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Numero do processo: 10218.720216/2007-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
REDUÇÃO DO VTN-VALOR DA TERRA NUA DECLARADO. LAUDO APRESENTADO EM AÇÃO FISCAL.
No contexto de ação fiscal em que o VTN foi arbitrado por considerar-se sub-avaliado, é incabível a redução do valor espontaneamente declarado pelo Contribuinte, o que somente seria possível mediante a apresentação de Declaração Retificadora.
Numero da decisão: 9202-005.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 REDUÇÃO DO VTN-VALOR DA TERRA NUA DECLARADO. LAUDO APRESENTADO EM AÇÃO FISCAL. No contexto de ação fiscal em que o VTN foi arbitrado por considerar-se sub-avaliado, é incabível a redução do valor espontaneamente declarado pelo Contribuinte, o que somente seria possível mediante a apresentação de Declaração Retificadora.
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LAUDO APRESENTADO EM AÇÃO FISCAL. No contexto de ação fiscal em que o VTN foi arbitrado por considerarse sub avaliado, é incabível a redução do valor espontaneamente declarado pelo Contribuinte, o que somente seria possível mediante a apresentação de Declaração Retificadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício) e Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado em substituição à conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 02 16 /2 00 7- 88 Fl. 187DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo, de exigência do ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 2004, acrescido de multa de ofício e juros de mora, tendo em vista o arbitramento do VTN Valor da Terra Nua, bem como glosa da Área de Reserva Legal. Em sessão plenária de 15/10/2013, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão 2801003.243 (efls. 137 a 144), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2004 RESERVA LEGAL. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. ADA. PRAZO DE APRESENTAÇÃO. Na vigência da Instrução Normativa SRF nº 256/2002, o prazo de apresentação do ADA, para fins de exclusão da área de reserva legal da base de cálculo do ITR, era de até seis meses contados a partir do término do prazo fixado para a entrega da DITR. A partir da vigência da Instrução Normativa RFB nº 861/2008, que suprimiu o referido prazo, a apresentação do ADA, para o mesmo fim, deve se dar até o início do procedimento fiscal. VTN DECLARADO DIVERGENTE DO VTN CONSTANTE DE LAUDO TÉCNICO IDÔNEO. ALTERAÇÃO. POSSIBILIDADE. Havendo o reconhecimento expresso de que o Laudo de Avaliação atende aos requisitos estabelecidos na NBR 14.6533 da ABNT, constituindo documento hábil para alteração do VTN arbitrado, bem como de que os profissionais que o elaboraram estão legalmente habilitados, prevalece o VTN constante do Laudo apresentado, ainda que inferior ao declarado. Recurso Voluntário Provido em Parte" A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para acatar o VTN de R$ 64.459,20, constante do Laudo de Avaliação apresentado. Vencidos o Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, que negava provimento ao recurso, e a Conselheira Tânia Mara Paschoalin, que dava provimento parcial ao recurso apenas para restabelecer a área de reserva legal." O processo foi encaminhado à PGFN em 11/09/2014 (Despacho de Encaminhamento de efls. 155). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a ciência presumida do Procurador ocorreu em 11/10/2014, e, em 14/10/2014 (Despacho de Encaminhamento de efls. 164), foi interposto o Recurso Especial de efls. 156 a 163. O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a alteração do Fl. 188DF CARF MF Processo nº 10218.720216/200788 Acórdão n.º 9202005.702 CSRFT2 Fl. 187 3 VTN Valor da Terra Nua do imóvel a montante inferior ao declarado pelo contribuinte na DITR, com esteio em laudo técnico apresentado no curso do procedimento fiscal. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho s/n de 30/09/2015 (efls. 165 a 169). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: na hipótese, cumpre observar que o colegiado determinou a alteração do VTN a montante inferior àquele constante da DITR do contribuinte, em evidente afronta ao dispositivo constante do art. 147 do CTN que dispõe: “Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.” cumpre observar que a apresentação do Laudo de Avaliação pelo sujeito passivo se deu no curso do procedimento fiscal; portanto, salvo comprovação expressa no sentido de que houve um erro de fato na declaração apresentada, a análise deve se circunscrever ao debate acerca da comprovação do declarado; ocorre que este não é o momento, sequer o meio, oportuno para alterar o VTN a menor, pois o auto de infração trata tão somente dos valores declarados e não comprovados; conforme disposto no acórdão paradigma 2102002.379 “Não parece razoável acatar o valor do Laudo Técnico (R$ 3.540.554,93, equivalente a R$ 86,07 por hectare), pois inferior ao declarado (R$ 5.873.292,00, equivalente a R$ 142,89 por hectare), sendo certo que este último foi informado espontaneamente pelo contribuinte, sem as contingências do procedimento fiscal, inclusive em declaração apresentada dentro do exercício 2005, próximo do fato gerador, devendo, assim, ser privilegiado.”; de fato, pode o contribuinte apresentar laudo elaborado por engenheiro agrônomo com respeito às regras mínimas da ABNT e acompanhado da respectiva anotação de responsabilidade técnica com o intuito de apontar o VTN do imóvel, porém, este apenas deve ser considerado para comprovar que o valor declarado é de fato o valor real da terra nua do imóvel rural, não podendo ultrapassar o limite a que se presta o processo administrativo fiscal em que inserido; Fl. 189DF CARF MF 4 neste sentido, não tem cabimento pretender, nos autos do presente processo administrativo fiscal, deferir a diminuição do VTN, na medida em que esta não constitui o objeto da demanda em análise e não comprovada a existência de erro de fato; destaquese que tal determinação poderá, eventualmente, ensejar a restituição de imposto pago a maior. Contudo, há instrumentos aptos a tal fim que não podem, nem devem, ser desconsiderados pelo CARF. Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e provimento do recurso, reformandose o acórdão recorrido e mantendose a decisão de primeira instância. Cientificado, o Contribuinte ofereceu as Contrarrazões de efls 173 a 180, reiterando os fundamentos do acórdão recorrido e aduzindo que o VTN declarado seria uma autoavaliação, sem embasamento técnico, ao contrário do laudo por ele apresentado. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 2004 e a matéria em litígio diz respeito à alteração do VTN Valor da Terra Nua do imóvel a montante inferior ao declarado pelo contribuinte na DITR, com esteio em laudo técnico apresentado no curso do procedimento fiscal. No presente caso, a autoridade julgadora de primeira instância afastou o arbitramento do VTN Valor da Terra Nua com base no SIPT Sistema Integrado de Preços de Terras, fixado em R$ 100,00/ha, restabelecendo o VTN declarado (fls. 106). Em sede de Recurso Voluntário, foi aceito o Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte em resposta à intimação da Fiscalização, acatandose o VTN de R$ 21,48/ha, menor que o que fora por ele declarado. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que seja restabelecido o VTN declarado. No entender desta Conselheira assiste razão à Fazenda Nacional, uma vez que o procedimento fiscal foi instaurado em face de subavaliação do VTN, sendo que o respectivo arbitramento foi levado a cabo com base na aptidão agrícola do imóvel. Nesse contexto, a previsão legal é no sentido de que o arbitramento pode ser desfeito com base em Laudo Técnico, restabelecendose o valor declarado. Nesse passo, observase que a DRJ já restabeleceu o VTN declarado, nada mais restando a ser feito no bojo de um procedimento fiscal. Assim, a redução do VTN espontaneamente declarado pelo Contribuinte, correspondente inclusive a menos da metade do valor apurado com base no SIPT, que levou em conta a aptidão agrícola do imóvel, somente poderia ser acolhida por meio de apresentação de DITR Retificadora, o que não é o caso. Esse é o entendimento do paradigma, cujo respectivo trecho colaciono e tomo como minhas razões de decidir: Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10218.720216/200788 Acórdão n.º 9202005.702 CSRFT2 Fl. 188 5 "Não parece razoável acatar o valor do Laudo Técnico (R$ 3.540.554,93, equivalente a R$ 86,07 por hectare), pois inferior ao declarado (R$ 5.873.292,00, equivalente a R$ 142,89 por hectare), sendo certo que este último foi informado espontaneamente pelo contribuinte, sem as contingências do procedimento fiscal, inclusive em declaração apresentada dentro do exercício 2005, próximo do fato gerador, devendo, assim, ser privilegiado." A despeito das alegações oferecidas em sede de Contrarrazões, o VTN declarado pelo Contribuinte não pode ser desconsiderado, devendo prevalecer, salvo se comprovada a subavaliação ou erro na sua determinação, sendo que nesse último caso, se o erro consistiu em VTN declarado maior que o devido, a sistemática de correção pressupõe a apresentação de Declaração Retificadora, acompanhada, se for o caso, de pedido de restituição. Quanto à jurisprudência trazida à colação pelo Contribuinte, nenhum dos julgados noticia a adoção de VTN inferior ao declarado, como ocorreu no presente caso. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, restabelecendo o VTN declarado pelo Contribuinte. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724275/2009-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. MINERAÇÃO. INSUMOS.
Cabe a constituição de crédito do PIS/Pasep não-cumulativo sobre os valores relativos as despesas com bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na produção da empresa - atividade de extração mineral, incluindo a etapa de remoção de rejeitos / resíduos, em respeito ao critério da essencialidade à atividade do sujeito passivo.
No caso vertente, é de se constituir, por conseguinte, o r. crédito sobre os serviços de remoção de camada vegetal, trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de deslocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, serviços auxiliares de desmatamento e desmatamento/destocamento, bem assim os gastos com óleo diesel consumido na escavação de estéril, transporte de estéril e escavação e carga de rejeitos.
PIS/PASEP. CONCEITO DE INSUMO. CONSULTORIA TÉCNICA EM ENERGIA ELÉTRICA. CONSTRUÇÃO CIVIL-ILUMINAÇÃO E CONSULTORIA TÉCNICA
O termo "insumo" utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, não se enquadram no conceito de insumo os gastos com consultoria técnica em energia elétrica, com construção civil-iluminação e com outras consultorias técnicas.
Numero da decisão: 9303-005.287
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para excluir os serviços de consultoria em energia elétrica, construção civil-iluminação e consultoria técnica, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado).
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. MINERAÇÃO. INSUMOS. Cabe a constituição de crédito do PIS/Pasep não-cumulativo sobre os valores relativos as despesas com bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na produção da empresa - atividade de extração mineral, incluindo a etapa de remoção de rejeitos / resíduos, em respeito ao critério da essencialidade à atividade do sujeito passivo. No caso vertente, é de se constituir, por conseguinte, o r. crédito sobre os serviços de remoção de camada vegetal, trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de deslocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, serviços auxiliares de desmatamento e desmatamento/destocamento, bem assim os gastos com óleo diesel consumido na escavação de estéril, transporte de estéril e escavação e carga de rejeitos. PIS/PASEP. CONCEITO DE INSUMO. CONSULTORIA TÉCNICA EM ENERGIA ELÉTRICA. CONSTRUÇÃO CIVIL-ILUMINAÇÃO E CONSULTORIA TÉCNICA O termo "insumo" utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, não se enquadram no conceito de insumo os gastos com consultoria técnica em energia elétrica, com construção civil-iluminação e com outras consultorias técnicas.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para excluir os serviços de consultoria em energia elétrica, construção civil-iluminação e consultoria técnica, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (Assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 21; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1820; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 564 1 563 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10680.724275/200921 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303005.287 – 3ª Turma Sessão de 22 de junho de 2017 Matéria COFINS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MINERAÇÃO SERRAS DO OESTE LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. MINERAÇÃO. INSUMOS. Cabe a constituição de crédito do PIS/Pasep nãocumulativo sobre os valores relativos as despesas com bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na produção da empresa atividade de extração mineral, incluindo a etapa de remoção de rejeitos / resíduos, em respeito ao critério da essencialidade à atividade do sujeito passivo. No caso vertente, é de se constituir, por conseguinte, o r. crédito sobre os serviços de remoção de camada vegetal, trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de deslocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, serviços auxiliares de desmatamento e desmatamento/destocamento, bem assim os gastos com óleo diesel consumido na escavação de estéril, transporte de estéril e escavação e carga de rejeitos. PIS/PASEP. CONCEITO DE INSUMO. CONSULTORIA TÉCNICA EM ENERGIA ELÉTRICA. CONSTRUÇÃO CIVILILUMINAÇÃO E CONSULTORIA TÉCNICA O termo "insumo" utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 42 75 /2 00 9- 21 Fl. 345DF CARF MF 2 tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, não se enquadram no conceito de insumo os gastos com consultoria técnica em energia elétrica, com construção civililuminação e com outras consultorias técnicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para excluir os serviços de consultoria em energia elétrica, construção civil iluminação e consultoria técnica, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado). (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 565 3 Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 380302.220, da 3ª Turma Especial da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Tratandose de extração de minérios, ensejam o creditamento as despesas com serviços de remoção de camada vegetal, trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de deslocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, consultoria técnica em energia elétrica, construção civil iluminação, serviços auxiliares de desmatamento, consultoria técnica e desmatamento/destocamento, bem assim os gastos com óleo diesel consumido na escavação de estéril, transporte de estéril e escavação e carga de rejeitos.” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, trazendo, entre outros, que: Fl. 347DF CARF MF 4 · Bens e serviços não utilizados diretamente na fabricação ou produção de bens e serviços, destinados à venda, observadas as condições específicas ditadas pelo art. 3º da Lei 10.637/02 c/c o artigo 66 da IN SRF 247/02, com as alterações da IN SRF 358/03 para o PIS/PASEP não cumulativo, bem como o conceito de insumo previsto para o IPI, por não atuarem diretamente sobre o produto final, não se enquadrando nos conceitos de matéria prima ou produto intermediário, não podem ser considerados dentro do conceito de insumos, razão pela qual não se pode admitir a apuração de créditos sobre essas despesas, devendo ser reformada a decisão vergastada, mantendose a glosa dos créditos efetuada pela fiscalização; · No caso concreto, os insumos glosados pela autoridade fiscal, embora não sejam bens do ativo permanente e tenham tido alguma relação com o processo industrial, não tiveram contato físico direto, nem exerceram diretamente ação no produto industrializado, não se enquadrando, portanto, na condição de insumo para o aproveitamento do crédito da contribuição. Requer, assim, a Fazenda Nacional a reforma do acórdão recorrido, de modo a não admitir o creditamento de PIS e de Cofins pertinentes aos produtos e/ou serviços indicados no dispositivo do r. aresto desafiado. Em Despacho às fls. 299 a 301, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões ao Recurso Especial foram apresentadas pelo sujeito passivo que trouxe, entre outros, que: · Tem como objeto social o aproveitamento de recursos minerais a exploração, pesquisa, lavra, beneficiamento, industrialização e comercialização, importação e exportação, bem como a prestação de serviços de geologia, topografia, manutenção, análises técnicas, consultoria, gerenciamento e administração de minas e jazidas de bens minerais, tais como metais preciosos (especialmente ouro e prata), metais básicos (especialmente zinco, cobre e chumbo), minerais industriais, dentre outros e seus subordinados, sem a manutenção, Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 566 5 temporária ou definitiva, de estoque dos produtos extraídos no local de sua sede, podendo desenvolver estas atividades econômicas, inclusive mediante participação societária ou através de consórcios, a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras, a participação em outras sociedades comerciais ou civis, como sócia, acionistas ou quotistas, importação de EPI – Equipamento de Proteção Individual; · Para a prestação de seu serviço, incorre em diversos custos e despesas, dentre eles, despesas com bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumo na produção; · Insumo é o gasto que proporciona a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção e ainda o seu aperfeiçoamento, integrando tanto as etapas que resultam no produto ou serviço, quanto às etapas posteriores, desde que necessárias para o funcionamento do fator de produção É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora O Recurso Especial é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade do recurso interposto pela Fazenda Nacional, eis que atendidos os critérios trazidos pelo art. 67 do RICARF/2015. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se devem ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pelo sujeito passivo. Ventiladas tais considerações, importante, a priori, discorrer sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito de PIS e Cofins trazida pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03, bem como para a aplicação do art. 3º, inciso IX, das Leis (“IX – armazenagem de mercadoria e frete na Fl. 349DF CARF MF 6 operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor”). Em relação ao conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 567 7 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo o que, em respeito a segurança jurídica das jurisprudências emitidas pelo Conselho e pelo Tribunal Superior, é de se atestar a observância do princípio da essencialidade para a adoção do conceito de insumo, afastando o entendimento restritivo dado pela autoridade fazendária na IN SRF 247/02. Não obstante a esses pontos, ressurgindome à questão posta, passo a discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, Fl. 351DF CARF MF 8 exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 568 9 Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, vêse que a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Fl. 353DF CARF MF 10 Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, para tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 569 11 As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): Fl. 355DF CARF MF 12 “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 570 13 Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração Fl. 357DF CARF MF 14 do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinadas à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 571 15 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na Fl. 359DF CARF MF 16 impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõe se considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 572 17 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. ” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Dessa forma, para fins de se elucidar, importante recordar que o sujeito passivo é pessoa jurídica que tem como objeto social objeto social o aproveitamento de recursos minerais a exploração, pesquisa, lavra, beneficiamento, industrialização e comercialização, importação e exportação, bem como a prestação de serviços de geologia, topografia, manutenção, análises técnicas, consultoria, gerenciamento e administração de minas e jazidas de bens minerais, tais como metais preciosos (especialmente ouro e prata), metais básicos (especialmente zinco, cobre e chumbo), minerais industriais, dentre outros e seus subordinados, sem a manutenção, temporária ou definitiva, de estoque dos produtos extraídos no local de sua sede, podendo desenvolver estas atividades econômicas, inclusive mediante participação societária ou através de consórcios, a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras, a participação em outras sociedades comerciais ou civis, como sócia, acionistas ou quotistas, importação de EPI – Equipamento de Proteção Individual. Fl. 361DF CARF MF 18 Considerando a atividade do sujeito passivo e o evoluir do conceito de insumo já esposado, manifesto minha concordância à conclusão exposta pelo nobre ex conselheiro Alexandre Kern, o que peço vênia para transcrever parte: “Segundo sua a descrição, a atividade de extração mineral se manifesta em dois estágios: a exploração e a explotação dos minérios. Na etapa de exploração, são realizados os trabalhos de pesquisa mineral que compreende entre outras atividades, alguns trabalhos de campo e de laboratório, tais como: levantamentos geológicos pormenorizados da área a pesquisar, em escala conveniente, estudos dos afloramentos e suas correlações, levantamentos geofísicos e geoquímicos; aberturas de escavações visitáveis e execução de sondagens no corpo mineral; amostragens sistemáticas; análises físicas e químicas das amostras e dos testemunhos de sondagens; e ensaios de beneficiamento dos minérios ou das substâncias minerais úteis para obtenção de concentrados de acordo com as especificações do mercado ou aproveitamento industrial, consoante previsto no próprio Código de Mineração. Na fase de explotação, desenvolvemse as atividades de lavra do minério a extração do minério propriamente dito, com as suas respectivas concentrações do mineral a ser industrializado. O recorrente esclarece que os minérios de uma maneira geral, em especial, o dos jazigos metalíferos, aos saírem das minas são, normalmente, constituídos por agregados com maior ou menor complexidade, havendo a necessidade de se fazer a separação em face da concentração do minério na rocha extraída que, por sua vez, terá uma concentração mais rica ou mais pobre do mineral. Existe uma parte do minério extraído que é depositada por não possuir uma grande concentração do mineral para o processo de industrialização, podendo vir a ser reaproveitado e/ou reutilizado em processos e/ou procedimentos tecnológicos mais apurados e avançados. A essa parte do minério depositado dáse a denominação técnica de estéril, em face de sua pouca concentração do mineral para aquele processo industrial de apuração, ou seja, onde existe uma concentração mais pobre do mineral que poderá Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 573 19 ser submetido a processos mais avançados. O estéril é retirado com o uso de escavadeiras e caminhões e quando necessário, é realizada a perfuração e desmonte da rocha. À medida que a cava vai se aprofundando, a tendência é a presença de rochas mais duras como xisto e formação ferrífera que dependem de perfuração e desmonte. Normalmente a relação de estéril/minério de minas a céu aberto de ouro depende muito dos preços do metal e dos teores da jazida. Nesse contexto, percebese que as atividades de mineração geram uma quantidade significativa de estéril e rejeitos, subprodutos inerentes ao processo de lavra e beneficiamento do minério. Esses elementos são descartados em barragens de contenção de superfície, formadas através de barramentos convencionais (barragens de terra compacta), constituídas com a utilização de materiais provenientes de jazidas do próprio estéril. Essas barragens são denominadas Bacia de Estéril para Reprocessamento do Tratamento de Recuperação Aurífera, portanto, não podem ser chamados de rejeitos. Nesse sentido, seria um equívoco diferenciar a extração e descarte do estéril dos rejeitos, posto tratarse do mesmo procedimento. Dessa pormenorizada descrição, concluo que não há como se processar a extração de minério sem a extração de estéril e rejeitos. Nesse sentido, julgo que os serviços de remoção de camada vegetal, gastos com trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de destocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, consultoria técnica em energia elétrica, construção civil iluminação, serviços auxiliares de desmatamento, consultoria técnica e desmatamento/destocamento e mesmo o óleo diesel consumido nessas atividades guardam pertinência suficiente com o processo produtivo para admitir o creditamento. Fl. 363DF CARF MF 20 Assim, em face de sua subsunção ao conceito de insumo acima descrito, merecem reversão as glosas referentes a s despesas relacionadas com a as atividades de remoção e manejo do estéril e de rejeitos, demonstrados a fls. 102, bem assim a relacionada com os gastos com combustível empregado nessas mesmas atividades (demonstrados a fl. 75). Conclusão Com essas considerações, voto por dar provimento ao recurso, para reverter a glosa dos créditos relacionados com: i) combustíveis (óleo diesel) empregados nas atividades de escavação de estéril, transporte de estéril e escavação e carga de rejeitos, demonstrados a fl. 75 ["Glosa de Créditos de Combustíveis (Óleo Diesel) Utilizados como Insumos" — Ano: 2006]; ii) serviços de remoção de camada vegetal, trator de esteira para depósito de estéril, análise e testes em laboratório, escavação de estéril, remoção de rejeito, escavação e carga, serviços auxiliares de deslocamento, raspagem e transporte do solo, transporte de estéril, consultoria técnica em energia elétrica, construção civil iluminação, serviços auxiliares de desmatamento, consultoria técnica e desmatamento/destocamento, demonstrados a fls. 102 ("Glosa de Créditos relativos a Serviços Utilizados como Insumos — Ano calendário 2006").” Considerando, então, a atividade do sujeito passivo, entendo correta a decisão recorrida. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, negandolhe provimento. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Voto Vencedor Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Redator. Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10680.724275/200921 Acórdão n.º 9303005.287 CSRFT3 Fl. 574 21 Com a devida vênia, divirjo da il. Relatora. A própria tese encartada no seu voto – o entendimento que considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação do insumo – já afasta, sem que seja necessário tecer outras considerações – o creditamento sobre os gastos com consultoria técnica em energia elétrica, com a construção civililuminação e com a consultoria técnica (esta sequer especificada está). Não vejo, nem está comprovado nos autos, onde reside a essencialidade no emprego de tais itens na atividade realizada pela contribuinte – aquilo que é absolutamente indispensável, fundamental mesmo na produção –, diferentemente dos demais itens cuja aquisição a própria relatora concordou que autorizaria o creditamento. Ante o exposto, e sem maiores delongas, dou provimento parcial ao recurso especial da contribuinte, para excluir os créditos de PIS/COfins sobre consultoria técnica em energia elétrica, a construção civililuminação e a consultoria técnica. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.723710/2012-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2012
NULIDADE DO LANÇAMENTO POR IMPRECISÃO DA CAPITULAÇÃO LEGAL.
Demonstrados os fundamentos legais do débitos e pormenorizados os fatos os fatos que motivaram a lavratura do Auto de Infração não há que se falar em nulidade do lançamento.
COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA.
O dies a quo da contagem do prazo decadencial para fazenda realizar a homologação é a data do encontro de contas.
COMPENSAÇÃO ADMINISTRATIVA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE.
A compensação administrativa somente é possível com a utilização de créditos do próprio contribuinte, admitida apenas a utilização para outros estabelecimentos do mesmo contribuinte.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO INDEVIDO.
Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados. É imprescindível que o contribuinte demonstre os valores dos créditos que teria a fim de comprovar o direito líquido e certo à compensação
MULTA ISOLADA DE 150%.
Correta a imposição da multa isolada nas hipóteses em que o contribuinte não comprova o recolhimento dos valores declarados como crédito.
CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS.
"O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." (Súmula CARF nº 2).
TAXA SELIC. APLICAÇÃO.
"A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4)
Numero da decisão: 2202-004.039
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Denny Medeiros da Silveira, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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Demonstrados os fundamentos legais do débitos e pormenorizados os fatos os fatos que motivaram a lavratura do Auto de Infração não há que se falar em nulidade do lançamento. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. O dies a quo da contagem do prazo decadencial para fazenda realizar a homologação é a data do encontro de contas. COMPENSAÇÃO ADMINISTRATIVA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. A compensação administrativa somente é possível com a utilização de créditos do próprio contribuinte, admitida apenas a utilização para outros estabelecimentos do mesmo contribuinte. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NATUREZA INDENIZATÓRIA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO INDEVIDO. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelamse insuficientes para comprovar os fatos alegados. É imprescindível que o contribuinte demonstre os valores dos créditos que teria a fim de comprovar o direito líquido e certo à compensação MULTA ISOLADA DE 150%. Correta a imposição da multa isolada nas hipóteses em que o contribuinte não comprova o recolhimento dos valores declarados como crédito. CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 72 37 10 /2 01 2- 57 Fl. 926DF CARF MF 2 "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." (Súmula CARF nº 2). TAXA SELIC. APLICAÇÃO. "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4) Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Denny Medeiros da Silveira, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto e Fernanda Melo Leal. Relatório Por bem descrever os fatos adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) Tratase de crédito tributário constituído pela fiscalização e materializado por meio dos seguintes Autos de Infração (AI) contra o sujeito passivo acima identificado, consolidados em 10/10/2012, verificados no estabelecimento de CNPJ nº 11.388.708/000188 desse contribuinte, lançados também em 10/10/2012 e com a ciência postal ao contribuinte em 10/11/2012 (fl. 772/773): DEBCAD Objeto Valor 51.008.7116 Glosa de compensação indevida de GFIP R$ 2.134.999,27 51.008.7124 Multa isolada por compensação com falsidade R$2.502.848,35 Constituíram fatos geradores das contribuições lançadas a glosa de compensações declaradas em GFIP, no período de 04/2011 a 05/2012, por contribuições sociais previdenciárias compensadas em desacordo com as determinações legais e regulamentares, em Fl. 927DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 927 3 especial pelas razões a seguir descritas, conforme expressas no Relatório Fiscal (fls. 016/030). 1. Preliminarmente, as compensações seriam indevidas, pois tais compensações efetuadas pelo Fundo Municipal de Saúde de Tobias Barreto por meio de GFIPs tiveram por objeto valores alegadamente recolhidos a maior pela Prefeitura Municipal de Tobias Barreto, CNPJ nº 13.119.300/000136, entre 01/2005 e 12/2009, portanto o crédito utilizado na compensação seria de titularidade da Prefeitura, pessoa jurídica com outro CNPJ e que não é estabelecimento do sujeito passivo, contrariando o determinado pela legislação. O Fundo Municipal de Saúde somente iniciou suas atividades na competência 04/2010, portanto após os alegados recolhimentos a maior. A fiscalização ressalta que não foi constatada nem alegada pelo contribuinte a existência de qualquer recolhimento a maior no CNPJ do Fundo Municipal de Saúde. 2. O cálculo efetuado pelo sujeito passivo equivocadamente não tomou por referência os recolhimentos efetivos e considerou compensável o valor da diferença entre o valor devido originalmente declarado em GFIP e o valor devido recalculado e eventualmente declarado por meio de GFIP retificadora, quando o correto seria a comparação entre o valor devido apurado e o valor recolhido. Dessa forma, mesmo supondo que os demais critérios exigidos para a compensação houvessem sido atendidos – o que não ocorreu no entender da fiscalização , o valor do crédito compensável seria apenas de R$ 1.788.398,89, menor do que o considerado pelo sujeito passivo, de R$ 3.557.713,44. 3. O alegado crédito utilizado nas compensações decorreu do sujeito passivo ter indevidamente excluído diversas rubricas da base de cálculo para determinar a remuneração dos segurados sujeita à contribuição previdenciária. A relação das rubricas excluídas consta do Relatório Fiscal a fls. 020/021 dos autos e, em linhas gerais, consistem de diferenças salariais, gratificações e verbas associadas ao exercício de funções e adicionais associados a diversas situações, dentre as quais insalubridade, férias, produtividade, trajeto,trabalho noturno e atividade pedagógica. No entanto, no entender da fiscalização, não há base legal para a exclusão das referidas rubricas, pois nenhuma delas se encontraria dentre as hipóteses do art. 28, §9º, da Lei nº 8.212/1991, que discrimina, de forma exaustiva, as verbas salariais que não integram o salário de contribuição. A recomposição da base de cálculo sem as exclusões indevidas resultou na apuração de pequenos valores de recolhimento a maior em apenas algumas competências, 12/2005, 09/2007, 10/2007 e 11/2007, sendo que o valor referente a 12/2005 não poderia ter sido compensado em 08/2011 como procedeu o contribuinte em face de já estar prescrito naquela data, conforme tratado no item seguinte. 4. Os recolhimentos referentes às competências 01/2005 a 07/2006, que justificariam os valores compensados nas Fl. 928DF CARF MF 4 competências 04/2011 a 09/2011 e 05/2012, não atendem ao criterio prescricional previsto na Lei Complementar nº 118/2005, que prevê o prazo de cinco anos contado do pagamento indevido. Considerando que todas as GFIPs foram enviadas em data posterior a 03/12/2008, portanto na vigência da MP nº 449/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2009, os valores foram lançados com o acréscimo moratório de 0,33% ao dia, limitado a 20%, nos termos da nova redação do art. 89, §§ 8º e 9º, da Lei nº 8.212/1991. Foi também aplicada a multa isolada por compensação indevida com falsidade de declaração, correspondente a cada período da declaração indevida, de acordo com a legislação vigente. O contribuinte apresentou duas impugnações, uma para cada DEBCAD,em 29/11/2012, às fls. 779/838, com as considerações a seguir consolidadas. 1. Aponta nulidade do auto de infração por entender que a fundamentação legal e a descrição da matéria tributável teriam sido omitidas, tendo a fiscalização se limitado a apresentar relação confusa, genérica e imprecisa da legislação, que menciona aleatoriamente uma série de textos legais, quando deveriam constar somente os dispositivos que teriam sido infringidos pelo impugnante, de modo a permitirlhe contestar ponto por ponto. Menciona genericamente “aresto exarado pelo Primeiro Conselho de Contribuintes” (fl. 783),porém não especifica a qual decisão se refere. Traz doutrina. 2. Alega a decadência de grande parte das contribuições previdenciárias, fundamentada no art. 173, do Código Tributário Nacional, decorrente de se tratarem de contribuições referentes ao período de apuração de janeiro de 2005 a dezembro de 2009. Sustenta que o referido prazo decadencial se aplica às contribuições previdenciárias por terem estas natureza de tributo e que a lei 8.212/1991 não poderia modificar esse prazo, conforme argumentos que expõe. Traz doutrina e jurisprudência. 3. Reclama ter havido abuso do poder discricionário em razão da autuação lavrada sobre contribuição caducada há mais de 5 anos, conforme fundamentos e doutrina que apresenta. 4. Propugna pela ausência de autonomia funcional, financeira e administrativa do Fundo Municipal de Saúde, por ser diretamente vinculado à Secretaria Municipal de Saúde para o cumprimento de seus programas e metas, bem como seus projetos e atividades orçamentárias. Acrescenta que, mesmo dispondo de personalidade jurídica, as normas, dentre as quais cita o art. 167, inciso IX, da Constituição Federal, as Leis Orgânicas da Saúde, nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990, os arts. 71 e 74 da Lei Federal 4.320/1964 e a EC 29/2000, determinam a existência de um Fundo Municipal de Saúde, enquanto Conta Fl. 929DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 928 5 Especial, cujas contas dependem diretamente do Município, nos termos do art. 33. da Lei nº 8.080/1990,e incisos I e V do art. 4º , da Lei 8.142/1990, e que a gestão do fundo é feita pelo Secretário da Saúde. 5. Sustenta a lisura e correção do procedimento da compensação por ter tido por objeto verbas naturalmente indenizatórias e/ou transitórias. Menciona que “a questão pertinente às referidas contribuições já foi amplamente debatida pelos tribunais pátrios”, que teriam considerado indevida a cobrança da contribuição social sobre a remuneração de natureza indenizatória e/ou transitória paga aos servidores públicos. Traz jurisprudência que considera não incidir contribuição previdenciária sobre horas extras, parcelas percebidas em decorrência de exercício de cargo em comissão ou de função de confiança ou gratificada, verbas eventuais ou transitórias e licençamaternidade. Reforça que todas as retificações feitas pelo Município tiveram como base somente verbas de caráter indenizatório e/ou transitório, tudo pautado em decisões do STF e do STJ. Acrescenta que o impugnante já possui o reconhecimento judicial da inconstitucionalidade de algumas das contribuições referidas, bem como o direito de compensálas com contribuições devidas, com fundamento no art. 66, da Lei nº 8.383/1991. 6. Insurgese contra a afirmação da fiscalização de que os valores compensados não corresponderiam a valores recolhidos, alegando que se tratam de valores que foram incluídos em parcelamentos do Município. 7. Contrapõese à imposição da multa pela compensação indevida sob o fundamento de que os atos praticados foram realizados em conformidade com a legislação existente à época da compensação, mediante o cumprimento de todas as obrigações acessórias inerentes, e de que não haveria tipificação legal para fatos ocorridos antes da vigência da Instrução Normativa SRF nº 534/2005 e da Lei nº 11.196/2005. 8. Afirma que a realização de compensação em qualquer das hipóteses do art. 74, §12, inciso II, da Lei nº 9.430/1996, com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.051/2004, antes da vigência dessas normas, não caracteriza fraude fiscal ou dolo e a imposição da multa decorreria de mera presunção, o que é inaplicável ao caso, pois a doutrina rechaça a existência de infrações presumidas no Direito Tributário Brasileiro. Discorre acerca da doutrina versando sobre o tema. 9. Reclama do efeito confiscatório da multa cominada, sustentando inexistir conduta ilícita ou infração que tenha sido cometida, considerando que a conduta praticada estaria estribada na própria legislação. Traz jurisprudência que considera confiscatórias determinadas multas estabelecidas por entes federativos estaduais e que cancela multas em razão de incerteza na jurisprudência relacionada à matéria. Fl. 930DF CARF MF 6 10. Clama pela não aplicação da SELIC em face de inconstitucionalidades que aponta, baseada no conceito de que essa é uma taxa de remuneração de capitais e de que acumula os índices mensalmente apurados. Aponta o limite constitucional de 12% às taxas de juros. Traz doutrina, pareceres e jurisprudência. Encerra requerendo o reconhecimento da preliminar para declarar a nulidade do auto de infração e, no mérito, a desconstituição da exigência impugnada e, caso não seja provido o pedido anterior, requer o afastamento dos juros, da multa, bem como a não aplicação da taxa SELIC. Requer, ainda, a produção de todos os meios de prova em Direito admitidos, notadamente a prova pericial, pleiteando a posterior formulação de quesitos e a indicação de assistente técnico. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) negou provimento à Impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2012 NULIDADES. AUSÊNCIA OU DEFICIÊNCIA DA DESCRIÇÃO DOS FATOS E DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. INOCORRÊNCIA. Afastase a nulidade argüida uma vez presentes no Auto de Infração a descrição dos fatos que justifique o lançamento e a capitulação legal que lhe dá sustentação. GLOSA DE COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. Em caso de glosa de compensação, o termo inicial do prazo decadencial para o lançamento de ofício do tributo indevidamente compensado é a data da ocorrência do fato gerador daquele tributo, independente da data do suposto surgimento do direito ao crédito utilizado. COMPENSAÇÃO ADMINISTRATIVA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. IMPOSSIBILIDADE. A compensação administrativa somente é possível com a utilização de créditos do próprio contribuinte, admitida apenas a utilização para outros estabelecimentos do mesmo contribuinte. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO INCIDÊNCIA. NECESSIDADE DE PREVISÃO LEGAL EXPRESSA. A não incidência de contribuição previdenciária sobre parcelas da remuneração depende de previsão legal expressa, nos termos da legislação aplicável. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INDEVIDO. IRREGULARIDADE. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 929 7 A regularidade da compensação efetuada depende do atributo de certeza do crédito utilizado; a utilização de crédito indevido caracteriza compensação irregular. COMPENSAÇÃO. RECOLHIMENTO PRÉVIO DO INDÉBITO. Contribuições previdenciárias indevidas ou apuradas a maior somente são passíveis de utilização em compensação quando comprovado o efetivo recolhimento dos valores correspondentes. Intimado da decisão acima transcrita (AR fls. 877), o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 879/909, no qual reitera as alegações já suscitadas quando da Impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. 1) PRELIMINARES 1.1) CERCEAMENTO DE DEFESA POR AUSÊNCIA NA DESCRIÇÃO DOS FATOS E DA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. Alega a recorrente que a fiscalização omitiu a fundamentação legal em que baseou a imposição tributária, bem como omitiu a descrição da matéria tributável o que resultaria em nulidade do lançamento. Nesse ponto, entendo improcedentes as alegações do Recorrente. Como bem demonstrado na decisão recorrida, a fundamentação legal está detalhada de forma específica para cada um dos autos de infração lavrados e discriminadas em relação a cada tema tratado nos autos, às fls. 007/008 e 013, respectivamente. Da mesma forma, a matéria tributável está com clareza às fls. 016/030 do Relatório fiscal. E, por fim, como corretamente afirmado na decisão recorrida, pela Impugnação apresentada ficou demonstrado que o contribuinte soube se defender das infrações que lhes foram imputadas, motivo pelo qual, não há que se falar em cerceamento de defesa. Em face do exposto, rejeito a preliminar. 1.2) DECADÊNCIA. Fl. 932DF CARF MF 8 Alega ainda o Recorrente que os pagamentos indevidos utilizados para compensação referemse ao período de julho de 2005 a agosto de 2009, motivo pelo qual, o presente lançamento teria sido fulminado pela decadência. Nesse ponto, também entendo incorretas as alegações do contribuinte. Isso porque o direito da fazenda pública de homologar (ainda que tacitamente) as compensações efetuadas pelo contribuinte surge a partir do encontro de contas. Vale dizer, o contribuinte tem o prazo de cinco anos para requerer a restituição/compensação dos valores pagos indevidamente. A partir do momento em que se utiliza do instituto da compensação, surge para fazenda o direto de verificar se os créditos por ele utilizados no encontro de contas possuem os requisitos de certeza e liquidez. Sendo assim, o dies a quo da contagem do prazo decadencial para fazenda realizar a homologação é o do encontro de contas. Nesse sentido, já se manifestou a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Embargos de Divergência no Recurso Especial nº 164.522, cuja ementa é a seguinte: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. TRANSFERÊNCIA DO ENCARGO FINANCEIRO. ARTIGO 89 DA LEI Nº 8.212, DE 1991, NA REDAÇÃO QUE LHE DEU A LEI Nº 9.032, DE 1995. A lei aplicável, em matéria de compensação, é aquela vigente na data do encontro de créditos e débitos e, por isso, a partir da respectiva publicação, a restrição nela imposta incide e é eficaz; considerando que a sentença é proferida com efeitos a partir da propositura da ação, isso se reflete em relação às demandas ajuizadas antes da Lei nº 9.032 de 1995, do seguinte modo: a) todos os valores compensáveis até a data da respectiva publicação estão a salvo da exigência da prova da não repercussão; b) os créditos remanescentes que, para o efeito da compensação, dependam de débitos a vencer posteriormente, estão sujeitos aos ditames do artigo 89, da Lei nº 8.212, de 1991, na redação que lhe deu a Lei nº 9.032, de 1995.(grifamos) Embora o precedente citado não trate do prazo decadencial do direito à compensação, ele deixa claro que o fato relevante para determinar a aplicação da lei no tempo é o encontro de contas. E, no caso em questão, nem poderia ser de outra forma. Isso porque o prazo decadencial pressupõe a existência de uma ação exercitável (actio nata) e essa não existe antes que o contribuinte realize o encontro de contas. Em face do exposto, rejeito a preliminar de decadência. 2) MÉRITO 2.1) DA ALEGADA AUSÊNCIA DE AUTONOMIA FUNCIONAL FINANCEIRA E ADMINISTRATIVA DO FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE. Uma das objeções apontadas pelo trabalho fiscal foi o fato do contribuinte ter se utilizado de créditos que não são relativos ao seu CNPJ ou se suas filiais para compensar as suas contribuições previdenciárias. Em relação a esse ponto, alega o Recorrente, desde sua Impugnação, que o Fundo Municipal de Saúde, em que pese ser pessoa jurídica distinta do Município, não possui autonomia funcional, financeira e administrativa em relação à ele. Improcedentes as alegações do Recorrente. Como muito bem exposto na decisão recorrida: Fl. 933DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 930 9 Portanto, a compensação de créditos do contribuinte somente é permitida entre estabelecimentos da empresa. No caso concreto, não se pode considerar que o Fundo Municipal de Saúde, dotado de CNPJ e personalidade jurídica próprios, como reconhecido pelo próprio impugnante, seja um estabelecimento do Município, pois, ao contrário do alegado pelo contribuinte, esse fundo é uma unidade orçamentária e gestora dos recursos destinados a ações e serviços públicos de saúde, nos termos da Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, portanto a lei complementar atribui a eles autonomia na gestão de seus recursos e é essa autonomia que importa para fins tributários. Cabe ressaltar que tal autonomia dos recursos em relação ao ente municipal já estava delineada desde a Lei nº 8.080/1990 e a Lei nº 8.142/1990, diplomas legais de conhecimento e mencionados pelo próprio impugnante. Portanto, é falsa a conclusão do impugnante de que, se o orçamento do Fundo deve respeitar as políticas e programas da Secretaria Municipal de Saúde, então ele será gerido pelo Município e não terá autonomia em relação a ele. O respeito à política local de Saúde não implica em perda da autonomia na gestão de recursos. Ao contrário, o que o arcabouço normativo determina claramente com a determinação de criação do Fundo local é exatamente que haja uma perfeita diferenciação entre os recursos dessa entidade e os do Município, tanto que estabelece diversos controles em relação a isso, inclusive por órgãos específicos ou externos ao Município, como o Conselho de Saúde, o Fundo Nacional de Saúde e auditorias do Ministério da Saúde (Lei 8.080/1990, art. 33, caput e §4º). Ora, a compensação de contribuições de um deles com créditos do outro significaria exatamente provocar uma confusão entre os recursos dessas entidades, contrariando a gestão apartada determinada nas normas. Logo, indevida a utilização de créditos do Município em compensações do Fundo Municipal de Saúde 2.2) DOS PROCEDIMENTOS DE COMPENSAÇÃO UTILIZADOS PELO RECORRENTE Embora a compensação de créditos de terceiros seja suficiente para validar o lançamento fiscal o contribuinte insiste na regularidade dos procedimentos por ele utilizados em sua compensação. Em função da ampla fundamentação das decisões, analisaremos as alegações suscitadas. Todavia, ainda estas fossem procedentes, o que, como será demonstrado, não ocorre, as compensações encontrariam óbice na utilização de créditos de terceiros. Alega o Recorrente que efetuou a compensação utilizando de valores indevidamente recolhidos, uma vez que as verbas utilizadas teriam natureza indenizatória, conforme já reconhecido em diversas decisões do Superior Tribunal de Justiça e de vários tribunais de justiça do país. Improcedentes as alegações. Como bem observa a decisão recorrida: Fl. 934DF CARF MF 10 Como se observa, o fundamento da alegada não incidência da contribuição previdenciária seriam os julgados que têm por objeto verbas pagas a servidores públicos, portanto trata de regimes previdenciários distintos do Regime Geral de Previdência Social – RGPS e regidos por legislação própria. Portanto, não há como estender tais entendimentos às remunerações ou parcelas pagas a segurados do RGPS, cuja incidência previdenciária é regida pela legislação específica aplicável a esse regime. Para o RGPS, a incidência previdenciária e suas exclusões estão expressamente regidas pelo art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, nos seguintes termos: (...) Logo, há parcelas pretendidas pelo impugnante e que estão expressamente previstas como no âmbito de incidência da contribuição previdenciária, como é o caso do salário maternidade. No caso das demais, a exclusão da incidência só ocorreria se ficasse demonstrado pelo impugnante se tratarem de alguma das hipóteses previstas no art. 28, §9º, considerando que essas são as únicas hipóteses de exclusão admitidas pela lei, o que não foi feito na impugnação. Em conseqüência, a afirmação do impugnante de que todas as retificações feitas pelo Município tiveram como base somente verbas de caráter indenizatório e/ou transitório, mesmo que pautadas nos entendimentos dos tribunais superiores trazidos aos autos, não é suficiente para caracterizar a não incidência, pois, como já analisado, tais entendimentos referemse a regime previdenciário distinto e é necessário demonstrar a configuração de hipótese de exclusão prevista nas normas do RGPS. No mais, o argumento de que já possui o reconhecimento judicial da inconstitucionalidade de algumas das contribuições referidas, bem como o direito de compensálas com contribuições devidas, com fundamento no art. 66, da Lei nº 8.383/1991, não é válido, pois esse suposto reconhecimento judicial está pautado em decisões que não incluem o impugnante como parte e que tratam de objeto distinto, no caso contribuições previdenciárias em regimes próprios, e o direito de compensação invocado resta prejudicado em face da ausência de certeza dos supostos créditos. Além disso, a alegação do Recorrente de que os valores foram devidamente recolhidos, uma vez que incluídos em parcelamentos do Município carece de comprovação. Como detalha a decisão recorrida: Consulta ao sistema RFB, em 18/11/2013, também resultou infrutífera na identificação de qualquer parcelamento cadastrado para o Fundo Municipal de Saúde, CNPJ nº 11.388.708/000188, bem como inexistem recolhimentos registrados para o referido CNPJ no período dos supostos pagamentos indevidos, de 01/2005 a 12/2009. Ora, se o contribuinte alega que os valores para os quais pleiteia a compensação não foram recolhidos, porém se encontram Fl. 935DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 931 11 parcelados, há que comprovar essa afirmação por meio da demonstração de que esses valores foram efetivamente incluídos em parcelamento, o que não foi feito. Além disso, não basta que os valores tenham sido incluídos em parcelamento, há que demonstrar que o referido parcelamento encontrase regular e, também, que as parcelas já pagas incluem todo o valor compensado, pois não caberia a compensação de valor ainda não quitado. Tendo em vista que nada disso foi feito, há que se manter o pressuposto de que os valores compensados não correspondem a valores efetivamente recolhidos, portanto não são passíveis de compensação. 3)MULTA ISOLADA DE 150% REQUISITOS O Recorrente opõese também à incidência da multa isolada, de que trata o artigo 89 da Lei n° 8.212/1991 e artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, alegando, em síntese, que não estaria caracterizada a sonegação ou a máfé. A mencionada multa está prevista no artigo 89 da Lei nº 8.212/91, que assim dispõe: Lei nº 8.212/91 Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (...) § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado; Lei nº 9.430/96 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 936DF CARF MF 12 Como já manifestei em outras ocasiões entendo que a classificação das jurídica das verbas reputadas como indevidas não se caracteriza como falsidade para efeito da aplicação da penalidade agravada. Isso porque, a "informação falsa" que justifica a imputação da penalidade qualificada de 150% está relacionada a ocultação de fato e não questionamento sobre o seu significado jurídico. Todavia, no caso dos autos, o elemento falsidade encontrase presente. Isso porque, o contribuinte alegou como créditos próprios créditos de terceiros e, além disso, apontou como créditos valores cujo recolhimento não foi comprovado. Sendo assim, correta a imputação fiscal. 4) CARÁTER CONFISCATÓRIO DAS MULTAS APLICADAS Em relação à aplicação da multa de ofício alega a Recorrente que esta ofende a garantia prevista no artigo 150. IV da Constituição Federal. Tal alegação não deve ser conhecida, pois, nos termos da Súmula 2 deste Conselho "o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." 5) DA INAPLICABILIDADE DA TAXA SELIC A Recorrente contesta, ainda, a aplicação da taxa SELIC como juros moratórios aplicáveis ao crédito tributário, pois, de acordo com o §1º do artigo 161 do Código Tributário Nacional, a taxa de juros a ser adotada em caso de inadimplemento deverá ser, em regra, 1%. A aplicação da taxa SELIC é matéria pacificada no âmbito desse Conselho conforme se verifica pela Súmula CARF nº 4 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em face do exposto, improcedente o mencionado pedido. 6) CONCLUSÃO Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 937DF CARF MF Processo nº 10510.723710/201257 Acórdão n.º 2202004.039 S2C2T2 Fl. 932 13 Fl. 938DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16045.000138/2006-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001
PRELIMINAR. SIMPLES. EXCLUSÃO PRÉVIA.
De se afastar a preliminar de exclusão do SIMPLES, já que a Recorrente foi excluída previamente, em decisão em outro processo administrativo.
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. CONSTITUCIONALIDADE.A LC 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Constitucionalidade da LC 105/2001 reconhecida pelo RE 601.314 (julgamento realizado nos termos do art. 543-B da Lei 5.869/73).
DECADÊNCIA. FRAUDE.
A exigência de CSLL, PIS e COFINS, quando reconhecida a fraude, para fins de decadência, deve ser aplicado o art. 173, inciso I, do CTN. Neste caso, decaídos o primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2000 para fins da CSLL e os meses de janeiro a novembro de 2000 para fins de PIS e COFINS, já que a ciência se deu em 22/06/2006.
SÚMULA CARF nº 72.
Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN.
EXIGÊNCIAS REFLEXAS.
As exigências reflexas (CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS) seguem a sorte do principal (IRPJ).
Numero da decisão: 1301-002.571
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para cancelar as exigências de PIS e de Cofins relativas aos meses de janeiro a novembro de 2000, e de CSLL relativas aos primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2000 em razão da decadência.
(documento assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001 PRELIMINAR. SIMPLES. EXCLUSÃO PRÉVIA. De se afastar a preliminar de exclusão do SIMPLES, já que a Recorrente foi excluída previamente, em decisão em outro processo administrativo. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. CONSTITUCIONALIDADE.A LC 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Constitucionalidade da LC 105/2001 reconhecida pelo RE 601.314 (julgamento realizado nos termos do art. 543-B da Lei 5.869/73). DECADÊNCIA. FRAUDE. A exigência de CSLL, PIS e COFINS, quando reconhecida a fraude, para fins de decadência, deve ser aplicado o art. 173, inciso I, do CTN. Neste caso, decaídos o primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2000 para fins da CSLL e os meses de janeiro a novembro de 2000 para fins de PIS e COFINS, já que a ciência se deu em 22/06/2006. SÚMULA CARF nº 72. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. EXIGÊNCIAS REFLEXAS. As exigências reflexas (CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS) seguem a sorte do principal (IRPJ).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1915; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 1.286 1 1.285 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16045.000138/200626 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.571 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de agosto de 2017 Matéria IRPJ: OMISSÃO DE RECEITAS e SIMPLES Recorrente SPEED INDUSTRIA E COMERCIO LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001 PRELIMINAR. SIMPLES. EXCLUSÃO PRÉVIA. De se afastar a preliminar de exclusão do SIMPLES, já que a Recorrente foi excluída previamente, em decisão em outro processo administrativo. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. CONSTITUCIONALIDADE.A LC 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Constitucionalidade da LC 105/2001 reconhecida pelo RE 601.314 (julgamento realizado nos termos do art. 543B da Lei 5.869/73). DECADÊNCIA. FRAUDE. A exigência de CSLL, PIS e COFINS, quando reconhecida a fraude, para fins de decadência, deve ser aplicado o art. 173, inciso I, do CTN. Neste caso, decaídos o primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2000 para fins da CSLL e os meses de janeiro a novembro de 2000 para fins de PIS e COFINS, já que a ciência se deu em 22/06/2006. SÚMULA CARF nº 72. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. EXIGÊNCIAS REFLEXAS. As exigências reflexas (CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS) seguem a sorte do principal (IRPJ). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 04 5. 00 01 38 /2 00 6- 26 Fl. 1286DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.287 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para cancelar as exigências de PIS e de Cofins relativas aos meses de janeiro a novembro de 2000, e de CSLL relativas aos primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2000 em razão da decadência. (documento assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (documento assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flavio Franco Correa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 1287DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.288 3 Relatório SPEED INDUSTRIA E COMERCIO LTDA ME., já qualificado nos autos, recorre da decisão proferida pela 1a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) DRJ/CPS (fls. 1136 e ss), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendose o crédito tributário. Do Lançamento Segundo o Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, (fls. 05/23), e Relatório do acórdão recorrido, as razões de autuação foram a falta de apresentação dos livros e documentos da sua escrituração regular referente ao período de 2000 e 2001, bem como a exclusão do SIMPLES, naquele período, de acordo com os fatos apresentados no PA 16045.000196/200579, levando ao lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, acordo com Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, (Regulamento do Imposto de Renda – RIR, de 1999), arts. 532, 537; Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 16; Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 27, I, Lei nº 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 2° e §§; Lei nº 9.249, de 1995, art. 19 e 20; Lei nº 9.430, de 1996, art. 28, 29; Lei nº 9.316, de 1996, art. 1º; Lei nº 10.637, de 2002, art. 37. Lei Complementar 7/70, Lei 9.715/98, arts. 2º, I, 8º, I e 9. Lei 9.718, arts. 2,3 e 8.Decreto 4.524/02. LC 70/91, art. 1. A empresa foi excluída do Simples Federal por meio do Ato Declaratório Executivo DRF/TBT nº 021/2005, nos termos do PA 16045.000196/200579, com efeitos a partir de 01/01/2000 a 31/12/2001. “I Introdução Em trabalho de fiscalização junto ao contribuinte em epígrafe (FM n° 199900.1969) empresa fabricante de aros para bicicletas, localizada na cidade de Cruzeiro/SP , verificamos diferenças significativas entre o valor de venda de produtos de sua fabricação, indicado nas Notas Fiscais de vendas emitidas, e o constante em tabelas de preços obtidas junto à fiscalizada e junto a alguns de seus clientes. Vide documentos de fls. 12 a 21 (fls. 79 e 85 a 93). Através de diligências realizadas, pudemos constatar que a empresa fiscalizada, doravante Speed Cruzeiro, realizou vendas subfaturadas de seus produtos, de acordo com informações e documentos obtidos junto a seus clientes, conforme se verá a seguir. Essa prática também foi verificada nas vendas realizadas pela empresa Speed Ind. e Com. Ltda, CNPJ 02.256.189/000103, sediada em Passa Quatro/MG, doravante Speed Passa Quatro, em cujo quadro societário aparecem um irmão e a esposa dos sócios da Speed Cruzeiro. Ver diagrama e relação de parentesco e participação societária abaixo. Fl. 1288DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.289 4 RELAÇÃO DE PARENTESCO E PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA II Diligências realizadas junto a clientes Por meio de diligências realizadas junto a clientes da empresa Speed Cruzeiro, apuramos diversas irregularidades praticadas tanto pela Speed Cruzeiro quanto pela Speed Passa Quatro, conforme mostram os documentos de fls. 22 a 34 (fls. 94 a 106). Não se trata de coincidência, pois essas empresas apresentam diversos clientes em comum. Eis a principais irregularidades apuradas: 1 Em relação à Speed Passa Quatro, apuramos o seguinte: 1.1 Venda de produtos ao contribuinte José Carlos de Souza Taubaté ME (CNPJ 66.033.572/000185) através da Nota Fiscal n° 1335, emitida em 08/06/99, no valor de R$336,00, tendo sido essa venda paga por meio de dois boletos bancários: o primeiro, em nome da empresa vendedora, em valor idêntico ao da Nota Fiscal emitida, R$336,00, e o segundo, em nome da Sra. Rosemary Nazário da Silva, doravante Sra. Rosemary, no valor de R$340,00, importância essa depositada na conta corrente n° 341/258/312909, ficando caracterizado o subfaturamento; 1.2 Venda de produtos ao contribuinte Valdinei dos Santos ME (CNPJ 73.150.740/000188) através da Nota Fiscal n° 662, emitida em 15/10/98, no valor de R$160,00, tendo sido essa venda paga por meio de dois boletos bancários: o primeiro, em nome da empresa vendedora, em valor idêntico ao da Nota Fiscal emitida, R$160,00, e o segundo, em nome da Sra. Rosemary, no valor de R$192,50, importância essa depositada na conta corrente n° 341/258/312909, ficando caracterizado o subfaturamento; (...) Fl. 1289DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.290 5 2 Em relação à Speed Cruzeiro, verificamos que a mesma realizou venda de produtos ao contribuinte Benedito Lucio Ribeiro ME, CNPJ 00.865.392/000151, através da Nota Fiscal n° 2515, emitida em 04/12/98, no valor de R$26,88, tendo sido pago pelos produtos adquiridos o montante de R$101,88, em dinheiro, ficando caracterizado o subfaturamento; III Ação fiscal junto à Sra. Rosemary Nazário Em procedimento de fiscalização junto à Sra. Rosemary, amparado pelo MPF (Mandado de procedimento Fiscal) n° 08108002003002365, fls. 35 e 36 (fls. 107 e 108), solicitamos dessa contribuinte, em 02/12/03 (data da ciência do Termo de Início de Fiscalização lavrado em 24/11/2003) apresentação dos extratos bancários referentes à movimentação financeira realizada no período de 1999 a 2001, nos bancos Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal, conforme consta no documento de fls. 37 e 38 (fls. 109 e 110), bem como intimamos essa contribuinte a apresentar documentação hábil idônea que comprovasse a origem dos recursos depositados em suas contas correntes. Em resposta à intimação, a contribuinte apresentou, no período de 06/02/2004 a 23/03/2004, os extratos bancários anexados às fls. 47 a 171 (fls. 119 a 245), referentes às contas bancárias (banco/agência e conta) n° 237/0390/28445, 237/0390/28445 (poupança), 341/258/312909, além daqueles não anexados a esse processo, referentes às contas 341/00258/334374, 341/00258/334374 (poupança) e CEF/0300/00178801 (fls. 195 a 213). Contudo, a fiscalizada não apresentou qualquer justificativa para a origem de qualquer valor depositado em suas contas bancárias. IV Apuração dos créditos a comprovar De posse dos extratos das contas apresentados pela fiscalizada,procedemos à conciliação bancária com objetivo de excluirmos dos valores a investigar as transferências realizadas entre contas correntes da Sra. Rosemary. Após, selecionamos os créditos de valor superior a R$300,00 (trezentos reais) e intimamos a Sra. Rosemary a comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos créditos selecionados, conforme consta na intimação lavrada em 01/09/2004, fls. 172 a 196 (fls. 246 a 270). Em resposta, datada de 25/10/2004, a fiscalizada apresenta Demonstrativo de Conciliação Interbancária, fls. 200 a 211 (fls. 274 a 285), a fim de justificar parte dos valores creditados em suas contas bancárias. Em complemento, a Sra. Rosemary apresentou os documentos de fls. 213 a 248 (fls. 287 a 322) e 251 a 286 (fls. 323 a 358), contendo relação de vendas realizadas pelas empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, no período de 1999 a 2001, bem como os valores recebidos em razão dessas operações. Em 01/07/2005, a Sra. Rosemary foi intimada a justificar a origem dos valores creditados em suas contas bancárias, sob os históricos ‘MOVIMENT TITULO’ ou ‘MOV TIT COBRANCA’, intimação de fl. 287 (fl. 365), mas até a presente data, não apresentou qualquer resposta que justificasse tal movimentação financeira, objeto de indagações em intimações anteriores, cabendo esclarecer que tais créditos se referem a recebimentos através de boletos bancários, tais como aqueles de fls. 24, 28 e 29 (fls. 96, 100 e 101), e que tais documentos não podem ser fornecidos pelo Banco Itaú, de acordo com informações prestadas por essa instituição financeira, fls. 767 e 768 (840 e 841). Em 11/10/05 e em 21/11/05, a Sra. Rosemary foi novamente reintimada a justificar a origem dos créditos lançados em suas contas bancárias, conforme consta nos documentos de fls. 290 Fl. 1290DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.291 6 a 301 (fls. 362 a 373) e 304 a 309 (376 a 381), mas até a presente data não apresentou qualquer comprovante para justificar tais valores. V Obtenção de documentos bancários junto a instituições financeiras Ante a inércia da Sra. Rosemary em comprovar, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados em suas contas bancárias, tendo em vista que desde 02/12/03 essa contribuinte não havia apresentado sequer um documento que justificasse tais créditos, intimamos os bancos Itaú e Bradesco a apresentar cópia de documentos bancários referentes à origem e destino dos valores que transitaram pelas contas da fiscalizada, conforme consta nas intimações de fls. 314 a 321 (fls. 388 a 395) e 324 a 332 (fls. 398 a 406). Em resposta, essas instituições apresentaram cópia de diversos documentos bancários referentes a operações de depósito e pagamento, dentre os quais selecionamos aqueles juntados às fls. 334 a 358 (fls. 408 a 432) e 759 a 763 (fls. 832 a 836) (comprovantes de depósito) e 359 e 465 (fls. 433 a 539) (comprovantes de pagamento). VI Análise dos documentos bancários Pela análise dos comprovantes de depósito fornecidos pelas instituições financeiras, levantamos os dados cadastrais dos depositantes no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), fls. 470 a 473 (fls. 544 a 547), a partir dos nomes que aparecem nos documentos bancários (comprovantes de depósito). Essa mesma sistemática foi adotada para identificar os destinatários dos valores debitados nas contas correntes sob investigação, tendo sido identificados os contribuintes relacionados às fls. 474 a 477 (fls. 548 a 551), cabendo esclarecer que, embora alguns nomes não aparecessem legíveis nalgumas cópias de cheque, outras informações permitiram a completa identificação do destinatário do valor pago, tais como o número da conta corrente ou o CNPJ, que também apareciam noutros documentos legíveis. De posse dessas informações, elaboramos as Planilhas 1 e 2, fls. 466 a 469 (fls. 540 a 543), contendo a identificação dos depositantes ou destinatários de valores que circularam pelas contas correntes mantidas em nome da Sra. Rosemary, cuja análise nos mostra que: (...) VII Intimação a Fornecedores da Speed Cruzeiro e da Speed Passa Quatro A fim de comprovarmos as informações apresentadas na Planilha 1, intimamos alguns dos fornecedores relacionados nessa planilha a informar a que título haviam recebido valores provenientes das contas bancárias em nome da Sra. Rosemary, conforme consta nas intimações de fls. 480 a 540 (fls. 552 a 614). Em resposta, essas empresas informaram que tais valores se referem a pagamentos de compras de insumos realizadas pelas empresas Speed Cruzeiro ou Speed Passa Quatro, de acordo com documentos apresentados por (...), ou se referem à venda de sucata (material utilizado pela Speed Cruzeiro e pela Speed Passa Quatro), segundo informou a Nobre Metais Ltda (67.256.784/000194), conforme comprovam os documentos de fls. 483 a 561 (fls. 555 a 557). A empresa Embark de Embalagens Ltda, CNPJ 53.479.184/000180, regularmente intimada, fls. 562 (fls. 644), confirmou ser fornecedora da empresa Speed Cruzeiro, conforme mostram os documentos de fls. 565 a 567 (fls. 639 a 641). VIII Análise da conciliação bancária proposta pela Sra. Rosemary Fl. 1291DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.292 7 Para analisar a conciliação bancária proposta pela fiscalizada, fls. 201 a 211 (fls. 275 a 285), elaboramos a Planilha 5, fls. 568 a 587 (fls. 642 a 661), na qual apresentamos comentário sobre cada conciliação proposta. Nas colunas (A) a (G) apresentamos as informações sobre os lançamentos a crédito a comprovar; nas colunas (H) a (K), mostramos a conciliação proposta pela fiscalizada, e na coluna (L), apresentamos comentário sobre a conciliação proposta. A conciliação apresentada pela fiscalizada, em síntese, propõe que os valores creditados nas contas correntes investigadas se referem, a transferências de outras contas correntes mantidas em nome da Sra. Rosemary. A conciliação proposta pela fiscalizada, todavia, não pode prosperar pelos seguintes motivos: (...) Os fatos expostos acima permitem concluir que as conciliações propostas pela Sra. Rosemary não podem ser acatadas, com exceção daquelas referentes a estorno de depósito. IX Intimações das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro Os fatos apresentados acima mostram que as contas correntes (Banco/Agência/Conta) n° 237/0390/28445 e n° 341/258/312909, e a conta poupança n° 237/0390/28445, movimentaram recursos das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, ficando caracterizado que: 1 valores debitados nessas contas bancárias foram utilizados para pagamento de fornecedores dessas empresas; 2 valores creditados na conta poupança n° 237/0390/28445 foram transferidos para a conta corrente n° 237/0390/28445, e, como conseqüência, utilizados para pagamento de obrigações dessas empresas. 3 valores creditados nessas contas bancárias referemse a recebimentos de valor pagos por clientes dessas empresas; Diante de tais evidências, intimamos as empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro a segregarem os valores correspondentes a operação de cada empresa, conforme consta no Termo de Constatação e Intimação lavrado em 16/11/2005, fls. 639 a 671 e 674 a 706 (fls. 712 a 744 e 748 a 780). Até a presente data, não obtivemos qualquer documento contendo informações sobre a segregação de valores depositados nessas contas bancárias. X Confronto dos depósitos com valores recebidos pela Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro Confrontandose as informações sobre os depósitos sob análise, mostrados na Planilha 6, fls. 709 a 738 (fls. 781 a 812), com as informações sobre valores recebidos pelas empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, listagem de fls. 213 a 286 (fls. 287 a 358), verificase que não há qualquer coincidência entre tais relações, o que implica dizer que os créditos (depósitos) sob investigação não se referem a valores recebidos a título de venda acobertada por Nota Fiscal emitida por aquelas empresas. Fl. 1292DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.293 8 XI Imputação dos depósitos às empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro Transcorrido o prazo concedido para apresentação da resposta, e tendo sido enviados pelos intimados apenas os documentos de fls. 764 a 766 (fls. 837 a 839), que não comprovam a origem dos créditos investigados, consideramos que as contas bancárias analisadas movimentaram recursos das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, de acordo os fatos elementos de prova colhidos. Com efeito, a constatação de que recursos movimentados nessas contas bancárias foram utilizados para pagamento de fornecedores e recebimento de valores pagos por clientes, é o suficiente para atribuir às empresas supra a titularidade de fato dessas contas correntes. Nesse sentido dispõe o Acórdão n° 10194196 do 1° Conselho de Contribuintes, cuja ementa reproduzimos baixo (verbis): IRPJ. LANÇAMENTO. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO CONTABILIZADOS. A conta corrente em instituição financeira, em nome de esposa do sócio e posteriormente sócia da mesma pessoa jurídica, utilizada para pagamento de compras de mercadorias e depósitos de receitas desviadas da escrituração contábil, pode ser utilizadas para arbitramento das receitas omitidas, quando regularmente intimado, o sujeito passivo não comprova a origem dos recursos depositados, mediante documentação hábil e idônea, face ao estabelecido no artigo 42 da Lei n° 9.430/96. XII Rateio dos créditos sem comprovação Na planilha 6 relacionamos os créditos de origem não comprovada, e totalizamos mensalmente os depósitos por conta bancária. Os totais mensais foram transferidos para as colunas (A) a (C), da Planilha 7, fl. 748 (fl. 853), cabendo esclarecer, em relação a essa planilha, o que segue: 1 Consideramos somente os créditos depositados nas contas de interesse (28445, 28445 (poupança) e 312909), colunas ((A) a (C)), não tendo sido computado os créditos depositados nas contas 334374, 334374 (poupança) e 00178801; 2 Procedemos à exclusão das conciliações referentes a estorno de depósitos propostas pela fiscalizada (coluna (E)); 3 Excluímos, também, os rendimentos declarados pela fiscalizada em DIRPF (declarações de imposto de renda), fls. 739 a 747 (fls. 813 a 821), cabendo esclarecer que, pelo fato da Sra. Rosemary não ter prestado esclarecimento sobre os valores percebidos mensalmente a título de rendimentos, conforme consta na Intimação lavrada em 21/11/05, fls. 304 a 306 (fls. 376 a 378), rateamos o total dos rendimentos anuais auferidos igualmente entre todos os meses dos anos de 1999 a 2001, conforme mostra a coluna (F); 4 Os depósitos não comprovados, coluna (G), resultam da diferença entre o total dos depósitos, coluna (D), e os valores mostrados nas colunas (E) e (F); 5 Devido à falta de esclarecimentos por parte das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, procedemos ao rateio dos valores mostrados na coluna (G) na proporção de 50% para cada empresa, nos termos do art. 845 do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto n° 3.000/99, (verbis): (...) Fl. 1293DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.294 9 XIII Comentários sobre o critério de rateio Em relação a esse critério de rateio, cabe comentar que o mesmo é amplamente aceito nos casos em que uma mesma conta corrente apresenta mais de um titular. (...) XIV Vínculo existente entre os sócios das empresas No caso presente, vale sempre lembrar o vínculo existente entre a Sra. Rosemary e os sócios da empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, conforme mostra a tabela apresentada à fl. 01 (fl. 01) desse Relatório. Mas coincidências não param por aí, pois no mesmo endereço onde funciona a empresa Speed Cruzeiro, também funciona a administração da Speed Passa Quatro, local onde também trabalha a Sra. Rosemary. Esses fatos mostram que a investigação realizada pelo Fisco já era do conhecimento de ambas empresas desde o ano de 2003, e mesmo assim, nenhuma delas se prontificou a prestar qualquer esclarecimento sobre os recursos movimentados nas contas da Sra. Rosemary. XV Apuração da Receita Bruta Auferida A partir dos valores mostrados na coluna (G) da Planilha 7, e da receita bruta declarada nas Declarações Simplificadas apresentadas pela Speed Cruzeiro, fls. 749 a 758 (fls. 822 a 831), calculamos a receita total auferida por essa empresa nos anos de 1999 a 2001, conforme mostra a tabela abaixo: (...) XVI Proposta para exclusão da empresa Speed Cruzeiro do SIMPLES Os fatos apresentados acima apontam para prática reiterada de infração à legislação tributária conhecida como omissão de receitas, nos termos dos arts. 288 do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99), tendo em vista que regularmente intimada a empresa não comprovou a origem dos depósitos efetuados em contas bancárias mantidas em nome da esposa de seu sócio, sendo certo que tais conta comprovadamente movimentaram recursos dessa empresa. Considerandose como receita os depósitos cuja origem não foi comprovada, apuramos que a receita bruta total efetivamente auferida pela empresa nos anos de 1999 e 2000 superou o limite de faturamento de R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais), previsto para empresas de pequeno porte, nos termos do art. 9, inc. II, da Lei n° 9.317/96. Por essas razões, podemos afirmar que a fiscalizada descumpriu as prescrições estabelecidas na legislação do SIMPLES, ficando sujeita à exclusão de ofício desse sistema, relativamente aos anos de 2000 e 2001, em razão de: 1 ter auferido excesso de receita bruta nos anos de 1999 e 2000, nos termos do art. 23, inc. I da IN (SRF) n° 355/2003, e artigos 9, inc. II, 13, inc. II, alínea ‘a’ e 14, inc. I, da Lei n° 9.317/96; 2 ter praticado de forma reiterada infração à legislação tributária, nos termos do art. 23, inc. V, da IN (SRF) n° 355/2003, e artigo 14, inc. V, do mesmo diploma legal. Fl. 1294DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.295 10 Como consequência, propomos ao Senhor Delegado da Receita Federal em Taubaté exclusão de ofício da empresa Speed Indústria e Comércio Ltda ME, CNPJ 00.454.887/000198, do SIMPLES, relativamente aos anos de 2000 e 2001, nos termos da legislação citada e do art. 24, incisos IV e V, da IN (SRF) n° 355/2003, e do art. 15, incisos IV e V da Lei n° 9.317/96 e alterações posteriores. (...) B Omissão de Receitas Prosseguindo na descrição dos fatos, de acordo com o que consta no Relatório supra, verificamos que a fiscalizada omitiu rendimentos nos anos de 1999 a 2001, tendo em vista que regularmente intimada não comprovou a origem dos depósitos efetuados em contas bancárias que comprovadamente movimentaram recursos de sua titularidade. Em relação aos anos de 2000 e 2001, será adotada forma de tributação distinta daquela escolhida pela empresa, haja vista exclusão desse contribuinte do SIMPLES, por meio do Ato Declaratório Executivo n° 21/2005, publicado em 08 de dezembro de 2005, segundo o que consta no processo supra (fls. 842 a 844). C Tributação das Receitas Omitidas Em relação ao ano de 1999, as receitas omitidas serão tributadas segundo às normas aplicáveis às empresas optantes pelo SIMPLES, nos termos do art. 18 da Lei n° 9.317/96 e do art. 199 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3.000/99 RIR/ 99). D Apuração das Receitas Omitidas Na planilha 7, fls. 68, apuramos a receita omitida pela fiscalizada no ano de 1999 (coluna (H)), a partir dos depósitos cuja origem não foi comprovada, conforme consta no Relatório supra. E Comentário sobre Decadência Devido ao transcurso do prazo decadencial para fatos geradores ocorridos nos trimestres 01/2000 a 03/2000 relativamente ao IRPJ, deixamos de efetuar o lançamento de oficio desse tributo sobre as receitas omitidas/apuradas nesse período. Já em relação ao trimestre 04/2000, entendemos que não há que se falar em decadência, tendo em vista que o lançamento de qualquer tributo apurado nesse período só poderia ser efetuado no exercício seguinte, em razão de que os livros e demonstrativos contábeis e fiscais indispensáveis a apuração do valor tributável s6 estariam escriturados e disponíveis no anocalendário seguinte, ou seja, a partir de 01/01/2001. No caso em tela — tributos e contribuições apurados no trimestre 04/2000 devido a presença de fraude, e por se tratar de lançamento de oficio, a contagem do prazo decadencial deve ter como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou o dia 01/01/2002. G Apuração dos tributos e contribuições devidos sobre as Receitas Omitidas Sobre os valores da Receita Omitida foram aplicados os coeficientes para apuração da base de cálculo do IR (Imposto de Renda) e da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro), respectivamente, 9,6% e 12%, conforme mostrado nos tópicos Descrição dos Fatos e Enquadramento Fl. 1295DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.296 11 Legal, referentes ao IRPJ e à CSLL, respectivamente, 001 — RECEITA OPERACIONAL OMITIDA (ATIVIDADE NÃO IMOBILIARIA), e 002 — CSLL SOBRE OMISSA0 DE RECEITA. Para obtenção do valor do IR e da CSLL devidos em cada mês, efetuamos a multiplicação da base de cálculo encontrada pelas aliquotas vigentes para aquele tributo e essa contribuição, sendo que no caso da CSSL ha ainda a incidência do adicional nos percentuais de 4%, vigente para o mês de janeiro de 2000, e de 1%, vigente para os meses de fevereiro e março de 2000 — ver DEMONSTRATIVO DE APURAÇÁO DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ 0 LUCRO SUJEITA A ALÍQUOTA ADICIONAL DE 4% e 1% (fl. 78). Em relação à apuração do Pis e da Cofins, o calculo consistiu no produto entre a Receita Omitida (base de calculo) e, respectivamente, as alíquotas de 0,65% e 3,0%, conforme mostrado nos tópicos Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, 002 — PIS SOBRE OMISSÃO DE RECEITA e 002 — COFINS — OMISSÃO DE RECEITA. Sobre as diferenças de tributos/contribuições apuradas nos termos descritos acima houve incidência de multa de oficio no percentual de 150%, por se tratar de ação dolosa praticada pelo contribuinte. H Apuração dos tributos e contribuições devidos sobre as Receitas Declaradas Em razão do arbitramento do lucro e da exclusão da empresa do SIMPLES relativamente aos anoscalendário 2000 e 2001, as alíquotas do IRPJ, da CSSL, do PIS, e da COF1NS que passaram a incidir sobre o resultado/faturamento da empresa sofreram incremento em boa parte dos meses desse período, se comparadas Aquelas vigentes para os optantes pelo SIMPLES. A fim de apurar os valores individuais do IRPJ, CSSL, Pis, e Cofins recolhidos/declarados de forma unificada pelo SIMPLES, efetuamos o rateio de cada valor mensal recolhido/declarado proporcionalmente às aliquotas vigentes para o IRPJ, CSSL, Pis, Cofins, INSS, e o IPI, conforme mostra a planilha 8 (fl. 854). Os valores recolhidos/declarados proporcionalmente à CSLL e ao IRPJ foram consolidados trimestralmente na planilha 11 (fl. 856), e serão utilizados para compensação da CSLL e do IRPJ a apurar. A partir dos valores de Receita Bruta declarados pela empresa (fls. 822 a 829), referentes aos anoscalendário 2001 e 2001, calculamos os valores devidos da CSLL, e do IRPJ, segundo as regras vigentes para o lucro arbitrado. Os valores obtidos do IRPJ e da CSLL foram compensados com os recolhimentos trimestrais mostrados na planilha 11, conforme consta nos Demonstrativos de Apuração desse tributo/contribuição, em anexo. Ver tópico Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal referente ao 1RPJ e CSLL, respectivamente, 002 — RECEITAS OPERACIONAIS (ATIVIDADE NÃO (MOBILIARIA), e 001 — CSLL SOBRE 0 LUCRO ARBITRADO. Em relação ao Pis e à Cofins, subtraímos os valores devidos com base na Receita Bruta declarada pela empresa, daqueles recolhidos/declarados proporcionalmente a essas contribuições, conforme mostra a planilha 8, tendo sido a diferença apurada, mostrada na planilha 10, fl. 855, objeto do presente lançamento de oficio. Ver tópicos Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal referentes ao PIS e à COF1NS, respectivamente, 001 — FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS, e 001 FALTA/INSUFICIÊNC1A DE RECOLHIMENTO DA COFINS. Sobre as diferenças de tributos/contribuições apuradas nos termos descritos acima houve incidência de multa de oficio no percentual de 75%, tendo em vista que tais valores foram declarados pela empresa. Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.297 12 I Utilização de Contas Bancárias de Terceiros e Fraude A utilização de contas bancárias em nome da esposa do sócio da Speed Cruzeiro para receber depósitos de clientes e efetuar pagamentos a fornecedores dessa empresa, caracteriza evidente intuito de fraude, nos termos do art. 44, inciso 11, da Lei n°9.430/96 c/c art. 19 da Lei n°9.317/96. J Movimentação Bancária da Speed Cruzeiro Já antevendo possíveis alegações de que os valores depositados nas contas correntes sob análise eram provenientes de vendas acobertadas por Nota Fiscal emitida pela Speed Cruzeiro ou Speed Passa Quatro, cabe esclarecer que não há correspondência entre as datas e valores referentes aos depósitos sob análise e a relação de valores a receber ou recebidos A vista pela Speed Cruzeiro ou Speed Passa Quatro, referentes As Notas Fiscais de sua emissão, conforme consta nos documentos de fls. 287 a 358 e 781 a 812. K Resumo dos Fatos Apurados Os fatos apresentados acima permitem concluir que a empresa Speed Cruzeiro utilizou contas bancárias em nome da esposa de seu sócio para receber pagamentos efetuados por seus clientes, bem como para efetuar pagamentos a seus fornecedores, cabendo destacar o que segue: 1 – Diversos documentos obtidos (tabelas de preços, boletos bancários etc) e declarações prestadas por clientes indicam prática de subfaturamento nas vendas realizadas pela fiscalizada; 2 – Nas operações subfaturadas, a diferença entre o valor da venda e o montante oferecido à tributação era depositada em contas bancárias mantidas em nome da esposa do sócio majoritário da fiscalizada; 3 – Boletos bancários de cobrança em nome da esposa do sócio da fiscalizada eram utilizados para recebimento dos valores não oferecidos à tributação, sendo certo que tal cobrança é característica de atividade comercial; 4 – Cópias de comprovantes de depósitos indicam que clientes das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro efetuavam depósito nas contas bancárias sob análise; 5 – Cópia de cheques e comprovantes de pagamentos indicam que valores debitados nas contas bancárias sob análise foram destinados a fornecedores das empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro. Ver cópia de folhas do Livro Registro de Entradas da fiscalizada, fls. 80 a 84; 6 – Valores provenientes das contas bancárias sob análise foram utilizados para pagamento de compras efetuadas pelas empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, segundo informações obtidas junto a fornecedores dessas empresas; 7 – As empresas Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro, intimadas a justificar a origem dos recursos movimentados nas contas bancárias sob análise, não apresentaram qualquer documento que justificasse tal movimentação financeira; 8 – A não comprovação da origem dos créditos efetuados nas contas bancárias sob análise que comprovadamente movimentaram recursos da Speed Cruzeiro e Speed Passa Quatro , implicou atribuir a essas empresas a titularidade de tais recursos. Fl. 1297DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.298 13 O processo n° 16045.000233/200549, fls. 948 a 971, que trata de auto de infração referente ao anocalendário de 1999, assim como o presente processo, foram formalizados com base em elementos de prova comuns ao processo de exclusão da empresa fiscalizada do SIMPLES, 16045.000196/200579, sendo que esse último se encontra anexado ao primeiro. Por fim, cumpre informar que será formalizada Representação Fiscal para Fins Penais, nos termos da Portaria (SRF) n ° 326/2005, em razão de apuração de infração qualificada. ” Da Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação, de fls. 972/978, que aduziu os seguintes argumentos: A 1ª Turma da DRJ/CPS, em 07 de novembro de 2006, prolatou Acórdão n. 0515120, e julgou improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 01/01/2000 A 31/12/2001 EXCLUSÃO DO SIMPLES. EXIGÊNCIAS DECORRENTES O processo administrativo em que se debate a exclusão do contribuinte do Simples não condiciona a deflagração de procedimentos fiscais ulteriores. DECADÊNCIA. FRAUDE. A exigência de IRPJ pertinente ao 4º trimestre de 2000, considerado o art. 173, inciso I, do CTN (aplicável, dentre outras, no caso de fraude),não está decaída se o contribuinte foi cientificado da autuação em junho/2006. No caso das Contribuições (Contribuição ao PIS, Cofins, CSLL), vale o disposto no art. 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91. EXIGÊNCIAS REFLEXAS. Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.299 14 As exigências reflexas (CSLL, Cofins e Contribuição ao PIS) seguem a sorte do principal (IRPJ). Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 1165 e ss, onde reforça os argumentos já apresentados em sede de impugnação, atendose aos seguintes pontos: Da preliminar exclusão do SIMPLES; Da não caracterização da omissão de receitas nos anos de 2000/2001; Da decadência dos tributos lançados nos anoscalendários de jan/2000 a jun/2001; Às fls. 1212 e ss, em 19/12/2008, houve o sobrestamento do feito, em razão do julgamento acerca da exclusão do SIMPLES, nos autos do PA 16045.000196/200579, que tramita apensado ao PA 16045.000233/200549. Posteriormente, às fls. 1279/1282, por meio de Despacho 1101047, solicitouse a existência de AR que apontem a data correta do recebimento da intimação do acórdão recorrido, a fim de se verificar a tempestividade do recurso e a digitalização, mais uma vez, do recurso voluntário que estavam incompletas. Assim, o processo foi corrigido. Recebi os autos por sorteio em 18/05/2017. É o relatório. Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.300 15 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi autuada, em 01/07/2005, no IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, nos anoscalendários de 2000 a 2001, em razão da omissão de receitas, utilizandose de interpostas pessoas, exigindose o crédito tributário total de R$264.823,24, incluindo multa de ofício de 150% e juros de mora. RECURSO VOLUNTÁRIO A contribuinte foi cientificada do teor do acórdão da DRJ/CPS e intimada ao recolhimento dos débitos de IRPJ e reflexos em 19/01/2007 (AR de fl. 1159v), e apresentou em 22/02/2007, recurso voluntário e demais documentos, juntados às fls. 1165 e ss. Já que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, e tempestivos, deles conheço. Importante ressaltar que foram juntadas às fls. 1101/1132, cópias da decisão da DRJ/CPS dos autos do PA 16045.000233/200549, que julgou também a exclusão do SIMPLES do PA 16045.000196/200579, mantendo a exclusão. Assim como verifico também, em pesquisa no site do CARF, a decisão nos autos desse mesmo processo Ac. 1101001.2070, de 04/03/2015, em que o Colegiado manteve a exclusão do SIMPLES. Assim quanto a esta preliminar relacionada à exclusão do SIMPLES, de ser afastada. Do Mérito No mérito o recorrente em poucas linhas menciona que não praticou vendas subfaturadas, por isso o lançamento seria nulo. Ora, a fiscalização se iniciou através das movimentações ocorridas na pessoa física da Sra. Rosemary Nazário da Silva, sócia quotista com 5% do capital social da empresa e esposa do Sr. Ronaldo a Santos Moreira, sócio detentor de 95% do capital. E ela mesma apresentou documentação, porém não conseguiu justificar a diferença, que foi obtida diretamente das respectivas Instituições Financeiras. De outra ponta, após intimações de algumas pessoas jurídicas, elas afirmaram serem clientes e fornecedores da "Speed Cruzeiro" e "Speed Passa Quatro", chegandose à conclusão de que os valores que transitavam pelas contas bancárias da Sra Rosemary, na realidade pertenciam àquelas pessoas. Assim, caberia a este provar o inverso. Quebra do sigilo bancário Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.301 16 O recorrente afirma não ser possível a quebra do sigilo bancário pelo Fisco, sem autorização judicial, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF. Entendo não ter razão o recorrente, pelos motivos a seguir. Isso porque o Supremo Tribunal Federal julgou recentemente essa matéria em sede de Repercussão Geral. O julgamento se deu no âmbito do Recurso Extraordinário nº 601.314, na sessão plenária do dia 24.02.2016, publicada em no DJe nº 37/2016 (em 29.02.2016), e decidiu por maioria de votos a seguinte: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016. ” Ademais, transcrevo o dispositivo legal que permite o acesso à movimentação financeira pela Fisco, o art 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001: Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Assim também o entendimento da Profa. Maria Rita Ferragut1: "O sigilo bancário não é absoluto, e, no que diz respeito ao aspecto fiscal, deve ceder ao interesse público de obter informações que possam se configurar relevantes a tipificar indícios de prática do fato jurídico tributário. A interpretação do direito à privacidade, na forma ora proposta, garante tanto a eficácia na produção de provas tributárias, quanto a concretização da legalidade e da igualdade. Os benefícios parecem, portanto, muito maiores que a prevalência cega e absoluta da privacidade." Dessa forma, correto o procedimento fiscal embasado em dispositivo legal em plena vigência. Multa qualificada e decadência 1 As provas e o direito Tributário, pág. 110. Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.302 17 O recorrente nada menciona acerca da multa qualificada, nem em impugnação nem em recurso, apenas trata que seriam incabíveis quaisquer multas, porém trata da decadência. Para se analisar a decadência, necessário se faz a análise da qualificação da multa. O TVF foi claro neste ponto: Na fiscalização identificouse que diversas pessoas jurídicas clientes faziam os depósitos na conta da Sra. Rosemary, sócia da empresa. Os bancos intimados, constataram que os depositantes são clientes da empresa: Bem como o vínculo da empresa com a pessoa física: Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.303 18 Assim, de fato em razão da utilização de interposta pessoa, a multa qualificada deve prevalecer. Dessa forma, tenho que está configurada a forma de atuação da recorrente, fazendo transitar recursos da empresa em contas correntes de terceiros, com o evidente intuito de sonegação. Assim, em que pese a existência da Súmula CARF 14: em que a simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo, verifico que nestes autos ela está comprovada. A Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, constante do dispositivo que qualifica a multa de ofício, na Lei nº 9.430, de 1996, caracterizou: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Art . 74. Apurandose, no mesmo processo, a prática de duas ou mais infrações pela mesma pessoa natural ou jurídica, aplicam se cumulativamente, no grau correspondente, as penas a elas cominadas, se as infrações não forem idênticas ou quando ocorrerem as hipóteses previstas no art. 85 e em seu parágrafo. § 1º Se idênticas as infrações e sujeitas à pena de multas fixas, previstas no art. 84, aplicase, no grau correspondente, a pena cominada a uma delas, aumentada de 10% (dez por cento) para cada repetição da falta, consideradas, em conjunto, as circunstâncias qualificativas e agravantes, como se de uma só infração se tratasse. (Vide DecretoLei nº 34, de 1966) (Grifou se.) Assim, no meu entender cabível a multa qualificada já que caracterizado o dolo, no evidente intuito de sonegação da recorrente. Passemos, então à análise da decadência. Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.304 19 No lançamento, cuja ciência se deu em 22/06/2006 (fl. 974), a fiscalização deixou de lançar os três primeiros trimestres de 2000 para o IRPJ, mantendose o do 4º trimestre. Bem como considerouse aqui o art. 173, I, do CTN, em razão do dolo, fraude ou simulação. Agora no que tange às demais contribuições, PIS e Cofins, ainda que se utilizando do art. 173, I, do CTN, os períodos de janeiro a novembro de 2000 encontramse decaídos, já que poderiam ser lançados até 31/12/2005, tendo a ciência ocorrido em junho/2006, já que a contagem se iniciou em 01/01/2001, terminando em 31/12/2005. E no caso da CSLL, decaídos o primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2000, como ocorreu com o IRPJ. Neste sentido a Súmula CARF nº 72: "Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN." “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/1999 a 31/03/2003 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE N° 08. PRAZO QUINQUENAL DOS ARTIGOS 173, INCISO I E 150, §4°, DO CTN. Aplicase o prazo do artigo 173, I, do CTN na hipótese de comprovada ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” (P.A. n. 17460.000393/200711 Acórdão n. 2301004.064 Sessão de 16/07/2014 Cons. Rel. Adriano Gonzales Silvério, grifos acrescidos) CONCLUSÃO Diante de todo o acima exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e no mérito DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, afastandose os lançamentos ocorridos de janeiro a novembro de 2000, de PIS e Cofins e dos primeiro, segundo e terceiro trimestre de 2000 para a CSLL, em razão da decadência. (documento assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 16045.000138/200626 Acórdão n.º 1301002.571 S1C3T1 Fl. 1.305 20 Fl. 1305DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13606.000068/2007-04
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003 ARBITRAMENTO. HIPÓTESE. O lucro da pessoa jurídica deve ser arbitrado quando o contribuinte, ao ser regularmente intimado deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de acordo com as normas de escrituração . comercial e fiscal. NULIDADE DE LANÇAMENTO. Verificada nos autos a inexistência de qualquer das hipóteses previstas nos artigos. 59 e 60 do Decreto ri' 70.235/72, não há • que se falar em nulidade. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Tendo a autoridade fiscal observado o cumprimento dos requisitos legais indispensáveis à validade do lançamento do crédito tributário, eventuais questionamentos acerca da emissão ou execução do MPF, por constituir essencialmente um instrumento de controle administrativo, não importam em nulidade do lançamento. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Tendo a impugnante se insurgido contra a exclusão do SIMPLES, não se toma conhecimento das alegações de defesa correspondentes em face de tal matéria não ter sido objeto de lançamento no auto de infração em análise. DECADÊNCIA. O prazo decadencial começa a fluir na data da ocorrência do fato gerador que, no caso de lucro arbitrado, é trimestral. TAXA SELIC . Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita. Fl. 425 DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA Súmula CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária SIMPLES, EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DOS TRIBUTOS JÁ PAGOS. Os tributos pagos na sistemática do SIMPLES são passíveis de aproveitamento para pagamento dos tributos de mesma natureza apurados após a exclusão do contribuinte de referido regime de recolhimento. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 1801-000.688
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: Edgar Silva Vidal
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003 ARBITRAMENTO. HIPÓTESE. O lucro da pessoa jurídica deve ser arbitrado quando o contribuinte, ao ser regularmente intimado deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de acordo com as normas de escrituração . comercial e fiscal. NULIDADE DE LANÇAMENTO. Verificada nos autos a inexistência de qualquer das hipóteses previstas nos artigos. 59 e 60 do Decreto ri' 70.235/72, não há • que se falar em nulidade. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Tendo a autoridade fiscal observado o cumprimento dos requisitos legais indispensáveis à validade do lançamento do crédito tributário, eventuais questionamentos acerca da emissão ou execução do MPF, por constituir essencialmente um instrumento de controle administrativo, não importam em nulidade do lançamento. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Tendo a impugnante se insurgido contra a exclusão do SIMPLES, não se toma conhecimento das alegações de defesa correspondentes em face de tal matéria não ter sido objeto de lançamento no auto de infração em análise. DECADÊNCIA. O prazo decadencial começa a fluir na data da ocorrência do fato gerador que, no caso de lucro arbitrado, é trimestral. TAXA SELIC . Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita. Fl. 425 DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA Súmula CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária SIMPLES, EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DOS TRIBUTOS JÁ PAGOS. Os tributos pagos na sistemática do SIMPLES são passíveis de aproveitamento para pagamento dos tributos de mesma natureza apurados após a exclusão do contribuinte de referido regime de recolhimento. Recurso Voluntário Provido em Parte
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HIPÓTESE. O lucro da pessoa jurídica deve ser arbitrado quando o contribuinte, ao ser regularmente intimado deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de acordo com as normas de escrituração . comercial e fiscal. NULIDADE DE LANÇAMENTO. Verificada nos autos a inexistência de qualquer das hipóteses previstas nos artigos. 59 e 60 do Decreto ri' 70.235/72, não há • que se falar em nulidade. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. Tendo a autoridade fiscal observado o cumprimento dos requisitos legais indispensáveis à validade do lançamento do crédito tributário, eventuais questionamentos acerca da emissão ou execução do MPF, por constituir essencialmente um instrumento de controle administrativo, não importam em nulidade do lançamento. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Tendo a impugnante se insurgido contra a exclusão do SIMPLES, não se toma conhecimento das alegações de defesa correspondentes em face de tal matéria não ter sido objeto de lançamento no auto de infração em análise. DECADÊNCIA. O prazo decadencial começa a fluir na data da ocorrência do fato gerador que, no caso de lucro arbitrado, é trimestral. TAXA SELIC . Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita. Fl. 425DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI TRIBUTÁRIA Súmula CARF nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária SIMPLES, EXCLUSÃO. APROVEITAMENTO DOS TRIBUTOS JÁ PAGOS. Os tributos pagos na sistemática do SIMPLES são passíveis de aproveitamento para pagamento dos tributos de mesma natureza apurados após a exclusão do contribuinte de referido regime de recolhimento. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto do Relator. Declarouse impedida a Conselheira Carmen Ferreira Saraiva. (Documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente. (Documento assinado digitalmente) Edgar Silva Vidal Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmem Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira, Edgar Silva Vidal e Ana de Barros Fl. 426DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13606.000068/200704 Acórdão n.º 1801000.688 S1TE01 Fl. 399 3 Relatório A empresa foi excluída do Simples a partir de 01/01/2002 por ter auferido receita bruta em montante acumulado excedente ao limite estabelecido para permanência no Simples. Para o anocalendário de 2002 a empresa poderia optar pelo Lucro Presumido ou Lucro Real (art.516 do RIR199), o que não fez. Não apresentou os livros Razão,Diário e Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado bem como o livro de Apuração do Lucro RealLALUR. Por esses motivos, a fiscalização procedeu ao arbitramento do lucro tendo em vista que a contribuinte, sujeito a tributação com base no Lucro Real, não possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, fato este por ele declarado conforme resposta a Termo de Intimação datado de 22/11/2006 e anexo aos autos. – Com base no arbitramento, foi lançado Auto de Infração referente ao IRPJ e, em decorrência da fiscalização do IRPJ, foram lançados , também, Autos de Infração referentes ao PIS, COFINS e CSLL., todos acrescidos de juros de mora e multa de 75%. Cientificada em 23/03/2007, impugnou o lançamento, questionando: I – irregularidades no MPF; II – ilegalidade da exclusão do SIMPLES; III– inexistência de excesso de receita; IV – decadência em relação aos meses de janeiro e fevereiro de 2002; V – ilegalidade do arbitramento das base de cálculo do IRPJ e da CSLL; VI – compensação dos tributos pagos antecipadamente; VII–inaplicabilidade da taxa SELIC. Com o Acórdão nº 0223.426. de 20 de agosto de 2009, a 4ª Turma da DRJ/BHE julgou a impugnação improcedente e manteve o crédito tributário. Intimada do Acórdão em 10/11/2009, interpôs Recurso Voluntário na mesma data, com os mesmos questionamentos contidos na impugnação e pede: 1. Reconhecimento das irregularidades apontadas no Procedimento de Fiscalização, notadamente no que se refere à seqüência de prorrogações de MPF e emissão de MPF Complementar, deixando de apurar os fatos ocorridos como determinam os princípios que regem a Administração Pública, propiciando o direito à ampla defesa ao contribuinte; 2. Reconhecimento da ilegalidade na exclusão da Recorrente do SIMPLES, pelas razões apontadas, e, via de conseqüência, aplicação equivocada da legislação relativa ao regime de tributação, que utilizou a forma individualizada para cada exação, quando deveria ter aplicado o regime do SIMPLES para a diferença na receita apurada; Fl. 427DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 3. Exclusão dos fatos geradores ocorridos nos meses de Janeiro e Fevereiro de 2002 da autuação, referente a todas as exações, devido à ocorrência da Decadência do direito de lançar tributos após decorrido o prazo de 5 anos contados da ocorrência dos fatos geradores; 4. Declaração da ilegalidade da utilização da base de cálculo arbitrada para o IRPJ e CSLL, desconsiderandose o arbitramento c utilizandose as despesas e custos registrados no Livro Caixa para apuração da base de cálculo real; 5. que sejam compensados os valores recolhidos antecipadamente, excluindo se os respectivos •juros e multas; 6. Declaração da inconstitucionalidade da aplicação da Taxa SEL1C, com o conseqüente decote dos valores referentes a ela. 7. que sejam as intimações enviadas para o seguinte endereço:dos procuradores: Rua Grão Mogol, 1.193, Sion, Belo Horizonte — MG CEP 30 315600. É o relatório Fl. 428DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 13606.000068/200704 Acórdão n.º 1801000.688 S1TE01 Fl. 400 5 Voto Conselheiro Edgar Silva Vidal, Relator O Recurso foi interposto tempestivamente e dele conheço. No lançamento, a autoridade fiscal deve cumprir os requisitos legais indispensáveis à sua validade, sendo que eventuais questionamentos acerca da emissão ou execução do MPF, instrumento de controle administrativo, não importam em nulidade do lançamento.. Verificado nos autos que o lançamento se revestiu de todas as formalidades legais, não há que se falar em nulidade do mesmo, por não se enquadrar em nenhuma das hipóteses previstas nos artigos 59 e 60 do Decreto 70.235/1972. A impugnação da exigência instaura fase litigiosa do procedimento, nos termos do artigo 14 do Decreto nº 70.235/1972. Antes disso, portanto, não há se falar em cerceamento de defesa ou contraditório.. Não conheço dos questionamentos da exclusão da empresa do sistema SIMPLES e da inexistência de excesso de receita, pois as matérias não constam do Auto de Infração e não fazem parte deste processo. Rejeito a ilegalidade do arbitramento alegada pela recorrente, pois o Auto de Infração foi lavrado com base no artigo 530, inciso I , do RI R– Decreto nº 3000, de 1999: Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): Io contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal. Relativamente à decadência, há de se considerar que na modalidade do lucro arbitrado o imposto é devido trimestralmente. No caso, a impugnante tomou ciência do auto de infração em 23 de março de 2007 não há que se falar em decadência para os meses de janeiro e fevereiro do anocalendário de 2002. No tocante a inconstitucionalidade de leis este Conselho não é competente para se pronunciar, nos termos da Súmula CARF nº2:: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Relativamente aos débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal, incidem, desde 1º de abril de 1995, juros moratórios à taxa SELIC, no período de inadimplência, de acordo com a Súmula CARF nº 4:, Fl. 429DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Tem procedência a alegação da recorrente para aproveitamento dos valores pagos pela sistemática no SIMPLES, que deverão ser abatidos dos valores lançados por arbitramento, sob pena do bis in idem. Diante do exposto, voto para dar provimento parcial ao Recurso Voluntário. (Documento assinado digitalmente) . Edgar Silva Vidal Relator. Fl. 430DF CARF MF Emitido em 28/11/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 17/11/2011 por EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 17/11/2011 po r EDGAR SILVA VIDAL, Assinado digitalmente em 28/11/2011 por ANA DE BARROS FERNANDES
score : 1.0
Numero do processo: 13893.000403/2002-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS INDUSTRIAIS.
Não comprovada a necessidade de profissional legalmente habilitado (engenheiro ou assemelhados) para a execução das atividades de prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais, a pessoa jurídica pode optar pelo sistema do SIMPLES de recolhimento de tributos federais. Inteligência da Súmula CARF nº 57.
Numero da decisão: 1301-002.603
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a compor o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS INDUSTRIAIS. Não comprovada a necessidade de profissional legalmente habilitado (engenheiro ou assemelhados) para a execução das atividades de prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais, a pessoa jurídica pode optar pelo sistema do SIMPLES de recolhimento de tributos federais. Inteligência da Súmula CARF nº 57.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE AFIAÇÃO DE FERRAMENTAS INDUSTRIAIS. Não comprovada a necessidade de profissional legalmente habilitado (engenheiro ou assemelhados) para a execução das atividades de prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais, a pessoa jurídica pode optar pelo sistema do SIMPLES de recolhimento de tributos federais. Inteligência da Súmula CARF nº 57. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a compor o presente julgado. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 3. 00 04 03 /2 00 2- 63 Fl. 181DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 182 2 Relatório Por bem resumir o litígio, transcrevo o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o processo de pedido de inclusão no Simples com efeitos retroativos à 01/01/2000, tendo a contribuinte alegado que, quando de sua constituição, não se inscreveu como optante do Simples, e que, acreditando que tinha optado, recolheu seus tributos, bem como apresentou suas declarações segundo essa sistemática. 2. A Delegacia da Receita Federal em Guarulhos indeferiu o pedido da contribuinte (fl. 44/46), informando que a contribuinte não apresentou documentos necessários para a análise de seu pedido, ainda que intimada para isso, e argumentando que ela exercia atividade econômica que vedava sua opção pelo Simples, isto é, a afiação de ferramentas que se assemelha à prestação de serviços de engenheiro, conforme art. 9º, inciso XIII, da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 3. Cientificada do indeferimento de seu pedido em 11/09/2003 (fl. 48), a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 49/50, em 01/10/2003, na qual informa que está anexando os documentos solicitados anteriormente e alega, em síntese e fundamentalmente, que: 3.1. sua atividade não se enquadra entre as que vedam a opção pelo Simples, nos termos do inciso XIII do art. 9º da Lei nº 9.317, de 1996, nem mesmo entre aquelas citadas como “assemelhadas”, estas na forma definida na resposta da questão nº 141 das Perguntas e Respostas formuladas pela Receita Federal; 3.2. o Ato Declaratório nº 4, de 22 de fevereiro de 2000, não é aplicável à espécie, pois dispõe sobre a opção pelo Simples de empresas que prestem serviços de montagem e manutenção de equipamentos industriais. Com efeito, esse ato ao utilizar a conjunção aditiva “e”, demonstra que somente aquelas pessoas jurídicas que tenham como ramo de atividade a prestação de ambos os serviços é que estão proibidas de optar pelo Simples. Se outro fosse o entendimento, teria sido usada a conjunção alternativa ou exclusiva “ou” para determinar as atividades que impedem a opção; 3.3. presta serviços de afiação de ferramentas, não se enquadrando no conceito de manutenção, que, salvo melhor juízo, se refere a cuidados técnicos indispensáveis ao funcionamento regular e permanente de motores e máquinas. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 183 3 Em julgamento da manifestação de inconformidade apresentada, a turma julgadora de primeira instância julgoua improcedente. O contribuinte foi cientificado da decisão em 15 de julho de 2005 (fl. 101), apresentando recurso voluntário em 15 de agosto de 2005 (fls. 102103). Em resumo, assim consta na peça recursal: 1) a atividade da empresa, inicialmente de prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais, posteriormente alterada para fabricação e comércio de ferramentas, bem como prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais, é toda ela efetuada nas dependências da recorrente, para onde são encaminhadas as ferramentas a serem afiadas, sendo, após o serviço executado, retiradas pelas empresas solicitantes dos serviços. 2) Tais ferramentas servirão como parte do instrumental utilizado para a manutenção/reparação dos equipamentos industriais das clientes da recorrente, serviços esses efetuados por empregados das próprias empresas ou por empresas terceirizadas, por elas contratadas. 3) Destarte, os serviços prestados pela recorrente são, pura e simplesmente, de afiação, e não de manutenção ou reparação de equipamentos. 4) Assim, mais do que cabível ser a empresa enquadrada no SIMPLES, pois tem condições legais para esta opção. 5) Pelos serviços executados, a recorrente não pode ser considerada nem assemelhada à profissão de engenheiro. 6) A vedação contida no inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317/96 não pode ser tão abrangente que atinja toda atividade relacionada A área industrial. 7) Afirmar que a mera afiação de ferramentas, no estabelecimento próprio do prestador do serviço, se assemelha a manutenção ou reparação mecânica é querer tomar a relação de atividades vedadas não apenas "não exaustiva", mas, sim, ilimitada. 8) Pugna pelo acolhimento de sua defesa e pelo provimento do apelo, determinandose sua inclusão retroativa na sistemática – do SIMPLES, com data retroativa a sua inscrição no CNPJ, ocorrida em 18/11/1999. Por meio da Resolução nº 3021.364, a então 2ª Câmara do 3º Conselho de Contribuintes converteu o julgamento em diligência, nos seguintes termos: A interessada protocolizou requerimento junto à Agência da Receita Federal em Mogi das Cruzes/SP pleiteando sua inclusão retroativa no Simples, argumentado que, em virtude de erro de terceiros, ao fazer sua inscrição no CNPJ, em 18/11/1999, não foi inscrita como optante por aquele Sistema. Destacou que, por possuir todos os requisitos para se enquadrar no Simples, vem recolhendo seus impostos por meio de DARF'sSimples e apresentado sua declaração também como optante por aquela sistemática de tributação. Fl. 183DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 184 4 Para comprovar o alegado, juntou cópias dos DARF'referentes ao período de apuração de junho de 2001 a dezembro de 2001 (fls. 06 a 12), bem como cópia de sua Declaração Anual Simplificada exercício 2001 (fl. 13) e Recibo de Entrega da Declaração de Informações anocalendário 1999 (fl. 14). A DRF em Guarulhos, para instruir o processo, intimou a empresa a apresentar: (a) originais e cópias do Contrato Social e Alterações Contratuais, para conferencia e posterior devolução, ou Ficha de breve relato atualizada, com todos os documentos cadastrados, emitida pela Junta Comercial do Estado de São Paulo JUCESP; e (b) informações quanto a data de opção pelo Simples, ao porte da empresa e impostos dos quais a pessoa jurídica é contribuinte, conforme modelo anexo. A intimação por via postal foi devolvida, por motivo de "mudança" da destinatária. Foi providenciada intimação via edital. A empresa não se manifestou. Nos termos do Despacho Decisório de fls. 44 a 46, o pleito da interessada foi indeferido, não apenas por não ter sido possível sua análise, como também por força da vedação contida no inciso XIII, do art. 9° Lei n° 9.317/96. A. fl. 48 consta a ciência do Despacho Decisório por pessoa não identificada, datada de 11/09/2003. Em 01/10/03, a empresa, por procurador (fl. 51), protocolizou sua manifestação de inconformidade, A. qual juntou alguns dos documentos anteriormente solicitados Ws. 53 a 65). Nada foi informado em relação ao porte da empresa, data de opção pelo Simples e impostos a serem recolhidos. Em primeira instancia o indeferimento foi mantido, com base na vedação decorrente de "atividade econômica não permitida, ou `assemelhada'." No recurso interposto, a interessada procura explicar a atividade que, efetivamente, exerce, insurgindose contra a abrangência dada pela fiscalização disposição contida no inciso XIII, do art. 9º, da Lei n° 9.317/96. Os documentos do processo não permitem que se tenha uma noção clara não somente das atividades da empresa, como também de outros requisitos de grande relevância para o deslinde do litígio. Constam dos autos alguns DARF'sSIMPLES, que se reportam aos últimos seis meses do exercício de 2001. Entretanto, a recorrente pleiteia sua inclusão retroativa desde sua abertura, ou seja, nov/99. Por outro lado, a empresa não atendeu plenamente a solicitação da DRF jurisdicionante, não permitindo que seu pleito fosse analisado. Na pesquisa feita nos sistemas da SRF (fl. 23 e 24), assim como na Declaração IRPJ 2001, verificase que as receitas brutas mensais da interessada são compatíveis com a opção pelo Simples, especialmente se a empresa permaneceu inativa durante o ano de 1999. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 185 5 Quanto à regularidade fiscal, o "espelho" de fl. 15 informa que "consta irregularidade cadastral para o contribuinte" e que "constam pendências para este contribuinte". Qual a irregularidade? Seriam estas pendências decorrentes, apenas, de não apresentação de DCTF's? Entendo que, para a melhor solução da lide, estas dúvidas merecem ser esclarecidas. Os autos retornaram à unidade de origem, restando esclarecido (efl. 130) que houve equívoco na visualização do documento por parte da então relatora, pois a palavra “não” antes de todas as pendências indicadas provavelmente ficara encoberta quando da visualização do demonstrativo de efl. 20. Os autos retornaram ao CARF e fora prolatada nova Resolução (3021.474), nos seguintes termos: Apesar de o recurso voluntário aqui presente já ter oportunizado uma diligência, consoante relatado, ainda entendo que o processo administrativo carece de providências antes do seu julgamento, pois os esclarecimentos não foram suficientes para aclarar a persistente e fundamental dúvida: quais as atividades, de fato, da pessoa jurídica ora litigante. Cumpre observar que esta questão já assolava o pensamento da i. relatora que manifestara sua preocupação com o tema: Os documentos do processo não permitem que se tenha uma noção clara não somente das atividades da empresa, como também de outros requisitos de grande relevância para o deslinde do litígio. Assim é que oriento meu voto no sentido de converter o julgamento em diligência, novamente, para que a autoridade preparadora da unidade de origem tome as seguintes providências: a) verifique in loco qual a atividade desenvolvida pela ora recorrente, e junte ao processo elementos informativos de tal atividade, reduzindo tudo a Termo circunstanciado e conclusivo; b) informe o faturamento e o número de empregados da empresa; c) ato seguido, dar ciência à interessada do Termo e demais elementos juntados, concedendolhe o prazo de trinta dias para manifestarse sobre o assunto, se assim o desejar. Após a efetivação da diligência, retornem os autos a esta Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes para julgamento. Segundo relatório fiscal de fls. 173175, a recorrente não mais desempenha as atividades em seu endereço cadastral, e, segundo se procurador constituído nos autos e contador da empresa à época dos fatos a que se refere o presente processo o contato com o antigo responsável legal da empresa teria sido descontinuado, não sendo possível entrar em contato com o mesmo. De toda forma, ressalvando que não seria possível a verificação “in loco” solicitada pela diligência, informa a autoridade fiscal responsável pela diligência que na Fl. 185DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 186 6 Declaração IRPJ 2001 transmitida pela recorrente suas receitas brutas no período eram compatíveis com a opção pelo Simples, que a empresa se manteve inativa no anocalendário de 1999. Anexou ainda DIRPJ´s relativas aos exercícios de 2001 a 2004, informando que a empresa transmitiu DIRPJ´s de inatividade nos exercício de 2005 a 2009, e que se tratava de uma microempresa. É o relatório. Fl. 186DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 187 7 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. Conforme relatado, o presente processo foi alvo de duas resoluções proferidas por antigos colegiados do extinto Conselho de Contribuintes. Em resumo, tratase de pedido de inclusão retroativa no Simples de empresa que alega que agiu como optante pelo Simples (transmitiu declarações e realizou recolhimentos como se fosse optante do Simples), não desempenhava atividade vedada para sua inclusão e manutenção nesse regime diferenciado de tributação e suas receitas se enquadravam nos limites para fazer jus a inclusão no Simples. Compulsando os autos, de fato, confirmase que a empresa, desde o ano calendário de 2000, possuía receitas compatíveis com a inclusão no Simples, havia realizado recolhimentos em DARF com código de receita referente ao Simples (6106 fls. 1117) e transmitiu declaração anual simplificada, na condição de microempresa com receitas brutas mensais que em nenhum momento ultrapassaram a faixa de R$ 4.300,00 (fl. 18). Os sistemas da RFB confirmam tais informações (relação de declarações transmitidas à fl. 27, demonstrativos de receita bruta e saldo de Simples a pagar às fls. 28 e 29 e recolhimentos de Simples às fls. 3039). Segundo seu contrato social, a atividade desempenhada pela recorrente era o ramo de comércio de ferramentas e prestação de serviços de afiação de ferramentas industriais (fl. 5), não havendo qualquer prova nos autos de que outra atividade seria desempenhada. Para a turma julgadora de primeira instância, não poderiam optar pelo Simples as pessoas jurídicas que prestavam serviços de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos, pois essa atividade seria exercida por profissionais com habilitação legalmente exigida ou a eles assemelhados, no caso concreto, engenheiros ou assemelhados (art. 9º, inciso XIII, da Lei 9.317/1996). Argumentase que a análise do significado do termo “assemelhado” constante do inciso XIII, do art. 9º da Lei nº 9.317/96, concluise que sua interpretação seja no sentido de que a relação de atividades desse dispositivo não seria exaustiva, incluindo qualquer atividade de prestação de serviço que tenha similaridade ou semelhança com aquelas enumeradas. Nessas condições, é forçoso afirmar que a simples menção de uma atividade impeditiva, dentre várias, e no caso sequer claramente impeditiva, não é, por si só, motivo de exclusão do Simples. Ainda mais, havendo dúvidas sobre a efetiva possibilidade de equiparar a atividade exercida a "serviços de engenharia", caberia à administração tributária colher provas que demonstrassem, inquestionavelmente, que ao menos uma das atividades efetivamente desenvolvidas pela recorrente é vedada ao Simples. Reiteradas são as decisões do Conselho de Contribuintes neste sentido, a exemplo do decidido no Acórdão 30239589, de 20/06/2008, assim ementado: Fl. 187DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 188 8 SIMPLES. EXCLUSÃO INDEVIDA. OBJETO SOCIAL MÚLTIPLO. ÔNUS DA PROVA. Havendo mais de uma atividade no objeto social da empresa, e nem todas vedadas à opção pelo SIMPLES, no procedimento de exclusão do regime cabe à Administração Tributária provar que a recorrente praticava pelo menos uma das atividades vedadas constantes de seu contrato social, ou mesmo não constante desse, e não à recorrente fazer prova negativa de que não praticava nenhuma atividade vedada, portanto, é indevida a exclusão. Concluise, em razão da fundamentação legal mencionada no ADE e pelo enquadramento no inciso XIII do art. 9º da Lei nº 9.317/96, a atividade exercida pela interessada foi tida pela administração da DRF como integrante dos serviços pertencentes à categoria de "serviços profissionais", mais especificamente, de "serviços profissionais de engenheiro", o que, entretanto, não está comprovado de fato. Aliás, também foi este o raciocínio adotado pelo relator do acórdão recorrido, o que se infere do seguinte excerto do voto: 11. Nessa linha de raciocínio, devese assentar o fato de que basta o exercício da prestação dos serviços de reparação e manutenção mecânica, com supervisão, assinatura ou execução por profissional regulamentado ou não, para que a opção pelo Simples seja vedada. Diante disso, mesmo que os serviços sejam prestados por outro tipo de profissional ou pessoa não qualificada, a pessoa jurídica não poderá permanecer no regime simplificado, porquanto se trata do exercício de atividades assemelhadas à profissão de engenheiro. 12. Por fim, tendo por base toda a argumentação acima desenvolvida, há que se concluir que a interpretação da contribuinte do disposto no Ato Declaratório Normativo nº 4, de 2000, isto é, que a opção pelo Simples somente estaria vedada às empresas que prestassem serviços de montagem juntamente com os serviços de manutenção dos equipamentos industriais, não tem fundamento. Esse entendimento da interessada revelase, de pronto, claramente incoerente, pois quer fazer crer que os serviços de instalação/montagem e de manutenção/reparo isoladamente prestados não caracterizariam serviços de engenheiro, mas que feitos em conjunto passariam, sabese lá por qual motivo, a caracterizarem tais serviços. Na verdade, o que ocorre é que a Resolução nº 218, de 1973, do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, enumera os diversos serviços de competência dos engenheiros, entre eles tanto a montagem e instalação quanto a manutenção e reparo dos equipamentos industriais, sem se referir em nenhum momento à prestação conjunta desses serviços para a inclusão nessa competência. Destarte, a prestação desses serviços, em conjunto ou separadamente, são característicos da atividade de engenheiro ou a ele assemelhado. Com a devida vênia, ouso discordar do entendimento expresso no acórdão recorrido, pois não existe sequer qualquer evidência que as atividades exercidas pela contribuinte exijam a interferência de engenheiro mecânico, ou que nela se desempenhem atividades de competência primordial de profissionais legalmente habilitados na área de engenharia. Além do mais, não há nos autos qualquer prova efetiva, cujo ônus é do fisco, que imponha o entendimento de que os serviços prestados na oficina da interessada são, no mínimo, de relativa complexidade. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 189 9 Cabe ressaltar que, o artigo 4º da Lei n° 10.964/2004, posteriormente alterado pela Lei n° 11.051/2004, o qual foi regulamentado pelo Ato Declaratório Executivo nº 8, de 18 de janeiro de 2005, excetuou, expressamente, da distorcida interpretação do inciso XIII do artigo 9° da Lei n° 9.317/96, retroativamente, diversos serviços de manutenção e reparação, nos seguintes termos: Art. 4º Ficam excetuadas da restrição de que trata o inciso XIII do art. 9º da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, as pessoas jurídicas que se dediquem às seguintes atividades: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I – serviços de manutenção e reparação de automóveis, caminhões, ônibus e outros veículos pesados; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) II – serviços de instalação, manutenção e reparação de acessórios para veículos automotores;(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) III – serviços de manutenção e reparação de motocicletas, motonetas e bicicletas; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV – serviços de instalação, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V – serviços de manutenção e reparação de aparelhos eletrodomésticos. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º Fica assegurada a permanência no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, com efeitos retroativos à data de opção da empresa, das pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham feito a opção pelo sistema em data anterior à publicação desta Lei, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º As pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo que tenham sido excluídas do SIMPLES exclusivamente em decorrência do disposto no inciso XIII do art. 9º da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, poderão solicitar o retorno ao sistema, com efeitos retroativos à data de opção desta, nos termos, prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal – SRF, desde que não se enquadrem nas demais hipóteses de vedação previstas na legislação. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 3º Na hipótese de a exclusão de que trata o § 2º deste artigo ter ocorrido durante o anocalendário de 2004 e antes da publicação desta Lei, a Secretaria da Receita Federal – SRF promoverá a reinclusão de ofício dessas pessoas jurídicas retroativamente à data de opção da empresa. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 4º Aplicase o disposto no art. 2º da Lei no 10.034, de 24 de outubro de 2000, a partir de 1º de janeiro de 2004. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 189DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 190 10 Como visto acima, a legislação em descrita veio pacificar o entendimento no sentido de que a prestação de serviços de manutenção e conservação de máquinas e equipamentos em geral, não é atividade que possa ser caracterizada como atividade que se subsume ao art. 9º, inciso XIII, da Lei n° 9.317/96. Cabe destacar também, as inúmeras decisões proferidas pelo antigo Terceiro Conselho de Contribuintes no sentido de que o teor do artigo 17, § 2º, da Lei Complementar 123/2006, que admite no Simples Nacional as empresas dedicadas às atividades de serviços de reparação e manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas, que o consentimento teria aplicação retroativa. Referidas atividades, dentre outras, antes da edição da Lei Complementar 123/2006, frequentemente eram equiparadas pela administração tributária a prestadoras de serviços de engenharia e excluídas do Simples com base no inciso XIII do art. 9º da Lei n° 9.317/96. Abaixo segue a ementa de algumas decisões proferidas pelo então Terceiro Conselho de Contribuintes: SIMPLES ATIVIDADES DE ENGENHARIA CIVIL ATIVIDADES NÃO VEDADAS PELA LEI COMPLEMENTAR 123/2006 APLICAÇÃO RETROATIVA. As atividades de construção de imóveis e de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreitada, não são mais vedadas ao SIMPLES nos termos do artigo 17, § 1º, inciso XIII, da LC 123/2006, Aplicação retroativa em virtude do artigo 106, inciso II, alínea "b", do Código Tributário Nacional. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO (Acórdão 30134.362, de 27/03/2008, Recurso 130.441) (No mesmo sentido os Acórdãos 30334535, 30134.578 e 39300.020) Corroborando tal entendimento foi editada a Súmula CARF nº 57, assim vazada: A prestação de serviços de manutenção, assistência técnica, instalação ou reparos em máquinas e equipamentos, bem como os serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento de metais, não se equiparam a serviços profissionais prestados por engenheiros e não impedem o ingresso ou a permanência da pessoa jurídica no SIMPLES Federal. Com efeito, tendo como suporte o entendimento de que os serviços prestados pela recorrente não se ajustam, em vista de sua pouca complexidade, às atividades próprias de engenheiro, não vejo como manter a decisão recorrida. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13893.000403/200263 Acórdão n.º 1301002.603 S1C3T1 Fl. 191 11 CONCLUSÃO Isso posto, voto por dar provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 191DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002108/2005-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CABIMENTO.
Constatada, mediante embargos de declaração, a ocorrência de obscuridade, omissão ou contradição deve-se proferir novo Acórdão, para retificar o Acórdão embargado.
Hipótese em que, no acórdão embargado, houve omissão acerca da preclusão de discussão da área de benfeitorias de 1,0 ha, não pleiteada pelo contribuinte até o momento da impugnação.
Numero da decisão: 9202-005.584
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração e, por maioria de votos, em acolhê-los com efeitos infringentes, re-ratificando o Acórdão nº 9202-004.582 de 24/11/2016, para alterar a decisão recorrida para dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda para considerar também preclusa, além da discussão dos 25,8 ha. como de APP - Área de Preservação Permanente, a discussão dos 1,0 ha. de benfeitorias sob análise, reformando-se assim o reconhecimento de ambas as áreas realizado pelo colegiado de origem. Vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que acolheram os embargos sem efeitos infringentes.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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OMISSÃO. CABIMENTO. Constatada, mediante embargos de declaração, a ocorrência de obscuridade, omissão ou contradição devese proferir novo Acórdão, para retificar o Acórdão embargado. Hipótese em que, no acórdão embargado, houve omissão acerca da preclusão de discussão da área de benfeitorias de 1,0 ha, não pleiteada pelo contribuinte até o momento da impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos Embargos de Declaração e, por maioria de votos, em acolhêlos com efeitos infringentes, reratificando o Acórdão nº 9202004.582 de 24/11/2016, para alterar a decisão recorrida para dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda para considerar também preclusa, além da discussão dos 25,8 ha. como de APP Área de Preservação Permanente, a discussão dos 1,0 ha. de benfeitorias sob análise, reformandose assim o reconhecimento de ambas as áreas realizado pelo colegiado de origem. Vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que acolheram os embargos sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 21 08 /2 00 5- 81 Fl. 1108DF CARF MF Processo nº 10925.002108/200581 Acórdão n.º 9202005.584 CSRFT2 Fl. 1.109 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado). Relatório Tratase de embargos de declaração de iniciativa da Fazenda Nacional, com fulcro no previsto no art. 65, §1o, inciso III, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Referese a embargante ao Acórdão nº 9.202004.582, deste Colegiado, julgado na sessão plenária de 24 de novembro de 2016, onde, por voto de qualidade, deuse provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Transcrevese a ementa e decisão do julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício:2001 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão o ADA foi apresentado em 04/02/04, assim antes do início da ação fiscal, ocorrido em 27/06/05. Assim,é possível a exclusão da área de APP declarada da base de cálculo do ITR Decisão: por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para considerar preclusa a discussão dos 25,8 ha. alegada como de APP Área de Preservação Permanente, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Alega a embargante, tempestivamente, a existência de omissão, uma vez que o Acórdão da instância ordinária (Acórdão no. 2.102001.602, de efls. 1009 e ss.) houvera não só acolhido a exclusão da área de preservação permanente de (272,5 + 25,8 =) 298,30 ha., bem como reconhecido a área de benfeitorias de 1,0 ha, tendo, ainda, a tese de preclusão suscitada pela Fazenda Nacional versado não somente sobre as áreas de preservação permanente acolhidas, mas também sobre o reconhecimento de 1,0 ha. a título de benfeitorias, a qual Fl. 1109DF CARF MF Processo nº 10925.002108/200581 Acórdão n.º 9202005.584 CSRFT2 Fl. 1.110 3 também não foi objeto de impugnação pelo contribuinte, conforme excerto recursal de efls. 1021/1022. Assim, defende a Fazenda Nacional que as áreas de benfeitorias reconhecidas pelo Acórdão n. 2102001.602, de 1,0 ha., (decisum de efls. 1009/1010) mereceriam idêntico destino ao conferido pelo acórdão embargado em relação aos 25,8 ha concedidos pelo referido Acórdão, em razão dos mesmos fundamentos. Ou seja, caberia dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda também quanto a esta matéria, cancelandose o reconhecimento das áreas de benfeitorias. Nesses termos, segue a embargante, verificase que o Colegiado foi omisso sobre questão essencial ao deslinde da controvérsia. Isto é, a Turma não se pronunciou, de forma clara e expressa, sobre a alegação de preclusão e inovação dos limites da lide por meio do recurso voluntário, trazida no recurso especial manejado pela Fazenda Nacional, sobre o reconhecimento de área de benfeitorias. Os embargos, na forma de despacho de admissibilidade de efls. 1104 a 1106, foram regularmente admitidos. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Inicialmente, cediço, a partir do teor do decisum de efls. 1009/1010 e excerto recursal de efls. 1020/1021, que caberia também a esta Turma ter se manifestado acerca do acolhimento ou não da preliminar de preclusão administrativa também quanto à área de benfeitorias de 1,0 ha., ainda que seu reconhecimento (ou não) não promova qualquer alteração no valor objeto de lançamento consoante efl. 21, visto restar inalterado o grau de utilização calculado com uma casa decimal, qualquer que seja o provimento quanto a esta área de 1,0 ha. Todavia, o que se observa é que a tese de preclusão e inovação dos limites da lide, quanto à área de benfeitorias reconhecida, realmente não foi abordada no voto condutor de efls. 1083 a 1090. Existente a omissão, conheço dos embargos. Agora, adentrando a matéria objeto da omissão a ser aqui sanada, verifico que, tal como na área de preservação permanente de 25,8 ha. concedida como exclusão pelo Colegiado a quo, também no que diz respeito à área de benfeitorias de 1,0 ha. o contribuinte não se manifestou em nenhum momento até a impugnação (de efls. 342 a 370), onde, ao contrário, notese, adotou a argumentação que deveria ser desconsiderada a ampliação da área do imóvel promovida pela autoridade fiscal. Tal argumentação, de forma clara, impede que ali pudesse ter se pleiteado o cômputo da área de 1,0 ha. constante do imóvel de 186,0 ha (NIRF 0.385.1869), ao se verificar que a ampliação em questão decorre exatamente da consideração deste imóvel na área total pela autoridade lançadora. Fl. 1110DF CARF MF Processo nº 10925.002108/200581 Acórdão n.º 9202005.584 CSRFT2 Fl. 1.111 4 Verifico que somente em sede de Recurso Voluntário a contribuinte passou a aceder â ampliação da área total, agora composta pelos dois imóveis em questão (NIRFs 0.385.1869 e 0.385.0900), passando ali a pleitear a exclusão de áreas de preservação permanente e de benfeitorias constantes do imóvel registrado sob o NIRF 0.385.1869. Assim, tal como no caso da área de 25,8 ha. alegada como constante do NIRF 0.385.1869, entendo também de se considerar preclusa a discussão acerca da possibilidade de cômputo dos 1,0 ha. de benfeitorias eventualmente existentes no imóvel citado. Diante do exposto, voto por conhecer e acolher os embargos com efeitos infringentes, para dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda para considerar também preclusa, além da discussão dos 25,8 ha. como de APP Área de Preservação Permanente, a discussão dos 1,0 ha. de benfeitorias sob análise, reformandose assim o reconhecimento de ambas as áreas realizado pelo Colegiado a quo. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 1111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720816/2012-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010
INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS.
A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes.
CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO.
As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.368
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado.
(assinado digitalmente)
PAULO GUILHERME DÉROULÈDE - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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CONCEITO DE INSUMO. Recorrente COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS DE MINAS GERAIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2010 a 31/12/2010 INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado. (assinado digitalmente) PAULO GUILHERME DÉROULÈDE Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 08 16 /2 01 2- 47 Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Trata o presente de pedido de ressarcimento de créditos de COFINS incidência não cumulativa, relativo ao trimestre 01/10/2010 a 31/12/2010, cumulado com declarações de compensação. As glosas efetuadas pela fiscalização se referiram a aquisição de energia elétrica por demanda contratada e a serviços de frete na venda de produtos acabados. Apresentada a manifestação de inconformidade, a Primeira Turma da DRJ em Belo Horizonte julgoua procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 02044.032, revertendo a glosa sobre as aquisições de energia elétrica e mantendo a glosa sobre o frete de produtos acabados. Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações feitas em manifestação de inconformidade, no sentido de que o direito ao creditamento sobre as aquisições de serviços de fretes sobre as transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente tem fundamento tanto no inciso II do artigo 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, na condição de insumo utilizado no processo produtivo quanto no inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003, na condição de frete em operações de venda. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.357, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10680.720805/201267, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.357): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 4 3 O litígio resumese à aquisição de fretes sobre transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente. Alegou que os fretes ocorridos entre a unidade produtora e o centro de distribuição consistem em mero desdobramento de suas operações de venda e que, somados aos fretes ocorridos entre o centro de distribuição e seus clientes, equivaleriam ao fretes diretos entre a unidade produtora e seus clientes, sendo cabível o creditamento de acordo com o inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. Em outra linha de argumentação, defendeu também que estes serviços seriam custos de seu processo produtivo, repassados aos preços dos produtos e, portanto, serviços utilizados como insumos de que trata o inciso II do artigo 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Passando à análise do ponto controvertido, é necessário expor o entendimento sobre o conceito de insumos para o PIS/Pasep e Cofins não cumulativos. A nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 5 4 Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 531DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 6 5 III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entende se como insumos: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 7 6 bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0II utilizados na prestação de serviços: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 8 7 legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que há divergência no STJ sobre o tema, tendo a matéria sido afetada como recurso repetitivo no REsp 1.221.170/PR. Assim, verificase que no REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 9 8 em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 211/STJ. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem se manifesta, fundamentadamente, sobre as questões que lhe foram submetidas, apreciando de forma integral a controvérsia posta nos presentes autos. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo” (Súmula 211/STJ). 3. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 4. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumos previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 10 9 5. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos os bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 6. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 7. Recurso especial a que se nega provimento. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Verificase que, de fato, a própria Receita Federal flexibilizou a questão do contato direto com o produto em fabricação. Vejamos a Solução de Divergência nº 14/2007 e nº 35/2008, as quais permitem a dedução de partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos, desde que não incluídas no imobilizado: Solução de Divergência nº 14/2007: Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 11 10 ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Crédito presumido da Cofins. Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. Solução de Divergência nº 35/2008: Cofins nãocumulativa. Créditos. Insumos. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da nãocumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 12 11 Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 13 12 passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com vale transporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram alçados a insumos a partir da Lei nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 14 13 Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Estabelecidas as premissas acima, concluise que os fretes entre estabelecimentos produtor e centros de distribuição, ou entre centros de distribuição, não são considerados custos de aquisição ou de transformação, mas dispêndios ocorridos após o processo produtivo, razão pela qual não podem ser considerados serviços utilizados como insumos, nos termos do inciso II do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. Concernente à subsunção à hipótese de frete em operações de venda, a Lei nº 10.833/2003 assim dispôs em seu artigo 3º, inciso IX: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) ... IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Da redação do inciso destacase a expressão “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. Entendo que a especificidade da expressão indica que o inciso trata do negócio jurídico de compra e venda de mercadoria, posto que não faria sentido a restrição para as despesas operacionais de logística interna que, certamente, são suportadas pela pessoa jurídica, não havendo que se cogitar de ônus a ser suportado por um comprador, quando inexiste a compra, nem quando se refere a operações de logística interna. Portanto, os fretes sobre produtos acabados não geram direito ao créditos da contribuições para o PIS/Pasep e Cofins nãocumulativas, embora reconheçase que tais despesas são necessárias às atividades da recorrente. No mesmo sentido da impossibilidade de creditamento, citamse os seguintes acórdãos: Acórdão nº 220100.081, proferido pela Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: COFINS NÃOCUMULATIVA. FRETE PARA ESTABELECIMENTO DA CONTRIBUINTE. O frete de mercadorias acabadas para armazenamento em estabelecimento da contribuinte não dá direito a créditos de COFINS por falta de previsão legal nesse sentido. Acórdão nº 3803003.595, proferido pela Terceira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento: INSUMOS ALCANCE FRETE DE TRANSFERÊNCIA. PRODUTO ACABADO. IMPOSSIBILIDADE Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados, ainda, que pagos ou Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10680.720816/201247 Acórdão n.º 3302004.368 S3C3T2 Fl. 15 14 creditados a pessoas jurídicas domiciliadas no país para realização de transferências de mercadorias (produtos acabados) dos estabelecimentos industriais para os estabelecimentos distribuidores da mesma pessoa jurídica, não geram direito a créditos a serem descontados do PIS devido. Destacase o excerto abaixo deste acórdão: “Destaco que o frete empregado pela empresa é de produto acabado para estabelecimento da mesma empresa, ou seja, de mero procedimento interno de logística que constitui despesa operacional, entretanto, não passível de ser utilizada para creditamento da contribuição para o PIS/PASEP no regime da nãocumulatividade, por absoluta falta de previsão legal.” Salientase que esta turma, em recente julgado de Acórdão nº 3302 002.464, assim também se posicionou: CRÉDITO. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados não geram direito a crédito da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." No julgamento do processo paradigma foi apresentada declaração de voto pela Conselheira Lenisa Prado, que manifestou seu entendimento de que os fretes em questão geram direito a crédito das contribuições. Expôs a Conselheira que aderiu à "corrente formada pelos julgadores que compõem a 3ª Câmara de Recursos Fiscais, que reconhecem que o custo decorrente do transporte dos produtos acabados gera o crédito reclamado pela ora recorrente. Tal entendimento culminou com a publicação do Acórdão n. 9303004.318, proferido no julgamento do Processo 13896.721081/201312 (...)". Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito a créditos da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins na aquisição de fretes sobre transferências de produtos acabados entre estabelecimentos da recorrente. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 541DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.001595/2004-80
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1996
RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91.
Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005.
Numero da decisão: 9101-003.073
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para análise do crédito. Julgado dia 12/09/2017, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego -Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1996 RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1400; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 1.183 1 1.182 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13819.001595/200480 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101003.073 – 1ª Turma Sessão de 12 de setembro de 2017 Matéria IRPJ Recorrente NHÁ BENTA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1996 RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para análise do crédito. Julgado dia 12/09/2017, no período da tarde. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), Luís Flávio AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 00 15 95 /2 00 4- 80 Fl. 1183DF CARF MF 2 Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Relatório Tratase de processo originado pela apresentação de Declaração de compensação em 16/04/2004 (fls. 2/4), com a identificação de crédito de saldo negativo do ano calendário de 1996, no valor de R$ 19.757,14, com 4 (quatro) débitos com vencimento em 15/12/00 e 15/01/2001 (nos Códigos de Receita nº 2172, 8109). A Delegacia da Receita Federal em São Bernardo do Campo indeferiu a restituição (fls. 97/98), tanto pelo transcurso de prazo superior ao de 5 anos, quanto por inexistência de crédito, que já teria sido utilizado pelo contribuinte: Para o período em questão, em razão da formalização do pedido de compensação ter sido realizado em 16/07/2004, com crédito oriundo de saldo negativo do ano calendário de 1996, exercício 1997, constatase que houve o transcurso do prazo decadencial de cinco anos, contado da data da entrega da DIRPJ/97, ocorrida em 30/04/1997 (recibo de entrega de fls. 14), conforme previsto no art. 168 do CTN, fato esse que impossibilitou, também, a utilização do Programa PER/CCOMP 1.3. Nesta hipótese, pelo descumprimento às determinações contidas na legislação, em especial o art. 74, da Lei n 2 9.430/96, com redação dada pelo art. 49 da MP n2 66 de 2002, a declaração de compensação apresentada não deve ser objeto de homologação. De outro lado, no demonstrativo de fls. 03, a interessada indica que parte do saldo negativo da CSLL aqui tratado foi utilizada para compensação com débitos da própria CSLL dos anos calendário de 2000 e 2001, sem a indicação da respectiva DCOMP. Assim, verificando essas compensações indicadas no demonstrativo de fls. 03, constatase que a mesma já utilizou integralmente o saldo negativo aqui tratado, com débitos da própria CSLL devida por estimativa do ano calendário de 2000 (DIPJ 2001 de fls. 73 a 76), conforme cálculo elaborado através do Sistema de Apoio Operacional de fls. 92 a 94, de tal sorte que inexiste qualquer crédito compensável. Com relação ao débito constante da DCOMP de fls. 01, consta que o mesmo foi informado na DCTF de fls. 95. Isto posto, proponho que não seja homologada a compensação do débito, pleiteada na citada DCOMP em face da ocorrência do instituto previsto no art. 168 do CTN, bem como seja promovida a sua cobrança. O contribuinte, assim, apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega: (i) que o prazo prescricional seria de 10 anos para repetição do indébito e (ii) que haveria saldo suficiente para a compensação pleiteada nestes autos. (fls. 125/135, 188/198). Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 13819.001595/200480 Acórdão n.º 9101003.073 CSRFT1 Fl. 1.184 3 A Delegacia da Receita Federal em Campinas manteve a decisão de indeferimento da compensação (fls. 256), em acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1996 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO CORRESPONDENTE A SALDO NEGATIVO DE CSLL. PRAZO PARA UTILIZAÇÃO. É de cinco anos, contados da extinção do crédito tributário, o prazo para exercitar o direito à repetição do indébito. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o pagamento antecipado extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior nãohomologação ao lançamento, operandose, portanto, a extinção no momento em que efetuado o pagamento. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Indeferido o direito creditório, não se homologa a compensação. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento também analisou o crédito tributário, concluindo pela sua inexistência, nos seguintes termos: No mérito, notase da DIRPJ/97, cópia acostada às fls. 14/39, que o saldo negativo em questão é formado, principalmente, pela dedução da CSLL devida em base estimada, cujo recolhimento se encontra confirmado na consulta de fls. 89. E quanto à utilização de referido direito creditório, impõese destacar que a própria contribuinte confessou, mediante planilha de fls. 03, a compensação, sem processo, de débitos de CSLL dos anoscalendário de 2000 e 2001 com o saldo negativo em análise. De fato, para débitos vencidos até 30 de setembro de 2002, as compensações entre tributos e contribuições da mesma espécie e no recolhimento de importância correspondente a períodos posteriores ao crédito independiam de requerimento, de sorte que o documento comprobatório da citada compensação era configurado pela própria escrituração da contribuinte, regularmente efetuada. Até referida data, portanto, some4e as demais espécies de compensação deveriam ser objeto de Pedido de Compensação, a ser formalizado em Processo Administrativo. No entanto, a Instrução Normativa SRF n° 73, de 19 de dezembro de I996, determinava a informação em DCTF das compensações efetuadas a partir de 1°/janeiro/1997, com o fim de levar ao conhecimento da Administração Tributária todas as compensações realizadas pela contribuinte, inclusive aquelas sem processo, o que deixou de ser cumprido ela interessada, especialmente quanto ao saldo negativo de CSLL, conforme acusam as consultas de fls. 238/241. Fl. 1185DF CARF MF 4 Continuando, na citada planilha de fls. 03, a interessada indicou como parcela utilizada do débito original, com o crédito de saldo negativo de CSLL de 1996, os valores de R$ 3.539,79 e R$ 6.194,72, para os anoscalendário de 2000 e 2001, respectivamente, a despeito de ter apurado nos citados períodos, como CSLL devida em base estimada, os totais de R$ 99.542,05 e R$ 5.054,27, para os quais não foram localizados quaisquer pagamentos, ainda que parciais, conforme acusa a consulta de fls. 91. A informação prestada pela contribuinte às fls. 03 não pôde ser confirmada nas DCTF de 2000 e 2001, pois, como dito, delas não constou qualquer dado acerca de eventual compensação efetuada com a utilização de saldo negativo de CSLL. Aliás, notase a ausência de qualquer compensação a esse título nas DCTF dos anos de 1997 a 2001, período em que restaria possível a utilização do saldo negativo de CSLL do ano calendário de 1996, à vista do prazo quinquenal previsto no art. 168 do CTN. (...) Assim, impunhase à pessoa jurídica a apresentação da escrituração contábil/fiscal, a fim de comprovar a afirmação de que, de fato, os valores de CSLL efetivamente compensados nos anos de 2000 e 2001 consistiram nas importâncias de R$ 3.539,79 e R$ 6.194,72, como apontado às fls. 03, diante dos totais devidos a esse título nos citados períodos. Deveras, o ônus probatório do indébito tributário, bem como da disponibilidade do direito creditório apurado, compete à contribuinte, eis que a compensação somente é admitida diante da comprovação da certeza e liquidez do crédito oponível à Fazenda, por força do disposto no art. 170 do CTN. Portanto, à falta de pagamento das estimativas de CSLL de 2000 e 2001, da informação dos débitos da estimativa e da sua compensação em DCTF, e da documentação hábil e idônea a comprovar o valor efetivamente compensado a esse título nos citados períodos com o saldo negativo em discussão, admitese a conclusão de que o crédito em análise foi aproveitado para quitar as estimativas nos valores calculados nas respectivas DIPJ, até sua exaustão, do que resulta a falta de qualquer parcela disponível para aproveitamento na compensação declarada no presente processo, nos termos do demonstrativo de fls. 92/94. O contribuinte apresentou recurso voluntário, alegando a inocorrência de prescrição, a existência de crédito de saldo negativo, como também a inexistência de “ônus” probatório ao contribuinte (fls. 268/278). A 1ª Turma Especial da 1ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais negou provimento a este recurso (fls. 854/859): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 1997 PRESCRIÇÃO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. A pretensão ao reconhecimento do direito creditório relativo ao saldo negativo de CSLL do anocalendário de 1996 que teve Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 13819.001595/200480 Acórdão n.º 9101003.073 CSRFT1 Fl. 1.185 5 início em 01/01/1997 e pleiteado em 16/07/2004 está alcançado pela prescrição, tendo em vista o decurso do prazo superior a cinco anos. Nesse contexto, intimado desta decisão em 24/03/2008, o contribuinte interpôs recurso especial em 08/02/2013 (fls. 1153), no qual sustenta: i) Preliminarmente, a nulidade do acórdão recorrido, por força do artigo 62 A, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF 256/2009), considerando que o Supremo Tribunal Federal teria julgado o rcurso extraordinário nº 566.621 sob o regime de recursos repetitivos, concluindo de forma distinta da Turma a quo; ii) Ademais, seria nula o acórdão recorrido diante da ausência de declaração de voto, eis que um Conselheiro do Colegiado a quo teria manifestado interesse na sua apresentação, sem que conste na decisão recorrida; i) No mérito, sustenta a divergência quanto ao prazo para restituição de indébito, indicando como paradigma o acórdão 230101.644 (Processo Administrativo nº 135342.004180/200614), no qual se decidiu que "Até o advento da Lei Complementar nº 118/05, o art. 150, §4º c/c o art. 168, I, do Código Tributário Nacional, previa um prazo de cinco anos para a homologação do pagamento efetuado pelo contribuinte, iniciandose, a partir de então, um prazo prescricional de cinco anos para o contribuinte pleitear a restituição do valor pago indevidamente, resultando num praoz total de 10 anos (5+5), para o ajuizamento da ação judicial de repetição de indébito.". O recurso especial foi admitido pela Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção, conforme despacho às fls. 1.176/1.178, unicamente para análise do prazo prescricional, destacandose trecho a seguir. A conclusão do acórdão paradigma é a de que para fins de contagem do prazo prescricional, aplicase aos fatos geradores ocorridos antes da edição da LC. nº 118/2005, o prazo de 10 anos (teoria dos 5 + 5 anos), conforme a jurisprudência do STJ. O acórdão recorrido, por seu turno, traz entendimento de que, com a edição da LC nº 118/2005, o prazo prescricional a ser aplicado aos pedidos de restituição é de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Assim, entendo estar presente a divergência jurisprudencial apontada pela recorrente. (...) Atendidos os pressupostos de tempestividade e legitimidade, previstos no art. 67 do Regimento Interno do CARF, e tendo sido comprovada a divergência jurisprudencial argüida, nos termos acima examinados, DOU SEGUIMENTO ao presente recurso especial. A Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada quanto ao recurso especial devidamente admitido, sem que tenha apresentado contrarrazões (fls. 1.180). Fl. 1187DF CARF MF 6 É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora O recurso especial é tempestivo e foi demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária, conforme razões do Presidente de Câmara para seu conhecimento, que adoto. Passo à análise do mérito. O recurso especial trata da interpretação do artigo 168, I, do Código Tributário Nacional, que prevê Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; A interpretação do dispositivo relacionase, ainda ao artigo 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, que prescrevem: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. O citado artigo 4º tinha por finalidade atribuir eficácia retroativa à inovação veiculada pelo artigo 3º. Com efeito, o artigo 106, do Código Tributário Nacional é nos seguintes termos: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; O Supremo Tribunal Federal decidiu em sessão do Pleno, aplicando a sistemática do artigo 543B, do Código de Processo Civil, que: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 13819.001595/200480 Acórdão n.º 9101003.073 CSRFT1 Fl. 1.186 7 JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Tribunal Pleno, Recurso Extraordinário nº 566.621, DJe 10/10/2011, Rel. Ministra Ellen Gracie) Os Conselheiros deste Conselho Administrativos de Recursos Fiscais devem reproduzir as decisões do Supremo Tribunal Federal, tomadas com fundamento no artigo 543 B, do antigo CPC/1973, na forma do artigo 62, §2º, do atual RICARF (Portaria MF nº 343/2015), verbis: Fl. 1189DF CARF MF 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Sobreleva considerar, ainda, que a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/06 pode ser proclamada por este Colegiado em observância ao próprio RICARF (Portaria MF nº 343/2015), termos do artigo 62, §1º, I e II, alínea b: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; O citado dispositivo regimental encontra fundamento no artigo 26A, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Pois bem. Diante disso, entendo necessário adotar o entendimento do STF no julgamento acima, que reconheceu: Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 13819.001595/200480 Acórdão n.º 9101003.073 CSRFT1 Fl. 1.187 9 (i) que a LC 118/2005 não é interpretativa, tendo alterado o prazo para restituição de indébito de 10 anos, para 5 anos; (ii) a segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/05, é inconstitucional; (iii) o novo prazo para restituição de indébito (5 anos) só seria aplicável às ações ajuizadas a partir de 9/06/2005. Cumpre destacar, ainda, que o CARF aprovou Enunciado de Súmula em sentido similar, dispondo que: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Sobreleva considerar, ainda, que o Superior Tribunal de Justiça julgou Embargos de Divergência em Recurso Especial (nº 644.736), definindo o prazo prescricional para restituição do indébito em 10 anos na hipótese de restituição ou compensação anterior à vigência da Lei Complementar nº 118/2005. O mencionado precedente não foi submetido ao regime do então vigente artigo 543C, do CPC/1973. A decisão foi reafirmada pelo acórdão no Recurso Especial nº 1.002.932, julgado pela Primeira Seção, então sujeito ao regime do artigo 543C, do CPC/1973. Consta deste último acórdão: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005. DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO. CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO. 1. O princípio da irretroatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos realizados após a sua vigência e não às ações propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à extinção da obrigação e não ao aspecto processual da ação correspectiva. 2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a prescrição, do ponto de vista prático, implica dever a mesma ser contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova. 3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expressão "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. Fl. 1191DF CARF MF 10 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007). 4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando lei meramente interpretativa, cuja retroação é permitida, consoante apregoa doutrina abalizada: (...) 5. Consectariamente, em se tratando de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a cognominada tese dos cinco mais cinco, desde que, na data da vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada."). 6. Desta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do tributo após a vigência da aludida norma jurídica, o dies a quo do prazo prescricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. 7. In casu, insurgese o recorrente contra a prescrição qüinqüenal determinada pelo Tribunal a quo, pleiteando a reforma da decisão para que seja determinada a prescrição decenal, sendo certo que não houve menção, nas instância ordinárias, acerca da data em que se efetivaram os recolhimentos indevidos, mercê de a propositura da ação ter ocorrido em 27.11.2002, razão pela qual forçoso concluir que os recolhimentos indevidos ocorreram antes do advento da LC 118/2005, por isso que a tese aplicável é a que considera os 5 anos de decadência da homologação para a constituição do crédito tributário acrescidos de mais 5 anos referentes à prescrição da ação. 8. Impende salientar que, conquanto as instâncias ordinárias não tenham mencionado expressamente as datas em que ocorreram os pagamentos indevidos, é certo que os mesmos foram efetuados sob a égide da LC 70/91, uma vez que a Lei 9.430/96, vigente a partir de 31/03/1997, revogou a isenção concedida pelo art. 6º, II, da referida lei complementar às sociedades civis de prestação de serviços, tornando legítimo o pagamento da COFINS. 9. Recurso especial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (Resp 1002932, Primeira Seção, DJe de 18/12/2009) No caso destes autos, a Turma a quo negou provimento ao recurso voluntário do contribuinte reconhecendo a a decadência do direito à restituição e compensação quanto ao saldo negativo do anocalendário de 1990 (Declaração de Rendimentos apresentada em Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 13819.001595/200480 Acórdão n.º 9101003.073 CSRFT1 Fl. 1.188 11 07/05/1991), considerando a apresentação de pedido de compensação em 14/02/2001. Destaco trecho do voto da relatora, acompanhado pelo Colegiado a quo: Em se tratando de tributos sujeitos à modalidade de lançamento por homologação, o pagamento efetuado pelo sujeito passivo extingue o crédito sob condição resolutória , o que significa dizer que, feito o pagamento, os efeitos da extinção do crédito se operam desde logo, estando sujeitos a serem resolvidos se não homologado o procedimento do contribuinte, expressa ou tacitamente. (...) No presente caso, uma vez não se tratar de indébito exteriorizado no contexto de situação conflituosa, o termo inicial para a contagem é a data em que se efetivou o pagamento. Considerando que o pedido foi protocolizado em 14 de fevereiro de 2001, e diz respeito a pagamentos efetuados no ano calendário de 1990, extinto se encontrava o direito do contribuinte de pleitear a restituição, razão pela qual nego provimento ao recurso O acórdão recorrido não se coaduna com o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, conforme acórdão acima colacionado, como tampouco com a Súmula 91 do CARF. Diante disso, voto por dar provimento ao recurso especial do contribuinte. Por tais razões, conheço e dou provimento ao recurso especial do contribuinte, determinando o retorno dos autos à Turma Ordinária para análise do crédito. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 1193DF CARF MF
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Numero do processo: 13116.901592/2012-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2006
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.941
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 15 92 /2 01 2- 75 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.573, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901592/201275 Acórdão n.º 3201002.941 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 88DF CARF MF
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