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Numero do processo: 10983.905032/2008-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
RETENÇÃO NA FONTE POR ÓRGÃOS PÚBLICOS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES.
O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo período-base de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodos-base posteriores.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3401-003.643
Decisão: Por unanimidade de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário, acolhendo o colegiado os valores apurados na diligência, reconhecendo-os como pagamentos a maior.
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson Bayerl (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 RETENÇÃO NA FONTE POR ÓRGÃOS PÚBLICOS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES. O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo período-base de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodos-base posteriores. Recurso Voluntário Provido.
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COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES. O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo períodobase de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodosbase posteriores. Recurso Voluntário Provido. Por unanimidade de votos, deuse provimento ao recurso voluntário, acolhendo o colegiado os valores apurados na diligência, reconhecendoos como pagamentos a maior. ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson Bayerl (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Eloy Eros da Silva Nogueira, Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, André Henrique Lemos e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 3. 90 50 32 /2 00 8- 04 Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10983.905032/200804 Acórdão n.º 3401003.643 S3C4T1 Fl. 3 2 Tratase de Pedido de Compensação de crédito de contribuição para a PIS, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior. A Delegacia da Receita Federal (DRF) proferiu Despacho Decisório indeferindo o pedido formulado, sob o fundamento de que o DARF discriminado no PER/DCOMP, não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade na qual alegou, em síntese, que: (i) a não identificação do DARF está associada ao fato de que o recolhimento é uma consolidação das retenções na fonte relativas a quatro exações distintas (IRPJ, CSL, COFINS e PIS), e que a DCOMP, ao incluir os dados relativos ao DARF, segregou o valor retido referente a cada uma destas exações; (ii) não se utilizou das retenções para deduzilas das contribuições devidas relativas aos períodosbase a que se referem, porque só percebeu que a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) vinha efetuando tais retenções posteriormente; como já havia anteriormente adimplido as contribuições devidas relativas a estes períodosbase, só lhe restou a utilização daqueles valores retidos e não contemporaneamente deduzidos, para a compensação de débitos posteriores; (iii) está acobertado pelo artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, razão pela qual entende que o Despacho Decisório deve ser revisado, com a conseqüente homologação da compensação declarada. Foi proferido Acórdão DRJ julgando improcedente a manifestação de inconformidade interposta, de maneira a não reconhecer o direito creditório pleiteado, nos termos da ementa abaixo transcrita: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 RETENÇÃO NA FONTE POR ÓRGÃOS PÚBLICOS. COMPENSAÇÃO DOS VALORES RETIDOS COM DÉBITOS POSTERIORES. O direito à compensação dos valores retidos por órgãos públicos quando de pagamentos efetuados pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, com débitos posteriores existe, mas antes é preciso que tais retenções na fonte, como antecipações das exações devidas no período a que se referem que são, sejam antes utilizadas como dedução dos impostos e contribuições referentes ao mesmo períodobase de que fazem parte. Apenas o saldo eventualmente remanescente desta confrontação, é que é passível de compensação com débitos de períodosbase posteriores. A contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as razões veiculadas em sua manifestação de inconformidade, em especial que a retenção é uma forma de pagamento, e afirmou, ainda, nunca ter utilizado o valor da retenção para fins de redução do saldo a pagar da Contribuição devida. Após encaminhamento e distribuição a este Conselho, resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, proferindo, assim, Resolução CARF para que a unidade local se pronunciasse acerca da existência de DCTF retificadora e sobre o seu acatamento ou não, bem como sobre a existência ou não de pagamento a maior realizado pela contribuinte. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10983.905032/200804 Acórdão n.º 3401003.643 S3C4T1 Fl. 4 3 A unidade, em resposta à diligência formulada, concluiu, em síntese, que verificouse a ilegitimidade ad causam da contribuinte; e que não foi verificada a existência de pagamento a maior no período de apuração analisado. O processo foi encaminhado a este Conselho, e resolveram os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter novamente o julgamento em diligência, proferindo, assim, Resolução CARF nº 3401000.600 para conceder prazo para a contribuinte sanar a irregularidade na sua representação processual, bem como se manifestar acerca da resposta formulada em sede de diligência. A unidade realizou nova resposta à diligência, na qual informa ter constatado "(...) a existência de retenção em benefício da recorrente, equivalente à quantia de R$ 24.913,06(código 6147)1, a qual foi realizada pela fonte pagadora Universidade Federal de Santa Catarina (CNPJ 83.899.526/000182), ..., o qual foi obtido por meio de diligência outrora realizada por esta Unidade junto àquela fonte pagadora", e reforçou o entendimento, na mesma oportunidade, de se tratar de crédito inidôneo para fins de compensação, por falta de amparo legal. Em manifestação sobre a diligência, a contribuinte apontou a informação prestada pela autoridade fiscal no sentido de que a empresa de fato teria deixado de se valer da faculdade de dedução do valor relativo à PIS retido na fonte, no montante mencionado, e mencionou, ainda, que a diligência, ao defender que a retenção não pode ser considerada como uma modalidade de pagamento indevido, adentra inadvertidamente a matéria de mérito em momento inoportuno. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401003.637 de 25 de abril de 2017, proferido no julgamento do processo 10983.901975/200850, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3401003.637): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10983.905032/200804 Acórdão n.º 3401003.643 S3C4T1 Fl. 5 4 A questão se resume (i) à comprovação, em primeiro lugar, da afirmação da contribuinte recorrente de que adimpliu as parcelas referentes à Cofins sem antes deduzir os respectivos valores retidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), bem como do quantum retido e não utilizado, e (ii) à resposta à indagação, em segundo lugar, sobre se as retenções na fonte podem ou não ser consideradas "pagamento indevido" ou a maior e, logo, se são ou não suscetíveis de compensação posterior. Quanto à primeira questão, destacamse, da segunda diligência efetuada, os seguintes trechos: "(...) a existência de retenção em benefício da recorrente, equivalente à quantia de R$ 17.281,96 (código 6147), a qual foi realizada pela fonte pagadora Universidade Federal de Santa Catarina (CNPJ 83.899.526/000182), consoante o documento de fls. 146, o qual foi obtido por meio de diligência outrora realizada por esta Unidade junto àquela fonte pagadora. (...) Em consulta aos Sistemas da RFB, notadamente o DIPJ, verificase que a recorrente teria, de fato, deixado de se valer da faculdade de dedução do valor relativo ao PIS/PASEP retido na fonte, nos termos do art. 64, § 3º, da Lei nº 9430/1996, consoante se verifica da Ficha 19a,/Linha 20 – Cálculo do PIS/PASEP (junho/2001), extraído da DIPJ 2002 (entregue à RFB na data de 29/03/2007) – fls. 149" (seleção e grifos nossos). Entendemos que os obstáculos procedimentais, em especial aqueles relativos ao fato de não ter a contribuinte procedido à entrega de DCTF retificadora mencionado pela segunda diligência, possam ser plenamente superáveis caso se comprove a existência efetiva de valores recolhidos a maior, o que de todo modo foi feito por meio da diligência realizada, em conformidade com os trechos acima transcritos, restando, assim, comprovada a alegação de fato da contribuinte. Quanto à segunda questão, de maneira a melhor colocála, o que se discute no presente caso é se houve ou não o recolhimento a maior; neste sentido, descabe se aventar se o valor a ser restituído é proveniente da retenção, pois esta era devida: indevido foi o recolhimento por parte da contribuinte, que, por lapso, deixou de deduzir o valor retido. Assim, nos termos do art. 64 da Lei nº 9.430/1996, acresce à fundamentação da contribuinte o fato de que todos os pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal se sujeitam à incidência, na fonte do IRPJ, da CSL, da Cofins e do PIS/PASEP, sendo que o "valor retido" é, de um lado, nos termos do § 2º do dispositivo legal, levado a crédito da respectiva conta de receita da União Federal, e, de outro, nos termos do § 3º, é considerado como antecipação do que for devido pela contribuinte em relação ao mesmo imposto e às mesmas contribuições. Assim, assiste razão ao despacho decisório quando menciona que a contribuinte não observou a forma adequada para a realização da compensação, i.e., apontar como a origem do crédito o pagamento indevido, mas a retenção realizada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Tal inobservância, no entanto, merece ser superada uma vez constatada a existência do crédito, conforme apontado pela diligência efetuada. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10983.905032/200804 Acórdão n.º 3401003.643 S3C4T1 Fl. 6 5 Neste sentido, ademais, vem decidindo este Conselho, como no Acórdão CARF nº 3401002.805, proferido em sessão de 11/11/2014, de relatoria do Conselheiro Jean Cleuter Simões Mendonça, que julgou procedente, por unanimidade de votos, o recurso voluntário interposto pela mesma contribuinte do presente caso, em sessão da qual participaram, além do relator, os conselheiros Júlio César Alves Ramos (presidente), Robson José Bayerl, Ângela Sartori, Eloy Eros da Silva e Bernardo Leite de Queiroz Lima, e cuja ementa abaixo se transcreve: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2002 PIS. VALOR RETIDO NA FONTE POR ENTIDADE PÚBLICA. NÃO UTILIZAÇÃO PARA DEDUÇÃO. POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. O valor referente à retenção na fonte do PIS por entidade pública e não utilizado pelo contribuinte para dedução do valor devido pode ser posteriormente utilizado para compensar outros débitos. Não obstante, conforme também já decidido por este Conselho em inúmeros casos desta mesma contribuinte, fixase desde já, com a finalidade de se evitar a prorrogação indefinida deste contencioso, que a correção monetária dos valores a maior deverá ser calculada a partir do pagamento indevido, ou seja, jamais a partir do momento da retenção (devida), mas sim a partir do dies a quo do lapso do recolhimento sem a dedução realizado pela empresa, em conformidade com a ementa abaixo transcrita do Acórdão CARF nº 3401002.120, proferido em sessão de 31/01/2013, por unanimidade de votos, e de relatoria do Conselheiro Odassi Guerzoni Filho: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 20/08/2002 PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. RETENÇÃO NA FONTE FEITA POR ÓRGÃO PÚBLICO. DEDUÇÃO LEGAL DO VALOR DEVIDO NÃO EXERCIDA. CARACTERIZAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA A PARTIR DO PAGAMENTO E NÃO DA RETENÇÃO. Caracterizase como “pagamento indevido ou a maior” a parcela correspondente ao valor da retenção na fonte feita por órgão publico sobre o valor das receitas auferidas, retenção essa que, por lapso da empresa que sofreu a retenção, deixou de ser utilizada na época correspondente para reduzir o valor da contribuição devida. De outra parte, a atualização monetária do valor reconhecido como pago a maior deve levar em conta a data do recolhimento/pagamento” da contribuição, e não a data em que houve a retenção. Recurso Voluntário Provido em Parte. Assim, voto por conhecer e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o crédito no valor de R$ 17.281,96, de modo a acolher os exatos e precisos termos, quanto à apuração dos esclarecimentos de fato, da diligência realizada, devendo ser a correção monetária realizada a partir do efetivo pagamento indevido, e não do momento da retenção." Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10983.905032/200804 Acórdão n.º 3401003.643 S3C4T1 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o crédito no valor de R$ 24.913,06, de modo a acolher os exatos e precisos termos, quanto à apuração dos esclarecimentos de fato, da diligência realizada, devendo ser a correção monetária realizada a partir do efetivo pagamento indevido, e não do momento da retenção. assinado digitalmente. Rosaldo Trevisan Relator Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.908709/2009-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/02/2001
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO.
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.710
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/02/2001 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1591; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.908709/200921 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3201002.710 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de março de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO PAGAMENTO INDEVIDO Recorrente ABW FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/02/2001 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Recurso Voluntário Negado ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Marcelo Giovani Vieira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 87 09 /2 00 9- 21 Fl. 65DF CARF MF Processo nº 15374.908709/200921 Acórdão n.º 3201002.710 S3C2T1 Fl. 3 2 ABW FACTORING FOMENTO MERCANTIL LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição social (PIS ou Cofins). A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade, a contribuinte alegou, em síntese, que parte do pagamento declarado era indevido, sem, contudo, trazer aos autos qualquer elemento probatório do crédito pleiteado, como a escrita fiscal ou notas fiscais. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 1332.693. A DRJ fundamentou sua decisão no fato de que o recolhimento alegado como origem do crédito encontravase integralmente alocado para a quitação de débito confessado, não se tendo por caracterizado o alegado pagamento indevido ou a maior, dada a inexistência de comprovação de erro no preenchimento da DCTF. Em seu recurso voluntário a Recorrente alega, em resumo, que a legislação não se encontra autorizada a alterar conceitos adotados na Constituição Federal, não sendo possível, por conseguinte, a ampliação da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e Cofins), uma vez que, no período de apuração sob comento, a base de cálculo se restringia ao faturamento, ou seja, ao resultado das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições promovido pela Lei 9.718/1998. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.640, de 30/03/2017, proferido no julgamento do processo 13558.901073/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.640): O Recurso Voluntário é tempestivo, e não verificando outros óbices, tomo conhecimento dele. A recorrente alega que a parcela do Darf que considera indevida seria referente à ampliação da base de cálculo da Cofins, promovida pela Lei 9.718/98. Dois obstáculos impedem o provimento solicitado. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 15374.908709/200921 Acórdão n.º 3201002.710 S3C2T1 Fl. 4 3 O primeiro é que toda a argumentação quanto à base de cálculo da Cofins não foi feita na Manifestação de Inconformidade, e por isso, tal matéria encontrase atingida por preclusão, conforme art. 17 do PAF – Decreto 70.235/721, combinado com art. 74, §§ 9º, 10 e 11 da Lei 9.430/962. O segundo obstáculo é que o crédito pretendido não foi demonstrado e provado. Com efeito, o débito de Cofins, no valor integral do Darf, foi confessado em DCTF. A DCTF é o instrumento formal para confissão de débito, no lançamento por homologação (Decretolei 2.124/84), de modo que o crédito tributário representado pelo valor integral do Darf foi formalmente constituído. Estando o crédito tributário formalmente constituído, para que se pudesse retificálo seria necessária prova de sua inexatidão. Seria preciso demonstrar, documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova. Ora, o ônus da prova cabe ao interessado (art. 36 da Lei 9.784/993, art. 373,I do CPC4). Sem tais elementos, se mostra impossível desconstituir o que formalmente foi constituído. Também considero inaplicável o pedido de diligência. Com efeito, a recorrente já teve duas oportunidades para demonstrar seu direito material: 1 – após a ciência do Despacho Decisório, e 2 – após a ciência do Acórdão de manifestação de inconformidade. Permitir agora uma terceira oportunidade malfere o art. 16, § 4º do PAF Decreto 70.235/72: §4º – A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; 1 Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. 2 § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7º, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. 3 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 4 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Fl. 67DF CARF MF Processo nº 15374.908709/200921 Acórdão n.º 3201002.710 S3C2T1 Fl. 5 4 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Não se verificando nenhuma dessas exceções, não pode agora o processo ser submetido a nova fase probatória, nas quais se mostrariam necessárias verificações fiscais, batimentos, etc, que não tiveram lugar no tempo próprio. Desse modo, e ainda por homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para determinação de diligência. Assim, o crédito solicitado não pode ser deferido, em vista dos dois fundamentos expostos, cada um per se suficiente para o desprovimento. Pelo exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Destaquese que, neste processo, não houve preclusão de matéria, situação que ocorreu no paradigma, dado que a recorrente já havia informado na Manifestação de Inconformidade que a origem do direito creditório alegado era a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Todavia, da mesma forma que no caso do paradigma, nos presentes autos a contribuinte não demonstrou, "documentalmente, a composição da Base de Cálculo e as deduções permitidas em lei, com os livros oficiais, tais como Diário, Razão, ou qualquer escrituração ou documento legal que se revista do caráter de prova", o que, por si só, impede o reconhecimento do direito creditório em litígio. Dessa forma, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13854.000343/2004-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jul 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004
ACOLHIMENTO DOS EMBARGOS. OMISSÕES NÃO IDENTIFICADAS.
Devem ser rejeitados os embargos de declaração, uma vez que não se verificaram as omissões indicadas.
Embargos Rejeitados
Numero da decisão: 3301-003.913
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram do julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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OMISSÕES NÃO IDENTIFICADAS. Devem ser rejeitados os embargos de declaração, uma vez que não se verificaram as omissões indicadas. Embargos Rejeitados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do relator. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram do julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Jose Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 03 43 /2 00 4- 15 Fl. 226DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 227 2 Relatório Foram opostos embargos de declaração em face do Acórdão n° 3801 004.616, datado de 11 de novembro de 2014, cujo relatório reproduzo, para fins de economia processual: "Adoto o relatório do acórdão recorrido, por retratar suficientemente a lide. 'A interessada pleiteia, por meio de Declaração de Compensação, o crédito relativo à contribuição da COFINS, não cumulativo, do mês de outubro de 2004, apurado de conformidade com o § 1º, do artigo 5°, da Lei n° 10.637/2002, que após a dedução devida, resultou, segundo entendimento da empresa, em um remanescente a compensar de R$46.517,80. O Serviço de Fiscalização, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto procedeu à fiscalização e por meio da Informação Fiscal (fls. 92/99), constatou créditos indevidos de bens que não foram utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; despesas indevidas de depreciação de máquinas e equipamentos e apuração incorreta do crédito presumido relativo aos estoques de abertura e inclusão indevida na base de cálculo de receita de álcool para fins carburante. O Auditor fiscal juntou à informação fiscal, além da cópia do DACON entregue pele empresa via internet (fls. 56/60) e cópia parcial dos balancetes mensais analíticos contábil (fl.61), os seguintes demonstrativos: I Demonstrativo de Apuração da Proporcionalidade entre as Vendas de Álcool para Fins Carburantes e as Receitas de Vendas no Mercado Interno e Externo (fl. 84); II Demonstrativo de Apuração do Crédito da Contribuição para a COFINS não Cumulativa (fl. 85); III Demonstrativo de Apuração do Débito da Contribuição para a COFINS não Cumulativa (fl. 86); IV Demonstrativo de Apuração da Contribuição Devida a COFINS não Cumulativa (fl. 87); V Demonstrativo de Receitas de Exportação de Produtos de Fabricação Própria (fl. 82); e VI Demonstrativo Mensal de Vendas Equiparadas à Exportação (fl. 83). Por fim, nada foi reconhecido como crédito para compensação, conforme a legislação vigente. Cientificada do Despacho Decisório de fls. 100/101, que indeferiu o direito creditório e não homologou as Declarações Compensação, e inconformada, a contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade, de fls. 121/135. Preliminarmente, disserta sobre a sistemática da não cumulatividade e alega cerceamento ao direito de defesa, tendo em vista que “referida informação fiscal Fl. 227DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 228 3 faltalhe especificações fáticas, no sentido de demonstrar a conduta adotada pelo fiscal e de como se chegou aos resultados informados, faltandolhes substâncias.” Na mesma esteira, alega “ausência de elementos substanciosos” na apuração das despesas de depreciação de máquinas e equipamentos. No mérito, a contribuinte afirma que tem direito ao regime não cumulativo quanto ao álcool comercializado no mercado interno e externo e tem direito ao crédito de todos os insumos, inclusive canadeaçúcar, por estarem inseridos no artigo 149 da Constituição Federal. Defende o direto à totalidade do crédito dos estoques de abertura de bens destinados à venda e de bens e serviços utilizados como insumos, alega ilegalidade e inconstitucionalidade das normas aplicadas pela autoridade fiscal na verificação do feito e pede o deferimento da manifestação de inconformidade.' A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ/RPO julgou improcedente a manifestação de inconformidade conforme ementa a seguir: 'Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004 CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos da Cofins não cumulativa, entendese como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda apenas as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. ESTOQUE DE ABERTURA. Na determinação da Cofins não cumulativa, a pessoa jurídica tem direito a desconto de crédito correspondente ao estoque de abertura dos bens referidos nos incisos I e II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, existentes na data de início da incidência da Cofins não cumulativa, calculado na forma prevista no art. 12 da citada Lei. ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. REGIME. A receita de venda de álcool para fins carburantes teve mantida sua forma de tributação, cumulativa, mesmo após a instituição do regime não cumulativo de apuração. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 229 4 CRÉDITOS. CRITÉRIO DE DETERMINAÇÃO. Inexistindo sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, a apropriação dos créditos deve ser feita por rateio proporcional. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional.' Contra esta decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual repete as alegações da impugnação, com exceção da preliminar de nulidade da decisão da DRF e da questão sobre os estoques de abertura, que não foram abordadas. É o relatório." A 1° Turma Especial do CARF julgou o recurso voluntário parcialmente procedente. Assim foram redigidos os Acórdão n° 3801004.616 (fls. 190 a 206) e dispositivo: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/10/2004 NÃO CUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO. Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não cumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, no valor da receita bruta total incluemse as receitas da vendas de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as financeiras. ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. INCIDÊNCIA CUMULATIVA DA CONTRIBUIÇÃO. A receita de venda de álcool para fins carburantes não pode ser incluída no cálculo de receitas de exportação para apuração da relação percentual a ser aplicada à soma dos gastos que dão Fl. 229DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 230 5 direito a crédito presumido mercado externo, porque se enquadra no regime não cumulativo de apuração. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. Quem alega um direito deve provar os fatos em que ele se fundamenta. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator." Foram opostos embargos de declaração (fls. 215 a 218), em face do acima colacionado Acórdão n° 3801004.616 (fls. 190 a 206), os quais foram admitidos pelo Presidente da 1° Turma Especial da 3° Seção do CARF (fls. 200 a 201), em razão de a turma do CARF ter supostamente deixado de apreciar documentos apresentados pelo contribuinte no curso da fiscalização, que legitimariam o registro de créditos de COFINS de outubro de 2004, derivados de "bens e serviços utilizados como insumos". É o relatório. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 231 6 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Foram opostos embargos de declaração (fls. 215 a 218), em face do Acórdão n° 3801004.616 (fls. 190 a 206), os quais foram admitidos pelo Presidente da 1° Turma Especial da 3° Seção do CARF. De acordo com o Despacho de Admissibilidade (fls. 223 e 224), a respectiva turma do CARF teria deixado de apreciar documentos apresentados pelo contribuinte no curso da fiscalização, que legitimariam o registro de créditos de COFINS no mês de outubro de 2004, derivados de "bens e serviços utilizados como insumos". Nos embargos de declaração, o contribuinte apontou que as supostas omissões teriam ocorrido em relação à análise de dois tipos específicos de custo: compras de lubrificantes e depreciação de torre de bens. Como não obtivera êxito no recurso voluntário, justamente por não ter apresentado os valores dos custos que teriam sido glosados, nos embargos menciona os valores e os correspondentes documentos apresentados ao Fisco durante a fiscalização e que supostamente não teriam sido analisados pela autoridade julgadora de segunda instância, com indicação das respectivas folhas dos autos em que se encontram, a saber: a) "Relação de Notas Fiscais de Aquisição de Insumos e Serviços Pessoa Jurídica PISPASEP" (fls. 66 a 72). b) Nota fiscal n° 2.871 (fl. 74), referente à compra de Torre de Processamento de Massa da Planusi Equipamentos Industriais Ltda., datada de 19/05/2004, no valor de R$ 1.207.500,00. Este documento acompanha demonstrativo preparado pela embargante (fl. 73), onde indica que o crédito de COFINS do mês de outubro de 2004, calculado sobre a respectiva quota mensal de depreciação do bem, seria de R$ 415,08. Os trabalhos das fiscalização e DRJ não merecem qualquer reparo. E não houve omissão alguma do colegiado do CARF. Na peça recursal, a Recorrente alegou que o Fisco ajustou as bases de cálculo dos créditos de PIS e COFINS, porém não indicou os insumos que nelas teriam sido indevidamente computados. Discorreu acerca da possibilidade de calcular créditos de PIS e COFINS sobre bens e serviços necessários ao desenvolvimento de suas atividades. E fez menção específica à imprescindibilidade dos custos com óleos e lubrificante, afirmando ter o Fisco afastadoos do conceito de insumos. Dispôs, de forma semelhante, acerca dos custos com depreciação de máquinas e equipamentos indispensáveis à produção do açúcar, dando como exemplos a torre Fl. 231DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 232 7 de processamento de açúcar e caldeiras. E consigna que a glosa deveuse ao fato de não se tratar de bens que sofressem desgaste durante o processo produtivo. O relator do voto condutor do Acórdão embargado, sob o ponto de vista conceitual, concordou com a então recorrente. Contudo, em razão de a então recorrente não ter mencionado os valores glosados pelo Fisco, assim concluiu: tópico "gastos com óleo diesel e lubrificantes" (fls 202 e 203): "(. . .) uma vez que a recorrente não apontou exclusões de gastos com aquisição destes bens, não há reparo a fazer na decisão administrativa". tópico ao "depreciação" (fl. 203): "(. . .) Também neste caso, não foi apontada nenhuma exclusão na apuração dos custos, despesas e encargos passíveis de gerarem crédito da contribuição social, motivo pelo qual não há que se alterar o despacho decisório (. . .)". Fui aos autos e compulsei os demonstrativos de cálculo e documentos apresentados pelo contribuinte no curso da fiscalização (fls. 58 a 79). E também os cálculos realizados pela fiscalização (fls 80 a 87). E depareime com o seguinte: não houve as glosas dos valores de óleos e lubrificantes e depreciação da torre de processamento de massa apontadas pela embargante, porém adoção de critérios para a apropriação destes créditos que divergiram dos adotados pela embargante. O Fisco, com base nos elementos providos pelo contribuinte, segregou as receitas da embargante em tributadas pelos regimes cumulativo e não cumulativo. Identificou os custos que não davam direito a créditos integrais, porém presumidos (35% da alíquota regular, art. 8° da Lei n° 10.925/04) bens adquiridos de pessoas físicas e jurídicas agroindústria pois estes, ainda que dessem origem a exportações, os excedentes de créditos à época não podiam ser objeto de ressarcimento ou compensação. Por fim, no âmbito das receitas tributadas sob o regime não cumulativo, identificou as relativas a vendas nos mercados interno e externo (neste último caso, o excedente de créditos podia ser objeto de ressarcimento ou compensação) e apurou as respectivas participações percentuais na receita total. E realizou os pertinentes rateios proporcionais dos custos que poderiam gerar créditos de PIS e COFINS e identificação dos saldos a serem ressarcidos ou compensados. Assim sendo, o Acórdão não foi omisso quanto à análise dos documentos indicados nos embargos como suportes de custos glosados, relativos a compras de lubrificantes e depreciação de torre de processamento. Se a totalidade dos valores daqueles custos não foi computada nos cálculos dos créditos passíveis de ressarcimento ou compensação, o motivo, definitivamente, não foi a falta de análise de documentos tempestivamente carreados aos autos. Foi, todavia, a divergência entre os critérios adotados pela fiscalização, detalhadamente descritos nos demonstrativos de cálculo e na Informação Fiscal, e pelo contribuinte. Dos recurso voluntário (fls. 147 a 162) e acórdão embargado (fls. 167 a 183), constatase que tais critérios foram contestados pelo contribuinte e os respectivos argumentos Fl. 232DF CARF MF Processo nº 13854.000343/200415 Acórdão n.º 3301003.913 S3C3T1 Fl. 233 8 devidamente enfrentados pelo colegiado do CARF. Contudo, não foram acatados. E, em sede de embargos, não há que se reabrir discussões já exauridas nos momentos processuais devidos. De todo o exposto, concluo, consignando meu voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração, opostos em face do Acórdão CARF n° 3801004.616, uma vez que não ocorreram as omissões apontadas pela embargante. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001400/2005-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri May 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jun 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Havendo omissão no acórdão embargos esta deve ser sanada.
LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR RESERVA LEGAL.
Não deve compor a base de cálculo do lançamento a parcela correspondente à Reserva Legal, posto que esta tem destinação obrigatória prevista em lei e deve ser constituída antes de qualquer outra destinação dos lucros.
Numero da decisão: 1401-001.887
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, com efeitos infringentes, para integrar o Acórdão com os novos fundamentos, para então dar-lhes provimento em relação à exclusão da reserva legal na base de cálculo dos lucros que foram considerados auferidos no exterior.
Antonio Bezerra Neto - Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, José Roberto Adelino da Silva e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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Havendo omissão no acórdão embargos esta deve ser sanada. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — RESERVA LEGAL. Não deve compor a base de cálculo do lançamento a parcela correspondente à Reserva Legal, posto que esta tem destinação obrigatória prevista em lei e deve ser constituída antes de qualquer outra destinação dos lucros. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, com efeitos infringentes, para integrar o Acórdão com os novos fundamentos, para então darlhes provimento em relação à exclusão da reserva legal na base de cálculo dos lucros que foram considerados auferidos no exterior. Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 14 00 /2 00 5- 11 Fl. 859DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, José Roberto Adelino da Silva e Antonio Bezerra Neto. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 16327.001400/200511 Acórdão n.º 1401001.887 S1C4T1 Fl. 426 3 Relatório Tratase de embargos de declaração interpostos pela COMPANHIA BRASILEIRA DE BEBIDAS (INCORPORADA PELA COMPANHIA CERVEJARIA DAS AMÉRICAS AMBEV) contra decisão proferida no Acórdão n° 10323.423, que restou assim ementado e decidido: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 Ementa: ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA. HIPÓTESE DE DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS. Na alienação de participação em empresa sediada no exterior há o emprego de lucros da coligada exterior, em favor da coligada no Brasil, o que configura hipótese de disponibilização. IMPOSTO SOBRE O PATRIMÔNIO. COMPENSAÇÃO. É passível de compensação apenas o tributo que incida sobre lucros, e não sobre o patrimônio. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO – INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADES SOB CONTROLE COMUM – SUCESSÃO – CARACTERIZAÇÃO – A interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, não pode ser feita isoladamente, de sorte a afastar a responsabilidade do sucessor pelas infrações anteriormente cometidas pelas sociedades incorporadas, quando provado nos autos do processo que as sociedades, incorporadora e incorporadas, sempre estiveram sob controle comum e/ou mantinham alguma relação de interdependência. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2000 Ementa: CSLL. DISPONIBILIZAÇÃO DE LUCROS NO EXTERIOR. TRIBUTAÇÃO. A tributação da CSLL em bases universais para respeitar em sua plenitude o princípio da irretroatividade da lei só se aplica aos lucros auferidos a partir de 1º de outubro de 1999. É necessário, primeiro, separar o critério material (auferir lucros no exterior) do critério temporal (momento que se considera creditado ou pago). Depois perceber que o critério quantitativo (apuração da base de cálculo e aplicação de alíquota) que está no conseqüente da regra matriz de incidência, nada mais faz do que reafirmar o critério material (auferir renda). Dessa forma, quando o critério material, o mais importante de todos, é acionado no momento que se forma a relação jurídicotributária Fl. 861DF CARF MF 4 (critério pessoal e critério quantitativo) é necessário que a nova lei colha, para a formação de sua base de cálculo, apenas fatos ocorridos após sua vigência. ACORDAM os Membros da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por voto de qualidade, REJEITAR a preliminar em relação à aos lucros auferidos pela empresa coligada Jalua S/A, nos anoscalendário 1996 e 1997, vencidos os Conselheiros Alexandre Barbosa Jaguaribe, Antonio Carlos Guidoni Filho, Waldomiro Alves da Costa Júnior e Paulo Jacinto do Nascimento (Relator). No mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário nos termos seguintes: por unanimidade de votos, AFASTAR as exigências de IRPJ e CSLL relativas à glosa das despesas com juros; por voto de qualidade, MANTER as exigências relativas à falta de adição ao lucro líquido dos lucros auferidos no exterior, vencidos os Conselheiros Alexandre Barbosa Jaguaribe, Antonio Carlos Guidoni Filho, Waldomiro Alves da Costa Júnior e Paulo Jacinto do Nascimento (Relator), com a exclusão, por unanimidade de votos, da exigência de CSLL decorrente dos lucros auferidos até setembro de 1999 (inclusive); por maioria de votos, AFASTAR a incidência de juros sobre a multa de ofício, vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes e Luciano de Oliveira Valença (Presidente); por voto de qualidade, MANTER a exigência da multa de ofício na incorporadora, vencidos os Conselheiros Alexandre Barbosa Jaguaribe, Antonio Carlos Guidoni Filho, Waldomiro Alves da Costa Júnior e Paulo Jacinto do Nascimento (Relator); e por unanimidade de votos, REJEITAR o pleito de dedução do imposto pago no exterior. Por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso de ofício em função de o crédito exonerado ser inferior ao limite recursal estabelecido na Portaria MF nº 3, de 03/01/2008. Designado o Conselheiro Antonio Bezerra Neto para redigir o voto vencedor. Houve sustentação oral do representante do contribuinte, Sr. Ricardo Krakowiak, OAB/SP nº 138192 A embargante, alega, em síntese, que o Acórdão embargado foi omisso quanto a ponto relevante levantado pela empresa no que concerne à base de cálculo da infração 1. Assim se pronunciou a embargante: Com efeito, incorreu o v. acórdão embargado em omissão por não ter se manifestado a respeito de argumento invocado pela Embargante em seu recurso voluntário. De fato, no item 1.4 do Recurso Voluntário, intitulado "SE DEVIDO FOSSE ALGUM VALOR EM RELAÇÃO Ã INFRAÇÃO 01, NÃO SERIA AQUELE APURADO PELA FISCALIZAÇÃO", alegou subsidiariamente a Embargante no que tange à Infração 1 que mesmo que a norma invocada pelo i. fiscal autuante justificasse o lançamento, os autos de infração não poderiam ter sido lavrados no valor lançado, pois: i) "não poderia jamais a fiscalização ter adicionado aos lucros auferidos pela Jalua no exterior o valor da reserva legal, que por definição não é passível de distribuição'"; e ii) "também não poderiam ter sido desconsiderados os pagamentos feitos pela Jalua e CCBP a título de imposto no exterior". Em juízo prelibatório, o presidente considerou presente os requisitos de admissibilidade e submeteu os referidos embargos à apreciação da Turma. É o relatório. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 16327.001400/200511 Acórdão n.º 1401001.887 S1C4T1 Fl. 427 5 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os embargos são tempestivos. Quanto aos vícios apontados, verifiquei que assiste razão à embargante quanto ao atendimento dos demais requisitos de admissibilidade, dado a necessidade sanar a omissão apontada de questão relevante que poderia, em tese, mudar o curso do julgamento. De fato confirmase o que foi colocado no despacho de admissibilidade. Isso porque muito embora o voto vencedor tenha expressamente rejeitado o pleito de dedução do imposto pago no exterior e tendo aberto tópico específico intitulado "Dos impostos pagos no exterior", em nenhum ponto de seu voto tratou da questão arguida pela Embargante no item 1.4 do recurso voluntário em que alega que "não poderia jamais a fiscalização ter adicionado aos lucros auferidos pela Jalua no exterior o valor da reserva legal, que por definição não é passível de distribuição". A DRJ manteve este item da autuação, nos seguintes termos: 83. Na operação em que a CCB transferiu suas ações da Jalua para a Eagle e da CCB Paraguay para a Jalua, houve, evidentemente, a utilização dos lucros auferidos pelas coligadas / controladas no exterior (Jalua e CCB Paraguay), pois o valor das ações refletem o valor do Patrimônio Liquido, do qual fazem parte os lucros acumulados e a reserva legal. Destaquese que a reserva legal tem origem no lucro liquido do exercício, a teor do artigo 193 da Lei n° 6.404/76, que dispõe que "do lucro liquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva e não pode ser excluída do valor tributável. 84. Assim, ocorreu uma das hipóteses de disponibilização de lucros, nos termos do artigo 1°, §2°, alínea "b", item 4, da Lei n° 9.532/97, in verbis: "Art. 1° Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro liquido, para determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado no dia 31 de dezembro do ano calendário em que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no Brasil. § 1 0 Para efeito do disposto neste artigo, os lucros serão considerados disponibilizados para a empresa no Brasil: () b) no caso de controlada ou coligada, na data do pagamento ou do crédito em conta representativa de obrigação da empresa no exterior. (..) § 2° Para efeito do disposto na alínea "b" do parágrafo anterior, considerase: Fl. 863DF CARF MF 6 () b) pago o lucro, quando ocorrer: (..) 4. o emprego do valor, em favor da beneficiária, em qualquer praga, inclusive no aumento de capital da controlada ou coligada, domiciliada no exterior. (...)" . 85. Além disso, a IN SRF n° 38/96 dispõe expressamente que a operação em tela representa hipótese de disponibilização de lucros, nos termos de seu artigo 2°, §9°, in verbis: "Art. 2° Os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou coligadas serão adicionados ao lucro liquido do períodobase, para efeito de determinação do lucro real correspondente ao balanço levantado em 31 de dezembro do anocalendário em que tiverem sido disponibilizados. (..) § 9° Na hipótese de alienação do patrimônio da filial ou sucursal, ou da participação societária em controlada ou coligada, no exterior, os lucros ainda não tributados no Brasil deverão ser adicionados ao lucro liquido, para determinação do lucro real da alienante no Brasil' . 86. Desta forma, improcedem as alegações de que inexiste base legal para a autuação e que a reserva legal é não tributável. Como se vê, a DRJ muito mais fundamentou a questão relativa ao oferecimento à tributação dos lucros auferidos no exterior no caso de alienação de participação societária entre empresas controladas (Recorrente) e coligadas (Jalua) do que propriamente da parte específica da base de cálculo a ser tributável:: se a reserva legal entraRIA ou não no cômputo do “lucros auferidos no exterior”. No entanto, embora sucinta, a DRJ fundamentou a inclusão da reserva legal, neste parágrafo: Destaquese que a reserva legal tem origem no lucro liquido do exercício, a teor do artigo 193 da Lei n° 6.404/76, que dispõe que "do lucro liquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva e não pode ser excluída do valor tributável. Divirjo da DRJ. Embora a origem seja do lucro do exercício, o seu fundamento legal não esclarece toda a questão. Isso porque existe também no preceptivo legal uma limitação para sua destinação aos sócios que foi olvidado pela DRJ. E essa barreira de contenção, segundo ao art. 193 da Lei 6.404/76 só pode .ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar capital, levando a conclusão de que não poderia ser disponibilizada aos sócios e assim não ser passível de disponibilização automática também a teor da Lei 9.532/97. Essa matéria inclusive já foi julgada em outro processo assemelhado da própria recorrente, pelo Acórdão n. 10196.601, e não reformado pela CSRF, cuja ementa e conteúdo de voto destaco a seguir: LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR — RESERVA LEGAL. Não deve compor a base de cálculo do lançamento a parcela correspondente à Reserva Legal, posto que esta tem destinação obrigatória prevista em lei e deve ser constituída antes de qualquer outra destinação dos lucros. Fl. 864DF CARF MF Processo nº 16327.001400/200511 Acórdão n.º 1401001.887 S1C4T1 Fl. 428 7 VOTO (...) Quanto à tributação da parcela correspondente à reserva legal, que restou incluída na base tributável pela fiscalização, entendo caber razão à recorrente. A reserva legal, instituída por força do artigo 193 da Lei ° 6.404/1976, tem destinação específica, não sendo passível de distribuição aos sócios, verbis: Art. 193. Do lucro liquido do exercício, 5% (cinco por cento) serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social. § 1° A companhia poderá deixar de constituir a reserva legal no exercício em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital de que trata o § 1° do artigo 182, exceder de 30% (trinta por cento) do capital social § 20 A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou aumentar o capital A reserva legal deve ser constituída "antes de qualquer outra destinação", além disso tem destinação estabelecida na lei. Caso os lucros houvessem sido disponibilizados por vontade própria, dele não poderia constar parcela de lucros que compunham a reserva legal, posto expresso impedimento legal para sua distribuição Por essa razão entendo que o valor correspondente à reserva legal deve ser excluído da base tributável. Poderseia alegar que a legislação a ser investigada não seria a legislação nacional, mas a do Uruguai. Mas, mesmo sob esse prisma há de se dar razão à embargante, uma vez que a legislação uruguaia a esse mesmo respeito não discrepa da legislação societária brasileira. A 2ª Turma da 4ª Câmara inclusive já decidiu nessa mesma linha de entendimento em processo que diz respeito a mesma matéria e as mesmas empresas envolvidas. Tratase do Acórdão nª 1402002.243 , que teve o seguinte resultado: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: i) excluir da base de cálculo do IRPJ o valor de R$ 197.925.098,88 relativo a lucros apurados em períodos anteriores ao anocalendário de 1996; ii) excluir da base de cálculo da CSLL o valor de R$ 909.921.258,60; sendo R$ 392.357.162,60 referentes a lucros apurados até 31/12/1998 e R$ 517.564.086,00 referentes a lucros apurados no anocalendário de 1999 até 01/10/1999; iii) excluir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 15.978.567,92 referente à Reserva Legal; e: iv) reconhecer que a dedução do imposto pago no exterior (10% de R$ 4.801.334,15 = R$ 480.133,41), já acatada pelo Órgão julgador de primeira instância, deve se dar diretamente do IRPJ lançado de ofício (e na CSLL residual, se for o caso), exonerando a parcela de multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre tal dedução. (destaqluei) Segue trecho do voto: (...) Considerando que no final do anobase de 1999 a empresa Uruguaia Jaluá S/A possuía R$15.978.567,92 a título de reserva legal (fls. 10 dos autos), a fiscalização adicionou referido valor para a composição do suposto lucro (R$ 953.542.140,25). Fl. 865DF CARF MF 8 De fato, o artigo 93 da Ley 16.060, do Uruguai, quando trata da reserva legal, estabelece que: "Artículo 93. (Reserva legal y outras) — Las sociedades deberán destinar no menos del 5% (cinco por ciento) de las utilidades netas que arroje el estado de resultado del ejercicio, para la formación de un fondo de reserva hasta alcanzar el 20% (veintepor ciento) del capital social. Cuando esta reserva quede disminuida por cualquier razón, no podrán distribuirse ganancias hasta su reintegro. En cualquer tipo de sociedad podrán constituirse otras reservas siempre que las mismas sean razonables, respondan a una prudente administración y resulten aprobadas por socios o accionistas que representen la mayoria del capital social, sin perjuicio de las convenidas en el contrato." Argui a Recorrente que a "reserva legal" na legislação uruguaia tem a mesma natureza jurídica da reserva legal prevista na legislação societária brasileira, mais especificamente no artigo 193 da Lei n° 6.404/76, tendo por fim assegurar a integridade do capital social. Tal como previsto na legislação brasileira, a legislação uruguaia estabelece que referida reserva é constituída pela destinação de 5% do lucro líquido do exercício, até o montante de 20% do capital social. Alega que, embora seja constituída pela apropriação de parte do lucro líquido do exercício, tal reserva tem destinação específica (dar proteção aos credores), não podendo ser utilizada para qualquer outro fim. Para reforçar seu entendimento, junta precedente da 4a Câmara do extinto 1° Conselho de Contribuintes, que decidiu que o valor da reserva legal deve ser excluído dos lucros da filial de sociedade estrangeira estabelecida no Brasil pois é considerado automaticamente disponibilizado à sua matriz no exterior: "LUCROS DE PESSOAS JURÍDICAS ESTRANGEIRAS FILIAL NO BRASIL LUCROS APURADOS ATÉ 31 DE DEZEMBRO DE 1995 BASE DE CÁLCULO RESERVA LEGAL EXCLUSÃO A base de cálculo para o imposto de fonte incidente sobre lucros de pessoas jurídicas estrangeiras filial), apurados até 31 de dezembro de 1995, devem corresponder aos resultados econômicos apurados pela entidade no exercício social e que, face à sua disponibilidade efetiva, possam ser pagos, remetidos, creditados, empregados ou entregues à ou por conta da matriz, ou que tenham sido destinados a reinvestimento. Desta forma, não se integram à base de cálculo para a incidência do imposto de renda na fonte os recursos transferidos para a contribuição de reserva legal, dentro do limite estabelecido na Lei das Sociedades Anônimas." (Acórdão n° 10421.893, recurso n° 150.277, Relator Conselheiro Nelson Mallmann). Neste ponto entendo que também assiste razão à Recorrente. Uma vez comprovada a existência de obrigação legal para a sua constituição, o valor da reserva legal não deve compor o lucro da pessoa jurídica no exterior para fins de tributação do lucro supostamente disponibilizado Por todo o exposto, ACOLHO os embargos, com efeitos infringentes, para integrar o Acórdão com os novos fundamentos, para então darlhes provimento em relação à Fl. 866DF CARF MF Processo nº 16327.001400/200511 Acórdão n.º 1401001.887 S1C4T1 Fl. 429 9 exclusão da reserva legal na base de cálculo dos lucros que foram considerados auferidos no exterior. . (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 867DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10516.720002/2013-95
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Jun 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Período de apuração: 29/03/2006 a 19/12/2007
DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE.
O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão.
Numero da decisão: 9303-004.427
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
(assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos - Redador Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 6. 72 00 02 /2 01 3- 95 Fl. 1296DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 3 2 Júlio César Alves Ramos Redador Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, contra ao acórdão nº 3403003.162, proferido pela 4ª Câmara da 3º Turma Ordinária da 3º Seção de Julgamento, que decidiu dar provimento ao Recurso da Contribuinte, por considerar que inexiste obrigação de comprovar a vinculação do insumo importado e o produto exportado para aferição do regime aduaneiro de drawback suspensão. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 29/03/2006 a 19/12/2007 PRODUÇÃO PROBATÓRIO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada até o momento processual da impugnação, precluindose o direito de produzila posteriormente, a menos que comprovadamente presente alguma das hipóteses excepcionais previstas na legislação processual administrativa. A dificuldade técnica da matéria controvertida não configura força maior, a justificar a apresentação tardia de documentos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 29/03/2006 a 19/12/2007 DRAWBACK SUSPENSÃO. TERMO DE INÍCIO DA DECADÊNCIA. Nos casos de importação realizada ao abrigo do regime aduaneiro especial de drawback, não há lançamento, pagamentos ou atos preparatórios praticados pelo sujeito passivo, o que, de per si, afasta qualquer tipo de homologação. Conseqüentemente, o termo inicial da decadência é deslocado para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento já poderia haver sido efetuado. TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PENALIDADE APLICÁVEL. Fl. 1297DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 4 3 No lançamento de ofício de imposto e contribuições incidentes na importação, que deixaram de ser recolhidos por ocasião do desembaraço aduaneiro, multa de 75% de seu respectivo valor. ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Período de apuração: 29/03/2006 a 19/12/2007 DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. VINCULAÇÃO FÍSICA. O regime aduaneiro especial de drawback, em sua modalidade suspensão, impõe que haja vinculação física entre os insumos importados com suspensão de tributos e os produtos exportados. Contudo, havendo equivalência entre o insumo importado e o nacional, fungíveis, há que se admitir a comprovação do regime de drawback havendo comprovação de utilização do insumo no produto exportado de forma quantitativa e qualitativa. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso, sustentando que o princípio básico para o adimplemento do regime de "drawback suspensão" é o da vinculação física, que compreende a obrigatoriedade dos insumos anteriormente importados terem sido efetivamente utilizados na confecção dos produtos exportados. Para tanto, a legislação do regime de drawback exige que conste do ato concessório correspondente a indicação das Declarações de Importação e dos respectivos Registros de Exportação, destinada a comprovar que naqueles produtos exportados foram utilizados os insumos importados ao abrigo do regime concedido. A Recorrente ainda defende que: "O cerne da questão em comento, como se vislumbra da leitura do relatório supra, está centrado na verificação se houve, de fato, o descumprimento dos requisitos necessários ao gozo do drawback suspensão pleiteado, motivo pelo qual tal modalidade de incentivo à exportação". Para comprovar a divergência jurisprudencial, a Fazenda Nacional, traz em seu Recurso, os acórdãos paradigmas nºs 3102002.220 e 3101001.679, assim ementado: Acórdão nº 3102002.220 DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. 1. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. 2. A não comprovação que os insumos importados, sob a égide do regime drawback suspensão, não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado, com vista ao cumprimento do compromisso de exportação Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 5 4 assumido, caracteriza o inadimplemento do referido regime e imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. INSUMO ANTERIORMENTE IMPORTADO COM PAGAMENTO DOS TRIBUTOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE. O princípio da fungibilidade não é passível de aplicação se o beneficiário do regime drawback suspensão sequer apresenta as provas que os insumos anteriormente importados, com pagamento dos tributos, e utilizados nos produtos exportados, em cumprimento ao referido regime especial, eram da mesma espécie, qualidade e quantidade dos insumos importados com suspensão dos tributos, para fim de utilização na produção dos citados produtos exportados. Acórdão nº 3101001.679 ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 26/02/1999, 10/05/1999 DRAWBACK SUSPENSÃO. EXIGÊNCIA DE VINCULAÇÃO FÍSICA ENTRE OS INSUMOS IMPORTADOS E OS PRODUTOS EXPORTADOS. INADIMPLEMENTO. A fruição ao benefício do regime aduaneiro especial de drawback suspensão condicionase ao cumprimento dos termos e condições estabelecidos na legislação de regência (art. 78 do Decretolei nº 37/66), que determina como requisito essencial a submissão à vinculação entre o insumo importado e o produto objeto de exportação.” O recurso teve seguimento nos termos do Despacho de Admissibilidade, fls. 1222/1225, especialmente quanto ao cumprimento do princípio da vinculação física para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime "drawback suspensão". De uma análise detida dos autos, entendo que a discussão posta a esta 3° Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, diz respeito especialmente quanto ao descumprimento do regime especial de "drawback suspensão", pelo fato da Contribuinte não ter vinculado de modo físico os insumos importados nos produtos exportados. A Contribuinte articulou suas contrarrazões às fls. 1233/1254, pugna pelo improvimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional, para manter o acórdão recorrido por seus próprios e jurídicos fundamentos. É o relatório Fl. 1299DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheiro Demes Brito Relator O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento. A matéria aceita como divergente no Recurso Especial, cingese quanto ao cumprimento do princípio da vinculação física para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. Passo ao julgamento do Recurso. O contencioso cravase pela exigência fiscal do crédito tributário referente ao Imposto de Importação (II), Contribuições Sociais de PIS/PasepImportação e Cofins Importação, decorrente de ausência de vinculação física ente os produtos finais exportados pela Contribuinte, e os insumos por ela importados sob o amparo de Regime Aduaneiro Especial de "drawback suspensão" (Atos concessórios nºs 20060063807, 20060177586, 20070023522, 20070065268,20070081999, 20070168679, 20070106975, 20070120080). As operações de "drawback" da Contribuinte, foram efetuadas com base nos Atos Concessórios acima destacados, constituídas por importações dos anos de 2006 a 2008, referente aos produtos etilbenzeno e monômero de estireno, com suspensão dos tributos incidentes nas operações de comércio exterior, para que fossem utilizados, respectivamente, na produção de monômero de estireno e de poliestireno destinados à exportação, conforme condições contidas nos atos concessórios. Com efeito, sem muitas divagações, o Regime Aduaneiro de DrawBack é considerado um incentivo concedido para empresas que geram divisas por meio de exportações, tendo três modalidades distintas, conforme disposto no artigo 384 do Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009. No caso em espécie, o que se discute é o eventual descumprimento do Regime de "drawback" modalidade suspensão, o qual é de competência da Secretária de Comércio Exterior (Secex), devendo ser efetuado por meio do Siscomex, considerando que a concessão do regime será realizada com base nos registros e nas informações prestadas pela Contribuinte. O artigo 341 do Regulamento Aduaneiro de 2002, alterado pelo artigo 389 do RA de 2009, dispõe que: "os insumos/mercadorias admitidas no regime do "drawback" suspensão deverão ser integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas", o que, em um julgado da 3º Turma da Câmara Superior CSRF, Acórdão 930301.248, voto da lavra do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, o colegiado entendeu pela necessidade de se demonstrar a vinculação física dos produtos importados nos produtos exportados. Enunciado semelhante foi utilizado pelo artigo 341 do Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002, posteriormente revogado pelo Decreto nº 6.759/2009, o qual dispõe: as mercadorias admitidas no regime especial de drawback suspensão, deverão ser Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 7 6 integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, acondicionamento ou apresentação de mercadorias a serem exportadas. O comando legal pode ser extraído do inciso I, do artigo 314, do Decreto nº 91.030, de 05 de março de 1985, e na relação de exigências contidas no artigo 3171 do mesmo diploma legal. Deste modo, verificase, que o regime especial de "drawback" suspensão tem como objetivo o incentivo à exportação, tendo como elemento intrínseco a importação, o que em via reflexa suspende o pagamento dos tributos de mercadorias destinadas ao processo de industrialização. Quanto ao tema regimes especiais aduaneiros, essencialmente o de "drawback" suspensão, em algumas oportunidades fixei entendimento da necessidade da vinculação física das mercadorias exportadas nas importadas, considerando os casos em que analisei, a situação fática era deplorável, comprovadamente o beneficiário do regime estava burlando as normas em detrimento do Estado. Apesar de não se aplicar no presente caso, para dirimir esta controvérsia da necessidade de vinculação física ou não das mercadorias exportadas nas importadas, a novel legislação não condiciona a vinculação física em decorrência do princípio da fungibilidade, é o que dispõe o artigo 17 da lei nº 11.774/2008, alterada pela lei nº 12.350/2010 e art. 5º A, da Portaria Conjunta RFB/SECEX nº 1.618/2014, aplicável no Regime de drawback integrado. . Vejamos: Art. 17. Para efeitos de adimplemento do compromisso de exportação nos regimes aduaneiros suspensivos, destinados à industrialização para exportação, os produtos importados ou adquiridos no mercado interno com suspensão do pagamento dos tributos incidentes podem ser substituídos por outros produtos, nacionais ou importados, da mesma espécie, qualidade e quantidade, importados ou adquiridos no mercado interno sem suspensão do pagamento dos tributos incidentes, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo. ("Caput" do artigo com redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 27/7/2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20/12/2010). § 1º O disposto no caput aplicase também ao regime aduaneiro de isenção e alíquota zero, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder 1 Art. 317. Na modalidade de suspensão do pagamento de tributos o benefício será concedido após o exame do plano de exportação do beneficiário, mediante expedição, em cada caso, de ato concessório do qual constarão: a) qualificação do beneficiário; b) especificação e código tarifário das mercadorias a serem importadas, com as quantidades e os valores respectivos, estabelecidos com base na mercadoria a ser exportada; c) quantidade e valor da mercadoria a exportar; d) prazo para exportação; e) outras condições, a critério da Comissão de Política Aduaneira. § 1º. Para o desembaraço aduaneiro da mercadoria objeto do benefício de que trata esta Seção será exigido termo de responsabilidade. § 2º. Quando constar do ato concessório do benefício a exigência de prestação de fiança, esta só alcançará o valor dos tributos suspensos e será reduzida à medida que forem comprovadas as exportações. § 3º. A Secretaria da Receita Federal dará ciência das importações efetuadas nos termos desta Seção ao órgão que centralizar o controle das operações, bem como tomará as providências para, se realizadas as exportações conforme plano aprovado, dar baixa nos termos de responsabilidade correspondentes. Fl. 1301DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 8 7 Executivo. (Parágrafo único transformado em § 1º, com redação dada pela Medida Provisória nº 497, de 27/7/2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20/12/2010) § 2º A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secretaria de Comércio Exterior disciplinarão em ato conjunto o disposto neste artigo. (Parágrafo acrescido pela Medida Provisória nº 497, de 27/7/2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20/12/2010) Art. 32. O art. 17 da Lei no 11.774, de 17 de setembro de 2008, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 17. Para efeitos de adimplemento do compromisso de exportação nos regimes aduaneiros suspensivos, destinados à industrialização para exportação, os produtos importados ou adquiridos no mercado interno com suspensão do pagamento dos tributos incidentes podem ser substituídos por outros produtos, nacionais ou importados, da mesma espécie, qualidade e quantidade, importados ou adquiridos no mercado interno sem suspensão do pagamento dos tributos incidentes, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo. § 1o O disposto no caput aplicase também ao regime aduaneiro de isenção e alíquota zero, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo. § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secretaria de Comércio Exterior disciplinarão em ato conjunto o disposto neste artigo.” (NR) Portaria Conjunta RFB/SECEX nº 1.618/2014 “Art. 5ºA Para efeitos de adimplemento do compromisso de exportação no regime de que trata o art. 1º, as mercadorias importadas ou adquiridas no mercado interno com suspensão do pagamento dos tributos incidentes podem ser substituídas por outras, idênticas ou equivalentes, nacionais ou importadas, da mesma espécie, qualidade e quantidade, importadas ou adquiridas no mercado interno sem suspensão do pagamento dos tributos incidentes. § 1º Poderão ser reconhecidas como equivalentes, em espécie e qualidade, as mercadorias que, cumulativamente: I sejam classificáveis no mesmo código da NCM; II realizem as mesmas funções; III sejam obtidas a partir dos mesmos materiais; IV sejam comercializadas a preços equivalentes; e V possuam as mesmas especificações (dimensões, características e propriedades físicas, entre outras especificações), que as tornem aptas ao Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 9 8 emprego ou consumo na industrialização de produto final exportado informado. § 2º O disposto no caput: I não alcança a hipótese de empréstimo de mercadorias com suspensão do pagamento dos tributos incidentes entre pessoas jurídicas distintas; II admitese também nos casos de sucessão legal, nos termos da legislação pertinente; III poderá ocorrer, total ou parcialmente, até o limite da quantidade admitida sob o amparo do regime, apurada de acordo com a unidade de medida estatística da NCM prevista para cada mercadoria. § 3º Ficam dispensados, para fins de verificação de adimplemento do compromisso de exportação, controles segregados de estoque das mercadorias fungíveis referidas no caput, sem prejuízo dos controles contábeis previstos na legislação. Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Secretário da Receita Federal do Brasil DANIEL MARTELETO GODINHO Secretário de Comércio Exterior Portanto, o legislador e a própria Receita Federal do Brasil (RFB) desobrigam os beneficiários do regime de "drawback" suspensão segregarem seus estoques de mercadorias fungíveis, claro, sem prejuízo aos controles contábeis previstos na legislação. Além disso, o Superior Tribunal de Justiça STJ, firmou entendimento por meio do REsp nº 341.285RS, que se tratando de produtos da mesma espécie, qualidade e quantidade, não se faz necessário a vinculação física de mercadorias. Vejamos o precedente: TRIBUTÁRIO. IMPORTAÇÃO. DRAWBACK. MODALIDADE SUSPENSÃO. SODA CÁUSTICA IMPORTADA. CELULOSE EXPORTADA. AUSÊNCIA DE IDENTIDADE FÍSICA. DESNECESSIDADE. EQUIVALÊNCIA. 1. Hipótese em que a contribuinte importou soda cáustica para ser utilizada como insumo na produção de celulose a ser posteriormente exportada, no regime de drawback, modalidade suspensão. 2. A empresa adquiriu a soda cáustica também no mercado interno e, por questões de segurança e custo, utilizou indistintamente o produto importado e o nacional na produção da celulose exportada. Fl. 1303DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 10 9 3. É incontroverso que a contribuinte cumpriu o compromisso de exportação firmado com a CACEX. Assim, a quantidade de soda cáustica importada foi efetivamente empregada na celulose exportada. 4. Seria desarrazoado exigir que a fábrica mantivesse dois estoques de soda cáustica, um com o produto importado e outro com conteúdo idêntico, porém de procedência nacional, apenas para atender àexigência de identidade física exigida pelo fisco. 5. O objetivo da legislação relativa ao drawback, qual seja a desoneração das exportações e o fomento da balança comercial, independe da identidade física entre o produto fungível importado e aquele empregado no bem exportado. É suficiente a equivalência, o que ocorreu in casu, sem que se cogite de fraude ou máfé. 6. Precedente da Primeira Turma. 7. Recurso Especial não provido. Neste sentido, o acórdão recorrido em linha com o entendimento do STJ, acertou em considerar que inexiste obrigação de comprovar a vinculação do insumo importado e o produto exportado para aferição do regime aduaneiro de drawback suspensão. Para fixar ainda mais minha convicção, verifico no acórdão nº 0733.087, DRJ/FNS, fl.1083, em que a própria fiscalização reconheceu do ponto de vista da fungibilidade, as quantidades de insumos importados, para os códigos relacionados são compatíveis com as quantidades dos produtos exportados pela Contribuinte com amparo em Registros de Exportação. Vejamos: "A fiscalização analisou todos os documentos apresentados, inclusive laudo, e verificou que, do ponto de vista apenas da fungibilidade, as quantidades de insumos importados, para os códigos relacionados são compatíveis com as quantidades dos produtos exportados pelo beneficiário com amparo em Registros de Exportação vinculados aos AC em análise (fl.1083)" . Portanto não assiste razão a Fazenda Nacional. Explico. A própria Fiscalização reconheceu que as importações de insumos (etilbenzeno e monômero de estireno), destinavamse exclusivamente à produção de monômero de estireno e poliestireno, que posteriormente foram vertidas para o mercado externo. Para reforçar a correta utilização do regime especial, a fiscalização verificou que os insumos importados, para os códigos relacionados são compatíveis com as quantidades dos produtos exportados pelo beneficiário com amparo em Registros de Exportação vinculados aos Atos Concessórios. Portanto, não detecto nenhuma irregularidade quanto a utilização do regime especial, todas as formalidades legais foram cumpridas, sendo imperioso, neste caso, aplicarse Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 11 10 o princípio da fungibilidade. Até porque, não é possível a Contribuinte vincular fisicamente os insumos importados nos produtos exportados, conforme narra os Atos Concessórios. Verifico junto aos autos, que inexiste estrutura nas plantas industriais da Contribuinte reservatórios específicos para o depósito dos insumos importados. No que tange a vinculação física entre bens importados com aqueles exportados, restou confirmado o efetivo consumo em idênticas quantidades e qualidade dos produtos importados na produção do produto final exportado. Neste passo, a fungibilidade entre os insumos, quando presentes no processo de produção, penso que seriam o bastante para demonstrar o cumprimento do regime, até porque, a fiscalização comprovou a utilização da quantidade dos insumos importados nos produtos exportados, diametralmente oposto de casos em que o Agente Fiscal comprova que os insumos importados não foram utilizados nos produtos exportados. Portanto, desarrazoado o entendimento de vincular fisicamente os estoques da contribuinte. Por outro lado, a Fazenda Nacional aduz em seu recurso que: "dentre as diferentes normas expedidas pelo DECEX ou pela SECEX, a Consolidação das Normas do Regime de Drawback, anexa ao Comunicado DECEX n° 21, de 11/07/1997, veio cumprir um importante papel na organização normativa inerente ao instituto em apreço, antes pulverizada em vários atos destinados a prescrever regras para a fruição das diferentes modalidades do incentivo à exportação em evidência. O princípio da vinculação física, salientese, advém da própria legislação, não podendo a autoridade fiscal ignorálo. Pelo contrário, cabe à autoridade administrativa ficar adstrita ao cumprimento do que dispõe a lei, sob pena de responsabilidade funcional. Do ponto de vista normativo, discordo da Fazenda Nacional. Para tanto, adoto como complemento de minhas razões de decidir, a fundamentação do voto vencedor do acórdão recorrido, confeccionado pelo Ilustre Ex. Conselheiro Rogério Sawaya, o qual, muito bem fundamentou sua decisão, que abaixo se transcreve: " A Fiscalização e, posteriormente, a Decisão combatida pelo Recurso Voluntário concluem pelo descumprimento do regime de drawback por se apegarem ao critério físico de cumprimento do regime de drawback suspensão, razão pela qual tal forma de controle seria, nessa linha de raciocínio, imprescindível para demonstrar que os produtos importados foram efetivamente vertidos ao produto exportado. Aliás, analisando os artigos 338 a 344 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002, posteriormente revogado pelo Decreto nº 6.759, de 05 de fevereiro de 2009, não divisei nenhum dispositivo que expressamente disponha sobre a necessidade de vinculação física ou que remeta ao suposto “princípio”. O “caput” do artigo 341 dispõe que as mercadorias admitidas no regime de drawback “deverão ser integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas”, regra essa totalmente esperada, uma vez que o regime de drawback faz com que as mercadorias importadas com suspensão sejam utilizadas como Fl. 1305DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 12 11 insumos em produto final a ser exportado, de maneira a incentivar a exportação: Art. 341. As mercadorias admitidas no regime, na modalidade de suspensão, deverão ser integralmente utilizadas no processo produtivo ou na embalagem, acondicionamento ou apresentação das mercadorias a serem exportadas. Parágrafo único. O excedente de mercadorias produzidas ao amparo do regime, em relação ao compromisso de exportação estabelecido no respectivo ato concessório, poderá ser consumido no mercado interno somente após o pagamento dos impostos suspensos dos correspondentes insumos ou produtos importados, com os acréscimos legais devidos. O próprio artigo 310 do Decreto nº 91.030/1985, Regulamento Aduaneiro/1985, em nada dispõe sobre o denominado princípio da vinculação física, oposto em face da Recorrente. Da análise dos dispositivos citados verificase, portanto, que o drawback suspensão, regime aduaneiro especial de incentivo à exportação, caracterizase pela importação, com suspensão de tributos, de mercadorias a serem destinadas a processo de industrialização, no sentido amplo, as quais serão, no prazo assinado pelo Ato Concessório, exportadas. A legislação, nesse sentido, não cogita, naturalmente, de mercadoria nacional, uma vez que o incentivo à exportação (e ao exportador industrial) constitui um benefício à utilização do bem importado no bem de produção nacional a ser exportado, de modo a tornálo mais competitivo no mercado externo. Na realidade, todas as regras regulamentares decorrem do disposto no artigo 78 do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, que prevê no capítulo das importações vinculadas às exportações as três modalidades — restituição, suspensão e isenção — sem expressamente designálas drawback, sendo que no que se refere à suspensão estabelece que ela se aplica sobre o pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada, conforme segue: “Art. 78. Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. (...) § 3o Aplicamse a este artigo, no que couber, as disposições do § 1o do art. 75.” Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 13 12 Concluise, pois, que de forma consistente, ao longo dos anos, a legislação determina que o drawback suspensão, na qualidade de incentivo à exportação, constitui benefício de suspensão dos tributos incidente na importação de mercadorias estrangeiras, que, sob o regime, ingressam no país sob a condição resolutiva da suspensão, condição está que se cumpre quando o importador demonstra que realizou a exportação de mercadoria em que houve a utilização, sob a forma de industrialização, do bem originalmente ingressado no país. Haveria, portanto, um princípio da vinculação física. Podemos concluir, sem maiores esforços, que não existe um princípio da vinculação física, sendo na realidade um equívoco semânticojurídico denominarse “princípio” a qualquer regra semelhante relacionada ao drawback, posto que não há nenhuma carga valorativa e sequer de abstração, mas sim um mandamento aplicado ao próprio regime aduaneiro especial. Não se verifica um princípio aplicável a inúmeras situações jurídicas, mas sim, quando muito, uma simples regra, a ser analisada em seguida, que não dispõe direta e expressamente sobre a vinculação física, mas que, em nosso pensar, decorre mesmo do próprio regime de drawback, aplicandose no sentido “tudo” ou “nada”. E, como observado anteriormente, não se verifica da análise dos dispositivos supra transcritos nenhum mandamento expresso dirigido ao importador (no presente caso, a Recorrente) que determine diretamente a vinculação física no drawback suspensão, uma vez que a denominada vinculação física decorre, na realidade, da própria natureza desse tipo de incentivo à exportação. Se tratar de bem fungível, em que não há diferenciação nenhuma entre a matéria prima nacional e a importada, a par da ausência de obrigação expressa ao contribuinte exportador de manter tais estoques separados, em conformidade com a sua procedência, o que, por si só, seria de discutível constitucionalidade, constitui um sem sentido jurídico exigirse que sendo um produto X exatamente igual a outro produto X, que a Recorrente demonstre a diferença entre o X importador e o X nacional, para fins de cumprimento do Regime. Ainda mais quando o próprio Ato Concessório, que possui todas as condições do regime aduaneiro de drawback suspensão, não traz em seu bojo tal obrigação ou, pelo menos, um aviso de que a não observância de tal detalhe entre os produtos “X” pode resultar na exigência de tributos suspensos. A fungibilidade entre os insumos, quando presente no processo produtivo, em nosso entendimento, seria bastante para demonstrar o cumprimento do regime, caso haja comprovação de utilização da quantidade dos insumos no produto resultado exportado, e isso porque as autoridades fazendárias, a seu Fl. 1307DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 14 13 turno, não conseguem demonstrar que o contribuinte não utilizou os insumos importados no produto exportado. Em outras palavras, não há como se afirmar com segurança que o Recorrente não cumpriu o ato concessório se a sua produção admite produtos fungíveis, nacionais e importados, e ele demonstrou que todo o produto importado foi, quantitativamente, vertido ao produto resultante exportado. Assim, me parece extremamente frágil a alegação de descumprimento de um regime de drawback fundada no rigor da vinculação física, em que se exige, sem prévia determinação legal, a separação física entre o estoque importado e o nacional, e ainda não se reconhece a demonstração quantitativa de que o insumo fungível importado foi vertido no produto resultante exportado". Sem embargo, ainda que a vinculação física decorra da própria natureza do regime de drawback, não sendo vinculada direta e expressamente por norma dirigida a Contribuinte, ela se faz necessária para comprovação de que os insumos importados com suspensão de tributos foram utilizados na industrialização do produto com fins de exportação. Penso que, na época dos fatos, em razão da ausência de dispositivo com força de lei, que determine a Contribuinte a obrigatoriedade de separação física entre seus estoques importados e nacionais, seja por conta da impossibilidade da comprovação por parte dos Agentes Fiscais, de que a Contribuinte efetivamente não utilizou o produto importado na industrialização do produto exportado, quando o insumo importado fungível, sendo, pois equivalente, ao insumo nacional, portanto, há que se reconhecer o cumprimento do regime de drawback. Por derradeiro, cumpre ressaltar que fiscalização comprovou a utilização da quantidade dos insumos importados nos produtos exportados pela Contribuinte. Neste sentido, voto pelo improvimento do Recurso da Fazenda Nacional. É como voto é como penso. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Júlio César Alves Ramos Conforme se observa, o relator acatou, como já fora feito pela decisão recorrida, os dois argumentos essenciais da postulação do sujeito passivo, que vêm sendo expostas desde sua impugnação. O primeiro, de que o chamado princípio da vinculação física não consta da legislação do regime especial de drawback suspensão, não existindo norma expressa, nem mesmo no Regulamento Aduaneiro, que autorize sua adoção. E o segundo, subsidiário, no sentido de que mesmo que se entendesse que existisse tal previsão, ela teria sido revogada pela legislação citada pelo dr. Demes. Ocorre que ambas as fundamentações foram exemplar e peremptoriamente enfrentadas tanto na decisão da DRJ Florianópolis, quanto no voto vencido da decisão recorrida, da lavra do Conselheiro Alexandre Kern, e ainda mais, em declaração de voto do Conselheiro Rosaldo Trevisan, igualmente membro do colegiado e um dos nossos maiores especialistas em legislação aduaneira. Devo reconhecer ter sido nestas que encontrei as razões fundamentais para firmar o meu entendimento quanto à exigibilidade da assim chamada vinculação física, tema sobre o qual, até então, ainda hesitava. Peço vênia, pois, para transcrevêlas aqui como as razões que levaram a maioria (qualificada) do colegiado a rejeitar a proposta do relator e dar provimento ao recurso fazendário. Disse o dr. Rosaldo: Busco por meio da presente declaração de voto motivar meu entendimento especificamente em relação à necessidade de vinculação física no regime denominado no Brasil de “drawback”, tendo em vista a recorrente discussão do tema e a aura de controvérsia que sob ele paira. Ao final, teço ainda considerações sobre as especificidades do presente processo. 1 O “DRAWBACK BRASILEIRO” (Ou: a deturpação do conceito de Drawback no Brasil) É preciso logo de início esclarecer que ao tratar de um “drawback” brasileiro, estáse a analisar um regime que tem pouca relação com o que se entende no restante do planeta como “drawback”. O “drawback” já era tratado na célebre “Riqueza das Nações” de Adam Smith, em 1776, na qual se dedica um capítulo (Capítulo IV – “Dos drawbacks”, do Livro IV – “Dos sistemas de política econômica”): Os comerciantes e os fabricantes não se contentam com o monopólio do mercado interno, mas desejam da mesma forma o máximo possível de vendas para o exterior de suas mercadorias. Seu país não possui nenhuma jurisdição sobre nações Fl. 1309DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 16 15 estrangeiras e, portanto, raramente pode proporcionar monopólio lá. Eles são geralmente obrigados, por isso, a contentarse em solicitar determinados incentivos à exportação. Desses incentivos, os denominados drawbacks parecem ser os mais razoáveis. (...) Os direitos (de importação) que foram impostos desde o antigo subsídio são, em grande parte, totalmente devolvidos após a exportação. Essa regra geral, entretanto, é passível de grande número de exceções; e a teoria dos drawbacks se tornou matéria muito mais simples do que era quando de sua primeira instituição. Na exportação de algumas mercadorias estrangeiras, das quais se esperava que a importação em muito superasse o necessário para o consumo interno, a totalidade dos direitos (de importação) era devolvida, sem reter nem a metade do antigo subsídio. (...)2 Pouco antes, na mesma obra (Capítulo I do Livro IV), explicase que: Drawbacks são concedidos em duas diferentes ocasiões. Quando os fabricantes domésticos estivessem sujeitos a qualquer direito (de importação) ou imposto (sobre o consumo), a totalidade ou uma parte destes era frequentemente devolvida após a exportação; e quando mercadorias estrangeiras sujeitas a um direito (de importação) fossem importadas, a fim de serem exportadas novamente, a totalidade ou uma parte deste direito era às vezes devolvida depois de tal exportação. (...)3 O “drawback”, assim, é inequivocamente, como sugere a própria formação da palavra, em inglês (“drawback”), uma devolução ou restituição de direitos de importação (ou mesmo de impostos sobre o consumo). Tal definição está em perfeita sintonia com o que se entende hoje internacionalmente como 2 Tradução livre do texto de “An inquiry into the nature and causes of The Wealth of Nations”: (“Merchants and manufacturers are not contented with the monopoly of the home Market, but desire likewise the most extensive foreign sale for their goods. Their country has no jurisdiction in foreign nations, and therefore can seldom procure them any monopoly there. They are generally obligated, therefore, to content themselves with petitioning for certain encouragements to exportation. Of these encouragements, what are called drawbacks seem to be the most reasonable. (…) The duties which have been imposed since the old subsidy, are, the greater part of them, wholly drawn back upon exportation. This general rule, however, is liable to a great number of exceptions; and the doctrine of drawbacks has become a much less simple matter than it was at their first institution. Upon the exportation of some foreign goods, of which it was expected that the importation would greatly exceed what was necessary for home consumption, the whole duties are drawn back, without retaining even half of the old subsidy. (…)”. A obra clássica completa pode ser encontrada na biblioteca virtual da Universidade Penn State/USA, disponível em: <www2.hn.psu.edu/faculty/jmais/adamsmith/wealthnations.pdf>Acesso em 09.jul.2014. 3 Idem. Tradução livre de: “Drawbacks are given upon two different occasions. When the home manufacturers were subject to any duty or excise, either the whole or a part of it was frequently drawn back upon their exportation; and the foreign goods liable to a duty were imported, in order to be exported again, either the whole or a part of this duty was sometimes given back upon such exportation”. Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 17 16 drawback: “o montante de direitos e taxas na importação restituídos por aplicação do regime de drawback”.4 E o regime de drawback, por sua vez, é internacionalmente definido como: o regime aduaneiro que permite, por ocasião da exportação de mercadorias, obter a restituição (total ou parcial) dos direitos e taxas que incidiram sobre a importação dessas mercadorias ou dos materiais nelas contidos ou consumidos na sua produção.5 Foi exatamente com esse sentido que o regime foi inicialmente tratado na legislação brasileira, no Decreto no 994, de 28/7/1936: como uma restituição, ou, na terminologia usada no decreto, uma devolução dos direitos pagos (integralmente) na importação (a norma usa ainda o termo “remissão”). A Lei no 3.244, de 14/8/1957 manteve o drawback como “remissão”, em seu art. 37, dispondo que seria concedida “remissão total ou parcial do imposto relativo a produto utilizado na composição de outro a exportar (‘drawback’), nos termos do Regulamento a ser baixado por proposta do Conselho de Política Aduaneira”.6 E tal regulamento (Decreto no 50.485, de 25/4/1961) dispôs em seu art. 6o que “o desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas com aplicação do ‘drawback’ será autorizado com suspensão do recolhimento dos tributos devidos”. Estava “criado” pela norma infralegal o drawbacksuspensão, distante de toda a terminologia internacionalmente adotada, nascendo 4 Definição extraída do Anexo Especifico “F” da Convenção Internacional para Simplificação e Harmonização de Regimes/Procedimentos Aduaneiros” (Convenção de Kyoto Revisada). A Convenção de Kyoto foi adotada em 1973 (nos idiomas oficiais da OMA, inglês e francês, respectivamente, “International Convention on the Simplification and Harmonization of Customs Procedures” e “Convention Internationale pour la Simplification et L’harmonisation des Regimes Douaniers”), e entrou em vigor em 25/09/1974, tendo passado por um processo de revisão no período de 1995 a 1999, resultando na chamada “Convenção de Kyoto Revisada”, que entrou em vigor em 03/02/2006, e hoje é aplicada em países que representam mais de 80% do comércio mundial (o Brasil, que é o único dos doze maiores países do mundo que ainda não aderiu à Convenção, manifestou expressamente interesse na adesão em novembro de 2011, em conferência da Organização Mundial de Aduanas realizada em São Paulo/2011, e já forma iniciados os trâmites para incorporação do texto da Convenção a nosso ordenamento jurídico). O texto da definição corresponde a tradução livre das versões em francês ("drawback: le montant des droits et taxes à l’ importation remboursé en application du régime du drawback”), e em inglês (“drawback: means the amount of import duties and taxes repaid under the drawback procedure”). O texto da convenção revisada, em ambos os idiomas, está disponível em: <www.wcoomd.org>. Acesso em: 09.jul.2014. 5 Idem. Tradução livre da versão em francês ("régime du drawback: le régime douanier qui permet, lors de l’ exportation de marchandises, d’ obtenir le remboursement total ou partiel des droits et taxes à l’ importation qui ont frappé, soit ces marchandises, soit les produits contenus dans les marchandises exportées ou consommées au cours de leur production”), equivalente à versão em inglês, o outro idioma oficial da OMA (“drawback procedure: means the Customs procedure which, when goods are exported, provides for a repayment total or partial to be made in respect of the import duties and taxes charged on the goods, or on materials contained in them or consumed in their production”), do Anexo F da Convenção de Kyoto Revisada. 6 A grafia ‘drawback’ era usual, no Brasil, à época. Hoje, preferese drawback, termo inglês que não encontra correspondente no francês e no espanhol. Em Portugal, até hoje o termo drawback é traduzido como ‘draubaque’. Na Itália, como ‘rimborso’. Fl. 1311DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 18 17 ainda a expressa determinação de vinculação física, no texto do art. 18: “nenhuma mercadoria objeto de ‘drawback’ poderá ser utilizada fora da finalidade prevista sem o prévio recolhimento dos tributos devidos”. Três anos depois, estava revogado o decreto regulamentar pelo Decreto no 53.967, de 16/6/1964, que, em seu art. 3o, deu ao drawback a configuração tripartida (suspensão, isenção e restituição) que persiste nas normas até os dias atuais, mantendose a necessidade de que as mercadorias importadas não fossem desviadas das finalidades para as quais foram admitidas no regime (art. 8o).7 Depois de cerca de uma década de disciplina infralegal, o DecretoLei no 37, de 18/11/1966, em seu art. 78, incisos I a III, passa a dispor (sem utilizar a expressão drawback)8 sobre restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportadaque; sobre suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; e sobre isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. Apesar de a base legal (corretamente9) não se referir a drawback, o Decreto no 68.904, de 12/7/1971, entretanto, afirma em sua ementa estar regulamentando “o instituto do drawback previsto no art. 78 do DecretoLei no 37, de 18/11/1966”, reiterando a linha tripartida (suspensão, isenção e restituição), sendo tal postura mantida pelos Regulamentos Aduaneiros de 1985 (aprovado pelo Decreto no 91.030, de 05/03/1985, art. 314), de 2002 (Decreto no 4.543, de 26/12/2002, art. 335) e de 2009 (Decreto no 6.759, de 05/02/2009, art. 383). Concordamos com LOPES FILHO quando este afirma que, apesar de a regulamentação do art. 78 da Lei Aduaneira denominar as três modalidades ali previstas como drawback, devese entender que o drawback corresponde tãosomente à “restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou 7 Dispunha o artigo: “A aplicação do regime do ‘drawback’ farseá mediante: a) suspensão do pagamento do imposto devido, condicionada a plano de importação e exportação previamente aprovado, até a comprovação da exportação; b) franquia do imposto sobre importação posterior de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalente à de origem estrangeira utilizada no produto exportado; e c) restituição do imposto pago. 8 Não obstante tenha sido alguns meses antes publicada a Lei no 5.025, de 10/06/1966, tratando em dois artigos de “drawback” (um deles, o art. 55, especificamente referindose a isenção). 9 Visto que internacionalmente a expressão drawback designava exclusivamente a restituição, e o Decretolei, em sua Exposição de Motivos (no 867, de 18/11/1966), expressamente afirmava espelharse em “Códigos Aduaneiros modernos” na disciplina da temática aduaneira. Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 19 18 acondicionamento de outra exportada” (inciso I do art. 78), caracterizandose as modalidades previstas nos incisos II e III do artigo, respectivamente, como beneficiamento ativo e reposição de estoques.10 Contudo, preferimos a designação aperfeiçoamento ativo, que veio a se consagrar depois da obra do exSecretário da Receita Federal, para a modalidade prevista no inciso II. Temos, assim, que: a) o ‘drawbackisenção’ constitui, como o próprio nome sugere, uma hipótese de isenção (conhecida como reposição de estoques)11 como tantas outras decorrentes de lei ou acordo internacional, compiladas no art. 136 do atual Regulamento Aduaneiro12; b) o ‘drawbackrestituição’, ou simplesmente ‘drawback’, nome pelo qual é conhecido no restante do mundo, é uma hipótese de restituição que busca incentivar as exportações13; e c) o ‘drawbacksuspensão’ (único que constitui propriamente um regime aduaneiro) é, em realidade, um aperfeiçoamento ativo.14 Reparese que a inadequação terminológica não macula, hoje, a aplicação de nenhuma das três ‘modalidades de drawback’ no Brasil, pois, relevandose os nomes, todas possuem supedâneo legal.15 Mas a confusão infralegal acabou por contaminar leis, 10 LOPES FILHO, Osíris de Azevedo. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983, p. 9192. 11 A título ilustrativo, citese que o Glossário de Termos Aduaneiros e Comércio Exterior da ALADI define como ‘reposição de matériasprimas’ o “regime aduaneiro que permite importar, com isenção dos gravames respectivos, mercadorias equivalentes a outras que, havendo pago anteriormente esses gravames, foram utilizadas na produção de artigos exportados previamente a título definitivo” (Disponível em: <http://www.aladi.org/nsfaladi/glosario.nsf>. Acesso em: 09.jul.2014). MEIRA denomina esta ‘modalidade’ de drawbacksubstituição (MEIRA, Liziane Angelotti. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: IOB, 2002, p. 219). 12 Aliás, tal isenção está relacionada no art. 136 (inciso II, alínea ‘g’). A disciplina da isenção, contudo, foi deslocada da Seção de Isenções para o Livro referente a Regimes Aduaneiros Especiais, pela adoção da nomenclatura inadequada, que remonta à década de 60. Fossem as isenções regimes aduaneiros especiais, todas deveriam estar disciplinadas no Livro IV do Regulamento Aduaneiro. Fosse o drawbackisenção um regime aduaneiro especial, e não uma isenção concedida no regime comum de importação, não haveria necessidade de tê lo expressamente mantido na Lei no 8.032, de 12/4/1990 (arts. 2o, II, ‘g’, e 3o, I). 13 Assim como defendemos o posicionamento da disciplina do drawbackisenção na Seção referente a isenções do Regulamento Aduaneiro, o drawbackrestituição melhor ficaria posicionado ao lado das restituições em decorrência do regime comum de importação, no art. 110 do mesmo regulamento. 14 No Capítulo 1 do Anexo Específico ‘F’ da Convenção de Kyoto revisada encontramos a definição de aperfeiçoamento ativo: “regime aduaneiro que permite receber em um território aduaneiro, com suspensão dos tributos incidentes na importação, certas mercadorias destinadas a sofrer uma transformação, processamento ou reparo e a serem posteriormente exportadas”. O texto corresponde à tradução livre da versão em francês ("perfectionnement actif: le régime douanier qui permet de recevoir dans un territoire douanier, en suspension des droits et taxes à l’ importation, certaines marchandises destinées à subir une transformation, une ouvraison ou une réparation et à être ultérieurement exportées”), equivalente à versão em inglês, o outro idioma oficial da OMA (“inward processing: means the Customs procedure under which certain goods can be brought into a Customs territory conditionally relieved from payment of import duties and taxes, on the basis that such goods are intended for manufacturing, processing or repair and subsequent exportation”), e está disponível, em ambos os idiomas, em: <www.wcoomd.org>. Acesso em: 09.jul.2014. 15 A situação, em verdade, é ainda pior, dado que normas de hierarquia inferior a decreto acabaram por criar ainda verdadeiras submodalidades de drawback (v.g. Portaria SECEX no 23, de 14/07/2011 que trata de drawback Fl. 1313DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 20 19 como as de no 8.402/1992 (art. 3o, § 2o), no 11.945/2009 (arts. 13 e 14) e no 12.350/2010 (que passou a ter um Capítulo intitulado “Do Drawback” arts. 31 a 33, que nada trata sobre restituição), deixando o Brasil cada vez mais distante daquilo que o restante do mundo denomina “drawback”. Não se tem dúvida de que a insistência em utilizar terminologia dissonante do resto do mundo dificulta negociações internacionais16 e faz com que se exija cautela em estudos comparados sobre a matéria. Daí nossa preocupação em não comparar grandezas diferentes na labuta empreendida nos tópicos seguintes. Trataremos do “drawback brasileiro” (em suas três “modalidades”), comparandoas, quando necessário, aos institutos congêneres existentes internacionalmente. 2 A vinculação física no “DRAWBACK BRASILEIRO” e sua gradativa flexibilização (Ou: o “drawback brasileiro”, da vinculação física à fungibilidade) Como destacado no tópico anterior, as primeiras regulamentações do “drawback brasileiro” (em suas três modalidades), veiculadas pelos Decretos no 50.485/1961 e no 53.967/1964, já estabeleciam expressamente a necessidade de vinculação das mercadorias às finalidades para as quais foram admitidas no regime. E as finalidades eram as mesmas, em ambos os decretos (art. 2o): utilização direta na fabricação de mercadorias destinadas à exportação; complementação de aparelhos, máquinas, veículos ou equipamentos destinados à exportação; embalagem, acondicionamento ou apresentação de produtos a serem exportados; beneficiamento no país e posterior exportação; e reparação, recondicionamento ou reconstrução de máquinas, equipamentos, embarcações e aeronaves admitidos no país temporariamente, quando consignados a estaleiros ou oficinas de reparo e manutenção. E sobre o tema não parece haver dissonância entre as normas regulamentares e o comando do art. 78 do DecretoLei no 37/1966: intermediário art. 88, drawback embarcação art. 69, I, e drawback para fornecimento no mercado interno art. 69, II). 16 Vejase, por exemplo, o 13o protocolo adicional ao ACE no 18, no âmbito do MERCOSUL, incorporado ao ordenamento jurídico nacional pelo Decreto no 1.700, de 14/11/1995, que, em seu art. 7o, dispõe que “os países signatários poderão conceder a seus exportadores esquemas de ‘draw back’ ou admissão temporária, segundo a terminologia utilizada para esses efeitos até o presente nos países signatários” (recordese que todos os signatários, exceto o Brasil, classificam o que entendemos por “drawbacksuspensão” como “admissão temporária para aperfeiçoamento ativo”). Nem o Código Aduaneiro do MERCOSUL, aprovado pela Decisão CMC no 27/2010, conseguiu uniformizar a terminologia, tendo uma Seção denominada “admissão temporária para aperfeiçoamento ativo” (arts. 56 a 63), que alberga o que entendemos no Brasil por “drawbacksuspensão”, permitindonos continuar com a denominação divergente do restante do mundo no item 3 do art. 63: “a adoção do disposto nesta Seção não afetará as denominações específicas adotadas pelos Estados Partes para situações em que haja aperfeiçoamento ativo”. Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 21 20 “Art. 78. Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada após beneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento, ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, em quantidade e qualidade equivalentes à utilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado. (...) § 3o Aplicamse a este artigo, no que couber, as disposições do § 1o do art. 75.” (grifo nosso) Reparese que nas três “modalidades” a mercadoria exportada tem que ser efetivamente a que foi anteriormente importada. Nenhuma flexibilização da vinculação física, assim, naquele momento. E adicionese que o DecretoLei permite a aplicação subsidiária do § 1o do art. 75 (que trata de condições para a admissão temporária, entre as quais a identificação dos bens e sua utilização exclusiva nos fins previstos). Na disciplina regulamentar posterior, externada pelo Decreto no 68.904/1971, começam a surgir flexibilizações na identidade física entre os produtos importados e exportados (destacandose a possibilidade de aplicação do regime (art. 2o, §1o) a “matéria prima e outros produtos que, embora não integrando o produto exportado, sejam utilizados na sua fabricação em condições que justifiquem o benefício, a critério do órgão responsável pela concessão do drawback”. O Regulamento Aduaneiro de 1985, aprovado pelo Decreto no 91.030/1985, em seus arts. 314 a 334, tratou do “drawback brasileiro”, em suas três “modalidades”, mantendo a flexibilização prevista no art. 2o, §1o do Decreto no 68.904/1971 em seu art. 315, §1o. Com a alteração efetuada no §2o do art. 315, pelo Decreto no 4.257/2002, surge outra flexibilização, permitindose a aplicação do regime a “matériaprima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação de animais a serem exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior” (CAMEX). Vejase que a ampliação permitiu, por exemplo, a importação de farelo de milho para alimentar pintos que, depois de adultos, seriam exportados. Impossível estabelecerse vinculação física Fl. 1315DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 22 21 neste caso. Por óbvio, no momento da exportação, não acompanhará o frango todo o farelo por ele comido durante a criação. Por isso é que nesses casos excepcionais passouse a prever disciplina específica, no §3o do mesmo art. 315, restringindo a aplicação do regime aos “limites quantitativos e qualitativos constantes de laudo técnico emitido, nos termos fixados pela Secretaria da Receita Federal, por órgão ou entidade especializada da Administração Pública Federal”; e “a empresa que possua controle contábil de produção em conformidade com normas editadas pela Secretaria da Receita Federal”. É a flexibilização sem prejuízo do controle aduaneiro. No Regulamento Aduaneiro de 2002 (Decreto no 4.543/2002) o “drawback” foi tratado nos arts. 335 a 355, sendo mantidas no art. 336 as flexibilizações anteriores, e adicionadas outras duas, específicas da “modalidade suspensão”. A primeira delas é derivada de lei (no 8.032/1990, art. 5o, com a redação dada pela Lei no 10.184/2001), e não se refere exatamente à flexibilização da vinculação física, mas da própria exportação, admitindo que o regime seja aplicável a mercadoria destinada a fornecimento no mercado interno, em decorrência de licitação internacional, contra pagamento em moeda conversível proveniente de financiamento concedido por instituição financeira internacional, da qual o Brasil participe, ou por entidade governamental estrangeira ou, ainda, pelo BNDES, com recursos captados no exterior. A segunda, contudo, existente no art. 339, resultou em equivocadas interpretações. Dispõe o artigo: “o regime de drawback, na modalidade de suspensão, poderá ser concedido e comprovado, a critério da Secretaria de Comércio Exterior, com base unicamente na análise dos fluxos financeiros das importações e exportações, bem assim da compatibilidade entre as mercadorias a serem importadas e aquelas a exportar”. Houve quem sustentasse, a partir do texto do art. 339, que estaria totalmente afastada a vinculação física quando a SECEX emitisse Ato Concessório com expressa referência ao comando, indicando que haveria acompanhamento do fluxo financeiro e que havia compatibilidade entre as mercadorias importadas e exportadas. A essa corrente devese opor a distinção entre as atribuições da SECEX (adstritas à concessão e deliberação sobre o drawback hoje no art. 16, IV do Decreto no 7.096/2010) e as atribuições fiscalizadoras da RFB. A matéria hoje já é inclusive sumulada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/MF: Súmula CARF no 100: O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil tem competência para fiscalizar o cumprimento dos requisitos do regime de drawback na modalidade suspensão, aí compreendidos o lançamento do crédito tributário, sua exclusão em razão do reconhecimento de beneficio, e a verificação, a qualquer tempo, da regular observação, pela importadora, das condições fixadas na legislação pertinente. Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 23 22 Não poderia, assim, a manifestação efetuada a critério da SECEX impedir eventual ação fiscal para verificar o cumprimento dos dispositivos normativos relacionados ao regime. Seria a flexibilização em prejuízo do controle aduaneiro. É preciso esclarecer que o texto do art. 339 não está a dispensar o cumprimento dos demais dispositivos referentes a drawback, mas apenas a permitir à SECEX simplificar seu trabalho, poupandoa de análises pormenorizadas para efeito de concessão e de verificação do cumprimento (e não poupando o importador/exportador de controles contábeis e de segregação, ou impedindo a RFB de efetuar controles afetos à fiscalização). E isso veio a ser expressamente aclarado com a redação do parágrafo único do art. 387 do Regulamento Aduaneiro de 2009 (Decreto no 6.759/2009), na redação dada pelo Decreto no 7.213/2010. Antes de ingressar mais profundamente no Regulamento Aduaneiro de 2009 (ainda vigente), cabe destacar que em 2003, o instituto internacionalmente conhecido como compensação equivalente17 passou a fazer parte da legislação aduaneira brasileira, ainda que de forma tímida, com o art. 60 da Lei no 10.833/2003:18 “Art. 60. Extinguem os regimes de admissão temporária, de admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, de exportação temporária e de exportação temporária para aperfeiçoamento passivo, aplicados a produto, parte, peça ou componente recebido do exterior ou a ele enviado para substituição em decorrência de garantia ou, ainda, para reparo, revisão, manutenção, renovação ou recondicionamento, respectivamente, a exportação ou a importação de produto equivalente àquele submetido ao regime. 17 Presente em diversos códigos aduaneiros do mundo, no tratamento da admissão temporária para aperfeiçoamento ativo (equivalente, em termos, ao nosso “drawbacksuspensão”), a compensação equivalente é uma clara flexibilização da vinculação física, permitindo que se utilizem na industrialização (no aperfeiçoamento) mercadorias equivalentes, definidas no Anexo “F”, Capítulo 1 da Convenção de Kyoto Revisada (e também no Anexo “F”, Capítulo 3, referente a Drawback) como “as mercadorias nacionais ou importadas idênticas em descrição, qualidade e características técnicas àquelas importadas para aperfeiçoamento ativo que elas substituem”. A tradução livre corresponde aos textos originais em francês (“marchandises équivalente: les marchandises nationales ou importées identiques par leur espèce, leur qualité et leurs caractéristiques techniques à celles qui ont été importées en vue d’ une opération de perfectionnement actif et qu'elles remplacent”) e inglês (“equivalent goods means domestic or imported goods identical in description, quality and technical characteristics to those imported for inward processing which they replace”), ambos disponíveis em: <www.wcoomd.org>. Acesso em: 09.jul.2014. 18 Em verdade, a ‘compensação equivalente’ já havia sido instituída, no Brasil, no art. 21 da Medida Provisória no 38, de 14/5/2002 (que perdeu a eficácia desde a edição por não ter sido apreciada pelo Congresso Nacional, cf. Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional de 10/10/2002), no art. 19, II da Medida Provisória no 75, de 24/10/2002 (rejeitada na Câmara dos Deputados, cf. Ato Declaratório do Presidente da casa legislativa datado de 18/12/2002), e no art. 44 da Medida Provisória no 135, de 30/10/2003 (finalmente convertida na Lei no 10.833, de 2003). Há ainda ume espécie de “compensação equivalente”, de disciplina totalmente infralegal, no “regime” denominado de REPEX, instituído no Brasil pelo Decreto no 3.312, de 24/12/1999 (e hoje disciplinado nos arts. 463 a 470 do Regulamento Aduaneiro de 2009). Fl. 1317DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 24 23 § 1o O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos seguintes bens: I partes, peças e componentes de aeronave, (...) II produtos nacionais exportados definitivamente, ou suas partes e peças, que retornem ao País, mediante admissão temporária, ou admissão temporária para aperfeiçoamento ativo, para reparo ou substituição em virtude de defeito técnico que exija sua devolução; e III produtos nacionais, ou suas partes e peças, remetidos ao exterior mediante exportação temporária, para substituição de outro anteriormente exportado definitivamente, que deva retornar ao País para reparo ou substituição, em virtude de defeito técnico que exija sua devolução. § 2o A Secretaria da Receita Federal disciplinará os procedimentos para a aplicação do disposto neste artigo e os requisitos para reconhecimento da equivalência entre os produtos importados e exportados.” (grifo nosso) Novamente há flexibilização da vinculação física, sem prejuízo do controle aduaneiro, pois restrita a casos específicos, e sob os requisitos e procedimentos estabelecidos pela RFB. E tais requisitos e procedimentos foram inicialmente estabelecidos na Instrução Normativa SRF no 328, de 28/11/2003, estando hoje previstos na Instrução Normativa RFB no 1.361, de 21/05/2013. Passa, assim, a haver previsão legal para exportação de produto que não corresponde fisicamente ao importado para industrialização, mas é idêntico a ele, ainda que em casos muito restritos. E uma leitura alargada do texto do art. 60, entendendo que o comando seria ainda aplicado a outros casos, além de afrontar a literalidade do dispositivo, tornaria inócuas as restrições, negando o próprio objetivo do texto legal, pois não faria sentido nenhum estabelecer a compensação equivalente a tais segmentos se eles (assim como todos os demais) já a tivessem. Assim, o Regulamento Aduaneiro de 2009, em sua redação original, tem poucas alterações em relação ao regulamento anterior, no que se refere a “drawback”. Contudo, o tema foi objeto de substanciais alterações efetuadas no Regulamento pelos Decretos no 7.213/2010 e no 8.010/2013. Isso porque começou a tomar corpo uma intensificação da flexibilização da vinculação física, chegandose ao que se denomina usualmente como a aplicação da fungibilidade no regime. Tal intensificação deriva de comandos legais editados no final da década passada e no início desta década, e que estão sendo paulatinamente regulamentados. A Lei no 11.945/2009, por exemplo, que cria em seu art. 12 uma variante de “drawback suspensão brasileiro”, que veio a ser denominada em norma infralegal (Portaria Secex no 23/2011) de drawback integrado Fl. 1318DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 25 24 suspensão, permitindo a combinação de mercadorias nacionais e importadas no processo de industrialização para exportação, disciplina a flexibilização em seu art. 14: “Art. 14. Os atos concessórios de drawback, incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei, poderão ser deferidos, a critério da Secretaria de Comércio Exterior, levandose em conta a agregação de valor e o resultado da operação. § 1o A comprovação do regime poderá ser realizada com base no fluxo físico, por meio de comparação entre os volumes de importação e de aquisição no mercado interno em relação ao volume exportado, considerada, ainda, a variação cambial das moedas de negociação. § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secretaria de Comércio Exterior disciplinarão em ato conjunto o disposto neste artigo.” (grifo nosso) Vejase que o texto da lei trata de forma mais ponderada a já citada relação entre as competências da SECEX (concessão e deliberação) e da RFB (fiscalização do regime). Não poderia um órgão estabelecer medidas em detrimento do controle do outro. Daí a necessidade de ato conjunto. E tal ato corresponde atualmente à Portaria Conjunta RFB/SECEX no 467, de 25/03/2010. A mesma Lei no 11.945/2009, em seu art. 12, §1o, com a redação dada pela Lei no 12.058/2009, alça ao status legal disposição que há tempos já habitava normas infralegais, permitindo a aplicação do “regime, na modalidade de suspensãointegrado”, a “aquisições no mercado interno ou importações de empresas denominadas fabricantesintermediários, para industrialização de produto intermediário a ser diretamente fornecido a empresas industriaisexportadoras, para emprego ou consumo na industrialização de produto final destinado à exportação”, e, em seu art. 13, prorroga excepcionalmente por um ano Atos Concessórios de Drawback vencidos de 01/10/2008 a 31/12/2009.19 19 A “prorrogação” de Atos Concessórios de “Drawback” (inclusive os já vencidos, no que se revela inadequada a terminologia “prorrogação”) por lei passou a ser medida recorrente nos últimos tempos. A aqui referida, apesar de inexistente no texto da Medida Provisória no 451/2008, e nas 64 Emendas apresentadas pelos parlamentares, acabou presente no projeto de Lei de Conversão apresentado pelo relator, na Câmara dos Deputados (e na Lei resultante da conversão, de no 11.945/2009), sob a justificativa de ser reputada como importante “para a economia brasileira voltar ao ritmo de crescimento anterior à eclosão da crise financeira mundial”. Cabe ainda citar a Lei no 12.249/2010 (que em seu art. 61, “prorroga” Atos Concessórios vencidos em 2010, inclusive aqueles já prorrogados excepcionalmente com base na Lei no 11.945/2009); a Lei no 12.453/2011 (que, em seu art. 8o, “prorroga” Atos Concessórios vencidos em 2011, inclusive aqueles já prorrogados excepcionalmente com base nas Leis no 11.945/2009 e no 12.249/2010); a Lei no 12.782/2013 (que, em seu art. 20, “prorroga” Atos Concessórios vencidos em 2013, agora excluindo os já prorrogados excepcionalmente com base nas leis anteriores); e a Lei no 12.995/2014 (que, em seu art. 16, “prorroga” Atos Concessórios vencidos em 2014, exclusivamente para “produtos de longo ciclo de produção”, e também excluindo os já prorrogados excepcionalmente com base nas leis anteriores). Fl. 1319DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 26 25 A Lei no 12.350/2010, de forma semelhante ao art. 12 da Lei no 11.945/2009 (que criou a variante de “drawbacksuspensão brasileiro” posteriormente denominada de drawback integrado suspensão), criou, em seu art. 31, a variante de “drawback isenção brasileiro”, que a norma infralegal (Portaria Secex no 23/2011) denominou de drawback integrado isenção). A novidade fica por conta da definição legal de “mercadoria equivalente”, no § 4o do citado art. 31: “a mercadoria nacional ou estrangeira da mesma espécie, qualidade e quantidade, adquirida no mercado interno ou importada sem fruição dos benefícios referidos no caput, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo”. A disciplina do “drawback integrado isenção” também é conjunta (RFB/SECEX), conforme estabelece o art. 33 da lei, já tendo sido editada nesse sentido a Portaria Conjunta RFB/SECEX no 3, de 17/12/2010. Vejase que o Brasil, com claro fundamento na noção de “mercadoria equivalente” da Convenção de Kyoto Revisada, já referida neste estudo, dá mais alguns passos na jornada iniciada com o art. 60 da Lei no 10.833/2003. Mas é no art. 32 da Lei no 12.350/2010, alterando a disposição do art. 17 da Lei no 11.774/2008, que saltase para o explícito fundamento legal que viabiliza a flexibilização da vinculação física (ou a fungibilidade) no “drawback brasileiro, nas modalidades de isenção e suspensão”:20 “Art. 17. Para efeitos de adimplemento do compromisso de exportação nos regimes aduaneiros suspensivos, destinados à industrialização para exportação, os produtos importados ou adquiridos no mercado interno com suspensão do pagamento dos tributos incidentes podem ser substituídos por outros produtos, nacionais ou importados, da mesma espécie, qualidade e quantidade, importados ou adquiridos no mercado interno sem suspensão do pagamento dos tributos incidentes, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo. § 1o O disposto no caput aplicase também ao regime aduaneiro de isenção e alíquota zero, nos termos, limites e condições estabelecidos pelo Poder Executivo. § 2o A Secretaria da Receita Federal do Brasil e a Secretaria de Comércio Exterior disciplinarão em ato conjunto o disposto neste artigo.” (grifo nosso) Descontadas as imperfeiçoes terminológicas, que normalmente derivam do excesso de denominações que temos para idênticos 20 Aqui também cabe destacar que, em verdade, o fundamento legal já existia, ainda que mais modesto, desde setembro de 2008, com o advento da Lei no 11.774/2008, mas restrito a produtos nacionais, vinculados à aplicação do disposto no § 1o do art. 59 da Lei no 10.833/2003 (admissão por outro beneficiário, com vistas a execução de etapa da cadeia industrial). Fl. 1320DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 27 26 regimes aduaneiros no Brasil, 21 o artigo apresenta de forma cristalina o fundamento legal viabilizador da referida flexibilização. Contudo, é nítido que o comando legal carece de disciplina tanto pelo Poder Executivo (responsável por estabelecer termos, limites e condições) quanto pela SECEX e pela RFB, conjuntamente (responsáveis pela disciplina conjunta do tema). Novamente o legislador, de forma cautelosa, promoveu a flexibilização com preocupação sobre o impacto que a medida teria no controle aduaneiro, deixando aos órgãos técnicos a disciplina da matéria, antes da entrada em operação da nova sistemática. Isso resta claro no texto da exposição de Motivos da Medida Provisória no 497, de 27/07/2010 (que foi convertida na Lei no 12.350/2010): “Temos a honra de submeter à apreciação de Vossa Excelência Projeto de Medida Provisória que: (...) d) altera o art. 17 da Lei no 11.774, de 17 de setembro de 2008, que dispõe sobre a fungibilidade de produtos adquiridos nos regimes aduaneiros suspensivos, permitindo que o Poder Executivo regulamente a matéria; (...) 16. O art. 8o propõe alteração no art. 17 da Lei no 11.774, de 2008, que dispõe sobre a possibilidade da fungibilidade de bens adquiridos, tanto por importação como no mercado interno, com suspensão do pagamento de tributos federais e ao abrigo de regimes aduaneiros especiais, quando destinados à industrialização para exportação. Tratase de revisão da redação original, que havia alicerçado sua base no art. 59 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e agora passa a ser aplicada de forma autônoma, desde que regulamentada pelo Poder Executivo. (...)” (grifo nosso) 21 A menção a “regimes aduaneiros suspensivos” existente no texto original do art. 17 da Lei no 11.774/2008 não parecia objetivar especificamente o “drawback”, por estar restrita ao disposto no § 1o do art. 59 da Lei no 10.833/2003 (comando que possibilitou a solidariedade no “regime aduaneiro especial” de RECOF entreposto industrial sob controle informatizado”, disciplinado nos arts. 420 a 430 do Regulamento Aduaneiro de 2009, e totalmente sob a tutela da RFB, tanto no que se refere a concessão quanto fiscalização). Isso fica claro pela leitura do § 2o do mesmo art. 59 da Lei no 10.833/2003, que destacava ser da RFB a competência para “disciplinar a aplicação dos regimes aduaneiros suspensivos de que trata o caput, e estabelecer a os requisitos, as condições e a forma de registro da anuência prevista para a admissão da mercadoria, nacional ou importada, no regime”. A menção no texto atual, por sua vez, parece desejar, de forma oposta, ser específica ao drawback, seja porque o art. 32 da Lei no 12.350/2010 está inserido no Capítulo III, denominado “Do Drawback” (que abrange os arts. 31 a 33), ou porque estabelece disciplina conjunta, o que só é compatível com o regime de “drawback brasileiro, nas modalidades de suspensão e isenção”. De qualquer forma, tanto a redação original (que parecia esquecer o “drawback”), quanto a atual (que parece esquecer o RECOF) resta patente que passou da hora de o Brasil utilizar a terminologia internacional em relação à matéria: (admissão temporária para) aperfeiçoamento ativo, e não drawbacksuspensão, RECOF, RECOM ... Fl. 1321DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 28 27 Em recente alteração do Regulamento Aduaneiro, o Decreto no 8.010, de 16/05/2013, trouxe o novo comando legal para o art. 402A da norma regulamentar, sem qualquer alteração (ou disciplina) do texto da lei, mas esclarecendo, no §2o do artigo, que a aplicação “fica condicionada à edição de ato normativo específico conjunto da Secretaria da Receita Federal do Brasil e da Secretaria de Comércio Exterior”. Mais uma vez resta patente a tecnicidade do tema, que está sendo tratado conjuntamente entre RFB e SECEX, aguardandose para breve a publicação do ato normativo conjunto que finalmente colocará em operação, com as restrições que estabelecer, a flexibilização da vinculação física, ou a fungibilidade em regimes aduaneiros suspensivos (mais objetivamente os conhecidos como “drawback integrado suspensão” e “drawback integrado isenção”. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao qual é vinculada a SECEX, ciente de que ainda não opera, pelas regras atuais, a fungibilidade, noticiou recentemente (29/04/2014) em seu sítio web que:22 “Rio de JaneiroRJ (29 de abril) Durante abertura do Seminário de Operações de Comércio Exterior, realizado hoje, na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o diretor do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Renato Agostinho, anunciou duas medidas de simplificação para a utilização do regime drawback, que permite (sic) a desoneração de tributos nas importações ou compras domésticas de insumos usados na fabricação de produtos exportados. A primeira é o lançamento de um sistema eletrônico para o processamento do drawback isenção, mecanismo aplicado na reposição de insumos que foram anteriormente utilizados na produção de bens já exportados. “Esta é a última operação, relacionada ao Decex, que é feita ainda por papel. Com o lançamento do sistema, no segundo semestre deste ano, poremos fim ao uso do papel e todas as operações serão realizadas de forma digital”, disse o diretor. No ano passado, US$ 8 bilhões foram exportados ao amparo do regime drawback isenção. Outra medida prevista para breve é a edição de uma portaria conjunta da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do MDIC com a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) do Ministério da Fazenda, que tratará da questão da fungibilidade das mercadorias relacionadas à concessão de drawback. “Esta medida é importante para eliminar a necessidade de segregação nos estoques dos insumos pelo exportador, o que representa hoje um custo que pode ser dispensado com regras mais claras para a administração do regime”, explicou Agostinho. (...)” (grifo nosso) 22 Pesquisa feita no sítio web do MDIC , no campo “busca”, com a palavra “fungibilidade”. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/noticia.php?area=5¬icia=13134>. Acesso em 09.jul.2014. Fl. 1322DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 29 28 Nesse contexto, o Brasil migra, em algumas décadas, de um cenário de estrita vinculação física a um ambiente no qual parece que a regra será a fungibilidade, nos termos a serem estabelecidos em norma conjunta da RFB e da SECEX. 3 Considerações sobre a “fungibilidade” no “drawback brasileiro” (ou: A discussão econômica e a discussão jurídica do tema) Conforme exposto no tópico anterior, o “drawback brasileiro” ainda é regido, em regra, pela vinculação física, já havendo algumas mitigações, externadas em atos normativos emanados nas últimas décadas. Não se tem dúvidas sobre as vantagens que há, do ponto de vista econômico, na implementação de uma sistemática em que se possam reduzir custos com segregação de estoques e atividades afins. A otimização de recursos (tanto dos operadores do regime quanto das instituições concedentes e fiscalizadoras) certamente impactará positivamente no comércio exterior brasileiro. E a tecnologia da informação, ferramenta chave na operacionalidade das atividades aduaneiras, permitindo a coexistência da celeridade com a segurança, representa indubitavelmente a saída para o controle eficaz da elevada quantidade de dados a analisar em relação ao regime. A celeridade e a simplificação das atividades aduaneiras (sem prejuízo da segurança) é preocupação internacional atualíssima, sendo o principal tema tratado, por exemplo, na última Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio, em Bali (dezembro/2013), sob o título “facilitação comercial”, gerando um pacote de medidas alinhadas à já citada Convenção de Kyoto Revisada. Não se tem dúvidas, assim, de que o Brasil está trilhando caminho alinhado com as melhores práticas internacionais. Mas essa análise econômica não tem o condão de sobrepor a análise jurídica do tema, que realizamos no tópico anterior, concluindo por variadas razões que as disposições sobre fungibilidade do art. 17 da Lei no 11.774/2008, com a redação dada pelo art. 32 da Lei no 12.350/2010, não são autoaplicáveis, e pendem do estabelecimento de uma disciplina conjunta pela SECEX e pela RFB, que já está inclusive em elaboração. Assim, divergimos frontalmente dos posicionamentos (digase, minoritários), externados em julgamentos do CARF23 e na 23 Luiz Henrique Travassos Machado presenteoume com cópia de sua dissertação de mestrado na Universidade Cândido Mendes, intitulada “Regime Aduaneiro Especial de Drawback: exoneração fiscal como fomento ao desenvolvimento econômico”, defendida em 2012. No detalhado trabalho, o autor efetua, entre outros, levantamento estatístico do tratamento no CARF (e no antigo Conselho de Contribuintes) do tema da fungibilidade no “drawback”, de 2003 a 2010, encontrando 34 acórdãos reconhecendo a necessidade de Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 30 29 doutrina24, de que já seria aplicável a fungibilidade no “drawback brasileiro”, por carecer tal argumento de fundamentação jurídica, diante do aqui analisado. É preciso analisar a questão de forma isenta e científica, sem partir de premissas equivocadas/preconcebidas ou de análises comparadas de institutos de natureza diversa, ou ainda de análise econômica em detrimento do teor de leis vigentes. 4 O caso concreto No caso em análise, como narrado no voto do relator, foi demonstrado que parte das matériasprimas importadas sob o regime de “drawbacksuspensão” não foi utilizada na industrialização dos produtos exportados. E, diante do exposto, há que se reconhecer não estar comprovado o adimplemento as condições do regime, que não se resumem a exportar, mas a exportar utilizando as mercadorias importadas (à exceção daqueles casos em que a legislação expressamente excepcionou a necessidade de vinculação física). Acordamos, assim, com as conclusões externadas no voto do relator (vencido), divergindo do posicionamento externado no voto vencedor, que dispensa a verificação da vinculação física, no caso. Entendemos que a dispensa de vinculação física equivale à dispensa do cumprimento de requisito do regime, sem disposição legal em amparo, e em desacordo com os dispositivos legais que regem a matéria, trazidos no tópico 2 desta declaração de voto. vinculação física, e dois a afastando, entre outras variantes mitigadas. Realizando busca no sítio web do CARF, nos anos de 2011 a 2014, com a palavra “fungibilidade” ou com a expressão “vinculação física” atreladas a “drawback” (ementa+decisão) encontrei 1 resultado em 2014 (Acórdão no 3102.002.127, com decisão majoritária em favor da necessidade de vinculação física), outro em 2013 (Acórdão no 3202.000.878, no qual a matéria foi decidida por qualidade, em favor da necessidade de vinculação física) 4 em 2012 (Acórdãos no 3102001.439, no 3102001.494 e no 3802000.837, unânimes em favor da necessidade de vinculação física; e no 3101000.884, majoritariamente favorável à necessidade de vinculação física) e 1 em 2011 (Acórdão no 3202000.403, unânime em favor da necessidade de vinculação física). 24 Outra obra que chegou a minhas mãos recentemente foi “Drawback e a inexigibilidade de vinculação física”, de Victor Bovarotti Lopes (Almedina, 2012). O objetivo da obra, como se destaca logo de início, é “demonstrar a inexigibilidade de vinculação física entre os insumos adquiridos e os produtos exportados (sic) através das operações realizadas sob o regime de drawback”. Assim, o estudo é fundado na preconcepção de que opera a fungibilidade no regime, apontando como críticas à exigência de vinculação física (Capítulo 3) possíveis violações aos princípios da segurança jurídica, da isonomia, da impessoalidade, da finalidade, da proporcionalidade e da legalidade, e realizando estudo comparado com acordo da OMC referente a defesa comercial (subsídios). Também nessa obra há substancial coletânea de jurisprudência do CARF sobre o tema, demonstrando que há alternância de entendimentos, e que nas composições atuais a predominância é de acolhida da necessidade de vinculação física. Em oposição, citese outra análise do tema, efetuada por Luiz Eduardo Garrossino Barbieri, na obra “Tributação Aduaneira à luz da jurisprudência do CARF” (MP, 2013), ao final do artigo intitulado “A natureza jurídica do regime aduaneiro de drawback”, com a conclusão pela exigência de vinculação física, por disposição legal expressa, por entendimentos da Administração, pela disposição constante do art. 56 do Código Aduaneiro do MERCOSUL, pela leal concorrência, pela análise de decisão do STJ e pelo reconhecimento (este também presente na obra de Lopes) de que o drawback teria natureza jurídica de isenção condicionada. Fl. 1324DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 31 30 No caso em análise, centrase o argumento da recorrente na retroatividade dos comandos dos normativos externados no art. 402A do Regulamento Aduaneiro de 2009 e no art. 17 da Lei no 11.774/2008, com a redação dada pelo art. 32 da Lei no 12.350/2010, no princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, e na impossibilidade de vinculação física em face da inexistência de reservatórios específicos para cada produto nas plantas industriais da empresa. Em seu apoio, arrola precedentes do CARF, do STJ e o Ato Declaratório COSIT no 20/1996. Em relação à pretensa retroatividade, há que se destacar que ainda hoje, depois da entrada em vigor dos citados comandos (para os quais se pleiteia a retroatividade), persiste a pendência de regulamentação, impeditiva da aplicação dos comandos, como disposto nos tópicos anteriores. E a razoabilidade e a proporcionalidade não revelam força suficiente para afastar a aplicação administrativa dos comandos legais que regem a matéria (o que se endossa com o teor da Súmula CARF no 2). Sobre a inexistência de reservatórios específicos na empresa, é de se destacar que esta deveria, ao solicitar regime que demanda vinculação física, como o aqui denominado de “drawback suspensão”, ter se adaptado às regras do regime. E não se aceita como argumento a alegação de que a empresa não tinha conhecimento de que era necessária a vinculação física no momento do Ato Concessório, pois a própria SECEX, que concede os Atos em relação ao regime, expressamente reconhece (e divulga) que a “fungibilidade” ainda não é um atributo do “drawback brasileiro”. Por fim, o referido ato da COSIT, que trata de matéria que guarda relação apenas indireta com o assunto aqui tratado, e a jurisprudência citada, em regra calcada em análise tributária do tema, não vinculam o julgamento administrativo por este tribunal. Os precedentes do STJ (REsp no 341.285 e no 413.564) que são comumente aventados para reconhecimento da “fungibilidade” (ambos em relação a “soda cáustica”), não foram proferidos na sistemática dos chamados “recursos repetitivos”, o que vincularia o julgamento por parte deste tribunal administrativo (em função do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF), e tratam de casos concretos analisados tomandose em conta premissas jurídicas diversas (e leitura finalística e tributária dos objetivos do regime aduaneiro). No REsp no 413.564, a única análise efetuada com visão do regime aduaneiro (e não tributário), tal qual ele é apresentado na legislação nacional e internacional, é a efetuada pela Ministra Denise Arruda, relatora vencida. Ademais, em tais votos destacase fortemente a ausência de fraude ou prejuízo. E, no caso concreto que ora e analisa, não se pode afirmar, com segurança, à vista apenas das informações presentes no processo, que não houve prejuízo ao fisco e/ou à livre concorrência. Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 32 31 Fosse desnecessária a vinculação física, ainda que nas restritas circunstâncias narradas nos casos analisados pelo STJ, muito tempo estaria sendo perdido nas últimas décadas com alterações de comandos legais que paulatinamente flexibilizaram o regime aduaneiro brasileiro. Em verdade, estaria sendo aplicado no Brasil outro regime, e não aquele que figura nas normas aduaneiras, foi concedido pela SECEX (que sabia e divulga que não opera a “fungibilidade”) à recorrente, e foi fiscalizado pela Aduana. Assim, a empresa parecia entender que tinha direito a um regime que não corresponde àquele que a SECEX lhe concedeu (e que a RFB estava a fiscalizar), além de alargar o entendimento historicamente encontrado neste CARF sobre a “fungibilidade”. Mas ainda que o entendimento sobre a “fungibilidade” fosse restrito, incumbe recordar que, como exposto no tópico 3 desta declaração de voto, os posicionamentos mais recentes do CARF são pela necessidade de comprovação da vinculação física para adimplemento do regime (vários deles externados de forma unânime): “[...] 1. É da incumbência do beneficiário do regime de drawback suspensão o controle atinente à vinculação, material e formal, quanto ao emprego dos insumos importados na industrialização e exportação das mercadorias compromissadas no ato concessório correspondente. 2. Não se presta como meio de prova do regime drawback suspensão, o Registro de Exportação (RE) que não contenha o código do regime e a informação do fabricante do produto exportado. DRAWBACK, MODALIDADE DE SUSPENSÃO. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INADIMPLEMENTO DO REGIME. EXIGÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. O princípio da vinculação é de observância obrigatória no âmbito do regime de drawback, modalidade suspensão, que exige que os insumos importados devem ser aplicados no produto exportado, integrandoo fisicamente ou se consumindo no processo de produtivo. 2. O descumprimento do princípio da vinculação física implica descumprimento do regime drawback suspensão e, em consequência, exigência dos tributos suspensos, em face da aplicação do regime, com os devidos acréscimos legais.” (Acórdão no 3102002.127, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, maioria, sessão de 28.jan.2014) [...] DRAWBACK. INADIMPLEMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. Somente serão aceitos para comprovação do regime especial de drawback modalidade suspensão, Registros de Exportação devidamente vinculados ao respectivo Ato Concessório e que contenham todas as informações de que se referem à operação de drawback. O descumprimento das condições estabelecidas na legislação de regência do regime aduaneiro especial de drawback enseja a cobrança de tributos concernentes às mercadorias importadas com desoneração tributária. [...]. (Acórdão no 3202000.878, Fl. 1326DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 33 32 Rel. Gilberto de Castro Moreira Junior, qualidade, sessão de 21.ago.2013) [...] O emprego dos insumos importados nos produtos exportados é conhecido como "principio da vinculação física" e está previsto tanto no Regulamento. [...]. (Acórdão no 3102 001.494, Rel. Alvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, unânime, sessão de 22.mai.2012) [...] O emprego dos insumos importados nos produtos exportados é conhecido como "principio da vinculação física" e está previsto tanto no Regulamento. [...]. (Acórdão no 3102 001.439, Rel. Alvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, unânime, sessão de 24.abr.2012) [...] DRAWBACK SUSPENSÃO. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO FÍSICA. INOBSERVÂNCIA EM PARTE. INADIMPLEMENTO PARCIAL DO REGIME. EXIGIBILIDADE DOS CORRESPONDENTES TRIBUTOS SUSPENSOS. POSSIBILIDADE. O cumprimento do princípio da vinculação física é requisito essencial para o adimplemento do compromisso de exportação assumido no ato concessório do regime drawback suspensão. Por conseguinte, a não comprovação que parte dos insumos importados não foram aplicados no ciclo de produção do produto final exportado caracteriza o inadimplemento parcial do regime e a imediata exigibilidade dos tributos suspensos, acrescidos dos consectários legais devidos, correspondentes à parcela do regime inadimplida. [...].(Acórdão no 3802000.837, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, unânime, sessão de 13.fev.2012) [...] DRAWBACK MODALIDADE SUSPENSÃO. EXIGÊNCIA DE VINCULAÇÃO FÍSICA ENTRE OS INSUMOS IMPORTADOS E OS PRODUTOS EXPORTADOS. INADIMPLEMENTO. A concessão do regime condicionase ao cumprimento dos termos e condições estabelecidos no seu regulamento (art. 78 do Decretolei no 37/66). A modalidade de suspensão no regime de drawback segue o requisito básico de submissão ao princípio de vinculação física entre o insumo importado e o produto objeto de exportação, por ser essa uma regra básica do regime. [...].(Acórdão no 3802000.837, Rel. Cons. Irene Souza da Trindade Torres, unânime, sessão de 21.nov.2011) Não temos dúvida, por exemplo, de que não se pode comprovar a exportação da mercadoria (produto final) antes mesmo da importação da matériaprima. E só a compreensão alargada de “fungibilidade” da recorrente justificaria tal descumprimento. Assim, caso desejasse a empresa obter da SECEX regime diverso do “drawback brasileiro” previsto na legislação, deveria têlo especificamente solicitado. Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 10516.720002/201395 Acórdão n.º 9303004.427 CSRFT3 Fl. 34 33 Reiterese que tendo a empresa solicitado à SECEX regime com regramento previsto na legislação vigente, deveria a empresa seguir tal regramento. E, novamente, não se aceita como argumento a alegação de que a empresa não tinha conhecimento de que era necessária a vinculação física no momento do Ato Concessório, pois a própria SECEX, que concede os Atos em relação ao regime, expressamente reconhece (e divulga) que a fungibilidade ainda não é um atributo do “drawback brasileiro”. Há que se reconhecer, então, que não restou comprovado o adimplemento das condições do regime, que não se resumem a exportar, mas a exportar utilizando as mercadorias importadas (à exceção daqueles casos em que a legislação expressamente excepcionou a necessidade de vinculação física). Assim, manifesto discordância em relação ao voto vencedor no que se refere ao tema da exigência de vinculação física para o regime denominado no Brasil de “drawback suspensão”, o que implica a negativa de provimento do recurso voluntário. Rosaldo Trevisan Esse o acórdão que fui incumbido de redigir. Conselheiro Júlio César Alves Ramos Fl. 1328DF CARF MF
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Numero do processo: 13839.903369/2011-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
CRÉDITO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1º-A DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004.
É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1-A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-004.010
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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DIREITO DE CRÉDITO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. Recorrente AUTO R COMERCIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO DA NÃOCUMULATIVIDADE. BENS PARA REVENDA ADQUIRIDOS POR COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA DE QUE TRATAM OS §1º E 1ºA DO ARTIGO 2º DAS LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2002. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. É vedado o creditamento na aquisição de bens para revenda dos produtos referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis. Tal disposição não foi revogada pelo artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, pois que não versa sobre hipóteses de creditamento, mas apenas sobre a manutenção de créditos, apurados conforme a legislação específica. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá Filho, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 33 69 /2 01 1- 26 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13839.903369/201126 Acórdão n.º 3302004.010 S3C3T2 Fl. 3 2 Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Walker Araújo e Ricardo Paulo Rosa. Relatório Tratase de Pedido Eletrônico de Restituição e Ressarcimento – PER, formulado através do programa PER/Dcomp, pelo qual a Recorrente pleiteia o ressarcimento em espécie do saldo credor acumulado de COFINS incidência não cumulativa – mercado interno. O Pedido de Ressarcimento foi indeferido, por ausência de direito ao crédito pleiteado, devido a vedação legal de aproveitamento de créditos incidente nas operações de aquisição de produtos sujeitos a tributação monofásica/concentrada. A DRJ indeferiu a manifestação de inconformidade nos termos do Acórdão 06049.537. O fundamento adotado, em síntese, foi o de que o art. 17 da Lei nº 11.033, de 2004, não ampara o creditamento das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS, com base na sistemática da não cumulatividade, pelas revendedoras de veículos automotores, em decorrência de vedação legal expressa para o aproveitamento do crédito nas vendas submetidas à incidência monofásica. Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reiterando as alegações deduzidas em manifestação de inconformidade, calcadas nas seguintes premissas: 1. Que a recorrente se sujeita à incidência nãocumulativa; 2. Que havia uma vedação ao creditamento conforme o disposto no artigo 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; 3. Que foi atribuída alíquota zero aos produtos da recorrente, portanto, não se trata de monofasia, o que ocorreria se houvesse apenas uma incidência na cadeia; 4. Que a nãocumulatividade foi aperfeiçoada com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e que esta é uma norma multitemática, ou seja, não restrita ao REPORTO; 5. Que o artigo 16 da Lei 11.116/2005 robusteceu o caráter abrangente do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004; 6. Ambas as leis não ressalvaram quais os casos permaneceriam na regra antiga e que o direito ao creditamento é coerente à técnica da nãocumulatividade das contribuições (método subtrativo indireto); 7. O artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 veio justamente para os casos em que havia vedação ao creditamento; 8. Que pretendeuse mitigar a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 com a edição das MP nº 413/2008 e 451/2008, criando vedações ao creditamento, as quais não foram mantidas na conversão de ambas medidas provisórias; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13839.903369/201126 Acórdão n.º 3302004.010 S3C3T2 Fl. 4 3 9 Que a nãocumulatividade das contribuições não guarda relação com o arrecadado anteriormente ou posteriormente na cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.750, de 29 de março de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.720142/201145, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302003.750): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. O pedido de ressarcimento foi efetuado com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 combinado com o artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, abaixo transcritos: Lei nº 11.116/2005: Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Lei nº 11.033/2004: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. O fundamento da recorrente recai essencialmente na possibilidade de se tomar créditos da nãocumulatividade de Cofins em razão do disposto no artigo 17 da Lei nº 11.033/2004 e de se pedir o ressarcimento com fulcro no artigo 16 da Lei nº 11.116/2005. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 13839.903369/201126 Acórdão n.º 3302004.010 S3C3T2 Fl. 5 4 A Lei nº 10.485/2002 estabeleceu a concentração de tributação no fabricante e importadores de determinados veículos e autopeças, dispondo no §2º que os comerciantes atacadistas e varejistas ficassem sujeitos à alíquota zero sobre suas receitas de revendas: § 2o Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, relativamente à receita bruta auferida por comerciante atacadista ou varejista, com a venda dos produtos de que trata: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) I o caput deste artigo; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II o caput do art. 1o desta Lei, exceto quando auferida pelas pessoas jurídicas a que se refere o art. 17, § 5o, da Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) Com base, nesta receita sujeita à alíquota zero, é que a recorrente entende possível a aplicação do artigo 17 da Lei nº 11.033/2004, isto é, a tomada de créditos sobre a revenda de máquinas e veículos constantes das posições da TIPI constantes do artigo 1º da Lei nº 10.485/2002 e de autopeças constantes dos Anexos I e II da referida lei. Ocorre que, não obstante estar sujeita ao regime nãocumulativo das contribuições, as alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 vedam expressamente a tomada de créditos sobre bens adquiridos para revenda pelas pessoas jurídicas que comercializam os produtos referidos nos artigos 1º e 3º da Lei nº 10.485/2002, como transcrevese a seguir: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) [...] III no art. 1o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, e alterações posteriores, no caso de venda de máquinas e veículos classificados nos códigos 84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, da TIPI; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) IV no inciso II do art. 3o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, no caso de vendas, para comerciante atacadista ou varejista ou para consumidores, das autopeças relacionadas nos Anexos I e II da mesma Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Vide Lei nº 11.196, de 2005) [...] Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13839.903369/201126 Acórdão n.º 3302004.010 S3C3T2 Fl. 6 5 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) Por sua vez, o artigo 17 dispôs genericamente que as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, este artigo não traz nenhuma hipótese de creditamento, mas apenas esclarece que nas situações ali previstas, os créditos vinculados àquelas vendas são mantidos. E tais créditos são, justamente, as hipóteses que a legislação faculta ao contribuintes a sua tomada, como por exemplo, os artigos 3º das leis acima citadas, o artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 e outros quaisquer artigos que veiculem hipóteses de creditamento. O item 191 da exposição de motivos da MP nº 206/2004, cuja conversão resultou na Lei nº 11.033/2004, confirma este entendimento na medida que dispôs que a redação do artigo 16, convertido no artigo 17 acima referido, visava "esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS." Não por outro motivo, que o artigo 16 da Lei nº 11.116/2005 dispôs sobre a possibilidade de ressarcimento e compensação do saldo credor vinculado às vendas mencionadas no artigo 17, vinculandoos à forma de apuração do artigo 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004, reconhecendo, por óbvio, que ali estavam listadas as hipóteses de creditamento e não que o artigo 17 inovara toda a legislação, revogando o artigo 3º e redefinindo as hipóteses de creditamento, o que seria a consequência inevitável da tese da recorrente. Ressaltase, porém, que o artigo 17 não proibiu a tomada de créditos vinculados às receitas sujeitas à alíquota zero decorrentes das revendas dos bens de que tratam este processo em relação às demais hipóteses previstas no artigo 3º, proibição esta que foi, conforme mencionado pela recorrente, objeto de duas tentativas propostas pelo Executivo Federal nas MPs nº 413/2008 e 451/2008. Ocorre que, como também já mencionado na peça recursal, tais dispositivos não foram contemplados na conversão das duas MPs, mantendose a possibilidade de creditamento em relação às demais hipóteses do artigo 3º, entendimento confirmado na Solução de Consulta nº 218/2014. Assim, referidas MP´s pretenderam impedir o creditamento das demais hipóteses legais previstas nos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, mas 1 19. As disposições do art. 16 visam esclarecer dúvidas relativas à interpretação da legislação da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 93DF CARF MF Processo nº 13839.903369/201126 Acórdão n.º 3302004.010 S3C3T2 Fl. 7 6 foram irrelevantes em relação à vedação específica contida na alínea "b" do inciso I do artigo 3º, que se destina justamente à vedação do creditamento relativo aos bens adquiridos para revenda de que tratam os §§1º e 1ºA do artigo 2º das referidas leis. Neste diapasão, citase o Acórdão nº 340301.566: Ementa: COFINS – REGIME MONOFÁSICO – IMPOSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS O artigo 17 da Lei 11.033/2004, que garante a manutenção do crédito às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, só se aplica aos setores ou produtos sujeitos regime nãocumulativo, não se aplicando aos produtos sujeitos ao regime monofásico. Portanto, diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, a impossibilidade de creditamento, no regime nãocumulativo, na aquisição de bens para revenda adquiridos por comerciantes atacadistas e varejistas de produtos sujeitos à tributação concentrada referidos nos §1º e §1A do artigo 2º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, nos termos das alíneas "b" dos incisos I dos artigos 3º das referidas leis, se aplica tanto à Contribuição para o PIS/Pasep quanto à COFINS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 94DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000696/2009-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003
IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS.
FALTA DE RECOLHIMENTO.
A não comprovação do pagamento relativo a saldo devedor de IPI apurado em sua escrita fiscal, porém, não declarado, enseja a exigência do tributo e seus consectários legais.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
O argumento de inconstitucionalidade da multa aplicada, não pode ser apreciado em instância administrativa. Aplicação da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE.
Em conformidade com a Súmula CARF nº 4, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 3201-002.760
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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FALTA DE RECOLHIMENTO. A não comprovação do pagamento relativo a saldo devedor de IPI apurado em sua escrita fiscal, porém, não declarado, enseja a exigência do tributo e seus consectários legais. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. O argumento de inconstitucionalidade da multa aplicada, não pode ser apreciado em instância administrativa. Aplicação da Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Em conformidade com a Súmula CARF nº 4, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 00 06 96 /2 00 9- 49 Fl. 392DF CARF MF 2 Winderley Morais Pereira – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Referese o presente processo administrativo a auto de infração para a cobrança de IPI e consectários legais. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 277/280, lavrado em 14/12/2009, com ciência da contribuinte em 21/12/2009, totalizando o crédito tributário de R$ 531.127,49. Segundo a descrição dos fatos de fls. 279/280 e o termo de verificação e constatação de fls. 268/272, no período de março a junho de 2005, a contribuinte apurou saldo devedor de IPI em sua escrita fiscal, porém, não declarou os valores em DCTF, nem tampouco efetuou o recolhimento do imposto. A autuada alegou que forneceu à Secretaria da Receita Federal CDs contendo o programa do Imposto de Renda Pessoa Física, e que embora tenha efetuado o destaque de IPI nas notas fiscais, a Receita já teria realizado a retenção dos impostos prevista no art. 64 da Lei n° 9.430/96. Como a empresa não comprovou a não incidência do IPI sobre os produtos vendidos à SRF, a fiscalização elaborou os demonstrativos de fls. 271/272 em que apresenta os valores informados em DIPJ que não foram declarados em DCTF e nem recolhidos, os quais foram objeto de lançamento no auto de infração. Inconformada com a autuação, a contribuinte protocolizou impugnação de fls. 284/295, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: 1. A Receita reteve o percentual de IPI estabelecido no art. 64 da Lei n° 9430/96, e se nessa parte a impugnante fizesse novos pagamentos, seriam feitos em duplicidade; 2. Comprovou que todas as operações foram declaradas em DCTFs e o IPI devido foi recolhido; Fl. 393DF CARF MF Processo nº 16095.000696/200949 Acórdão n.º 3201002.760 S3C2T1 Fl. 94 3 3. A fiscalização não considerou os respectivos créditos, inclusive aqueles relativos a entradas de insumos isentos, de alíquota 0% e nãotributados, e desconsiderou o imposto retido pela Receita federal; 4. O lançamento fiscal edificado sobre a superficialidade da investigação é nulo; a fiscalização lançou como não declarado e nem recolhido, sem considerar os valores efetivamente recolhidos e os valores retidos pela SRF; 5. Contesta o caráter confiscatório da multa aplicada; 6. Contesta a utilização da SELIC no cálculo dos juros, em virtude de seu caráter remuneratório. Por fim, requer a anulação do auto de infração, ou ao menos afastados a multa e os juros, bem como os valores retidos pela SRF. A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/03/2005 a 30/06/2005 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. FALTA DE RECOLHIMENTO. Cobrase, de ofício, o imposto não recolhido dentro do prazo legal de vencimento, juntamente com os consectários legais. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicála, nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Legal a aplicação da taxa SELIC para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 394DF CARF MF 4 Em sede de recurso voluntário reiterou os argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Conforme se depreende do relatório, a recorrente apurou saldo devedor de IPI em sua escrita fiscal, porém, não declarou os valores em DCTF, nem tampouco efetuou o recolhimento do imposto. Afirma que os valores devidos a título de IPI corresponderiam a valores já retidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, por ocasião do pagamento pelo fornecimento de CDs. Ocorre que, como bem pontuou a decisão recorrida, não está o IPI dentre os tributos sujeitos à retenção na fonte, nos termos do art. 64 da Lei n° 9430/96, além do que, conforme exposto no termo de verificação fiscal, não se logrou comprovar, que teria havido um pagamento a menor pela Receita Federal, com o montante equivalente ao valor do IPI de cada nota. Ainda, alegou a recorrente que a fiscalização não teria considerado os créditos relativos a entradas de insumos isentos, de alíquota 0% e nãotributados. Contudo, o argumento foi lançado de forma genérica, sem demonstrar quais seriam os créditos não reconhecidos, não se olvidando, ademais, da previsão da Súmula CARF n° 18 que determina que a aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem tributados à alíquota zero não gera crédito de IPI. Finalmente, quanto ao argumento de inconstitucionalidade da multa, aplica se a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. E quanto à insurgência quanto à taxa SELIC, incide a Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 395DF CARF MF Processo nº 16095.000696/200949 Acórdão n.º 3201002.760 S3C2T1 Fl. 95 5 Fl. 396DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.001825/2009-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA VINCULANTE 08 DO STF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN.
De acordo com a Súmula Vinculante 08 do STF, os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o que dispõe o art. 150, § 4º, ou o art. 173 e seus incisos, ambos do Código Tributário Nacional (CTN), nas hipóteses de o sujeito ter efetuado antecipação de pagamento ou não, respectivamente.
No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuou-se antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN.
DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PELOS SÓCIOS. DOCUMENTOS ACOSTADOS AOS AUTOS. CONFIRMADOS PELO FISCO.
Quando da baixa do processo em diligência, o Fisco evidenciou, em parte, a efetividade da devolução dos valores objeto do contrato de mútuo e propôs a retificação do lançamento fiscal, fundamentada em documentos que constataram o equívoco do Fisco, conforme Relatório Fiscal Complementar (diligência).
Além dos valores de devolução de mútuo considerados pelo fisco devem também ser abatidos da base de cálculo as quantias que foram escrituradas como devolução de mútuo e suportadas por recibos e extratos bancários correspondentes, independentemente de haver identificação do depositante.
OPERAÇÃO DE MÚTUO. NÃO COMPROVAÇÃO. PRÓ-LABORE INDIRETO. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa.
O contrato de mútuo é negócio jurídico que pressupõe a devolução do bem fungível tomado emprestado em equivalentes de quantidade, qualidade e gênero, sendo configurado como uma remuneração auferida pelos sócios (pró-labore indireto) quando não houve a demonstração contábil hábil e idônea da restituição dos valores pelo mutuário (sócios).
As despesas pessoais incorridas pelos sócios e suportadas pela empresa constituem base de cálculo da contribuição do segurado contribuinte individual (sócios). A operação financeira de mútuo firmado entre as partes, sem comprovação de quitação do negócio jurídico, não é válido para se afastar o caráter remuneratório dos valores disponibilizados aos sócios indiretamente, através do pagamento de despesas por eles contraídas junto a terceiros.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.970
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para exclusão dos valores apurados nas competências 01/2004 e 02/2004, em razão da decadência, e exclusão dos valores registrados no DE PARA (Cont. segurado notificada - Cont. segurado excluída = Cont. segurado mantida) constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal). E II) por maioria de votos, determinar que sejam excluídos da base de cálculo as quantias mencionadas no quadro que integra o voto divergente. Vencidos os conselheiros Ronaldo de Lima Macedo (Relator) e Ronnie Soares Anderson, que somente excluíam os valores sugeridos pelo Fisco. Redator designado para apresentar o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator
Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo - Redator designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
Nome do relator: RONALDO DE LIMA MACEDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA VINCULANTE 08 DO STF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. De acordo com a Súmula Vinculante 08 do STF, os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o que dispõe o art. 150, § 4º, ou o art. 173 e seus incisos, ambos do Código Tributário Nacional (CTN), nas hipóteses de o sujeito ter efetuado antecipação de pagamento ou não, respectivamente. No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuou-se antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN. DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PELOS SÓCIOS. DOCUMENTOS ACOSTADOS AOS AUTOS. CONFIRMADOS PELO FISCO. Quando da baixa do processo em diligência, o Fisco evidenciou, em parte, a efetividade da devolução dos valores objeto do contrato de mútuo e propôs a retificação do lançamento fiscal, fundamentada em documentos que constataram o equívoco do Fisco, conforme Relatório Fiscal Complementar (diligência). Além dos valores de devolução de mútuo considerados pelo fisco devem também ser abatidos da base de cálculo as quantias que foram escrituradas como devolução de mútuo e suportadas por recibos e extratos bancários correspondentes, independentemente de haver identificação do depositante. OPERAÇÃO DE MÚTUO. NÃO COMPROVAÇÃO. PRÓ-LABORE INDIRETO. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa. O contrato de mútuo é negócio jurídico que pressupõe a devolução do bem fungível tomado emprestado em equivalentes de quantidade, qualidade e gênero, sendo configurado como uma remuneração auferida pelos sócios (pró-labore indireto) quando não houve a demonstração contábil hábil e idônea da restituição dos valores pelo mutuário (sócios). As despesas pessoais incorridas pelos sócios e suportadas pela empresa constituem base de cálculo da contribuição do segurado contribuinte individual (sócios). A operação financeira de mútuo firmado entre as partes, sem comprovação de quitação do negócio jurídico, não é válido para se afastar o caráter remuneratório dos valores disponibilizados aos sócios indiretamente, através do pagamento de despesas por eles contraídas junto a terceiros. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para exclusão dos valores apurados nas competências 01/2004 e 02/2004, em razão da decadência, e exclusão dos valores registrados no DE PARA (Cont. segurado notificada - Cont. segurado excluída = Cont. segurado mantida) constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal). E II) por maioria de votos, determinar que sejam excluídos da base de cálculo as quantias mencionadas no quadro que integra o voto divergente. Vencidos os conselheiros Ronaldo de Lima Macedo (Relator) e Ronnie Soares Anderson, que somente excluíam os valores sugeridos pelo Fisco. Redator designado para apresentar o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Ronaldo de Lima Macedo - Presidente e Relator Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo - Redator designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos.
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PRÓLABORE INDIRETO Recorrente SISTEMA PITÁGORAS DE ENSINO SOCIEDADE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA VINCULANTE 08 DO STF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. De acordo com a Súmula Vinculante 08 do STF, os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência, o que dispõe o art. 150, § 4º, ou o art. 173 e seus incisos, ambos do Código Tributário Nacional (CTN), nas hipóteses de o sujeito ter efetuado antecipação de pagamento ou não, respectivamente. No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuouse antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN. DILIGÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES PELOS SÓCIOS. DOCUMENTOS ACOSTADOS AOS AUTOS. CONFIRMADOS PELO FISCO. Quando da baixa do processo em diligência, o Fisco evidenciou, em parte, a efetividade da devolução dos valores objeto do contrato de mútuo e propôs a retificação do lançamento fiscal, fundamentada em documentos que constataram o equívoco do Fisco, conforme Relatório Fiscal Complementar (diligência). Além dos valores de devolução de mútuo considerados pelo fisco devem também ser abatidos da base de cálculo as quantias que foram escrituradas como devolução de mútuo e suportadas por recibos e extratos bancários correspondentes, independentemente de haver identificação do depositante. OPERAÇÃO DE MÚTUO. NÃO COMPROVAÇÃO. PRÓLABORE INDIRETO. INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 18 25 /2 00 9- 94 Fl. 677DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa. O contrato de mútuo é negócio jurídico que pressupõe a devolução do bem fungível tomado emprestado em equivalentes de quantidade, qualidade e gênero, sendo configurado como uma remuneração auferida pelos sócios (prólabore indireto) quando não houve a demonstração contábil hábil e idônea da restituição dos valores pelo mutuário (sócios). As despesas pessoais incorridas pelos sócios e suportadas pela empresa constituem base de cálculo da contribuição do segurado contribuinte individual (sócios). A operação financeira de mútuo firmado entre as partes, sem comprovação de quitação do negócio jurídico, não é válido para se afastar o caráter remuneratório dos valores disponibilizados aos sócios indiretamente, através do pagamento de despesas por eles contraídas junto a terceiros. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para exclusão dos valores apurados nas competências 01/2004 e 02/2004, em razão da decadência, e exclusão dos valores registrados no DE PARA (Cont. segurado notificada Cont. segurado excluída = Cont. segurado mantida) constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal). E II) por maioria de votos, determinar que sejam excluídos da base de cálculo as quantias mencionadas no quadro que integra o voto divergente. Vencidos os conselheiros Ronaldo de Lima Macedo (Relator) e Ronnie Soares Anderson, que somente excluíam os valores sugeridos pelo Fisco. Redator designado para apresentar o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Ronaldo de Lima Macedo Presidente e Relator Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Redator designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, João Victor Ribeiro Aldinucci e Natanael Vieira dos Santos. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de lançamento fiscal decorrente do descumprimento de obrigação tributária principal, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais, concernente à contribuição previdenciária desses segurados não retida e não recolhida, para as competências 01/2004 a 12/2004. O Relatório Fiscal (fls. 19/21) informa que os fatos geradores decorrem das remunerações dos segurados contribuintes individuais, em forma de salários, referentes aos valores pagos aos sócios da autuada a título de mútuo, porém, considerados pela autoridade lançadora como prólabore tendo em vista a inconsistência entre os lançamentos contábeis dos valores “emprestados” e os respectivos documentos de caixa, bem como por não terem sido apresentados os documentos que fundamentaram os lançamentos contábeis da devolução pelos sócios, dos valores “emprestados”, para o período janeiro a dezembro de 2004. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 09/03/2009 (fls. 01 e 37), mediante correspondência postal com Aviso de Recebimento (AR). A autuada apresentou impugnação tempestiva (fls. 56/58), alegando, em síntese, que: 1. decadência das contribuições de janeiro e fevereiro de 2004, com fundamento na Súmula Vinculante STF n° 08, no art. 150, § 4° do CTN e na tese de que as contribuições previdenciárias são tributos por homologação; 2. a fiscalização se excedeu ao lavrar a presente autuação, eis que a desclassificação da escrita contábil é medida extrema, que não basta existência de vícios isolados na escrituração para que ela seja descartada e que os exemplos citados no relatório fiscal não desvirtuam os mútuos, mas ratificam a existência deles. O relatório fiscal deveria informar porque os valores a título de mútuo foram classificados como prólabore e não como distribuição de lucro. Afirma que se os mútuos tivessem valores idênticos, mês a mês, aí sim se poderia afirmar a existência de característica de prólabore. Todavia, no presente caso, os valores envolvidos a cada mês são diferentes uns dos outros, adequandose muito mais à situação de distribuição de lucros; 3. afirma que a impugnante localizou os documentos que comprovam que os mútuos realmente ocorreram, são eles: contratos de mutuo entre a impugnante e Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto, Evando José Neira e Júlio Cabizuca, bem como os recibos firmados pelos sócios; 4. a impugnante já conseguiu localizar a maior parte dos documentos que comprovam a devolução dos mútuos(retorno dos valores emprestados). São eles recibos emitidos pela impugnaste e extratos bancário, que Fl. 679DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 comprovam que grande parte dos empréstimos foi pago através de depósito/crédito na conta corrente da empresa. Quanto a devolução do restante do empréstimo, afirma ter sido feita através de compensação de créditos efetuados entre pessoas jurídicas. Cita dois exemplos, um deles é o seguinte: o sócio Valfrido Silvino dos Mares Guia Neto, que é também sócio da empresa Samos Participações Ltda, solicitava a esta que parte dos lucros a lhe serem distribuídos fossem transferidos diretamente a impugnante para amortizar o mútuo. Por sua vez, a Samos não fazia o crédito, eis que era sócia da empresa Pitágoras Administração e Participações Ltda., e, por isso mesmo, tinha lucros a receber, passando a incumbência adiante; 5. como a Pitágoras Administração e Participações Ltda. era credora do Sistema Pitágoras de Ensino Sociedade Ltda., elas acabavam compensando o crédito que iria ser feito em nome do Sr. Walfrido. Na contabilidade da empresa Pitágoras Administração era computado o valor que seria transferido como pagamento de empréstimo feito pela impugnante, que em contrapartida, também amortizava o mesmo valor na divida consolidada do Sr. Walfrido. Nesse caso as quantias não eram creditadas efetivamente para o impugnante, todavia, isso não quer dizer que o retorno do empréstimo não ocorreu. Como prova dessas operações entre pessoas jurídicas, junta cartas endereçadas pelo Sr. Walfrido ao Impugnante e à Samos, os oficios remetidos pela Samos à Pitágoras Administração, os comunicados que ratificam diversas compensações formalizadas entre a Pitágoras Administração e o Impugnante e, por fim, os recibos encaminhados ao sócio comprovam a devolução de R$ 607.904,00; 6. acrescenta que está diligenciando no sentido de localizar outros documentos que ratificam a devolução da totalidade dos valores empresados aos sócios, os quais serão apresentados assim que possível; 7. indevida a desclassificação dos registros contábeis porque, ao contrário do afirmado pela autoridade lançadora, os lançamentos contábeis não divergem dos documentos. Para comprovar o alegado, apresenta as seguintes justificativas para os exemplos citados no relatório fiscal: Exemplo constante do relatório fiscal Justificativa/argumento da defesa Lançamento contábil, datado de 21/07/2004, de pagamento a título de mútuo ao Sr. Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto no valor de R$20.100,00 embasado em documento de R$19.600,00. A divergência de valores não autoriza a conclusão o restante do empréstimo (R$500,00) não foi disponibilizado ao Sr. Walfrido. Se R$19.600,00 estão comprovados, não há porque desclassificar a totalidade do mútuo de R$20.100,00. Lançamento contábil, datado de 02/08/2004, de pagamento a título de mútuo ao Sr. Walfrido Silvino A terceira pessoa a quem foi pago parte do valor é a Sra. Sheila Emrich dos Mares Guia, esposa do Fl. 680DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 4 5 dos Mares Guia Neto embasado em documento que demonstra que parte do valor não foi pago para o referido sócio, mas para terceiro Sr. Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto, que, para “facilitar as coisas (e, porque não, para economizar a CPMF) pediu que parte do dinheiro fosse diretamente destina para a esposa.” Lançamento contábil, datado de 10/12/2004, de pagamento a título de mútuo ao Sr. Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto Guia Neto embasado em documento que demonstra que parte do valor não foi pago para o referido sócio, mas à ABCC Manga larga Machador, pessoa diversa daquela indicada no lançamento. A quantia foi utilizada para pagar boleto que traz o nome do Sr. Walfrido Silvino dos Mares como cedente, ou seja, o dinheiro foi usado para pagar conta do sócio. Ao final requer o acolhimento da defesa para que se cancele ou se julgue improcedente o lançamento e, com fulcro no § 4o, alínea "a", do art. 16 do Decreto 70.235/72 e art. 38 da Lei 9.784/99, solicita a anexação posterior de documentos. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Belo Horizonte/MG – por meio do Acórdão no 0224.198 da 6a Turma da DRJ/BHE (fls. 76/83) – considerou o lançamento fiscal procedente em sua totalidade. A Notificada apresentou recurso (fls. 153/163), manifestando seu inconformismo pela obrigatoriedade do recolhimento dos valores lançados, e no mais alega improcedência dos valores apurados e afirma que a sua contabilidade espelha a realidade fática da empresa. Posteriormente, foi determinada diligência fiscal para averiguar se houve ou não a efetiva devolução dos valores emprestados aos sócios, consubstanciado nos contratos de mútuo. A informação fiscal (diligência) apontou que o Fisco cometeu um equívoco na apuração da base de cálculo, já que, em parte, os valores emprestados aos sócios foram devolvidos à empresa, e sinaliza pela retificação dos valores apurados inicialmente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) em Belo Horizonte/MG encaminha os autos ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para processamento e julgamento. É o relatório. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Voto Vencido Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente alega que a autuação é improcedente em relação às competências anteriores a fevereiro de 2004, posto que estariam fulminadas pela decadência, requerendo a aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Pelos motivos a seguir delineados, tal alegação será acatada em parte. Inicialmente, registramos que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Recursos Extraordinários nº 556664, 559882, 559943 e 560626, negou provimento aos mesmos por unanimidade, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, ambos da Lei 8.212/1991. Na oportunidade, os ministros ainda editaram a Súmula Vinculante 08 a respeito do tema, a qual transcrevo abaixo: Súmula Vinculante 8 STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. É necessário observar os efeitos da súmula vinculante, conforme se depreende do art. 103A, caput, da Constituição Federal que foi inserido pela Emenda Constitucional 45/2004, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (g.n.) Da leitura do dispositivo constitucional, podese concluir que, a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. O Código Tributário Nacional trata da decadência no artigo 173, abaixo transcrito: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 682DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 5 7 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (g.n.) II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo Único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Por outro lado, ao tratar do lançamento por homologação, o Códex Tributário definiu no art. 150, § 4º o seguinte: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Tem sido entendimento constante em julgados do Superior Tribunal de Justiça que, nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. Se, no entanto, o sujeito passivo não efetuar pagamento algum, nada há a ser homologado e, por consequência, aplicase o disposto no art. 173 do CTN, em que o prazo de cinco anos passa a ser contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Verificase que o lançamento fiscal em tela referese às competências 01/2004 a 12/2004 e foi efetuado em 09/03/2009, data da intimação e ciência do sujeito passivo (fls. 01 e 37). No caso em tela, tratase do lançamento de contribuições, cujos fatos geradores o Fisco já reconheceu que a Recorrente efetuou antecipação de pagamento parcial para outras rubricas da contribuição previdenciária, conforme Relatório Fiscal e Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal (TEPF), fls. 18/19. Esses documentos afirmam que houve o recolhimento parcial de contribuições devidas. Nesse sentido, a teor do enunciado da súmula 99 do CARF1, aplicase o art. 150, § 4º, do CTN, para considerar que os valores apurados até a competência 02/2004, inclusive, foram abrangidos pela decadência tributária. 1 Súmula 99 do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor Fl. 683DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 Com isso – como o crédito foi constituído com fundamento no direito potestativo do Fisco em lançar os valores das contribuições não recolhidas em época determinada pela legislação vigente –, a preliminar de decadência será acatada em parte, excluindose os valores apurados nas competências 01/2004 e 02/2004, eis que o lançamento fiscal referese ao período de 01/2004 a 12/2004 e as competências posteriores a 02/2004 não foram abarcadas pela decadência tributária. Diante disso, acatase parcialmente a preliminar de decadência tributária, excluindo as contribuições apuradas até a competência 02/2004, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. Após isso, passo ao exame de mérito. DA DILIGÊNCIA FISCAL: Com relação à restituição dos valores realizadas pelos sócios, constatase que os documentos juntados aos autos pela Recorrente comprovam, em parte, a devolução dos valores pelos sócios. Na espécie, diante da alegação de que o lançamento estaria equivocado, já que os valores apurados pelo Fisco teriam abarcados cifras restituídas pelos sócios, os autos foram baixados em diligência para manifestação do Fisco sobre a possível necessidade de retificação do lançamento, conforme Resolução nº 2402000.417 do CARF. Em Informação Fiscal, consubstanciada pelo Relatório Fiscal Complementar (Parecer Fiscal), consta que as alegações da Recorrente, em parte, são pertinentes, e o Fisco concluiu que a contribuição previdenciária inicialmente lançada deverá ser retificada, conforme planilha abaixo: “[...] 1.8. Sendo assim, cumprindo o comando da Resolução n° 24.02000.417 4a Câmara / 2a Turma Ordinária de 19 de fevereiro de 2014, ressalvando a hipótese de entendimento diferente em apreciação da matéria pelo CARF, elaboramos a tabela a seguir, de forma a demonstrar por competência e segurado, os ajustes nos valores das contribuições dos segurados ora retificadas, cujos totais mensais espelhamos a seguir: Competê ncia Identificação do segurado Valor base de cálculo notificada Valor base de cálculo Excluída Ref. Fls. Doc. De Exclusão Valor base de cálculo Mantida Cont. Seg. notificad a Cont. seg. excluíd a Cont. seg. mantida 01/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 451.563,99 446.599,98 112/113 4.964,01 264,00 0,00 264,00 01/2004 Júlio Fernando Cabizuca 5.000,00 0,00 5.000;00 264,00 0,00 264,00 01/2004 Evando Jose Neiva 233.390,82 0,00 233.390,82 264,00 0,00 264,00 01/2004 Total 689.954,81 446.599,98 243.354,83 792,00 0,00 792,00 02/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 1.000,00 0,00 1.000,00 110,00 20,00 90,00 considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 684DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 6 9 02/2004 Júlio Fernando Cabizuca 1.691,42 0,00 1.691,42 186,06 0,00 186,06 02/2004 Evando Jose Neiva 113.344,70 0,00 113.344,70 264,00 0,00 264,00 02/2004 Total 116.036,12 0,00 116.036,12 560,06 20,00 540,06 03/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 7.556,29 0,00 7.556,29 264,00 0,00 264,00 03/2004 Júlio Fernando Cabizuca 21.025,00 0,00 21.025,00 264,00 0,00 264,00 03/2004 Total 28.581,29 0,00 28.581,29 528,00 0,00 528,00 04/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 460,00 0,00 460,00 50,60 15,41 35,19 04/2004 Evando Jose Neiva 106.392,00 0,00 106.392,00 264,00 0,00 264,00 04/2004 Total ^ 106.852,00 0,00 106.852,00 314,60 15,41 299,19 05/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 3.029,67 0,00 3.029,67 276,00 0,00 276,00 05/2004 Evando Jose Neiva 88.970,70 0,00 88.970,70 276,00 0,00 276,00\ 05/2004 Total 92.000,37 0,00 92.000,37 552,00 0,00 552,00 06/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 79.306,92 0,00 79.306,92 276,00 0,00 276,00 06/2004 Evando Jose Neiva 138.160,00 138.160,00 29/32 0,00 276,00 276,00 0,00 06/2004 Total 217.466,92 138.160,00 79.306,92 552,00 276,00 276,00 07/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 245.040,00 207.240,00 132/141 37.800,00 276,00 0,00 276,00 07/2004 Júlio Fernando Cabizuca 2.000,00 0,00 2.000,00 220,00 0,00 220,00 07/2004 Evando Jose Neiva 69.080,00 69.080,00 33/36 0,00 276,00 276,00 0,00 07/2004 Total 316.120,00 276.320,00 39.800,00 772,00 276,00 496,00 08/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 257.670,39 69.080,00 141/146 188.590,39 276,00 0,00 276,00 08/2004 Evando Jose Neiva 75.739,20 75.739,20 37/44 * 0,00 276,00 276,00 0,00 08/2004 Total 333.409,59 144.819,20 188.590,39 552,00 276,00 276,00 09/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 521.740,00 369.080,00 126/127 e 147/151 152.660,00 276,00 0,00 276,00 09/2004 Evando Jose Neiva 62.420,00 62.420,00 37/44 * 0,00 276,00 276,00 0,00 09/2004 Total 584.160,00 431.500,00 152.660,00 552,00 276,00 276,00 10/2004 Walfrido Silvino dos MaresGuia Neto 269.750,78 69.080,00 152/156 200.670,78 276,00 0,00 276,00 10/2004 Evando Jose Neiva 37.544,91 37.544,91 45/48 0,00 276,00 276,00 0,00 Fl. 685DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 10/2004 Total 307.295,69 106.624,91 200.670,78 552,00 276,00 276,00 11/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 202.185,00 96.712,00 157/161 105.473,00 276,00 0,00 276,00 11/2004 Evando Jose Neiva 29.455,76 29.455,76 49/52 0,00 276,00 276,00 0,00 11/2004 Total 231.640,76 126.167,76 105.473,00 552,00 276,00 276,00 12/2004 Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto 249.078,00 96.712,00 162/166 152.366,00 276,00 0,00 276,00 12/2004 Evando Jose Neiva 38.060,37 30.572,74 53/56 7.487,63 276,00 0,00 276,00 12/2004 Total 287.138,37 127.284,74 159.853,63 552,00 0,00 552,00 [...]” (item “1.8” do Relatório Fiscal Complementar, Diligência Fiscal) Em relação a este ponto, simplesmente acato a proposta de retificação feita pelo próprio Fisco, conforme item “1.8” do Relatório Fiscal Complementar, Diligência Fiscal. Diante disso, acatase a alegação da Recorrente de que é indevida, em parte, a contribuição previdenciária, já que ela apresentou documentos para se eximir dos valores lançados, fato este admitido, posteriormente, pelo próprio Fisco, consoante Relatório Fiscal Complementar. Assim, deverão ser excluídos da contribuição inicialmente apurada os valores registrados no DE PARA (Cont. segurado notificada Cont. segurado excluída = Cont. segurado mantida) constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal). DA OPERAÇÃO DE MÚTUO: O Fisco afirma que a base de cálculo decorre de valores lançados nos Livros Diário e Razão a título de numerários retirados pelos sócios, já que os documentos contábeis sinalizam que os valores não foram devolvidos à empresa, caracterizandose como retirada de pró labore em razão dos seguintes fatos: “[...] a Não foi apresentado nenhum documento referente aos créditos contabilizados (retorno dos valores emprestados pala empresa aos sócios). b Os lançamentos de débito (valores emprestados pela empresa aos sócios) não condizem com a realidade dos documentos apresentados. Por exemplo, o lançamento de 21/07/2004 ao sócio Walfrido Silvino dos Mares Guia Neto, refere se ao valor de R$ 20.100,00 quando o documento apresentado para a mesma data revela o valor de R$ 19.600,00 (verificar o anexo I). c Outro exemplo é o lançamento de 02/08/2004, cujo destino do valor contabilizado refere se em parte a outra pessoa física, diferente do nome do sócio contabilizado (verificar o anexo II). d O exemplo do anexo III é um lançamento de 10/12/2004, que foi em parte destinado à pessoa jurídica ABCC Mangalarga Machador, caracterizando assim a destinação diferente da contabilizada e com características de retirada pró labore. [...]” (Relatório Fiscal, item 4, fls. 33/35) Fl. 686DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 7 11 Em sentido contrário, a Recorrente alega que os valores apontados como retirada a título de prólabore pelo Fisco decorrem dos contratos de mútuo realizados entre ela e o seus sócios, e foram devidamente escriturados na contabilidade, havendo assim uma indevida desclassificação dos registros contábeis pelo Fisco. É importante esclarecer que o valor pago a título de contrato de mútuo, devidamente escriturado na contabilidade, é documento hábil para formalizar a relação obrigacional entre as partes, de forma a demonstrar a natureza jurídica das operações e afastar a incidência de eventuais contribuições previdenciárias. No caso dos autos, verificase que, para os fatos em que a Recorrente não conseguiu comprovar a restituição dos valores, não há nenhuma amortização da dívida nos lançamentos realizados nas contas do seu ativo circulante (Exercícios 2004 a 2008), conforme delineamento do Relatório Fiscal e do Relatório Fiscal Complementar (diligência), sendo que os valores eram concedidos aos sócios sem a demonstração de sua devolução no movimento de caixa da empresa. Isso leva ao entendimento de que tais valores estariam sendo pagos como uma forma de remuneração dos sócios. Conforme se pode verificar nos autos (fls. 36/71, processo 15504.001823/200903) – cópias do movimento de caixa da escrituração contábil, os valores foram concedidos aos sócios Walfrido Silvino dos Mares Guia, Evando José Neiva e Júlio Cabizuca, e não há comprovação de que tais valores foram devidamente escriturados como verba concedida a título de empréstimos, já que a contabilidade não registra que os valores foram devolvidos à empresa, exceto para os valores constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal). E não há também comprovação de que tais valores teriam um prazo máximo para que os mutuários (sócios) devolvessem a importância devida à empresa. Nesse passo, a Recorrente justifica, para os exemplos apontados no Relatório Fiscal, que a contabilidade está em conformidade aos fatos contábeis presenciados na empresa, entretanto, não demonstra por meio de documentos hábil do movimento de caixa que tais valores foram devolvidos ou serão devolvidos em prazo estipulado entre as partes, possuindo contratos de mútuo sem vencimento previamente estipulado. Essa alegação não será acatada, já que a Recorrente não comprovou a efetiva restituição dos valores concedidos aos sócios – exceto para os valores constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item 1.8 da diligência fiscal) –, já que a apresentação de cópias dos livros “Razão” emitidos em 20/03/2009 (ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 09/03/2009), dos contratos de mútuos e dos recibos de depósitos não identificados não demonstra, por si sós, a efetiva devolução dos numerários. Essas cópias de documentos não são elementos probatórios capazes de lastrear a efetividade do ingresso de numerário proveniente dos sócios na conta “Caixa” da Recorrente, pois deve haver correspondência entre o registro contábil e a documentação respectiva que lhe dar suporte, ou seja, o registro contábil deve ser espelhado por meio do seu documento correspondente. As cópias desses documentos (eprocesso fls. 601/675) não se coadunam com o ordinariamente praticado na relação de empréstimos, ainda que se considere a posição privilegiada dos sócios, já que os empréstimos estão sujeitos as regras rígidas do Código Civi de 2002. Mesmo havendo o registro contábil sinalizando a restituição do empréstimo em espécie pelos sócios, não houve a comprovação, por meio de documento hábil e idôneo, da efetiva devolução do dinheiro pelos sócios, tais como: comprovante do saque bancário dos Fl. 687DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 sócios, cópias de cheques emitidos pelos sócios, depósito ou transferência bancária constando o nome dos sócios, cópia do extrato da conta corrente dos sócios ou outro meio hábil e idôneo admitido em direito da efetiva transferência dos recursos pelos sócios, coincidente em datas e valores. Em outras palavras, a Recorrente não comprovou a efetiva restituição dos valores pelos sócios, uma vez que o registro contábil deve ser acompanhado dos respectivos documentos capazes de afirmar o fato contábil do recebimento do empréstimo na “conta Caixa” da empresa, conforme preconiza o art. 586 do Código Civil (Lei 10.406/2002), ao estabelecer que o mutuário (sócios) deverá restituir ao mutuante (Recorrente) o que recebeu do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Portanto, a devolução do empréstimo concedido aos sócios deveria ter sido realizada em dinheiro na “Conta Caixa” e devidamente materializado por meio de documento idôneo, fato este não comprovado. Esse entendimento está em conformidade com o disposto no art. 226 do Código Civil, ao estabelecer que contabilidade só faz prova a seu favor desde que fundamentada em documentação idônea (outros subsídios). Lei 10.406/2002 – Código Civil: Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. (g.n.) ......................................................................................................... Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. A verdade é que esse art. 586 do Código Civil (Lei 10.406/2002) encaminha no sentido de que os sócios (mutuários) são obrigados a restituir à Recorrente o dinheiro que dele recebeu por meio da conta contábil caixa, fato este não evidenciado nos autos. A alegação da Recorrente de que o Fisco realizou uma desconsideração dos contratos de mútuo deverá ser afastada, pois não houve essa desconsideração, e sim a aplicação de que as convenções particulares são ineficazes perante o Fisco, conforme dispõe o art. 123 do CTN – que dispõe sobre a inoponibilidade das convenções privadas contra a entidade lançadora do tributo –, c/c os arts. 221 e 228 do Código Civil – que estabelecerem a ineficácia do instrumento particular, em relação a terceiros, inclusive o Fisco, antes de registrado no registro público. O Fisco demonstrou que os contratos de mútuos apresentados pela Recorrente não foram registrados no registro público. Lei 5.172/1966 – Código Tributário Nacional (CTN): Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. (g.n.) ......................................................................................................... Lei 10.406/2002 – Código Civil: Fl. 688DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 8 13 Art. 221 O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor, mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. (...) Art. 288. É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um crédito, se não celebrarse mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das solenidades do § 1º do art. 654. (g.n.) Diante da legislação que rege a matéria, o fato de haver a retirada de numerário da empresa pelos sócios, consubstanciado em suposto contrato de mútuo, sem a comprovação hábil e idônea da efetiva restituição do valor concedido, configura remuneração auferida pelos sócios (retirada indireta de prólabore), sobre a qual incide a contribuição previdenciária, a teor do art. 28, inciso III, da Lei 8.212/1991. Lei 8.212/1991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) III para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5°; (Redação dada pela Lei n° 9.876, de 1999). Além disso, após a realização da diligência fiscal, em nenhum momento a Recorrente juntou qualquer documento tendente a comprovar o efetivo controle e amortização da dívida, nem mesmo em seu recurso voluntário complementar datado em 14/01/2015, fato que leva à conclusão de que os valores remanescentes eram realmente destinados à remuneração dos sócios, situação sujeita à incidência das contribuições previdenciárias. Esse entendimento está consubstanciado na regra estabelecida pelo art. 333 do CPC, eis que cabe ao autor (Fisco) o ônus de provar os fatos constitutivos de seu direito – no qual entendo que foi materializado no Relatório Fiscal (fls. 19/21), nos seus anexos (fls. 01/18), no Relatório Fiscal Complementar e nos documentos acostados aos autos de fls. 20/124 –, e cabe à Recorrente comprovar à existência de qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do Fisco, fato que ela não desincumbiu. Código de Processo Civil (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (g.n.) Com isso, percebese que o contrato de mútuo firmado entre as partes atua como subterfúgio para afastar a incidência da contribuição devida em razão dos pagamentos efetuados em favor dos segurados contribuintes individuais (sóciosgerentes), motivo pelo qual as contribuições lançadas são devidas pela Recorrente e as suas alegações postuladas na peça recursal complementar não serão acatadas. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e DAR PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer que sejam excluídos: 1. os valores apurados nas competências 01/2004 e 02/2004, em razão da decadência; e 2. os valores registrados no DE PARA (Cont. segurado notificada Cont. segurado excluída = Cont. segurado mantida) constantes da planilha inserida no Relatório Fiscal Complementar (item “1.8” da diligência fiscal), nos termos do voto. Ronaldo de Lima Macedo. Fl. 690DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 15504.001825/200994 Acórdão n.º 2402004.970 S2C4T2 Fl. 9 15 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Redator designado Ouso discordar do Ilustre Relator quanto às suas conclusões referentes à aceitação de pagamentos de mútuo mediante créditos em conta corrente efetuadas pelos sócios da autuada. O voto do Relator aderiu inteiramente ao que ficou estabelecido pelo fisco na informação fiscal de diligência de fls. 537/554, onde deixaram de ser acatadas devoluções registradas na escrita contábil e suportadas por recibos e cópias de extratos bancários relativos à conta corrente de titularidade do sujeito passivo. A meu ver, como parte das comprovações de pagamentos foi aceita com base na contabilidade, a exemplo de compensações entre empresas do grupo e depósitos em conta corrente mediante transferências bancárias, os outros pagamentos devidamente registrados e comprovados não poderiam deixar de ser acatados apenas por lhes faltar a identificação do depositante nos extratos bancários. Como bem asseverou o Conselheiro Natanael Vieira em suas ponderações sobre essa questão, pouco importa saber quem efetivamente efetuou o depósito, sendo relevante apenas a informação de que houve um crédito da conta do mutuante, o qual deu como quitada o parcela do mútuo contratado com o sócio. Neste sentido, com base nos dados apresentados na referida informação fiscal, elaborei planilha onde constam para cada sócio os depósitos escriturados e comprovados que deixaram de ser considerados na redução da base de cálculo. SÓCIO/MÊS WALFRIDO EVANDO JÚLIO JAN 20.000,00 FEV 1.000,00 219.864,82 MAR 1.691,42 ABR 460,00 MAI 7.155,82 40.389,44 26.025,00 JUN 3.621,59 JUL 300.000,00 AGO SET OUT Fl. 691DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 NOV DEZ 349.516,22 6.487,65 TOTAL 661.753,63 286.741,89 27.716,42 Entendendo que, se o fisco não apontou qualquer mácula nos documentos que deram suporte aos lançamentos contábeis, não há como deixar de aceitar na apuração as devoluções de mútuo constantes no quadro acima, as quais devem ser abatidas nas competências correspondentes, ficando o saldo para ser aproveitado na competência subsequente em que houver débito. Observando que estes créditos devem ser considerados individualmente por sócio, nos termos em que foi feita a apuração fiscal. Conclusão Voto por dar provimento parcial ao recurso de modo que sejam abatidas das bases de cálculo correspondentes a cada sócio as quantias listadas no quadro acima Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 692DF CARF MF Impresso em 16/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 10/03/20 16 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 14/03/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 11030.001474/2004-70
Turma: Segunda Turma Especial
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Jun 01 00:00:00 UTC 2009
Data da publicação: Thu Oct 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003
BASE DE CÁLCULO. DIFERENÇAS APURADAS.
Comprovada a diferença de receitas da atividade, no confronto dos valores declarados e escriturados nos livros fiscais, é cabível o lançamento de ofício do crédito tributário apurado.
COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO.
A compensação de débitos pressupõe a existência de crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional e somente ocorre se implementada na forma prevista na legislação.
MULTA DE OFÍCIO.
No lançamento de ofício decorrente de diferenças encontradas nas bases de cálculo escrituradas e declaradas, deve ser exigida a multa de ofício.
ARROLAMENTO DE BENS. COMPETÊNCIA.
O exame de questões relacionadas ao arrolamento de bens encontra-se fora dos limites de competência do CARF.
Numero da decisão: 2802-000.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator ad hoc.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Evandro Francisco Silva Araújo (Relator), Ivan Allegretti e Adélcio Salvalágio.
Nome do relator: Hélcio Lafetá Reis
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003 BASE DE CÁLCULO. DIFERENÇAS APURADAS. Comprovada a diferença de receitas da atividade, no confronto dos valores declarados e escriturados nos livros fiscais, é cabível o lançamento de ofício do crédito tributário apurado. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO. A compensação de débitos pressupõe a existência de crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional e somente ocorre se implementada na forma prevista na legislação. MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício decorrente de diferenças encontradas nas bases de cálculo escrituradas e declaradas, deve ser exigida a multa de ofício. ARROLAMENTO DE BENS. COMPETÊNCIA. O exame de questões relacionadas ao arrolamento de bens encontra-se fora dos limites de competência do CARF.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003 BASE DE CÁLCULO. DIFERENÇAS APURADAS. Comprovada a diferença de receitas da atividade, no confronto dos valores declarados e escriturados nos livros fiscais, é cabível o lançamento de ofício do crédito tributário apurado. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO. A compensação de débitos pressupõe a existência de crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional e somente ocorre se implementada na forma prevista na legislação. MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício decorrente de diferenças encontradas nas bases de cálculo escrituradas e declaradas, deve ser exigida a multa de ofício. ARROLAMENTO DE BENS. COMPETÊNCIA. O exame de questões relacionadas ao arrolamento de bens encontrase fora dos limites de competência do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 14 74 /2 00 4- 70 Fl. 203DF CARF MF Impresso em 08/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 06/10/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11030.001474/200470 Acórdão n.º 2802000.050 S2TE02 Fl. 204 2 Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Evandro Francisco Silva Araújo (Relator), Ivan Allegretti e Adélcio Salvalágio. Relatório Na condição de relator ad hoc neste processo, reproduzo o relatório elaborado pela DRJ Santa Maria/RS, que muito bem descreve os fatos controvertidos nos autos: A contribuinte supra identificada foi autuada por ter a fiscalização apontado que apurou diferenças entre os valores declarados e os valores escriturados a titulo de contribuição para o Programa de Integração Social — PIS no período de outubro de 2001 a dezembro de 2003. Da autuação resultou a exigência do PIS no valor de R$ 47.814,44, acrescida da multa de ofício de 75% e dos juros de mora. A contribuinte apresentou a impugnação que se encontra às fls. 119 a 123, cujos argumentos de defesa podem ser assim resumidos: Dos fatos e da preliminar • A empresa protocolizou pedidos de ressarcimento de IPI em 01/07/2002. • Não é verdadeira a afirmação ao autuante que a empresa estava com a escrituração fiscal em atraso. • Ao agente fiscal Jorge Eliseu Colombo já tinha analisado todos os livros e orientou o contribuinte para apresentar as DCTFs com os valores recolhidos, pois na DCTF não existe campo para compensação de PIS, Cofins, CSLL e IRPJ com IPI. • Em 19/07/2004, foi apresentado o auto de infração, sendo que em 15/07/2004, ainda estava prestando informações para a justa composição de saldos entre contribuinte e DM7. Mérito • Conforme determina o art. 13 da Lei n° 9.065 de 20 de junho de 1995, a partir de 1° de janeiro de 1996 a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial Selic, para títulos federais, acumulada mensalmente, calculadas a partir do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada, estabelecendo tratamento igualitário entre o fisco e o contribuinte. Fl. 204DF CARF MF Impresso em 08/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 06/10/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11030.001474/200470 Acórdão n.º 2802000.050 S2TE02 Fl. 205 3 • O agente fiscal não analisou devidamente os documentos que compõem a base de cálculo dos impostos federais, analisando, simplesmente, os livros fiscais estaduais, deixando de apurar as receitas financeiras e as retenções de IRRF sobre as aplicações financeiras, como também não foi efetivada a compensação do IPI, conforme demonstrativos de fls. 121. • Em 2004 a contribuinte apresentou sua declaração de IRPJ referente ao exercício de 2003 dentro do prazo, aguardando o processamento da mesma para compensação dos valores pagos a maior e créditos de IPI, não sendo possível o lançamento do PIS, da Cofins, da CSLL e do IRPJ por meio de auto de infração. • O Termo de Arrolamento de bens foi feito em desconformidade com o art. 7° da IN SRF n° 264, de 2002, pois os impostos apurados não ultrapassam 30% do patrimônio líquido. Em resumo, estes são os pontos de discordância: • Não compensação dos valores de créditos de IPI com débitos de PIS, Cofins, CSLL e IRPJ, conforme demonstrativo. • Incidência de multa de ofício sobre os débitos de Cofins, PIS, CSLL e IRPJ, sobre as bases de cálculo do exercício de 2003, pois a declaração foi entregue no prazo. • As bases de cálculo de outubro de 2001 a dezembro de 2003 estão incorretas, pois não foram consideradas todas as receitas e deduções relatadas. • Indevido o arrolamento de bens. • Ao final, requereu a insubsistência e a improcedência do lançamento. Posteriormente, em atenção à solicitação desta DRJ/2ª Turma (fls. 159 e 160), tendo em vista as alegações da defesa sobre a apuração incorreta da receita bruta, a DRF de origem prestou a informação de fl. 163 e anexou os documentos de fls. 164 e 165. Tendo sido cientificada dos documentos juntados, que apontavam nova composição da base de cálculo da Cofins, a contribuinte não se manifestou no prazo estipulado, retornando os autos para análise. A tempestividade da impugnação foi atestada às fls. 129 e 158. A decisão da DRJ Santa Maria /RS que manteve parte do lançamento restou ementada da seguinte forma: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2003 BASE DE CÁLCULO. DIFERENÇAS APURADAS. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 08/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 06/10/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11030.001474/200470 Acórdão n.º 2802000.050 S2TE02 Fl. 206 4 Comprovada a diferença de receitas da atividade, no confronto dos valores declarados e escriturados nos livros fiscais, é cabível o lançamento de ofício do crédito tributário apurado. COMPENSAÇÃO. LANÇAMENTO. A compensação de débitos pressupõe a existência de crédito líquido e certo do sujeito passivo contra a Fazenda Nacional e somente ocorre se implementada na forma prevista na legislação. MULTA DE OFÍCIO. No lançamento de ofício decorrente de diferenças encontradas nas bases de cálculo escrituradas e declaradas, deve ser exigida a multa de ofício. ARROLAMENTO DE BENS. COMPETÊNCIA. O exame de questões relacionadas ao arrolamento de bens encontrase fora dos limites de competência da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Lançamento Procedente em Parte Cientificado da decisão, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e reiterou seu pedido, repisando os mesmos argumentos de defesa. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Considerando o teor da decisão final da turma julgadora, encaminho o presente voto, na condição de relator ad hoc, no mesmo sentido da DRJ Santa Maria/RS, dispensandose a reprodução, neste voto, do inteiro teor do voto condutor do acórdão recorrido presente às fls. 176 a 181. Dessa forma, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É o voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator ad hoc Fl. 206DF CARF MF Impresso em 08/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 06/10/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11030.001474/200470 Acórdão n.º 2802000.050 S2TE02 Fl. 207 5 Fl. 207DF CARF MF Impresso em 08/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2015 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 29/09/2015 p or HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 06/10/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 16327.913529/2009-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1402-000.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI.
Nome do relator: Não se aplica
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente o Conselheiro Manoel Silva Gonzalez. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LEONARDO DE ANDRADE COUTO, FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, LEONARDO LUIS PAGANO GONÇALVES e DEMETRIUS NICHELE MACEI. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 13 52 9/ 20 09 -9 9 Fl. 206DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.913529/200999 Resolução nº 1402000.313 S1C4T2 Fl. 207 2 Relatório B.V. Financeira S.A. Crédito Financiamento e Investimento recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 15ª Turma da DRJ Rio de Janeiro01/RJ, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo da declaração de compensação – PER/DCOMP nº 04534.93362.240409.1.3.042895 (fls. 54/59), em que o interessado aponta um crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de CSLL – CÓDIGO 2469, referente ao mês de agosto de 2008, no valor original de R$ 2.740.609,34. O pagamento foi efetuado em 30/09/2008, no valor de R$ 3.820.163,07 (fl. 50). Com o referido crédito, o interessado compensou um débito de CSLL – CÓDIGO 675801 PA 2008, vencimento em 21/03/2009, no valor de R$ 2.652.761,36. A declaração de compensação foi entregue em 24/09/2009. O Despacho Decisório nº 848715723, de 07/10/2009 (fl. 18), não reconheceu o crédito em questão, uma vez que o pagamento informado já foi utilizado para pagamentos de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados, e não homologou a compensação declarada. Tendo tomado ciência do Despacho Decisório em 19/10/2009 (doc. fls. 69), o interessado apresentou manifestação de inconformidade em 18/11/2009 (fl. 02/11), alegando em síntese que: · em agosto de 2008, apurou em DIPJ saldo de CSLL a pagar no valor de R$ 2.193.735,51; · por equívoco, recolheu de CSLL um valor muito superior ao de fato apurado, montando a importância de R$ 3.820.163,07, ocasionando divergência entre o valor apurado informado na DIPJ e o valor efetivamente recolhido; · identificado o equívoco na apuração e no recolhimento da CSLL, foi constituído um crédito a compensar, conforme PER/DCOMP nº 04534.93362.240409.1.3.042895, crédito este usado para quitar um débito também de CSLL, referente ao ajuste anual do exercício de 2008, com vencimento em 31/03/2009; · porém, não foi alterado o valor do débito confessado em DCTF original, referente ao período de agosto/2008, permanecendo a informação de que o valor devido a título de CSLL nesse período corresponde a R$ 3.820.163,07, quando, na realidade, o valor correto seria R$ 2.193.735,51 como anteriormente já citado; · o fato de ter apresentado o PER/DCOMP antes de retificar a DCTF gerou inconsistência entre o valor declarado em DCTF e o declarado no PER/DCOMP, impossibilitando, assim, o devido cruzamento das informações via sistema; · a conseqüência foi a emissão do Despacho Decisório no qual as autoridades do fisco entenderam que o valor pago por meio do Darf informado no PER/DCOMP, teria sido utilizado na integra para Fl. 207DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.913529/200999 Resolução nº 1402000.313 S1C4T2 Fl. 208 3 quitação de débito relativo ao código 2469, período de apuração de 31/08/2008, não restando saldo credor a ser compensado em períodos anteriores e não homologando a compensação em questão; · não se observou o equívoco antes da ciência do Despacho Decisório em questão; · portanto, uma vez identificada à impossibilidade do adequado cruzamento dos valores apurados com crédito em favor do interessado, se fez necessário retificar a DCTF relativa ao período de apuração de agosto/2008, para constar corretamente o valor de CSLL apurado em agosto/2008, qual seja, R$ 2.193.735,51; · diante dos fatos, foi providenciada a DCTF retificadora, alterando o valor do débito de CSLL apurado de R$ 3.820.163,07 para R$ 2.193.735,51, constituindo, assim, crédito a compensar de pagamento indevido ou a maior; · o entendimento em comento não pode prosperar, pois o crédito tributário exigido não é devido, tratandose tão somente de erro no preenchimento de DCTF, encontrandose desta forma, extinto nos termos do disposto no artigo 170 do CTN; · é dever da administração a busca pela verdade material; · ao invés de não homologar de plano a compensação, deveria ter intimado o interessado a apresentar os documentos comprobatórios da existência do crédito, tais como DIPJ, o DARF entre outros; · cabe lembrar que a RFB tem acesso a todas as declarações do contribuinte, bem como ao DARF de recolhimento; · assim, restou comprovado o equivoco cometido quando do preenchimento do PER/DCOMP, motivo pelo qual o referido erro, puramente material, não poderia ter sido utilizado como razão para o não reconhecimento do direito creditório pleiteado; · isto posto, requer seja provida a presente manifestação de inconformidade, desconstituindose a exigência fiscal formulada, reconhecida a DCTF retificadora e conseqüentemente o crédito tributário, homologandose o pedido de compensação. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 1262.156 (fls. 131135) de 16/12/2013, por unanimidade de votos, considerou improcedente a manifestação de inconformidade. A decisão foi assim ementada. “Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2008 PER/DCOMP. NÃO COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Não comprovada a liquidez e certeza do crédito pleiteado, deixase de homologar a compensação declarada.” Fl. 208DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.913529/200999 Resolução nº 1402000.313 S1C4T2 Fl. 209 4 Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 24/01/2014 (termo de fl. 111) a interessada interpôs recurso voluntário em 10/02/2014 (fls. 113121) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Como se constata, o Despacho Decisório de fls.18, proferido em 07/10/2009, não homologou a compensação em questão, sob a alegação de ter sido constatado que o Darf informado no PER/DCOMP já fora utilizado para pagamentos de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito informado no PER/DCOMP. Alega a interessada que na DIPJ de 2009, ano calendário de 2008, transmitida em 16/10/2009, informou como débito de CSLL, para o mês de agosto de 2008, o valor de R$ 2.193.735,51, tendo recolhido, em 30/09/2008, o montante de R$ 3.820.163,07 (Darf, fl. 50), valor superior ao apurado. Posteriormente, informa à fl. 03, que deixou de alterar o debito do período de agosto/2008, confessado em DCTF, no valor de R$ 3.820.163,07, para R$ 2.193.735,51, sendo este o motivo da não homologação do PER/DCOMP em questão. Alega, ainda, que não havia observado tal equivoco (erro material) antes da ciência do Despacho Decisório, e que em 16/11/2009 (fl. 61/64), transmitiu a DCTF retificadora, referente a agosto 2008, alterando o débito de R$ 3.820.163,07, para R$ 2.193.735,51, constituindo adequadamente o crédito a compensar, referente a pagamento indevido ou a maior. Como visto, o Despacho Decisório foi proferido em 07/10/2009 (fl. 18), com ciência do contribuinte em 19/10/2009 (fl. 69); e a DIPJ que registra o débito de agosto/2008, no valor de R$ 2.193.735,51 (fl. 47/48), foi entregue em 16/10/2009. Como se vê, a DIPJ em questão foi entregue após a emissão do Despacho Decisório, porém antes da sua ciência pelo interessado. Isto posto, a cronologia dos fatos mostra que a DCTF retificadora que alterou o débito confessado de R$ 3.820.163,07 para R$ 2.193.735,51 foi apresentada em 16/11/2009, já depois da ciência do Despacho Decisório, que ocorreu em 19/10/2009 (fl. 18). A recorrente até traz em seu recurso parte da documentação, fls. 146/168 demonstrativo de apuração CSLL, razão contábil do mês de agosto/2008, balancete de verificação , que, em tese, suportam seus argumentos, mas há nas cópias trazidas carimbo aposto com os dizeres "sem ateste" que, a meu ver, precisa ser analisado face aos documentos originais. Fl. 209DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.913529/200999 Resolução nº 1402000.313 S1C4T2 Fl. 210 5 Assim, em homenagem ao princípio da verdade material, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade de origem verifique nos assentamentos contábeis e declarações da recorrente se, de fato, houve o erro alegado, produzindo relatório conclusivo. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 210DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 26/01/2016 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
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