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Numero do processo: 11831.001781/2001-82
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 9202-000.019
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, para complementação da admissibilidade do Recurso Especial.
(Assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, para complementação da admissibilidade do Recurso Especial. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso em diligência, para complementação da admissibilidade do Recurso Especial. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Recurso Especial do Contribuinte de efls. 213 a 250 e anexos de e fls. 251 a 439, onde se insurge o recorrente contra o Acórdão nº 2102001.124, da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, prolatado na sessão plenária de 16 de março de 2011 (efls. 198 a 206), de ementa e decisão a seguir transcrita. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 18 31 .0 01 78 1/ 20 01 -8 2 Fl. 462DF CARF MF Processo nº 11831.001781/200182 Resolução nº 9202000.019 CSRFT2 Fl. 463 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. REVOGAÇÃO DA ISENÇÃO CONCEDIDA NO DECRETOLEI Nº 1.510, DE 1976. O ganho de capital apurado nas alienações de participações societárias efetuadas após 01/01/1989 está sujeito ao imposto de renda, ainda que, nesta data, a participação societária já contasse com mais de cinco anos no domínio do alienante. Recurso Voluntário Negado Decisão: Por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Giovanni Christian Nunes Campos e Vanessa Pereira Rodrigues Domene que reconheciam a isenção sobre 7.950 ações. Declarouse impedido o Conselheiro Carlos André Rodrigues Pereira Lima. O referido recurso foi objeto de exame de admissibilidade consoante despacho de efls. 440 a 443, onde se foi dado seguimento ao recurso do contribuinte, tendo sido ali analisadas as seguintes matérias: (a) manutenção da propriedade da participação societário e a inexistência de nova aquisição decorrente de transformação societária; e (b) não incidência do IR na venda de participação societária. Cientificada a Fazenda Nacional do Recurso Especial de iniciativa do contribuinte, em 08/01/2013, esta apresenta, em 22/01/2013, contrarrazões de efls. 445 a 460, também se circunscrevendo, ali, às duas matérias supracitadas. É o relatório no que tange ao necessário ao atual deslinde do feito. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior. Quanto ao conhecimento do Recurso, compulsando o pleito do contribuinte à luz do despacho de admissibilidade respectivo (anexado às efls. 440 a 443), verificase que não houve manifestação, quando do exame de admissibilidade, acerca da seguinte matéria, constante do item II.C do pleito da contribuinte (efls. 228 a 230): erro no julgamento, tendo inclusive colacionado o contribuinte, a propósito, os paradigmas de efls. 330 a 343. Assim, preliminarmente à análise de mérito, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, promovendose o retorno dos autos à Presidência da 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, a fim de que esta se manifeste acerca da admissibilidade da matéria objeto do Recurso Especial do contribuinte ainda não tratada no âmbito do despacho de efls. 440 a 443 (qual seja, argumentação de divergência quanto a "erro no julgamento", consoante item II.C, de efls. 228 a 230 e paradigmas de efls. 330 a 343), com posterior retorno a esta 2a. Turma, para fins de prosseguimento do feito no âmbito desta CSRF. É como voto. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 11831.001781/200182 Resolução nº 9202000.019 CSRFT2 Fl. 464 3 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Fl. 464DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.909941/2012-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2010
ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN.
Em processos que decorrem da não-homologação de declaração de compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN).
MOMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972.
Seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão.
Numero da decisão: 3401-003.564
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. O Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira votou pelas conclusões, por entender que o pedido não era certo e determinado, e lhe faltava fundamento.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl , Augusto Fiel Jorge dOliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araujo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2010 ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem da não-homologação de declaração de compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). MOMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão.
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PAGAMENTO INDEVIDO OUA MAIOR COFINS Recorrente GRG COMERCIO IMPORTADORA E EXPORTADORA DE EQUIPAMENTOS REPROGRAFICOS EIRELI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2010 ÔNUS DA PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGO 170 DO CTN. Em processos que decorrem da nãohomologação de declaração de compensação, o ônus da prova recai sobre o contribuinte, que deverá apresentar e produzir todas as provas necessárias para demonstrar a liquidez e certeza de seu direito de crédito (artigo 170, do CTN). MOMENTO DE PRODUÇÃO DE PROVA. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. ARTIGOS 16 E 17 DO DECRETO Nº 70.235/1972. Seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 99 41 /2 01 2- 33 Fl. 86DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. O Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira votou pelas conclusões, por entender que o pedido não era certo e determinado, e lhe faltava fundamento. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl , Augusto Fiel Jorge d’Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araujo Branco. Relatório O processo administrativo ora em análise trata de PER/DCOMP, cujo crédito teria origem em recolhimento da Cofins efetuado a maior. Conforme despacho decisório, a compensação declarada não foi homologada, pelos seguintes motivos: “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Ou seja, como a contribuinte declarou dever o exato montante do valor do DARF pago, o despacho decisório não identificou qualquer pagamento a maior ou indevido a justificar o direito de crédito alegado, indeferindo o pedido. Após ser intimada, a ora Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte ("DRJ"), por decisão que possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS. Anocalendário: 2010 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo”. Intimada dessa decisão, a ora Recorrente apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário, pelo qual requereu a reforma do acórdão recorrido, com base nos seguintes argumentos: (i) nulidade da decisão recorrida, pois estaria impondo condições ao direito de compensar da Recorrente e por utilizar fundamento para nãohomologação que não encontraria amparo na Lei; (ii) haveria falta de amparo legal e regulamentar no fundamento utilizado para a nãohomologação da compensação, pois não haveria obrigação de retificar a DCTF do período em que se verificou o crédito; (iii) não haveria como se reconhecer válida a emissão de despacho decisório eletrônico; (iv) o crédito seria legítimo; e (v) não teria ocorrido preclusão na produção de provas. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10830.909941/201233 Acórdão n.º 3401003.564 S3C4T1 Fl. 3 3 Em seguida, os autos foram remetidos à Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.542, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.902391/201311, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3401003.542): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. A questão a ser decidida pelo Colegiado no processo ora em julgamento diz respeito ao direito probatório em pedido de restituição com declaração de compensação. Como regra, o artigo 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) estabelece que o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito, e ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A respeito, comenta a doutrina: "compete, em regra, a cada uma das partes o ônus de fornecer os elementos de prova das alegações de fato que fizer. A parte que alega deve buscar os meios necessários para convencer o juiz da veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão/exceção, afinal é a maior interessada no seu reconhecimento e acolhimento".1 Nessa linha, a Lei nº 9.784/1999, que regula os processos administrativos federais, determina: "Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei". (grifos nossos) Assim, como esse Colegiado já teve a oportunidade de decidir, "o ônus da prova atua de forma diversa em processos decorrentes de lançamento tributário, no qual cabe ao Fisco provar a ocorrência do fato gerador, e em processos relativos a pedidos de ressarcimento e compensação, em que cabe ao contribuinte provar o seu direito de crédito". (Acórdão nº 3401 003.204; Data da Sessão: 23/08/2016: Relator: Augusto Fiel Jorge d'Oliveira) 1 Curso de Direito Processual Civil. Vol. 02. Fredie Didier Jr., Paula Braga, Rafael de Oliveira. Edição 2013. Editora Juspodivm. p. 8185. Fl. 88DF CARF MF 4 Quanto ao momento de produção de prova, seguindo o disposto no artigo 16, inciso III e parágrafo 4º, e artigo 17, do Decreto nº 70.235/1972, a regra geral é que seja apresentada no primeiro momento processual em que o contribuinte tiver a oportunidade, seja na apresentação da impugnação em processos decorrentes de lançamento seja na apresentação de manifestação de inconformidade em pedidos de restituição e/ou compensação, podendo a prova ser produzida em momento posterior apenas de forma excepcional, nas hipóteses em que "a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos", sob pena de preclusão. Dessa maneira, no presente processo, que trata de declaração de compensação, o ônus da prova cabe à Recorrente, sendo que o momento adequado para a apresentação das razões de fato e de direito, com amparo em toda prova necessária para tanto, se dá por ocasião do protocolo de sua Manifestação de Inconformidade ao despacho eletrônico que não homologou a compensação. O fundamento para a negativa do pedido foi a não retificação da DCTF pela Recorrente, o que implicou uma coincidência entre valores devidos e pagos a título de COFINS. Assim, não identificou a Administração Tributária qualquer pagamento a maior ou indébito a ser restituído ou compensado. Na linha do que vem decidindo o CARF, a retificação de DCTF não é condição para a homologação de compensação, sendo, na realidade, necessário que o indébito esteja devidamente provado. Assim, uma vez não homologada a compensação da Recorrente, caberia a ela, na apresentação de sua Manifestação de Inconformidade, demonstrar o indébito, o que poderia ser feito, inicialmente, com a exposição do valor que foi pago e do que, a seu entender deveria ter sido pago, a gerar a diferença. Segundo, as razões de fato ou de direito que levam a conclusão de que os valores efetivamente pagos o foram de forma indevida. Terceiro, a juntada da documentação comprovando a ocorrência do indébito, o que, a depender do caso, exigiria documentos contábeis, notas fiscais etc. Porém, em sua Manifestação de Inconformidade, para sustentar o seu direito de crédito, a Recorrente alega apenas o seguinte: A Impugnante, ao calcular o quantum debeatur da exação, utilizouse de base de cálculo com valores que indevidamente a integravam, ou seja, de base de cálculo ampliada. Incluiu nesta base de cálculo, não só a receita decorrente de seu faturamento, ou seja, de suas vendas, mas sim as demais receitas que não devem compôlo. Para tanto, utilizouse de algumas teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10830.909941/201233 Acórdão n.º 3401003.564 S3C4T1 Fl. 4 5 aos contribuintes, a exemplo a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinadas despesas, etc. Por esta razão é que postulou a restituição/compensação do valor que pagou a maior desta exação. Como se verifica, a Recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o seu direito de crédito. Muito embora não tenha citado qualquer fundamento legal ou os precedentes nos quais teriam sido apreciadas a tese jurídica que ampararia o seu direito de crédito, a Recorrente parece estar se referindo à declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 585.235, pelo Supremo Tribunal Federal (“STF”), que depois reconheceu a repercussão geral da questão constitucional nos RE nº 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG. Sem adentrar na ausência de exposição pela Recorrente do fundamento legal e regulamentar que autorizaria a aplicação de tal entendimento ao seu caso concreto, a possibilitar a apresentação de sua declaração de compensação, haja vista que nem toda declaração de inconstitucionalidade pelo STF permitirá a compensação tributária (artigo 43, parágrafo 3º, alínea f, da Instrução Normativa nº 900/2008), percebese que a Recorrente não se preocupa em conferir liquidez e certeza ao direito de crédito alegado. Ainda que se admita que o fundamento do direito de crédito seja a inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei nº 9.718/1998 e que tal fundamento seja aplicável à Recorrente, essa alegação, por si só, não justifica o direito de crédito. A Recorrente deveria demonstrar que efetivamente realizou o recolhimento de COFINS a maior, sobre uma receita que não poderia se sujeitar à tributação, pela apresentação de demonstrativo das receitas apuradas naquele mês, identificação das receitas que foram incluídas indevidamente, com o suporte contábil e documentação fiscal correspondente. Contudo, nada disso foi apresentado, nem o valor que foi pago a maior e outros elementos, ainda que incompletos, que pudessem servir de princípio de prova. Em seu Recurso Voluntário, a Recorrente procura desenvolver aquilo que havia afirmado na Manifestação de Inconformidade, dessa vez, citando o dispositivo declarado inconstitucional e identificando os precedentes, e inova, em contrariedade ao que antes havia informado sobre a origem do crédito. O direito de crédito não mais seria em razão da inconstitucionalidade de dispositivo da Lei nº 9.718/1998, mas também em razão da exclusão do ICMS da base de cálculo da COFINS, argumento que já nem poderia ser conhecido, em razão dos efeitos da preclusão (artigo 17 do Decreto nº 70.235/1972). Fl. 90DF CARF MF 6 De qualquer maneira, novamente, a Recorrente se limita a indicar a tese jurídica de forma geral, sem expor, no seu caso concreto, a origem do crédito, que operações realizou, em que valor, o que foi indevidamente incluído na base de cálculo, e também não apresenta qualquer documentação que pudesse dar suporte ao direito de crédito alegado. Portanto, a declaração de compensação apresentada pela Recorrente, sem qualquer prova da origem do crédito, não pode prosperar, estando correta a decisão recorrida na manutenção da nãohomologação, em perfeita harmonia com o disposto nos artigos 170 do CTN, e 74 da Lei nº 9.430/1996, que prevêem como requisito para a compensação tributária a existência de crédito líquido e certo. Por fim, quanto à questão prejudicial levantada pela Recorrente, de nulidade do despacho decisório, penso que deve ser rejeitada. A Recorrente alega que sua fundamentação não seria adequada e não permitiria conhecer os motivos da não homologação. Porém, apesar de o despacho ser objetivo, o mesmo permite a compreensão dos motivos para a não homologação, não se verificando qualquer prejuízo à defesa da Recorrente. Assim, considerando válido o despacho decisório que gerou o presente processo, devidamente enfrentada a questão essencial para o julgamento da lide, quanto à prova do direito de crédito, e não sendo as demais alegações levantadas pela Recorrente capazes de superar a ausência de prova do direito de crédito e a afastar a decisão que manteve a nãohomologação da compensação, proponho ao Colegiado negar provimento ao Recurso Voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente. Rosaldo Trevisan Relator Fl. 91DF CARF MF
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Numero do processo: 13924.000006/2003-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999, 2000, 2001
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. SÚMULA CARF Nº 103.
Não se conhece do recurso de ofício que envolve valor inferior ao limite de alçada, na data de sua apreciação em segunda instância.
LEI COMPLEMENTAR Nº 105 de 2001. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS AO FISCO. PROCEDIMENTO FISCAL.
A Constituição Federal de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º).
O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, na sessão de 24.02.2016, o julgamento conjunto de cinco processos (ADIs 2397 2386, 2389, 2390, 2397 e 2406) que questionavam dispositivos da Lei Complementar nº 105/2001, entendendo que a Receita Federal pode receber dados bancários de contribuintes, fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial.
LEI Nº 10.174, DE 2001. RETROATIVIDADE. SÚMULA CARF Nº 35.
O artigo 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplica-se retroativamente.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. SÚMULA CARF Nº 02.
Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
INTIMAÇÃO DOS CO-TITULARES. SÚMULA CARF Nº 29.
Verificada a existência de contas correntes e de poupança onde havia mais de um titular, deve-se aplicar o entendimento expresso na Súmula CARF nº 29, de que todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
MULTA AGRAVADA. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. Dispondo a fiscalização dos elementos necessários para apuração da matéria tributável, descabe o agravamento da multa por não atendimento à intimação para apresentação dessas informações. A previsão de utilização da RMF é justamente para evitar que a inércia ou recusa do contribuinte impossibilite ou inviabilize a aplicação da presunção estabelecida no artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996.
RO Não Conhecido e RV Provido em Parte
Numero da decisão: 2202-003.754
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, em função do novo limite de alçada. Quanto ao recurso voluntário: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo os depósitos efetuados na conta conjunta do Banco do Brasil e desagravar a multa de ofício, reduzindo-a ao percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: Relator
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LIMITE DE ALÇADA. SÚMULA CARF Nº 103. Não se conhece do recurso de ofício que envolve valor inferior ao limite de alçada, na data de sua apreciação em segunda instância. LEI COMPLEMENTAR Nº 105 de 2001. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS AO FISCO. PROCEDIMENTO FISCAL. A Constituição Federal de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º). O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, na sessão de 24.02.2016, o julgamento conjunto de cinco processos (ADIs 2397 2386, 2389, 2390, 2397 e 2406) que questionavam dispositivos da Lei Complementar nº 105/2001, entendendo que a Receita Federal pode receber dados bancários de contribuintes, fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. LEI Nº 10.174, DE 2001. RETROATIVIDADE. SÚMULA CARF Nº 35. O artigo 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ARTIGO 42 DA LEI Nº 9.430, DE 1996. SÚMULA CARF Nº 02. 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Verificada a existência de contas correntes e de poupança onde havia mais de um titular, devese aplicar o entendimento expresso na Súmula CARF nº 29, de que todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. MULTA AGRAVADA. FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO. Dispondo a fiscalização dos elementos necessários para apuração da matéria tributável, descabe o agravamento da multa por não atendimento à intimação para apresentação dessas informações. A previsão de utilização da RMF é justamente para evitar que a inércia ou recusa do contribuinte impossibilite ou inviabilize a aplicação da presunção estabelecida no artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996. RO Não Conhecido e RV Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, em função do novo limite de alçada. Quanto ao recurso voluntário: por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo os depósitos efetuados na conta conjunta do Banco do Brasil e desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75%. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Fl. 749DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 733 3 Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração de fls. 05 e seguintes, exigindolhe o imposto de renda das pessoas físicas no valor de R$ 600.831,78, acrescido de multa de ofício proporcional de 225% e mais juros de mora calculados pela taxa Selic. Descreve o Auditor Fiscal que constatou: I omissão de rendimentos recebidos de PJ, provenientes de resgate de complementos previdenciários, nos anos de 1998 e 1999, os quais não sofreram retenção pela fonte pagadora, e II omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, para os anos calendário de 1998 a 2000, enquadrando a infração, basicamente, no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. A apuração do imposto encontrase nas fls. 08 e seguintes, para cada ano. No Termo de Verificação Fiscal (fl. 12 e ss.), anexo ao Auto de Infração, a autoridade competente, em resumo, descreve que o contribuinte ao ser intimado a apresentar extratos bancários solicitou desarrazoadas prorrogações, o que o levou a expedir Requisições de Informação sobre Movimentação Financeira (RMF, fls. 105/6), diretamente às instituições detentoras das contas bancárias. De posse dos extratos, listou os créditos e intimou o contribuinte a comprovar a origem dos recursos (fl. 462), mantendose aquele em silêncio, pelo que deuse o lançamento de ofício, na forma da legislação supracitada. Registrou mais que (fl. 20): Por derradeiro, perseguindo a interpretação literal da legislação tributária e defronte da renúncia do examinado em comprovar as origens dos créditos apurados por depósitos em conta corrente conjunta residente no BANCO DO BRASIL S/A, no valor de R$ 3.929.237,74, a tributação será exigida no percentual proporcional ao número de solidários ativos, ou seja, concorrerá para a consolidação da base de cálculo tributável a importância de R$ 1.964.618,87, ressalvandose o direito de a Fazenda Pública efetuar lançamento dos valores exonerados, tendo como sujeito passivo MARCIA BETANIN, inscrita no CPF sob n. ° 919.586.10925, conforme seguimento previsto no art. 42, § 6.°, da Lei 9.430, de 1996, in verbis:...(destaquei) Em relação à omissão proveniente de resgates de previdência privada, disse que o examinado resgatou, em 1998 e 1999, complementações previdenciárias nos valores totais de R$ 18.354,00 e R$ 54.340,00 respectivamente (folhas 28, 36 a 44, 47 e 49). Todavia, nos sistemas informatizados da RFB não consta qualquer retenção declarada pela fonte pagadora concernente aos valores aduzidos (folhas 89 e 94) e as respectivas Declarações de Ajuste Anual não trazem qualquer leitura da ocorrência dessas disponibilidades econômicas. Como não houve retenção na fonte, a monta envolvida deve sofrer tratamento tributário adequado. As parcelas empenhadas para a formação da complementação previdenciária final foram deduzidas dos rendimentos tributáveis para apuração da base de cálculo do imposto de renda. Fl. 750DF CARF MF 4 Descreveu ainda que a multa foi qualificada, pelo enquadramento nas situações previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, e agravada porque o contribuinte não atendeu, no prazo marcado, as intimações da fiscalização. Cientificado da exigência, o contribuinte apresentou impugnação de fls. 528 e seguintes, dizendo, em resumo, que (fl. 555): Destarte, presumese completamente demonstrado o caráter ilegal do procedimento ora impugnado, porque surgido pelo indevido "cruzamento" de informações auferindo cobrança indevida, visando a comprovação de omissão de receita do contribuinte, e com isso a instauração de procedimento administrativo falho e omisso quanto a demais provas que o embasem, pelo que se requer nesta oportunidade a concessão, por este nobre julgador, do writ constitucional de correção desta ilegalidade, fazendoa cessar com a determinação de arquivamento por constituirse manifesto "fruto da árvore envenenada". Ante o exposto, e por ter o Impugnante demonstrado que não é possível estabelecer uma correlação direta entre o montante dos depósitos bancários com seus rendimentos, e ainda pelo fato de movimentação bancária não corporificar fato gerador do imposto de Renda, tendo em vista que no caracteriza disponibilidade econômica bem, como, finalmente, a ilegalidade na obtenção dos dados ensejadores do lançamento (sigilo bancário) o auto de infração é totalmente improcedente e nulo. Por esta razão, requer que V.Sas. se digne determinar o seu arquivamento definitivo. Ao julgar a manifestação do contribuinte, a DRJ em Curitiba/PR, em resumo estabeleceu que (fl. 559): o julgador administrativo não possui competência para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de dispositivo legal vigente; a matéria relativa ao complemento de previdência privada não fora impugnada e estava fora de litígio; a Lei nº 10.174/2001 tem aplicação retroativa por ser de caráter procedimental; é válida a presunção estabelecida no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996 e não se justifica a aplicação da multa qualificada de 150%, uma vez que não foram provados atos dolosos do contribuinte. O Acórdão foi assim redigido: ... por unanimidade de votos: a) considerar procedente, por não impugnada, a exigência de R$ 5.047,35 no ano de 1998 e R$ 14.943,66 no ano de 1999, sobre resgates de valores de previdência privada; e b) considerar procedente a exigência de imposto de R$ 178.414,15 no ano de 1998, de R$ 187.485,52 no ano de 1999 e R$ 214.941,10 no ano de 2000, sobre omissão de rendimentos por depósitos bancários realizados com recursos de origem não justificada, com redução, entretanto, da multa de 225% para 112,5%, ou seja, redução de R$ 1.351.871,49 para R$ 675.935,75. (destaquei) Considerando a redução da multa aplicada, foi feito o recurso de ofício à instância superior. Cientificado dessa decisão em 25/04/2003, conforme AR na fl. 582, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 21/05/2003, com protocolo na fl. 587. Em sede de recurso, em suma, assim se manifesta: Fl. 751DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 734 5 1 não existe matéria não impugnada, o auto foi impugnado como um todo. No recurso as razões serão ratificadas; 2 fala de indícios e presunções, tratando do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, concluindo que o mesmo "colide com as diretrizes do processo de criação das presunções legais". Nada impede que a movimentação bancária sirva como indício, não podendo, de forma isolada, representar omissão de rendimentos; 3 trata da definição legal de fato gerador do imposto de renda; 4 questiona a "quebra de sigilo bancário", estabelecida pela Lei Complementar nº 105, de 2001 e a aplicação retroativa da Lei nº 10.174, de 2001; 5 apenas argumentando, requer a redução da multa de 112,5% para 75%, pela inexistência de embaraço à fiscalização. Seu recurso foi julgado no antigo Conselho de Contribuintes, conforme Acórdão 10419.550, de 10 de setembro de 2003 (fl. 623), decidindose por "negar provimento ao recurso de ofício" da DRJ e por "dar provimento ao recurso voluntário" sob o argumento que as inovações trazidas pela Lei nº 10.174, de 2001, representavam nova possibilidade de lançamento e deveriam ser observados os princípios da irretroatividade e da anterioridade da lei tributária. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou recurso especial, na fl. 636, questionando a decisão. Em 11 de dezembro de 2007, a Câmara Superior de Recursos Fiscais entendeu por dar provimento ao recurso da PFN, estatuindo na ementa que é legítimo o lançamento em que se aplica retroativamente a Lei nº 10.174, de 2001. Esse Acórdão nº 104135.487 foi redigido com erro material, o que motivou a apresentação de embargos de declaração, pela PFN, sendo, posteriormente, esclarecido que a decisão foi no sentido de (fl. 703): ACORDAM os membros da Quarta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Por maioria de votos DAR provimento ao recurso especial e determinar o retorno dos autos à Câmara recorrida para o exame do mérito do recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Gonçalo Bonet Al/age (Relator) e Moises Giacomelli Nunes da Silva que negaram provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antônio Jose Praga de Souza.(destaquei) Em 23 de janeiro de 2013, esta Turma Ordinária, na Resolução nº 2202 000.420, decidiu pelo sobrestamento do julgamento, em vista da decisão do STF no sentido de reconhecer a repercussão geral do tema baseado no acesso aos dados bancários do contribuinte, diretamente pelo Fisco (fl. 727). Superadas as razões do sobrestamento, o processo retorna à pauta de julgamentos. É o Relatório. Fl. 752DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em arquivo magnético (arquivo .pdf) 1. RECURSO DE OFÍCIO Ao analisar a questão, a DRJ em Curitiba/PR entendeu pelo provimento parcial, desqualificando a multa de ofício aplicada, por não encontrar fundamentos para tal. Disse aquele julgador: A qualificação da multa não se vinculada às importâncias envolvidas no lançamento. Não cabe à autoridade administrativa, em razão do valor apurado no auto de infração, aplicar ou deixar de aplicar a multa qualificada...(destaquei) O fato é que os valores creditados em conta bancária sem comprovação de origem somente se caracterizam omissão de rendimentos por força de uma presunção legal... O Acórdão foi assim redigido: ... por unanimidade de votos: a) considerar procedente, por não impugnada, a exigência de R$ 5.047,35 no ano de 1998 e R$ 14.943,66 no ano de 1999, sobre resgates de valores de previdência privada; e b) considerar procedente a exigência de imposto de R$ 178.414,15 no ano de 1998, de R$ 187.485,52 no ano de 1999 e R$ 214.941,10 no ano de 2000, sobre omissão de rendimentos por depósitos bancários realizados com recursos de origem não justificada, com redução, entretanto, da multa de 225% para 112,5%, ou seja, redução de R$ 1.351.871,49 para R$ 675.935,75. (destaquei) Com esse provimento acima em negrito, entendeu o Julgador, naquela época, pela necessidade de recorrer de ofício à instância superior. Ocorre que o Ministro de Estado da Fazenda fez publicar a Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, dispondo o seguinte: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais).(destaquei) § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. Fl. 753DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 735 7 E temos a forma de aplicação desse limite de alçada, estabelecida na seguinte Súmula do CARF: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.(destaquei) Portanto, entendo que não deva ser conhecido o recurso de ofício. 2. RECURSO VOLUNTÁRIO MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Destaco, como foi feito no relatório, que a autuação fiscal definiu duas infrações, completamente distintas: omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada e omissão de rendimentos provenientes de recebimentos de complemento de previdência privada. Em relação a essa segunda infração, disse a DRJ que a matéria não fora impugnada. E de fato não foi. O contribuinte manifestase expressamente, tanto na impugnação quanto no recurso, somente em relação à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários. No recurso, apesar do contribuinte dizer que "impugnara o auto como um todo" e ratificaria suas razões, não encontro nenhuma referência ao complemento de previdência privada. Diz o artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972, que "considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante" (destaquei) Entendo que assiste razão ao julgador recorrido, nesse ponto, e a questão relativa à tributação de rendimentos provenientes de complemento de aposentadoria privada está fora do litígio. SIGILO BANCÁRIO E APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. A base do lançamento foram extratos bancários fornecidos diretamente por instituições financeiras, sobre contas correntes mantidas junto a elas. As Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) estão nas fls. 105/6. No Termo de Verificação, justificou o Auditor Fiscal que (fl. 14): 0 caráter de indispensabilidade convocado que autorizou a expedição da RMF (folhas 104 e 105), arraigouse na ocorrência de omissão declaratória de rendimentos decursivos de aplicações financeiras aliada ao tolher da ação examinatória em conseqüência da indiferença à autoridade do fisco, este previsto no art. 33 da Lei 9.430, de 1996, disposto a seguir, in verbis: (...) Indispensável prolatar que foram observadas as medidas de segurança, previstas no art. 7°, do Decreto 3.724, de 2001, determinadas para a tramitação, recepção e guarda das informações referentes ao sigilo bancário do examinado. Fl. 754DF CARF MF 8 De fato, observase que houve a intimação prévia para apresentação voluntária dos extratos e pedidos sucessivos de prorrogação de prazo, sem que nada fosse apresentado. O Recorrente destaca que para os anos em questão não havia lei autorizando o procedimento fiscal. Sublinha o princípio da irretroatividade. Não obstante, a matéria relativa à utilização de informações bancárias por parte da RFB encontrase pacificada no STJ, que decidiu, em sede de recurso repetitivo, que a autoridade fazendária pode ter acesso às operações bancárias do contribuinte até mesmo para constituição de créditos tributários anteriores à vigência da Lei Complementar nº 105 de 2001, ainda que sem o crivo do Poder Judiciário. A ementa do acórdão submetido ao rito do art. 543C do CPC de 1973 está assim redigida: QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A FATOS IMPONÍVEIS ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR 105/2001. APLICAÇÃO IMEDIATA. ARTIGO 144, § 1º, DO CTN. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE. 1. A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do disposto no artigo 144, § 1º, do CTN.(destaquei) 2. ... 4. O § 3º, do artigo 11, da Lei 9.311/96, com a redação dada pela Lei 10.174, de 9 de janeiro de 2001, determinou que a Secretaria da Receita Federal era obrigada a resguardar o sigilo das informações financeiras relativas à CPMF, facultando sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente. 5. ... 6. As informações prestadas pelas instituições financeiras (ou equiparadas) restringemse a informes relacionados com a identificação dos titulares das operações e os montantes globais mensalmente movimentados, vedada a inserção de qualquer elemento que permita identificar a sua origem ou a natureza dos gastos a partir deles efetuados (artigo 5º, § 2º, da Lei Complementar 105/2001). ... 12. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º). Fl. 755DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 736 9 13. Destarte, o sigilo bancário, como cediço, não tem caráter absoluto, devendo ceder ao princípio da moralidade aplicável de forma absoluta às relações de direito público e privado, devendo ser mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são denotadoras de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o alegado manto de garantias fundamentais, cometer ilícitos. Isto porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido pela Constituição Federal como direito fundamental, não o é para preservar a intimidade das pessoas no afã de encobrir ilícitos.(destaquei) ... 20. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.(REsp 1134665 SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009) Ademais, ocorre que o Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu, na sessão de 24.02.2016, o julgamento conjunto de cinco processos (ADIs 2397, 2386, 2389, 2390, 2397 e 2406) que questionavam dispositivos da Lei Complementar nº 105/2001, entendendo que a Receita Federal pode receber dados bancários de contribuintes, fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial. No referido julgado, por maioria de votos, prevaleceu o entendimento de que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. Havia procedimento fiscal em curso, como se observa na fl. 03 (Mandado de Procedimento Fiscal) e no Termo de Início de Fiscalização (fl. 96), e o contribuinte fora intimado a apresentar documentação comprobatória da origem dos recursos depositados em sua conta bancária. Outrossim, esclareço que conforme artigo 72 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, as "decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória" pelos seus membros. A utilização de súmulas, que também são aplicadas pelos Tribunais Judiciários, visa a conferir confiança, segurança e eficiência aos julgamentos administrativos, dentre outros princípios a serem observados pela Administração Pública. Diz a Súmula CARF nº 35: O artigo 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente.(destaquei) Portanto, o Fisco pode ter acesso aos dados bancários do contribuinte nos termos do artigo 6º da Lei Complementar nº 105, de 2001, e, sendo ela norma de caráter procedimental, assim como a Lei nº 10.174, de 2001, aplicase retroativamente, nos termos do Fl. 756DF CARF MF 10 § 1º do artigo 144, do CTN, não havendo no caso, nenhum impedimento ao procedimento, em relação aos anos calendário de 1998 a 2000. Superadas essas preliminares, passemos ao mérito. MÉRITO O lançamento, na parte que aqui se discute, foi lastreado no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com base na omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários não comprovados. A partir dos extratos bancários, o Auditor Fiscal intimou o contribuinte a justificar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos depositados (fl. 462). Não havendo resposta, foi feito o lançamento com base na presunção estabelecida no dispositivo legal. Em sede de recurso o contribuinte alega que o auto de infração está fundado em meros indícios (extratos bancários), o que não basta para se apurar "renda", sendo preciso que a fiscalização apresente elementos seguros comprobatórios. Diz que o indício é apenas um ponto de partida, para se chegar a uma presunção e que movimentação bancária não corporifica fato gerador do imposto de renda. Antes de tudo, importante esclarecer que a artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996 é dispositivo legal em pleno vigor e que diz a Súmula CARF nº 2, de observância obrigatória, que: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Diz o artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 Fl. 757DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 737 11 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Quanto a matéria relativa a autuação com base apenas em presunção de renda caracterizada pelos depósitos bancários, fundada exclusivamente nos extratos, destaco que já há entendimento pacificado no âmbito do CARF, com a seguinte Súmula: Súmula CARF nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Assim, não é necessário, na hipótese legal, o Fisco efetuar demonstração de que os depósitos foram consumidos ou que são receitas novas para o contribuinte. Isso porque existe, no caso, a inversão do ônus da prova, não necessitando o Fisco demonstrar que aquele depósito tratase de ingresso patrimonial inédito na esfera de disponibilidade do contribuinte, portanto passível de tributação, cabendo ao sujeito passivo demonstrar o contrário. As presunções legais são admitidas em diversos casos para fins de tributação e isso não é inovação ou exclusividade da legislação brasileira. Assim, os extratos bancários constantes dos autos são suficientes para a comprovação dos depósitos bancários e sobre estes é correta a aplicação da presunção de omissão de rendimentos, quando o contribuinte, regularmente intimado, não demonstra, com documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. A comprovação da origem dos recursos deve ser feita "individualizadamente", como expressamente prescrito no § 3º do artigo 42, da Lei em comento. Alegações genéricas não podem ilidir a presunção legalmente estabelecida. Não se encontra no recurso um único documento ou uma única menção a depósito específico, como justificativa para sua origem. Fl. 758DF CARF MF 12 Assim, deve ser mantida a autuação e é claro o artigo 42, acima transcrito, que reputo bastar para fundamentar este entendimento. Vejamos a recente jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais: Acórdão 9202003.823, de 08 de março de 2016 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Quando da constatação de depósitos bancários cuja origem reste não comprovada pelo sujeito passivo, de se aplicar o comando constante do art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, presumida, assim a omissão de rendimentos. (...) INTIMAÇÃO DO COTITULARES Conforme relatado, verificouse a existência de contas correntes onde havia mais de um titular. Diz a Súmula CARF nº 29: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. O Auto de Infração foi lavrado em 14 de janeiro de 2003 (fl. 05). A alteração promovida no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, que introduziu o § 6º, foi veiculada pela Lei nº 10.637, de 2002, que resultou da conversão da Medida Provisória nº 66, de 2002. A lei referida foi publicada em 30 de dezembro de 2002. Diz o § 6º: § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Somente em 14/07/2010, foi publicada a Portaria MF nº 383, que veiculou a Súmula CARF nº 29, acima transcrita. Não era possível, então, que o recorrente a mencionasse ou pedisse a aplicação de seu entendimento, em seu recurso protocolizado em 21/05/2003, pouco depois da introdução do § 6º no artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Observo que a inteligência da Súmula decorre justamente dessa modificação legislativa, como expresso na ementa de um de seus acórdãos paradigma. Vejamos: Acórdão 10422.049, de 09/11/2006 Fl. 759DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 738 13 ... DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA A partir da vigência da Medida Provisória nº. 66, de 2002, nos casos de conta corrente bancária com mais de um titular, os depósitos bancários de origem não comprovada deverão, necessariamente, ser imputados em proporções iguais entre os titulares, salvo quando estes apresentarem declaração em conjunto. É indispensável, para tanto, a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos depósitos bancários (jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes). O Auditor Fiscal observou em parte esse entendimento, registrando que (fl. 20): Por derradeiro, perseguindo a interpretação literal da legislação tributária e defronte da renúncia do examinado em comprovar as origens dos créditos apurados por depósitos em conta corrente conjunta residente no BANCO DO BRASIL S/A, no valor de R$ 3.929.237,74, a tributação será exigida no percentual proporcional ao número de solidários ativos, ou seja, concorrerá para a consolidação da base de cálculo tributável a importância de R$ 1.964.618,87, ressalvandose o direito de a Fazenda Pública efetuar lançamento dos valores exonerados, tendo como sujeito passivo MARCIA BETANIN, inscrita no CPF sob n. ° 919.586.10925, conforme seguimento previsto no art. 42, § 6.°, da Lei 9.430, de 1996, in verbis:...(destaquei) Nos extratos bancários do Banco do Brasil, que estão nas folhas 108 e seguintes, observase que de fato a conta pertencia a Carlos Marcon e Marcia B. Marcon. Mas não consta intimação da cotitular para justificar a origem dos depósitos. Considerando que a Súmula é de observância obrigatória e que desde a MP nº 66, de 2002 o Auditor deveria ter intimado todos os cotitulares, apesar desse ponto não ter sido expressamente requerido no recurso, mas considerando ainda a cronologia das alterações legislativas e a data dos atos, entendo que deva ser cancelado o lançamento referente aos depósitos constatados na conta conjunta do Banco do Brasil. Mesmo porque, não é possível considerar, em detrimento da Súmula, que o contribuinte possa abrir mão de tributação justa, ao não questionar expressamente a falta de intimação da cotitular. DA MULTA DE AGRAVADA. 112,5%. O Contribuinte questiona a aplicação da multa de ofício, no percentual de 112,5%, porque não apresentou os documentos requeridos pela fiscalização. Constam dos autos pedidos de prorrogação de prazo para apresentação dos extratos. O Auditor Fiscal justificou que considerouos sem razão e abusivos. Lançou mão da requisição de informações sobre movimentação financeira (RMF) e procedeu ao lançamento. Fl. 760DF CARF MF 14 Se o contribuinte não quis apresentar os extratos, a falta de apresentação não impediu que a fiscalização realizasse seu trabalho, com base em presunção legal. A previsão de utilização da RMF é justamente para evitar que a inércia ou recusa do contribuinte impossibilite ou inviabilize a aplicação da presunção estabelecida no artigo 42, da Lei nº 9.430, de 1996. Confere praticabilidade ao dispositivo, diante da não apresentação voluntária dos extratos. Não vi demonstrada nenhuma ação do contribuinte no sentido de impedir o trabalho fiscal ou fraudar documentos. É farta a jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes e também deste CARF, no sentido de que a simples não apresentação de documentos requeridos pela Fiscalização, quando não obstaculizam seu trabalho, não justifica o agravamento da multa. Vejamos: AGRAVAMENTO O agravamento da multa de ofício pelo atraso ou não atendimento de intimações e pedidos de esclarecimentos só tem aplicação quanto efetivamente demonstrada a recusa ou efetivo prejuízo ao procedimento fiscal. 1º CC. / 3a. Câmara / ACÓRDÃO 10323.566 em 17.09.2008. Publicado no DOU: 20.01.2009. IMPOSSIBILIDADE MATERIAL. AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO A impossibilidade material do contribuinte em cumprir a intimação da fiscalização para apresentar documentos não autoriza o agravamento da multa de ofício. 1º CC. / 1a. Câmara / ACÓRDÃO 10196.675 em 17.04.2008. Publicado no DOU em: 06.11.2008. MULTA AGRAVADA Não deve ser aplicada a multa agravada de 112,5% se não fica demonstrada ação ou omissão do contribuinte com o objetivo de retardar ou impedir a atividade de fiscalização. CARF 1a. Seção 2a. Turma da 3a. Câmara / ACÓRDÃO 130200.302 em 21.05.2010. Publicado no DOU em: 24.01.2011. MULTA AGRAVADA FALTA DE ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO Dispondo a fiscalização dos elementos necessários para apuração da matéria tributável, descabe o agravamento da multa por não atendimento à intimação para apresentação dessas informações. Recurso Voluntário Provido em Parte. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF 1a. Seção 1a. Turma da 3a. Câmara / ACÓRDÃO 130100.270 em 29.01.2010. Ante a não comprovação da origem dos recursos já é aplicada a inversão do ônus da prova e a presunção em favor do Fisco, sancionadose a infração com multa de 75%. Assim sendo, entendo por desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao percentual de 75% CONCLUSÃO Em face do exposto, VOTO por não conhecer do recurso de ofício, por força do novo limite de alçada (Súmula CARF nº 103). Em relação ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para: Fl. 761DF CARF MF Processo nº 13924.000006/200368 Acórdão n.º 2202003.754 S2C2T2 Fl. 739 15 a) cancelar o lançamento decorrente de depósitos efetuados em conta conjunta no Banco do Brasil, por ausência de intimação da cotitular, excluindo da base tributável os valores de R$ 609.205,25 (em 1998, fls. 08 e 85); R$ 596.272,36 (em 1999, fls. 09 e 84) e R$ 759.141,26 (em 2000, fls. 10 e 86), lembrando que parte do lançamento, não impugnada, foi transferida para outro processo (fl. 584), e b) reduzir a multa de ofício aplicada a 75%, sobre a parte que restou em exigência nestes autos. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 762DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13660.000029/2003-11
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS
É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado.
Numero da decisão: 9303-005.107
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Possas
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Possas
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REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Possas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 66 0. 00 00 29 /2 00 3- 11 Fl. 473DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional contra decisão que deferiu o acréscimo de juros calculados com base na taxa selic a título de "atualização monetária a valor postulado como ressarcimento de crédito presumido de IPI objeto de glosas integralmente mantidas pela DRJ e pelo CARF. A ementa da decisão combatida afirma: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 31/10/2000 a 31/12/2000 Ementa: IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. As aquisições de energia elétrica e combustíveis apenas geram direito ao crédito presumido de IPI no regime alternativo previsto na Lei nº 10.276/01. Aplicação ao caso da Súmula CARF no. 19, segundo a qual “não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei no. 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matéria prima ou produto intermediário”. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. TRANSFERÊNCIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA PRÓPRIA PESSOA JURÍDICA. INSUMOS. EXTRAÇÃO MINERAL. As transferências de insumos entre estabelecimentos da pessoa jurídica não geram direito ao crédito presumido de IPI, uma vez que ausentes operações de “aquisição” de mercadorias, nos termos do artigo 1º, da Lei nº 9.363/96. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. AQUISIÇÕES PARA SIMPLES REVENDA. A aquisição de mercadorias para simples revenda, em relação às quais não houver processo de industrialização pela pessoa jurídica destinatária, não confere direito ao crédito presumido de IPI. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. ACRÉSCIMO DE TAXA SELIC. Fl. 474DF CARF MF Processo nº 13660.000029/200311 Acórdão n.º 9303005.107 CSRFT3 Fl. 3 3 De acordo com precedente do E. STJ submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e aplicável ao processo administrativo fiscal por força do artigo 62A, do RICARF (REsp no. 1.035.847), o ressarcimento de créditos de IPI está sujeito a acréscimo da Taxa SELIC entre as datas do protocolo do pedido e aquela em que o postulante fruir efetivamente o direito. A decisão, no que respeita à Selic está assim redigida, na íntegra (destaques constam do original): O pleito final do voluntário, enfim, respeita à atualização monetária (ou à remuneração) do crédito presumido reivindicado nos autos por meio da Taxa SELIC. Recordo, nesse particular, que originalmente a pretensão fora formulada sob a forma de pedido de ressarcimento de saldos credores (em 28.01.2003), seguida, depois, de declarações de compensação por meio das quais a recorrente aplicou a totalidade do direito de que se diz titular na extinção de obrigações tributárias a seu cargo (em 19.03.2003, 22.05.2003 e 28.10.2003). Em outras palavras, depois de requerer o ressarcimento em pecúnia, a recorrente consumiu por inteiro seu suposto crédito em compensação realizada com valores devidos à Fazenda Nacional. Sobre o tema, este Colegiado da Quarta Câmara da Terceira Seção do CARF decidiu recentemente, sob inspiração do acórdão prolatado pelo E. STJ no recurso especial no. 1.035.847, julgado sob o rito do artigo 543C do CPC, que o postulante ao ressarcimento de créditos tributários têm direito à remuneração do principal a partir da data em que formaliza sua pretensão perante a administração tributária. Reportome ao voto vencedor do Conselheiro Robson José Bayerl no acórdão no. 340301.569: “(...), em minha opinião, o fundamento para o reconhecimento do direito à atualização monetária não reside especificamente no óbice ao aproveitamento do crédito, caracterizado pela oposição de ato estatal ou vedação à sua utilização, mas sim no indesejado enriquecimento sem causa por parte do Estado, quando ocorrente tais hipóteses, como restou demarcado no voto condutor do REsp 1.035.847/RS, citado no REsp 993.164/MG, cujo excerto transcrevo: ‘Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco.’ Em meu sentir, a oposição de ato estatal ou vedação à percepção do direito creditório pode se concretizar tanto de forma comissiva, pela expedição de ato Fl. 475DF CARF MF 4 administrativo que restrinja o direito, como de forma omissiva, pela inércia em examinar o pleito formulado em prazo razoável. (...) Não se está aqui a defender o direito à correção monetária de créditos escriturais registrados extemporaneamente, mas, na esteira do raciocínio engendrado pelo STJ, a necessária atualização monetária do crédito requerido e garantido por lei a partir do protocolo do pedido junto à RFB, quando então passaria a Administração Tributária a incorrer em mora perante o contribuinte. Mais uma vez, o obstáculo à fruição de um direito assegurado pela lei pode se verificar tanto por um “fazer o que não é devido” (comissão), como um “não fazer o que é devido” (omissão), de modo que qualquer destes comportamentos, adotados a partir do protocolo do pedido, enseja o direito à atualização monetária. Importante acentuar que o caso concreto examinado no REsp 1.035.847/RS, paradigma do recurso repetitivo (art. 543C do Código de Processo Civil), envolvia ressarcimento de saldo credor de IPI, requerido com lastro no art. 11 da Lei nº 9.779/99. Demais disso, aquela corte judicial deferiu a correção monetária desde a data de apuração do saldo até a sua utilização, do que se depreende que, com maior razão, deverá ser admitido para aquelas hipóteses em que o reajuste do valor tenha como dies a quo a formulação do pedido. Em conclusão, deve ser admitida a atualização do valor a ser ressarcido pela taxa selic, não porém a partir da apuração, pois até então a Fazenda Nacional não estaria em mora, por assim dizer, mas sim, como marco inicial, o protocolo do pedido administrativo, podendo, daí, configurar o obstáculo no reconhecimento do direito, seja pela oposição de ato estatal, seja pela inação em prontamente examinar o pleito, até a data da utilização por compensação ou, no caso de ressarcimento em espécie, até a sua efetivação.” Partilhando das conclusões acima, aplicoas à hipótese em análise para assegurar à recorrente o direito ao acréscimo da Taxa SELIC sobre o crédito que lhe foi (28.01.2003) até a data em que extinto o direito em virtude de compensações (em 19.03.2003, 22.05.2003 e 28.10.2003). O recurso especial da Fazenda Nacional se escora em paradigmas prolatados em 2008 e fevereiro de 2010 (acórdãos números 0203.718 e 30300720, respectivamente). Por serem ambos anteriores à Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010, neles se aplicou jurisprudência anterior, que negava a selic em qualquer ressarcimento, mesmo que houvesse "resistência injustificada" por parte da Administração. Vale o registro de que, em um deles, se Fl. 476DF CARF MF Processo nº 13660.000029/200311 Acórdão n.º 9303005.107 CSRFT3 Fl. 4 5 tratava mesmo de aquisições a pessoas físicas e cooperativas, que é o objeto da decisão em repetitivo no Resp 993.164, que temos aplicado por força do art. 62A (atual 62) do RICARF. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS O recurso foi apresentado tempestivamente, porém, não pode ser admitido porquanto não adequadamente comprovada a divergência interpretativa. Com efeito, também aqui, busca o recorrente, agora a Fazenda Nacional, a aplicação de tese que prevalecia anteriormente à edição do art. 62A em nosso Regimento Interno. Deveras, embora a decisão recorrida tenha feito expressa menção àquele entendimento, e nele supostamente se embasado, traz a Fazenda acórdãos que distinguem ressarcimento de restituição, simplesmente negando a incidência da Selic no primeiro caso. É certo que a conclusão do julgado de que a situação aqui discutida se enquadra naquela jurisprudência do STJ é bastante discutível na medida em que não se demonstrou em que teria consistido a necessária "oposição estatal de ato" impedindo o ressarcimento postulado. Não houve, entretanto, oposição de embargos quanto a essa suposta omissão, do que só se pode depreender que a Fazenda Nacional não a enxergou. Nesses termos, entendo, apenas cabível o especial para rediscutir tal conclusão, isto é, se em casos em que haja mera demora no deferimento do crédito postulado em ressarcimento, caracterizase a circunstância tida por necessária pelo STJ. Não é isso que pretende o especial fazendário, mas a mera inaplicação daquela jutrisprudência que, em seu entender, apenas deveria alcançar os casos exatamente iguais ao julgado no STJ. Voto por não conhecer do recurso apresentado. É o voto. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 477DF CARF MF 6 Fl. 478DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11634.720327/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. SEST. SENAT. TOMADOR DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
Escapa à competência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais avaliar, em face da legislação de hierarquia superior, a compatibilidade de decreto que prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas tomadoras de serviços pelo recolhimento das contribuições devidas pelos transportadores autônomos ao Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat).
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. REMUNERAÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA.
A falta de inclusão pela empresa dos fatos geradores em folhas de pagamento e a existência de lançamentos contábeis que torna inviável a perfeita identificação dos valores de pagamentos efetuados a transportadores autônomos pessoas físicas, na condição de contribuintes individuais, autorizam a apuração indireta da base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas, cabendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário.
CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LIMITE MÁXIMO DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO.
A observância do limite máximo do salário-de-contribuição em relação ao contribuinte individual no lançamento de ofício demanda a identificação da remuneração de cada segurado que presta serviço à empresa. A autoridade lançadora não ignorou as normas que tratam do limite máximo mensal do salário-de-contribuição do trabalhador, somente deixou de aplicá-las por total impossibilidade diante da deficiência dos documentos apresentados pelo sujeito passivo.
MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre: (i) a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35-A da Lei nº 8.212, de 1991, e (ii) o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal.
LEI TRIBUTÁRIA. COMPATIBILIDADE COM O TEXTO CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF Nº 2.
O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar a respeito de inconstitucionalidade de lei tributária sob o argumento de existência de conflito em face dos preceitos estabelecidos na Carta Política de 1988.
(Súmula Carf nº 2).
Numero da decisão: 2401-004.769
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva. No mérito, por maioria, negar provimento ao recurso. Vencidos a relatora e os conselheiros Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. SEST. SENAT. TOMADOR DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Escapa à competência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais avaliar, em face da legislação de hierarquia superior, a compatibilidade de decreto que prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas tomadoras de serviços pelo recolhimento das contribuições devidas pelos transportadores autônomos ao Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. REMUNERAÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. A falta de inclusão pela empresa dos fatos geradores em folhas de pagamento e a existência de lançamentos contábeis que torna inviável a perfeita identificação dos valores de pagamentos efetuados a transportadores autônomos pessoas físicas, na condição de contribuintes individuais, autorizam a apuração indireta da base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas, cabendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LIMITE MÁXIMO DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. A observância do limite máximo do salário-de-contribuição em relação ao contribuinte individual no lançamento de ofício demanda a identificação da remuneração de cada segurado que presta serviço à empresa. A autoridade lançadora não ignorou as normas que tratam do limite máximo mensal do salário-de-contribuição do trabalhador, somente deixou de aplicá-las por total impossibilidade diante da deficiência dos documentos apresentados pelo sujeito passivo. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre: (i) a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35-A da Lei nº 8.212, de 1991, e (ii) o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal. LEI TRIBUTÁRIA. COMPATIBILIDADE COM O TEXTO CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF Nº 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar a respeito de inconstitucionalidade de lei tributária sob o argumento de existência de conflito em face dos preceitos estabelecidos na Carta Política de 1988. (Súmula Carf nº 2).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva. No mérito, por maioria, negar provimento ao recurso. Vencidos a relatora e os conselheiros Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. SEST. SENAT. TOMADOR DOS SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Escapa à competência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais avaliar, em face da legislação de hierarquia superior, a compatibilidade de decreto que prevê a responsabilidade das pessoas jurídicas tomadoras de serviços pelo recolhimento das contribuições devidas pelos transportadores autônomos ao Serviço Social do Transporte (Sest) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat). CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. TRANSPORTADOR AUTÔNOMO. REMUNERAÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. A falta de inclusão pela empresa dos fatos geradores em folhas de pagamento e a existência de lançamentos contábeis que torna inviável a perfeita identificação dos valores de pagamentos efetuados a transportadores autônomos pessoas físicas, na condição de contribuintes individuais, autorizam a apuração indireta da base de cálculo das contribuições previdenciárias devidas, cabendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LIMITE MÁXIMO DO SALÁRIODE CONTRIBUIÇÃO. A observância do limite máximo do saláriodecontribuição em relação ao contribuinte individual no lançamento de ofício demanda a identificação da remuneração de cada segurado que presta serviço à empresa. A autoridade lançadora não ignorou as normas que tratam do limite máximo mensal do saláriodecontribuição do trabalhador, somente deixou de aplicálas por total impossibilidade diante da deficiência dos documentos apresentados pelo sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 03 27 /2 01 2- 11 Fl. 7379DF CARF MF 2 MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. A análise da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser realizada mediante confronto, por competência, entre: (i) a penalidade prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, introduzida pelo art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, e (ii) o somatório das penalidades calculadas com base na legislação vigente à época do fato gerador, isto é: multas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º a 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, e a multa do inciso II do art. 35 dessa mesma Lei, imposta na autuação correlata pelo descumprimento de obrigação principal. LEI TRIBUTÁRIA. COMPATIBILIDADE COM O TEXTO CONSTITUCIONAL. SÚMULA CARF Nº 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é incompetente para se pronunciar a respeito de inconstitucionalidade de lei tributária sob o argumento de existência de conflito em face dos preceitos estabelecidos na Carta Política de 1988. (Súmula Carf nº 2). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e rejeitar a preliminar de ilegitimidade passiva. No mérito, por maioria, negar provimento ao recurso. Vencidos a relatora e os conselheiros Rayd Santana Ferreira e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Cleberson Alex Friess. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Rayd Santana Ferreira, Denny Medeiros da Silveira, Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Ausente o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. Fl. 7380DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.380 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interpostos em face da decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande MS (DRJ/CGE), que julgou, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, julgar as impugnações improcedentes, mantendo os créditos lançados, conforme ementa do Acórdão nº 0434.818 (fls. 7.305/7.324): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 ARBITRAMENTO. APLICAÇÃO. A existência de lançamentos contábeis realizados de forma genérica e agrupada, sem a perfeita identificação da natureza e titularidade das contas e dos respectivos beneficiários, bem como do total da remuneração paga, justifica a aplicação do arbitramento. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. LIMITE. Para a aplicação do valor limite do salário de contribuição é necessário identificar e individualizar cada um dos segurados e/ou contribuintes individuais, bem como apurar perfeitamente o valor total da remuneração percebida, de maneira a confrontá la com o referido limite. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Havendo norma vigente a definir a sujeição passiva e a responsabilidade pelo recolhimento, não há que se falar em ilegitimidade passiva. MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO. Nos casos de lançamento de ofício deve ser aplicada a penalidade de ofício, aplicandose a multa de mora somente nos casos de recolhimento espontâneo. MULTA MAIS BENÉFICA. ANÁLISE COMPARATIVA REALIZADA. Aplicase a lei nova quando esta impõe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração. Realizada a análise comparativa da penalidade prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração, com a estabelecida no art. 44, I da Lei n°. 9.430/96, concluise que a primeira é mais benéfica ao contribuinte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Fl. 7381DF CARF MF 4 O Presente processo é composto pelos autos de infração (AI), referentes ao período de apuração 01/01/2007 a 31/12/2008, conforme se segue: 1. DEBCAD 37.289.4909 (fls. 02/45): Consolidado em 18/06/2012, referente às contribuições previdenciárias, parte patronal, incidente sobre as remunerações de prestadores de serviços – Transportadores Autônomos, no valor de R$ 2.233.532,38, incluídos juros de mora, multa de ofício e multa de mora; 2. DEBCAD 37.289.4917 (fls. 46/81): Consolidado em 18/06/2012, referente às contribuições previdenciárias, parte de segurados – Contribuintes Individuais, incidente sobre as remunerações de prestadores de serviços – Transportadores Autônomos, no valor de R$ 1.228.443,04, incluídos juros de mora, multa de ofício e multa de mora; 3. DEBCAD 37.289.4925 (fls. 82/125): Consolidado em 18/06/2012, referente às contribuições devidas a outras entidades e fundos – Terceiros (SEST e SENAT), incidente sobre as remunerações de prestadores de serviços – Transportadores Autônomos, no valor de R$ 279.191,53, incluídos juros de mora, multa de ofício e multa de mora; 4. DEBCAD 37.352.1324 (fls. 126/130): Consolidado em 18/06/2012, referente infração por descumprimento de obrigação acessória – CFL 68, incidente sobre as remunerações de prestadores de serviços – Transportadores Autônomos, no valor de R$ 194.054,40. O Demonstrativo Consolidado do Crédito Tributário do Processo que deu origem aos Autos de Infração acima referidos encontrase à fl. 134. O Relatório Fiscal do AI (fls. 135/166), em síntese, informa que: · As contribuições são provenientes de remunerações efetivamente pagas aos segurados transportadores rodoviários autônomos, discriminadas na contabilidade e sem o correspondente recolhimento; · Em decorrência de a empresa não ter procedido aos respectivos lançamentos contábeis de forma individualizada, possibilitando a identificação dos prestadores de serviços pessoas físicas e jurídicas, foi feito o arbitramento do salário de contribuição; · A empresa contratou serviços de transportadores autônomos e não recolheu as contribuições devidas a seguridade social; · Os serviços contratados foram registrados mensalmente na contabilidade da empresa de forma genérica, sem a separação entre pessoas jurídicas e físicas em títulos próprios; · Os lançamentos contábeis que registram essas operações: 1. Não são efetuados em nome de quem foi contratado para realizar o transporte; 2. Não indicam quem efetivamente prestou o serviço; Fl. 7382DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.381 5 3. Não informam o número do conhecimento, que somente aparece no histórico quando do pagamento desses documentos e são efetuados em nome de quem apresenta os documentos para recebêlos, na maioria das vezes postos de combustíveis ou associações de postos de combustíveis, e não em nome de quem efetivamente prestou o serviço motoristas (pessoas físicas) e empresas {pessoas jurídicas); 4. Não possibilita a identificação de quem efetivamente prestou o serviço de transporte, pessoa jurídica ou física. · No cumprimento das obrigações acessórias, a empresa não observou o que dispõe o art. 32 da Lei 8.212/91, e art. 225 do Decreto 3.048/99. · O cálculo do percentual relativo aos serviços de fretes prestados por pessoas físicas à empresa foi efetuado com base em toda a documentação apresentada pelo contribuinte; · O percentual de serviços prestados por pessoas físicas de cada dia foi obtido através da divisão do total apurado de serviços prestados por pessoas físicas pela soma dos conhecimentos e espelhos de conhecimentos apresentados (pessoas físicas + jurídicas); · A média dos percentuais das amostras foi obtido através da soma dos percentuais de pessoas físicas, apurados conforme item anterior, dividido por 9 (número de dias da amostra); · A percentual médio de pessoa física contratadas pela empresa para execução dos serviços de transporte, apurado conforme descrito, foi de 20%; · A base de cálculo das contribuições previdenciárias foi obtida através da aplicação desse percentual (20%) sobre os saldos mensal transferidos para a conta resultado; · O contribuinte não informou mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, os prestadores de serviços autônomos contratados por ele, bem como não os informou em sua Folha de Pagamento; · Foi emitido Auto de Infração AI, código 68, apresentação de GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, em relação aos dados relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias; · Comparouse a multa imposta pela legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador e a multa imposta pela legislação superveniente, sendo observado a aplicação das penalidades mais benéficas ao sujeito passivo na presente ação fiscal. Fl. 7383DF CARF MF 6 O contribuinte foi intimado dos Autos de Infração em 28/06/2012, via postal (AR à fl. 7.197). Em 30/07/2012 apresentou, tempestivamente, suas impugnações: DEBCAD 37.289.4909 (fls. 7.162/7.196), DEBCAD 37.289.4917 (fls.7.198/7.240), DEBCAD 37.289.4925 (fls. 7.241/7.276) e DEBCAD 37.352.1324 (fls. 7.277/7.300). As impugnações apresentadas, continham alguns argumentos comuns a todos os autos de infração e, finalizavam asseverando restar comprovada a insubsistência e improcedência do lançamento tal como efetuado, requerendo o acolhimento integral das impugnações, e o cancelamento o débito fiscal. Encaminhado o processo para apreciação e julgamento pela 4ª Turma da DRJ/CGE, foi julgada improcedente a impugnação mantendo os créditos tributários lançados. O contribuinte teve ciência do Acordão nº 0434.818, via postal (AR à fl. 7.327), em 10/03/2014. Apresentou, tempestivamente, em 02/04/2014, seu Recurso Voluntário (fls. 7.329/7.371) onde alegou que o crédito tributário combatido descumpre flagrantemente vários requisitos elencados no art. 142 do CTN, dentre eles: a identificação do sujeito passivo, a determinação da matéria tributável, o cálculo do montante do tributo devido e a aplicação de penalidades. Requer: o Que os autos de infração sejam declarados nulos em virtude de ilegalidade já que não restou demonstrada a correta identificação do sujeito passivo, a determinação da matéria tributável e o cálculo do tributo devido; o Que seja reconhecida a inaplicabilidade da sistemática de arbitramento do lançamento, feita por aferição indireta, uma vez que a Recorrente não se recusou ou sonegou documentos e informações solicitadas pela fiscalização não estando, portanto, presentes as excepcionais hipóteses de cabimento previstas na legislação tributária. Reforça esse pedido argumentando que não ficou cabalmente demonstrado, pela fiscalização que a contabilidade não registrava o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, e que não foram eliminadas todas as possibilidades de aferição direta da base real de cálculo do tributo; o Que seja reconhecida a ilegalidade da não aplicação do limite máximo do salário de contribuição no cálculo do desconto de 11% incidente sobre as remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais, ignorando as disposições legais e regulamentares que determinam a observância da limitação máxima; o Que seja reconhecido que a não individualização dos segurados inviabiliza o contraditório e a ampla defesa, pois impede que a Recorrente identifique e se contraponha à autuação; o Que seja reconhecida a ilegitimidade passiva quanto ao DEBCAD 37.289.4925, tendo em vista que a Lei 8.706/93 não dispôs expressamente sobre a sujeição passiva das pessoas jurídicas, tomadoras dos serviços de transportadores autônomos, quanto ao Fl. 7384DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.382 7 recolhimento das contribuições devidas pelos transportadores autônomos, estando tal obrigação prevista apenas em decreto regulamentar; o Que o valor da multa moratória seja reduzida para limite de 20%, conforme se extrai da nova redação do art. 35 da Lei 8.212/91 c/c § 2º, do art. 61 da Lei 9.430/96, art. 112 do CTN e art. 106, II, alínea “c”, do CTN; o Que seja reduzida a multa punitiva, de não cumprimento das obrigações acessórias, nos termos do art. 32A, da Lei 8.212/91 c/c art. 106, II, alínea “c”, do CTN, já que a aplicação desse dispositivo seria mais benéfico para o Recorrente. Finaliza seu Recurso Voluntário requerendo que seja o mesmo acolhido integralmente, cancelandose o débito fiscal impugnado. É o relatório. Fl. 7385DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Ilegitimidade passiva A Recorrente pleiteia a nulidade dos Autos de Infração, em face da ilegitimidade da empresa para figurar no polo passivo da autuação fiscal. Assevera que o § 3º, alínea “a” do art. 2º do Decreto nº 1.007/93, criou uma nova modalidade de responsabilidade tributária das pessoas jurídicas tomadoras dos serviços do transportador autônomo, sem expressa autorização da Lei nº 8.706/93, em contrariedade à estrita legalidade e a hierarquia das normas. Com efeito, o Decreto nº 1.007/93 determina que as contribuições devidas pelos transportadores autônomos relativas ao SEST e ao SENAT serão recolhidas diretamente pelas pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços: Art. 1° As contribuições compulsórias previstas nos incisos I e II do art. 7° da Lei n° 8.706, de 14 de setembro de 1993, são devidas a partir de 1° de janeiro de 1994 às entidades e nos percentuais abaixo indicados: I ao Serviço Social do Transporte (Sest): a) 1,5% calculado sobre o montante da remuneração paga pelas empresas de transporte rodoviário a todos os seus empregados; b) 1,5% calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos; II ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat): a) 1,0% calculado sobre o montante da remuneração paga pelas empresas de transporte rodoviário a todos os seus empregados; b) 1,0% calculado sobre o salário de contribuição previdenciária dos transportadores rodoviários autônomos. Art. 2° Para os fins do disposto no artigo anterior, considerase: Fl. 7386DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.383 9 I empresa de transporte rodoviário: a que exercite a atividade de transporte rodoviário de pessoas ou bens, próprios ou de terceiros, com fins econômicos ou comerciais, por via pública ou rodovia; II salário de contribuição do transportador autônomo: a parcela do frete, carreto ou transporte correspondente à remuneração paga ou creditada a transportador autônomo, nos termos definidos no § 4° do art. 25 do Decreto n° 612, de 21 de julho de 1992. § 3° As contribuições devidas pelos transportadores autônomos serão recolhidas diretamente: a) pelas pessoas jurídicas tomadoras dos seus serviços; (Grifamos). Nos termos do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, não cabe a este Conselho afastar a aplicação de lei ou decreto: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Assim, não obstante a sólida argumentação da Recorrente, diante das limitações impostas a este órgão julgador (art. 62 do Anexo II do RICARF), não merece acolhida o Recurso nesse ponto. Mérito Conforme se verifica do Relatório, a autoridade fiscal procedeu ao lançamento do crédito tributário relativo às contribuições devidas à Seguridade Social, provenientes de remunerações efetivamente pagas aos segurados transportadores rodoviários autônomos, além da aplicação de multa por descumprimento de obrigações acessórias. Segundo a autoridade fiscal, foi efetuado o arbitramento do salário de contribuição por não ter a empresa procedido aos respectivos lançamentos contábeis de forma individualizada, possibilitando a identificação dos prestadores de serviços pessoas físicas e jurídicas. Passamos, pois, à análise dos pontos suscitados na peça recursal. Inaplicabilidade do arbitramento Em seu Recurso Voluntário o contribuinte aduz que o lançamento por valor arbitrado é método excepcional de apuração da obrigação tributária que somente é possível quando restarem eliminadas todas as possibilidades de aferição direta da base real do tributo. Fl. 7387DF CARF MF 10 Com efeito, a aferição indireta é medida excepcional a ser utilizada em circunstâncias específicas para a verificação da base de cálculo tributável. De forma geral, o arbitramento é previsto no art. 148 do Código Tributário Nacional e, de forma específica, a legislação previdenciária estabelece a aferição indireta das contribuições no art. 33, §§ 3º e 6º da Lei nº 8.212/91: Código Tributário Nacional Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Lei nº 8.212/91 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. Como se observa, para a quantificação do crédito tributário através da utilização do método de aferição indireta, é imprescindível a caracterização de omissão, recusa, sonegação ou apresentação deficiente de informações ou documentos por parte do sujeito passivo, sendo que, para a verificação de que ocorreu apresentação deficiente de documentos, necessário se faz a análise prévia por quem de direito é competente para procedêla. Assim, constatados os requisitos autorizadores exigidos na lei, configurase legítimo o arbitramento efetuado pela autoridade fiscal, invertendose o ônus da prova para o contribuinte, em face da presunção juris tantum estabelecida nos §§ 3º e 6º do art. 33, da Lei nº 8.212/91. Pois bem. Segundo a fiscalização, foram registrados mensalmente na contabilidade da empresa, de forma genérica, os serviços de transportadores rodoviários autônomos. De acordo com o Relatório Fiscal de Auto de Infração, o arbitramento do salário Fl. 7388DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.384 11 de contribuição foi efetuado em decorrência de a empresa não ter procedido aos respectivos lançamentos contábeis de forma individualizada, que possibilitasse a identificação dos prestadores de serviços pessoas físicas e jurídicas, apesar dos valores lançados na escrituração contábil. Ou seja, não ocorreu omissão. Notese que os registros aconteceram, porém de forma genérica, razão porque a autoridade fiscal entendeu que haveria necessidade de intimação da empresa para a apresentação de documentos. Não obstante as falhas de lançamento na contabilidade da Recorrente, a fiscalização solicitou a apresentação dos documentos relacionados nos Termos de Intimação Fiscal constantes no item 6 do Relatório do Auto de Infração, o que foi atendido pela empresa sempre que requerido, tanto que em nenhum momento foi lavrado termo de embaraço à fiscalização. Nessa toada, importante verificar se a empresa apresentou a documentação de modo a identificar os prestadores de serviços e os valores envolvidos. A própria fiscalização esclarece no Relatório Fiscal que, após intimada, a empresa entregou os documentos, contendo mensalmente contas com valores e percentuais pagos aos transportadores pessoas físicas e jurídicas. Assim, a empresa disponibilizou à fiscalização centenas de documentos que teriam o condão de identificar o contribuinte individual e a base tributável para o cálculo do tributo efetivamente devido. Em nenhum momento foi afirmado pelo Auditor Fiscal que os documentos não mereciam fé, tanto que foram considerados para a aferição indireta. Vejamos o que foi afirmado no Relatório Fiscal: 4. Efetuamos o arbitramento do salário de contribuição apesar dos valores lançados na escrituração contábil. y) Destacamos ainda, que o contribuinte apresentou sua contabilidade em meio digital, conforme validação de arquivos digitais anexo ao presente processo. Em 13/10/2011 a empresa entregou os referidos documentos, contendo mensalmente contas com valores e percentuais pagos aos transportadores pessoas físicas e jurídicas, conforme documentos intitulados “PROVAS ADICIONAIS DE 13/10/11”, anexos ao presente processo. No entanto, o motivo pelo qual a autoridade fiscal se viu impossibilitada de apurar a base de cálculo das contribuições previdenciárias ora em debate, foi o fato de que (i) para fazer a separação dos contribuintes individuais, deverão ser verificados INDIVIDUALMENTE os documentos que foram bases para os respectivos lançamentos (ADIANTAMENTO DE FRETE E PEDÁGIO e do PAGAMENTO SALDO FRETE), o que é inviável devido ao grande volume de documentação emitida diariamente pela empresa. (ii) a quantidade de documentos passíveis de análise é imensa, o que torna impraticável a sua verificação sem recorrer às técnicas de amostragem previstas nas normas internacionais de auditoria. A fiscalização emitiu todos os termos de intimação para a empresa justamente para que lhe fossem fornecidos os elementos necessários para a aferição do tributo. Fl. 7389DF CARF MF 12 Com a apresentação dos documentos indicativos dos contribuintes individuais a serviço da empresa, não poderia a fiscalização desconsiderar a documentação apresentada e proceder ao arbitramento sem que restasse caracterizada a recusa ou inidoneidade de toda a documentação. Todos os meios de prova são imprescindíveis para a aferição do direito. Assim determina a Constituição e o Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/015): Constituição Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; CPC Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Ao meu ver, não restaram caracterizados os pressupostos autorizadores para a aferição indireta, pois, conforme destacado do Relatório Fiscal, não houve recusa, sonegação ou apresentação deficiente de informações ou documentos por parte do sujeito passivo, visto que sequer os documentos foram analisados em sua integralidade. Acontece que as provas para a aferição direta encontramse carreadas aos autos e não foi comprovado que os elementos disponibilizados pelo contribuinte não seriam suficientes para a apuração da base de cálculo da forma legalmente prevista. Em que pese o esforço da autoridade fiscal em demonstrar a parcela correspondente ao pagamento de remunerações a condutor autônomo e veículo rodoviário pelo frete e carreto realizado por conta própria, para, a partir desse montante, aferir a base de cálculo tributável das remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais, não haveria que se falar em arbitramento nesse caso, que é medida de exceção para aferir a base de cálculo da contribuição previdenciária, principalmente quando a motivação foi a imensa quantidade de documentos passíveis de análise, ou mesmo o grande volume de documentação emitida diariamente pela empresa, o que extrapola os limites estabelecidos nos §§ 3º e 6º do art. 33, da Lei nº 8.212/91. Na espécie, de posse dos elementos fornecidos pelo contribuinte o fisco teria total possibilidade de verificar a quantificação da mão de obra para o cálculo da contribuição devida. Somente seria cabível outra forma de cálculo do salário de contribuição caso não tivessem sidos disponibilizados os documentos pela empresa. Assim, entendo que deve ser declarada a improcedência do lançamento, posto que não restaram configurados os pressupostos autorizadores para o método excepcional positivado nos §§ 3º e 6º, do art. 33, da Lei nº 8.212/91. Fl. 7390DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.385 13 Caso não sejam acolhidos pela turma julgadora a questão acima exposta, passo à análise das demais razões recursais. Da aplicação da multa O sujeito passivo pleiteia pela redução da multa moratória para o patamar de 20% (vinte por cento) e se insurge contra a aplicação da a multa punitiva (art. 32A da Lei 8.212/91) estabelecida no Auto de Infração DEBCAD nº 37.352.1324. Requer a aplicação da multa mais benéfica. Assevera que, embora exista a planilha de comparação das multas, não foi calculado, separadamente, a multa punitiva relativa à GFIP, para a devida comparação com a multa prevista na legislação anterior. Quanto à multa moratória com base na legislação então vigente à época do lançamento ora combatido, temse que o §4º do art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 9.876, de 26/11/1999, estabelecia que na hipótese de as contribuições terem sido declaradas nas GFIP, a multa de mora teria redução em cinquenta por cento. Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). §4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinquenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). No entanto, para a correta aplicação da multa de mora aplicada a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008 (advento da MP 449/2008 quando surgiu a multa de mora e de ofício), há de se observar que no lançamento em tela foi aplicada a multa do então vigente art. 35, I, II e III, da Lei 8.212/91, que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e poderia atingir 50% na fase administrativa: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 7391DF CARF MF 14 c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (Grifos nossos). Entretanto, referido dispositivo legal foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabeleceu que os débitos referentes a contribuições não pagas nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61 da Lei no 9.430/1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. Destacase ainda que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 7392DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.386 15 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Com isso, em face do princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica. Ante a todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso para limitar a multa de mora a 20%. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário, para, no mérito, darlhe PROVIMENTO, declarando insubsistente o lançamento. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 7393DF CARF MF 16 Voto Vencedor Conselheiro Cleberson Alex Friess Redator Designado Peço vênia a I. Relatora para divergir do seu voto, na parte em que dá provimento ao recurso voluntário. De acordo com o Relatório Fiscal, às fls. 135/166, a empresa contratou transportadores autônomos para a viabilização de sua atividade econômica, registrando, contudo, os fatos na sua contabilidade de forma genérica e embaralhada, pois ausente a separação entre a prestação de serviços por pessoas físicas e jurídicas. A autoridade lançadora expôs com detalhes as dificuldades encontradas no curso do procedimento fiscal, cujas informações contidas nos lançamentos contábeis não permitiam identificar o prestador do serviço de transporte, se pessoa física ou jurídica, a menos que se verificasse um a um todos os documentos que lastreavam os respectivos registros contábeis. Para melhor compreensão dos fatos, reproduzo excertos do Relatório Fiscal (fls. 138): (...) f) Sobre os lançamentos contábeis que registram essas operações, destacamos: I) não são efetuados em nome de quem foi contratado para realizar o transporte; II) não existe qualquer indicação, no lançamento contábil, de quem efetivamente prestou o serviço; III) não há nem mesmo a informação do número do conhecimento; IV) o número do conhecimento só aparece no histórico quando do pagamento desses documentos. No entanto, os lançamentos são efetuados em nome de quem apresenta os documentos para recebêlos, na maioria das vezes postos de combustíveis ou associações de postos de combustíveis, e não em nome de quem efetivamente prestou o serviço motoristas (pessoas físicas) e empresas (pessoas jurídicas). g) Nos lançamentos não é possível identificar quem efetivamente prestou o serviço de transporte, pessoa jurídica ou física. São registrados em contas genéricas, tais como DESPESA COM FRETE. Para fazer a separação, deverão ser verificados INDIVIDUALMENTE os documentos que foram bases para os respectivos lançamentos (ADIANTAMENTO DE FRETE E PEDÁGIO e do PAGAMENTO SALDO FRETE), o que é inviável devido ao grande volume de documentação emitida diariamente pela empresa. (...) (DESTAQUE DO ORIGINAL) Fl. 7394DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.387 17 Como se observa, não havia dúvidas quanto à prestação de serviços mensal por transportadores autônomos pessoas físicas, na condição de contribuintes individuais, o que constitui fato gerador de contribuição previdenciária. O obstáculo residia na delimitação da base de cálculo do tributo, considerando os valores reais da remuneração recebida pela prestação de serviço, diante da falta de inclusão dos fatos geradores em folhas de pagamentos e da ausência de sua discriminação na escrituração contábil. À vista disso, ficava mais que evidente o descumprimento da legislação tributária pelo sujeito passivo, tendo em vista o que dispõe o art. 32 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) Consta que a empresa solicitou prazo adicional para produzir provas quanto aos valores mensais pagos aos transportadores pessoas físicas e jurídicas, o que foi aceito pelo agente fiscal. Na sequência, a fiscalizada forneceu valores e percentuais pagos aos transportadores (item 8, "n", às fls. 153). As informações elaboradas pela empresa foram testadas pela fiscalização, por amostragem, a fim de verificar a confiabilidade dos dados. Alguns conhecimentos ou espelhos de conhecimentos de transporte, solicitados pela fiscalização, sequer foram localizados pelo contribuinte. Ao final, a autoridade lançadora definiu o percentual de serviços prestados por pessoas físicas, com apuração indireta da base de cálculo das contribuições sociais (item 8, "o" a "x", às fls. 153/160). A aferição indireta foi uma medida excepcional, tendo sido adotada pela fiscalização por impraticável a identificação individual da remuneração dos segurados contribuintes individuais. Para tanto, o agente lançador utilizou critério razoável, escorado em documentação do próprio sujeito passivo, por meio da estimativa do percentual do serviços de transporte prestados por pessoas físicas. Fl. 7395DF CARF MF 18 Diante da apresentação deficiente de documentos pela empresa, relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária, é legítimo o procedimento fiscal de arbitramento da parcela correspondente à remuneração dos transportadores pessoas físicas, mediante a técnica de aferição indireta, encontrandose devidamente amparado na Lei nº 8.212, de 1991: Art. 33 (...) § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. (...) Instaurada a fase litigiosa, com a apresentação de impugnação tempestiva, o sujeito passivo não se desincumbiu do ônus probatório, deixando de trazer quaisquer elementos que pudessem respaldar a apuração direta da remuneração dos transportadores pessoas físicas. De mais a mais, é tarefa exclusiva do Poder Judiciário avaliar a compatibilidade da norma jurídica em nível legal ou infralegal com preceitos constitucionais de legalidade, razoabilidade e capacidade contributiva. Argumentos desse jaez são inoponíveis na esfera administrativa. Nesse sentido, não só o art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, como também o enunciado da Súmula nº 2, deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, assim redigida: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Prosseguindo, questiona a recorrente a respeito da inobservância do limite do saláriodecontribuição dos segurados contribuintes individuais. Como bem realçou o acórdão recorrido, a fiscalização não ignorou as normas que tratam do limite máximo mensal do saláriodecontribuição do trabalhador, somente deixou de aplicálas por total impossibilidade. De fato, a falta de individualização dos segurados decorre exclusivamente da deformidade da documentação elaborada e apresentada pela empresa à autoridade fiscal, não sendo lícito o sujeito passivo pretender socorrerse do seu comportamento tributário irregular para atacar a higidez do lançamento do crédito tributário. Ademais, a acusação fiscal não impediu o exercício do contraditório e da ampla defesa. Caberia à recorrente demonstrar, por meio da linguagem de provas, que os transportadores autônomos recebiam remuneração por mais de uma fonte pagadora durante o mês, já contribuindo sobre o limite do saláriodecontribuição. Tal comprovação se dá, naturalmente, pela análise em particular da documentação relativa a cada segurado contribuinte individual. Por derradeiro, analiso o critério de aplicação de multa utilizado pela fiscalização, tendo em conta os fatos geradores do período de 01/2007 a 12/2008. Em razão das alterações promovidas na Lei nº 8.212, de 1991, pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo em matéria de penalidade relacionada às infrações previdenciárias anteriores a 12/2008, isto é, até a competência 11/2008. Fl. 7396DF CARF MF Processo nº 11634.720327/201211 Acórdão n.º 2401004.769 S2C4T1 Fl. 7.388 19 São várias as vertentes interpretativas, inclusive no âmbito do contencioso administrativo, a respeito da aplicação do princípio da retroatividade benigna ao regime de multas estatuído na Lei nº 8.212, de 1991. Em que pese todos os bons argumentos, tenho entendido, até o momento, como mais adequado o mesmo critério de cálculo utilizado pela autoridade lançadora e acatado pela decisão de piso, na medida em que tal interpretação da legislação respeita a proibição de dupla penalização pela prática de uma mesma conduta infracional e compara penalidades incidentes sobre condutas idênticas. Dessa feita, com fez a autoridade fiscal, às fls. 7.155/7.156, para se verificar a situação mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, há que se realizar a seguinte comparação de penalidades entre as contribuições previdenciárias, por competência: (i) legislação anterior: somatório da multa aplicada nos moldes do inciso II do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991 (obrigação principal), e das multas aplicadas na forma dos §§ 4º a 6º do art. 32 da mesma Lei (obrigação acessória); e (ii) legislação atual: multa de ofício de 75%, prevista no art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, e introduzida pela MP nº 449, de 2008, sem qualquer limitação, acrescentado, se for o caso, a multa pela incorreção ou omissão de informações relativa a fato gerador não contemplado pela aplicação da multa de ofício. Em todas as competências, prevaleceu como mais benéfico ao sujeito passivo o comparativo de multas com aplicação da legislação anterior. Em consequência, além da obrigação principal, foi exigida corretamente a multa pelo descumprimento de obrigação acessória (AI nº 37.352.1324), calculada segundo os critérios do art. 32, inciso IV e §§ 3º e 5º, da Lei nº 8.212, de 1991 (fls. 126/130). Para o lançamento fiscal reflexo no tocante às contribuições previdenciárias da empresa, relativo às contribuições para outras entidades e fundos, o percentual da multa equivale a 24% para as competências até 11/2008 e, com relação à competência 12/2008, a 75%. Logo, não há reparo a fazer na decisão de piso. Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário, mantendo intacto o lançamento fiscal. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 7397DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10073.001052/2007-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. DEDUÇÃO. REQUISITOS.
São dedutíveis na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos efetuados a titulo de pensão alimentícia, desde que devidamente comprovados e quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente.
ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. PROCEDÊNCIA. PROVAS APRESENTADAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser afastada a glosa quanto ao demonstrado.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2202-003.949
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução de pensão alimentícia no valor de R$ 6.287,00.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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DEDUÇÃO. REQUISITOS. São dedutíveis na Declaração do Imposto de Renda os pagamentos efetuados a titulo de pensão alimentícia, desde que devidamente comprovados e quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. PROCEDÊNCIA. PROVAS APRESENTADAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Tendo o contribuinte apresentado documentação comprobatória de seu direito, deve ser afastada a glosa quanto ao demonstrado. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução de pensão alimentícia no valor de R$ 6.287,00. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 00 10 52 /2 00 7- 88 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10073.001052/200788 Acórdão n.º 2202003.949 S2C2T2 Fl. 62 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10073.001052/200788, em face do acórdão nº 0333.881 julgado pela 6ª Turma da Delegacia Federal do Brasil em Brasília (DF), no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: Contra o contribuinte em epígrafe foi emitida Notificação de Lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Física — IRPF (fls. 04 a 08), referente ao exercício 2005, anocalendário 2004. Após a revisão da Declaração foram apurados os seguintes valores: O lançamento acima foi decorrente das seguintes infrações: Dedução Indevida de Pensão Alimentícia Judicial — glosa de dedução de pensão alimentícia judicial, pleiteada indevidamente pelo contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício 2005, anocalendário 2004. Valor: R$ 9.441,09. Motivo da glosa: Regularmente intimado, o contribuinte não atendeu à intimação. Compensação Indevida a Titulo de Imposto Complementar — glosa de dedução de Imposto Complementar, pleiteada indevidamente pelo contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício 2005, anocalendário 2004. Valor: R$ 17.385,72. Motivo da glosa: Inexistência de recolhimento do imposto declarado nos sistemas da Receita Federal. Regularmente intimado, o contribuinte não atendeu à intimação.. A ciência do lançamento ocorreu em 12/06/2007 (fls. 09) e, em 26/06/2007, o contribuinte apresentou impugnação de fls. 01/03, acompanhada dos documentos de fls. 02/08, alegando que não Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10073.001052/200788 Acórdão n.º 2202003.949 S2C2T2 Fl. 63 3 foi considerado no cálculo do imposto o desconto de pensão alimentícia judicial. Anexa cópia do Oficio n° 2.433/1a VF/94, referente ao processo no 12.406/SJ, que definiu a pensão alimentícia. Requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. O julgamento do presente processo pela DR.I/BrasiliaDF se dá em fac da transferência de competência instituída pela Portaria RFB n° 1.023, de 30 de março de 2009, publicada no DOU em 02/04/2009. A DRJ de origem entendeu pela improcedência da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, às fls. 27/28, reiterando as alegações expostas em impugnação, a fim de que seja considerado o valor descontado de pensão alimentícia judicial. Ainda, juntamente com o recurso, o contribuinte junta aos autos os documentos requeridos, como o detalhamento de crédito e a notificação de lançamento. Em 23 de janeiro de 2013, a 2a. Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a. Seção de Julgamento deste Conselho proferiu a Resolução nº 2202000.428, onde compreenderam os julgadores pela conversão do julgamento em diligência, conforme decisão abaixo: O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Trata o presente processo de glosa do valor declarado a título de pensão alimentícia por falta de comprovação. No caso em concreto, a decisão guerreada manteve a glosa, uma vez que o recorrente juntou apenas o Ofício no 2.433/1ª VF/94 do Poder Judiciário Comarca de Volta Redonda lª Vara de Família (fl. 03), datado de 30/11/1994, informando à sua fonte pagadora que deveria ser descontada da folha de pagamento do contribuinte a “quantia correspondente a 50% (cinqüenta por cento) de seus venc. líquidos (...) em favor de Danira Andrade Sena e outros”, não apresentando nenhum comprovante do valor efetivamente descontado (fl. 21). Em sede de recurso, o contribuinte junta um extrato fornecido pelo INSS, referente ao mês de novembro de 2009 no qual, apesar de estar consignado um desconto relativo à pensão alimentícia, não basta para comprovar a dedução, pois referese a período diverso da autuação. Embora os documentos acostados pelo contribuinte evidenciem que poderia ter havido de fato o desconto em folha de pagamento a título de pensão alimentícia, não foi juntado nenhum documento relativo ao anocalendário fiscalizado. Por todo o exposto, para que se possa formar uma convicção acerca da matéria, voto no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora intime o INSS a informar se dos rendimentos pagos ao contribuinte foi descontada pensão alimentícia por determinação Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10073.001052/200788 Acórdão n.º 2202003.949 S2C2T2 Fl. 64 4 judicial no anocalendário 2004, indicando, se for o caso, o valor total da dedução. Ao final, antes da devolução dos autos ao Conselho de Contribuintes, o recorrente deve ser cientificado do relatório elaborado pela fiscalização para que se manifeste, se assim o desejar, no prazo de 30 dias. Ressaltese que as cópias de documentos a serem anexadas ao presente processo deverão ser autenticadas a vista do original, com a devida identificação do servidor responsável. A diligência foi realizada, sendo prestada a informação fiscal, de fl. 55, onde esclarece que: "Trata o pp. de impugnação de IRPF, em julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Em razão da Resolução nº 2202000.428 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, o INSS foi intimado a informar se dos rendimentos pagos ao contribuinte foi descontada pensão alimentícia por determinação judicial no anocalendário 2004, indicando, se for o caso, o valor total da dedução. Em resposta à Intimação Fiscal, o referido Órgão informou que houve repasse de pensão alimentícia, na proporção de 50% do valor do benefício, à Danira Andrade Sena, cujo valor total monta R$ 6.287,00, sem incluir o 13º salário, no valor de R$ 533,55. O ofício do INSS, bem como o Histórico de Créditos e uma planilha totalizadora encontramse anexos ao processo." (grifos originais) É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Delimitação da lide. A lide encontrase delimitada a glosa de dedução de pensão alimentícia judicial, pleiteada indevidamente pelo contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício 2005, anocalendário 2004, no valor de R$ 9.441,09. O motivo da glosa foi o seguinte: "Regularmente intimado, o contribuinte não atendeu à intimação". Registrase que não foi objeto de impugnação, bem como de recurso voluntário, a glosa de dedução de Imposto Complementar, pleiteada indevidamente pelo contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício 2005, ano calendário 2004, no valor de R$ 17.385,72. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10073.001052/200788 Acórdão n.º 2202003.949 S2C2T2 Fl. 65 5 Pensão alimentícia. A DRJ de origem entendeu por manter a glosa uma vez que o recorrente juntou apenas o Ofício no 2.433/1ª VF/94 do Poder Judiciário Comarca de Volta Redonda lª Vara de Família (fl. 03), datado de 30/11/1994, informando à sua fonte pagadora que deveria ser descontada da folha de pagamento do contribuinte a “quantia correspondente a 50% (cinqüenta por cento) de seus venc. líquidos (...) em favor de Danira Andrade Sena e outros”, não apresentando nenhum comprovante do valor efetivamente descontado (fl. 21). Em sede de impugnação, o contribuinte junta um extrato fornecido pelo INSS, referente ao mês de novembro de 2009 no qual, apesar de estar consignado um desconto relativo à pensão alimentícia, não basta para comprovar a dedução, pois referese a período diverso da autuação. Este Conselho proferiu Resolução, por entender que embora os documentos acostados pelo contribuinte evidenciem que poderia ter havido de fato o desconto em folha de pagamento a título de pensão alimentícia, não foi juntado nenhum documento relativo ao ano calendário fiscalizado. Deste modo, para que se possa formar uma convicção acerca da matéria, foi convertido o julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora intimasse o INSS a informar se dos rendimentos pagos ao contribuinte foi descontada pensão alimentícia por determinação judicial no anocalendário 2004, indicando, se for o caso, o valor total da dedução. O INSS, a fl. 48, esclarece que houve repasse de pensão alimentícia, na proporção de 50% (cinquenta por cento) do valor do benefício, à Danira Andrade Sena, CPF 833.610.06791. Em anexo, apresenta a seguinte planilha (fl. 50 dos autos): A informação fiscal de fl. 55 confirma que o INSS informou que houve repasse de pensão alimentícia, na proporção de 50% do valor do benefício, à Danira Andrade Sena, cujo valor total monta R$ 6.287,00, sem incluir o 13º salário, no valor de R$ 533,55. Assim, estando o ofício do INSS, bem como o Histórico de Créditos e uma planilha totalizadora encontramse anexos ao processo, deve ser afastada a glosa no valor de R$ 6.287,00. Por oportuno, esclarecese que não é dedutível a parcela referente ao 13º salário, em razão de sua tributação ser exclusiva na fonte. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10073.001052/200788 Acórdão n.º 2202003.949 S2C2T2 Fl. 66 6 Conclusão. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de dedução de pensão alimentícia no valor de R$ 6.287,00. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 66DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.910087/2012-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 28/04/2006
COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da não-cumulatividade.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-004.037
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
ANTÔNIO CARLOS ATULIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 28/04/2006 COFINS. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à compensação quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova sobre a liquidez e certeza dos créditos que alega possuir na sistemática da nãocumulatividade. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ANTÔNIO CARLOS ATULIM Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Renato Vieira de Avila (suplente), Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versam os autos sobre pedido de reconhecimento de direito creditício de COFINS, informado como oriundo de recolhimento efetuado a maior, cumulado com declaração de compensação (PER/DCOMP). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 91 00 87 /2 01 2- 55 Fl. 111DF CARF MF Processo nº 11020.910087/201255 Acórdão n.º 3402004.037 S3C4T2 Fl. 3 2 No Despacho Decisório, a autoridade local da RFB indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, após ter "efetuado revisão completa retroativa de suas últimas bases de cálculo de COFINS", possuir créditos oriundos de suas seguintes contas, discorrendo acerca da legislação que em tese respaldaria os mesmos: A DRJ/RPO, nos termos do Acórdão 14046.800, julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Inconformado, o contribuinte interpôs o presente recurso voluntário, no qual, em suma, restringese a afirmar que o "processo já dispõe dos documentos comprobatórios dos créditos apurados", e nada mais! É o relatório. Voto Conselheiro Antônio Carlos Atulim Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.034, de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 11020.910095/201200, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.034): "Alega o contribuinte, de forma genérica, ter créditos para fins de apuração da COFINS a pagar no sistema nãocumulativo. Tais créditos seriam oriundos de valores constantes nas contas especificadas no relatório. Feita essa apuração, a posteriori, sem qualquer liquidez e certeza já saiu a se compensar com débitos de tributos administrados pela RFB. Ou seja, não há prova específica a respaldar os alegados créditos. Acostou cópia do livro razão onde constam tais contas contábeis, sem qualquer documento fiscal e referência a seu processo produtivo em que se pudesse constatar de quais insumos se tratam e, mais, se efetivamente são utilizados na produção das mercadorias que produz. Demais disso, em tese, em análise superficial, valores referente à manutenção e reparos, fretes com vendas (nas quais não se sabe quem arcou com os valores), despesas diversas (que não se sabe do que se tratam), e mão de obra de terceiros (que em tese podem ser feitas por pessoas física, o que afastaria qualquer direito a crédito) não dão direito a crédito. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 11020.910087/201255 Acórdão n.º 3402004.037 S3C4T2 Fl. 4 3 Assim, sendo firme a jurisprudência desse Colegiado no sentido de que recai sobre o contribuinte o onus probandi dos créditos que alega ter, mormente em relação a valores que já se compensou, que pressupõe sua certeza e liquidez, constatase que ele não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados. CONCLUSÃO Portanto, ante a falta de prova dos declarados créditos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário." Ressaltese que, neste processo, as contas especificadas como origem dos créditos (indicadas no relatório) são as mesmas que as tratadas no caso do paradigma, e que o contribuinte, nestes autos, também "não provou por todos os meios e de forma específica (não há um documento fiscal nos autos) os créditos declarados". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Fl. 113DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.720668/2014-42
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jun 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2011
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. APRESENTAÇÃO DE IMPUGNAÇÃO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. AMPLA DEFESA. CONTRADITÓRIO. PODER DE INFLUÊNCIA. NULIDADE.
É parcialmente nula a decisão que deixa de apreciar as razões de defesa apresentadas pelos sujeitos passivos solidários, quando a peça impugnatória atendeu à liturgia estabelecida na legislação de regência. Neste caso, cumpre que se devolva o processo para que a autoridade a quo analise as razões apresentadas.
Numero da decisão: 2201-003.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para reconhecer a nulidade parcial da decisão da primeira instância, e determinar a devolução do processo para que a autoridade 'a quo' analise as razões de defesa dos sujeitos passivos solidários.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 22/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2011 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. APRESENTAÇÃO DE IMPUGNAÇÃO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. AMPLA DEFESA. CONTRADITÓRIO. PODER DE INFLUÊNCIA. NULIDADE. É parcialmente nula a decisão que deixa de apreciar as razões de defesa apresentadas pelos sujeitos passivos solidários, quando a peça impugnatória atendeu à liturgia estabelecida na legislação de regência. Neste caso, cumpre que se devolva o processo para que a autoridade a quo analise as razões apresentadas.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para reconhecer a nulidade parcial da decisão da primeira instância, e determinar a devolução do processo para que a autoridade 'a quo' analise as razões de defesa dos sujeitos passivos solidários. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. EDITADO EM: 22/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2011 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. APRESENTAÇÃO DE IMPUGNAÇÃO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS. AMPLA DEFESA. CONTRADITÓRIO. PODER DE INFLUÊNCIA. NULIDADE. É parcialmente nula a decisão que deixa de apreciar as razões de defesa apresentadas pelos sujeitos passivos solidários, quando a peça impugnatória atendeu à liturgia estabelecida na legislação de regência. Neste caso, cumpre que se devolva o processo para que a autoridade a quo analise as razões apresentadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para reconhecer a nulidade parcial da decisão da primeira instância, e determinar a devolução do processo para que a autoridade 'a quo' analise as razões de defesa dos sujeitos passivos solidários. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. EDITADO EM: 22/05/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 06 68 /2 01 4- 42 Fl. 1156DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado em face do Acórdão 1456.517 da 10ª Turma da DRJ/RPO que negou provimento à impugnação apresentada pelo sujeito passivo ao auto de infração composto pelos seguintes créditos tributários: · Debcad 51.058.8549: Contribuição previdenciária da empresa e GILRAT incidente sobre a remuneração a empregados e contribuintes individuais, no valor de R$ 3.516.710,16, consolidado em 25/02/2014 (fls. 803/826); · Debcad 51.058.8557: Contribuições destinadas a outras entidades e fundos, no valor de R$ 881.190,15, consolidado em 25/02/2014 (fls. 827/845). De acordo com o relatório fiscal (fls 849/868), a fiscalização teria constatado "que a fiscalizada constitui grupo econômico de fato e irregular, com a finalidade de sonegar contribuições sociais e contribuições de intervenção no domínio econômico, por meio de duas "prestadoras de serviço". As empresas Indústria de Calçados Santa Cristina Ltda. EPP e Indústria de Calçados Conceição Ltda. EPP, embora constituídas regularmente, não eram, de fato sociedades independentes, mas empresas interpostas" (fls 849). Assim, foram lançadas as contribuições previdenciárias patronal e as destinadas a outras entidades e fundos sobre a folha de pagamento das terceirizadas, sob o argumento de que os empregados registrados nestas efetivamente pertenciam à empresa fiscalizada Calçados Sandra Ltda. Essas conclusões seriam justificadas pelos seguintes elementos: · As empresas Indústria de Calçados Santa Cristina Ltda. EPP e Indústria de Calçados Conceição Ltda. EPP seriam as maiores fornecedores de mãodeobra da recorrente, respondendo por 30% desta (fls 850); · Ambas as empresas foram constituídas em endereços onde funcionavam filiais da Calçados Sandra Ltda., filiais estas que encerraram suas atividades poucos meses depois da constituição das prestadoras de serviços (fls 850 e 853); · Os imóveis em que atuam as prestadoras de serviço foram alugados da Calçados Sandra sem registro em cartório ou garantias em contratos, com valores de aluguéis abaixo daqueles praticados pelo mercado (fls 850); Fl. 1157DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.157 3 · Os contratos de aluguel foram firmados apenas um ano e meio após o início da utilização dos imóveis (fls 854) e, em quatro anos de contrato, não houve reajuste no seu valor (fls 854); · Houve também aluguel de equipamentos em contratos com as mesmas características dos relativos aos imóveis (fls 855); · Nos anos de 2010 e 2011 a empresa Calçados Cristina não possuía nenhum valor de ativo imobilizado próprio e, em 2010, a Calçados Conceição registrava um valor irrisório (fls 855); · Os sócios das três empresas são ligados por laços familiares (fls 850 e 852/853); · As três empresas possuem a mesma atividade econômica e o mesmo Código Nacional de Atividade Econômica CNAE (fls 851/852); · Não havia instrumento escrito de contrato de prestação de serviços (fls 856); · Considerandose o número de trabalhadores constantes das GFIP das três empresas ocorre a redução do número de empregados da Calçados Sandra em proporção muito semelhante ao aumento do número de empregados nas outras duas empresas, o que sugere a transferência dos empregados (fls 856/859); · A análise da GFIP de abril de 2006 da Calçados Conceição revela que 113 dos 119 funcionários figuravam na GFIP da filial 3 da Calçados Sandra (fls 857); · O mesmo ocorre com a Calçados Santa Cristina, conforme tabela a fls. 858; · O contador das empresas e o computador utilizado para transmitir declarações e demonstrativos são os mesmos (fls 859); · Existe dependência econômica entre as empresas já que as receitas brutas das terceirizadas estão compostas quase que exclusivamente por serviços prestados à Calçados Sandra. Nos anos de 2010 e 2011, o percentual foi de 94% e 99% para a Santa Cristina e 95% e 70% para a Conceição (fls 860); · Haveria divergência nas entradas e saídas na industrialização por encomenda registrada pela Calçados Sandra, uma vez que as remessas seriam bastante superior aos retornos. Para o período considerado, as remessas para a Santa Cristina totalizariam R$ 5.584.221,83 e o retorno seria de R$ 2.929.666,15, enquanto que para a Calçados Conceição esses valores seriam de respectivamente R$ 4.881.729,79 e R$ 2.159.022,36. A empresa fiscalizada teria justificado essa divergência como um erro, mas a fiscalização entende que "tal Fl. 1158DF CARF MF 4 ocorrência em verdade advém da falta de rigor nas formalizações das operações entre a fiscalizada e suas "filhotes", o que demonstra mais uma vez que as empresas, embora constituídas como se independentes fossem, nada mais são que uma única pessoa jurídica" (fls 862); · A Calçados Sandra não teria qualquer funcionário administrativo até abril de 2009 e, a partir desse período, compartilhou um funcionário técnico em segurança do trabalho com a Calçados Sandra. Somente a partir de março de 2010 teria um funcionário administrativo que também era exempregado da Calçados Sandra. Isso reforçaria a tese de que a Santa Cristina nada mais é do que a terceirização dos serviços da própria área produtiva da Sandra (fls 863); · A Calçados Conceição, por sua vez, teria um trabalhador administrativo desde 2006, também exfuncionário da Calçados Sandra (fls 863/864); Com base nesses elementos, conclui a fiscalização que (fls 864/866): Assim, tendo em vista todos os fatos narrados e exaustivamente documentados no presente Relatório, é mister afirmar que a sociedade Calçados Sandra Ltda constituiu grupo econômico de fato e irregular, por meio do qual explorou a mãodeobra registrada em duas empresas interpostas optantes pelo Simples, Indústria de Calçados Conceição Ltda e Indústria de Calçados Santa Cristina Ltda. O risco da atividade econômica assumido por estas duas sociedades se deu de forma artificial e com o objetivo de criar uma situação jurídica com vistas à dissimulação dos fatos geradores de contribuições previdenciárias patronais. Uma vez estando os empregados registrados nessas duas “prestadoras de serviço”, a fiscalizada usufruiu, irregularmente, do tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte, SIMPLES NACIONAL. A pessoa jurídica fiscalizada lançou mão de planejamento tributário fraudulento, por meio do qual SONEGOU contribuições sociais nos dois anoscalendário considerados. O princípio da primazia da realidade sobre a forma diz que nas relações trabalhistas deve prevalecer a situação fática à incorretamente formalizada. A essência do ato jurídico é o fato e não a forma. As sociedades Indústria de Calçados Conceição e Indústria de Calçados Santa Cristina não passavam de empresas interpostas utilizadas pela fiscalizada para contratar empregados com redução de encargos sociais. Com fundamento nesse princípio, e no disposto nos artigos 9º e 44 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, transcritos a seguir, foram caracterizados como da fiscalizada os segurados registrados naConceição e Santa Cristina. “Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. (...) Art. 444 – As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha Fl. 1159DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.158 5 às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.” Aduzimos, ainda, que o entendimento jurisprudencial sobre o tema foi pacificado pelo Tribunal Superior do Trabalho por meio do Enunciando nº 331. “Nº 331 Contratação de prestação de serviços. Legalidade. I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei 6.019/74).” Assim, com base no Código Tributário Nacional, Lei 5.172/66, artigo 142, procedemos ao lançamento das contribuições previdenciárias patronais de que tratam os incisos I, II e III, artigo 22, da Lei 8.212/91, incidentes sobre a remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais. Também considerou a fiscalização que os sóciosadministradores agirem com violação da lei, o que implicaria sua responsabilidade solidária com base nos arts. 124, I, e 135, III, do Código Tributário Nacional CTN (fls 866). Pelos mesmos motivos, foi aplicada a multa de 150% prevista no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, e arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 (fls 867). Tendo a empresa interessada e os seus sócios apresentado em conjunto impugnação à autuação (fls 889/937), sua irresignação deu ensejo ao Acórdão 1456.517 da 10ª Turma da DRJ/RPO (fls 996/1015), com a seguinte ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2010 a 30/11/2011 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. VINCULAÇÃO DEPENDENTE DE DISPOSIÇÃO LEGAL EXPRESSA. As decisões judiciais e administrativas somente vinculam os julgadores de 1ª instância nas situações expressamente previstas na legislação. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF O Mandado de Procedimento Fiscal não constitui requisito de validade do lançamento, pois é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos de auditoria fiscal. NULIDADE. LANÇAMENTO. MOTIVAÇÃO E FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO CONSISTENTES. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O lançamento devidamente motivado e fundamentado em elementos fáticos e em dispositivos legais vigentes à época da ocorrência dos fatos geradores afasta a alegação de nulidade com base nesses fatores. Fl. 1160DF CARF MF 6 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL EM DIVERSAS EMPRESAS. PROPÓSITO NÃO NEGOCIAL E AUSÊNCIA DE AUTONOMIA. RECONSIDERAÇÃO DAS RELAÇÕES JURÍDICAS. VINCULAÇÃO DA MÃODEOBRA À EMPRESA BENEFICIÁRIA DOS SERVIÇOS. A organização empresarial de um conjunto de atividades sujeito a um controle comum na forma de empresas distintas deve corresponder à realidade econômica e ter propósito eminentemente negocial, sob pena de serem reconsideradas as relações jurídicas subjacentes e vinculada a mãodeobra à empresa efetivamente beneficiária dos serviços sempre que identificados a falta de autonomia entre as empresas e o objetivo principal de redução de tributos que, conjugados, propiciem a determinação artificial das bases de cálculo desses tributos. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. Ausente defesa apresentada em nome da pessoa física dos sócios, não cabe, em sede de julgamento, apreciar oposição à imputação de responsabilidade solidária, na medida em que a pessoa jurídica não detém legitimidade e nem interesse para tanto. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO, FRAUDE OU CONLUIO. APLICAÇÃO. Aplicase a multa qualificada correspondente à duplicação do percentual da multa de ofício quando verificada a ocorrência de conduta dolosa caracterizada como sonegação, fraude ou conluio. Dessa decisão foi dada ciência à empresa interessada (AR à fl 1041) e aos responsáveis solidários (AR a fls 1042/1045) em 19/03/2015. O recurso voluntário conjunto entre Calçados Sandra Ltda. e os sócios arrolados como responsáveis solidários foi protocolado em 16/04/2015 (fls 1053/1133), tempestivamente, portanto, apresentando as razões de recorrer que são resumidas a seguir: A utilização dos serviços de ateliês de calçados é fato absolutamente comum, corriqueiro e necessário na atividade de fabricação de calçados, com o fim de obter benefícios fiscais, notadamente o creditamento de PIS e Cofins em relação à mãodeobra prestada por estas empresas; A necessidade dos ateliês dáse também pelos seguintes motivos: falta de mãodeobra no local da empresa; dificuldade em locomover pessoal; experiência e especialização dos ateliês; falta de espaço físico na empresa para confecção de toda linha de produção; inexistência de maquinário específico; menor custo pela disponibilidade de mãode obra especializada; As empresas Calcados Santa Cristina Ltda. e Indústria de Calçados Conceição Ltda. são apenas duas entre dezenas de ateliês que prestam serviços para a interessada e fornecem apenas 28% da mãodeobra terceirizada; O lançamento foi baseado apenas em indícios sem a indicação da base legal para suportar o lançamento; Fl. 1161DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.159 7 Houve cerceamento do direito de defesa pela falta de capitulação legal das infrações, infringindo cláusula pétrea da Constituição; Todos os ramos econômicos praticam o que a auditoria batizou de "grupo econômico", bastando citar o mais conhecido que são montadoras de automóveis; O julgamento pela DRJ não respeitou o princípio da impessoalidade, pois está composta unicamente por AuditoresFiscais, em que o corporativismo só admite o cancelamento do auto de infração em alguns casos; Houve descontinuidade no MPF, pois foi prorrogado após o esgotamento do prazo originalmente fixado; Neste caso houve uma nova fiscalização, o que exigiria autorização específica; A inexistência dessa autorização torna nulo o auto de infração; As decisões jurisprudenciais devem ser utilizadas nos julgamentos a teor dos arts. 62 e 62A do Regimento Interno do CARF; O auto de infração está baseado em indícios e não há capitulação legal específica para as infrações imputadas, o que o torna nulo por ofensa ao direito ao contraditório e à ampladefesa; Houve apresentação de impugnação pelos sócios, sendo descabida a alegação de preclusão; Não houve capitulação legal e a Lei nº 4.502, de 1964, foi revogada pela Lei nº 4.729, de 1965, esta também revogada pelo art. 1º da Lei nº 8.137, de 1990; A multa de 150% tem caráter confiscatório, por isso deve ser reduzida para 100%; Quanto ao indício mesma atividade econômica: para um ateliê de calçados, a atividade só poderia ser a calçadista; Não há impedimento legal a que pessoas que possuem parentesco abram empresas diferentes; O aluguel dos imóveis onde antes funcionavam as filiais da Calçados Sandra Ltda. só evidencia que foi uma opção mercadológica; O próprio processo administrativo reconhece que os alugueres foram pagos; A alegação de que os valores do aluguéis estava abaixo do valor locativo não está acompanhada de nenhuma prova nesse sentido; A Calçados Sandra Ltda. aluga máquinas para vários outros ateliês; É normal no ramo calçadista a falta de contrato de prestação de serviços; Fl. 1162DF CARF MF 8 Também é normal dentro da opção efetuada que se mantivessem os empregados e a infraestrutura local; O indício relativo ao mesmo computador e contador é uma tentativa da auditoria de legislar; É natural que o principal cliente das empresas criadas seja a Calçados Sandra pois as microempresas não suportam grandes demandas; Em relação ao indício de divergência nas entradas e saídas, afirma que, na remessa para os ateliês, são enviadas diversas peças para costura, e também a linha, cola, contraforte e fita de retorno, e quando da devolução estes últimos itens não mais existem, pois foram incorporados à gáspea pronta e ao traseiro pronto, o que justificaria a diferença apontada; Não havia necessidade de funcionários administrativos, dado o tamanho da empresa; O fisco está tentando dar autoaplicação ao parágrafo único do art. 116 do CTN, norma antielisiva; A Nike terceiriza toda sua produção; Transcreve jurisprudência acerca da desconsideração de negócios jurídicos (neste caso, abro um parênteses para registrar que o contribuinte esqueceu de informar que o que transcreve foi a declaração de voto de conselheiro que foi vencido, por isso, embora seja um voto muito bem redigido, não pode ser tratado como jurisprudência administrativa, já que não reflete a decisão tomada pelo colegiado na ocasião) e da formação de grupos econômicos; Em relação à responsabilidade solidária, transcreve doutrina e jurisprudência acerca da insuficiência da caracterização de grupo econômico para ensejar a responsabilidade de que trata o art. 124, I, do CTN, o que afastaria responsabilidade de Calçados Sandra Ltda.; Com base no que foi acima sumariamente relatado, a recorrente formula o pedido nos seguintes termos: Diante de todo o exposto, requerse sejam acolhidas as preliminares determinando a nulidade absoluta dos autos de infração, notadamente, por descontinuidade do MPF, da falta de prorrogação e da ordem escrita para fiscalizar o mesmo exercício, por falta de capitulação legal da infração cometida para o lançamento, bem como da falta de capitulação legal do suposto crime cometido. Que seja reconhecido que a legislação apontada para o suposto crime não se aplica ao presente caso e que, além disso, está revogada; Caso não seja este o entendimento desta Corte, que seja declarada a preclusão do fisco para a atribuição de responsabilidade solidária dos sócios, haja vista que a contestação apresentada em relação a eles não foi questionada na decisão da DRJ, razão pela qual devem ser excluídos da sujeição passiva e do processo de representação fiscal para fins penais. Fl. 1163DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.160 9 Alternativamente, caso não seja este o entendimento que, seja reduzida a multa por infração qualificada de 150%, para multa de ofício comum, em 75%. Ainda caso os autos não sejam cancelados, o que se admite apenas com fins didáticos, que a multa qualificada de 150% seja reduzida para 100%, para não configurar confisco, e com isto o nome dos sócios sejam novamente excluídos da sujeita passiva e do processo de representação fiscal para fins penais. Ainda, que tudo isto não for acolhido, que os autos de infração sejam cancelados pelo reconhecimento da inexistência de formação de grupo econômico com vistas a redução da carga tributária. Por fim, dignemse Vossas Senhorias receber o presente Recurso Voluntário para julgálo totalmente procedente, determinando o arquivamento do processo de auto de infração. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso apresentado preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. Preliminar Nulidade parcial da decisão a quo Como ficou evidenciado no relatório, os sócios da empresa Calçados Sandra Ltda. foram arrolados como sujeitos passivos solidários com base nos arts. 124, I e 135, III, do CTN. Quanto à solidariedade dos sócios, o Acórdão 1456.517 da 10ª Turma da DRJ/RPO afirma o que a seguir se transcreve (fls 1013): Conforme documentos de fls. 884/886 e 988/990, os sócios administradores foram cientificados do autos de infração formalizados e, em especial, dos Termos de Sujeição Solidária Passiva que o integram (fls. 872/880). Apesar de tal fato, não apresentaram, por conta própria ou mediante representante legal seu, impugnação ao lançamento. A única impugnação que consta do processo (fls 889/938) foi elaborada em nome da pessoa jurídica Sandra Calçados Ltda, representada pelo Sr Marcos Alberto Linden (OAB/RS 35.368) e pela Sra. Maria Terezinha Weiand Linden (OAB/RS 80.340), procuradores da empresa legalmente constituídos conforme contrato Social de fls. 947/957, datado de 25/02/2013 e Procurações de fls 940/945. Fl. 1164DF CARF MF 10 Dos fatos acima expostos decorre que precluiu administrativamente o direito dos sóciosadministradores apresentarem defesa a seu favor, considerando que os arts 15 e 21 do Decreto n° 70.235/72 impõem que a impugnação ao lançamento deve ser apresentada no prazo de 30 dias a contar da ciência, sob pena de ser declarada a revelia. A revelia é caracterizada pela ausência de contraditório e tem como efeito não apenas impedir o exercício da função jurisdicional administrativa, mas também permitir a presunção de serem verdadeiros os fatos não contestados. É certo que, no presente caso, já que a pessoa jurídica apresentou tempestivamente recurso administrativo contestando o lançamento, a eventual exoneração do crédito tributário aproveitaria também ao sócio tido como responsável solidário pela dívida. Porém, a imputação de solidariedade é assunto de interesse específico do sócio, que só pode ser argüida pelo próprio ou por representante legalmente constituído. Assim, na ausência de impugnação tempestiva, consolidase administrativamente a responsabilidade atribuída aos sóciosadministradores. Ressaltese que o fato de a empresa, em sua impugnação, ter apresentado argumentos de defesa objetivando descaracterizar a responsabilidade solidária não altera as conclusões acima, já que aquela não é pessoa legítima para pleitear em nome do sócio . (..) Considerando a falta de legitimidade da pessoa jurídica, não serão apreciadas, neste voto, as alegações por ela apresentadas, com vistas a afastar a inclusão dos sóciosadministradores no pólo passivo do lançamento que é objeto do presente. Por outro lado, considerando que os próprios sóciosadministradores também não exerceram o seu direito de defesa, resta consolidada, na esfera administrativa, a imputação de solidariedade. Na ementa desse Acórdão ficou consignado que: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO ADMINISTRADOR. Ausente defesa apresentada em nome da pessoa física dos sócios, não cabe, em sede de julgamento, apreciar oposição à imputação de responsabilidade solidária, na medida em que a pessoa jurídica não detém legitimidade e nem interesse para tanto. Ocorre que a impugnação (fls 889) se inicia nos seguintes termos: CALÇADOS SANDRA LTDA., devidamente qualificada nos autos do processo acima identificado, (...), bem como CARLOS LUIZ SCHMITT, EGON CLÁUDIA SCHMITT, PAULO ROGÉRIO SCHMITT E PAULO FERNANDO DORR arrolados Fl. 1165DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.161 11 como devedores solidários vem, por meio de seus procuradores signatários, procurações e contrato social em anexo, apresentar IMPUGNAÇÃO INTEGRAL aos AUTOS DE INFRAÇÃO de Contribuições Previdenciárias Patronais e Contribuições destinadas às outras Entidades e Fundos, cuja ciência deuse na data de 19/03/2014, requerendo: O item 4.2 da Impugnação, a fls 929, trata especificamente da responsabilidade atribuída aos sócios, sendo concluído com a seguinte afirmação, que evidencia o efetivo exercício do direito de defesa desses sujeitos passivos: Por esta razão não pode subsistir a pretensão de responsabilidade solidária aos sócios (da época) arrolados, e nem a responsabilidade pessoal. A fls 941/944, estão juntadas as procurações conferidas pelos sujeitos passivos solidários ao signatário da peça impugnatória. Estas procurações foram conferidas em nome pessoal, e não como representantes da Calçados Sandra Ltda., e se destinam à defesa junto à Receita Federal "especialmente Processo Administrativo Fiscal Nº 11065.720.668/201442 e Nº 11065.720.646/201482". Portanto, a realidade espelhada nos autos do processo destoa drasticamente daquela utilizada pela decisão de piso para deixar de analisar os argumentos de defesa apresentados pelos sujeitos passivos solidários. No Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, o regime das nulidades está disciplinada nos seguintes artigos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 1166DF CARF MF 12 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Desses dispositivos, destaco inicialmente o art. 59, I, pelo qual são nulos os atos praticados com preterição do direito de defesa. A ampla defesa é um desdobramento do contraditório e este era tradicionalmente compreendido como constituído pelos elementos informação e possibilidade de reação. Contudo, na dogmática atual, esses elementos são vistos apenas como expressão formal desse princípio, insuficientes para lhe dar efetiva aplicabilidade, o que torna necessária a agregação de um novo elemento, este de caráter substancial. Nesse sentido, Daniel Amorim Assumpção Neves ensina que: Percebeuse muito por influência dos estudos alemães sobre o tema, que o conceito tradicional de contraditório fundado no binômio "informação + possibilidade de reação" garantia tão somente no aspecto formal a observação desse princípio. Para que ele seja substancialmente respeitado, não basta informar e permitir a reação, mas exigir que essa reação no caso concreto tenha real poder de influenciar o juiz na formação do seu convencimento. A reação deve ser apta a efetivamente influenciar o juiz na prolação da sua decisão, porque em caso contrário o contraditório seria mais um princípio "para inglês ver", sem grande significação prática. O "poder de influência" passa a ser portanto, o terceiro elemento do contraditório, tão essencial quanto os elementos da informação e da reação. (Manual de direito processual civil Volume único/Daniel Amorin Assumpção Neves 9. ed. Salvador: Ed. JusPodivm, 2017, p. 177). O poder de influência não é efetivado se as alegações apresentadas pelo cidadão respeitando a liturgia do processo não são analisadas. Nesse caso, há ofensa ao princípio do contraditório e a um dos seus desdobramentos, o princípio da ampla defesa. Por isso, embora em seu pedido a recorrente tenha solicitado que "seja declarada a preclusão do fisco para a atribuição de responsabilidade solidária dos sócios, haja vista que a contestação apresentada em relação a eles não foi questionada na decisão da DRJ, razão pela qual devem ser excluídos da sujeição passiva e do processo de representação fiscal para fins penais", entendo que se trata de nulidade parcial da decisão de piso a ser reconhecida de ofício, ensejando a devolução do processo em questão para que a autoridade a quo analise as razões de defesa dos sujeitos passivos solidários (art. 59, § 2º do Decreto nº 70.235, de 1972). Dessa nova decisão a ser proferida deve ser dada ciência ao contribuinte para apresentação de novo recurso voluntário. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer o recurso voluntário apresentado para, em sede preliminar, reconhecer a nulidade parcial da decisão de primeira instância e determinar a devolução do processo para que a autoridade a quo analise as razões de defesa dos sujeitos passivos solidários. Fl. 1167DF CARF MF Processo nº 11065.720668/201442 Acórdão n.º 2201003.617 S2C2T1 Fl. 1.162 13 (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 1168DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000674/2010-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2402-000.623
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Waltir de Carvalho, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Waltir de Carvalho, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .0 00 67 4/ 20 10 -4 1 Fl. 503DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 405/409) interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte – DRJ/BHE (fls. 387/392), que considerou improcedente manifestação de inconformidade do contribuinte (fls. 293/301) em face de Despacho Decisório (fl. 262/265) que não homologou compensações informadas nos PER/DCOMP abaixo relacionados: Per/Dcomp Data Comp. Tributo PA Vencimento Valor R$ 26248.07354.100306.1.3.043240 10/03/2006 0588 02/2006 10/03/2006 15.527,52 09827.11066.100306.1.3.041989 10/03/2006 3208 02/2006 10/03/2006 41.083,23 05140.59658.100306.1.3.045160 10/03/2006 6891 02/2006 10/03/2006 63.727,53 12420.57211.100306.1.3.045008 10/03/2006 1708 02/2006 10/03/2006 115.410,45 01490.20787.190808.1.7.049409 15/03/2006 3467 0103/2006 15/03/2006 681.701,26 28461.64597.230306.1.3.040001 23/03/2006 3467 0203/2006 23/03/2006 9.595,87 A seguir reproduzse os trechos do Acórdão nº 0253.536, da 4ª Turma da DRJ/BHE, o qual retrata adequadamente os fatos ocorridos até a Manifestação de Inconformidade: Intimada a esclarecer e a comprovar o indébito declarado (fls. 32 a 33), informou a contribuinte, a fls. 35 a 36, que: O Pagamento (recolhimento) da IRRFPJ (código 17081) do período de apuração de 29/09/2005, efetuado através do DARF (guia nº 630962) no valor total de R$ 863.156,41 (Doc.1), foi efetuado a maior em R$ 859.728,25 sendo o correto efetuar pagamento para empresa Unibanco Aig Warranty Ltda CNPJ 03.051.290/000190 (guia nº 2668034) (Doc.2), visto o erro efetuamos pagamento posteriormente. Apresentamos os documentos de comprovação contábil da operação: Cópia do relatório de composição do lançamento contábil (sistema SAP) de registro nº 8000002479 (campo: “Nº documento"), que apresenta a transferência do valor provisionado indevidamente e informado acima para a conta do ativo nº 114411001 "IMP.DE RENDA E COMP", (Doc. 3 e 3.1). Resumo do relatório do Razão Contábil 2005 (Razão completo em disquete), demonstrado na página 102 a BAIXA IRRF de registro nº 8000064459. (Doc. 4) Segue relatório analítico apresentando os valores retidos e os CNPJ’s relacionados às operações do período e para os quais foram provisionados e recolhidos os tributos federais devidos, tendo sido revertidas (RP) as provisões indevidas no valor de R$ 859.728,25 (Doc. 5) Fl. 504DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 4 3 Segue a relação de todos os PERD/COMP's relacionados com o perd/comp de nº 26248.07354.100306.1.3.043240. Segue cópia do Contrato Social/Estatuto da Empresa e Ata Sumária de 30/11/2009 onde constam suas alterações e indicação dos poderes por representar a empresa. Após análise das informações e documentos apresentados pela interessada, decidiu a autoridade jurisdicionante, conforme Despacho Decisório de fls. 70 a 74, por não reconhecer o direito creditório e, conseqüentemente, não homologar as compensações declaradas, sob o seguintes fundamentos: O recolhimento (alegado) indevido, no valor de R$ 859.728,25, resultou da diferença entre o valor do DARF de R$ 866.004,83 (principal R$ 863.156,41) e o valor do débito declarado em DCTF retificadora (ativa) de R$ 3.428,16, com ressalva de que existem outros dois débitos de IRRF (código 1708) para o PA em tela. Ocorre que, intimado a esclarecer por escrito a origem do crédito de IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte – código de arrecadação 17081, data de arrecadação 29/09/2005) supostamente pago a maior, bem como apresentar os documentos que comprovassem o alegado pagamento indevido (Intimação DEINF/DIORT n° 222/10), o contribuinte prestou esclarecimentos, porém, não logrou comprovar, mediante registros contábeis idôneos, a liquidez e certeza do crédito em tela. As respostas apresentadas (fls 32 a 47) foram confusas e pouco esclarecedoras e não lograram demonstrar as circunstâncias materiais envolvidas na geração do crédito pleiteado. Ademais, a apresentação de documentação contábil foi insuficiente, incompleta e inconclusiva para a finalidade de comprovar correlação dos valores e fatos geradores do indébito com aqueles do pagamento que se alega indevido. O contribuinte não comprova, mediante lançamentos contábeis completos (partidas e contrapartidas, conforme solicitado em Intimação Diort), o valor efetivamente recolhido, os valores que considera devidos de IRRF e nem [faz] a comprovação inequívoca da devolução (dos valores alegados indevidos) a quem comportou os respectivos encargos financeiros, em cumprimento ao disposto no artigo 166 da Lei n° 5.172/66 — CTN. Ciente da decisão em 13/07/2010 (fls. 78 e 152), a contribuinte apresentou, em 12/08/2010, a fls. 101 a 109, manifestação de inconformidade, em que alega, fundamentalmente, que: [...] convém ressaltar que o direito do Manifestante à compensação de IRRF (cód. 1708), decorrente de recolhimento efetuado indevidamente a esse título, não pode ser contestado por argumentos de índole meramente de ordem formal, tal como pretende a digna Autoridade Fl. 505DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 5 4 Fiscal, visto que se trata de direito plenamente amparado na Constituição Federal e na respectiva legislação tributária aplicável, como melhor se verificará a seguir. O crédito compensado pelo Manifestante teve origem em recolhimento de DARF em 24/09/2005, efetivado no código 1708 (doc. anexo), o qual se refere a débito de IRRF, atinente ao período de apuração 29/09/2005, no valor histórico principal de R$ 863.156,41, assim representado pelo comprovante de arrecadação. In casu, o Manifestante, por um erro sistêmico e pontual, logrou recolher o referido DARF em seu nome, quando, em verdade, o IRRF recolhido era devido por outra empresa do mesmo conglomerado financeiro, qual seja: UNIBANCO AIG WARRANTY LTDA. Nesse sentido, após a constatação do erro no recolhimento do DARF em referência, em 15/02/2006, a UNIBANCO AIG WARRANTY LTDA recolheu corretamente um DARF em seu nome (doc. anexo), no valor de R$ 1.089.189,72 (principal de R$ 859.728,25 + multa de R$ 171.945,65 + juros de R$ 57.515,82), referente ao IRRF que era na verdade devido por ela e não pela UNIBANCO AIG SEGUROS S/A. [...] Importante ressaltar que o Manifestante está juntando a esta Manifestação de Inconformidade uma planilha com a composição de cada um dos dois DARFs (docs. anexos) recolhidos pelas duas empresas do mesmo conglomerado, de modo a evidenciar a duplicidade do recolhimento e o crédito a que tem direito o Manifestante. Comparando a composição das duas guias DARFs analiticamente por meio da planilha juntada, verificase que os valores recolhidos em uma empresa e na outra são exatamente os mesmos. Ademais, nesta planilha há também a composição ANALÍTICA dos valores devidos de IRRF de R$ 3.428,16, devidamente referenciado no Livro Razão contábil, pelo número da página. Quanto à alegação de que não foi comprovada a devolução dos valores indevidos a quem suportou os encargos, não procede. Isso porque não cabe a devolução do IRRF aos beneficiários, na medida em que não houve de fato a retenção do IRRF em duplicidade, mas tão somente o recolhimento em duplicidade. A fim de comprovar tal alegação, o Manifestante junta cópias dos comprovantes anuais de rendimentos pagos ou creditados e de retenção de IRRF — Pessoa Jurídica — A/C 2005 de alguns beneficiários pagos pela empresa UNIBANCO AIG SEGUROS S/A, bem como pela UNIBANCO AIG WARRANTY LTDA. Fl. 506DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 6 5 [...] Em meios dos informes fiscais do Manifestante, resta comprovado na competente DCTF set/2005, que o mesmo logrou apurar débito relativo à IRRF, no valor de R$ 31.858,88, o qual foi pago por meio de 3 guias DARFs. Ocorre que, por um lapso, o Manifestante houve por bem recolher o último DARF no valor de R$ 866.004,83 (principal no valor de R$ 863.156,41 + multa no valor R$ 2.848,42), sendo que, para efeito de extinção da exação efetivamente apurada, acertadamente alocou a monta de R$ 3.428,16, o que lhe gerou um indébito de R$ 859.728,25, objeto da presente compensação. [...] Outra inconsistência que o Manifestante traz à baila, é a constante no PER/DCOMP de fls.(doc. anexo), na medida em que, por um equivoco, deixou de informar na linha do PER/DCOMP "saldo do crédito original" o valor remanescente do crédito. Tal erro também foi cometido em outros PER/DCOMPS, o que acarretou na inconsistência dos demais PER/DCOMPS relacionados ao mesmo crédito. [...] resta evidente que a glosa em questão não pode subsistir, frente ao que determina os primados norteadores da atividade administrativa, em especial, in casu, o da Verdade Material. E, após mencionar os artigos 5º, incisos XXII e LIV, 150, inciso I, 37 da Constituição Federal, 165 do Código Tributário Nacional e transcrever entendimentos doutrinários, aduz que: eventuais equívocos de índole acessória constantes das declarações de rendimentos apresentadas pelo Manifestante, individualmente analisados, não suportam o indeferimento do presente pedido de restituição e compensação, visto que o direito do Manifestante à compensação resta devidamente comprovado nos autos, bem como garantido na Constituição Federal e na legislação tributária em vigor. Por fim, de modo a afastar o argumento de que o crédito não teria sido comprovado contabilmente, o Manifestante junta cópia dos registros contábeis de "ativação do credito", ou seja, o lançamento contábil que transferiu o valor de R$ 859.728,25 da conta 211220005 para a conta 114411001 em 13/02/2006, conforme relatório do sistema contábil SAP de nº 800002479. Instruem a manifestação de inconformidade os documentos de fls. 110 a 187. A DRJ/BHE considerou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da decisão assim ementada: Fl. 507DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 7 6 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 Provas. Constitui ônus do sujeito passivo a comprovação do direito creditório alegado. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificado da decisão a quo, o contribuinte repisa questões trazidas na Manifestação de Inconformidade e infere ter comprovado o direito creditório pleiteado, uma vez que evidenciou contabilmente a existência do crédito pretendido, embasado em documentos hábeis, nos termos do art. 923 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 – RIR/1999. Requer, por fim: a) o provimento do recurso voluntário e a consequente homologação da compensação pleiteada; e b) o cancelamento da cobrança efetivada por meio do presente processo. É o relatório. Fl. 508DF CARF MF Processo nº 16327.000674/201041 Resolução nº 2402000.623 S2C4T2 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Antes de analisarmos de forma exauriente as razões recursais, constatase que há questões que devem ser devidamente dirimidas pela autoridade administrativa competente. Conforme se extrai do Despacho Decisório, as compensações informadas nos PER/DCOMP objeto do presente processo não foram homologadas em razão de o contribuinte não ter comprovado, por meio de escrita contábil e documentação hábil, o direito ao crédito compensado. Quando da apresentação de manifestação de inconformidade, a contribuinte informa ter juntado aos autos planilhas (efls. 352/353 e 355), com a composição de cada um dos dois DARF (efls. 351 e 354) recolhidos por duas empresas do mesmo conglomerado (recorrente e UNIBANCO AIG WARRANTY LTDA), de modo a evidenciar a duplicidade do recolhimento e o crédito a que tem direito. Na referida planilha haveria ainda, segundo a recorrente, a composição analítica dos valores devidos de IRRF de R$ 3.428,16, devidamente referenciados no Livro Razão contábil, pelo número da página. A despeito do posicionamento exarado no acórdão recorrido, de que “os Darf apresentados, por si sós, por óbvio, não demonstram o indébito alegado. Tampouco se prestam para comprovar o direito creditório as planilhas juntadas ao processo (demonstrativos extra contábeis de composição dos valores recolhidos)”, esta turma julgadora achou por bem, antes da tomada de decisão, submeter os documentos acostados aos autos à análise da autoridade responsável pela decisão que denegou o direito a compensação. Diante disso, entendeuse por converter o julgamento em diligência para que a autoridade responsável pelo Despacho de Decisório de fls. 262/266 se manifeste sobre os documentos apresentados no recurso voluntário, notadamente os de efls. 429/499. Após a elaboração da Informação (Parecer), o Fisco deverá dar ciência ao recorrente desta decisão e do Parecer (Informação), com os demonstrativos e cópias que se fizerem necessários e concederá prazo de 30 (trinta) dias, da ciência, para que o contribuinte, caso deseje, apresente recurso complementar exclusivamente em relação ao objeto da presente diligência. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA para as providências solicitadas. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 509DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.720167/2013-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jul 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO RETIDO NA FONTE. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. PROCEDÊNCIA. PROVAS APRESENTADAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Tendo a contribuinte comprovado a retenção do imposto de renda deve ser afastada a glosa.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2202-003.981
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecilia Dutra Pillar e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente justificadamente Rosemary Figueiroa Augusto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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