Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 10480.905171/2010-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA.
A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN.
A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.688
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10480.905171/2010-13
anomes_publicacao_s : 201711
conteudo_id_s : 5805239
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.688
nome_arquivo_s : Decisao_10480905171201013.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10480905171201013_5805239.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
id : 7042937
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:10:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734498746368
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1595; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10480.905171/201013 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303005.688 – 3ª Turma Sessão de 19 de setembro de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO ALEGADO. Recorrente ENGEFIELDS EMPREENDIMENTOS E SERVICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 51 71 /2 01 0- 13 Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10480.905171/201013 Acórdão n.º 9303005.688 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802001.348, de 23/10/2012, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/01/2003 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido de que a apresentação de informações da DIPJ poderiam ser confirmadas em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal e que seriam suficientes para comprovar o direito creditório. Alega divergência com relação ao que decidido no Acórdão nº 110100.517. O recurso foi admitido por intermédio de despacho de admissibilidade do Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.684, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 10480.906054/201069, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10480.905171/201013 Acórdão n.º 9303005.688 CSRFT3 Fl. 4 3 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.684): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Conforme assentado no exame de sua admissibilidade, o acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não juntou ao processo, que versa sobre a restituição da Cofins cumulada com a compensação de débito próprio, a documentação contábil ou fiscal capaz de confirmar o direito vindicado, mas apenas as DACON original e retificadora e a ficha 25 da DIPJ, informações que a Câmara baixa considerou insuficientes para a sua comprovação (afirmouse que deveriam ter sido apresentados os Livros Razão e Diário, nos quais estariam os lançamentos que alicerçavam as correções propostas e, portanto, embasariam o pedido). Já no acórdão paradigma, em situação semelhante (tratouse de pedido de restituição de IRPJ, para o qual retificada a DIPJ, mas não retificada a DCTF correspondente), outra Turma da Primeira Seção entendeu que a autoridade administrativa não podia ter limitado sua análise às informações prestadas na DCTF, se presentes evidências, nos bancos de dados da Receita Federal, de que outro seria o valor do tributo devido no período apontado na PER/DCOMP, considerandose, especialmente, a apresentação de DIPJ retificadora, na qual constaria não apenas o valor do tributo devido, como também a demonstração da apuração das bases de cálculo mensais, trimestrais ou anuais da pessoa jurídica, conforme a sistemática de tributação adotada. Como se vê, a divergência é manifesta. E, a nosso juízo, deve ser solucionada em desfavor da tese encartada no recurso especial. Em casos semelhantes, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, tal como preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Todavia, no caso em exame, em vez de acostar aos autos, na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição, a Recorrente permaneceu insistindo na mesma tese: a de que bastaria à sua comprovação a retificação da DIPJ e as informações já registradas nos sistemas da RFB. Percebase que aqui não se está afastando a possibilidade de a Recorrente, inaugurado o Contencioso Administrativo, vir a apresentálos, mas apenas ressaltando a sua insistência em não apresentálos, quando não era dela, a Recorrente, a competência para decidir o pedido, mas era dela, sim, a de comprovar o seu direito. Se os tivesse apresentado e estes não fossem considerados na decisão recorrida, a solução aqui poderia ser outra, a depender, evidentemente, do motivo levantado para a desconsideração dos livros e documentos na solução do litígio. Não é caso, porém. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10480.905171/201013 Acórdão n.º 9303005.688 CSRFT3 Fl. 5 4 Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a Contribuinte também não juntou aos autos, "na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000318/2010-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.117
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº: 10552.000174/2007-64, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15586.000318/2010-12
anomes_publicacao_s : 201712
conteudo_id_s : 5805765
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-006.117
nome_arquivo_s : Decisao_15586000318201012.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
nome_arquivo_pdf_s : 15586000318201012_5805765.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº: 10552.000174/2007-64, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
dt_sessao_tdt : Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
id : 7052438
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:10:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734514475008
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2045; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15586.000318/201012 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.117 – 2ª Turma Sessão de 25 de outubro de 2017 Matéria CSP RETROATIVIDADE BENIGNA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SP BRASIL LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº: 10552.000174/200764, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 03 18 /2 01 0- 12 Fl. 257DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 3 2 Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, tendo por paradigma o processo n° 10552.000174/200764. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões onde pugna pela manutenção da decisão recorrida, que , em seu entendimento reflete a melhor interpretação jurídica quanto à aplicação do art. 106, II, "c" ao caso sob análise. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202006.065, de 25/10/2017, proferido no julgamento do processo 10552.000174/200764, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202006.065): Quanto ao conhecimento Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Quanto ao mérito O presente tema, objeto do presente julgamento repetitivo de recursos, tem entendimento já pacificado no âmbito desta Turma da CSRF, o qual é brilhantemente delineado pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no âmbito do Acórdão 920205.782, de 26 de setembro de 2017, e, assim, adotase Fl. 258DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 4 3 excerto do teor do voto condutor daquele Acórdão, a seguir transcrito, como razões de decidir, verbis: (...) Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): "Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 6 5 Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: Fl. 261DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 7 6 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada Fl. 262DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 8 7 competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor da multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente."(grifos não presentes no original) Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: (...) Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. (grifos não presentes no original). (...)" Fl. 263DF CARF MF Processo nº 15586.000318/201012 Acórdão n.º 9202006.117 CSRFT2 Fl. 9 8 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Em face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, dar lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 264DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.002184/2009-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
Ementa:
INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS.
A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. EMBALAGEM DE TRANSPORTE.
No âmbito do regime não cumulativo, independentemente de serem de apresentação ou de transporte, os materiais de embalagens utilizados no processo produtivo, com a finalidade de deixar o produto em condições de ser estocado e comercializado, são considerados insumos de produção e, nessa condição, geram créditos básicos da referida contribuição.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO.
As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DE INSUMOS.
Os custos com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte para o transporte de insumos a serem utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
CRÉDITO DE FRETES. AQUISIÇÃO PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO.
Os custos com fretes sobre a aquisição de produtos tributados à alíquota zero, geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3302-004.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acatar a preliminar de erro material e rejeitar a preliminar de tarifação de provas e ofensa ao princípio da verdade material e ampla defesa.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito na aquisição da amônia, combustíveis e lubrificantes, peças de reposição, produtos de conservação e limpeza; em reconhecer o direito de crédito na aquisição de embalagem de transporte, o direito de crédito da planilha 5.a, exceto sobre serviços de manutenção na ETE, levantamento topográfico, elaboração de projetos, treinamentos, serviços de manutenção de câmara fria para armazenagem de produtos acabados, serviços de instalações elétricas, montagens, construção de muro, instalação de poço artesiano; para reconhecer o direito ao crédito na aquisição de fretes sobre venda de produto acabado (VENDA PROD. ACABADO), frete sobre venda de produto agropecuário (VENDA PROD. AGROP.), frete sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero, frete sobre de transferência de leite "in natura" dos postos de coleta até os estabelecimentos industriais e entre postos de coleta (TRANSFERÊNCIA PC E PC-PC), fretes na remessa e retorno de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados (REMESSA ANÁLISE E RETORNO ANÁLISE), remessa e retorno para conserto para manutenção dos bens de produção (REMESSA CONSERTO E RETORNO CONSERTO), COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf" ou simplesmente sem descrição do produto adquirido; para reverter a glosa sobre os encargos de depreciação do imobilizado, exceto em relação à EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999-ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL-3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17 G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM NF-312-MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP, CARREGADOR DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM.
Vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte, sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero e sobre a despesa de depreciação da plastificadora.
Vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte e sobre a despesa de depreciação da plastificadora.
Vencido o Conselheiro Walker Araújo que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE.
Vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que mantinha a glosa sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero.
Vencida a Conselheira Lenisa R. Prado que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE e as glosas em relação aos fretes sobre a transferência entre os Centros de Distribuição (TRANSFERÊNCIA CD), produto acabado (TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO), transferência do produto agropecuário para revenda (TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA).
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
José Renato Pereira de Deus - Relator.
EDITADO EM: 20/11/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 Ementa: INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. No âmbito do regime não cumulativo, independentemente de serem de apresentação ou de transporte, os materiais de embalagens utilizados no processo produtivo, com a finalidade de deixar o produto em condições de ser estocado e comercializado, são considerados insumos de produção e, nessa condição, geram créditos básicos da referida contribuição. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DE INSUMOS. Os custos com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte para o transporte de insumos a serem utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. CRÉDITO DE FRETES. AQUISIÇÃO PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. Os custos com fretes sobre a aquisição de produtos tributados à alíquota zero, geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10925.002184/2009-11
anomes_publicacao_s : 201711
conteudo_id_s : 5804804
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-004.884
nome_arquivo_s : Decisao_10925002184200911.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JOSE RENATO PEREIRA DE DEUS
nome_arquivo_pdf_s : 10925002184200911_5804804.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acatar a preliminar de erro material e rejeitar a preliminar de tarifação de provas e ofensa ao princípio da verdade material e ampla defesa. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito na aquisição da amônia, combustíveis e lubrificantes, peças de reposição, produtos de conservação e limpeza; em reconhecer o direito de crédito na aquisição de embalagem de transporte, o direito de crédito da planilha 5.a, exceto sobre serviços de manutenção na ETE, levantamento topográfico, elaboração de projetos, treinamentos, serviços de manutenção de câmara fria para armazenagem de produtos acabados, serviços de instalações elétricas, montagens, construção de muro, instalação de poço artesiano; para reconhecer o direito ao crédito na aquisição de fretes sobre venda de produto acabado (VENDA PROD. ACABADO), frete sobre venda de produto agropecuário (VENDA PROD. AGROP.), frete sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero, frete sobre de transferência de leite "in natura" dos postos de coleta até os estabelecimentos industriais e entre postos de coleta (TRANSFERÊNCIA PC E PC-PC), fretes na remessa e retorno de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados (REMESSA ANÁLISE E RETORNO ANÁLISE), remessa e retorno para conserto para manutenção dos bens de produção (REMESSA CONSERTO E RETORNO CONSERTO), COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf" ou simplesmente sem descrição do produto adquirido; para reverter a glosa sobre os encargos de depreciação do imobilizado, exceto em relação à EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999-ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL-3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17 G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM NF-312-MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP, CARREGADOR DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM. Vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte, sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencido o Conselheiro Walker Araújo que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE. Vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que mantinha a glosa sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero. Vencida a Conselheira Lenisa R. Prado que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE e as glosas em relação aos fretes sobre a transferência entre os Centros de Distribuição (TRANSFERÊNCIA CD), produto acabado (TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO), transferência do produto agropecuário para revenda (TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA). Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. José Renato Pereira de Deus - Relator. EDITADO EM: 20/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
id : 7035584
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:10:08 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734535446528
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 32; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1913; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.002184/200911 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.884 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2017 Matéria COFINS Recorrente LACTICINIOS TIROL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 Ementa: INSUMOS. DEFINIÇÃO. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. A expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente do contato direto com o produto em fabricação, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. No âmbito do regime não cumulativo, independentemente de serem de apresentação ou de transporte, os materiais de embalagens utilizados no processo produtivo, com a finalidade de deixar o produto em condições de ser estocado e comercializado, são considerados insumos de produção e, nessa condição, geram créditos básicos da referida contribuição. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 21 84 /2 00 9- 11 Fl. 2248DF CARF MF 2 As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados, posteriores à fase de produção, não geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. CRÉDITOS DE FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS DE INSUMOS. Os custos com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte para o transporte de insumos a serem utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. CRÉDITO DE FRETES. AQUISIÇÃO PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. Os custos com fretes sobre a aquisição de produtos tributados à alíquota zero, geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não cumulativos. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acatar a preliminar de erro material e rejeitar a preliminar de tarifação de provas e ofensa ao princípio da verdade material e ampla defesa. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito na aquisição da amônia, combustíveis e lubrificantes, peças de reposição, produtos de conservação e limpeza; em reconhecer o direito de crédito na aquisição de embalagem de transporte, o direito de crédito da planilha 5.a, exceto sobre serviços de manutenção na ETE, levantamento topográfico, elaboração de projetos, treinamentos, serviços de manutenção de câmara fria para armazenagem de produtos acabados, serviços de instalações elétricas, montagens, construção de muro, instalação de poço artesiano; para reconhecer o direito ao crédito na aquisição de fretes sobre venda de produto acabado (VENDA PROD. ACABADO), frete sobre venda de produto agropecuário (VENDA PROD. AGROP.), frete sobre aquisição de produtos tributados à alíquota zero, frete sobre de transferência de leite "in natura" dos postos de coleta até os estabelecimentos industriais e entre postos de coleta (TRANSFERÊNCIA PC E PCPC), fretes na remessa e retorno de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados (REMESSA ANÁLISE E RETORNO ANÁLISE), remessa e retorno para conserto para manutenção dos bens de produção (REMESSA CONSERTO E RETORNO CONSERTO), COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf" ou simplesmente sem descrição do produto adquirido; para reverter a glosa sobre os encargos de depreciação do imobilizado, exceto em relação à EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17 G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM Fl. 2249DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 3 3 NF312MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP, CARREGADOR DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM. Vencido o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte, sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencida a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar que mantinha a glosa sobre as embalagens de transporte e sobre a despesa de depreciação da plastificadora. Vencido o Conselheiro Walker Araújo que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE. Vencido o Conselheiro José Fernandes do Nascimento que mantinha a glosa sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero. Vencida a Conselheira Lenisa R. Prado que revertia a glosa dos créditos sobre serviços de manutenção na ETE e as glosas em relação aos fretes sobre a transferência entre os Centros de Distribuição (TRANSFERÊNCIA CD), produto acabado (TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO), transferência do produto agropecuário para revenda (TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA). Paulo Guilherme Déroulède Presidente. José Renato Pereira de Deus Relator. EDITADO EM: 20/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), José Fernandes do Nascimento, Walker Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Por bem retratar os fatos até o presente momento, reproduzse o relatório da resposta da DRJ à Resolução proferida por essa Turma, contudo à época com outra composição: Trata o presente processo do Pedido de Ressarcimento de Créditos da COFINS – Mercado Interno Não Tributado, no valor de R$ 3.351.232,94, apurados sob o regime da não cumulatividade, decorrentes das operações da interessada com o mercado interno em razão de vendas efetuadas com alíquota zero, não incidência, isenção, ou suspensão das contribuições que remanesceram ao final do 3º trimestre de 2007, após as deduções do valor a recolher da contribuição, concernentes as demais operações, conforme pedido (fls. 02 a 03). Fl. 2250DF CARF MF 4 Na apreciação do pedido, por meio do Termo de Verificação e Encerramento da Análise Fiscal (fls. 488 a 507) e do respectivo Despacho Decisório, o pedido foi reconhecido parcialmente no valor de R$ 1.783.769,76 e em conseqüência homologadas parcialmente as respectivas compensações. Inconformada a recorrente ingressou com Manifestação de Inconformidade (fls. 652 a 696) em relação ao indeferimento parcial do crédito pretendido. A DRJ/Florianópolis, conforme Acórdão 0723.185 – 4ª Turma da DRJ/FNS (fls. 1383 a 1423), por unanimidade de votos julgou procedente parcialmente a Manifestação de Inconformidade, alterando o montante do crédito reconhecido para R$ 1.841.012,95. Cientificada, ingressou com Recurso Voluntário (fls. 1425 a 1533). Em 21 de março de 2013, foi proferida a Resolução nº 3302 000.285 – 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (fls. 1547 a 1557), no sentido de converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator para: Neste contexto, o presente processo deve ser convertido em diligência para que seja oportunizada a Recorrente a prova do direito que busca relacionados a todas as glosas efetuadas, e em especial para que em relação: a) às embalagens de apresentação, junte planilha detalhada relativa as aquisições de embalagens e aponte sua destinação (apresentação ou transporte) com a respectiva demonstração; b) às peças e partes, traga discriminativo detalhado com a vinculação a sua utilização no processo industrial da Recorrente; c) aos combustíveis e lubrificantes, traga discriminativo detalhado com a vinculação a sua utilização no processo industrial da Recorrente; d) a aquisição de serviços, demonstrativo relacionando os serviços e sua aplicação nas atividades da Recorrente; e) aos fretes, elabore demonstrativo informando a utilização dos serviços de frete; Em todos os casos acima listados e em relação aos demais eventualmente não apontados, caberá a Recorrente disponibilizar a autoridade preparadora os documentos necessários à comprovação dos direitos pleiteados. Neste contexto, voto por converter por converter o julgamento do presente recurso em diligência, a fim de que a Fiscalização intime a Interessada a comprovar ou demonstrar as questões tratadas no presente processo. Caberá a Fiscalização lavrar termo de conclusão a respeito dos temas e demonstrativos apresentados na presente diligência, e outros mais que entendam necessários ao bom deslinde do processo, do qual dará ciência à Interessada para se manifestar. Fl. 2251DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 4 5 Mediante a Intimação Saort 360/2014 (fls. 1560/1561), de 04 de agosto de 2014, a recorrente foi intimada a atender as solicitações em referência. Em 03 de setembro de 2014, foram apresentados os esclarecimentos de fls. 1563 a 2047, além de arquivos digitais (arquivo não paginável), fls. 2048 e 2058. É o relatório. Em atendimento a determinação constante da Resolução retro mencionada, procedeuse a regular intimação da recorrente e a recepção do que foi apresentado. Assim, as informações ora apresentadas constituem mero relatório de conclusão da diligência estando assentada, apenas, no que contém os documentos digitais encaminhados, sem que tenha ocorrido o confronto ou cotejamento com os documentos originais constituídos por: notas fiscais, recibos, livros e documentos contábeis ou qualquer outro comprovante que pudesse dar suporte as informações registradas. Também não foram solicitadas notas fiscais, por amostragem, para confronto ou conferência com os dados registrados. Em resposta ao item 07 da Intimação a recorrente apresentou uma relação de todos os documentos, arquivos digitais, e memórias de cálculos solicitados, bem como de arquivos complementares, conforme planilha abaixo: Assunto ITEM da Arquivo Valor VALOR-R$ Intimação Sub-total R$ 2 Item 2 a) Relação das notas fiscais de aquisição de embalagens de apresentação.xls 1.991.420,56 Embalagens de apresentação 2 Item 2 b) Arquivo com as imagens fotográficas das embalagens de apresentação.pdf - 1.991.420,56 as e partes 3 Item 3 Peças e materiais de reposição aplicados na manutenção de máq. e equip..xls 1.041.017,06 1.041.017,06 Combustíveis e lubrificantes 4 Item 4 Relação dos combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo.xls 49.434,21 49.434,21 5 Item 5 a) Serviços utiliz. como insumos relac. diretamente com a produção.xls 429.366,63 5 Item 5 b) Demais serviços.xls 40.393,17 5 Item 5 c) Serviços cuja função não foi identificada.xls 15.889,74 os 5 Item 5 d) Demonstrativo com a utilização dos serviços de frete (Linha 03).xls 9.245.682,14 9.731.331,68 os de frete 6 Item 6 Demonstrativo com a utilização dos serviços de frete(Linha 07).xls 5.568.258,09 5.568.258,09 Relação dos documentos apre- sentados 7 Item 7 Relação dos documentos, arquivos digitais e memórias de cálculo apresentados.xls - Arquivos complementares Ativo imobilizado - Relação dos bens.xls 83.839,39 Ativo imobilizado - Arquivo com as imagens fotográficas dos bens.pdf - 83.839,39 Fluxo do Processo de Produção.pdf - Registros Fotográficos do Fluxo do Processo de Produção.pdf - Relatórios do SIGSIF.pdf - 15.432.863,37 O montante controverso, de acordo com o recurso voluntário, resumese aos valores relacionados abaixo: Descrição Valores Valores Linha 02 Bens utilizados como Insumos 3.655.934,59 Fl. 2252DF CARF MF 6 Embalagens de Apresentação 1.991.420,56 Embalagens de Transporte 384.053,55 Materiais de Reposição (Peças em geral) 1.041.017,06 Produtos de Conservação e Limpeza 207.359,15 Outros Insumos 32.084,27 Linha 03 Serviços utilizados como Insumos 9.689.005,96 Serviços 9.689.005,96 Linha 07 Despesas de Armazenagem e Frete na Oper. De Venda 6.153.507,21 Fretes 6.153.507,21 Linha 09 Encargos de Depreciação de bens do Ativo Imobilizado 83.839,39 Encargos de Depreciação de bens do Ativo Imobilizado 83.839,39 Linha 13 Outras Operações com Direito a Crédito 49.434,21 Combustíveis e Lubrificantes 49.434,21 TOTAL 19.631.721,36 As fls. 2232 e seguintes do processo veio a manifestação da recorrente sobre as conclusões da diligencia fiscal, onde, em apertada síntese, insurgiuse contra as decisões dos itens relacionados às embalagens de apresentação (3.1), material de reposição (3.2), serviços utilizados como insumos (3.3), despesa de armazenagem e frete na venda na operação de venda (3.4), bens do ativo imobilizado (3.5), e outras operações com direito a crédito (3.6). Juntado ao processo a manifestação acima mencionada, os autos foram distribuídos a esse Conselheiro para relatar. É o relatório. Voto Conselheiro José Renato Pereira de Deus Relator II. MÉRITO Quanto ao mérito, estamos diante de matéria já conhecida dessa E. Turma relacionada a caracterização de insumos utilizados na atividade desenvolvida pela recorrente. Peço vênia para transcrever abaixo o entendimento relacionado ao conceito de insumo para PIS e COFINS nãocumulativos, trazidos pelo i. Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, em processo em que a recorrente é parte, do qual adoto como razão de decidir, ressaltando que em alguns pontos analisados no presente caso esse relator diverge do entendimento esposado pelo Conselheiro Paulo Guilherme: Passando à análise dos pontos controvertidos, é necessário expor o entendimento sobre o conceito de insumos para o PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos. A nãocumulatividade das contribuições, embora estabelecida sem os parâmetros constitucionais relativos ao ICMS e IPI, foi operacionalizada mediante o confronto entre valores devidos a partir do auferimento de receitas e o desconto de créditos apurados em relação a determinados custos, encargos e despesas estabelecidos em lei. A apuração de créditos básicos foi dada pelos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, cujas atuais redações seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002: Fl. 2253DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 5 7 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de Fl. 2254DF CARF MF 8 limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; Fl. 2255DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 6 9 IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) A regulamentação da definição de insumo foi dada pelo artigo 66 da IN SRF nº 247/2002, e artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, de forma idêntica: Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep não cumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea " b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] Fl. 2256DF CARF MF 10 § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. A partir destas disposições, três correntes se formaram: a defendida pela Receita Federal, corroborada em julgamentos deste Conselho, que utiliza a definição de insumos da legislação do IPI, em especial dos Pareceres Normativos CST nº 181/1974 e nº 65/1979. Uma segunda corrente que defende que o conceito de insumos equivaleria aos custos e despesas necessários à obtenção da receita, em similaridade com os custos e despesas dedutíveis para o IRPJ, dispostos nos artigos 289, 290, 291 e 299 do RIR/99. Por fim, uma terceira corrente, defende, com variações, um meio termo, ou seja, que a definição de insumos não se restringe à definição dada pela legislação do IPI e nem deve ser tão abrangente quanto a legislação do imposto de renda. Constatase também que há divergência no STJ sobre o tema, tendo a matéria sido afetada como recurso repetitivo no REsp 1.221.170/PR. Assim, verificase que no REsp 1.246.317MG, de relatoria do Ministro Mauro Campbell, decidiuse pela ilegalidade parcial do artigo 66º da IN SRF nº 247/2002 e do artigo 8º da IN SRF nº 404/2004, na parte em que trata do conceito de insumos, adotando no acórdão um mais abrangente: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça Fl. 2257DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 7 11 considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. Fl. 2258DF CARF MF 12 De forma antagônica, no REsp Nº 1.128.018 RS, decidiuse pela legalidade das referidas INs e do conceito restrito de insumos: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 211/STJ. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando o Tribunal de origem se manifesta, fundamentadamente, sobre as questões que lhe foram submetidas, apreciando de forma integral a controvérsia posta nos presentes autos. 2. “Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo” (Súmula 211/STJ). 3. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 4. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumos previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. 5. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos os bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 6. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e REsp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 7. Recurso especial a que se nega provimento. Dado o panorama, entendo que a melhor interpretação está com a terceira corrente, pelos motivos a seguir. Inicialmente, destacase que a materialidade do fato gerador dos tributos envolvidos é distinta, isto é, a incidência sobre o produto industrializado para o IPI, sobre o lucro (real, presumido ou arbitrado), para o IRPJ, ao passo que o PIS/Pasep e a Cofins incidem sobre a receita bruta. Esta distinção se refletiu na redação original do artigo 3º, na definição das hipóteses de crédito, especialmente a relativa a insumos, dada por "bens e serviços, utilizados como insumo na Fl. 2259DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 8 13 prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes". De plano, salta aos olhos a impropriedade de utilização da legislação do IPI como parâmetro, em razão da inclusão de serviços na mesma categoria normativa de bens, inaplicável à definição de IPI dada a bens. Outra distinção marcante relativo ao IPI reside na inclusão de combustíveis e lubrificantes na definição de insumos. A legislação do IPI delimitou o alcance da definição, especialmente no Parecer Normativo CST nº 65/1979, em função do contato físico direto com o produto em fabricação, o que levou à impossibilidade de tomada de crédito de IPI sobre tais bens, inclusive objeto de edição da Súmula CARF nº 19: Súmula CARF nº 19: Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário. É cediço que combustíveis não entram em contato físico direto com os produtos durante o processo produtivo, razão pela qual não podem ser inseridos no conceito de insumo adotado pelo IPI. Sendo assim, concluise que as Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, ao inserirem os termos combustíveis e lubrificantes na categoria de insumo, estabelecem um marco jurídico distinto da legislação do IPI. Verificase que, de fato, a própria Receita Federal flexibilizou a questão do contato direto com o produto em fabricação. Vejamos a Solução de Divergência nº 14/2007 e nº 35/2008, as quais permitem a dedução de partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos, desde que não incluídas no imobilizado: Solução de Divergência nº 14/2007: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins EMENTA: Crédito presumido da Cofins. Partes e peças de reposição e serviços de manutenção. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição e com serviços de manutenção em veículos, máquinas e equipamentos empregados diretamente na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam incluídas no ativo imobilizado. Solução de Divergência nº 35/2008: Cofins nãocumulativa. Créditos. Insumos. As despesas efetuadas com a aquisição de partes e peças de reposição que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou Fl. 2260DF CARF MF 14 químicas utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Cofins, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Esta distinção fica evidenciada na redação da Lei nº 10.276/2001, ao estabelecer o regime alternativo de crédito presumido de IPI sobre o ressarcimentos das contribuições para o PIS e a Cofins, delimitando a definição de insumos para o IPI a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, excluindo a energia elétrica e os combustíveis, distinguindose da redação dos incisos II dos artigos terceiros das leis instituidoras da nãocumulatividade, a qual inclui combustíveis na qualidade de insumos. Por outro lado, a tese de que insumo equivaleria a custos e despesas dedutíveis necessários à obtenção da receita é por demais abrangente e não reflete a estrutura do artigo 3º das referidas leis. Este enumera as hipóteses de creditamento, sendo que todas se referem a custos ou despesas necessárias, o que afasta a definição abrangente, já que todas as demais hipóteses estariam abrangidas no inciso II, revelandose, assim desnecessárias. Assim, energia elétrica, aluguéis, contraprestação de arrendamento relativas a área administrativa são despesas necessárias, mas entretanto não são insumos e somente geram crédito por estarem previstas em hipóteses autônomas. O mesmo ocorre com a despesa de armazenagem e frete na operação de venda. A terceira corrente, buscando uma definição própria para insumos, se refletiu em vários acórdãos deste conselho, em maior ou menor abrangência: Acórdão nº 930301.740: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Fl. 2261DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 9 15 Recurso Especial do Procurador Negado. Acórdão nº 3202001.593: CONCEITO DE INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO. CRITÉRIOS PRÓPRIOS O conceito de insumos não se confunde com aquele definido na legislação do IPI restrito às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem aplicados diretamente na produção; por outro lado, também não é qualquer bem ou serviço adquirido pelo contribuinte que gera direito de crédito, nos moldes da legislação do IRPJ. Ambas as posições (“restritiva/IPI” e “extensiva/IRPJ”) são inaplicáveis ao caso. Cada tributo tem sua materialidade própria (aspecto material), as quais devem ser consideradas para efeito de aproveitamento do direito de crédito dos insumos: o IPI incide sobre o produto industrializado, logo, o insumo a ser creditado só pode ser aquele aplicado diretamente a esse produto; o IRPJ incide sobre o lucro (lucro = receitas despesas), portanto, todas as despesas necessárias devem ser abatidas das receitas auferidas na apuração do resultado. No caso do PIS/Pasep e da Cofins, a partir dos enunciados prescritivos contidos nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, devem ser construídos critérios próprios para a apuração da base de cálculo das contribuições. As contribuições incidem sobre a receita da venda do produto ou da prestação de serviços, portanto, o conceito de insumo deve abranger os custos de bens e serviços, necessários, essenciais e pertinentes, empregados no processo produtivo, imperativos na elaboração do produto final destinado à venda, gerador das receitas tributáveis. Recurso Voluntário parcialmente provido. Acórdão nº 3201001.879: COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumos no contexto da Cofins nãocumulativa é mais abrangente do que o conceito da legislação do IPI, devendo ser admitido todo dispêndio na contratação de serviços e aquisição de bens essenciais ao processo produtivo do sujeito passivo, independentemente de ter contato direto com o produto em fabricação. Acórdão nº 3401002.860: CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE APURAÇÃO DE CRÉDITO DE PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. O conceito de insumo deve estar em consonância com a materialidade do PIS e da COFINS. Portanto, é de se afastar a definição restritiva das IN SRF nºs 247/02 e 404/04, que adotam Fl. 2262DF CARF MF 16 o conceito da legislação do IPI. Outrossim, não é aplicável as definições amplas da legislação do IRPJ. Insumo, para fins de crédito do PIS e da COFINS, deve ser definido como sendo o bem ou serviço utilizado direta ou indiretamente na produção de bens ou prestação de serviços, sendo indispensável a estas atividades e desde que esteja relacionado ao objeto social do contribuinte. Acórdão nº 3301002.270: COFINS/PIS. REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. A legislação do PIS/Cofins atribuiu conceito próprio de insumos para o fim de aproveitamento dos créditos da não cumulatividade. Este conceito não é tão restritivo quanto o da legislação do IPI e nem tão amplo quanto à legislação do imposto de renda. Acórdão nº 3403003.629: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Entendo, pois, que a expressão "bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda" deve ser interpretada como bens e serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação e na prestação de serviços, no sentido de que sejam bens ou serviços inerentes à produção ou fabricação ou à prestação de serviços, independentemente de ter havido contato direto com o produto fabricado, a exemplo dos combustíveis e lubrificantes, expressos no texto legal Assim, devem ser entendidos como insumos, os custos de aquisição e custos de transformação que sejam inerentes ao processo produtivo e não apenas genericamente inseridos como custo de produção. Esta distinção é dada pela própria lei e também pelo STJ (AgRg no REsp nº 1.230.441SC, AgRg no REsp nº 1.281.990SC), quando excluem, por exemplo, dispêndios com valetransporte, valealimentação e uniforme da condição de insumos, os quais poderiam ser considerados custos de produção, mas que somente foram alçados a insumos a partir da Lei nº 11.898/2009, e apenas para as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação, manutenção. Destacase, ainda, que determinados custos de estocagem, embora, sejam considerados para avaliação de estoques, não podem ser considerados custos de transformação, pois são aplicados aos produtos já acabados. Estabelecidas as premissas acima, passase à análise específica dos pontos controvertidos. Fl. 2263DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 10 17 Considerando que já houve no presente processo decisão quanto a outros "insumos" utilizados pela recorrente, conforme trazido no relatório, que servem de base para o cálculo de crédito de PIS e COFINS nãocumulativos, passamos a análise de dos itens aos quais se debruçou a Diligência Fiscal. II.1 Embalagem De Apresentação e Embalagem De Transporte A fiscalização efetuou a glosa por entender que as embalagens se destinam precipuamente ao transporte de produtos acabados nos termos do artigo 4º, inciso IV e artigo 6º do Decreto nº 4.544/2002: Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único): [...] IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou Art. 6º Quando a incidência do imposto estiver condicionada à forma de embalagem do produto, entenderseá (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, inciso II): I como acondicionamento para transporte, o que se destinar precipuamente a tal fim; e II como acondicionamento de apresentação, o que não estiver compreendido no inciso I. § 1º Para os efeitos do inciso I, o acondicionamento deverá atender, cumulativamente, às seguintes condições: I ser feito em caixas, caixotes, engradados, barricas, latas, tambores, sacos, embrulhos e semelhantes, sem acabamento e rotulagem de função promocional e que não objetive valorizar o produto em razão da qualidade do material nele empregado, da perfeição do seu acabamento ou da sua utilidade adicional; e II ter capacidade acima de vinte quilos ou superior àquela em que o produto é comumente vendido, no varejo, aos consumidores. § 2º Não se aplica o disposto no inciso II aos casos em que a natureza do acondicionamento e as características do rótulo atendam, apenas, a exigências técnicas ou outras constantes de leis e atos administrativos. Fl. 2264DF CARF MF 18 § 3º O acondicionamento do produto, ou a sua forma de apresentação, será irrelevante quando a incidência do imposto estiver condicionada ao peso de sua unidade. O acórdão de primeira instância manteve a glosa, salientando que algumas embalagens poderiam gerar créditos, mas pela falta de documentação probatória, tais embalagens não poderiam ser consideradas. Em recurso voluntário, a recorrente defendeu que a legislação não diferenciou conceito de embalagem de apresentação e de embalagem de acondicionamento, sendo que ambas gerariam créditos da nãocumulatividade das contribuições. Alega ainda que as embalagens destinadas a transporte não são passíveis de utilização e oneraram o custo final do produto, constituindo custo de aquisição de insumos. Quanto à glosa de outras embalagens que acondicionam os produtos comercializados, a recorrente entendeu tratarem de embalagens de apresentação, não se destinando apenas ao transporte, mas garantindo a integridade dos produtos e destaque frente aos consumidores, não sendo passíveis de reutilização. A resolução determinou a diligência para que a recorrente pudesse comprovar as embalagens que fossem de apresentação. O relatório fiscal elaborado reconheceu parcialmente o direito de creditamento, mantendo a glosa relativa a embalagens consideradas como de transporte. Por se tratar de fase posterior ao processo produtivo da Recorrente, as embalagens utilizadas com função precípua de transporte e armazenamento dos produtos acabados, não integram o processo produtivo, seja direta ou indiretamente e, nessa condição, não geram créditos. Por seu turno, entendeu que as embalagens de apresentação, por integrar o processo produtivo da Recorrente, visto que por não se destinarem apenas ao transporte do produto e por alteram a apresentação do produto que embala, são passíveis de creditamento. Entretanto, entendo que independentemente de serem de apresentação ou de transporte, ou por ter sido utilizada em etapa posterior a fabricação do produto, os materiais de embalagens, seja com a finalidade de alterar o produto que embala ou de deixar o produto em condições de ser estocado e comercializado, devem ser admitidos como insumos de produção e, consequentemente gerar créditos de PIS/COFINS. Vale dizer, considerando que operação realizada pela Recorrente envolve o manuseio de produtos alimentícios, as embalagens de transporte são necessárias para proteger e evitar qualquer contato externo com o produto e principalmente evitar qualquer risco de contaminação. Desta forma, entendo que, para fins de apropriação de crédito do PIS e da Cofins, é irrelevante o fato de o material de embalagem ser de apresentação ou de transporte, se tais materiais são utilizados no âmbito do processo produtivo, com a finalidade de deixar o produto em condições de ser comercializado, como ocorreu com os materiais de embalagem destinados à proteção contra impactos, sujeiras externas e facilitando o transporte, conforme devidamente explicitado pela Recorrente em sede recursal. Ora, se tais materiais representam custos incorridos na fase de produção do bem destinado à venda, certamente, inexiste razão plausível para excluir da base de cálculo dos Fl. 2265DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 11 19 referidos créditos pelo simples fato de serem embalagens utilizadas no transporte do referido produto. Portanto, além do valor reconhecido anteriormente a título de embalagens de apresentação, deve ser admitido também o crédito relativo as embalagens consideradas pela fiscalização como de transporte, as quais foram registradas pela Recorrente como de apresentação, e as embalagens de transporte propriamente dita. II.2 Peças e Partes Material de Reposição A resolução que deferiu a diligência requereu que fosse discriminado que peças teriam sido utilizadas em manutenções e que peças não teriam sido utilizadas. A diligência concluir que parte dos valores glosados se referia à manutenção de máquinas e equipamentos, no entanto, aparentemente, por sua natureza, teriam sido considerados como acréscimos na vida útil dos equipamentos superior a um ano, nas máquinas e equipamentos usados na industrialização e que deveriam ser contabilizados no ativo imobilizado para futuras depreciações. Por seu turno, a recorrente se manifestou no sentido de que a diligência teria confirmado que todas as peças se referem à manutenção de máquinas e equipamentos. A recorrente apresentou arquivo contendo a relação de peças destinadas à manutenção de máquinas e equipamentos utilizados na industrialização. Relativamente ao questionamento fiscal, o artigo 346 do Decreto nº 3.000/1999 dispõe: Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único). § 2º Os gastos incorridos com reparos, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo imobilizado, de que resulte aumento da vida útil superior a um ano, deverão ser incorporados ao valor do bem, para fins de depreciação do novo valor contábil, no novo prazo de vida útil previsto para o bem recuperado, ou, alternativamente, a pessoa jurídica poderá: I aplicar o percentual de depreciação correspondente à parte não depreciada do bem sobre os custos de substituição das partes ou peças; II apurar a diferença entre o total dos custos de substituição e o valor determinado no inciso anterior; Fl. 2266DF CARF MF 20 III escriturar o valor apurado no inciso I a débito das contas de resultado; IV escriturar o valor apurado no inciso II a débito da conta do ativo imobilizado que registra o bem, o qual terá seu novo valor contábil depreciado no novo prazo de vida útil previsto. § 3º Somente serão permitidas despesas com reparos e conservação de bens móveis e imóveis se intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III). Assim, as despesas de manutenção que acarretem o aumento da vida útil do bem, prevista na data de sua aquisição deve ser ativada e sujeita a depreciações futuras. A motivação da autoridade fiscal foi a seguinte: "Na relação de peças e materiais de reposição (arquivo “item 3 a – Peças e materiais de rep.aplic.manut.maq.e equipamentos.pdf”) que teriam sido aplicados na manutenção de máquinas e equipamentos, aparentemente teriam sido considerados como insumos equipamentos, aparelhos ou peças que pela natureza acresceriam vida útil superior a 1 ano as máquinas e equipamentos usados na industrialização de seus produtos. Por esta razão, não poderiam ser levadas diretamente a conta de despesa e, portanto computadas na base de cálculo dos créditos das contribuições Pis e Cofins, mas deveriam ser contabilizadas no Ativo imobilizado para futuras depreciações." Assim como o i. Conselheiro acima já mencionado, entendo que a motivação é por demais sucinta e sem comprovação, ainda que indiciária, do aumento de vida útil, pois não evidencia como ocorreria o aumento, transparecendo, inclusive falta de convicção na alegação, ao afirmar que "aparentemente" teriam sido considerados insumos que acresceriam vida útil. Neste sentido, citamse acórdãos: Acórdão nº 1401000.769: GASTOS COM REPAROS AUMENTO DA VIDA ÚTIL DO BEM Não comprovado, pelo Fisco, que o bem teve sua vida útil aumentada em mais de um ano, são admitidos como despesas operacionais os gastos com reparos, destinados a mantêlo em condições normais de funcionamento. Ainda que se comprovasse o aumento da vida útil dos bens, estarseia diante da inobservância do regime de competência, vez que deveria ser reconhecido o direito de deduzir as despesas por meio de depreciação. Nestes casos, o procedimento que deve ser adotado pela Autoridade Fiscal é o disposto no Parecer Normativo COSIT nº 02/96, sob pena se exigir o recolhimento do tributo que se sabe será restituído, vez que a empresa terá direito a apropriar as depreciações daqueles bens ativados. Acórdão nº 130200.463: DESPESAS COM REPAROS E CONSERVAÇÃO. ATIVAÇÃO. Fl. 2267DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 12 21 No caso de despesas com reparos e conservação de bens, a capitalização dos montantes correspondentes só deverá ser efetivada se dos reparos ou da conservação resultar aumento da vida útil do respectivo bem. Tratandose de procedimento de ofício, cabe à autoridade fiscal demonstrar tal ocorrência e, sendo o caso, a determinação do novo valor contábil do bem, do novo prazo de sua vida útil e, por decorrência, da taxa de depreciação a ser utilizada. Acórdão nº 10517.423: BENS IMOBILIZÁVEIS POR SUA NATUREZA Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens, de forma a mantêlos em condições eficientes de operação. Se isso não ficar caracterizado ou os consertos redundarem em aumento da vida útil do bem em mais de um ano, devese imobilizálo. Recurso de oficio conhecido e improvido. Acórdão nº 10322.314: GASTOS COM REPAROS AUMENTO DA VIDA ÚTIL DO BEM Não comprovado, pelo Fisco, que o bem teve sua vida útil aumentada em mais de um ano, são admitidos como despesas operacionais os gastos com reparos, destinados a mantêlo em condições normais de funcionamento. Portanto, considero que o valor que se refere a custos de manutenção de máquinas e equipamentos utilizados na produção, e, à vista das premissas anteriormente abordadas, devem ser reconhecidos os créditos relativos a tais despesas. II.3. Aquisições de produtos de Conservação e Limpeza No que tange a referido item, entendo que a irresignação apresentada pela recorrente apresenta sustentação para prosperar. Conforme planilha apresentada nas peças de defesa da contribuinte, os produtos sobre os quais se requer o creditamento da COFINS, seriam utilizados na limpeza de carretas, silos, tanques, máquinas e equipamentos de produção. A contribuinte faz menção ainda a Solução de Consulta DISIT 08 nº 13, de janeiro de 2010, a qual supostamente lhe garantiria o direito ao crédito da contribuição sobre a aquisição dos produtos indicados na planilha. Extraise da mencionada consulta o seguinte trecho: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social EMENTA: COFINS REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVO. CRÉDITOS. INSUMOS. A partir de 1 o de dezembro de 2002, geram direito a créditos a serem descontados da Cofins as despesas efetuadas com serviços de manutenção em Fl. 2268DF CARF MF 22 máquinas e equipamentos empregados diretamente na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. (...) No que toca aos "produtos utilizados na limpeza", a possibilidade de apuração de créditos se limita aos dispêndios relativos àqueles produtos de aplicação necessária no curso do próprio processo produtivo, ou seja, não enseja apuração de créditos dispêndios com produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo. (destaquei) (...) Ora, a Solução de Consulta trazida pela recorrente traz a possibilidade de ser creditada pelos dispêndios na aquisição dos produtos de limpeza utilizados na higienização, o que de fato restou constatado no decorrer do presente processo. Conforme demonstrado, a limpeza e higienização é parte indissociável do processo de produção da contribuinte, motivo pelo qual entendo ser possível o cretitamento pleiteado, devendo ser levantada a glosa dos créditos quanto aos itens em análise. II.4. Aquisições de Combustíveis e Lubrificantes No que tange ao presente item, o entendimento desse relator e idêntico ao exarado pelo i. Cons. Paulo Guilherme, traduzido no voto proferido no processo n.º 10925.001199/200961, razão pela qual pedese vênia para transportar as razões do processo mencionado para esses autos, com as alterações pertinentes ao caso em tela. A recorrente pugna pelo reconhecimento de valores relativos à utilização de gás Ultrasystem, graxas, óleos e lubrificantes que seriam usados em equipamentos do setor produtivo como empilhadeiras, máquinas do setor de leite longa vida etc. A diligência in loco confirmou a utilização das empilhadeiras no transporte de bobina para embalagem de lona vida do almoxarifado até a produção e também de esteira até o local de reserva do leite (chamado quarentena). Assim, comprovada a utilização no setor produtivo, devem ser reconhecidos os créditos relativos a tais aquisições. II.5. Aquisição de Amônia No mesmo sentido quanto aos combustíveis e lubrificantes, comungo do entendimento do i. Conselheiro alhures mencionado. Quanto a este item, a diligência in loco constatou que o produto é utilizado na sala de máquinas, em compressores para geração de água fria, posteriormente utilizada na refrigeração do leite e derivados e nas câmaras frias de maturação de queijos. Assim, pela descrição, podemos verificar que a amônia é utilizada no processo produtivo, devendo ser reconhecido o creditamento sobre o valor de sua aquisição. II.6 Serviços Utilizados como Insumo Linha 3 e Despesas de Fretes e Armazenagem na Operação de Venda Linha 07 Fl. 2269DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 13 23 Novamente pedindo vênia para utilizar as conclusões do voto proferido no processo nº 10925.001199/200961, transcrevo abaixo os apontamento trazidos pelo i. Relator naquela oportunidade, esclarecendo que faço alterações relacionadas a dados próprios do processo em análise, e ressalvando o entendimento quanto a possibilidade de haver o creditamento observado sobre o frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero. A fiscalização glosou serviços informados na linha 03 das fichas 4 e 6 do DACON Serviços utilizados como insumos, constantes do Anexo III relativos a manutenções das instalações industriais, carga de resíduos, dedetização, etc e ainda fretes nas aquisições de insumos, fretes entre estabelecimentos (coleta e produção, produção e venda, armazenamento de queijo e retorno do produto à empresa). Em relação à linha 07, a fiscalização glosou créditos a este título por falta de informações que pudessem relacionar o frete adquirido com as notas fiscais de venda, destacando ainda que fretes entre estabelecimentos não podem gerar créditos por falta de previsão legal, glosa esta mantida na primeira instância. A recorrente apresentou em cumprimento da diligência, planilhas que apresentaram um valor superior de R$ 42.325,72, em relação ao valor apresentado no recurso voluntário, motivo pelo qual, no que tange a tal diferença não resta outra alternativa a não ser a manutenção da glosa em virtude da não apresentação de documentos comprobatórios, solicitados pela intimação fiscal Saort nº 360/2014. Quanto aos serviços utilizados como insumos, a glosa mantida na primeira instância fundamentouse no fato de a recorrente não ter indicado ou explicado em que consistiriam estes serviços e onde seriam aplicados. A recorrente defendeu que tais serviços são utilizados na manutenção industrial, no resfriamento de leite, análises laboratoriais, armazenagem, locação de equipamentos industriais e outros, sendo essenciais ao processo produtivo. A resolução, então, solicitou a demonstração de que tais serviços seriam aplicados diretamente no processo produtivo dos bens destinados à venda, cujo cumprimento resultou na Intimação Saort nº 360/2014, da qual transcrevese a parte relativa aos serviços utilizados como insumos: 6. QUANTO AOS SERVIÇOS GERAIS, tais como: ”manutenção industrial (de empilhadeira, de equipamentos de queijaria, de caldeira, do setor de produtos UHT, etc), resfriamento do leite, reforma do equipamento queijomatic, dentre outros que são utilizadas nas etapas de manipulação do produto dentro da linha de produção daquelas que não se encontram dentro da linha de produção; 6.1 APRESENTAR relação de todas as notas fiscais de ENTRADA, correspondente aos serviços gerais (item 6) que sejam aplicados diretamente no processo produtivo de bens destinados à venda, contendo: CPF fornecedor/CNPJ emissor; nome do fornecedor; CNPJ estabelecimento de entrada; número da nota fiscal; data da emissão; data da entrada; CFOP; descrição do serviço; valor total; totalizador ao final de cada mês; discriminar os serviços gerais utilizados na Fl. 2270DF CARF MF 24 produção dos que não se encontram na produção da empresa, por seção/setor onde podem ser localizadas. Em resposta, a recorrente informou ter apresentado as planilhas contendo os serviços utilizados diretamente no processo produtivo 5.a, uma planilha com os demais serviços 5.b, uma planilha com serviços cuja função não foi reconhecida 5.c, e notas fiscais de aquisição de insumos, informadas equivocadamente como serviços 5.d. O relatório fiscal resultado da diligência consignou que no arquivo 5.a serviços utilizados como insumos diretamente na produção a recorrente relacionou serviços que não seriam utilizados diretamente na produção ou que deveriam ser amortizados por ampliar a vida útil em mais de um ano. Da planilha 5.b, manteve a glosa daqueles identificados como serviços sem função identificada, que o relatório identificou como item 5.d, mas que a recorrente referiuse como item 5.c. A recorrente propugnou em sua manifestação sobre o resultado da diligência pela reconhecimento do creditamento sobre os itens 5.a e 5.b, reconhecendo como não comprovados os serviços do item 5.c. Quanto ao item 5.d, nada informou. Dentre os serviços relacionados no item 5.a, entendo que devem ser mantidas as glosas relativas a serviços de manutenção na ETE, levantamento topográfico, elaboração de projetos, treinamentos, serviços de manutenção de câmara fria para armazenagem de produtos acabados, pois que se referem a dispêndios anteriores ou posteriores à produção, bem como serviços de instalações elétricas, montagens, construção de muro, instalação de poço artesiano, que pertencem ao ativo permanente. Concernente ao item 5.b tratamse de serviços relativos a exames admissionais, radiológicos, transporte de funcionários, elaboração de projetos, ginástica laboral, hospedagem, monitoramento, sistema de alarme, manutenção de ramais telefônicos etc, que não possuem inerência ao processo produtivo, devendo ser mantida a glosa. Relativamente ao item 5.c, a recorrente reconhece a procedência da glosa. Concernente aos fretes, as glosas ocorreram pela falta de informações que pudessem relacionar o frete adquirido com as notas fiscais de venda ou de insumos, destacando ainda que fretes entre estabelecimentos não podem gerar créditos por falta de previsão legal, glosa esta mantida na primeira instância por entender ainda que a informação em linha equivocada do Dacon ensejaria a manutenção da glosa. A recorrente defende que a glosa empreendida pelo Fisco foi arbitrária, que o mero equívoco na inserção de fretes de aquisição de insumos e transferência de insumos na linha de despesas de fretes sobre a venda não pode obstar o reconhecimento ao direito creditório, e ,por fim, pugna pelo creditamento quanto aos fretes nas aquisições de insumos, entre transferências de insumos entre os pontos de coleta e a indústria, aos fretes entre a produção e os pontos de venda e aos próprios fretes sobre a venda, solicitando ainda a baixa em diligência, caso se entendesse que as provas juntadas fossem insuficientes. Neste sentido, a resolução determinou a diligência para que a recorrente pudesse comprovar os fretes em operações de venda, bem como elaborasse demonstrativo, separando o frete sobre a aquisição de insumos, sobre as operações de vendas e sobre as transferências entre estabelecimentos. Intimada a realizar a separação, com apresentação de documentação probatória, a recorrente apresentou as seguintes planilhas: Fl. 2271DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 14 25 a) VENDA PROD. ACABADO: Frete na venda de produtos acabados (leite e derivados). b) VENDA PROD. AGROP.: Frete na venda de produtos agropecuários (ração e farelo de trigo). c) TRANSFERÊNCIA CD: Frete na transferência de produtos acabados dos seus estabelecimentos industriais até o Centro de Distribuição (CNPJ n° 83.011.247/001455) localizado na cidade de Curitiba PR. d) TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO: Frete na transferência de produtos acabados entre seus estabelecimentos industriais. e) TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA: Frete na transferência de produtos agropecuários (farelo e farelo de trigo) da matriz até os demais estabelecimentos, destinados à revenda. f) COMPRA INSUMOS: Frete na compra de insumos (leite in natura, lenha e cavaco, embalagens, ingredientes, etc). g) COMPRA USO E CONSUMO: Frete na compra de insumos (peças, etc.) classificados como de uso e consumo. h) TRANSFERÊNCIA PC: Frete na transferência de leite in naturais dos Postos de Coleta até os estabelecimentos industriais. i) TRANSFERÊNCIA PCPC: frete de leite in natura entre postos de coleta. j) COMPRA PROD. AGROP. P/ REVENDA: Frete na compra de produtos agropecuários (farelo de soja, farelo de trigo, ração, sal mineral, calcário, suplementos para ração, etc), destinados à revenda aos produtores de leite. k) COMPRA IMOBILIZADO: Frete na compra de bens para o ativo imobilizado. 1) DEVOLUÇÃO DE VENDAS: Frete referente devolução de venda de produtos acabados (leite longa vida, manteiga, etc). m) REMESSA ANÁLISE: Frete na remessa de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados. n) RETORNO ANÁLISE: Frete no retorno de caixas/vasilhames nos quais foram remetidas as amostras de produtos (leite in natura) para análise em estabelecimentos terceirizados. o) REMESSA CONSERTO: Frete na remessa de bens (prensa, cilindro, pistão, etc.) para conserto. Fl. 2272DF CARF MF 26 p) RETORNO CONSERTO: Frete no retorno de bens (filadeira, etc.) remetidos para conserto. q) DIVERSOS: Outros fretes não enquadrados nas classificações acima. O relatório final da diligência abordou apenas os fretes relacionados nas planilhas TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO, TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA e COMPRA IMOBILIZADO, entendendo pela impossibilidade de creditamento. Em manifestação ao relatório final de diligência, a recorrente reafirma o direito ao creditamento, seja como frete na aquisição de insumos, seja como fretes sobre vendas, bem como entende confirmado o creditamento sobre as demais planilhas. Inicialmente, salientase que, embora o relatório seja omisso quanto às demais planilhas, algumas descrições são suficientes para formação de convicção quanto à possibilidade de creditamento. Assim, os fretes nas aquisições de insumo devem ser reconhecidos por se tratarem de custo de aquisição, bem como os fretes de transferências de insumos entre estabelecimentos, por se tratarem de serviços consumidos durante o processo produtivo, incluindo aqui os fretes entre os pontos de coleta até a produção, conforme explicitado no FLUXO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO NA INDÚSTRIA: DE LACTICÍNIOS TIROL LTDA 01.1. TRANSPORTE 1º PERCURSO: Nesta primeira etapa há o custo de transporte, que é o valor pago ao transportador para fazer a coleta do leite na propriedade do produtor rural e sua transferência até os postos de resfriamento, ou dependendo da localização da propriedade e da indústria, o leite já é transferido diretamente para a indústria, sem passar pelo posto de resfriamento [...] 02.1. TRANSPORTE 2º PERCURSO: Nesta segunda etapa, há custo de transporte, que é o valor pago às transportadoras pelo serviço de transporte entre o posto de resfriamento e a indústria. Neste sentido, deve ser reconhecido o direito ao creditamento das seguintes planilhas, sobre as quais o relatório fiscal não se pronunciou: VENDA PROD. ACABADO e VENDA PROD. AGROP, por se tratarem de fretes sobre vendas, nos termos do inciso IX do artigo 3º da Lei nº 10.833/2003. COMPRA DE INSUMOS: segundo a recorrente são fretes nas compras de insumos que compõem o custo de aquisição e geram direito a crédito. Entretanto, verificase na informação prestada pela recorrente, a aquisição referese a leite in natura, lenha, cavaco, embalagens, ingredientes e descrições genéricas como diversos, outras cargas, conforme nf, ou simplesmente sem descrição do produto adquirido. FRETE NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO: nesse tópico divirjo, com a devida vênia, da posição esposada pelo n. relator do Fl. 2273DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 15 27 processo 10925.001199/200961, pois entendo ser direito do contribuinte se creditar na referida operação. Desta feita, com a devida licença, tomo por razão de decidir o voto vencedor relacionado à matéria, redigido pelo i. Conselheiro Walker Araujo, nos seguintes termos: É de se ver que a fundamentação para manutenção da glosa de créditos calculados sobre fretes foi no sentido de que os bens sujeitos à alíquota zero, cuja base de cálculo do crédito já engloba o valor do frete e do seguro, não dá direito ao crédito. Em relação à esta matéria, esta Turma já adotou posicionamento contrário ao entendimento apresentado pelo i. Relator, por meio do acórdão nº 3302002.922, de relatória da Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, o qual adoto como fundamento para solucionar a questão sob análise, a saber: Conforme acima demonstrado a fundamentação da glosa de créditos calculados sobre fretes prendese ao fato de que as aquisições dos insumos são tributados à alíquota zero, estando em desacordo com o art. 3º, § 2°, inciso II, da Lei n° 10.637, de 2002. No entanto há precedente no CARF conforme Acórdão nº 3403 001.944, de 09/03/13, que confere uma outra interpretação ao dispositivo legal em destaque, a qual me filio por entender consentânea com os objetivos visados pela lei de regência da matéria, no tocante ao dispositivo em exame, cuja ementa a seguir se transcreve, na parte de interesse: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP.NÃO CUMULATIVIDADE. SERVIÇOS VINCULADOS A AQUISIÇÕES DE BENS COM ALÍQUOTA ZERO. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. É possível o creditamento em relação a serviços sujeitos a tributação (transporte, carga e descarga) efetuados em/com bens não sujeitos a tributação pela contribuição. Nesse sentido, registro excertos da referida decisão, nos termos do voto condutor: A fiscalização não reconhece o crédito por ausência de amparo normativo, e afirma que o frete e as referidas despesas integram o custo de aquisição do bem, sujeito à alíquota zero (por força do art. 1º da Lei nº 10.925/2004), o que inibe o creditamento, conforme a vedação estabelecida pelo inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 (em relação à Contribuição para o PIS/Pasep), e pelo inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 (em relação à Cofins):(grifei). “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 2º Não dará direito a crédito o valor:(...) Fl. 2274DF CARF MF 28 II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei no 10.865, de 2004)”(grifei). Contudo, é de se observar que o comando transcrito impede o creditamento em relação a bens não sujeitos ao pagamento da contribuição e serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Não trata o dispositivo de serviços sujeitos a tributação efetuados em/com bens não sujeitos a tributação (o que é o caso do presente processo). )(grifei). Improcedente assim a subsunção efetuada pelo julgador a quo no sentido de que o fato de o produto não ser tributado “contaminaria” também os serviços a ele associados. Vejase que é possível um bem não sujeito ao pagamento das contribuições ser objeto de uma operação de transporte tributada. E que o dispositivo legal citado não trata desse assunto. Portanto, por ser passível de creditamento, a glosa de créditos relativo ao frete na aquisição de produtos tributados à alíquota zero deve ser totalmente revertida. TRANSFERÊNCIA PC e PCPC: Frete na transferência de leite in naturais dos Postos de Coleta até os estabelecimentos industriais e entre postos. REMESSA ANÁLISE e RETORNO ANÁLISE: fretes na remessa e retorno de amostras de produtos (leite in natura) dos estabelecimentos industriais ou postos de coleta da empresa para análise em estabelecimentos terceirizados. REMESSA CONSERTO e RETORNO CONSERTO: por se tratar de frete utilizado em manutenção de bens da produção, segundo informação da recorrente, não havendo qualquer objeção no relatório fiscal da diligência. Porém, relativamente às planilhas abaixo, entendo que a glosa deve ser mantida: * TRANSFERÊNCIA CD frete na transferência de produtos acabados dos seus estabelecimentos industriais até o Centro de Distribuição (CNPJ n° 83.011.247/001455) localizado na cidade de Curitiba PR), TRANSFERÊNCIA PROD. ACABADO frete na transferência de produtos acabados entre seus estabelecimentos industriais e TRANSFERÊNCIA PROD. AGROP. P/ REVENDA frete na transferência de produtos agropecuários (farelo e farelo de trigo) da matriz até os demais estabelecimentos, destinados à revenda. A Lei nº 10.833, de 2003 assim dispôs em seu artigo 3º, inciso IX sobre a hipótese de creditamento sobre fretes nas operações de vendas: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) Fl. 2275DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 16 29 ... IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Da redação do inciso destacase a expressão “quando o ônus for suportado pelo vendedor”. Entendo que a especificidade da expressão indica que o inciso trata do negócio jurídico de compra e venda de mercadoria, posto que não faria sentido a restrição para as despesas operacionais de logística interna que, certamente, são suportadas pela pessoa jurídica, não havendo que se cogitar de ônus a ser suportado por um comprador, quando inexiste a compra, nem quando se refere a operações de logística interna. Por outro lado, para classificar como insumo, o serviço de frete deve possuir a natureza de custo e não de despesas operacionais, as quais excluo do conceito de insumo, não em razão de sua indispensabilidade à atividade econômica, mas em razão de ser uma despesa incorrida posteriormente ao processo produtivo. No mesmo sentido da impossibilidade de creditamento, citamse os seguintes acórdãos: Acórdão nº 220100.081, proferido pela Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: COFINS NÃOCUMULATIVA. FRETE PARA ESTABELECIMENTO DA CONTRIBUINTE. O frete de mercadorias acabadas para armazenamento em estabelecimento da contribuinte não dá direito a créditos de COFINS por falta de previsão legal nesse sentido. Acórdão nº 3803003.595, proferido pela Terceira Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento: INSUMOS ALCANCE FRETE DE TRANSFERÊNCIA. PRODUTO ACABADO. IMPOSSIBILIDADE Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados, ainda, que pagos ou creditados a pessoas jurídicas domiciliadas no país para realização de transferências de mercadorias (produtos acabados) dos estabelecimentos industriais para os estabelecimentos distribuidores da mesma pessoa jurídica, não geram direito a créditos a serem descontados do PIS devido. Destacase o excerto abaixo deste acórdão: “Destaco que o frete empregado pela empresa é de produto acabado para estabelecimento da mesma empresa, ou seja, de mero procedimento interno de logística que constitui despesa operacional, entretanto, não passível de ser utilizada para creditamento da contribuição para o PIS/PASEP no regime da nãocumulatividade, por absoluta falta de previsão legal.” Fl. 2276DF CARF MF 30 Salientase que esta turma, em recente julgado de Acórdão nº 3302002.464, assim também se posicionou: CRÉDITO. FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. PÓS FASE DE PRODUÇÃO. As despesas com fretes entre estabelecimentos do mesmo contribuinte de produtos acabados não geram direito a crédito da nãocumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Portanto, incabível o creditamento relativo a tais despesas. * COMPRA USO E CONSUMO: a recorrente afirmou que se trata de frete material e uso e consumo (peças etc), cuja descrição não permite a identificação da natureza da carga e sua utilização no processo produtivo, impossibilitando o creditamento como insumos. * COMPRA PROD. AGROP. P/ REVENDA por se tratar de frete na aquisição de bens para revenda, compondo o custo de aquisição destes bens, informados na linha 01 do DACON. A inclusão destes fretes em diligência representa inovação, pois as alegações no recurso especial referiam a fretes na aquisição de insumos, fretes internos de insumos (pontos de coleta até a unidade de produção) e fretes em operações de venda. A inclusão neste momento somente seria possível, em homenagem ao princípio da verdade material, se a recorrente comprovasse o erro cometido no preenchimento da linha 01 do DACON, o que até então não fora cogitado, nem provado na diligência. Assim, entendo incabível esta inovação em sede de diligência. * COMPRA IMOBILIZADO, pois não se refere a serviços utilizados no processo produtivo nem a frete nas operações de vendas, razão pela qual tais aquisições não geram créditos, ressalvada a possibilidade de creditamento sobre as futuras depreciações, desde que relativas a bens utilizados no processo produtivo, o que, entretanto, não restou comprovado na diligência, além de que o pedido representa inovação, pois a defesa inicial pautouse na existência de fretes como insumos, aquisição de insumos e sobre vendas. * DEVOLUÇÃO DE VENDAS: a informação prestada referese a devoluções de leite, produto com alíquota zero, cujo custo de aquisição não gera crédito, além de representar inovação nas razões recursais manifestadas em manifestação de inconformidade e impugnação, por não se tratar de frete na aquisição de insumos, ou de transferências de insumos ou produtos acabados, nem de frete na operação de venda. * DIVERSOS, pois a generalidade da descrição não permite a comprovação de sua utilização no processo produtivo ou nas operações de venda. Assim, devem gerar créditos os fretes relativos às planilhas VENDA PROD. ACABADO, VENDA PROD. AGROP, TRANSFERÊNCIA PC e PCPC, REMESSA ANÁLISE, RETORNO ANÁLISE, REMESSA CONSERTO e RETORNO CONSERTO, FRETE NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO, ressalvando a necessidade de a unidade de execução do acórdão apurar o crédito relativo à COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf" ou simplesmente sem descrição do produto adquirido. II.7 Encargos de Depreciação dos Bens do Ativo Imobilizado Fl. 2277DF CARF MF Processo nº 10925.002184/200911 Acórdão n.º 3302004.884 S3C3T2 Fl. 17 31 A fiscalização glosou o creditamento sobre encargos de depreciação relativos a bens adquiridos anteriormente a 1º/05/2004, a bens usados, a veículos da administração , à correção monetária do imobilizado e outros bens não utilizados na linha de produção, e também relativos a bens sem comprovação documental. O relatório da diligência pouco esclareceu sobre os bens do ativo imobilizado, declarando que Após análise do demonstrativo contendo novas e detalhadas informações (descrição do bem, destinação do bem e utilização/função no processo produtivo) não foi possível enquadrar os referidos bens incorporados ao ativo imobilizado como adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Neste sentido, impõemse a manutenção da glosa. Entretanto, analisando os documento acostados aos autos, entendo devam ser mantidas as glosas relativas a EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999 ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17 G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM NF312MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP , CARREGADOR DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM. III. Conclusão Diante do exposto, voto para dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo o direito creditório sobre embalagens, inclusive aquelas consideradas pela fiscalização como de transporte, as quais foram registradas pela recorrente como de transporte, aquisição de material de reposição, aquisição de amônia, combustíveis e lubrificantes, serviços como insumos, fretes nas: VENDA PROD. ACABADO e VENDA PROD. AGROP, COMPRA DE INSUMOS, FRETE NA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO, TRANSFERÊNCIA PC e PCPC, REMESSA ANÁLISE e RETORNO ANÁLISE, REMESSA CONSERTO e RETORNO CONSERTO; e encargos de depreciação, nesse caso devendo ser mantidas as glosas relativas a (efls. 1384 a 13394) EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, ESTANTES INTERCAMBIÁVEIS ESTOQUE LONGA VIDA NT:56646 ÁGUIA SISTARMAZE, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA PRATELEIRAS ESTOQUE LEITE EM PO FRACIONADO NT8999ESMENA DO BRASILS/A, PRATELEIRAS EXPEDIÇÃO LEITE LONGA VIDA NT 8998 ESMENA DO BRASIL S/A, BALANÇA RODOVIÁRIA, BAL.ELETRÔNICA TRANSPALETI IRA MOD:PL3000 CAP 200KGX1 OOOG EM ACO CARBONO SÉRIE:P, EMPILHADEIRA ELÉTRICA RETRAK STILL MODlFME 17 G115 SERIE:341832000829 NF:64150 E, PRATELEIRAS DEPOSITO LEITE LONGA VIDA, CARREGADOR DE BATERIAS KLM NF312MACRO, TRANSPALETEIRA ELÉTRICA YALE NF:2519 MACROMAQ EQUIP , CARREGADOR Fl. 2278DF CARF MF 32 DE BATERIAS KLM K8TM IND.COM.ELETROTÉCNICA, CARREGADOR DE BATERIA 48V / 140A MARCA KLM. , todos valores referentes a base de cálculo. De forma ilíquida, reconheço o creditamento sobre fretes da planilha COMPRA DE INSUMOS, exceto relativo à aquisição de produtos com a descrição genérica de "diversos", "outras cargas", "conforme nf" ou simplesmente sem descrição do produto adquirido, a serem calculados pela unidade responsável pela execução do acórdão, nos termos da Solução de Consulta Interna Cosit nº 18/2012. É como voto. (assinado digitalmente) José Renato Pereira de Deus Relator. Fl. 2279DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001718/2005-93
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000, 2001
INGRESSOS DE VALORES RECEBIDOS POR CONSTITUIÇÃO DE USUFRUTO ONEROSO.
Os ingressos oriundos da constituição de usufruto oneroso devem ser tributados ao longo do período de usufruto.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000, 2001
ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO.
Descabe falar em alteração de critério jurídico quando a decisão recorrida mantém o enquadramento legal e a interpretação dos fatos adotados pela Fiscalização, mas exonera parcela do crédito tributário por entender que alguns valores deveriam ser reconhecidos em outros períodos de apuração.
Numero da decisão: 9101-002.999
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Lívia de Carli Germano, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pela conselheira Lívia de Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000, 2001 INGRESSOS DE VALORES RECEBIDOS POR CONSTITUIÇÃO DE USUFRUTO ONEROSO. Os ingressos oriundos da constituição de usufruto oneroso devem ser tributados ao longo do período de usufruto. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000, 2001 ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. Descabe falar em alteração de critério jurídico quando a decisão recorrida mantém o enquadramento legal e a interpretação dos fatos adotados pela Fiscalização, mas exonera parcela do crédito tributário por entender que alguns valores deveriam ser reconhecidos em outros períodos de apuração.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16327.001718/2005-93
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5794048
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.999
nome_arquivo_s : Decisao_16327001718200593.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : GERSON MACEDO GUERRA
nome_arquivo_pdf_s : 16327001718200593_5794048.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Lívia de Carli Germano, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pela conselheira Lívia de Carli Germano. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra - Relator (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
dt_sessao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
id : 6992573
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:08:48 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734546980864
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1686; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 8.654 1 8.653 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16327.001718/200593 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101002.999 – 1ª Turma Sessão de 8 de agosto de 2017 Matéria IRPJ Recorrente ITAU UNIBANCO S.A. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001 INGRESSOS DE VALORES RECEBIDOS POR CONSTITUIÇÃO DE USUFRUTO ONEROSO. Os ingressos oriundos da constituição de usufruto oneroso devem ser tributados ao longo do período de usufruto. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000, 2001 ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO. Descabe falar em alteração de critério jurídico quando a decisão recorrida mantém o enquadramento legal e a interpretação dos fatos adotados pela Fiscalização, mas exonera parcela do crédito tributário por entender que alguns valores deveriam ser reconhecidos em outros períodos de apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra (relator), Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto e Lívia de Carli Germano, que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Adriana Gomes Rego. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pela conselheira Lívia de Carli Germano. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 18 /2 00 5- 93 Fl. 8654DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.655 2 (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Relator (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Lívia de Carli Germano (suplente convocada em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pelo Contribuinte em epígrafe contra o Acórdão nº 110300.453, por meio do qual o colegiado negou provimento ao recurso de ofício e deu parcial provimento ao recurso voluntário. Em relação à questão que interessa ao presente julgamento entendeuse que o valor recebido pela outorga de usufruto oneroso e temporário de ações avaliadas pelo método da equivalência patrimonial, recebido integralmente no início da vigência do contrato, é receita operacional da proprietária das ações, que deve ser apropriada ao longo do prazo de vigência do contrato de usufruto segundo o regime de competência. Nesse contexto, determinouse o ajuste no cálculo do imposto lançado, para que a receita fosse assim considerada. Durante o procedimento fiscal foram analisados contratos de constituição onerosa e temporária de usufruto de ações, nos quais constam o contribuinte como proprietário e terceiros como usufrutuários. O valor pactuado pelo usufruto foi recebido pelo contribuinte na data da assinatura dos respectivos instrumentos. Sobre tais negócios jurídicos foi realizado lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS onde se considerou que os valores recebidos pela instituição do usufruto de ações deveriam ser considerados receita do contribuinte quando de seu ingresso financeiro. Levouse em consideração que a contabilização efetuada pelo contribuinte jamais consideraria o efeito da instituição do usufruto no resultado, tendo em vista que quando do recebimento dos valores houve lançamento a débito em "disponibilidades", no ativo, e a crédito de conta "retificadora do ativo" subconta credora da própria conta de "investimentos". Fl. 8655DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.656 3 Num segundo momento a conta "retificadora do ativo" foi debitada e creditada a conta "investimentos". Impugnado o Auto de Infração, a exigência em relação a esse item do lançamento foi integralmente mantida. Regularmente oposto o Recurso Voluntário pelo Contribuinte, decidiu a Turma a quo, pelo voto de qualidade, determinar a adequação ao regime de competência das receitas decorrentes de usufruto de ações. Restou consignado no voto condutor do acórdão que o montante recebido à vista deveria ser inicialmente apropriado a crédito em conta de passivo, pelo seu total, e a débito de conta ativa representativa de disponibilidades, caixa ou bancos, conforme o caso. Na fluência do prazo contratual, reconheceria a receita, mês a mês, pelo período de vigência do contrato, através de lançamento a débito da conta passiva e a crédito da conta de receita, oferecendose à tributação tal parcela, conforme recomenda o regime de competência (art. 177 da Lei 6.404/1976). Ressaltouse que, no caso concreto, os contratos não previam qualquer dispêndio para a proprietária das ações. Logo, a análise da lucratividade da transação (usufruto), ou seja, a verificação do sacrifício econômico destinado à percepção de receita, poderia ser realizada de modo extracontábil, sem qualquer prejuízo para o exame quanto ao acerto da decisão empresarial adotada, sob enfoque exclusivamente econômico. Logo, não foram considerados custos e despesas da operação. Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Especial de divergência, demonstrando que enquanto o acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso para ajustar o lançamento, adequando as receitas decorrentes de usufruto de ações ao regime de competência, os acórdãos paradigmas, diante de situações fáticas idênticas, manifestaram entendimento diverso. No acórdão 1201000.386 decidiuse que a tributação deveria recair sobre o ganho auferido com a operação (diferença entre o preço recebido do usufrutuário e o valor dos frutos que tais ações gerarem, consubstanciados nos dividendos e no juro sobre capital próprio que a companhia investida vier a pagar ao usufrutuário), e não apenas sobre as receitas. No acórdão 10322.934 decidiuse pelo cancelamento integral da infração lançada, tendo em vista o desrespeito ao regime de competência. Regularmente intimada do Recurso do contribuinte a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, argumentando que o preço recebido como contraprestação pela constituição do usufruto não depende de possíveis resultados futuros oriundos do investimento em participação societária. Tratase de receita da proprietária das ações recebida na data da assinatura do contrato. O usufruto não está vinculado ao MEP e dele deve ser separadamente tratado quanto ao registro contábil. Esse critério contábil está em perfeita consonância com a as prescrições da Lei Societária. Assim, pediu o não provimento do Recurso do contribuinte. É o relatório. Fl. 8656DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.657 4 Voto Vencido Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator A admissibilidade do Recurso do Contribuinte não foi questionada pela Fazenda Nacional. A par disso, entendo não haver há reparos a se fazer na análise realizada pelo então Presidente da Câmara. Com relação ao mérito, importante inicialmente se atentar que alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, dação em pagamento, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins são operações sujeitas à apuração de ganho de capital. Nesse contexto, a outorga temporária de usufrutos de ações tratase de cessão onerosa de direitos. Ou seja, o contribuinte abre mão de um direito futuro em troca de recursos presentes. Logo, operação sujeita à apuração de ganho de capital. Entendo que o reconhecimento da receita relativa à instituição do usufruto deveria sim levar em consideração o regime de competência. Entendo também que, por tal regime, exigese que as receitas sejam confrontadas com os custos e despesas correlatas, conforme determina a Resolução CFC n° 750/93, atualmente vigente: Art. 9º O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento. Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de despesas correlatas. Sobre os custos e despesas a serem considerados no negócio jurídico de outorga temporária de usufruto, bem se manifestou o relator do Acórdão nº 1201000.386, nos seguintes termos: No usufruto de ações, os frutos que o usufrutuário gozará são exatamente os dividendos e o juro sob capital próprio (JCP) que a empresa investida pagará aos sócios ou, no caso, ao usufrutuário. Nesse sentido, vejase o art. 205 da Lei 6.404/76: “A companhia pagará o dividendo de ações nominativas à pessoa que, na data do ato de declaração do dividendo, estiver inscrita como proprietária ou usufrutuária da ação (...) § 3º O dividendo deverá ser pago, salvo deliberação em contrário da assembléia geral, no prazo de 60 (sessenta) dias da Fl. 8657DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.658 5 data em que for declarado e, em qualquer caso, dentre do exercício social”. Para o nu proprietário, o custo da constituição do usufruto será o valor dos dividendos e do JCP que forem declarados pela companhia investida durante a vigência do contrato de usufruto, que ele deixará de fruir em virtude da constituição do usufruto. E o seu ganho será o preço pago pelo usufrutuário, in casu, o valor fixo de R$6.080.000,00. Se a empresa investiga pagar mais frutos do que o preço do usufruto, o nu proprietário apurará uma perda. Caso contrário, apurará ganho de capital. (g.n) Nesse contexto, entendo que merece reforma o Acórdão a quo, ao mencionar que os custos e despesas deveriam ser controlados extracontabilmente, apenas para avaliação econômica do negócio jurídico realizado. Em meu entendimento os dividendos e JCP pagos no período do usufruto deveriam ser considerados para a apuração das bases de cálculo dos tributos. Penso também que merece reparo o Acórdão a quo quando da conclusão de que identificada a falha na formação da base de cálculo dos tributos, novo cálculo deveria ser efetuado, para se retificar o valor inicialmente cobrado no auto de infração. A meu ver, na lavratura do auto de infração a autoridade lançadora incorreu em vício material, errando na identificação da base de cálculo do imposto, infringindo o artigo 142, do CTN, que assim dispõe: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Constatado o vício material, em minha concepção devese cancelar o lançamento e não determinar a retificação do vício, como feito no julgamento a quo. Nesse contexto, voto por dar provimento ao Recurso do Contribuinte. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 8658DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.659 6 Voto Vencedor Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Redatora Designada Peço vênia para discordar do muito digno Relator, conforme exposto a seguir. Do tratamento tributário a ser dado aos valores provenientes do usufruto de ações A contribuinte cedeu temporariamente, a título oneroso, o direito de fruir os benefícios de participações societárias que detinha e contabilizou as operações sem transitar por contas de resultado, de forma que os valores recebidos pela cessão do usufruto não foram oferecidos à tributação, por entender que o usufruto constituído se assemelhava aos lucros distribuídos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo método de equivalência patrimonial (MEP), conforme o Termo de Verificação Fiscal nº 01 (efl. 238). A fiscalização entendeu que tais ingressos eram tributáveis. A decisão recorrida corroborou esse entendimento, embora tenha determinado que a tributação fosse feita conforme o regime de competência e não conforme o regime de caixa (efl. 3361). A contribuinte recorre a esta CSRF (efl. 8204) afirmando que o entendimento adotado na decisão a quo diverge daquele adotado no Acórdão nº 1201000.386, o qual apresenta a seguinte ementa: USUFRUTO DE AÇÕES. PREÇO FIXO. CUSTO DE AQUISIÇÃO É FORMADO PELOS FRUTOS GERADOS PELAS AÇÕES. DIVIDENDOS E JURO SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. O ganho do nu proprietário com a constituição de usufruto sobre ações de sua propriedade é igual à diferença entre o preço recebido do usufrutuário e o valor dos frutos que tais ações gerarem, consubstanciados nos dividendos e no juro sobre capital próprio que a companhia investida vier a pagar ao usufrutuário. Não se aplica ao negócio de "constituição de usufruto" de ações o disposto no Parecer Normativo COSIT n° 4/95, que trata de "cessão de usufruto", e determina o reconhecimento do preço da cessão como receita operacional, posto tratar de operação negocial diversa. A leitura do respectivo voto condutor permite verificar que a Turma Julgadora entendeu que a cessão do usufruto de participação societária poderia ser tributada, mas que aquele processo não tratava de cessão de usufruto e sim de constituição de usufruto, cuja tributação somente se daria sobre o valor que exceder o ganho ordinário do nu proprietário, conforme o seguinte excerto: Como o contrato juntado a fls. 30/31 comprova, a operação havida entre a recorrente e o Banco Itaú S/A foi de "constituição de usufruto" e não de "cessão de usufruto". Fl. 8659DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.660 7 Obviamente, se a recorrente é a proprietária das ações, ela só poderia dálas em usufruto originário. O nu proprietário não poder ceder o usufruto a terceiro, uma vez que não é usufrutuário e não pode ceder o que nào dispõe. Logo, repisese que a operação em análise é de constituição de usufruto de ações da Banerj Seguros S.A. em favor do Banco Itaú S/A, pelo recorrente. Essa constatação faz toda diferença na análise da contabilização da operação e seus respectivos impactos tributários pois, se não estamos analisando uma operação de cessão de usufruto, não há falarse em equiparar a operação à locação nem em tratai o preço do usufruto como receita operacional. O Parecer Normativo COSIT n° 4, de 03.11.1995, utilizado como base para autuação, manda dar tratamento de locação à cessão de usufruto, e não à constituição de usufruto, situações bem diversas. Como bem assinalado no recurso voluntário, "na constituição do usufruto há transmissão do direito real de uso e gozo do bem, ao passo que na cessão de exercício de usufruto não há transmissão do direito real sobre o bem, mas somente permissão para o uso e gozo desse direito real que continua pertencendo ao 'concedente da permissão'" (fls. 118). No usufruto de ações, os frutos que o usufrutuário gozará são exatamente os dividendos e o juro sob capital próprio (JCP) que a empresa investida pagará aos sócios ou, no caso, ao usufrutuário. (Negritei) A contribuinte (recorrente) apresenta seus argumentos no mesmo sentido, nos seguintes termos (efl. 8208): 20. No momento da celebração do contrato de usufruto não se sabia o valor dos dividendos ou juros que seriam declarados durante a sua vigência: não havia liquidez do direito do usufrutuário nem do custo da instituição do usufruto para o proprietário. 21. Nesse momento ainda não havia maneira de se quantificar o eventual ganho ou perda. Por isso, no recebimento do preço do usufruto, a contrapartida se deu em uma conta retificadora do investimento. Somente após declarados os dividendos e juros ao longo do período de duração do usufruto c que o usufrutuário pôde conhecer o montante a receber como um direito líquido e certo e o proprietário pôde conhecer o custo do usufruto. 22. O investimento da Recorrente é avaliado pelo Método da Equivalência Patrimonial (MEP). Por isso, a declaração da investida (distribuição de lucros) implica redução do valor do investimento. Como, na vigência do usufruto, a titularidade dos frutos não é do proprietário das ações, o valor do investimento também deve ser reduzido, haja vista a diminuição no patrimônio líquido da investida. Todavia, a contrapartida dessa redução no valor do investimento não será um valor a receber Fl. 8660DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.661 8 (como ocorreria se não existisse o usufruto), mas o lançamento a debito na conta retificadora do investimento, que permitirá a apuração do custo (e, afinal, do ganho ou perda de capital decorrente da operação). 23. Vale dizer, é nesse momento que se quantifica o custo, que não era conhecido quando da constituição do usufruto. Se o valor dos frutos declarados na vigência do usufruto for menor que o preço do usufruto (valor recebido pelo nuproprietário), a diferença constituirá ganho do nuproprietário: será exatamente o valor que sobrar na conta retificadora do investimento, que deve ser baixado em contrapartida a conta de resultado (lançamento a crédito como receita). Por outro lado, a decisão recorrida adotou entendimento pelo qual a operação de constituição de usufruto não se confunde com a operação de aquisição de participação societária, sendo que uma não interfere na outra (efl. 3272): A avaliação do investimento pelo MEP, conforme art. 248 da Lei Societária (Lei 6.404/1976), não se altera na vigência do usufruto nem com ele se confunde. O usufruto não está vinculado ao MEP e dele deve ser separadamente tratado quanto ao registro contábil. Segundo a técnica contábil usualmente aceita, o montante recebido à vista deveria ser inicialmente apropriado a crédito em conta de passivo, pelo seu total, e a débito de conta ativa representativa de disponibilidades, caixa ou bancos, conforme o caso. Na fluência do prazo contratual, transferese mês a mês o valor referente à parcela mensal correspondente ao valor recebido dividido pelo período de vigência da conta passiva (débito) para conta de receita (crédito), oferecendose à tributação, dessa forma, a receita relativa à constituição do usufruto pelo seu período de vigência, conforme recomenda o regime de competência (art. 177 da Lei 6.404/1976). Os custos e despesas decorrentes, devidamente contabilizados, terão influência na apuração do resultado do exercício, como de resto ocorre com todos os custos e despesas da pessoa jurídica admitidos pela lei tributária. Ressalvese que, no caso concreto, os contratos não prevêem qualquer dispêndio para a proprietária das ações. A análise gerencial da lucratividade da transação (usufruto), o seu "sacrifício econômico destinado à percepção de receita", bem lembrado pela recorrente, poderá perfeitamente ser realizada de modo extracontábil, sem qualquer prejuízo para o exame quanto ao acerto da decisão empresarial adotada, sob enfoque econômico. A necessidade de detalhamento de informações aos credores, acionistas minoritários e outros interessados não apenas pode Fl. 8661DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.662 9 como efetivamente deve ser atendida por meio das notas explicativas previstas no art. 176, §§ 4o e 5o, da Lei 6.404/1976. Entendo que não assiste razão à contribuinte, recorrente. O usufruto é o "direito real de fruir as utilidades e os frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacados da propriedade"1. Assim, o proprietário que constitui o usufruto abre mão do direito de fruir as utilidades e os frutos de seu bem em benefício de terceiro, definitivamente ou temporariamente, conservando apenas a nua propriedade. O usufruto é negócio jurídico típico previsto nos artigos 1.390 e ss. do Código Civil, aprovado pela Lei nº 10.406, de 2002, nos seguintes termos: Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendolhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades. Mas como o proprietário abre mão apenas dos direitos de fruir dos benefícios da propriedade, ele continua proprietário e, como tal, assumindo os riscos, por exemplo, da equivalência patrimonial. Além disso, como o usufrutuário é quem recebe os benefícios, no caso do usufruto de participações societárias, quem recebe os dividendos e juros de capital próprio é este, e não o proprietário. Por essa razão é que não poderia a contribuinte, na condição de usufruante, querer dar o mesmo tratamento a esse rendimento de distribuição de lucros, pois, ao constituir o usufruto, sequer esses lhes são devidos. Ao invés de receber dividendos e juros de capital próprio, a contribuinte optou por receber um valor fixo. Como bem colocou a decisão recorrida, o risco pelo recebimento dos dividendos e juros sobre o capital passou a ser do usufrutuário. Logo, está equivocada a contabilização dessas operações adotada pela contribuinte, fazendoa apenas por contas patrimoniais. Nesse sentido, e na busca de uma correta caracterização jurídica do ganho, correto é dar o mesmo tratamento dado a uma locação, considerando as características já apontadas pela Fiscalização (efl. 242): 3.6. O usufruto oneroso tem uma semelhança estreita com a locação, pois, tanto na locação como no usufruto uma das partes (locador, na locação; e proprietário/cedente, no usufruto) cede à outra (locatário e usufrutuário, respectivamente), por tempo determinado ou não e mediante retribuição previamente pactuada, o uso e gozo de uma coisa não fungível. A principal diferença consiste em que enquanto na locação o direito é pessoal, no usufruto é real; o direito do locatário se exerce contra o locador; o do usufrutuário, erga omnes. 3.7 Nesse sentido, Washington de Barros Monteiro, ín "Curso de Direito Civil" Direito das Coisas 11a. Edição, às fls. 293 e 297, ensina: 1 Dicionário Jurídico da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, 4ª edição, Rio de Janeiro:Forense Universitária, 1997. Fl. 8662DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.663 10 "Igualmente com a locação o usufruto apresenta marcante analogia. A situação do usufrutuário assemelhase à do locatário, quanto ao uso e gozo da coisa, havendo quem afirme que sob certo aspecto, o direito do locatário supera o do. usufrutuário. Divergem, porém, os dois institutos: locação é relação pessoal, ao passo que usufruto ê direito real. Recai a primeira, exclusivamente, sobre coisas corpóreas, ao passo que o segundo incide também sobre créditos, direitos de autor, patentes de invenção, fundo de comércio e outros valores incorpóreos. A locação decorre apenas do contrato, enquanto que o usufruto nasce da convenção e também da lei. Ostentam se, portanto, de modo palpável, as diferenças que estremam os dois institutos." "Usufruto não comporta alienação, como direito é incessivel. Mas seu exercício pode ser cedido a título gratuito ou oneroso. Nada impede assim que o usufrutuário, ao invés de se utilizar pessoalmente da coisa frutuária, o que poderia ser inútil e até vexatório, a alugue ou a empreste a outrem". E, como tal, cabe a aplicação da regra geral aplicada às receitas da pessoa jurídica, que influenciam o seu lucro líquido. Dessa forma, os valores recebidos pela cessão do usufruto são receitas operacionais e, portanto, tributáveis. Por fim, o recorrente ainda se socorre do Parecer Normativo COSIT nº 4, de 1995. Todavia, verifico que esse parecer trata de situações distintas daquela tratada no presente processo. Na espécie, está se tratando de constituição de usufruto de participação societária, ou seja, quando o proprietário da participação societária dispõe temporariamente da sua prerrogativa de usufruir do bem ou direito (constituição de usufruto). Por outro lado, o referido parecer trata de alienação de usufruto por parte de usufrutuário (alienação de usufruto) e de cessão de usufruto por parte do usufrutuário (cessão de usufruto), conforme o próprio recorrente relata (efl. 8209): 27. O Parecer Normativo COSIT N. 4, de 3.11.95 cuida de duas situações relacionadas com o usufruto: (Ia) alienação do usufruto, pelo usufrutuário (que apura ganho de capital, pela diferença entre custo do direito e preço de venda do direito) e (2a) cessão do exercício do usufruto (em que o cedente, usufrutuário, aufere aluguéis). Por se tratarem de espécies distintas de negócios, embora tenham como objeto o usufruto, entendo que não é possível a reclamada aplicação do referido parecer na presente questão. Com isso, manifesto meu entendimento de que a decisão recorrida não merece reparo nessa parte. Alteração do lançamento tributário A contribuinte ainda reclama de uma suposta nulidade da decisão recorrida, acolhida pelo ilustre relator como um vício material do lançamento, conforme exposto a seguir. A fiscalização realizou a tributação das receitas de usufruto nos períodos em que houve o seu ingresso. A decisão a quo, apesar de ter verificado que se tratava de receita Fl. 8663DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.664 11 tributável, entendeu que a tributação deve ser distribuída, proporcionalmente, por todos os períodos incluídos na vigência do usufruto, o que levou à redução dos valores exigidos até se adequarem aos valores proporcionalmente devidos, conforme o seguinte excerto (efl. 3376): Dessa forma, resolvo seguir a jurisprudência firmada pela CSRF para determinar a apuração dos tributos exigidos neste item do lançamento segundo o regime de competência, sem prejuízo do meu próprio entendimento acima exposto. O ajuste das bases de cálculo das exigências deve ser realizado unicamente pela exclusão das parcelas não correspondentes ao período de apuração mensal, se PIS ou Cofins, ou anual, se IRPJ ou CSLL, considerados os valores já computados nos autos de infração. O valor excluído de um período de apuração na forma descrita no parágrafo anterior não pode ser transferido para período subseqüente, sob pena de ocorrência de agravamento daquele período (subseqüente), o que resultaria em nulidade do ato. A contribuinte recorre a esta CSRF afirmando que o entendimento adotado na decisão a quo diverge daquele adotado no Acórdão nº 10322.934, pelo qual a manutenção parcial do lançamento corresponderia a uma mudança do critério jurídico do lançamento, nos seguintes termos (efl. 8210): 38. Ainda que, ad argumentandum tantum, se admitisse a existência de receita de aluguel, o acórdão paradigma n° 103.22934, em sentido oposto ao acórdão recorrido, cancelou totalmente o auto de infração, por ter ferido o regime de competência, quando entendeu tributável a suposta receita de aluguel no momento da constituição do usufruto. 39. Ora, se o acórdão combatido também reconheceu que o lançamento não aplicou o regime de competência, entendido como aplicável ao caso, deveria, por consequência, ter decretado a nulidade da autuação e não o seu refazimento. 40. O auto de infração deve conter todos os elementos necessários à identificação precisa da obrigação tributária, à vista dos fatos ocorridos e da legislação aplicável. 41. Em suma, neste processo, o auto de infração contém vício na apuração do tributo devido, pois, ainda que admitido (para argumentar) tratarse de receita de aluguel, ele errou ao aplicar o regime de caixa na apuração do suposto débito. Analisando inicialmente o Termo de Verificação da Infração Fiscal nº 1, verifico que a Fiscalização considerou ter a contribuinte auferido a disponibilidade econômica e jurídica na data da assinatura dos respectivos contratos de constituição do usufruto (item 6, e fl. 244). Concordo com a decisão recorrida de que não se trata de alterar o critério jurídico do lançamento, porque, na verdade, a Fiscalização entendeu ser uma receita operacional tributável e que essa receita foi auferida em um determinado período. Já a decisão recorrida manteve o entendimento da Fiscalização de ser uma receita operacional tributável, Fl. 8664DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.665 12 mas, por entender que o reconhecimento deveria ser ao longo dos períodos do contrato de usufruto, adotou uma proporção, e só manteve a parcela do contrato que correspondia ao período de apuração considerado pela Fiscalização. Logo, daquilo que foi lançado, a decisão recorrida só diminuiu para excluir o que entendeu ser receita de outro período de apuração. Portanto, não há qualquer inovação no lançamento, não houve modificação no enquadramento legal e nem os fatos foram interpretados de forma diferente do que havia interpretado a Fiscalização. Este entendimento já foi adotado por este colegiado, conforme o Acórdão 910100.630, de 06/07/2010, que tratou de situação análoga referente a empresa do mesmo grupo econômico, ocasião em que foi adotada a seguinte ementa: USUFRUTO DE AÇÕES. RECEITA REGIME DE COMPETENCIA. NULIDADE, INOCORRÊNCIA. Ajustado o valor da exigência nos termos definidos pela decisão do Colegiado, descabe falar em nulidade que implicaria em cancelar a parcela do tributo efetivamente devido. Desse acórdão, ainda transcrevo trechos do voto: Descabe a aplicação do art. 146 do CTN ao caso. A limitação estabelecida dispositivo visa impedir a revisão de lançamento quando a situação jurídica está consolidada com base em critérios jurídicos vigentes à época do fato gerador, ainda que tais critérios digam respeito à valoração dos fatos ou à interpretação da lei. Tratase de uma garantia de que modificações em tais critérios que possam implicar na imposição de maior ônus tributário não sejam aplicadas retroativamente ao mesmo sujeito passivo. Pareceme incoerente arguir uma suposta violação ao princípio da segurança jurídica pois, além de não ter ocorrido a mudança suscitada tendo em vista que o valor recebido a título de usufruto foi tratado como receita operacional pela Fiscalização e também pela decisão recorrida, a adequação da exigência demonstra a aplicação do princípio da verdade material e, mais importante, foi favorável ao sujeito passivo. Excluir da base de cálculo um valor nela incluído equivocadamente, mantendose apenas o devido, é procedimento comum neste Colegiado. Digo mais, é atividade típica inerente ao julgamento e nesse aspecto não há reparo à decisão hostilizada. Logo, temse que a decisão recorrida não merece reparo nessa parte. Fl. 8665DF CARF MF Processo nº 16327.001718/200593 Acórdão n.º 9101002.999 CSRFT1 Fl. 8.666 13 Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da contribuinte, mantendo a correspondente exigência tributária na forma em que foi decidido no acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 8666DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13601.000366/2007-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2002 a 31/07/2002
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO.
O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do credito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final e o dia em que se completa o qüinqüênio legal, contado a partir daquela data.
RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
Somente será devida a restituição de contribuições previdenciárias na hipótese de recolhimento indevido ou a maior do que o devido.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. A Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio declarou-se impedida.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2002 a 31/07/2002 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do credito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final e o dia em que se completa o qüinqüênio legal, contado a partir daquela data. RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Somente será devida a restituição de contribuições previdenciárias na hipótese de recolhimento indevido ou a maior do que o devido. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelam-se insuficientes para comprovar os fatos alegados. Recurso Voluntário Negado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 20 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13601.000366/2007-36
anomes_publicacao_s : 201711
conteudo_id_s : 5800785
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.306
nome_arquivo_s : Decisao_13601000366200736.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARTIN DA SILVA GESTO
nome_arquivo_pdf_s : 13601000366200736_5800785.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. A Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio declarou-se impedida. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
id : 7022095
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:09:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734584729600
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1645; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2.540 1 2.539 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13601.000366/200736 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.306 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 03 de outubro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente COMAU DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2002 a 31/07/2002 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRESCRIÇÃO. O dies a quo para contagem do prazo prescricional de repetição de indébito é o da data de extinção do credito tributário pelo pagamento antecipado e o termo final e o dia em que se completa o qüinqüênio legal, contado a partir daquela data. RESTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Somente será devida a restituição de contribuições previdenciárias na hipótese de recolhimento indevido ou a maior do que o devido. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Simples alegações desacompanhadas dos meios de prova que as justifiquem revelamse insuficientes para comprovar os fatos alegados. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso. A Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio declarouse impedida. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 1. 00 03 66 /2 00 7- 36 Fl. 2540DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.541 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 13601.000366/200736, em face do acórdão nº 0225.602 julgado pela 7ª Turma da Delegacia Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem que assim os relatou: "Tratase de manifestação de inconformidade em face do indeferimento de requerimento de restituição do valor excedente das retenções efetuadas sobre notas fiscais de prestação de serviço em relação ao valor devido à Previdência Social sobre a folha de pagamento, nas competências 05/2002 a 07/2002. Nos termos do Despacho Decisório n° 1.391, de 30/09/2009, fls. 1.554/1 .574, a restituição pleiteada foi indeferida pelas razões a seguir discriminadas: a) Ocorrência de prescrição em relação à competência 05/2002; b) Ausência dos seguintes documentos indispensáveis à análise do pedido de restituição: b.l) folha de pagamento específica para cada estabelecimento, nos termos dos itens 36 e 38 da Ordem de Serviço INSS/DAF n° 209/99; b.2) folha de pagamento e de seu resumo consolidado relativos ao pagamento de remuneração de contribuintes individuais nas competências 06/2002 e 07/2002; b.3) resumo geral consolidado de todas as folhas de pagamento por estabelecimento da contratada; Fl. 2541DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.542 3 b.4) nota fiscal relacionada no Demonstrativo de Notas Fiscais DNF. c) Apesar de ter sido lançado o valor da retenção nos Demonstrativos de Notas Fiscais DNF, restou comprovado que a requerente não procedeu ao destaque do valor da retenção para as notas fiscais de n°s: 000146, fls. 598; 000040, fls. 600. d) A requerente não comprovou que as empresas contratantes efetuaram o recolhimento da retenção em relação às notas fiscais em que não houve o respectivo destaque. e) Divergência de informações entre os valores de retenção informados em GFIP e os constantes nos Demonstrativos de Notas Fiscais DNF f) Verificação de erro no autoenquadramento na atividade econômica preponderante da empresa para fins de apuração da alíquota do RAT. Em 09/10/2009, fis. 1.575, a requerente foi cientificada do indeferimento exarado no Despacho Decisório n 1.391 e, então, apresentou manifestação de inconformidade, em 06/11/2009, fls. 1.578/1.587, acompanhada dos documentos de fls. 1.588/2.042. Requereu que fosse dado provimento à presente manifestação e deferidos os valores constantes do Requerimento de Restituição de Retenção, mencionando os seguintes argumentos: DA NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA POR CERCEIO DE DEFESA. DOCUMENTOS AUSENTES. que a ausência de documentos comprobatórios do direito à restituição pleiteada não ocasiona, prímafacíe, o indeferimento do pedido, que somente pode ocorrer caso o requerente, notificado, não apresente os documentos, consoante se extrai da leitura tanto do art. 226 da IN MPS/SRP n° 3/2005 como do art. 65 da IN RFB n° 900/2008; que a recorrente apresenta em anexo os documentos faltantes que foram listados pela decisão recorrida. DA INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO que a prescrição declarada para a competência 05/2002 é indevida, pois, aqui, se trata de contribuições sujeitas ao lançamento por homologação, cujo prazo qüinqüenal estabelecido na legislação própria tem como termo a quo a data da homologação do lançamento, tácito ou expresso; que no presente caso deve ser aplicada a norma albergada na redação original do art. 219 da IN MPS/SRP n° 3/2005, a qual possui calço no alt. 168 do CTN, que, até junho de 2005, permaneceu incólume; Fl. 2542DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.543 4 que a alteração legislativa promovida pela Lei Complementar n° 118/2005 somente deve desencadear seus efeitos em momento posterior à sua vigência; que o STJ declarou a inconstitucionalidade do artigo da Lei Complementar n° 118/2005 que diminuiu o prazo para o contribuinte solicitar a restituição de tributos perante o Fisco. DA AUSÊNCIA DE DESTAQUE DA RETENÇÃO E DA COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO que convém, de logo, salientar que a ausência de destaque do valor da retenção ocorreu em apenas algumas poucas notas fiscais; que, apesar da ausência de destaque da retenção, as contratantes de serviços efetuaram a retenção devida, conforme fazem prova os documentos em anexo; que a divergência nas informações prestadas pela recorrente não poderiam resultar no indeferimento do pedido de restituição, mas, quando muito, segundo redação do art. 209 da IN MPS/SRP n° 3/2005, na conversão em diligência do processo para o fim de confirmar os dados relacionados no requerimento de restituição. que a recorrente entrou em contato com a empresa tomadora de serviço (FORD) e obteve cópia das guias de recolhimento dos valores retidos, conforme se afere dos documentos em anexo; que, numa mesma competência, eram emitidas diversas notas fiscais contra a FORD MOTOR COMPANY LTDA e que a recorrente está elaborando um relatório complementar para identificar as notas fiscais a que se refere a GPS em anexo, protestando pela juntada posterior desse discriminativo; que a ausência de destaque do valor retido em algumas notas fiscais não pode prejudicar a análise da totalidade do pedido. DIVERGÊNCIA ENTRE GFIP E DNF a recorrente não identificou as apontadas divergências entre os valores informados em GFIP e aqueles constantes nos Demonstrativos de Notas Fiscais; ausente a divergência, deve ser julgada procedente a pretensão da recorrente. ERRO NO AUTOENQUADRAMENTO ALÍQUOTA RAT é de se destacar que o processo de restituição não é a via adequada para se discutir eventual descumprimento de obrigação tributária, ou seja, o enquadramento na sua atividade preponderante para fins de fixação da alíquota do SAT, posto que a sua constituição, quando devida, deve seguir regramento especifico; Fl. 2543DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.544 5 que a recorrente promoveu seu autoenquadramento em atenção aos requisitos legais, que estabelecem como atividade preponderante aquela que tem o maior número de empregados, e não a que tem o maior faturamento; que o critério utilizado na decisão recorrida padece de vício, posto que não comprovou a área de efetiva prestação de serviço dos empregados da recorrente, violandose, assim, o principio da verdade material; CONSIDERAÇÕES FINAIS o pedido de restituição está devidamente estruturado, não existindo motivos para o seu indeferimento." A 7ª Turma da Delegacia Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE) entendeu pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte, mantendo a decisão do indeferimento do Requerimento de Restituição da Retenção, conforme transcrito: "[...] Com a finalidade de sistematizar as decisões contidas em cada um dos capítulos do presente voto, temse que a decisão final, em apertada síntese, deriva das seguintes conclusões: a) confirmada a ocorrência do prazo prescricional para a restituição da retenção na competência 05/2002, em conformidade com os artigos 3° e 4° da Lei Complementar n° 118/2005, art. 253 do Regulamento da Previdência Social e art. 218, IV, da IN MPS/SRP n° 3/2005; b) falta de retificação de GFIP, decorrente da ausência da informação dos valores retidos e erro no autoenquadramento do RAT, em consonância com o § 2° do art. 229 da IN MPS/SRP n° 03/2005; c) ausência de destaque do valor da retenção na nota fiscal e a não comprovação do valor recolhido pela contratante, atentandose contra o disposto no art. 208 da IN MPS/SRP n° 03/2005;" Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, às fls. 2507/2515, reiterando as alegações expostas em manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da inocorrência da prescrição. Fl. 2544DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.545 6 Alega a contribuinte que a prescrição declarada para a competência 05/2002 é indevida. O Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, em seu artigo 253, I, define que o direito de pleitear a restituição extinguese em cinco anos, contados do pagamento ou do recolhimento indevido: Art. 253. O direito de pleitear restituição ou de realizar compensação de contribuições ou de outras importâncias extinguese em cinco anos, contados da data: 1 do pagamento ou recolhimento indevido; ou II em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a sentença judicial que tenha reformado, anulado ou revogado a decisão condenatória. A Instrução Normativa MPS/SRP n° 03, de 14 de julho de 2005, que vigia na época do protocolo do Pedido de Restituição, o qual se deu em 29/06/2007, apontava em seu art. 218, IV, que o prazo para restituição de valores recolhidos a título de retenção efetuada com base em nota fiscal de prestação de serviço era de cinco anos, contados do vencimento da obrigação do pagamento, a saber: Art. 218. O direito de pleitear restituição ou reembolso ou de realizar compensação de contribuições ou de outras importâncias extinguese em cinco anos contados da data: [...] IV do vencimento para recolhimento da retenção efetuada com base na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços. No regime da retenção, a empresa contratante dos serviços é obrigada a recolher o valor da retenção, em nome da empresa cedente da mãodeobra, até o dia dois do mês subsequente ao da emissão da Nota Fiscal, redação vigente à época das retenções efetuadas: Art. 31 A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida ate' o dia dois do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5º do art. 33. (Redação dada pela Lei n" 9.711, de 20/11/98) § 1º O valor retido de que trata o caput, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, será compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa cedente da mãodeobra, quando do recolhimento das contribuições destinadas it Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados a seu serviço. (Redação dada pela Lei n" 9. 711, de 20/11/98). [...] Fl. 2545DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.546 7 Da leitura e interpretação dos dispositivos acima transcritos, extraise a lição de que a data para os recolhimentos efetuados a titulo de retenção previstos no art. 31 da Lei n° 8.212/91, referente à competência 05/2002, é o dia 02/06/2002. Assim, a regra de contagem do prazo prescricional para pedido de restituição iniciouse em 02/06/2002, data do vencimento do pagamento da retenção, expirandose em 01/06/2007. Não procede o pedido da requerente para que seja considerada a norma albergada na redação original do art. 219 da IN MPS/SRP n° 03/2005 para fins de contagem do prazo prescricional. Cabe esclarecer que o protocolo do pedido de restituição se deu em 29/06/2007 e, nesta data, o citado dispositivo já havia sido revogado pela IN MPS/SRP n° 20/2007. Não se ampara, pois, a pretensão da contribuinte neste ponto, tendo em vista que não se pode aplicar dispositivo de legislação já revogada ao tempo do exercício do direito requerido. Para corroborar o entendimento pontuado no parágrafo anterior, tornase imperativo tecer algumas considerações acerca da legislação de regência dos prazos prescricionais previstos no Código Tributário Nacional. O art. 168, I, do CTN, fixa o prazo de cinco anos para o interessado pleitear restituição, da data da extinção do crédito tributário, no caso de cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou a maior que o devido, conforme art. l65, I do CTN: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipóteses dos incisos 1 e II do artigo 165, do data da extinção do crédito tributário; ... Art. 165. O sujeito passivo tem direito. independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do art. 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; [...] Nos termos do art. 150, § l°, do CTN, o pagamento antecipado do tributo extingue o crédito, sob condição resolutória de ulterior homologação ao lançamento: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Fl. 2546DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.547 8 § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. Com a finalidade de espancar as dúvidas quanto à interpretação dos artigos do CTN arrolados neste capitulo, o legislador qualificado fez publicar a Lei Complementar n° 118, de 09/02/2005, com entrada em vigor em 09/06/2005, estatuindose a seguinte redação no seu art. 3°: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida lei. Portanto, temse que a prescrição se fez presente em relação ao pedido de restituição da competência 05/2002, passase a analisar as razões da recorrente quanto às competências 06/2002 e 07/2002. Da ausência de documentos, do destaque da retenção e da comprovação do recolhimento Argumenta a contribuinte que não se encontra no processo nenhuma intimação a ela endereçada para a apresentação de documentos indispensáveis à análise do pedido de restituição. Consoante já referido pela DRJ, assiste razão à inconformada, posto que não se constata no corpo dos autos nenhuma intimação dirigida à sociedade empresária quando da análise do processo de restituição. No entanto, o ato normativo vigente à época do protocolo do Requerimento de Restituição da Retenção, Instrução Normativa MPS/SRP n° 3/2005, demonstrava claramente quais eram os documentos necessários a sua instrução. Ocorre, contudo, que ao ter tomado ciência do Despacho Decisório n° 1.391, de 30/09/2009, onde se expuseram os motivos de fato e direito do indeferimento do requerimento de restituição, a contribuinte foi aberto o prazo de 30 (trinta) dias para apresentar a manifestação de inconformidade contra o indeferimento do pedido, bem como juntar as provas que possuísse e estivessem relacionadas ao pleito do seu direito. Vêse que o prazo previsto no art. 15 do Decreto n° 70.235/72 é superior ao disposto no parágrafo único do art. 226 da IN MPS/SRP n° 3/2005. Assim, a ausência de intimação, portanto, não lhe trouxe prejuízo, pois à concessão do prazo em comento restituiu à contribuinte o seu direito de sanear o processo. A concessão do prazo em comento restituiu à contribuinte o seu direito de sanear o processo. E assim o fez, parcialmente, ao mencionar, às fls. 1588 c/c fls. 1585, que anexava à sua manifestação GPS de código de recolhimento 2631, cópia de folha de pagamento, cópia dos resumos por contratante e por estabelecimento da folha de pagamento, cópia da nota fiscal n° 756, cópias da GFIP das competências 06 e 07/2002 e, realizou pedido de posterior protesto pela juntada de um discriminativo. Até o julgamento de primeira instância estes documentos não haviam sido protocolizados, tampouco até a data da presente sessão de julgamento. As mencionadas GPS, fls. 1591/1592, referemse às competências 06 e 07/2002, e até a data do presente julgamento o requerente não conseguiu provar de forma Fl. 2547DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.548 9 inequívoca que os recolhimentos vinculamse àquelas notas fiscais de prestação de serviço em que não houve o regular destaque da retenção. Ainda que se deferisse o prazo para juntada de discriminativo, não há como vincular as já citadas GPS com as notas fiscais em que ela afirma em que houve a retenção, apesar do não destaque no corpo do documento. Para exemplificar, tomese o fato de que a NF 000146, fls. 599, foi emitida em 17/06/2002 pelo estabelecimento 02.693.750/001517, enquanto a GPS de 06/2002 juntada aos autos, onde se afirma que está presente o valor da retenção recolhida pela tomadora de serviços, anotou no campo identificador o CNPJ 02.693.750/001274. Nesse contexto, não há que se postular pela afronta ao direito de defesa, ao devido processo legal e por nulidade da decisão recorrida. Além disso, importa referir que é ônus exclusivo da contribuinte comprovar o que alega. Assim, não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pela contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, da contribuinte ora recorrente. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Devido à insuficiência probatória, compreendo que não merece provimento o recurso do contribuinte quanto a esta matéria. Da divergência entre GFIP e DNF. A recorrente sustenta que não identificou as divergências entre os valores de retenção informados na GFIP e os valores constantes nos Demonstrativos de Notas Fiscais e, que, pelo contrário, os valores contidos em ambos os documentos são iguais, conforme se afere dos documentos que anexou aos autos. No momento do protocolo do pedido de restituição, a contribuinte realmente não havia informado nas GFIP de cada um dos estabelecimentos em que pleiteia a restituição os valores que sofreu a título de retenção. É o que se depreende da análise dos documentos juntados aos autos, retirados do sistema CNISA, fls. 2044/2053. O campo Retenção (Lei 9711/98) encontrase zerado nas competências 06/2002 e 07/2002. Furtouse a contribuinte em informar que a aludida identidade por ele proclamada adveio do fato de que comparou os valores contidos no DNF com aqueles expostos nos documentos denominados “Relatórios de Valor de Retenção (Lei 9711/98) a Compensar/Restituir”, emitidos em 05/11/2009, fls. 1593/1599 e 1620/1627, utilizandose a versão SEFIP 8.40, de 02/10/2009. Conforme referiu a DRJ de origem, poderseia imaginar que a contribuinte corrigiu as informações contidas nas GFIP originais e esqueceu de se manifestar nesse sentido. Ocorre, contudo, que ao consultar o sistema GFIP WEB, banco de dados da administração tributária onde são armazenadas todas as GFIP declaradas a partir da versão 8.0 do sistema Fl. 2548DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.549 10 SEFIP, fls. 2054/2068, identificase que lá não se encontra nenhuma GFIP para as competências 06/2002 e 07/2002. A falta do documento no sistema GFIP WEB revela que o contribuinte não transmitiu para o banco de dados da administração tributária a informação corrigida na versão 8.0 do sistema SEFIP. Aliase a tal fato a constatação de que o sujeito passivo não fez juntar aos autos do processo o comprovante do Protocolo de Envio de Arquivos Conectividade Social. Ausente a declaração das informações na nova versão, permanecem como válidos nos sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo, valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse da administração tributária transmitidos em momento anterior, onde não houve o preenchimento do campo Retenção (Lei 9711/98). Diante o exposto, não se pode argumentar pela regularidade das informações prestadas nos documentos que deveriam instruir o processo de restituição da retenção, pois o § 2° do art. 229 da IN MPS/SRP n° 03/2005 não deixa dúvidas quanto à necessidade de retificação das GFIP quanto as informações apresentadas encontraremse eivadas de irregularidades. Erro no autoenquadramento. Durante o procedimento de análise do requerimento de restituição, as Autoridades Fiscais detectaram, ao consultar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, que a impugnante atribuiu a alíquota de 2% (dois por cento) para o cálculo das contribuições destinadas ao financiamento do benefício previsto nos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/91, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, quando o correto seria a aplicação da alíquota de 3% (três por cento). Frisaram que o estabelecimento matriz, CNPJ 02.693.750/000111, era detentor do maior número de vínculos, fls. 1570, e que as atividades econômicas lá desenvolvidas, indubitavelmente, estavam enquadradas no grau de risco de 3% (três por cento), fls. 1572/1573. Concluíram, portanto, que sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e trabalhadores avulsos deveria ser aplicada a alíquota de 3% (três por cento) para o cálculo da contribuição devida. Em razão de tal observação, sustentaram que o contribuinte deveria ter transmitido novas GFIP, referente às competências 06/2002 e 07/2002, saneando a documentação que instruiu o processo de restituição da retenção. Alegou a contribuinte na sua manifestação de inconformidade, reiterando igualmente em recurso voluntário: a) que o processo de restituição não é a via adequada para se discutir eventual descumprimento de obrigação tributária; Fl. 2549DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.550 11 b) que a decisão recorrida não informou a quantidade de empregados que exerceram as atividades cujo grau de risco seja de 3%, 2% ou de 1% e nem comprovou a área de efetiva prestação de serviço dos empregados da recorrente; c) que a maioria dos empregados exerceram atividade cujo grau de risco era de 2%. Quanto às alegações contidas nos itens “b” e “c”, já restou demonstrado que as Autoridades Fiscais não agiram conforme a notícia que nos traz a recorrente. Ora, se o estabelecimento matriz detinha o maior número de vínculos e as atividades lá desenvolvidas enquadravamse no grau de risco 3%, mostrase escorreita a exigência de que o cálculo da contribuição devida ao financiamento do benefício previsto nos artigos 57 e 58 da Lei n° 8.213/91, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, seja calculada a partir da aplicação da alíquota de 3%. Oportuno ressaltar que o § 4° do art. 202 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, dispõe que se considera preponderante a atividade econômica que ocupa, na empresa, o maior número de segurados empregados e trabalhadores avulsos. Ainda se reportando ao art. 202 do RPS, mas desta feita valendose da redação contida no seu § 5°, apurase o comando de que cabe à Secretaria da Receita Previdenciária, atualmente Receita Federal do Brasil, rever, a qualquer tempo, o enquadramento na atividade preponderante realizado pela empresa. Quanto à argumentação contida na alínea “a” supracitada, entendo que a posição assumida pela recorrente é equivocada. O art. 89 da Lei n° 8.212/91 é taxativo ao dispor que as contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido. Ademais, devese frisar que a Lei n° 8.212/91, na redação do inciso IV do art. 32, é evidente ao estabelecer que o contribuinte deverá, na forma, prazo e condições estabelecidos pela administração tributária, declarar os dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária. Não tendo, pois, a requerente demonstrado por meio de provas que a conclusão das Autoridades Fiscais quanto a este tópico se mostrava equivocada, agiram com acerto os responsáveis pela lavra do Despacho Decisório n° 1.392, de 30/09/2009, ao informar à interessada que ela deveria corrigir as GFIP das competências 06/2002 a 07/2002 com a alíquota do RAT no seu grau máximo, conforme determina o § 2° do art. 229 da IN MPS/SRP n° 03/2005: Art. 229. O direito à compensação ou à restituição está condicionado à comprovação do recolhimento ou do pagamento do valor a ser compensado ou requerido. (..) Fl. 2550DF CARF MF Processo nº 13601.000366/200736 Acórdão n.º 2202004.306 S2C2T2 Fl. 2.551 12 §2º Ocorrendo divergência entre as informações declaradas pelo sujeito passivo no requerimento de restituição ou de reembolso e as constantes nos .sistemas informatizados da SRP serão exigidos documentos e esclarecimentos que possibilitem regularizar a situação, inclusive quanto à retificação de GFIP elaborada em desacordo com as orientações contidas em manual próprio. (...) Assim, não sendo provado o fato constitutivo do direito alegado pela contribuinte, com fundamento no artigo 373 do CPC/2015 e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese manter sem reparos o acórdão recorrido. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, da contribuinte ora recorrente. Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 2551DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10932.000408/2010-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3401-001.186
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Os Conselheiros Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Rosaldo Trevisan acompanharam pelas conclusões, por entender não haver necessidade de configuração de dolo para aplicação da multa em análise, devendo o relator registrar tal circunstância em seu voto. Em relação à preliminar, relativa a retroatividade benigna, rejeitada pelo colegiado, por maioria, na sessão de agosto de 2017, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge DOliveira (relator) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, com a participação do Conselheiro Cleber Magalhães, em substituição ao Conselheiro Rosaldo Trevisan, foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl.
Rosaldo Trevisan Presidente
Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator
Robson Jose Bayerl Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge dOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10932.000408/2010-02
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5789421
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-001.186
nome_arquivo_s : Decisao_10932000408201002.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10932000408201002_5789421.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Os Conselheiros Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Rosaldo Trevisan acompanharam pelas conclusões, por entender não haver necessidade de configuração de dolo para aplicação da multa em análise, devendo o relator registrar tal circunstância em seu voto. Em relação à preliminar, relativa a retroatividade benigna, rejeitada pelo colegiado, por maioria, na sessão de agosto de 2017, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge DOliveira (relator) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, com a participação do Conselheiro Cleber Magalhães, em substituição ao Conselheiro Rosaldo Trevisan, foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl. Rosaldo Trevisan Presidente Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator Robson Jose Bayerl Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge dOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Mon Sep 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6986887
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:08:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734599409664
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1775; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 552 1 551 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10932.000408/201002 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401001.186 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 25 de setembro de 2017 Assunto Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Multa do SICOBE Recorrente RAGI REFRIGERANTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Os Conselheiros Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Rosaldo Trevisan acompanharam pelas conclusões, por entender não haver necessidade de configuração de dolo para aplicação da multa em análise, devendo o relator registrar tal circunstância em seu voto. Em relação à preliminar, relativa a retroatividade benigna, rejeitada pelo colegiado, por maioria, na sessão de agosto de 2017, vencidos os Conselheiros Augusto Fiel Jorge D’Oliveira (relator) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, com a participação do Conselheiro Cleber Magalhães, em substituição ao Conselheiro Rosaldo Trevisan, foi designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Robson José Bayerl. Rosaldo Trevisan – Presidente Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator Robson Jose Bayerl – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge d’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 32 .0 00 40 8/ 20 10 -0 2 Fl. 552DF CARF MF Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 553 ___________ Relatório O processo administrativo ora em julgamento decorre do Auto de Infração de fls. 325 e seguintes, do qual o contribuinte foi cientificado em 23/11/2010, conforme fls. 331, lavrado para lançamento de crédito tributário no valor de R$ 196.026.001,15 (cento e noventa e seis milhões, vinte e seis mil, um real e quinze centavos), relativo à aplicação da multa pela não instalação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (SICOBE) no período compreendido entre os meses de outubro de 2009 a março de 2010, com fundamento nos artigos 27 a 30 da Lei nº 11.488/2007 e artigos 58A, 58T e 58V, da Lei nº 10.833/2003. Após ter sido cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou Impugnação, julgada improcedente, na sessão do dia 13/04/2011, pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto SP ("DRJ"), em acórdão que possui a seguinte ementa: "Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Data do fato gerador:31/10/2009, 30/11/2009, 31/12/2009, 31/01/2010, 28/02/2010, 31/03/2010 MULTA. FALTA DE INSTALAÇÃO DO SICOBE NO PRAZO ESTIPULADO. Na falta de instalação do SICOBE, apesar de instado a tal, o estabelecimento industrial envasador de bebidas incide em multa correspondente a 100% do valor comercial da mercadoria produzida em cada período de apuração, a partir do término do prazo estipulado, em montante global não inferior a R$10.000,00. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador:31/10/2009, 30/11/2009, 31/12/2009, 31/01/2010, 28/02/2010, 31/03/2010 IMPUGNAÇÃO. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça impugnatória. PEDIDO DE PERÍCIA TÉCNICA. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou de perícia, e, outrossim, que não apresente seus motivos e não contenha a formulação dos quesitos e a indicação do perito". Dessa decisão, o contribuinte, ora Recorrente, foi intimado no dia 25/07/2011, segundafeira, conforme documento de fls. 495, apresentando tempestivo Recurso Voluntário Fl. 553DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 554 3 no dia 23/08/2011, terçafeira, conforme carimbo de fls. 496, pelo qual requereu o cancelamento do Auto de Infração, pelos motivos a seguir: (i) para viabilizar a instalação do sistema de controle, a Casa da Moeda do Brasil ("CMB") impôs uma série de exigências e alterações nas linhas de produção da Recorrente, que estão descritas em documento denominado Caderno de Requisitos de Implantação; dessas adaptações requisitadas pela CMB, a Recorrente teria realizado a maior parte delas, deixando de atender apenas aquelas cuja execução teria se mostrado impossível, em razão das condições físicas da planta fabril da Recorrente ou em virtude de não autorização pelo Corpo de Bombeiros; (ii) a Recorrente alega que o Corpo de Bombeiros teria proibido a realização de alterações determinadas pela CMB na linha de produção e edificações da Recorrente, sob pena de cassação do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, emitido em favor da Recorrente, documento este que seria indispensável à validade de sua licença de funcionamento; nesse contexto, a Recorrente alega que a determinação de que fosse instalado gabinete ao final de linha de produção da Recorrente cuja largura, 1m, é superior à largura do corredor, de 0,95m, interferiria em rota de fuga aprovada pelo Corpo de Bombeiros, o que comprometeria a segurança no local; (iii) a CMB e a Receita Federal teriam reconhecido a impossibilidade de instalação do SICOBE como determinado no Caderno de Requisitos de Implantação, pois posteriormente à apresentação de impugnação ao lançamento, foi instaurado o procedimento fiscal nº 08.1.19.00.2011.000485, no qual foi realizada perícia por servidores da CMB e da Receita Federal e foi verificada a necessidade de adequação do Caderno de Requisitos de Implantação face à realidade fática das linhas de produção da Recorrente; nesse sentido, argumenta a Recorrente que a instalação do SICOBE foi concluída em 18/04/2011 e só restou viabilizado em virtude da alteração das exigências constantes do Caderno de Requisitos de Implantação; (iv) a obrigação de instalação do SICOBE e aplicação da penalidade violariam o direito de propriedade da Recorrente (artigo 5º, inciso XXII, da Carta da República), o princípio da livre iniciativa (artigo 170, da Carta da República), o princípio do nãoconfisco (artigo 150, inciso IV, da Carta da República), além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade; (v) por fim, a Recorrente argumenta não seria possível a ela praticar conduta diversa daquela determinada pelo Corpo de Bombeiros e, assim, não poderia a Receita aplicar penalidade pelo descumprimento de obrigação conflitante com aquela estabelecida por outra autoridade pública. Em seguida, os autos foram remetidos à Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ("CARF") e distribuídos à 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara que, na sessão de julgamento do dia 24/10/2013, resolveu converter o julgamento em diligência "para que a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento informe o resultado do procedimento fiscal nº 08.1.19.00.2011.000485". Em cumprimento à referida decisão, Resolução de nº 3401000.783, conforme "Informação Fiscal" de fls. 546, foram anexados aos autos "termos lavrados no curso do procedimento administrativo de diligência 08.1.19.00.2011.000485 e que são: a) Termo de Conclusão de Instalação do SICOBE emitido pela Casa da Moeda do Brasil; b) Termo de Encerramento de diligência emitido por este servidor da Secretaria da Receita Federal do Brasil". Com isso, os autos retornaram ao CARF e foram redistribuídos à minha relatoria. É o relatório. Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 555 4 Voto Vencido Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. Discutese nos autos a exigência da multa pela não instalação do Sistema de Controle de Produção de Bebidas ("SICOBE"), que tem fundamento legal nos artigos 27 a 30 da Lei nº 11.488/2007 e artigos 58A, 58T e 58V, da Lei nº 10.833/2003, como apontado no Auto de Infração. Com a edição da Lei nº 11.448/2007, os estabelecimento industriais fabricantes de cigarros ficaram sujeitos ao cumprimento de obrigação acessória (artigo 113, parágrafo 2º, do CTN) consistente na instalação de equipamentos de controle e fiscalização de sua produção, com o objetivo de combater a sonegação nesse setor da economia, diminuindo a prática de concorrência desleal entre os agentes do mercado e protegendo aqueles agentes que cumprem regularmente as suas obrigações fiscais. Além da obrigação acessória, foi instituída uma penalidade, na hipótese de ausência de instalação dos equipamentos por impedimento criado pelo fabricante ou de ausência de realização do controle da produção. A seguir, transcrevo os artigos 27 a 30 da Lei nº 11.448/2007, que disciplinam a matéria: "Art. 27. Os estabelecimentos industriais fabricantes de cigarros classificados na posição 2402.20.00 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, excetuados os classificados no Ex 01, estão obrigados à instalação de equipamentos contadores de produção, bem como de aparelhos para o controle, registro, gravação e transmissão dos quantitativos medidos na forma, condições e prazos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) Art. 28. Os equipamentos contadores de produção de que trata o art. 27 desta Lei deverão ser instalados em todas as linhas de produção existentes nos estabelecimentos industriais fabricantes de cigarros, em local correspondente ao da aplicação do selo de controle de que trata o art. 46 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. (...) Art. 29. Os equipamentos de que trata o art. 27 desta Lei, em condições normais de operação, deverão permanecer inacessíveis para ações de configuração ou para interação manual direta com o fabricante, mediante utilização de lacre de segurança, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (...) Art. 30. A cada período de apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados, poderá ser aplicada multa de 100% (cem por cento) do valor comercial da mercadoria produzida, sem prejuízo da aplicação das demais sanções fiscais e penais cabíveis, não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais): Fl. 555DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 556 5 I se, a partir do 10º (décimo) dia subseqüente ao prazo fixado para a entrada em operação do sistema, os equipamentos referidos no art. 28 desta Lei não tiverem sido instalados em virtude de impedimento criado pelo fabricante; II se o fabricante não efetuar o controle de volume de produção a que se refere o § 2º do art. 27 desta Lei. § 1º Para fins do disposto no inciso I do caput deste artigo, considerase impedimento qualquer ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a impedir ou retardar a instalação dos equipamentos ou, mesmo após a sua instalação, prejudicar o seu normal funcionamento. § 2º A ocorrência do disposto no inciso I do caput deste artigo caracteriza, ainda, hipótese de cancelamento do registro especial de que trata o art. 1o do Decreto Lei no 1.593, de 21 de dezembro de 1977, do estabelecimento industrial". No ano seguinte, essa forma mais rígida de controle e fiscalização da produção foi estendida às indústrias que fabricam refrigerantes, como é o caso da Recorrente, com a edição da Lei nº 11.827/2008, que acrescentou o artigo 58T à Lei nº 10.833/2003, que determinava o seguinte: "Art. 58T. As pessoas jurídicas que industrializam os produtos de que trata o art. 58A desta Lei ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, aplicandose, no que couber, as disposições contidas nos arts. 27 a 30 da Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007". Observem que o artigo 58A da Lei nº 10.833/20031 trata da exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados ("IPI") em relação aos produtos classificados no código 2106.90.10 e posições 22.01 e 22.02 da Tabela de Incidência do IPI, a seguir descritas, nos quais se incluem os refrigerantes: 2106.90.10 Preparações dos tipos utilizados para elaboração de bebidas 22.01 Águas, incluindo as águas minerais, naturais ou artificiais, e as águas gaseificadas, não adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes nem aromatizadas; gelo e neve. 22.02 Águas, incluindo as águas minerais e as águas gaseificadas, adicionadas de açúcar ou de outros edulcorantes ou aromatizadas e outras bebidas não alcoólicas, exceto sucos (sumos) de frutas ou de produtos hortícolas, da posição 20.09. 1 Art. 58A. A Contribuição para o PIS/Pasep, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, a Contribuição para o PIS/PasepImportação, a CofinsImportação e o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI devidos pelos importadores e pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização dos produtos classificados nos códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e 22.03, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados – Tipi, aprovada pelo Decreto no 6.006, de 28 de dezembro de 2006, serão exigidos na forma dos arts. 58B a 58U desta Lei e nos demais dispositivos pertinentes da legislação em vigor. Fl. 556DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 557 6 Ainda, impende destacar o parágrafo 1º, do artigo 58A da Lei nº 10.833/2003, que outorgou competência à Receita Federal para, dentre outros, estabelecer o prazo para a aplicação da obrigatoriedade da obrigação acessória em questão, nos seguintes termos: "§ 1º A Secretaria da Receita Federal do Brasil estabelecerá a forma, limites, condições e prazos para a aplicação da obrigatoriedade de que trata o caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 36 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001". Seguindo esse comando legal, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 869/2008 ("IN nº 869/2008") que dispõe sobre a instalação dos equipamentos contadores de produção nos estabelecimentos industriais envasadores de bebidas de que trata o artigo 58A da Lei nº 10.833/2003 e afirma que cabe à CoordenaçãoGeral de Fiscalização ("Cofis") estabelecer a data a partir da qual determinado contribuinte ficará sujeito ao cumprimento dessa obrigação. Segundo o artigo 8º da IN nº 869/2008, na redação à época dos fatos geradores: "Art. 8º A Cofis, mediante Ato Declaratório Executivo (ADE), publicado no Diário Oficial da União (DOU), deverá estabelecer a data a partir da qual o estabelecimento industrial envasador das bebidas de que trata o art. 1º estará obrigado à utilização do Sicobe. § 1º A data mencionada no caput será estabelecida após a conclusão da instalação do Sicobe em todas as linhas de produção do estabelecimento industrial, formalizada pelo encerramento do procedimento de diligência de que trata o § 1º do art. 5º. § 2º O Termo de Encerramento do procedimento de diligência de que trata o § 1º será encaminhado à Cofis pelo AFRFB responsável pelo MPF, com a ciência do responsável pelo estabelecimento industrial atestando o normal funcionamento do Sicobe em todas as linhas de produção. § 3º Na hipótese de qualquer ação ou omissão praticada pelo estabelecimento industrial tendente a impedir ou retardar a instalação do Sicobe, a obrigatoriedade de que trata o caput iniciarseá no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da lavratura, pelo AFRFB responsável pelo MPF, de termo próprio em que fique caracterizada esta ocorrência". E, é justamente com fundamento no artigo 8º, parágrafo 3º, da IN nº 869/2008, que foi publicado o Ato Declaratório Executivo Cofis nº 42, de 22 de setembro de 2009 (“ADE Cofis nº 42/2009”), que dispõe sobre a obrigatoriedade da Recorrente utilizar o SICOBE a partir de 22/10/2009 (fls. 300 dos autos). Ocorre que, no ano de 2015, o artigo 58A da Lei nº 10.833/2003 foi expressamente revogado pelo artigo 169, inciso III, alínea "b", da Lei nº 13.097/2015. Entretanto, ao mesmo tempo em que revogou o artigo 58A, a Lei nº 13.097/2015 manteve a obrigação acessória referente ao SICOBE por outro dispositivo legal, o artigo 35 da Lei nº 13.097/2015, que entrou em vigor na mesma data de revogação do artigo 58A, não havendo, portanto, descontinuidade no dever posto no ordenamento jurídico para a observação dessa obrigação por parte dos contribuintes. Por oportuno, transcrevo a seguir os dispositivos em questão, da Lei nº 13.097/2015: Fl. 557DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 558 7 "Art. 35. As pessoas jurídicas que industrializam os produtos de que trata o art. 14 ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção, que possibilitem, ainda, a identificação do tipo de produto, de embalagem e sua marca comercial, aplicandose, no que couber, as disposições contidas nos arts. 27 a 30 da Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estabelecerá a forma, limites, condições e prazos para a aplicação da obrigatoriedade de que trata o caput deste artigo, sem prejuízo do disposto no art. 36 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001. (...) Art. 168. Esta Lei entra em vigor: (...) III no 1o (primeiro) dia do 4o (quarto) mês subsequente ao de sua publicação, em relação aos arts. 14 a 39; (...) Art. 169. Ficam revogados: (...) III a partir do 1o (primeiro) dia do 4o (quarto) mês subsequente ao da publicação desta Lei: (...) b) os incisos VII a IX do § 1o do art. 2o, e os arts. 51, 53, 54 e 58A a 58V da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003". Contudo, posteriormente, foi editado o Ato Declaratório Executivo Cofis nº 75, de 17/10/2016 (“ADE Cofis nº 75/2016”), com esteio na atribuição prevista no artigo 8º da IN nº 869/2008, prevendo em seu artigo 1º que: “Art. 1º Ficam os estabelecimentos industriais envasadores de bebidas, relacionados no anexo único deste ato, desobrigados – a partir de 13 de dezembro de 2016 – da utilização do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) de que trata a Instrução Normativa RFB nº 869, de 2008”. E, dentre os estabelecimento industriais relacionados no anexo único do ADE Cofis nº 75/2016 consta a Recorrente (Nome Empresarial: Ragi Refrigerantes Ltda.; CNPJ: 02.286.974/000109; Cidade: Diadema; UF: SP). No final do ano passado, ainda foi editado um segundo ADE Cofis, o Ato Declaratório Executivo Cofis nº 94, de 12/12/2016 (“ADE Cofis nº 94/2016”), em complemento ao ADE Cofis nº 75/2016, para desobrigar mais 2 (dois) estabelecimentos industriais, de forma expressa, pela inclusão no anexo único desse ato, da utilização do SICOBE, e ainda, determinar, nos termos de seu artigo 2º que: “Art. 2º As pessoas jurídicas obrigadas ao Sicobe e que, porventura, não estiverem relacionadas neste ato, ou naquele supramencionado, estão igualmente desobrigadas a partir da data constante no art. 1º”. No sítio eletrônico da Receita Federal2, encontramse maiores explicações sobre a dispensa de obrigatoriedade na utilização do SICOBE: “(...) Com a suspensão do Sicobe, automaticamente, os contribuintes também estão desobrigados do pagamento da taxa pela utilização dos equipamentos contadores de produção de bebidas, criada pela Lei 12.995, de 2014, e, 2 http://idg.receita.fazenda.gov.br/noticias/ascom/2016/outubro/receitafederalsuspendeobrigatoriedadedo sistemadecontroledebebidassicobe. Acesso em 18/05/2017. Fl. 558DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 559 8 consequentemente, não terão direito aos créditos gerados de PIS e COFINS pelo pagamento do tributo. A Casa da Moeda do Brasil (CMB) está desenvolvendo um projeto que substituirá o Sicobe por um custo menor. Quando a CMB concluir o desenvolvimento da nova solução tecnológica para contagem e rastreamento da produção, serão editados novos ADE's para restabelecer a obrigatoriedade do sistema de contagem e, consequentemente, dispensa de aplicação do selo físico para as bebidas quentes. Importante lembrar que um sistema de controle de produção industrial deve ser aderente à legislação tributária que auxilia a acompanhar. Atualmente, o setor de bebidas é tributado com fundamento na Lei nº 13.097, de 2014, cuja vigência teve início a partir de maio de 2015. Seguindo uma diretriz de simplificação das obrigações tributárias, o novo modelo é mais simples (ad valorem) que o modelo anterior, razão pela qual, diversas funcionalidades presentes no Sicobe tornaram se desnecessárias, outra circunstância que determinou a mudança ora implementada. Ainda em relação ao acompanhamento do setor, a Receita Federal estabeleceu a obrigatoriedade do Bloco K do Sistema de Escrituração Pública Digital (SPED), que trata do livro de controle de estoque do estabelecimento, a partir de dezembro de 2016. A referida obrigação tributária foi instituída para as indústrias do segmento de bebidas pela IN RFB nº 1.652, de 2016. Com o controle dos estoques, a RFB poderá analisar os dados recebidos com as informações decorrentes das notas fiscais eletrônicas de toda a cadeia produtiva (insumos, distribuição, etc.), auxiliando no monitoramento do setor, inclusive, quando o novo sistema de controle de produção voltar a operar”. Por último, encerrando esse breve histórico da obrigação acessória e penalidade relacionadas ao SICOBE, cabe destacar que, no processo legislativo que tratou da conversão em Lei da Medida Provisória nº 766/2017, foi incluído no artigo 24 do Projeto de Lei decorrente, a revogação expressa do dispositivo legal que prevê a penalidade para o SICOBE, conforme a seguir: “Art. 24. Revogamse o artigo 30 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007 e o artigo 38 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001”. De acordo com o parecer lavrado pela Comissão Mista da Medida Provisória nº 766/2017, a extinção do SICOBE é justificada pelos seguintes motivos: “O Sicob era o sistema de fiscalização da Receita Federal para o setor de bebidas que deixou de existir quando da publicação no Diário Oficial da União do Ato Declaratório Executivo (ADE) nº 75/2016, que suspendeu a obrigatoriedade das empresas ao sistema de controle da produção de bebidas (sicobe) a partir do dia 13/12/2016. O Superior Tribunal de Justiça entendeu que as multas decorrentes do Sicobe eram ilegais, pois tinham cunho tributário e não poderiam ser instituídas por meio de ato do fisco. Fl. 559DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 560 9 Por isso, propomos a adequação normativa com a revogação dos atos legais que criaram esse procedimento de fiscalização já não aplicado pelo Executivo e declarado ilegal pelo STJ”. Na realidade, quando o parecer afirma que o STJ teria decidido pela ilegalidade das multas do SICOBE, não está se referindo à penalidade pela não implementação do SICOBE, mas à penalidade devida por não efetuar o controle da produção, em razão de o contribuinte deixar de pagar a remuneração à CMB, que teve a alíquota e base de cálculo definida por ato do fisco (Ato Declaratório do Executivo RFB 61/08), em violação ao artigo art. 97, inciso IV do CTN, dada a sua natureza de taxa3. Tal ilegalidade se verificou no período anterior à vigência da Lei nº 12.995/2014, pois, a partir de então, o legislador assumiu a natureza de taxa para essa remuneração, passando a prever no artigo 13 desse diploma legal a sua alíquota e base de cálculo. De qualquer maneira, a Medida Provisória nº 766/2017, com as respectivas emendas legislativas, acabou não sendo convertida em Lei pelo Poder Legislativo e teve sua vigência encerrada no dia 01/06/2017, pela edição do Ato Declaratório nº 32/2017 do Presidente da Mesa do Congresso Nacional, não tendo qualquer influência a proposta de revogação da Lei nº 11.488/2007 ao julgamento do presente processo, salvo permitir uma melhor contextualização do histórico dessa penalidade em nosso ordenamento jurídico. Como se verifica, a instalação e uso do SICOBE pelos contribuintes do IPI constitui uma obrigação acessória e foi trazida, para os fabricantes de refrigerantes, pela Lei nº 11.827/2008, que incluiu o artigo 58T, caput e parágrafo 1º, à Lei nº 10.833/2003 que, por sua vez, atribui à Receita Federal a fixação de “forma, limites, condições e prazos para a aplicação da obrigatoriedade” do SICOBE. Dessa maneira, seguindo a moldura prevista pela Lei para efetiva instituição dessa obrigação acessória, a relação jurídica obrigacional entre a Recorrente, sujeito passivo devedor da obrigação acessória de instalação e utilização do SICOBE, e a Fazenda Pública, sujeito ativo credor dessa obrigação, somente se estabeleceu com a edição do ADE Cofis nº 42/2009, a partir de 22/10/2009. Por outro lado, com a edição do ADE Cofis nº 75/2016, o vínculo jurídico existente entre a Recorrente e a Fazenda Pública foi desfeito, deixando a obrigação acessória relativa ao SICOBE de ser exigida. Aliás, com o ADE Cofis nº 94/2016 que o complementou, a obrigação acessória relativa ao SICOBE deixou de ser exigida de todos os fabricantes de refrigerantes e outras bebidas que antes estavam sujeitos a essa obrigação. Ou seja, não há no ordenamento jurídico pátrio a obrigação acessória de instalar e utilizar o SICOBE a partir de 13/12/2016, de modo que, em consequência, não existe base normativa para a aplicação da penalidade prevista no artigo 30 da Lei nº 11.488/2007 por descumprimento da obrigação em questão. Nessa hipótese, impõese a aplicação da retroatividade benigna de penalidades disposta no artigo 106, inciso II, alínea “a” e “b”, da Lei nº 5.172/1966 (“CTN”), in verbis: “Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de 3 REsp 1448096/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/10/2015. Fl. 560DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 561 10 tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;”. Como observa Rui Barbosa Nogueira, essa norma decorre do princípio da retroatividade da lei penal mais benigna (lex mitior), previsto na Constituição em seu artigo 5º, XL (“XL a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”) 4. Na doutrina, há certa disputa a respeito do significado das normas contidas nesses dispositivos, existindo aqueles que entendem as hipóteses previstas nas alíneas a e b do inciso II, do artigo 106, do CTN, como equivalentes, e outros que entendem que a alínea a se refere às obrigações principais, enquanto que a alínea b se refere às obrigações acessórias. Nessa primeira linha de entendimento, podese citar Paulo de Barrros Carvalho, que afirma: “As duas primeiras alíneas dizem quase a mesma coisa. Toda a exigência de ação ou de omissão consubstancia um dever, e todo o descumprimento de dever é uma infração, de modo que foi redundante o legislador ao separar as duas hipóteses” 5. Já em sentido diverso é a doutrina de Luiz Emygdio F. da Rosa Jr., para quem: “o artigo 106, II,do CTN, reza que ocorre a aplicação retroativa da lei em relação a ato não definitivamente julgado, nas áreas administrativa ou judicial, e, assim, devese aplicar a lei, mesmo que já exista execução fiscal devidamente embargada. Assim, nos termos do artigo 106 ocorrerá a aplicação retroativa, afastandose a imposição de penalidades, nos seguintes casos: a) quando a lei nova deixar de considerar como infração determinado ato relativo à obrigação tributária principal (inciso I, a); b) quando a lei nova deixar de tratar o ato como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão (obrigação tributária acessória), condicionada, no entanto, a aplicação retroativa da lei à não existência de fraude e não ter implicado falta de pagamento de tributo; (...)”6. (grifos nossos) De um modo ou de outro, no presente caso, não há qualquer imputação de fraude ou de falta parcial ou total de pagamento de IPI relacionada a não instalação e utilização do SICOBE no período que vai de outubro de 2009 a março de 2010. Portanto, tal distinção da doutrina não apresenta efeitos práticos para o caso concreto. Ainda, quanto à aplicação dessa norma face à regra geral de irretroatividade da lei tributária, esclarece a doutrina: “(...) caso o ato não mais seja legalmente considerado infração, nenhuma pena ou multa poderá ser exigida o que nada tem a ver com eventual revogação de tributo, que, se pendente de pagamento, será devido, juntamente com a respectiva penalidade, a menos que novo tratamento, mais benigno, a esta tenha sido legalmente dado” 7. (grifos nossos) Desse modo, no presente caso, tendo que vista que a obrigação acessória de instalação e uso do SICOBE existente à época dos fatos geradores, cujo descumprimento sujeitava o infrator à cominação da penalidade prevista no artigo 30 da Lei nº 11.488/2007, deixou de ser exigida pelo ordenamento jurídico, por força dos ADE Cofis nº 75/2016 e ADE Cofis nº 94/2016, a penalidade lançada merece ser afastada pela aplicação do artigo 106, inciso II, alíneas "a" e "b", do CTN. 4 Curso de Direito Tributário. Editora Saraiva. 14ª Edição. 1995. p. 85. 5 Curso de Direito Tributário. 21ª Edição. Ed. Saraiva. 2009. p. 95. 6 Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário. 19ª Edição. Ed. Renovar. 2006. p. 371372. 7 Roque Joaquim Volkweiss, Direito Tributário Nacional. Ed. Liv. Do Advogado. 1997, p. 89. Fl. 561DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 562 11 Nessa mesma linha de entendimento, vem se manifestando, de forma unânime, a 2ª Turma Ordinária desta Câmara, em recentes julgados, abaixo transcritos: Ementa: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/05/2012, (...), 31/12/2013 MULTA. SICOBE. ANORMALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado, a norma nova aplicase a ato ou fato pretérito, quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado falta de pagamento de tributo”. Trecho do Voto: “No entanto, mediante o Ato Declaratório Executivo Cofis nº 75, de 17 de outubro de 2016, publicado no DOU de 18/10/2016 (seção 1, pág. 12), a recorrente foi dispensada da obrigação de utilização do SICOBE, nos seguintes termos: (...) Posteriormente, a não obrigatoriedade de utilização do SICOBE foi estendida para todas pessoas jurídicas que antes eram obrigadas, conforme Ato Declaratório abaixo transcrito: (...) Assim, diante da dispensa de obrigatoriedade de utilização do SICOBE Sistema de Controle de Produção de Bebidas para todas as pessoas jurídicas antes obrigadas, temse que a anormalidade de funcionamento desse sistema deixou de ser tratada como contrária a qualquer exigência de ação e omissão. (...) Dessa forma, tendo em vista que também não constam nos autos qualquer informação acerca de eventual ato fraudulento, entendo aplicável a retroatividade benigna prevista no art. 106, II, "b" do CTN: (...)” (Acórdão nº 3402004.133; Sessão de 23/05/2017; Relatora: Maria Aparecida Martins de Paula; decisão unânime) ***** Trecho de Voto: “Dessarte, a própria Administração Tributária dispensou a embargada da obrigação acessória de utilização do Sistema SICOBE. Assim é que, muito embora tal ato normativo determine que sua vigência iniciouse somente a partir de 13 de dezembro de 2016, o artigo 106, inciso II, "b" do Código Tributário Nacional impõe sua aplicação retroativa. Vale relembrar o conteúdo do dispositivo: (...) Com efeito, o caso sub judice, ainda não definitivamente julgado, trata de sanção aplicada a ato praticado pela Embargada (descumprimento de norma de utilização do Sistema SICOBE, vale dizer, de obrigação acessória, sem qualquer imputação de fraude ou simulação), que não é mais considerado pela legislação tributária como exigível. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 563 12 Mas não é só. Além da revogação da obrigação acessória de instalação do Sistema SICOBE, também, e consequentemente, foi revogada a obrigação principal de ressarcimento à Casa da Moeda do Brasil”. (Acórdão nº 3402004.064; Sessão de 26/04/2017; Relator: Jorge Olmiro Lock Freire; decisão unânime) Pelo exposto, proponho ao Colegiado acolher a questão prejudicial referente à aplicação da retroatividade benigna à multa cominada no lançamento, determinando o seu cancelamento. Mérito Como relatado, a Recorrente defende que a obrigação de instalação do SICOBE e aplicação da penalidade violariam o direito de propriedade da Recorrente (artigo 5º, inciso XXII, da Carta da República), o princípio da livre iniciativa (artigo 170, da Carta da República), o princípio do nãoconfisco (artigo 150, inciso IV, da Carta da República), além dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Contudo, argumentos dessa natureza encontram óbice à sua apreciação pelo CARF, por força do disposto na Súmula CARF nº 02, com a seguinte redação: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Além disso, a Recorrente levanta uma série de argumentos que têm relação com o enquadramento de sua conduta na norma que prevê a infração e a cominação de penalidade. Nesse tópico, para o presente caso, que trata de aplicação da multa por não instalação do equipamento contador de produção – e não multa pelo prejuízo ao seu normal funcionamento após a instalação , impendese destacar que, dos textos legais que tratam da matéria, artigos 27 a 30 da Lei nº 11.448/2007, artigo 58T à Lei nº 10.833/2003 e artigo 35, da Lei nº 13.097/2015, extraemse os seguintes mandamentos: os contribuintes listados na Lei “ficam obrigadas a instalar equipamentos contadores de produção” e, na hipótese de referidos equipamentos deixarem de ser instalados “em virtude de impedimento criado pelo fabricante”, assim considerado “qualquer ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a impedir ou retardar a instalação dos equipamentos”, esses contribuintes ficarão sujeitos à cominação da multa. Logo, a multa não é devida pela simples não instalação de equipamentos contadores de produção. A multa é devida pela não instalação de equipamentos contadores de produção decorrente de “impedimento criado pelo fabricante”. E a própria Lei, no artigo 30, parágrafo 1º, da Lei nº 11.448/2007, traz a definição do que deve ser entendido como “impedimento criado pelo fabricante”, que é “qualquer ação ou omissão praticada pelo fabricante tendente a impedir ou retardar a instalação dos equipamentos”. A definição para “impedimento criado pelo fabricante” adotada pela Lei nº 11.448/2007 tem redação semelhante e parece ter sido inspirada nas definições constantes na Lei nº 4.502/1964 para sonegação (“Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária”) e fraude (“Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento”). Fl. 563DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 564 13 Embora não tenha sido expressa quanto os artigos 71 e 72 da Lei nº 4.502/1964 que afirmam textualmente que a ação ou omissão deve ser dolosa, minha leitura da definição legal contida no artigo 30, parágrafo 1º, da Lei nº 11.448/2007, é que se exija a prática de uma ação ou omissão dolosa, (i) pois a interpretação dos textos legais envolvidos me leva a crer que a norma determina que não é qualquer impedimento vinculado ao fabricante que ensejará a multa, é um impedimento criado, ou seja, desenvolvido, arquitetado, pelo fabricante, que está ligado diretamente ao atingimento de um fim, daí a adoção da locução “tendente a impedir ou retardar”; (ii) os dispositivos legais que tratam da multa do SICOBE e o dispositivo que tipifica a conduta de sonegação no artigo 71, inciso I, da Lei nº 4.502/1964, possuem a mesma natureza e se destinam ao mesmo fim, a escorreita prestação de informações pelo contribuinte ao Fisco, pelo cumprimento das obrigações acessórias, podendose afirmar que a sonegação é um tipo genérico da infração descrita na legislação do SICOBE; dessa forma, uma interpretação sistemática e teleológica dos dispositivos me leva a crer que também na não instalação do SICOBE se exija o dolo; (iii) caso a leitura dos dispositivos que tratam do SICOBE fosse pela não exigência de conduta dolosa e fosse uma infração objetiva, não precisaria o legislador ordinária ter se preocupado em delimitar o tipo infracional com o uso da expressão “em virtude de impedimento criado pelo fabricante” e com a instituição de uma definição legal com o detalhamento do que entende por esse limite, bastando impor a penalidade para a mera não instalação de equipamentos contadores de produção. Nesse contexto, de acordo com o procedimento de instalação do SICOBE previsto na IN nº 869/2008, cabe à Casa da Moeda do Brasil efetuar a instalação do sistema (artigo 4º) e cabe à Cofis comunicar com antecedência os estabelecimentos industriais, nos termos do artigo 5º da IN nº 869/2008, quanto: "I à definição do tipo de equipamento, de acordo com o disposto no art. 4º, onde o Sicobe será instalado; II aos dispositivos de adaptação a serem efetuados em cada linha de produção, necessários à instalação do Sicobe; III aos dispositivos de conectividade e características do ambiente de operação onde deverão ser instalados os computadores e demais equipamentos de controle, registro, gravação e transmissão de dados; IV à data de início da instalação do Sicobe no estabelecimento industrial". O papel dos estabelecimentos industriais no procedimento de instalação está descrito no artigo 6º, da IN nº 869/2008: "Art. 6º A responsabilidade pela adequação necessária à instalação do Sicobe em cada linha de produção, em especial em relação ao disposto nos incisos II e III do art. 5º, é do estabelecimento industrial. Parágrafo único. Os procedimentos previstos no caput, comunicados na forma do art. 5º, deverão ser concluídos pelo estabelecimento industrial previamente à data de início estabelecida para instalação do Sicobe em cada linha de produção". Logo, o que se espera e é determinado ao fabricante é que prepare o parque fabril, realize determinadas providências, como as previstas nos incisos II e III do artigo 5º da IN, dentro do prazo julgado adequado pela autoridade competente, para tornar o parque fabril apto, adequado, a receber a instalação do SICOBE, configurando a infração e sendo cabível a aplicação de multa, caso, nesse contexto, pratique e deixe de praticar alguma ação, com o Fl. 564DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 565 14 ânimo de impedir ou atrasar a adequação do parque fabril e, com isso, impedir ou retardar a instalação do SICOBE. Delineada a hipótese de incidência da multa relativa ao SICOBE, cabe examinar os fatos descritos no lançamento, para verificar se são fatos típicos, ensejadores da aplicação da severa multa de 100% (cem por cento) do valor comercial da mercadoria produzida. Segundo o Termo de Verificação Fiscal de fls. 303 e seguintes, a Fiscalização instaurou procedimento administrativo (Mandado de Procedimento Fiscal nº 08.01.13.00.2008.004080) com a finalidade de acompanhar a instalação dos equipamentos do SICOBE pela Casa da Moeda do Brasil, comparecendo o auditor fiscal por três vezes no fabricante (em 17/06/2009, 21/07/2009 e 21/09/2009) e tendo verificado que "o contribuinte não tomou qualquer medida tendente a promover a instalação do Sistema de Controle de Bebidas (SICOBE)", o que se traduz na acusação de que não teria o contribuinte promovido as alterações determinadas para adequação de seu parque fabril à instalação do SICOBE. Em uma dessas visitas da autoridade fiscal, é relatado que o contribuinte se recusou a tomar ciência do termo lavrado, em 21/07/2009. Diante disso, a Secretaria da Receita Federal do Brasil publicou o Ato Declaratório COFIS nº 42/2009, conferindo o prazo de 30 (trinta) dias para a instalação do SICOBE, ou seja, com termo final no dia 22/10/2009. Por sua vez, o Recorrente alega que teria tomado todas as providências necessárias para adequar o seu parque fabril às determinações exigidas pela Casa da Moeda do Brasil para instalação do SICOBE, com exceção daquelas providências que seriam, aos seus olhos, impossíveis de serem feitas, por motivos alheios a sua vontade. Nesse sentido, a Recorrente alega que a determinação de que fosse instalado gabinete ao final de linha de produção da Recorrente cuja largura, 1m, é superior à largura do corredor, de 0,95m, interferiria em rota de fuga aprovada pelo Corpo de Bombeiros, o que comprometeria a segurança no local, e que qualquer alteração nesse local não seria autorizada pelo Corpo de Bombeiros. Além disso, a Recorrente afirma que a CMB e a Receita Federal teriam reconhecido a impossibilidade de instalação do SICOBE como determinado no Caderno de Requisitos de Implantação, pois posteriormente à apresentação de impugnação ao lançamento, foi instaurado o procedimento fiscal nº 08.1.19.00.2011.000485, no qual foi realizada perícia por servidores da CMB e da Receita Federal e foi verificada a necessidade de adequação do Caderno de Requisitos de Implantação face à realidade fática das linhas de produção da Recorrente. Desse modo, argumenta a Recorrente que a instalação do SICOBE foi concluída em 18/04/2011 e só restou viabilizado em virtude da alteração das exigências constantes do Caderno de Requisitos de Implantação. Diante de tais informações, na sessão do dia 24/10/2013, a Turma entendeu que "não paira dúvida de que a solução do mencionado procedimento fiscal irá afetar diretamente a controvérsia imposta nos presentes autos, não podendo este Conselho firmar seu convencimento sem ter a devida noção do quanto decidido pela Receita Federal e pela Casa da Moeda do Brasil no procedimento fiscal nº 08.1.19.00.2011.000485", determinando a conversão do julgamento em diligência para que a "a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento informe o resultado do procedimento fiscal nº 08.1.19.00.2011.000485". Fl. 565DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 566 15 Em atendimento à Resolução nº 3401000.783, lavrada naquela ocasião, foram juntados aos autos os documentos de fls. 542 e seguintes. Às fls. 542, no Termo de Conclusão de Instalação do SICOBE, consta a seguinte informação, redigida a mão: "Para viabilizar a instalação dos equipamentos do SICOBE, foram necessárias alterações do layout contido no caderno de requisitos". No Termo de Encerramento de Diligência de fls. 545, há ainda a informação que: "A Casa da Moeda do Brasil CMB lavrou, nesta data, o Termo de Conclusão de Instalação do SICOBE, em anexo, no qual atesta: (...) F) que para viabilizar a instalação dos equipamentos do SICOBE foram necessárias alterações do layout contido no caderno de requisitos". Apesar de conter informações relevantes para o deslinde do caso, a diligência realizada, a meu ver, ainda não é suficiente para tal finalidade, pois é incompleta, em razão de falha, seja na determinação contida na Resolução, seja no seu atendimento pela unidade solicitada. Percebam que só foi juntado ao autos o resultado do procedimento fiscal nº 0811900.2011.000485. Assim, o trecho de suposto relatório pericial feito pela Casa da Moeda, citado pelo Recorrente em seu Recurso Voluntário e na Resolução nº 3401000.783, às fls. 534, como seu maior motivador, sequer consta na documentação acostada aos autos. Além disso, muito embora tenha prestado a informação de que, de fato, foram necessárias alterações no layout contido no caderno de requisitos para a efetiva instalação do SICOBE, não há informações adicionais sobre tais alterações. Não se sabe que alterações foram essas e da relevância de tais alterações para a realização da instalação, devendo ser esclarecido o motivo para a realização das alterações, inclusive, com a informação, a partir de documentos existentes nesse procedimento administrativo e porventura outros a ele relacionados, a respeito da essencialidade de referidas alterações no caderno de pesquisa para que fosse instalado o SICOBE. Diante do exposto, no meu entender, o julgamento deve ser sobrestado novamente, para que seja convertido em diligência, para que a unidade de jurisdição de origem: (i) promova a juntada do inteiro teor do procedimento fiscal nº 0811900.2011.000485; (ii) elabore relatório circunstanciado (ii.i) com a exposição das exigências inicialmente contidas no caderno de requisitos para adequação do parque fabril do contribuinte à instalação do SICOBE, (ii.ii) com a exposição da versão final, ou seja, a última versão apresentada pela Casa da Moeda do Brasil e Receita Federal por meio da COFIS ao contribuinte, das exigência contidas no caderno de requisitos para adequação do parque fabril do contribuinte à instalação do SICOBE; (ii.iii) com a identificação de cada alteração promovida no caderno de requisitos e o motivo para a realização de cada alteração, solicitando, se necessário, cópia de outros processos administrativos em trâmite perante a Receita Federal, assim como informações relacionadas à instalação do SICOBE no contribuinte em questão, disponíveis perante a Casa da Moeda do Brasil que também deverão ser juntados aos autos, para fundamentar a resposta a esse último quesito. Por último, impende registrar, por força do artigo 63, parágrafo 8º, do Regimento Interno do CARF8, que o Colegiado, por maioria, acolheu apenas as conclusões do 8 Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. (...)§ 8º Na hipótese em que a decisão por maioria dos conselheiros ou por voto de qualidade acolher apenas a conclusão do relator, caberá ao relator reproduzir, no voto e na ementa do acórdão, os fundamentos adotados pela maioria dos conselheiros. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 567 16 Relator, por entender não haver necessidade de configuração de dolo para aplicação da multa em análise. É a diligência. Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator Fl. 567DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 568 17 Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, Redator designado, Com as vênias de estilo, nada obstante concordar com boa parte da argumentação exposta pelo i. Relator, divirjo quanto à conclusão pela aplicabilidade do instituto da retroatividade benigna inserto no art. 106, II, “a” e “b” do código Tributário Nacional, pelas razões que passo a expor. Nessa toada, pertinente a transcrição dos seguintes excertos do voto vencido: “Como se verifica, a instalação e uso do SICOBE pelos contribuintes do IPI constitui uma obrigação acessória e foi trazida, para os fabricantes de refrigerantes, pela Lei nº 11.827/2008, que incluiu o artigo 58T, caput e parágrafo 1º, à Lei nº 10.833/2003 que, por sua vez, atribui à Receita Federal a fixação de “forma, limites, condições e prazos para a aplicação da obrigatoriedade” do SICOBE. Dessa maneira, seguindo a moldura prevista pela Lei para efetiva instituição dessa obrigação acessória, a relação jurídica obrigacional entre a Recorrente, sujeito passivo devedor da obrigação acessória de instalação e utilização do SICOBE, e a Fazenda Pública, sujeito ativo credor dessa obrigação, somente se estabeleceu com a edição do ADE Cofis nº 42/2009, a partir de 22/10/2009. Por outro lado, com a edição do ADE Cofis nº 75/2016, o vínculo jurídico existente entre a Recorrente e a Fazenda Pública foi desfeito, deixando a obrigação acessória relativa ao SICOBE de ser exigida. Aliás, com o ADE Cofis nº 94/2016 que o complementou, a obrigação acessória relativa ao SICOBE deixou de ser exigida de todos os fabricantes de refrigerantes e outras bebidas que antes estavam sujeitos a essa obrigação. Ou seja, não há no ordenamento jurídico pátrio a obrigação acessória de instalar e utilizar o SICOBE a partir de 13/12/2016, de modo que, em consequência, não existe base normativa para a aplicação da penalidade prevista no artigo 30 da Lei nº 11.488/2007 por descumprimento da obrigação em questão. Nessa hipótese, impõese a aplicação da retroatividade benigna de penalidades disposta no artigo 106, inciso II, alínea ‘a’ e ‘b’, da Lei nº 5.172/1966 (‘CTN’), in verbis: ‘Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado: (...) a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;’.” (destaques no original) Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 569 18 Segundo a linha expositiva, o SICOBE passou a ser exigível a partir de 22/10/2009, com a edição do ADE Cofis nº 42/2009. No caso vertente, a multa aplicada açambarca o período outubro/2009 a março/2010, de modo que o termo inicial da exigência encontrase abrigado pelo ato administrativo em tela. Na seqüência, e aqui reside a dissídio interpretativo, o ADE nº 75/2016, ainda que tenha dispensado os estabelecimentos que menciona da utilização do sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), especificou a data a partir do qual referida obrigação acessória deixaria de ser exigível, verbis: “ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO COFISNº75,DE17 DE OUTUBRO DE 2016 (Publicado(a) no DOU de 18/10/2016, seção 1, pág. 12) Dispõe sobre a não obrigatoriedade de utilização do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe). O COORDENADORGERAL DE FISCALIZAÇÃO da atribuição que lhe confere o art. 8ºda Instrução Normativa RFB nº869, de 12 de agosto de 2008, declara: Art. 1ºFicam os estabelecimentos industriais envasadores de bebidas, relacionados no anexo único deste ato, desobrigados – a partir de 13 de dezembro de 2016 – da utilização do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe) de que trata a Instrução Normativa RFB nº869, de 2008. Art. 2º Este ato entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União.” (destacado) Portanto, a dispensa da obrigação acessória ocorre tãosomente a partir de 13/12/2016, sendo esse o dies ad quem, o termo final, do interregno, de sorte que até referida data era, sim, exigível a instalação e emprego do SICOBE e, por conseqüência, devida a multa àqueles que infringissem a determinação de sua utilização, como veiculado pelo ADE Cofis nº 42/2009. Ou seja, o ato administrativo que desconstituiu a obrigação acessória – ADE Cofis 75/2016 – claramente deflagra efeitos prospectivos e não retrospectivos, como sustenta o voto vencido, ao inferir pela aplicação do art. 106, II do CTN, porquanto a conduta não deixou de ser caracterizada como infração no período autuado. Segundo aludido dispositivo, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, cuidando de ato não definitivamente julgado, quando deixa de definilo como infração ou tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão. Ainda que tomada a acepção do termo “lei” como equivalente de “legislação”, nos moldes do art. 96 c/c art. 100 do CTN, temse que o ADE nº 75/2016, como acentuado alhures, não deixou de tratar a ausência de instalação/utilização do SICOBE como infração ou mesmo contrário às normas vigentes, no período em que exigida a multa, mas estabeleceu uma data a partir do qual essa conduta deixaria de ser considerada infracional, daí o efeito pro futuro. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 10932.000408/201002 Resolução nº 3401001.186 S3C4T1 Fl. 570 19 Assim, entre 22/10/2009 e 12/12/2016, por força dos ADEs Cofis nºs 42/2009 e 75/2016, consubstancia obrigação acessória válida e vigente a instalação e emprego do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), de que trata a Instrução Normativa RFB nº869, de 2008, configurando infração a sua inobservância pelos sujeitos passivos a ela sujeitos, motivo pelo qual cabível a penalidade aplicada. Com essas considerações, voto por repelir a preliminar acatada pelo voto vencido e, no mérito, acompanhar o e. Relator na proposta de conversão do julgamento em diligência. Robson José Bayerl Fl. 570DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13981.000082/2005-51
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004
PIS. CONCEITO DE INSUMO.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, é exemplo de insumo as embalagens de acondicionamento utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o seu transporte.
Numero da decisão: 9303-005.659
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Ausente, justificadamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, é exemplo de insumo as embalagens de acondicionamento utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o seu transporte.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Dec 01 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13981.000082/2005-51
anomes_publicacao_s : 201712
conteudo_id_s : 5805397
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Dec 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.659
nome_arquivo_s : Decisao_13981000082200551.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 13981000082200551_5805397.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Ausente, justificadamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
id : 7045691
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:10:38 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734605701120
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1776; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 692 1 691 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13981.000082/200551 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303005.659 – 3ª Turma Sessão de 19 de setembro de 2017 Matéria PIS. CRÉDITOS. REGIME NÃO CUMULATIVO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FRAME MADEIRAS ESPECIAIS LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, é exemplo de insumo as embalagens de acondicionamento utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o seu transporte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 1. 00 00 82 /2 00 5- 51 Fl. 692DF CARF MF 2 Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Ausente, justificadamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recursos Especiais de Divergência interpostos tempestivamente pela contribuinte e pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3401 001.560, de 01/09/2011, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que fora assim ementado: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 DILIGÊNCIA. INFORMAÇÕES A CARGO DO CONTRIBUINTE. INDEFERIMENTO. Diligência é reservada a esclarecimentos de fatos ou circunstâncias obscuras, não cabendo realizála quando visa a obtenção de informações que deviam fornecidas pelo contribuinte. PEDIDO RESSARCIMENTO. EXISTÊNCIA DO CRÉDITO ALEGADO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE. Tratandose de crédito restituição, ressarcimento ou compensação, o ônus de provar o crédito alegado é do contribuinte, que o reclama, não sendo dever da Administração Tributária produzir tal prova. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 NÃO CUMULATIVIDADE. MATERIAIS DE EMBALAGEM. DIREITO AO CRÉDITO. No regime da não cumulatividade do PIS e Cofins as indústrias de móveis têm direito a créditos sobre aquisições de materiais de embalagem, como etiquetas adesivas, chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme stretch e fita de aço, por constituírem insumos vinculados aos produtos fabricados. NÃO CUMULATIVIDADE. AQUISIÇÕES SEM IDENTIFICAÇÃO ADEQUADA. AUSÊNCIA DE VINCULAÇÃO COM OS BENS PRODUZIDOS. IMPOSSIBILIDADE DE APURAÇÃO DOS CRÉDITOS. Fl. 693DF CARF MF Processo nº 13981.000082/200551 Acórdão n.º 9303005.659 CSRFT3 Fl. 693 3 A simples juntada dos documentos de aquisição, desacompanhada de uma identificação precisa dos insumos e dos valores respectivos, impede que se possa vinculálos aos bens produzidos e constitui obstáculo à apuração dos créditos da não cumulatividade do PIS e Cofins. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. APROVEITAMENTO EXTEMPORÂNEO. DESNECESSIDADE DE PRÉVIA RETIFICAÇÃO DO DACON. Desde que respeitado o prazo de cinco anos a contar da aquisição do insumo, o crédito apurado não cumulatividade do PIS e Cofins pode ser aproveitado nos meses seguintes, sem necessidade prévia retificação do Dacon por parte do contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. MULTA, JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. DIREITO AO CRÉDITO NÃO ADMITIDO. Os valores da multa, dos juros e da correção monetária, ainda que constantes da fatura de energia elétrica, não se confundem com o preço desse insumo e não dão direito a crédito na sistemática da não cumulatividade do PIS e Cofins. NÃO CUMULATIVIDADE. ARRENDAMENTO MERCANTIL. DIREITO AO CRÉDITO CALCULADO COM BASE NAS PRESTAÇÕES MENSAIS. No regime da não cumulatividade do PIS e Cofins as indústrias têm direito a créditos calculados com base nas prestações mensais de arrendamento mercantil contratatado junto a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, exceto quando a arrendatária é optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES. No recurso especial, a PFN insurgese contra a aceitação, no acórdão recorrido, de créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep em relação a materiais de embalagem (etiquetas adesivas, chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme strech e fita de aço), bem assim créditos extemporâneos sem necessidade de retificação de DACON. Visando comprovar a divergência, apresentou, como paradigmas, os Acórdãos nº 310100.795 e 203 12.448. O recurso especial da Fazenda Nacional foi parcialmente admitido através dos despachos de fls. 299/302 (apenas quanto ao primeiro tema). E as contrarrazões da contribuinte encontramse anexadas às fls. 552/594. Cientificada, a contribuinte também apresentou recurso especial de divergência, por meio do qual alega que, em homenagem ao princípio da verdade material, deverseia ter realizado uma diligência fiscal a fim de reconhecerse o direito aos créditos glosados. Para comprovar o dissenso, alega divergência de interpretação em relação ao que decidido nos Acórdãos nº 10419.436 e 10196.764. O exame de admissibilidade do recurso de fls. 600/605 concluiu, em despacho definitivo, pela sua intempestividade. É o Relatório. Fl. 694DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Com efeito, enquanto o acórdão recorrido reconheceu o crédito da contribuição sobre as aquisições de todos os materiais destinados à embalagem dos produtos, sejam de apresentação ou mesmo de transporte, o primeiro acórdão paradigma concluiu que as embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (tais como as embalagens de apresentação: etiquetas adesivas, chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme strech e fita de aço), porque utilizadas após a conclusão do processo produtivo e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados (as embalagens para transporte), não geram o direito ao mesmo crédito. Conhecido, passamos à análise do mérito do litígio. Depois de longos debates, passamos a adotar, para o conceito de insumos do PIS/Cofins no regime da não cumulatividade, o entendimento hoje majoritário que, entre outras decisões, se encontra encartado no voto proferido pelo il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, nos autos do processo administrativo n.º 11065.101271/200647 (Acórdão 3ª Turma/CSRF nº 930301.035, sessão de 23/10/2010), daí por que passamos a transcrever os seus fundamentos e adotálos como razão de decidir. Eilos: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de PIS/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a Fl. 695DF CARF MF Processo nº 13981.000082/200551 Acórdão n.º 9303005.659 CSRFT3 Fl. 694 5 restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de PIS/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...]As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de PIS/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional. (grifamos) Passemos ao caso concreto. Segundo consta dos autos, a glosa revertida pela Câmara baixa diz com as aquisições de etiquetas adesivas, chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme stretch e fita Fl. 696DF CARF MF 6 de aço, materiais que, a nosso sentir, embora sirvam ao transporte, constituem, sim, insumos, pois, caso não embalados corretamente, haveria evidente risco de dano aos produtos industrializados (artefatos de madeira). A propósito do tema, esta Turma de CSRF já entendeu que as embalagens destinadas a viabilizar a preservação de suas características durante o seu transporte e cuja falta pode tornálo imprestável à comercialização devem ser consideradas como insumos utilizados na produção. É o que se decidiu no julgamento consubstanciado no Acórdão nº 9303004.174, de 05/07/2016, de relatoria da il. Conselheira Tatiana Midori Migiyama, assim ementado: NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito da Cofins pela sistemática não cumulativa. (g.n.) No voto condutor do acórdão, a relatora reproduziu, em apoio à sua tese, aresto proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ, o qual abraçou idêntico entendimento: PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – PIS/COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. Agravo regimental improvido. (g.n.) (STJ, Rel. Humberto Martins, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.125.253 SC, julgado em 15/04/2010) Ressaltamos, ainda, o fato de que a própria RFB parece indicar uma alteração de entendimento (conceito próprio da legislação do IPI), uma vez que, na Solução de Divergência Cosit nº 7, de 23 de agosto de 2016, após a reprodução dos atos legais e infralegais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo, concluiu que, no conceito de insumos, incluem se os bens ou serviços que "vertam sua utilidade" sobre o bem ou o serviço produzido. Confira se: Fl. 697DF CARF MF Processo nº 13981.000082/200551 Acórdão n.º 9303005.659 CSRFT3 Fl. 695 7 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: a.1) sejam objeto de processos produtivos que culminam diretamente na produção do bem destinado à venda (matériaprima); a.2) sejam fornecidos na prestação de serviços pelo prestador ao tomador do serviço; a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou a.4) sejam consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção de bem ou a prestação de serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado da pessoa jurídica (tais como combustíveis, moldes, peças de reposição, etc); b) serviços que vertem sua utilidade diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços, o que geralmente ocorre: b.1) pela aplicação do serviço sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço; b.2) pela prestação paralela de serviços que reunidos formam a prestação de serviço final disponibilizada ao público externo (como subcontratação de serviços, etc); c) serviços de manutenção de máquinas, equipamentos ou veículos utilizados diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços. (g.n.) No caso examinado, o material de embalagem era utilizado exclusivamente no acondicionamento de portas de madeira em contêineres, portanto, não serviam à apresentação do produto, mas à preservação de suas características durante o seu transporte. É bem verdade que, mais recentemente, esta mesma Turma entendeu, pelo voto de qualidade, não haver previsão legal para o creditamento, em decisão que restou assim ementada: Fl. 698DF CARF MF 8 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 PIS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. CRÉDITO. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. IMPOSSIBILIDADE A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição das embalagens de transporte. (CSRF/3ª Turma, rel. do voto vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Acórdão nº 9303005.531, de 16/08/2017) A discussão travada neste último julgamento disse com o cabimento ou não do creditamento quanto à aquisição das embalagens utilizadas no transporte de maçãs, para a preservação de suas características, do estabelecimento produtor até o seu consumidor final (sem reutilização posterior). Muito embora tenhamos acompanhado a divergência, detivemonos melhor sobre o tema e chegamos à conclusão de que, em casos tais, cabe, sim, o creditamento, porque em conformidade com o critério dos "gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer para a produção de bens e serviços", porém afastamos o crédito naquelas situações em que as embalagens destinadas a viabilizar o transporte podem ser continuamente reutilizadas, como, por exemplo, os engradados de plásticos, não descartados ao final da operação. Ademais, e isso nos parece de fundamental importância, não obstante o conceito de insumos, para os fins da incidência do IPI, compreenda apenas as matériasprimas, os produtos intermediários e o material de embalagem, a legislação deste imposto faz uma expressa distinção entre o que é embalagem de apresentação e o que é embalagem para o transporte, de forma que a permitir o crédito apenas sobre a aquisição da primeira, mas não da segunda, consoante preconiza do art. 3º, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 4.502, de 1964 (regramatriz do IPI): Art . 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: I o consêrto de máquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros; II o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto; (g.n.) Fl. 699DF CARF MF Processo nº 13981.000082/200551 Acórdão n.º 9303005.659 CSRFT3 Fl. 696 9 Norma semelhante, contudo, não existe nos diplomas legais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo. Em conclusão, e considerando tudo o que vimos de expor, alteramos os nosso entendimento para permitir o creditamento do PIS/Cofins apenas nos casos em que a embalagem de transporte, destinada a preservar as características do produto durante a sua realização, é descartada ao final da operação, vale dizer, para o casos em que não podem ser reutilizadas em operações posteriores. Em conclusão, é de se negar provimento ao recurso. Ante o exposto, conheço do recurso especial interposto pela PFN e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 700DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.000575/2009-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 1999
CSLL. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL - ERRO DO CONTRIBUINTE
Se o contribuinte, em face de seu pedido de adesão ao Refis, realizou ajustes financeiros tributáveis decorrentes da reversão de acréscimos legais (multas e juros) por ela devidos, e, posteriormente teve indeferido sua adesão ao Refis, deve ser afastada a tributação sobre os referidos ajustes, já que apurados exclusivamente em razão da pretendida adesão ao Refis e que, por equivoco da contribuinte, não foram posteriormente retificados. Se não se confirmou a reversão dos acréscimos legais, não houve acréscimo patrimonial da contribuinte que justifique a incidência da CSLL, devendo ser cancelado o respectivo lançamento.
Numero da decisão: 1301-002.669
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Roberto Silva Júnior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 1999 CSLL. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL - ERRO DO CONTRIBUINTE Se o contribuinte, em face de seu pedido de adesão ao Refis, realizou ajustes financeiros tributáveis decorrentes da reversão de acréscimos legais (multas e juros) por ela devidos, e, posteriormente teve indeferido sua adesão ao Refis, deve ser afastada a tributação sobre os referidos ajustes, já que apurados exclusivamente em razão da pretendida adesão ao Refis e que, por equivoco da contribuinte, não foram posteriormente retificados. Se não se confirmou a reversão dos acréscimos legais, não houve acréscimo patrimonial da contribuinte que justifique a incidência da CSLL, devendo ser cancelado o respectivo lançamento.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15374.000575/2009-06
anomes_publicacao_s : 201801
conteudo_id_s : 5822035
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 23 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1301-002.669
nome_arquivo_s : Decisao_15374000575200906.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
nome_arquivo_pdf_s : 15374000575200906_5822035.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Roberto Silva Júnior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
id : 7092043
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:11:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734608846848
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-12-20T16:14:04Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-12-20T16:14:04Z; Last-Modified: 2017-12-20T16:14:04Z; dcterms:modified: 2017-12-20T16:14:04Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:0f6fdc64-ca5f-48c0-ac55-f34ea5cec64f; Last-Save-Date: 2017-12-20T16:14:04Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-12-20T16:14:04Z; meta:save-date: 2017-12-20T16:14:04Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-12-20T16:14:04Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-12-20T16:14:04Z; created: 2017-12-20T16:14:04Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; Creation-Date: 2017-12-20T16:14:04Z; pdf:charsPerPage: 1304; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-12-20T16:14:04Z | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2 1 1 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.000575/200906 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.669 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 18 de outubro de 2017 Matéria CSLL Contribuição Social sobre Lucro Líquido Recorrente MUNDIAL S/A PRODUTOS DE CONSUMO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1999 CSLL. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL ERRO DO CONTRIBUINTE Se o contribuinte, em face de seu pedido de adesão ao Refis, realizou ajustes financeiros tributáveis decorrentes da reversão de acréscimos legais (multas e juros) por ela devidos, e, posteriormente teve indeferido sua adesão ao Refis, deve ser afastada a tributação sobre os referidos ajustes, já que apurados exclusivamente em razão da pretendida adesão ao Refis e que, por equivoco da contribuinte, não foram posteriormente retificados. Se não se confirmou a reversão dos acréscimos legais, não houve acréscimo patrimonial da contribuinte que justifique a incidência da CSLL, devendo ser cancelado o respectivo lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 00 05 75 /2 00 9- 06 Fl. 1377DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Roberto Silva Júnior, Amélia Wakako Morishita Yamamoto Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1378DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 3 3 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da Resolução CARF 1103000.110 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, o qual bem retrata os fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então: Trata se, conforme determinado na Portaria DERAT/RJO nº 316, de 24/09/08 (fl.01), de reconstituição do processo nº 11080.006583/200498, que teve como objeto auto de infração de CSLL referente ao 4º trimestre de 1999, onde a autoridade autuante constatou a falta de recolhimento e/ou declarada em DCTF da referida contribuição, apurada com base no LALUR escriturado pela ZIVI S/A CUTELARIA, CNPJ 92.749.217/000117, empresa incorporada, em 29/12/2003, pela MUNDIAL S/A PRODUTOS DE CONSUMO. A Quinta Turma da DRJ – Porto Alegre (RS), julgou procedente o lançamento, conforme acórdão nº 5.614, de 29/04/05 (fls.15/20), que recebeu a seguinte ementa: PERÍCIA. OMISSÃO DO NOME PERITO. Desconhece se do pedido de perícia em que a autuada não aponta o nome, endereço e qualificação profissional de seu perito. REFIS. COMITÊ GESTOR. COMPETÊNCIA. Cabe ao Comitê Gestor do Refis decidir sobre a inclusão nesse programa de determinado crédito tributário, não sendo possível revolver essa matéria em sede de impugnação. DIPJ E DCTF. EFICÁCIA. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Apenas a DCTF tem eficácia de confissão de dívida, cabendo à DIPJ papel meramente informativo. DIPJ. MATÉRIA TRIBUTÁVEL OBJETO DE LANÇAMENTO DE OFICIO. IMPOSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO. Não se admite a retificação de DIPJ para alterar matéria tributável objeto de lançamento de oficio. Em que pese o acórdão concluir pela procedência do lançamento de IRPJ, no relatório da decisão, verifica se que se trata de auto de infração de CSLL, in verbis: “Tratase de auto de infração (fls.08/11) lavrado para exigir crédito tributário relativo à CSLL do quarto trimestre do ano calendário de 1999, no montante de R$ 52.265.398,01. De acordo com o relatório da auditoria fiscal (fls.13/18), foi constatado, na ficha 30 da D1PJ (fls.37), que a autuada apurou, como base de cálculo da CSLL, um lucro de R$ 171.083.739,46 no trimestre em questão, bem como o correspondente valor de CSLL de R$ 20.530.048,74. Em que pese os dados constantes na DIPJ, esse crédito tributário não foi informado em DCTF, nem pago. Intimada a prestar esclarecimentos a respeito dessa situação, a autuada alegou que teria incluído o crédito no Refis, tendo apresentado Fl. 1379DF CARF MF 4 os requerimentos das fls. 28 e 29, dirigidos ao Comitê Gestor desse programa. No entanto, o pleito não foi atendido, conforme o Parecer do Comitê Gestor do Programa de Recuperação Fiscal no 33, de 31/05/2004 (fls.30/32). Tendo em vista que não fora pago nem estava em regime de parcelamento, o crédito tributário foi lançado de oficio.” Também no “Extrato de Processo” (fl.37) informase que o crédito tributário em questão é de CSLL, relativo ao período de apuração 12/99. Às fls.48/76, dentre outros documentos, constam as seguintes peças processuais: Mandado de Procedimento Fiscal Complementar, Termo de Início de Fiscalização, auto de infração e Relatório da Auditoria Fiscal. Neste, a fiscalização fundamentou a autuação nos seguintes termos: de acordo com o LALUR, apurou se um lucro real de R$ 171.083.739,46 , que implicou na apuração de CSLL no valor de R$ 20.530.048,74; apesar da informação em DIPJ, tal valor não foi informado na DCTF correspondente ao 4º trimestre de 1999; a partir do anocalendário 1999, conforme IN SRF nº 126/98, a DCTF passou a ser considerada o documento hábil de declaração e confissão de dívida tributária, atribuindose à DIPJ um papel meramente informativo; o contribuinte informou que o débito havia sido incluído no REFIS, porém “...tal afirmativa não se confirmou, pois o pleito foi indeferido pelo Comitê Gestor do Programa de Recuperação Fiscal através do Parecer nº 033, de 31 de maio de 2004 (fl.30/32), contido no processo nº 11080.009780/200205”; a lavratura do auto de infração fezse necessária, em razão de o crédito tributário não estar formalmente constituído. No recurso voluntário (fls.86/101), o Recorrente sustentou, em síntese: submetera à tributação um “lucro ficto e condicionado”, considerandoo integralmente no 4º trimestre de 1999, não mensalmente; além de constar no balanço do trimestre e na DIPJ, o tributo teria sido declarado nas Fichas 2 e 4 da Declaração do Refis, sendo o parcelamento deferido sem ressalva; informara à autoridade tributária equívoco cometido quanto à informação do código, tendo requerido a retificação, não obstante os dados corretos serem de conhecimento da Receita Federal (DIPJ, LALUR etc.); o indeferimento da retificação do código fundamentarase no transcurso do prazo para a inclusão de novos tributos no REFIS; a DRJ não poderia ter recusado a revisão do lançamento, quando comprovado o erro, tendo o acórdão sido omisso quanto às questões da “inexistência do fato gerador”, “inexigibilidade imediata da totalidade do tributo”, “nãoincidência do IRPJ e Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 4 5 da CSLL sobre a redução do estoque do passivo tributário, até mesmo em razão do caráter punitivo e confiscatório dos ‘Autos de Infração’”, tendo ainda deixado de “...responder o que acontecerá, afinal, se o contribuinte for excluído do ‘refis’, ou pagar antecipadamente o débito; já que, nesta hipótese, a condição do resultado do trimestre deixará de existir, invertendoo para apontar prejuízo e retirando o suporte de fato da exação”; caso existente, o tributo teria sido parcelado no Refis, diante de sua suficiente caracterização (valor, espécie tributária e período de referência). Ao exercer a opção do art.2º da Lei nº 9.964/00, parcelara integralmente o débito, “...ainda que o contribuinte tivesse omitido por completo a caracterização do tributo”; de acordo com o art.147, §2º, do CTN, os erros contidos na declaração deveriam ser retificados de ofício; “...Não se negou o recebimento de notificação relativa à recusa da retificação dos códigos, mas o conhecimento oportuno e tempestivo da existência de imprecisão na declaração, que permitisse a correção do equívoco antes do encerramento da fase de homologação”; a autoridade julgadora não poderia eximirse de apreciar o ato de indeferimento do pedido de retificação, pois relacionado ao lançamento de ofício, bem como de analisálo, em que pese ter o crédito tributário sido informado em DIPJ; a declaração no Refis constituirseia em confissão de dívida. Consta às fls.24/31, cópia da Resolução nº 10102.574, de 09/11/06, por meio da qual a Primeira Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes converteu o julgamento em diligência para que a unidade de origem: “a) intime a Recorrente a demonstrar de forma pormenorizada os procedimentos adotados quanto à suposta ‘receita extraordinária — REFIS’ não oferecida à tributação no 4°. trimestre de 1999, inclusive em relação aos registros contábeis; b) proceda a uma análise de todos os procedimentos adotados pelo Recorrente que originou a suposta receita extraordinária — REFIS, em relação ao valor questionado nos presentes autos, tecendo comentários que achar necessário para o bom deslinde da questão, e c) após, intime a Recorrente acerca do resultado e conclusão da presente diligência, para, se querendo, venha aos autos contraditála.” No Termo de Encerramento de Diligência Fiscal (fl.141), de 13/08/10, consignouse: “[...] As análises se pautaram única e exclusivamente ao objeto do RPF mencionado, sendo que sua conclusão não elide o direito da Fazenda Nacional de proceder a novos exames sobre o programa de fiscalização em foco, no mesmo período ou em outros que julgar necessário. Fl. 1381DF CARF MF 6 Deixo de cientificar a contribuinte sobre o resultado das análises, haja vista que as mesmas não foram desenvolvidas em decorrência do não atendimento, por parte da mesma, dos elementos necessários à sua execução.” Posteriormente, o contribuinte foi cientificada do resultado da diligência, conforme “Termo de Ciência e ReRatificação de Termo Fiscal”, de 16/08/10, (fl.142): “[...] Por este mesmo Termo Fiscal, fica RETIFICADO o Termo de Encerramento de Diligência Fiscal lavrado e cientificado à contribuinte em 13/08/2010 para tornar sem efeito seu parágrafo terceiro, haja vista a ciência do Relatório de conclusão da Diligência Fiscal que se faz pelo presente Termo. Fica RATIFICADO tudo o mais que daquele Termo consta.” Por sua vez, no “Relatório de Conclusão da Diligência Fiscal” (fls.144/145), de 16/08/10, assentouse: “[...] Em resposta de 12/05/2010, por nós recepcionada em 18/05/2010 fls.127 a contribuinte, além de fazer confusão ao misturar o objetivo da Diligência Fiscal que se destinava a INSTRUIR o processo e não RECONSTITUÍLO, conforme afirma no final do primeiro parágrafo de sua missiva, apresenta negativa com relação ao atendimento do Termo Fiscal, afirmando, evasivamente não mais possuir a documentação, conforme descreve no final do terceiro parágrafo:‘provavelmente por ter sido eliminada, nos termos do parágrafo único do artigo 195 e do artigo 174 do Código Tributário Nacional’. Não obstante a negativa supra mencionada, procedi à lavratura do Termo de Constatação e de Intimação Fiscal cientificado à contribuinte em 19/07/2010, fls.136/139, elucidando tratarse de Diligência Fiscal visando à instrução do processo em fase de julgamento de 2ª Instância Administrativa e ao mesmo tempo reiterando a intimação para apresentação dos elementos constantes do Termo de Inicio de Diligência Fiscal. Em resposta recepcionada em 29/07/2010 fls.140 a contribuinte, da mesma forma evasiva, limitouse a ‘confirmar o anteriormente afirmado’, ou seja, nada a apresentar. Em 13/08/2010 procedi ao encerramento da Diligência Fiscal sem dar ciência deste relatório contribuinte. Nesta data procedi entrega de uma via deste à contribuinte para sua ciência e manifestação caso assim desejar, conforme Termo de fls.142.” Ao sujeito passivo a Defis – São Paulo (SP) concedeu, com fundamento no art.44 da Lei nº 9.784/99, um prazo de 10 (dez) dias para se pronunciar sobre tais conclusões fiscais, sendo que em 08/09/10 o processo foi devolvido ao CARF para continuidade do julgamento, conforme despacho de fl.145. Ao autos anexouse petição do contribuinte (fls.165/166), protocolizada em 24/10/12, por meio da qual se acostou novo instrumento de mandato e requereuse “...a abertura de vista e conseqüente fornecimento de cópia na íntegra do feito aos novos advogados”. Em 11 de setembro de 2013, esta Turma entendeu por bem converter o processo em diligencia nos termos do voto abaixo (Resolução nº 1103000.110 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária fls. 323): Como relatado, a Divisão de Fiscalização da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Fiscalização em São Paulo (SP) cientificou o contribuinte sobre Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 5 7 o resultado da diligência requerida pela Primeira Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, tendo concedido apenas o prazo de 10 (dez) dias para que se manifestasse sobre as conclusões fiscais: “De acordo com o informado, e tendo em vista o prazo de 10(dez) dias, inserto no art.44 da Lei nº 9.784/99, aguardese até 27/08/10 para encaminhamento.” (fl.145). A adoção excepcional da Lei nº 9.784/99 em tal situação, reconheçase, era controversa, sendo que algumas unidades da RFB concediam 10 (dez) dias para o aditamento da defesa, outras, 30 (trinta) dias. Considerando que o prazo, no processo administrativo tributário federal, é de 30 (trinta) dias, seja para a interposição de impugnação/manifestação de inconformidade ou recurso voluntário, sempre entendi, desde quando atuava como Julgador em primeira instância, que tal lapso temporal também deveria ser prestigiado em caso de ciência de resultados de diligências, até mesmo por não significar qualquer prejuízo à marcha processual. Com a edição do Decreto nº 7.574, de 29/09/11, que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, tal divergência encerrouse. Dispõe tal ato normativo que o prazo a ser concedido deve ser de 30 (trinta) dias: Art.35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). Notese, ainda, do “Relatório da Auditoria Fiscal” (fls.66/71), teria sido lavrado também um auto de infração de IRPJ, decorrente dos mesmos fatos: “Por derradeiro, mister se faz alertar que embora o Relatório deste lançamento parcial refirase simultaneamente ao IRPJ e à CSLL, o presente processo abarca exclusivamente a CSLL concernente às verificações preliminares do quarto trimestre” Em consulta ao sistema “Comprot”, utilizando o CNPJ nº 88.610.191/000154 como parâmetro de busca, verificase que em 16/09/04, além do processo ora restaurado, foi formalizado o de nº 11080.006580/200454, com assunto registrado “Auto de Infração de IRPJ”, que desde 09/08/2010 encontrase arquivado por ordem da Derat – São Paulo (SP). No sítio do CARF na internet é possível saber que em 21/09/06 foi também requerida uma diligência naquele processo, tendo sido o julgamento final realizado em 28/01/10. Em que pese já ter havido, quanto a este processo, julgamento em segunda instância com provimento do recurso voluntário, entendo, como medida de cautela a fornecer elementos seguros de convencimento, ser necessário conhecer o inteiro teor dos autos, que contempla, inclusive, o resultado da mencionada diligência na qual se Fl. 1383DF CARF MF 8 baseou o respectivo voto condutor do acórdão nº 110100.245 (disponível no sítio do CARF na internet). Desta forma, nos termos do acima, o presente processo foi convertido em diligencia para que a unidade de origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil: a) cientifique o Recorrente do inteiro teor do “Termo de Encerramento de Diligência Fiscal” (fl.141), “Termo de Ciência e ReRatificação de Termo Fiscal” (fl.142) e “Relatório de Conclusão de Diligência Fiscal” (fls.144/145); b) acoste aos autos, em forma de anexo, cópia integral do processo nº 11080.006580/200454; c) informe se o resultado da diligência realizada no bojo do processo nº 11080.006580/200454 é capaz de demonstrar de forma pormenorizada os procedimentos adotados pelo contribuinte quanto à suposta “receita extraordinária – REFIS”, lastreados nos respectivos registros contábeis, podendo, se entender necessário, intimálo a apresentar as informações e documentos que entender pertinentes ao devido esclarecimento dos fatos; d) intime o contribuinte a comprovar que o crédito tributário exigido constou do REFIS, ainda que informado com código de receita equivocado; e) elabore relatório circunstanciado sobre a análise decorrente dos itens “c” e “d”, bem como quanto às demais providências adotadas; f) cientifique o contribuinte sobre o resultado da diligência, para, se assim desejar, aditar o recurso voluntário no prazo legal de 30 (trinta) dias, nos termos do art.35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/11; f) findo o prazo acima, devolva os autos ao CARF para julgamento. Em retorno a diligencia da Resolução nº 1103000.110 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, a DeratSP retornou aos autos Relatório fiscal atendendo as questões requeridas, levantando como pontos principais: 1. Cópia integral dos autos do processo 11080.006580/200454 (IRPJ); Diante de tal processo, faz consignar que "Considerando a idêntica matéria tributável entre o auto de infração de CSLL e aquele relativo ao IRPJ objeto do processo 11080.006580/200454, como bem identificado na Resolução 1103000.110, aplicase, ao caso, as conclusões obtidas pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização em São Paulo ao examinar os registros contábeis do contribuinte de forma a demonstrar pormenorizadamente os procedimentos adotados quanto à suposta “receita extraordinária – REFIS”, nos exatos termos como solicitado pelo item “c” da resolução." 2. Análise e conclusões acerca dos procedimentos adotados pelo contribuinte que deram origem às receitas extraordinárias – REFIS (fl. 1208). Vejamos: Dos demonstrativos trazidos pelo interessado, em particular a de folhas 913 e 914, constatamos que a receita decorrente da opção pelo REFIS e composta das parcelas discriminadas no quadro a seguir: Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 6 9 É de se notar inicialmente que o crédito apurado, R$ 159.027.590,00, foi informado na Demonstração de Resultado publicada aos acionistas sob a denominação de “Receita Extraordinária – REFIS” (fl. 979) Por outro lado, relativamente às 3 (três) primeiras parcelas que compõem a receita extraordinária REFIS (itens “1” a “3” do quadro acima), tratamse, respectivamente, de ganhos obtidos pelo ajuste ao valor presente da multa/juros incidentes sobre débitos de 1999, da multa e juros incidentes sobre débitos anteriores a 1999 e do valor principal dos débitos. O mecanismo dos referidos ajustes, para o valor principal do débito, encontra se demonstrado em detalhes pelo interessado à folha 916. Conforme se vê, o Ajuste ao Valor Presente (AVP) é função da taxa SELIC e da parcela/REFIS. Esta (parcela/REFIS), por sua vez, é resultado da aplicação de 1,2% sobre o faturamento ajustado anualmente pela taxa de crescimento estimada (4% no caso em tela). Desse ponto, é possível obter os ganhos obtidos pelo AVP: Vale dizer, é indiscutível a característica estritamente financeira do AVP, não deixando duvida, por consequência, quanto à natureza também financeira do ganho (receitas extraordinárias – REFIS) dele decorrente. O ganho só existe em função desse ajuste financeiro, isto é, utilização da taxa SELIC, de previsões de crescimento da empresa além de seu faturamento para fins de “trazer para o valor presente” o passivo tributário. Ressaltase que os ganhos (receitas extraordinárias – REFIS) aqui tratado não se confundem com os débitos tributários que compõem o passivo tributário submetido ao REFIS, visto que aqueles (ganhos), conforme vimos, tem origem meramente financeira, distinta, portanto, da dos fatos geradores dos impostos e contribuições que compõem o referido passivo. Vale dizer, não há que se falar em “BISINIDEM”. Observese ainda que, embora a explanação envolva apenas o valor principal dos débitos componentes do passivo tributário, é induvidoso que também se aplica aos itens “2” e “3” tendo em vista que estes nada mais são do que reversões de acréscimos legais (multa/juros) do principal com o qual compõem, de forma indissociável, o total do passivo em questão para efeito de cobrança. Conclusão: tratamse (ganhos obtidos pelo ajuste ao valor presente da multa/juros incidentes sobre débitos de 1999, da multa/juros incidentes sobre débitos Fl. 1385DF CARF MF 10 anteriores a 1999 e do valor principal dos débitos), portanto, de matéria tributável estando correta a sua inclusão na base de cálculo tanto do imposto de renda (lucro real) como da contribuição social (lucro líquido), tal qual apresentado pelo contribuinte em suas demonstrações contábeis e fiscais. Antes de prosseguirmos na análise dos itens “4” e “5” seguintes, fazse necessário enfatizar o mecanismo pelo qual se formam as receitas (“receitas extraordinárias – REFIS”) ora em discussão. Do que já foi exposto anteriormente, não resta dúvida que se por um lado o ingresso no REFIS de novos débitos não afeta o AVP, tendo em vista que este (AVP) é função de taxas (SELIC e de crescimento da empresa) e faturamento, por outro é indiscutível que (a inclusão no REFIS de novos débitos) provoca o aumento do passivo tributário e consequentemente da receita extraordinária – REFIS. O quadro a seguir ilustra de forma esquemática, para o caso em tela, as considerações tecidas. Desse modo, a utilização da sistemática do AVP implica necessariamente na redução do estoque do passivo tributário e consequente ganho (receita extraordinária – REFIS) de tal forma que a parcela a ser recolhida via REFIS não se altera uma vez que não depende do montante do passivo tributário. Havendo aumento do passivo tributário (a ser parcelado no REFIS) de “R$ 43.815,42 mil” as parcelas do REFIS não sofrem qualquer alteração visto que, reiteramos, estas (parcelas) não dependem daquele (passivo tributário). É certo, portanto, que também o AVP não se alterará com a inclusão de novos débitos do REFIS tendo em vista que também não depende do montante do passivo tributário, sendo que o único efeito dessa inclusão é o aumento das receitas decorrentes do AVPREFIS no mesmo montante daquela inclusão. Ou seja, se há inclusão de “R$ 43.815,42 mil” no passivo tributário parcelado no REFIS, haverá acréscimo das receitas extraordinárias – REFIS também de “R$ 43.815,42 mil” como decorrência do ajuste, ficando claro, portanto, que não se trata de oferecer o tributo novamente à tributação uma vez que, reiteramos, o ajuste tem origem diversa da do tributo, não obstante a coincidência numérica que ocorrerá apenas em relação aos montantes adicionados posteriormente ao cálculo do ajuste, conforme destacado reiteradas vezes neste Termo. Conclusão: tratamse (itens “4” e “5” da receita – REFIS – Reversão de Imposto e Contribuição – 1º rebate e Reversão de Imposto e Contribuição – 2º rebate) de matérias tributáveis não se confundindo com os débitos tributários que compõem o passivo tributário submetido ao REFIS, tendo natureza estritamente financeira. Nesse mesmo sentido, podemos concluir que as duas últimas receitas discriminadas no quadro anterior (itens “6” e “7”) também são matérias tributárias, não se confundindo com o passivo tributário submetido ao REFIS”. Portanto, pelo relatório acima transcrito, restou devidamente demonstrado que no 4º trimestre de 1999 a contribuinte contabilizou e levou ao resultado do período de apuração, como contrapartida da redução do exigível a longo prazo/passivo tributário, o montante de R$ 159.027.590,00, decorrente de sua opção pelo REFIS. Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 7 11 Assim, concluise que os ganhos financeiros decorrentes da opção pelo REFIS constituem matéria tributável, conforme entendimento consignado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais quando do julgamento do IR no processo 11080.006580/200454, relativo ao mesmo período de apuração. Por sua vez, nessa linha de entendimento, subsistindo o parcelamento com as devidas reduções do passivo tributável, subsiste os ganhos financeiros dele decorrente, cujos resultados, repitase, são tributáveis pelo IRPJ e CSLL. Ressaltase, no caso, que a motivação pela qual o lançamento do IR foi julgado improcedente, qual seja, o indeferimento do ingresso no REFIS, não mais subsiste, tendo em vista a reativação da conta REFIS por decisão judicial datada de 03/12/2013 na Apelação Civil 500134805.2013.404.7100/RS, interposta pela MUNDIAL S/A, incorporadora da ZIVI S/A – CUTELARIA, fl. 1.172 a 1206. Cabe ainda observar que nem todo valor tributável do auto de infração é decorrente da “receita extraordinária Refis”, uma vez que, conforme demonstrado, esta é equivalente a R$ 159.027.590 do total do lucro líquido no montante de 172.863.110,46, que serviu de base de cálculo para a autuação (dados extraídos do LALUR). Já em relação a inclusão do débito no Refis (item “d” da Resolução), confirmase, em pesquisa realizada nos sistemas internos da RFB, que a CSLL constou da “Declaração Refis” entregue em 30/06/2000 e na declaração de 31/08/2000. Contudo, tal débito não foi consolidado no parcelamento, mesmo após a reativação da conta Refis por decisão judicial conforme mencionado acima, em função da falta de correspondência com a forma de apuração do Imposto de Renda a que estava submetida a contribuinte no anocalendário de 1999, conforme entendimento jurídico constante do Parecer do Comitê Gestor do REFIS 33, 31 de maio de 2004, fls. 72/77." Cientificado do retorno da diligencia, a contribuinte protocolou em 31/07/2015 (fl. 1319 e segs) resposta ao relatório fiscal alegando os seguintes argumentos: 1. Cópia de documentos, transcrição do relatório fiscal e conclusões acerca da correta inclusão da CSLL discutida R$ 20.530.048,74 no parcelamento; 2. Esclarecimentos acerca do valor total de receita extraordinária de Refis; 3. Alegação de descumprimento da Apelação Cível que estabeleceu a reativação da conta de Refis; 4. Argumentação de que a eventual não consolidação da CSLL no Refis não traz reflexos no presente processo; 5. Pedido de julgamento pelo CARF em linha com o já decido e transitado em julgado no processo equivalente de IRPJ (11080.006580/200454); É o relatório. Fl. 1387DF CARF MF 12 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O recurso voluntário é TEMPESTIVO, conforme já atestado pela Resolução nº 1103000.110 – 1ª Câmara / 3ª Turma Ordinária, portanto, ser CONHECIDO. Ao fechar o balanço tributário de 1999, o contribuinte reconheceu contabilmente benefício financeiro (Ajuste a Valor Presente da multa e juros incidentes sobre os débitos tributários parcelados) decorrente de adesão a programa instituído pela Lei nº 9.964/00, Programa de Recuperação Fiscal REFIS realizado em 30 de junho de 2000 conforme respectiva Declaração Refis. Desta forma, o contribuinte submeteu este lucro, denominado de "lucro ficto receita extraordinária de REFIS", à tributação pelo IRPJ e CSLL. No entanto, posteriormente, diante da tentativa, em 31 de agosto de 2000, pelo contribuinte de retificar dados informados na declaração de parcelamento, a autoridade fiscal voltou atrás e indeferiu o pedido (Parecer do Comitê Gestor de Parcelamento Fiscal nº 33/04), por entender que o contribuinte estaria buscando, em verdade, incluir novos débitos após prazo de encerramento do programa. Ademais de indeferir o Refis, a autoridade fiscal autuou a empresa para que realizasse o pagamento do tributo gerado pela economia financeira gerada pela adesão ao programa de parcelamento. Sendo assim, em breve síntese, o presente processo (reconstituição do processo nº 11080.006583/200498) tratase de autuação de CSLL referente ao 4º trimestre de 1999, onde a autoridade autuante constatou a falta de recolhimento e/ou declaração em DCTF da referida contribuição. *** Processo reflexo Vale ressaltar, preliminarmente, que a autoridade fiscal, após fiscalização, lavrou dois autos de infração para autuar separadamente IRPJ e CSLL. O auto de infração de IRPJ gerou o PAF nº 11080.006580/200454 (já arquivado conforme extrato na página eletrônica do comprot, mas cujas copias foram anexadas aos presentes autos conforme requerido em diligencia), cujo julgamento por este colegiado já foi concluído de forma a dar provimento ao recurso voluntário do contribuinte, por unanimidade de votos, nos termos do acórdão n º 1101000.245 cuja ementa segue abaixo transcrita: Nº Acórdão 1101000.245 IRPJ PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL ERRO DO CONTRIBUINTE Se o contribuinte, em face de seu pedido de adesão ao Refis, realizou ajustes financeiros tributáveis pelo IRPJ e pela CSLL, decorrentes da reversão de acréscimos legais (multas e juros) por ela devidos, e, posteriormente teve indeferido sua adesão ao Refis, deve ser afastada a tributação sobre os referidos ajustes, já que apurados exclusivamente em razão da pretendida adesão ao Refis e que, por equivoco da contribuinte, não foram posteriormente retificados. Se não se confirmou a reversão dos acréscimos Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 8 13 legais, não houve acréscimo patrimonial da contribuinte que justifique a incidência do IRPJ e da CSLL, devendo ser cancelado o respectivo lançamento A identidade entre os dois processos foi reconhecida pela própria autoridade fiscal quando da realização de retificação do relatório fiscal nos autos deste processo. Vejamos (fl. 1208): "Considerando a idêntica matéria tributável entre o auto de infração de CSLL e aquele relativo ao IRPJ objeto do processo 11080.006580/200454, como bem identificado na Resolução 1103000.110, aplicase, ao caso, as conclusões obtidas pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização em São Paulo ao examinar os registros contábeis do contribuinte de forma a demonstrar pormenorizadamente os procedimentos adotados quanto à suposta “receita extraordinária – REFIS”, nos exatos termos como solicitado pelo item “c” da resolução." O Relatório da Auditoria Fiscal do processo de IRPJ (fl. 472 e segs) não deixa dúvidas de que ambos processos decorrem do mesmo procedimento fiscal e foram baseados nos mesmos elementos de prova. Vejamos trecho que assim esclarece: Tendo em vista o acima, sou da opinião de que, apesar de não ter ocorrido vinculação do presente processo aos autos do processo de IRPJ (PAF nº 11080.006580/2004 54) conforme art. 6º, inciso III do Regimento Interno do CARF (Portaria 343/2015), verificandose que se tratam de processos reflexos processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos deve o presente processo observar o que foi decidido no acórdão acima citado de forma a cancelar de pronto o lançamento. De qualquer forma, para a hipótese de meus pares não comungarem do meu entendimento, passo a analisar os fundamentos de mérito. *** Fl. 1389DF CARF MF 14 Mérito Em linha com o relatório fiscal emitido pela autoridade fiscal em conseqüência da diligencia requerida por esta turma, entendo que no caso de ingresso no Refis, o ganho decorrente dos ajustes financeiros são tributáveis pelo IRPJ e pela CSLL. Neste sentido, o resultado positivo auferido no anocalendário decorre justamente dos ajustes financeiros realizados no período, decorrente da reversão de acréscimos legais (multas e juros) devidos pela contribuinte. Concluo que não há maiores duvidas quanto a esta conclusão, seja pela postura adotada pelo próprio contribuinte de submeter tais valores a tributação, quanto pelo relatório da autoridade fiscal acima mencionado. No entanto, diante do indeferimento do parcelamento no Refis (Parecer do Comitê Gestor de Programa de Recuperação Fiscal nº 33/04) pelas autoridades fiscais, os ajustes financeiros realizados pela contribuinte não mais se justificam, revertendo, conseqüentemente, a conclusão de que os respectivos valores devem ser submetidos a tributação. Desta forma, em consonância com o voto condutor do acórdão 1101000.245, não houve fato gerador que justifique a incidência do IRPJ e da CSLL, mas lançamento fiscal equivocado, razão pela qual deve ser cancelado o presente lançamento. Neste mesmo sentido foram decididos dois julgados recentes do CARF (Processos nº 11080.006581/200407 e 16152.000065/200906) que apesar de não terem todavia transitado em julgado servem como parâmetro no caso presente: Processo nº 16152.000065/200906 Recurso Voluntário Acórdão nº 1402002.691 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2017 Matéria RECEITAS NÃO OPERACIONAIS Recorrente HÉRCULES S/A FÁBRICA DE TALHERES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 VALOR DE TRIBUTO INCLUÍDO EM PROGRAMA ESPECIAL DE QUITAÇÃO (REFIS). RECEITA NÃO OPERACIONAL. EXCLUSÃO DO PROGRAMA. ESTORNO. A redução do passivo tributário pela inclusão da dívida no REFIS gera acréscimo patrimonial representando receita não operacional. Entretanto, a exclusão do programa retorna os débitos à situação anterior e implica no estorno da receita correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Processo nº 11080.006581/200407 Recurso Voluntário Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 9 15 Acórdão nº 1401001.800 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de fevereiro de 2017 Matéria CSLL Recorrente Hercules S.A. Fabrica de Talheres Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1999 REFIS. INDEFERIMENTO. AJUSTES FINANCEIROS. LUCRO INEXISTENTE. Com o indeferimento do ingresso no Refis, os ajustes financeiros decorrentes da reversão de acréscimos legais (multas e juros) realizados pelo contribuinte não mais se justificam, não podendo ser utilizados pela fiscalização como base para a autuação fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso. ANTONIO BEZERRA NETO Presidente. LIVIA DE CARLI GERMANO Relatora. Por fim, entendo que a alegação realizada pelo Relatório Fiscal de que a motivação pelo qual o lançamento de IRPJ no Refis não mais subsiste em razão de decisão judicial datada de 03/12/2013 em Apelação Civil (AC 500134805.2013.404.7100/RS) ajuizada pelo contribuinte não deve influenciar o presente julgado, posto que, o que se julga no presente caso é o lançamento original do ganho financeiro obtido no ano de 2000 que não merece respaldo tendo em vista a revisão do deferimento do parcelamento do Refis. Se, futuramente, houve ou houver reinclusão dos débitos no programa de parcelamento e necessidade, por parte do contribuinte, de lançar, novamente, os valores como tributáveis em seus respectivos livros, tal fato gerador deve ser objeto de novo lançamento por parte das autoridades fiscais, se o contribuinte, espontaneamente, não realizar o atinente recolhimento da IRPJ e CSLL. Tal conclusão está em linha com o próprio relatório fiscal que é finalizado pela afirmação (fl. 1212) de que "Contudo, tal débito não foi consolidado no parcelamento, mesmo após a reativação da conta Refis por decisão judicial conforme mencionado acima, em função da falta de correspondência com a forma de apuração do Imposto de Renda a que estava submetida a contribuinte no anocalendário de 1999, conforme entendimento jurídico constante do Parecer do Comitê Gestor do REFIS 33, 31 de maio de 2004, fls. 72/77." Em relação ao valor que deveria ser considerado como "receita extraordinária do Refis", o relatório fiscal levantou a duvida ao montante que deve ser efetivamente reconhecido a este título. Alega o relatório fiscal (fl. 1209) que "o crédito apurado, R$ 159.027.590,00, foi informado na Demonstração de Resultado publicada aos acionistas sob a denominação de “Receita Extraordinária – REFIS”". Diferentemente, afirma o contribuinte que o valor de base Fl. 1391DF CARF MF 16 para o calculo da CSLL ora discutida foi de R$ 171.083.739,46, que geraria a CSLL de R$ 20.530.048,74 (valor do ora discutido auto de infração). Compulsandose os autos verificase pelo Relatório da Auditoria Fiscal do IRPJ que o valor de base foi, deveras, R$ 171.083.739,46 para ambos os tributos fiscalizados. Vejamos: Verificase, desta forma, que o Lucro após adições e exclusões foi de R$ 171.083.739,46, cuja CSLL incidente seria de R$ 20.530.048,74 (alíquota de 12%). Este valor de CSLL foi exatamente aquele incluído na Declaração de Refis e o valor de base para a presente autuação. Vejamos: Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 15374.000575/200906 Acórdão n.º 1301002.669 S1C3T1 Fl. 10 17 Em vista do acima, entendo que não há qualquer duvida quando ao valor que deve ser considerado como base da receita extraordinária do Refis, que de alguma forma influencia no presente processo. Conclusão Tendo em vista todo o acima, voto por CONHECER o Recurso Voluntário e DARLHE PROVIMENTO de forma a cancelar o lançamento. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1393DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.723511/2015-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
RECURSO VOLUNTÁRIO. EXPOSIÇÃO DE MATÉRIA DISTINTA. DA AUTUAÇÃO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA.
A apresentação de recurso voluntário que investe contra matéria e tributo distintos daqueles consubstanciados no lançamento, ainda que haja correta referência ao número do processo e da decisão recorrida, implica na ocorrência da preclusão consumativa, consistente na perda de uma oportunidade processual, convolando-se em definitivo o acórdão de primeiro grau administrativo correspondente.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3401-004.238
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário interposto.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201710
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011 RECURSO VOLUNTÁRIO. EXPOSIÇÃO DE MATÉRIA DISTINTA. DA AUTUAÇÃO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. A apresentação de recurso voluntário que investe contra matéria e tributo distintos daqueles consubstanciados no lançamento, ainda que haja correta referência ao número do processo e da decisão recorrida, implica na ocorrência da preclusão consumativa, consistente na perda de uma oportunidade processual, convolando-se em definitivo o acórdão de primeiro grau administrativo correspondente. Recurso voluntário não conhecido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10480.723511/2015-96
anomes_publicacao_s : 201711
conteudo_id_s : 5799272
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3401-004.238
nome_arquivo_s : Decisao_10480723511201596.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ROBSON JOSE BAYERL
nome_arquivo_pdf_s : 10480723511201596_5799272.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário interposto. Rosaldo Trevisan Presidente Robson José Bayerl Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
id : 7014042
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:09:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734614089728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1435; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 10 1 9 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10480.723511/201596 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401004.238 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2017 Matéria IOF Recorrente DATAMÉTRICA CONSULTORIA, PESQUISA, TELEMARKETING LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 RECURSO VOLUNTÁRIO. EXPOSIÇÃO DE MATÉRIA DISTINTA. DA AUTUAÇÃO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. A apresentação de recurso voluntário que investe contra matéria e tributo distintos daqueles consubstanciados no lançamento, ainda que haja correta referência ao número do processo e da decisão recorrida, implica na ocorrência da preclusão consumativa, consistente na perda de uma oportunidade processual, convolandose em definitivo o acórdão de primeiro grau administrativo correspondente. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário interposto. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 35 11 /2 01 5- 96Fl. 324DF CARF MF 2 André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de lançamento de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IOF, anocalendário 2011, em função da realização de operações de mútuos, verificados a partir de registros contábeis e respectivos contratos, acrescido de multa qualificada, por força do disposto nos arts. 44, § 1º da Lei nº 9.430/96 c/c art. 71 da Lei nº 4.502/64 e imputação de responsabilidade solidária à sóciaadministradora, nos termos do art. 135, III do Código Tributário Nacional. Em impugnação o contribuinte apontou abuso de poder, por parte AFRFB condutor do procedimento fiscal, pelos atos praticados, mormente pela tomada de depoimentos do contador e da administradora da pessoa jurídica; que as operações listadas não corresponderiam a mútuo, mas sistema de contacorrente; que o Ato Declaratório nº 07/99 e a IN RFB 907/09, sem respaldo em lei, equipararam o sistema de contacorrente ao mútuo, o que viola o art. 108 do CTN; que a multa aplicada é incoerente, ante a ausência de dolo a configurar a sonegação fiscal; e, ausência de requisitos legais para inclusão da sócia administradora como responsável solidária pelo crédito tributário. A DRJ Juiz de Fora/MG manteve o lançamento, em decisão assim ementada: “SOLIDARIEDADE TRIBUTÁRIA. SÓCIA ADMINISTRADORA Administradora que cometeu ato ilícito no exercício da gerência da sociedade empresária responde solidariamente com a pessoa jurídica pelo pagamento do crédito tributário, sendo suas responsabilidades autônomas da obrigação da contribuinte quanto ao nascimento. OPERAÇÕES DE MÚTUO As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. Constatada a existência das operações e a falta de recolhimento do tributo correspondente, correta a formalização da exigência de ofício. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. No caso de evidente intuito de sonegação, ainda que em tese, aplicase a multa de cento cinquenta por cento, calculada sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição.” O recurso voluntário, discorrendo sobre o IRPJ e CSLL, asseverou a impossibilidade de retificação da DCTF, após o início da ação fiscal; a adesão ao regime de parcelamento implementado pela Lei nº 12.996/14; e, a impossibilidade de aplicação da multa de ofício de 75%, diante da ausência de lançamento de ofício do crédito tributário. É o relatório. Voto Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10480.723511/201596 Acórdão n.º 3401004.238 S3C4T1 Fl. 11 3 Conselheiro Robson José Bayerl, Relator O recurso voluntário preenche parcialmente os requisitos de admissibilidade, a saber, tempestividade, legitimidade, cabimento e regularidade formal, não, porém, o interesse recursal, de modo que não deve ser conhecido. O interesse recursal está assentado no binômio necessidade x adequação, revelandose a necessidade pela existência de uma decisão que cause prejuízo ao interessado, o que se verifica no caso vertente; entretanto, quanto à adequação, temse que o conteúdo da reclamação investe contra matéria distinta daquela tratada no presente processo, mostrandose inútil ao seu desiderato – arrostar a decisão administrativa de piso. Em que pese tratar o lançamento de Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros – IOF, anocalendário 2011, estranhamente o recorrente debate a exigência de crédito de IRPJ e CSLL e desenvolve toda a sua argumentação sobre esses tributos, não havendo uma linha sequer que aborde a incidência do IOF. Buscando averiguar se não havia algum equívoco, por parte da unidade preparadora, na juntada do recurso voluntário, talvez pertencente a outro processo do mesmo contribuinte, constatei que, no seu cabeçalho, há expressa referência ao PA 10480.723511/201596 e à correta decisão de primeiro grau administrativo, Acórdão 09 060.301 – 2ª Turma da DRJ/JFA, de 16/06/2016, inexistindo defeito na juntada do documento. Aparentemente, o equívoco se verificou mesmo na confecção da peça, redundando na completa desarmonia entre o recurso e a autuação, acarretando, com isso, a perda de uma oportunidade processual, pela configuração de preclusão consumativa. Sobre o tema, propícias as palavras de Fredie Didier Júnior1: “A preclusão consumativa consiste na perda da faculdade/poder processual, em razão de ter sido exercido, pouco importa se bem ou mal. Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. Observase quando já se consumou a faculdade/poder processual.” A inconsistência do recurso, por seu turno, dada sua amplitude, não pode ser mais corrigida, tendo em vista o decurso do lapso recursal e a impossibilidade de se reabrir um prazo próprio, regularmente conferido ao recorrente para manifestação. Como antecipado, a dissonância recursal é tamanha que impede qualquer exame meritório sobre a decisão recorrida, não cabendo ao Conselho Administrativo se manifestar sobre questões cujo exame não lhe foram adequadamente devolvidas. Outrossim, entendo não ser possível conhecer do recurso com a adoção das alegações expostas na impugnação, porquanto estaria o julgador, nessa hipótese, substituindo se ao interessado no exercício de sua faculdade processual, em grave usurpação e distorção do sistema contencioso administrativo. 1 Curso de direito processual civil. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 11ª edição. Ed. JusPodium: Salvador, 2009. Págs. 283/284. Fl. 326DF CARF MF 4 Em face de todo o exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário interposto. Robson José Bayerl Fl. 327DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.002724/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 02 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL.
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - EXIGÊNCIA LEGAL.
Até a criação da Declaração de Compensação - DComp, somente a
compensação entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional podia ser efetuada pelo próprio sujeito passivo diretamente em sua escrituração, sem que fossem exigidas outras formalidades. A partir de 01/10/2002, em virtude das alterações previstas na Medida Provisória ri 66, de 2002, a compensação para ser válida e eficaz deve ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração especifica na qual constarão
informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.
REGRAS SOBRE COMPENSAÇÃO
A compensação é uma prerrogativa deferida ao contribuinte; no entanto, este deve observar os procedimentos fixados pela Administração Tributária a fim de fazer valer o seu direito,
COMPENSAÇÃO, CRÉDITO DA MESMA ESPÉCIE. REQUISITOS,
A partir de 01 de outubro de 2002 a compensação de indébitos tributários visando extinguir crédito tributário da mesma espécie e destinação constitucional, conquanto prescinda de formalização de pedido, para ter validade, deve ser devidamente declarada em DCTF e Dcomp antes do início da ação fiscal.
Numero da decisão: 1401-000.328
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso quanto à multa isolada, por preclusa, e no mérito, negar provimento ao recurso.
Nome do relator: Antonio Bezerra Neto
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201009
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL. Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - EXIGÊNCIA LEGAL. Até a criação da Declaração de Compensação - DComp, somente a compensação entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional podia ser efetuada pelo próprio sujeito passivo diretamente em sua escrituração, sem que fossem exigidas outras formalidades. A partir de 01/10/2002, em virtude das alterações previstas na Medida Provisória ri 66, de 2002, a compensação para ser válida e eficaz deve ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração especifica na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. REGRAS SOBRE COMPENSAÇÃO A compensação é uma prerrogativa deferida ao contribuinte; no entanto, este deve observar os procedimentos fixados pela Administração Tributária a fim de fazer valer o seu direito, COMPENSAÇÃO, CRÉDITO DA MESMA ESPÉCIE. REQUISITOS, A partir de 01 de outubro de 2002 a compensação de indébitos tributários visando extinguir crédito tributário da mesma espécie e destinação constitucional, conquanto prescinda de formalização de pedido, para ter validade, deve ser devidamente declarada em DCTF e Dcomp antes do início da ação fiscal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 10680.002724/2007-14
conteudo_id_s : 5814280
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 1401-000.328
nome_arquivo_s : Decisao_10680002724200714.pdf
nome_relator_s : Antonio Bezerra Neto
nome_arquivo_pdf_s : 10680002724200714_5814280.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso quanto à multa isolada, por preclusa, e no mérito, negar provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 02 00:00:00 UTC 2010
id : 7076970
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:11:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049734617235456
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-11-18T19:13:15Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-11-18T19:13:15Z; Last-Modified: 2010-11-18T19:13:15Z; dcterms:modified: 2010-11-18T19:13:15Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:11e9fa3c-cd5f-4938-8c22-a8cae1b66f6c; Last-Save-Date: 2010-11-18T19:13:15Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-11-18T19:13:15Z; meta:save-date: 2010-11-18T19:13:15Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-11-18T19:13:15Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-11-18T19:13:15Z; created: 2010-11-18T19:13:15Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2010-11-18T19:13:15Z; pdf:charsPerPage: 1650; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-11-18T19:13:15Z | Conteúdo => NE: I (:) '.1 1!) Ir iii VVAGHE'l-; S1-C4T1 I' I 294 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n" 10680.002724/2007-14 Recurso n" 504494 Voluntário Acórdão n" 1401-00328 — 4" Câmara / 1" Turma Ordinária Sessão de 02 de setembro de 2010 Matéria CSLL Recorrente WEMBLEY SOCIEDADE ANÔNIMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL, Ano-calendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - EXIGÊNCIA LEGAL. Até a criação da Declaração de Compensação - DComp, somente a compensação entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional podia ser efetuada pelo próprio sujeito passivo diretamente em sua escrituração, sem que fossem exigidas outras formalidades. A partir de 01/10/2002, em virtude das alterações previstas na Medida Provisória ri 66, de 2002, a compensação para ser válida e eficaz deve ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração especifica na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. REGRAS SOBRE COMPENSAÇÃO A compensação é uma prerrogativa deferida ao contribuinte; no entanto, este deve observar os procedimentos fixados pela Administração Tributária a fim de fazer valer o seu direito, COMPENSAÇÃO, CRÉDITO DA MESMA ESPÉCIE. REQUISITOS, A partir de 01 de outubro de 2002 a compensação de indébitos tributários visando extinguir crédito tributário da mesma espécie e destinação constitucional, conquanto prescinda de formalização de pedido, para ter validade, deve ser devidamente declarada em DCTF e Dcomp antes do início da ação fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Processo n" 10680 002724/2007-14 Acórdão n° 1401-00328 SI-C4TI PI 295 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso quanto à multa isolada, por preclusa, e no mérito, negar provimento ao recurso, (assinado digitalmente) Viviane Vidal Wagner Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto — Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Bezerra Neto, Mauricio Pereira Faro, Fernando Luiz Comes de Mattos, Alexei Macorin Vivan e Viviane Vidal Wagner. Ausente .justificadamente a conselheira Karem .Jureidini Dias. Relatório Trata-se de recurso voluntário contra o Acórdão n° 02-21.044, da 2" Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte - MG. Por economia processual, adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: A documentação pertinente ao Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e o demonstrativo consolidado do crédito tributário cio processo constam das fls. 01/02 Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o auto de infração de fls. 03/09 para exigência da Contribuição Social, multa de oficio e juros de mora calculados até 28/02/2007, além de multa exigida isoladamente, no valor total de R$361 83.5,64, abrangendo fatos geradores compreendidos no exercício de 2003. Na descrição dos fatos, constam os seguintes registros. 001 — CSLI, — Diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado/pago durante o procedimento de verificações obrigatórias, fbram constatadas divergências entre os valores declarados e as valores escriturados, gerando falta de declaração, pagamento e/oir farmalização de compensação de pai cela da Contribuição Social apurada no ajuste anual. 002 — Multas isoladas — Diferença apincida entre o valor. escriturado e o declarado/pago — CSLI, Estimativa: durante o 10 AN'TOr-.10 2•1:1.P::! 2 :j ia HL-E2i.CJ írazen,:h 3 .,:nfj. I 1)1- (..:\ Processo n" 10680 002724/2007-14 S1-C4T1 Acórdão o" 1401-00328 Fl 3_4( procedimento de verificações obrigatórias, foram constatadas divergências entre os valores devidos e os valores declaradas/pagos, gerando falta de pagamento e/ott formalização de compensação cia Contribuição Social incidente sobre a base de cálculo estimada em !Unção de levantamento de balanços ou balancetes de suspensão ou redução relativo ao mês de outubro de 200.2 No Termo cie Verificação Fiscal (TVF), anexado às lis 10/13, fbi feito o detalhamento das infrações. Por sua vez, os demais documentos que fluida/minam a exigência constam das fls. 14/17.5. Cientificado do lançanzento em 1.5/03/2007, confbrizze consignado no auto de infração, o contribuinte apresentou a impugnação de fis. 178/266, em 13/04/2007, por meio de seu representante legal (Doc. n" 1 —11 187), contra os autos de infração lavrados (Doc n" 2 /is 188/203), cujo resumo é feito em seguida O inzpugnante faz, uma síntese da autuação sofrida e das esclarecimentos que teria prestado no curso da ação fiscal relativamente às compensações efetuadas com os saldos negativos cio IRPI e da CSI.L., implementada contabilmente, em outubro de 2002, por meio de atuolançamento ou autocompensação (Doc. n°03 a 7—lis. 206/266) Citando jurisprudência e doutrina, o delendente enlatiza a aplicação cio princípio da verdade real ou cia realidade tributária ao caso concreto, apontando equívoco da fiscalização ao desconsiderar a realidade tática expressa na escrituração e nas DIRPI apresentadas Assim, o fato de que as compensações de saldos negativos de 1RPJ não terem sido formalizadas via DCTF ou DComp, uma vez que firam efetuadas diretamente na apuração contábil, é de se aplicar, para admiti, tais compensações, o princípio tributário da veracidade O que é relevante para a justa composição cio presente litígio administrativo é que os cm éditos decorrentes das antecipações compulsórias de CSI,L, existem, fbram devidamente comprovados, bem como existentes os créditos &cor, entes de saldos negativos do IRP.I Também é fato concreto que as compensações contabilmente praticadas, por meio da escrituração regular, fbram nas DIRR1 do exercício correspondente, declaradas e comprovadas, o que, em tese, supre a necessidade da DCTF ou Dconzp. Em síntese objetiva, a entrega da DIN já constitui, por si só, a declaração cio contribuinte dos valores compensáveis, sendo desnecessária e redundante a obrigação de apurar e declarar novamente este crédito O impugnante cita ementa de acórdão do Conselho de Contribuintes para enfatizar a diferenciação entre a situação de 1;1 296 D Processo n" 10680 002724/2007-14 S I-C4T1 Acórdão n " 1401-00328 Fl 297 "aproveitamento de saldos compensáveis" e a denominada "repetição de indébito ou pedido de compensação", uma vez que a própria constatação do "aproveitamento de .saldos compensáveis" já se fiiz em documento equivalente ao pedido de restituição/compensação. Trata-se de hipótese em que o tributo recolhido a maio, fbi apurado em Declaração de Rendimentos que já funcionava como pedido de restituição, como no caso de duodécimos de IRPI recolhidos no ano-calendário de 1988 Conclui o hnpugnante que, diante do exposto, impõe-se o provimento da presente impugnação, para o fim de determinar- se o arquivamento do auto de infração impugnado É o relatório. A DRJ, manteve integralmente o lançamento, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO - CSLL Exercício.. 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO - EXIGÊNCIA LEGAL Até a criação da Declaração de Compensação - DComp, somente a compensação entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional podia ser efetuada pelo próprio sujeito passivo diretamente em sua escrituração, sem que fb.ssem exigidas outras firma/idades A partir de 01/10/2002, em virtude das alterações previstas na Medida Provisória n" 66, de 2002, a compensação para ser válida e eficaz deve sei efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração especifica na qual constarão infbrinações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensarias Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpôs recurso voluntário a este Conselho, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação. É o relatório, Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento Jr . [,(II / :',1 • 10111 1.. ":1 rj. .ri.) 4 Acórdão n" 1401-00328 R. 298 3 1 5 DI : \11 Processo n" 10680 002724/2007-14 S1-C4T1 Delimitação da lide Constata-se que o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento da estimativa de CSLL, no ano-calendário de 2002, não foi impugnado pelo contribuinte, e tornou-se definitiva a sua exigência, nos termos do art. 17 do Decreto IV 70235/72, já por ocasião da decisão de primeira instância. Portanto, aqui não serão conhecidos os argumentos de defesa no sentido de contestar a cobrança da multas isoladas sobre estimativas não pagas. O TVF descreve muito bem os fatos relevantes em pauta: Quanto à quitação da CM, cio mês de outubro de .2002, apresentou demonstrativo onde infbrma a extinção da OU através de compensação com saldos negativos de IRPI relerente.s aos anos calendários de 1996, 1999 e 2002 ( doc. fls 79 a 95). Após analisar a resposta do contribuinte, verificamos que somente o valor de R$ 8 123,39 fbi compensado através da Declaração de Compensação — DComp, entregue em 06/08/03 Quanto ao valor de R$ 4.5 491,84, informa a compensação através da Dcoinp apresentada em 12/02/07 e, quanto ao valor de R$ 78 014,21, não houve infbrmação em DCTF nem em Declaração de Compensação, infbrmou que esse valor (R$ 78.014,21) Ibi compensado contabilmente com saldo negativo de 1RP.J de 1996 Percebe-se logo que do valor correspondente a R$ 1.31,629,44 da CSLL de outubro de 2002, apenas a parcela relativa a R$ 8.12.3,39 foi extinta por compensação (Dcomp). O valor de R$ 45.491,84 foi declarado na Dcomp após o início do procedimento fiscal, portanto não se considera confissão espontânea de débito. Os demais compensações não foram efetuadas seguindo-se as condições necessárias para sua efetivação postas pela legislação de vigor. É de se ver.. Valores eventualmente constantes em D1PJ não podem ser considerados como declarados, pois a partir de 1999 tais documentos não mais são considerados como instrumentos de confissão de dívidas, mas simples declaração de informações econômico- fiscais. No exame do mérito, vejo que toda a linha de defesa da recorrente é voltada para o seu "direito" à compensação de supostos pagamentos a maior CSLL. Em seu recurso, não contesta diretamente as diferenças apresentadas entre o apurado e o declarado e também não refuta o argumento da DR1 na linha de que determinadas Dcomps não teriam sido criadas dentro da espontaneidade, ou que não procedera com a correta instrumentalização de seu pleito a partir de Dcomps. Pretende-se valer apenas do princípio da verdade material em contraponto a aspectos formais e instrumentais constantes nos atos legais regulamentadores da compensação, que diga-se de passagem, tal principio não é absoluto e encontra óbice em procedimentos formais relevantes que ampara por sua vez outro tipo de verdade insito também ao Direito: verdade formal. A compensação tributária é uma faculdade legal e depende de iniciativa do contribuinte. A legislação, para controle da liquidez e certeza dos créditos do contribuinte, i iij ri Ii ::"1 6 A RI i\1 1 Processo o" 10680.002724/2007-14 S1-04T1 Acórdão o" 1401-00328 H 299 impõe a observância de procedimento para sua formalização e concreção. A compensação efetuada com inobservância da legislação de regência, não tem concreção contra o fisco, Nesse ponto a DR.1 foi muito percuciente: Note-se que, assim como para proceder à constituição do crédito tributário, a fiscalização deve observar os ritos legais pertinentes, notadamente os previstos no Decreto n" 70.235, de 1972, e o prazo decadencial, sob pena de ser imputado nulo ou improcedente o lançamento, também em relação a eventuais indébitos tributários devem ser observadas as normas vigentes e procedimentos específicos quanto à formalização da compensação e atenção aos prazos prescricionais do direito creditório, que implicam ajustes na contabilidade devidamente comprovados e informações corretas nas declarações obrigatórias próprias das pessoas jurídicas. Não resta dúvida, portanto, que, em havendo crédito decorrente de recolhimento a maior do imposto, o sujeito passivo tem o direito de utilizá-lo espontaneamente na compensação de débitos seus, desde que seja anterior ao lançamento de ofício, o que não foi o caso. A compensação poderia ter sido feita espontaneamente antes do lançamento de ofício, independente de qualquer requerimento. Acontece que esse procedimento não foi adotado, Então, o pedido de formalização de compensação através de Dcomps foi após o lançamento de ofício e agora como argumento de defesa. Trata-se na verdade de argumento inválido amplamente repudiado na esfera administrativa. O simples direito à compensação não serve de argumento defesa para infirmar auto de infração lavrado adequadamente. Ademais, a compensação tributária tem rito próprio e precisa ser aferida a liquidez e certeza dos créditos. Não consta do processo que a recorrente tenha tomado as providências legais para fazer esse mister antes de iniciado o procedimento de ofício. Se diz que compensou, então, deveria ter apresentado Declaração de Compensação no caso de débitos apurados cru DTP.] após 1999 a fim de efetivar as compensações com o novo regime de compensações atualmente em vigor, não cabendo mais a mera demonstração de compensação na contabilidade, pois essa sistemática não é mais vigente, A Lei n" 10,637, de 30 de dezembro de 2002, em seu art. 49, instituiu a declaração de compensação (Dcomp) e deu nova redação ao art.. 74 da Lei n° 9,4.30, de 1996, para estabelecer que, a partir de 1" de outubro de 2002 (art. 68), a compensação declarada à SRF extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação e será "efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão Wormações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos": "Art. 74 O .sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão ..s̀; 1"A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão Processo n" 10680 002724/200714 Acórao n." I 401-00328 Sl-C4T1 Fl 300 1 inibi-mações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. ( ) § .5" A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. (grifél) Como se vê, a declaração de compensação é uma prerrogativa da recorrente e que não foi utilizada, não cabendo ao fiscal fazê-lo de oficio Outrossim, o contribuinte se diz que compensou, nem ao menos apresentou DCTF e Dcomp formalizando tais operações e quando o fez não foi de forma espontânea. Não se olvide, ainda, que, no lançamento dito por homologação, a compensação apresenta três pressupostos indispensáveis: Primeiramente, o contribuinte deve possuir um crédito líquido e certo contra a Fazenda Pública; em segundo lugar, a compensação há de ser escriturada, de sorte que reste cristalizada sua ocorrência; e, por fim, o Fisco somente poderá homologar tal ato do contribuinte se tomar conhecimento de sua atividade, ou em outras palavras, incumbe ao contribuinte comunicar ao Fisco a atividade por ele levada a efeito, de forma que reste exteriorizada sua pretensão, possibilitando a fiscalização de seu procedimento. Sendo assim, não estando comprovada nos autos, por meio de documentação contábil ou fiscal, a alegada compensação, não pode ser esta aceita como argumento de defesa, como aliás é pacífica a jurisprudência: "COFINS.. AUTO DE INFRAÇÃO. FALTA DE RECOLHIMENTO. COMPENSAÇÃO. Não é cabível a alegação de compensação sem comprovação do procedimento e como delè..sa em auto de infração. Recurso negado " Acórdão 201 -76411 Da mesma forma, contrapondo-se ao entendimento do autuado, a jurisprudência do CARF impõe óbice à efetivação da compensação, mesmo se tratando de tributos da mesma espécie, quando esta for efetuada a partir de outubro de 2002 e não instrumentalizada através de Dcomp: A CÓRDÃO 201-80287— Data da Sessão: 22/05/2007 COFINS CRÉDITOS DE II'!.. COMPENSAÇÃO ESCRITURAI,. IMPOSSIBILIDADE. A compensação entre créditos e débitos de tributos de dijerentes espécies era *tilada, anteriormente à criação da Declaração de Compensação, à vista de pedido do sujeito passivo e, após, por meio da apresentação de Declaração de Compensação. Estando fbra cksses limites, a compensação escriturai não tem eleito de extinção dos créditos tributários ACÓRDÃO 201-78161 — Data da Sessão: 26/01/2005 NORMAS PROCESSUAIS. PIS COMPENSAÇÃO MESMO TRIBUTO. DESNECESSIDADE DE PEDIDO. FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL. Anteriormente à criação da declaração de compensação, a compensação entre tributos da mesma espécie e de.stinação constitucional (PIS com PIS) era 7 i•i; ! •: r•„ii Ps1 .-.11 I Rsi 8 1)1 . \:11 Processo II" 10680.002724/2007-14 Acórdào n' 1401-0032B efituada pelo próprio sujeito passivo, em sua escrituração, no âmbito do lançamento por homologação. Por todo o exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso quanto à multa isolada, por preclusa, e no mérito, de negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto fl 301 MINISTÉRIO DA FAZENDA W- CONSELHO ADMINISTRATIVO DE. RECURSOS FISCAIS :O! PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO QUARTA CÂMARA Processo n°: 10680.002724/2007-14 Interessado : WEMBLEY SOCIEDADE ANÔNIMA TERMO DE JUNTADA P Seção/4" Câmara Declaro que juntei aos autos o Acórdão/Resolução if 1401-00.328, assinado digitalmente, às fls, ), por mim numeradas e rubricadas, e certifico que a cópia arquivada neste Conselho confere com o mesmo. Encaminhem-se os presentes autos à Delegacia da Receita Federal em para ciência do interessado e demais providências.. Brasília, Chefe da Secretaria
score : 1.0