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Numero do processo: 10140.720059/2007-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004
ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE.
Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Numero da decisão: 9202-005.422
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 00 59 /2 00 7- 51 Fl. 286DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de NFLD (fls. 01/05) relativo ao Imposto Territorial Rural – ITR do imóvel denominado Fazenda Rio Negro, com área de 7.647,2 ha (NIRF 3.299.0880), localizado no município de Aquidauana/MT, relativo ao exercício 2004, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 41.184,08, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. De acordo com a descrição dos fatos (fls. 22/28), o fiscal autuante relata que foi apurada a falta de recolhimento do ITR, decorrente da glosa das áreas declaradas como de preservação permanente de RPPN, bem como da alteração do valor da terra nua, em adequação aos valores constantes do SIPT. Em conseqüência, houve aumento da base de cálculo, da alíquota e do valor devido do tributo. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS julgado a impugnação procedente em parte, mantendo, em parte, o crédito tributário. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso. Portanto, em sessão plenária de 19/06/2013, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2202002.339, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 EXCLUSÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS AMBIENTALMENTE. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DO ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. Para que o contribuinte possa excluir da área total tributável para fins de ITR as áreas de preservação permanente, de reserva legal e demais áreas protegidas ambientalmente, é obrigatória a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA correspondente. AVERBAÇÃO DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL. CONDIÇÃO PARA EXCLUSÃO. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica e que deve possuir termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, averbado à margem da inscrição no Registro Público de Imóveis. Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10140.720059/200751 Acórdão n.º 9202005.422 CSRFT2 Fl. 3 3 VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. O VTN médio declarado por município extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra, contrariando a legislação que rege a matéria. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 12/08/2013 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 29/08/2013, Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido, afim de que seja restabelecido o VTN arbitrado pela fiscalização. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 2ª Câmara, de 21/09/2015. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que a Lei nº 9.393/96, em seu art. 14, previu a criação de um sistema de preços de terras a ser instituído pela Secretaria da Receita Federal, (...) · que a Portaria SRF nº 447, de 28/03/2002, regulamentou o Sistema de Preços de Terras, em seus artigos 1º ao 4º, (...) · que a Nota COSIT/COTIR nº 330, de 26 de setembro de 2002 veiculou a mesma orientação para alimentação do SIPT com os valores das terras e demais dados recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas e com os valores de terra nua da base das declarações do ITR. · que, assim, temse como procedimento para o lançamento do ITR, a utilização dos valores indicados no Sistema de Preços de Terras da SRF, nos moldes estabelecidos na Portaria acima citada, não havendo qualquer ilegalidade na utilização dessa rotina administrativa e, portanto, plenamente legítima a conduta da autoridade fiscal ao considerar, para definição do Valor da Terra Nua, o valor médio das declarações do ITR. · que as tabelas de valores indicados no SIPT servem como referencial para amparar o trabalho de malha das declarações de ITR e somente são utilizadas pela fiscalização se o contribuinte não lograr comprovar que o valor declarado de seu imóvel corresponde ao valor efetivo na data do fato gerador. · que o valor apurado pela fiscalização pode ser questionado, mediante Laudo Técnico de Avaliação, revestido de rigor científico suficiente a firmar a convicção da autoridade, devendo estar presentes os requisitos mínimos exigidos pela Associação Brasileira de Normas Fl. 288DF CARF MF 4 Técnicas – ABNT, mas o contribuinte não se desincumbiu desse mister e, não tendo demonstrado que o irrisório valor atribuído à terra nua se justificava em razão de supostas características negativas do imóvel autuado, deve prevalecer o valor arbitrado pela autoridade fiscal, a partir das informações constantes no SIPT. Cientificado do Acórdão nº 2202002.339, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 20/04/2016, o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 04/05/2016, suas contrarrazões, onde, preliminarmente, traz um resumo do caso, para depois apresentar suas alegações, a saber: · que a existência do Sistema de Preço de Terras (SIPT) tem como objetivo fornecer informações relativas a valores de terras para o cálculo e lançamento do ITR nos casos de revisão ou ante a omissão de lançamento de ofício, e que em relação a esse imposto só se faz esse tipo de lançamento se o DIAC ou DIAT tiver informações inexatas ou fraudulentas. · que para entender de forma diferente, deve se imaginar que decreto municipal teria o condão de revogar o artigo 8º da Lei nº 9.393/96, que obriga o contribuinte entregar o DIAT, em cada ano, declarando o valor da terra nua (VTN), que deverá refletir o preço de mercado das terras, apurado em 1º de janeiro do ano, e será considerado auto avaliação da terra nua a preço de mercado. · que, igualmente, ainda que aplicável o SIPT, o arbitramento com base no VTN médio do mesmo município, como é o caso, não se admite, posto que não é contemplada na declaração (DITR) a capacidade potencial da terra. · o valor da Terra Nua arbitrado pela fiscalização é inferior ap valor declarado pela recorrida considerada a Área de Preservação Permanente e a área de RPPN. O Contribuinte traz, também, em suas contrarrazões, farta jurisprudência do CARF, no mesmo sentido de seus argumentos. É o relatório. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10140.720059/200751 Acórdão n.º 9202005.422 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Recurso Especial da Fazenda Nacional Pressupostos de Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho de Admissibilidade, fls. 243. Não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito De forma objetiva a delimitação da lide, conforme consta do despacho de admissibilidade, cingese no Valor de Terra Nua a ser utilizado para fins de cálculo do ITR devido para o exercício de 2001, tendo em vista que a legislação do ITR que criou o SIPT não instituiu o critério do preço médio atribuído pelas DITR’s do exercício apresentadas pelos imóveis localizados no município, uma vez que tais informações não se coadunam com o art. 14 da Lei nº 9.393/1996 e art. 12, §1º, II da Lei nº 8.629/1993. Importante salientar, que verifico, inicialmente, que não trouxe o contribuinte aos autos quaisquer elementos capazes de justificar o VTN constante de sua DITR para o exercício de 2001. Com fulcro no disposto nos art. 14, § 1o. da Lei nº 9.396, de 19 de dezembro de 1996, quando combinado com o art. 12 da Lei 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, é de se aceitar o arbitramento pelo SIPT somente quando efetuado com utilização do VTN médio que leve em consideração também o fator de aptidão agrícola, expressis verbis: Lei 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.(g.n.) Lei 8.629/93 Fl. 290DF CARF MF 6 Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I localização do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001)(g.n.) IIIdimensão do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) (grifei) §1oVerificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser indenizado em TDA.(Redação dada Medida Provisória nº 2.183 56, de 2001) §2oIntegram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Noto, porém, que, no caso em questão, a partir do disposto na descrição dos fatos e enquadramento legal, fls. 12, foi utilizado, para fins de arbitramento pela autoridade fiscal, o VTN médio para o município do imóvel rural, não havendo qualquer indício de observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins do arbitramento realizado, o qual deve ser assim rejeitado. Não verifico, no extrato de efl. 12, a existência de valoração levando em consideração a aptidão agrícola da terra nua e, assim, rejeito a possibilidade de utilização do SIPT na forma realizada pela autoridade autuante. Aliás, esse foi o entendimento traçado no acórdão recorrido, e que no caso em questão, amoldase a previsão legal conforme descrito acima: Nesse contexto, foi aprovado o Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal – SIPT, pela Portaria SRF no 447, de 28 de março de 2002, alimentado com os valores de terras e demais dados recebidos das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, e com os valores da terra nua da base de declarações do ITR (art. 3o da Portaria SRF no 447, de 2002). Para se contrapor ao valor arbitrado com base no SIPT, deve o contribuinte apresentar Laudo Técnico, com suficientes elementos de convicção, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado de ART, e que atenda às prescrições Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10140.720059/200751 Acórdão n.º 9202005.422 CSRFT2 Fl. 5 7 contidas na NBR 146533, que disciplina a atividade de avaliação de imóveis rurais. Conforme consignado na Notificação de Lançamento, à fl. 3, o VTN foi arbitrado com base na média dos VTN declarados pelos contribuintes do município de localização do imóvel rural para o exercício fiscalizado. Entendo que a utilização dos valores constantes do SIPT são válidos para fins de arbitramento do VTN, sempre que o contribuinte não apresente laudo técnico capaz de comprovar o valor por ele declarado e desde que os dados que alimentaram o sistemas atendam aos requisitos exigidos pela legislação, como, por exemplo, o VTN médio por hectare por aptidão agrícola, apurado nas avaliações realizada pelas Secretarias Estaduais de Agricultura, em que os preços de terras são determinados levandose em conta de existência de lavouras, campos, pastagens, matas etc. Ressaltese, entretanto, que o fato de para um determinado município não existirem informações dos órgãos estaduais ou municipais que permitam estimar o VTN/médio por hectare por aptidão agrícola, não autoriza o fisco a utilizar o VTN médio informado nas DITR do mesmo município. Isto porque o VTN médio declarado por município, obtido com base nos valores informados na DITR, constitui um parâmetro inicial, mas não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. Isso porque esta informação não é contemplada na declaração, que contém apenas o valor global atribuído a propriedade, sem levar em conta as características intrínsecas e extrínsecas da terra que determinam o seu potencial de uso. Dessa forma, uma vez que o arbitramento foi feito utilizandose o VTN médio declarado pelos contribuintes do mesmo município, valor este que não encontra amparo na legislação, há que se restabelecer o valor originalmente declarado. Outro argumento, que apenas reforça o entendimento acima descrito, é que essa turma da CSRF em apreciando a tese esboçada no paradigma nº 210201.664, reformou o por meio de acórdão nº 9202005.185 de 26 de janeiro de 2017, cuja ementa encontrase assim expressa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ITR VALOR DA TERRA NUA ARBITRAMENTO. Para aplicação do Sistema Integrado de Preços de Terras SIPT é imprescindível que o contribuinte tenha acesso aos critérios e parâmetros utilizados para arbitramento do VTN de modo a permitir verificar o atendimento aos requisitos da legislação aplicável (art. 14 da Lei n. 9.393/1996 c/c art. 12, §1º, inciso II, da Lei no 8.629/1993). Fl. 292DF CARF MF 8 O resultado do julgamento encontrase assim descrito: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento parcial para reduzir o Valor da Terra Nua (VTN) ao valor declarado. Uma vez rejeitado o valor arbitrado através do SIPT e não tendo sido produzido laudo pelo contribuinte que apresenta valor de VTN/hectare em contraponto aquele declarado, encaminho por NEGAR PROVIMENTO ao recurso da Fazenda Nacional, mantendo o acórdão recorrido. Apenas esclareço que, ao contrário do que o trazido pelo sujeito passivo em sede de contrarrazões, o valor por ele declarado em sua DITR não se mostra superior ao apresentado no SIPT, tendo em vista que o valor declarado deverá, para fins de apuração da VTN, levar em consideração o valor total do imóvel 7.647,20 e não apenas a parcela entendida pelo sujeito passivo como tributável. Assim, inexistindo a valoração levando em consideração a aptidão agrícola da terra nua, rejeito a possibilidade de utilização do SIPT na forma realizada pela autoridade autuante, razão pela qual nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Conclusão Face o exposto, voto por CONHECER do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 293DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.720283/2008-69
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
PAF - PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
A divergência interpretativa somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial.
Numero da decisão: 9202-005.330
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. A divergência interpretativa somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 02 83 /2 00 8- 69 Fl. 235DF CARF MF 2 Relatório Em sessão plenária de 21/11/2012, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão 2801002.808 (fls. 191 a 201), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO. O lançamento de ofício deve considerar, por expressa previsão legal, as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Na ausência de tais informações, a utilização do VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas para determinado município e exercício, por não observar o critério da capacidade potencial da terra, não pode prevalecer. Recurso Voluntário Provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 07/01/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 201). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 21/02/2013, o que foi feito em 14/01/2013 (fls. 202 a 209), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 210. O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a validade do arbitramento do VTNValor da Terra Nua tendo por base o SIPTSistema de Preços de Terras, utilizandose o VTN médio das DITR, sem informações sobre aptidão agrícola. Como paradigma foi indicado o Acórdão 210200.609. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho s/n de 14/03/2014 (fls. 211/212). Cientificado do acórdão, do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e do despacho acima em 15/09/2014 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 216), o Contribuinte ofereceu, em 30/09/2014 (fls. 223), as Contrarrazões de fls. 223 a 230, por meio das quais pede a manutenção da decisão recorrida. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca dos demais pressupostos de admissibilidade. Em seu apelo, a Fazenda Nacional visa rediscutir a validade do arbitramento do VTNValor da Terra Nua tendo por base o SIPTSistema de Preços de Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10783.720283/200869 Acórdão n.º 9202005.330 CSRFT2 Fl. 236 3 Terras, utilizandose o VTN médio das DITR, sem informações sobre aptidão agrícola. Como paradigma foi indicado o Acórdão 210200.609. Antes de proceder à análise do paradigma, importa salientar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando existe similitude fática entre as situações apreciadas no acórdão recorrido e no paradigma indicado. Assim, tornase imprescindível a análise das situações fáticas contidas nos acórdãos recorrido e paradigma, a ver se haveria similitude entre elas. No caso do acórdão recorrido, a motivação do restabelecimento do VTN declarado pelo Contribuinte foi o fato de a autoridade lançadora ter arbitrado aquele valor com base no VTN médio das DITRs entregues no município, e não na aptidão agrícola. Assim, tal arbitramento não foi aceito, por não ter cumprido as exigências determinadas pela legislação de regência. Confirase a respectiva ementa: “O lançamento de oficio deve considerar, por expressa previsão legal, as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Na ausência de tais informações, a utilização do VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas para determinado município e exercício, por não observar o critério da capacidade potencial da terra, não pode prevalecer.” Quanto ao paradigma indicado – Acórdão 210200.609 – a Fazenda Nacional colaciona o seguinte trecho, visando demonstrar o alegado dissídio jurisprudencial: “No caso aqui em debate, para o exercício 2001, tomando por base os valores do SIPT (fl. 15), podese arbitrar o valor da terra nua com base na aptidão agrícola da terra ou com base no valor médio das DITR , sempre lembrando que o SIPT detém uma média global do valor da terra nua do município . Não há uma avaliação específica do imóvel auditado. Considerando a dupla possibilidade de arbitramento , pela aptidão agrícola ou pelo valor médio da DITR, entendo que se deve utilizar esta última, que detém o valor mais benéfico para o recorrente.’ (fl. 8)” (destaques da Recorrente) A leitura dos trechos em negrito, pinçados do voto condutor do aresto, levaria à conclusão de que efetivamente teria sido demonstrada a alegada divergência jurisprudencial. Entretanto, o exame do paradigma, em sua integralidade, permite conhecer o contexto em que ele foi proferido. Nesse passo, verificase que, além de retratar uma situação distinta daquela analisada no recorrido, não se pode afirmar que nesse paradigma estarseia defendendo a tese de que o SIPT, somente com a média das DITR, seria válido. Confirase os principais trechos da ementa e do voto vencedor desse paradigma: “ARBITRAMENTO DO VALOR DA TERRA NUA. INFORMAÇÃO EXTRAÍDA DO SISTEMA DE PREÇO DE TERRAS SIPT. HIGIDEZ PROCEDIMENTAL. SOMENTE LAUDO TÉCNICO QUE ANALISA PORMENORIZADAMENTE O IMÓVEL RURAL, SEGUNDO A NORMA DA ABNT Fl. 237DF CARF MF 4 VIGENTE NA DATA DA PRODUÇÃO DO LAUDO, PODE CONTRADITAR 0 VALOR DO SIPT. Caso o contribuinte não apresente laudo técnico com o valor da terra nua, pode a autoridade fiscal se valer do preço constante do SIPT, como meio hábil para arbitrar o valor da terra nua que servirá para apurar o ITR devido. Somente laudo técnico que segue a norma vigente da ABNT na data da produção dele, assinado por profissional competente e secundado por Anotação de Responsabilidade Técnica ART, é meio hábil para contraditar o valor arbitrado a partir do SIPT. Recurso provido (...) Agora, passase a apreciar a defesa do item II (no tocante ao valor da terra nua, "os valores indicados no Sistema de Preços de Terra não podem ser adotados, pois não há a "imprescindível publicidade das fontes e valores que alimentam o sistema, bem como, a realização de verificação física das áreas existentes na propriedade para viabilizar a incidência do VTN, segundo a classificação adotada para a diversidade de áreas cadastradas " (Recurso n° 135.528, Primeira Câmara, unânime, 07.11.2007)" (fls. 218 e 219). Além disso, o recorrente agora junta Laudo Técnico complementar, no qual se demonstra que o valor do SIPT referese ao preço de terras comercializadas e não da terra nua, como inclusive se pode ver pelos formulários preenchidos pela EmaterMG, atendendo à solicitação da Fundação Getúlio Vargas (fls. 291 a 293), com os mesmos valores do SIPT, os quais tem a mesma fonte de informação, qual seja, a Emater MG. Por fim, caso o valor do SIPT seja considerado hábil para quantificar o valor da terra nua, mister reduzir o valor do exercício 2001 para R$ 1.053,04, o menor dos valores do SIPT). Como se pode constatar, no caso do paradigma o Contribuinte se insurge contra o arbitramento pelo SIPT, alegando falta de publicidade das fontes e valores que alimentam o sistema, bem como por se referir a preços de terras comercializadas, e não da terra nua. Ao final, pede que, caso seja mantido o arbitramento, que para o exercício de 2001 seja adotado o menor dos valores do SIPT. Assim, no intuito de enfrentar os argumentos de defesa, o Relator assim se manifesta quanto ao SIPT: “No tocante ao pretenso cerceamento do direito de defesa perpetrado pela autoridade fiscal, com a utilização do valor da terra nua constante no SIPT, não assiste razão ao recorrente, já que a possibilidade do arbitramento do preço da terra nua consta especificamente no art. 14 da Lei n° 9.393/96, a partir de sistema a ser instituído pela Secretaria da Receita Federal. Utilizando tal autorização legislativa, a Secretaria da Receita Federal, pela Portaria SRF n° 44712002, instituiu o Sistema de Preços de Terras — SIPT, o qual seria alimentado com informações das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, bem como com os valores da terra nua da base de declarações do ITR. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10783.720283/200869 Acórdão n.º 9202005.330 CSRFT2 Fl. 237 5 A instituição do SIPT está prevista em lei, não havendo qualquer violação ao princípio da legalidade tributária, sendo certo que, no caso vertente, a autoridade fiscal utilizou o valor da terra nua constante no sistema, conforme tela do SIPT de fls. 15 e 16 (valores informados pela Secretaria Estadual de Agricultura), já que o contribuinte havia utilizado o valor da terra nua para o município de Inhaúma — MG de 1996, valor que teria sido aceito pela Secretaria da Receita Federal quando da expedição da notificação de lançamento do ITR respectivo (conforme declaração prestada pelo próprio autuado nestes autos — fl. 27), e não apresentara o laudo técnico de avaliação da área rural. A informação declarada pelo contribuinte era assaz antiga e justificava o procedimento da autoridade fiscal. No ponto, sem razão o recorrente. A decisão recorrida ratificou o arbitramento perpetrado pela autoridade autuante, já que o Laudo Técnico não tinha seguido a atual norma da ABNT reguladora da avaliação de imóveis rurais (NBR 14.6533) e pela discrepância entre o valor declarado pelo contribuinte e aqueles do SIPT. (...) Primeiramente, os valores da terra nua dos municípios mineiros, dos exercícios 2000 a 2004, foram informados pelo Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, a partir de levantamento dos extensionistas da Emater, como se pode ver pelo Oficio n° 1.036/2004/GAB.SEC, de 30 de novembro de 2004 (cópia deste oficio se encontra no recurso voluntário n° 342.587 — fl. 124 , em pauta nesta mesma sessão de julgamento). Tal oficio referese ao valor da terra nua por hectare e não ao valor de venda dos imóveis. Por outro lado, os formulários da FGV preenchidos pela EmaterMG, referentes aos exercícios 2001 e 2002, do município de Inhaúma, não indicam que os valores se referem ao preço de comercialização do imóvel com benfeitorias, como se pode ver em tais formulários de fls. 291 a 293. Dessa forma, aqui não se acata a defesa de que os valores do SIPT se referiam ao valor total do imóvel. Ainda se deve anotar que o contribuinte não apresentou laudo técnico de avaliação do imóvel rural na forma da Norma ABNT 14.6533, vigente desde 30106/2004, data esta anterior à produção dos laudos acostados ao presente processo. Somente o laudo produzido em conformidade com tal Norma seria meio hábil para contraditar o valor do SIPT. Ademais o valor da terra nua declarado estava defasado, já que o próprio contribuinte confessou que utilizara o mesmo valor de 1996 (para os exercícios 2001 e 2002). Mais uma razão para rejeitar a defesa do recorrente. Por fim, quanto ao pedido para reduzir o valor do exercício 2001 para 1.053,04, o menor dos valores do SIPT, entendo que o contribuinte tem razão. Explico. Fl. 239DF CARF MF 6 É de conhecimento de todos que, em arbitramento, havendo possibilidades diversas, utilizase a modalidade que mais favorece ao contribuinte . Inclusive , no âmbito da tributação da pessoa fisica, tal regra está positivada no art. 6°, § 6°, da Lei n° 8.021/90, verbis: (...) No caso aqui em debate , para o exercício 2001, tomando por base os valores do SIPT (fl. 15), podese arbitrar o valor da terra nua com base na aptidão agrícola da terra ou com base no valor médio das DITR , sempre lembrando que o SIPT detém uma média global do valor da terra nua do município . Não há uma avaliação específica do imóvel auditado. Considerando a dupla possibilidade de arbitramento , pela aptidão agrícola ou pelo valor médio da DITR, entendo que se deve utilizar esta última, que detém o valor mais benéfico para o recorrente (VIN de R$ 1.053,04 por hectare no exercício 2001).” (grifei) Destarte, verificase que em momento algum o paradigma defende, de forma genérica, que o arbitramento pelo SIPT pode ser efetuado com base apenas no valor médio das DITR. O que fica claro no voto condutor do aresto é que, naquele caso específico, em que estão presentes os dois critérios de arbitramento – pela média das DITR e pela aptidão agrícola – não há óbice ao atendimento do pleito do Contribuinte, no sentido de utilizarse o VTN de menor valor que, nesse caso específico, é o VTN apurado pela média das DITR. Assim, as situações fáticas são distintas, a saber: no acórdão recorrido, o arbitramento pelo SIPT foi feito com base apenas no valor médio das DITR, sem levar em conta a aptidão agrícola, e é esta a motivação que levou à sua desqualificação; no paradigma, o arbitramento pelo SIPT foi feito com base nas duas modalidades – média das DITR e aptidão agrícola – e em nenhum momento o Relator defende que ele seja levado a cabo apenas com base na média das DITR; o que ocorre é que existe um pedido do Contribuinte para que se adote, dentre os diversos valores constantes do SIPT, o menor deles, que no caso é o da média das DITR, daí que nos trechos citados pela Recorrente o Relator tão somente fundamenta o atendimento a esse pleito. Destarte, o paradigma indicado não se presta a demonstrar a alegada divergência jurisprudencial, já que, diferentemente do que ocorreu no recorrido, o arbitramento não se limitou ao VTN médio das DITR. Tampouco no caso do julgado guerreado houve pedido do Contribuinte, no sentido da adoção de valor específico, até porque, repitase, só havia um valor, qual seja, o da média das DITR. No presente caso, o dissídio interpretativo somente restaria demonstrado, com a colação de acórdão em que, efetuado o arbitramento com base no SIPT, levandose em conta apenas o valor médio das DITR, sem considerarse a aptidão agrícola, dito arbitramento fosse mantido. Com efeito, o paradigma indicado não retrata tal situação fática, portanto não resta demonstrada a alegada divergência jurisprudencial. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por não atender aos pressupostos de admissibilidade. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10783.720283/200869 Acórdão n.º 9202005.330 CSRFT2 Fl. 238 7 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 241DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.723818/2012-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
NORMA REGIMENTAL. PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO. DESISTÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DOS ATOS POSTERIORES. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
De acordo com o regimento do CARF, a extinção pelo pagamento integral e sem ressalvas do débito, dentro do prazo de apresentação da contestação voluntária, configura renúncia do contribuinte ao direito sobre qual o recurso se funda e importa em sua desistência a ele. Tal renúncia torna definitivo o lançamento no âmbito do Processo Administrativo Fiscal.
Numero da decisão: 9202-005.462
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, pela desistência total do sujeito passivo quanto ao recurso, em face do recolhimento do montante integral do crédito tributário em litígio.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 NORMA REGIMENTAL. PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO. DESISTÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DOS ATOS POSTERIORES. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. De acordo com o regimento do CARF, a extinção pelo pagamento integral e sem ressalvas do débito, dentro do prazo de apresentação da contestação voluntária, configura renúncia do contribuinte ao direito sobre qual o recurso se funda e importa em sua desistência a ele. Tal renúncia torna definitivo o lançamento no âmbito do Processo Administrativo Fiscal.
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Recorrente PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL Interessado ANTONIO DOMINGO ROSSATO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 NORMA REGIMENTAL. PAGAMENTO INTEGRAL DO DÉBITO. DESISTÊNCIA. INSUBSISTÊNCIA DOS ATOS POSTERIORES. DEFINITIVIDADE DO LANÇAMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. De acordo com o regimento do CARF, a extinção pelo pagamento integral e sem ressalvas do débito, dentro do prazo de apresentação da contestação voluntária, configura renúncia do contribuinte ao direito sobre qual o recurso se funda e importa em sua desistência a ele. Tal renúncia torna definitivo o lançamento no âmbito do Processo Administrativo Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, pela desistência total do sujeito passivo quanto ao recurso, em face do recolhimento do montante integral do crédito tributário em litígio. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 38 18 /2 01 2- 58 Fl. 416DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 17 a 22), relativa a imposto de renda da pessoa física, emitida em 10/09/2012, pela qual se procedeu apuração de omissão de rendimentos tributáveis, relativa à declaração de ajuste anual do anocalendário 2009, exercício de 2010. Essa alteração implicou lançamento de imposto suplementar de R$ 75,73 que acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora, montou a R$ 151,18, cientificado à contribuinte em 07/04/2009 (efl. 23). Tal notificação decorreu da omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, no valor de R$ 402.179,00 e rendimentos de aluguéis, igualmente recebido de pessoa jurídica, no valor de R$ 275,40 , todos sujeitos a tabela progressiva. A primeira omissão decorreu de, apesar de o contribuinte comprovar ser portador de moléstia grave, os rendimentos não serem abrangidos por tal isenção, pois não se tratam de rendimentos de aposentadoria, reforma ou pensão. Já a segunda, decorreu de informações obtidas em DIMOB. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, em 23/10/2012, às efls. 02 a 14. A impugnação foi apreciada na 4ª Turma da DRJ/POA que, por unanimidade, em 30/01/2013, no acórdão nº 1042.34421, às efls. 308 a 313, julgou a impugnação improcedente, mantendo integralmente o crédito tributário lançado. Recurso voluntário Ciente do resultado do acórdão em 25/02/2013 (efl. 318), o contribuinte, em 14/03/2013, apresentou recurso voluntário, às efls. 321 a 340, no qual alega, em resumo, que: · o presente processo abarca a impugnação do lançamento de nº 201/306579850862028, sobre restituição negada, no exercício de 2010, a crédito no valor de R$ 109.936,26; · solicita julgamento deste feito em conexão a outro processo, de nº 11060.000659/201058, tratando de denegação de restituições, para os exercícios de 2008 e 2009, dos lançamentos de nº 2008/762778952769322 e nº 2009/762778926034639, respectivamente; · há prova incontroversa que a causa das verbas por ele tidas como indenizatórias decorrem de acordo homologado em processo judicial trabalhista, abarcando o acordo indenização a qualquer título, que não foi acatado em sede de julgamento de impugnação e nem contraditado; · o acordo homologado não se refere a honorários de sucumbência, mas a indenização sob vínculo empregatício; Fl. 417DF CARF MF Processo nº 11060.723818/201258 Acórdão n.º 9202005.462 CSRFT2 Fl. 417 3 · a empresa de forma incorreta e desleal declarou e reteve imposto de renda na fonte por esses valores indenizatórios, e o Fisco assumiu os argumentos da empresa e não os resultados da ação trabalhista; · quer ver entre os efeitos da ação trabalhista a indenização pelo dano moral, decorrente de incidente dentro das dependências da empresa e na vigência da relação trabalhista, o acórdão de impugnação não afasta, mas, de maneira inconsistente, não acata, por ser o acordo extrajudicial; · a fonte pagadora não pode dispor sobre os honorários de sucumbência do advogado, o que não deixou de ser reconhecido na decisão recorrida, pois somente a ele pertencem, logo, não há como adiantar tais valores, isso somente poderia ser efetivado entre advogados; · as verbas consideradas como indenizatórias em sede trabalhista, mesmo decorrentes do acordo homologado, abrangeriam aquelas decorrentes do dano moral relatado, não cabendo restrição à indenização dessa natureza; · por fim, afirma que a coisa julgada trabalhista ao afirmar a isenção alcançaria qualquer esfera não podendo ser afastada do imposto de renda apesar de aceita para as contribuição previdenciária. A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento julgou o recurso voluntário em 11/05/2016, resultando no acórdão n° 2301004.692, às efls. 383 a 391, assim ementado: CANCELAMENTO DO LANÇAMENTO. ENQUADRAMENTO LEGAL INCORRETO. DESCRIÇÃO DOS FATOS INCORRETA. 1. A inobservância do disposto no art. 142, CTN, com lavratura da Notificação de Lançamento indicando incorretamente os dispositivos infringidos, bem como descrição dos fatos dissociada da motivação da autuação, configura vício material. 2. Se não constatada uma clara subsunção entre os fatos imputados ao sujeito passivo com a norma legal infringida, o auto de infração é nulo por vício material, por ferir requisito essencial na constituição do lançamento. Processo Anulado O acórdão teve a seguinte redação: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. RE da Fazenda Em 30/05/2016 (efl. 393), o a Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada do resultado do julgamento e, em 13/07/2016, interpôs recurso especial de divergência, às efls. 394 a 397. Fl. 418DF CARF MF 4 O Procurador aponta divergência de entendimentos entre o acórdão a quo que atribui vício material ao lançamento, quando há violações às disposições do arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/1972 PAF e art. 142 do CTN, sancionáveis com seu cancelamento, e paradigmas que afirmam serem estas situações apenas de vício formal, sujeitas à anulação e lavratura de novo lançamento Como paradigmas da divergência, indica os acórdãos: nº 30127.102 e nº 303 33.365. Admissibilidade do RE da Fazenda O Presidente da 3ª Câmara da Segunda Seção da CARF, em 30/08/2016, através do despacho de efls. 399 a 400, com base nos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, deu seguimento ao recurso especial do Procurador, para que fosse analisada a divergência a respeito da existência de vício formal ou material no lançamento que dá fulcro ao processo. Após tentativa de intimação do contribuinte, por via postal, para ciência do acórdão n° 2301004.692 e do recurso especial do Procurador, houve afixação de Edital com essa finalidade, sem resposta dentro dos prazos legais (efl. 414). A DRF de origem informou também (efl. 414), em 1º/12/2016, que havia registro de óbito do contribuinte (efl. 412) no cadastro da RFB. Além disso, o crédito tributário em litígio fora pago com redução da multa de ofício, dentro do prazo de apresentação do recurso, em 20/03/2012, após a data de protocolo do recurso voluntário, 14/03/2013. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo. Não obstante as razões de recurso especial aduzidas pela Fazenda, mister suscitar questão prejudicial ocorrida após a prolação do acórdão de impugnação e da interposição do recurso voluntário, senão vejamos Inicialmente, devese salientar a ocorrência de pagamento integral do valor em litígio informada pela DRF de origem à efl. 414. Tal pagamento, de nº 1798557153, realizado em 20/03/2013, conforme se pode observar à efl. 411, in fine, foi efetivado após a interposição do recurso voluntário, em 14/03/2013, mas antes do prazo final para tanto: 27/03/2013. O valor pago, decorre das alterações da declaração de ajuste anual havidas em razão das infrações apuradas, e o pagamento foi efetivado dentro do prazo de impugnação, após a sua apresentação, importando aceitação das alterações como um todo. Entendo que, dentro do prazo de contestação, se o contribuinte apresenta nova impugnação essa complementa a anterior e, no que a contradiz, à ela se sobrepõe. No caso em tela, o pagamento do valor total exigido evidencia que não se está mais diante de litígio, pois o contribuinte não apresenta interesse de agir, uma vez que reconhece integralmente o valor devido (composto por uma omissão simples e outra por divergência de Fl. 419DF CARF MF Processo nº 11060.723818/201258 Acórdão n.º 9202005.462 CSRFT2 Fl. 418 5 entendimento quanto à natureza dos valores recebidos) em razão da ação fiscal e, logicamente, abdica do direito no qual se baseava sua contestação. Portanto, há desistência, no teor do disposto no art. 78 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2009, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, vigente à época da interposição do recurso voluntário, abaixo transcrito: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1° A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2° O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, descabendo recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de interesse. (Grifei) Havia fato novo, desconhecido da turma que prolatou o acórdão a quo; fato esse que encerraria o litígio, por desistência, com base no RICARF/2009. Além disso, quando da interposição do recurso especial da Fazenda, em 13/07/2016, já vigia o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, que, em seu Anexo II, no mesmo artigo 78, assim regia a matéria: Art. 78. Em qualquer fase processual o recorrente poderá desistir do recurso em tramitação. § 1º A desistência será manifestada em petição ou a termo nos autos do processo. § 2º O pedido de parcelamento, a confissão irretratável de dívida, a extinção sem ressalva do débito, por qualquer de suas modalidades, ou a propositura pelo contribuinte, contra a Fazenda Nacional, de ação judicial com o mesmo objeto, importa a desistência do recurso. § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Fl. 420DF CARF MF 6 § 4º Havendo desistência parcial do sujeito passivo e, ao mesmo tempo, decisão favorável a ele, total ou parcial, com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para que, depois de apartados, se for o caso, retornem ao CARF para seguimento dos trâmites processuais. § 5º Se a desistência do sujeito passivo for total, ainda que haja decisão favorável a ele com recurso pendente de julgamento, os autos deverão ser encaminhados à unidade de origem para procedimentos de cobrança, tornandose insubsistentes todas as decisões que lhe forem favoráveis. (Grifei) Dessa forma, entendo que, em não se tratando de matéria de ordem pública, mas disponível ao então querelante ou seu espólio (não se conhece a data do óbito), a decisão ora recorrida se tornou insubsistente, pois apreciava litígio não mais existente e é essa inteligência que extraio do § 5º acima transcrito. Dessarte, conheço do recurso especial do Procurador e, por outras razões, doulhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, pela desistência total do sujeito passivo quanto ao recurso, em face do recolhimento do montante integral do crédito tributário em litígio. Fica, assim, mantido o resultado do acórdão nº 1042.34421, da DRJ/POA que dava por improcedente a impugnação e mantinha o crédito tributário lançado. CONCLUSÃO Com base no exposto, voto pelo conhecimento do recurso especial do Procurador e por darlhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, pela desistência total do sujeito passivo quanto ao recurso, em face do recolhimento do montante integral do crédito tributário em litígio. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Fl. 421DF CARF MF
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Numero do processo: 10510.000082/2003-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1990, 1991, 1992
Ementa:
DCOMP. CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO.
Deve ser homologada a compensação devidamente declarada quando restar comprovada a existência de crédito no processo de restituição em que se baseia.
Numero da decisão: 2202-003.897
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dilson Jatahy Fonseca Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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CRÉDITO COMPROVADO. HOMOLOGAÇÃO. Deve ser homologada a compensação devidamente declarada quando restar comprovada a existência de crédito no processo de restituição em que se baseia. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 00 82 /2 00 3- 47 Fl. 216DF CARF MF 2 Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase, em breves linhas, de Declaração de Compensação efetuada pela Contribuinte, identificando como origem do crédito o processo nº 10510.003375/9975. Em primeira análise, a DRF não homologou a compensação, o que levou a Contribuinte a apresentar Manifestação de Inconformidade, que também foi julgada improcedente. Ainda inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário. Chegando ao e.CARF, o julgamento já foi convertido em diligência que já foi realizada. Em 28/07/2006 a DRF proferiu o Despacho Decisório nº 744 (fls. 45/47), negando a homologação da compensação. Intimado em 15/08/2006 (fl. 57), a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 12/09/2006 (fls. 59/72 e docs. anexos fls. 73/92). Protocolou na mesma data Impugnação (fls. 93/104 e docs. anexos fls. 105/124). Analisando a defesa do Contribuinte, a DRJ proferiu o acórdão nº 1513.187, de 19/07/2007 (fls. 133/136), que indeferiu a compensação e restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. É cabível a não homologação de compensação declarada quando ela estiver vinculada a direito creditório não reconhecido. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A manifestação de inconformidade contra a não homologação de declaração compensação suspende a exigibilidade do crédito tributário. Solicitação Indeferida Intimada dessa decisão em 02/08/2007 (fl. 138), a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 30/08/2007 (fls. 140/147 e docs. anexos fls. 148/156), argumentando, em síntese: · Que tem direito a ampla defesa e ao contraditório no processo administrativo, nos termos do art. 5º, XXXIV, 'a', e LV, da CF/1988, e do art. 33 do Decreto nº 70.235/1972; · Que a compensação respeitou as normas do art. 74 da Lei nº 9.430/1996, do art. 170 do CTN e da IN SRF nº 21/1997, então vigente; · Que protocolou Recurso Voluntário no processo nº 10510.003375/99 75; Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10510.000082/200347 Acórdão n.º 2202003.897 S2C2T2 Fl. 217 3 · Que os débitos ora compensados efetivamente não poderiam integrar o PAES, uma vez que estão em discussão administrativa; e · Que deve ser reconhecido o direito à compensação ou, ao menos, à suspensão da exigibilidade do débito enquanto se processa o pedido de restituição do processo nº 10510.003375/9975. Em 22/11/2009 foi formalizado Despacho CARF nº 2201162.044, pela conversão do processo em diligência para apensação ao processo nº 10510.003375/9975, ou para juntada a estes autos da decisão final eventualmente já proferida nele (fls. 158/159). Em 30/09/2011 foi proferido novo Despacho, s/n, propondo o apensamento dos processos para julgamento conjunto (fls. 160/161), devidamente aceita (fl. 162/163). Em 14/12/2012 foi formalizado despacho determinando a conexão do presente processo com aquele de nº 10510.003375/9975, que estava com outra relatoria (fl. 157). Em 14/04/2014 foi proferida a Resolução CARF nº 2102000.185 (fls. 164/166), nos seguintes termos: "A compensação pleiteada, acaso deferida, implicará na extinção dos créditos tributários objeto do presente processo, nos termos do art. 156, II do CTN. Por outro lado, para que seja deferida tal compensação é necessário, antes de mais nada, que seja reconhecido o direito ao crédito do ILL pleiteado pela Recorrente. Este direito creditório, porém, é objeto de discussão nos autos do processo nº 10510.003375/9975, também apreciado por esta turma julgadora nesta mesma sessão de julgamentos. Em razão da flagrante conexão entre ambos, entendo que a solução do presente Recurso Voluntário depende diretamente do que for decidido naqueles autos. Tendo em vista que naquele caso foi determinado o retorno dos autos à origem para apreciação do mérito do direito creditório pleiteado, o mesmo deve ser determinado aqui. Diante do exposto, VOTO no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência para que os autos retornem à DRF em Aracaju e sejam apreciados em conjunto com o processo nº 10510.003375/9975." fl. 166 Em 29/05/2015, uma sextafeira, o processo nº 10510.003375/9975 foi apreciado pela DRF, sendo formalizado do Despacho Decisório nº 521, que deu provimento parcial ao pedido de restituição (fls. 194/203 e docs. anexos fls. 204/207). Em 01/06/2015, primeiro dia útil subsequente, foi formalizado o Despacho Decisório nº 528 (fl. 208/210), neste processo nº 10510.000082/200347, que restou assim ementado: "ASSUNTO: Compensação Anocalendário: 2000, 2001 O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela mencionada Secretaria. Fl. 218DF CARF MF 4 Reconhecido direito creditório em valor suficiente à extinção dos débitos compensados, homologase a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal do Brasil Declaração de Compensação Homologada Direito Creditório Reconhecido." fl. 208 A Contribuinte foi intimada dessa decisão em 08/06/2015 (fls. 212/213), retornando os autos então para continuidade do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. O litígio se resume, conforme o relatório, à análise do mérito da compensação, i.e., da existência ou não do crédito. Por sua vez, tal análise está atrelada à decisão do processo nº 10510.003375/9975, um Pedido de Restituição que lastreou a presente Declaração de Compensação. Conforme também o relatório, já se reconheceu a conexão deste processo de Compensação com aquele processo de Restituição. Inclusive, conforme a Resolução CARF nº 2102000.185 (fls. 164/166), ambos foram levados a julgamento neste CARF em conjunto. Uma vez que no processo principal foi proferido o acórdão CARF nº 2102002.908 que anulou a decisão recorrida e o despacho decisório original, bem como determinou o retorno dos autos à DRF para análise do crédito , os presentes autos foram convertidos em diligência para aguardar a análise daquele outro processo. Enfim, ainda como exposto no relatório, a DRF proferiu despacho decisório dando provimento parcial ao Pedido de Restituição. Ato contínuo, analisou também os presentes autos e, uma vez que o crédito reconhecido no Pedido de Restituição era suficiente, entendeu por homologar a Declaração de Compensação: "6. O art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, estabelece que o sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou ressarcimento, poderá utilizá lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela mencionada Secretaria. 7. No caso em exame, a empresa declarou a compensação de débitos da Cofins de julho de 2000 a janeiro de 2001 com crédito requerido no processo 10510.003375/9975. O pleito foi parcialmente deferido por meio do Despacho Decisório DRF/AJU nº 521/2015, vide fls. 194/203. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10510.000082/200347 Acórdão n.º 2202003.897 S2C2T2 Fl. 218 5 8. Deferido parcialmente o pleito, constatase que o crédito foi suficiente para a extinção dos débitos compensados, vide fls. 204/207 (...). Nos termos do relatório e fundamentação acima, no uso da competência de que trata o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, art. 302, inciso II, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 203, de 14 de maio de 2012, DECIDO HOMOLOGAR as compensações referentes aos débitos abaixo relacionados: Código do Tributo Período de Apuração Valor Original do Débito Valor Extinto pela Compensação 2172 jul/00 40.322,41 40.322,41 2172 ago/00 32.536,69 32.536,69 2172 set/00 35.038,38 35.038,38 2172 out/00 40.714,04 40.714,04 2172 nov/00 45.264,21 45.264,21 2172 dez/00 33.052,59 33.052,59 2172 jan/01 17.625,28 17.625,28 " fls. 209/210. Pois bem. A verdade é que estes autos retornaram para a DRF porque estavam apensados ao processo principal. Lá, em análise conjunta, a DRF já reconheceu a existência de crédito suficiente para a homologação da compensação. Retornam os autos para continuidade do julgamento em sede do CARF apenas porquanto foram baixados em diligência. Não há razão para não homologar o Despacho Decisório nº 528/2015 da DRF, que reconheceu a existência de crédito suficiente para efetuar a compensação. Registrase que o processo decorrente veio desacompanhado do processo principal. Conforme consulta perante o sistema Comprot1, 1 Disponível em: https://comprot.fazenda.gov.br/comprotegov/site/index.html#ajax/processoconsultadados.html, acessado em 20/04/2017. Fl. 220DF CARF MF 6 Aparentemente, sequer foi cientificado o Contribuinte acerca da decisão proferida no processo principal. Não há impasse, entretanto, no caso concreto. A verdade é que a reunião de processos conexos tem o propósito de evitar decisões contraditórias ou conflitantes. In casu, inexiste tal perigo, uma vez que a decisão proferida no processo principal foi no sentido de reconhecer o crédito do Contribuinte, não cabendo nele Recurso de Ofício que vise reformar tal decisão. Portanto, ainda que o Contribuinte queira reformar a decisão no processo principal, eventual decisão posterior não afetará o presente processo, posto que, ou manterá o mesmo crédito, ou reconhecerá mais crédito. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10510.000082/200347 Acórdão n.º 2202003.897 S2C2T2 Fl. 219 7 Fl. 222DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.910865/2009-94
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 15/07/2002
COMPENSAÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO.
Compete ao interessado, em manifestação de inconformidade contra despacho decisório que indefira compensação declarada por compatibilidade entre a DCTF e o valor recolhido, primeiro, mostrar que a DCTF original estava mesmo errada, retificando-a; segundo, apontar a motivação jurídica dessa retificação; terceiro, juntar documentos que embasem tal alegação. Satisfeitos tais requisitos, não se pode continuar a negar o direito pela simples inexistência de indébito apurada entre a DCTF original e o recolhimento.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-004.868
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento com retorno dos autos à turma a quo para análise do mérito, vencido o conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas (Relator), que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 15/07/2002 COMPENSAÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. Compete ao interessado, em manifestação de inconformidade contra despacho decisório que indefira compensação declarada por compatibilidade entre a DCTF e o valor recolhido, primeiro, mostrar que a DCTF original estava mesmo errada, retificando-a; segundo, apontar a motivação jurídica dessa retificação; terceiro, juntar documentos que embasem tal alegação. Satisfeitos tais requisitos, não se pode continuar a negar o direito pela simples inexistência de indébito apurada entre a DCTF original e o recolhimento. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
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APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. Recorrente CALÇADOS Q SONHO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/07/2002 COMPENSAÇÃO. PROVA DO DIREITO ALEGADO. Compete ao interessado, em manifestação de inconformidade contra despacho decisório que indefira compensação declarada por compatibilidade entre a DCTF e o valor recolhido, primeiro, mostrar que a DCTF original estava mesmo errada, retificandoa; segundo, apontar a motivação jurídica dessa retificação; terceiro, juntar documentos que embasem tal alegação. Satisfeitos tais requisitos, não se pode continuar a negar o direito pela simples inexistência de indébito apurada entre a DCTF original e o recolhimento. Recurso Especial do Contribuinte Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento com retorno dos autos à turma a quo para análise do mérito, vencido o conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas (Relator), que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 91 08 65 /2 00 9- 94 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 11065.910865/200994 Acórdão n.º 9303004.868 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo sujeito passivo, ao amparo do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, em face do Acórdão n° 3803002.163, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 15/07/2002 PRECLUSÃO É ilícito inovar na postulação recursal para incluir questões diversas daquelas que foram originariamente deduzidas quando da reclamação junto à instância a quo. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de matéria não suscitada na instância a quo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/07/2002 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. A matéria de fundo trazida nos autos referese ao não reconhecimento de compensação de créditos de Cofins tendo em vista a utilização integral do crédito indicado na Declaração de Compensação (Dcomp) em amortização de outros débitos, devidamente declarado pelo contribuinte em DCTF. Em sua manifestação de inconformidade, o sujeito passivo alegou (a) erro nos valores informados nas declarações fiscais, tendo procedido, em 2005, a revisão dos créditos tributários dos anos anteriores; (b) que apresentou DCTF retificadora corrigindo o erro, na qual consta o valor correto da contribuição apurada no período em questão; (c) que o não reconhecimento do direito creditório foi acarretado pelo sistema eletrônico da Receita Federal do Brasil, no qual qualquer defeito de informação gera automaticamente um despacho decisório de denegação de crédito. Em seu recurso voluntário, o sujeito passivo alegou que seus créditos eram provenientes de revisão de seus débitos tributários, especialmente pela exclusão das receitas financeiras anteriormente tributadas, retificando posteriormente a DCTF. Apresentou novos documentos para comprovar o alegado. Alegou a possibilidade de retificação da DCTF, invocando o princípio da verdade material, pugnando por seu direito ao crédito pretendido. O e. Colegiado a quo negou provimento ao recurso voluntário, inadmitindo a apreciação das provas trazidas após a manifestação de inconformidade, por não atender aos requisitos do § 4º, do art. 16, do Decreto nº 70.235/72. A referida decisão sofreu embargos de declaração no qual o contribuinte questiona a necessidade de o Colegiado considerar as provas trazidas com o recurso voluntário. Contudo, os embargos não foram acolhidos, de sorte que a decisão embargada não sofreu qualquer alteração. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 11065.910865/200994 Acórdão n.º 9303004.868 CSRFT3 Fl. 4 3 O sujeito passivo interpôs Recurso Especial de divergência alegando dissídio jurisprudencial acerca da possibilidade de a Turma de Julgamento do CARF apreciar prova material trazida em sede de recurso voluntário (preclusão). O Recurso Especial do sujeito passivo foi integralmente admitido, conforme despacho de admissibilidade do Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.838, de 22/03/2017, proferido no julgamento do processo 11065.108212/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi, no mérito, contrária ao meu entendimento pessoal, pois fui vencido na votação quanto à preclusão do direito de apresentar provas. Todavia, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Portanto, transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303004.838): Da Admissibilidade "O recurso interposto pelo sujeito passivo é tempestivo, e foi admitido pelo Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF. A divergência suscitada pela recorrente diz respeito à possibilidade de a Turma de Julgamento do CARF apreciar prova material trazida em sede de recurso voluntário (preclusão), apresentando acórdãos paradigmas para comprovar o alegado dissídio jurisprudencial. Os acórdãos recorrido e paradigmas tratam da possibilidade de juntada de prova material com o recurso voluntário. A decisão recorrida não admitiu as provas trazidas pela recorrente, por não atender aos requisitos do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. No entanto, as decisões paradigmas admitem as provas mesmo não atendendo aos requisitos do citado dispositivo legal. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 11065.910865/200994 Acórdão n.º 9303004.868 CSRFT3 Fl. 5 4 Ainda que o acórdão recorrido tenha se referido a questões de inovação nos argumentos de defesa, constatase que a turma julgadora expressamente apreciou a possibilidade da recorrente em produzir prova documental posteriormente à Manifestação de Inconformidade. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso." Do Mérito "Honroume o Presidente com a atribuição de apresentar as razões do colegiado para não concordar com o seu bem fundamentado voto. E, em verdade, para mim e os demais conselheiros fazendários, elas se resumem a uma só. É que partilhamos integralmente o entendimento do dr. Rodrigo quanto à impossibilidade de se banalizar o princípio da verdade material a ponto de permitir que o sujeito passivo simplesmente escolha o momento que mais lhe aprouver par a apresentação das provas de seu direito. Quanto a isso, ao menos entre os fazendários, não há divergência. Ocorre que a nós nos pareceu ser este mais um daqueles casos em que não ocorreu uma mera procrastinação desmotivada de apresentação de documentos. Com efeito, e assim está relatado pelo dr. Rodrigo, o recorrente tentou, desde sua manifestação de inconformidade, fazer a prova do indébito alegado em Dcomp. E isso porque o indébito não nasce da mera divergência entre o que foi declarado e o que foi recolhido, mas entre este último e o valor devido segundo a legislação. Cabe, pois, ao postulante a restituição, já na manifestação de inconformidade, primeiro, mostrar que a DCTF original estava mesmo errada, retificandoa; segundo, apontar a motivação jurídica dessa retificação; terceiro, juntar documentos que embasem tal alegação. Feito isso, acredito, não pode a Administração meramente indeferir a restituição porque a retificação tenha sido feita a destempo. Nessa linha, temos também reiterado que a prova inicial a ser produzida quando da manifestação de inconformidade não pode se resumir a meras alegações, ou, ainda pior, tãosomente à retificação da DCTF, mesmo tendo sido esta a única razão constante do despacho decisório, e nem mesmo à simples apresentação de planilhas de elaboração do próprio interessado desacompanhadas de assentamentos contábeis que as confirmem. No presente caso, entretanto, e assim nos diz o próprio relator, "... Acompanhando sua Manifestação de Inconformidade, a recorrente apresentou assentamentos contábeis referentes à compensação," os quais, no entanto, não foram considerados suficientes pela autoridade julgadora de primeiro grau. Denegado, ainda assim, o direito, complementouas, por ocasião do recurso voluntário, a partir do que fora dito na decisão de piso. Nesses termos, os documentos posteriormente juntados não são meramente aqueles que, sabidamente, o postulante já deveria ter apresentado em sua manifestação de inconformidade e que, por desídia ou máfé, deixou de juntar no momento próprio. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11065.910865/200994 Acórdão n.º 9303004.868 CSRFT3 Fl. 6 5 Com tais considerações, entendeu o colegiado não se tratar da mera apresentação extemporânea e desmotivada de documentos que já deveriam ter sido apresentados no prazo da primeira defesa administrativa e deu provimento ao recurso do sujeito passivo para que os autos retornem à instância a quo a fim de serem examinados os documentos que supostamente comprovam o direito alegado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial do contribuinte e, no mérito, doulhe provimento, para que os autos retornem à instância a quo a fim de serem examinados os documentos que supostamente comprovam o direito alegado. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11543.004960/2003-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL.
"O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário". (Súmula CARF nº 38)
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
"A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26)
IMPOSSIBILIDADE DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR 105/01.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543-B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/00.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2)
QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
"Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas." (Súmula CARF nº 34)
Numero da decisão: 2202-003.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL. "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário". (Súmula CARF nº 38) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26) IMPOSSIBILIDADE DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR 105/01. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543-B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/00. OFENSA AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2) QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. "Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas." (Súmula CARF nº 34)
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto.
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IRPF. AJUSTE ANUAL. "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário". (Súmula CARF nº 38) OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. "A Lei n° 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de receita com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (Súmula CARF nº 26) IMPOSSIBILIDADE DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR 105/01. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/00. OFENSA AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2) QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. "Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 49 60 /2 00 3- 89 Fl. 1085DF CARF MF 2 qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas." (Súmula CARF nº 34) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar, Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente a Conselheira Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto, resumidamente, o relatório elaborado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/ RJ (fls. 815/818): Trata o presente processo de crédito tributário constituído por meio do Auto de infração de fls. 717a 729, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 1999, ano calendário 1998, no valor total de R$ 1.905.725,87 (um milhão, novecentos e cinco mil, setecentos e vinte e cinco reais e oitenta e sete centavos) (...) A ação fiscal está descrita no Relatório Fiscal de fls. 712 a 716 e seu início se deu em decorrência de ação fiscal anteriormente realizada junto à contribuinte Amália Armini, CPF 003.305.117 85, mãe do interessado, que a Fiscalização verificou tratarse de interposta pessoa no que se refere à conta corrente nº 01.0179473, agência nº 0155, do Banco Mercantil do Brasil. Intimada a prestar informações em 04/04/2001, por meio do Termo de Início de Fiscalização de fls. 4 a 6, a Sra. Amália Armini, após sucessivas solicitações de prorrogação de prazo, informou que obteve nos autos do Mandado de Segurança nº 2001.50.01.0050711, 7ª Vara Federal/ ES, deferimento do pedido de liminar (fls. 26 a 33) para determinar que o Delegado da Receita Federal em Vitória não procedesse à quebra do seu sigilo bancário, assim suspendendo as exigências contidas no Termo de Início de Fiscalização. Por não determinar a liminar a suspensão de todos os efeitos do Termo de Início de Ação Fiscal, foi lavrado, em 05/07/2001, o Fl. 1086DF CARF MF Processo nº 11543.004960/200389 Acórdão n.º 2202003.820 S2C2T2 Fl. 1.086 3 Termo de Intimação de fls. 34 a 36. Mais ma vez a contribuinte solicitou sucessivas prorrogações de prazo. Em 20/08/2001, foi proferida decisão que denegou a segurança pleiteada, revogando a liminar anteriormente concedida (fls. 51 a 66). Em 10/04/2002, o Banco Mercantil do Brasil S/A encaminhou, em atendimento ao RMF nº 07.2.01.002003000311, cópias frente e verso de todos os documentos de crédito e débito de valor superior a R$ 1500,00, e informou que a data da abertura daquela conta ocorreu em 14/05/1997 e sua última movimentação ocorreu em 25/02/2000 (fls. 286 a 426). Informa o autuante que, de posse das informações prestadas pelo Banco Mercantil do Brasil S/A, constatou que toda a movimentação financeira, tanto de débito quanto de crédito, foi realizada por Robson Hermínio Mendes, e que foram intimados diversos beneficiários de cheques, os quais informaram que os recebimentos ocorreram em decorrência de negócios mantidos com o próprio Robson Hermínio, que realiza operações de empréstimos financeiros na empresa de sua propriedade denominada "Vidronorte Ltda". Os fatos apurados propiciaram a Fiscalização identificar, em tese, Robson Hermírio Mendes como o titular de fato dos recursos movimentados na conta corrente nº 01.0179473, agência nº 0155, do Banco Mercantil do Brasil, no ano calendário 1998, aberta em nome de sua mãe. Assim, foi lavrada a Representação Fiscal para Fins de Substituição de titularidade de fls. 113 a 115, e iniciada ação fiscal junto ao Interessado. Em 13/10/2003 (fls. 670), o Interessado recebeu o Termo de Intimação Fiscal de fls. 668 a 669. Em 21/10/2003, por seus procuradores, apresentou a resposta de fls. 671 a 672, na qual alegou que todas as informações solicitadas na intimação já forma devidamente prestadas na forma da Declaração de IRPF. Em 18/11/2003 (fls. 683) recebeu o Termo de Intimação Fiscal de fls. 675 a 682, por meio do qual foi intimado a justificar por escrito, bem como a comprovar com documentação hábil e idônea, a origem dos créditos verificados na conta corrente em nome de sua mãe, Amália Armini, por ele movimentada. Em 25/11/2004, o Interessado protocolizou requerimento para que fosse informado o número do processo judicial que autorizou a quebra do sigilo bancário da Sra. Amália Armini, e para que lhe fosse fornecida cópia de tal decisão. Em 11/12/2003 (fl. 730), o interessado recebeu o Termo de Resposta à Solicitação de Informação de fls. 685, por meio do qual foi informado de que a documentação bancária foi obtida através de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira, com base no disposto no Decreto nº 3.724/2001 e Portaria SRF nº 180/2001. Fl. 1087DF CARF MF 4 Como todas as constatações evidenciadas no decurso do procedimento fiscal levaram a fiscalização a concluir que os recursos que transitaram na contacorrente nº 01.0179473, agência nº 0155, do Banco Mercantil do Brasil, durante o ano calendário 1998, pertenciam de fato ao interessado, que nada apresentou para comprovar a origem da tributação dos recursos depositados, foi lavrado Auto de Infração, conforme determina o art. 42, da Lei 9.430/96. Sobre o imposto apurado, foi aplicada multa de ofício de 150% prevista no artigo 44, II, da Lei 9.430/96, para os casos de evidente intuito de fraude. O enquadramento legal se encontra na fl. 726. No que se refere à atualização monetária e penalidades aplicáveis, o enquadramento legal correspondente consta do Demonstrativo de Multa e Juros de Mora de fls. 728. (...) Cientificado em 29/12/2003 (fls. 734), o Interessado apresentou, em 16/01/2004, por intermédio de representante legalmente constituído, a Impugnação de fls. 737 a 763. Suscita, com base no art. 150, §4º, do CTN, a decadência quanto ao período anterior a dezembro de 1998, o que tornaria o Auto de Infração absolutamente nulo, vez que como o mesmo representa o início do processo administrativo fiscal, todos os atos administrativos viciados adotados na sua constituição maculam o lançamento. Sustenta que o valor apurado no Auto de Infração é exorbitante, uma vez que supera em muito todo o patrimônio amealhado pelo contribuinte, em manifesta afronta ao princípio constitucional da capacidade contributiva. (...) Junta jurisprudência para defender que a quebra do sigilo bancário não pode ser efetuada em autorização judicial. Entende que o Auto de Infração teria sido lavrado com base em provas ilicitamente obtidas, uma vez que a Autoridade Coatora está desprovida de autorização judicial, o que acarreta a nulidade de todo o procedimento, que restou totalmente contaminado. Alega que o Auto de Infração também não pode ser levado em consideração, pois a autuação foi efetuada com base exclusivamente em depósitos bancários, que não podem ser considerados renda, conforme ementas do 1º Conselho de Contribuintes que reproduz. Discorre sobre o imposto de renda, concluindo que deve incidir sobre acréscimo patrimonial efetivo, sob pena de não se configurar a hipótese constitucional prevista no art. 153, III. Defende que, tomado um determinado patrimônio pertencente a uma pessoa, a configuração de renda se verifica se ocorrer um acréscimo patrimonial originalmente considerado, observado um Fl. 1088DF CARF MF Processo nº 11543.004960/200389 Acórdão n.º 2202003.820 S2C2T2 Fl. 1.087 5 intervalo de tempo suficiente para que se proceda ao efetivo cotejo entre determinado ingressos e desembolsos. Assim, a incidência sobre mera receita, sem o cotejo entre custos e despesas necessárias, não pode ocorrer. Diz que o próprio Decreto 3.000/99 determina que o contribuinte que fizer sua declaração por meio de formulário completo tem direito a descontos, e aquele que apresentar o formulário simplificado tem direito ao desconto padrão, aplicado em forma de percentual. Questiona porque não foi concedido nenhum desconto/abatimento sobre a receita apurada pelo fisco. Sustenta que o cotejo entre renda bruta, deduções e abatimentos, não foi realizado pelo auditor fiscal e consequentemente o valor da base de cálculo utilizada para constituir o crédito tributário não retrata a realidade. Assim, a autuação não pode subsistir, uma vez que o contribuinte não ocultou o fato gerador do imposto de renda. Argumenta que o art. 11, §2º, da Lei 9.311/96, que deu suporte à utilização pela SRF de informações da CPMF, para instauração de procedimento fiscalizatório, vedava, terminantemente, em sua redação original, que as informações bancárias fossem utilizadas para constituição de outros créditos tributários. Entende que a regra do §1º, do art. 144 do CTN, que determina que seja aplicada ao lançamento a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, não pode ser invocada, pois o julgador não pode aplicar a norma formal, de índole procedimental, quando se depara com norma de direito material, veiculada pelo caput do mesmo artigo. Alega que a autoridade da SRF, ao lavrar auto de infração com base nas informações da CPMF de 1998, agiu com abuso de poder, porque sem competência para fazêlo, violando, inclusive, o art.5º, LIII, da CF/88. Diz que o art. 1º da Lei 10.174/2001, que alterou o art. 11, §3º, da Lei 9.311/96, entrou em vigor em 09/01/2001, passando a autorizar à SRF apenas a partir daquela data a utilização das informações sigilosas da CPMF para a constituição de créditos de outras contribuições e impostos. Afirma que dessa forma o acesso da autoridade fiscal aos dados relativos à movimentação financeira dos contribuintes, para fins de apuração do imposto de renda desde a vigência da lei nº 9.311, de 26 de outubro de 1996, até o advento das normas modificadoras, é violador do sigilo bancário. Quanto ao ônus da prova, alega que pertence ao Fisco que, por puro desconhecimento da teoria geral da prova ou por autoritarismo, o inverteu, pois como autor do lançamento administrativo caberia a ele provar o que alega. Fl. 1089DF CARF MF 6 Acrescenta que no direito tributário, onde a obrigação nasce da lei, cabe à autoridade administrativa aterse única e exclusivamente ao disposto na lei: com ou sem o auxílio do contribuinte, deve proceder à verificação da ocorrência do fato gerador e declarar a sua ocorrência através do lançamento. Defende que enquanto o fisco não comprovar que os indícios por ele apresentados impliquem necessariamente a ocorrência do fato gerador estaremos diante de mera presunção, não de prova. Conclui que o fisco, sem buscar a verdade dos fatos, simplesmente expediu um Auto de Infração para cobrar valores supostamente devidos. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ negou provimento a impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 1998 Ementa: DECADÊNCIA. Configurado o dolo, o direito de o Fisco constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. É incabível falarse em irretroatividade da lei que amplia os meios de fiscalização, pois esse princípio atinge somente os aspectos materiais do lançamento. ACESSO À INFORMAÇÃO DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SIGILO BANCÁRIO. A autoridade fiscal pode solicitar informações e documentos relativos a operações bancárias quando em procedimento de fiscalização. OMISSÃO DE RENDIMENTOS.LANÇAMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Em face da mencionada decisão, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 1003 a 1035, no qual reitera as alegações suscitadas quando da Impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 11543.004960/200389 Acórdão n.º 2202003.820 S2C2T2 Fl. 1.088 7 O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço 1) PRELIMINAR DECADÊNCIA De acordo com o Recorrente, o imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao lançamento por homologação previsto no art. 150. do CTN. Assim, no caso específico da omissão de receitas, apuradas com fundamento no artigo 42, combinado com o disposto no art. 150. §4º do CTN, a contagem inicial do prazo decadencial de cinco anos para o lançamento do crédito deverá ser contado a partir do mês que se considerar recebidos os rendimentos omitidos. Incorretas também as alegações do Recorrente quanto à decadência doa valores relativos ao anocalendário de 1998, ma vez que a ciência do Auto de Infração ocorreu em 24/12/2003 (fls. 760). É entendimento pacífico no âmbito do CARF que "O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano calendário"(Súmula CARF nº 38) . Sendo assim, não há que se falar em decadência dos lançamentos relativos ao anocalendário de 1998. 2) MÉRITO 2.1) AUSÊNCIA DE ACRÉSCIMO PATRIMONIAL ART. 43 DO CTN Alega do Recorrente que a fiscalização não se comprovou a ocorrência do fato gerador do imposto de renda o que só seria possível mediante a demonstração de sinais exteriores de riqueza ou do efetivo acréscimo patrimonial. É correta a afirmação do Recorrente no sentido de que o simples depósito em conta corrente não significa renda. No entanto, é pacífico que uso de presunções em matéria tributária é admitido, desde que tais presunções sejam relativas, como é o caso da presunção estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, o qual dispõe: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: Fl. 1091DF CARF MF 8 I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12.000,00 (doze mil Reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000,00 (oitenta mil Reais). §4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. Como destaca Ricardo Mariz de Oliveira1 as razões que justificam a aceitação do uso de presunções relativas no direito tributário são as seguintes: a ocorrência do fato gerador é constatada a partir de fatos conhecidos e comprovadamente existentes; há correlação lógica entre o fato conhecido (índices de produção, consumo de materiais, sinais exteriores de riqueza, acréscimos patrimoniais, saldo credor de caixa) e o fato desconhecido cuja existência se quer provar (fato gerador); o método de interpretação e aplicação da lei a partir da presunção é previsto e autorizado por lei, e não decorre apenas de suposição do agente lançador; a presunção não é absoluta, admitindo prova em contrário pelo contribuinte, característica implícita em toas as citadas hipóteses legais, quando não expressa; tratase de mero meio de prova, com inversão do ônus da prova da inocorrência do gerador, pela comprovação de outros fatos, também desconhecidos, mas hábeis a excluir a incidência tributária. (grifamos) A exigência fiscal em exame decorre de expressa previsão legal, pela qual existe uma presunção em favor do Fisco, que fica dispensado de provar o fato que originou a omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte elidir a imputação, comprovando a origem dos recursos. Conforme previsão do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é necessário comprovar, individualizadamente, a origem dos recursos, identificandoos como decorrentes de renda já oferecida à tributação ou como rendimentos isentos/não tributáveis. Tratase,portanto, de ônus exclusivo do contribuinte, a quem cabe comprovar, de maneira inequívoca, a origem dos valores que transitaram por sua conta bancária, não sendo bastante alegações e indícios de prova. Ademais, a legitimidade da inversão do ônus da prova, no caso em questão, é matéria que já se encontra sumulada pela jurisprudência do CARF, conforme se constata pela Súmula nº 26 abaixo transcrita: 1 OLIVEIRA, Ricardo Mariz de Presunções no Direito Tributário. In Martins Ives Gandra da Silva (coord.). Presunções no Direito Tributário. São Paulo: Centro de Estudos de Extensão Universitária e Editora Resenha Tributária, 1984. (Caderno de Pesquisas Tributárias, 9) p. 299300 Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 11543.004960/200389 Acórdão n.º 2202003.820 S2C2T2 Fl. 1.089 9 Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada 2.2) IMPOSSIBILIDADE DE QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO SEM ORDEM JUDICIAL. LEI COMPLEMENTAR 105/01 OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE Alega o Recorrente que a quebra de seu sigilo bancário só poderia ser feita mediante prévia autorização judicial, sendo, portanto, inconstitucional a autorização contida na Lei Complementar nº 105/2001. Alega também a impossibilidade de se aplicar a autorização nela contida aos fatos geradores pretéritos como ocorreria no caso dos autos em que o lançamento referese ao anocalendário de 1998. Nesse sentido, é importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/00. A mencionada decisão recebeu a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Fl. 1093DF CARF MF 10 Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (grifos no original) Em face do exposto, improcedentes as alegações suscitadas. 2.3) OFENSA AO PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. Alega ainda o Recorrente que o lançamento, tal como efetuado, ofenderia o princípio da capacidade contributiva previsto no art. 145, §1º da CF/88. Nesse ponto, é importante destacar que ao Conselho Administrativo de Recurso Fiscais CARF não é dada a possibilidade de se manifestar sobre matéria de índole constitucional. Tal impossibilidade encontrase, inclusive, sumulada, conforme se verifica pela Súmula CARF nº 2 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.4) DA MULTA QUALIFICADA Requer a Recorrente a redução da multa qualificada no percentual de 150%, pois não haveria nos autos a comprovação de que ele agiu com dolo. Conforme visto, pela leitura do trabalho fiscal, restou suficientemente demonstrada que o titular de fato das contas bancárias era o Recorrente. Conforme disposto na Súmula CARF nº 32 "A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros." Fl. 1094DF CARF MF Processo nº 11543.004960/200389 Acórdão n.º 2202003.820 S2C2T2 Fl. 1.090 11 Sendo assim, correta a qualificação da multa de ofício, uma vez que foi demonstrado no trabalho fiscal que a movimentação dos recurso era realizada por terceiros. É o que determina a Súmula CARF nº 34 (Vinculante) abaixo transcrita: Súmula CARF nº 34 (VINCULANTE): Nos lançamentos em que se apura omissão de receita ou rendimentos, decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, é cabível a qualificação da multa de ofício, quando constatada a movimentação de recursos em contas bancárias de interpostas pessoas. 3) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito a preliminar de decadência e, no mérito, nego provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 1095DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.901098/2013-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2008
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2.
É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico.
ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso.
Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72.
Numero da decisão: 1302-002.252
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO.INTELIGÊNCIA SÚMULA CARF N.2. É vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. APLICAÇÃO DO ART. 17, DO DEC. N.° 70.235/72. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Em processo administrativo tributário, o poder instrutório da defesa compete, em princípio, ao sujeito passivo, o que lhe exige carrear aos autos provas capazes de amparar convenientemente seu direito, o que não ocorreu no presente caso. Inexistindo a insurgência específica com relação à fundamentação da decisão recorrida ou à motivação do próprio lançamento tributário, aplicável o art. 17, do Dec. n.° 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 10 98 /2 01 3- 16 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 13830.901098/201316 Acórdão n.º 1302002.252 S1C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antonio Nepomuceno (Relator), Rogério Aparecido Gil, Ester Marques Lins de Sousa e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratam os autos de análise eletrônica de Pedido de Restituição, por intermédio do qual o contribuinte pretende a restituição de suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Como resultado da análise foi proferido despacho decisório que decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, haja vista que o montante recolhido pelo Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade onde argumenta, em síntese, que os créditos de PIS e Cofins nãocumulativos não devem afetar a determinação do lucro real, nem a base de cálculo da CSLL. A exigência de IRPJ e CSLL sobre tais créditos desrespeita o princípio constitucional da neutralidade tributária. A DRJ ao apreciar a matéria assim decidiu, litteris: ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA TRIBUTÁRIA. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR ADMINISTRATIVO. É o administrador um mero executor de leis não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a legalidade ou a constitucionalidade de normas é privativa do Poder Judiciário, conforme competência conferida constitucionalmente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado com o decisium, o recorrente interpôs Recurso Voluntário, alegando, em síntese, os mesmos argumentos da impugnação, acrescentando que a Administração não pode eximirse da competência sobre o controle de constitucionalidade das leis, decretos e portarias, bem como o fato de não ser razoável que a Administração Pública desconsidere as informações prestadas pelo Contribuinte na DCOMP, as quais apresentam presunção de legitimidade. É o relatório. Voto Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13830.901098/201316 Acórdão n.º 1302002.252 S1C3T2 Fl. 4 3 Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.134, de 18.05.2017, proferido no julgamento do processo nº 13830.900610/201226, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.134): O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme depreendese da leitura do Relatório acima, o Recorrente sustenta seus argumentos com base em supostas inconstitucionalidades perpetradas pela autoridade fiscal e ratificadas pela decisão recorrida. Contudo, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico. As autoridades administrativas, enquanto responsáveis pela execução das determinações legais, devem sempre partir do pressuposto de que o legislador tenha editado leis compatíveis com a Constituição Federal e Código Tributário Nacional. Assim, não há que se cogitar de desobediência aos dispositivos legais elencados, no âmbito da Administração Tributária, quando esta, no exercício da sua atividade de fiscalização, logre efetuar o lançamento de crédito tributário, lastreado em fatos e atos atribuídos ao sujeito passivo, que ensejam a exigência de tributos e dos acréscimos legais pertinentes, desde que referido lançamento seja devidamente fundamentado em regular procedimento de ofício e de acordo com os dispositivos legais que regem a espécie. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Afasto, portanto, o presente argumento, por não ser o CARF competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Noutra banda, verificase que o recorrente sem acostar documentos comprobatórios aos presentes autos, em seu recurso voluntário, faz referências genéricas aos fatos que motivaram a presente autuação, bem como em relação a decisão proferida em Fl. 76DF CARF MF Processo nº 13830.901098/201316 Acórdão n.º 1302002.252 S1C3T2 Fl. 5 4 primeira instância, sem com isto trazer objetivamente os fundamentos e provas com base nas quais pede para que seja homologado o seu pedido de compensação. Para esse Relator fica claro que o Recorrente se insurge contra decisão proferida pela DRJ de forma genérica, fazendo mera referência parte das razões apresentadas em sede da impugnação e a necessidade de observação das provas já juntadas aos autos, não merecendo prosperar e, por conseguinte, não surte o efeito pretendido em alterar a decisão do julgador a quo. Nesse sentido já decidiu esta Corte Administrativa, conforme se extrai do decidido nos autos do processo nº 10935.720364/2013 45 que teve como relator Amílcar Barca Teixeira Júnior, como segue: "(...) 1. O contribuinte, em seu recurso, no concernente à obrigação principal, limitas se a prestar informações genéricas e não ataca o mérito, situação que não o favorece, enquadrando se, assim, na disciplina do art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (Acórdão nº 2803003.497. Rel. Amílcar Barca Teixeira Júnior. Sessão de 12/08/2014)." Diante do exposto, NEGO provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14033.000458/2010-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006, 2007
MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CRÉDITO DE TERCEIROS. PROCEDÊNCIA.
Constatada a utilização de títulos públicos em compensação contra norma de vedação do art. 74, da Lei nº 9.430/96, é de se manter o lançamento de multa isolada em relação aos débitos indevidamente compensados.
Numero da decisão: 1401-001.830
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente
(assinado digitalmente)
ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), José Roberto Adelino da Silva.
.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006, 2007 MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CRÉDITO DE TERCEIROS. PROCEDÊNCIA. Constatada a utilização de títulos públicos em compensação contra norma de vedação do art. 74, da Lei nº 9.430/96, é de se manter o lançamento de multa isolada em relação aos débitos indevidamente compensados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTONIO BEZERRA NETO - Presidente (assinado digitalmente) ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto (Relator), José Roberto Adelino da Silva. .
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score : 1.0
Numero do processo: 10830.720625/2011-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE SALDO CREDOR. IMPOSSIBILIDADE.
A constatação de inexistência de saldo credor em revisão da escrita fiscal impossibilita a compensação pleiteada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.086
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
RICARDO PAULO ROSA - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE SALDO CREDOR. IMPOSSIBILIDADE. A constatação de inexistência de saldo credor em revisão da escrita fiscal impossibilita a compensação pleiteada. Recurso Voluntário Negado.
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DCOMP. INEXISTÊNCIA DE SALDO CREDOR. Recorrente HIDROALL DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE SALDO CREDOR. IMPOSSIBILIDADE. A constatação de inexistência de saldo credor em revisão da escrita fiscal impossibilita a compensação pleiteada. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) RICARDO PAULO ROSA Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário visando modificar decisão que manteve intacto o indeferimento de aproveitamento de saldo credor de IPI referente ao período de apuração de 01/01/2009 a 31/03/2009, ao argumento de que há lançamento de ofício (com decisão administrativa definitiva), lançamento que esgotou o saldo credor originalmente apurado pelo contribuinte, razão pela qual as compensações declaradas não foram homologadas, por inexistência do crédito. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 06 25 /2 01 1- 33 Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10830.720625/201133 Acórdão n.º 3302004.086 S3C3T2 Fl. 3 2 A escrita fiscal do IPI foi refeita em virtude da apuração de débitos do imposto pelo Fisco. Mesmo aproveitando os créditos escriturados pelo contribuinte, houve apuração de saldos devedores, do que resultou a lavratura do auto de infração, processo n° 10830.720891/201166. Apresentada Manifestação de Inconformidade, os argumentos de defesa foram rechaçados pela decisão recorrida. Argumentou a DRJ que há decisão nos autos n° 10830.720891/201166, que julgou a impugnação improcedente e manteve integralmente o lançamento do imposto, o que implica a inexistência de saldos credores passíveis de ressarcimento/compensação. Por consequência, foi julgada improcedente a manifestação de inconformidade apresentada neste processo, permanecendo não homologadas as compensações declaradas por inexistência de crédito, nos termos do Acórdão 14041.809 Na Manifestação de Inconformidade, bem como nas razões recursais, sustenta a Recorrente que a classificação fiscal adotada para o produto desinfetante estaria correta, classificado como produto químico orgânico, por tratarse de composto clorado, sob o código 29.33.69.19. Em suma, traz os mesmos argumentos sustentados na Impugnação do Auto de Infração, processo n° 10830.720891/201166, conforme afirmativa da própria Recorrente. A 1ª Turma Especial da 3ª Seção do CARF, através da Resolução nº 3801 000.748, converteu o julgamento do recurso em diligência para que a unidade de origem juntasse a este processo a decisão administrativa definitiva proferida no processo 10830.720891/201166 (Auto de Infração vinculado a este processo de ressarcimento/compensação). Posteriormente foram juntados aos autos a decisão proferida no processo 10830.720891/201166 (Auto de Infração), que negou provimento ao recurso voluntário apresentado naqueles autos (Acórdão 3302002.153), bem como pedido de desistência apresentado pelo contribuinte naquele processo, do que resultou a definitividade daquela decisão. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.085, de 30 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.720617/201197, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.085): " Cuidase de recurso tempestivo e atende as demais formalidades de admissibilidade, assim sendo, tomo conhecimento. Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10830.720625/201133 Acórdão n.º 3302004.086 S3C3T2 Fl. 4 3 O pedido foi indeferido por inexistência de saldo credor após revisão da escrita fiscal, o que levou a fiscalização proceder lançamento de ofício, impugnado, esses fatos restaram dirimidos nos autos do processo de n° 10830.720891/201166, que julgou improcedente a Impugnação e manteve o lançamento intacto, decisão com transito em julgado. O voluntário sequer tratou desse assunto, reprisou os mesmos argumentos da fase instrutora. Não rebateu os argumentos utilizados no julgamento de piso. Sendo assim, não resta outra hipótese de que não seja reconhecer a inexistência de saldo credor passível de compensação. Diante do exposto, nego provimento ao recurso." Ressaltese que, da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o pedido de ressarcimento/compensação foi indeferido por inexistência de saldo credor de IPI após revisão da escrita fiscal, o que levou a fiscalização a proceder ao lançamento de ofício, impugnado. Esses fatos restaram dirimidos nos autos do processo de n° 10830.720891/201166, no qual consta decisão definitiva negando provimento ao recurso voluntário e mantendo o lançamento intacto. Mantido o lançamento do IPI, inexiste saldo credor que ampare o presente pleito. Desta forma, o fundamento adotado para concluir pela inexistência de saldo credor passível de ressarcimento/compensação no caso do paradigma, também justifica sua aplicação nos presentes autos. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Ricardo Paulo Rosa Fl. 661DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.720581/2015-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
DECADÊNCIA. CONDUTA DOLOSA. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, CTN.
A constatação da conduta dolosa da contribuinte desloca o termo inicial do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, de acordo com o art. 173, I, do CTN, devendo ser afastadas as alegações de decadência.
DIPJ ZERADA. CONDUTA DOLOSA. APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA.
A entrega da DIPJ completamente zerada caracteriza a conduta dolosa da contribuinte pois impede o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e justifica a aplicação da multa qualificada.
CUSTOS NÃO COMPROVADOS. INEXISTÊNCIA DAS RECEITAS E CUSTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES
As alegações de que as receitas e os custos registrados na contabilidade foram indevidamente registrados, tratando-se de repasses de valores recebidos, desacompanhadas de documentos comprobatórios não são hábeis à afastar a tributação dos custos não comprovados.
JUROS SELIC. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 4
Incidem juros moratórios à taxa Selic sobre os créditos tributários constituídos, de acordo com o disposto no art. 13 da Lei nº 9.065/95 e a Súmula CARF nº 4, de observância obrigatória pelos membros do CARF.
SUSPENSÃO JUROS. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexiste na legislação tributária hipótese de suspensão de juros moratórios no curso do contencioso administrativo devendo ser mantida a incidência de juros Selic sobre o crédito tributário constituído.
CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO.
Aplica-se a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de convicção.
Numero da decisão: 1301-002.490
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a arguição de decadência. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro acompanharam pelas conclusões. No mérito, por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que davam provimento parcial ao recurso para reduzir a multa para o percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Milene de Araújo Macedo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior.
Nome do relator: MILENE DE ARAUJO MACEDO
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CONDUTA DOLOSA. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, CTN. A constatação da conduta dolosa da contribuinte desloca o termo inicial do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, de acordo com o art. 173, I, do CTN, devendo ser afastadas as alegações de decadência. DIPJ ZERADA. CONDUTA DOLOSA. APLICAÇÃO DA MULTA QUALIFICADA. A entrega da DIPJ completamente zerada caracteriza a conduta dolosa da contribuinte pois impede o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária e justifica a aplicação da multa qualificada. CUSTOS NÃO COMPROVADOS. INEXISTÊNCIA DAS RECEITAS E CUSTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DAS ALEGAÇÕES As alegações de que as receitas e os custos registrados na contabilidade foram indevidamente registrados, tratandose de repasses de valores recebidos, desacompanhadas de documentos comprobatórios não são hábeis à afastar a tributação dos custos não comprovados. JUROS SELIC. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF Nº 4 Incidem juros moratórios à taxa Selic sobre os créditos tributários constituídos, de acordo com o disposto no art. 13 da Lei nº 9.065/95 e a Súmula CARF nº 4, de observância obrigatória pelos membros do CARF. SUSPENSÃO JUROS. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 05 81 /2 01 5- 12 Fl. 865DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 866 2 Inexiste na legislação tributária hipótese de suspensão de juros moratórios no curso do contencioso administrativo devendo ser mantida a incidência de juros Selic sobre o crédito tributário constituído. CSLL. LANÇAMENTO REFLEXO. Aplicase a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a arguição de decadência. Os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro acompanharam pelas conclusões. No mérito, por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros José Eduardo Dornelas Souza e Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que davam provimento parcial ao recurso para reduzir a multa para o percentual de 75%. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Junior. Relatório Tratase o presente processo de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0958.654 2ª Turma da DRJ/JFA, que considerou improcedente a impugnação da contribuinte aos autos de infração de IRPJ e CSLL, nos valores, respectivamente, de R$ 5.777.689,01 e R$ 2.079.968,05, acrescidos de juros de mora e multa de ofício de 150%. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado pelo órgão julgador a quo, complementandoo ao final: "Trata o presente processo dos autos de infração, referentes aos fatos geradores apurados no anocalendário 2010, por meio dos quais são exigidos da interessada o imposto sobre a renda de pessoa jurídica IRPJ (fls. 535/550), no valor de R$ 5.777.689,01; a contribuição social sobre o lucro líquido CSLL (fls. 551/563), no valor de R$ 2.079.968,05; acrescidos da multa de 150% e dos encargos moratórios, totalizando crédito tributário no importe de R$ 17.202.652,21, no tocante ao IRPJ, e de R$ R$ 6.192.954,82, relativamente à CSLL. Fl. 866DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 867 3 Os lançamentos tiveram por mote a infração caracterizada por CUSTOS NÃO COMPROVADOS. Enquadramento legal: IRPJ Art. 3° da Lei n° 9.249/95. Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 277, 278, 289, 290, 292 e 300 do RIR/99 CSLL Art. 2° da Lei n° 7.689/88 com as alterações introduzidas pelo art. 2° da Lei n° 8.034/90 Art. 57 da Lei n° 8.981/95, com as alterações do art. 1° da Lei n° 9.065/95 Art. 2° da Lei n° 9.249/95. Art. 1° da Lei n° 9.316/96; art. 28 da Lei n° 9.430/96 Art. 3° da Lei n° 7.689/88, com redação dada pelo art. 17 da Lei n° 11.727/08 O procedimento fiscal se encontra esmiuçado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 522/534, de onde se extrai que: (...) O contribuinte tem por objeto social a prestação de serviços advocatícios, sendo que em relação ao período fiscalizado apresentou a respectiva Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ tendo como forma de tributação o LUCRO REAL TRIMESTRAL. (...) Consta nas referidas Representações Fiscais que as fiscalizações nas empresas acima foram motivadas pelo ofício n° 4219/2012, IPL 0462/20054 SR/DPF/AM, que elencou uma série de empresas, entre as quais as empresas acima, com suspeita de executarem operações fraudulentas de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Através do Termo de Início de Fiscalização e dos Termos de Intimação Fiscal n° 01 (ciência em 09/03/201 5) e n° 02 (ciência em 02/04/201 5), o contribuinte foi intimado a esclarecer e comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, quais as operações que deram causa aos pagamentos efetuados através das remessas de recursos ali discriminadas, com origem em conta corrente de sua titularidade, tendo como destinatários as empresas acima. Cabe destacar que o contribuinte já havia sido intimado anteriormente a prestar os mesmos esclarecimentos, em face de diligências fiscais realizadas durante as fiscalizações naquelas empresas. (...) Em 07/04/2015 foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 03, onde o contribuinte foi intimado a apresentar: Livro Diário, Livro Razão e Livro de Apuração do Lucro Real LALUR, relativos ao anocalendário 2010. Os referidos livros foram apresentados em 13/04/2015 onde verificamos que aqueles pagamentos foram contabilizados a débito na conta contábil "3.2.1.01.3201 Serviços de Terceiros" (conta do subgrupo "3.2.1.01 Custos de Serviços", redutora Fl. 867DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 868 4 da receita bruta), cujas contrapartidas a crédito se deram em contas do ativo, subgrupo "1.1.1.02 Bancos c/ Movimento". Entretanto, verificamos que na referida conta "3.2.1.01.3201 Serviços de Terceiros" foram lançados diversos pagamentos além daqueles que foram objeto dos termos de intimação até então lavrados. Assim, em 24/04/2015foi lavrado o Termo de Intimação fiscal n° 04,(...) Novamente, nenhum documento foi apresentado para comprovar as alegações apresentadas. Portanto, de todo o exposto, o contribuinte não logrou comprovar documentalmente aqueles pagamentos efetuados a terceiros, contabilizados como custos de serviços, conta redutora da receita bruta. 2. DA INFRAÇÃO IRPI / CSLL CUSTOS NÃO COMPROVADOS. Inicialmente cabe destacar que a DIPJ apresentada pelo contribuinte foi preenchida com valores igual a ZERO em todas as fichas. Conforme os livros contábeis e fiscais apresentados, na apuração do resultado do exercício o contribuinte apropriou custos de serviços que, conforme acima relatado, não foram comprovados documentalmente. O contribuinte apresentou o Livro de Apuração do Lucro Real LALUR, onde foi escriturada a apuração trimestral do lucro real, tendo por base o lucro líquido apurado conforme Demonstrações do Resultado do Exercício lançadas no Livro Diário do ano fiscalizado. Portanto, uma vez que, reiteradamente intimado, o contribuinte não logrou comprovar os custos de serviços prestados, apropriados na apuração do resultado contábil do exercício e, consequentemente, na apuração do lucro real trimestral, procederemos à glosa daqueles custos, conforme demonstrativo em ANEXO ao presente termo. (...) 5. DA MULTA QUALIFICADA Ainda, constatada a conduta dolosa do contribuinte, que consistiu em impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, será aplicada a multa qualificada de 150%, nos termos do artigo 44, inciso I e § 1 ° da Lei n° 9.430/96. Ao impugnar a exigência em 03/09/2015, fls. 581/652, a contribuinte, após discorrer sobre a ação fiscal em seus itens I e II, através de seus procuradores, alega, em resumo, que: (...) III PRELIMINAR DECADÊNCIA IRPJ E CSLL Fl. 868DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 869 5 4. Senhores Julgadores, afastada a imputação de multa qualificada que, como se provará no curso desta exordial impugnatória, é totalmente despropositada, infundada, incabível e improcedente, a Impugnante protesta pelo reconhecimento da ocorrência de decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário referente ao período compreendido entre o dia 1° de abril a 30 de junho de 2010, ou seja, o 2o trimestre de apuração, tendo em vista que o Auto de Infração foi lavrado em 05 de agosto de 2015, com ciência em 07 do mesmo mês e ano. Ressaltese, preliminarmente, que apesar das impropriedades materiais de que se reveste o presente contencioso administrativo fiscal, a Impugnante, no curso do ano calendário de 2010, recolheu, ainda que indevidamente, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, conforme atestam seus assentamentos contábeis. Vide Razão Analítico Conta 1.1.3.01.1301 IRRF fls. 289/291 dos autos) Conta 2.1.2.03.2401 Imposto de Renda a Recolher fls. 298/299 dos autos; Conta 1.1.3.01.1302 Contribuição Social fls. 291/293 dos autos e Conta 2.1.2.03.2402 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido fls. 299 dos autos. (...) IVDO MÉRITO (...) IV.I — MULTA QUALIFICADA IMPROCEDÊNCIA (...) Considerando que no contencioso administrativofiscal ora combatido, o ilustre Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil imputou a Impugnante a multa qualificada de 150% prevista no Art. 44, inciso I e § Io, da Lei n.° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a redação que lhe foi dada pelo art. 14 da Lei n. ° 11.488, de 15 de junho de 2007, sem qualquer justificativa plausível e fundamentada, conforme se pode vislumbrar na análise percuciente do Termo de Verificação Fiscal, parte integrante dos autos de infração ora guerreados, mister se faz que sua contestação seja acolhida, a fim de ver reconhecida a sua improcedência, o que será demonstrado a seguir. Por conseqüência, afastada a imputação da multa qualificada ora contestada, que seja acolhida a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário com base nos fatos geradores dos meses abril, maio e junho de 2010 ( 3 o Trimestre), conforme amplamente exposto em sede preliminar desta peça impugnatória. 21. Senhores Julgadores, o ilustre Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, sem esclarecer, justificar ou provar, presumiu existir do/o ou fraude na ação da Impugnante, conforme disposto nos arts. 71 e 72 da Lei n.° 4.502, de 1964 (art. 957, inciso II, do Decreto n. 3000, de 26 de março de 1999), que aprova o Regulamento do Imposto de Renda RIR/99). (...) Preliminarmente cabe indagar: Onde está a figura delituosa do crime contra a ordem tributária, visando impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, tendo em vista que o órgão fazendário tem em seus sistemas gerenciais o registro e o arquivo da Declaração de Informações Econômico Fiscais DIPJ, as DCTF's e DACON, APRESENTADAS PELA IMPUGNANTE, e mais, A PRÓPRIA IMPUGNANTE DISPONIBILIZOU PARA A AUTORIDADE FISCAL AUTUANTE, OS LIVROS CONTÁBEIS E FISCAIS a fim de que o mesmo pudesse realizar seus trabalhos de auditoria? (...) Fl. 869DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 870 6 A afirmação e comprovação da digna Autoridade Fiscal Autuante de que a DIPJ apresentada foi preenchida com valores iguais a ZERO em todas as fichas, foi motivo de extrema surpresa por parte da Impugnante, que desconhecia totalmente este fato. E, prova de seu total desconhecimento de que a DIPJ foi transmitida com todas as fichas com valores iguais a ZERO, está no fato de que a cópia da DIPJ que lhe foi enviada pelos responsáveis pelo seu preenchimento, consta que as fichas foram devidamente preenchidas (Anexo HI)). Ante a este fato, que causou extremo! constrangimento para a Impugnante, pesquisando as causas que motivaram esta desconfortável situação, lhe foi dito pelo profissional responsável por sua escrita contábil/fiscal que o servidor ao qual foi dada a incumbência de cumprir com as obrigações da Impugnante, simplesmente transmitiu a DIPJ zerada em face da escassez do tempo para o seu envio à Secretaria da Receita Federal, para, logo após, promover a sua retificação, 0 que não foi feito. Contudo, Senhores Julgadores, há de se ressaltar que a situação acima descrita não impossibilitou o Autuante de tomar conhecimento das supostas I receitas e custos imputados na apuração de seus resultados operacionais, vez que tinha a; digna Autoridade Fiscal à sua disposição através dos sistemas gerenciais da Secretaria da Receita Federal do Brasil, outros meios de identificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. 1 E estes meios foram fornecidos pelo próprio Autuante quando, j através do Termo de Intimação Fiscal n.° 05 de 02/06/2015 fls. 515/516 dos autos, intimou a Impugnante a esclarecer os valores declarados na DACON, Fichas 06A e 16A, Linha 13 Outras Operações com Direito a Crédito e, nesta mesma oportunidade, entregou à Impugnante cópia das DACON's relativas ao período de apuração de abril/2010 a dezembro/2010, em mídia digital devidamente validada pelo aplicativo SVA. Das DACOISTs relacionadas no Termo de Intimação Fiscal retro citado a Autoridade Fiscal identificou "Outras Operações com Direito a Crédito" no montante de R$14.773.236,49 (quatorze milhões, setecentos e setenta e três mil, duzentos e trinta e seis reais e quarenta e nove centavos) fls. 515 dos autos. Com base nas DACON's, ao lavrar o Termo de Verificação Fiscal, parte integrante dos Autos de Infração PIS e COFINS, objeto do Processo Administrativo Fiscal n.° 19515.720.582/2015, a digna Autoridade Fiscal Autuante glosou créditos no montante de R$23.110.756,05 (vinte e três milhões, cento e dez mil, setecentos e cinqüenta e seis reais e cinco centavos). No mesmo Termo, através dos registros contidos no Livro Razão que lhe foi colocado a disposição, identificou que na conta 3.1.1.01,3001 Receita Bruta Serviços Advocatícios, foram consignadas receitas no montante de R$26.898.220,22 (vinte e seis milhões, oitocentos e noventa e oito mil, duzentos e vinte reais e vinte e dois centavos). Estas receitas, a exceção do mês de maio/2010 e algumas inconsistências materiais em relação aos demais meses, foram devidamente informadas nas Fichas 7A Cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Regime Não Cumulativo e 17A Cálculo da Cofins Regime Não Cumulativo das DACON's encaminhadas à Impugnante pela Autoridade Fiscal Autuante. Adicionalmente registrese que com base nos dados contidos nas DACON's o Autuante elaborou os Anexos II e III do Termo de Verificação Fiscal parte integrante dos Autos de Infração (PIS/Pasep e COFINS) fls,885/902 de que trata 0 Processo Administrativo Fiscal n.° 19515.720.582/201567 (Anexo IV) Registrese que em face das DACON's transmitidas para o órgão fazendário pela Impugnante, a digna Autoridade Fiscal Autuante, a seu juízo, constituiu o crédito tributário a título de COFINS no montante original de R$1.313.383,58 e a título de PIS na quantia original de R$285.398,27, acrescidos da multa de ofício e juros moratórios, objeto do Processo Administrativo Fiscal acima referenciado. Fl. 870DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 871 7 Somese ao acima exposto que, com base na escrita contábil Livro Diário e Livro Razão, encaminhados à fiscalização e integralmente transcritos nestes autos (Livro Diário constante às fls. 367 a 487 dos autos e Livro Razão constante às fls. 251 a 366 dos autos), o Auditor Fiscal Autuante extraiu os dados necessários para elaborar os Demonstrativos de Apuração do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica Lucro Real (fls. 537/538 dos autos), referente ao período de apuração de 01/04/2010 a 30/06/2010, registrando como Resultado das Atividades em Geral Declarado Lucro Real das Atividades em Geral após a Compensação de Prejuízos, a quantia de R$1.104.726,91, valor este extraído do Livro Diário (fls. 474 dos autos). Da mesma forma, elaborou o quadro Resultado das Atividades em Geral Declarado Demonstrativo de Apuração do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica Lucro Real (fls. 539/540 dos autos), referente ao período de apuração de 01/07/2010 a 30/09/2010, registrando como Lucro Real das Atividades em Geral após a Compensação de Prejuízos, a quantia de R$1.186.172,84, cujo valor foi extraído do Livro Diário (fls. 476 dos autos). E, finalmente, às fls. 541/542 dos autos, o Autuante apresenta o quadro Resultado das Atividades em Geral Declarado Demonstrativo de Apuração do Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica Lucro Real, registrando como Lucro Real das Atividades em Geral após a Compensação de Prejuízos, a quantia de R$126.500,69, cujo valor foi extraído do Livro Diário (fls. 478 dos autos). Da mesma forma, a fim de elaborar os Demonstrativos de Apuração da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido Lucro Real (fls. 553/555 dos autos), os valores registrados a título de "Base de Cálculo" das Atividades em Geral antes da Compensação, pertinentes ao 2 o , 3o e 4o Trimestres de 2010, foram extraídos do Livro Diário fls. 474, 476 e 477 dos autos. Portanto, está evidente e devidamente provado e justificado que em nenhum momento a Impugnante procurou impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, como afirmado, equivocadamente pelo digno Auditor Fiscal. 23. Ora, Senhores Julgadores, em face do acima exposto, é defeso à autoridade fazendária presumir a existência de um crime, seja de sonegação fiscal, seja contra a ordem tributária ou contra o sistema financeiro nacional, quando teve à sua disposição os documentos solicitados Livro Diário, Livro Razão e LALUR. O fato delituoso deve estar provado de forma contundente, insofismável e inatacável. Não há como presumir a existência de dolo, fraude ou simulação, como sugerido indevida e injustificadamente pelo digno Auditor Autuante. Para a caracterização destes eventos é necessário que se prove a intenção dolosa do agente. (...) A glosa de despesas e/ou custos operacionais, quando não comprovada a manifesta intenção dolosa do agente, não é suficiente para caracterizar a existência de crime contra a ordem tributária. Assim, é totalmente incabível a presunção da existência de crime contra a ordem tributária em decorrência de glosa de despesas e/ou custos operacionais não acolhidos do curso de uma auditoria fiscal. Ademais, Senhores Julgadores, como já firmado, a suposta intenção dolosa ou fraudulenta do agente deve estar perfeitamente tipificada e comprovada nos autos, o que, obviamente, inexiste neste procedimento administrativo fiscal. Fl. 871DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 872 8 Desta forma, conforme exposto, constatase que a imputação da multa qualificada, ora questionada, se constitui em um escândalo e numa agressão e violência inaceitáveis, que deve ser rechaçada por essa excelsa Turma de Julgamento. 25. Neste sentido vem se pronunciando o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, conforme os Acórdãos a seguir transcritos (...) IV.2 DOS CUSTOS NÃO COMPROVADOS (...) As receitas declaradas, não importando a sua origem, a forma de constituição, se lícitas ou ilícitas, comprovadas ou não, são acolhidas incontestavelmente pelos órgãos fazendários e se prestam, inquestionavelmente, a constituição do crédito tributário. Não há a necessidade de se provar e comprovar a sua efetividade. Entretanto, as despesas e custos e principalmente os custos necessários para a geração das receitas operacionais, devem ser, minudentemente, esclarecidos e comprovados com documentação hábil e idônea, coincidentes com datas e valores dos respectivos dispêndios. É o que se extrai destes autos, ora contestado e impugnado. (...) A Impugnante jamais administrou causas milionárias a ensejar a produção de extraordinárias receitas decorrentes do exercício de advocacia, no montante de R$26.898.220,22 (vinte e seis milhões, oitocentos e noventa e oito mil, duzentos e vinte reais e vinte e dois centavos), e que, por óbvio, até mesmo expressivos escritórios de advocacia apresentam receitas bem mais modestas. Da mesma forma não ocorreram os custos dos serviços prestados na ordem de R$23.110.756,05 (vinte e três milhões, cento e dez mil, setecentos e cinqüenta e seis reais e cinco centavos), pois os destinatários destes recursos financeiros exercem, como demonstrado nesta exordial impugnatória, atividades sócioeconômica que em nada se coadunam com uma sociedade de advogados. Como exaustivamente exposto no curso da auditoria fiscal a que foi submetida, a Impugnante foi vitima de uma circunstância jurídico/fiscal/tributária, por total desconhecimento dos fundamentos que norteiam os princípios contábeis/fiscais a que se submetem as pessoas jurídicas prestadoras de serviços, no caso, a advocacia. 35. Ante todo o exposto é de se reafirmar que a Impugnante, como já dito, foi vítima de uma circunstância contábil/fiscal/tributária por total desconhecimento dos seus fundamentos de fato e de direito, porquanto as operações realizadas pela Impugnante estão efetivamente ligadas à intermediação de negócios entre as partes envolvidas e se não houve a realização de receitas operacionais decorrentes de suas atividades advocatícias, na contrapartida não há que se falar em despesas operacionais necessárias à percepção de ditas receitas. (...) resultando o montante de R$65.429.274,06 (sessenta e cinco milhões, quatrocentos e vinte e nove mil, duzentos e setenta e quatro reais e seis centavos), está muito, mas muito além da capacidade contributiva da Impugnante, ferindo mortalmente o disposto no parágrafo primeiro do artigo 145 da Constituição Federal, a seguir transcrito (...) V JUROS MORATÓRIOS E TAXA SELIC. (...) Fl. 872DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 873 9 56. Da forma como está aplicada nos autos de infração ora impugnados, a Taxa SELIC assume caráter manifestamente confiscatório, o que é vedado pela Constituição Federal. (...) VI JUROS MORA TÓRIOS SUSPENSÃO DE SUA INCIDÊNCIA E EXIGIBILIDADE NO CURSO DO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) VII DO PEDIDO 61. ínclitos membros da Turma de Julgamento e, em especial, o Senhor Julgador Relator, ante todo o exposto e relatado, a Impugnante comparece perante essa instância de julgamento, requerendo que: > seja afastada a imposição da multa qualificada de 150%; > afastada a multa qualificada, sejam acolhidas a preliminar interposta nesta exordial impugnatória, a fim de se declarar a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário em supostos custos não comprovados, referente ao 3o Trimestre de 2010, no que concerne ao Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), declarandose improcedente e extinta a exigência Fiscal consubstanciada nos Autos de Infração impugnados; > se ultrapassadas as preliminares interpostas, o que se admite apenas por hipótese, no mérito se acolha todas as razões de fato e de direito expendidas nesta exordial Impugnatória, para declarar a improcedência da Autuação Fiscal, posto que fundada em bases inconsistentes e insustentáveis, conforme provado; > se mantido o lançamento, ainda que parcialmente, se afaste a cobrança dos juros moratórios com base na Taxa SELIC; > sucessivamente, requer que não incida os juros moratórios durante o trâmite do processo administrativo fiscal, desde a data da protocolização desta impugnação até decisão final deste contencioso na esfera administrativa; > por se tratar de tributações reflexas, seja dado o mesmo tratamento ao Auto de Infração referente a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. É o relatório." No julgamento realizado em 27 de novembro de 2015, a 2ª Turma da DRJ/JFA julgou improcedente a impugnação, por meio do acórdão nº 0958.654, assim ementado: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2010 GLOSA DE CUSTOS. NÃO COMPROVAÇÃO. A falta de comprovação dos custos/despesas registrados na escrituração da contribuinte, apesar de intimado para tanto, valida a glosa realizada pelo Fisco. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. DECLARAÇÕES COM VALORES ZERADOS. Fl. 873DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 874 10 A entrega de declarações relativas ao período fiscalizado com valores zerados, caracteriza a intenção do sujeito passivo de ocultar do fisco a ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária principal, de modo a evitar seu pagamento, o que revela a conduta dolosa de sonegação. DECADÊNCIA Caracterizada a conduta dolosa da contribuinte, o início da contagem do prazo decadencial se desloca para o artigo 173, inciso I, do CTN. TAXA SELIC. A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula n° 4 do 1° CARF). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 LANÇAMENTO DECORRENTE. Decorrendo as exigências da mesma imputação que fundamentou o lançamento do IRPJ, deve ser adotada a mesma decisão proferida para o Imposto de Renda, desde que não presentes arguições específicas ou elementos de prova novos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido" Devidamente cientificado em 29/02/2016 (fls. 777), o sujeito passivo apresentou, tempestivamente, em 18/03/2016 (fls. 779) , o recurso voluntário de fls. 780 a 854, argumentando, em síntese os itens a seguir relacionados, os quais serão melhor detalhados por ocasião do voto: Afastada a multa qualificada, há de ser reconhecida a decadência do crédito tributário relativo ao 2º trimestre de 2010; A autoridade fiscal autuante deve provar o que afirma sendo insuficiente presumir a existência de dolo, fraude ou simulação, prescritos nos arts. 71,72 e 73 da Lei nº 4.502/64 para aplicação da multa qualificada. É totalmente inconcebível a presunção de existência de crime pela simples glosa de despesas/custos operacionais e a DIPJ ter sido entregue zerada, motivo pelo qual, por inexistir nos autos a prova da materialidade delituosa deve a multa ser declarada improcedente; Alega a recorrente ter efetuado negócios de intermediação entre partes, pelos quais recebia honorários advocatícios no percentual de 1,5% sobre o montante das operações realizadas, entretanto, equivocadamente, os valores que transitaram por suas contas foram registrados como receitas em sua escrituração contábil. Assim, da mesma forma que não auferiu receitas não houve a tomada de serviços prestados por terceiros; Caso não seja acolhidas suas razões de fato e de direito para cancelamento dos lançamentos de ofício, pleiteia que os juros moratórios incidentes sobre o crédito tributário sejam reduzidos para 1%; Fl. 874DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 875 11 Requer a suspensão da incidência de juros moratórios no período compreendido entre a impugnação e a decisão final administrativa. É o relatório. Voto Conselheira Milene de Araújo Macedo, Relatora O recurso voluntário é tempestivo e dele conheço. DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA A recorrente pleiteia, preliminarmente, o reconhecimento da decadência do crédito tributário relativo ao 2º trimestre/2010 sob o argumento de que, afastada a imposição da multa qualificada, somente foi cientificada dos autos de infração lavrados em 05/08/2015, no dia 07/08/2015, portanto após o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150, § 4º do CTN. O acórdão recorrido reconheceu a existência de pagamentos representados pelas antecipações a título de IRRF, fato este que traria o início do prazo decadencial para a data da ocorrência do fato gerador, entretanto, face à constatação de conduta dolosa da recorrente, foi mantido o início do termo decadencial em 01/01/2011, de acordo com o art. 173, I, do CTN, e afastada as alegações de decadência. Dessa forma, a questão preliminar de decadência suscitada pela recorrente depende da análise da imputação da multa qualificada. Caso se conclua pela improcedência da multa qualificada há de ser reconhecida a decadência dos fatos geradores relativos ao 2º trimestre/2010, todavia, caso seja mantida a qualificação da multa, o termo inicial do prazo decadencial deslocase para 01/01/2011, de acordo como o art. 173, I, do CTN, e a decadência dos lançamentos efetuados deve ser afastada. Assim, passo a análise da aplicação da multa qualificada para, em seguida, concluir pela ocorrência ou não da decadência dos lançamentos relativos aos fatos geradores do 2º trimestre/2010. DA MULTA QUALIFICADA A fiscalização qualificou a multa de ofício por ter constatado a conduta do dolosa da recorrente, assim descrita nos itens 2 e 5 do Termo de Verificação Fiscal (fls. 522 a 534): "2. DA INFRAÇÃO IRPJ/CSLL = CUSTOS NÃO COMPROVADOS Inicialmente cabe destacar que a DIPJ apresentada pelo contribuinte foi preenchida com valores igual a ZERO em todas as fichas. Conforme os livros contábeis e fiscais apresentados, na apuração do resultado do exercício o contribuinte apropriou custos de serviços que, conforme acima relatado, não foram comprovados documentalmente. [...] Fl. 875DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 876 12 5. DA MULTA QUALIFICADA Ainda, constatada a conduta dolosa do contribuinte, que consistiu em impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, será aplicada a multa qualificada de 150%, nos termos do artigo 44, inciso I e g 1° da Lei n° 9.430/96." A DRJ, considerando a conduta dolosa acima transcrita, manteve a multa qualificada tendo assim argumentado: "A DIPJ, referente ao anocalendário 2010, entregue espontaneamente pela contribuinte estava zerada, como se a pessoa jurídica estivesse inativa. Lembro que segundo o art. 113, § 2º, do CTN, a apresentação dessa declaração, sendo uma obrigação acessória, “decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos” (grifei). A supressão ou redução de tributo obtida através da falsidade na prestação de informações na declaração de rendimentos, entregue totalmente zerada, identifica a vontade do agente em fraudar o fisco, por afastada a possibilidade do cometimento de erro natural, independentemente de haver um outro documento falso, configurase o dolo, a fraude, o que dá ensejo ao lançamento de ofício com a aplicação da penalidade qualificada. A esse respeito, Alécio Adão Lovatto, in “Crimes Tributários”, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 2000, p. 8486, ensina: [...] Sem dúvida, o procedimento de entregar declaração zerada e não recolher tributos de valores significativos, quando esses são devidos, ou recolhêlos em valores insignificantes, trazem prejuízos à fiscalização tributária. Houvesse a administração tributária confiado passivamente nas informações prestadas pela contribuinte à época da ocorrência dos fatos geradores, tal inércia implicaria a perda do crédito tributário exsurgido em decorrência do procedimento de ofício. Saliento que a autuada poderia ter retificado suas declarações e pago os tributos devidos até o início da ação fiscal, em 19/02/2015 (fls. 02/03). Entretanto, mesmo após um interregno mais que suficiente para esse fim, assim não procedeu. Os elementos acostados aos autos comprovam o dolo cometido quando do lançamento por homologação do tributo, isto é, quando a contribuinte, tendo o dever legal de prestar informações acerca dos fatos geradores ocorridos e antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, omitiu fatos e sonegou tributos. A propósito, cito trecho do voto condutor de acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região (Apelação Criminal nº 2001.71.08.005548−2/RS, DJU de 29/10/2003): Na Declaração de Informações EconômicoFiscais as pessoas jurídicas prestam diversas informações relativas aos custos dos bens e serviços vendidos e às despesas operacionais, bem assim, as receitas auferidas e a demonstração de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, de forma a possibilitar ao Fisco o conhecimento dos fatos geradores relativos ao IRPJ e CSLL. Assim, ao entregar referida declaração com valores totalmente zerados há de se concluir pela conduta dolosa da recorrente em ocultar da autoridade fazendária o conhecimento dos fatos geradores, conforme disposto no art. 71, da Lei nº 4.502/64: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: Fl. 876DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 877 13 I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais;" Alega a recorrente em sua peça recursal que apesar de terse socorrido de inúmeras decisões administrativas em sua impugnação, o relator a quo afirmou que as mesmas não tinham conexão com a autuação ora em julgamento. O acórdão recorrido entendeu que as decisões seriam inaplicáveis por não abordar situação em que a DIPJ foi entregue totalmente zerada. De fato, como bem apontado pelo acórdão a quo, não consta da ementa de nenhuma das decisões transcritas na impugnação que as DIPJs haviam sido entregues zeradas, ademais, a conduta dolosa deve ser analisada em cada caso específico, buscandose sempre a jurisprudência que mais se amolda ao caso concreto. Assim, nos casos de multa qualificada com DIPJ zerada é farta a jurisprudência que defende a procedência da qualificação: MULTA QUALIFICADA. IRPJ. Comprovado que o contribuinte omitiu suas receitas e o imposto de renda devido em suas declarações de rendimentos (DIPJ) e de tributos devidos (DCTF), durante períodos de apuração sucessivos, visando a retardar o conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal pela autoridade fazendária, caracterizase a figura da sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/196, impondose a aplicação da multa de ofício qualificada, prevista no § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Recurso a que se dá provimento. Recurso Especial do Procurador Provido. (Acórdão 9101001.856, Sessão de 28/01/2014) MULTA QUALIFICADA. Restabelecese a multa qualificada quando constatado que o contribuinte, possuindo atividade comercial, por dois anos consecutivos, apresenta DIPJ "zeradas" e não efetua pagamentos, nem inclui os tributos devidos no parcelamento a que aderiu. Descabe falar em apresentação de declaração zerada com o intuito de evitar a multa da obrigação acessória quando, passados quase quatro anos do prazo de entrega, o sujeito passivo não promove qualquer retificação. (Acórdão nº 910100.124, Sessão de 11/05/2009) A recorrente insurgese contra o acórdão recorrido alegando que o julgador a quo imaginou, presumiu e criou uma situação não descrita pelo autuante em seu Termo de Verificação Fiscal ao afirmar que o fato da DIPJ ter sido entregue zerada caracterizaria a manifesta intenção dolosa de esconder o aproveitamento de supostos custos em valores tão expressivos que cairiam em qualquer parâmetro de malha. Diversamente do alegado pela recorrente, o acórdão recorrido não criou situação não descrita pela autuante no Termo de Verificação Fiscal, posto que consta expressamente do referido termo que as DIPJ foram entregues zeradas: "Inicialmente cabe destacar que a DIPJ apresentada pelo contribuinte foi preenchida com valores igual a ZERO em todas as fichas. Conforme os livros contábeis e fiscais apresentados, na apuração do resultado do exercício o contribuinte apropriou custos de serviços que, conforme acima relatado, não foram comprovados documentalmente. [...] 5. DA MULTA QUALIFICADA Ainda, constatada a conduta dolosa do contribuinte, que consistiu em impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da Fl. 877DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 878 14 obrigação tributária principal, será aplicada a multa qualificada de 150%, nos termos do artigo 44, inciso I e g 1° da Lei n° 9.430/96." Consta do recurso voluntário que com base em uma mesma informação fiscal, item 5 dos Termos de Verificação Fiscal, o julgador a quo criou três cenários diferentes a fim de analisar a imputação da multa qualificada nos processos de IRPJ e CSLL, COFINS e PIS e IRRF. Afirma a recorrente que para o presente processo, relativo aos autos de infração de IRPJ e CSLL, o julgador concluiu pela conduta dolosa, entretanto, para as autuações de COFINS e PIS, objeto do processo administrativo nº 19515.720582/201567, cancelou a qualificação da multa sob o argumento de que os DACON traziam informações que possibilitavam ao Fisco conhecer a ocorrência do fato gerador e verificar a conformidade do débito apurado. Já para o processo administrativo nº 19515.720578/201507, relativo ao IRRF, afirmou a recorrente que na visão do julgador, o autuante não produziu a necessária comprovação de uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, motivo pelo qual a multa qualificada foi afastada. O texto referente à qualificação da multa é o mesmo para todos os processos e remete às condutas dolosas praticadas pela recorrente., todavia, para cada um dos tributos, foram apontadas diferentes condutas dolosas nos respectivos Termos de Verificação Fiscal. Com relação ao IRPJ e CSLL a conduta dolosa restou caracterizada pela entrega da DIPJ com valores zerados, fato este que impediu a autoridade fazendária de conhecer a ocorrência dos fatos geradores relativos ao IRPJ e CSLL. O fato dos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais DACONs, relativos aos meses de abril/2010 e junho/2010 a dezembro/2010, trazerem informações hábeis a permitir a ocorrência dos fatos geradores relativos à COFINS e PIS, ensejou o afastamento da multa qualificada das autuações relativas a estes tributos pelo julgador a quo, porém tal fato, não tem qualquer influência no julgamento do presente processo pois tratamse de tributos de diversos para os quais foram atribuídas diferentes condutas dolosas pela fiscalização. Alega também a recorrente que não existe nos autos, quer seja no Termo de Verificação Fiscal ou no acórdão recorrido, qualquer indicação de que a infração que motivou a aplicação da multa qualificada esteja sustentada em práticas reiteradas adotadas pelo recorrente. Afirma a recorrente existir entendimento jurisprudencial no sentido de que somente a prática reiterada de apresentar DIPJs zeradas é que caracterizaria a intenção dolosa do contribuinte em ocultar suas operações econômicofinanceiras. Diversamente do alegado pela recorrente, a prática reiterada não é requisito para qualificação da multa mas apenas uma das inúmeras formas do julgador de identificar a conduta dolosa do contribuintes. No caso concreto em que a ação fiscal alcançou somente o anocalendário de 2010, bem assim, face à constatação da falta de recolhimento de valores significativos de IRPJ e CSLL em todos os trimestres do período fiscalizado, correto o acórdão recorrido que manteve a aplicação da multa qualificada ao identificar na entrega da declaração completamente zerada a conduta dolosa da recorrente e que impediu o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Assim, caracterizada a ocorrência de dolo, a contagem do prazo decadencial rege se pelo art. 173, inciso I do CTN, nos termos da Súmula CARF nº 72: "Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I do CTN." Diante do exposto, como o termo inicial do prazo decadencial deslocase para 01/01/2011 e a ciência das autuações ocorreu em 07/08/2015, a decadência dos lançamentos relativos ao 2º trimestre/2010 deve ser afastada. Fl. 878DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 879 15 DOS CUSTOS NÃO COMPROVADOS Ainda no curso do procedimento fiscal, alegou a recorrente que na qualidade de sociedade de advogados presta, dentre outros serviços, a intermediação de negócios. Aduziu que os valores por ela recebidos no anocalendário de 2010, indevidamente registrados como receita operacional, foram entregues aos destinatários, os quais também foram indevidamente registrados como custos de serviços prestados na conta "3.2.1.01.3201 Serviços de Terceiros". De acordo com a recorrente foram recebidos a título de honorários advocatícios o percentual médio de 1,5% sobre o montante das operações e não os valores indevidamente registrados como receita operacional na conta contábil 3.1.1.01.3001 Serviços Advocatícios. A despeito dessas alegações, o contribuinte não apresentou nenhum documento sequer hábil a comproválas, motivo pelo qual a autoridade fiscal efetuou a lavratura dos autos de infração com as glosas dos custos dos serviços não comprovados nos valores de R$ 8.572.881,41, para o 2º trimestre/2010, R$ 10.421.218,40 para o 3º trimestre/2010 e R$ 4.116.656,24 para o 4º trimestre/2010. O acórdão recorrido afirmou que a quase totalidade da receita bruta escriturada pela recorrente sofreu tributação na fonte, motivo pelo qual não há como sustentar que referidas receitas não existiram e, com relação aos custos dos serviços, por não terem sido comprovados manteve a glosa dos valores apurados pela fiscalização. No recurso voluntário apresentado reafirma a recorrente que efetuou operações de intermediação de negócios, entretanto, seus sócios gerentes foram orientados a adotar procedimentos contábeis/fiscais desconectados com a realidade dos fatos. Alega que o próprio julgador da decisão reconheceu este fato ao afirmar que "não há relação entre as contas pagadoras registradas em DIRF e as empresas que receberam recursos por serviços prestados à contribuinte, compondo o custo escriturado, conforme anexo que acompanha o TVF." e que "os custos de um escritório de advocacia, via de regra, são muito baixos, uma vez que a principal característica dos serviços prestado está no trabalho intelectual." Diversamente do alegado pela recorrente, os excertos do acórdão recorrido acima transcritos não corroboram suas alegações. Ao contrário, objetivaram desconstituir as alegações da recorrente de que tratavamse de meros repasses dada a inexistência de qualquer relação entre as fontes pagadoras e as supostas empresas beneficiárias dos repasses. Uma vez comprovada a obtenção das receitas registradas em DIRF é ônus da contribuinte a comprovação de que os valores foram recebidos por conta e ordem de terceiros, todavia, não foram apresentados quaisquer documentos pela recorrente hábeis a comprovar suas alegações. A afirmação do acórdão a quo de que os custos de um escritório de advocacia são relativamente baixos objetivou, exclusivamente, demonstrar a responsabilidade da recorrente pela comprovação dos custos elevados com serviços de terceiros. Com relação ao questionamento da recorrente efetuado no recurso voluntário acerca das receitas obtidas junto à pessoa jurídica Santa Guilhermina Comércio e Representações Ltda, tendo em vista que os valores foram informados em DIRF, compete à recorrente demonstrar que efetuou o repasse do montante recebido. Por fim, vale ressaltar que é da recorrente o encargo de comprovar as alegações de seu interesse. O art. 15 do Decreto nº 70.235/72 estabelece que a impugnação deve estar acompanhada dos documentos em que se fundamentar: Fl. 879DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 880 16 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Requer ainda a recorrente a aplicação do princípio da capacidade contributiva e reitera que é fora do contexto racional sob o aspecto jurídico e tributário que uma sociedade composta de dois profissionais, no caso pai e filho, tenham a capacidade de responder por um passivo tributário da ordem de R$ 65.429.274,06. Não compete aos julgadores do CARF apreciar a alegação de eventual ofensa ao princípio da capacidade contributiva, isto porque, nos termos da Súmula CARF nº 2 o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante do exposto, correto o acórdão recorrido que julgou procedente a infração relativa à glosa de custos não comprovados. DOS JUROS SELIC Pugna a recorrente que, caso não sejam acolhidas todas as razões de fato e de direito expendidas no recurso voluntário, os juros moratórios incidentes sobre o crédito tributário constituído sejam limitados ao percentual de 1% ao mês. O pleito da recorrente não encontra amparo legal pois contraria expressamente o disposto no art. 13 da Lei nº 9.065/95, que estabelece a incidência de juros Selic sobre os tributos e contribuições arrecadados pela RFB recolhidos em atraso: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Além disso, a matéria encontrase pacificada no CARF tendo sido inclusive objeto da Súmula nº 4, de observância obrigatória pelos julgadores administrativos, por força do art. 72 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (RICARF): Súmula CARF nº 4 “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. DA SUSPENSÃO DOS JUROS MORATÓRIOS A recorrente requer em sua peça recursal a suspensão da cobrança de juros moratórios no curso do contencioso administrativo fiscal. Alega que a falta de regulamentação do disposto no parágrafo único do art. 27 do Decreto nº 70.235, o qual determina que os processos serão julgados na ordem e nos prazos estabelecidos em ato do Secretário da Receita Federal do Fl. 880DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 881 17 Brasil, observada a prioridade do caput do artigo, deixa o Estado em uma posição bastante cômoda ao apreciar os conflitos, pois julga o feito administrativo fiscal quando e no momento que decidir analisar o litígio. Acrescenta que a administração tributária deve julgar os processos administrativos em tempo razoável sob pena de afronta aos princípios constitucionais da moralidade pública, segurança jurídica, eficiência e interesse público. Por fim, afirma que o descumprimento do prazo máximo de 360 dias para que o órgão profira decisão administrativa, nos termos do art. 24 da Lei nº 11.457/07, deve ensejar, ao mínimo, a suspensão da incidência dos juros moratórios. Apesar de sua extensa argumentação, o pleito da recorrente não encontra amparo legal. Inexiste na legislação tributária hipótese de suspensão de juros moratórios no curso do contencioso administrativo, motivo pelo qual deve ser mantida a incidência de juros moratórios sobre o crédito tributário constituído. CSLL Aplicase a mesma solução dada ao litígio principal, IRPJ, em razão do lançamento estar apoiado nos mesmos elementos de convicção CONCLUSÃO Em face de todo o exposto, voto por rejeitar a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Milene de Araújo Macedo Relatora Fl. 881DF CARF MF Processo nº 19515.720581/201512 Acórdão n.º 1301002.490 S1C3T1 Fl. 882 18 Fl. 882DF CARF MF
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