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Numero do processo: 10820.902189/2012-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/03/2008
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3401-003.611
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência.
(Assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge DOliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (Vice-Presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/03/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado.
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ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios mínimos aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira e André Henrique Lemos, que votavam pela conversão em diligência. (Assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araujo Branco (VicePresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Robson Jose Bayerl, e André Henrique Lemos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 90 21 89 /2 01 2- 19 Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 10820.902189/201219 Acórdão n.º 3401003.611 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de Pedido de Restituição de crédito de COFINS, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior transmitido por meio do PER/Dcomp. 2. A Delegacia da Receita Federal (DRF) proferiu Despacho Decisório indeferindo o pedido formulado, uma vez que o pagamento indicado no PER/Dcomp em referência teria sido integralmente utilizado para quitar débito da contribuinte. 3. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou, em síntese, que: (i) à época do fato gerador, como optante pelo regime do lucro presumido, submetiase à sistemática cumulativa de apuração da Cofins (à alíquota de 3%) e do PIS (à alíquota de 0,65%), havendo recolhido indevidamente tais contribuições calculadas sobre a saída de mercadorias que, por se tratarem de produtos farmacêuticos e cosméticos, já haviam sofrido incidência monofásica em etapa anterior da cadeia, nos termos da Lei nº 10.147/2000, e em conformidade com a Instrução Normativa SRF nº 594/2005; (ii) no momento em que se deu conta do equívoco cometido, procedeu à retificação da DACON respectiva. 4. Em data posterior ao protocolo da manifestação de inconformidade e anterior ao julgamento de primeira instância administrativa, requereu a contribuinte, mediante petição simples, a juntada dos livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias e declarou, ainda, não ter logrado êxito em juntar as notas fiscais de compra das mercadorias, requerendo, nesta oportunidade, a realização de diligência para confirmação do crédito tributário pleiteado. 5. Foi proferido Acórdão DRJ julgando improcedente a manifestação de inconformidade interposta, de maneira a não reconhecer o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/03/2008 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. DCTF. RETIFICAÇÃO. Retificada a DCTF após o despacho decisório que indeferiu a restituição, o direito creditório somente pode ser deferido se devidamente comprovado por meio de documentação contábil e fiscal. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. PRODUTOS FARMACÊUTICOS, DE PERFUMARIA, DE TOUCADOR OU DE HIGIENE PESSOAL. ALÍQUOTA. Os produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal sobre cuja receita de venda incidem o PIS e a COFINS com Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 10820.902189/201219 Acórdão n.º 3401003.611 S3C4T1 Fl. 4 3 alíquota zero são apenas aqueles identificados na legislação de regência pelo seu código na TIPI. 6. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as razões veiculadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.583, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10820.902161/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401003.583): "8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 9. Entendeu o julgador de primeira instância administrativa, após minuciosa análise dos fatos e documentos que instruem o presente feito, pelo não conhecimento do documento juntado intempestivamente, correspondente aos Livros de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias, com fundamento no Ato Declaratório Normativo (ADN) COSIT nº 15, de 12/07/1996. 10. Contudo, ainda que transposto obstáculo da preclusão consumativa, verificase, a partir da apreciação dos documentos não conhecidos pela decisão a quo, que tais livros não realizam a discriminação dos tipos de produtos, não sendo possível se afirmar com a necessária precisão se de fato atendem aos desígnios e requisitos da Lei nº 10.147/2000 e da Instrução Normativa SRF nº 594/2005, não se prestando, portanto, a comprovar o direito creditório pleiteado. 11. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 12. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 10820.902189/201219 Acórdão n.º 3401003.611 S3C4T1 Fl. 5 4 maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 13. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 14. A aplicação do preceptivo normativo da Lei nº 10.147/2000 conduz à conclusão de que foram reduzidas a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos farmacêuticos e de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal classificados em determinadas posições da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001 às pessoas jurídicas não enquadradas como industrial ou importador e não optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples), e de acordo com as normas necessárias para a aplicação da lei, implementadas pela edição da Instrução Normativa SRF nº 594/2005. 15. Depreendese, da análise dos documentos juntados pela contribuinte recorrente, não ser possível se apontar o código NCM dos produtos por ela comercializados, informação que seria passível de conferência a partir da análise das notas fiscais que comprovam a venda das mercadorias sujeitas à alíquota zero, não havendo como se validar a retificação da DCTF ou se perscrutar a existência do crédito almejado. 16. Observase que o julgador de primeiro piso chegou à minúcia de verificar que a contribuinte não consta no rol das empresas credenciadas para emitir nota fiscal eletrônica, de forma que, para fins de comprovação de seu pleito, tais documentos deveriam ter sido apresentados no momento do manejo da manifestação de inconformidade. 17. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 10820.902189/201219 Acórdão n.º 3401003.611 S3C4T1 Fl. 6 5 18. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 19. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Rosaldo Trevisan Fl. 1070DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.008890/2002-02
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/2001
COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.932
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran,Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/2001 COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Procurador Provido. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-06-09T21:45:06Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-06-09T21:45:06Z; Last-Modified: 2017-06-09T21:45:06Z; dcterms:modified: 2017-06-09T21:45:06Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-06-09T21:45:06Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-06-09T21:45:06Z; meta:save-date: 2017-06-09T21:45:06Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-06-09T21:45:06Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-06-09T21:45:06Z; created: 2017-06-09T21:45:06Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2017-06-09T21:45:06Z; pdf:charsPerPage: 2015; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-06-09T21:45:06Z | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 510 1 509 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10380.008890/200202 Recurso nº Especial do Procurador e do Contribuinte Acórdão nº 9303004.932 – 3ª Turma Sessão de 10 de abril de 2017 Matéria RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO COFINS Recorrentes FAZENDA NACIONAL e J. MACEDO ALIMENTOS NORDESTE S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/2001 COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Procurador Provido. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Acordam ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran,Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 88 90 /2 00 2- 02 Fl. 510DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 511 2 Relatório Cuidase de recurso especial, interposto em face do Acórdão nº 330100.239, que deu provimento parcial ao recurso voluntário, sob a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/1998 a 31/12/2001 ISENÇÃO RECEITAS. ZONA FRANCA DE MANAUS As receitas decorrentes de vendas mercadorias e serviços e/ ou de serviços para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus para consumo e/ ou industrialização, realizadas até a data de 21/12/2000 estavam sujeitas à Cofins, tornandose isenta dessa contribuição somente a partir de 22/12/2000. REPETIÇÃO. DCOMP. HOMOLOGAÇÃO A Cofins apurada e paga sobre as receitas de vendas de mercadorias e serviços para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, referente ao período de 22/12/2000 a 31/12/2001, constitui indébito tributário passível de restituição e/ ou compensação, cabendo à autoridade administrativa competente homologar a compensação dos débitos fiscais declarados até o limite do montante do crédito financeiro apurado. CONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE. NORMAS TRIBUTÁRIAS Súmula n° 2. O Segundo Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. Cientificada da decisão, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência (fls. 317/345), alegando, em síntese, que as receitas decorrentes de mercadorias destinadas a Zona Franca de Manaus, conforme a legislação em vigor à época dos fatos geradores, não estão isentas da Cofins, independentemente da edição da Medida Provisória n° 2.03725/2000, adotada pelo acórdão recorrido como razão de decidir. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido através do Despacho n° 3300377. Contrarrazões apresentadas pelo sujeito passivo às fls. 374 a 390. Ao seu turno, o sujeito passivo também apresentou recurso especial, (fls. 423/439) por entender que as vendas realizadas para a Zona Franca de Manaus estão desoneradas das Contribuições sem quaisquer limitações temporais, haja vista as disposições do art. 40 do ADCT e do art. 4º do DL 288/67. O recurso especial foi admitido através do Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 512 3 despacho de fls. 488/492. Contrarrazões apresentadas pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional às fls. 494 a 507. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Os requisitos para se admitir os Recursos Especiais, tanto o interposto pela PGFN quanto o interposto pelo Sujeito Passivo, foram todos cumpridos e respeitadas as formalidades previstas no RICARF. Ambos os recursos tratam do aspecto temporal da isenção concedida em relação às contribuições sociais – PIS e Cofins – apuradas e pagas sobre as receitas de vendas de mercadorias para empresas localizadas na Zona Franca de Manaus, efetivamente internalizadas naquela zona franca. O Sujeito Passivo sustenta que a isenção das contribuições teria como fundamento legal o art. 4º do DecretoLei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, abaixo transcrito: “Art. 4° A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” (Grifouse) Entendo que esta tese não pode prevalecer, visto que o próprio dispositivo legal estabeleceu um limite temporal, qual seja, nos termos da legislação em vigor, isto é, a legislação tributária vigente em 1967. Assim sendo, este diploma legal e o DecretoLei nº 356/1968, que estendeu às áreas pioneiras, zonas de fronteira e outras localidades da Amazônia Ocidental os favores fiscais concedidos pelo DecretoLei nº 288/67, não têm o condão de produzir efeitos em relação à legislação superveniente. É certo que se interpreta literalmente a lei que dispõe sobre outorga de isenção, segundo o Código Tributário Nacional no art. 111, inciso II. Deste modo, em relação ao período de apuração objeto do presente processo, o art. 14 da Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de Junho de 1999 que passou a disciplinar os casos de isenção da contribuição cumulativa dispõe, in verbis: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: I dos recursos recebidos a título de repasse, oriundos do Orçamento Geral da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, pelas empresas públicas de sociedades de economia mista; Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 513 4 II da exportação de mercadorias para o exterior; III dos serviços prestados a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; IV do fornecimento de mercadorias ou serviços para uso ou consumo de bordo em embarcações e aeronave em tráfego internacional, quando o pagamento for efetuado em moeda conversível; V do transporte internacional de cargas ou passageiros; VI auferidas pelos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação, modernização, conversão e reparo de embarcações préregistradas ou registradas no Registro Especial Brasileiro REB, instituído pela Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997; VII de frete de mercadorias transportadas entre o País e o exterior pelas embarcações registradas no REB, de que trata o art. 11 da Lei nº 9.432, de 1997; VIII de vendas realizadas pelo produtorvendedor às empresas comerciais exportadoras nos termos do DecretoLei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972, e alterações posteriores, desde que destinadas ao fim específico de exportação para o exterior; IX de vendas, com fim específico de exportação para o exterior, a empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio; X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. § 1º São isentas da contribuição para o PIS/PASEP as receitas referidas nos incisos I a IX do caput. § 2º As isenções previstas no caput e no parágrafo anterior não alcançam as receitas e vendas efetuadas: I a empresa estabelecida na Zona Franca de Manaus, na Amazônia Ocidental ou em área de livre comércio; II a empresa estabelecida em zona de processamento de exportação; III a estabelecimento industrial, para industrialização de produtos destinados a exportação, ao amparo do art. 3º da Lei nº 8.402, de 8 de janeiro de 1992. (grifouse) Este diploma legal foi ajustado na Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, em razão de medida cautelar deferida pelo Excelso Supremo Tribunal Federal STF, na ADI n° 2.3489, impetrada pelo Governador do Estado do Amazonas, quanto ao disposto no inciso I do § 2º do artigo 14 da Medida Provisória n° 2.03724, de 2000, suspendendo ex nunc a eficácia da expressão “na Zona Franca de Manaus”. Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 514 5 Não se pode perder de vista que o Supremo Tribunal Federal em 02 de fevereiro de 2005 declarou a perda de objeto da referida ADI, decisão transitada em julgado. Destarte, da inteligência do artigo citado, concluise que até a edição da Medida Provisória nº 2.03725, de 21 de dezembro de 2000, em relação às vendas para empresas situadas na Zona Franca de Manaus, não havia isenção da contribuição e posteriormente a esta data a isenção alcança somente as receitas de vendas enquadradas nos incisos IV, VI, VIII e IX do citado diploma legal. Vale lembrar que esse status somente foi modificado pela Medida Provisória nº 202/2004, publicada em 26/7/2004, convertida na Lei 10.996/2004, com vigência em 16/12/2004, que estabeleceu a alíquota zero da Cofins incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus: “Art. 2o Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. § 1o Para os efeitos deste artigo, entendemse como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus ZFM as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. § 2o Aplicamse às operações de que trata o caput deste artigo as disposições do inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do inciso II do § 2o do art. 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003.” Tal matéria já foi objeto de discussão neste Colegiado, razão pela qual adoto como fundamentos para decidir, com base no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784, de 1999, o entendimento aplicado no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, no qual foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, proferido pela CSRF no julgamento do processo 10650.902444/201141, conforme reproduzido abaixo: A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 515 6 PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/ 00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/ 2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/ 2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais, nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 516 7 legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 517 8 empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 518 9 objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 519 10 Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10380.008890/200202 Acórdão n.º 9303004.932 CSRFT3 Fl. 520 11 ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte." Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir. Como visto, com a edição da Medida Provisória nº 202/2004, publicada em 26/7/2004, convertida na Lei nº 10.996/2004, com vigência em 16/12/2004, o legislador, de forma acertada, reconheceu que não havia isenção das contribuições para o PIS e da Cofins sobre a receita de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus, pois não tinha lógica reduzir a alíquota zero uma receita que, em tese, estava isenta, como defendeu o Sujeito Passivo. Assim, até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Em suma, a receita de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus no período de apuração em discussão não era isenta ou imune da mencionada nos termos da legislação de regência. Por conseguinte, em face de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional e negar provimento ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 520DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.727081/2012-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 16/01/2008 a 19/05/2009
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO USO DE RECURSOS DE TERCEIRO. AUSÊNCIA EQUIPARAÇÃO À OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. IMPOSIÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. IMPOSSIBILIDADE.
1. A falta de comprovação da antecipação de recursos do real comprador para o importador, que foram utilizados na aquisição de mercadorias importadas não configura, por presunção, a importação por conta e ordem de terceiro dissimulada.
2. Não comprovada a interposição fraudulenta, mediante ocultação do real comprador da mercadoria importada, não é devida a imposição da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, substituta da pena de perdimento por dano ao erário.
Recursos Voluntários Providos.
Numero da decisão: 3302-004.124
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar e o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, que negavam provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 16/01/2008 a 19/05/2009 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA OPERAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO USO DE RECURSOS DE TERCEIRO. AUSÊNCIA EQUIPARAÇÃO À OPERAÇÃO POR CONTA E ORDEM DE TERCEIRO. IMPOSIÇÃO DA MULTA EQUIVALENTE AO VALOR ADUANEIRO. IMPOSSIBILIDADE. 1. A falta de comprovação da antecipação de recursos do real comprador para o importador, que foram utilizados na aquisição de mercadorias importadas não configura, por presunção, a importação por conta e ordem de terceiro dissimulada. 2. Não comprovada a interposição fraudulenta, mediante ocultação do real comprador da mercadoria importada, não é devida a imposição da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, substituta da pena de perdimento por dano ao erário. Recursos Voluntários Providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar e o Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, que negavam provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 70 81 /2 01 2- 06 Fl. 895DF CARF MF 2 José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase do Auto de Infração de fls. 2/6, em que formalizada a exigência da multa, no valor de R$ 300.691,35, equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas, em decorrência da conversão da pena de perdimento aplicada em decorrência da prática da infração por dano erário, caracterizada por interposição fraudulenta de terceiros, com fundamento no art. 23, V, §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976, com redação dada pelo art. 59 da Lei 10.637/2002. Além da pessoa jurídica Limiar Distribuidora Importadora e Exportadora Ltda. (doravante denominada de autuada Limiar), autuada na condição importadora, também foi incluída no polo passivo da presente autuação a pessoa jurídica By Car Comércio e Representações Ltda. (doravante denominada responsável solidária By Car), na condição de responsável solidária, por ter sido considerada a real adquirente das mercadorias, consoante dispõe art. 95, V, do Decretolei 37/1966, com a redação dada pela Medida Provisória 2.158 35/2001. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 10/61, que integra o referido auto de infração, a fiscalização apurou que, nas Declarações de Importação analisadas, a autuada Limiar Distribuidora Importadora e Exportadora Ltda. informou que era importadora direto ou por conta própria (importadora e adquirente das mercadorias), mas, de fato, operava como interposta pessoa, registrando em seu nome as operações de importação de outras pessoas jurídicas, reais adquirentes das mercadorias, com vistas a ocultálas da fiscalização. Com base nos documentos retidos e os arquivos magnéticos copiados dos computadores da empresa durante as diligências realizada na sede da autuada Limiar e nos documentos por esta entregue, segundo a fiscalização foram obtidas informações que, somadas àquelas contidas nos documentos entregues à fiscalização, demonstravam que o modus operandi da autuada Limiar davase da seguinte forma: a) arcava com os custos dos procedimentos operacionais de armazenagem, demurrage, capatazia, desconsolidação, movimentação e lavagem de contêineres, pagava os tributos devidos na operação de importação e providenciava o transporte das mercadorias para seus clientes; b) cobrava honorários de 7,5% (sete e meio por cento) incidentes sobre o valor do pedido de mercadoria, calculado sobre o câmbio do dia do registro da Declaração de Importação (DI), como remuneração pela prestação de tais serviços; c) foram encontradas evidências da quebra da cadeia do IPI, uma vez que os valores lançados nas notas fiscais de saída não correspondiam ao real da operação de venda; d) cobrava de seus clientes valores superiores àqueles lançados nas notas fiscais de saída das mercadorias, visando ressarcimento das despesas operacionais de importação sem recolhimento de tributos; Fl. 896DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 631 3 e) recebia de seus "clientes", os reais adquirentes das mercadorias, além do valor de venda, outros valores "por fora", quais sejam: (i) créditos/depósitos referentes a despesas operacionais de armazenagem, movimentação de contêineres e mercadorias, demurrage, armazenagem nas Estações Aduaneiras Interiores (EADI), frete interno (dentro do território nacional), dentre outros; (ii) comissão cooperativa, incidente sobre o valor total do pedido, calculado sobre a taxa do câmbio do dia do registro da DI; (iii) créditos/depósitos referentes à substituição tributária e (iv) o valor dos tributos incidentes sobre os valores das operações de venda consignados nas notas fiscais de saída; f) orientava seus clientes a efetuar parte dos créditos/depósitos em contas correntes de titularidade de outras empresas, cujo sócio majoritário era o mesmo da autuada Limiar, todavia, segundo as informações dos sistemas da RFB, tais empresa não possuíam registros de operações de importação; e g) não havia ou era irrisória a margem de lucro operacional nas referidas operações de importação, uma vez que todos o custos e despesas do processo de importação, incluindo entre elas a sua comissão, o "cliente" efetuava depósitos em contas correntes da autuada e das outras vinculadas e, ao final, não havia diferença entre o "custo total do despacho de importação" e o valores depositados pelos clientes. Ainda segundo a fiscalização, ao analisar as planilhas eletrônicas e correspondências encontradas nos arquivos magnéticos da fiscalizada, apurou que tais procedimentos acarretaram elevada sonegação dos tributos incidentes na operação de importação, especialmente, em relação à diferença de valores encontrados entre o valor real recebido por operação e o lançado na respectiva Nota Fiscal de Saída. E com base nos documentos elaborados pelo próprio importador (capas dos processos, planilhas excel e notas fiscais) constatou que tais valores referiamse a despesas operacionais de importação ocorridas desde a chegada das mercadorias no porto até o sua entrega no estabelecimento do cliente, bem como a remuneração pelos serviços prestados pelo registro (comissão cooperativa) e desembaraço da Declaração de Importação, que deveriam ser pagas pelo importador, mas foram cobradas diretamente do "cliente". Enfim, com base nos elementos probatórios coligidos aos autos, a fiscalização chegou a conclusão que a autuada Limiar atuara como interposta pessoa, em razão das seguintes constatações: a) ocultara nas DI e documentos de instrução do despacho aduaneiro a responsável solidária By Car, a real adquirente das mercadorias por ela importadas; b) cedera o seu nome, com vistas ao acobertamento da responsável solidária By Car, real interveniente e beneficiária das operações de importação, infração punível com a multa de 10% (dez por cento) calculados sobre o valor da operação acobertada, conforme previsto no art. 33 da Lei 11.488/2007; c) cometera a infração administrativa de interposição fraudulenta, considerada dano ao Erário e punida com a pena de perdimento das mercadorias, porém como estas tinham sido revendidas, a referida penalidade fora convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, nos termos do art. 105 do Decretolei 37/1966 e no art. 23, V, e §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976. Fl. 897DF CARF MF 4 Cientificadas da autuação, a autuada Limiar não apresentou impugnação e foi declarada revel, enquanto que a responsável solidária By Car apresentou impugnação tempestiva (fls. 610/632), na qual alegou, em preliminar, que: 1) erro na transcrição do valor aduaneiro das mercadorias despachadas por meio da DI nº 08/19228235; 2) não fora comprovada fraude ou simulação na autuação em questão, com base nos seguintes argumentos: a) em relação à autuada e às operações de importação e comercial a recorrente apresentou as seguintes explicações: (i) a autuada Limiar existia de fato e de direito; (ii) as importações foram operadas e registradas em nome dela; (iii) a autuada Limiar importou produtos e os revendeu a diversos clientes; (iv) a recorrente adquiriu as mercadorias no mercado interno; (v) a autuada Limiar importou com recursos próprios; (vi) parte das mercadorias desembaraçadas era prontamente revendidas, denotando não haver conluio, mas eficiência operacional; (vii) entre a autuada Limiar e a recorrente existia um “conta corrente”, em que os pagamentos não eram identificados por nota fiscal, mas que esse procedimento era lícito (conforme jurisprudência administrativa); (viii) ainda que existisse alguma inconsistência nos dados, as compras eram reais (devidamente escrituradas), ou seja, ela comprara, pagara, as mercadorias circularam, enfim, tudo foi feito de modo transparente, escancarado, às claras; e (ix) havia ganho de escala nas transações e que sua relação com a autuada Limiar restringiaa ao campo comercial; b) a multa aplicada só era cabível, caso demonstrada a ocorrência de fraude e/ou simulação, o que não ocorreu na presente autuação, pois a auditoria baseouse apenas em indícios e em documentos não reconhecidos pela autuada Limiar, muitos deles relativos a negócios realizados com outras empresas; c) não se podia generalizar tudo o que aconteceu no âmbito da autuada Limiar, sob pena de se punir injustamente os adquirentes de boafé, que compraram as mercadorias importadas no mercado interno, portanto, já nacionalizadas, como foi caso da recorrente. Adotava o mesmo procedimento com outros fornecedores e até aquela data apenas as transações com a autuada Limiar foram objeto de autuação; d) a ausência de lançamento de eventuais tributos não pagos revelava que não houve irregularidades nas operações de importação; e) não existiram adiantamentos de recursos em nenhuma das operações autuadas e que o suposto adiantamento, relativo à DI 08/00841691, registrada em 16/1/2008, não estaria caracterizado, pois, se as mercadorias foram despachadas da China para a autuada Limiar em 8/11/2007 (fl. 77) e o contrato de câmbio datava de 13/12/2007 (fls. 72/75), então o pagamento em 19/12/2007, não poderia ser confundido com adiantamento. Em relação à DI 09/06237240, registrada em 19/05/2009, a situação não era diferente. Nestes caso, na pior das hipóteses, a comercialização teria ocorrido durante o trânsito para o Brasil, hipótese que não configurava interposição fraudulenta ou antecipação (conforme jurisprudência administrativa); f) a imediata revenda, em algumas operações, das mercadorias importadas pela autuada Limiar à recorrente indicava eficiência e boa logística; g) embora a auditoria tivesse afirmado que a autuada Limiar recebia comissão cooperativa de 7,5% por serviços prestados e valores por fora, e que valor próximo à soma dos totais das NF de saída era depositado em conta da autuada Limiar e o restante em Fl. 898DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 632 5 conta de empresas ligadas (Virtual e Orkan), a impugnante desconhecia todos esses fatos, além disso não havia provas dessas acusações; h) não teve nenhuma relação comercial com as empresas Virtual e Orkan. Não existia nada nos autos que demonstrasse a existência de depósitos efetuados pela recorrente em favor da empresa Orkan. Relativamente à Virtual, alega que ainda estava investigando as acusações fazendárias e em breve traria todas as explicações pertinentes; i) não havia provas de que a impugnante agira de má fé, pois adquirira produtos nacionalizados mediante nota fiscal, pagara por eles, os produtos realmente circularam, ou seja, fez tudo o que lhe cabia fazer. Cita jurisprudências administrativas e judiciais; j) a manutenção da multa aplicada atingia frontalmente os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; 3) não havia sido caracterizada a responsabilidade solidária da recorrente, uma vez que: (i) o Termo de Responsabilização Solidária por Infração e o item 7.3 do relatório fiscal (fls. 60/61), imputara solidariedade passiva à recorrente, respaldada nos arts. 124, 135, III, do CTN, e 95 do Decretolei 37/1966; (ii) como a impugnante não era importadora juntamente com a Limiar, o artigo 124, I, do CTN não servia de embasamento à responsabilidade que lhe fora atribuída; (iii) o art. 135, III, cuida da responsabilidade pessoal, sendo necessário que o agente praticasse atos de gestão na sociedade, porém, no presente caso sequer se sugere a administração da Limiar pelas mãos da recorrente, não se prestando tal dispositivo de justificativa à responsabilização da impugnante; (iv) quanto à responsabilidade prevista no art. 95 do Decretolei 37/1966, c/c art. 124, II, do CTN, a impugnante não praticou nenhum ilícito nem se beneficiou. O Fisco não sofreu prejuízo tanto assim que não lavrou AIs para reaver tributos supostamente sonegados pela não equiparação de varejista à industrial. E em não havendo má fé nem prejuízo a quem quer que seja não havia como responsabilizar a recorrente; e (v) era imperativo ressaltar que não havia no ordenamento jurídico pátrio nenhuma norma que disciplinasse o “Termo de Ciência Responsabilidade Solidária por Infração”, o que, por si só, nulificava a imputação; e 4) era inadequada a penalidade aplicada, porque: (i) no Relatório Fiscal, a fiscalização concluiu ser a infração punível com a multa de 10% sobre o valor da operação acobertada, prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007; contudo, apesar disso aplicou à autuada Limiar e à recorrente a multa substitutiva da pena do perdimento, com base do art. 23, V, §§ 1º e 3º, do Decretolei 1.455/1976; (ii) não era possível imputar mais de uma penalidade pelo mesmo ato ilícito (cita jurisprudência administrativa); (iii) a multa do art. 33 da Lei 11.488/2007 destinavase exclusivamente ao importador ostensivo, pela cessão do nome. Já o perdimento e a sua multa substitutiva objetiva punir o verdadeiro adquirente das mercadorias importadas (cita jurisprudência administrativa); (iv) apenas para argumenta, no caso caberia à importadora Limiar apenas a multa de 10% e não a substitutiva do perdimento, sendo que a DRJ não podia alterar o fundamento da autuação, devendo a mesma ser cancelada; e (v) acaso assim não se entendesse, o que admitia apenas para argumentar, a multa deveria ser reduzida a 10% do valor das operações e a impugnante excluída do polo passivo, vez que como já falado, não se admite que o adquirente seja punido solidariamente ao importador com a multa do art. 33 da Lei 11.488/2007. Fl. 899DF CARF MF 6 Em 07/02/2013, a recorrente apresentou a petição e os documentos de fls. 753/755 e requereu que eles fossem analisados pelo Colegiado julgador a quo. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 790/831), em que, por unanimidade de votos, foram proferidas as seguintes decisões, in verbis: I PRELIMINARMENTE, a) DECLARAR NÃO IMPUGNADA a exigência em relação ao sujeito passivo LIMIAR DISTRIBUIDORA IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA., e, NÃO CONHECER do seu Requerimento de Informações (CERTIDÃO EXPLICATIVA), por refugir ao rito normativo do PAF; b) CONHECER do teor da Peça Impugnatória apresentada pela BY CAR COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA., bem como do seu pedido de juntada de documentos; b.1) REJEITAR o pedido genérico de produção de provas a posteriori e as arguições de nulidade suscitadas; b.2) NÃO APRECIAR as alegações de inconstitucionalidade; e II NO MÉRITO, JULGAR PROCEDENTE EM PARTE a impugnação apresentada e considerar devida a presente exação no montante de R$ 269.351,60, em desfavor dos sujeitos passivos LIMIAR DISTRIBUIDORA IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA. e BY CAR COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA., este na condição de Responsável Solidário. EXONERAR os sujeitos passivos do montante de R$ 31.339,75 por transcrição a maior no valor lançado em face do apurado, referente ao valor aduaneiro da DI nº 08/19338235. Os fundamentos que embasaram as referidas decisões encontramse resumidos nos enunciados das ementas do referido julgado, que seguem transcritos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 16/01/2008 a 19/05/2009 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO E/OU IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. REVELIA. EFEITOS. A ausência de impugnação por parte de sujeito passivo solidário acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar os atos impugnatórios, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Todavia, havendo pluralidade de sujeitos passivos, a impugnação tempestiva apresentada por um dos autuados suspende a exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais. DO REQUERIMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVAS A POSTERIORI. DO INDEFERIMENTO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo nas hipóteses previstas em lei, ex vi do parágrafo 4º do art. 16 do Decreto nº. 70.235/72, incluído pela Lei nº 9.532/1997. Fl. 900DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 633 7 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 16/01/2008 a 19/05/2009 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. A pena de perdimento, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, inclusive, por meio da interposição fraudulenta de terceiros, deve ser substituída pela multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta houver sido consumida ou não for localizada. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 16/01/2008 a 19/05/2009 DA APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA DE JULGAMENTO. DESCABIMENTO. A Administração Tributária deve se pautar pelo princípio da estrita legalidade, assim como pela presunção relativa de constitucionalidade das leis e atos normativos, não competindo à autoridade administrativa manifestarse quanto à inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, incumbindo ao Poder Judiciário tal mister, seja no controle difuso, diante de um caso concreto, seja no controle concentrado, exercido pelo Supremo Tribunal Federal. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. A tentativa de cientificar, por via postal, a autuada Limiar da decisão de primeira instância não se concretizou, conforme atestam os documentos de fls. 836 e 879/880. Em 9/6/2014, a responsável solidária By Car foi cientificada da referida decisão (fls. 837/838). Em 9/7/2014, apresentou o recurso voluntário de fls. 845/865, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória, em relação às questões de mérito remanescentes, em aditamento alegou que: a) apesar de ter tomado conhecimento do documento emitido pela autuada Limiar (fl. 754), em que declarara que não reconhecia com sendo dela os inúmeros documentos mencionados no relatório fiscal colacionado aos autos, o Colegiado julgador a quo não explicou como ou porque essa prova não afastava as sérias acusações feitas à recorrente, pois, não fazia nenhum sentido a justificativa apresentada de que a citada declaração não tinha "o devido amparo da escrituração contábil", pois se a recorrente desconhecia os citados Fl. 901DF CARF MF 8 documentos e a autuada Limiar confirmara eles não representavam negócios dela, era óbvio que eles não constavam das respectivas escriturações; b) muitos dos questionados documentos que serviu de base à autuação tratavam de negócios que teriam sido formalizados com outras empresas e não tinham absolutamente nada a ver com as transações da recorrente nem com as operações de importação que foram objeto da presente ação fiscal, consequentemente, eles não poderiam influenciar nas conclusões acerca dos negócios feitos realizados com a recorrente; c) as provas em que a fiscalização se embasou não eram "translúcidas", "evidentes", "ricas", "firmes" e "fartas, mas se tratava de meros indícios, ainda que robustos, não eram suficientes para motivar à imposição da multa substitutiva da pena perdimento estabelecida no art. 23, V, do Decretolei 1.455/1976, que exige que a infração por ocultação do comprador seja demonstrada mediante a ocorrência de fraude ou simulação. Por meio da petição de fls. 884/886, em 1/9/2014, a recorrente compareceu novamente aos autos, para comunicar que, nos autos do processo nº 10611.720206/201186, na Sessão de 23/7/2014, a 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção de Julgamento, por meio do acórdão nº 3403003.103 (fls. 887/891), negou provimento ao recurso voluntário por ela apresentado, respaldada no entendimento de que não houve equívoco na composição do polo passivo no auto de infração, mediante a indicação da By Car como sujeito passivo principal (o "importador oculto") e a Limiar como responsável solidária (o "importador ostensivo"). A recorrente esclareceu ainda que a autuação integrante do citado processo tratava dos mesmos fatos objeto da presente autuação, com a única diferença de que as posições no polo passivo da autuação foram invertidas, ou seja, no referido processo a autuada Limiar ocupava a posição de responsável solidária, enquanto a responsável solidária By Car ocupava a posição de autuada. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso interposto é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Inicialmente, cabe esclarecer que a autuada Limiar não foi regularmente intimada da decisão de primeira instância, pois, com o resultado improfícuo da intimação pela via postal, conforme documentos de fls. 836 e 879/880, nos termos do art. 23, § 1º, do Decreto 70.235/1972, ela deveria ter sido intimada por edital, nos termos do art. 23, § 1º, do Decreto 70.235/1972, o que não ocorreu. Todavia, superase tal irregularidade, com respaldo no art. 60 do referido Decreto, por ela não influir na solução do litígio. A uma, porque Limiar estava impedida de apresentar recurso voluntário, uma vez que fora declarada revel e, em decorrência, não fora acatada a sua impugnação. A duas, porque o desfecho que será neste voto proposto para este julgamento, evidentemente, tornará despicienda o saneamento da referida irregularidade. Fl. 902DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 634 9 Por essas razões, passase a análise do recurso regularmente interposto pela responsável solidária. E do cotejo entre as razões da autuação e as de defesa, inferese que as controvérsias objeto da presente lide giram em torno da (i) comprovação da infração de interposição fraudulenta, (ii) configuração da responsabilidade solidária da recorrente e (iii) adequação da penalidade aplicada. Da comprovação da interposição fraudulenta. Antes de analisar o ponto fulcral da controvérsia, concernente à comprovação da infração de interposição fraudenta em questão, é pertinente fazer uma breve digressão sobre as características principais dessa infração. De modo geral, a interposição fraudulenta (ou interposição ilícita) se concretiza quando uma determinada pessoa (denominada de interposta pessoa ou “laranja”) realiza, em nome próprio, negócio jurídico de outrem (o real beneficiário), substituindoo e assim ocultandoo do conhecimento de terceiros interessados na natureza real do negócio, que, geralmente, são as pessoas prejudicadas ou as encarregadas do controle e fiscalização da operação fraudada ou simulada. Tratase de ilícito de natureza complexa, que envolve, necessariamente, a participação de duas pessoas, uma aparente e a outra oculta, contribuindo cada uma delas, de forma distinta, para a concretização do ilícito, que se caracteriza pela ocultação do negócio verdadeiro e dissimulado das pessoas interessadas nos negócios. A referida infração também imprescinde da existência de dois fatos, um simulado (aparente) e o outro dissimulado (oculto). No âmbito da atividade de comércio exterior, a interposição fraudulenta encontrase definida no inciso V do art. 23 do Decretolei 1.455/1976, com a redação da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] (grifos não originais) De acordo com o referido preceito legal, a interposta pessoa é aquela que se coloca entre o importador/exportador estrangeiro e o comprador/vendedor no País, ocultando um ou outro do conhecimento dos órgãos de controle e fiscalização das atividades de comércio exterior. Assim, verificase que se trata de infração que poderá ser praticada no âmbito das operações de importação quanto nas de exportação. Entretanto, em face da especificidade do objeto da presente autuação, aqui será analisado apenas à interposição fraudulenta relativa à operação de importação. E nessa seara, a interposição fraudulenta consiste no ajuste doloso (conluio) entre o importador (o adquirente aparente) e o real comprador (o importador oculto) da mercadoria, mediante a ocultação deste último na declaração de importação, documento base Fl. 903DF CARF MF 10 do despacho aduaneiro de importação, e nos demais documentos que instruem a referida declaração, evitando que os órgãos de controle e de fiscalização das atividades de importação tomem conhecimento do real comprador (ou real importador) das mercadorias importadas. Por se tratar de infração praticada mediante simulação, ilícito de difícil comprovação por meio de provas simples (ou provas "diretas"), o legislador estabeleceu algumas presunções para facilitar a comprovação da interposição fraudulenta. A primeira delas, encontrase definida no § 2º do art. 23 do Decretolei 1.455/1976, com a redação da Lei 10.637/2002, a seguir reproduzido: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: [...] § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] (grifos não originais) Especificamente na operação de importação, foco da presente análise, a interposição fraudulenta configurase quando o real comprador da mercadoria não é identificado e o importador aparente não comprova a origem, a disponibilidade e a transferência lícita dos recursos aplicados na operação de importação. A diferença entre a modalidade de interposição fraudulenta comprovada, definida no art. 23, V, do Decretolei 1.455/1976, e a interposição fraudulenta presumida, definida no artigo 23, § 2º, do Decretolei 1.455/1976, está relacionada com a comprovação ou não da origem, disponibilidade e transferência dos recursos financeiros empregados na operação de importação do real comprador para o importador, o que poderá ser feito por parte deste último, ou por parte da fiscalização aduaneira, no âmbito do procedimento específico de fiscalização. No caso em tela, certamente, não se trata de interposição fraudulenta presumida, pois não está em discussão a não comprovação da origem, disponibilidade ou transferência dos recursos empregados na operação de importação, mas sim a comprovação de que os recursos financeiros empregados nas referidas operações de importação foram antecipados pela responsável solidária By Car, o que a colocaria na condição de real compradora das mercadorias importadas. Dessa forma, aqui interessa analisar o cometimento da infração de interposição fraudulenta comprovada, caracterizada pela ocultação do real comprador das mercadorias importadas, mediante simulação da operação de importação por conta própria ou, por outro ângulo, dissimulação de operação de importação por conta e ordem de terceiro. Sabidamente a operação de importação por conta e ordem de terceiro1 é aquela em que a pessoa jurídica adquirente das mercadorias no exterior, com recursos próprios, contrata uma pessoa jurídica importadora para promover, em seu próprio nome, o despacho aduaneiro de importação, que poderá incluir ainda a prestação de outros serviços relacionados com a transação comercial, com a realização de cotação de preços e a intermediação comercial. 1 Introduzida no ordenamento jurídico por intermédio dos arts. 77 a 81da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, com vigência a partir de 27 de agosto de 2001, data da publicação da referida MP, e regulamentada pela Instrução normativa SRF nº 225, de 18 de outubro de 2002. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 635 11 Nesta modalidade de importação, o importador atua como mero prestador de serviços de importação, pelos quais é remunerado, nos termos do contrato celebrado com o comprador das mercadorias, previamente a realização da correspondente operação. Em face das vantagens da ocultação do real comprador nas operações de importação por conta própria simulada, por presunção relativa (juris tantum), a operação de importação realizada mediante utilização de recursos terceiros foi equiparada à operação de importação conta e ordem de terceiro, nos termos do art. 27 da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 27. A operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos de terceiro presumese por conta e ordem deste, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Assim, se comprovada a utilização de recursos de terceiro na operação de importação registrada na DI como importação por conta própria, certamente, restará demonstrada a simulação desta operação de importação, mediante a ocultação do real comprador das mercadorias. De outra forma, se não comprovada a utilização de recursos de terceiro na compra da mercadoria no exterior, certamente, não há que se falar em importação por conta própria simulada e tampouco ocultação do real comprador. No caso dos autos, inexiste controvérsia quanto ao fato de que a autuada Limiar registrou, em todas as nove DI objeto da presente autuação (fl. 59), ser a importadora e adquirente das mercadorias com recursos próprios, o que significa que as respectivas operações de importação foram declaradas como importação direta ou por conta própria. Dada essa configuração, para o deslinde da controvérsia, resta saber se os recursos utilizados nas compras das mercadorias foram fornecidos pela responsável solidária By Car. Para a fiscalização (fls. 43/52), a responsável solidária antecipou recursos em relação às DI de nºs 08/00841691, registrada em 16/1/2008, e 09/06237240, registrada em 19/5/2009. Em relação às demais DI, nada foi dito pela fiscalização, o que leva a conclusão de que, em relação a essas operações, não houve antecipação de recursos por parte da responsável solidária, por conseguinte, deve prevalecer a informação da autuada Limiar, consignada na planilha de fl. 344, em que explicitada que os depósitos bancários realizados pela pessoa jurídica By Car foram posteriores à data do desembaraço das mercadorias e à emissão das notas fiscais de saída da autuada Limiar. Em relação às duas citadas DI, a recorrente logrou infirmar a conclusão apresentada pela fiscalização, senão veja. No que concerne à DI de nº 08/00841691, registrada em 16/1/2008, a autoridade fiscal concluiu que houve antecipação de 85% (oitenta e cinco por cento) do recurso total da operação de comércio exterior, com base na alegação de que o depósito bancário, no valor de R$ 32.350,00, realizado em 19/12/2007, fora anterior ao registro da citada DI e destinouse ao pagamento da mercadoria nela declarada e que representava 70% (setenta por cento) do valor da nota fiscal de saída de nº 2446 (fl. 80), emitida em 8/2/2008, pela autuada Limiar. Por outro lado, na peça impugnatório e no recurso em apreço, a recorrente alegou (i) que o pagamento da nota fiscal nº 2446, emitida em 8/2/2008, teve início em 19/3/2008, conforme documento de fls. 399/400, e (ii) que a referida quantia não fora destinada ao pagamento do valor consignado na referida nota fiscal, mas sim parte dos valores das notas Fl. 905DF CARF MF 12 fiscais de nºs 635, 636, 637, 2238, 2260 e 2381 (fls. 690/695), emitidas entre os dias 23/10/2007 e 17/12/2007, referente a operações de importação anteriores à declarada na citada DI. Assiste razão à recorrente. Com efeito, os documentos por ela citados corroboram a alegação apresentada, especialmente, as informações consignadas no documento de fls. 399/400, apresentado à fiscalização e por esta não contestado. Ademais, se a nota fiscal de saída de nº 2446 fora emitida em 8/2/2008, até prova em contrário, não se justifica que o pagamento nela consignado tenha sido realizado em 19/12/2007, como alegou a fiscalização. Em relação à DI nº 09/06237240, registrada em 19/5/2009, a fiscalização informou que a recorrente fora responsável por "38,58% da carga pelo menos desde o pagamento da primeira parcela, em 06/04/2009, mais de um mês antes do registro da DI, dia 19/05/2009, e quase três meses antes da entrega da carga, no dia 01/07/2009." Já na peça impugnatória e no recurso em apreço, a responsável solidária alegou que a transferência bancária, no valor de R$ 23.929,81, realizada no dia 6/4/2009, consistia no pagamento de parte das notas fiscais de n°s 919, 920, 921, 2653 e 2654, relativas às DI de nºs 08/14621974 e 08/19338235 (fl. 29), conforme documento de fls. 399/400. Por sua vez, as notas fiscais de n°s 2745, 2746, 2748, 2749 e 2750, relativas à DI em questão, foram pagas por meio das transferências bancárias realizadas nos dias 16/7/2009 (R$ 70.000,00), 5/8/2009 (R$ 27.478,70), 12/8/2009 (R$ 33.605,96) e 14/10/2009 (R$ 21.189,84), conforme documento de fls. 399/400. Assim, como todos os pagamentos foram posteriores a 19/5/2009, data do registro da citada DI, segundo a recorrente, não ficou demonstrado o alegado adiantamento de recursos e, em decorrência, a imputada interposição fraudulenta. Mais uma vez assiste razão à recorrente, pois os documentos por ela citados corroboram a alegação apresentada, especialmente, as informações consignadas no documento de fls. 399/400, apresentados à fiscalização e por esta não contestado. Aliás, o somatório das quantias de R$ 5.224,11 e R$ 18.705,70, relativas às transferências bancárias feitas para o pagamento de parte das notas fiscais de n°s 919, 920, 921, 2653 e 2654, corresponde exatamente ao valor de R$ 23.929,81. Portanto, fica demonstrado que esta importância foi utilizado para pagamento de parte dos valores relativos às DI de nºs 08/14621974 e 08/19338235 (fl. 29), conforme alegou à recorrente, e não para o pagamento de parte do valor referente à DI nº 09/06237240 em destaque, como alegou a fiscalização. Por oportuno, cabe ainda esclarecer que as Notas Fiscais de n°s 2745, 2746, 2748, 2749 e 2750 foram pagas através das transferências bancárias, realizadas em 16/7/2009 (R$ 70.000,00), 5/8/2009 (R$ 27.478,70), 12/8/2009 (R$ 33.605,96) e 14/10/2009 (R$ 21.189,84) (fl. 400). Assim, como todos os pagamentos foram posteriores ao registro da DI n° 09/06237240 (19/5/2009), não ficou demonstrado o alegado adiantamento de recursos e, em decorrência, a imputada interposição fraudulenta. Além disso, consultando a planilha de fl. 344, verificase que todos os contratos de câmbio vinculados às 9 (nove) DI foram liquidados antes de qualquer depósito ou transferência bancária realizada pela responsável solidária By Car em favor da autuada Limiar, informação que não fora contestada pela fiscalização, conforme se extrai da leitura do exuberante Relatório Fiscal. Por todas essas razões, chegase a conclusão que não há nos autos elementos probatórios que comprovem que, em relação às operações de importação em comento, houve Fl. 906DF CARF MF Processo nº 10980.727081/201206 Acórdão n.º 3302004.124 S3C3T2 Fl. 636 13 antecipação de recursos da recorrente para o pagamento das mercadorias importadas pela autuada Limiar, o que infirma o fato presumido de que, no caso em tela, houve operação de importação por conta e ordem de terceiro dissimulada, com a consequente ocultação do real comprador das mercadorias, no caso, a responsável solidária By Car. Os fatos relatados no citado Relatório Fiscal, em tese, demonstram que houve importação por encomenda dissimulada, haja vista que, os fartos elementos probatórios coligidos aos autos, evidenciam que todas as mercadorias importadas, por meio das referidas DI, foram imediata e diretamente transferidas à recorrente. Dada essa configuração fática, por presunção, estabelecida no § 2º do art. 112 da Lei 11.281/2006, tais operações de importação, induvidosamente, equiparamse a operação por conta e ordem de terceiros, uma vez que configurada a operação de importação por encomenda em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos em ato normativo expedido pela RFB, que se encontram instituídos na Instrução Normativa SRF 634/2006. Entretanto, por se tratar de questão estranha a presente lide, certamente, não pode este Colegiado aplicar, ao caso em tela, estes preceitos normativos, sob pena de inovação da autuação e grave afronta ao contraditório e ao direito de defesa das autuadas. Os fatos relatados no citado Relatório Fiscal, em tese, demonstram ainda que houve pagamento a menor de tributos, motivo que ensejou o encaminhamento, em 6/5/2011, da referida Representação Fiscal da fiscalização da Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte à Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Curitiba, para que fosse procedido o lançamento dos tributos em nome da autuada Limiar, pelas razões aduzidas no excerto a seguir reproduzido: A motivação para a limitação do objeto do procedimento fiscal devese ao fato de que a empresa Limiar, empresa quem promoveu a entrada das mercadorias no território nacional e portanto, contribuinte do imposto de importação, nos termos do artigo 31, Inciso I do Decreto 37/66, c/c o entendimento exarado pela Procuradoria da Fazenda Nacional no Parecer PGFN/CAT/No 1.316, de 2001, possuir domicílio fiscal com vinculação à Inspetoria da Receita Federal do Brasil em Curitiba, Unidade com competência para abertura de procedimento fiscal no contribuinte ostensivo, cabendo à empresa By Car, vinculada à IRF Belo Horizonte, a inclusão no pólo passivo na qualidade de sujeito passivo solidário, nos termos do Inciso III do Parágrafo único, artigo 32, do Decreto 37/66. Ainda é oportuno esclarecer que a fiscalização da IRFB em Belo Horizonte, em relação apenas à DI nº 09/04629915, registrada em 15/4/2009, concluiu que houve prática 2 "Art. 11. A importação promovida por pessoa jurídica importadora que adquire mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado não configura importação por conta e ordem de terceiros. § 1º A Secretaria da Receita Federal: I estabelecerá os requisitos e condições para a atuação de pessoa jurídica importadora na forma do caput deste artigo; e II poderá exigir prestação de garantia como condição para a entrega de mercadorias quando o valor das importações for incompatível com o capital social ou o patrimônio líquido do importador ou do encomendante. § 2º A operação de comércio exterior realizada em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma do § 1o deste artigo presumese por conta e ordem de terceiros, para fins de aplicação do disposto nos arts. 77 a 81 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001." Fl. 907DF CARF MF 14 de interposição fraudulenta, mediante importação por conta e ordem de terceiro dissimulada, com ocultação da real compradora, a responsável solidária By Car, e lhe impôs a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, com base no art. 23, V, § 3º, do Decretolei 1.455/1976, cuja auto de infração integra o processo nº 10611.720206/201186, que foi objeto de julgamento pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara deste Conselho, por meio do acórdão nº 3403003.103, proferido na Sessão de 23 de julho de 2014. Na referida autuação, a autuada Limiar foi incluída no polo passivo da autuação na condição de responsável solidária. Ainda em decorrência desses mesmos fatos, a fiscalização da IRFB em Curitiba entendeu que houve cessão do nome por parte da autuada Limiar, com vistas à ocultação dos reais beneficiários das operações de importação, relativas às DI registradas no período de 8/1/2008 a 23/7/2009, e lhe impôs a multa de 10% sobre o valor da operação acobertada, com base no art. 33 da Lei 11.488/2007, por meio do auto de infração que integra o processo nº 15165.000925/201025, que se encontra na fase de distribuição para julgamento de primeira instância. Por todas essas considerações, fica demonstrado que as autuadas não cometeram a infração que lhes foram imputadas pela fiscalização e por essa razão deve ser cancelada a presente autuação. Das demais questões controvertidas objeto da lide. Em decorrência da conclusão apresentada no item precedente, obviamente, a análise das demais questões objeto da presente lide ficou prejudicada, em consequência, qualquer abordagem a respeito tornase despicienda. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por DAR PROVIMENTO ao recurso, para determinar o cancelamento da cobrança da multa aplicada, por falta de comprovação do fato infracional atribuído à recorrente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 908DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13609.721870/2012-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jul 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008, 2009
CIÊNCIA POR VIA POSTAL. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA.
Considera-se recebida a intimação fiscal na data de sua entrega no domicílio fiscal do contribuinte, confirmada com assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio contribuinte ou seu representante legal.
Numero da decisão: 2301-004.745
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator.
EDITADO EM: 29/06/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Juni
Nome do relator: Relator João Bellini Júnior
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1569; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 1.053 1 1.052 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13609.721870/201261 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.745 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de junho de 2016 Matéria RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE Recorrente MARCO AURELIO JOSE REIS Recorrida UNIÃO (REPRESENTADA PELA FAZENDA NACIONAL) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008, 2009 CIÊNCIA POR VIA POSTAL. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. Considerase recebida a intimação fiscal na data de sua entrega no domicílio fiscal do contribuinte, confirmada com assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio contribuinte ou seu representante legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso voluntário, nos termos do voto do relator. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e Relator. EDITADO EM: 29/06/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Júnior (Presidente), Júlio César Vieira Gomes (Presidente Substituto), Alice Grecchi, Andrea Brose Adolfo (suplente), Fabio Piovesan Bozza, Marcela Brasil de Araújo Nogueira (suplente), Gisa Barbosa Gambogi Neves e Amilcar Barca Teixeira Juni Relatório Tratase de recurso voluntário de Hugo Simões Romanizio, sujeito passivo solidário do crédito tributário exigido do contribuinte Marco Aurélio José Reis, CPF AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 9. 72 18 70 /2 01 2- 61 Fl. 767DF CARF MF 2 541.370.39615. O acórdão recorrido, 1053.169, foi exarado pela 4ª Turma da DRJ Porto Alegre (fls. 741 a 744 – numeração dos autos eletrônicos). Reproduzo trechos do relatório do acórdão recorrido: O contribuinte supraidentificado foi autuado e intimado a recolher Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, código de receita 2904, no valor de R$7.321.918,67 decorrente da omissão de rendimentos ou impugnar o presente lançamento.Enquadramento Legal: Arts. 37, 38, 83 e 849 do RIR/99, art. 58 da Lei nº 10.637/02 c/c o art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172/66 e art. 42 da Lei nº 9430/96 e art. 1º, inciso II e III e parágrafo único da Lei nº 11.482 de 31/05/2007 com a redação dada pela Lei nº 11.945/2009. O interessado foi intimado a prestar esclarecimentos no endereço cadastrado na RFB através de correspondência registrada cujo AR que retornou porque o contribuinte não foi encontrado. Foi lavrado o Termo de Constatação Fiscal concluindo que o mesmo não residia mais no endereço cadastral. A fiscalização solicitou os extratos de conta corrente nº 1.2980 e de aplicações financeiras dos anos de 2008 e 2009 à Cooperativa de Crédito de Sete Lagoas Ltda., CNPJ nº 22.753.982/000125, identificando movimentação de “vultuosos” valores, sendo que o contribuinte entregou DAA do exercício 2009, anocalendário 2008, sem rendimentos e estava omisso em relação ao exercício 2010, anocalendário 2009. O procedimento fiscal teve continuidade tendo a ciência e exigências feitas por edital, visto que o contribuinte não foi encontrado. A fiscalização, identificou, ainda, que boa parte da movimentação financeira foi feita por procuradores que emitiram e assinaram cheques em nome do titular o que levou a considerar os procuradores Marco Aurélio Faria Edmundo (CPF nº 980.745.39687) e Hugo Simões Romanizio (CPF nº 274.137.72604) responsáveis solidários ao titular em relação aos créditos tributários. Não tendo o autuado atendido aos inúmeros editais para esclarecer a origem dos depósitos na contacorrente nº 1.2980 de sua titularidade na COOPERATIVA DE CRÉDITO DE SETE LAGOAS LTDA, CNPJ nº 22.753.982/000125, foi lavrado o presente Auto de Infração – AI, Relatório de Auditoria Fiscal, AI – Multa por falta de entrega da Declaração de Ajuste Anual do IRPF do exercício 2010 e Arrolamento de Bens e Direitos, cuja ciência foi dada pelo Edital SAFIS/DRF/STL nº 20/2013, visto a impossibilidade de localização do autuado no seu endereço cadastral. Também foram arrolados os bens de Hugo Simões Romanizio como sujeito passivo solidário visto que emitiu vários cheques da conta corrente, efetuando pagamentos e movimentações na condição de procurador do titular. Na condição de Sujeito Passivo Solidário do Crédito Tributário, o Sr. Hugo Simões Romanizio foi cientificado através do Termo de Sujeição Passiva Solidária da folha 505 cuja ciência foi feita por Aviso de Recebimento AR assinado por Dalva V. Santos em 14/06/2013 (fl.506). Foi lavrado o Termo de Revelia, carta de Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13609.721870/201261 Acórdão n.º 2301004.745 S2C3T1 Fl. 1.054 3 cobrança e cópia do Acórdão 1048425 relativo ao presente e encaminhado ao sr. Hugo Simões Romanizio pelo Edital de nº 02/2014 de 09/05/2014. O interessado apresentou impugnação em 06/05/2014 alegando tempestividade porque só tomou ciência do Termo de Sujeição Passiva Solidária em 15/04/2014. Alega ser indevida a solidariedade por não ter interesse direto nos fatos e movimentos e anexa declaração do autuado e requer seja cancelado o arrolamento de seus bens e o Termo de Sujeição Passiva Solidária lavrado em seu nome. (Grifos no original.) A DRJ não conheceu a impugnação por intempestiva, e o acórdão recorrido recebeu as seguintes ementas: IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. EFEITOS. A impugnação intempestiva não instaura a fase litigiosa, não suspende a exigibilidade do crédito tributário, nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito, porque dela não se toma conhecimento. CIÊNCIA POR VIA POSTAL. IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. Considerase recebida a intimação fiscal na data de sua entrega no domicílio fiscal do contribuinte, confirmada com assinatura do recebedor, ainda que este não seja o próprio contribuinte ou seu representante legal. A ciência dessa decisão ocorreu em 29/12/2014 (aviso de recebimento EBCT, fl. 747). Em 08/01/2015, foi apresentado recurso voluntário (fls. 750 a 761), sendo repetidos, em síntese, os argumentos apresentados por ocasião da impugnação. O pedido consiste no provimento do recurso voluntário para o cancelamento do termo de sujeição passiva solidária. O processo foi distribuído para este relator em 09/12/2015 (fl. 766). É o relatório. Voto Conselheiro Relator João Bellini Júnior O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. Não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. De fato, a intimação via postal deve ser feita no domicílio do sujeito passivo – o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária –, e considerase intimado o contribuinte na data do recebimento da intimação (art. 23, II, § 2º, II e § 4º, I, do Decreto nº 70.235, de 1972 ): Fl. 769DF CARF MF 4 Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 2° Considerase feita a intimação: (...) II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) § 4º Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Assim, para ser eficaz a intimação feita por via postal, é suficiente que seja recebida no domicílio do sujeito passivo. No presente caso, é incontroverso que a intimação foi entregue em seu domicílio fiscal em 14/06/2013 (fl. 506) tendo sido recebido pela Sra. Lindalva V. Santos, empregada doméstica do recorrente (fl. 574). Assim, o termo inicial para a apresentação da impugnação foi o dia 17/06/2013, e o termo final 16/07/2013. A impugnação somente foi apresentada quase dez meses após, em 06/05/2014 (fl. 572), sendo portanto, intempestiva. Voto, portanto, por NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 770DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.000184/2006-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Exercício: 2004, 2005
CRÉDITO DE IPI. COMERCIANTES ATACADISTAS NÃO-CONTRIBUINTES DO IPI. FUMO EM FOLHA.
A partir da Lei nº 10.865/2004, publicada em 01/08/2004, nos termos do artigo 41 o produto fumo (tabaco) em folha classificado nas posições 2401.10.20, 2401.10.30, 2401 I.10.40 e 2401.20 da TIPI passaram a fazer parte do campo de incidência do IPI, tributado com alíquota de 30% (trinta por cento), razão pela qual é legitima a apropriação dos créditos do imposto pelos comercias atacadista, em respeito ao princípio da não-cumulatividade, cuja observância é obrigatória.
O montante do crédito deve respeitar o estabelecido no art.165, do RIPI/02.
IPI. OPERAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA.
Na operação de industrialização por encomenda o industrial executar somente pode apropriar como crédito o imposto corretamente destacado ou indicado na nota fiscal de remessa das matérias primas.
Numero da decisão: 9303-004.903
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, quanto ao crédito de IPI dos comerciantes atacadistas não contribuintes do IPI, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos Redator designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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COMERCIANTES ATACADISTAS NÃO CONTRIBUINTES DO IPI. FUMO EM FOLHA. A partir da Lei nº 10.865/2004, publicada em 01/08/2004, nos termos do artigo 41 o produto fumo (tabaco) em folha classificado nas posições 2401.10.20, 2401.10.30, 2401 I.10.40 e 2401.20 da TIPI passaram a fazer parte do campo de incidência do IPI, tributado com alíquota de 30% (trinta por cento), razão pela qual é legitima a apropriação dos créditos do imposto pelos comercias atacadista, em respeito ao princípio da nãocumulatividade, cuja observância é obrigatória. O montante do crédito deve respeitar o estabelecido no art.165, do RIPI/02. IPI. OPERAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. Na operação de industrialização por encomenda o industrial executar somente pode apropriar como crédito o imposto corretamente destacado ou indicado na nota fiscal de remessa das matérias primas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, quanto ao crédito de IPI dos comerciantes atacadistas não contribuintes do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 01 84 /2 00 6- 11 Fl. 2875DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.876 2 IPI, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento integral. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos – Redator designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão n.º 202.18.903, de 22 de 08 de abril de 2008 (fls. 2711 e 2712) do processo eletrônico), proferido pela Segunda Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes do artigo CARF, decisão que por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso conforme acórdão assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Exercício: 2004, 2005 FUMO. INCIDÊNCIA Nas hipóteses em que o fumo é produzido por produtor rural pessoa física e vendido por este a uma pessoa jurídica enquadrada como comercial atacadista não contribuinte do IPI ou encomendante de industrialização que, por sua vez, revenda ou remeta este produto a uma indústria, é um produto não sujeito ao IPI. Apenas quando ocorrer a saída desse fumo da citada indústria estando ela na condição de contribuinte do IPI é que ele Fl. 2876DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.877 3 ingressará no campo de incidência do IPI, passando – somente neste momento – a estar sujeito à alíquota de 30% do IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para a redução da base de cálculo do IPI nas operações de industrialização por encomenda, excluindose resíduos, aparas e outros bens do valor final da operação. Recurso negado”. O Contribuinte interpôs Recurso Especial – fls. 2771 a 2795 em face do acordão recorrido que negou provimento ao recurso, reconhecendo o direito de crédito de IPI destacado nas notas fiscais de remessa de fins de industrialização por encomenda e também de crédito de IPI sobre as mesmas. O acórdão indicado como paradigma é de n. 204.03402 da 4ª Turma do 2º Conselho do Contribuinte (fls. 2805 a 2823). O Recurso Especial do Contribuinte foi admitido conforme despacho de fls. 2843 e 2844. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 2846 a 2869 postulando pelo não provimento do recurso especial do contribuinte, para manter a decisão v. Acórdão. É o relatório em síntese. Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Trata o presente processo de dois autos de infração de IPI, um às fls. 26/27. Que trata do creditamento indevido de IPI quando da aquisição de comerciantes atacadistas não contribuintes do IPI; do ingresso de matériaprima enviada por encomendante para a realização de operações de industrialização por encomenda, operações fora do campo de incidência do IPI, pois, o fumo foi comprado em faze anterior de produtores rurais pessoas físicas, não contribuintes do IPI ; do descumprimento de resposta à consulta formulada ao Fisco; e quanto a Fl. 2877DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.878 4 saída das operações de industrialização por encomenda, foi utilizado base de cálculo inferior à correta, deixando de computar os valores que remanescem do processo industrial tais como talos e resíduos. Nos temos do art. 6º do decretolei n.º 400/68, regulamentado pelo art. 165 do RIPI, o imposto relativo a MP, PI e ME quando adquirido de atacadista, para fins do cálculo do crédito de IPI, será observado o percentual de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor descrito na nota do produto, para assim ser aplicada alíquota devida, in verbis: " Art 6º O imposto relativo à matériaprima, produto intermediário e material de embalagem e acondicionamento, adquirido de comerciante atacadista, será calculado pelo contribuinte adquirente, para efeito de crédito, mediante a aplicação da alíquota a que estiver sujeito o produto sobre 50% (cinqüenta por cento) do seu valor constante da nota fiscal." "CAPÍTULO X DOS CRÉDITOS Seção I Disposições Preliminares NãoCumulatividade do Imposto Art. 163. A nãocumulatividade do imposto é efetivada pelo sistema de crédito, atribuído ao contribuinte, do imposto relativo a produtos entrados no seu estabelecimento, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capítulo (Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). § 1º O direito ao crédito é também atribuído para anular o débito do imposto referente a produtos saídos do estabelecimento e a este devolvidos ou retornados. § 2º Regemse, também, pelo sistema de crédito os valores escriturados a título de incentivo, bem assim os resultantes das situações indicadas no art. 178. Seção II Fl. 2878DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.879 5 Das Espécies dos Créditos Subseção I Dos Créditos Básicos Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): (...) III do imposto relativo a MP, PI e ME, recebidos de terceiros para industrialização de produtos por encomenda, quando estiver destacado ou indicado na nota fiscal; (...) Art. 165. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão, ainda, creditarse do imposto relativo a MP, PI e ME , adquiridos de comerciante atacadista nãocontribuinte, calculado pelo adquirente, mediante aplicação da alíquota a que estiver sujeito o produto, sobre cinqüenta por cento do seu valor, constante da respectiva nota fiscal (Decretolei nº 400, de 1968, art. 6º). [sublinhouse]" Note que a lei estabeleceu uma presunção, pela qual o valor do imposto contido no preço da mercadoria adquirida foi arbitrado pelo legislador. Isso em razão da impossibilidade fática de se apurar o real valor do IPI contido no preço da mercadoria, ou mesmo da verificação da origem das mercadorias adquiridas pelo comerciante. Por outro lado, a probabilidade de ter ocorrido a incidência do IPI nas operações anteriores, por se tratar de produto sujeito ao referido imposto, dá ensejo ao registro do crédito para a preservação do princípio da nãocumulatividade. Uma vez estabelecida a presunção legal, não cabe indagar sobre as razões para sua instituição, deve o julgador aplicar o que foi estabelecido pelo legislador: “ O art. 6º, do DecretoLei n.° 400/68 foi regulamentado pelo art. 165 do RIPI/02 (Decreto n." 4.544/02)” Fl. 2879DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.880 6 Ora, a redação do art. 165 acima transcrito é cristalina ao prever a possibilidade de creditamento do imposto relativo a MP, PI e ME na aquisição de comerciante atacadista não contribuinte. Dizer o contrário (como fez a acusação), alegando que não houve pagamento do imposto nas etapas anteriores, é negar a aplicação de um ato normativo vigente, aplicável e eficaz. Ademais, entendo que o crédito previsto no art. 165 do RIPI tem caráter de benefício fiscal, destinado a reduzir os impactos sofridos pelos estabelecimentos industriais de pequeno porte, que necessitam de intermediários para a aquisição dos insumos utilizados para sua atividade industrial, não guardando nenhuma vinculação com o princípio da não cumulatividade. Assim, a norma que previu o direito ao crédito (art. 6º do Decretolei 400/68) deve ser interpretada de forma literal, sem quaisquer restrições ou dilações não previstas em Lei. Assim, é irrelevante não ter havido cobrança de IPI na entrada do estabelecimento atacadista, sendo necessário, tãosomente, que o produto seja positivamente tributado, sob pena de o resultado do cálculo previsto no art. 6º do DL nº 400/1968 ser igual a zero. No entanto, a partir da Lei nº 10.865/2004, nos termos do artigo 41, as folhas de fumo cru e as folhas do fumo destalado e picado foram incluídos no campo de incidência do IPI, tributado com alíquota de 30% (trinta por cento), cuja redação apenas foi alterada em 2007, pela Lei 11.452/2007, portanto como as folhas de fumo foram adquiridas de comercias atacadista, não há como afastar o crédito pretendido, sob a argumento de que o comercial atacadista adquiriu o fumo de pessoa física. "Art. 41. Ficam incluídos no campo de incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI tributados à aliquota de 30% (trinta por cento), os produtos relacionados nos códigos 2401.10.20 a 2401.10.30, 2401.10.40 e na subposição 2401.20 da TIPI. Fl. 2880DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.881 7 §1º. A incidência do imposto independe da forma de apresentação, acondicionamento, estado ou peso do produto. §2º. Quando a industrialização for realizada por encomenda, o imposto será devido na saída cio produto do estabelecimento que o industrializar e o encomendante responderá solidariamente com o estabelecimento industrial pelo cumprimento da obrigação principal e acréscimos legais. § 3º. As disposições deste artigo produzirão efeitos a partir do 1º (Primeiro) decêndio posterior ao 3º (terceiro) mês contado da mesma publicação." (Grifouse). Ora, o princípio da não cumulatividade adotado em nossa Constituição permite ao contribuinte que realize em cada operação uma dedução correspondente ao montante de tributo relativo às operações antecedentes, mesmo que nelas não tenha ocorrido a cobrança do Tributo Assim, não há empecilho ao creditamento, nos moldes do art. 6º do DL nº 400/1968, em relação às aquisições de comerciante atacadista, independentemente da origem do insumo (produtor rural pessoa física ou jurídica). Ao analisar questão análoga, o CARF através da 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária e o então segundo Conselho de Contribuintes assim decidiram: " Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 30/04/2005 a 31/12/2006 CRÉDITO DE IPI. COMERCIANTES ATACADISTAS NÃO CONTRIBUINTES DO IPI. FUMO EM FOLHA. A partir de 01/08/2004, por expressa disposição do art. 41, da dei nº 10.865/04, o produto fumo (tabaco) em folha classificado nas posições 2401.10.20, 2401.10.30, 2401 I.10.40 e 2401.20 da TIPI passaram a fazer parte do campo de incidência do IPI, razão pela qual é legitima a apro priação dos créditos do imposto em atenção ao princípio da não cumulatividade, cuja observância é obrigatória. O montante do crédito deve respeitar o estabelecido no art. 165, do RIPI/02. Fl. 2881DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.882 8 IPI. RESSARCIMENTO. CRÉDITO BÁSICO. São passíveis de ressarcimento os créditos de IPI regularmente escriturados. O cálculo e a escrituração de crédito de IPI nas aquisições de matériasprimas, material de embalagem e produtos intermediários feitas junto a comerciantes atacadistas não contribuintes deve feito na forma estabelecida no art. 165 do RIPI/2002. O que ultrapassar o valor assim calculado é indevido. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS. Por ausência de previsão legal, descabe falarse em atualização monetária ou juros incidentes sobre o eventual valor a ser objeto de ressarcimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INTIMAÇÃO. ENDEREÇAMENTO. Por determinação legal expressa, as notificações e intimações devem ser endereçadas ao domic ílio fiscal eleito pelo sujeito passivo. Recurso negado. " Salientase apenas que, quanto aos demais lapsos temporais e até hoje , a aquisição de tabaco não destalado de comercial atacadista não enseja créditos passíveis de apropriação, vez que o produto foi excluído do campo de incidência do IPI, constando como "nãotributado", na TIPI. De todo modo, considerando que os créditos de IPI foram apurados pela autora entre 2004 e 2005, período em que havia tributação à alíquota de 30%, há direito ao seu aproveitamento. Quanto ao crédito sobre o recebimento de fumo “tabaco” em folha recebido para industrialização por encomenda em favor de outras indústria, a controvérsia está, justamente, em determinar se a glosa relativa ao creditamento de IPI na industrialização de fumo por encomenda de estabelecimentos industriais, observou os termos da Solução de Consulta nº 179/2005. No caso, o Fisco não só desconsiderou a existência de efetivo destaque de IPI nas notas fiscais, como, também, qualificouo como indevido com base na mera presunção de que as empresas encomendantes não seriam consideradas como estabelecimentos industriais porque "não possuem fábrica de destala de fumo". Fl. 2882DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.883 9 Com efeito, para além das peculiaridades do processo de beneficiamento do fumo, é certo que a definição de estabelecimento industrial decorre de lei, e, inclusive, admite o enquadramento por equiparação daqueles que "enviarem a estabelecimento de terceiro, matériaprima, produto intermediário, embalagens e recipientes para acondicionamento, moldes, matrizes ou modelos destinados à industrialização de produtos de seu comércio" (art. 4º, III, da Lei nº 4.502/1964). Cabe ao Fisco, ao analisar as operações de industrialização por encomenda executadas pela autora, considerar o efetivo destaque do IPI na nota fiscal de remessa, o enquadramento da encomendante como estabelecimento industrial típico ou por equiparação, e a observância das disposições dos arts. 299 e 300 do RIPI/2002. Ademais, devese deixar expresso que ficou claro que na operação de remessa para industrialização há suspensão do IPI, e no retorno da industrialização há a incidência do IPI à alíquota de 30% (trinta por cento), com responsabilidade tributária da recorrente, enquanto industrializadora, ao pagamento do IPI respectivo, dando à encomendante o direito ao creditamento deste imposto debitado. Consequentemente, na operação de recebimento do fumo para industrialização, deve ser assegurado o direito ao crédito, pois que caso contrário a recorrente arcaria com o tributo no ato de retorno de industrialização, mas não teria o direito ao crédito no respectivo recebimento, o que, claramente, ofenderia a não cumulatividade tributária do IPI. Cabe destacar que no Recurso nº 140.053, Processo nº 13052.000019/2007 77 (Relator o Conselheiro Leonardo Siade Manzan) igualmente esta matéria estava contemplada, sendo que no v. Acórdão restou consignado que: “A glosa de créditos aqui tratada tem a mesma fundamentação do segundo item deste voto, razão pela qual adoto os mesmos fundamentos para dar provimento ao recurso nesta parte”. ... “Nos termos de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para afastar a glosa dos créditos provenientes de aquisições feitas a comerciantes atacadistas e nos recebimentos para procedimento, em favor de outros contribuintes encomendantes, de operações de industrialização por encomenda. Fl. 2883DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.884 10 Assim, adquirido fumo de comerciantes atacadistas para ser encaminhado a beneficiamento por encomenda e posterior venda ao mercado interno, tem o estabelecimento industrial ou equiparado direito ao creditamento de 50% do IPI incidente sobre os produtos adquiridos, na forma do art. 82, IX, do Decreto 87.981/82, atualmente o art. 165 do RIPI. Quanto a vinculação da Consulta, entendo que ela é obrigatório cumprimento por parte da Administração Tributária e por parte do Contribuinte, até que venha a ser posteriormente revogada ou por outra interpretação substituída. Porém, esta particularidade que vislumbro tem validade apenas para as partes, ou seja, para aquele específico contribuinte que é parte no processo de consulta, e para a Administração Tributária igualmente. Deste modo, se a consulta for favorável ao contribuinte, a Administração tributária deve obediência aquela interpretação, não podendo autuar o contribuinte ou glosar lhes seus créditos (p.ex.). De outra parte, o contribuinte que obtiver resposta a consulta, deve a ela se amoldar, ou então, se não estiver confortável ou resignado com as conclusões nela veiculadas, deverá utilizar dos meios legais cabíveis para contra ela se opor. Porém, entendo que o CARF, como órgão de julgamento vinculado ao Ministério da Fazenda, tem a aptidão de conferir interpretação diversa daquela contida em resposta a consulta, para com isso aplicar a legislação tributária, sejam em favor ou contra Administração ou administrado, eis que o que deve preponderar é a verificação concreta da ocorrência do fato gerador, em todos os seus critérios (material, temporal, espacial, pessoal e quantitativo, nas lições de Paulo de Barros Carvalho). Assim, a solução de consulta tem seus efeitos vinculativos limitados pela decisão proferida pelo órgão julgador que tem competência para revisar a interpretação anteriormente exarada, seja este Conselho seja o Judiciário, conforme o caso. Esta matéria já foi analisada pela Quarta Câmara do antigo Conselho de Contribuintes que, de forma unânime, entendeu por bem afastar a glosa dos créditos calculados Fl. 2884DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.885 11 com base no art. 165 do RIPI/2002, e que não há vinculação da Solução de Consulta, em caso análogo ao presente, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Período de apuração: 15/08/2004 a 31/12/2006 SOLUÇÃO DE CONSULTA. NÃO VINCULAÇÃO. Solução de consulta não vincula o contribuinte, tampouco o julgador, haja vista que não tem força normativa e não pode eliminar os direitos constitucionais do contribuinte ao devido processo legal e à ampla defesa. DIREITO A CRÉDITO DE IPI. COMERCIANTES ATACADISTAS NÃO CONTRIBUINTES IDO IPI. FUMO EM FOLHA. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 41, LEI N° 10.865 E 165 DO RIPI/02. A partir de 01/08/2004, por expressa disposição do art. 41, da dei nº 10.865/04, o produto ¬ fumo (tabaco) em folha classificado nas posições 2401.10.20, 2401.10.30, 2401 I.10.40 e 2401.20 da TIPI passaram a fazer parte do campo de incidência doi IPI, razão pela qual é legitima a apropriação dos créditos do imposto em atenção ao Principio da NãoCumulatividade, cuja observância é obrigatória. O montante do crédito deve respeitar o estabelecido no art. 165, do RIPI/02. VALOR TRIBUTÁVEL. SAÍDA DE PRODUTOS FABRICADOS POR ENCOMENDA. VALOR TOTAL. IPI. É obrigatório o destaque do IPI na saída os produtos fabricados por encomenda sobre o valor total, incluindo o das matérias primas, mesmo que uma parte dos produtos fabricados seja NT. REGISTRO DE CRÉDITOS NA ENTRADA DE INSUMOS PARA INDUSTRIALIZAÇÃO. FUMO CRU. REVENDEDORAS DE FUMO. A partir de 01/08/2004, por expressa disposição do art. 41, da Lei nº 10.865/04, o produto .¬ fumo (tabaco) em folha ¬ classificado nas posições 2401.10.20, 2401.10.30, 2401110.40 e 24401.20 da. TIPI passaram a fazer parte do campo de incidência do IPI, razão pela qual é legitima a apropriação dos créditos do imposto em atenção ao princípio da NãoCumulatividade, cuja observância é obrigatória. O montante do crédito deve respeitar o estabelecido no art. 165, do RIPI/02. Fl. 2885DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.886 12 MULTA. FALTA DE DESTAQUE. IPI. O art. 45 da Lei nº 9.430/96 continha a mesma disposição do art. 80 da Lei nº 4.502/64. A Medida provisória n° 351/07, convertida na Lei n.° 11.488/07, revogou o art. 45, mas dispôs sobre o art. 80 da Lei n.° 4.502/64 em; seu art. 13, mantendo, portanto, a previsão da multa por falta de destaque do imposto 2 sobre produtos industrializados ¬ IPI. Diante disto, dou provimento ao Recurso Especial do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Voto Vencedor Júlio César Alves Ramos – Redator designado Dissentiu o colegiado do bem fundamentado voto da i. relatora apenas no tocante à segunda hipótese de crédito também por ela admitido, qual seja, a decorrente do encaminhamento da matériaprima para industrialização por encomenda no estabelecimento autuado. Nesse sentido, o colegiado reiterou que o creditamento nas operações de industrialização por encomenda está regulado em dispositivos próprios do RIPI tanto para as situações que admitem a movimentação com suspensão quanto para aquelas, como no presente, que não a admitem. A norma regulamentar (Decreto 4.544/2002) dispõe: Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): ... Fl. 2886DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.887 13 II do imposto relativo a MP, PI e ME , quando remetidos a terceiros para industrialização sob encomenda, sem transitar pelo estabelecimento adquirente; III do imposto relativo a MP, PI e ME , recebidos de terceiros para industrialização de produtos por encomenda, quando estiver destacado ou indicado na nota fiscal; IV do imposto destacado em nota fiscal relativa a produtos industrializados por encomenda, recebidos do estabelecimento que os industrializou, em operação que dê direito ao crédito; Como se vê, a legislação admite que o realizador da operação de industrialização tome crédito sobre as matérias primas que recebe tanto se o IPI estiver destacado nas notas fiscais quanto se estiver apenas indicado. A primeira situação ocorre quando o encomendante já é sujeito passivo do imposto, seja como industrial ou equiparado, e deve, portanto, destacar o imposto nas saídas que promover, inclusive quando esteja remetendo produtos para industrialização por encomenda. Registrese que, embora nesse caso, como regra, haja a possibilidade de dar saída com suspensão do imposto1, isso é uma faculdade e não uma obrigação. Mais do que isso, quando o produto resultante da industrialização não puder retornar com suspensão2, convém ao encomendante já destacar o imposto na remessa das matérias primas. A segunda, indicação na nota, destinase a todos os que, ao remeterem as matérias primas para industrialização não estão obrigados (nem autorizados) a destacar o imposto, exatamente por não serem, ainda, industriais nem equiparados. E é aqui que parece estar a divergência com o voto da dra. Érika. É que ela parece entender que a equiparação a industrial do encomendante da industrialização por encomenda já atinge essa primeira saída que ele promove das matérias 1 Art. 42, inciso VI do Decreto 4.544/2002 2 Por não terem sido atendos os requisitos do inciso VII do mesmo art. 42: VII os produtos que, industrializados na forma do inciso VI e em cuja operação o executor da encomenda não tenha utilizado produtos de sua industrialização ou importação, forem remetidos ao estabelecimento de origem e desde que sejam por este destinados: a) a comércio; ou b) a emprego, como MP, PI e ME, em nova industrialização que dê origem a saída de produto tributado; Fl. 2887DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.888 14 primas. Mas, se assim fosse, não haveria sentido nessa segunda hipótese indicação do IPI na nota fiscal pois todos sempre poderiam destacálo. Em verdade, as operações de industrialização por encomenda podem, a princípio, ser demandadas por qualquer empresa (ou, mais precisamente, qualquer estabelecimento), seja ele industrial ou não. A equiparação, portanto, visa a simplificar a tributação pelo IPI, que fica postergada para a saída que o encomendante fizer do produto que recebe do industrializador por ele contratado. Até aí, toda a movimentação poderia ser feita sem destaque nem recolhimento de imposto. Notese que ela atinge a figura do comerciante de produto mandado industrializar por encomenda3, destinandose, por óbvio, àqueles que, até o momento, ainda não estão sujeitos às exigências do imposto. Ela não prevê a equiparação do encomendante de industrialização. Para estes, também por óbvio, não se pode falar em possibilidade de envio das matérias primas com suspensão, dado que esta pressupõe a ocorrência do fato gerador, e este não ocorre, como regra, na saída feita por comerciante. É por tudo isso que o legislador previu a figura da indicação do imposto na nota fiscal. Ademais, não se admite destaque do imposto por parte de quem não é sujeito passivo, constituindo, inclusive, infração, passível de apenamento4, o destaque indevido, bem 3 Art. 9º, inciso iV do Decreto 4.544: IV os estabelecimentos comerciais de produtos cuja industrialização haja sido realizada por outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiro, mediante a remessa, por eles efetuada, de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, recipientes, moldes, matrizes ou modelos (Lei nº 4.502, de 1964, art. 4º, inciso III, e Decretolei nº 34, de 1966, art. 2º, alteração 33ª); 4 Art. 488. A falta de destaque do valor, total ou parcial, do imposto na respectiva nota fiscal, a falta de recolhimento do imposto destacado ou o recolhimento, após vencido o prazo, sem o acréscimo de multa moratória, sujeitará o contribuinte às seguintes multas de ofício (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45): I setenta e cinco por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido, ou que houver sido recolhido após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa moratória (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, inciso I, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45); ouII cento e cinqüenta por cento do valor do imposto que deixou de ser destacado ou recolhido, quando se tratar de infração qualificada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, inciso II, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 45). § 1º Incorrerão ainda nas penas previstas nos incisos I ou II do caput, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º): I os fabricantes de produtos isentos que não emitirem, ou emitirem de forma irregular, as notas fiscais a que são obrigados (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso I); II os que transportarem produtos tributados ou isentos, desacompanhados da documentação comprobatória de sua procedência (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso III); III os que possuírem, nas condições do inciso II, produtos tributados ou isentos, para venda ou industrialização (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso IV); e IV os que destacarem indevidamente o imposto na nota fiscal, ou o destacarem com excesso sobre o valor resultante do seu cálculo (Lei nº 4.502, de 1964, art. 80, § 1º, inciso V). Fl. 2888DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.889 15 como o aproveitamento de tal destaque como crédito5. Por isso, tornase até mesmo despiciendo investigar se as remessas foram feitas com ou sem destaque a fiscalização nada diz a respeito; o contribuinte afirma que as notas tinham o destaque , pois se o remetente não for sujeito passivo, crédito não haverá em qualquer hipótese. Em suma, tratandose de encomendante industrial ou equiparado, destaque ou suspensão. Não industrial nem equiparado, indicação ou não. Mas, sempre, em qualquer caso, o imposto que originará o crédito precisa ter incidido em alguma operação anterior. O que se discute, pois, é se o remetente do fumo em folha seca é, só por essa remessa que faça, equiparado a industrial. O colegiado entendeu que não, exatamente na linha esposada na acusação fiscal: se o remetente não possui estabelecimento industrial e a legislação não considera produto industrializado aquele recebido de produtor pessoa física, o produto remetido só entrará no campo de incidência do imposto após a industrialização a ser feita pela própria autuada. Não houve nenhum imposto anterior que possa originar o pretendido crédito. Essas as considerações que fizeram o colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso do contribuinte quanto ao ponto, sendo esse o acórdão que me coube redigir. 5 Art. 266. Os fabricantes, comerciantes e depositários que receberem ou adquirirem para industrialização, comércio ou depósito, ou para emprego ou utilização nos respectivos estabelecimentos, produtos tributados ou isentos, deverão examinar se eles se acham devidamente rotulados ou marcados ou, ainda, selados se estiverem sujeitos ao selo de controle, bem assim se estão acompanhados dos documentos exigidos e se estes satisfazem a todas as prescrições deste Regulamento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 62). § 1º Verificada qualquer irregularidade, os interessados comunicarão por escrito o fato ao remetente da mercadoria, dentro de oito dias, contados do seu recebimento, ou antes do início do seu consumo, ou venda, se o início se verificar em prazo menor, conservando em seu arquivo, cópia do documento com prova de seu recebimento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 62, § 1º). § 2º A comunicação feita com as formalidades previstas no § 1º exime de responsabilidade os recebedores ou adquirentes da mercadoria pela irregularidade verificada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 62, § 1º). § 3º No caso de falta do documento fiscal que comprove a procedência do produto e identifique o remetente pelo nome e endereço, ou de produto que não se encontre selado, rotulado ou marcado, quando exigido o selo de controle, a rotulagem ou a marcação, não poderá o destinatário recebêlo, sob pena de ficar responsável pelo pagamento do imposto, se exigível, e sujeito às sanções cabíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 62, § 2º, e Lei nº 9.532, de 1997, art. 37, inciso V). § 4º A declaração, na nota fiscal, da data da entrada da mercadoria no estabelecimento será feita no mesmo dia da entrada. Art. 492. A inobservância das prescrições do art. 266 e de seus § 1º e §3º, pelos adquirentes e depositários de produtos mencionados no mesmo dispositivo, sujeitálosá às mesmas penas cominadas ao industrial ou remetente, pela falta apurada (Lei nº 4.502, de 1964, art. 82). Fl. 2889DF CARF MF Processo nº 13005.000184/200611 Acórdão n.º 9303004.903 CSRFT3 Fl. 2.890 16 (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Fl. 2890DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.902869/2012-06
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-001.001
Decisão: ACORDAM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por maioria de votos, em converter julgamento em diligência. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à diligência. Designado o Conselheiro Diego Diniz Ribeiro. Sustentou pela recorrente o Sr. Sílvio Gomes Cardozo, RG 721.555 -SDS/PE, procurador da recorrente.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Diego Diniz Ribeiro - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Numero do processo: 10920.000012/2007-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
IRRF. RECEITA DE OPERAÇÃO DE SWAP. APROVEITAMENTO. COMPROVAÇÃO DE OFERECIMENTO DA RECEITA À TRIBUTAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Comprovado o oferecimento à tributação da totalidade das receitas financeiras informadas pelas fontes pagadoras em DIRF, e não apurada receita financeira distinta, deve ser admitida a dedução das retenções de imposto.
ESTIMATIVAS COMPENSADAS. FALTA DE HOMOLOGAÇÃO.COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO DO ANO. POSSIBILIDADE.
A glosa das estimativas compensadas não impede que a respectiva composição do saldo negativo do ano. Excluir tais estimativas da composição do saldo negativo em razão da glosa das compensações ensejaria a duplicidade da cobrança, o que é vedado pelo pátrio ordenamento jurídico, sob ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da vedação ao confisco e da igualdade.
Numero da decisão: 1201-001.622
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Fabiano Alves Penteado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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RECEITA DE OPERAÇÃO DE SWAP. APROVEITAMENTO. COMPROVAÇÃO DE OFERECIMENTO DA RECEITA À TRIBUTAÇÃO. POSSIBILIDADE. Comprovado o oferecimento à tributação da totalidade das receitas financeiras informadas pelas fontes pagadoras em DIRF, e não apurada receita financeira distinta, deve ser admitida a dedução das retenções de imposto. ESTIMATIVAS COMPENSADAS. FALTA DE HOMOLOGAÇÃO.COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO DO ANO. POSSIBILIDADE. A glosa das estimativas compensadas não impede que a respectiva composição do saldo negativo do ano. Excluir tais estimativas da composição do saldo negativo em razão da glosa das compensações ensejaria a duplicidade da cobrança, o que é vedado pelo pátrio ordenamento jurídico, sob ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da vedação ao confisco e da igualdade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 00 12 /2 00 7- 91 Fl. 686DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Luiz Paulo Jorge Gomes e José Carlos de Assis Guimarães. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra acórdão que analisou manifestação de inconformidade apresentada contra o ato de não homologação das compensações formalizadas nas DCOMP abaixo relacionadas, com o saldo negativo de IRPJ do Exercício 2005 (ano calendário 2004), no valor original de R$ 2.543.982,40: Segundo a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo – Derat São Paulo, não foi confirmado com as informações disponíveis nos bancos de dados o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2004, conforme abaixo demonstrado: Constou ainda que a contribuinte, no curso do anocalendário, teria utilizado as retenções de imposto informadas na Ficha 53 da DIPJ, para deduzir das estimativas mensalmente devidas. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 3 3 Observouse, ainda, a necessidade de comprovação das retenções efetuadas no código de receita 3426 e 5273, e do oferecimento à tributação dos correspondentes rendimentos, e que, em relação aos rendimentos de swap, a contribuinte não teria oferecido à tributação rendimentos compatíveis com os informados nas DIRF pelas fontes pagadoras, conforme abaixo: Com relação às Estimativas Mensais, foram confirmadas as seguintes informações pela autoridade recorrida: Diante de tais pressupostos, tendo sido reconhecida apenas uma antecipação de imposto no valor de R$ 15.037.167,91, insuficiente para a absorção do IRPJ devido apurado no ajuste anual de R$ 37.979.228,20, não foi apurado saldo negativo de IRPJ no anocalendário de 2004, e não foram homologadas as compensações ora apreciadas. Cientificada da decisão e intimada a pagar os débitos remanescentes, por via postal em 12/08/2010, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 13/09/2010, na qual invoca em sua defesa as seguintes razões de fato e de direito. Requer a nulidade do despacho decisório, devido à duplicidade de glosas dos créditos utilizados para pagamento das estimativas mensais quitadas por meio de compensação. Diz que a glosa das estimativas mensais informadas na DIPJ e na DCTF teria se dado exclusivamente com base em informações constantes dos bancos de dados da RFB, sem aprofundamento das investigações, mediante a competente intimação da contribuinte para prestar os necessários esclarecimentos. No caso, a Administração Tributária teria procedido à cobrança dos débitos compensados, com base na DCOMP, instrumento hábil à cobrança dos débitos declarados, Fl. 688DF CARF MF 4 desconsiderando, no entanto, os valores das Estimativas Mensais, informados na DIPJ e nas DCTF. Afirma afronta ao art. 65 da Instrução Normativa RFB n. 900, de 2008, segundo o qual “a autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos com probatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas”. Segundo a defesa, se a autoridade fiscal tivesse adotado tal expediente, o crédito ora discutido teria sido convalidado e as respectivas declarações de compensação teriam sido homologadas. Como a autoridade local teria optado por reconhecer apenas os valores confirmados no seu sistema interno, sem aprofundar a investigação, e sem conferir segurança à glosa efetuada, o despacho decisório deveria ser reformado, pois o ordenamento jurídico não teria deixado margem a qualquer ato discricionário por parte da autoridade administrativa no desempenho de sua função arrecadadora, estando ela adstrita ao cumprimento das determinações legais, porquanto, desnecessário dizer, a obrigação tributária somente nasce quando concretizada, no mundo dos fatos, a situação descrita em lei. Invoca o art. 142 do Código Tributário Nacional, para reafirmar o dever da fiscalização aprofundar o exame da situação concreta, a fim de que o lançamento, e também as demais glosas fiscais, como aquelas referentes restituição/compensação de saldos negativos, estejam baseados na correta aplicação da lei aos fatos efetivamente ocorridos e a ela subsumidos. Transcreve jurisprudência. Reitera que não poderia o Fisco ter baseado a glosa das estimativas mensais apenas em informações do seu sistema, desconsiderando os valores confessados como devidos na DIPJ e DCTF, sem sequer intimála para prestar qualquer esclarecimento a respeito. Acaso tivesse sido aprofundada a investigação dos fatos, teria sido verificado que as diferenças entre as informações constantes dos bancos de dados e os valores informados na DIPJ e DCTF seriam decorrentes de compensações efetuadas nos termos do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27.12.1996, e posteriores alterações. Para a defesa, não teriam sido consideradas nos cálculos as extinções de estimativas mensais efetuadas por meio das declarações de compensação registradas sob os n°s 27332.68256.270204.1.3.025113, 27572.21975.300304.1.3.024403, 04264.29991.290404.1.3.020624, 16426.65360.270204.1.3.031713, 23401.54985.300904.1.3.034289, 33073.15604.291004.1.3.032358, 13940.74422.291004.1.3.032528, 25147.15854.301104.1.3.039539, 18080.67093.301104.1.3.033359, 30590.14179.301204.1.3.036012, e 10899.10621.301204.1.3.038103 (doc. 03). Conforme a planilha anexa (doc. 04), as referidas DCOMP teriam originado os processos n°s 10920.001576/200406, 10920.001580/200466, 10920.001571/200475, 10920.000826/200563, 10920.00825/200519 e 10920.000824/200574. Nas palavras da defesa: 26. No que se refere a essas compensações, a Peticionária registra que as respectivas declarações foram glosadas pela fiscalização. Todavia, as glosas efetuadas não alteram em nada o saldo negativo em questão nos presentes autos, pois o Fisco exigiu da Peticionária, em cada um dos processos Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 4 5 administrativos acima mencionados os valores dos débitos de estimativas mensais indevidamente compensados, acrescidos de multa e de juros de mora. 27. Ao assim proceder, a fiscalização acabou substituindo as compensações efetuadas pela Peticionária pela exigência do recolhimento das estimativas mensais e dos respectivos acréscimos legais. Consequentemente, a glosa das compensações não afeta o cálculo do saldo negativo em questão pois seja pelo reconhecimento das compensações, seja pelo pagamento efetivo das estimativas caso as compensações sejam negadas, o fato é que o Fisco receberá os respectivos valores. 28. Seja como for, a Peticionária apresentou manifestações de inconformidade e, posteriormente, recursos voluntários naqueles processos, sendo que, atualmente, os autos encontramse no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, conforme atestam as cópias anexas (doc. 05). 29. Ainda assim, como exposto, considerando que o próprio Fisco vem exigindo da Peticionária o recolhimento das estimativas que teriam sido indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais, forçoso reconhecer que o resultado do julgamento dos recursos apresentados naqueles outros processos não afetará o valor do saldo negativo em questão nestes autos, já que este, ao final, restará suportado, seja por meio dos recolhimentos exigidos, seja por intermédio compensações efetuadas. 30. Em outras palavras, se a Peticionária sair vitoriosa ou derrotada nos autos daqueles processos administrativos, o seu direito creditório, em questão nestes autos, permanecerá incólume. 31. Se as decisões definitivas naqueles casos reconhecerem a improcedência das glosas fiscais ali discutidas, restarão validadas as compensações e estas poderão ser consideradas hábeis para suportar o saldo negativo que ora se discute. 32. O mesmo acontecerá se as decisões lhe forem desfavoráveis, visto que, ao final, a Peticionária será obrigada a recolher os débitos indevidamente compensados, restando, em tal hipótese, justamente esses pagamentos para suportar o direito creditório em questão nos presentes autos. 33. Ademais, não haveria qualquer sentido lógico em glosar as compensações efetuadas naqueles outros processos administrativos, exigindose o recolhimento das estimativas mensais naqueles autos e, ao mesmo tempo, desconsiderar tais pagamentos para efeito de cálculo do saldo negativo ora em discussão. 34. Portanto, considerando o acima exposto, devem ser reconhecidos, no cálculo do direito creditório em questão nestes autos, os valores das estimativas mensais quitadas pela Peticionária por meio das DCOMP n°s Fl. 690DF CARF MF 6 27332.68256.270204:1.3.025113, 27572.21975.300304.1.3.024403, 04264.29991.2904d41.3.020624, 16426.65360.270204.1.3.031713, 23401.54985.300904.1.3.034289, 33073.15604.291004.1.3.032358, 13940.74422.291004.1.3.032528, 25147.15854.301104.1.3.039539, 18080.67093.301104.1.3.033359, 30590.14179.301204.1.3.036012, e 10899.10621.301204.1.3.038103, devendo ser reformado o r. despacho decisório que simplesmente as ignorou. Por outro lado, afirma a recorrente a regular tributação dos rendimentos decorrentes das operações de swap/hedge e o erro de preenchimento da DIPJ 2005 (ano calendário 2004). Apesar de não haver informado os rendimentos das operações na Linha 21 – “Ganhos Aufer. Mercado Renda Variável, exceto DayTrade” da Ficha 06A – Demonstração do Resultado), como prescreve o manual de preenchimento da DIPJ, teria procedido à sua informação na Linha 24 – “Outras Receitas Financeiras”, da mesma ficha. Nas palavras da defesa: 42. Vejam, Ilustres Julgadores, que em análise da DIPJ da ora Peticionária, especificamente na “Ficha 53 — Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte”, os valores recebidos de operações de swap/hedge atingem um somatório corresponde ao valor de R$ 15.051.697,92. 43. Como já mencionado, referida quantia foi oferecida à tributação na Linha 24 – “Outras Receitas Financeiras” da Ficha 06A – “Demonstração do Resultado PJ em Geral”, que tem como declarado o valor de R$ 66.482.549,20. 44. Para não sobrarem dúvidas a respeito de os rendimentos recebidos em operações de swap/hedge terem ou não sido levados à tributação, a ora Peticionária traz abaixo planilha com a abertura dos valores que compõem o montante total de R$ 66.482.549,20: 45. Vejam, ilustres julgadores, que ora Peticionária informou o valor total de R$ 26.614.810,75 em operações de swap/hedge, restando demonstrado, portanto, que os rendimentos dessas operações, ao contrário do alegado no despacho decisório, Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 5 7 foram sim levados à tributação, devendo ser reconhecido o direito creditório da ora Peticionária. 46. No entanto, um esclarecimento se faz necessário. Muito embora a ora Peticionária tenha informado na Ficha 53 da DIPJ que o total dos rendimentos auferidos a titulo de operações de swap/hedge atingiria a quantia de R$ 15.051.697,92, na verdade, o somatório dessas operações atinge a quantia de R$ 23.119.810,55. 47. A ora Peticionária, quando do preenchimento da Ficha 53 da DIPJ deixou de registrar outras operações acarretando na emissão de declaração com um valor de rendimento inferior ao efetivamente recebido pela Peticionária nas operações de swap/hedge. 48. Outro equivoco meramente formal cometido pela ora Peticionaria decorrente de ter declarado na Linha 24 da Ficha 06A o valor de R$ 26.614.810,75, sendo que o montante efetivamente recebido pela ora Peticionária foi de R$ 23.119.810,55. 49. Tal equivoco é consequência do fato de a ora Peticionária ter acrescentado, indevidamente, a quantia de R$ 3.470.000,22, correspondente a rendimentos oriundos de prêmios pagos pelo Banco Real, em nada se confundindo com as operações de swap/hedge. 50. Todavia, este erro no preenchimento da DIPJ em nada prejudica ao Fisco, pois, como reconhecido no próprio despacho decisório, a ora Peticionaria sofreu a retenção de IRRF no valor de R$ 4.389.162,00 decorrente dos rendimentos de operações de swap/hedge efetivamente recebidos na quantia de R$ 23.119.810,55, o que demonstra que os rendimentos foram sim oferecidos A tributação. 51. Ou seja, muito embora tenha sido declarado na Ficha 53 da DIPJ somente a quantia de R$ 15.051.697,92, o valor informado a titulo de retenção é de R$ 4.389.162,00, fazendo referência ao montante efetivamente recebido a titulo de operações de swap/hedge. Isto resta cristalino da análise da planilha que relaciona os rendimentos e as retenções sofridas pela ora Peticionária (doc. 06), decorrentes das operações de swap/hedge, cujo rendimento efetivo foi de R$ 23.119.810,55. (...) 53. O equivoco da ora Peticionária em informar os rendimentos de operações de swap/hedge em linha diversa daquela que é especifica para tanto, não impede seu direito de incluir o respectivo IRRF na composição do seu saldo negativo de IRPJ (anocalendário 2004) já que a premissa da qual partiu a fiscalização não se confirma na prática, qual seja, a ausência de tributação dos respectivos rendimentos. Fl. 692DF CARF MF 8 54. Ressaltese que os pagamentos de swap/hedge foram efetuados nos estritos termos da lei, declarados pelas fontes pagadoras e sofreram a incidência do IRRF, e os respectivos rendimentos foram efetivamente submetidos à tributação pela ora Peticionária. Nesse contexto, afirma a legitimidade do crédito na composição do saldo negativo com base nas prescrições do art. 9º da Lei n. 9.249/1995, invocando também o princípio da verdade material. Requer o reconhecimento do direito creditório e a homologação das compensações em litígio. Caso se entenda que os documentos ora acostados não são suficientes para demonstrar que os rendimentos das operações de swap/hedge foram, de fato, levados à tributação, requer a ora Peticionária a conversão do julgamento em diligência para que se proceda à análise manual dos documentos fiscais que respaldam as alegações da contribuinte. Segundo a defesa, a manifestação de inconformidade estaria instruída com cópias dos seguintes documentos: 1. DOC. 01 Atos societários, procuração e substabelecimentos; 2. DOC. 02 Despacho decisório; 3. DOC. 03 DARFs e PER/DCOMPs para comprovar o recolhimento das parcelas das estimativas mensais do período; 4. DOC. 04 Relação dos processos administrativos vinculados aos PER/DCOMPs que tratam da compensação de créditos com os débitos das estimativas mensais; 5. DOC. 05 Defesas e recursos dos processos administrativos n°s 10920.001576/200406, 10920.001580/200466, 10920.001571/200475, 10920.000826/200563, 10920.00825/200519 e 10920.000824/200574, pendentes de decisão administrativa definitiva; 6. DOC. 06 Planilha que relaciona os rendimentos e as retenções sofridas decorrentes das operações de swap/hedge. Decisão DRJ Em decisão de 17/05/2012, a 7°Turma da DRJ/SPI, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação apresentada, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2004 Saldo Negativo. Para apuração de saldo negativo as antecipações efetuadas no curso do anocalendário devem ser superiores ao imposto ou contribuição apurados ao final do período. Retenções. Comprovado o oferecimento à tributação da totalidade das receitas financeiras informadas pelas fontes Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 6 9 pagadoras em DIRF, e não apurada receita financeira distinta, deve ser admitida a dedução das retenções de imposto confirmada no mesmo instrumento. Estimativas Compensadas. Não Homologação. Segundo orientações da PGFN, não integram o saldo negativo as estimativas, cuja compensação não foi homologada administrativamente, por se tratarem de meras antecipações de tributos, cuja exigibilidade não tem o caráter de certeza e liquidez necessário à cobrança e inscrição em dívida ativa. Recurso Voluntário Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário por meio do qual ratifica seus argumentos de Impugnação. É o Relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade O Recurso é tempestivo e preenche todos os requisitos previstos em lei, desta forma, deve ser apreciado. Mérito Do IRRF Qaunto à parcela do IRRF não reconhecido pela Delegacia de origem para fins de composição do saldo negativo, me parece que a Turma Julgadora da DRJ incorreu em erro quando da conclusão de seu julgado. Explico porque. Originalmente, o não reconhecimento do crédito relacionado ao IRRF tinha por fundamento o suposto não oferecimento da receita financeira correspondente à tributação. Fl. 694DF CARF MF 10 Tanto em sede de Manifestação de Inconformidade quanto em Recurso Voluntário, a Recorrente demonstra que incorreu em erro no preenchimento da DIPJ/2005, pois, teria informado valores relacionados às operações de swap/hedge na linha "24. Outras Receitas Financeiras" da "Ficha 06A" quando deveria ter precedido à inclusão de tal informação na linha "21. Ganhos Aufer. Mercado Renda Variável, exceto DayTrade". Desta forma, considerando os valores de operações de swap/hedge informados na "Ficha 53 Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte" no montante de R$ 15.051.697,92, percebese que mencionada receita fora efetivamente oferecida à tributação através da linha 24 da Ficha 06A Demonstração do Resultado cujo valor informado alcança R$ 66.482.549,20. Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente apresenta a seguinte composição do valor constante na linha 24 da Ficha 6A: Neste ponto, é interessante observar que a DRJ reconhece a comprovação do oferecimento à tributação da receita de operações de swap, conforme ementa do acórdão: " (...) Retenções. Comprovado o oferecimento à tributação da totalidade das receitas financeiras informadas pelas fontes pagadoras em DIRF, e não apurada receita financeira distinta, deve ser admitida a dedução das retenções de imposto confirmada no mesmo instrumento." Diante do exposto, não enxergo qualquer razão para o não reconhecimento do valor de IRRF informado pela ora Recorrente para fins de composição do saldo negativo do ano. Das Estimativas Além do IRRF acima analisado, a glosa combatida no presente processo decorre também do não reconhecimento das estimativas informadas pela ora Recorrente para fins de composição do saldo negativo, tendo em vista que tais estimativas não foram Fl. 695DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 7 11 efetivamente recolhidas mas sim, compensadas através dos processos de compensação abaixo listados que ainda se encontram sob análise: 27332.68256.270204.1.3.025113; 27572.21975.300304.1.3.024403, 04264.29991.290404.1.3.020624; 16426.65360.270204.1.3.031713; 23401.54985.300904.1.3.034289; 33073.15604.291004.1.3.032358; 13940.74422.291004.1.3.032528; 25147.15854.301104.1.3.039539; 18080.67093.301104.1.3.033359; 30590.14179.301204.1.3.036012 e 10899.10621.301204.1.3.038103. Entendo que o entendimento da DRJ quanto a este ponto está equivocado. Isso porque, já expus por diversas vezes neste Conselho minha posição acerca da impossibilidade de glosa de estimativas cujo pagamento através de compensação está pendente de homologação. Isso porque, a declaração de compensação atesta a confissão da dívida. Uma vez que o contribuinte reconhece o pagamento das estimativas, para fins de ajuste anual e conseqüente apuração do saldo negativo, não há como se cogitar que a iminente decisão quanto ao modo de pagamento destas (compensação, parcelamento, pagamento) seja um empecilho para a mensuração e realização do direito creditório. As estimativas já são alvo de discussão em outros processos administrativos, de modo que cada qual exerce a função coercitiva de cobrança de maneira finalística, individualmente, independente da forma como será realizado o pagamento. A intenção originária externada pelo contribuinte é a compensação, mas caso esta não prospere, outros meios serão adotados para que se determine o cumprimento da obrigação tributária e a consequente extinção da exigibilidade do crédito tributário. A glosa destes valores alvo de compensação outrora, cujos os efeitos repercutem na apuração do saldo negativo agora, enseja a duplicidade da cobrança, o que é vedado pelo pátrio ordenamento jurídico, sob ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da vedação ao confisco e da igualdade. Fl. 696DF CARF MF 12 De fato, seriam cobrados no presente instrumento, valores que já estão sendo devidamente cobrados em processos administrativos específicos, voltados diretamente para o pagamento das estimativas. Cobrálas aqui, como conseqüência a suposta apuração indevida do saldo negativo do IRPJ, não parece lógico, pois devese partir do pressuposto de que os valores à título de estimativas se tornaram imutáveis e irretocáveis, uma vez confessados, e que, assim, em nada devem interferir/alterar a apuração do direito creditório do contribuinte. O processo administrativo tributário surge no momento em que há resistência por parte do contribuinte contra a pretensão do Estado na cobrança do crédito que julga lhe ser devido. Desta definição, deve restar cristalino que os processos que discutem a compensação das estimativas representam a resistência do contribuinte no pagamento das próprias estimativas. Do mesmo modo, o presente processo visa a compensação de outros débitos, através do direito creditório advindo do saldo negativo de IRPJ do exercício de 2004, razão pela qual a resistência manifestada neste instrumento não está atrelada ao pagamento das estimativas, mas tão somente a estes débitos alvos da compensação. O surgimento de cada processo administrativo respeita uma pretensão específica do contribuinte, de forma que o desvio desta pode exorbitar o seu alcance e limite e atingir outras pretensões, causando a desarmonia e incontrole do sistema processual criado. O efeito material deste evento pode culminar na duplicidade da cobrança, que é exatamente o que ocorre no presente caso. Portanto, entendo que no presente caso devam ser validadas as estimativas informadas pela Recorrente ainda que pendentes decisão administrativa as compensações efetuadas. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para no mérito DARLHE PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Fl. 697DF CARF MF Processo nº 10920.000012/200791 Acórdão n.º 1201001.622 S1C2T1 Fl. 8 13 Fl. 698DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.730475/2013-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2008
RESPONSABILIDADE DE SÓCIOS. RELATÓRIO DE VÍNCULOS
A Relação de Corresponsáveis - Coresp, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - Vínculos, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa (Súmula Carf 88).
CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA.
O Fisco, por meio de Auditor Fiscal da Receita Federal, pode afastar a eficácia do contrato de trabalho autônomo e enquadrar os trabalhadores como segurados empregados como decorrência lógica das atribuições inerentes à competência para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Inteligência do § 2o do art. 229 do RPS de 1999.
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. PRESENÇA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO.
Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial rege-se pelo art. 173, inciso I, do CTN. (Súmula Carf 72.)
SUJEIÇÃO PASSIVA. PRIMAZIA DA REALIDADE.
O Fisco está autorizado a descaracterizar a relação formal existente, com base nos arts. 142 e 149, VII, do CTN, e considerar, para efeitos do lançamento fiscal, quem efetivamente possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, identificando corretamente o sujeito passivo da relação jurídica tributária.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CARACTERIZAÇÃO SEGURADO EMPREGADO
São considerados segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do Art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE.
Os atos praticados pela fiscalização, baseados em documentos e informações prestadas pelo contribuinte constituem elementos lícitos de prova e revestem-se da presunção relativa de veracidade própria dos atos administrativos, cabendo ao sujeito passivo a produção de provas factuais hábeis a elidir tal presunção.
Numero da decisão: 2301-005.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por (a) REJEITAR as preliminares, e no mérito, (b) NÃO RECONHECER a decadência do crédito tributário e, nas demais questões, (c) NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
JOÃO BELLINI JÚNIOR Presidente e Relator.
EDITADO EM: 14/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e João Bellini Júnior (Presidente).
Nome do relator: JOAO BELLINI JUNIOR
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RELATÓRIO DE VÍNCULOS A Relação de Corresponsáveis Coresp”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos Vínculos”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa (Súmula Carf 88). CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA. O Fisco, por meio de Auditor Fiscal da Receita Federal, pode afastar a eficácia do contrato de trabalho autônomo e enquadrar os trabalhadores como segurados empregados como decorrência lógica das atribuições inerentes à competência para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Inteligência do § 2o do art. 229 do RPS de 1999. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. PRESENÇA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. (Súmula Carf 72.) SUJEIÇÃO PASSIVA. PRIMAZIA DA REALIDADE. O Fisco está autorizado a descaracterizar a relação formal existente, com base nos arts. 142 e 149, VII, do CTN, e considerar, para efeitos do lançamento fiscal, quem efetivamente possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, identificando corretamente o sujeito passivo da relação jurídica tributária. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CARACTERIZAÇÃO SEGURADO EMPREGADO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 73 04 75 /2 01 3- 53 Fl. 2047DF CARF MF 2 São considerados segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do Art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. Os atos praticados pela fiscalização, baseados em documentos e informações prestadas pelo contribuinte constituem elementos lícitos de prova e revestem se da presunção relativa de veracidade própria dos atos administrativos, cabendo ao sujeito passivo a produção de provas factuais hábeis a elidir tal presunção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por (a) REJEITAR as preliminares, e no mérito, (b) NÃO RECONHECER a decadência do crédito tributário e, nas demais questões, (c) NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. JOÃO BELLINI JÚNIOR – Presidente e Relator. EDITADO EM: 14/07/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Fabio Piovesan Bozza, Luis Rodolfo Fleury Curado Trovareli, Alexandre Evaristo Pinto, Wesley Rocha e João Bellini Júnior (Presidente). Relatório Tratase de recurso voluntário em face do Acórdão 0648.085, exarado pela 5ª Turma da DRJ em Curitiba (efls. 1980 a 1999). O processo administrativo é constituído pelos seguintes autos de infração (obrigação principal), relativos ao anocalendário 2008: (a) auto de infração (AI) Debcad 37.374.7780: auto de infração de obrigação principal, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, parte da empresa, incidente sobre os valores pagos, devidos ou creditados a segurados empregados e contribuintes individuais, no montante consolidado de R$4.748.268,50; (b) AI Debcad 37.374.7799: auto de infração de obrigação principal, atinente às contribuições devidas pelos segurados empregados (8% alíquota mínima), incidentes sobre os valores pagos, devidos ou creditados a segurados empregados, no valor consolidado de R$779.294,86; Consta do relatório fiscal (efls. 21 a 122) que: (a) A Santa Barbara S/A é sociedade anônima de capital fechado, cujo objeto social é: Fl. 2048DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 3 3 “a) indústria da construção civil em todas as suas modalidades, a saber: obras próprias, públicas e particulares, sejam por regime de empreitada, administração e/ou incorporação; b) comercialização de imóveis; c) a execução de serviços e obras de pavimentação, terraplenagem, saneamento básico, obras rodoviárias e de urbanização, inclusive paisagismo e serviços complementares urbanísticos; d) comércio e/ou importação de materiais, máquinas e equipamentos relacionados com a indústria da construção civil ou eletromecânica, por conta própria ou de terceiros; e) montagens industriais e serviços de projetos, consultoria e execução de instalações técnicas relacionadas à indústria, inclusive a construção civil; f) prestação de serviços delegados pelos poderes Públicos federais, estaduais e/ou municipais, sob a forma de concessão, autorização, permissão ou qualquer outra modalidade, inclusive na área de vistoria veicular, rodovias, saneamento básico, telefonia e energia elétrica; g) serviços relacionados à engenharia agronômica em todas as modalidades, inclusive ajardinamentos urbanos; Arquitetura; Engenharia Ambiental e segurança do Trabalho”. (Art. 3° do Estatuto Social, de 01/11/2011, registrado na Junta Comercial do Estado de Minas em 05/12/2011, sob o n° 4732401.) (b) foram emitidos termos de sujeição passivo em face da responsabilidade solidária, prevista no inciso IX do art. 30 da Lei 8.212, de 1991 e alterações e no inciso II do art. 124 da Lei 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN), existente entre as seguintes sociedades: GD EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS LTDA, CNPJ: 17.501.131/000155; MARNO PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS LTDA, CNPJ: 01.605.470/000141; SANTA BARBARA CONSTRUÇÕES S/A, CNPJ: 39.809.199/000139; SANTA BARBARA DESENVOLVIMENTO IMOBILIÁRIO S/A, CNPJ: 42.928.218/000150 e a autuada, as quais pertencem ao mesmo grupo econômico, situação comprovada por possuírem os mesmos diretores (contratos sociais anexados aos autos); (c) fatos geradores: os valores lançados referemse às contribuições incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados obrigatórios da Previdência Social na qualidade de segurados empregados e contribuintes individuais (diretores), que não foram declaradas nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (Gfip) e nem foram recolhidas pela autuada, tendo sido constituídas pelos levantamentos a seguir descritos, concernentes às competências 01/2008 a 12/2008: (c.1) PAGAMENTO DE COMPLEMENTAÇÃO DO PRÓ LABORE POR NOTAS FISCAIS DE SERVIÇOS (NFS) – LEVANTAMENTOS PI e PI2; (c.2) REMUNERAÇÃO PAGA POR NFS A SEGURADOS EMPREGADOS REGISTRADOS – LEVANTAMENTOS: SE e SE2; (c.3) REMUNERAÇÃO PAGA POR NFS A SEGURADOS EMPREGADOS SEM REGISTRO – LEVANTAMENTOS SI E SI2; (d) as remunerações foram constatadas pela auditoria fiscal em pagamentos feitos pela autuada, mediante notas fiscais de prestação de serviços emitidas por pessoas Fl. 2049DF CARF MF 4 jurídicas que foram consideradas intermediárias na relação contratual entre a autuada e as pessoas físicas que lhes prestaram serviços, durante o período do lançamento. (e) o modo de operação consistiu na formalização irregular de contratos de prestação de serviços com dezenas de segurados empregados e contribuintes individuais (diretores), sendo, em geral, com prazo indeterminado, mediante a emissão mensal de medições de serviços e emissão de notas fiscais no mês subsequente a prestação de serviços; tal conduta englobou todos os níveis hierárquicos da autuada, diretores, nível gerencial e nível operacional, desde engenheiros até técnicos de Edificações, e vinha ocorrendo, conforme contratos apresentados, ao menos desde 2002, sendo prorrogados até o período fiscalizado; (f) essa prática ocorreu até mesmo para segurados empregados e contribuintes individuais (diretores) formalmente registrados e recebendo remuneração por folha de pagamento, sendo que muitas das pessoas jurídicas utilizadas para emissão das Notas Fiscais de Serviços (NFS) foram constituídas em datas próximas à data de assinatura dos contratos de prestação de serviços, num indício de que foram formalizadas para atender a propósito específico; (g) pela análise da relação de benefícios concedidos aos trabalhadores da autuada, foi possível verificar que vários dos segurados empregados e contribuintes individuais constavam como beneficiários dos planos de saúde da Unimed/Allianz e como beneficiários nos planos de seguro de vida em grupo da sociedade PasiVera Cruz; entretanto, analisados os lançamentos contábeis referentes àquelas prestadoras de serviços, verificouse que os valores referentes à contrapartida dos segurados, que deveriam ter sido descontados nos seus contracheques, foram lançados nas contas contábeis 3.1.02.01.0001, 3.1.07.08.0001, 3.2.02.01.0002 e 3.1.07.08.0001, sendo estes valores deduzidos dos valores a serem pagos pela prestação de serviços das empresas, em vez serem deduzidas do valor do salário recebido pelos segurados (Anexo V a VI, fls. 131 a 203); (h) em relação aos segurados que não tiveram seus contratos de trabalho formalizados pela autuada, a realidade da relação entre essa e as pessoas físicas remuneradas por intermédio de NFS demonstraram ser a de contrato de trabalho entre empregador e empregado, tendo sido demonstrada a ocorrência, diante dos contratos de prestação de serviços selecionados, dos pressupostos fáticosjurídicos da relação de emprego, encontrados nos artigos 2° e 3° da CLT, ou seja: a) pessoalidade – o empregado não tem como prestar serviço por intermédio de outrem, não pode substituirse por outra pessoa; a obrigação é de fazer, não de delegar; b) onerosidade – a relação de emprego é onerosa, devendo o empregador remunerar pelos serviços prestados pelo empregado; c) não eventualidade – os serviços contratados estão direta ou indiretamente relacionados com as atividades normais da contratante; d) subordinação jurídica – os serviços são prestados sob dependência hierárquica que implica no poder diretivo do empregador sobre o empregado, que lhe confere o direito de dirigir a prestação de serviços, dando ordens, fiscalizando, indicando métodos de trabalho e condições de execução das tarefas distribuídas. (i) outro ponto que evidencia a existência do vínculo empregatício do profissional contratado através de pessoa jurídica é a extensão à maioria dos segurados ditos “prestadores de serviços" de benefícios oferecidos aos demais empregados da Santa Bárbara, referente à Assistência médica e ao Prêmio de Seguro de Vida em Grupo, conforme Fl. 2050DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 4 5 lançamentos contábeis, constantes nos ANEXO V e ANEXO VI, extraídos das contas contábeis "3.1.02.01.0001Ass. Med. Hosp. Odont. Adm", "3.1.07.08.0001 Prêmio de Seguros Adm", "3.2.02.01.0002 Ass. Med. Hosp. Odont. Custo Direto obra" e "3.1.07.08.0001 Prêmio de Seguros – obras; (j) a atribuição dos salários de contribuição se deu com base nos valores das notas fiscais (todos devidamente confirmados nos lançamentos contábeis do sujeito passivo), por critério e método de aferição indireta, art. 33, § 3° e § 6°, e art. 233, parágrafo único do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048, de 1999, e suas alterações, considerando que: • a contribuinte não incluiu nas folhas de pagamento e nas Gfip os segurados empregados identificados neste procedimento fiscal; • a autuada também não identificou e não declarou as remunerações desses segurados empregados nas folhas de pagamento e nas Gfip; (j) o cálculo das contribuições previdenciárias devidas pelos segurados foi elaborado apenas para os segurados empregados sem vínculo empregatício, aplicandose a alíquota mínima vigente à época 8% (oito por cento), prevista no art. 20 da Lei 8.212, de 1991, tendo em vista que o salário de contribuição por empregado foi obtido por critério e método de aferição indireta; (l) para os períodos de 01/2008 a 11/2008 foi aplicada multa previdenciária de 24%, prevista no art. 35, II, “a”, da Lei 8.212, de 1991, com redação dada pela Lei 9.876, de 1999 e multa referente ao por infração ao art. 32, IV e §§ 3º e 5º da Lei n° 8.212, de 1991; (m) para as contribuições da competência 12/2008 foi aplicada a multa previdenciária de 75% (setenta e cinco por cento), prevista no art. 35A da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009, por haver lançamento de ofício nesta ação fiscal, relativo à falta de recolhimento sobre os fatos geradores apurados; (n) foi formalizada "Representação Fiscal Para Fins Penais". A DRJ julgou a impugnação improcedente, e seu acórdão recebeu as seguintes ementas: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CARACTERIZAÇÃO SEGURADO EMPREGADO São considerados segurados obrigatórios da Previdência Social, na qualidade de segurados empregados, os trabalhadores que prestam serviços à empresa, quando configurados os pressupostos do Art. 12, inciso I, alínea "a", da Lei n° 8.212/91. DESCONSIDERAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCAL. Constatada a ocorrência de simulação, consubstanciada na utilização de empresa inexistente de fato, a fim de obter Fl. 2051DF CARF MF 6 exclusivamente a redução da carga tributária, é lícita a deconsideração do negócio jurídico e o arbitramento das contribuições devidas Pode o Auditor Fiscal da Previdência Social desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, quando preenchidas as condições necessárias, conforme o Art. 33, caput da Lei n° 8.212/91 c/c o Art. 229, § 2°, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Integra o salário de contribuição do segurado empregado a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA DOS ADMINISTRADORES. A simples inclusão de dirigentes e administradores do Contribuinte no anexo "Relatório de Vínculos", não equivale absolutamente à atribuição de responsabilidade automática pelo crédito tributário. PRAZO DECADENCIAL. INÍCIO DA CONTAGEM. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. Para fixação do prazo decadencial, ocorrendo as hipóteses de dolo, fraude ou simulação devese aplicar o disposto no inciso I, do art. 173 do CTN. ATOS ADMINISTRATIVOS. PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. Os atos praticados pela fiscalização, baseados em documentos e informações prestadas pelo contribuinte constituem elementos lícitos de prova, e revestemse da presunção relativa de veracidade própria dos atos administrativos, cabendo ao sujeito passivo a produção de provas factuais hábeis a elidir tal presunção. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A ciência dessa decisão ocorreu em 16/09/2014 para a autuada e para as responsáveis tributárias GD Empreendimentos e Participações Ltda. e Santa Bárbara Desenvolvimento Imobiliário S.A. (efls. 2005, 2007 e 2009). As responsáveis tributárias Marno Participações Societárias Ltda. e Santa Bárbara Construções S.A. foram objeto de intimação por edital eletrônico publicado, para ambas, em 29/09/2014, com ciência em 14/10/2014 (efls. 2016 e 2017). Fl. 2052DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 5 7 Em 15/10/2014, foi apresentado recurso voluntário, apenas pela contribuinte, sendo alegado, em síntese, que (efls. 2018 a 2034): (a) há decadência do crédito tributário, uma vez que os períodos de apuração referemse a 01/2008 a 12/2008 e a ciência ocorreu em 18/12/2013; (b) somente é possível a imputação da responsabilidade aos administradores, se constatado que concorreram com a prática de atos ilícitos ou com excesso de poderes, nos termos do art. 135, III, do CTN, não sendo possível essa imputação pelo mero não pagamento do tributo, como foi feito no caso concreto, inexistindo, portanto, elemento essencial para extensão de responsabilidade aos administradores; a extensão da responsabilidade tributária ao administrador por lei ordinária em afronta ao art. 135 do CTN é desprovido de amparo jurídico; (c) não está entre as atribuições do Auditor Fiscal da Receita Federal a fiscalização da existência ou não de relação de emprego, em inteligência ao art. 6° da Lei 10.593, de 2002, que dispõe sobre a reestruturação da Carreira de Auditor Fiscal; (d) o fato de ter como diretor/funcionário um sócio de uma sociedade que lhe presta serviço não tem o condão de ensejar o reconhecimento de relação de emprego, sendo que tal fato pode até ser imoral, mas não ilegal; a relação entre particulares é regida pela máxima de que o que não está prescrito em lei é lícito, ao contrario dos entes públicos, que só podem fazer o que a lei determina; (e) as afirmações da Auditoria não passam de meros indícios e presunções, tendo em vista que as pessoas jurídicas são autônomas, distintas e independentes umas das outras, estando todas elas em plena atividade, ou, ao menos é o que ocorre na época narrada no auto de infração, cada qual possuindo contrato, quadro social, faturamento e quadro de funcionários próprios devidamente registradas nos órgãos competentes e arcando em nome próprio com todas as obrigações assumidas; não se sabe embasado em que a auditora fiscal afirmou que a emissão de notas fiscais sequenciais pressuporia o pagamento de acerto e de 13° salário; (f) diante da inexistência de relação de emprego e, consequentemente, de pagamentos em contrapartida dessa, não há falar em fato gerador de contribuição previdenciária, devendo ser cancelado o auto de infração. O pedido consiste no provimento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Relator João Bellini Júnior O recurso voluntário é tempestivo e aborda matéria de competência desta Turma. Portanto, dele tomo conhecimento. Da responsabilidade dos administradores Fl. 2053DF CARF MF 8 A contendora alegou somente ser possível a imputação da responsabilidade aos administradores se constatado que esses concorreram com a prática de atos ilícitos ou com excesso de poderes, nos termos do art. 135, III, do CTN, não sendo possível essa imputação pelo mero não pagamento do tributo. Porém, essa matéria é estranha ao procedimento fiscal, uma vez que, como relatado, não foi atribuída qualquer responsabilidade aos administradores, mas, tão somente, às seguintes sociedades: GD Empreendimentos e Participações Societárias Ltda., CNPJ: 17.501.131/000155; Marno Participações Societárias Ltda., CNPJ: 01.605.470/000141; Santa Barbara Construções S.A., CNPJ: 39.809.199/000139; Santa Barbara Desenvolvimento Imobiliário S.A., CNPJ: 42.928.218/000150. Ademais, ser relacionado no relatório de vínculos não significa ter sido caracterizado como corresponsável tributário. Nesse sentido, a Súmula CARF 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. DAS ATRIBUIÇÕES DO AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL É alegado não estar entre as atribuições do Auditor Fiscal da Receita Federal a fiscalização da existência ou não de relação de emprego. Tal matéria já foi objeto de análise por esta turma no julgamento do Acórdão 2301004.536, sessão de 08 de março de 2016, na qual, reconheceu, por unanimidade, que o Fisco, por meio de Auditor Fiscal da Receita Federal, pode afastar a eficácia do contrato de trabalho autônomo e enquadrar os trabalhadores como segurados empregados como decorrência lógica das atribuições inerentes à competência para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Reportome ao voto condutor, de lavra da conselheira Luciana de Souza Espíndola Reis, do qual assumos as razões como se minhas fossem: Mais uma vez valhome dos fundamentos expostos pelo Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo sobre o tema, no acórdão já referido (acórdão nº 2402004.380, sessão de 04/11/2014), cujas razões de decidir adoto aqui: De mais a mais, a legislação tributária, expressamente, confere atribuição à autoridade fiscal para impor "sanções" sobre os atos ilícitos e viciados verificados no sujeito passivo, permitindo a aplicação da norma tributária material, conforme regras previstas nos artigos 142 e 149, inciso VII, ambos do CTN, ainda que alheia à formalidade da situação encontrada. Portanto, é certo que a autoridade do FiscoPrevidenciário, no intuito de aplicar a norma previdenciária ao caso em concreto, detém autonomia ou poderes para caracterizar o real sujeito passivo da relação obrigacional tributária, e, para tanto, está perfeitamente autorizada a desconsiderar atos e negócios jurídicos, em que se vislumbra manobras e condutas demonstradas ilegais, com intuitos inequivocamente evasivos. Fl. 2054DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 6 9 Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional (CTN): Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; (...) VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; (g.n.) ... Além da outorga de poderes explícitos ao Fisco para identificar o real sujeito passivo da relação obrigacional tributária, nos termos do art. 142 do CTN, supõe que se reconheça, ainda que por implicitude, à autoridade responsável pelo lançamento fiscal a titularidade de meios destinados a viabilizar a concretude da regra prevista no art. 149, inciso VII, do CTN, permitindo, assim, que se confira efetividade aos fins legais nessa empreitada de caracterizar a real sujeição passiva da obrigação tributária decorrente de fraude ou simulação objetiva. Se assim não fosse esvaziarseiam, por completo, as atribuições legais expressamente concedidas ao Fisco em sede de lançamento fiscal de ofício oriundo do fato de que o sujeito passivo agiu com fraude ou simulação. Insta mencionar ainda que, ao considerar o real sujeito passivo da relação tributária, o Fisco não está aplicando a regra prevista no art. 116 do CTN – nem está realizando a desconsideração de pessoa jurídica prevista no art. 50 do Código Civil – já que a sua ação não está voltada para fins relacionados exclusivamente ao direito civil, mas sim ao cumprimento fiel e irrestrito da legislação previdenciária e tributária, e encontra respaldo legal nesses artigos 142 e 149, inciso VII, do CTN. Ademais, a verificação do enquadramento feito pela empresa em relação aos segurados que lhe prestam serviços é decorrência lógica das atribuições inerentes à competência para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Verificando, a autoridade fiscal, que o trabalhador desempenha suas atividades com a presença de todos os elementos característicos da condição de empregado para fins previdenciários, previstos no art. 12, inciso I, da Lei 8.212/91, regulamentado pelo art. 9o, inciso I, do RPS/99, aprovado pelo Fl. 2055DF CARF MF 10 Decreto 3.048/99, deve desconsiderar o vínculo pactuado, se em desacordo com a realidade, conforme autorizado pelo § 2o do artigo 229 do RPS/99: Art. 229 ... .... § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) O STJ, ao analisar a questão, já se manifestou no mesmo sentido: ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL. INSS. COMPETÊNCIA. FISCALIZAÇÃO. AFERIÇÃO. VÍNCULO EMPREGATÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. A autarquia previdenciária por meio de seus agentes fiscais tem competência para reconhecer vínculo trabalhista para fins de arrecadação e lançamento de contribuição previdenciária, não acarretando a chancela aos direitos decorrentes da relação empregatícia, pois matéria afeta à Justiça do Trabalho. 2. O agente fiscal do INSS exerce ato de competência própria quando expede notificação de lançamento referente a contribuições devidas sobre pagamentos efetuados a autônomos, por considerálos empregados, podendo chegar a conclusões diversas daquelas adotadas pelo contribuinte. 3. À evidência, o IAPAS ou o INSS, ao exercer a fiscalização acerca do efetivo recolhimento das contribuições por parte do contribuinte possui o dever de investigar a relação laboral entre a empresa e as pessoas que a ela prestam serviços. Caso constate que a empresa erroneamente descaracteriza a relação empregatícia, a fiscalização deve proceder a autuação, a fim de que seja efetivada a arrecadação. O juízo de valor do fiscal da previdência acerca de possível relação trabalhista omitida pela empresa, a bem da verdade, não é definitivo e poderá ser contestada, seja administrativamente, seja judicialmente (REsp nº 515.821/RJ, Relator Ministro Franciulli Netto, publicado no DJU de 25.04.05). (STJ, 2ª T., REsp 575.086/PR, Min. Castro Meira, mar/06) (gn) (Grifouse.) Da decadência A recorrente alega ter ocorrido a decadência do crédito tributário, uma vez que os períodos de apuração referemse a 01/2008 a 12/2008 e a ciência ocorreu em 18/12/2013. Não lhe assiste razão. Fl. 2056DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 7 11 Como já referido, os valores lançados referemse às contribuições incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados obrigatórios da Previdência Social na qualidade de segurados empregados e contribuintes individuais (diretores), que não foram declaradas em Gfip e nem foram recolhidas pela autuada. As remunerações foram constatadas em pagamentos feitos pela recorrente, mediante notas fiscais de prestação de serviços emitidas por pessoas jurídicas que foram consideradas intermediárias na relação contratual entre a autuada e as pessoas físicas que lhes prestaram serviços, durante o período do lançamento. O modo de operação consistiu na formalização irregular de contratos de prestação de serviços com dezenas de segurados empregados e contribuintes individuais (diretores), sendo, em geral, com prazo indeterminado, mediante a emissão mensal de medições de serviços e emissão de notas fiscais no mês subsequente a prestação de serviços; tal conduta englobou todos os níveis hierárquicos da autuada, a começar pelos diretores, passando pelo nível gerencial (gerentes de contratos) e chegando ao nível operacional, desde engenheiros até técnicos de edificações, e vinha ocorrendo ao menos desde o ano de 2002. Não resta dúvida que tal conduta caracteriza o dolo de sonegação das contribuições previdenciárias. Tanto é assim que a fiscalização elaborou “Representação Fiscal Para Fins Penais” versando, “em tese”, sobre os crimes de sonegação de contribuição previdenciária (art. 337A, III, do DecretoLei 2.848 de 1940 – Código Penal) e/ou contra a ordem tributária (art. 1º da Lei 8.137, de 1990). Pois bem, “caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN”. (Súmula Carf 72.) Sendo os fatos atinentes ao anocalendário 2008, o primeiro dia do exercício seguinte àquele que o tributo poderia ser lançado é 1º/01/2009, para os meses de janeiro a novembro de 2008 e 1º/01/2010 para o mês de dezembro de 2008. Tendo a ciência do auto de infração ocorrido em 18/12/2013 (efl. 03), não ocorreu a decadência do poderdever de constituir o crédito tributário, cujo temo final, no caso concreto, ocorreu em 31/12/2013 (períodos de apuração de 1º/01/2008 a 30/11/2008) e 31/12/2014 (período de apuração dezembro de 2008). Interposição de pessoa jurídica Caracterização de segurados empregados e contribuintes individuais O lançamento das contribuições previdenciárias decorre da desconsideração de pessoas jurídicas prestadoras de serviços à contribuinte, cujos trabalhadores foram caracterizados como segurados empregados (caso dos funcionários) e contribuintes individuais (caso dos diretores) da autuada. As contribuições devidas foram apuradas por aferição indireta, com base no valor das notas fiscais de prestação de serviço emitidas por tais pessoas jurídicas, em conformidade com os valores lançados na escrituração contábil da autuada. É afirmado que (a) o fato de ter como diretor/funcionário um sócio de uma sociedade que lhe presta serviço não tem o condão de ensejar o reconhecimento de relação de emprego; (b) as afirmações da auditoria não passam de meros indícios e presunções, tendo em vista que as pessoas jurídicas são autônomas, distintas e independentes umas das outras, Fl. 2057DF CARF MF 12 estando todas elas em plena atividade na época narrada no auto de infração; (c) diante da inexistência de relação de emprego e, consequentemente, de pagamentos em contrapartida dessa, não há falar em fato gerador de contribuição previdenciária. Por primeiro, ressalto que no caso concreto, estamos diante de diversos indícios concordantes, os quais são prova, na lição do paradigmático Acórdão CSRF/01 02.743, que evocando jurisprudência do Supremo Tribunal Federal citada por Hely Lopes Meirelles, demonstra a um só tempo o entendimento doutrinário, judicial e administrativo acerca da matéria: “Indícios de omissão de receitas é que não faltam. A propósito, como relembra o preclaro mestre Hely Lopes Meirelles, o Egrégio Supremo Tribunal Federal já decidiu que “indícios vários e concordantes são prova”, com o que, de plano, este relator poderia dar o assunto por encerrado”. (STF, RTJ 52/140 apud Hely Lopes Meirelles in Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros, 22a ed., 1997, p. 97.) (Grifouse.) A seu turno, a legislação previdenciária, pela Lei 8.212, de 1991, art. 33, §§ 3° e 6°, e no Decreto 3.048, de 1999 (Regulamento da Previdência Social – RPS), arts. 229, § 2º, 233 e 235 é explícita ao atribuir à fiscalização o poder de (a) apurar e lançar as contribuições devidas quando constatar que a contabilidade não registra a realidade da remuneração dos segurados a seu serviço e (b) desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado, quando constate que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições que caracterizem tal condição: Lei 8.212, de 1991 Art. 33 (...) § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. (Redação dada pela Medida Provisória n° 449, de 2008) (no mesmo sentido, o art. 233 do RPS) (...) § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. (Grifouse.) (no mesmo sentido, o art. 235 do RPS) Decreto 3.048, de 1999 Art 229. (...) Fl. 2058DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 8 13 § 2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto n° 3.265, de 1999) (Grifouse.) No caso concreto, como relatado, foram levantados indícios, apurados fatos e restou demonstrado por provas que a autuada recorreu à prática da contratação de dezenas de trabalhadores, utilizandose da sistemática irregular de elaboração de contratos de prestação de serviços com pessoas jurídicas constituídas pelos próprios sócios para mascarar verdadeiras relações de emprego, bem como para complementar a remuneração dos contribuintes individuais (diretores) e dos segurados empregados registrados, não submetendo esta remuneração à incidência das contribuições incidentes. Os elementos caracterizados dessas irregularidades estão minuciosamente descritos das fls. 21 a 102, das quais extraio os excertos a seguir, como elementos de meu convencimento. · O contrato social da autuada define no art. 17 que: “os diretores perceberão remuneração de acordo com os critérios providos pela Assembléia Geral, observados os limites e condições firmados em lei”. Para o período fiscalizado, as atas de reunião do Conselho de Administração fixaram o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para a remuneração global dos diretores, o qual deveria ser reajustado em conformidade com o disposto na legislação aplicável à correção dos salários e consoante os critérios de periodicidade adotados pela política salarial da autuada, incumbindo à diretoria proceder a sua distribuição entre seus membros. Porém, no período fiscalizado foi constatado que apenas o Diretor Presidente, Sr. Marcelo Dias, recebeu o pagamento do prólabore com o valor condizente com a responsabilidade do cargo. · No pagamento da remuneração dos demais diretores, Rodrigo Carneiro de Mendonça Torres, Eduardo Assis Marini e Djaniro da Silva, foi adotada a prática irregular de parte da remuneração do prólabore ser paga de forma indireta, por meio da emissão de notas fiscais de serviços, simultaneamente ao pagamento do prólabore devido a seu registro formal como diretores. Dessa forma, apenas uma parcela do pró labore foi regularmente paga através das folhas de pagamento e teve as respectivas contribuições previdenciárias recolhidas; outra parcela, objeto dos auto de infração, em valores mais substanciais, foi paga indiretamente pela emissão de notas fiscais das sociedades RCMT Engenharia Ltda., Marine Assessoria Empresarial Ltda., e DJ Engenharia e Consultoria SC Ltda. (das quais os segurados são sócios), e, portanto, não foi oferecido a tributação. · Foi verificado – pela consulta aos sistemas de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) – que praticamente toda a receita declarada dos prestadores de serviços (segurados empregados e contribuintes individuais) é oriunda de serviços prestados com exclusividade à Santa Bárbara S.A. De regra, as notas fiscais de serviços das prestadoras de serviços foram emitidas com numeração sequencial, denotando que a prestação de serviços foi feita de forma exclusiva e ininterrupta, tendo sempre como tomador dos serviços a própria autuada. · No período fiscalizado nenhuma das pessoas jurídicas relacionadas pela fiscalização contratou empregados, o que demonstra que o trabalho foi prestado pessoalmente pelos sócios. Fl. 2059DF CARF MF 14 · Além disso, de regra, as notas fiscais de serviços das prestadoras de serviços foram emitidas com numeração sequencial, denotando que a prestação de serviços foi feita de forma exclusiva e ininterrupta, tendo, sempre como tomador dos serviços a própria autuada. · Em diversos casos, além das notas fiscais emitidas mensalmente, referentes aos salários dissimulados, houve emissão extra de duas notas fiscais emitidas em 20 e 22 de dezembro dos anos de 2008 e 2009, o que é condizente com as parcelas da gratificação natalina. Uma primeira nota era emitida no mesmo dia do mês e com o mesmo valor fixo conforme estipulados no contrato de prestação de serviços e a segunda nota era emitida no final de dezembro, com valor mais elevado, o que indica provável pagamento da gratificação natalina, e, em alguns casos, o pagamento de férias ao segurado. · Vários dos segurados empregados e contribuintes individuais, constavam como beneficiários dos planos de saúde da Unimed/Allianz e dos planos de seguro de vida em grupo PasiVera Cruz; entretanto, analisados os lançamentos contábeis referentes àquelas prestadoras de serviços, verificouse que os valores referentes à contrapartida dos segurados, que deveriam ter sido descontados nos seus contracheques, foram deduzidos dos valores a serem pagos pela prestação de serviços das empresas (foram lançados nas contas contábeis 3.1.02.01.0001, 3.1.07.08.0001, 3.2.02.01.0002 e 3.1.07.08.0001). · Na análise das planilhas nominadas “colaboradores seguro de vida Chubb” de vencimento em 30/01/2008, 31/01/2008 e 30/06/2008, fornecidas pela autuada em atendimento ao TIF11, de 28/11/2013, (fls. 238/240), há uma coluna discriminando o salário do "Colaborador". Tais "colaboradores" na realidade se referem a muitos dos segurados citados no relatório fiscal, sendo que os valores constantes na coluna SALÁRIO são bem superiores ao salário constante nas folhas de pagamento/GFIP apresentadas, mas próximos ao valor da soma dos salários pagos como empregados formalmente registrados e do valor recebido através da emissão de notas fiscais de serviços (fls. 238 a 240). · No caso das prestadoras de serviços, a maioria de assessoria e consultoria, tais remunerações fixas mensais repetemse por prazo indeterminado, sendo reajustadas na mesma época dos dissídios da categoria dos empregados da autuada e geralmente sendo interrompidas quando há a rescisão contratual do segurado do quadro funcional da autuada ou por contratação do prestador como empregado. Tal conduta, como já referido, (a) engloba todos os níveis hierárquicos da autuada, a começar pelos diretores, passando pelo nível gerencial de gerentes de contratos e chegando ao nível operacional, desde engenheiros até técnicos de edificações e (b) vem de longa data, visto que foram apresentados contratos com data do ano de 2002, prorrogados até o período fiscalizado. · Conforme já mencionados, muitas das pessoas jurídicas utilizadas para emissão das notas fiscais de serviços foram constituídas em datas próximas à data de assinatura dos contratos de prestação de serviços. · Os contratos de prestação de serviços são padrão, têm o mesmo conteúdo, cláusulas comuns, em geral prazo de vigência indeterminado, descrição do objeto feita de forma genérica e superficial. Os prestadores de serviços são exclusivamente os sócios ou titulares das pessoas jurídicas, que não contratam empregados, e que na pratica prestaram serviços de forma exclusiva ao sujeito passivo. · Em relação aos segurados que não tiveram seus contratos de trabalho formalizados pela autuada, a realidade da relação entre a Santa Bárbara S.A. e as dezenas Fl. 2060DF CARF MF Processo nº 15504.730475/201353 Acórdão n.º 2301005.067 S2C3T1 Fl. 9 15 de pessoas físicas remuneradas por intermédio de notas fiscais (“prestadores de serviços”) é a de contrato de trabalho entre empregador e empregado, sendo verificada a ocorrência dos seguintes pressupostos fáticosjurídicos da relação de emprego, elencados nos arts. 2° e 3° da CLT: (a) pessoalidade – a prestação dos serviços é feita por pessoas físicas, representadas por profissionais da área de engenharia e atividades correlatas, contratadas sob o manto de pessoas jurídicas; a prova da pessoalidade é demonstrada pela própria relação fornecida pelo sujeito passivo em 28/11/2013, mediante intimação através do TIF10, de 17/10/2013, onde identifica os nomes das pessoas físicas responsáveis pela prestação de serviços relacionandoos com as correspondentes pessoas jurídicas identificadas pelo CNPJ, responsáveis pela emissão das notas fiscais de serviços; a prestação pessoal é também corroborada pelas notas fiscais de serviços apresentadas, onde consta expressamente a identificação da pessoa física responsável pela prestação dos serviços escrita à mão no corpo da nota; a pessoalidade fica também evidenciada quando a autuada estende diretamente às pessoas físicas o benefício de seguro de vida e de plano de assistência médica concedidos aos empregados regularmente contratados, por força de convenções coletivas de trabalho; para alguns segurados também é oferecido benefício de auxílio educação; a pessoalidade também está demonstrada pelos inúmeros casos de empregados e contribuintes individuais (diretores) que são remunerados concomitantemente sob as normas da CLT e adicionalmente por intermédio por pessoas jurídicas: o próprio sujeito passivo reconhece a condição de empregado do prestador dos serviços ao formalizar seu contrato de trabalho; (b) não eventualidade – autuada, como visto, tem como objeto a prática serviços de engenharia de construção civil em diversas áreas, envolvendo, dentre outros, a indústria da construção civil em todas as suas modalidades; são esses os trabalhos executados pelos contratados como "prestadores de serviços", consistindo no próprio objeto econômico da autuada, como pode ser visto na discriminação dos serviços contidos nas notas fiscais das PJ e nas cláusulas contratuais; ademais, a prestação de serviços é realizada com habitualidade o que se comprova através da emissão de medições de serviços mensais e da emissão das notas fiscais correspondentes, sequencialmente; os contratos são firmados por período indeterminado ou, quando firmados com prazo determinado, foram sendo prorrogados por termos aditivos; foram encontrados contratos em vigor desde 2002, apontando a necessidade permanente da contratação deste profissionais; (c) onerosidade – as notas fiscais de serviços através das quais foram remunerados os segurados empregados e contribuintes individuais (diretores) irregularmente contratados encontramse devidamente contabilizadas em diversas contas de despesa; esses valores constituem os salários de contribuição dos segurados empregados e contribuinte individuais irregularmente remunerados através da emissão da referidas notas fiscais; (d) subordinação – é incontestável a subordinação hierárquica, uma vez que os segurados empregados recebem a determinação da autuada, tanto dos serviços a serem executados quanto do prazo de execução; os serviços a serem realizados são os contratados com os clientes do sujeito passivo e muitas vezes constam expressamente dos contratos de prestação de serviços firmados com a autuada e que mascaram a relação de emprego existente; tais contratos são uniformes, têm o mesmo padrão, conteúdo, Fl. 2061DF CARF MF 16 cláusulas e outras características, o que, por si só, denuncia a subordinação hierárquica, uma vez que, no universo de dezenas de contratos, em nenhum deles os contratados tiveram possibilidade de colocar quaisquer particularidades ou especificidades na prestação dos serviços; apesar da gama variada de serviços prestados, a regra rígida é imposta a todos, pela subordinação a que estão sujeitos; incontestável também a subordinação jurídica: as ordens são expedidas pela autuada aos profissionais executores dos serviços, com indicação das atividades a serem executadas que são as previstas nos contratos entre a autuada e seus clientes, além das previsões contratuais impostas. Em suma, os elementos fáticos probatórios dos autos não foram afastados pela recorrente e são suficientes para demonstrar que os prestadores de serviços relacionados na autuação eram, de fato, empregados e contribuintes individuais (diretores) vinculados à recorrente. Conclusão Voto, portanto, por (a) REJEITAR as preliminares, e no mérito, (b) NÃO RECONHECER a decadência do crédito tributário e, nas demais questões, (c) NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Bellini Júnior Relator Fl. 2062DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18186.730374/2012-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012
EMBARGOS. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DOS VÍCIOS.
Não há como dar provimento aos embargos que careçam de comprovação dos vícios alegados.
Numero da decisão: 3401-003.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, conhecer e rejeitar os embargos, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que não conheciam dos embargos apresentados. Processo julgado em 28/04/2017.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice Presidente).
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 EMBARGOS. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DOS VÍCIOS. Não há como dar provimento aos embargos que careçam de comprovação dos vícios alegados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, conhecer e rejeitar os embargos, vencidos os Conselheiros Robson José Bayerl, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, que não conheciam dos embargos apresentados. Processo julgado em 28/04/2017. Rosaldo Trevisan Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 73 03 74 /2 01 2- 30 Fl. 1884DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos pela CONTRIBUINTE que questiona o Acórdão nº 3401003.021, que possui a seguinte ementa: ACÓRDÃO N. 3401003.021, DE RECURSO VOLUNTÁRIO. DATA DA SESSÃO: 10 DE DEZEMBRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 DIREITO DE CRÉDITO. PIS E COFINS. MANDATÓRIA OBSERVÂNCIA DA LEGISLAÇÃO. Somente podem ser ressarcidos os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins apurados na forma do art. 3° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 que não puderem ser utilizados no desconto de débitos das respectivas Contribuições, depois do encerramento do trimestrecalendário e se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas resultantes das operações de exportação de mercadorias para o exterior, prestação de serviços a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, e vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação ou se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas resultantes das vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. Cabe ao interessado trazer aos autos elementos que concorram para comprovar a liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. A diligência não deve ser realizada para suprir a inércia da contribuinte em trazer aos autos elementos que concorram aa provar seu direito. Recurso Voluntário negado. Direito creditório não reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário. Fez sustentação oral o Dr. Marcelo Rode Magnani, OAB/SP n.º 324.948, advogado do sujeito passivo. Júlio César Alves Ramos Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Elias Fernandes Eufrásio, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Alega a recorrente que há contradição no acórdão recorrido pois: Fl. 1885DF CARF MF Processo nº 18186.730374/201230 Acórdão n.º 3401003.580 S3C4T1 Fl. 3 3 O Conselheiro Relator afirma que no processo de comercialização de combustíveis derivados de petróleo existem quatro tipos de sujeitos, sendo eles as refinarias, as distribuidoras, os varejistas e os consumidores finais, bem como que existem 3 relações de comercialização, quais sejam: 1a entre refinaria e distribuidoras; 2a entre distribuidoras e varejistas e 3a entre varejistas e consumidores finais. E o relator entende que a recorrente não tem direito ao ressarcimento dos valores pagos indevidamente à título do PIS e da COFINS em face da aquisição de óleo diesel diretamente da distribuidora, uma vez que entende que ela faz parte da cadeia de comercialização e que ela é consumidora final. Entretanto, a embargante aponta que como ela não adquiriu o óleo diesel de varejistas, mas diretamente da distribuidora de combustíveis ela não pode ser considerada consumidora final, como se observa na descrição dos tipos de relação na cadeia de comercialização demonstrada pelo Conselheiro Relator no v. Acórdão, pois, a Embargante interrompe a cadeia de comercialização ao adquirir o óleo diesel diretamente da distribuidora, desde modo assume o ônus do tributo embutido no preço, e não tem para quem repassálo, uma vez que o combustível é utilizado como insumo em seu processo de produção. Ao final pediu que o Colegiado desse provimento ao recurso e se manifestasse a respeito dessa contradição. A admissibilidade foi favorável e os autos, por consequência, chegam a este Colegiado. É o relatório. Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira O recurso é tempestivo e legítimo. Este processo cuida de pedido de reconhecimento de direito creditório e ressarcimento/restituição de PIS e de COFINS, para o período de novembro de 2007 a setembro de 2012, cumulado com restituição e ressarcimento, apresentado em 23/11/2012, que a contribuinte crê ter origem com a aquisição de combustível (óleo diesel) diretamente da distribuidora. A autoridade fiscal verificou que, com relação à apropriação de créditos não haveria óbices na legislação (com relação a combustíveis usados como insumos exclusivamente no transporte de cargas), mas que a contribuinte não o fez em qualquer uma das DACONs apresentadas. Com relação ao direito de crédito com vista a obter ressarcimento ou restituição, a autoridade fiscal constatou que a contribuinte não comprovou as condições previstas em Lei para tanto; que as DACONs apresentadas não tinham qualquer informação sobre receitas de exportação ou sujeitas à alíquota zero ou a não incidência em todo o período. E concluiu: Fl. 1886DF CARF MF 4 Não há previsão legal para o pedido apresentado, tendo em vista que os pedidos de ressarcimento só podem ser realizados se decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas resultantes das operações de exportação de mercadorias para o exterior, prestação de serviços a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, e vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação ou às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência. O ressarcimento solicitado não encontra amparo nas hipóteses de ressarcimento de PIS/Pasep e Cofins, previstas nas Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003 e alterações, acima parcialmente transcritas e nem em nenhuma outra legislação vigente. A autoridade de administração tributária de sua jurisdição indeferiu o pedido pelas razões acima resumidas, e esse indeferimento foi mantido na 1ª e na 2ª instância por falta de previsão legal e por falta de comprovação dos direitos. De fato, o acórdão embargado ao apreciar o caso propôs a descrição do processo de comercialização de derivados de petróleo como tendo quatro tipos de sujeitos e 3 relações comerciais entre eles. E que a contribuinte seria consumidora final, apesar dela alegar que adquiriu o óleo diesel direto da distribuidora. Trecho do voto da decisão recorrida: Os combustíveis derivados de petróleo são comercializados em um processo em que temos quatro tipos de atores: as refinarias, as distribuidoras, os varejistas e os consumidores (finais). Podemos visualizar que haja 3 relações de comercialização: a 1ª entre a refinaria e as distribuidoras, a 2ª entre a distribuidora e as varejistas, a 3ª entre a varejista e os consumidores finais. A contribuinte afirma não fazer parte da cadeia de comercialização e também não ser a consumidora final, mas que é ela que interrompe a cadeia e assume o ônus do tributo embutido no preço e não ter para quem repassar esse custo. Data vênia, creio que a contribuinte faz parte da cadeia de comercialização e ela é a consumidora final, aquele que consome efetivamente o produto em seu processo de prestação de serviço ou de produção. O preço de aquisição desse produto ingressa em sua operação como custo, elemento que é fundamental no seu preço de venda e em sua margem de resultado e de lucro. Como vimos nas considerações apresentadas no início deste voto sobre o regime monofásico, não encontra respaldo na legislação a argumentação da contribuinte de que ela é a contribuinte de fato no regime monofásico, enquanto que a refinaria é apenas a contribuinte de direito. E a recorrente argumentara, no recurso voluntário, que ela havia interrompido a seqüência de comercialização pelo fato de ter adquirido o diesel da distribuidora e não ter a quem repassar o produto, e que os valores dessas contribuições sociais estão no preço de venda da distribuidora para a contribuinte. Trecho do recurso voluntário: Ê justamente nesse ponto que se encontra o erro do despacho decisório proferido e ora combatido. Fl. 1887DF CARF MF Processo nº 18186.730374/201230 Acórdão n.º 3401003.580 S3C4T1 Fl. 4 5 Primeiramente, cumprenos observai que a distribuidora, ao vender o combustível para a ora Recorrente, embute no preço a alíquota concentrada de PIS e COFINS, pois presume que tal encargo será transferido ao consumidor final quando da geração de receita na alienação do combustível pelos elos posteriores da cadeia de comercialização. Ocorre que o Contribuinte Recorrente compra direito da distribuidora, porém não realiza o fato gerador presumido, uma vez que não aliena tais combustíveis, mas sim, abastece sua frota para a realização de sua atividade fim, razão peia qual faz pleno direito a restituição imediata e preferencial conforme os ditames da Constituição Federal. Recordemos que a embargante entende que há contradição quando a decisão colegiada afirma que no processo de comercialização de combustíveis derivados de petróleo existem quatro tipos de sujeitos, sendo eles as refinarias, as distribuidoras, os varejistas e os consumidores finais, bem como que existem 3 relações de comercialização, quais sejam: 1a entre refinaria e distribuidoras; 2a entre distribuidoras e varejistas e 3a entre varejistas e consumidores finais, mas, ao mesmo tempo, localiza a contribuinte – empresa de transportes – como consumidora final (parte do 3º tipo de relação), apesar dela adquirir o diesel diretamente da distribuidora (parte do 2º tipo de relação). Além disso, em sua visão, o acórdão conclui que a recorrente não tem direito ao ressarcimento dos valores pagos indevidamente à título do PIS e da COFINS em face da aquisição de óleo diesel diretamente da distribuidora, uma vez que entende que ela é consumidora final. E esse ponto tem vinculação com sua defesa de que, como ela não adquiriu o óleo diesel de varejistas, mas diretamente da distribuidora de combustíveis ela não pode ser considerada consumidora final, como se observa na descrição dos tipos de relação na cadeia de comercialização demonstrada pelo Conselheiro Relator no v. Acórdão, pois, a Embargante interrompe a cadeia de comercialização ao adquirir o óleo diesel diretamente da distribuidora, desde modo assume o ônus do tributo embutido no preço, e não tem para quem repassálo, uma vez que o combustível é utilizado como insumo em seu processo de produção. Vejamos os seus argumentos originais: Assim, é do se notar que as refinarias de combustível são instituições que visam obter lucro em suas operações e, obviamente, para alcançálo, dentre outros cálculos, embutem sim, nos seus preços, o PIS s a COFINS ao venderem combustível para as distribuidoras. Estas, por sua vez, também visam o lucro quando revendem seus combustíveis e, portanto, repassam ao próximo elo da cadeia de comercialização, no seu preço, o PIS e a COFINS concentrados, que pagou para a refinaria e a refinaria recolheu aos cofres públicos. Não enxergar a questão sob essa ótica, é negar a tributação monofásica e, principalmente, a não cumulativídade a que estão sujeitas as contribuições em questão. Fl. 1888DF CARF MF 6 Dessa forma, apesar de sair da distribuidora com alíquota zero, a legislação presume que o próximo elo da cadeia revenderá o combustível adquirido, o que não acontece no caso em tela. Portanto, se a Impugnante não se restituir do valor sobre o insumo, estará pagando imposto em cascata ao compor a base de cálculo com seu faturamento bruto, uma vez que para fabricar e depois vender e obter receita com sua atividade fim precisou comprar óleo diesel e por isso pagou PIS e COFINS com a alíquota concentrada, embutido nas vendas da refinaria para a distribuidora e da distribuidora para a impugnante. (...) Ora, Nobre Julgador, no caso em tela o óleo diesel que é adquirido diretamente da distribuidora é empregado totalmente no processo de produção, nos exatos termos acima declinados, o que deixa claro o direito da Manifestante em ver restituído o valor que pagou embutido no preço. (... ) No caso vertente, o contribuinte de fato é a Manifestante Recorrente, ao passo que o contribuinte de direito é a refinaria, que sofre incidência concentrada e majorada de alíquota. Quando a Recorrente quebra a cadeia de comercialização do combustível, no caso o óleo diesel, ela assume o posto de contribuinte de fato, pois suporta o ônus da tributação concentrada, quando paga o preço pedido pela distribuidora, que, por sua vez, pagou no preço do óleo diesel que adquiriu as alíquotas concentradas pela refinaria. Não ter direito ao crédito peta aquisição do insumo e cobrar do contribuinte de fato o imposto em cascata, é vedado pela não cumulatívidade, A meu ver, esses elementos são suficientes para justificar a suspeita da aparente contradição alegada pela recorrente e, por decorrência, para propor a sua submissão, hoje, à apreciação deste Colegiado. Prosseguindo a apresentação do contraditório, pareceme necessário esclarecer que a descrição do processo de comercialização (com 4 tipos de sujeitos e 3 tipos de relações de comercialização) não pretende, nem conseguiria, abarcar todas as possibilidades da variação no plano da realidade. A descrição tem um propósito modesto de conceituar e organizar nossos juízos da realidade. Por exemplo, a priori, seria possível pensarmos que um varejista ou um consumidor final possa adquirir derivado de petróleo diretamente da refinaria, contrariando a descrição teórica do processo de comercialização. Essas possibilidades não seriam contraditórias com a descrição, mas apenas exceções à regra geral. Por outro lado, a qualidade de ser consumidora final não depende de que o sujeito adquira de um varejista, mas depende, sim, de que ela consuma o produto, e que não o comercialize – como é o caso da Embargante. Ou seja, não é uma contradição, quando comparado com a descrição do processo de comercialização, o fato da contribuinte ser uma empresa prestadora de serviços de transportes e ser consumidora final do diesel que adquiriu de distribuidora de derivados de petróleo. Em meu entendimento isso poderia ser uma exceção à descrição geral do processo de comercialização. Fl. 1889DF CARF MF Processo nº 18186.730374/201230 Acórdão n.º 3401003.580 S3C4T1 Fl. 5 7 Ressalto que o processo de comercialização é o mesmo, seja o regime de substituição tributária, seja o regime monofásico das contribuições sociais em comento. E a contribuinte está a invocar regras do regime de substituição tributária para aplicalas ao regime monofásico, alegando como base o princípio da não cumulatividade previsto na Constituição Federal. E os períodos de apuração a que ela se refere pertencem à etapa de vigência do regime monofásico. O diesel tem tributação de PIS e COFINS concentrada na refinaria, e nas operações de comercialização desse produto ele passou a sofrer tributação com alíquota zero. Como explicado no voto, não base legal para reconhecer o direito creditório pretendido nos termos definido pela situação em que a contribuinte se localiza na comercialização desse produto. Além disso, a contribuinte peticionou o reconhecimento do direito creditório remetendo à legislação que se aplica ao creditamento sobre receitas de exportações. Mas, como apontado desde a Informação proferida pela autoridade fiscal, a contribuinte não trouxe elementos que comprovasse seu pretenso direito. Por essas razões, entendo que o Colegiado deveria conhecer dos Embargos, mas negarlhe provimento. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 1890DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.008465/00-98
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 11 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000
PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS PELO IPI. RECEITA DE EXPORTAÇÃO E RECEITA OPERACIONAL BRUTA. POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO.
Para determinação da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, deve ser incluído em ambas o montante relativo à exportação de produtos não tributados pelo IPI.
No caso dos autos, tendo em vista que a parcela relativa à venda de produtos destinados à exportação não sujeitos à tributação pelo IPI (NT) foi excluída também da receita de exportação, com o intuito de ser mantida a coerência econômica da relação existente entre receita de exportação e receita operacional bruta, para se chegar no índice a ser aplicado sobre o valor das aquisições, mantém-se igualmente a exclusão da referida verba do conceito de receita operacional bruta.
Numero da decisão: 9303-004.963
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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CRÉDITO PRESUMIDO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CARAMURU ALIMENTOS S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS PELO IPI. RECEITA DE EXPORTAÇÃO E RECEITA OPERACIONAL BRUTA. POSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO. Para determinação da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, deve ser incluído em ambas o montante relativo à exportação de produtos não tributados pelo IPI. No caso dos autos, tendo em vista que a parcela relativa à venda de produtos destinados à exportação não sujeitos à tributação pelo IPI (NT) foi excluída também da receita de exportação, com o intuito de ser mantida a coerência econômica da relação existente entre receita de exportação e receita operacional bruta, para se chegar no índice a ser aplicado sobre o valor das aquisições, mantémse igualmente a exclusão da referida verba do conceito de receita operacional bruta. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 84 65 /0 0- 98 Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 527 2 (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 441 a 451) com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67, ambos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 3401001.416 (fls. 509 a 516) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 02/06/2011, no sentido de “[...] não conhecer do recurso quanto às aquisições de pessoa física e cooperativa, por ter sido a matéria submetida ao Poder Judiciário, e na parte conhecida dar provimento para excluir os valores das receitas referentes aos produtos NT do percentual a ser aplicado na base de cálculo do Crédito Presumido do IPI e para aplicar a Selic sobre o valor ressarcido, desde o protocolo do pedido [...]”. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 NORMAS PROCESSUAIS. OPÇÃO PELA VIA JUDICIAL. DESISTÊNCIA DA ESFERA ADMINISTRATIVA. SÚMULA CARF Nº 1, DE 2009. No termos da Súmula CARF nº 1, de 2009, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RECEITA OPERACIONAL BRUTA. EXCLUSÃO. Na determinação da base de cálculo do crédito presumido do IPI, o montante correspondente à exportação de produtos não tributados (NT) Fl. 527DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 528 3 deve ser excluído no cálculo do incentivo, tanto no valor da receita de exportação quanto no da receita operacional bruta. RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. OPOSIÇÃO DO FISCO AO APROVEITAMENTO. JUROS SELIC. APLICABILIDADE. STJ. RECURSO REPETITIVO. Consoante interpretação do Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recurso repetitivo, a ser reproduzida no CARF conforme o art. 62A do Regimento Interno deste Tribunal Administrativo, alterado pela Portaria MF nº 586, de 2010, é devida a incidência da Selic no ressarcimento do IPI quando há oposição ilegítima do Fisco. Recurso não conhecido em parte, face à opção pela via judicial, e provido no restante. (grifouse) Para retratar o desenrolar dos fatos ocorridos nos presentes autos, adotase o relatório constante da decisão recorrida, com os acréscimos devidos, in verbis: [...] Tratase de Recurso Voluntário contra acórdão da 3ª Turma da DRJ que indeferiu Manifestação de Inconformidade em pedido de ressarcimento do Crédito Presumido requerido com base na Lei nº 9.363/96. Ao ressarcimento foi cumulada Declaração de Compensação (DCOMP). Na origem o pleito foi deferido parcialmente pela Delegacia da RFB em GoiâniaGO. Na Manifestação de Inconformidade a contribuinte contesta as glosas relativas a aquisições de insumos a pessoas físicas ou cooperativas (1), a receita de exportação de produtos NT (2) e a não concessão da taxa Selic sobre a parte deferida (3). A DRJ, em levando em conta que em 23/11/2007 a empresa ingressou com Mandado de Segurança nº 2007.35.00.0240031 contra o Delegado da DRF em Goiânia, defendendo o direito ao Crédito Presumido sobre as aquisições de insumos a pessoas físicas ou cooperativas, aplicou o art. 20 da IN SRF nº 600/2005 para considerar que o pleito deve ser indeferido. Considerou, no entanto, que a parte do Crédito Presumido já reconhecido na origem não mais pode ser alterada, porque a ação judicial teve início em data posterior à homologação (parcial) da compensação. No mais, teceu, a título elucidativo, considerações segundo as quais as exportações de produtos NT não dão direito ao benefício em questão a Selic não deve ser aplicada em ressarcimento. No Recurso Voluntário, tempestivo, a contribuinte alega que o art. 20 da IN SRF nº 600/2005 não se aplica ao caso em análise eis que, no momento do protocolo do Pedido, não havia qualquer discussão judicial. Destacando o parágrafo único do citado artigo, argúi que norma por ele veiculada aplicase ao momento do envio do pedido de ressarcimento e da declaração de compensação. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 529 4 Também observa que o Mandado de Segurança questiona exclusivamente a glosa relativa a aquisições de pessoas físicas ou cooperativas, enquanto a Manifestação de Inconformidade é mais ampla, por contemplar, também, as exportações de produtos NT e a Selic. Menciona, em prol de sua argumentação, o Acórdão nº 20215385, Recurso nº 122.775, tratando do art. 8º, § 6º, da IN SRF nº 21/97 (segundo a Recorrente este dispositivo equivale ao art. 20 da IN SRF nº 600/2005). Em seguida a Recorrente repisa alegações contidas na Manifestação de Inconformidade, defendendo a inclusão, no cálculo do incentivo, dos insumos adquiridos a pessoas físicas ou cooperativas e das exportações NT, além da taxa Selic a ser aplicada a titulo de “atualização” da parcela do Crédito Presumido deferido. Conclui requerendo lhe seja reconhecido o direito creditório pleiteado ou, caso este Colegiado entenda que a Manifestação de Inconformidade não foi integralmente apreciada, vez que a DRJ tratou das glosas a “título elucidativo”, seja determinado o retorno à primeira instância, para apreciação de todos argumentos de mérito, evitando assim supressão de instância. Em cumprimento à sentença proferida no Mandado de Segurança, que reconheceu o direito sobre as aquisições a pessoas físicas ou cooperativas, os cálculos foram refeitos na origem, para inclusão da glosa respectiva. Ao refazer os cálculos, a DRF de Goiânia observou que a parcela acrescida em razão da ação mandamental somente poderá ressarcida ou utilizada em compensação após o trânsito em julgado (Informação Fiscal Seort/DRF/GOI nº 476, de 10/08/2010, item 29, “c”). Em seguida encaminhou este processo ao CARF, para julgamento da parte do Recurso Voluntário não abrangido pelo Mandado de Segurança (Informação Fiscal Seort/DRF/GOI nº 476, de 10/08/2010, item 29, “d”). É o relatório. [...] (grifouse) O resultado do julgamento do recurso voluntário interposto pela Contribuinte, nos termos do Acórdão nº 3401001.416 (fls. 509 a 516), ora recorrido, foi no sentido de: (a) Não conhecer do recurso voluntário quanto às aquisições de pessoas físicas e cooperativas, tendo em vista o ajuizamento de ação judicial submetendo a matéria ao exame do Poder Judiciário; (b) Na parte conhecida, dar provimento para excluir os valores das receitas decorrentes da exportação dos produtos não tributados pelo IPI (NT) da receita operacional bruta e da receita de exportação, para fins de determinação da base de cálculo do crédito presumido do IPI, bem como para determinar a aplicação da taxa Selic sobre o montante a ser ressarcido, desde a data do protocolo do pedido. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 530 5 Em face da referida decisão, a FAZENDA NACIONAL interpôs recurso especial (fls. 441 a 451), alegando divergência jurisprudencial quanto às matérias em que restou sucumbente, a saber: (a) incidência da taxa Selic sobre o valor a ser ressarcido, desde o protocolo do pedido, indicando como paradigmas os acórdãos nºs 20217.842 e 202 16.844; e (b) exclusão das receitas decorrentes da exportação dos produtos NT da receita operacional bruta e da receita de exportação, para cálculo do crédito presumido de IPI, trazendo como paradigma o acórdão nº 20179.254. Foi admitido parcialmente o recurso especial da Fazenda Nacional, por meio do despacho nº 340000.146, de 31 de agosto de 2012 (fls. 518 a 519), proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial tão somente com relação aos produtos exportados NT. Restou seguimento quanto à correção do direito creditório a ressarcir pela taxa Selic, pois a legislação que fundamentou os paradigmas é diversa daquela regente da decisão recorrida, na qual houve a obrigatoriedade de aplicação do entendimento do STJ, em sede de recursos repetitivos, pela incidência da taxa Selic. Nas razões recursais, na parte que teve seguimento, aduziu a Fazenda Nacional que: (a) O acórdão recorrido, ao decidir pela exclusão dos produtos NT da receita operacional bruta e da receita de exportação, contrariou a jurisprudência deste Conselho e a norma inserta no art. 2º da Lei nº 9.363/96, indo de encontro à sistemática criada pelo legislador para o cálculo do crédito presumido do IPI; (b) A norma tem por objetivo traduzir a real quantidade de insumos adquiridos para industrialização de produtos a serem exportados, como forma de beneficiar o setor econômico. O entendimento exarado pela decisão recorrida desvirtua a proporcionalidade do cálculo referido, pois se excluídos os valores dos produtos NT do cálculo da “receita operacional bruta”, denominador da fração referida no art. 2º da Lei nº 9.363/96, prejudicada estará a rubrica e, assim, o cálculo do crédito presumido de IPI; (c) A fração “receita de exportação/receita operacional bruta” busca determinar a representatividade das exportações dos produtos produzidos e exportados pelo Contribuinte dentro do volume de operações da empresa, cujo resultado, multiplicado ao valor total dos insumos adquiridos pelo produtorexportador, indicará a proporção dos insumos aplicados aos produtos exportados pelo contribuinte, que com a aplicação do percentual de 5,37% levará ao valor real do crédito de IPI; (d) Por fim, requer seja provido o recurso para determinar a inclusão dos valores relativos à exportação de produtos NT no cálculo da receita operacional bruta, mantendo hígida a fração estabelecida pela Lei. Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 531 6 Devidamente intimado, o Sujeito Passivo apresentou contrarrazões (fls. 482 a 503), requerendo a negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, por consequência, a manutenção do acórdão recorrido. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vigente à época de sua interposição, e reproduzido no RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com alterações posteriores, devendo, assim, ser conhecido. No mérito, cingese a controvérsia à possibilidade de exclusão dos valores decorrentes da exportação de produtos não tributados pelo IPI (NT) da receita operacional bruta, para fins de determinação da base de cálculo do crédito presumido do IPI estabelecido pela Lei nº 9.363/96. Ainda, restou assentado nos presentes autos o entendimento de que referido montante relativo aos produtos exportados NT deve ser excluído da receita de exportação, não tendo sido essa determinação objeto de insurgência pelas partes envolvidas no processo administrativo. Sobre a definição da relação entre receita de exportação e receita operacional bruta, para fins de determinação da base de cálculo do crédito presumido de IPI, esta 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais manifestouse nos seguintes termos, conforme se depreende da fundamentação do voto da lavra do Ilustre exConselheiro Henrique Pinheiro Torres, no acórdão nº 930301.606, na sessão do dia 30/08/2011, in verbis: [...] DA INCLUSÃO DOS VALORES CORRESPONDENTES ÀS EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS POR TERCEIROS, NO CÁLCULO DA RECEITA DE EXPORTAÇÃO. No tocante à inclusão no cálculo da receita operacional bruta dos valores correspondentes às vendas para o exterior de produtos adquiridos de terceiros, para determinação da relação percentual entre a receita de exportação e a receita operacional bruta, ao meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela inclusão de tais valores tanto no cálculo da receita de exportação quanto no da receita operacional bruta. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 532 7 Explico: a Lei 9.363/1996, ao instituir o benefício, mesclou conceitos próprios do IPI com outros do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica “emprestados” às contribuições, senão vejamos: Art. 3º Para os efeitos desta Lei, a apuração do montante da receita operacional bruta, da receita de exportação e do valor das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem será efetuada nos termos das normas que regem a incidência das contribuições referidas no art. 1º, tendo em vista o valor constante da respectiva nota fiscal de venda emitida pelo fornecedor ao produtor exportador. Receita Operacional Bruta e Receita de Exportação são conceitos afeitos ao imposto de Renda da Pessoa Jurídica e, por empréstimo, às contribuições, enquanto a definição de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, produção e produtor intrínseca ao IPI. Em razão disso, a norma do parágrafo único desse artigo determina a aplicação subsidiária da legislação desses tributos na conceituação dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, de matériaprima, de produtos intermediários e de materiais de embalagem, verbis: Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem. Por outro lado, a Portaria MF 129/1995, de 05 de abril de 1995, em seu art. 2º, § 2º, inc. II definiu, para efeito de cálculo do crédito presumido, a receita de exportação como o produto da venda para o exterior de mercadorias nacionais. Com essa definição, não se pode inferir que as vendas para o exterior de produtos não industrializados diretamente pelo produtor/exportador devam ser expurgadas do cálculo da receita de exportação, pois o texto legal não faz qualquer distinção no tocante à tributação dos produtos, ao contrário, trata os de forma genérica, condicionando apenas que sejam "mercadorias nacionais". Em termos econômicos, também não faz sentido essa exclusão, a não ser que a parcela fosse de igual maneira excluída da receita operacional bruta, de forma a evitar distorção no índice a ser aplicado sobre o valor das aquisições, pois do contrário, estarseia alterando artificialmente, sem respaldo legal, a relação entre a receita de exportação e a operacional bruta. Esclareçase, por oportuno, que não se está aqui reconhecendo direito ao crédito presumido pertinente às aquisições desses produtos, que, sem qualquer industrialização adicional efetuada pelo adquirente, são por ele exportados. Uma coisa é estabelecerse o coeficiente entre a receita de exportação e a operacional bruta, outra bem diferente é definir os insumos em que predito coeficiente será aplicado para determinação das “aquisições incentivadas”. [...] Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10120.008465/0098 Acórdão n.º 9303004.963 CSRFT3 Fl. 533 8 No caso dos autos, tendo em vista que a parcela relativa à venda de produtos destinados à exportação não sujeitos à tributação pelo IPI (NT) foi excluída também da receita de exportação, com o intuito de ser mantida a coerência econômica da relação existente entre receita de exportação e receita operacional bruta, mantémse igualmente a exclusão da referida verba do conceito de receita operacional bruta. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 533DF CARF MF
score : 1.0