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Numero do processo: 10166.724042/2013-23
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA.
Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, mantida pela Lei nº 11.488, de 2007.
Numero da decisão: 9202-005.444
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento para reconhecer a base legal da multa lançada, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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MULTA. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, mantida pela Lei nº 11.488, de 2007. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento para reconhecer a base legal da multa lançada, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 40 42 /2 01 3- 23 Fl. 3231DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase de exigência de multa isolada por falta de retenção e recolhimento de Imposto de Renda na Fonte IRF, exigida com base no art. 9º, da Lei nº. 10.426, de 2002, nos anoscalendário de 2008, 2009 e 2010. Conforme a autuação, a multa incidiu sobre remuneração indireta paga mediante a utilização de empresa interposta (Freecard); remuneração indireta paga aos sócios mediante a utilização de aumento e redução do capital social (retirada ilegal de capital); remuneração indireta relacionada a mútuo simulado. Em sessão plenária de 16/08/2016, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2201003.289, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2009, 2010, 2011 PRELIMINAR. FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A multa pela falta de retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte, prevista no art. 9º da Lei n° 10.426, de 2002, com redação data pela Lei n° 11.488, de 2007, não pode ser aplicada isoladamente nos casos em que o imposto não mais é exigível da fonte pagadora." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher as preliminares arguidas e dar provimento ao recurso voluntário." O processo foi encaminhado à Fazenda Nacional em 09/09/2016 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.156). Conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, o prazo para interposição de Recurso Especial expiraria em 24/10/2016. Em 13/10/2016, foi interposto o Recurso Especial de fls. 3.157 a 3.184 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.185). O apelo está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Ricarf e visa rediscutir a aplicação da multa por falta de retenção e recolhimento de Imposto de Renda na Fonte IRF, exigida com base no art. 9º, da Lei nº. 10.426, de 2002. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o despacho de 11/11/2016 (fls. 3.194 a 3.204). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: a imposição da multa isolada a ser aplicada na fonte pagadora pela falta de retenção e recolhimento do imposto de renda está prevista no art. 9º da Lei nº 10.426/2002, que assim dispõe: Fl. 3232DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.232 3 “Art. 9º Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1º, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a redação original do art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, mencionava apenas os incisos I e II do caput do art. 44 que, à época, referiamse às multas de ofício de 75% de 150%, enquanto que as hipóteses de multas isoladas previstas no artigo 44 encontravamse descritas no §1º, incisos II a IV (o inciso V já havia sido revogado), ou seja, o mencionado artigo 9º criou novas hipóteses de incidência para a multa isolada, fazendo menção ao art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, tão somente para fixar os percentuais a serem aplicados: 75%, no caso geral, e 150%, nos casos de evidente intuito de fraude; a alteração introduzida pela Lei nº 11.488, de 2007, no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, deslocando as multas de ofício de 75% e 150% dos incisos I e II do caput para o inciso I e o §1º, foi acompanhada pela alteração promovida no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, cuja redação passou de "Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, [...]." para "Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu §1º, quando for o caso,[...]. importa ressaltar que a parte final do artigo em comento foi alterada, apenas, para excluir a multa isolada devida pelo recolhimento em atraso de tributo ou contribuição a título de antecipação, sem o acréscimo da multa moratória, de forma semelhante à alteração feita no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com a exclusão da multa isolada prevista originalmente no inciso II do § 1º do referido artigo. a partir da leitura do citado dispositivo legal extraise que mera falta de retenção já é expressamente caracterizada como o tipo legal ensejador da multa, sendo irrelevante, dado o caráter de obrigatoriedade e estrita vinculação do lançamento previsto no art. 142 do CTN, que a beneficiária do pagamento tenha ou não oferecido os rendimentos à tributação; a multa exigida isoladamente no presente lançamento em razão da falta de retenção do IRRF tem como fundamento legal o art. 9º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, c/c o art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996; impende salientar, por oportuno, que encontrase pacificado neste Conselho, o entendimento de que, quando existe previsão de tributação na fonte, a título de antecipação do imposto devido pelo beneficiário dos rendimentos, e a ação fiscal for instaurada após o encerramento do anocalendário ou do período de apuração do fato gerador, incabível a constituição de crédito tributário por meio de lançamento de imposto de renda na fonte na pessoa jurídica pagadora dos rendimentos; em suma, nesse caso, o rendimento deveria ser tributado pelo beneficiário do rendimento, exigindose da fonte pagadora a multa de ofício de forma isolada, prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002; Fl. 3233DF CARF MF 4 na situação em cotejo, estamos verificando multa contra a fonte pagadora por não ter realizado a obrigação de reter na fonte os valores prescritos na lei, portanto não há que se mencionar que essa multa perde fundamento com o oferecimento à tributação do beneficiário ou mesmo com o mero encerramento do anocalendário (quando o imposto não é mais exigível da fonte pagadora); as obrigações são distintas, uma de declaração e pagamento do tributo e outra de necessidade de retenção, e no caso concreto está se imputando à recorrente a multa por não ter retido, e não pela ausência de declaração/pagamento; por oportuno, cabe destacar que a matéria foi objeto de pronunciamentos administrativos, que interpretaram e normatizaram a aplicação da multa, sendo o mais relevante, pela profundidade da abordagem, o Parecer Normativo nº 1/2002 da Receita Federal, cujos excertos ora se transcreve: “IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. PENALIDADE. Constatada a falta de retenção do imposto, que tiver a natureza de antecipação, antes da data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, e, antes da data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora. Verificada a falta de retenção após as datas referidas acima serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, ou, até a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica; exigindose do contribuinte o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, caso este não tenha submetido os rendimentos à tributação.” convém lembrar que não cabe ao julgador relevar penalidades ou conceder qualquer redução nas multas de ofício lançadas sem que haja previsão legal para tanto; de fato, o Código Tributário Nacional prevê, em seu art. 97, que somente a lei pode determinar hipóteses de dispensa ou redução de penalidade. Verbis: sob essa ótica, não se pode criar nova hipótese de dispensa da multa isolada não prevista na legislação; considerandose que a criação de nova hipótese de dispensa de multa não configura integração ou interpretação extensiva da norma, mas, evidentemente, uma novidade no ordenamento jurídico, tal procedimento, quando efetuado pelo aplicador da lei, decorre de um juízo de eqüidade, inadmitido pelo Ordenamento para criar situações de dispensa do pagamento do crédito tributário devido; Fl. 3234DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.233 5 é certo que na esfera administrativa não cabe a apreciação das alegações de inconstitucionalidade das leis ou a determinação de que as mesmas deixem de ser aplicadas a um caso concreto, sob alegação que ferem princípios da razoabilidade, proporcionalidade e vedação ao confisco, tendo em vista o já mencionado caráter vinculado do lançamento previsto no art. 142 do CTN; diante do exposto, considerando que o sujeito passivo, na qualidade de fonte pagadora, deixou de reter o IRRF a que estava obrigado, afigurase correta a exigência de multa de ofício isolada, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.426/02. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose o acórdão recorrido e restabelecendose integralmente o lançamento. Cientificada em 24/11/2016 (AR Aviso de Recebimento de fls. 3.212), a Contribuinte ofereceu, em 07/12/2016 (fls. 3.214), as Contrarrazões de fls. 3.215 a 3.224, contendo os seguintes argumentos: apesar dos argumentos deduzidos na peça recursal objetivarem evidenciar que a decisão aplicada à espécie diverge de entendimento adotado pelo Conselho, olvidouse a Fazenda de registrar que o acórdão colacionado em seu Recurso Especial se mostra isolado e não representa a jurisprudência consolidada do CARF: não se questiona que o paradigma apresentado pelo Acórdão nº 9202 003.583, de 03/03/2015, por voto de qualidade, deu provimento ao Recurso Especial naquele caso singular em que a multa aplicada pela fonte pagadora persiste, independentemente da tributação do beneficiário ou mesmo depois do encerramento do anocalendário; tal decisão não deve orientar o julgamento do presente caso, isso porque a 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais sofreu modificação substancial em sua composição, desde a prolação do Acórdão nº 9202003.583; com efeito, ao contrário das outras decisões colacionadas no recurso, dos remotos anos de 2003 e 2007, certo é que pelo entendimento mais recente, já consolidado no âmbito do CARF, extraise que a alteração promovida pela Lei nº 11.488/2007 excluiu a multa isolada prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº 9.430/1996, relativamente à fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento; nesse sentido é corroborado pelas seguintes ementas de acórdãos contemporâneos, a seguir colacionadas: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2009 PRELIMINAR. FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. A multa pela falta de retenção e recolhimento do imposto de renda na fonte, prevista no art. 9º da Lei n° 10.426, de 2002, com redação data pela Lei n° 11.488, de 2007, não pode ser Fl. 3235DF CARF MF 6 aplicada isoladamente nos casos em que o imposto não mais é exigível da fonte pagadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário". (destacamos) (Acórdão nº 2201003.295, de 17/08/2016) "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2 002, 2003, 2004 AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA PELO ART. 9º DA LEI N°. 10.426/2002. FATOS GERADORES ANTERIORES À ALTERAÇ ÃO PROMOVIDA PELA LEI N°. 11.488/2007. RETROATIVIDADE BENIGNA. Para os fatos geradores ocorridos anteriormente a alteração da redação do art. 9° da Lei n°. 10.426/2002, promovida pela Lei n°. 11.488/2007, aplicase a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, a, do Código Tributário Nacional, ante o fato de a referida alteração ter deixado de prever a aplicação da multa isolada do inciso II do art. 44 da Lei n°. 9.430/96. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso."(destacamos)(Acórdão n° 2201003.262, de 12/07/2016) "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA PELO ART. 9° DA LEI N°.10.426/2002. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI N°. 11.488/2007. A multa isolada prevista no art. 9° da Lei n°. 10.42 6/2002, com redação dada pela Lei n°. 11.488/2007, deixou de aplicar a multa isolada do inciso II do art. 44 da Lei n°. 9.430/96 aos casos de ausência de retenção de IRRF com posterior pagamento do tributo, por fazer menção expressa ao inciso I deste artigo, que trata somente da multa aplicada ao lançamento de ofício realizado nos casos de ausência de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA PELO ART. 9° DA LEI N°. 10 .426/2002. FATOS GERADORES ANTERIORES À ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA LEI N°. 11.488/2007. RETROATIVIDADE BENIGNA. Para os fatos geradores ocorridos anteriormente a alteração da redação do art. 9° da Lei n°.10.426/2002, promovida pela Lei n° Fl. 3236DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.234 7 11.488/2007, aplicasse a retroatividade benigna prevista no art. 106, II,a, do Código Tributário Nacional, ante o fato de a referida alteração ter deixado de prever a aplicação da multa isolada do inciso II do art. 44 da Lei n°. 9.430/96. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. COMPETÊNCIA. Conforme Súmula CARF nº 02, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário."(destacamos) (Acórdão n° 2401004.065, de 28/01/2016) "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2005, 2006, 2007, 2008 AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA PELO ART. 9° DA L EI N°. 10.426/2002. ALTERAÇÃO PROMIDA PELA LEI N°. 11.488/2007. A multa isolada prevista no art. 9° da Lei n° 10.426/2002, com redação dada pela Lei nº. 11.488/2007, deixou de aplicar a multa isolada do inciso II do art. 44 da Lei n°. 9.430/96 aos casos de ausência de retenção de IRRF com posterior pagamento do tributo, por fazer menção expressa ao inciso I deste artigo, que trata somente da multa aplicada ao lançamento de ofício realizado nos casos de ausência de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e declaração inexata. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E/OU RECOLHIMENTO DE IRRF PELA FONTE PAGADORA. EXCLUSÃO DA MU LTA PREVISTA PELO ART. 9° DA LEI N°. 10.426/2002. FATOS GERADOR ES ANTERIORES À ALTERAÇÃO PROMIDA PELA LEI N°. 11.488/2007. RETROATIVIDADE BENIGNA. ART. 106, II, a, DO CTN. Para os fatos geradores ocorridos anteriormente a alteração da redação do art. 9° da Lei n°. 10.426/2002, promovida pela Lei n°. 11.488/2007, aplicase a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, a, do Código Tributário Nacional, ante o fato de a referida alteração ter deixado de prever a aplicação da multa isolada do inci so II do art. 44 da Lei n°. 9.430/96. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. COMPETÊNCIA. Conforme Súmula CARF n. 02, este Conselho não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei. DECADÊNCIA. No caso de lançamento sujeito a homologação, a não antecipação do imposto devido importa no prazo Fl. 3237DF CARF MF 8 decadencial conforme o art. 173, I do CTN. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário. (Destacamos) (Acórdão n° 2401004.071, de 28/01/2016) "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 FONTE PAGADORA. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO E RECOLHIMENTO.SUPERVENIÊNCIA DA LEI N° 11.488/2007. RETROATIVIDADE BENIGNA. EXCLUSÃO DA MULTA PREVISTA NO INCISO II DO ARTIGO 44 DA LEI N° 9430/96. Multa isolada prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei n° 9430/96, foi expressamente excluída, relativamente à fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, com fundamento na Lei n° 11.488/2007. Aplicação do artigo 106, inciso II, "c", do CTN. FONTE PAGADORA. NÃO EXIGIBILIDADE DO IMPOSTO. PARECER NORMATIVO COSIT n° 01/2002. CONSEQUENTE NÃO INCIDÊNCIA DA MULTA PREVISTA NO INCISO 44, INCISO I, DA LEI N° 9.430/96 Não mais sendo exigível da fonte pagadora a imposto não recolhido, não há respaldo para incidência, consequentemente, da respectiva multa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do (a) relator (a). Vencidos os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Marcelo Oliveira e Otacílio Dantas Cartaxo (destacamos) (Acórdão n° 9202 001.886, de 29/11/2011) notase dos julgados acima reproduzidos que, desde 2011, o posicionamento do CARF, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais, é no sentido do entendimento adotado pelo acórdão recorrido, segundo o qual: "nova redação conferida ao artigo 9° da Lei n. 10.426, de 2002, a multa aplicável por falta de retenção é aquela prevista no artigo 44, I da Lei n. 9.430, de 1996, sendo esta exigível apenas em conjunto com tributo não recolhido ou declarado nas hipóteses em que isto assim sucede. No caso da falta de retenção na fonte, na hipótese em que o tributo ainda pode ser exigido da fonte pagadora, em que a este se agregará multa de oficio. A única previsão de multa exigida isoladamente é a do inciso II do artigo 44 da Lei n. 9.430, para os casos de falta de antecipação de IRPJ ou IRPF durante o ano, e tal inciso não é referido pelo artigo 9° da Lei n. 10.426, de 2002. O legislador Fl. 3238DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.235 9 quando refere ou remete algo o faz com sentido e intenção próprias, não cabendo a construção de norma individual e concreta que se utilize de enunciado prescritivo inexistente". salientase que tal julgamento não incorre na falácia apresentada no recurso, no sentido de estarem os julgadores dispensando penalidade existente, mas sim interpretando a lei de acordo com o atualmente vigente, uma vez que não existe qualquer penalidade a se aplicar no caso concreto, já que não há mais exigência de cobrança da tributação da fonte pagadora, conforme atesta o parecer COSIT/RFB n° 1/2002; desse modo, não sendo exigível o próprio imposto da fonte pagadora, inexistente a base de cálculo para a aplicação da multa isolada por falta de retenção na fonte, porquanto devida somente antes da entrega da declaração de ajuste, correta é a ratificação e manutenção do acórdão recorrido; ad argumentandum, caso não seja acolhida a fundamentação lançada anteriormente, o presente caso deve ser devolvido à Turma anterior para que se pronuncie sobre os demais argumentos de mérito do caso, levantados pelos contribuintes, os quais infirmam a própria afirmação de pagamento de remunerações, o que, por via de consequência, terminará por colidir com a fundamentação deste auto de infração, resultando em ausência de obrigação de retenção de IR na fonte e, por isso, multa isolada; cabe esclarecer que a existência de remuneração ou não e a discussão da própria cobrança de IRPF está sendo travada em processos administrativos fiscais específicos, seja pela pessoa jurídica, seja por seus sócios, os quais estão ainda pendentes de julgamento pelo CARF; portanto, caso reformado o acórdão recorrido, o que se coloca apenas pelo princípio da eventualidade, necessário se faz que (i) retorne o recurso à turma julgadora para que haja o julgamento do mérito não apreciado ou, subsidiariamente, (ii) avalie o sobrestamento do julgamento de mérito do presente caso, em razão da acessoriedade da matéria com os recursos pendentes de julgamento mencionados. Ao final, a Contribuinte pede o não provimento do Recurso Especial ou, quando menos, seja o caso devolvido à Turma Julgadora para que aprecie a questão de mérito pendente de análise ou sobrestamento devido do caso. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de exigência de multa isolada por falta de retenção e recolhimento de Imposto de Renda na Fonte IRF, exigida com base no art. 9º, da Lei nº. 10.426, de 2002, nos anoscalendário de 2008, 2009 e 2010. Conforme a autuação, a multa incide sobre remuneração indireta paga mediante a utilização de empresa interposta (Freecard); Fl. 3239DF CARF MF 10 remuneração indireta paga aos sócios mediante a utilização de aumento e redução do capital social (retirada ilegal de capital); remuneração indireta relacionada a mútuo simulado. No acórdão recorrido, sem que se tecesse qualquer argumentação acerca da natureza das verbas que ensejaram a aplicação da penalidade, esta foi afastada, considerandose que dita multa teria sido extinta pela Medida Provisória n° 351, de 22/01/2007, convertida na Lei n° 11.488, de 15/06/2007. Entretanto, a multa em tela nunca foi extinta, conforme será demonstrado. Primeiramente, esclareçase que não está sendo exigido o Imposto de Renda devido pelos beneficiários dos rendimentos, tampouco está sendo cobrada multa pelo recolhimento do IRRF fora do prazo sem aplicação de multa de mora. O que está sendo cobrado, no presente caso, é unicamente a multa pelo não cumprimento, por parte da fonte pagadora – ARTEC – da obrigação de efetuar a retenção e o recolhimento do IRRF, a título de antecipação. A penalidade em tela foi instituída pela Medida Provisória nº 16, de 27/12/2001, convertida na Lei nº 10.426, de 2002, que assim estabelecia, em sua redação original: “Art.9º. Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a fonte pagadora obrigada a reter tributo ou contribuição, no caso de falta de retenção ou recolhimento, ou recolhimento após o prazo fixado, sem o acréscimo de multa moratória, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado.” O dispositivo acima não deixa a menor brecha para que se entenda que a penalidade nele prevista poderia ser exigida de outra forma, que não a isolada. Com efeito, a penalidade está sendo aplicada à fonte pagadora, que não é a beneficiária dos rendimentos, portanto resta descartada qualquer possibilidade de cobrança desta multa juntamente com o imposto, cujo ônus, repitase, não é da fonte pagadora, e sim do beneficiário. Confirmando esse entendimento, o parágrafo único especifica a base de cálculo da multa, que nada mais é que o tributo que deixou de ser retido ou recolhido. O art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, tinha a seguinte redação: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I. de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II. cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de Fl. 3240DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.236 11 novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II. isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III. isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV. isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; V. isoladamente, no caso de tributo ou contribuição social lançado, que não houver sido pago ou recolhido. (...)” Como se pode constatar, o art. 44, acima, não trata de multas incidentes sobre imposto cobrado por meio de responsabilidade tributária de fonte pagadora, e sim de penalidades que recaem diretamente sobre o imposto exigido do sujeito passivo, na qualidade de contribuinte, que relativamente ao Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos. Nesse passo, nenhuma das modalidades de exigência elencadas no § 1º se amolda à exigência estabelecida no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, portanto não há que se falar que este último dispositivo tenha se referido ao art 44 da Lei nº 9.430, de 1996, para tomar de empréstimo algo além dos percentuais nele estabelecidos – 75% e 150%. Isso porque a problemática que envolve as modalidades de exigência das penalidades constantes do § 1º do art. 44 – vinculadas ao imposto ou exigidas isoladamente – não se coaduna com a multa por falta de retenção na fonte. Esta, quando exigida, obviamente será isolada, eis que o principal, ou seja, o imposto, será cobrado não da fonte pagadora, mas sim, repitase, do beneficiário dos rendimentos. Com estas considerações, constatase que a referência feita pelo art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, aos incisos I e II, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, está focada nos incisos I e II do caput, e não nos incisos I e II do § 1º, do contrário estarseia atribuindo à fonte pagadora o papel de sujeito passivo contribuinte do tributo, e não o de mera intermediária entre este e o Fisco, responsabilidade esta conferida por lei. Ora, se os incisos I e II do caput do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, tratam de penalidades aplicáveis ao sujeito passivo na qualidade de contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o próprio beneficiário dos rendimentos, e o art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, trata exclusivamente de multa por descumprimento da obrigação de reter e recolher o tributo, aplicável à fonte pagadora na qualidade de responsável, o único elemento passível de Fl. 3241DF CARF MF 12 empréstimo, do art. 44 para o art. 9º, diz respeito efetivamente aos percentuais de 75% ou 150%. Com efeito, não existe qualquer outro liame entre os dois dispositivos legais. Corroborando este entendimento, a Exposição de Motivos da Medida Provisória nº 16, de 27/12/2001, que foi convertida na Lei nº 10.426, de 2002, encaminhada ao Congresso Nacional, assim esclarece: “Os arts. 7º a 9º ajustam as penalidades aplicáveis a diversas hipóteses de descumprimento de obrigações acessórias relativas a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, reduzindoas ou, no caso do art. 9º, instituindo nova hipótese de incidência, preenchendo lacuna da legislação anterior.” (grifei) O texto acima não deixa dúvidas, no sentido de que o art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, trata unicamente de multa por descumprimento de obrigação acessória pela fonte pagadora, portanto descartase a sua exigência juntamente com o respectivo imposto, cujo ônus é do beneficiário dos rendimentos. Ademais, fica patente que se trata de nova hipótese de incidência, o que também a desvincula definitivamente das hipóteses de incidência elencadas no § 1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, eis que estas já existiam no ordenamento jurídico muito antes do advento da Medida Provisória nº 16, de 2001. Com a edição da Medida Provisória nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.488, de 15/06/2007, foi alterado o art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, dentre outras finalidades, para extinguir a multa de ofício incidente sobre o pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo, desacompanhado de multa de mora. Dito dispositivo legal passou a ter a seguinte redação: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I. de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II. de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8º da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (...)” Fl. 3242DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.237 13 Assim, o art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, foi reformulado, mantendose a aplicação das multas de ofício vinculadas ao tributo, nos percentuais de 75% e 150%, a primeira mantida no inciso I, do caput, e a segunda não mais abrigada no inciso II, do caput, mas sim no inciso I, do §1º. O inciso II, do caput, que anteriormente continha a multa no percentual de 150%, passou a prever a multa isolada, no percentual de 50%, nos casos de falta de pagamento do carnêleão e de falta de pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devido por estimativa (alíneas “a” e “b”). Quanto à multa isolada pelo pagamento de tributo ou contribuição fora do prazo sem o acréscimo de multa de mora, esta foi extinta. Observese que a extinção da multa isolada acima destacada, levada a cabo pela nova redação do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, promovida pela Lei nº 11.488, de 2007, não tem qualquer reflexo nas multas do art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, eis que, conforme já patenteado no presente voto, os dois dispositivos legais tratam de penalidades distintas, o primeiro disciplinando as exigências em face do sujeito passivo contribuinte, que no caso do Imposto de Renda é o beneficiário dos rendimentos, e o segundo regulamentando a incidência pelo descumprimento de obrigação de retenção e recolhimento do tributo pela fonte pagadora, na qualidade de responsável. Como ficou assentado, a conexão entre os dois dispositivos diz respeito unicamente aos percentuais de 75% e 150%. Tanto é assim que o art. 9º teve de sofrer também um ajuste, em função da realocação da multa de 150% (do caput para o § 1º). Ademais, também havia neste dispositivo a previsão de aplicação de multa de ofício à fonte pagadora, pelo recolhimento em atraso do Imposto de Renda Retido na Fonte, sem o acréscimo da multa de mora. Assim, na mesma linha da exclusão levada a cabo na nova redação do art. 44, esta penalidade teria de ser excluída do art 9º, já que não haveria sentido em permanecer no ordenamento jurídico apenas para apenar a fonte pagadora. Confirase a alteração do art. 9º, promovida pela mesma Lei nº 11.488, de 2007: “Art. 9º Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1º, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado.” Ora, se a multa pela falta de retenção e recolhimento na fonte houvesse sido efetivamente extinta, não haveria qualquer razão para que se alterasse o art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, como foi feito acima. A alteração visa claramente adaptar esse dispositivo à nova topografia do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, o que de forma alguma sinaliza que dita penalidade teria sido extinta. Além disso, repitase que a nova redação visou excluir a exigência de multa de ofício pelo recolhimento, pela fonte pagadora, do IRRF fora do prazo sem multa de mora, tal como ocorrera com penalidade semelhante, que antes também era imposta ao beneficiário do rendimento, relativamente ao recolhimento do principal. Assim, igualouse a exoneração desta penalidade, tanto em face do sujeito passivo contribuinte da obrigação principal, como perante a fonte pagadora, na qualidade de responsável pela obrigação de reter e recolher o tributo. Fl. 3243DF CARF MF 14 As conclusões acima ficam evidenciadas no quadro comparativo a seguir: Redação original do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 Redação do art. 44, dada pela MP nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I. de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II. cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1o As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; II. isoladamente, quando o tributo ou a contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; III. isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnêleão) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazêlo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste; IV. isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente; Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I. de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II. de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Redação original do art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002 Art. 9º. Sujeitase às multas de que tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a fonte pagadora obrigada a reter tributo ou contribuição, no caso de falta de retenção ou recolhimento, ou recolhimento após o prazo fixado, sem o acréscimo de multa moratória, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado. Redação do art. 9º, dada pela MP nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, de 2007 Art. 9º Sujeitase à multa de que trata o inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicada na forma de seu § 1o, quando for o caso, a fonte pagadora obrigada a reter imposto ou contribuição no caso de falta de retenção ou recolhimento, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado. Além de todas as razões que conduzem à conclusão de que não ocorreu a alegada extinção da multa de ofício pela falta de retenção ou recolhimento do IRRF, destacase o fato de que a adoção de tal tese equivaleria a admitirse a instituição de uma obrigação – retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora – sem o estabelecimento de sanção, o que seria inusitado no Sistema Tributário Nacional. Ademais, ninguém põe em dúvida a manutenção da multa pela falta de recolhimento do carnêleão, que pressupõe relação entre pessoas físicas, que nem sempre possuem estrutura para cumprir com a obrigação, sendo que quem recolhe a antecipação, nesse Fl. 3244DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.238 15 caso, é o próprio contribuinte que arca com o encargo financeiro do tributo, descartada a possibilidade de apropriação indébita. Nesse passo, causa ainda maior perplexidade a conclusão de que a multa pela falta de retenção e recolhimento do imposto pela fonte pagadora teria sido extinta, já que as fontes pagadoras, na sua maciça maioria, são pessoas jurídicas, que dispõem de meios adequados ao cumprimento da obrigação. Acrescentese que a retenção na fonte sem o respectivo recolhimento caracteriza apropriação indébita, portanto terseia ainda a possibilidade do cometimento de crime, sem qualquer previsão de sanção na esfera tributária, o que também seria inédito no Sistema Tributário Nacional. Assim, após a data prevista para o encerramento do período de apuração, o que cessa é a responsabilidade da fonte pagadora sobre o recolhimento do tributo – cuja obrigação passa a ser do beneficiário. Entretanto, a falta de responsabilidade sobre o recolhimento do tributo não exime a fonte pagadora do pagamento da multa pelo descumprimento da obrigação de reter e recolher o imposto, e é exatamente esta a exigência que ora se analisa. Nesse passo, assim estabelece o item 16 do Parecer Normativo COSIT nº 1, de 2002, que deve ser considerado na sua integralidade, e não apenas em parte. Confirase: “16. Após o prazo final fixado para a entrega da declaração, no caso de pessoa física, ou, após a data prevista para o encerramento do período de apuração em que o rendimento for tributado, seja trimestral, mensal estimado ou anual, no caso de pessoa jurídica, a responsabilidade pelo pagamento do imposto passa a ser do contribuinte. Assim, conforme previsto no art. 957 do RIR/1999 e no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, constatandose que o contribuinte: a) não submeteu o rendimento à tributação, serlheão exigidos o imposto suplementar, os juros de mora e a multa de ofício, e, da fonte pagadora, a multa de ofício e os juros de mora; b) submeteu o rendimento à tributação, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora.” Assim, ainda que os rendimentos sejam oferecidos à tributação, remanesce a aplicação da penalidade pela falta de retenção e recolhimento por parte da fonte pagadora. E não há que se falar em ausência de base de cálculo, já que esta encontrase especificada no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, inclusiva na redação que lhe foi conferida pela Lei nº 11.488, de 2007: Art. 9º (...) Parágrafo único. As multas de que trata este artigo serão calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida ou recolhida, ou que for recolhida após o prazo fixado." (grifei) Destarte, entende esta Conselheira que a multa de ofício pela falta de retenção ou de recolhimento de IRRF pela fonte pagadora nunca foi extinta, permanecendo vigente no ordenamento jurídico, e tal entendimento encontra respaldo na jurisprudência do CARF: Acórdão nºs 9202003.580, 9202003.581 e 9202003.582, todos de 03/03/2015: Fl. 3245DF CARF MF 16 "Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2007, 2008 FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, ainda que os rendimentos tenham sido submetidos à tributação no ajuste. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O oferecimento dos rendimentos à tributação pelo beneficiário, combinado com o recolhimento de multa de mora pela fonte pagadora, não caracteriza denúncia espontânea, relativamente à obrigação desta última, de reter e recolher o imposto. Recurso Especial do Procurador Provido" (Redatora Designada Maria Helena Cotta Cardozo) Acórdão nº 9202003.583, de 03/03/2015: "Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2007 FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. Encerrado o prazo para entrega da declaração de pessoa física, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, tendo ou não os rendimentos sido submetidos à tributação no ajuste. Recurso Especial do Procurador Provido" (Redatora Designada Maria Helena Cotta Cardozo) Acórdão nº 9202003.834, de 09/03/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 01/04/2008 a 31/12/2009 IRRF. FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. A falta de retenção/recolhimento do IRRF enseja a aplicação da multa do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1996. RELAÇÃO JURÍDICA CLASSIFICAÇÃO IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS PRESTAÇÃO DE SERVIÇO Fl. 3246DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.239 17 DE INTERMEDIAÇÃO DE VENDA DE IMÓVEIS POR CORRETOR QUE ATUA EM NOME DA IMOBILIÁRIA. A determinação da natureza dos atos praticados e dos negócios celebrados, para fins de incidência da norma tributária, é realizada com base nos elementos essenciais das relações jurídicas estabelecidas, que se revelam com a identificação dos efetivos direitos exercidos e obrigações contraídas pelos interessados, independentemente do nome dado aos instrumentos contratuais formalizados ou dos procedimentos realizados. O pagamento realizado diretamente pelo cliente ao corretor de imóveis não tem o condão de afastar o fato de que o corretor prestou à imobiliária o serviço de intermediação junto a terceiros. Comprovandose a ocorrência de prestação de serviço deste para com a imobiliária, é esta que deve responder pelas correspondentes obrigações tributárias. Recurso especial negado." (grifei) (Relator Luiz Eduardo de Oliveira Santos) Acórdão nº 210200.465, de 02/02/2010 "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 IRRF FALTA DE RETENÇÃO MULTA EXIGIDA DA FONTE PAGADORA Havendo previsão legal expressa para sua exigência, nos termos do art. 9º da Lei nº 10.426/2002, deve ser mantido o lançamento que exige da fonte pagadora a multa incidente sobre a falta de retenção e recolhimento do IRRF. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. EMPRESA DE MARKETING DE INCENTIVO. MANOBRA PARA OCULTAR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. SONEGAÇÃO. HIGIDEZ DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA LANÇADA. Os pagamentos feitos por intermédio do cartão de incentivo, com a utilização de empresa de marketing como intermediária, são, na verdade, uma grosseira manobra diversionista com o fito de ocultar do fisco a tributação que deveria incidir sobre tais pagamentos. Higida a qualificação da multa de oficio, já que se demonstrou à sociedade a manobra perpetrada pelo fiscalizado para simular situações não existentes, ocultando da fiscalização o conhecimento da ocorrência do fato gerador, que é o conhecido legalmente como sonegação (art. 71 da Lei n°4.502/64). Recurso voluntário negado." (grifei) (Relatora Roberta de Azeredo Pagetti) Acórdão nº 2201002.676, de 11/02/2015: Fl. 3247DF CARF MF 18 “IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2007 IRRF. FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa isolada sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida, conforme dispõe o art. 9º da Lei n.° 10.426/2002. PERÍCIA OU DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de perícia ou diligência quando a sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. SELIC. SÚMULA CARF N° 4. “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”.(grifei) (Relator Eduardo Tadeu Farah) Acórdão nº 2201002.685, de 11/02/2015 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2009 OPÇÃO DE COMPRA DE AÇÕES. STOCK OPTIONS. FATO GERADOR DE IMPOSTO DE RENDA. Os pagamentos efetuados a funcionários, executivos e demais prestadores de serviço da empresa, por meio de opção de compra de ações, caracterizamse como fato gerador de imposto de renda. FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. MULTA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida, conforme dispõe o art. 9º da Lei n.° 10.426/2002, com a redação dada pelo artigo 16 da Lei nº 11.488/2007. MULTA PELA FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa, que constitui espécie do gênero crédito tributário." (grifei) (Relator Eduardo Tadeu Farah) Acórdão nº 2201002.763, de 26/01/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Fl. 3248DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.240 19 Exercício: 2007, 2008, 2009 INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF Nº 2. “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. IRRF. RETIRADA PRÓLABORE. A transferência de numerário da empresa para o sócio, a título de empréstimo sob a forma de contrato de mútuo não comprovado, configura retirada de prólabore, o qual se sujeita à incidência do imposto de renda retido na fonte. FALTA DE RETENÇÃO/RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. MULTA. CABIMENTO. É cabível a aplicação da multa sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição que deixar de ser retida, conforme dispõe o art. 9º da Lei n.° 10.426/2002. MULTA QUALIFICADA. INOCORRÊNCIA. Para a caracterização da multa qualificada, há que estar presente a figura do dolo específico caracterizado pela intenção manifesta do agente de omitir dados, informações ou procedimentos que resultam na diminuição ou retardamento da obrigação tributária. O registro das operações nos livros fiscais, inclusive com o cumprimento das formalidades acessórias, não evidencia máfé, inerente à prática de atos fraudulentos." (grifei) (Relator Eduardo Tadeu Farah) Acórdão nº 2301004.668, de 10/05/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 2007, 2008 Ementa: DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO ESCRITURADO. 1. A parcela dos rendimentos pagos ou creditados a sócio, acionista ou ao titular de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a título de lucros ou dividendos distribuídos, que exceder ao valor apurado com base na escrituração, será imputado aos lucros acumulados ou reservas de lucros de exercícios anteriores, ficando sujeita a incidência do imposto de renda calculado segundo o disposto na legislação específica, com acréscimos legais. 2. Inexistindo lucros acumulados ou reservas de lucros em montante suficiente, a parcela excedente será igualmente submetida à tributação, uma vez que a tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da Fl. 3249DF CARF MF 20 localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO APURADO PELO CONTRIBUINTE. Constatada a falta de retenção do imposto, que tiver a natureza de antecipação, após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual." (grifei) (Relator João Bellini Júnior) Acórdão nº 2402005.339, de 16/06/2016: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2008, 2009, 2010 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 173, INC. I, DO CTN. O prazo decadencial para constituição de obrigações tributárias acessórias é de cinco anos e deve ser contado nos termos do art. 173, inc. I, do CTN, vez que, nesta hipótese, não há pagamento a ser homologado pela Fazenda Pública. FALTA DE RETENÇÃO E DE RECOLHIMENTO. MULTA. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. Encerrado o prazo para entrega da declaração de pessoa física, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa pela falta de retenção ou de recolhimento, prevista no art. 9º, da Lei nº 10.426, de 2002, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, tendo ou não os rendimentos sido submetidos à tributação no ajuste. JUROS ISOLADOS. IRRF. INEXISTÊNCIA DE RETENÇÃO. APURAÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL PARA A ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL PELO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. 1. No período compreendido entre a data em que a retenção deveria ter sido recolhida, pela fonte, e a data final prevista para a entrega da declaração de ajuste anual, pelo beneficiário, a mora é da própria fonte, e não do beneficiário. 2. Nesse período, a fonte responde pelos juros moratórios. 3. O sujeito passivo indireto somente não responde pela mora a qual não der causa, que é a mora contada a partir da data final da entrega da declaração pelo contribuinte, ocasião em que o rendimento deve ser oferecido à tributação no ajuste. Fl. 3250DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.241 21 IRRF. PAGAMENTO A BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. MULTA QUALIFICADA. IDENTIFICAÇÃO DA MATÉRIA TRIBUTÁVEL. EQUÍVOCO. 1. O art. 674 do RIR/99 e seu § 1º estabelecem, para o sujeito passivo, o ônus de comprovar, mediante documentação hábil e idônea, os beneficiários dos pagamentos realizados, assim como as suas causas subjacentes. 2. Em não havendo comprovação, tais pagamentos são tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%. 3. A inexistência de razões recursais quanto ao lançamento do IRRF, torna definitivo o lançamento, na dicção do parágrafo único do art. 42 do Decreto nº 70.235/1972. 4. Diante do evidente equívoco na qualificação da multa e, consequentemente, na identificação da matéria tributável (art. 142 do CTN), deve ser cancelada a sua qualificação. 5. Não pode a DRJ, enquanto órgão julgador, corrigir o lançamento, para corrigir os fundamentos da qualificação, sob pena de ofensa ao princípio do devido processo legal (due process of law). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. 1. Os juros de mora são aplicáveis sobre a multa de ofício, na medida em que ela é integrante do crédito tributário não integralmente pago no vencimento. 2. O tributo e a multa têm datas de vencimentos distintas. 3. Diferentemente do tributo, que decorre exclusivamente do seu respectivo fato gerador, a multa de ofício decorre do lançamento. 4. O vencimento da multa por lançamento de oficio se dá no prazo de 30 dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Recurso Voluntário Provido em Parte." (grifei) (Redator Designado Kleber Ferreira de Araujo) Acórdão nº 2202003.605, de 18/01/2017: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2010, 2011 RELAÇÃO JURÍDICA. CLASSIFICAÇÃO. IDENTIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ESSENCIAIS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE INTERMEDIAÇÃO DE VENDA DE IMÓVEIS POR CORRETOR QUE ATUA EM NOME DA IMOBILIÁRIA. Fl. 3251DF CARF MF 22 A determinação da natureza dos atos praticados e dos negócios celebrados, para fins de incidência da norma tributária, é realizada com base nos elementos essenciais das relações jurídicas estabelecidas, que se revelam com a identificação dos efetivos direitos exercidos e obrigações contraídas pelos interessados, independentemente do nome dado aos instrumentos contratuais formalizados ou dos procedimentos realizados. O pagamento realizado diretamente pelo cliente ao corretor de imóveis não tem o condão de afastar o fato de que o corretor prestou à imobiliária o serviço de intermediação junto a terceiros. Comprovandose a ocorrência de prestação de serviço deste para com a imobiliária, é esta que deve responder pelas correspondentes obrigações tributárias. FALTA DE RETENÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MULTA ISOLADA. LEGALIDADE. PROCEDÊNCIA. A falta de retenção/recolhimento do IRRF a título de antecipação incidente sobre pagamentos efetuados, quando o imposto deve ser retido e antecipado pela pessoa jurídica, fonte pagadora do rendimento, enseja sanção no percentual de 75%, na forma do artigo 9º da Lei 10.426, de 2002 que aponta para o inciso I do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996. MULTA QUALIFICADA. Em suposto planejamento tributário, quando identificada a convicção do contribuinte de estar agindo segundo o permissivo legal, sem ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios, não há como ser reconhecido o dolo necessário à qualificação da multa, elemento este constante do caput dos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64. JUROS ISOLADOS. IRRF. ANTECIPAÇÃO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. Constatada a falta de retenção do imposto, que tiver a natureza de antecipação, após a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual, no caso de pessoa física, serão exigidos da fonte pagadora a multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual. MULTA. ART. 112 DO CTN. O art. 112 do CTN somente se aplica quando houver dúvida quanto à capitulação legal do fato; ou à natureza ou às circunstâncias materiais do fato; u à natureza ou extensão dos seus efeitos; ou à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; ou, ainda, à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. SUMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 3252DF CARF MF Processo nº 10166.724042/201323 Acórdão n.º 9202005.444 CSRFT2 Fl. 3.242 23 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. INFRAÇÃO DE LEI. DIRETORES. ADMINISTRADORES. AFASTAMENTO. Ainda que administradores, se os atos que motivaram a responsabilidade solidária atribuída decorria de uma prática usual da autuada em seus negócios, não há que se atribuir tal responsabilidade a quem não deu causa, mormente quando a conduta da autuada segue o padrão de sua Controladora. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM. CONTROLADORA. Mantémse a empresa citada como responsável solidária no polo passivo da obrigação tributária quando resta comprovada a existência de interesse comum de que trata o art. 124 do CTN, decorrente do liame inequívoco presente nas atividades desempenhadas pelas empresas envolvidas (Controlada e Controladora)." (Redator Designado Márcio Henrique Sales Parada) (grifei) Acórdão nº 2401004.593, de 07/02/2017: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2008 DECADÊNCIA. MULTA ISOLADA. JUROS DE MORA EXIGIDOS ISOLADAMENTE. ART. 173, I, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (CTN). No caso da aplicação de multa isolada, à fonte pagadora, pela falta de retenção ou recolhimento do imposto que estava obrigada a reter, e da cobrança de juros de mora lançados isoladamente, não há que se falar em antecipação de pagamento por parte do sujeito passivo. Para fins de contagem do prazo decadencial, aplicase ao lançamento do crédito tributário a regra geral contida no art. 173, inciso I, do CTN. DECADÊNCIA. IMPOSTO SOBRE A RENDA INCIDENTE EXCLUSIVAMENTE NA FONTE. BENEFICIÁRIO NÃO IDENTIFICADO. ART. 173, I, DO CTN. Na ausência de comprovação de pagamento antecipado, que tenha conexão com o fato gerador da obrigação tributária, aplicase ao lançamento do imposto sobre a renda incidente exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, a regra geral de contagem do prazo decadencial prevista no art 173, inciso I, do CTN. RENDIMENTOS DO TRABALHO. BÔNUS. APORTES EM PLANO DE PREVIDÊNCIA. CARTÕES DE INCENTIVO DE VENDA. TRIBUTAÇÃO. O pagamento de remuneração variável a empregados, autônomos e diretores não empregados, por meio de aportes em conta de fundo de previdência privada e de cartões de incentivos Fl. 3253DF CARF MF 24 de vendas, está sujeito à incidência do imposto sobre a renda na fonte, por constituir rendimento do trabalho assalariado ou não assalariado, conforme o beneficiário. RENDIMENTOS DO TRABALHO. FALTA DE RETENÇÃO OU RECOLHIMENTO. OBRIGAÇÃO DA FONTE PAGADORA. MULTA ISOLADA. Após o encerramento do período de apuração, a responsabilidade pelo pagamento do respectivo imposto passa a ser do beneficiário dos rendimentos, embora cabível a aplicação, à fonte pagadora, da multa isolada pela falta de retenção ou recolhimento prevista no art. 9º da Lei nº 10.426, de 2002, mantida pela Lei nº 11.488, de 2007. MULTA QUALIFICADA. INTENÇÃO DOLOSA. MARGEM DE DÚVIDA. FALTA DE COMPROVAÇÃO PELA AUTORIDADE LANÇADORA. Exigese para a aplicação de penalidade mais gravosa a demonstração pela autoridade lançadora da intenção firme do infrator de praticar a conduta ilícita perante o Fisco, não deixando margem de dúvida a respeito da existência do dolo. Não demonstrada pela fiscalização a ocorrência das condições que permitam a majoração da multa de ofício, proporcional e isolada, até o importe de 150%, cabe afastar a qualificação da penalidade, reduzindoa ao patamar trivial de 75%. Recursos de Oficio Negado e Voluntário Provido em Parte." (grifei) (Redator Designado Cleberson Alex Friess) Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando o retorno dos autos à Turma recorrida, para o exame das demais questões constantes do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 3254DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720052/2015-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. PLANO COLETIVO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO PREVIDENCIÁRIO. INSTRUMENTO REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA.
Os valores dos aportes a planos coletivos de previdência complementar em regime aberto, ainda que ofertado plano diferenciado a grupo ou categoria distinta de trabalhadores da empresa, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária, mas desde que não utilizados como instrumento de incentivo ao trabalho, concedidos a título de gratificação, bônus ou prêmio. A falta de comprovação do propósito previdenciário do plano, que deve destinar-se à formação de reservas para garantia dos benefícios contratados, implica a tributação das contribuições efetuadas pela empresa instituidora ao plano de previdência privada aberta.
LEI TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. EXIGÊNCIA DO ADICIONAL DE 2,5%. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que fixa alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica da empresa.
(Súmula Carf nº 2).
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA REFERENCIAL DO SISTEMA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA (SELIC). INCIDÊNCIA.
Incidem juros de mora à taxa Selic sobre a multa de ofício não recolhida no prazo legal.
Numero da decisão: 2401-004.776
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário. No mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. PLANO COLETIVO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO PREVIDENCIÁRIO. INSTRUMENTO REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. Os valores dos aportes a planos coletivos de previdência complementar em regime aberto, ainda que ofertado plano diferenciado a grupo ou categoria distinta de trabalhadores da empresa, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária, mas desde que não utilizados como instrumento de incentivo ao trabalho, concedidos a título de gratificação, bônus ou prêmio. A falta de comprovação do propósito previdenciário do plano, que deve destinar-se à formação de reservas para garantia dos benefícios contratados, implica a tributação das contribuições efetuadas pela empresa instituidora ao plano de previdência privada aberta. LEI TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. EXIGÊNCIA DO ADICIONAL DE 2,5%. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que fixa alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica da empresa. (Súmula Carf nº 2). JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA REFERENCIAL DO SISTEMA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA (SELIC). INCIDÊNCIA. Incidem juros de mora à taxa Selic sobre a multa de ofício não recolhida no prazo legal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário. No mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR ABERTA. PLANO COLETIVO. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO PREVIDENCIÁRIO. INSTRUMENTO REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA. Os valores dos aportes a planos coletivos de previdência complementar em regime aberto, ainda que ofertado plano diferenciado a grupo ou categoria distinta de trabalhadores da empresa, não integram a base de cálculo da contribuição previdenciária, mas desde que não utilizados como instrumento de incentivo ao trabalho, concedidos a título de gratificação, bônus ou prêmio. A falta de comprovação do propósito previdenciário do plano, que deve destinarse à formação de reservas para garantia dos benefícios contratados, implica a tributação das contribuições efetuadas pela empresa instituidora ao plano de previdência privada aberta. LEI TRIBUTÁRIA. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. EXIGÊNCIA DO ADICIONAL DE 2,5%. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. Este Conselho Administrativo é incompetente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade da lei tributária que fixa alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica da empresa. (Súmula Carf nº 2). JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA REFERENCIAL DO SISTEMA DE LIQUIDAÇÃO E CUSTÓDIA (SELIC). INCIDÊNCIA. Incidem juros de mora à taxa Selic sobre a multa de ofício não recolhida no prazo legal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 00 52 /2 01 5- 48 Fl. 1675DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário. No mérito, por voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos a relatora e os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 1676DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.676 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis – SC (DRJ/FNS), que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo integralmente os créditos tributários exigidos nos autos de infração de DEBCAD nº 51.032.9039 e nº 51.032.9047, nos termos do voto do relator, conforme ementa do Acórdão nº 0737.588 (fls. 1.516/1.561): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 LANÇAMENTO DE CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial de contribuições sociais previdenciárias, não declaradas em GFIP, o auditor fiscal da Receita Federal do Brasil efetuará o lançamento do crédito previdenciário. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NÃO DISPONÍVEL À TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Os valores pagos pela empresa relativos a programa de previdência complementar não disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes integram o saláriodecontribuição. Integram a remuneração e se sujeitam à incidência das contribuições sociais previdenciárias os aportes e as contribuições a plano de previdência privada complementar efetuados pela empresa se não comprovado o caráter previdenciário dos mesmos (aportes e contribuições). ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial de contribuições para terceiros, o auditorfiscal da Receita Federal do Brasil efetuará o lançamento do crédito tributário. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR NÃO DISPONÍVEL À TOTALIDADE DOS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIROS. Os valores pagos pela empresa relativos a programa de previdência complementar não disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes integram o saláriodecontribuição. Fl. 1677DF CARF MF 4 Integram a remuneração e se sujeitam à incidência das contribuições para terceiros os aportes e as contribuições a plano de previdência privada complementar efetuados pela empresa se não comprovado o caráter previdenciário dos mesmos (aportes e contribuições). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 JUROS INCIDENTES SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A incidência de juros sobre a multa de ofício é legítima. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O Presente processo é composto pelos autos de infração (AI), referentes ao período de apuração 01/01/2010 a 31/12/2011, conforme se segue: 1. DEBCAD 51.032.9039 (fls. 1.229/1.245): Lavrado em 20/01/2015, referente às contribuições sociais previdenciárias de bancos e assemelhados sobre remunerações pagas ou creditadas a segurados contribuintes individuais (Levantamentos PD – PGBL EMPRESARIAL DIRETORES), e contribuições sociais previdenciárias de bancos e assemelhados sobre remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados, inclusive para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT (Levantamento PS – PGBL EMPRES SUPERINT E GER REG), no valor total de R$ 198.651.080,80, incluídos juros de mora e multa de ofício; 2. DEBCAD 51.032.9047 (fls. 1.246/1.256): Lavrado em 20/01/2015, referente a contribuições para outras entidades e fundos (Levantamento PS – PGBL EMPRES SUPERINT E GER REG), no valor de R$ 3.403.866,73, incluídos juros de mora e multa de ofício” O Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo que deu origem aos Autos de Infração acima referidos encontrase à fl. 02. O lançamento das contribuições, exigidas nos autos de infração, foi efetuado com base no valor das contribuições (aportes) feitas, pela Autuada, no plano de previdência Fl. 1678DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.677 5 privada da Bradesco Previdência e Seguros S.A., em favor de membros do Conselho da Companhia, de diretores estatutários, de superintendentes executivos, de assessores jurídicos e de gerentes regionais, seguindo as regras registradas nos documentos reproduzidos às fls. 298 a 302 (5º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada firmado em 20 de junho de 1985) e às fls. 344/345 (Termo Aditivo nº 05E Ao convênio de adesão ao Plano I – Contrato de Previdência Privada para empregados e dirigentes e empresa firmado em 20 de junho de 1985). No Termo de Verificação Fiscal (fls. 06/29), a autoridade fiscal, elenca os atos processuais praticados (Item 5 fls. 07/08), bem como a legislação aplicável (Item 6 – fls. 08/13) e discorre sobre a análise dos documentos apresentados à fiscalização pelo contribuinte (Item 7 e 8 – fls. 13/28). Da análise desses documentos apresentados, o auditor fiscal conclui que a natureza remuneratória do PGBL – Empresarial restou caracterizada: · Pelos aportes suplementares em valores substanciais que estão inseridos na política e diretriz traçada pela CIA em relação à remuneração de seus administradores e altos funcionários. A remuneração dos administradores, incluído o PGBL Empresarial, é recomendada pelo Comitê de Remuneração, Conselho de Administração e ratificadas na Assembléia Geral, de forma antecipada e unilateral, levando em consideração resultados apurados nos segmentos de negócio e a necessidade de reter talentos num mercado competitivo, conforme expresso nos Atos societários da CIA e nas respostas do contribuinte; · Pelo regulamento do PGBL Empresarial que não prevê regras claras em relação às contribuições do patrocinador. Conforme Doc. 19 em anexo o Conselho de Administração aprova a forma de distribuição dos aportes extraordinários cujos valores são aprovados em Assembléia da CIA; · Pelos resgates significativos autorizados pelo contribuinte sem qualquer finalidade previdenciária como demonstrado neste TVF; · Pelo fato das contribuições feitas ao PGBL Empresarial não ter a finalidade de prover o pagamento de benefícios de caráter previdenciário, visto que vários participantes estão em gozo de benefícios e continuam a receber os aportes suplementares da instituidora; Finaliza suas conclusões afirmando que o PGBL Empresarial se afasta dos dispositivos da Lei Complementar 109/01 e Lei 8212/91: 1. em seu artigo 2º a LC 109/01 que estabelece que o regime de previdência complementar tem por objetivo instituir planos de benefício de caráter previdenciário; 2. em seu artigo 10 a LC 109/01 estipula que tanto os requisitos de elegibilidade, como a forma de cálculo dos aportes pela Instituidora devem estar claramente definidos no regulamento Fl. 1679DF CARF MF 6 do plano, o que não acontece no regulamento do PGBL Empresarial; 3. O artigo 69 e parágrafo 1o da LC 109/01 prevê a não incidência de tributação e contribuições de qualquer natureza para custeio dos planos de benefício de natureza previdenciária, que como foi demonstrado, não é o caso do PGBL Empresarial instituído pelo contribuinte; 4. O art. 28, parágrafo 9, alínea p, da Lei 8212/91 prevê a não incidência previdenciária das contribuições efetivamente pagas pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar. Não se confunde com aportes suplementares de natureza remuneratória que visa o incentivo, retenção de talentos ou complementação de salário encontrado no PGBL Empresarial. O contribuinte tomou ciência da autuação em 21/01/2015, conforme assinaturas apostas nos documentos às fls. 1.229 e 1.246. Em 20/01/2015 apresentou, tempestivamente, sua impugnação (fls. 1.271/1.329), instruída com os documentos de fls. 1.330 a 1.512, onde requer o reconhecimento da insubsistência dos autos de infração que integram o processo administrativo. Encaminhado o processo para apreciação e julgamento pela 5ª Turma da DRJ/FNS, foi julgado improcedente a impugnação mantendo os créditos tributários exigidos nos autos de infração. O contribuinte teve ciência do Acórdão nº 0737.588 em 20/08/2015, por meio de sua Caixa Postal (TERMO DE CIÊNCIA DE POR ABERTURA DE MENSAGEM fl. 1.569), e apresentou, tempestivamente, em 18/09/2015, seu Recurso Voluntário (fls. 1.571/1.644) onde alega que: · A previdência privada foi instituída, como forma de suplementar o sistema previdenciário oficial, pela Lei 6.435/77, reconhecido como sendo de relevante interesse social e econômico; · O Decreto Lei 2.296/86, editado com a finalidade de conceder estímulos aos programas de previdência privada, estabelece em seu art. 2º que as contribuições efetivamente pagas pela pessoa jurídica relativas aos programas de privada, em favor dos seus empregados e dirigentes, não integram a remuneração dos beneficiários para efeitos trabalhistas, previdenciários e de contribuição sindical, nem integrarão a base de cálculo para as contribuições do FGTS; · A previdência privada está regulada no art. 202, da CF/88, e na Lei Complementar 109/01, que acabaram aperfeiçoando e recepcionando este instituto; · A única condição constitucional exigida, para que essa verba não seja inserida na remuneração dos empregados, é que o pagamento seja feito entidades de previdência priva regularmente constituídas, cujos planos tenham sido instituídos na forma da lei; Fl. 1680DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.678 7 · A Lei Complementar 109/01, que veio disciplinar a previdência privada, prevê que as entidades de previdência privadas são classificadas em fechados e abertos (art. 4º c/c 31 e seguintes e 36 e seguintes); · Os planos das entidades fechadas podem ser instituídos por patrocinadores e instituidores devendo ser oferecido a todos os seus empregados e dirigentes (art. 12 c/c 16). Já os planos das entidades abertas podem ser individuais e coletivos e estes podem ser instituídos para grupos de pessoas constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador (art. 26, II, § 3º). Quanto ao resgate, ele é de previsão obrigatória em qualquer dos planos (art. 14, III, e 27); · A previdência privada, que no princípio se assemelhava à previdência oficial, evoluiu para ficar semelhante a uma poupança forçada, como é o caso do PGBL, cujas características são de total liberdade dos participantes e das instituidoras quanto ao pagamento das contribuições e a garantia do direito de resgate, que pode ser total ou parcial, a qualquer tempo, respeitado os prazos legais de carência e intervalo entre resgates; · O plano mantido pelo Recorrente atende ao disposto no art. 28, § 9º, “p” da Lei 8.212/91, já que a norma exige que ele esteja disponível a todos os seus empregados e dirigentes, mas não exige que o plano oferecido seja idêntico para todos quando se trata de plano de previdência privada aberta, em razão do disposto na Lei Complementar 109/01. Cita jurisprudência da 2º Turma da CSRF e de diversas Turmas do CARF, no mesmo sentido; · Se mostram improcedentes as afirmações do fiscal de que na fixação das contribuições não são levados em conta idade e expectativas de vida dos beneficiários, que são critérios de caráter previdenciário, mas o resultado dos negócios do Recorrente, retenção de talentos e reconhecimento dos serviços prestados. Reforça seu argumento afirmando que é preciso distinguir, de um lado, os parâmetros para a fixação da verba global destinada a cobrir as condições previdenciárias dos administradores, que só pode ser o resultado dos negócios da Recorrente, e de outro, os parâmetros para fixação das contribuições que cabem a cada um dos beneficiários que levam em conta aspectos pessoais do beneficiário tais como: o tempo de cargo na organização, que indiretamente tem a ver com a idade, e o valor do honorário percebido, já que a previdência privada visa preservar o padrão de vida do beneficiário na inatividade; · Os aportes foram feitos de acordo com a legislação já que se trata de plano de previdência na modalidade de Contribuição Variável, o que possibilita que aporte sejam feitos em qualquer valor e a qualquer tempo, não podendo prosperar o argumento do fiscal de que a Fl. 1681DF CARF MF 8 natureza remuneratória decorre do fato dos valores aportados serem de elevadas montas, muito superiores às contribuições básicas e efetuadas de forma variável, livres e unilateral; · O resgate nas condições efetuadas é um direito do participante de planos de previdência aberta, como é o caso, conforme entendimento extraído do caput do art. 27 da Lei Complementar 109/01; · Foram atendidas todas as condições constitucionais e legais previstas para que as contribuições sejam excluídas da base de cálculo das exações em causa, haja vista que apenas uma condição é exigida por lei para que as contribuições da empresa a planos de previdência privada aberta sejam desvinculadas da remuneração dos beneficiários, qual seja, que as contribuições devem ser pagas a empresas de previdência privada legalmente constituídas e autorizada a instituir e operar planos estruturados na forma da legislação aplicável à espécie e aprovados pelos órgãos competentes; · Alega inconstitucionalidade da exigência do cálculo da contribuição do INSS com a alíquota adicional de 2,5%, com fundamento no art. 26A, § 6º, I, do decreto 70.235/72, única e exclusivamente para, na hipótese do STF vir a acolher a tese, ficar afastada qualquer preclusão; · Não cabe a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício e cita vários acórdãos da jurisprudência administrativa nesse sentido. Finaliza seu Recurso Voluntário pedindo que seu recurso seja julgado procedente para o fim de reformar a decisão recorrida, reconhecendo a insubsistência dos autos de infração. Foram apresentadas Contrarrazões pela Fazenda Nacional às fls. 1648/1672 em que reforça o argumento do caráter remuneratório das verbas pagas a título de previdência complementar. É o relatório. Fl. 1682DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.679 9 Voto Vencido Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito Conforme se constata do Termo de Verificação Fiscal (fls. 6/29), as contribuições foram lançadas sobre os valores aportados pagos aos empregados e administradores a título de planos de previdência privada por entender a fiscalização que referidos valores teriam, na verdade, a natureza remuneratória, conforme imagem destacada a seguir: Segundo a fiscalização existe um plano aplicado a todos os funcionários, tratando de “regra geral”, e um plano denominado PGBL Empresarial (item 7 do TVF), e, com relação a este plano, entendeu que: restou caracterizada a natureza remuneratória dos valores pagos de PGBL empresarial pelos aportes suplementares em valores substanciais; a remuneração dos administradores, incluindo o PGBL Empresarial é recomendado pelo Comitê de Remuneração, Conselho de Administração e ratificadas pela Assembleia Geral; o Regulamento do PGBL Empresarial não prevê regras claras em relação às contribuições do patrocinador; os valores pagos de PGBL Empresarial pelos aportes suplementares em valores substanciais não tem finalidade previdenciária; o PGBL Empresarial contrariou a LC 109/01 em seus artigos 2º (planos de benefício de caráter previdenciário), 10º (os requisitos de elegibilidade e forma de cálculo dos aportes devem estar claramente definidos no regulamento do plano), art. 69 e § 1º e art. 28, § 9º, alínea “p” da Lei 8.212/91(a não incidência da contribuição previdenciária não se confunde com aportes suplementares fl. 27). Fl. 1683DF CARF MF 10 Ao julgar improcedente a impugnação apresentada pela empresa, entendeu a DRJ que para que a previdência de segurados não integre as bases de cálculo das contribuições previdenciárias, deve ser cumprida a norma existente na Lei que instituiu e que regula o tributo em comento, qual seja, aquela contida na Lei nº 8.212/1991, artigo 28, § 9º, alínea “p”, ou seja, é preciso que a empresa proporcione a todos os seus empregados e dirigentes um plano de previdência complementar. Não o fazendo, ou beneficiando apenas os dirigentes ou um grupo restrito de empregados, esta parcela (contribuições feitas pela empresa a programa de previdência complementar), por ficar fora do alcance da isenção, deve sofrer a incidência das contribuições sociais previdenciárias e das contribuições para terceiros; entendeu ainda que não restou caracterizado que o plano é baseado na formação de reservas e que as contribuições tinham nítido caráter remuneratório já que não eram definidos com base em critérios de caráter previdenciário, mas sim dentro da política e das diretrizes traçadas pela Autuada. Em seu Recurso Voluntário assevera que mantinha um plano único e que o 5º termo de aditivo oferecia benefícios diferenciados aos beneficiários elencados, e por se tratar de plano de previdência aberta, respeitou a norma de regência do art. 26, 68 e 69 da Lei Complementar. Da Previdência Privada A previdência social é organizada sob a forma do regime geral, de caráter contributivo e filiação obrigatória (art. 201 da Constituição Federal), ou sob o regime de previdência privada, de caráter complementar, facultativo e organizado de forma autônoma. Destarte, o regime de previdência complementar funciona basicamente como instrumento de poupança de longo prazo, o que é socialmente mais desejável, do ponto de vista da promoção do desenvolvimento econômico, do que a poupança de curto prazo. De acordo com o que foi positivado no art. 202, da Lei Maior: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Estabeleceu ainda em seu parágrafo 2º, que as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes dos planos, encontrandose assim desvinculada da remuneração, trazendo uma regra imunizante com relação à incidência da contribuição previdenciária, desde que não restem caracterizados como benefício em razão do trabalho, senão vejamos: § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Fl. 1684DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.680 11 Dentro desse contexto constitucional, foi editada a Lei Complementar 109/2001 que assim disciplinou as normas sobre os planos de previdência privada: Art. 1o O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. Art. 4o As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Art. 12. Os planos de benefícios de entidades fechadas poderão ser instituídos por patrocinadores e instituidores, observado o disposto no art. 31 desta Lei Complementar. Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. § 2o É facultativa a adesão aos planos a que se refere o caput deste artigo. Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. § 1o O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. § 3o Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. § 4o Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equiparáveis aos empregados e associados os diretores, Fl. 1685DF CARF MF 12 conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. Art. 27. Observados os conceitos, a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador, é assegurado aos participantes o direito à portabilidade, inclusive para plano de benefício de entidade fechada, e ao resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos, total ou parcialmente. Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. § 1o Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamento do respectivo plano. § 2o A concessão de benefício pela previdência complementar não depende da concessão de benefício pelo regime geral de previdência social. Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. Com o advento da LC n° 109/2001, restou clara a diferenciação entre o regime fechado de planos, inseridos na Seção II da Lei Complementar 109/2001, através de seu artigo 16, no qual há a exigência de disponibilidade do plano para todos os empregados; e o regime aberto, em que poderão ser oferecidos para grupos de pessoas constituídos de uma ou mais categorias de empregados, conforme disposto no art. 26, inserido na Seção III do diploma legal. Assim, conquanto a Lei 8.212/1991 determine que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, deve ser disponibilizado à totalidade dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica, para que não integrem o salário de contribuição (alínea p do § 9º do art. 28), a aparente antinomia encontra solução na aplicação integrada com a Lei Complementar nº 109/2001, conforme analisado anteriormente. Sob essa matéria apreciada na decisão de piso, destaco o entendimento proferido no Acórdão nº 2402003.661 (4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária), verbis: Vêse que para o regime fechado, considerando a unidade da lei, não há incompatibilidade com a Lei n° 8.212/1991, apenas que nesta as regras de incidência e abrangência estão em um mesmo dispositivo legal. Agora, como já sinalizado acima, para o regime aberto a lei faculta que, direta ou indiretamente através da entidade, a empresa contrate em benefício de grupos específicos de Fl. 1686DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.681 13 categorias de empregados plano de previdência complementar, artigo 26, §2° e 3° da lei. Então, neste caso não incidem contribuições previdenciárias ainda que o benefício não seja oferecido à totalidade dos empregados. Mas, sem precipitações, a interpretação será mais segura quando considerado o todo da lei. No caso dos programas em regime aberto, embora não seja necessário estendêlo à totalidade dos empregados e dirigentes, os grupos selecionados são de categorias de empregados, sem discriminações dentro de um mesmo grupo. (...). Em síntese, temos que para a não incidência de contribuições previdenciárias: a) até o advento da LC n° 109/2001, em quaisquer casos, a empresa tinha que oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes; b) a partir da LC n° 109/2001, somente no regime fechado, a empresa deverá oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. No presente caso sob exame, os fatos geradores ocorreram posteriormente à LC n° 109/2001. Tratandose da modalidade de previdência complementar em regime aberto, de acordo com a tese aqui desenvolvida, não haveria necessidade de disponibilização dos planos de previdência complementar à totalidade dos dirigentes e empregados, desde que a restrição ao benefício seja de forma genérica e impessoal, que é o caso; portanto, os valores lançados são insubsistentes. Cabe ainda trazer a colação decisão proferida no Acórdão nº 9202004.346 – 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em face do recurso especial interposto pelo Procurador da Fazenda Nacional, que manteve o entendimento exarado no Acórdão nº 2403 002.310, em que foram analisados planos de previdência privada similares: Ao cuidar dos Planos de Previdência Aberta Coletivos, categoria em que se enquadra o PLANO ÚNICO mantido pela Recorrente, prevê a Lei Complementar nº 109/01, em seu artigo 26, parágrafo 3º, a possibilidade de haver “uma ou mais categorias específicas” de beneficiados vinculados a um mesmo empregador, literis: [...] Da leitura deste artigo 26, particularmente de seu §3º, evidencia que a própria Lei Complementar 109/01 reconhece a possibilidade de celebração de plano previdenciário coletivo na modalidade aberta, como aquele mantido pela Recorrente, que não abranja todos os empregados e diretores de uma pessoa jurídica já que pode ser contratado para “grupos de pessoas” que poderão ser constituídos por “uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador.” Fl. 1687DF CARF MF 14 Em sendo assim, ao caso concreto não se aplica o artigo 16 da Lei Complementar 109/01, voltado apenas e tão somente aos planos de previdência privada fechada, mas o citado artigo 26, inserido na Seção III da Lei Complementar 109/01, e que disciplina os planos de previdência privada aberta, exatamente o caso do PLANO ÚNICO mantido pelo contribuinte ao qual se agrega o Termo Aditivo. E, como já dito, ainda que o Termo Aditivo pudesse ser considerado um plano autônomo como pretende a fiscalização e a r. decisão recorrida, o que se admite para argumentar, não padeceria ele de nenhuma ilegalidade porque nos termos da legislação em comento poderia ele abranger “uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador” (art. 26, par. 3º da LC 109/2001).” [...] No caso concreto, é fato incontestável que o v. acórdão recorrido reconheceu que no caso concreto existe um único plano mantido pelo Recorrido, sendo clara a explicação constante do voto do seu I. Relator, “verbis”: “No caso concreto, percebese que não existem, concretamente, dois planos benefícios, mas apenas um único, com um aditivo ampliando os benefícios a outras pessoas de escalão gerencial na hierarquia da empresa. Existe na verdade o Plano de Previdência Privada Aberta Coletivo – Plano II – do tipo Plano Gerador de Benefícios Livros – PGBL, Renda Fixa, estruturado no Regime Financeiro de Capitalização e na modalidade Contribuição Variável que é o que substituiu o Plano I. O referido plano foi aprovado pela SUSEP, com número de processo citado pelo recorrente, qual seja, Processo 10.003048/01/23, o qual contempla contribuições e benefícios básicos aplicáveis a todos os empregados e dirigentes da empresa além de benefícios suplementares diferenciados para Diretores Estatutários e Superintendentes Executivos (6º e 6ºA Termo Aditivo), fls. 101 a 113.” Por sua vez o acórdão indicado pela Recorrente como paradigma, já no relatório, revela que no caso em questão o contribuinte instituiu dois planos, que eram até mesmo mantidos junto a entidades de previdência distintas, “verbis”: [...] Restando comprovada a ausência de similitude fática entre as situações examinadas no v. acórdão recorrido e o acórdão apontado pela Fazenda como paradigma, não merece ser conhecido o recurso especial. Ante o exposto, deve ser afastada no caso concreto a restrição constante da alínea “p” do § 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/91, não podendo por tal motivo ser mantido o lançamento de contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas a título de previdência privada aos dirigentes. Fl. 1688DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.682 15 Pelo exposto, não conheço o Recurso Especial do Procurador, mantendo a decisão recorrida por seus próprios fundamentos. (Grifos do original). Ainda por força da norma imunizante estabelecida no § 2º, art. 202 da CF, e, restando cumpridas as determinações contidas na referida Lei Complementar, as contribuições do empregador encontramse desvinculadas da remuneração dos participantes (art. 68 da LC 109/2001), não incidindo tributação e contribuições de qualquer natureza sobre as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária (§ 1º do art. 69 da Lei Complementar nº 109/2001). Nessa toada, passase a análise do programa de previdência complementar objeto do presente processo administrativo. O Plano I de Previdência Privada para empregados e dirigentes da empresa encontrase anexado às fls. 257/268. O contrato previdenciário, adunado às fls. 269/297, estabelece as cláusulas seguintes: Fl. 1689DF CARF MF 16 O 5º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada firmado em 20 de Junho de 1985, ampliou os benefícios a outras pessoas de escalão gerencial na hierarquia da empresa estabeleceu as seguintes cláusulas (fls. 298/302): Fl. 1690DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.683 17 Fl. 1691DF CARF MF 18 Percebese que existe o Plano de Previdência Privada Aberta – Plano II – do tipo Plano Gerador de Benefícios Livre – PGBL, Renda Fixa, estruturado no Regime Financeiro de Capitalização e na modalidade Contribuição Variável. O referido plano foi aprovado pela SUSEP, com número de Processo 10.003048/01/23(fls. 1401/1464). Nele consta que as contribuições ao PGBL serão suportadas pela Instituidora e pelo participante; a instituidora fará contribuições mensais ao PGBL, individualizadas a cada participante; O participante fará contribuições ao PGBL semestralmente, no percentual de 10% do valor da gratificação semestral que lhe for atribuída pela instituidora; Durante o período de diferimento, o participante poderá resgatar parte ou a totalidade do saldo da Conta de Reserva do Participante (Cláusula Quarta Do Resgate). Verifico que as contribuições feitas pela instituidora do plano e pelos participantes seguem as regras estabelecidas no Plano de Previdência Privada, relativa ao 5º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência firmado desde 20 de junho de 1985. Sendo assim, ainda que sob a ótica da Lei nº 8.212/1991, em especial o seu artigo 28, § 9º, alínea “p”, estaria atendida a exigência de disponibilidade do plano à totalidade dos empregados e dirigentes, posto que se encontrava disponível a todos os segurados, empregados e dirigentes (participantes do plano I e II), sendo que a diferença existente se dava na forma de operação do plano para cada categoria, razão porque a conclusão da acusação fiscal, também nesse aspecto, está equivocada. Observese que o art. 26 da LC 109/2001 não determina a igualdade dos planos para todos os segurados, razão porque não poderia ter o fiscal exigido o cumprimento de um requisito que não estivesse estabelecido na lei. Isso porque as contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos Fl. 1692DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.684 19 participantes, sendo os benefícios considerados direito adquirido do participante quando implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamento do respectivo plano (art. 68 da LC 109/2001). O sistema de previdência complementar visa garantir a continuidade do padrão de bem estar correspondente a fase de atividade laboral, razão porque, nada mais natural a diferenciação para pessoas de escalão gerencial na hierarquia da empresa. Assim, os aportes suplementares não violam a lei, mas corroboram com os objetivos dos planos de previdência. Nesta seara, importante ainda trazer à colação que na previdência privada aberta sob a modalidade Plano Gerador de Benefício Livre, compete ao órgão regulador as normas gerais de contabilidade, auditoria, atuária e estatística a serem observadas pelas entidades abertas, consoante determina o art. 37 da Lei Complementar 109/2001: Art. 37. Compete ao órgão regulador, entre outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, estabelecer: II as normas gerais de contabilidade, auditoria, atuária e estatística a serem observadas pelas entidades abertas, inclusive quanto à padronização dos planos de contas, balanços gerais, balancetes e outras demonstrações financeiras, critérios sobre sua periodicidade, sobre a publicação desses documentos e sua remessa ao órgão fiscalizador; Nesta seara, cumpre ainda destacar que, conquanto a fiscalização afirme que os Estatutos, Atas de Assembléias Gerais, Demonstrações Financeiras publicadas, Regimento do Comitê de Remuneração da empresa, Formulário de Referência informem os valores dos aportes suplementares do plano PGBL Empresarial, sendo estas propostas submetidas às Assembléias Gerais, o que demonstra não ter essas verbas relação com o objetivo da previdência complementar, é cediço que o procedimento de informação da verba destinada a custear o plano no formulário de referência juntamente com a remuneração não a caracteriza como remuneração a dirigentes e administradores, mas se configura no dever de informação ao mercado investidor por determinação da CVM e da Lei nº 6.404/1976: Art. 157. O administrador de companhia aberta deve declarar, ao firmar o termo de posse, o número de ações, bônus de subscrição, opções de compra de ações e debêntures conversíveis em ações, de emissão da companhia e de sociedades controladas ou do mesmo grupo, de que seja titular. (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 4º Os administradores da companhia aberta são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembléiageral ou dos órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela companhia. Ao mais, as verbas destinadas à previdência privada devem ser aprovadas pelo Comitê de Remuneração, Conselho de Administração e Assembleia Geral, conforme determina a Lei nº 6.404/1976: Fl. 1693DF CARF MF 20 Art. 152. A assembleiageral fixará o montante global ou individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) Por óbvio que as contribuições suplementares ao plano de previdência privada levam em conta critérios ligados à idade, cargo ocupado, salário, na medida em que visa preservar o beneficiário na inatividade, sendo que a legislação não estabelece limites para as contribuições do empregador. Os aportes diferentes para dirigentes com salários elevados não descaracteriza a natureza do benefício. Com relação ao resgate do plano, de forma expressa o art. 27 da Lei Complementar 109/2001 assegura aos participantes essa possibilidade ao resgate, o que é corroborado pela Circular SUSEP 338/2007: Lei Complementar 109/2001 Art. 27. Observados os conceitos, a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador, é assegurado aos participantes o direito à portabilidade, inclusive para plano de benefício de entidade fechada, e ao resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos, total ou parcialmente. Circular SUSEP 338/2007 Art. 8º. Para os planos estruturados na modalidade de contribuição variável, o valor e a periodicidade das contribuições poderão ser definidos na proposta de inscrição, sendo facultado ao participante efetuar pagamentos adicionais a qualquer tempo. O resgate é um direito que, uma vez previsto no plano pode ser efetuado, não cabendo a instituidora do plano impedir, obstar ou retardar o exercício desse direito por parte do participante, não ocorrendo a desvinculação do resgate com o regime da previdência complementar. Logo, entendo insubsistente a acusação fiscal, devendo ser exonerado o crédito tributário. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário, para, no mérito, darlhe PROVIMENTO, exonerando o crédito tributário. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 1694DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.685 21 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia à I. Relatora para divergir do seu ponto de vista quanto à improcedência do lançamento tributário. Previdência Privada Aberta Não discordo que se aplica aos planos de previdência privada o contido na Lei Complementar (LC) nº 109, de 29 de maio de 2001, inclusive quanto aos efeitos tributários, a qual estabeleceu que os montantes vertidos para as entidades de previdência complementar, destinados ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, não estão submetidos à tributação (arts. 68 e 69). Tratase a LC nº 109, de 2001, que, por sinal, retira seu fundamento de validade do art. 202 da Carta da República de 1988, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, de uma legislação especial e posterior à Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. Vale dizer, a Lei 8.212, de 1991, nessa matéria, continua produzindo efeitos apenas no que não for incompatível com a LC nº 109, de 2001. A condição de oferecimento de plano de previdência a todos os empregados e diretores para exclusão dos valores pagos pelas pessoas jurídicas da base de cálculo das contribuições previdenciárias, tal como prevista na alínea "p" do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991, permanece válida para o programa de previdência complementar fechado (art. 16 da LC nº 109, de 2001). Por outro lado, quanto aos planos coletivos de previdência aberta, as contribuições a eles vertidas escapam á tributação previdenciária ainda que o empregador contrate previdência complementar diferenciada apenas para determinado grupo ou categoria específica dos seus trabalhadores (art. 26, §§ 2º e 3º, da LC nº 109, de 2001). Entretanto, quer na previdência complementar fechada ou aberta, para o fim de exclusão da base de cálculo previdenciária, nos termos dos arts. 68 e 69 da LC nº 109, de 2001, impõese a necessidade de identificação do caráter previdenciário do plano de benefício com o finalidade de constituição de reservas. Senão vejamos o que menciona a Constituição da República e a Lei complementar: Constituição da República de 1988 Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (...) Fl. 1695DF CARF MF 22 § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (...) LC nº 109, de 2001 Art. 1º O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. (...) Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. (...) Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1º Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. (...) (GRIFEI) Como se observa, o incentivo estatal que afasta a tributação está vinculado diretamente à instituição de planos de previdência complementar, os quais visam estimular a poupança interna, proporcionando ao trabalhador, ou a seu dependente, um determinado nível de renda futura e substitutiva/complementar da remuneração da atividade laboral, cujos benefícios previstos nos planos, via de regra, estão relacionados a ocorrência de eventos por sobrevivência, morte ou invalidez total ou permanente. Em vista disso, os valores dos aportes feitos ao plano de previdência, denominado de contribuições, mesmo que estruturado na modalidade de contribuição variável, devem ter por objetivo a constituição de reservas, as quais uma vez investidas formarão a provisão matemática de benefícios a conceder. Para fins fiscais, não é porque o plano de previdência privada aberta coletivo foi autorizado pelo órgão competente e foi celebrado contrato com entidade de previdência complementar regularmente constituída que a autoridade tributária está impedida de desqualificálo (fls. 1.401/1.407). Fl. 1696DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.686 23 No exercício das atividades de fiscalização tributária, continua competente o agente fiscal para verificar, tendo em conta as circunstâncias do caso concreto, se os valores não estão sendo utilizados como ferramenta de política remuneratória da empresa destinada a incentivar ou retribuir o trabalho. É óbvio que as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar não podem servir de propósito para converter salário, gratificação, bônus ou prêmio em parcelas não submetidas à tributação previdenciária. Fixadas as premissas básicas acima, ao avaliar o conjunto fáticoprobatório dos autos estou convencido de que os aportes suplementares em contas de previdência complementar relacionados ao 5º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada, vinculados a conselheiros, diretores estatutários, superintendentes executivos, assessores jurídicos e gerentes regionais não foram destinados à formação de reserva previdenciária, caracterizandose como parcelas de natureza remuneratória, sujeitas à incidência da contribuição previdenciária, bem como às contribuições reflexas devidas a terceiros (item 4 do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 7). A autoridade lançadora descreve no Termo de Verificação Fiscal uma série de evidências fáticas com o fim de demonstrar o uso com viés remuneratório dos aportes suplementares em contas de previdência privada (itens 7 e 8, às fls. 13/26). É verdade que não são todos os aspectos apontados pelo agente lançador hábeis a comprovar um desvio de finalidade. Por exemplo, a impossibilidade de resgate dos valores pagos pelo patrocinador, na esteira do enunciado da Súmula 290 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), referese somente aos planos de previdência complementar fechada (art. 14, inciso III, da LC nº 109, de 2001). Ao contrário, nos planos abertos é permitido o resgate, desde que observados a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador, além das cláusulas do contrato firmado com a entidade de previdência complementar (art. 27, da LC nº 109, de 2001). Todavia, a acusação fiscal trás elementos contundentes que entendo dotados de seriedade e convergência, os quais, ao final, ganham força probante da natureza remuneratória dos pagamentos efetuados. Explico na sequência. Expõe o Recurso Voluntário que, à época dos fatos geradores, mantinhase um único plano de previdência privada extensivo aos funcionários e dirigentes da empresa, denominado Plano de Previdência Privada Aberta Coletivo (Plano II), do tipo Plano Gerador de Benefícios Livres PGBL, Renda Fixa, estruturado no Regime Financeiro de Capitalização e na modalidade Contribuição Variável (fls. 1.409/1.459). O Plano II contempla contribuições e benefícios básicos aplicáveis a todos os empregados e dirigentes da empresa (Contrato Previdenciário, de 20/05/2000, às fls. 282/297) e contribuições e benefícios suplementares diferenciados para executivos do alto escalão (5º Termo Aditivo ao Contrato, de 20/06/1985, às fls. 298/303). No caso dos planos coletivos, como ora se examina, assume particular importância o contrato celebrado entre instituidora e entidade aberta de previdência privada, porquanto necessário à sua implantação (art. 26, § 5º, da LC n º 109, de 2001). Nesse sentido, transcrevo o que diz o Regulamento do Plano II (fls. 1.411): Fl. 1697DF CARF MF 24 7. Contrato: é o instrumento particular, elaborado de acordo com a legislação e regulamentação em vigor e com observância do disposto neste Regulamento, assinado entre a Instituidora e a EAPP, estabelecendo os direitos e obrigações das partes, inclusive o tratamento a ser emprestado, no caso de perda de vínculo do Participante, à parcela da provisão matemática de benefícios a conceder constituída com contribuições da Instituidora. Quando se analisa os contratos assinados, há disposições contratuais significativamente distintas entre os planos básicos e suplementares, que afetam a natureza dos aportes realizados (item 7, às fls. 13/15). No contrato previdenciário básico extensivo aos empregados e dirigentes, as contribuições do patrocinador e do participante equivalem a 4% do salário do trabalhador, satisfatoriamente compatível com a experiência deste julgador, em outros casos, quanto à delimitação e ao nível financeiro de contribuições em planos de previdência coletivos para fins de concessão de benefícios futuros (Cláusula Terceira, às fls. 283/285). Já no que tange ao contrato de benefícios suplementares, as contribuições do plano são igualmente suportadas pela instituidora e pelo participante. Porém, a instituidora faz contribuições mensais, individualizadas a cada participante, sem qualquer critério geral ou limite previamente estabelecido em contrato. Por sua vez, as contribuições do participante são por semestre no percentual de 10% do valor da gratificação semestral que lhe for atribuída pela instituidora (Cláusula Terceira, às fls. 298/299). Segundo apurou a fiscalização, os aportes da instituidora eram substanciais e invariavelmente muito superiores às respectivas contrapartidas do participante (item 8.1 do Relatório Fiscal). A fixação dos valores das contribuições a cargo da instituidora ocorria no contexto da política remuneratória da empresa, cujos aportes são definidos e alterados pelo Conselho de Administração, tomandose como parâmetros os resultados apurados nos segmentos de negócios, assim como a qualificação, o tempo de serviço e o desempenho dos beneficiários. A recorrente não apresentou, em que pese intimada pela fiscalização, memória de cálculo com a demonstração que os aportes efetuados estavam baseados, concretamente, na formação de reservas mediante a adoção de critérios de caráter previdenciário. Na minha de ótica de avaliação da questão, tal falta de um propósito previdenciário ganha contornos claros quando intimada pela fiscalização para esclarecer a metodologia utilizada relativamente aos aportes suplementares, a empresa assim se manifesta (fls. 171). (...) A metodologia de cálculo das contribuições relativas aos administradores, superintendentes executivos e gerentes regionais leva em conta os resultados consistentes apurados em todos os segmentos do negócio. Outro ponto considerado é relativo ao quadro de administradores, que é constituído de profissionais que iniciaram a carreira nesta organização nos níveis iniciais há longos anos, e percorreram toda a escala hierárquica de cargos para se habilitarem a ocupara posição de direção e, portanto, de comprovada fidelidade, competência e dedicação, sendo que as contribuições efetuadas pela instituidora (BANCO BRADESCO S/A) Fl. 1698DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.687 25 obedeceram aos critérios estabelecidos em lei e o plano leva em conta variáveis atuariais. (...) A explicação de que quanto maior for a remuneração do trabalhador mais próximo a tal valor devem ocorrer os aportes relativos à previdência complementar é frágil do ponto de vista previdenciário, não estando acompanhada dos dados matemáticos aplicados ao caso concreto. Foge ao senso comum da realidade do sistema previdenciário brasileiro, um regime de contribuição previdenciária em que a empresa aporta, mensalmente, até 100% do salário do participante, sem prejuízo das contribuições da pessoa física (fls. 303). Minha convicção sobre a natureza remuneratória dos aportes, afastandose, portanto, do caráter previdenciário, é reforçada de maneira contundente quando verifico as condições estabelecidas em contrato para o resgate do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder. Defende a recorrente que, tratandose de plano de previdência complementar aberta, o resgate total das contribuições vertidas ao plano é um direito do participante, que poderá ser exercido durante o prazo de diferimento após cumprida a carência. Por consequência, a recorrente não teria controle algum sobre os resgates efetuados pelos beneficiários. Não é bem assim. Os atos normativos fazem clara distinção de tratamento e destinação entre os aportes feitos pelos participantes e aqueles efetuados pela instituidora do plano. O art. 27 da LC nº 109, de 2001, prevê o direito do participante ao resgate dos recursos das reservas técnicas, porém observados os conceitos, a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador: Art. 27. Observados os conceitos, a forma, as condições e os critérios fixados pelo órgão regulador, é assegurado aos participantes o direito à portabilidade, inclusive para plano de benefício de entidade fechada, e ao resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos, total ou parcialmente. (...) (GRIFEI) As normas emitidas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável pelo controle e fiscalização das entidades de previdência privada aberta, estabeleceram regras e critérios complementares em relação aos planos de previdência. A título de exemplo, reproduzo dispositivos da Circular Susep nº 338, de 30 de janeiro de 2007, mencionada pela recorrente: Art. 5º Considerase vesting o conjunto de cláusulas constantes do contrato entre a EAPC e a instituidora, a que o participante, tendo expresso e prévio conhecimento, está obrigado a cumprir para que lhe possam ser oferecidos e postos à sua disposição os recursos das provisões decorrentes das contribuições pagas pela instituidora, líquidos de carregamento, quando for o caso Fl. 1699DF CARF MF 26 (...) Art. 13. Deverão ser mantidas aberturas do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder que permitam o perfeito acompanhamento do plano e a imediata prestação de informações de caráter obrigatório. (...) § 2º Deverá ser mantido, com base em informações prestadas pela entidade fechada de previdência complementar, controle analítico do referido montante, identificando os recursos constituídos com contribuições do participante do plano e da patrocinadora. (...) Art. 15. O saldo da provisão matemática de benefícios a conceder constituído pelo montante das contribuições pagas pela instituidora, líquidos de carregamento, quando for o caso, deverá ser integrado ao saldo da provisão matemática de benefícios a conceder a que fazem jus os participantes, com estrita observação e cumprimento das cláusulas do contrato que regem o vesting. (...) Art. 16. Além do disposto nos arts. 13 e 14 desta Circular, a EAPC deverá manter controle analítico do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder constituído pelo montante das contribuições pagas pela instituidora, segregando os valores referentes a participantes que tenham descumprido as cláusulas de vesting. (...) Art. 19. O participante poderá solicitar, independentemente do número de contribuições pagas, resgate, parcial ou total, de recursos do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder, após o cumprimento de período de carência, que deverá estar compreendido entre 60 (sessenta) dias e 24 (vinte e quatro) meses, a contar da data de protocolo da proposta de inscrição na EAPC. § 1º Não poderão ser estipulados resgates com intervalo inferior ao estabelecido no plano, que deverá estar compreendido entre 60 (sessenta) dias e 6 (seis) meses. (...) § 3º Nos planos coletivos instituídos, respeitado o disposto no caput deste artigo, deverão ser observados, também, os dispositivos do respectivo contrato. (...) (GRIFEI) Percebese, de modo claro, que o resgate pelo participante do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder, quando constituído pelo montante das Fl. 1700DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.688 27 contribuições pagas pela instituidora, não se restringe simplesmente, como quer a recorrente, à observância de prazos de carência mínimos e entre os resgates. De acordo com a legislação infralegal, antes reproduzida, o resgate dos recursos das provisões decorrentes das contribuições pagas pela instituidora está submetido ao cumprimento de cláusulas do respectivo contrato ("vesting"), firmado entre instituidora e entidade aberta de previdência privada. Nesse contrato, a instituidora, quanto à parcela da provisão matemática de benefícios a conceder constituída com seus recursos, possui liberdade de estabelecer o regramento aplicável, mantendo, naturalmente, o imprescindível caráter previdenciário do plano. O Regulamento do Plano II contém cláusula específica a respeito dessa matéria (fls. 1.420): Do Resgate Art. 29 DURANTE O PERÍODO DE DIFERIMENTO, É PERMITIDO AO PARTICIPANTE, APÓS O CUMPRIMENTO DE PRAZO DE CARÊNCIA NÃO INFERIOR A 60 (SESSENTA) DIAS E NÃO SUPERIOR A 24 (VINTE E QUATRO) MESES, A CONTAR DA DATA DE INSCRIÇÃO, SOLICITAR RESGATE DA PARCELA DA PROVISÃO MATEMÁTICA DE BENEFÍCIOS, A CONCEDER CONSTITUÍDA COM SEUS PRÓPRIOS APORTES, OBSERVADO O DISPOSTO NO CONTRATO A RESPEITO DA UTILIZAÇÃO DA PARCELA DA PROVISÃO MATEMÁTICA DE BENEFÍCIOS A CONCEDER CONSTITUÍDA COM RECURSOS DA INSTITUIDORA. (...) (GRIFEI) Evidentemente, uma vez revestidas de elementos de vontade entre particulares, as cláusulas contratuais ("vesting") possuem variação de plano para plano e por instituidora, a qual subscreve o contrato do plano de previdência. Todavia, é usual que, no tocante à parte do saldo constituído pelos aportes da instituidora, os planos coletivos estabeleçam cláusulas restritivas nas hipóteses de resgate total ou parcial, sem desligamento da empresa, ou da saída prematura do participante do plano de benefícios, com vedação à retirada desses valores pelos participantes. Tais restrições são razoáveis, dado o propósito previdenciário do plano. E assim aconteceu no contrato previdenciário destinado ao plano básico, extensível a todos os empregados e dirigentes da empresa (fls. 282/297). Foi permitido exclusivamente o resgate das contribuições vertidas ao plano de previdência pelo participante, enquanto a parte do saldo formado pelas contribuições da instituidora seria revertida ao plano (Cláusula Sexta, às fls. 289/290). Na saída prematura do participante inscrito no plano, pelo desligamento da empresa, o resgate é autorizado para os aportes feitos às suas expensas, sendo que o saldo formado pelas contribuições da instituidora poderia ser convertido em renda diferida ou abatimento de contribuições futuras (Claúsula Oitava, às fls. 290/291). Fl. 1701DF CARF MF 28 Ao 5º Termo Aditivo, contudo, destinado aos aportes suplementares aos dirigentes de alto escalão, foi dado regramento totalmente distinto, como se observa da Claúsula Quarta (fls. 300/301): Cláusula Quarta Do Resgate 4.1 Durante o período de diferimento, mediante expressa autorização da INSTITUIDORA, o Participante poderá resgatar parte ou a totalidade do saldo da Conta de Reserva do Participante Parte INSTITUIDORA, observada a legislação pertinente em vigor. 4.2 Durante o período de diferimento, mediante expressa autorização da INSTITUIDORA, o Participante poderá resgatar parte ou a totalidade do saldo da Conta de Reserva do Participante Parte Participante, observada a legislação pertinente em vigor. 4.3 O Participante poderá, por ocasião de seu desligamento da INSTITUIDORA, resgatar o saldo da Conta de Reserva do Participante Parte Participante e Parte INSTITUIDORA. (...) Por ocasião do desligamento ou não do trabalhador da empresa, foi permitido o resgate parcial ou total do saldo da conta da provisão matemática de benefícios a conceder, tanto da parte vertida ao plano às expensas do participante quanto aquela constituída com recursos da pessoa jurídica instituidora. A previsão de autorização da instituidora é apenas formal, não havendo efetivamente qualquer trava adicional. Conforme a fiscalização apurou, diversos segurados realizaram resgate parcial dos aportes, constituídos principalmente da parte da instituidora, respeitado tão somente o prazo de carência mínimo (item 8.2, às fls. 20/23). A toda a evidência, cuidase de tratamento diferenciado e privilegiado, que destoa do caráter previdenciário, em que o plano deve ser concebido para a constituição de reservas que garantam os benefícios contratados, representando, ao fim e ao cabo, um mecanismo engendrado pela empresa autuada para pagamento de valores com natureza remuneratória. Alíquota adicional de 2,5% Em seu apelo recursal, a recorre ainda discorre sobre a impossibilidade da exigência da alíquota adicional de 2,5%, incidente sobre a base de cálculo da contribuição previdenciária da empresa, dada a infrigência de princípios constitucionais. É tarefa exclusiva do Poder Judiciário avaliar a compatibilidade da norma jurídica em nível de lei ordinária, no caso o § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 1991, com os preceitos constitucionais, sendo que argumentos de inconstitucionalidade da lei tributária são inoponíveis na esfera administrativa. Nesse sentido, não só o art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, como também o enunciado da Súmula nº 2, deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, assim redigida: Fl. 1702DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.689 29 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Além do mais, no Recurso Extraordinário nº 599.309/SP, em julgamento no rito da repercussão geral, a maioria dos Ministros do Supremo Tribunal Federal entendeu constitucional o adicional de 2,5% da contribuição previdenciária sobre a folha de salários, com base na adoção de alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica. Juros sobre Multa de Ofício Por derradeiro, quanto à incidência dos juros de mora com relação à multa de ofício, também não assiste razão à recorrente. Ressalvo minha posição particular no sentido de que a cobrança de juros de mora sobre multa de ofício não é matéria que compõe o lançamento de ofício, o que resultaria, a rigor, na impossibilidade de apreciála no âmbito restrito ao litígio instaurado com a impugnação da exigência fiscal. Todavia, é sabido que a maioria dos conselheiros da Turma é adepta do conhecimento da matéria. Portanto, por economia processual, passo diretamente a análise do mérito. A incidência de juros de mora sobre multa encontra suporte no art. 161 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, que veicula o Código Tributário Nacional (CTN), a seguir reproduzido: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. (GRIFEI) O art. 161 está inserido no Capítulo IV do Título III do Livro Segundo do CTN, que versa sobre extinção do crédito tributário, especificamente na Seção II, a qual trata do pagamento, uma das formas de extinção do crédito tributário. A análise sistêmica não pode levar a outra conclusão senão que a expressão "crédito não integralmente pago no vencimento" referese ao crédito tributário em atraso, composto por tributo e multa, ou tão somente pela penalidade pecuniária. É certo que multa não é tributo. Porém, a obrigação de pagar a multa tem natureza tributária, tendo recebido do legislador o mesmo regime jurídico, isto é, aplicandose os mesmo procedimentos e critérios da cobrança do tributo, a teor do previsto no § 1º do art. 113 do CTN: Fl. 1703DF CARF MF 30 Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (...) § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Completo a avaliação inicial destacando que o crédito tributário possui a mesma natureza da obrigação tributária principal, na dicção do art. 139 do CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Por seu turno, o § 1º do art. 161 do CTN estabelece que os juros de mora serão calculados à taxa de um por cento ao mês, salvo se a lei dispuser de modo diverso. Em nível de lei ordinária, o art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, está assim redigido: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (GRIFEI) Já o § 3º do art. 5º da Lei nº 9.430, de 1996, citado no § 3º do seu art. 61, acima reproduzido, contém a seguinte redação: Art. 5º (...) § 3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período Fl. 1704DF CARF MF Processo nº 16327.720052/201548 Acórdão n.º 2401004.776 S2C4T1 Fl. 1.690 31 de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. A expressão "débitos (...) decorrentes de tributos e contribuições", contida no "caput" do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, tem sido alvo de interpretações distintas. Acredito inapropriada, com a devida vênia, uma simples exegese literal e isolada desse dispositivo, devendose compreender o conteúdo e o alcance da norma jurídica nele contido como parte de um conjunto normativo mais amplo. Como visto, o débito, ou o crédito tributário, não é composto apenas pelo tributo. Constatado o inadimplemento do tributo pelo sujeito passivo, no prazo concedido pela legislação, há a aplicação da multa punitiva, a qual passa a integrar o crédito fiscal. O atraso na quitação da dívida atinge não só o tributo como a multa de ofício. Logo, tendo em conta que a finalidade dos juros de mora é compensar o credor pela demora no pagamento, tais acréscimos devem incidir sobre a totalidade do crédito tributário. Ademais, o raciocínio exposto não implica a incidência da multa de mora sobre a multa de ofício, como parece dizer o art. 61. Ambas com viés punitivo, multa de mora e de ofício se excluem mutuamente, de maneira tal que a aplicação de uma afasta, necessariamente, a incidência da outra. Portanto, devida e permitida por lei a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício lançada, calculados com base na Taxa Referencial do Sistema de Liquidação e Custódia (Selic), quando não recolhida dentro do prazo. Conclusão Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1705DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.000882/99-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/1989 a 31/12/1995
PIS SEMESTRALIDADE. SUMULA CARF 15. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária.
RESTITUIÇÃO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
Para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo qüinqüenal estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador.
COMPENSAÇÃO. CÁLCULO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543-C do CPC, com base no artigo 62-A do Regimento do CARF.
Numero da decisão: 3401-003.753
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: dar parcial provimento ao recurso voluntário nos termos postos no voto e reformar a decisão recorrida quanto aos períodos junho a dezembro de 1989 e aos dos anos de 1990 a 1991, cujo indeferimento se baseou na falta de livros contábeis/fiscais e informações incompletas na DIPJ/DIRPJ, adotando como critério o valor do DARF ou da planilha, cotejado com o totalizado de tributo pago e de receita anual declarada; e reconhecer o direito creditório daí resultante e também deferir as compensações aproveitando esses direito creditório até seu limite. Processo julgado em 28/04/2017.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice Presidente).
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/1989 a 31/12/1995 PIS SEMESTRALIDADE. SUMULA CARF 15. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. RESTITUIÇÃO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. Para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo qüinqüenal estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador. COMPENSAÇÃO. CÁLCULO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543C do CPC, com base no artigo 62A do Regimento do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 00 08 82 /9 9- 78 Fl. 1080DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: dar parcial provimento ao recurso voluntário nos termos postos no voto e reformar a decisão recorrida quanto aos períodos junho a dezembro de 1989 e aos dos anos de 1990 a 1991, cujo indeferimento se baseou na falta de livros contábeis/fiscais e informações incompletas na DIPJ/DIRPJ, adotando como critério o valor do DARF ou da planilha, cotejado com o totalizado de tributo pago e de receita anual declarada; e reconhecer o direito creditório daí resultante e também deferir as compensações aproveitando esses direito creditório até seu limite. Processo julgado em 28/04/2017. Rosaldo Trevisan Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice Presidente). Relatório Trata o presente de pedido de reconhecimento de direito creditório e RESTITUIÇÃO de PIS recolhido, para os períodos de apuração de abril de 1989 a outubro de 1995, com base nos Decretoslei n. 2.445/1988 e 2.449/1988, que a contribuinte afirma serem pagamentos indevidos uma vez que esses decretolei foram declarados inconstitucionais. O pedido de restituição foi apresentado à Administração Tributária em 17/06/1999. A esse pedido foram apresentados e vinculados pedidos de compensação. A autoridade de administração da jurisdição local indeferiu esses pedidos em 05/02/2002, por entender terem decaídos e que não pode ser aceita a tese de semestralidade para pagamentos a partir de 17/06/1994. Os julgadores de 1º piso consideraram improcedente a manifestação da contribuinte e mantiveram o indeferimento (Acórdão DRJ RPO 4.695, de 04/12/2003). O Colegiado de 2º piso (Acórdão 20178.222, de 23/02/2005) deu parcial provimento ao recurso voluntário interposto, para afastar a decadência e afirmar a semestralidade do PIS. Mas previu à autoridade de administração a verificação dos valores pleiteados. Em novo ciclo de análise, o pedido de reconhecimento do direito creditório foi parcialmente deferido pela autoridade local pelas razões. A parte indeferida o foi, além da falta de apresentação dos livros contábeis e fiscais intimados para comprovar os pleitos, pelas seguintes razões: 1. 10 a 12 de 1988 a contribuinte não apresentara DIRPJ, e as planilhas não traziam as informações da receita bruta mensal; Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 13830.000882/9978 Acórdão n.º 3401003.753 S3C4T1 Fl. 3 3 2. 01 a 12 de 1989 A planilha não traz as informações de 01 a 03 de 1989, e a DIRPJ traz somente o valor total anual de receita; 3. 01 a 12 de 1991 A planilha traz informações que no total estão inconsistentes com o total de receita trazida pela DIRPJ, única constante dessa declaração. A autoridade local atualizou os valores de crédito referentes a recolhimentos feitos até 31/12/1991 com base na tabela anexa à Norma Execução Conjunta SRF COSIT COSAR n. 008/1997. Ela reconheceu o direito creditório de R$ 11.372,82 atualizado monetariamente até 31/12/1995 com direito a juros equivalentes pela taxa SELIC a partir de 01/01/1996. A autoridade local deferiu as compensações solicitadas pela contribuinte até o limite do direito creditório reconhecido. Os julgadores de 1º piso consideraram improcedente a manifestação de inconformidade e mantiveram a decisão da autoridade local. Eles confirmaram que seria necessário que a contribuinte comprovasse seu pleito com a apresentação dos livros contábeis e fiscais, que esse ônus seria de quem requereu o direito, que esses livros deveriam ser mantidos pela contribuinte enquanto potencialmente necessários para comprovar petição sob processo de análise. O Acórdão n. 1459.155, proferido em 24/07/2015 pela respeitável 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Ribeirão Preto ficou assim ementado: Acórdão 1459.155 4a Turma da DRJ/RPO Sessão de 24 de julho de 2015 Processo 13830.000882/9978 Interessado CEREALISTA GALLINA LTDA. CNPJ/CPF 43.127.398/000134 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/04/1989 a 31/10/1995 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ. DOCUMENTAÇÃO FISCAL E CONTÁBIL, APRESENTAÇÃO. INTIMAÇÃO NÃO ATENDIDA. O não atendimento da intimação para apresentar a documentação fiscal e contábil, imprescindível à apuração dos indébitos tributários e da certeza e liquidez dos valores reclamados, implica indeferimento do pedido de restituição/compensação. DOCUMENTOS FISCAIS E CONTÁBEIS. GUARDA. INDÉBITOS TRIBUTÁRIOS. RESTITUIÇÃO. CÁLCULO. OBRIGAÇÃO. Cabe ao contribuinte instruir o pedido de restituição/compensação de indébitos tributários com os documentos fiscais e contábeis que comprovam os valores reclamados e/ ou mantêlos arquivados até a decisão definitiva sobre o pedido. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO. A base de cálculo utilizado foi a determinada no acórdão que reconheceu o direito do contribuinte à repetição/compensação dos indébitos reclamados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 1082DF CARF MF 4 A contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual argumentou: 1. os DARF juntados são comprovantes dos pagamentos efetuados, e devem ser considerados suficientes para se determinar o valor do indébito; 2. já se passou mais de cinco anos, prazo limite, para que a administração tributária homologue tacitamente, constitua ou estabeleça exigências, revise créditos ou débitos. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Tempestivo o recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Preliminares Sobre o PIS e a base de cálculo: A meu ver, irretocável a decisão que reconhece o direito da requerente quanto à forma de apuração dos valores, pela definição de que a base de cálculo do PIS é o faturamento do sexto mês anterior (art. 6º da LC n. 7/1970). Nesse sentido, temos a Súmula CARF n. 15 que pacifica esse entendimento na esfera administrativa. Súmula CARF nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Esta é matéria incontroversa, pois já definida jurisprudencialmente, e incide sobre o contraditório para estabelecer a solução ao caso. Sobre o prazo para pedir restituição Ainda antes de adentrarmos à alegações da contribuinte e as razões da autoridade de administração de jurisdição local e dos julgadores a quo, outra matéria de ordem pública, acima do contraditório, se impõe à apreciação deste processo administrativo. Tratase de matéria que creio resolvida pelo STF por decisão com eficácia erga omnes. O prazo para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 13830.000882/9978 Acórdão n.º 3401003.753 S3C4T1 Fl. 4 5 decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador. O pedido de restituição deste processo foi protocolizado em 17/06/1999, antes de 09 de junho de 2005, data da inflexão definida pelo STF no RE 566.621. Assim, este pedido está albergado pelo prazo de 10 anos admitido para requerer restituição. A declaração de inconstitucionalidade dos Decretos lei n. 2.445/1988 e 2.449/1988 é datada de 09 de outubro de 1995 pela Resolução do Senado Federal n. 49. O pedido de restituição do contribuinte é de 17/06/1999, portanto, esse limite máximo decenal para restituição alcança os fatos geradores e/ou pagamentos indevidos de tributo nos 10 anos que o antecedem, ou seja aquele ocorridos a partir de junho de 1989. Os períodos de apuração objeto do pedido de restituição são de abril de 1989 a outubro de 1995, logo, os pagamentos realizados em abril e maio de 1989 foram alcançados pelo limite máximo de 10 anos para serem restituídos, e devem ser indeferidos. Proponho a este Colegiado a adoção deste entendimento como definidor do prazo fatal decadencial ou prescricional. Sobre a atualização dos valores pelos expurgos inflacionários: Trago à consideração dos Senhores Conselheiros mais um ponto. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543C do CPC, com base no artigo 62A do Regimento do CARF. Portanto, não pode ser aceita a atualização com base na Norma de Execução SRF COSIT COSAR n. 008/1997, merecendo reparos os cálculos feitos até aqui com esses critério. Por isso, deve a decisão da autoridade de administração local e a recorrida serem revistas nesse particular. Carece a verificação dos valores de direito creditório da adoção desses índices, nos termos aqui postos. Sobre as alegações do recurso voluntário. Fl. 1084DF CARF MF 6 Sobre a alegação do decurso do prazo de cinco anos limitador para rever valores de crédito e de débito: Pareceme que a razão não assiste à recorrente quanto à limitação do prazo de cinco anos para a revisão dos valores de crédito e de débito tratados neste processo. Recordemos que esses valores estão sob análise em procedimento próprio de avaliação e decisão de direito creditório e também de compensações. Os valores em questão são concernentes aos períodos de apuração dos fatores geradores e pagamentos objeto do processo, não extrapolam para antes desse interlúdio. Mesmo que as compensações não fossem possíveis, o direito creditório seria possível de ser decidido e, se for o caso, tratado como restituição, como vimos nas considerações preliminares. Notemos que o pedido de restituição de 1999, e os de compensação de 1999 e de 2000, foram apreciados e decididos pela autoridade local em 2002, ou seja, antes dos cincos anos fatais suscitados pela contribuinte em uma suposta homologação tácita. Neste caso, apesar dos débitos originalmente incluídos nos pedidos de compensação terem sido encaminhados à PFN, o fato é que o processo obteve decisão favorável do Colegiado de 2ª instância e do Conselho Superior de Recursos Fiscais, o que implica, a meu ver, que as compensações pleiteadas devem ser acatadas como válidas e produzindo efeitos desde aquele momento de protocolo desses pedidos. Seria meu entendimento de que a administração tributária não poderia ampliar os períodos de apuração para incluir débitos referentes a fatos geradores para além do prazo fatal (cinco anos) da decadência ou da prescrição e que já não constavam no pedido original da contribuinte. Mas, a meu ver, não é o que ocorre neste caso. A autoridade de administração se circunscreve aos fatos geradores e pagamentos postos nos pedidos da contribuinte e não insere na apuração outros que extrapolem esse prazo fatal. Por isso, proponho que não seja dado provimento ao recurso voluntário com relação a esses argumentos e razões. Sobre a questão das provas necessárias ao pleito de restituição: A autoridade local traz para fundamentar o indeferimento de parte do requerido o fato de que, apesar de intimado, a contribuinte não apresentou livros contábeis e fiscais. Mesmo assim ela adotou a DIRPJ e a DIPJ como base para chegar à fixação dos indébitos. Ela adotou o critério de que essas declarações prestadas à Receita Federal gozam de presunção de veracidade (e as DIRPJ têm caráter de confissão de dívida). Ao cotejar a planilha da contribuinte com os DARF, adotou o valor mais conservador. Mas a autoridade local indeferiu os fatos geradores que (a) não possuíam respectiva informação na planilha da contribuinte e/ou (b) não tinha informação sobre a receita tributável mensal das DIRPJ e DIPJ ou (c) os valores da planilha tinham inconsistência quando comparados a de receita total anual da DIRPJ DIPJ (justificando que os livros fiscais e contábeis seriam meio de resolver a inconsistência). Fl. 1085DF CARF MF Processo nº 13830.000882/9978 Acórdão n.º 3401003.753 S3C4T1 Fl. 5 7 Data vênia do entendimento de que o contribuinte teria o dever de preservar indefinidamente os livros contábeis e fiscais, nos termos do artigo 4º do Decretolei n. 486. de 1969, creio que essa exigência deve ser ponderada caso a caso. Invoco, nesse sentido, o que dispõe o artigo 195 do CTN caput e parágrafo único que estabelece uma regra geral de preservação de documentos articulada com o instituto da prescrição. Lei n. 5172, de 1966 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. .... Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I pela citação pessoal feita ao devedor; I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005) II pelo protesto judicial; III por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. .. Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fl. 1086DF CARF MF 8 No caso, estamos exigindo em 2012 livros de registros fiscais referentes aos anos de 1989, 1990, 1991, ou seja, passados aproximadamente 20 anos. Esse prazo ultrapassa a hipótese dada pelo texto do parágrafo único c/c os limites da possibilidade da exigência e da ação do Estado, como se pode ver no § 4º do artigo 150, do artigo 173 e do artigo 174 do CTN, c/c parágrafo único do artigo 195. Por outro lado, vejamos que o contribuinte instruiu seu pedido de reconhecimento de direito creditório com DIRP/DIPJ e DARFs de pagamento do tributo cuja base legal foi declarada inconstitucional. As DIRPJ e DIPJ não aceitas pela autoridade fiscal eram formulários que não traziam campos de preenchimento obrigatório das receitas mensais. A contribuinte não pode ser penalizada pela falta de uma informação que não era mandatória num documento que deve gozar de presunção de veracidade e que, no caso da DIRPJ, tinha caráter de confissão de dívida. Os DARF foram analisados pela autoridade administrativa e os pagamentos a que se referem foram verificados nos sistemas de controle da Receita Federal. Não há questionamento a respeito da efetividade dos pagamentos, de que se tratam do tributo em discussão e de que eles não foram usados para ressarcimento, restituição ou outra compensação. Também não há dúvida de que existe indébito, em face a declaração de inconstitucionalidade da base legal do tributo pago. Na concorrência entre a exigência dos livros contábeis e fiscais depois de passados mais de 20 anos e a apresentação dos comprovantes de pagamento do tributo, inclino me pela preferência pelas provas que já instruem o processo. Por isso, creio que deveriam ser afastadas as razões de indeferimento baseadas (a) falta de apresentação de livros fiscais e contábeis daqueles anos de 1989 a 1995 e/ou (b) não havia informações sobre a receita tributável mensal das/nas DIRPJ e DIPJ ou (c) os valores da planilha tinham inconsistência quando comparados a de receita total anual da DIRPJ DIPJ (justificando que os livros fiscais e contábeis seriam meio de resolver a inconsistência). Por decorrência, e respeitadas as decisões postas nas preliminares deste voto, proponho seja reformada a decisão que não reconheceu direito creditório baseada nessas razões, abrangendo os períodos de abril de 1989 a dezembro de 1989 e os anos de 1990 e 1991. No caso as DIRPJ trazem os valores de receita anual e os DARFs trazem os valores de tributo pagos mensalmente. Esses valores de tributos pagos devem servir de base para se determinar o indébito, seja comparando com os valores declarados de receita mensal, se possível, ou, alternativamente, pela apuração da sua soma na sucessão de meses do ano cotejada com a receita bruta anual, e, em última instância, com os informados pelo próprio contribuinte em sua planilha. Entretanto, não seria possível essa análise para os pagamentos que dependem dos períodos de outubro a dezembro de 1988 por que o contribuinte não trouxe a DIRPJ ou outro documento equivalente, além dos DARFs. Por isso, proponho o provimento parcial do recurso voluntário neste item. Fl. 1087DF CARF MF Processo nº 13830.000882/9978 Acórdão n.º 3401003.753 S3C4T1 Fl. 6 9 CONCLUSÃO: Proponho que: 1º) sejam reconhecidas as matérias postas nas preliminares; 2º) seja dado parcial provimento ao recurso voluntário nos termos postos no voto e seja reformada a decisão recorrida quanto aos períodos 06 a 12 de 1989 e aos dos anos de 1990 a 1991, cujo indeferimento se baseava na falta de livros contábeis/fiscais e informações incompletas na DIPJ/DIRPJ, adotando como critério o valor do DARF ou da planilha, cotejado com o totalizado de tributo pago e de receita anual declarada; 3º) seja reconhecido o direito creditório e também sejam deferidas as compensações aproveitando esses direito creditório até seu limite. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 1088DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.729091/2013-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA.
Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
Os valores registrados como Faturamento/Receita Bruta compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata.
INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE.
Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA.
Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
Os valores registrados como Faturamento/Receita Bruta compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata.
INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE.
Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03.
Numero da decisão: 3201-002.855
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Ficou de apresentar declaração de voto a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário.
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidente), JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MARCELO GIOVANI VIEIRA, MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA. Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Os valores registrados como Faturamento/Receita Bruta compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata. INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE. Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2009, 2010, 2011 BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA. Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Os valores registrados como Faturamento/Receita Bruta compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata. INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE. Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2009, 2010, 2011 BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA. Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Os valores registrados como “Faturamento/Receita Bruta” compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata. INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE. Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2009, 2010, 2011 BASE DE CÁLCULO. REGIME NÃO CUMULATIVO. SORTEIO. LOTÉRICA. Conforme determinado pelo Art. 1.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no regime não cumulativo, as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 90 91 /2 01 3- 18 Fl. 1624DF CARF MF 2 Os valores registrados como “Faturamento/Receita Bruta” compõem a base de cálculo das contribuições no regime não cumulativo, sejam valores destinados ao prêmio/sorteio de lotérica ou não, por não subsumirem às hipóteses legais de exclusão da legislação correlata. INSUMO. CRÉDITO SOBRE TAXAS PAGAS À SECRETARIA DA FAZENDA DO CEARÁ. NÃO POSSIBILIDADE. Os valores reservados ao pagamento das taxas cobradas pela Secretaria da Fazenda do Ceará não podem ser considerados insumos, porque não possuem característica de bem ou serviço atrelado às atividades da empresa e por não estarem previstos no Art. 3.º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Ficou de apresentar declaração de voto a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: WINDERLEY MORAIS PEREIRA (Presidente), JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, MARCELO GIOVANI VIEIRA, MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA, TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 1528 em face de decisão de primeira instância da DRJ/RJ de fls. 1509 que manteve integralmente o lançamento e a glosa dos créditos de Pis e Cofins não cumulativo, conforme Autos de Infração de fls. 03 e 15 e TVF de fls. 29. Como de costume desta Turma de julgamento, transcrevese o relatório publicado na decisão de primeira instância: "O presente processo foi formalizado em decorrência da lavratura dos autos de infração à legislação da Cofins e do PIS, fls. 3/27, em virtude da apuração de falta/insuficiência de recolhimento nos períodos de apuração 01/2009 a 12/2011. Exigese, para o Fl. 1625DF CARF MF Processo nº 10380.729091/201318 Acórdão n.º 3201002.855 S3C2T1 Fl. 1.625 3 PIS, principal de R$ 1.114.826,33, que acrescido de multa de ofício e juros de mora perfaz R$ 2.247.032,72 e, no caso da Cofins, contribuição de R$ 5.057.009,49, totalizando, com multa de ofício e juros moratórios, R$ 10.194.626,47. Integra o auto de infração o “Termo de Verificação Fiscal” de folhas 29/31, no qual a autoridade fiscal informa que a fiscalização foi programada para os anos de 2009, 2010 e 2011, com o objetivo de verificar indícios de redução indevida do PIS/COFINS a recolher, uma vez que nos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACON apresentados para o referido período, constam registros de créditos alocados nas rubricas de "Bens para Revenda" e "Bens utilizados para Consumo", incompatíveis com os dados declarados a esse título nas correspondentes Declarações de Rendimentos DIPJ. Informa ainda que a pessoa jurídica sob fiscalização atua em nome da Loteria Estadual do Ceará, na realização de concurso de prognóstico, dizendose autorizada pela Lei Federal n° 6.717/79, comercializado sob a marca "TOTOLEC” na capital e no interior do Estado do Ceará. De acordo com o seu Contrato Social, datado de 20/01/2003, essa empresa foi constituída sob a forma de sociedade limitada, tendo como objeto social a administração e distribuição de loterias de prognósticos, tendo posteriormente transformadose em sociedade por ações através da Ata da Assembléia datada de 01/06/2011, acrescentando ao seu objeto social, a participação e administração em outras sociedades. Em resposta a intimação, a interessada apresentou planilhas, contendo as bases de cálculo das contribuições devidas, bem como os valores que adotou como base para o cálculo dos créditos que foram delas deduzidos. De acordo com as referidas planilhas as contribuições devidas foram calculadas com base nos totais mensais indicados na linha correspondente a "faturamento/receita bruta". Já quanto à base para o cálculo dos créditos, os valores foram totalizados mensalmente na linha correspondente a "insumos utilizados p/ produção dos serviços", com a menção à margem, de que esses totais eram referentes a gastos com "selos, cartelas, publicidade e direito de uso", tendo ainda indicado em linha própria, as despesas com energia. No cômputo do faturamento mensal utilizado como base para o cálculo das contribuições devidas, o contribuinte excluiu os valores correspondentes aos pagamentos das premiações objeto dos sorteios realizados, tendo submetido à tributação do PIS e da COFINS apenas a diferença entre o montante da receita bruta recebida e o valor das premiações pagas. Afirma o fiscal que o procedimento adotado pela empresa não encontra guarida no disciplinamento legal da matéria, estabelecido nas leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação posterior, nem em relação à definição de receita bruta, nem Fl. 1626DF CARF MF 4 tampouco em relação aos requisitos para aproveitamento de crédito a título de custos ou despesas, uma vez que os pagamentos são feitos a pessoas físicas em dinheiro, representando, por conseqüência, uma redução indevida da base tributável das contribuições citadas, por carência de permissivo legal que lhe dê respaldo jurídico. Informa ainda o fiscal que, em relação à composição da base de cálculo dos créditos indicados nos DACON a título de insumos utilizados para produção dos serviços, nas planilhas apresentadas pela empresa, foram informados valores mensais globais, com a indicação de que eram decorrentes de gastos com: selo, cartela, publicidade, direito de uso, e em linha específica, as despesas com energia elétrica. Ressalva que, à vista de declarações prestadas pelas empresas de comunicações (documentos anexos) que prestaram serviços à fiscalizada, os gastos indicados na planilha a título de "publicidade" foram admitidos no rol dos créditos, em face da comprovação de que os mesmos referiamse à cessão de espaço na mídia para a realização, ao vivo, dos sorteios necessários à publicidade do evento via televisão e rádio, bem como, referentes a divulgação dos seus resultados através de jornais, dispêndios estes que se revelam essenciais à consecução do objeto social da fiscalizada, que consiste, como já dito, na realização de concurso de prognósticos tipo "bingo", e portanto, classificáveis nos "custos" dos serviços realizados pela fiscalizada, enquadráveis nas hipóteses previstas no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003. De modo diverso, devido à falta de amparo nos dispositivos legais supracitados e legislação correlata, deixou de acatar os créditos decorrentes dos gastos classificados como "direito de uso", por se tratarem de taxas arrecadadas mensalmente à Secretaria de Fazenda do Estado do Ceará (cód. Receita: 6181Taxa da Loteria Estadual do Ceará), conforme documentos de arrecadação em anexo, cuja dedução na apuração do saldo a pagar do PIS e da COFINS, não é autorizada pela legislação de regência. Assim, foi procedida a recomposição da base calculo do PIS e da COFINS, conforme demonstrativos em anexo, considerando como base de cálculo destas contribuições o faturamento mensal da fiscalizada, no seu montante integral, e como base para o cálculo dos créditos aproveitáveis, os valores dos custos contabilizados a título de selo, cartela, publicidade e energia, conforme demonstrativo em anexo, deixando de incluir nesse rol, pelos motivos apontados acima, os dispêndios computados a título de ''direito de uso", cabendo ressaltar que dos saldos devedores então apurados, foram deduzidos os valores dessas contribuições que já haviam sido declarados/recolhidos espontaneamente pela empresa. Cientificada em 22/10/2013 a interessada, inconformada, apresentou em 12/11/2013 a impugnação de fls. 1477 a 1496 na qual alega, em resumo, que: ∙ A Loteria Estadual do Ceará (Lotece) é serviço público outrora vinculado à Secretaria de Indústria e Comércio, atualmente vinculado à Secretaria da Fazenda – serviço explorado pelo Fl. 1627DF CARF MF Processo nº 10380.729091/201318 Acórdão n.º 3201002.855 S3C2T1 Fl. 1.626 5 estado do Ceará por força do Decreto Lei 204, de 27 de fevereiro de 1967; ∙ Na qualidade de prestadora de serviços lotéricos, a sociedade empresária "atua em nome da Loteria Estadual do Ceará'', vale dizer, a prestadora de serviços lotéricos administra os sorteios autorizados e cuida do pagamento dos prêmios aos respectivos portadores dos bilhetes premiados, tudo em nome da Loteria Estadual do Ceará e da Secretaria da Fazenda. Com esse propósito, é cediço que a ora impugnante: Organiza sorteios lotéricos; Oferece os bilhetes lotéricos ao público consumidor; Recolhe o produto da venda dos bilhetes lotéricos; Sorteia os prêmios autorizados e prometidos com transmissão ao vivo por várias emissoras de TV; Entrega aos contemplados, em nome da Loteria Estadual do Ceará, os prêmios autorizados, prometidos e sorteados; Retém, como parte da contraprestação dos serviços lotéricos, o valor concernente aos prêmios não reclamados; Mensalmente, por intermédio da Secretaria da Fazenda, entrega a parcela líquida dos recursos arrecadados pela ora impugnante e destinados à Loteria Estadual do Ceará; e recebe, para o custeio das despesas de operação, administração e divulgação do serviço de loteria, a título de contraprestação dos serviços lotéricos, remuneração correspondente ao produto da venda dos bilhetes lotéricos deduzido dos prêmios pagos e da parcela líquida dos recursos arrecadados pela ora impugnante e destinados à Loteria Estadual do Ceará. ∙ Noutras palavras, a prestadora de serviços lotéricos que "atua em nome da Loteria Estadual do Ceará" recebe, como contraprestação dos serviços lotéricos remuneração correspondente ao produto da venda dos bilhetes lotéricos deduzido de duas parcelas atinentes a ingressos de numerários sem natureza de receita própria: A parcela dos recursos financeiros arrecadados pela ora impugnante e previamente vinculados ao pagamento dos prêmios em nome da Loteria Estadual do Ceará às pessoas contempladas nos sorteios lotéricos, exclusive os prêmios não reclamados; e a parcela líquida dos recursos financeiros arrecadados pela ora impugnante e destinados à Loteria Estadual do Ceará, mensalmente entregues à destinatária por intermédio da Secretaria da Fazenda. ∙ O correto critério aqui defendido para a determinação da base de cálculo da Cofins e da contribuição para o PIS é semelhante ao utilizado, por exemplo, pelas casas lotéricas credenciadas pela Caixa Econômica Federal. É notório que as casas lotéricas credenciadas pela Caixa Econômica Federal recolhem o produto Fl. 1628DF CARF MF 6 da venda dos bilhetes lotéricos, mas o faturamento delas também é calculado tomandose o produto da venda dos bilhetes lotéricos e dele deduzindose duas parcelas: (i) os prêmios pagos pelas casas lotéricas (em nome da Caixa Econômica Federal) e (ii) a parcela dos recursos financeiros arrecadados pela casa lotérica e destinados à Caixa Econômica Federal; ∙ Nessa forma de apuração da base de cálculo das contribuições, se assemelham as demais pessoas jurídicas que administram ou operam recursos de terceiros, tais como, dentre outras, aquelas que têm por objeto: propaganda e publicidade, cobrança, venda de bilhetes de metrô e prestadoras de serviços de transporte coletivo de passageiros que repassam receitas às demais pessoas jurídicas participantes de sistema integrado. ∙ Ademais, provavelmente com o intuito de afastar eventuais dúvidas relacionadas com a grande movimentação de recursos financeiros pelas inúmeras loterias federais administradas pela Caixa Econômica Federal, a própria Receita Federal, na Instrução Normativa SRF 247, de 2002, vigente na época dos fatos aqui discutidos, determinou que, no caso dos serviços de loterias, a base de cálculo da Cofins e das contribuições para o PIS e para o Pasep é o somatório das "RENDAS DE ADMINISTRAÇÃO DE LOTERIAS", conforme detalha o seu Anexo de número I. ∙ Logo, o faturamento da ora impugnante, "assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica" é a remuneração recebida como contraprestação dos serviços lotéricos, nela não incluídos, obviamente, os ingressos de numerários sem natureza de receita própria. ∙ Nos lançamentos dos créditos tributários, a Receita Federal do Brasil deixou de lado o princípio da verdade material e adicionou à base de cálculo da Cofins e da contribuição para o PIS ingressos de numerários SEM natureza de receita própria: Pela via direta, adicionou à base de cálculo informada pelo sujeito passivo a parcela dos recursos financeiros arrecadados pela ora impugnante e previamente vinculados ao pagamento dos prêmios em nome da Loteria Estadual do Ceará às pessoas contempladas nos sorteios lotéricos; e pela via indireta, glosou insumo declarado pelo sujeito passivo, sob o título "direito de uso", correspondente à parcela líquida dos recursos financeiros arrecadados pela ora impugnante e destinados à Loteria Estadual do Ceará, mensalmente entregues à destinatária por intermédio da Secretaria da Fazenda. ∙ É certo que a própria impugnante havia cometido erro quando, na determinação da base de cálculo das contribuições, equivocadamente, adicionou à rubrica "faturamento" (ou "receita bruta de venda de serviços") o valor da parcela líquida dos recursos financeiros por ela arrecadados na venda de bilhetes lotéricos e destinados à Loteria Estadual do Ceará mensalmente entregue à destinatária por intermédio da Secretaria da Fazenda. No entanto, a fiscalização da Receita Federal do Brasil não se vincula a erros cometidos pelo sujeito passivo da obrigação tributária e a venda de bilhetes representa ingresso de numerários Fl. 1629DF CARF MF Processo nº 10380.729091/201318 Acórdão n.º 3201002.855 S3C2T1 Fl. 1.627 7 no caixa da ora impugnante, mas apenas parte dele tem natureza de receita própria, conforme já demonstrado. ∙ A interessada roga pela total improcedência do lançamento dos créditos tributários da Cofins e da contribuição para o PIS, regime não cumulativo, porque constituídos a partir de base de cálculo incorreta. ∙ Ad argumentandum, caso a Turma Julgadora entenda improcedente o primeiro pedido de mérito, SUCESSIVAMENTE, a impugnante pede a reforma do lançamento para excluir da base de cálculo das contribuições as parcelas correspondentes aos ingressos de recursos financeiros previamente vinculadas a terceiros: valor bruto destinado ao pagamento de prêmios e valor do repasse de recursos à Loteria Estadual do Ceará.” O Acórdão de primeira instância emitido pela DRJ/RJ de fls. 11509 foi publicado com a seguinte Ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Ano calendário: 2009, 2010, 2011 COFINS. NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A legislação de regência da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência não cumulativa, determina que o fato gerador é o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Ademais, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da não cumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. Há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelandoo à necessidade na fabricação do produto ou na prestação de serviço e na consecução de sua atividade fim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto fabricado ou à prestação de serviços. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Ano calendário: 2009, 2010, 2011 PIS. NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A legislação de regência da contribuição para o PIS/Pasep determina que o fato gerador é o faturamento mensal, assim Fl. 1630DF CARF MF 8 entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Ademais, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da não cumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. Há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelandoo à necessidade na fabricação do produto ou na prestação de serviço e na consecução de sua atividade fim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto fabricado ou à prestação de serviços.” Em Recurso Voluntário o contribuinte alegou a tempestividade da proposição, preliminar de nulidade da decisão de primeira instância por não ter considerado todos os argumentos de defesa e repetiu as considerações da impugnação. Este Conselho, por meio de Resolução de fls 1586 conheceu o Recurso Voluntário e converteu o julgamento em diligência para: "Delimitada a lide, constatase, contudo, que não consta do presente processo o ato concessivo previsto no DL 6.259/1944, que dispõe sobre o serviços de loterias, mais especificamente sobre a delegação da exploração do serviço de loteria a concessionários de comprovada idoneidade moral e financeira. Desta forma, sendo esta ato concessório indispensável para a verificação da natureza dos ingressos na contabilidade da recorrente, mostrasse necessária a conversão em diligência do presente processo, para o esclarecimento dos fatos. Diante do exposto, voto pela conversão em diligência do presente processo, para os seguintes procedimentos a cargo da autoridade fiscal: a) intimar a recorrente a apresentar, no prazo de 30 dias, o título jurídico (ato concessório) que fundamenta a concessão da exploração do serviço de loteria que pratica, bem como os documentos que entender aptos ao esclarecimento da lide; b) apresentar relatório acerca dos elementos apresentados pela recorrente. Realizada a diligência, deverá ser dado vista à recorrente e à PGFN para, em tendo interesse, manifestaremse no prazo de 30 dias. Concluídos os procedimentos, devem os autos retornar a este Conselheiro para o prosseguir com o julgamento da lide. Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto.” Fl. 1631DF CARF MF Processo nº 10380.729091/201318 Acórdão n.º 3201002.855 S3C2T1 Fl. 1.628 9 Em fls. 1600 o contribuinte peticionou e juntou a Lei da LOTECE, Lei (CE) 10.591, de 24 de novembro de 1981 (Diário Oficial do Estado do Ceará de 26 de novembro de 1981, Parte I, páginas 22 e 23). Em fls. 1615 a fiscalização apresentou relatório e em fls. 1621 a União registrou sua ciência. Relatório proferido. Voto Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Com fundamento no Direito Tributário, na legislação, nas provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros Titulares, conforme Portaria de Condução e Regimento Interno, apresentase este voto. O recurso Voluntário já foi conhecido por esta Turma durante a Resolução de fls. 1586. Após a análise do autos, foi possível verificar que o ponto central da lide entre o contribuinte e a União está em verificar se as alegações da Recorrente estão lastreadas em sua escrita contábil e fiscal, considerando o suporte documental constante dos autos. Como relatado no voto do relator que sugeriu a Resolução de fls. 1586, não consta no presente processo o ato concessivo previsto no DL 6.259/1944, que dispõe sobre o serviços de loterias, conforme os Art. 4.º e 5.º: “DAS CONCESSÕES Art. 4º Somente a União e os Estados poderão explorar ou conceder serviço de loteria, vedada àquela e a estes mais de uma exploração ou concessão lotérica. Art. 5º As concessões serão precedidas de concorrência pública. § 1º As concorrências serão abertas, mediante edital publicado no órgão oficial da União, por prazo nunca inferior a trinta (30) dias ou noventa (90) no máximo. § 2º Quando se tratar de concorrência para o serviço de loteria estadual, o edital deverá ser também publicado no respectivo órgão oficial, ou, em sua falta, no de maior circulação no Estado. § 3º Cada concorrente (pessoa física, sociedade civil ou sociedade mercantil) apresentará, até dez (10) dias antes da data fixada para a abertura das propostas, as provas de sua idoneidade e capacidade financeira.” Fl. 1632DF CARF MF 10 Realmente, o ato concessório é indispensável para a verificação da natureza dos ingressos na contabilidade da recorrente, mas isto é parte dos documentos que deveriam instruir os autos. É importante destacar a diferença entre o contribuinte em questão, que é empresa Sociedade Anônima, com a Loteria Estadual do Ceará LOTECE, criada pela Lei Estadual nº 52, de 7 de novembro de 1947, e ratificada pelo Decreto Federal nº 25.118, de 22 de junho de 1948, e também pelo Decreto Federal nº 58.668, de 17 de junho de 1966, e regido pelo DecretoLei nº 204, de 27 de fevereiro de 1967. O documento juntado pelo contribuinte em fls. 600 não comprova o ato concessivo do contribuinte, trata somente de disposições gerais da LOTECE (Lei da LOTECE Lei (CE) 10.591, de 24 de novembro de 1981). O contribuinte não comprovou a origem dos valores autuados, de forma a demonstrar que os valores ingressados não seriam receitas, que é a própria base de cálculo do Pis e Cofins não cumulativo, prevista no Art. 1.º das Leis 10833/03 e 10.637/02. “Art. 1.º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência). (...) Art. 1.º A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência).” Ao contrário, em fls. 34 a 37 a fiscalização apurou e discriminou a base de cálculo e em fls. 60 a 77, verificase que em sua escrita fiscal o próprio contribuinte nomeou os ingressos como receitas na conta “Faturamento/Receita Bruta”. E mesmo que os valores autuados fossem realmente mero repasse do prêmio, não há na legislação, mas precisamente no §3.º dos Art. 1.º das Leis 10833/03 e 10.637/02, hipótese de exclusão para esta situação. Caberia ao contribuinte demonstrar o contrário, o quanto foi somente repassado (de prêmio/sorteio) e o quanto foi somente receita (parte do prêmio/sorteio), de forma a demonstrar que o lançamento estaria equivocado. mas isto não ocorreu. O lançamento observou os limites legais positivados no Art. 142 do CTN, no Decreto 70.235/72 e Lei 9784/99, assim como comprovou com documentos e correta fundamentação legal a insuficiência de recolhimento. Da mesma forma, não há qualquer motivo para a anulação da decisão de primeira instância, uma vez que esta tratou de todas as argumentações do contribuinte de forma satisfatória à legislação e em respeito à regra da legalidade, principalmente no que diz respeito à base de cálculo das contribuições. Com relação aos créditos de Pis e Cofins não cumulativos tomados sobre os valores reservados para o pagamento de taxas à Secretaria da Fazenda do Ceará dentro da rubrica “direito de uso”, como se insumos fossem, esta situação é distante da possibilidade de Fl. 1633DF CARF MF Processo nº 10380.729091/201318 Acórdão n.º 3201002.855 S3C2T1 Fl. 1.629 11 geração de crédito, porque não há previsão legal nas Leis 10.833/03 e 10.637/02 para considerar taxas como insumos. Ainda que se fale em recuperação de custo, discussão que permeia outras lides a respeito da base de cálculo do Pis e Cofins, como a lide que originalmente surge sobre a dedução das subvenções de custeio da base de cálculo (por exemplo), neste caso não há relação de insumo com as atividades da empresa porque as taxas não são bens ou serviços ligados diretamente à atividade da empresa, como fixou o Art. 3.º das Leis 10.833/03 e 10.637/02. Diante do exposto, votase para que seja NEGADO O PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para que seja mantida a cobrança dos tributos, com multas e juros, porque correto o fundamento legal capitulado no lançamento. Voto proferido. (assinatura digital) Conselheiro Relator – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Declaração de Voto Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário A presente Declaração de Voto tem por objetivo destacar que, na hipótese dos autos, a inexistência de documento comprobatório de ato concessivo firmado entre a Loteria Estadual do Ceará LOTECE e a contribuinte, a meu ver, é passível de superação pelo fato de ser considerado ato público e notório, sequer questionado no âmbito da fiscalização. Não obstante, é imprescindível que o contribuinte mantenha seus registros contábeis completos e passíveis de comprovação da natureza e origem dos seus ingressos, o que não ocorreu nos presentes autos, conforme levantamentos fiscais e manifestação do Relator do presente feito. Desse modo, faço pequeno adendo ao voto supra, acompanhado por mim, apenas para o registro acerca da imprescindibilidade de clareza e comprovação contábil por parte do contribuinte para fins de exclusão, da base de cálculo do PIS e da COFINS, dos ingressos não caracterizados como receita ou faturamento. Fl. 1634DF CARF MF 12 Tatiana Josefovicz Belisário Fl. 1635DF CARF MF
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Numero do processo: 10166.900255/2009-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). HOMOLOGAÇÃO.
A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-003.100
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1343; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 140 1 139 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.900255/200981 Recurso nº . Voluntário Acórdão nº 3301003.100 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria COFINS COMPENSAÇÃO Recorrente FUNDAÇÃO DOS ECONOMIÁRIOS FEDERAIS FUNCEF Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). HOMOLOGAÇÃO. A homologação de compensação de débito fiscal, efetuada pelo próprio sujeito passivo, mediante transmissão de Declaração de Compensação (Dcomp), está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 02 55 /2 00 9- 81 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10166.900255/200981 Acórdão n.º 3301003.100 S3C3T1 Fl. 141 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF, que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo Recorrente, em acórdão assim ementado (fls. 105 e ss.): Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE ATÉ NO LIMITE DO CRÉDITO DO SUJEITO PASSIVO. Comprovada nos autos a existência de crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional, para absorver o débito tributário, efetuase a compensação do débito tributário até no limite daquele crédito, dado que esta pressupõe a existência de crédito para o encontro de contas débito “versus” crédito. ERRO DE FATO (INEXATIDÕES MATERIAIS) – CORREÇÃO DE OFÍCIO OU A REQUERIMENTO DO SUJEITO PASSIVO. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto podem ser corrigidas de ofício ou a requerimento do sujeito passivo. REVISÃO DE ACÓRDÃO. Esse acórdão revisa e substitui o de número 0347.142, de 16 de fevereiro de 2012, proferido por esta turma de julgamento, que apresentou inexatidões materiais. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Houve sucessivas alterações do valor do saldo reconhecido, por meio do Acórdão nº 0347.142, de 16/02/2012 (fls. 96 e ss.) e do Acórdão n° 03049.841, em 29/11/2012, este último no seguinte sentido: [...]Pelo exposto e tudo mais que consta dos autos, VOTO no sentido de tornar sem efeito o Acórdão DRJ/BSB Nº 0347.142, de 16 de fevereiro de 2012, a teor do § 1º, do art. 21, da Portaria MF nº 341, de 12/07/2011, e considerar procedente em parte a manifestação de inconformidade, para reconhecer o crédito (em valor original) de R$ 3.647,56 (R$ 22.505,00 – R$ 18.857,44 = 3.647,56), ficando a cargo da unidade preparadora efetuar a respectiva compensação, até no limite daquele crédito. O Recorrente, nas razões de fls. 119 e ss., a alega a existência de saldo de crédito decorrente do Dcomp nº38256.349957.101104.1.3.041107. Pleiteia o reconhecimento Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10166.900255/200981 Acórdão n.º 3301003.100 S3C3T1 Fl. 142 3 de um crédito original passível de compensação no valor de R$ 6.535,00, que, por sua vez, é lastreada nos dados informados em sua declaração de compensação (fls. 90). O Carf decidiu solicitar diligência à Delegacia de origem, com a seguinte justificativa: Devido às particularidades do caso concreto, em que foram proferidas três diferentes decisões reconhecendo valores distintos do saldo do crédito, entendese que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem informe qual foi o saldo do direito de crédito decorrente do processo administrativo fiscal n° 14033.000086/200600 – Dcomp 38256.349957.101104.1.3.041107, anexando aos autos cópia do despacho decisório que homologou a compensação. A diligência foi realizada, chegando à seguinte conclusão: 1. Trata o presente processo de Declaração de Compensação – débito de Cofins – com Despacho Decisório de 18/02/2009 que não homologou o pleito. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 26/03/2009, tendo sido esta considerada procedente em parte pela DRJ/BSB em Acórdão de 29/12/2012. Contra esta decisão a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 19/09/2013 (fls. 119 a 123). 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF em sua Resolução de nº 3802000.355 de 10/12/2014 (fls. 127 a 129) converteu o julgamento em diligência para que fosse informado o saldo do direito creditório decorrente do processo administrativo fiscal nº 14033.000086/200600, bem como anexada cópia do despacho decisório do respectivo processo, o qual homologou a compensação declarada na DCOMP 38256.34957.101104.1.3.041107. 3. Ocorre que no presente processo já consta cópia do referido despacho (fls. 65 a 67), o qual determinou que fosse efetuada a compensação do débito com o valor de R$22.505,00. 4. Diante disso, proponho que os autos retornem ao CARF para prosseguir com o julgamento. Instada a se manifestar, a Fazenda Nacional corroborou os termos da Informação fiscal lavrada. É o relatório. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10166.900255/200981 Acórdão n.º 3301003.100 S3C3T1 Fl. 143 4 Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Na Resolução Nº 3802000.355 da 2ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do CARF, solicitou que a Delegacia de origem informasse qual foi o saldo do direito de crédito decorrente do processo administrativo fiscal n° 14033.000086/200600 – Dcomp 38256.349957.101104.1.3.041107, anexando aos autos cópia do despacho decisório que homologou a compensação. O relatório de diligência informou o seguinte: (...) 3. Ocorre que no presente processo já consta cópia do referido despacho (fls. 65 a 67), o qual determinou que fosse efetuada a compensação do débito com o valor de R$ 22.505,00. (...) Apesar de entender que a diligência não respondeu exatamente ao que foi solicitado, entendo que é possível que se solucione a controvérsia. O relatório de diligência informa que o valor do crédito está incontroverso e monta em R$ 22.505,00. Entretanto, a controvérsia remanesce, em relação ao débito compensado. A controvérsia do processo está centrada no valor remanescente para a recorrente como direito creditório, após o cálculo de sua compensação. A recorrente entende que o seu direito creditório é de R$ 6.535,00. Tal valor seria a resultante da subtração de R$ 22.505,00 por R$ 15.970,00. Este valor de R$ 15.970,00 seria o total utilizado pela Contribuinte na compensação tratada através do processo 14033.000.086/200600. Já o acórdão recorrido entende que, conforme tela juntada às fls. 103, o valor utilizado na compensação do processo 14033.000.086/200600 foi de R$ 18.857,44, o que gera, ao final, um saldo a favor da Contribuinte de R$ 3.647,56. Essa diferença entre R$ 15.970,00 e R$ 18.857,44 se deve a correção do débito compensado, pela multa e os juros, na compensação. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10166.900255/200981 Acórdão n.º 3301003.100 S3C3T1 Fl. 144 5 A cópia da tela juntada na folha 103 do processo resolve a controvérsia, pois, realmente, após a correção do crédito utilizado, chegouse ao valor de R$ 18.857,44. Isso ocorreu pois houve compensação de valor principal, de multa e juros, e não somente de valor principal, como afirma a recorrente em seu recurso voluntário. Portanto, está correto o acórdão recorrido, ao considerar o cálculo de R$ 22.505,00, menos, R$ 18.857,44, o que gera, ao final, um saldo a favor da Contribuinte de R$ 3.647,56. Conclusão: Diante do acima exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Entretanto, ressalto que já foi reconhecido um saldo a favor da Contribuinte de R$ 3.647,56. Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas Relator assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.902754/2011-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL.
No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE.
A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.336
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime não-cumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, b, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques dOliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1819; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10120.902754/201154 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301003.336 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de março de 2017 Matéria COFINS/PIS. TOMADA DE CRÉDITOS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS. INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. Recorrente COTRIL MOTORS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 PIS/COFINS. AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS NOVOS SUBMETIDOS AO REGIME MONOFÁSICO PARA REVENDA. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO PELO COMERCIANTE ATACADISTA E VAREJISTA. VEDAÇÃO LEGAL. No regime nãocumulativo das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, por expressa determinação legal, é vedado ao comerciante atacadista e varejista, o direito de descontar ou manter crédito referente às aquisições de veículos novos sujeitos ao regime monofásico concentrado no fabricante e importador. A aquisição de veículos relacionados no art. 1º da Lei n° 10.485/02, para revenda, quando feita por comerciantes atacadistas ou varejistas desses produtos, não gera direito a crédito do PIS/COFINS, dada a expressa vedação, consoante os art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS. MANUTENÇÃO. ART. 17 DA LEI Nº 11.033/2004. IMPOSSIBILIDADE. A manutenção dos créditos, prevista no art. 17 da Lei nº 11.033/04, não tem o alcance de manter créditos cuja aquisição a lei veda desde a sua definição. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 27 54 /2 01 1- 54 Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10120.902754/201154 Acórdão n.º 3301003.336 S3C3T1 Fl. 3 2 Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcelo Giovani Vieira, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER, formulado através do programa PER/Dcomp, por intermédio do qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de PIS/Pasep NãoCumulativo – Mercado Interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado. A origem do direito creditório alegado seria o saldo credor acumulado em razão da aquisição de produtos monofásicos (veículos novos). A Recorrente tem como atividade comercial a compra e venda, no atacado e varejo, de veículos novos e peças em geral, relacionadas na Lei nº 10.485/02. A Lei nº 10.485/02, no art. 3º, § 2º, I e II, prescreve que os produtos nela relacionados têm as alíquotas de PIS e COFINS reduzidas a 0% relativamente à receita bruta auferida por comerciantes atacadistas e varejistas. A Recorrente alega que com a edição das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, os produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 compõem a sua receita bruta para efeito de apuração de PIS e COFINS sob o regime da nãocumulatividade e que a manutenção dos créditos decorrentes da aquisição desses produtos tem como fundamento legal o art. 17 da Lei n° 11.033/2004 e o pedido de ressarcimento em espécie tem como fundamento legal o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Assim, com esse entendimento, os créditos de PIS/Pasep nãoCumulativo, objeto do ressarcimento deste processo fiscal pela Recorrente, têm origem exclusiva na aplicação direta das alíquotas previstas nas leis 10.637/02 (PIS) e 10.833/03 (COFINS), que introduziram a nova sistemática do regime da nãocumulatividade para ambas as Contribuições, sobre o valor de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), pois a alíquota da Contribuição nas saídas subsequentes desses produtos foi reduzida a 0%. Então, a controvérsia nestes autos é o direito ao creditamento, no regime não cumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), ou seja, crédito com origem nas aquisições de produtos com incidência monofásica. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06050.375. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que há vedação legal e normativa para o aproveitamento do crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, nas vendas submetidas à incidência monofásica. Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10120.902754/201154 Acórdão n.º 3301003.336 S3C3T1 Fl. 4 3 Tanto na manifestação de inconformidade, quanto em seu recurso voluntário, a Recorrente tece longo arrazoado para justificar o seu direito ao creditamento, para tanto interpreta a legislação federal e o princípio constitucional da nãocumulatividade. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.248, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.902719/201135, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.248): O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Não há direito ao creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos), conforme se justifica a seguir. Os art. 1o e 3o da Lei n° 10.485/2002 prescrevem: Art. 1o.As pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.070, de 28 de dezembro de 2001, relativamente à receita bruta decorrente da venda desses produtos, ficam sujeitas ao pagamento da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, às alíquotas de 2% (dois por cento) e 9,6% (nove inteiros e seis décimos por cento), respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Art. 3o As pessoas jurídicas fabricantes e os importadores, relativamente às vendas dos produtos relacionados nos Anexos I e II desta Lei, ficam sujeitos à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS às alíquotas de: II 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento) e 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), respectivamente, nas vendas para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10120.902754/201154 Acórdão n.º 3301003.336 S3C3T1 Fl. 5 4 § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Assim, para os veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI e dos produtos relacionados nos Anexos I e II, a cobrança da COFINS terá incidência monofásica, com alíquotas diferenciadas para as pessoas jurídicas fabricantes e importadoras. O regime monofásico concentra a cobrança do tributo em uma etapa da cadeia produtiva, desonerando a etapa seguinte. E ainda, a referida lei reduziu a zero as alíquotas da COFINS incidentes sobre as receitas auferidas pelos comerciantes atacadistas ou varejistas com a venda desses mesmos produtos. O regime monofásico impõe que o fabricante ou importador dos produtos (monofásicos) recolham o PIS/COFINS em uma alíquota diferenciada e majorada, bem como a fixação de alíquota zero de PIS/COFINS sobre a receita auferida com a venda dos mesmos pelos demais participantes da cadeia produtiva (distribuidores, atacadistas e varejistas). Então, não se cogita do sistema de compensação entre créditos e débitos. Deste modo, a Lei nº 10.485/02 fixou a tributação devida ao PIS e à COFINS no início da cadeia produtiva, fabricantes e/ou importadores de veículos automotores e autopeças, estabelecendo alíquota mais elevada nesta etapa de comercialização, desonerando a fase em que se integram as concessionárias, mediante atribuição de alíquota zero, nos termos dos seus artigos 2º, § 2º, II; 3º, § 2º, I e II; e 5º, parágrafo único, esses dispositivos não foram revogadas pela Lei nº 10.833/03. A incidência monofásica das contribuições discutidas incorre na inviabilidade lógica e econômica do reconhecimento de crédito recuperável pelos comerciantes varejistas e atacadistas, pois inexistente cadeia tributária após a venda destinada ao consumidor final, razão pela qual o art. 17 da Lei nº 11.033/04, afigurase incompatível com este caso. Ademais, não há crédito em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485/2002 adquiridos para revenda, por vedação expressa dos art. 2º, § 1º, III e art. 3º, I, “b”, c/c da Lei nº 10.833/2003, verbis: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (...) b) no § 1º do art. 2º desta Lei; Art. 2º Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art.1º, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10120.902754/201154 Acórdão n.º 3301003.336 S3C3T1 Fl. 6 5 § 1º Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) III no art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) IV no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Logo, pela redação dos dispositivos supracitados, é expressamente vedado descontar créditos calculados em relação aos veículos classificados nos códigos 87.01 a 87.06 da TIPI e aos produtos relacionados nos Anexos I e II da Lei nº 10.485, de 2002, adquiridos para revenda. Alega a Recorrente que teria direito ao creditamento com base no art. 17 da Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Esse dispositivo não se aplica ao caso em comento, pelas seguintes razões: 1 Referese a “manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados” nas operações de vendas com isenção, alíquota zero ou nãoincidência da COFINS, ou seja, tratase de créditos legalmente autorizados da COFINS (neste caso o crédito está proibido); 2 É regra geral que coexiste com vedação ao creditamento por norma específica e 3 Não revoga expressa ou tacitamente o inciso I, alínea “b”, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Por fim, quanto a argumentos de inconstitucionalidade da vedação ao creditamento, por afronta ao princípio da nãocumulatividade, saliento que sobre esta matéria o CARF não pode se pronunciar, de acordo com a Súmula nº 2 (O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária). Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, dos valores de aquisição dos produtos relacionados Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10120.902754/201154 Acórdão n.º 3301003.336 S3C3T1 Fl. 7 6 na Lei n° 10.485/2002 (veículos automotores novos) aplicase tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 120DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.002862/2006-23
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
ITR. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
A divergência interpretativa somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial.
Numero da decisão: 9202-005.425
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. A divergência interpretativa somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 28 62 /2 00 6- 23 Fl. 508DF CARF MF 2 Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração (fls. 01/09 anexos) relativo ao Imposto Territorial Rural – ITR do imóvel denominado P8/Gleba Tupi, com área de 15.074,6 ha (NIRF 0.334.3162), localizado no município de Paranaitá/MT, relativo ao exercício 2002, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 908.926,12, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Constou na Discrição dos Fatos, que em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, a contribuinte foi regularmente intimada a comprovar os dados da declaração, relativamente à área de preservação permanente e Valor da Terra Nua declarados da DITR 2002, apresentou pedido de prorrogação para atendimento da intimação em 15/03/2006, no que foi atendida pela fiscalização; em 12/04/2006 apresentou termo informando que não era mais contribuinte do ITR, pois alienara o imóvel para terceiros, os quais já estavam apresentando declaração em outros NIRFs e que a DIAT, objeto de malha, foi enviada por engano; as cópias do compromisso de Compra e Venda de 1993 e as matrículas apresentados à fiscalização comprovam que a contribuinte continua sendo o proprietário do imóvel rural. Como não foram apresentados os documentos solicitados para comprovar a regularidade da área de preservação permanente e o VTN, esses itens da declaração foram glosados para cobrança do imposto suplementar. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS julgado o lançamento procedente, mantendo o imposto total. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar arguida e, no mérito, deu provimento parcial ao recurso para restabelecer o VTN declarado pelo contribuinte. Portanto, em sessão plenária de 23/08/2011, deuse provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2201001.238, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE A Área de Preservação Permanente identificada pelos parâmetros definidos no artigo 2º do Código Florestal, com a redação dada pela Lei 7.803, de 1989, deve ser devidamente comprovado pelo sujeito passivo para permitir sua exclusão da área tributável pelo ITR. Fl. 509DF CARF MF Processo nº 10183.002862/200623 Acórdão n.º 9202005.425 CSRFT2 Fl. 3 3 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados nas DITR de outros contribuintes, não pode ser usado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. MULTA DE OFÍCIO. INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 01/12/2011 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 02/12/2011, Recurso Especial. Em seu recurso visa o restabelecimento do VTN médio extraído pela fiscalização do SIPT e obtido com base nos valores informados nas DITR’s de outros contribuintes. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2200 00.966, da 2ª Câmara, de 18/09/2012. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que a Lei nº 9.393/96, em seu art. 14, previu a criação de um sistema de preços de terras a ser instituído pela Secretaria da Receita Federal, como se pode ver na transcrição da citada norma:(...) · que a Portaria SRF nº 447, de 28/03/2002, regulamentou o Sistema de Preços de Terras, em seus artigos 1º ao 4º, verbis: (...) · que, assim, temse como procedimento para o lançamento do ITR, a utilização dos valores indicados no Sistema de Preços de Terras da SRF, nos moldes estabelecidos na Portaria acima citada, não havendo qualquer ilegalidade na utilização dessa rotina administrativa e, portanto, plenamente legítima a conduta da autoridade fiscal ao considerar, para definição do Valor da Terra Nua, o valor médio das declarações do ITR. · que as tabelas de valores indicados no SIPT servem como referencial para amparar o trabalho de malha das declarações de ITR e somente são utilizadas pela fiscalização se o contribuinte não lograr comprovar que o valor declarado de seu imóvel corresponde ao valor efetivo na data do fato gerador. · que o valor apurado pela fiscalização pode ser questionado, mediante Laudo Técnico de Avaliação, revestido de rigor científico suficiente a firmar a convicção da autoridade, devendo estar presentes os requisitos mínimos exigidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, mas o contribuinte não se desincumbiu desse Fl. 510DF CARF MF 4 mister e, com efeito, a recorrida deixou de apresentar laudo de avaliação ou outro documento qualquer que comprove que o VTN efetivo do imóvel para o exercício de 2002 era inferior ao tributado, não havendo justificativa para afastar a tributação com base no VTN apurado pela fiscalização a partir de valor constante no SIPT. Cientificado do Acórdão nº 2201001.238, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 18/10/2012, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10183.002862/200623 Acórdão n.º 9202005.425 CSRFT2 Fl. 4 5 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Recurso Especial da Fazenda Nacional O Recurso Especial interposto pelo Sujeito Passivo é tempestivo e atende, inicialmente aos demais pressupostos de admissibilidade, conforme despacho fls. 487/489. Contudo, embora não tenham sido apresentadas contrarrazões, entendo que existe um ponto a ser apreciado acerca do conhecimento, tendo em vista outros casos semelhantes já apreciados anteriormente por esse mesmo colegiado. Do Conhecimento Conforme consta do despacho de admissibilidade do Resp, a Fazenda Nacional visa rediscutir a validade do arbitramento do VTNValor da Terra Nua tendo por base o SIPTSistema de Preços de Terras, utilizandose o VTN médio das DITR, sem informações sobre aptidão agrícola. Como paradigma foi indicado o Acórdão 210200.609. Antes de proceder à análise do paradigma, importa salientar que se trata de Recurso Especial de Divergência, previsto no art. 67 do RICARF aprovado pela portaria nº 343/2015, e que esta somente se caracteriza quando existe similitude fática entre as situações apreciadas no acórdão recorrido e no paradigma indicado. Assim, para que se configure a referida divergência, tornase imprescindível a análise das situações fáticas contidas nos acórdãos recorrido e paradigma, a ver se haveria similitude entre elas. No caso do acórdão recorrido, a motivação do restabelecimento do VTN declarado pelo Contribuinte foi o fato de a autoridade lançadora ter arbitrado aquele valor com base no VTN médio das DITRs entregues no município, e não na aptidão agrícola. Assim, tal arbitramento não foi aceito, por não ter cumprido as exigências determinadas pela legislação de regência. Confirase a respectiva ementa: VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados nas DITR de outros contribuintes, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. Ainda, para deixar claro a posição do colegiado no recorrido, transcrevo trecho do voto condutor: Arbitramento do VTN A Recorrente questiona, ainda, o arbitramento do VTN pela autoridade fiscal. Sustenta, como relatado anteriormente, que a SRF não obteve, junto aos órgãos competentes, as informações previstas em lei como necessárias sobre preços de terras para alimentar o SIPT trazendo como comprovação os documentos de fls. 234/246. Fl. 512DF CARF MF 6 O art. 14, caput e §1o, da Lei no 9.393, de 19 de dezembro de 1996, que autoriza, no caso de subavaliação, o arbitramento do VTN, assim estabelece: “Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. §1o As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.” Referido dispositivo faz expressa menção aos critérios do art. 12, §1º, inciso II , da Lei no 8.629/93, cuja redação vigente à época da edição da Lei no 9.393/96 dispunha: “Art. 12. Considerase justa a indenização que permita ao desapropriado a reposição, em seu patrimônio, do valor do bem que perdeu por interesse social. §1o A identificação do valor do bem a ser indenizado será feita, preferencialmente, com base nos seguintes referenciais técnicos e mercadológicos, entre outros usualmente empregados: I valor das benfeitorias úteis e necessárias, descontada a depreciação conforme o estado de conservação; II valor da terra nua, observados os seguintes aspectos: a) localização do imóvel; b) capacidade potencial da terra; c) dimensão do imóvel. § 2º Os dados referentes ao preço das benfeitorias e do hectare da terra nua a serem indenizados serão levantados junto às Prefeituras Municipais, órgãos estaduais encarregados de avaliação imobiliária, quando houver, Tabelionatos e Cartórios de Registro de Imóveis, e através de pesquisa de mercado.” O arbitramento do valor da terra nua, expediente legítimo, nos art. 148 do CTN, para as situações em que não mereçam fé as informações prestadas pelo sujeito passivo, deve observar os parâmetros previstos pelo legislador e acima referidos, inclusive capacidade potencial da terra, informados pelas Secretarias de Agricultura dos Estados e Municípios. No caso em exame, entretanto, o arbitramento se baseou única e exclusivamente na média de VTN declarados por outros contribuintes, cuja utilização não atende às exigências legais, como se verifica do extrato da tela do sistema da Receita Federal do Brasil de fls. 14. [...] Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10183.002862/200623 Acórdão n.º 9202005.425 CSRFT2 Fl. 5 7 No presente caso, a Recorrente trouxe aos autos os ofícios de fls. 234/238 que demonstram que a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural do Estado de Mato Grosso não prestou as informações solicitadas pela Receita Federal. Assim entendo que não foram atendidos os requisitos previstos em lei para a realização do arbitramento, razão pela qual deve ser desconsiderado o VTN arbitrado e restabelecido o VTN declarado pela Recorrente. Por outro lado, no acórdão nº 9202003.442 de 22/10/2014, de relatoria da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, foi enfrentado o conhecimento em relação ao mesmo paradigma, onde restou decidido pela impossibilidade de conhecimento, face a ausência de similitude fática entre os julgados. Dessa forma, tendo a questão, sido muito bem enfrentada e estrutura naquele acórdão, passo a transcrevêlo, adotandoo como razões de decidir. Em seu apelo, a Fazenda Nacional visa rediscutir a validade do arbitramento do VTNValor da Terra Nua tendo por base o SIPTSistema de Preços de Terras, utilizandose o VTN médio das DITR, sem informações sobre aptidão agrícola. Como paradigma foi indicado o Acórdão 210200.609. Antes de proceder à análise do paradigma, importa salientar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando existe similitude fática entre as situações apreciadas no acórdão recorrido e no paradigma indicado. Assim, tornase imprescindível a análise das situações fáticas contidas nos acórdãos recorrido e paradigma, a ver se haveria similitude entre elas. No caso do acórdão recorrido, a motivação do restabelecimento do VTN declarado pelo Contribuinte foi o fato de a autoridade lançadora ter arbitrado aquele valor com base no VTN médio das DITRs entregues no município, e não na aptidão agrícola. Assim, tal arbitramento não foi aceito, por não ter cumprido as exigências determinadas pela legislação de regência. Confirase a respectiva ementa: “O lançamento de oficio deve considerar, por expressa previsão legal, as informações constantes do Sistema de Preços de Terra, SIPT, referentes a levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios, que considerem a localização do imóvel, a capacidade potencial da terra e a dimensão do imóvel. Na ausência de tais informações, a utilização do VTN médio apurado a partir do universo de DITR apresentadas para determinado município e exercício, por não observar o critério da capacidade potencial da terra, não pode prevalecer.” Quanto ao paradigma indicado – Acórdão 210200.609 – a Fazenda Nacional colaciona o seguinte trecho, visando demonstrar o alegado dissídio jurisprudencial: “No caso aqui em debate , para o exercício 2001, tomando por base os valores do SIPT (fl. 15), podese arbitrar o valor da terra nua com base na aptidão agrícola da terra ou com base no valor médio das DITR , sempre lembrando que o SIPT detém Fl. 514DF CARF MF 8 uma média global do valor da terra nua do município . Não há uma avaliação específica do imóvel auditado. Considerando a dupla possibilidade de arbitramento , pela aptidão agrícola ou pelo valor médio da DITR, entendo que se deve utilizar esta última, que detém o valor mais benéfico para o recorrente.’ (fl. 8)” (destaques da Recorrente) A leitura dos trechos em negrito, pinçados do voto condutor do aresto, levaria à conclusão de que efetivamente teria sido demonstrada a alegada divergência jurisprudencial. Entretanto, o exame do paradigma, em sua integralidade, permite conhecer o contexto em que ele foi proferido. Nesse passo, verificase que, além de retratar uma situação distinta daquela analisada no recorrido, não se pode afirmar que nesse paradigma estarseia defendendo a tese de que o SIPT, somente com a média das DITR, seria válido. Confirase os principais trechos da ementa e do voto vencedor desse paradigma: “ARBITRAMENTO DO VALOR DA TERRA NUA. INFORMAÇÃO EXTRAÍDA DO SISTEMA DE PREÇO DE TERRAS SIPT. HIGIDEZ PROCEDIMENTAL. SOMENTE LAUDO TÉCNICO QUE ANALISA PORMENORIZADAMENTE O IMÓVEL RURAL, SEGUNDO A NORMA DA ABNT VIGENTE NA DATA DA PRODUÇÃO DO LAUDO, PODE CONTRADITAR 0 VALOR DO SIPT. Caso o contribuinte não apresente laudo técnico com o valor da terra nua, pode a autoridade fiscal se valer do preço constante do SIPT, como meio hábil para arbitrar o valor da terra nua que servirá para apurar o ITR devido. Somente laudo técnico que segue a norma vigente da ABNT na data da produção dele, assinado por profissional competente e secundado por Anotação de Responsabilidade Técnica ART, é meio hábil para contraditar o valor arbitrado a partir do SIPT. Recurso provido (...) Agora, passase a apreciar a defesa do item II (no tocante ao valor da terra nua, "os valores indicados no Sistema de Preços de Terra não podem ser adotados, pois não há a "imprescindível publicidade das fontes e valores que alimentam o sistema, bem como, a realização de verificação física das áreas existentes na propriedade para viabilizar a incidência do VTN, segundo a classificação adotada para a diversidade de áreas cadastradas " (Recurso n° 135.528, Primeira Câmara, unânime, 07.11.2007)" (fls. 218 e 219). Além disso, o recorrente agora junta Laudo Técnico complementar, no qual se demonstra que o valor do SIPT referese ao preço de terras comercializadas e não da terra nua, como inclusive se pode ver pelos formulários preenchidos pela EmaterMG, atendendo à solicitação da Fundação Getúlio Vargas (fls. 291 a 293), com os mesmos valores do SIPT, os quais tem a mesma fonte de informação, qual seja, a EmaterMG. Por fim, caso o valor do SIPT seja considerado hábil para quantificar o valor da terra nua, mister reduzir o valor do exercício 2001 para R$ 1.053,04, o menor dos valores do SIPT.). Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10183.002862/200623 Acórdão n.º 9202005.425 CSRFT2 Fl. 6 9 Como se pode constatar, no caso do paradigma o Contribuinte se insurge contra o arbitramento pelo SIPT, alegando falta de publicidade das fontes e valores que alimentam o sistema, bem como por se referir a preços de terras comercializadas, e não da terra nua. Ao final, pede que, caso seja mantido o arbitramento, que para o exercício de 2001 seja adotado o menor dos valores do SIPT. Assim, no intuito de enfrentar os argumentos de defesa, o Relator assim se manifesta quanto ao SIPT: “No tocante ao pretenso cerceamento do direito de defesa perpetrado pela autoridade fiscal, com a utilização do valor da terra nua constante no SIPT, não assiste razão ao recorrente, já que a possibilidade do arbitramento do preço da terra nua consta especificamente no art. 14 da Lei n° 9.393/96, a partir de sistema a ser instituído pela Secretaria da Receita Federal. Utilizando tal autorização legislativa, a Secretaria da Receita Federal, pela Portaria SRF n° 44712002, instituiu o Sistema de Preços de Terras — SIPT, o qual seria alimentado com informações das Secretarias de Agricultura ou entidades correlatas, bem como com os valores da terra nua da base de declarações do ITR. A instituição do SIPT está prevista em lei, não havendo qualquer violação ao princípio da legalidade tributária, sendo certo que, no caso vertente, a autoridade fiscal utilizou o valor da terra nua constante no sistema, conforme tela do SIPT de fls. 15 e 16 (valores informados pela Secretaria Estadual de Agricultura), já que o contribuinte havia utilizado o valor da terra nua para o município de Inhaúma — MG de 1996, valor que teria sido aceito pela Secretaria da Receita Federal quando da expedição da notificação de lançamento do ITR respectivo (conforme declaração prestada pelo próprio autuado nestes autos — fl. 27), e não apresentara o laudo técnico de avaliação da área rural. A informação declarada pelo contribuinte era assaz antiga e justificava o procedimento da autoridade fiscal. No ponto, sem razão o recorrente. A decisão recorrida ratificou o arbitramento perpetrado pela autoridade autuante, já que o Laudo Técnico não tinha seguido a atual norma da ABNT reguladora da avaliação de imóveis rurais (NBR 14.6533) e pela discrepância entre o valor declarado pelo contribuinte e aqueles do SIPT. (...) Primeiramente, os valores da terra nua dos municípios mineiros, dos exercícios 2000 a 2004, foram informados pelo Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, a partir de levantamento dos extensionistas da Emater, como se pode ver pelo Oficio n° 1.036/2004/GAB.SEC, de 30 de novembro de 2004 (cópia deste oficio se encontra no recurso voluntário n° 342.587 — fl. 124 , em pauta nesta mesma sessão de julgamento). Tal oficio referese ao valor da terra nua por hectare e não ao valor de venda dos imóveis. Por outro lado, os formulários da FGV preenchidos pela EmaterMG, referentes Fl. 516DF CARF MF 10 aos exercícios 2001 e 2002, do município de Inhaúma, não indicam que os valores se referem ao preço de comercialização do imóvel com benfeitorias, como se pode ver em tais formulários de fls. 291 a 293. Dessa forma, aqui não se acata a defesa de que os valores do SIPT se referiam ao valor total do imóvel. Ainda se deve anotar que o contribuinte não apresentou laudo técnico de avaliação do imóvel rural na forma da Norma ABNT 14.6533, vigente desde 30106/2004, data esta anterior à produção dos laudos acostados ao presente processo. Somente o laudo produzido em conformidade com tal Norma seria meio hábil para contraditar o valor do SIPT. Ademais o valor da terra nua declarado estava defasado, já que o próprio contribuinte confessou que utilizara o mesmo valor de 1996 (para os exercícios 2001 e 2002). Mais uma razão para rejeitar a defesa do recorrente. Por fim, quanto ao pedido para reduzir o valor do exercício 2001 para 1.053,04, o menor dos valores do SIPT, entendo que o contribuinte tem razão. Explico. É de conhecimento de todos que, em arbitramento, havendo possibilidades diversas, utilizase a modalidade que mais favorece ao contribuinte . Inclusive , no âmbito da tributação da pessoa fisica, tal regra está positivada no art. 6°, § 6°, da Lei n° 8.021/90, verbis: (...) No caso aqui em debate , para o exercício 2001, tomando por base os valores do SIPT (fl. 15), podese arbitrar o valor da terra nua com base na aptidão agrícola da terra ou com base no valor médio das DITR , sempre lembrando que o SIPT detém uma média global do valor da terra nua do município . Não há uma avaliação específica do imóvel auditado. Considerando a dupla possibilidade de arbitramento , pela aptidão agrícola ou pelo valor médio da DITR, entendo que se deve utilizar esta última, que detém o valor mais benéfico para o recorrente (VIN de R$ 1.053,04 por hectare no exercício 2001).” (grifei) Destarte, verificase que em momento algum o paradigma defende, de forma genérica, que o arbitramento pelo SIPT pode ser efetuado com base apenas no valor médio das DITR. O que fica claro no voto condutor do aresto é que, naquele caso específico, em que estão presentes os dois critérios de arbitramento – pela média das DITR e pela aptidão agrícola – não há óbice ao atendimento do pleito do Contribuinte, no sentido de utilizarse o VTN de menor valor que, nesse caso específico, é o VTN apurado pela média das DITR. Assim, as situações fáticas são distintas, a saber: no acórdão recorrido, o arbitramento pelo SIPT foi feito com base apenas no valor médio das DITR, sem levar em conta a aptidão agrícola, e é esta a motivação que levou à sua desqualificação; Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10183.002862/200623 Acórdão n.º 9202005.425 CSRFT2 Fl. 7 11 no paradigma, o arbitramento pelo SIPT foi feito com base nas duas modalidades – média das DITR e aptidão agrícola – e em nenhum momento o Relator defende que ele seja levado a cabo apenas com base na média das DITR; o que ocorre é que existe um pedido do Contribuinte para que se adote, dentre os diversos valores constantes do SIPT, o menor deles, que no caso é o da média das DITR, daí que nos trechos citados pela Recorrente o Relator tão somente fundamenta o atendimento a esse pleito. Destarte, o paradigma indicado não se presta a demonstrar a alegada divergência jurisprudencial, já que, diferentemente do que ocorreu no recorrido, o arbitramento não se limitou ao VTN médio das DITR. Tampouco no caso do julgado guerreado houve pedido do Contribuinte, no sentido da adoção de valor específico, até porque, repitase, só havia um valor, qual seja, o da média das DITR. Face todo o exposto, a divergência interpretativo somente restaria demonstrado caso fosse trazido à título de paradigma acórdão em que, efetuado o arbitramento com base no SIPT, levandose em conta apenas o valor médio das DITR, sem considerarse a aptidão agrícola, dito arbitramento fosse mantido. No caso, tratandose de situações fáticas distintas, não resta demonstrada a alegada divergência jurisprudencial. Conclusão Face ao exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 518DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.905558/2009-84
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2005 IRPJ ESTIMADO. RECOLHIMENTO INDEVIDO. COMPENSAÇÃO. O art. 11 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicando- se, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. (SCI Cosit nº 19, de 2011).
Numero da decisão: 1803-001.642
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que a unidade de origem aprecie o pedido como recolhimento indevido de IRPJ nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Walter Adolfo Maresch
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RECOLHIMENTO INDEVIDO. COMPENSAÇÃO. O art. 11 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicando se, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. (SCI Cosit nº 19, de 2011). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que a unidade de origem aprecie o pedido como recolhimento indevido de IRPJ nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch – Relator e Presidente Substituto. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (presidente), Walter Adolfo Maresch, Sergio Rodrigues Mendes, Meigan Sack Rodrigues, Victor Humberto da Silva Maizman e Roberto Armond Ferreira da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 55 58 /2 00 9- 84 Fl. 214DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH 2 Relatório BANCO DO ESTADO DO PARÁ S/A, pessoa jurídica já qualificada nestes autos, inconformada com a decisão proferida pela DRJ BELÉM (PA), interpõe recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, objetivando a reforma da decisão. Adoto o relatório da DRJ por bem retratar os fatos. Tratase de declaração de compensação transmitida em 16/04/2009 pela contribuinte acima identificada, na qual indicou crédito de R$ 5.335,14 resultante de pagamento indevido ou a maior originário de DARF relativo à receita de código 2319, do período de apuração de 30/11/2005, no valor originário de R$ 169.238,93. A Delegacia de origem, em análise datada de 07/06/2010 (fl. 14), asseverou que "Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a titulo de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada com base no lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período". Assim, não homologou a compensação declarada. Cientificada em 22/06/2010, a interessada apresentou, em 20/07/2010 manifestação de inconformidade na qual alega (fls. 21/27): "Em 29.12.2005, o Banpará efetuou o recolhimento indevido no valor de R$5.335,14, referente ao DARF no valor de R$169.238,93 decorrente de estimativa de IRPJ base nov/2005 com base em balanço/balancete de suspensão ou redução. Em 29.12.2006, o Banco procedeu a compensação utilizando o referido crédito através da PER/DCOMP... (...) O art. 74 da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 10.637/2002, estabelece que o sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federa passível de restituição ou ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. Portanto, desde que configurado o crédito tributário, o direito a compensação decorre do mandamento legal contido no art. 74 da Lei 9.430/96. (...) Fl. 215DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10280.905558/200984 Acórdão n.º 1803001.642 S1TE03 Fl. 215 3 O artigo 35 da Lei 8981/95, então, prevê que a pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, no período em curso. Entretanto, quando da análise da matéria o órgão Julgador levou em consideração apenas a literalidade do disposto no art. 10 da IN 600/2005... Ocorre que o contribuinte, conforme permitido pelo art. 35 da Lei 8.981/95, emitiu balancete acumulado na apuração do lucro real por estimativa mensal e, assim, poderia realizar a compensação naquele período, na medida em que procedeu regularmente ao determinado pelo artigo 10 da IN 600/05, uma vez que a compensação ocorreu "ao final do período de apuração". (...) Alias, a matéria foi devidamente elucidada pela IN 900/08, conforme disposto no inciso IX, do § 3º, do art. 34, ao não proibir a compensação em comento... ...em conformidade com o disposto no art. 14 da Lei 11.488 de 15/06/2007 e a Medida Provisória n° 303/2006, alterando o art. 44, I da Lei 9.430/96, com base no Parecer PGFN/CDA n° 777/2008, de 30/04/2008, referente as penalidades aplicáveis, impõese o necessário afastamento da multa de mora respectiva. (...) Diante do exposto requerse: 1 A declaração de homologação da compensação realizada pelo recorrente, tendo em conta a inexistência de vedação legal apta a afastar a legalidade do procedimento utilizado pelo contribuinte, e, o conseqüente afastamento da cobrança ilegítima dos valores cobrados no despacho decisório ora impugnado; 2 Ou, ainda, na remota possibilidade de manutenção da decisão administrativa de não homologação da compensação, requerse, subsidiariamente, o afastamento da imposição da multa de mora no caso em questão, tendo em conta o disposto no art. 14 da Lei 11.488 de 15/06/2007 e a Medida Provisória n° 303/2006, alterando o art. 44, I da Lei 9.430/96, com base no Parecer PGFN/CDA n° 777/2008, de 30/04/2008." A DRJ BELÉM (PA), através do acórdão nº 0120.065 , de 01 de dezembro de 2010 (fls. 154/157v), julgou improcedente a manifestação de inconformidade, ementando assim a decisão: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 Fl. 216DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH 4 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS DA PROVA. Considerase não homologada a declaração de compensação apresentada pelo sujeito passivo quando não reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Nas declarações de compensação referentes a pagamentos indevidos ou a maior o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. COMPENSAÇÃO. DCOMP. MULTA DE MORA. APLICABILIDADE. Descabe excluir a multa de mora no caso de recolhimento com atraso, no caso caracterizado pela entrega da DCOMP em data em que o débito já estava vencido. Ciente da decisão em 18/01/2011, conforme Aviso de Recebimento – AR (fl. 158v), apresentou o recurso voluntário em 14/02/2011 fls. 192/200 (eproc), onde reitera os argumentos da inicial. É o relatório. Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com compensação – PER/DCOMP decorrente de pagamento a maior ou indevido de estimativa de IRPJ relativa ao fato gerador 30/11/2005 e com vencimento em 29/12/2005, cujo valor foi utilizado para compensar débitos já vencidos do próprio ano calendário, em compensação realizada em 29/12/2006. Alega a recorrente em síntese: a) Que não há no ordenamento jurídico tributário qualquer vedação para que os recolhimentos indevidos de estimativas de IRPJ e CSLL possam ser compensados no próprio ano calendário a que se referem; b) Que as disposições em contrário contidas nas Instruções Normativas emanadas da Secretaria da Receita Federal contrariam a legislação que rege a matéria, tendo sido afastadas com a edição da Instrução Normativa RFB 900/2008; c) Que não há impedimento legal para se compensar o valor do recolhimento indevido de estimativa de IRPJ do fato gerador 11/2005 com saldo de estimativas de 02 e 03/2005, conforme foi realizado através do PER/DCOMP transmitido em 29/12/2006 e retificado em 16/04/2009; d) Que utiliza o sistema de apurar as estimativas de IRPJ e CSLL através de balanços e balancetes de suspensão, sendo que nestes casos eventual excesso pode ser compensado no próprio período; Fl. 217DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10280.905558/200984 Acórdão n.º 1803001.642 S1TE03 Fl. 216 5 e) Que em caso de manutenção da decisão recorrida, seja afastada a multa de mora em conformidade com o disposto no art. 14 da Lei 11.488 de 15/06/2007 e a Medida Provisória nº 303/2006, alterando o art. 44, I da Lei 9.430/96,com base no Parecer PGFN/CDAn ° 777/2008, de 30/04/2008. Assiste razão a interessada quanto a matéria de fundo da demanda. Com efeito, o pressuposto utilizado como fundamento para o indeferimento do direito creditório contido no art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, não mais persiste após a edição da Instrução Normativa RFB nº 900/2008, que contém preceito de caráter interpretativo aplicável retroativamente. Neste sentido, registrese a superveniência do entendimento contido na Solução de Consulta Interna Cosit nº 19, de 5/12/2011, assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Destarte, demonstrada a existência de recolhimento indevido de estimativa de IRPJ é cabível a sua restituição/compensação vedandose contudo, a sua utilização em duplicidade como saldo negativo de IRPJ, fato que deverá ser observado pela Administração Tributária. No caso presente, não há comprovação suficiente de que houve efetivamente recolhimento a maior de estimativa pois as demonstrações financeiras anexadas e a ausência do LALUR e DIPJ, não permitem concluir sobre o valor definitivo a que a recorrente faz jus, exigindo portanto a análise do valor pela unidade de origem. No tocante à multa de mora calculada pela própria recorrente na DCOMP não há como ser afastada, pois decorre do atraso normal na extinção do crédito tributário, não sendo caso de lançamento de multa de ofício, com previsão no art. 44, I da Lei nº 9.430/96 a qual alude a recorrente em seu confuso arrazoado. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso para que a unidade de origem aprecie o pedido sem as restrições contidas no art. 10 da IN SRF 600/2005, com a verificação da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pretendido em compensação, atentando para a impossibilidade de dupla utilização como recolhimento indevido e saldo negativo de IRPJ. (assinado digitalmente) Fl. 218DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH 6 Walter Adolfo Maresch Relator Fl. 219DF CARF MF Impresso em 18/03/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2013 por WALTER ADOLFO MARESCH, Assinado digitalmente em 12/03/201 3 por WALTER ADOLFO MARESCH
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Numero do processo: 16327.000948/2005-35
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 28/02/1999 a 30/04/2000
PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS CINCO MAIS CINCO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (o anterior Código de Processo Civil), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da Lei Complementar n.º 118, de 2005 (9/6/2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009).
Recurso Especial do Contribuinte provido em parte.
Numero da decisão: 9303-005.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que prossiga-se na análise das demais questões relacionadas ao pleito, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. Recorrente BANCO MERCANTIL DE SÃO PAULO S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 28/02/1999 a 30/04/2000 PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62 do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (o anterior Código de Processo Civil), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da Lei Complementar n.º 118, de 2005 (9/6/2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). Recurso Especial do Contribuinte provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para que prossigase na análise das demais questões relacionadas ao pleito, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 09 48 /2 00 5- 35 Fl. 760DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 340200.492, de 17/03/2010, proferido pela 2ª Turma da 4ª Câmara da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 28/02/1999 a 30/04/2000 PIS. RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. O prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 168 do CTN, extinguese em 5 anos, contados a partir da data de efetivação do recolhimento indevido, tal como reconhecido pelos PGFN/CAT 678/99 e PGFN/CAT 1538/99. PIS. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS CONTRA A FAZENDA EXTINTOS PELA DECADÊNCIA. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. Assim como não se confundem o direito à repetição do indébito tributário (arts. 165 a 168 do CTN), com as formas de sua execução, que se pode dar mediante compensação (art. 170 e 170A do CTN; art. 66 da Lei nº 8.383/91; art.74 da Lei 9430/96), não se confundem os prazos para pleitear o direito à repetição do indébito (art. 168 do CTN), com os prazos para a homologação de compensação ou para a ulterior verificação de sua regularidade (art. 156, inc. II e § único do CTN; art. 74, § 5º da Lei 9430/96 com redação dada pela Lei nº 10.833, de 29/12/2003 DOU de 30/12/2003). Ao pressupor a existência de créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN), a lei desautoriza a homologação de compensação, em pedidos que tenham por objeto créditos contra a Fazenda, cujo direito à restituição ou ao ressarcimento, já se ache extinto pela decadência (art. 168 do CTN). Recurso Negado. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 16327.000948/200535 Acórdão n.º 9303005.104 CSRFT3 Fl. 761 3 Por meio do recurso especial de fl. 713 e ss., a contribuinte se insurgiu contra o entendimento sobre a aplicação do prazo prescricional para repetição de indébito em virtude de declaração de inconstitucionalidade da legislação de regência. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 20401.202 e 930301.719. O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fls. 754/756. Intimada, a Procuradoria não apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Consoante se demonstrou no seu exame, o recurso comprovou o dissídio jurisprudencial, uma vez que, enquanto o acórdão recorrido entendeu que o prazo "decadencial" (rectius, prescricional) de cinco anos, previsto no art. 168 do CTN, contase a partir da data de efetivação do recolhimento indevido, o segundo acórdão paradigma concluiu, ao trata do mesmo tema, que o prazo para repetição de indébito é de dez anos, para aqueles pedidos efetuados até 08 de junho de 2005. O cerne da questão, portanto, diz com a extinção do direito de se pleitear a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação. No caso ora em exame, o tributo (Cofins) fora recolhido no período de fevereiro de 1999 a abril de 2000, e o pedido foi protocolado em 08/06/2005. Como é sabido, esta Corte administrativa vem chancelando, por imposição do art. 62 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015, o entendimento consolidado no âmbito do Poder Judiciário no sentido de que, aos pedidos formulados até 9/6/2005 – data da entrada em vigor da Lei Complementar n.º 118, de 2005 –, o prazo prescricional para o contribuinte pleitear restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação (como no caso), continua observando a chamada tese dos “cinco mais cinco”. Confiram: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 31/01/1991 a 31/03/1992 PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TESE DOS “CINCO MAIS CINCO”. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No presente caso, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu, quanto ao prazo para Fl. 762DF CARF MF 4 pedido de restituição de pagamentos indevidos efetuados antes da entrada em vigor da LC 118/05 (09.06.2005), que o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, continua observando a chamada tese dos cinco mais cinco” (REsp 1002932/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009). DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI INTERPRETATIVA. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS. APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. O Supremo Tribunal Federal, ao seu turno, declarou a inconstitucionalidade do artigo 4º, segunda parte, da Lei Complementar nº 118/2005, considerando válida a aplicação do novo prazo de 5 anos para restituição tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. (RE 566621, Rel. Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em 04/08/2011, DJe195 DIVULG 10/10/2011). Recurso Extraordinário Negado. (Pleno da CSRF, Acórdão n.º 9900000.608, de 29/08/2012). Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1991 IRPF. PEDIDO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA. REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO ANTERIOR VIGÊNCIA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRESCRIÇÃO. PRAZO DECENAL. TESE DOS 5 + 5. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA STJ E STF. De conformidade com a jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e corroborada pelo Supremo Tribunal Federal, a propósito da inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da Lei Complementar n° 118/2005, que prevê a aplicação retroativa dos preceitos de referido Diploma Legal, tratandose de pedido de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, in casu, Imposto Sobre a Renda de Pessoa Física, incidente sobre as verbas pagas em decorrência de adesão a Programa de Demissão Voluntária PDV, formulado anteriormente à vigência de aludida LC, o prazo a ser observado é de 10 (Dez) anos (tese dos 5 + 5), contandose da data da ocorrência do fato gerador. Recurso extraordinário provido. (Pleno da CSRF, Acórdão n.º 9900000.379, de 22/04/2013). Daí que a matéria encontrase hoje sumulada no Verbete nº 91 de jurisprudência do CARF: “Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador”. Fl. 763DF CARF MF Processo nº 16327.000948/200535 Acórdão n.º 9303005.104 CSRFT3 Fl. 762 5 Este entendimento, aliás, independe de o tributo ter ou não ter sido declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, conforme decidiu o Superior Tribunal de Justiça STJ, nos autos do Recurso Especial nº 1.110.578/SP, julgado em 12/05/2010 (julgamento submetido à sistemática do art. 543C do CPC): TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. TRIBUTO DECLARADO INCONSTITUCIONAL. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO DE OFÍCIO. 1. O prazo de prescrição quinquenal para pleitear a repetição tributária, nos tributos sujeitos ao lançamento de ofício, é contado da data em que se considera extinto o crédito tributário, qual seja, a data do efetivo pagamento do tributo, a teor do disposto no artigo 168, inciso I, c.c artigo 156, inciso I, do CTN. (Precedentes: REsp 947.233/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/06/2009, DJe 10/08/2009; AgRg no REsp 759.776/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 20/04/2009; REsp 857.464/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 02/03/2009; AgRg no REsp 1072339/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/02/2009, DJe 17/02/2009; AgRg no REsp. 404.073/SP, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, Segunda Turma, DJU 31.05.07; AgRg no REsp. 732.726/RJ, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, Primeira Turma, DJU 21.11.05) 2. A declaração de inconstitucionalidade da lei instituidora do tributo em controle concentrado, pelo STF, ou a Resolução do Senado (declaração de inconstitucionalidade em controle difuso) é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional tanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, quanto em relação aos tributos sujeitos ao lançamento de ofício. (Precedentes: EREsp 435835/SC, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, Rel. p/ Acórdão Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2004, DJ 04/06/2007; AgRg no Ag 803.662/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/02/2007, DJ 19/12/2007) 3. In casu, os autores, ora recorrentes, ajuizaram ação em 04/04/2000, pleiteando a repetição de tributo indevidamente recolhido referente aos exercícios de 1990 a 1994, ressoando inequívoca a ocorrência da prescrição, porquanto transcorrido o lapso temporal quinquenal entre a data do efetivo pagamento do tributo e a da propositura da ação. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (g.n.) Considerando, pois, que o pedido de restituição foi apresentado em data anterior a 9/6/2005 (em 08/06/2005!), o prazo decenal aplicável ao caso em exame autoriza, em tese, a restituição do tributo pago a maior. Fl. 764DF CARF MF 6 Em situações idênticas, este Colegiado tem baixado os autos à unidade de origem para que, ultrapassada a matéria referente ao prazo prescricional, prossiga na análise do pleito. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe parcial provimento, para que, ultrapassada a questão de direito aqui tratada, prossigase na análise das demais questões relacionadas ao pleito. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 765DF CARF MF
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Numero do processo: 10283.005166/2001-36
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1996, 1997
ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. PERÍODO ANTERIOR À MP 2.158-35/2001. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO DO PIS/FOLHA DE SALÁRIOS.
A natureza não-lucrativa de uma entidade não pode ser definida pela simples alegação de que ela não tenha fins lucrativos. Assim, uma entidade que desenvolva uma atividade pretensamente sem fins lucrativos, mas que destine o resultado dessa atividade para uma pessoa ou para uma atividade estranha, fora de seus objetivos sociais, deixa de ser filantrópica.
No período anterior à Medida Provisória n° 2.158-35/2001, as entidades que remuneram seus dirigentes ou deixam de aplicar seus recursos levando em conta os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, para o fim de contribuírem com o PIS sobre a Folha de Salários, em vez do PIS Faturamento. No período posterior, para poderem contribuir com o PIS sobre a Folha de Salários tais entidades devem atender a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91.
PIS. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do inciso I do artigo 173 do CTN, e não de acordo com o § 4º do artigo 150, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.
Numero da decisão: 9303-004.897
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1996, 1997 ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS. PERÍODO ANTERIOR À MP 2.158-35/2001. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO DO PIS/FOLHA DE SALÁRIOS. A natureza não-lucrativa de uma entidade não pode ser definida pela simples alegação de que ela não tenha fins lucrativos. Assim, uma entidade que desenvolva uma atividade pretensamente sem fins lucrativos, mas que destine o resultado dessa atividade para uma pessoa ou para uma atividade estranha, fora de seus objetivos sociais, deixa de ser filantrópica. No período anterior à Medida Provisória n° 2.158-35/2001, as entidades que remuneram seus dirigentes ou deixam de aplicar seus recursos levando em conta os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, para o fim de contribuírem com o PIS sobre a Folha de Salários, em vez do PIS Faturamento. No período posterior, para poderem contribuir com o PIS sobre a Folha de Salários tais entidades devem atender a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91. PIS. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, entendeu que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do inciso I do artigo 173 do CTN, e não de acordo com o § 4º do artigo 150, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
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PERÍODO ANTERIOR À MP 2.15835/2001. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO DO PIS/FOLHA DE SALÁRIOS. A natureza nãolucrativa de uma entidade não pode ser definida pela simples alegação de que ela não tenha fins lucrativos. Assim, uma entidade que desenvolva uma atividade pretensamente sem fins lucrativos, mas que destine o resultado dessa atividade para uma pessoa ou para uma atividade estranha, fora de seus objetivos sociais, deixa de ser filantrópica. No período anterior à Medida Provisória n° 2.15835/2001, as entidades que remuneram seus dirigentes ou deixam de aplicar seus recursos levando em conta os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, para o fim de contribuírem com o PIS sobre a Folha de Salários, em vez do PIS Faturamento. No período posterior, para poderem contribuir com o PIS sobre a Folha de Salários tais entidades devem atender a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91. PIS. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 51 66 /2 00 1- 36 Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 512 2 O Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, entendeu que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do inciso I do artigo 173 do CTN, e não de acordo com o § 4º do artigo 150, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no art. 7º , incisos I e II, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 147, de 25 de junho de 2007, contra o acórdão nº 10323.014, proferido pela 3ª Turma Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, que decidiu dar provimento ao recurso da Contribuinte, por maioria de votos que acolheu a preliminar de decadência relativo aos fatos geradores da contribuição ao PIS, ocorridos até 31/5/1996, e declarou a impossibilidade de cobrança do PIS sobre o faturamento por ser tratar de uma entidade sem fins lucrativos. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: O contribuinte em epígrafe foi autuado em 29/06/2001, quando se lançou crédito tributário de Contribuição ao Programa de Integração Social — PIS, que, segundo a descrição dos fatos da autuação, teria sido recolhido com insuficiência em diversos meses dos anoscalendário 1996 e 1997, tomando se por base o valor das mensalidades contabilizadas, de acordo com os demonstrativos fls. 216/217 Fl. 529DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 513 3 2.A autuação foi decorrente da suspensão da imunidade tributária a que fazia jus o contribuinte, que é objeto do processo n.° 10283.003449/200143, anexado ao presente. A decisão restou assim ementada: ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS. INCIDÊNCIA DO PIS SOBRE FOLHA DE . SALÁRIOS. Até 28/09/1999 não há requisitos a serem cumpridos para que as entidades sem fins lucrativos sejam contribuintes do PIS com base na folha salarial, não se aplicando a elas a tributação do PIS/faturamento. A Fazenda Nacional, opôs embargos de declaração (fl. 379/384) contra o referido acórdão, por ausência de fundamento para o acolhimento de preliminar de decadência. Os embargos foram acolhidos, tendo como fundamento que no que se refere às contribuições sociais sua natureza tributária colocaas, no gênero, como espécies sujeitas ao lançamento por homologação. Aplicamse a elas, portanto, as disposições do art. 150 do Código Tributário Nacional. Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso Especial (fls. 416 e ss.), sustentando que: tocante ao PIS, a sujeição ao regime jurídico "ordinário" significa que a contribuição deve ser recolhida com base no faturamento (in casu, as mensalidades), e não sobre a folha de salários. Logo, em decorrência da suspensão da imunidade, foi lavrado o auto de infração (fls. 209218) para exigir a contribuição ao PIS nesses moldes, i.e., incidente sobre as mensalidades. Quanto a decadência, a decisão, contraria a regra estampada no art. 173, I, do CTN, no caso em tela é inaplicável o art. 150, § 4o , do Código Tributário, qualquer seja a tese adotada acerca do objeto da homologação: o pagamento ou a atividade de apuração do crédito tributário. Para comprovar o dissenso, foi apontado como paradigma, o Acórdão nº 203 12.387. Em seguida, por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial, foi dado seguimento ao recurso fls. 463/465. Transcrevo as razões do exame de admissibilidade para o conhecimento do Recurso. Vejamos: "O Acórdão n° 10323.252, de 07.11.2007 (fls. 366/375) DECISÃO RECORRIDA, prolatou decisão que, por maioria de votos, acolheu a preliminar de decadência suscitada pelo Conselheiro Relator em face dos fatos geradores ocorridos até 31/05/96, inclusive. Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso interposto. Sustentou o r. Representante da Fazenda Nacional a tese pelo cabimento da suspensão da imunidade por descumprimento dos arts. 9o , § Io , e 14,1, II e III, ambos do CTN, por conseguinte, devendo o contribuinte se submeter ao regime jurídico aplicável às demais pessoas jurídicas, nos termos do Ato Declaratório de Suspensão da Imunidade, devendo recolher a contribuição para o PIS com base no faturamento e não sobre a folha de salários. No entendimento do d. Procurador, a Câmara por ocasião de sua análise acerca do tema em comento, enquadrou a recorrida como entidade sem fins Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 514 4 lucrativos, a partir de critérios meramente formais, de acordo com a definição na ata constitutiva e nos estatutos, como também na apresentação de declaração de isenção/imunidade, desconsiderando por completo a prática comprovada de atos que efetivamente infirmam a natureza "não lucrativa" da pessoa jurídica. Nesse particular, a Recorrente afirmou que o acórdão recorrido trilhou o oposto ao indicado pelo princípio da verdade material, violou o art. 2°II, da MP 1.212/95 e o art. 173 I, do CTN, e além disso, divergiu da jurisprudência mantida por outras Câmaras dos Conselhos de Contribuintes, acerca das matérias em questão, razões pelas quais deve ser reformado. Da ementa do acórdão oferecido a título de paradigma de divergência, seleciono os excertos, a saber: ENTIDADE FILANTRÓPICA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/FOLHA DE SALÁRIOS. REQUISITOS. No período anterior à Medida Provisória nº 2.15835/2001, as entidades que remuneram seus dirigentes ou deixam de aplicar seus recursos levando em conta os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, para o fim de contribuírem com o PIS sobre a folha de salários, em vez do PIS Faturamento. No período posterior, para poderem contribuir com o PIS sobre a folha de salários tais entidades devem atender a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91. Em síntese o acórdão paradigma entendeu que as entidades que descumprem com os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, por conseguinte, não fazem jus à contribuição para o PIS sobre a folha de salários, devendo fazêlo pelo PIS faturamento, mesmo antes do advento da Medida Provisória n° 2.15835/2001. Já o acórdão recorrido firmou posição de que antes do advento da referida Medida Provisória, não havia pressuposto legal para exigir a mudança do regime tributário de contribuição do PIS sobre salário para o PIS sobre o faturamento". Devidamente cientificada, a Contribuinte apresenta suas contrarrazões, fls. fls. 470/475, sustenta que no caso concreto aplicase a súmula nº 08 do STF, e pugna pelo improvimento do Recurso da Fazenda. É o relatório. Voto Conselheiro Demes Brito Relator O recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O dissenso jurisprudencial submetido ao crivo deste Colegiado cingese sobre a insuficiência de recolhimento da contribuição para o PIS, em razão da suspensão da imunidade do sujeito passivo, de que trata o art. 150, VI, 'c', da CF/88, por descumprimento de requisitos contidos no art. 14 do CTN, que resultou na alteração da base de cálculo da folha de salário Fl. 531DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 515 5 para a para o faturamento, e a aplicação dos arts. 150, § 4 o e 173, I, ambos do CTN, para determinação da decadência. Porém, antes de analisar as duas questões, cabe apresentar algumas considerações relevantes para compreensão do correto deslinde da controvérsia. Com efeito, compulsando os autos, verificase que a Contribuinte foi autuada em decorrência da suspensão da imunidade tributária a que fazia jus , no âmbito do processo de verificação fiscal (n° 10283.003449/200143), conforme relatado na decisão da DRJ/Belém (fls. 274 283), "o contribuinte em epígrafe foi autuado em 29/06/2001, quando se lançou crédito tributário da Contribuição ao Programa de Integração Social PIS, que, segundo a descrição dos fatos da autuação, teria sido recolhido com insuficiência em diversos meses dos anos calendário de 1996 e 1997, tomandose por base o valor das mensalidades contabilizadas, de acordo com o demonstrativo de fls. 216/217. A autuação foi decorrente da suspensão de imunidade tributária a que fazia jus o contribuinte, que é objeto do processo n.° 10283.003449/200143". Apesar do processo n° 10283.003449/200143, não estar mais anexado aos presentes autos, os motivos que determinaram a suspensão da imunidade estão devidamente registrados no acórdão da Segunda Câmara do 2 o C.C. (no qual a competência de julgamento foi declinada para o I o Conselho), e na decisão da DRJ/Belém, in verbis: "[...] Ocorre que com a suspensão da imunidade a que fazia jus o contribuinte, por descumprimento dos requisitos dos arts. 9o, § Io e 14, incisos I, II, e III do CTN, fica a entidade sujeita ao regime fiscal aplicável às demais pessoas jurídicas, como descrito no Ato Declaratório de Suspensão de Imunidade que está anexado às fls. 310 do processo n.° 10283.003449/200143. Assim, o contribuinte deixa de recolher o PIS com base na folha de salários e passa a estar sujeito à sua apuração com base no faturamento (as mensalidades) como as demais pessoas jurídicas. [...]" "A Notificação Fiscal de Suspensão da Imunidade de Tributos Federais a que faz menção a r. decisão recorrida aponta como fatos determinantes de sua expedição a constatação de que 'a entidade ora notificada não vem atendendo aos requisitos estabelecidos pela Constituição Federal, Código Tributário Nacional e Regulamento do Imposto de Renda/1994, para gozo da imunidade tributária', destacando, dentre outras irregularidades, lançamentos efetuados a título de empréstimos em nome de pessoas ligadas, falta de comprovação de despesas contabilizadas, falta de retenção e recolhimento do IRFonte, irregularidades nas escritas contábeis, dentre outras." (grifos nossos, fl. 349) Deste modo, não há qualquer dúvida quanto a comprovação de que a Contribuinte não se caracterizava como entidade "sem fins lucrativos". Por via reflexa, o sujeito passivo submetese ao regime jurídico aplicável às demais pessoas jurídicas, nos termos do Ato Declaratório de Suspensão de Imunidade. Portanto, ao meu sentir, o auto de infração esta correto, até porque no que tange ao PIS, a sujeição ao regime jurídico aplicável as demais pessoa jurídicas, significa que a contribuição deve ser recolhida com base no faturamento, no caso, as mensalidades, e não sobre a folha de salários. Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 516 6 Por outro lado, a decisão recorrida enquadrou a Contribuinte como entidade sem fins lucrativos, sem ao menos verificar a observância do regime jurídico aplicável, desconsiderou documentos e provas arrolados nos autos, tais como: definição da ata constitutiva, apresentação de declaração de isenção/imunidade etc, o que efetivamente comprovam a natureza "não lucrativa" da Contribuinte. Os argumentos utilizados pela decisão recorrida, firmamse no sentido de que a suspensão da imunidade, por descumprimento ao disposto no art. 14, I, II e III do CTN, não implica a descaracterização da natureza "nãolucrativa" da contribuinte, julgou improcedente a exigência do PIS incidente sobre o faturamento, considerando como argumento que até a MP n° 1.8586/1999, não havia requisitos para que as entidades sem fins lucrativos recolhessem o PIS sobre a folha de salários. Discordo totalmente da decisão recorrida, até o advento da MP n° 1.858/99 não havia requisitos para o pagamento da contribuição sobre a folha de salários; contudo, , sempre houve um pressuposto indispensável ao recolhimento do PIS nesses moldes: ausência de fins lucrativos, o que não é o caso da Contribuinte. Neste sentido, adoto como complemento de fundamento em minhas razões de decidir o acórdão nº 20312.387, da 3º Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes. Confirase: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2000 Ementa: PIS/DECADÊNCIA. O direito à Fazenda Nacional constituir os créditos relativos a contribuição para o PIS decai no prazo dc cinco anos fixado pelo Código Tributário Nacional (CTN), pois inaplicável na espécie o artigo 45 da Lei n° 8212/91. PIS/FATURAMENTO. ENTIDADES FILANTRÓPICAS E BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ISENÇÃO NÃO CONDICIONADA A PRÉVIO EXAME DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO. ART. 32 DA LEI N° 9.430/96. INAPLICABILIDADE. Constatado que a entidade filantrópica ou beneficente de assistência social não atende aos requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91, o lançamento relativo ao PIS Faturamento prescinde da suspensão da isenção de que trata o art. 32, § 10, da Lei n° 9.430/96, que só sc aplica à isenção condicionada ao prévio exame da autoridade administrativa de que trata o art. 179 do CTN. ENTIDADE FILANTRÓPICA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/FOLHA DE SALÁRIOS. REQUISITOS. No período anterior à Medida Provisória n° 2.158 35/2001, as entidades que remuneram seus dirigentes ou deixam de aplicar seus recursos levando em conta os seus objetivos institucionais não se caracterizam como sem fins lucrativos, para o fim de contribuírem com o PIS sobre a Folha de Salários, em vez do PIS Faturamento. No período posterior, para poderem contribuir Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 517 7 com o PIS sobre a Folha de Salários tais entidades devem atender a todos os requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91. Recurso provido em parte. Nos períodos de apuração até setembro de 1999 antes do início da eficácia da MP n° 1.8586, de 29/06/1999, atual MP n° 2.15835, de 24/08/2001 , contribuíam com o PIS sobre a Folha de Pagamentos (salários e demais rendimentos do trabalho) as "entidades se m fins lucrativos definidas como empregadoras pela legislação trabalhista, inclusive as fundações" (art. 2o , II, da MP n° 1.212, de 28/11/95, convertida após reedições na Lei n° 9.715/98, esta com eficácia a partir de março de 1996, em obediência à anterioridade nonagesimal inserta no § 6o do art. 195 da Constituição Federal).6 No período a partir de outubro de 1999 sob a eficácia da MP n° 2.15835/2001 contribuíam sobre a Folha as entidades arroladas no art. 13 dessa Medida Provisoria, dentre as quais as "instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532.de 1997". As demais pessoas jurídicas, antes e depois da MP n° 2.15835/2001, são contribuintes do PIS Faturamento. A recorrente, por não atender ao estipulado nos incisos IV e V do art. 55 da Lei n° 8.212/91, não pode ser considerada sem fins lucrativos, para fins do disposto do inc. II do art. 2o da Lei n° 9.715/98. Observese a redação dos referidos incisos: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (...) IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou beneficios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dada pela Lei n" 9.528, de 10.12.97) ENTIDADE SEM FINS LUCRATIVOS: CARACTERIZAÇÃO NO PERÍODO ANTERIOR À MP 2.15835/2001 Como bem asseverou a DRJ, a natureza nãolucrativa de uma entidade não pode ser definida pela simples alegação de que ela não tenha fins lucrativos. Assim, uma entidade que desenvolva uma atividade pretensamente sem fins lucrativos, mas que destine o resultado dessa atividade para uma pessoa ou para uma atividade estranha, fora de seus objetivos sociais, deixa de ser filantrópica. Qualquer outra conclusão obrigaria o intérprete a aceitar a condição não lucrativa por critérios meramente formais. Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 518 8 No caso da recorrente, é indubitável o desatendimento aos dois requisitos acima. Tanto assim que não foi juntada aos autos prova de que tenha havido recurso contra o ato que cancelou a isenção das contribuições previdenciárias. A recorrente apenas faz tal alegação, sem nada comprovar. ISENÇÃO DO PIS FATURAMENTO NO PERÍODO SOBRE A ÉGIDE DA MP 2.158/35/2001: NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AO ART. 55 DA LEI N° 8.212/91 Com relação ao período a partir de outubro de 1999, sob a égide da MP n° 2.15835/2001, observo que não basta atender apenas alguns incisos do art. 55 da Lei n° 8.212/91 devem ser obedecidos. Tampouco basta a entidade ser "de caráter filantrópico" e atender aos requisitos do art. 15 da Lei no 9.532. de 1997. A referência a este último, no art. 13. IV. da MP n° 2.158/35/2001. não significa que os requisitos da isenção da PIS Faturamento são iguais aos requisitos da isenção do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ) da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL. Assim entendo porque os art. 13, incisos III, IV, da MP n° 2.15835/2001, devem ser interpretados em conjunto com o art. 17 da mesma Medida Provisória, cuja redação é a seguinte: Art. 17. Aplicamse às entidades filantrópicas e beneficentes de assistência social, para efeito de pagamento da contribuição para o PIS/PASEP na forma do art. 13 e de gozo da isenção da COFINS, o disposto no art. 55 da Lei n° 8.212. de 1991. O PIS Faturamento, bem como PIS Folha de Pagamentos, por serem tributos classificações como contribuições para a seguridade social (subespécie da espécie contribuições sociais, que ao lado dos impostos, taxas, contribuições de melhoria e empréstimos compulsórios integra o gênero tributo), possuem imunidade e isenção próprias, dissociadas das dos impostos. Por isso afasto da lide em questão os arts. 150, VI, "c", da Constituição Federal, e 9o, IV, "c" e 14, do CTN, bem como o art. 12 Lei n° 9.532/97, todos eles tratando da imunidade específica dos impostos, que não se confunde com a imunidade estatuída no art. 195, § 7o da Constituição. Também afasto o art. 15 de Lei n° 9.532/97, por estabelecer isenção que só se estende, além dos impostos, à Contribuição Social para o Lucro Líquido (CSLL), mas não às demais contribuições para a seguridade social, dentre estas a COFINS. Observemse os referidos artigos da Lei n° 9.532/97: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos (...) Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem osserviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. Fl. 535DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 519 9 § 1" A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. (negritos ausentes no original). Descartada a imunidade restrita aos impostos do art. 150, VI, "c", da Constituição, bem como a isenção específica para o IRPJ e a CSLL do art. 15 da Lei nº 9.532/97, cabe averiguar se a recorrente enquadrase na imunidade ou na isenção própria das contribuições para a seguridade social. Como se sabe, a imunidade própria das contribuições para a seguridade social está estatuída no § 7o do art. 195 da Constituição, tendo sido concedida às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Tais exigências, a meu ver até hoje não estabelecidas, são por alguns tidas como aquelas requeridas para a isenção. No período considerado, os requisitos da isenção constam da MP n° 2.15835/2001, que informa: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532. de 10 de dezembro de 1997: IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei n° 9.532. de 1997: V sindicatos, federações e confederações;VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § Io da Lei n° 5.764. de 16 de dezembro de 1971. Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1 de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. No caso das entidades (ou instituições ou associações) de assistência social e de filantropia (respectivamente incisos IIII e IV do art. 13 da MP n° 2.158 35/2001), o art. 17 da referida da MP reportase expressamente ao art. 55 da Lei n° 8.212/91, embora não houvesse necessidade. É que o art. 55 da Lei n° 8.212/91, com as modificações adiante enunciadas, continua em pleno vigor, a determinar os requisitos para que uma entidade incluindo as fundações Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 520 10 privadas não instituídas nem mantidas pelo Poder Público possa ser isenta em relação às contribuições para a seguridade social. A redação do art. 17 da MP n° 2.15835/2001, embora diga "entidades filantrópicas e beneficentes de assistência social", referese essencialmente a entidade de assistência social. Qualquer entidade, desde que de assistência social. Independente de ser associação, sociedade civil ou fundação de direito privado nem instituída nem instituída pelo Poder Público, e da atividade exercida (saúde, previdência social, educativa, recreativa, cultural, científica, desportiva, etc), só fará jus à isenção se antes for de assistência social, isto é, se atender aos requisitos do art. 55 da Lei n° 8.212/91. Quanto à expressão filantrópica, diz respeito à necessidade de a entidade prestar serviços gratuitos a quem deles necessitar. Não impede, todavia, a cobrança daqueles que podem efetuar o pagamento. Daí não ser razoável limitar as receitas próprias das entidades de assistência social somente aos recebimentos não contraprestacionais (mensalidades, contribuições e doações), na forma do Parecer Normativo CST n° 5/92. Tal limitação é aplicável às outras entidades discriminadas nos incisos I, II e V em diante do art. 13 da MP n° 2.15835/2001, mas não aos incisos III e IV. E que as outras entidades que não as de assistência social, enumeradas no referido art. 13, possuem objetos específicos, a limitar as suas receitas próprias. Assim, as receitas próprias dos templos (inc. I) são somente os dízimos e doações diversas; dos partidos políticos (inc. II), as contribuições permitidas por lei; dos sindicatos, federações e confederações (inc. V), a contribuição sindical fixada em assembléia e a prevista em lei (esta última uma contribuição social interventiva), tudo conforme o art. 8o, IV, da Constituição Federal, além de outros recebimentos previstos em estatutos; os serviços sociais autônomos, conhecidos por Sistema "S", bem como os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas (ines. VI e VII), as mensalidades e contribuições previstas em lei; as fundações de direito privado instituídas ou mantidas pelo Poder Público (inc. VIII), bem como as fundações de direito público, os valores dos repasses orçamentários, além de contribuições e doações autorizadas em estatuto; os condomínios (inc IX), as mensalidades dos condôminos; e Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as Organizações Estaduais de Cooperativas (inc. X), as contribuições dos seus associados, além de outras receitas próprias. Quanto às entidades de assistência social (ines. III e IV do art. 13 da MP n° 21.5835/2001), suas receitas próprias são todas as condizentes com o seu objeto social, incluindo as contraprestacionais. Ao final deste tópico, e a referendar que os mencionados ines. 111 e IV tratam ambos de entidades de assistência social, cabe destacar as diversas redações empregadas pelo legislador para se referir a essas instituições, ora tratando de imunidade, ora de isenção, algumas específicas. Observese: CTN, art. 9o , IV, "c": "instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo" Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 521 11 (trata da imunidade restrita aos impostos, sendo que o caput do art. 14 do CTN, ao estipular os requisitos, diz simplesmente "entidades"); C.F., art. 150, VI, "c": "instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei" (trata da imunidade restrita aos impostos); CF. art. 195, § 7o : "entidades beneficentes de assistência social" (imunidade própria das contribuições para a seguridade social); Lei n° 8.212/91, art. 55: "entidade beneficente de assistência social" (a meu ver trata de isenção para as contribuições da seguridade social, embora para muitos o dispositivo esteja regulamentando a imunidade do § 7o do art. 195 da Constituição, apesar do art. 146, II, que exige lei complementar em matéria regulando limitações ao poder de tributar); Lei n° 9.532/97, art. 12: "instituição de educação ou de assistência social" (pretende regular a imunidade dos impostos, de que trata o art. art. 150, VI, "c", da Constituição); Lei n° 9.532/97, art. 15: "instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis" (trata de isenção restrita ao IRPJ e à CSLL); Lei n° 9.732/98, art. 4o : "entidades sem fins lucrativos educacionais e as que atendam ao Sistema Único de Saúde" (trata de isenç ão específica); MP n° 2.15835/2001, art. 13: "instituições de educação e de assistência social" a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532/97 (inc. III) c "instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações", a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532/97 (inc. IV): MP n° 2.15835/2001, art. 17: "entidades filantrópicas e beneficentes de assistência social". Diante de tudo que foi exposto, dou provimento ao Recurso da Fazenda Nacional quanto a este ponto. Da decadência Quanto a decadência, verifico que a ciência do Auto de Infração ocorreu em 29/06/2001, portanto, entendo estar decaído os períodos de 31/03/96, 30/04/96 e 31/05/96. No Recurso interposto pela Fazenda Nacional alegouse que é incontroverso que não havia o que ser homologado no exercício de 1996, o que impossibilita a aplicação do §4° do art. 150. Por conseguinte, incide à espécie o art. 173,I, do CTN, deslocandose o termo inicial do prazo decadencial para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (i.e., 171/1997), nos termos do voto proferido pela eminente Presidente da Câmara a quo. A questão do prazo para a Fazenda Nacional lançar as contribuições sociais foi objeto de intermináveis discussões e acirrados debates no CARF, ora prevalecendo a posição contrária da Fazenda Nacional ora a dos contribuintes, dependendo da composição das Turmas de Julgamento. Contudo, houve posicionamentos no sentido de que a referida contribuição estava sujeita ao prazo decadencial estabelecido no art. 45 da Lei nº 8.212/1991. Todavia, em virtude da Súmula Vinculante nº 08 do STF, e da jurisprudência de todas as Turmas da Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 522 12 Câmara Superior de Recursos Fiscais, passou a ser adotado o prazo limite de cinco anos estabelecido no Código Tributário Nacional CTN. Portanto, afasto a incidência do art. 45 da Lei 8.212/1991, e passo a decidir o termo inicial dos 5 anos previstos no Código Tributário Nacional, se da data de ocorrência do fato gerador ou se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia haver sido efetuado. Destarte, com a alteração regimental, que acrescentou o art. 62A ao Regimento Interno do CARF, as decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos devem ser observados no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Neste passo, é justamente a hipótese dos autos, em que o STJ, em sede de recurso repetitivo versando sobre matéria idêntica à do recurso ora sob exame, decidiu que, nos tributos cujo lançamento é por homologação, o prazo para constituição do crédito tributário é de 5 anos, contados a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento, e do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia ter sido efetuado, no caso de ausência de antecipação de pagamento, ou na ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Para reforçar aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, no caso em espécie, colaciono o paradigma julgado por esta turma, na sessão de 10 de dezembro de 2015, o qual, versa sobre o prazo decadencial para Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente a contribuição: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 28/02/1998 Decadência para constituir crédito tributário. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. O prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito pertinente à contribuição para o programa de integração social PIS é de 05 anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia haver sido efetuado, na ausência de antecipação de pagamento ou quando houver dolo fraude ou simulação. A declaração do tributo, para efeitos legais, não equivale a pagamento.(Processo nº 16327.002657/200310). Recurso Especial do Procurador Provido Além disso, não consta nos autos antecipação de pagamento, portanto, aplicase a regra prevista no inciso I do art. 173 do CTN. No que tange, o prazo decadencial para lançamento dos créditos tributários nos casos de tributos cujo lançamento é por homologação, como é o caso do PIS, é de se destacar que o Egrégio Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se posicionou na sistemática do Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 523 13 artigo 543C do Código de Processo Civil, ou seja, através da análise dos chamados “recursos repetitivos”. O precedente proferido tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo incorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 524 14 Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (grifos e destaques nossos) Com isso, restou consolidado no âmbito do Egrégio STJ o entendimento de que, nos casos de tributos cujo lançamento é por homologação e não havendo pagamento, o termo inicial do prazo decadencial é o previsto no inciso I do artigo 173 do CTN, e não no § 4º do artigo 150 do mesmo Código. Verificase, assim, que a referida decisão do Egrégio Superior Tribunal de Justiça deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Pelo exposto, voto pelo provimento do Recurso da Fazenda Nacional. É como penso é como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10283.005166/200136 Acórdão n.º 9303004.897 CSRFT3 Fl. 525 15 Fl. 542DF CARF MF
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