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Numero do processo: 10293.720063/2007-76
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO.
Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal.
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ESTABELECIMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é possível o reconhecimento de ofício, por decisão do CARF, de área de preservação permanente, para dedução da área do imóvel rural, quando essa área não foi originalmente declarada pelo sujeito passivo. O procedimento adequado é o de retificação de declaração.
Numero da decisão: 9202-006.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto a Área de Preservação Permanente - APP e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ESTABELECIMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível o reconhecimento de ofício, por decisão do CARF, de área de preservação permanente, para dedução da área do imóvel rural, quando essa área não foi originalmente declarada pelo sujeito passivo. O procedimento adequado é o de retificação de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto a Área de Preservação Permanente APP e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 29 3. 72 00 63 /2 00 7- 76 Fl. 560DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 561 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Da autuação ao recurso voluntário Trata o presente processo de exigência de Imposto sobre a propriedade Territorial Rural – ITR, tendo em vista a falta de comprovação da isenção da área de reserva legal ARL, bem como do valor da terra nua VTN declarados pelo contribuinte em sua DITR/2004. Tais falhas importaram em crédito tributário composto por imposto lançado, juros de mora e multa de ofício que montaram a R$ 817.228,34, exigidos na notificação de lançamento às efls. 107 a 110, cientificada ao contribuinte em 31/10/2007 (efl. 269). O lançamento foi impugnado, pela inventariante às efls. 115 a 123, em 03/12/2007. Já a DRJ/BSB, no acórdão 0333.817, prolatado em 14/10/2009, às efls. 274 a 289, considerou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário lançado. Inconformada, em 08/12/2009, a inventariante interpôs recurso voluntário, às efls. 294 a 309, alegando, em síntese que: § houve desconsideração do laudo técnico apresentado, demonstrando a ARL e APP, e foi ignorado o pedido de produção de prova pericial à DRJ, importando em cerceamento do direito de defesa da autuada; § o imóvel rural possui 80% da área total do imóvel como ARL, tanto o laudo apresentado como o Instituto do Meio Ambiente do Estado do Acre IMAC atestam a existência dessa área, apesar de ela não estar averbada à margem da matrícula do imóvel em razão da existência de posseiro nela; § exigência do averbamento em registro de imóveis e a informação ao IBAMA da área de reserva legal na data do fato gerador, não é condição essencial para fruição da isenção de ITR , vez que a Lei 9.393/96, não estabeleceu expressamente tais requisitos além disso; § Ressalta que, por um lapso a área de preservação permanente de 90,0 ha, conforme informado no Laudo, não foi declarada, e tal fato não é óbice ao reconhecimento dessa área; e § a notificação de lançamento utilizase de multa de caráter confiscatório que fica mais evidenciada como a existência de outro lançamento da mesma grandeza para o exercício de 2005. Acórdão do recurso voluntário Fl. 561DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 562 3 O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 16/07/2013, resultando no acórdão 2102002.364, às efls. 495 a 508, que tem as seguintes ementas: CERCEAMENTO DE DEFESA. DA PROVA PERICIAL. A apreciação da prova trazida é objeto de convencimento do julgador, não implicando em cerceamento de defesa,tão somente, porque o julgador não acatou os argumentos postos pelo recorrente, não ensejando a diminuição no poder de defesa do mesmo. A perícia somente é necessária quando a matéria exige conhecimento técnico específico. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE ADA. Por se tratar de área que independe da vontade do proprietário para a exclusão, bem como do reconhecimento do poder público, desnecessária seria a apresentação de ADA, bastando sua informação na DITR conforme § 7º, do art. 10 da Lei 9.393/96. ÁREA DE RESERVA LEGAL. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA. Por se tratar de área ambiental cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão da área de reserva legal. Entretanto, para o seu reconhecimento é imprescindível a averbação da ARL à margem da matrícula do imóvel. No caso, não tendo sido averbada a ARL declarada, correta a glosa da área para fins de cálculo do ITR devido. VTN. ARBITRAMENTO. LAUDO TÉCNICO.A fazenda arbitrou o valor da terra nua com base no laudo trazido pelo próprio contribuinte, tendo em vista que, quando da apresentação de sua declaração havia informado valor sub avaliado. Possibilidade de arbitramento. DA MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela CF é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a lei O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a Área de Preservação Permanente, vencido o conselheiro Fabio Brun Goldschimidt (relator) que além disso, restabelecia a área de reserva legal, e os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 563 4 A leitura dos votos faz ver que o relator restabeleceu a APP e a ARL, apesar da falta do ADA. Contudo, há voto vencedor, apenas quanto à ARL, que deixa de restabelecê la em razão da falta de sua averbação à margem da matrícula do imóvel; esse voto nada diz sobre o ADA, pontuando que no restante acompanha o relator. Salientese que, como não houve glosa de APP no auto de infração, poderse ia entender que esse ponto da decisão teria sido irrelevante. Todavia, me parece razoável interpretar que a decisão recorrida teria, na verdade, reconhecido a existência de uma APP não declarada originalmente e determinado que fosse feita a alteração de ofício da declaração do sujeito passivo, para reconhecimento da área. Para comprovação da conclusão acima, cabe reprodução de alguns excertos do voto do relator, nos termos a seguir: Por fim, quanto à alegada impossibilidade de retificação da DIRT(fl.08) do período (visando a inclusão da APP), eis que posterior ao início da fiscalização, destaco que a própria fiscalização retificou os dados da DIRT antes apresentada para fins de majorar o VTN, por conta do novo valor apontado pelo laudo apresentado pelo contribuinte, mas está a impedir a retificação quanto à APP que seriam baseadas neste mesmo laudo de fls.46 71, (acatado pelo fisco, em sua integralidade) o que não se mostra razoável e afronta o primado da verdade real. Por essa razão, visto que comprovada e reconhecida a existência de ARL e APP, por todos os motivos expostos, entendo que deva ser provido o recurso voluntário nesse tocante, entendendo que, para fins de apuração do ITR em questão, sejam excluídas tais áreas da “área tributável”, mantendose o VTN apontado pelo laudo apresentado pelo contribuinte, em relação ao qual não houve impugnação. RE da Fazenda Nacional Intimada do acórdão em 15/04/2014 (efl. 509), a Procuradoria da Fazenda Nacional, 07/05/2014, a ele interpôs recurso especial de divergência, às efls. 510 a 521. A Procuradora afirma que no acórdão recorrido se considerou que a exigência de ADA para o reconhecimento de área de preservação permanente e área de reserva legal somente se aplica às áreas para as quais a sua própria existência dependa de reconhecimento por parte do Poder Público, não se aplicando àquelas cuja existência decorre diretamente da lei. Contudo, o colegiado entendeu que a área de reserva legal deve estar averbada tempestivamente na matrícula do imóvel para que seja afastada da tributação pelo ITR. Foram indicados como paradigmas das divergências para a matéria os acórdãos nº 30239.414 e 30236.278, ambos exigindo a utilização de ADA para redução do cálculo do ITR. Por fim, o Procurador requer o conhecimento e o provimento do recurso especial de divergência para reformar o acórdão recorrido, restabelecendose a exigência tributária na sua integralidade. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 564 5 O RE da Fazenda foi apreciado pela Presidente da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, por meio do despacho de efls. 523 a 525, datado de 16/03/2016, entendendo por lhe dar seguimento em relação a obrigatoriedade de ADA para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da tributação do ITR. Contrarrazões do contribuinte Intimado (efl. 533) do acórdão do recurso voluntário nº 2102002.364 e do recurso especial da Fazenda, em 22/04/2016 (efl. 538), o representante do contribuinte veio a apresentar contrarrazões, em 02/05/2016, conforme consta às efls. 543 a 548. Na mesma oportunidade, apresentou documento que manejou a título de "Embargos de Declaração", às e fls. 549 a 552. Preliminarmente, afirma que os paradigmas indicados pelo Procurador teriam sido proferidos pelo mesmo colegiado que exarou o acórdão recorrido, 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, com isso desatendendo o requisito regimental de que a divergência só se estabelece entre decisões de diferentes colegiados, por isso o recurso especial de divergência da Fazenda não poderia ser conhecido. Na sua argumentação o defensor do sujeito passivo reafirma que a exigência do ADA e de averbação da área de reserva legal, feita pelo art. 10 da IN SRF nº 67/97, com a finalidade de excluir da tributação referida área, denota que a IN extrapolou a sua função, ao criar obrigação totalmente nova, não prevista na lei 9.393/96, contrariando o disposto no art. 97. inciso VI, do CTN. Apresenta jurisprudências administrativa e judicial que suportariam sua tese. No segundo documento, encaminhado como embargos, repete a argumentação posta na preliminar de suas contrarrazões, tratando isso como uma contradição, mas requerendo que o recurso especial de divergência do Procurador não seja admitido. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso a ser analisado é tempestivo. Passo a analisar a alegação de não conhecimento, constante tanto das contrarrazões do sujeito passivo, quanto de sua peça adicional, denominada de embargos. De pronto, temos que esclarecer que não cabe sequer embargos contra despacho de análise de admissibilidade de recurso especial e, portanto, formalmente não caberia o conhecimento da peça. Todavia, pelo princípio da fungibilidade recursal, verificase que o conteúdo da peça reforça tão somente as contrarrazões, pugnando pelo não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Assim, recebo a peça como complemento às contrarrazões. Fl. 564DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 565 6 Em ambas as peças, é alegado que os paradigmas não serviriam para comprovação da divergência, pois teriam sido proferidos pelo mesmo colegiado. Tal afirmação não procede. Com efeito, os paradigmas 30239.414 e 30236.278 foram prolatados por colegiados dos antigos conselhos de contribuintes que diferem do colegiado recorrido, componente da atual estrutura do CARF. Prossigo, verificando o interesse recursal da Fazenda Nacional, mormente no tocante à área de preservação permanente APP. Para contextualização da questão, fazse necessária uma contextualização do lançamento e da decisão recorrida, nos termos a seguir. De início, tanto a descrição dos fatos e enquadramento legal, quanto o demonstrativo do imposto devido, deixam claro que não teria havido glosa com relação à área de preservação permanente, na notificação de lançamento em litígio neste processo. Aliás, extraímos do demonstrativo o que segue: Fica claro que nem mesmo havia sido declarada pela contribuinte, em DITR, a existência de área de preservação permanente, logo, não se poderia afastála da área tributável. para que fosse restabelecida como pretendeu o voto vencedor. Em resposta à intimação realizada no procedimento fiscal, às efls. 19 a 21, a e então representante do sujeito passivo afirmou a existência de laudo técnico que constatava a ARL de 27.220,10ha e mais: No laudo também foi apontado a existência de 90ha de área de preservação permanente, que também deve ser considerada em prestígio ao principio da verdade material. Tal área não foi considerada, aparentemente por não constar da DITR nem cumprir os requisitos legais (faltava o ADA). Após o lançamento, quando da impugnação, à efl. 121, a defensora do sujeito passivo, afirmava: Fl. 565DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 566 7 16. Outrossim, por um lapso a área de preservação permanente não foi declarada, mas a mesma existe e é de 90ha, conforme informado no laudo de avaliação do imóvel . Tal fato não é óbice ao reconhecimento da preservação permanente, como, aliás, já reconhecido pela Receita Federal: (...) Ou seja, interpreto que nesse momento quis a defesa, com base na verdade material, ver retificada sua declaração de ITR, mesmo sem a comprovação por documento hábil para tanto. Não tinha o ADA que suportasse esse pedido. No acórdão que analisou a impugnação, teve o pedido analisado, sem que constasse sua aceitação, expressamente por falta do ADA. O acórdão da DRJ teve a seguinte lavra: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, votar no sentido de rejeitar a preliminar argüida e, no mérito considerar improcedente a impugnação referente ao lançamento consubstanciado na Notificação n° 02301/00040/2007 de fls. 95/98, mantendose a exigência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Assim, aquele pedido, que carecia de elementos para sua aceitação e não fazia parte da notificação de lançamento que foi integralmente mantida, sem qualquer ressalva, não compunha o litígio, pois não houve qualquer falta da fiscalização ao não utilizar dados que estavam fora da DITR e nem suportadas pelos documentos necessários de acordo com a legislação. Todavia, o colegiado a quo, ainda que de forma não muito clara, reconheceu a existência da área e determinou a retificação de ofício da declaração, para sua consideração no cômputo do tributo devido no período. Nesse sentido, cabe referir o resultado do acórdão nº 2202002.364 importou no "provimento parcial ao recurso para restabelecer a Área de Preservação Permanente", restabelecendo algo que não fora afastado. Feitos esses esclarecimento, podemos passar à análise da divergência alegada pela Fazenda Nacional. Em resumo, a divergência levantada no recurso especial da Fazenda trata da necessidade de apresentação, de Ato Declaratório Ambiental – ADA, para se permitir a dedução de áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR, para o exercício de 2004. Ela nasceu de posicionamento no acórdão recorrido que analisou inclusive o que na verdade era o pedido de inclusão da APP na área não tributável; reforço, que apesar de nunca ter sido excluído, restou inserido de ofício. No caso em litígio, notase que os representantes do espólio não lograram juntar provas da existência do ADA. Resumiram a defesa ao entendimento de que aquele ato era exigência normativa sem repercussão tributária, bastando o laudo pericial de avaliação e suposto reconhecimento pelo IMAC da existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 567 8 Quanto à divergência de critérios jurídicos, ela fica clara quando vemos que, no acórdão recorrido dispensase a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA, para fins de exclusão da área de preservação permanente, enquanto nos acórdãos apresentados a título de paradigma, ela é exigida. Assim, acompanho a conclusão do despacho que admitiu o recurso especial de divergência da Fazenda, pois entendo que de fato, havia interesse de agir da Procuradora em face acórdão recorrido, pois foi mantida a exclusão da ARL que gerou o crédito tributário em litígio, e determinado o "restabelecimento" (leiase o reconhecimento de ofício) da APP, que, assim passou a compor a lide. Em outras palavras, apesar de não se poder restabelecer o que não foi retirado ou excluído, estabeleceuse de ofício o que não havia sido declarado originalmente. Cabe colocar que, quanto à área de preservação permanente, o acórdão recorrido dispensou a obrigação de apresentação do ADA, contudo, em razão da falta da averbação competente manteve essa área dentro da esfera de tributação pelo ITR. Logo, entendo irrelevante, por falta de objeto, a discussão desta matéria RL no presente recurso. Dessa forma, entendo não verifico interesse recursal da Fazenda Nacional quanto à discussão da área de Reserva Legal. Portanto, conheço parcialmente do recurso especial da Fazenda Nacional, apenas quanto à área de preservação permanente. Passo à análise de mérito. Inicio a análise do mérito delimitando o litígio. Pois bem, a decisão recorrida: negou provimento ao Recurso Voluntário quanto à reversão da glosa da área de Reserva Legal; e deu provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer de ofício a área de Preservação Permanente. Portanto, está em litígio apenas a discussão quanto à área de Preservação Permanente. Assim, passo à análise dessa questão. Área de preservação permanente Quanto ao Ato Declaratório Ambiental, há que se esclarecer que sua apresentação passou a ser obrigatória com o advento da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que alterou a redação do art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, fazendo estampar, em seu §1º, que “A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória”. Anteriormente, o mesmo dispositivo legal dizia que o ADA era opcional. A interpretação literal e restritiva quando da concessão de benefício fiscal, decorrente do art. 111 da Lei nº 5172 de 25/10/1966 CTN, impõe que se exija a apresentação do ADA. O prazo para a apresentação do documento foi definido na legislação infralegal. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 568 9 Minha posição histórica era no sentido de acatar a apresentação do ADA de acordo com prazo estabelecido em instrução normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil que possibilitava a sua entrega em até seis meses contados a partir do término do prazo de entrega da DITR (conforme disposto no inc. I do § 3º do art. 9º da IN RFB nº 256 de 11/12/2002, vigente á época do fato gerador). A declaração do exercício de 2005 deveria ser entregue até o dia 30 de setembro de 2005, conforme dispunha o art. 3º da Instrução Normativa SRF nº 554, de 12/07/2005. Assim, o ADA relativo ao exercício de 2004 poderia ser entregue até o dia 31 de março de 2005. Contudo, após analisar com maior profundidade os argumentos apresentados pelos demais conselheiros, alterei meu entendimento e passei a adotar, o posicionamento majoritário deste colegiado, que é no sentido de admissão do referido ADA desde que protocolizado antes do início da ação fiscal, mas não de que seja ele dispensável. No presente caso, não há prova de sua entrega, e nem o representante do contribuinte afirma sequer existido. Além do mais, entendo ser inadmissível a inserção de ofício, de valores de dedução da área tributável, quando eles não foram declarados originalmente pelo contribuinte, situação em que o procedimento aplicável seria o de retificação da declaração que, no caso, não houve. Por esses motivos, dou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional para afastar o estabelecimento de ofício de área de preservação permanente, determinado pela decisão recorrida. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, apenas quanto à área de preservação permanente, para, no mérito, na parte conhecida darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 569 10 Fl. 569DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.004632/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007
LANÇAMENTO. NULIDADES. INEXISTÊNCIA.
A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório.
RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO.
Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração.
Numero da decisão: 2402-005.987
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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FALTA DE INFORMAÇÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP Recorrente A M M RETIFICADORA DE MOTORES LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007 LANÇAMENTO. NULIDADES. INEXISTÊNCIA. A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO. Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 46 32 /2 00 8- 11 Fl. 1089DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 1090DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou o presente Auto de Infração (AI) DEBCAD 37.172.0095, por ter a empresa apresentado a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o relatório fiscal da infração, a auditoria fiscal teria constatado que a autuada, até a competência 03/2008, encontravase exercendo as atividades empresariais no endereço da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (RTS), utilizando a sua mesma infraestrutura, equipamentos e funcionários. Os fatos caracterizariam sucessão empresarial e a responsabilização tributária, nos termos do art. 133 do CTN e do art. 751 da IN SRP 3/05. Tais fatos estariam melhor descritos no AI DEBCAD 37.172.0052, anexo a este PAF, a saber: 8. [...] Iniciada a ação fiscal 0910300.2008.000539 em 08.02.2008 esta auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. 9. Perguntado pela fiscalização, informou que no local encontravase funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. 10. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. 11. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Fl. 1091DF CARF MF 4 12. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoriafiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de férias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, esta auditoria observou que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr RONALDO TAVARES DA SILVA. 13. Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicavase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram esta auditoria a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. 14. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, esta auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiuse ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, se negou a cientificar o Termo da RTS COMÉRCIO DE PECAS LTDA. 15. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. 16. Tendo sido cumpridas as Intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. 17. Ao examinar os documentos já mencionados no item 12 acima, esta auditoriafiscal pôde comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). Fl. 1092DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 4 5 18. Além dos fatos acima narrados, outros constatados por esta auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n e 9.317/96 ao caso concreto (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). 19. A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (máquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. 20. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados na alínea anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. 21. Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, até 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de máquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. 22) As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 23) Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei ne 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n s 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula 1286863 e ANTÔNIO Fl. 1093DF CARF MF 6 CARLOS FIORI matrícula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação (cópia em anexo), cujo conteúdo transcrevemos: [...] 24) Deve ficar evidenciado que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. É muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as "coincidências": 25) Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoriafiscal (14.03.2008) correu "in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as Intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: [...] 26) Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Ademais não foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 27) Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6º Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curitiba Paraná. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo). 28) Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. Fl. 1094DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 5 7 29) O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", sem cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). 30) Desta forma, por apresentar cópia de documento com informações diversas da realidade (reconhecimento de firma falsificada), a RTS incorreu na infração capitulada no art. 33, §§ 2º e 3º , da Lei n° 8.212/91 combinado com os arts. 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Tal conduta da Auditada ensejou a aplicação de multa com a agravante prevista no art. 290, II, do Decreto n° 3.048/99. Ademais, o fato caracteriza "em tese" crime de falsidade ideológica, razão pela qual foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais RFFP. 31) Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: a. as iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; b. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); c. nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1º andar (vide cópias dos TIAFs e TIADs). d. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); e. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); f. a sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; g. o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; Fl. 1095DF CARF MF 8 h. a sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide cópia da procuração). i. na reclamatória trabalhista 00064200806809001 (cópia em anexo) movida por José Strelin contra as Auditadas, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao início do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: "As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" j . na reclamatória trabalhista 00334200806809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: "(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." Esclarecida a acusação de sucessão empresarial, passase a relatar a infração consistente na apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com o relatório fiscal: [...] até a versão 7.0 do SEFIP, a Previdência Social considerava todas as declarações prestadas pelo contribuinte em GFIPs, mesmo que este prestasse a informação por diversas vezes. Com o advento da versão 8.0 do SEFIP, a entrega de uma nova GFIP retifica as demais informações anteriormente prestadas, sendo válidas para a Previdência Social somente as informações constantes da última versão da GFIP. Efetuados estes esclarecimentos, resta informar que a sucedida, de junho até dezembro de 2007, realizou, dentro de uma mesma competência, diversas entregas de GFIPs, todas com a utilização das versões 8.0 e seguintes do SEFIP, de forma a recolher parcialmente o FGTS em atraso de um empregado. Assim procedendo, declarou as informações para Previdência Social apenas deste empregado com o FGTS em atraso, deixando de prestar as informações dos demais segurados por ela remunerados. A contribuinte apresentou sua impugnação tempestivamente (cujos fundamentos são idênticos aos do seu recurso voluntário), a qual foi julgada improcedente pela DRJ. Fl. 1096DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 6 9 Intimada da decisão em 20/08/2009 (fl. 1012), através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 21/09/2009 (fls. 1016 e seguintes), no qual reafirmou as seguintes teses de defesa: a) ilegalidade da lavratura de autos de infração distintos, baseados no mesmo fato; b) conclusão açodada e inverídica de sucessão empresarial e constituição por interposta pessoa; c) a recorrente é pessoa jurídica distinta da RTS, tendo objetos e quadros societários diferentes; d) a reclamatória trabalhista mencionada no relatório fiscal foi extinta em relação à recorrente; e) o funcionário em questão jamais pertenceu ao seu quadro de funcionários; f) a RTS não encerrou suas atividades e tampouco o fez de forma irregular; g) a entrevista feita pela auditoria consigna dados inverídicos e sem razoabilidade, além de não ter qualquer valor probatório; h) o documento da entrevista é apócrifo; i) a Recorrente não se encontra estabelecida no endereço para onde foram encaminhadas todas as intimações e correspondências fiscais, as quais foram recebidas por terceiro, estranho ao seu quadro social, de forma que as autuações seriam nulas; j) não há provas dos fatos imputados à recorrente e as autuações estão baseadas em ilações; k) a autoridade fiscal se limitou em indicar como motivos e fundamentos os artigos da Lei n° 8.212/91, os quais, de forma isolada, nada dizem; l) a recorrente não pode ser demandada por obrigações de terceiros e sempre declarou o que havia a declarar. Ao final, a recorrente pediu o cancelamento do Auto de Infração. O julgamento do recurso foi convertido em diligência, diante da conexão ou continência entre os lançamentos fiscais decorrentes da obrigação tributária principal (AIs 37.172.0036, 37.172.0044, 37.172.0052, 37.172.0060 e 37.172.0079) e o presente auto de infração. Houve a prolatação de despacho de conexão e todos os Autos foram distribuídos a este Conselheiro. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 1097DF CARF MF 10 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da nulidade das autuações No requerimento final de seu recurso, o sujeito passivo pede a improcedência do auto de infração, afirmandoo por razões de mérito. Vejase: Em face de todo exposto, requer sejam recebidas as presentes razões, para ao final julgar improcedente o auto de infração em questão, pela esteira de argumentos despendidos, culminando com seu CANCELAMENTO INTEGRAL, POR SEUS PRÓPRIOS MÉRITOS [...]. Ocorre que, na fundamentação, o sujeito passivo defende a existência daquilo que chamou de nulidade das autuações e notificações. Preliminarmente, portanto, é necessário verificar se há nulidades. Nesse tocante, observase que a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. Vejase que o Auto de Infração foi devidamente recepcionado, tanto que a recorrente apresentou sua impugnação de forma tempestiva, sendo equivocado afirmar que ela não se encontraria no endereço informado. Por outro lado, é amplamente sabido que somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infralegal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. As eventuais formalidades constantes da legislação tributária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal. O contribuinte ou responsável tem todo o direito de saber os fatos contra si imputados e as provas nos quais ele se alicerçam. Todos os atos e termos devem ser lavrados por pessoa competente, e os despachos e as decisões devem ser devidamente fundamentados, e de forma alguma pode, por qualquer via, ser preterido o direito de defesa. Expressandose de outra forma, e apoiandose na inexcedível doutrina do professor Leandro Paulsen, "a nulidade não decorre propriamente do descumprimento do Fl. 1098DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 7 11 requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente"1, já que as formalidades "não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa"2. Neste caso concreto, a recorrente fez alegações extremamente genéricas acerca do cerceamento do seu direito de defesa. Nem mesmo num patamar mínimo aceitável, ela precisou de que forma estaria caracterizado tal cerceamento. É óbvio que, a depender do grau de deficiência da instrução processual ou da decisão prolatada no processo administrativo, o sujeito passivo realmente não tem como fazer uma indicação mais detalhada, mas não é isso que ocorre neste caso. Pelo contrário, todos os atos foram devidamente fundamentados e foram assegurados todos os prazos para a apresentação de defesa e documentos. Finalmente, e quanto à não devolução dos livros contábeis, não há qualquer prova das alegações formuladas pela contribuinte. Ou seja, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa, rejeitandose, portanto, a preliminar de nulidade. 3 Da ilegalidade da lavratura de autos de infração distintos, baseados no mesmo fato Nesse ponto, a recorrente discorre sobre a suposta ilegalidade da lavratura de autos de infração distintos para o mesmo fato. Todavia, cada auto de infração lavrado em seu desfavor tem como suporte fático diferentes condutas, as quais, por consequência, são reguladas por diferentes dispositivos legais. Exemplificativamente, este auto de infração trata da omissão de fatos geradores em GFIP, omissão esta não tratada nos demais autos, os quais cuidam, principalmente, das diferentes espécies de contribuições devidas à seguridade social. 4 Da sucessão empresarial Questão de fundamental importância para a solução deste caso é (i) a existência ou não de sucessão de atividade empresarial por aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial; e (ii) a cessação da exploração do comércio pela empresa adquirida, uma vez que a acusação fiscal parte desse pressuposto e também porque a principal tese de defesa se sustenta nessa quadra. Iniciandose pela norma, o art. 133 do CTN prevê a existência de responsabilidade pelos tributos à pessoa que adquirir de outra, por qualquer título, fundo ou estabelecimento, e continuar a respectiva exploração, sendo essa responsabilidade integral, caso o alienante cesse as atividades. 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 133. 2 PAULSEN, Leandro. Obra citada, p. 133. Fl. 1099DF CARF MF 12 Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; Como se vê, o fato de a empresa dita sucessora ocupar o mesmo imóvel antes ocupado pela empresa dita sucedida não é suficiente para ensejar a responsabilidade de que trata o artigo. Deve haver a aquisição do fundo ou estabelecimento, compreendido como todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou sociedade empresária (art. 1142 do CC). Art. 1.142. Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A distinção entre local e fundo ou estabelecimento não é sutil; e a sucessão por conta da alienação do estabelecimento ou fundo faz sentido porque eles constituem um ativo da empresa, aos quais se vinculam os tributos devidos até a data do ato. Conforme a doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins: [...] fundo de comércio não se confunde com ponto comercial. Fundo é a integralidade dos bens patrimoniais, inclusive os de natureza pessoal e de valor imaterial, e não apenas um local, para exploração de idênticas atividades, mas não da respectiva atividade. A expressão ... implica sempre um sentido de universalidade. A aquisição, portanto, apenas pode ser caracterizada como geradora de obrigações tributárias, quando a assunção do estabelecimento ... implicar a aquisição da universidade dos bens, do fundo de comércio, das marcas, da clientela específica do good will [...]3. Como reforço, vejase que a parte final do art. 133 restringe a responsabilidade do adquirente pelos tributos "relativos" ao fundo ou estabelecimento adquirido. Ainda que não contabilizados, o fundo ou estabelecimento são uma medida de grandeza da entidade, fazendo todo sentido responderem pelos tributos que lhes são correlatos. A doutrina de Luís Eduardo Schoueri está expressa nos seguintes termos: [...] a sucessão exige transferência de estabelecimento ou fundo de comércio. Se um mesmo imóvel, antes ocupado por uma empresa, é ocupado por outro, noutro ramo de atividade, não há que se falar em sucessão; se a nova empresa ocupa o mesmo imóvel e mantém o mesmo objeto, então é possível que se cogite 3 Citado por PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 942. Fl. 1100DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 8 13 de transferência de fundo de comércio, a ensejar a sucessão (matéria que deve ser verificada em cada caso) 4. A par da transferência do fundo ou estabelecimento, a norma ainda determina a continuidade da "respectiva exploração" como critério de aplicação da responsabilidade tributária, conforme se demonstrou na transcrição do dispositivo legal e na doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins. Neste caso concreto, contudo, sequer há identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS era uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM era uma retificadora de motores (vide denominação social de ambas as sociedades e contratos constitutivos de fls. 710/711 e 903/905). Logo, não há que se falar em continuidade da respectiva exploração. Ademais, a despeito de todos os indícios apurados em sede de fiscalização, como amplamente relatado acima, a autoridade também não demonstrou que a recorrente passou a se utilizar dos mesmos ativos tangíveis ou intangíveis que pertenciam à RTS, tais como máquinas, equipamentos, veículos, marcas, etc, tampouco que tenha explorado a mesma clientela. Não houve, ainda, prova da relação de continuidade entre a atividade anteriormente exercida pela RTS e a atividade da recorrente. Nesses termos, a autuação carece de provas da aquisição do fundo ou estabelecimento comercial. Isto é, muito embora haja provas a respeito (i) da constituição de empresas por interpostas pessoas; (ii) da utilização, pela AMM, de parte dos empregados registrados na RTS; e (iii) fortes indícios de falsificação de documentos, fatos estes de grande gravidade e que podem repercutir da esfera penal, entendese que a autoridade fiscal não demonstrou a subsunção dos fatos concretos à norma do art. 133 do CTN, principalmente diante da falta de comprovação da alienação do estabelecimento e da continuidade da respectiva exploração. Como dito, os objetos sociais de ambas as empresas eram distintos e a administração fazendária não conseguiu provar que a recorrente se utilizou dos mesmos ativos da pessoa jurídica dita sucedida. Sabese das dificuldades que a fiscalização tem em procedimentos de tal natureza, mas, por outro lado, não se pode perder de vista que tal procedimento tem um viés fortemente acusatório, cabendo à autoridade empreender todos os esforços para demonstrar a efetiva ocorrência do fato gerador e de todos os requisitos legais para a aplicação da norma de responsabilidade por sucessão. A norma de responsabilização, além de pressupor a ocorrência do fato gerador, tem requisitos específicos. Expressandose de outra forma, a extensão da relação jurídicotributária, que originariamente recaía sobre determinada pessoa, a um terceiro, requer a ocorrência de todos os elementos fáticos previstos em lei, ou seja, a concretização de todas as circunstâncias legais 4 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 611. Fl. 1101DF CARF MF 14 atinentes à responsabilidade tributária. A responsabilidade pressupõe a regramatriz de incidência e a regramatriz de responsabilidade, cada uma com seus pressupostos fáticos e seus sujeitos próprios (contribuintes/solidários e responsáveis). Por todos esses motivos, entendese que não há como se aplicar o art. 133 ao caso concreto, devendo ser dado provimento ao recurso, para cancelar a autuação e o lançamento. 5 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário, para REJEITAR A PRELIMINAR DE NULIDADE e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 1102DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 9 15 Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Redator designado Designado para redigir o voto vencedor, passo a abordar a matéria apontada no item 4 do voto do relator. Da sucessão empresarial Em que pese o muito bem fundamentado voto do relator, ouso a, neste ponto, discordar de sua conclusão. Ao artigo 133 do CTN, ao tratar da responsabilidade pela sucessão empresarial, assim dispõe: Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (...) O ponto sob análise resumese a determinar se houve, ou não, a efetiva aquisição do "fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional" e a continuidade da "respectiva exploração". Os fatos trazidos pela Fiscalização, ladeados aos elementos que constam dos autos, evidenciam que, a meu ver e sem sobras de dúvidas, a recorrente adquiriu o fundo de comércio da pessoa jurídica RTS, mantendo, inclusive, a exploração da mesma atividade empresarial. Vejamos: Iniciada a ação fiscal _0910300.2008.000539 em 08.02.2008 a auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Perguntado pela Fiscalização, informou que no local encontravase funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório Fl. 1103DF CARF MF 16 ORCA CONTABILIDADE SIS LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoriafiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de ferias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, observouse que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTARIA POR SUCESSAO, da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram a Fiscalização a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, a auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiuse ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Inicio da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA, SUCESSORA DE RTS COMÉRClO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, teria se negado a cientificar o Termo da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. Tendo sido cumpridas as intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. Ao examinar os documentos já mencionados no item acima, a auditoriafiscal pode comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). Fl. 1104DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 10 17 Além dos fatos acima narrados, outros constatados pela auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 ao caso concreto (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (maquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados no parágrafo anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, ate 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de maquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n° 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matricula 1286863 e ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação, cujo conteúdo segue transcrito a baixo: () II RELATÓRIO Fl. 1105DF CARF MF 18 MARCOS ALBERTO SUSSUMU LOURENÇO, matricula SIAPE 2205369, na presença das testemunhas ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula SIAPE 1450704 e ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula SIAPE 1286863, todos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, no dia 13 de março de 2008 as 16h e 30min, considerando o comparecimento do sóciogerente da empresa identificada na epígrafe nesta delegacia da Receita Federal do Brasil, Sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, portador da carteira de 'identidade civil RG 5.281.6440 (SSP PR) e do CPF 809.023.91968, com o objetivo de protocolar pedido de prorrogação de prazo para apresentação de documentos, decorrente da intimação assinada em 11 de março de 2008 (cópia em anexo), procedeu a oitiva deste, visando esclarecer pontos relativos aos procedimentos fiscais 0910300.2008.00053 e 0910300.2008.00128, tendo ocorrido os seguintes fatos: a) Indagado sobre a data de inicio das atividades da empresa AMM que não se arriscaria a dizer a data, pois poderia fornecer uma informação incorreta; b) Indagado sobre sua experiência profissional relacionada com a atividade da empresa que já exerceu e exerce diversas atividades para muitas pessoas, dentre estas o sr. Rosalvo Tavares da Silva; c) Perguntado sobre o tipo de vínculo pessoal ou profissional com o sr. Rosalvo Tavares da Silva que há muito tempo conhece e trabalha para ele sem vínculo empregatício, realizando serviços gerais; d) Perguntado sobre como conheceu o sr. Ronaldo Tavares da Silva que o conheceu em razão de ser irmão do sr. Rosalvo Tavares da Silva; e) Indagado sobre a administração da AMM Retificadora de Motores Ltda que não administra a empresa; que é o sr. Ronaldo Tavares da Silva que efetivamente realiza a administração da empresa; que somente presta serviços gerais como motorista, mecânico e outros como entrega de documentos (similares a atividade de "office~boy" termo não utilizado pelo declarante); que ao necessitar de dinheiro para custear despesas requer a empresa AMM o pagamento pelos serviços realizados; que trabalha muito em diversas atividades e para diversos tomadores de serviço; f) Perguntado sobre ser o proprietário da empresa AMM Retificadora de Motores Ltda que seu nome consta dos documentos de constituição da empresa, mas de forma confusa relatou que seria o sr. Rosalvo Tavares da Silva o verdadeiro proprietário da empresa. Naquele momento da entrevista, o declarante se mostrou embaraçado e confuso, dizendo que estava realizando uma entrega no CEASA em Cascavel, quando recebeu uma ligação telefônica, onde o interlocutor lhe disse ser necessário entregar um documento na Receita Federal (o declarante não informou o nome do interlocutor). Apesar de ser portador e de ter assinado o documento acima referido, o declarante informou que não entendia a que este se prestava, perguntando se poderia deixar de prestar as informações requeridas pela auditoria fiscal. Considerando o estado psicológico de dúvidas que se abateu sobre o declarante, a Fiscalização informou que ele não estava obrigado a dar continuidade à entrevista. Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 11 19 Aproveitando o momento, prestouse ao declarante algumas informações relativas ao procedimento fiscal, além das possíveis repercussões legais daí decorrentes. Nesse sentido, foram esclarecidos, em síntese, os seguintes pontos: que de acordo com o art. 133, do Código Tributário Nacional a empresa AMM Retificadora de Motores Ltda seria considerada sucessora da empresa RTS Comércio de Peças Ltda, devendo aquela assumir a responsabilidade pelos tributos devidos aos cofres públicos; que sucedida e sucessora se encontravam em débito com a Seguridade Social, inclusive de contribuições sociais objeto “em tese" dos crimes de “apropriação indébita previdenciária” e “sonegação"; que os administradores das sociedades poderiam vir a responder aos processos penais decorrentes de tais crimes; e que a constituição de uma empresa por “interposta pessoa" estaria capitulada como um procedimento ilegal. Dadas as explicações, a auditoriafiscal indagou se as informações prestadas estavam suficientemente claras para o declarante. Neste ponto o declarante, de forma titubeante, chegou a se expressar que seria, então, um “laranja” do sr. Rosalvo. A auditoria fiscal, então, explicoulhe que caso não fosse “de fato" sócio da empresa. este seria o nome comumente utilizado. O declarante, num lampejo de emoção, disse: que estava preparado para cumprir penalidades comunitárias alternativas, chegando a mencionar que “tinha entrado numa fria", que trabalhava muito somente para sobreviver; que se encontrava passando por dificuldades no relacionamento com sua esposa; que estava pensando, inclusive, em trabalhar no Paraguai, pais onde já havia vivido e trabalhado; e que a partir do momento em que havia tido recursos financeiros apreendidos durante o Plano Collor, havia se decepcionado com o governo brasileiro. Considerando o estado emocional do declarante; Considerando o pedido verbal do declarante para interromper a entrevista formal e para não assinar o termo circunstanciado; Considerando, ainda, que o declarante demonstrava não entender o real conteúdo e finalidade do documento que, portava para protocolo; A Fiscalização interrompeu, naquele momento, a entrevista para obtenção de esclarecimentos, bem como resolveu emitir este termo de constatação, visto que os fatos então narrados teriam ocorrido na presença das testemunhas arroladas adiante. Evidenciouse que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. E muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da Fl. 1107DF CARF MF 20 impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as “coincidências": I a constituição da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA ou da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, pelos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA, impossibilitaria a opção pelo sistema de tributação, respectivamente, do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, haja vista já serem sócios das seguintes empresas: Auto Posto Tavares Ltda CNPJ 00.797.920/000182, Fidelcino Santos & Cia Ltda CNPJ 00.219.670/000101, Jr Adminstração e Participações Ltda CNPJ 36.956.589/000143, O. Nunes & Tavares Ltda CNPJ 79.782.660/000121, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101 e Rosalvo Tavares Da Silva 8. Cia Ltda CNPJ 72.566.953/000122 (vedações constantes do art. 9°,lX, Lei 9.317/96 e do art. 3°, §4°, IV, da Lei Complementar 123/2006); II a mudança da opção do SIMPLES para o SIMPLES NACIONAL pela RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que poderia ser requerida no mês de julho de 2007 (data de constituição da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA) não seria possível em razão da existência de débitos para com a Seguridade Social declarados em GFIP. Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoriafiscal (14.03.2008) correu “in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: a) certidão n° 5165, do 1° Ofício do Registro de Imóveis da Comarca de Toledo/PR relativa ao lote urbano n° 7, da quadra 623, situado no Jardim Novo Bandeirantes; b) instrumento particular de compromisso de comodato para uso de imóvel comercial firmado entre as empresas RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data; c) instrumento particular de locação de maquinas e equipamentos firmado entre LILIAN TAVARES DA SILVA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data. Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Fl. 1108DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 12 21 Ademais, näo foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6° Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curiti_ba Parana. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo), Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", em cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: I As iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; II O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); III Nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1° andar (vide cópias dos TIAFs e TlADs). IV O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); V O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); VI A sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1“ alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data Fl. 1109DF CARF MF 22 anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; VII O sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; VIII A sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1” alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide copia da procuração). IX Na reclamatória trabalhista 000642008068O9001 (copia em anexo) movida por José Slrelin contra as Auditadas, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao inicio do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: “As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" X Na reclamatória trabalhista 003342008'O6809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: “(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." No caso sob análise, a aparente, ou sob o ponto de vista formal, não identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS seria uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM, uma retificadora de motores, cede espaço ao forte conteúdo probatório que conduz à convicção de que a sucessora permaneceu exercendo o negócio da sucedida, seja pelo aproveitamento de parcela de seus funcionários, bem como de suas máquinas e equipamentos, seja pela "gerência" comum a cargo do Sr Ronaldo, seja ainda pelo o que constou na exordial da reclamatória trabalhista RT 56/2006, de 23.01.2006, no sentido de que o lá reclamante teria sido contratado para ocupar o cargo de montador de motor (motores em geral principalmente motores a diesel de caminhões, tratores, máquinas industriais, e outros) e que fazia também recuperação de motores velhos (desmontar, montar, lavar peças, fazer lubrificação, etc), atividades não compatíveis com as que se espera de um comércio e de auto peças. Somase às robustas evidências encimadas, a conduta reprovável dos gestores das empresas envolvidas que navegou desde a utilização de interposta pessoa à tentativa de aproveitamento de documento falso. Por todo o exposto, tenho que, neste caso, o reconhecimento da responsabilidade por sucessão é um imperativo. Fl. 1110DF CARF MF Processo nº 10935.004632/200811 Acórdão n.º 2402005.987 S2C4T2 Fl. 13 23 Nesse sentido, VOTO por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR LHE provimento. Mauricio Nogueira Righetti (assinado digitalmente) Fl. 1111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000542/2007-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2002 a 31/12/2002, 01/09/2003 a 31/12/2004, 01/03/2005 a 31/05/2005, 01/12/2005 a 28/02/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.944
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 54 6. 00 05 42 /2 00 7- 01 Fl. 130DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 132DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 134DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 135DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 136DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 137DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 138DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 139DF CARF MF Processo nº 17546.000542/200701 Acórdão n.º 9202005.944 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.000603/2003-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 06 00:00:00 UTC 2013
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL
Ano calendário:2000
COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. DECADÊNCIA.
O prazo para pleitear restituição/compensação de tributos, mesmo os sujeitos a lançamento por homologação, é de cinco anos e se conta do pagamento indevido seja qual for a sua causa, nos temos do art. 3º da Lei Complementar n° 118/2005.
Recurso Negado
Numero da decisão: 1401-000.949
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
Matéria: CSL- que não versem sobre exigência de cred. trib. (ex.:restituição.)
Nome do relator: Relator Maurício Pereira Faro
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LATINO AMERICANA DE MEDICAMENTOS Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. DECADÊNCIA. O prazo para pleitear restituição/compensação de tributos, mesmo os sujeitos a .lançamento por homologação, é de cinco anos e se conta do pagamento indevido seja qual for a sua causa, nos temos do art. 3º da Lei Complementar n° 118/2005. Recurso Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Jorge Celso Freire da Silva Presidente Assinado digitalmente Maurício Pereira Faro – Relator Participaram do julgamento os conselheiros Jorge Celso Freire da Silva, Roberto Armond Ferreira da Silva, Antônio Bezerra Neto, Mauricio Pereira Faro e Fernando Luiz Gomes de Mattos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 06 03 /2 00 3- 34 Fl. 263DF CARF MF Impresso em 17/07/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2013 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 11/07/201 3 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 16/07/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10920.000603/200334 Acórdão n.º 1401000.949 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra Acórdão proferido pelo órgão julgador a quo. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância, compondo em parte este relatório: Tratase de manifestação de inconformidade quanto ao Despacho Decisório de fls. 117/117, proferido pelo chefe da Saort da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joinville, pelo qual foi homologada parcialmente a compensação pleiteada pelo Recorrente. O motivo para a homologação parcial da compensação foi a insuficiência do direito creditório apontado pela empresa. Em 4.9.2007, o interessado foi cientificado daquela decisão (fl. 126) e, em 4.10.2007, apresentou manifestação de inconformidade de fls. 127 a 131, com o seguinte teor: que cometera um erro ao informar nas DCTFs as compensações efetuadas sem processo, referentes às antecipações de junho e julho de 2001, para as quais foi utilizado indevidamente saldo negativo de CSLL do ano de 2000; que o correto seria utilizar saldos negativos de CSLL dos anos de 1998 e 1999; que os débitos informados na Dcomp de fls. 64 a 71 encontram se indevidamente acrescidos dos encargos moratórios; assim, as compensações efetuadas terminaram por consumir crédito a maior, que deve ser disponibilizado à empresa para fazer frente às compensações pleiteadas. Em face de tais argumentos, entendeu 1ª Turma da DRJ/CTA, por unanimidade, dar provimento parcial a manifestaçao de inconformidade proposta pelo Contribuinte, nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Anocalendário: 2000 COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. DECADÊNCIA. O prazo para pleitear restituição/compensação de tributos, mesmo os sujeitos a .lançamento por homologação, é de cinco anos e se conta do pagamento indevido seja qual for a sua causa, nos temos do art. 30 da Lei Complementar n° 118/2005. COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. COMPROVAÇÃO. Comprovado nos autos que o sujeito passivo cometeu erro de fato ao informar os débitos na Declaração de Compensação, impõese a correção dos valores e o aproveitamento do saldo do direito creditório residual. Compensação Homologada em Parte. Em face do referido acórdão de Primeira Instância a Recorrente interpôs Recurso Voluntário. É o relatório. Fl. 264DF CARF MF Impresso em 17/07/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2013 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 11/07/201 3 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 16/07/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10920.000603/200334 Acórdão n.º 1401000.949 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Relator Maurício Pereira Faro O órgão julgador a quo acolheu parcialmente a manifestaçao de inconformidade apresentada pelo contribuinte, reconhecendo equivoco do mesmo no que se refere a informação prestada na Dcomp de fls. 64 a 71 sobre os débitos confessados em DCTF que foram acrescidos dos encargos moratórios, gerando débitos consolidados como valores de principal, o que consumiu direito creditório a maior do Recorrente. Dessa forma, concordando que ocorreu erro de fato no preenchimento do PER/DCOMP n° 36431.81290 250803.1.7.033999 ' (fls. 64/71) — retificador do de n° 09396.77981.280703.1.3.032219 (fls. 03/11) —, dado que nele foram informados débitos confessados em DCTF, acrescidos, porém, dos encargos monetários ao principal, todos efetivamente já compensados, concluiu que o direito creditório do interessado foi consumido em valor maior que o devido quando da realização dessas compensações, resultando em saldo residual de R$ 30.395,18 apurada em 31.12.2000. Irresignado, o contribuinte interpôs o recurso ora analisado prentendo o reconhecimento do crédito residual sob o argumento de que cometera um erro ao informar nas DCTFs as compensações efetuadas sem processo, referentes às antecipações de junho e julho de 2001, para as quais foi utilizado indevidamente saldo negativo de CSLL do ano de 2000; que o correto seria utilizar saldos negativos de CSLL dos anos de 1998 e 1999. Entendo que o recurso não merece prosperar. Isso porque, no que se refere ao alegado erro de preenchimento das DCTFs de 2001, a pretensão do Recorrente é a de retificar a origem do direito creditório utilizado — saldo negativo de CSLL de 2000 — para que sejam aceitos créditos oriundos de períodos anteriores (saldos negativos de CSLL dos anos de 1999 e 1998). Ainda que tenha realmente ocorrido um equívoco no preenchimento das DCTFs, certo é que a alteração pretendida pela empresa não pode ser aceita, pois operouse a decadência quanto ao pedido de restituição/compensação de saldos negativos de 1998 e 1999 (art. 168 do Código Tributário Nacional CTN). Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Relator Maurício Pereira Faro Relator Fl. 265DF CARF MF Impresso em 17/07/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2013 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 11/07/201 3 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 16/07/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA Processo nº 10920.000603/200334 Acórdão n.º 1401000.949 S1C4T1 Fl. 5 4 Fl. 266DF CARF MF Impresso em 17/07/2013 por MARISTELA DE SOUSA RODRIGUES CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/07/2013 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 11/07/201 3 por MAURICIO PEREIRA FARO, Assinado digitalmente em 16/07/2013 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA
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Numero do processo: 35011.000651/2007-30
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 30/06/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.955
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 01 1. 00 06 51 /2 00 7- 30 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 155DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 157DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 158DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 159DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 160DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 161DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 162DF CARF MF Processo nº 35011.000651/200730 Acórdão n.º 9202005.955 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 163DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11070.001584/2006-27
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 11 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL
Ano-calendário: 2003
MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA.
Tendo optado pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita às antecipações da CSLL por estimativas mensais. A falta ou o recolhimento a menor dessas parcelas sujeita a pessoa jurídica à multa de oficio isolada.
Numero da decisão: 1401-000.362
Decisão: Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos o conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, que dava provimento total ao recurso e os conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, que davam provimento parcial, para limitar a multa ao montante do imposto devido
Nome do relator: Fernando Luiz Gomes de Mattos
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Ano-calendário: 2003 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. Tendo optado pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita às antecipações da CSLL por estimativas mensais. A falta ou o recolhimento a menor dessas parcelas sujeita a pessoa jurídica à multa de oficio isolada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos o conselheiro Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, que dava provimento total ao recurso e os conselheiros Maurício Pereira Faro e Karem Jureidini Dias, que davam provimento parcial, para limitar a multa ao montante do imposto devido. (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner - Presidente. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator. EDITADO EM: 31/01/2011 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Viviane Vidal Wagner, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Antonio Bezerra Neto, Maurício Pereira Faro, Alexandre Antonio Alkmim Teixeira e Karem Jureidini Dias. Fl. 278DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS 2 Relatório Por bem descrever os fatos, transcrevo e adoto parcialmente o relatório constante da decisão recorrida, fls. 231-234: Contra o contribuinte foi lavrado o auto de infração de multa isolada por falta de recolhimento da CSLL sobre a base de cálculo estimada no valor de R$ 31.367,22 (folhas 154 a 157). No quadro "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal" do auto de infração consta que: 1. o contribuinte declarou as estimativas devidas nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2003 erradamente na DIPJ, pois informou o resultado dos balanços de suspensão ou redução, quando na verdade, conforme registrado no Livro Diário, apurou estes meses pela receita bruta e acréscimos. Declarou CSLL devida por estimâiva nos meses de março no valor de R$ 10.079,10 e agosto de R$ 4.044,78, sendo que, neste último, sequer foi apurado CSLL devido por estimativa. 2. na ficha 17 da DIPJ 2003/2004, a empresa aproveitou como valor pago por estimativa o montante de R$ 77.060,66 sem ter efetuado o pagamento integral destes valores. Apenas foram recolhidos os valores correspondentes aos declarados na DCTF no montante de R$ 14.123,88. Foi efetuada uma PERDCOMP no valor de R$ 61.299,77. 3. a recomposição da DIPJ de acordo com os valores registrados no Livro Diário e que servem de base para o lançamento de oficio, constam da planilha "Apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido" abaixo sintetizada. Planilha Apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, sintetizada Ficha 16 - Cálculo da CSLL Devida Mensal por Estimativa (ano-calendário 2003) Discriminação jan fev mar abr mai jun Base de Cálculo da CSLL 14.759,71 70.789,06 111.989,97 423.737,80 (127.525,31) 55.874,20 CSLL Apurada 1.328,37 6.371,02 10.079,10 38.136,40 (11.477,28) 5.028,68 Deduções – CSLL Devida em Meses Anteriores/Estimativa 17.778,49 38.136,40 38.136,40 CSLL a Pagar 1.328,37 6.371,02 10.079,10 20.357,92 0,00 0,00 CSLL Declarada em DCTF/Paga 0,00 0,00 10.079,10 0,00 0,00 0,00 CSLL Declarada a Menor na DCTF/Paga 1.328,37 6.371,02 0,00 20.357,92 0,00 0,00 CSLL Declarado a Maior na DCTF 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Valores Declarados a Maior na DCTF – Acumulado 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Insuficiência de Declaração/Pagamento 1.328,37 6.371,02 0,00 20.357,92 0,00 0,00 Multa Isolada 50% 664,19 3.188,51 0,00 10.178,96 0,00 0,00 Ficha 16 - Cálculo da CSLL Devida Mensal por Estimativa (ano-calendário 2003) Ficha 17 Discriminação jul ago set out nov dez Ajuste Base de Cálculo da CSLL (9.997,04) 156.931,97 (48.231,04) 136.942,91 470.928,29 856.229,54 856.229,54 CSLL Apurada (899,73) 14.123,88 (4.340,79) 12.324,86 42.383,55 77.060,66 77.060,66 Fl. 279DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 11070.001584/2006-27 Acórdão n.º 1401-00.362 S1-C4T1 Fl. 278 3 Deduções – CSLL Devida em Meses Anteriores/Estimativa 38.136,40 38.136,40 38.136,40 38.136,40 38.136,40 42.385,55 CSLL a Pagar 0,00 0,00 0,00 0,00 4.247,14 34.677,11 77.060,66 CSLL Declarada em DCTF/Paga 0,00 4.044,78 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 CSLL Declarada a Menor na DCTF/Paga 0,00 0,00 0,00 0,00 4.247,14 34.677,11 77.060,66 CSLL Declarado a Maior na DCTF 0,00 4.044,78 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Valores Declarados a Maior na DCTF – Acumulado 0,00 4.044,78 4.044,78 4.044,78 4.044,78 0,00 0,00 Insuficiência de Declaração/Pagamento 0,00 0,00 0,00 0,00 202,36 34.677,11 0,00 Multa Isolada 50% 0,00 0,00 0,00 0,00 101,18 17.338,56 0,00 Devidamente intimada, a autuada apresentou a impugnação de fls. 160 a 228. A 1ª Turma da DRJ Santa Maria julgou o lançamento procedente, por meio do Acórdão de fls. 230-236, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL Ano-calendário: 2003 MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO POR ESTIMATIVA. Tendo optado pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita às antecipações da CSLL por estimativas mensais. A falta ou o recolhimento a menor dessas parcelas sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada. Lançamento Procedente Inconformada, a contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 238-258, com base nos seguintes argumentos de direito: 1. a legislação de regência estabelece a provisoriedade dos pagamentos por estimativa, vez que definitividade só viria com o encerramento anual, após o levantamento do lucro líquido ao final do ano calendário. No interregno de janeiro a dezembro de cada ano, estima-se um resultado final. Ao concluir as movimentações econômicas do ano base, então será apurado o resultado definitivo. Define-se o lapso temporal de transitoriedade e provisoriedade. 2. devem prevalecer sempre os valores apurados e devidos de imposto de renda e contribuição social por ocasião do encerramento anual, de forma que não há que se falar em apuração de diferenças mensais, eis que, as eventuais diferenças estão inclusas no saldo anual. Perde eficácia a cobrança de multa isolada vez que é uma situação de causa e efeito. Se não são reconhecidas as diferenças mensais provisórias e estimadas de impostos, não deve também subsistir a base de cálculo para formalizar a multa. Fl. 280DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS 4 3. a multa isolada, prevista no art. 44, II, “b” da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 18 da MP nº 303/2006, somente é aplicável nas hipóteses em que o recolhimento por estimativa deixar de ser efetuado. No caso presente, contudo, o pagamento foi efetuado, por ocasião da apresentação da declaração de ajuste anual. 4. a perda de eficácia da MP nº 303/2006 também torna inaplicável a aplicação da multa isolada no caso em apreço, tendo em vista a não edição de decreto legislativo específico, previsto no art. 62 da Constituição Federal. A Lei nº 11.488/2007 contemplou a mesma redação do art. 18 da MP nº 303/2006, reafirmando que só caberia a aplicação da chamada “multa isolada” nos casos em que o pagamento deixar de ser efetuado. Em defesa de seus argumentos, mencionou diversos julgados do antigo Conselho de Contribuintes, fls. 256-260. 5. finalizando, requer a desconstituição da multa isolada pelos fundamentos legais apresentados. É o sucinto relatório. Voto Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos O recurso atende às condições de admissibilidade previstas pelo Decreto nº 70.235/72, razão pela qual deve ser conhecido. O voto condutor do acórdão recorrido descreve com precisão os fatos que motivaram o presente lançamento, fls. 234 (grifado): Da CSLL apurada por estimativa no ano calendário 2003 foi paga com DARF os valores de R$ 10.079,10 referente ao período de apuração 31/03/2003 e de R$ 4.044,78 referente ao período de apuração 31/08/2003, totalizando R$ 14.123,88. A CSLL apurada por estimativa mensal, referentes aos meses de janeiro, fevereiro, abril e dezembro não foram pagas até o último dia útil do mês subsequente, sendo que o referente ao mês de novembro foi paga no prazo, mas o valor foi parcial, conforme demonstra a planilha "Apuração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido", acima sintetizada. [...] A autuada efetuou pagamento parcial da CSLL devida, apurada por estimativa mensal em 2003, no valor de R$ 14.123,88 que foi considerado pela fiscalização. O restante dos valores apurados por estimativas mensais em 2003, não foram pagos dentro dos prazos legais. Os arts. 2°, 6° e 30 da Lei n° 9.430/96 dispõem sobre o recolhimento do saldo do imposto e da CSLL anual (apurado em 31 de dezembro) e dos valores do imposto e da CSLL devidos, apurados por estimativa, in verbis: Art. 2° A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, Fl. 281DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 11070.001584/2006-27 Acórdão n.º 1401-00.362 S1-C4T1 Fl. 279 5 determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1° e 2° do art. 29 e nos art . 30 a 32, 34 e 35 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações a Lei n° 9.065, de 20 de junho de 1995. [...] Pagamento por Estimativa Art. 6° O imposto devido, apurado na forma do art. 2°, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. [...] Art. 30. A pessoa jurídica que tiver optado pelo pagamento do imposto de renda na forma do art. 2º fica, também, sujeita ao pagamento mensal da contribuição social sobre o lucro líquido, determinada mediante a aplicação da alíquota a que estiver sujeita sobre a base de cálculo apurada na forma dos incisos I e II do artigo anterior. (grifos acrescidos) No presente caso, o lançamento da multa isolada teve como fundamento legal o art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430/96 (com redação dada pela MP n° 303/2006) e posteriormente, com nova redação dada pela Lei n° 11.488/2007, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas: [...] II - de cinqüenta por cento, exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: [...] b) na forma do art. 2° desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (grifos acrescidos) Sobre o tema, foi editada a Instrução Normativa SRF n° 93, de 24 de dezembro de 1997,a qual determinou o seguinte tratamento nos casos de falta ou insuficiência de recolhimento do imposto por estimativa, apurado pela fiscalização após o decurso do ano- calendário: Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do ano-calendário, o lançamento de oficio abrangerá: Fl. 282DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS 6 I - a multa de oficio sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II - o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. A contribuinte baseia seu recurso na alegação de que é inadmissível a aplicação da multa isolada prevista no art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430196, com a redação dada pelo art. 18 da Medida Provisória n° 303/06, pelo simples fato de ter efetuado o pagamento do valor da contribuição apurada na declaração de ajuste anual. No entanto, a legislação de regência, retrotranscrita, em pleno vigor na época do lançamento, estabelece que o fato do impugnante haver apurado a CSLL no encerramento do ano-calendário, antes do início do procedimento fiscal, não o desobriga do pagamento da multa isolada, posto que não houve o pagamento da CSLL devida apurada por estimativa mensal nos prazos estabelecidos pela legislação. Sobre o tema, assim se pronunciou o Acórdão recorrido, com muita propriedade (fls. 235, grifado): Sendo assim, estando o contribuinte sujeito à antecipação da CSLL por estimativa mensal e não tendo feito o tal recolhimento, sem demonstrar que a CSLL não era devida, houve a subsunção do fato à norma legal estabelecida no art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430/96. A recorrente mencionou vasta jurisprudência do extinto Conselho de Contribuintes, visando sustentar os seus argumentos. De plano, cumpre destacar que tais decisões se aplicam exclusivamente aos interessados envolvidos nos processos em que tais acórdãos foram proferidos, posto que as decisões dos Conselhos de Contribuintes não constituem normas complementares da legislação tributária, porquanto não existe lei que lhes confira efetividade de caráter normativo. Além disso, cumpre destacar que boa parte da jurisprudência citada pela recorrente refere-se a assunto diverso daquele que está sendo analisado no presente processo. Algumas daquelas decisões refere-se à não aplicação da multa isolada nos casos de pagamento de tributos ou contribuições em atraso sem o acréscimo de multa de mora, tendo em vista a alteração da redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, promovida pela Lei nº 11.488/2007. No caso presente, contudo, estamos diante de uma situação de aplicação da multa isolada por falta (ou insuficiência) de recolhimento de valores devidos por estimativa. Tal fato continua sendo ensejando a aplicação da multa isolada de 50%, mesmo após a edição da retrocitada Lei nº 11.488/2007. Outras decisões mencionadas pela recorrente dizem respeito à possível cumulatividade da multa de ofício e da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas. Tal situação não se verifica no presente processo, tendo em vista que aqui não há cobrança de eventuais diferenças de tributos apurados na declaração de ajuste anual. No caso em apreço, conforme exaustivamente demonstrado, cuida-se exclusivamente da aplicação de multa isolada por falta (ou insuficiência) de recolhimento de valores devidos por estimativa. Fl. 283DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Processo nº 11070.001584/2006-27 Acórdão n.º 1401-00.362 S1-C4T1 Fl. 280 7 Cumpre ressaltar que são numerosas as decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais e do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, reconhecendo a apicabilidade da multa de ofício isolada nos casos em que o contribuinte obrigado ao pagamento mensal do imposto ou da CSLL apurados por estimativa deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado imposto ou CSLL a pagar na declaração de ajuste anual (ou que tenha pago o valor apurado na referida declaração de ajuste). A título meramente exemplificativo, menciono alguns destes julgados: IMPOSTO DE RENDA. MULTA ISOLADA - A multa isolada tem fundamento legal, nos casos em que o contribuinte obrigado ao pagamento mensal do imposto (carnê-leão) deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste anual. (Acórdão CSRF/04-00.244, 14/3/2006, Relator Conselheiro José Ribamar Barros Penha) IRPJ – MULTA ISOLADA – RECOLHIMENTO A MENOR DAS PARCELAS MENSAIS – A falta de recolhimento de antecipações de tributo ou a sua insuficiência, impõe a cobrança de multa de lançamento de ofício isolada. (Acórdão 101-95986, 26/1/2007, Relator Conselheiro Valmir Sandri) Cabe esclarecer que, no tocante à aplicação da multa isolada, a falta de recolhimento de valor apurado por estimativa constitui uma infração totalmente independente da eventual declaração inexata ou falta de recolhimento de valor apurado na declaração de ajuste anual. Uma fato é o descumprimento da obrigação de recolher, até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir, o imposto ou CSLL apurados por estimativa. Outro fato, completamente diferente, é a caracterização de declaração inexata e da falta de recolhimento do imposto ou da CSLL apurados no final do ano. Tais infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, uma incidindo isoladamente sobre as estimativas obrigatórias não recolhidas durante o ano-calendário e outra cobrada juntamente com o imposto ou a CSLL devidos (declaração inexata). A lei em sua redação original, coincidentemente, tinha adotado o mesmo percentual de 75% para ambos os casos. Mas, esse dispositivo foi alterado pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, dando-lhe nova redação, reduzindo a multa isolada para 50%; bem assim deixando bem claro, se dúvidas haviam, de que a referida multa isolada era cabível no caso de estimativa mensal não paga e não de tributo final não pago. Assim, em virtude da legislação referida, ao optar pela apuração dos lucros com base no real anual a contribuinte ficou obrigada a antecipar o pagamento do imposto de renda e da contribuição social, recolhendo-os mensalmente, por estimativa. A multa isolada recebe essa denominação apenas por ser exigida separada e independentemente do tributo, tanto que se impõe ainda quando nenhum tributo ao final do período de apuração seja devido, apenas porque o contribuinte deixou de satisfazer o recolhimento por estimativa que lhe tocava efetuar. Fl. 284DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS 8 A multa aplica-se ainda que, no final do período de apuração, venha a ser apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL. Se a multa é cabível mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração 2(duas) ilações estão aí pressupostas que precisam ser desveladas: a) a penalidade é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo ou contribuição devidos ao final da apuração, mas sim pelo falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal; b) descabido é também o argumento de que a multa isolada só se aplica para período não encerrado. Portanto, importa verificar que a exigência da multa isolada independe de se apurar resultado anual tributável, decorre do descumprimento da obrigação de recolher a estimativa apurada no mês-calendário. Também não se pode conceber que a aplicação da multa seja de caráter condicional. Explico melhor: o descumprimento da norma enseja a aplicação da penalidade, não tendo lógica a lei determinar que se proceda de certa maneira e, ao mesmo tempo, permitir um procedimento em sentido oposto. É, pois, inadmissível que paralelamente com o dever-ser do comportamento, coexista o pretenso direito ao livre arbítrio de agir, vulnerando-se o conteúdo das determinações legais. Afinal, não se pode admitir uma regra jurídica impositiva sem efetividade. O referido preceptivo legal veio justamente dar efetividade à regra que permite a apuração do lucro real anual, condicionada aos recolhimentos mensais por estimativa. O não-cumprimento da obrigação tributária estabelecida nos dispositivos legais pelas pessoas jurídicas a elas obrigadas, consubstancia-se em infração tributária e oportuniza o procedimento fiscal de ofício que visa restaurar o ordenamento jurídico violado. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Luiz Gomes de Mattos - Relator Fl. 285DF CARF MF Emitido em 08/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS Assinado digitalmente em 08/02/2011 por VIVIANE VIDAL WAGNER, 31/01/2011 por FERNANDO LUIZ GOMES DE MATTOS
score : 1.0
Numero do processo: 16327.910594/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do fato gerador: 03/07/2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.489
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 03/07/2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 05 94 /2 01 1- 87 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 16327.910594/201187 Acórdão n.º 3402004.489 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo o Despacho Decisório eletrônico proferido, que, por sua vez, indeferiu o Pedido de Restituição, referente a suposto pagamento de IOF a maior no ano de 2004. Conforme o que consta do referido Despacho Decisório, o pleito foi negado tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para a quitação do débito de IOF, não restando saldo de crédito disponível para a restituição almejada. Cientificada da decisão proferida, a empresa interpôs a Manifestação de Inconformidade alegando homologação por decurso de prazo, já que ultrapassado o prazo de cinco anos entre a data de envio, tanto do Pedido de Restituição (PER) quanto da Declaração de Compensação (DCOMP) a ele atrelada, e a data de proferimento do Despacho Decisório. Com base nessas considerações requer a reforma da decisão, com a consequente homologação da compensação declarada. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme Ementa do Acórdão nº 14060.733, prolatado pela DRJ em Ribeirão Preto (SP): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 03/07/2004 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO DECLARADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integralmente alocado à débito validamente declarado em DCTF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a homologação tácita de pedido de restituição, nem previsão de perda do poder de decidir por decurso de prazo em pedidos desta natureza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão a recorrente interpôs, tempestivamente, o presente recurso voluntário, alegando as seguintes razões: (i) consta do Despacho Decisório que "foram localizados pagamentos, mas que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos do Recorrente, não restando crédito disponível para restituição". Porém, tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em dezembro/2006, operandose, portanto, a homologação da compensação em dezembro de 2011; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 16327.910594/201187 Acórdão n.º 3402004.489 S3C4T2 Fl. 4 3 (ii) cita e transcreve como base legal, o §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), bem como, registra o Acórdão nº 3801000.530, de 29/09/2010, proferido pelo CARF nos autos do PAF nº 10830.007499/9736; (iii) conclui que, dessa forma operouse a homologação tácita em dezembro de 2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente por meio de Despacho Decisório proferido em 2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Por fim, requer que o presente Recurso Voluntário seja recebido e julgado, com a conseqüente reforma da decisão recorrida e homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.467, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.910558/201113, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.467): "1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Verificase que o Recorrente não contesta a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório. O que se discute no recurso é a alegação de homologação tácita quanto ao Pedido de Restituição (PER). 3. Análise do Pedido Como relatado, o Recorrente pede o provimento do seu recurso unicamente sob o argumento da homologação tácita do seu Pedido de Restituição (PER) nº 01445.28437.211206.1.2.046453, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Aduz que tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em 21 e 26 dezembro de 2006, respectivamente e, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, operouse a homologação tácita da compensação em 26/12/2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente, por meio de Fl. 91DF CARF MF Processo nº 16327.910594/201187 Acórdão n.º 3402004.489 S3C4T2 Fl. 5 4 Despacho Decisório proferido em 03/01/2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Fl. 92DF CARF MF Processo nº 16327.910594/201187 Acórdão n.º 3402004.489 S3C4T2 Fl. 6 5 Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. 4. Dispositivo Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.013284/2010-02
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2006, 2007
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA.
O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 343, de 2015, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas.
Numero da decisão: 9303-005.871
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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MULTA ISOLADA Recorrente WAYTEC TECNOLOGIA EM COMUNICAÇÃO LTDA (Responsável Solidário de EVERBIZ COMERCIO DE PRODUTOS ELETROELETRONICOS LTDA) Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2006, 2007 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 343, de 2015, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 01 32 84 /2 01 0- 02 Fl. 3736DF CARF MF 2 Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3202001.610, de 18/03/2015, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção do CARF, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2006, 2007 NULIDADE. AUTO DE INFRAÇÃO. VÍCIOS. O ato administrativo de lançamento está perfeito, tanto em relação aos requisitos formais como materiais (motivação e conteúdo). No tocante aos requisitos formais, não vislumbro qualquer irregularidade, uma vez que todos os requisitos previstos no artigo 10º do PAF Decreto 70.235/72 foram corretamente atendidos. Em relação aos requisitos materiais, o lançamento demonstrou claramente os pressupostos de fato e de direito sob os quais se assentou, de modo que restou evidenciada a motivação do ato administrativo. Quanto ao conteúdo do ato, todos os elementos constantes do consequente da regra individual e concreta veiculada pelo lançamento foram corretamente informados (sujeitos ativos e passivos, base de cálculo e alíquotas). OCULTAÇÃO DO REAL RESPONSÁVEL PELA IMPORTAÇÃO. FRAUDE OU SIMULAÇÃO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO E POSTERIOR CONVERSÃO EM MULTA. A ocultação do responsável pela importação de mercadorias, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, é considerada dano ao erário. Cabível, pois, a pena de perdimento ou posterior substituição por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria quando esta for consumida ou não localizada. LEGITIMIDADE DA AUTUAÇÃO. INFRAÇÃO. RESPONSABILIDADE. Respondem pela infração conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie, bem como o adquirente da mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. PROVAS. RELEVÂNCIA. DIREITO A SER EXERCIDO PELAS PARTES. A prova consiste em um dos elementos mais importantes do processo. A aplicação do direito ao caso concreto para a solução do litígio será efetuada a partir do conhecimento que se tem sobre os fatos ocorridos. O evento (ocorrido no mundo fenomênico) deve ser relatado em linguagem jurídica competente e demonstrado através das provas, que devem ser submetidas à refutação em atendimento Fl. 3737DF CARF MF Processo nº 10314.013284/201002 Acórdão n.º 9303005.871 CSRFT3 Fl. 3.737 3 aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Cabe às partes em litígio Fisco e contribuinte, ao fazerem suas alegações e afirmações apresentarem as provas que as estribam, de modo a esclarecer o julgador, proporcionandolhe o conhecimento dos mesmos. O julgador, então, a partir da discussão racional no processo (alegação/refutação; provas/contraprovas), aprecia e valora as provas existentes nos autos, formando o juízo de probabilidade da ocorrência dos fatos, para ao fim decidir o litígio com base em sua livre convicção motivada. Recursos voluntários negados Intimada da decisão, a contribuinte EVERBIZ COMÉRCIO DE PRODUTOS ELETROELETRÔNICOS LTDA apresentou embargos de declaração, os quais foram, noutros termos, inadmitidos (fls. 3713/3716). Irresignada, a Recorrente suscita divergência quanto à possibilidade da aplicação da multa do artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007, em substituição à multa de 100% do valor das mercadorias (pela conversão da pena de perdimento), prevista no art. 23, inciso V, do Decretolei nº 1.455/76. Alega divergência com relação ao que decidido no Acórdão nº 402 002.362. O exame de admissibilidade do recurso encontrase às fls. 3723/3726. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso (3728/3733). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte não deve ser conhecido. É que, a despeito da semelhança de fatos entre os acórdãos recorrido e paradigma, o il. relator do primeiro não apreciou a matéria trazida à apreciação deste Colegiado no recurso especial: a aplicação concomitante ou isolada da multa instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488, de 2007, quando há a imputação de responsabilidade solidária a uma pessoa jurídica, a Recorrente, que, segundo o Fisco, cedera o seu nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros. E, não obstante a interposição de embargos de declaração, nada falou a Recorrente a respeito do tema que pretende seja agora apreciado, conforme resta cristalino dos pedidos que formulou ao final dos aludidos embargos: Fl. 3738DF CARF MF 4 Assim, não há como conhecer do recurso especial, haja vista que, para viabilizar o seu conhecimento, a matéria deveria ter sido debatida na Câmara baixa, ou, ao menos, prequestionada pela via dos embargos de declaração. Ante o exposto, não conheço do recurso especial interposto pela contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 3739DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.720161/2016-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2011, 31/03/2011, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011, 30/11/2011, 31/12/2011, 31/01/2012, 29/02/2012
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63/17. SUMULA CARF Nº 103
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Recurso de Oficio Não Conhecido
Numero da decisão: 3401-003.994
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF n° 103.
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63/17. SUMULA CARF Nº 103 Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Recurso de Oficio Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em função de não estar superado o atual limite de alçada, na forma estabelecida na Súmula CARF n° 103. ROSALDO TREVISAN Presidente. FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson Jose Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 01 61 /2 01 6- 01 Fl. 494DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 495 2 Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida (fls.1 455/ 464), o qual passo a transcrever: "Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração, lavrado contra a empresa acima identificada, com exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no valor de R$531.472,52; multa proporcional (150%) no valor de R$797.208,74; e juros de mora no valor de R$223.158,64 (calculados até 01/2016), totalizando o crédito tributário no valor de R$1.551.839,90. A infração apurada foi utilização indevida de créditos básicos apurados sobre insumos adquiridos que estavam com alíquota zero, resultando em recolhimento a menor do imposto no período 01/2011 a 03/2012. Após reconstituição da escrita fiscal foram apurados valores a recolher. Conforme relatório fiscal (fls, 205/233) nos anos de 2011 e 2012 a Brascabos adquiriu das empresas: Metalgear Crystal Tecnol. de Metais Ltda., CNPJ: 08.547.368/000186, e Kupfer CD São Paulo Ltda, CNPJ: 14.776.062/0001 02 a mercadoria: FIO DE COBRE VERGALHÃO 1,45MM, NCM: 74081100, e estes fornecedores incorretamente destacaram o IPI na Notas Fiscais com a alíquota de 5%, sendo que o produto estava com alíquota 0%. Os valores do IPI foram creditados no RAIPI, fato este constatado pela fiscalização. A fiscalização, citando o Parecer Normativo CST no 739/71, glosou os créditos de IPI destacados pelas empresas supramencionadas em suas Notas Fiscais de vendas, relativos às aquisições do produto FIO DE COBRE VERGALHÃO 1,45MM, NCM: 74081100. Constatou a fiscalização que a BRASCABOS adquiriu a mercadoria, cód. 354792, descrição: Fio de Cobre Vergalhão 1,45 MM, NCM 74.08.1, das empresas: GRANUCOBRE LTDA, PLASINCO LTDA e L.A.F. DO BRASIL e as Notas Fiscais vieram com o valor do IPI zerado e a alíquota do IPI a 0%, ao passo que no mesmo período recebeu a mesma mercadoria das empresas: Metalgear Crystal Tecnologia de Metais Ltda, CNPJ: 08.547.368/000186 e Kupfer CD São Paulo Ltda, CNPJ: 14.776.062/0001 02, sendo que as Notas Fiscais vieram, incorretamente, com incidência de IPI; alíquota de 5%. A fiscalização intimou a Brascabos a esclarecer dois estornos feitos em seu RAIPI nos meses 06/2012 e 08/2012, tendo esta respondido “O Estorno de Débito referese a notas fiscais com destaque indevido ou a maior do imposto cujo encargo financeiro foi transferido ao emitente. Em anexo, cópias as notas fiscais e declarações dos destinatários de que não se utilizaram dos créditos correspondentes, nos termos do Artigo 166, Inciso I da Lei 5172/66.”, e “O Estorno de Débito referese a notas fiscais com destaque indevido do IPI nos itens Sensor de Pressão e Sensor de 1 Todos os números de folhas indicados neste documento referemse à numeração eletrônica do eprocesso. Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 496 3 Temperatura, cujo encargo financeiro foi transferido ao emitente. Pois a NCM correta para os itens era 9026.20.90 IPI 0%. O produto Sensor de Pressão foi vendido com o NCM: 91061000, incidindo uma alíquota de IPI de 15% e o correto é o NCM: 90262090 com alíquota de 0%. A Continental emitiu um Aviso de Lançamento para a Brascabos informando que os impostos não foram creditados nos Livros Fiscais e que faria a utilização para desconto no próximo pagamento que iria realizar. A Brascabos lançou a crédito em seu LRAIPI o valor total do IPI destacado nas notas fiscais de venda do produto Sensor de Pressão e colocou a seguinte observação: “ART. 477 PARG. UNICO DO RIPI/2010, ART. 21 IN 900/2008 RFB, ART. 166, INC. I LEI 5172/1966, REF. DÉBITOS INDEVIDOS EM NOTAS FISCAIS NRS. ANEXO A APURAÇÃO.” Utilizando o sistema RECEITANETBX a fiscalização baixou os arquivos das notas fiscais eletrônicas emitidas pela empresa Metalgear Crystal Tecnologia de Metais Ltda, CNPJ: 08.547.368/000186. Período: 04/01/2011 a 22/12/2011, tendo constatado que a empresa METALGEAR utilizou: o Código de Mercadoria: CB00009, a Descrição da Mercadoria: Fio de Cobre 145 MM e o Código CFOP: 74.08.19.00, e com estas informações coincidentes emitiu 487 notas fiscais para outras 31 empresas além da Brascabos e somente para a Brascabos houve a incidência do IPI. Também com utilização do sistema RECEITANETBX a fiscalização baixou os arquivos das notas fiscais eletrônicas emitidas pela empresa Kupfer CD São Paulo Ltda, CNPJ: 14.776.062/000102. Período: 02/01/2012 a 31/7/2012, onde constatou que a empresa KUPFER utilizou o Código de Mercadoria: 001 até o dia 05/03/2012 e a partir desta data utilizou o Código: CB00009. Utilizou a Descrição da Mercadoria: Fio de Cobre 1,45 MM e o Código CFOP: 74.08.19.00, e com estas informações coincidentes emitiu notas fiscais para outras 17 empresas além da Brascabos e somente para a Brascabos houve a incidência do IPI. A METALGEAR CRYSTAL TECNOL.DE METAIS LTDA, CNPJ: 08.547.368/000186, com sede em Camaçari/BA, teve a razão social alterada para BRAZIL METALS LTDA, e o quadro societário das empresas Metalgear e Kupfer são comuns. Nos sítios da justiça na internet, a fiscalização verificou que consta o Processo 030923614.2013.8.05.0039 – TJBA – Camaçari/BA, de Recuperação Judicial, onde consta “Cuidase de pedido de processamento de Recuperação Judicial, fundamentado na Lei n. 11.101/2005, ajuizado pela BRAZIL METALS LTDA, com sede nesta Comarca, e KUPFER CD SÃO PAULO LTDA, com sede no Estado de São Paulo, em formação de litisconsórcio ativo, aduzindo serem integrantes do mesmo grupo econômico, tendo como principal estabelecimento aquele localizado em Camaçari/BA, em nome da primeira requerente, razão pela qual pugnam pelo processamento deste pedido nesta Comarca.”, concluindo a fiscalização tratarse do mesmo grupo econômico. (grifos não constam do original). Nos termos da Lei n. 8.137, de 1990, em vista da constatação, em tese, de crime contra a ordem tributária, informa a autoridade fiscal ainda a Fl. 496DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 497 4 formalização de representação fiscal para fins penais, do que também resultou a qualificação da multa levada a efeito. A fiscalização imputou responsabilidade solidária ao Gerente Geral, Sr. Glauber Marçal da Silva Rizzi, CPF: 250.108.19864 com base no art. 124, II, e no art. 135, III, do CTN. Cientificada da autuação em 26/01/2016, a empresa apresentou impugnação tempestiva, através de representantes legalmente constituídos, fls. 336/384, cujos argumentos, após relato dos fatos, estão a seguir sintetizados: Preliminarmente, pugna pela nulidade da autuação, sob a argüição de que as conclusões do Sr. Auditor Fiscal não passam de alegações sem fundamento, que não foram infirmadas por qualquer elemento probatório; que a presente autuação só se sustenta com base em frágeis presunções, sendo o presente lançamento nulo de pleno direito; que o procedimento adotado pela Autoridade Fiscal ofende, frontalmente, os princípios do contraditório, da ampla defesa e da verdade material. No mérito, alega, que: O IPI destacado nas notas fiscais emitidas pelos seus fornecedores (Metalgear Crystal e Kupfer) foi efetivamente cobrado, através da sua inclusão no valor total dos documentos fiscais. Desse modo, e com base no princípio da não cumulatividade, se apropriou dos créditos decorrentes do imposto cobrado nas operações anteriores. Na medida em que os fornecedores Metalgear e Kupfer destacaram o IPI nas notas fiscais de venda da matériaprima classificada na posição fiscal NCM n° 7408.11.00 e cobraram o respectivo valor da Impugnante, surgiu para a Impugnante o inequívoco direito ao creditamento. Obstar a apropriação de créditos pela Impugnante significa instituir a cumulatividade do IPI em total afronta ao quanto disposto na Constituição Federal. Os fornecedores Metalgear e Kupfer realizaram atos jurídicos perfeitos com a Impugnante, efetuando a entrega das mercadorias comercializadas e recebendo o respectivo pagamento, ao passo que a Impugnante efetuou o pagamento dessas mercadorias. Agiu com boafé no desenvolvimento de seus negócios, de modo que não lhe cabe ser transferido o ônus do tributo eventualmente nãorecolhido por terceiros. Além disso, não há qualquer prova nesses autos que demonstrem o efetivo não recolhimento do IPI pelas empresas fornecedoras da Impugnante quando do recebimento dessas mercadorias da Metalgear Ferragens e CFL. Nenhuma relação tem com as operações realizadas pelos seus fornecedores e em nada contribuiu para a suposta sonegação de impostos ou fraude ao Fisco, e não pode ser penalizada por eventuais irregularidades praticadas única e exclusivamente por terceiros, tendo em vista a legitimidade de sua conduta. Não há nos autos nenhuma prova, ou mesmo indício de que a Impugnante teria agido com dolo, fraude ou em conluio com terceiros, com o intuito de fraudar o Fisco, muito pelo contrário, as provas só demonstram a sua boafé e a regularidade de suas operações. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 498 5 Observou todas as normas pertinentes, não cometendo qualquer infração à legislação do imposto. E mais, nem mesmo o Sr. Agente Fiscal, após todo o procedimento de fiscalização, conseguiu comprovar qualquer irregularidade nas suas operações, motivo pelo qual não resta dúvida de que a lavratura do presente auto de infração se deu, exclusivamente, com base em presunções e em infrações supostamente praticadas por terceiros. A imposição de auto de infração e aplicação das respectivas sanções depende de prova da ocorrência da infração e de sua autoria, mormente em casos como o presente, em que se pretende imputar uma conduta dolosa à Impugnante. Nesses casos, o ônus da prova cabe exclusivamente à Fiscalização. No presente caso o Sr. Auditor Fiscal não conseguiu evidenciar qualquer irregularidade nas operações realizadas pela Impugnante, não é possível que lhe seja atribuída a responsabilidade pelo pagamento do imposto supostamente recolhido a menor, bem como de qualquer penalidade decorrente da suposta infração. Em razão da ausência de nexo causal entre a conduta da Impugnante e a suposta infração cometida, devese atentar para o fato de que não há, no presente caso, como o Fisco alegar a aplicação da responsabilidade da Impugnante com base na regra geral estabelecida pelo artigo 136 do Código Tributário Nacional. Deve, portanto, ser considerado que, se verdadeiro o afirmado no auto de infração ora impugnado, em nenhum momento, antes, durante ou depois da prática das operações objeto da autuação, a Impugnante teve conhecimento de qualquer espécie de fraude, tampouco teve a intenção de lesar o erário e menos ainda, praticou atos que contribuíssem para a sua consumação. Não tendo restado provado, portanto, qualquer conduta dolosa por parte da Impugnante, não é possível manter o presente lançamento, motivo pelo qual ele deve ser prontamente anulado. Demonstrada a legitimidade das operações praticadas pela Impugnante e, principalmente, do total descabimento da tese criada pelo Sr. Agente Fiscal para tentar dar suporte ao lançamento de ofício ora atacado, cabe analisar, a improcedência da imputação da multa qualificada e da suposta prática de crime contra a ordem tributária por parte da Impugnante. O Sr. Agente Fiscal considerou aplicável a multa qualificada no percentual de 150%, em razão do equivocado entendimento de que houve conduta fraudulenta e em conluio com terceiros, com o intuito de lesar o Fisco, por parte da Impugnante. Não restou caracterizada nos autos a ocorrência de fraude ou conluio por parte da Impugnante, razão pela qual as alegações da Fiscalização são completamente infundadas. Conforme minuciosamente demonstrado na presente defesa, a Fiscalização simplesmente presumiu que a Impugnante praticou atos fraudulentos e agiu em conluio com outras empresas, sem juntar aos autos qualquer elemento probatório. O lançamento fiscal em exame é proveniente da desconsideração, por completo, dos negócios jurídicos efetivamente realizados pela Impugnante, Fl. 498DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 499 6 com base em meras presunções e suposições, visando fins exclusivamente arrecadatórios. A aplicação da multa qualificada pressupõe a comprovação do evidente intuito de fraude ou do conluio, o que efetivamente não foi realizado pela Fiscalização, a qual alegou, apenas e tão somente, a ocorrência de "transação premeditada com o objetivo de criar um crédito fictício, no caso o IPI destacado nas notas fiscais, referente a venda de produtos com alíquota zero". A fraude e o conluio não se presumem e não se provam por meio de indícios. A Fiscalização deve efetivamente comprovar a prática dessas infrações, sob pena de infringirse todo o fim pretendido pelo legislador ao dispor sobre a interpretação e a integração da legislação tributária, constante nos artigos 107 a 112 do Código Tributário Nacional. Age com dolo todo aquele que tem o ânimo de prejudicar ou fraudar alguém: todo aquele que intencionalmente adota uma conduta com o objetivo de fraudar. O que distingue os institutos viciantes dos negócios jurídicos é que: (i) no erro a circunstância que acarreta o vício é espontânea, (ii) no dolo o vício é provocado, é praticado intencionalmente pela parte, o que notadamente não ocorreu no caso em tela pela Impugnante. Conforme claramente demonstrado, uma vez que, no presente caso, não restou evidenciado que houve intuito (dolo) de fraude ou conluio nas operações praticadas pela Impugnante, a multa de 150% deve ser afastada. No presente caso, pela simples análise do Relatório Fiscal, verificase a clara falta de evidenciação do dolo, omissão fiscal que não pode ser admitida por esta C. Turma Julgadora, haja vista que sua demonstração é uma obrigação/ônus que cabe à Fiscalização, a fim de que possa aplicar a severa multa de 150%. Evidente, portanto, a ausência de conluio ou atos fraudulentos praticados pela Impugnante, o que torna imperiosa a necessidade de cancelamento, por esta C. Turma Julgadora, da multa agravada lançada na autuação ora combatida. Não bastassem os argumentos acima serem mais que suficientes para o cancelamento da multa, há que se mencionar, ainda, que a multa de ofício aplicada tem caráter confiscatório, não devendo prevalecer. Como decorrência dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, é imperioso que nos processos administrativos seja adotado critério da vedação da aplicação de multas em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. Notória a ausência de proporcionalidade e razoabilidade da multa de ofício aplicada no percentual de 150% do valor dos créditos glosados por meio do presente processo administrativo, sendo flagrante o seu caráter confiscatório e a impossibilidade de sua manutenção por esta D. D RJ. Assim sendo, também pelo caráter confiscatório da multa imposta à Impugnante, que não praticou qualquer irregularidade fiscal, deve ser cancelada a multa de ofício aplicada, ou ao menos reduzida para 75% do valor do tributo devido. Fl. 499DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 500 7 Ainda que se entenda pela manutenção da presente autuação, o que se alega a título meramente argumentativo, é certo que os juros calculados com base na taxa SELIC não poderão ser exigidos sobre a multa lançada nesse processo, por absoluta ausência de previsão legal. De fato, o artigo 13 da Lei n° 9.065/95, que prevê a cobrança dos juros de mora com base na taxa SELIC, remete ao artigo 84 da Lei n° 8.981/95, que, por sua vez, estabelece a cobrança de tais acréscimos apenas sobre tributos. Caso não sejam acolhidos os demais argumentos aduzidos na presente Impugnação, o que se admite apenas a título argumentativo, a Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora determine expressamente o cancelamento dos juros de mora, calculados com base na taxa SELIC, sobre a multa de ofício lançada no auto de infração originário do presente processo administrativo. Da Impugnação de Gláuber Marçal da Silva Rizzi Cientificado da autuação, o Sr. Gláuber Marçal da Silva Rizzi, apresenta impugnação tempestiva, fls. 275/317, através de representantes legalmente constituídos, na qual alegam: Preliminarmente, nulidade do Termo de Responsabilidade Tributária, por falta de motivação, sob o fundamento de que a simples citação e transcrição dos artigos 124, II e 135, III do CTN, sem qualquer descrição/individualização do fato efetivamente praticado pelo devedor solidário, ora Impugnante, demonstra a efetiva falta de motivação ao ato administrativo em questão e a necessidade de seu cancelamento. Dizem que por uma simples análise do Termo de Verificação Fiscal é possível verificar a cristalina nulidade que macula o presente auto de infração, já que se verificam diversas acusações sem lastro em provas e sem a efetiva demonstração de que o Impugnante e a Brascabos agiram de forma a infringir qualquer normativo legal. No mérito dizem: A prática de atos que tenham resultado em infração à legislação tributária e inclusão do Impugnante na sujeição passiva do presente AI, devem ser cabalmente demonstradas, de modo a autorizar legalmente referida extensão da responsabilidade tributária que originalmente compete unicamente ao sujeito direto da relação jurídicotributária, o que não foi feito pela Autoridade Fiscal. A Autoridade Fiscal também não aponta no demonstrativo de responsáveis tributários qual seria o "excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto" que sustentaria a solidariedade/responsabilidade. Portanto, carente de demonstração da participação do Impugnante na realização de atos que supostamente caracterizariam a sua solidariedade/responsabilidade pelo crédito tributário formalizado em face da Brascabos, a sujeição passiva em análise não se sustenta, devendo ser cancelada de plano por esta E. Turma Julgadora. Ainda que se entenda que a responsabilidade atribuída ao Impugnante, com base no artigo 135 do CTN, esteja devidamente motivada, o que se alega a Fl. 500DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 501 8 título argumentativo, é certo que, em nenhum momento a Fiscalização demonstrou no Termo de Responsabilidade Tributária ou no Relatório Fiscal os tais atos praticados com dolo pelo Impugnante, elemento indispensável para a aplicação da responsabilidade solidária prevista no artigo 135 do CTN. Aliás, tal demonstração jamais poderia ter sido feita, na medida em que nunca existiu dolo. Se não houve, no presente caso, a comprovação do dolo por parte do Impugnante, impossível se faz a aplicação da responsabilidade tributária nos termos do artigo 135 do CTN. A suposta responsabilidade solidária do Impugnante está lastreada em mera presunção, o que é absolutamente inadmissível e insuficiente para a aplicação dos artigos 124 e 135 do CTN ao presente caso, uma vez que o simples fato de o Impugnante figurar como administrador da companhia não retrata, por si só, que qualquer ato doloso justifique e balize a arbitrária solidariedade ora combatida. Tendo em vista a ausência de comprovação do dolo necessário para a aplicação da solidariedade prevista no artigo 135 do CTN, requerse o cancelamento do Termo de Responsabilidade Tributária lavrado em face do Impugnante. A responsabilização solidária também se afigura inoportuna pelo fato de não terem sido preenchidos os requisitos versados no caput do mencionado artigo 135 do CTN (excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos), conforme se passa a demonstrar. A Fiscalização apenas cita no Demonstrativo de Responsáveis Tributários que o crédito tributário constituído em face da Brascabos Componentes Elétricos e Eletrônicos Ltda. seria atribuível ao Impugnante com fundamento no artigo 135 do CTN, ou seja, em razão de atos praticados por "Excesso de Poderes, Infração de Lei, Contrato Social ou Estatuto". A Fiscalização esquivouse de identificar e comprovar quais teriam sido os atos praticados por este com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, se limitando a atribuir referida responsabilidade solidária mencionando apenas o artigo 135 do CTN. Houve notório equívoco ao estender ao Impugnante, uma "responsabilidade tributária" com base no artigo 124, inciso II, do CTN, que trata de "solidariedade" e somente pode ser aventado nos casos em que o sujeito passivo incorre na prática do fato gerador como contribuinte da obrigação tributária. Por esta razão, a solidariedade deve ser prontamente afastada por esta Turma Julgadora. É manifesta a impossibilidade de se enquadrar a Impugnante como responsável solidária com base no artigo 124, II, e, ao mesmo tempo, no artigo 135, III, ambos do CTN, sendo que tratamse de fundamentações que não se tocam e não coexistem em harmonia. E não é outra a posição defendida pelo E. STJ, que preconiza a diferenciação entre os dispositivos em apreço: enquanto o artigo 124 traz a solidariedade obrigacional, por outro lado, o artigo 135 aborda a ocorrência de uma infração. Fl. 501DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 502 9 Conforme decidido pelo E. CARF, a solidariedade prevista no artigo 124, II (atos lícitos) não pode ser confundida com as situações de que trata o artigo 135 do CTN (atos ilícitos). A fundamentação simultânea em ambos os artigos, para uma mesma situação fática, carece de lógica. A Fiscalização pretendeu, ainda que indiretamente, aplicar a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. Isso porque, o resultado pretendido pelo Fisco é a confusão entre o patrimônio da empresa e do administrador, o que não pode ser levado adiante. Para a aludida desconsideração da personalidade jurídica, é indispensável que sejam trazidas provas por parte da Autoridade Fiscal, o que não foi identificado no presente caso, em que a Fiscalização se limitou a imputar a sujeição passiva ao Impugnante, sem maiores explicações e sem a apresentação de qualquer prova que pudesse demonstrar sua participação em ato infracional. Muito pelo contrário, o Fisco trouxe apenas a menção aos artigos 124, II e 135, III do CTN como justificava para o enquadramento do Impugnante no polo passivo da autuação. Quanto à multa e os juros foram apresentados os mesmos argumentos constantes da impugnação da Brascabos. Por fim, dizem, ainda que o crédito tributário em questão fosse devido e passível de ser exigido da Impugnante na qualidade de responsável solidária, o que se alega apenas para argumentar, devese, ao menos, deve ser afastada a multa indevidamente imposta à Impugnante." A decisão de primeira instância, proferida em 30/08/2016 (fls. 454/464) foi pela procedência da impugnação, tendo acordado os membros da Terceira Turma da Delegacia da RFB de Julgamento em Belém/PA, por unanimidade de votos, julgar procedentes as impugnações, com a conseqüente exoneração do crédito tributário lançado e cancelamento do termo de responsabilidade tributária, em decisão cuja ementa abaixo transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/01/2011, 31/03/2011, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011, 30/11/2011, 31/12/2011, 31/01/2012, 29/02/2012 Ementa: ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. É descabida a alegação de nulidade do lançamento, quando não se verificam quaisquer das hipóteses que invalidam o referido ato. CRÉDITO. ALÍQUOTA A MAIOR. Ao adquirir os insumos com alíquota majorada, a impugnante arcou integralmente com o imposto, sendolhe permitido, pela sistemática da não cumulatividade, creditarse desse valor na determinação do IPI devido ao final do período de apuração. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Fl. 502DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 503 10 Por força de recurso necessário, o crédito exonerado de R$531.472,52 (IPI), somados encargos de multa (75%) [R$797.208,74] e acréscimos legais, nos termos do art. 34, do PAF Decreto nº 70.235/72, com as alterações da Lei nº 9.532/97, e Portaria MF nº 03, de 03/01/2008, alterada pela Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, foi submetido à apreciação do CARF e distribuído à mim, por sorteio, realizado em 27/07/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida Cuidase de recurso de ofício, onde o valor desonerado superava o valor de alçada, à época do julgamento de 1ª instância, atendendo os requisitos para sua interposição. Porém, nos termos da Súmula CARF n° 103, a sua admissibilidade deve ser atestada no momento do julgamento em 2ª instância, razão pela qual dele não se pode conhecer. Súmula CARF nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância." Acontece que entre a data de interposição do recurso de oficio e sua apreciação em segunda instância, o valor do limite de alçada foi alterado de R$1.000.000,00 (Portaria MF nº 03/08), para R$2.500.000,00 (Portaria MF nº 63/17), somados tributos e encargos de multas, na redação do art. 34, do PAF Decreto nº 70.235/72, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.532/97, e Portaria MF nº 03/08, alterada pela Portaria MF nº 63/17. Decreto nº 70.235/72: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: (...) I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. [grifei] Portaria MF nº 63/17: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). [grifei] Fl. 503DF CARF MF Processo nº 13888.720161/201601 Acórdão n.º 3401003.994 S3C4T1 Fl. 504 11 Considerando que o crédito exonerado foi no valor total de R$1.328.681,26, somados tributos [R$531.472,52 (IPI)] e encargos de multas [R$797.208,74 (150%)], constata se que o mesmo não atinge o atual limite de alçada de R$2.500.000,00 (Portaria MF nº 63/17), para fins de conhecimento. Assim, voto por não conhecer do recurso de ofício. Fenelon Moscoso de Almeida Relator Fl. 504DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.907917/2009-41
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que a unidade fiscal de origem analise os documentos acostados na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a confirmar a existência do alegado indébito.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que a unidade fiscal de origem analise os documentos acostados na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a confirmar a existência do alegado indébito. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. RELATÓRIO Cuidase de recurso voluntário (fls. 114 a 124) interposto contra o Acórdão 14 56.764, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP DRJ/RPO, cujo julgamento ocorreu na sessão realizada em 25.02.2015 (fls. 107 a 110), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Da matéria O presente processo trata de pedido de restituição cumulado com compensação de créditos de IPI, código da receita 5123, relativos ao período de apuração de 30.04.2005, com débitos de IRPJ, código da receita 236201 demais PJ obrigadas ao lucro real/estimativa RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 07 91 7/ 20 09 -4 1 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 316 2 mensal, relativos ao período de apuração de janeiro de 2005, objeto da PER/DCOMP 09262.56375.310805.1.3.045123, transmitida em 31.08.2005. Dos fatos Por bem descrever os fatos e com vista a elucidação do caso e em respeito à economia processual, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo: Trata o presente de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório que não homologou a compensação do débito declarado, por falta de direito creditório contra a Fazenda Nacional, em razão de constar nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte. Tempestivamente o interessado manifestou sua inconformidade alegando que efetuou o recolhimento indevido indicado no DARF e que, após ciência do Despacho Denegatório corrigiu a DCTF, assim, requer o reconhecimento do direito creditório e a homologação da compensação. Da decisão de 1ª instância A 2ª Turma da DRJ/RPO, ao considerar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou citado acórdão, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 13/05/2005 RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da ciência O contribuinte, segundo a "Intimação/Ciência SEORT/DRF/CTA nº 068/2016", acompanhada do Aviso de Recebimento AR CDDRebouças DR/PR (fls. 111/112), tomou conhecimento do teor do acórdão recorrido em 17.06.2016. Irresignado com a decisão da DRJ/RPO, conforme o "Termo de Análise de Solicitação de Juntada" de fl. 283, o recorrente registra a solicitação da juntada do recurso voluntário e de demais documentos em 14.07.2016, às 08:33:19hs. Do recurso voluntário No recurso voluntário em questão, depois de contextualizar os fatos inerentes ao presente processo, aduz, em síntese, que: Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 317 3 1 no "processo administrativo fiscal tanto o contribuinte quanto o fisco têm os seus direitos e deveres prescritos. Entre os deveres, o fisco tem o de investigar e o contribuinte o de colaborar, ambos com um único escopo: propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos, isso, evidentemente, sem prejuízo de todas as garantias inerentes à ampla defesa e ao due processo of law"; 2 é "inquestionável o poder da autoridade julgadora administrativa com relação à dilação probatória na esfera administrativa que o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes prescreve, no § 3º do art. 18, a possibilidade de o relator do processo propor diligências; enquanto que o § 6º, do art. 17, do Regimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, confere ao relator a faculdade de solicitar mais esclarecimentos"; 3 "no citado § 6º, do art. 17, do Regimento da Câmara Superior, está expressamente previsto que com as razões de recurso ou contrarazões pode a parte solicitar diligências. Em outras palavras, até com o recurso à Câmara Superior é facultado a parte produzir prova. Vêse pois a intensa vinculação do princípio do informalismo e da verdade material na formação do litígio administrativo"; 4 "apresentado o documento, sanada está a eventual regularidade, alcançando se a finalidade almejada que é a busca da verdade real e o julgamento justo"; 5 "mesmo que a Recorrida tivesse apresentado a documentação a destempo o que, efetivamente, não o fez o julgador não poderia ferir o princípio da instrumentalidade processual, 11 prendendose a um rigor ou formalismo processual sem causa, em detrimento ao alcance da verdadeira Justiça". Por fim, requer seja declarado o provimento integral do presente recurso voluntário, para fins de julgar improcedente o débito fiscal reclamado. Do encaminhamento O processo digital, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. É o relatório. VOTO Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da admissibilidade Compulsando as datas antes referenciadas e cotejando com a legislação de regência, concluise que o recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Do voto condutor do acórdão recorrido Do voto condutor do acórdão recorrido colhese: (...) Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 318 4 Na presente lide constou, nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos, Regularmente cientificado, o interessado alega erro material. Segundo a manifestante erro teria ocorrido no preenchimento da DCTF que foi retificada, após o Despacho Denegatório. Contudo, a simples alteração na DCTF, mesmo que acompanhada da DIPJ, e folhas do Razão analítico e Diário, sem, ao menos, apresentar o Livro de Registro e Apuração do IPI, não atende ao disposto no art. 36 da Lei nº 9784/99, ou seja, a manifestação do interessado não traz qualquer prova ou indício que permita comprovar o alegado recolhimento indevido, o que justificaria uma eventual retificação da DCTF. (...) Não se pode olvidar que o processo administrativofiscal é informado pelo princípio da concentração das provas na contestação, ou seja, uma vez que não há a previsão para a realização de uma audiência de instrução, como ocorre no âmbito do processo civil, as provas de fato modificativo, impeditivo ou extintivo da pretensão fazendária e/ou as alegações pertinentes à defesa devem ser oferecidas pelo sujeito passivo na impugnação. (...) Destarte, na hipótese de solicitação administrativa, recai sobre o interessado o ônus de provar a pretensão deduzida, ao contrário do que acontece no âmbito do processo de exigência tributária, em que o ônus da prova das infrações tributárias cometidas pelo sujeito passivo incide sobre o ente tributante. Portanto, a manifestação de inconformidade, devem ser instruídos com todos os elementos hábeis a demonstrar o direito da requerente. Assim, por não restar provada a certeza e liquidez dos alegados créditos contra a Fazenda Nacional, voto que se julgue a manifestação como improcedente. Da proposta de diligência Conforme observase do voto condutor do acórdão recorrido, ao efetivar sua compensação, por intermédio de DCOMP, o interessado indicou como crédito a compensar, o constante de DARF relativo ao IPI do período de apuração de abril de 2005, no valor de R$ 11.253,67, mas que, entretanto, em consulta aos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse que o valor recolhido, referente ao citado DARF, encontravase inteiramente alocado para a quitação de outros débitos do sujeito passivo e, por conseguinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP, notadamente, em razão de o Colegiado a quo concluir que o contribuinte, ao apresentar sua manifestação de inconformidade, não a instruiu com todos os elementos hábeis a demonstrar o direito creditório pleiteado. Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 319 5 O contribuinte, em sua manifestação de inconformidade afirma que "devido a erro de preenchimento da DCTF (...), onde a empresa informou como débito total o valor de R$ 11.253,67 (...) referende ao Débito de IPI do mês de Abril desse mesmo ano, enquanto o valor apurado foi de R$ 6.027, 56 (...), gerouse um pequeno equívoco na constatação da existência do crédito", e que "constatado o erro de preenchimento em sua DCTF, procedemos a retificação da mesma a qual gerou o recibo de entrega nº 12.67.79.26.7273"; logo, "conforme se pode observar, a inexistência do crédito apontada (...) se deu apenas pelo erro cometido pela empresa no preenchimento de sua DCTF referente ao 1º Semestre de 2005". Não obstante o contribuinte, além de reconhecer o evidenciado equivoco e de ter apresentado juntamente com sua manifestação de inconformidade, a cópia da DCTF retificadora do período de apuração em questão e do PER/DCOMP, verdade é que com a apresentação do recurso voluntário de que se cuida, o recorrente colaciona as cópias: do livro Registro de Apuração do IPI, Modelo 8, do anocalendário de 2005 (fls. 125 a 151), da PER/DCOMP 09262.56375.310805.1.3.045123, transmitida em 31.08.2005, acompanhada dos respectivos DARF e comprovante de recolhimento bancário (fls. 152 a 160), da DCTF/SEMESTRAL 100.0000.2010.2080235820 referente ao 1º Semestre de 2005 Número do Recibo 41.72.69.01.9197, recepcionada e processada em 30.08.2010 (fls. 161 a 276), do Despacho Decisório Nº de Rastreamento 861818943, emitido em 19.04.2010 (fl. 282). Desta forma, entendo que a mencionada retificação, levada a efeito pelo recorrente e em face dos novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário, sinaliza com a possibilidade de acerto quanto ao correto valor do indébito de IPI e, com isto, o reconhecimento da extinção do débito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso II do artigo 156 do CTN. É neste sentido que determina o parágrafo 2º do artigo 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio contribuinte, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de oficio pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Da conclusão Em face do exposto, e do possível erro quando do registro dos fatos contábeis na sua escrituração, com reflexo no preenchimento da DCTF, que, ao menos em tese, deveriam ser sanados de ofício, mediante a confirmação da aludida DCTF, mas que não se observa a manifestação conclusiva da autoridade fiscal competente para se pronunciar sobre referido documento DCTF retificadora e tendo em vista verossimilhança das alegações do contribuinte e em homenagem aos princípios da formalidade moderada e da verdade real, que, nas circunstâncias observadas nestes autos, devem nortear o processo administrativo fiscal de modo a evitar eventual enriquecimento sem causa por parte do fisco, em consonância, Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 320 6 inclusive, com os termos do recente Acórdão 9303005.096, da 3ª Turma da CSRF, proponho converter o julgamento do presente recurso em diligência a fim de que a autoridade preparadora da unidade fiscal de origem analise os documentos acostados à manifestação de inconformidade e ao recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a não só confirmar a existência do indébito alegado, mas, sobretudo, para demonstrar o acerto quanto à apresentação da DCTF retificadora. Posteriormente, a autoridade incumbida da diligência deverá elaborar relatório, pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo na PER/DCOMP apresentada. Na sequência o contribuinte deverá ser intimado para que, no prazo regulamentar, caso entenda conveniente, adite seu recurso voluntário, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, devolvamse os autos para este CARF, para julgamento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 320DF CARF MF
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