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Numero do processo: 10384.004133/2007-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2002 a 30/11/2003
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2002 a 30/11/2003 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
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RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 00 41 33 /2 00 7- 26 Fl. 967DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 19515.001700/200813. "Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a cobrança do crédito tributário. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento de obrigação acessória verificada durante ação fiscal realizada em órgão público. A autuação ocorreu em nome do sujeito passivo, na condição de dirigente de órgão público, por força do disposto no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, vigente à época dos fatos geradores. O recorrente tomou ciência do lançamento e apresentou defesa, entretanto, a primeira instância de julgamento manteve a autuação. Inconformado com a decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, onde alega a improcedência da autuação. É o relatório." Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 2202004.158, de 03/10/2017, proferido no julgamento do processo 19515.001700/200813, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 2202004.158): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento em questão foi efetuado contra o dirigente do órgão público com base no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que, à época dos fatos geradores, estabelecia: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição. Fl. 968DF CARF MF Processo nº 10384.004133/200726 Acórdão n.º 2202004.180 S2C2T2 Fl. 3 3 Contudo, o dispositivo transcrito foi revogado pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, não mais se aplicando, contra dirigente de órgão público, a penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Sobre a matéria, a Súmula CARF nº 65 dispõe o seguinte: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Em função disso, aplicase ao caso, a retroatividade benigna de que trata a alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifei) Portanto, o lançamento em questão deve ser cancelado. Conclusão Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relator" Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Fl. 969DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.720737/2012-47
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Oct 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
DESISTÊNCIA
A desistência configura renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 1001-000.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2009 DESISTÊNCIA A desistência configura renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Trata o presente processo de Notificação de Lançamento, no valor original de R$ 90.000,00 (noventa mil reais), e que após a decisão de primeira instância foi reduzida para R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais), referente a Multa por Atraso na Entrega da Escrituração FCONT – Controle Fiscal Contábil de Transição (anocalendário 2009). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 07 37 /2 01 2- 47 Fl. 146DF CARF MF 2 Cientificada, a contribuinte apresentou impugnação em 16/01/2012 (efls. 02/09). As razões da impugnação foram assim resumidas no acórdão recorrido: Preliminar de Nulidade – os dispositivos legais citados no enquadramento legal (art. 16 da Lei nº 9.779, de 1999, art. 57, inciso I, Art. 2º da IN RFB 967/2009 e inciso I do artigo 54 da Medida Provisória 2.15835/01), transcritos, não servem como suporte à descrição dos fatos, pois são, em parte, inaplicáveis e, em parte, insuficientes para fundamentar a presente imposição descrita nos fatos, sendo, portanto, flagrante a ausência de enquadramento legal na notificação ora combatida; – o art. 50 da Lei nº 9.784, de 1999 (transcrito), estabelece de maneira explícita a tipologia dos atos que devem ser, obrigatoriamente, motivados. Além disso, o inciso II do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972 estabelece que são nulos: (...) os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Assim, temse que a capitulação legal é requisito essencial para a fundamentação de todo e qualquer ato administrativo, e sua ausência, além de cercear o direito de defesa do contribuinte, é fator de absoluta nulidade; – logo, diante da ausência dos elementos identificadores do objeto da obrigação tributária, violando garantia constitucional prevista no inciso LV do art. 5º, não restam dúvidas quanto à nulidade da presente Notificação de Lançamento, haja vista manifesto vício insanável; Do Direito – de acordo com a descrição dos fatos contida na notificação do presente lançamento: A entrega dos dados para o Controle Fiscal de Transição (FCONT) fora do prazo enseja a aplicação da multa de R$5.000,00 por mês calendário ou fração de atraso. – como a Escrituração FCONT do exercício de 2009, com prazo de entrega de 30/07/2010, foi entregue em 22/12/2011, a autoridade fiscal entendeu pela aplicação da penalidade de R$5.000,00 por “18 meses de atraso”, num total de R$90.000,00 (noventa mil reais); – o entendimento da autoridade fiscal foi no sentido de que a pena pecuniária deveria ser aplicada por “mês de atraso”, a partir da data em que a escrituração deveria ter sido entregue; – tal entendimento não merece prosperar tendo em vista que a presente discussão trata, na sua essência, a respeito da aplicação do correto conceito de “mês calendário” ; Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10183.720737/201247 Acórdão n.º 1001000.096 S1C0T1 Fl. 147 3 – uma vez que a referencia é “mês calendário” e não “mês de atraso”, a aplicação da multa de R$5.000,00 deve incidir uma única vez a cada obrigação acessória descumprida; – caso a multa incidisse repetidamente, em todos os meses do período de atraso do cumprimento da obrigação, a referência seria expressa por mês de atraso e não por mês calendário; – ao entender que “mês calendário” abrange todos os meses durante o atraso no cumprimento da obrigação, a autoridade incorre em interpretação extensiva e, além de prejudicar o contribuinte, contraria totalmente a orientação trazida pelo art. 112 do CTN; – assim sendo, a cada vez que o contribuinte deixar de entregar escrituração, na data determinada, ele só pode ser penalizado uma única vez. Além do mais, a fixação da multa de forma cumulativa configurase totalmente desproporcional, pois se estaria transformando a multa que é punitiva em moratória; – isso se justifica ainda, pelo fato de que nem toda obrigação acessória tem periodicidade mensal. Assim, mesmo que a periodicidade seja trimestral ou anual, o termo “mês calendário” deve ser interpretado conforme essa peculiaridade, de modo que cada escrituração que deixe de ser apresentada gerará uma única multa. Se a obrigação é mensal, a multa incide por mês; se trimestral, a multa será para cada trimestre, e assim por diante (cita ementa do Ac 523020074013801 do TRF1, em julgamento de multa pelo atraso na entrega de Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle de Papel Imune, conhecida como “DIFPapel Imune”. cujo título é “ATRASO NA ENTREGA. MULTA REGULAMENTAR. NÃO CUMULATIVIDADE”); – no presente caso, como a periodicidade é anual, o termo “por mês calendário” significa a cada ano em que permanecer o atraso. Assim, a forma correta de aplicar a multa de R$5.000,00 é apenas a cada ano, até que a escrituração seja entregue; – dessa forma, o termo “mês calendário”, que é uma previsão genérica, estará sendo interpretado, corretamente, em relação a cada espécie de obrigação descumprida, e não aplicado cumulativamente em todos os casos; – portanto, no presente caso, é indevida a multiplicação do valor da multa pelo número de meses que durou o atraso, Fl. 148DF CARF MF 4 sob pena de a multa assumir caráter confiscatório e malferir os princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade; Dos Pedidos – por todo o exposto, requer que se acate integralmente a impugnação, julgandoa procedente, seja pela preliminar, seja pelas demais razões, no sentido de cancelar o lançamento na sua totalidade. Do contrário, que seja aplicada a penalidade na forma exposta. A decisão de primeira instância (efls. 76/83) manteve em parte o crédito tributário, exonerando em parte o crédito por constatar a superveniência de lei nova (Lei nº 12.766/2012) que prevê, para a mesma infração, a aplicação de penalidade menos severa do que a lei vigente na data da prática da infração, o que autorizaria a aplicação da retroatividade benigna, prevista no art. 106, II, “c”, do CTN. Cientificada da decisão de primeira instância em 16/09/2013 (efl. 87) a Interessada interpôs recurso voluntário em 16/10/2013 (efls. 89/119), em que repete os argumentos da impugnação e aduz, em resumo, julgados do CARF e do STJ (CARF Acórdão n° 340200.754 e STJ REsp n° 252.095PE) em que se teria decidido a favor da tese do recorrente, de que seria indevida a multiplicação do valor da multa (prevista para cada infração à obrigação formal falta de declaração) pelo número de meses que durou o atraso: (...) Com relação a este julgado, o r. Acórdão recorrido afirmou que "não cabe ao agente do Fisco deixar de aplicar a legislação tributária com base em decisões judiciais sem efeito erga omnes, ou decisões judiciais em que o sujeito passivo não foi parte do processo, uma vez que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional". Data vénia, ainda que o Fisco tenha que cumprir a atividade vinculada e obrigatória de lançar, não pode, de forma desarrazoada, impor penalidades ao contribuinte, extrapolando o que determina a legislação tributária, sob pena de violação de princípios constitucionais já citados, tais como razoabilidade, proporcionalidade e não confisco. Ademais, ainda que os julgados não tenham efeito erga omnes, não se pode ignorar atuais entendimentos acerca do tema, sendo que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em caso análogo, se manifestou também no seguinte sentido: (...) (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Processo n° 19515001106/200571, Recurso Voluntário n° 25.3366, Acórdão n° 340200.754 — 4° Câmara/2° Turma Ordinária, Sessão: 26/08/2010). Ora, se a própria lei prevê a aplicação das referidas multas até o limite máximo de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) ao mês calendário da inadimplência de informação, não parece razoável que esse limite legal possa ser extrapolado pela Fiscalização, Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10183.720737/201247 Acórdão n.º 1001000.096 S1C0T1 Fl. 148 5 mediante a simples multiplicação de seu valor pelo número de meses em que a Recorrente permaneceu inadimplente, mormente considerandose que os referidos limites se encontram sob expressa previsão no CTN em seu artigo 97, V, instituído exatamente para refrear os abusos, a irrazoabilidade ou a desproporcionalidade na sua aplicação. No presente caso, como a periodicidade de entrega é anual, o termo "por mêscalendário" significa "a cada ano" em que permanecer o atraso. Assim, a forma correta seria aplicar a multa de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) apenas uma vez a cada ano, até que a escrituração seja entregue, havendo ainda no caso da Contribuinte a redução de 50% acima mencionada. Ainda que a lei não tivesse limitado a aplicação da referida multa, sendo pressuposto de sua aplicação o fato de que as infrações sejam continuadas e persistentes, parece evidente que esse fato por si só, já desautoriza cogitar de aplicação mensal cumulada em razão do número de meses em que a Impugnante permaneceu inadimplente, pois como já assentou a Jurisprudência: "o STJ firmou o entendimento de que a sequência de várias infrações apuradas em uma única autuação caracteriza a chamada infração de natureza continuada, com aplicação de uma única multa fixada de acordo com a gravidade da transgressão cometida" (STJ REsp n° 252.095PE, Reg. n° 2000/00264008, 06/12/2005, Rei. Min, JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJU de 13/03/06, p. 235). Dessa forma, o termo "mêscalendário", que é uma previsão genérica, deve ser interpretado em relação a cada espécie de obrigação descumprida, e não aplicado cumulativamente em todos os casos. Portanto, no presente caso, é indevida a multiplicação do valor da multa pelo número de meses que durou o atraso, sob pena da multa assumir caráter confiscatório e malferir os princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Conforme Termo de Anexação de 27/10/2017 (efl. 126), o contribuinte solicitou, previamente ao julgamento, desistência (efl. 127) do presente recurso por ter requerido adesão ao parcelamento do Programa de Regularização Tributária (PRT), instituído pela MP n. 766/2017. A desistência configura renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo. Desta forma, voto por não conhecer do recurso (assinado digitalmente) Fl. 150DF CARF MF 6 Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 151DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.012356/2008-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier – Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Rayd Santana Ferreira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .0 12 35 6/ 20 08 -3 2 Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 3 2 RELATÓRIO Nesta oportunidade, por bem descrever a matéria tratada nos presentes autos, adoto o relatório produzido pela Ilustre Conselheira que me antecedeu (fls. 159/168), apresentado nos termos seguintes: “Tratase de Recurso Voluntário (fls. 68 a 92) interposto por Stefanini consultoria e Assessoria em Informática S/A. e outros contra o acórdão proferido pela 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas – São Paulo (fls. 112133), que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal constante do Auto de Infração DEBCAD n. 37.191.1001, relativamente às contribuições previdenciárias destinadas para Outras entidades e Fundos, no período compreendido de 01/12/2002 a 31/12/2007, cuja ciência ocorreu em 23/12/2008. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 34 a 39), a cobrança ora discutida tem origem nos seguintes fatos: DA AUTUAÇÃO Das contribuições devidas A Fiscalização constatou que a Recorrente deixou de recolher contribuições previdenciárias, no período de 12/2002 a 12/2007, correspondentes às diferenças encontradas entre os valores declarados nas Guia de Recolhimento do FGTS (GFIP) e os constantes nas Guias de Previdência Social (GPS), apuradas através de planilhas e relatórios juntados aos autos. Segue abaixo trecho que descreve o objeto do lançamento: 7. O lançamento referese aos VALORES APURADOS NA FOLHA DE PAGAMENTO DOS SEGURADOS EMPREGADOS, referente às diferenças entre a base de cálculo considerada pela empresa, declarada em GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e informações à Previdência Social e os recolhimentos efetuados. 8. As bases de cálculo das contribuições empresariais são as constantes do Relatório DAD – Discriminativo Analítico do Débito, entregue em meio digital á empresa, suja descrição, autenticação e detalhamento dos valores são apresentados nos próprios documentos eletrônicos, descritos no Recibo de Arquivos em Meio Digital, conforme cópia anexa. 10. As alíquotas aplicadas são as constantes do arquivo digital denominado Tabela de Alíquotas de Contribuição dos Segurados Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 4 3 Empregados, de acordo com as tabelas de salários de contribuição vigentes no período de 12/2002 a 12/2007, relativamente à contribuição variável dos segurados empregados, calculada sobre a remuneração total, observados os limites mínimos e máximos de contribuição. 14. Foram examinados e serviram de base para a presente autuação a escrituração contábil (Livro Diário) e Folha de Pagamento, apresentados pelo sujeito passivo em meio magnético. GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social, Guias de Recolhimento da Previdência Social (GRPS e GPS), relativamente ao período 12/2002 a 12/2007, bem como os demais documentos apresentados na ação fiscal e devidamente relacionados nos Termos e Intimações lavrados. (fls. 3638) Formação de grupo econômico Ademais, o Auditor fiscal lavrou termo de sujeição passiva solidária, entre a Autuada, ora Recorrente, e as Empresas Stefanini Networking Comércio e Consultoria de Informática Ltda., S.G.E. Stefanini Gestão Empresarial Ltda., Stefanini Quality Tools Cons. De Sistemas Ltda., Stefanini Financials Cons. em Informática Ltda., Stefanini Training Treinamento em Informática Ltda., por se constituírem em grupo econômico, tendo justificado tal procedimento com base nos argumentos indicados a seguir: III DO GRUPO ECONÔMICO E DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA 3. O Grupo STEFANINI é um grupo econômico regular de fato, cuja empresa controladora é a empresa STEFANINI PARTICIPAÇÕES S/C LTDA., C.N.P.J 04.300.0491000110, e são controladas as demais empresas constantes da Folha de Continuação do Auto de Infração e do Relatório Vínculos Relação de Vínculos, onde estão qualificadas na situação de ‘grupo econômico’, reconhecido na Declaração IRPJ, ficha 52 Participação Permanente em Coligadas ou Controladas da empresa controladora perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, nos registros contábeis da STEFANINI CONSULTORIA E ASSESSORIA EM INFORMÁTICA S.A., Contratos Sociais, Atas, Demonstrações Financeiras, e na internet, em sua página eletrônica http://www.stefanini.com.br, dentre outras fontes internas e externas. Caracterizado o grupo econômico, foram emitidos os respectivos Termos de Sujeição Passiva Solidária para as empresas integrantes situadas no país. Por fim, o Auditor Fiscal elaborou listagem dos responsáveis pela empresa, conforme demonstra a Relação de Representantes Legais (REPLEG). DA IMPUGNAÇÃO Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 5 4 A Recorrente foi notificada em 23/12/2008 e, juntamente com as demais empresas que integravam o suposto grupo econômico, apresentou impugnação, alegando, dentre outros argumentos, que o relatório fiscal e seus anexos não esclarecem adequadamente o objeto da autuação, o que se verifica, por exemplo, da coluna ‘crédito diverso’ do Relatório de Apropriação de Documentos apresentados (RADA), a qual apresenta informações divergentes em relação ao Discriminativo Analítico de Débito (DAD). Alega a Recorrente que não é possível identificar se a autuação envolve valores retidos por seus clientes, além de os valores recolhidos não terem sido integralmente reconhecidos, o que, se acontecesse, geraria a diferença de centavos. Aduz, por fim, que, no auto, não há indicação da legislação que fundamenta a existência de grupo econômico, devendo esta acusação fiscal ser desconsiderada. DA CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA Após a análise das impugnações e os documentos que as acompanharam, a DRJ, na forma da Resolução nº 2.536, entendeu por bem converter o julgamento em diligência para que o Auditor Fiscal se manifestasse em relação aos documentos juntados e acerca da existência de grupo econômico, cujas ponderações seguem abaixo transcritas: Para a caracterização e identificação de ‘grupo econômico’, importa, portanto, investigar a situação real (verificação dos vínculos entre as empresas e das circunstâncias em que se constituíram ou realizam suas atividades) e não apenas a situação meramente formal (de estarem ou não constituídas como ‘grupo econômico’ na forma da Lei 6.404/76). Admitida, assim, a possibilidade jurídica dos ‘grupos econômicos de fato’, é necessário, pois, que seja informado, pormenorizadamente, como se verificou a caracterização de tal grupo, isto porque o relatório fiscal faz referências a certos documentos, assim como aos registros contábeis e a outras fontes internas e externas, porém, sem discriminação e/ou especificação dos fatos verificados. (fl. 1923) DA INFORMAÇÃO FISCAL Sobreveio resposta da fiscalização, por meio da qual foi alegado o seguinte: Ausência de autenticação das cópias apresentadas Os Auditores Fiscais ressaltaram que os documentos anexados à Impugnação são cópias sem autenticação de qualquer espécie – nem do servidor da RFB atestando a apresentação dos originais ou do cartório – tampouco as assinaturas dos documentos estão com firma Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 6 5 reconhecida, o que, no entender dos Auditores, seria indispensável e imprescindível, nos termos dos arts. 9º e 10º do Decreto nº 6.932/2009, art. 22 da Lei 9.784/99 e art. 300 do DecretoLei nº 2.848/1940. Vejamos as ponderações realizadas pelo Auditor em relação ao tema: Como não pode o serviço público recusar protocolo, sob pena de se permitir a alegação de cerceamento de defesa, os documentos foram recebidos pela RFB e agora adicionados ao processo digital (eprocesso), todavia não se revestem da necessária condição de prova válida, especialmente em se tratando de documentos com fraudes e/ou irregularidades constatadas pelo Fisco. Desde já são impugnados por este AuditorFiscal e não devem ser conhecidos tais documentos (cópias) sem qualquer tipo de autenticação e sem firma reconhecida [...]. Logo, após as retificações realizadas, determinou que, havendo alguma outra reclamação de inclusão de documentos de recolhimento ou abatimento do débito, estaria intimado a apresentar, no prazo de 30 (trinta) dias da ciência da Informação Fiscal, mediante apresentação de cópia autenticada e com firma reconhecida, já que ‘TODOS os documentos apresentados como prova e anexados ao eprocesso são inservíveis’. Caracterização de grupo econômico Os Auditores Fiscais aduziram novas informações acerca do grupo de empresas, como: I. as empresas integrantes do grupo têm a marca “Stefanini”, que é o sobrenome dos sócios fundadores da empresa fiscalizada, assim como da pessoa jurídica controladora (holding); II. as empresas envolvidas desempenham atividades correlatas e esforços comuns, como atestam documentos oficiais e pesquisas efetuadas na internet; III. as empresas relacionadas como devedoras solidárias são todas controladas pela empresa Stefanini Participações Ltda. Alegações e elementos trazidos pelo sujeito passivo Alega que a ora Recorrente limitouse a apresentar documentos já apresentados, sem autenticação e/ou sem reconhecimento de firma, o que impede de serem considerados como elementos de prova válida. Com relação à alegação de nulidade diante do cerceamento do direito de defesa, o Auditor esclarece que as guias consideradas foram listadas no relatório RDA – Relatório de Documentos Apresentados, onde são apresentadas, inclusive, as guias de recolhimento referentes aos valores retidos (código 2631). Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 7 6 Além disso, o Auditor alega que o Relatório RADA – Relatório de Apropriação dos Documentos Apresentados contém a discriminação dos valores apropriados nas competências com débito, os quais são preenchidos pelo sistema SAFIS – Sistema de Auditoria Fiscal, sem interferência manual, considerando os valores descontados dos segurados e aqueles declarados em GFIP, até alcançar os valores não declarados. Ressalta, ainda, que o sistema relaciona a cada competência o débito apurado, tanto que, em diversas competências, o sistema não identificou débitos, considerando justamente as apropriações efetuadas. Aduz que o relatório ‘Totais mensais por Rubrica’ não é o relatório final da base de cálculo, mas, sim, relatório auxiliar e preliminar destinado a demonstrar a tributação atribuída pela empresa e pela RFB, o qual foi utilizado antes da realização dos cruzamentos e dos ajustes finais feitos em relação às remunerações da Folha e da GFIP. Alega que, embora a empresa possua todos os dados, parece estar buscando tumultuar o julgamento, de modo que realiza a juntada de arquivos específicos denominados ‘Totalização Remuneração de Empregados’, ordenados por competência e estabelecimento, bem como envia cópias dos referidos relatórios para o contribuinte e responsáveis solidários, conforme demonstra trecho da informação fiscal abaixo transcrita: Resumindo, conforme o exposto, fica claro que nos valores lançados já constavam a base de cálculo mensal por segurado e o total da base de cálculo mensal, e agora estão sendo acrescentados os relatórios adicionais ora mencionados, diante das dúvidas apresentadas. Fato relevante que justifica a proposta de retificação de débito O Auditor Fiscal constatou que os documentos relacionados com a filial 001010 não estavam listados no RDA – Relatório de Documentos Apresentados, devido à falha originária do contribuinte, ora Recorrente, considerando que na JUCESP consta apenas a alteração do endereço da filial para Brasília (DF), sem constar a sua abertura na Junta Comercial. Sendo assim, foram considerados os recolhimentos realizados pela filial 001010, efetuados antes do início da ação fiscal. Em seguida, todas as empresas envolvidas foram devidamente intimadas, tendo todas se manifestado sobre os argumentos ali constantes. DO ACÓRDÃO DA DRJ Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 8 7 Enviados os autos para a DRJ, esta julgou o lançamento parcialmente procedente através do acórdão de fls. 126353126373, por meio do qual foram enfrentados os argumentos trazidos pela Impugnante, ora Recorrente, conforme exposto em linhas a seguir: Da nulidade do lançamento A DRJ ressaltou que o relatório fiscal é suficientemente claro em relação à descrição do fato gerador que motivou o lançamento, que, no seu entendimento, corresponde à diferença entre os valores constantes das folhas de pagamento e os declarados nas GFIP. Vejamos os exatos termos da decisão proferida pela DRJ: O relatório fiscal, correspondente ao Auto de Infração em questão (fls. 33 a 38) é suficientemente claro e preciso quanto aos fatos geradores que motivaram o lançamento, que consiste na diferença entre os valores constantes das folhas de pagamento e os declarados nas GFIP, conforme itens 7, 8,10 e 14 desse relatório [...]. [Tais itens foram descritos em linhas acima no resumo do relatório fiscal]. Acrescentese a isso que integram a presente Autuação diversos anexos, dentre os quais destacamos os relatórios das remunerações de 2002 a 2007 (todos anexados ao eprocesso por este relator, na forma das fls. 117.806 a 126.160, que trazem os nomes de todos os empregados e as correspondentes remunerações de todo o período do lançamento (12/2002 a 12/2007), constantes das folhas de pagamento e as declaradas em GFIP, bem como as diferenças de remunerações existentes. Valores esses totalizados em conformidade com os relatórios apresentados pela fiscalização às fls. 1.994 a 2.020). (fls. 126.362 e 126.363). Em relação à conversão do julgamento em diligência, a DRJ entendeu que a fiscalização reconheceu que, diante da ausência de documentos, deixou de deduzir os recolhimentos efetuados pela filial de Brasília, mas que, por conta da apresentação os mesmos, a retificação do lançamento foi realizada e devidamente acatada pela turma de julgamento. Dos equívocos apontados A DRJ convalidou a constatação de divergência entre os valores declarados e os recolhidos, em relação às retenções incidentes sobre as notas fiscais/ faturas de serviços, diante da impossibilidade de validação dos créditos alegados pela Recorrente por conta da ausência de apresentação dos documentos comprobatórios tanto na ação fiscal como na defesa. Ademais, a DRJ considerou que as GFIPs entregues pela Autuada nos dias oito, nove e dez do mês de maio de 2009 – e reapresentadas pelas Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 9 8 empresas integrantes do grupo econômico –, em nada alteram o procedimento fiscal, porque foram transmitidas para o SEFIP/WEB após a lavratura do Auto de Infração. Grupo Econômico A DRJ reconhece que a baixa do processo em diligência possibilitou ao fiscal novas informações acerca do grupo de empresas, conforme indicado em linhas acima ao tratarmos sobre o resultado da diligência. Aduz, em seguida, que a própria Recorrente, ao apresentar sua impugnação, reconhece a formação de grupo econômico, o qual é comprovado através de trechos da referida peça. Mas, embora reconheça a existência de grupo econômico, não admite a decorrente corresponsabilização. Acrescenta que todas as impugnações apresentadas foram assinadas pela Stefanini Consultoria e Assessoria em Informática S/A, o que corrobora com a existência do grupo econômico. Ressalta, ainda, a impossibilidade de discussão sobre a inconstitucionalidade do inciso IX do art. 30 da Lei nº 8.212/91, já que a inconstitucionalidade de lei não pode ser objeto de questionamento em processo administrativo. Da inclusão dos sócios no relatório ‘REPLEG’ A DRJ ressaltou que tal inclusão ocorre em caráter meramente informativo, não implicando a colocação dessas pessoas físicas no polo passivo da relação jurídica processual instaurada com a lavratura da presente notificação fiscal de lançamento de débito. Decadência Por fim, a DRJ, aplicando a contagem do prazo decadencial nos moldes do art. 150, §4º do CTN, tendo a ciência do lançamento ocorrido em 23/12/2008, reconheceu a decadência em relação às competências de 12/2002 a 11/2003. Dos juros moratórios A DRJ entendeu que a aplicação da taxa SELIC sobre os débitos tributários está respaldada no art. 34 da Lei 8.212/1991. DOS RECURSOS Em seguida, a Recorrente, bem como as demais empresas envolvidas no grupo econômico, apresentaram recursos voluntários, trazendo os seguintes argumentos: Do relatório fiscal e dos anexos Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 10 9 A Recorrente alega que, da análise do relatório fiscal, assim como do RADA, não é possível identificar se o crédito aproveitado no lançamento é composto de valores declarados em GPS pagas ou de retenção pelos clientes da Recorrente ou se o somatório de ambos, ou, ainda, se se referem a outros créditos. Segue trecho do recurso, em que a Recorrente questiona os valores constantes no RADA: Em relação, especialmente, ao RADA (Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados), a Recorrente não compreende quais critérios foram utilizados para sua elaboração, tampouco tem conhecimento de como ou porque foi realizada a apropriação, nem mesmo qual foi a relação deste com o lançamento. Afinal. Não há qualquer informação clara a respeito de como foi confeccionado o relatório, ou mesmo a que se referem os valores ali mencionados. (fl. 48) A ausência da identificação dos créditos, de acordo com a Recorrente, impede a compreensão do cálculo efetuado pela Autoridade Fiscal para o lançamento, e, por conseguinte, o exercício do seu direito de defesa. A Recorrente, então, alega que tais fatos configuram inobservância ao exposto no art. 142 do CTN, de modo que deve ser reconhecida a nulidade do lançamento. Dos recolhimentos e da retificação De acordo com a Recorrente, a DRJ ignorou os documentos juntados na impugnação, que demonstram que os valores lançados pelo Agente Fiscal não foram calculados levando em conta os valores pagos pela Recorrente em suas GPS’s mensais, de modo que se equivocou a DRJ ao afirmar que todos os valores recolhidos foram considerados no auto de infração. Dos recolhimentos A Recorrente alega, ainda, que as GFIP’s, desconsideradas pela DRJ por terem sido transmitidas após a lavratura do Auto de Infração, foram apresentadas apenas para confirmar as informações trazidas pela Recorrente, com o intuito de demonstrar que as diferenças apontadas pela Autoridade entre o valor declarado em GFIP e recolhido em GPS são inexistentes. Assim, em busca da verdade material, a Recorrente ressalta a necessidade de análise dos documentos apresentados, que foram, segundo suas próprias palavras, ‘ignorados pela Autoridade Julgadora e Autoridade Fiscal’. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 11 10 Considerando tal equívoco, a Recorrente pleiteia o reconhecimento da nulidade com o consequente cancelamento do lançamento, também diante da inobservância dos preceitos previstos no art. 142 do CTN. Dos valores retificados A Recorrente alega que a autoridade fiscal equivocouse ao deixar de considerar os valores recolhidos pela filial de Brasília. Aduz, ainda, que, embora tal equívoco tenha decorrido da própria fiscalização, ela tentou imputar a responsabilidade à Autuada sob a alegação de que a empresa não estaria cadastrada na JUCESP. Defende a Recorrente que a filial está devidamente cadastrada na Junta Comercial de Brasília, bem como no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e que a ausência de consideração dos documentos pela Autoridade Fiscal foi equivoco exclusivo da fiscalização, o que enseja o reconhecimento da nulidade do lançamento. Além disso, alega que os valores recolhidos pela filial Brasília (0010 0) foram apropriados na base de cálculo do Auto de Infração ora analisado, mas parte foi apropriada aos Autos de Infração 37.198.651 6 (principal/ parte patronal), 37.198.6508 (segurados) e 37.198.6524 (terceiros), correspondentes aos valores não declarados em GFIP, ou seja, verbas pagas pela Recorrente a título de reembolso de custos diretos e indiretos para e não pela prestação dos serviços realizados por seus empregados, que, segundo a Fiscalização, configuram verbas salariais. Desse modo, diante do equívoco na apropriação, requer sejam as verbas recolhidas pela filial Brasília (001010) e apropriadas indevidamente no Auto de Infração nº 37.198.6516, sejam integralmente consideradas no presente processo. Dos valores retidos A Recorrente alega que a existência de divergência entre os valores declarados e os recolhidos, relativas às retenções sofridas sobre as notas fiscais/faturas de serviços, fez com que o fiscal intimasse a Recorrente para apresentação dos documentos correspondentes. A ausência de apresentação da via original ou cópia autenticada ensejou a lavratura do Auto de Infração nº 37.198.6605. Isso porque, a Fiscalização teria considerado que, embora a empresa tenha apresentado os arquivos digitais referentes às faturas emitidas, foi alertada para a necessidade de apresentação de documentos originais ou cópias autenticadas, para os casos com destaque de retenção, considerando a existência de divergência entre os valores declarados e recolhidos. Fl. 335DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 12 11 Segundo alega a Recorrente, o próprio fiscal solicitou a entrega dos arquivos em formato digital, conforme correspondência eletrônica encaminhada pelo Auditor Fiscal (fl. 126.342), a qual segue abaixo colacionada. [...] Entretanto, a Recorrente informa que a apresentação da via original ou cópia autenticada de todos os documentos solicitados pelo Auditor Fiscal, referentes ao período compreendido entre os anos de 2000 e 2007, envolveria tempo e custo elevados, considerando o grande porte da empresa. Ademais, ressalta que os documentos originais sempre estiveram à disposição da fiscalização para análise, mas que ‘nesse ponto quedou se inerte, não se interessou em analisálos’ (fl. 126.485). Assim, no entender da Recorrente, também por esse motivo, o procedimento fiscalizatório foi maculado, devendo o lançamento ser cancelado em observância ao princípio da verdade material. Do grupo econômico A Recorrente alega que a Autoridade Fiscal não apresentou provas válidas, nem elementos aptos a caracterizar a responsabilidade solidária entre o contribuinte e as demais empresas citadas nos autos, justamente porque tais provas não existem. Aduz, ainda, que, nos termos do art. 124, II do CTN, para que reste configurada a solidariedade tributária é necessária à configuração da solidariedade de fato ou de direito. A primeira não restou verificada já que apenas um sujeito figura no polo passivo dessa demanda, a segunda tampouco restou verificada visto que não há previsão legal que defina tal solidariedade. Desse modo, considerando que as demais empresas não apresentam qualquer relação com o fato típico, de modo que não seria possível realizar a cobrança das obrigações dele decorrentes. Ressalta, ainda, que a Lei nº 8.212/91, ao estabelecer a responsabilidade solidária de forma indiscriminada, extrapola as diretrizes estabelecidas no CTN, não podendo ser considerada válida. Aduz, ainda, que a definição de grupo econômico deve ser aquela constante na legislação trabalhista (art. 2º da CLT), por meio da qual a configuração de grupo econômico demanda a existência de mesma direção, controle ou administração, não sendo suficiente, portanto, a configuração de participações societárias em empresas comuns. Da inclusão dos sócios no Relatório ‘REPLEG’ Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 13 12 A Recorrente afirma, ainda, que a inclusão dos sócios administradores da empresa como responsáveis solidários pelo crédito tributário ora em discussão é também descabida, pois sequer existe previsão legal para tanto, já que os sócios não podem fazer parte do grupo econômico. Isso porque, de acordo com a Recorrente, o ‘REPLEG’ foi incluído na Instrução Normativa nº 03/2005, a qual foi revogada pela Instrução Normativa nº 971/2009, não havendo mais nenhuma norma que determine a constituição e validade do ‘REPLEG’ no processo administrativo fiscal. Juros moratórios A Recorrente alega que, em observância ao princípio da eventualidade, caso o lançamento não seja cancelado, não é devida a incidência de juros com base na taxa Selic sobre a multa, já que o art. 161 do CTN determina que os juros devam incidir somente sobre o crédito tributário, do qual não faz parte a multa aplicada, inexistindo respaldo legal para aplicação de juros sobre a multa.” (grifos no original) Acrescento que, ao analisar o Recurso Voluntário, este egrégio Conselho, por intermédio do voto condutor da eminente Conselheira Carolina Wanderley Landim (Relatora à época), converteu o julgamento em diligência determinando o que segue: “a) o presente processo retorne à unidade da Receita Federal com jurisdição sobre o contribuinte para que seja realizada diligência in loco na sede da Recorrente, com o objetivo de verificar se as notas fiscais que respaldam os valores retidos alegados pela Recorrente sofreram a devida retenção e, portanto, devem ser computadas como crédito para fins de apuração do crédito tributário; b) os documentos apresentados pela Recorrente às fls. 161 – 582 do processo nº 10830.012357/200887 sejam efetivamente analisados, sendo elaborado novo levantamento fiscal que nos possibilite a conclusão dessa análise;; c) sejam devidamente identificados os valores lançados como crédito (tratamse de GPS pagas e identificadas pelo Fisco ou de valores objeto de retenção pelos clientes da Recorrente, somatório de ambos, ou, ainda, outros créditos); d) valores recolhidos pela filial de Brasília (001010), CNPJ nº 58.069.360/001010, sejam apropriados na apuração da base de cálculo do Auto de Infração nº 37.191.0994 (patronal) e seus respectivos apensos 37.191.0986 (segurados) – presente processo – 37.191.1001 (terceiros)” (vide fls. 169/170) Em consequência disso, em 04/04/2016 a Fiscalização emitiu o “Termo de Esclarecimentos e de Início de Procedimento Fiscal – Diligência” (Termo nº 1) – fls. 233/238, Fl. 337DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 14 13 ficando o contribuinte intimado a apresentar explicações e elementos comprobatórios a seguir relacionados: “QUESITO 01 – COMPROVANTES DE RECOLHIMENTO VÁLIDOS E LEGÍVEIS Diferentemente do que alega o contribuinte e questiona a Sra. Relatora, os comprovantes de recolhimentos anexados às fls. 127 a 582 foram examinados pelo Fisco e já haviam sido devidamente apropriados, quando válidos, aos relatórios RADA e RDA. Ocorre que o presente Auto de Infração se refere, EXCLUSIVAMENTE, ao fato gerador REMUNERAÇÃO DE EMPREGADOS. Revendo tais documentos este Notificante constatou novamente que todos os recolhimentos válidos foram apropriados e relacionados, nos respectivos CNPJs das filiais, nos relatórios RDA e RADA, todavia observamos que o contribuinte anexou, indevidamente, comprovantes relativos a outros códigos e fatos geradores tais como 1007 (contribuinte individual) e 1406 (facultativo), sendo ainda que algumas páginas anexadas apresentam ‘borrões’, podendo ou não conter ali algum documento ilegível ou não copiado. Dessa forma, para eliminar de vez possibilidade de se alegar a falta de apropriação de algum documento válido, fica o contribuinte intimado a responder objetivamente ao Quesito 01 a saber: Considerando que o caso atípico em que os recolhimentos da filial 001010 não foram importados e apropriados à época pelo sistema eletrônico por falta de cadastro dessa filial, porém foram apropriados manualmente conforme I.F. – Informação Fiscal, de 28/07/2011, de fls. 20572074 do processo principal 10830.012357/200887, e após verificar as apropriações efetuadas através da referida I.F. e proceder cuidadosa verificação por CNPJ e por competência nos relatórios RADA e RDA, considerando que cabe ao contribuinte apresentar provas de suas alegações contrárias às provas e elementos que o Fisco apresentou e que os comprovantes de recolhimento válidos apresentados pelo contribuinte às fls. 127 a 582 já foram apropriados eletronicamente nos relatórios RADA e RDA ou manualmente como no caso da filial 001010, perguntamos: existem comprovantes de recolhimento, relativos exclusivamente aos códigos de recolhimentos da remuneração dos segurados empregados, recolhidos em nome e CNPJ da Stefanini antes do início da ação fiscal, que não tenham sido apropriados, manual ou eletronicamente ao procedimento fiscal, conforme exposto acima? Em havendo, anexar ao dossiê a resposta aos quesitos e cópia simples e legível dos documentos em questão para análise do Fisco e, se for o caso, eventual retificação do Auto. QUESITO 02 – DNF – DESTAQUE DE NOTAS FISCAIS – Considerando que os valores retidos (retenção dos 11%) e recolhidos antes do início da ação fiscal já foram apropriados através das GPS respectivas, diante de tudo o que já foi exposto com relação à Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 15 14 apresentação de documentos e considerando que cabe ao sujeito passivo apresentar provas de suas alegações contrárias aos elementos apresentados pelo Fisco e considerando ainda a oportunidade de eliminar quaisquer dúvidas em relação ao tema, perguntamos: Existem valores relativos ao destaque de 11% da retenção em Notas Fiscais, desde que realmente destacados (mencionados) em Notas Fiscais, declarados em GFIP pela Stefanini à época dos fatos e não recolhido pelos respectivos tomadores? Em caso positivo juntar planilha discriminativa contendo nome e CNPJ do tomador, número e data da NF, valor total e valor do destaque de 11% da nota fiscal. A planilha deve vir acompanhada de cópias legíveis das respectivas notas fiscais, para análise e manifestação deste AuditorFiscal.” Em resposta, no dia 04/05/2016 a Recorrente requereu a dilação do prazo por mais 30 (trinta) dias para a apresentação dos documentos solicitados (fls. 173/174). Na sequência, consta o “Termo de Prorrogação e Reintimação Fiscal – Diligência” (Termo nº 2), datado de 17/05/2016 (fls. 242/247). Devidamente notificados, em 02/06/2016 (vide fls. 250 e 264) os Recorrentes apresentaram suas respectivas manifestações (fls. 251 a 259), respondendo aos quesitos formulados pelo ilustre Auditor Fiscal. Em seguida, fora lavrada a “Informação Fiscal – Diligência” (fls. 265/267), com data de 16/08/2016, informando o que segue: Fl. 339DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 16 15 Posteriormente, em 02/09/2016 fora lavrada a “Informação Fiscal – Esclarecimentos Ref. Diligência”, tornando “sem efeito” a Informação Fiscal de 16/08/2016. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 17 16 Por fim, em 18/10/2016, fora lavrada a “Informação Fiscal – Diligência” de fls. 302/306, concluindo pela lisura e procedência do Auto de Infração. É o relatório. Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 18 17 VOTO Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora 1. DO MÉRITO Conforme relatado, este egrégio Conselho, por intermédio do voto condutor da eminente Conselheira Carolina Wanderley Landim (Relatora à época), converteu o julgamento em diligência determinando o que segue: “a) o presente processo retorne à unidade da Receita Federal com jurisdição sobre o contribuinte para que seja realizada diligência in loco na sede da Recorrente, com o objetivo de verificar se as notas fiscais que respaldam os valores retidos alegados pela Recorrente sofreram a devida retenção e, portanto, devem ser computadas como crédito para fins de apuração do crédito tributário; b) os documentos apresentados pela Recorrente às fls. 161 – 582 do processo nº 10830.012357/200887 sejam efetivamente analisados, sendo elaborado novo levantamento fiscal que nos possibilite a conclusão dessa análise;; c) sejam devidamente identificados os valores lançados como crédito (tratamse de GPS pagas e identificadas pelo Fisco ou de valores objeto de retenção pelos clientes da Recorrente, somatório de ambos, ou, ainda, outros créditos); d) valores recolhidos pela filial de Brasília (001010), CNPJ nº 58.069.360/001010, sejam apropriados na apuração da base de cálculo do Auto de Infração nº 37.191.0994 (patronal) e seus respectivos apensos 37.191.0986 (segurados); 37.191.1001 (terceiros) – presente processo” (vide fls. 152/153) Compulsando o quanto determinado por este Conselho na Resolução nº 2401 000.400 (fls. 158/170) em cotejo com diligências fiscais realizadas pelo ilustre Auditor Fiscal, constato que as exigências não restaram cumpridas na forma como solicitada. De início, vale destacar trecho do voto que afirma a necessidade de diligência in loco na sede da empresa Recorrente. Confirase: “A recusa da análise da referida documentação agrava a situação da Recorrente, que, com o objetivo de alcançar a verdade material, disponibilizou as mencionadas notas fiscais originais para análise dos Auditores Fiscais na sede da empresa. Ora, considerando a quantidade de documentos anexados ao processo, é plausível a alegação da Recorrente quanto à inviabilidade de juntada de cópia autenticada ou apresentação dos documentos originais à Fiscalização, justificandose, assim, a realização de diligência para análise dos documentos na sede da empresa Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 19 18 fiscalizada, com o objetivo de atestar a adequação do levantamento realizado.” (fl. 169) – grifei. Em seguida, restou decidido da seguinte forma: “Sendo assim, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que: “a) o presente processo retorne à unidade da Receita Federal com jurisdição sobre o contribuinte para que seja realizada diligência in loco na sede da Recorrente, com o objetivo de verificar se as notas fiscais que respaldam os valores retidos alegados pela Recorrente sofreram a devida retenção e, portanto, devem ser computadas como crédito para fins de apuração do crédito tributário;” (fl. 169) – grifei. Verificase, portanto, que, com o objetivo de se alcançar a verdade material, a decisão foi clara quanto à forma do procedimento a ser adotado pela autoridade fiscal, determinandose a realização de diligência para análise dos documentos na sede da empresa fiscalizada com o escopo de atestar a adequação do levantamento realizado. Todavia, a Fiscalização preferiu trilhar caminho diverso. Observase que novamente preferiu intimar (fl. 233/238) e reintimar (fls. 242/247) o sujeito passivo para que este apresentasse os documentos solicitados, o que, com a devida venia, vai a contramão ao que restou decidido anteriormente. Quanto ao item “b”, este Conselho requisitou diligência com o objetivo de que “os documentos apresentados pela Recorrente às fls. 161 – 582 do processo nº 10830.012357/200887 sejam efetivamente analisados, sendo elaborado novo levantamento fiscal que nos possibilite a conclusão dessa análise.” Ocorre que, ao analisar a “Informação Fiscal – Diligência” de fls. 302/306, verifico que novamente não restou atendida a solicitação deste Conselho. Em que pese o Auditor Fiscal afirmar que “Diferentemente do que alega o contribuinte e questiona a Sra. Relatora, os comprovantes de recolhimentos anexados às fls. 127 a 582 foram examinados pelo Fisco e já haviam sido devidamente apropriados”, não vislumbro o “novo levantamento fiscal que nos possibilite a conclusão dessa análise”. Assim, entendo que este quesito também não restou atendido de forma suficiente pela Fiscalização. Dessa forma, em atenção ao que dispõe o § 3º do artigo 36 c/c o art. 37, ambos do Decreto nº 7.574/2011 voto no sentido de determinar o retorno dos presentes autos à unidade da Receita Federal com jurisdição sobre o contribuinte, para as providências ora elencadas: a) Com base nas planilhas juntadas pelo Contribuinte no curso do processo, analise, cotejandoas com as cópias das Notas Fiscais também juntadas pelo Contribuinte nos presentes autos e, se houver necessidade de confirmação, verifique os originais na sede da empresa, verificando e confirmando os valores totais destacados pela empresa; Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10830.012356/200832 Resolução nº 2401000.617 S2C4T1 Fl. 20 19 b) Dessa análise, por competência, verificar qual o montante destacado que deve ser computado como crédito para fins de apuração que implique em eventual retificação; c) No caso de retificação, apresentar a planilha indicando os valores; d) os valores recolhidos pela filial de Brasília (001010), CNPJ nº 58.069.360/001010, sejam apropriados unicamente na apuração da base de cálculo do presente Auto de Infração nº 37.191.0994 (patronal) e seus respectivos apensos 37.191.0986 (segurados); 37.191.1001 (terceiros); e) seja informado se há outros créditos relativos a pagamentos ou retenção ou outros que tenham sido apropriados indevidamente nos Autos de Infração 37.198.6516 (principal/ parte patronal), 37.198.6508 (segurados) e 37.198.6524 (terceiros), correspondentes aos valores não declarados em GFIP, tal como ocorreu com os créditos de que trata a alínea ‘d’ acima.” Por fim, objetivando privilegiar a ampla defesa e o contraditório, seja dado ciência à Recorrente para que, caso queira, manifestese sobre a conclusão do procedimento fiscal. Após, retornem os autos para inclusão em pauta de julgamento. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONVERTO O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos termos do relatório e voto. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 344DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12448.927054/2012-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXIGIBILIDADE.
Ao tempo de sua existência, o mandado de procedimento fiscal não era exigível para fins de instauração do procedimento de compensação.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
OFENSA À NORMA DE EXECUÇÃO CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007. VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. IMPROCEDÊNCIA.
Eventual desrespeito à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007 não constitui violação às garantias do contraditório e da ampla defesa.
DECISÃO RECORRIDA VICIADA. DÉFICIT DE TRANSPARÊNCIA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. COMPREENSÃO DO CRITÉRIO DO JULGADOR. IMPROCEDÊNCIA.
Inexiste o alegado déficit de transparência na decisão recorrida, que se baseara em razoável critério para o cálculo do direito de crédito da recorrente, quando esta explicita que pôde compreender o critério empregado pela instância a quo.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. VERIFICAÇÃO. DECADÊNCIA. CTN, ARTIGOS 150, § 4º, ou 173, I. IMPROCEDÊNCIA.
A certificação da certeza e liquidez do crédito decorrente de saldo negativo de CSLL não se submete às regras de decadência dos artigos 173, I, e 150, § 4º, do CTN.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE CSLL/FONTE. CONSTATAÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. CRITÉRIO DA PROPORCIONALIDADE.
Não se pode reconhecer o crédito decorrente das retenções de CSLL na fonte incidente sobre a totalidade da receita auferida, já que o cotejo de informações coligidas das fontes de receitas permitiu a conclusão de que parte desse total não foi tributado na declaração. Nessa situação, deve-se admitir o crédito decorrente da CSLL retida na fonte, na proporção das receitas tributadas na DIPJ, tendo em conta que a sonegação de receitas tributáveis na DIPJ reduz a CSLL devida e, por consequência, aumenta indevidamente o saldo negativo de CSLL.
Numero da decisão: 1301-002.595
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Flávio Franco Corrêa, Jose Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araujo Macedo, Roberto Silva Junior e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: FLAVIO FRANCO CORREA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXIGIBILIDADE. Ao tempo de sua existência, o mandado de procedimento fiscal não era exigível para fins de instauração do procedimento de compensação. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 OFENSA À NORMA DE EXECUÇÃO CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007. VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. IMPROCEDÊNCIA. Eventual desrespeito à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007 não constitui violação às garantias do contraditório e da ampla defesa. DECISÃO RECORRIDA VICIADA. DÉFICIT DE TRANSPARÊNCIA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. COMPREENSÃO DO CRITÉRIO DO JULGADOR. IMPROCEDÊNCIA. Inexiste o alegado déficit de transparência na decisão recorrida, que se baseara em razoável critério para o cálculo do direito de crédito da recorrente, quando esta explicita que pôde compreender o critério empregado pela instância a quo. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. VERIFICAÇÃO. DECADÊNCIA. CTN, ARTIGOS 150, § 4º, ou 173, I. IMPROCEDÊNCIA. A certificação da certeza e liquidez do crédito decorrente de saldo negativo de CSLL não se submete às regras de decadência dos artigos 173, I, e 150, § 4º, do CTN. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE CSLL/FONTE. CONSTATAÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. CRITÉRIO DA PROPORCIONALIDADE. Não se pode reconhecer o crédito decorrente das retenções de CSLL na fonte incidente sobre a totalidade da receita auferida, já que o cotejo de informações coligidas das fontes de receitas permitiu a conclusão de que parte desse total não foi tributado na declaração. Nessa situação, deve-se admitir o crédito decorrente da CSLL retida na fonte, na proporção das receitas tributadas na DIPJ, tendo em conta que a sonegação de receitas tributáveis na DIPJ reduz a CSLL devida e, por consequência, aumenta indevidamente o saldo negativo de CSLL.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1752; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 755 1 754 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12448.927054/201296 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.595 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2017 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente SERES SERVIÇOS DE RECRUTAMENTO E SELEÇÃO DE PESSOAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PROCEDIMENTO DE COMPENSAÇÃO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INEXIGIBILIDADE. Ao tempo de sua existência, o mandado de procedimento fiscal não era exigível para fins de instauração do procedimento de compensação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 OFENSA À NORMA DE EXECUÇÃO CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007. VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO E À AMPLA DEFESA. IMPROCEDÊNCIA. Eventual desrespeito à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007 não constitui violação às garantias do contraditório e da ampla defesa. DECISÃO RECORRIDA VICIADA. DÉFICIT DE TRANSPARÊNCIA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. COMPREENSÃO DO CRITÉRIO DO JULGADOR. IMPROCEDÊNCIA. Inexiste o alegado déficit de transparência na decisão recorrida, que se baseara em razoável critério para o cálculo do direito de crédito da recorrente, quando esta explicita que pôde compreender o critério empregado pela instância a quo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO. VERIFICAÇÃO. DECADÊNCIA. CTN, ARTIGOS 150, § 4º, ou 173, I. IMPROCEDÊNCIA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 92 70 54 /2 01 2- 96 Fl. 755DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 756 2 A certificação da certeza e liquidez do crédito decorrente de saldo negativo de CSLL não se submete às regras de decadência dos artigos 173, I, e 150, § 4º, do CTN. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DE CSLL/FONTE. CONSTATAÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. CRITÉRIO DA PROPORCIONALIDADE. Não se pode reconhecer o crédito decorrente das retenções de CSLL na fonte incidente sobre a totalidade da receita auferida, já que o cotejo de informações coligidas das fontes de receitas permitiu a conclusão de que parte desse total não foi tributado na declaração. Nessa situação, devese admitir o crédito decorrente da CSLL retida na fonte, na proporção das receitas tributadas na DIPJ, tendo em conta que a sonegação de receitas tributáveis na DIPJ reduz a CSLL devida e, por consequência, aumenta indevidamente o saldo negativo de CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Amelia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Flávio Franco Corrêa, Jose Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araujo Macedo, Roberto Silva Junior e Bianca Felicia Rothschild. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório, que homologou parcialmente a compensação declarada pelo PER/DCOMP nº 05942.56292.120508.1.3.031571 e não homologou a compensação declarada pelo PER/DCOMP nº 03430.59006.240310.1.3.037690, com vistas à efetivação do encontro de contas entre débitos tributários e crédito decorrente de saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre do anocalendário de 2007. Alega a recorrente que o saldo negativo supracitado é o total da CSLL retida na fonte, no valor de R$ 108.563,50, tendo em conta que a CSLL calculada na DIPJ é igual a zero, para o referido trimestre. Todavia, consta no Despacho Decisório, à fl. 13, que a autoridade fiscal só confirmou a importância de R$ 6.085,15, a título de CSLL retida na fonte. Fl. 756DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 757 3 Assim, a autoridade fiscal apurou saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre de 2007 igual a R$ 6.085,15, o que não bastou para compensar integralmente os débitos de PIS/PASEP e COFINS referentes ao mês de abril de 2008. Nesses termos, não restou saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre de 2007 disponível para as compensação intentada mediante o PERD/DCOMP nº 03430.59006.240310.1.3.037690. Com o julgamento da manifestação de inconformidade, proclamouse que o total de retenções na fonte alcançou a importância de R$ 96.154,69, por força do reconhecimento do crédito adicional de R$ 90.069,54 uma vez acolhidos “os valores informados em Dirfs das fontes pagadoras, mesmo que com códigos de arrecadação e CNPJs diversos dos indicados na manifestação e na Dcomp, desde que o código seja relativo ao tributo em tela e os CNPJs básicos sejam coincidentes.” Assim, deduzindose a CSLL devida no período (zero), determinouse que a recorrente dispunha de saldo negativo de CSLL, para o primeiro trimestre de 2007, no valor de R$ 96.154,69 (R$ 96.154,69 – zero). Decisão de primeira instância assim ementada: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 SALDO NEGATIVO DE CSLL. RETENÇÃO NA FONTE. CRÉDITO. Tendo havido retenção na fonte de CSLL, o correspondente saldo negativo pode ser utilizado como crédito para fins de compensação com outros tributos.” Ciência da decisão de primeira instância no dia 15/07/2015, à fl. 451. Recurso a este Colegiado às fls. 454/472, com entrada na repartição de origem no dia 14/08/2015. Nessa oportunidade, aduz que é pessoa jurídica de direito privado, submetida ao regime de tributação com base no lucro real trimestral, e que apurou, no 1o trimestre de 2007, saldo negativo de CSLL, no valor de R$ 108.563,50, oriundo de retenções efetuadas pelas fontes pagadoras, no total de R$ R$ 108.563,50, de acordo com o indicado na DIPJ do exercício. Além disso, acrescenta o seguinte: 1) considerando aquele crédito, coubelhe transmitir, como de fato transmitiu, o PER/DCOMP n° 05942.56292.120508.1.3.031571, com objetivo de proceder ao encontro de contas necessário à extinção da dívida tributária; 2) não obstante a entrega regular do referido PER/DCOMP, tomou ciência de que o Despacho Decisório reconhecera parcialmente o crédito pleiteado, limitando o saldo negativo disponível de CSLL do 1º trimestre de 2007 ao valor de R$ 6.085,15, sob a justificativa de que inexistia comprovação suficiente das retenções na fonte; 3) irresignada com o citado Despacho Decisório, apresentou, tempestivamente, manifestação de inconformidade à primeira instância, perante a qual comprovou a efetiva existência do crédito informado no PER/DCOMP, mediante documentos hábeis e idôneos; Fl. 757DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 758 4 4) contudo, a DRJ julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade, reconhecendo um crédito adicional de R$ 90.069,54, o que implicou desprezar parte das retenções sofridas, por deixar de validar informações sobre a CSLL retida na fonte, em função da aplicação do limite percentual de 88,57 %, resultante da relação entre as receitas declaradas na DIPJ do anocalendário de 2010 e as receitas informadas em DIRF pelas fontes pagadoras, para o mesmo anocalendário; 5) não é cabível a análise dos valores de receitas tributáveis apresentadas na DIPJ do primeiro trimestre de 2007, a menos que se iniciasse novo procedimento administrativo para criticar a apuração; 6) não é admissível a adoção do percentual de 88,57 %, anteriormente citado, pois inexiste na legislação tributária disposição normativa que autorize o agente fiscal, com base em critério estimado, a limitar crédito proveniente de saldo negativo formado por retenções de tributo pela fonte pagadora de rendimentos, presumindo a inexistência de tributação na declaração; 7) a decisão recorrida valeuse da receita anual informada pelas DIRF, quando deveria ter considerado receitas e retenções relativas ao saldo negativo da CSLL do primeiro trimestre de 2007, em consonância com o regime de tributação trimestral adotado pela recorrente; 8) o acórdão recorrido criou metodologia de fiscalização não prevista em lei, ao tentar modificar a apuração da CSLL do primeiro trimestre de 2007 sem que tenha havido a emissão de mandado de procedimento fiscal específico, em respeito às regras do processo administrativo fiscal, nos termos do art. 142 do CTN; 9) qualquer questionamento a respeito do valor apurado no anocalendário de 2007, no que diz respeito aos elementos da formação da base de cálculo e das informações escrituradas na DIPJ correspondente, deveria observar o prazo decadencial de cinco anos, à luz do artigo 150, § 4o, CTN; 10) a autoridade julgadora jamais demonstrou como encontrara os valores que embasaram a decisão recorrida, pois simplesmente alegou que verificara, nas DIRF dos tomadores de serviços, que havia diferenças, embora, pelo exame das DIRF anexadas aos autos, seja inviável localizar os valores apresentados; 11) nas referidas DIRF, verificase que os valores indicados se referem ao total de impostos e contribuições retidos no anocalendário de 2007. Podese ver que não há como verificar os valores referentes ao primeiro trimestre do mesmo anocalendário; 12) impõese que se afaste o mencionado limitador, reconhecendose o crédito na integralidade, diante da ausência de fundamentação legal para a aplicação deste critério, até porque a recorrente comprova, por meio da documentação acostada, a existência do crédito relativo ao primeiro trimestre do anocalendário de 2007; 13) não bastassem os documentos já juntados, como as notas fiscais correspondentes aos maiores tomadores de serviços, a recorrente anexa ao presente recurso os extratos bancários do mesmo período, a fim de comprovar definitivamente a integralidade do crédito pleiteado; Fl. 758DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 759 5 14) à luz do extrato da conta corrente, em anexo, o valor bruto da nota fiscal, descontando as retenções, equivale ao valor pago à recorrente, razão por que o Fisco Federal não pode, sob pena de enriquecimento sem causa, cobrar algo que foi retido pelas tomadoras de serviços e recolhidos ao Erário; 15) malgrado o reconhecimento do crédito adicional, em sede de primeira instância, a autoridade julgadora a quo deixou de explicar o modo pelo qual apurou o valor do antedito adicional, já que se limitou a dizer que verificara, nas DIRF dos tomadores de serviços, que os valores retidos seriam diversos; 16) as DIRF juntadas aos autos pelo julgador denotam que os valores nelas indicados se referem ao total de impostos e contribuições retidos durante todo o ano calendário de 2007, por cada fonte pagadora, não sendo possível identificar os valores relativos, apenas, ao primeiro trimestre do anocalendário de 2007; 17) desse modo, resta efetivamente comprovado que a recorrente detém o montante de R$ 293.744,34, relativos à CSLL retida na fonte, no primeiro trimestre de 2010. Tais valores integram incontestavelmente a composição do saldo negativo de CSLL/2010, devendo as provas ora apresentadas se sobrepor a quaisquer discussões; 18) em casos análogos, a jurisprudência administrativa pátria tem reiterado que, uma vez demonstrado o erro no preenchimento de documentos fiscais e constatada a existência do crédito, deve a verdade material prevalecer sobre a formal, reconhecendose o crédito e homologada a compensação declarada; 19) mesmo quando o CARF não homologa diretamente as compensações transmitidas com equívocos materiais, este órgão julgador determina o retorno dos autos à DRF de origem, para que seja reapreciado o crédito postulado em PER/DCOMP, levando em consideração o erro no preenchimento; 20) a Administração Tributária deve pautarse pela imparcialidade, buscando o conhecimento dos fatos, independentemente da forma pela qual foram exteriorizados, sempre que for necessário à formação de sua convicção; 21) caso o Colegiado entenda pela impossibilidade de apreciar o mérito, a recorrente deve ser chamada a demonstrar a legitimidade do crédito, porquanto a autoridade fiscal deixou de intimála para justificar as diferenças e apresentar documentos hábeis à comprovação de seu direito creditório, incorrendo em total violação ao princípio da verdade material, que rege o processo administrativo tributário; 22) não fosse assim, a Receita Federal do Brasil não teria editado a Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007, a qual, ao definir procedimentos relativos ao tratamento de pedidos de restituição, ressarcimento e declarações de compensação formalizadas mediante PER/DCOMP, determinou que, nas verificações de divergências relacionadas ao crédito tributário utilizado nas declarações, a Receita Federal do Brasil deve previamente intimar o contribuinte a demonstrar a regularidade do crédito; 23) tal entendimento é corroborado pela jurisprudência administrativa, em consonância com o que se depreende do acórdão n° 1239.074, pelo qual a 7a Turma da DRJ/Rio de Janeiro anulou despacho decisório proferido nos autos do processo administrativo n° 10725.900.095/200815, ao argumento de que a ausência de intimação do contribuinte para Fl. 759DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 760 6 comprovar a regularidade do crédito utilizado em procedimento de compensação viola a Norma de Execução CODAC/COSIT/ COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007; 24) portanto, a expedição de Despacho Decisório sob o fundamento de que o crédito não seria suficiente, sem a prévia intimação ao contribuinte, ou mesmo a baixa dos autos para realização de diligência fiscal, incorre em nulidade, nos termos do art. 59, inciso II, do Decreto n° 70.235/72 (Regulamento do Processo Administrativo Fiscal Federal reproduzido pelo art. 12, inciso II, do Decreto n° 7.574/11); 25) diante deste cenário, é preciso ressaltar que a autoridade fazendária deve obediência às regras positivadas, sejam elas estabelecidas por diplomas legais ou por atos normativos internos de conduta e execução, emanados dos órgãos da Administração Pública, como é o caso da Receita Federal do Brasil; 26) uma vez presentes os fatos acima expostos, não resta alternativa distinta da pronúncia de nulidade parcial da decisão recorrida, em face da violação aos princípios da verdade material, contraditório e ampla defesa, afora o descumprimento da Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007, motivos que impelem a conversão do julgamento em diligência para que a recorrente seja intimada a provar a legitimidade da parcela do crédito vindicado não reconhecida pelo acórdão recorrido; 27) por todo o exposto, a recorrente requer: (a) seja admitido, processado e julgado o presente recurso voluntário, produzindo os efeitos que lhe são próprios, com a suspensão da exigibilidade de todos os créditos tributários objeto de compensação com crédito de saldo negativo de CSLL do 1º trimestre de 2007, mormente aqueles dos processos de cobrança nº 12448.928786/201201 e 12448.929674/201260; (b) seja reconhecida a impossibilidade de utilização do limitador de 88,57 % estimado e definido pelo julgador, reconhecendose integralmente o crédito proveniente de saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre de 2007, homologandose as compensações vinculadas; (c) sejam acolhidas as razões ora aduzidas, a fim de que se reconheça o direito creditório ora discutido, homologandose integralmente a compensação declarada no PER/DCOMP nº 05942.56292.120508.1.3.031571, cancelandose os valores apontados como devidos no processo de cobrança nº 12448.928786/201201 e 12448.929674/201260, sob pena de violação aos princípios da confiança legítima, verdade material, legalidade, razoabilidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, eficiência e impossibilidade de enriquecimento sem causa, que regem o processo administrativo fiscal; e Fl. 760DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 761 7 (d) caso se entenda pela impossibilidade de julgamento do mérito, seja determinado o retorno dos autos à DRJ para o efetivo exame dos documentos juntados aos presentes autos, relativamente à parcela do crédito não reconhecido pelo acórdão recorrido e, em cumprimento à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/CACAJ/ COTEC Nº 6/ 2007, seja convertido em diligência o presente julgamento, de forma que haja intimação da recorrente para demonstrar a legitimidade dos créditos, declarandose parcialmente nulo o acórdão recorrido na parcela que não reconhece o direito do crédito da recorrente. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Relator. Na interposição deste recurso, reuniramse os pressupostos de recorribilidade. Dele conheço. Primeiramente, a questão alusiva à decadência estabelecida no § 4º do artigo 150 do CTN, para "qualquer questionamento a respeito do valor apurado no ano calendário de 2007, bem como dos elementos da formação da base de cálculo e das informações escrituradas na DIPJ correspondente". Para o deslinde da questão, mostrase necessário descortinar que o PER/DCOMP nº 05942.56292.120508.1.3.031571 foi transmitido pela recorrente no dia 12/05/2008 (fl. 03), com vistas à compensação entre o alegado crédito decorrente do saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre do anocalendário de 2007. A compensação veiculada por PER/DCOMP pode se tornar definitiva, por homologação tácita, após o intervalo de cinco anos, contados da data da transmissão do documento que a veicula, na forma do § 5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996: “Art. 74 ...... .................. 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.” Diante disso, a homologação tácita da compensação veiculada pelo PER/DCOMP citado só poderia ocorrer em 12/05/2013. Entretanto, o Despacho Decisório, à fl. 13, data de 05/12/2012, cientificado à recorrente no dia 17/12/2012, à fl. 414. Nesses termos, revelase patente que não houve homologação tácita da compensação declarada, pois a autoridade fiscal agiu dentro do lapso temporal de que dispunha para revêla. E se podia revêla dentro desse interregno, podia averiguar a certeza e a liquidez do crédito oferecido ao encontro de contas. Porém, nada nos autos demonstra que a autoridade fiscal promoveu alteração na Fl. 761DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 762 8 base de cálculo do tributo, efetuando adição de receitas omitidas ou adicionando despesas ou custos indedutíveis, como também não houve recálculo do tributo devido com a aplicação de alíquota ou coeficiente de apuração distinto daquele que fora empregado pela recorrente. Enfim, nada nos autos denota que houve lançamento tributário, como tal definido "o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível", nos termos do artigo 142 do CTN. Distintamente, o que se vê nos autos é a atuação da autoridade fiscal em busca da comprovação dos créditos que a recorrente registrou como antecipação do tributo devido apurado na DIPJ. Por conseguinte, é descabida a afirmação de que a autoridade fiscal burlou a regra decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, ou do artigo 173, inciso I, do mesmo Código. Tal argumento tem o objetivo de iludir o julgador, desviandoo para um tema que não diz respeito ao fenômeno jurídico ocorrido. Em face, pois, do exposto, proponho a rejeição da preliminar de decadência. Quanto ao tema seguinte, defende a recorrente que o acórdão recorrido criou metodologia de fiscalização não prevista em lei, ao tentar modificar a apuração da CSLL do primeiro trimestre de 2007 sem que tenha havido a emissão de mandado de procedimento fiscal específico, em respeito às regras do processo administrativo fiscal, nos termos do art. 142 do CTN. Antes de tudo, vale salientar que o mandado de procedimento fiscal (MPF), hoje extinto, foi instituído pelo artigo 2º do Decreto n° 3.724/2001, cuja redação, na época da expedição do Despacho Decisório, já havia sido alterada pelo Decreto nº 6.104/2007 (já revogado), verbis: “Art. 2o Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007)” Na ocasião, coube aos artigos 2º e 3º da Portaria RFB nº 3.014/2011 (revogada pela Portaria RFB nº 1.687/2014) a regulação das espécies de MPF e dos tipos de procedimentos fiscais sujeitos a controle mediante mandado: “Art. 2º Os procedimentos fiscais no âmbito da RFB serão instaurados com base em Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) e deverão ser executados por AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, observada a emissão de: I Mandado de Procedimento Fiscal de Fiscalização (MPFF), para instauração de procedimento de fiscalização; e II Mandado de Procedimento Fiscal de Diligência (MPFD), para realização de diligência. Art. 3º Para fins desta Portaria, entendese por procedimento fiscal: I de fiscalização, as ações que objetivam a verificação do cumprimento das obrigações tributárias, por parte do sujeito passivo, relativas Fl. 762DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 763 9 aos tributos administrados pela RFB, bem como da correta aplicação da legislação do comércio exterior, podendo resultar em lançamento de ofício com ou sem exigência de crédito tributário, apreensão de mercadorias, representações fiscais, aplicação de sanções administrativas ou exigências de direitos comerciais; e II de diligência, as ações destinadas a coletar informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual. Parágrafo único. O procedimento fiscal poderá implicar a lavratura de auto de infração, a notificação de lançamento ou a apreensão de documentos, materiais, livros e assemelhados, inclusive por meio digital. No que tange à natureza do MPF, consolidouse na jurisprudência administrativa o entendimento de que tal instrumento constituía mero meio de controle administrativo, despido, como tal, “de aptidão para interferir no procedimento fiscal regulado pelo Decreto nº 70.235/1972, como também carecia de força jurídica suficiente à subtração do poder de fiscalização conferido à autoridade fiscal por ato normativo aprovado pelo Parlamento, no curso de devido processo legislativo” (acórdão nº 1301002.102, 1ª TO/3ª CA/1ª SJ, relator Conselheiro Flávio Franco Corrêa). Quanto à aplicação do MPF, é preciso precedentemente distinguir que o procedimento de compensação abarca atos relacionados entre si e encadeados numa sequência lógica com vistas à extinção do crédito tributário já constituído, ao passo que o MPF se destinava ao controle dos designados: (i) procedimentos de fiscalização, assim considerados os trabalhos fiscais de verificação do cumprimento das obrigações tributárias, por parte do sujeito passivo, relativas aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), bem como da correta aplicação da legislação do comércio exterior. Essas verificações são aquelas que podem resultar em lançamento de ofício com ou sem exigência de crédito tributário, apreensão de mercadorias, representações fiscais, aplicação de sanções administrativas ou exigências de direitos comerciais (artigo 3º, inciso I, da Portaria RFB nº 3.014/2011); e (ii) procedimentos de diligência, assim chamadas os trabalhos fiscais voltados à coleta de informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive para atender exigência de instrução processual (artigo 3º, inciso II, da Portaria RFB nº 3.014/2011). Destaquese do exposto que o procedimento de compensação não visa à constituição de crédito tributário, porque só os créditos tributários já constituídos podem ser compensados. Fl. 763DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 764 10 Por outro lado, a lei estabelece que o sujeito passivo deve ser punido com a multa isolada, quando se comprove falsidade da declaração de compensação apresentada, na forma do artigo 18 da Lei nº 10.833/2003, com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007. Logicamente, a multa em referência deve ser aplicada após a conclusão do procedimento de compensação. Ou seja, uma vez constatada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, deve a autoridade fiscal, ao cabo do procedimento de compensação, determinar a abertura de procedimento de fiscalização para a imposição da multa isolada. Assim, é preciso salientar que o procedimento de compensação não resulta em lançamento de ofício, porque se esgota com a decisão sobre a compensação pretendida. Portanto, procedimento de compensação não se confunde com procedimento de fiscalização. Este pode decorrer daquele, quando for constatada a falsidade da declaração apresentada. Entretanto, não é de se estranhar que, no curso do procedimento de compensação, o sujeito passivo ou terceiros sejam intimados a prestar esclarecimentos. Nessas circunstâncias, o procedimento de compensação pode dar ensejo à abertura de procedimento de diligência para a obtenção de informações necessárias à conclusão do procedimento de compensação. Aí o que se vê é a instrumentalidade do procedimento de diligência, pois este, nessas situações, apenas cumpre um fim destinado à conclusão do procedimento de compensação. Nesses termos, realçase a improcedência do argumento de que o acórdão recorrido criou metodologia de fiscalização não prevista em lei, ao tentar modificar a apuração da CSLL do primeiro trimestre de 2007, sem que tenha havido a emissão de mandado de procedimento fiscal específico, em respeito às regras do processo administrativo fiscal, nos termos do art. 142, do CTN. Como adiantado, não houve procedimento de fiscalização, porque não se verificou o cumprimento da legislação tributária, nem se aplicou a precitada multa isolada, pois o Fisco apenas investigou se havia prova de retenções da CSLL na fonte em montante suficiente à formação do saldo negativo informado. E de modo algum alterouse a CSLL apurada na DIPJ. Tudo o que se fez não foi além de averiguar se as retenções de CSLL na fonte superavam, ou não, a CSLL que o próprio sujeito passivo apurou em sua DIPJ. Assim vistos os fatos, rejeitase a preliminar arguida. Avançando, no passo subsequente, à questão referente à suposta violação às garantias do contraditório e da ampla defesa, por desrespeito à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007. A Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007 é é mera norma interna corporis que disciplina, no âmbito do órgão fiscal, a atuação de vários agentes que intervêm no procedimento de compensação. De modo algum podese acolher a tese de que o eventual desrespeito a tal disciplina administrativa reflita possível violação às garantias do contraditório e da ampla defesa. Como é cediço, no procedimento de compensação, o direito ao contraditório e à ampla defesa nasce apenas no momento em que a autoridade fiscal não homologa a compensação declarada pelo contribuinte, conforme § 9º do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, introduzido pela Lei nº 10.833/2003, verbis: “Art. 74 ....... § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 764DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 765 11 E mais: a teor do § 10 do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, cabe recurso ao CARF da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade. Já por força do § 11 do citado artigo 74 da Lei nº 9.430/1996, é lícito afirmar que o recurso voluntário ao CARF e a manifestação de inconformidade são espécies do recurso previsto no inciso III do artigo 151 do Código Tributário Nacional, além de se submeterem ao rigor do Decreto nº 70.235/1972, verbis: § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) A linha diretiva que ressai dos §§ 9º a 11 do artigo 74 da Lei nº 9.430/1996 está espelhada no artigo 119, caput e §§, do Decreto nº 7.574/2011: “Art. 119. É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no art. 110, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 9o, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). § 1o Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 10, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17; Decreto no70.235, de 1972, art. 25, inciso II, com a redação dada pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25). § 2o A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam o caput e o § 1o obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 1972 (Título II deste Regulamento), e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 11, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). Como se vê, há um conjunto de regras jurídicas que instituiu, no plano legal, o esquema das garantias do contraditório e da ampla defesa plasmadas no texto constitucional, especificamente direcionadas à efetivação do diálogo entre o Estado Fiscal e o administrado, quando este manifesta que pretende compensar, na forma prevista em lei, débitos tributários e supostos créditos em face do mesmo Estado. Nesse esquema, o desenhista institucional estabeleceu que a decisão que não homologa, total ou parcialmente, a compensação declarada pode ser contestada, não os atos anteriores a ela. Portanto, é descabida a assertiva de que a ausência de intimação do contribuinte, destinada à comprovação da regularidade do crédito utilizado em procedimento de compensação, deve acarretar a pronúncia de invalidade da decisão recorrida, por cerceamento ao contraditório e à ampla defesa, tendo em conta que, no esquema legal de defesas do contribuinte, o direito à manifestação de inconformidade não surge antes da emissão da decisão não homologatória da compensação. Tal é o juízo a ser proferido com suporte nos aludidos preceitos normativos, embora exista outra perspectiva que Fl. 765DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 766 12 também acena para idêntica conclusão. Reparese: as disposições normativas do artigo 74, caput e §§ 1º, 2º e 5º da Lei nº 9.430/1996 permitem asselar que a transmissão do PER/DCOMP é um ato material pelo qual o contribuinte manifesta a vontade consciente de efetuar a compensação entre débitos e créditos tributários, desde logo concretizada, tal a simultaneidade da execução do ato (transmissão do PER/DCOMP) com os efeitos compensatórios imediatamente gerados, embora a definitividade de tais efeitos esteja condicionada à homologação da compensação pela autoridade fiscal, que dispõe do lapso temporal de cinco anos para realizála, sob pena de homologação tácita. Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Por sua vez, a homologação é um ato administrativo mediante o qual a autoridade estatal examina a legalidade de um ato anterior. Nesse cenário, a homologação não tácita da compensação tributária declarada não dispensa a certificação, pela autoridade homologante, da existência e da suficiência do crédito alegado. Essa certificação implica verificação dos supostos fatos geradores do crédito, o que é executado ao longo de uma etapa logicamente antecedente à homologação. Como já foi dito, o direito ao contraditório e à ampla defesa surge apenas após a edição do ato administrativo que não homologa a compensação declarada. Logo, as verificações anteriores ao ato final da autoridade homologante, enquanto atos despidos de conteúdo decisório, não se submetem às determinações legais que fixaram o contraditório e a ampla defesa. Em outras palavras, antes do despacho decisório da autoridade com atribuição para a homologação da compensação declarada, o trabalho fiscal percorre uma fase administrativa de índole inquisitória, indispensável ao exame da legalidade do declarado encontro de contas. Assim, não procede a tese defensiva que advoga a prática de ato atentatório às garantias do contraditório e da ampla defesa, por desrespeito à Norma de Execução CODAC/COSIT/COFIS/COCAJ/COTEC n° 6/2007. A recorrente também salienta que, malgrado o reconhecimento do crédito adicional de R$ R$ 90.069,54, em sede de primeira instância, a autoridade julgadora a quo não foi transparente na prolação da decisão recorrida, pois se limitou a dizer que verificara, nas DIRF dos tomadores de serviços, que os valores retidos seriam diversos. Fl. 766DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 767 13 A tal respeito, examinando a decisão recorrida, à fl. 433, vislumbrase o seguinte trecho do voto onde o relator da instância a quo conecta os fatos apurados à decisão tomada em relação a cada uma das fontes pagadoras, registrando, no quadro anexo, o resultado da análise por ele efetuada: "Tendose em vista as “Parcelas Confirmadas Parcialmente ou Não Confirmadas” constantes do detalhamento da análise de crédito referido no parágrafo anterior e em face da manifestação, fezse a comparação dos valores nela indicados e que não foram confirmadas ou o foram parcialmente no despacho decisório, com as Dirfs apresentadas pelas fontes pagadoras informadas (fls. 422 a 430). O valor efetivamente comprovado, já deduzido do reconhecido parcialmente no despacho decisório (considerado o valor zero para o caso de valor reconhecido nesse despacho ser maior do que o confirmado em Dirf), consta na última coluna de quadro ao final deste voto (fls. 434 e 435). Conforme destacado no referido quadro, foram aceitos os valores informados em Dirfs das fontes pagadoras, mesmo que com códigos de arrecadação e CNPJs diversos dos indicados na manifestação e na Dcomp, desde que o código seja relativo ao tributo em tela e os CNPJs básicos sejam coincidentes." Com o trecho acima reproduzido, o relator da instância a quo expôs os critérios e a metodologia empregados na elaboração do quadro anexo ao acórdão recorrido, que apresenta a configuração abaixo: Fl. 767DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 768 14 Fl. 768DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 769 15 Está claro que o acórdão recorrido admitiu todos os valores declarados em DIRF, independentemente (i) do código de retenção e (ii) da distinção entre CNPJ da matriz e CNPJ de filial. Não obstante o exposto acima, a apreciação do suscitado vício de transparência ainda reclama o exame de outros aspectos trazidos à baila, na peça recursal. Fl. 769DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 770 16 Nessa toada, diz a recorrente que não é admissível a adoção do percentual de 80,57 %, resultante da relação entre as receitas declaradas na DIPJ do anocalendário de 200 e as receitas informadas em DIRF pelas fontes pagadoras, para fins de aferir o crédito proveniente do saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre do anocalendário de 2007, pois inexiste na legislação tributária disposição normativa que autorize o agente fiscal a realizar tal inferência com base em estimativa. Também sustenta que, para proceder ao cálculo mencionado, a decisão recorrida valeuse da receita anual informada pelas DIRF, quando deveria ter considerado receitas e retenções relativas ao saldo negativo da CSLL do primeiro trimestre de 2007, em consonância com o regime de tributação trimestral adotado pela recorrente. Nesse panorama, assinala que a autoridade julgadora jamais demonstrou como encontrara os valores que embasaram a decisão recorrida, pois simplesmente alegou que verificara, nas DIRF dos tomadores de serviços, que havia diferenças, embora os valores indicados nessas DIRF se refiram ao total de impostos e contribuições retidos no anocalendário de 2007. Assim, não seria possível verificar os valores referentes ao primeiro trimestre do mesmo anocalendário, a acarretar o afastamento do mencionado limitador, reconhecendose o crédito na integralidade, diante da ausência de fundamentação legal para a aplicação deste critério, até porque haveria prova, por meio da documentação acostada, da existência do crédito relativo ao primeiro trimestre do anocalendário de 2007. Nesse ponto, impõe que se dê atenção, por ora, apenas aos argumentos que evocam questões preliminares ao mérito. Tal perspectiva obsta, ainda que temporariamente, a discussão sobre a correção ou a incorreção do critério empregado pela Fiscalização, porquanto o que se quer saber se restringe à existência de clareza suficiente, na decisão recorrida, ao exercício do contraditório e da ampla defesa. Com efeito, podese ver que a própria recorrente menciona, à fl. 457, que o percentual de 88,57 % decorre da relação entre o total das receitas declaradas em DIPJ, para os quatro trimestres de 2007, e o total da receita anual informada em DIRF, para o mesmo período. Portanto, não há o indigitado déficit de transparência que poderia comprometer a efetividade da defesa. Diante disso, propõese a rejeição da nulidade suscitada. Em face do exposto, rejeitamse as nulidades requeridas. Agora, passando ao exame do mérito, constatase que a decisão recorrida valeuse de um critério segundo o qual o crédito decorrente das retenções de CSLL na fonte não pode ultrapassar a relação percentual entre a receita anual declarada na DIPJ e a receita anual informada nas DIRF. No caso concreto, a receita anual declarada na DIPJ correspondeu a 88,57 %, da receita anual informada em DIRF. Tal percentual foi aplicado pela instância julgadora a quo sobre o total das retenções da CSLL/fonte declarado no PER/DCOMP nº 05942.56292.120508.1.3.031571, no valor de R$ R$ 108.563,50, apurandose o crédito de saldo negativo de CSLL disponível para compensação, na importância de R$ 96.154,69. Como já foi dito, a recorrente articula tese de acordo com a qual inexiste na legislação tributária disposição normativa que autorize o agente fiscal, com base em critério estimado, a limitar o crédito proveniente de saldo negativo formado por retenções de tributo pela fonte pagadora de rendimentos, presumindo a inexistência de tributação na declaração. Além disso, a defesa destaca que a decisão recorrida balizouse pela receita anual, quando deveria ter considerado receitas e retenções relativas ao saldo negativo de CSLL do primeiro trimestre de 2007, em consonância com o regime de tributação trimestral adotado pela recorrente. Fl. 770DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 771 17 A recorrente pleiteia o reconhecimento do crédito indicado no PER/DCOMP nº 05942.56292.120508.1.3.031571, escorandose nas provas documentais juntadas na impugnação e no recurso voluntário, a partir das quais alega que, como traduz o extrato da conta corrente, em anexo, o valor bruto das notas fiscais acostadas aos autos, descontando as retenções, equivale ao valor pago à recorrente, razão por que o Fisco Federal não pode, sob pena de enriquecimento sem causa, cobrar algo que já foi retido pelas tomadoras de serviços e recolhidos ao Erário, afinal a retenção da CSLL na fonte é forma de antecipação da CSLL devida ao final do trimestre. Nessas circunstâncias, assinala que as consequências da omissão das pessoas jurídicas tomadoras de serviço que não apresentaram DIRF devem ser imputadas às próprias fontes responsáveis pelos pagamentos efetuados em benefício da recorrente, jamais à beneficiária. Diante dos argumentos da recorrente, é necessário sublinhar os seguintes fatos, que devem ser levados em conta: 1) as cópias de notas fiscais reunidas na impugnação, às fls. 42/413, não estão acompanhadas dos respectivos lançamentos contábeis e de extratos bancários aptos a comprovar o recebimento do valor bruto do preço do serviço prestado, descontado da CSLL retida na fonte. Tal evidência afasta, por si só, a utilidade dessas notas fiscais para os fins esperados pela recorrente. Isso porque, ainda que as fontes pagadoras das receitas não tenham transmitido a DIRF, admitese a comprovação do tributo retido na fonte à vista dos registros contábeis acompanhados da nota fiscal (ou fatura) respectiva e do recebimento do valor líquido. Confirase: “RETENÇÕES DE IMPOSTO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. Na hipótese de a fonte pagadora não fornecer o comprovante anual de retenção, sua prova pode se dar por meio dos registros contábeis do beneficiário, acompanhados da nota fiscal ou fatura e da comprovação do valor líquido quitado pela fonte pagadora.” (Acórdão nº 1101000.988 – 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária – sessão de 10/10/2013, rel. Conselheira Edeli Pereira Bessa) Ressaltase do julgado selecionado a exigência de comprovação da entrada de divisas, o que não se revela factível sem o lastro de terceira pessoa, afinal “ninguém pode constituir título de prova a favor de si mesmo, porque é justificável a suspeita de que quem afirma, ou negue, um dado de fato o faça, ainda que contra a realidade, porém unicamente para favorecer seu próprio interesse”1; 2) já as cópias de notas fiscais inseridas nos autos no recurso voluntário, às fls. 493/741, não estão acompanhadas dos registros contábeis das receitas recebidas e do crédito decorrente da CSLL retida na fonte, o que é imprescindível para a demonstração da existência do crédito e da comprovação de que este decorre da retenção sobre receita contabilizada e submetida à tributação da CSLL na DIPJ. A CSLL retida na fonte poderá formar o saldo negativo a ser restituído ou compensado, sabendose que este saldo negativo é o excedente das deduções legais (nas quais se inclui a CSLL retida na fonte), em relação à CSLL devida, apurada na DIPJ. Ora, o cômputo, entre os créditos, da CSLL retida na fonte, que incidiu sobre rendimento sonegado à 1 MESSINEO apud SEIXAS FILHO, Aurélio Pitanga. Princípios Fundamentais do Direito Administrativo Tributário – Função Fiscal, 2ª ed.. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 56. Fl. 771DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 772 18 tributação da CSLL na DIPJ, aumenta indevidamente o saldo negativo. Por isso, surgidos os indícios do recolhimento de CSLL retida na fonte, a autoridade se depara com o pressuposto lógico da restituição/compensação da respectiva importância: a submissão da receita tributada na fonte à CSLL apurada na DIPJ, pois, não sendo assim, podese incorrer no erro de se deferir a compensação de CSLL incidente sobre receita não tributada na DIPJ. Aliás, tal questão é de ordem pública, já que, em nome do interesse público, impõese a necessária cautela, vedando se a restituição de qualquer valor a título de CSLL excedente, se não restar comprovado que ocorreu a tributação da receita na DIPJ. Consignese que esta Turma já registra precedente em sua jurisprudência, verbis: "RESTITUIÇÃO. IRRF.COMPROVAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO. Negase a restituição do imposto de renda retido na fonte se o requerente não comprovar que submeteu à tributação do IRPJ o rendimento sobre o qual incidiu a retenção." (Acórdão nº 1301002.075, relator Cons. Flávio Franco Corrêa) Tal entendimento está em sintonia com a Súmula Carf nº 80: “Na apuração do IRPJ, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto.” Considerando, pois, todo o arcabouço probatório, não há necessidade de diligências. Estas só se justificam quando existe dúvida a ser solucionada, o que não se confunde com a carência de prova do alegado. Ademais, não há censura ao critério empregado pelo julgador de primeira instância, que se valeu da proporção entre a receita total anual, informada em DIRF pelas fontes retentoras da CSLL, e o total anual informado pela recorrente em sua DIPJ. Digase, a propósito, que esta Turma registra decisão recente compatível com a posição ora assumida: "IRRF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. RENDIMENTOS PARCIALMENTE OFERECIDOS À TRIBUTAÇÃO. PROPORCIONALIDADE. É direito do sujeito passivo computar, no saldo negativo apurado ao final do exercício, o imposto retido as sobre as receitas de aplicação financeira efetivamente contabilizadas e reconhecidas na base de cálculo, pois o tributo não pode ser utilizado como sanção pela omissão parcial de receitas, nos termos do art. 3º do CTN, respeitado o princípio da proporcionalidade." (acórdão nº 1301002.483, relator Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza) Como já noticiado, aquela autoridade julgadora apurou o montante de R$ 66.221.066,96, correspondente à receita total acusada pelas fontes de retenção da CSLL, auferida pela recorrente no anocalendário de 2007, ao passo que a receita total declarada em DIPJ, referente ao mesmo anocalendário, alcançou a cifra de R$ 58.654.045,00. Em outras Fl. 772DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 773 19 palavras, o cotejo entre os dados da DIPJ e das DIRF fez surgir o indício de receitas omitidas, na importância de R$ 7.567.021,96. Obviamente, não se pode reconhecer o crédito decorrente das retenções de CSLL na fonte incidente sobre a totalidade da receita auferida, já que o cotejo de informações permitiu a conclusão de que parte desse total não foi tributado na declaração. Nessa situação, devese admitir o crédito decorrente da CSLL retida na fonte, na proporção das receitas tributadas na DIPJ, tendo em conta que a sonegação de receitas tributáveis na DIPJ reduz a CSLL devida e, por consequência, aumenta indevidamente o saldo negativo de CSLL. Desse modo, o estabelecimento de um limite ao crédito derivado da CSLL retida na fonte, equivalente à proporção das receitas tributadas na DIPJ, obsta a dedução de parcela da CSLL retida na fonte incidente sobre as receitas sonegadas à tributação da CSLL na DIPJ . Também não há incompatibilidade entre a aplicação de um redutor do crédito fundado na proporção da receita total anual e as retenções trimestrais de CSLL na fonte, desde que o anocalendário considerado no cálculo da proporção das receitas tributadas na DIPJ abarque o período trimestral das retenções objeto da compensação declarada. De acordo com essa linha de raciocínio, a recorrente deve fazer jus a um montante de crédito originário das retenções de CSLL na fonte na mesma proporção de 88,57 %, aplicado sobre o valor anual total das retenções comprovadas. Acontece, porém, que o total anual confirmado em DIRF das retenções de CSLL, segundo a instância julgadora a quo, é igual a R$ 95.299,79, conforme fls. 434/435. Tal montante compreende as retenções de CSLL na fonte sobre receitas tributadas na DIPJ, bem como as retenções de CSLL na fonte sobre as receitas sonegadas à tributação da CSLL na DIPJ. Logo, o crédito da recorrente, derivado das retenções de CSLL na fonte sobre as receitas submetidas à CSLL apurada na DIPJ, deve ser calculado na proporção de 88,57 %, resultando na quantia de R$ 84.407,02. Entretanto, o Despacho Decisório já reconheceu o crédito proveniente de retenção de CSLL na fonte na importância de R$ 6.085,15, enquanto a autoridade julgadora de primeira instância garantiu uma parcela de crédito adicional de R$ 90.069,54, totalizando o montante de R$ 96.154,69. Portanto, a recorrente já assegurou o reconhecimento de saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2007 na importância de R$ 96.154,99, valor superior àquele que lhe seria devido, como resultado da aplicação do percentual de 88,57 % sobre o total das retenções de CSLL informadas em DIRF. Tendo em conta tais conclusões, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Fl. 773DF CARF MF Processo nº 12448.927054/201296 Acórdão n.º 1301002.595 S1C3T1 Fl. 774 20 Fl. 774DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15954.000270/2008-84
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS COM NÃO DEPENDENTE.
Os comprovantes de despesas médicas incorridas com pessoas que não constam como dependentes para fins fiscais não serão dedutíveis.
PRELIMINARES. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL.
Alegação em preliminares com contestação improcedentes de inadequada notificação pelo Correio. Alegação improcedente de incidência de multa de ofício e juros de mora pela taxa Selic. Previsão legal.
Numero da decisão: 2001-000.058
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar as preliminares suscitadas no recurso e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para manter a glosa das deduções utilizadas indevidamente, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(Assinado digitalmente)
JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS COM NÃO DEPENDENTE. Os comprovantes de despesas médicas incorridas com pessoas que não constam como dependentes para fins fiscais não serão dedutíveis. PRELIMINARES. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Alegação em preliminares com contestação improcedentes de inadequada notificação pelo Correio. Alegação improcedente de incidência de multa de ofício e juros de mora pela taxa Selic. Previsão legal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar as preliminares suscitadas no recurso e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para manter a glosa das deduções utilizadas indevidamente, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal.
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS COM NÃO DEPENDENTE. Os comprovantes de despesas médicas incorridas com pessoas que não constam como dependentes para fins fiscais não serão dedutíveis. PRELIMINARES. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Alegação em preliminares com contestação improcedentes de inadequada notificação pelo Correio. Alegação improcedente de incidência de multa de ofício e juros de mora pela taxa Selic. Previsão legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar as preliminares suscitadas no recurso e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para manter a glosa das deduções utilizadas indevidamente, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 4. 00 02 70 /2 00 8- 84 Fl. 81DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, José Ricardo Moreira e Fernanda Melo Leal. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O lançamento da Fazenda Nacional exige da contribuinte a importância de R$ 5.624,54, a título de imposto de renda pessoa física, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2004. DA PRELIMINAR DE MULTA DE OFÍCIO. O impugnante alega que a multa de oficio aplicada revestese da natureza de confisco, o que é constitucionalmente vedado, e requer sua redução para o patamar de 20%, com base no art. 61, §2°, da Lei n° 9.430/96. A multa foi aplicada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), em obediência ao que prevê o art. 44, inciso I e §3°, da Lei n.° 9.430/96, na redação dada pela Lei n° 11.488/07: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposta ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções 17 revistas no art. 6° da Lei n”8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei n°8.383. de 30 de dezembro de 1991. (...) No presente caso, ao efetuar deduções indevidas, o contribuinte reduziu a base de cálculo do tributo, resultando em valor a menor do imposto a pagar, recaindo na previsão contida no art. 149, inciso V, do Código Tributário Nacional e a consequente multa de ofício, no percentual de 75%, conforme preceitua o art. 44, inciso I da Lei n° 9.430/96. DA PRELIMINAR DE JUROS DE MORA. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 3 3 No que concerne à aplicação da taxa de juros SELIC, há que se observar a norma do CTN a respeito: Art. 161. O crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º. Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês. (g.n.) Desse modo, não cabe o argumento de que deveria ser aplicado o percentual previsto no artigo 161, § 1°, do Código Tributário Nacional, mesmo porque aquele dispositivo impõe a utilização do percentual de 1% ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No presente caso, a lei em questão é a de n° 9.065/95, que deu nova redação a dispositivos da Lei n° 8.981/1.995, e dispôs, em seu art. 13: Art. 13. A partir de 12 de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea "c" do parágrafo único do artigo 14 da Lei n° 8.847, de 28 de janeiro de 1994 com a redação dada pelo artigo 6° da Lei n° 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo artigo 90 da Lei n° 8.981/95, o artigo 84, inciso I, e o artigo 91, parágrafo único, alínea "a. 2", da Lei n” 8.981/95, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Nesse sentido, destaquese a decisão do Superior Tribunal de Justiça no REsp n° 267.788PR, relatada pelo Min. João Otávio de Noronha: 2. O artigo 161 do C T1V, ao estipular que os créditos não pagos no vencimento serão acrescidos de juros de mora calculados à taxa de 1%, ressalva, expressamente, 'se a lei não dispuser de modo diverso ", de modo que, estando a SELIC prevista em lei, inexiste ilegalidade na sua aplicação. 3. Este Superior Tribunal de Justiça tem, reiteradamente, aplicado a taxa SELIC a favor do contribuinte, nas hipóteses de restituições e compensações, não sendo razoável deixar de fazêla incidir nas situações inversas, em que e' credora a Fazenda Pública. 4. Recurso especial a que se nega provimento. (DJ 16/06/2003) Assim, nenhum conflito existe entre a norma contida no artigo acima transcrito e a cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC, pois as citadas leis simplesmente dispuseram de modo diverso, como prevê o CTN. Ressaltese que os juros de mora têm natureza de indenização pela mora. Eles têm o objetivo de ressarcir o rendimento que o credor teria se dispusesse do valor principal desde a data do vencimento da obrigação. Seu objetivo é reparar o Erário, em virtude do lapso que transcorreu para o cumprimento da prestação. Fl. 83DF CARF MF 4 DO MÉRITO A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotada na feitura do lançamento, notadamente no que se refere à afirmação de que aos recibos não é conferido valor probante absoluto, necessitando para tal a complementação de provas, com a apresentação de documentação adicional a ser providenciada pelo Recorrente e, a ocorrência de dedução de despesas de pessoas que não constam como dependentes para efeitos fiscais, como segue: A legislação tributária concede ao contribuinte, por ocasião da Declaração Anual de Ajuste, a possibilidade de deduzir da base de cálculo do imposto de renda determinadas despesas, na forma prevista em lei, efetuadas durante o anocalendário. Tal legislação exige, ainda, que o contribuinte, quando intimado pelo Fisco, comprove que as deduções pleiteadas na declaração preenchem todos os requisitos exigidos, sob pena de serem consideradas indevidas e o valor pretendido como dedução seja apurada e lançado em procedimento de ofício. A Lei n° 9.250/95 dispõe sobre a base de cálculo do imposto de renda em seu art. 8°: (...) E, com base no Decretolei n° 5.844/43, o Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto n° 3.000/99, dispõe: (...) A legislação estabelece os requisitos para que o documento seja hábil para comprovar tais elementos e, ainda que preencham os requisitos enumerados no dispositivo legal acima transcrito, os recibos não possuem valor probante absoluto e são analisados dentro doconjunto de provas apresentado. Havendo dúvidas quanto à efetiva prestação dos serviços neles indicados, a autoridade fiscal pode lançar mão da prerrogativa dada pela legislação de exigir a comprovação efetiva tanto do serviço quanto do pagamento. De acordo com a legislação acima transcrita, o direito à dedução de despesas médicas restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e/ou de seus dependentes, assim qualificados conforme dispõe a legislação tributária e informados em sua DIRPF, o que não foi o caso, pois o impugnante não declarou nenhum dependente, como verificado no banco de dados da Receita Federal do Brasil. As despesas referentes a planos de saúde recebem tratamento diferenciado e, no caso de filhos e cônjuge, podem vir ser deduzidas pelo contribuinte que assumiu o dispêndio, apesar de os dependentes terem apresentado declaração em separado, desde que estes já não tenham se beneficiado de dedução da despesa em DIRPF simplificada. Embora o contribuinte tenha destacado argumentos em defesa da idoneidade dos documentos apresentados à fiscalização, no presente caso não foi esse aspecto o motivador da glosa. A glosa deveuse a: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 4 5 não apresentação de documentos comprobatórios de despesas junto à Sociedade Brasileira e Japonesa de Beneficência Santa Cruz e Ceres Maria Medina Martins; falta de amparo legal para dedução de despesa junto a Liu Chung Hsing, acupunturista; . despesas com plano de saúde com valores totais, incluindo beneficiárias não incluídas no rol de dependentes Sras. Geni Biaggi Destro e Vanessa Biaggi Destro, que apresentaram DIRPF em separado, utilizandose de modelo simplificado, que implica a opção pelo desconto padrão, conforme esclareceu a autoridade fiscal lançadora na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 26). (...) De acordo com os dispositivos legais acima transcritos, a dedução de despesas restringese àquelas cujos serviços tiveram como beneficiários o contribuinte e seus dependentes para fins de imposto de renda, assim considerados na forma legal. A partir do momento que pessoas, ainda que reunissem as condições que as qualificariam como dependentes do contribuinte, apresentam declaração em separado e no modelo simplificado, aquele não pode mais deduzir despesas a elas relativas. Cabe esclarecer que o modelo simplificado é opção do contribuinte e implica a substituição de todas as deduções legais pelo desconto padrão de vinte por cento dos rendimentos tributáveis. Pelas razões expostas, voto pela procedência em parte da impugnação e manutenção parcial do crédito tributário exigido, que tica assim configurado: (quadro demonstrativo) Conclui, assim, o acórdão vergastado pela improcedência parcial da impugnação para manter o crédito tributário exigido, em parte, pela glosa dos valores despesas médicas que especifica. Por sua vez, irresignada com a decisão do acórdão da DRJ, a Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: No presente, caso, 'o Impugnante está apresentando os comprovantes que demonstram claramente as despesas médicas' efetuadas. Tudo foi realizado em total conformidade com os requisitos exigidos pelo Regulamento do Imposto de' Renda, em seu art. 80. (...) Deste modo, somente caberia a exigência de cheque para a comprovação das despesas médicas, no caso de não ser possível a prova, por documento, que preencha os requisitos estabelecidos no Fl. 85DF CARF MF 6 art. 80. O inciso III, § 1°, do art. 80, do RIR é claro: “... na falta de documentação". (...) Ocorre, porém, que, no presente caso, a administrativa lavrou auto de infração tendo, exclusivamente, por supedâneo, a mera presunção, sem demonstrar, cabalmente, como era de sua competência, os elementos que compõem o fato jurídico tributário. Isto porque, como já referido por José Eduardo Soares de Meio, os ônus de demonstrar os elementos que deram ensejo à ocorrência do fato gerador são do Poder Público. (...) Sendo assim; resta evidente a veracidade dos documentos ora apresentados como prova da dedução de despesas médicas, sendo legitima a condutado impugnante, não podendo o Fisco glosar os valores, mediante presunção, sem apresentar prova em contrario. (...) Em tais condições, forçosa a insubsistência do auto de infração lavrado, pelo que desde já requerse a sua improcedência, sendo a autuação eis que: a) o auto está baseado em meras presunções sendo que o Impugnante está juntando documentos comprobatórios das_ despesas médicas glosadas, agindo em consonância com as decisões emanadas do Conselho de Contribuintes; ` b) o contribuinte sempre atendeu à fiscalização e apresentou a documentação que lhe competia (art. 80 do RIR III, § 1°) ` c) ignorouse a boafé do contribuinte. Pelo exposto, requer o Recorrente sejam acolhidos seus argumentos, para que seja reformada a r. decisão recorrida, julgando totalmente improcedente o lançamento impugnado. É o relatório Voto Conselheiro José Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. DA PRELIMINAR DE MULTA DE 75% Improcedente a alegação de que a aplicação da multa de ofício no percentual de 75% teria caráter confiscatório porque prevista no inciso I, do art. 44, da Lei nº 9.430/96, e inciso I, do art. 957, do Decreto nº 3.000/99, e não ofende qualquer dispositivo constitucional tributário. Ressaltese tratar de matéria pacificada neste Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos da Súmula 2, nos seguintes termos: Fl. 86DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 5 7 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Rejeito a preliminar da Multa de 75%. DA PRELIMINAR DA TAXA SELIC Improcedente a contestação da aplicação da taxa SELIC como juros moratórios aplicáveis ao crédito tributário, porque prevista na legislação. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia. A aplicação da taxa SELIC é matéria pacificada no âmbito desse Conselho conforme se verifica pela Súmula CARF nº 4, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Rejeito a preliminar da Taxa Selic. DO MÉRITO O conteúdo do presente caso aborda aspectos de cunho jurídico mas, também enfoca a questão de matéria de fato, cujas circunstâncias probantes se fazem necessárias para a solução da lide, tanto no oferecimento da prova pelo Fisco quanto na apresentação da contraprova pelo Recorrente. A questão aqui tratada é natureza interpretativa da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, especialmente aquele procedimento que busca amparo na extemporânea existência do art. 11, § 3º e 4º, do Decreto lei nº 5.844, de 1943 (transportado para o art. 73 e § 1º do Decreto nº 3.000/99 RIR/99 atual), e de outro a busca do direito, pelo contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à idoneidade ou inidoneidade do documento comprobatório. O texto base da divergência interpretativa está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): Fl. 87DF CARF MF 8 I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados â cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (sublinhei e grifei) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. Ressaltese que o termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma. Descabe, assim, o rigor na exigência para a apresentação de comprovação suplementar sobre o contribuinte possuidor da documentação originária do pagamento nas condições em que a lei estabelece, especialmente porque a autoridade fiscalizadora pode obter Fl. 88DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 6 9 informação de confirmação da outra parte. Razão não há para a dissociação de ambos os polos na relação e estabelecer exigência rigorosa de um e nada de outro, porque a operação é conjunta e correspondente, com reflexos constatáveis nas informações dos dois contribuintes. Ademais, o dispositivo legal permite a comprovação por um ou outro meio, admitindo que na falta de um se faça através de outro. Não há no texto legal qualquer indicativo para a exigência das duas comprovações. Observese a clareza do texto quando diz (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99): “..., podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;”. Acrescente se, por oportuno, que o meio de pagamento ‘dinheiro vivo’ dispõe de força legal denominada ‘curso forçado’, ao contrário do ‘cheque’, por isso a importância probante de relevância no documento que quita o pagamento, seja recibo ou nota fiscal de prestação de serviço. No caso, há que se considerar a presunção de idoneidade da comprovação apresentada em obediência ao que dispõe a legislação. Mais ainda, em razão da ausência da apresentação, por parte do fisco, de indícios que coloquem em dúvida a idoneidade dos recibos apresentados pela Recorrente. Não basta a simples desconfiança do agente público incumbido da auditoria para que se obrigue o contribuinte a apresentar prova suplementar se não há elementos desabonadores da boa fé de quem usa a documentação especificada em lei para o exercício do direito à dedução na apuração do resultado tributário da pessoa física. O Código Civil, Lei nº 10.406/2002, em seu art. 219 diz que: “As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiros em relação aos signatários.” Neste sentido, os recibos em questão presumemse verdadeiros porque aceitos pelas partes contratantes identificadas no documento, de forma que não é razoável a decisão do Fisco de rejeitar os comprovantes como prova válida, sem a indicação de elementos que os desqualifiquem. Se os documentos são válidos para o prestador dos serviços oferecer os valores à tributação, os mesmos documentos deverão ser válidos também para a dedução legal de quem os recebe como comprovação de pagamentos. Por juízo subjetivo ou simples desconfiança, sem sequer a indicação de indícios de inidoneidade da documentação, não pode a autoridade lançadora fazer exigências fora dos limites da lei. O procedimento fiscal busca amparo no que dispõe o art. 73 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, para posicionar o ônus da prova unicamente no contribuinte, nos termos em que a seguir se descreve: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). (grifei) § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). (grifei) No ordenamento jurídico brasileiro o decreto regulamentador é uma norma expedida pelo poder executivo que tem como função pormenorizar os preceitos contidos na lei, dentro dos limites nela insertos, sendo considerados, por isso, atos secundários. Seu alcance cingese aos limites da lei não podendo criar situações que obrigue ou limite direitos além daqueles constantes na lei que regulamenta. Neste quesito específico das deduções de despesas médicas temos o que dispõe a Lei nº 9.250/95, em seu art. 8º, § 2º, incisos II e III, o que foi objetivamente regulamentado no Decreto 3.000/99, no art. 80, § 1º, incisos II e III. Fl. 89DF CARF MF 10 Assim, a regulamentação deste item de despesa dedutível aqui se esgota porque o objeto tratado foi abordado de forma direta e específica, não permitindo outras exigências porque a lei não concede extensões de procedimento fiscalizatório nem limitação quantitativa de direitos. Neste sentido descabe a utilização do art. 73 e seu § 1º, conforme citado no Lançamento, por se tratar de dispositivo genérico que aparece no Decreto Regulamentador no capítulo das Disposições Gerais de Deduções, vinculado ao longínquo DecretoLei nº 5.844 de 1943, muito distante no tempo e do contexto jurídico atual. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebida do que para os dias atuais. A origem do conteúdo do texto vem do período do DecretoLei acima citado (Estado Novo da era Vargas, de inspiração intervencionista do Estado na economia), mais precisamente do ano de 1943, anterior, portanto, às quatro últimas Constituições do Brasil (1946, 1967, 1969 e 1988) e, muito distante do conceito atual de Direito do Contribuinte e do Estado de Direito. Além disso, mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento ex officio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de provo, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso II, diz que “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Da mesma forma, o art. 150, inciso I, vai na mesma direção ao determinar que: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”. A verdade é que ao reduzir ou limitar deduções a Autoridade Lançadora estaria aumentando tributo sem lei que estabeleça. Estamos sob a égide da Constituição Federal de 1988 e, quando a Carta Magna menciona o termo “lei” ela se refere aquele instrumento jurídico emanado do Poder Legislativo, como órgão de representação do povo, nascido do devido processo constitucional. O decretolei, por sua vez, constituíase numa espécie de ato normativo com origem no Poder Executivo em caso de urgência ou de interesse público relevante. Ou seja, um decreto que fazia às vezes de lei que vigorou até a Constituição Federal de 1988. A doutrina aceita que o decretolei tenha valor vigorante enquanto não contrariar lei posterior. Contudo, o DecretoLei nº 5.844/1943, ao não constituirse em lei, contraria a Constituição vigente, nos dispositivos antes citados (inciso II, art. 5º e inciso I, art. 150 – CF/1988). Assim que, o art. 73 do Decreto nº 3.000/99 não encontra sustentação quando busca apoio no DecretoLei nº 5.844/1943, porque lei não é. Portanto, o juízo da autoridade lançadora não pode ser estabelecido de forma subjetiva, tampouco por critérios de proporcionalidades não definidos quanto à deduções exageradas. Tudo para o resguardo do recomendável equilíbrio da relação fiscocontribuinte e do equilíbrio do direito entre as partes na lide, a luz do ordenamento jurídico atual. A Lei não dispõe dessa parametrização e nem define de quanto deve ser essa dedução exagerada, tampouco fixa uma percentagem entre gasto com saúde e renda do contribuinte. Qual seria a quantificação razoável dessa comparação? Além disso, incabível a desconfiança fiscal de colocar em dúvida a existência de moléstia ou da necessidade de cuidados médicos ou odontológicos do contribuinte porque o que a lei realmente exige é a comprovação do pagamento da prestação de serviço. Eventual desconfiança de que o profissional teria fornecido comprovação de serviço que não prestou caracterizaria conluio entre as partes contratantes, o que não foi apontado no histórico do Lançamento. Admitirse que os recibos não representam uma Fl. 90DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 7 11 verdadeira prestação de serviço conduz à conclusão lógica de que teria ocorrido conluio entre médico e paciente, ambos contribuintes do imposto, com o objetivo de lesar o fisco, e assim estariam enquadrados em multa qualificada, o que não foi o caso apontado no Lançamento. É possível que uma família tenha gastos médicos de elevada monta em comparação com a renda de apenas um dos membros, principalmente quando há ocorrência de doença grave ou incurável em algum de seus membros. Exemplificase aqui na comparação com a renda de um só membro. Mas é comum na família dividir rendas e despesas. Seria razoável que uma família convencionasse que um dos membros ficasse responsável financeiramente pelas despesas de dependente ou própria, com alto custo continuado de despesas médicas, e outro membro ficasse responsável pela manutenção dos gastos gerais e/ou de alimentação, por exemplo. Isto seria perfeitamente legal, mesmo que um deles tivesse uma sobrecarga de deduções na sua DIRPF individual. O que não é razoável é alguém de fora, que não vivencia a situação fática, estipular quantitativos aleatórios limitativo do direito atribuído em lei. Esta ocorrência não é pouco comum. Certa vez perguntaram ao Dalai Lama: O que mais te surpreende na humanidade? Ele respondeu: “Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois gastam o dinheiro para recuperar a saúde...”. Expressão também atribuída posteriormente a Jim Brown. É a constatação, alémfronteiras, de que os gastos com saúde podem ser bem elevados se comprados com os rendimentos pessoais. Em socorro ao posicionamento que busca resguardar o direito do contribuinte tomamse emprestados os termos da doutrina que trata da necessária clareza da motivação nos atos da administração pública, trazida pelo sempre bem citado Hely Lopes Meireles, quando descreve a necessidade da motivação do ato administrativo, que assim se posiciona: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional.” No mesmo sentido a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, no seu art. 50, diz que: “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos administrativos de concurso ou seleção público; decidam recursos administrativos...”. O Novo Código de Processo Civil, embora posterior aos fatos da ocorrência do lançamento, pode ser utilizado em apoio à interpretação aqui esposada, porque mais benéfico à Recorrente, contém dispositivos pertinentes que devem ser trazidos à colação, de vez que transitam na mesma linha de entendimento que aborda a observância do direito do contribuinte de forma moderna e em consideração ao Estado de Direito. O Código avança no Fl. 91DF CARF MF 12 sentido de estabelecer o equilíbrio de forças das partes no processo de julgamento, como se vê na orientação do art. 7º, como segue: “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. (grifei) Traz reforço ainda o CPC para esse entendimento quando suaviza o posicionamento anterior que atribuía ao contribuinte, de forma quase que exclusiva, o ônus da prova, e inaugura a possibilidade das partes atuarem em prol de uma instrução colaborativa, a fim de oferecer ao julgador melhores subsídios para proferir a decisão, sem que se faça uso da regra do ônus da prova de forma unilateral. Este novo procedimento está explicitado no art. 373, da seguinte forma: § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. De forma semelhante o art. 6º do CPC reforça este entendimento colaborativo ao dizer que “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. CONCLUSÃO Cabe ressaltar que existe a possibilidade da ocorrência de pagamento dos serviços em espécie porque a moeda brasileira é de curso forçado, obrigando a todos a aceitação em dinheiro para quitação de qualquer obrigação financeira, ao contrário de outros meios de pagamento. A decisão prolatada no Acórdão da DRJ não se fundamenta na falsidade documental, mas a falta de comprovação da necessidade da prestação do serviço médico, por documentação suplementar que indique a ocorrência de moléstia, como se a Autoridade Lançadora fosse ao mesmo tempo fiscal de rendas e dos serviços de saúde. Essa exigência da Autoridade Lançadora fazse inapropriada porque a legislação não requer comprovação da enfermidade, mas sim a comprovação dos pagamentos. No que se refere a limites, o legislador os fixa quando assim o quer. Faz isso, por exemplo, no caso do imposto sobre a renda, na dedução de despesas com instrução, em que limita os gastos com despesas escolares do contribuinte e de seus dependentes, independentemente do valor total que tenha dispendido com instrução no período. No caso de despesas médicas a lei não fixa limites, portanto, desarrazoado critério definidor de quantitativo, proporcionalidade sobre a renda ou qualquer outro parâmetro que “a juízo da autoridade lançadora” possa entender como “deduções exageradas” (art. 73 e §1º do Decreto nº 3.000/99, herdados do DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º e 4º), porque a lei em vigor assim não determina e, “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (inciso II, art. 5º, CF). De entenderse que os registros do Livro Caixa do profissional que forneceu a documentação comprobatória apresentada, se respaldados em escrituração contábil ou livro caixa do profissional que forneceu a documentação comprobatória, mantidos de acordo com as normas legais e, fundados em documentos hábeis, serão validos para todos os efeitos e fazem Fl. 92DF CARF MF Processo nº 15954.000270/200884 Acórdão n.º 2001000.058 S2C0T1 Fl. 8 13 prova verdadeira em favor do cliente/paciente. Em caso de dúvida da inveracidade dos fatos registrados cabe à Autoridade Fiscalizadora auditálos. Logo, legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pelo contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Desnecessária qualquer declaração posterior firmada pelo profissional prestador do serviço porque aqueles comprovantes já comprem a função legalmente exigida. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pelo contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Por fim, incabível a exigência que perpassa a relação fiscocontribuinte no intento de comprovar a necessidade do atendimento médico sobre informações que dizem respeito tão somente a relação médicopaciente, em resguardo a intimidade pessoal na questão de saúde da pessoa fiscalizada, de vez que situações absolutamente diferentes e sem pertinência simultânea. Ressaltese que a Recorrente apresentou declarações assinadas pelos profissionais que afirmam ter prestado os serviços, em quantidades bastante elevadas naquele exercício e, em alguns casos, consta a informação de que o atendimento médico foi efetuado a domicílio. Assim, no que se refere à comprovação das despesas realizadas pela apresentação de documentação hábil estas devem ser acolhidas e aceitas como dedutível, quando relacionadas diretamente com próprio Recorrente, em consonância com o que foi exposto acima. Contudo, essa decisão não acolhe as despesas cuja documentação não foi apresentada; despesa não constante do rol daquelas amparadas legalmente; e, as despesas com pessoas não dependentes do Recorrente para efeitos fiscais. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, REJEITAR as preliminares e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO, para manter a glosa das deduções utilizadas indevidamente, conforme definido no parágrafo anterior. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Fl. 93DF CARF MF 14 Fl. 94DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.987782/2012-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009
DIREITO DE DEFESA - AVALIAÇÃO CONCRETA
Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito.
Numero da decisão: 1401-001.964
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2009 DIREITO DE DEFESA - AVALIAÇÃO CONCRETA Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 DIREITO DE DEFESA AVALIAÇÃO CONCRETA Alegações genéricas de violação do direito de defesa, sem respaldo concreto nas decisões e despachos decisórios atacados, não dão azo à anulação dessas manifestações administrativas. Ainda que o despacho decisório fosse nulo, o reconhecimento da nulidade não ensejaria a homologação da compensação sem a apreciação de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 98 77 82 /2 01 2- 12 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10880.987782/201212 Acórdão n.º 1401001.964 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento que indeferiu manifestação de inconformidade apresentada contra despacho não homologatório de compensação declarada. No referido recurso, o contribuinte alega que a decisão recorrida: 1) não considerou os princípios constitucionais da motivação e da ampla defesa, o que impediu o particular de apresentar defesa e de demonstrar a existência do crédito; 2) o princípio da motivação foi violado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação da compensação sob o fundamento de inexistência do crédito, sem qualquer outro esclarecimento, enquanto a decisão de primeiro grau aduziu que havia fundamentação fazendo menção genérica a artigos genéricos da legislação tributária; 3) essas decisões impediram a recorrente de apresentar uma defesa concreta. Com base nesses fundamentos, o recorrente pede a nulidade do despacho decisório e a homologação da compensação. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401001.937, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.658691/201272. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401001.937): Evidentemente, os princípios constitucionais concretizadores do devido processo legal, como a fundamentação dos atos e decisões, a ampla defesa e o contraditório, devem ser atendidos também nos processos administrativos. Os particulares devem ser capazes de identificar as razões que motivaram as prescrições veiculadas nas manifestações das autoridades administrativas que se refiram a seus direitos. Nesse sentido, diferentemente do alegado pela recorrente, tanto o despacho decisório, quanto à decisão de primeira instância ofereceram com especificidade os elementos aptos ao particular Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10880.987782/201212 Acórdão n.º 1401001.964 S1C4T1 Fl. 4 3 identificar com precisão as razões concretas para não ter a compensação homologada. Em primeiro lugar, a Delegacia de Julgamento não fundamenta a sua decisão com base em menção genérica a dispositivos legais. Pelo contrário, sua análise é fática e específica. A decisão recorrida aponta de forma minuciosa as razões de fato que ensejaram o despacho decisório denegatório da homologação, as quais, com efeito, constam do referido despacho. Para haver compensação, é necessário o reconhecimento do indébito tributário, o qual, uma vez indeferido, corresponde ao próprio fundamento da não homologação. Claro que o indeferimento do crédito ao qual o contribuinte considera fazer jus também deve ser motivado, mas foi e em quadro próprio que compõe o despacho decisório atacado. O despacho decisório são se restringiu, diferentemente do alegado pelo recorrente, a apontar genericamente a inexistência do indébito. Em quadro próprio, apresenta as razões fáticas para o não reconhecimento do crédito alegado. Já a Delegacia de Julgamento discorre com minúcias acerca dessas razões fáticas. Reiteramos: sua decisão acerca da motivação do despacho decisório não se restringiu a alegações genéricas calcadas em dispositivos da legislação tributário, como indevidamente o recorrente afirma em sua peça recursal. Tal estratégia é que pode ser imputada ao contribuinte, pois, ao revés de buscar demonstrar concretamente o seu direito creditório, apegase exclusivamente, tanto na manifestação de inconformidade, quanto no recurso voluntário, na tentativa de anular os atos decisórios administrativos e na esperança de que uma decisão desse jaez tivesse também a consequência de homologar as compensações declaradas. Claro que nem um, nem o outro pedido pode ser deferido. Não podemos deixar de consignar que cabe ao particular comprovar o seu direito de crédito contra o Fisco, o que poderia ter sido realizado, em face do princípio da eventualidade, até em sede recursal. Afinal, a nulidade da despacho decisório, diferentemente do pretendido pelo recorrente, não pode ter por efeitos imediatos o reconhecimento do indébito tributário. A consequência natural é a necessidade de refazer os atos nulos, o que pode ser superada com o provimento de mérito a favor do particular, nos termos do art. 59, § 3º, do Decreto nº 70.235/72: § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. Nada obstante, o contribuinte postouse numa cômoda, mas absolutamente indevida, condição de tecer alegações genéricas Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10880.987782/201212 Acórdão n.º 1401001.964 S1C4T1 Fl. 5 4 contra o despacho decisório sem envidar qualquer esforço concreto para demonstrar, no mérito, o seu direito de crédito contra o Fazenda Pública. É importante reiterar. Ainda que considerássemos nulo o despacho decisório e, conseguintemente, a decisão da Delegacia de Julgamento, tal nulidade não acarretaria o reconhecimento de indébito tributário e, conseguintemente, a homologação da compensação pretendida. Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 62DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.900689/2008-27
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003
COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS.
Na compensação declarada pelo contribuinte, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência.
DCOMP. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL.
A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo contribuinte.
Numero da decisão: 3001-000.092
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Cássio Schappo e Cleber Magalhães, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Orlando Rutigliani Berri.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Ávila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003 COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo contribuinte, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. DCOMP. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Cássio Schappo e Cleber Magalhães, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Orlando Rutigliani Berri. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Ávila e Cleber Magalhães.
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M. RAMOS FERNANDES & CIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003 COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO DOS CRÉDITOS E DÉBITOS. Na compensação declarada pelo contribuinte, os créditos serão acrescidos de juros compensatórios e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais até a data da entrega da apresentação do PER/DCOMP, na forma da legislação de regência. DCOMP. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL. A falta de equivalência entre o total de crédito e de débitos apontados como compensáveis, valorados na forma da legislação que rege a espécie, impõe a homologação apenas parcial da DCOMP apresentada pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Cássio Schappo e Cleber Magalhães, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Orlando Rutigliani Berri. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Ávila e Cleber Magalhães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 06 89 /2 00 8- 27 Fl. 68DF CARF MF 2 Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela DRJ/BELPA, que não reconheceu o direito creditório e considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. O Contribuinte, na data de 27/09/2004, apresentou PER/DCOMP declarando a ocorrência de pagamento a maior ou indevido de PIS (código 6912), através de DARF do Período de Apuração 31/10/2003, com vencimento em 14/11/2003, sendo possuidor de um crédito no valor de R$ 951,52 utilizado para compensar débito de idêntico valor do PA 11/2003 com vencimento em 14/12/2003. O Despacho Decisório (fls. 7) confirma que foi localizado nos sistemas da RFB o DARF de pagamento de PIS (cód. 6912) do PA 31/10/2003, no valor de R$ 1.459,84, sendo originalmente utilizado para pagar débito de PIS no valor de R$ 508,30 permanecendo disponível o valor de R$ 951,54. Porém, diante da insuficiência de crédito, homologou parcialmente o pedido de compensação, restando o valor a pagar de R$ 135,36 acrescido de multa e juros. Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 11), demonstrando qual valor declarado em DCTF e quais os pagamentos feitos via DARF para o 4º Trim./2003, tendo ocorrido pagamento a maior no mês 11/2003, do PA 10/2003 e junta cópia tanto da DCTF quanto dos DARFs devidamente autenticados, podendo ser representados da seguinte forma: Apuração Vencimento Valor R$ Pago. R$ Dif.Maior R$ Compensado 31/10/2003 14/11/2003 508,30 1.459,84 951,54 0,00 30/11/2003 15/12/2003 1.992,25 1.040,73 0,00 951,52 31/12/2003 15/01/2004 3.072,30 3.072,30 0,00 0,00 Conforme acórdão de fls. 46, a DRJ/BELPA julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade “Tendo em vista a transmissão do PER/DCOMP haver ocorrido após o vencimento do débito apontado, caberá incidência de multa e juros para atualização do mesmo”. E fundamenta: 5. Ocorre que a empresa, ao preencher o seu PER/DCOMP, em 27 de setembro de 2004, momento que efetivou a compensação, deixou de atualizar o seu crédito, mantendo o valor do crédito original e, principalmente, deixou de atualizar seu débito, cuja extinção, ocorrida na data da transmissão do PER/DCOMP, foi feita em atraso, cabendo a incidência dos juros Selic (aplicáveis também na atualização do crédito) e multa de mora. 6. Dessa forma, o crédito atualizado até a data da transmissão, cujo valor ficou em R$ 1.068,76, foi insuficiente para quitar o débito corrigido, restando o saldo a pagar informado no Despacho Decisório. 7. Diante do exposto, votase pela improcedência da manifestação apresentada, devendo ser mantida a decisão da Unidade de origem. O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (fls. 52) contra a decisão de primeira instância administrativa, reforçando seus argumentos já aduzidos na Manifestação de Inconformidade e contesta o fato da necessidade de atualizar débitos e créditos para a data da PER/DCOMP, pois essa obrigatoriedade só foi disciplinada pela IN nº Fl. 69DF CARF MF Processo nº 13227.900689/200827 Acórdão n.º 3001000.092 S3C0T1 Fl. 3 3 900, com efeitos a partir de 01/01/2009. Aguarda pela reforma do acórdão recorrido e o reconhecimento do seu crédito, corretamente compensado. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Cássio Schappo Relator O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A recorrente buscou através da transmissão eletrônica da PER/DCOMP nº 2663.83804.270904.1.3.044229, transmitida na data de 27 de setembro de 2004, a compensação da quantia de R$ 951,52 em razão do recolhimento a maior que o devido de PIS no código 6912, da competência 10/2003, com o valor devido da competência 11/2003. Da forma como os fatos foram apresentados e comprovados, atribuo a um equívoco a análise realizada pelo fisco, pela não homologação total da compensação pleiteada pela recorrente, como também, o julgamento e a decisão proferida pela DRJ/BEL. Ficou claro e evidente que, prevalecendo os débitos declarados pelo contribuinte em DCTF, houve o pagamento a maior de PIS código 6912 para o Período de Apuração 31/10/2003 no valor de R$ 951,52. Correto, portanto, a utilização desse valor na compensação de débito do Período de Apuração do mês 11/2003, cujo vencimento é de data posterior a existência do crédito. A DRJ/BEL não faz referência a nenhum ato legal e normativo a respeito da obrigatoriedade de atualização do débito compensado com acréscimos de multa e juros até a data de transmissão da PER/DCOMP, além de também, corrigir o crédito para a mesma data. A recorrente esclarece esse ponto, citando a Instrução Normativa nº 900 de 30 de dezembro de 2008, que disciplinou a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Vejamos o que diz o art. 36 dessa IN: Art. 36. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 72 e 73 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data de entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo administrado pela RFB será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. Fl. 70DF CARF MF 4 § 2º Havendo acréscimo de juros sobre o crédito, a compensação será efetuada com a utilização do crédito e dos juros compensatórios na mesma proporção. § 3º Aplicamse à compensação da multa de ofício as reduções de que trata o art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, salvo os casos excepcionados em legislação específica. Como os efeitos dessa medida não retroagem para alcançar atos pretéritos, como os aqui discutidos, onde temos que a data de transmissão da PER/DCOMP é de 27/09/2004, os valores envolvidos tanto o débito quanto o crédito estão fora da eficácia desse ato normativo. Diante do que foi exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário e reconhecer o direito à compensação como pleiteada pela recorrente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Voto Vencedor Conselheiro Orlando Rutugliani Berri Redator designado Com a devida licença à bem fundamentada argumentação do Ilmo. Conselheiro Relator, entendo não assistir razão ao recorrente. Do litígio O voto condutor da decisão recorrida Acórdão 0117.717 3ª Turma da DRJ/BEL expõe o que segue: Voto 4. Verificando os documentos anexados, temse que do valor do DARF pago (R$ 1.459,84), foi utilizado o montante de R$ 508,30 para quitação do débito de PIS/Pasep PA 31.10.2003, confessado na DCTF (fl. 28), restando saldo original de R$ 951,54 para utilização no presente PER/DCOMP. 5. Ocorre que a empresa, ao preencher o seu PER/DCOMP, em 27 de setembro de 2004, momento que efetivou a compensação, deixou de atualizar o seu crédito, mantendo o valor do crédito original e, principalmente, deixou de atualizar seu débito, cuja extinção, ocorrida na data da transmissão do PER/DCOMP, foi feita em atraso, cabendo a incidência dos juros Selic (aplicáveis também na atualização do crédito) e multa de mora. 6. Dessa forma, o crédito atualizado até a data da transmissão, cujo valor ficou em R$ 1.068,76, foi insuficiente para quitar o débito corrigido, restando o saldo a pagar informado no Despacho Decisório. 7. Diante do exposto, votase pela improcedência da manifestação apresentada, devendo ser mantida a decisão da Unidade de origem. Da ementa do acórdão recorrido Fl. 71DF CARF MF Processo nº 13227.900689/200827 Acórdão n.º 3001000.092 S3C0T1 Fl. 4 5 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2003 a 31/10/2003 COMPENSAÇÃO. Tendo em vista a transmissão do PER/DCOMP haver ocorrido após o vencimento do débito apontado, caberá a incidência de multa e juros para atualização do mesmo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do recurso voluntário O contribuinte, ao ingressar com recurso voluntário (fls. 52) contra a decisão vergastada, contesta os fundamentos da decisão recorrida, relativamente à atualização dos débitos e créditos constantes da PER/DCOMP, sob o fundamento de que tal regramento somente foi obrigatório a partir de 01.01.2009, quando passou a viger os efeitos da Instrução Normativa RFB 900 de 30.12.2008, razão pela qual pretende, com a reforma do Acórdão 01 17.717, exarado pela 3ª Turma da DRJ/BEL e, por conseguinte, o reconhecimento do seu crédito, corretamente compensado. Do mérito Em que pese ter absoluta razão o nobre Conselheiro Relator, quando aduz que os efeitos da IN RFB 900 de 2008, referenciada no voto condutor do acórdão recorrido, não retroagem para alcançar atos pretéritos, como os aqui discutidos, verdade é que, como a seguir verá, tal regramento sempre foi contemplado nas normas complementares que disciplinavam e continuam a disciplinar a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo ou contribuição administrados pela RFB, bem assim, nas demais normas legais. Constatase que a data do envio do PER/DCOMP é quando se formaliza a extinção do débito por compensação, de acordo com o que dispõe o artigo 74 da Lei 9.430 de 27.12.1996, abaixo transcrito: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) Portanto, a extinção do débito por compensação ocorre na data de envio do PER/DCOMP e no caso concreto é fato que o débito já estava vencido quando foi extinto pela compensação. Fl. 72DF CARF MF 6 Assim, partir da data do vencimento passaram a incidir sobre o débito os acréscimos legais, quais sejam, multa de mora e juros, nos termos do artigo 61 da já mencionada Lei 9.430 de 1996, abaixo transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º. A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º. O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Como já salientado, no recurso voluntário, o recorrente reclama do fato de a decisão recorrida haver fundamentado o indeferimento do seu pleito na IN RFB 900/2008; não obstante tal circunstância, cumpre transcrever o artigo 28 da Instrução Normativa 460 de 17.10.2004, repetido na Instrução Normativa SRF 600 de 28.12.2005 e, posteriormente na já comentada Instrução Normativa 900 de 30.12.2008: Art. 28. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 51 e 52 e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. § 1º A compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrados pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. § 2º O disposto no caput e no parágrafo único do art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, aplicase à compensação da multa de lançamento de ofício efetuada, respectivamente, no prazo legal de impugnação e no prazo legal para a apresentação de recurso voluntário, salvo nos casos excepcionados pela Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e por outros diplomas legais. Logo, os débitos vencidos, vinculados a PER/DCOMP, serão acrescidos de multa de mora, calculada a partir do primeiro dia subsequente à data de vencimento até a data da entrega do PER/DCOMP, quando se formaliza a compensação; bem como sofrerão a incidência de juros referentes à taxa SELIC, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em relação aos créditos utilizados na compensação, as regras para valoração sempre estiveram contidas nas normas complementares que disciplinam a restituição e a compensação de quantias recolhidas a título de tributo ou contribuição administrados pela RFB, a exemplo do prescrição contida no artigo 51 da já referenciada IN 460/2004, a seguir transcrita: Fl. 73DF CARF MF Processo nº 13227.900689/200827 Acórdão n.º 3001000.092 S3C0T1 Fl. 5 7 Art. 51. O crédito relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição, será restituído ou compensado com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) para títulos federais, acumulados mensalmente, e de juros de 1% (um por cento) no mês em que: I a quantia for disponibilizada ao sujeito passivo; II houver a entrega da Declaração de Compensação; III houver o consentimento do sujeito passivo para a compensação de ofício de débito ainda não encaminhado à PGFN, ressalvado o disposto no inciso V; IV houver a compensação de ofício do débito já encaminhado à PGFN para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no inciso V; V houver a consolidação do débito do sujeito passivo, na hipótese de compensação de ofício de débito incluído no Refis, no parcelamento alternativo ao Refis ou no parcelamento especial de que trata a Lei nº 10.684, de 2003, com crédito relativo a período de apuração anterior à data da consolidação. § 1º No cálculo dos juros Selic de que trata o caput, observarseá, como termo inicial de incidência: (...) III na hipótese de pagamento indevido ou a maior: a) o mês de janeiro de 1996, se o pagamento tiver sido efetuado antes de 1º de janeiro de 1996; b) a data da efetivação do pagamento, se este tiver sido efetuado entre 1º de janeiro de 1996 e 31 de dezembro de 1997; ou c) o mês subseqüente ao do pagamento, se este tiver sido efetuado após 31 de dezembro de 1997; IV na hipótese de saldo negativo de IRPJ e de CSLL, o mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. (...) § 3º Nos casos das alíneas " b" dos incisos II e III do § 1º, o cálculo dos juros equivalentes à taxa referencial Selic relativos ao mês da entrega da declaração ou do pagamento indevido ou a maior será efetuado com base na variação dessa taxa a partir do dia previsto para a entrega da declaração, ou do pagamento indevido ou a maior, até o último dia útil do mês. § 4º Não haverá incidência dos juros a que se refere o caput sobre o crédito do sujeito passivo quando: I sua restituição for efetuada no mesmo mês da origem do direito creditório; II na compensação de ofício ou declarada pelo sujeito passivo, a data de valoração do crédito estiver contida no mesmo mês da origem do direito creditório. Fl. 74DF CARF MF 8 § 5º Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos do IPI, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, bem como na compensação de referidos créditos. § 6º Não incidirão juros compensatórios na compensação do crédito de IRRF a que se referem o art. 32 e o caput do art. 33. § 7º Os juros compensatórios previstos no caput somente incidirão sobre o crédito a que se refere o § 1º do art. 33 a partir do primeiro dia do anocalendário subseqüente ao da retenção do imposto. (...) Por isso, foi apurado o saldo devedor indicado no Despacho Decisório Nº de Rastreamento 795085921, emitido em 07.10.2008, e a compensação foi parcialmente homologada. Por fim, saliento, por oportuno, que em momento algum houve qualquer desprezo ao princípio da verdade material e muito menos observase, no caso sob exame, qualquer tentativa de enriquecimento sem causa por parte do Fisco, posto que tão somente cobrase o atraso entre a data do vencimento do tributo e o seu necessário pagamento, que deu se no momento da apresentação da DCOMP 32663.83804.270904.1.3.044229, transmitida em 27.09.2004. Da conclusão Em vista do todo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 75DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.910710/2011-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do fato gerador: 23/08/2003
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.573
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Data do fato gerador: 23/08/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 23/08/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 07 10 /2 01 1- 68 Fl. 88DF CARF MF Processo nº 16327.910710/201168 Acórdão n.º 3402004.573 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo o Despacho Decisório eletrônico proferido, que, por sua vez, indeferiu o Pedido de Restituição, referente a suposto pagamento de IOF a maior no ano de 2003. Conforme o que consta do referido Despacho Decisório, o pleito foi negado tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para a quitação do débito de IOF, não restando saldo de crédito disponível para a restituição almejada. Cientificada da decisão proferida, a empresa interpôs a Manifestação de Inconformidade alegando homologação por decurso de prazo, já que ultrapassado o prazo de cinco anos entre a data de envio, tanto do Pedido de Restituição (PER) quanto da Declaração de Compensação (DCOMP) a ele atrelada, e a data de proferimento do Despacho Decisório. Com base nessas considerações requer a reforma da decisão, com a consequente homologação da compensação declarada. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme Ementa do Acórdão nº 14061.145, prolatado pela DRJ em Ribeirão Preto (SP): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 23/08/2003 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO DECLARADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integralmente alocado à débito validamente declarado em DCTF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a homologação tácita de pedido de restituição, nem previsão de perda do poder de decidir por decurso de prazo em pedidos desta natureza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão a recorrente interpôs, tempestivamente, o presente recurso voluntário, alegando as seguintes razões: (i) consta do Despacho Decisório que "foram localizados pagamentos, mas que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos do Recorrente, não restando crédito disponível para restituição". Porém, tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em dezembro/2006, operandose, portanto, a homologação da compensação em dezembro de 2011; Fl. 89DF CARF MF Processo nº 16327.910710/201168 Acórdão n.º 3402004.573 S3C4T2 Fl. 4 3 (ii) cita e transcreve como base legal, o §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), bem como, registra o Acórdão nº 3801000.530, de 29/09/2010, proferido pelo CARF nos autos do PAF nº 10830.007499/9736; (iii) conclui que, dessa forma operouse a homologação tácita em dezembro de 2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente por meio de Despacho Decisório proferido em 2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Por fim, requer que o presente Recurso Voluntário seja recebido e julgado, com a conseqüente reforma da decisão recorrida e homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.467, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.910558/201113, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.467): "1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Verificase que o Recorrente não contesta a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório. O que se discute no recurso é a alegação de homologação tácita quanto ao Pedido de Restituição (PER). 3. Análise do Pedido Como relatado, o Recorrente pede o provimento do seu recurso unicamente sob o argumento da homologação tácita do seu Pedido de Restituição (PER) nº 01445.28437.211206.1.2.046453, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Aduz que tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em 21 e 26 dezembro de 2006, respectivamente e, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, operouse a homologação tácita da compensação em 26/12/2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente, por meio de Fl. 90DF CARF MF Processo nº 16327.910710/201168 Acórdão n.º 3402004.573 S3C4T2 Fl. 5 4 Despacho Decisório proferido em 03/01/2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Fl. 91DF CARF MF Processo nº 16327.910710/201168 Acórdão n.º 3402004.573 S3C4T2 Fl. 6 5 Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. 4. Dispositivo Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 92DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.004041/2002-26
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008
TEMPLOS DE QUALQUER CULTO. ASSOCIAÇÃO CIVIL. RECEITAS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISENÇÃO.
As receitas decorrentes de atividades próprias de templos de qualquer culto e de associações civis sem fins lucrativos, conforme estabelecido no seu Estatuto Social, em consonância com os objetivos sociais para os quais foi criada, estão isentas da COFINS, sendo irrelevante o caráter contraprestacional, nos termos do artigo 14, inciso X da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001.
REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS. DECISÃO DEFINITIVA STF E STJ. ART. 62, §2º DO RICARF.
Segundo o art. 62, §2º, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543-B e 543-C do Código de Processo Civil de 1973 (ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil) devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho.
STJ. ISENÇÃO DE COFINS. RECEITAS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS.
No sentido de reconhecer aplicável a isenção da COFINS, prevista no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sobre as receitas decorrentes de atividades próprias das entidades sem fins lucrativos e da ilegalidade da IN nº 247/2002 da Secretaria da Receita Federal, pronunciou-se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento do recurso especial nº 1353111 / RS, pela sistemática dos recursos repetitivos.
Numero da decisão: 9303-005.979
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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ASSOCIAÇÃO CIVIL. RECEITAS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS. ISENÇÃO. As receitas decorrentes de atividades próprias de templos de qualquer culto e de associações civis sem fins lucrativos, conforme estabelecido no seu Estatuto Social, em consonância com os objetivos sociais para os quais foi criada, estão isentas da COFINS, sendo irrelevante o caráter contraprestacional, nos termos do artigo 14, inciso X da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. REGIMENTO INTERNO DO CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS. DECISÃO DEFINITIVA STF E STJ. ART. 62, §2º DO RICARF. Segundo o art. 62, §2º, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil de 1973 (ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil) devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho. STJ. ISENÇÃO DE COFINS. RECEITAS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS. No sentido de reconhecer aplicável a isenção da COFINS, prevista no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sobre as receitas decorrentes de atividades próprias das entidades sem fins lucrativos e da ilegalidade da IN nº 247/2002 da Secretaria da Receita Federal, pronunciouse o Superior Tribunal de Justiça (STJ) no julgamento do recurso especial nº 1353111 / RS, pela sistemática dos recursos repetitivos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 40 41 /2 00 2- 26 Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 704 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 651 a 661) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3401002.624 (fls. 635 a 642) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 28/05/2014, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 TEMPLOS DE QUALQUER CULTO ISENÇÃO. MP N. 2.158.35/01. Fl. 704DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 705 3 A isenção da COFINS prevista no art. 14, inciso X c/c com o art 13, abrange as receitas relativas às atividades próprias da recorrente. Para elucidar o ocorrido nos presentes autos, adotase o relatório da decisão recorrida, com os devidos acréscimos, nos seguintes termos: O contribuinte Associação do Senhor Jesus apresentou Pedido de Restituição protocolizado em 07 de maio de 2002, referente a COFINS do período de 10/03/1999 a 15/02/2002, no importe de R$ 225.681,06, sob alegação de que referidos valores teriam sido pagos indevidamente, já que o interessado se enquadrava no termo TEMPLO DE QUALQUER CULTO, gozando portanto, de isenção. Cumulado com os pedidos de restituição, o contribuinte apresentou pedido de compensação com débitos cadastrados nos processos 10830.004041/200226 e 10830.006462/200372. A o pedido, a Receita Federal do Brasil intimou a associação para esclarecer quais teriam sido os bens vendidos e os serviços prestados pela associação, cuja receita integrou os recursos informados em sua DIPJ. A associação prontamente respondeu à solicitação da fiscalização, informando trataremse que CD`s, DVD`s, Livros, Bíblias, todos relacionados à evangelização, com conteúdo religioso de culto católico. Quanto aos serviços, afirmou trataremse de patrocínios, anúncios na televisão, bem como na revista mensal editada pela entidade. Por fim, destacou que as receitas auferidas são aplicadas integralmente nas atividades fins da entidade. A partir destas informações, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campinas prolatou o Despacho Decisório – SEORT DRF/CPS, fls. 410 e seguintes, afirmando que a associação não possuiria direito creditório, conforme ementa que segue abaixo transcrita: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO – ISENÇÃO. MP N. 2.158.35/01 – A isenção da COFINS prevista no art. 14, inciso X c/c com o art 13, abrange tão somente as receitas relativas às atividades próprias dos contribuinte ali discriminados. Pedido de Restituição – Declarações de Compensação não homologadas. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrados pela SRF, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 706 4 compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela SRF. Ausência de Direito Creditório – As Declarações de Compensação não devem ser homologadas quando comprovada a AUSÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO a eles correspondentes. A partir do acórdão acima, o contribuinte interpôs Manifestação de inconformidade, fls. 442 e seguintes, alegando, que é possuidora da isenção da COFINS e que os produtos os quais foram por ela vendidos são sim, receita de atividade própria. Em análise à Manifestação de Inconformidade, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas, prolatou o acórdão 0522.112, 1a Turma, mantendo o indeferimento, com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 30/12/2002 ISENÇÃO. MP n. 2.15835/ 2001. A isenção da Cofins prevista no art. 13, inciso X, c/c com o art. 13, ambos da Medida Provisória n. 2.15835, de 24 de agosto de 2001 abrange tãosomente as receitas relativas às atividades próprias dos contribuintes ali discriminados. COFINS. INCIDÊNCIA. A Cofins incide sobre as receitas da pessoa jurídica de caráter contraprestacional, decorrentes das operações de aquisição e venda de livros, artigos e artesanatos, ainda que religiosos. Rest/Ress. Indeferido Comp. não homologada. Não satisfeito o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 473 e seguintes, reiterando os argumentos constantes da Manifestação de Inconformidade, reiterando que possui os requisitos para o gozo da imunidade/isenção da COFINS, nos termos do Código Tributário Nacional. O processo foi distribuído a esta Terceira Seção de Julgamento, que prolatou a resolução 3401000.569, 4ª Câmara/1ª Turma Ordinária, em 26 de setembro de 2012, resolvendo converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto vencedor do Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis. Fl. 706DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 707 5 O processo foi remetido à origem, tendo a DRF se manifestado nos autos, afirmando que não há registro de qualquer pedido de isenção na Secretaria da Receita Federal, nem mesmo constatouse a existência de Ato Declaratório de Isenção. Intimada a se manifestar, a empresa afirmou que a análise deveria se dar com relação ao Código Tributário Nacional e não quanto ao art. 55 da Lei 8.212/91 e que, apesar de não possuir o CEBAS, ela se enquadrava no termo Templo de Qualquer Culto, razão pela qual seria imune à contribuição. É o breve relato do necessário. [...] Na sequência, sobreveio decisão de provimento do recurso voluntário nos termos do Acórdão nº 3401002.624 (fls. 635 a 642) proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 28/05/2014, ora recorrido, por ter entendido o Colegiado, em síntese, que a isenção da COFINS prevista no art. 14, inciso X combinado com o art. 13, ambos da Medida Provisória nº 2.158.35/01, abrange as receitas relativas às atividades próprias do Sujeito Passivo. Em face da referida decisão, a FAZENDA NACIONAL interpôs recurso especial (fls. 651 a 661), alegando divergência jurisprudencial quanto ao entendimento posto no acórdão recorrido de que as receitas diversas, de prestação de serviços e de venda de produtos, de caráter contraprestacional, poderiam se incluir, para fins de isenção da COFINS, no conceito de "atividades próprias" de templos de qualquer culto, consoante o disposto no art. 14, inciso X, da MP nº 2.15835/01. Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou os acórdãos paradigmas nºs 20219.348 e 930300.982. Nas razões recursais, a Fazenda Nacional sustenta, em síntese, que: (a) uma vez afastado o caráter de assistência social da Contribuinte, as receitas decorrentes da prestação de serviços, ainda que relacionadas às atividadesfim, estão sujeitas à incidência da COFINS e do PIS, pois não são receitas relativas às atividades próprias; (b) nos termos do §2º, art. 47 da IN SRF nº 247/2002, as receitas derivadas das atividades próprias das entidades isentas referemse apenas às "contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores com caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento de seus objetivos sociais"; (c) o real intento dos artigos 13 e 14 da MP nº 2.15835/2001 é excluir as receitas de contraprestação financeira; (d) ao final, requer seja provido o recurso especial e restabelecido o lançamento. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 708 6 Foi admitido o recurso especial da Fazenda Nacional por meio do despacho S/Nº, de 20 de outubro de 2015 (fls. 663 a 665), proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial com relação à abrangência da isenção prevista no art. 14 da MP nº 2.15835/01. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 671 a 689) postulando, preliminarmente, a negativa de seguimento ao recurso especial e, no mérito, a sua negativa de provimento. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial da FAZENDA NACIONAL preenche os requisitos de admissibilidade do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, pois comprovada a divergência jurisprudencial suscitada quanto ao conceito de atividades próprias estabelecido no art. 14, inciso X, da MP nº 2.15835/2001, especificamente com relação às receitas de caráter contraprestacional. No mérito, a matéria em discussão restringese à análise da isenção da COFINS sobre as atividades próprias da Associação Senhor Jesus, prevista no art. 14, inciso X, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, mais especificamente sobre as receitas decorrentes da venda de CD´s, DVD´s, livros, Bíblias, todos relacionados à evangelização, com conteúdo religioso de culto católico; e da prestação de serviços de patrocínios, anúncios na televisão e na revista mensal editada pela entidade. A Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, por seu artigo 1º, instituiu a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas e aquelas a elas equiparadas pela legislação do Imposto de Renda, estabelecendo como base de cálculo o faturamento mensal. A partir de fevereiro de 1999, com a superveniência da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, nos termos do art. 8º da lei, a COFINS passou a incidir sobre a receita bruta à alíquota de 3% (três por cento). Referido diploma legal estabeleceu em seu art. 3º, §1º como sendo receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes a atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Pontuese que o Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 709 7 art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98 foi objeto de declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal e, posteriormente, revogado pela Lei nº 11.941/2009. Em 24 de agosto de 2001, foi editada a Medida Provisória nº 2.15835 (em vigor por força da Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001), que tornou isentas da COFINS, a partir de fevereiro de 1999, as receitas relativas às atividades próprias das entidades referidas em seu art. 13, dentre elas os templos de qualquer culto, nos termos do seu art. 14, inciso X: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: [...] X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Dispõe o art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835/2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. (grifouse) Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 710 8 Nos termos da legislação, portanto, os templos de qualquer culto estão isentos da COFINS quanto às receitas decorrentes de atividades próprias. A isenção está vinculada a dois pontos: à qualidade da pessoa jurídica (templo de qualquer culto; associação civil) e à natureza da atividade como sendo própria da entidade. Conforme se depreende do Despacho decisório que não homologou os pedidos de compensação transmitidos pelo Sujeito Passivo (fls. 527 a 534), a Autoridade Julgadora entendeu como sendo atividades próprias da Contribuinte tão somente aquelas elencadas no art. 47, §2º da Instrução Normativa nº 247/2002. Partindo dessa premissa, e verificando a existência de receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços, indeferiu o pedido de restituição e não homologou os pedidos de compensação, pois não estariam abrangidas pela isenção da COFINS. Por meio do protocolo da petição de 14/06/2007 (fls. 454 e 455), informou a Associação a natureza dos bens vendidos por ela e dos serviços prestados. nos seguintes termos: [...] Com relação aos bens vendidos nos anoscalendário de 1999 a 2002, tratase de: CD's, DVD's, Livros, Bíblias, todos relacionados à evangelização, com conteúdo religioso de culto católico, tais como: cd de musicas religiosas, histórias e passagens bíblicas, DVD de desenhos infantis de cunho religioso, de encontros religiosos, de musica católica, de missas, além de vendas de camisetas com temática religiosa. Quanto aos serviços prestados, dizem respeito à veiculação de patrocínios, anúncios na televisão, bem como na revista mensal editada pela entidade. Cumpre informar também, que estas receitas assim auferidas, são aplicadas integralmente nas atividades fins da entidade. [...] Sua missão é anunciar o Evangelho de Jesus Cristo através dos Meios de Comunicação. Atualmente produzimos conteúdos para a intemet (site asj, diskshop), para a revista Brasil Cristão e para a TV Século 21. Nosso propósito é levar conhecimento, informação e espiritualidade às pessoas. [...] A ASJ também tem como objetivo distribuir produtos, espirituais ou não, que ofereçam esperança, formação e informação para o homem moderno. A Distribuidora ASJ disponibiliza livros, CDs, DVDs, vídeos e tantos outros produtos que atendem a essa necessidade e que podem ser encontrados em nossa Loja Virtual (www.diskshop.com.br). [...] Fl. 710DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 711 9 As associações são pessoas jurídicas de direito privado regidas pelo ordenamento jurídico civil e pelas disposições estatutárias no atinente à sua gestão, nos termos dos artigos 44, 53 e 54, todos do Código Civil. Assim, estando as associações civis sujeitas às disposições estatutárias, para enquadramento das atividades por elas exercidas como sendo próprias imprescindível a análise do seu estatuto social. Nessa linha relacional, a Associação do Senhor Jesus, ora Recorrente, é entidade de fins não econômicos e tem como objeto social desenvolver atividades de evangelização de seus membros, dispostas em seu Estatuto Social (fls. 301 a 310), dentre elas a venda de produtos com conteúdo religioso de culto católico e a prestação de serviços através dos meios de comunicação, in verbis: Capítulo 1 Denominação e caráter Artigo 1. ASSOCIAÇÃO DO SENHOR JESUS, conhecida pelo nome fantasia de "K.V.S." e pela sigla é uma associação civil, de caráter educacional, cultural, espiritual, beneficente e assistencial, com Estatuto Social original registrado no Cartório Privativo de Registro de Pessoas Jurídicas da Comarca de Campinas, Estado de São Paulo, no Livro "Ana 08", sob o nQ 2740 em 29/04/82, registrada no Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS) do Ministério da Ação Social, através do Processo nQ 23002.000568/830, declarada Utilidade Pública Estadual pela Lei ri Q 6.512, de 26/10/1989, Utilidade Pública Municipal Lei 5481 de 11/10/1984;e inscrita no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda (C.G.C.M.F.) sob IP 51.909.786/000103 e no cadastro de exportador e importador sob nº 2.0052140.00743. Capítulo Fins. Artigo 2. A Associação não tem fins lucrativos. Seu escopo é a educação do povo através dos meios de comunicação. Artigo 3. A Associação, além do' cumprimento de suas finalidades institucionais, dedicarseá, também, às obras de promoção humana e 'social, bem como às obras educacionais e culturais, aplicando recursos e desenvolvendo atividades como: a) prestar assistência social a pessoas ou famílias carentes; b) promover cursos de especialização Ade alfabetização e educação moral e cívica; c) instituir cursos técnicos especializados; d) manter ou coordenar o sistema de casaslares para recolhimento e atendimento gratuito de menores abandonados el ou estabelecer convênios com entidades congêneres nessa área; e) promover e organizar cursos e palestras destinados à recuperação de alcoólatras e dependentes de drogas; f) executar quaisquer atividades que se enquadrem nas finalidades sociais da Entidade. Artigo 4. Para alcançar seus fins poderá a Associação produzir, distribuir, gravar, laboratoriar, duplicar, vender, importar e exportar, locar ;e exibir em , salas, de projeção fitas de videocassetes gravadas. Poderá, também, criar livrarias, postos de distribuição, venda e locação de livros, revistas, camisetas, slides, cassetes áudiovisuais, filmes, compact disc, programas de rádio e televisão. Fl. 711DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 712 10 Artigo 5. Poderá, ainda, a Associação, sempre orientada para a consecução de suas finalidades, manter filiais ou departamentos, nos quais exercerá as atividades acima mencionadas, menos importar e exportar. [...] Artigo 55. Os recursos econômicofinanceiros são provenientes: a) de contribuições dos associados; b) de suas atividades de comunicação social,educacional c cultural; c) de donativos de pessoas físicas e jurídicas; d) de rendimentos ou rendas de seus bens ou serviços; e) de Auxílios e Subvenções dos Poderes Públicos; 1) de receitas decorrentes de Contratos ou Convênios de Prestação de Serviços; g) de receitas oriundas de venda, locação de livros, revistas, discos, slides, cassetes, audiovisuais, fitas de videocassetes, filmes, compact disc e programas de Rádio e Televisão; h) de eventuais receitas, rendas ou rendimentos. Artigo 56. A totalidade dos recursos econômicofinanceiros previstos no artigo anterior, será integralmente aplicada na consecução de suas finalidades sociais, dentro do Território Nacional. Partindose do critério segundo o qual se considera própria de uma entidade a atividade desenvolvida por ela que esteja relacionada em seus atos constitutivos, certamente incluída na motivação da sua criação, indubitavelmente as receitas da venda de produtos de caráter religioso de culto católico e da prestação e serviços voltados à evangelização, glosadas pela Fiscalização, devem ser consideradas como atividades próprias da Associação do Senhor Jesus, pois compreendidas em seu Estatuto Social. Por conseguinte, estão devidamente albergadas pela isenção da COFINS estabelecida no art. 14, inciso X, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, devendo ser mantido o acórdão recorrido em sua integralidade. Ainda, nos termos do art. 111, inciso II, do Código Tributário Nacional, a legislação que disponha sobre a outorga de isenção deve ser interpretada restritivamente. No caso, a interpretação restritiva do art. 14, inciso X, da MP nº 2.15835/2001 conduz à conclusão de que a isenção de COFINS abrange todas as receitas relativas às atividades próprias das entidades, indistintamente, restando excluídas apenas aquelas não relacionadas com a finalidade para a qual a entidade foi constituída. Por esta razão, resta afastada a restrição perpetrada pelo art. 47, §2º da IN nº 247/2002 da Secretaria da Receita Federal, pois não estabelecida pelo legislador originário. Nessa esteira, temse pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça no sentido de reconhecer aplicável a isenção da COFINS, prevista no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sobre as receitas decorrentes de atividades próprias das entidades sem fins lucrativos e da ilegalidade da IN nº 247/2002 da Secretaria da Receita Federal, no julgamento do recurso especial nº 1353111/RS, pela sistemática dos recursos repetitivos (art. 543C do Código de Processo Civil de 1973, então vigente). O caso julgado em sede de recursos repetitivos, embora tenha tratado das receitas auferidas por Fundações Educacionais a título de mensalidades pagas pelos alunos da instituição de ensino como contraprestação dos serviços educacionais, traz a indicação da Fl. 712DF CARF MF Processo nº 10830.004041/200226 Acórdão n.º 9303005.979 CSRFT3 Fl. 713 11 ilegalidade da restrição contida na IN SRF nº 247/2002, art. 47, §2º, devendo ser consideradas na isenção da COFINS todas as receitas de atividades relacionadas à finalidade precípua da entidade. Por fim, a isenção da COFINS para as associações civis que prestam serviços para os quais foram instituídas, colocandoos à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos, está reconhecida no art. 15 da Lei nº 9.532/1997, aplicável à COFINS por força do art. 13, inciso IV, da MP nº 215835/01. O Sujeito Passivo enquadrase na isenção por se caracterizar como, além de templo de qualquer culto, associação civil com fins não econômicos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 713DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000467/2003-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001
OPERAÇÕES COM TERCEIROS ALHEIOS À RELAÇÃO COOPERATIVA-COOPERADO. ATOS NÃO-COOPERADOS. TRIBUTAÇÃO INCIDENTE SOBRE O RESULTADO.
Se a autuação se impôs sobre a glosa dos valores do resultado (receitas - despesas) decorrentes de atos não cooperados, consequentemente o valor do repasse aos cooperados não foi tributado, devendo tal argumento ser afastado.
Numero da decisão: 1401-002.152
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário em relação às matérias que não foram objeto de julgamento quando da prolação do Acórdão nº 197-00.013, de 15 de setembro de 2008, da 7ª Turma Especial do antigo 1º Conselho de Contribuintes, em obediência ao determinado pelo Acórdão nº 9101-002.110, de 25 de fevereiro de 2015, da 1ª Turma da CSRF.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente
(assinado digitalmente)
Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA
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RECEITA PROVENIENTE DE SERVIÇOS PRESTADOS A TERCEIRO. ATO NÃO COOPERATIVO. TRIBUTAÇÃO SOBRE O RESULTADO. Recorrente COMPROVE COOPERATIVA DE PROFISSIONAIS DE VENDAS E SERVIÇOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001 OPERAÇÕES COM TERCEIROS ALHEIOS À RELAÇÃO COOPERATIVACOOPERADO. ATOS NÃOCOOPERADOS. TRIBUTAÇÃO INCIDENTE SOBRE O RESULTADO. Se a autuação se impôs sobre a glosa dos valores do resultado (receitas despesas) decorrentes de atos não cooperados, consequentemente o valor do repasse aos cooperados não foi tributado, devendo tal argumento ser afastado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário em relação às matérias que não foram objeto de julgamento quando da prolação do Acórdão nº 19700.013, de 15 de setembro de 2008, da 7ª Turma Especial do antigo 1º Conselho de Contribuintes, em obediência ao determinado pelo Acórdão nº 9101002.110, de 25 de fevereiro de 2015, da 1ª Turma da CSRF. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 04 67 /2 00 3- 20 Fl. 703DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Livia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJO I), que, por meio do Acórdão 1212.084, de 19 de outubro de 2006, julgou procedente o lançamento fiscal. Reproduzo, por oportuno, o teor do relatório constante no acórdão da DRJ: (início da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Trata o processo de lançamento de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ, no montante de R$ 47.760,01, acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora. A Fiscalização entendeu que o serviço prestado pela Interessada, de cedente de mãodeobra a não associados, não satisfaz aos requisitos dos princípios cooperativistas, uma vez que o ato cooperativo seria caracterizado pela prestação direta dos serviços aos associados, conforme o disposto no artigo 7º da Lei nº 5.764, de 16/12/1971. Assim, quando executados serviços a tomadores não associados, caracteriza se a tributação, com observação a expressa menção que faz o artigo 111, combinado com o artigo 86, da Lei nº 5.764/71, e demais pressupostos legais, conforme extensamente descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 175 a 183. Conclui a Fiscalização que o exposto ajustase perfeitamente à hipótese de incidência, caracterizada como exclusão não autorizada na apuração do lucro real – resultado de sociedades cooperativas, motivo pelo qual foi efetuado o lançamento de ofício correspondente. Na fl. 190 a Fiscalização descreve a infração como exclusões/compensações não autorizadas na apuração do Lucro Real – exclusões indevidas – redução indevida do Lucro Real, em virtude de exclusão, não autorizada pela legislação do imposto de renda, de valores do lucro líquido do exercício. O enquadramento legal encontrase na mesma fl. 190. Cientificada da exigência em 31/03/2003, a Interessada apresentou, em 17/04/2003, por intermédio de seu representante legal, a impugnação de fls. 224 a 250, na qual alega, em síntese: a Impugnante é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, que opera exclusivamente com seus associados e, para realizar o seu objetivo social, é mister que haja a contratação de serviços a fim de que seus sócios cooperantes exerçam a atividade cooperativista; Fl. 704DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 704 3 o próprio INSS reconhece a atividade do ato cooperativo, conforme IN nº 87/2003, que reproduz; a Impugnante, dentro de sua contabilidade, pratica o ato verdadeiramente cooperativo, pois os pressupostos da legalidade mencionada no art. 4º (da Lei nº 5.764/71) são requisitos de adesão, sendo certo que todos os requisitos do artigo 15 estão estampados nas fichas de matricula dos cooperados e não poderia a Impugnante contabilizar seus atos cooperativos em separado; o ato cooperativo, pela sua importância no ordenamento jurídico brasileiro, foi elevado ao nível constitucional, por força do artigo 146, III, c, da CF/88, que transcreve; embora tenha ganhado status constitucional, o ato cooperativo praticados pelas sociedades cooperativas ainda não teve sua regulamentação por lei complementar, nos exatos termos do art. 146 da CF/88; como a lei cooperativista antecede a Constituição e esta eleva para o nível mais alto hierárquico a questão do estabelecimento de normas gerais em matéria tributária, especialmente o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas, concluise que o art. 79 da Lei nº 5.764/71, por tratar de tema eminentemente tributário, apesar de formalmente ter entrado no ordenamento jurídico por intermédio de lei ordinária, passou a ser materialmente considerado como lei complementar; o correto entendimento do que seja o ato cooperativo das sociedades cooperativas é de fundamental importância para a compreensão do que significa esse instituto; a maior particularidade das cooperativas, em decorrência de sua natureza, é a inexistência de receita como pessoa jurídica, cuja repercussão no campo tributário é enorme, especialmente levandose em conta serem prestadores de serviços aos seus cooperados. Nesse ponto está a grande diferença entre uma sociedade cooperativa e uma empresa comercial: na primeira a cooperativa age em nome de seus sócios, nas demais sociedades os sócios agem em nome da pessoa jurídica; todo o texto constitucional exige do legislador ordinário atenção ao ato cooperativo, proporcionando adequado tratamento à atividade, reconhecida como fundamental ao bom funcionamento da ordem econômica, o que, infelizmente, não se vislumbra na espécie; a essência da atividade não envolve retorno financeiro para a própria cooperativa, isto porque, segundo a doutrina cooperativista, o objetivo final é a mutualidade; não se pode admitir capacidade contributiva em sociedade que objetiva incrementar a capacidade individual de cada cooperado, sendo esta a essência do ato cooperativo, não cabendo falar em tributação que exceda àquela realizada por este mesmo cooperado; as cooperativas agem como se mandatárias fossem de seus filiados, praticando atos no interessa exclusivo destes, atos que não têm natureza de compra e venda, salvo exceções previstas na lei, mas sim de atos cooperativos; nesse compasso, todas as operações realizadas pelas cooperativas como longa manus dos cooperados, inerentes ao objeto social, estão inseridas no conceito de ato cooperativo para fins de tributação; Fl. 705DF CARF MF 4 cita a doutrina, em especial para procurar diferir o negóciofim do negócio meio; o principal ciclo operacional realizado na cooperativa de trabalho é a contratação/prestação de serviços; a presença de associados em um dos pólos do ciclo operacional, caracterizando o negóciofim, é de importância capital para a conceituação de determinada atividade como ato cooperativo; contrario sensu, a ausência do associado de forma direta, como parte das relações jurídicas decorrentes de quaisquer ciclos operacionais caracteriza a operação, de plano, como ato não cooperativo; a correta distinção entre o ato cooperativo e o ato não cooperativo é pedra fundamental para a análise da incidência ou não de tributos praticados pela sociedade cooperativa; a prática pelas cooperativas das atividades contidas nos artigos 85, 86 e 88 da Lei nº 5.764/71, por definição, é considerada como de atos não cooperativos; transcreve os artigos citados e conclui que a participação das cooperativas em sociedades nãocooperativas, em caráter excepcional, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares dependerá apenas de autorização da Assembléia Geral, convocada especificamente para esse fim; as cooperativas prestam serviços em regra, exclusivamente aos associados, praticando os atos inerentes à sua finalidade; dentro dessa atuação é útil classificar os atos cooperativos em três tipos: (1) atos principais, que circunscrevem à realização final da atividade econômica dos sócios, ou seja, do objeto da cooperativa; (2) atos auxiliares, pelos quais os associados obtêm, por intermédio da cooperativa, as condições para que possam realizar o trabalho inerente à atividade econômica composta pela cooperativa e; (3) atos acessórios, pelos quais a sociedade, indiretamente, atinge a sua finalidade; atos não cooperativos serão aqueles realizados na utilização de recursos (bens e serviços) de pessoas (físicas ou jurídicas) que atuem dentro do mesmo objeto social dos cooperados, alheios, porém, ao quadro de sócios, para o cumprimento de contratos com os usuários ou consumidores; nestes casos, ou seja, nos atos não cooperativos, a cooperativa estará prestando serviços a um não cooperado (pessoa que, pela sua qualificação, poderia se associar à sociedade), consistindo em conceder a essa pessoa uma parte da atividade (mercado de trabalho, na hipótese das cooperativas de trabalho) integrante das contratações dos próprios atos principais; assim, para se caracterizar o ato não cooperativo, a atuação da cooperativa deverá estar voltada para a prestação de serviços a uma pessoa (física ou jurídica) não cooperada, proporcionandolhe os meios para realizar os atos principais da sociedade; a autuante tomou como base de cálculo a receita da Impugnante, sendo certo que essas correspondem a atos cooperativos na forma preconizada pelo art. 79 e parágrafo único da Lei nº 5.764/71; as receitas recebidas dos tomadores de serviços destinamse aos sócios cooperantes e por isso não há qualquer fato gerador de ato cooperativo. (término da transcrição do relatório do acórdão da DRJ) Fl. 706DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 705 5 A 1ª Turma da DRJ/RJO I, por meio do Acórdão 1212.084, de 19 de outubro de 2006, julgou procedente o lançamento fiscal, conforme a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001 SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. ATOS NÃO COOPERATIVOS. A nãoincidência do IRPJ alcança, exclusivamente, o resultado dos atos cooperativos definidos em lei específica, sendo tributável o resultado das demais atividades ou operações praticadas pela entidade. São atos nãocooperativos os praticados com terceiros e/ou que impliquem operação de mercado. Lançamento Procedente Intimada sobre o teor da decisão de 1º grau, a empresa apresentou recurso voluntário em que traz basicamente os mesmos argumentos por ela indicados na peça impugnatória. Argumenta que os atos que envolvem a cooperativa, os cooperados e terceiros não podem ser vistos como atos não cooperados. De acordo com a recorrente, a cooperativa não presta serviços aos terceiros, apenas auxilia os cooperados a contratarem com tais terceiros e repassalhes o provento correspondente, não auferindo lucro nessas operações. Afirma que os repasses aos cooperados são feitos como forma de repasse dos proventos recebidos dos terceiros ou retorno das sobras no final do exercício, proporcionalmente às operações por eles realizadas. Protesta contra a natureza confiscatória da multa de ofício de 75%, aduzindo que a referida multa é abusiva. Por fim, alega que a Taxa SELIC tem natureza remuneratória e não compensatória da mora, e que são calculados na forma de juros sobre juros, o que não é admissível para fins tributários, além de que é o próprio Poder Executivo que define a Taxa SELIC, o que fere o princípio da legalidade em matéria tributária, citando jurisprudências judiciais favoráveis. A 7ª Turma Especial do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, na sessão de 15 de setembro de 2008, por meio do acórdão 19700.013, deu provimento ao recurso voluntário, com base nos seguintes fundamentos (efls. 660 a 663): A impugnação é tempestiva e dela tomo conhecimento. Enfrento primeiro as questões da multa confiscatória e da aplicação da taxa de juros SELIC aos créditos tributários, para primeiro lembrar que, de acordo com o artigo 17 do Decreto 70.235/72, as matérias não impugnadas, como essas, estão preclusas. Fl. 707DF CARF MF 6 Remanescem então para discussão nestes autos duas outras questões: na cooperativa de trabalho: 1 O relacionamento da cooperativa com pessoas jurídicas terceiras para encaminhar o trabalho dos cooperados pode ser considerado ato cooperado, portanto, isento de tributação? 2 Quer possa ou não possa, qual deve ser a base de cálculo do imposto de renda na cooperativa de trabalho? 1 Quando a cooperativa de trabalho auxilia o cooperado a vender seu serviço a pessoa jurídica dele tomadora pratica ato cooperado. Assim esclareceu o magistrado Sílvio Dobrowolski, citado pelo Ministro Garcia Vieira no RESP 36.8871PR. "Surge, em primeiro lugar, o chamado ato cooperativo, também chamado de negóciofim ou negócio cooperativo, ou ainda, os negócios internos, isto é, as relações entre a cooperativa e os cooperados. É aqui que há o recebimento das mercadorias, dos produtos dos cooperados, como exemplo que se adapta à espécie sob exame, de cooperativa de produtores rurais. Esse negócio fim, evidentemente, é o ato cooperativo básico, fundamental. Esse, é claro, normalmente correndo, não poderá se sujeitar à tributação do Imposto de Renda porque não há lucro para a pessoa jurídica. As cooperativas, para chegar a esse negóciofim, precisam praticar alguns atos com terceiros, que são os pressupostos necessários para a realização dos atos cooperativos. Se a cooperativa recebeu a produção • de um cooperado, precisa vender essa produção a terceiros. Esse tipo de negócio constitui os chamados negócios externos ou negócios de meio são os atosmeios para que se realize o ato cooperativo ou ainda negócios de contrapartida: são as vendas dos produtos recebidos para terceiros. Aí também, é claro, se está dentro da finalidade da cooperativa, pois esses atos são atos derivados do ato cooperativo, são decorrentes da função especifica das cooperativas, e por isso, normalmente, estão fora da incidência do Imposto de Renda." (grifos meus) Mutatis mutandis, é possível dizer que o ato praticado pela cooperativa para venda do serviço dos cooperados a terceiros também é um ato cooperado. A Câmara Superior de Recursos Fiscais segue o mesmo entendimento. "IRPJ E OUTROS. IRPJ SOCIEDADE COOPERATIVA DE TRABALHO: Não são alcançados pela incidência do imposto de renda os resultados de atos cooperativos. O resultado positivo de operações praticadas por atos não cooperativos, ainda que não se incluam entre as expressamente previstas nos artigos 86 a 88 da Lei nº 5.764/71, é passível da tributação normal pelo imposto de renda. O valor recebido pelas cooperativas de trabalho, por serviços prestados por seus associados, a outra pessoa ainda que não associado, é ato cooperativo, desde o serviço seja da mesma atividade econômica da cooperativa, não sendo portanto tributável em relação ao IPRJ. (Art. 146 III b da CF 88 c/c art. 45 da Lei nº 8.541/92)." Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF Primeira Turma / ACÓRDÃO CSRF/0104.740 em 14.10.2003. Publicado no DOU em: 30.06.2005. Resultado semelhante: Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF Primeira Turma / ACÓRDÃO CSRF/0104.454 em 24.02.2003. Fl. 708DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 706 7 Na mesma linha, a contrário senso, posso citar outros julgados deste Conselho. "COFINS COOPERATIVA DE TRABALHO CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS PARA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS À CLIENTELA ATO NÃOCOOPERATIVO TRIBUTAÇÃO. Não estão abrigados pela "isenção" da COFINS que era deferida às cooperativas até setembro de 1999, as receitas decorrentes de serviços prestados a terceiros não cooperados, com utilização de mão de obra de não cooperados. COFINS COOPERATIVA As deduções permitidas na base de cálculo da COFINS das cooperativas somente se aplicam às receitas e resultados decorrentes do ato cooperado. 1° Conselho de Contribuintes / 7ª. Câmara / ACÓRDÃO 10709.113 em 05.07.2007." DOU em: 31.01.2008. Mesmo julgado para o PIS/PASEP: 1º Conselho de Contribuintes / 7ª Câmara / ACÓRDÃO 10709.112 em 05.07.2007 "IRPJ E CSLL. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2000, 2001, 2004 IRPJ/CSLL SOCIEDADES COOPERATIVAS ATOS NÃO COOPERADOS TRIBUTAÇÃO As sociedades cooperativas estão amparadas pela não incidência do imposto de renda apenas em relação aos resultados positivos das suas atividades especificas, no caso, sobre os atos registrados como atos cooperativos, devendo ser levados à tributação os atos denominados como atos cooperativos auxiliares. Havendo destaque das receitas segundo a sua origem (atos cooperativos e não cooperativos) apenas sobre os atos cooperativos incide a regra da não incidência tributária." 1º Conselho de Contribuintes / 3ª Câmara / ACÓRDÃO 10323.191 em 12.09.2007 É bem verdade que a cooperativa de trabalho existe justamente para promover a cooperação de esforços na colocação dos serviços dos cooperados junto a terceiros, de forma organizada e profissional. Assim, todos os atos realizados nesse bojo são atos cooperados, nos termos inclusive da melhor jurisprudência acima citada. Dessa maneira, afasto o entendimento da DRJ para determinar que é ato cooperado a venda dos serviços dos cooperados associados à COMPROVE para pessoas jurídicas terceiras deles tomadoras, sendo que os proventos e as sobras dessa venda são isentos de imposto de renda nos termos da Lei nº 5.764/71. 2 O imposto de renda deve incidir sobre o resultado real ou as "sobras" obtidos nas atividades nãocooperadas apenas, quais sejam, a venda de serviços de nãocooperados a pessoas jurídicas não cooperadas, os juros reais das aplicações financeiras, ou a prática de qualquer outro ato comercial ou civil, que não envolva cooperados ou cooperativas associadas, e que tenha como decorrência a aferição de receitas, sendo que a contabilidade da cooperativa deve segregar os resultados dos atos cooperados e dos resultados dos atos não cooperados. No caso específico destes autos, foram apresentadas declarações de imposto de renda da cooperativa e também demonstrações contábeis. Nas declarações, a cooperativa informa que todo o seu resultado é decorrente de atos cooperados (fls. 16, 69, 103, 141). Essa observação é coerente com o quanto se acusa nas mesmas declarações com relação aos custos e receitas dos serviços cooperados (fls. 15, 67, Fl. 709DF CARF MF 8 68, 101, 102, 139, 140). Na informação prestada sobre evolução do patrimônio da cooperativa (fls. 35, 79, 166), verificase que de fato a cooperativa não retém desnecessariamente suas sobras, ou seja, distribui integralmente as sobras, guardando como "outras reservas" urna quantia reduzida perto de suas despesas administrativas anuais correntes. A autoridade fiscal preparadora aceitou essa realidade, já que se limitou a verificar, em seu Termo, que a integralidade do resultado auferido pela cooperativa nos anoscalendários autuados decorria da venda do serviço dos cooperados a pessoas jurídicas não cooperadas (fls. 183). Sob esse fundamento, que foi o único do lançamento tributário, não se sustenta a exigência fiscal, porque tais operações, como vimos, são isentas do IRPJ. Observei, às folhas 304 e seguintes, que a cooperativa apresenta seu balancete do anocalendário de 2001 e nele se observa a existência de determinadas receitas financeiras em pequena quantia (fls. 307: de uma receita total de R$ 450.491,36, R$ 22.819,47 eram receitas financeiras, ou seja, aproximadamente 5% do total das receitas), sendo que todas as demais receitas seguem classificadas como sendo receitas de atos cooperados pela colocação junto a terceiros dos serviços das pessoas associadas e cooperadas. Em princípio, a receita financeira real deveria ser oferecida à tributação pela cooperativa (vide 1º Conselho de Contribuintes / 8ª Câmara / ACÓRDÃO 10806.165 em 12.07.2000, Publicado no DOU em: 14.11.2000), mas esse não foi um fato trazido no lançamento tributário e a pedir que se redimisse o não feito agora correríamos o risco de inovar o lançamento tributário, não sendo cabível. Diante do todo o exposto, acolho o recurso para darlhe integral provimento e cancelar o lançamento tributário, reconhecendo que o fundamento do lançamento tributário carece de base legal. (destaquei) A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para reverter a decisão prolatada pela turma ordinária do antigo 1º Conselho de Contribuintes. Na sessão de 25 de fevereiro de 2015, por meio do acórdão nº 9101002.110 (efls 689 a 699), a 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) deu provimento ao Recurso Especial da Fazenda, em razão da jurisprudência firmada pelo STJ, conforme se observa nos seguintes fundamentos do voto do relator da CSRF: (início da transcrição do voto constante no acórdão da 1ª Turma da CSRF) (...) Cingese a controvérsia em saber se é legítima a tributação da integralidade das receitas da Contribuinte proveniente da comercialização com terceiros de serviços prestados por cooperados. Nada obstante se entenda adequada a conclusão do acórdão recorrido no sentido de que seriam cooperativos os atos praticados por cooperados com terceiros não associados que objetivem atendimentos sociais e a finalidade da própria cooperativa, o Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que apenas são atos cooperados aqueles celebrados diretamente entre cooperados, entre cooperativas, ou entre cooperados e cooperativa. Verbis: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RESULTADO POSITIVO DECORRENTE DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS REALIZADAS PELAS COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. ATOS NÃOCOOPERATIVOS. Fl. 710DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 707 9 SÚMULA 262/STJ. APLICAÇÃO. 1. O imposto de renda incide sobre o resultado positivo das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas, por não caracterizarem "atos cooperativos típicos" (Súmula 262/STJ). 2. A base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas (critério quantitativo da regra matriz de incidência tributária) compreende o lucro real, o lucro presumido ou o lucro arbitrado, correspondente ao período de apuração do tributo. 3. O lucro real é definido como o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária (artigo 6º, do DecretoLei 1.598/77, repetido pelos artigos 154, do RIR/80, e 247, do RIR/99). 4. As sociedades cooperativas, quando da determinação do lucro real, apenas podem excluir do lucro líquido os resultados positivos decorrente da prática de "atos cooperativos típicos", assim considerados aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais (artigo 79, caput, da Lei 5.764/71). 5. O artigo 111, da Lei das Cooperativas (Lei 5.764/71), preceitua que são consideradas rendas tributáveis os resultados positivos obtidos pelas cooperativas nas operações de aquisição de produtos ou de fornecimento de bens e serviços a não associados (artigos 85 e 86) e de participação em sociedades não cooperativas (artigo 88), assim dispondo os artigos 87 e 88, parágrafo único, do aludido diploma legal (em sua redação original): "Art. 87. Os resultados das operações das cooperativas com não associados, mencionados nos artigos 85 e 86, serão levados à conta do 'Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social' e serão contabilizados em separado, de molde a permitir cálculo para incidência de tributos. Art. 88. Mediante prévia e expressa autorização concedida pelo respectivo órgão executivo federal, consoante as normas e limites instituídos pelo Conselho Nacional de Cooperativismo, poderão as cooperativas participar de sociedades não cooperativas públicas ou privadas, em caráter excepcional, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares. Parágrafo único. As inversões decorrentes dessa participação serão contabilizadas em títulos específicos e seus eventuais resultados positivos levados ao 'Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social'." 6. Outrossim, o Decreto 85.450/80 (Regulamento do Imposto de Renda vigente à época) preceituava que: "Art. 129 As sociedades cooperativas, que obedecerem ao disposto na legislação específica, pagarão o imposto calculado unicamente sobre os resultados positivos das operações ou atividades: I de comercialização ou industrialização, pelas cooperativas agropecuárias ou de pesca, de produtos adquiridos de não associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para Fl. 711DF CARF MF 10 completar lotes destinados ao cumprimento de contratos ou para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais (Lei n. 5.764/71, artigos 85 e 111); II de fornecimento de bens ou serviços a não associados, para atender aos objetivos sociais (Lei n. 5.764/71, artigos 86 e 111); III de participação em sociedades não cooperativas, públicas ou privadas, para atendimento de objetivos acessórios ou complementares, desde que prévia e expressamente autorizadas pelo órgão executivo federal competente (Lei n. 5.764/71, artigos 88 e 111). § 1º É vedado às cooperativas distribuir qualquer espécie de benefício às quotaspartes do capital ou estabelecer outras vantagens ou privilégios, financeiros ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros, excetuados os juros até o máximo de 12% (doze por cento) ao ano atribuídos ao capital integralizado (Lei n. 5.764/71, art. 24, § 3º, e DecretoLei n. 1.598/77, art. 39, I, b). § 2º A inobservância do disposto no parágrafo anterior importará tributação dos resultados, na forma prevista neste Regulamento." 7. Destarte, a interpretação conjunta dos artigos 111, da Lei das Cooperativas, e do artigo 129, do RIR/80, evidencia a mens legislatoris de que sejam tributados os resultados positivos decorrentes de atos não cooperativos, ou seja, aqueles praticados entre a cooperativa e não associados, ainda que para atender a seus objetivos sociais. 8. Deveras, a caracterização de atos como cooperativos deflui do atendimento ao binômio consecução do objeto social da cooperativa e realização de atos com seus associados ou com outras cooperativas, não se revelando suficiente o preenchimento de apenas um dos aludidos requisitos. 9. Ademais, o ato cooperativo típico não implica operação de mercado, ex vi do disposto no parágrafo único, do artigo 79, da Lei 5.764/71. 10. Conseqüentemente, as aplicações financeiras, por constituírem operações realizadas com terceiros não associados (ainda que, indiretamente, em busca da consecução do objeto social da cooperativa), consubstanciam "atos nãocooperativos", cujos resultados positivos devem integrar a base de cálculo do imposto de renda. 11. Recurso especial da Fazenda Nacional provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 58.265/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010) Como observado pelo voto condutor do AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.221.603 – SP, da lavra do Exmo. Ministro Mauro Campbell Marques, cuja ementa abaixo se transcreve, embora se estivesse apreciando no caso hipótese de “resultado positivo das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas”, nas razões de decidir daquele precedente restou estabelecido o pressuposto de que “[...] as operações realizadas com terceiros não associados (ainda que, indiretamente, em busca da consecução do objeto social da cooperativa), consubstanciam “atos nãocooperativos”, cujos resultados positivos devem integrar a base de cálculo do imposto de renda” (REsp. n. 58.265/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 09.12.2009). Fl. 712DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 708 11 (...) (término da transcrição do voto constante no acórdão da 1ª Turma da CSRF) Após apresentar outros precedentes jurisprudenciais, o relator conclui o seguinte: (início da transcrição da conclusão do voto constante no acórdão da 1ª Turma da CSRF) Diante de todos os precedentes acima, a interpretação dos arts. 79, 86, 87 e 111 da Lei nº 5.764/71 conferida pelo Superior Tribunal de Justiça é no sentido de incluir as receitas obtidas pela cooperativa com terceiros na apuração dos tributos incidentes sobre a renda. Por tais razões, curvandose à jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça sobre a matéria, orientase voto no sentido de conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional para darlhe provimento, determinandose o retorno dos autos ao Colegiado a quo para exame das demais questões de mérito aduzidas no recurso voluntário. (término da transcrição da conclusão do voto constante no acórdão da 1ª Turma da CSRF) Como o relator foi seguido por unanimidade pela 1ª Turma da CSRF, o processo retornou a esta turma ordinária, para julgamento das demais questões de mérito, cabendo a mim sua relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relator O processo preenche os requisitos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Como visto, a Câmara Superior de Recursos Fiscais entendeu que as operações praticadas entre os cooperados e terceiros alheios à cooperativa de trabalho são consideradas como atos nãocooperados, devendo sobre eles incidir a tributação do IRPJ. Como o relator propôs o retorno dos autos a esta turma ordinária para verificação das demais questões de mérito, resta saber quais são tais questões e se verdadeiramente deixaram de ser apreciadas pela 7ª Turma Especial do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, na sessão de 15 de setembro de 2008, por meio do acórdão 197 00.013. Pois bem. Fl. 713DF CARF MF 12 Entendo que os argumentos quanto à confiscatoriedade da aplicação da multa de ofício e à ilegalidade da aplicação dos juros Selic já haviam sido enfrentados e superados pela referida turma do Primeiro Conselho de Contribuintes, vejase: Multa de Ofício e Juros Selic Como visto, a 7ª Turma Especial do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes afastou os argumentos da abusividade da multa de ofício e da ilegalidade da utilização da Taxa Selic, com base na preclusão processual, vejase (efl. 660): Enfrento primeiro as questões da multa confiscatória e da aplicação da taxa de juros SELIC aos créditos tributários, para primeiro lembrar que, de acordo com o artigo 17 do Decreto 70.235/72, as matérias não impugnadas, como essas, estão preclusas. (negritei) Isto porque o pedido só foi realizado em sede de recurso voluntário. Na peça impugnatória (efls. 225 a 251), efetivamente não constam os pedidos referentes sobre a multa de ofício aplicada. Desta forma, tal argumento foi afastado pela turma. Apenas como complemento à decisão, informo que o art. 17 do Decreto nº 70.235/1972 diz que deve ser considerada não impugnada a matéria não contestada pela impugnante: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante Outrossim, não há demonstração de uma das hipóteses de possibilidade de apresentação de argumentação/provas a destempo no processo administrativo fiscal, a teor do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Desta forma, correto o entendimento da 7ª Turma Especial do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes que concluiu pela preclusão. De outra banda, com relação à base de cálculo a ser tributada, entendo que é a única questão ainda não enfrentada, o que passo a fazer doravante: Base de Cálculo do Lançamento Subsidiariamente ao pedido de não tributação do resultado decorrente da atividade com terceiros, a recorrente pede que seja exonerado do lançamento o valor repassado aos cooperados. Pois bem. Fl. 714DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 709 13 Como se pode ver no Termo de Verificação Fiscal, a fiscalização autuou a ora recorrente baseada nos seguintes fatos (efls. 319 e 320): 2. Tratase de empresa, fundada em 08 de fevereiro de 1996, constituída sob a forma de Sociedade Cooperativa e regida pela Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, classificada como Cooperativa de Trabalho, consoante nomenclatura editada pelo sistema OBC Organização das Cooperativas Brasileiras, com atuação no segmento da atividade econômica de prestação de serviços e tem como objetivo a captação e a oferta de serviços a clientes. 3. Tais serviços prestados pela Comprove são efetuados a usuários finais/tomadores não associados, conforme documento em anexo 4. Periodicamente, a Comprove efetua pagamentos aos cooperados, a título de remuneração dos serviços por estes executados. 5. O procedimento adotado pela Comprove não satisfaz aos requisitos dos princípios cooperativistas, isto porque, atua como cedente de mãodeobra a não associados, sendo o ato cooperativo, como assim define o artigo 7º da Lei 5.764/71, caracterizado pela prestação direta dos serviços aos associados. 6. Desta feita, por não serem os tomadores dos serviços contratados, qualificados como cooperados ou associados, temse a considerar a convicção formada de que os requisitos básicos do ato cooperativo não foram satisfeitos. 7. Quando executados serviços, a tomadores não associados, caracterizase a tributação, haja vista que os serviços contratados são prestados a usuários finais não associados, com observância a expressa menção que faz o artigo 111, em combinação com o artigo 86 da Lei 5.764/71 e demais pressupostos legais elencados a seguir. Em análise da base de cálculo utilizada para o lançamento, percebese que a fiscalização tributou o valor do resultado da operação com terceiros alheios à atividade cooperada, denominados não cooperados. No Termo de Verificação fiscal (efl. 184), a fiscalização indicou os valores que foram utilizados como base de cálculo do lançamento fiscal, vejase: 43. Conforme o demonstrado, a base de cálculo compõese dos valores a seguir arrolados: Período de Apuração Base de Cálculo 1998 69.322,84 1999 42.590,57 2000 96.215,60 2001 110.271,15 Em relação aos anoscalendário de 1998 e de 1999, os valores glosados foram extraídos da linha de "outras despesas operacionais" constantes na ficha de "Demonstração do resultado" (efls. 14 e 69, respectivamente). Já em relação aos anoscalendário de 2000 e 2001, os valores glosados foram extraídos da linha de "resultados não tributáveis de sociedades cooperativas" constantes na ficha de "Demonstração do Lucro Real" (efls. 104 e 142, respectivamente) Fl. 715DF CARF MF 14 Tanto nos anos de 1998 e 1999 como nos anos de 2000 e 2001, o valor lançado referese ao resultado com a atividade não cooperada, que decorre da subtração das receitas auferidas com os custos e despesas apuradas, dentre os quais (custos e despesas) estão os valores repassados aos cooperados. Ou seja, todos os custos e repasses já foram considerados pela fiscalização e foram devidamente subtraídos da base de cálculo do lançamento. Embora nos anos de 1998 e 1999 não haja lucro líquido do exercício tampouco lucro real, o que se vê é que o resultado das operações com não cooperados são os valores constantes na linha de lucro operacional (R$ 69.322,84 e R$ 42.590,57, respectivamente). Assim, a empresa apenas escolheu um técnica diferente para excluir o valor do resultado com tais atividades: inseriu tais valores na linha (redutora do resultado) de outras despesas operacionais. Já para os anos de 2000 e 2001, a empresa preferiu apurar um lucro líquido contábil (R$ 96.215,60 e R$ 110.271,15, respectivamente) e excluir tais valores no próprio Lalur. Entretanto, como visto, o resultado almejado pela recorrente é o mesmo, qual seja, excluir da base de tributação o resultado com as operações praticadas com não cooperados. Uma vez que a fiscalização glosou o resultado, e não a receita com terceiros não cooperados, no valor lançado já foram deduzidos os repasses aos cooperados, o que vai ao encontro com o pedido da empresa. Desta feita, resta claro que o pedido da recorrente tornase insubsistente, devendo o lançamento ser mantido integralmente. Conclusão Diante do exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso voluntário em relação às matérias que não foram objeto de julgamento quando da prolação do Acórdão nº 19700.013, de 15 de setembro de 2008, da 7ª Turma Especial do antigo 1º Conselho de Contribuintes, em obediência ao determinado pelo Acórdão nº 9101002.110, de 25 de fevereiro de 2015, da 1ª Turma da CSRF. (assinado digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 716DF CARF MF Processo nº 18471.000467/200320 Acórdão n.º 1401002.152 S1C4T1 Fl. 710 15 Fl. 717DF CARF MF
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