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Numero do processo: 13896.000026/2001-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000
RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO
A verificação da certeza e liquidez do direito creditório do contribuinte, objeto de pedido de ressarcimento cumulado com compensação, exige a análise do débito e do crédito, certo que o objeto de ressarcimento é o saldo credor acumulado no período.
Numero da decisão: 9303-004.898
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
Júlio César Alves Ramos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício)
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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COMPENSAÇÃO A verificação da certeza e liquidez do direito creditório do contribuinte, objeto de pedido de ressarcimento cumulado com compensação, exige a análise do débito e do crédito, certo que o objeto de ressarcimento é o saldo credor acumulado no período. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. Júlio César Alves Ramos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 00 26 /2 00 1- 51 Fl. 870DF CARF MF 2 Relatório Controvertese neste recurso apresentado pelo sujeito passivo a possibilidade de a autoridade fiscal, ao examinar declaração de compensação apresentada pelo contribuinte, alterar a totalidade dos débitos por ele apurados. Sobre o ponto, diz a decisão combatida: Quanto a alegação de impossibilidade de alteração da tributação das saídas em pedido de ressarcimento e após o prazo decadencial para lançamento entendo que não assiste razão à recorrente. Nos termos do artigo 170 do CTN, é autorizada a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos e essa liquidez e certeza é verificada pela autoridade administrativa, a quem cabe essa autorização, podendo o contribuinte contestar tal procedimento caso não concorde com os valores apurados, mediante apresentação de manifestação de inconformidade, preservando, dessa forma, o seu direito de defesa.. Ademais, o direito de constituir o crédito tributário mediante lançamento ex officio não se confunde com o dever da autoridade fiscal de verificar os pressupostos de certeza e liquidez do crédito do contribuinte, objeto de pedido de ressarcimento cumulado com compensação. Entendo, portanto, correto o procedimento da autoridade administrativa quando da análise da petição que se deu mediante o despacho decisório pois este é justamente para se apurar o valor devido e verificar o credito pleiteado, podendo o contribuinte discordar dos cálculos, o que o fez com a apresentação do recurso. No paradigma apresentado dizse exatamente o oposto: LANÇAMENTO. NECESSIDADE. Constatado que, na apuração do tributo devido, no âmbito do lançamento por homologação, o sujeito passivo não oferecera à tributação, tampouco computara em declaração caracterizada como confissão de dívida, matéria que a fiscalização julga tributável, impõese o lançamento para formalização da exigência tributária, pois a mera glosa de créditos legítimos do sujeito passivo configura irregular compensação de ofício com crédito tributário ainda não constituído e, portanto, destituído da certeza e da liquidez imprescindíveis a sua cobrança. Admitido o recurso, sobrevieram contrarrazões em que a Fazenda Nacional pede, inicialmente o não conhecimento por falta de similaridade. Para ela, isso se consubstancia pelo fato de "no paradigma não se terem promovido glosas nos créditos do contribuinte" ao passo que isso teria ocorrido na decisão deste processo. No mérito, postula a manutenção do julgado pelos seus próprios termos. É o Relatório. Fl. 871DF CARF MF Processo nº 13896.000026/200151 Acórdão n.º 9303004.898 CSRFT3 Fl. 3 3 Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Entendo ter sido muito bem admitido o recurso, pois, como consta no despacho que a examinou, "o dissenso é evidente". Com efeito, não tem qualquer relevo para a apreciação que se tem de fazer aqui o óbice apontado pela representação da Fazenda Nacional em suas contrarrazões. Deveras, nada estáse aqui a discutir relativamente aos créditos do contribuinte, apenas se a autoridade fiscal pode entender que o montante dos débitos da contribuição, apurado pelo sujeito passivo em sua contabilidade e em seu pedido de ressarcimento/declaração de compensação está incorreto e a ele acrescer, nesse próprio procedimento fiscal, a parcela faltante. A decisão recorrida entendeu que sim, o paradigma, que não. Válido o recurso, a ele, porém, não se pode dar provimento. Com efeito, a tese exposta no voto paradigmático já não é mais sequer bramida atualmente visto que os seus únicos defensores, os saudosos conselheiros Emanuel Carlos Dantas e Sílvia de Brito Oliveira já não integram mais o CARF. Lembrome de que mesmo o primeiro, antes de nos deixar, já não mais a defendia. De todo modo, nunca concordei com ela, apesar do imenso respeito profissional que nutro pelos seus dois proponentes. Realmente, o processo de apuração do direito creditório do contribuinte tem, necessariamente, de determinar o quanto deve a ele ser ressarcido ou restituído. E nos termos da legislação de regência, tanto em se tratando de IPI, como no caso do recorrido, como do PIS e da COFINS não cumulativos de que cuida o paradigma, a parcela a ser restituída é o excesso dos créditos sobre os débitos. Por isso, a meu ver, sem qualquer embasamento a proposição exposta na decisão divergente segundo a qual as verificações se devam restringir aos créditos: não é o total dos créditos que se deve ser ressarcido ou restituído, é o saldo credor. E a este último só se chega se analisados também os débitos. Tampouco me sensibiliza o argumento de que isso constituiria uma exigência de parcela sobre a qual não houve prévia constituição. E a razão é simples: nada há mesmo a ser exigido a título de tributo, visto que também não importando se é IPI, PIS ou COFINS o que se pode exigir via lançamento é o saldo devedor, isto é a diferença a maior entre débitos e créditos e não simplesmente os débitos. Nesse aspecto sim cabe registrar uma distinção entre as legislações dos tributos; é que, para o IPI, há possibilidade de exigir multa na hipótese em que um débito (mais precisamente, um destaque em nota fiscal) deixa de ser efetuado. Não há tal previsão para o PIS e a COFINS. Mas isso nada muda, pois aqui não se está a analisar incidência de multa. Fl. 872DF CARF MF 4 Por fim, também não me parece que ocorra a alegada "impossibilidade de apresentar defesa" algumas vezes arguida. Tanto não há, que estamos aqui exatamente a analisála: a defesa se dá no próprio processo de ressarcimento/compensação. Vejase que, como afirmei acima, ainda que o processo se houvesse iniciado por iniciativa da Administração ponto aduzido pela dra Sílvia o resultado não seria diferente: nenhum lançamento ocorreria, em se tratando de PIS, apenas de multa se de IPI. Com essas considerações, além das já expendidas no acórdão guerreado, é o meu voto pelo improvimento do recurso do contribuinte. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 873DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.901242/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2007
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO
Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.470
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2007 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados. Recurso Voluntário Negado.
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PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. Recorrente COMERCIAL PARISENTI LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. COMPROVAÇÃO Não pode ser homologada uma compensação, cujos créditos não foram comprovados. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação DCOMP, apresentada pela contribuinte acima qualificada Em análise da compensação intentada, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba/SC decidiu não homologála em razão de que o valor recolhido via DARF, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 12 42 /2 01 1- 13 Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10925.901242/201113 Acórdão n.º 3301003.470 S3C3T1 Fl. 3 2 indicado como fonte do crédito contra a Fazenda Nacional, já havia sido integralmente utilizado para o pagamento de débito da contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos valores informados no PER/DCOMP. Inconformada com a não homologação de sua compensação, interpôs a contribuinte manifestação de inconformidade, na qual defende, inicialmente, que os débitos exigidos não compensados devem ficar com a exigibilidade suspensa em razão da apresentação da manifestação de inconformidade. Quanto ao mérito, a contribuinte alega, em síntese, que apurou créditos, passíveis de compensação, oriundos do recolhimento indevido de tributos, uma vez reconhecido seu direito de recolher as contribuições – PIS e Cofins – nos moldes previstos no artigo 3º, §2º, inciso III, da Lei nº 9.718/98. A DRJ em Florianópolis (SC) julgou improcedente a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 07030.868. O fundamento adotado foi o de que, quando a compensação declarada pelo sujeito passivo está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em que alega o seguinte: a) que o débito, cuja compensação não foi homologada, deve permanecer com a exigibilidade suspensa, em razão da apresentação do recurso voluntário; b) que não há dispositivo legal que vede a compensação de tributos, nos casos em que a DCTF retificadora, em que foi demonstrada a existência do pagamento indevido, tenha sido apresentada após a transmissão da Declaração de Compensação (DCOMP); e c) que a multa de ofício de 150% cobrada da Recorrente não se aplica a compensações indevidas e que não poderia ser superior a 20%, além de afrontar os princípios da proporcionalidade e finalidade dos atos da administração pública e a própria Consituição Federal, em razão de seu caráter confiscatório. Em relação à alegação mencionada na letra "c", cumpre destacar que o débito, cuja compensação não foi homologada, está sendo cobrado, acrescido de multa de mora de 20% e não de multa de ofício de 150%, além de juros Selic. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.444, de Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10925.901242/201113 Acórdão n.º 3301003.470 S3C3T1 Fl. 4 3 27 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.901334/201276, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.444): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de Despacho Decisório que não homologou compensação pleiteada por meio de DCOMP, em razão de o alegado pagamento a maior não constar nos registros da Receita Federal do Brasil (RFB). Nos autos, encontramse a DCOMP, o Despacho Decisório e extratos da RFB, contendo detalhamento da compensação e histórico da transmissão da DCOMP. Não há cópias de Declarações de Débitos e Créditos Federais Tributários Federais (DCTF). Na manifestação de inconformidade, a Recorrente informou que efetuara pagamentos a maior e apresentou as bases legais que dariam suporte à compensação. Nada dispôs sobre a DCTF original, na qual teria sido incluído o DARF indicado na DCOMP como fonte do crédito (pagamento a maior), e tampouco se fora retificada. Também não carreou aos autos cópias de DCTF. A DRJ (fls. 37 a 40) ratificou o Despacho Decisório, sob a alegação de que na data da protocolização da DCOMP, a DCTF que constava no banco de dados da RFB não indicava a existência de crédito, consistente em pagamento a maior de tributo. E que uma DCTF retificadora somente pode suportar uma compensação, cuja DCOMP tenha sido apresentada na mesma data ou posteriormente. No recurso voluntário, foram apresentados os seguintes argumentos para sustentar a compensação: a) que o débito cuja compensação não foi homologada deve permanecer com a exigibilidade suspensa, em razão de apresentação do recurso voluntário; b) que não há dispositivo legal que vede a compensação de tributos, nos casos em que a DCTF retificadora, em que foi demonstrada a existência do pagamento indevido, tenha sido apresentada após a transmissão da Declaração de Compensação (DCOMP); e c) que a multa de ofício de 150% cobrada da Recorrente não se aplica a compensações indevidas e que não poderia ser superior a 20%, além de afrontar os princípios da proporcionalidade e finalidade dos atos da administração pública e a própria Constituição Federal, em razão de seu caráter confiscatório. Em relação à letra "a", nada há que se falar, pois nenhuma controvérsia há sobre a questão: o inc. III do art. 151 da Lei n° 5.172/66 (Código tributário Nacional CTN) dispõe que a apresentação de recurso, nos termos das normas que regulam o processo administrativo, suspende a exigibilidade do crédito tributário. O disposto na letra "c" também não merece comentários, haja vista que não houve lançamento de ofício e, por conseguinte, multa dele derivada. O débito originalmente compensado com o crédito não comprovado está sendo cobrado com o acréscimo de multa de mora de 20% e juros Selic. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10925.901242/201113 Acórdão n.º 3301003.470 S3C3T1 Fl. 5 4 Finalmente, sobre o tema central, a adequação ou não da compensação realizada, parcialmente tratada pela Recorrente na letra "b", voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Não resta dúvida acerca da possibilidade legal defendida pela Recorrente de compensar tributos pagos a maior com débitos tributários. Também não me oporia a legitimar a compensação pretendida, pelo simples fato de que a DCTF retificadora, com indicação do pagamento a maior, tivesse sido apresentada após a protocolização da DCOMP, desde que restasse comprovado que o crédito tributário já existia à época da liquidação do débito tributário. Com efeito, regra geral, a compensação é possível até mesmo se o crédito tiver surgido após o vencimento do débito, desde que a este sejam acrescidos os devidos encargos moratórios. Porém, no caso em tela, não se encontram os elementos probatórios essenciais à confirmação do crédito, quais sejam: a DCTF retificadora propriamente dita e a demonstração do cálculo do débito e sua comparação com o DARF pago, indicando o pagamento a maior. Temos apenas as alegações da Recorrente de que retificara a DCTF e que detinha o crédito. Alegações, contudo, desacompanhadas das devidas comprovações. Desta forma, não me resta alternativa que não a de negar provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não se encontram os elementos probatórios essenciais à confirmação do crédito, quais sejam: a DCTF retificadora propriamente dita e a demonstração do cálculo do débito e sua comparação com o DARF pago, indicando o pagamento a maior. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.720286/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2009 a 31/08/2009
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101, DE 2000. CONDIÇÕES. PARTICIPAÇÃO SINDICAL. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. INOBSERVÂNCIA. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
A fixação de critérios para pagamento de PLR baseados unicamente na produção do empregado, desvinculado de qualquer resultado da empresa, aliada à existência de linha de crédito em empresa do mesmo grupo econômico garantida pelos valores semestralmente pagos como participação nos lucros e resultados, evidenciam que o instituto foi utilizado como substituição ao salário, o que contraria a legislação de regência. Os valores pagos em virtude de programa de PLR estabelecido em desconformidade com as exigências da Lei nº 10.101, de 2000, constituem salário-de-contribuição, base de cálculo para as contribuições previdenciárias.
MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS.
A multa de ofício tem natureza jurídica de penalidade tributária e integra o conceito de crédito tributário nos termos do artigo 142 do CTN, razão pela qual está sujeita aos juros moratórios.
Numero da decisão: 2201-003.558
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento a qualificadora da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski (Relatora), que mantinham a qualificadora e José Alfredo Duarte Filho que votou pelo provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Redator designado.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 15/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2009 a 31/08/2009 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº 10.101, DE 2000. CONDIÇÕES. PARTICIPAÇÃO SINDICAL. NEGOCIAÇÃO PRÉVIA. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. INOBSERVÂNCIA. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. A fixação de critérios para pagamento de PLR baseados unicamente na produção do empregado, desvinculado de qualquer resultado da empresa, aliada à existência de linha de crédito em empresa do mesmo grupo econômico garantida pelos valores semestralmente pagos como participação nos lucros e resultados, evidenciam que o instituto foi utilizado como substituição ao salário, o que contraria a legislação de regência. Os valores pagos em virtude de programa de PLR estabelecido em desconformidade com as exigências da Lei nº 10.101, de 2000, constituem saláriode contribuição, base de cálculo para as contribuições previdenciárias. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS. A multa de ofício tem natureza jurídica de penalidade tributária e integra o conceito de crédito tributário nos termos do artigo 142 do CTN, razão pela qual está sujeita aos juros moratórios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir do lançamento a qualificadora da multa de ofício. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski (Relatora), que mantinham a qualificadora e José Alfredo Duarte Filho que votou pelo provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 02 86 /2 01 3- 81 Fl. 4433DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Redator designado. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 15/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls 4273/4362) apresentado em face do Acórdão 0540.782 da 6ª Turma da DRJ/CPS (fls 4084/4143)) que julgou improcedente impugnação (fls 2506/3013) apresentada aos seguintes autos de infração: · Debcad nº 51.020.5577 obrigação principal relativo à exigência da contribuição patronal e da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, abrangendo o período de 01/01/2009 a 31/12/2009, no valor consolidado, em 18/02/2013, de R$ 25.266.129,47; · Debcad nº 51.020.5585 contribuição devida para outras entidades e fundos, no mesmo período, no valor consolidado, em 18/02/2013, de R$ 6.978.264,24. A motivação para o lançamento fiscal está descrita no Relatório Fiscal de fls 94 e ss e consiste na desconsideração dos valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados nas competências 02/2009 e 08/2009, por entender a fiscalização que o valor pago a esse título consistiria em remuneração variável já que resultaria apenas da produtividade individual (item 4.2.8). Além disso, aponta também a fiscalização que os acordos de PLR não estabelecem qualquer meta para a empresa (item 4.2.9) e que os documentos para instituição do Plano não foram elaborados nos termos da Lei nº 10.101, de 2000, já que não houve participação efetiva do sindicato, tendo este apenas recebido os termos para registro (item 4.2.11). A fiscalização questiona também a base territorial da entidade sindical escolhida para negociação da PLR, que foi o Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio e em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Empresas de Serviços Contábeis no Estado de São Paulo, localizado na cidade de São Paulo, quando o endereço da matriz da empresa seria a cidade de São Caetano do Sul, Fl. 4434DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.398 3 cuja base territorial pertenceria ao sindicato de Santo André (item 4.2.14). Segundo a autoridade fiscal, através de informações obtidas na GFIP da matriz, na competência 12/2007, este estabelecimento registraria a quantidade de 1.022 empregados de um total de 1.400, portanto a maioria dos empregados não pertenceria à base territorial do sindicato eleito para participar da negociação (item 4.2.19). É apontado ainda pela fiscalização, que a comparação entre os valor da remuneração paga a título de PLR com o valor pago como salário contratual mostra que aquela é superior a esta (item 4.2.33.1). O relatório fiscal traz algumas decisões de processos trabalhistas reconhecendo que a empresa paga PLR em substituição a comissões (item 4.2.34). Essa tese seria reforçada pela existência de uma linha de crédito através de uma conta garantida aberta no Banco Votorantim, que faz parte do mesmo grupo econômico. A garantia dessa linha de crédito seria o pagamentos, nos meses de fevereiro e agosto de cada ano, de um valor sob o título de PLR (item 4.2.35). Quanto a esse aspecto, a fiscalização apresenta a seguinte conclusão: 4.2.37. A partir dos documentos apresentados, dos processos trabalhistas examinados e dos esclarecimentos prestados, concluise que a empresa remunera seus empregados com base no salário contratual através de pagamentos mensais em folha de pagamento normal e também os remunera com uma parcela variável, por meio da abertura e movimentação de uma linha de crédito aberta junto ao Banco Votorantim S/A, com possibilidade de saques mensais, como uma espécie de "empréstimo". Tal movimentação é "garantida" pela previsão do depósito, nos meses de fevereiro e agosto, da parcela variável da remuneração, estabelecida a partir de metas individuais e incorretamente denominada "PLR", em procedimento que visa mascarar a efetiva natureza do pagamento. Intimada, a empresa não apresentou o convênio junto ao Banco Votorantim, relativo à linha de crédito oferecida aos seus empregados (item 4.3.2). Do ponto de vista contábil, a fiscalização destaca que a empresa realiza mensalmente provisão para pagamento de PLR com base na produtividade de cada empregado (item 4.3.1) e que na conta 188303000500007 "Adto particp resultados" haveria lançamentos cujo histórico seria "pgto adto quinzenal", o que seria vedado pela lei nº 10.101, de 2000 (item 4.3.5). A conclusão da fiscalização é de que: 4.4.1. A forma de a empresa remunerar seus empregados consiste no pagamento mensal do salário contratual, conforme constatamos em sua Folha de Pagamento, e da remuneração variável apurada com base na produtividade/desempenho paga a título de Participação nos Lucros ou Resultados PLR, nos meses de fevereiro e agosto de cada ano, numa tentativa de se "ajustar" aos ditames previstos no artigo 7º, incisoXI, da CF e aos requisitos estabelecidos pela Lei 10.101/2000. Fl. 4435DF CARF MF 4 4.4.2. Na admissão do empregado é oferecida uma linha de crédito, a título de empréstimo bancário contratada junto ao Banco Votorantim cuja conta é garantida pelo pagamento da PLR. Existe a possibilidade de serem efetuados saques mensais que serão cobertos quando do pagamento, nos meses de fevereiro e agosto, da remuneração que a empresa faz a título de PLR. O lançamento fiscal foi realizado com multa qualificada, sob a seguinte fundamentação: 8.1 Pelos fatos aqui relatados, bem como pelos documentos apresentados e examinados pela Auditoria Fiscal, e considerando o procedimento adotado pela empresa para pagamento da remuneração variável do empregado, calculado através de sua produtividade/desempenho, sob o título de participação nos lucros ou resultados, a Auditoria Fiscal concluiu que a empresa agiu de forma a se eximir do recolhimento das Contribuições Previdenciárias devidas sobre a remuneração (parte variável) de seus empregados, deixando inclusive de informar em GFIP tais valores. Diante da ocorrência desses fatos que, EM TESE, configuram o CRIME DE SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA e para OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS (TERCEIROS), previsto nos artigos 337A, Inciso III do Código Penal, combinado com os artigos 71 e 72 da Lei 4502/1964, de 30/11/1964, a multa foi qualificada nos termos do artigo 44, § 1º da Lei 9430/1966 de 27/12/1966, DOU de 30/12/1966, a seguir transcritos, para as competências a partir de 12/2008: A impugnação a este lançamento deu ensejo ao Acórdão acima identificado, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/12/2009 LANÇAMENTO. PAGAMENTOS DE PLR. DESCONSIDERAÇÃO DA NATUREZA NÃO SALARIAL. DISCRIMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO POR SEGURADOS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Havendo a desconsideração dos valores pagos a título de participação nos lucros e resultados para pagamentos tributados, desnecessário se torna a discriminação de todos os pagamentos por segurado, vez que a totalidade da base de cálculo restou considerada como base de cálculo de contribuições previdenciárias. PREVIDENCIÁRIO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO. ATUAÇÃO SINDICAL. PREVISÃO DE METAS NO CURSO DO PERÍODO AQUISITIVO. Incide contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de participação nos lucros e resultados, quando feitos em desacordo com a Lei nº 10.101/2000. Fl. 4436DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.399 5 Infringe a legislação de regência os pagamentos realizados sem a atuação efetiva do sindicato, de forma a violar a bilateralidade necessária ao modelo de negociação, sujeitando os trabalhadores à subordinação do empregador, mesmo em negociação onde esta não deve imperar. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. FIXAÇÃO DAS METAS APENAS PARA SEGURADOS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE LUCROS E/OU RESULTADOS A SEREM ATINGIDOS. Não configura participação nos lucros e resultados, mas sim remuneração variável, sujeita a tributação, os valores pagos por força do atingimento de metas somente a cargo dos segurados, enquanto fruto de seu próprio trabalho normal, sem que se tenha a previsão de metas para a empresa, seja a título de lucro ou resultado. A perfeita integração capitaltrabalho pressupõe que haja a previsão de um resultado a ser atingido tanto pelos segurados como pela empresa. Os valores pagos em função da mera captação de clientes aos serviços financeiros de instituição parceira do empregador, em grupo econômico, configura remuneração variável sob a modalidade de pagamento comissionado. Precedentes da Justiça do Trabalho. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE. RELAÇÃO DE MÚTUO SIMULADA. DESCUMPRIMENTO. A celebração de contrato de mútuo de forma a encobrir efetivo pagamento de remuneração variável aos segurados, com liberdade de saques, configura violação à periodicidade máxima prevista em lei, pois enseja ao segurado correntista a livre disponibilidade jurídica e econômica do valor pago. A simulação é evidente quando a instituição financeira credora do mútuo, pertencente ao mesmo grupo econômico da fonte pagadora da suposta participação, apóia e garante o mútuo celebrado nos valores a serem desembolsados pela fonte pagadora a título de participação nos lucros e resultados. A incidência de juros compensatórios, embora cabível sob o aspecto da relação jurídica civil, não impede o reconhecimento da simulação em relação aos valores pagos a título de remuneração variável. LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. AMOSTRAGEM. CABIMENTO. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS. APLICABILIDADE A prova tomada por amostragem não perde seu caráter de prova apenas por ser amostragem, notadamente quando corroborada por outros elementos constantes dos autos. Fl. 4437DF CARF MF 6 A indicação de poucos processos judiciais desfavoráveis ao contribuinte não afasta a convicção formada sobre tais pronunciamentos, quando o contribuinte omite a existência de outros pronunciamentos em seu desfavor, além dos apresentados pela fiscalização. Os princípios do livre convencimento e da persuasão racional, aplicáveis ao processo administrativo fiscal, permitem ao julgador formar sua convicção desde que amparado pelos elementos constantes dos autos. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. IRREGULARIDADE. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO. CABIMENTO. Configura hipótese de qualificação da multa de ofício, por força da sonegação, a situação onde o sujeito passivo deixa de informar, na Guia de Recolhimento ao FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, os valores de remuneração relativos à Participação nos Lucros e Resultados, quando irregular esta participação. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. DISTINÇÃO DE PERSONALIDADE. A permanência dos sócios no Relatório de Vínculos não atribui, por si só, responsabilidade alguma aos mesmos, mas indica quais as pessoas físicas que compõe o quadro societário da sociedade empresária. É perfeita a distinção que se faz entre a pessoa jurídica empresária e os sócios que, mediante acordo de vontades, a constitui JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao do vencimento PROVA PERICIAL. INADEQUAÇÃO DA PROVA PRETENDIDA. Descabe a prova pericial quando os fatos a serem objeto de prova já contam com presunção de veracidade em face da sua escrituração em livros contábeis não desconsiderados pela fiscalização. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Dessa decisão, teria sido dada ciência à empresa interessada CP Promotora de Vendas S/A, através de intimação enviada a seu endereço em Barueri/SP (fls 4148), que teria sido entregue em 03/09/2013 (fls 4149). Tendo transcorrido o prazo de 30 dias sem manifestação da interessada, foi lavrado termo de perempção (fls 4155) e enviada carta de cobrança com aviso de recebimento datado de 03/11/2014 (fls 4169). Fl. 4438DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.400 7 Em resposta de 27/11/2014, a empresa BV Financeira S.A CFI, sucessora da empresa CP Promotora de Vendas S.A., informou que não teria recebido a decisão acerca da impugnação apresentada no processo em questão (fls 4171/4181). Foi realizada nova intimação, desta feita através de "termo de ciência por abertura de mensagem comunicado" pelo qual considerouse o destinatário cientificado da decisão do julgamento em 11/02/2015 (fls 4196). Em 12/03/2015 (fls 4363), tempestivamente, portanto, foi registrada a solicitação de juntada dos documentos que incluem o recurso voluntário (fls 4273/4362), no qual a recorrente alega, em síntese, que: 1. Todos os pagamentos efetuados a título de PLR foram feitos rigorosamente nos termos do art. 7º da Constituição Federal e da Lei nº 10.101, de 2000; 2. Mesmo que houvesse alguma irregularidade nos pagamentos feitos a esse título, ela estaria limitada aos casos em que houve trânsito em julgado da decisão trabalhista e nos em que houve contratação da conta garantida; 3. Em função do exposto no item anterior, revelase que a autuação se deu de forma genérica, sem a identificação exata dos fatos geradores e individualização dos valores recebidos; 4. Não é possível a cobrança da multa de 75% ante à expressa limitação a 20% constante da nova redação do art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991; 5. Não há base legal ou fática para a aplicação de qualquer multa agravada, já que o STF já pacificou o entendimento de que multas acima de 100% são inconstitucionais; 6. Protesta pela realização de perícia, para que responda: se houve desembolso de PLR nas datas que conferem com seus registros contábeis; se os valores pagos a título de gratificação quinzenal são parte do PLR e em que conta estão registrados; se os valores pagos a título de gratificação quinzenal foram tributados pelo INSS e se a provisão contábil de PLR registrada mensalmente implicou efetivo desembolso. 7. Seu pagamento de PLR atendeu as três exigências estabelecidas em lei, quais sejam: (i) o acordo de PLR deverá ser feito mediante negociação entre a empresa e seus empregados, por meio de comissão escolhida entre as partes, convenção ou acordo coletivo; (ii) dos instrumentos decorrentes das negociações deverão advir regras claras e objetivas; (iii) a entidade sindical deverá participar/ter ciência das negociações; 8. Não houve adiantamento mensal de PLR e as decisões judiciais trazidas pela fiscalização não fazem prova disso; Fl. 4439DF CARF MF 8 9. O contrato de empréstimo bancário junto ao Banco Votorantim não envolve a recorrente e não ficou comprovado que ela orquestra os adiantamentos e saques mensais de forma consolidada por todos os empregados; 10. Se o empréstimo fosse adiantamento de PLR o fato gerador seria deslocado para a data em que efetuado, e não em lançamentos semestrais como fez a fiscalização; 11. A possibilidade de empréstimo através da conta garantida com a vantagem de já possuir uma linha de crédito préaprovada é só um dos produtos financeiros que a empresa disponibiliza a seus empregados; 12. Essa linha de crédito possuía como data avençada para pagamento dos empréstimos os meses de fevereiro e agosto de cada ano, porque o objetivo do Banco era garantir o pagamento do empréstimo bancário através do PLR; 13. A abertura da conta e solicitação de empréstimo era voluntária e só 41,2% dos empregados optaram por contratar o empréstimo; 14. O empréstimo era oneroso; 15. Os controles que eram feitos contabilmente consistiam em meras provisões; 16. As empresas do grupo possuem sistema de contabilidade compartilhada, o que permite ao Banco Votorantim S.A. ter conhecimento das provisões mensais feitas pela Recorrente para o pagamento de PLR e, consequentemente, essas provisões fornecem a segurança necessária para que o banco possa conceder empréstimo aos empregados sob baixo risco; 17. O lançamento realizado a título de adiantamento quinzenal de PLR foi equivocado, uma vez que se tratava de pagamento de gratificações, e já foi objeto de retificação e pagamento da contribuição previdenciária sobre ele incidente. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões (fls 4369/4394) alegando também que se tratava de pagamento de remuneração variável com base tão somente na produtividade de cada empregado ou, quando muito, de equipes ou lojas de captação, não podendo receber o tratamento de PLR. Essa ideia seria reforçada pela existência de empréstimos obtidos junto a empresa do mesmo grupo econômico. Aduz ainda que não houve a efetiva participação do sindicato, exigência que não pode ser relativizada, pois implicaria declaração de inconstitucionalidade de lei válida e vigente, e que a discrepância entre os salários e os valores pagos a título de PLR demonstrariam que este está sendo utilizado para substituir aquele. Também defende a PFN a manutenção da multa qualificada, uma vez que a conduta descrita teria como propósito mascarar o pagamento de verbas remuneratórias e, com isso, reduzir a tributação das contribuições previdenciárias e objetivava também modificar as características essenciais do fato gerador, o que caracteriza fraude. Fl. 4440DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.401 9 Defende, por fim, a legalidade da incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício. É o que havia para ser relatado. Voto Vencido Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminares A empresa faz uma série de alegações que devem ser entendidas como preliminares de mérito, uma vez que implicariam a nulidade do auto de infração. As mesmas razões que invoca como motivo de nulidade são as utilizadas para justificar a necessidade de perícia. Neste caso, manifestome desde já no sentido de que esses pedidos ficam prejudicados pela análise que farei do mérito. Ou seja, entendo ser desnecessária a perícia pois sua realização não seria suficiente para afastar as máculas que existem no plano de PLR apresentado, o que afasta a natureza dos pagamentos efetuados a esse título, caracterizandoos como rendimento sujeito à tributação pelas contribuições previdenciárias. Da mesma forma, entendo não caracterizada a nulidade invocada, uma vez que a separação entre os valores pagos a empregados que realizaram e os que não realizaram a operação de crédito que lhes foi viabilizada pela recorrente não traria qualquer efeito na apuração dos tributos devidos. Rejeito, portanto. Mérito A matéria em discussão nesse processo consiste em definir se os pagamentos realizados pela recorrente obedeceram aos requisitos legais para que pudessem ser caracterizados como participação nos lucros e resultados da empresa, nos termos da Lei nº 10.101, de 2000, e, conseqüentemente, não se submeterem à incidência da contribuição previdenciária e das contribuições para terceiros. Inicialmente, tomo a liberdade de transcrever trecho do voto proferido pelo Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira, no Acórdão nº 2201003.417, sessão de 07 de fevereiro de 2017, que estabelece as balizas para a correta análise dos fatos trazidos à colação nesse processo: Como regra geral, as contribuições previdenciárias têm por base de cálculo a remuneração percebida pela pessoa física pelo exercício do trabalho. É dizer: toda pessoa física que trabalha e recebe remuneração decorrente desse labor é segurado obrigatório da previdência social e dela contribuinte, em face do caráter contributivo e da compulsoriedade do sistema previdenciário pátrio. Fl. 4441DF CARF MF 10 De tal assertiva, decorre que a base de cálculo da contribuição previdenciária é a remuneração percebida pelo segurado obrigatório em decorrência de seu trabalho. Nesse sentido caminha a doutrina. Eduardo Newman de Mattera Gomes e Karina Alessandra de Mattera Gomes (Delimitação Constitucional da base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias ‘in’ I Prêmio CARF de Monografias em Direito Tributário 2010, Brasília: Edições Valentim, 2011. p. 483.), entendem que: “...não se deve descurar que, nos estritos termos previstos no art. 22, inciso I, da Lei nº 8.212/91, apenas as verbas remuneratórias, ou seja, aquelas destinadas a retribuir o trabalho, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo disponibilizado ao empregador, é que ensejam a incidência da contribuição previdenciária em análise” (grifos originais) Academicamente (OLIVEIRA, Carlos Henrique de. Contribuições Previdenciárias e Tributação na Saúde ‘in’ HARET, Florence; MENDES, Guilherme Adolfo. Tributação da Saúde, Ribeirão Preto: Edições Altai, 2013. p. 234.), já tivemos oportunidade de nos manifestar no mesmo sentido quando analisávamos o artigo 214, inciso I do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, que trata do salário de contribuição: “O dispositivo regulamentar acima transcrito, quando bem interpretado, já delimita o salário de contribuição de maneira definitiva, ao prescrever que é composto pela totalidade dos rendimentos pagos como retribuição do trabalho. É dizer: a base de cálculo do fato gerador tributário previdenciário, ou seja, o trabalho remunerado do empregado, é o total da sua remuneração pelo seu labor” (grifos originais) O final da dessa última frase ajudanos a construir o conceito que entendemos atual de remuneração. A doutrina clássica, apoiada no texto legal, define remuneração como sendo a contraprestação pelo trabalho, apresentando o que entendemos ser o conceito aplicável à origem do direito do trabalho, quando o sinalagma da relação de trabalho era totalmente aplicável, pois, nos primórdios do emprego, só havia salário se houvesse trabalho. Com a evolução dos direitos laborais, surge o dever de pagamento de salários não só como decorrência do trabalho prestado, mas também quando o empregado "está de braços cruzados à espera da matériaprima, que se atrasou, ou do próximo cliente, que tarda em chegar", como recorda Homero Batista (Homero Mateus Batista da Silva. Curso de Direito do Trabalho Aplicado, vol 5: Livro da Remuneração.Rio de Janeiro, Elsevier. 2009. pg. 7). O dever de o empregador pagar pelo tempo à disposição, ainda segundo Homero, decorre da própria assunção do risco da atividade econômica, que é inerente ao empregador. Ainda assim, cabe o recebimento de salários em outras situações. Numa terceira fase do direito do trabalho, a lei passa a impor o recebimento do trabalho em situações em que não há prestação de serviços e nem mesmo o empregado se encontra ao dispor do empregador. São as situações contempladas pelos casos de interrupção do contrato de trabalho, como, por exemplo, nas férias e nos descansos semanais. Há efetiva responsabilização do empregador, quando ao dever de remunerar, nos casos em que, sem culpa do empregado e normalmente como decorrência de necessidade de preservação da saúde física e mental do trabalhador, ou para cumprimento de obrigação civil, não existe trabalho. Assim, temos salários como contraprestação, pelo tempo à disposição e por força de dispositivos legais. Não obstante, outras situações há em que seja necessário o pagamento de salários A convenção entre as partes pode atribuir ao empregador o dever de pagar determinadas quantias, que, pela repetição ou pela expectativa criada pelo empregado em recebêlas, assumem natureza salarial. Típico é o caso de uma Fl. 4442DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.402 11 gratificação paga quando do cumprimento de determinado ajuste, que se repete ao longo dos anos, assim, inserese no contrato de trabalho como dever do empregador, ou determinado acréscimo salarial, pago por liberalidade, ou quando habitual. Nesse sentido, entendemos ter a verba natureza remuneratória quando presentes o caráter contraprestacional, o pagamento pelo tempo à disposição do empregador, haver interrupção do contrato de trabalho, ou dever legal ou contratual do pagamento. Assentados no entendimento sobre a base de cálculo das contribuições previdenciárias, vejamos agora qual a natureza jurídica da verba paga como participação nos lucros e resultados. O artigo 7º da Carta da República, versando sobre os direitos dos trabalhadores, estabelece: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições préestabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Fl. 4443DF CARF MF 12 Porém, não só a Carta Fundamental como também a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determinam que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas tem nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por outro, vimos que a Constituição e Lei que instituiu a PLR afastam – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação. Para uns, verdadeira imunidade pois prevista na Norma Ápice, para outros isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. Não entendo ser o comando constitucional uma imunidade, posto que esta é definida pela doutrina como sendo um limite dirigido ao legislador competente. Tácio Lacerda Gama (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Ed. Quartier Latin, pg. 167), explica: "As imunidades são enunciados constitucionais que integram a norma de competência tributária, restringindo a possibilidade de criar tributos" Ao recordar o comando esculpido no artigo 7º, inciso XI da Carta da República não observo um comando que limite a competência do legislador ordinário, ao reverso, vejo a criação de um direito dos trabalhadores limitado por lei. Superando a controvérsia doutrinária e assumindo o caráter isentivo em face da expressa disposição da Lei de Custeio da Previdência, mister algumas considerações. Nesse sentido, Luis Eduardo Schoueri (Direito Tributário 3ªed. São Paulo: Ed Saraiva. 2013. p.649), citando Jose Souto Maior Borges, diz que a isenção é uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. Nesse sentido, devemos atentar para o alerta do professor titular da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, que recorda que a isenção é vista pelo Código Tributário Nacional como uma exceção, uma vez que a regra é que: da incidência, surja o dever de pagar o tributo. Tal situação, nos obriga a lembrar que as regras excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Paulo de Barros Carvalho, coerente com sua posição sobre a influência da lógica semântica sobre o estudo do direito aliada a necessária aplicação da lógica jurídica, ensina que as normas de isenção são regras de estrutura e não regras de comportamento, ou seja, essas se dirigem diretamente à conduta das pessoas, enquanto aquelas, as de estrutura, prescrevem o relacionamento que as normas de conduta devem manter entre si, incluindo a própria expulsão dessas regras do sistema (abrogação). Por ser regra de estrutura a norma de isenção “introduz modificações no âmbito da regra matriz de incidência tributária, esta sim, norma de conduta” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Ed. Fl. 4444DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.403 13 Saraiva, 2013. p. 450), modificações estas que fulminam algum aspecto da hipótese de incidência, ou seja, um dos elementos do antecedente normativo (critérios material, espacial ou temporal), ou do conseqüente (critérios pessoal ou quantitativo). Podemos entender, pelas lições de Paulo de Barros, que a norma isentiva é uma escolha da pessoa política competente para a imposição tributária que repercute na própria existência da obrigação tributária principal uma vez que ela, como dito por escolha do poder tributante competente, deixa de existir. Tal constatação pode, por outros critérios jurídicos, ser obtida ao se analisar o Código Tributário Nacional, que em seu artigo 175 trata a isenção como forma de extinção do crédito tributário. Voltando uma vez mais às lições do Professor Barros Carvalho, e observando a exata dicção da Lei de Custeio da Previdência Social, encontraremos a exigência de que a verba paga a título de participação nos lucros e resultados “quando paga ou creditada de acordo com lei específica” não integra o salário de contribuição, ou seja, a base de cálculo da exação previdenciária. Ora, por ser uma regra de estrutura, portanto condicionante da norma de conduta, para que essa norma atinja sua finalidade, ou seja impedir a exação, a exigência constante de seu antecedente lógico – que a verba seja paga em concordância com a lei que regula a PLR – deve ser totalmente cumprida. Objetivando que tal determinação seja fielmente cumprida, ao tratar das formas de interpretação da legislação tributária, o Código Tributário Nacional em seu artigo 111 preceitua que se interprete literalmente as normas de tratem de outorga de isenção, como no caso em comento. Importante ressaltar, como nos ensina André Franco Montoro, no clássico Introdução à Ciência do Direito (24ªed., Ed. Revista dos Tribunais, p. 373), que a: “interpretação literal ou filológica, é a que toma por base o significado das palavras da lei e sua função gramatical. (...). É sem dúvida o primeiro passo a dar na interpretação de um texto. Mas, por si só é insuficiente, porque não considera a unidade que constitui o ordenamento jurídico e sua adequação à realidade social. É necessário, por isso, colocar seus resultados em confronto com outras espécies de interpretação”. (grifos nossos) Nesse diapasão, nos vemos obrigados a entender que a verba paga à título de PLR não integrará a base de cálculo das contribuições sociais previdenciárias se tal verba for paga com total e integral respeito à Lei nº 10.101, de 2000, que dispõe sobre o instituto de participação do trabalhador no resultado da empresa previsto na Constituição Federal. Isso porque: i) o pagamento de verba que esteja relacionada com o resultado da empresa tem inegável cunho remuneratório em face de nítida contraprestação que há entre o fruto do trabalho da pessoa física e a o motivo ensejador do pagamento, ou seja, o alcance de determinada meta; ii) para afastar essa imposição tributária a lei tributária isentiva exige o cumprimento de requisitos específicos dispostos na norma que disciplina o favor constitucional. Logo, imprescindível o cumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101 para que o valor pago a título de PLR não integre o salário de contribuição do trabalhador. Vejamos quais esses requisitos. Dispõe textualmente a Lei nº 10.101/00: Fl. 4445DF CARF MF 14 Art. 2o A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1o Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2o O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. ... Art. 3º ... (...) § 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil. (grifamos) Da transcrição legal podemos deduzir que a Lei da PLR condiciona, como condição de validade do pagamento: i) a existência de negociação prévia sobre a participação; ii) a participação do sindicato em comissão paritária escolhida pelas partes para a determinação das metas ou resultados a serem alcançados ou que isso seja determinado por convenção ou acordo coletivo; iii) o impedimento de que tais metas ou resultados se relacionem à saúde ou segurança no trabalho; iv) que dos instrumentos finais obtidos constem regras claras e objetivas, inclusive com mecanismos de aferição, sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores; v) a vedação expressa do pagamento em mais de duas parcelas ou com intervalo entre elas menor que um trimestre civil. Estabelecidas essas premissas, temse que o não atendimento a uma única dessas exigências é motivo suficiente para descaracterizar os pagamentos realizados como PLR, tornando obrigatória sua inclusão na base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse caso, em que o processo se mostra rico em informações e interpretações sobre diferentes aspectos dessas exigências, considero que deve ser dado relevo a uma delas, que consiste na exigência de que dos instrumentos finais das negociações constem regras claras e objetivas sobre os resultados a serem alcançados e a fixação dos direitos dos trabalhadores. É óbvio que essas regras, para além de claras e objetivas, devem ser dotadas de qualidades que evidenciem o seu caráter de pagamento de participação nos lucros ou resultados da empresa. Daí que a lei estabelece alguns exemplos que mostram o caminho a ser Fl. 4446DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.404 15 trilhado, que pode ser adaptado à realidade de cada atividade empresarial mas que não pode ser dele desvirtuado. Nesse caso, tendo em vista a semelhança entre o conteúdo dos termos apresentados, tomase como exemplo o Termo de PLR da CP Promotora de Vendas S/A, de 2008 (fls 1837/1895), de onde são extraídas algumas informações que demonstram o teor do suposto pagamento de PLR: 2.1.1 Apuração da Margem Líquida Entendese como Margem Líquida, para fins exclusivos deste Termo, o resultado da Margem Bruta, subtraindose o total de Custos Variáveis, a Provisão de Devedores Duvidos PDD e Acordos Comerciais, de acordo com a fórmula a seguir: (...) Onde: Margem Bruta: obtida nos empréstimos e financiamentos pela soma das parcelas trazidas a valor presente pela taxa de captação respectiva, obedecendo as particularidades de prazos e juros de cada produto, descontados dos respectivos valroes emprestados e/ou financiados. Custos variáveis: são os custos envolvidos na originação de cada contrato. Como por exemplo: (...) PDD: é a provisão para devedores duvidosos, isto é, considerase um percentual sobre a operação para cobrir possíveis perdas com inadimplência. Acordos Comerciais: são os custos dos acordos realizados entre a empresa e as lojas parceiras com a finalidade de ampliar o volume de empréstimos e/ou financiamentos. 2.1.2. Meta de Margem Líquida Mensal e Semestral Será pressuposto básico para o pagamento de qualquer participação ao empregado o atingimento das metas mensal e semestral, estipulada em relação à Margem Líquida resultante dos negócios gerados pelo empregado ou pela área, o que for aplicável, conforme as regras estabelecidas. A Meta de Margem Líquida mensal será um múltiplo de salários em conformidade com as regras de cada produto. A Meta de Margem Líquida semestral será a soma das Metas de Margem Líquida mensais, subtraindose a Margem dos contratos inadimplentes. A apuração por parte da Empresa do atingimento ou não da meta mensal, consiste exclusivamente, em critérios estabelecidos entre as partes como parâmetro para apuração dos resultados, com vistas a possibilitar um melhor acompanhamento pelos empregados. A participação, no entanto, será paga semestralmente, conforme as datas ajustadas neste Termo. Considerando que a apuração do resultado é mensal, no mês em que a meta mensal não for atingida, a apuração não será computada na composição, parcial, do valor a ser pago no critério quantitativo. Fl. 4447DF CARF MF 16 As partes ajustam que a Meta de Margem Líquida será alterada sempre que ocorrer alteração no salário do Empregado em razão de promoção, enquadramento ou convenção coletiva. Os empregados têm acesso às informações das margens líquidas realizadas, dos volumes negociados e das metas a serem alcançadas, e, portanto, podem monitorar diariamente os resultados atingidos. 2.1.3. Quantidade de Contratos Será computado no cálculo da apuração quantitativa o valor referente aos contratos celebrados, com a efetiva participação do empregado, respeitandose as regras para cada cargo/produto. (...) CLÁUSULA TERCEIRA DA APURAÇÃO DOS CRITÉRIOS QUANTITATIVOS E QUALITATIVOS (...) 3.2. CONSIGNADO PÚBLICO E CONSIGNADO INSS Estabelecimento das Metas Estão contemplados os empregados que exercem o cargo de: Gerente Comercial INSS, Gerente Comercial INSS, Gerente Relacionamento Consignado Público e Promotor Consignado I, II, III. Cargo do colaborador Valor da Meta Mensal da Margem Líquida Gerente Comercial INSS Corresponde a 12,5 vezes seu salário mais a somatória das metas dos Operadores de CDC sob sua gestão Gerente Comercial INSS Corresponde a 12,5 vezes seu salário* Gerente Relacionamento Consignado Público Corresponde a 12,5 vezes seu salário Promotor Consignado I, II, III Corresponde a 12,5 vezes seu salário * Na situação de operador com promotor, a meta do operador corresponderá à soma da sua meta mais a meta do promotor Apuração Quantitativa Em sendo atingida a meta mensal da Margem Líquida, a participação será calculada conforme o percentual da meta atingida, de acordo com demonstrado na tabela nº 3 a seguir. Fl. 4448DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.405 17 Exemplo: Cargo do empregado: Operador de CDC Salário do empregado (Hipotético): R$ 1.000,00 Meta Mensal de Margem Líquida: 12,5 x R$ 1.000,00 = R$ 12.500,00 Margem Líquida realizada no mês: R$ 170.000,00 (sendo R$ 80.000,00 Público e R$ 90.000,00 INSS) Por ter atingido mais que 100% da Meta mensal de ML será apurado da seguinte forma: (1) Tabela ML Público: R$ 80.000,00 x 1,5% = R$ 1.200,00 (2) Tabela ML INSS: R$ 90.000,00 x 2,6% = R$ 2.340,00 TOTAL (1) + (2) = R$ 3.540,00 Fl. 4449DF CARF MF 18 Observação: a tabela é em "cascata", de forma que, para o valor de margem líquida, observase primeiro as faixas superiores e a diferença de valor de margem líquida é observadas as faixas inferiores de forma que a apuração total é a soma das faixas calculadas. Resta evidenciado desse excerto do termo de PLR que o empregado tinha uma meta individual a ser cumprida com a qual justificaria seu salário base e, a partir daí, recebia um valor proporcional à sua produção. Este exemplo expõe a tônica de todo o documento que contém, efetivamente, regras bastante objetivas. Ocorre porém que essas regras não estabelecem critérios adequados ao pagamento de PLR, mas correspondem, isto sim, a uma das modalidades clássicas de pagamento de salário, que é o salário por produção. A jurisprudência trabalhista já teve oportunidade de se manifestar sobre essa modalidade de regra e à impossibilidade de que suportem pagamento de PLR. Nesse sentido, transcrevo do Acórdão relativo ao Agravo de Instrumento contra despacho que negou seguimento ao Recurso de Revista nº TSTRR160173.2012.5.02.0314, julgado em 22/02/2017, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, o que segue: O Eg. TRT, no particular, reformou a r. sentença e acresceu à condenação o pagamento de diferenças salariais em razão da integração da PLR ao salário e reflexos. Estes são os fundamentos: Nos termos da Lei 10.101/2001, a participação nos lucros e resultados (PLR) deve ser instituída mediante acordo/convenção coletiva ou comissão de trabalhadores, não podendo a referida verba ser paga mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil (§ 2 do art. 2º da referida lei). Também nos termos da referida lei e do art. 7º, XI da Constituição Federal a PLR não integra a remuneração do empregado e "nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade" (art. 3º da Lei 10.101/2001) Na presente hipótese depreendese dos autos que a PLR foi paga ao Reclamante atendendo a requisitos previstos no acordo coletivo que a instituiu, e que contempla a necessidade de avaliação individual de desempenho do empregado, considerando critérios de produtividade e atingimento de metas conforme preceitua a cláusula 3ª do anexo 1 do acordo coletivo juntado no volume de documentos em apartado (doc. 7). Não obstante, o art. 2º, § 1º da referida lei é bastante claro ao estabelecer que os instrumentos coletivos que definam o cálculo da verba deverá levar em consideração índices de produtividade, qualidade e lucratividade da empresa. Muito embora o inciso II faça menção à programa de metas, obviamente está se referindo à metas coletivas, a serem suportadas por todos os empregados e pela empresa, considerando a teleologia da norma. O procedimento pelo qual se condiciona o cálculo e pagamento da PLR ao atendimento de metas e critérios individuais desvirtua a natureza da verba, instituída como uma forma de distribuir o resultado positivo obtido pela empresa, e que o empregado ajudou a conseguir coletivamente, devendo ser partilhado de forma igualitária. Nos moldes em que foi quitada na presente Fl. 4450DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.406 19 hipótese, ainda que tenha sido observada a periodicidade legal, a verba mais se aproxima da figura do prêmio ou comissão, sendo, assim, devida sua integração, por força do art. 457 da CLT. Este, inclusive, tem sido o entendimento do TST em casos análogos, conforme se depreende dos seguintes arestos: (...) Desta forma, merece guarida a pretensão de reforma do Reclamante. O entendimento expresso nesse trecho da decisão recorrida foi mantido pelo TST: Quanto à PLR, o Tribunal Regional registrou que o acordo coletivo contemplava a necessidade de avaliação individual de desempenho do empregado, considerando critérios de produtividade e atingimento de metas. Todavia, assentou que o pagamento baseado nesses critérios constituía desvirtuamento dos objetivos da Lei n° 10.101/2000. Nesta esteira, ao contrário do alegado, os critérios estabelecidos em norma coletiva foram analisados, mas foram rechaçados diante do que dispõe a legislação específica. A invocação da Súmula nº 340 do TST serviria à discussão relativa ao cálculo das horas extras. Não guarda pertinência com a questão controvertida, especificamente referente à configuração da natureza salarial da PLR e sua integração ao salário. Estão incólumes os dispositivos invocados. No mesmo sentido: PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS. AFERIÇÃO DO PAGAMENTO SEGUINDO CRITÉRIOS INDIVIDUAIS DA PRODUÇÃO. FEIÇÃO COMISSIONADA DA VERBA. NATUREZA SALARIAL. INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO MENSAL. Diante do pagamento da participação nos resultados segundo critérios individuais de produtividade e não em função do resultado da empresa, resta demonstrada a natureza salarial da parcela, pois consistente em verdadeira comissão paga ao trabalhador pelo trabalho. (TRT 14ª Região, Processo Nº RO 000118867.2015.5.14.0008, Relatora Desembargadora Socorro Guimarães, Data do Julgamento: 13/12/2016, 2ª Turma) TST PARCELA PAGA A TÍTULO DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. FRAUDE. NATUREZA JURÍDICA DE COMISSÕES. INTEGRAÇÃO NA BASE DE CÁLCULO DAS DEMAIS PARCELAS DE NATUREZA SALARIAL. Na hipótese, ficou registrado, no acórdão recorrido, que a parcela variável paga ao reclamante tinha natureza jurídica de verdadeiras comissões, uma vez que apurada com base em critérios individuais Fl. 4451DF CARF MF 20 referentes à sua produção, em nada se relacionando com os lucros e resultados da empresa. Embora a parcela variável paga ao reclamante tenha sido prevista em norma coletiva como participação nos lucros e resultados, a sua natureza jurídica deve ser aferida com base nos contextos fático e probatório nos autos. Não basta a denominação jurídica apontada na norma coletiva. Desse modo, considerando que a parcela variável paga ao reclamante tinha contornos de comissões, não há como afastar a sua natureza salarial. Ressaltase que rever a conclusão do Tribunal de origem acerca da natureza jurídica da parcela paga semestralmente ao reclamante demandaria o revolvimento de fatos e provas, vedado nesta instância recursal de natureza extraordinária, nos termos da Súmula nº 126 do TST. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR 18451.2014.5.03.0035, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 20/04/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/04/2016) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS NATUREZA SALARIAL PAGAMENTO DE COMISSÕES 1. O Eg. TRT concluiu que houve fraude no pagamento da parcela sob a rubrica de PLR, ensejando o reconhecimento da natureza salarial de comissão. 2 Registrado no acórdão regional que a verba era paga com base em critério de atingimento de metas individuais, em nada se relacionando com os lucros e resultados da empresa, correto o reconhecimento da natureza salarial da parcela. Julgados. [...] (RR 260424.2012.5.15.0016, Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 31/08/2016, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 02/09/2016) Na hipótese em questão, não há nenhum meta estabelecida em relação aos lucros/resultados obtidos pela empresa, sendo a remuneração devida ao empregado compatível apenas com aquilo que consegue produzir a partir de seu trabalho. Sua produção rende ensejo à apuração mensal do que lhe é devido, mas com pagamento na periodicidade semestral. Não há nada nos temos juntados a esse processo que revele a integração entre capital e trabalho, já que o trabalhador só receberá na medida do resultado de seu esforço próprio. Quanto a esse aspecto, compreendo que no fundo todo pagamento de PLR tem um cunho remuneratório, caso contrário não haveria que se falar em regra isentiva. Assim, analisandoos é normal que assumam a feição de comissão ou bônus, por exemplo, mas esse núcleo salarial deve estar revestido por outras características correspondentes às exigências contidas na Lei, que lhe atribuam a natureza de PLR. Na hipótese em questão, o que há é mero pagamento de comissão e nada mais. A única coisa que diferencia essa comissão daquelas pagas por empresas que submetem esse pagamento à tributação é o nome. Não foi agregada aí qualquer condição que fosse suficiente para lhe atribuir o cunho de PLR. Ademais disso, a fiscalização, no item 4.2.33.1. do relatório fiscal (fls 124), traz um comparativo entre o salário contratual anual e os valores pagos a título de PLR, revelando que esses chegam a superar aquele em alguns casos em mais de seis vezes. Esse é mais um elemento a evidenciar que o salário está sendo efetivamente substituído. Fl. 4452DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.407 21 Nesse sentido, considero oportuno transcrever o julgado trazido à colação pela PFN em suas contrarazões, proferido pela 1ª Turma da 3ª Câmara em sessão de setembro de 2013, que trata da limitação do valor pago a título de PLR, quando comparado com o salário do empregado. Cuidase do acórdão 2301003731, que teve como redator designado quanto ao tema o Conselheiro Mauro José da Silva: A questão que agora enfrentamos diz respeito à existência de um limite ao pagamento da PLR. Parecenos que a interpretação do caput do art. 3º da Lei 10.101/2000 esclarece a dúvida. A norma regulamentadora de tal dispositivo determina que a PLR “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado”. Ou seja, não pode a verba paga a título de PLR tomar uma feição de parcela que remunere a prestação do trabalho. Para tanto, os indícios colhidos na situação fática devem ser cuidadosamente analisados. O principal indício de que a empresa está usando a PLR como substituição do salário é a elevada proporção entre PLR e salário. É certo que a lei não estabelece tal limite, mas essa não é situação inédita no direito tributário. Nossas leis tributárias estão repletas de conceitos indeterminados que suscitou a atuação do hermeneuta. Como exemplo, temos a determinação do valor de tributo que torna a exação confiscatória. A Corte Constitucional brasileira no ADI 551 debateu a respeito da configuração de uma situação de confisco tributário. Naquela ocasião, o Ministro Sepúlveda da Pertence afirmou que não sabia “a que altura um tributo ou uma multa se torna confiscatório; mas uma multa de duas vezes o valor do tributo, por mero retardamento da satisfação, ou de cinco vezes, em caso de sonegação, certamente sei que é confiscatório e desproporcional”. Em outra ocasião, na ADI 520, o Ministro Celso de Mello reconheceu que a vedação ao confisco é uma “cláusula aberta veiculadora de um conceito jurídico indeterminado, mas o excesso de poder estatal na fixação do tributo pode ser verificado pelo juiz diante do caso concreto”. Nos casos referidos a Corte Constitucional tratava de afastar por inconstitucionalidade norma validamente inserida em nosso ordenamento, o que é vedado para este Tribunal Administrativo. No entanto, o raciocínio utilizado pelos Ministros pode ser utilizado num caso de aplicação de limite não previsto expressamente em lei, mas decorrente de interpretação fundada na finalidade da lei, como é o caso do limite para a PLR. Assim, se não sabemos qual valor torna uma PLR substitutiva do salário, podemos, in casu, concluir que uma parcela paga a título de PLR que seja equivalente a mais de doze vezes o salário mensal, ou equivalente ao salário anual, certamente já assumiu a feição de contraprestação pelo trabalho, de remuneração, portanto, pois certamente o trabalhador só substituiria seu salário por valor equivalente ou maior. Nesses casos a parcela, por ter verdadeira natureza remuneratória e estar em ofensa ao art. 3º da Lei 10.101/2000, deve compor a base de cálculo da contribuição previdenciária. Fl. 4453DF CARF MF 22 Permitir a utilização do PLR como substituto da política salarial não foi o objetivo da Lei nº 10.101, de 2000, segundo a qual a participação nos lucros e resultados não deve substituir ou complementar a remuneração do empregado (art. 3º), e certamente também não foi essa a intenção da Constituição Federal ao prever esse mecanismo de integração entre capital e trabalho, já que a intenção declarada de seu art. 7º é de garantir a melhoria da condição do trabalhador. Quando a lei afirma que a PLR não pode substituir ou complementar o salário, não está a estipular a mera inexistência de um cláusula contratual com esse conteúdo. Para dar plena eficácia à norma em questão, é preciso investigar a situação concreta e verificar se há uma compatibilidade racional entre o que é pago a título de salário e o plus que seria devido a título de PLR. Por isso, entendo bastante adequada a limitação estabelecida no acórdão transcrito, pelo qual o PLR equivalente a 100% da remuneração anual já implica sinal inequívoco de que o instituto é usado como substituto para a remuneração. Os demais elementos de convicção trazidos pela fiscalização apenas servem de reforço à essa impressão já latente de que o instrumento foi desvirtuado, com finalidade diferente da pretendida pelo legislador, tendo o PLR sido utilizado para disfarçar o pagamento de verba que têm evidente caráter salarial, sem se revestir das qualidades inerentes ao PLR. Por outro lado, a existência do convênio com empresa do mesmo grupo econômico, pelo qual os empregados teriam acesso a recursos garantidos por sua participação nos lucros, e o fato de que essa empresa tinha acesso às informações quanto ao direito à suposta participação nos lucros mensalmente, demonstram mais uma vez que o mecanismo de integração entre capital e trabalho foi utilizado apenas para manter um, o trabalho, subordinado ao outro, capital. Com efeito, ainda que o empréstimo não seja obrigatório, submeterse a esse tipo de ajuste evidencia a situação de dependência e sujeição do empregado, o que nega a integração pretendida pela lei. Esse mecanismo, na verdade, constitui uma forma de burlar a vedação constante do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, que impede o pagamento de antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros e resultados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo anocivil. A fato de que nem todos os empregados tenham se utilizado dessa prerrogativa não serve à defesa da empresa, pois sendo oneroso o contrato, pressupõese que apenas os mais premidos pela necessidade é que dele se valeram, o que reforça a ideia de que a estrutura criada serviu para aumentar a sujeição de seus empregados. Nesse caso, apesar da estrutura criada permitir que o empregado tenha acesso a recursos sob a rubrica de empréstimo, tornando suportável para este receber seu salário apenas na periodicidade semestral, o efetivo pagamento só ocorre na sua quitação. Portanto, é nesta data que ocorre o fato gerador da contribuição previdenciária e seus consectários. Esses argumentos são suficientes para negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito à descaracterização dos valores pagos a título de PLR como tal, de modo que devem se submeter à incidência das contribuições previdenciárias em sua integralidade. Essa conclusão torna desnecessária a segregação pretendida pela recorrente, já que atinge todo o pagamento de PLR efetuado. Por isso, deixo de analisar as demais questões levantadas, em especial a relativa à realização de perícia, posto que não seriam suficientes para conferir legitimidade ao Fl. 4454DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.408 23 pagamento realizado sob rubrica indevida, como ficou evidenciado nesse processo. Não é demais relembrar que não atribuo valor ao fato de que apenas parte dos empregados tenham efetivamente realizado os empréstimos. Também não estou utilizando como razões de decidir as decisões da justiça trabalhista que tiveram como reclamada a empresa interessada. Como entendo suficientemente motivada minha decisão nos fundamentos acima expendidos, deixo de enfrentar, por economia processual, as seguintes questões: representatividade do sindicato que participou da negociação; regularidade da comissão de empregados; comprovação da devida participação do sindicato; das provisões contábeis; das retificações contábeis retificação nas contas que registravam a antecipação na participação nos lucros. Quanto a esse aspecto, invoco o contido no art. 489 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015), no seguinte dispositivo: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: I o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; II os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; III o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem. § 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) IV não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; Neste caso, tendo sido adotado como premissa que a regra de PLR é isentiva e que o não atendimento a uma das condições é suficiente para afastar essa natureza, os demais argumentos apresentados pela recorrente não seriam "capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador". Multa qualificada A fiscalização aplicou a multa qualificada prevista no art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 1996, que tem a seguinte redação: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) Fl. 4455DF CARF MF 24 § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis; Os dispositivos mencionados no § 1º, por sua vez, prevêem o que segue: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Na situação descrita nos presentes autos, entendo que não se trata de mero erro de interpretação da legislação que teria levado a recorrente a classificar como PLR valores com natureza de comissão. A existência de convênio com empresa do mesmo grupo, abrindo linha de crédito vinculada ao valor devido a cada empregado mensalmente revela a perfeita compreensão da natureza do pagamento que estava sendo realizado, bem como a intenção de se utilizar de subterfúgios de forma a garantir a operacionalidade do esquema. Com esta prática resta caracterizada a ação dolosa tendente a impedir o conhecimento da autoridade fiscal quanto à ocorrência do fato gerador. Nego provimento ao recurso no que diz respeito à multa de 150%. Quanto à alegação de inconstitucionalidade da multa, aplico o seguinte enunciado da súmula CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Multa de 75% A recorrente procura aplicar às multas de ofício previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, as limitações existentes para a multa de mora, que se encontra regulamentada no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, c/c com o art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996. Ambas as multas têm regramento próprio e não se confundem. Ademais, eventuais decisões administrativas ou judiciais que possam ter aplicado as regras de uma, à outro, tem seu âmbito de eficácia limitado ao processo em questão. Fl. 4456DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.409 25 Nego provimento ao recurso quanto a essa matéria. Da cobrança de juros sobre multa Ao tratar da incidência de juros sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, o Código Tributário Nacional preceitua o seguinte: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (...) Assim, a alegação de que a exigência de juros sobre a multa de ofício lançada seria ilegal é totalmente improcedente, já que a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o dispositivo legal transcrito acima. Quer dizer, tanto a multa de ofício como o tributo compõem o crédito tributário, devendolhes ser aplicado os mesmos procedimentos e os mesmos critérios de cobrança, inclusive no que tange a incidência de juros no caso de pagamento após o vencimento. Cabe observar, ainda, que tanto o artigo 43 da Lei nº 9.430, de 1996, como o artigo 61 desta mesma Lei, trazem a previsão expressa da incidência de juros sobre a multa, conforme demonstrado abaixo: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (...) Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 4457DF CARF MF 26 Como se vê, a incidência de juros sobre a multa de ofício está amparada pelo artigo 61 da Lei nº 9.430, de 1996, já que a multa de ofício se enquadra dentro do conceito de “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”. Ademais, observase que a incidência de juros sobre a multa de ofício também está amparada pelo parágrafo único do artigo 43 da Lei nº 9.430, de 1996, já que este estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário “correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente” incidem juros a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo. Com efeito, em que pesem as alegações apresentadas pela Autuada, não há que se falar em nenhuma irregularidade no que tange a incidência de juros sobre a multa de ofício, visto que ela se encontra expressamente prevista em lei e que as autoridades administrativas estão plenamente vinculadas à legislação em vigor. Nesse sentido, cabe citar os seguintes precedentes judiciais e administrativos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no Recurso Especial nº 1.335.688 PR (2012/01537730). Relator Ministro Benedito Gonçalves. Decisão: 04/12/2012. Dje de 10/12/2012). (...) JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (...) (CARF, Acórdão nº 130100.810, 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, Conselheiro designado para o voto vencedor Waldir Veiga Rocha, Sessão de 01/02/2012) Fl. 4458DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.410 27 (...) JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. O art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, isto porque a multa de ofício integra o “crédito” a que se refere o caput do artigo Recurso especial negado. É legítima a incidência de juros sobre a multa de ofício, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC. Precedentes do Tribunal Regional da 4ª Região. (CARF, Acórdão nº 9202001.806, 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Conselheiro designado para o voto vencedor Elias Sampaio Freire, Sessão de 29/11/2011) Conclusão: Em vista do exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 4459DF CARF MF 28 Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Redator designado Em que pese a logicidade e os argumentos apresentados, ouso discordar da ilustre Conselheira Dione Wasilewski nos pontos que passo a abordar. Ressalto, por amor a clareza, que concordo com todas as questões que não constarem da presente manifestação. Deixo claro que, embora divirja quanto ao motivos pelos quais dou parcial provimento ao recurso, somente para afastar a qualificadora da multa de ofício aplicada, devo mencionar as razões pelas quais concordo com a conclusão da ínclita Relatora quanto à negativa de acolhimento do recurso. Inicio pela razões da minha concordância quanto à incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de PLR, ou seja, pelos motivos que devem ser afastados os programas de participação nos lucros ajustados. Retorno, honrado pela menção, ao trecho reproduzido pela eminente Relatora que contém meu entendimento doutrinário sobre a natureza jurídica da participação nos lucros e resultados: De plano, é forçoso observar que os lucros e resultados decorrem do atingimento eficaz do desiderato social da empresa, ou seja, tanto o lucro como qualquer outro resultado pretendido pela empresa necessariamente só pode ser alcançado quando todos os meios e métodos reunidos em prol do objetivo social da pessoa jurídica foram empregados e geridos com competência, sendo que entre esses estão, sem sombra de dúvida, os recursos humanos. Nesse sentido, encontramos de maneira cristalina que a obtenção dos resultados pretendidos e do conseqüente lucro foi objeto do esforço do trabalhador e portanto, a retribuição ofertada pelo empregador decorre dos serviços prestados por esse trabalhador, com nítida contraprestação, ou seja, com natureza remuneratória. Esse mesmo raciocínio embasa a tributação das verbas pagas a título de prêmios ou gratificações vinculadas ao desempenho do trabalhador, consoante a disposição do artigo 57, inciso I, da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, explicitada em Solução de Consulta formulada junto à 5ªRF (SC nº 28 – SRRF05/Disit), assim ementada: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias PRÊMIOS DE INCENTIVO. SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO. Os prêmios de incentivo decorrentes do trabalho prestado e pagos aos funcionários que cumpram condições pré estabelecidas integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias e do PIS incidente sobre a folha de salários. Fl. 4460DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.411 29 Dispositivos Legais: Constituição Federal, de 1988, art. 195, I, a; CLT art. 457, §1º; Lei nº 8.212, de 1991, art. 28, I, III e §9º; Decreto nº 3.048, de 1999, art. 214, §10; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 2º, 9º e 50. (grifamos) Porém, não só a Carta Fundamental como também a Lei nº 10.101, de 2000, que disciplinou a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), textualmente em seu artigo 3º determinam que a verba paga a título de participação, disciplinada na forma do artigo 2º da Lei, “não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade” o que afasta peremptoriamente a natureza salarial da mencionada verba. Ora, analisemos as inferências até aqui construídas. De um lado, concluímos que as verbas pagas como obtenção de metas alcançadas tem nítido caráter remuneratório uma vez que decorrem da prestação pessoal de serviços por parte dos empregados da empresa. Por outro, vimos que a Constituição e Lei que instituiu a PLR afastam – textualmente – o caráter remuneratório da mesma, no que foi seguida pela Lei de Custeio da Previdência Social, Lei nº 8.212, de 1991, que na alínea ‘j’ do inciso 9 do parágrafo 1º do artigo 28, assevera que não integra o salário de contribuição a parcela paga a título de “participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica” A legislação e a doutrina tributária bem conhecem essa situação. Para uns, verdadeira imunidade pois prevista na Norma Ápice, para outros isenção, reconhecendo ser a forma pela qual a lei de caráter tributário, como é o caso da Lei de Custeio, afasta determinada situação fática da exação. " O trecho acima já corrobora o entendimento doutrinariamente majoritário de que as verbas pagas a título de PLR tem intrinsecamente natureza remuneratória, posto que decorre de ajuste efetuado entre empregador e trabalhador para o atingimento de determinado objetivo, seja ele individual ou coletivo. Reafirmo que a Participação nos Lucros ou Resultados tem sempre digo e repito sempre, natureza remuneratória, se não observadas os requisitos legais. Não se pode não reconhecer a natureza contraprestacional de uma verba paga com base no atingimento de uma meta, de um objetivo, de um ajuste, pactuados previamente. Exsurge a natureza contraprestacional em verba previamente acordada em que cabe ao empregado o cumprimento do combinado. Em publicação recente (Aspectos Trabalhistas e Tributários dos Bônus de Contratação e de Retenção, 'in' HENARES NETO, Halley (et all coord.), Temas Atuais de Tributação Previdenciária, Cenofisco Ed, 2017. pg. 176), pude afirmar: "Do exposto, assentemos: o pagamento percebido do empregado terá natureza salarial quando este pagamento for recebido como resultado do serviço prestado, pelo tempo à disposição, Fl. 4461DF CARF MF 30 quando for o caso de interrupção do efeito do contrato de trabalho (no caso ausência de trabalho), ou por força do contrato, individual ou coletivo, de trabalho. Nesses, e somente nesses casos, a verba recebida diretamente do empregador terá natureza salarial. A essa verba, se acresce a gorjeta, e teremos assim, as verbas remuneratórias. Todo o resto, remuneração não é." Ora, ao ajustarse uma meta, seja ela individual ou coletiva, ou mesmo uma simples condição que o trabalhador deva cumprir como por exemplo não se atrasar mais que determinados minutos (denominado, usualmente, prêmio pontualidade) vinculando o cumprimento dessa condição ao pagamento de determinado valor, verificase a natureza remuneratória dessa verba. No sentido do alegado, caminha a doutrina dos seguintes professores da Faculdade de Direito do Largo São Francisco: Amauri Mascaro (Iniciações ao Estudo do Direito do Trabalho, 25ª ed. Ed. Saraiva, pg. 316), Homero Batista Mateus da Silva (Curso de Direito do Trabalho Aplicado, Vol. 5, Livro da Remuneração, Ed. Elsevier. pg. 20), e Sergio Pinto Martins (Direito do Trabalho, 23ª ed. Ed. Atlas, pg. 209). Do exposto, não se pode concordar, por confrontar totalmente com a melhor doutrina, com os argumentos esposados pela Relatora e que constam do voto condutor da decisão proferida pelo TST, no AI TSTRR160173.2012.5.02.0314, julgado em 22/02/2017, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 8ª Turma, quando diz que não se pode considerar válida uma programa de PLR que institua metas individuais. Não há essa vedação na Lei nº 10.101/00. Não se pode criar, por mera interpretação, restrições ao gozo de um direito constitucionalmente esculpido. Tal afirmação não desconsidera que havendo comprovado vício no negócio jurídico que instituiu a PLR, ou seja, sendo o instrumento previsto na Lei nº 10.101/00 usado de forma a desvirtuar o pagamento de salários, ou seja, verdadeira simulação, não pode o operador do direito, seja o juiz, seja o auditor, ou aquele que tem que verificar a situação fática, se apegar aos requisitos formais, e mesmo materiais, do programa de participação nos lucros atribuindolhe os efeitos do negócio firmado, sendo este nulo por viciado no plano do direito. Porém, como dito, tal vício deve ser provado, o que convenhamos, não é de difícil operacionalização, posto que o salário tem características marcantes, indeléveis, que possibilitam o afastamento do manto protetivo da Lei nº 10.101/00. Dito de maneira diversa, a Lei nº 10.101/00 expressa o comando constitucional de que uma verba com nítida natureza salarial passa a ser, de todo e qualquer ponto de vista, desvinculada da remuneração para todos os efeitos, sejam trabalhistas ou tributários, quando cumpridos os requisitos previstos na lei, de maneira completa, sem ausência de nenhum deles, implementando o ajuste que o legislador objetivou, de maneira plena, sem vícios, sem falhas, sem atalhos, fazendo o tão sonhado e idealizado pacto entre o capital e o trabalho. Não obstante, como sempre digo, não cabe ao intérprete criar restrições ao gozo de um direito, criando norma a seu critério dentro do texto da lei. Desafio o operador do direito a extrair do texto da Lei nº 10.101/00 um comando, uma regra na acepção de Tércio Fl. 4462DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.412 31 Sampaio Ferraz ou de Humberto Ávilla, que determine que a verba a paga a título de PLR não pode substituir o salário. Reproduzo o texto da Lei que contém os vocábulos participação, salário e substituir: "Art.3o A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade." Ora, mera leitura, com os olhos de ler, explicita o comando legal: A PLR não substitui o salário ou o complementa. Não é base de incidência de qualquer encargo. Não se aplica o princípio da habitualidade à PLR. Assentemos: o artigo 3º é nítido comando ao interprete para que esse não use a vis atrativa do contrato de trabalho para considerar a verba sob a rubrica de PLR como verba remuneratória. Porem, repito, tal afirmação não deve ser usada para corroborar qualquer uso da PLR como forma de burlar as normas trabalhistas, inclusive, a substituição de verba salarial por outra qualquer, seja indenizatória, seja benefício, seja utilidade. O artigo 9º da CLT permite que o sistema jurídico apoiado no ordenamento positivo permaneça íntegro quando de tal conduta: "Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação." Tal constatação é determinante para que o intérprete possa ter os limites que a Carta de República impôs para que tal verba seja desvinculada da remuneração: os limites da Lei nº 10.101/00. Lei de conteúdo trabalhista e de efeitos tributários. Do exposto, forçoso verificar, no caso em apreço, se os programa de PLR firmados pela Recorrente, cumpriram os ditames legais. De plano, verifico que não. Há ofensa ao disposto no § 1º do artigo 2º da Lei nº 10.101/00. Não se implementou programas de participação nos resultados com metas claras, embora como dito pela Relatora, objetivas. Não há clareza na profusão de objetivos, de parâmetros, de condições, de subcondições, de detalhes de tal monta que a simples determinação das metas demandaram o uso de expressões como: margem bruta, custos variáveis, provisão de devedores duvidosos e acordos comerciais. Recordemos cada um deles: Fl. 4463DF CARF MF 32 Ora, parcelas trazidas a valor presente pela taxa de captação respectiva, obedecendo as particularidades de prazos e juros; o custo de um contrato de alienação fiduciária que o próprio instrumento de PLR precisa explicar o que é; o custo de impressão e de envio de um carnê, o custo de uma TED ou DOC, além dos cálculos de uma provisão para devedores duvidosos não podem ser considerados como componentes de uma regra clara. Não se trata de algo razoável, que busque integrar os trabalhadores nos objetivos empresariais de maneira fácil, de forma que eles possam saber num átimo o que devem fazer em seu dia a dia para atingir as metas ajustadas. Não se pode entender que houve ajuste com regras claras, simples. Tal vício na formulação do acordo de participação nos lucros é insuperável. Ressaltando, uma vez mais, minha concordância com os demais pontos abordados pela Relatora, nego provimento ao recurso nessa parte. MULTA QUALIFICADA Outro ponto de divergência, este que leva a conclusão distinta, ocorre quanto ao cabimento da multa qualificada. Sobre o tema, assim se pronunciou a autoridade fiscal (fls 136): Fl. 4464DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.413 33 A qualificadora da multa se encontra definida no artigo 44, § 1º da Lei 9430/96: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." Já a Lei nº 4.502, de 1964, preceitua: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72." A leitura do texto legal demonstra que, havendo intuito doloso de fraudar ou sonegar tributos devese aplicar a multa de ofício com seu percentual em dobro. Logo necessário perquirir os conceitos aplicáveis. Fl. 4465DF CARF MF 34 O dolo, leciona Luiz Regis Prado (Curso de Direito Penal Brasileiro, 6ª ed. Ed. Revista dos Tribunais, p. 113), se observa quando "(...) age dolosamente o agente que conhece e quer a realização dos elementos da situação fática ou objetiva, sejam descritivos, sejam normativos, que integram o tipo legal do delito." (negritamos) Transportando para a seara tributária, podemos dizer que age dolosamente o contribuinte que conhecendo a incidência tributária, sabendo que determinada conduta enseja o fato gerador, dela procura se afastar, não com vista a não praticar o fato ensejador da incidência, mas sim, buscando de alguma forma, se escusar ao cumprimento da obrigação tributária. Nesse sentido a dicção da Lei nº 4.502/64, que conceitua fraude como sendo toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador ou a reduzir as suas características essenciais de modo a reduzir o montante do tributo devido. Já a sonegação, nos dizeres legais, é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador ou das condições pessoais do contribuinte ou do crédito tributário. Claro resta que a intenção do agente, do contribuinte é determinante para caracterização da fraude e da sonegação nos termos da Lei nº 4.502/64. E mais, deve ser provada pela Fisco. Mas como a Autoridade Fiscal pode verificar a intenção do contribuinte, se a verificação do cumprimento das obrigações tributárias é realizada, praticamente sempre, tempos após o surgimento dessas obrigações? Luís Eduardo Schoueri (Direito Tributário, 3ªed., Saraiva, pág. 790), ensina que sonegação, nos dizeres da Lei 4.502, pressupõe: "falsidade: nesses casos, o que se pune não é o não pagamento, mas a declaração falsa, a omissão de informação ou declaração, (...) No tocante à fraude, a lição de Vasco Branco Guimarães, reproduzida por Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 15ª ed., Livraria do Advogado Editora, p. 1117), nos auxilia: "A fraude fiscal pode ser definida como a conduta ilegítima tipificada que visa a obtenção indevida de vantagem mediante: não liquidação, entrega ou pagamento de prestação tributária; aquisição de benefício fiscal indevido; aquisição de qualquer outra vantagem patrimonial à custa de receitas tributárias" Ora, não consta do relatório fiscal que as condutas do Recorrente visavam impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador ou reduzir suas condições essenciais com vista a obtenção de vantagem por meio da postergação ou não pagamento do tributo devido. Fl. 4466DF CARF MF Processo nº 13896.720286/201381 Acórdão n.º 2201003.558 S2C2T1 Fl. 4.414 35 Mera menção de que a conduta adotado pelo contribuinte reduziu ou suprimiu o tributo devido não demonstra a intenção, o querer do agente em tal prática. Não se presume a fraude. Se comprova. Não soube, ou não pode, comprovar o Fisco que a conduta ensejadora do lançamento de ofício era, intencionalmente, destinada a reduzir os tributos devidos pelo contribuinte. Recurso voluntário provido nessa parte. CONCLUSÃO Diante do exposto e pelos fundamentos mencionados, voto por dar provimento parcial ao recuso voluntário para excluir do lançamento a qualificadora da multa de ofício, reduzindo o percentual a ser aplicado para 75%. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Redator designado Fl. 4467DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.002990/2006-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 07/01/2003 a 31/05/2004
ZONA FRANCA DE MANAUS. REDUÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO.
Conforme o resultado de laudos técnicos periciais presentes nos autos, o tubo de raios catódicos (cinescópio) deve ser considerado como parte do subconjunto ótico.
Numero da decisão: 3201-002.857
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
José Luiz Feistauer de Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA
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REDUÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. CUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. Conforme o resultado de laudos técnicos periciais presentes nos autos, o tubo de raios catódicos (cinescópio) deve ser considerado como parte do subconjunto ótico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente. José Luiz Feistauer de Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Por se tratar de processo com retorno de diligência, transcrevo o Relatório constante da Resolução nº 3202000.338, de 26 de fevereiro de 2015, redigida por este CARF (efls. 808 a 815): AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 29 90 /2 00 6- 49 Fl. 1032DF CARF MF 2 Tratase de lançamento do Imposto de Importação II, acrescido dos juros de mora previstos no art. 61, § 3°, da Lei n° 9.430/96, bem como da multa de oficio capitulada no art. 44, inciso I, da mesma lei, fundamentado com base nos dispositivos legais e infralegais constantes das fls. 16 e 21, perfazendo, na data da autuação, crédito tributário no valor total de R$ 6.822.449,33, conforme Auto de Infração às fls. 05/22. O lançamento foi efetuado, porque a empresa teria descumprido o PPB processo produtivo básico, estabelecido no Anexo IX do Decreto nº 783/1993, na fabricação de televisores de projeção, segundo noticiou a SUFRAMA, por meio do Oficio nº 1077/2004 GAB. SUP. (fls. 50/51), de 18/01/2004. Para a autuação, houve descumprimento do PPB, visto que a empresa teria importado insumo (tubo raio catódico monocromático) já montado com alguns componentes, apesar de essa possibilidade só ter surgido, em 05/07/2004, com a publicação da Portaria Interministerial MDIC/MCT 172/2004MDIC/MCT 172/2004. Dessa forma, a empresa deixou de atender às condições estabelecidas para gozo da redução no Imposto de Importação (II), incidente sobre os insumos importados, fato que ensejou a lavratura do presente auto de infração para cobrança do montante desse tributo que passou a ser devido. Contra a autuação, a empresa apresentou impugnação (fls. 138/ss), pedindo que fosse julgada improcedente o lançamento. Apreciando o pleito da contribuinte, a DRJ, por maioria, rejeitou a preliminar requerendo a produção de provas e, no mérito, por unanimidade, julgou improcedente a impugnação, conforme resume a ementa abaixo transcrita (fls. 464 e ss): ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 01/01/2003 a 30/06/2004 ZONA FRANCA DE MANAUS. REDUÇÃO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DO PROCESSO PRODUTIVO BÁSICO. PERDA DO BENEFICIO. O direito à redução do Imposto de Importação, relativo a insumos de origem estrangeira, empregados em produtos industrializados na Zona Franca de Manaus e remetidos para outro local do território nacional, está condicionado ao cumprimento do Processo Produtivo Básico fixado na legislação. Descumprida condição estabelecida por lei para fruição do incentivo fiscal, cabe a exigência do imposto que deixou de ser recolhido e os consectários legais. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 30/06/2004 INCENTIVO FISCAL. DESCUMPRIMENTO DE REQUISITO LEGAL. EXIGIBILIDADE DOS ENCARGOS LEGAIS. A mera habilitação para o gozo de incentivo fiscal não configura a hipótese exonerativa dos encargos legais Fl. 1033DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 3 3 prevista no parágrafo único do art. 100 do Código Tributário Nacional, eis que não sendo atendidos todos os requisitos para a fruição do beneficio, não restará observada nenhuma das normas complementares ali dispostas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Não resignada, a recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 275 e ss.), informando que o auto de infração reflexo que lançou IPI, em relação aos mesmos fatos ora examinados, foi julgado improcedente pelo 2º Conselho de Contribuintes, no Processo administrativo n° 10283.002989/200614. A recorrente acrescentou, ainda, que cumpriu o PPB, pois o processo produtivo aprovado incluiu a importação de subconjunto ótico, mediante Resolução da SUFRAMA 349/2001, com base no Parecer Técnico 138/2001, e que o tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, fazem parte ou são equivalentes ao subconjunto ótico. Partindo da premissa de que a importação do referido insumo foi aprovada, a recorrente defende que a atuação implica em mudança do critério jurídico, o que seria vedado pelo art. 146 do CTN. Igualmente, para a contribuinte, o auto de infração não merece prosperar, uma vez que, partindo de uma única amostragem, presumiu que todas os produtos importados teriam a mesma característica, o que constituiria uma presunção ilegal que indevidamente transferia o ônus da prova para empresa. Por fim, a recorrente defende a inexigibilidade da multa, nos termos do parágrafo único, do art. 100 e do art. 179 c/c o art. 155, todos do CTN. O processo digitalizado, então, foi distribuído e, posteriormente, encaminhado a este Conselheiro Relator na forma regimental. É o relatório. Em primeira análise, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF, houve por bem converter o processo em diligência, nos seguintes termos: Conselheiro Thiago Moura de Albuquerque Alves, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e, por isso, merece ser apreciado. A questão sob exame se restringe a saber se o tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, fazem parte ou equivalem a expressão subconjunto ótico. Se for afirmativa a resposta, a empresa cumpriu o PPB e é Fl. 1034DF CARF MF 4 indevida a autuação. Se for negativa a resposta, o recurso voluntário não merece acolhimento. É o que se infere dos Votos divergentes proferidos no acórdão recorrido sobre a necessidade ou não de perícia. Uma parte dos julgadores entendeu que seria necessário laudo técnico sobre o assunto e a outra parte dos julgadores, majoritária, entendeu que seria prescindível perícia, pois o tubo raio catódico monocromático e seus componentes não fariam parte do subconjunto ótico. Confirase (fls. 464/ss.): Voto vencido A autuada junta às fls. 194/203 um laudo técnico onde contam detalhes técnicos acerca do sistema de televisor de projeção, bem como, em linhas gerais, das partes que o integram. As respostas dos quesitos 02, 03 e 04 levam ao entendimento de que os componentes bobina de deflexão com anéis de convergência, cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peça de conexão para aterramento e chupeta acoplados aos Tubos Raio Catódico Monocromático sic) partes integrantes do denominando subconjunto ótico, fato que corroboraria a tese defendida pela impugnante de que, nos termos da alínea "a" da Observação "1" do Anexo XI do Decreto 783/1993, não havia necessidade de montagem destes componentes em território nacional Assim, filtrando ainda mais o cerne da presente lide, vejo que é imperioso saber se a afirmação da parte impugnante de que o Tubo Raio Catódico Monocromático equivale aos subconjuntos óticos de fato é verdadeira. Deste modo, diante das considerações acima, tendo em vista os fundamentos apontados pela fiscalização e os argumentos de defesa trazidos pela impugnante, considerando, ainda, que os conhecimentos necessários para se chegar a uma conclusão correta acerca de tais fatos transcende ao conhecimento e A. competência legal deste julgador, entendo ser necessária a formulação de um parecer técnico por parte de um perito especializado na área, de modo que fique esclarecido, com base na legislação acima exposta, se a afirmação da impugnante de que o Raio Tubo Catódico Monocromático corresponde aos subconjuntos óticos a que se refere a alínea "a" da observação "1" do Anexo XI do Decreto 783/1993, com o escopo de proporcionar elementos de convicção para julgamento do litígio. *** Voto vencedor Para o deslinde da questão, fazse necessária interpretação lógica e sistemática da legislação que rege a matéria: Decreto n° 783, de 25 de março de 1993 — que estabeleceu os processos produtivos básicos a serem Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 4 5 observados pelas empresas instaladas na ZFM que queiram gozar dos benefícios fiscais em apreço, sendo que o do televisor de projeção foi definido no Anexo XI; Portarias Interministeriais MDIC/MCT n° 06/1999, 24/2000, 15/2002, 137/2002 e 172/2004 —que alteraram o referido Anexo XI; e Resolução SUFRAMA 349, de 31 de agosto de 2001 (fls. 28), norma que concedeu, sob condição suspensiva, o beneficio fiscal discutido no presente caso. [...]Em relação ao laudo técnico juntado pela impugnante (fls.194/203), verificase que suas principais conclusões são no sentido de equiparar tubo de raio catódico monocromático a policromático e a subconjunto ótico. Conforme demonstrado anteriormente, tal entendimento não é aceitável, pois contraria a interpretação lógica e sistemática da legislação aplicável ao tema, cujo resultado foi confirmado pela manifestação oficial da SUFRAMA (fls. 50/51), em atendimento a consulta formulada pela Inspetora da Alfândega do Porto de Manaus (fls. 49), e também não tem respaldo na literatura técnicocientifica. Ressaltase que o referido laudo não traz indicação de suas fontes de informações, como manda a boa técnica, fato que contribuiu para a pouca utilidade dele. Assim, resta claro que a questão é substancialmente técnica/fática, embora exija também interpretação de normas, cabendo decidir, nesse momento, se o processo está suficientemente instruído ou se necessitaria perícia. No meu entender, não há elementos nos autos necessários ao julgamento. Com efeito, consta dos autos declaração do Superintendente Adjunto de Projetos da SUFRAMA (Ofício nº 4.404/2006SPR/ CGAPI/COPIN), afirmando, com base em Laudo Pericial emitido pelo INT do Ministério da Ciência e Tecnologia, que é equivocado o Ofício anterior da mesma SUFRAMA (Oficio nº 1077/2004 GAB. SUP., às fls. 50/51), no qual se fundamentou o auto de infração. Eis suas palavras (fl. 202): Prezado Senhor, Em resposta à solicitação dessa empresa, objeto da carta protocolo Suframa no 005956, de 02.05.06, informamos que é entendimento desta Autarquia que a importação de cinescópios destinados à fabricação de televisores de projeção, antes da vigência da Portaria Interministerial n° 172, de 5 de julho de 2004, não contrariava o PPB estabelecido no Anexo XI do Decreto n° 783/93, visto que a alínea "m" da Portaria citada veio apenas detalhar o cinescópio utilizado na fabricação desse tipo de televisor., o qual tinha sua importação autorizada segundo a alínea "c" da Portaria Interministerial n° 137, de 8 de agosto de 2002. Fl. 1036DF CARF MF 6 Foi com base nessas provas que o 2º Conselho de Contribuintes julgou improcedente, por unanimidade, o auto de infração de IPI, reflexo da presente autuação sob julgamento. Transcrevo a parte essencial do Voto da Relatora, MARIA CRISTINA ROZA DA COSTA: Existem dois ofícios da Suframa nos autos. O primeiro, à vista dos produtos apresentados, negou o cumprimento do PPB e que os produtos submetidos à perícia correspondessem ao que consta das respectivas DI. No segundo, consta manifestação da Superintendência técnica da Suframa de que tais produtos encontravamse com a obrigatoriedade de montagem no território nacional suspensa pela portaria interministerial de 2002. Também o Técnico do Ministério da Ciência e Tecnologia, ao desmontar e descrever o equipamento que utiliza o tubo de raios catódicos, atesta que os cinescópios (tubos de raios catódicos monocromáticos) são parte integrante do subconjunto ótico. Esses dois últimos documentos divergem do primeiro, que foi o que motivou a autuação. Este, de emissão da Superintendência geral da Suframa, o segundo é da Superintendência Adjunta de Projetos, a qual compete, nos termos do art. 15, I, do Decreto n2 4.628/2003, a "análise de projetos industriais, agropecuários e de prestação de serviços com vistas à concessão de incentivos fiscais administrados pela SUFRAMA" Ou seja, os incentivos fiscais representados pela concessão da isenção em foco são administrados pela Suframa. Alega o Fisco que a fiscalização do cumprimento dos requisitos legais, previstos na norma tributária é de sua competência e não da Suframa. Ocorre que, tratandose de matéria técnica, como a aqui analisada, deve a fiscalização aterse ao entendimento expedido por aquela autarquia. E assim procedeu. Porém, em manifestação posterior, a Superintendência Adjunta de Projetos, que detém a competência legal para analisar os projetos industriais, desfez o engano veiculado no primeiro expediente. E, analisandose o laudo técnico do Ministério da Ciência e Tecnologia, fica cabalmente demonstrado o efetivo engano do primeiro oficio, encaminhado à unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil, urna vez que a descrição técnica do equipamento não deixa dúvidas quanto ao fato de o produto "tubo de raios catódicos" ser parte do subconjunto ótico, o que o insere no rol dos produtos, cuja montagem foi dispensada. Portanto, a importação agregada de cinescópio dos itens: cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peça de conexão e chupeta, diferentemente do atestado pela Superintendência da Suframa em seu oficio inicial, não contraria o PPB, por ser parte de um todo que detinha permissão legal para a suspensão da montagem no Pais. Fl. 1037DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 5 7 Dessarte, o procedimento fiscal perdeu o fundamento legal que justificou a lavratura do auto de infração. [Processo administrativo n° 10283.002989/200614. Julgado em 05 de agosto de 2008. Participaram do julgamento: os Conselheiros Gustavo Kelly Alencar, Nadja Rodrigues Romero, Antônio Lisboa Cardoso, Antônio Zomer, Domingos Sá e Filho e Maria Teresa Martínez López] Ainda no mesmo Voto, ora destacado, transcrevese os excertos conclusivos do Laudo do Ministério da Ciência e Tecnologia (laudo constante no Anexo 7 do recurso voluntário): À fl. 1843, ao efetuar o desmonte do equipamento com explicitação de suas partes, informa o Técnico do MCIT: "6.2. O Conjunto Ótico do Televisor de Projeção é formado a partir da produção das imagens nas cores monocromáticas primárias: vermelha (RRED), Verde (G GREEN) e Azul (BBLUE), são utilizados três cinescópio (Tubo de Raios Catódicos) monocromáticos, ou seja, cada cinescópio produzindo uma cor primária (R, G ou B) combinado a um Acoplador Otico transformandose em uma unidade de projeção denominada PRT ("Projection Ray Tube") Tubo de Raios de Projeção. Essa imagem do PRT é ampliada e projetada por um conjunto de lentes no espelho, refletindo em um anteparo denominado Tela ("Screen') com lente de Fresnel" E, à fl. 1.844, o Técnico do MCIT afirma que: "O Subconjunto ótico é constituído do Cinescópio (CRT — Vathode Ray Tube' — Tubo de Raios Catódicos) com Cabo de Alta Tensão (Anodo Cap), Figura IS; Bobina de Deflexão (DY — 'Deflection Yoke'), Figura_16;_Anéis de Convergência (Anéis Com),Figura17 e o Terra (G1VD). Como se vê, o LAUDO do INT/MCT afirmou que o cinescópio é sinônimo de tubos de raios catódicos [“...são utilizados três cinescópio (Tubo de Raios Catódicos) monocromáticos...”] e que “o subconjunto ótico é constituído do cinescópio...com cabo de alta tensão...bobina de deflexão...anéis de convergência”. Vale dizer: subconjunto ótico = cinescópio + cabos/bobinas/anéis/terra/malha, de acordo com o Laudo INT. Assim, considerando que o Parecer Técnico de Projeto n° 138/2001 (fls. 32/33), dispensa a montagem do subconjunto ótico, no PPB, a Recorrente não o teria descumprido quando importou o cinescópio + cabos/bobinas/anéis/terra/malha. Destaquese, ainda, que a empresa juntou Laudo Técnico nº 2 049/06CLAB/ DTEC elaborado pela FUCAPI Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica, contendo as mesmas conclusões da SUFRAMA (Fls. 209/ss). Essa Fl. 1038DF CARF MF 8 fundação é credenciada pela Receita Federal no Amazonas (Portaria nº 1/2005). Apesar desses dados, entendo que ainda é preciso a produção de provas adicionais. Por isso, voto para CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para que seja elaborado laudo técnico, por instituição federal credenciada, nos termos do art. 30 do Decreto nº 70.235/72, com o objetivo de esclarecer o seguinte: 1) o tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, é sinônimo de cinescópio? Há distinção entre cinescópio, tubo raio catódico monocromático e subconjunto ótico? Explicar e fundamentar a resposta. 2) o tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, fazem parte ou equivalem a expressão subconjunto ótico? Explicar e fundamentar a resposta. 3) Para fins de comprovação do Processo Produtivo Básico compromissado pela empresa autuada LG ELECTRONICS DA AMAZONIA, por ocasião da Resolução SUFRAMA 349/2001 (fls.28/29), considerando, ainda, as disposições do Anexo XI do Decreto 783/1993, o termo "subconjuntos óticos" corresponde ao Tubo de Raio Catódico Monocromático? 4) Dentre as operações de industrialização constantes do Parecer Técnico de Projeto n° 138/2001 (fls.30/34), inclui a obrigação de montagem dos componentes bobina de deflexão com anéis de convergência, cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peça de conexão para aterramento e chupeta no Tubo Raio Catódico Monocromático, insumo que é utilizado na produção de televisores de projeção? 5) Os produtos importados, descritos na DI – declaração de importação, examinados em seu conjunto, constituem ou representam um subconjunto ótico ou são apenas partes de um subconjunto ótico? Além dos questionamentos acima, seja intimada a autoridade fiscal e a recorrente, com o objetivo de formular quesitos adicionais a serem respondidos ao Perito. Depois de elaborado o laudo, seja aberto de 30 dias para que a autoridade fiscal e, posteriormente, a Recorrente, apresentem suas considerações sobre as conclusões técnicas do experto. Após isso, sejam remetidos os autos ao CARF para dar continuidade do julgamento. É como voto. Thiago Moura de Albuquerque Alves Fl. 1039DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 6 9 Na seqüência, efl. 818, a Autoridade Fiscal cientificou a Recorrente quanto à Resolução acima, intimandoa para apresentar quesitos adicionais a serem respondidos pela perícia acerca da matéria do presente processo. A Recorrente então respondeu, efls. 820 a 824, acrescentando alguns quesitos onde faz referências aos laudos já produzidos pelo INT e pela FUCAPI. Neste sentido, foi elaborado por dois engenheiros o Laudo Técnico nº 05/2015, efls. 880 a 935, de onde transcrevo os trechos abaixo, extraídos das respostas dadas aos quesitos, efls. 907 em diante: RESPOSTAS AOS QUESITOS PROPOSTOS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL Quesito 1): “Descrever o subconjunto ótico (de televisores de projeção), especificando seus componentes”; Resposta: Tomandose como base a fundamentação técnica mencionada anteriormente, e os dados técnicos disponibilizados, podese dizer que o subconjunto ótico importado pela empresa LG Electronics da Amazonia Ltda, é composto de um tubo de raios catódicos monocromático e um acoplador com uma lente ótica. Uma descrição mais detalhada será apresentada a seguir: ... “Para responder tal questionamento, inclua também na resposta:” • "O tubo raio catódico monocromático é componente ou é equivalente ao subconjunto ótico?” Resposta: Conforme explicado anteriormente, o tubo de raios catódicos monocromático é componente do subconjunto ótico, uma vez que o mesmo, sem o acoplador com lente ótica, não tem a capacidade de inverter a luz que será projetada no espelho. • “Entre os componentes do subconjunto ótico, incluemse componentes elétricos, eletromagnéticos, mecânicos, etc., ou somente elementos óticos?" Resposta: Cada um dos três subconjuntos óticos de televisores de projeção é um sistema integrado de dispositivos de diversas naturezas, que operam de forma integrada, formando uma unidade funcional, de tal forma que podemos chamar estes dispositivos de “elementos ou componentes”. O subconjunto ótico então possui os seguintes elementos/componentes: • Elétricos: o próprio tubo de raios catódicos monocromático, os cabos, as conexões, a chupeta (capa de anodo), cabo/malha de aterramento. Eletromagnéticos: anéis magnéticos de convergência, as bobinas de deflexão horizontal e vertical. Fl. 1040DF CARF MF 10 Mecânicos: elementos de fixação, bases e suportes. Óticos: acopladores e lentes. Portanto, entre os componentes do subconjunto ótico, alem dos elementos óticos, incluemse os elementos elétricos, eletromagnéticos, e mecânicos. Também é verificado no interior do acoplador ótico, um liquido de arrefecimento de calor, para evitar as altas temperaturas no tubo. Este sistema não existe nos tubos de raios catódicos das televisões tradicionais e são necessários devido a construção diferenciada e forma particular de operação dos tubos neste tipo de aparelho. • “Os seguintes itens são componentes do subconjunto ótico ou do tubo raio catódico monocromático: bobina de deflexão com anéis de convergência, cabo (malha) com mola e cabo (condutor elétrico) com peca de conexão para aterramento e chupeta?” Resposta: Os componentes mencionados fazem parte do tubo de raios catódicos monocromático e tem a função de contribuir para a formação da imagem na tela do tubo. Entretanto, o subconjunto ótico tem a função de preparar a imagem para ser projetada no espelho e sem os componentes mencionados não será possível realizar esta função. Alem disso, o tubo de raios catódicos sozinho exibe uma imagem monocromática (verde, vermelho ou azul) o que não tem muita utilidade funcional, ate mesmo pelo tamanho do tubo de imagem. Desta forma, podese entender que estes tubos tem aplicação especifica de serem utilizados para projeção de imagens. Quesito 2): “O tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, e sinônimo de cinescópio? Resposta: Não. Somente o tubo de raios catódicos monocromático, é sinônimo de cinescópio. Com os outros elementos ou componentes montados (acoplador e lente ótica), que foram objeto da autuação seriam caracterizados como um subconjunto ótico. Quesito 2): “Ha distinção entre cinescópio, tubo de raios catódicos monocromático e subconjunto ótico?” Resposta: Não há distinção entre cinescópio e tubo de raios catódicos monocromáticos, visto que um e sinônimo do outro. Quando e montado o acoplador e lente ótica formase o subconjunto ótico. Cada subconjunto ótico e um sistema integrado de componentes de diversas naturezas, sendo o tubo de raios catódicos monocromático apenas um deles. Este sistema é usado em televisores de projeção, que usam três subconjuntos óticos, sendo um para gerar informação de cada cor básica (vermelho, verde e azul) separadamente, sendo projetadas e misturadas na tela. Fl. 1041DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 7 11 Cinescópio (tubo de raios catódicos) e o termo que designa o componente que e conhecido popularmente como Tubo de Imagem, e tratase de um componente eletrônico similar a antiga válvula, tendo como efeito útil uma informação ótica (a imagem). ... Quesito 3): “O tubo raio catódico monocromático e seus componentes, que foram objeto da autuação, fazem parte ou equivalem a expressão subconjunto ótico?” Resposta: Com base nas pesquisas realizadas e documentações disponibilizadas, o tubo de raios catódicos monocromático (montado com seus componentes: bobina de deflexão, anéis de convergência, o cabo com mola, cabo de alta tensão, cabo de aterramento e capa de anodo), adicionado com os elementos óticos (acoplador e lente), que foram objeto da autuação; “equivalem” a expressão subconjunto ótico. Quesito 4): “Considerando a distinção apresentada pela Portaria Interministerial n° 172/04 em seu art. 1o, que altera o item 1 das observações do Anexo XI do Decreto 783/93, qual a diferença entre subconjunto ótico (constante na letra a), tubo de raios catódicos policromático (letra c) e tubo de raios catódicos monocromático (letra m)?” Resposta letra a): Subconjunto ótico: "a) mecanismos, sintonizadores e subconjuntos óticos; Onde o subconjunto ótico mencionado, distinção apresentada pela Portaria Interministerial n° 172/04 em seu art. 1o, pode ser considerado com a mesma descrição e função mencionados na letra “m”. Importante ressaltar que em pesquisas realizadas nas literaturas técnicas e em pesquisas por alguns sites na internet não foram encontradas referencias técnicas para diferenciar o subconjunto ótico. Entretanto foram encontradas referencias com relação a “Projetor CRT” que utiliza componentes semelhantes aos mencionados na letra "m". Acreditase, salvo engano, que foi uma definição encontrada para se definir componentes e subprodutos para constar em legislações e Processos Produtivos Básicos (PPB´s). O subconjunto ótico foi considerado um modulo integrante do conjunto ótico e conseqüentemente dos televisores de projeção, contendo vários componentes, dentre os quais o tubo de raios catódicos monocromáticos. Resposta letra c): Tubo de raios catódicos policromático: Fl. 1042DF CARF MF 12 “c) tubo de raios catódicos policromático, mesmo com bobina de deflexão e dispositivos de ajuste de convergência acoplados;” Esta descrição faz referencia técnica a um tubo de raios catódicos (tubo de imagem) convencional utilizado em televisores a cores. O tubo de raios catódicos policromático não é utilizado em televisores de projeção, sendo considerados sistemas diferentes, porem mais disseminados e conhecidos como a televisão colorida tradicional que utiliza somente um tubo de raios catódicos. ... Resposta letra m): Tubo de raios catódicos monocromático m) tubo de raios catódicos monocromático para televisor de projeção, mesmo com capa de anodo e cabo de alta tensão ("chupeta"), base metálica com lente e líquido refrigerante, bobina de deflexão e dispositivos de ajuste de convergência acoplados." Esta descrição faz referencia técnica aos tubos de raios catódicos (tubos de imagem) ou celescópios que são utilizados em televisão) de projeção. O acoplador (base metálica) com lente e liquido de arrefecimento referese a parte que terá a função de inverter a imagem para ser projetada no espelho da televisão de projeção. O tubo de raios catódicos monocromáticos é um tubo de imagem que fornece informação visual com apenas uma cor. Obviamente, este tipo de tubo de imagem não tem muita utilidade pratica, quando usado sozinho. Por isso, na televisão de projeção e utilizado integrando um subconjunto ótico, e serão operados junto com outros dois tubos de raios catódicos monocromáticos montados em subconjuntos óticos. ... Quesito 5): “Para fins de comprovação do Processo Produtivo Básico compromissado pela empresa autuada, LG ELECTRONICS DA AMAZONIA, por ocasião da Resolução SUFRAMA 349/2001, considerando, ainda, as disposições do Anexo XI do Decreto 783/1993, o termo “subconjuntos óticos” corresponde ao Tubo de Raio Catódico Monocromático?” Resposta: Não corresponde, pois neste caso especifico e já mencionado anteriormente para ser considerado um subconjunto ótico necessita conter o acoplador com a lente ótica de controle da luz emitida pelo tubo de raios catódicos. Observação: 1. A referencia subconjunto ótico esta sendo considerada dessa forma por conter o tubo de raios catódicos monocromático (tubo de imagem), elementos elétricos, eletromagnéticos, mecânicos e os elementos óticos (acoplador e lente). Este acoplamento da Fl. 1043DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 8 13 lente que manipula a luz emitida do tubo de raios catódicos atribuise o termo ótico, conforme explicações da teoria de ótica mencionado na fundamentação técnica. 2. Os três subconjuntos óticos (R,G,B) montados na estrutura, conforme mostrado na figura 32, formariam então o conjunto ótico. Quesito 6): “Dentre as operações de industrialização constantes do Parecer Técnico de Projeto n° 138/2001 (detalhadas no item 6 Compromissos assumidos pela empresa), inclui a obrigação de montagem dos componentes bobina de deflexão com anéis de convergência, cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peca de conexão para aterramento e chupeta no Tubo Raio Catódico Monocromático, insumo que e utilizado na produção de televisores de projeção?” Resposta: De acordo com a descrição do Parecer Técnico de Projeto n° 138/2001, item 6 Compromissos Assumidos pela Empresa: Etapa 6 Ajustes e calibragem de sintonia, canais, RGB, convergência, pureza, altura, balanço de branco, subbrílho da imagem. ” A etapa 6 do referido Parecer Técnico, conforme transcrito acima, descreve basicamente os ajustes técnicos da imagem dos televisores de projeção para atender aos padrões de fábrica. Nestes casos pode haver ajustes nos três tubos de raios catódicos monocromáticos para se alcançar a qualidade requerida nas cores, contraste e brilho das imagens definida em projeto. Desta forma, o referido item 6 do Parecer Técnico não faz menção a obrigação de montagem ou referencia a montagem dos componentes citados no respectivo quesito e trata de ajustes técnicos que podem ser realizados, por exemplo, nos anéis de convergência. Podese entender que os componentes citados montados no tubo de raio catódico monocromático, juntamente com os elementos óticos foram caracterizados como um subconjunto ótico e eram utilizados na produção de televisores de projeção. Quesito 7): “Os produtos importados, descritos na Dl declaração de importação (conforme explicação do produto contida no Oficio Suframa n° 1077/2004), examinados em seu conjunto, constituem ou representam um subconjunto ótico ou são apenas partes de um subconjunto ótico?” Resposta: Levandose em consideração o que foi mencionado no Oficio SUFRAMA n° 1077/2004 e tomando como base a descrição do produto importado autuado, e retiradas da própria Declaração de Importação (Dl) n° 03/08714525 (adição n° 064); conforme apresentadas a seguir: Fl. 1044DF CARF MF 14 ... Consta na descrição da declaração de importação as três diferentes letras R, G, B que denotam ou referenciam as cores vermelho (RED), verde (GREEN) e Azul (BLUE) para os elementos/componentes óticos, onde demonstra que seriam as três cores básicas utilizadas para formar a imagem colorida projetada. ... No campo da descrição disponível para o preenchimento da empresa, observase: “PRT ASSY RP54NA40PA MP03AA NON SEKINOS SSM200 R CLENS+COUPLER+CPT 4810V00936A”. Onde SEKINOS e o fornecedor da lente, e SSM 200 e o modelo da lente CLENS. Os termos em inglês CLENS (lentes de pureza de cor) e COUPLER (acoplador) denotam estar se referenciando aos elementos óticos (lente e acoplador) e o termo CPT significa tubo de imagem colorido (Color Picture Tube). ... CLENS, tratase de um acrônimo em idioma inglês para o termo "lente convexa" (convex lens). Neste caso tratase de elemento contido no acoplador ótico, sendo parte integrante do conjunto de lentes descrito genericamente em algumas passagens como "esférico" por agregar mais lentes e parecer, externamente, esférico. Nesta mesma descrição disponível para o preenchimento da empresa, contem a sigla PRT (Projection Ray Tubes), Tubo de Raios de Projeção, “ASSY" (Montado),ou seja, Tubo de Raios de Projeção Montado, podendo ser caracterizado como um subconjunto Ótico. ... De acordo com a descrição SUFRAMA ("TUBO CATODICO (CINESCOPIO), MONOCROMO, PARA RECEPTOR DE TELEVISÃO, DE 07 POLEGADAS” **SUFRAMA**) e o oficio SUFRAMA n° 1077/2004, referese ao tubo de raios catódicos monocromático, montado com seus componentes: bobina de deflexão com anéis de convergência, cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peca de conexão para aterramento e chupeta (capa de anodo). De acordo com os dados e fatores apresentados acima se pode considerar que os produtos mencionados na Declaração de Importação (DI) n° 03/08714525 (adição nº 064) constituem e representam o subconjunto ótico. 4 RESPOSTAS AOS QUESITOS PROPOSTOS PELA LG ELECTRONICS DA AMAZONIA LTDA. Quesito 1): “Laudo INT: O Sistema do Televisor de Projeção produz as imagens nas cores monocromáticas primarias: Vermelha (RRED), Verde (GGREN) e Azul (BBlue), a partir de um Cinescópio (Tubo de Raios Catódicos) combinado a um Fl. 1045DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 9 15 Acoplador Ótico transformandose em uma unidade de projeção denominada PRT (“Projection Ray Tubes”) Tubo de Raios de Projeção.” (fl. 13 do Laudo e 591 do processo administrativo) “Tubo de Raios Catódicos corresponde a Cinescópio no contexto em tela?” Resposta: O Tubo de Raios Catódicos sem o acoplador e lente ótica pode ser considerado ou chamado de Cinescópio. Quesito 2): “O INT descreveu com as seguintes palavras um Subconjunto Óptico de Televisor de Projeção: ... “Nesses termos, podemos entender que o subconjunto óptico e composto por Cinescópio (Tubo de Raios Catódicos), alem de bobina de deflexão, anéis de convergência, cabo (malha) com mola e cabo de aterramento e chupeta?” Resposta: Conforme já explicado em outras questões, alem dos componentes mencionados acima, e necessário conter o acoplador e lente ótica para se tornar um subconjunto ótico. Quesito 3): “Ainda considerando a descrição acima, podemos dizer que os componentes do subconjunto óptico (bobina de deflexão, anéis de convergência, cabo com mola e cabo condutor de aterramento e chupeta) são necessários para os testes funcionais e de confiabilidade do subconjunto óptico pelo fabricante?” Resposta: Estes componentes são necessários para ajustar o feixe de elétrons do canhão para produzir a imagem na tela do tubo com definição nas cores, contraste e bi, Posteriormente, com o acoplador e lente ótica montados no tubo seriam realizados outros ensaios funcionais com a imagem do tubo já ajustada. Seriam testes realizados por etapa durante a montagem do subconjunto. Estes ajustes normalmente são feitos no fabricante para garantia da qualidade e confiabilidade do produto, mas não ha impedimento de serem realizados na própria empresa depois do conjunto ótico completo montado ou ajustes realizados durante etapas do processo de montagem do televisor de projeção. Os anéis de convergência são ajustados por rotação, para ajuste de aterrisagem do feixe na tela, possibilitando a pureza de cor. A seguir o mesmo e fixado e a posição do conjunto contendo as bobinas de deflexão que e ajustada por movimentos axiais no pescoço do tubo. A malha de aterramento e necessária para equipotencializar a parte externa do tubo com o potencial de terra do aparelho, e a “chupeta" deve estar energizada para que a alta tensão de anodo, necessária a operação do tubo de imagem, esteja presente. Fl. 1046DF CARF MF 16 “Esses componentes também são necessários sob o aspecto da segurança de quem ira manuseálo?” Resposta: Esses tubos de raios catódicos (tubo de imagem) trabalham com alta tensão podendo ocasionar riscos de choque elétrico ao operador/técnico. O que se pode dizer e que os componentes e o próprio tubo oferecem risco de choque elétrico, quando energizados e durante o funcionamento. Na forma como foi colocada a pergunta, acreditase que o aspecto segurança tenha se referido ao subconjunto ótico como um todo, dado a devida importância ao tubo de raios catódicos e seus componentes, e mesmo assim durante os testes funcionais, manuseio e ensaios de confiabilidade. Outro exemplo seria a capa de anodo (chupeta), que é um dos componentes e deve estar estruturalmente perfeita e corretamente conectada, podendo também ocasionar riscos de choque elétrico, se manuseada inadequadamente. Por isso que os operadores e técnicos que manuseiam o tubo precisam de capacitação, de equipamentos específicos, de segurança e treinamento para a realização desta função. Após a realização da diligência e a elaboração do laudo técnico antes transcrito, a Autoridade Fiscal concluiu que inexiste, de sua parte, a necessidade de esclarecimentos adicionais, vide informação na efl. 936. Concedida vista à recorrente, essa se manifestou nas efls. 938 a 951, onde após uma breve explicação sobre as questões envolvidas, tece diversos comentários sobre as respostas fornecidas aos quesitos, ressalta que o resultado do laudo técnico de fato teria ratificado as conclusões antes expostas na resolução que determinou a diligência, de que a expressão "subconjunto ótico" seria mesmo equivalente à "cinescópio + cabos/bobinas/anéis/terra/malha" e conclui que o referido laudo de fato comprovaria o cumprimento do PPB pela recorrente. Após, os autos foram remetidos a este CARF e, considerando que o Relator original do feito não mais integra este órgão, foram a mim redistribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Relator José Luiz Feistauer de Oliveira O Recurso Voluntário do contribuinte (efls. 503 a 537) atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Conforme já relatado, o presente processo trata de lançamento de Imposto de Importação II, acrescido de respectivos juros de mora e multa de oficio, pois a recorrente teria descumprido o PPB processo produtivo básico, estabelecido no Anexo IX do Decreto nº 783/1993, na fabricação de televisores de projeção, segundo noticiou a SUFRAMA, por meio do Oficio nº 1077/2004 GAB. SUP., de 18/01/2004. Fl. 1047DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 10 17 A lide em questão estaria centrada no fato da recorrente ter importado tubos de raios catódicos monocromáticos, já montados com demais componentes, compondo o que denominaria como "subconjunto ótico". Segundo entendimento do fisco, amparado pelo retrocitado ofício da SUFRAMA, apenas a partir da vigência da Portaria Interministerial n° 172, de 5 de julho de 2004, seria possível a importação dos referidos itens sob os incentivos fiscais representados pela concessão de isenção. Portanto, as importações de tubos de raios catódicos monocromáticos realizadas antes da vigência da Portaria nº 172 foram objeto do lançamento do respectivo II. Ocorre que o entendimento disposto no referido ofício da SUFRAMA que deu causa à presente autuação, foi posteriormente retificado, vide o trecho abaixo extraído da Resolução CARF nº 3202000.338 (grifei): Com efeito, consta dos autos declaração do Superintendente Adjunto de Projetos da SUFRAMA (Ofício nº 4.404/2006SPR/ CGAPI/COPIN), afirmando, com base em Laudo Pericial emitido pelo INT do Ministério da Ciência e Tecnologia, que é equivocado o Ofício anterior da mesma SUFRAMA (Oficio nº 1077/2004 GAB. SUP., às fls. 50/51), no qual se fundamentou o auto de infração. Eis suas palavras (fl. 202): Prezado Senhor, Em resposta à solicitação dessa empresa, objeto da carta protocolo Suframa no 005956, de 02.05.06, informamos que é entendimento desta Autarquia que a importação de cinescópios destinados à fabricação de televisores de projeção, antes da vigência da Portaria Interministerial n° 172, de 5 de julho de 2004, não contrariava o PPB estabelecido no Anexo XI do Decreto n° 783/93, visto que a alínea "m" da Portaria citada veio apenas detalhar o cinescópio utilizado na fabricação desse tipo de televisor., o qual tinha sua importação autorizada segundo a alínea "c" da Portaria Interministerial n° 137, de 8 de agosto de 2002. A mesma Resolução também observou que o 2º Conselho de Contribuintes havia julgado improcedente, por unanimidade, o auto de infração de IPI, Processo nº 10283.002989/200614, reflexo da presente autuação sob julgamento, bem como destacou que laudos técnicos produzidos pelo INT e pela FUCAPI concluiriam pelo mesmo entendimento de que o denominado "subconjunto ótico" seria equivalente ao conjunto composto pelo cinescópio acrescido de cabos, bobinas, anéis, terra e malha. Em que pesem todas as observações acima, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, decidiu que seria preciso a produção de provas adicionais. Neste sentido, decidiu por converter o julgamento em diligência para que fosse elaborado laudo técnico com o objetivo de esclarecimento de diversos quesitos, conforme já antes relatado. Neste ponto, cabe transcrever excertos do voto proferido na mencionada decisão que julgou o auto de infração de IPI, reflexo da presente autuação em exame: Fl. 1048DF CARF MF 18 (...) O Decreto nº 783/1993 assim dispõe: "Art. 6° Caracterizada a necessidade de alteração dos processos produtivos básicos fixados, decorrente de fatores técnicos ou econômicos, devidamente comprovados, poderá ser suspensa temporariamente ou modificada a realização de suas etapas, procedendose na forma do disposto no artigo anterior." Valendose da autorização acima citada, as Portarias Interministeriais nºs 137/2002 e 172/2004 procederam à suspensão da montagem de determinados módulos ou subconjuntos estabelecidos no anexo XI do Decreto n 2 783/1993. E, em ambas, os produtos são descritos de forma minuciosa. Os subconjuntos ópticos são objeto da alínea "a" e o tubo de raio catódico policromático é identificado na alínea "c", sendo que o tubo de raio catódico monocromático é identificado somente na Portaria 172/2004, na alínea "m". (...) O documento de fl. 1353, expedido pela Superintendência Adjunta de Projetos da Suframa interpreta a legislação afirmando que a alinea "m" da Portaria nº 172/2004 teve somente o objetivo de detalhar o que já constava na alinea "c" da Portaria nº 137/2002. (...) Antes da inclusão do recurso voluntário em pauta nesta Segunda Câmara, a recorrente requereu a anexação aos autos de Laudo Pericial obtido junto ao Instituto Nacional de Tecnologia (fls. 1835/1849), do qual consta que o Engenheiro Geraldo Lima Rangel, da Divisão de Engenharia de Avaliações do Instituto Nacional de Tecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia visitou as instalações da recorrente com o objetivo de efetuar avaliação técnica, com desmontagem das partes e peças do produto denominado televisor de projeção, analisando suas características técnicas, operacionais e funcionais de modo melhor caracterizar o produto (fl. 1837). (...) Ora, o subconjunto ótico é um dos produtos cuja suspensão de montagem consta da Portaria Interministerial n2 137/2002. Ele é constituído de tubo de raios catódicos monocromáticos, segundo o laudo pericial. Sendo assim, impõese que o referido dispositivo que desobriga a montagem do todo, alcança, também, suas partes. Existem dois ofícios da Suframa nos autos. O primeiro, à vista dos produtos apresentados, negou o cumprimento do PPB e que os produtos submetidos à perícia correspondessem ao que consta das respectivas DI. No segundo, consta manifestação da Superintendência técnica da Suframa de que tais produtos encontravamse com a Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 10283.002990/200649 Acórdão n.º 3201002.857 S3C2T1 Fl. 11 19 obrigatoriedade de montagem no território nacional suspensa pela portaria interministerial de 2002. Também o Técnico do Ministério da Ciência e Tecnologia, ao desmontar e descrever o equipamento que utiliza o tubo de raios catódicos, atesta que os cinescópios (tubos de mios catódicos monocromáticos) são parte integrante do subconjunto ótico. Esses dois últimos documentos divergem do primeiro, que foi o que motivou a autuação. Este, de emissão da Superintendência geral da Suframa, o segundo é da Superintendência Adjunta de Projetos, a qual compete, nos termos do art. 15, I, do Decreto n2 4.628/2003, a "análise de projetos industriais, agropecuários e de prestação de serviços com vistas à concessão de incentivos fiscais administrados pela SUFRAMA". (...) Portanto, a importação agregada de cinescópio dos itens: cabo (malha) com mola, cabo (condutor elétrico) com peça de conexão e chupeta, diferentemente do atestado pela Superintendência da Suframa em seu oficio inicial, não contraria o PPB, por ser parte de um todo que detinha permissão legal para a suspensão da montagem no País. Dessarte, o procedimento fiscal perdeu o fundamento legal que justificou a lavratura do auto de infração. Como se vê, as questões aqui examinadas são de fato as mesmas, a única diferença é que houve a produção de mais um laudo pericial que detalhou minuciosamente todos os aspectos relativos à matéria em exame, inclusive com a demonstração de todos os procedimentos e componentes envolvidos na produção de televisores de retroprojeção. Por fim, a leitura dos autos permite concluir que o resultado deste novo laudo pericial veio a confirmar todos os demais laudos já anexados e aqui mencionados, no mesmo sentido observado pela decisão que julgou a autuação reflexa de IPI. Ou seja, a importação de cinescópios (tubos de raios catódicos) agregados a demais itens, como cabos, bobinas ou anéis, se constitui como um subconjunto ótico, o que não contraria o PPB, ao contrário do que havia sido atestado pela Superintendência da Suframa em seu oficio inicial. Desta forma, o procedimento fiscal que deu origem ao presente lançamento efetivamente perdeu o seu fundamento fático e jurídico. Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte. Assinado Digitalmente José Luiz Feistauer de Oliveira Relator Fl. 1050DF CARF MF 20 Fl. 1051DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.000624/2005-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 26 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01/02/1999 a 31/08/2002
TRIBUTÁRIO. PIS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA
Em se tratando de lançamento por homologação, expirado o prazo de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário, salvo nos casos de dolo, fraude ou simulação, que não foram comprovados no caso concreto.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.
Numero da decisão: 3201-000.543
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgada. O Conselheiro Alan Fialho Gandra votou pela conclusão.
Vencido a conselheira Maria Regina Godinha de Carvalho e Judith do Amaral Marcondes armando
Nome do relator: Luciano Lopes de Almeida Moraes
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CONSTRUÇÕES E COMÉRCIO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 31/08/2002 TRIBUTÁRIO, PIS. LANÇAMENTO. DECADÊNCIA, Em se tratando de lançamento por homologação, expirado o prazo de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito tributário, salvo nos casos de dolo, fraude ou simulação, que não foram comprovados no caso concreto, RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgada.° Conselheiro Alan Fialho Gandra votou pela conclusão, Vencido a conselheira Maria Regina Godinha de carvalho e Judith do Amaral Marcondes armando. rt.niNL-D ARMANDOJUDITH EÍO AMARAL M RC MANDO - Presente LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES - Relator FORMALIZADO EM: 22 de Setembro deV/010, Processo n° 19515000624/2005-78 S3-C2T1 Acórdão n ° 3201-00.543 Fl 184 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Judith do Amaral Marcondes Armando, Daniel Matiz Gudino, Luciano Lopes de Almeida Moraes, Marcelo Ribeiro Nogueira, Alan Fialho Gandra (Suplente) e Maria Regina Godinho de Carvalho (Suplente). Piocessó n° 19515 000624/2005-78 S3-C21-1 Acórdão n " 3201-00..543 Fl 185 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: 4. O processo em exame versa sobre lançamento de ofício efetuado contra a contribuinte acima pela DEFIC/SPO em 0.9/03/200,5 em virtude da constatação de insuficiência de recolhimento do Pis referente ao período de fevereiro de 1999 a agosto de .200.2, conforme registram o termo de verificação (11 39) e o auto de infração (tis .55/58), cujos demonstrativos se acham nas . fis 46/54. .5 Tais débitos, detalhados nas planilhas anexas às .11.s. 40/43, resultam da incidência do Pis sobre receitas transferidas a .subempreiteiras no período autuado, as quais firam excluídas indevidamente da base de cálculo da contribuição, 6 O crédito tributário lançado, composto do principal, multa de oficio e de juros de mora calculados até .28/0.2/2005, perfaz o montante de R$ 1.374,374,54. 7. Irresignada, a suplicante apresentou a impugnação anexa às fls. 62/93, acompanhada dos documentos das/Is.. 94/110, na qual expõe os seguintes argumentos: Fazendo farta citação de doutrina, normas legais e jurisprudência, alega que os fatos geradores ocorridos no período de fevereiro de 1999 a fevereiro de 2000 .foram fulminados pelo decurso do prazo decadencial a que alude o art. 1.50, parágrafo 40, do CTN; Afirma que o art. 30, parágrafo 2°, III, da lei n" 9,718/98, o qual transcreve nas „fls. 75/76, conferiu( aos contribuintes o direito de excluir da base de cálculo do Pis os valores transferidos para outras pessoas jurídicas; Acrescenta ser inconstitucional a revogação do dispositivo em apreço pelo art., 47 da .11/IP 1,991-18, publicada em 10/06/2000, visto que tal matéria somente poderia ser regulamentada por lei, segundo se depreende do art. 246 da Constituição Federal,' Observa que, na hipótese de este órgão julgador não admitir a referida inconstitucionalidade, é necessário ressaltar que, em obediência ao princípio da anterioridade nonagesimal (previsto no art 195, parágrafo 60, da Constituição Federal), a MP 1 .991- 18 entrou em vigor 90 dias após sua publicação, produzindo efeitos portanto SOIllent2 após setembro de 2000, de modo que o direito à exclusão de que trata o art, .3°, parágrafo 2°, III, vigorou até essa data; 3 Processo n° 19515 000624/2005-78 S3-C2T1 Acórdão n 3201-90343 Fl. 186 Declara, além disso, ser totalmente equivocado o entendimento do Fisco de que a referida exclusão nunca teria entrado em vigor por não ter sido regulamentada pelo Poder Executivo, afirmando que a norma instituidora do Pis é autoapficável, prescindindo de regulamentação; Citando vários excertos de jurisprudência nas lis. 78/82, conclui do exposto que somente a partir de setembro de 2000 não poderia excluir da base de cálculo do Pis os valores transferidos a outras pessoas jurídicas, em obediência ao princípio da indelegabilidade da competência tributária, da legalidade e da anterioridade nonagesinial; Insurge-se também contra a multa de oficio de 75%, afirmando que possui flagrante (feito confiscatório e dqfendendo a aplicação da penalidade pecuniária de 20% prevista no art. 61, parágrafo 2", da lei n°9.430/96, o qual reproduz nas .11s. 84/85; Discorrendo longamente sobre a natureza da taxa Sefic, afirma ser inconstitucional seu emprego no cálculo dos juros de mora incidentes sobre débitos tributários, os quais, a seu ver, não deveriam ser superiores a 1% ao mês, segundo dispõem o art. 161, parágrafo , do CTN e o art. 193, parágrafo 3° , da Constituição Federal. Finalmente, reiterando os argumentos já expendidos, solicita se enviem as futuras intimações não só ao domicílio cio sujeito passivo, mas também ao de seus advogados, eido endereço informa na Il. 93, Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP julgou parcialmente procedente o pedido da contribuinte, conforme Decisão DRJ/SPOI de if 20,309, de 04/02/2009, fls. 126/141: Assunto . Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração. 01/02/1999 a 31/08/2002 LANÇAMENTO DE OFICIO. DECADÊNCIA. No que respeita às contribuições sociais, o prazo decadencial para constituir o crédito tributário é de 5 anos, consoante a Súmula Vinca/ante n" 8, que declarou inconstitucional o art 4.5 da lei n" 8.212/91. Segundo o Parecer PGFN/CAT N" 1617/2008, não havendo pagamento ou verificada a ocorrência de dolo, .fraude ou simulação, aplica-se o disposto no art. 173, I do CTN, segundo o qual o início do prazo decadencial se dá no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. AUSÊNCIA DE REGULA-MENTAÇÃO. Embora tenha vigorado no período de 01/02/1999 a 09/06/2000, a norma instituída pelo art 3', parágrajb 2°, III, da lej n" 9.718/98 nunca possuiu eficácia em virtude da falta de regulamentação Assim, 4 Processo n" 19515 000624/2005-78 33-C2T1 Acórdão n." 3201-00.543 El 187 não há previsão legal para excluir da base de cálculo do Pis as receitas repassadas a outras pessoas jurídicas, ALEGAÇÕES DE 1NCONSTITUCI0NALIDADE COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRA-TIVA. O julgador da esfera administrativa deve limitar-se a aplicai .' a legislação vigente, cabendo, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar 111C011fOrliliS7110S l'elatiVOS à .sua validade ou constitucionalidade. MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. A vedação constitucional do emprego de tributo com efeito de confisco dirige-se ao legislador e não ao aphcador da lei, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa de oficio de acordo com a legislação própria, até porque esta constitui mera sanção por ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, razão por que se revela inaplicável o princípio da vedação do confisco, previsto no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal. JUROS MORA TÓRIOS. TAXA SELIC, Procede a cobrança de encargos de juros com base na Taxa SELIC, visto estar amparada em lei ( art. 6.1„yç 3", da lei n" 9430/96,), ENCAMINHAMENTO DE INTIMAÇÕES As intimações por via postal devem ser encaminhadas apenas ao domicílio tributário do sujeito passivo, consoante dispõe o art. 23, II, do Decreto n" 70.235/72 (PAF), Lançamento Procedente em Parte. Às fis, I47/v é intimado o contribuinte,que apresenta recurso voluntário de fis. 164/181, sendo encaminhados os autos são encaminhados para julgamento. É o relatório.. Voto Conselheiro LUCIANO LOPES DE ALMEIDA MORAES, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade„ Trata-se de auto de infração visando a exigência de PIS sobre as receitas transferidas para terceiros que, no entender da recorrente, não deveriam ser tributados, já que não são consideradas receitas suas. A recorrente protocolou a desistência do mérito da demanda em 26 de fevereiro de 2010, incluindo os valores de PIS lançados em parcelamento. Entretanto, manteve a discussão quanto à decadência. LUCIANO LO ALMEIDA MOWAES Processo o' 19515.000624/2005-78 S3-C2T1 Acórdão n ° 3201-00.543 Fl 188 É argüida novamente a preliminar de decadência, já que a decisão recorrida somente a reconheceu para os meses de 02/99 a 11/99. A ciência da recorrente se deu em 09/03/2005, fls. 55. Assim, a Fazenda poderia ter lançado validamente a recorrente a partir de 03/2000, cinco anos antes da citação. Isto porque, nos tributos sujeitos à lançamento por homologação, o prazo para lançamento é de cinco anos da sua constituição definitiva, forte no § 4' do art. 150 do CTN e não com base no art, 173, I do mesmo diploma legal. O lançamento por homologação, regulado no art. 150 do CIN, ocorre nos casos em que o sujeito passivo deve antecipar o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, sendo o próprio contribuinte quem apura o valor devido, e efetua o referido pagamento. Nesta hipótese, inegavelmente, enquadra-se as contribuição em tela. O recolhimento desse tributo é homologado pela autoridade administrativa e declarado extinto o crédito tributário, de modo expresso ou tácito, no prazo de 5 (cinco) anos a contar da ocorrência do fato gerador ou de outro interregno que lei venha a estabelecer. Por conseguinte, a decadência do direito de lançar se opera com o decurso de 5 anos, contados da data da extinção do crédito tributário (art. 168, I, CTN). Para o caso em concreto, a extinção do direito de lançar os valores de PIS ora debatidos iniciou-se após o pagamento parcial realizado, devendo a partir desta data ser contado o prazo derradeiro para a sua exigência. Como a ciência do contribuinte se deu em 09/03/2005, estão decaídos os valores anteriores a 02/2000, inclusixe, Ante o exposto, VI provimento ao recurso interposto, na P to por acolher a preliminar de decadência, dando de não desistida, 6
score : 1.0
Numero do processo: 10120.720129/2011-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-003.761
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado.
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente RENAUTO VEÍCULOS E PEÇAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 01 29 /2 01 1- 96 Fl. 127DF CARF MF Processo nº 10120.720129/201196 Acórdão n.º 3302003.761 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/PASEP incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.274. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10120.720129/201196 Acórdão n.º 3302003.761 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10120.720129/201196 Acórdão n.º 3302003.761 S3C3T2 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10120.720129/201196 Acórdão n.º 3302003.761 S3C3T2 Fl. 6 5 I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10120.720129/201196 Acórdão n.º 3302003.761 S3C3T2 Fl. 7 6 Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.902183/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/07/2007
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.605
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência.
(Assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/07/2007 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado.
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência. (Assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 90 21 83 /2 01 2- 41 Fl. 1063DF CARF MF Processo nº 10820.902183/201241 Acórdão n.º 3401003.605 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de Pedido de Restituição de crédito de PIS, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior transmitido por meio do PER/Dcomp. 2. A Delegacia da Receita Federal (DRF) proferiu Despacho Decisório indeferindo o pedido formulado, uma vez que o pagamento indicado no PER/Dcomp em referência teria sido integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte. 3. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou, em síntese, que: (i) à época do fato gerador, como optante pelo regime do lucro presumido, submetiase à sistemática cumulativa de apuração da Cofins (à alíquota de 3%) e do PIS (à alíquota de 0,65%), havendo recolhido indevidamente tais contribuições calculadas sobre a saída de mercadorias que, por se tratarem de produtos farmacêuticos e cosméticos, já haviam sofrido incidência monofásica em etapa anterior da cadeia, nos termos da Lei nº 10.147/2000, e em conformidade com a Instrução Normativa SRF nº 594/2005; (ii) no momento em que se deu conta do equívoco cometido, procedeu à retificação da DACON respectiva. 4. Em data posterior ao protocolo da manifestação de inconformidade e anterior ao julgamento de primeira instância administrativa, requereu a contribuinte, mediante petição simples, a juntada dos livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias e declarou, ainda, não ter logrado êxito em juntar as notas fiscais de compra das mercadorias, requerendo, nesta oportunidade, a realização de diligência para confirmação do crédito tributário pleiteado. 5. Foi proferido Acórdão DRJ julgando improcedente a manifestação de inconformidade interposta, de maneira a não reconhecer o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/07/2007 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. DCTF. RETIFICAÇÃO. Retificada a DCTF após o despacho decisório que indeferiu a restituição, o direito creditório somente pode ser deferido se devidamente comprovado por meio de documentação contábil e fiscal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. ALÍQUOTA. Os produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal sobre cuja receita de venda incidem o PIS e a COFINS com Fl. 1064DF CARF MF Processo nº 10820.902183/201241 Acórdão n.º 3401003.605 S3C4T1 Fl. 4 3 alíquota zero são apenas aqueles identificados na legislação de regência pelo seu código na TIPI. 6. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as razões veiculadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.583, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10820.902161/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.583): "8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 9. Entendeu o julgador de primeira instância administrativa, após minuciosa análise dos fatos e documentos que instruem o presente feito, pelo não conhecimento do documento juntado intempestivamente, correspondente aos Livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias, com fundamento no Ato Declaratório Normativo (ADN) COSIT nº 15, de 12/07/1996. 10. Contudo, ainda que transposto obstáculo da preclusão consumativa, verificase, a partir da apreciação dos documentos não conhecidos pela decisão a quo, que tais livros não realizam a discriminação dos tipos de produtos, não sendo possível se afirmar com a necessária precisão se de fato atendem aos desígnios e requisitos da Lei nº 10.147/2000 e da Instrução Normativa SRF nº 594/2005, não se prestando, portanto, a comprovar o direito creditório pleiteado. 11. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 12. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de Fl. 1065DF CARF MF Processo nº 10820.902183/201241 Acórdão n.º 3401003.605 S3C4T1 Fl. 5 4 maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 13. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 14. A aplicação do preceptivo normativo da Lei nº 10.147/2000 conduz à conclusão de que foram reduzidas a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos farmacêuticos e de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal classificados em determinadas posições da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001 às pessoas jurídicas não enquadradas como industrial ou importador e não optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), e de acordo com as normas necessárias para a aplicação da lei, implementadas pela edição da Instrução Normativa SRF nº 594/2005. 15. Depreendese, da análise dos documentos juntados pela contribuinte recorrente, não ser possível se apontar o código NCM dos produtos por ela comercializados, informação que seria passível de conferência a partir da análise das notas fiscais que comprovam a venda das mercadorias sujeitas à alíquota zero, não havendo como se validar a retificação da DCTF ou se perscrutar a existência do crédito almejado. 16. Observase que o julgador de primeiro piso chegou à minúcia de verificar que a contribuinte não consta no rol das empresas credenciadas para emitir nota fiscal eletrônica, de forma que, para fins de comprovação de seu pleito, tais documentos deveriam ter sido apresentados no momento do manejo da manifestação de inconformidade. 17. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 10820.902183/201241 Acórdão n.º 3401003.605 S3C4T1 Fl. 6 5 18. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 19. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 1067DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15582.000114/2007-16
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.099
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência (i) à Secretaria de Câmara para que seja apensado a este processo o de nº 36202.004161/2006-47 e (ii) posteriormente, à Unidade de Origem, para verificação da existência de recolhimentos sobre a folha de pagamentos em todo o período em discussão, elaboração de relatório conclusivo, com abertura de prazo de 30 dias para manifestação do sujeito passivo e retorno dos autos à relatora para prosseguimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência (i) à Secretaria de Câmara para que seja apensado a este processo o de nº 36202.004161/200647 e (ii) posteriormente, à Unidade de Origem, para verificação da existência de recolhimentos sobre a folha de pagamentos em todo o período em discussão, elaboração de relatório conclusivo, com abertura de prazo de 30 dias para manifestação do sujeito passivo e retorno dos autos à relatora para prosseguimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 82 .0 00 11 4/ 20 07 -1 6 Fl. 593DF CARF MF Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 594 ___________ Relatório: Tratase de auto de infração para cobrança de contribuição previdenciária que nos termos do Relatório Fiscal de fls. 75/84 é composto dos seguintes lançamentos: 4.1 ABN Neste levantamento encontramse lançadas as contribuições previdenciárias (empresa, acidente de trabalho (rat), contribuição de empregados, e terceiros) relativas a pagamento de abonos a seus empregados nas competências que constam no Relatório Discriminativo Analítico do Débito DAD em anexo. Contribuições estas não recolhidas nas épocas próprias porque a empresa entendeu erroneamente que a referida rubrica não integrava o saláriode contribuição. 4.2 BOL Neste levantamento, encontramse as contribuições sociais incidentes sobre valores do desconto de 50% (cinqüenta por cento), sobre as mensalidades de cursos superiores ministrados pela empresa e frequentados por empregados ou dependentes destes. 4.3 AUT Neste levantamento foram lançadas as contribuições previdenciárias não recolhidas, incidentes sobre o valor dos serviços prestados à notificada por contribuinte autônomos, a partir da competência 01/1999 e que não foram informados em gfip. A partir de 04/2003 foi também lançado neste levantamento a contribuição de 11 % sobre esses serviços .Estas, são contribuições do autônomo e não da empresa, mas a esta cabia a responsabilidade de retêlas e recolhêlas. A referida contribuição, foi instituída pela Medida Provisória n. 83 de 12/12/2002 convertida em Lei n. 10.666, de 08/05/2003. As omissões acima ensejaram também a lavratura do auto de infração para cobrança da multa por descumprimento de obrigação acessório AI 68 (DEBCAD nº 37.019.8352). Intimado o Contribuinte apresentou impugnação parcial, deixando de contestar a parte do lançamento AUT relativa aos fatos geradores ocorridos após 10/2001. A Delegacia de Julgamento julgou a impugnação parcialmente procedente determinando apenas a exclusão da base de cálculo do lançamento AUT e do valor referente ao pagamento de prótese ortopédica adquirida em favor de profissional acidentado. Em sede de recurso voluntário o Contribuinte requereu a reforma da decisão com base nos seguintes argumentos: a) decadência parcial pela aplicação do art. 150, §4º do CTN, devendo ser desconsiderados aos fatos geradores ocorridos a mais de cinco anos da data da citação (05/10/2006 fls. 106); b) abono nãosalarial previsto em convenção coletiva e bolsas de estudos pagas a empregados e seus dependente não integram o conceito de salário decontribuição; c) inexigibilidade da multa moratória; d) ilegalidade e inconstitucionalidade da contribuição para o SEBRAE e e) erro na aplicação da correção monetária e juros de mora. A 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, deu provimento parcial ao recurso para reconhecer a decadência parcial do lançamento com base no art. 173, I do CTN e para excluir Fl. 594DF CARF MF Processo nº 15582.000114/200716 Resolução nº 9202000.099 CSRFT2 Fl. 595 3 do lançamento a cobrança relativa aos valores de bolsa de estudos oferecidos ao empregados. O acórdão 2402002.559 recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 30/06/2006 DECADÊNCIA – ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 – INCONSTITUCIONALIDADE – STF – SÚMULA VINCULANTE De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência o que dispõe o § 4º do art. 150 ou art. 173 e incisos do Código Tributário Nacional, nas hipóteses de o sujeito ter efetuado antecipação de pagamento ou não. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal ABONOS – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDÊNCIA Integram o salário de contribuição os abonos pagos com habitualidade, ainda que previstos em Convenção Coletiva de Trabalho BOLSAS DE ESTUDO – CURSO SUPERIOR CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA– FUNCIONÁRIOS – NÃO INCIDÊNCIA – DEPENDENTES – INCIDÊNCIA Os cursos superiores podem ser considerados cursos de capacitação não incidindo contribuição previdenciária sobre bolsas de estudos fornecidas a funcionários para tal finalidade, desde que as os cursos tenham vinculação com a atividade da empresa. No entanto, tal isenção não se estende às bolsas de estudo fornecidas a dependentes de funcionários por ausência de previsão legal CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – FATO GERADOR – OCORRÊNCIA – ATRASO – ACRÉSCIMOS LEGAIS – PRAZO INICIAL PARA INCIDÊNCIA O fato gerador da contribuição previdenciária ocorre no momento da prestação do serviço por parte do trabalhador que faz nascer para a empresa a obrigação de remunerálo. A empresa já é obrigada a efetuar o recolhimento das contribuições sobre a remuneração do trabalhador ainda que o efetivo pagamento desta ainda não tenha ocorrido. Inteligência do art. 22, inciso I, art. 28 caput e art. 30, inciso I, alínea “b” da Lei nº 8.212/1991. Assim, a partir do vencimento da obrigação, desde que não paga, iniciase a incidência dos encargos moratórios. SEBRAE A contribuição destinada ao SEBRAE está amparada em legislação vigente e é devida INCONSTITUCIONALIDADE É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Princípio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito do contencioso administrativo afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais Recurso Voluntário Provido em Parte Intimada do acórdão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra parte da decisão que entendeu pela não incidência da contribuição previdenciária sobre o auxílio educação concedido aos empregados por descumprimento dos requisitos do art. 28, alínea 't' da Lei nº 8.212/91. Referido recurso não foi admitido nos termos dos despachos de fls. 391/394 e 395. Fl. 595DF CARF MF Processo nº 15582.000114/200716 Resolução nº 9202000.099 CSRFT2 Fl. 596 4 Contribuinte também apresentou recurso, o qual foi admitido para rediscussão de duas matérias: decadência com base na aplicação do art. 150, IV do CTN e não incidência de contribuições previdenciárias sobre bolsas de estudo concedidas a dependentes de empregados. Contrarrazões da Fazenda Nacional pugnando pelo não provimento do recurso. É o relatório. Voto: Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade razão pela qual, reiterando os despachos de fls. 568/575 e 576/577, dele conheço. Conforme consta do relatório o recurso do contribuinte foi recebido em relação a duas matérias: aplicação do art. 150, §4º do CTN entendendo pela decadência parcial do lançamento em relação as fotos geradores ocorridos até outubro de 2001, e não incidência da contribuição previdenciária sobre as bolsas de estudo concedidas aos dependentes de seus empregados. Ocorre que, embora haja de fato uma divergência jurisprudencial a ser sanada, no que tange ao julgamento da matéria "decadência pela aplicação do art. 150, §4º do CTN" se faz necessário o saneamento do processo, com a apuração acerca da existência de pagamento parcial de contribuições no período autuado. Consta do documento de fls. 73, que para fundamentar o procedimento de fiscalização foram analisados 1) livro diário, 2) livro de registro de empregados, 3) folha de pagamento, 4) as respectivas GFIPS e ainda 5) os comprovantes de recolhimentos. Após a realização de todo o estudo concluise pela lavratura do auto de infração apenas em relação as rubricas relativas aos abonos, bolsas de estudo e autônomos; não foi apontada qualquer outra irregularidade em relação ao recolhimento de demais rubricas por parte da empresa, como por exemplo sobre os valores dos salários propriamente dito. Por se tratar de informação relevante para a formação da convicção deste colegiado, haja vista os entendimentos construídos a partir do REsp nº 973.733/SC e da Súmula CARF nº 99, voto por converter o presente julgamento à Unidade de Origem, para verificação da existência de recolhimentos sobre a folha de pagamentos em todo o período em discussão com a elaboração de relatório conclusivo. Proponho também, em atendimento ao princípio da eficiência, que a Secretaria de Câmara apense a este processo o do nº 36202.004161/200647, uma vez que este último referese ao lançamento por descumprimento de obrigação acessória (Fundamentação Legal 68) cujo desfecho depende intrinsecamente da decisão que será proferida no presente recurso. Conclusão: Fl. 596DF CARF MF Processo nº 15582.000114/200716 Resolução nº 9202000.099 CSRFT2 Fl. 597 5 Diante do exposto voto por CONVERTER O JULGAMENTO DO RECURSO EM DILIGÊNCIA (i) à Secretaria de Câmara para que seja apensado a este processo o de nº 36202.004161/200647 e (ii) posteriormente, à Unidade de Origem, para verificação da existência de recolhimentos sobre a folha de pagamentos em todo o período em discussão, elaboração de relatório conclusivo, com abertura de prazo de 30 dias para manifestação do sujeito passivo e retorno dos autos à relatora para prosseguimento. É como voto. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 597DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.902730/2011-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário:2007
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.314
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário:2007 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado.
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TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente CIAASA MERCANTIL DE VEÍCULOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário:2007 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 30 /2 01 1- 03 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10120.902730/201103 Acórdão n.º 3301003.314 S3C3T1 Fl. 3 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/Pasep NãoCumulativo – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de PIS/Pasep nãoCumulativo, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 03050.926. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10120.902730/201103 Acórdão n.º 3301003.314 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10120.902730/201103 Acórdão n.º 3301003.314 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10120.902730/201103 Acórdão n.º 3301003.314 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10120.902730/201103 Acórdão n.º 3301003.314 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 171DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.900243/2014-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 24/09/2010
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO.
Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez.
Numero da decisão: 3401-003.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
ROSALDO TREVISAN Presidente.
ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Macha
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 24/09/2010 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Macha
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 24/09/2010 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE IPI PAGOS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR COM DÉBITOS DA COFINS. AUSÊNCIA DE PROVAS DO CONTRIBUINTE. ÔNUS QUE LHE INCUMBE. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Contribuinte que pede compensação, instruindo seu pedido com a DCOMP; sobrevindo decisão dizendo que não há mais créditos a serem aproveitados tem o dever de provar a sua existência por outros meios, dentre outros, por intermédio de DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI, mas não o fez. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. ROSALDO TREVISAN – Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 02 43 /2 01 4- 67 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13888.900243/201467 Acórdão n.º 3401003.652 S3C4T1 Fl. 63 2 Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Macha Relatório Versam os autos sobre pedido de compensação de débito declarado, oriundo de recolhimento indevido do IPI a serem compensados com débitos da COFINS, conforme informa o Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação PER/DCOMP 5.1. O despacho decisório não homologou a compensação em razão do recolhimento indevido já ter sido integralmente quitado com outros débitos do contribuinte. O contribuinte apresentou tempestivamente sua manifestação de inconformidade, arguindo várias nulidades, mormente que o aludido Despacho não teria fundamentação, teria se desviado de sua finalidade e lhe causado cerceamento de defesa. Sobreveio decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, na qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cuja ementa possui o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 24/09/2010 NULIDADES. As causas de nulidade no âmbito do processo administrativo fiscal são somente aquelas elencadas na legislação de regência. O Despacho Decisório devidamente fundamentado é regularmente válido. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. A homologação das compensações declaradas requer créditos líquidos e certos contra a Fazenda Nacional. Não caracterizado o pagamento indevido, não há créditos para compensar com os débitos do contribuinte. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte interpôs tempestivamente o seu recurso voluntário, asseverando que a decisão não levou em consideração, nas razões de decidir a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, impedindo que a Recorrente apresentasse defesa, bem como demonstrasse a existência do crédito, requerendo a nulidade da decisão, vez que não lhe foi oportunizado conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13888.900243/201467 Acórdão n.º 3401003.652 S3C4T1 Fl. 64 3 É o relatório. Voto Conselheiro André Henrique Lemos Rosaldo Trevisan Como se viu do relatório, o presente recurso voluntário visa a nulidade da decisão da DRJ de Ribeirão Preto/SP, entendendo que esta não restou motivada, implicando seu cerceamento de defesa. Não merece prosperar as alegações da Recorrente. A uma, disse o Despacho Decisório: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A duas, mencionou expressamente a decisão de piso que a Recorrente não trouxe qualquer prova (DARF, DCTF, Livro de Apuração e Registro do IPI), indício ou justificativa que permitisse comprovar o alegado recolhimento indevido. A propósito, merece destaque parte do voto do e. relator: Inicialmente vale verificar o que consta no Despacho Decisório, devidamente assinado pela autoridade competente: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o alegado pagamento indevido não foi restituído porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Com efeito, se há erro nos arquivos da Receita, bastaria o interessado juntar a idônea e hábil documentação contraditória (DARF, DCTF e Livro de Apuração e Registro do IPI), até em homenagem o princípio da verdade material tanto invocado, sendo que, se tratam de declarações e livros cuja boa guarda e apresentação imediata estão legalmente determinadas. A manifestação do interessado não traz qualquer prova, indício ou mesmo justificativa que permita comprovar o alegado Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13888.900243/201467 Acórdão n.º 3401003.652 S3C4T1 Fl. 65 4 recolhimento indevido, limitandose, tão somente a colecionar julgados e doutrinas sobre nulidades. Considerando que nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, consta que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos e nada o contribuinte a isto contrapõe, não há o que reconsiderar ou anular, sendo que não se justifica a falta de apresentação de documentos que provassem seu direito creditório, na medida que a alegação de cerceamento da defesa não se sustenta. A três, vêse que a decisão fora motivada, embora cingiramse as assertivas da Recorrente apenas e tão somente na juntada da DCOMP, informando que detinha um crédito de IPI, oriundo de pagamento indevido, o qual seria compensado com débitos da COFINS. A quatro, temse que, sobrevindo a decisão da manifestação de inconformidade, deveria a Recorrente fazer prova deste suposto pagamento indevido ou a maior do IPI, conforme determinava o artigo 333 do CPC, vigente à época ademais, como ressalvada pela decisão da DRJ , porém, quedou silente a contribuinterecorrente. A quinto, o processo há de vir devidamente instruído para que o Colegiado possa apreciálo, de modo que, diante da ausência de qualquer prova, a conclusão que se chega é que a decisão de piso não merece reparos. Não maiores ilações a serem feitas e diante da ausência de provas, voto em negar provimento ao recurso voluntário. André Henrique Lemos Relator Fl. 65DF CARF MF
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