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Numero do processo: 10865.905034/2012-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO.
Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada.
Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.588
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DIREITO DE CREDITO. Recorrente O. G. SISTEMAS DE EXAUSTÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verificase no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 50 34 /2 01 2- 18 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 3 2 descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, conforme relatado na decisão recorrida, alegando que após análise efetuada junto a seus arquivos verificou que pediu restituição para o período em discussão e solicitou futura compensação, na qual a empresa se beneficia de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, daí a origem do crédito. Por não ter feito a retificação da DCTF, houve o indeferimento. Solicita que seja feita a retificação na DCTF, uma vez que não há tempo hábil nem permitido para devida retificação, pois assim se fará um ato de justiça. Requerendo, ainda, a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 02049.494. O fundamento adotado, em síntese, foi a necessidade de comprovação pelo contribuinte do direito creditório pretendido. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, através do qual alega, resumidamente: (i) que o crédito pleiteado decorre do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%); (ii) que o indébito em questão estaria comprovado por meio da documentação acostada em seu recurso voluntário (faz pedido alternativo de diligência, caso se entenda necessário); (iii) que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. Requer, então, que o recurso seja provido, a fim de reformar a r. decisão de primeira instância, culminando com o reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação das compensações vinculadas. Posteriormente, o contribuinte protocolizou nova petição aos autos, através da qual requereu a juntada de notas fiscais, no intuito de comprovar o seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.443, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10865.905013/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.443): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 4 3 Conforme relatado acima, a compensação apresentada pelo contribuinte fora indeferida por ausência de comprovação do crédito pleiteado. Os fundamentos do voto proferido pela DRJ consta da transcrição a seguir: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utilizase a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS 5 ANOS DO FATO GERADOR A DCTF retificada após a ciência do despacho decisório não constitui prova nem tem nenhuma força de convencimento e só pode ser considerada como argumento de impugnação, não produzindo efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB 1.110/2010, art. 9º, § 2o, I, c). A declaração apresentada presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 131 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Entretanto, essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração entregue. Limitase a informar que se beneficia de tributação monofásica de “alguns produtos” que comercializa, mas não informa quais são os produtos. Além disso, não apresenta nenhum documento fiscal ou contábil que confirme seus argumentos. Ademais, o prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário é o mesmo para que o contribuinte proceda Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 5 4 à retificação da respectiva declaração apresentada. Esse entendimento foi adotado pelo Parecer Cosit nº 48, de 7 de julho de 1999, que trata da declaração de rendimentos, mas que se aplica por analogia à presente situação: “Dos comandos legais citados, temos que extinguese no prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da declaração de rendimentos ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Assim, da mesma forma que a Fazenda Pública submetese a um prazo final para rever de ofício seu lançamento ou para constituir o crédito tributário, o contribuinte deve igualmente dispor de um termo para que sejam corrigidos eventuais erros cometidos quando da elaboração de sua declaração de rendimentos.” (grifouse) O Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF) também já se pronunciou nesse sentido: “DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF RETIFICAÇÃO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de o contribuinte proceder à retificação das DCTF trimestrais extinguese após 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência dos correspondentes fatos geradores, como analogamente ao Fisco seria vedado o direito de proceder à sua revisão. IRPJ e CSLL COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO A compensação de tributos em face de seu alegado pagamento a maior condicionase à demonstração efetiva da ocorrência do pagamento em excesso, mediante documentação hábil (1º CC; 8ª Câmara; processo 13707.001451/0087; Acórdão nº 10808913; data da sessão: 23/06/2006). (grifouse) Diante disso, verificase que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. APURAÇÃO DO TRIBUTO A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...). Em face do exposto, voto por julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 6 5 Concordo com os termos da decisão recorrida, a qual entendo não merecer reparos. Como é cediço, é do contribuinte o ônus da prova do seu direito creditório. Tanto que este, em seu recurso voluntário, reconhece a ausência de comprovação do seu direito creditório nas fases anteriores do presente processo. Pleiteia, contudo, que a documentação apresentada quando do Recurso Voluntário seja levada em consideração por este Conselho, seja para fins de reconhecimento do crédito pleiteado, seja para fins de, ao menos, determinar diligência para fins de confirmação do direito requerido. Alega, para tanto, que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. É importante que se esclareça, em princípio, que esta turma julgadora tem, em determinadas situações, admitido a análise de documentos anexados pelo contribuinte a destempo, desde que aptas a comprovar o direito alegado, em atenção ao princípio da verdade material. Entendo, contudo, que não deve ser esta a conduta a ser adotada neste caso concreto. Isso porque, consoante bem assinalou a decisão recorrida, o contribuinte apresentou DCOMP indicando um suposto crédito oriundo de DARF já integralmente utilizado para fins de quitação de outro débito do contribuinte. Logo, não havia como se admitir a compensação apresentada, por ausência de direito creditório. Em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte limitouse a alegar que o seu direito creditório decorreria do recolhimento indevido realizado em razão de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, e que o indeferimento teria se dado em razão da ausência de retificação da DCTF, uma vez que não havia tempo hábil para proceder à devida retificação. Neste ponto, entendeu corretamente a decisão recorrida no sentido de que não se deve admitir DCTF retificadora fora do prazo legal de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Verificase no caso concreto aqui analisado que o período que o contribuinte pretende retificar reportase ao 2º semestre de 2005, ao passo que a primeira manifestação de que haveria informação incorreta na referida DCTF outrora apresentada reportase a setembro de 2012, quando o contribuinte apresentou a sua manifestação de inconformidade, já comunicando a impossibilidade de apresentação da DCTF retificadora. Sendo assim, não havia mais tempo hábil para se admitir a retificação da DCTF pretendida pelo contribuinte, ou mesmo para se reanalisar as informações ali transmitidas pelo próprio contribuinte. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisões deste Conselho, proferidas à unanimidade de votos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/2003 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. INTEMPESTIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 7 6 É ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo de 5 anos contados do fato gerador ou da entrega da declaração para fins de comprovação de pagamento indevido passível de compensação. O prazo para constituição do crédito tributário deve ser o mesmo para o Fisco e para o contribuinte. Também ineficaz a DCTF retificadora se desacompanhada de documentação comprobatória hábil e idônea que comprove a existência e a disponibilidade do crédito reclamado. (Acórdão n. 3802001.464). *** Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeito se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário negado. (Acórdão n. 3202000.862). É importante que se tenha em mente que o direito não socorre aos que dormem. Nesse contexto, da mesma forma que a Fazenda possui prazos para fiscalizar o contribuinte, este possui prazos para retificar as suas declarações, no intuito de constituir direito creditório que entende fazer jus. A observância de tais prazos legais, inclusive, precisam ser observadas em benefício da sociedade como um todo, em prol da segurança jurídica. É importante que se esclareça que não se está aqui dispondo que a verdade material não deve prevalecer sobre a verdade formal. Contudo, a aplicação do princípio da verdade material possui limites que precisam ser observados, a exemplo dos prazos decadencial e prescricional, os quais devem ser observados sem distinção, às vezes a favor, às vezes contra o contribuinte/Fisco. E, uma vez encerrado o prazo legal para retificação da DCTF, resta forçoso reconhecer que a documentação apresentada pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário não o socorre em seu pleito. Ainda que tivesse o contribuinte direito ao crédito pleiteado em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não poderia o contribuinte pleitear tal crédito ad eternum. Existe um marco temporal que precisa ser observado e a apresentação de documentos comprobatórios quando já decorrido tal prazo não deve ser considerada. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10865.905034/201218 Acórdão n.º 3301003.588 S3C3T1 Fl. 8 7 É a mesma situação que ocorre quando um crédito tributário resta fulminado pela decadência. Ainda que a Receita Federal tenha provas cabais de que determinado montante é devido, não pode exigilo após o decurso do prazo quinquenal previsto na legislação. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo a decisão recorrida em sua integralidade, por seus próprios fundamentos." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não se admitindo a DCTF retificadora e a documentação comprobatória apresentados a destempo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 169DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904970/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 14/07/2006
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO.
Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada.
Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.528
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do Fato Gerador: 14/07/2006 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verifica-se no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado.
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE DIREITO DE CREDITO. Recorrente O. G. SISTEMAS DE EXAUSTÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 14/07/2006 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DCTF RETIFICADORA. PRAZO. NÃO COMPROVADO. Verificase no presente caso que o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, pelo que deve ser indeferida a compensação realizada. Não deve ser admitida a apresentação de DCTF retificadora após decorrido o prazo de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas, Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PerDcomp, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 70 /2 01 2- 10 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 3 2 utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PerDcomp. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, conforme relatado na decisão recorrida, alegando que após análise efetuada junto a seus arquivos verificou que pediu restituição para o período em discussão e solicitou futura compensação, na qual a empresa se beneficia de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, daí a origem do crédito. Por não ter feito a retificação da DCTF, houve o indeferimento. Solicita que seja feita a retificação na DCTF, uma vez que não há tempo hábil nem permitido para devida retificação, pois assim se fará um ato de justiça. Requerendo, ainda, a reavaliação do Despacho Decisório. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06043.984. O fundamento adotado, em síntese, foi a necessidade de comprovação pelo contribuinte do direito creditório pretendido. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, através do qual alega, resumidamente: (i) que o crédito pleiteado decorre do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%); (ii) que o indébito em questão estaria comprovado por meio da documentação acostada em seu recurso voluntário (faz pedido alternativo de diligência, caso se entenda necessário); (iii) que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. Requer, então, que o recurso seja provido, a fim de reformar a r. decisão de primeira instância, culminando com o reconhecimento do direito creditório e a consequente homologação das compensações vinculadas. Posteriormente, o contribuinte protocolizou nova petição aos autos, através da qual requereu a juntada de notas fiscais, no intuito de comprovar o seu direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.443, de 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10865.905013/201201, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.443): "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 4 3 Conforme relatado acima, a compensação apresentada pelo contribuinte fora indeferida por ausência de comprovação do crédito pleiteado. Os fundamentos do voto proferido pela DRJ consta da transcrição a seguir: No processo de restituição, de ressarcimento ou de compensação, é o contribuinte quem toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, mediante a apresentação do PerDcomp. No Processo Civil, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC, art. 333). No Processo Administrativo Fiscal não há uma regra própria, por isso utilizase a existente no CPC. Por essa razão, cabe ao contribuinte provar a existência do crédito pretendido. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Esse entendimento aplicase também à restituição. Se o Darf indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. Assim, para modificar o fundamento desse ato administrativo, cabe ao recorrente demonstrar erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. Feitas estas considerações, passemos ao exame da manifestação de inconformidade. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS 5 ANOS DO FATO GERADOR A DCTF retificada após a ciência do despacho decisório não constitui prova nem tem nenhuma força de convencimento e só pode ser considerada como argumento de impugnação, não produzindo efeitos quando reduz débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (Instrução Normativa RFB 1.110/2010, art. 9º, § 2o, I, c). A declaração apresentada presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 131 e CPC, art. 368). A DCTF válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra o sujeito passivo e em favor do fisco. Entretanto, essa presunção é relativa, admitindose prova em contrário. No caso, o contribuinte não comprova o erro ou a falsidade da declaração entregue. Limitase a informar que se beneficia de tributação monofásica de “alguns produtos” que comercializa, mas não informa quais são os produtos. Além disso, não apresenta nenhum documento fiscal ou contábil que confirme seus argumentos. Ademais, o prazo estabelecido pela legislação para o direito de constituir o crédito tributário é o mesmo para que o contribuinte proceda Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 5 4 à retificação da respectiva declaração apresentada. Esse entendimento foi adotado pelo Parecer Cosit nº 48, de 7 de julho de 1999, que trata da declaração de rendimentos, mas que se aplica por analogia à presente situação: “Dos comandos legais citados, temos que extinguese no prazo de cinco anos, contado da data da apresentação da declaração de rendimentos ou da data em que se tornar definitiva a decisão que anulou, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário. Assim, da mesma forma que a Fazenda Pública submetese a um prazo final para rever de ofício seu lançamento ou para constituir o crédito tributário, o contribuinte deve igualmente dispor de um termo para que sejam corrigidos eventuais erros cometidos quando da elaboração de sua declaração de rendimentos.” (grifouse) O Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF) também já se pronunciou nesse sentido: “DECLARAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES E TRIBUTOS FEDERAIS DCTF RETIFICAÇÃO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o direito de o contribuinte proceder à retificação das DCTF trimestrais extinguese após 5 (cinco) anos contados da data da ocorrência dos correspondentes fatos geradores, como analogamente ao Fisco seria vedado o direito de proceder à sua revisão. IRPJ e CSLL COMPENSAÇÃO. INDEFERIMENTO A compensação de tributos em face de seu alegado pagamento a maior condicionase à demonstração efetiva da ocorrência do pagamento em excesso, mediante documentação hábil (1º CC; 8ª Câmara; processo 13707.001451/0087; Acórdão nº 10808913; data da sessão: 23/06/2006). (grifouse) Diante disso, verificase que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. APURAÇÃO DO TRIBUTO A apuração do PIS e da Cofins é consolidada no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon). O valor apurado no demonstrativo apresentado antes da ciência do Despacho Decisório, não evidencia a existência de pagamento indevido ou a maior. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo confirmam os fatos relatados e podem ser assim consolidadas: (...). Em face do exposto, voto por julgar IMPROCEDENTE a manifestação de inconformidade, para não reconhecer o direito creditório postulado e não homologar as compensações em litígio. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 6 5 Concordo com os termos da decisão recorrida, a qual entendo não merecer reparos. Como é cediço, é do contribuinte o ônus da prova do seu direito creditório. Tanto que este, em seu recurso voluntário, reconhece a ausência de comprovação do seu direito creditório nas fases anteriores do presente processo. Pleiteia, contudo, que a documentação apresentada quando do Recurso Voluntário seja levada em consideração por este Conselho, seja para fins de reconhecimento do crédito pleiteado, seja para fins de, ao menos, determinar diligência para fins de confirmação do direito requerido. Alega, para tanto, que a verdade material deve prevalecer sobre a verdade formal. É importante que se esclareça, em princípio, que esta turma julgadora tem, em determinadas situações, admitido a análise de documentos anexados pelo contribuinte a destempo, desde que aptas a comprovar o direito alegado, em atenção ao princípio da verdade material. Entendo, contudo, que não deve ser esta a conduta a ser adotada neste caso concreto. Isso porque, consoante bem assinalou a decisão recorrida, o contribuinte apresentou DCOMP indicando um suposto crédito oriundo de DARF já integralmente utilizado para fins de quitação de outro débito do contribuinte. Logo, não havia como se admitir a compensação apresentada, por ausência de direito creditório. Em sua manifestação de inconformidade, o contribuinte limitouse a alegar que o seu direito creditório decorreria do recolhimento indevido realizado em razão de tributação monofásica de alguns produtos que comercializa, e que o indeferimento teria se dado em razão da ausência de retificação da DCTF, uma vez que não havia tempo hábil para proceder à devida retificação. Neste ponto, entendeu corretamente a decisão recorrida no sentido de que não se deve admitir DCTF retificadora fora do prazo legal de 5 (cinco) anos contados do fato gerador. Verificase no caso concreto aqui analisado que o período que o contribuinte pretende retificar reportase ao 2º semestre de 2005, ao passo que a primeira manifestação de que haveria informação incorreta na referida DCTF outrora apresentada reportase a setembro de 2012, quando o contribuinte apresentou a sua manifestação de inconformidade, já comunicando a impossibilidade de apresentação da DCTF retificadora. Sendo assim, não havia mais tempo hábil para se admitir a retificação da DCTF pretendida pelo contribuinte, ou mesmo para se reanalisar as informações ali transmitidas pelo próprio contribuinte. Nesse sentido, inclusive, trazse à colação decisões deste Conselho, proferidas à unanimidade de votos: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 30/09/2003 COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. INTEMPESTIVIDADE. AUSÊNCIA DE PROVA. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 7 6 É ineficaz a DCTF retificadora transmitida após o decurso do prazo de 5 anos contados do fato gerador ou da entrega da declaração para fins de comprovação de pagamento indevido passível de compensação. O prazo para constituição do crédito tributário deve ser o mesmo para o Fisco e para o contribuinte. Também ineficaz a DCTF retificadora se desacompanhada de documentação comprobatória hábil e idônea que comprove a existência e a disponibilidade do crédito reclamado. (Acórdão n. 3802001.464). *** Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/05/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO COMPROVADO Compete àquele quem pleiteia o direito o ônus de sua comprovação, devendo ser indeferido pedido de compensação que se baseia em mera alegação de crédito sem que faça prova de sua liquidez e certeza. DCTF. RETIFICAÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. Por aplicação do parágrafo único do art 149 do CTN, as novas informações trazidas em DCTF retificadora somente produzem efeito se a retificação ocorrer dentro do prazo de cinco anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. Recurso Voluntário negado. (Acórdão n. 3202000.862). É importante que se tenha em mente que o direito não socorre aos que dormem. Nesse contexto, da mesma forma que a Fazenda possui prazos para fiscalizar o contribuinte, este possui prazos para retificar as suas declarações, no intuito de constituir direito creditório que entende fazer jus. A observância de tais prazos legais, inclusive, precisam ser observadas em benefício da sociedade como um todo, em prol da segurança jurídica. É importante que se esclareça que não se está aqui dispondo que a verdade material não deve prevalecer sobre a verdade formal. Contudo, a aplicação do princípio da verdade material possui limites que precisam ser observados, a exemplo dos prazos decadencial e prescricional, os quais devem ser observados sem distinção, às vezes a favor, às vezes contra o contribuinte/Fisco. E, uma vez encerrado o prazo legal para retificação da DCTF, resta forçoso reconhecer que a documentação apresentada pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário não o socorre em seu pleito. Ainda que tivesse o contribuinte direito ao crédito pleiteado em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não poderia o contribuinte pleitear tal crédito ad eternum. Existe um marco temporal que precisa ser observado e a apresentação de documentos comprobatórios quando já decorrido tal prazo não deve ser considerada. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10865.904970/201210 Acórdão n.º 3301003.528 S3C3T1 Fl. 8 7 É a mesma situação que ocorre quando um crédito tributário resta fulminado pela decadência. Ainda que a Receita Federal tenha provas cabais de que determinado montante é devido, não pode exigilo após o decurso do prazo quinquenal previsto na legislação. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo a decisão recorrida em sua integralidade, por seus próprios fundamentos." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o crédito que alega fazer jus, em razão do pagamento indevido da contribuição sobre receitas decorrentes de produtos tributados pelo regime monofásico (alíquota de 0%), não se admitindo a DCTF retificadora e a documentação comprobatória apresentados a destempo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 162DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.000325/2009-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA
Exercício: 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREJUDICIALIDADE.
Havendo mais de um processo pendente de julgamento, em que os
lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, distribuem-se todos para julgamento na Turma para a qual houver sido distribuído o primeiro deles.
Hipótese em que se declina da competência em favor da 2.ª Turma da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento deste Conselho.
Numero da decisão: 2101-001.549
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência para julgamento do recurso, em favor da 2.ª Turma Ordinária da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento do CARF, nos termos do art. 6.° do Anexo II do RICARF.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA Exercício: 2005, 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PREJUDICIALIDADE. Havendo mais de um processo pendente de julgamento, em que os lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, distribuem-se todos para julgamento na Turma para a qual houver sido distribuído o primeiro deles. Hipótese em que se declina da competência em favor da 2.ª Turma da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento deste Conselho.
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PREJUDICIALIDADE. Havendo mais de um processo pendente de julgamento, em que os lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, distribuem se todos para julgamento na Turma para a qual houver sido distribuído o primeiro deles. Hipótese em que se declina da competência em favor da 2.ª Turma da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento deste Conselho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declinar da competência para julgamento do recurso, em favor da 2.ª Turma Ordinária da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento do CARF, nos termos do art. 6.° do Anexo II do RICARF. (assinado digitalmente) _______________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) _________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. Fl. 70DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Gonçalo Bonet Allage, Alexandre Naoki Nishioka, José Raimundo Tosta Santos, Gilvanci Antonio de Oliveira Sousa e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de auto de infração contra a contribuinte em epígrafe, no qual foi lançada multa por falta/atraso na entrega das declarações de IRPF (com imposto devido) correspondentes aos exercícios 2005, 2006 e 2007. As multas foram calculadas à razão de 20% do imposto devido em cada exercício, conforme consta do item 2 do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 13 e 14. Em nome da mesma contribuinte, tramita neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF o processo n.º 10660.001184/200951, de recurso voluntário contra a decisão de primeira instância que manteve integralmente o auto de infração de IRPF, sobre cujos valores de imposto devido apurado foram calculadas as multas por falta/atraso na entrega das DIRPF lançadas neste processo. O processo n.º 10660.001184/200951 foi distribuído para a Conselheira Acacia Sayuri Wakasugi, da 2.ª Turma Ordinária desta 1.ª Câmara e ainda aguarda julgamento. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy As multas por falta/atraso na entrega da declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda de pessoa física correspondentes aos exercícios 2005, 2006 e 2007, lançadas neste processo, fundamentamse no artigo 964, inciso I, alínea “a” e § 5.º do Decreto n.º 3.000, de 1999, cuja matriz legal consiste no artigo 88, inciso I, da Lei n.º 8.981, de 1995, e no artigo 27 da Lei n.º 9.532, de 1997. Foram calculadas em função do valor do imposto de renda devido, conforme apurado no processo n.º 10660.001184/200951, e limitadas a 20% desse valor. Diante disso, qualquer alteração que venha a ser determinada no montante do imposto devido nos exercícios considerados, naquele processo, por força do Acórdão a ser proferido pela 2.ª Turma Ordinária desta 1.ª Câmara, poderá acarretar, como consequência, alteração nos valores das multas aqui lançadas. Sendo assim, uma manifestação sobre os argumentos da contribuinte no recurso voluntário interposto neste processo depende da decisão a ser exarada no Acórdão que apreciar o recurso voluntário apresentado no processo n.º 10660.001184/200951, de imposto sobre a renda de pessoa física, tendo em vista que os valores de imposto lançados naquele processo e mantidos na decisão de primeira instância podem vir a ser reduzidos ou exonerados. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10660.000325/200919 Acórdão n.º 210101.549 S2C1T1 Fl. 62 3 Nessas circunstâncias, havendo mais de um processo pendente de julgamento, nos quais os lançamentos tenham sido efetuados com base nos mesmos fatos, o artigo 6.° do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF n.º 256, de 2009, admite que os processos podem ser distribuídos para julgamento na Câmara para a qual houver sido distribuído o primeiro deles. No caso em análise, verificase que o processo n.º 10660.001184/200951, no qual se discute o lançamento do imposto de renda, e no qual foram apurados os valores de imposto devido sobre os quais foram calculadas as multas por falta/atraso na entrega de declaração de IRPF lançadas neste processo, foi distribuído para a 2.ª Turma Ordinária da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento deste CARF em data anterior à da distribuição deste para esta Relatora. Ante a prejudicialidade configurada, entendo que o presente processo, de auto de infração de multa por falta/atraso na entrega das declarações de IRPF correspondentes aos exercícios 2005, 2006 e 2007, deve seguir o processo de auto de infração de imposto sobre a renda de pessoa física dos mesmos exercícios, para apreciação conjunta dos dois, tal como permite o Regimento Interno deste Conselho. Por essas razões, sou pelo encaminhamento do presente para a Conselheira Acacia Sayuri Wakasugi, da 2.ª Turma Ordinária desta 1.ª Câmara, para apreciação do recurso voluntário interposto neste processo juntamente com o apresentado no processo n.º 10660.001184/200951. Conclusão Ante todo o exposto, voto por declinar da competência para julgamento em favor da 2.ª Turma Ordinária da 1.ª Câmara da 2.ª Seção de Julgamento do CARF, nos termos do art. 6.° do Anexo II do RICARF. (assinado digitalmente) __________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 72DF CARF MF
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Numero do processo: 12585.000199/2011-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS.
A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito.
PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2.
No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI.
As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 - Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 - COFINS), nos artigos 3o, I, b, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre.
Numero da decisão: 3401-003.526
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(Assinado com certificado digital)
ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457(2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2. No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI. As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 - Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 - COFINS), nos artigos 3o, I, b, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade de autuação/despacho decisório, nem aproveitamento tácito de crédito. PROCESSO ADMINISTRATIVO. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI VIGENTE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF 2. No processo administrativo, o julgador não tem competência para se manifestar sobre eventual alegação de inconstitucionalidade de lei vigente. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS E AUTOPEÇAS PARA REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. LEI N. 10.485/2002. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. VEDAÇÃO EXPRESSA EM LEI. As aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda, não geram créditos em função de expressa vedação nas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 COFINS), nos artigos 3o, I, “b”, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV. E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004) que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 01 99 /2 01 1- 92 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 3 2 pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldo credor acumulado no trimestre. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) ROSALDO TREVISAN – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento de crédito referente a contribuição nãocumulativa, versando sobre receitas tributadas à alíquota zero, de incidência monofásica (revenda de veículos e autopeças), com fundamento no artigo 17 da Lei no 11.033/2004. O pedido foi indeferido em Despacho Decisório, por haver expressa vedação legal à tomada de créditos, no caso (artigo 3o, I, ”b”, c/c artigo 2o, § 1o, III e IV das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003, e Lei no 10.485/2002, que trata da incidência monofásica, para veículos e autopeças, com alíquota zero para as receitas apuradas), e por tratar o artigo 17 da Lei no 11.033/2004 de manutenção de créditos existentes, e não de criação de créditos novos. Ciente do despacho, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, alegando, em síntese, que: (a) está sujeita à tributação das contribuições nos termos da Lei no 9.718/1998; (b) com a edição da Lei no 10.485/2002, houve a pretensão de se criar uma tributação chamada supostamente de “monofásica”, que objetivou atribuir, para a cadeia produtiva automobilista, uma alíquota elevada para um elo (indústria/importador), e alíquota zero para os demais elos, gerando equívocos de interpretação; (c) na veiculação das leis de regência das contribuições não cumulativas (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003), foi mantida a sistemática anterior (Lei no 10.485/2002), e restou vedada a possibilidade de tomada de créditos; (d) a situação desigual foi corrigida na Medida Provisória no 206, de 09/08/2004 (no art. 16), posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004 (art. 17), que foi alastrada à Instrução Normativa SRF no 594/2005 (art. 38); (e) não há qualquer norma de PIS/COFINS que tenha previsão de tributação monofásica (com incidência em uma fase e nãoincidência em todas as demais) para os produtos da empresa, sendo juridicamente vazia qualquer tentativa de retirála do campo da não cumulatividade (com alíquota zero, que pode, em tese, ser majorada), baseado em suposição que existe uma “monofasia” na sua cadeia produtiva; (f) o creditamento das contribuições, por utilizar o método subtrativo indireto, independe de quanto foi, ou sequer se houve, tributação na cadeia anterior, ou mesmo se o elo Fl. 190DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 4 3 anterior estava no regime da não cumulatividade; (g) negar o direito ao crédito, no caso, ofende não apenas a legalidade estrita, mas a não cumulatividade, a moralidade e a segurança jurídica, pois não se coadunava com a sistemática constitucional a anterior vedação de tomar créditos, o que ficou afastado a partir do art. 17 da Lei no 11.033/2004 (confirmado pelo art. 16 da Lei no 11.116/2005); (h) o art. 17 da Lei no 11.033/2004 é especial e não geral, e se destina exatamente aos casos que tinham vedação expressa nas leis de regência das contribuições, porque os demais não precisavam, justamente porque não estavam vedados, então o creditamento era tranquilo, aceito pelo próprio fisco; (i) outro reforço à tese que permite o direito de crédito foi a revogação, pela Lei no 11.727/2008, do inciso IV do § 3o do art. 1o, entre outros, das leis de regência das contribuições; e (j) quando o legislador desejou excluir a aplicação do art. 17 da Lei no 11.033/2004 ele o fez expressamente, como nas Medidas Provisórias no 413/2008 e no 451/2008, nenhuma delas convertida em lei no que se refere a tais dispositivos. A empresa apresenta, posteriormente, nova manifestação, no sentido de que sequer seria necessária a análise de mérito de seus argumentos de defesa, em face do reconhecimento tácito do direito. No julgamento de primeira instância, a DRJ decidiu, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos: (a) o prazo de cinco anos para o pronunciamento da autoridade administrativa diz respeito apenas à compensação declarada pelo contribuinte, não se aplicando aos casos de restituição e/ou ressarcimento o reconhecimento tácito do direito dos créditos pleiteados; (b) a Lei no 10.485/2002 concentrou a tributação nas pessoas dos fabricantes e importadores de máquinas, veículos e autopeças, sendo denominada de tributação monofásica ou concentrada, sendo as receitas de venda obtidas pelas concessionárias desoneradas com a aplicação da alíquota zero; (c) as leis de regência das contribuições, ao criarem o sistema da não cumulatividade, excluíram da novel sistemática determinadas receitas, cuja apuração deveria ser realizada nos termos da legislação anterior, entre estas a que concentrava a tributação monofásica (Lei no 10.485/2002), sendo expressamente vedado o direito ao crédito em tais aquisições (art. 3o, I das leis de regência); (d) o art. 17 da Lei no 11.033/2004, não ampara o creditamento das contribuições, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência da vedação legal expressa, que persiste, para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica, desde a sua definição; e (e) a tributação monofásica não se confunde com a apuração cumulativa, tendo a tributação monofásica também natureza não cumulativa, quando a pessoa jurídica está submetida ao regime de apuração não cumulativa das contribuições, como é o caso dos autos, o que lhe permite o aproveitamento de créditos, inerente ao regime da não cumulatividade, mas somente em relação aos créditos que são passíveis de utilização, como energia elétrica, aluguéis, depreciação, e não em relação aos créditos expressamente vedados, os referentes a veículos e autopeças adquiridos para revenda. Tendo ciência da decisão da DRJ, a empresa apresenta recurso voluntário, alegando que: (a) o prazo para decidir os processos de restituição não é eterno, como defendeu a DRJ, e está sujeito aos ditames do artigo 74 da Lei no 9.430/1996, além de dever respeito ao prazo de 360 dias (cf. artigo 24 da Lei no 11.457/2007), consolidado pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, no REsp no 1.138.206/RS; (b) a empresa está sujeita ao regime da não cumulatividade, e adquire produtos com alíquota zero (e não com monofasia), tendo sido a vedação existente nas leis de regência das contribuições revista no artigo 17 da Lei no 11.033/2004 (norma multitemática), endossado pelo artigo 16 da Lei no 11.116/2005; (c) Fl. 191DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 5 4 quando a lei nova altera a situação legal, ela deve ressalvar os casos que permanecem na dicção antiga (como se tentou fazer, por duas vezes, em relação ao o artigo 17 da Lei no 11.033/2004, que é norma específica aos casos para os quais havia vedação ao creditamento); e (d) o direito de crédito é coerente com a técnica de não cumulatividade para as contribuições (método indireto subtrativo), e independe de haver tributação na etapa anterior. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.517, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 12585.000182/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.517): "O recurso voluntário atende os requisitos de admissibilidade, pelo que dele se toma conhecimento. Dos prazos para a Administração se manifestar sobre pedidos de restituição/ressarcimento e da consequência pelo descumprimento Na peça apresentada em complemento a sua manifestação de inconformidade, a recorrente sustentou que seria de cinco anos o prazo máximo para análise de seu pedido, sob pena de atendimento tácito, com fundamento no § 5o do artigo 74 da Lei no 9.430/1996. O PER em análise, recordese, foi transmitido em 30/04/2008. E a DRJ, ainda que sequer tenha verificado a efetiva data de ciência do despacho decisório (15/02/2013, cf. fl. 92), que foi equivocadamente informada pela recorrente como sendo 02/07/2013, resultando na contagem incorreta do prazo, respondeu acertadamente que o prazo a que se refere o § 5o do artigo 74 da Lei no 9.430/1996 se refere a homologação tácita de compensações, e não a restituição/ressarcimento delas desacompanhado. Aliás, tal conclusão deriva da simples leitura da norma: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) Fl. 192DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 6 5 § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.” (grifo nosso) Inaplicável, assim, o comando legal invocado ao caso em análise neste processo. Adicionese que a mesma questão, referente à mesma empresa, e abrangendo as contribuições no ano de 2004, entre outros, foi submetida à Segunda Turma desta Quarta Câmara, tendo o colegiado chegado a conclusão unânime sobre a matéria: “GLOSA DE CRÉDITOS. AUTO DE INFRAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INAPLICABILIDADE. A homologação tácita, prevista no art. 73, § 5o, da Lei no 9.430/1996, limitase às compensações formalizadas em Dcomp, não atingindo o direito de a Fiscalização, em procedimento autônomo, examinar a existência dos créditos e glosar, mediante auto de infração, aqueles para os quais não haja suficiente comprovação. (Acórdão no 3402 003.660, Rel. Cons. Jorge Olmiro Lock Freire, unânime, sessão de 13 dez. 2016)” No recurso voluntário, a empresa adiciona o argumento de que lhe favorece, no presente caso, a decisão do STJ, na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS), no sentido de que se aplica ao processo administrativo tributário o disposto no artigo 24 da Lei no 11.457/2007, que estabelece o prazo de 360 dias para as decisões administrativas: “Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte.” É cediço que o comando legal indicado inserese em um contexto que busca dotar de maior celeridade o processo administrativo, em consonância com os princípios constitucionais que regem a matéria. Contudo, é preciso reconhecer que não atribuiu o legislador consequência (v.g., reconhecimento tácito do crédito, como demanda a recorrente) ao processo em desacordo com o comando. E poderia têlo feito, se o desejasse, visto que a mesma Lei no 11.457/2007 promove alterações ao Decreto no 70.235/1972, que disciplina o processo administrativo fiscal. Neste Decreto é que se arrolam, por exemplo, as causas de nulidade (art. 59). Também é sabido que no processo há prazos próprios e impróprios, e que estes não acarretam consequências processuais, embora possam ensejar discussões sobre responsabilização funcional, caso o retardo não seja justificável. Vejase, a título ilustrativo, o art. 226 do novo Código de Processo Civil – CPC (artigo 189 do antigo CPC), que também tem por escopo a celeridade nos julgados: “Art. 226. O juiz proferirá: Fl. 193DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 7 6 I os despachos no prazo de 5 (cinco) dias; II as decisões interlocutórias no prazo de 10 (dez) dias; III as sentenças no prazo de 30 (trinta) dias.” Embora se possa entender o objetivo do artigo, afigurase irrazoável dele deduzir que um processo com decisão judicial proferida após trinta dias seria, por exemplo objeto de nulidade, ou subtração de custas ou atualizações, ou ainda reconhecimento de direitos de crédito. No mesmo sentido as observações em relação ao art. 24 da Lei no 11.457/2007. Ademais, o art. 24 da Lei no 11.457/2007 possuía dois parágrafos que foram vetados pelo Poder Executivo (veto mantido). Um deles exatamente porque atribuía efeitos ao processo no caso de descumprimento (o § 2o dispunha que “haverá interrupção do prazo, pelo período máximo de 120 dias, quando necessária à produção de diligências administrativas, que deverá ser realizada no máximo em igual prazo, sob pena de seus resultados serem presumidos favoráveis ao contribuinte”). Na mensagem no 140, de 16/3/2007, são esclarecidas as razões do veto presidencial, proposto pelos Ministérios da Fazenda e da Justiça: “Razões do veto “Como se sabe, vigora no Brasil o princípio da unidade de jurisdição previsto no art. 5o, inciso XXXV, da Constituição Federal. Não obstante, a esfera administrativa tem se constituído em via de solução de conflitos de interesse, desafogando o Poder Judiciário, e nela também são observados os princípios do contraditório e da ampla defesa, razão pela qual a análise do processo requer tempo razoável de duração em virtude do alto grau de complexidade das matérias analisadas, especialmente as de natureza tributária. Ademais, observase que o dispositivo não dispõe somente sobre os processos que se encontram no âmbito do contencioso administrativo, e sim sobre todos os procedimentos administrativos, o que, sem dúvida, comprometerá sua solução por parte da administração, obrigada a justificativas, fundamentações e despachos motivadores da necessidade de dilação de prazo para sua apreciação. Por seu lado, devese lembrar que, no julgamento de processo administrativo, a diligência pode ser solicitada tanto pelo contribuinte como pelo julgador para firmar sua convicção. Assim, a determinação de que os resultados de diligência serão presumidos favoráveis ao contribuinte em não sendo essa realizada no prazo de cento e vinte dias é passível de induzir comportamento não desejável por parte do contribuinte, o que poderá fazer com que o órgão julgador deixe de deferir ou até de solicitar diligência, em razão das consequências de sua não realização. Ao final, o prejudicado poderá ser o próprio contribuinte, pois o julgamento poderá ser levado a efeito sem os esclarecimentos necessários à adequada apreciação da matéria.” Fl. 194DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 8 7 Derradeiramente, não devemos confundir a celeridade procedimental com a duração razoável do processo (ambas garantidas pelo Texto Constitucional): “Embora seja difícil conceituar precisamente a noção de razoável duração do processo, percebese que tal conceito não está relacionado única e exclusivamente ao “processo rápido” propriamente dito. O processo deve ser rápido o suficiente para dar a resposta apropriada à lide, porém adequadamente longo para garantir a segurança jurídica da demanda. Por tal motivo, o princípio da razoável duração do processo é dúplice, pois tanto a abreviação indevida como o alongamento excessivo são potencialmente danosos ao indivíduo.” 1 Improcedente, assim, o pleito no sentido de atribuição de efeitos à inobservância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei no 11.457/2007. Reparese que nem a norma e nem o julgado na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.138.206/RS) objetivam as consequências da inobservância, como deseja a recorrente. Nesse sentido já me manifestei em processos julgados neste tribunal, sempre com acolhida unânime da turma: DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. CONSEQUÊNCIAS. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade, nem diminuição dos consectários legais do crédito tributário. (Acórdão no 3403002.782, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 25 fev. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30 jan. 2014) NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DE PRAZO PARA JULGAMENTO. A impossibilidade de observância do prazo estabelecido no art. 24 da Lei n. 11.457/2007 no julgamento de processos administrativos fiscais não enseja nulidade. (Acórdão no 3403002.374, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 24 jul. 2013) Portanto, não merecem prosperar as alegações de defesa no que se refere a prazos para a Administração se manifestar sobre pedidos de restituição/ressarcimento, ensejando consequências pelo descumprimento. Das considerações preliminares sobre o cerne do contencioso 1 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 8.ed. São Paulo: Dialética, 2015, p.194195. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 9 8 Antes de se ingressar, propriamente, nas matérias contenciosas, há que se registrar o que é inconteste, no presente processo. Tanto a recorrente quanto a fiscalização acordam que as operações para as quais se demanda crédito são aquisições de veículos e autopeças, tributados à alíquota zero, em função da Lei no 10.485/2002, para revenda. E ambas também reconhecem que o direito de crédito foi expressamente vedado pelas leis de regência das contribuições (Lei no 10.637/2002 Contribuição para o PIS/PASEP, e Lei no 10.833/2003 – COFINS), nos artigos 3o, I, “b”, combinados com os artigos 1o, § 2o, III e IV: “Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento): (...) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (...) III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, de autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b no § 1o do art. 2o desta Lei.” (grifo nosso) Não há nenhuma controvérsia, nos autos, como exposto, sobre estarem as aquisições inseridas no contexto da Lei no 10.485/2002, e sobre haver a vedação nas leis de regência. Tampouco há divergência sobre o fato de que as contribuições em apreço são não cumulativas. Antes do advento da Medida Provisória no 206, de 09/08/2004, posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004, então, o único inconformismo manifestado pela recorrente se refere a eventual incompatibilidade das restrições com o mecanismo inerente à não cumulatividade das contribuições, ou com princípios constitucionais. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 10 9 No que se refere a tal inconformismo, é de se destacar, preliminarmente, que a Constituição não assegura nãocumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de não cumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Portanto, o simples fato de apurarse a contribuição pela sistemática nãocumulativa não garante à empresa créditos em relação a quaisquer operações, mas somente àquelas para as quais exista previsão legal de amparo, e não estejam contempladas em vedações nas leis de regência. Sobre a afronta a princípios constitucionais por norma legal vigente, não cabe manifestação desta corte administrativa, em função da Súmula CARF no 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Basta, assim, que sejam examinadas administrativamente as normas legais vigentes, assumidas como constitucionais (salvo em caso de expressa declaração de inconstitucionalidade pelo juízo competente). É essa tarefa que se empreende a seguir, com especial destaque para o cerne da controvérsia, que se refere à natureza do comando presente no artigo 17 da Lei no 11.033/2004. Da natureza do comando presente no artigo 17 da Lei no 11.033/2004 No próprio despacho decisório, destaca a autoridade fiscal que o artigo 17 da Lei no 11.033/2004 trata de manutenção de créditos existentes, e não de criação de créditos novos. Por outro lado, a recorrente dispõe que a Medida Provisória no 206, de 09/08/2004 (no art. 16), posteriormente convertida na Lei no 11.033, de 22/12/2004 (art. 17), alastrada à Instrução Normativa SRF no 594/2005 (art. 38), veio a corrigir situação desigual entre os diferentes elos da cadeia produtiva automobilística, que, de fato, não é monofásica, mas com um dos elos sujeitos à alíquota zero. Sobre o correto emprego do termo “monofásico”, é de se informar que a legislação aqui já transcrita não se preocupou efetivamente em definilo, precisamente, mas expressamente estabeleceu vedação ao desconto de créditos em relação a determinadas situações (sejam elas ou não “monofásicas”, na acepção restrita do termo, defendida pela recorrente) previstas em lei, entre as quais a Lei no 10.485/2002, na qual indiscutivelmente se enquadram as operações da recorrente. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 11 10 Assim, é irrelevante ao deslinde do presente contencioso a discordância terminológica, visto que as menções da lei não são simplesmente a operações monofásicas, mas a operações expressamente previstas em determinadas leis, entre as quais aquela na qual se enquadra a situação da operação realizada pela recorrente. Aliás, o termo “monofásica” aparece uma única vez na Lei no 10.833/2003, no artigo 12, § 7o (que trata do desconto correspondente ao estoque de abertura). E basta a leitura de tal parágrafo para que se perceba que o legislador não teve a mesma visão restritiva do termo albergada pela recorrente: “§ 7o O disposto neste artigo aplicase, também, aos estoques de produtos que não geraram crédito na aquisição, em decorrência do disposto nos §§ 7o a 9o do art. 3o desta Lei, destinados à fabricação dos produtos de que tratam as Leis nos 9.990, de 21 de julho de 2000, 10.147, de 21 de dezembro de 2000, 10.485, de 3 de julho de 2002, e 10.560, de 13 de novembro de 2002, ou quaisquer outros submetidos à incidência monofásica da contribuição.” (grifo nosso) Portanto, as discussões suscitadas pela recorrente em relação a monofasia, ou à sistemática de apuração das contribuições, assumem reduzida importância diante dos textos expressos dos comandos legais, que indiscutivelmente vedavam o desconto de créditos para as operações em análise, textos legais esses que não podem ser afastados pelo julgador administrativo em função de eventuais inconstitucionalidades apontadas pela empresa, como aqui já destacado. Resta, assim, à defesa, um único argumento que não esbarraria na discussão sobre a constitucionalidade das vedações existentes, de que teria a Lei no 11.033/2004, resultante da conversão da Medida Provisória no 206/2004, efetivamente criado uma nova hipótese de desconto de crédito, derrogando a existente nas leis de regência das contribuições. Sobre a alegação, cabe salientar que, em 09/08/2004 foi publicada a Medida Provisória no 206/2004 (vigente a partir de 09/08/2004), que, em seu art. 16, dispôs:2 “Art. 16. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou nãoincidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações.” A Exposição de Motivos da Medida Provisória (EM No 00111/2004 MF) parece não deixar dúvidas sobre o caráter declaratório (e não constitutivo) do comando: “19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS.”(sic) (grifo nosso) 2 Com a conversão da Medida Provisória no 206/2004 na Lei no 11.033/2004, o comando passou a figurar no art. 17 da lei, com idêntico teor. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 12 11 Não se cria obrigação, assim, com o art. 16, nem se derroga eventual vedação existente nas leis de regência das contribuições. Apenas se garante a “manutenção” (palavra essa que já sugere o caráter interpretativo do comando) dos créditos vinculados, já se destacando que a “manutenção” do crédito pressupõe a prévia existência do direito ao crédito. E isso decorre claramente da conclusão lógica/semântica de que é impossível “manter” aquilo que não se tem. E, com a publicação da Lei no 11.116, de 18/05/2005 (vigente a partir de 19/05/2005), também não há revogação de vedação ou alteração substancial no direito de crédito previsto nas leis de regência das contribuições. Já enfrentamos o tema em mais de uma oportunidade, chegando a entendimento consolidado no sentido de que: “Sintetizando nosso entendimento: é possível a apuração de créditos previstos nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 em relação a insumos tributados na aquisição (ainda que a saída do produto final esteja sujeita a alíquota zero), cabendo apenas observar se tal direito de crédito não encontra óbice nas vedações estabelecidas no corpo das próprias leis (v.g. inciso II do § 2o do art. 3o). E tal situação não foi alterada pela legislação superveniente: nem pelo art. 16 da Medida Provisória no 206/2004 (atual art. 17 da Lei no 11.033/2004), que somente esclareceu que o fato de a alíquota na venda ser zero não impede a manutenção do crédito (obviamente nas hipóteses em que ele já existia), nem pelo art. 16 da Lei no 11.116, de 18/05/2005, que apenas limitou temporalmente a utilização do saldocredor acumulado no trimestre.” (grifo nosso) (Acórdão no 3403003.488, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao entendimento em apreço, sessão de 27 jan. 2015) No mesmo sentido, de que não houve revogação de vedação a direito de crédito existente nas leis de regência pela Lei no 11.033/2004, em casos de revendedora de veículos e autopeças, já decidiu unanimemente este tribunal administrativo: “COFINS. TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA. REVENDEDORA DE VEÍCULOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. A aquisição de máquinas e veículos relacionados no art. 1º da Lei 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS e da Cofins,, dada a expressa vedação, consoante o art. 3o , inciso I, alínea "b”” das Leis nº 10.637/02 e nº 10.833/03, respectivamente. A previsão contida no art. 17 da Lei n° 11.033/04 tratase de regra geral não se aplicando nos casos de tributação monofásica por força da referida vedação legal.” (grifo nosso) (Acórdãos n. 3801004.111 a 139, todos unânimes, Rel. Cons. Marcos Antonio Borges, sessão de 19 ago. 2014) “DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA COM ALÍQUOTA ZERO NAS OPERAÇÕES DE REVENDA. IMPOSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO NOS TERMOS DO ART. 17 DA LEI 11.033/2004. Os artigos 2º, Fl. 199DF CARF MF Processo nº 12585.000199/201192 Acórdão n.º 3401003.526 S3C4T1 Fl. 13 12 parágrafo 1º, VIII e 3º, I, b, das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente o direito ao creditamento das referidas contribuições em relação a bebidas adquiridas para revenda. O benefício contido no artigo 17 da Lei 11.033, de 2004, de que o vendedor tem direito a créditos vinculados às vendas efetuadas com alíquota zero do PIS e COFINS, não se aplica no caso de os bens adquiridos não estarem sujeitos ao pagamento das contribuições.” (Acórdão n. 3302002.272, unânime, Rel. Cons. Gileno Gurjão Barreto, sessão de 21 ago. 2013) Em síntese, a falta de uniformidade sobre o que se designa exatamente como “monofásico” é absolutamente marginal diante das vedações, que remetem a dispositivos legais, e não à “monofasia”, em geral. E a Lei no 11.033/2004 não afetou a vigência de tais vedações, previstas nas leis de regência das contribuições. Não socorre a recorrente, a nosso ver, então, a tese de que a Lei no 11.033/2004 teria revogado dispositivos legais que vedavam o aproveitamento de créditos, nas leis de regência das contribuições. A Lei no 11.033/2004 não traz disposição “mais específica” que as constantes nas leis de regência, mas disciplina adicional a elas, com caráter explicativo, e não derrogador de disposição legal expressa, não sendo difícil concluir que a palavra “manterão”, nem de longe, parece ter o condão de transformar vedação expressa em permissão. Derradeiramente, adicionese que as disposições constantes em medidas provisórias diversas, e que não foram convertidas em lei, relacionadas pela recorrente, não se prestam a formar conclusões a contrário senso. O complexo processo que leva à não conversão de medidas provisórias em lei (de concordância parcial, discordância, desnecessidade, irrelevância, inadequação redacional, entre outros) não pode ser simploriamente resumido à conclusão de que cada comando da MP não convertida em lei deveria ser interpretado como comando legal vigente com a redação oposta. Destarte, são totalmente improcedentes as alegações de defesa. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário apresentado. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 200DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.901073/2013-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2006
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.227
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 10 73 /2 01 3- 12 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13830.901073/201312 Acórdão n.º 1302002.227 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.901073/201312 Acórdão n.º 1302002.227 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.901073/201312 Acórdão n.º 1302002.227 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.902747/2010-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações.
Numero da decisão: 1301-002.312
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
[assinado digitalmente]
Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1999 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Aplicação da Súmula CARF nº 91. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre quem alega o direito. No caso concreto, não restou comprovada, nos autos, a identidade entre a pessoa jurídica interessada no processo administrativo e aquela que figurava como litisconsorte no processo judicial, nem a existência de eventos societários que permitissem considerar a primeira como sucessora da segunda em direitos e obrigações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 27 47 /2 01 0- 31 Fl. 232DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 3 2 BANCO VOLKSWAGEN S.A., já devidamente qualificada nestes autos, recorre a este Conselho contra a decisão prolatada pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP, que indeferiu os pedidos veiculados através de manifestação de inconformidade apresentada contra a decisão da DEINF/SP. Trata a lide de Pedido de Restituição (PER/DCOMP), no qual o alegado direito creditório é decorrente de pagamento indevido ou a maior da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Posteriormente, o contribuinte usou esse alegado direito creditório para a compensação com débito de sua titularidade, mediante a Declaração Eletrônica de Compensação (PER/DCOMP), transmitida em 2008. Consta dos autos intimação, informando ao contribuinte que o DARF por ele especificado não teria sido localizado nos sistemas da RFB e instandoo à regularização. Não consta do processo qualquer resposta ou providência do contribuinte. A unidade administrativa que primeiro analisou os pedidos formulados pela empresa (DEINF/SP) negou homologação à compensação. O motivo foi a não localização do DARF nos sistemas da RFB, mesmo após a intimação acima referida. Em sua manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório, a interessada, inicialmente, junta comprovante de arrecadação obtido no sítio eletrônico da Receita Federal. Na sequência, esclarece: Esse recolhimento foi indevidamente efetuado pelo Recorrente, uma vez que ele dispunha de decisão judicial definitiva, proferida nos autos do Mandado de Segurança n° 89.00112058, que o exonerava do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no período de 1988 a 09/1997 (data do trânsito em julgado da decisão judicial). Nem se alegue que o pagamento foi efetuado após o trânsito em julgado da decisão judicial exoneratória e com os benefícios previstos na Lei n° 9779/99, tendo em vista que, além desses fatos não servirem de fundamento para a negativa do pedido de restituição, o recolhimento se deu porque a própria Secretaria da Receita Federal, mesmo em face da decisão judicial favorável ao Recorrente, insistia na cobrança de tais valores, ao argumento de que os efeitos da decisão judicial alcançavam apenas a CSLL relativa ao exercício de 1989. Apenas com a decisão do 1º Conselho de Contribuintes (acórdão n° 101 93.610), proferida em 19/09/01, com acórdão formalizado em 11/12/01, que reconheceu expressamente o direito de um dos litisconsortes do ora Recorrente, no Mandado de Segurança n° 89.00112058, de não recolher a CSLL, no período de 1990 a 1997, ou seja, desde a propositura da medida judicial até o trânsito em julgado da decisão favorável, o que se deu em 02/09/97, é que o Recorrente obteve a comprovação de que também estava desobrigado do recolhimento da CSLL nesse período e que, portanto, tinha direito de reaver os montantes indevidamente recolhidos: "Ementa: IRPJ Normas Gerais. Lançamento Tributário. Sentença Judicial. Trânsito em Julgado. Efeitos. A sentença judicial reconhecendo a inconstitucionalidade dos artigos 1º, 2º, 3º e 8º, da Lei n° 7689, de 1988, e, de consequência, desobrigando a pessoa jurídica do recolhimento da CSLL, irradia seus efeitos jurídicos até o período no qual tenha ocorrido seu trânsito em julgado. Fl. 233DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 4 3 Recurso conhecido e provido. Trecho do Voto do Conselheiro Sebastião Rodrigues Cabral — Relator: Nesta linha de raciocínio, e considerando que no presente caso: i) A sentença judicial que acolheu a pretensão da Recorrente, no sentido de desobrigála do recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido instituída pela Lei n° 7689, de 1988, transitou em julgado em 02 de setembro de 1997, tal qual atestado na Certidão fornecida pela 10ª Vara Federal, anexa aos autos às fls.; ii) O Mandado de Segurança interposto pela Recorrente, em 1989, objetivou a dispensa do recolhimento da referida Contribuição sob alegação de inconstitucionalidade da lei que a instituiu (n° 7689, de 1988), o que foi integralmente reconhecido pela referida sentença transitada em julgado; iii) O auto de infração guerreado no presente processo pretende exigir da Recorrente a Contribuição Social relativa aos períodosbase de 1990 a 1994, portanto, anteriores ao trânsito em julgado da sentença judicial; só nos resta concluir que referidos períodos estão albergados pela 'coisa julgada', sendo defeso ao Fisco exigir a Contribuição em causa relativamente àqueles períodosbase." Assim, deve ser prontamente revisto o despachodecisório, ora recorrido, ante a comprovação do recolhimento indevido, a ensejar o direito à restituição, nos termos do artigo 165, I, do Código Tributário Nacional. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I / SP analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e indeferiu a solicitação. Ciente da decisão de primeira instância e com ela inconformada, a interessada apresentou recurso voluntário, mediante o qual oferece, em apertada síntese, os seguintes argumentos: Acerca do prazo para pleitear o indébito, a recorrente se reporta ao Pedido Eletrônico de Restituição, ao Pedido de Restituição protocolado na Deinf e sustenta que estaria plenamente respeitado, no caso, o prazo prescricional de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. A recorrente afirma ter anexado aos autos cópia do Mandado de Segurança nº 89.00112058, em que foi proferida a decisão transitada em julgado que a exonerava do recolhimento da CSLL de 1988 até 09/1997 (data do trânsito em julgado). Da mesma forma, anexa documentos que comprovam ser a recorrente a sucessora de Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. A interessada reitera, ainda, os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, acerca da decisão proferida pelo 1º Conselho de Contribuintes em 2001. Conclui com o pedido de provimento de seu recurso e homologação da compensação declarada. É o Relatório. Voto Fl. 234DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 5 4 Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 1301002.287, de 12/04/2017, proferido no julgamento do processo 16327.900370/201248, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 1301002.287): O recurso voluntário e tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Gira a lide em torno de pedido de restituição, posteriormente cumulado com declaração de compensação. No atual estágio da discussão administrativa, o alegado direito creditório não foi reconhecido por dois fundamentos autônomos, ou seja, cada um deles é suficiente, por si só, para o não reconhecimento do direito creditório. O primeiro fundamento adotado pelo julgador de primeira instância, de caráter preliminar, foi o transcurso do prazo para pleitear o indébito. Alega a recorrente que deveria ter sido considerado o período transcorrido entre a data do recolhimento, em 1999, e a data do protocolo do pedido de restituição, em 2004. Com isso, restaria atendido o prazo de cinco anos de que trata o art. 168, I, do CTN. Examinando a decisão recorrida, constatase que, efetivamente, houve um equívoco do julgador ao não considerar o pedido de restituição originalmente formulado em 2004. Isso fica evidenciado na afirmação de que “... observase que somente em 2008 veio pleitear compensação do referido crédito, ou seja, cerca de sete anos após ‘obter a comprovação’, e nove após a extinção do débito, pelo pagamento”. Ora, a declaração de compensação é datada de 2008, mas reportase ao anterior pedido de restituição, e é esse pedido que deve ser considerado, para fins da contagem do prazo para a repetição de indébito. No entanto, como se verá a seguir, a correção desse equívoco não trará modificação na conclusão. Esse prazo, se de cinco ou dez anos, bem assim a determinação dos termos inicial e final para a contagem, já foram objeto de acirrados debates, tanto no âmbito administrativo quanto no judicial. A inovação legislativa (arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005) tentou pacificar a questão, mas somente aumentou as divergências, tanto doutrinárias quanto jurisprudenciais. Finalmente, a questão foi pacificada pelo Poder Judiciário. De especial interesse, o Recurso Especial nº 1.002.932, de 25/11/2009, prolatado pelo STJ no regime do art. 543C do CPC então vigente, e o Recurso Extraordinário nº 566.321, de 04/08/2011, proferido pelo STF no regime do art. 543B do mesmo diploma legal. A reiterada aplicação administrativa dessas decisões conduziu à aprovação, em 09/12/2013, pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, da súmula CARF nº 91, a seguir reproduzida. Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Fl. 235DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 6 5 As súmulas CARF são de observância obrigatória pelos membros deste órgão administrativo, a teor do art. 72 do Anexo II do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. No caso concreto, o pedido de restituição foi protocolado em 2004, antes da data limite prevista na súmula, aplicandose, portanto, o prazo prescricional de dez anos. O termo inicial da contagem é, também nos termos da súmula, a data do fato gerador. O fato gerador foi fixado pela própria interessada no pedido de restituição. Desta forma, para fatos geradores completados anteriormente a 12/02/1994 o prazo prescricional já se encontrava encerrado no momento do pedido de restituição. Observese que a data do recolhimento não é considerada para este fim, muito menos a circunstância alegada pela interessada acerca do julgamento administrativo de um auto de infração no qual o sujeito passivo seria um dos litisconsortes na ação judicial. Não se vislumbra qual a relação entre aquele julgamento administrativo e o prazo para a formulação do pedido de restituição aqui discutido. A constatação que se impõe é de que o decurso do prazo prescricional impede que seja atendido o pleito da interessada, independentemente de quaisquer considerações de mérito, negandose provimento ao recurso voluntário. O segundo fundamento adotado pelo julgador de primeira instância para o indeferimento do pleito foi a falta de comprovação do direito. O seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido é elucidativo: Observese que a empresa não trouxe a petição inicial e nenhuma peça do processo judicial que afirma amparala, de forma a se poder verificar a correção de sua alegação central de mérito, o que, como demonstrado acima, seria ônus da empresa. E, em consulta ao sítio do TRF da 3ª Região, utilizandose do número de processo judicial fornecido pela Interessada, na opção “Consulta Processual – Visualizar Processo” a empresa não aparece como parte, mas sim as seguintes empresas: Consórcio Nacional Ford Ltda., Autolatina S/A, Autolatina Financiadora S/A Crédito Financiamento e Investimentos e Ford Brasil S/A. Junto com o recurso voluntário, a interessada faz acostar aos autos peças do processo judicial, e documentos que, segundo ela, comprovariam ser a recorrente sucessora da Autolatina Financiadora S/A, que foi parte no processo judicial. Compulsando os autos, especialmente as peças processuais do Mandado de Segurança nº 89.112058, constato que a impetrante foi Consórcio Nacional Ford Ltda., e que posteriormente foram admitidos como litisconsortes: (i) Autolatina S/A; (ii) Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos; e (iii) Ford Brasil S/A. Prosseguindo na análise, encontro Ata da AGE de 31/05/1996 de Banco Autolatina S.A., na qual se registra a cisão parcial dessa pessoa jurídica, com a versão de parcela de seu patrimônio para o Banco Ford S/A e a mudança do nome da parcela remanescente da cisão do Banco Autolatina S/A para Banco Volkswagen S/A (a interessada). Na sequência, encontro também o Protocolo da cisão e versão do patrimônio. No entanto, não encontro prova de que Banco Autolatina S/A fosse parte da ação judicial. No documento datado de 17/02/2004, dirigido à DEINF/SP, a interessada se identifica como “BANCO VOLKSWAGEN S/A., atual denominação de BANCO AUTOLATINA S.A., anteriormente denominado AUTOLATINA Fl. 236DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 7 6 FINANCIADORA S.A., ...”. Mas tratase de mera afirmação, da qual não encontro prova documental nos autos. Apesar de saber que esse ponto foi um dos fundamentos adotado pelo julgador de primeira instância para negar seu pedido, a interessada apresentou apenas o documento da cisão parcial de Banco Autolatina S/A e posterior mudança de nome da parcela remanescente para Banco Volkswagen S/A, não se preocupando em rastrear e comprovar os eventos societários desde a litisconsorte na ação judicial (Autolatina Financiadora S/A – Crédito, Financiamento e Investimentos) até a atual pessoa jurídica, nem os direitos que teriam sido transmitidos em cada um desses eventos. Em se tratando de pedido de restituição, é ônus de quem alega o direito creditório comprovar o que alega, especialmente, no caso sob análise, que a pessoa jurídica que efetuou o recolhimento seria a sucessora em todos os direitos e obrigações da pessoa jurídica que foi parte na ação judicial. Ao não se encontrar nos autos essa comprovação, também por esse motivo o recurso voluntário há que ser negado. Os dois fundamentos autônomos anteriormente discutidos já seriam (e são) suficientes para que o recurso voluntário seja desprovido. Penso, entretanto, que uma consideração adicional há de ser feita. É que o pagamento em questão foi feito em 1999, ao amparo do art. 17 da Lei nº 9.779/1999. Confirase seu teor (grifos não constam do original): Art.17.Fica concedido ao contribuinte ou responsável exonerado do pagamento de tributo ou contribuição por decisão judicial proferida, em qualquer grau de jurisdição, com fundamento em inconstitucionalidade de lei, que houver sido declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta de constitucionalidade ou inconstitucionalidade, o prazo até o último dia útil do mês de janeiro de 1999 para o pagamento, isento de multa e juros de mora, da exação alcançada pela decisão declaratória, cujo fato gerador tenha ocorrido posteriormente à data de publicação do pertinente acórdão do Supremo Tribunal Federal.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) §1oO disposto neste artigo estendese:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 2158 35, de 2001) Iaos casos em que a declaração de constitucionalidade tenha sido proferida pelo Supremo Tribunal Federal, em recurso extraordinário;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIa contribuinte ou responsável favorecido por decisão judicial definitiva em matéria tributária, proferida sob qualquer fundamento, em qualquer grau de jurisdição;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIaos processos judiciais ajuizados até 31 de dezembro de 1998, exceto os relativos à execução da Dívida Ativa da União.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Fl. 237DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 8 7 §2oO pagamento na forma do caput deste artigo aplicase à exação relativa a fato gerador:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iocorrido a partir da data da publicação do primeiro Acórdão do Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, na hipótese do inciso I do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIocorrido a partir da data da publicação da decisão judicial, na hipótese do inciso II do § 1o;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIIalcançado pelo pedido, na hipótese do inciso III do § 1o.(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) §3oO pagamento referido neste artigo:(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Iimporta em confissão irretratável da dívida;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) IIconstitui confissão extrajudicial, nos termos dos arts. 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil;(Vide Medida Provisória nº 1.807, de 1999)(Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) [...] Insisto: os pagamentos nesses termos são confissão irretratável da dívida e confissão extrajudicial. Ou seja, ainda que pudessem ser superados os dois fundamentos anteriormente expostos, o pedido de restituição encontraria obstáculo inarredável na disposição expressa da lei acima transcrita. Supondose, como hipótese argumentativa, que a interessada fosse, como afirma, sucessora da litisconsorte na ação judicial, o fato é que espontaneamente decidiu abrir mão do direito conquistado na ação judicial (possivelmente por vêlo ameaçado por reiteradas manifestações do STF no sentido da inconstitucionalidade da CSLL apenas para o primeiro ano de sua vigência) e parcelar o valor da contribuição para os anos subsequentes. A recorrente afirma que somente fez os pagamentos porque a Receita Federal insistia na cobrança, mesmo em face da decisão judicial que havia obtido. Ora, esse era o entendimento administrativo à época, atualmente ainda mais reforçado, tanto pelo sucesso obtido em ações rescisórias diversas propostas perante o Poder Judiciário, quanto por Pareceres da douta PGFN. Se a interessada tivesse plena convicção de seu direito, seu procedimento teria sido o de aguardar o lançamento e discutilo administrativa e judicialmente, nunca o de se antecipar, confessando a dívida de forma irretratável e recolhendo o tributo. A recorrente reclama, ainda, que esse aspecto não teria sido fundamento para a negativa do pedido de restituição, pelo que não poderia, agora, ser abordado. Observese que a DEINF/SP originalmente negou o pedido porque o pagamento (DARF) não foi identificado nos sistemas da RFB. Apesar de intimada, a interessada não se preocupou em trazer aos autos os esclarecimentos que Fl. 238DF CARF MF Processo nº 16327.902747/201031 Acórdão n.º 1301002.312 S1C3T1 Fl. 9 8 permitissem essa correta identificação. Essa questão foi plenamente superada em primeira instância. Somente então foi possível avançar e questionar outros aspectos, a saber, o prazo para pleitear o indébito e a comprovação do direito alegado. Quanto a este último aspecto, o julgador a quo se deteve na falta das peças do processo judicial e na falta de comprovação de que a interessada no processo administrativo fosse também uma das partes do processo judicial. Penso que as considerações aqui tecidas sobre esse ponto nada mais são do que um aprofundamento acerca da análise de mérito do pedido. Seriam, talvez, dispensáveis, como dito anteriormente, mas em nada prejudicam, antes reforçam a conclusão. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. [assinado digitalmente] Waldir Veiga Rocha Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.900365/2014-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 24/08/2012
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez.
Numero da decisão: 3401-003.734
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 03 65 /2 01 4- 53 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13888.900365/201453 Acórdão n.º 3401003.734 S3C4T1 Fl. 3 2 Versam os autos sobre PER/DCOMP cujo direito creditório alegado seria oriundo de recolhimento indevido do IPI, a ser compensado com débito de tributo administrado pela RFB. O despacho decisório não homologou a compensação em razão do recolhimento indevido já ter sido integralmente quitado com outros débitos do contribuinte. O contribuinte apresentou tempestivamente sua manifestação de inconformidade, arguindo várias nulidades, mormente que o aludido Despacho não teria fundamentação, teria se desviado de sua finalidade e lhe causado cerceamento de defesa. Sobreveio decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, na qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja ementa possui o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 24/08/2012 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. A homologação das compensações declaradas requer créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Não caracterizado o pagamento indevido, não há créditos para compensar com os débitos do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte interpôs tempestivamente o seu recurso voluntário, asseverando que a decisão não levou em consideração, nas razões de decidir a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, impedindo que a Recorrente apresentasse defesa, bem como demonstrasse a existência do crédito, requerendo a nulidade da decisão, vez que não lhe foi oportunizado conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada. É o relatório. Voto Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13888.900365/201453 Acórdão n.º 3401003.734 S3C4T1 Fl. 4 3 Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.652, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 13888.900243/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.652): Como se viu do relatório, o presente recurso voluntário visa a nulidade da decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, entendendo que esta não restou motivada, implicando seu cerceamento de defesa. Não merece prosperar as alegações da Recorrente. A uma, disse o Despacho Decisório: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A duas, mencionou expressamente a decisão de piso que a Recorrente não trouxe qualquer prova (DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI), indício ou justificativa que permitisse comprovar o alegado recolhimento indevido. A propósito, merece destaque parte do voto do e. relator: Inicialmente vale verificar o que consta no Despacho Decisório, devidamente assinado pela autoridade competente: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o alegado pagamento indevido não foi restituído porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Com efeito, se há erro nos arquivos da Receita, bastaria o interessado juntar a idônea e hábil documentação contraditória (DARF, DCTF e Livro de Apuração e Registro do IPI), até em homenagem o princípio da verdade material tanto invocado, sendo que, se tratam de declarações e livros cuja boa guarda e apresentação imediata estão legalmente determinadas. A manifestação do interessado não traz qualquer prova, indício ou mesmo justificativa que permita comprovar o alegado Fl. 65DF CARF MF Processo nº 13888.900365/201453 Acórdão n.º 3401003.734 S3C4T1 Fl. 5 4 recolhimento indevido, limitandose, tão somente a colecionar julgados e doutrinas sobre nulidades. Considerando que nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, consta que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos e nada o contribuinte a isto contrapõe, não há o que reconsiderar ou anular, sendo que não se justifica a falta de apresentação de documentos que provassem seu direito creditório, na medida que a alegação de cerceamento da defesa não se sustenta. A três, vêse que a decisão fora motivada, embora cingiramse as assertivas da Recorrente apenas e tão somente na juntada da DCOMP, informando que detinha um crédito de IPI, oriundo de pagamento indevido, o qual seria compensado com débitos da COFINS. A quatro, temse que, sobrevindo a decisão da manifestação de inconformidade, deveria a Recorrente fazer prova deste suposto pagamento indevido ou a maior do IPI, conforme determinava o artigo 333 do CPC, vigente à época ademais, como ressalvada pela decisão da DRJ , porém, quedou silente a contribuinterecorrente. A quinto, o processo há de vir devidamente instruído para que o Colegiado possa apreciálo, de modo que, diante da ausência de qualquer prova, a conclusão que se chega é que a decisão de piso não merece reparos. Não maiores ilações a serem feitas e diante da ausência de provas, voto em negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.721660/2015-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00.REQUISITOS.CUMPRIMENTO.
Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00.
PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS EM DUAS PARCELAS NO MESMO SEMESTRE. DESRESPEITO AO LIMITE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE.
A redação do § 2.° do art. 3.° da Lei n.° 10.101/2000 vigente na data dos fatos geradores vedava o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre.
PLR. ACORDO FIRMADO NA MATRIZ. EXTENSÃO PARA EMPREGADOS QUE PRESTAM SERVIÇO FORA DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO SINDICATO. POSSIBILIDADE.
Não altera a natureza da PLR o fato de haver extensão de acordos firmados com o sindicato da base territorial da matriz para empregados que prestam serviços em localidades diversas.
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO.
Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96.
Numero da decisão: 2201-003.656
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas. Quanto ao mérito: i) por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à regularidade da periodicidade dos pagamentos realizados a título de PLR. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho que davam provimento ao recurso nessa parte; ii) por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto ao pagamento dos valores de PLR por força de extensão de norma sindical. Vencido o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra (Relator). Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso quanto ao reembolso educação. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
(Assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Redator designado
(Assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00.REQUISITOS.CUMPRIMENTO. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS EM DUAS PARCELAS NO MESMO SEMESTRE. DESRESPEITO AO LIMITE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE. A redação do § 2.° do art. 3.° da Lei n.° 10.101/2000 vigente na data dos fatos geradores vedava o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre. PLR. ACORDO FIRMADO NA MATRIZ. EXTENSÃO PARA EMPREGADOS QUE PRESTAM SERVIÇO FORA DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO SINDICATO. POSSIBILIDADE. Não altera a natureza da PLR o fato de haver extensão de acordos firmados com o sindicato da base territorial da matriz para empregados que prestam serviços em localidades diversas. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO. Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 36; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1879; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 1.516 1 1.515 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10805.721660/201519 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.656 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de junho de 2017 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101/00.REQUISITOS.CUMPRIMENTO. Os valores pagos a título de PLR não sofrem incidência tributária somente se cumpridos os requisitos estabelecidos na Lei nº 10.101/00. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS EM DUAS PARCELAS NO MESMO SEMESTRE. DESRESPEITO AO LIMITE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE. A redação do § 2.° do art. 3.° da Lei n.° 10.101/2000 vigente na data dos fatos geradores vedava o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre. PLR. ACORDO FIRMADO NA MATRIZ. EXTENSÃO PARA EMPREGADOS QUE PRESTAM SERVIÇO FORA DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO SINDICATO. POSSIBILIDADE. Não altera a natureza da PLR o fato de haver extensão de acordos firmados com o sindicato da base territorial da matriz para empregados que prestam serviços em localidades diversas. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. NÃO INTEGRAÇÃO. Até o advento da Lei nº 12.513/11, os valores pagos a título de auxílio educação não integram o salário de contribuição posto que não integrantes da remuneração do segurado empregado. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 16 60 /2 01 5- 19 Fl. 1517DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.517 2 consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas. Quanto ao mérito: i) por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário quanto à regularidade da periodicidade dos pagamentos realizados a título de PLR. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho que davam provimento ao recurso nessa parte; ii) por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto ao pagamento dos valores de PLR por força de extensão de norma sindical. Vencido o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra (Relator). Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso quanto ao reembolso educação. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. (Assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Redator designado (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão administrativa de primeira instância proferida pela DRJ Porto Alegre (Acórdão nº 1055.923 6ª Turma da DRJ/POA) que julgou procedente em parte o lançamento tributário formalizado por intermédio dos Autos de Infração Debcad n° 51.076.7656 e Debcad nº 51.076.7664: 1) Auto de Infração Debcad n° 51.076.7656 é relativo à contribuição a cargo da empresa sobre a remuneração de empregados e a contribuição da empresa para financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa, incidentes sobre os valores pagos a segurados empregados a título de a) Participação nos Lucros e Resultados e b) Reembolso Escolar, considerados como parcelas integrantes do saláriodecontribuição, por não se subsumirem às regras contidas na Lei n° 10.101/2000 e na Lei n° 8.212/1991, no período de 01/2011 a 12/2011. O crédito tributário relativo a este Auto de Infração atingiu o montante de R$ 70.636.813,03 (setenta milhões, seiscentos e trinta e seis mil, oitocentos e treze reais e três centavos), consolidado em 17/06/2015 (fls. 02 e 1085). 2) Auto de Infração Debcad n° 51.076.7664 é relativo à contribuição destinada a terceiros (SalárioEducação, INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE), incidente sobre a mesma Fl. 1518DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.518 3 base de cálculo e período antes referidos. O crédito tributário relativo a este Auto de Infração atingiu o montante de R$ 16.639.005,33 (dezesseis milhões, seiscentos e trinta e nove mil, cinco reais e trinta e três centavos), consolidado em 17/06/2015 (fls. 02 e 1155). Foi aplicada a multa de ofício de 75% em todo o período. Adotamos o relatório da decisão de primeira instância pela sua completude e capacidade de elucidação dos fatos: O Relatório Fiscal de fls. 18/60 informa que a fiscalização examinou a regularidade dos pagamentos efetuados pela empresa por intermédio da rubrica 302P PRÊMIO PART. RESULTADO, constante nas folhas de pagamento do período de 01/2011 a 12/2011. O sujeito passivo foi intimado a apresentar os Acordos Coletivos referentes aos pagamentos efetuados a título de Participação nos Resultados de 2011 em relação a todos os seus empregados (incluindose a Diretoria, Gerência, Supervisão, Líderes de Grupo e Líderes de time). A exigência era extensiva a todos os estabelecimentos da empresa. A apresentação foi parcial, tendo sido apresentados somente os Acordos Coletivos e demais documentos relativos às unidades localizadas em São Caetano do Sul, São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Gravataí. Com base no exame dos Acordos Coletivos de Trabalho e dos Aditamentos a Acordos Coletivos sobre Participação nos Resultados da empresa referentes ao exercício de 2011, a autoridade lançadora apontou as seguintes ocorrências: l) Acordo Coletivo da matriz e demais unidades localizadas em SÃO CAETANO DO SUL (fls. 27/29; 1300) 1.1) Acordo Coletivo para pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, São Paulo, de 25/05/2011, com vigência de 01/01/2011 até 31/12/2011. O estabelecimento matriz da empresa está situado em São Caetano do Sul/SP e é identificado pelo CNPJ n° 59.275.792/000150. A abrangência territorial deste acordo é relativa a São Caetano do Sul/SP (Cláusula Segunda). Os segurados contemplados são os empregados e menores aprendizes (Cláusula Quarta), excluídos os empregados em nível de líderes de grupo e acima (Cláusula Quarta, Parágrafo Segundo). A Cláusula Quinta estabeleceu adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do Sindicato. Estão abrangidos pelo Acordo os Fl. 1519DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.519 4 empregados que integram o estabelecimento da empresa em São Caetano do Sul/SP (Cláusula Décima Primeira). 1.2) Acordo Coletivo para pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico São Caetano do Sul, estado de São Paulo, de 31/05/2011, com vigência de 01/01/2011 até 31/12/2011. A Cláusula Segunda estabelece que os termos deste acordo destinamse única e exclusivamente à aplicação aos empregados de nível de liderança. As bases do acordo foram ajustadas somente com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e expressam o desejo da empresa de que se aplique o referido acordo a todas as unidades situadas no território brasileiro. A Cláusula Terceira informa que são elegíveis os empregados que ocupem cargo de liderança, ou seja, cargos de diretoria, gerência sênior, gerência, supervisão administrativa e líderes de grupo. A autoridade lançadora identificou pagamentos efetuados a empregados das unidades de São Caetano do Sul/SP a título de Participação nos Resultados, no período de 01/2011 a 04/2011, razão pela qual o sujeito passivo foi intimado a apresentar os instrumentos de negociação coletiva que justificassem tais valores, tendo apresentado o seguinte acordo: 1.3) Acordo Coletivo para pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, São Paulo, de 28/05/2010, com vigência de 01/01/2010 até 31/12/2010. A abrangência territorial deste acordo é São Caetano do Sul/SP (Cláusula Segunda). Consoante a Cláusula Quarta, este instrumento coletivo prevê o pagamento de valores a empregados e menores aprendizes. O Parágrafo Segundo da mesma cláusula exclui empregados em nível de líderes de grupo e acima. A Cláusula Quinta estabeleceu adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados localizados no âmbito de representação do Sindicato. A Cláusula Décima Primeira estabelece que estão abrangidos pelo Acordo os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda em São Caetano do Sul. Em razão da existência de pagamentos efetuados a título de participação nos resultados ocorridos em 01/2011, a empresa apresentou aditamento ao acordo anterior cujo teor é o seguinte: 1.3.1) Aditamento ao Acordo Coletivo sobre Participação nos Resultados da Empresa 2010 São Caetano do Sul firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Fl. 1520DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.520 5 Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, estado de São Paulo, de 01/06/2010, O Aditamento, em sua Cláusula Primeira, informa que a empresa decidiu integrar sua liderança no acordo geral firmado em 28/05/2010 e estabeleceu que o pagamento seria efetuado no dia 17/01/2011 e 31/01/2011 para a supervisão de fábrica e para os demais, respectivamente. Consoante a Cláusula Segunda do Acordo aditado a abrangência territorial era São Caetano do Sul/SP. Pela Cláusula Quinta o adiantamento foi concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do sindicato. Estavam abrangidos os empregados que integram o estabelecimento da GM em São Caetano do Sul (Cláusula Décima Primeira). A autoridade lançadora informa que os estabelecimentos 59.275.792/000664,59.275.792/003680, 59.275.792/0048 13, 59.275.792/004902 e 59.275.792/006948 estão localizados na cidade de São Caetano do Sul e, portanto, são as unidades abrangidas pelo Aditamento acima referido, tendo em vista a abrangência territorial do sindicato. A autoridade lançadora pontuou os aspectos da Participação nos Resultados que considerou em desacordo com a legislação em relação ao acordo coletivo do estabelecimento matriz e das unidades da empresa localizadas em São Caetano do Sul e que seriam os seguintes: pagamentos efetuados em 01/2011 e 05/2011. Inobservância da periodicidade semestral estabelecida em lei: Conforme Acordos Coletivos relativos aos empregados horistas e mensalistas (excetuados líderes e acima) a empresa efetuou o pagamento final relativo ao ano de 2010 em 01/2011, conforme resposta ao TIF n° 2 entregue pela empresa em 10/04/2015 e efetuou adiantamento desta verba, relativo ao ano de 2011 em 05/2011. A autoridade lançadora entendeu que os pagamentos efetuados em 05/2011 a título de Participação nos Resultados através da rubrica 302P PRÊMIO PART. RESULTADO da folha de pagamento foram efetuados em desacordo com a legislação, tendo em vista que não respeitaram a periodicidade superior a 6 (seis) meses estabelecida em Lei para o pagamento desta verba, descumprindo o disposto no § 2º do art. 3o da Lei n° 10.101/2000, razão pela qual considerou os valores pagos pelo sujeito passivo em 05/2011 como integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. empregados com cargos de liderança. Unidades não localizadas em São Caetano do Sul: em relação aos valores pagos a título de Participação nos Resultados aos empregados que ocupavam cargos de liderança, o Relatório Fiscal informa que apesar da empresa desejar aplicar o Aditamento a todas as suas unidades, diferentemente, a autoridade lançadora considerou atendida a legislação para as unidades localizadas em São Caetano do Sul, tendo em vista a abrangência territorial Fl. 1521DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.521 6 do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul. Seguemse os demais acordos examinados: 2) Acordo Coletivo das unidades localizadas em SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (fls. 33/36; 1308; 1314) O Acordo Coletivo indicou que a unidade abrangida era a de CNPJ n° 59.275.792/000826. A autoridade lançadora incluiu a unidade CNPJ n° 59.275.792/005208 por encontrarse localizada na mesma cidade e analisou os acordos das duas unidades. 2.1) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico São José dos Campos, São Paulo, de 05/2011. Vigência de 01/01/2011 a 31/12/2011. Estabelece o pagamento de Participação nos Resultados a empregados e a menores aprendizes e o pagamento adicional a empregados horistas mensalistas e a menores aprendizes (Cláusula Quarta), excluindo empregados com nível de supervisão e acima (§ 2º). A Cláusula Quinta estabelece adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em conta corrente dos empregados no âmbito de representação do sindicato. A Cláusula Décima Primeira estabelece que estão abrangidos pelo Acordo os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda em São José dos Campos. A autoridade lançadora identificou pagamentos efetuados a título de Participação nos Resultados no período de 01/2011 a 04/2011 (item 75 do RF, fls. 34), razão pela qual o sujeito passivo foi intimado a apresentar os instrumentos de negociação coletiva que justificassem tais pagamentos, tendo apresentado o acordo que segue: 2.2) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico São José dos Campos e Região, São Paulo, de 05/2010. Vigência de 01/01/2010 a 31/12/2010. A abrangência territorial do acordo é São José dos Campos/SP. O acordo estabelece o pagamento de Participação nos Resultados a empregados e a menores aprendizes e o pagamento adicional a empregados, horistas e mensalistas e a menores aprendizes (Cláusula Quarta). O Parágrafo Segundo exclui empregados com nível de supervisão e acima. A Cláusula Quinta estabelece adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em conta corrente dos empregados no âmbito de representação do sindicato. A Cláusula Sétima estabelece Fl. 1522DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.522 7 17/01/2011 para pagamento complementar e final da participação. Em relação ao acordo coletivo de São José dos Campos para o pagamento da Participação nos Resultados, a autoridade lançadora apontou os mesmos aspectos que considerou em desacordo com a legislação, trazidos para São Caetano do Sul, que são: pagamentos efetuados em 01/2011 e 05/2011. Inobservância da periodicidade semestral estabelecida em lei, razão pela qual foram lançados os valores pagos pelo sujeito passivo em 05/2011 a título de Participação nos Resultados, através da rubrica 302P PRÊMIO PART. RESULTADO, como integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. empregados com cargos de supervisão e acima. Unidades não localizadas em São José dos Campos. A autoridade lançadora entendeu que os termos do Aditamento ao Acordo assinado em 01/06/2010 com o Sindicato de São Caetano do Sul aplicavamse somente às unidades localizadas naquela região, considerando se a abrangência territorial do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul. Em decorrência, os valores pagos pelo sujeito passivo a empregados que ocupavam cargos de supervisão e acima a título de Participação nos Resultados nas unidades de São José dos Campos (CNPJ 59.275.792/000826 e CNPJ 59.275.792/005208) não estariam contemplados e por essa razão foram considerados integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Acordo Coletivo da unidade localizada em Sorocaba, CNPJ n° 59.275.792/008991 (fls. 36/39; 1294; 1329) 3.1) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba, São Paulo, de 01/06/2011. Vigência de 01/01/2011 a 31/12/2011. Estabelece o pagamento de Participação nos Resultados a empregados e a menores aprendizes (Cláusula Quarta). O parágrafo Segundo exclui empregados em nível de líderes de time, supervisão, gerência e diretoria. A Cláusula Quinta estabelece adiantamento a ser concedido aos empregados no âmbito de representação do sindicato e, para menores aprendizes. A autoridade lançadora identificou pagamentos efetuados a título de Participação nos Resultados no período de 01/2011 a 04/2011 (item 92, fls. 37), razão pela qual o sujeito passivo foi intimado a apresentar os instrumentos de negociação coletiva que justificassem tais pagamentos, tendo apresentado o acordo que segue: Fl. 1523DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.523 8 3.2) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba, de 06/2010. Vigência de 01/01/2010 a 31/12/2010. O acordo estabelece o pagamento de valores a empregados e a menores aprendizes e o pagamento adicional a empregados, horistas e mensalistas e a menores aprendizes (Cláusula Quarta). O Parágrafo Segundo exclui empregados com nível de líderes de time, supervisão, gerência e diretoria. A Cláusula Quinta estabelece adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em conta corrente dos empregados no âmbito de representação do sindicato e para menores aprendizes. A Cláusula Sétima estabelece 17/01/2011 para pagamento complementar e final da participação. Em relação ao acordo coletivo de Sorocaba a autoridade lançadora apontou os aspectos da Participação nos Resultados que considerou em desacordo com a legislação, que são: pagamentos efetuados em 01/2011 e 06/2011. Inobservância da periodicidade semestral estabelecida em lei: Conforme Acordos Coletivos apresentados para os empregados horistas e mensalistas (excetuados os empregados em nível de líderes de time, supervisão, gerência e diretoria) a empresa efetuou o pagamento final relativo ao ano de 2010 em 01/2011 e efetuou o adiantamento desta verba relativo ao ano de 2011, em 06/2011, descumprindo o disposto no § 2o do art. 3o da Lei n° 10.101/2000 por não respeitar a periodicidade superior a 6 (seis) meses estabelecida em Lei, razão pela qual a autoridade lançadora considerou os valores pagos pelo sujeito passivo em 06/2011 a título de Participação nos Resultados, através da rubrica 302P PRÊMIO PART. RESULTADO, como integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. empregados com cargos de líderes de time, supervisão, gerência e diretoria. Unidade localizada em Sorocaba: Pelas mesmas razões expendidas para o acordo de São José dos Campos, os valores pagos pelo sujeito passivo em 06/2011 a empregados que ocupavam cargo de líderes de time, supervisão, gerência e diretoria, a título de Participação nos Resultados, na unidade de Sorocaba, foram considerados integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias lançadas. Os demais acordos seguem a mesma linha deste último e serão apresentados apenas nos seus aspectos diferenciados: Acordo Coletivo da unidade localizada em Mogi das Cruzes SP, CNPJ n° 59.275.792/009700 (fls. 39/41; 1035; 1288; 1351;1372) 4.1) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Mogi das Cruzes SP, de 31/05/2011. Vigência de 01/01/2011 a 31/12/2011. Fl. 1524DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.524 9 Inclui empregados e menores aprendizes. Exclui empregados líderes de time, supervisão, gerência e diretoria. 4.2) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Mogi das Cruzes SP, de 06/2010. Vigência de 01/01/2010 a 31/12/2010. Inclui empregados e menores aprendizes. Exclui empregados líderes de time, supervisão, gerência e diretoria. Os motivos da autuação foram os mesmos postos para o estabelecimento anterior. Acordo Coletivo das unidades localizadas em São Paulo, CNPJ n° 59.275.792/006603 (fls. 41/44; 1305; 1336) 5.1) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região SP, de 27/05/2011. Vigência de 01/01/2011 a 31/12/2011. Inclui empregados e menores aprendizes. Exclui empregados líderes de grupo e acima. 5.2) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo, Mogi das Cruzes e Região, de 06/2010. Vigência de 01/01/2010 a 31/12/2010. Inclui empregados e menores aprendizes. Exclui empregados líderes de grupo e acima. Os motivos da autuação foram os mesmos postos para o estabelecimento anterior, desta feita, para os pagamentos efetuados em 01/2011 e 05/2011. Acordo Coletivo da unidade localizada em Gravataí, CNPJ n° 59.275.792/009610 (fls. 44/46; 1343) 6.1) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2011, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Gravatai, de 23/05/2011. Vigência de 01/01/2011 a 31/12/2011. Inclui empregados horistas e mensalistas. Fl. 1525DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.525 10 Exclui empregados em nível de liderança, supervisão, gerência e diretoria. 6.2) Acordo Coletivo para o pagamento de Participação nos Resultados Ano 2010, firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Gravataí, de 06/2010. Vigência de 01/01/2010 a 31/12/2010. Os motivos da autuação foram os mesmos postos para o estabelecimento anterior, desta feita, para os pagamentos efetuados em 01/2011 e 06/2011. 7) Estabelecimentos da empresa sem acordo coletivo com o sindicato local para o pagamento de verba a título de Participação nos Resultados A autoridade lançadora identificou o pagamento de valores a título de Participação nos Lucros ou Resultados a segurados empregados de estabelecimentos da empresa que não possuíam acordo coletivo específico com o sindicato local da categoria para o pagamento da referida verba e por essa razão o sujeito passivo aplicou a estas unidades o Acordo coletivo da planta matriz, consoante informou através do TIF n° 2, entregue pela empresa em 10/04/2015. Os estabelecimentos abrangidos estão listados às fls. 1068/1072 e são identificados pelos seguintes CNPJ: 59.275.792/001121 (Recife), 59.275.792/001202 (Belo Horizonte), 59.275.792/001393 (Porto Alegre), 59.275.792/002527 (Brasília), 59.275.792/003094 (Rio de Janeiro), 59.275.792/003175 (Indaiatuba), 59.275.792/008134 (Curitiba) e 59.275.792/009378 (Salvador). A utilização do acordo coletivo da matriz (São Caetano do Sul/SP ) para as unidades não abrangidas pela jurisdição do Sindicato dos Trabalhadores de São Caetano do Sul não estaria de acordo com a legislação. Em relação a este fato o Relatório Fiscal informa: Neste ponto ressaltamos a Cláusula Segunda do Acordo citado, segundo a qual a abrangência territorial é São Caetano do Sul/SP (2011 item 31 2010 item 48), a Cláusula Quinta, segundo a qual o adiantamento será concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do Sindicato (2011 item 34 2010 item 51), e a Cláusula Décima Primeira, segundo a qual estão abrangidos pelo Acordo os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda em São Caetano do Sul (2011 item 42 2010 item 55), e, portanto, o Acordo não é extensivo a outros municípios. Assim sendo, em relação às unidades acima referidas, a autoridade lançadora concluiu que todos os pagamentos Fl. 1526DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.526 11 efetuados pelo sujeito passivo a segurados, a título de participação nos resultados, rubrica 302P PRÊMIO PART. RESULTADO da folha de pagamento, não se enquadram no disposto no art. 28, § 9o, alínea “j” da Lei n° 8.212/1991, e, portanto, integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias. REEMBOLSO ESCOLAR A autoridade lançadora constatou que a empresa efetuou o pagamento da rubrica "381P REEMBOLSO ESCOLAR" a segurados, cujo valor não integrou a base de cálculo das contribuições previdenciárias contidas nas folhas de pagamento apresentadas. O exame do regulamento relativo ao pagamento desta rubrica, denominado de Política de Reembolso Escolar, apurou que o programa consistia no reembolso de até 50% das despesas escolares do empregado, constando do item "ELEGIBILIDADE" daquele regulamento que todos os empregados efetivos com contrato de trabalho por prazo indeterminado, são elegíveis após completarem 1 ano de trabalho contínuo. A autoridade lançadora concluiu que a “política de reembolso escolar” da empresa não atende os requisitos do art. 28, § 9°, alínea “t” da Lei n° 8.212/1991, na medida em que este benefício não era extensivo a todos os empregados, eis que não era concedido aos empregados com contrato de trabalho por tempo indeterminado e com menos de um ano de trabalho contínuo. Diante destes fatos, a autoridade lançadora considerou como integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias a rubrica “381P REEMBOLSO ESCOLAR”, cujos levantamentos foram identificados como BI até B7 e BA até BH (fls. 52/53). DA IMPUGNAÇÃO O sujeito passivo foi cientificado pessoalmente da autuação em 29/06/2015 (fls. 1393) e apresentou impugnação em 27/07/2015 (fls. 1241 e 1404), através do arrazoado de fls. 1241/1262 e documentos de fls. 1263/1393. Alega a tempestividade da impugnação. Sustenta que a fiscalização desnaturou parte da PLR legitimamente pactuada pela Impugnante com seus funcionários, assim como o benefício "reembolso escolar" a partir de critérios estritamente subjetivos e sem respaldo na legislação, sendo notória a impropriedade do lançamento fiscal em razão dos valores tributados estarem imunes às contribuições sociais previdenciárias por força da inequívoca natureza indenizatória da PLR paga e do benefício "reembolso escolar", inexistindo o descumprimento de qualquer preceito legal. Da ausência de motivação adequada para identificação do fato gerador da obrigação tributária constituída: Fl. 1527DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.527 12 Assevera que a autoridade lançadora deixou de observar o princípio da adequada motivação dos atos administrativos, restando evidente o prejuízo para a defesa da Impugnante, impregnando o lançamento fiscal de vício material insanável. Afirma que não restou caracterizado pela autoridade lançadora que as verbas indenizatórias objeto de lançamento fiscal tivessem sido pagas em substituição à parcela salarial, o que, importa em falha quanto à caracterização do fato gerador da obrigação tributária principal, ao arrepio da Lei n° 9.784/1999, artigos 2° e 50; do CTN artigos 114, 116 e 142 e do Decreto n° 3.048/1999 artigo 243. Invoca o artigo 5° inciso LV da Constituição Federal, que assegura "aos litigantes, em processo (...) administrativo (...) o contraditório e ampla defesa...” ; o Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 59, inciso II, que considera nulo, de pleno direito, "(.„) os despachos e decisões proferidos (...) com preterição do direito de defesa." e a Jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais da Fazenda Nacional CARF. Sustenta que a teor do disposto na CF, artigo 201, § 11°; e na Lei n° 8.212/1991, artigo 28, § 9o, 7, seria imprescindível que a autoridade fiscal identificasse o caráter habitual das verbas tidas como de caráter remuneratório a fim de justificar o lançamento fiscal. Afirma que as verbas pagas (1) a título de PLR estão abrangidas pela imunidade tributária prevista pelo texto constitucional (artigo 7°, XI); e as verbas pagas (2) a título de "reembolso escolar" não têm natureza contraprestativa. Conclui que a autoridade lançadora não se desincumbiu de seu ônus de demonstração da ocorrência do fato gerador das contribuições sociais previdenciárias objeto de autuação e tampouco na verificação das circunstâncias materiais inerentes à sua incidência aptas a justificar as autuações indevidamente lavradas. Da Participação nos Lucros e Resultados Observa que a Participação nos Lucros e Resultados, pela definição da Carta Magna, é totalmente desvinculada da remuneração, tratandose de imunidade tributária específica. Registra que o Sindicato dos Trabalhadores de São Caetano do Sul, signatário da PLR celebrada pela matriz da Impugnante junto com seus funcionários, possui ilibada reputação na conquista de reivindicações dos trabalhadores, sendo a celebração de acordos coletivos a título de PLR uma tradição na realidade socioeconômica da Impugnante e de todos os seus funcionários e por esse motivo esse acordo coletivo é adotado como modelo pelos demais estabelecimentos da Impugnante e seus funcionários, inclusive, com a anuência dos Sindicatos de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes e Gravataí. Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.528 13 Informa que o sucesso no alcance das metas traçadas nesses acordos coletivos sempre contou com o engajamento de todos os seus funcionários, independente do cargo ocupado ou do local de trabalho e que nenhum dos seus segurados recebeu o beneficio mais de duas vezes no ano de 2011, tendo todos os pagamentos observado o anuído nos acordos coletivos celebrados com os empregados e a legislação de regência. Da regular periodicidade dos pagamentos da PLR Explica que para a fiscalização, parte da PLR paga pela Impugnante, em relação aos segurados dos estabelecimentos "com" acordo coletivo (levantamentos M1M9 e MAMC), não haveria observado a regra da periodicidade disposta na Lei n° 10.101/2000, artigo 3o, §2°. Relata que apesar da fiscalização haver reconhecido a legitimidade das PLR's analisadas e dos pagamentos da PLR de 2010 ocorridos em janeiro/2011, entendeu que os pagamentos havidos em maio e junho/2011, a título de adiantamento da PLR de 2011, estariam em desacordo com a legislação por não respeitarem a periodicidade superior a 6 (seis) meses. Afirma que todos os pagamentos a título de PLR no ano do 2011 observaram estritamente os acordos coletivos firmados pela Impugnante com seus funcionários, inexistindo, portanto, mais do que 2 (dois) pagamentos a título dc PLR para um mesmo funcionário, restando notório o equívoco incorrido pela fiscalização acerca da violação da regra da periodicidade prevista na Lei n° 10.101/2000 artigo 3°, §2°. Sustenta que em momento algum a Lei n° 10.101/2000 restringiu a possibilidade de 2 pagamentos a título de PLR dentro de um mesmo semestre civil, desde que observada a limitação anual: § 2° E vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; (sem grifo no original) Sustenta que o INSS, antes da Lei n° 11.457/2007, já havia pacificado, em processo de consulta, o entendimento de que a ocorrência de 2 (dois) pagamentos a título de PLR no mesmo semestre civil não viola a Lei n° 10.101/2000, conforme transcreveu: CONSULTA TÉCNICA 507/2004. PARECER PFEINSS/CGMT/DCMT N° 10/2004. EMENTA: A parte final do §2° do art. 3o deve ser entendida como uma flexibilização da periodicidade mínima estabelecida, de forma que o adiantamento ou pagamento a título de participação nos lucros poderá Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.529 14 ocorrer no máximo duas vezes no ano civil, ainda que no mesmo semestre civil. Alega que essa interpretação está de acordo com a literalidade da norma legal, uma vez que a conjunção "ou" ao contrário da conjunção "e", denota um caráter alternativo, conforme definição semântica dos principais dicionários da língua portuguesa. E quando quis introduzir requisitos cumulativos, o legislador assim o fez ao vedar o pagamento da PLR "(..) em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. ", conforme nova redação conferida ao artigo 3°, §2° da Lei n° 10.101/2000, pela Lei n° 12.832, de 20/06/2013. Segundo afirma, este seria o sentido que trilha a Jurisprudência do CARF, quando afirma que 'Somente os pagamentos realizados após a segunda parcela é que estão em desconformidade com a lei. " (Acórdão 240202.508 Cons. Rei. Júlio César Vieira Gomes). Informa que o CARF validou a regularidade dos pagamentos do benefício efetivado pela impugnante dentro do mesmo semestre civil, tal qual o caso em tela, na decisão objeto do Acórdão n° 2302003.138, proferido pela 2a Turma Ordinária da 3a Câmara, de 13/05/2014. Acrescenta que as duas parcelas pagas a título de PLR no ano de 2011 referemse a programas e acordos coletivos distintos, havendo um intervalo de, pelo menos, 6 meses entre os pagamentos da mesma PLR. Relata que em autuação análoga à presente e da própria impugnante, a E. 3a Câmara do CARF concluiu pela regularidade dos pagamentos sob o entendimento de que “(..) na lei não há vedação a pagamento antecipado de PLR, ainda mais quando há uma intercalação de 8 meses e em semestres diferentes, ...” (Acórdão n° 2301003.549, de 18/06/2013) e que segundo a jurisprudência do CARF a participação nos lucros e resultados goza de imunidade tributária. Cita decisão do TST sobre a matéria, que concluiu pela impossibilidade de sua desnaturação não apenas por causa de 2, mas de 12 parcelas pagas no mesmo ano civil. Alega que ainda que se cogite da possibilidade de dúvida razoável acerca da interpretação e do alcance do disposto no artigo 3°, §2° da Lei n° 10.101/2000 há de se interpretar essa norma de maneira mais favorável à Impugnante, conforme preceituado pelo CTN, artigo 112. Frisa que o artigo 3°, §2° da Lei n° 10.101/2000 sofreu relevantes alterações com o advento da Lei n° 12.832/2013, que reconheceu, inequivocamente, a ausência de qualquer infração Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.530 15 ao disposto na Lei n° 10.101/2000 nos pagamentos de PLR com intervalo mínimo de 3 (três) meses. Aduz que as parcelas da PLR objeto de lançamento fiscal, identificadas nos levantamentos M1M9 e MAMB, foram pagas com intervalo superior aos 3 (três) meses estabelecidos na atual redação do artigo 3o, §2° da Lei n° 10.101/2000 razão pela qual não há como se imputar qualquer infração à Impugnante. Invoca o princípio da retroatividade benéfica ao contribuinte, positivado no CTN, artigo 106, incisos I e II, alínea "a", o qual assegura a aplicação retroativa da norma mais favorável quando de caráter interpretativo ou infracional, tal qual o caso dos autos Conclui que os pagamentos efetivados a título de PLR atenderam plenamente à periodicidade disciplinada pelo artigo 3o, §2° da Lei n° 10.101/2000, inexistindo qualquer razão que justifique a atitude da autoridade lançadora em desnaturar as parcelas pagas a título de adiantamento em 05/2011 e 06/2011. Da legítima extensão do acordo coletivo da matriz Quanto à PLR paga pela Impugnante em relação aos segurados dos estabelecimentos "sem" acordo coletivo (levantamentos C1 C7 e D1D7), relata que a motivação adotada pela autoridade lançadora foi a de que a Impugnante não podería ter estendido o acordo coletivo da matriz para os funcionários fora da jurisdição do sindicato. Sustenta que a autoridade lançadora partiu da equivocada premissa de que a regra de limitação territorial da abrangência do sindicato possui um caráter absoluto sendo inadmissível a sua extensão para as demais unidades. Afirma que o Ministério do Trabalho e Emprego MTE, no exercício de sua competência, já relativizou a aludida regra quando em confronto com preceitos constitucionais do trabalhador. Cita Portaria 01/2002 Ementa n° 12 DO 25/03/2002. Assevera que em sendo a PLR parte integrante do contrato de trabalho, a sua interpretação deve se dar de forma mais favorável ao trabalhador, nos termos da CLT artigo 620. Aduz que os funcionários beneficiados com a extensão da PLR firmada pela matriz encontramse lotados em pequenos escritórios regionais da Impugnante, o que, por si só, justificaria esse "empréstimo" em razão dos altos custos inerentes à prescindível mobilização de outros sindicatos. Acrescenta que o sindicato signatário do acordo tem notória credibilidade em todo o território nacional e que segundo as notícias divulgadas pela imprensa, a PLR estendida aos funcionários lotados em pequenos escritórios regionais da impugnante foi considerada a melhor do país. Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.531 16 Alega que inexiste qualquer vedação legal na Lei n° 10.101/2000 que proíba a extensão da PLR do estabelecimento matriz aos demais atores do processo produtivo lotados em estabelecimentos filiais, mormente quando em prol de seus benefícios. Para corroborar tal entendimento, transcreve ementa de acórdão do CARF, em caso da própria Impugnante (PLR de 2009), segundo o qual a extensão censurada pela autoridade lançadora não tem respaldo na lei e tampouco o condão de desnaturar a natureza da PLR paga aos seus funcionários, vide: PLR. ACORDO FIRMADO NA MATRIZ. EXTENSÃO PARA EMPREGADOS QUE PRESTAM SERVIÇO FORA DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DO SINDICATO. POSSIBILIDADE. Não altera a natureza da PLR o fato de haver extensão de acordos firmados com o sindicato da base territorial da matriz para empregados que prestam serviços em localidade fora da abrangência do sindicato. Acrescenta que as PLRs pactuadas com os seus funcionários sempre atingiram sua almejada finalidade constitucional de integração do trabalho com o capital e que os funcionários provenientes de pequenos escritórios regionais sem engajamento sindical sempre tiveram envolvimento no alcance das metas. Do aditamento da PLR apto a contemplar todos os funcionários em nível de líderes de grupo de grupo, supervisão, gerência e diretoria No que se refere à PLR paga pela Impugnante aos funcionários em nível de líderes e acima não atrelados ao estabelecimento matriz (levantamentos F1F7 e FAFG), a autoridade lançadora também motivou o lançamento fiscal de modo a limitar o alcance do aditamento aos acordos coletivos de PLR firmado junto ao estabelecimento matriz, conforme itens 65; 86; 102; 118; 134; e 150 do relatório fiscal. Alega que a PLR paga aos funcionários em nível de líderes de grupo e acima lotados no estabelecimento matriz observou todos os requisitos da Lei n° 10.101/2000 e que a esta lei não veda a extensão da PLR do estabelecimento matriz para os estabelecimentos filiais, mormente em se tratando de funcionários de mesma hierarquia e igualmente. Sustenta que a autoridade lançadora também desconsiderou o disposto na cláusula 4a, §2° dos Acordos Coletivos de PLR de Gravataí; São Paulo; Mogi das Cruzes; Sorocaba; e São José dos Campos, que previa expressamente a possibilidade de inclusão dos funcionários em nível de líderes e grupo e acima mediante simples aditamento. E foi esse aditamento firmado pela Impugnante junto com seus funcionários em junho/2010 que viabilizou o pagamento da PLR de todos os funcionários em nível de líderes de grupo e acima e Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.532 17 que em momento algum esses acordos coletivos de PLR estabeleceram qualquer formalidade para o referido aditamento e tampouco exigiram anuência dos respectivos sindicatos. E nem podería ser diferente, já que esses acordos coletivos já haviam autorizado, com expresso respaldo dos sindicatos signatários, a inclusão dos funcionários em nível de líderes de grupo e acima na PLR pactuada. Ou seja, a possibilidade de inclusão dos funcionários que desempenham papel destacado na empresa, prevista expressamente nas PLR's pactuadas através de acordos coletivos, é suficiente para legitimar esses pagamentos, mormente quando cumpridas todas as metas estabelecidas, tal como no caso concreto. Entende que está demonstrada a ausência de qualquer fundamento a ensejar a descaracterização dos pagamentos de PLR a seus funcionários e, conseqüentemente, a inclusão desses valores na base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias. Da não incidência das contribuições sociais previdenciárias sobre as despesas escolares dos funcionários custeadas a título de reembolso escolar Frisa que todos os seus segurados empregados são elegíveis para obtenção do benefício, conforme item D do tradicional programa implementado desde agosto/1970 e que por óbvio, a obtenção do benefício implementado pela Impugnante a favor de seus funcionários exige o preenchimento de requisitos mínimos de caráter impessoal, o que, em hipótese alguma, afasta a possibilidade de obtenção do beneficio para todos os funcionários, inclusive aqueles sem contrato de trabalho por prazo indeterminado. Ressalta a desvinculação desses reembolsos por despesas educacionais com o trabalho desempenhado pelos funcionários, haja vista o caráter impessoal do beneficio oferecido exclusivamente para o trabalho e não pelo trabalho e que a 2a Turma da CSRF já teve a oportunidade de asseverar que este beneficio implementado pela Impugnante a título de "reembolso escolar" atende integralmente os requisitos do artigo 28, §9°, "t" da Lei n° 8.212/1991. Aduz que a ausência de habitualidade no pagamento deste benefício afasta de plano a incidência das contribuições previdenciárias, conforme entendimento do STJ. Frisa que o artigo 28, §9°, "t" da Lei n° 8.212/1991 sofreu relevantes alterações com o advento da Lei n° 12.513, de 26/10/2011, que passou a dispensar a extensão do beneficio escolar para todos os segurados empregados para efeitos de isenção das contribuições sociais previdenciárias. Ou seja, ainda que se parta da equivocada premissa de que este benefício não seja extensível a todos os seus funcionários, a Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.533 18 motivação adotada no lançamento fiscal não é suficiente para legitimar a sua cobrança, porque, de acordo com a jurisprudência pacífica do CARF, o princípio da retroatividade benéfica ao contribuinte, positivado no CTN, artigo 106, incisos I e II, alínea "a", assegura a aplicação retroativa da norma mais favorável quando de caráter interpretativo ou infracional. Conclui estar exaustivamente demonstrada a ausência de qualquer fundamento apto a ensejar o lançamento fiscal impugnado, sendo inequívoca a improcedência dos autos de infração autuados sob os n° 51.076.7656 e 51.076.7664, assim como de todos os levantamentos a ele vinculados. Da irregular incidência de juros moratórios sobre a multa sancionatória de ofício de 75%: Ainda que seja desconsiderada toda a argumentação expendida até então, ressalta que a multa de oficio aplicada no lançamento fiscal, no percentual de 75%, não está sujeita à incidência de quaisquer juros moratórios. Isso porque, em vistas ao seu caráter sancionatório, desvinculada, portanto, da obrigação tributária principal, “A SELIC incide tão somente sobre débitos de tributos e contribuições, não sobre penalidade, que deve seguir a regra de juros contida no artigo 161 do CTN. (Lei 9.430/96, art 61 c/c art. 3o do CTN) " (Acórdão CARF n° 10516.774). Esse entendimento também encontra ressonância no Poder Judiciário, conforme aresto do STJ que manteve Acórdão proferido pelo TRF4 a respeito da matéria. Em atenção ao princípio da legalidade pede que seja afastada a incidência de todos e quaisquer juros sobre a multa de ofício de 75%. Dos pedidos finais: Com base nas considerações expostas, espera que a impugnação seja integralmente acolhida no sentido de: julgar totalmente improcedentes os lançamentos fiscais impugnados, autuados sob os n.° 51.076.7656: e 51.076.7664, objeto dos levantamentos F1F7; FAFG; M1M9; MAMC; C1 C7; D1D7; B1B7; e BABH, bem como toda e qualquer exigência fiscal que deles decorram, sendo esta medida de Justiça Fiscal; Caso esta E. Turma entenda pela impossibilidade de julgamento integralmente favorável à Impugnante, pugna, ao menos, pelo afastamento da incidência de todos e quaisquer juros sobre a multa de oficio de 75% de eventual saldo remanescente, conforme item (IIIJ); O sujeito passivo anexou documentos relativos a: Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.534 19 PLR 2010 e 2011 (fls. 1281/1380) Política de reembolso escolar fls. 1381/1385; Outros informativos (fls. 1386/1392) A DRJ de Porto Alegre, através do Acórdão nº 1055.923 6ª Turma da DRJ/POÁ (fls. 1407/1438), julgou procedente em parte o lançamento tributário, cuja decisão restou assim ementada: AUTO DE INFRAÇÃO. MOTIVAÇÃO FÁTICA E JURÍDICA. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. É valido o Auto de Infração que contém os elementos necessários para esclarecer acerca da obrigação tributária, descrevendo os fatos geradores das contribuições lançadas e os fundamentos legais correspondentes, possibilitando o exercício do direito de defesa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 AI Debcad n0 51.076.7656 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES PATRONAIS. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 AI Debcadn0 51.076.7664 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A TERCEIROS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR. INOBSERVÂNCIA DA LEI. INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DE TERCEIROS. Os valores pagos ou creditados a título de Participação nos Lucros ou Resultados em desconformidade com os requisitos legais, integram a base de incidência das contribuições previdenciárias e de terceiros. PLR. ACORDO COLETIVO. TERRITORIALIDADE. ABRANGÊNCIA. O acordo coletivo não alcança relações de emprego existentes além da sua base territorial. PLR. PERIODICIDADE. DOIS PAGAMENTOS NO MESMO SEMESTRE CIVIL. DESCUMPRIMENTO DA LEI DE REGÊNCIA. A redação do §2° do art. 3o da Lei n° 10.101/2000, vigente na data dos fatos geradores, veda o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre civil. Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.535 20 PLR. EMPREGADOS EM NÍVEL DE LIDERANÇA.INEXISTÊNCIA DE ACORDO COLETIVO. Para os empregados em nível de liderança de alguns estabelecimentos da empresa, em relação aos quais não restou comprovada a existência de acordo coletivo para o pagamento da PLR, os valores pagos a este título ficam descaracterizados como tal e passam a compor a base de cálculo das contribuições sociais e previdenciárias como remuneração tributável. REEMBOLSO ESCOLAR. MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO. ALTERAÇÃO DA LEGISLAÇÃO. NULIDADE PARCIAL. A redação do artigo 28, parágrafo 9°, alínea “t”, da Lei n° 8.212/1991 foi alterada pela Lei n° 12.513, de 26/10/2011, DOU de 27/10/2011, não remanescendo a condicionante que motivou o lançamento no período de 10/2011 a 12/2011. Constatada incorreção no lançamento deve ser reconhecida sua nulidade parcial e excluídos os valores correspondentes. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. É legítima a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Cientificado do acórdão em 03/02/2016 (fl. 1447), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 1º/03/2016 (fls. 1448/1469), reiterando os termos expendidos na peça defensiva, ratificando que: O lançamento fiscal é nulo, uma vez que a autoridade fiscal não procedeu à necessária caracterização das verbas lançadas (PLR e reembolso escolar) como remuneratórias. Não houve descumprimento da exigência legal de dois pagamentos dentro do mesmo ano, nem descumprimento da periodicidade de um semestre civil para um mesmo plano de PLR. Não há irregularidade na extensão do acordo coletivo celebrado com o sindicato da matriz com as filiais da empresa. Em relação ao funcionários com o nível de líder de grupo, os acordos coletivos celebrados com o sindicatos representativos previam a inclusão dos mesmos mediante aditamento. Não deve incidir contribuição previdenciária sobre reembolso escolar. Não incidem juros sobre a multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento). Contrarrazões da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) às fls. 1490/1515. É o relatório. Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.536 21 Voto Vencido Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Preliminarmente alegação de nulidade Em sede de preliminar, sustenta a recorrente que há um vício que pecha o lançamento de nulidade, uma vez que a autoridade fiscal não caracterizou as verbas lançadas como remuneratórias. Todavia, razão não lhe assiste. A simples inobservância da norma isentiva já tem o condão de afastar o benefício tributário, fazendo com que a verba tida como imune ou isenta passe a integrar a base de cálculo de incidência da contribuição social previdenciária. Art. 28. Entendese por salário de contribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise á educação básica, nos termos do Art. 21 da Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei n° 9. 711, de 20/11/98). Destarte, os pagamentos realizados que não se amoldem às exceções ao salário de contribuição preconizadas pelas alíneas do art. 28, § 9º, discriminadas em rol exaustivo, por certo, integram o salário de contribuição. Não procede, portanto, a assertiva de ausência de caracterização do fato gerador, eis que a simples inobservância da lei específica, no caso da PLR, a Lei nº 10.101/2000, traz como consequência lógica a caracterização daqueles pagamentos feitos em desacordo com os ditames da lei, como salário de contribuição. Raciocínio idêntico deve ser adotado em relação ao custeio da educação dos dependentes de funcionários da empresa, eis que se pagos em desacordo com o preconizado no Fl. 1537DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.537 22 art. 28, § 9º, “t”, não se enquadram na exceção à regra. Devendo, pois, ser considerados como verba de natureza remuneratória, também integrante do salário de contribuição. Isto posto, resta afastada a preliminar de nulidade suscitada pela recorrente. Da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) acusação fiscal A participação dos empregados no lucro das empresas tem sede constitucional no Capítulo que trata dos Direitos Sociais. Eis o que preleciona a Carta Magna: Art. 7° São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (...) Para regulamentar o dispositivo constitucional foi editada a Medida Provisória nº 794/2004, sucessivamente reeditada até a conversão na Lei nº 10.101/2000. O art. 1.° da Lei nº 10.101/2000, estabelece: Art. 1º Esta lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. Esse diploma veio normatizar diversos aspectos atinentes à participação dos trabalhadores no resultado do empregador, tais como: forma de negociação, impossibilidade de substituição da remuneração por esse benefício, periodicidade, isenção tributária etc. Como já abordado em preliminar, a Lei nº 8.212/1991, alínea “j” do § 9º do art. 28, que regula a isenção previdenciária sobre a participação nos lucros, prevê que não haverá a incidência de contribuições previdenciárias sobre a citada verba, mas condiciona o benefício fiscal ao pagamento da parcela dos resultados em conformidade com a lei específica, no caso a Lei n.° 10.101/2000. Não é exaustivo repetir o dispositivo: Art. 28. (...) § 9 Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.538 23 De acordo com o Relatório Fiscal, o fisco concluiu que houve desobediência à Lei nº 10.101/2000. O lançamento foi motivado pelos seguintes aspectos: A redação do §2° do art. 3o da Lei n° 10.101/2000, vigente na data dos fatos geradores, veda o pagamento da PLR em duas vezes no mesmo semestre civil. O acordo coletivo não alcança relações de emprego existentes além da sua base territorial. Para os empregados em nível de liderança de alguns estabelecimentos da empresa, em relação aos quais não restou comprovada a existência de acordo coletivo para o pagamento da PLR, os valores pagos a este título ficam descaracterizados como tal e passam a compor a base de cálculo das contribuições sociais e previdenciárias como remuneração tributável. Passemos, então, à apreciação de todos esses pontos, levando em conta as alegações recursais. Da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – periodicidade dos pagamentos Para a fruição do benefício fiscal, o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000, estabeleceu regras quanto à periodicidade dos pagamentos realizados a título de participação nos lucros ou resultados. Na redação vigente à época dos fatos geradores, o legislador fixou o limite anual de 2 (dois) pagamentos, desde que efetuados num intervalo mínimo de um semestre: Art. 3° A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 2° É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.(Grifouse). A finalidade da instituição pelo legislador desse critério básico para a não incidência da contribuição previdenciária foi buscar evitar a utilização da parcela como uma forma disfarçada de substituição ou complementação da remuneração devida ao segurado empregado. De acordo com a autoridade lançadora, a empresa realizou o pagamento da PLR em 2 (duas) parcelas dentro do mesmo semestre civil, em desacordo com o § 2° do art. 3° da Lei n° 10.101/2000. Foram efetuados pagamentos a título de PLR em 01/2011 e 05/2011, tendo sido considerado salário de contribuição apenas a última parcela paga, considerada em desacordo com a lei que rege a matéria. Alega a recorrente que esses dois pagamentos eram possíveis, já que um dos pagamentos era referente a plano de PLR do ano anterior (2010). Todavia, ao contrário desse Fl. 1539DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.539 24 entendimento, a leitura do dispositivo transcrito acima permite concluir que o legislador deixou aos empregadores a possibilidade de fazerem um pagamento por semestre ou dois pagamentos por ano civil. A lei não prevê exceção à regra geral que possa abarcar a tese de defesa, prevendo taxativamente que é vedado pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR, mais de uma vez no mesmo semestre civil ou mais de duas vezes dentro do mesmo ano, segundo a redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. Assim, ainda que a parcela paga em 01/2011 seja referente ao programa de PLR do ano de 2010, o pagamento da parcela relativa à PLR do ano de 2011 no mês de maio desse mesmo ano caracterizou infringência ao § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/2000. Como mencionado alhures, somente se reveste de natureza de pagamento de PLR as parcelas pagas, exclusivamente, de acordo com o regramento legal, razão pela qual entendo que agiu com acerto a autoridade fiscal ao considerar os valores pagos no mês de maio como fato gerador da contribuição social previdenciária. Por fim, cumpre ressaltar que não cabe a aplicação da Lei nº 12.832/2013, que alterou a redação do art. 3º, § 2º da Lei nº 10.101/2000, para permitir o pagamento de PLR em duas vezes no ano mesmo ano civil, mas em periodicidade não inferior a um trimestre civil. O inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional trata de efeitos jurídicos pretéritos em face de uma lei mais benéfica para o contribuinte, nos termos seguintes: "A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." Como se vê, o dispositivo legal não trata do tributo em si, mas tão somente das penalidades e infrações decorrentes, o que não é do presente processo administrativo fiscal. Portanto, a Lei n. 12.832/2013 não pode retroagir para abarcar a situação submetida a julgamento. Da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – abrangência a empregados de circunscrição sindical distinta Quanto a esta questão, relevante mencionar que quando do julgamento da PLR da recorrente do ano de 2009, este CARF, através do acórdão nº 2401003.895 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, enfrentou o tema e reconheceu a possibilidade de abrangência dos trabalhadores localizados em base territorial distinta do sindicato que subscreveu o acordo ou convenção coletiva de trabalho. Tal decisão utilizou como razão de decidir o acórdão unânime da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos iscais (Acórdão n° 920202.079, de 22/03/2012) que considerou válida a extensão de acordo coletivo firmado pelo sindicato da base territorial da matriz para empregados de filial situada em localidade não abrangida pelo acordo, decisão essa da lavra do eminente Conselheiro Elias Sampaio Freire. Referida decisão é citada em várias passagens do recurso voluntário para abraçar a tese de defesa. Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.540 25 Transcrevo excerto da decisão da lavra do Conselheiro Kleber Araújo, acórdão nº 2401003.895: No caso sub exame, a questão a ser apreciada diz respeito a possibilidade de aplicabilidade do Acordo Coletivo de Trabalho supra mencionado amparar os trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato. Para que não haja incidência de contribuições previdenciárias, a PLR paga a empregados deve resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo coletivo. Em regra, o enquadramento sindical deve levar em consideração a base territorial do local da prestação dos serviços. Entretanto, o entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego, sintetizado na Ementa n° 12, aprovada pela Portaria n° 1, de 22 de março de 2002, publicada no Diário Oficial da União de 25 de março de 2002, é no sentido de que esta regra deve ser ressalvada quando se tornar necessária a observância dos princípios constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e do direito adquirido e, ainda, na hipótese de transferência temporária do empregado. Em que pese o reconhecido brilhantismo das decisões do Conselheiro Relator do processo que contempla o PLR do ano de 2009 da recorrente, ouso discordar da tese expendida o que faço de acordo com os motivos fáticos e fundamentos jurídicos a seguir expendidos. A Constituição Federal de 1998 foi bastante analítica quanto ao direito sindical: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; II é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; III ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; IV a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.541 26 V ninguém será obrigado a filiarse ou a manterse filiado a sindicato; VI é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicamse à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. (Grifouse). Vejase que o inciso II norteia o princípio da unicidade sindical. Inferese do dispositivo constitucional que os trabalhadores e empregadores interessados definirão a base territorial de circunscrição de um sindicato único, não podendo a abrangência ser inferior a área territorial de um município. Pois bem. No caso vertente, as empresas empregadoras da área de metalurgia e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul definiram a área de abrangência do referido sindicato como o município de São Caetano do Sul. Definida a área de abrangência do sindicato, não pode uma Convenção Coletiva de Trabalho estender a validade das suas normas aos sindicatos localizados em cidades como Belo Horizonte, Gravataí, ou qualquer outra cidade, posto que os empregados da recorrente não estavam representados pelo sindicato da categoria naquela base territorial. Não havendo regularidade na representação sindical dos empregados, não possui legitimidade o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul para agir em nome de empregados que laboram em base territorial distinta. Entendimento diverso, a meu ver, é negar validade à norma constitucional Para que não haja incidência de contribuições previdenciárias, a PLR paga a empregados deve resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo coletivo. Assim, entendo que foi descumprida a legislação de regência em relação aos empregados que tiveram a base territorial estendida, uma vez que a Acordo Coletiva de Trabalho celebrado entre sindicato dos empregados e empregadores do município de São Caetano do Sul, não podem abranger empregados que laboram em municípios distintos, por óbvia vedação de índole constitucional, ainda que esse seja o município em que se localiza a matriz da empresa. Nego provimento ao recurso quanto a esse aspecto do lançamento. Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.542 27 Da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – aditamento do acordo coletivo de trabalho para a inclusão de novo grupo de empregados fora da base territorial do sindicato De acordo com o relatório fiscal, o estabelecimento matriz da recorrente localizado em São Caetano do Sul/SP celebrou Acordo Coletivo de Trabalho de 2011 para os segurados contemplados são os empregados e menores aprendizes (cláusula quarta), excluídos os empregados em nível de líderes de grupo A cláusula quinta estabeleceu adiantamento a ser concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do Sindicato. As bases do acordo foram ajustadas somente com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul e expressam o desejo da empresa de que se aplique o referido acordo a todas as unidades situadas no território brasileiro. Pelas razões já explicitadas em tópico anterior, entendo não ser possível estender os termos do acordo de PLR ajustadas pelo estabelecimento matriz em São Caetano do Sul ao grupo de empregados que exercem cargos de liderança e que laboram fora da área de abrangência do sindicato subscritor do ACT. Dessa forma, assiste razão ao Fisco, não merecendo provimento o recurso quanto a este tocante. Reembolso Escolar A questão tratada versa sobre a interpretação ao art. 28, § 9º, “t”, com a redação vigente à época dos fatos geradores: t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do Art. 21 da Lei n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei n° 9. 711, de 20/11/98). A Lei nº 12.513/2011 alterou o dispositivo legal, que passou a ter a seguinte redação: t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) Não obstante à lei se reportar a ocorrência do fato gerador, a alteração do mencionado dispositivo legal pela Lei nº 12/513/2011 foi de grande importância para a compreensão do alcance e correta interpretação da norma revogada. A novel legislação modificou os requisitos para a obtenção, não mais exigindo o requisito de que o plano educacional fosse extensivo a todos os empregados. Referida exigência poderia, muitas vezes ser inexequível, vez que os empregados poderiam ter perfis distintos e não estarem aptos a usufruir do benefício concedido pela empresa em igualdades de condições. Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.543 28 De outro lado, o fato de a recorrente exigir o um ano de labor na empresa para que os empregados possam usufruir do benefício, por si só, não retira a universalidade do reembolso escolar, considerando a razoabilidade do denominado período de carência e da própria exigência. Destarte, entendo que o fato de a recorrente não ter disponibilizado o reembolso do curso à totalidade dos empregados não pode servir de óbice para aplicação da norma isentiva ao vertente caso. Diante do exposto, entendo que o custeio parcial da educação dos dependentes dos empregados atendeu a finalidade da norma isentiva, razão pela qual os reembolsos respectivos devem ser excluídos da base de cálculo do presente lançamento. Provido o recurso nesse tocante. Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Ao contrário da tese defendida pela recorrente, a aplicação de juros sobre a multa de ofício é plenamente regular, na medida em que este faz parte do crédito tributário correspondente apurado. O art. 161 do Código Tributário Nacional (CTN) autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o crédito tributário junto com o tributo. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2° O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito A redação deste dispositivo permite concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre 'crédito'não integralmente recolhido no vencimento. Ao se referir ao crédito, evidentemente, o dispositivo está tratando do crédito tributário e de acordo com o CTN esse decorre da obrigação principal, na qual estão incluídos tanto o valor do tributo devido como a penalidade dele decorrente. O § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, por sua vez, preconiza: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto n° 7.212, de 2010) Fl. 1544DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.544 29 §1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei n° 9.716, de 1998) Mais especificamente, objetivase descortinar se, nos débitos a que se refere o § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, estão incluídos o tributo suprimido ao Erário e a multa proporcional aplicada mediante lançamento de ofício, ou somente o valor do tributo suprimido.(Grifouse). Do preceito acima invocado, destacase a incidência de juros de mora sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Facilmente se infere que as vertentes multas só nascem porque há tributo devido a ser exigido de ofício. Não houvesse tributo sonegado, não haveria multa proporcional a ser lançada de ofício. Tal deve ser a linha de raciocínio para a exegese do que se pode entender no âmbito da expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições.” Pelas razões acima referidas, entendo que as multas proporcionais aplicadas em lançamento de ofício, por descumprimento a mandamento legal que estabelece a determinação do valor de tributo administrado pela Receita Federal do Brasil a ser recolhido no prazo legal, estão inseridas na compreensão do § 3° do artigo 61 da Lei n° 9.430/1996, sendo, portanto, suscetíveis à incidência de juros de mora à taxa Selic. Conclusão Diante de todo o exposto, voto conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, darlhe parcial provimento, excluindo a parte do lançamento relativo ao reembolso escolar. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveria Redator designado Em que pese o brilhantismo do eminente Conselheiro Relator, ouso, com a devida vênia, dele divergir somente quanto à possibilidade da extensão de acordo firmado com o sindicato representativo dos trabalhadores da matriz para os demais estabelecimentos da empresa. Fl. 1545DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.545 30 Inicialmente, antes de analisar pontualmente a questão, entendo ser mais adequado, no caso concreto, uma explanação sobre a incidência tributária no caso das verbas pagas como participação nos lucros e resultados. Como regra geral, as contribuições previdenciárias têm por base de cálculo a remuneração percebida pela pessoa física pelo exercício do trabalho. É dizer: toda pessoa física que trabalha e recebe remuneração decorrente desse labor é segurado obrigatório da previdência social e dela contribuinte, em face do caráter contributivo e da compulsoriedade do sistema previdenciário pátrio. De tal assertiva, decorre que a base de cálculo da contribuição previdenciária é a remuneração percebida pelo segurado obrigatório em decorrência de seu trabalho. Nesse sentido caminha a doutrina. Eduardo Newman de Mattera Gomes e Karina Alessandra de Mattera Gomes (Delimitação Constitucional da base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias ‘in’ I Prêmio CARF de Monografias em Direito Tributário 2010, Brasília: Edições Valentim, 2011. p. 483.), entendem que: “...não se deve descurar que, nos estritos termos previstos no art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91, apenas as verbas remuneratórias, ou seja, aquelas destinadas a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo disponibilizado ao empregador, é que ensejam a incidência da contribuição previdenciária em análise” (grifos originais) Academicamente (OLIVEIRA, Carlos Henrique de. Contribuições Previdenciárias e Tributação na Saúde ‘in’ HARET, Florence; MENDES, Guilherme Adolfo. Tributação da Saúde, Ribeirão Preto: Edições Altai, 2013. p. 234.), já tivemos oportunidade de nos manifestar no mesmo sentido quando analisávamos o artigo 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, que trata do salário de contribuição: “O dispositivo regulamentar acima transcrito, quando bem interpretado, já delimita o salário de contribuição de maneira definitiva, ao prescrever que é composto pela totalidade dos rendimentos pagos como retribuição do trabalho. É dizer: a base de cálculo do fato gerador tributário previdenciário, ou seja, o trabalho remunerado do empregado, é o total da sua remuneração pelo seu labor” (grifos originais) O final da dessa última frase ajudanos a construir o conceito que entendemos atual de remuneração. A doutrina clássica, apoiada no texto legal, define remuneração como sendo a contraprestação pelo trabalho, apresentando o que entendemos ser o conceito aplicável à origem do direito do trabalho, quando o sinalagma da relação de trabalho era totalmente aplicável, pois, nos primórdios do emprego, só havia salário se houvesse trabalho. Com a evolução dos direitos laborais, surge o dever de pagamento de salários não só como decorrência do trabalho prestado, mas também quando o empregado "está de braços cruzados à espera da matériaprima, que se atrasou, ou do próximo cliente, que tarda em chegar", como recorda Homero Batista (Homero Mateus Batista da Silva. Curso de Direito do Trabalho Aplicado, vol 5: Livro da Remuneração.Rio de Janeiro, Elsevier. 2009. pg. 7). O dever de o empregador pagar pelo tempo à disposição, ainda segundo Homero, decorre da própria assunção do risco da atividade econômica, que é inerente ao empregador. Ainda assim, cabe o recebimento de salários em outras situações. Numa terceira fase do direito do trabalho, a lei passa a impor o recebimento do trabalho em situações em que não há prestação de serviços e nem mesmo o empregado se encontra ao dispor do Fl. 1546DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.546 31 empregador. São as situações contempladas pelos casos de interrupção do contrato de trabalho, como, por exemplo, nas férias e nos descansos semanais. Há efetiva responsabilização do empregador, quando ao dever de remunerar, nos casos em que, sem culpa do empregado e normalmente como decorrência de necessidade de preservação da saúde física e mental do trabalhador, ou para cumprimento de obrigação civil, não existe trabalho. Assim, temos salários como contraprestação, pelo tempo à disposição e por força de dispositivos legais. Não obstante, outras situações há em que seja necessário o pagamento de salários A convenção entre as partes pode atribuir ao empregador o dever de pagar determinadas quantias, que, pela repetição ou pela expectativa criada pelo empregado em recebêlas, assumem natureza salarial. Típico é o caso de uma gratificação paga quando do cumprimento de determinado ajuste, que se repete ao longo dos anos, assim, inserese no contrato de trabalho como dever do empregador, ou determinado acréscimo salarial, pago por liberalidade, ou quando habitual. Nesse sentido, entendemos ter a verba natureza remuneratória quando presentes o caráter contraprestacional, o pagamento pelo tempo à disposição do empregador, haver interrupção do contrato de trabalho, ou dever legal ou contratual do pagamento. Assentados no entendimento sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, vejamos agora qual a natureza jurídica da verba paga como participação nos lucros e resultados. O artigo 7º da Carta da República, versando sobre os direitos dos trabalhadores, estabelece: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra de dúvida, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Fl. 1547DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.547 32 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições pré estabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Porém, não só a Carta Fundamental como também a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determinam que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas tem nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por outro, vimos que a Constituição e Lei que instituiu a PLR afastam – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação. Para uns, verdadeira imunidade pois prevista na Norma Ápice, para outros isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. Não entendo ser o comando constitucional uma imunidade, posto que esta é definida pela doutrina como sendo um limite dirigido ao legislador competente. Tácio Lacerda Gama (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Ed. Quartier Latin, pg. 167), explica: "As imunidades são enunciados constitucionais que integram a norma de competência tributária, restringindo a possibilidade de criar tributos" Ao recordar o comando esculpido no artigo 7º, inciso XI da Carta da República não observo um comando que limite a competência do legislador ordinário, ao reverso, vejo a criação de um direito dos trabalhadores limitado por lei. Superando a controvérsia doutrinária e assumindo o caráter isentivo em face da expressa disposição da Lei de Custeio da Previdência, mister algumas considerações. Fl. 1548DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.548 33 Superando a controvérsia doutrinária e assumindo o caráter isentivo em face da expressa disposição da Lei de Custeio da Previdência, mister algumas considerações. Nesse sentido, Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário 3ªed. São Paulo: Ed Saraiva. 2013. p.649), citando Jose Souto Maior Borges, diz que a isenção é uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. Nesse sentido, devemos atentar para o alerta do professor titular da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que recorda que a isenção é vista pelo Código Tributário Nacional como uma exceção, uma vez que a regra é que: da incidência, surja o dever de pagar o tributo. Tal situação, nos obriga a lembrar que as regras excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Paulo de Barros Carvalho, coerente com sua posição sobre a influência da lógica semântica sobre o estudo do direito aliada a necessária aplicação da lógica jurídica, ensina que as normas de isenção são regras de estrutura e não regras de comportamento, ou seja, essas se dirigem diretamente à conduta das pessoas, enquanto aquelas, as de estrutura, prescrevem o relacionamento que as normas de conduta devem manter entre si, incluindo a própria expulsão dessas regras do sistema (abrogação). Por ser regra de estrutura a norma de isenção “introduz modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, esta sim, norma de conduta” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2013. p. 450), modificações estas que fulminam algum aspecto da hipótese de incidência, ou seja, um dos elementos do antecedente normativo (critérios material, espacial ou temporal), ou do conseqüente (critérios pessoal ou quantitativo). Podemos entender, pelas lições de Paulo de Barros, que a norma isentiva é uma escolha da pessoa política competente para a imposição tributária que repercute na própria existência da obrigação tributária principal uma vez que ela, como dito por escolha do poder tributante competente, deixa de existir. Tal constatação pode, por outros critérios jurídicos, ser obtida ao se analisar o Código Tributário Nacional, que em seu artigo 175 trata a isenção como forma de extinção do crédito tributário. Voltando uma vez mais às lições do Professor Barros Carvalho, e observando a exata dicção da Lei de Custeio da Previdência Social, encontraremos a exigência de que a verba paga a título de participação nos lucros e resultados “quando paga ou creditada de acordo com lei específica” não integra o salário de contribuição, ou seja, a base de cálculo da exação previdenciária. Ora, por ser uma regra de estrutura, portanto condicionante da norma de conduta, para que essa norma atinja sua finalidade, ou seja impedir a exação, a exigência constante de seu antecedente lógico – que a verba seja paga em concordância com a lei que regula a PLR – deve ser totalmente cumprida. Objetivando que tal determinação seja fielmente cumprida, ao tratar das formas de interpretação da legislação tributária, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 preceitua que se interprete literalmente as normas de tratem de outorga de isenção, como no caso em comento. Importante ressaltar, como nos ensina André Franco Montoro, no clássico Introdução à Ciência do Direito (24ªed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 373), que a: “interpretação literal ou filológica, é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical. (...). É Fl. 1549DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.549 34 sem dúvida o primeiro passo a dar na interpretação de um texto. Mas, por si só é insuficiente, porque não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social. É necessário, por isso, colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação”. (grifos nossos) Nesse diapasão, nos vemos obrigados a entender que a verba paga à título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000, que dispõe sobre o instituto de participação do trabalhador no resultado da empresa previsto na Constituição Federal. Isso porque: i) o pagamento de verba que esteja relacionada com o resultado da empresa tem inegável cunho remuneratório em face de nítida contraprestação que há entre o fruto do trabalho da pessoa física e a o motivo ensejador do pagamento, ou seja, o alcance de determinada meta; ii) para afastar essa imposição tributária a lei tributária isentiva exige o cumprimento de requisitos específicos dispostos na norma que disciplina o favor constitucional. Logo, imprescindível o cumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101 para que o valor pago a título de PLR não integre o salário de contribuição do trabalhador. Vejamos quais esses requisitos. Dispõe textualmente a Lei nº 10.101/00: Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Fl. 1550DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.550 35 Art. 3º ... (...) § 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (grifamos) Da transcrição legal podemos deduzir que a Lei da PLR condiciona, como condição de validade do pagamento: i) a existência de negociação prévia sobre a participação; ii) a participação do sindicato em comissão paritária escolhida pelas partes para a determinação das metas ou resultados a serem alcançados ou que isso seja determinado por convenção ou acordo coletivo; iii) o impedimento de que tais metas ou resultados se relacionem à saúde ou segurança no trabalho; iv) que dos instrumentos finais obtidos constem regras claras e objetivas, inclusive com mecanismos de aferição, sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores; v) a vedação expressa do pagamento em mais de duas parcelas ou com intervalo entre elas menor que um trimestre civil. Esses requisitos é que devemos interpretar literalmente, ou como preferem alguns, restritivamente. O alcance de um programa de PLR, ao reverso, não pode distinguir determinados tipos de trabalhadores, ou categorias de segurados. Não pode o Fisco valorar o programa de meta, ou mesmo emitir juízo sobre a participação sindical. A autoridade lançadora deve sim, verificar o cumprimento dos ditames da Lei nº 10.101/00. Ora, cediço que os requisitos legais sobre a participação sindical se limitam a exigência de que no caso de comissão paritária o sindicato da categoria dos trabalhadores indique um representante, ou que tal ajuste se dê por meio de convenção ou acordo coletivo, consoante se observa das disposições do artigo 2º, em seus dois incisos relativos ao caput. Ora, no caso em apreço, verifico que a imputação fiscal (fls. 33), explicita "Em relação aos valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados que ocupam cargo de liderança, apesar de a empresa desejar aplicar o Aditamento assinado em 31/01/2011 a todas as unidades, somente consideraremos atendida a legislação para as unidades localizadas em São Caetano do Sul, tendo em vista a abrangência territorial do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, conforme cópia do cadastro no Ministério do Trabalho e Emprego anexa." (grifos meus, negritos originais) Tal entendimento é replicado, como não poderia deixar de ser, todas as vezes a que a Autoridade Lançadora verifica a extensão de norma de um estabelecimento para outro. É com tal entendimento que não se pode concordar, posto que tal exigência não consta da Lei nº 10.101/00, norma de natureza isentiva que como visto acima devese interpretar restritivamente, seja em seu alcance, seja por coerência em seus requisitos. Fl. 1551DF CARF MF Processo nº 10805.721660/201519 Acórdão n.º 2201003.656 S2C2T1 Fl. 1.551 36 Não obstante o exposto, mister recordar que o instituto da participação dos trabalhadores nos lucros e resultados da empresa é um direito constitucional, devendo sempre ter sua aplicação estendida, seu alcance alargado, de forma a ser fruído pela maioria dos trabalhadores, com o fito de se ver, assim, as benesses constitucionais aplicáveis a um número maior de cidadãos. Recordo ainda, que, vige, no âmbito do direito do trabalho, o princípio da norma mais favorável explicita decorrência do princípio protetor, este sim um verdadeiro sobreprincípio trabalhista que, nos dizeres de Homero Batista Mateus da Silva (Curso de Direito do Trabalho Aplicado, Parte Geral, Ed. Elsevier, fls. 224): "numa primeira acepção, representa o princípio protetor a atuação sobre as normas disponíveis, para que, havendo duas ou mais soluções possíveis, seja priorizada aquela que melhor atende aos anseios do direito do trabalho do ponto de vista da decência do trabalho, da dignidade do trabalhador e do avanço da legislação social, o que pode ser resumido pela expressão da norma mais favorável." Ora, havendo determinação do Direito do Trabalho do uso de norma mais favorável e não havendo vedação do Direito Tributário para tanto ainda mais quanto ao gozo de direitos constitucionais é forçoso reconhecer que a extensão de acordo sobre a PLR firmado com sindicato representativo da categoria profissional de determinada localidade que contém quantidade representativa de trabalhadores da empresa (matriz ou estabelecimento que concentra o cerne da produção), pode ser estendido aos demais trabalhadores sem descumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101/00. Assim, se torna necessário afastar do lançamento a incidência da contribuição previdenciária sobre os pagamentos dos valores de PLR por força de extensão de norma sindical. CONCLUSÃO Diante do exposto e pelos fundamentos apresentados, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário quanto ao pagamento dos valores de PLR por força de extensão de norma sindical. Carlos Henrique de Oliveira Redator designado Fl. 1552DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.010478/2007-74
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.564
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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Sobrestamento do julgamento Recorrente FCA FIAT CHRYSLER AUTOMÓVEIS BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente convocado). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .0 10 47 8/ 20 07 -7 4 Fl. 419DF CARF MF Processo nº 10680.010478/200774 Resolução nº 2401000.564 S2C4T1 Fl. 420 2 RELATÓRIO Cuidase de recurso voluntário manejado em face da decisão da 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), cujo dispositivo julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 0218.871 (fls. 274/296): ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2003 INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO. GFIP. PARCELAS INTEGRANTES DO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO CABIMENTO. Constitui infração à legislação previdenciária a apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Integra ao saláriodecontribuição a parcela in natura fornecida pela empresa para utilização do trabalhador, indiscriminadamente, em atividades laborais e particulares. Integra ao saláriodecontribuição a parcela in natura recebida pelo empregado em desacordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da alínea "c" do § 9° do artigo 28 da Lei n° 8.212 de 1991. A prestação paga pela empresa a título de seguro de vida em favor do empregado é salário utilidade, sendo, portanto, parcela integrante do saláriodecontribuição. O valor efetivamente pago pela empresa relativo a programa de previdência complementar, não disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, integra ao saláriodecontribuição. Sobre as gratificações e abonos pagos pelo empregador incidem contribuições previdenciárias, salvo se expressamente desvinculados do salário, por força de lei, nos termos da legislação previdenciária. A decadência das contribuições previdenciárias devese operar em 05 (cinco) anos consoante a recente Súmula Vinculante n°8 do STF. No caso de lançamento motivado exclusivamente por descumprimento de um dever instrumental a regra para a definição do termo inicial do prazo de decadência há de ser o art. 173, inciso I, do CTN, devido à natureza jurídica da constituição desse crédito, com fulcro no art. 149, inciso VI, do mesmo Código. Fl. 420DF CARF MF Processo nº 10680.010478/200774 Resolução nº 2401000.564 S2C4T1 Fl. 421 3 Nos termos da legislação específica vigente, os documentos comprobatórios do cumprimento dessa obrigação devem ser arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização, nos termos do § 11 do art. 32 da Lei n°8.212, de 1991. Lançamento Procedente. 2. Extraise do Relatório Fiscal da Infração, bem como do Relatório Fiscal da Aplicação da Multa, que a autoridade lançadora procedeu à lavratura do Auto de Infração (AI) nº 35.524.9391, por ter a empresa infringido o art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ao apresentar a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), nas competências 01/1999 a 12/2003, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições sociais previdenciárias (fls. 5/153). 2.1 Lavrouse o auto de infração pelo descumprimento de obrigação acessória no Código de Fundamentação Legal CFL 68. 2.2 De acordo com a autoridade lançadora, a autuação é correlata às seguintes Notificações Fiscais de Lançamento de Débito (NFLD), referentes a obrigações principais: (i) nº 35.524.9235 (combustível); (ii) nº 35.524.9243 (cesta básica); (iii) nº 35.524.9251 (previdência privada e seguro de vida); e (iv) nº 35.524.9278 (abonos e gratificações). 3. Cientificado da autuação, em 29/12/2004, às fls. 5, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 155/202). 4. Intimada da decisão de piso por via postal em 11/9/2008, segundo fls. 298/300, a recorrente apresentou recurso voluntário no dia 13/10/2008 (fls. 301/332). 4.1 Em síntese, aduz as seguintes razões de fato e direito contra a decisão de piso que manteve intacta a pretensão fiscal: (i) decadência do crédito tributário lançado até a competência 11/1999, inclusive; (ii) a declaração em GFIP abrange somente aquelas verbas que o contribuinte reconhece como fato gerador de contribuições previdenciárias, na medida em que não há que se cogitar em obrigação acessória quando inexiste a obrigação principal; (iii) é improcedente o auto de infração por descumprimento da obrigação acessória, porquanto as parcelas pagas aos segurados empregados apontadas pela fiscalização como omitidas nas declarações em GFIP não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias; e Fl. 421DF CARF MF Processo nº 10680.010478/200774 Resolução nº 2401000.564 S2C4T1 Fl. 422 4 (iv) há necessidade de vinculação entre os processos administrativos, procedendo ao julgamento deste processo concomitantemente, ou em momento posterior, aos recursos voluntários interpostos nas NFLD´s correlatas. 5. No âmbito deste Conselho Administrativo de Recurso Fiscais (Carf), por resolução do respectivo colegiado, o julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência em 2 (duas) oportunidades, para o fim de sobrestamento até a decisão nas notificações fiscais correlatas e/ou julgamento em conjunto dos processos (fls. 350/352 e 396/398). 6. Por fim, com base nas informações e/ou documentos que instruem os autos, é possível resumir a situação processual das notificações fiscais correlatas, cujos processos administrativos encontramse vinculados, no eProcesso, para permitir a consulta por parte do colegiado: Nº do Processo Nº da NFLD Situação Acórdãos Carf 36918.000052/200511 35.524.9235 Recurso voluntário julgado, aguardando análise de admissibilidade dos embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional Recurso Voluntário: Acórdão nº 2302003.378, fls. 2.735/2.768 36378.005165/200631 35.524.9243 Julgado em grau de recurso especial Recurso Voluntário: Acórdão nº 20601.305 , fls. 503/518 Recurso Especial: Acórdão nº 920201.270, fls. 548/555 36378.005166/200685 35.524.9251 Recurso de ofício julgado nesta mesma sessão de abril/2017. Não houve interposição de recurso voluntário. 36918.002937/200547 35.524.9278 Julgado em grau de recurso especial Recurso Voluntário: Acórdão nº 20601.519 , fls. 6.634/6.650 Embargos de Declaração: Acórdão nº 240101.406, fls. 6.684/6.697 Recurso Especial: Acórdão nº 920201.552, fls. 6.752/6.760 É o relatório. Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10680.010478/200774 Resolução nº 2401000.564 S2C4T1 Fl. 423 5 VOTO Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator 7. Como se observa, o processo em apreço é vinculado, eis que reflexo, aos processos principais nº 36918.000052/200511, 36378.005165/200631, 36378.005166/2006 85 e 36918.002937/200547 (art. 6º, § 1º, inciso III, e § 8º do Anexo II do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF n º 343, de 9 de junho de 2015, e alterações). 8. De fato, o resultado do julgamento do AI nº 35.524.9391, relativo ao descumprimento de obrigação acessória (CFL 68), depende diretamente da decisão do lançamento da obrigação principal das contribuições previdenciárias, concernente ao pagamento de remuneração indireta na forma de combustível, cesta básica, previdência privada, segurado de vida e abonos/gratificações. 9. Em todos os casos, conforme alhures mencionado, há decisão de mesma instância a respeito da obrigação principal. 10. Nada obstante, ainda há, infelizmente, questão prejudicial ao julgamento deste processo administrativo no estado em que se encontram os principais. 11. Estou me referindo, especificamente, ao processo principal nº 36918.000052/200511, relativo à NFLD nº 35.524.9235. 11.1 É que a Fazenda Nacional interpôs embargos de declaração, pendente do exame de admissibilidade, em face do Acórdão nº 2302003.378, o qual deu provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte para declarar improcedente o lançamento sobre a rubrica paga a título de "combustível", dada a natureza indenizatória (fls. 2.770/2.773, daquele processo). 11.2 Aponta a embargante que o julgado incorreu em contradição. A Fazenda Nacional resume as razões, nesses termos (fls. 2.772): (...) A partir da leitura dos excertos acima reproduzidos, resta patente a contradição entre o que restou assentado na ementa, bem como no voto condutor, de um lado, e o que restou expresso no dispositivo do acórdão, de outro. Com efeito, tanto na ementa quanto no voto condutor fazse referência à necessidade de manter o lançamento, a fim de que sejam exigidas contribuições previdenciárias sobre a verba paga a título de combustível. Por outro lado, no dispositivo do acórdão cogitase em cancelar o lançamento. 12. Com efeito, pareceme manifesta a contradição no Acórdão nº 2302003.378, o qual contém proposições entre si inconciliáveis. Fl. 423DF CARF MF Processo nº 10680.010478/200774 Resolução nº 2401000.564 S2C4T1 Fl. 424 6 12.1 De um lado, a ementa e o votocondutor vencedor sobre a matéria fazem referência expressa à manutenção do lançamento da rubrica "vale transporte combustível", ao passo que o dispositivo do acórdão, por decisão da maioria do colegiado, considerou o mesmo crédito tributário improcedente, dada a natureza indenizatória da verba paga aos trabalhadores da empresa (fls. 2.735/2.768). 13. É de verse que pairam dúvidas no tocante ao resultado do julgamento do recurso voluntário no processo nº 36918.000052/200511, visto que é possível, em tese, o acolhimento, com efeitos infringentes, dos embargos declaratórios opostos pela Fazenda Nacional, o que tem o condão de influenciar a análise e o julgamento do auto de infração de obrigação acessória. 14. Nessa linha de entendimento, VOTO POR CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para determinar o sobrestamento do julgamento deste processo no âmbito da própria 4ª Câmara da 2ª Seção deste Conselho, até a decisão nos embargos declaratórios interposto no processo principal nº 36918.000052/200511, relativo à NFLD nº 35.524.9235 15. Paralelamente, será requerida, mediante despacho, a distribuição a este conselheiro do processo principal nº 36918.000052/200511, tendo em vista a oposição de embargos contra decisão de turma extinta, em que o redator do voto vencedor não mais integra a Seção de Julgamento. 15.1 A competência regimental para apreciar o pedido de distribuição é do Presidente da 2ª Seção, pois o processo encontrase, nesta data, pendente de sorteio. Conclusão Voto, portanto, por converter o julgamento em diligência, nos termos acima propostos. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess. Fl. 424DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.001325/2004-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 08/01/2003, 30/01/2003, 07/04/2003, 28/05/2003
NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO ACETATO DE VITAMINA COM FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE.
A preparação constituída de Acetato de Vitamina E (Acetato de Tocoferol) e Substâncias Inorgânicas a base de sílica (excipiente), na forma de microesferas, não doseada, destinada a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à pré-misturas, classifica-se no código NCM.
NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO VITAMINA D3 COM FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE.
A preparação constituída de Vitamina D3 (Colecalciferol), Butil-Hidroxianisol (BI - L4) (antioxidante) e excipientes como Matéria Protéica, Amido, Glicose e Sacarose, na forma de pó ou de microesferas, destinada a ser a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à pré-misturas, classifica-se no código NCM 2309.90.90.
NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO ACETATO DE VITAMINA B2 COM FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE.
A preparação constituída de Vitamina B2 (Riboflavina) e Excipientes como Derivado de Celulose e Substâncias Inorgânicas a base de Fosfato, na forma de pó ou de microesferas, destinada a ser a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à pré-misturas, classifica-se no código NCM 2309.90.90.
NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO ACETATO DE VITAMINA A E D3 COM O FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE.
A preparação constituída de Acetato de Vitamina A, Vitamina D3, Butil-Hidroxitolueno (BHT) (Antioxidante) e Excipientes como Matéria Protéica, Maltose, Glicose Substâncias Inorgânicas à base de Fosfato e Sílica, na forma de microesferas, destinada a ser a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à pré-misturas, classifica-se no código NCM 2309.90.90.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 08/01/2003, 30/01/2003, 07/04/2003, 28/05/2003
INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO (LI). PRODUTO SUJEITO A LICENCIAMENTO NÃO AUTOMÁTICO. ERRO DE CLASSIFICAÇÃO. DESCRIÇÃO INCORRETA E INEXISTÊNCIA DE DOLOU OU MÁ-FÉ. APLICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE.
Não constitui infração administrativa ao controle administrativo das importações, caracterizada pela falta LI, a operação de importação de mercadoria sujeita a licenciamento, cuja classificação fiscal errônea na NCM exija novo licenciamento, desde que a mercadoria: (i) esteja corretamente descrita, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado; e (ii) não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má-fé por parte do declarante.
MULTA POR FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO (LI). PRODUTO SUJEITO A LICENCIAMENTO NÃO AUTOMÁTICO. DESCRIÇÃO INCORRETA DO PRODUTO. APLICAÇÃO DA MULTA POSSIBILIDADE.
Ainda que não haja dolo ou má-fé por parte do importador, a falta de Licença Importação (LI) para produto sujeito a licenciamento não automático, incorretamente classificado na Declaração de Importação (DI), configura a infração administrativa ao controle das importações por falta de LI, sancionada com a multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria, se a descrição do produto foi insuficiente para sua identificação e enquadramento no código correto da NCM.
MULTA REGULAMENTAR. CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRÔNEA. APLICAÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE.
O incorreto enquadramento tarifário do produto na NCM caracteriza a infração por erro de classificação fiscal, sancionada com a multa de 1% (um por cento) do valor da mercadoria.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.117
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir a multa por falta de LI para o produto descrito na Adição 002 da DI nº 03/0015920-4.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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CASSAB COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 08/01/2003, 30/01/2003, 07/04/2003, 28/05/2003 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO ACETATO DE VITAMINA COM FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE. A preparação constituída de Acetato de Vitamina E (Acetato de Tocoferol) e Substâncias Inorgânicas a base de sílica (excipiente), na forma de microesferas, não doseada, destinada a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à prémisturas, classificase no código NCM. NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM). PREPARAÇÃO CONTENDO VITAMINA D3 COM FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE. 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PREPARAÇÃO CONTENDO ACETATO DE VITAMINA A E D3 COM O FIM ESPECÍFICO DE SER ADICIONADA À RAÇÃO ANIMAL. CLASSIFICAÇÃO NO CÓDIGO NCM 2309.90.90. POSSIBILIDADE. A preparação constituída de Acetato de Vitamina A, Vitamina D3, Butil Hidroxitolueno (BHT) (Antioxidante) e Excipientes como Matéria Protéica, Maltose, Glicose Substâncias Inorgânicas à base de Fosfato e Sílica, na forma de microesferas, destinada a ser a ser adicionada exclusivamente à ração animal e/ou à prémisturas, classificase no código NCM 2309.90.90. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 08/01/2003, 30/01/2003, 07/04/2003, 28/05/2003 INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO (LI). PRODUTO SUJEITO A LICENCIAMENTO NÃO AUTOMÁTICO. ERRO DE CLASSIFICAÇÃO. DESCRIÇÃO INCORRETA E INEXISTÊNCIA DE DOLOU OU MÁFÉ. APLICAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. Não constitui infração administrativa ao controle administrativo das importações, caracterizada pela falta LI, a operação de importação de mercadoria sujeita a licenciamento, cuja classificação fiscal errônea na NCM exija novo licenciamento, desde que a mercadoria: (i) esteja corretamente descrita, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado; e (ii) não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou máfé por parte do declarante. MULTA POR FALTA DE LICENÇA DE IMPORTAÇÃO (LI). PRODUTO SUJEITO A LICENCIAMENTO NÃO AUTOMÁTICO. DESCRIÇÃO INCORRETA DO PRODUTO. APLICAÇÃO DA MULTA POSSIBILIDADE. Ainda que não haja dolo ou máfé por parte do importador, a falta de Licença Importação (LI) para produto sujeito a licenciamento não automático, incorretamente classificado na Declaração de Importação (DI), configura a infração administrativa ao controle das importações por falta de LI, sancionada com a multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria, se a descrição do produto foi insuficiente para sua identificação e enquadramento no código correto da NCM. MULTA REGULAMENTAR. CLASSIFICAÇÃO FISCAL ERRÔNEA. APLICAÇÃO DA MULTA. POSSIBILIDADE. O incorreto enquadramento tarifário do produto na NCM caracteriza a infração por erro de classificação fiscal, sancionada com a multa de 1% (um por cento) do valor da mercadoria. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir a multa por falta de LI para o produto descrito na Adição 002 da DI nº 03/00159204. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 518 3 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de auto de infração (fls. 2/15), em que formalizada a cobrança do crédito tributário, no valor total de R$ 451.228,36, correspondente ao somatório do Imposto sobre a Importação, acrescido de multa de oficio de 75% (setenta e cinco por cento) e dos juros moratórios, e das multas do controle administrativo por falta de Licença de Importação (LI) e regulamentar por erro de classificação fiscal na NCM. De acordo com a descrição dos fatos que integra o referido auto de infração (fls. 19/46), relatou a fiscalização que autuada submeteu a despacho aduaneiro, por meio das Declarações de Importação (DI) de nºs 03/00159204, 03/00840920, 03/02894726 e 03/04501306, as mercadorias descritas como VITAMIN E 50% Feed Grade, VITAMINA D3 500, MICROVIT B2 SUPRA 80, MICROVIT AD3 SUPRA 500100 e MICROVIT AD3 SUPRA 1000200, classificadas nos códigos NCM 2936.28.12, 2936.29.21, 2936.23.10 e 2936.90.00, sujeitos à alíquota do II e do IPI de 0%. Com base nas conclusões exaradas nos Laudos Técnicos do Laboratório Nacional de Análise da Funcamp de nºs 0528.01, 0528.02, 0698.01, 0698.02, 0698.03, 1050.01, 1605.01, 0605.02 e 1605.03 (fls. , que identificou as referidas mercadorias como “preparações especificamente elaboradas para serem adicionadas à ração animal e/ou pré mistura”, a fiscalização reclassificou as ditas mercadorias para o código NCM 2309.90.90, sujeito à alíquotaS do II de 9,5% e do IPI de 0%. Em sede de impugnação, autuada apresentou as seguintes razões de defesa: a) a classificação fiscal das referidas mercadorias foi baseada nas respostas da Divisão de Nomenclatura, Classificação e Origem de Mercadorias (Dinom) às consultas formuladas pelo Sindicato Nacional das Indústrias de Alimentação (Sindirações), por meio dos processos nºs 10168.003154/9836, 10168.003161/9800 e 10168.003162/9864; b) não podia prevalecer a reclassificação dos produtos denominados VITAMINA E 50% Freed Grade, VITAINA D3 500, MICROVIT B2 SUPRA 80, tendo em vista que a autuada instruíra a presente defesa com as decisões Coana nºs 002, 004 e 011, todas de 1999, que comprovavam que o código NCM por ela adotada foi baseada nas resposta da Dinom, que vinculavam a Administração pública; e Fl. 519DF CARF MF 4 c) não podia prevalecer a exigência das multas aplicadas, uma vez que descrevera devidamente o produto no item “Descrição Detalhada do Produto” da DI, fato que demonstrava boa fé acerca das informações prestadas. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 348/354), em que, por unanimidade de votos, consideraram o lançamento procedente, mantendo o crédito tributário exigido, com base no fundamento resumido no enunciado da ementa que segue transcrito: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 08/01/2003, 30/01/2003, 07/04/2003, 28/05/2003 Os produtos identificados pela análise laboratorial como preparações destinadas à alimentação animal, se classificam no código 2309.90.90, conforme esclarecem as informações técnicas acostadas aos autos, e com base nas Notas Explicativas do SH. Em 15/10/2007, a autuada foi cientificada do referido acórdão (fls. 357/358). Inconformada, protocolou o recurso de voluntário de fls. 360/377, em que reafirmou as razões de defesa apresentadas na fase impugnatória. Na Sessão de 28/4/2010, por meio da Resolução nº 310100.097 (fls. 382/385), os membros da extinta 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara desta 3ª Seção, converteram o julgamento em diligência, para que a unidade da Receita Federal de origem, no sentido de (in verbis): 1) Aferir a identidade entre a composição química das mercadorias importadas e a das mercadorias objeto das CONSULTAS, formuladas pelo SINDIRAÇÕES, acostadas às fls. 83/95 dos autos; 3) Identificar a quantidade relativa de cada vitamina nas mercadorias classificadas; 2) Caso haja alguma divergência entre a composição química das mercadorias importadas e a das mercadorias objeto das CONSULTA, identificar objetivamente. Por meio do Despacho de fl. 391, o gerente o L. A. Falcão Bauer C.T.C.Q. Ltda. foi notificado a providenciar Parecer técnico com as respostas aos quesitos formulados na citado Resolução, o que foi feito por meio dos Pareceres Técnicos 020/2012 e 020A/2012 a 020D/2012 (fls. 392/406), em que alegou a impossibilidade de confirmação da composição química da mercadoria, por falta de amostra, porém, com base nos resultados das análises constes dos citados Laudos Técnicos do Funcamp, foram prestados os seguintes esclarecimentos: a) em relação ao primeiro quesito, afirmou que as mercadorias não se encontra apenas estabilizada, mas, a presença dos excipientes e os tratamentos sofridos pelas vitaminas evidenciavam que os produtos se encontravam finalizados, prontos para uso específico, logo não havia mais fases de industrialização a serem implementadas antes de seu consumo. E da forma como foram preparadas os produtos, as vitaminas neles contidas perderam o caráter geral de uso; e Fl. 520DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 519 5 b) em relação ao terceiro quesito, concluiu que os produtos foram exclusivamente formulados para serem adicionados à alimentação animal pelas fabricas de rações. Em 16/1/2013, a recorrente foi intimada (fls. 411/412) a se manifestar, no prazo de 30 (trinta) dias, a respeito da instrução produzida. Em resposta, em 7/2/2013, por meio da petição de fls. 423/462, acompanhada de documentos sobre classificação fiscal de vitaminas de fls. 463/507, a recorrente apresentou as seguintes objeções: a) os citados Pareceres Técnicos eram absolutamente imprestáveis, para auxiliar no julgamento da causa, eis que não responderam a contento os quesitos elaborados pela Relatora, até porque não teve acesso às amostras das mercadorias importadas; 2) os referidos Pareceres e o Laudos Técnicos, em que se basearam os primeiros, ignoraram a posição da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), expressa nas respostas às consultas formuladas pelo Sindirações, apresenatdas nas Decisões Coana nºs 02, 03, 04 e 11, de 1999 (fls. 317/335); 3) os Laudos Técnicos elaborados pelo não podiam ser utilizados como fundamento da autuação, porque não mencionaram, em momento algum, qual era a quantidade de vitamina presente nas mercadorias importadas; 4) para viabilizar a mudança da classificação tarifária pretendida era necessário prévia intimação do Sindirações sobre a revogação dos entendimentos firmados nas referidas Decisões Coana, que somente poderiam fundamentar autuações após a devida ciência por parte da entidade consulente, sob pena de violação ao disposto no art. 146 do Código Tributário Nacional (CTN); 5) na remota hipótese de manutenção do imposto de importação exigido, era evidente que a recorrente devia ser eximida das multas de ofício e do controle administrativo aplicadas, diante da dúvida se as mercadorias importadas eram exatamente iguais àquelas que foram objeto das citadas Decisões Coana, em face da ambiguidade dos citados Laudos e Pareceres Técnicos, tendo em vista o que dispõe o artigo 112 do CTN; e 6) em caso de manutenção da desclassificação tarifária, o que admitia apenas por amor ao debate, fosse cancelada a multa do controle administrativo, aplicada com base no art. 633, II do Regulamento Aduaneiro de 2002, eis que a mera discordância quanto a classificação da mercadoria NCM, não era fato gerador apto a ensejar a aplicação da referida penalidade, pois não restou comprovado que houve atos tendentes a dificultar o controle administrativo das importações. Em 28/2/2013, em cumprimento ao Despacho de fl. 270, os autos retornaram a este Conselho e enviados a Conselheira Relatora, para prosseguimento do julgamento. Porém, com término do mandato da Relatora, em 17/4/2014, os autos foram devolvidos à Secretaria da 1ª Câmara e, mediante sorteio, redistribuídos a este Relator na Sessão de 13 de novembro de 2014. É o relatório. Voto Fl. 521DF CARF MF 6 Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, preenche os demais requisitos de admissibilidade e trata de matéria da competência deste Colegiado, portanto, deve ser conhecido. A lide cingese ao enquadramento na NCM dos produtos importados por meio das DI nºs 03/00159204, 03/00840920, 03/02894726 e 03/04501306. Para a recorrente, os referidos produtos classificavamse, respectivamente, nos códigos NCM 2936.28.12, 2936.29.21, 2936.23.10 e 2936.90.00, por se tratar de vitaminas puras, ou produto usado como insumo, ou contendo substâncias absorvidas ou com função antipoeira, enquanto que para a fiscalização os referidos produtos classificavamse no código NCM 2309.90.90, por se tratar de preparação contendo vitaminas de uso ou aplicação específica na adição à ração para alimentação de animais. Em suma, em nível de posição, a recorrente defende a inclusão dos referidos produtos na posição 29.36 da NCM, que compreende: PROVITAMINAS E VITAMINAS, NATURAIS OU REPRODUZIDAS POR SÍNTESE (INCLUÍDOS OS CONCENTRADOS NATURAIS), BEM COMO OS SEUS DERIVADOS UTILIZADOS PRINCIPALMENTE COMO VITAMINAS, MISTURADOS OU NÃO ENTRE SI, MESMO EM QUAISQUER SOLUÇÕES. Por sua vez, a fiscalização entende que os referidos produtos pertencem a posição 23.09 da NCM, que compreende as “PREPARAÇÕES DOS TIPOS UTILIZADOS NA ALIMENTAÇÃO DE ANIMAIS.” Sabidamente, o correto enquadramento do produto na NCM regese por critérios claros e objetivos estabelecidos nas Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI/SH), Regras Gerais Complementares (RGC) da NCM e Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH1). Determina a RGI/SH1, que, para efeitos legais, a classificação de mercadoria na NCM é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas 5 (cinco) Regras Gerais seguintes. Assim, passase a analisar, a seguir, as notas de capítulo e de posições, aplicáveis ao caso em tela. As condições para que as vitaminas sejam incluídas no posição 29.36, encontramse, inicialmente, determinadas na Nota 1, “c”, “f” e “g”, do Capítulo 29, a seguir transcrita: 1. Ressalvadas as disposições em contrário, as posições do presente Capítulo apenas compreendem: [...] c) os produtos das posições 29.36 a 29.39, os éteres, acetais e ésteres de açúcares, e seus sais, da posição 29.40, e os produtos da posição 29.41, de constituição química definida ou não; 1 As NESH foram incorporadas à legislação aduaneira pelo Decreto nº 435, de 1992, definindoas no § único do art. 1º como "elemento subsidiário de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado". Fl. 522DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 520 7 [...] f) os produtos das alíneas a), b), c), d) ou e) acima, adicionados de um estabilizante (incluído um agente antiaglomerante) indispensável à sua conservação ou transporte; g) os produtos das alíneas a), b), c), d), e) ou f) acima, adicionados de uma substância antipoeira, de um corante ou de uma substância aromática, com finalidade de facilitar a sua identificação ou por razões de segurança, desde que essas adições não tornem o produto particularmente apto para usos específicos de preferência à sua aplicação geral; [...] (grifos não originais) Da leitura dos textos em destaque, verificase que pertencem a posição 29.36, as vitaminas de constituição química definida ou não, em estado puro ou adicionadas de (i) um estabilizante (incluído um agente antiaglomerante) indispensável à sua conservação ou transporte e (ii) de uma substância antipoeira, de um corante ou de uma substância aromática, com finalidade de facilitar a sua identificação ou por razões de segurança, desde que a adição dessas últimas substâncias não tornem as vitaminas particularmente aptas para usos específicos de preferência à sua aplicação geral. Se com a adição das referidas substância for alterada a condição de uso ou aplicação geral, o produto resultante fica excluído da posição 29.36. Assim, pode afirmar, em outros termos, que pertencem a posição 29.36 somente: a) as vitaminas em estado puro; ou b) as vitaminas adicionadas das substâncias excipientes que não alterem o uso ou a aplicação geral do produto resultante da mistura. No mesmo sentido, complementando e melhor esclarecendo o disposto nas referidas Notas do Capítulo 29, dispõem as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH) da 29.36, que: Os produtos da presente posição podem ser estabilizados para tornálos aptos à conservação ou transporte: por adição de agente antioxidante, por adição de agentes antiaglomerantes (hidratos de carbono, por exemplo), por revestimento com substâncias apropriadas (gelatina, ceras, materias graxas (gordas*), por exemplo), mesmo plastificadas, ou por adsorção em substâncias apropriadas (ácido silícico, por exemplo), desde que a quantidade das substâncias acrescentadas ou os tratamentos a que são submetidos não sejam superiores aos necessários à sua conservação ou transporte, nem modifiquem o caráter do produto de base nem os tornem particularmente aptos para usos específicos de preferência à sua aplicação geral. Fl. 523DF CARF MF 8 Assim, se as substâncias adicionadas ou o tratamento a que forem submetidas as vitaminas excederem aos necessários à sua conservação ou ao seu transporte e, em decorrência, for alterado o seu caráter de produto de base ou a sua condição de uso ou aplicação geral, determina a referida nota, que o produto resultante será enquadrado na posição que melhor descreva o seu uso ou aplicação específica, mas não na posição 29.36. No caso em tela, com base na análise das amostras, segundo os Laudos Técnicos da Funcamp de fls. 70/71, 74/75, 112/114, 119/121, 123/125, 157/158, 196/197, 203/204, 206/207 os produtos importados foram identificados com sendo (i) uma “preparação especificamente elaborada para ser adicionada à ração animal e/ou prémisturas”, (ii) uma “preparação especificamente elaborada para ser adicionada na alimentação animal, pelas fabricas de cães, com a finalidade de suprir a ração em Vitaminas (Suplemento Vitamínico) e destinada a defender a saúde do animal”, cuja constituição, forma de apresentação e utilização foi assim descrita nos respectivos Laudos Técnicos, ipsis litteris: Tratase de Preparação constituída de Acetato de Tocoferol; (Acetato de Vitamina E) e Substâncias Inorgânicas a base de sílica (excipiente), na forma de microesferas, não doseada, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração. [...] Tratase de Preparação constituída de Colecakiferol (Vitamina D3) e Excipientes como Matéria Protéica, Amido, Glicose e Sacarose, na forma de pó, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração. [...] Tratase de Preparação constituída de Riboflavina (Vitamina B2) e Excipientes como Derivado de Celulose e Substâncias Inorgânicas a base de Fosfato, na forma de pó. [...] Tratase de Preparação constituída de Acetato de Vitamina A, Vitamina D3, ButilHidroxitolueno (BHT) (Antioxidante) e Excipientes como Matéria Protéica, Maltose, Glicose Substâncias Inorgânicas à base de Fosfato e Sílica, na forma de microesferas, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração. [...] Tratase de Preparação constituída de Riboflavina (Vitamina B2) e Excipientes como Derivado de Celulose e Substâncias Inorgânicas à base de Fosfato, na forma de microesfera, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração. [...] Tratase de Preparação constituída de Acetato de Vitamina A, Vitamina D3, ButilHidroxitolueno (BHT) (Antioxidante) e Excipientes como Maltose e Substâncias Inorgânicas a base de Fosfato, na forma de microesferas, a ser utilizada pelas indústrias formuladoras de ração. Fl. 524DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 521 9 Cabe ainda ressaltar, que as conclusões apresentadas nos referidos Laudos Técnicos foram confirmadas pelos Pareceres Técnicos do L. A. Falcão Bauer de fls. 392/406, que, embora tenha alegado a impossibilidade de confirmação da composição química dos produtos, por falta de amostra, com base nos resultados das análises constantes dos citados Laudos Técnicos do Funcamp, prestou os seguintes esclarecimentos: a) em relação ao primeiro quesito, afirmou que as mercadorias não se encontrava apenas estabilizada, mas, a presença dos excipientes e os tratamentos sofridos pelas vitaminas evidenciavam que os produtos se encontravam finalizados, prontos para uso específico, logo não havia mais fases de industrialização a serem implementadas antes de seu consumo. E da forma como foram preparadas os produtos, as vitaminas neles contidas perderam o caráter geral de uso; e b) em relação ao terceiro quesito, concluiu que os produtos foram exclusivamente formulados para serem adicionados à alimentação animal pelas fabricas de rações. Dessa forma, tendo em conta que os referidos Laudos Técnicos da Funcamp, atendem plenamente as condições e os requisitos estabelecidos nos arts. 509 e 722 do Decreto 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro de 2002 – RA/2002), complementados pelo disposto na Instrução Normativa SRF 157/19982, na época vigentes, temse que as conclusões neles exaradas, por força do disposto no art. 30 do Decreto 70.235/1972, somente poderão ser desconsideradas mediante comprovada improcedência, o que não se vislumbra no caso em tela. Ao contrário, a outra prova pericial coligida aos autos, ou seja, os citados Pareceres Técnicos da lavra do L. A. Falcão Bauer, corroboram e ratificam as conclusões exaradas pelos citados Laudos Técnicos da Funcamp. Dessa forma, como os produtos importados pela recorrente não eram vitaminas em estado puro nem vitaminas adicionadas de substâncias, que, apesar da mistura, conservaram o seu uso ou a aplicação geral, em conformidade com disposto nas referidas notas, eles não pertencem à posição 29.36 da NCM. De outro modo, por se tratar de preparações utilizadas na alimentação de animais, os produtos importados pela recorrente pertencem ao Capítulo 23, onde se incluem os alimentos preparados para animais, especialmente, na posição 23.09, que compreende os produtos obtidos pelo tratamento de matérias vegetais ou animais que perderam as características essenciais, conforme esclarecido na Nota 1 do Capítulo 23, a seguir transcrita: 1. Incluemse na posição 23.09 os produtos dos tipos utilizados para alimentação de animais, não especificados nem compreendidos em outras posições, obtidos pelo tratamento de matérias vegetais ou animais, de tal forma que perderam as características essenciais da matéria de origem, excluídos os desperdícios vegetais, resíduos e subprodutos vegetais resultantes desse tratamento. Melhor esclarecendo o alcance do texto da nota da referida posição, dispõe as NESH da posição 23.09, que: 2 Revogada pela Instrução Normativva RFB 1020/2010. Fl. 525DF CARF MF 10 Esta posição compreende [...] as preparações empregadas na alimentação de animais, constituídas de uma mistura de diversos elementos nutritivos, [...] [...] II. OUTRAS PREPARAÇÕES [...] C. AS PREPARAÇÕES DESTINADAS A ENTRAR NA FABRICAÇÃO DOS ALIMENTOS “COMPLETOS” OU “COMPLEMENTARES” DESCRITOS NOS GRUPOS A E B, ACIMA Estas preparações, designadas comercialmente prémisturas, são geralmente compostos de caráter complexo que compreendem um conjunto de elementos (às vezes denominados “aditivos”), cuja natureza e proporções variam consoante a produção zootécnica a que se destinam. Esses elementos são de três espécies: 1) os que favorecem à digestão e, de uma forma mais geral, à utilização dos alimentos pelo animal, defendendo o seu estado de saúde: vitaminas ou provitaminas, aminoácidos, antibióticos, coccidiostáticos, oligoelementos, emulsificantes, aromatizantes ou aperitivos, etc.; 2) os destinados a assegurar a conservação dos alimentos, especialmente as gorduras que contêm, até serem consumidos pelo animal: estabilizantes, antioxidantes, etc.; 3) os que desempenham a função de suporte e que podem consistir quer em uma ou mais substâncias orgânicas nutritivas (especialmente farinhas de mandioca ou de soja, farelos, leveduras e diversos resíduos da indústria alimentar), quer em substâncias inorgânicas (por exemplo: magnesita, cré, caulim, sal, fosfatos). A concentração, nestas preparações, dos elementos referidos em 1) acima e a natureza do suporte são determinadas, especialmente, de forma a conseguirse uma repartição e uma mistura homogêneas desses elementos nos alimentos compostos a que essas preparações serão adicionadas. [...]Excluemse da presente posição: [...] e) As vitaminas, mesmo de constituição química definida, misturadas entre si ou não, mesmo apresentadas em um solvente ou estabilizadas por adição de agentes antioxidantes ou antiaglomerantes, por adsorção em um substrato ou por revestimento, por exemplo, com gelatina, ceras, matérias graxas (gordas*), desde que a quantidade das substâncias acrescentadas, substratos ou revestimentos não modifiquem o carater de vitaminas e nem as tornem particularmente aptas para usos específicos de preferência à sua aplicação geral (posição 29.36). (os grifos sublinhados não são originais) Fl. 526DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 522 11 Assim, em consonância com as NESH da posição 29.36 anteriormente analisadas, as NESH da posição 23.09 excluem desta posição as vitaminas em estado puro e as misturadas por adição de agentes antioxidantes ou antiaglomerantes, desde que não alterado o caráter de vitaminas nem as tornem aptas para usos específicos de preferência à aplicação geral. No caso em tela, segundo os citados Laudos Técnicos, as substâncias adicionadas às referidas vitaminas não se tratam de impurezas, estabilizantes, antiaglomerantes e nem de agentes antipoeira, mas de excipientes utilizados no revestimento da microesfera com a finalidade de facilitar o manuseio e a dosagem da vitamina nas rações animais e proteger química e fisicamente a vitamina durante o processo de mistura com outros componentes, na formulação final a que se destina (prémistura ou ração animal). Em outras palavras, os produtos importados não eram vitaminas estabilizadas com o antioxidante ButilHidroxianisol. A presença dos excipientes e os tratamentos sofridos pelas citadas vitaminas demonstram que os produtos importados encontravam com o seu processo de industrialização finalizado, estando as preparações prontas para uso específico na ração animal. Logo, tratavamse de preparações contendo vitaminas que, em face do tratamento industrial e dos excipientes adicionados, perderam o seu caráter de uso ou aplicação geral. Portanto, com base no exposto e em conformidade com o disposto na RGI/SH no 1, na RGI/SH no 6 (subposição) e na Regra Geral Complementar RGC (item e subitem), chegase a conclusão que os produtos importados pela recorrente classificamse no código NCM 2309.90.90, conforme determinado pela fiscalização. Uma vez definida a classificação dos produtos, passase a analisar as principais razões de defesa suscitadas pela recorrente. A recorrente alegou que os citados Pareceres Técnicos, elaborados pelo L. A. Falcão Bauer, eram absolutamente imprestáveis, para auxiliar no julgamento da causa, porque não responderam a contento os quesitos elaborados pela Relatora, até porque não teve acesso às amostras das mercadorias importadas. No entendimento deste Relator, as conclusões e as respostas exaradas nos citados Laudos Técnicos da Funcamp, baseadas na análise das amostras dos produtos importados pela recorrente, eram suficientes para decisão da lide, uma vez que apresentam todas as informações necessárias ao correto enquadramento dos citados produtos na NCM. Dada essa circunstância, com devido respeito ao entendimento contrário, a realização da referida diligência era totalmente dispensável, pela seguintes razões: a) a comparação da composição química das mercadorias importadas com as que foram objeto das consultas formuladas perante à Coana, certamente, não era possível, haja vista que a unidade da Receita Federal de origem não dispunha das amostras das últimas mercadorias; e b) a informação acerca da quantidade de “Vitamina A 500” e de “Vitamina D3” contida em cada um dos produtos importados era totalmente desnecessária, haja vista que essa informação não representa critério algum, para fim de classificação dos referidos produtos na NCM. Fl. 527DF CARF MF 12 Com efeito, conforme anteriormente demonstrado, os critérios determinantes, para fim de classificação das vitaminas na NCM, são o seu estado de pureza (pura ou misturada) e a sua forma de uso ou aplicação (específica ou geral), informações que já se encontravam nos autos, uma vez que expressamente consignadas nos citados Laudos Técnicos da Funcamp, elaborados de acordo com os requisitos legais. Portanto, tratavase de prova hábil e idônea, nos termos do art. 30 do Decreto 70.235/1972. Também não procede a alegação da recorrente de que os referidos os Laudos Técnicos da Funcamp, bem como os Pareceres Técnicos do L. A. Falcão Bauer, eram imprestáveis, porque ignoraram a posição da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), expressa nas respostas da Coana às consultas formuladas pelo Sindirações, apresentadas nas Decisões Coana nºs 03 e 04, de 1999, pelos seguintes motivos: a) o parecer ou laudo técnico deve se restringir a questões estritamente técnicas, concernentes a identificação do produto, o que se verifica nos Laudos e Pareceres Técnicos colacionados aos autos; b) há expressa determinação no art. 36 da Instrução Normativa SRF 157/1998, no sentido de que os laudos ou pareceres técnicos não podem conter quaisquer indicações sobre posições, subposições, itens ou códigos da NCM, sob pena de serem considerados imprestáveis como meio de prova de identificação de mercadoria; e c) a classificação de mercadorias, sabidamente, não é considerada aspecto técnico, mas aspecto jurídico, conforme dispõe o art. 30, § 1º, do Decreto 70.235/1972. Dessa forma, fica evidenciado que as competências para se pronunciar sobre os aspectos de natureza técnica e jurídica pertencem a pessoas distintas, ou seja, ao órgão técnico ou o perito credenciado compete proceder a identificação da mercadoria, enquanto à autoridade fiscal é reservada competência para, após a perfeita identificação da mercadoria, proceder o enquadramento tarifário do produto na NCM. A recorrente alegou que, para viabilizar a mudança da classificação tarifária em comento, era necessário prévia revogação das referidas Decisões Coana; e que tal revogação somente poderia fundamentar autuações após a devida ciência do Sindirações, sob pena de violação ao disposto no art. 146 do Código Tributário Nacional (CTN). Sem razão a recorrente, porque, além dos fabricantes serem diferente, os produtos importados não foram os mesmos classificados por meio das referidas Decisões, conforme se infere dos seguintes excertos delas extraídos: Decisão Coana 002/1999. Ora, como as mercadorias 1 e 2 são insumos para a produção das prémisturas e a sílica expandida, posta nestas duas mercadorias, não modifica o caráter do acetato de dialfa tocoferol, preservando sua aplicação geral, devese desconsiderar a posição 2309 para abrigar tais mercadorias. Além disto, há também aqui uma indicação valiosa sobre a posição mais adequada para comportar as mercadorias 1 e 2, ou seja, a posição 2936. (grifos não originais) Decisão Coana 003/1999. Ora, como as mercadorias 1 e 2 são insumos para a produção das prémisturas e as substâncias adicionadas para Fl. 528DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 523 13 proteger/estabilizar o acetato de vitamina A não modificam o caráter desta vitamina, preservando sua aplicação geral, então devese desconsiderar a posição 2309 para abrigar tais mercadorias. Além disto, há também aqui uma indicação valiosa sobre a posição mais adequada para comportar as mercadorias 1 e 2, ou seja, a posição 2936. (grifos não originais) Decisão Coana 004/1999. Ora, como as mercadorias 1 e 2 são insumos para a produção das prémisturas e os revestimentos adicionados não modificam o caráter da vitamina D3, preservando sua aplicação geral, devese desconsiderar a posição 2309 para abrigar tais mercadorias. Além disso, há também aqui uma indicação valiosa sobre a posição mais adequada para comportar as mercadorias 1 e 2, ou seja, a posição 2936. (grifos não originais) Decisão Coana 011/1999. Ora, como as mercadorias 1 e 2 são insumos para a produção das prémisturas e o agente antipoeira adicionado (solúveis de fermentação condensada) não modifica o caráter da riboflavina, preservando a sua aplicação geral, devese desconsiderar a posição 2309 para abrigar tais mercadorias. Além disto, há também aqui uma indicação valiosa sobre a posição mais adequada para comportar as mercadorias 1 e 2, qual seja, a posição 2936. (grifos não originais) Dessa forma, fica demonstrado que os produtos classificados nas referidas Decisões são diferentes dos que foram importados pela recorrente e identificados nos referidos Laudos Técnicos da Funcamp. Os produtos de que trata as referidas decisões, embora adicionados de outras substâncias, preservaram a condição de aplicação geral, diferente dos produtos descritos nos citados Laudos Técnicos, que perderam essa característica e passaram a ter aplicação específica na produção de ração animal e/ou prémisturas. E os produtos importados, ainda segundo os referidos Laudos, encontravamse prontos para serem misturados na ração ou em outras bases alimentícias pelos formuladores, para depois ser administrada por via oral ao animais. Além disso, há diferenças relevantes entre os produtos submetidos a consulta e os que foram importados e descritos nos citados Laudos Técnicos, pois, além dos fabricantes serem diferentes, a forma de apresentação dos produtos são completamente distinta. A título de exemplo citase a “Vitamina E”, em que a importada tinha a forma de “microesferas branco amareladas”, enquanto que a submetida à consulta tinha a forma de “pó fino e fluido de coloração branca/creme”. Assim, se eram produtos diferentes, os códigos de classificação atribuídos aos produtos objeto das referidas consultas, obviamente, não poderiam ser aplicados aos produtos importados. Logo, fica demonstrado que, diferentemente do alegado, as classificações apresentadas nas referidas decisões não se aplicam para justificar as classificações pretendidas pelo importador. No caso em tela, também não procede a alegação de mudança de critério jurídico, porque a decisão proferida no âmbito do processo de consulta não tem a natureza de Fl. 529DF CARF MF 14 ato de lançamento de ofício. E esta ato constitui condição necessária para aplicação do disposto no art. 146 do CTN, uma vez que este depende da prévia existência de critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa por meio do lançamento de ofício realizado anteriormente. Com base nessas considerações, fica demonstrada a correção da classificação fiscal atribuída aos produtos pela fiscalização, em decorrência, cabe ainda analisar a legalidade da cobrança das multas aplicadas. Em relação a cobrança das multas, a recorrente alegou que, na remota hipótese de manutenção do imposto de importação exigido, era evidente que a recorrente devia ser eximida das multas de oficio e do controle administrativo aplicadas, diante da dúvida se as mercadorias importadas eram exatamente iguais àquelas que foram objeto das citadas Decisões Coana, em face da ambiguidade apresentadas pelos citados Laudos e Pareceres Técnicos, tendo em vista o que dispõe o artigo 112 do CTN. Mais uma vez, sem razão a recorrente, pois, conforme demonstrado precedentemente, os Laudos Técnicos da Funcamp identificaram com clareza a composição e a finalidade dos produtos importados e os Pareceres Técnicos do L. A. Falcão Bauer ratificaram as conclusões apresentadas nos primeiros, com base nos dados técnicos sobre a composição, estado e finalidade dos produtos importados. Logo, ao contrários, não há qualquer dúvida quanto a identificação dos produtos, especialmente, a sua composição, forma de apresentação, aplicação a que destinados etc. Dados e informações necessários e suficientes, para aferição da correta classificação fiscal dos produtos na NCM. A infração e a respectiva multa de ofício aplicada, na data dos fatos, encontravamse definidas no artigo 44, I, da Lei 9.430/1996, com a seguinte redação, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; [...] (grifos não originais) Segundo a autoridade fiscal (fls. 4/5), o que motivou a aplicação da multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) foi a declaração inexata das mercadorias nas DI. E, com base nas conclusões anteriormente apresentadas, a referida infração resta devidamente comprovada, portanto, procede a aplicação da referida multa. A recorrente alegou que, em caso de manutenção da reclassificação tarifária, o que admitia apenas por amor ao debate, fosse cancelada a multa do controle administrativo por falta de LI, aplicada com base no art. 633, II, do Regulamento Aduaneiro de 2002, eis que a mera discordância quanto a classificação da mercadoria NCM, não era fato gerador apto a ensejar a aplicação da referida penalidade, pois não restou comprovado que houve atos tendentes a dificultar o controle administrativo das importações e as mercadorias devidamente descritos na DI. Fl. 530DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 524 15 A infração administrativa ao controle das importações por falta de LI e a respectiva penalidade encontramse definidas no art. 169, I, “b”, do Decretolei 37/1966, a seguir transcrito: Art. 169 Constituem infrações administrativas ao controle das importações: I importar mercadorias do exterior: (...) b) sem Guia de Importação ou documento equivalente, que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais: (Incluída pela Lei nº 6.562, de 1978) Pena: multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria. [...] (grifos não originais). A partir de 1/1/1995, as regras sobre licenciamento de importações vigentes no País são as mesmas estabelecidas no “Acordo Sobre Procedimentos para o Licenciamento das Importações”3, denominado de Código de Licenciamento das Importações, que prevê dois tipos de licenciamento para as importações: o licenciamento automático e o licenciamento não automático. No Brasil, desde a implantação do Sistema Integrado do Comércio Exterior (Siscomex) – Módulo Importação, em 1/1/1997, todo o controle aduaneiro, administrativo e cambial das importações brasileiras passou a ser realizado no âmbito do referido Sistema. Com a nova sistemática de controle administrativo das importações, a LI, que substituiu a GI, passou a ser o novo documento base do controle administrativo das importações, conforme estabelecido no § 1º do art. 6º4 do Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992. Na data em que ocorreram as operações de importação objeto da presente autuação, o controle administrativo das importações encontravase disciplinado nos arts. 7º a 19 da Portaria Secex nº 21, de 12 de dezembro de 1996, que, em conformidade com o disposto no referido Acordo, instituiu duas modalidades de licenciamento (arts. 7º a 9º5), a saber: o licenciamento automático e o licenciamento nãoautomático. 3 O referido Acordo foi ratificado pelo Congresso Nacional, por meio do Decreto Legislativo 30/1994, e promulgado pelo Presidência da República, por intermédio do Decreto 1.335/1994, e passou a vigorar no País a partir de 1/1/1995. 4 "Art. 6° As informações relativas às operações de comércio exterior, necessárias ao exercício das atividades referidas no art. 2°, serão processadas exclusivamente por intermédio do SISCOMEX, a partir da data de sua implantação. § 1° Para todos os fins e efeitos legais, os registros informatizados das operações de exportação ou de importação no SISCOMEX, equivalem à Guia de Exportação, à Declaração de Exportação, ao Documento Especial de Exportação, à Guia de Importação e à Declaração de Importação. (...)" 5 Art. 7º O licenciamento das importações ocorrerá de forma automática e não automática e será efetuado por meio do SISCOMEX. [..] Art. 8º Nos casos de licenciamento automático, as informações de que trata o artigo anterior deverão ser prestadas no Sistema em conjunto com as informações exigidas para a formulação da declaração para fins de despacho aduaneiro da mercadoria. Fl. 531DF CARF MF 16 O licenciamento automático era processado juntamente com o registro da DI e não estava sujeito à anuência prévia dos Órgão intervenientes no comércio exterior nem à emissão de LI. Por sua vez, o licenciamento nãoautomático era solicitado pelo importador previamente ao embarque da mercadoria ou antes do registro da DI e estava sujeito à anuência prévia e a emissão de LI. Na vigência do referido regime, somente o produto sujeito a licenciamento nãoautomático estava sujeito ao controle administrativo e a emissão obrigatória de LI. Em decorrência, somente as operações de importação, processadas segundo o regime estabelecido para essa última modalidade de licenciamento, a falta de emissão da LI caracterizava a prática da infração administrativa ao controle das importações em questão. No caso em tela, os produtos importados estavam sujeitos à anuência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), portanto, estavam sujeitos a licenciamento nãoautomático, que não foi obtido pela autuada. Entretanto, os casos de falta de licenciamento decorrentes de erro de classificação fiscal, não constitui infração administrativa ao controle das importações por falta de LI se atendidas as condições estabelecidas no Ato Declaratório Normativo (ADN) Cosit nº 12, de 1997, a seguir transcrito: (...) não constitui infração administrativa ao controle das importações, nos termos do inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro, a declaração de importação de mercadoria objeto de licenciamento no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, cuja classificação tarifária errônea ou indicação indevida de destaque "ex" exija novo licenciamento, automático ou não, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. (grifos não originais). Assim, se o produto classificado erroneamente na NCM depender de licenciamento para sua importação, a materialização da infração em questão somente será relevada se atendidas as seguintes condições: (i) a mercadoria esteja corretamente descrita, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado (condição objetiva); e (ii) não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou máfé por parte do declarante (condição subjetiva). Inicialmente, cabe analisar o atendimento da condição objetiva. Para esse fim, o parâmetro de aferição são os textos da descrição detalhada dos produtos nas respectivas adições das DI. No caso em tela, a multa por falta de LI foi aplicada apenas em relação aos produtos descritos nas Adições 001 das DI nºs 03/00159204, 03/02894726, 03/00840920 e 03/04501306 e na Adição 002 da DI nº 03/00159204, dentre as quais, somente a descrição apresentada na Adição 002 (fls. 51/52) da DI nº 03/00159204 (Vitamina D3) apresenta todos os elementos necessários à identificação e ao o enquadramento tarifário dos respectivos produtos, pois, além da informação sobre a aplicação específica do produto, há informação sobre a composição do produto confirmada no correspondente Laudo Técnico. Art. 9º Nas importações sujeitas a licenciamento não automático, o importador deverá prestar no Sistema as informações a que se refere o art. 8º, previamente ao embarque da mercadoria no exterior ou antes do despacho aduaneiro, conforme o caso. Fl. 532DF CARF MF Processo nº 11128.001325/200421 Acórdão n.º 3302004.117 S3C3T2 Fl. 525 17 A outra condição também resta atendida, uma vez que não se constata, nos autos, intuito doloso ou máfé por parte do declarante. Assim, em relação ao citado produto, a infração por falta LI não se consumou, haja vista que, apesar do erro de classificação fiscal cometido, ele foi corretamente descrito na adição 002 da DI nº 03/00159204 e não houve intuito doloso ou má fé por parte da importadora. De outra parte, embora não haja provas nos autos de que a recorrente tenha agido com dolo ou máfé, a descrição imprecisa dos produtos nas Adições 001 das DI nºs 03/00159204, 03/02894726, 03/00840920 e 03/04501306, a meu ver, é suficiente para caracterizar a prática da infração em apreço. Dessa forma, uma vez que não foram atendidas as condições estabelecidas no ADN Cosit 12/1997, e que a importação dos referidos produtos necessitava da emissão de LI, em relação a esses produtos, a conduta praticada pela recorrente subsumese adequadamente à hipótese fática da infração em apreço e, portanto, parcialmente devida a aplicação da multa administrativa por falta LI objeto do presente auto de Infração. No que tange a multa por erro de classificação fiscal da mercadoria, não procede a alegação da recorrente. A previsão legal de aplicação da referida penalidade encontrase estabelecida no inciso I do art. 84 da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir transcrito: Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; [...] De acordo com o disposto no referido preceito legal, a materialização da referida infração ocorre com o simples cometimento de erro de classificação do produto em pelo menos uma das referidas nomenclaturas ou catálogos de detalhamento da mercadoria. No caso em tela, a referida infração encontrase devidamente caracterizada, haja vista que a autuada atribuiu aos produtos importados importados os códigos NCM 2936.28.12, 2936.29.21, 2936.23.10 e 2936.90.00, quando o correto seria o código NCM 2309.90.90. Com base nessas considerações, deve ser mantida a cobrança da referida multa, conforme proposto no auto de infração em apreço. Por todo o exposto, votase pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para excluir a cobrança da multa por falta LI, referente ao produto descrito na Adição 002 da DI nº 03/00159204. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 533DF CARF MF 18 Fl. 534DF CARF MF
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