não tributados (NT), olvidando se que aqueles, em função da própria não incidência constitucional, estão anotados na TIPI como não tributados (NT), como, por exemplo, os livros e jornais da posição 49. Nos termos do ADI SRF 05/06, a interpretação mais consentânea com a mens legis seria aquela que afasta tal possibilidade aos produtos naturais ou em estado bruto e aqueles alcançados pela imunidade, exceção aos produtos destinados à exportação para o exterior. Como estampado alhures, a possibilidade de utilização do saldo credor, na forma do art. 11 da Lei nº 9.779/99, somente foi granjeada pela IN SRF 33/99, que, certo ou errado, inovou o ordenamento jurídico, porquanto o preceptivo em comento somente garantiu o direito ao saldo credor relativo às saídas de produtos isentos e/ou tributados à alíquota zero, pelo que, para os produtos não tributados, continuava em vigor as disposições do art. 25 da Lei nº 4.502/64, que determinava o estorno do crédito; entretanto, não parece fazer sentido afastar um ato administrativo que confere direito aos contribuintes, ainda que ao arrepio da lei, quando em hipóteses análogas, que albergam produtos exportados, também imunes ao imposto, Fl. 1481DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.482 13 a Administração Tributária reconhece sem maiores questionamento a fruição do beneplácito. A questão que se põe, em minha ótica, é estabelecer o alcance do direito à luz do confronto entre os produtos não tributados e os produtos imunes. De minha parte, tenho que a vedação a que alude a IN SRF 33/99, tocante aos produtos não tributados, se restringe àqueles que o são pela própria natureza, como os produtos em estado natural ou em bruto, isto é, aqueles que não se submetem a quaisquer das operações caracterizadoras da industrialização, cuja realização tem o condão de modificar a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoar para consumo, consistente na transformação, beneficiamento, montagem, acondicionamento, reacondicionamento, renovação ou recondicionamento (art. 3º do RIPI/98, aprovado pelo Decreto nº 2.637/98, então vigente). Os produtos imunes, por outro lado, geralmente se submetem a algumas destas operações, como é o caso do papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a energia elétrica, a gasolina, o óleo diesel e outros derivados de petróleo, que somente foram excluídos do campo de incidência do IPI por opção do legislador constitucional, que os recobriu com a imunidade, mas que, em sua gênese, são produtos que satisfazem àquele conceito de industrialização. A título ilustrativo, o art. 195, § 2º do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados – RIPI, aprovado pelo Decreto nº 4.544/02, prevê textualmente a manutenção do saldo credor, com base no art. 11 da Lei nº 9.779/99, inclusive nas saídas de produtos imunes, sem qualquer distinção ou ressalva quanto à aplicação exclusiva aos produtos exportados. É certo que referido diploma regulamentar não se aplica ao caso dos autos, por ser o período de apuração anterior à sua vigência, todavia, o raciocínio vetor da disposição serve ao propósito do convencimento. Notese que, no caso destes autos, o argumento para indeferir o ressarcimento se fundou apenas no fato de ser o produto imune, mas não porque não tenha sofrido alguma espécie de industrialização, mesmo porque, não me parece que emulsões asfálticas sejam produtos encontradiços na natureza em estado final, isto é, pronto para consumo sem qualquer espécie de tratamento para uso, tanto que as Fl. 1482DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.483 14 tabelas de incidência do IPI submetem o produto à tributação. Apenas para balizar, consoante disposto nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, os produtos classificados na posição 2715.00.00 da TIPI se caracterizam da seguinte forma: São também excluídos desta posição: f) As preparações lubrificantes da posição 34.03.” Tenho, então, que não cabe ao intérprete, sob o pálio de aclarar o sentido, condicionar o alcance de normas expressas em reconhecer direitos ao contribuinte, onde elas próprias não o fizeram, haja vista que se a IN SRF 33/99 e, principalmente, o art. 195 do RIPI/02, pretendessem limitar a vantagem do ressarcimento do saldo credor dos produtos imunes àqueles destinados ao exterior teriam feito expressamente e não de forma implícita, de modo que a ilação mais consentânea com o espírito da norma é que a referência genérica aos produtos imunes abarca não só os exportados, como todos os demais, a exemplo do papel, da energia elétrica (no caso de sua produção por transformação) e dos derivados de petróleo. Em razão destas colocações, inclusive, é que entendo inaplicável ao processo o teor da súmula CARF nº 20, segundo a qual não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto e reconhecer o direito ao ressarcimento previsto no art. 11 da Lei nº 9.779/99, garantido pela IN SRF 33/99". Portanto, entendo inaplicável ao presente processo o teor da Súmula CARF nº 20, do CARF, em razão dos produtos industrializados pela Contribuinte (óleos lubrificantes) serem imunes, conforme dispõe o artigo 155, parágrafo 3º da Constituição, ademais a própria Constituição Federal, dispõe no artigo 153, parágrafo, 3º, inciso II, bem como o artigo 49 do CTN e artigos 164 do RIPI/2002 e artigo 226 do RIPI/2010, o direito ao creditamento do imposto relativo á MP, PI e ME, incluindose matérias primas e produtos intermediários que sejam consumidos no processo de industrialização, não estabelecendo qualquer restrição ao princípio da não cumulatividade. Com essas considerações, dou provimento ao Recurso da Contribuinte. É como penso é como voto. (assinado digitalmente) Fl. 1483DF CARF MF Processo nº 16682.720026/201228 Acórdão n.º 9303004.581 CSRFT3 Fl. 1.484 15 Demes Brito Fl. 1484DF CARF MF
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