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Numero do processo: 10120.002885/2005-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
PIS E COFINS. REGIME NÃO-CUMULATIVO. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. ESTOQUE DE ABERTURA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
A pessoa jurídica contribuinte da COFINS e do PIS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência da COFINS, de acordo com a Lei nº 10.833/2003, art. 12 e do PIS, nos estoques de abertura existentes em 1º de dezembro de 2002, de acordo com o art. 11 da Lei nº 10.637/2002.
COFINS E PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. MPF. IRREGULARIDADES. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
O MPF é instrumento de controle gerencial, e que eventual irregularidade poderia, no máximo, dar azo a procedimento interno de natureza administrativa, mas nunca invalidar o lançamento de crédito tributário, cuja competência é deferida por lei aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS. PRECLUSÃO. DILIGÊNCIA.
Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem ser com ela apresentados, à exceção das hipóteses contempladas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972. A diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-002.909
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 PIS E COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. ESTOQUE DE ABERTURA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A pessoa jurídica contribuinte da COFINS e do PIS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência da COFINS, de acordo com a Lei nº 10.833/2003, art. 12 e do PIS, nos estoques de abertura existentes em 1º de dezembro de 2002, de acordo com o art. 11 da Lei nº 10.637/2002. COFINS E PIS. AUTO DE INFRAÇÃO. MPF. IRREGULARIDADES. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O MPF é instrumento de controle gerencial, e que eventual irregularidade poderia, no máximo, dar azo a procedimento interno de natureza administrativa, mas nunca invalidar o lançamento de crédito tributário, cuja competência é deferida por lei aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS. PRECLUSÃO. DILIGÊNCIA. Os documentos que comprovam as alegações trazidas na impugnação devem ser com ela apresentados, à exceção das hipóteses contempladas no art. 16, § 4º do Decreto no 70.235, de 1972. A diligência não se presta a suprir deficiência probatória, seja do fisco ou da empresa Recorrente. Recurso Voluntário Negado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 28 85 /2 00 5- 91 Fl. 956DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ em Brasília – DF (fls. 888/898 do processo eletrônico), que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação apresentada pela Recorrente, cujo crédito tributário provém dos Auto de Infração lavrados em 09/05/2005, referente a exigência de diferenças apuradas da COFINS e do PIS. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Em 09/05/2005 , contra o interessada em tela foram lavrados os Auto de Infração da COFINS e da Contribuição para o PIS cujo crédito tributário lançado perfaz o montante de R$ 483.215.97, assim discriminado por exação fiscal: I Auto de Infração da COFINS (fls. 123/134): a) COFINS, R$ 165.695,67; b) Juros de mora (calculados até 29/04/2005), R$ 21.749,32; c) Multa de ofício (75%), R$ 124.271,71. Total do crédito tributário do Auto de Infração da COFINS: R$ 311.716.70. Infrações imputadas: 1) COFINS — DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS): que a contribuinte, em vários períodos de apuração, declarou e recolheu valores da COFINS menores que aqueles apurados pela Fiscalização, nos anoscalendário 2000. 2001. 2002 e 2003 . Fl. 957DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 957 3 2) COFINS INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS): que a contribuinte, em vários períodos de apuração, declarou e recolheu valores da COFINS menores que aqueles apurados pela Fiscalização, no ano calendário 2004 . II Auto de Infração da Contribuição para o PIS (fls. 407/418): a) PIS, R$ 87.788,15; b) Juros de mora (calculados até 29/04/2005), R$ 17.870,07; c) Multa de oficio (75%), R$ 65.841,05 Total do crédito tributário do Auto de Infração da Contribuição para o PIS: R$ 171.499.27. Infrações imputadas: 1) PIS FATURAMENTO — DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS): que a contribuinte, em vários períodos de apuração, declarou e recolheu valores da Contribuição para o PIS menores que aqueles apurados pela Fiscalização, nos anoscalendário 2000: 2001 e 2002. 2) PIS FATURAMENTO — INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO (VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS): que a contribuinte, em vários períodos de apuração,declarou. e recolheu valores da Contribuição para o PIS menores que aqueles apurados pela Fiscalização, nos anoscalendário 2003 e 2004 . Os autos do processo da Contribuição para o PIS foram juntados, por anexação, aos autos do processo da COFINS, em face da conexão dos fatos e dos elementos probatórios. O sujeito passivo tomou ciência dos autos de infração pessoalmente em 12/05/2005, por intermédio de seu representante legal (fls. 128, 133, 412 e 417); apresentou impugnação parcial em 13/06/2005 (fl. 149/166 e 433/451), juntando, ainda, os documentos de fls. 167/238 e 454/630.. Impugnação parcial: 1) Preliminar de nulidade do lançamento fiscal (PIS e COFINS) A impugnante alegou irregularidade na execução dó Mandado de Procedimento Fiscal MPF; que em relação aos anoscalendário 2003 e 2004 (PIS) e 2004 (COFINS) todo o procedimento de fiscalização deverá ser considerado nulo, uma vez que os AuditoresFiscais só poderiam fazer verificações obrigatórias sobre os períodos "autorizados" no MPF, ou seja, anoscalendário 1999 a 2002 (1P1 e verificações obrigatórias), Fl. 958DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 e mais o período de execução do MPF; que não houve emissão de Mandado Complementar para os anoscalendário 2003 e 2004. 2) Crédito tributário não impugnado : a) COFINS (cumulativa) dos anoscalendário 2000, 2001, 2002 e 2003. Além disso, quanto anocalendário 2004, parte do crédito tributário da COFINS (nãocumulativa), também não foi impugnado, conforme demonstrativo abaixo (...): b) PIS (cumulativo) dos anoscalendário 2000, 2001 e 2002. Além disso, quanto anocalendário 2003 e 2004 ; parte do crédito tributário do PIS (nãocumulativo), também não foi impugnado, conforme demonstrativo abaixo (...): 3) No mérito: 3.1) Quanto à COFINS (incidência nãocumulativa) do ano calendário 2004: O sujeito passivo, além de suscitar preliminar de nulidade, alegou: que com o advento da Lei 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a incidência não cumulativa na cobrança da COFINS, as sociedades empresárias tributadas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real, passaram a ler direito a crédito sobre as aquisições, despesas e outros custos, na forma do art. 3° da citada lei; que o art. 12, ainda da mesma lei ; concedeu, também, direito ao desconto relativo ao estoque de abertura, existente na data do início da incidência da COFINS (crédito presumido de 3% sobre o valor do estoque a ser utilizado em 12 parcelas mensais, iguais e sucessivas); que, no caso, a Fiscalização concedeu crédito presumido sobre as compras do respectivo mês autuado (conta contábil 1.0.5.00:0.0003 Compras) e deixou de dar o crédito dos valores das compras da conta contábil 1.0.4.00 .0.0002 Material de Almoxarifado ), nos demonstrativos à s fls. 119/122; que isso seria um erro material do lançamento fiscal; que, além disso, a impugnante corrigiu outros erros materiais do Fisco quanto aos valores lançados, apurando diferenças a pagar bem menores que as apuradas pelo Fisco do anocalendário 2004, conforme demonstrativos às fís. 234/238. 3.2) No que tange à Contribuição para o PIS (incidência nãocumulativa dos anoscalendário 2003 e 2004. : A impugnante, além de suscitar preliminar de nulidade, alegou que com o advento da Lei 10.637, de 30 de dezembro de 2002, que dispõe sobre a incidência não cumulativa na cobrança da Contribuição para o PIS; as sociedades empresárias tributadas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real, passaram a ter direito a crédito sobre as aquisições, despesas e outros custos, na forma do art. Y cia cilada lei; que o art. 11, ainda da mesma lei, concedeu, também, direito ao desconto relativo ao estoque de abertura, existente em V de dezembro de 2002; que, no caso, a Fiscalização concedeu crédito sobre as compras do respectivo mês autuado (conta contábil 1.0.5.00.0.0003 Compras) e deixou de dar o crédito dos valores das compras da conta contábil Fl. 959DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 958 5 1.0.4.00.0.0002 Material de Almoxarifado), nos demonstrativos às fls. 392/406; que isso seria um erro material do lançamento fiscal; que, ainda, a impugnante corrigiu outros erros materiais do Fisco quanto aos valores lançados, apurando diferenças a pagar bem menores que as apuradas pelo Fisco dos anos calendário 2003 e 2004, conforme demonstrativos às lls. 617/630. Em face dessas alegações do sujeito passivo, os autos foram baixados para a unidade de origem da RFB para diligência fiscal junto à autuada. Além disso, determinouse que a unidade de origem procedesse a transferência do crédito tributário não impugnado para autos apartados, para imediata cobrança, tudo conforme despacho de fls. 636/638. Realizada a diligência fiscal (fls. 640/856), e notificada do resultado da diligência, a autuada deixou transcorrer o lapso temporal in albis, não impugnou o resultado da diligência fiscal (fls. 857/872). É o relatório. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, foram parcialmente acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 COFINS E PIS. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF.PRELIMINAR DE NULIDADE. ALEGAÇÃO DE FALTA DE MPF COMPLEMENTAR. INEXISTÊNCIA DE VICIOS. PRELIMINAR REJEITADA. Para lançamento fiscal decorrente de verificações obrigatórias, não se exige a emissão de MPF Complementar, se ele foi emitido especificamente para outro tributo e outro período de apuração. A emissão do MPF abarca, automaticamente, também, as verificações obrigatórias quanto aos demais tributos e contribuições administrados pelo fisco federal nos últimos cinco anos ; período contado a partir da emissão do MPF, e mais o período para frente (período que perdurou o procedimento de fiscalização). VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. PIS E COFINS (NÃO CUMULATIVOS). DIFERENÇA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DIREITO INTERTEMPORAL. CRÉDITO PRESUMIDO SOBRE ESTOQUE MATERIAL DE ALMOXARIFADO. FALTA DE CONCESSÃO DO CREDITO PELA FISCALIZAÇÃO. ERRO MATERIAL SANÁVEL. DILIGÊNCIA FISCAL. REVISÃO DO LANÇAMENTO FISCAL. Fl. 960DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 A pessoa jurídica contribuinte da COFINS, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos 1 e II daquele mesmo artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes na data de início da incidência desta contribuição de acordo com esta Lei (Lei 10.833/2003, art. 12). A pessoa jurídica contribuinte do PIS/Pasep, submetida à apuração do valor devido na forma do art. 3º, terá direito a desconto correspondente ao estoque de abertura dos bens de que tratam os incisos I e II desse artigo, adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, existentes em 1º de dezembro de 2002 (Lei nº 10.637/2002, art. 11) . Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Cientificada da referida decisão em 21/01/2010 (fl. 906), a interessada, em 18/02/2010 (fl. 917), apresentou o recurso voluntário de fls. 917/944, com as alegações resumidas abaixo: Nulidade do auto de Infração Pede a nulidade dos lançamentos face a irregularidade do MPF. Alega que a norma é clara ao exigir a emissão de MPF (Complementar), caso as atividades fiscais tenham que alcançar períodos e tributos diversos daqueles anteriormente fixados, o que não ocorreu, haja vista que a fiscalização contemplou também os anos de 2003 e 2004. Sendo assim, resta cristalina a nulidade do auto de infração emitido em desfavor da recorrente. O MPF n° 01.2.01.002004 008491, emitido com o intuito inicial de se proceder a fiscalização do IPI do período de janeiro/1999 a dezembro/2002, uma vez que o procedimento se estendeu ao outro período e tributos (AC 2003 IRPJ, CSLL, PIS e COFINS), muito embora constassem das "Verificações Obrigatórias", não foram objeto de expedição de MPF Complementar, como preceitua a Portaria da SRF. Da Diligência realizada pela DRJ Por determinação da DRJ/Brasília, foi realizado a Diligência Fiscal. Após recebido as intimações e cumprindo as solicitações, a Recorrente prestou os esclarecimentos e encaminhou a documentação solicitada. A fiscalização proferiu o RELATÓRIO DE ENCERRAMENTO DE DILIGÊNCIA, reduzindo parcialmente os valores originários dos lançamentos, considerando somente o estoque em 31/01/2004, a ser utilizado em 12 parcelas a título de COFINS e os valores agregados por compra à conta contábil: 1.0.4.00.0.0002 MATERIAL DE ALMOXARIFADO, em períodos posteriores a 11/2003 a 12/2004, tanto para a COFINS como para o PIS. No Mérito Destaca que o Acórdão recorrido, julgou as impugnações da COFINS e do PIS, procedentes em parte, reduzindo os valores do principal da COFINS e do PIS não cumulativos. Entretanto, o cerne da matéria não foi objeto de análise e julgamento pelo 1ª Instância, quando não abordou e nem discorreu sobre a utilização dos créditos da Contribuição para o PIS e da COFINS, calculados sobre a apropriação direta dos bens, utilizados como insumos na fabricação de seus produtos destinados a venda e dos serviços prestados; Fl. 961DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 959 7 Alega que tem um sistema de contabilidade de custos totalmente integrado a escrituração comercial e calculou os créditos do PIS e da COFINS sobre os custos dos bens, utilizados como insumos na fabricação de seus produtos destinados à venda e dos serviços prestados e que não exerceu o direito ao crédito presumido em 12 (doze) parcelas mensais e sucessivas sobre o estoque de abertura existente em 1° de fevereiro de 2004, como estabelece a Lei n° 10.833, de 29/12/2003, bem como o estoque de abertura existente em 1° de dezembro de 2002, como permite a Lei 10.637, de 30/12/2002, no caso do PIS; Destaca que os Inventários dos insumos levantados em 30/11/2002 e 31/01/2004, demonstrando, dentre outros, as importâncias dos estoques de abertura para 01/12/2002 e 01/02/2004, respectivamente, foram entregues ao Fisco. Entretanto não consta deste autos o Inventário que espelha a real situação em 30/11/2002; Que as apropriações dos créditos para a COFINS e para o PIS, dos períodos autuados, foram formulados através das requisições do setor de produção ao almoxarifado. Assim, quando concluída a operação o sistema contábil registra na escrituração a transferência dos insumos em estoque para os custos de produção de produtos destinados à venda e/ou dos custos dos serviços gráficos. A utilização do valor mensal dos insumos, apropriados a medida em que são aplicados pelo setor de produção, para o cálculo dos créditos da COFINS e do PIS, não traz nenhum prejuízo a Fazenda Nacional. Ao final, solicita a reforma do Acórdão recorrido para anular os Autos de Infração, ressaltando que o critério utilizado pela Recorrente para apuração do crédito da COFINS e do PIS, com base nos custos apropriados em cada PA e não com base nas aquisições (compras), não traz nenhum prejuízo ao Erário Público, ou, alternativamente, que seja determinado a realização de outra diligência para apurar os valores reais do lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Admissibilidade do recurso A recorrente foi cientificada da referida decisão em 21/01/2010 (fl. 906), a interessada, em 18/02/2010 (fl. 917), apresentou o recurso voluntário de fls. 917/944, portanto tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Anexação de PAFs Ressaltese que os autos do processo da Contribuição para o PIS foram juntados na origem, por anexação, ao processo da COFINS, em face da conexão dos fatos e dos elementos probatórios. Preliminar de nulidade do Auto de Infração Fl. 962DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Preliminarmente, a Recorrente argúi a nulidade do lançamento, por supostas irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), especialmente que a norma é clara ao exigir a emissão de MPF Complementar, caso as atividades fiscais tenham que alcançar períodos e tributos diversos daqueles anteriormente fixados. Na primeira instância, a autoridade julgadora já havia consignado a regularidade do procedimento. Vejase trecho abaixo transcrito (fl. 895): (...) O sujeito passivo alegou existência de vício formal na execução do MPF; que não houve emissão de MPF Complementar para abarcar os anoscalendário 2003 e 2004; que o MPF só autorizou a fiscalização dos anoscalendário 1999, 2000, 2001 e 2002. A alegação do sujeito passivo não pode prosperar. Na verdade, houve emissão de MPF para fiscalização do IPI dos anoscalendário 1999, 2000, 2001 e 2002, e para verificações obrigatórias dos demais tributos e contribuições administrados pela RFB dos últimos cinco anos, e no período de execução do MPF (fl. 01). Vale dizer: houve a emissão do MPF em 01/09/2004, e a fiscalizada tomou ciência do início da fiscalização em 28/10/2004. Logo, a partir da emissão do MPF contase cinco anos para trás, e mais o período para frente (período que perdurou o procedimento de fiscalização). Por conseguinte, todo o período objeto de autuação 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 . está coberto pelo MPF, pois o lançamento fiscal das contribuições (PIS e COFINS) decorreu de verificações obrigatórias (lançamento de valores registrados na escrituração contábil, porém declarados a menor ao fisco). Para verificações obrigatórias, não se exige emissão de MPF Complementar. Houve, ainda, três prorrogações do MPF, sendo a última prorrogação com prazo até 28/06/2005 (fl. 02). O sujeito passivo tomou ciência da autuação em 12/05/05, na vigência da última prorrogação do MPF. Portanto, não há vício alguma na emissão e execução do MPF. Preliminar de nulidade rejeitada. Como se vê, o MPF é instrumento de controle gerencial do Fisco, e que eventual irregularidade poderia, no máximo, dar azo a procedimento interno de natureza administrativa, mas nunca invalidar o lançamento de crédito tributário, cuja competência é deferida por lei aos ocupantes do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. A matéria tem sido discutida no âmbito dos extintos Conselhos de Contribuintes e Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e as decisões, de forma reiterada, apontam nesse sentido. Os acórdãos cujas ementas transcrevo a seguir bem ilustram essa linha de entendimento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MPF. NULIDADE. Descabe a argüição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo em Fl. 963DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 960 9 consonância com a legislação vigente. O MPF é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de modo que eventual irregularidade na sua expedição, ou nas renovações que se seguem, não acarreta a nulidade do lançamento. (Acórdão CSRF/0202.543,de22/01/2007). NULIDADES.AUSÊNCIA DE MPF A eventual irregularidade na emissão do MPF não induz a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal, pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público. (Acórdão CSRF/0202.898, de 28/01/2008, Relator Cons. Antônio Carlos Atulim. Na mesma linha o acórdão CSRF/02 02.899,demesmadata) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MPF O MPF é instrumento de controle administrativo, sendo que irregularidades nele contidas não podem ensejar a nulidade do lançamento.(Acórdão10515.706,de24/05/2006,Relator Cons. José Carlos Passuelo). Rejeito, assim, pelos fundamentos acima, a preliminar de nulidade do lançamento por alegadas irregularidades no Mandado de Procedimento Fiscal (MPF). Da diligência e da propalada omissão da decisão recorrida Aduz a recorrente em recurso às fl. 933, que: “Entretanto, o cerne da matéria impugnada não foi objeto de análise e julgamento pelo Ilustre Relator e Colenda Turma Julgadora de 1ª Instância, quando não abordou e nem discorreu sobre a utilização dos créditos da Contribuição para o PIS e da COFINS, calculados sobre a apropriação direta dos bens, utilizados como insumos na fabricação de seus produtos destinados a venda e dos serviços prestados”. Quanto a este ponto, também não assiste razão a recorrente, pois quando da solicitação da Diligência pela DRJ de Brasília, foi exatamente esse o foco abordado. Vejase abaixo, trechos transcrito do Despacho (fls. 652): (...) Em face dessa alegação do sujeito passivo de que a Fiscalização, tendo desconsiderado o cálculo dos créditos da COFINS e da Contribuição para o PIS sobre os custos apropriados (a contribuinte tem sistema de contabilidade de custos totalmente integrado à escrituração comercial), concedeu, apenas, créditos sobre a conta contábil compras, deixando, porém, de considerar os créditos sobre a conta contábil Material do Almoxarifado. Sendo assim, tornase necessário baixar os autos do processo para a unidade de origem da RFB para realização de diligência fiscal. Nesse sentido, a Fiscalização: a) deve verificar e apurar, junto ao contribuinte, se procede a alegação dele de que tem direito aos créditos da COFINS e da Contribuição para o PIS sobre as compras escrituradas na conta contábil Material do Almoxarifado. Se cabível os créditos pleiteados da COFINS (nãocumulativa) e da Contribuição para o PIS (nãocumulativa), apurar esses Fl. 964DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 créditos, demonstrando em planilhas quanto do principal dessas exações fiscais deve ser mantido e quanto deve ser exonerado, caso os valores constantes das planilhas elaboradas pela impugnante às folhas 234/238 (Cofins) e 617/630 (PIS) não estejam corretos; b) (...). Com isso, por certo não estava o julgador de 1ª instância, cogitando majorar a autuação. Estava sim, somente a verificar, em nome da tão vilipendiada busca da verdade material solicitada pela Recorrente, qual era a real situação da lide sob análise. Assim, a afirmação da DRJ não decorre da falta de análise dos documentos apresentados. Pelo contrário, ela é corroborada pelo aprofundamento da análise efetuada após a diligência determinada por àquela autoridade julgadora, que foi executada e atendida pela DRF de origem. Não se pode confundir omissão do julgador com discordância em relação às conclusões do julgador. A DRJ efetivamente analisa os argumentos relevantes de defesa, inclusive afastando o lançamento em relação a rubrica para a qual a empresa comprova ter existido algum tipo de erro. Pelo exposto, não se vê a presença da maculada omissão, qual seja, a falta de abordagem da matéria no julgamento de piso. Do pedido de nova diligência A realização de diligência pressupõe que o fato a ser provado necessite de conhecimento técnico especializado e/ou esclarecimento de fatos considerados obscuros no processo. A diligência é desnecessária se constam dos autos todas as informações necessárias e suficientes para o deslinde da questão. Outrossim, a diligência não se presta para a produção de provas de encargo do sujeito passivo. Estão presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção. As perícias devem limitarse ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. Isto posto, indeferese o pedido de realização de diligência quando demonstrado o caráter eminentemente protelatório de sua realização e quando não há dúvida para o julgamento da lide. Do Mérito A recorrente alegou em sua peça impugnatória que com o advento das Leis nº 10.833/2003 e 10.637/2002, que dispõe sobre a incidência nãocumulativa na cobrança da COFINS e do PIS, respectivamente, as sociedades empresárias tributadas sujeitas à apuração do IRPJ pelo lucro real, passaram a ter direito a crédito sobre as aquisições, despesas e outros custos, na forma do art. 3º das citadas leis. No caso da COFINS, o art. 12 da citada lei, concedeu, também, direito ao desconto relativo ao estoque de abertura, existente na data do início da incidência da COFINS (crédito presumido de 3% sobre o valor do estoque a ser utilizado em 12 parcelas mensais, iguais e sucessivas) e que no caso, a Fiscalização concedeu crédito presumido sobre as compras do respectivo mês autuado (conta contábil 1.03.00.0.0003 Compras) e deixou de dar o crédito dos valores das compras da conta contábil 1.0.4.00.0.0002 (Material de Almoxarifado) conforme demonstrativos às fls. 124/127. Fl. 965DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 961 11 Para o PIS, o art. 11 da lei, concedeu, também, direito ao desconto relativo ao estoque de abertura, existente em 1º de dezembro de 2002. No caso, a Fiscalização concedeu crédito sobre as compras do respectivo mês autuado (conta contábil 1.0.5.00.0.0003 Compras) e deixou de dar o crédito dos valores. das compras da conta contábil 1.0.4.00.0.0002 (Material de Almoxarifado), nos demonstrativos às fls. 402/416. Alega a Recorrente que em ambos as situações, seria um erro material do lançamento fiscal e que, ainda, a recorrente corrigiu outros erros materiais do Fisco na apuração dos valores lançados, apurando diferenças a pagar bem menores que as apuradas pelo Fisco dos anoscalendário 2003 e 2004. Em face dessas alegações os autos foram, então, baixados à unidade de origem da RFB, para realização da competente diligência fiscal junto à autuada, para apuração dos fatos e comprovação de tais argumentações trazidas pela Recorrente. Realizada a diligência fiscal, o seu resultado das apurações consta do Relatório de Encerramento de Diligência que figura às fls. 871/872. Ao analisar todas as razões apontadas pela recorrente e confrontando com o resultado da Diligência Fiscal elaborada pela fiscalização da DRF de Goiânia (GO), a decisão a quo concluiu por reduzir o valor do principal da COFINS nãocumulativa (valor impugnado) de R$ 54.395,65 para R$ 35.257,50 e reduzir o valor do principal do PIS nãocumulativa (valor impugnado) de R$ 45.355,58, para R$ 38.293,10. Pois bem.! Ocorre que a Recorrente não impugnou o resultado da diligência fiscal (Relatório de Encerramento de Diligência – fls. 871/872), muito embora tenha sido regularmente intimada em 12/06/2009, conforme consta do Aviso de Recebimento AR, documento às fls. 885/886. E isto restou claro e consignado nos autos conforme Despacho proferido pela DRF de Goiânia (fl. 887), vejase trecho em destaque abaixo: "(...) Transcorrido o prazo para manifestação a respeito do Relatório de Encerramento de Diligência, fls. 857/858, e verificado o cumprimento do disposto no item "b" da folha 638, proponho o encaminhamento deste processo à DRJ de Brasília para prosseguimento". Como se vê, a recorrente perdeu a oportunidade de manifestar sua discordância do resultado da Diligência Fiscal, dentro do prazo legal. Agora em sede de recurso voluntário, alega a Recorrente em apertada síntese que: “(...) em relação ao resultado da diligência fiscal, quanto aos estoques iniciais existentes em 01/12/2002, de R$ 2.739.586,95, para o PIS e em 01/02/2004, de R$ 1.761.105,15, para a COFINS, o AuditorFiscal diligente reconheceu somente o valor de R$ 33.340,89, como estoque em 31/01/04, a ser utilizado em 12 parcelas a título de COFINS (fls. 857), por ter focado todo seu trabalho somente na movimentação da conta contábil 1.0.4.00.0.0002 Material de Almoxarifado como determinado pela i. Relator de 1ª Instância (fls. 638), causando enorme prejuízo a Autuada. Fl. 966DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 12 Reprisese, portanto, n. Relator e Colenda Câmara, que a Recorrente tem o direito líquido e certo de utilizar os créditos decorrentes dos estoques em epígrafe, na apuração da COFINS e do PIS, em virtude de possuir escrituração dos custos de forma integrada à contabilidade geral, tudo nos estritos termos das leis comerciais e fiscais. Ademais, como amplamente demonstrado em linhas volvidas, a Recorrente entende que a Diligência imposta pela DRJ/BSA, não contemplou os pleitos outrora formulados, quanto aos créditos pertinentes, e face do critério contábil utilizado. Tratase de processo produtivo de formação de custos. Não simplesmente Compras. É, portanto, injusto e incorreto querer impedir que a Recorrente utilize o direito aos créditos sobre os estoques amplamente noticiados no presente Recurso. Assim, caso não se convençam da forma de apuração sobre os valores dos custos incorridos, cujos créditos foram amplamente demonstrados nas peças vestibulares, então, que seja, no mínimo, concedido à Recorrente , os créditos alusivos aos estoques iniciais já referidos. Por outro giro, a fiscalização em seu Relatório de Encerramento de Diligência, deixa consignado que intimou e reintimou (fl. 867) a empresa para a apresentação de esclarecimentos e documentos contábeis e fiscais. Vejase trecho abaixo transcrito (fls. 871/872): (...) Deste modo, fica REINTIMADO a apresentar a relação dos insumos dos quais se pleiteiam créditos, somente relativos a conta 1.0.4.00.0.0002 — MATERIAL DO ALMOXARIFADO, sobre a qual autoriza a DRJ sua análise. (...) Em 23/05/2009, trouxe definitivamente os documentos e planilhas solicitadas para fins de conclusão da Diligência Fiscal, constando os valores a seguir enumerados, e sobre os quais fora feita a devida analise. (...) Após análise da documentação apresentada e considerado os créditos proponho a correção dos valores lançados a título de PIS e COFINS não cumulativos, conforme a seguir enumerados (...): No entanto, repisese que a Recorrente, muito embora regularmente cientificada, não impugnou o resultado da diligência fiscal (Relatório de Encerramento de Diligência – fls. 871/872). Como é sabido, o interessado deve instruir sua defesa, em especial a manifestação de inconformidade, com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972: “Art.15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art.16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (RedaçãodadapelaLeinº8.748,de1993)” Fl. 967DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10120.002885/200591 Acórdão n.º 3402002.909 S3C4T2 Fl. 962 13 No processo administrativo fiscal, assim como no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é de quem alega a sua existência, ou seja, do interessado, é assim que dispõe a Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de1999 no seu artigo 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo37 desta Lei. No mesmo sentido os artigos 333 e 396 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil CPC: Art.333.O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art.396. Compete à parte instruir a petição inicial (art.283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provar lhe as alegações. Já o artigo 16 do Decreto nº 70.235/72, em seu § 4º determina, ainda, o momento processual para a apresentação de provas no processo administrativo fiscal, bem como as exceções albergadas que transcrevemos a seguir: “§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.” Da análise da norma supracitada é clara e direta ao estabelecer o momento correto a serem carreadas as provas a fim de substanciar os argumentos da Recorrente, qual seja, na manifestação de inconformidade, o que não foi feito pela Recorrente. Conclusão Diante das considerações e fundamentos acima expostos, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade e no mérito negar provimento ao recurso, mantendo integralmente o decidido pela DRJ em Brasília (DF). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Relator Fl. 968DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 14 Fl. 969DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 16004.001450/2008-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2007
CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN.
INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF.
A inconstitucionalidade do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, declarada pelo STF em sede de Recurso Extraordinário (RE 363852/MG) não se subsume ao crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual se refere à matéria diversa (art. 22, da Lei nº. 8.212/91).
Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972.
PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA.
Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa.
Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL.
Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem.
A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.789
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por unanimidade de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente.
Natanael Vieira dos Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2007 CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF. A inconstitucionalidade do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, declarada pelo STF em sede de Recurso Extraordinário (RE 363852/MG) não se subsume ao crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual se refere à matéria diversa (art. 22, da Lei nº. 8.212/91). Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado.
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2007 CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, iniciase a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INCONSTITUCIONALIDADE. INAPLICABILIDADE DA DECISÃO DO STF. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. SÚMULA N.º 2/CARF. A inconstitucionalidade do art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91, declarada pelo STF em sede de Recurso Extraordinário (RE 363852/MG) não se subsume ao crédito tributário impugnado no caso concreto, o qual se refere à matéria diversa (art. 22, da Lei nº. 8.212/91). Doutro modo, conforme Súmula n.º 2/CARF, este conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 14 50 /2 00 8- 85 Fl. 808DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 809 2 matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 809DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 810 3 Acordam os membros do colegiado, I) por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário da Sra. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA. II) Por unanimidade de votos, com relação aos demais recursos voluntários, rejeitar as preliminares e no mérito negar provimento. Ronaldo de Lima Macedo Presidente. Natanael Vieira dos Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 810DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 811 4 Relatório 1. Tratase de auto de infração lavrado referente à contribuição previdenciária destinada às entidades e fundos – Terceiros, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados, apurador a partir de folhas de pagamento de salários, notas fiscais de aquisição de cestas básicas, livros razão e diário, recibos de pagamento de autônomos, relações de pagamentos, notas fiscais de serviços, Guia do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP e Relação Anual de Informações Sociais – RAIS. 2. Ao negar provimento à impugnação do contribuinte, a 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/POR) proferiu decisão que restou ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002a 31/05/2007 PRAZO DECADENCIAL. INÍCIO DA CONTAGEM. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. As contribuições lançadas sujeitamse ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos previsto no Código Tributário Nacional, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, tendo em vista a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. PROCEDIMENTOS FISCAIS. FASE OFICIOSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. OPORTUNIDADE. Na fase oficiosa os procedimentos que antecedem o ato de lançamento são praticados pela fiscalização de forma unilateral, não havendo que se falar em processo, assegurandose o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, só se podendo falar na existência de litígio após a impugnação do lançamento. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS PRATICADOS. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o principio da substância sobre a forma. REMUNERAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. CONTRIBUIÇÕES DE TERCEIROS. Incidem contribuições a cargo da empresa destinadas a outras entidades e fundos (terceiros) sobre as remunerações dos segurados empregado e contribuinte individual. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Fl. 811DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 812 5 É solidariamente obrigada a pessoa que tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador. RELATÓRIOS PRODUZIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ENTREGA AO SUJEITO PASSIVO EM ARQUIVOS DIGITAIS. Os relatórios e os documentos emitidos em procedimento fiscal podem ser entregues ao sujeito passivo em arquivos digitais autenticados pelo auditorfiscal da RFB. DILAÇÃO PROBATÓRIA. A dilação probatória fica condicionada à sua previsão legal e à necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." 3. Em sede recursal, a matéria em análise já foi objeto de apreciação por este conselho, o qual editou Resolução determinando a conversão do julgamento em diligência para que fossem juntados aos autos os documentos probatórios da existência de grupo econômico de fato, com fins de apuração de existência de responsabilidade passiva solidária, os quais foram acostados aos autos sob o título “Relatório de grupo econômico”, composta pelos anexos I e II. 4. Por oportuno, passo a reproduzir parte do relatório elaborado por este conselho. “(...). Esclarece [a autoridade fiscal] que a ação foi desenvolvida por uma junta fiscal e teve início em 01/2005, tendo sido retomada, em 05/10/2006, por determinação judicial, uma vez que a Policia Federal desencadeou a operação denominada "GRANDES LAGOS”, procedendo buscas e apreensões de documentos em diversos locais, com o intuito de obter provas dos ilícitos praticados pela organização, constituída de várias células ou núcleos, cujo objetivo era sonegar tributos e eximir os titulares de fato de suas responsabilidades relacionadas às áreas trabalhistas e previdenciárias. Observa que o crédito tributário em comento foi lançado em nome de Coferfrigo ATC Ltda. "E OUTROS", vez que, analisando a documentação apreendida pela Policia Federal, Receita Federal do Brasil e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, verificouse que a empresa Coferfrigo ATC Ltda., juntamente com outras pessoas jurídicas, formam um grupo econômico de fato. A seguir, sintetiza algumas informações a respeito das empresas integrantes do grupo e informa que todos os fatos e documentos que caracterizam o grupo estão relatados e anexados no Fl. 812DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 813 6 Relatório de Grupo Econômico, Anexos I e II, que fica fazendo parte integrante deste Auto de Infração. No item 25 do Relatório Fiscal (fls. 181), o agente autuante informa que o Relatório do Grupo Econômico Anexos I e II será encaminhado em arquivo digital, de acordo com o artigo 663, parágrafos 1° e 2° da IN 3/2005, alterado pela IN 851/2008 e, no item 27, esclarece que todos os documentos que integram o Auto de Infração bem como o Relatório de Grupo Econômico Anexos I e II estão a disposição da empresa e responsáveis solidários na Delegacia da Receita Federal do Brasil. Os sujeitos passivos Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., apresentaram defesa tempestiva em conjunto, e o Sr. João Pereira Fraga, espólio, representado por João Adson Fraga (inventariante), também impugnou o lançamento. Apesar de devidamente cientificadas, as demais empresas que, segundo entendimento da fiscalização, integram o grupo econômico de fato e, nessa condição, são responsáveis solidárias pelo débito, não apresentaram defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1426.538, da 9ª Turma da DRJ/RPO (fls. 786), julgou as impugnações improcedentes, mantendo o crédito tributário. Inconformados com a decisão, os recorrentes Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., considerados pela fiscalização como corresponsáveis pelo débito, apresentaram recurso tempestivo em conjunto (fls. 881), repetindo as alegações trazidas na impugnação. Reiteram que os Recorrentes, pessoas físicas e jurídicas, foram considerados responsáveis solidários pelo débito tendo como única fundamentação para tanto um "Relatório da Polícia Federal", extraído de Inquérito Policial, sendo certo que a ação penal até a data de hoje não transitou em julgado. Entendem que o presente Auto de Infração é inconsistente e baseiase em prova ilícita, nula de pleno direito, posto que não foi submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa, bem como viola o principio da presunção de inocência, além do órgão autuador não ter produzido prova da responsabilidade na fase administrativa, ônus que lhe competia. Defendem que a prova emprestada do Inquérito Policial presidido por Delegado da Policia Federal não é meio licito para se fundamentar as responsabilidades dos Recorrentes, uma vez que não foram observados os princípios constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório no processo onde ela foi produzida. Fl. 813DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 814 7 Reafirmam que, no caso dos autos, o órgão autuador não fez prova licita alguma da responsabilidade dos Recorrentes, o que impõe a nulidade/inconsistência do auto de infração sobre a responsabilidade atribuída aos mesmos e discorre sobre o princípio da presunção da inocência, tentando demonstrar que apenas após o trânsito em julgado da ação criminal é que se poderia afirmar algo. Finalizam requerendo que seja reformada a decisão de primeira instância e julgado nulo o AI. O recorrente Sr. João Pereira Fragaespólio, considerado corresponsável pelo débito, representado por João Adson Fraga (inventariante), apresentou recurso tempestivo (fls. 894) requerendo, inicialmente, que o Espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA falecido, em 02/10/08, seja excluído da condição de passivo solidário. Traz o histórico da empresa COFERCARNES COMERCIAL FENANDOPOLOIS DE CARNES LTDA, da qual seu falecido pai e sua mãe eram sócios fundadores, desde sua constituição. Informa que, após separação judicial, sua mãe vendeu 50% do Capital Social da COFERCARNES para ALFEU MOZAQUADRO, que colocou essas quotas de capital social em nome da empresa CM4 PARTICIPAÇÕES LTDA, da qual era o proprietário, e impôs que a planta do imóvel industrial fosse integralmente arrendada para uma filial da empresa COFERFRIGO ATC LTDA que, apesar de pertencer no papel a Valter Francisco Rodrigues Junior, havia fortes suspeitas de a mesma pertencer de fato ao Sr. ALFEU, uma vez que foi ele quem pessoalmente determinou o arrendamento das instalações do frigorífico Cofercarnes, entabulou o preço e as condições do arrendamento. Discorre sobre o temperamento do Sr. Alfeu e a sociedade, que durou apenas oito meses, concluindo que não pode ser responsabilizado por atos praticados pela empresa COFERFRIGO ATC LTDA, da qual não fora sócio, por ter deixado esta empresa de arrecadar contribuições devidas no período de 01/12/2002 a 31/10/2006. Tenta demonstrar que inexiste qualquer relação mercantil ou comercial de seu pai com as empresas mencionadas no Processo e requer a exclusão de seu pai da responsabilidade solidária pelos débitos devidos pela empresa COFERFRIGO, da qual não tinha o menor conhecimento e da qual não participava, por quaisquer de suas formas. Preliminarmente, alega nulidade da autuação por falta de clareza, argumentando que as autoridades fiscais não indicaram a conta contábil ou outro elemento constante da escrituração contábil da COFERFRIGO das quais foram extraídas as importâncias oras lançadas, bem como não elencaram, nos autos, quais seriam as remunerações admitidas como base de cálculo das contribuições ou pagamentos que se sucedeu a esse título, denotando que não avaliou ou não se aprofundou Fl. 814DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 815 8 suficientemente na natureza das rubricas, desconhecida do recorrente. Entende que houve cerceamento de defesa por terlhe sido entregue apenas um CDR, o que impediu o inventariante de manipular os documentos que o fisco julga supostamente representativas das operações praticadas pela Coferfrigo. Sustenta que o arbitramento e o termo de sujeição passiva solidária sobre as contribuições que o Fisco julga devidas pela COFERFRIGO ATC LTDA se deram apenas e estritamente por presunção. Assevera que o Fisco achou por bem desconsiderar a personalidade jurídica da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, exigindo dos solidários, no caso o espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA, os tributos eventualmente devidos por aquela, sem contudo observar as normas legais que disciplinam a matéria. Informa que as empresas que, segundo o fisco, integram o grupo econômico Mozaquatro, declararam espontaneamente, nos prazos regulares, toda a movimentação fiscal e contábil em seus nomes, mediante entrega das DCTFs, nos respectivos anos calendário, bem como as Declarações de Rendas Pessoa Jurídica dos anos calendários de 2002 a 2006, sendo que o fisco não poderia estender a responsabilidade pelo débito constituído em face da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, em razão de que tal prática não está autorizada pelo artigo 135, inciso III, do CTN Argumenta que, não sendo JOÃO PEREIRA FRAGA diretor, gerente ou representante da COFERFRIGO ATC LTDA, não responde por ela, não podendo a cobrança por tais descumprimentos ser redirecionada para a pessoa física de seu pai, como solidário, por não configurar qualquer das hipóteses previstas no art. 135, do CTN, e cita a jurisprudência para reforçar suas alegações. Infere que não é possível, ao Fisco, atribuir a seu falecido pai a responsabilidade pela não retenção de contribuições previdenciárias que seriam de ordem da empresa COFERFRIGO ATC LTDA., do denominado GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO, uma vez que, em nenhum momento, os fiscais autuantes lograram comprovar a existência do vinculo entre a citada empresa e a pessoa do Sr. JOÃO PEREIRA FRAGA, razões pelas quais deve ser, de plano, decretada a insubsistência do lançamento fiscal contra ele. Insurgese contra a utilização do art. 116, parágrafo único, do CTN, por ser norma de eficácia limitada, que depende de lei ordinária para sua regulamentação e reitera que a empresa de seu pai estava paralisada no período entre 10/2004 a 10/2006, não podendo, portanto, responder pelos débitos previdenciários da empresa Coferfrigo, integrante, segundo o fisco, de um grupo econômico, com empresas instaladas em vários municípios e em outros Estados. Fl. 815DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 816 9 Discorre sobre contrato de arrendamento mercantil para tentar demonstrar que o arrendador não responde pelos tributos devidos pela Arrendatária ou outras empresas das quais a Arrendatária seja signatária ou faça parte e conclui que, no caso em apreço, o Espólio de FRAGA, como arrendador, não possuía a obrigação de proceder a retenção ou arrecadar contribuições devidas pela empresa COFERFRIGO ATC. Insiste no entendimento de que ocorrera a decadência de parte do débito, defendendo a aplicação da regra contida no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que o contribuinte entregou regularmente ao INSS as informações concernentes a todas contribuições previdenciárias relativas ao período fiscalizado, bem como sequer ocorreu indícios de fraude, dolo ou simulação comprovados. No mérito, reitera que seu pai nunca foi sócio, de fato ou de direito da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, bem como não restou provado, nos autos, que seu falecido pai, João Pereira Fraga, tivesse qualquer participação com as empresas do denominado "GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO”, e nem que seria solidariamente responsável pelos débitos supostamente devidos pelas empresas acima nos períodos mencionados, havendo, no caso, apenas presunções, ou seja, indícios sem comprovações. Entende que, no caso em tela, os fiscais autuantes promoveram o lançamento contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA por ter deixado de arrecadar, no período de 12/2002 a 10/2006, contribuições de segurados, e quer atribuir, por presunção, a responsabilidade pela falta das retenções ao Espólio de João Pereira Fraga, alegando que no período de 15.10.04 a 14.10.05 teria arrendado a planta do seu estabelecimento frigorífico para a empresa COFERFRIGO ATC LTDA, como parte integrante do "Núcleo Mozaquatro" e que, assim o sendo, em decorrência do arrendamento, dele também é parte integrante. Informa que o Espólio tentou o acesso aos documentos que estão em poder da empresa COFERFRIGO e junto à fiscalização federal e estadual para promover a sua defesa, o que lhe foi negado, sob a alegação de que João Pereira Fraga ou o Espólio não fazem parte do quadro societário e há impedimento legal para o acesso, e chama atenção para o fato de que nem mesmo os fiscais autuantes tiveram total acesso a contabilidade da empresa envolvida. Discorre sobre o instituto da solidariedade e traz a doutrina para reforçar o entendimento de que o fisco não poderia incluir o espólio no polo passivo da presente relação tributária para responder pela divida da Coferfrigo. Quanto à subrogação da compra de gado bovino, traz a decisão do STF no sentido de que os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nºs 8.540/92 e n° 9.528/97, é inconstitucional. Fl. 816DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 817 10 Finaliza, requerendo, em obediência ao principio constitucional de celeridade e economia processual, a improcedência, de plano, da presente exigência fiscal e, pelas razões expostas, sejam acolhidas as preliminares levantadas para, ao final, decretar a exclusão da solidariedade atribuída ao espólio de João Pereira Fraga na multa aplicada contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA. Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, sócia do Frigorífico Mega Boi Ltda., que, segundo o fisco, é uma das empresas integrantes do grupo econômico, também apresentou recurso (fls. 960), alegando que nunca foi dona de empresa, que não sabia como era a operação da empresa e tampouco injetou dinheiro para ser sócia de empresa, sendo que recebia seu salário da empresa Frigorífico Lister Ltda., administrada pelo Sr. Ivo Chiodi de Jesus e, posteriormente, pela empresa Coferfrigo Atc Ltda. e Friverde Industria de Alimentos Ltda. de Campina Verde, MG, que era administrada pelo Sr. Djalma Buzolin. Informa que nunca teve casa para morar, vive de aluguel e com um recurso financeiro de R$ 1.155,00 do INSS, que recebeu mais 14 cópias de processos da Receita Federal, leuos, mas não entendeu do assunto mencionado, que nem conhece várias empresas e pessoas mencionadas nos processos, mas somente as empresas e pessoas que trabalharam em Campina Verde — MG. Às fls. 971, a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora, com fundamento no art. 48, §2°, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário”. 5. Cumprida a diligência e devidamente cientificados os sujeitos passivos, sem apresentação de novas alegações, retornaram os autos para análise deste conselho. É o relatório. Fl. 817DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 818 11 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. DOS PROCESSOS APENSADOS A ESTES AUTOS 2. Correm apensos diversos processos cujo fundo de direito será discutido no presente feito, havendo inclusive a apresentação de mesmo recurso voluntário por parte dos recorrentes em todos eles, razão pela qual este voto aproveitará aos processos 16004.001451/200820, 16004.001446/200817, 16004.001443/200883, 16004.001445/2008 72, 16004.001455/200816 e 16004.001449/200851. PRELIMINARES DA DECADÊNCIA 3. Inicialmente, no que se refere à alegação do contribuinte de que as parcelas relativas a 12/2002 a 11/2003 estariam sujeitas a decadência, pois que antecedem o quinquênio anterior ao lançamento, a 9ª Turma DRJ/RPO entendeu pela não caracterização do instituto, em razão da inexistência de pagamento antecipado e constatação de fraude fiscal. Abaixo, trecho do acórdão da DRJ/RPO: “Não ocorrendo qualquer pagamento relativo à obrigação ou no caso de comprovação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, contase o mesmo prazo de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos moldes do artigo 173, I, do CTN.” 4. No caso tela, em se tratando de contribuição previdenciária cujo lançamento se dá por homologação, disciplina o artigo 150, §4 do CTN: "§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." 5. Nessa perspectiva, observo que de fato não há qualquer prova do pagamento antecipado do tributo lançado, além de que restou caracterizada a fraude e simulação contra a Fazenda, razão pela qual a contagem do prazo decadencial de cinco anos iniciase no exercício seguinte àquele em que a Fazenda poderia efetuar o lançamento, nos Fl. 818DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 819 12 termos do art. 173, inciso I, do CTN, daí porque, ainda que o presente feito tenha sido instaurado em 11/2008, a alegação de decadência do direito de cobrança dos valores relativos às competências de 12/2002 a 11/2003 não merece acolhida. DA INCONSTITUCIONALIDADE 6. Quanto à preliminar de inconstitucionalidade suscitada pelo recorrente João Pereira Fraga, o qual invoca jurisprudência do STF no RE 363852/MG, observo que o referido decisum não se aplica ao caso em análise, haja vista que o lançamento tributário ora impugnado trata da totalidade das contribuições sociais devidas pela empresa que sustenta atividade agroindustrial, nada tendo a ver com as contribuições específicas de que trata o art. 25, incisos I e II, da Lei nº. 8.212/91 (FUNRURAL), efetivamente declaradas inconstitucionais por aquela corte. 7. Assim, consta do relatório fiscal (fls. 213), o crédito tributário ora constituído "(...) referese ao lançamento das contribuições destinadas a Outras Entidades e Fundos, (Salário Educação, Sesi, Senai, lncra e Sebrae), incidentes sobre remuneração pagas/devidas/creditadas a segurados empregados constantes em folha de pagamentos de salários e sobre valores pagos a titulo de cestas básicas conforme contabilidade e notas fiscais. Também integram este Auto de Infração contribuições destinadas ao SEST/SENAT nos termos do artigo 79, § 5 0 , da Instrução Normativa SRP n° 03/2005, incidente sobre os valores dos serviços de transporte efetuados por contribuintes individuais.", razão pela qual não há qualquer inconstitucionalidade declarada relativamente a tal dispositivo legal. 8. Ademais, conforme entendimento sumulado (Súmula n.º 02/CARF): “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” 9. Diante disso, resta prejudicada as alegações da recorrente quanto à inconstitucionalidade do lançamento. DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO 10. No que se refere à preliminar suscitada por João Pereira Fraga, relativa à falta de especificação ou clareza das rubricas contábeis utilizadas pela autoridade fiscal para efetuar lançamento, cumpre ressaltar que a apuração dos valores devidos ao fisco foi realizada em se considerando a totalidade da receita bruta de faturamento da autuada, nos termos do art. 30, da Lei nº 8.212/91, demonstrados em planilhas lastreadas em documentação anexada ao relatório fiscal, tais como notas fiscais, faturamentos, produto final da venda e comercialização, etc. 11. Nesta senda, não há que se falar em falta de clareza do Relatório Fiscal, nem tampouco em cerceamento do direito de defesa pela não especificação dos elementos que compõem a base de cálculo do lançamento efetuado, uma vez que, demonstrados todos os valores utilizados pelo fisco em planilha anexa ao auto de infração, o contribuinte deve realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, qualquer inconsistência ou falta de documentação contábil que fundamente o lançamento. Fl. 819DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 820 13 12. No que tange às alegações trazidas em sede de recurso voluntário interposto em conjunto por Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Industrias Reunidas e CM4 Participações, suscitam os recorrentes a existência de nulidade dos autos de infração ora impugnados por serem ilegais e se utilizarem exclusivamente documentos probatórios de inquérito policial, os quais não foram apreciados em processo judicial e submetidos ao crivo do contraditório e ampla defesa, razão pela qual seriam nulos. 13. Entretanto, muito embora a autoridade fiscal tenha se utilizado de informações fornecidas pela Polícia Federal, não há qualquer vedação legal para análise de fatos apurados por outros órgãos fiscalizadores, razão pela qual a Administração Publica não pode se omitir de apurar todas as situações constituintes do fato gerador, contemplando o interesse público e o princípio da verdade material. 14. A propósito do tema, manifestouse o STF: "PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos. (STF InqQO: 2424 RJ , Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 25/04/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe087 DIVULG 23082007 PUBLIC 24082007 DJ 2408 2007 PP00055 EMENT VOL0228601 PP00109)." 15. Além disso, no que se refere à alegação de cerceamento de defesa, imperioso destacar que o contribuinte poderia e deveria promover impugnação dos fatos apurados pela autoridade fiscal no presente processo administrativo, daí porque, havendo possibilidade de impugnação das provas e fatos imputados ao contribuinte ao longo do processo fiscal, resta insubsistente a alegação de cerceamento de defesa. 16. Ressaltese ainda que, em se tratando de apuração de responsabilização passiva solidária, a autoridade fiscal deve utilizar documentos que atestem a existência de atividades conjuntas ou relações de prestações de serviço mútuo que comprovem a persecução de objeto comum por diversas pessoas jurídicas, constatandose, por conseguinte, a existência de grupo econômico de fato e, consequentemente, interesse comum, nos termos do artigo 135, do CTN. 17. No caso em tela, todos os documentos que fundamentam o lançamento tributário e a atribuição de responsabilidade passiva solidária estão devidamente descritos nos anexos I e II dos autos (relatório de grupo econômico), os quais foram entregues a cada uma das autuadas, juntamente com termo de sujeição passiva solidária (fls. 609/636), razão pela Fl. 820DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 821 14 qual entendo que os autos de infração lavrados contra as recorrentes preenchem os requisitos elencados no art. 10, do Decreto nº. 70.235/72. DO MÉRITO DA MATÉRIA NÃO IMPUGNADA 18. Superadas as questões preliminares relativas à validade e legalidade dos autos de infração, observo que, no mérito restante, nenhum dos contribuintes promoveu impugnação específica a qualquer dos valores ou rubricas discriminados nos autos de infração, restando caracterizada a preclusão. 19. Dessa forma, considerando a generalidade do recurso, que repetiu os mesmos termos contidos na impugnação, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. 20. Sobre o tema, trago jurisprudência deste Conselho: "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao Conselho de Contribuintes apreciála (Decreto no 70.235/72, art. 17, com a redação dada pelo art. 67 da Lei no 9.532/97). Processo nº. : 10280.004214/200280 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NO PRAZO PRECLUSÃO NÃO INSTAURAÇÃO DO CONTENCIOSO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante no prazo legal. O contencioso administrativo fiscal só se instaura em relação àquilo que foi expressamente contestado na impugnação apresentada de forma tempestiva. Processo nº. 35464.002340/200604 MATÉRIA PRECLUSA – Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. Processo nº. : 15374.004371/200189 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – Nos termos do art. 17 do Decreto 70235/72, a matéria não contestada pelo sujeito passivo está fora do litígio e o crédito tributário a ela relativo tornase consolidado. Processo nº.: 11516.001652/2005 91 RECURSO VOLUNTÁRIO – MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – é preclusa a discussão em sede recursal de matéria para a qual não houve impugnação, tendo como efeito a Fl. 821DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 822 15 constituição definitiva do crédito tributário no âmbito administrativo. Processo nº. : 10980.008007/200398 MATÉRIA INCONTROVERSA. Considerase incontroversa a matéria objeto de recurso, quando não impugnada em primeiro grau. Processo nº. : 10540.000616/200388." 21. Resta, portanto, apenas a análise do conjunto probatório trazido aos autos, com fins de apuração de legitimidade e responsabilidade passiva solidária das empresas autuadas. LEGITIMIDADE PASSIVA. 22. Em análise à documentação trazida, observo que restou incontroverso a legitimidade passiva da principal autuada, COPERFRIGO ATC LTDA., no que se refere às contribuições previdenciárias e sociais devidas, apuradas entre 12/2002 e 06/2008. 23. Tal se dá porque, conforme apurado pela Receita Federal e em investigação da Polícia Federal, a empresa COFERFRIGO, por meio de seus administradores de fato, utilizouse de artifícios contáveis e fraudes fiscais, promovendo a criação de diversas pessoas jurídicas titularizadas por interpostas pessoas, as quais contribuíram para a consecução da atividade fim, fornecendo mão de obra, arrendando instalações e até mesmo exercendo a atividade extrativista agroindustrial, objetivando pura e simplesmente o não recolhimento do imposto devido. 24. Além disso, a principal autuada não ofereceu qualquer impugnação ao lançamento efetuado, restando caracterizada a revelia. Nos termos do art. 21, do Decreto nº 70.235, de 1972. 25. Apenas os autuados e João Pereira Fraga, Lucélia Aparecida Nunes, Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Indústrias Reunidas Ltda. e CM4 Participações Ltda., ofereceram contestação ao lançamento, razão pela qual será analisada a responsabilidade solidária apenas em relação a eles. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOA JURÍDICA 26. De fato, o instituto da responsabilidade solidária consta expressamente no art. 30 da Lei nº. 8.212/91, relativamente a empresas que compõem mesmo grupo econômico. 27. Por sua vez, quanto à necessidade de definição de grupo econômico, com fins de apuração de solidariedade passiva relativa a contribuições devidas à Seguridade social, temse que o conceito mais abrangente e adequado ao fim almejado encontrase estipulado na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, conforme o parágrafo 2º do artigo 2º, in verbis: “Art.2º. Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Fl. 822DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 823 16 § 2. Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica, própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” 28. Nesse aspecto, a existência de grupo econômico deve ser demonstrada por meio das relações de fato ou de direito entre as empresas autuadas, de forma a configurar interesse comum na situação constituinte do fato gerador, bem como deve ser demonstrada a existência de administração central ou preeminência de um grupo com poderes decisórios sobre os demais. 29. No presente caso, observase que as empresas recorrentes CM4 Participações e Indústrias Reunidas CMA, únicas empresas a apresentarem recurso voluntário, abrigavam o núcleo administrativo do grupo econômico, ou o centro decisório, tendo seu capital constituído pelo patrimônio da família Mozaquatro, a qual promovia e gerenciava o esquema de sonegação fiscal, conforme demonstram as documentações colhidas pelo fisco e as informações apuradas pela Polícia Federal. 30. Tais empresas, ostensivas do grupo Mozaquatro, participavam ativamente da atividade desempenhada pelo grupo econômico, tendo diversas instalações arrendadas a outras empresas do grupo, estas últimas constituídas por pessoas interpostas (laranjas), com fins de desempenhar a atividade agroindustrial fim e eximir as empresas arrendadoras da responsabilidade pelo recolhimento do tributo devido. 31. Dessa forma, caracterizada a existência de atividade conjunta na persecução de objetivo comum, bem como havendo administração única, entendo que razão assiste à autoridade fiscal na atribuição de responsabilidade solidária às recorrentes. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOAS FÍSICAS 32. Por sua vez, no que se refere à responsabilização solidária de pessoas físicas, disciplina o art. 135 do CTN: "São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." Fl. 823DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 824 17 33. A respeito do tema, o e. STF, ao analisar o artigo 135 do CTN, no RE nº 562.276/PR, estabelece que os gestores ou administradores das pessoas jurídicas somente serão pessoalmente responsabilizados se incorrerem em violação de contrato social, excedendo seus poderes de gestão, ou ainda quando na violação ou infração de lei. 34. Assim, verificase que, havendo comprovada pratica de atos em infração à lei tributária, claramente objetivando a fraude fiscal, caracterizada está à responsabilidade dos administradores das empresas do grupo econômico. 35. No caso em comento, tendo em vista suas peculiaridades, cabem considerações sobre o papel dos autuados pessoas físicas, haja vista se tratar de administradores e operados de do grupo econômico de fato. NÚCLEO MOZAQUATRO 36. Conforme relatório de grupo econômico (cf. fls. 3.881 do Vol. XXI, do Anexo II), o grupo da família Mozaquatro foi gerenciador e beneficiário direto do esquema de fraude contra o fisco, sendo constituído por Alfeu Mozaquatro, principal líder e articulador do esquema, bem como por Marcelo Mozaquatro e Patrícia Mozaquatro, todos detentores de parte do capital social, ou ainda apenas administradores das empresas ostensivas do grupo, tais como CM4 Participações e Industrias Reunidas. 37. O papel de gerência foi evidenciado pelas investigações da Polícia Federal, bem como pela auditoria realizada pela Receita, na qual foram analisados extratos de movimentações bancárias, notas fiscais emitidas em nome de laranjas e entregues à família Mozaquatro para conferência e contabilidade, arquivos magnéticos em posse dos investigados, nos quais se evidenciava relatórios contábeis das diversas empresas do grupo econômico, inquérito policial que indicava o acesso dos participantes do grupo às contas bancárias das diversas empresas envolvidas no esquema etc. 38. Assim, atuando como administradores e principais beneficiários das receitas obtidas pelo grupo econômico, bem como configurada a fraude fiscal em violação da lei tributária, caracterizada está a solidariedade passiva, nos termos dos artigos 135, inciso III e 116, parágrafo único, do Código tributário Nacional. JOÃO PEREIRA FRAGA 39. Em sede de recurso voluntário, as alegações da defesa de João Pereira Fraga (espólio) se dão no sentido de que, diferentemente das outras empresas criadas com interpostas pessoas, a empresa COFERCARNES e seu sócio administrador João Pereira Fraga gozavam de autonomia em relação ao grupo econômico, afirmando que as relações entre o autuado solidário e o grupo Mozaquatro eram meramente contratuais, não prolongadas por mais de oito meses, havendo inclusive pedido extrajudicial destinado à COPERFRIGO para que esta desocupasse as instalações arrendadas pela COFERCARNES. 40. Entretanto, em análise ao conjunto probatório trazido aos autos (cf. fls. 4.086 do Vol. XXI, do Anexo II PAF 16004.001445/200872), observo que dentre a documentação apurada pela Receita Federal foram encontrados: a) notas fiscais das empresas do grupo Mozaquatro e das demais empresas que compunham o grupo econômico, nas quais foi constatada existência de assinatura de João Pereira Fraga; b) cheques em branco, assinados por sócios administradores das empresas do referido grupo econômico e entregues à pessoa de Fl. 824DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 825 18 João Pereira Fraga; e por fim c) extratos de movimentações bancárias de contas do grupo econômico; bem como d) informações apuradas pela Polícia Federal evidenciando que o autuado tinha acesso a diversas contas bancárias das empresas do grupo econômico (cf. fls. 496 do relatório de grupo econômico, anexo I), evidenciando que João Pereira Fraga era de fato um dos gerenciadores do esquema de sonegação fiscal. 41. Dessa forma, é de se concluir que a autonomia exercida por João Pereira Fraga decorre de seu papel central na administração do esquema do grupo Mozaquatro, devendolhe ser atribuída a responsabilidade solidária. 42. Sob esse aspecto, as alegações de que o referido contribuinte não compunha os quadros societários das empresas participantes do grupo econômico e que, portanto, não poderia ser considerado responsável pelos débitos de uma pessoa jurídica que não lhe pertencia não merecem prosperar, haja vista que a responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento e gestão realizado em contexto de violação da lei, o que caracteriza o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, daí porque, nos termos do artigo 124, inciso I, do CTN, é correta a imputação de responsabilidade passiva solidária a JOÃO FRAGA, uma vez que figurava como beneficiário e administrador do grupo econômico em questão. 43. Concluindo no particular, a responsabilização de pessoa física decorrente da gerência exercida em contexto de fraude fiscal, ainda que administrador de fato, destinase a garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram diretamente do produto de sonegação, agindo em conluio, conforme definição constante no art.73 da Lei nº. 4.502/64. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA 44. No que se refere ao recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda (fls. 1037/1038), tida nominalmente como sócia administradora de uma das autuadas solidárias, observo que não há prova nos autos de sua participação efetiva no esquema de sonegação fiscal, nem tampouco há qualquer evidencia de sua condição de administradora de fato do grupo econômico ou qualquer atuação em excesso de poder ou infração à lei que possa ensejar sua responsabilização enquanto pessoa física, nos termos do art. 135 e incisos, do CTN, além de que não consta nos autos termo de sujeição passiva solidária, razão pela qual a recorrente não integra de fato o polo passivo da presente demanda, não havendo o que se falar em sua responsabilização pelo débito apurado. 45. Portanto, não conheço do recurso apresentado por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda por falta de legitimidade passiva (ausência do termo de sujeição passiva, bem como do relatório de corresponsável). Fl. 825DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001450/200885 Acórdão n.º 2402004.789 S2C4T2 Fl. 826 19 CONCLUSÃO 46. Por todo o exposto, não conheço do recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, conheço dos recursos apresentados pelos demais sujeitos passivos, para, no mérito, negarlhes provimento, mantendo o lançamento nos termos da decisão de primeira instância. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 826DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10865.000413/2009-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 08 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Sep 11 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1401-000.273
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência AVOCANDO o processo nº 10865.003375/2008-71, para serem julgados conjuntamente, em função da conexão, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Presidente para Formalização do Acórdão
(assinado digitalmente)
Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator
Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 04/09/2015.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Fernando Luiz Gomes de Mattos, Antonio Bezerra Neto, Sergio Luiz Bezerra Presta, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira e Roberto Armond Ferreira da Silva. Ausentes justificadamente os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias.
Nome do relator: FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência AVOCANDO o processo nº 10865.003375/200871, para serem julgados conjuntamente, em função da conexão, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Presidente para Formalização do Acórdão (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Considerando que o Presidente à época do Julgamento não compõe o quadro de Conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) na data da formalização da decisão, e as atribuições dos Presidentes de Câmara previstas no Anexo II do RICARF (Regimento Interno do CARF), a presente decisão é assinada pelo Presidente da 4ª Câmara/1ª Seção André Mendes de Moura em 04/09/2015. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Fernando Luiz Gomes de Mattos, Antonio Bezerra Neto, Sergio Luiz Bezerra Presta, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira e Roberto Armond Ferreira da Silva. Ausentes justificadamente os Conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .0 00 41 3/ 20 09 -1 4 Fl. 1395DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 0 4/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10865.000413/200914 Resolução nº 1401000.273 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de exigência de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, decorrente de omissão de receitas. A contribuinte foi excluída do Simples a partir de 01/01/2004, consoante Ato Declaratório DRF/LIM nº 18, de 06/10 /2008 (fl. 688). A 5ª Turma da DRJ/POR, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte, por meio de Acórdão assim ementado, fls. 1452: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM. Por presunção legal contida na Lei 9.430, de 27/12/1996, art. 42, os depósitos efetuados em conta bancária, cuja origem dos recursos depositados não tenha sido comprovada pelo contribuinte mediante apresentação de documentação hábil e idônea, caracterizam omissão de receita. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. APLICABILIDADE. A prática reiterada da contribuinte de não registrar no livro Caixa a sua movimentação financeira e de declarar pelo SIMPLES em vários anos sucessivos, quando, na verdade, a receita auferida é superior ao limite para permanência no referido sistema e muito superior a receita declarada., não deixa dúvida da intenção da contribuinte de ocultar a obrigação tributária principal e de se beneficiar, indevidamente, do Simples, caracterizando evidente intuito de fraude, que implica na qualificação da multa de oficio. ARBITRAMENTO. Justificase o arbitramento quando a escrituração apresentada pelo contribuinte contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, ou determinar o lucro real. AUTOS REFLEXOS. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos, implicam na obrigatoriedade de constituição dos respectivos créditos tributários. A decisão quanto à Fl. 1396DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 0 4/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 10865.000413/200914 Resolução nº 1401000.273 S1C4T1 Fl. 4 3 ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Em sua peça recursal, assim se manifestou a recorrente, fls. 1479: Ab initio, em que pese o preclaro órgão julgador de 1ª instância destacar que "em razão da exclusão da empresa do Simples a partir de 01/01/2004, consoante Ato Declaratório DRF/LIM nº 18, de 06/10/2008 (fl. 688), contra o qual não consta ter havido manifestação de inconformidade, a contribuinte passou a ficar sujeita a partir de 01/01/2004 às normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas..." , a mesma carece de seus fundamentos, tendo em vista as razões defensórias devidamente apresentadas nos autos do referido Processo Administrativo Fiscal n.2 10865.003375/200871, conforme documento anexo a presente exordial. Tendo em vista que aos presentes autos trata de AIIM's lançados com base no arbitramento dos lucros da contribuinte, considerando já a exclusão do SIMPLES desta, demonstrase de forma in contesti (sic) a conexão entre os dois procedimentos administrativos, razão pela qual requer seja deferido o sobrestamento do presente feito até que se finde o PAF nº. 10865.003375/200871. É o sucinto relatório. Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos Relator Compulsando os autos e consultando o sistema eProcesso, constato que a exclusão da contribuinte do Simples, objeto do processo administrativo nº. 10865.003375/200871, efetivamente ainda está pendente de decisão final por parte deste CARF. Considerando que a decisão a ser proferida no presente processo depende integralmente do que restar decidido no retrocitado processo 10865.003375/200871, proponho a conversão do presente julgamento em diligência, para AVOCAR o processo nº 10865.003375/200871, para que os dois feitos sejam julgados conjuntamente, em função da conexão. É como voto. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos Fl. 1397DF CARF MF Impresso em 11/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS, Assinado digitalmente em 0 4/09/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 01/09/2015 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720424/2012-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. DECORRÊNCIA.
Tratando-se de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicam-se aos demais tributos, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos do lançamento primário.
PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF.
Declarada a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em acórdão transitado em julgado e exarado em sessão plenária pelo Supremo Tribunal Federal, que, inclusive, reconheceu a repercussão geral da matéria em questão, impõe-se, em observância às normas do processo administrativo, afastar a exigência de Pis e Cofins sobre receitas financeiras.
MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA.
A imposição da multa agravada pelo não atendimento da fiscalizada às Intimações Fiscais requer que o contribuinte não concorra em nada para atender a fiscalização.
A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros (Súmula CARF nº 96).
Numero da decisão: 1201-001.349
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício, reduzindo-a para 75%. Vencidos o Relator e o Presidente que lhe negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro João Figueiredo.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator
(documento assinado digitalmente)
João Carlos de Figueiredo Neto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, Gilberto Baptista, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. DECORRÊNCIA. Tratando-se de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicam-se aos demais tributos, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos do lançamento primário. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. Declarada a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em acórdão transitado em julgado e exarado em sessão plenária pelo Supremo Tribunal Federal, que, inclusive, reconheceu a repercussão geral da matéria em questão, impõe-se, em observância às normas do processo administrativo, afastar a exigência de Pis e Cofins sobre receitas financeiras. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. A imposição da multa agravada pelo não atendimento da fiscalizada às Intimações Fiscais requer que o contribuinte não concorra em nada para atender a fiscalização. A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros (Súmula CARF nº 96).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2404; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720424/201251 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1201001.349 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de fevereiro de 2016 Matéria Auto de Infração Recorrentes THERMOPRAT INDUSTRIA E COMERCIO DE EMBALAGENS LTDA. FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa do contribuinte. Descabe a alegação de nulidade quando não existirem no processo atos insanáveis, ainda mais quando comprovado que a autoridade lançadora observou, durante os trabalhos de auditoria, os procedimentos previstos na legislação tributária. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório quando o sujeito passivo demonstra ter pleno conhecimento dos fatos imputados pela fiscalização bem como da legislação tributária aplicável, exercendo seu direito de defesa de forma efetiva no processo. NORMA EM VIGOR. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE. IMPEDIMENTO. A existência de veículos normativos vigentes, como a Lei Complementar n. 105/2001, impede que se decida de forma a contrariar seus preceitos, nos termos da Súmula n. 2 deste Conselho. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 LUCRO ARBITRADO. IMPRESTABILIDADE DOS LIVROS DE ESCRITURAÇÃO OBRIGATÓRIA. POSSIBILIDADE. Quando a escrituração contábil não é mantida na forma da legislação de regência, deixando de abranger todos os atos e operações relativos à atividade, nos quais se incluem a totalidade da movimentação financeira, sujeitase a pessoa jurídica ao arbitramento do lucro. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 04 24 /2 01 2- 51 Fl. 9077DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 3 2 Evidencia omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. MULTA DE OFÍCIO AGRAVADA. A imposição da multa agravada pelo não atendimento da fiscalizada às Intimações Fiscais requer que o contribuinte não concorra em nada para atender a fiscalização. A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros (Súmula CARF nº 96). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. DECORRÊNCIA. Tratandose de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicamse aos demais tributos, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos do lançamento primário. PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. INCONSTITUCIONALIDADE RECONHECIDA PELO STF. Declarada a inconstitucionalidade do parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, em acórdão transitado em julgado e exarado em sessão plenária pelo Supremo Tribunal Federal, que, inclusive, reconheceu a repercussão geral da matéria em questão, impõese, em observância às normas do processo administrativo, afastar a exigência de Pis e Cofins sobre receitas financeiras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício, reduzindoa para 75%. Vencidos o Relator e o Presidente que lhe negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro João Figueiredo. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator (documento assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Redator designado Fl. 9078DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 4 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, Gilberto Baptista, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Autos de Infração relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e às Contribuições para o Programa de Integração Social e para o Financiamento da Seguridade Social, lavrados em 26/11/2012, com a exigência de crédito tributário no total de R$ 13.788.936,99, incluídos o principal acrescido de multa de ofício agravada (112,5%) e juros de mora calculados até 31/10/2012, em razão da constatação de omissão de receitas, decorrente de depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, no anocalendário de 2008. A majoração da penalidade ocorreu pela falta de atendimento às intimações para a apresentação dos arquivos digitais. As irregularidades foram discriminadas no Termo de Verificação Fiscal nº 0001, que acompanha os autos de infração, cujos trechos mais relevantes transcrevemos a seguir: O início do presente procedimento fiscal deuse através do Termo de Início do Procedimento Fiscal, cuja ciência pessoal foi dada ao sócio, Sr. Luiz Roberto Lima de Moraes, inscrito no CPF sob n° 006.463.42800, aos 18 de outubro de 2011, no próprio domicílio fiscal do contribuinte. Não havendo manifestação, o contribuinte foi reintimado mediante o Termo de Reintimação Fiscal n° 0001, cuja ciência ocorreu no dia 9 de dezembro de 2011, de acordo com o Aviso de Recebimentos (AR) dos Correios. Tendo em vista a falta de resposta por parte do contribuinte, esta Auditoria Fiscal reintimouo, pessoalmente, através do Termo de Reintimação Fiscal n° 0002, na data de 19 de dezembro de 2011. Em resposta apresentada no dia 17 de janeiro de 2012, o contribuinte alegou não possuir a escrituração contábil e fiscal em virtude das dificuldades financeiras ocorridas no ano calendário sob fiscalização, e declarou que tomaria providências para elaborálas. Na mesma ocasião, apresentou extratos bancários de contas mantidas no ano de 2008. Em virtude da falta de apresentação de alguns extratos bancários e da indispensabilidade do exame de todos os extratos para o prosseguimento da ação fiscal, o contribuinte foi reintimado mediante o Termo de Reintimação Fiscal n° 0003, a apresentálos em sua totalidade, e foi cientificado de que caso não os apresentasse seriam requisitados administrativamente às instituições financeiras por intermédio da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira RMF. Fl. 9079DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 5 4 Novamente, foi reintimado a apresentar a escrituração contábil e fiscal, em consonância com o que dispõe os arts. 258, 260 e 264 do RIR/99, bem ainda os arquivos digitais contábeis. No dia 15 de fevereiro de 2012, em resposta, o contribuinte alegou que acreditava ter entregado todos os extratos e consentiu que fossem requisitados administrativamente por esta Auditoria Fiscal. Outrossim, informou que contratara a consultoria empresarial denominada Jacob, Freitas & Barros Associados para providenciar a escrituração contábil e fiscal, inclusive os arquivos digitais contábeis. Ante o não fornecimento de todos os extratos bancários, os mesmos foram requisitados administrativamente mediante RMF para as instituições financeiras no dia 29 de fevereiro de 2012. Na data de 15 de março de 2012, o Sr. Luiz Roberto Lima de Moraes, sócio da fiscalizada,compareceu a esta Delegacia da Receita Federal do Brasil, juntamente com a equipe de consultoria empresarial contratada para solicitar prazo suplementar de 60 ( sessenta ) dias para apresentação da escrituração exigida há 5 ( cinco ) meses. Desta forma, o contribuinte foi reintimado através do Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal n° 0004, cuja ciência se deu no dia 22 de março de 2012, conforme AR dos Correios, a apresentar a escrituração ora exigida, e foi cientificado que a persistência na omissão ensejaria o arbitramento do lucro para efeito de apuração do IRPJ, com a consequente transição para o regime de apuração cumulativo da Contribuição para o PIS e da Cofins. No dia 26 de abril de 2012, foi entregue uma numerosa quantidade de documentos, livros e caixas. No dia 3 de maio de 2012, foram entregues neste Serviço de Fiscalização os Livros Diário e Razão. Contudo, verificouse que os aludidos Livros Diário e Razão não continham Termos de Abertura e de Encerramento, os Livros Diários não haviam sido submetidos à autenticação no órgão competente, a sua numeração não estava sequencial, bem ainda não havia lançamento do Balanço Patrimonial e do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Mediante o Termo de Constatação e de Reintimação Fiscal n° 0005, recebida pelo contribuinte no dia 17 de maio de 2012, conforme AR dos Correios, mais uma vez, o contribuinte foi reintimado a apresentar a escrituração contábil e fiscal em consonância com a legislação comercial pertinente. Em resposta datada de 22 de maio de 2012, o contribuinte apresentou alegações relativas à escrituração dos Livros Diário e LALUR. Fl. 9080DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 6 5 Mediante o Termo de Devolução de Documentos n° 0001, os Livros Diário e Razão foram devolvidos ao contribuinte na data de 24 de maio de 2012, para que fossem corrigidos e reapresentados a esta Auditoria Fiscal, juntamente com os Livros Registro de Entradas e de Apuração do Lucro Real, bem ainda os arquivos digitais contábeis, todos ainda não apresentados. Não havendo qualquer manifestação, reintimouse o contribuinte através do Termo de Reintimação Fiscal n° 0006, cuja ciência se deu no dia 13 de julho de 2012, de acordo com o AR dos Correios, a apresentar a escrituração contábil, fiscal e arquivos digitais contábeis. Foi novamente alertado de que a falta de entrega da escrituração ensejaria arbitramento do lucro para efeito de apuração do IRPJ, com a consequente transição para o regime de apuração cumulativo da Contribuição para o PIS e da Cofins. A todo tempo, o contribuinte foi advertido da sua obrigação em manter a escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, conforme estabelecem os arts. 258 e 259 do RIR/99. Finalmente, no dia 3 de agosto de 2012, os Livros Diário e Razão foram apresentados. No curso do procedimento fiscal, constatou esta Auditoria Fiscal que os Livros Registro de Saídas ditos entregues pelo contribuinte tratavamse, na verdade, de notas fiscais de saída encadernadas. Desta forma, tendo em vista que os Livros Registro de Entradas e Registro de Saídas não haviam sido entregues, o contribuinte foi reintimado a apresentálos, juntamente com o Livro Registro de Inventário, através do Termo de Reintimação Fiscal n° 0007, recebido no dia 10 de setembro de 2012, conforme AR dos Correios. Da análise dos Livros Diário e Razão, esta Auditoria Fiscal constatou, pelo método de amostragem, diversos lançamentos a débito na conta “Caixa” (conta contábil n° 111018), com histórico “Vlr. Ref. Cheque n...”, tendo como contrapartida a crédito na conta de diversos “Bancos”, cujos históricos nos extratos bancários dessas instituições financeiras estão como “cheque compensado”, “pagamentos cheque”, “pagamentos de contas”, entre outros. Contudo, não há lançamentos de pagamentos ou de saídas correspondentes escriturados. Desta forma, o contribuinte foi intimado, através do Termo de Intimação Fiscal n° 0008, a esclarecer tais lançamentos e divergências, comprovando suas alegações mediante indicação precisa na escrituração, bem ainda documentos hábeis e idôneos. Outrossim, foram verificados vários lançamentos a crédito na conta “Caixa” ( conta contábil n° 111018 ), com histórico “N/Pgto Ref. Desp. Divs” ou “N/Pgto Ref. Pgtos Diversos”, Fl. 9081DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 7 6 “N/Pgto Ref...” e a débito “Div”, cuja conta de contrapartida não está escriturada. Por tais razões, o contribuinte foi intimado a esclarecer do que se tratavam esses lançamentos e pagamentos, bem como a abrir os lançamentos denominados “Div” de forma a demonstrar como estão compostos, e indicar precisamente onde e como estão escriturados. Em prosseguimento à ação fiscal em curso, o contribuinte foi intimado através do Termo de Intimação Fiscal n° 0009, cuja ciência deuse no dia 8 de outubro de 2012, a identificar no Livro Diário exatamente onde estavam escriturados os depósitos/créditos bancários relacionados por esta Auditoria Fiscal, bem como a apresentar documentação hábil e idônea comprobatória da origem dos recursos utilizados nessas operações. Tendo encerrado a análise de todos os extratos bancários das contas mantidas pelo contribuinte no ano sob fiscalização, esta Auditoria Fiscal relacionou os depósitos/créditos bancários para comprovação da origem desses recursos através do Termo de Intimação Fiscal n° 0010, recebida pelo contribuinte no dia 17 de outubro de 2012, conforme AR dos Correios. Até a presente data não houve qualquer manifestação do contribuinte. Após extensa análise da documentação e dos extratos bancários, a autoridade lançadora lavrou os respectivos Autos de Infração, mediante arbitramento do lucro, com a consequente transição para o regime de apuração cumulativo da Contribuição para o PIS e da Cofins, baseada nos seguintes argumentos: Convém ressaltar que, decorridos 13 (treze ) meses da primeira intimação, concedidos extensos prazos e diversas oportunidades para regularizar a escrituração contábil e fiscal, o contribuinte sequer entregou os livros a que está obrigado a manter em observância às disposições legais. Pelas razões expostas em itens precedentes, e com base no art. 530, I e II do RIR/99, abaixo transcrito, constatouse que o contribuinte não manteve a escrituração a que estava obrigado na forma das leis comerciais e fiscais, outrossim, a escrituração apresentada revelou evidentes indícios de fraude e vícios que a tornaram imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira e determinar o lucro real, restando inevitável a apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) com base nos critérios do lucro arbitrado. As infrações apuradas se referem, basicamente, a: Falta de apresentação de documentos obrigatórios; Depósitos e/ou Créditos Bancários à Margem da Escrituração Contábil; Fl. 9082DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 8 7 Depósitos ou Créditos Bancários sem Comprovação da Origem Omissão de Receita. Intimada dos lançamentos, a empresa apresentou impugnações, uma para cada tributo, nas quais, em síntese, apresentou os seguintes argumentos, conforme relato da decisão recorrida: Requer a nulidade do feito, em razão da imposição se basear em meros indícios, inexistindo motivação para sustentar os lançamentos. Argumenta que a fiscalização deve demonstrar os fatos, exigindo a tributação em conformidade com a lei. Diz que, existente documentação contábil e fiscal com dados suficientes para a apuração do lucro real, a ponto de propiciar a apresentação de DIPJ, como reconhecido pela própria D. Fiscalização, não há porque arbitrar lucro, medida reconhecidamente extrema e que, por conta disso, não pode ser adotada indiscriminadamente, reclamando motivação sólida e comprovada. Acusa que a descrição dos fatos é falha, incompleta, resumindose em afirmar a falta de apresentação dos documentos contábeis e fiscais no prazo, bem como que estes não estariam revestidos das formalidades legais capazes de assegurar sua exatidão. Argumenta que a fiscalização não trouxe qualquer comentário, esclarecimento ou questionamento quanto aos fatos contábeis retratados nos documentos juntados ainda que extemporaneamente. Entende que a fiscalização deveria demonstrar de forma clara, detalhada e circunstanciada a inutilidade dos documentos, sob pena de ofensa ao direito à ampla defesa da contribuinte. Além disso, acrescenta que a movimentação financeira espelhada em extratos bancários é mero indício, prestandose, tão somente, a autorizar o aprofundamento da investigação visando vincular e apurar possível omissão de receita. Acusa a obtenção de prova de forma ilícita, mediante violação ao sigilo bancário, o que também vicia a autuação, diante da inconstitucionalidade do procedimento adotado. Voltandose ao art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, defende a impossibilidade de arbitramento com base em movimentações bancárias, pois “referida norma há que ser interpretada em consonância com a Constituição Federal e, principalmente, com a legislação complementar, especificamente os artigos 43, que regula a exigência do imposto de renda, e 142, que trata do dever de investigação e prova inserido no conceito de lançamento, ambos do Código Tributário Nacional”. Diz que o arbítrio da autoridade fiscal se torna mais evidente quando o próprio Termo de Verificação Fiscal registra a prestação de informações pela contribuinte e a apresentação dos livros Diário, Razão, Notas Fiscais de Saída, relatório contábil, além da DIPJ. Fl. 9083DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 9 8 Acerca do arbitramento, propriamente dito, utilizando o mesmo raciocínio, também não aceita o procedimento, fundado nos artigos 15 e 16 da Lei n° 9.249, de 1995, e art. 27 da Lei n° 9.430, de 1996. Quanto à multa, aplicada no percentual de 112,5%, entende arbitrária a imposição, “levandose em consideração que a Requerente envidou esforços para atender às exigências da fiscalização sem criar qualquer entrave ou obstáculo para a apuração dos fatos ensejadores da imposição questionada”. Ademais, acusa que a penalidade supera, em muito, o valor do próprio tributo, caracterizando autêntico confisco, devendo ser cancelada. Especificamente acerca do PIS e da Cofins, diz serem ilegais e inconstitucionais os lançamentos correspondentes, ainda que se considere plausível o arbitramento e a exigência no regime cumulativo, pois inexiste embasamento legal para justificar a incidência sobre o montante apurado com base nas supostas movimentações financeiras desprovidas de origem. Em sessão de 19 de março de 2013, a 4a Turma da Delegacia de Julgamento de Campinas, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a impugnação, para manter em parte as exigências fiscais trazidas a litígio, diante da exclusão da base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da Cofins das receitas operacionais escrituradas no livro Diário (R$ 30.887.724,48), bem como diante da exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins das receitas financeiras escrituradas no livro Diário (R$ 1.718,46), conforme demonstrativo anexo ao voto. Da decisão foi apresentado Recurso de Ofício, por força do limite de alçada. Por seu turno, a interessada interpôs Recurso Voluntário, no qual repetiu, basicamente, os argumentos da impugnação. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. A Recorrente alega nulidade nos lançamentos porque o arbitramento foi, no seu entender, utilizado sem base sustentável, apenas em razão de meros indícios, o que violaria a necessidade de fundamentação dos atos administrativos. Fl. 9084DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 10 9 Como já anotado na decisão de 1a instância, as nulidades do processo administrativo ocorrem nas hipóteses do artigo 59 do Decreto n. 70.235/72, abaixo transcrito: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. A leitura dos autos nos leva a concluir que não ocorreu qualquer das hipóteses previstas no dispositivo, pois não se questiona a competência da autoridade lançadora nem tampouco se vislumbra qualquer ofensa ao direito de ampla defesa, que foi exercido, sem qualquer ressalva, pela ora Recorrente. No que tange às alegações sobre o arbitramento, entendo que se trata de questão de mérito, que será analisada mais adiante. Também não devem prosperar as alegações de violação ao sigilo bancário. Consta dos autos, expressamente, autorização da interessada para a obtenção de extratos nas instituições bancárias, conforme já relatado. Ademais, entendo que os procedimentos adotados pela autoridade lançadora seguiram os ditames da legislação, razão pela qual não vislumbro qualquer irregularidade na utilização dos extratos bancários como fundamento para os valores autuados. Quanto ao arbitramento, a autoridade fiscal apresenta, no Termo de Verificação, diversas ponderações sobre os defeitos da escrituração entregue pela interessada. Neste passo, convém destacar que a empresa confessou não possuir qualquer escrituração contábil ao tempo do início da fiscalização, mas empreendeu esforços no sentido de produzir os livros e registros obrigatórios diante das várias intimações entregues durante os trabalhos de auditoria. Contudo, a fiscalização entendeu que a empresa não atendeu as exigências legais, nos seguintes termos: Convém ressaltar que, decorridos 13 (treze) meses da primeira intimação, concedidos extensos prazos e diversas oportunidades para regularizar a escrituração contábil e fiscal, o contribuinte sequer entregou os livros a que está obrigado a manter em observância às disposições legais. Pelas razões expostas em itens precedentes, e com base no art. 530, I e II do RIR/99, abaixo transcrito, constatouse que o contribuinte não manteve a escrituração a que estava obrigado na forma das leis comerciais e fiscais, outrossim, a escrituração apresentada revelou evidentes indícios de fraude e vícios que a tornaram imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira e determinar o lucro real, restando inevitável a apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) com base nos critérios do lucro arbitrado. Fl. 9085DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 11 10 Conforme atestado pela autoridade lançadora, a não apresentação dos livros previstos pela legislação exige a adoção dos procedimentos previstos no artigo 530, do Decreto n. 3000/99, que trata das hipóteses de arbitramento: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I – o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; (grifamos) (...) III – o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; (grifamos) De se notar que os lançamentos com base no lucro arbitrado, efetuados pela autoridade fiscal, decorrem de comando normativo expresso, que se amolda aos fatos narrados nos autos. No que tange aos defeitos e vícios apresentados pela documentação entregue, assim se pronunciou a autoridade fiscal: Depósitos e/ou Créditos Bancários à Margem da Escrituração Contábil (...) Intimado a identificar o registro dos aludidos depósitos e/ou créditos bancários no Livro Diário, mais uma vez, não houve qualquer resposta do contribuinte. Observese que são no total R$ 24.421.668,62 (vinte e quatro milhões, quatrocentos e vinte e um mil, seiscentos e sessenta e oito reais e sessenta e dois centavos) deixados à margem da escrituração contábil. Como podese verificar através do próximo item, esse valor representa mais da metade (53%) do total de depósitos e/ou créditos bancários relacionados para comprovação da origem R$ 46.523.472,29. Em consonância com o que estabelece o art. 251 do RIR/99, abaixo transcrito, o contribuinte está obrigado a escriturar todas as operações com observância das leis comerciais e fiscais. "Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 7o). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, Fl. 9086DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 12 11 rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei n° 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2o, e Lei n° 9.249, de 1995, art. 25)." ( grifos nossos ) Não restam dúvidas de que o contribuinte fraudou a escrituração deixando de registrar montante expressivo de depósitos / créditos bancários durante praticamente o 2o semestre inteiro do ano de 2008. (grifos e destaques no original) Depósitos ou Créditos Bancários sem Comprovação da Origem Omissão de Receita Através da análise individualizada dos depósitos/créditos nas contas bancárias mantidas pelo contribuinte, desconsiderados os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa jurídica, coincidentes em datas e valores, os empréstimos bancários, os estornos, os de valores inferiores a R$ 1.000,00 (limite estabelecido por esta Auditoria Fiscal), conforme demonstrado no anexo ao presente Termo denominado "Anexo 3 Depósitos/créditos bancários desconsiderados", restaram para comprovação da origem dos recursos utilizados nessas operações o montante total de R$ 46.523.472,29 (quarenta e seis milhões, quinhentos e vinte e três mil, quatrocentos e setenta e dois reais e vinte e nove centavos), conforme discriminados abaixo por instituição financeira: (...) Intimado a comprovar a origem dos referidos depósitos e/ou créditos bancários, mediante documentação hábil e idônea, novamente, o contribuinte não respondeu à intimação. Em consonância com a disposição legal dos arts. 287 e 288 do RIR/99, abaixo transcritos, os depósitos e/ou créditos bancários, cuja origem não for comprovada pelo contribuinte mediante documentos hábeis e idôneos, caracterizam receitas omitidas. (...) A relação individualizada dos depósitos e/ou créditos, cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada pelo contribuinte, mediante documentação hábil e idônea, está demonstrada nos anexos ao presente Termo denominados "Anexo 1 Depósitos/créditos bancários de origem não comprovada Omissão de receita Relação por banco" e "Anexo 2 Depósitos/créditos bancários de origem não comprovada Omissão de receita Relação mensal". Registrese que o contribuinte encontravase omisso na entrega da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). No curso do presente procedimento fiscal entregoua, no dia 13 de abril de 2012, e declarou R$ 29.597.932,71, a título de receita de venda de produtos de fabricação própria no mercado interno. Fl. 9087DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 13 12 Relevante observar que, o contribuinte declarou somente R$ 29.597.932,71 (vinte e nove milhões, quinhentos e noventa e sete mil, novecentos e trinta e dois reais e setenta e um centavos) de receita bruta, ao passo que constam receitas omitidas no montante de R$ 46.523.472,29 (quarenta e seis milhões, quinhentos e vinte e três mil, quatrocentos e setenta e dois reais e vinte e nove centavos), decorrentes de valores depositados / creditados em suas contas bancárias, cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea. Entendo que, ao assim proceder, agiu a autoridade lançadora com a devida diligência e o cuidado que devem nortear as hipóteses de omissão de receitas, no sentido de perquirir e dar oportunidade para que o Contribuinte apresente documentos, notadamente os relativos a custos ou despesas. Percebese, contudo, que a empresa não demonstrou integralmente a origem de todos os lançamentos do período, mesmo depois de ter recebido prazo para a escrituração de sua contabilidade, que simplesmente inexistia, assim como não havia sido entregue a DIPJ de 2008. Ao constatar e demonstrar diversas omissões e irregularidades nos documentos apresentados, entendeu a fiscalização pela sua imprestabilidade, o que ensejou o arbitramento do lucro, com os respectivos reflexos na CSLL, medida que considero adequada ao caso dos autos. Ante a perfeita subsunção dos fatos à diretriz normativa, aprecio e rechaço todos os argumentos trazidos pela Contribuinte contra à utilização do arbitramento pela autoridade fiscal. Nesse sentido, a inteligência da Súmula 59 deste Conselho: Súmula CARF nº 59: A tributação do lucro na sistemática do lucro arbitrado não é invalidada pela apresentação, posterior ao lançamento, de livros e documentos imprescindíveis para a apuração do crédito tributário que, após regular intimação, deixaram de ser exibidos durante o procedimento fiscal. Acerca da suposta irregularidade dos lançamentos reflexos a título de PIS e COFINS, suscitada pela defesa, cabe lembrar que a exigência de tais tributos encontra respaldo no artigo 24 da Lei n. 9.249/95: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. §1º No caso de pessoa jurídica com atividades diversificadas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, não sendo possível a identificação da atividade a que se refere a receita omitida, esta será adicionada àquela a que corresponder o percentual mais elevado. Fl. 9088DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 14 13 §2º O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para a seguridade social COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. Como visto, em razão da omissão de receitas, a legislação determina o lançamento do IRPJ e dos demais tributos reflexos, como a CSLL, o PIS e a COFINS, esses últimos na modalidade cumulativa, nos termos do que fez a autoridade fiscal. Correto, ainda, o entendimento da decisão de primeira instância acerca da inconstitucional alteração trazida pelo § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, relativamente à definição da base de cálculo das contribuições, assim fundamentada: Das decisões acima transcritas, proferidas em sessão plenária do STF, concluise que o entendimento fixado no julgamento dos RE nºs 390.840, 346.084, 358.273 e 585.2351, relativamente à inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições (PIS e Cofins) definido pelo §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, encontrase pacificado naquela Corte, reconhecendo o Tribunal tratarse de matéria de repercussão geral, reafirmando expressamente a jurisprudência acerca da questão e deliberando, inclusive, pela edição de súmula vinculante. Em função dos efeitos dessas decisões, foram editados, pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, o Parecer PGFN/CRJ/Nº 492, de 22/03/2010 e a Portaria PGFN nº 294, de 2010, prevendo a dispensa de apresentação de recurso, ordinário e extraordinário, nos casos em que os precedentes sobre determinados assuntos, divulgados por meio de listas atualizadas periodicamente, oriundos do Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, forem julgados com base nos artigos 543B (repercussão geral) e 543 C (repetitivos). E, da lista de temas julgados pelo STF sob a forma do art. 543B do CPC, e que não mais serão objeto de contestação/recurso pela PGFN, encontrase aquele objeto do RE nº 585.235, Relator: Min. Cezar Peluso, Data de julgamento: 10/09/2008, que considerou inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo art. 3º, §1º da Lei n. 9.718/98. Desta forma, resta atingido o objetivo pretendido no texto do art. 26A do Decreto 70.235/72, acima transcrito, ou seja, a não aplicação, pelo julgador administrativo, de dispositivo legal declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do STF, resguardando a Fazenda Nacional de futuros prejuízos quando da fase de execução fiscal do crédito tributário. Sobre a questão da multa, o recurso voluntário apenas alega que o agravamento para 112,5% foi arbitrário, posto que a interessada não teria criado obstáculo ou embaraço à conduta fiscal. Fl. 9089DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 15 14 O fundamento legal para a majoração foi assim descrito no Termo de Verificação: No curso do presente procedimento fiscal, o contribuinte foi intimado por diversas vezes a entregar os arquivos digitais contábeis a que está obrigado a manter à disposição da Secretaria da Receita Federal do Brasil em atendimento ao que estabelece o art. 11 da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991. Contudo, até a presente data não foram apresentados. Desta forma, consoante prescrito pelo inciso II, do §2°, do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, em virtude do contribuinte não ter atendido às intimações para apresentar os aludidos arquivos digitais contábeis, foi aplicada a multa por infração agravada no percentual de 112,50%. A nova redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, dada pela Lei nº 11.488/2007 (vigente à época do procedimento fiscal), determina o agravamento da multa nas hipóteses de falta de atendimento do prazo para apresentação dos arquivos digitais, que constituem obrigação acessória do contribuinte. Nesse sentido, em razão das diversas intimações entregues à empresa, para que tais dados fossem apresentados, entendo cabível o agravamento, até porque o contribuinte não apenas descumpriu o prazo, mas simplesmente não entregou os arquivos até o término dos trabalhos de fiscalização, que duraram mais de um ano. Em relação ao Recurso de Ofício, que excluiu da base tributável os valores constantes do Livro Diário elaborado pela empresa, convém destacar os fundamentos da decisão de 1a instância: Como apontado na defesa, a autoridade fiscal considerou como receita conhecida a receita bruta lançada no livro Diário (em detrimento daquela declarada na DIPJ/2009) mais a decorrente da totalidade dos depósitos bancários questionados, cuja origem não se logrou comprovar. A prevalência, em relação à DIPJ, da receita indicada no livro Diário, a despeito de ser considerado imprestável, encontra guarida nas disposições do Código de Processo Civil, aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, segundo o qual os livros comerciais também fazem prova contra seu autor. Vejase: “Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos.” Por outro lado, para que o referido livro Diário fosse considerado hábil a fazer prova em favor da contribuinte, inclusive no sentido de considerar comprovada na respectiva escrituração a origem dos depósitos bancários que ali puderam ser identificados (R$ 46.523.472,29 R$ 24.421.668,62 = R$ 22.101.803,67), imperioso se faria atestar a regularidade da sua Fl. 9090DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 16 15 manutenção, o que foi afastado no curso da auditoria e referendado no corpo deste voto. Importante reiterar que a fiscalização alertou a inconsistência dos lançamentos a débito da conta Caixa em contrapartida a conta Bancos, inclusive; bem como que a contribuinte deixou de apresentar à conferência fiscal a totalidade das Notas Fiscais de Saídas, além dos arquivos digitais solicitados, dificultando a análise dos documentos apresentados. De todo modo, afastase da exigência a receita operacional escriturada no Diário, de R$ 30.887.724,48, pois é plausível aceitar que referida receita também passou pela movimentação bancária da contribuinte, estando abarcada pela parcela dos depósitos bancários não comprovados, aqui mantidos como omissão de receita. Do contrário, imporseia concluir que a receita operacional escriturada no Diário teria sido movimentada em supostas outras contas bancárias de titularidade da interessada ou de terceiros, o que não foi trazido aos autos pela fiscalização. Igual conclusão não se aplica em relação aos rendimentos de aplicação financeira escriturados no livro Diário, no total de R$ 1.718,46, pois tal parcela certamente foi excluída dos depósitos bancários questionados, conforme observação feita no Termo de Verificação Fiscal nº 0001, por se tratar de movimentação financeira entre contas de mesma titularidade da contribuinte. Nesse contexto, retificase a base de cálculo tributável do IRPJ e da CSLL, para dela excluir a parcela de R$ 30.887.724,48 (receitas operacionais), escriturada no livro Diário, mantendo se aquela de R$ 46.523.472,29, decorrente de depósitos bancários sem comprovação de origem, bem como aquela de R$ 1.718,46, relativa a rendimentos de aplicação financeira. (grifamos) Entendo, à luz dos fatos e fundamentos presentes nos autos, que não merece reparos a decisão recorrida, pois realmente parece razoável intuir que o valor total dos créditos bancários inclui as receitas operacionais escrituradas, ainda que a destempo, no livro Diário, até porque não se tem notícia de outras contas movimentadas pelas empresa, além daquelas para as quais foram anexados extratos no processo. Portanto, a fim de se evitar dupla incidência sobre a mesma base tributável, acolho os argumentos formulados na decisão de 1a instância e reconheço a correção de seus termos. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso Voluntário e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento, assim como CONHEÇO do Recurso de Ofício para também NEGARLHE provimento. É como voto. Fl. 9091DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 17 16 (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Voto Vencedor Não obstante a costumeira qualidade das razões dos votos do ilustre Relator, peço vênia para discordar neste PAF do ponto controvertido referente ao agravamento da multa. Entendeu o Sr. ARFR que a Contribuinte omitiu receitas. Essa conclusão decorreu da identificação de depósitos bancários com origem não comprovada. Consta no Termo de Verificação Fiscal (TVF) que, em 17/11/2012, a Contribuinte apresentou extratos bancários de contas mantidas no ano de 2008. Todavia, como não foi apresentada a integralidade dos extratos, em 29/02/2012 foram expedidos RMFs para as instituições financeiras. Em 26/04/2012, 03/05/2012 e 03/08/2012, a Contribuinte apresentou mais documentos, a exemplo de Livros Diário e Razão. Contudo, entendeu a fiscalização que não foi demonstrada a origem e o oferecimento à tributação dos valores constantes nas contas bancárias, razão pela qual arbitrou o lucro com base na receita bruta conhecida. Ademais, agravou a multa com o seguinte fundamento: No curso do presente procedimento fiscal, o contribuinte foi intimado por diversas vezes a entregar os arquivos digitais contábeis a que está obrigado a manter à disposição da Secretaria da Receita Federal do Brasil em atendimento ao que estabelece o art. 11 da Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991. Contudo, até a presente data não foram apresentados. Desta forma, consoante prescrito pelo inciso II, do §2°, do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, em virtude do contribuinte não ter atendido às intimações para apresentar os aludidos arquivos digitais contábeis, foi aplicada a multa por infração agravada no percentual de 112,50%. Pois bem. A minha divergência está amparada na Súmula CARF nº 96, que assim dispõe: Súmula CARF nº 96: A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o Fl. 9092DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 18 17 agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros. Analisando os acórdãos paradigmas desse enunciado sumular, identifico que o agravamento só deve ocorrer quando a omissão do sujeito passivo estiver associada a um prejuízo concreto ao curso da fiscalização. Nesse sentido o Acórdão nº 9101001.468, de 16 de agosto de 2012, da relatoria do Cons. José Ricardo da Silva: “O não atendimento à intimação, na qual eram solicitados os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal do contribuinte, não obstou o procedimento fiscal, já que nestes casos a legislação de regência permite que o lucro seja arbitrado. Tanto é verdade, que foi o próprio autuante que procedeu o arbitramento do lucro da empresa e efetuou o lançamento. Ora, o não fornecimento dos livros e documentos comerciais e fiscais não obsta a atividade fiscal, pelo contrário a facilita, pois tal conduta do contribuinte coloca a presunção legal contra ele, autorizando o lançamento de ofício arbitrando o lucro. Assim, inaplicável o agravamento da multa de ofício em face do não atendimento à intimação fiscal para apresentação dos livros contábeis e documentação fiscal, já que estas omissões tem conseqüências específicas previstas na legislação de regência, que no caso foi o arbitramento do lucro em razão da falta da apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. Correta a decisão recorrida, não merecendo nenhum reparo nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais.” No mesmo sentido o Acórdão nº 1202000.990, de 12 de julho de 2013, da relatoria da Cons. Viviane Vidal Wagner: “A falta de apresentação dos livros contábeis e fiscais e documentação de suporte, por si só, justifica o arbitramento do lucro. Todavia, a imputação de penalidade mais gravosa exigiria a demonstração clara e objetiva da conduta irregular alegada, o que não se verifica no presente caso.” No caso em julgamento, o único fundamento apresentado pelo Sr. AFRF para o agravamento foi que “o contribuinte foi intimado por diversas vezes a entregar os arquivos digitais contábeis a que está obrigado a manter à disposição da Secretaria da Receita Federal do Brasil.” Como não apresentou, aplicou a sanção prevista no “II, do §2°, do art. 44 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007.” Ora, não há dúvida que o enunciado sumular do CARF de nº 96 é aplicável ao caso, já que “A falta de apresentação de livros e documentos da escrituração não justifica, por si só, o agravamento da multa de oficio, quando essa omissão motivou o arbitramento dos lucros.” Fl. 9093DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19311.720424/201251 Acórdão n.º 1201001.349 S1C2T1 Fl. 19 18 Considerando que foi arbitrado o lucro e que o único fundamento apresentado pelo Sr. AFRF para o agravamento do multa foi a não entrega dos documentos solicitados à Contribuinte, nos termos da Súmula CARF nº 96, voto pelo cancelamento da multa agravada. É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos de Figueiredo Neto Redator designado Fl. 9094DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 04/03/2016 por JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 35187.000103/2006-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2401-000.493
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, com a finalidade de a unidade preparadora da RFB juntar aos autos o recurso administrativo interposto em face da decisão administrativa que cancelou a isenção das contribuições para a seguridade social, protocolado à época sob o nº 36582.003962/2006-68.
André Luís Mársico Lombardi - Presidente
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi,, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Henrique de Oliveira e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, com a finalidade de a unidade preparadora da RFB juntar aos autos o recurso administrativo interposto em face da decisão administrativa que cancelou a isenção das contribuições para a seguridade social, protocolado à época sob o nº 36582.003962/2006-68. André Luís Mársico Lombardi - Presidente Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi,, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Henrique de Oliveira e Rayd Santana Ferreira.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, com a finalidade de a unidade preparadora da RFB juntar aos autos o recurso administrativo interposto em face da decisão administrativa que cancelou a isenção das contribuições para a seguridade social, protocolado à época sob o nº 36582.003962/200668. André Luís Mársico Lombardi Presidente Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi,, Arlindo da Costa e Silva, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Henrique de Oliveira e Rayd Santana Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 3 51 87 .0 00 10 3/ 20 06 -1 7 Fl. 150DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 35187.000103/200617 Resolução nº 2401000.493 S2C4T1 Fl. 151 2 Relatório De início, deixo consignado que a despeito do processo fazer referência à ASSOCIAÇÃO ESPÍRITA, PAZ, AMOR E LUZ SEPAL, a recorrente identificase com a denominação de SOCIEDADE ESPÍRITA PAZ, AMOR E LUZ, conforme se verifica dos diversos documentos acostados aos autos. 2. Cuidase de processo relativo ao cancelamento da isenção das contribuições para a seguridade social, tendo em vista a associação ter deixado de ser portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), a partir de 24/4/2002 (fls. 112/115 e 118/119). 3. Em apertada síntese, descrevo abaixo as principais informações contidas nos autos: i) Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos, concedido pelo CNAS, com validade de 24/4/1999 a 23/4/2002 (fls. 61); ii) pedido de renovação do referido certificado, protocolado sob o nº 44006.000700/200290 (fls. 89); iii) indeferimento da renovação do certificado, conforme Resolução CNAS nº 124, de 15/7/2005 (fls. 90/93); iv) elaboração de Informação Fiscal, tendo em conta o indeferimento da renovação, com proposição para o cancelamento da isenção das contribuições sociais, a partir de 24/4/2002 (fls. 95); v) apresentação de defesa tempestiva pelo contribuinte, depois de cientificado do conteúdo da Informação Fiscal (fls. 100/103); vi) DecisãoNotificação nº 14.401.4/001/2006, proferida após a apreciação da manifestação da entidade, em que se decidiu pela emissão do Ato Cancelatório da Isenção a contar de 24/4/2002, tendo a sociedade espírita tomado ciência do inteiro teor da decisão e do ato cancelatório em 17/11/2006 (fls. 112/115 e 118/119); Fl. 151DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 35187.000103/200617 Resolução nº 2401000.493 S2C4T1 Fl. 152 3 vii) existência de despacho da unidade preparadora da RFB em que dá notícia sobre a impetração do mandado de segurança (MS) nº 2007.70.05.0021226/PR1, assim como da interposição de recurso administrativo pelo interessado relativo ao Ato Cancelatório de Isenção, recepcionado sob o nº 36582.003962/2006682, o qual teria sido protocolado em 18/12/2006 e, portanto, depois de esgotado o prazo legal (fls. 126); viii) por meio do Despacho nº 2401143, de 25/6/2014, a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção do Carf entendeu necessário o retorno dos autos à unidade de origem com a finalidade de emissão de nova decisão, nos termos previstos no Decreto nº 7.237, de 20 de julho de 2010, e na Instrução Normativa RFB nº 1.071, de 15 de setembro de 2010 (fls. 132/134); ix) reexaminada a matéria, em cumprimento ao solicitado pelo Carf, a unidade de origem da RFB emitiu a Informação Fiscal de fls. 145/146. Comunicou, ainda, que em face da decisão judicial no MS nº 2009.70.05.0025710/PR, houve suspensão do crédito tributário constituído em outro processo, sob o nº 10935.009531/200836, até que emitida a decisão definitiva no processo administrativo de cancelamento de isenção (fls. 143 e 148); e x) devidamente intimado do conteúdo da Informação Fiscal de fls. 145/146, não consta pronunciamento do interessado (fls. 147/148). 4. Designado inicialmente para a relatoria do Processo nº 11176.000173/200717, que cuida do correlato lançamento do crédito tributário decorrente do cancelamento da isenção, solicitei a vinculação por decorrência dos respectivos autos, com vistas a uma melhor análise da situação processual em conjunto. Deferido o pedido de vinculação, foi providenciada a apensação (fls. 149). É o relatório. 1 Conforme fls. 196/200 do Processo Administrativo nº 11176.000173/200717, em apenso, a ação de segurança cadastrada sob o nº 2007.70.05.0021226/PR, com deferimento de liminar, teve por objeto o recebimento e o seguimento do recurso administrativo interposto em face da decisão que cancelou a isenção. A unidade da RFB, à época Delegacia da Receita Previdenciária em Cascavel (PR), comunicou ao contribuinte, por meio do Ofício nº 0272007/DRP Cascavel, que não daria encaminhamento à petição da entidade, protocolada sob o nº 36582.003962/200668, e destinada ao Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS (fls. 193/194). 2 A despeito da menção à interposição do recurso, não localizei nos autos, mesmo que em apenso, o recurso administrativo protocolado sob o nº 36582.003962/200668, referente ao Ato Cancelatório de Isenção. Fl. 152DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 35187.000103/200617 Resolução nº 2401000.493 S2C4T1 Fl. 153 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess, Relator 5. Com a advento da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009, que revogou o art. 55 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, foram estabelecidos novos procedimentos administrativos para a certificação das entidades como instituições beneficentes de assistência social e novos requisitos para a fruição da imunidade/isenção a que alude o § 7º do art. 195 da Carta da República de 1988. 5.1 Entre outros aspectos, a Lei nº 12.101, de 2009, extinguiu os procedimentos para reconhecimento e para cancelamento da isenção. 5.2 Vale dizer que constatado o descumprimento dos requisitos pela entidade necessários à isenção, o lançamento do crédito tributário mediante lavratura de auto de infração passou a dispensar o prévio ato de cancelamento, sem prejuízo do rito estabelecido no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Eis a redação do art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009: Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. § 1º Considerarseá automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no art. 31 durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. § 2º O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processo administrativo fiscal vigente. 6. Na hipótese de processos de cancelamento de isenção pendentes de julgamento quando da edição da Lei nº 12.101, de 2009, como ora se cuida, a legislação tributária previu regras de transição. 6.1 Nesse sentido, transcrevo o art. 45 do Decreto nº 7.237, de 2007, que regulamentou a Lei nº 12.101, de 2009, cuja redação foi mantida pelo Decreto nº 8.242, de 23 de maio de 2014, atualmente em vigor: Art. 45. Os processos para cancelamento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados à unidade competente daquele órgão para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção na forma do rito estabelecido no art. 32 da Lei no 12.101, de 2009, aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. Fl. 153DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 35187.000103/200617 Resolução nº 2401000.493 S2C4T1 Fl. 154 5 7. Notase que os processos de cancelamento de isenção pendentes de apreciação passaram a ser analisados pelas novas regras de apuração, embora com base na lei vigente à época do fato gerador. 7.1 Após baixado em diligência para fins de observância do rito previsto no art. 45 do Decreto nº 7.237, de 2007, conforme despacho de fls. 132/134, a tramitação do processo de cancelamento de isenção (Processo nº 35187.000103/200617) está ocorrendo de forma simultânea com o correlato lançamento do crédito tributário (Processo nº 11176.000173/2007 17), estando, em princípio, aptos a julgamentos conjunto. 8. Nada obstante, em que pese as idas e vindas de ambos os processos, o caso concreto ainda exige o saneamento da instrução processual para viabilizar a análise de mérito, vinculada que esta a questão em verificar se a entidade recorrente detém ou não o direito ao benefício fiscal nas competências a que se refere o lançamento fiscal. 9. Explico. De acordo com o exposto na nota de rodapé nº 1, supra, a possibilidade do seguimento ao recurso voluntário relativo ao ato cancelatório foi garantida por concessão de ordem no MS nº 2007.70.05.0021226/PR, ante a negação por parte da Administração Tributária. 9.1 A consulta pública ao sítio do Tribunal Regional da 4ª Região, onde tramitou a ação judicial, revela o trânsito em julgado da ação de segurança, ainda no ano de 2009, sendo mantida a sentença que concedeu a ordem para determinar o seguimento do recurso administrativo contra o ato que cancelou a isenção. 9.2 Há igualmente notícia da existência de outra ação judicial, com decisão favorável ao contribuinte, em que se suspendeu a exigibilidade do crédito tributário enquanto se aguarda o desfecho do processo administrativo de cancelamento da isenção (MS nº 2009.70.05.0025710/PR). 10. Em visto disso, pareceme necessário um prévio pronunciamento deste colegiado acerca do recurso administrativo apresentado pela entidade em face do ato cancelatório, mesmo que seja para não conhecêlo por ausência do requisito extrínseco da tempestividade na interposição do apelo. 10.1 Por outro lado, não tenho dúvidas que eventual admissibilidade e exame de mérito do recurso administrativo refletirá diretamente no procedimento administrativo de constituição de crédito tributário, tal como o que se está discutindo naquele Processo nº 11176.000173/200717. 11. Inviabiliza tais providências, contudo, a falta de juntada do recurso administrativo interposto contra o Ato Cancelatório de Isenção, protocolado à época sob o nº 36582.003962/200668, conforme retro mencionado na nota de rodapé nº 2. Fl. 154DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS Processo nº 35187.000103/200617 Resolução nº 2401000.493 S2C4T1 Fl. 155 6 12. Nesse contexto, VOTO POR CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, com a finalidade de a unidade preparadora da RFB juntar aos autos o recurso administrativo interposto em face da decisão que cancelou a isenção das contribuições para a seguridade social, protocolado à época sob o nº 36582.003962/200668, segundo consta do despacho às fls. 126, com data de 11/6/2007. 13. Adotadas as providências pelo órgão administrativo, deverá ser oportunizado o contraditório à recorrente, com posterior retorno dos autos para julgamento deste colegiado. É como voto. Cleberson Alex Friess. Fl. 155DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 20/03/201 6 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, As sinado digitalmente em 18/03/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS
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Numero do processo: 19515.003507/2009-90
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005
Ementa:
MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS DIGITAIS. A regra-matriz de incidência da multa prevista nos arts. 11 e 12, III, da Lei nº 8.218, de 1991, com redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, tem como antecedente a inobservância, pelo sujeito passivo, do prazo de 20 dias para atendimento à intimação lavrada para apresentação de arquivos digitais. Se ficar demonstrado que outro prazo foi estabelecido, não se configurou a hipótese de aplicação da multa.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9101-002.173
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, 1) Quanto ao conhecimento, por maioria de votos, conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa. 2) Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, negar provimento.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
EDITADO EM: 26/01/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luís Flávio Neto, André Mendes Moura, Lìvia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez, Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2003, 2004, 2005 Ementa: MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS DIGITAIS. A regra-matriz de incidência da multa prevista nos arts. 11 e 12, III, da Lei nº 8.218, de 1991, com redação dada pela Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001, tem como antecedente a inobservância, pelo sujeito passivo, do prazo de 20 dias para atendimento à intimação lavrada para apresentação de arquivos digitais. Se ficar demonstrado que outro prazo foi estabelecido, não se configurou a hipótese de aplicação da multa. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Quanto ao conhecimento, por maioria de votos, conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa. 2) Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, negar provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora EDITADO EM: 26/01/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luís Flávio Neto, André Mendes Moura, Lìvia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez, Carlos Alberto Freitas Barreto.
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ARQUIVOS DIGITAIS. A regramatriz de incidência da multa prevista nos arts. 11 e 12, III, da Lei nº 8.218, de 1991, com redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, tem como antecedente a inobservância, pelo sujeito passivo, do prazo de 20 dias para atendimento à intimação lavrada para apresentação de arquivos digitais. Se ficar demonstrado que outro prazo foi estabelecido, não se configurou a hipótese de aplicação da multa. Recurso Especial do Procurador Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 35 07 /2 00 9- 90 Fl. 812DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Quanto ao conhecimento, por maioria de votos, conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa. 2) Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, negar provimento. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora EDITADO EM: 26/01/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Luís Flávio Neto, André Mendes Moura, Lìvia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez, Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório A FAZENDA NACIONAL recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls. 562/569, contra o Acórdão nº 1102000.935, de 8 de outubro de 2013, efls. 548/560 que, por unanimidade de votos, negou provimento ao Recurso de Ofício interposto pela Turma Julgadora de 1ª Instância e deu provimento ao recurso voluntário manejado pela contribuinte BRF BRASIL FOODS S/A, nova denominação de PERDIGÃO AGROINDUSTRIAL S/A. O acórdão restou ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2003, 2004, 2005 MULTA REGULAMENTAR. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS EM PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. Considerandose que (a) a falta de apresentação de arquivos magnéticos se deu no bojo de procedimento de fiscalização em que se pretendida analisar apenas a procedência ou a improcedência dos pedidos de compensação e deles não poderia ser lançado qualquer tributo, na forma da própria legislação vigente à época dos fatos; (b) os arquivos digitais eram apenas parte do conjunto de elementos necessários para que a autoridade fiscal pudesse comprovar a liquidez e certeza do crédito, e não o objeto da fiscalização; (c) diante do não oferecimento dos arquivos incumbiria à Fiscalização indeferir os pedidos respectivos, restabelecer a exigibilidade dos tributos confessados e compensados e aplicar as penalidades previstas Fl. 813DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.003507/200990 Acórdão n.º 9101002.173 CSRFT1 Fl. 813 3 para as hipóteses de indeferimento de compensação; (d) entenderse em sentido contrário seria considerar a irrazoável e desproporcional hipótese de o contribuinte, a par de não ter reconhecido seu pedido de crédito, ser penalizado pelo descumprimento de obrigações acessórias relativas às contribuições que sequer serão objeto de lançamento no processo, impõese o cancelamento da penalidade aplicada. Reconhecimento pela própria RFB por meio do Parecer Normativo 13/2013. Recurso voluntário provido. Alega a recorrente divergência jurisprudencial em relação aos Acórdãos nºs 10322.286 e 130200.806, que receberam as seguintes ementas: Acórdão nº 10322.286 MULTA REGULAMENTAR. ARQUIVOS MAGNÉTICOS. O fato gerador da multa é o próprio descumprimento do prazo estabelecido para a apresentação dos arquivos solicitados e ocorre exatamente no momento em que inadimplida referida obrigação, data a que se deve reportar o lançamento, a ser regido pela lei então vigente. Acórdão nº 130200.806 ARQUIVOS DIGITAIS. APRESENTAÇÃO. PRAZO. INOBSERVÂNCIA. SANÇÃO. As pessoas jurídicas que utilizam sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária, ficando sujeitas à multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta do período, até o máximo de um por cento, quando deixar de cumprir o prazo estabelecido para apresentação dos referidos arquivos e sistemas. MULTA REGULAMENTAR. JUROS MORATÓRIOS. Nos termos do parágrafo único do art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, sobre o crédito tributário correspondente exclusivamente à multa, não pago no respectivo vencimento, incidirá juros de mora equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, para títulos federais. INCONSTITUCIONALIDADES. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (súmula CARF nº 2). Fl. 814DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Ao detalhar os fundamentos para a reforma do acórdão, a recorrente destaca o tema contra o qual se insurge: a inaplicabilidade da multa regulamentar por atraso na apresentação de arquivos magnéticos. Ao final, pede pela reforma do acórdão recorrido a fim de que seja mantida a exigência. Por meio do Despacho da Presidência da Primeira Câmara efls. 690/692, o Presidente da Câmara a quo dá seguimento ao recurso, entendendo caracterizada a divergência jurisprudencial apontada no tocante à aplicação da multa regulamentar por inobservância do prazo de apresentação de arquivos digitais. Na seqüência, a contribuinte apresenta Contrarrazões onde, em apertada síntese, requer a manutenção do acórdão recorrido aduzindo, em preliminares, que o recurso especial sequer poderia ser conhecido: (i) por não ter restado devidamente caracterizada a divergência jurisprudencial; (ii) por não ter a Fazenda Nacional recorrido do primeiro fundamento adotado no acórdão combatido para cancelar o lançamento; e (iii) porque para se reformar o aresto seria necessário "revolver" provas e documentos trazidos aos autos, o que não é admissível em sede de Recurso Especial. No mérito, reproduz os argumentos de defesa deduzidos no recurso voluntário para requerer, ao final, seja desprovido o Recurso Especial. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora O recurso é tempestivo. Inicio por apreciar as alegações preliminares deduzidas nas contrarrazões apresentadas pela contribuinte e que se referem a questões que impossibilitariam o conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. A contribuinte afirma que não teria restado caracterizada a divergência jurisprudencial porque o acórdão recorrido cancelou o lançamento por ter sido exigida multa regulamentar em sede de procedimento de verificação de certeza e liquidez de direito creditório, procedimento esse que não se confundiria com aqueles analisados pelos paradigmas, cujos fatos geradores das multas regulamentares neles veiculadas foram verificados no âmbito de procedimentos fiscais destinados à constituição de crédito tributário. É verdade que o acórdão recorrido tratou de processo de exigência de multa de ofício porque o sujeito passivo não apresentou arquivos digitais para comprovar direito creditório, enquanto que os paradigmas não tratavam de procedimentos relacionados à analise de direito creditório; contudo, essa diferença não afasta a similitude fática entre esses processos, porque nos autos em apreço a autoridade fiscal julgou necessário, para o fim de verificar a liquidez e certeza dos créditos invocados pela contribuinte nas Perdcomp citadas nos autos, exigir demonstrativos excel e arquivos magnéticos de manutenção obrigatória. Tal procedimento é exatamente igual a uma intimação para comprovação de elementos no curso de um procedimento fiscalizatório. Notese, inclusive, que foi lavrado Termo de Início de Ação Fiscal (fl. 4 do volume 1), no curso de um procedimento de diligência, o qual, na verdade, é classificado como uma modalidade de procedimento fiscal, nos termos da Portaria RFB nº 1.687, de 2014. Fl. 815DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.003507/200990 Acórdão n.º 9101002.173 CSRFT1 Fl. 814 5 Além disso, em que pese o acórdão recorrido ter cancelado o lançamento com base em dois fundamentos: (i) inobservância da tipicidade cerrada e, (ii) por considerar que a multa em questão não se aplicaria aos casos de ressarcimento e compensação, na essência, a hipótese fática discutida nos autos se limita à aplicação de multa regulamentar por inobservância do prazo para apresentação de arquivos magnéticos, caso em que a divergência a respeito do tema restou perfeitamente caracterizada pela apresentação dos acórdãos paradigmas, que também tratam da referida multa. Assinalo, ainda, que a divergência resta caracterizada quando os acórdãos recorrido e paradigmas tratam de situações fáticas semelhantes e ao final proferem conclusões diferentes. Observese que as situações fáticas devem ser necessariamente semelhantes, mas não há necessidade de que sejam idênticas. Não tem amparo, também, a alegação da contribuinte no sentido de que a recorrente não teria se insurgido, especificamente, contra o primeiro fundamento adotado no acórdão recorrido para cancelar o lançamento. É que, nas razões recursais, a recorrente claramente afirma que o acórdão recorrido "não conferiu a melhor interpretação jurídica aos fatos e aos dispositivos legais pertinentes". Ora, o acórdão recorrido, ao interpretar os dispositivos legais pertinentes adotados no lançamento, entendeu, por vários motivos, que não se aplicariam ao caso as disposições legais dos artigos 11 e 12, III da Lei nº 8.218/91. Essa interpretação foi considerada equivocada ou inadequada ao caso, pela recorrente, que explicitou adequada e suficientemente os fundamentos para a reforma do acórdão em suas razões recursais. Refuto, também, o ultimo argumento preliminar da contribuinte que considera que "para se reformar o aresto seria necessário 'revolver' provas e documentos trazidos aos autos, não admissível em sede de Recurso Especial". É que, como bem lembrou a contribuinte, o Recurso Especial de Divergência se destina à uniformização de eventual dissídio jurisprudencial verificado entre as diversas Turmas de Julgamento do CARF ou do antigo Conselho de Contribuintes. Para julgar a divergência, é necessário conhecer os fatos analisados pelo acórdão recorrido e aqueles apresentados nos paradigmas. A contribuinte pretende cercear o direito do julgador de conhecer os fatos que se relacionam à divergência suscitada, o que, absolutamente, não tem qualquer amparo. Rejeito, portanto, a preliminar de não conhecimento do recursos suscitada pela contribuinte. No que diz respeito ao mérito, entendo que o lançamento não pode subsistir. Como consta dos autos, a auditoria fiscal exigiu da contribuinte, multa regulamentar pelo descumprimento do dever de apresentação de arquivos magnéticos solicitados em intimação. Nesse sentido, assim consignou no Termo de Verificação Fiscal (fls. 15/17 do volume 1 digitalizado): 5) Pela não apresentação dos arquivos digitais, aplicamos a multa prevista no art. 12, III, da lei 8.213/91, transcrito "in verbis": Fl. 816DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 No auto de infração (fls. 24/28 do volume 1 do processo digitalizado), a auditoria fiscal assim descreveu a infração: 001 MULTAS DE VALOR FIXO FALTA/ATRASO NA ENTREGA DE ARQUIVO MAGNÉTICO Multa regulamentar equivalente a 0,02% (dois centésimos por cento) por dia de atraso, limitada a 1% (um por cento) da Receita Bruta do período, pelo não cumprimento do prazo estabelecido para apresentação dos arquivos magnéticos e sistemas. E atribuiu ao lançamento a seguinte fundamentação legal: arts. 11 e 12, inciso III, da Lei n° 8.218/91, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória n° 2.15834/2001 e reedições. Vejamos, pois, o que dizem os dispositivos legais invocados: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 2º Ficam dispensadas do cumprimento da obrigação de que trata este artigo as empresas optantes pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: I multa de meio por cento do valor da receita bruta da pessoa jurídica no período, aos que não atenderem à forma em que devem ser apresentados os registros e respectivos arquivos; II multa de cinco por cento sobre o valor da operação correspondente, aos que omitirem ou prestarem incorretamente as informações solicitadas, limitada a um por cento da receita Fl. 817DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.003507/200990 Acórdão n.º 9101002.173 CSRFT1 Fl. 815 7 bruta da pessoa jurídica no período; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Entendeu, assim, a auditoria fiscal, que a contribuinte, por não ter respeitado o prazo concedido nas intimações lavradas para a apresentação dos arquivos magnéticos, estaria sujeita à multa calculada na forma do disposto no inciso III do art. 12 acima reproduzido. Notese que a multa aplicada se deve ao descumprimento do prazo para atendimento das intimações lavradas para apresentação dos arquivos digitais. Nas intimações lavradas pela fiscalização (fls. 04/09 e 11/12 do volume 1 do processo digitalizado) foi concedido o prazo de 5 dias para que a contribuinte apresentasse os arquivos magnéticos. Por sua vez, nessas intimações, a auditoria fiscal adotou os seguintes comandos normativos: arts. 904, 911 e 927 do RIR/99 (Decreto nº 3.000 de 1999), art. 7º da Lei nº 2.354/54 e art. 7º do Decreto nº 70.235/72. Ocorre que nenhum deles ampara a concessão do prazo de 5 dias estipulado pela auditoria fiscal. Observese que o § 3º do art. 11 da Lei nº 8.218/91 (com a redação dada pela MP 2.15835/2001), adotado como fundamento legal do auto de infração, dispõe que a Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: E nos artigos seguintes: Art. 1º. as pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. Fl. 818DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 [...] Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. [...] (*) destaques acrescidos É bem verdade que existe previsão legal para se intimar concedendo prazo de cinco dias úteis, contudo, entendo que esta não se aplica ao caso, pois essa redução de prazo ocorreu por meio do art. 71, da própria Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que também deu a redação aos artigos 11 e 12 da Lei nº 8.218/91, conforme abaixo destaco: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. § 2º Não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 44, §§ 2º e 5º, da Lei nº 9.430, de 1996, o desatendimento a intimação para apresentar documentos, cuja guarda não esteja sob a responsabilidade do sujeito passivo, bem assim a impossibilidade material de seu cumprimento. (Sublinhei) Assim, quisesse o legislador aplicar esse prazo aos casos de entrega de arquivos digitais nos termos disposto pelo art. 11 da Lei nº 8.218, de 91, por ocasião da publicação do art. 72 da MP nº 2.15835, de 2001, teria feito remissão ao artigo anterior, no caso, o art. 71. Contudo isso não ocorreu: remeteu o legislador a definição do prazo aos atos da Secretaria da Receita Federal, o que ocorreu por meio da já citada IN SRF nº 86, de 2001. Foi previsto, portanto, pela própria legislação que disciplina a imputação da multa por falta ou desrespeito ao prazo de atendimento de intimação para apresentação de arquivos digitais, o prazo que a auditoria fiscal deve conceder ao sujeito passivo para que esses arquivos sejam apresentados. E esse prazo foi estipulado em 20 dias. Dessa forma, não há qualquer amparo normativo que justifique a fixação, pela auditoria fiscal, do prazo de 5 dias dado à contribuinte para apresentação dos arquivos digitais, que, em verdade, se verifica em total desacordo com o que determina a própria legislação que rege o tema. Portanto, a regramatriz de incidência da multa regulamentar em comento prevê que seu aspecto temporal, seja o desrespeito, apenas e tão somente, ao prazo de 20 (vinte) dias, que será concedido nas intimações lavradas para apresentação de arquivos digitais. Fl. 819DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.003507/200990 Acórdão n.º 9101002.173 CSRFT1 Fl. 816 9 No presente caso, o antecedente da regramatriz de incidência erigida pela auditoria fiscal não atendimento ao prazo de 5 (cinco) dias para apresentação dos arquivos magnéticos não leva ao conseqüente da norma de incidência tributária da multa regulamentar estipulada pelos art.s 11 e 12 da Lei nº 8.218/91 multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. Por conseguinte, não se verifica a hipótese descrita na norma como condição necessária à aplicação da multa. Ou, em outras palavras, se o prazo estabelecido pela autoridade fiscal não poderia ser o de cinco dias úteis, não se pode dizer que o sujeito passivo descumpriu prazo determinado. E não há como aperfeiçoar o lançamento formalizado nos autos, como pretendeu a Turma Julgadora de 1ª Instância, que reconheceu ser indevido o prazo, mas alterou a base de cálculo da multa, calculandoa como se o não atendimento só se operasse após os vinte dias estabelecidos pela instrução normativa. É que estamos diante de um vício material, que macula o presente lançamento. E aqui trago à colação o seguinte estudo produzido no trabalho intitulado "Processo Administrativo Fiscal Comentado" (Dialética 2ª Edição Marcos Vinicius Neder e Maria Teresa Martinéz López): Para Eurico de Santi, se o lançamento objeto de invalidação apresentar vício em seu processo de produção, é caso de anulação; se o vício estiver instalado em seu produto, é caso de nulidade. Vincula, portanto, a anulação aos problemas inerentes ao conteúdo do ato (vícios materiais). Num ato de lançamento, o resultado pretendido é a constituição do crédito tributário, pois é condição para que a Fazenda possa exercer seu direito ao tributo. Assim, se a invalidade do lançamento decorre de problemas nos pressupostos de constituição do ato, ou seja, na aplicação da regramatriz de incidência (direito material, dizse que o vício é material. Se a anulação decorre de vício de forma ou de formalização do ato, o vício é formal e se aplica o artigo 173, inciso II, para reinício da contagem do prazo decadencial [...] (p. 473). Além da natureza do vício, há o problema da atribuição de competências no âmbito do processo administrativo tributário, essas, muito claramente delineadas pela legislação que rege o processo administrativo fiscal, no sentido de que a autoridade julgadora não detém competência para efetuar lançamento. Nem mesmo para aperfeiçoar o lançamento formalizado em desacordo com a lei, ora analisado nos autos. Por oportuno, registro também que discordo da motivação da decisão recorrida não só por entender aplicável ao caso o inciso II do art. 12, haja vista que o art. 12, inciso II, ao meu sentir, pressupõe entrega com omissão ou inexatidão (já que a letra da lei é “aos que se omitirem ou prestarem informações inexatas”), como também entendo que aplicou indevidamente o Parecer Normativo RFB nº 3, de 2013, uma vez que esse parecer apenas esclarece que os procedimentos de compensação, restituição e ressarcimento possuem deveres instrumentais para se efetivar (tais como apresentar PER/Dcomp) e esses procedimentos não Fl. 820DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 podem ser considerados obrigações acessórias, porque estas consistem na obrigação de fazer ou não fazer do sujeito passivo, mas sempre no interesse da arrecadação ou da fiscalização. Contudo, o fato de o PER/Dcomp não ser uma obrigação acessória, não significa dizer que a Fiscalização está vedada a intimar o sujeito passivo a apresentar arquivos magnéticos para verificar no crédito pleitado na Dcomp, e, por conseguinte, não afasta a possibilidade de se adotar os arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, 1991, no curso desse procedimento fiscal. Por todas as razões aqui expostas, em que pese não concordar com a decisão recorrida, entendo que o lançamento não pode subsistir. Em face do exposto, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional para negarlhe provimento. É como voto. (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 821DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/01/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 27/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10980.013357/2006-19
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE CO-TITULAR.
Todos os co-titulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009).
Recurso Especial do Procurador negado
Numero da decisão: 9202-003.742
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 11/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002, 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE CO-TITULAR. Todos os co-titulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009). Recurso Especial do Procurador negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 11/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM IDENTIFICAÇÃO DE ORIGEM. CONTA CONJUNTA. FALTA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. Todos os cotitulares da conta bancária, que não apresentem declaração em conjunto, devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos, na fase que precede à lavratura do Auto de Infração com base na presunção legal de omissão de rendimentos, sob pena de exclusão dos respectivos valores da base de cálculo da exigência (Súmula CARF Vinculante nº 29, de 2009). Recurso Especial do Procurador negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 11/02/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 33 57 /2 00 6- 19 Fl. 1438DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de omissão de rendimentos recebidos de fonte no exterior e omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem identificação de origem, nos anoscalendário de 2001 e 2002. Em sessão plenária de 17/12/2008, foi julgado o Recurso Voluntário nº 158.010, prolatandose o Acórdão nº 10249.451 (fls. 612 a 623), assim ementado: “ASSINTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 DECADÊNCIA OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADOS POR DEPÓSITO BANCÁRIO SEM ORIGEM COMPROVADA CRITÉRIO TEMPORAL DO FATO GERADOR A omissão de rendimentos caracterizada por depósito bancário sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal e tributada na tabela progressiva anual, com fato gerador em 31 de dezembro. Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que se perfaz em 31 de dezembro de cada ano calendário. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTAS CONJUNTAS. Nos casos de contas bancárias em conjunto é indispensável a regular e prévia intimação de todos os titulares para comprovar a origem dos recursos depositados, pois a omissão apurada deverá ser rateada entre os cotitulares, salvo quando estes apresentarem declaração em conjunto. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. EXCLUSÕES. Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, não será considerado o crédito de valor individual igual ou inferior a RS 12.000,00, desde que o somatório desses créditos não comprovados não ultrapasse o valor de R$80.000,00, dentro do anocalendário, mantendose a exigência fiscal quando os créditos não comprovados superem referido montante. Preliminar rejeitada. Recurso parcialmente provido.” Fl. 1439DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10980.013357/200619 Acórdão n.º 9202003.742 CSRFT2 Fl. 1.438 3 A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de decadência e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de cálculo no ano de 2001 o montante de R$ 164.611,30 e cancelar a exigência do ano calendário de 2002, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Eduardo Tadeu Farah e Ivete Malaquias Pessoa Monteiro, que provêem apenas 50% dos valores correspondentes às c/c conjuntas.” Cientificada do acórdão em 27/03/2009 (fls. 624), a Fazenda Nacional interpôs, na mesma data, o Recurso Especial de fls. 626 a 632, por contrariedade à lei, com fundamento no art. 7º, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, visando rediscutir a exclusão, da base de cálculo dos depósitos bancários, da totalidade dos valores depositados nas contascorrentes conjuntas. Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi dado seguimento, conforme o despacho nº 920200.350, de 08/10/2009 (fls. 634/635). Em 18/01/2010, a Delegacia da Receita Federal em Curitiba/PR opôs os Embargos de Declaração de fls. 637/638, que foram acolhidos, exarandose, em 18/09/2012, o Acórdão de Embargos nº 210101.857 (fls. 639/640), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RERRATIFICAÇÃO DO ACÓRDÃO. Havendo divergência entre o dispositivo do acórdão e a conclusão do voto condutor do acórdão embargado, outro deve ser proferido na devida forma, para sanar o defeito. Embargos acolhidos.” A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para rerratificar o Acórdão nº 10249.451, de 17 de dezembro de 2008, esclarecendo que, em relação ao ano calendário de 2002, somente foi cancelada a omissão com base em depósito bancário sem origem comprovada.” Cientificada do Acórdão de Embargos em 09/05/2013 (fls. 641), a Fazenda Nacional apresentou petição reiterando o Recurso Especial já interposto (fls. 644). Cientificado em 16/12/2013 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 347/348), o Contribuinte quedouse silente. Fl. 1440DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 Às fls. 1.354, a DRF em Curitiba/PR informa que o processo teve seus créditos tributários definitivamente constituídos transferidos para envio para cobrança executiva, por meio do processo nº 10980720.458/201450. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, conforme o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. O apelo foi interposto na modalidade de contrariedade à lei, com fundamento no art. 7º, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 2007, visando rediscutir a exclusão, da base de cálculo dos depósitos bancários, da totalidade dos valores depositados nas contascorrentes conjuntas A matéria é objeto da Súmula CARF nº 29 (Vinculante), de 08/12/2009: Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Na aplicação desta súmula, devem ser observados dois aspectos: quando a súmula especifica que os cotitulares devem ser intimados, obviamente ela se refere aos casos de conta conjunta em que a lei determina a divisão proporcional dos depósitos (§ 6º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), até porque a súmula não faz lei, e sim torna mais prática e célere a aplicação da lei; a "nulidade do lançamento" referida na súmula deve ser interpretada como "exclusão, da base de cálculo, dos depósitos relativos a contaconjunta, cujos cotitulares declarem em separado e não tenham sido intimados"; com efeito, em nenhum dos acórdãos que deram suporte a esta súmula se promoveu a declaração de nulidade do lançamento, mas tão somente a exclusão dos respectivos depósitos. Com estas considerações, verificase que, no caso em apreço, o Contribuinte não fez declaração em conjunto, tampouco possui dependentes, e o acórdão recorrido limitou se efetivamente a determinar a exclusão, da base de cálculo dos depósitos, dos valores das contasconjuntas, sem absolutamente declarar a nulidade do lançamento. Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 1441DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10980.013357/200619 Acórdão n.º 9202003.742 CSRFT2 Fl. 1.439 5 Fl. 1442DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
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Numero do processo: 13056.000066/2005-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004
COFINS. BASE DE CÁLCULO. VALORES PROVENIENTES DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA.
Por força da decisão proferida pelo STF, no RE 606.107 RS, não há a incidência da Cofins nos valores provenientes de transferência de créditos de ICMS para terceiros. Aplicação do art. 543-B do CPC e art. 62-A do RICARF.
COFINS. SALDO CREDOR. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ÓBICE CRIADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA.
O desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010, embora tenha sido proferido em torno de IPI, aplica-se a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando o creditamento, regularmente solicitado pelo contribuinte, tenha sido indevidamente obstaculizado em face de resistência normativa ou por meio de ato expresso emitido pela administração impedindo sua utilização.
O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que é devida a atualização dos créditos, com base na Selic.
Embargos rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. Voto vencedor a cargo do Conselheiro José Henrique Mauri.
ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Presidente e relator.
José Henrique Mauri - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira (Suplente), José Henrique Mauri e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO. VALORES PROVENIENTES DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Por força da decisão proferida pelo STF, no RE 606.107 RS, não há a incidência da Cofins nos valores provenientes de transferência de créditos de ICMS para terceiros. Aplicação do art. 543-B do CPC e art. 62-A do RICARF. COFINS. SALDO CREDOR. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ÓBICE CRIADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA. O desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010, embora tenha sido proferido em torno de IPI, aplica-se a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando o creditamento, regularmente solicitado pelo contribuinte, tenha sido indevidamente obstaculizado em face de resistência normativa ou por meio de ato expresso emitido pela administração impedindo sua utilização. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que é devida a atualização dos créditos, com base na Selic. Embargos rejeitados.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. Voto vencedor a cargo do Conselheiro José Henrique Mauri. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Presidente e relator. José Henrique Mauri - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira (Suplente), José Henrique Mauri e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
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BASE DE CÁLCULO. VALORES PROVENIENTES DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Por força da decisão proferida pelo STF, no RE 606.107 RS, não há a incidência da Cofins nos valores provenientes de transferência de créditos de ICMS para terceiros. Aplicação do art. 543B do CPC e art. 62A do RICARF. COFINS. SALDO CREDOR. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ÓBICE CRIADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA. O desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010, embora tenha sido proferido em torno de IPI, aplica se a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando o creditamento, regularmente solicitado pelo contribuinte, tenha sido indevidamente obstaculizado em face de resistência normativa ou por meio de ato expresso emitido pela administração impedindo sua utilização. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que é devida a atualização dos créditos, com base na Selic. Embargos rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 05 6. 00 00 66 /2 00 5- 19 Fl. 240DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 11 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer e rejeitar os embargos de declaração. Vencido o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, relator. Voto vencedor a cargo do Conselheiro José Henrique Mauri. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Presidente e relator. José Henrique Mauri Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira (Suplente), José Henrique Mauri e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 12 3 Relatório Trata o presente de embargos de declaração, tempestivo, interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacinal, ao amparo do art. 65, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, em face do acórdão nº 3301002.404, de 19/08/2014, assim ementado: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/2004 a 31/03/2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO. VALORES PROVENIENTES DE TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Por força da decisão proferida pelo STF, no RE 606.107 RS, não há a incidência da Cofins nos valores provenientes de transferência de créditos de ICMS para terceiros. Aplicação do art. 543B do CPC e art. 62A do RICARF. COFINS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. POSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a aplicação de índices de correção monetária nos pedidos de ressarcimento. Porém, é possível a sua incidência, em situações em que a demora no ressarcimento tenha sido provocada por resistência ilegítima por parte do fisco. Aplicação do art. 543C do CPC e art. 62A do RICARF. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido De acordo com o embargante haveria omissão e erro material, à medida em que foi reconhecido no citado julgado a incidência de juros Selic no ressarcimento da Cofins nãocumulativa. Afirma que os art. 13 e 15 da Lei nº 10.833/2003 veda expressamente tal incidência e que não é aplicável no presente caso o REsp nº 1.035.847, do STJ, pois o entendimento do STJ é sobre crédito escritural do IPI e não sobre ressarcimento da Cofins. É o relatório. Fl. 242DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 13 4 Voto Vencido Conselheiro ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Os embargos de declaração são tempestivos, portanto passo à sua apreciação. Registro que impõese a concordância com o embargante. De fato, o direito creditório reconhecido na decisão é referente a valores da Cofins nãocumulativa apurada nos termos da Lei nº 10.833/2003. Por sua vez o fundamento do reconhecimento da aplicação da taxa de juros Selic foi o REsp nº 1.035.847, do STJ, o qual trata exclusivamente de créditos escriturais do IPI. Portanto há contradição entre o que foi decidido com os fundamentos adotados no voto condutor, fato que efetivamente pode ter levado a turma julgadora a erro, situação que impõe o acolhimento dos presentes embargos de declaração. Vejamos o entendimento do STJ no Acórdão do REsp 1.035.847/RS, o qual foi julgado na sistemática do art. 543C do CPC (recursos repetitivos): PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Fl. 243DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 14 5 Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Da leitura de sua ementa, resta indubitável a sua aplicação específica aos créditos escriturais de IPI. Portanto não é cabível a aplicação do art. 62A do RICARF o qual obriga os julgadores do tribunal administrativo a reproduzir as decisões do STF e do STJ proferidas nos termos dos art. 543B e 543C do CPC. É que no caso dos créditos da Cofins nãocumulativa existe dispositivo legal expresso proibindo a incidência de correção monetária e de juros. Tratase do art. 13 da Lei nº 10.833/2003, abaixo transcrito: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Como referido dispositivo está em pleno vigor e não foi afetado pelo julgamento do STJ no Acórdão do REsp 1.035.847/RS, há que se reconhecer sua aplicabilidade para o presente processo, sendo forçoso reconhecer o erro e a contradição no acórdão embargado. Diante do exposto, voto por acolher os embargos de declaração dandolhes efeitos infringentes sobre o Acórdão nº 3301002.404, o qual deve ser alterado para negar provimento parcial ao recurso voluntário, somente na parte relativa a incidência de juros sobre os valores do ressarcimento. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Relator Fl. 244DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 15 6 Voto Vencedor Conselheiro José Henrique Mauri Peço vênia ao Ilmo relator para divergir de seu entendimento. Em recente oportunidade, quando relatei o Processo 11020.720074/200729, tratando da mesma matéria, manifesteime no sentido de que o Recurso Especial nº 1.035.847/RS, embora tenha sido proferido em torno de outro tributo IPI, seria aplicável para as contribuições para o PIS e Cofins. Esse entendimento foi acompanhado pela maioria do colegiado, emergindo o Acórdão 3301002.739, que ora o reproduzo, como minhas razoes de voto. Assim ficou ementado o Acórdão 3301002.739, no pormenor: COFINS. SALDO CREDOR. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC. ÓBICE CRIADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA. O desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010, embora tenha sido proferido em torno de IPI, aplica se a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando o creditamento, regularmente solicitado pelo contribuinte, tenha sido indevidamente obstaculizado em face de resistência normativa ou por meio de ato expresso emitido pela administração impedindo sua utilização. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que é devida a atualização dos créditos, com base na Selic. A questão posta referese ao cabimento, ou não, de correção monetária sobre o valor do crédito a ser ressarcido/compensado. Esse assunto já mereceu inúmeras manifestações com divergentes entendimentos no âmbito desse Conselho, todavia o desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, da relatoria do Ministro Luiz Fux, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010, que, embora tenha sido proferido em torno de outro tributo IPI, a circunstância aqui referida mostrase equivalente, determinou, definitivamente, o caminho a ser trilhado. Restou concluído, naquele REsp, que, havendo resistência normativa ou através de ato expresso emitido pela Administração impedindo a utilização do crédito, posteriormente reconhecido, passa a existir o direito à correção monetária. No presente caso, a resistência da administração mostrouse na parte que houve deferimento apenas parcial do crédito em face da inclusão, de ofício, dos valores de transferência de ICMS nas bases de cálculo da COFINS, diminuindo o valor a ressarcir. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 16 7 Os créditos pleiteados deixaram de ser utilizados por força de ato proibitivo emanado da própria Fazenda, transmudandose a sua natureza de mero crédito escritural, para constituirse uma “dívida” de valor. Foi nesse sentido que discorreu o julgado no REsp, razão pela qual se destaca parte do julgado: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. “1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. [...] Utilizo, como se minhas fossem, as palavras do Conselheiro João Carlos Cassuli Junior, relator do Acórdão n.º 3402002.370: Como dito, embora o julgado transcrito tenha sido proferido em sede de IPI, a verdade é que o raciocínio se aplica aos créditos escriturais como um todo, no sentido de que, havendo permissão legal para tomada dos créditos e o contribuinte não os escriturou no devido tempo, por sua própria mora ou omissão, não fará jus aos juros e correção, pois que não pode imputar ao Poder Público uma penalização que decorre de sua própria inércia. No entanto, o inverso também é verdadeiro, na medida em que, havendo oposição da Administração Tributária, no tocante ao direito de escriturar determinados créditos, ou pela sua diminuição por inserção indevida de “débitos” em sua base de cálculo, inibindo o contribuinte de lançálos no tempo oportuno ou obrigandoo a correr o risco de glosa ou mesmo de indeferimento de créditos acumulados, forçandoo, com isso, a buscar guarida num processo litigioso, administrativo ou judicial, será então debitada a mora ao Poder Público, que dessa forma, deverá permitir a incidência de SELIC sobre os créditos que até então tinham seu registro vedado, por norma Fl. 246DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 17 8 expressa ou oposição na interpretação dada pela Administração Pública. Esse entendimento acabou sendo contemplado na Súmula nº 411, do STJ, que se transcreve: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" A aplicabilidade deste entendimento e posicionamento a todos os tipos de créditos escriturais também já foi discutido pelo próprio STJ que, em decisão da 2ª Turma, nos autos do REsp nº 1.203.802/RS, cujo relator foi o Min. Herman Benjamin, em 03.02.2011 (DJe 03.02.2011) expressou seu entendimento como abaixo se alinha: “1. O regramento específico para os créditos de PIS e Cofins apurados na forma do art. 3º das Leis 10.637∕02 e 10.833∕03 só permite que sejam deduzidos do montante a ser pago a título da própria contribuição. No entanto, havendo saldo credor acumulado ao final do trimestre, é possível a compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, conforme autoriza o art. 16 da Lei 11.116∕2005. 2. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.035.847∕RS (assentada de 24.6.2009), submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), pacificou o entendimento de que somente é devida a correção monetária dos créditos escriturais de IPI nos casos em que o direito ao creditamento não foi exercido no momento oportuno, em razão de óbice normativo instituído pelo Fisco. O mesmo raciocínio aplicase aos créditos escriturais de PIS e Cofins obtidos na forma do art. 3º das Leis 10.637∕2002 e 10.833∕2003, já que não há previsão legal que admita sua correção monetária.” (grifei) No mesmo sentido, analisando se a simples demora na análise de pleito de ressarcimento declinado pelo contribuinte subsumirseia a chamada “resistência ilegítima” da Administração, autorizando consequentemente a incidência da correção monetária, aquele mesmo Superior Tribunal de Justiça, pela sua 2ª Turma (REsp nº 1.331.033 – SC, Rel. Ministro Mauro Campbell, julgado em 02 de abril de 2013), posicionouse favoravelmente a incidência da SELIC, sendo que do voto do Relator cabe destacar: “Decerto, essa lógica é pertinente quando estamos a falar de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e utilizados em outro, ou seja, de créditos inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em períodos de apuração subsequentes (se forem utilizados em um mesmo período de apuração não há diferença de correção monetária, vejase o votovista vencido do Min. José Delgado no REsp. n. 212.899 RS, Primeira Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, julgado em 5.10.1999). Se o Fisco impede a utilização desses créditos escriturais, seja por entendêlos inexistentes ou por qualquer outro motivo, a hipótese é de Fl. 247DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 18 9 incidência de correção monetária, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento. Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizálos posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima. Contudo, no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa onde os créditos outrora escriturais passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte, nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI devido na saída. Nestes casos, o ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos se dá mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente. (...) A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza a chamada "resistência ilegítima´. Desse modo, o óbice do fisco a ensejar a incidência de correção monetária se deu em uma e outra hipóteses: a do reconhecimento espontâneo do crédito pela administração tributária com mora e a da negativa do reconhecimento do crédito pela administração tributária vindo a ser reconhecido apenas pela via judicial.” Do mesmo modo, a Primeira Seção (congregando as 1ª e 2ª Turmas do STJ – competente para julgar essa matéria), acabou firmando posicionamento nos Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 1.220.942/SP, de Relatoria do Min. Mauro Campbell Marques (julgado em 14.04 e publicado no DJE em 18.04.2013), reiterando os mesmos termos acima, no qual cita expressamente o trecho relativo ao PIS e COFINS, acima transcrito, na própria Ementa do referido julgado, deixando expresso que o Recurso Representativo de Controvérsia REsp nº 1.035.847/RS (Rel. Min. Luiz Fux), aplicase também a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando os créditos deles objeto deixam de ser meramente “escriturais”. Assim sendo, com ainda mais razão, em havendo oposição da Administração tributária tolhendo o aproveitamento integral ou tempestivo dos créditos, será devida a correção monetária. E para tal fim, se entende como vedação ou oposição ao aproveitamento dos créditos, a prolação de Despacho que diminuir o seu saldo credor. Fl. 248DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI Processo nº 13056.000066/200519 Acórdão n.º 3301002.843 S3C3T1 Fl. 19 10 Ao aplicar a SELIC aos créditos reconhecidos tardiamente, administrativa ou judicialmente, ao contribuinte, ainda que sejam oriundos de anteriores créditos escriturais, se estará meramente recompondo o poder aquisitivo da moeda e, ao mesmo tempo, compensando o contribuinte pela demora do Estado em reconhecer um direito. Assim sendo, voto pela admissão da incidência da taxa Selic sobre o valor dos créditos acumulados pelo contribuinte na parte que houve o indeferimento pela adição dos valores decorrentes da transferência de créditos de ICMS e que fez diminuir o referido saldo credor, em sintonia com o Recurso Especial nº 1.035.847/RS, da relatoria do Ministro Luiz Fux, julgado conforme procedimentos previsto para os Recursos Repetitivos, Acórdão transitado em julgado em 03/03/2010. Dispositivo Ante o todo exposto, voto no sentido de Rejeitar os Embargos Declaratórios interpostos, mantendose íntegro o Acórdão nº 3301002.404, para admitir a incidência da taxa Selic na parte glosada dos créditos ressarciendos. É como voto. Conselheiro José Henrique Mauri Fl. 249DF CARF MF Impresso em 09/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por JOSE HENRIQUE MAURI
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Numero do processo: 10835.001575/2005-01
Turma: Terceira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Dec 06 00:00:00 UTC 2007
Ementa: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2002
Ementa: DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. NÃO CABIMENTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
É cabível a aplicação da multa pelo atraso na entrega da DCTF à vista do disposto na legislação de regência (inteligência da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001, convertida na Lei n° 10.426, de 24.04.2002 c/c Instrução Normativa SRF n° 583, de 20.12.2005).
Devida a multa ainda que a apresentação da declaração tenha se efetivado antes de qualquer procedimento de oficio.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 303-35.013
Decisão: ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Matéria: DCTF - Multa por atraso na entrega da DCTF
Nome do relator: Nilton Luiz Bartoli
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conteudo_txt : Metadados => date: 2013-10-09T17:13:14Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2013-10-09T17:13:14Z; Last-Modified: 2013-10-09T17:13:14Z; dcterms:modified: 2013-10-09T17:13:14Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:6e32bb0e-42f0-427a-a3fc-69409582de03; Last-Save-Date: 2013-10-09T17:13:14Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2013-10-09T17:13:14Z; meta:save-date: 2013-10-09T17:13:14Z; pdf:encrypted: false; modified: 2013-10-09T17:13:14Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2013-10-09T17:13:14Z; created: 2013-10-09T17:13:14Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2013-10-09T17:13:14Z; pdf:charsPerPage: 1084; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2013-10-09T17:13:14Z | Conteúdo => MINISTÉRIO DA FAZENDA TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES TERCEIRA CÂMARA CC03/CO3 Fls. 91 Processo n° Recurso n° Matéria Acórdão n° Sessão de Recorrente Recorrida 10835.001575/2005-01 137.609 Voluntário DCTF 303-35.013 6 de dezembro de 2007 MAURiLIO FERNANDES COMÉRCIO DE LUBRIFICANTES LTDA DRJ-RIBEIRÃO PRETO/SP Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2002 Ementa: DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. NÃO CABIMENTO DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. É cabível a aplicação da multa pelo atraso na entrega da DCTF à vista do disposto na legislação de regência (inteligência da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001, convertida na Lei n° 10.426, de 24.04.2002 c/c Instrução Normativa SRF n° 583, de 20.12.2005). Devida a multa ainda que a apresentação da declaração tenha se efetivado antes de qualquer procedimento de oficio. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da TERCEIRA CÂMARA do TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. • Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CO3/CO3 Fls. 92 ANELI DAUDT PRIETO Presidente J.2TON LU ARTOL Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nanci Gama, Silvio Marcos Barcelos Fiúza, Marciel Eder Costa, Luis Marcelo Guerra de Castro, Tarásio Campelo Borges e Zenaldo Loibman. Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 93 Relatório Trata-se de Auto de Infração constante As fls. 22, referente à multa por entrega fora do prazo de Declarações de Débitos e Créditos Federais — DCTF's, referentes ao ano- calendário de 2002, fundamentada no art. 113, § 3° e 160, Lei 5172/66 do CTN, art. 4° e 2° da IN SRF 126/98, combinado com o item I da Portaria MF 118/84, art. 5° do DL n°2124/84 e art. 7° da MP 16/2001 convertida na Lei 10.426/02. Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresentou Impugnação as fls. 01/20, na qual alega, em suma, que: Não foi garantido o direito constitucional a ampla defesa e do contraditório, assim como não houve embasamento adequado das infrações e sua correlação com a penalidade aplicada — totalmente impertinente aos artigos mencionados, sendo nula de pleno direito; 0 auto de infração ern foco não comprovou objetivamente, que os valores levantados dão suporte para a formalização do crédito tributário, devendo ser considerado insubsistente; é incorreta a tipificagdo da eventual infração imputada, posto que conforme o art. 142 do C7N, não se deu a ocorrência do fato gerador, exigida pelo art. 114 do CTIV, e tampouco ficou determinada a matéria tributável — diversas da penalidade aplicada; o disposto no art. 113, § 2°, embora não invocado pela fiscalização, encaixa-se no caso em tela, pois dispõe sobre a obrigação acessória que decorre da legislação tributária e não foi observado na autuação em foco; a delegação de poderes ao ministro da Fazenda para que possa dispor acerca de obrigações acessórias também é inconstitucional, pois o principio da estrita legalidade não admite delegações ou exceções, conforme art. 5°, lie 150,1, da CF e art. 97 do CTN; segundo o art. 138 do CTN a responsabilidade é excluída por denúncia espontânea da obrigação, inclusive acessória, e, se for o caso, acompanhada do pagamento do tributo, tendo como requisito de validade, sua realização antes do inicio de qualquer procedimento administrativo ou de fiscalização, fato não considerado pela fiscalização; a multa imposta tem caráter confiscatório, o que é vedado pela CF em seu art. 150, IV, em principio aplicável a dever acessório, cabendo as Câmaras Julgadoras garantir que direitos constitucionais sejam observados. Diante do exposto, requer o acolhimento de suas alegações, cancelamento do lançamento em foco, comprovação pericial e testemunhal para elucidar a questão e, caso seja mantido o lançamento em questão, a realização de sustentação oral. Encaminhados os autos a Delegacia da Receita Federal de Julgamento d Ribeirao Preto (SP), esta indeferiu a solicitação As fls. 38/44, nos termos da seguinte ementa: Processo n.° 10835.001575 12005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 94 "Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2002 Ementa: DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS. APRESENTAÇÃO EXTEMPORÂNEA. O cumprimento intempestivo da obrigação de apresentar DCTF sujeita a contribuinte ao pagamento de multa prevista na legislação tributária. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2002 Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A apresentação da DCTF após decorrido o prazo para cumprimento dessa obrigação acessória não configura denuncia espontiinea, ainda que a entrega da declaração se efetue antes do inicio de ação fiscal. INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA CONFISCA TORIA. A autoridade administrativa não possui competência para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis, atribuição reservada constitucionalmente ao Poder Judiciário. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário. 2002 Ementa: NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Somente são considerados nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, bem como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou corn preterição do direito de defesa. Lançamento Procedente." Ciente da decisão proferida às fl. 49, o contribuinte apresentou tempestivamente o Recurso Voluntário as fls. 50/74, no qual reitera os argumentos já apresentados e acrescenta os seguintes: A invocação do art. 106, III, c, do CTN tem a intenção de legitimar a retroação do art, 70 da Lei 10.426/02 para atingir o suposto atraso na entrega da declaração, que tinha prazo final o dia 31/05/2001, quase um ano antes da mencionada lei, no entanto, a mesma não representa beneficio ao contribuinte; A multa foi aplicada corn base na UFIR, segundo o art. 88 da Lei 8.981/95, no entanto, a MP 1.973/67 extinguiu tal lei, antes da ocorrência da suposta infração, e a Lei 10.426/02, em que se baseia a multa, surgiu apenas após a ocorrência do suposto atraso, não se tratando deste modo, de retroatividade da lei mais benéfica e sim de inexistência de lei aplicável ao caso, configurando a multa em ofensa ao principio constitucional de irretroatividade das leis tributárias; Processo ri.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 95 0 indeferimento do pedido de produção pericial, pelo órgão julgador em primeira instância, fere os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa. Corroborando suas alegações, menciona doutrina e jurisprudência sobre o assunto em foco. Requer o acolhimento de suas alegações, reforma da decisão em primeira instância, deferimento da produção de prova pericial e realização de sustentação oral perante o Conselho de Contribuintes. Trouxe aos autos, documentos de fls.77/86, entre os quais, Relação de Bens e Direitos para Arrolamento. Os autos foram distribuidos a este Conselheiro em 06/11/2007, em um único volume, constando numeração até á fl. 89, última. Desnecessário o encaminhamento do processo à Procuradoria da Fazenda Nacional para ciência quanto ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, nos termos da Portaria MF n°. 314, de 25/08/99. o Relatório. • Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 96 Voto Conselheiro NILTON LUIZ BARTOLI, Relator Por conter matéria deste E. Conselho, conheço do Recurso Voluntário, tempestivamente, interposto pelo contribuinte. Em inúmeras oportunidades já externei meu entendimento acerca da inaplicabilidade de multa minima por atraso na entrega da DCTF, com respaldo na Instrução Normativa no 129, de 19.11.1986, posteriormente alterada pela Instrução Normativa n° 73, de 19.12.1996. Sendo, vejamos: Todo ato realizado segundo um determinado sistema de direito positivo, com o fim de nele se integrar, deve, obrigatoriamente, encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior a esta, que, por sua vez, também deve encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior, e assim por diante, até que se encontre o fundamento de validade na Constituição Federal. Nestes termos, qualquer que seja a norma deve-se confrontá-la com a Constituição Federal, pois não estando com ela compatível, não estará compatível com o sistema. Segundo se verifica, a fonte formal da Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986, posteriormente alterada pela Instrução Normativa n° 73, de 19.12.1996, é a Portaria do Ministério da Fazenda n° 118, de 28.06.84, que delegou ao Secretário da Receita Federal a competência para eliminar ou instituir obrigações acessórias. Já o Ministro da Fazenda foi autorizado a eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, por força do Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.84. 0 Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984, encontra fundamento de validade na Constituição Federal de 1967, alterada pela Emenda Constitucional n° 01/69, que em seu art. 55, cria a competência para o Presidente da República editar Decretos-Leis, em casos de urgência ou de interesse público relevante, em relação As matérias que disciplina, inclusive a tributária, mas não se refere A delegação de competência ao Ministério da Fazenda para criar obrigações, sejam tributárias ou, não. Afora isto, a antiga Constituição também privilegiava o principio da legalidade e da vinculação dos atos administrativos A lei, o que de plano criaria um conflito entre a norma editada no Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984 e a Lei Maior de 1967 (art. 153, §2°). Da análise do artigo 97, inciso V, do Código Tributário Nacional, também não resta dúvida que somente A lei é dada autorização para criar deveres e direitos, não escapando A regra as obrigações acessórias. Por outro lado, incabível dar ao artigo 100, do mesmo diploma, a conotação de que está aberta a possibilidade de um ato normativo vir a substituir a função da lei, ou por falha da lei cobrir sua lacuna ou vicio. Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 97 No mais, atos normativos de caráter normativo são assim caracterizados por introduzirem normas atinentes ao "modus operandi" do exercício da função administrativa tributária, tendo força para normatizar a conduta da própria administração em face do contribuinte, e em relação As condutas do contribuinte, servem, tão somente, para explicitar o que fora estabelecido em lei. t nesse contexto que os atos normativos cumprem sua função de complementaridade das leis. Ressalte-se que todo ato administrativo tem por requisito de validade cinco elementos: objeto licito, motivação, finalidade, agente competente e forma prescrita em lei. Ocorre que, a Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986 cumpriu os desígnios orientadores da validade do ato administrativo no concernente aos três primeiros elementos, vez que a exigência de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais — DCTF, com o fim de informar A Secretaria da Fazenda Nacional o montante de tributos devidos e suas respectivas bases de calculo, é de materialidade licita, motivada pela necessidade de a Fazenda ter o controle dos fatos geradores que fazem surgir cada relação jurídica tributária entre o contribuinte e o Fisco, tendo por finalidade o controle do recolhimento dos respectivos tributos. Porém, no que tange ao agente competente, o mesmo não se verifica, uma vez que o Secretário da Receita Federal não tem a competência legiferante, privativa do Poder Legislativo, para criar normas constituidoras de obrigações de caráter pessoal ao contribuinte, cuja cogencia é imposta pela cominação de penalidade. Ainda que se admitisse que o Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.1984, fosse o veiculo introdutório para outorgar competência ao Ministério da Fazenda para que criasse deveres instrumentais, o Decreto-lei não poderia autorizar ao Ministério da Fazenda a delegar tal competência, como na realidade não o fez, tendo em vista o principio da indelegabilidade da competência tributária (art. 7° do Código Tributário Nacional) e até mesmo o principio da indelegabilidade dos poderes (art. 2° da CF/88). Assim, se o Ministério da Fazenda não tinha a competência para delegar a competência que recebera com exclusividade do Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.1984, a Portaria MF n° 118, de 28/06/1984, extravasou os limites do poder outorgados pelo Decreto- Lei. Quanto A forma prescrita em lei, a instituição da obrigação de entrega da DCTF, por instrução normativa, também não cumpre o requisito de validade do ato administrativo, uma vez que tal instituição é reservada A Lei. Somente a Lei pode criar um vinculo relacional entre o Fisco e o contribuinte e a penalidade pelo descumprimento da obrigação fulcral desse vinculo. E tal poder e indelegável, com o fim de que sejam garantidos o Estado de Direito Democrático e a Segurança Jurídica. Ademais, a delegação de competência legiferante introduzida pelo Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984, não encontra supedâneo jurídico na nova ordem constitucional instaurada pela Constituição Federal de 1988, uma vez que o art. 25 estabelece o seguinte: "Art. 25 — Ficam revogados a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 98 Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: I — ação normativa; II — alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie" (Grifei) Assim, a competência de legislar sobre a matéria pertinente ao sistema tributário é do Congresso Nacional, como determina o art. 48 da Constituição Federal, sendo que a delegação outorgada pelo Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984, ato do Poder Executivo auto disciplinado, que ainda que pudesse ter validade na vigência da constituição anterior, perdeu sua vigência 180 dias após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Tendo a norma que dispõe sobre a delegação de competência perdido sua vigência, a Instrução Normativa no 129, de 19.11.1986, ficou sem fonte material que a sustente e, consequentemente, também perdeu sua vigência em abril de 1989. Quanto h cominação da penalidade estabelecida no próprio texto da Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986, Anexo II — 1.1 (e, posteriormente, na Instrução Normativa no 73, de 19.12.1996, que a alterou), entendo que os argumentos retro mencionados são plenamente aplicáveis, isto 6, a imposição de qualquer tipo de multa so poderá ser prevista em Lei. Desta feita, a ausência de perfeita tipicidade na lei de conduta do contribuinte, implica a carência da ação fiscal e, como tais elementos estão ausentes no presente caso, dai também não ser punível a conduta do agente. Tudo isto para dizer que a Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986 não constitui o veiculo próprio a criar, alterar ou extinguir direitos, seja porque não encontra em lei seu fundamento de validade material, seja porque inova o ordenamento jurídico extrapolando sua própria competência. Tal assertiva veio a ser confirmada com a edição da Lei n° 10.426, de 25.04.2002 (conversão da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001) que assim dispõe: "Art. 7° 0 sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica e Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (Did), nos prazos fixados, ou que as apresentar cam incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-á its seguintes multas.. — de dois por cento ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declarações ou Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdao n.° 303-35.013 CC03/CO3 Pls, 99 entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no §3°. Com efeito, a adoção da Medida Provisória n° 16, posteriormente convertida na Lei n° 10.426/02, determinando sanções para a não apresentação, pelo sujeito passivo, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), atesta cabalmente a inexistência de legislação válida até a sua edição, uma vez que não haveria lógica ern se editar norma, de caráter extraordinário, que simplesmente repetisse a legislação anterior. Ao adotar Medida Provisória, o Poder Executivo Federal reconheceu a necessidade de disciplinar a instituição de deveres instrumentais e penalidades para seu descumprimento, que até então não se encontrava (validamente) regulada pelo direito pátrio. Assim, após a entrada em vigor da Medida Provisória n° 16/2001, convertida na Lei n° 10.426, de 24.04.2002, surgiu a disciplina válida ou vigente no sistema tributário nacional para o cumprimento do dever acessório de entrega da DCTF, e, consequentemente, para a cominação de sanções para sua não apresentação, vindo a confirmar todo o entendimento exposto com relação à Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986. Assim, consubstanciada na Lei n° 10.426, de 24.04.2002 (conversão da Medida Provisória no 16 de 27.12.2001), a Instrução Normativa SRF no 583, de 20.12.2005 (a qual revogou a IN SRF no 532, de 30.03.2005, que alterou a IN SRF n° 482, de 21.12.2004), validamente, estabelece quanto à multa a ser aplicada, que: "Art. 10. A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DCTF no prazo fixado ou que a apresentar corn incorreções ou omissões será intimada a apresentar declaração original, no caso de não- apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á as seguintes multas: I — de dois por cento ao mes-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos impostos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega dessa declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no §3°,- §3°A main( In in ima a ser aplicada sera de: I— R$200,00 (duzentos reais) tratando-se de pessoa jurídica inativa; II — R$500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (.)" Desta forma, como mencionado anteriormente, atos normativos, tal como a vigente Instrução Normativa SRF no 583, de 20.12.2005, são para explicitar o que fora estabelecido em Lei (Lei n° 10.426, de 24.04.2002, conversão da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001), cumprindo, nesse contexto, sua função de complementaridade da Lei. Quanto ao aspecto da denúncia espontânea, adoto entendimento que é pacific no Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que não 6 cabível tal beneficio quando se trata de DCTF, conforme se depreende dos julgamentos dos seguintes recursos, entre outros: RESP Processo n.° 10835.001575/2005-01 Acórdão n.° 303-35.013 CC03/CO3 Fls. 100 357.001-RS, julgado em 07/02/2002; AGRESP 258.141-PR, DJ de 16/10/2000 e RESP 246.963-PR, DJ de 05/0612000. Descabe a alegação de denuncia espontânea quando a multa decorre tão somente da impontualidade do contribuinte quanto a uma obrigação de fazer, cuja sanção da norma jurídico-tributária é precisamente a multa. Destaco decisão proferida pela Egrégia P Turma do STJ, através do Recurso Especial n°195161/G0 (98/0084905-0), relator Ministro José Delgado (DJ de 26.04.99): 'TRIBUTÁRIO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ENTREGA COM ATRASO DA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. MULTA. INCIDÊNCIA ART. 88 DA LEI 8.981/95. A entidade 'denúncia espontânea' não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, corn atraso, a declaração do imposto de renda. (grifo nosso). As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vinculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do C7V. 116 de se acolher a incidência do art.88 da Lei 8.981/95, por não entrar em conflito corn o art.] 38 do CTN. Os referidos dispositivos tratam de entidades jurídicas diferentes. Recurso provido". Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, tendo em vista que a DCTF do presente caso, refere-se ao ano-calendário 2002, isto 6, após o surgimento da disciplina válida ou vigente para o cumprimento do dever acessório de sua entrega. Sala das Sessões, em 6 de dezembro de 2007 NII,TON- LU BARTOL - Relator e
score : 1.0
Numero do processo: 13361.000137/92-81
Turma: Primeira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Aug 20 00:00:00 UTC 2001
Ementa: ITR — LANÇAMENTO — NULIDADE.
É nulo o lançamento, devendo assim ser declarado, que contenha
vício de forma, caracterizado pela ausência dos requisitos
estabelecidos no art. 11, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72.
Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais.
Preliminar de nulidade acolhida.
Numero da decisão: CSRF/03-03.197
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, Declarar a nulidade do lançamento por vicio formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Henrique Prado Megda e João Holanda Costa. O Conselheiro Henrique Prado Megda fará Declaração de voto.
Nome do relator: Paulo Roberto Cuco Antunes
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-07-22T13:21:55Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-07-22T13:21:54Z; Last-Modified: 2009-07-22T13:21:55Z; dcterms:modified: 2009-07-22T13:21:55Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-07-22T13:21:55Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-07-22T13:21:55Z; meta:save-date: 2009-07-22T13:21:55Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-07-22T13:21:55Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-07-22T13:21:54Z; created: 2009-07-22T13:21:54Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; Creation-Date: 2009-07-22T13:21:54Z; pdf:charsPerPage: 1358; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-07-22T13:21:54Z | Conteúdo => • ca. ••••ei. 4 • t' MINISTÉRIO DA FAZENDAa CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA TURMA• Processo n° : 13361.000137/92-81 Recurso n° : RP/201-0.356 Recorrida : PRIMEIRA CÂMARA — SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Matéria : I.T.R. Recorrente : FAZENDA NACIONAL Sujeito Passivo : EXPEDITO ALVES DA SILVA Sessão de : 20 DE AGOSTO DE 2001 Acórdão n° : CSRF/03-03.197 ITR — LANÇAMENTO — NULIDADE. É nulo o lançamento, devendo assim ser declarado, que contenha vício de forma, caracterizado pela ausência dos requisitos estabelecidos no art. 11, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Preliminar de nulidade acolhida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela Fazenda Nacional. ACORDAM os Membros da Terceira Turma, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, Declarar a nulidade do lançamento por vicio formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Henrique Prado Megda e João Holanda Costa. O Conselheiro Henrique Prado Megda fará Declaração de voto. ISON PEREIRA R IGUES PRESIDENTE aire" PAULO RO R O CUCO ANTUNES RELATOR FORMALIZADO EM: 28 SET 2001 Participaram, ainda, do presente julgamento os seguintes Conselheiros: CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, MARCIA REGINA MACHADO MELARÉ e NILTON LUIZ BARTOLI. Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Recurso n° : RP/201-0.356 Recorrente : FAZENDA NACIONAL Sujeito Passivo : EXPEDITO ALVES DA SILVA RELATÓRIO E VOTO Versa o presente litígio sobre a cobrança do ITR e Contribuições Sindicais, do exercício de 1992, sobre o imóvel denominado "FURNAS', localizado no município de CAMPO MAIOR — Pl. A exigência em questão constitui-se pela Notificação de Lançamento acostada às fls. 02, a qual foi emitida por processo eletrônico, não contendo a indicação do cargo ou função, nome ou número de matricula do chefe do órgão expedidor, nem tampouco de outro servidor autorizado a emitir tal documento. Levando em consideração o entendimento que já se tornou assente nesta Câmara Superior, com relação às Notificações emitidas em tais circunstâncias, passo diretamente à análise preliminar desta questão, sem me ater às razões de mérito que integram o Recurso Especial interposto pela Douta Procuradoria da Fazenda Nacional, contra o Acórdão n° 201-71.058, de 17/09/97, prolatado pela Colenda Primeira Câmara do E. Segundo Conselho de Contribuintes. Em casos da mesma espécie, com relação à forma do lançamento efetuado, assim tenho me pronunciado em outros julgados: O Decreto n° 70.235/72, em seu art. 11, determina: `Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: 2 Processo n° : 13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 IV — a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único — Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico." Percebe-se, portanto, que embora o parágrafo único do mencionado dispositivo legal dispense a assinatura da notificação de lançamento, quando emitida por processo eletrônico, é certo que não dispensa, contudo, a identificação do chefe do órgão ou do servidor autorizado, nem a indicação de seu cargo ou função e o número da respectiva matrícula. Acompanho entendimento do nobre colega, Conselheiro Irineu Bianchi, da D. Terceira Câmara do E. Terceiro Conselho de Contribuintes, assentado em vários julgados da mesma natureza, que assim se manifesta: "A ausência de tal requisito essencial vulnera o ato, primeiro porque esbarra nas prescrições contidas no art. 142 e seu parágrafo, do Código Tributário Nacional e, segundo, porque revela a existência de vício formal, motivos estes que autorizam a decretação de nulidade da notificação em exame. Com efeito, segundo o art. 142, parágrafo único, do CTN, °a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória...", entendendo-se que esta vincula ção refere-se não apenas aos fatos e seu enquadramento legal, mas também às normas procedimentais. Assim, o "ato deverá ser presidido pelo princípio da legalidade e ser praticado nos termos, forma, conteúdo e critérios determinados pela lei..." (MAIA, Mary Elbe Gomes Queiroz. Do lançamento tributário : Execução e controle. São Paulo : Dialética, 1999, p. 20). Para Paulo de Barros Carvalho, °a vincula ção do ato administrativo, que, no fundo, é a vincula ção do procedimento aos termos estritos da lei, assume as proporções de um limite objetivo a que deverá estar atrelado o agente da administração, mas que realiza, imediatamente, o valor da segurança jurídica" (CARVALHO, Paulo de Barros, Curso de Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2000, p. 372). 3 2P Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Ou seja, o ato de lançamento deve ser executado nas hipóteses previstas em lei, por agente cuja competência foi nela estabelecia em cumprimento às prescrições legais sobre a forma e o modo de como deverá revestir-se a exteriorização do ato, para a exigência de obrigação tributária expressa na lei. Assim sendo, a notificação de lançamento em análise, por não conter um dos requisitos essenciais, passa à margem do princípio da estrita legalidade e escapa dos rígidos limites da atividade vinculada, ficando ela passível de anulação. Outrossim, como ato administrativo que é, o lançamento deve apresentar-se revestido de todos os requisitos exigidos para os atos jurídicos em geral, quais sejam, ser praticado por agente capaz, referir-se a objeto lícito e ser praticado consoante forma prescrita ou não defesa em lei (art. 82, Código Civil), enquanto que o art. 145, II, do mesmo diploma legal diz que é nulo o ato jurídico quando não revestir a forma prescrita em lei. Para os casos de lançamento realizado por Auto de Infração, a SRF, através da Instrução Normativa n ° 94, de 24/12/97, determinou no art. 5°, inciso VI, que "em conformidade com o disposto no art. 142 da Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1996 (Código Tributário Nacional — CTN) o auto de infração lavrado de acordo com o artigo anterior conterá, obrigatoriamente o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante': Na seqüência, o art. 6° da mesma IN prescreve que 'sem prejuízo do disposto no art. 173, inciso II, da Lei n° 5.172/66, será declarada a nulidade do lançamento que houver sido constituído em desacordo com o disposto no art. 5°." Posteriormente e em sintonia com os dispositivos legais apontados, o Coordenador-Geral do Sistema de Tributação, em 3 de fevereiro de 1999, expediu o ADN COS/T n°2, que "dispõe sobre a nulidade de lançamentos que contiverem vício formal e sobre o prazo decadencial para a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário objeto de lançamento declarado nulo por essa razão", assim dispondo em sua letra "a": 'Os lançamentos que contiverem vício de forma — incluídos aqueles constituídos em desacordo com o disposto no art. 5° da IN SRF n° 94, de 1997— devem ser declarados nulos, de oficio, pela autoridade competente:" Infere-se dos termos dos diplomas retro citados, mas principalmente do ADN COSIT n° 2, que trata do lançamento, englobando o Auto de Infração e a Notificação, que é imperativa a declaração de nulidade do lançamento que contiver vício formal." 4 Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Acrescento, outrossim, que tal entendimento encontra-se ratificado por esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, que em recentes sessões, de 07/08 de maio do corrente ano, proferiu diversas decisões de igual sentido, como se pode constatar pela leitura dos Acórdãos n°s. CSRF/03.150, 03.151, 03.153, 03.154, 03.156, 03.158, 03.172, 03.176, 03.182, dentre muitos outros. Por tais razões e considerando que a Notificação de Lançamento do ITR apresentada nestes autos não preenche os requisitos legais, especificamente aqueles estabelecidos no art. 11, inciso IV, do Decreto n° 70.235/72, voto no sentido de declarar, de ofício, a nulidade do referido lançamento e, conseqüentemente, todos os atos dele decorrentes. Sala das Sessões, 20 de agosto de 2001 --- ar- -r,41)80 PAULO ROBE '0 UCO ANTUNES 5 Processo n° : 13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 DECLARAÇÃO DE VOTO CONSELHEIRO HENRIQUE PRADO MEGDA Data vênia, sinto-me na obrigação de discordar do ilustre Conselheiro Relator no que toca a declaração da nulidade da Notificação de Lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR e contribuições acessórias, com base nos artigos 5°, inciso VI, e 6°, da IN SRF n° 94/97, e par. único, do art. 11, do Decreto n° 70.235/72, com fulcro nos fundamentos que tem dado suporte às decisões dá Colenda Segunda Câmara do E Terceiro Conselho de Contribuintes, como segue: Os dispositivos legais da IN SRF citada estabelecem, verbis: "1° A revisão sistemática das declarações apresentadas pelos contribuintes, relativas a tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, far-se-á mediante a utilização de malhas: I - nacionais ... II- locais ... Art. 2° As declarações retidas em malhas deverão ser distribuídas, para exame, a Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional - AFTN, pelo titular da unidade de fiscalização da DRF ou IRF-A do domicilio do declarante. Art. 30 O AFTN responsável pela revisão da declaração deverá intimar o contribuinte a prestar esclarecimentos sobre qualquer falha nela detectada, fixando prazo para atendimento da solicitação. Art. 40 Se da revisão de que trata o art. 1° for constatada infração a dispositivos da legislação tributária proceder-se-á ao lançamento de ofício, mediante lavratura de auto de infração. Art. 5° Em conformidade com o disposto no art. 142 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN) o auto 6 . . Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 de infração lavrado de acordo com o artigo anterior conterá, obrigatoriamente: ** VI - o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; A análise da legislação retro mostra, sem sombra de dúvida, que se trata de declarações retidas em malhas, cujo procedimento fiscal de revisão, efetuado manualmente por AFTN, pode resultar em lançamento de ofício, consubstanciado em Auto de Infração. A própria ementa do ato evidencia a sua natureza - "Dispõe sobre o lançamento suplementar de tributos e contribuições". Não obstante, o documento cuja nulidade foi declarada pelo voto aqui contestado, nada tem a ver com o procedimento acima, posto que se trata de Notificação de Lançamento, emitida em função do lançamento normal, efetuado por processamento eletrônico de dados, com base nas informações cadastrais fornecidas pelo próprio contribuinte. Assim, fica evidenciada a inadequação da aplicação da IN SRF n° 94/97 ao lançamento normal do ITR e contribuições. Claro está que referido tributo também pode vir a ser objeto de malhas fiscais, de revisão manual de declarações por AFTN, e de lavratura de Auto de Infração, porém não foi este o procedimento adotado no caso em questão, nem na maciça maioria dos processos de ITR que aportam a este Conselho de Contribuintes. Demonstrada a inaplicabilidade do citado ato legal ao caso em tela, resta perquirir sobre as formalidades necessárias às Notificações de Lançamento, documento este aplicado à exigência do ITR e contribuições. O art. 11, do Decreto n° 70.235/72, determina, verbis: "Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: 7 , • Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 I - a qualificação do notificado; 11 - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III - a disposição legal infringida, se for o caso; IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Par. único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processamento eletrônico." A exigência contida no inciso I, acima, não pode ser afastada, sob pena de estabelecer-se dúvida sobre o pólo passivo da relação tributária, dada a multiplicidade de contribuintes do ITR. A ausência da informação prescrita no inciso II, por sua vez, impediria o próprio recolhimento do tributo, já que a sistemática de lançamento da Lei n° 8.847/94 prevê a apuração do montante pela própria autoridade administrativa, sem a intervenção do contribuinte, a não ser pelo fornecimento dos dados cadastrais. No que tange ao requisito do inciso III, este possibilita o estabelecimento do contraditório e a ampla defesa, razão pela qual não pode ser olvidado. Quanto à informações exigidas no inciso IV, note-se que elas dizem respeito ao "chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado", e não ao "agente fiscal do tesouro nacional autuante", até porque Notificação de Lançamento não se confunde com Auto de Infração. Tais informações, na prática, são imprescindíveis apenas naqueles lançamentos individualizados, efetuados pessoalmente pelo chefe da repartição ou por outro servidor por ele autorizado. O cumprimento deste requisito, por certo, evita que o lançamento seja efetuado por pessoa incompetente. 8 1. , . Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Já o lançamento do ITR é um procedimento massificado, processado eletronicamente, tendo em vista o grande universo de contribuintes. Assim, torna-se difícil a personalização do procedimento, a ponto de individualizar-se o pólo ativo da relação tributária. Dir-se-ia que a Notificação de Lançamento do ITR é um documento institucional, cujas características - o tipo de papel e de impressão, o símbolo das Armas Nacionais e a expressão "Ministério da Fazenda - Secretaria da Receita Federal" - não deixam dúvidas sobre a autoria do lançamento. Aliás, muitas vezes estas características identificam com mais eficiência a repartição lançadora, perante o contribuinte, que o nome do administrador local, seu cargo ou matrícula. O que se quer mostrar é que não são apenas estes dados que conferem credibilidade e autenticidade ao documento, em face de seu destinatário. Além disso, nas Notificações do ITR está registrada como remetente (órgão expedidor) a repartição do domicílio fiscal do contribuinte, assim entendida a Delegacia ou Agência da Receita Federal, com o respectivo endereço. Ainda que algum destinatário tivesse dúvidas sobre a Notificação recebida, haveria plenas condições de dirigir-se à repartição, para quaisquer esclarecimentos, inclusive com acesso ao próprio chefe do órgão. Conclui-se, portanto, que em termos práticos, em nada prejudica o contribuinte, o fato de não constar da Notificação de Lançamento do ITR a personalização da autoridade expedidora. Vejamos, agora, as demais implicações, à luz do Decreto n° 70.235/72, com as alterações da Lei n° 8.748/93. O art. 59 do citado diploma legal estabelece, verbis: "Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. 9 Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." Por tudo o que foi exposto, conclui-se que o vício formal que aqui se analisa não caracterizou ato lavrado por pessoa incompetente, nem tampouco ocasionou o cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. A maior prova disso consiste nas milhares de impugnações apresentadas aos órgãos preparadores. Tanto assim que os respectivos processos chegaram a este Conselho, em grau de recurso. Assim, o vício em questão não importa em nulidade, e poderia ter sido sanado, caso houvesse resultado em prejuízo para o sujeito passivo. Cabe ainda analisar a questão sob o ponto de vista da economia processual. A nulidade que aqui se discute foi declarada de ofício pela Douta Conselheira Relatora, conforme a parte dispositiva ao final do voto. Ainda que a nulidade houvesse sido arguida pelo recorrente, caberia a análise do mérito, em face do par. 3°, do mesmo art. 59, do Decreto n° 70.235/72, que aqui se transcreve: "Par. 3° Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta." Tal declaração de ofício traz outras consequências que podem ser prejudiciais ao contribuinte, principalmente em função do art. 173, inciso II, da Lei n° 5.172/66, a saber: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: II - da data em que se tomar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado." É entendimento pacífico no âmbito da Receita Federal que, embora o inciso acima contenha a expressão "que houver anulado", trata-se efetivamente de nulidade, posto que o dispositivo se refere a vício formal. 10 Processo n° : 13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Assim, a autoridade lançadora disporá de cinco anos para repetir o ato inquinado, desta vez certamente adotando todos os procedimentos elencados no art. 11 do Decreto n° 70.235112. Para muitos contribuintes, dependendo do caso, é preferível o julgamento do mérito, à declaração de nulidade, o que conduziria certamente a um novo lançamento, com a repetição de todo um ritual que, na maioria dos casos, onera o sujeito passivo com despesas de Laudo Técnico de Avaliação, honorários advocatícios, etc. Principalmente para aqueles que já foram vitoriosos em primeira instância, e vêm discutir no Conselho de Contribuintes apenas os acréscimos e penalidades pecuniárias. Para estes, certamente, não seda agradável submeter-se a um novo julgamento de primeira instância, dado o princípio da eventualidade. Ademais, assim se expressa o ilustre Conselheiro PAULO AFFONSECA DE BARROS FARIA JÚNIOR , no voto condutor do Acórdão que negou acolhimento à preliminar de Nulidade do Lancamento referente ao recurso 121.519 do Terceiro Conselho de Contribuintes: O art. 9 do Decreto n° 70.235172, com a redação que a ele foi dada pelo art. 1° da Lei 8.748193, estabelece: "A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito." No artigo 142 do CTN são indicados os procedimentos para constituição do crédito tributário, que é, sempre, decorrente do surgimento de uma obrigação tributária, descrevendo o lançamento como: 1. a verificação da ocorrência do fato gerador: 2. a determinação da matéria tributável: 3. o cálculo do montante do tributo: 4. a identificação do sujeito passivo: 11 e. Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 5. proposição da penalidade cabível, sendo o caso, Como já se viu, a penalização da exigência do crédito tributário far- se-á através de auto de infração ou de notificação de lançamento, lavrando-se autos e notificações distintos para cada tributo, a fim de não tumultuar sua apreciação, em face da diversidade das legislações de regência. A legislação que regula o Processo Administrativo Fiscal estabelece, no art. 11, do Decreto 70.235/72, o que a notificação de lançamento, expedida pelo órgão que administra o tributo conterá obrigatoriamente, entre outros requisitos, "a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número da matrícula", prescindindo dessa assinatura a notificação emitida por processo eletrônico. Já o artigo 59 do Decreto 70.235/72 diz serem nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O dispositivo subseqüente, artigo 60, reza que "as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Assim, a Notificação de Lançamento que não contiver a assinatura, quando for o caso, com indicação do chefe do órgão expedidor, ou de servidor autorizado, com a menção de seu cargo ou função e seu número de matrícula, não se enquadra entre as situações de irregularidades, incorreções e omissões, um dos requisitos obrigatórios desse documento, não podendo ser sanados e não deixam de implicar em nulidade. Isso porque constituem cerceamento do direito de defesa, porque não se fica sabendo se se trata de ato praticado por servidor incompetente, os dois 12 - Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 casos de nulidades absolutas insanáveis, pois está fundada em princípios de ordem pública a obrigatoriedade de os atos serem praticados por quem possuir a necessária competência legal. Todavia, todas essas considerações não se aplicam à questão em tela, "Notificação de Lançamento do ITR', até 31112/96, por se tratar de uma notificação atípica, pois, ao contrário do que estatui o artigo 9' do Decreto 70.235172, ela não se refere a um só imposto. Ela abarca, além do ITR, as Contribuições Sindicais destinadas às entidades, patronais e profissionais, relacionadas com a atividade agropecuária. Essas contribuições, segundo a legislação de regência, tem a seguinte destinação: 60% para os Sindicatos da categoria, 15% para as Federações estaduais que os abarcam, 5% para as Confederações Nacionais (CNA e CONTAG) e os 20% restantes vão para o Ministério do Trabalho (conta Emprego e Salário, que se destina a ações desse Ministério que visam ao apoio à manutenção e geração de empregos e melhoria da remuneração dos trabalhadores). Além dessas Contribuições Sindicais, a chamada Notificação de Lançamento do ITR promove a arrecadação destinada ao SENAR que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que objetiva o aprendizado, treinamento e reciclagem do trabalhador rural. Por se tratar de cobrança de valores com objetivos e destinações amplamente diversos, tal fato tumultua a apreciação do lançamento, face a diversidade das legislações de regência, com diversas conseqüências danosas às arrecadações, quando apenas uma delas apresentar irregularidade ou sofrer outras contestações, podendo impedir o prosseguimento do recolhimento das demais. 13 - Processo n° :13361.000137/92-81 Acórdão n.° CSRF/03-03.197 Essa dita Notificação de Lançamento também contraria o disposto no art. 142 do CTN, que lista os procedimentos para constituição do crédito tributário, como tratado anteriormente neste Voto. Dessa forma, a chamada Notificação de Lançamento do ITR, não é, propriamente, uma das formas de exigência de crédito tributário, uma vez que, inclusive, não segue os ditames do CTN e do Processo Administrativo Fiscal. É um instrumento de cobrança do ITR e das demais Contribuições. Assim sendo, não está essa dita Notificação de Lançamento sujeita às normas legais que cuidam de nulidade, a qual, argüida, não deve ser acolhida. Por todo o exposto, REJEITO A PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. Sala das Sessões-DF, em 20 de agosto de 2001. HENRIQUE DO MEGDA 14 Page 1 _0047700.PDF Page 1 _0047900.PDF Page 1 _0048100.PDF Page 1 _0048300.PDF Page 1 _0048500.PDF Page 1 _0048700.PDF Page 1 _0048900.PDF Page 1 _0049100.PDF Page 1 _0049300.PDF Page 1 _0049500.PDF Page 1 _0049700.PDF Page 1 _0049900.PDF Page 1 _0050100.PDF Page 1
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