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Numero do processo: 13971.003152/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26.
O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados.
SÚMULA CARF Nº 26. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Alegações não comprovadas.
Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS E CONTABILIDADE
É regular o procedimento de fiscalização que, após solicitar a escrituração contábil do contribuinte, examina os extratos bancários para verificar a compatibilidade entre a movimentação financeira e os valores escriturados e declarados ao fisco. Em constatando relevante disparidade e não justificando o contribuinte a origem dos créditos bancários, é lícito e um dever proceder ao lançamento por presunção de receita omitida, com fulcro no artigo 42 da Lei nº 9.430/96.
SUMULA VINCULANTE CARF Nº 25. QUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO
Inexistindo comprovação quanto à intenção do contribuinte em sonegar tributo, deve ser afastada a multa de ofício lançada em sua forma qualificada, nos termos do art. 44, II, da Lei nº 9.430/96. Súmula CARF nº 25. A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. (Vinculante, conformePortaria MF nº 383, de 12/07/2010, DOU de 14/07/2010).
Numero da decisão: 2401-006.216
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir a qualificadora da multa, reduzindo-a ao percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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ORIGEM. COMPROVAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26. O artigo 42, da Lei nº 9.430/96, estabeleceu a hipótese da caracterização de omissão de receita com base em movimentação financeira não comprovada. A presunção legal trazida ao mundo jurídico pelo dispositivo em comento torna legítima a exigência das informações bancárias e transfere o ônus da prova ao sujeito passivo, cabendo a este prestar os devidos esclarecimentos quanto aos valores movimentados. SÚMULA CARF Nº 26. A presunção estabelecida no art. 42 da lei nº 9.430/96 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Alegações não comprovadas. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. 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(assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier (Presidente), Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Rayd Santana Ferreira e Marialva de Castro Calabrich Schlucking. Relatório Tratase de auto de infração de fls. 339/350, lavrado para a exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (“IRPF”), acrescido de juros de mora e multa de ofício fixada em 150%, referente aos anoscalendários de 2002, 2003 e 2004, com fundamento em falta de recolhimento de imposto sobre ganhos líquidos no mercado de renda variável e omissão de rendimentos, esta caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, de acordo com o Termo de Verificação Fiscal de fls. 351/396. Devidamente cientificado do lançamento em 23/11/2007, o Contribuinte apresentou impugnação tempestiva em 20/12/2007 (fls. 422/453), pleiteando o cancelamento total da exigência. Juntou documentos (fls. 454/1.063). Fl. 1483DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 3 3 Considerando que as razões do recurso voluntário reproduzem os fundamentos da impugnação apresentada, adoto, em parte, o relatório elaborado pela E. Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis, verbis: Sustenta que houve cerceamento do direito de defesa, em decorrência dos parcos prazos concedidos para a entrega da volumosa documentação solicitada, o que se transforma em obstáculo ao exercício pleno de seu direito de defesa. Em relação à omissão de rendimentos evidenciada pela falta de comprovação da origem dos depósitos incluídos em suas contas bancárias, o sujeito passivo se defende alegando a veracidade dos rendimentos declarados como isentos e não tributáveis, entendendo que as declarações ao fisco são provas suficientes, não passíveis de desconsideração. Argumenta que as decisões administrativas devem obediência às normas constitucionais, entre eles o princípio da motiviação dos atos administrativos. Assim, procedeu a fiscalização em grave erro ao desconsiderar as alegações do autuado, somando simplesmente os depósitos e considerandoos renda. O fiscal deveria lastrear a notificação em algo mais do que presunção, devendo esta ser somente o início do processo. Argúi [sic] que a presunção criada pelo artigo 42 da Lei nº 9.430/96 mostrase inadequada, posto que entre os depósitos bancários e a omissão de rendimentos não há correlação lógica direta e segura, posto que nem sempre o volume de depósitos injustificado leva ao rendimento omitido correlato. Coleciona jurisprudências administrativas e judiciais neste sentido. Sustenta ainda que a caracterização do sinal de riqueza, para fins de descoberta do sinal exterior de riqueza, depende de vários requisitos que os depósitos bancários, por si só, não satisfazem. No tocante a pessoa física, a presunção legal estribada nos depósitos bancários encontra os seguintes óbices: não está calcada na experiência anterior; não é possível estabelecer uma correlação direta entre o montante dos depósitos e a omissão de rendimentos; e o encargo probatório é totalmente transferido para o contribuinte, com manifesta impossibilidade dessa prova ser produzida. Alude que, se não houver acréscimo patrimonial ou mesmo a indicação de que os valores movimentados foram consumidos, não é válida a presunção do artigo 42 da Lei nº 9.430/96, sendo indevidas as cobranças lançadas desse modo. Como a alteração patrimonial do sujeito passivo é compatível com sua renda declarada, a ação fiscal deve ser debelada em sua totalidade. Argumento que as movimentações bancárias estão ligadas às atividades da pessoa jurídica da qual é sócio, como comprova através da anexação de seus Livros Razão e Diário, DIPJ e DCTF. Apesar de Fl. 1484DF CARF MF 4 não representarem prova absoluta, o conjunto probatório acostado aos autos é mais consistente que o conjunto de indícios apontados pelo auditorfiscal. Defende ainda a necessidade de esgotamento das vias probatórias, em busca da verdade material, obrigação esta não atendida pela autoridade fiscal, que deixou de analisar as operações da pessoa jurídica Gráfica e Editora MKM Ltda. Sustenta o sujeito passivo que a multa aplicada de 150% alcançou elevadíssimo valor, configurando efeito confiscatório, vedado pela Constituição Federal. Alude ainda que o agente público está adstrito às regras e princípios de sua área, entre eles o da razoabilidade e da proporcionalidade, e os mesmos não foram atendidos diante da exigência de quantia impagável. Entende que deva ser excluído do lançamento os valores constantes de suas DIRPF, corroborados pelos livros da empresa e demais documentos anexados. Devem ainda ser excluídas todas as operações que correspondem a transferência entre contas, posto a impossibilidade de serem considerados renda. Defende ainda que restou comprovado que os valores constantes na conta da pessoa física eram da empresa, eram utilizados para pagamentos da empresa, conforme deve ser constatado através de perícia com este fim. Requer, por fim, o cancelamento do auto de infração, a suspensão da exigibilidade do crédito e a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial as provas documentais e pericial. (fls. 1.068/1.069). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis lavrou Decisão Administrativa contextualizada no Acórdão nº 0714.344 da 4ª Turma da DRJ/FNS, às fls. 1.066/1.077, julgando improcedente a impugnação apresentada, mantendose integralmente o lançamento, nos termos da seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracteriam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessa operação. Fl. 1485DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 4 5 PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. ONUS PROBANDI A CARGO DO CONTRIBUINTE. A comprovação da origem dos depósitos bancários no âmbito do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 deve ser feita de forma individualizada (depósito a depósito), por via de documentação hábil e idônea. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento do direito de defesa quando comprovado que o contribuinte foi previamente intimado e não se manifestou sobre a origem dos depósitos bancários. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos essenciais ao lançamento, é de se indeferir o pedido de perícia, que não pode suprir a omissão do contribuinte na obtenção d eprovas, que a ele competia produzir. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003, 2004 FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO. O reiteramento de conduta ilícita ao lonto do tempo descaracteriza o caráter fortuito do procedimento, evidenciando o intuito doloso tendente à fraude. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. APLICABILIDADE. É aplicável a multa de ofício de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, constatado resta que a à conduta do contribuinte esteve associado [sic] aos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Lançamento procedente.” (fls. 1.066/1.067). Fl. 1486DF CARF MF 6 Inconformado com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, o Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 27.11.2008 (às fls. 1.082/1.115), argumentando, em síntese: a) A nulidade da autuação e da r. decisão recorrida, por cerceamento de defesa, decorrente do exíguo prazo que lhe foi concedido para responder aos questionamentos fiscais (fl. 1088) e também pelo indeferimento do pedido de produção de perícia, que poderia evidenciar (fl. 1103); b) A ilegalidade da tributação da tributação de depósitos bancários não identificados por mera presunção, diante da alegada ausência de obrigação de a pessoa física manter registros das operações realizadas (fl. 1097); c) Que, ao responder os diversos termos de intimação fiscal, apresentou documentos que evidenciariam uma mera confusão patrimonial entre as atividades sociais de empresa Gráfica e Editora MKM Ltda., da qual é sócio, de modo que, diante da busca pela verdade material, os valores apurados pela fiscalização não poderiam ser considerados como renda mais sim [sic] Faturamento da empresa Gráfica MKM Ltda, pessoa jurídica (fl. 1084); d) Que a d. fiscalização e a r. decisão recorrida abstiveramse de analisar as operações da pessoa jurídica Gráfica e Editora MKM Ltda., olvidando se de contraargumentar o exposto pelo contribuinte (fl. 1105); e) A autuação admite o fato a ser provado (por exemplo, os valores que circularam na conta pessoa física não foram provados que tiveram origem com o desenvolvimento de outra atividade econômica que não a de empresa gráfica), mas sim, por uma suposição de que os valores pertencem à pessoa física (fl. 1106); f) O caráter confiscatório da multa de ofício aplicada em 150% (fl. 1107); g) E, diante dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, a dedução da base imponível do IRPF dos seguintes valores (fls. 1110/1114): 1) A título de distribuição de lucros em 2002, de R$ 360.000,00; e em 2004, de R$ 30.000,00, recebidos da empresa Contrein Serviços e Representações; 2) Doação de sua irmã, Sra. Eliza Maria Moritz, em 2003, de R$ 400.000,00; 3) Venda de dois veículos, uma L200, em 2003, por R$ 55.000,00; e uma BMW X5, em 2004, por R$ 185.000,00; e 4) “Reembolsos” recebidos pelo pagamento de fornecedores e outras contas em nome da empresa Gráfica e Editora MKM Ltda. (empresa familiar), em relação aos quais “o Contribuinte não se deu conta que parte dos recursos da sociedade […] vinham sendo depositados em sua conta, além do que utilizava os limites pessoais Fl. 1487DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 5 7 para pagamentos da empresa, enfim tudo se misturava do dia a dia” (sic, fl. 1084). É o relatório. Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa – Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recorrente foi cientificado da r. decisão em debate no dia 29/10/2008, conforme AR de fl. 1080, e o presente Recurso Voluntário foi apresentado, TEMPESTIVAMENTE, no dia 27/11/2008 (fls. 1082/1115), razão pela qual CONHEÇO DO RECURSO já que presentes os requisitos de admissibilidade. Acrescento, todavia, que, em 21/10/2016, o Recorrente apresentou petição intitulada de “aditamento ao recurso voluntário” (fls. 1465/1479), no qual reitera, concisamente, as razões do recurso voluntário, mas inovação (às fls. 1468/1478) a fundamentação quanto ao tópico da multa de ofício, aplicada em 150%. Considerando a preclusão das razões jurídicas, tanto em razão da inovação (art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72) quanto da preclusão consumativa, NÃO CONHEÇO do “aditamento” ao recurso voluntário. 2. DAS PRELIMINARES a) DA NULIDADE POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA O Recorrente alega às fls. 1087/1088 ter havido ocorrência de nulidade do procedimento fiscal em razão da “atitude do agente fiscal em não dar maior tempo de resposta ao contribuinte, [o que] se transforma em obstáculo a exercício pleno da Carta magna” (fl. 1088). Contudo, não assiste razão ao Recorrente. Como se verifica do Termo de Verificação Fiscal às fls. 351/396, foram expedidos 08 (oito) Termos de Intimação Fiscal, objetivando a apresentação de documentos e esclarecimentos, pelo contribuinte, das operações identificadas pela autoridade autuante e para a comprovação da origem dos depósitos bancários por ele recebidos ao longo dos anos calendários 2002, 2003 e 2004. Consta, ainda, que foram atendidos os pedidos de prorrogação de prazo solicitado tanto em relação a intimação a ele direcionada (TIF n. 07, fl. 369), quanto para a sua irmão (em relação à alegada doação que por ela lhe teria sido realizada em 2003, TIF n. 03, fl. Fl. 1488DF CARF MF 8 363), o que evidencia, per si, não subsistir a alegação de que ao Recorrente teriam sido concedidos prazos exíguos para o cumprimento das intimações. Ademais, diante do princípio pas de nullité sans grief, caberia ao Recorrente demonstrar concretamente que eventual prazo que lhe fora concedido teria sido insuficiente para reunir a documentação ou prestar as solicitadas. O que não ocorreu, não sendo sequer possível inferir que o Recorrente buscou, diligentemente, obter documentos outros, já que poderia têlos juntado em sede de impugnação (art. 16, inciso III, do Decreto nº 70.235/72). Por estas razões, afasto a preliminar de nulidade arguida pelo Recorrente. b) DO INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL Indefiro, também, o pedido de “perícia para a confirmação dos fatos” defendidos pelo Recorrente a partir da prova existente nos autos, uma vez que, como pontuado pela e. DRJ/FLN, por não identificar complexidade nas matérias suscitadas e nos documentos apresentados suficiente à análise por expert. Além disso, o Recorrente não fundamentou o pedido de produção de prova pericial, cuidandose de requerimento genérico e que não preenche os requisitos do art. 16, IVº, do Decreto nº 70.235/72 razão pela qual o considero não formulado, nos termos do §1º do referido art. 16. Pelo exposto, indefiro o pedido de produção de prova pericial. 3. DO MÉRITO Inicialmente, relembro que o auto de infração constituiu crédito de IRPF a partir da identificação de duas infrações à legislação tributária: a primeira, referente à falta de recolhimento desse imposto sobre Ganhos Líquidos no Mercado de Renda Variável (fl. 341); e a segunda, correspondente à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada (fls. 341/342). A primeira infração e os créditos tributários constituídos não foram objeto de impugnação ou do recurso voluntário. Em relação à omissão de rendimentos em razão da identificação de depósitos bancários de origem não comprovada, a partir de movimentação financeira do Recorrente incompatível com os rendimentos declarados, nos anoscalendários de 2002, 2003 e 2004, o cerne da argumentação do Recorrente é que os depósitos em suas contas decorrem de (1) lucros que lhe teriam sido distribuídos pela empresa Contrein Serviços e Representações; (2) doação realizada por sua irmã; (3) vendas de dois veículos automotores; e (4) pagamentos de fornecedores e contas, com uso de recursos próprios e limites pessoais, da empresa Gráfica e Editora MKM Ltda., que lhe reembolsava os valores. A corroborar as suas alegações, o Contribuinte juntou os seguintes documentos (em sede de impugnação e que são reiterados no presente recurso voluntário): Fl. 1489DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 6 9 · DIPJ (AC 2002, 2003 e 2004) da Gráfica e Editora MKM Ltda. (inscrita no CNPJ sob o n. 86.724.135/000115) – (fls. 460/576); · DIPJ (AC 2002, 2003 e 2004) da Contrein Ind. Gráfica Ltda. (inscrita no CNPJ sob o n. 80.085.855/000100) – (fls. 577/690); · DIRPF (AC 2002, 2003 e 2004) do Recorrente, às fls. 694/725; · “Relação de faturamento” da Gráfica e Editora MKM (fls. 726/729); · Balanço Patrimonial da Contrein Indústria Gráfica (fls. 730/736) e da Gráfica e Editora MKM (fls. 738/745); · Contrato Social da Contrein Indústria Gráfica (fls. 746/766) e da Gráfica e Editora MKM (fls. 768/775); · Extratos referentes aos valores que o Recorrente entende devem ser excluídos da base de cálculo da autuação (ano 2004, fls. 776/783; ano 2003, fls. 784/791), com os respectivos boletos/duplicadas, expedidos em nome da Gráfica e Editora MKM (fls. 792/1055); · Termo de Doação da Sra. Eliza Maria Moritz ao Recorrente, em 31/12/2003, no valor de R$ 400.000,00, referente à distribuição de lucros da empresa Gráfica e Editora MKM (fl. 1057); · Documentação de alienação dos dois veículos referidos (fls. 1058/1061); e · Termo de audiência de reconciliação de separação (fl. 1063). Diante da extensa documentação apresentada, entendo melhor uma análise individual das origens dos depósitos indicadas pelo Recorrente, conforme numeradas acima. De antemão, afasto as alegações do Recorrente quanto à ilegalidade de se tributar depósitos bancários sem comprovação de origem por suposta ausência de comprovação de acréscimo patrimonial ou de comprovação do consumo dessa renda (fls. 1088/1097). A tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários de origem não comprovada tem como supedâneo o art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Com efeito, tratase de uma presunção legal de omissão de rendimentos que ocorrerá sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente Fl. 1490DF CARF MF 10 intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Presunção esta relativa, que pode ser infirmada por prova em contrário apresentada pelo contribuinte, o qual possui a incumbência de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos, já que a própria lei define os depósitos bancários de origem não comprovada como omissão de receita ou de rendimentos. Inclusive, este E. Conselho já sumulou o assunto no sentido de que o Fisco não precisa comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, prevalecendo a presunção legal do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Súmula CARF nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Nesta linha, tendo em vista a presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos questionados, o que se analisará detalhadamente abaixo. a) ANOSCALENDÁRIOS 2002 E 2004: DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS RECEBIDA DA EMPRESA CONTREIN IND. GRÁFICA LTDA. Com relatado, o Recorrente pugna pela exclusão do valor de R$ 360.000,00 (em 2002) e R$ 30.000,00 (em 2004) da base de cálculo do IRPF exigido, sob o fundamento de que esses montantes corresponderiam à distribuição de lucro pela empresa Contrein Ind. Gráfica Ltda., realizadas em 04/01/2002 e em 31/12/2004, respectivamente, o que seria corroborado pela “DIPF, DIPJ, no Balanço da empresa” (fl. 1110). Sobre o ponto, a autoridade autuante assim se manifestou, no Termo de Verificação Fiscal, in verbis: “Da análise dos livros contábeis, verificase que, em relação ao valor de R$ 360.000,00, referente à distribuição de lucros ocorrida em 2002, esta se deu de uma só vez, num pagamento realizado pelo caixa da empresa no dia 04/01/2002. Dessa forma concluise que este lucro foi apurado em períodos anteriores a 2002. De acordo com as informações registradas nos sistemas da RFB […] Das informações acima, é possível inferir que os lucros distribuídos em janeiro de 2002 são originados dos resultados obtidos no anos de 1996 e 1997. É possível também inferir que a disponibilidade financeira, em espécie, que possibilitou o pagamento dos lucros em 2002, advém do saldo em caixa existente em 31/12/1996. […] Fl. 1491DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 7 11 Em resumo, o que a empresa está a dizer é a situação, inaceitável, e desprovida de razoabilidade, de que efetivamente auferiu lucros nos anos de 1996 e 1997 e que estes lucros ficaram no caixa da empresa até o ano de 2002, período inclusive que a empresa de declarou inativa.” (fls. 364 e 368, TVF, destaques originais). Sobre o ponto, assim se manifestou a DRJ/FNS, litteris: “Em análise aos autos, verificase que as contas correntes, cujos depósitos bancários não tiveram sua origem comprovada são de titularidade da pessoa física, e não da empresa da qual é sócio. Não há dúvida, portanto, que sendo o sujeito passivo titular de contas bancárias, a ele compete comprovar a origem dos depósitos nas respectivas contas correntes e, não havendo comprovação, tais valores são considerados rendimentos omitidos, nos termos do art. 849 do RIR/99. […] Não há, portanto, como considerar comprovada a alegação do sujeito passivo de que os recursos depositados em uas contas correntes (titularidade da pessoa física) vieram das empresas da qual é sócio” (fl. 1.075) Entendo que as premissas fáticas e jurídicas assentadas acima permanecem hígidas diante das alegações do Recorrente e documentos anexados aos autos. É incontroverso que a empresa Contrein Ind. Gráfica Ltda. registrou em seu Livro Razão o pagamento, a título de distribuição de lucros, do montante de R$ 360.000,00 ao Recorrente, em 04/01/2002 – conforme fl. 124. Esse mesmo valor foi declarado pelo Recorrente na sua DIRPF AC 2002, como facilmente se verifica à fl. 124. A mesma sistemática se verifica em relação à transferência de R$ 30.000,00, realizada em 31/12/2004, à fl. 147 (Livro Razão) e à fl. 706 (DIRPF AC 2004). Todavia, como destacado no TVF (fl. 368), não parece crível a uma empresa, que tenha permanecido sem qualquer movimentação por três anoscalendários consecutivos (1998 a 2000) e tenha apresentado resultado negativo (2001), distribuir parcela correspondente a quase 90% do seu saldo devedor da conta caixa, numa única operação. Aliás, ao ser intimado pelos Termos de Intimação Fiscal ns. 04 e 06, o Recorrente se limitou a afirmar que (i) as distribuições de lucros, conquanto registradas em lançamentos únicos nos livros contábeis, “se deram de forma diluída, não guardando portanto relação direto [sic] com a contabilidade, porém representam o que realmente aconteceu na empresa” (fl. 121, destaquei); e (ii) “a distribuição de lucro se deu na data de 2002, pois somente aí tivemos a necessidade de utilização da mesma” (fl. 366). Ora, as afirmações do Recorrente justificam a ausência de razoabilidade apontada pela d. autoridade autuante e confirmam o entendimento da r. decisão recorrida: em constatando relevante disparidade entre os valores recebidos pelo contribuinte por meio de diversos depósitos bancários em sua conta corrente e o montante que, alegadamente, teria lhe Fl. 1492DF CARF MF 12 sido transferido por empresa da qual é sócio, em parcela única, caberia ao Recorrente individualizar cada um dos depósitos recebidos e que corresponderiam ao fracionamento da distribuição de lucro, por ele apontada como fonte dos depósitos. Afinal, a comprovação da origem dos recursos deve ser individualizada, ou seja, há que existir correspondência de datas e valores constantes da movimentação bancária, a fim de que se tenha certeza inequívoca da procedência dos créditos movimentados, consoante o §3º do art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Assim, não é preciso a coincidência absoluta entre os dados, mas os valores auferidos devem corresponder aos depósitos efetuados nas contas, para fins de provas robustas da origem do recurso. Por oportuno, confiramse essas regras: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: Essa providência não foi realizada e sequer é possível identificar esses valores, considerando também a afirmação do Recorrente de que os recebimentos bancários não guardam “relação direto [sic] com a contabilidade” (fl. 121), o que evidencia o acerto do lançamento por presunção de receita omitida, com fulcro no artigo 42 da Lei nº 9.430/96. Aliás, consta no Termo de Verificação Fiscal que, apenas no ano de 2002, foram identificados (fls. 397/400) mais de 200 depósitos na conta corrente de titularidade do Recorrente junto ao UNIBANCO, o que evidencia ter não ele se desincumbido do ônus de individualizar, entre tantos, quais os depósitos corresponderiam à distribuição de lucros. Ora, considerando que a maior parte dos valores depositados (R$ 299 mil dos R$ 360 mil apurados) o foram a partir de cheques (fl. 379), o que corrobora a incerteza quanto à origem dos valores e dificulta a sua associação à mencionada distribuição de lucros, registrada em lançamento único na contabilidade da empresa Contrein Ind. Gráfica Ltda., deve ser mantida a presunção de omissão de rendimento. Assim, considerando que o Recorrente não trouxe elementos que evidenciassem quais, dentre os diversos depósitos bancários recebidos nos anoscalendários 2002 e 2004, seriam advindos da distribuição de lucros pela empresa Contrein Ind. Gráfica Ltda. e cuja soma totalizaria os montantes registrados no livro razão da empresa em lançamentos únicos, mantenho o lançamento neste ponto. b) DA DOAÇÃO REALIZADA PELA SRA. ELIZA MARIA MORITZ, EM 2003, NO VALOR DE R$ 400.000,00, POR MEIO DE DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS E DIVIDENDOS DA GRÁFICA E ED. MKM Fl. 1493DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 8 13 Por meio do Termo de Intimação Fiscal n. 01, o Recorrente foi intimado a comprovar a origem do recebimento do valor de R$ 400.000,00, constante em sua Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física – AC 2003 (fl. 701), tendo informado que cuidase de montante que “teve origem em uma doação, que é isenta de impostos e que por sua vez também teve origem na distribuição de lucro de uma das empresas da família (MKM)” (fl. 1086), como repisado nas razões do recurso voluntário. Diante dessa informação, a autoridade autuante intimou tanto a referida empresa Gráfica e Editora MKM Ltda. para apresentar seus livros fiscais (TIF n. 02, fls. 361/362), quanto a irmã do Recorrente, Sra. Eliza Maria Moritz, para confirmar a realização da doação (TIF n. 03, fl. 363). Tal como ocorrido em relação à contabilidade da empresa Contrein Ind. Gráfica Ltda. e identificado no Termo de Verificação fiscal, também os registros contábeis da Gráfica e Editora “registram apenas um lançamento de distribuição de lucros, ocorrido em 31/12/2003, e que teve como conta credora o CAIXA, e devedora DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. De forma contrária, a empresa argumenta que os pagamentos se deram de forma diluída, mas não foi capaz de precisar valores e datas, tampouco apresentou qualquer documento que comprovasse estas alegações” (fls. 362/363, negritos acrescidos). De fato, à fl. 102, há registro no Livro Razão da operação de distribuição de lucros, à Sra. Eliza Maria Moritz, em 31/12/2003. Em sede de impugnação, o Recorrente juntou um único documento a corroborar a alegada doação: “Termo de Doação”, assinado pela doadora ao donatário (ora Recorrente), no valor indicado e cujos recursos seriam advindos da distribuição de lucros da empresa Gráfica e Editora MKM Ltda. O documento está datado de 31 de dezembro de 2003. Sobre esse documento e as razões da impugnação (que são, frisese, as mesmas do presente recurso voluntário), assim dispôs a r. decisão recorrida: “Com relação ao termo de doação anexado ao processo, no valor de R$ 400.000,00 […], observo que as contas bancárias do sujeito passivo não apresentam nenhum depósito nestes valores em nenhum dos anoscalendário verificados. Assim sendo, não servem como justificativa de origem dos depósitos nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96. Diante deste quadro, concluise pela impossibilidade de acatamento das justificativas genéricas apresentadas pelo contribuinte.” (fl. 1075, destaquei) Tenho como irretocável o entendimento acima, devendo ser mantido o lançamento também sobre a alegada doação. Com efeito, conquanto o Recorrente tenha declarado em sua DIRPF (fl. 701) o recebimento da doação, não há qualquer elemento de prova que (i) evidencie como, quando e por quais valores (considerando a multiplicidade de depósitos também no anocalendário 2003) essa “doação” foi transferida ao contribuinte; (ii+) valide o “Termo de Doação” juntado à fl. 1057, tendo em vista que, apesar de datado em 31/12/2003, não está autenticado e não Fl. 1494DF CARF MF 14 apresenta qualquer outro elemento que ateste, por exemplo, não ter o arquivo sido elaborado após o procedimento fiscal. Ademais, ainda que a irmã do Recorrente estivesse “em viagem aos Estados Unidos” (resposta ao TIF n. 03 – fl. 114) e que ela “encontrase fora do país, casouse com estrangeiro, e não tem vindo ao Brasil com frequência, não conseguimos até então localizar o documento específico da doação” (recurso voluntário, fl. 1086), têmse que o Recorrente poderia ter comprovado a origem e forma de recebimento da aludida doação. Afinal, a intimação específica sobre esse ponto foi entregue em 04/07/2007. Passados mais de 10 anos, não é crível aceitar que o Recorrente não teve condições ou tempo suficiente para embasar documentalmente as suas razões, ainda que em momento posterior à interposição do recurso voluntário, como procedeu ao apresentar o “aditivo” ao recurso, não conhecido acima, por trazer apenas questionamentos de direito. Sem razão, portanto, o Recorrente também neste ponto. c) DA ALIENAÇÃO DE VEÍCULOS EM 2002 E 2003. COMPROVAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE COMPRA E VENDA. IMPOSSIBILIDADE DE INDIVIDUALIZAÇÃO DOS VALORES A fim de identificar a origem de parte dos valores recebidos, o Recorrente reitera a argumentação de que procedeu à alienação de dois veículos. O primeiro, uma camionete L200, em 2003, pelo valor de R$ 55.000,00; e o segundo, uma BMW X5, em 2004, pelo valor de R$ 185.000,00. Esses bens foram declarados pelo contribuinte em sua DIRPF, nos respectivos anoscalendários, conforme se verifica às fls. 698 (AC 2003) e 702 (AC 2004). Apenas em sede de impugnação foram apresentados documentos que, em tese, comprovam as alienações dos referidos veículos (fls. 1058/1061), tendo assim se manifestado a DRJ/FNS, verbis: “Com relação […] aos documentos de vendas de veículos, nos valores de R$ 55.000,00 em 21/05/2003 e R$ 185.000,00 em 11/04/2004, observo que as contas bancárias do sujeito passivo não apresentam nenhum depósito nestes valores em nenhum dos anoscalendário verificados. Assim sendo, não servem como justificativa de origem dos depósitos nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96. Diante deste quadro, concluise pela impossibilidade de acatamento das justificativas genéricas apresentadas pelo contribuinte.” (fl. 1075, destaquei). Concordo com o entendimento acima. A despeito de haver nos autos a nota fiscal de compra da BMW X5 em 2004, emitida pela empresa Top Car Veículos Ltda. à fl. 1060 (de difícil leitura), e o Documento Único de Transferência do veículo (DUT) às fl. 1061, verificase que não há a devida correlação entre a entrada e a saída da íntegra dos R$ 185.000,00 que teriam sido recebidos em decorrência desta alienação. Além disso, o Recorrente não logrou indicar precisamente quando e em quais de suas contas teria sido realizado o pagamento. Fl. 1495DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 9 15 Por tais razões, entendo que a documentação apresentada (fls. 1060/1061) não é suficiente para evidenciar a origem dos valores questionados pela fiscalização, razão pela qual deve ser mantido na base imponível do IRPF. Em relação à comprovada alienação do outro veículo, em 2003, não houve identificação, seja pelo Recorrente, seja pela autoridade fiscal, de quaisquer recebimentos que, mesmo como mero indício de prova, pudessem ser associados à essa operação de compra e venda. Deve ser mantida, portanto, a exigência sobre os valores alegadamente advindos dessa operação. Assim, neste ponto, nego provimento ao recurso voluntário para manter a íntegra dos valores autuados quanto às alienações de veículos em 2002 e 2003. d) DOS PAGAMENTOS REALIZADOS POR MEIO DA CONTA CORRENTE DO RECORRENTE DE DUPLICATAS E FORNECEDORES DA GRÁFICA E EDITORA MKM. ANOS CALENDÁRIOS 2003 E 2004 Reitera o Recorrente a alegação de que grande parte da sua movimentação financeira e dos depósitos não identificados, nos anoscalendários 2003 e 2004, seriam referentes ao pagamento de duplicatas e fornecedores da empresa Gráfica Editora MKM que realizava por meio de sua conta corrente individual (pessoa física). Posteriormente, considerando cuidarse de empresa familiar, lhe eram feitos depósitos a título de reembolso, confiramse os excertos abaixo: “25) TERMO 07 O fiscal analisa o extratos e faz constatações de vários créditos que poderiam ser rendimentos, totalizando R$ 360.927,96 (trezentos e sessenta mil novecentos e vinte sete reais e noventa e seis centavos) no ano de 2002, R$ 984.506,43 (Novecentos e oitenta e quatro mil quinhentos e seis reais e quarenta e três centavos), no ano de 2003 e em 2004 o valor de R$ 1.819.093,01 (hum milhão oitocentos e dezenove mil noventa e três reais e um centavo). Na seqüência intima a comprovar a origem de cada um dos créditos. Resposta: Ora a origem destes créditos já foram por diversas vezes explicado tratase sim de valores da pessoa jurídica, que por descuido acabou depositando em sua conta corrente, juntamos agora farta documentação neste sentido, veja bem estamos materializando a prova . Lembramos que os recursos depositados em conta corrente pessoa física eram utilizados para pagamentos da pessoa jurídica, importante ainda ressaltar que várias vezes foram utilizados os recursos de limite Bancário das contas pessoa física, para pagamentos da pessoajurídica;” (fl. 1087, destaques originais). “Imperioso se faz comentarmos que fica comprovado que os valores constantes na conta da pessoa física eram da empresa, eram utilizados para pagamentos da empresa, valores estes que não estão contabilizados na empresa, conforme deve ser constatado através de perícia com este fim! Fl. 1496DF CARF MF 16 90) Balanço de 2004 da empresa Gráfica e Editora MKM Ltda demonstra um lucro acumulado de R$ 892.271,61 (oitocentos e noventa e dois rl)il duzentos e setenta e um reais e sessenta e um centavos), o que mais uma vez demonstra que os recursos são sim da empresa, foram utilizados para pagar diversas despesas da mesma, porém como a empresa não dispunha de organização suficiente não foram lançados na contabilidade e geram o presente inconveniente.” (fls. 1112/1113, destaques originais). A embasar essas alegações, o Recorrente anexou extratos referentes aos valores que entende devem ser excluídos da base de cálculo da autuação (ano 2004, fls. 776/783; ano 2003, fls. 784/791) por corresponderem a pagamentos de boletos/duplicadas, que foram anexados, em sequência (fls. 792/1055). Para a r. decisão recorrida, assim entendeu: “Em análise aos autos, verificase que as contas correntes, cujos depósitos bancários não tiverem sua origem comprovada são de titularidade da pessoa fisica, e não da empresa da qual é sócio. Não há dúvida, portanto, que sendo o sujeito passivo titular de contas bancárias, a ele compete comprovar a origem dos depósitos nas respectivas contas correntes e, não havendo comprovação, tais valores são considerados rendimentos omitidos, nos termos do artigo 849 do RIR/99. Além disso, não restou comprovada nos autos a origem dos depósitos bancários efetuados em conta corrente de sua titularidade nos anos calendário 2002 a 2004. Alegar simplesmente que os recursos movimentados em suas contas bancárias pertenciam à empresa das quais é sócio não basta. Apenas mediante a apresentação de documentos que atestassem de forma individualizada a origem de cada ingresso na conta bancária, tributada na pessoa juridica, é que supriria o ônus que a lei lhe estabeleceu. A simples apresentação do Livro Razão e do Balanço Patrimonial, da DIPJ ou comprovantes de pagamentos de despesas destas empresas, não é capaz de justificar individualizadamente a origem dos depósitos bancários. Ressaltese que o Livro Razão, conta Caixa, mostra apenas os pagamentos efetuados pelas empresas, sendo as receitas informadas através de relação que informa o faturamento mensal consolidado. O sujeito passivo carreou aos autos comprovantes de pagamentos, todavia não trouxe comprovação da origem de nenhum dos depósitos ora tributados. Ressaltese que todas as pessoas jurídicas, ainda que possam ter uma escrituração simplificada nos termos da legislação pertinente, não é permitido utilizar contas bancárias em nome de outrem para Fl. 1497DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 10 17 movimentar seus recursos ou serem administradas com tal informalidade. Não há, portanto, como considerar comprovada a alegação do sujeito passivo de que os recursos depositados em suas contas correntes (titularidade da pessoa fisica) vieram das empresas da qual é sócio.” (fl. 1075, destaquei). A ausência dos referidos boletos/duplicatas que foram quitados pelo Recorrente, alegadamente em nome da empresa Gráfica e Editora MKM foi um dos fundamentos da autuação, constando expressamente no Termo de Verificação Fiscal. Ainda, acrescentouse que “os históricos das transferências não permitem identificar a MKM como supridora destes recursos em sua conta” (fl. 371, destaquei). No entanto, a despeito de sua juntada em sede de impugnação, entendo que não assiste razão ao Recorrente neste ponto. Primeiro, registro que os documentos anexados às fls. 792/1055 referemse à todo tipo de operação, com saída de recursos de diversos contas do Recorrente. Em sua grande maioria, cuidamse de duplicatas e faturas que têm como sacado a empresa Gráfica e Editora MKM, sociedade da qual o Recorrente era sócio desde 1993 (fls. 773/775), tendo se retirado em 1997 (fls. 771/772), oportunidade na qual cedeu a totalidade das sua participação societária ao Sr. Danilo Moritz. Alertase, todavia, que alguns desses documentos têm como sacado o próprio Recorrente (fls. 829, 839, 841, 847, 853, 906, por exemplo), de modo que é incorreta a premissa do Recorrente de que a soma dos valores de todos aqueles documentos redundaria no montante que, por se tratar de pagamento de fornecedores e dívida daquela sociedade empresária, não poderia ter os respectivos reembolsos considerados como depósitos não identificados. Assim, apenas o valor correspondente aos pagamentos realizados em nome da empresa Gráfica e Editora MKM Ltda. poderia, em tese, justificar os depósitos realizados por esta pessoa jurídica nas contas correntes de titularidade do Recorrente. Essa verificação, per si, não é suficiente. Nos termos do citado art. 42, §3º, da Lei nº 9.430/96, é necessário individualizar não só os pagamentos realizados (que geraram o direito ao reembolso), como também as transferências realizadas pela empresa para suprir as contas bancárias do Recorrente. E entendo que, em parte, esse trabalho já havia sido realizada pela d. autoridade autuante. Com efeito, extraise do Termo de Verificação Fiscal que foram analisados todos os depósitos bancários recebidos pelo Recorrente, os quais foram aglomerados pela d. Fiscalização em duas tabelas. Na primeira, registraramse os créditos sem comprovação por mês, enquanto que, na segunda, os créditos foram reunidos por histórico (denominação apurada pelo levantamento dos extratos bancários). Fl. 1498DF CARF MF 18 No momento, revelase essencial a “TABELA 03 – CRÉDITOS SEM COMPROVAÇÃO (por HISTÓRICO)” – fl. 379, quanto aos anoscalendários 2003 e 2004, abaixo: ANO HISTÓRICO TOTAL 2003 CP – PAGAMENTO FORNECE. DEP. CHQ. INTERAG DEP. EM CHEQUE DEP. EM DINHEIRO DEPOSITO INTERAG DEV. CHQ. DEPOSITO TED REC. SUDAMERIS GRAF. EDIT. TED RECEBIDO TRANSF. 0249/1146672 GRAF. EDIT. TRANSF. A CRÉDITO TRANSF C/C TRANSF. INTERCONT 2.558,73 1.626,66 714.048,93 34.000,00 45.000,00 111.884,19 11.500,00 17.500,00 4.000,00 25.000,00 64.074,00 36.000,00 2003 Total 843.424,13 2004 CP – PAGAMENTO FORNECE. DEP. EM CHEQ. INTERAGENCIAS DEP. EM CHEQUE DEP. EM DINHEIRO DEPOSITO CHQ CAIXA EXPRESSO DEPOSITO INTERAG DEV. CHQ. DEPOSITO TED REC ITAU TOP VEI. LTDA. TED REC. SUDAMERIS GRA. EDIT. TRANSF. 0249/1146672 GRAF. EDIT. TRANSF. A CRÉDITO 36.956,21 16.721,96 18.271,15 4.000,00 1.966,88 186.222,95 1.466,70 54.000,00 43.282,00 50.000,00 18.000,00 2004 Total 427.954,45 Ora, a Tabela acima evidencia que a própria d. autoridade autuante conseguiu individualizar os valores que foram depositados pela empresa Gráfica e Editora MKM Ltda. em contasbancárias do Recorrente. No entanto, ao responder ao Termo de Intimação Fiscal n. 07, que justamente intimava o Recorrente a esclarecer a origem e natureza jurídica dos Históricos identificados pela d. fiscalização, o contribuinte afirmou que os valores acima destacados (os únicos que, pelos documentos acostados aos autos, encontrariam algum respaldo na realidade fático processual) corresponderiam a (1) recebimento de férias/salário; (2) alienação de um caminhão à empresa; e (3) adiantamento referente a empréstimo por ele tomado. Ainda, afirmou o Recorrente, em resposta ao TIF n. 07, que precisamente os históricos que não permitem a identificação da origem, diante da generalidade da nomenclatura constante nos extratos bancários, é que corresponderiam aos reembolsos, cuja exclusão do lançamento impugnado é reclamada. Confira a resposta do Recorrente, verbis: Fl. 1499DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 11 19 2 – SUDAMERIS 2003: devido a problemas de fluxo de caixa e liquidez na Gráfica e Editora MKM Ltda., empresa a qual administro e sou responsável pela área financeira, me utilizava dos limites de crédito disponíveis em minha conta corrente PF para pagamento de despesas da empresa e depois efetuava os acertos me apropriando de recebíveis da MKM ou através de transferências entre c.c. 3 – UNIBANCO 2003: […] 3.2DEP.CHQ.INTERAGENCIA/ DEP. EM CHEQUE / DEP. EM DINHEIRO / DEP. INTERAGÊNCIA: também em virtude de problemas de fluxo de caixa na empresa MKM, me utilizava dos limites de crédito disponíveis em minha c.c. e de acordo com as entradas ocorridas na empresa, me apropriava dos cheque para deposito e acerto dos adiantamentos por mim feitos para a empresa; […] 3.7TRANSF GRAFICA E EDITORA: recebimento de férias/salários; […] 5 UNIBANCO 2004 5.3DEP. EM CHEQUE/ DEP. EM DINHEIRO/ DEP.CHEQUE CX EXPRESSO/ DEP. INTERAGENCIA: também em virtude de problemas de fluxo de caixa na empresa MKM, me utilizava dos limites de crédito disponíveis em minha c.c. e de acordo com as entradas ocorridas na empresa, me apropriava dos cheque para deposito e acerto dos adiantamentos por mim feitos para a empresa; […] 5.6 TED REC SUDAMERIS GRAF. EDI: valor recebido pela venda de um veículo (caminhão) Iveco Daily; 5.7 TRANSF 0249/1146672 GRAF. EDIT.: adiantamento recebido em forma de empréstimo. (fls. 280/281, destaquei). Nesse cenário, em que os esclarecimentos do Recorrente afastam qualquer possibilidade de se identificar a real natureza e origem dos depósitos bancários por ele recebidos em suas diversas conta bancárias, não há como acolher os seus argumentos, até porque não há qualquer documento sobre as operações por ele mencionados em resposta ao TIF n. 07 (alienação de caminhão, tomada de empréstimos, recebimento de férias/salário). A despeito desta documentação apresentada, temse, assim, que não é possível correlacionála de forma clara e objetiva com os depósitos cujas origens estão sendo Fl. 1500DF CARF MF 20 questionadas no presente caso e tampouco o Recorrente ousou fazêlo em sua defesa, articulando os referidos valores com suas respectivas origens e saídas. Em verdade, o Recorrente se pautou em combater a invalidade da imputação da presunção legal de omissão de rendimentos, mas não fez provas do contrário. Ora, certo é que as alegações apresentadas pelo Recorrente devem vir acompanhadas das provas documentais correspondentes, especialmente para combater uma presunção legal (relativa) como a do presente feito, não sendo suficiente juntar documentos aleatórios, sem a devida correlação com os fatos geradores tributários. Argumentações com ausência de prova enseja o indeferimento da pretensão, haja vista a impossibilidade de se apurar a veracidade das alegações. É mister destacar que alegações genéricas e desacompanhadas de provas não têm o condão de afastar os lançamentos, pois compete ao sujeito passivo o ônus da prova no tocante a fatos impeditivos, modificativos e extintivos da pretensão do fisco, como regra geral disposta no art. 373, II, do Código de Processo Civil. Portanto, resta demonstrada a ocorrência do fato gerador in casu, qual seja, a aquisição de disponibilidade de renda pelo Recorrente representada pelos recursos que ingressaram em seu patrimônio, por meio de depósitos ou créditos bancários, cuja origem não foi esclarecida, consoante o art. 42 da Lei n° 9.430/1996. e) DA MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Por fim, entendo que assiste razão ao Recorrente quanto à desqualificação da multa de ofício, fixada em 150%. Pelo conjunto probatório dos autos, está claro que o Recorrente movimentou, em instituições financeiras, recursos expressivos, incompatíveis com a renda declarada ao Fisco, e negouse a justificar a origem desses valores, apesar das sucessivas intimações que lhe foram direcionadas. No entanto, como bem relata a Súmula CARF nº 25, a simples presunção legal de omissão de rendimentos não é suficiente para qualificar a multa de ofício. Súmula CARF nº 25 A presunção legal de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação de uma das hipóteses dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 383, de 12/07/2010, DOU de 14/07/2010). Assim, é imprescindível que a autoridade fiscal demonstre a existência de qualquer das hipóteses previstas no art. 44, I, § 1º, da Lei 9.430/1996, c/c com os arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/1964, que assim dispõem: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] Fl. 1501DF CARF MF Processo nº 13971.003152/200711 Acórdão n.º 2401006.216 S2C4T1 Fl. 12 21 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Deste modo, não tendo restado demonstrado que o Recorrente agiu com dolo, fraude e simulação no caso em apreço, é de rigor seja reduzida a multa qualificada para 75%, razão pela qual dou provimento ao Recurso Voluntário neste particular. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para excluir a qualificadora da multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 1502DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912508/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM.
Reconhece-se a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório.
Numero da decisão: 1301-003.854
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº10680.913407/2009-97, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM. Reconhecese a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº10680.913407/2009 97, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 25 08 /2 00 9- 41 Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10680.912508/200941 Acórdão n.º 1301003.854 S1C3T1 Fl. 3 2 (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de DCOMP, que pleiteia compensação de crédito oriundo de estimativa mensal. O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratar se de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Da Manifestaçã de Inconformidade A empresa apresentou manifestação de inconformidade, onde alegou: primeiramente, o impugnante deu destaque à fundamentação legal; no que tange aos dispositivos do CTN, vêse que se limitam a garantir ao contribuinte o direito de haver a restituição do tributo que houver recolhido a maior, direito este que a requerente exerceu por meio da apresentação da DCOMP originária da decisão ora contestada; passandose ao exame da Lei nº 9.430, de 1996, art.74, vêse que o aspecto a que se refere o despacho e que embasou o indeferimento da compensação realizada pela requerente é o inciso IX do § 3°, que só veio a ser incluído na lei pela MP 449/08; a compensação realizada pela requerente ocorreu à época em que não havia lei alguma impedindo a prática pelas pessoas jurídicas da compensação mensal entre débitos e créditos resultantes da aplicação do regime de estimativa; claramente impossível, portanto, a aplicação retroativa ao ano em questão da MP 449/08, a teor dos arts. 105 e 106 do CTN; quanto ao art. 10 da IN/SRF 600/05, sustenta a requerente que, de acordo com o art. 97 do CTN e a própria Constituição Federal, somente lei formal poderá criar obrigações tributárias, ou limitações ao exercício de direito pelos contribuintes. Instruções Normativas são meras normas Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10680.912508/200941 Acórdão n.º 1301003.854 S1C3T1 Fl. 4 3 complementares às leis, não podendo estabelecer imposições ou óbices de natureza tributária não previstos em lei. embora o despacho decisório nada tenha oposto à forma regular com que se operou a compensação, não a tendo homologado exclusivamente com base na tese da impossibilidade de realizações mensais, quer a requerente basearse na jurisprudência do Conselho de Contribuintes que sempre admitiu esta periodicidade; vale lembrar que a determinação da MP 449, que deu origem ao citado inciso IX do § 3o do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, não foi acolhida pelo Projeto de Lei de Conversão n°2/09, já remetido à sanção presidencial pela Mensagem 25/09, de 12/05/09. Portanto, além de não poder retroagir à data em que se deu a compensação objeto deste litígio, o dispositivo trazido à luz pela MP 449/09 perderá, necessariamente, a eficácia, quer pela sanção do PL de Conversão, quer pelo decurso do prazo, caso seja o referido PL vetado; na conclusão, destacou a manifestante que a legislação indicada pelo despacho decisório ora atacado, ou não é aplicável à hipótese sob exame, ou é posterior à compensação realizada pelo contribuinte, não lhe podendo, portanto, ser imposta, em face do princípio da irretroatividade das leis, em geral e, especialmente, das normas tributárias, excetuada a hipótese de retroatividade benigna; a mais, a imposição de comportamento tributário, por meio de Instrução Normativa, sem lei formal que lhe dê respaldo, não é admitida pela legislação tributária brasileira, desde a Constituição, passando pelo Código Tributário Nacional (art. 97); em consequência, espera e requer o contribuinte que seja a presente Manifestação de Inconformidade conhecida e provida, modificandose o Despacho Decisório para que seja homologada a compensação declarada. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que o crédito, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal, somente pode ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve o pagamento indevido ou para compor o saldo negativo do período, de acordo com a norma vigente. Transcrevese ementa do acórdão da DRJ: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2005 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR ESTIMATIVA MENSAL De acordo com a norma vigente, a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda ou de Contribuição Social a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo do período. Do Recurso Voluntário Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10680.912508/200941 Acórdão n.º 1301003.854 S1C3T1 Fl. 5 4 Em 14/12/2011, o contribuinte tomou ciência da decisão da DRJ, conforme Aviso de Recebimento dos Correios. Ainda inconformada, em 12/01/2012 a empresa apresentou Recurso Voluntário (fls. 5072), no qual: Declara que apura IRPJ e CSLL pelo lucro real e, recolhe os valores de estimativa mensal e que, mês a mês, levanta balencete, o qual transcreve em seu Livro Diário, e que evidencia os pagamentos excessivos realizados com base na estimativa; Acrescenta que nem o Despacho Decisório, nem o acórdão recorrido, discutem ou põem em dúvida o acerto dos excedentes compensados e que limitamse a justificar seu procedimento com base na IN SRF 460/2004 e IN SRF 600/2005 e no art. 74, inc. IX da Lei n.9.784/96; Em seguida, destaca que os limites da lide dizem respeito à questão de direito e reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade. Por fim, requer que seja reconhecido o direito à compensação pleiteada. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.853, de 18/04/2019, proferido no julgamento do Processo nº10680.913407/200997, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.853): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Após ter seu pedido de compensação indeferido sob o fundamento de que pagamento a titulo de estimativa mensal, somente poderia ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devidos ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ/CSLL do período, a empresa apresentou manifestação de inconformidade reiterando seu direito à compensação de estimativas mensais. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ, e o contribuinte apresenta recurso voluntário onde reitera que em razão de pagamentos indevidos de estimativa mensal, conforme apuração em balancetes mensais, teria direito à compensação dos valores pagos em excesso. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10680.912508/200941 Acórdão n.º 1301003.854 S1C3T1 Fl. 6 5 No presente processo, o pedido de compensação foi indeferido liminarmente através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o fundamento de se tratar de pagamento de estimativa mensal. A Unidade de Origem sequer analisou o mérito do direito creditório, tampouco deu oportunidade ao contribuinte para apresentar documentos que comprovassem o recolhimento indevido a título de estimativa mensal. Há de se fazer a distinção entre compensação de pagamento de estimativa mensal devido e que deveria compor o saldo negativo ao final do anocalendário, daquele pagamento efetuado em valores superiores ao que a lei determina para fins de cálculo de estimativa mensal. Com efeito, entendo ser possível a compensação/restituição de recolhimento a título de estimativa mensal, desde que caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, in verbis: Súmula CARF nº 84:É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte de que o pagamento foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Dessarte, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que, tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindose assim, o processo de praxe. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por conhecer Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10680.912508/200941 Acórdão n.º 1301003.854 S1C3T1 Fl. 7 6 do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindose assim, o processo de praxe. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 103DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.902442/2014-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/12/2000
PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE.
Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como receita financeira, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente.
Numero da decisão: 3401-005.876
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco indicou a intenção de apresentar Declaração de Voto, o que foi feito no processo paradigma.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/12/2000 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE. Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco indicou a intenção de apresentar Declaração de Voto, o que foi feito no processo paradigma. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 24 42 /2 01 4- 76 Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ/POR, que considerou insubsistente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório que indeferiu pedido de restituição de PIS. Do Pedido de Compensação e do Despacho Decisório O contribuinte pleiteou compensação, referente a pagamento efetuado indevidamente ou a maior, transmitido através de PER. Em despacho decisório, o pedido foi indeferido sob a alegação que o “recolhimento apontado como origem do crédito encontrase integralmente alocado ao débito informado pelo contribuinte, não restando qualquer saldo de pagamento a ser restituído. ” Da Manifestação de Inconformidade O Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, argumentando o seguinte: 1. O Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, contida no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 1998 e que o presente pedido de restituição se mostra subsistente, pois os recolhimentos da contribuição em tela foram realizados nos estritos lindes do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, cujo descompasso com o sistema normativo acabou por provocar o recolhimento a maior nesse tocante e, por conseguinte, não há como prosperar o indeferimento do presente pedido de restituição. 2. O STF declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98 porque reconheceu que as contribuições sociais ao PIS e à Cofins só poderiam incidir sobre o faturamento das empresas, assim entendida “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza”, não podendo incluir na base de cálculo receitas não operacionais. 3. O conceito de faturamento não varia em função do objeto social de cada contribuinte, pois a base de cálculo ficaria sujeita a um grau de incerteza absolutamente incompatível com uma obrigação tributária. Assim sendo, não há qualquer relação de identidade entre o conceito de faturamento com a atividade principal dos contribuintes. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 4 3 4. Mesmo que se entenda que as receitas financeiras auferidas por instituições financeiras têm natureza de receita de prestação de serviços, integrando o conceito de faturamento, o que se admite apenas para argumentar, não podem integrar referida base de cálculo as receitas financeiras decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira. 5. A base de cálculo, deveria ficar restrita somente às receitas auferidas no exercício de seu objeto social, com a prestação de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, intermediação financeira e concessão de crédito, dentre outras atividades. 6. As receitas financeiras obtidas com a aplicação de seu próprio capital de giro e capital de terceiros, bem como em razão da remuneração dos depósitos compulsórios realizados junto ao Banco Central e aplicações próprias, realizadas no seu único e exclusivo interesse, sem intermediação, não configuram prestação de serviços, uma vez que ninguém presta serviço para si próprio. Junto com a impugnação, o recorrente apresentou planilhas de cálculo, e balancete analítico do mês de referência. Da Decisão de Primeiro Grau O colegiado a quo julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 14061.550. Do Recurso Voluntário Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401005.809, de 25 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10580.902382/201491, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3401005.809): "Da Admissibilidade Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 5 4 O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade; de modo que tomo seu conhecimento. Do Mérito O núcleo do litígio reside na forma de aplicação da declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei Federal 9718/1998 pelo STF – quando do julgamento do RE nº 585.235, sob a forma do art. 543B, do CPC, sobre o alargamento da base de cálculo das contribuições PIS e COFINS, no que tange às instituições financeiras. Naquela oportunidade, restou pacificado que, para fins de incidência cumulativa das contribuições sociais, o faturamento é o resultado das atividades típicas, ou seja, que decorram do objeto social do contribuinte. Como não poderia ser diferente, esse vem sendo o entendimento adotado nessa Seção, e na Câmara Superior de Recursos Fiscais: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/12/2000 COFINS. FATURAMENTO. LEI 9.784/98 [SIC]. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Consoante entendimento firmado pelo STF, as receitas operacionais obtidas pelas instituições financeiras, decorrentes de sua atividade fim, integram o conceito de receita bruta utilizado pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98. RECUPERAÇÃO DE ENCARGOS E DESPESAS E REVERSÃO DE PROVISÕES OPERACIONAIS. Lançamentos que não representes ingressos de receita oriundos das atividades típicas das instituições financeiras não podem ser alcançados pela incidência da COFINS. (Acórdão nº 3201004.445, Relatora Tatiana Josefovicz Belisário, sessão de 27.11.2018) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2004 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 6 5 As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. (Acórdão nº 9303002.934, Redator designado: Ricardo Paulo Rosa, sessão de 03.06.2014). Acertadamente, a decisão ora recorrida destacou que as atividades operacionais das instituições financeiras se encontram elencadas no Plano de Conta COSIF, nos termos emanados pelo Banco Central do Brasil: O Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional, instituído pela Circular do Banco Central do Brasil nº 1.273, de 29 de dezembro de 1987, traz em seu Capítulo 1 Normas Básicas, Seção 17 Receitas e Despesas, item 3, que as rendas obtidas tanto com as operações ativas como com a prestação de serviços, ambas referentes a atividades típicas, regulares e habituais da instituição financeira, são classificadas como operacionais. Confirase: 3 As rendas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, aquelas que se referem a atividades típicas, regulares e habituais. (grifos nossos) No Cosif, as contas de receitas operacionais são divididas em: 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS 7.1.1.00.001 Rendas de Operações de Crédito 7.1.2.00.004 Rendas de Arrendamento Mercantil 7.1.3.00.007 Rendas de Câmbio 7.1.4.00.000 Rendas de Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 7.1.5.00.003 Rendas com Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 7 6 7.1.7.00.009 Rendas de Prestação de Serviços 7.1.8.00.002 Rendas de Participações 7.1.9.00.005 Outras Receitas Operacionais (...) Portanto, em uma instituição financeira as receitas financeiras decorrem de serviços prestados aos clientes (financiamentos, empréstimos, operações de câmbio na importação ou exportação, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, seguros, arrendamento mercantil, administração de planos de previdência privada e tantas outras mais) não constituindo mero ganho financeiro como acontece em outras empresas. São, portanto, receitas operacionais, que compõem a base de cálculo do PIS e da Cofins. (...) Especificamente quanto a instituições financeiras e contribuintes a ela equiparadas por força do artigo 22, § 1° da Lei 8.212/91, devese entender por faturamento os ganhos obtidos com operações financeiras realizadas por tais entidades, quanto à captação, movimentação e aplicação de ativos que proporcionem alguma forma de ganho pecuniário, posto não ser outro o objeto social de tais sociedades. Observando o caso concreto, tratase de instituição financeira que tem por objeto social “efetuar operações bancárias em geral, inclusive câmbio”. Esse, portanto, é o limite das atividades típicas que devem ser objeto de escrutínio para sua inclusão na base de cálculo das contribuições sociais. No presente processo, a Recorrente pleiteia crédito de COFINS no montante calculado sobre a diferença entre a totalidade de receitas operacionais e a receita de prestação de serviços bancários (conta 7.1.7.00.00.9), entendendo, a despeito do entendimento acima esposado, que somente as atividades de prestação de serviços bancários poderiam vir a ser objeto de incidência das contribuições sociais, ignorando que a atividade bancária per si não se restringe, por óbvio, aos serviços prestados aos clientes. Adicionese aos argumentos anteriores que a própria Lei Federal 9.718/1998 partiu da premissa que as receitas financeiras geradas nas atividades das instituições bancárias eram tributadas, quando previu, em seus parágrafos 5º e 6º, hipóteses específicas de dedução: Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 8 7 I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; c) deságio na colocação de títulos; d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. III no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; IV no caso de empresas de capitalização, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de resgate de títulos. Assim, todas as receitas decorrentes da atividade bancária, seja pela prestação de serviços, seja pela fruição de resultados financeiros dos ativos próprios e de terceiros, devem ser tributadas pelas contribuições sociais, observadas das deduções acima. Por outro lado, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente, nos termos do RE 1.104.184/RS, do STJ, julgado sob efeitos do artigo 543C do antigo CPC. Sob a mesma ótica, não é possível admitir na base de cálculo das contribuições as receitas decorrentes da locação de imóveis, eis que essa atividade não se encontra contemplada no seu contrato social. Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 9 8 Tratase, portanto, de resultados que não decorre da atividade bancária, de forma que a parcela do lançamento referente a essa rubrica deve ser cancelada. Por todo o exposto, conheço do Recurso, e doulhe parcial provimento para afastar a glosa sobre as receitas decorrentes da remuneração de juros sobre o capital próprio e locação de imóveis próprios." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. . Da mesma forma, a Declaração de Voto do Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, apresentada no processo paradigma, é extensível ao presente processo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do recurso voluntário, e darlhe parcial provimento para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10580.902442/201476 Acórdão n.º 3401005.876 S3C4T1 Fl. 10 9 Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.900136/2009-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
RECURSO VOLUNTÁRIO. DECISÃO A QUO. PROVIMENTO INTEGRAL. FALTA DE INTERESSE.
Carece de adequação e necessidade o recurso voluntário em face de decisão de primeira instância que julgou totalmente procedente a manifestação de inconformidade e garantiu integralmente o direito creditório pedido.
COMPENSAÇÕES. PROCESSOS DIVERSOS. MATÉRIA ESTRANHA À LIDE.
É estranho à lide e não deve ser conhecido o pedido para homologar compensações que constam de processos diversos do que está sob exame.
Numero da decisão: 1401-003.326
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por ausência de interesse processual.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Soares Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente).
Nome do relator: CARLOS ANDRE SOARES NOGUEIRA
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DECISÃO A QUO. PROVIMENTO INTEGRAL. FALTA DE INTERESSE. Carece de adequação e necessidade o recurso voluntário em face de decisão de primeira instância que julgou totalmente procedente a manifestação de inconformidade e garantiu integralmente o direito creditório pedido. COMPENSAÇÕES. PROCESSOS DIVERSOS. MATÉRIA ESTRANHA À LIDE. É estranho à lide e não deve ser conhecido o pedido para homologar compensações que constam de processos diversos do que está sob exame. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário por ausência de interesse processual. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 90 01 36 /2 00 9- 59 Fl. 78DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente). Relatório Inicialmente, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador. A Artedur apresentou Declaração de Compensação (Dcomp) pretendendo compensar um suposto pagamento a maior realizado com o recolhimento de um DARF no valor de R$62.567,54, relativo ao IRPJ estimado do mês de julho de 2005, do qual resultaria um crédito no valor original de R$84.464,67. Os Débitos que visa compensar são os relativos ao IRPJ estimativa mensal de agosto de 2005 e CSLL estimativa mensal, também de agosto de 2005, nesta ordem declarados, nos valores originais de R$30.558,07 e R$7.527,76, respectivamente. Em Despacho Decisório Eletrônico de número de rastreamento 820963257, a Delegacia da Receita Federal de Camaçari não homologou a compensação pleiteada, uma vez que o valor integral do DARF foi utilizado para o pagamento do IRPJ estimativa do mês de julho de 2005, não havendo crédito passível de utilização. Em sede de Manifestação de Inconformidade, a Empresa alega o seguinte: a empresa efetuou a apuração do imposto de renda de 2005 pela forma de tributação do Lucro Real, conforme opção na DIPJ 2006 (Declaração Imposto de Renda Pessoa Jurídica) entregue em 30/06/2006, recibo número 05.87.98.81.74 (anexo a este pedido); apurou mensalmente as estimativas, e efetuou o recolhimento destas. Apresenta quadro demonstrativo do montante apurado e recolhido (fl. 4); relativamente ao mês de julho/2005, objeto de compensação da Per/Dcomp supra, pode ser observado que o imposto apurado é constituído pelo montante de R$ 24.858,80, porém a organização recolheu aos cofres públicos o valor de R$62.567,54, o que originou um crédito a seu favor de R$37.708,74, utilizado para quitar débitos de 2006 do código 2362 IRPJ no montante original de R$ 30.558,07, e 2484 CSLL no valor de R$7.527,76, conforme pode ser constado na cópia da Per/Dcomp anexa a este manifesto; a autoridade administrativa interpretou no despacho proferido não haver crédito disponível para compensação dos débitos Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13502.900136/200959 Acórdão n.º 1401003.326 S1C4T1 Fl. 79 3 informados no Per/Dcomp, informando existir um ou mais pagamentos vinculados ao débito em questão; após analisada tal situação, a empresa constatou que cometeu um erro formal, pois no momento de declarar a DCTF informou como débito do período o valor total recolhido, e não o montante da estimativa calculada e declarada na DIPJ. Com o intuito de corrigir esse erro a empresa transmitiu DCTF retificadora em 26/03/2009 sob o número 36.00.56.73.2174, da qual anexa cópia a este pedido. DO PEDIDO Diante do exposto, considerando a real existência de créditos suficientes para cobrir todas as compensações realizadas; considerando que a não homologação decorre de erro formal incorrido equivocadamente pela Impugnante, requer: a) O provimento da presente manifestação de inconformidade; b) Seja reconhecido o direito creditório no montante dos débitos efetivamente compensados através da homologação da compensação efetuada mediante o Per/Dcomp 12068.27173.220905.1.3.040040. A DRJ, ao examinar a manifestação de inconformidade, verificou que efetivamente ocorreu o pagamento a maior e que não havia necessidade de aproveitar esse pagamento na própria apuração do Imposto de Renda a Pagar de 2005. Assim, a instância de piso julgou procedente a manifestação de inconformidade e reconheceu integralmente o direito da contribuinte ao crédito de R$ 37.708,74. A ementa do acórdão ora combatido restou consignada nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005 ESTIMATIVA. PAGAMENTO A MAIOR. Comprovado que houve pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ, considerando que há saldo negativo a compensar do anocalendário em questão e que não há pedido de sua utilização pendente de decisão e, também, que tal pedido não pode mais ser feito em função da prescrição, há que ser reconhecido o direito creditório e homologada a compensação até o limite do crédito concedido. Manifestação de Inconformidade Procedente Direito Creditório Reconhecido Entretanto, a contribuinte verificou que a DRJ, na fundamentação do acórdão, ao recompor a apuração do Imposto de Renda a Pagar de 2005, deixou de considerar o valor de R$ 24.715,56, que não foi objeto de pagamento, mas de compensação. Ao deixar de considerar esse valor, a DRJ teria chegado a um resultado de Imposto de Renda a Pagar Fl. 80DF CARF MF 4 inferior ao correto. Segundo a DRJ, o saldo negativo seria de R$ 69.436,62. Somando o valor correspondente ao mês de março/2005, a contribuinte apurou um saldo negativo de R$ 94.152,18. Alegou a recorrente que a apuração incorreta da DRJ afetaria as compensações que constam dos processos nº 13502.900137/200901, 13502.900788/200993 e 13502.900787/200949. A contribuinte interpôs recurso voluntário por meio do qual pede que seja reformada a decisão da DRJ para reconhecer o valor de R$ 24.715,56, relativo à estimativa do mês de março/2005, e para reconhecer que o valor correto do saldo negativo de IRPJ seria de R$ 94.152,18. Além disso, pede que se homologuem as compensações de que tratam os processos nº 13502.900137/200901, 13502.900788/200993 e 13502.900787/200949. Era o que havia a relatar. Voto Conselheiro Carlos André Soares Nogueira, Relator. Preliminar de admissibilidade do recurso. Tenho que o presente recurso não deve ser conhecido por não haver interesse da recorrente e por tratar de assunto estranho à lide, como passo a expor. Interesse no recurso. À partida, é preciso lembrar que a decisão de primeira instância deu total provimento à manifestação de inconformidade e reconheceu integralmente o direito creditório da contribuinte, no valor (R$ 37.708,74) e sob o fundamento (pagamento indevido ou a maior) apresentados no PER/DComp nº 12068.27173.220905.1.3.040040. Assim, a recorrente não combate propriamente a decisão a quo, mais precisamente, a parte dispositiva do acórdão. A recorrente pretende que este Conselho altere os cálculos do saldo negativo de IRPJ de 2005 que foi elaborado pela DRJ na fundamentação do voto condutor da decisão. Explico. A DRJ, ao analisar a manifestação de inconformidade, verificou que a DIPJ original entregue pela contribuinte apresentava na Ficha 12A um resultado de Imposto de Renda a Pagar no valor de R$ 454.240,58. Ora, caso a contribuinte tivesse mesmo apurado Imposto de Renda a Pagar no valor de R$ 454.240,58, seria o caso de aproveitar integralmente o pagamento de R$ 62.567,54 na apuração do Imposto de Renda a Pagar de 2005, nos termos do artigo 2º da Lei nº 9.430/96, verbis: Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13502.900136/200959 Acórdão n.º 1401003.326 S1C4T1 Fl. 80 5 Art. 2o A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pela pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pela art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida mensalmente, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 29 e nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995. [...] § 4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. (grifei) Contudo, a DRJ identificou que a contribuinte também cometeu um erro de fato na DIPJ ao declarar, na Ficha 12A, o montante de Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa. Na DIPJ original, a contribuinte declarou o total de R$ 350.617,42. Entretanto, a DRJ apurou que a contribuinte havia recolhido um total de R$ 874.294,62, composto pelos seguintes pagamentos: 03.855.674/000166 ARTEDUR PRODUTOS QUÍMICOS LTDA CÓD. RECEITA: 2362 IRPJ OB L REALDEMAIS EST MENSAL UA.ARR DT.RECEP. P.A P.SIPADE NR.PAGTO RECEITA VALOR 1010700 02/03/2005 31/01/2005 7069294590 2362 15.762,51 1010700 04/04/2005 28/02/2005 7108730490 2362 27.126,25 1010700 02/06/2005 30/04/2005 7201915291 2362 39.618,07 1010700 02/07/2005 31/05/2005 7245306398 2362 60.165,99 1010700 02/08/2005 30/06/2005 7291025495 2362 63.295,61 1010700 18/08/2005 31/07/2005 7319457696 2362 62.567,54 1010100 02/11/2005 30/09/2005 20796133810 2362 27.600,40 Fl. 82DF CARF MF 6 1010100 02/12/2005 31/10/2005 21619416710 2362 16.260,25 1010100 31/12/2005 30/11/2005 22423454812 2362 20.655,91 Ao recompor a apuração da Ficha 12A da DIPJ, corrigindo o montante de Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa, a DRJ chegou a um saldo de Imposto de Renda a Pagar negativo de R$ 69.436,62. É importante destacar que esses cálculos feitos pela DRJ tiveram apenas o fito de verificar a eventual necessidade de se aproveitar integralmente o pagamento de R$ 62.567,54 (PA 07/2005) na própria apuração do Imposto de Renda a Pagar no ajuste do ano calendário 2005. Após essa verificação, a DRJ deferiu integralmente o pedido de repetição de indébito no montante original de R$ 37.708,74, referente a pagamento indevido ou a maior, conforme o PER/DComp transmitido pela contribuinte. É o que se pode ver do seguinte trecho do acórdão a quo: Conhecendo o valor do saldo negativo do anocalendário de 2005, considerando a correção apenas dos valores registrados como pagos a título de estimativa mensal de IRPJ, e considerando que não poderá ser mais pedida a compensação deste saldo negativo por conta da prescrição quinquenal, há que se reconhecer o direito creditório original de R$37.708,74, a ser compensado a título de pagamento a maior, como consta do pedido da Empresa. Diante do exposto, julgo procedente a manifestação de inconformidade, reconhecendo o direito creditório de R$37.708,74 (trinta e sete mil, setecentos e oito reais e setenta e quatro centavos) e homologando a compensação pleiteada até o limite do crédito reconhecido. (grifei) Em relação aos argumentos esgrimidos pela contribuinte, é de se reconhecer, em tese, que a estimativa objeto de compensação é passível de compor o saldo negativo de IRPJ no lucro real anual. Entretanto, a decisão da DRJ não versa sobre saldo negativo de IRPJ. A DRJ, ao realizar a verificação da existência de saldo negativo, ao contrário do que parece entender a recorrente, não promoveu qualquer alteração dos valores declarados em DIPJ ou em DCTF, no que diz respeito à apuração do Imposto de Renda a Pagar no ajuste do anocalendário 2005. Serviu apenas como fundamento para deferir o pedido da contribuinte nos exatos termos formulados por esta. A decisão da DRJ versa exclusivamente sobre o pagamento a maior no montante de R$ 37.708,74. É cediço que a parte tem interesse no recurso voluntário quando seu pedido é indeferido total ou parcialmente na decisão de primeira instância. Ora, a contribuinte formalizou um pedido de repetição de indébito no valor de R$ 37.708,74 a título de pagamento indevido ou a maior e a decisão da DRJ lhe garantiu exatamente o que havia pedido. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13502.900136/200959 Acórdão n.º 1401003.326 S1C4T1 Fl. 81 7 Estando a lide vinculada ao pedido feito no PER/Dcomp, que foi integralmente deferido na decisão de primeira instância, não há o que mais deferir. Carece, portanto, de necessidade e adequação o recurso voluntário, não devendo ser conhecido. Matéria estranha à lide. A recorrente alegou que o cálculo feito pela DRJ na verificação do saldo negativo de IRPJ afetaria as compensações que estão tramitando nos processos nº 13502.900137/200901, 13502.900788/200993 e 13502.900787/200949. A contribuinte chega a pedir no recurso voluntário que se homologue as compensações que constam daqueles processos. Ora, as compensações que constam de outros processos compõem matéria diversa do Pedido de Restituição/Ressarcimento e da Declaração de Compensação do PER/DComp nº 12068.27173.220905.1.3.040040. Ademais, como já se demonstrou, os cálculos feitos pela DRJ com o fito de verificar se havia a necessidade de aproveitar integralmente o pagamento da estimativa do mês de março na apuração do Imposto de Renda a Pagar de 2005 não têm o condão de alterar os recolhimentos efetuados, os débitos e créditos declarados. Resulta que extrapola dos limites do atual processo tratar das compensações que constam de processos diversos. A matéria é completamente estranha à presente lide. Conclusão. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira Relator Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.913408/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84.
O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM.
Reconhece-se a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório.
Numero da decisão: 1301-003.862
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomando-se, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº10680.913407/2009-97, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2006 RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM. Reconhece-se a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2122; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.913408/200931 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301003.862 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de abril de 2019 Matéria DCOMP DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente REFRIGERANTE MINAS GERAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS A MAIOR QUE O DEVIDO. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. O valor do recolhimento a titulo de estimativa que supera o valor devido a titulo de antecipação do imposto de renda (ou da contribuição social sobre o lucro) de acordo com as regras previstas na legislação aplicável é passível de compensação/restituição como pagamento indevido de tributo. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADO. COMPETÊNCIA DA UNIDADE DE ORIGEM. Reconhecese a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, mas sem homologar a compensação, para não suprimir a competência da Unidade de Origem no que concerne à análise do direito creditório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para afastar a negativa do pedido de compensação com base no fundamento de não ser possível restituir/compensar valores pagos a maior a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que analise as demais questões de mérito do direito creditório requerido e emita despacho decisório complementar, retomandose, a partir daí, o rito processual de praxe, nos termos do voto da relatora. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº10680.913407/2009 97, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 34 08 /2 00 9- 31 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.913408/200931 Acórdão n.º 1301003.862 S1C3T1 Fl. 3 2 (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação protocolado através de DCOMP, que pleiteia compensação de crédito oriundo de estimativa mensal. O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o argumento de que o crédito informado no PER/DCOMP, por tratar se de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, somente poderia ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. Da Manifestaçã de Inconformidade A empresa apresentou manifestação de inconformidade, onde alegou: primeiramente, o impugnante deu destaque à fundamentação legal; no que tange aos dispositivos do CTN, vêse que se limitam a garantir ao contribuinte o direito de haver a restituição do tributo que houver recolhido a maior, direito este que a requerente exerceu por meio da apresentação da DCOMP originária da decisão ora contestada; passandose ao exame da Lei nº 9.430, de 1996, art.74, vêse que o aspecto a que se refere o despacho e que embasou o indeferimento da compensação realizada pela requerente é o inciso IX do § 3°, que só veio a ser incluído na lei pela MP 449/08; a compensação realizada pela requerente ocorreu à época em que não havia lei alguma impedindo a prática pelas pessoas jurídicas da compensação mensal entre débitos e créditos resultantes da aplicação do regime de estimativa; claramente impossível, portanto, a aplicação retroativa ao ano em questão da MP 449/08, a teor dos arts. 105 e 106 do CTN; quanto ao art. 10 da IN/SRF 600/05, sustenta a requerente que, de acordo com o art. 97 do CTN e a própria Constituição Federal, somente lei formal poderá criar obrigações tributárias, ou limitações ao exercício de direito pelos contribuintes. Instruções Normativas são meras normas Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.913408/200931 Acórdão n.º 1301003.862 S1C3T1 Fl. 4 3 complementares às leis, não podendo estabelecer imposições ou óbices de natureza tributária não previstos em lei. embora o despacho decisório nada tenha oposto à forma regular com que se operou a compensação, não a tendo homologado exclusivamente com base na tese da impossibilidade de realizações mensais, quer a requerente basearse na jurisprudência do Conselho de Contribuintes que sempre admitiu esta periodicidade; vale lembrar que a determinação da MP 449, que deu origem ao citado inciso IX do § 3o do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, não foi acolhida pelo Projeto de Lei de Conversão n°2/09, já remetido à sanção presidencial pela Mensagem 25/09, de 12/05/09. Portanto, além de não poder retroagir à data em que se deu a compensação objeto deste litígio, o dispositivo trazido à luz pela MP 449/09 perderá, necessariamente, a eficácia, quer pela sanção do PL de Conversão, quer pelo decurso do prazo, caso seja o referido PL vetado; na conclusão, destacou a manifestante que a legislação indicada pelo despacho decisório ora atacado, ou não é aplicável à hipótese sob exame, ou é posterior à compensação realizada pelo contribuinte, não lhe podendo, portanto, ser imposta, em face do princípio da irretroatividade das leis, em geral e, especialmente, das normas tributárias, excetuada a hipótese de retroatividade benigna; a mais, a imposição de comportamento tributário, por meio de Instrução Normativa, sem lei formal que lhe dê respaldo, não é admitida pela legislação tributária brasileira, desde a Constituição, passando pelo Código Tributário Nacional (art. 97); em consequência, espera e requer o contribuinte que seja a presente Manifestação de Inconformidade conhecida e provida, modificandose o Despacho Decisório para que seja homologada a compensação declarada. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o fundamento de que o crédito, a título de pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal, somente pode ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve o pagamento indevido ou para compor o saldo negativo do período, de acordo com a norma vigente. Transcrevese ementa do acórdão da DRJ: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Exercício: 2007 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR ESTIMATIVA MENSAL De acordo com a norma vigente, a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de Imposto de Renda ou de Contribuição Social a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo do período. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.913408/200931 Acórdão n.º 1301003.862 S1C3T1 Fl. 5 4 Do Recurso Voluntário Em 14/12/2011, o contribuinte tomou ciência da decisão da DRJ, conforme Aviso de Recebimento dos Correios. Ainda inconformada, em 12/01/2012 a empresa apresentou Recurso Voluntário (fls. 5072), no qual: Declara que apura IRPJ e CSLL pelo lucro real e, recolhe os valores de estimativa mensal e que, mês a mês, levanta balencete, o qual transcreve em seu Livro Diário, e que evidencia os pagamentos excessivos realizados com base na estimativa; Acrescenta que nem o Despacho Decisório, nem o acórdão recorrido, discutem ou põem em dúvida o acerto dos excedentes compensados e que limitamse a justificar seu procedimento com base na IN SRF 460/2004 e IN SRF 600/2005 e no art. 74, inc. IX da Lei n.9.784/96; Em seguida, destaca que os limites da lide dizem respeito à questão de direito e reitera os argumentos trazidos na manifestação de inconformidade. Por fim, requer que seja reconhecido o direito à compensação pleiteada. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.853, de 18/04/2019, proferido no julgamento do Processo nº10680.913407/200997, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.853): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Após ter seu pedido de compensação indeferido sob o fundamento de que pagamento a titulo de estimativa mensal, somente poderia ser utilizado na dedução do IRPJ ou da CSLL devidos ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ/CSLL do período, a empresa apresentou manifestação de inconformidade reiterando seu direito à compensação de estimativas mensais. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ, e o contribuinte apresenta recurso voluntário onde reitera que em razão de pagamentos indevidos de estimativa mensal, Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.913408/200931 Acórdão n.º 1301003.862 S1C3T1 Fl. 6 5 conforme apuração em balancetes mensais, teria direito à compensação dos valores pagos em excesso. No presente processo, o pedido de compensação foi indeferido liminarmente através de Despacho Decisório Eletrônico, sob o fundamento de se tratar de pagamento de estimativa mensal. A Unidade de Origem sequer analisou o mérito do direito creditório, tampouco deu oportunidade ao contribuinte para apresentar documentos que comprovassem o recolhimento indevido a título de estimativa mensal. Há de se fazer a distinção entre compensação de pagamento de estimativa mensal devido e que deveria compor o saldo negativo ao final do anocalendário, daquele pagamento efetuado em valores superiores ao que a lei determina para fins de cálculo de estimativa mensal. Com efeito, entendo ser possível a compensação/restituição de recolhimento a título de estimativa mensal, desde que caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, in verbis: Súmula CARF nº 84:É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. Todavia, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte de que o pagamento foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Dessarte, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que a única questão submetida ao contraditório nos autos foi a possibilidade (ou não) de compensação de pagamento da estimativa recolhida a maior. Além do que, tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindose assim, o processo de praxe. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.913408/200931 Acórdão n.º 1301003.862 S1C3T1 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer a possibilidade de compensar recolhimentos a título de estimativa mensal de IRPJ ou CSLL, desde que reste caracterizado o indébito, nos termos da Súmula CARF nº 84, mas sem homologar a compensação, com o conseqüente retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem analise o mérito do pedido e emita despacho decisório complementar, prosseguindose assim, o processo de praxe. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.015909/2007-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2002, 2003
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. PAGAMENTOS INDEVIDOS DE IRRF.
A restituição/compensação de tributos ou contribuições somente poderá ser autorizada pela autoridade administrativa fiscal com crédito do sujeito passivo, contra a Fazenda Nacional, liquido e certo, comprovado mediante registros contábil e fiscal, acompanhados de documentação hábil.
Numero da decisão: 1301-003.834
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente).
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2002, 2003 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. PAGAMENTOS INDEVIDOS DE IRRF. A restituição/compensação de tributos ou contribuições somente poderá ser autorizada pela autoridade administrativa fiscal com crédito do sujeito passivo, contra a Fazenda Nacional, liquido e certo, comprovado mediante registros contábil e fiscal, acompanhados de documentação hábil.
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ÔNUS DA PROVA. PAGAMENTOS INDEVIDOS DE IRRF. A restituição/compensação de tributos ou contribuições somente poderá ser autorizada pela autoridade administrativa fiscal com crédito do sujeito passivo, contra a Fazenda Nacional, liquido e certo, comprovado mediante registros contábil e fiscal, acompanhados de documentação hábil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 01 59 09 /2 00 7- 16 Fl. 341DF CARF MF 2 Trata o presente processo de requerimento apresentado pelo contribuinte por meio do qual pleiteia a restituição e compensação de IRRF recolhido em duplicidade. O despacho decisório de fls. 251 negou o direito ao crédito, por já ter sido o mesmo utilizado integralmente para a quitação de outros débitos do contribuinte. Irresignado, aduziu o contribuinte em manifestação de inconformidade: 1.1 DOS FATOS: em 13.11.2002, recolheu 1RRF no valor de R$ 956,92; em 16.12.2002, R$ 951,92; em 14.01.2003: 951,92, todos com o código 0561, relativos ao processo trabalhista no 1219/1994 da 20a Vara do Trabalho de Brasilia; em 30.04.2003, efetuou de forma equivocada em duplicidade, os recolhimentos dos IRRF do mesmo código, correspondente ao mesmo processo trabalhista conforme cópias dos DARF em anexo. Ambos os dados constam nas DCTF do 4° trimestre de 2002 e do 10 trimestre de 2003, respectivamente; em 31.07.2003, efetuou a compensação dos valores indevidamente conforme processo administrativo n° 112.002.622/2003 e PER/DCOMP em anexo; em 29.11.2007, foi Notificado/Intimada a recolher os valores de R$ 1.684,82; R$ 1.661,97, e R$ 1.636,10, conforme Despacho Decisório de ninneros 733295253, 733295275 e 733295267 respectivamente ou a apresentar defesa no prazo de trinta dias conforme preceitua a Lei n 9.430 de 1996. 1.2 Do DIREITO: Tendo em vista a constatação do recolhimento em duplicidade e a sua regularização através da compensaçãodosvalores conformeprevisto na legislaçãoemvigor,e como se encontra impossibilitada de efetuar a retificação das DCTF, em face a fiscalização conforme Termo n° 01.1.01.00.2006004749, através deste requerer autorização para a devida • regularização. Por derradeiro, em face aos fatos acima, solicita a anulação dos Autos de Infração ora citados, bem como autorização das DCTF, objetivando a regularização total. A DRJ rejeitou o pleito em acórdão assim ementado (fls. 277 e ss.): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002, 2003 Restituição/Compensação Pagamentos indevidos de IRRF A restituição/compensação de tributos ou contribuição somente poderá ser autorizada pela autoridade administrativa fiscal com crédito do sujeito passivo, contra a Fazenda Nacional, liquido e certo, comprovado mediante registros contábil e fiscal, acompanhados de documentação hábil. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Credit6rio Não Reconhecido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário repisando as razões de sua manifestação de inconformidade. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10166.015909/200716 Acórdão n.º 1301003.834 S1C3T1 Fl. 3 3 É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido pelo Colegiado. Como se verifica nos despachos decisórios, a motivação da não homologação das DCOMPs, nas quais a contribuinte compensou débitos (R$ 1.684,82; R$ 1.661,97, e R$ 1.636,10) de IRRF apurados na lª semana de agosto/2003, foi porque se constatou que os créditos compensados nas DCOMP já haviam sido utilizados para liquidar débitos confessados em DCTF, não restando créditos disponíveis. O contribuinte alega que efetuou o recolhimento em duplicidade, juntando os DARFs do IRRF recolhido, relativo ao pagamento no processo 1219/94 20ªVTB, e que não pode retificar a sua DCTF por ter sido objeto de fiscalização durante o período dos recolhimentos indevidos (fls. 116/119), sujeitandose ao regime do art. 833 do RIR/99. Apesar disso, o fato do contribuinte não ter retificado sua DCTF, ou mesmo tendo retificadoa após a prolação do despacho decisório, não implica a perda do direito creditório, tampouco implica no direito da Fiscalização de limitar a sua análise apenas às informações prestadas em DCTF, mormente diante da existência de informações advindas da produção de provas pelo contribuinte, ou mesmo pelo banco de dados da Receita Federal, cabendo à atividade de fiscalização confrontar o acervo probatório que documenta a materialidade tributável com os tributos pagos, para verificar efetivamente a existência do indébito tributário. Este Colegiado, em composição bastante próxima à atual, já julgou questão semelhante no Acórdão nº 1301002.996, de relatoria do Ilustre Conselheiro Nelso Kichel, julgado em 12/04/2018, e assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Data do fato gerador: 31/08/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO PLEITEADO. PAGAMENTO INDEVIDO OU MAIOR DE IMPOSTO ESTIMATIVA MENSAL. ERRO DE FATO COMPROVADO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 84. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO DA DCTF (CTN, ART. 147,§ 2º). Erro de fato comprovado conforme resultado constante de relatório de diligência fiscal.Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação (Súmula CARF nº 84)Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela Fl. 343DF CARF MF 4 autoridade administrativa a que competir a revisão (CTN, art. 147, § 2º). Neste julgado, a turma consignou duas posições, por unanimidade, as quais reputo absolutamente corretas e consentâneas com as premissas alinhavadas anteriormente, quais sejam: a) a comprovação de erro de fato no preenchimento da DCTF permite superar o que fora lá declarado, em prol do efetivamente ocorrido; e b) comprovado o erro de fato, a retificação de ofício da declaração deve ser feita pela autoridade fiscalizadora, nos termos do art. 147, §2º do CTN. Entretanto, no presente caso, o contribuinte não demonstrou o erro de fato limitandose a apresentar os DARF, as DCTFs que não foram retificadas e as DCOMPs. Não há qualquer documento que possibilite a análise do colegiado quanto ao erro em que se funda o pleito, com exceção da coincidência de valores entre dois DARFs recolhidos. Há que se lembrar, que no caso de pedidos de restituição e compensação de tributo, o ônus probatório repousa sobre os ombros do contribuinte, e não do Fisco, de modo que, não atendido não requisito, não há que se gozar do bônus correspondente, qual seja, o reconhecimento do crédito tributário. Nesses termos, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Fl. 344DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004502/2003-99
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. ERRO MANIFESTO. EFEITO INFRINGENTE.
Conhece-se dos embargos interpostos em face de omissão no julgado em vista de erro manifesto, com efeito infringente.
Numero da decisão: 2201-005.085
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos formalizados pela unidade preparadora em face do Acórdão nº 2201-004.455, de 05 de abril de 2018, sanando o vício identificado, com efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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OMISSÃO. ERRO MANIFESTO. EFEITO INFRINGENTE. Conhecese dos embargos interpostos em face de omissão no julgado em vista de erro manifesto, com efeito infringente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos formalizados pela unidade preparadora em face do Acórdão nº 2201 004.455, de 05 de abril de 2018, sanando o vício identificado, com efeitos infringentes, nos termos do voto do Relator (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 45 02 /2 00 3- 99 Fl. 652DF CARF MF 2 Relatório 1 Adoto como relatório o da decisão de admissibilidade dos embargos de declaração da unidade preparadora às fls. 648/650, por bem relatar os fatos ora questionados. "Em sessão plenária de 05/04/2018, proferiuse a decisão consubstanciada no Acórdão nº 2201004.455 (fls 602 a 620), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001 DECADÊNCIA. APLICAÇÃO SÚMULA 38 DO CARF E ART. 173 § Io DO CTN No caso de omissão de receita com base em depósitos bancários de origem não comprovada a contagem do prazo decadencial iniciase a partir do exercício seguinte com a aplicação do art. 173,1 do CTN, mormente quando não há recolhimento de nenhum imposto. OMISSÃO COM BASE EM LANÇAMENTOS COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A presunção legal de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei 9.430/96 autoriza o lançamento com base em depósitos bancários quando a origem dos recursos utilizados não forem devidamente comprovada pelo sujeito passivo, cabendo a exclusão dos valores correspondentes a os denominados "cheques devolvidos. JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de oficio integra o "crédito" a que se refere o caput do artigo. E legítima a incidência de juros sobre a multa de oficio, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo. Foram interpostos os Embargos de Declaração pela Fazenda Nacional, fls. 622/623. Estes foram acolhidos, conforme o despacho de fls. 626/629, prolatandose, em 03/10/2018, o Acórdão de Embargos nº 2201004.736 (fls. 630 a 634), assim ementado: Fl. 653DF CARF MF Processo nº 19515.004502/200399 Acórdão n.º 2201005.085 S2C2T1 Fl. 653 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INTEGRAÇÃO Conhece se dos embargos interpostos em face de omissão no julgado para fins de integração em relação ao dispositivo do Acórdão. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional para sanar o vício apontado no Acórdão n° 2201004.455, de 05 de abril de 2018, nos termos do voto do Relator. Em 05/12/2018, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Bernardo do Campo/SP interpôs Embargos de Declaração, fls. 642/645, com fundamento no art. 65, §1°, V, do Anexo II, do RICARF, apontando um lapso manifesto e erro de cálculo. A Unidade preparadora demonstrou que a data correta do cheque devolvido no valor de R$ 1.200,00 de efls. 184 é 04/01/1999, não 04/01/1998 corrobora, também, tal informação a consulta à efl. 113, nesta consta extrato de conta corrente com movimentações do período 02/01/1998 a 07/01/1998. Ainda, destacou que "o Acórdão da DRJ às fls. 564/ 579 havia excluído o cheque devolvido constate no extrato da fls. 184" (Destacouse), precisamente efls. 573/575. E isto implica em erro no cômputo feito no item 13 do Acórdão n° 2201004.455 (fls. 610). Assim, considerando que a decisão contém lapso manifesto e erro de cálculo, os aclaratórios da Unidade de Origem devem ser acolhidos como Embargos Inominados, com base no art. 66, do Anexo II, do RICARF: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Diante do exposto, com fundamento no art. 66, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, ACOLHO os Embargos da Unidade de Origem como Inominados. Fl. 654DF CARF MF 4 2 – Portanto, os embargos de fls. 642/645 foram opostos para sanar lapso manifesto e erro de cálculo no V. Acórdão de minha relatoria, recebidos através da decisão da Presidência dessa C. Turma às fls. 648/650 indicado alhures. 3 É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 4 O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 5 Com razão a unidade preparadora ao referir nos embargos o quanto segue quando esse Relator tratou do assunto no Ac.2201004.455 do recurso voluntário julgado em sessão de 05/04/2018 às fls. 610, verbis: 6 No Ac. 2201004.736 dos embargos de declaração da PGFN apenas houve a integração da soma dos valores acima indicados no dispositivo do acórdão sem efeitos infringentes. Fl. 655DF CARF MF Processo nº 19515.004502/200399 Acórdão n.º 2201005.085 S2C2T1 Fl. 654 5 7 Nos presentes embargos a unidade de origem assim destaca o seguinte conforme indicado na decisão de admissibilidade: A Unidade preparadora demonstrou que a data correta do cheque devolvido no valor de R$ 1.200,00 de efls. 184 é 04/01/1999, não 04/01/1998 corrobora, também, tal informação a consulta à efl. 113, nesta consta extrato de conta corrente com movimentações do período 02/01/1998 a 07/01/1998. Ainda, destacou que "o Acórdão da DRJ às fls. 564/ 579 havia excluído o cheque devolvido constate no extrato da fls. 184" (Destacouse), precisamente efls. 573/575. E isto implica em erro no cômputo feito no item 13 do Acórdão n° 2201004.455 (fls. 610). 8 De acordo com o acima exposto adoto como razões de decidir o constante das razões de embargos de declaração por sua objetividade e clareza, verbis: No entanto, cumpre destacar que o Acórdão da DRJ às fls. 564/ 579 havia excluído o cheque devolvido constate no extrato da fls. 184 no valor de R$1.200,00 em 04/01/1999: Fl. 656DF CARF MF 6 Ainda, há que se destacar que o extrato constante às fls. 184 do processo referese ao ano de 1999, conforme consta no acórdão da DRJ, diferentemente do Acórdão do CARF que erroneamente destaca a devolução para o ano de 1998: Fl. 657DF CARF MF Processo nº 19515.004502/200399 Acórdão n.º 2201005.085 S2C2T1 Fl. 655 7 9 Diante do quanto acima exposto o valor a ser excluído da base de cálculo nos Ac.2201004.455 de Recurso Voluntário passa a ser de R$ 3.000,00 e não R$ 4.200,00 como indicado anteriormente. Conclusão 10 Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por CONHECER e ACOLHER OS EMBARGOS, para, reconhecendo o lapso manifesto e dando efeito infringente ao recurso voluntário no Ac. 2201 004.455 para que o valor a ser excluído da base de cálculo seja apenas o valor de R$ 3.000,00 na forma da fundamentação acima. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Fl. 658DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.901558/2008-07
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1003-000.061
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que os autos retornem à DRF de origem e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito, de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 2º Trimestre de 2003, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) em discussão nos autos. (assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama.
Nome do relator: MAURITANIA ELVIRA DE SOUSA MENDONCA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que os autos retornem à DRF de origem e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo e havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito, de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 2º Trimestre de 2003, que sejam realizadas as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) em discussão nos autos. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama. RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário contra Acórdão de nº 1232.062, proferido pela 1ª Turma da DRJ/RJ1, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da recorrente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Versa esse processo sobre PER/DCOMP que não foi homologado pela DERAT/RJO, através do Despacho Decisório n° 757788099 (fl. 8), diante da inexistência do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .9 01 55 8/ 20 08 -0 7 Fl. 171DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 3 2 crédito, não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP nele identificado, in verbis: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Inconformada, a Recorrente apresentou manifestação de inconformidade argumentando que o crédito, em questão, pode ser comprovado mediante exame da DIPJ, que se equivocou no preenchimento da DCTF, contudo, já a retificou e que o não reconhecimento do pedido feriria o princípio da legalidade. Vale a transcrição de um trecho específico desta peça: "Diante da Declaração de Informações Econômicas Fiscais da Pessoa Jurídica; — DIPJ 2004 (Dòc. 01), pode ser comprovado mediante exame na ficha 17 o Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido referente ao 2º trimestre, encontrado na página 22; fica evidente que, o valor a ser recolhido seria o montante de, R$ 135.682,10. No entanto; como se comprova , mediante a juntada do DARF — código da Receita: 6012, no valor de R$ 153.974,66 recolhido aos cofres públicos no dia 31/07/2003,, (Doc. 02), foi efetivado, equivocadamente,. um. recolhimento. indevido e a maior correspondente à R$ 18.292,55. Por sua vez, a 1ª Turma da DRJ/RJ1, ao apreciar a manifestação de inconformidade, entendeu por bem julgála improcedente ante a não comprovação adequada do crédito informado pela Recorrente, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2003 COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da decisão da DRJ, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário que, em síntese, destacou: "Como já asseverado, diante da DIPJ sobressai mediante o exame na ficha 17 Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido referente ao 02º Trimestre de 2003, que o valor a ser recolhido seria o de R$ 135.682,11. Contudo, o DARF recolhido em 31 de julho de 2003 foi de R$ 153.974,66, gerando um recolhimento indevido de R$ 18.292,55. Daí a busca de tal crédito através do meio próprio e legítimo para se pleitear a restituição de valores pagos a maior. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 4 3 A não homologação da compensação requerida deuse pelo preenchimento, também equivocado da DCTF relativa ao 02º trimestre de 2003, onde foi consignada a errônea importância de R$ 153.974,66 no tocante à Contribuição Social, o que gerou a suposta não existência do crédito utilizado. Contudo, como já reconhecido pelo próprio órgão julgador, tal irregularidade já se encontra sanada por meio da DCTF retificadora. Junto com esta peça recursal, anexa a Recorrente extratos de sua contabilidade (Livro Diário Geral), onde cristalinamente se percebe às fls. 229 o valor da provisão para a Contribuição Social referente ao 02 Trimestre de 2003, no montante de R$ 135.682,11. Igualmente faz juntar a fl 273, onde se percebe no Balanço Patrimonial Realizado em 30.06.2003, o apontamento do valor relativo à provisão para a Contribuição Social de R$ 135.682,11. Ex posits, requer que sejam acolhidas as presentes razões recursais, restando reformada a decisão que não acatou a compensação pleiteada, tendo em vista que a mesma repousa lícita e correta. É o Relatório. VOTO Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Relatora. O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. De acordo com o já relatado, a Recorrente alega que pelo exame de DIPJ, especificamente da ficha 17, é possível aferir que houve recolhimento a maior a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, referente ao 2º Trimestre de 2003, no valor de R$ 18.292,55, vez o montante efetivamente devido seria o de R$ 135.682,11, enquanto o DARF recolhido em 31 de julho de 2003 foi de R$ 153.974,66. Contudo, a DERAT RJ não homologou a compensação declarada, conforme trecho do Despacho Decisório abaixo reproduzido: Fl. 173DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 5 4 Em sua manifestação de inconformidade, a Recorrente destaca que se equivocou no preenchimento da DCTF e, após recebimento do referido Despacho Decisório, efetuou a retificação da mesma. Ocorre que a DRJ, acertadamente, não reconheceu o direito creditório pleiteado e fundamentou sua decisão na ausência de documentação suficiente para comprovar o direito líquido e certo da Recorrente, destacando no voto do acórdão: "A DIPJ, desde o anocalendário de 1999, tem caráter meramente informativo, isto é, as informações nela prestadas não configuram confissão de dívida a Instrução Normativa n° 127, de 30 de outubro de 1998, que extinguiu, em seu art. 6 °, inciso I, a DIRPJ Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica e instituiu, em seu art. 1º a DIPJ Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica, deixou de fazer referência à confissão de tributos ou contribuições a pagar. Por sua vez, a DCTF Declaração de Contribuições e Tributos Federais, instituída pela Instrução Normativa SRF n° 129/1986, sempre foi destinada a tal fim. A DCTF, sendo confissão de dívida, tem o condão de constituir, formalmente, o crédito tributário, materializandoo. Na manifestação de inconformidade, o interessado junta DCTF retificadora transmitida em 05/05/2008 (fl. 101). O PER/DCOMP foi transmitido em 31/10/2003 (fl. 2) e a ciência do Despacho Decisório ocorreu em 05/05/2008 (fl. 7). Quer prestadas em DIPJ, quer em DCTF, as informações sobre fatos tributáveis devem estar lastreadas na escrituração contábilfiscal e na documentação do contribuinte. Se houve um erro de fato no preenchimento da DCTF, este deve ser comprovado, para que fique evidente que o interessado teria declarado em DCTF um montante maior que o efetivamente devido. O interessado não comprova o erro contido na DCTF, que ensejou sua retificação. A retificação da DCTF, sem comprovação do erro, não é suficiente para demonstrar a existência de direito creditório. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas a liquidez e a certeza pela autoridade administrativa". De fato, cabe a Recorrente produzir o conjunto probatório, nos autos, de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do CNT. Portanto, a Recorrente tem o ônus de instruir os autos com documentos hábeis e idôneos que justifiquem a retificação das informações alteradas. Nesse sentido também vale ressaltar o disposto no art. 195 do Código Tributário Nacional e o art. 4º do DecretoLei nº 486, de 03 de março de 1969, que preveem, em última análise, "que os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos Fl. 174DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 6 5 lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram". Afinal, para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Importante frisar que é determinação legal a necessidade de apresentação de documentos comprobatórios do erro de fato cometido pelo contribuinte, conforme art. 147 da Lei nº 5.172/1966, in verbis: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. A comprovação em voga, portanto, é condição para admissão da retificação da DCTF realizada, quando essa, como no caso dos autos, reduz tributos. Isso porque, a DIPJ, embora seja um documento importante, não comprova as alegações do autor por se tratar de mera declaração sem efeitos de confissão de dívidas, tendo, pois, efeitos meramente informativos (Instrução Normativa SRF n° 014/2000). Importante lembrar que as situações de erro material podem ser corrigidas de ofício ou a requerimento, após prolação de despacho decisório, nos termos do Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28 de agosto de 2015, desde que aquelas sejam comprovadas. Aludido Parecer assim determina: Conclusão 22. Por todo o exposto, concluise: a) as informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário; b) não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010; Fl. 175DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 7 6 c) retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo; d) o procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP; e) a não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios; f) o valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996; e g) Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. (grifos acrescentados) Desta forma, pelo menos o início da referida e necessária comprovação, foi feita em sede de Recurso Voluntário (nos dizeres da Recorrente), ao juntar aos autos cópias dos extratos de sua contabilidade (Livro Diário Geral) e do Balanço Patrimonial realizado em 30.06.2003, nas quais, de acordo com a Recorrente se percebe o valor da provisão para a Contribuição Social referente ao 2º trimestre de 2003, no montante de R$ 135.682,11. Destacase que tais informações e provas fornecidas pela Recorrente, quando da apresentação do Recurso Voluntário, são novos no processo e não foram analisados e discutidos pela DRF e pela DRJ e completam aquelas já constantes nos autos, visto que apenas arguiuse a matéria a ser provada quando da prolação do acórdão de piso. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 15374.901558/200807 Resolução nº 1003000.061 S1C0T3 Fl. 8 7 Ante o contexto fático, entendo que a juntada de documentos deve ser admitida, ainda que, conforme dito, produzidos quando da interposição do Recurso voluntário. Essa possibilidade jurídica encontrase expressamente normatizada pela interpretação sistemática do art. 16 e do art. 29 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, em casos específicos como o ora analisado. De fato, o regramento do instituto da preclusão visa estabelecer uma ordem no sistema processual com a finalidade de atingir um desempenho satisfatoriamente célere e ordenado. Contudo, se generalizado, por puro formalismo, acaba sendo aplicado de forma exagerada. É sabido que, por vezes, a ausência de um ato no limite temporal aprazado pode levar o julgador a proferir uma decisão de forma definitiva, ocasionando a perda de direito a um julgamento justo na esfera administrativa. Ora, em verdade a autoridade julgadora deve se orientar pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. O princípio da ampla defesa, por outro lado, garante ao contribuinte o direito de defenderse plenamente de todos os fatos e fundamentos dentro do processo administrativo. Assim, para uma correta e adequada decisão no contencioso administrativo fiscal o julgador deve se utilizar de todos os meios de provas disponíveis ou colocadas a disposição, não deixando de recebêlas em razão de não terem sido apresentadas no momento da instrução do processo, posto que a baliza temporal não deve impedir ou dificultar o exercício do direito no que se refere aos princípios da verdade material, do contraditório e da ampla defesa. Finalmente, não há se falar em preclusão para a juntada de provas no caso específico, tendo em vista que, conforme já explicado, a questão alusiva à erro de fato no preenchimento da DCTF não foi enfrentada nas instâncias anteriores. Destarte, para evitar prejuízo à defesa ou a supressão de instância de julgamento, deve o processo retornar à DRF que jurisdicione a Recorrente para que seja possível analisar suas declarações quanto à demonstração do erro de fato apontado, por meio da análise dos documentos juntados em seu Recurso Voluntário. Por todo o exposto, VOTO EM CONVERTER PROCESSO EM DILIGÊNCIA para que os autos retornem à DRF de origem e essa se manifeste a respeito das informações e provas colacionadas pela Recorrente no recurso voluntário, a fim de verificar se o crédito é líquido e certo. Havendo a constatação de liquidez e certeza do crédito, de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), relativo ao 2º Trimestre de 2003, que seja realizada as compensações possíveis em relação à Declaração de Compensação (Dcomp) nem discussão nos autos. Por fim, destaco que, em razão do princípio da ampla defesa, que seja o contribuinte intimado do resultado da diligência para, querendo, manifestarse sobre os resultados alcançados. (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Fl. 177DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.911945/2009-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.854
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra-Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo-Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta CâmaraTerceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro BezerraPresidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa BispoRelator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. RELATÓRIO Trata o processo de pedido de compensação formulado pelo Contribuinte, por meio de PER/DCOMP, que não foi homologado pela DRF SALVADOR porque constatou que inexistia crédito disponível relativo ao DARF indicado, conforme o constante do despacho decisório em anexo. Cientificada desse despacho decisório, a empresa apresentou sua manifestação de inconformidade alegando, em síntese, o abaixo transcrito: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .9 11 94 5/ 20 09 -7 5 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10580.911945/200975 Resolução nº 3402001.854 S3C4T2 Fl. 173 2 É pessoa jurídica que se dedica à realização de operações financeiras, dentre elas diversas operações de crédito para com seus clientes, estando, portanto, sujeito à legislação que rege as instituições financeiras; Em consecução de suas atividades a impugnante teve emitida a seu favor a Cédula de Crédito Bancário nº 51.529, com diversas datas de vencimento, pela Comunidade Evangélica Luterana São Paulo – CELSP, no valor total de R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais); Ocorre que, durante a liquidação do referido título de crédito, por puro equívoco da impugnante, foi retido o montante de R$ 262.101,25 (duzentos e sessenta e dois mil, cento e um reais e vinte e cinco centavos) a título de Imposto Sobre Operações Financeiras – IOF, o que não deveria ocorrido; A Comunidade Evangélica Luterana São Paulo é uma sociedade assistencial sem fins lucrativos, sendo inclusive essa condição reconhecida, conforme certidão expedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social, pelo que frui de imunidade fiscal, nos termos do art. 150, IV, “c”, da Constituição Federal; Assim, ficou consignado o pagamento indevido; Insta consignar que a não incidência do IOF encontrase também prevista no artigo 2º, § 3º, III, do Decreto nº 6.306/07, motivo pelo qual não há de se cogitar da hipótese de retenção do IOF na operação em tela; Esse entendimento inclusive tem encontrado arrimo nos tribunais superiores; Assim, ciente do equívoco cometido e certa do direito que lhe abarca, a Impugnante reembolsou a Comunidade Luterana do valor indevidamente recolhido a título de IOF, qual seja, R$ 262.101,25 (duzentos e sessenta e dois mil, cento e um reais e vinte e cinco centavos), sendo firmada, em contrapartida, expressa autorização, em consonância do artigo 166 do CTN, para que o Banco BBM requeresse a restituição do imposto indevidamente recolhido; Dessa forma, no período de apuração de 31/01/2008, o total do IOF recolhido pela impugnante foi de R$ 2.515.272,01 (dois milhões, quinhentos e quinze mil, duzentos e setenta e dois reais e um centavo), sem, contudo, desconsiderar o valor indevidamente recolhido quando da operação com a sociedade em comento, o que reduziria o valor devido para R$ 2.253.170,77 (dois milhões, duzentos e cinqüenta e três mil, cento e setenta reais e setenta e sete centavos); Diante deste cenário, a impugnante compensou esta diferença de R$ 262.101,25 através da PER/DCOMP em comento; Entretanto, por equívoco, não efetuou a retificação da DCTF, pelo que a fiscalização considerou que não havia crédito a compensar, pois as citadas declarações estavam incongruentes; Dessa forma, o pedido de compensação foi não homologado, sob o argumento de que inexistiriam créditos em favor da impugnante; Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10580.911945/200975 Resolução nº 3402001.854 S3C4T2 Fl. 174 3 De todo o exposto, percebese que a não homologação da compensação somente teve esteio na não retificação da DCTF; Entretanto, é certo que mero equívoco incorrido quando no preenchimento de declarações não pode gerar débitos fiscais, uma vez que o que houve foi um mero erro formal e que, logicamente, não existe o débito, pois a empresa não deveria reter valores referentes de IOF nesse operação por força da imunidade constitucional; Dessa forma, o erro formal no preenchimento dos valores devidos na DCTF não pode operar quaisquer efeitos, principalmente por estar causando graves prejuízos decorrentes do impacto do não reconhecimento do crédito, fazendo perdurar débito já devidamente extinto pela compensação; Isto porque, por força dos princípios da capacidade contributiva e da busca pela verdade material, não se pode admitir a cobrança de tributo indevido decorrente de erro na prestação de informações ao Fisco, como já decidido pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região em casos análogos; O próprio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais admite o cancelamento do lançamento advindo de erro no preenchimento de documentos fiscais, conforme ementas que cita; O fato de a impugnante ter cometido o simples erro de preenchimento relativo à inclusão de débitos indevidamente não é bastante para que o Fisco ignore diversos outros elementos que, já analisados pela SRFB, revelam manifestamente a existência dos créditos fiscais, pois estes existem e só não são reconhecidos por um erro de preenchimento de uma declaração; Frisese que é dever da Administração Pública, em prol da legalidade de sua atuação, investigar e valorar corretamente os fatos que dão ensejo a uma cobrança, ou seja, se a Administração possui dados para identificar os fatos, não deve ela se ater a minúcias formais em manifesto prejuízo do contribuinte, conforme doutrina que cita; Discorre sobre o princípio da formalidade moderada em favor do administrado e princípio da proporcionalidade; Assim, restando evidente a existência de crédito em favor da impugnante, deve ser plenamente acolhida a presente manifestação de inconformidade. Ato contínuo, a DRJ RIO DE JANEIRO (RJ) julgou a manifestação de inconformidade nos seguintes termos; ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2016 DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelo Conselho de Recursos Administrativos Fiscais e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais não vinculam as instâncias julgadoras, restringindose às matérias e às Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10580.911945/200975 Resolução nº 3402001.854 S3C4T2 Fl. 175 4 partes envolvidas no litígio. Do mesmo modo, a existência de reiteradas decisões judiciais sobre determinada matéria não autoriza a adoção do entendimento nelas expresso na esfera administrativa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 31/01/2008 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. IMPOSTO RETIDO. NÃO RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. O direito creditório oriundo de retenção indevida de tributo somente poderá ser objeto de pedido de restituição ou de uso em compensação caso o sujeito passivo comprove que efetuou o recolhimento do valor retido, que devolveu ao beneficiário a quantia retida indevidamente ou a maior e que promoveu os estornos contábeis e as retificações das declarações pertinentes. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente Recurso Voluntário pleiteando a reforma do acórdão. No Recurso Voluntário, a Empresa suscitou as mesmas questões de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na manifestação de inconformidade. É o relatório. VOTO O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento indevido de Darf de IOF ocorrido no período de apuração de 31/01/2008. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 27024.74086.060508.1.3.045294) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito disponível relativo ao referido DARF, o que impediu a homologação da compensação. Em seu Recurso, a Empresa alega que cometeu erro de fato ao preencher incorretamente a DCTF com valor maior ao efetivamente devido. A fim de comprovar o seu direito, juntou aos autos a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório. Nesse passo, a Recorrente ainda explica detalhadamente os fatos que ensejaram o pagamento indevido: 2. A Recorrente é pessoa jurídica que se dedica à realização de operações financeiras, dentre elas diversas operação de crédito para Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10580.911945/200975 Resolução nº 3402001.854 S3C4T2 Fl. 176 5 com seus clientes, estando, portanto, sujeita à legislação que rege as instituições financeiras em geral. 3. Na consecução de suas atividades, teve contra si a emitida a Cédula de Crédito Bancário nº 51.529 (doc. 03), com diversas datas de vencimento, oriunda da Comunidade Evangélica Luterana São Paulo – CELSP , no valor total de R$ 15.000.000,00 (quinze milhões de reais). 4. Ocorre que, durante a liquidação do referido título de crédito, por puro equívoco operacional, remeteu o montante de R$ 262.101,25 (duzentos e sessenta e dois mil, cento e um reais e vinte e cinco centavos) a título de Imposto Sobre Operações Financeiras – IOF , o que não deveria ter ocorrido. 5. É que a Recorrente não atentou para o fato de a Comunidade Evangélica Luterana São Paulo ser uma sociedade assistencial sem fins lucrativos, sendo inclusive essa condição reconhecida, conforme certidão expedida pelo Conselho Nacional de Assistência Social já anexada aos autos, pelo que usufrui de imunidade tributária, nos termos do art. 150, IV, “c”, da Constituição Federal. 6. Vale ainda consignar que a não incidência do IOF encontrase também prevista no art. 2º, § 3º, III, do Decreto 6.306/97, motivo pelo qual não há de se cogitar da hipótese retenção do IOF na operação em tela. 7. Assim, ciente do equívoco cometido e certa do direito que lhe favorece, a Recorrente reembolsou a Comunidade Luterana do valor indevidamente recolhido a título de IOF, qual seja, R$ 262.101,25 (duzentos e sessenta e dois mil, cento e um reais e vinte e cinco centavos), sendo firmada, em contrapartida, expressa autorização, em consonância ao art. 166 do CTN, para que o Banco BBM requeresse a restituição do imposto indevidamente recolhido. 8. Dessa forma, no período de apuração de 31.01.2008, o total do IOF recolhido foi de R$ 2.515.272,02 (dois milhões quinhentos e quinze mil, duzentos e setenta e dois reais e dois centavos), sem, contudo, considerar o valor indevidamente recolhido quando da operação com a sociedade cooperativa em comento, o que reduziria o valor devido para R$ 2.253.170,77 (dois milhões duzentos e cinquenta e três reais mil, cento e setenta e sete reais e setenta e sete centavos). 9. Diante deste cenário, compensouse esta diferença de R$ 262.101,25 (duzentos e sessenta e dois mil, cento e um reais e vinte e cinco centavos) através da PER/DCOMP em comento. 10. Entretanto, também por equívoco, a Recorrente não efetuou a retificação da DCTF, pelo que a fiscalização considerou que não haveria crédito a compensar, pois as citadas declarações estavam incongruentes. 11. Dessa forma, o pedido de compensação não foi homologado, conforme despacho decisório prolatado nos autos do processo em comento, sob o argumento de que inexistiriam créditos em favor da Recorrente. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10580.911945/200975 Resolução nº 3402001.854 S3C4T2 Fl. 177 6 Constatase no caso ora analisado que, embora a Recorrente tenha feito a retificação da DCTF intempestivamente, constam nos autos diversos documentos que sugerem a existência do crédito da Recorrente, tais como: a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório, lançamentos contábeis, certificado de entidade de assistência social, contrato, extratos financeiros do período e a composição do DARF relacionado ao IOF pago a maior. Assim, tendo em vista esse conjunto indiciário de elementos trazidos pela Recorrente, entendo que há necessidade de conversão do processo em diligência para que a Autoridade Fiscal o analise quanto a sua potencialidade para comprovar o direito creditório da empresa, bem como solicite outros elementos necessários à análise do pleito, conforme indicado nos quesitos dessa diligência. Diante dessas considerações, à luz do princípio da verdade material e do art. 29 do Decreto n.º 70.235/72, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a Autoridade Fiscal de origem (DRF SALVADOR) realize os seguintes procedimentos: a) intimar a Recorrente a apresentar os seguintes itens: a.1) demonstrativo comparativo que discrimine a formação da base de cálculo que serviu ao pagamento a maior e a base pretensamente correta; a.2) apresentar contratos lavrados com clientes, se aplicável ao caso; a.3) comprovar que efetuou o recolhimento do valor retido e que devolveu/estornou ao cliente a quantia retida indevidamente ou a maior, bem como promoveu os estornos contábeis devidos; b) que a Autoridade Fiscal realize qualquer outra verificação ou intimação que entender necessária para atingir os objetivos da diligência; c) informar justificadamente, independente de retificação intempestiva da DCTF, se a documentação juntada aos autos pela Recorrente e a por ventura obtida por meio de intimação são suficientes para comprovar que houve pagamento indevido e a maior do IOF no período de apuração de 31/01/2008, no montante indicado pela Recorrente. Em caso de apuração de valor divergente com aquele informado pela Empresa, elaborar demonstrativo e indicar, de forma fundamentada, os motivos da divergência; d) após a análise da documentação, a Autoridade Fiscalizadora deverá elaborar relatório, com os procedimentos realizados e conclusões tomadas; e e) elaborado o Relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 177DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.917542/2009-41
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 15/02/2007
CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. POSSIBILIDADE. ESCRITURAÇÃO RETROATIVA. VEDAÇÃO.
O contribuinte tem o direito de se apropriar a destempo de créditos ainda não escriturados, desde que acompanhados dos documentos comprobatórios e dentro do prazo prescricional de 5 anos. Contudo, é vedada a escrituração retroativa de tais créditos extemporâneos.
CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3002-000.686
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto da Silva Esteves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DA SILVA ESTEVES
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR IPI Recorrente CLICHERLUX INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CLICHÊS E MATRIZES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 15/02/2007 CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. POSSIBILIDADE. ESCRITURAÇÃO RETROATIVA. VEDAÇÃO. O contribuinte tem o direito de se apropriar a destempo de créditos ainda não escriturados, desde que acompanhados dos documentos comprobatórios e dentro do prazo prescricional de 5 anos. Contudo, é vedada a escrituração retroativa de tais créditos extemporâneos. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 75 42 /2 00 9- 41 Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 193 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Carlos Alberto da Silva Esteves. Relatório O processo administrativo ora em análise trata do PER/DCOMP 17797.36117.310108.1.3.049076 (fl. 25/30), transmitido em 31/01/2008, cujo crédito teria origem em recolhimento do IPI efetuado a maior. A compensação declarada não foi homologada, conforme Despacho Decisório (fl. 23), pelos seguintes motivos: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP." Após ser intimada desse despacho, a contribuinte apresentou tempestivamente Manifestação de Inconformidade (fl. 06/10), a qual foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ/RPO, por Acórdão (fl. 67/69) que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 15/02/2007 RESTITUIÇÃO/RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. A homologação das compensações declaradas requer créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Não caracterizado o pagamento indevido, nem comprovado O direito ao ressarcimento, não há créditos para compensar com os débitos do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa O ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 194 3 Cientificada dessa decisão, a ora recorrente apresentou Recurso Voluntário (fl. 75/95), no qual requereu a reforma do Acórdão recorrido, repisando fatos e argumentos já apresentados e acrescentando em sua defesa alegações sobre a localização do Darf nos sistemas da Receita Federal, sobre a opção pelo recurso, sobre a escrituração de créditos extemporâneos e sobre os institutos do ressarcimento e da restituição. É o relatório, em síntese. Voto Conselheiro Carlos Alberto da Silva Esteves Relator O direito creditório envolvido no presente processo encontrase dentro do limite de alçada das Turmas Extraordinárias, conforme disposto no art. 23B do RICARF. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Com o objetivo de melhor circunscrever a lide a ser decidida no presente julgamento, entendo ser oportuno esclarecer, por um lado, que a principal alegação da contribuinte, desde a peça recursal inaugural, para a existência do crédito de IPI pretendido foi o pagamento indevidamente realizado, por não terse considerado, à época da escrituração, um crédito extemporâneo e, por outro, que os fundamentos do Acórdão recorrido para indeferir a Manifestação de Inconformidade foram a escrituração equivocada de supostos créditos extemporâneos e, de qualquer forma, a não comprovação da liquidez e certeza desses créditos. Dito isso, de pronto, afirmese que as alegações trazidas em sede de Voluntário sobre a localização do documento de arrecadação nos sistemas informatizados da Receita Federal e sobre a opção da contribuinte pela apresentação de Manifestação de Inconformidade não têm o condão de infirmar as conclusões exaradas no Acórdão recorrido, pois essas conclusões, como mencionado, não foram embasadas naquelas matérias. Com efeito, os pontos fundamentais a serem analisados para a solução da lide dos autos se referem ao direito e forma de escrituração de créditos extemporâneos e ao direito probatório em processos administrativos fiscais. Quanto à primeira matéria a ser enfrentada, temos que o princípio da não cumulatividade está disposto no art. 153 da Constituição Federal, in verbis: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I omissis ......................................................................................................... Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 195 4 IV produtos industrializados; ......................................................................................................... §1º Omissis ......................................................................................................... § 3º O imposto previsto no inciso IV: I será seletivo, em função da essencialidade do produto; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) ......................................................................................................... (grifo nosso) O Código Tributário Nacional também trata da não cumulatividade do IPI no seu art. 49, como segue: Art. 49 O imposto é nãocumulativo dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados. Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte, transferese para o período ou períodos seguintes. Recorrendose ao regramento contido no Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados vigente à época dos fatos, Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002, percebese a consonância desse ao ditame constitucional: Art. 163. A nãocumulatividade do imposto é efetivada pelo sistema de crédito, atribuído ao contribuinte, do imposto relativo a produtos entrados no seu estabelecimento, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capítulo (Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 196 5 § 1º O direito ao crédito é também atribuído para anular o débito do imposto referente a produtos saídos do estabelecimento e a este devolvidos ou retornados. § 2º Regemse, também, pelo sistema de crédito os valores escriturados a título de incentivo, bem assim os resultantes das situações indicadas no art. 178. Art. 195. Os créditos do imposto escriturados pelos estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, serão utilizados mediante dedução do imposto devido pelas saídas de produtos dos mesmos estabelecimentos (Constituição, art. 153, § 3º, inciso II, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). § 1º Quando, do confronto dos débitos e créditos, num período de apuração do imposto, resultar saldo credor, será este transferido para o período seguinte, observado o disposto no § 2º (Lei nº 5.172, de 1996, art. 49, parágrafo único, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). § 2º O saldo credor de que trata o § 1º, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de MP, PI e ME, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero ou imunes, que o contribuinte não puder deduzir do imposto devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 207 a 209, observadas as normas expedidas pela SRF (Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). Art. 196. O direito à utilização do crédito a que se refere o art. 195 está subordinado ao cumprimento das condições estabelecidas para cada caso e das exigências previstas para a sua escrituração, neste Regulamento. (grifo nosso) Ainda, por oportuno, reproduzse o disposto no art. 371 daquele Regulamento: Art. 371. A escrituração dos livros fiscais será feita a tinta, no prazo de cinco dias, contados da data do documento a ser escriturado ou da ocorrência do fato gerador, ressalvados aqueles a cuja escrituração forem atribuídos prazos especiais. § 1º A escrituração será encerrada periodicamente, nos prazos estipulados, somandose as colunas, quando for o caso. § 2º Quando não houver período previsto, encerrarseá a escrituração no último dia de cada mês. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 197 6 § 3º Será permitida a escrituração por sistema mecanizado, mediante prévia autorização do Fisco Estadual, bem assim por processamento eletrônico de dados observado o disposto no art. 317. (grifo nosso) Assim, evidenciase a existência de toda uma legislação própria para o IPI, a qual cuida do tratamento a ser dispensado aos créditos desse tributo escriturados pelo contribuinte em seus livros fiscais no que concerne à sua apuração, aproveitamento e utilização. Dessa forma, a escrituração dos créditos do IPI devem ser efetuados por ocasião da efetiva entrada dos produtos no estabelecimento industrial ou equiparado a industrial, com base em documento que lhes confira legitimidade. Ademais, deverá ser observado o prazo máximo de 5 dias para a escrituração desses documentos fiscais, contados a partir dessa entrada, ou seja, a escrituração fiscal não poderá ficar atrasada por mais de 5 dias. Entretanto, há casos em que o sujeito passivo deixa de efetuar o lançamento do crédito no prazo regularmente estabelecido, ou seja, ele deixa de escriturar no Livro de Apuração do IPI, por um lapso qualquer, notas fiscais, que poderiam gerar crédito, no período em que os insumos entraram efetivamente no estabelecimento industrial. Por este lapso cometido pelo contribuinte e pela limitação temporal imposta pela legislação à escrita fiscal, surge o chamado "crédito extemporâneo". A jurisprudência administrativa, tanto quanto a judicial, tem manifestado o entendimento uníssono no sentido de ser perfeitamente possível a utilização extemporânea de créditos de IPI, podendo tais créditos não escriturados na época própria serem aproveitados em até 5 anos, contados da data de entrada dos insumos no estabelecimento industrial, desde que acompanhados dos documentos fiscais que lhes confira legitimidade e apropriados pelos valores nominais, isto é, não haja qualquer tipo de correção. Como amostra dessa jurisprudência administrativa, reproduzse parte da Solução de Consulta Cosit nº 74, de 2017: "15. No que tange à indagação relativa ao crédito extemporâneo, assim entendido aquele que não é escriturado no momento da entrada da mercadoria no estabelecimento do adquirente, comungo no entendimento, ainda hoje adequado, da Solução de Consulta SRRF/9ª RF/DISIT n° 49, de 2001, o qual adapto livremente, com a devida vênia do seu autor, a este parecer: "A IN SRF nº 33, de 1999, trata da apuração e utilização do crédito do IPI, tendo em vista o que dispõe o art. 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, e os artigos 256 e 257 do Decreto nº 7.212, de 2010, atual Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados RIPI. Observo que não consta dos comandos de regência em alusão qualquer óbice ao aproveitamento do crédito do imposto Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 198 7 escriturado de modo extemporâneo. O aproveitamento do crédito extemporâneo está consagrada, mutatis mutandis, na orientação do Parecer Normativo CST n° 515, de 1971, itens 5 e 6. Segundo a sua locução, é admitido o aproveitamento do crédito extemporâneo do IPI nas condições abaixo: a) desde que o crédito não esteja prescrito; b) respeitado o prazo prescricional de cinco anos, consoante o art. 1º do Decreto nº 20.910, de 6 de janeiro de 1932; c) o termo inicial da prescrição é a entrada dos produtos no estabelecimento industrial, acompanhados da respectiva nota fiscal; e d) o exercício desse direito está subordinado às exigências regulamentares, bem como às previstas em atos administrativos pertinentes. Saliento que, sobre os créditos extemporâneos, não incidem juros por absoluta falta de previsão legal, razão pela qual devem ser escriturados os exatos valores destacados nas notas fiscais de aquisição." 16. Portanto, a resposta à terceira indagação da interessada (se poderá aproveitarse do crédito extemporâneo) é positiva." Do todo o exposto até aqui, constatase que o contribuinte tem o direito de se apropriar a destempo de créditos ainda não escriturados, contudo, tais créditos extemporâneos devem ser lançados no Livro de Apuração do IPI no período de apuração em que se constatou a ocorrência do lapso cometido anteriormente. Ou seja, é possível o aproveitamento de créditos extemporâneos, mas é vedada sua escrituração retroativa. Exemplifiquese para clarificar a situação: Consideremos um contribuinte que, em janeiro de 2019, percebeu que, por um erro qualquer, deixou de se creditar de insumos recebidos no seu estabelecimento industrial em outubro de 2015. Nessa situação, ele poderá escriturar tais créditos extemporâneos a partir de janeiro de 2019, tendo como limite a prescrição qüinqüenal, porém, ele não poderá refazer a escrituração de outubro de 2015 ou de qualquer outro período para se apropriar do crédito não lançado anteriormente. É de suma importância frisarse que a falta de escrituração de um crédito, no momento oportuno, não acarreta um pagamento indevido ou a maior do IPI, tendo em vista que o saldo a pagar do tributo naquele período de apuração foi resultado da escrituração do próprio contribuinte. Assim, é absolutamente insofismável a impossibilidade de subsunção do fato ora analisado à hipótese de restituição, porque, por um lado, a Fazenda Pública não deu causa à escrituração acrônica do contribuinte e, por outro, por expressa disposição legal, é vedado o lançamento retroativo no livro de apuração do tributo. No caso concreto dos autos, da própria narrativa recursal, verificase que o sujeito passivo refez sua escrituração retroativamente, quando percebeu a falta do lançamento de supostos créditos no momento apropriado (fl. 76): Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 199 8 "A escrituração da Manifestante apresentava debito de IPI em janeiro de 2007 no montante de R$ 20.437,41 valor recolhido originados a partir de créditos do imposto aproveitados no valor de R$ 5.841,73 e saídas tributadas de R$ 26.279,22. Contudo, após criteriosa análise dos documentos fiscais relativos às aquisições de insumos destinados à industrialização dos produtos do contribuinte, bem como seus respectivos registros nas obrigações acessórias correspondentes identificou se créditos de IPI não aproveitados na escrita fiscal decorrentes de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem geradores de crédito nos termos da legislação tributária regente. (...) O valor do crédito extemporâneo lançado na escrita fiscal do Contribuinte no mês de janeiro de 2007 soma R$ 27.598,06. Onde antes havia um débito de IPI de R$ 26.279,22, com o lançamento do crédito extemporâneo, esse débito deixou de existir, remanescendo um saldo credor, configurando o recolhimento indevido efetuado." (grifo nosso) Logo, resta inconteste que o aproveitamento dos créditos extemporâneos ocorreu de forma retroativa, procedimento vedado pela legislação de regência. Dessa forma, não há como negar que inexiste o direito de crédito pleiteado pela contribuinte nessa restituição. Assim, se mostra correta a decisão tomada pela primeira instância. Embora a questão analisada anteriormente seja suficiente para a negativa do pleito recursal, o voto condutor do Acórdão recorrido também fundamentou sua decisão na falta de comprovação dos supostos créditos extemporâneos, isto é, não foram carreadas aos autos as provas de que as entradas consideradas seriam geradoras de crédito, em conformidade com o disciplinado pela legislação do IPI. De fato, o art. 373 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Ou seja, em regra, incumbe à parte fornecer os elementos de prova das alegações que fizer, visando prover o julgador com os meios necessários para o seu convencimento, quanto à veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão. Seguindo essa mesma linha, o art. 36 da Lei nº 9.784, de 1999, que regula os processos administrativos federais, dispõe que cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Quanto ao processo administrativo fiscal, o art. 16 do Decreto 70.235/72 assim estabelece: Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 200 9 Art. 16. A impugnação mencionará: I omissis ......................................................................................................... III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Inciso com redação dada pela Lei nº 8.748, de 9/12/1993) ......................................................................................................... § 1° omissis ......................................................................................................... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluíndo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira se a fato ou a direito superveniente; c) destine se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.532, de 10/12/1997) ......................................................................................................... Como se percebe dos dispositivos transcritos, o dever de provar incumbe a quem alega. Assim, creio que o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes de lançamento tributário e processos decorrentes de pedido de restituição, ressarcimento e compensação. Nestes, cabe ao contribuinte provar a liquidez e a certeza do seu crédito, naqueles, cabe ao fisco provar a ocorrência do fato gerador. Por certo, não se pode olvidar do Princípio da Verdade Material, que norteia o processo administrativo, devendo o julgador buscar o esclarecimento dos fatos, adotando as providências necessárias no sentido de firmar sua convicção quanto a verdade real. Contudo, a atuação do julgador somente pode ocorrer de forma subsidiária à atividade probatória, que deve ser desempenhada pelas partes. Assim, não pode o julgador usurpar a competência da autoridade fiscal e intentar produzir provas, que validem um lançamento fiscal fracamente instruído, assim como, lhe é vedado desincumbir, pela sua atuação ativa no processo, o sujeito passivo de trazer aos autos o conjunto probatório mínimo necessário para comprovar o seu direito creditório. Dessa forma, a busca pela verdade material não pode ser entendida como ilimitada. Em realidade, nenhum Princípio é soberano e outros também regem o processo administrativo, tais como: os Princípios da Celeridade, Imparcialidade, Eficiência, Moralidade, Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10830.917542/200941 Acórdão n.º 3002000.686 S3C0T2 Fl. 201 10 Legalidade, Segurança Jurídica, dentre outros. Por conseguinte, será lastreado nas circunstâncias fáticas do caso concreto, que o julgador deverá ponderar e sopesar a influência de cada um dos diversos Princípios, visando a maior justeza em seu julgamento. Ainda sobre o mesmo tema, devese tecer alguns comentários sobre o valor probatório do material eventualmente apresentado. Não basta a juntada de documentos, estes devem possuir valor probatório, mínimo que seja, considerandose as vicissitude do caso concreto posto em análise. Assim, determinado documento pode guardar conteúdo probatório das alegações em um processo e, em outro, não se configurar prova. Por certo, em regra, as declarações fiscais transmitidas pelo contribuinte, assim como, seus registros contábeis, fazem prova em seu favor. Contudo, esses elementos, para possuírem algum valor probatório, devem ter sido elaborados segundo os ditames legais e em época apropriada. Assim, registros contábeis, que não estejam revestidos das formalidades legais ou que não se possa confirmar tais requisitos, não se constituem prova. No caso concreto ora analisado, a comprovação da existência de créditos extemporâneos somente poderia ter sido comprovada com a apresentação das notas fiscais, que demonstrassem que tais aquisições estariam aptas a gerar créditos na sistemática de apuração do IPI, e deveria ter sido comprovado, ainda, que esses supostos créditos não teriam sido apropriados anteriormente. Comprovações que não foram realizadas. Por fim, quanto à alegação recursal de que o deferimento de seu pedido de ressarcimento em outro processo comprovaria o crédito pleiteado a ser restituído no presente processo, também não merece prosperar. Ressaltese que os institutos do ressarcimento e da restituição são diferentes, assim como o crédito supostamente sujeito à restituição e aquele sujeito ao ressarcimento são diversos. Em decorrência disso, a comprovação de cada um dos créditos deve ser realizada pelo contribuinte em cada procedimento específico. Ademais, o julgador está livre para analisar as provas produzidas na formação de sua convicção. Assim sendo, por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário e não reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Carlos Alberto da Silva Esteves Fl. 201DF CARF MF
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