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Numero do processo: 10880.692646/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS.
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido, porém, não o fez.
Na averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, se faz necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado.
Numero da decisão: 1301-002.701
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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W. KOGOS - PROCEDIMENTOS MEDICOS S/S LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido, porém, não o fez. Na averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, se faz necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10880.692646/2009-41 Acórdão n.º 1301-002.701 S1-C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão proferido pela DRJ, que, ao apreciar a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte, entendeu, por unanimidade de votos, julgá-la improcedente. O presente processo decorre de pedido de Declaração de Compensação, onde o contribuinte utilizou-se de crédito de pagamento a maior de IRPJ. Segundo o despacho decisório, a compensação não foi homologada porque o pagamento considerado indevido foi integralmente utilizado para extinguir débito de IRPJ, inexistindo, portanto, crédito a compensar. Irresignado, o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, informando que retificou sua DCTF, apropriando-se integralmente do valor recolhido indevidamente. Pondera que a única justificativa da RFB, ao proferir tal despacho, foi ter-se baseado na DCTF original e não considerar a DCTF retificadora, caso contrário não teria porque não homologar a compensação realizada. Estes argumentos foram apreciados pela DRJ, que decidiu pela improcedente da defesa. Anote-se que, em seu decisium, a DRJ consignou que o contribuinte não comprovou a existência do crédito declarado. Após intimado, inconformado, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, pugnando por provimento, sustentando a certeza e liquidez do crédito apresentado, pois, em sua ótica, o crédito está devidamente demonstrado através da comparação das obrigações acessórias transmitidas e DARF recolhido. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 1301-002.696, de 19.10.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.973679/2009-90. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301-002.696): O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Da análise do recurso Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10880.692646/2009-41 Acórdão n.º 1301-002.701 S1-C3T1 Fl. 4 3 Como bem apontado na decisão recorrida, a compensação prevista nos artigos 156 e 170 do CTN, e regulada pelo artigo 74, da Lei 9.430/96, constitui-se em um instrumento de extinção de crédito tributário, mediante apresentação de declaração de compensação, sob condição resolutiva de sua ulterior homologação. O contribuinte quem figura como titular da pretensão e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. No caso de pagamento indevido, que é o caso específico dos autos, o reconhecimento de seu direito creditório exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registro contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. O contribuinte trouxe aos autos apenas suas Declarações (DCTF, Dcomp e DIPJ), informando que retificou sua DCTF, e insiste na comparação das informações declaradas com o DARF recolhido, pois, a partir de tal confronto, em sua ótica, estaria comprovado o crédito que alega ser titular. Não penso assim, pois deveria ter trazido mais elementos de provas, com o escopo de demonstrar não só a origem do crédito, como sua liquidez e certeza. Além do mais, é bom que se diga que as Declarações são documentos produzidos pelo próprio contribuinte, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe-se a obrigação da recorrente de comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocadamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66. Neste ponto, acresça-se o que dispõem os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972, como segue: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) (grifou-se) Assim, o ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo este CARF, veja-se: Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10880.692646/2009-41 Acórdão n.º 1301-002.701 S1-C3T1 Fl. 5 4 “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destina-se a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.”(grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) COFINS. DCOMP. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Compete a quem transmite o Per/DComp o ônus de provar a liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas, eficazes e suficientes a essa comprovação. DCOMP. CRÉDITOS. HOMOLOGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE Cabe à autoridade administrativa autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A ausência de elementos imprescindíveis à comprovação eficaz desses atributos impossibilita à homologação. (Acórdão 3802003.395, v.u., para negar provimento ao recurso voluntário) RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. (Acórdão 3301003.192, v. u. para negar provimento ao recurso voluntário). Portanto, a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de IRPJ. Por fim, com relação ao argumento da recorrente, ao final, de que no Acórdão recorrido, foram acrescentados fatos e alegações novos e estranhos ao processo, desconhecidos da empresa recorrente, em especial por ter feito referência a Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10880.692646/2009-41 Acórdão n.º 1301-002.701 S1-C3T1 Fl. 6 5 julgamentos de outros processos de compensação, e por isso, por esta referência, sustentou que foi desrespeitado o devido processo legal, entre outros princípios; também não há que se dá razão ao contribuinte. O fato da decisão recorrida ter feito referência a outros processos que discutem a certeza e liquidez de crédito oriundo de pagamento indevido a título de IRPJ, não agride a estes princípios, e nem altera o resultado da decisão recorrida, pois não se reconhece o crédito pretendido por ausência de provas quanto ao fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte. Sendo assim, rejeitam-se suas alegações. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao presente recurso voluntário. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 109DF CARF MF Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10925.904994/2012-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO.
Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015.
A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelando-se provas precárias, insuficientes.
Numero da decisão: 3401-004.223
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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APRESENTAÇÃO DE DACON RETIFICADORA E DARF. AUSÊNCIA DE DCTF. PROVAS INSUFICIENTES. RECURSO DESPROVIDO. Em sede de pedido de restituição cabe ao contribuinte fazer prova do seu alegado direito, conforme artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I do CPC/73 (vigente à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015. A Recorrente apresentou DACON retificadora e DARF do suposto pagamento indevido, todavia, não se mostraram provas mínimas para o fim desejado, revelandose provas precárias, insuficientes. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versam os autos sobre recurso voluntário, oriundo de processo de PER/DCOMP, no qual o sujeito passivo indicou suposto crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição apurado sob o regime da nãocumulatividade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 49 94 /2 01 2- 17 Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10925.904994/201217 Acórdão n.º 3401004.223 S3C4T1 Fl. 3 2 O pedido da recorrente foi indeferido através do Despacho Decisório Eletrônico que instrui os autos, onde informouse que o pagamento indicado estava totalmente utilizado para a quitação de débitos da Contribuinte, não restando crédito disponível. Irresignada, apresentou manifestação de inconformidade defendendo que recolheu contribuições indevidamente, vez que não tinha efetuado exclusões da base de cálculo da referida contribuição, previstas em lei. Apresentou DACON retificadora onde apura saldo credor, de modo que o recolhimento feito anteriormente, mostrase indevido, logo, passível de restituição. Asseverou que, por um lapso, deixou de retificar tal informação em DCTF e que a informação em DACON é suficiente para demonstrar seu direito. Defende que a circunstância de não retificar a DCTF não inviabiliza a restituição de valores comprovadamente indevidos. Sobreveio acórdão nº 07030.975 da DRJ/FNS, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, de acordo com a seguinte ementa: COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Regularmente cientificada desta decisão, a recorrente interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário ora em apreço, onde essencialmente repisa os argumentos da manifestação de inconformidade, afirmando possuir o direito pleiteado e citando o Acórdão nº 3302002.104 do CARF como jurisprudência que entende amparar seu pleito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.207, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10925.904977/201271, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10925.904994/201217 Acórdão n.º 3401004.223 S3C4T1 Fl. 4 3 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.207): "I. Do conhecimento e admissibilidade dos recursos voluntário O recurso voluntário é tempestivo, vez que a Recorrente fora cientificada da decisão da DRJ, em 21/05/2013 (efl. 64), vindo a ser interposto recurso voluntário, 19/06/2013. Assim, preenchidos os requisitos formais de admissibilidade, dele tomo conhecimento. II. Do mérito O julgamento deste processo servirá de paradigma aos demais processos vinculados, seguindo, portanto, a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Como se viu do Relatório acima, entende a Recorrente que faz jus a compensação da contribuição para o PIS, referente ao mês de abril 2005, vez que teria o recolhido indevidamente, não excluindo de sua base de cálculo parcelas autorizadas pela legislação de regência. Para dar azo ao seu suposto direito, em 21/08/2009, apresentou DACON retificador. O artigo 16 do Decreto 70.235/72 exige que o contribuinte apresente provas documentais no momento da impugnação, porém, este E. Tribunal tem flexibilizado em razão do princípio da verdade material, possibilitando que o sujeito passivo produza provas em momento posterior. Em casos em que o contribuinte não traz qualquer prova DARF, DCTF, Livros contábeis, etc), este CARF tem entendido que tal ônus é da parte que pleiteia o crédito, dentre outros, acórdão 3401003.652, referente ao processo 13888.900243/201467, de minha relatoria, o qual também serviu de paradigma. Diz a Recorrente que tentou fazer sua DCTF retificadora logo após o despacho decisório, porém recebera informação "... (mensagem de erro) de que o prazo para a retificação de informações havia expirado." (efl. 68), porém, não há nos autos tal prova. Defende que seus créditos são advindos de ter deixado de excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS, parcelas legalmente admitidas pela legislação de regência (artigo 15 da Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10925.904994/201217 Acórdão n.º 3401004.223 S3C4T1 Fl. 5 4 MPV 2.158351; artigo 17, da Lei 10.684/20032 e artigo 1° da Lei 10.676/20033. As hipóteses de exclusão contidas nas legislações referidas são variadas, porém, a Recorrente apenas trouxe a prova no DACON, o qual não traz a origem destes créditos, ou seja, o nexo causal da retificação com a real existências destes tais créditos, ou qualquer explicação ou elemento de prova que indique com precisão o valor do pleito à restituir; e o DARF, do recolhimento supostamente indevido. Como se sabe, em sede de pedido de restituição e/ou compensação, o ônus da prova cabe ao contribuinte, por força do artigo 36, da Lei 9.874/98 c/c artigo 333, I, do CPC/1973 (vigência à época dos fatos), atual artigo 373, I, do CPC/2015, o 1 Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 2 Art. 17. Sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, e no art. 1o da Medida Provisória no 101, de 30 de dezembro de 2002, as sociedades cooperativas de produção agropecuária e de eletrificação rural poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS os custos agregados ao produto agropecuário dos associados, quando da sua comercialização e os valores dos serviços prestados pelas cooperativas de eletrificação rural a seus associados. Parágrafo único. O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. 3 Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1o As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2o Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3o O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10925.904994/201217 Acórdão n.º 3401004.223 S3C4T1 Fl. 6 5 que, no caso dos autos, no entender deste relator, não fora feito pela Recorrente. O DACON e DARF juntados pela Recorrente não são provas suficientes para comprovar, minimamente, o direito à restituição perseguido, revelandose provas precárias para este fim. Dispositivo Com estas considerações, conheço do recurso voluntário e lhe nego provimento." Registrese que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, a recorrente trouxe como provas de seu suposto crédito, apenas a DACON retificadora e DARF, sendo estes, consoante entendimento exposto, elementos insuficientes para comprovar o direito à restituição. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.720020/2008-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 05/12/2005
PROCESSO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. RENÚNCIA À DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, em função da unidade de jurisdição.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3301-004.088
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Renato Vieira de Avila, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Renato Vieira de Avila, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. RENÚNCIA À DISCUSSÃO ADMINISTRATIVA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, em função da unidade de jurisdição. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Renato Vieira de Avila, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 72 00 20 /2 00 8- 84 Fl. 100DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0737.421, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Florianópolis. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante do acórdão recorrido, em parte: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para constituição de crédito tributário no valor de [...] referente a PIS/Pasepimportação [...], Cofinsimportação [...] e juros de mora [...]. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação nº 05/13215985 em 05/12/2005 para amparar a importação de 6 unidades de pneumáticos. Impetrou o Mandado de Segurança nº 2005.38.01.0062275 perante a Justiça Federal sob o argumento de que a base de cálculo das contribuições é inconstitucional, notadamente em razão da redefinição do valor aduaneiro. Realizou o depósito em juízo dos valores das contribuições discutidos, conforme cópia dos comprovantes. Os autos de infração foram lavrados para constituição do crédito tributário questionado judicialmente que se encontra com a exigibilidade suspensa. Cientificada da lavratura dos autos de infração, a interessada apresentou impugnação na qual alega, em síntese, que: O processo administrativo encontrase prejudicado em razão da discussão judicial quanto ao mérito da incidência do PIS e Cofins na importação e do depósito judicial que estabeleceu a inexigibilidade do crédito tributário. Não há que se lançar os juros de mora, pois os valores discutidos encontramse depositados judicialmente. Requer seja julgado improcedentes os autos de infração (sic). O citado acórdão decidiu pela procedência em parte da impugnação, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 05/12/2005 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto do lançamento, importa em Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10640.720020/200884 Acórdão n.º 3301004.088 S3C3T1 Fl. 101 3 renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa. Assim, o apelo interposto pelo sujeito passivo não deve ser conhecido no âmbito administrativo. As matérias diferenciadas entre o processo judicial e o processo administrativo e impugnadas devem ser apreciadas no âmbito administrativo, desde que não tenham influência quanto ao mérito do objeto litigado judicialmente. JUROS DE MORA. DEPÓSITO PRÉVIO. Indevida a exigência de juros de mora quando realizado o depósito integral do montante dos valores suspensos antes do início de qualquer procedimento fiscal. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte É o relatório. Fl. 102DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. No mandado de segurança, discute a recorrente a base de cálculo das contribuições, onde alega ter sido ser incluído indevidamente no conceito de valor aduaneiro outras despesas impertinentes. A recorrente afirma que após a decisão recorrida: A recorrente quer ver reformada o acórdão recorrido, este que decide por" não conhecer da impugnação em relação ao PIS/Pasepimportação e à Cofinsimportação, declarando definitivo o crédito tributário a eles relativo, na esfera administrativa". E prossegue a recorrente: ... [...] A questão dos juros moratórios fora resolvida pelo acórdão recorrido, favoravelmente ao contribuinte, encerrandose a discussão, em não havendo recurso no tocante à questão. Com relação às contribuições, decidiu o acórdão recorrido pela renúncia à discussão nas instâncias administrativas da matéria posta em ação judicial, amparando se no Parecer Normativo Cosit n.º 07, de 22/08/2014 e na Súmula CARF n° 1; com o que concordo. Reproduzo parte do dito acórdão: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10640.720020/200884 Acórdão n.º 3301004.088 S3C3T1 Fl. 102 5 Em face dessa opção, o tratamento a ser dispensado ao presente processo no âmbito administrativo quanto ao mérito da questão é o previsto no Parecer Normativo Cosit n.º 07, de 22/08/2014, o qual conclui que, in verbis: Conclusão 21. Por todo o exposto, concluise que: a) a propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública, em qualquer momento, com o mesmo objeto (mesma causa de pedir e mesmo pedido) ou objeto maior, implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie interposto, exceto quando a adoção da via judicial tenha por escopo a correção de procedimentos adjetivos ou processuais da Administração Tributária, tais como questões sobre rito, prazo e competência; [...] Este é, inclusive, o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme Súmula CARF n° 1, da Portaria n° 52/2010: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (destaquei) Verificase que o disposto na alínea “a” estabelece a renúncia ou desistência às instâncias administrativas, quando da propositura de ação judicial pelo contribuinte com o mesmo objeto da autuação. No presente caso, em razão de parte dos argumentos ofertados na peça de defesa, temse caracterizada a situação de que trata a alínea “a” da conclusão do Parecer Normativo Cosit n.º 07, de 22/8/2014. [...] Tudo em consonância com o princípio da unicidade da jurisdição, este embasado no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal de 1988: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Ressalto do referido Parecer Normativo Cosit o caráter de definitividade da renúncia às instâncias administrativas, como se depreeende dos enunciados abaixo: e) a renúncia às instâncias administrativas não impede que a Fazenda Pública dê prosseguimento normal aos seus procedimentos, a despeito do ingresso do sujeito passivo em juízo; proferirá, assim, decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da decisão recorrida, e deixará de apreciar suas razões e de conhecer de eventual Fl. 104DF CARF MF 6 petição por ele apresentada, encaminhando o processo para a inscrição em DAU do débito, quando existente, salvo a ocorrência de hipótese que suspenda a exigibilidade do crédito tributário, nos termos dos incisos II, IV e V do art. 151 do CTN; [...] i)é irrelevante, na espécie, que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é definitiva, insuscetível de retratação; j) a definitividade da renúncia às instâncias administrativas independe de o recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da ação; A referida Súmula, bem como as determinações e a inteligência do citado Parecer Normativo Cosit, fazem concluir que, tendo o contribuinte proposto ação judicial, com o mesmo objeto do auto de infração em pauta; renunciou ele às instâncias administrativas; e o fez de forma definitiva; sendo incabível apreciação pelo órgão de julgamento administrativo da matéria coincidente; não havendo outra providência, a não ser, não conhecer do recurso voluntário. Assim, por todo o exposto, não conheço do recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.002492/2004-79
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE.
Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
Numero da decisão: 9303-006.217
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto de Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto de Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
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PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 03 0. 00 24 92 /2 00 4- 79 Fl. 233DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 3 2 (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto de Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3101001.216 – objeto de embargos de declaração opostos pela Fazenda contra acórdão nº 3101000779, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para: · Afastar o impedimento ao uso do benefício em face da saída de produtos NT; · Desconsiderar a vedação de se incluir na base de cálculo do crédito presumido as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de pessoas físicas ou de cooperativas; · Determinar o retorno dos autos ao órgão julgador de primeira instância para apreciar as demais questões de mérito. O Colegiado, assim, consignou acórdão com a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2003 a 31/03/2003 IPI RESSARCIMENTO. EXPORTAÇÃO. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO PISPASEP E COFINS. CONCEITO DE RECEITA DE EXPORTAÇÃO. A norma jurídica instituidora do benefício fiscal atribui ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para definir "receita de exportação" e para o período pleiteado a receita deve corresponder a venda para o exterior de produtos industrializados, conforme fato gerador do 1P1, no sendo confundidos com produtos "NT" que se encontram apenas fora do campo abrangido pela tributação do imposto. "IPI — CRÉDITO PRESUMIDO — RESSARCIMENTO — AQUISIÇÕES DE PESSOAS FISICAS E COOPERATIVAS — A base de cálculo do credito Fl. 234DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 4 3 presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários, e material de embalagem referidos no art. 1° da Lei n° 9.363, de 13.12.96, do percentual correspondente A. relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador (art. 2° da Lei n° 9.363/96). A lei citada referese a "valor total" e não prevê qualquer exclusão. As Instruções Normativas nºs 23/97 e 103/97 inovaram o texto da Lei n° 9.363, de 13.12.96, ao estabelecerem que o crédito presumido de IN será calculado, exclusivamente, em relação as aquisições efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas à COFINS e as Contribuições ao PIS/PASEP (IN n 23/97), bem como que as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem adquiridos de cooperativas não geram direito ao credito presumido (TN n° 103/97). Tais exclusões somente poderiam ser feitas mediante Lei ou Medida Provis6ria, visto que as Instruções Normativas são normas complementares das leis (art. 100 do CTN) e não podem transpor, inovar ou modificar o texto da norma que complementam.” Irresignada, a Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração face ao decidido no acórdão 3101000.779 que proveu parcialmente o recurso voluntário para afastar o impedimento do uso do benefício da saída de produtos classificados como NT na TIPI, por estar afastados do campo de tributação, mas, não afastados do fato gerador do IPI. Traz o pedido de sobrestamento do recurso voluntário. Em acórdão de embargos 3101001.216 refletiuse que o Colegiado, por unanimidade de votos deu parcial provimento aos embargos de declaração para rerratificar o acórdão embargado, sem efeitos infringentes, e DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO para: · Incluir na receita bruta de exportação os produtos exportados pela Recorrente, ainda que classificados como NT na TIPI; · Afastar a glosa dos créditos referentes à aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem de pessoa físicas e cooperativas; e Fl. 235DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 5 4 · Determinar o retorno dos autos do processo ao órgão julgador de primeira instancia para análise das demais questões de mérito. Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial por divergência contra o acórdão embargado, alegando que no presente caso ocorreu exportação de produtos com notação NT e que, por conseguinte, não devem ser considerados industrializado, ficando “fora” da incidência do IPI. O que se conclui que o sujeito passivo não faz jus ao crédito presumido de IPI estabelecido pela Lei 9.363/96. Em Despacho às fls, 179 a 181, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, entre outros, que: · A Lei 9.363/96 não deferiu o crédito presumido apenas para o industrial, nem tampouco o limitou aos produtos industrializados exportados; · A Lei visou criar um benefício fiscal que abrangesse indistintamente todas as empresas produtoras e exportadoras de produtos nacionais desde que passe por um “processo produtivo”, aumentando, assim, sua competitividade no mercado internacional. Requer o sujeito passivo a mantença do acórdão atacado, o qual reconheceu o crédito encapsulado no pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI, reformando na parte vencida para reconhecer a atualização monetária pela taxa Selic desde a protocolização do pedido. O sujeito passivo também apresentou Embargos de Declaração contra o acórdão 310100779, alegando omissão e determinando a incidência da Selic ao crédito da embargante desde o protocolo dos pedidos de ressarcimento, quando não, caso se entenda que não há omissão a ser sanda, a atribuição de efeitos infringentes a este recurso e a reforma do acórdão, determinando a aplicação da Selic desde o protocolo administrativo. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 6 5 Em acórdão de embargos nº 3101001.741, o Colegiado, por unanimidade de votos, negou provimento aos embargos de declaração. Em Despacho à fl. 224, foi proposta a rejeição liminar dos embragos, com base no art. 65, § 3º, do RICARF – com o de acordo com Presidente da Turma. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que o recurso deva ser conhecido, conforme reza o art. 67, Anexo II, do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015. O que concordo com o Despachos de Admissibilidade. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre a questão posta em recurso, qual seja, se o sujeito passivo tem ou não direito ao crédito previsto na Lei 9.363/96; ou seja, se haveria ou não a possibilidade de se reconhecer o direito à fruição do incentivo fiscal instituído pela Lei 9.363/96, crédito presumido de IPI, como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, às pessoas jurídicas que elaboram produtos cuja notação na TIPI é NT (não tributado) No que tange ao crédito presumido de IPI, entendo que o sujeito passivo, em razão da exportação e industrialização, possui o direito ao crédito fiscal do período de 1997, nos termos da Lei 9.363/96. Dessa forma, importante analisar se a caracterização da pessoa jurídica requerente como estabelecimento industrial, à luz da legislação do IPI, poderia influir no direito ao incentivo fiscal. Para tanto, trago o art. 1º da Lei 9.363/96: Fl. 237DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 7 6 “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. ” Somente com a leitura desse dispositivo, é possível, a princípio, entender que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, não circunscrevendo seu alcance aos produtos industrializados. Não obstante, vêse que a Lei trouxe que, para a fruição do crédito presumido do IPI a dependência de as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam utilizadas no processo produtivo. Nesse ínterim, vêse que a Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS e a COFINS considerou o processo de produtivo ou seja, a industrialização desses materiais, para fins de se produzir determinado produto a ser exportado. Vêse que o crédito presumido do IPI tem o escopo de ressarcir o contribuinte, do montante pago a título de PIS e COFINS, em todas as operações em que este adquiriu insumos, com o intuito de empregálos na produção de mercadorias exportadas. O dispositivo em referência, trouxe efetivamente um benefício às empresas que industrializam produtos e os vendem para o mercado externo. E, ademais, notase que não condiciona tal fruição para produtos tributos pelo IPI. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 8 7 Ou seja, o crédito trazido pela Lei não delimita o alcance do benefício aos contribuintes do IPI. A Lei n° 9363/96, em seu artigo 1º estabelece que o requisito para a fruição do direito ao crédito presumido é a produção e exportação de mercadorias nacionais, sendo irrelevante que o produto esteja ou não sujeito ao IPI. Ademais, importante recordar que o sujeito passivo adquire geodos de pedras bruta, passando por todo o processo de corte, queima, transformação das pontas da ametista em citrino, transformando a pedra bruta em pedra preciosa para confecção de jóias, antes de serem exportadas, passaram efetivamente ppor um processo produtivo industrial. Conforme laudo acostado aos autos, a atividade desenvolvida pelo sujeito passivo é típico processo produtivo. Nesse processo, as pedras passam pela fase de debulhamento = onde os geodos são desmontados através de equipamentos especiais para a separação de cristais. Posteriormente, são transferidas para a fase de tratamento térmico – para fins de outorga de tendências alaranjadas, avermelhadas ou amarronadas. E, por fim, a fase de martelamento para retiradas das partes não aproveitáveis do cristal para lapidação. Somente após as três etapas, modificando a natureza das pedras – que essas serão comercializadas no mercado interno e externo. O que, por conseguinte, impossível ignorar que o caso vertente trata de processo de industrialização. Em vista do exposto, nego provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 239DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas tenho entendimento diferente a respeito do assunto. Tratase de matéria antiga no âmbito do contencioso administrativo e a controvérsia resumese em saber se há a possibilidade de aproveitamento de crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, na produção e exportação de produtos classificados na Tabela do IPI com notação "NT" (não tributados). Preliminarmente é importante ressaltar que entendo que o crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, é um benefício fiscal concedido aos produtores/exportadores de produtos nacionais, e, nessa circunstância impõese a interpretação literal dos dispositivos legais nos termos do art. 111 do CTN. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal[44]. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Fl. 240DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 10 9 Assim, o direito excepcional[45] deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Analisemos então o que consta da Lei nº 9.363/96 que instituiu o benefício do crédito presumido: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º .... Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nesse momento é importante destacar que a lei determinou o benefício para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Se quisesse abarcar todos os exportadores, não necessitaria de incluir a palavra produtora. Seria inócuo. E ao incluir a palavra produtora, determinou no parágrafo único do art. 3º que deve ser utilizada a legislação do IPI para a busca da definição do que se entende por produção. Sendo assim, a legislação do IPI não considera estabelecimento industrial, ou produtor, para fins do tributo, aqueles que produzem produtos que estão fora do seu campo de incidência. Veja como o Regulamento do IPI disciplina a matéria. Transcrevese abaixo artigos Fl. 241DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 11 10 do RIPI/98 que era o vigente à época dos fatos, mas nada mudou a respeito deste assunto no atual regulamento: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 9.493, de 10 de setembro de 1997, art. 13). (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). Do conjunto dessa leitura, concluise que os produtos "NT" (NÃO TRIBUTADOS) estão fora do conceito de produtos industrializados estabelecidos pela legislação do IPI. Assim, quem os produz, não são considerados estabelecimentos industriais para fins dessa legislação. Assim vem decidindo este colegiado. Para um melhor entendimento transcrevo abaixo trecho de um voto do exConselheiro Henrique Pinheiro Torres proferido no Acórdão nº 20216.066: (...) A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 1º da Lei n° 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque os estabelecimentos processadores de produtos NT não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do art. 3º da Lei nº 4.502/1964, considera se estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI com a notação NT Fl. 242DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 12 11 (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtoresexportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal beneficio, nem mesmo as trading companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à aliquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto créditoprêmio de IPI conferido ao industrial exportador, e o direito à manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o beneficio alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do art. 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI. (...) Cumpre lembrar também recente decisão desta CSRF no Acórdão nº 9303 003.462, de 23/02/2016, relatoria do Presidente da 3ª Seção de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que ficou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 IPI. CRÉDITOS. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, Lei nº 9.363/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Fl. 243DF CARF MF Processo nº 11030.002492/200479 Acórdão n.º 9303006.217 CSRFT3 Fl. 13 12 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 244DF CARF MF
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Numero do processo: 13820.000147/2003-49
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO APLICÁVEL AO PLEITO.
Conforme a Súmula CARF 91, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005 o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador, ao que se subsume o presente caso, uma vez que o pedido de restituição foi encaminhado em 26.02.2003 para a recuperação de saldo negativo de 1996.
Numero da decisão: 9101-003.122
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO APLICÁVEL AO PLEITO. Conforme a Súmula CARF 91, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005 o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador, ao que se subsume o presente caso, uma vez que o pedido de restituição foi encaminhado em 26.02.2003 para a recuperação de saldo negativo de 1996.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra.
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DECADÊNCIA. Recorrente GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO APLICÁVEL AO PLEITO. Conforme a Súmula CARF 91, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 09 de junho de 2005 o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador, ao que se subsume o presente caso, uma vez que o pedido de restituição foi encaminhado em 26.02.2003 para a recuperação de saldo negativo de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 82 0. 00 01 47 /2 00 3- 49 Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de pedido de restituição (Efls. 1 ss.) apresentado em 26.02.2003 diante do recolhimento indevido de IRRF em 19.12.2001, referente à retenção sobre o “abono de aposentadoria” de alguns funcionários, quando deveria ter efetuado o depósito em juízo em seu favor, pleito este negado pelo Despacho da Delegacia da Receita Federal em Santo André/SP (Efls. 42 ss.), com fundamento (i) em questão de natureza e valor do crédito e também (ii) na decadência do direito à restituição. Insurgindose, a Recorrente apresentou recurso (Efls. 48 ss.), recebido como manifestação de inconformidade, sustentando duas linhas argumentativas: (i) “restou comprovado nos autos a ocorrência de pagamento em duplicidade em favor do Poder Judiciário e da Receita Federal. Isto porque, por força do Oficio n. 1287/01, expedido nos autos do Mandado de Segurança ajuizado por Pedro Diomar Manhani e outros contra ato do Sr. Delegado da Receita Federal em Santo André, processo n° 98.536817, em trâmite perante a 4a Vara da Justiça Federal em São Paulo, a empresa, ora suplicante, efetuou depósito judicial, em 19.12.01, no valor de R$ 4.212,48 (quatro mil, duzentos e doze reais e quarenta e oito centavos), código da receita 7431, referente à retenção do imposto de renda sobre a verba "Abono Aposentadoria" dos impetrantes Pedro Diomar Manhani e José Sérgio Bofette, inscritos no CPF sob o n° 376.960.17853 e 046.726.64848, respectivamente. A expedição do oficio judicial mencionado teve origem no fato de que a empresa, ora suplicante, por lapso, apesar da ordem judicial de se efetuar o depósito a favor daquele MM. Juizo, repassou os valores correspondentes ao Imposto de Renda calculado sobre o Abono Aposentadoria, diretamente à Receita Federal. Logo, resta evidente que os valores pagos a Receita Federal devem ser restituídos à ora Suplicante, que atendeu a ordem judicial, disponibilizando em juizo, relativamente àquele impetrante, os valores correspondentes. A própria decisão reconhece que houve o recolhimento indevido à Receita Federal, no entanto, declara equivocadamente que a suplicante detém somente o crédito de R$ 1.617,21 (hum mil, seiscentos e dezessete reais e vinte e um centavos). Todavia, a ficha financeira do impetrante, em confrontação com as Guias DARF, anexas ao pedido de restituição, as quais apontam o valor do Imposto de Renda apurado, valor compensado, e valor recolhido, permitem a apuração do recolhimento indevido, o qual deverá ser restituído integralmente, com os devidos acréscimos legais e juros pertinentes.” (ii) “Ainda, ao contrário da r. decisão proferida pelo SEORT de Santo André, Fl. 132DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 4 3 não há que se falar em prescrição, eis que o depósito judicial foi efetuado em 19.12.01 e o pedido de restituição formulado em abril/2002, portanto dentro do prazo previsto pela legislação em vigor. Nem mesmo com relação à data do ajuizamento da ação judicial poderia se alegar a prescrição, eis que se deu no ano de 1998, e o pedido de restituição em abril de 2002, e não em 26/02/2003, conforme consta da r. decisão. Ocorre que, após a apresentação do pedido de restituição, em abril de 2002, foi proferido despacho pelo Chefe do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário, determinando que o pedido de restituição fosse feito através do "site" da Receita Federal, cópia anexa. Assim, não obstante o pedido tenha sido feito em abril de 2002, a suplicante somente o fez novamente em 26/02/2003 para atender as exigências burocráticas da Secretaria da Receita Federal. Resta, portanto, superada a questão de que o pedido foi ajuizado em abril de 2002.” Com o acórdão n. 1615.363, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas (Efls. 54 ss.) indeferiu o pleito do contribuinte, sob o fundamento de inexistência de duplicidade de pagamento e decadência com base no prazo decadencial de cinco anos, contando com a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1996 Compensação Indevida. Indébito Tributário. Apesar de o pagamento e a compensação serem modalidades de extinção do crédito tributário, os demais efeitos deles decorrentes não podem ser confundidos, sob pena de afronta a outros dispositivos legais. Se, em caso de pagamento indevido, o direito creditório do sujeito passivo surge com o próprio pagamento, a compensação indevida não faz nascer um novo crédito em favor do sujeito passivo, mas apenas disponibiliza o mesmo crédito utilizado para compensações futuras, se ainda passível de utilização, nos termos da legislação. Decadência. Indébito Tributário. Saldo Negativo de IRPJ. A contagem do prazo decadencial do direito de o contribuinte requerer administrativamente o reconhecimento do indébito relativo ao saldo negativo do IRPJ do Ano calendário de 1996, teve por termo de inicio o dia de 1° de abril de 1997, tendo se expirado em 1° de abril de 2002, haja vista o prazo de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. Solicitação Indeferida” Mais detalhadamente, resume a referida decisão o acórdão recorrido: “Em suas razões de decidir, após analisar a documentação acostada aos autos, ressaltaram os julgadores que confrontando as informações da ficha financeira com as constantes nos Darf e nas planilhas de fls. 32/33, verificase que se o pagamento das verbas de abono de aposentadoria foram pagas ao Sr. Pedro Diomar Manhani, em 31/12/1998, o Darf e as informações necessárias à elucidação do caso são as constantes no Darf de fls. 17 (1a. semana de janeiro de 1999, com vencimento em 06/01/1999) e não do Darf de fls. 18 (la semana de dezembro de 1998). Dessa forma, entenderam que o valor da retenção de imposto teria sido extinto por meio de compensação com o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de Fl. 133DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 5 4 1996, conforme planilha de fls. 33. Sendo assim, destacaram os julgadores que agiu corretamente à DRF, tendo em vista que não ficou caracterizada a duplicidade de pagamentos invocada pela contribuinte em sua defesa. Nesse sentido, consignaram que apesar do pagamento e da compensação serem modalidades de extinção do crédito tributário, os demais efeitos deles decorrentes não podem ser confundidos, sob pena de afronta a outros dispositivos legais. Ressaltaram, ainda, que no caso do pagamento indevido, nos termos da legislação tributária, o direito creditório da contribuinte surge corn a extinção do crédito tributário, que se dá na data da ocorrência do pagamento. Por sua vez, a compensação indevida não faz nascer um novo crédito em favor do sujeito passivo, mas apenas disponibiliza o mesmo crédito utilizado para compensações futuras, se ainda passível de utilização, nos termos da legislação. Verificada a compensação indevida dos valores das retenções de fonte da semana de janeiro de 1999, deve ser novamente disponibilizado o crédito ali 1a. utilizado, que, de acordo com a documentação juntada pela própria contribuinte, teria origem no saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1996. Tendo em vista que o crédito discutido teve origem no saldo negativo do ano calendário de 1996, os julgadores transcreveram o art. 40, da Lei n° 8.981/1995, com redação dada pela Lei n° 9.065/1995, para então concluir que o direito a restituição / compensação dos valores pagos a maior apurados na Declaração de Ajuste foi condicionado ao término do prazo de entrega da DIRPJ correspondente, na qual estaria demonstrada a determinação do indébito tributário. Sendo assim, entenderam que o prazo decadencial do direito da contribuinte requerer administrativamente o reconhecimento do indébito relativo ao saldo negativo do IRPJ do anocalendário de 1996, teve por teimo de inicio o dia de 1° de abril de 1997, tendose expirado em 1o. de abril de 2002, haja vista o prazo de cinco anos, previsto no art. 168, I, do CTN. Pelo exposto, os julgadores de primeira instância indeferiram o Pedido de Restituição e declararam a decadência do direito creditório da contribuinte.” A contribuinte apresentou recurso voluntário (Efls. 65 ss.), basicamente renovando as razões postas em sua manifestação de inconformidade quanto à necessidade de restituição integral do valores repassados indevidamente à Secretaria da Receita Federal e ausência de decadência do exercício desse direito, assim descrito pelo acórdão recorrido: “Restou comprovado nos autos o equivoco cometido pela empresa nos autos do Mandado de Segurança IV 98.536817, através do Oficio n° 1287, urna vez que ao invés de efetuar o depósito em favor do Juizo, o fez ern 19.12.2001, no valor de R$ 4.212,48, em favor da Receita Federal sob o código 7431. Esclarece que sua ficha financeira em confronto com os DARF's anexos ao Pedido de Restituição, os quais apontam o valor do IR apurado, valor compensado e valor recolhido, permitem a apuração do recolhimento indevido, o qual deverá ser integralmente restituído para a contribuinte, acrescidos dos encargos legais. Afluia que ao contrário do que entenderam os julgadores de primeira instância, não houve extinção por meio de compensação corn o saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 1996. Dessa forma, reafirma que não há que se falar em prescrição ou decadência de Fl. 134DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 6 5 seu direito, uma vez que o deposito foi efetuado em 19.12.2001 e o Pedido de Restituição foi formulado em abril de 2002. Nesse sentido, esclarece que apresentou Pedido de Restituição, em abril de 2002, tendo sido proferido despacho pelo Chefe do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário, determinando que o pedido fosse feito através do "site" da Receita Federal, conforme comprova o documento em anexo. Dessa forma, objetivando cumprir a exigência imposta pela própria Receita Federal, a contribuinte apresentou em 26.02.2003 novo Pedido de Restituição, requerendo ao final a restituição integral do valor recolhido indevidamente.” O recurso voluntário foi julgado pelo acórdão n. 10196.558 (Efls. 68 ss.), que, segundo o voto vencedor, aplicou o prazo decadencial de cinco anos, sem abordar questões relativas à certeza e liquidez do crédito, diferentemente do voto vencido, que além de adotar a “tese dos cinco mais cinco”, sugeria a conversão do julgamento em diligência para a verificação do crédito, diante de algumas considerações feitas sobre ele em si. A contribuinte interpôs, então, recurso especial (Efls. 78 ss.) tratando da questão do pagamento em duplicidade e requerendo a restiuição integral dos valores recolhidos indevidamente à SRF e, no seu curso, busca demonstrar divergência entre a decisão recorrida e os acórdãos n. 30239.132 e 30238.898, escolhidos como paradigmas por adorarem o prazo decenal para a contagem da decadência. O recurso foi recepcionado por despacho de admissibilidade (Efl. 105 ss.), que deu lhe seguimento por compreender haver divergência entre o acórdão recorrido e o paradigma n. 30239132, não se manifestando sobre o outro apresentado como tal, acórdão n. 30238898, ao qual fez menção. Por fim, a Fazenda Nacional ofereceu contrarrazões (Efls. 108 ss.) sustentando a impossibilidade de conhecimento do recurso, porque a recorrente pretenderia a reanálise de provas, o que não competiria à Câmara Superior de Recursos Fiscais, e requerendo o seu não provimento, quanto ao mérito, por aplicação do prazo decadencial de cinco anos contados do pagamento antecipado. Passase, assim, à apreciação do recurso. Voto Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora Conhecimento do Recurso Especial Fl. 135DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 7 6 O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, (1) na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (i) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (ii) decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; (iii) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF; ou (2) de sua interposição, tenha sido reformado na matéria que aproveitaria ao recorrente. Voltandose ao caso concreto, entendese que preenchidos os requisitos regimentais para o conhecimento do recurso, que, se ressalva, limitase à divergência quanto à contagem do prazo decadencial, razão pela qual não se acolhe o argumento deduzido pela Fazenda Nacional quanto à impossibilidade de seguimento do recurso, porque se estaria pretendendo a reanálise de provas, uma vez que isso eventualmente seria consequência a cargo da turma a quo, a depender do resultado do julgamento, mas não algo a ser realizado por este colegiado. Registrase, ainda, que não obstante o despacho de admissibilidade tenha se manifestado apenas quanto a um dos paradigmas apresentados, acórdão n. 30239132, não analisando o acórdão n. 30238898, malgrado a ele tenha feito menção, como se entende possível o conhecimento por um deles, tratando de tese simples de ser verificada a contraposição, entendese possível o prosseguimento do julgamento sem que se demande a complementação da admissibilidade, ao menos que algum julgador não o conheça. Assim sendo, VOTASE POR CONHECER o Recurso Especial. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 8 7 Mérito Tratase de pedido de restituição encaminhado em 2003 para a compensação de saldo negativo de 1996, pleito este que, por formulado anteriormente à vigência da Lei Complementar n.118/05, deve observar o prazo decenal correspondente aos cinco anos decadenciais para o lançamento de ofício/homologação tácita do pagamento antecipado, somado de mais cinco anos prescricionais para o pedido de restituição, nos termos do que decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 566.621, sob a sistemática do artigo 543B, §3º, do Código de Processo Civil: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede Fl. 137DF CARF MF Processo nº 13820.000147/200349 Acórdão n.º 9101003.122 CSRFT1 Fl. 9 8 iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Subsumese, portanto, a questão, à Súmula CARF 91, de obrigação vinculada deste colegiado, nos seguintes termos: “Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” Assim sendo, votase por DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da contribuinte, determinadose o retorno dos autos à turma a quo para apreciar a questão da comprovação e a liquidez e certeza do crédito discutido, porque considerado não decaído por este colegiado. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 138DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720327/2005-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001
Ementa:
PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA MP N. 2.158-35. TRIBUTAÇÃO DO ATO COOPERADO.
É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma.
PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.715/98. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR PARA A INSTITUIÇÃO DO TRIBUTO FRENTE AS COOPERATIVAS.
É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma.
PIS. DEDUÇÕES LEGAIS. ART. 15 DA MP N. 2.158-35/2001.
Comprovado que a fiscalização deixou de promover exclusões legais sobre o crédito tributário lançado, o montante exigido deve ser parcialmente exonerado para esse fim.
MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
No caso de lançamento de oficio, a autuada está sujeita ao pagamento de multa sobre os valores do tributo devido, nos percentuais definidos na legislação de regência.
Recurso voluntário provido em parte. Crédito tributário mantido em parte.
Numero da decisão: 3402-004.768
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos exatos termos do relatório fiscal de diligência (fls. 7.518/7.523).
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 Ementa: PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA MP N. 2.158-35. TRIBUTAÇÃO DO ATO COOPERADO. É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.715/98. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR PARA A INSTITUIÇÃO DO TRIBUTO FRENTE AS COOPERATIVAS. É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. PIS. DEDUÇÕES LEGAIS. ART. 15 DA MP N. 2.158-35/2001. Comprovado que a fiscalização deixou de promover exclusões legais sobre o crédito tributário lançado, o montante exigido deve ser parcialmente exonerado para esse fim. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. No caso de lançamento de oficio, a autuada está sujeita ao pagamento de multa sobre os valores do tributo devido, nos percentuais definidos na legislação de regência. Recurso voluntário provido em parte. Crédito tributário mantido em parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos exatos termos do relatório fiscal de diligência (fls. 7.518/7.523). Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. Diego Diniz Ribeiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 Ementa: PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA MP N. 2.15835. TRIBUTAÇÃO DO ATO COOPERADO. É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. PIS. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 9.715/98. NECESSIDADE DE LEI COMPLEMENTAR PARA A INSTITUIÇÃO DO TRIBUTO FRENTE AS COOPERATIVAS. É vedado ao CARF a realização de controle, ainda que difuso, de constitucionalidade de norma. PIS. DEDUÇÕES LEGAIS. ART. 15 DA MP N. 2.15835/2001. Comprovado que a fiscalização deixou de promover exclusões legais sobre o crédito tributário lançado, o montante exigido deve ser parcialmente exonerado para esse fim. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. No caso de lançamento de oficio, a autuada está sujeita ao pagamento de multa sobre os valores do tributo devido, nos percentuais definidos na legislação de regência. Recurso voluntário provido em parte. Crédito tributário mantido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 03 27 /2 00 5- 66 Fl. 7529DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos exatos termos do relatório fiscal de diligência (fls. 7.518/7.523). Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de auto de infração lavrado contra a recorrente para fins de exigência de PIS/PASEP para o período compreendido entre janeiro e dezembro de 2001. Por bem retratar o caso em tela, emprego aqui parte do relatório formulado no bojo da resolução n. 340200.065 (fls. 483/486), o que passo a fazer nos seguintes termos: (...). O sujeito passivo é uma cooperativa mista produção e consumo , dedicandose, no primeiro objeto, a promover a edição e comercialização de obras literárias dos cooperados, bem como à distribuição de obras de autores cooperados. Como cooperativa de consumo, vende aos associados livros, revistas e materiais de uso profissional, nacionais e importados. Tudo consoante descrição constante no Termo de Verificação Fiscal de fls. 10/17 e estatuto da entidade (fls. 43 a 61). No mesmo Termo, apresenta a autoridade o seu entendimento da tributação das cooperativas no ano de 2001. Segundo ela, em suma, deve a contribuição incidir sobre totalidade das receitas auferidas, aí incluídas mesmo as de natureza financeira e outras, conforme definição de faturamento constante na lei n. 9.718. Pode a cooperativa, no entanto, excluir, segundo a autoridade fiscal, o valor repassado aos autores cooperados a título de direitos autorais e obras entregues para edição e comercialização. Essa exclusão, porém, levaria à obrigatoriedade de calcular a contribuição também sobre a folha de salários, por força da disposição do inciso I do § 2o do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001. A autoridade fiscal esclarece, por fim, que as divergências com respeito à contribuinte decorrem de ela não ter tributado as receitas obtidas com a venda de produtos aos seus associados, aplicando, indevidamente, a exclusão prevista no inciso II do art. 15 da Medida Provisória 2.15835. ela seria indevida, segundo a autoridade autuante, por desatender o requisito de que os materiais vendidos estejam vinculados à atividade econômica desenvolvida pelo associados e que seja objeto da cooperativa, prevista no § 1o daquele artigo. essa conclusão, por sua vez, decorre de os materiais vendidos serem livros (técnicos e de literatura), revistas, material cirúrgico e roupas brancas), e a Fl. 7530DF CARF MF Processo nº 10680.720327/200566 Acórdão n.º 3402004.768 S3C4T2 Fl. 3 3 outra parte não atende ao requisito de estar vinculada à atividade do cooperado (revistas, material de papelaria e CD). (...). A segunda divergência se refere à tributação sobre a folha de salários, que é obrigatória quando a Cooperativa realiza alguma das exclusões previstas no art. 15 da MP mencionada no PIS faturamento. Segundo a autoridade fiscal, ao levantar o valor das folha de salários, a autuada deixou de considerar parcelas que foram discriminadas pela autoridade fiscal em planilhas de fls. 22 a 27. (...). 2. Devidamente intimada da autuação, a recorrente apresentou a impugnação de fls. 355/369, oportunidade em que, em suma, alegou: (i) a intributabilidade do ato cooperativo; (ii) a possibilidade de deduções da base de cálculo do PIS/PASEP, nos termos da MP n. 2.15835; (iii) a inexigência dos PIS sobre folha de salários; e, ainda (iv) a inexigência de multa de ofício. 3. Devidamente processada, a referida impugnação foi julgada improcedente, nos termos do acórdão n. 0212.455 (fls. 404/419), da lavra da DRJ de Belo Horizonte/MG e que restou assim ementado: Fl. 7531DF CARF MF 4 4. Uma vez intimado, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 422/441, oportunidade em que repisou as alegações desenvolvidas em impugnação. 5. Uma vez distribuído o citado recurso, o então Relator do caso, Conselheiro Júlio César Alves Ramos, acompanhado pela turma julgadora, resolveu baixar o presente caso em diligência para que fossem tomadas as seguintes providências: Fl. 7532DF CARF MF Processo nº 10680.720327/200566 Acórdão n.º 3402004.768 S3C4T2 Fl. 4 5 6. Em resposta a tal diligência, a unidade preparadora elaborou a informação fiscal de fls. 7.518/7.523, a respeito do qual o contribuinte foi intimado sem que, todavia, apresentasse manifestação a seu respeito. 7. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 8. O recurso voluntário interposto é tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da não incidência de PIS sobre atos cooperativos 9. O primeiro fundamento recursal desenvolvido pelo contribuinte é no sentido de que a MP n. 2.15835, ao pretender tributar as receitas decorrentes do ato cooperativo pelo PIS, seria inconstitucional 10. Ressalvado meu entendimento pessoal, no sentido de que também é possível o exercício do controle difuso de constitucionalidade na instância administrativa de caráter judicativo12 – exatamente como se afigura aqui no CARF – não posso deixar de reconhecer o disposto no art. 62 do Regimento Interno deste Tribunal3 que, como regra, veda a possibilidade do sobredito controle. No mesmo sentido é o teor da Súmula n. 02 deste E. 1 Ainda que o faça de forma atípica, o que é perfeitamente válido, haja vista a possibilidade dos diferentes Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) desempenharem outras funções além daquelas que lhe foram tipicamente atribuídas pelo texto constitucional. 2 Não me parece lógico muito menos válido juridicamente, que um órgão administrativo de caráter judicativo possa reconhecer o descompasso de um ato jurídico em face de uma lei, instrução normativa ou portaria, mas não possa fazêlo em relação à Constituição Federal, que, sob uma estrita perspectiva legal, é o fundamento de validade de todas as demais peças legislativas do ordenamento jurídico nacional. 3 "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." Fl. 7533DF CARF MF 6 Tribunal Administrativo, a qual tem caráter vinculante para este julgador, nos termos do art. 42, inciso VI do RICARF4. 11. Neste diapasão, por expressa vedação normativa, nego provimento ao recurso voluntário interposto neste particular. II. Da inexigibilidade do PIS sobre folha 12. Não obstante, o contribuinte alega que inexistiria dispositivo legal a sustentar a exigência do PIS para cooperativas, uma vez que, segundo comando normativo constitucional (art. 146, inciso III, alínea "c" da Magna Lex), a tributação de cooperativas demandaria sua exigência mediante lei complementar. Logo, a lei n. 9.715/98 (conversão da MP n. 1.212/95 e suas reedições) seria inconstitucional. 13. Mais uma vez a fundamentação desenvolvida pelo contribuinte encontra óbice na Súmula CARF n. 02, exatamente como desenvolvido no tópico imediatamente anterior deste voto, motivo pelo qual também deixo de conhecer tal questão. III. As deduções da base de cálculo do PIS/PASEP 14. Subsidiariamente, o contribuinte alega que, ao constituir o crédito fiscal em debate, a fiscalização indevidamente ignorou a possibilidade de determinadas deduções da base de cálculo do PIS, exatamente como prevê o art. 15 da MP n. 2.15835, in verbis: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1o Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2o Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: 4 "Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Fl. 7534DF CARF MF Processo nº 10680.720327/200566 Acórdão n.º 3402004.768 S3C4T2 Fl. 5 7 I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas. 15. Aliás, foi exatamente este o ponto que motivou a antiga turma julgadora a converter o presente julgamento em diligência, a qual suscitou a seguinte resposta da unidade preparadora: Atendendo ao supracitado termo e conforme se depreende do documento “Resposta a Intimação”, em anexo, temos que todos os livros solicitados, Fiscais e Contábeis, foram apresentados pelo sujeito passivo. Atendendo, ainda, à Intimação, o contribuinte apresenta planilha mensal, relativo ao período janeiro a dezembro/2001, cujos arquivos foram gravados em DVD, com extensão PDF e XLS, onde temos: Data da Venda; Descrição do Produto; Quantidade; Valor; Código – Número do Documentos Fiscal da Operação e CPF/CNPJ do Cooperado, promovendo, assim, a discriminação estabelecida no inciso II, § 2º do art.15 da MP 2.15835/2001 de modo ser possível saber exatamente o que foi vendido aos associados, em que quantidades e por quais valores. Considerando o objeto social da cooperativa, conforme Estatuto Social, ser o sujeito passivo uma Cooperativa Mista (produção e consumo) e considerando, ainda o contido no art. 15 da Medida Provisória MP 2.15835/2001, trabalhamos a planilha elaborada pelo sujeito passivo – “Vendas para Associados”, planilha com extensão XLS, no sentido de excluir os valores ali contidos conforme o disposto no § 1º, do art. 15 da MP supra, apurando, posteriormente, uma nova Base de Cálculo do PIS. Desta forma, elaboramos a planilha intitulada “Receitas de venda de bens e mercadorias à associados, objeto da Cooperativa”, e juntamos aos autos, fls. 6854 a 7517, nominandoa “Informação – Outros – Receitas de venda de bens e mercadorias”. Ressaltamos que fizemos juntar, às fls. 501 a 6852, “Resposta à Intimação”, a planilha apresentada pelo contribuinte, em extensão PDF. Foram excluídas da Base de Cálculo do PIS, as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculadas diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa, quais sejam: livros (técnicos e de literatura), revistas, materiais cirúrgicos, materiais de uso profissional, vestimentas e calçados (branco), conforme consta do campo “Produtos” da planilha citada no parágrafo anterior. Diante do exposto, e considerando as planilhas supracitadas, emitimos o demonstrativo abaixo, com a Nova Base Cálculo do Fl. 7535DF CARF MF 8 PIS, tendo em vista as exclusões constantes do §1º do art. 15 da MP 1.15835/2001. (...). Concluindo, temos que, o crédito lançado, em seu valor originário passa DE R$ 25.621,75 (vinte e cinco mil, seiscentos e vinte e um reais e setenta e cinco centavos) – fls. 08, PARA R$ 8.915,34 (oito mil, novecentos e quinze reais e trinta e quatro centavos). (...). (grifos nosso). 16. Patente está, portanto, que a parcela significativa do presente crédito é indevida, exatamente como apurado em diligência fiscal e que aqui se reconhece no presente voto, haja vista a dicção do art. 15 da MP n. 2.158 35. IV. Da multa de ofício 17. Por fim, também de forma subsidiária, op contribuinte protesta pelo afastamento da de ofício que lhe fora imposta, o que faz com base nas seguintes assertivas: (...). (...). 18. Tais considerações não demandam maiores reflexões para fins de serem rechaçadas, o que, aliás, foi muito bem formulado pela decisão recorrida, in verbis: A única ressalva prevista a essa norma de incidência de multa é a consubstanciada no art. 63 da mesma Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pela Medida Provisória n° 2.15834, de 27 de julho de 2001: "Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da Unido, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de oficio." (grifos não são do original) Fl. 7536DF CARF MF Processo nº 10680.720327/200566 Acórdão n.º 3402004.768 S3C4T2 Fl. 6 9 Como se observa, a lei excetua do lançamento da multa de oficio apenas a formalização de crédito cuja exigibilidade houver sido suspensa por medida liminar em mandado de segurança (inc. IV do art. 151 do CTN) ou por concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial (inc. V), não se enquadrando a hipótese presente na regra excepcional. Dessa forma, não se pode, administrativamente, afastar, em matéria fiscal, que é plenamente vinculada, a aplicação da lei que determina a cominação da multa ao crédito formalizado de oficio, sob pena de responsabilidade funcional. Aliás, é consabido que o acessório segue o principal. Essa é a regra. Desse modo, estando correto o lançamento da contribuição, o que já foi linhas atrás exaustivamente abordado, os encargos legais são devidos de conformidade com a legislação de regência. Isto é, exigiramse, na composição do valor total do crédito tributário aqui lançado, multa de oficio e juro de mora, segundo os preceitos legais citados no enquadramento legal do presente lançamento. 19. Dessa feita, cm base em tais fundamentos e, ainda, conforme disposto no art. 50, § 1o da lei n. 9.784/99, mantenho a incidência da multa imposta em desfavor do recorrente e recai sobre crédito tributário remanescente ao presente voto. Dispositivo 20. Ante o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, exonerando parcela do crédito exigido, nos exatos termos do relatório fiscal de fls. 7.518/7.523. 21. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 7537DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.720288/2008-81
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
ESTIMATIVA MENSAL. RECOLHIMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. IN SRF 600/2005. IN RFB 900/2008. SÚMULA CARF 84.
É assegurada a restituição de recolhimentos a maior ou indevidos de estimativa mensal de IRPJ e CSLL, nos termos da Súmula CARF 84 e IN RFB 900/2008.
BASE DE CÁLCULO. ESTIMATIVA MENSAL. BALANCETE DE SUSPENSÃO OU REDUÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. RIR/99, ARTS. 223 E 230.
A base de cálculo da estimativa mensal é o percentual da receita bruta definido pelo artigo 223, do RIR/99. O contribuinte pode suspender ou reduzir a base de cálculo da estimativa, nos termos do artigo 230, do RIR/99, mas não majorá-la.
RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. ERRO. CTN, ART. 147, RIR/99, ART. 832.
A legislação federal legitima a retificação de declarações na hipótese de erro, como se observa nos artigos 147, do CTN e 832 do RIR/99, sem que exista qualquer impedimento à retificação quanto ao valor das estimativas mensais de IRPJ.
Numero da decisão: 9101-003.028
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo (relator), Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento com retorno dos autos à Unidade de Origem, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 ESTIMATIVA MENSAL. RECOLHIMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. IN SRF 600/2005. IN RFB 900/2008. SÚMULA CARF 84. É assegurada a restituição de recolhimentos a maior ou indevidos de estimativa mensal de IRPJ e CSLL, nos termos da Súmula CARF 84 e IN RFB 900/2008. BASE DE CÁLCULO. ESTIMATIVA MENSAL. BALANCETE DE SUSPENSÃO OU REDUÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. RIR/99, ARTS. 223 E 230. A base de cálculo da estimativa mensal é o percentual da receita bruta definido pelo artigo 223, do RIR/99. O contribuinte pode suspender ou reduzir a base de cálculo da estimativa, nos termos do artigo 230, do RIR/99, mas não majorá-la. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. ERRO. CTN, ART. 147, RIR/99, ART. 832. A legislação federal legitima a retificação de declarações na hipótese de erro, como se observa nos artigos 147, do CTN e 832 do RIR/99, sem que exista qualquer impedimento à retificação quanto ao valor das estimativas mensais de IRPJ.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo (relator), Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em dar-lhe provimento com retorno dos autos à Unidade de Origem, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo - Relator (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 ESTIMATIVA MENSAL. RECOLHIMENTO A MAIOR OU INDEVIDO. POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO. IN SRF 600/2005. IN RFB 900/2008. SÚMULA CARF 84. É assegurada a restituição de recolhimentos a maior ou indevidos de estimativa mensal de IRPJ e CSLL, nos termos da Súmula CARF 84 e IN RFB 900/2008. BASE DE CÁLCULO. ESTIMATIVA MENSAL. BALANCETE DE SUSPENSÃO OU REDUÇÃO. ESTIMATIVA MENSAL. RIR/99, ARTS. 223 E 230. A base de cálculo da estimativa mensal é o percentual da receita bruta definido pelo artigo 223, do RIR/99. O contribuinte pode suspender ou reduzir a base de cálculo da estimativa, nos termos do artigo 230, do RIR/99, mas não majorála. RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÕES. ERRO. CTN, ART. 147, RIR/99, ART. 832. A legislação federal legitima a retificação de declarações na hipótese de erro, como se observa nos artigos 147, do CTN e 832 do RIR/99, sem que exista qualquer impedimento à retificação quanto ao valor das estimativas mensais de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo (relator), Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que não conheceram do recurso. No mérito, por maioria de votos, acordam em darlhe provimento com retorno dos autos à Unidade de Origem, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 02 88 /2 00 8- 81 Fl. 351DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 352 2 vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Adriana Gomes Rego e Carlos Alberto Freitas Barreto, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte acima identificada, fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto (1) à necessidade de lançamento para alterar a apuração do IRPJ; e (2) à possibilidade de restituição ou compensação das estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior. Apenas a segunda divergência foi admitida no exame de admissibilidade do recurso especial. Houve negativa de seguimento do recurso em relação à primeira divergência, conforme o despacho decisório exarado em 13/10/2015 pela Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento. E a negativa de seguimento do recurso em relação à primeira divergência foi confirmada pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em caráter definitivo, conforme o despacho de reexame de admissibilidade exarado em 14/10/2015. A recorrente insurgise contra o Acórdão nº 1301001.729, 26/11/2014, por meio do qual a 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF decidiu, por unanimidade de votos, manter a negativa em relação à compensação pretendida pela contribuinte. O acórdão recorrido contém a seguinte ementa: Fl. 352DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 353 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 IRPJ. ANTECIPAÇÕES DO TRIBUTO DEVIDO NO FINAL DO ANO CALENDÁRIO. COMPENSAÇÃO. Os recolhimentos mensais do IRPJ calculados sobre a receita bruta auferida nesses períodos, as denominadas estimativas, não caracterizam pagamentos do imposto a ser apurado com o balanço patrimonial levantado no final do anocalendário, mas sim meras antecipações. No recurso especial, a contribuinte afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente às matérias acima mencionadas. Quanto à matéria admitida do recurso (possibilidade de restituição ou compensação das estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior), a contribuinte desenvolve os argumentos apresentados a seguir: BREVE HISTÓRICO DOS FATOS a Recorrente apresentou Declaração de Compensação eletrônica (programa PER/DCOMP), informando como origem de crédito valores mensais pagos a maior durante o anocalendário de 2003, no caso pagamento em excesso a título de estimativa do Imposto de Renda (IRPJ) do mês de fevereiro de 2003 que foi recolhida em 31/03/2003, conforme DARF com o código de receita 2362. Esse valor excedente no montante de R$ 4.050.904,67 foi utilizado na questionada PER/DCOMP para a compensação de IRPJ apurado no ajuste anual daquele mesmo anocalendário; naquele mês, a Recorrente recolheu um DARF no valor de R$ 5.938.982,85, referente à estimativa de fevereiro/2003. No entanto, revendo a apuração da estimativa, identificou que havia recolhido R$ 4.050.904,67 a mais do que o efetivamente devido, conforme DIPJ tempestivamente apresentada. Identificado o indébito, a DCTF do período foi retificada para demonstrar o valor correto do débito apurado, assim como a existência de valor indevido (recolhido a maior); a DRF/Limeira, ao proceder à análise das declarações de compensação entregues pela Recorrente, entendeu por bem não homologálas; a negativa em relação à compensação foi mantida na primeira e na segunda instância administrativa (acórdão ora recorrido); contudo, o r. Acórdão ora recorrido deve ser reformado, pois confronta persuasiva jurisprudência deste E. Tribunal e, até mesmo, pronunciamentos da Secretaria da Receita Federal do Brasil favoráveis aos interesses da Recorrente, o que será demonstrado em sequência; DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL QUANTO À POSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS RECOLHIDAS INDEVIDAMENTE OU A MAIOR Fl. 353DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 354 4 logo de início, cumpre ressaltar que o acórdão recorrido marcha contra matéria já sumulada, pois a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. Tribunal já pacificou a controvérsia tratada no atual processo, de tal forma que o entendimento foi consolidado na recente Súmula n° 84, cujo enunciado tem o seguinte teor: Súmula CARF n° 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. importa destacar que o Acórdão n° 120100.404, indicado como uma das decisões que serviram de fundamento para o enunciado da Súmula n° 84 do CARF, foi proferido nos autos de outro processo desta mesma empresa, contendo idêntica matéria referente a outro período de apuração, com decisão em favor da contribuinte ora Recorrente, conforme se vê da ementa abaixo transcrita: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004. COMPENSAÇÃO. O pagamento da estimativa mensal do IRPJ realizado em montante superior ao calculado com base na receita bruta e acréscimos traduz se em pagamento maior que o devido e, portanto, é passível de restituição/compensação. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. Anocalendário: 2004. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. COMPENSAÇÃO. MOMENTO. Inexistindo, na data da transmissão da DCOMP, norma que proíba a compensação da estimativa de IRPJ paga a maior antes de encerrado o período de apuração anual, não há razão para exigirse que o indébito integre o saldo do imposto a pagar ou a restituir calculado ao final do ano. tal acórdão foi mantido por esta C. 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais na ocasião do julgamento de recurso especial interposto pela D. Procuradoria da Fazenda Nacional (Acórdão n° 9101002.063); nesse mesmo sentido entendeu o Acórdão n° 1202000.458, proferido por este C. Conselho Administrativo, com o seguinte teor: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Anocalendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. Rejeitase preliminar de nulidade do Despacho Decisório, quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas em conformidade com a lei. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acréscimo de juros à taxa SELIC, acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de DCOMP. Eficácia retroativa da Instrução Normativa RFB n° 900/2008. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. ANÁLISE INTERROMPIDA EM ASPECTOS PRELIMINARES. Inexiste reconhecimento implícito de direito creditório quando a apreciação da restituição/compensação restringese a aspectos preliminares, como a possibilidade do pedido. A homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição, uma vez superada esta preliminar, depende da análise da existência, suficiência e disponibilidade do crédito pela autoridade administrativa que jurisdiciona a Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 355 5 contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. na linha da citada jurisprudência administrativa, os valores a titulo de estimativa recolhidos em montante superior à opção de cálculo exercida pelo contribuinte (receita bruta ou balancete), são considerados indébitos passíveis de restituição ou compensação, com a incidência de juros SELIC desde o mês subsequente ao do pagamento; contudo, mesmo diante da existência da Súmula CARF n° 84 em favor do contribuinte e de todos os acórdãos paradigmas que fundamentaram a sua criação, o r. Acórdão recorrido decidiu negar provimento ao recurso voluntário e afastar matéria já decida definitivamente no âmbito administrativo; ora, existindo Súmula contrária ao entendimento acima transcrito, proferido pelo r. Acórdão recorrido, é de se considerar que estão superados todos os argumentos ali esgrimidos, notadamente o seu principal fundamento, no sentido de que não é possível postular créditos derivados do pagamento por estimativa mensal, para fins de compensação, uma vez que, como se tratam de meras antecipações, devem ser levadas ao ajuste anual do imposto, cabendo a restituição unicamente de eventual saldo negativo (fls. 07 do acórdão); como é sabido, as Súmulas aprovadas pelo CARF são de adoção e aplicação obrigatória por seus membros, conforme reza o §4º, do art. 72 do RICARF, sob pena de perda de mandato (inciso VI, do art. 45 do RICARF); dessa forma, versando a discussão exclusivamente sobre questão de direito, qual seja: "a possibilidade de interposição de pedido de restituição ou de compensação para haver de volta o valor do recolhimento a título de estimativas maior que o devido", demonstrada a divergência jurisprudencial entre acórdãos proferidos em casos idênticos, e, principalmente, em razão da existência de Súmula, o presente Recurso Especial deve ser conhecido e provido para que seja aplicado ao caso o entendimento sumulado por este E. Tribunal Administrativo no Enunciado n° 84, de 10/12/2012. Como já mencionado, quando do exame de admissibilidade do recurso especial da contribuinte, a Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do despacho exarado em 13/10/2015, deu seguimento parcial ao recurso, reconhecendo a existência de divergência apenas em relação à segunda divergência, que trata da possibilidade de restituição ou compensação das estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior, nos seguintes termos: [...] 1ª Divergência: Necessidade de lançamento para alterar a apuração do IRPJ. [...] Na comparação entre os acórdãos recorrido e paradigmas a divergência suscitada não se estabelece. De se notar que a ementa do primeiro paradigma, acima transcrita, deixa claro que, naquele período ano 2000 a DCTF não representava instrumento hábil e suficiente para exigência de crédito tributário, razão pela qual qualquer diferença apurada no confronto da DCTF com a DIPJ, deveria ser exigida através de lançamento de ofício. Na mesma toada o segundo paradigma, que firmou Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 356 6 entendimento no sentido de que, após 1998, a DIPJ não mais seria instrumento de confissão de dívida, sendo necessário o lançamento de ofício para exigir débitos declarados a menor, em DCTF, ou apurados na escrita fiscal do contribuinte. Situação totalmente distinta a do acórdão recorrido em que o relator consignou que a Declaração de Compensação tem natureza jurídica de confissão de dívida e, assim, é instrumento hábil e suficiente para exigir o pagamento do débito nela confessado, não absorvido por compensação indeferida, dispensando, assim, o lançamento daquilo que já fora constituído e confessado pela própria contribuinte. Dessa forma, as situações comparadas são totalmente distintas, o que justifica as conclusões dissonantes. 2ª Divergência: Possibilidade de restituição ou compensação das estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior. [...] Os paradigmas indicados fixaram entendimento no sentido de que recolhimentos a título de estimativas de IRPJ ou de CSLL, efetuados indevidamente ou em valores maiores que os devidos, podem ser utilizados como direito creditório em compensações por caracterizaram indébitos na data em que foram recolhidos. Em razão da sólida jurisprudência do CARF e do antigo Conselho de Contribuintes nesse mesmo sentido, foi editada a Súmula CARF nº 84, de seguinte teor: Súmula CARF nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Vêse que o entendimento fixado no acórdão recorrido encontrase superado pelo teor da Súmula CARF nº 84, já que afirmou que somente ao final do período de apuração, em 31 de dezembro de cada ano, é que se poderia averiguar eventual pagamento indevido ou a maior a título de IRPJ/CSLL, já que as estimativas mensais seriam mera antecipação e não pagamentos extintivos de obrigação tributária. Dessa forma, os paradigmas apresentados, que inclusive se referiram à Súmula CARF nº 84 (ao menos o primeiro), caracterizam a divergência suscitada neste ponto. Por todo o exposto, e com base no que dispõe o art. 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº. 343, de 09/06/2015, proponho seja DADO SEGUIMENTO PARCIAL ao recurso, apenas em relação à segunda divergência suscitada, e seja negado seguimento ao recurso relativamente à primeira divergência argüida. Em 28/06/2016, o processo foi encaminhado à PGFN, para ciência do despacho que admitiu o recurso especial da contribuinte, e o referido órgão não apresentou contrarrazões ao recurso. É o relatório. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 357 7 Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 358 8 Voto Vencido Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. A contribuinte apresentou Declaração de Compensação (DCOMP) em que utilizou crédito a título de pagamento a maior de estimativa mensal de IRPJ referente ao mês de fevereiro/2003, para quitar débito do próprio IRPJ, referente ao ajuste anual desse mesmo ano de 2003. A Delegacia de origem não homologou a compensação pleiteada, e essa negativa foi mantida tanto pela decisão de primeira instância administrativa, quanto pela decisão de segunda instância (acórdão ora recorrido). A controvérsia que chega a essa fase de julgamento do recurso especial diz respeito à possibilidade de compensação de estimativas mensais recolhidas indevidamente ou a maior. Essa matéria realmente foi pacificada pelo CARF, inclusive com a edição da Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84. Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. O problema é que a referida súmula não é suficiente para reverter as decisões anteriores. Chamo a atenção para o fato de que a Súmula CARF nº 84 foi aprovada pela 1ª Turma da CSRF na sessão de 10/12/2012, muito antes portanto da sessão em que foi proferido o acórdão recorrido (26/11/2014), e que, mesmo assim, o acórdão recorrido manteve, por unanimidade de votos, a negativa em relação à compensação pleiteada. Esse aspecto já é indicativo de que a controvérsia estabelecida nos presentes autos envolve outras questões, além daquela tratada pela referida súmula. O despacho decisório da Delegacia de origem apresenta de forma bastante detalhada as razões que justificaram a negativa da compensação: RELATÓRIO Trata o presente processo da declaração de compensação eletrônica n.° 11493.51257.120304.1.3.049776, em que houve a utilização do credito no montante de R$4.050.904,67 (quatro milhões, cinqüenta mil, novecentos e quatro reais e sessenta e sete centavos), referente ao recolhimento de IRPJ do mês de fevereiro de 2003 (fls. 1 a 5). O contribuinte foi intimado a esclarecer o que motivou o recolhimento da estimativa de IRPJ a maior, a apresentar demonstrativo de apuração do valor recolhido a maior e do que considerava correto e o Livro Diário (fls. 6 e 7). Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 359 9 Em atendimento apresentou os demonstrativos, informou que o valor que considerava recolhido a maior havia sido utilizado para liquidação do saldo de ajuste anual e que o novo cálculo foi decorrente de erro na apuração das estimativas mensais calculadas por meio de sistema informatizado, mas que havia efetuado as correções devidas e preenchido a DIPJ com valores recalculados (fls. 8 a 44). Posteriormente, encaminhou o livro Diário do qual foi extraída cópia (fls. 45 a 69). O pagamento foi confirmado (fl. 87). FUNDAMENTAÇÃO O contribuinte considera que ao pagar R$ 5.938.982,85 relativos ao IRPJ devido por estimativa no mês de fevereiro de 2003, R$ 4.050.904,67 seriam indevidos (fl. 2) e, por isso, os utilizou para compensar o IRPJ apurado no ajuste anual daquele mesmo anocalendário (fl. 4). Na DCTF original, o contribuinte havia declarado que o valor do IRPJ apurado por estimativa no mês de fevereiro era R$ 5.938.982,85 (fl. 71), mas após o encerramento do período a retificou (fl. 70) a fim de reduzilo para R$ 1.888.078,18 (fl. 72), mesmo valor informado na DIPJ/2004 (fl. 83). De acordo com os demonstrativos encaminhados pelo contribuinte, a diferença entre os valores foi decorrente da mudança na forma de apuração da estimativa: inicialmente havia sido feita por meio de levantamento de balancete, devidamente registrado no Livro Diário (fls. 47 a 69) com apuração do lucro real do período (fls. 30 a 33) e depois com base na receita bruta (fls. 34 e 35): [...] Observase que com a mudança de metodologia o valor do IRPJ apurado foi significativamente reduzido. A legislação permite que o contribuinte obrigado à apuração pelo lucro real o apure somente no dia 31 de dezembro de cada ano, mas deve efetuar recolhimentos mensais com base em estimativas, conforme art. 2° da Lei n.° 9.430, de 27 de dezembro de 1996: [...] Por sua vez o art. 35 da Lei n.° 8.981, de 20 de janeiro de 1995 permite a suspensão ou a redução do pagamento devido em cada mês, desde que fique demonstrado que o valor acumulado já pago excedia o valor do imposto calculado com base no lucro real do período, inclusive o adicional: [...] Comparandose os pagamentos de IRPJ efetuados pelo contribuinte durante o anocalendário de 2003 (fl. 87) com o IRPJ a recolher informado nos demonstrativos (fl. 32/v), verificase que haveria recolhimento a maior somente para os meses de novembro e dezembro de 2003: [...] Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 360 10 De acordo com a anotação feita pelo contribuinte, seriam maiores que o devido R$417.275,10 do mês de novembro e R$ 30.998,23 do mês de dezembro (fl. 32/v). Não por mera coincidência o IRPJ total apurado no demonstrativo, no valor de R$68.118.545,89 é exatamente o valor do IRPJ antes da dedução dos recolhimentos por estimativa (fls. 81 e 82): [...] Ao levantar os balanços para apurar o lucro real do período, o contribuinte foi obtendo o valor correto do IRPJ que deveria ter sido recolhido, motivo pelo qual até os centavos batem, após a exclusão da diferença dos valores de novembro e dezembro. Durante o anocalendário, esses recolhimentos poderiam ser considerados maiores que o devido já que a lei permitia que as estimativas fossem calculadas de acordo com o art. 2° da Lei 9.430/96. Porém, encerrado o período e verificado que o IRPJ apurado é exatamente aquele que recolheu, não se pode mais falar em recolhimentos a maior. A opção pela apuração anual, com recolhimentos mensais por estimativa é dada ao contribuinte haja vista as dificuldades operacionais para a apuração do imposto com base no lucro real. Se, contudo, o contribuinte resolve apurálo mensalmente, e o faz de forma correta, fatalmente irá antecipar o resultado do final do período. E foi isso que aconteceu. Findo o período, o valor do IRPJ pago durante o ano foi exatamente aquele que o contribuinte deveria recolher, nem um centavo a mais ou a menos, exceto pelos valores de novembro e dezembro: [...] Tanto que o total do crédito indicado nas declarações de compensação, excluídos os R$ 448.273,33 relativos à diferença de recolhimentos dos meses de novembro e dezembro resulta em R$ 42.395.501,08, mesmo valor do IRPJ a pagar apurado na Ficha 12A da DIPJ/2004: [...] Portanto, não se pode dizer que o pagamento do IRPJ devido por estimativa no mês de fevereiro de 2003 foi maior que o devido. Em contrário senso, se o contribuinte apurasse prejuízo no final do período e não houvesse efetuado nenhum recolhimento por estimativa, ele (o IRPJ) não poderia mais ser exigido. Ocorre que, após o encerramento do perÍodo, o contribuinte verificou que o lucro mensal por ele de fato auferido era superior ao calculado de acordo com o art. 2° da Lei n.° 9.430/96, o que implicou o pagamento do IRPJ em valor superior àquele que seria obtido com base na receita bruta e acréscimos. Diante disso, considerou que os recolhimentos eram maiores que o devido e encaminhou declarações de compensação para compensar justamente o valor do IRPJ resultante do ajuste anual. Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 361 11 Esse tipo de procedimento não é inócuo, pois permite a correção do valor que teria sido “recolhido a maior” pela Selic e o montante assim obtido é suficiente não só para quitar o tributo obtido na apuração anual como outros tributos, numa forma de planejamento tributário. Acrescentese que como o contribuinte efetivamente pagou o IRPJ do anocalendário de 2003, o crédito tributário encontrase extinto, conforme art. 156, I do Código Tributário Nacional. A compensação pressupõe que ambas as partes sejam credoras e devedoras ao mesmo tempo e o que se observa é que este requisito não é obedecido seja pela inexistência de crédito e de débito por parte do contribuinte seja pela ausência de crédito tributário ou de recolhimento a maior a ser restituído por parte da União. Assim, não é possível a homologação da compensação declarada pelo contribuinte porque não há crédito em seu favor nem crédito tributário em favor da União, pois o IRPJ apurado no anocalendário de 2003 já foi extinto por pagamento. CONCLUSÃO Isso posto, submeto à apreciação da Sra. Chefe do Serviço de Orientação e Análise Tributária a proposta de que não seja homologada a compensação declarada por ausência de crédito em favor do contribuinte e de crédito tributário em favor da União Federal, condições indispensáveis à compensação. Vêse que a negativa da compensação não foi motivada pelo superado entendimento de que os pagamentos indevidos ou a maior a título de estimativa simplesmente não eram passíveis de restituição/compensação. A negativa foi motivada pelo não reconhecimento do alegado excedente no mês de fevereiro/2003, o que é bem diferente. O alegado excedente ficou vinculado ao ajuste anual por uma série de razões que sintetizo a seguir: a contribuinte recolheu durante todo o anocalendário de 2003 exatamente os valores de estimativa que apurou nos balancetes cumulativos, e não houve erro nessa apuração; os balancetes foram registrados no livro Diário, e o valor das estimativas foram declarados em DCTF; no encerramento do período de apuração, os recolhimentos de estimativa deixaram de ser meras antecipações, e passaram a configurar pagamento do IRPJ anual; as estimativas recolhidas foram suficientes para a quitação do IRPJ anual, e ainda geraram um pequeno excedente (saldo negativo); após o encerramento do período, a contribuinte percebeu que os valores das estimativas seriam menores se elas tivessem sido calculadas com base na receita bruta mensal, em vez de terem sido apuradas com base nos balancetes cumulativos; Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 362 12 na DIPJ, a contribuinte registrou estimativas apuradas com base na receita bruta, e retificou as DCTF anteriormente apresentadas, para que essa declaração também indicasse valores de estimativas calculadas com base na receita bruta (que eram menores que os valores das estimativas apuradas com base nos balancetes); é com base nos valores constantes dessas declarações que a contribuinte alega a ocorrência de recolhimento indevido ou a maior de estimativa; por outro lado, ficaram constando na DIPJ valores menores a título de estimativas (estimativas apuradas com base na receita bruta), o que resultou na apuração de saldo de IRPJ a pagar no ajuste anual; o que se tinha em 31/12/2003 era o IRPJ anual quitado, com a formação de um pequeno saldo negativo. Com o procedimento adotado pela contribuinte, passouse a ter excessos mensais nas estimativas, com saldo de IRPJ a pagar no ajuste anual; a contribuinte, então, apresentou declarações de compensação dos alegados excessos mensais de estimativas de 2003 para quitar o IRPJ desse mesmo período apuração; com tal procedimento, a contribuinte pretendeu levar não só as estimativas para o ajuste anual (no seu valor nominal), mas as estimativas acrescidas da Selic, o que não foi admitido. É importante registrar que a Delegacia de origem não concluiu apenas pela inexistência do direito creditório em favor da contribuinte (pagamento indevido ou a maior de estimativa). Ela também apontou a inexistência do débito objeto da compensação (IRPJ/ajuste anual), consignando que esse débito já estava definitivamente quitado pelas estimativas recolhidas ao longo de 2003, com base nos balancetes. A controvérsia neste processo se deu porque a Administração Tributária, desde o início, não reconheceu que houve pagamento indevido ou a maior de estimativa. O que esteve em questão foi o não reconhecimento do direito creditório, e não aquele superado entendimento de que os pagamentos indevidos ou a maior a título de estimativa simplesmente não eram passíveis de restituição/compensação. O litígio se deu sobre a própria comprovação do excesso na estimativa, e não sobre a possibilidade de compensação desse excesso. No curso do processo, a contribuinte procurou demonstrar que ela poderia modificar o valor das estimativas que inicialmente havia apurado e recolhido, que poderia retificar a DCTF para reduzir o valor das estimativas inicialmente declaradas, que o Fisco tinha que realizar um procedimento específico para não aceitar os valores das estimativas informadas na DIPJ e na DCTFretificadora, etc., mas não logrou êxito nesse intento. Nem mesmo conseguiu apresentar um paradigma para que essas questões pudessem ser examinadas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Isso demandaria a apresentação de um paradigma que não só tratasse da possibilidade de modificação no regime de apuração de estimativas após o encerramento do período de apuração, para fins de caracterização de excedentes mensais num contexto fático semelhante ao que foi acima retratado, mas que também tratasse da possibilidade de computar Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 363 13 juros Selic no aproveitamento de estimativa para a quitação de IRPJ do próprio período a que ela se refere, o que não foi feito. Por outro lado, a parte admitida do recurso especial, que trata apenas da possibilidade de compensação/restituição de pagamento indevido ou a maior a título de estimativa (Súmula CARF nº 84) não é suficiente para reverter os fundamentos apontados desde o início para a negativa da compensação, e que foram encampados pelo acórdão recorrido. Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da contribuinte. Acaso vencedor, proponho a seguinte ementa: RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA NÃO COMPROVADA. COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR A TÍTULO DE ESTIMATIVA. NÃO RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. A controvérsia neste processo se deu porque a Administração Tributária, desde o início, não reconheceu que houve pagamento indevido ou a maior de estimativa. O que esteve em questão foi o não reconhecimento do direito creditório, e não aquele superado entendimento de que os pagamentos indevidos ou a maior a título de estimativa simplesmente não eram passíveis de restituição/compensação. O litígio se deu sobre a própria comprovação do excesso na estimativa, e não sobre a possibilidade de compensação desse excesso. A parte admitida do recurso especial, que trata apenas da possibilidade de compensação/restituição de pagamento indevido ou a maior a título de estimativa (Súmula CARF nº 84) não é suficiente para reverter os fundamentos apontados desde o início para a negativa da compensação, e que foram encampados pelo acórdão recorrido. Não há paralelo entre recorrido e paradigma, para fins de caracterização de divergência jurisprudencial a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Uma vez vencido no conhecimento, no mérito o recurso especial não deve ser provido. A contribuinte efetivamente pagou o IRPJ do anocalendário de 2003, o crédito tributário encontrase extinto, conforme art. 156, I do Código Tributário Nacional. Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; A compensação pressupõe que ambas as partes sejam credoras e devedoras ao mesmo tempo e o que se observa é que este requisito não é obedecido seja pela inexistência de crédito e de débito por parte do contribuinte seja pela ausência de crédito tributário ou de recolhimento a maior a ser restituído por parte da União. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 364 14 Assim, não é possível a homologação da compensação declarada pelo contribuinte porque não há crédito em seu favor nem crédito tributário em favor da União, pois o IRPJ apurado no anocalendário de 2003 já foi extinto por pagamento. Ademais, adoto, como razões de decidir, os demais fundamentos do despacho decisório da Delegacia de origem anteriormente transcrito. Pelo exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso especial da contribuinte. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 365 15 Voto Vencedor Conselheira Cristiane Silva Costa, Redatora Designada Com a devida vênia ao ilustre Relator, ouso divergir no que concerne ao conhecimento e mérito do recurso especial. Para o conhecimento, adoto as razões do Presidente de Câmara, além das razões de mérito a seguir tratadas. A Instrução Normativa SRF nº 600, de 28/12/2005, previa enquanto vigente (período de 28/12/2005 a 30/12/2008): Art. 10. A pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior de imposto de renda ou de CSLL sobre rendimentos que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período. Nesse período, entendiase que só era autorizada a compensação de crédito de estimativa mensal ao final do ano calendário, apurandose o saldo de IRPJ ou CSLL a pagar. Nestes autos, o contribuinte apresentou pedido de compensação (PERDCOMP), identificando recolhimentos a maior de estimativas mensais do ano de 2003. A compensação foi indeferida pela Delegacia da Receita Federal em Limeira, em decisão proferida em 08/12/2008 (fls. 93): A opção pela apuração anual, com recolhimentos mensais por estimativa é dada ao contribuinte haja vista as dificuldades operacionais para a apuração do imposto com base no lucro real. Se, contudo, o contribuinte resolve apurálo mensalmente e o faz de forma correta fatalmente irá antecipar o resultado do final do período. E foi isso que aconteceu. Findo o período, o valor do IRPJ pago durante o ano foi exatamente aquele que o contribuinte deveria recolher, nem um centavo a mais ou a menos, exceto pelos valores de novembro e dezembro: (...) Portanto, não se pode dizer que o pagamento do IRPJ devido por estimativa de fevereiro de 2003 foi maior que a devido. Em contrário senso, se o contribuinte apurasse prejuízo no final do período e não houvesse efetuado nenhum recolhimento por estimativa, ele não poderia mais ser exigido. Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 366 16 Ocorre que, após o encerramento do período, o contribuinte verificou que o lucro mensal por ele de fato auferido era superior ao calculado de acordo com o art. 2° da Lei n.° 9.430/96, o que implicou o pagamento do IRPJ em valor superior àquele que seria obtido com base na receita bruta e acréscimos. Diante disso, considerou que os recolhimentos eram maiores que o devido e encaminhou declarações de compensação para compensar justamente o valor do IRPJ resultante do ajuste anual. Notase que a DRF aplicou o entendimento da IN SRF 600/2005 então vigente. Diante disso, entendeu que inexistiria crédito (a compensar) considerando o saldo ao final do período, mas não analisou as estimativas individualmente – cujo recolhimento indevido foi apontado pelo contribuinte. Ressaltese que a opção pelo pagamento de estimativas mensais é manifestada com o pagamento correspondente ao mês de janeiro, nos termos do parágrafo único artigo 222, do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99): Art. 222. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto e adicional, em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º). Parágrafo único. A opção será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade, observado o disposto no art. 232 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 3º, parágrafo único). A base de cálculo da estimativa mensal é um percentual da receita bruta, nos termos do artigo 223, do RIR/99 e alíquota é definida pelo artigo 228, do mesmo regulamento. O contribuinte pode suspender ou reduzir o pagamento da estimativa, desde que demonstre que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto devido, por balanços e balancetes mensais, na forma do artigo 230, do RIR/99: Art. 230. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso (Lei nº 8.981, de 1995, art. 35, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º). Como o artigo 230 menciona a suspensão ou redução do pagamento do imposto, o balancete mensal não legitima o aumento do valor da estimativa, considerando a base de cálculo e alíquota definidas por demais dispositivos anteriormente citados. Sobreleva considerar, ainda, que a estimativa mensal não é obrigação tributária autônoma, mas mera técnica de arrecadação, pela qual se antecipam pagamentos de IRPJ e da CSLL. A relação entre a estimativa e o fato gerador ao final do ano é confirmada pelo artigo 231, do RIR/99, que estabelece a compensação destas no saldo a pagar ao final do período. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 367 17 Não obstante a relação umbilical entre a obrigação à estimativa e a obrigação de pagamento do saldo ao final do ano, tal fato não altera a base de cálculo da estimativa, como tampouco a possibilidade de retificação de declarações que contenham informações equivocadas. Ressalto que a legislação autoriza a retificação de declarações em caso de erro, como expressamente prescreve o artigo 147, do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Em sentido similar, é o artigo 832, do RIR/99 ao tratar da possibilidade de retificação de declaração de rendimentos na hipótese de erro: Art. 832. A autoridade administrativa poderá autorizar a retificação da declaração de rendimentos, quando comprovado erro nela contido, desde que sem interrupção do pagamento do saldo do imposto e antes de iniciado o processo de lançamento de ofício (DecretoLei nº 1.967, de 1982, art. 21, e DecretoLei nº 1.968, de 23 de novembro de 1982, art. 6º). Parágrafo único. A retificação prevista neste artigo será feita por processo sumário, mediante a apresentação de nova declaração de rendimentos, mantidos os mesmos prazos de vencimento do imposto. Sobreleva considerar, outrossim, que não há norma impedindo a retificação de estimativas mensais, em hipótese de erro. A único impedimento, por força da legislação vigente, é para retificação da opção pelo pagamento de estimativas mensais: Art. 232. A adoção da forma de pagamento do imposto prevista no art. 220, pelas pessoas jurídicas sujeitas ao lucro real, ou a referida no art. 221, será irretratável para todo o ano calendário (Lei nº 9.430, de 1996, art. 3º). Art. 220. O imposto será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário (Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 368 18 § 1º Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data do evento, observado o disposto nos §§ 1º a 5º do art. 235 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º, § 1º). § 2º Na extinção da pessoa jurídica, pelo encerramento da liquidação, a apuração da base de cálculo e do imposto devido será efetuada na data desse evento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º, § 2º). Nesse panorama, o recolhimento em valor superior ao devido, de acordo com as normas acima citadas, constitui recolhimento indevido passível de restituição ou compensação. Acrescento que a disposição da Instrução Normativa 600/2005, que aparentemente vedava a restituição de recolhimento a maior de estimativa, não foi reproduzido na Instrução Normativa subsequente (IN RFB 900/2008), que passou a dispor: Art. 34. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 44 a 48, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. § 3º Não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1º: IX o débito relativo ao pagamento mensal por estimativa do IRPJ e da CSLL apurados na forma do art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (redação original da IN); A partir de então, só seria vedada a restituição da própria estimativa mensal – coerentemente com as demais normas da legislação federal , não sendo mais impedida a restituição do recolhimento a maior da estimativa de IRPJ e CSLL. Exatamente nesse contexto originouse a Súmula CARF nº 84, legitimando a restituição de indébito por pagamento de estimativa indevidamente ou a maior: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. O caso destes autos, no entendimento da maioria deste Colegiado é de aplicação da Súmula CARF 84, assegurandose a análise dos créditos do contribuinte pleiteados nestes autos. Por fim, acrescento como razão de decidir o voto do Conselheiro Marcelo Cuba Neto proferido no acórdão nº 120100.413 (processo administrativo nº 10865.720311/200838), originado também por compensação do contribuinte International Paper do Brasil Ltda: Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 369 19 O art. 2º da Lei nº 9.430/96, a seguir transcrito, estabelece que as pessoas jurídicas que optarem pela apuração do IRPJ com base no lucro real anual ficam obrigadas a realizar pagamentos mensais por estimativa, calculados a partir da receita bruta e acréscimos, a título de antecipação do imposto devido ao final do período. (...) Ocorre que o art. 35 da Lei nº 8.981/95, adiante transcrito, facultou àqueles contribuintes reduzirem ou suspenderem os referidos pagamentos mensais de IRPJ calculados com base na receita bruta e acréscimos, desde que demonstrem, através de balancetes mensais, que o somatório daqueles pagamentos excede o imposto devido com base no lucro real do período em curso: (...) De ver que em relação à CSLL valem as mesmas regras de apuração ora mencionadas, desde que o contribuinte, como no caso sob exame, tenha optado pela apuração anual do IRPJ. Pois bem, pela análise das normas acima transcritas é possível concluir o seguinte: a) o contribuinte que optar pelo lucro real anual tem a obrigação de realizar pagamentos mensais de IRPJ e CSLL, cujo montante é calculado com base na receita bruta e acréscimos; b) tal obrigação, entretanto, pode ter seu montante reduzido, ou mesmo ser suspensa, caso o contribuinte demonstre que o somatório das estimativas pagas com base na receita bruta e acréscimos, até determinado mês, excede o valor do IRPJ ou da CSLL devidos com base no lucro real ajustado, calculado até aquele mês. Em outras palavras, a obrigação de pagar a estimativa mensal de IRPJ ou CSLL tem como montante máximo um valor calculado a partir da receita bruta e acréscimos. A apuração do lucro real do período em curso, mediante o levantamento de balancete, tem o condão de reduzir o montante daquela obrigação, ou mesmo suspendêla, mas nunca o de atribuir ao contribuinte obrigação de pagar estimativa de IRPJ ou CSLL em montante superior ao calculado com base na receita bruta e acréscimos. Assim sendo, o pagamento de estimativa de IRPJ ou de CSLL realizado em montante superior ao legalmente exigido à extinção da obrigação é considerado pagamento maior que o devido, ainda que apurado através de balancetes. No caso sob exame a ora recorrente, optante pelo lucro real anual, levantou balancete mensal e pagou a CSLL devida com base no lucro líquido do período em curso, ajustado pelas adições, exclusões e compensações previstas na legislação da contribuição. Posteriormente, percebeu que o montante da CSLL assim calculado e pago era superior ao devido com base na receita bruta e acréscimos. Assim, em face de tudo o que foi visto acima, e por força do disposto no art. 165 do CTN, combinado com o art. 74, caput, da Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10865.720288/200881 Acórdão n.º 9101003.028 CSRFT1 Fl. 370 20 Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, concluise que a contribuinte tem direito a compensar a CSLL por estimativa paga a maior. Quanto à possibilidade dessa compensação ser realizada antes de encerrado o período base anual, é de se dizer que a Instrução Normativa SRF nº 210/2002, vigente em 12/03/2004, data da transmissão da DCOMP sob exame, não o proibia, razão pela qual devese ter por permitida. Por fim, como não estavam em vigor à época da transmissão da referida DCOMP, desnecessário adentrar ao exame da legalidade do art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 460/2004, e do art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 600/2005, que passaram a proibir a compensação da estimativa de IRPJ e CSLL paga a maior antes de encerrado o período base anual. Ressaltese ainda que o art. 11 da Instrução Normativa SRF nº 900/2008, atualmente em vigor, aboliu tal proibição. Por tais razões, voto por conhecer o recurso especial do contribuinte e darlhe provimento para reformar o acórdão recorrido e, assim, determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem, para análise do crédito de estimativa mensal pleiteado nestes autos. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 370DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16366.000252/2008-95
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA ASSEPSIA E HIGIENIZAÇÃO DOS TANQUES DE TRANSPORTE DE LEITE, SILOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS.
Os produtos químicos utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite - caminhões, silos e equipamentos industriais são considerados essenciais à atividade/produção do sujeito passivo, eis ser obrigatória a referida assepsia para evitar a contaminação da matéria-prima e do produto acabado. O que, por conseguinte, há de se considerar a constituição de crédito das contribuições sobre os gastos com a aquisição dos referidos produtos químicos, em respeito à prevalência do critério da essencialidade para fins de conceituação de insumo para a geração do direito ao referido crédito.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. PRODUTOS QUÍMICOS. RESÍDUOS INDUSTRIAIS. TRATAMENTO. CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE.
A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com aquisições de produtos químicos utilizados no tratamento de resíduos industriais.
Numero da decisão: 9303-005.646
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, para não considerar como insumo os produtos utilizados no tratamento dos resíduos industriais, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconelo, que lhe negaram provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA ASSEPSIA E HIGIENIZAÇÃO DOS TANQUES DE TRANSPORTE DE LEITE, SILOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS. Os produtos químicos utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite - caminhões, silos e equipamentos industriais são considerados essenciais à atividade/produção do sujeito passivo, eis ser obrigatória a referida assepsia para evitar a contaminação da matéria-prima e do produto acabado. O que, por conseguinte, há de se considerar a constituição de crédito das contribuições sobre os gastos com a aquisição dos referidos produtos químicos, em respeito à prevalência do critério da essencialidade para fins de conceituação de insumo para a geração do direito ao referido crédito. REGIME NÃO-CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. PRODUTOS QUÍMICOS. RESÍDUOS INDUSTRIAIS. TRATAMENTO. CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com aquisições de produtos químicos utilizados no tratamento de resíduos industriais.
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CONCEITO DE INSUMO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CONFEPAR AGROINDUSTRIAL COOPERATIVA CENTRAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA ASSEPSIA E HIGIENIZAÇÃO DOS TANQUES DE TRANSPORTE DE LEITE, SILOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS. Os produtos químicos utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite caminhões, silos e equipamentos industriais são considerados essenciais à atividade/produção do sujeito passivo, eis ser obrigatória a referida assepsia para evitar a contaminação da matériaprima e do produto acabado. O que, por conseguinte, há de se considerar a constituição de crédito das contribuições sobre os gastos com a aquisição dos referidos produtos químicos, em respeito à prevalência do critério da essencialidade para fins de conceituação de insumo para a geração do direito ao referido crédito. REGIME NÃOCUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMOS. PRODUTOS QUÍMICOS. RESÍDUOS INDUSTRIAIS. TRATAMENTO. CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre gastos com aquisições de produtos químicos utilizados no tratamento de resíduos industriais. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial, para não considerar como insumo os produtos utilizados no tratamento dos resíduos industriais, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconelo, que lhe negaram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 00 02 52 /2 00 8- 95 Fl. 459DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 3 2 (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3802001.477, da 2ª Turma Especial da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário para: · Restabelecer a dedução da base de cálculo da Contribuição dos valores das receitas obtidas nas vendas com suspensão de leite in natura; · Restabelecer a dedução dos créditos apurados sobre o valor das aquisições de produtos químicos utilizados na higienização dos equipamentos industriais e no tratamento dos resíduos industriais; e · Homologar as compensações até o limite do valor do crédito reconhecido. Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, requerendo a reforma do acórdão recorrido para restabelecer a glosa efetivada em relação aos produtos químicos utilizados na higienização dos equipamentos e no tratamento dos resíduos industriais. Apresenta, dentre outras, as seguintes razões: · Os produtos químicos utilizados na higienização de equipamentos e no tratamento dos resíduos industriais, embora não sejam bens do ativo permanente, não tiveram contato físico direto, nem exerceram diretamente ação no produto industrializado, assim não se enquadram na condição de insumo, tampouco podem ser aproveitados como créditos da contribuição. · A decisão ora recorrida, ao alargar o conceito de insumos dado pelos arts. 3º, II, da Leis nos 10.637/2002 e 10.833/2003 c/c o disposto na IN´s SRF nºs 247/2002 e 404/2004, em razão de uma interpretação equivocada, acabou por criar dispensa de pagamento de tributo não prevista em lei. Por este motivo, deve ser restabelecida a decisão de primeira instância, a ratificadas. Em Despacho do Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Fl. 460DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 4 3 Contrarrazões ao recurso foram apresentadas pelo sujeito passivo, cujos principais argumentos foram: · Os materiais informados nas contas 7.0.0.00.09 e 7.1.0.00.09 – produtos químicos são utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite – caminhões, silos e equipamentos industriais conforme nota da inspeção federal (SIF); · Os equipamentos operam com ciclos determinados sendo obrigatório a assepsia para evitar a contaminação da matériaprima e do produto acabado; · O setor de laticínio gera resíduos industriais que necessitam ser tratados na estação de tratamento, devido ao grande teor de partículas gordurosas a utilização de reagentes químicos é necessário para o efetivo tratamento dos resíduos, a água tratada é destinada ao Ribeirão Cambezinho de acordo com a legislação ambiental, são utilizados os seguintes insumos: soda cáustica, ácido peracético, ácido nítrico, ácido sulfúrico, peróxido de hidrogênio, polímero aniônico, policloreto de alumínio, nutrientes e aminoácidos; · Por conseguinte, restam enquadrados no conceito de insumo, eis que a intenção da lei é favorecer a cadeia produtiva. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303 005.641, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 16366.000239/200836, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.641): Da Admissibilidade "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo, eis que atendidos os critérios de conhecimento trazidos pelo art. 67 do RICARF/2015 – com alterações posteriores. O que concordo com o despacho de exame de admissibilidade. Contrarrazões devem ser consideradas, eis que tempestivas." Fl. 461DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 5 4 Do Mérito "Ventiladas tais considerações, passo a discorrer a priori sobre o conceito de insumos. Primeiramente, sobre os critérios a serem observados para a conceituação de insumo para a constituição do crédito do PIS e da Cofins trazida pela Lei 10637/02 e Lei 10.833/03, não é demais enfatizar que se trata de matéria controvérsia. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Vêse que na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, vêse que, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Não obstante à jurisprudência dominante, importante discorrer sobre o tema desde a instituição da sistemática não cumulativa das r. contribuições. Em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: Fl. 462DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 6 5 “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 7 6 Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Ademais, a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, vêse que, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admite se também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, pra tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] Fl. 464DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 8 7 § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; Fl. 465DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 9 8 e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Eis que, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 10 9 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: “COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. Fl. 467DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 11 10 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. ” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Passadas tais considerações, ressurgindo ao caso vertente, manifesto minha concordância com o entendimento expressado pelo nobre conselheiro José Fernandes do Nascimento – que peço licença para transcrever parte: “[...] No caso em apreço, a higienização dos equipamentos industriais e o tratamento dos resíduos decorrentes do processo de industrialização são exigências do próprio Poder Público que devem ser cumpridas pela Recorrente, sob pena de inviabilizado o processo produtivo. Em consequência, os gastos com a aquisição dos produtos químicos utilizados nessa atividade são considerados insumos, posto que são essenciais à manutenção do processo de fabricação. No Acórdão nº 930301.740, ao analisar questão similar, a 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) manifestou o mesmo entendimento, conforme explicitado na ementa a seguir transcrita: COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. (CSRF. 3ª Turma. Ac. 930301.740, de 9/11/2011, rel. Nanci Gama). Com base no exposto, fica demonstrado que os gastos com a aquisição dos produtos químicos, utilizados na higienização de equipamentos industriais e no tratamentos dos resíduos industriais, enquadramse no conceito de insumo estabelecido no art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, portanto, deve ser computado na base de cálculo dos créditos da Cofins.” Fl. 468DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 12 11 Ora, tal como exposto pelo sujeito passivo, os produtos químicos em questão são utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite – caminhões, silos e equipamentos industriais conforme nota da inspeção federal (SIF) e tais equipamentos operam com ciclos determinados, sendo, assim, obrigatório a assepsia para evitar a contaminação da matériaprima e do produto acabado. " (...)1 "Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo de suas conclusões, quanto ao direito de se aproveitar créditos sobre os gastos incorridos com produtos químicos para o tratamento de resíduos industriais. A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento da Cofins no regime da nãocumulatividade previsto na Lei 10.833/2003. Como visto, a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. Importante explicar, que minha concordância com a relatora em relação à manutenção dos créditos relativos a higienização dos equipamentos industriais, deuse porque entendo que efetivamente são itens consumidos diretamente no processo produtivo do leite. Porém não concordo com as razões motivadas por ela para aceitação do crédito, no sentido que para tanto, basta conferir a sua essencialidade em relação às atividades produtivas da empresa. Como está claro no meu voto, esta tese extrapola os limites estabelecidos pela lei. O objeto de discussão no recurso do contribuinte é quanto à possibilidade de manutenção de créditos da não cumulatividade da Cofins sobre as aquisições de produtos químicos utilizados no tratamento de resíduos industriais. O acórdão recorrido entendeu pela possibilidade de tal creditamento, afirmando que tais produtos integram o conceito de insumos utilizados na produção dos bens produzidos e vendidos pelo produtor/vendedor. A Fazenda Nacional insurgese contra esta possibilidade argumentando em apertada síntese pela falta de previsão legal para a concessão dos créditos nesta hipótese. Porém, como já dito, adoto um conceito de insumos bem mais restritivo do que o conceito da essencialidade, adotado pelo acórdão recorrido e pelo voto vencido. Nesse sentido, importante transcrever o art. 3º da Lei nº 10.833/2003, que trata das possibilidades de creditamento da Cofins: 1 Deixouse de transcrever o fragmento do voto do paradigma no qual a relatora reconhecia, também, o direito de créditos sobre as aquisições de produtos químicos utilizados no tratamento dos resíduos industriais, pois esse entedimento foi vencido, não se aplicando à solução do presente litígio (íntegra no processo paradigma). Fl. 469DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 13 12 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (...). 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; Fl. 470DF CARF MF Processo nº 16366.000252/200895 Acórdão n.º 9303005.646 CSRFT3 Fl. 14 13 II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. (...). Ora, segundo este dispositivo legal, somente geram créditos da contribuição os custos com bens e serviços utilizados como insumos na fabricação dos bens destinados a venda. Note que o dispositivo legal descreve de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Fosse para atingir todos os gastos essenciais à obtenção da receita não necessitaria ter sido elaborado desta forma, bastava um único artigo ou inciso. Não necessitaria ter descido a tantos detalhes. No presente caso, é incontroverso que os produtos químicos adquiridos para o tratamento de resíduos industriais não constituem insumos dos produtos fabricados e vendidos pelo contribuinte nem foram utilizados diretamente na produção dos bens produzidos/vendidos. Observe que a sua utilização somente realizase após a conclusão da fabricação ou produção do bem. Tratase de insumo utilizado após o fim do processo industrial. Não discordo da conclusão do acórdão recorrido de que os gastos com aqueles bens e serviços estão vinculados às atividades do contribuinte. Mas o legislador restringiu a possibilidade de creditamento do PIS e da Cofins aos insumos utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda e na prestação de serviços. Portanto considerando que tais gastos não se enquadram no conceito de insumos nem foram utilizadas diretamente na fabricação dos produtos não é possível tal creditamento. Assim, por se tratar de despesas com bens que não foram utilizados no processo de produção dos bens produzidos/vendidos, mas no tratamento de resíduos industriais, as glosas dos créditos da contribuição, efetuadas pela autoridade administrativa, devem ser mantidas. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso especial da Fazenda Nacional." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para não considerar como insumo os produtos utilizados no tratamento dos resíduos industriais. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 471DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.006791/2005-78
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Data do fato gerador: 30/06/2000
DECADÊNCIA. ART. 150, §4º, DO CTN.
Se houve pagamento de tributo (ainda que parcial), e se a própria Fiscalização não considerou uma determinada infração como conduta dolosa, o prazo de decadência para essa infração é o previsto no art. 150, §4º, do Código Tributário Nacional (CTN).
Numero da decisão: 9101-003.123
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 30/06/2000 DECADÊNCIA. ART. 150, §4º, DO CTN. Se houve pagamento de tributo (ainda que parcial), e se a própria Fiscalização não considerou uma determinada infração como conduta dolosa, o prazo de decadência para essa infração é o previsto no art. 150, §4º, do Código Tributário Nacional (CTN). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 67 91 /2 00 5- 78 Fl. 2477DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) contra "decisão nãounânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova", fundamentado no art. 7º, I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, c/c art. 4º da Portaria MF nº 256/2009 (RICARF/2009) e art. 3º da Portaria MF nº 343/2015, que aprova o atual Regimento Interno do CARF. A recorrente insurgise contra o Acórdão nº 10517.262, de 15/10/2008, por meio do qual a Quinta Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes deu provimento a recurso voluntário da contribuinte acima identificada, para fins de, entre outras questões, por maioria de votos, acolher a decadência para um dos itens do auto de infração de IRPJ (Item 003 glosa de prejuízos compensados indevidamente, por inexistência de saldo de prejuízo a ser compensado), especificamente em relação ao segundo trimestre do anocalendário de 2000. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: DECADÊNCIA Reconhecido o dolo pela prática reiterada de infração, aplicase o art. 173, I, do CTN no que se refere à decadência. DECADÊNCIA Não demonstrada a prática de dolo, fraude ou simulação, aplicase o art. 150, c.c. seu parágrafo 4°, do CTN ao prazo decadencial. PEDIDO DE DILIGÊNCIA PRESCINDIBILIDADE INDEFERIMENTO Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. NORMAS PROCESSUAIS MPF REGULARIDADE Os Mandados de Procedimento Fiscal (MPF) foram prorrogados sem lapso temporal entre eles, inocorrendo qualquer irregularidade. Mesmo que houvesse ocorrido o vencimento do prazo do MPF, isso não constituiria hipótese legal de nulidade do lançamento ou teria o condão de devolver a espontaneidade ao sujeito passivo. OMISSÃO DE RECEITAS ALUGUÉIS. VENDA DE IMÓVEIS COMPROVAÇÃO PARCIAL Excluise da exigência valores que comprovadamente foram submetidos à tributação, espontaneamente, pelo sujeito passivo. Subsiste a imposição em relação a todos os valores que o contribuinte não ilidiu a prova constante dos autos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA CABIMENTO Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no artigo 44, incio II, da Lei ri° 9.430/96, restando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo Fl. 2478DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 4 3 enquadrase, em tese, nas hipóteses tipificadas no art. 71, inciso I, da Lei n° 4.502/64. CSLL COFINS PIS DECADÊNCIA PRAZO O prazo decadencial para a constituição do crédito tributário relativo à CSLL, COFINS e PIS é de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, conforme determina a legislação de regência. LANÇAMENTOS DECORRENTES CSLL COFINS PIS Solução dada ao litígio principal, relativo ao Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, estendese, no que couber, aos demais lançamentos decorrentes quando tiver por fundamento o mesmo suporte fático. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da Quinta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas. Por maioria de votos, MANTER a multa qualificada, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido os Conselheiros Paulo Jacinto do Nascimento, Leonardo Henrique M. de Oliveira e José Carlos Passuello. Por unanimidade de votos, ACOLHER a decadência do IRPJ e CSLL em relação aos fatos geradores ocorridos em 31 de dezembro de 1998, 31 de março 1999 e 30 de setembro de 1999 e PIS COFINS em relação aos fatos geradores ocorridos até novembro de 1999. Por maioria de votos, ACOLHER a decadência em relação à glosa de prejuízos fato gerador ocorrido em 30 de junho de 2000. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga Rocha e José Clóvis Alves. (grifo acrescido) A PGFN afirma que o acórdão recorrido configura decisão nãounânime e contrária à evidência das provas, na parte em que ela acolheu a decadência para um dos itens do auto de infração de IRPJ (Item 003 glosa de prejuízos compensados indevidamente, por inexistência de saldo de prejuízo a ser compensado), especificamente em relação ao segundo trimestre do anocalendário de 2000. Para o processamento do recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: as infrações apuradas são as abaixo descritas, sendo que a do item "d" é aplicável somente ao IRPJ, e a do item "e" somente à CSLL: (a) Omissão de receitas de aluguéis; (b) Resultados operacionais não tributados; (c) Operações de permuta ou dação não tributadas; (d) Glosa de prejuízos compensados; e (e) Glosa de base de cálculo negativa de períodos anteriores; a sistemática falta de contabilização das receitas caracterizaria, segundo o autuante, ação dolosa tendente a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, e levou à aplicação de multa de ofício agravada, no percentual de 150%; no tocante ao acolhimento da decadência em relação à glosa de prejuízos, cujo fato gerador ocorreu em 30 de junho de 2000, restaram vencidos os ilustres conselheiros Fl. 2479DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 5 4 Wilson Fernandes Guimarães, Waldir Veiga e José Clóvis Alves, que não acolheram tal decadência, autorizando a interposição do Recurso Especial; no IRPJ e CSLL, há um fato gerador, ocorrido em 30/06/2000, que está lançado sem o agravamento da penalidade, o que foi o bastante para o votocondutor reconhecer a decadência do direito de lançar; ocorre que conforme à evidência das provas colhidas nos autos, temos que a infração é por "Glosa de Prejuízos Compensados Indevidamente" e decorre da reversão do prejuízo em função das infrações constatadas nos períodos de 1998 a 2002; ora, tal glosa nada mais é do que conseqüência e decorrência direta das demais infrações praticadas, todas infrações em que caracterizado o evidente intuito de fraude, como reconheceu o próprio v. Acórdão ora recorrido; com efeito, em que pese o autuante não ter agravado a penalidade, é indiscutível que, de acordo com as provas colhidas nos autos, a referida glosa de prejuízos decorre da prática fraudulenta adotada pelo contribuinte. Com isso, também para esse fato gerador, deveria ser afastada a decadência. Isto porque, a regra decadencial seria a aplicação do artigo 173, inciso I, do CTN, o qual também restou malferido, portanto; a União (Fazenda Nacional) requer seja conhecido e provido o presente Recurso Especial apresentado, a fim de reformar em parte o v. Acórdão ora recorrido, a fim de ser afastada a preliminar de decadência do direito de lançar o IRPJ e a CSLL com relação ao fato gerador ocorrido em 30 de junho de 2000 (infração: glosa de prejuízos). Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, o Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 241, de 09/05/2009, deu seguimento ao recurso, nos seguintes termos: Analisando os autos verifico que a decisão foi tomada por maioria, preenchendo assim a condição para apresentação do recurso com base no artigo 7° inciso I e 15°, §1° do RICSR. O recorrente argumenta a contrariedade da decisão às provas dos autos e aponta quais as provas que no seu entender foram contrariadas, cumprindo assim os requisitos regimentais para o seguimento de seu recurso. Assim, na competência a mim conferida pelo artigo 15 §6° do RICSRF, DOU SEGUIMENTO ao RE, por preencher os requisitos regimentais. Em 29/11/2009, a contribuinte foi cientificada do despacho que admitiu o recurso especial da PGFN, e em 10/12/2009 (envelope às efls. 2375), ela apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: sustenta o Procurador da Fazenda Nacional que a reversão dos prejuízos fiscais de que se fala decorreu de infrações constatadas pelo fisco, infrações essas praticadas com evidente intuito de fraude, conforme reconhecido no aludido julgado. Desse modo, ainda que o autuante não tenha agravado a penalidade no aspecto ora considerado, entende o Recorrente ser indiscutível que, ante as provas constantes dos autos, também para esse fato Fl. 2480DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 6 5 gerador deverá ser afastada a decadência, aplicandose igualmente a regra constante do art. 173, I, do CTN; não deve prosperar o Recurso Especial em causa, assim como igualmente não obteve guarida a pretensão da Autoridade Julgadora de 1ª instância, que também defendia idêntico entendimento. Com efeito, sucede que tal pretensão implica efetivamente, em última análise, o agravamento da exigência, a ser praticado na fase de julgamento de 2ª instância, com evidente prejuízo do direito de defesa do contribuinte e suprimindose, ainda, o necessário duplo grau de jurisdição; ainda que discutível a possibilidade de agravamento da exigência pelas DRJ posto que necessário neste caso a lavratura de auto de infração complementar ou de notificação de lançamento complementar, faltando competência aos órgãos julgadores para tanto, consoante as disposições do parágrafo único do art. 15 e § 3º do art. 18, ambos do D. 70.235/72, com a redação dada pela Lei n° 8.748/93, de qualquer sorte, deveria ser devolvido o prazo para impugnação do sujeito passivo, o que não aconteceu, sendo por outro lado impossível, neste estágio do processo, seu eventual saneamento; correta, por conseqüência, a decisão adotada por maioria, no Acórdão recorrido, no sentido de que, tendo sido aplicada quando da autuação, no atinente ao item em questão ("Glosa de prejuízos compensados indevidamente"), a multa de 75% (art. 44, I, da Lei n° 9.430/96) e, não, a qualificada de 150% (art. 44, II, da mesma Lei n° 9.430/96), que deverá ser obrigatoriamente imposta nos "casos de e vidente intuito de fraude" conforme ali previsto, descabe, por isso, a transferência da regra de decadência do art. 150, §4º, para a do art. 173, I, ambos do CTN, por não se verificar, no aspecto em comento, a condição necessária à aludida modificação da regra de decadência: a ocorrência de fraude; ante o exposto, não deve ser acolhido o recurso especial da PGFN. Cabe ainda registrar que a contribuinte também apresentou recurso especial em relação à parte da decisão que lhe foi desfavorável. Entretanto, a Presidente da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1300000.127, de 27/04/2015, não deu seguimento a esse recurso por entender que não restaram configuradas as divergências suscitadas pela contribuinte, decisão que foi confirmada pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em caráter definitivo, conforme Despacho de Reexame de Admissibilidade de Recurso Especial por ele exarado em 30/04/2015 (efls. 2.402/2.410). É o relatório. Fl. 2481DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. A controvérsia que chega a essa fase de recurso especial diz respeito à contagem de prazo decadencial para a constituição de crédito tributário. A PGFN afirma que o acórdão recorrido configura decisão nãounânime e contrária à evidência das provas, na parte em que ela acolheu a decadência para um dos itens do auto de infração de IRPJ (Item 003 glosa de prejuízos compensados indevidamente, por inexistência de saldo de prejuízo a ser compensado), especificamente em relação ao segundo trimestre do anocalendário de 2000 (fato gerador ocorrido em 30/06/2000). O recurso especial também faz menção à CSLL, mas cabe esclarecer que o item "003 COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE PERÍODOS ANTERIORES" do auto de infração de CSLL abrangeu apenas fatos geradores ocorridos em 31/12/2000 e 31/12/2002. O lançamento da CSLL, relativamente à compensação indevida de base negativa de períodos anteriores, não abrangeu o segundo trimestre do anocalendário de 2000 (fato gerador em 30/06/2000), de modo que o recurso especial da PGFN diz respeito apenas ao IRPJ. Os autos de infração apontam a ocorrência de várias infrações: (a) Omissão de receitas de aluguéis; (b) Resultados operacionais não tributados; (c) Operações de permuta ou dação não tributadas; (d) Glosa de prejuízos compensados; e (e) Glosa de base de cálculo negativa de períodos anteriores. Os itens "d" e "e" acima referidos decorreram dos itens anteriores, em razão de eles terem modificado os saldos de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL acumulados nos períodosbase de 1998 a 2002. Ocorre que a Fiscalização só aplicou a multa qualificada de 150% para os três primeiros itens de infração. Para as exigências relativas à (d) Glosa de prejuízos compensados IRPJ; e à (e) Glosa de base de cálculo negativa de períodos anteriores CSLL, foi aplicada a multa de 75%. O auto de infração de IRPJ, em relação à glosa de prejuízos compensados, abrange fatos geradores ocorridos em 30/06/2000, 30/09/2000, 31/12/2000 e 31/12/2002. Já o auto de infração de CSLL, em relação à glosa de base de cálculo negativa de períodos anteriores, abrange fatos geradores ocorridos em 31/12/2000 e 31/12/2002. Como a contribuinte foi cientificada dos lançamentos em 31/08/2005, foi reconhecida a decadência para o "Item 003 glosa de prejuízos compensados indevidamente, por inexistência de saldo de prejuízo a ser compensado", especificamente em relação ao Fl. 2482DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 8 7 segundo trimestre de 2000 (fato gerador ocorrido em 30/06/2000), em razão do prazo previsto no art. 150, §4º, do CTN, controvérsia que, como já esclarecido, diz respeito apenas ao IRPJ. Em síntese, a PGFN alega que apesar de o autuante não ter agravado a penalidade para o item referente à glosa de prejuízos compensados indevidamente, é indiscutível que, de acordo com as provas colhidas nos autos, a referida glosa de prejuízos decorre da prática fraudulenta adotada pela contribuinte. Assim, também deveria ser afastada a decadência para o fato gerador acima mencionado, em razão da aplicação do artigo 173, I, do CTN, em vez do art. 150, §4º, do mesmo diploma O "Demonstrativo de Apuração do IRPJ" (efls. 16) e o "Demonstrativo da Compensação de Prejuízos Fiscais" (efls. 42) informam que a contribuinte apurou lucro no segundo trimestre de 2000, no valor de R$ 41.408,87, e que nesse período de apuração a exigência do IRPJ recaiu diretamente sobre duas infrações: "003 GLOSA DE PREJUÍZOS COMPENSADOS INDEVIDAMENTE SALDOS DE PREJUÍZOS INSUFICIENTES", no valor de R$ 12.422,66 (com multa de 75%), e "004 RESULTADOS OPERACIONAIS NÃO DECLARADOS", no valor de 15.807,48 (com multa de 150%). Ou seja, não houve exigência sobre o lucro apurado pela própria contribuinte (que remanesceu após a compensação dos prejuízos fiscais de períodos anteriores), o que indica ter havido pagamento ou confissão do imposto relativo a essa parte da base de cálculo. Portanto, a definição de qual das regras de decadência previstas no CTN deve ser aplicada para o IRPJ referente à glosa de prejuízos compensados indevidamente no segundo trimestre do anocalendário de 2000 depende apenas da análise sobre a questão da fraude. O que se percebe é que a Fiscalização imputou fraude/dolo apenas às infrações relativas à omissão de receitas, conforme consta do Relatório de Ação Fiscal (efls. 64): AGRAVAMENTO DA MULTA DE OFÍCIO Como o contribuinte não ofereceu à tributação TEMPESTIVAMENTE os valores das operações de comissões, tampouco procedeu a escrituração contábil das operações de permuta e do recebimento de imóvel como parte de pagamento, omitindo desta forma o conhecimento dos fatos pelo Fisco, entendemos como obrigatória a aplicação da multa qualificada, por caracterizar ação dolosa tendente a impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do imposto devido, no caso, fundamento da imposição da penalidade fiscal cominada de 150% sobre os imposto de renda e as contribuições. O artigo 44, inciso II, da Lei 9.430/96 estabelece que a multa de oficio a ser aplicada nos casos de evidente intuito de fraude, conforme definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64, será de 150%. Em complemento, informamos que os valores subordinados à multa de oficio agravada em 150% também são objeto da Representação Fiscal para Fins Penais. Não foi por um erro de digitação, ou algo semelhante, que os valores lançados a título de glosa na compensação de prejuízo foram acompanhados com a multa Fl. 2483DF CARF MF Processo nº 11080.006791/200578 Acórdão n.º 9101003.123 CSRFT1 Fl. 9 8 normal de 75%. A Fiscalização quis mesmo aplicar a multa de 75% a essa infração, porque a compensação de prejuízos, apesar de considerada indevida, foi informada ao Fisco. Nesse passo, considerar nesse momento processual a compensação de prejuízo como conduta fraudulenta/dolosa, ainda que somente para fins de contagem da decadência (e não de agravamento dos valores exigidos), implicaria em uma inovação nos fundamentos do lançamento. Está claro que a Fiscalização vislumbrou o dolo quando a contribuinte omitiu receitas em determinados períodos. Essas omissões de receitas, além do não pagamento de tributo nos próprios períodos de apuração, também ensejaram a redução dos estoques de prejuízos acumulados (porque em alguns casos houve reversão dos prejuízos que haviam sido apurados pela contribuinte). Mas o lançamento não foi pela redução nos estoques dos prejuízos acumulados, e sim pelo aproveitamento indevido de prejuízos em períodos posteriores. Ou seja, no momento da omissão de receita, não se identificou o dolo para compensar prejuízos (indevidos) num certo valor e em determinado período futuro. É esse o contexto em que se deu o lançamento, e, diante disso, o prazo decadencial para a infração referente à compensação indevida de prejuízos é mesmo o previsto no art. 150, §4º, do CTN, porque houve pagamento de tributo (ainda que parcial), e porque a Fiscalização não considerou essa conduta como dolosa. Desse modo, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 2484DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.002888/2002-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002
RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. CERTEZA/LIQUIDEZ. PROVAS. ÔNUS.
O ressarcimento de saldo credor trimestral de IPI está condicionado à comprovação, por parte do requerente, da certeza e liquidez do valor pleiteado, mediante a apresentação de demonstrativo de apuração do valor, acompanhado das respectivas memórias de cálculo e dos documentos fiscais e contábeis que lhe deram origem.
PROVAS. APRECIAÇÃO. SEGUNDA INSTÂNCIA. PRECLUSÃO.
Inadmissível a apreciação em grau de recurso de documentos não submetidos à apreciação da autoridade julgadora de primeira instância, a não ser que decorram de uma das hipóteses constantes do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 9303-005.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Valcir Gassen não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pela conselheira Érika Costa Camargos Autran na sessão anterior.
Julgamento iniciado na reunião de 08/2017 e concluído em 19/09/2017.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas e Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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CERTEZA/LIQUIDEZ. PROVAS. ÔNUS. O ressarcimento de saldo credor trimestral de IPI está condicionado à comprovação, por parte do requerente, da certeza e liquidez do valor pleiteado, mediante a apresentação de demonstrativo de apuração do valor, acompanhado das respectivas memórias de cálculo e dos documentos fiscais e contábeis que lhe deram origem. PROVAS. APRECIAÇÃO. SEGUNDA INSTÂNCIA. PRECLUSÃO. Inadmissível a apreciação em grau de recurso de documentos não submetidos à apreciação da autoridade julgadora de primeira instância, a não ser que decorram de uma das hipóteses constantes do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Valcir Gassen não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pela conselheira Érika Costa Camargos Autran na sessão anterior. Julgamento iniciado na reunião de 08/2017 e concluído em 19/09/2017. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 28 88 /2 00 2- 15 Fl. 17418DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 3 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas e Vanessa Marini Cecconello. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão nº 330100.328, de 20 de outubro de 2009 (fls. 16790 a 16794 do processo eletrônico), proferido pela Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem no pedido protocolado pelo Contribuinte requerendo o ressarcimento do crédito básico de IPI, autorizado pelo art. 11 da Lei n° 9.779, de 19 de janeiro de 1999, relativo às aquisições de insumos empregados na industrialização de seus produtos inclusive de alíquota zero ou isentos, referente ao 3° trimestre de 2002, no valor de R$ 220.882,82. O Despacho Decisório exarado pela Autoridade Julgadora de Primeira Instância indeferiu o pedido de ressarcimento, não homologando a compensação pleiteada e determinando que se prosseguisse na cobrança dos valores não homologados. Inconformado com a decisão administrativa, o Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, que, em síntese, abordou as seguintes razões de defesa: 1 Relatou o histórico do processo e expôs as razões da sua inconformidade, dizendo que, as embalagens utilizadas em seus produtos de pescado sempre foram fabricadas por empresas especializadas, mediante contrato de industrialização por encomenda; 2 Argumentou que como a maioria de seus produtos são tributados à alíquota zero, a empresa tende a ter saldo credor do IPI ao final de todos trimestres, apresentando assim Fl. 17419DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 4 3 pedidos de ressarcimento/declaração de compensação, possibilidade prevista nos termos do art. 11 da Lei n° 9.779/99. Alegou que o Regulamento do IPI (RIPI12002) disciplina as condições e exigências para a prática da operação de industrialização por encomenda, permitindo o creditamento do IPI relativo a MP, PI e ME, quando remetidos a terceiros para industrialização por encomenda, sem transitar por seu estabelecimento, como também confirma que a escrituração do crédito do deverá ser feita no recebimento da respectiva nota fiscal (caso de entrada simbólica de produtos); 3 Na continuação, passou a abordar os procedimentos envolvidos nas sequências de industrialização por encomenda das embalagens que acondicionam seus produtos, descrevendo o processo de fabricação das latas/embalagens, a partir da remessa das chapas pela CSN para as empresas contratadas para fabricação das latas, e, finalmente repassadas A GDC, comprovando o vínculo entre a GDC e demais industrializadores, inclusive protestando por nova juntada de informações; 4 Citou o processo administrativo n° 10909.002308/0001, de natureza idêntica ao presente, distinguindose apenas quanto ao período do crédito pleiteado, em que 3ª Turma da DRJ/POA manifestouse através do Acórdão n° 1010.508 favorável ao crédito de IPI; 5 Por fim, a defesa afirmou que ficou claro o equívoco no indeferimento da compensação realizada, uma vez que não é a entrada física através do retorno das embalagens ao encomendante que determina o momento do crédito, mas sim a transmissão de sua propriedade, através da escrituração dos documentos de compra dos respectivos materiais, requerendo a reforma do despacho decisório para que seja homologada a compensação. A DRJ em Ribeirão Preto/SP julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o contribuinte apresentou recurso voluntário, o Colegiado por unanimidade de votou, negou provimento ao recurso, conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL. PRECLUSÃO. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material. Entretanto, se a contribuinte foi intimada e reintimada à apresentação dos documentos necessários à comprovação do Fl. 17420DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 5 4 suposto crédito pleiteado, só vindo a apresentálos por ocasião do recurso, sem as justificavas devidas, não há como afastar a preclusão do direito da recorrente, nos termos do art. 16, § 40 do Decreto n° 70.235, de 1972 (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997). Recurso Voluntário Negado. O Contribuinte interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 16.806 a 16830) em face do acórdão recorrido que negou provimento ao recurso voluntário, a divergência suscitada pelo Contribuinte diz respeito a primazia do princípio da verdade material no processo administrativo tributário e da possibilidade de apresentação de provas na fase recursal. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, o Contribuinte apresentou como paradigmas os acórdãos de número 240100135 e 10617.111. A comprovação do julgado firmouse pela juntada de cópias de interior teor dos acórdãos paradigmas, documentos de fls. 16898 a 16990. O recurso especial do Contribuinte foi admitido, conforme despacho de fls. 17377 a 17380, sob o argumento que acórdão recorrido decidiu que a apresentação de prova documental deve ser feita por ocasião da interposição da peça impugnatória, precluindo o direito do interessado fazêlo em outro momento processual. Por sua vez, os paradigmas firmam entendimento diverso, ao tratar da mesma situação, decidiram por aceitar a apresentação de novas provas aos autos em sede de recurso voluntário. Desta forma, entendeuse que foi confirmada a divergência jurisprudencial quanto à preclusão do direito de apresentar prova documental após a impugnação. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 17382 a 17386, manifestando pelo não provimento do recurso especial e que seja mantido o v. acórdão. OBS: Alguns volumes do processo foram digitalizados no processo eletrônico mais uma vez, repetindo os documentos. Desta forma, a numeração que cito no processo é da primeira vez que o documento aparece no processo. Por isso que o processo ficou tão grande, tem muito documento repetido. É o relatório em síntese. Fl. 17421DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e deve ser conhecido. Controvertese, nesta instância, sobre a possibilidade de se acolherem documentos probatórios trazidos aos autos em sede de recurso voluntário. Inicialmente, cumpre ressaltar que pautado no parecer desfavorável SAORT/DRF/OTJ n° 092/2006, o Dr. Delegado da Receita Federal em ItajaíSC indeferiu o pedido de ressarcimento, acolhendo o entendimento de que a recorrente não teria comprovado o direito de utilização do crédito de IPI, e que a Contribuinte não atendeu a intimação n° 225/05 SAORT/DRF/ITJ (fl. 1.443), de 27 de setembro de 2005, que Solicitou a apresentação do livro Registro de Entradas, para atestar a liquidez dos créditos pleiteados. E em 17 de novembro de 2005, por meio da Intimação n° 248/2005 SAORT/DRF/TJ (fls.11.448/1.449), reiterou o solicitado na Intimação n° 225/2005. Em 13 de janeiro de 2006,1a interessada respondeu (fl. 1.451), entretanto os autos revelam que a interessada não se dignou a apresentar o livro Registro de Entradas. Verificase que no decorrer de todo o processo a contribuinte foi juntando documentos e planilhas que comprovam o crédito, isto é, demonstram a vinculação entre os insumos e os produtos que industrializa, bem como a liquidez e certeza dos créditos, reconhecidas no processo administrativo n. 10909.00238/0001, similar a este. E verificavase que ao que parece a Contribuinte enfrentou diversas dificuldade para reunir todos os documentos solicitados. Principalmente com relação a REAL e GIORGI. Tanto que solicitava dilação de prazo e solicitou a conversão do julgamento em diligência, que foi indeferido em sede de Recurso Voluntário. Notase que em sede de Recurso Voluntário, a contribuinte juntou de forma complementar planilhas e documentos para provar o crédito indeferido , a contribuinte ainda junta cópia autenticada pelo Órgão da Receita Federal em Itajaí/SC, vista dos originais, do Livro de Registro de Entradas da empresa, instruído com as notas fiscais relativas aos Fl. 17422DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 7 6 insumos que compõem os créditos de IPI indicados neste pedido de ressarcimento, cujo exame é facilitado por planilha elaborada pela empresa (fls 12809 em diante). Acerca dessa matéria, já se tem nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pronunciamento até mesmo, no sentido de se acolherem os documentos probatórios produzidos apenas em sede de recurso voluntário, por se considerarem preponderantes, quando confrontados com o rigor formal, os princípios da verdade material, da legalidade e da oficialidade. (que não é o caso, pois a contribuinte, neste processo já vem juntando documentos, desde da impugnação para comprovar o seu direito creditório) Realmente o art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 PAF, que regula o processo administrativo fiscal, determina a apresentação da prova documental na impugnação, precluindo do direito de fazêlo em outro momento processual. No entanto, em nome do princípio da verdade material, tenho o entendimento que a apresentação de provas junto ao Recurso Voluntário deve ser aceita, pois considero que esta providência seria uma marcha natural do processo. No caso, penso ser possível se admitir a análise das novas provas, aplicando se a exceção do inciso ‘c’ do mesmo dispositivo legal, que permite a juntada de provas em momento posterior quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Afinal, o contribuinte trouxe na impugnação os documentos que julgava aptos a comprovar seu direito, e, ao analisar os argumentos do julgador a quo que não lhe foram favoráveis, trouxe novas provas para reforçar seu direito. Ou seja, a contribuinte juntara provas já na impugnação acerca da matéria que continuou a discutir no recurso voluntário. Nesse sentido, o que ela trouxe em segunda instância, foram, mais do que novas, provas complementares às que já haviam constado em sua impugnação, na qual, por óbvio, a questão fora enfrentada. Dessa maneira, entendo que a juntada extemporânea é admissível quando a documentação tenha a capacidade de demonstrar de forma cabal a improcedência da autuação ou a validade do direito postulado. Fl. 17423DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 8 7 Assim, no caso concreto, a apresentação das provas no voluntário é resultado da marcha natural do processo, sendo razoável sua admissão. Ademais, seria por demais gravoso, e contrário ao princípio da verdade material, a manutenção da glosa de deduções sem a análise das provas constantes nos autos. O que se quer com isso é evitar a manutenção é a glosa flagrantemente descabida, tãosó porque uma documentação existente não foi tempestivamente apresentada. É esse, a meu sentir, o alcance máximo do princípio da verdade material. Esse é o entendimento que se extrai do acórdão n° 302119545 (CSRF/03 04.382) da lavra do eminente Conselheiro NILTON LUIZ BARTOLI, que na mesma linha se pronunciou no brilhante sobre o principio da verdade material, verbis: Processo n°. : 10283.005474/9633 Recurso n°.: CSRF/0303.974 Matéria : INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA EmbargaNte : PROCURADOR DA FAZENDA NACIONAL Embargada : CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Interessada : MOTO HONDA DA AMAZÔNIA LTDA. Sessão de : 16 de maio de 2005. Acórdão n°. : CSRF/0304.382 [...] JUNTADA DE DOCUMENTOS NO RECURSO VOLUNTÁRIO — ADMISSIBILIDADE — PREVALÊNCIA DOS PRINCÍPIOS DA BUSCA DA VERDADE MATERIAL E DA OFICIALIDADE SOBRE O RIGOR FORMAL. O objetivo do processo administrativo fiscal é a constatação da ocorrência (ou não) do fato gerador da obrigação tributária. Tendo a Administração ciência de que o ato administrativo de lançamento não seguiu os ditames da legalidade, ainda que através de documento juntado tardiamente, deve o Fisco, de ofício, rever o ato. Fl. 17424DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 9 8 [...] Conforme exposto anteriormente, cumpre a esta Câmara Superior analisar a preliminar levantada pela Fazenda Nacional no que concerne à juntada de documentos, pelo contribuinte, em sede de recurso voluntário. Como é cediço, o processo administrativo fiscal, embora guarde similitudes com o processo civil, tem princípios e regramento próprios. O processo (ou procedimento) administrativo fiscal corresponde a uma sucessão de atos administrativos com um fim específico: apurar a ocorrência do fato gerador apto a fazer surgir a obrigação tributária. É com este mister em consideração que se deve analisar sua legislação de regência. O primeiro corolário desse objetivo específico (apurar a ocorrência do fato gerador) surge estampado no princípio da busca da verdade material. Ao priorizar a verdade material, tal preceito suaviza os rigores formais presentes no processo civil em prol da confirmação da ocorrência (ou não) do fato gerador. Com efeito, embora um certo formalismo seja até mesmo garantia em favor do administrado, ele (o formalismo) não é um fim em si mesmo e, por isso, deve ceder lugar à verdade fática. Outro princípio que informa o processo administrativo fiscal é o da oficialidade, segundo o qual o processo administrativo deve prosseguir mesmo sem o concurso da vontade do administrado, já que é dever da Administração o respeito à legalidade, sendolhe dado rever de ofício seus próprios atos. O aclamado jurista Alberto Xavier esclarece: "O procedimento administrativo de lançamento é todo ele dominado por um principio inquisitório, no que concerne à Fl. 17425DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 10 9 investigação, e por um principio de verdade material, no que tange à valoração dos fatos, donde resulta a livre apreciação de provas, a admissibilidade de todos os meios de prova e o dever de investigação do Fisco, sem sujeição às regras clássicas de repartição do ônus da prova e de delimitação do objeto do processo, que vigoram nos processos dispositivos, de que é paradigma o processo civil."' A revisão dos atos administrativos se dá, dentre outras modalidades, através da autotutela. A autotutela é o direitodever da Administração de rever seus próprios atos, quando ilegais, ou de revogálos, quando lhe for conveniente. Nesse sentido leciona a insigne professora Dra. Maria Sylvia Zanella Di Pietro em sua obra Direito Administrativo, referência doutrinária sobre o tema: "Enquanto pela tutela a Administração exerce controle sobre outra pessoa jurídica por ela mesma instituída, pela autotutela o controle se exerce sobre os próprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário. É uma decorrência do princípio da legalidade; se a Administração Pública está sujeita à lei, cabelhe, evidentemente, o controle da legalidade. Esse poder da Administração está consagrado em duas súmulas do STF. Pela de n° 346, "a administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos"; e pela de n° 473, "a administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos Fl. 17426DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 11 10 adquiridos, e ressalva, em todos os casos, a apreciação judicial". À vista dos princípios acima mencionados, é dever da Administração o controle e a eventual revisão dos atos administrativos, dentre os quais figura o ato de lançamento tributário, normalmente o ato inaugural do processo administrativo fiscal. É, portanto, sob esse prisma que deve ser examinada a juntada de documentos, pelo contribuinte, em seu recurso voluntário. (...) In casu, cumpre destacar que os documentos acostados pelo contribuinte em seu recurso voluntário serviram apenas como indício de prova, suficientes, porém, para suscitar dúvida no ilustre Conselheirorelator da Câmara recorrida, que oportunamente houve por bem converter o julgamento em diligência, justamente no intuito de dirimir as questões que envolviam a legalidade do lançamento em discussão. Finda a diligência, formou o ilustre julgador sua convicção, opinando pelo provimento do recurso, no que foi acompanhado pela maioria da Câmara. A decisão da Câmara, além de estar ancorada no livre convencimento do julgador administrativo (Decreto 70.235/72, art. 29), observou estritamente os cânones da oficialidade e da busca da verdade material, que devem nortear o processo administrativo fiscal. Nesse diapasão, merecem cita os seguintes arestos: "PROCESSUAL. PROVA. PRECLUSÃO. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA VERDADE MATERIAL. A apresentação de prova documental, após o decurso do prazo de impugnação, pode ser admitida excepcionalmente, a fim de que a decisão não contrarie os princípios da Fl. 17427DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 12 11 legalidade e da verdade material, que prevalecem sobre o formalismo processual. (...) Tenho defendido que os princípios da legalidade, da verdade material e da oficialidade devem prevalecer, no processo administrativo fiscal, em situações como essa, sobre o formalismo processual. A despeito da recente evolução normativa do PAF em direção a um maior formalismo, entendo que tais atos legais estavam marcados pela busca da agilidade nos deslinde das controvérsias, visando a coibir expedientes protelatórios e maximizar a boa ordem procedimental. Nesse sentido, mantenho o indeferimento de pleitos de produção de prova fora do momento processual estabelecido na lei, mas admito a juntada de provas documentais após o prazo para impugnação, sob os fundamentos a seguir explicitados. O processo administrativo fiscal ainda se caracteriza pelo informalismo. A ampla liberdade das autoridades para a determinação da realização de provas. A prevalência dos princípios da legalidade, da verdade material e da oficialidade. A autoridade administrativa tributária e as autoridades julgadoras, em obediência a esses princípios, não se opõem ao contribuinte, pois seu único objetivo é a aplicação da legislação tributária, não interessando ao Erário Público qualquer importância indevida cuja exigência poderia ser mantida em função de falhas na defesa dos autuados ou com base numa verdade processual contrária à realidade. A ausência de prejuízo para a boa ordem procedimental, quando a prova documental apresentada fora do prazo é aceita pela autoridade julgadora. Não vejo, nessa hipótese, Fl. 17428DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 13 12 qualquer prejuízo para a boa e correta decisão da lide, o que ocorrerá certamente em sua recusa. Teremos um procedimento bem ordenado, de acordo com a disposição literal da lei, do qual sairão arranhados o interesse público e o privado. Conformandose o contribuinte, a Fazenda Pública receberá um tributo indevido. Não se conformando, recorrerá às instâncias superiores e ao Judiciário. Qualquer uma dessas situações é manifestamente danosa à economia nacional, às Finanças Públicas, à moralidade administrativa e à busca de um relacionamento respeitoso entre Administração Pública e os administrados. Haverá um desgaste moral ou o desperdício de recursos, expondo se o Poder Público ao desnecessário, porque evitável, risco da sucumbência. Ippo Watanabe e Luiz Pigatti Júnior, em "Manual de Processo Administrativo Tributário", ed. Juarez de Oliveira, 2.000, fls. 539 a 542, tratam dos princípios que regem o PAF e posicionamse a favor da acolhida de tais provas. Marcus V. Neder e Maria Teresa M López, in "Processo Administrativo Fiscal Federal", ed. Dialética 2002, registram: 'As limitações à atividade probatória do contribuinte trazidas pelo par. 4° do art. 16, no entanto, têm provocado debates profundos entre os julgadores de primeira e segunda instância administrativa, eis que, ao se levar, às últimas conseqüências, as regras atualmente vigentes para o Dec. N° 70.235/72, estarseia mitigando a aplicação de um dos princípios mais caros ao processo administrativo que é o da verdade material. Embora se reconheça que a criação de regras de preclusão probatória decorre da necessidade de se garantir o andamento lógico do processo Fl. 17429DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 14 13 administrativo e que a adoção de uma informalidade absoluta, com direito à prova ilimitado, poderia levar à manipulações indesejáveis e à protelação injustificada de seu término. A tendência atual dos tribunais administrativos é a de atenuar, via construções jurisprudenciais, os rigores desta norma, pois não se deve esquecer que o processo fiscal tem por finalidade primeira garantir a legalidade da apuração do crédito tributário, devendo o julgador pesquisar exaustivamente se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e, em caso de impugnação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade, independente do alegado e provado' (fl. 205) Esse entendimento tem prevalecido nesta Câmara, no Conselho e na CSRF. Algumas decisões têm sido no sentido de que o processo seja devolvido à Primeira Instância, o que é desnecessário nesta lide, pois o documento foi apresentado à DRJ, após o decurso do prazo de impugnação e antes de sua decisão. Transcrevo duas ementas citadas na obra mencionada no parágrafo anterior, à fl. 208: 'Acórdão n° 10705.824 (Rec. 118.929), sessão de 8/12/99. A juntada, na fase recursal, de documentos que comprovem o alegado, são capazes de ilidir o delito fiscal...' 'Acórdão n° 10193.587 (Rec. 126.141), Sessão de 22/8/2001. Ementa: (...) Normas Gerais. Apresentação de Provas. O disposto no art. 16, par. 4° e 5°, do PAF, com a redação que lhe foi dada pelo art. 67, par. 4°, da Lei n° 9.532/97, não é incompatível com a juntada a posteriori de outros documentos e provas que as instâncias julgadoras hajam por bem solicitar à autuada, mesmo após a apresentação da impugnação." Fl. 17430DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 15 14 Na mesma linha se pronunciou recentemente esta Câmara Superior, em brilhante acórdão da lavra do eminente Conselheiro Paulo Roberto Cucco Antunes (acórdão CSRF/0304.194), do qual transcrevo a ementa e trecho do voto: "PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO — PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO — PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL. A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o princípio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento". (Ac. 1031 8789 — 3'. Câmara 1°. C.C.). Negado provimento ao Recurso (...) Para decidir o litígio que aqui se nos apresenta, entendo oportuna uma análise mais aprofundada das questões suscitadas pelas Partes conflitantes, inclusive à luz dos documentos trazidos à colação quando da apresentação do Recurso Voluntário, motivo da contestação apresentada pela Fazenda Nacional, e em razão dos posicionamentos divergentes encontrados entre Colegiados distintos, desta esfera administrativa. Em primeira mão destaco que comungo do entendimento dos I. Colegas Julgadores que defendem a tese de que as Fl. 17431DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 16 15 provas materiais carreadas para os autos, seja na fase recursória ou em qualquer outra, devem ser levadas em consideração, analisadas com o devido cuidado, investigadas inclusive por intermédio de diligências, se for o caso, para a apuração da verdade material que, efetivamente, deve nortear os julgamentos nesta esfera administrativa. A este Julgador não resta a menor dúvida de que para a aplicação da justiça e observância do bom direito, devese sempre levar em consideração o princípio da verdade material. Em assim sendo, como é sabido, o princípio da liberdade da prova, mais conhecido como princípio da verdade material, permite que a Administração Pública lance mão de qualquer prova carreada aos autos do processo administrativo, cuja existência seja do conhecimento da autoridade julgadora.. Tal princípio, tão relevante no procedimento administrativo, contrasta significativamente com a verdade formal. É o que ensina HELY LOPES MEIRELLES (em "O Processo Administrativo e em Especial o Tributário", Editora Resenha Tributária, SP, 1975): 'Enquanto nos processos judiciais o Juiz deve cingirse às provas indicadas no devido tempo pelas partes, no processo administrativo a autoridade processante ou julgadora pode, até o julgamento final, conhecer de novas provas, ainda que produzidas num outro processo ou decorrentes de fatos supervenientes que comprovem as alegações em tela.' (pág. 19) E ao princípio da liberdade da prova se acrescenta o do informalismo para formarem os pilares do processo administrativo fiscal, tão diferente da forma rígida do procedimento judicial. Fl. 17432DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 17 16 Com efeito, o princípio do informalismo, como complementa o mestre HELY LOPES MEIRELLES na obra citada, prescinde, essencialmente para os atos do contribuinte, de formas engessadas e dos ritos sacramentais, tão comuns na justiça. São suficientes as formalidades estritamente indispensáveis à consecução da certeza jurídica e à segurança procedimental. FERNANDO GARRIDO FALLA ( In "Régime de Impugnación de los Actos Administrativos, Madri, págs. 256 e seguintes) ressalta com bastante propriedade que o princípio do informalismo há de ser empregado com espírito de benignidade e sempre em benefício do administrado para que, por mero defeito de modo, não se repilam os atos de defesa e dos recursos. A visão de GARRIDO e DE MEIRELLES é ampla e perspicaz porque se amparam num escopo maior de justiça e objetividade. De que adianta fechar os olhos a provas evidentes do direito do contribuinte em razão de mero formalismo? Seria apenas retardar a justiça e acarretar maiores prejuízos tanto ao contribuinte quanto aos cofres públicos com uma longa demanda judicial. Aliás, exatamente neste sentido encontramos o voto vencedor no Acórdão n° 10243.107 da Segunda Câmara do Primeiro Conselho que se encaixa como uma luva ao caso dos autos: 'Razão alguma tem a Procuradoria da Fazenda, pois tendo o contribuinte apresentado a documentação requisitada, não há de prevalecer o lançamento efetuado. De que valeria negar, provimento ao presente recurso e obrigar o contribuinte a recorrer ao judiciário? Certo é que caso isto seja necessário, e sabendo que o contribuinte tem toda a documentação necessária a comprovar seu Fl. 17433DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 18 17 direito, a fazenda seria condenada a pagar honorários e o Poder Judiciário será novamente desnecessariamente ocupado com uma discussão inútil. A verdade material é o Princípio Objetivo Maior do processo administrativo fiscal, pois garante a defesa dos interesses da Fazenda e dos Contribuintes. Também não há de se invocar a preclusão ou a decadência do direito do contribuinte de apresentar tais documentos, uma vez que a matéria foi trazida aos autos na impugnação, e é mencionada expressamente na decisão recorrida. Entendo, que com relação a toda matéria expressamente tratada na decisão monocrática, é direito do contribuinte trazer novos documentos para rebatêla, não havendo preclusão ou decadência até o trânsito in albis do prazo recursal. Tal entendimento baseiase nos Princípios do Devido Processo Legal e da Verdade material, e nas garantias do Contraditório e da Ampla Defesa, e está de acordo com os interesses Público, Fiscal e pessoal.' O v. acórdão supra transcrito revela a essência do processo administrativo fiscal. A perquirição da verdade material é requisito indispensável e indeclinável da Administração. É seu o dever desta busca: apurar e lançar com fulcro na verdade material. No processo administrativo fiscal tanto o contribuinte quanto o fisco têm os seus direitos e deveres prescritos. Entre os deveres, o fisco tem o de investigar e o contribuinte o de colaborar, ambos com um único escopo: propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos, isso, evidentemente, sem Fl. 17434DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 19 18 prejuízo de todas as garantias inerentes à ampla defesa e ao due processo of law. Sobre esta questão há excelente trabalho do professor JAMES MARINS o qual peço vênia para reproduzir, tal a sua importância: 'O princípio da verdade material que governa o procedimento e o processo administrativo opõemse ao princípio da verdade formal que preside o processo civil, pois este prioriza a formalidade processual probatória — como ônus processual próprio das partes que tem como motor o princípio da segurança jurídica que cria amarras e restrições à atividade promovida pelo magistrado no processo judicial. No processo judicial convicção do juiz advém unicamente do conjunto de elementos produzidos pelas partes em rígido sistema de preclusão. Isso não significa que a verdade formal não possa conter a verdade material, mas apenas que a liberdade investigativa, os meios próprios de averiguação dos eventos de interesse tributário (diligências administrativas como a fiscalização in loco) e as faculdades procedimentais e processuais conferidas à Administração, se apresentam como instrumentos mais apropriados para a aproximação com a verdade material do que aquelas que são usualmente disponíveis no processo judicial. Enquanto no processo judicial de caráter civil ao magistrado não é lícito tomar a frente do processo e determinar ex officio a produção de provas que entender indispensáveis, no procedimento e no processo administrativo tributário a autoridade administrativa pode e deve promover as diligências averiguatórias e probatórias que contribuam para a aproximação com a verdade objetiva ou material.' (...), in Direito Processual Tributário Brasileiro — Fl. 17435DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 20 19 Administrativo e Judicial, ed. Dialética, 3a edição, pág.180). É igualmente verdadeiro e significativo que no processo judicial prevalece o princípio de iniciativa das partes em contraposição ao processo administrativo onde a relevância maior é o princípio do impulso oficial. No processo judicial, em que pese o seu desenvolvimento regular ficar sob a tutela do Juiz, sem a iniciativa das partes ele acaba por perecer (art. 267, incisos II, III e VI, CPC). No procedimento administrativo o seu desenvolvimento fica inteiramente a critério e sob controle da Administração. Essa distinção acaba por resultar na particularidade probatória de cada um, isto é, a investigação probatória acarreta maior responsabilidade e flexibilidade para a Administração do que para o Juízo. Este fica amarrado à iniciativa das partes e o pedido de provas destas. Não cabe a Ele, em processos alheios ao interesse público, a proposição de provas e diligências, diferentemente do procedimento administrativo, onde cabe primordialmente à autoridade administrativa, sem prejuízo do direito do contribuinte, determinar a apresentação de documentos e as diligências que achar necessária. E tanto é inquestionável o poder da autoridade julgadora administrativa com relação à dilação probatória na esfera administrativa que o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes prescreve, no § 3° do art. 18, a possibilidade de o relator do processo propor diligências; enquanto que o § 6°, do art. 17, do Regimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, confere ao relator a faculdade de solicitar mais esclarecimentos. Chegandose a este ponto e observandose os Regimentos Internos citados, podese ressaltar, sem dúvida, também a Fl. 17436DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 21 20 faculdade das partes de produção de provas a qualquer tempo no processo administrativo, ou seja, enquanto pendente de decisão definitiva. Com efeito, com base no princípio do informalismo e na busca da verdade material, prescrevem esses Regimentos a requisição de diligências, não só pelos Conselheiros, mas também pelo Sujeito Passivo e pela Fazenda Nacional, na pessoa de seu representante legal, a sua D. Procuradoria. É o que se infere da leitura do § 6°, do art. 17, do Regimento desta Câmara Superior; e do § 7°, do art. 18, do Regimento dos Conselhos de Contribuintes. É, por derradeiro, extremamente relevante mencionar que no citado § 6°, do art. 17, do Regimento desta Câmara Superior, está expressamente previsto que com as razões de recurso ou contrarazões pode a parte solicitar diligências. Em outras palavras, até com o recurso à Câmara Superior é facultado a parte produzir prova. Vêse pois a intensa vinculação do princípio do informalismo e da verdade material na formação do litígio administrativo. É possível ainda se afirmar, com toda propriedade, que se não fosse esta a fórmula a ser seguida no curso do processo administrativo, não se conseguiria encontrar qualquer outra razão que viesse a justificar a existência e a manutenção pelo Poder Público, do contencioso administrativo, em especial esta esfera de julgamento tributário". Nesse contexto, voto por dar provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 17437DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 22 21 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado. Com todo respeito ao voto do ilustre relatora, mas discordo de suas conclusões. A discussão de mérito gira em torno da apresentação tempestiva da documentação fiscal e contábil imprescindível à apuração do saldo credor trimestral do IPI pleiteado/compensado pelo contribuinte. Nos pedidos de restituição, ressarcimento e compensação de crédito financeiro contra a Fazenda Nacional, o ônus de provar a certeza e liquidez do valor pleiteado é do requerente e não do Fisco. O Decreto nº 70.235, de 6/3/1972, assim dispõe quanto à impugnação e/ ou manifestação de inconformidade: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: [...]; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...]. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 17438DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 23 22 b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.” A IN RFB nº 460/2004 que trata de restituição, ressarcimento e compensação de créditos financeiros contra a Fazenda Nacional, estabelece: " Art. 19. A autoridade da SRF competente para decidir sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação, pelo estabelecimento que escriturou referidos créditos, do livro Registro de Apuração do IPI correspondente aos períodos de apuração e de escrituração (ou cópia autenticada) e de outros documentos relativos aos créditos, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal no estabelecimento da pessoa jurídica a fim de que seja verificada a exatidão das informações prestadas." Com relação a provas, a Lei nº 13.105, de 16/3/2015 (Novo Código de Processo Civil), assim dispõe: “Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; [...].” Também, a Lei nº 9.784, de 29/1/1999, que regulamenta o processo administrativo, determina: “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei.” Fl. 17439DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 24 23 No presente caso, conforme demonstrado nos autos, o contribuinte foi intimado e reintimado a apresentar a documentação fiscal imprescindível para a apuração dos créditos do IPI e do saldo credor trimestral pleiteado/compensado, dentre eles, a cópia de folhas do Livro de Registro de Apuração do IPI, as notas fiscais que originaram os créditos, planilhas, etc., todos discriminados nas Intimações nº 17/2004; nº 145/2004, nº 225/2005; e nº 248/2005. Contudo, vencidos os prazos para a apresentação dos documentos solicitados, o contribuinte não atendeu nenhuma delas. Embora o indeferimento do pedido de ressarcimento e, consequentemente, a não homologação da Dcomp tenham sido fundamentados na falta de atendimento às intimações, ou seja, falta de apresentação da cópia do Livro Registro de Apuração do IPI e das notas fiscais que originaram os créditos reclamados, na manifestação de inconformidade, tais documentos também não foram apresentados. Consoante os dispositivos legais citados e transcritos anteriormente, as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação/manifestação de inconformidade, quando se inicia a fase litigiosa do pedido de ressarcimento. Ainda, segundo aqueles dispositivos legais, a apresentação a destempo, juntamente com o recurso interposto para a segunda instância, somente é possível se (i) demonstrada a impossibilidade de sua apresentação tempestiva, (ii) se refira a fato ou a direito superveniente ou (iii) se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, cuja juntada deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma dessas condições. Com o contribuinte não procedeu de conformidade com o dispostos nos §§ 4º, alíneas "a", "b" e "c", e 5º, do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, citados e transcritos anteriormente, ocorreu a preclusão temporal do seu direito de apresentálos na segunda instância. A preclusão temporal consiste na perda da oportunidade que o contribuinte teve, para apresentar as provas, juntamente com a manifestação de inconformidade, para que pudessem ser analisadas e julgadas pela autoridade julgadora de primeira instância. Ultrapassada aquela etapa, extinguiuse o direito de apresentálas posteriormente, nesta fase recursal, sem qualquer justificativa. Fl. 17440DF CARF MF Processo nº 10909.002888/200215 Acórdão n.º 9303005.761 CSRFT3 Fl. 25 24 Entendo, da mesma forma que a relatora, que devem ser admitidos elementos de provas apresentados posteriormente e decorrentes da marcha natural do processo. Tenho votado desta forma quando efetivamente isto acontece. Porém não é o caso dos autos e tal fato não foi minimamente demonstrado. Os supostos documentos que dariam direito ao crédito, foram objetos de intimação e reintimação por parte da autoridade fiscal encarregada de análise do crédito. Porém não foram apresentados naquela oportunidade e o crédito foi glosado. Não há que se falar em cerceamento de defesa, tanto é que o recurso voluntário por ele apresentado foi negado por unanimidade dos conselheiros da turma julgadora a quo. Em face do exposto, nego provimento ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 17441DF CARF MF
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