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Numero do processo: 11543.002359/2005-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.589
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o advogado Mário Junqueira Franco Jr., OAB/SP nº 140284.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o advogado Mário Junqueira Franco Jr., OAB/SP nº 140284. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 43 .0 02 35 9/ 20 05 -1 3 Fl. 2755DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.755 2 "Tratase de reconhecimento de direito creditório de Cofins decorrente do regime de nãocumulatividade, no período de 01/01/05 a 31/03/05, no valor de R$3.947.366,00 (fl. 2), para fins de compensação. A autoridade fiscal decidiu (fl. 188) homologar parcialmente as compensações efetuadas, porque entendeu que a contribuinte não possuía o direito creditório no montante declarado. Reconheceu, no entanto, o valor de R$1.900.250,86, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT/ES nº 2.983/09 (fls. 169 e ss), em resumo, que: 1. a requerente tem por objeto social o comércio atacadista de café, comércio atacadista de algodão em pluma, fabricação de óleos vegetais e fiação de fibras de algodão, todas atividades com vendas no mercado interno e no mercado externo; 2. em razão da atividade desenvolvida e tendo em vista a apuração do IRPJ com base no lucro real no anocalendário 2004, neste ano ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep; 3. a contribuinte informou despesas (manutenção e reparos) não passíveis de aproveitamento de crédito, visto que não se enquadraram na definição de insumos esboçada pela legislação tributária, e em outras situações, não discriminou os serviços efetivamente incorridos; 4. as vendas de mercadorias realizadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento não são tributadas, portanto, não fazem jus ao crédito; 5. há compras de mais de 200 diferentes fornecedores, porém, uma amostragem de mais de 80% das compras de café acabou por definir análise da situação dos 55 maiores fornecedores, 15 são cooperativas, 1 é empresa do poder público, restando 39 fornecedores; 6. aproximadamente, 72% destes fornecedores analisados, enquadramse como pessoas jurídicas que se declararam à Receita Federal do Brasil em situação de inatividade, ou simplesmente estão omissas perante o órgão, outras ainda, quando prestaram tais informações, o fizeram de maneira irregular, eis que a receita declarada é totalmente incompatível com o valor das vendas realizadas, isto considerando apenas as operações mercantis com a requerente; 7. registrase que as compras de café de cooperativas foram desconsideradas do cálculo por possuírem tratamento diferenciado no que tange a apuração das contribuições nãocumulativas; 8. se tomados os valores de aquisição que foram declarados, das empresas analisadas, o percentual de aquisições que, em tese, sofreu a incidência do PIS/Pasep na etapa anterior é de impressionantes 28,69%, sublinhando que o levantamento se contentou em esquadrinhar apenas os valores declarados, independentemente do efetivo recolhimento de tais exações; 9. no caso examinado há presunção de que a abertura destas "pessoas jurídicas" era meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 31% (trinta e um inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002, quando foi publicada a Medida Provisória n° 66/2002, que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas; 10. assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas, que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da Fl. 2756DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.756 3 nãocumulatividade para as contribuições em comento; 11. não se está afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho; 12. nesse contexto, a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boa fé em seu favor, todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento ilegal; 13. não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual; 14. nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé; 15. com estes fundamentos foi providenciado o reenquadramento dessas compras, consideradas irregulares pela presente fiscalização, para aquisições de pessoas físicas garantindose o direito ao crédito presumido, de acordo com a planilha de apuração das contribuições nãocumulativas; 16. o sujeito passivo apurou créditos referentes a embalagens adquiridas, de acordo com o DACON/Demonstrativo Analítico de apuração do PIS, referidas aquisições estão enquadradas nos CFOP de n°s 1920 e 2920, os quais se referem à entrada de sacaria e vasilhame; 17. foram desconsideradas as entradas de mercadorias sob os CFOP de n°s 1122, 2122, 1125 e 2125, visto que referidas aquisições foram contempladas no item Compras Terceiros PJ, conforme declaração do próprio contribuinte às fls. 191/192; 18. verificase, pelo somatório da documentação apresentada, que o contribuinte não logrou êxito em confirmar as despesas de aluguel informadas, razão pela qual essa diferença foi desconsiderada para fins de apuração dos créditos a descontar; 19. o contribuinte ofereceu à base de cálculo dos créditos despesas de condomínio, mas não há previsão no texto legal para a inclusão desta despesa no âmbito da despesa de aluguel, visto que possuem naturezas jurídicas distintas, desta forma, despesas de condomínio não foram consideradas como créditos passíveis de aproveitamento, tendo sido glosadas pela fiscalização; 20. procedeu se, então, à utilização dos créditos na dedução do débito do Cofins apurado no mês, além dos créditos vinculados ao mercado interno, consumiramse, também, créditos atrelados ao mercado externo, de sorte que restou saldo credor, a ser utilizado nas compensações de outros tributos ao final do 1º Trimestre de 2005 no montante de R$ 1.900.250,86. No Parecer Complementar DRF/VIT/SEORT nº 1672/2010 (fl. 199) não houve alteração da análise, nem do crédito reconhecido, mas a Delegacia incluiu mais uma Dcomp, no rol das compensações declaradas, a ser considerada por ocasião de efetivação do encontro de créditos. Cientificada da Decisão (fl. 222), em 17/08/10, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 223 e seguintes), em 15/09/10, onde alegou, em resumo, que: 1. Fl. 2757DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.757 4 teve limitado seu direito a uma parcela do crédito pleiteado sem que tenham sido dados os fundamentos para a glosa, portanto, pleiteia a nulidade do processo; 2. as despesas pagas às pessoas jurídicas responsáveis pela manutenção e reparos de seus ativos se enquadram verdadeiramente no conceito de insumos albergado pela legislação fiscal de regência; 3. o direito ao crédito da contribuição nascerá em relação a toda e qualquer aquisição de bens e serviços, desde que: (i) tratemse de elementos sem os quais a receita de vendas não se realizaria; e, (ii) não haja vedação legal à apropriação de créditos calculados sobre tais dispêndios; 4. a Requerente esclarece que as tais despesas são registradas na conta 752.600 e referemse à utilização de serviços no beneficiamento do algodão; 5. se o art. 3º, II da Lei n.° 10.833/03 não restringiu o direito ao crédito apenas para as hipóteses em que os serviços são aplicados ou consumidos na produção, o ato administrativo ora mencionado (IN nº 247/02 com redação dada pela IN º 358/03) não poderia criar este limite, sob pena de ofensa ao Princípio da legalidade, alçado a patamares constitucionais por força do art. 150, I da Constituição Federal; 6. de fato, o art. 3º, §2°, II da Lei n.° 10.833/03 (com a redação dada pelo art. 37 da Lei n.° 10.865/04), veda o direito ao crédito calculado em relação às aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção; 7. no entanto, é imperioso atentar para o fato de que nos tributos em que o ônus financeiro é transferido ao adquirente (tributos indiretos) há a obediência ao chamado Princípio Constitucional da NãoCumulatividade, pelo qual o contribuinte possui o direito de abater o tributo cobrado em etapas anteriores do que for devido em decorrência de suas próprias operações; 8. a idéia materializada nesse princípio é a de evitar o chamado efeito cascata, isto é, a incidência de tributo sobre tributo; 9. em relação aos fornecedores inidôneos, a Requerente acosta notas fiscais, comprovantes de pagamentos e de entrada de mercadorias, que comprovam as transações elencadas pelo Sr. AFRF; 10. cumpre destacar que a Lei nº 10.833/2003 não condicionou a apropriação de créditos ao pagamento do produto adquirido, mas sim a sua aquisição; 11. exigir que a Requerente tome os créditos apenas de pessoas jurídicas que estejam em dia com suas obrigações tributárias (principais e acessórias) é no mínimo paradoxal, na medida em que a Requerente não dispõe do mesmo aparato que o Fisco detém para constatar irregularidades tributárias; 12. ainda que existisse regra condicionando o crédito ao pagamento na etapa anterior, tratarseia de dispositivo absolutamente inócuo, na medida em que em virtude do sigilo fiscal (arts. 198 e 199 do CTN) não há como a Requerente constatar se seus fornecedores estão em dia com o Fisco; 13. assim, solicita o cancelamento da glosa referente às aquisições de pessoas jurídicas inidôneas; 14. o Parecer equivocouse ao glosar o crédito pleiteado pela Requerente (registrado na linha 02 da ficha 04 do DACON), na medida em que as embalagens registradas nessa linha do DACON (contabilizadas na conta 755.000) referemse àquelas consumidas na industrialização do óleo de algodão, não guardando qualquer/relação com aquelas adquiridas, sob o CFOP n°s 1.122, 2122, 1125 e 2125; 15. as demais despesas com embalagens citadas referemse às aquisições de sacaria utilizada na exportação, de café (linha 01 do DACON); 16. não há registro em duplicidade e, consequentemente, não há valores à serem glosados; 17. não há como Fl. 2758DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.758 5 prosperar a glosa efetuada em relação à aluguel, pois todos os dispêndios encontramse devidamente suportados por recibos e comprovantes de pagamento; 18. os dispêndios de condomínio compõem o valor da própria despesa de aluguel e, dessa forma, também geram direito ao crédito. A Inconformada cita legislação e jurisprudência, requerendo, ao final, reconhecimento do direito de crédito e homologação das compensações efetuadas. O processo fora baixado em diligência (fl. 1.823) para a Unidade a quo examinar, em resumo, se há alguma repercussão na controvérsia aqui instaurada e no crédito pleiteado dos mesmos fatos apurados nas operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, pedindo ainda esclarecimentos acerca de outros itens glosados. A Delegacia de origem no “Relatório Fiscal”, à fl. 2.152 e seguintes, responde positivamente a tal indagação, junta variados documentos, e, em síntese, justifica que: 1. a operação fiscal “TEMPO DE COLHEITA” foi deflagrada pela DRF/Vitória, em outubro de 2007, que resultou na operação BROCA parceria do Ministério Público, Polícia Federal, e Receita Federal, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão; 2. no rol de supostos fornecedores da contibuinte, é importante mencionar a ACÁDIA, COLÚMBIA, DO GRÃO, L&L, J.C. BINS e V. MUNALDI, hipotéticas atacadistas de café localizadas na cidade de COLATINA, norte do ES, uns dos principais alvos na “Operação Tempo de Colheita”, deflagrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória – ES; 3. a motivação da operação Tempo de Colheita foi a flagrante divergência entre as movimentações financeiras de pessoas jurídicas atacadistas – na ordem de 3 bilhões de Reais nos anos de 2003 a 2006 – e os valores insignificantes das receitas declaradas; 4. dezenove (53%) das empresas atacadistas fiscalizadas foram criadas a partir de 2002, e passaram a ter movimentação financeira crescente e vultosa a partir do ano de 2003; 5. ao contrário dos tradicionais atacadistas, tais empresas ocupam salas pequenas e acanhadas, sem qualquer estrutura física ou logística, nem dispõem de funcionários para operar como atacadistas; 6. entre os documentos obtidos ao longo da operação “TEMPO DE COLHEITA” estão declarações de produtores rurais, maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada, e, ainda, documentos relacionados a tais empresas; 7. do Ministério Público e da Polícia Federal a Fiscalização recebeu documentos fiscais e contábeis em papel e meio magnético; 8. com o objetivo de colher provas sobre o modus operandi do esquema, coletouse, durante as mencionadas operações, documentos, além de realizar diligências nas atacadistas e principais empresas exportadoras de café; 9. junto aos produtores rurais foi apurado que havia uma negociação direta, ou por meio de corretores, entre os produtores rurais e tradicionais maquinistas e empresas do ramo atacadistas, exportadoras ou indústrias, porém, nas notas fiscais apareciam como compradores pseudoatacadistas, tais como, Colúmbia, Do Grão, V. Munaldi, JC Bins, e outras; 10. os produtores rurais, via de regra, não preenchiam as notas fiscais, sendo que as mesmas eram preenchidas nos escritórios dos corretores e/ou compradores; 11. os corretores de café convergiram para firmar os pontos levantados pelos produtores rurais, especialmente, no que tange à utilização das pseudoempresas jurídicas para intermediar a venda do café do produtor para a comercial atacadista, inclusive, do pleno conhecimento da empresa, ora autuada, de tais operações; 12. os Fl. 2759DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.759 6 corretores afirmaram que as próprias empresas tradicionais de exportação e industrialização do café passaram a dificultar a compra com nota fiscal do produtor rural, exigindo notas em nome de pessoas jurídicas; 13. os corretores afirmaram que algumas empresas foram constituídas com a única e exclusiva finalidade de vender notas fiscais, e, ainda, que as Exportadoras/Indústrias tinham pleno conhecimento do esquema fraudulento; 14. a migração para empresas laranjas foi um movimento orquestrado, onde exportadoras e indústrias caminharam no mesmo sentido, com exigência inclusive de que as notas fiscais anotassem ficticiamente a incidência do PIS/COFINS, bem como as mesmas cautelas adotadas de consultar os cadastros fiscais no momento do recebimento do café por meio de empresas laranjas na tentativa de evitar problemas futuros; 15. restou demonstrado que a EISA não só tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento como dele se beneficiava, apropriandose de créditos fictícios sobre notas fiscais ideologicamente falsas gerados por empresas atacadistas de fachada. Intimada do resultado da diligência (fl. 2316), em 20/04/13, a contribuinte ratificou os termos de sua Manifestação de Inconformidade, adicionando (fls. 2318 e ss), em resumo, que: 1. nenhum dos sócios, administradores ou empregados da Requerente foi investigado no âmbito do Inquérito Policial nº 541/2008 DPF/ SR/ES ou denunciado nos autos do Processo Criminal n° 2008.50.05.0005383, ou em qualquer outro processo criminal oriundo das operações "Tempo de Colheita" e "Broca"; 2. ao revés, em momento algum das investigações ocorridas houve a vinculação da Requerente ao suposto sistema fraudulento; 3. assim, resta evidente a precariedade da acusação da d. autoridade fiscal de que a Requerente teria se utilizado de empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra de café de produtores, com o intuito exclusivo de apropriação de créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS; 4. o volume de operações mantido com pessoas físicas pouco sofreu alterações com a instituição da nãocumulatividade das contribuições e previsão de direito ao crédito (anoscalendários 2002 e 2003), e com a mudança da legislação aplicável ao setor em 2012 (Lei n° 12.599/2012); 5. ainda que o nome do produtor rural, da fazenda de café e/ou da região fosse informado ao adquirente em referidas situações, como até hoje o é, este adquire o produto da empresa atacadista, que ao final é responsável pela entrega do produto em determinada quantidade, em boa qualidade e em determinado prazo e local; 6. as empresas atacadistas, comerciantes e exportadoras de café cru em grão não necessitam de estrutura física própria para operarem a não ser uma sala, onde localizado o estabelecimento comercial utilizado para a formalização da compra e venda do café, na medida em que referido produto, após adquirido, pode perfeitamente permanecer depositado em armazém geral até a ocasião da revenda; 7. em nenhum dos depoimentos constantes dos autos é feita menção à pessoa da Requerente ou de algum administrador/funcionário seu como participante do alegado esquema fraudulento; 8. em sendo inegável a boafé da Requerente, verificase a completa improcedência da glosa dos créditos apurados sobre aquisições de café cru em grão de pessoas jurídicas no período compreendido entre o 1º trimestre de 2004 e o 3° trimestre de 2005; 9. demonstrou a completa improcedência da glosa dos créditos originais das contribuições apurados pela Requerente sobre aquisições de café Fl. 2760DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.760 7 de pessoas jurídicas; 10. considerando a indiscutível boafé da empresa e nos termos do artigo 82, parágrafo único, da Lei n° 9.430/96, deve ser cancelada a glosa dos créditos levada a efeito em razão da suposta inidoneidade dos fornecedores da Requerente; 11. na remota hipótese da glosa em questão ser mantida, o que se admite apenas para fins de argumentação, há que ao mínimo se reconhecer o direito à apuração do crédito presumido de que trata a Lei n° 10.925/04, como fora inicialmente realizado pela d. autoridade fiscal; 12. ainda que não tivesse ocorrido a decadência para inovação dos fundamentos da glosa, apenas a título de argumentação, restará comprovado que a posição da 16ª Turma da DRJ/RJ1 quanto à apuração de crédito presumido de aquisições de café de produtores rurais não deve prosperar; 13. um dos requisitos para a apropriação do crédito presumido na aquisição de produto in natura consiste no fato de que o adquirente exerça a atividade agroindustrial, e a Requerente, na condição de encomendante, é considerada, para todos os fins fiscais, produtora de café e, por conseguinte, beneficiária do crédito presumido. Reitera, “com base nos argumentos constantes da Manifestação de Inconformidade apresentada, somados aos argumentos que aqui são apresentados”, pela reforma da decisão que não homologou os pedidos de compensação, a fim de que seja reconhecido o crédito pleiteado em sua integralidade." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 Créditos a Descontar. Incidência nãoCumulativa. Não dá direito a crédito gastos ou despesas com bens ou serviços utilizados nas atividades da Empresa, quando não corresponderem ao conceito de insumo ou a outra expressa hipótese legal. Aquisições. Nãosujeitas a Cofins. Crédito Vedado. A Partir de 01/05/04. A alteração promovida pela Lei nº 10.865, de 30 de abril 2004, na Lei nº 10.833, no sentido de vedar o direito ao crédito da nãocumulatividade da Cofins, nos casos de aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, passou a produzir efeitos a partir de 01/05/04. Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Fl. 2761DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.761 8 Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte” Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto recurso voluntário repisando as alegações já apresentadas na manifestação de inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Estáse as voltas novamente com a discussão sobre o creditamento de insumos para apuração das contribuições sobre o PIS e a COFINS. Matéria que tem sido objeto de julgamento em diversas turmas desta terceira seção. É cediço que a situação atual do julgamento no CARF é de aplicar o conceito de insumos em relação ao processo produtivo do contribuinte, adotando uma posição intermediária entre aquela considerada pela Receita Federal, com base na IN SRF 247/02 e IN SRF 404/04 e aquela defendida por muitos contribuintes em que todas as despesas e aquisições realizadas estariam incluídas no conceito de insumo. Em razão destes posicionamentos, nos deparamos com situações distintas no processo. A Fiscalização ao auditar a empresa, utilizando as regras constantes das instruções normativas da Receita Federal, não se atem ao exame detalhado da situação das aquisições e despesas incorridas no processo produtivo, utilizando critérios que ao sentir da Fiscalização são suficientes para afastar tais despesas do conceito de insumo, procedendo assim, as glosas aos créditos informados pelo contribuinte. De outro giro, o contribuinte ao se deparar com a posição adotada pelo Fisco e considerando o seu próprio entendimento sobre o conceito de insumo. Apresenta os seus recursos administrativos alegando que as aquisições de bens e serviços informados como insumo em sua totalidade são procedentes, aplicando um conceito amplo em que todas as despesas seriam aptas a serem consideradas para fruição dos créditos das contribuições. Fl. 2762DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 11543.002359/200513 Resolução nº 3201000.589 S3C2T1 Fl. 2.762 9 Conforme dito alhures, as turmas do CARF vem entendendo que para a definição das despesas com aquisição de bens e serviços que possam ser consideradas insumos para aproveitamento de créditos é necessária uma definição clara de quais produtos e serviços estão sendo pleiteados, além de identificar em qual momento e fase da processo produtivo eles estão vinculados. Assim, em muitas situações, tanto os relatórios e trabalhos de auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, quanto os documentos e argumentos apresentados pelos contribuintes em seus recursos, não são suficientes para a definição de quais despesas estariam incluídas no conceito de insumo a serem consideradas possíveis de gerar créditos no cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos. Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração do PIS e a COFINS não cumulativos; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. Concluída tais verificações, os autos deverão ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 2763DF CARF MF Impresso em 23/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 20/02/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
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Numero do processo: 13016.000425/2004-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004
COFINS. BASE DE CÁLCULO. CONTRAPARTIDA FINANCEIRA DECORRENTE DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DO ICMS PARA TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF.
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, ao qual foi aplicado o regime da repercussão geral, decidiu ser inconstitucional a incidência do PIS e da COFINS não-cumulativos sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência de créditos do ICMS para terceiros.
Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF.
COFINS. RECEITAS FINANCEIRAS E DEMAIS RECEITAS NÃO ABRANGIDAS PELO CAPUT DO ARTIGO 1º DO DECRETO Nº 5.164/04. INCIDÊNCIA.
No período de julho de 2004 a março de 2005, o Decreto nº 5.164, de 30/07/2004, reduziu a zero as alíquotas das receitas financeiras do PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições (art. 1º, caput). No entanto, a redução em tela não se aplicava às receitas não classificáveis como financeiras, como também não alcançava as receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge (art. 1º, parágrafo único).
Recurso ao qual se dá parcial provimento.
Numero da decisão: 3301-002.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 COFINS. BASE DE CÁLCULO. CONTRAPARTIDA FINANCEIRA DECORRENTE DA TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS DO ICMS PARA TERCEIROS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL PELO STF. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, ao qual foi aplicado o regime da repercussão geral, decidiu ser inconstitucional a incidência do PIS e da COFINS nãocumulativos sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência de créditos do ICMS para terceiros. Nos termos do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF. COFINS. RECEITAS FINANCEIRAS E DEMAIS RECEITAS NÃO ABRANGIDAS PELO CAPUT DO ARTIGO 1º DO DECRETO Nº 5.164/04. INCIDÊNCIA. No período de julho de 2004 a março de 2005, o Decreto nº 5.164, de 30/07/2004, reduziu a zero as alíquotas das receitas financeiras do PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições (art. 1º, caput). No entanto, a redução em tela não se aplicava às receitas não classificáveis como financeiras, como também não AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 04 25 /2 00 4- 23 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 91 2 alcançava as receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge (art. 1º, parágrafo único). Recurso ao qual se dá parcial provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 2ª Turma da DRJ Porto Alegre (efls. 59/62), a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela interessada contra despacho decisório que indeferiu em parte pedido de ressarcimento do sujeito passivo cumulado com pedido de compensação, onde o crédito pleiteado diz respeito à COFINS de agosto de 2004. Reproduzo, abaixo, o relatório objeto da decisão recorrida: Tratase de manifestação de inconformidade contra indeferimento parcial de pedido de ressarcimento, relativo ao saldo credor de Cofins não cumulativa, cumulado com declarações de compensação. Sobre a parcela da glosa correspondente à tributação das receitas decorrentes das transferências de créditos do ICMS a terceiros, alega que tais operações não se enquadrariam como fato gerador da contribuição, pois tais créditos teriam sido cedidos a terceiros “sem lucro algum e/ou entrada de dinheiro” e se tratariam de receitas decorrentes de exportação imunes à incidência das contribuições. Considera também que tais transferências de ICMS não poderiam ser consideradas como receita, pois não acarretaram em aumento de seu patrimônio, pois se tratariam de mera troca dos créditos por mercadorias, sem qualquer ágio. Cita e transcreve jurisprudência administrativa que entende retratar sua situação. Manifesta, ainda, sua inconformidade quanto às glosas referentes à falta de inclusão de receitas financeiras tributáveis em sua base de cálculo, pois considera que tal procedimento violaria o disposto no Decreto 5.164, Fl. 91DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 92 3 de 30 de julho de 2004. Aponta que já teria inclusive recolhido os valores referentes à inclusão das receitas financeiras decorrentes de juros sobre capital próprio, conforme DARF que diz ter anexado à presente manifestação. Contudo, afirma que não teria realizado operações de hedge, desta forma, as demais exclusões da base de cálculo referentes à receitas financeiras deveriam ser consideradas como válidas. Informa, ainda, que teria providenciado o pagamento do valor decorrente de parte das “conclusões havidas”, conforme se verificaria através de DARF que diz ter anexado à presente manifestação. Conclui com o pedido para que seja dado provimento à manifestação de inconformidade, com o reconhecimento integral do direito ao crédito pleiteado. O acórdão de primeira instância, que, como dito, indeferiu o pleito do sujeito passivo, foi assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 Ementa: BASE DE CALCULO. TRANSFERÊNCIAS DE CRÉDITOS DE ICMS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para o PIS/PASEP e a COFINS até a vigência dos arts. 7°, 8° e 9° da Medida Provisória 451, de 15 de dezembro de 2008. ALEGAÇÕES SEM QUALQUER COMPROVAÇÃO. Não assiste razão à simples alegações de fatos ou motivos trazidas pelo manifestante que não procurou juntar qualquer prova ou indício com o objetivo de demonstrar a veracidade de tais afirmações. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada da referida decisão em 25/04/2010 (efls. 57), a interessada, em 17/05/2010 (efls. 68), apresentou o recurso voluntário de fls. 68/74, onde reitera os argumentos já apresentados na primeira instância. Requer, ao final, seja dado provimento ao seu recurso, com o reconhecimento integral do crédito reclamado. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios Da admissibilidade do recurso O recurso é tempestivo e há que ser reconhecido por preencher os demais requisitos formais e materiais de admissibilidade. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 93 4 Da não incidência da COFINS (e do PIS) sobre a contrapartida financeira decorrente da transferência de créditos do ICMS A primeira questão que carece de exame diz respeito à incidência da COFINS sobre a contrapartida financeira decorrente da transferência de créditos do ICMS, matéria a qual já foi objeto de análise pelo plenário do Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que, segundo o regime da repercussão geral (CPC, art. 543B), deliberou, por maioria, ser inconstitucional a incidência do PIS e da COFINS sobre a transferência onerosa de tais créditos. O acórdão em tela foi assim ementado: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X, “a”, da CF). Em ambos os casos, tratase de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos –, imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição Fl. 93DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 94 5 ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. (Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 606.107/RS. Relatora: Min. Rosa Weber. Julgado pelo pleno do STF em 22/05/2013) Tal entendimento deverá ser adotado por este Conselho. É o que determina o artigo 62A do anexo II de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, abaixo transcrito: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 95 6 Vale lembrar que a Medida Provisória nº 451, de 15/12/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.945, de 04/06/2009, alterou o § 3o do art. 1o das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003, tendo passado a excluir das bases de cálculo do PIS e da COFINS as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS. No entanto, referida Lei, em relação à exclusão em questão, retroagiu seus efeitos apenas para os fatos geradores ocorridos a partir de 1o de janeiro de 2009, conforme artigo 33 da norma em evidência. Confirase: Art. 16. Os arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 1o ...................................................... § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: [...] VII decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996." (NR) [...] Art. 17. Os arts. 1o, 2o, 3o, 10, 58J e 58O da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 1o ......................................................................... § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: [...] VI decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996." (NR) [...] Art. 33. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I a partir de 1o de janeiro de 2009, em relação ao disposto: (.........) c) no art. 16, relativamente ao inciso VII do § 3o do art. 1o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; d) no art. 17, relativamente ao inciso VI do § 3o do art. 1o e ao art. 58J da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; Fl. 95DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 96 7 Portanto, uma vez demonstrado que a COFINS (e o PIS) não incidem sobre a contrapartida financeira decorrente da transferência de créditos do ICMS, deverá ser reconhecido o direito creditório indevidamente glosado com base em entendimento contrário. Da redução do crédito pela não inclusão de receitas financeiras tributáveis Quanto às glosas inerentes à falta de inclusão de receitas financeiras tributáveis, extraise da análise feita pela DRF Caxias do Sul o seguinte: 4 c) NÃO INCLUSÃO DE OUTRAS RECEITAS FINANCEIRAS TRIBUTÁVEIS E GANHOS DE CAPITAIS E RENDAS DIVERSAS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. A partir de 02 de agosto de 2004 o Decreto n° 5164 de 30 de julho de 2004 reduziu a zero as alíquotas das contribuições do Pis e da Cofins sobre as receitas financeiras, entretanto seu parágrafo único manteve a tributação sobre as receitas financeiras, oriundas de juros sobre capital próprio e decorrente de operações de hedge. Entretanto a empresa excluiu da base de cálculo das contribuições todos os valores classificados na conta de Receitas Financeiras (Conta Estruturada 3.4.01.xx) na qual também estão inseridas as Receitas Financeiras Tributáveis na forma do parágrafo anterior e "Ganhos de Capitais" e demais "Rendas" como as classificadas nos subgrupos: (3.4.2.01.06) Restituições de Impostos e Contribuições, (3.4.2.01.07) Créditos de Incentivo a Exportação, (3.4.2.01.09) Renda na Venda de Ações e (3.4.2.01.04) Rendas Diversas. (grifo nosso) (vide efls. 17/18) Sobre a questão o sujeito passivo informou em sua manifestação de inconformidade que "as receitas financeiras decorrentes de juros sobre capital próprio estão sendo reconhecidas pela própria Requerente, que recolheu os valores em guia DARF anexa" (conf. efls. 44). Tal questão é reiterada em seu recurso (conf. efls. 73). Isso torna definitiva a discussão sobre o tema na presente seara, como, aliás ressaltou a instância recorrida. No entanto, ressalta a interessada que o Decreto nº 5.164/2004 expressamente reduz a zero as alíquotas do PIS/Pasep e da COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa, salvo as exceções contidas no parágrafo único do artigo 1º da norma em evidência, que exclui do campo de abrangência da alíquota nula as "receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge". Afirma ainda que "não existe no caso presente nenhuma remuneração originada de juros sobre capital próprio e/ou decorrente de hedge", e que a fiscalização, sem apresentar pontualmente quais receitas teria considerado para fins de tributação, teria ido "além do que o Decreto n. 5.164/04 veda, não podendo permanecer tal entendimento". Fl. 96DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 97 8 No demonstrativo de efls. 10 a fiscalização agrupa no item receitas financeiras, subitem ganhos e juros s/Capital e Rendas, os montantes correspondentes às rubricas restituições de impostos e contribuições, créditos de incentivo a exportação, renda na venda de ações e rendas diversas. Essa apuração foi conduzida com base em Leituras dos arquivos digitais contábeis representativos dos livros Diários e Razão, utilização das memórias de cálculos disponibilizadas pela empresa denominadas de "Demonstrativo do Cálculo COFINS Faturamento com as Alterações da Lei 10.833/2003", análise comparativa dos valores informados na DACON (original), amostragem de Notas Fiscais de Entrada e Saída e visitas à empresa. (conf. descrição da metodologia dotada pela DRF Caxias do Sul, efls. 11) Considerando que parte dos lançamentos apurados pela fiscalização dizem respeito a arquivos digitais, bem como a documentos e declaração da própria interessada, poderia esta ter acostado ao seu recurso, por exemplo, demonstrativo próprio alicerçado pelos lançamentos consignados no Livro Diário de todos aqueles inerentes a receitas financeiras. Afinal, é o sujeito passivo que tem a posse dos documentos e da escrituração contábil, que poderia, sim, ter sido apresentada, até porque diz respeito a apenas um único mês (agosto de 2004). Assim, tendo contestado unicamente de forma genérica os cálculos trazidos pela fiscalização, e não tendo acostado aos autos nada a respeito de sua documentação ou escrituração capaz de afastar os dados oficiais, há que se admitir como corretos os cálculos feitos pela DRF Caxias do Sul. Da conclusão Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso, no seguinte sentido: a) para que seja restaurada a parte do crédito inerente à indevida dedução por conta da contrapartida financeira decorrente da transferência de créditos do ICMS, já que a COFINS não incide sobre esse montante; b) manter as glosas pela indevida exclusão, por parte da interessada, de receitas financeiras tributáveis. Sala de Sessões, em 15 de março de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator Fl. 97DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS Processo nº 13016.000425/200423 Acórdão n.º 3301002.869 S3C3T1 Fl. 98 9 Fl. 98DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 22/ 03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARR OSO RIOS
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Numero do processo: 10530.720415/2004-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2003
COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO.
Comprovada a existência do direito creditório pleiteado pela empresa devem ser homologadas as compensações efetuadas, até o limite do crédito reconhecido.
Numero da decisão: 1201-001.274
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações efetuadas até o limite do direito creditório reconhecido.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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HOMOLOGAÇÃO. Comprovada a existência do direito creditório pleiteado pela empresa devem ser homologadas as compensações efetuadas, até o limite do crédito reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário para homologar as compensações efetuadas até o limite do direito creditório reconhecido. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 04 15 /2 00 4- 09 Fl. 464DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Declaração de Compensação por meio da qual o Contribuinte pretende utilizar crédito relativo a saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2003, conforme apurado na DIPJ/2004, no montante de R$ 454.908,13, compensandoo com débito de COFINS relativo ao mês de fevereiro de 2004, no valor de R$ 470.147,55. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Feira de Santana, ao analisar as informações e os documentos apresentados pela interessada, deferiu parcialmente o pedido e concluiu que o crédito a compensar referente ao saldo negativo de IRPJ em 31/12/2003 seria de R$ 239.238,03 (duzentos e trinta e nove mil duzentos e trinta e oito reais e três centavos), conforme Despacho Decisório DRF/FSA n° 2.851/2007, de 08 de novembro de 2007. Nos termos do referido despacho decisório, o crédito do contribuinte, constante da Ficha 12A da DIPJ pode ser assim demonstrado: IR sobre o Lucro Real à alíquota de 15 % R$ 9.498.371,50 () IRRF R$ 9.141,10 () Programa de Alimentação do Trabalhador R$ 0,00 () Isenção e redução do imposto R$ 9.498.371,50 () IR mensal pago por estimativa R$ 445.767,03 Imposto de Renda a pagar () R$ 454.908,13 O relatório da decisão recorrida ainda esclarece que: De acordo com o Despacho Decisório, as estimativas mensais (R$ 445.767,03) foram quitadas das seguintes formas: R$ 133.898,61 com a utilização de saldo negativo de anos anteriores (validada no processo 10530.000788/200371); R$ 55.876,81 por meio de pagamento (comprovado nos sistemas da RFB, fls. 1501151); R$ 265.132,71. com a utilização de IRRF retido sobre aplicações financeiras ao longo do ano de 2003. O Despacho Decisório prossegue afirmando que a Receita Financeira informada na DIPJ 2004, referente ao ano calendário 2003, Ficha 06A, foi de R$ 247.313,03. A retenção de IRPJ sobre esta receita, calculada à alíquota de 20%, seria de no máximo R$ 49.462,61 (fl. 210). Tendo em vista que a dedução do imposto retido somente pode ser efetuada se as receitas correspondentes tiverem sido Fl. 465DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 4 3 oferecidas à tributação, o saldo negativo do contribuinte foi recalculado, considerandose como retenção incidente sobre receitas financeiras apenas o montante de R$ 49.462,61, e não os R$ 265.132,71 utilizados pelo contribuinte. Desta forma, o saldo negativo reconhecido no despacho decisório foi de R$ 239.238,03 (fl. 211), ao invés dos R$ 454.908,13 solicitados pelo contribuinte. Notificado do Despacho Decisório n° 2851/2007 em 14/03/2008, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 26/03/2008, na qual, em síntese, argumenta que: 1. Na Ficha 06A da DIPJ são informadas receitas financeiras de renda fixa e outras receitas financeiras sobre as quais não incide imposto de renda na fonte. Na composição das receitas financeiras do ano de 2003, indicada na linha 24 da ficha 06A da DIPJ/2004, a empresa incorreu em variação monetária passiva no valor de R$ 1.642.964,13, o que reduziu o montante das Receitas Financeiras para R$ 247.313,03. 2. Se a empresa contabilizasse a variação negativa de R$ 1.642.964,13 como despesa financeira, o valor da receita financeira no anocalendário 2003 passaria a ser de R$ 1.890.277,16 (R$ 247.313,03 + R$ 1.642.964,13). Logo, toda a receita financeira teria sido integralmente oferecida à tributação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador, na sessão de 21 de janeiro de 2010, julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, para reconhecer o direito creditório de R$ 155.362,16. O voto vencedor reconheceu o direito a crédito em montante ligeiramente superior àquele que havia sido reconhecido pelo voto da Relatora, no valor de R$ 148.390,06. Reproduzimos, a seguir, a argumentação do voto vencedor: De acordo com a documentação que consta nos autos, especialmente o extrato da DIRF de fl. n° 165 e a cópia da DIPJ do anocalendário de 2003, "Ficha 53 — Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte (LR, LP e LA)", de fl. n° 91, juntado pela DRF/FSA, o rendimento informado e o correspondente IRRF pleiteado na "PER/DCOMP" ora analisada tem uma única origem e é resultante da tributação das receitas financeiras oriundas de mútuos entre a Interessada e sua coligada/controlada — CIMAF CABOS S/A —, CNPJ n° 03.591.717/000143. A matéria foi examinada pela Fiscalização na diligência pedida, cujo relatório transcrevo, no pertinente: A contribuinte ainda apresentou Razão Analítico de sua conta contábil n° 420111001 Juros Recebidos Contrato de Mútuo e relatórios das contas 3502003 e 3502004 do seu sistema de contabilização. Portanto, as receitas dos contratos de mútuos foram contabilizadas na conta contábil n° 420144001 até Fl. 466DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 5 4 setembro de 2003. A partir de outubro de 2003 estas receitas passaram a ser contabilizadas nas contas 3502003 e 3502004. Nelas há os lançamentos contábeis referentes às correções informadas nas planilhas do item 7 acima. Vale ressaltar que nos meses de março, abril, junho e dezembro de 2003 houve lançamento a débito nas contas contábeis, pois ocorreu expressiva variação negativa do dólar dos EUA (Anexo 03). (fl. 388) Quanto à contabilização e ao oferecimento à tributação dos valores informados nas planilhas de memória de cálculo dos mútuos, fornecidas pela contribuinte, podese verificar a contabilização mensal no Razão Analítico da conta contábil (420144001 Juros Recebidos Contrato de Mútuo) nos meses de fevereiro a setembro de 2003, conforme páginas do Razão Analítico. Houve apresentação dos relatórios do sistema de contabilização para os meses de outubro a dezembro de 2003 (ANEXO 4). Obs.: destaquei. Isto posto, é lícito se inferir o oferecimento à tributação dos valores das receitas do mútuo relativamente, também, aos meses de outubro à dezembro de 2003, inclusive porque o saldo de R$ 247.313,03, informado da DIPJ do anocalendário de 2003, utilizado pela autoridade emitente do Despacho Decisório ora contestado para fins do cálculo do valor glosado, só é encontrado com a adição dos valores positivos e negativos compreendendo a movimentação de janeiro à dezembro de 2003 (fls. de n°s. 288 a 324, 330 a 33 e 347), observandose que os juros de mútuo foram contabilizados no valor de R$ 1.325.663,59, o que, de conformidade com o critério de proporcionalidade de 20% adotado no Despacho Decisório, resultaria no direito creditório original de R$ 265.132,72. Por outro lado, apesar de a Interessada ter informado em sua DIPJ, do anocalendário de 2003, o valor R$ 1.325.663,55 de Rendimentos e R$ 265.132,71 de IRRF, observase divergências entre as informações contidas nos documentos trazidos aos autos a título de prova ao alegado direito creditório, como segue: a) no Informe de Rendimentos expedido pela fonte pagadora dos rendimentos de "Aplicação Financeira de Renda Fixa", DIMAF CABOS S/A (fl. n° 228), apresentado pela Interessada juntamente com sua Manifestação de Inconformidade consta, relativamente ao anocalendário de 2003: rendimentos de "Aplicação Financeira de Renda Fixa" R$ 1.340.898,72 e, de IRRF R$ 265.132,71; b) as cópias dos DARF apresentados pela Interessada relativos aos recolhimentos efetuados pela sua controlada/coligada CIMAF CABOS S/A, CNPJ 03.591.717/000143, referente ao IRRF incidente sobre receitas financeiras, código "3426 — Aplicações Financeiras de Renda Fixa — Pessoa Jurídica", compreendendo o período de apuração janeiro a dezembro de Fl. 467DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 6 5 2003 (01/02/2003 a 29/11/2003), representam o valor de R$ 229.411,64 (fls. de n°s. 366 a 381); c) no extrato da DIRF retificada apresentada pela mesma fonte pagadora do rendimentos — a sua coligada/controlada (DIMAF) —, consta ali declarado: R$ 1.024.121,80 de Rendimentos pagos e R$ 204.824,77 de IRRF (fl. n° 165). Por sua vez, a legislação determina que a fonte pagadora dos rendimentos além do dever de reter e recolher o tributo incidente na fonte, tem, também, o dever de apresentar a Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF à Receita Federal do Brasil, sob pena de sujeitarse às diversas penalidades (arts. 7° e 9% da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2002), dentre as quais a cobrança da multa de 75% incidente sobre o imposto que deixou de ser retido ou recolhido. Portanto, diante das apontadas inconsistências das informações prestadas pela fonte pagadora dos rendimentos das aplicações financeiras oferecidos à tributação, especialmente sobre o valor do Imposto de Renda Retido na Fonte, quando ora ela informa na DIRF o valor de R$ 204.824,77, ora consta no Informe de Rendimentos o valor de R$ 265.132,71, e como as cópias dos DARF apresentados, revelam um recolhimento de R$ 229.411,64, o que, também, não significa que esse valor corresponde em sua totalidade àquele objeto de retenção, e, pela gravidade das conseqüências advindas de incorreções ou de omissões em informações prestadas pelas fontes pagadoras, tomo como correta a informação do IRRF prestada pela fonte pagadora na DIRF, ou seja, o valor de R$ 204.824,77. Conseqüentemente, tendo o Despacho Decisório reconhecido o valor de R$ 49.462,61, resta à Contribuinte um saldo de R$ 155.362,16 (R$ 204.824,77 R$ 49.462,61). (grifamos) Intimada da decisão em 12 de fevereiro de 2010, a interessada interpôs recurso voluntário, no qual, em síntese, busca demonstrar que as inconsistências apontadas no voto vencedor não ocorreram efetivamente. Para tanto, juntou novos documentos e provas, inclusive informes de rendimentos, DCTF do período, Razão Analítico e cópias de DARF e REDARF que comprovariam a conciliação das inconsistências observadas. Seus argumentos, quanto ao mérito, foram os seguintes: A fonte pagadora dos rendimentos CIMAF Cabos S/A, CNPJ 03.591.717/000143, reteve e recolheu o IRRF conforme informado no comprovante anual de rendimentos, conforme demonstrado no documento de n. 01 anexo "VINCULAÇÃO DO DARF AO RAZÃO ANALÍTICO E AO INFORME DE RENDIMENTO", cabendo à fonte pagadora retificar a DIRF conforme demonstrado do documento de n. 02 anexo "CONCILIAÇÃO ENTRE O INFORME DE RENDIMENTO E 0 EXTRATO DA DIRF RETIFICADORA DA CIMAF CABOS S/A". Fl. 468DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 7 6 Na inconsistência apontada nas cópias dos DARF apresentados conforme letra "b" página 8 do Acórdão no montante de R$ 229.411,64, faltou apresentar 03 (três) DARF, e foi apresentado 01 (um) DARF indevidamente do anocalendário de 2002, conforme demonstrado no documento de n. 03 anexo "CONCILIAÇÃO DAS INCONSISTÊNCIAS APONTADAS NAS CÓPIAS DOS DARF APRESENTADOS NO PROCESSO CONF. ITEM "b" PÁGINA B DO ACÓRDÃO 15 22.173". Em sessão de 12 de março de 2014, esta Turma decidiu, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, para que a autoridade responsável pelo despacho decisório: a) Analisasse os documentos e demonstrativos apresentados pela Recorrente, verificando sua correspondência com as informações presentes nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil; b) Elaborasse parecer conclusivo acerca dos documentos e informações fornecidos, notadamente quanto à pertinência dos créditos pleiteados, bem assim aponte os valores efetivamente passíveis de compensação, indicando, inclusive, se foram objeto de outras compensações; c) Após tais providências concedesse à Recorrente prazo para a apresentação de manifestações. A autoridade competente respondeu aos quesitos formulados em diligência (fls. 452 a 454) e concedeu ciência do resultado ao Contribuinte, que não se manifestou. Os autos retornaram ao CARF para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. A questão dos autos abrange, apenas, a verificação fática e jurídica dos créditos pleiteados pela Recorrente, objeto da compensação aqui discutida. Em razão disso, esta Turma resolveu baixar o processo em diligência para que a autoridade de origem analisasse os argumentos e a documentação apresentados pela interessada. As conclusões da autoridade competente, que passamos a adotar, foram assim fundamentadas: Fl. 469DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 8 7 02. Intimada da decisão no Acórdão supracitado, a interessada interpôs recurso voluntário, buscando demonstrar que as inconsistências apontadas no voto vencedor do referido Acórdão não ocorreram efetivamente. Para tanto, juntou novos documentos e provas, inclusive informes de rendimentos, DCTF do período, Razão Analítico e cópias de Darf e Redarf que comprovariam a não ocorrência das inconsistências observadas. 03. Nos seus argumentos, a interessada informou que a fonte pagadora dos rendimentos CIMAF Cabos S/A (CNPJ: 03.591.717/000143) reteve e recolheu Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) conforme informado no Comprovante Anual de Rendimentos, vide fl. 384. 04. Uma das inconsistências apontadas foi que nas cópias dos Darf apresentados não se chegava ao valor informado no Comprovante Anual de Rendimentos. Enquanto no referido Comprovante o valor total retido foi de R$ 265.132,71, no total dos Darf apresentados se chegava ao montante de R$ 229.411,64. Para justificar essa diferença, a interessada informou que faltou apresentar 03 (três) Darf e, além disso, foi apresentado, indevidamente, 01 (um) Darf do anocalendário 2002. 05. Na planilha apresentada à fl. 383 (Doc. 01), a interessada lançou todos os Darf referentes aos recolhimentos de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), inclusive os 03 (três) Darf que estavam faltando. Somandose, agora, todos os Darf apresentados chegase ao montante de R$ 265.132,61, que corresponde ao valor informado no Comprovante Anual de Rendimentos pela CIMAF Cabos S/A (fl. 384), com uma diferença de 10 (dez) centavos a ser explicada no parágrafo 08. 06. Foi feita a conferência de todos os Darf apresentados, que estão discriminados na Tabela abaixo: (...) 07. Confirmouse que todos os pagamentos discriminados na Tabela acima estão registrados no sistema interno da RFB – Documentos de Arrecadação, vide fl. 451. Salientase que os pagamentos de valores R$ 10.666,15 e R$ 38.614,15 estão lançados com os valores de R$ 10.842,14 (com multa e juros, vide fl. 401) e R$ 38.741,57 (junto com outra receita de R$ 127,42, vide fl. 403), respectivamente. 08. O valor a ser reconhecido é de R$ 265.132,61 e não R$ 265.132,71, pois essa diferença de 10 (dez) centavos é justificada pelo pagamento de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 9.141,00 e não de R$ 9.141,10, vide fl. 420, como lançado no Comprovante Anual de Rendimentos, vide fl. 384. Dessa forma, o valor total reconhecido (R$ 265.132,61) corresponde ao valor lançado, pelo próprio interessado, na Planilha apresentada à fl. 383 (Doc. 01). Fl. 470DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 9 8 09. A interessada também justificou, corretamente, por meio da Planilha de fl. 426, as inconsistências apontadas quando da apresentação dos Darf na Manifestação de Inconformidade. 10. Portanto, resta demonstrado, e buscandose a verdade material dos fatos, que a soma dos Darf apresentados respalda o valor utilizado pela interessada para compor o Saldo Negativo de IRPJ no anocalendário 2003, salientandose a diferença apontada de dez (10) centavos no pagamento de um dos Darf, vide parágrafo 08. 11. Com a confirmação do valor total dos Darf apresentados (R$ 265.132,61) podese deduzir esse valor na apuração do Imposto de Renda a Pagar na Ficha 12A da DIPJ 204 – Ano Calendário 2003, o que implicou em um Saldo Negativo de IRPJ conforme abaixo: 12. Concluise, portanto, que o Saldo Negativo de IRPJ declarado na Ficha 12A (Linha 19) está respaldado pela documentação apresentada no Recurso Voluntário. 13. Em resposta ao item “b” solicitado pelo CARF, vide fl. 448, informo que o valor passível de compensação é o próprio Saldo Negativo de IRPJ do anocalendário 2003 (R$ 454.908,03) e, além disso, após pesquisa no sistema interno da RFB – Sief, verificouse que o referido crédito não foi objeto de outras compensações. (grifamos) Como a própria autoridade diligenciante reconheceu o direito creditório pleiteado pela Recorrente, entendo que restaram comprovadas a origem e a pertinência dos valores utilizados na compensação. Somese a isso o fato de que tais créditos não foram utilizados em outras compensações e tornase forçoso concluir que assiste razão à interessada, que conseguiu comprovar, por meio de documentos hábeis, os argumentos formulados na defesa. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por DARLHE provimento, para homologar as compensações efetuadas até o limite do direito creditório reconhecido. É como voto. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 10530.720415/200409 Acórdão n.º 1201001.274 S1C2T1 Fl. 10 9 (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 472DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 12/ 02/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 11516.003483/2009-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. QUESTÕES CONSTITUCIONAIS.
O CARF não é competente para se pronunciar acerca de inconstitucionalidade de leis, nos termos da Súmula CARF nº 2.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRÁTICA DE ATOS QUE CONFIGURAM CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PERDA DO INCENTIVO. INCIDÊNCIA DO ART. 59 DA LEI 9.069/1990.
Numero da decisão: 3402-002.730
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula (relatora), Valdete Aparecida Marinheiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro, que votaram por dar provimento parcial para anular o despacho decisório e determinar que a autoridade administrativa apurasse o crédito presumido de IPI. Designado o Conselheiro Jorge Freire para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente
(assinado digitalmente)
MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Relatora
(assinado digitalmente)
JORGE OLMIRO LOCK FREIRE - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula (relatora), Valdete Aparecida Marinheiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro, que votaram por dar provimento parcial para anular o despacho decisório e determinar que a autoridade administrativa apurasse o crédito presumido de IPI. Designado o Conselheiro Jorge Freire para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente (assinado digitalmente) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Relatora (assinado digitalmente) JORGE OLMIRO LOCK FREIRE - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. QUESTÕES CONSTITUCIONAIS. O CARF não é competente para se pronunciar acerca de inconstitucionalidade de leis, nos termos da Súmula CARF nº 2. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRÁTICA DE ATOS QUE CONFIGURAM CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PERDA DO INCENTIVO. INCIDÊNCIA DO ART. 59 DA LEI 9.069/1990. O contribuinte que pratica fraude inconteste que configura crime contra a ordem tributária, perde direito ao benefício fiscal no anocalendário correspondente à prática, independentemente de sentença judicial condenatória transitada em julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula (relatora), Valdete Aparecida Marinheiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro, que votaram por dar provimento parcial para anular o despacho decisório e determinar que a autoridade administrativa apurasse o crédito presumido de IPI. Designado o Conselheiro Jorge Freire para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 34 83 /2 00 9- 57 Fl. 1142DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 2 MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora (assinado digitalmente) JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Salvador/BA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Adoto o relatório da decisão recorrida para descrever os fatos que sucederam no processo até a apresentação da manifestação de inconformidade: (...) Tratase de manifestação de inconformidade (efls. 347/357 e 361/389) apresentada contra Despacho Decisório de efls. 340/341, que indeferiu o direito creditório relativo ao crédito presumido do IPI no valor de R$127.958,40, homologou parcialmente a compensação de créditos de ressarcimento de IPI relativos ao 2º trimestre/2003, transmitida no PER/DCOMP. Às efls. 187/333, foi juntada a cópia do Termo de Verificação FiscalTVF da DRF/Florianópolis, no qual a fiscalização apontou e descreveu supostas infrações que apuradas demonstram três tipos de fraudes contábeis, lá descritas. A Fiscalização esclareceu que: · a verificação fiscal abrangeu em conjunto as quatro empresas do mesmo grupo, coligadas à época, Indústria de Molduras Moldurarte, Indústria de Molduras Catarinense Ltda, Indústria de Molduras H. Effting Ltda, Incomarte Indústria e Comércio de Molduras Ltda, denominadas como “Moldureiras”, tendo a análise relativa aos pedidos de ressarcimento de IPI, constituídos de créditos básicos e presumidos, oriundos da aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos exportados pelas empresas, concluído que não fazem, as referidas contribuintes, jus ao crédito presumido haja vista a prática reiterada de fraudes contábeis no pagamento de matériasprimas, nos anos calendários de 2002 e 2006, que desqualificou a escrita contábil quanto ao Documentário Fiscal apresentado; · as empresas tinham como objeto social, à época, a fabricação de molduras para decoração, tendo como matéria prima principal a madeira. Em média, quase metade dos pagamentos efetuados pelas quatro empresas fiscalizadas (Incomarte, Modurarte, H. Effting e Catarinense) na aquisição de madeira foi efetuada por meio “pagamentos antecipados”. A Fl. 1143DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.143 3 conta contábil era utilizada para registrar adiantamentos e devoluções de adiantamentos, “nem sempre com respaldo em registros bancários”; · o crédito presumido baseado na Lei 10.276, de 2001, tendo por base de cálculo os pagamentos antecipados aos fornecedores não foram devidamente demonstrados, pois mostraramse inexatos e inconsistentes, supervalorizando os custos, pagamentos sem causa. Os cheques relativos aos pagamentos foram emitidos em nome das próprias moldureiras, e não em nome dos fornecedores. Segundo o contador da empresa, “esses cheques eram transformados em moeda corrente, para que fossem assim repassados aos fornecedores, ‘em mãos’”; · observaramse casos em que os adiantamentos eram reduzidos, “supostamente pelos mesmo fornecedores adiantados”, a título de “devolução de adiantamentos realizados a maior”, muitas vezes na mesma data do próprio adiantamento. As devoluções, ao contrário dos adiantamentos, seriam efetuadas por transações bancárias e não em moeda corrente, conforme descrição no TVF: Os valores contabilizados são deveras significativos e o que mais chamou a atenção, já numa avaliação inicial, é que mesmo quando ainda existiam valores consideráveis de créditos (adiantamentos) atribuídos a um fornecedor, antes mesmo de se fazer um abatimento desses créditos (com o esperado fornecimento da madeira), constatava se novas transferências a titulo de adiantamento. Tudo isso lançado na contabilidade, mas nem sempre com respaldo nos registros bancários, pois nesses as transações que se tem são outras, especialmente diferentes, conforme se detalhará no decorrer deste Termo. · vários fornecedores nunca entregaram as madeiras compradas e nem devolveram os adiantamentos, equivalentes a milhões de Reais, mas continuavam a receber os tais adiantamentos, inclusive até a data de encerramento da ação fiscal em 2010; · a Fiscalização efetuou diligência em vários fornecedores e os intimou a apresentar os lançamentos contábeis e extratos bancários, tendo obtido resposta de apenas duas empresas: Madeireira Menagali Ltda, que tinha os registros contábeis dos adiantamentos, mas não das devoluções e a Madedino Madeiras Ltda, esta que não tinha registros contábeis. Uma não foi localizada e as demais não atenderam às intimações; · as irregularidades observadas são enquadradas na Lei n° 8.137, de 27/12/1990, art. 1º, inciso II, que levaram a aplicação do art. 59 da Lei 9.069, de 1995, e proposta de glosa do crédito presumido do período em tela, pois se trata de incentivo fiscal à exportação: Ressaltese também que as irregularidades contábeis encontradas nos pagamentos dos adiantamentos de madeira, assim como nos Fl. 1144DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 4 pagamentos diretos desta, que é a principal matéria prima para produção de varetas para molduras, além da supervaloração de custos, pagamentos sem causa sugerindo a possibilidade de manutenção de "caixa dois" – entre outras irregularidades encontradas, possibilitaram não só a supressão e redução dos tributos envolvidos nessas transações, como também um acréscimo indevido no cálculo dos créditos presumidos. E, como tais créditos presumidos (fraudados) foram utilizados para pagamento de tributos, mediante declarações de compensação (Dcomp's), caracterizouse de forma ainda mais evidente a redução indevida de tributação. Por isso, os fatos adiante narrados enquadramse duplamente na Lei n° 8.137, de 27/12/1990, art. 1 0, inciso II, acima referido. Isto posto, não restam dúvidas que deve ser aplicado o art. 59 da Lei 9.069/95 para glosar o crédito presumido do período em tela, pois se trata de incentivo fiscal ã exportação, o que não pode prosperar num ambiente maculado pelos atos aqui encontrados. · a Fiscalização requereu aos bancos do Brasil e o Bradesco, cópias de alguns cheques e de “fitas detalhe de caixa”, relativamente aos valores superiores a R$ 5.000,00, concluindo o seguinte: O cotejamento POR AMOSTRAGEM destas fitas de caixa com os registros contábeis das Moldureiras permitiu a esta auditoria compreender o "modus operandi" destas empresas e confirmar que os registros contábeis eram fraudados, reduzindo a base tributária, e incorrendo nos crimes tributários anteriormente citados. Foram identificadas três tipos de fraudes realizadas de forma reiterada pelas contribuintes, que passaremos a descrever: O primeiro tipo de fraude, foi identificado no Bradesco e, em geral, envolvia duas ou mais Moldureiras ao mesmo tempo. Uma das empresas registrava na contabilidade um adiantamento a determinado fornecedor (contrapartida conta Bancos) e a segunda empresa registrava na contabilidade uma devolução de adiantamento de outro fornecedor (também com contrapartida conta Bancos). Porém, a análise das fitas de caixa do Bradesco permitiu, verificar que os valores eram sacados das contas de uma Moldureira e na seqüência depositado na conta da outra Moldureira. Desta forma uma empresa omitia recebimentos e a outra empresa deixava de registrar um pagamento. A maioria das vezes este procedimento envolvia mais de duas Moldureiras. Porém, identificouse também que em alguns casos, assombrosamente, o depósito era realizado na conta bancária da mesma Moldureira que realizou o saque !!!. [...] Um segundo tipo de fraude foi realizado tanto no Bradesco quanto no Banco do Brasil e consistia em registrar o adiantamento para um fornecedor e efetuar o pagamento para pessoa física ou jurídica totalmente distinta daquela para qual era feito o registro contábil (e/ou, quando não fosse o caso da pessoa ser distinta ao lançamento contábil, os depósitos eram realizados em valores diferentes daqueles em que haviam sido contabilizados). Em diversos casos, inclusive, constaram como beneficiários dos cheques contabilizados como adiantamento a fornecedores de madeira nada mais nada menos que familiares dos sócios da empresa (Nilza Effting e Patricia Effting Goes). Um terceiro tipo de fraude foi identificado tanto no Banco do Brasil quanto no Bradesco e consistia em emitir o cheque no valor da nota fiscal de venda de madeira, porém o depósito na conta do Fl. 1145DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.144 5 fornecedor era feito num valor inferior ao valor contabilizado. Houve até mesmo caso em que nada foi repassado ao fornecedor de madeira. A diferença era simplesmente depositada na própria conta bancária da Moldureira (ou de uma coligada). Nestes casos a fraude ampliava diretamente, e de forma fictícia, o valor dos custos com aquisição de insumos. É importante ressaltar que este último procedimento foi identificado apenas nos pagamentos das notas fiscais de um único fornecedor de madeira, a Madecamp (ou Madecap). Justamente uma das empresas denunciada por envolvimento em fraudes na emissão de autorização de transporte de madeira, conforme descrito posteriormente neste Termo de Verificação Fiscal (Operação Isaias). Notese também que a Madecamp era um dos raros fornecedores de madeira para os quais as Moldureiras não registravam adiantamentos, efetivando os pagamentos diretamente, contra entrega deste insumo, só que muitas vezes em valor inferior ao registrado na nota fiscal e na contabilidade. Portanto, as fraudes contábeis existiram tanto nos "adiantamentos a fornecedores" quanto nos "pagamentos diretos" a fornecedores. Grifos nossos (...) · relacionou várias operações bancárias que demonstraram os procedimentos e tratou de cada tipo de fraude, discriminando várias operações nos dois bancos, descrevendo as; · a suposta beneficiária dos pagamentos inexistentes, a empresa Madecamp Indústria e Comércio, fora objeto de um processo por falsidade ideológica, o que seria uma confirmação da suposta falsidade ideológica de documentos emitidos; · citase a “Operação Isaías”, reproduzindo partes do Inquérito Policial n. 44, de 2006, o que demonstraria a grande proximidade entre as empresas de moldura e as madeireiras, vindo acrescentar as apurações nos seguintes termos: Não se pretende aqui afirmar que o grupo era totalmente responsável pelas más condutas de seus fornecedores de madeira, mas, mesmo não sendo este um dos motivos para as glosas dos créditos ora em discussão, não se pode deixar de apresentar os cálculos feitos referentes aos recolhimentos de Pis/Cofins destas empresas. Conforme planilha abaixo, estimouse que, no mínimo, em torno de 64% dos recolhimentos de Pis/Cofins dos 50 maiores fornecedores de madeira das contribuintes não foram efetivados: [...] · a interessada foi intimada a justificar a falta de contabilização de pagamentos e a divergência de beneficiários nos depósitos bancários. Ao final a fiscalização concluiu que: Ficou devidamente comprovado, pelas diversas irregularidades demonstradas no presente Termo de Verificação Fiscal, que o grupo Moldurarte cometeu ilícitos contábeis, fiscais e tributários, ao longo do período analisado, que se constituíram, inclusive, em crimes contra a ordem tributária, motivos mais do que suficientes para indeferir os pedidos de ressarcimento de créditos do IPI, no que tange Aqueles Fl. 1146DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 6 decorrentes de crédito presumido para ressarcimento do PIS/PASEP e da COFINS, conforme preconiza o art. 59 da Lei n° 9.069/95. Consta à efolha 334, que os documentos originais utilizados pela Fiscalização, e ora também juntados ao presente, estão anexados ao processo 11516.002223/201006 (Ressarcimento de IPI). Segundo informação fiscal e o despacho decisório cientificado em 16/07/2010 (efl.343), com subsídio na diligência, foram constatadas e descritas diversas irregularidades, que levaram a conclusão de que as informações relativas a crédito presumido prestadas no PER diferem do escriturado no livro RAIPI. Conforme informações constantes do item IV do Termo de Verificação Fiscal, relativo a aquisição irregular de madeira, constatouse que o grupo de empresas formado por INCOMARTE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MOLDURAS LTDA, INDÚSTRIA DE MOLDURAS MOLDURARTE LTDA, INDÚSTRIA DE MOLDURAS H. EFFTING LTDA e INDÚSTRIA DE MOLDURAS CATARINENSE LTDA praticaram reiterada e continuamente, durante anos a fio, fraudes contábeis, que se constituem indubitavelmente em crimes contra a ordem tributária, irregularidades previstas no artigo 1º, incisos I e II, da Lei 8.137/90 e no artigo 59 da Lei 9.069/95. Assim, considerando a inexistência de controles de entrada e de consumo de madeira, porém existente e razoável o controle dos demais materiais, levandose ainda em conta que os adiantamentos para pagamento de madeira e os próprios pagamentos eram realizados com cheques nominais à própria contribuinte, constatouse que somente são ressarcíveis os créditos decorrentes de entradas de Matériasprimas (MP), Produtos Intermediários (PI) e Material de Embalagem (ME) no trimestre de referência no valor de R$38.888,13. Os documentos disponíveis apresentados foram anexados ao Termo de Verificação Fiscal. Em sua manifestação de inconformidade, a Interessada informa que: · é sucessora por incorporação; · tinha como principal objeto social a fabricação e a importação e exportação de molduras de madeira, consoante comprova a inclusa cópia de seu contrato social inicialmente; · narrou as operações que realizava, os fatos ocorridos e a legislação que ampara seu pedido, reproduzindo trechos relevantes do termo de verificação fiscal TVF e do despacho decisório que fundamentou o indeferimento do crédito; · entende que não merece prosperar a decisão atacada em relação ao crédito presumido, pois não praticou nenhuma fraude na aquisição dos insumos que dão direito ao Crédito Presumido do IPI postulado. Não omitiu informações sobre a origem, quantidade e valores dos insumos adquiridos e, principalmente, não cometeu nenhum crime de sonegação fiscal; Fl. 1147DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.145 7 · as supostas fraudes contábeis (que não ocorreram, conforme será demonstrado em item específico), além de configurarem crime por si só, teriam colaborado para o não recolhimento de tributos e a prática de crimes contra a ordem econômica e a flora, pelos quais foi indiciada a empresa Madecamp Indústria e Comércio de Madeiras Ltda., a qual fornecia madeira à ora recorrente e diante disso a DRF/Florianópolis entendeu que a interessada não faz jus ao aproveitamento do Crédito Presumido do IPI correspondente aquele anocalendário, nos termos do artigo 59 da Lei n° 9.069/1995. · transcreve legislação e doutrina que entende apoiar sua defesa contra o indeferimento; · alega que não se aplica ao presente o art. 59 da Lei n. 9.069, de 1995, como causa impeditiva ao crédito pois inexiste ação penal (denúncia) ou decisão judicial imputando e reconhecendo a prática de crime; não se teria configurado crime pela atipicidade das condutas (irregularidades contábeis), à vista da ausência de constituição de crédito tributário; seria impossível imputar a prática de crime sem comprovação da conduta; não teria ocorrido nenhuma das hipóteses dos arts. 1º e 2º da Lei n. 8.137, de 1990; impossibilidade para estender a responsabilidade fiscal dos fornecedores à Interessada; inexistência de supressão ou redução de tributos e de fraude de documentos exigidos pela lei fiscal das empresas optantes pela tributação pelo lucro presumido, com a finalidade de suprimir ou reduzir ou eximirse dos pagamentos de seus tributos; · a Receita Federal não indicou no processo administrativo a existência de qualquer processo ou ação penal judicial contra a interessada, muito menos de decisão judicial condenatória transitada em julgado, pois somente decisão de juiz federal teria o efeito de caracterizar a prática de crime, sendo inconcebível conceder à autoridade administrativa tal prerrogativa, para condenar antecipadamente mediante um simples despacho decisório; · o Conselho de Contribuintes teria decidido em sentido similar no julgamento do Recurso Voluntário nº112.565, cujo teor reproduziu. Citou também acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região e outras decisões do Judiciário; · em relação ao crime contra a ordem tributária, mediante à Lei nº 8.137, de 1990, a consumação do crime dependeria da demonstração da supressão do pagamento do tributo pelo autor e da constituição definitiva do crédito tributário, sem a qual é obstada a condenação pela prática do delito de sonegação fiscal. Citou ementas e trechos de acórdãos do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal; · se não há demonstração clara e específica de que as irregularidades contábeis tipifiquem crime contra a ordem Fl. 1148DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 8 tributária e se não há lançamento não há mesmo que se falar crime. A utilização do crédito presumido do IPI é legítima, razão pela qual também não há supressão ou redução de tributo neste ponto; · considerando que as supostas fraudes teriam ocorrido no ano de 2003, o lançamento fiscal e a conseqüente consumação do crime, nesse momento, são impossíveis, eis que nos termos do artigo 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, a Fazenda decaiu do direito de constituir o suposto crédito tributário suprimido ou reduzido pela contribuinte, em face do transcurso de mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador, sendo esse o entendimento consolidado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do Habeas Corpus n° 81.6118, que afirmou a necessidade de constituição do crédito tributário para a consumação do crime previsto no artigo 1º da Lei n° 8.137/1990; · supostas fraudes apontadas pelo Fisco, são, em verdade, apenas irregularidades contábeis, ainda que existentes, o que se admite apenas para argumentar, não teriam o condão de suprimir ou reduzir tributos devidos pela interessada e, por isso mesmo, não configuram crimes contra a ordem tributária; · de acordo com o inciso LVII do artigo 5º da CF, em face do princípio da presunção de inocência "toda pessoa se presume inocente até que tenha sido declarada culpada"; · a autoridade fiscal não identificou qual a conduta praticada pela empresa que configuraria o tipo penal tributário, limitandose a alegar genericamente o enquadramento da sua conduta nos artigo 1º e 2º da Lei n° 8.137/1990; · era optante pela tributação do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ com base no lucro presumido. Transcreve artigos da legislação que disciplina a tributação e dá as definições da base de cálculo, art.25 da Lei n° 9.430/1996, artigos 15 e 20 da Lei n° 9.249/1995, art. 31 da Lei n° 8.981/1995, e conclui que as irregularidades contábeis, rotuladas pela fiscalização como fraudes, relativas a contabilização dos pagamentos realizados a fornecedores não alteram a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, que incidiam sobre a receita da empresa, nem tem reflexo sobre a base de cálculo de Cofins e PIS, de modo que não poderiam caracterizar crime. Se não houve supressão ou redução de tributo, não há como se imputar a ela a prática de crime contra a ordem tributária; · a opção da interessada pela tributação com base no lucro presumido a desobriga de escrituração contábil completa, situação reconhecida pela própria Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal; · todos os tributos devidos foram pagos pela empresa, tanto que a Fiscalização não indica qualquer tributo que tenha sido suprimido ou reduzido pela empresa, o que reforça a inocorrência dos supostos crimes a ela imputados. Já aqueles Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.146 9 débitos extintos mediante compensação com o crédito presumido do IPI foram regularmente declarados à Receita Federal do Brasil; · a Fiscalização, igualmente, em nenhum momento afirmou que os insumos que formam a base de cálculo do Crédito Presumido do IPI não ingressaram na empresa. Também não afirmou que não foram industrializados, o que desautoriza o indeferimento do benefício fiscal; · as irregularidades constatadas são meramente formais, pois não há nenhum pagamento de fornecedor pendente. Aliás, a Fiscalização também não afirma e nem demonstra que os insumos ingressados na empresa não foram pagos; · ademais, o fato de a Interessada ter optado pelo lucro presumido e estar desobrigada à escrituração comercial implica que a “contabilidade da empresa que extrapola a exigência legal serve apenas para controle interno e gerencial da sua atividade. Não pode, portanto, ser oposta contra a interessada, em face da expressão "em documento ou livro exigido pela lei fiscal" contida no artigo 1º da Lei n° 8.137/1990.”; · o Fisco pretende estender à Recorrente a responsabilidade fiscal/tributária e penal dos fornecedores de matériaprima mas tal ato fiscal não procede porque não se enquadra nos arts.121, 124, 134 ou 135 do Código Tributário Nacional, dada a ausência de qualquer vínculo obrigacional previsto em norma tributária; · a Recorrente não é responsável solidária pelos tributos devidos pelas suas fornecedoras, porque não tinha qualquer interesse na venda da madeira, mas sim na sua aquisição. A solidariedade não se presume. Decorre de lei; · nos termos do parágrafo único do artigo 18 do Código Penal, salvo os casos previstos expressamente em lei, somente está sujeito a punição o agente que praticar conduta dolosa; · não tinha qualquer ingerência sobre a administração das suas fornecedoras, que possuíam diretores e personalidade jurídica própria; · a contabilidade da empresa não possui qualquer relação com a administração dos seus fornecedores. A relação entre eles é meramente de compra e venda de matériaprima, documentada em notas fiscais que deram ingresso em seu estabelecimento. A Recorrente não poderia supor que eventuais ATPF's não correspondessem à realidade; Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 10 · as origens dos recursos são perfeitamente identificáveis, porém há um equivoco nos registros contábeis que dificultam essa correlação; · não se verifica na hipótese qualquer intenção de fraudar o Fisco. A Recorrente não deixou de oferecer à tributação qualquer receita de fato auferida. A presumida omissão apontada pela Fiscalização é infundada. Os equívocos na escrituração da Recorrente não geraram qualquer falta de recolhimento de tributos, eis que não tiveram reflexos em contas de resultado, conforme passa a demonstrar; · eventuais aquisições em montantes um pouco superiores à pauta fiscal, como ocorreu em algumas operações acima listadas não levam à conclusão de que tenha havido superfaturamento. Isso é mera conjuntura do mercado; · a fiscalização apenas aventa uma suposta supervaloração das compras, mas em nenhum momento apontou um só parâmetro ou fato concreto que pudesse levar à conclusão e comprovação de superfaturamento; · nesse trimestre ante as altas vendas de varetas de madeira para moldura necessitou de aquisição de grande quantidade de madeira, matériaprima (madeira), não havendo como serem reputadas de ilegítimas as aquisições por ela realizadas; · consoante se pode extrair do quadro que apresenta, não só adquiriu a madeira, como esta ingressou no seu estoque, foi industrializada e revendida como varetas de madeira para moldura tanto no mercado interno como no mercado externo; · não se tem notícias de que alguma das notas fiscais de aquisição de madeiras tenha sido declarada inidônea. Conforme o Termo de Verificação Fiscal no inquérito policial instaurado contra a Madecamp somente foi declarado a inidoneidade do ATPF's expedidos pelo IBAMA e de responsabilidade das madeireiras e não os seus documentos fiscais; · as autoridades fiscais podem ter apurado o corte ilegal da madeira. Não obstante, como já antecipado, as notas apresentadas pelo fornecedor tinham aparência normal e continham carimbos das fiscalizações estaduais, não tendo a adquirente, por ocasião das compras, condições de saber se eram ou não eram idôneas, assim como as ATPF's que acompanhavam e acobertavam essas operações; · o inquérito policial instaurado para a verificação de crime das empresas Madecamp, CSS e A. B Abreu ME só se iniciou em 22/03/2006, não tendo o contribuinte como saber, na época das aquisições, que os seus fornecedores estavam fraudando o Fisco; · eventual operação de sonegação praticada pelos fornecedores da Recorrente não tem o condão de infirmar o Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.147 11 direito ao Crédito Presumido do IPI assegurado à ela exportadora, que adquiriu, pagou, industrializou e exportou; · a obrigação de se verificar a inidoneidade de documentos e de regularidade da empresa é do Fisco e não do contribuinte. Permitir à autoridade administrativa criar a obrigação para o comprador de investigar a regularidade tributária do fornecedor é atribuir ao próprio Fisco uma função legislativa, no sentido de criar uma norma inexistente. Transcreve julgado do Superior Tribunal de Justiça que entende apoiar sua defesa; · a irregularidade contábil atribuída à Recorrente não se deu no vínculo obrigacional consistente no contrato de aquisição da matériaprima, documentado pelas notas fiscais. A irregularidade contábil se deu no registro do pagamento dos fornecedores, como está claramente demonstrado no próprio relatório fiscal. O pagamento é apenas satisfação de prestação; · as cópias dos livros de entrada (livros fiscais) demonstram que todas as notas fiscais de aquisição de madeira foram devidamente registradas. O Livro de Inventário, por sua vez, confirma o saldo anual de madeiras da empresa, conforme documentos anexados; · além da legítima aquisição de matéria prima, do seu ingresso e industrialização no estabelecimento da empresa, a empresa também efetuou todos os pagamentos aos seus fornecedores; · o fato de haver algumas inconsistências na contabilidade, que não causam qualquer prejuízo ao Erário, não infirma o que se quer comprovar, que é o efetivo recebimento das mercadorias adquiridas, inexiste demonstração da omissão de entradas pelo Fisco. Inclusive, as inconsistências na contabilidade já estão sendo corrigidas; · totalmente falaciosa a afirmação de que a Recorrente teria supostamente contribuído para as fraudes cometidas (e provadas) pelas madeireiras, ao manter uma escrituração contábil deficiente dos pagamentos relativos a aquisição da madeira; · não há como se verificar em relação as notas fiscais de aquisição a ocorrência de crime que possibilite a perda do Crédito Presumido do IPI. Mesmo que o fornecedor não tenha efetuado o recolhimento das contribuições que se pretende o ressarcimento, conforme alegado pela autoridade administrativa, tal fato não gera efeitos tributários para o contribuinte; · a Lei n° 9.363/1996 (estabeleceu o crédito presumido do IPI) não exige a comprovação do pagamento das contribuições pelos fornecedores, sendo suficiente o contribuinte Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 12 provar a aquisição do insumo com o documento hábil. Os documentos de aquisição são hábeis, mesmo que haja irregularidade contábil no registro dos pagamentos na escrita da Recorrente; · o art. 82 parágrafo único da Lei n° 9.430/1996 estabelece que não se pode presumir a máfé do adquirente quando houver prova do ingresso da mercadoria e do respectivo pagamento; · preenche os requisitos e condições para se beneficiar do crédito presumido de IPI, nos termos do art. 1º da Lei n. 9.363, de 1996. Optou pela apuração alternativa. Quanto às aquisições registradas entende que restou perfeitamente demonstrado o recebimento das mercadorias e a satisfação do preço (crédito), estando assim preenchidos os requisitos para o aproveitamento do Crédito Presumido do IPI estabelecido pela lei n° 9.363/1996, bem como afastado a aplicação de qualquer dolo da interessada e demonstra a boafé da empresa adquirente; · a cobrança dos tributos devidos pelas Madeireiras (fornecedores de matériaprima) é dever do Fisco. A jurisprudência do Conselho de Contribuintes e do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento representativo de controvérsia, sob o rito do art. 543C do CPC, é pacífica no sentido de considerar terceiro de boafé o adquirente de mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) tenha sido, posteriormente declarada inidônea; · caso a empresa não pudesse utilizar os créditos decorrentes das aquisições de matériaprima das empresas Madecamp (Madecap), CSS e B.A. de Abreu ME, o que se admite apenas para fins de argumentação, deveriam ser desconsideradas somente tais notas; · ressalta que neste trimestre somente parte do percentual de madeiras foram adquiridas da empresa Madecamp e não houve nenhum recebimento das demais empresas referidas no termo de verificação fiscal, consoante comprova o livro de Registro de Entradas e planilha com nome dos fornecedores, conforme documento que anexa; · no relatório de verificação fiscal consta que o indeferimento do pleito da Recorrente se daria pela aplicação à hipótese do artigo 59 da Lei n° 9.069/1995, no qual cita que a pessoa jurídica infratora perde no ano calendário correspondente os benefícios e incentivos da legislação tributária se praticado crime contra a ordem tributária; · os créditos fiscais e eventuais condutas ilícitas são fatos e circunstâncias distintas não havendo qualquer sustentação no argumento da autoridade fiscal, tendo assim direito ao crédito presumido do IPI nas aquisições de MP, PI, ME, para utilização no processo produtivo; Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.148 13 · requer que seja julgada procedente a presente Manifestação de Inconformidade, para reformar o Despacho Decisório proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em FlorianópolisSC, reconhecendo a existência dos créditos em favor da Contribuinte, em face da argumentação específica contida em cada um dos itens retroexpostos e que os créditos tributários já extintos pela compensação com o Crédito Presumido do IPI sejam homologados; · requer, por fim, que as intimações relativas a atos e termos do presente processo recaiam na pessoa do subscritor, mandatário do Contribuinte, devidamente habilitado nos autos, no endereço constante do mandato. Anexa documentos que relaciona ao fim da manifestação. Tendo em vista o disposto na Portaria RFB nº 453, de 11 de abril de 2013 (DOU 17/04/2013) e no art. 2º da Portaria RFB nº 1.006, de 24 de julho de 2013 (DOU 25/07/2013), e conforme definição da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial da RFB o processo foi encaminhado para esta DRJ para julgamento. (...) Mediante o Acórdão nº 1535.420, de 30 de abril de 2014, a 4ª Turma da DRJ/SDR julgou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRÁTICA DE ATOS QUE CONFIGURAM CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. PERDA DO INCENTIVO. O contribuinte que pratica ato que configure crime contra a ordem tributária, perde direito ao benefício fiscal no ano calendário correspondente à prática, independentemente de sentença judicial condenatória transitada em julgado. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/2003 a 30/06/2003 CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. FRAUDE. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. CONFIGURAÇÃO. Constitui crime contra a ordem tributária o superfaturamento de aquisições de madeira com o fim de majorar irregularmente a base de cálculo do crédito presumido de IPI a ser compensado com débitos de outros tributos ou contribuições. A contribuinte apresentou, em 16/12/2014, Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), repisando as alegações da manifestação de inconformidade e acrescentando, em síntese, a tempestividade do recurso em face da nulidade Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 14 da intimação por edital da decisão de primeira instância, bem como a ilegalidade das provas obtidas da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial. É o relatório. Voto Vencido Conselheira MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Assiste razão à recorrente no que concerne à preliminar de tempestividade do recurso voluntário, eis que, não obstante já constasse nos sistemas da Receita Federal que a contribuinte tinha sido baixada por incorporação pela empresa de CNPJ nº 86.429.834/000132 (vide extrato do processo de 09/05/2014 na fl. 1034), a correspondência para a ciência da decisão de primeira instância foi enviada, pela autoridade preparadora, para empresa já baixada no seu endereço original. Desta forma, não se configurou a hipótese descrita no art. 23, §1° do Decreto nº 70.235/72 para a intimação por edital: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Como a contribuinte compareceu aos autos com a apresentação do recurso voluntário, considerase suprida a irregularidade processual quanto à ciência da decisão de primeira instância, nos termos do §5º do art. 26 da Lei nº 9.784/99. O recurso atende aos requisitos de admissibilidade e dele se toma conhecimento. Quanto à preliminar suscitada pela recorrente relativa à quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, efetuada pela fiscalização com base no art. 6º da Lei Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.149 15 Complementar 105/20011, como os argumentos utilizados pela recorrente estão no âmbito da verificação da constitucionalidade desse dispositivo de lei, entendo que se encontra fora da alçada desse Conselho examinar a matéria, nos termos da Súmula CARF nº 2, que assim dispõe: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". A atividade administrativa é vinculada, cabendo ao agente administrativo prestigiar a lei, não podendo dela se distanciar, ainda que sob argumento de inconstitucionalidade, conforme dispõe o artigo 26A do Decreto 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Assim, não conheço da preliminar da recorrente relativa à ilegalidade das provas obtidas por quebra do sigilo bancário da recorrente. Passase à análise do mérito. Depreendese da leitura dos autos que, diante das irregularidades contábeis da contribuinte que possibilitaram "não só a supressão e redução dos tributos envolvidos nessas transações, como também um acréscimo indevido no cálculo dos créditos presumidos", a fiscalização entendeu que se caracterizava o crime contra a ordem tributária previsto no art. 1º, II da Lei n° 8.137/90: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) (...) II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; (...) Em decorrência desse fato, entendeu a autoridade fiscal que a contribuinte não fazia jus aos Créditos Presumidos do IPI no período, em conformidade com o artigo 59 da Lei n° 9.069/95, o qual dispõe: Art. 59. A prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990), bem assim 1 Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (Regulamento) Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 16 a falta de emissão de notas fiscais, nos termos da Lei nº 8.846, de 21 de janeiro de 1994, acarretarão à pessoa jurídica infratora a perda, no anocalendário correspondente, dos incentivos e benefícios de redução ou isenção previstos na legislação tributária. Cabe primeiro indagar se a autoridade fiscal teria competência para verificar a "prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária". Obviamente que não, segundo entendo. Como é consabido, a configuração de um crime somente se dá após o devido processo legal na esfera judicial. Assim, apenas após a manifestação do Poder Judiciário, mediante sentença penal condenatória, poderseá dizer que a prática de determinado ato pela contribuinte configurou um crime contra a ordem tributária. Em referência ao princípio da presunção de inocência, não é lícito que a autoridade administrativa antecipese à manifestação judicial para declarar que a prática de determinado ato configura um crime contra a ordem tributária. Com efeito, quando o AuditorFiscal identificar fatos que, em tese, configurem crime contra a ordem tributária, incumbelhe a formalização da Representação Fiscal para Fins Penais, para a devida comunicação ao Ministério Público, que é o órgão competente para verificar a existência de prova de materialidade e indícios de autoria de crime suficientes para a deflagração da persecução penal. Nesse sentido, dispõe o art. 1º do Decreto nº 2.730/98: Art 1º O AuditorFiscal do Tesouro Nacional formalizará representação fiscal, para os fins do art. 83 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em autos separados e protocolizada na mesma data da lavratura do auto de infração, sempre que, no curso de ação fiscal de que resulte lavratura de auto de infração de exigência de crédito de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda ou decorrente de apreensão de bens sujeitos à pena de perdimento, constatar fato que configure, em tese; I crime contra a ordem tributária tipificado nos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990; II crime de contrabando ou descaminho. [grifos da Relatora] De forma que, ao AuditorFiscal, incumbe tão somente a comunicação ao Ministério Público do fato que configura, em tese, um crime contra ordem tributária, para que, sendo o caso, se instaure o correspondente processo penal para a verificação, pela autoridade judicial, se efetivamente ocorreu o referido crime. No sentido de que não cabe a aplicação do art. 59 da Lei n° 9.069/95 quando ausente a sentença penal condenatória à contribuinte pelo crime contra a ordem tributária, muito bem se manifestou o Conselheiro Fernando Luiz da Gama Lobo D'Eça, em seu Voto, no Acórdão no 340200.887 4° Câmara / 2ª Turma Ordinária, em sessão de julgamento de 28 de outubro de 2010: (...) Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.150 17 Inicialmente anoto que o fato invocado na motivação, tanto da r. decisão ora recorrida, como do r, despacho decisório da DRJ (suposta "pratica, pelo interessado, nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003, de atos que, em tese, configuram crime contra a ordem tributária, como consta no Relatório Fiscal das fls. 61/63 do procedimento fiscal"), por não apurado em processo criminal regular não autoriza as respectivas conclusões (perda do direito ao crédito), posto que somente autorizaria a perda do crédito, após de sentença condenatória transitada em julgado, cuja noticia não consta dos autos. De fato, inserido no "âmbito ou núcleo de proteção" dos direitos de defesa, a Constituição tutela o principio constitucional da "nãoculpabilidade" (art. 5°, inc. LVII da CF/88) que, no entendimento da Suprema Corte "consagra uma regra de tratamento que impede o Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes já houvessem sido condenados definitivamente por sentença do Poder Judiciário" sendo certo que essa "prerrogativa jurídica da liberdade" por possuir "extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) não pode ser ofendida em detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamadas pela Constituição"( cf. Ac. da 2' Turma do STF no HC n° 80.719, em sessão de 26/06/01, REI. Mm. Celso de Mello, publ. in DJU de 28/09/01, pág. 37, EMENT VOL0204501 pág. 143 e in RTJ vol. 180/262), não se expõe, nem deve submeterse, a qualquer juízo de oportunidade ou de conveniência, muito menos a avaliações discricionárias fundadas em razões de pragmatismo governamental" vez que "a relação do Poder e de seus agentes, com a Constituição, há de ser, necessariamente, uma relação de respeito" (cf. Ac. do STF Pleno, na ADInQO 2010DF, em sessão de 30/09/99, Rel. Min. Celso Mello, publ. in DJU de 12/04/02, pág. 51, e in RTJ vol. 181/73) (...) Sustentase também o Ilustre Conselheiro Relator em decisão anterior do Conselho de Contribuintes, proferida no Acórdão n° 20310.061, da 3° Câm. do antigo 2° CC, Rel. Cons. Walter Ludvig, cujo voto se transcreve parcialmente abaixo: (...) Portanto, quanto aos fatos em tela e à pretensa aplicação das penas do art. 59 da Lei n° 9.069/95, entendo que apenas as condutas que configurem crime, tal como o ordenamento jurídico pátrio entende o que seja crime, podem dar ensejo perda dos benefícios fiscais.. Não considero razoável pretender que o legislador tenha querido, com a norma em exame, conceituar uma nova modalidade de crime: aquela a ser utilizada apenas para efeitos .fiscais ou administrativos. A interpretação sistemática do ordenamento jurídico determina a necessidade de que se conjugue, à hipótese de incidência do mencionado art, 59 atos que configurem crime o conceito do mesmo tal como entendido pelo legislador penal, pena de se ver Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 18 criada modalidade administrativa de crime, o que não pode ser aceito. Assim, para que seja dada aplicação ao art. 59 da Lei n° 9.060/95, é necessário que os atos cometidos pelo contribuinte sejam típicos (objetiva e subjetivamente) e antijuridicos. Sem tais pressupostos, inexistem atos que configurem crime. Desse modo, à vista de que a Lei n° 8137/90 não prevê a modalidade culposa dos tipos que descreve, apenas aqueles atos que, além de serem objetivamente descritos na norma penal, sejam informados pelo dolo do autor e, ainda, que não sejam acobertados por nenhuma das hipóteses de exclusão da antijuridicidade previstas no art. 23 do CP, podem dar ensejo aplicação das penalidades descritas na norma em exame. E, para comprovação do elemento subjetivo do tipo, a norma processual penal prevê um longo caminho a ser trilhado, de modo que fique aquele cabalmente demonstrado na instrução, caso contrário será o denunciado absolvido por ausência de prova. Em arremate, não incumbe ao Poder Executivo, através da Administração Tributária, considerar determinado fato como se crime fosse. Apenas a manifestação do poder Judiciário através de sentença penal condenatória dará ensejo aplicação da penalidades do artigo 59 da Lei n° 9069/95 A partir daí sim, poderá dar ensejo a aplicação da aludida norma no que se refere a perda de benefícios fiscais. Assim, a mencionada perda dos benefícios e incentivos constitui se inequívoca conseqüência de sentença penal, não cabendo à SRF, desprezando os dispositivos constitucionais do devido processo legal, da universalidade da jurisdição exclusivamente através do Poder Judiciário e da presunção de inocência criminal (CF, art. 50, incisos XXXV, LIII, LIV, LV, LVII), impor ao contribuinte a pena típica de condenação penal sem que a mesma se tenha verificado no caso. (...) Assim, diante da ausência de sentença penal condenatória à contribuinte por crime contra a ordem tributária, entendo que é incabível a aplicação do art. 59 da Lei n° 9.069/95 ao presente caso concreto. Desta forma, não se configurou o justo motivo que prejudicava a análise do mérito do crédito presumido pleiteado, tendo sido, então, o Despacho Decisório, nesta parte, proferido com preterição do direito de defesa da contribuinte, devendo ser declarada a sua nulidade e dos atos posteriores dele decorrentes, nos termos do art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Assim, por todo o exposto, voto no sentido de DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para anular o Despacho Decisório e os atos dele decorrentes, a fim de que a autoridade fiscal, com o afastamento da norma veiculada pelo art. 59 da Lei n° 9.069/95, pronunciese sobre a legitimidade do crédito presumido pleiteado, retomandose, a partir desse ponto, o curso do devido processo legalmente previsto para o contencioso administrativo do ressarcimento e compensação tributários. (Assinatura Digital) Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.151 19 MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora Fl. 1160DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 20 Voto Vencedor Com a devida vênia, divirjo da relatora quanto à conclusão de seu voto no sentido de anular o despacho decisório, medida extrema, para que outro seja prolatado afastando a incidência do art. 59, que a seguir transcrevo novamente, da Lei 9.069/95. Entende a ilustre relatora que a dicção legal "A prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária..." só incide após sentença penal de crimes dessa natureza com trânsito em julgado. Art. 59. A prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária (Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990), bem assim a falta de emissão de notas fiscais, nos termos da Lei nº 8.846, de 21 de janeiro de 1994, acarretarão à pessoa jurídica infratora a perda, no anocalendário correspondente, dos incentivos e benefícios de redução ou isenção previstos na legislação tributária. Já tive oportunidade de me debruçar sobre o tema há muito anos. A situação fática era outra, havendo ínfimos documentos fiscais com algum vício e, por isso, a fiscalização, glosou a todos. Naquela hipótese, entendi que não se aplicava a referida norma porque não restara provado o animus dolandi do contribuinte em relação aos crimes contra a ordem tributária. Naquele caso concreto, entendi que a prova do dolo seria formada nos autos de um processo penal, uma vez ausente tal prova nos autos. Aqui estamos diante de outra circunstância: há prova inexorável das fraudes perpetradas pelas empresas (que, em verdade, atuavam como se fosse um só "ser"), fazendo com que o Fisco, embasado em vastíssimo material probatório, desqualificasse, "tanto a escrita contábil quanto o documentário Fiscal apresentado". Na forma em que feita, levada a cabo para inflar artificialmente um crédito em prejuízo do Erário e ainda usar este crédito falseado propositalmente para quitar débitos seus líquidos e certo contra o Tesouro nacional, o animus dolandi da fraude é inexpugnável no caso vertente. A questão reside, a meu juízo, ao que se refere à expressão "a prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária". Assim, a questão a ser deslindada é se os autos fraudulentos se subsumem aos fatos típicos da Lei 8.137/1990. Faço, antes, porém, um breve relato dos fatos. Versam os autos pedido de compensação com supostos créditos de IPI no período de apuração em epígrafe. O presente processo, conforme atesta a fiscalização, abrangeu quatro empresas de molduras (Incomarte Ind. e Comércio de Molduras Ltda. e Ind. de Molduras Catarinense Ltda., pela Ind. de Molduras Moldurarte Ltda., conforme de fls. 218 e segs, e Ind. de Molduras H. Effiting Ltda.), sendo a recorrida sucessora por incorporação. O extenso Termo de Verificação Fiscal (148 páginas) concluiu que a empresa não tem direito ao ressarcimento do crédito presumido "haja vista terem praticado, reiterada e continuamente, durante anos a fio, fraudes contábeis no pagamento de matérias primas", ou seja, na aquisição de madeiras. Verificou o Fisco que os adiantamentos a fornecedores de madeira (identificados no Termo Fiscal) foram realizados em sua maior parte por intermédio de Fl. 1161DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.152 21 cheques nominais às próprias moldureiras (Catarinense, Moldurarte, Effting, Incomarte), em vez de serem emitidos nominalmente às fornecedoras de madeira. Por que os cheques de adiantamento a fornecedores deixariam de ser emitidos diretamente aos fornecedores, mas sim, transformados em dinheiro (descontados pelas "moldureiras" na boca do caixa), para depois, então, supostamente, serem pagos em numerário (ou depositados nas contas dos fornecedores), questionouse a fiscalização? Surpreendeuse o Fisco ao perceber que nos registros contábeis das contribuintes um notável quantitativo desses "adiantamentos a fornecedores" que eram reduzidos, provavelmente pelos mesmos fornecedores adiantados, a titulo de "devolução de adiantamentos realizados a maior", devoluções essas que muitas vezes ocorriam concomitantemente com os supostos "adiantamentos" ("no mesmo dia, vindo do mesmo fornecedor supostamente adiantado"). Além disso, a auditoria fiscal concluiu, em face à contabilidade das contribuintes (moldureiras), que alguns desses fornecedores, ao final de vários anos recebendo tais "adiantados", terminavam por não quitar completamente o suposto compromisso de fornecer a madeira paga antecipadamente. Pontua o Fisco: "Isso acarretou um crédito às moldureiras de proporções milionárias, uma vez que seus fornecedores deviam vultosas quantias e continuavam recebendo tais adiantamentos (alguns supostamente até hoje em dia em 2010)." Estranhando esses adiantamentos/devoluções, o Fisco solicitou informações bancárias das empresas. Assim, foram analisadas as transações bancárias das recorrentes com os bancos do Banco do Brasil e Bradesco, obtidas conforme LC 105/2001, já tendo sido a questão acerca da legalidade da quebra do sigilo bancário enfrentada pela relatora, acompanhada à unanimidade pelos demais membros desta Câmara. A fiscalização solicitou além da cópia dos cheques, as FITAS DETALHE DE CAIXA dos adiantamentos (e devoluções), "superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para tentar descobrir o que mais poderia estar envolvido em tais singulares procedimentos." O cotejo por amostragem dessas fitas de caixa com os registros contábeis das moldureiras permitiu a auditoria compreender o modus operandi dessas empresas e confirmar que os registros contábeis eram fraudados, reduzindo a base tributária, e, em consequência, incorrendo, com a fraude, em tese, do tipo penal da Lei 8.137/90. Foram constatadas pela fiscalização três tipos de fraudes realizadas de forma reiterada pelas contribuintes: Foi identificado no Bradesco que uma das empresas registrava na contabilidade um adiantamento a determinado fornecedor (contrapartida conta Bancos) e a segunda empresa registrava na contabilidade uma devolução de adiantamento de outro fornecedor (também com contrapartida conta Bancos). Porém, a análise das fitas de caixa do Bradesco permitiu verificar que os valores eram sacados das contas de uma moldureira e, na seqüência, depositado na conta da outra moldureira. Desta forma uma empresa omitia recebimentos e a outra empresa deixava de registrar um pagamento. A maioria das vezes este procedimento envolvia mais de duas moldureiras. Identificouse também que em alguns casos, curiosamente, o depósito era realizado na conta bancária da mesma moldureira que realizou o saque. Fl. 1162DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 22 Restou provado que o primeiro intento para aqueles procedimentos (desconto na boca do caixa dos cheques de adiantamento a fornecedores e surpreendentes devoluções, algumas até no mesmo dia) foi revelado pelas fitas de caixa fornecidas pelas instituições financeiras. Dessa análise, foi constatado, em exauriente trabalho fiscal, ao longo de no mínio mais de três anos (Termo de Constatação item II) que boa parte desses "adiantamentos a fornecedores" tiveram como destino final, em vez dos fornecedores que a contribuinte contabilizava como beneficiárias dos pagamentos/adiantamentos, as contas bancárias das próprias contribuintes (as moldureiras), que emitiram os cheques como se fossem para adiantamentos aos fornecedores (contabilizavam como se assim o fosse), descontaramnos em conjunto, e ao mesmo tempo, num mesmo caixa bancário (com se viu anteriormente, em seu próprio nome), para logo em seguida, minutos ou segundos depois, por intermédio do mesmo caixa bancário, depositálos de volta nas contas bancárias das mesmas empresas do grupo (II sob registros contábeis de "devolução de adiantamento" a fornecedor. O segundo tipo de fraude foi realizado tanto no Bradesco quanto no Banco do Brasil e consistia em registrar o adiantamento para um fornecedor e efetuar o pagamento para pessoa física ou jurídica totalmente distinta daquela para qual era feito o registro contábil (e/ou, quando não fosse o caso da pessoa ser distinta ao lançamento contábil, os depósitos eram realizados em valores diferentes daqueles em que haviam sido contabilizados). Em diversos casos constaram como beneficiários dos cheques contabilizados como adiantamento a fornecedores de madeira, familiares dos sócios da empresa (Nilza Effting e Patricia Effting Goes). O terceiro tipo de fraude foi identificado tanto no Banco do Brasil quanto no Bradesco e consistia em emitir o cheque no valor da nota fiscal de venda de madeira, porém o depósito na conta do fornecedor era feito num valor inferior ao valor contabilizado. Houve até mesmo caso em que nada foi repassado ao fornecedor de madeira. A diferença era simplesmente depositada na própria conta bancária da Moldureira (ou de uma coligada). Nestes casos a fraude ampliava diretamente, e de forma fictícia, o valor dos custos com aquisição de insumos, superestimando os valores do créditos supostamente ressarcíveis. Impende ressaltar que este último procedimento foi identificado apenas nos pagamentos das notas fiscais de um único fornecedor de madeira, a Madecamp (ou Madecap), justamente uma das empresas denunciada por envolvimento em fraudes na emissão de autorização de transporte de madeira, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (Operação Isaias). Notese também que a Madecamp era um dos raros fornecedores de madeira para os quais as Moldureiras não registravam adiantamentos, efetivando os pagamentos diretamente contra entrega desse insumo, só que muitas vezes em valor inferior ao registrado na nota fiscal e na contabilidade. Portanto, as fraudes contábeis existiram tanto nos "adiantamentos a fornecedores" quanto nos "pagamentos diretos" a fornecedores. Gisese, conforme item IV do termo fiscal ( a partir página 138 deste), que o inquérito policial 44/2006 demonstrou uma enorme proximidade entre o grupo Moldurarte e algumas empresas ali denunciadas, tais como a "Madecamp" (ou "Madecap"), referida, a "CSS" (que segundo aquele relatório nada mais era do que uma ramificação da Madecamp, possuindo os mesmos sócios: Jairo Serra e Sueli Pires Campanhola, que também foram denunciados pela Justiça Federal), e "B. A de Abre ME", de propriedade dos senhores Benedito Almeida Abreu e José Antonio Almeida. Este último, José Antonio Almeida, inclusive, nos autos de inquérito policial, chegou a afirmar que "trabalhava para o grupo Moldurarte". Não se está aqui a afirmar que o grupo era totalmente responsável pelas más condutas das madeireiras citadas, mas também não se pode olvidar que ao simular pagamentos Fl. 1163DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.153 23 (ou antecipações) para as empresas em questão, maculadas por falsidades ideológicas, o grupo Moldurarte, no mínimo, colaborou para que os documentos emitidos pelas acusadas estejam à margem de qualquer tipo de controle fiscal, ou florestal, e também por isso se vejam alcançados por uma constante suspeita de inidoneidade (além daquelas suspeitas levantadas no inquérito policial 44/2006, que tinham como objetivo principal, apurar apenas falsidades ideológicas em documentos do IBAMA, as ATPF). Como dito alhures, minha divergência com a i. relatora é quanto à leitura que a mesma faz do art. 59 da Lei nº 9.06/1990. Enquanto ela entende que a norma se reporta à decisão condenatória penal com trânsito em julgado, eu entendo, atualizando meu alcance sobre a quaestio, que a norma, em verdade, incide quando estiver provado, mesmo que em nível administrativo, como in casu, o animus dolandi do contribuinte de modo que esse dolo possa ser enquadrado, em tese (A prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária), como crime contra a ordem tributária a que alude a Lei 8.137. Em tese, por que a competência para editar a decisão penal é do Judiciário, por certo. Os arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 1990, assim dispõem: Art. 1º. Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; (...) Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000) I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; (...) Ora, dúvidas não há que as fraudes levadas a efeitos pela recorrente (ou seja a prática de atos) se subsumem às hipóteses tanto dos incisos I e II do art. 1º da norma penal quanto do inciso I do art. 2º. Ao inflar fraudulentamente seus créditos e os compensando com débitos líquidos e certo perante à Fazenda Nacional, estreme de dúvida que teve como desiderato "suprimir ou reduzir tributo", bem como "fazer declaração falsa ..." "para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo". Ademais, inconteste que os valores declarados na PER/DCOMP divergiam daqueles escriturado no RAIPI. Não nos esqueçamos que alem da verificação da certeza do crédito, estamos frente à análise de um pedido de compensação. Nestes autos o que restou hialino é que de um lado temos um crédito absolutamente incerto e, portanto, ilíquido, com débitos do contribuinte que ele mesmo confessou sua dívida, em consequência, certos e liquidados. Nesse sentido, concluiu a CSRF no Acórdão CSRF/0202.995/2008, cujo excerto transcrevo: Fl. 1164DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE 24 A questão diz respeito a saber, unicamente, se o referido dispositivo referese à hipótese de haver ou não sentença penal condenatória transitada em julgado. ... Dispõe o art. 59 da Lei n 9.069, de 1995: "Art. 59. A prática de atos que configurem crimes contra a ordem tributária (Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990), bem assim a falta de emissão de notas fiscais, nos termos da Lei n° 8.846, de 21 de janeiro de 1994, acarretarão à pessoa jurídica infratora a perda, no anocalendário correspondente, dos incentivos e benefícios de redução ou isenção previstos na legislação tributária." Portanto, a hipótese legal referese a "atos que configurem crimes contra a ordem tributária", não exigindo a sentença transitada em julgado. Primeiramente, se houvesse a intenção de subordinar a perda dos incentivos ou benefícios aos casos em que houvesse condenação judicial, certamente a Lei terseia referido a esse requisito especificamente, estabelecendo que "a condenação por prática de crimes contra a ordem tributária" importaria a perda dos incentivos ou benefícios. Segundo o paradigma, a caracterização da hipótese do artigo dependeria da configuração específica de crime, que dependeria da tipicidade e da antijuridicidade dos atos praticados. Dai a necessidade de trânsito em julgado da sentença condenatória. Entretanto, o dispositivo referese à "prática de atos que configurem crimes" e não à prática de crimes ou, mais especificamente, à condenação por crime contra a ordem tributária, que seria a real condição da perda dos incentivos e benefícios, segundo o acórdão paradigma. Assim, a prática de atos passíveis de configurar crimes contra a ordem tributária é razão suficiente para a perda dos incentivos e benefícios fiscais, não havendo que se cogitar de sentença penal condenatória transitada em julgado. A redação do artigo, ademais, subentende, na expressão "a perda, no anocalendário correspondente", a possibilidade de perda imediata do incentivo ou beneficio, o que seria impossível se fosse necessária a sentença transitada em julgado.(grifei) No mesmo rumo, Parecer COSIT nº 75/99: "... b) a autoridade administrativa tributária constatando, no exercício de suas atribuições, a prática de atos que, em tese, configurem crimes contra a ordem tributária é competente para a aplicação, contra a pessoa jurídica, da sanção administrativa de decretação da perda de incentivos e benefícios fiscais, no anocalendário da infração, cominada no art. 59 da Lei nº Fl. 1165DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE Processo nº 11516.003483/200957 Acórdão n.º 3402002.730 S3C4T2 Fl. 1.154 25 9.069, de 1995, independentemente de intervenção prévia do Poder Judiciário.(grifei) Por fim, apenas para argumentar, ainda divirjo da relatora quanto ao alcance processual versado em sua decisão. Se a conclusão é que a indigitada norma (art. 59 da Lei 9.069/90) não se aplica para fins de "perda do incentivo", a consequência processual, a meu sentir, é que o processo seria nulo ab initio, pois a informação fiscal fundou sua decisão de glosa na referida norma. Assim, forte em todo o exposto, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 1166DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 22/12/ 2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por MARIA APARECIDA MARTINS DE P AULA, Assinado digitalmente em 21/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Numero do processo: 11065.002454/2007-61
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Sep 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/04/2007
PROTOCOLO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO PRECLUSÃO.
A apresentação intempestiva de impugnação ocasiona não o seu não conhecimento, por não ter o condão de iniciar a fase litigiosa do processo administrativa fiscal, devido à preclusão.
Numero da decisão: 2803-003.961
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos
PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO.
(assinado digitalmente)
Marcelo Oliveira
Relator ad hoc na data da formalização.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
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NÃO CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO PRECLUSÃO. A apresentação intempestiva de impugnação ocasiona não o seu não conhecimento, por não ter o condão de iniciar a fase litigiosa do processo administrativa fiscal, devido à preclusão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos PRESIDENTE DA SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO NA DATA DA FORMALIZAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 24 54 /2 00 7- 61 Fl. 237DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11065.002454/200761 Acórdão n.º 2803003.961 S2TE03 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA (Presidente), AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, OSEAS COIMBRA JUNIOR, GUSTAVO VETTORATO (Relator), EDUARDO DE OLIVEIRA. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11065.002454/200761 Acórdão n.º 2803003.961 S2TE03 Fl. 4 3 Relatório Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o relatório e voto. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e as razões de decidir do então conselheiro, arquivados nos sistemas do CARF, com as quais não necessariamente concordo. Tratase de Recurso Voluntário que busca reforma da decisão a quo que mantenedora do lançamento de contribuições previdenciárias e à terceiras entidades sobre valores pagos mediante cartão de crédito “Good Card”. A ciência do lançamento foi em 13.09.2007. A razão da manutenção foi a intempestividade da impugnação apresentada em 16.10.2007. Em recurso voluntário, alega preliminar de que ocorrera um equivoco de boa fé na postagem da impugnação, bem como alega a não ocorrência da incidência das contribuições nos fatos relatados no lançamento. Em razão das alterações de competência, o presente processo venho à presente Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, sendo sorteado para relatório ao presente conselheiro. Este é o Relatório. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11065.002454/200761 Acórdão n.º 2803003.961 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Marcelo Oliveira Relator designado ad hoc na data da formalização Para registro e esclarecimento, pelo fato do conselheiro responsável pelo voto ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para redigir o relatório e voto. Esclareço que aqui reproduzo as razões de decidir do então conselheiro, arquivados nos sistemas do CARF, com as quais não necessariamente concordo. ... O recurso é tempestivo, preenchendo os requisitos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido Contudo, a impugnação apresentada em primeira instância administrativa foi efetivamente intempestiva, além dos 30(trinta) dias de prazo, concedidos pelo art. 16, do Dec. 70.235, bem como a parte não demonstrou que houve qualquer fato impeditivo para a não ocorrência do protocolo tempestivo da mesma. Devese atestar de que conforme justificado pela decisão recorrida, a impugnação fora intempestiva, não merecendo conhecimento, o que por si só não tem o condão de iniciar a fase litigiosa do processo administrativa fiscal, devido à preclusão. (Ac. 201 80.724, Rel. Cons. Ana Maria Bandeira da Primeira Câmera do Segundo Conselho de Contribuintes, julg. 12.12.2007). Logo, o Recurso Voluntário apresentado não pode reverter tal situação. Isso posto, voto por conhecer o recurso voluntário, para no mérito, negarlhe provimento, mantendose o lançamento. Foi assim que o conselheiro votou na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) Marcelo Oliveira Relator ad hoc na data da formalização. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 11065.002454/200761 Acórdão n.º 2803003.961 S2TE03 Fl. 6 5 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 24/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 22/09/2015 por MARCELO OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 23/09/2015 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10218.900036/2010-83
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Nov 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA COMPROVAÇÃO.
Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo.
Em sede de ressarcimento e compensação, cabe ao contribuinte o ônus de prova do seu direito.
SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO.
A realização de diligências ou perícias, sendo faculdade que assiste ao julgador administrativo quando entendê-las necessárias à formação de sua convicção, se presta para dirimir suas dúvidas em relação ao conjunto probatório carreado aos autos, e não, como deseja a recorrente, para suprir o ônus que lhe cabe de juntada dos elementos de prova do direito creditório alegado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3802-004.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Solon Sehn e Francisco Jose Barroso Rios.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA COMPROVAÇÃO. Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado pelo sujeito passivo. Em sede de ressarcimento e compensação, cabe ao contribuinte o ônus de prova do seu direito. SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. A realização de diligências ou perícias, sendo faculdade que assiste ao julgador administrativo quando entendêlas necessárias à formação de sua convicção, se presta para dirimir suas dúvidas em relação ao conjunto probatório carreado aos autos, e não, como deseja a recorrente, para suprir o ônus que lhe cabe de juntada dos elementos de prova do direito creditório alegado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 90 00 36 /2 01 0- 83 Fl. 350DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D’amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Solon Sehn e Francisco Jose Barroso Rios. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 349), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. O contribuinte FLORA FLORESTA DO ARAGUAIA CONSERVAS ALIMENTÍCIAS LTDA., insurgese no presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 01 21.602, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém DRJ/BEL, que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Por bem descrever os fatos e atos processuais ocorridos até o momento da apresentação da impugnação, reproduzse aqui o relato formulado pela autoridade julgadora de 1ª instância, in verbis: Tratase de pedido de ressarcimento transmitido em 14/01/2010 e declarações de compensação transmitidas em 02/04/2008, 31/07/2008 e 31/07/2009 (fls. 26/116), nas quais foi indicado crédito total de R$ 56.991,11, resultante de ressarcimento de IPI relativo ao 3 o Trimestre de 2003. A Delegacia de origem, em análise datada de 19.05.2010, expediu o despacho decisorio de fl. 15, do qual consta que: "Analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP e período de apuração acima identificados, constatouse o seguinte: Valor do crédito solicitado/utilizado: R$ 56.991,11 Valor do crédito reconhecido: R$ 0,00 O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): Constatação de utilização integral ou parcial, na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, até a data da apresentação do PER/DCOMP. Diante do Exposto: NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no(s) seguinte(s) PER/DCOMP:(...); INDEFIRO o pedido de restituição/ressarcimento apresentado no(s) PER/DCOMP (...)". Fl. 351DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10218.900036/201083 Acórdão n.º 3802004.244 S3TE02 Fl. 351 3 Cientificada em 16.08.2010, a interessada apresentou, em 15/09/2010, a manifestação de inconformidade de fls. 01/05, na qual alega: "Considerando que as informações apresentadas são exíguas para a perfeita identificação dos motivos que levaram à consideração de insuficiência de crédito, coube à Manifestante analisar as informações complementares que constam no sítio da Receita Federal do Brasil, mais especificamente o item 'PER/DCOMP Despacho Decisorio Análise do Crédito'. Ao efetuar a análise das informações contidas em referido tópico auxiliar, a Manifestante conseguiu identificar, de forma precisa, o motivo que levou a fiscalização a considerar como insuficientes os créditos utilizados: ela se equivocou na identificação do 'Saldo Credor do Período Anterior' para o Io decêndio de outubro de 2003, constante do 'Demonstrativo da Apuração Após o Período do Ressarcimento" (...), o que fez, por conseqüência, com que todos os saldos posteriores fossem contaminados. Vejase, com efeito, que o valor identificado no citado demonstrativo é de R$ 235.016,59, quando, na realidade, o valor informado pela Manifestante (...) é absolutamente diverso, na importância de RS 626.367,49!! (...) Considerandose corretamente o saldo informado pela Manifestante em seus PER/DCOMPs, o crédito será absolutamente suficiente para amparar as compensações realizadas, sendo, por isso, improcedentes as glosas realizadas. Para tornar mais claro o que se alega, a Manifestante anexa, ainda, uma planilha comparativa dos saldos disponíveis para compensação, sendo uma a cópia fiel do demonstrativo (equivocado!!!) da Fiscalização, e outra, nos mesmos moldes, com o crédito correto identificado nos PER/DCOMPs transmitidos. Vêse, por referida planilha, a indiscutível validade e suficiência dos créditos informados e utilizados. Registrese, por fim, que se o saldo informado pela Manifestante fosse mesmo aquele informado no 'Demonstrativo da Apuração Após o Período do Ressarcimento' apresentado pela fiscalização, o próprio programa do PER/DCOMP teria informado quanto seria passível de ressarcimento, limitando, portanto, as futuras compensações. (...) desde já requer, caso se mostre necessário, a realização de diligência para atestar regularidade da compensação realizada e das informações prestadas nos respectivos PER/DCOMPs. Para tanto, indica como Perito (...) " E o relatório. Fl. 352DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Não acatando as razões aduzidas pela interessada na instância a quo, a 3ª Turma da DRJ/BEL, resumiu na forma da ementa abaixo os motivos pelo quais julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Vejase: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA COMPROVAÇÃO. Os pedidos de ressarcimento e as declarações de compensação apresentados pelo sujeito passivo somente podem ser homologados no exato limite do direito creditório comprovado. Em sede de ressarcimento e compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Irresignado com a decisão supra, o sujeito passivo interpôs o presente Recurso Voluntário, reafirmando as alegações já trazidas na sua manifestação de inconformidade, discorrendo sobre os fatos ocorridos e do seu direito ao crédito, alegando a necessidade da busca da verdade material, requerendo que se determine a diligência requerida quando de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 349), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvandose o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação um tratamento diverso deste. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso, passando à análise das razões nele expostas. No caso presente, temse que o sujeito passivo, após a entrega de pedido de ressarcimento, transmitiu declarações de compensação em que indica a existência de direito creditório no total de R$ 56.991,11, referente a crédito de IPI apurado no 3° Trimestre de 2003. Analisandose os dados informados pela própria contribuinte nos múltiplos PER/DCOMP que transmitiu à Receita Federal do Brasil, a DRF de origem, conforme consta do Despacho Decisório à fl. 17, constatou que houve a utilização integral ou parcial, na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subseqüentes ao trimestre em referência, motivo pelo qual não homologou parcialmente as compensações declaradas, bem como concluiu que não havia valor remanescente a ser ressarcido. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10218.900036/201083 Acórdão n.º 3802004.244 S3TE02 Fl. 352 5 Ressaltese que o Fisco, conforme consta dos Demonstrativos de Apuração, após análise dos dados informados pela recorrente, reconheceu a existência, no 3° trimestre de 2003, de saldo credor ressarcível no valor apontado pelo sujeito passivo. Contudo, durante as verificações, identificouse um saldo credor menor que o informado, indicando como fundamento para sua conclusão, o fato de a contribuinte haver utilizado, em sua escrita fiscal, em períodos subseqüentes, parcela do saldo credor passível de ressarcimento (demonstrativos às fls. 18/24). Em síntese, a questão em exame é restrita à análise probatória dos documentos acostados aos autos. Entende o sujeito passivo que após analisar as informações apresentadas no Despacho Decisório e no sítio da Receita Federal do Brasil, mais especificamente o item "PER/DCOMP Despacho Decisório Análise do Crédito", a Recorrente identificou e apontou em sua Manifestação de Inconformidade os motivos que levou a Fiscalização a considerar como insuficientes os créditos utilizados, quais sejam: i) Primeiramente, que a fiscalização se equivocou na identificação do "Saldo Credor do Período Anterior" para o 1º decêndio de julho de 2003, constante do "Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível" (anexa documentos), e ii) em consequência, o valor apontado pelo Fisco como "Saldo Credor do Período Anterior" para o 1º decêndio de julho de 2003, constante do "Demonstrativo da Apuração após o Período do Ressarcimento" também está equivocado, como devidamente informado em sua PER/DCOMP n° 41484.15744.140110.1.5.010040, e que por força dos erros do Fisco acima apontados, todos os saldos posteriores foram contaminados. Faz juntada aos autos, como prova do aqui alegado, cópia do citado PER/DCOMP (também juntadas à Manifestação de Inconformidade), planilha comparativa dos saldos disponíveis para compensação (elaborada pelo Fisco e outra elaborada pela Recorrente) e cópia do Livro de Apuração do IPI (RAIPI, modelo P9), período de julho a outubro, de 2003 (documentos fls. 160/336). Reafirma em seu recurso, que não há nas declarações (PER/DCOMPs) apresentadas pelo Recorrente os valores/saldos indicados pela fiscalização. Entretanto, penso que não merece ser acolhida a tese defendida pela recorrente. Vejamos. Temos, no caso, apuração de saldos (valores) cujos montantes declarados e os apurados pelo Fisco são díspares, razão pela qual entendemos, em sintonia com o julgamento proferido pela primeira instância, que a comprovação do direito creditório exige seja acostada aos autos a escrituração da empresa com o registro dos lançamentos contábeis e fiscais comprobatórios do valor efetivamente devido do tributo. O PER/DCOMP do período, anexado aos autos, não se afigura como prova irrefutável para tanto, ainda diante das constatações efetuadas pelo Fisco quando da emissão do Despacho Decisório. No entanto, em diversas situações em que esta Turma analisou recursos contra a nãohomologação de pedidos de compensação sempre foi admitida a prova acostada aos autos pelo sujeito passivo, ainda que isso tenha ocorrido só em sede de recurso voluntário. Essa é a linha de entendimento normalmente consensual que esta Turma tem adotado, e isso, justamente, em homenagem ao princípio da verdade material. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 Em seu recurso a Recorrente entende que (...) "os documentos e informações apresentados com a Manifestação de Inconformidade (e novamente juntados nesta oportunidade) são por si só suficientes para atestar a incorreção do Despacho Decisório proferido. Isso porque, como acima explicitado, a decisão recorrida afirma que os valores encontrados pelo Fisco em seus Demonstrativos tomam por base as declarações da própria Recorrente. Esse fato não é verdade e para averiguálo basta a consulta aos PER/DCOMP's em questão, cujas cópias, repitase, instruem este recurso". Como se vê, na realidade presente, o sujeito passivo, mesmo ciente da insuficiência da prova argumentada pela decisão a quo, comparece novamente aos autos sem apresentar a cópia de sua escrituração contábil comprobatória do suposto indébito, o qual, portanto, carece dos necessários pressupostos de liquidez e de certeza como requisito indispensável à liquidação de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. De fato, a compensação, como uma das formas de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN, o que não se constatou na realidade presente. Nesse sentido, a seguinte decisão do Superior Tribunal de Justiça: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS. FINSOCIAL COM O CONFINS. AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS AUTORIZATIVOS. LEI 8.383/91. ART. 170 DO CTN. A Lei no 8.383/91 não revogou normas consignadas no Código Tributário Nacional (art. 170), que é Lei Complementar e dispõe acerca dos pressupostos necessários a autorizar o instituto da compensação. Hipótese expressa na legislação (art. 156 do CTN) de extinção do crédito tributário, a compensação, nos termos em que está definida em lei (art. 170 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza. Líquidos e certos, na definição legal (para justificarem a compensação), são os créditos tributários expressamente declarados pelo Fisco e os reconhecidos, como tais, por sentença judicial com trânsito em julgado. A liquidez e certeza do crédito é pressuposto indesjungível da compensação, tal qual como concebida na legislação pertinente e devem ser provados pelo credor, sendo inválido, para tal fim, a confissão ficta da Fazenda respectiva. A jurisprudência se firmou no sentido de que a compensação da contribuição para o FINSOCIAL paga indevidamente depende do reconhecimento judicial da inconstitucionalidade em cada caso concreto, desservindo de título para esse fim os precedentes judiciais que, incidentalmente, deixaram de aplicar o art. 92 da Lei no 7.689/88. Recurso provido. Decisão unânime. (Recurso Especial no 98.899/SC. Relator Min. Demócrito Reinaldo. Publicado no D.J. de 29/10/1996 – grifos nossos). Fl. 355DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10218.900036/201083 Acórdão n.º 3802004.244 S3TE02 Fl. 353 7 Posto isto, não encontrado os atributos de liquidez e certeza dos créditos, inadmitida a compensação pleiteada pela recorrente, legítima a cobrança dos créditos tributários que intentava extinguir por compensação. Do princípio da verdade material Vale lembrar que a busca pela verdade material, invocada pelo sujeito passivo, não se reveste em um direito absoluto. O processo há que ser pautado por alguns limites à cognição probatória, sejam estes de natureza temporal ou material, em sintonia com o formalismo moderado, que guia o processo administrativo. Ademais, o dever de investigação da Administração Tributária caminha pari passu com o dever de colaboração do particular. O sujeito passivo, em seu recurso, recorre ao princípio da busca pela verdade material (reproduz jurisprudência administrativa nesse sentido), em detrimento de mero formalismo denotado na decisão recorrida, quando indeferiu a realização da diligência, sob a alegação de que não foi juntada a totalidade de documentos que a autoridade administrativa julgou ser necessária Pois bem, o princípio da verdade material consiste na apuração da verdade dos fatos pelo julgador administrativo e vai além das provas trazidas aos autos pelo interessado. Notese que no caso da espécie ora analisado, a prova encontrase em poder do próprio Recorrente, e uma vez que foi dela a iniciativa de instauração do presente processo, pois que relativo a um direito que ele alega ser detentor, não se vislumbra razão à preponderância do princípio da verdade material sobre, por exemplo, o princípio constitucional da celeridade processual (art. 5º, inciso LXXVIII, da CF de 1988). Após ter seu pedido negado pela Delegacia de Julgamento por falta de prova eficaz à comprovação do direito pleiteado, o ora Recorrente pouco acrescenta aos autos, repisando seu pedido de realização de perícia/diligência para a coleta dos elementos probatórios necessários à análise do PER/DCOMP. Examinandose os autos, verificase que anexou ao processo, como prova do aqui alegado, cópia dos citados PER/DCOMP's (também juntadas à Manifestação de Inconformidade), planilha comparativa dos saldos disponíveis para compensação (elaborada pelo Fisco e outra elaborada pela Recorrente) e cópia do Livro de Apuração do IPI (RAIPI, modelo P9), período de julho a outubro, de 2003. As informações constantes nos documentos apresentados não evidenciam a apuração do imposto devido no período, e, conseqüentemente, não comprovam a existência do direito creditório apontado na DCOMP dos autos. Ou seja, a questão da prova na atividade administrativa tributária resolvese ante o discernimento acerca da responsabilidade de quem deve provar o alegado. Para esclarecer esta questão buscase a orientação no Código de Processo Civil, subsidiariamente utilizado nos julgamentos dos processos administrativos fiscais pelo CARF, em seu art. 333, assim alude: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 356DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo,ou extintivo do direito do autor. Portanto, depreendese que na manifestação de inconformidade embute solicitação de desconstituição de confissão de dívida anterior e, nesse contexto, deve ela atestar que o direito de crédito aproveitado na compensação tem apoio não só legal como documentalmente e eficazmente comprovado nos autos. Demais disso, acerca da produção de provas, conforme retratado no Acórdão recorrido, o disposto no art. 923 do RIR/99, a escrituração (contábil e fiscal) mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Neste contexto, seria indispensável a apresentação dos registros contábeis e fiscais que evidenciem a apuração do imposto em comento. Sem a devida comprovação documental não há como afirmar que o crédito reclamado é indevido. Ainda que admitidas as provas acostadas aos autos, em homenagem ao princípio da efetividade do processo, que tem como norte um processo menos formalista, que deságua na busca pela verdade material. Mas esta há que ser harmonizada com a segurança e a celeridade exigidas nas lides administrativas, não se podendo transferir para o Fisco o ônus de comprovar o direito creditório alegado, como já dito, que é do sujeito passivo, a teor do disposto no artigo 333, inciso I, do CPC. Com efeito, a simples apresentação de demonstrativos (cópia dos PER/Dcomp, planilhas demonstrativas e páginas do Livro de Apuração do IPI) não é suficiente para comprovar a existência de indébito decorrente de pagamento indevido ou a maior, visto que estão desacompanhados de documentos que lhe dêem suporte e que demonstrassem sua veracidade. Nesse contexto, entendese que a interessada inicia a prova do direito creditório que afirma possuir. Imprescindível, porém, nestes autos, a sua comprovação integral. Vale repetir que, diferentemente do processo de revisão do lançamento tributário, em que o ônus da prova compete ao fisco, demonstrando cabalmente as razões pelas quais o tributo deve ser exigido, no pedido de compensação o contribuinte deve demonstrar as razões pelas quais ele deve ser restituído no montante pleiteado. Nesse diapasão, é importante destacar que a compensação, como uma das formas de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. E a não comprovação da certeza e da liquidez dos referidos créditos, materializada na não apresentação da documentação necessária à verificação do direito creditório alegado, não poderia redundar na extinção do débito para com a Fazenda Pública mediante compensação, mesmo com a legitimidade do direito subjetivo em que se socorreu a demandante. Portanto, a realidade em exame não se subsume ao direito de que trata o inciso I do artigo 165 do CTN, que possibilita a restituição de tributo recolhido indevidamente. Do pedido de conversão em diligência e perícia Requer a interessada que o presente recurso seja julgado e provido, a fim de que seja reformada a decisão recorrida, com a consequente homologação da compensação Fl. 357DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10218.900036/201083 Acórdão n.º 3802004.244 S3TE02 Fl. 354 9 requerida, ou caso assim não entenda, seja o presente processo baixado em diligência ou perícia, conforme requerido. No presente caso, a Recorrente requer o deferimento da possibilidade de conversão de diligência para fins de constatação da veracidade dos fatos elencados em seu recurso voluntário. Como bem assinalado pela recorrente, no que se refere à matéria tributária, o processo administrativo é regulado pelo Decreto Federal nº 70.235/72, e suas alterações posteriores. O decreto deixa claro, em seu artigo 29, que tal procedimento é informado pelos princípios da verdade material e do livre convencimento motivado do julgador. Vejase: “Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias”(g.n.). Já o artigo 18, do Decreto nº 70.235/72, se coloca em consonância com o princípio da verdade material, in verbis: “Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine”(g.n.). Como se vê, a realização de diligências ou perícias, sendo faculdade que assiste ao julgador administrativo quando entendêlas necessárias à formação de sua convicção, se presta para dirimir suas dúvidas em relação ao conjunto probatório carreado aos autos, e não, como deseja a recorrente, para suprir o ônus que lhe cabe de juntada dos elementos de prova do direito creditório alegado. Assim, neste caso, a certeza e a liquidez do direito creditório alegado deverá ser cabalmente demonstrada nos autos pela interessada para extinção do crédito tributário mediante compensação. Decorre também do mencionado preceito, que não faz sentido baixar o processo em diligência para intimação do contribuinte a apresentar a documentação contábil e fiscal comprobatória do suposto crédito alegado, visto que, repisandose, o ônus da prova do direito é da interessada, a teor do disposto no artigo 333, inciso I, do CPC. Vêse que o contribuinte teve a oportunidade em todas as fases processuais de juntar os documentos que julgasse relevantes e não o fez de forma satisfatória. É sabido que a não apresentação de documentos necessários à comprovação de direito creditório juntamente com a impugnação/manifestação de inconformidade, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária, impede a revisão de ofício e enseja o lançamento para o cumprimento de exigência fiscal. Portanto, em conformidade com art. 18, caput, do Decreto n° 70.235, de 1972, com redação dada pelo art. 1º da Lei n° 8.748, de 1993, indefiro, pois, a diligência/perícia requerida. Fl. 358DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para negarlhe provimento, mantendose integralmente o crédito tributário formalizado contra o sujeito passivo. Este, portanto, foi o entendimento proferido pelo conselheiro relator na ocasião em que o feito foi julgado, entendimento o qual reproduzo por força do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator Ad Hoc. Fl. 359DF CARF MF Impresso em 25/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 25/11/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 20/11/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 11543.001113/2006-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3401-003.101
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em (a) afastar nulidade do acórdão da DRJ por fundamentação insuficiente, suscitada de ofício pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, e (b) dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa JOSÉ MARIA GONÇALVES, vencidos em ambas as matérias os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Hélcio Lafetá Reis; e, por unanimidade de votos, em (c) afastar a preliminar de nulidade do julgamento da DRJ por alteração de fundamento, e (d) negar provimento ao recurso voluntário em relação aos demais itens. O presidente substituto, Conselheiro Robson José Bayerl, declarou-se impedido, substituindo-o na presidência o Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator e membro do colegiado há mais tempo no CARF. Compôs ainda o colegiado o Conselheiro suplente Hélcio Lafetá Reis. Houve sustentação oral efetuada pelo advogado Daniel Lacasa Maia.
ROSALDO TREVISAN - Relator, e Presidente de Turma Substituto, no julgamento.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (relator, e presidente de turma substituto, no julgamento), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. VENDA DE CAFÉ. CREDITAMENTO. INTERPOSIÇÃO. Comprovada a aquisição de café, de fato, de pessoas físicas, quando os documentos apontavam para uma intermediação por pessoa jurídica, incabível o creditamento integral das contribuições, cabendo apenas o crédito presumido pela aquisição de pessoas físicas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 11 13 /2 00 6- 13 Fl. 1383DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em (a) afastar nulidade do acórdão da DRJ por fundamentação insuficiente, suscitada de ofício pelo Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, e (b) dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, vencidos em ambas as matérias os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Hélcio Lafetá Reis; e, por unanimidade de votos, em (c) afastar a preliminar de nulidade do julgamento da DRJ por alteração de fundamento, e (d) negar provimento ao recurso voluntário em relação aos demais itens. O presidente substituto, Conselheiro Robson José Bayerl, declarouse impedido, substituindoo na presidência o Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator e membro do colegiado há mais tempo no CARF. Compôs ainda o colegiado o Conselheiro suplente Hélcio Lafetá Reis. Houve sustentação oral efetuada pelo advogado Daniel Lacasa Maia. ROSALDO TREVISAN Relator, e Presidente de Turma Substituto, no julgamento. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (relator, e presidente de turma substituto, no julgamento), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), e Hélcio Lafetá Reis (suplente). Relatório Versa o presente sobre pedido para tratamento manual de declaração de compensação DCOMP (no 39807.46552.160206.1.3.081276 fls. 4 a 10)1 transmitida em 16/02/2006 (de crédito de Contribuição para o PIS/PASEP relativo ao 3o trimestre de 2003, no valor de R$ 123.243,43, com débitos de referentes a IRRF), decorrente de pedido de ressarcimento PER (no 19681.19924.160206.1.1.089876 fls. 11 a 15, no valor de R$ 299.990,47), de 16/02/2006. Fundandose no parecer de fls. 212 a 223, é emitido em 27/07/2009 o despacho decisório de fls. 223/224, reconhecendo direito creditório no montante de R$ 148.271,93, homologando a compensação e deferindo o ressarcimento na medida dos créditos acatados (após compensação de ofício de débitos existentes). As glosas efetuadas se referem a: (a) ausência de inclusão na base de cálculo de receitas de variação cambial; (b) apuração de créditos sobre despesas financeiras; (c) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); (d) apuração de créditos sobre amortização do diferido; e (e) aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1384DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.379 3 Cientificada da decisão em 17/09/2009 (cf. AR de fl. 236), a empresa apresenta petição em 02/10/2009 (fls. 237 a 242), opondose à compensação de ofício, por entender não existir débito pendente a ser satisfeito (informando que o referido débito estava extinto por meio de compensação (DCOMP no 01934.56888.261206.1.3.020600, de 26/12/2006). Em 19/10/2009 a empresa apresenta ainda manifestação de inconformidade (fls. 286 a 321), afirmando que: (a) não há na legislação vedação ao aproveitamento de créditos da contribuição no caso de não recolhimento desse tributos pela pessoa jurídica fornecedora de bens ou serviços, nem se registra que a regularidade cadastral dos fornecedores seja condição sine qua non para possibilitar a apropriação dos créditos; (b) as operações realizadas com as empresas ditas “inativas” foram efetuadas antes de estas serem consideradas “baixadas” ou “inaptas” pela Receita Federal, e houve ainda operações com empresas “ativas”, cabendo a cobrança destes contribuintes, e não da empresa; (c) as compras destas empresas foram todas acobertadas com notas fiscais regularmente emitidas, e que atendem aos requisitos da legislação estadual; (d) no que se refere a serviços de corretagem, assessoria técnica comercial e manutenção e conservação de máquinas, equipamentos e instalações, e fretes e transportes nacionais, e despesas de fretes, as glosas se referem a equivocada acepção do termo “insumos”, derivada da indevida analogia com a legislação do IPI, mas para as contribuições, “insumo” deve ser entendido como todo gasto que colabora direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora de receitas tributáveis; (e) há expressa previsão legal (até agosto de 2004) para desconto de créditos da contribuição em relação a despesas financeiras; e (f) a ausência de previsão legal expressa para desconto de créditos em relação à amortização de diferido não pode obstar o desconto de créditos, em face da não cumulatividade constitucionalmente assegurada. Em 08/08/2011 (fls. 373/374), a DRJ converte o julgamento em diligência, para que a unidade local verificasse a situação dos fornecedores de café apontados nas glosas. Em resposta, a unidade local emite o Relatório Fiscal de fls. 503 a 564, no qual informa que: (a) a diligência atende ao presente processo e a outros 12 da mesma empresa, e fundase em operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA”/2007 e “BROCA”/2010) fruto de parceria entre Receita Federal, Polícia Federal e Ministério Público Federal; (b) a empresa “COIMEX” (recorrente) utilizouse de empresas “laranjas” como “intermediárias fictícias na compra de café de produtores”, nos períodos citados no processo; e (c) o modus operandi do esquema consistia em exigir que o produtor (pessoa física) “guiasse” o produto para pessoa jurídica “laranja” (mera intermediária financeira, conforme demonstram as declarações e fotos constantes do relatório), que emitia nota de venda aos compradores, o que era prática reiterada no mercado de café. Do Relatório a empresa toma ciência em 02/08/2013 (fl. 567), apresentando em 02/09/2013 a manifestação de fls. 569 a 592), no sentido de que: (a) a motivação das glosas no despacho decisório foi a ausência de recolhimento e a suposta irregularidade cadastral; (b) o relatório de diligência é superficial, genérico, incompleto e tendencioso, cabendo destacar que a empresa “COIMEX” e seus representantes sequer foram mencionados nas operações “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCA”, que originaram a Ação Penal no 2008.50.05.0005383, nem no próprio relatório, não podendo a fiscalização a partir de tais procedimentos concluir que a empresa utilizouse de “laranjas”; e (c) a empresa não negociou com pessoas supostamente envolvidas no “esquema”, mas com corretores, que identificavam fornecedores no mercado e intermediavam a negociação, sendo adquirente de boafé. A empresa junta ainda aos autos novos documentos buscando comprovar a regularidade das aquisições de café. Fl. 1385DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 4 Em 13/11/2013 (fls. 676 a 708), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) não assiste razão ao despacho decisório quando nega o direito ao crédito simplesmente porque não houve pagamento de tributo no elo anterior da cadeia, mas os documentos emitidos pelas empresas declaradas “INAPTAS” podem ser reputados como inidôneos, tributariamente ineficazes, autorizando a glosa dos custos na escrita fiscal (salvo comprovação do pagamento pelo preço da mercadoria e do real ingresso desta no estabelecimento industrial, prova que incumbe ao postulante do crédito), e produzem igual efeito em relação à documentação a comprovação direta ou indireta de “não ter havido a transação a que se referem”; (b) algumas das principais fornecedoras da empresa foram constituídas no período da reforma da legislação que rege as contribuições, que passou a conceder crédito em apenas parcial nas aquisições de pessoas físicas; (c) os fornecedores da empresa não recolheram nenhum tributos em 2003, e nenhuma das empresas diligenciadas possui patrimônio ou capacidade operacional, funcionário contratado ou estrutura logística, sendo tão somente empresas com existência “fantasmagórica” do ponto de vista tributário, meros vendedores de notas fiscais; (d) a fiscalização agiu corretamente ao admitir que as vendas, em verdade, foram feitas por pessoas físicas, que é o que ocorreu de fato; (e) os insumos tem que ser efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto, ou na prestação de serviço desenvolvida pala empresa, sendo a corretagem e a armazenagem em fase anterior ao processo produtivo, e não atendendo ao conceito de insumo ainda as despesas comerciais com aluguel de garagem, despesas de estacionamento, conservação de edifício, aluguel de quadra e taxas de condomínio; (f) não eram todas as despesas financeiras que geravam créditos até 31/07/2004, mas apenas as decorrentes de “empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica” não optante pelo SIMPLES; e (g) não há previsão legal para o cálculo de créditos sobre despesas de amortização do ativo diferido. Cientificada do acórdão da DRJ em 12/12/2013 (AR à fl. 712), a empresa apresenta recurso voluntário em 10/01/2014 (fls. 720 a 783), sustentando que: (a) cabe a atualização monetária do crédito, não tendo a empresa contestado o assunto na manifestação de inconformidade porque discutia o tema judicialmente; (b) a decisão recorrida é nula, por inovar (de forma confessada) a fundamentação adotada originalmente pelo despacho decisório, em patente supressão de instância administrativa; (c) a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é de caráter constitucional, não podendo ser mitigada pela legislação infraconstitucional; (d) os créditos permitidos na sistemática não cumulativa para as referidas contribuições (em relação a “insumos”) devem refletir todos os gastos que colaboram direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora das receitas; (e) no momento da prolação do despacho decisório a DRF/Vitória tinha amplo conhecimento dos fatos investigados na Operação “TEMPO DE COLHEITA” e não qualificou as aquisições da recorrente como fraudulentas ou simuladas, fundando a negativa de crédito somente no fato de as empresas fornecedoras não terem recolhido as contribuições e serem “inaptas, omissas ou sem receita declarada”; (f) no terceiro trimestre de 2003 as pessoas jurídicas indicadas no despacho decisório estavam com a situação cadastral regular perante a Receita Federal; (g) em atendimento a diligência da DRJ, que já mostrava discordar da fundamentação da autuação, foi juntado pela unidade local relatório genérico, incompleto, inconclusivo e tendencioso, sugerindo a participação da recorrente em “esquema fraudulento”, que levou a DRJ a apreciar casos diversos, em períodos diversos, estendendo as conclusões à recorrente, sem prova alguma, no período narrado nos autos; (h) a empresa sequer foi citada no relatório ou na Ação Penal relativa às operações especiais; (i) o despacho decisório não questionou a existência e a efetividade das aquisições de café, tendo sido as aquisições de boafé, o que demanda a aplicação do disposto no parágrafo único do art. 82 da Lei no 9.430/1996; (j) em razão da alteração da sede da empresa para São Paulo, os créditos das contribuições de 2006 a 2008 foram analisados pela DRF/São Paulo, que os acatou, inclusive em relação a algumas das Fl. 1386DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.380 5 mesmas empresas fornecedoras (cf. despachos decisórios que anexa); e (k) pela abrangência adotada para o termo “insumos”, devem ainda ser acatados os créditos referentes a gastos incorridos com frete, assessoria técnica e comercial, comissões, corretagens, condomínio, despesas financeiras, amortização do diferido e depreciação. Às fls. 899 a 909 apresentase ainda cópia de decisão judicial no processo no 001484208.2014.403.6100 (Mandado de Segurança petição às fls. 910 a 921), proferida em 22/08/2014, concedendo medida liminar para determinar que a autoridade impetrada (DERAT/SP) aprecie em 10 dias a manifestação sobre a discordância apresentada da compensação de ofício em 02/10/2009 nos autos deste processo administrativo, e para que essa mesma autoridade não promova a compensação de ofício de débitos que estejam com exigibilidade suspensa, devendo em 30 dias realizar a restituição dos créditos que foram reconhecidos no processo administrativo de ressarcimento, desde que presentes as condições para tanto e que os débitos indicados na inicial continuem com a exigibilidade suspensa. Apresenta ainda a recorrente (fls. 922 a 964) vários documentos referentes a pedidos de parcelamento, e cópia de petição em Mandado de Segurança Preventivo impetrado em 2009 (Apelação Cível no 2009.50.01.0017871 fls. 988 a 1014) para correção de valores a restituir/compensar pela Taxa SELIC (o que foi negado em primeira instância e no TRF2 fls. 1087 a 1094, e depois revertido em sede de embargos fls. 1096 a 1101, tendo o STF negado provimento ao agravo da União fls. 1102 a 1106, com trânsito em julgado em 22/04/2014 fl. 1107). É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Esclareçase de início que a questão referente à compensação de ofício deve ser analisada pela unidade local da RFB, em rito próprio, com observância ao decidido em relação à demanda judicial interposta pela empresa. E o pedido efetuado em sede de recurso voluntário (referente à atualização monetária do crédito), submetido à apreciação judicial, não constitui exatamente “fato novo”, mas fato motivador da não apreciação do tema por este tribunal administrativo, em face da unidade de jurisdição (consagrada na Súmula no 1 deste CARF), devendo a unidade local efetivamente cumprir o que restou decidido em juízo, na liquidação do julgamento administrativo. No presente processo, a matéria contenciosa se resume a glosas efetuadas pela fiscalização em relação a apuração de créditos sobre: (a) aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada; (b) despesas financeiras; (c) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); e (d) amortização do diferido. Fl. 1387DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 6 Das aquisições de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada Nesse tópico paira inicialmente acusação da defesa de que teria havido inovação da fundamentação para negativa do crédito pela DRJ. Assim, incumbe verificar quais os fundamentos adotados pelo despacho decisório da unidade local para o indeferimento parcial dos créditos, especificamente no que se refere a aquisições “de pessoas jurídicas inativas, omissas ou sem receita declarada”. Vejamos os fundamentos da unidade local (fl. 219) para a negativa do direito de crédito em relação à rubrica: E segue o parecer que ampara o despacho decisório, à fl. 220, no sentido de que: Após a transcrição de doutrina sobre a matéria, concluise no referido parecer (fl. 222) que: Fl. 1388DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.381 7 Esses os fundamentos adotados para a negativa de crédito, e que foram submetidos a julgamento pela DRJ, diante das alegações expressas pela empresa em sua manifestação de inconformidade. A DRJ, antes da apreciação da lide, promoveu a baixa em diligência (fl. 373) para que a unidade local promovesse verificações, tendo em vista “o que consta às fls. 4817/4818”: Apesar de não encontrar no processo folhas de número 4817/4818 (o processo, no estágio em que se encontra, sequer chegou à metade dessa numeração), e nem menção às referidas operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”), é de se compreender que o julgador, que provavelmente já tinha contato com diversos casos advindos Fl. 1389DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 8 das referidas operações, desejava saber se também os fornecedores indicados no despacho decisório eram efetivamente “laranjas” ou “inexistentes de fato”, e se registraram em sua contabilidade as vendas, havendo instrumentos firmados para as vendas de café. Por mais que se possa discordar das razões da diligência, é legítimo entender que o julgador, diante da iminência de afastar a principal motivação das glosas (ausência de pagamento na etapa anterior), desejava saber se efetivamente tendo ultrapassado tal motivação, restaria comprovado o direito de crédito. Recordese que não se está aqui a tratar de autuação, mas de pleito de crédito, que só pode ser atendido se o postulante fizer prova do direito correspondente. E o afastamento da motivação principal da glosa não assegura necessariamente o direito. Vejase por exemplo caso frequente neste CARF (e que ainda enfrentaremos neste voto) de glosa de créditos relativos a insumos porque o fisco adota conceito derivado da legislação do IPI, restritivo, enquanto a postulante ao crédito adota conceito amplo do IR. No momento em que este CARF (usando conceito intermediário) afasta o critério adotado pelo fisco de utilização da legislação do IPI ele não assegura a totalidade do crédito, mas passa à análise de adequação ao critério adotado, se necessário com baixa em diligência para que se apure de que forma cada insumo é necessário à obtenção do produto final. Pelo exposto, não interpretamos que a DRJ, com a diligência, buscava alterar a fundamentação das glosas, mas sim verificar se a empresa efetivamente detinha o direito de crédito, ultrapassada a premissa do fisco, entendida por aquele julgador como equivocada, de que bastava o não pagamento na etapa anterior. Da mesma forma age este CARF quando, ultrapassando o conceito de insumo do IPI frequentemente usado pela fiscalização para as contribuições (igualmente visto como equivocado), determina diligência para verificar se existe direito ao crédito com base no que se entende no tribunal administrativo por insumo. Assim, entendemos não existir a nulidade apontada pela recorrente quando afirma que a DRJ alterou a fundamentação, abandonando o fundamento de ausência de pagamento e adotando razões diversas para a negativa. Da mesma forma não existiria a nulidade se este CARF, ao rechaçar o conceito de insumo da legislação do IPI, ainda assim negasse em parte ou no todo o direito ao crédito por não ser o bem adquirido necessário à obtenção do produto final. O que se vê, nestes autos, é que a DRJ parece desejar identificar com a diligência se seria possível à recorrente saber de antemão que tal pagamento sequer seria efetuado na etapa anterior, com base nas experiências que já possuía ao apreciar casos derivados das operações “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”, mas com foco nos fornecedores listados no presente processo. Mas o relatório fiscal de fls. 503 a 564 não restringe seu escopo aos fornecedores citados no presente processo, tratando inclusive de empresas e de períodos diferentes. É um relatório efetivamente “genérico”, e que se presta a este e a mais doze processos administrativos, indicados à fl. 503. “Genérico” no sentido de trazer informações sobre as operações especiais (“TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”), e não especificamente sobre as empresas fornecedoras relacionadas no presente processo. O relatório fiscal demonstra entender apenas parte do que lhe foi perguntado na diligência, logo ao início (fl. 504): Fl. 1390DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.382 9 Vejase que após fazer referência expressa à COIMEX (recorrente), o relatório volta a ser “genérico”, tratando da existência de um “esquema fraudulento” que alcançou “renomadas empresas atacadistas”. E a sequência do relatório busca demonstrar o modus operandi do esquema e como a prática de vendas de notas fiscais e de interposição de empresas “laranjas” era prática generalizada no mercado de café (sem voltar a mencionar a empresa recorrente). Há ainda menção no relatório a diversas empresas “laranjas” (v.g. COLÚMBIA, ACÁDIA, DO GRÃO, L&L, V. MUNALDI), e a pessoas físicas, sem que se fizesse a necessária correlação com o presente processo. A tabela de fls. 533/534 aponta supostas fornecedoras que atuaram de 2003 a 2007, constituindo um dos poucos vínculos no relatório a empresas mencionadas no presente processo. A seguir, transcrevese a parte da tabela que trata efetivamente de empresas mencionadas pela fiscalização no presente processo: Fl. 1391DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 10 Das 11 empresas relacionadas na tabela de glosas da fiscalização (reproduzida ao início deste voto), 3 são também mencionadas no relatório: ADAR COMÉRCIO LTDA, G. FERREIRA e SANTA MARTA COMÉRCIO LTDA. E o relatório fiscal segue apresentando lista de pessoas jurídicas declaradas inaptas pela DRF/GVS/MG por serem inexistentes de fato (fl. 535). Também são transcritos abaixo os excertos de tal lista que correspondem às empresas que são apontadas como fornecedoras no presente processo: Assim, acrescese à lista de fornecedores mencionados no relatório uma quarta empresa: a CAMIFRA COMÉRCIO LTDA. E no curso do relatório é mencionada ainda uma quinta empresa fornecedora: a JOSÉ MARIA GONÇALVES (fls. 551/552): Fl. 1392DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.383 11 Afora o aqui reproduzido, não há nada no relatório fiscal que tenha vínculo específico com o presente processo. A nosso ver, aparentemente não teria sido efetuada uma verdadeira diligência para atender ao demandado pela DRJ, mas apenas juntado um relatório que se prestaria à formação de convicção de que a fraude era prática generalizada no mercado de café, sem a preocupação de tratar especificamente (embora o relatório acabasse por resvalar em alguns) dos fornecedores mencionados nas glosas do fisco. A DRJ aprecia o tema, e logo ao início de seu voto deixa extremamente clara a situação que estava a apreciar antes da diligência (fl. 687), reconhecendo literalmente que “a glosa se deveu não à falta de confirmação documental da transação, mas à inexistência de recolhimento de tributo”: E segue o julgador (ainda à fl. 687) afirmando, sobre a documentação apresentada pela empresa, que: Mas na sequência a DRJ expressamente afasta a razão alegada como 1o argumento para as glosas (fl. 688): E depois de afastar a razão constante como 1o argumento para as glosas, e à luz dos arts. 80 a 82 da Lei no 9.430/1996, a DRJ prossegue afirmando que após a declaração de inaptidão “os documentos fiscais emitidos pelas empresas declaradas inaptas podem ser reputados como inidôneos e, assim, tributariamente ineficazes, autorizando a glosa dos custos Fl. 1393DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 12 na escrita fiscal do terceiro interessado, salvo comprovação do pagamento pelo preço da mercadoria e do real ingresso desta no estabelecimento industrial”. Mas já na sequência do voto (fl. 692) o julgador de piso recorda que o despacho decisório sequer falava em inaptidão, tema que só foi mencionado no relatório resultante da diligência: Em tal confuso excerto da decisão da DRJ, após se reconhecer que o despacho decisório não cogitou de inaptidão, tema só suscitado na diligência, concluise que no “Parecer” não havia qualquer outra prova nesse sentido, e que isso “seria suficiente para afastar o aproveitamento pela empresa interessada dos valores registrados como custo”, dispensando a produção de provas pela autoridade fiscal. Logo depois, ampliase a argumentação para firmar que “independentemente da declaração de inaptidão”, a documentação poderia ter sido considerada tributariamente ineficaz quando comprovado (direta ou indiretamente) não ter havido a transação. Assim, depois de rechaçar o primeiro argumento utilizado para a glosa (de que teria que existir pagamento na etapa anterior) a DRJ passa a analisar o segundo argumento (de que as compras eram de empresas inativas, omissas ou com receita nula, ou, nas suas palavras, “pseudoatacadistas” fl. 692): E, na sequência, logra êxito o julgador de piso, a nosso ver, em comprovar que havia efetivamente um esquema fraudulento nas compras de café, detectado nas operações especiais “TEMPO DE COLHEITA” e “BROCAS”. Contudo, é absolutamente deficiente a vinculação da recorrente a tais fraudes, não havendo qualquer disposição específica que vincule a recorrente ou mesmo seus fornecedores, à exceção de cinco deles, como se descreve a seguir. Fl. 1394DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.384 13 À fl. 693, o julgador anexa tabela, afirmando ser relativa a fornecedores da recorrente: Contudo, das dez empresas constantes na tabela apresentada pelo julgador apenas uma (a “AGAR COMÉRCIO LTDA”) consta como fornecedora da recorrente no parecer que ampara o despacho decisório (fl. 219) ou em seu anexo (fls. 199 a 202). À fl. 696 é apresentada nova tabela, por amostragem, de empresas que seriam fornecedoras da recorrente, indicando que várias não recolheram nenhum tributo em 2003. Em tal tabela, reproduzida a seguir, percebese novamente que das dez empresas, somente uma (a “CAMIFRA COMÉRCIO LTDA”) consta como fornecedora da recorrente no parecer que ampara o despacho decisório (fl. 219) ou em seu anexo (fls. 199 a 202): Fl. 1395DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 14 Ao que parece, o órgão julgador está tratando das fornecedoras da recorrente com base em documentos diversos dos que ensejaram as glosas (e, por consequência, o presente contencioso), acrescentando informações que não podem ser agora verificadas, e que são difusas/generalizadas, pois extraídas em diferentes momentos, em relação a diferentes fornecedores de diferentes empresas, sem vínculo necessário e preciso com o presente processo. A generalização se estende ao excerto seguinte do voto (fl. 696), no qual as conclusões são estendidas a todas as fornecedoras (sem qualquer elemento probatório): É certo que nas operações especiais foi possível atestar tal quadro caótico e preocupante em relação a diversas empresas, mas restam ausentes as vinculações específicas em relação às fornecedoras mencionadas no despacho decisório denegatório no bojo deste processo. O caráter paradoxalmente inconclusivo das “conclusões” da DRJ é refletido no excerto seguinte do voto (ainda à fl. 696): Não se pode, com base em “indícios que militam a favor de uma tese”, concluir que a tese é aplicável a todos os casos. Deveria o julgador ter observado os elementos probatórios que são especificamente pertinentes ao processo que estava a julgar, e não a outras situações, generalizando as conclusões. E, ainda que utilizasse elementos de outras fiscalizações, deveria efetuar vínculo específico com o presente processo. Vejase, por exemplo, a informação de que “há no parecer diversos exemplos, com fotografias de estabelecimentos de diversos fornecedores da empresa manifestante” (fl. 696). Como já se esclareceu aqui, de todas as fotos do relatório resultante da diligência, somente uma (a da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, reproduzida neste voto) se refere a fornecedor da recorrente. Essa precariedade probatória é perceptível nas próprias expressões usadas pelo julgador. Além de apreciar o caso conclusivamente com base em “indícios que militam”, o julgador usa ainda outras expressões de pouca força afirmativa, como o “tudo indica” (de fl. 696): Fl. 1396DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.385 15 Ademais, na parte em que o julgador tenta apresentar provas que endossem os indícios (fls. 697 a 700) , as menções são a empresas e pessoas que sequer são mencionadas como fornecedoras da recorrente no presente processo (v.g., COLÚMBIA e V. MUNALDI). Em suma, a nosso ver a DRJ efetivamente fracassa em sua tese de abstrair as conclusões do relatório de diligência a todas as empresas fornecedoras. E, mesmo em relação às cinco empresas citadas, só vemos nestes autos elementos suficientes para manutenção das glosas em relação à empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, visto que seu próprio proprietário reconhece, como aqui transcrito, que pratica o modus operandi descrito pela fiscalização. Diante da confissão, não há lugar à tese de que a recorrente adquiriu bens de “JOSÉ MARIA GONÇALVES” como terceiro de boafé. Cabe, em adição, destacar a irrelevância, para o presente processo, das decisões não vinculantes prolatadas por unidades locais da RFB em processos diversos e do fato de a COIMEX não figurar na ação penal referente às operações especiais. Pelo exposto, voto pela manutenção das glosas apenas em relação às aquisições efetuadas da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”, afastando as demais por não haver nos autos elementos que desconstituam a boafé da recorrente nas aquisições de que especificamente trata o presente processo. Adicionese que uma nova baixa em diligência, para verificar a situação das empresas a que se refere o presente processo ao tempo das ocorrências (há cerca de uma década), suprindo as deficiências do "relatório genérico" extraído das operações especiais, e aceito pela DRJ, poucos efeitos práticos surtiria, diante da ausência de motivação para o afastamento da boafé da recorrente, à época das aquisições. Analisada a presente matéria, à qual se dedica praticamente toda a defesa (61 das 63 páginas do recurso voluntário), passase a analisar as demais glosas efetuadas, em relação a gastos incorridos com frete, assessoria técnica e comercial, comissões, corretagens, manutenção, condomínio, despesas financeiras, amortização do diferido e depreciação, cabendo trazer antecipadamente algumas delimitações conceituais e normativas necessárias. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Incumbe de início esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) Fl. 1397DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 16 (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei poderia ter desbordado do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2 (“O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”). Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. Do conceito de insumos para a Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que Fl. 1398DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.386 17 não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como venho reiterando em processos relatados no âmbito deste CARF, com acolhida unânime: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, já adiantando a existência de substancial obstáculo, residente no fato de sequer se demonstrar a existência de processo industrial nos autos. Fl. 1399DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN 18 Das glosas em espécie Conforme relatado, em relação ao despacho decisório, as glosas são referentes a: (a) ausência de inclusão na base de cálculo de receitas de variação cambial; (b) apuração de créditos sobre despesas financeiras; (c) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e fretes/despesas comerciais de venda); e (d) apuração de créditos sobre amortização do diferido. Mas na peça recursal (fls. 778/779) argumentase unicamente que: Como já se adiantava no tópico anterior, o inciso no qual se ampara a recorrente para demandar os créditos (inciso II do art. 3o) trata de insumos para prestação de serviços ou produção/fabricação de bens ou produtos destinados à venda, e não à simples venda/revenda de bens adquiridos. Totalmente carente de base legal, assim, o pleito. E, ainda que o fundamento fosse diverso, como parecia ser inicialmente a demanda referente às despesas financeiras e à amortização do diferido, persistiria a total inadequação aos comandos legais, que, repitase, são de observância obrigatória por este colegiado em função da citada Súmula CARF no 2. Fl. 1400DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001113/200613 Acórdão n.º 3401003.101 S3C4T1 Fl. 1.387 19 Assim, seja por não fazer prova a postulante do crédito em relação à existência de processo de produção/fabricação ou de prestação de serviços, ou ainda da adequação específica dos bens e serviços alegadamente apontados como “insumos” a tais processos ou prestações, incabível o direito ao crédito. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o crédito em relação às aquisições de café das empresas listadas à fl. 219, no parecer que ampara o despacho decisório, à exceção da empresa “JOSÉ MARIA GONÇALVES”. Para efeito de implementação do julgado pela unidade local da RFB, e para que se evite duplicidade de concessão de créditos, esclarecese que o reconhecimento do crédito efetuado nestes autos, que se dá unicamente em relação às aquisições de café, opera em detrimento do reconhecimento de crédito presumido para as mesmas operações. Assim, deve a unidade, na admissão dos créditos decorrentes deste julgamento, afastar o reconhecimento dos créditos presumidos de aquisições de pessoas físicas em relação às mesmas operações. Rosaldo Trevisan Fl. 1401DF CARF MF Impresso em 17/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10380.725328/2014-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 24 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2010, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011, 30/11/2011, 31/12/2011
SOLUÇÃO DE CONSULTA DA COSIT. EFEITOS.
A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa de categoria econômica ou profissional.
Recurso de ofício ao qual se nega provimento.
Numero da decisão: 3301-002.880
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira e Semíramis de Oliveira Duro.
Fez sustentação oral pela interessada o Dr. João Agripino Maia, OAB/RJ 115.567.
Nome do relator: FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS
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EFEITOS. A Solução de Consulta da COSIT tem efeito vinculante no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de sorte que o entendimento nela exarado deverá ser observado pela Administração Tributária, inclusive por seus órgãos julgadores quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo, seja individualmente, seja vinculado a entidade representativa de categoria econômica ou profissional. Recurso de ofício ao qual se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Presidente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 53 28 /2 01 4- 72 Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL 2 Fez sustentação oral pela interessada o Dr. João Agripino Maia, OAB/RJ 115.567. Relatório Tratase de recurso de ofício interposto pela 3ª Turma da DRJ Belém, com fundamento no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, combinado com a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, em face do acórdão nº 0130.273, de 14/10/2014, que, por unanimidade, julgou procedente a impugnação formulada pelo sujeito passivo, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/01/2010, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011, 30/11/2011, 31/12/2011 Ementa: CONSULTA FORMULADA POR ENTIDADE REPRESENTATIVA DO SUJEITO PASSIVO. EFEITOS. A resposta da Administração Tributária à consulta regularmente formulada por entidade representativa do sujeito passivo nos termos da legislação tributária, produz efeitos inter partes, representando manifestação formal da instituição fazendária, não passível de reforma pelos órgãos julgadores administrativos quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2010, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011, 30/11/2011, 31/12/2011 Ementa: CONSULTA FORMULADA POR ENTIDADE REPRESENTATIVA DO SUJEITO PASSIVO. EFEITOS. A resposta da Administração Tributária à consulta regularmente formulada por entidade representativa do sujeito passivo nos termos da legislação tributária, produz efeitos inter partes, representando manifestação formal da instituição fazendária, não passível de reforma pelos órgãos julgadores administrativos quando da apreciação de litígios envolvendo a mesma matéria e o mesmo sujeito passivo. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o presente processo de Autos de Infração com exigência tributária da contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins (fls. 2/6) e da contribuição para o Programa de Integração Social – PIS/Pasep (fls. 7/10), incluindo o principal, multa de ofício proporcional (75%) e juros de mora (calculados até 06/2014), conforme demonstrativo às fl. 2, totalizando R$ 33.692.026,84 o crédito tributário. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins 27.682.097,71 Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS/Pasep 6.009.929,13 Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL Processo nº 10380.725328/201472 Acórdão n.º 3301002.880 S3C3T1 Fl. 1.344 3 Valor do Crédito Tributário apurado 33.692.026,84 Conforme Termo de Verificação de fls. 12/16, a fiscalizada, apurando PIS e Cofins pela sistemática da não cumulatividade, teria se creditado indevidamente de valores relacionados a encargos de depreciação. Depois de transcrever instruções para preenchimento do DACON MensalSemestral 2.8, a auditoria prossegue: “Cabe ressaltar que, em 2009, por meio do Recurso Especial n° 960.476 SC, julgado em sede de Recurso Repetitivo, o STJ estabeleceu como premissa na análise da matéria ali tratada que "para efeito de ICMS, energia elétrica é mercadoria, e não serviço". Já a Receita Federal do Brasil, mediante a Solução de Consulta SRRF3/DISIT n° 10/2011, afirmou que: "...a atividade de distribuição de energia elétrica é considerada, para fins tributários, como comercialização de bem'". De fato, a fiscalizada, nos DACON referentes aos anos de 2010 e 2011, nas Fichas 06A e 16A, ao mesmo tempo em que se credita sob a rubrica "Sobre bens do Ativo Imobilizado (Com Base nos Encargos de Depreciação)" também se credita sob a rubrica "Bens para Revenda", relativa à energia comprada para distribuição, indicando a sua natureza comercial. Nos Demonstrativos Sintéticos de Composição da Receita Bruta Mensal, referentes aos anos de 2010 e 2011, apresentados pelo contribuinte no decorrer da presente fiscalização, as receitas foram segregadas por natureza, conforme solicitado no Termo de Intimação Fiscal N° 01, tendo sido agrupadas em Receita de Revenda de Mercadorias no Mercado Interno, Receita de Locação de Bens Móveis e Imóveis e Receita de Prestação de Serviços. Da análise dos referidos demonstrativos, podemos confirmar que a COELCE é uma empresa comercial: Em 2010 e 2011, 98,56% e 98,80% da sua receita bruta, respectivamente, correspondem à receita de revenda de mercadorias... (...) Dessa forma, concluise que não há previsão legal para aproveitamento de créditos sobre a maior parte dos encargos de depreciação dos bens do Ativo Imobilizado da empresa, razão pela qual procedemos à glosa de créditos indevidamente apurados referentes à valores informados na rubrica "Sobre bens do Ativo Imobilizado (Com Base nos Encargos de Depreciação)" e recalculamos os valores de PIS e COFINS informados em DACON, a fim de procedermos ao lançamento das diferenças eventualmente apuradas. (...)” Em tabela de fl. 15, a autoridade autuante demonstra os valores indevidamente aproveitados pela contribuinte como descontos na sistemática da não cumulatividade. Cientificada, em 27/06/14, fl. 1143, a interessada apresentou impugnação (fls. 1146/1167) na qual traz os seguintes argumentos: “...em fevereiro de 2005, a ABRADEE apresentou consulta administrativa para confirmar as hipóteses de descontos de créditos no regime de apuração não cumulativo do PIS e da COFINS, devidas pelas concessionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica. Dentre as situações objeto de consulta, a ABRADEE questiona a possibilidade de creditamento do PIS e da COFINS sobre os encargos de depreciação de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado utilizados na atividade de distribuição de energia elétrica. (...) Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL 4 Ao analisar o processo de consulta, a Cosit, primeiramente, reconhece a legitimidade da ABRADEE para apresentação da consulta em nome de suas associadas (concessionárias distribuidoras de energia elétrica). Quanto ao mérito, a Cosit é categórica ao reconhecer que as atividades desenvolvidas pelas concessionárias de distribuição de energia elétrica se equiparam a uma prestação de serviços e, portanto, têm o direito ao desconto de crédito de PIS e COFINS sobre os encargos de depreciação de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, nos termos do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Transcreveu ementa da solução de consulta. Como se sabe, o processo de consulta é um instrumento utilizado pelo contribuinte para esclarecer dúvidas sobre interpretação da legislação tributária relativas aos tributos e contribuições federais administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O entendimento contido na resposta possui efeitos vinculantes, tanto para o contribuinte, como para a Administração Tributária. Por essa razão, inclusive, a legislação determina que a consulta limitese a fato determinado, com descrição suficiente de seu objeto e indicação das informações necessárias à elucidação da matéria. ...considerando que a Impugnante é concessionária distribuidora de serviço público de energia elétrica associada da ABRADEE, não se pode permitir que a administração pública, em especial, a Receita Federal, conceda tratamento distinto daquele proferido anteriormente, o qual a Impugnante legitimamente tomou por base para pautar seus procedimentos no que diz respeito à matéria consultada. (...) A solução de consulta proferida pela Cosit foi válida, eficaz e produziu seus efeitos, nos termos da legislação de regência. A interpretação nela disposta gerou expectativas para os contribuintes quanto ao seu cumprimento, expectativas estas que devem ser protegidas ao máximo, no que se convencionou chamar de princípio da proteção da confiança e da boafé objetiva. Não por outra razão, a eventual procedência da presente autuação implicaria numa afronta direta aos referidos princípios, bem como aos princípios da segurança jurídica e da moralidade da administração pública. No presente caso, é evidente a regularidade do procedimento realizado pela Impugnante, que em momento algum descumpriu quaisquer dos dispositivos legais e infralegais em vigor, agindo estritamente dentro dos limites decididos no referido processo de consulta, em sinal de total confiança às normas expedidas pelo Fisco Federal. O reconhecimento dos efeitos vinculantes das decisões proferidas em processo de consulta é matéria corriqueiramente analisada pela Receita Federal, inclusive por esta Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil em Fortaleza, como se verifica das decisões cuja ementa transcrevese a seguir. Transcreveu ementas. O CARF também já manifestou esse entendimento ao examinar especificamente a Solução de Consulta em questão, apresentada pela ABRADEE, concluindo pela vinculação da mesma às concessionárias de distribuição de energia elétrica, como se verifica do trecho do voto abaixo destacado. Transcreveu ementa. ...o ponto nodal para análise quanto à possibilidade de a Impugnante se utilizar dos descontos previstos a título de encargos de depreciação de bens de seu ativo permanente é a sua caracterização como empresa produtora de bens destinados à venda e/ou como prestadora de serviços. ...a atividade de distribuição de energia elétrica é considerada como um serviço público, constitucional e legalmente previsto, que está intrinsecamente associado ao fornecimento de bens (energia elétrica) por meio da atividade de distribuição. Sendo assim, devese reconhecer o direito da Impugnante de descontar créditos a título de PIS e COFINS sobre os valores dos encargos de depreciação e amortização, incorridos no mês, relativos a máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para a utilização na prestação do serviço de distribuição de energia elétrica. Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL Processo nº 10380.725328/201472 Acórdão n.º 3301002.880 S3C3T1 Fl. 1.345 5 A regulamentação dos serviços de energia elétrica mencionada pelo referido dispositivo foi editada posteriormente, em 1957, por meio do Decreto n° 41.019, que deixou bastante clara a natureza da atividade de distribuição de energia como serviço consistente no fornecimento de energia a consumidores de baixa e média tensão. Após a promulgação da Constituição Federal de 1988, o serviço público de energia elétrica foi novamente objeto de regulamentação, por meio da Lei n° 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, nos termos do art. 175 da Constituição Federal; e da Lei n° 9.074/95, que estabeleceu normas para outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos. Na esteira do processo de regulamentação do setor, foi editada a Lei n° 9.427/96, que criou a ANEEL agência reguladora do setor de energia elétrica e disciplinou o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica. Abaixo transcrevemos os dispositivos que expressamente reconhecem a atividade de distribuição como um serviço, inclusive no que diz respeito a forma de remuneração dos serviços por meio de tarifas, fixadas pelo Poder Público com base no serviço pelo preço, nos termos da Lei n° 8.987/95. Na sequência, os Decretos n. 2.335/97 e 2.655/98 ratificaram o tratamento de serviço público conferido às distribuidoras de energia elétrica. Em julho de 2004, por ocasião da edição do Decreto n° 5.163, que regulamenta a comercialização de energia elétrica e o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, foram definidos diversos termos do setor, dentre eles o termo "agente de distribuição", assim entendido como "o titular de concessão, permissão ou autorização de serviços e instalações de distribuição para fornecer energia elétrica a consumidor final exclusivamente de forma regulada". Ao vedar o aproveitamento dos créditos do PIS e da COFINS sobre os encargos de depreciação dos ativos imobilizados que integram o sistema de distribuição da Impugnante, os autos de infração vão de encontro com a legislação de regência, esvaziando a nãocumulatividade do PIS e da COFINS instaurada pela Emenda 42, de 2003, que inseriu o parágrafo 12 no artigo 195 da Constituição Federal. Ao ignorar a natureza da atividade da Impugnante, data máxima vênia, os autos de infração terminaram por ignorar os preceitos constitucionais, legais e técnicos que regem o setor. A DRJ recorrida, como dito, deu provimento ao recurso do sujeito passivo baseada na existência de solução de consulta da COSIT, formulada pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica ABRADEE, a qual amparava a possibilidade de desconto de créditos do PIS e da COFINS sobre os encargos de depreciação de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado pelas concessionárias de distribuição de energia elétrica. É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios O objeto em julgamento se limita a analisar o recurso de ofício formulado pelo colegiado a quo, que, como relatado, afastou completamente o lançamento de ofício inerente ao PIS e à COFINS, segundo o regime da nãocumulatividade, em vista da existência de solução de consulta em favor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL 6 Elétrica ABRADEE, que amparava o desconto de créditos sobre encargos de depreciação de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado. De fato, consta às efls. 1261 e 1328, declaração firmada pela ABRADEE em 24/07/2014 segundo a qual a autuada, Companhia Energética do Ceará Coelce, CNPJ nº 07.047.251/000170, é sua associada. Ademais, de acordo com a Ata da Assembleia Ordinária Realizada em 30 de Março de 2011 (efls. 1330/1335), o Sr. Ricardo Marcotti, da COELCE, foi eleito membro do Conselho Fiscal da ABRADEE para o biênio 2011/2012 (ver efls. 1332). O auto de infração foi lavrado em 27/06/2014, conforme Termo de Encerramento de efls. 1141, AR de efls. 1143, e extrato de processo de efls. 1313. De acordo com aludido auto, os créditos decorrentes de encargos de depreciação glosados dizem respeito aos meses de jan/2010 e de abril a dezembro de 2011 (ver efls. 04 e 08). Segundo a fiscalização (vide Termo de Verificação Fiscal de efls. 12/16), o sujeito passivo não teria direito a créditos referentes a encargos de depreciação segundo o regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, já que o inciso VI do artigo 3º das Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 prevê a constituição de créditos sobre a depreciação ou amortização de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para a locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Logo,a empresa cuja atividade seja comercial não tem direito a este tipo de crédito. (ver efls. 13) No entanto, a Solução de Consulta da COSIT nº 27, de 09/09/2008, deu entendimento que favorece à autuada no sentido de permitir o desconto de créditos calculados sobre a depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens do ativo imobilizado, conforme ementa do entendimento em tela, abaixo reproduzido: EMENTA: ATIVIDADE DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA. DESCONTO DE CRÉDITOS. A atividade de distribuição de energia elétrica pode ser entendida como prestação de serviço. Para fins de desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, no regime de apuração não cumulativa, considerase insumo na atividade de distribuição de energia elétrica: I) o encargo de uso do Sistema de Transmissão, deduzidas as parcelas não correlacionadas com prestação de serviço; II) o encargo de Uso do Sistema de Distribuição, deduzidas as parcelas não correlacionadas com prestação de serviço; III) o encargo decorrente do Contrato de Conexão ao Sistema de Transmissão (CCT); IV) o Encargo de Serviços do Sistema (ESS). Adicionalmente, dão direito ao desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, no regime de apuração não cumulativa, na atividade de distribuição de energia elétrica: I) os gastos com materiais aplicados ou consumidos na atividade de fornecimento de energia elétrica, desde que não estejam, nem tenham sido incluídos, no ativo imobilizado; II) os encargos de depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens do ativo imobilizado, observado o art. 31 da Lei nº 10.865, de 30/04/2004. Não se considera insumo na atividade de distribuição de energia elétrica, não concedendo direito a desconto de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, no regime de apuração não cumulativa: I) a quota da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC); II) a quota da Reserva Global de Reversão (RGR); III) os gastos a serem destinados à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL Processo nº 10380.725328/201472 Acórdão n.º 3301002.880 S3C3T1 Fl. 1.346 7 A Solução de Consulta em questão foi acostada às efls. 1264/1265, a qual, com efeito, corresponde à que obtive em consulta ao sistema decisões da Receita Federal do Brasil no seguinte link: http://decisoes.fazenda.gov.br/netacgi/nphbrs?d=DECW&f=G&l=20&n= DTPE&p=11&r=217&s1=COSIT&s4=&u=/netahtml/decisoes/decw/pesquisaSOL.htm. Portanto, o entendimento exarado na Solução de Consulta nº 27/2008 da COSIT ampara o desconto de créditos calculados sobre a depreciação no período objeto do lançamento, ou seja, meses de jan/2010 e de abril a dezembro de 2011. Entendo que a consulta em tela foi plenamente eficaz, eis que em sintonia com os ditames do Decreto nº 70.235/72 que tratam da questão. No mais, não consta nos autos, nem consegui evidenciar em minhas pesquisas, eventual reforma da consulta em tela relativamente ao período objeto da fiscalização. Não há, pois, nenhuma razão para a reforma da decisão de primeira instância. Da conclusão Com essas considerações, voto para negar provimento ao recurso de ofício. Sala de Sessões, em 15 de março de 2016. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios – Relator Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 28/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/ 03/2016 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 23/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANU TO NATAL
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Numero do processo: 13896.002925/2009-46
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
Ementa NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO.
Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando-se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Inexistindo a antecipação do pagamento, aplica-se a regra do art. 173, I, do CTN, contando-se o prazo de cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Precedente do STJ RESP 973.733.
NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DO ART. 142 DO CTN.
Se as diferenças objeto do lançamento de oficio foram apuradas mediante o cruzamento das informações contidas nos livros contábeis com as informações prestadas pelo contribuinte em DCTF, não há que se falar em descumprimento do art. 142 do CTN.
ÔNUS DA PROVA.
Em se tratando de processo de auto de infração, cabe à fiscalização o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fiscal e cabe à defesa o ônus da prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária.
JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO.
Não incidem juros de mora sobre a multa de ofício, por carência de fundamento legal expresso.
Recurso de ofício negado.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3402-002.862
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir os valores lançados em maio e setembro de 2004, em virtude da decadência do direito do fisco, com base no art. 150, § 4º , combinado com o art. 156, V, ambos do CTN; b) retificar a apuração das contribuições referentes ao código de arrecadação 5952, fato gerador de 31/12/2006, substituindo-se, no demonstrativo de fls. 1555 do PDF, o valor de R$ 409.162,13, considerado pela fiscalização na época do lançamento, pelo valor de R$ 411.592,87, alegado pelo contribuinte; e c) excluir a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa deste julgado, devendo, ainda, a autoridade administrativa cumprir a determinação da decisão de primeira instância, no sentido de efetuar a imputação do pagamento de R$ 133.414,21, realizado em 28/03/2008. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à exclusão dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Daniel Lacasa Maya, OAB/DF 24.675.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2145; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.002925/200946 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3402002.862 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de janeiro de 2016 Matéria PIS E COFINS Recorrentes COMPANHIA BRASILEIRA DE MEIOS DE PAGAMENTO e FAZENDA NACIONAL Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 Ementa NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Inexistindo a antecipação do pagamento, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN, contandose o prazo de cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Precedente do STJ RESP 973.733. NULIDADE. DESCUMPRIMENTO DO ART. 142 DO CTN. Se as diferenças objeto do lançamento de oficio foram apuradas mediante o cruzamento das informações contidas nos livros contábeis com as informações prestadas pelo contribuinte em DCTF, não há que se falar em descumprimento do art. 142 do CTN. ÔNUS DA PROVA. Em se tratando de processo de auto de infração, cabe à fiscalização o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fiscal e cabe à defesa o ônus da prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos da pretensão fazendária. JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Não incidem juros de mora sobre a multa de ofício, por carência de fundamento legal expresso. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido em parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 00 29 25 /2 00 9- 46 Fl. 4675DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir os valores lançados em maio e setembro de 2004, em virtude da decadência do direito do fisco, com base no art. 150, § 4º , combinado com o art. 156, V, ambos do CTN; b) retificar a apuração das contribuições referentes ao código de arrecadação 5952, fato gerador de 31/12/2006, substituindose, no demonstrativo de fls. 1555 do PDF, o valor de R$ 409.162,13, considerado pela fiscalização na época do lançamento, pelo valor de R$ 411.592,87, alegado pelo contribuinte; e c) excluir a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa deste julgado, devendo, ainda, a autoridade administrativa cumprir a determinação da decisão de primeira instância, no sentido de efetuar a imputação do pagamento de R$ 133.414,21, realizado em 28/03/2008. Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula, quanto à exclusão dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Sustentou pela recorrente o Dr. Daniel Lacasa Maya, OAB/DF 24.675. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de autos de infração com ciência pessoal do contribuinte em 23/12/2009 (fls. 1576 e 1597), lavrados para exigir as contribuições ao PIS e à COFINS em relação aos períodos de apuração compreendidos entre fevereiro de 2004 e novembro de 2007, em razão de diferenças apuradas entre os valores contabilizados e os declarados, conforme minuciosamente narrado no termo de constatação fiscal de fls. 1487/1495. Em sede de impugnação, o contribuinte alegou, em síntese, o seguinte: a) Decadência do direito do fisco em relação aos fatos geradores ocorridos até 30/11/2004, a teor do art. 150, § 4º do CTN; b) Violação do art. 142 do CTN, pois a fiscalização se pautou em mera presunção de ocorrência do fato gerador. A fiscalização não aprofundou seu trabalho mediante a conferência física de documentos fiscais e contábeis, constituindo crédito tributário que não é líquido e nem certo; c) A prova contábil trazida aos autos demonstra que diversas divergências apontadas pela fiscalização não existem, de modo que não há que se falar em tributo devido; e d) não existe previsão legal para a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício. Por meio do Acórdão 36.753, de 24/01/2012, a 3ª Turma da DRJ Campinas julgou a impugnação procedente em parte. Com base no Parecer PGFN/CAT 1.617/2008, foi Fl. 4676DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 3 3 reconhecida a decadência do direito do fisco efetuar o lançamento em relação aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2004, exceto maio e setembro de 2004 em relação aos quais a DRJ considerou que não teria havido pagamento antecipado. Foram rejeitadas as alegações de que o lançamento está calcado em meras presunções e em demonstrativos elaborados com erro, pois a fiscalização tomou por base declarações, demonstrativos e livros contábeis apresentados pelo contribuinte em resposta às várias intimações que ocorreram durante o procedimento. Além das exigências alcançadas pela decadência, a DRJ excluiu do lançamento os valores em relação aos quais os documentos apresentados pelo contribuinte comprovaram a inexistência das diferenças apuradas pela fiscalização. Foi mantida a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Houve interposição de recurso de ofício, quanto ao crédito tributário exonerado. Regularmente notificado do acórdão de primeira instância em 19/07/2012 (fl. 4066), o contribuinte apresentou recurso voluntário 17/08/2012, alegando, em síntese, o seguinte: a) A decadência também atingiu os fatos geradores de maio e setembro de 2004, pois houve pagamento antecipado, já que o lançamento decorre de diferenças. Além disso, não há previsão legal para "fatiar" as contribuições de acordo com a origem da receita submetida à tributação para fins de verificação do pagamento antecipado; b) Ocorreu violação do art. 142 do CTN, pois o lançamento está calcado em presunção simples. Não houve aprofundamento da fiscalização, pois o auto de infração está pautado no mero cotejo entre valores escriturados em contas contábeis de provisão e os valores informados nas DCTF. Quando o valor da DCTF era menor do que valor da provisão o fiscal presumiu que se tratava de declaração/recolhimento a menor. Quando o valor declarado era maior que o escriturado a fiscalização desconsiderou a diferença; c) Os prazos concedidos pela fiscalização foram muito curtos e não foi possível ao contribuinte fazer a conciliação entre o sistema informatizado e os documentos contábeis. As supostas diferenças se originaram justamente dessa falta de conciliação; d) Foram impugnadas de modo específico as exigências mantidas pelo acórdão de primeira instância em relação aos fatos geradores de dezembro/2005; julho/2006, outubro/2006 e dezembro/2006. A defesa ressaltou que embora a DRJ tenha determinado que fosse observado o pagamento efetuado em 28/03/2008, a autoridade administrativa não efetuou a imputação. e) Contestou a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Por meio da Resolução nº 340300.568 o julgamento foi convertido em diligência à repartição de origem a fim de que a autoridade administrativa certificasse nos autos a existência de pagamentos antecipados do PIS e da COFINS, bem como a qual tributo se refere o código de arrecadação 5952. Os autos retornaram com o despacho de fls. 4672/4673 e extratos anexos, dando conta da existência de pagamentos antecipados em todos os períodos de apuração. Informou a autoridade administrativa que o código de arrecadação 5952 se refere ao recolhimento conjunto do PIS, COFINS e CSL com alíquota de 4,65% na seguinte proporção: Fl. 4677DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. Os recursos de ofício e voluntário preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. RREECCUURRSSOO DDEE OOFFÍÍCCIIOO As matérias a serem reexaminadas por este colegiado são a decadência do direito do fisco e as exclusões efetuadas pela turma campineira, em razão de o contribuinte ter justificado a inexistência das diferenças lançadas. A turma julgadora de Campinas considerou que embora se trate de uma contribuição, deveriam ser aplicados ao caso concreto a Súmula Vinculante nº 8 do STF e o Parecer PGFN/CAT nº 1.617/2008, que foi aprovado pelo Ministro da Fazenda em 18 de agosto de 2008. O Parecer PGFN/CAT nº 1.617/2008, estabelece, quanto à contagem do prazo de decadência, que (i) inexistindo pagamento antecipado, aplicase a regra do art. 173, I, do CTN, pouco importando se houve ou não declaração do débito ao fisco; e (ii) se houve pagamento antecipado, aplicase a regra do art. 150, § 4º do CTN. O entendimento da Procuradoria da Fazenda Nacional está conforme ao que restou decidido no RESP nº 973.733 pelo STJ na sistemática do art. 543C do CPC. Com o advento do art. 62A do Regimento Interno do CARF a questão da decadência do direito do fisco efetuar o lançamento dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação está pacificada. Este Colegiado deve obrigatoriamente aplicar a Súmula Vinculante nº 8 do STF e a decisão do STJ proferida no RESP nº 973.733, sob o regime do art. 543C do CPC, que considera que o pagamento antecipado do tributo, antes de qualquer iniciativa do fisco, é relevante para caracterizar o lançamento por homologação. Eis a ementa do referido julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) Fl. 4678DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 4 5 EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Fl. 4679DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Tendo em vista que a turma campineira aplicou o art. 150, § 4º do CTN aos períodos de apuração em relação aos quais houve pagamento antecipado, está correta a exoneração procedida com base neste critério, devendo ser mantido o acórdão de primeira instância nesta parte. Relativamente às demais exonerações, verificase à luz da argumentação da decisão recorrida e dos documentos acostados aos autos, que não merece reparo o acórdão de primeira instância nesta parte, pois as supostas diferenças foram comprovadas pelo contribuinte de forma satisfatória e a parcela que não pode ser comprovada, em relação ao fato gerador de janeiro de 2005, foi recolhida em 28/03/2008 (R$ 133.414,21). Com esses fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício para manter as exonerações efetuadas em primeira instância por seus próprios e jurídicos fundamentos. RREECCUURRSSOO VVOOLLUUNNTTÁÁRRIIOO Alegou o contribuinte que também estão decaídos os fatos geradores ocorridos em maio e setembro de 2004. No seu entender existe pagamento antecipado em relação a estes períodos de apuração e a regra a ser aplicada é a do art. 150, § 4º do CTN. Na informação prestada às fls. 4672, a autoridade administrativa confirmou a existência de pagamentos antecipados em relação a esses fatos geradores. Realmente, em relação ao PIS existe um pagamento de R$ 10,00 para cada fato gerador ocorrido durante o ano de 2004, conforme demonstrativo de fls. 4642/4643, razão pela qual o crédito tributário lançado em relação ao mês de maio de 2004 deve ser excluído do auto de infração, com base no art. 150, § 4º, combinado com o art. 156, V, ambos do CTN. Já em relação à COFINS, existem vários recolhimentos ao longo do ano de 2004 sob o código de arrecadação 5952, que segundo informação da autoridade administrativa, se refere à retenção de contribuições sobre pagamentos efetuados de pessoa jurídica a pessoa jurídica. O código de arrecadação 5952 abrange pagamentos de três contribuições a saber: PIS, COFINS e CSLL. Sendo assim, embora os pagamentos sob o código de arrecadação 5952 se refiram a contribuições devidas por terceiros (que foram retidas na fonte), tais pagamentos devem ser considerados para o fim de caracterizar o lançamento por homologação, pois eles servem de indício ao fisco de que a empresa está em atividade e praticando fatos geradores. Com base neste entendimento, e considerando o entendimento firmado na Súmula CARF nº 99, devem ser excluídos dos lançamentos os valores apurados em maio e setembro de 2004, com base no art. art. 150, § 4º, combinado com o art. 156, V, ambos do CTN. No que concerne ao mérito, verificase que a própria defesa reconheceu que as diferenças lançadas decorreram do cruzamento de informações entre os livros contábeis apresentados eletronicamente com as DCTF. Sendo assim, não tem o menor cabimento a alegação de que a fiscalização "presumiu" as diferenças ou que existem erros nos livros ou nas DCTF apresentadas. As diferenças existem e foram constatadas a partir dos elementos lançados pela própria recorrente em sua contabilidade. Não é demais lembrar que a escrituração contábil Fl. 4680DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 5 7 goza da presunção de veracidade e legitimidade, a teor do que dispõe o art. 9º, §§ 1º e 2º do DecretoLei nº 1.598/77. A presunção de veracidade e legitimidade dos registros contábeis opera em dois sentidos. Por um lado, cabe ao fisco o ônus de provar que os lançamentos efetuados não correspondem à realidade, caso pretenda decretar a imprestabilidade da escrituração para fins fiscais. E, de outro lado, cabe ao contribuinte, em caso de inexatidões ou erros eventualmente cometidos, produzir a prova do fato. Versando este processo sobre autos de infração, o ônus da prova das diferenças apuradas era do fisco. E o fisco se desincumbiu desse ônus, pois não contestou a veracidade e a legitimidade dos registros contábeis e declarações prestadas pelo contribuinte, baseando seu trabalho nos documentos produzidos pelo próprio fiscalizado. Sendo assim, cabe ao contribuinte o ônus da prova de comprovar que as diferenças não existem ou que estão incorretas, a teor do previsto no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72. No caso concreto, ao contrário do alegado, a fiscalização cumpriu o disposto no art. 142 do CTN, pois fiscalizou os livros do contribuinte e suas declarações por meio eletrônico. O fato de não ter se dirigido fisicamente ao estabelecimento do contribuinte e não ter manipulado documentos em papel, não significa descumprimento do art. 142 do CTN, pois com a capacidade de processamento de dados desenvolvida pela Receita Federal nos últimos anos e com a criação de inúmeras obrigações acessórias, é cada vez mais rara a necessidade do comparecimento de um exator ao estabelecimento do contribuinte. Verificase nos autos que a fiscalização mediante intimações abriu oportunidade de o contribuinte justificar as diferenças apuradas. Mas a defesa alegou que os prazos concedidos foram insuficientes diante da grande quantidade de documentos a serem pesquisados. Entretanto, essa alegação acabou caindo no vazio porque durante o prazo para impugnação a defesa conseguiu reunir uma boa quantidade de documentos para justificar as diferenças, tendo logrado êxito em obter a desconstituição de uma grande parcela do crédito tributário exigido já no julgamento campineiro. O exame do inteiro teor da decisão recorrida revela que aquela turma de julgamento acolheu a maior parte das justificativas apresentadas pelo contribuinte, tendo excluído cerca de 70% do crédito tributário lançado em relação à COFINS e cerca de 89% do crédito tributário relativo ao PIS. A defesa reclamou que a autoridade administrativa não cumpriu a determinação da DRJ quanto à imputação do pagamento efetuado em 28/03/2008. Esse pagamento, no valor de R$ 133.414,21, se refere à parcela do crédito tributário relativo ao mês de janeiro de 2005, que a defesa não conseguiu comprovar. A autoridade administrativa não tinha mesmo que efetuar a imputação do pagamento antes do desfecho deste processo administrativo, pois além da pendência do julgamento do recurso de ofício, o comando emanado da decisão campineira foi bem claro no sentido de que a imputação deveria ser efetuada na fase de liquidação e cobrança do crédito tributário, ou seja, ao final do processo. Fl. 4681DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 Passase agora a analisar as contestações específicas dos valores mantidos pela DRJ na ordem em que foram apresentadas no recurso voluntário, esclarecendose à defesa que serão analisados todas as alegações e documentos que foram apresentados com o recurso, pois tratandose de elementos apresentados para serem contrapostos às razões de decidir do julgamento de primeira instância, não podem ser considerados preclusos a teor do art. 16, § 4º, "c", do Decreto nº 70.235/72. Para que os senhores conselheiros possam se situar, as contribuições em questão (código de arrecadação 5952) são aquelas a que se refere o art. 30 da Lei nº 10.833/2003, in verbis: "Art. 30. Os pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas de direito privado, pela prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção, segurança, vigilância, transporte de valores e locação de mãodeobra, pela prestação de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, bem como pela remuneração de serviços profissionais, estão sujeitos a retenção na fonte da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP.(...)" A base de cálculo dessas contribuições é o pagamento efetuado a pessoa jurídica pelos serviços mencionados no art. 30; a alíquota é de 4,65%, na forma do art. 31 da referida lei; e o prazo de recolhimento da contribuição retida em determinado mês se encerra no último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente àquele em que foi efetuada a retenção (art. 35). Pois bem. A defesa alegou que esses valores mantidos pela DRJ foram declarados e pagos na DCTF do mês de novembro colocando entre parênteses a expressão "regime de caixa". A provisão foi feita na segunda quinzena de outubro, segundo a defesa pelo "regime de competência", mas o valor só foi pago e declarado na DCTF da primeira quinzena de novembro pelo "regime de caixa". A turma campineira não acolheu a alegação e nem os documentos então apresentados pelo contribuinte com os seguintes fundamentos: "(...) Fl. 4682DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 6 9 (...)" Compulsando o Vol XI não localizei a fl. 168 citada pelo ilustre relator campineiro, assim como já não tinha localizado os pagamentos antecipados, cuja existência ele informara no corpo da decisão recorrida (daí a razão a para baixa do processo em diligência). Existe uma discrepância entre a numeração adotada no voto campineiro e a registrada nas imagens em PDF do processo, que este relator não conseguiu identificar. Mas os documentos citados pela decisão de primeira instância estão nas seguintes folhas do Vol. XI: relatório de apuração do PIS do período de 01 a 15/11/2006 (fls. 2245/2249); relatório de apuração da COFINS do período de 01 a 15/11/2006 (fls. 2250/2257); relatório de apuração do PIS do período de 16/10/2006 a 31/10/2006 (fls. 2258/2260); relatório de apuração da COFINS do período de 16/10/2006 a 31/10/2006 (fls. 2254/2257); DCTF de novembro de 2006 (fls. 2260/2269); comprovantes de arrecadação (fls. 2270/2277). A análise dos referidos relatórios em confronto com as DCTF e os comprovantes de arrecadação, realmente não permite constatar que os valores apurados na segunda quinzena de outubro de 2006 foram declarados e pagos em novembro de 2006, pois os valores dos pagamentos efetuados não conferem com as totalizações dos relatórios. No relatório de apuração da COFINS do período de 16/10/2006 a 31/10/2006 (fls. 2254/2257) constam os valores retidos na segunda quinzena de outubro de 2006, totalizando R$ 156.586,40. No relatório de apuração do PIS do período de 16/10/2006 a 31/10/2006 (fls. 2258/2261) constam os valores do PIS retidos na segunda quinzena de outubro de 2006, totalizando R$ 33.927,05. Entretanto, os valores contidos nos comprovantes de arrecadação não conferem com esses valores. Seria necessário que a defesa tivesse feito algum tipo demonstração para comprovar que esses valores estavam incluídos nos pagamentos efetuados, o que não ocorreu. Sendo assim, considero que não merece reparo a decisão recorrida. Esses documentos realmente não comprovaram as alegações do contribuinte. Em sede de recurso voluntário, a defesa reapresentou os relatórios do PIS e COFINS retidos na segunda quinzena de outubro e pagos e declarados em novembro de 2006, Fl. 4683DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 mas agora com totalizações diferentes. Segundo os relatórios de fls. 4155/4158 a COFINS retida no período totaliza R$ 181.309,66. Segundo o relatório de fls. 4161/4165 o PIS totaliza R$ 39.283,76. Esses valores agora conferem com os comprovantes de arrecadação de fls. 4166/4167, que são os mesmos apresentados anteriormente pelo contribuinte no Volume XI. Esse quadro permite inferir o seguinte: as diferenças apuradas pela fiscalização existem porque na contabilidade a escrituração foi feita nos termos dos arts. 30 e 35 da Lei nº 10.833/03, mas os valores retidos em outubro foram declarados na DCTF do mês de novembro. Ao contrário do que sugeriu o contribuinte, não existe previsão legal para apurar as contribuições pelo regime de competência e declarálas pelo regime de caixa. Não se sabe de onde o contribuinte retirou essa interpretação. A regra que está no art. 30 e 35 da Lei nº 10.833/03 é que a retenção ocorra no mesmo mês de pagamento do preço do serviço tomado e que a contribuição seja recolhida até o vigésimo dia útil mês seguinte. Sendo assim, as contribuições retidas em outubro deveriam ter sido declaradas na DCTF de outubro e não na de novembro. Somente o pagamento deveria ocorrer em novembro. Com o procedimento adotado o contribuinte postergou o pagamento das contribuições retidas na fonte em outubro, pois em vez de pagálas no dia 20/11/2006, como manda o art. 35 da Lei nº 10.833/03, pagou com 9 dias de atraso em 29/11/2006, sendo devida uma multa de mora de 2,97% (art. 61, § 1º da Lei nº 9.430/96), que não foi recolhida. Sendo assim, só resta a este colegiado manter os valores do PIS e da COFINS código de arrecadação 5952, nos moldes em que foram lançados pela fiscalização no mês de outubro de 2006. Adianto ao contribuinte a informação de que não há como efetuar a imputação dos pagamentos de fls. 4166/4167, efetuados em novembro, ao débito lançado de ofício, pois aqueles pagamentos estão vinculados ao débito informado na DCTF de novembro. Em relação a esses débitos, a defesa alegou que foram extintos antes do lançamento de ofício, sendo que a extinção ocorreu em parte por compensação e em parte por pagamento. A COFINS teria sido liquidada da seguinte forma: R$ 290.714,26, conforme o DARF anexo ao recurso (doc. 4) e R$ 120.878,61 por meio de compensação, totalizando R$ 411.592,87. O PIS teria sido extinto por dois DARF, um no valor de 89.178,48 e outro no valor de R$ 996,67, totalizando R$ 90.175,15 (doc. 5). A turma campineira não acolheu as alegações do contribuinte, sob o argumento de que só foram apresentados documentos relativos à extinção da COFINS num total de R$ 411.592,87, mas que esses documentos já foram considerados pela fiscalização por ocasião do lançamento da diferença. Fl. 4684DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 7 11 Com razão a DRJ, pois na planilha de fls. 1555 se pode verificar que tanto o pagamento do PIS, no montante alegado pelo contribuinte de R$ 90.175,15, quanto o valor de R$ 409.162,13 relativo à extinção da COFINS, já foram deduzidos no momento da apuração das diferenças, resultando em uma diferença total de contribuições de R$ 116.766,81. A diferença de R$ 116.766,81 se refere a R$ 75.333,43 de COFINS, R$ 16.322,24 de PIS e R$ 25.111,14 de CSL, que foi lançada em outro processo, conforme se pode constatar no demonstrativo de fl. 1545. Contudo, a planilha de fls. 1555 deve ser retificada para o fim de substituir o valor de R$ 409.162,13, considerado pela fiscalização na época do lançamento, pelo valor de R$ 411.592,87, alegado pelo contribuinte. Isto porque os valores extintos por compensação estão bem próximos dos R$ 120.878,61, alegado pelo contribuinte, conforme se pode constatar mediante a soma dos débitos extintos por compensação, relativos ao mês de dezembro de 2006, que se encontram declarados nos Perdecomp anexados às fls. 2427 e ss. do Vol. XIII. Este relator ao efetuar a soma constatou o valor de R$ 120.788,61. A defesa alegou em sede de recurso que esses valores estão quitados da seguinte forma: COFINS, por meio de um DARF no total de R$ 659.918,40 (doc. 06) e PIS, por meio de um DARF no valor de R$ 141.982,31, os quais não teriam sido observados pela fiscalização. A questão não foi apreciada pela DRJ porque só foi apresentada de forma específica no recurso voluntário. Não cabe aqui a discussão inaugurada em sede de recurso voluntário sobre se houve ou não houve a preclusão, pois a alegação do contribuinte é improcedente. De quê adianta ficar discutindo a preclusão, se os documentos não comprovam o que foi alegado? Ao contrário do alegado, os pagamentos de COFINS no valor de R$ 650.874,96 e de PIS no valor de R$ 141.307,17 já foram considerados na apuração da fiscalização quando da constatação das diferenças acima, que foram lançadas e mantidas pela decisão campineira. No demonstrativo de fls. 1555 está comprovado que os pagamentos alegados pelo contribuinte já foram considerados pelo fisco, conforme excerto a seguir: Portanto, devem ser mantidas as diferenças de PIS e COFINS lançadas pela fiscalização. Fl. 4685DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 A recorrente alegou que os débitos foram extintos por pagamento nos seguintes termos: Com o devido respeito à recorrente, essa explicação não explica nada. No demonstrativo da fiscalização, fls. 1454, o contribuinte havia informado ao exator que o valor total apurado em relação às três contribuições era de R$ 741.251,42, conforme excerto a seguir: Fl. 4686DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 8 13 Agora, no recurso voluntário, a defesa alegou que as mesmas contas de provisão totalizam R$ 924.586,48. Como o valor declarado em DCTF é incontroverso (R$ 636.292,26), então a conclusão só pode ser no sentido de que a diferença real, alegada no recurso, é maior do que a diferença apurada pelo exator (R$ 104.959,16), conforme o excerto do demonstrativo acima colacionado. Ainda no parágrafo 94 do recurso, a defesa alegou que os R$ 636.292,26 foi recolhido por meio dos DARFs (doc. 7). Ora, mas o valor de R$ 636.292,26 não foi questionado pela fiscalização porque ele foi deduzido do saldo das contas contábeis de provisão. Apenas a diferença de 104.959,16 é que foi lançada da seguinte forma: Portanto, os argumentos e os documentos apresentados no recurso não comprovaram que as diferenças apuradas pela fiscalização não existem, devendo ser mantida a apuração nos moldes em que foi feita pela fiscalização. Por fim, cabe analisar a questão da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Essa questão já foi enfrentada em inúmeros julgados no CARF, não sendo uma questão pacífica. E os quais cito o Acórdão 3403002.367, de 24 de julho de 2013, relatado pelo Conselheiro Rosaldo Trevisan, a quem peço licença para adotar seus fundamentos, in verbis: "(...) O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula nº 4 do CARF: “Súmula CARF n° 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da Fl. 4687DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 14 imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1° Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.”(grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: “os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis”. A Lei nº 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei nº 10.522/2002: “Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. Fl. 4688DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13896.002925/200946 Acórdão n.º 3402002.862 S3C4T2 Fl. 9 15 § 1° A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é "créditos". Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob pena de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, na linha que já vem sendo adotada por esta Turma. Pelo exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, reconhecendo, para efeitos de execução do presente acórdão pela unidade local, que não incidem juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Rosaldo Trevisan" Com esses fundamentos, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir os valores lançados em maio e setembro de 2004, em virtude da decadência do direito do fisco, com base no art. 150, § 4º combinado com o art. 156, V, ambos do CTN; b) retificar a apuração das contribuições referentes ao código de arrecadação 5952, fato gerador de 31/12/2006, substituindose no demonstrativo de fls. 1555 do PDF o valor de R$ 409.162,13, considerado pela fiscalização na época do lançamento, pelo valor de R$ 411.592,87, alegado pelo contribuinte; e Fl. 4689DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM 16 c) excluir a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa deste julgado, devendo, ainda, a autoridade administrativa cumprir a determinação da decisão de primeira instância, no sentido de efetuar a imputação do pagamento de R$ 133.414,21, realizado em 28/03/2008. Antonio Carlos Atulim Fl. 4690DF CARF MF Impresso em 02/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/201 6 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10814.006330/2008-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 04/12/2007
AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DISTINTA. APRECIAÇÃO. SÚMULA Nº 1 DO CARF.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. As matérias que não estão em discussão junto ao Poder Judiciário, contudo, devem ser objeto de apreciação pelo órgão de julgamento administrativo.
Numero da decisão: 3201-001.962
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 04/12/2007 AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DISTINTA. APRECIAÇÃO. SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. As matérias que não estão em discussão junto ao Poder Judiciário, contudo, devem ser objeto de apreciação pelo órgão de julgamento administrativo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA - Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira.
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CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. RENÚNCIA À INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DISTINTA. APRECIAÇÃO. SÚMULA Nº 1 DO CARF. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo. As matérias que não estão em discussão junto ao Poder Judiciário, contudo, devem ser objeto de apreciação pelo órgão de julgamento administrativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Mércia Helena Trajano Damorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario e Winderley Morais Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 00 63 30 /2 00 8- 53 Fl. 859DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10814.006330/200853 Acórdão n.º 3201001.962 S3C2T1 Fl. 860 2 Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. Em 04/12/2007, a interessada tomou ciência do Auto de Infração e Termo de Guarda Fiscal lavrado em função da introdução irregular de sessenta volumes de mercadorias estrangeiras não listadas em manifesto de carga, cuja penalidade aplicada foi de perdimento, com valor total de R$ 865.855,72. Em 14/12/2007, a autuada impetrou mandado de segurança 2007.61.19.0100419 para liberação das mercadorias, obtendo concessão parcial que determinou a abstenção temporária de qualquer ato tendente à decretação do perdimento. Em 15/02/2008, decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região determinou a liberação das mercadorias para continuidade do despacho aduaneiro, sendo, em 20/02/2008, os conhecimentos aéreos redisponibilizados e as mercadorias liberadas para despacho aduaneiro, sendo as mercadorias desembaraçadas e entregues aos respectivos proprietários. Em 29/02/2008, a Inspetoria do Aeroporto Internacional de São Paulo tomou ciência da decisão proferida no processo 2007.61.19.0100419, denegando a segurança, estando as mercadorias definitivamente como objeto de perdimento. Quando o judiciário tornou sem efeito a decisão exarada no mandado de segurança 2007.61.19.0100419, a fiscalização intimou a interessada a entregar as mercadorias passíveis de pena de perdimento, obtendo como resposta a impossibilidade de apresentação das mesmas em virtude de sua retirada do terminal de cargas e entrega aos clientes para consumo, sendo, por essa razão, lavrado o presente auto de infração, de conversão da pena de perdimento em multa correspondente ao valor aduaneiro da mercadoria. Intimada da exação em tela, a autuada apresentou impugnação, alegando, em síntese, que a multa não é cabível em razão de que: em 12/05/2008, a 6a Vara Federal de Guarulhos proferiu decisão recebendo no duplo efeito o recurso de apelação interposto contra sentença proferida nos autos do mandado de segurança 2007.61.19.0100419, revigorando os efeitos da liminar concedida pelo TRF3 e suspendendo a eficácia da r. sentença de primeiro grau até decisão final de mérito do Poder Judiciário. o Regulamento Aduaneiro prevê a substituição dos documentos faltantes, não gerando o perdimento das mercadorias. todas as informações das mercadorias estavam disponíveis, o que comprova a sua regularidade. não houve dano ao erário. Fl. 860DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10814.006330/200853 Acórdão n.º 3201001.962 S3C2T1 Fl. 861 3 foram afrontados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. a apreensão gerou prejuízos à rede pública de saúde. a conversão da pena de perdimento não é possível em razão de o próprio Fisco ter entregado as mercadorias. caso houvesse penalidade seria pela falta de manifesto ou de declaração quanto à carga. Sobreveio decisão da 24ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I/SP, que decidiu, por unanimidade de votos, pelo não conhecimento da impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontramse consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 04/12/2007 AÇÃO JUDICIAL E IMPUGNAÇÃO. REPERCUSSÃO DIRETA E DEPENDENTE. FATO SUPERVENIENTE. Em face do princípio constitucional de unidade de jurisdição, a existência de impugnação em que se discute matéria cujo objeto, além de idêntico, tem repercussão direta no resultado da ação judicial movida pela impugnante importa renúncia às instâncias administrativas, sendo de se aplicar o que for definitivamente decidido no âmbito do poder judiciário. A alegação embasada em suposta circunstância ou evento superveniente e incerto, em face de decisão judicial não transitada em julgado, não tem o condão de instaurar o litígio administrativo. Inconformada com a decisão, apresentou a Recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, argüiu cerceamento ao seu direito de defesa, afirmando que: 2. Insta destacar que consta da intimação da R. decisão proferida, informação no sentido de que não seria cabível o oferecimento de recurso voluntário no presente caso uma vez que a ora Recorrente teria supostamente renunciado à discussão na esfera administrativa, haja vista a existência de Mandado de Segurança contra o ato coator que determinou a retenção das mercadorias, tendo fundamentado tal entendimento na Súmula n° 1 da Portaria CARF 52/2010, a seguir transcrita: "Súmula CARF n° 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão Fl. 861DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10814.006330/200853 Acórdão n.º 3201001.962 S3C2T1 Fl. 862 4 de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial." 3. Não obstante o costumeiro acerto e brilhantismo com que decidem os membros da 24a Turma da DRJ/SP1, não há como se considerar válida a fundamentação do Acórdão 1637.831, na medida que o Mandado de Segurança Interposto pela Recorrente versa sobre matéria completamente distinta da discutida nos autos deste procedimento administrativo. 4. Equivocaramse os Eminentes Julgadores da 24a Turma de Julgamento ao afirmar que "o objeto da lide judicial é a liberação das mercadorias e o não pagamento da multa" (grifo nosso), já que a ação mandamental visava exclusivamente a liberação da mercadoria. 5. Ora, o Mandado de Segurança, cuja cópia foi acostada à impugnação de fls., foi impetrado em 14 de dezembro de 2007, única e exclusivamente para combater o ato coator praticado em 07 de novembro do mesmo ano, que determinou, arbitrariamente, a retenção de mercadorias transportadas pela Recorrente, conforme detalhado na impugnação de fls. e reproduzido abaixo, sendo que em momento algum discutiuse naqueles autos a multa administrativa objeto de discussão nos autos do presente procedimento administrativo. 6. No mandado de segurança discutese exclusivamente a abusividade da retenção das mercadorias e a pena de perdimento aplicada pela Autoridade Aduaneira, ao passo que no presente procedimento administrativo discutese a ilegalidade da conversão da pena de perdimento em multa, conforme determinado pela Autoridade Aduaneira. 7. A distinção das matérias evidenciase mesmo sem necessidade de consulta aos autos do mandamus, por uma questão de ordem lógica: quando da propositura do mandado de segurança em 14 de dezembro de 2007, para discussão da ilegalidade da pena de perdimento, sequer havia sido expedido o Auto de Infração que, ilegalmente, converteu a pena de perdimento em multa, o que apenas ocorreu no mundo jurídico no dia 07 de abril de 2008. 8. Portanto, é completamente incabível a aplicação da Súmula acima colacionada ao presente caso, já que estamos diante de matéria distinta da discutida na via judiciai, sendo que a multa em questão foi aplicada 4 meses após a propositura da ação judicial, por razões distintas e inconfundíveis com o que foi requerido no mandado de segurança. 9. Dessa forma, requer a Recorrente que seja reconsiderado o Acórdão n. 1637.831, já que o presente processo administrativo não versa sobre a mesma matéria discutida na ação judicial. Por fim, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Fl. 862DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10814.006330/200853 Acórdão n.º 3201001.962 S3C2T1 Fl. 863 5 Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A decisão recorrida não conheceu da peça impugnatória por entender que a matéria encontravase submetida a apreciação do Poder Judiciário. A Recorrente contesta a decisão, afirmando que a discussão junto ao Poder Judiciário referese a matéria distinta da questionada administrativamente. Delimitada a lide, esclarecese que a identidade entre as demandas administrativa e judicial pode ensejar no proferimento de decisões divergentes sobre o mesmo objeto. O nosso sistema constitucional, contudo, adota um modelo de jurisdição no qual as decisões judiciais são soberanas, de forma que a coisa julgada proferida no âmbito do Poder Judiciário não pode ser modificada por decisão em processo administrativo. Visando a evitar que uma decisão administrativa se sobreponha a uma decisão judicial, a Lei nº 6.830/80, em seu artigo 38, parágrafo único, determinou que “A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto”. Desta forma, quando o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária, o mesmo renuncia ao poder de recorrer na instância administrativa. Observase, todavia, que o impedimento de recorrer na via administrativa restringese à matéria em discussão na ação judicial, mantendo o contribuinte o direito de recorrer em relação à matéria diferenciada. Tal entendimento já se encontra sumulado neste Conselho: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Em análise aos autos, constatase que as demandas judicial e administrativa não apresentam o mesmo objeto, pelo menos não em sua totalidade. O Mandado de Segurança citado pela 24ª Turma da DRJ São Paulo I foi impetrado frente ao Auto de Infração e Termo de Apreensão e Guarda Fiscal lavrado em 04/12/2007 que formaliza a apreensão das mercadorias importadas para posterior aplicação da pena de perdimento (Processo nº 10814.021769/200725). Fl. 863DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10814.006330/200853 Acórdão n.º 3201001.962 S3C2T1 Fl. 864 6 No citado Mandado de Segurança, a Recorrente, sustentando a ilegalidade da apreensão das mercadorias, requer a anulação do Auto de Infração e o afastamento da pena de perdimento. Já o presente processo referese a auto de infração lavrado em 07/04/2008 que exige a multa decorrente da conversão da pena de perdimento destas mesmas mercadorias, que não foi implementada devido a impossibilidade da apreensão destas. A Recorrente, em sua peça impugnatória, apresenta alegações contrárias a exigência que não foram submetidos ao Poder Judiciário, notadamente a apresentada no tópico 2.1 (Da inexigibilidade da multa ora imposta), devendo, portanto, ser objeto de julgamento administrativo. Outros pontos, contudo, notadamente os itens 2.2 (Do descabimento da apreensão e perdimento de cargas no caso) e 3 (Dos prejuízos decorrentes da apreensão), encontramse abarcados no Mandado de Segurança em comento, de forma que o julgador administrativo não tem competência para julgar tais pontos. Em sendo estes os fatos, constatase que o órgão a quo deixou de julgar questão apresentada pela Recorrente que deveria apreciar, delimitada no tópico 2.1 (Da inexigibilidade da multa ora imposta) da peça impugnatória. Tal fato configura cerceamento ao direito de defesa da Recorrente, resultando, conforme previsto no artigo 29, II, do Decreto nº 70.235/72, na nulidade da decisão proferida. Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, declarando a nulidade da decisão recorrida e determinando o retorno do processo à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I/SP, para que esta profira novo julgamento, nos termos estabelecidos neste voto. Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 864DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 18/12/2015 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 19/12/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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