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Numero do processo: 15771.726177/2015-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.066
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Rafaela Honesko de Alarcão, OAB-DF 52286, escritório Souza Cescon Advogados.
(assinatura digital)
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
(assinatura digital)
PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Rafaela Honesko de Alarcão, OAB-DF 52286, escritório Souza Cescon Advogados. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Rafaela Honesko de Alarcão, OABDF 52286, escritório Souza Cescon Advogados. (assinatura digital) WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. (assinatura digital) PEDRO RINALDI DE OLIVEIRA LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório. Tratase de Recurso Voluntário de fls 258 em face de decisão da DRJ/SP de fls. 247 que decidiu por não conhecer a impugnação de fls. 75, restando mantido o lançamento consubstanciado nos Autos de Infração de II, IPI, Pis e Cofins de fls. 7 e seguintes, na importação da mercadorias ereader. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 57 71 .7 26 17 7/ 20 15 -7 1 Fl. 277DF CARF MF Processo nº 15771.726177/201571 Resolução nº 3201001.066 S3C2T1 Fl. 278 2 Como de costume nesta Turma de julgamento, transcrevese o relatório e ementa do Acórdão da Delegacia de Julgamento de primeira instância, exposto a seguir: “Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 06/31), lavrado em 29/12/2015, contra o contribuinte em epígrafe, para fins de prevenção de decadência, formalizando a exigência dos tributos/contribuições constantes da tabela abaixo, no valor total de R$ 112.371,03 (cento e doze mil, trezentos e setenta e um reais e três centavos). O importador, por meio da Declaração de Importação n. 15/18386496 ,registradas em 05/11/2015, submeteu a despacho aduaneiro as mercadorias classificadas na Tarifa Externa Comum np códigos NCM 8471.41.90, sem o recolhimento do Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (vinculado à importação), PIS e COFINS, por considerar que as mesmas fariam jus à imunidade constitucional. A Impugnante foi autuada com base no entendimento da Fiscalização de que não teria comprovado sua imunidade tributária em relação a tributos federais, quando da importação de bens por meio da DI acima mencionada. Entendeu o importador possuir todos os requisitos necessários à sua qualificação como entidade imune a tributos federais, prescritos pela Constituição Federal e pelo artigo 14 do CTN (Código Tributário Nacional). Segundo a fiscalização, a imunidade não seria aplicável ao caso concreto devido à falta de amparo legal e ausência de apresentação, pela Impugnante, dos documentos legais comprobatórios de sua imunidade. Tendo o Impugnante levado o assunto ao Judiciário anteriormente ao registro da DI,, logrou desembaraçar as mercadorias em apreço sem o recolhimento dos mencionados tributos/contribuições, ao amparo da decisão exarada nos autos do processo n. 02278491.2014.4.03.6100, da 21ª Vara da Justiça Federal/SP,( que suspendeu a exigibilidade dos mesmos, mediante realização de depósitos integrais dos valores questionados. Diante do exposto, foi lavrado o presente auto de infração, , exigindo da autuada os valores constantes da tabela acima, totalizando R$ 112.371,03 (cento e doze mil, trezentos e setenta e um reais e três centavos), os quais ficam com sua exigibilidade suspensa. Ciente do teor do referido Auto e inconformado com seus termos, o Impugnante protocolizou impugnação, tempestivamente, (fls. 75/85), tendo por objeto de discussão a mesma matéria tratada na ação judicial. Fl. 278DF CARF MF Processo nº 15771.726177/201571 Resolução nº 3201001.066 S3C2T1 Fl. 279 3 Argumentou preliminarmente a inadequação do meio utilizado pelo Fisco para constituição do crédito tributário (Auto de Infração), tendo em vista as circunstâncias que norteiam o caso concreto (depósito integral das verbas discutidas e suposta decisão definitiva em processo judicial teria garantido ganho de causa à Impugnante). É o Relatório.” A Ementa do Acórdão de primeira instância administrativa fiscal proferido pela DRJ/SP, foi assim publicada: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 05/11/2015 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. Descabe discutir na esfera administrativa questão levada pelo sujeito passivo à apreciação do Poder Judiciário, devendose considerar definitivo o crédito tributário correspondente. Impugnação Não Conhecida. Crédito Tributário Mantido.” Após o protocolo do Recurso Voluntário, os autos foram distribuídos e pautados para julgamento nos moldes do regimento interno deste Conselho. Relatório proferido. Voto. Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Para evitar supressão de instância, é preciso reconhecer que os autos não estão em condições de julgamento, uma vez que a lide não foi apreciada de forma satisfatória em primeira instância administrativa fiscal. Isto porque a nobre relatora publicou voto de primeira instância que não conheceu a impugnação e ao mesmo tempo deu provimento parcial para as solicitações do contribuinte, conclusões opostas e excludentes uma da outra. Este fato pode ser rapidamente verificado ao ler a decisão. Fl. 279DF CARF MF Processo nº 15771.726177/201571 Resolução nº 3201001.066 S3C2T1 Fl. 280 4 Em adição, a Ementa da decisão trata apenas da concomitância, sendo que no dispositivo o voto manteve parcialmente o crédito tributário, conforme exposto a seguir: “De todo o exposto, voto por não da Impugnação quanto à matéria levada ao judiciário e manter o crédito tributártio relativo ao Imposto de Importação e Cofins. Contudo, considerando o direito da impugnante à exclusão dos juros de mora, considero a impugnação procedente em parte, com manutenção dos valores de Imposto de Importação e Cofins, e exclusão dos juros de mora respectivos. À Unidade de origem, para que do teor do presente acórdão seja cientificada a interessada, e para as demais providências cabíveis.” Ora, não há qualquer trecho do voto que tratou da matéria ou da substância da concomitância, para que o lançamento possa ser mantido parcialmente. Inclusive, no Auto de Infração de fls. 7 foi descrito pela fiscalização que o contribuinte teve a sua tutela antecipada indeferida na Ação Ordinária de n.º 0022784 91.2014.4.03.6100, movida perante a Justiça Federal de São Paulo, assim como teve seu recurso negado pelo Tribunal. Assim, com estas informações e sem qualquer decisão ou informação adicional a respeito do andamento do processo judicial, em primeira instância decidiuse pela concomitância, ao mesmo tempo que não se conheceu a impugnação e deuse provimento parcial à esta. Assim, a matéria que foi trazida em impugnação não foi conhecida, ao mesmo tempo que foi apreciada de forma insatisfatória, em trecho que a decisão de primeira instância afirmou o seguinte: “Preliminarmente, alega o Impugnante que o meio utilizado pela fiscalização para constituição do crédito tributário é inadequado, diante das circunstâncias do caso, haja vista que a Impugnante garantiu o crédito tributário com depósito judicial integral dos valords devidos. É de praxe a lavratura de Auto de Infração para prevenção da decadência, em caso de crédito tributário “sub judice”, até porque tal ato em nada prejudica o autuado, justamente por estar o crédito com sua exigibidade suspensa.” Este é o ponto central que foi submetido à apreciação desta segunda instância, além de ser uma decisão confusa e contraditória, em um único parágrafo, sem mencionar a suscitada decisão em sede de recurso repetitivo do STJ e sem qualquer fundamento legal, o lançamento foi mantido, mesmo não havendo controvérsia com relação ao depósito integral do valor devido. Justamente, o que foi solicitado é a apreciação da alegação de impossibilidade de lavratura de Auto de Infração diante de ausência de previsão legal de lançamento em casos em já há o depósito integral do valor cobrado, em combinação com o disposto no julgamento do Resp 1140956/SP em sede de recurso repetitivo. Fl. 280DF CARF MF Processo nº 15771.726177/201571 Resolução nº 3201001.066 S3C2T1 Fl. 281 5 Por fim, segundo o que foi descrito no lançamento, o contribuinte já possui coisa julgada que determinou a incidência dos tributos na importação dos ereaders, assim, não haveria concomitância e sim reconhecimento em via administrativa do que já foi reconhecido em âmbito judicial. Mas para chegar a qualquer conclusão à respeito da concomitância ou não, aos autos deveria ter sido juntados os andamentos e informações e decisões de âmbito administrativo. Diante do exposto, votase por converter o julgamento em diligência nos seguintes termos: que o contribuinte seja intimado para juntar as principais ações judiciais, peças, andamentos, certidões e decisões judicias relacionadas a presente lide administrativa fiscal, de modo que seja possível que este colegiado analise se há concomitância ou se há coisa julgada; juntar comprovante dos mencionados depósitos judiciais. A procuradoria deve ser cientificada do resultado da diligência. Após, retornem os autos a este Conselho para julgamento. Voto proferido. (assinado digitalmente) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 281DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.733398/2011-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA
Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA.
São solidariamente responsáveis pelas obrigações previdenciárias as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO.
O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendo-se pela lei então vigente.
É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. EXISTÊNCIA DE SANÇÃO ESPECÍFICA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO.
Constatada a existência de cominação de penalidade específica, não cabe a aplicação da penalidade genérica por descumprimento de obrigação acessória.
Identificado nexo de dependência entre condutas, a penalidade relativa ao delito fim absorve a punição que seria devida em face do delito meio.
MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB.
Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei previdenciária passível de multa.
Esta punição pode ser aplicada em conjunto com a multa de ofício decorrente do não pagamento da contribuição, ou até de forma isolada (quando não se reputar contribuições devidas, mas constatar deficiência na folha de pagamento). Também pode haver a aplicação da multa de ofício sem a punição da referida multa pelo descumprimento de obrigação acessória.
Inexiste, portanto, nexo de dependência entre as citadas condutas. Assim é possível a aplicação de ambas em um mesmo caso.
Numero da decisão: 2201-004.012
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, após votações sucessivas, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial, nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz e José Alfredo Duarte Filho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator designado.
EDITADO EM: 22/11/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. São solidariamente responsáveis pelas obrigações previdenciárias as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO. O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendo-se pela lei então vigente. É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. EXISTÊNCIA DE SANÇÃO ESPECÍFICA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. Constatada a existência de cominação de penalidade específica, não cabe a aplicação da penalidade genérica por descumprimento de obrigação acessória. Identificado nexo de dependência entre condutas, a penalidade relativa ao delito fim absorve a punição que seria devida em face do delito meio. MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB. Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei previdenciária passível de multa. Esta punição pode ser aplicada em conjunto com a multa de ofício decorrente do não pagamento da contribuição, ou até de forma isolada (quando não se reputar contribuições devidas, mas constatar deficiência na folha de pagamento). Também pode haver a aplicação da multa de ofício sem a punição da referida multa pelo descumprimento de obrigação acessória. Inexiste, portanto, nexo de dependência entre as citadas condutas. Assim é possível a aplicação de ambas em um mesmo caso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, após votações sucessivas, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial, nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz e José Alfredo Duarte Filho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Redator designado. EDITADO EM: 22/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1914; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 333 1 332 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.733398/201103 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201004.012 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 07 de novembro de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente EMPREENDIMENTOS EDUCACIONAIS ANCHIETA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Anocalendário: 2006, 2007, 2008 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. São solidariamente responsáveis pelas obrigações previdenciárias as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO. O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendose pela lei então vigente. É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. EXISTÊNCIA DE SANÇÃO ESPECÍFICA. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. Constatada a existência de cominação de penalidade específica, não cabe a aplicação da penalidade genérica por descumprimento de obrigação acessória. Identificado nexo de dependência entre condutas, a penalidade relativa ao delito fim absorve a punição que seria devida em face do delito meio. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 33 98 /2 01 1- 03 Fl. 333DF CARF MF 2 MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB. Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei previdenciária passível de multa. Esta punição pode ser aplicada em conjunto com a multa de ofício decorrente do não pagamento da contribuição, ou até de forma isolada (quando não se reputar contribuições devidas, mas constatar deficiência na folha de pagamento). Também pode haver a aplicação da multa de ofício sem a punição da referida multa pelo descumprimento de obrigação acessória. Inexiste, portanto, nexo de dependência entre as citadas condutas. Assim é possível a aplicação de ambas em um mesmo caso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, após votações sucessivas, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial, nos termos do voto do Redator Designado. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz e José Alfredo Duarte Filho. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Redator designado. EDITADO EM: 22/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório Relatório O presente processo trata de Autos de Infração referentes às contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, apuradas no período de 06/2006 a 12/2008. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 334 3 No relatório fiscal de fl. 06 a 21, é possível concluir que, do procedimento fiscal, resultaram os seguintes lançamentos: 37.330.4374 – relativo à contribuição devida pela empresa, inclusive para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho (GILRAT), incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados professores, com valor consolidado em dezembro de 2011 de R$ 433.511,40, controlado no processo 10580.733394/201117 37.330.4382 – relativo à contribuição incidente sobre a remuneração de segurados empregados professores, com valor consolidado em dezembro de 2011 de R$ 64.639,46, também controlado no processo 10580.733394/201117; 37.330.4390 relativo à contribuição devida a outras entidades e fundos, incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados professores, controlado no processo 10580733.395/201161; 37.330.4447 relativo à contribuição devida pela empresa, inclusive para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho (GILRAT), incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados não professores, controlado no processo 10580.733396/201114; 37.330.4455 relativo à contribuição incidentes sobre a remuneração de segurados empregados não professores, controlado no processo 10580.733396/201114; 37.330.4463 relativo à contribuição devida a outras entidades e fundos, incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados não professores, controlado no processo 10580733.397/201151; 51.013.3320 relativo a descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa deixado de incluir nas folhas de pagamento parte da remuneração paga aos segurados empregados, controlado no presente processo; 51.013.3339 relativo a descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa deixado de arrecadar, mediante desconto das remuneração, parte das contribuições devidas pelo empregado, controlado no presente processo. Assim, merece ser destacado que a presente análise está restrita aos DEBCAD 51.013.3320 e 51.013.3339. Em apertada síntese, os lançamentos decorrem da constatação de que a fiscalizada pagava, mensalmente, a seus empregados, remunerações indiretas concedidas sob a forma de bolsas de estudo a dependentes, as quais, a despeito de serem, nos casos dos professores, previstas em Convenções Coletivas de Trabalho, foram consideradas pelo Agente Fiscal como integrantes do salário de contribuição para fins de apuração dos tributos previdenciários. Conforme se verifica em fl. 64/65, o início do procedimento fiscal foi cientificado ao contribuinte em 26 de outubro de 2010, tendo sido exarada, em 05 de novembro de 2010, decisão judicial no MS 3717423.2010.04.01.3300, que resultou na suspensão das Fl. 335DF CARF MF 4 exigências fiscais objeto dos lançamentos tratados nos processos 10580.733394/201117 e 10580.733395/201161, não alcançado os débitos controlados no presente processo. Para fins de contagem do prazo decadencial, foi aplicado o art. 173, inciso I, do CTN, por ter o Agente Fiscal considerado a ocorrência de sonegação, nos termos do art. 71 da Lei 4.501/64. Ademais, foi imputada sujeição passiva solidária ao Centro Escolar Aquarius Ltda, CNPJ 08.517.894/000101, por restar caracterizada a existência de Grupo Econômico, em razão constatação de direção, controle ou administração exercida pelos mesmos administradores e por serem as empresas interligadas, utilizando, alternada e concomitantemente, os mesmo empregados, possuindo o mesmo objeto social e estrutura organizacional. Ciente da imputação fiscal em 07 de dezembro de 2011, conforme fl. 02 e 03, inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, as impugnações de fl. 52 a 78 e 120 a 146 , as quais foram assim relatadas pela Autoridade recorrida, fl. 228/229: 3. Cientificada dos Autos de Infração em 07/12/2011, vide fls.02 e 03, a Autuada apresentou, em 27/12/2011, idêntica impugnação para ambos, apenas adaptando a identificação da obrigação acessória descumprida, vide fls. 52/78 e 120/146, em que alega: 3.1. Não incidem contribuições previdenciárias sobre os valores de Bolsa de Estudos destinados à educação de filhos de seus empregados, sejam professores ou não. 3.2. Defende que deve prevalecer na análise da presente lide o art. 458, § 2º, II da Consolidação das Leis do Trabalho, que dispõe que não se enquadra no conceito de salário o fornecimento de educação pelo empregador, seja em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros (compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático), mormente porque tal redação, introduzida pela Lei 10.243/2001, é posterior à Lei 8.212/1991 (cuja definição de salário de contribuição é mais abrangente que a CLT), a qual resta derrogada nesta questão, nos termos do art. 2º, § 1º do DecretoLei 4.657/1942 (Lei de Introdução ao Código Civil). 3.3. Apresenta variados excertos jurisprudenciais e doutrinários, invocando também a Lei 11.096/2005, que instituiu o PROUNI – Programa Universidade para Todos, realçando o caráter assistencial das Bolsas de Estudo, e o Projeto de Lei 52/2008, o qual, além de alterações na legislação do Imposto de Renda, propõe alterações na Lei 8.212/1991, para instituir a não incidência de contribuições sobre as Bolsas de Estudo concedidas a filhos ou enteados de professores do próprio estabelecimento de ensino. 3.4. Protesta pela impossibilidade de autuação, por conta da liminar deferida no Mandado de Segurança 3717423.2010.4.01.3300, cuja amplitude de efeitos foi ampliada através de Embargos Declaratórios. Defender que a lavratura dos AIOA em questão constitui desobediência ao determinado em Juízo. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 335 5 3.4.1. Alega que, por conta da suspensão da exigibilidade do crédito tributário lançado nos AIOP lavrados na mesma ação fiscal, não há que se falar em aplicação, através dos AIOA sob análise, de multa pelo descumprimento das obrigações tributárias acessórias de (1) informar os valores referentes às Bolsas de Estudo ora considerados em folhas de pagamento e (2) de descontar as contribuições da parte dos segurados empregados calculadas sobre as referidas Bolsas de Estudo. 3.5. Protesta pela inexistência de responsabilidade solidária do Centro Escolar Aquarius Ltda, já que este não possuiria vínculo direto com o fato gerador da obrigação tributária. Apresenta jurisprudência. 3.6. Alega que o quadro societário das empresas em questão não é idêntico, havendo, em ambos os casos, sócios que integram o quadro de apenas uma delas. 3.7. Finda pedindo sejam ambas as autuações julgadas totalmente improcedentes. 4. Foram juntados com a defesa, às fls. 79/119 e 148/224, cópias dos seguintes documentos: comprovantes de capacidade postulatória; folha de rosto dos autos de infração; em relação a processo em que a autuada é parte: decisão conferindo à autuada liminar no Mandado de Segurança 3717423.2010.4.01.3300 reformada através de decisão proferida em Embargos Declaratórios, para extensão de seus efeitos sobre as contribuições dos segurados que deveriam ser retidas e recolhidas pela empresa e correspondente Agravo de Instrumento 007916315.2010.4.01.0000/BA; relativamente a processos em que a autuada não é parte:decisões proferidas pelo STF nos Recursos Extraordinários 346.0846/PR, 166.7729/RS, 116.1213/SP, decisão proferida pelo TRF4 em Apelação Cível no Processo 1998.04.01.0911872/ SC. Debruçada sobre os argumentos expressos na impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ, por unanimidade de votos, concluiu pela sua improcedência. As conclusões do Julgador de 1ª instância podem ser assim resumidas (Acórdão de fl. 225 a 244): DO LANÇAMENTO PREVENTIVO DA DECADÊNCIA (...)Em relação ao presente lançamento, verificase que, por recorrer ao Poder Judiciário, a empresa renunciou ao direito de ver discutida administrativamente a questão sobre a incidência ou não de contribuições previdenciárias sobre os valores de Bolsa de Estudos destinados à educação de filhos de empregados professores. (...) Da mesma forma, o lançamento de natureza acautelatória deve seguir seu curso normal, com a prática de todos atos inerentes às diversas fases do processo administrativo, especialmente no que tange à cognição das matérias diferenciadas daquelas Fl. 337DF CARF MF 6 aduzidas em juízo. Logo, incabível a suspensão de sua tramitação regular. Nestes termos, o processo administrativo deve prosseguir em relação às matérias diferenciadas, conforme dispõem o artigo 126, parágrafo 3º da Lei nº 8.213/1991, c/c o parágrafo único do artigo 62 do Decreto nº 70.235/1972. DO GRUPO ECONÔMICO (...) A fiscalização constatou a formação de um grupo econômico de fato, composto pelas empresas já identificadas; assim, não há como negar a legitimidade do procedimento fiscal. O fato de não estar formalmente constituído, sem as convenções e os registros nos órgãos competentes, não afasta a existência de outros grupos que escapam à formalização cartorial, (...) Sendo assim, cai por terra, através do robusto conjunto de provas apresentado pela Fiscalização, a alegação da impugnante de inexistência de responsabilidade solidária entre as empresas EMPREENDIMENTOS EDUCACIONAIS ANCHIETA LTDA e CENTRO ESCOLAR AQUARIUS LTDA. DA NÃO COMPROVAÇÃO DO DOLO PRAZO DECADENCIAL (...) o que se verifica no caso em apreço foi que a autoridade fiscal operou o deslocamento do termo a quo do prazo decadencial apenas com fundamento na escrituração incorreta da Folha de Pagamento e da GFIP nas competências do lançamento, abstendose de apontar qualquer outro elemento que indicasse, de forma inequívoca, que a Autuada utilizouse de ardis, de dissimulação, ou mesmo que teve a livre vontade orientada para a prática da omissão de informações relativas aos fatos geradores de contribuição previdenciária. (...) Por todo o acima exposto, não ficou cabalmente comprovado nos autos a existência de dolo por parte do Autuado. Entretanto, como o presente processo refere se a autos de infração lavrados por descumprimento de obrigações acessórias, e sem esquecer que o valor da multa aplicada em ambos os AIOA é fixo, não se modifica em função da quantidade de ocorrências de infrações, a declaração de decadência parcial não produz efeitos nos valores de multa aplicados. NÃO HÁ, PORTANTO, ALTERAÇÃO A SER FEITA NOS VALORES DE MULTA APLICADOS. DA MULTA APLICADA NO CFL 30 (...) A contestação da autuada restringese a seu entendimento de que os valores não consignados em folhas de pagamento não constituem bases de cálculo de contribuições previdenciárias, matéria a ser decidida junto ao Poder Judiciário. Assim sendo, a empresa não contesta o fato de ter deixado de informar em folha de pagamento os valores correspondentes às Bolsas de Estudo aos dependentes de seus segurados empregados professores e não professores e, portanto, enquanto Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 336 7 não houver decisão judicial definitiva em contrário, entendo que procede a autuação no Código de Fundamento Legal – CFL 30, a qual tem valor de multa fixo, bastando, para que seja aplicável, um único episódio de falta constatada. DA MULTA APLICADA NO CFL 59 A contestação da autuada restringese a seu entendimento de que os valores das referidas Bolsas de Estudo não constituem bases de cálculo de contribuições previdenciárias, matéria a ser decidida junto ao Poder Judiciário. Assim sendo, a empresa não contesta o fato de ter deixado de arrecadar, mediante desconto, as contribuições da parte de segurados calculadas sobre o valor das Bolsas de Estudo aos dependentes de seus segurados empregados professores e não professores e, portanto, enquanto não houver decisão judicial definitiva em contrário, entendo que procede a autuação no Código de Fundamento Legal – CFL 59, a qual tem valor de multa fixo, bastando, para que seja aplicável, um único episódio de falta constatada. Cientificada do Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, conforme fl. 246, tempestivamente, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fl. 248 a 279, no qual reitera os mesmos argumentos expressos em sede de impugnação. É o relatório necessário. Voto Vencido Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Como bem pontuado pela Decisão recorrida, o recorrente lastreou sua tese, tanto em sede de impugnação quanto em sede de recurso voluntário, nos mesmos argumentos que serviram de apoio às defesas apresentadas nos processos que tratam de Autos de Infração de Obrigação Principal, sem se dedicar especificamente ao mérito da autuação por descumprimento de obrigação acessória. Abaixo, seguem os tópicos em que se estruturou o recurso. Da decisão do Ilustríssimo Juiz da 4ª Vara Federal do Estado da Bahia. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Impedimento da adoção de quaisquer medidas, por parte do Fisco, voltadas à exigência/cobrança do tributo. Suspensão dos efeitos da RMIT inclusive no tocante à decadência. Afirma a recorrente que, lastreada no argumento de que sobre a rubrica que gerou a autuação não incide contribuição previdenciária, ingressou com Mandado de Fl. 339DF CARF MF 8 Segurança junto à 4ª Vara Federal da Seção Judiciária da Bahia, em cuja análise preliminar entendeu o juízo: Posteriormente, tal provimento judicial sofreu alterações por meio de Embargos de Declaração, passando a se constituir nos seguintes termos: Analisando os termos do provimento judicial, a requerente afirma que o Fisco não poderia praticar qualquer ato, direto ou indireto, voltado para a cobrança deste crédito, devendose entender "por qualquer meio ou ato" a abstenção em relação, principalmente, à constituição do crédito em discussão, uma vez que o lançamento nada mais é que o ato que inicia o procedimento de cobrança da exação. Afirma que a situação ora sob exame configura uma das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário contidas no art. 151 da Lei 5.172/66 ( CTN), que caracteriza verdadeiro obstáculo ao prosseguimento deste processo e à produção dos efeitos da regra matriz das contribuições previdenciárias. Embora o recorrente apresente mais alguns argumentos no mesmo sentido dos acima indicados, desnecessário prosseguir na análise dos mesmos, pois é evidente o equívoco da defesa ao confundir o procedimento fiscal de constituição do crédito tributário com a cobrança administrativa do tributo. O excerto da decisão judicial acima é claro ao impedir que a administração tributária adote ação coercitiva tendente ao recolhimento ou cobrança da contribuição previdenciária. Entretanto, não há qualquer óbice à constituição do crédito tributário pelo lançamento, ou mesmo que o rito administrativo fiscal tenha seguimento com a prática dos atos administrativos que lhe são próprios, exceto quanto aos atos executórios, que aguardarão a sentença judicial, ou, de for o caso, a perda da eficácia da medida liminar concedida (Decreto 7.574/2011, art. 86, § 2ª). O teor da decisão judicial em tela não interrompe ou suspende o prazo que tem a Fazenda Pública para exercer o direito de promover o lançamento. Por outro lado, a Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 337 9 suspensão da exigibilidade a que alude o art. 151 do CTN esta relacionada ao crédito tributário e não há como suspender a exigência deste antes mesmo de seu nascimento. Neste sentido, objetivando evitar prejuízos ao interesse público, a legislação previu a constituição do crédito tributário para prevenir a decadência, nos casos em que um tributo de competência da União esteja suspenso na forma do art. 151, incisos IV e IV do CTN, conforme se observa no excerto da Lei 9.430/96: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. Portanto, está correta a decisão recorrida ao considerar regular o lançamento e o prosseguimento do rito administrativo próprio, ressalvando a inexigibilidade do crédito tributário ora discutido até que se conclua a lide judicial ainda em curso, mesmo que antes se esgote a fase administrativa. Por fim, vale destacar que o contribuinte terá direito à interrupção da multa de mora, desde a concessão da medida judicial até 30 dias após a data da publicação da decisão que eventualmente considerar devido o tributo. Naturalmente, caso a decisão definitiva seja pela não incidência do tributo sobre as rubricas que originaram o lançamento, todos os débitos controlados no presente processo serão imediatamente extintos. Da inexistência de responsabilidade solidária da pessoa jurídica que compõe o grupo societário. Contrapondose às conclusões do Julgamento em 1ª Instância, a recorrente afirma que o Centro Escolar Aquarius Ltda não pode responder solidariamente pelos créditos tributários objeto da autuação. Alega que a atribuição da responsabilidade pode ser solidária quando uma pessoa se torna responsável pelo adimplemento do tributo por possuir interesse comum na situação que determina a constituição do crédito tributário. Ressalta que a sujeição passiva solidária do Centro Escolar Aquários contraria entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o que aponta a improcedência da autuação neste particular. Afirma que, ao contrário do que fundamenta a decisão recorrida, o quadro societário de ambas as empresas não é o mesmo, conforme detalhamento abaixo: Fl. 341DF CARF MF 10 Sustenta que o Sr. Antônio Jorge de Almeida Santos é sócio exclusivamente da autuada, enquanto às sócias AJD e MDM participações Ltda não são sócias da autuada. Resumidas as razões da defesa sobre o tema, notase que a tese adotada para afastar a sujeição passiva solidária tem lastro principal na inexistência de relação pessoal e direta com a situação que constituiu o fato gerador da contribuição ora sob análise, o que seria indispensável nos termos do art. 124, inciso I do CTN. Contudo, o que se tem é que a sujeição passiva imposta no presente processo tem lastro no inciso II do mesmo artigo, que prevê que são solidariamente obrigadas as pessoas expressamente designadas por lei. Nesta esteira, o inciso IX do art. 30 da Lei 8.212/91 estabelece que as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da aplicação de seus termos. O Agente Fiscal entendeu que as empresas em questão estariam sob a direção, controle ou administração das mesmas pessoas, além de serem interligadas, utilizando, alternada e concomitantemente, os mesmos empregados, possuindo o mesmo objeto social e utilizando a mesma estrutura organizacional (administrativa/financeira/contábil) Como se viu acima, o único questionamento em relação à imputação fiscal se deu em razão da composição societária, em que a recorrente afirma que o Sr. Antônio Jorge de Almeida Santos só é sócio da autuada. Contudo, verificando a composição societária da AJD Participações Ltda, que é sócia do Centro Escolar Aquários, podese constatar que este mesmo Sr. Jorge é um de seus sócios administradores. Ademais, relevante destacar a manifestação do julgador de 1ª instância sobre o tema: (...) 7.17. Além disso, apesar de ter deixado de fazer parte do quadro societário da Empreendimentos Educacionais Anchieta em 12/09/2011, o Sr. Jorge Luiz de Almeida Santos continua a fazer parte de sua administração, como se verifica a seguir, através dos excertos da vigésima nona alteração contratual da autuada, EMPREENDIMENTOS EDUCACIONAIS ANCHIETA LTDA, e da consolidação de seu contrato social, firmada em 01/08/2011 e arquivada na JUCEB Junta Comercial do Estado da Bahia em 12/09/2011, vide fls. 262 a 275 (...) Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 338 11 Por outro lado, como bem pontuado pela decisão recorrida, o conceito de grupo econômico para fins previdenciários não se restringe aos grupos econômicos formais, alcançando os grupos de sociedade de fato. Como bem pontuado pela decisão recorrida, o conceito de grupo econômico para fins previdenciários não se restringe aos grupos econômicos formais, alcançando os grupos de sociedade de fato. Neste sentido, a defesa, além de buscar confundir o julgamento, não tentou afastar as afirmações fiscais quanto ao compartilhamento da mesma estrutura organizacional ou mesmo a utilização alternada e concomitante dos mesmos empregados. Quanto aos precedentes judiciais apresentados, estes não emprestam seus efeitos ao presente litígio, já que obrigam apenas as partes envolvidas no processo judicial. Assim, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. Não incidência de contribuição previdenciária sobre bolsas de estudo concedidas pelo empregador aos dependentes do empregado. Conceito de salário. Natureza assistencial do benefício. Necessidade de reforma da decisão recorrida. Alega a defesa que equivocase a decisão recorrida ao considerar que integra o conceito de salário de contribuição o valor concedido aos seus funcionários a título de bolsas de estudo, afirmando que a não incidência de contribuições sociais sobre tais verbas e ratificada por entendimento corrente no poder judiciário e no CARF, além de vir se fortalecendo no âmbito do Legislativo. Após analisar diversos preceitos legais e indicar alguns precedentes judiciais e manifestações doutrinárias, afirma que a amplitude dos institutos envolvidos no art. 195, inciso I da CF/88 deve ser limitada mediante interpretações lastreadas em institutos do direito privado e que, no caso do conceitos de salário, este deve ter seu alcance extraído do Direito do Trabalho, em particular da própria Consolidação das Leis Trabalhistas, que, em seu art. 458, exclui do conceito de salário a educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros. Sustenta que a Lei 8.212/91 amplia tal conceito para abarcar toda e qualquer quantia paga pelo empregador ao empregado, independentemente de estar relacionada ou não à atividade labora. Aduz que tal incompatibilidade deve ser resolvida mediante simples análise da evolução das normas, devendo o conceito contido na 8.212/91 ser considerado revogado pelo preceito da CLT, já que decorre de legislação posterior. Com isso, conclui que não pode incidir contribuição previdenciária sobre parcelas não consideradas como salário nos termos definidos pela CLT, razão pela qual não deverá incidir contribuições previdenciárias sobre benefícios concedidos pelo empregados ao empregado, dente os quais o auxílio à educação. Após longa argumentação e citações de precedentes judiciais, o recorrente noticia a tramitação de Projeto de Lei do Senado Federal que propõe a alteração da lei 8.212/91 para excluir do conceito de salário de contribuição o valor de bolsa concedida a filho ou enteado de professos do próprio estabelecimento de ensino. Fl. 343DF CARF MF 12 Por fim, ressalta que, embora inexista na legislação atual previsão expressa de que as contribuições sociais não devam incidir sobre as bolsas de estudo concedidas aos filhos dos empregados, nada impede que seja aplicado este entendimento no caso concreto, já que a interpretação da legislação tributária devese fundamentar na primazia da realidade e, no caso em tela, o valor em discussão não tem natureza de contraprestação do trabalho. Resumidas as razões da defesa, temse que a conclusão do próprio recorrente sobre a inexistência de comando legal expresso que exclua da incidência do tributo previdenciário o valor das bolsas de estudos destinadas a filhos de seus empregados, já seria suficiente ao não provimento do recurso nesta matéria. Não obstante, relevantes que tratemos o tema com um pouco mais de detalhes, em particular em relação à alegada incompatibilidade entre a CLT e a lei 8.212/91. O art. 458 da CLT trata de salário no sentido de remuneração do trabalhador (o que se recebe em contrapartida do trabalho correspondente ao somatório de salário base e demais vantagens contratualmente estipuladas), não se confundindo com o salário de contribuição tratado pela lei 8.212/96, que trata do valor sobre o qual incidirá contribuição previdenciária. Tais conceitos também não se confundem com os de Salário Base, que é o valor declarado pelo contribuinte individual e facultativo como base de cálculo de sua contribuição, bem assim com o do Salário Benefício, que está relacionado ao valor do benefício a ser recebido pelo segurado. Assim, tratandose de conceitos diversos, não há que se buscar contrapor os respectivos conteúdos como se tratassem da mesma coisa, tampouco há como se reconhecer a revogação de um pelo outro. Notase que a notícia de tramitação de Projeto de Lei excluindo do salário de contribuição o valor das bolsas de estudo destinadas aos filhos de professores já é um indicativo de que, como regra, sobre esta rubrica deve incidir contribuição previdenciária. Além disso, ainda que a iniciativa da recorrente em conceder o benefício aos dependentes de seus funcionários seja absolutamente louvável, não podemos deixar de observar que, nos termos da Constituição Federal, é direito do trabalhador a percepção de salário que, em seu patamar mínimo, seja capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. ( At. 7º, Inciso I da CF/88); Assim, embora, em algumas casos, possamos identificar algum conteúdo beneficente em uma despesa, é certo que os valores relativos ao custeio da educação própria do empregado e do seu familiar, como regra, tem relação com o que este recebe em contrapartida pelo seu labor, importando, no caso em tela, verdadeiro salário indireto que acaba por influenciar a decisão do trabalhador no momento de buscar colocação no mercado de trabalho. Considerar de forma diversa seria abrir um precedente para que, em situações extremas, todas as necessidades que a CF prevê que deveriam ser consideradas na fixação do salário possam ser pagas sob o manto de uma verba assistencial, sem qualquer lastro previdenciário, seja como benefício ao trabalhador no momento da aposentadoria, seja como base para fixação da contribuição devida pelo próprio empregado e pelo seu empregador. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 339 13 Assim, dado ao caráter salarial indireto do benefício em tela, é forçoso concluir como devida a incidência da contribuição previdenciária, remanescendo, exclusivamente, a possibilidade de isenção da rubrica a partir de expressa previsão legal. Nestes termos, importante rememorar os termos da alíne "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8.212/66, com a redação vidente à época da ocorrência dos fatos geradores ora sob análise. § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, a exclusão da incidência do tributo previdenciário estava restrita aos benefícios concedidos aos empregado e dirigentes. Com a nora redação dada pela Lei 12.513/11, indiscutivelmente, a exclusão em tela restou ampliada, passando a alcançar os valores de bolsas de estudos que visem à educação básica de empregados e seus dependentes, nos seguintes termos: t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior; Uma leitura rápida da nova redação da alínea "t", em particular em razão do estabelecimento de limites para gozo do benefício, é suficiente para excluir a possibilidade de se atribuir caráter interpretativo ao novo preceito, o que impede sua aplicação retroativa, nos termos do inciso I do art, 106 do CTN. Ademais, a Lei 12.513/2011 é fruto do Projeto de Lei nº 78/2011, em cuja explicação da ementa consta que um de seus objetos seria incluir entre as hipóteses que não integram o saláriodecontribuição os valores relativos a plano educacional ou bolsa de estudo que vise à educação básica de empregado e seus dependentes, vinculadas às atividades da empresa, a educação profissional e tecnológica de empregados. Fl. 345DF CARF MF 14 Portanto, considerando que o art. 111, inciso II da Lei 5.172/66(CTN) impede interpretação ampliativa das normas que estabelecem isenção; considerando que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendose pela lei então vigente,; considerando, ainda, como bem fixado pela própria defesa, que no momento da ocorrência do fato gerador dos tributos ora em discussão não havia previsão legal expressa para não incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título bolsa de estudo aos dependentes de seus funcionários não professores, entendo que não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. Da impossibilidade de lançamento de multa por descumprimento de obrigação tributária principal. Crédito tributário com exigibilidade suspensa. Sustenta o recorrente que não pode subsistir o lançamento da multa aplicada em razão do descumprimento da obrigação principal do tributo. Alega que, se há um obstáculo para a produção dos efeitos da regra matriz de incidência tributária das contribuições sociais previdenciárias, não há que se falar em obrigação referente ao inadimplemento do tributo, não há que se falar em descumprimento da norma. Não identifico no presente caso qualquer limitação à aplicação da penalidade de ofício, já que, como já tratado em tema específico, não há provimento judicial que alcance os pagamentos de bolsa de estudos efetuados aos dependente de funcionários que não sejam professores. Assim, corretas as conclusões do Julgador de 1ª Instância. DA MULTA APLICADA NO CFL 59 Embora não tenha sido objetivamente contestado pelo recurso, em razão do Princípio da Auto Tutela, segundo o qual a Administração Pública exerce controle sobre seus próprios atos, exercendo seu poder/dever de anular os ilegais e de revogar os inoportunos, tudo em razão da obediência ao Princípio da Legalidade e, no caso em apreço, pela necessidade de zelar pelos bens que integram seu patrimônio, de modo a não incidir em enriquecimento sem causa, relevante tratar com mais detalhes do lançamento em tela. Conforme se verifica em fl. 03, o lastro legal para a imputação fiscal está contido nos art. 92 e 102 da Lei 8.212/91, que assim dispõe: Lei 8.212/91 (...) Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. (...) Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. A mesma lei 8.212, em seu art. 35A, estabelece: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 340 15 Por sua vez, assim dispõe a Lei 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; No Relatório Fiscal, em particular no seu item 23 (fl. 21), assim foi descrito o fato que ensejou o lançamento do DEBCAD 51.013.3339: 23.2 A empresa autuada remunerou, durante o período de 06/2006 a 12/2008, empregados através de bolsas de estudo (ajuda escolar) concedidas a seus filhos, sem, no entanto, arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos referidos segurados. 23.3 Como exemplo de contribuições dos segurados que o contribuinte deixou de arrecadar, podemos citar as contidas no “Relatório de Lançamentos RL” do AI n° 37.330.4455. Essas contribuições foram obtidas mediante a aplicação do percentual de 7,65% a 11%, conforme a faixa salarial de cada segurado e até o limite máximo de contribuição, sobre o valor das bolsas de estudo. O referido cálculo levou em consideração também o valor que já havia sido descontado de cada empregado, pela empresa, consignado em GFIP. A planilha demonstrativa do cálculo consta do ANEXO IV. Portanto, o que se tem é que o crédito tributário ora em discussão foi lançado em razão do contribuinte não ter arrecadado, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos referidos segurados. Arrecadar mediante desconto é o mesmo que recolher, mas não se confunde com pagar. O pagamento de um tributo é exigido daquele que tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador, ou seja, o contribuinte. Já o recolhimento é exigido daquele que, sem apresentar a condição de contribuinte, tem tal obrigação decorrente de disposição expressa de lei, ou seja, o responsável. Como seu viu nos destaques legais acima, o art. 35A da Lei 8.212/91 prevê que, nos casos de lançamento de ofício, aplicamse as penalidades previstas no art. 44 da Lei 9.430/96, cujo inciso I é claro ao estabelecer multa de 75%, sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição, nos casos de falta de recolhimento. Portanto, considerando que a conduta do contribuinte de não arrecadar as contribuições devidas pelos seus empregados mediante desconto em suas remunerações tem penalidade expressamente prevista no art. 35A c/c o art. 44 da Lei 9.430/96, entendo que não se aplica a previsão contida no art. 92 da Lei 8.212/96. A título de argumentação, como forma de defesa do crédito tributário, poderíamos estabelecer uma diferença entre o que efetivamente motivou o lançamento (não arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos referidos segurados) e a Fl. 347DF CARF MF 16 infração especificada no Decreto 3.048/99, art. 283, inciso I, alínea "g" (deixar a empresa de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados a seu serviço). Assim, haveria a possibilidade de alegar que o lançamento em tela estaria lastreado no ato de não descontar de seus empregados o valor da obrigação previdenciária de cada um, ao passo que o lançamento punido com a imposição de ofício contida na Lei 9.430/96 seria decorrente da conduta de não recolher os valores descontados. Ainda assim, entendo que não merece prosperar a imputação fiscal, pois é evidente um nexo de dependência entre as condutas. Ou seja, a empresa não faz o desconto e, conseqüentemente, não recolhe. Embora seja certo de que a estipulação de uma sanção tem o nítido propósito de inibir o descumprimento de uma norma, há que se ressaltar que a imposição desmedida do poder do Estado por meio de uma reação excessiva ao ato ilícito acaba evidenciando efeito oposto, resultando em maior descumprimento de obrigações. Assim, resta absolutamente necessária a imposição de sanções com moderação, tanto no ponto de vista qualitativo (tipo de pena, por exemplo: multa, privação de liberdade, etc), quanto do ponto de vista quantitativo (valor, percentual, tempo, etc). No âmbito do direito penal, há exemplos de diversos limitadores da pretensão punitiva do Estado, como o concurso formal (quando o agente, mediante uma única conduta, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não), o crime continuado (constitui um favor legal ao delinquente que comete vários delitos. Cumpridas as condições legais, os fatos serão considerados crime único por razões de política criminal), ambos com lastro expresso nos art. 70 e 71 do Código Penal, Decreto 2.848/40. Há, ainda, limitadores que, embora não tenham lastro legal expresso, decorrem da doutrina e da jurisprudência, como o Princípio da Consunção ou Absorção (aplicável nos casos em que há uma sucessão de condutas com existência de um nexo de dependência, em que o delito fim absorve o meio). Embora estejamos diante de Princípios comumente relacionados ao Direito Penal, não há dúvidas de que as multas administrativas assemelhamse a algumas penalidades de mesma natureza impostas na seara penal, razão pela qual impõese a aplicação do Princípio da Consunção também no âmbito administrativo. Portanto, ainda que superada a questão da existência de sanção específica que afastaria a aplicação do art. 92 da Lei 8.212/91, é inconteste o nexo de dependência entre as condutas de não descontar e de não recolher o tributo devido pelos seus funcionários, o que resulta na conclusão de que, pela aplicação do Princípio da Consunção, o delito fim (não recolhimento) absorve o delito meio (não retenção). Assim, como o delito fim já foi devidamente punido pelo lançamento do tributo decorrente da obrigação principal, há que se afastar a presente autuação. DA MULTA APLICADA NO CFL 30 Conforme se verifica em fl. 02, o lastro legal para a imputação fiscal está contido nos art. 92 e 102 da Lei 8.212/91, que assim dispõe: Lei 8.212/91 Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 341 17 (...) Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. (...) Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. A mesma lei 8.212, em seu art. 35A, estabelece: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Por sua vez, assim dispõe a Lei 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; No Relatório Fiscal, em particular no seu item 22 (fl. 20), assim foi descrito o fato que ensejou o lançamento do DEBCAD 51.013.3339: 22.2 A empresa autuada entregou as folhas de pagamento, relativas ao período de 06/2006 a 12/2008, mas nelas não fez constar a remuneração indireta concedida na forma de bolsas de estudo (ajuda escolar) a filhos de empregados. 22.3 Como exemplo de remunerações não declaradas nas folhas de pagamentos, podemos citar as efetuadas a empregados não professores constantes do “Relatório de Lançamentos – RL” do Auto de Infração (AI) n° 37.330.4455. Portanto, o que se tem é que o crédito tributário ora em discussão foi lançado em razão do contribuinte não fazer constar em folhas de pagamento o valor da remuneração indireta concedida na forma de bolsas de estudo. Como se viu no Relatório do presente voto, o contribuinte efetuava seus registros a partir do que considerava correto, ou seja, a partir do entendimento de que não integrava o salário de contribuição as importâncias pagas a título de bolsas de estudo concedidas aos dependentes de seus funcionários. Naturalmente, tal conclusão se refletia nas folhas de pagamento elaboradas pela empresa, nas informações prestadas em GFIP e, ao fim, no recolhimento insuficiente do tributo devido.. Portanto, em razão dos mesmos fundamentos legais e considerações expressos no item anterior, entendo que não merece prosperar a imputação fiscal, seja em razão de punir a conduta de falta de declaração ou de declaração inexata, para a qual há penalidade Fl. 349DF CARF MF 18 prevista (art. 35A da Lei 8.212/91, c/c art. 44 da Lei 9.430/96), não se aplicando o art. 92 da Lei 8.212/91, seja pelo evidente nexo de dependência entre delitos de não informar valores em folha de pagamento e de não efetuar o pagamento do tributo devido, do que resulta a aplicação do Princípio da Consunção, o delito fim (não pagamento) absorve o delito meio (não informação em folha). Conclusão: Assim, tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, darlhe provimento. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Redator designado Em que pese a qualidade do voto do Relator, assim como os lógicos argumentos e o seu costumeiro acerto, com a devida vênia, ouso discordar do voto apenas em relação ao afastamento da multa aplicada pelo fato de o contribuinte não fazer constar em folhas de pagamento o valor da remuneração indireta concedida na forma de bolsas de estudo (CFL 30). A despeito dos perfeitos argumentos expostos pelo ilustre Conselheiro Relator para o afastamento da multa decorrente da ausência de desconto da contribuição dos segurados (CFL 59 art. 30, I, da Lei nº 8.212/91), entendo que estas mesmas razões não se aplicam para o afastamento da multa decorrente não elaboração de folha de pagamento de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela Seguridade Social (CFL 30 art. 32, I, da Lei nº 8.212/91). Esclareço que me inclino às razões defendidas pela Relator para o afastamento da CFL 59, devendo a mesma ser afastada em razão do "nexo de dependência entre as condutas de não descontar e de não recolher o tributo devido pelos seus funcionários, o que resulta na conclusão de que, pela aplicação do Princípio da Consunção, o delito fim (não recolhimento) absorve o delito meio (não retenção)", nos exatos termos como delineados pelo Relator em seu voto. Contudo, no que diz respeito à multa pela não elaboração de folha de pagamento de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela Seguridade Social, não enxergo esse mesmo "nexo de dependência" com a multa aplicada para o "delito fim". O chamado "delito fim" é, no caso, o não pagamento/recolhimento da contribuição devida em sua totalidade, o que implica na aplicação da multa prevista no art. 35 A c/c o art. 44 da Lei 9.430/96 (75% sobre a totalidade ou diferença da contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata). Sendo assim, é perfeitamente possível a existência de um caso em que o contribuinte prepare sua folha de pagamento seguindo os padrões e normas estabelecidos e, no entanto, deixe de declarar em GFIP a totalidade dos fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária. Neste caso hipotético, o contribuinte deve ser punido com a aplicação da multa de 75% sobre o valor da contribuição que deixou de pagar. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 10580.733398/201103 Acórdão n.º 2201004.012 S2C2T1 Fl. 342 19 De igual forma, em um determinado caso, pode o contribuinte não preparar sua folha de pagamento com os padrões estabelecidos pela Seguridade Social, mas declarar em GFIP todos os fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária. Neste caso, cabe a punição tão somente pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no art. art. 32, I, da Lei nº 8.212/91 (CFL 30). A situação acima narrada, s.m.j., não ocorre no caso da multa aplicada pela não retenção da contribuição (CFL59), pois se o contribuinte deixou de fazer a retenção devida, a consequência lógica é que ele deixe de recolher o valor. Não vislumbro a possibilidade de haver uma não retenção seguida de um recolhimento. Por esta razão, o Conselheiro Relator apresentou as razões em que, brilhantemente, enxerga o fato de o “delito fim” (não recolhimento) absorver o “delito meio” (não retenção), eis que, acertadamente, concluiu pelo afastamento da multa aplicada ao “delito meio” com base no Princípio da Consunção. Em outras palavras: nestes casos, a não retenção ensejaria, obrigatoriamente, a aplicação de duas multas. Tal fato não deve subsistir e, por essa razão, acompanhei o Relator em seu voto. No entanto, no caso da CFL 30, conforme já acima demonstrado, a não preparação da folha de pagamento de acordo com as normas estabelecidas pode muito bem existir sem que haja nenhuma multa devida pela falta de pagamento da contribuição. Mutatis mutandis, também é possível aplicar multa de 75% pela falta de pagamento da contribuição sem que haja a imposição da CFL 30 (no caso de o contribuinte preparar corretamente a folha de pagamento, mas deixar de informar em GFIP a totalidade dos fatos geradores da contribuição previdenciária). Assim, com a devida vênia, não verifico o nexo de dependência entre delitos apontado pelo ilustre Relator. Pelos motivos acima expostos, entendo que o princípio da Consunção não pode ser invocado no caso da multa aplicada no CFL 30, pois é perfeitamente possível que esta multa coexista em harmonia com a multa de 75% sobre o valor da contribuição que deixou de ser paga, não havendo, pois, razão para o seu afastamento no presente caso. Portanto, deve ser mantida a punição pelo fato de o contribuinte não fazer constar em folhas de pagamento o valor da remuneração indireta concedida na forma de bolsas de estudo (CFL 30), com a aplicação do art. 92 da Lei 8.212/96. Acompanho o voto do Relator em relação aos demais argumentos expostos. Conclusão Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, darlhe provimento parcial, apenas para afastar a multa decorrente da ausência de desconto da contribuição dos segurados (CFL 59 art. 30, I, da Lei nº 8.212/91). Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Redator designado Fl. 351DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.730104/2013-45
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
Numero da decisão: 2001-000.159
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(Assinado digitalmente)
JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 01 04 /2 01 3- 45 Fl. 72DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 1.705,00, a título de imposto de renda pessoa física, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2010. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento de maior relevo e fulcro da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que a Recorrente deveria ter apresentado comprovação dos pagamentos, de forma supletiva aos recibos apresentados, através de outros documentos, porque aqueles acostados não estariam a representar a efetiva realização dos pagamentos efetuados aos profissionais prestadores dos serviços. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que aos recibos não é conferido valor probante absoluto, necessitando para tal a complementação de provas, com a apresentação de documentação adicional a ser providenciada pela Recorrente, como segue: A respeito de dedutibilidade de despesas para determinação da base de cálculo, a Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, dispõe: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 73 3 IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. Para elidir a glosa despendida com prótese dentária o sujeito passivo acostou ao processo três recibos (fls. 06/07). Tais documentos são impróprios para comprovar despesas odontológicas, visto não ter observado os requisitos dispostos na legislação, quais sejam: comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário (Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 8º, inciso V do parágrafo 2º). Com relação à glosa de despesa com plano de saúde, no valor de R$ 7.180,60, o documento acostado ao processo pelo sujeito passivo (fl. 05) comprova o dispêndio com a Sul América (no valor de R$ 10.666,16), devendo ser excluída a citada glosa. Por todo o exposto, voto pela procedência em parte da impugnação, mantendo em parte o crédito tributário, no valor de R$ 1.705,00 (imposto suplementar sujeito à multa de ofício e juros de mora). Assim, conclui o acórdão vergastado pela parcial procedência da impugnação para manter a exigência de imposto suplementar de R$ 1.705,00, referente à glosa do valor das despesas médicas. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: Vez que atendida a comprovação das despesas em relação ao plano de saúde, passase a questão da comprovação referente às despesas com próteses dentárias. (...) Fl. 74DF CARF MF 4 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 74 5 (...) Fl. 76DF CARF MF 6 É o relatório. Voto Conselheiro José Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No que se refere à questão tida como preliminar no Recurso Voluntário, na verdade o conteúdo tratarse de mérito da lide, razão pela qual assim a considero. REJEITO, portanto, a questão preliminar. A questão aqui tratada é de natureza interpretativa da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, especialmente aquele procedimento que busca amparo na extemporânea existência do art. 11, § 3º e 4º, do Decretolei nº 5.844, de 1943 (transportado para o art. 73 e § 1º do Decreto nº 3.000/99 RIR/99 atual), e de outro a busca do direito, pelo contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à idoneidade ou inidoneidade do documento comprobatório. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 75 7 O texto base da divergência interpretativa está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (sublinhei e grifei) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter Fl. 78DF CARF MF 8 sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma. Descabe, assim, o rigor na exigência para a apresentação de comprovação suplementar sobre o contribuinte possuidor da documentação originária do pagamento nas condições em que a lei estabelece, especialmente porque a autoridade fiscalizadora pode obter informação de confirmação da outra parte. Razão não há para a dissociação de ambos os polos na relação e estabelecer exigência rigorosa de um e nada de outro, porque a operação é conjunta e correspondente, com reflexos constatáveis nas informações dos dois contribuintes. Ademais, o dispositivo legal permite a comprovação por um ou outro meio, admitindo que na falta de um se faça através de outro. Não há no texto legal qualquer indicativo para a exigência das duas comprovações. Observese a clareza do texto quando diz (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99): “..., podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;”. Acrescente se, por oportuno, que o meio de pagamento ‘dinheiro vivo’ dispõe de força legal denominada ‘curso forçado’, ao contrário do ‘cheque’, por isso a importância probante de relevância no documento que quita o pagamento, seja recibo ou nota fiscal de prestação de serviço. No caso, há que se considerar a presunção de idoneidade da comprovação apresentada em obediência ao que dispõe a legislação. Mais ainda, em razão da ausência da apresentação, por parte do fisco, de indícios que coloquem em dúvida a idoneidade dos recibos apresentados pela Recorrente. Não basta a simples desconfiança do agente público incumbido da auditoria para que se obrigue o contribuinte a apresentar prova suplementar se não há elementos desabonadores da boa fé de quem usa a documentação especificada em lei para o exercício do direito à dedução na apuração do resultado tributário da pessoa física. O Código Civil, Lei nº 10.406/2002, em seu art. 219 diz que: “As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiros em relação aos signatários.” Neste sentido, os recibos em questão presumemse verdadeiros porque aceitos pelas partes contratantes identificadas no documento, de forma que não é razoável a decisão do Fisco de rejeitar os comprovantes como prova válida, sem a indicação de elementos que os desqualifiquem. Se os documentos são válidos para o prestador dos serviços oferecer os valores à tributação, os mesmos documentos deverão ser válidos também para a dedução legal de quem os recebe como comprovação de pagamentos. Por juízo subjetivo ou simples desconfiança, sem sequer a indicação de indícios de inidoneidade da documentação, não pode a autoridade lançadora fazer exigências fora dos limites da lei. O procedimento fiscal busca amparo no que dispõe o art. 73 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, para posicionar o ônus da prova unicamente no contribuinte, nos termos em que a seguir se descreve: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). (grifei) § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). (grifei) Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 76 9 No ordenamento jurídico brasileiro o decreto regulamentador é uma norma expedida pelo poder executivo que tem como função pormenorizar os preceitos fixados na lei, dentro dos limites nela insertos, sendo considerados, por isso, atos secundários. Seu alcance cingese aos limites da lei não podendo criar situações que obrigue ou limite direitos além daqueles constantes na lei que regulamenta. Neste quesito específico das deduções de despesas médicas temos o que dispõe a Lei nº 9.250/95, em seu art. 8º, § 2º, incisos II e III, o que foi objetivamente regulamentado no Decreto 3.000/99, no art. 80, § 1º, incisos II e III. Assim, a regulamentação deste item de despesa dedutível aqui se esgota porque o objeto tratado foi abordado de forma direta e específica, não permitindo outras exigências porque a lei não concede extensões de procedimento fiscalizatório nem limitação quantitativa de direitos. Neste sentido descabe a utilização do art. 73 e seu § 1º, conforme citado no Lançamento, por se tratar de dispositivo genérico que aparece no Decreto Regulamentador no capítulo das Disposições Gerais de Deduções, vinculado ao longínquo DecretoLei nº 5.844 de 1943, muito distante no tempo e do contexto jurídico atual. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. A origem do conteúdo do texto vem do período do DecretoLei acima citado (Estado Novo da era Vargas, de inspiração intervencionista do Estado na economia), mais precisamente do ano de 1943, anterior, portanto, às quatro últimas Constituições do Brasil (1946, 1967, 1969 e 1988) e, muito distante do conceito atual de Direito do Contribuinte e do Estado de Direito. Além disso, mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento ex officio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de provo, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso II, diz que “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Da mesma forma, o art. 150, inciso I, vai na mesma direção ao determinar que: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”. A verdade é que ao reduzir ou limitar deduções a Autoridade Lançadora estaria aumentando tributo sem lei que estabeleça. Estamos sob a égide da Constituição Federal de 1988 e, quando a Carta Magna menciona o termo “lei” ela se refere aquele instrumento jurídico emanado do Poder Legislativo, como órgão de representação do povo, nascido do devido processo constitucional. O decretolei, por sua vez, constituíase numa espécie de ato normativo com origem no Poder Executivo em caso de urgência ou de interesse público relevante. Ou seja, um decreto que fazia às vezes de lei que vigorou até a Constituição Federal de 1988. A doutrina aceita que o decretolei tenha valor vigorante enquanto não contrariar lei posterior. Contudo, o DecretoLei nº 5.844/1943, ao não constituirse em lei, contraria a Constituição vigente, nos dispositivos antes citados (inciso II, art. 5º e inciso I, art. 150 – CF/1988). Assim que, o art. 73 do Decreto nº 3.000/99 não encontra sustentação quando busca apoio no DecretoLei nº 5.844/1943, porque lei não é. Portanto, o juízo da autoridade lançadora não pode ser estabelecido de forma subjetiva, tampouco por critérios de proporcionalidades não definidos quanto às deduções exageradas. Tudo para o resguardo do recomendável equilíbrio da relação fiscocontribuinte e do equilíbrio do direito entre as partes na lide, a luz do ordenamento jurídico atual. Fl. 80DF CARF MF 10 A Lei não dispõe dessa parametrização e nem define de quanto deve ser essa dedução exagerada, tampouco fixa uma percentagem entre gasto com saúde e renda do contribuinte. Qual seria a quantificação razoável dessa comparação? Além disso, incabível a desconfiança fiscal de colocar em dúvida a existência de moléstia ou da necessidade de cuidados médicos ou odontológicos do contribuinte porque o que a lei realmente exige é a comprovação do pagamento da prestação de serviço. Eventual desconfiança de que o profissional teria fornecido comprovação de serviço que não prestou caracterizaria conluio entre as partes contratantes, o que não foi apontado no histórico do Lançamento. Admitirse que os recibos não representam uma verdadeira prestação de serviço conduz à conclusão lógica de que teria ocorrido conluio entre médico e paciente, ambos contribuintes do imposto, com o objetivo de lesar o fisco, e assim estariam enquadrados em multa qualificada, o que não foi o caso apontado no Lançamento. É possível que uma família tenha gastos médicos de elevada monta em comparação com a renda de apenas um dos membros, principalmente quando há ocorrência de doença grave ou incurável em algum de seus membros. Exemplificase aqui na comparação com a renda de um só membro. Mas é comum na família dividir rendas e despesas. Seria razoável que uma família convencionasse que um dos membros ficasse responsável financeiramente pelas despesas de dependente ou própria, com alto custo continuado de despesas médicas, e outro membro ficasse responsável pela manutenção dos gastos gerais e/ou de alimentação, por exemplo. Isto seria perfeitamente legal, mesmo que um deles tivesse uma sobrecarga de deduções na sua DIRPF individual. O que não é razoável é alguém de fora, que não vivencia a situação fática, estipular quantitativos aleatórios limitativo do direito atribuído em lei. Esta ocorrência não é pouco comum. Certa vez perguntaram ao Dalai Lama: O que mais te surpreende na humanidade? Ele respondeu: “Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois gastam o dinheiro para recuperar a saúde...”. Expressão também atribuída posteriormente a Jim Brown. É a constatação, alémfronteiras, de que os gastos com saúde podem ser bem elevados se comprados com os rendimentos pessoais. Em socorro ao posicionamento que busca resguardar o direito do contribuinte tomamse emprestados os termos da doutrina que trata da necessária clareza da motivação nos atos da administração pública, trazida pelo sempre bem citado Hely Lopes Meireles, quando descreve a necessidade da motivação do ato administrativo, que assim se posiciona: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional.” No mesmo sentido a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, no seu art. 50, diz que: “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 77 11 decidam processos administrativos de concurso ou seleção público; decidam recursos administrativos...”. O Novo Código de Processo Civil, embora posterior aos fatos da ocorrência do lançamento, pode ser utilizado em apoio à interpretação aqui esposada, porque mais benéfico à Recorrente, contém dispositivos pertinentes que devem ser trazidos à colação, de vez que transitam na mesma linha de entendimento que aborda a observância do direito do contribuinte de forma moderna e em consideração ao Estado de Direito. O Código avança no sentido de estabelecer o equilíbrio de forças das partes no processo de julgamento, como se vê na orientação do art. 7º, como segue: “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. (grifei) Traz reforço ainda o CPC para esse entendimento quando suaviza o posicionamento anterior que atribuía ao contribuinte, de forma quase que exclusiva, o ônus da prova, e inaugura a possibilidade das partes atuarem em prol de uma instrução colaborativa, a fim de oferecer ao julgador melhores subsídios para proferir a decisão, sem que se faça uso da regra do ônus da prova de forma unilateral. Este novo procedimento está explicitado no § 1º, do art. 373, da seguinte forma: § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. De forma semelhante o art. 6º do CPC reforça este entendimento colaborativo ao dizer que “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. CONCLUSÃO Cabe ressaltar que a decisão de primeiro grau não veda a possibilidade da ocorrência de pagamento dos serviços em espécie porque a moeda brasileira é de curso forçado, obrigando a todos a aceitação em dinheiro para quitação de qualquer obrigação financeira, ao contrário de outros meios de pagamento. A decisão prolatada no Acórdão da DRJ não se fundamenta na falsidade documental, mas a falta de comprovação da necessidade da prestação do serviço médico, por documentação suplementar que indique a ocorrência de moléstia, como se a Autoridade Lançadora fosse ao mesmo tempo fiscal de rendas e dos serviços de saúde. Essa exigência da Autoridade Lançadora fazse inapropriada porque a legislação não requer comprovação da enfermidade, mas sim a comprovação dos pagamentos. No que se refere a limites, o legislador os fixa quando assim o quer. Faz isso, por exemplo, no caso do imposto sobre a renda, na dedução de despesas com instrução, em que Fl. 82DF CARF MF 12 limita os gastos com despesas escolares do contribuinte e de seus dependentes, independentemente do valor total que tenha dispendido com instrução no período. No caso de despesas médicas a lei não fixa limites, portanto, desarrazoado critério definidor de quantitativo, proporcionalidade sobre a renda ou qualquer outro parâmetro que “a juízo da autoridade lançadora” possa entender como “deduções exageradas” (art. 73 e §1º do Decreto nº 3.000/99, herdados do DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º e 4º), porque a lei em vigor assim não determina e, “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (inciso II, art. 5º, CF). Logo, legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pela contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Desnecessária qualquer declaração posterior firmada pelo profissional prestador do serviço porque aqueles comprovantes já cumprem a função legalmente exigida. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pela contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Por fim, incabível a exigência que perpassa a relação fiscocontribuinte no intento de comprovar a necessidade do atendimento médico sobre informações que dizem respeito tão somente a relação médicopaciente, em resguardo a intimidade pessoal na questão de saúde da pessoa fiscalizada, de vez que situações absolutamente diferentes e sem pertinência simultânea. Na verdade o § 2º, alínea “a” do inciso II, do art. 8º da Lei 9.250/95 diz que “no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário”. Neste sentido o fisco considerou que os recibos entregues não são hábeis para comprovação de despesas médicas, a qual deve ser feita mediante apresentação das respectivas notas fiscais de prestação de serviços da pessoa jurídica. Ocorre que a empresa CLISO – Clinica de saúde oral negouse a fornecer notas fiscais, dando em substituição os recibos com seu carimbo com identificação do CNPJ, em substituição as notas fiscais, inclusive juntando radiografia dentária e declaração assinada com aposição de carimbo de confirmando que se tratava de pessoa jurídica. Neste caso é forçoso entenderse que o infrator é o contribuinte pessoa jurídica e não a Recorrente pessoa física. Assim, no exame da documentação acostada ao processo verificase que a Recorrente apresentou a documentação comprobatória da despesa e por isso a utilizou como dedutível na declaração de ajuste do imposto. Acrescentese, ainda, que a Recorrente juntou ao processo, além dos recibos de prestação de serviços, declaração da empresa dizendo verdadeira as informações anteriormente prestadas pela Contribuinte. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10580.730104/201345 Acórdão n.º 2001000.159 S2C0T1 Fl. 78 13 Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, restabelecendose a dedução das despesas médicas, restando, por consequência, improcedente a íntegra do lançamento. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Fl. 84DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.919918/2009-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS.
Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido, porém, não o fez.
Na averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, se faz necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado.
Numero da decisão: 1301-002.708
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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W. KOGOS - PROCEDIMENTOS MEDICOS S/S LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2001 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido, porém, não o fez. Na averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, se faz necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10880.919918/2009-66 Acórdão n.º 1301-002.708 S1-C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão proferido pela DRJ, que, ao apreciar a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte, entendeu, por unanimidade de votos, julgá-la improcedente. O presente processo decorre de pedido de Declaração de Compensação, onde o contribuinte utilizou-se de crédito de pagamento a maior de IRPJ. Segundo o despacho decisório, a compensação não foi homologada porque o pagamento considerado indevido foi integralmente utilizado para extinguir débito de IRPJ, inexistindo, portanto, crédito a compensar. Irresignado, o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, informando que retificou sua DCTF, apropriando-se integralmente do valor recolhido indevidamente. Pondera que a única justificativa da RFB, ao proferir tal despacho, foi ter-se baseado na DCTF original e não considerar a DCTF retificadora, caso contrário não teria porque não homologar a compensação realizada. Estes argumentos foram apreciados pela DRJ, que decidiu pela improcedente da defesa. Anote-se que, em seu decisium, a DRJ consignou que o contribuinte não comprovou a existência do crédito declarado. Após intimado, inconformado, a recorrente apresentou, tempestivamente, recurso voluntário, pugnando por provimento, sustentando a certeza e liquidez do crédito apresentado, pois, em sua ótica, o crédito está devidamente demonstrado através da comparação das obrigações acessórias transmitidas e DARF recolhido. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 1301-002.696, de 19.10.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.973679/2009-90. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301-002.696): O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Da análise do recurso Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10880.919918/2009-66 Acórdão n.º 1301-002.708 S1-C3T1 Fl. 4 3 Como bem apontado na decisão recorrida, a compensação prevista nos artigos 156 e 170 do CTN, e regulada pelo artigo 74, da Lei 9.430/96, constitui-se em um instrumento de extinção de crédito tributário, mediante apresentação de declaração de compensação, sob condição resolutiva de sua ulterior homologação. O contribuinte quem figura como titular da pretensão e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. No caso de pagamento indevido, que é o caso específico dos autos, o reconhecimento de seu direito creditório exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registro contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. O contribuinte trouxe aos autos apenas suas Declarações (DCTF, Dcomp e DIPJ), informando que retificou sua DCTF, e insiste na comparação das informações declaradas com o DARF recolhido, pois, a partir de tal confronto, em sua ótica, estaria comprovado o crédito que alega ser titular. Não penso assim, pois deveria ter trazido mais elementos de provas, com o escopo de demonstrar não só a origem do crédito, como sua liquidez e certeza. Além do mais, é bom que se diga que as Declarações são documentos produzidos pelo próprio contribuinte, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe-se a obrigação da recorrente de comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocadamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66. Neste ponto, acresça-se o que dispõem os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/1972, como segue: “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) (grifou-se) Assim, o ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo este CARF, veja-se: Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10880.919918/2009-66 Acórdão n.º 1301-002.708 S1-C3T1 Fl. 5 4 “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destina-se a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.”(grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) COFINS. DCOMP. MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Compete a quem transmite o Per/DComp o ônus de provar a liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas, eficazes e suficientes a essa comprovação. DCOMP. CRÉDITOS. HOMOLOGAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE Cabe à autoridade administrativa autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A ausência de elementos imprescindíveis à comprovação eficaz desses atributos impossibilita à homologação. (Acórdão 3802003.395, v.u., para negar provimento ao recurso voluntário) RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. CRÉDITO LÍQUIDO E CERTO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. Nos processos derivados de pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, capaz de demonstrar a liquidez e certeza do pagamento indevido. (Acórdão 3301003.192, v. u. para negar provimento ao recurso voluntário). Portanto, a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de IRPJ. Por fim, com relação ao argumento da recorrente, ao final, de que no Acórdão recorrido, foram acrescentados fatos e alegações novos e estranhos ao processo, desconhecidos da empresa recorrente, em especial por ter feito referência a Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10880.919918/2009-66 Acórdão n.º 1301-002.708 S1-C3T1 Fl. 6 5 julgamentos de outros processos de compensação, e por isso, por esta referência, sustentou que foi desrespeitado o devido processo legal, entre outros princípios; também não há que se dá razão ao contribuinte. O fato da decisão recorrida ter feito referência a outros processos que discutem a certeza e liquidez de crédito oriundo de pagamento indevido a título de IRPJ, não agride a estes princípios, e nem altera o resultado da decisão recorrida, pois não se reconhece o crédito pretendido por ausência de provas quanto ao fato constitutivo do direito alegado pelo contribuinte. Sendo assim, rejeitam-se suas alegações. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao presente recurso voluntário. Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 96DF CARF MF Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 11065.903065/2008-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1201-000.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Eva Maria Los, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Jose Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Eva Maria Los, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Jose Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Eva Maria Los, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Jose Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de DCOMP apresentada pelo DIMARI INDUSTRIAL DE COMPONENTES PARA CALÇADOS LTDA., CNPJ 89.420.372/000126, para fins de formalizar a compensação de determinado crédito oriundo de pagamento a maior com determinado débito de sua responsabilidade. Por meio de Despacho Decisório, o direito creditório não foi reconhecido, sob a alegação de insuficiência de crédito. Mais precisamente, aduz a autoridade fiscal competente que o DARF vinculado ao pretenso pagamento a maior já teria sido utilizado para quitar débito informado pelo próprio contribuinte em DCTF, não restando saldo disponível. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que o crédito, na verdade, diz respeito a Saldo Negativo, e não pagamento a maior propriamente dito. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .9 03 06 5/ 20 08 -3 6 Fl. 95DF CARF MF Processo nº 11065.903065/200836 Resolução nº 1201000.307 S1C2T1 Fl. 3 2 A DRJ não conheceu o pleito do contribuinte, sob duas premissas: (i) de que o processo administrativo fiscal não se prestaria a retificar DCTF; e (ii) de que a contribuinte não teria atacado os fundamentos do despacho decisório, que foi emitido com base em DCTF válida, eficaz e espontaneamente apresentada. A empresa, então, apresentou recurso voluntário, por meio do qual esclarece que houve erro de fato no preenchimento da DCOMP, e não da DCTF, sendo a negativa de análise do direito creditório fato que viola os princípios da eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, verdade material e o artigo 112 do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201 000.294, de 19.10.2017, proferido no julgamento do Processo nº 11065.902152/200876, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.294): O recurso voluntário atende os pressupostos formais e materiais, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciálo. Na DCOMP ora em análise, o contribuinte indicou como origem do crédito um pagamento a maior feito a título de estimativa. Como, porém, a DCTF indica a existência de débito no mesmo montante, o despacho eletrônico não acusou a existência de crédito. Por ocasião da Manifestação de Inconformidade e Recurso Voluntário, o contribuinte esclarece que, na verdade, o crédito diz respeito ao Saldo Negativo apurado no ano, e não a estimativa, assumindo que teria se equivocado no preenchimento da origem exata do crédito. E para justificar esse alegado erro, a contribuinte anexa a sua DIPJ, que realmente indica a apuração de Saldo Negativo no ano, assim como uma planilha que resume as compensações efetuadas com tal saldo. Já a decisão de primeira instância não analisou o mérito da questão, tendo indeferido o pleito por razões de incompetência. Nesse contexto, entendo que o mero erro de fato não é suficiente para não homologar a compensação, em razão dos princípios da legalidade e verdade material, sendo necessária a apreciação do mérito propriamente dito. Do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem, para que, diante das informações e documentos trazidos pela Recorrente na Fl. 96DF CARF MF Processo nº 11065.903065/200836 Resolução nº 1201000.307 S1C2T1 Fl. 4 3 defesa e recurso, seja verificado o mérito da existência, suficiência e disponibilidade do crédito de Saldo Negativo alegado. Após a conclusão desta diligência, deve ser cientificada a contribuinte acerca do Relatório Conclusivo, para que se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e, em seguida, retornem os autos para julgamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Fl. 97DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.721298/2012-18
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1999 a 01/01/2002
DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE.
Constatada a correção da fundamentação explicitada no despacho decisório, e não restando caracterizado cerceamento ao direito de defesa, afasta-se a preliminar de nulidade suscitada.
COFINS. ISENÇÃO DOS ARTS. 13 C/C 14, INCISO X DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.518-35 DE 2001. RESTRIÇÕES PARA FRUIÇÃO DA ISENÇÃO PELO §2°, ART. 47, INSRF N. 247/2002 NÃO PREVISTAS NO TEXTO LEGAL.
O §2°, do art. 47, IN SRF n. 247/2002 ao determinar o alcance do conceito de receitas decorrentes de atividades próprias, inovou ao restringi-la.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3001-000.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleber Magalhães - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: CLEBER MAGALHAES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 01/01/2002 DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. Constatada a correção da fundamentação explicitada no despacho decisório, e não restando caracterizado cerceamento ao direito de defesa, afasta-se a preliminar de nulidade suscitada. COFINS. ISENÇÃO DOS ARTS. 13 C/C 14, INCISO X DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.518-35 DE 2001. RESTRIÇÕES PARA FRUIÇÃO DA ISENÇÃO PELO §2°, ART. 47, INSRF N. 247/2002 NÃO PREVISTAS NO TEXTO LEGAL. O §2°, do art. 47, IN SRF n. 247/2002 ao determinar o alcance do conceito de receitas decorrentes de atividades próprias, inovou ao restringi-la. Recurso Voluntário Provido
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FUNDAMENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. Constatada a correção da fundamentação explicitada no despacho decisório, e não restando caracterizado cerceamento ao direito de defesa, afastase a preliminar de nulidade suscitada. COFINS. ISENÇÃO DOS ARTS. 13 C/C 14, INCISO X DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 2.51835 DE 2001. RESTRIÇÕES PARA FRUIÇÃO DA ISENÇÃO PELO §2°, ART. 47, INSRF N. 247/2002 NÃO PREVISTAS NO TEXTO LEGAL. O §2°, do art. 47, IN SRF n. 247/2002 ao determinar o alcance do conceito de “receitas decorrentes de atividades próprias”, inovou ao restringila. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 12 98 /2 01 2- 18 Fl. 136DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto o relatório produzido pela 3ª Turma da DRJ/Campinas (efl. 103 e ss): Tratase de representação formalizada para controlar a Declaração de Compensação (DCOMP) nº 41007.53071.040707.1.3.049150, transmitida eletronicamente em 04/07/2007 com fundamento em crédito informado em processo administrativo de restituição nº 10830.004041/200226. A DRF de origem proferiu Despacho de não homologação da compensação, assim fundamentando: O processo informado como origem do crédito, nº 10830.004041/200226, trata de pedido de restituição de indébitos de Cofins entre 10/03/1999 e 15/02/2002, no total de R$ 225.681,06, sob a alegação de que os referidos valores teriam sido pagos indevidamente, já que o interessado tratarseia de TEMPLO DE QUALQUER CULTO, e, portanto, estaria ISENTO em relação à citada contribuição, na forma do artigo 14, inciso X, c/c o artigo 13, inciso I, da Medida Provisória n.º 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Essa pretensão restituitória foi integralmente não acolhida por esta Delegacia da Receita Federal do Brasil – DRF em 10/07/2007, conforme podemos comprovar à vista do despacho decisório exarado naqueles autos administrativos. Cientificado o contribuinte interessado, apresentou manifestação de inconformidade, levando a questão para julgamento pela primeira instância administrativa – Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ, no caso a de Campinas/SP, que decidiu por também indeferir a solicitação do sujeito passivo, ratificando a citada decisão desta DRF, vide cópia do acórdão nº 0522.112, exarado na sessão de 06/06/2008, juntada às fls.20/27. Inconformado, o interessado apresentou ao Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) recurso voluntário, que ainda se encontra pendente de análise e decisão. Considerando esse apertado resumo acerca do trâmite processual do suposto crédito utilizado pelo interessado, concluímos que não há até o momento nenhum valor disponível para ser compensado, haja vista as negativas por parte desta com a sua utilização. Em verdade, a declaração de compensação deveria ter sido objeto de análise juntamente com o indigitado Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10830.721298/201218 Acórdão n.º 3001000.098 S3C0T1 Fl. 3 3 pedido de restituição consignado no processo nº 10830.004041/200226, pois foi apresentada antes da respectiva decisão e sua ciência ao contribuinte. O art. 74 da Lei nº 9.430/96 assim prevê: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: ... VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa.” ... Face ao todo exposto, não homologo a compensação declarada através do documento compensatório no 41007.53071.040707.1.3.049150, fls. 2/5, apresentado em 04/07/2007 e encaminho para imediata cobrança o débito indevidamente compensado. Concomitantemente cientifiquese a pessoa jurídica interessada acerca do inteiro teor deste despacho decisório e de sua faculdade, no prazo de trinta dias contados da ciência deste, de contestar a não homologação da compensação declarada Cientificada dessa decisão em 15/03/2012, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade em 16/04/2012. Em sede de preliminar, alega a interessada a nulidade do despacho decisório ante a sua incorreta fundamentação legal. Explica que quando da transmissão da DCOMP (04/07/2007) ainda não havia ocorrido o indeferimento do pedido de restituição pela DRF de origem, o qual foi proferido em 10/07/2007, e a ela cientificado em 18/07/2007. Dessa forma, inaplicável a disposição do art. 74, § 3º, VI, da Lei nº 9.430, de 1996. No mérito, alega em síntese, que é entidade sem fins lucrativos de natureza religiosa, e, portanto, faz jus à isenção da Cofins estabelecida pelos artigos 13, I e 14, X da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, sobre sua receitas próprias, ou seja, aquelas que decorrem da realização dos seus objetivos sociais, as quais são destinadas à sua manutenção. Fl. 138DF CARF MF 4 Aduz que sua “situação fática” já teria sido inclusive comprovada pela própria DRF em procedimentos de fiscalização. Afirma que ao seu caso deve aplicarse a definição estabelecida pelo Parecer Normativo CST nº 162 de 11/09/1974 sobre a abrangência da expressão atividades próprias. Cita ementa de Solução de Consulta sobre a não tributação das receitas de aluguel auferidas por instituições de assistência social. Colaciona julgados que versam sobre a imunidade estabelecida constitucionalmente aos templos religiosos, e afirma que o entendimento neles explicitado deve também ser adotado para a isenção de que trata a Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, ou seja, ainda que, os recursos financeiros da Associação não sejam em sua totalidade oriundas de doações de seus associados, desde que sejam revertidas para suas finalidades essenciais, isto não lhe retira o direito a mencionada isenção. A conclusão da auditoria fiscal nos autos de nº 10830.004041/200226 não a descaracterizou como templo de qualquer culto. Ainda, não comprovou que as receitas por ela auferidas estão fora de seu objeto social, ou que não foram aplicadas integralmente na manutenção de suas atividades, sem desvio de finalidade. Dessa forma, não havendo infração ao dispositivo legal pertinente, não poderia ter sido negada a homologação da compensação dos autos, revelandose a decisão sem motivação. Defende que o § 2º do art. 14 da Medida Provisória nº 2.15835 foi expresso quanto às receitas que não estariam isentas da Cofins, e que as receitas oriundas de suas atividades próprias não estão ali elencadas. Argui que a Receita Federal não pode restringir o que a lei não restringiu, sob pena de ofensa aos princípios da legalidade, impessoalidade, e o de liberdade de crença. Prossegue: A prevalecer o indeferimento do SEORT, se uma creche, sem fins lucrativos, vender pizza (produto) às pessoas benevolentes para angariar fundos para a manutenção da sua atividade (que é cuidar de, criança carente, por exemplo, teria que pagar a Cofins sobre a.venda das pizzas, por que não foi uma doação, foi uma venda. Tem cabimento uma interpretação desta natureza? Evidente que não. O fato é que se a sociedade brasileira, com tamanha desigualdade social e econômica, ainda permanece viva, é em função de instituições sérias, dirigidas por pessoas sérias, idôneas e desprendidas, como é o caso da Manifestante que trabalha para conscientizar o ser humano, principalmente o mais desfavorecido, de que, o caminho para a realização pessoal é o da fé, do trabalho e do estudo e não a violência contra o próximo. Alega que além de se caracterizar como templo de qualquer culto, isento, portanto da Cofins nos termos da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, também é imune às contribuições sociais nos termos do art. 195, §7º da Constituição Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10830.721298/201218 Acórdão n.º 3001000.098 S3C0T1 Fl. 4 5 Federal, por se enquadrar como entidade beneficente de assistência social sem fins lucrativos, como comprovam seu Estatuto Social e o seu reconhecimento nos três níveis de governo como declarada de utilidade pública. Afirma que cumpre todos os requisitos estabelecidos pelo art. 14 do CTN. Cita julgado administrativo e judicial no sentido de que os requisitos que devem ser observados para a isenção constitucionalmente prevista são os do CTN. Ao final requer o cancelamento do despacho decisório, e a homologação da compensação efetuada. A DRJ/Campinas ementou da seguinte forma: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 01/01/2002 DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE. Constatada a correção da fundamentação explicitada no despacho decisório, e não restando caracterizado cerceamento ao direito de defesa, afastase a preliminar de nulidade suscitada. Direito Creditório Não Reconhecido No Recurso Voluntário, a Recorrente (efl. 120 e ss), basicamente, limitase a repetir sua argumentação. É o relatório. Voto Conselheiro Cleber Magalhães Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, razão pela qual deve ser conhecido. O limite da competência das Turmas Extraordinárias do CARF é de sessenta salários mínimos, segundo o 23B, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017. O valor do saláriomínimo nacional é de R$ 937,00, segundo a Lei nº 13.152, de 2015. Dessa forma, o limite de valor de litígio para processos a serem julgados pelas turmas extraordinárias é de R$ 56.220,00. Como o valor em litígio é de R$ 2.915,28 (efl. 8), a análise do p.p. está dentro da alçada das turmas extraordinárias. Fl. 140DF CARF MF 6 Da preliminar de nulidade A Recorrente alega que há ausência de fundamentação legal do despacho decisório, evidenciando sua nulidade, em observância ao Princípio da Legalidade. Entretanto, verificase que o despacho decisório fundamentouse no fato de que o direito creditório veiculado na compensação restava indeferido na esfera administrativa, nos termos das decisões anexadas aos autos. Para sustentar sua decisão, a DRF/CPS utilizou o art. 74 da Lei nº 9.430/96, in verbis: 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ... § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: ... VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa.” Quando a Declaração de Compensação foi analisada pela autoridade fazendária, o direito creditório do contribuinte já havia sido negado pelo Fisco. Assim, pelo exposto, entendo não prosperar a tese de nulidade do despacho decisório proposta pela Recorrente. Do mérito: "da aplicabilidade da isenção da Cofins à Recorrente" O Despacho Decisório deuse com base na interpretação da isenção veiculada pela Medida Provisória n° 2.158, de 2001. A interpretação da isenção prevista no art. 13,I, da Medida Provisória n° 2.158, de 2001 c/c §2°, art. 47, IN SRF n. 247/2002, especificamente, do conceito de “receitas decorrentes de atividades próprias” formou o cerne do litígio. Portanto, é de se analisar o Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10830.721298/201218 Acórdão n.º 3001000.098 S3C0T1 Fl. 5 7 conceito de “receitas decorrentes de atividades próprias” para melhor analisar a aplicação da Lei n.9718/98. A Medida Provisória n°2.158, de 2001,prescreve que: Art.13.A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: Itemplos de qualquer culto; IIpartidos políticos; IIIinstituições de educação e de assistência social a que se refere oart. 12 da Lei no9.532, de 10 de dezembro de 1997; IVinstituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere oart. 15 da Lei no9.532, de 1997; Vsindicatos, federações e confederações; VIserviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VIIconselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIIIfundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IXcondomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Xa Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas noart. 105 e seu § 1oda Lei no5.764, de 16 de dezembro de 1971. A Instrução Normativa SRF n° 247, de 21 de novembro de 2002, art. 47 §2° determina que as receitas consideradas como originadas de atividade própria, para fins de isenção de COFINS, não podem ter “caráter contraprestacional direto”, como se depreende: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1ºPara efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº8.212, de 1991. § 2ºConsideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou Fl. 142DF CARF MF 8 estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; VIII fundações de direito privado; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e X Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1ºda Lei nº5.764, de 16 de dezembro de 1971. Parágrafo único. As sociedades cooperativas, na hipótese do § 5ºdo art. 33, também contribuirão para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. A questão em discussão cingese justamente ao caráter contraprestacional dos recursos recebidos pela Recorrente (efl. 107): a interessada diz que as receitas oriundas da venda de bens e serviços ou da prestação de serviços eram provenientes da vendas de CD, DVD, Livros, Bíblias, todos relacionados à evangelização, com conteúdo religioso de culto católico, tais como: CD de músicas religiosas, histórias e passagens bíblicas, DVD de desenhos infantis de cunho religioso, de encontros religiosos, de música católica, de missas, além de vendas de camisetas com temática religiosa. A controvérsia reside em saber se tais atividades seriam consideradas como próprias da contribuinte ou se seriam consideradas contraprestacionais, ou seja, fora do âmbito próprio da sua atividade, de acordo com o que determina a Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Assim, foi cobrada a COFINS relativa a receitas oriundas de vendas de CD, DVD, Livros, Bíblias, todos relacionados à evangelização, com conteúdo religioso de culto Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10830.721298/201218 Acórdão n.º 3001000.098 S3C0T1 Fl. 6 9 católico,pois nos termos do Despacho Decisório, tais receitas não se subsumiriam ao conceito de receitas originadas de “atividadespróprias”. Entendo, entretanto, que a restrição contida no §2° do art. 47 da Instrução Normativa SRF n°247, de 2002, ao determinar o alcance da expressão “atividades próprias”extrapola o disposto no art.14, X da Medida Provisória 215835/2001, pois lá não há nada que aponte que as atividades próprias daquelas entidades, restrinjase a donativos, anuidades ou mensalidades pagas pelos seus associados. Penso, smj, que a aludida instrução normativa criou condicionamentos ao gozo da isenção que inovaram em relação ao dispositivo legislativo. Assim, a IN 247 abrandou o direito do contribuinte à isenção. Não podemos esquecer, da mesma forma, que o Código Tributário Nacional, em seu art. 111, II, prescreve que a isenção se interpreta literalmente. No caso em tela, entendo que a venda de artigos religiosos relacionados à evangelização está ligada ao objetivo da entidade. E não vejo como aplicar a restrição proposta pela IN SRF 247, em razão de entender que a mesma inova ao interpretar os ditames da MP n°2.158, de 2001 Pelo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cleber Magalhães Fl. 144DF CARF MF
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Numero do processo: 35348.000213/2007-70
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2000 a 31/08/2005
DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL.
O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações.
Verfica-se, em questão, ter havido recolhimentos sobre a folha de pagamento para as competências em litígio. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 150, §4o do CTN. Desta forma, tendo a ciência do lançamento ocorrido em 06/2006, deve-se declarar a decadência para os fatos geradores ocorridos até a competência 05/2001 (inclusive) .
SÚMULA CARF 99.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Numero da decisão: 9202-006.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2000 a 31/08/2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL. O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. Verfica-se, em questão, ter havido recolhimentos sobre a folha de pagamento para as competências em litígio. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 150, §4o do CTN. Desta forma, tendo a ciência do lançamento ocorrido em 06/2006, deve-se declarar a decadência para os fatos geradores ocorridos até a competência 05/2001 (inclusive) . SÚMULA CARF 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2000 a 31/08/2005 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL. O art. 62A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. Verficase, em questão, ter havido recolhimentos sobre a folha de pagamento para as competências em litígio. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 150, §4o do CTN. Desta forma, tendo a ciência do lançamento ocorrido em 06/2006, devese declarar a decadência para os fatos geradores ocorridos até a competência 05/2001 (inclusive) . SÚMULA CARF 99. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 34 8. 00 02 13 /2 00 7- 70 Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.271 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 20600.890, prolatado pela 6a Câmara do então 2o Conselho de Contribuintes na sessão plenária de 01 de fevereiro de 2008 (efls. 426 a 435). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2000 a 31/08/2005 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE TRANSPORTE DECADÊNCIA DECENAL. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DECLARAÇÃO. VEDAÇÃO. 1 Decadência decenal, aplicação do art. 45 da Lei n° 8212/91.nos termos do art. 49 do Regimento Interno deste Conselho é vedado ao Conselho afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob o fundamento de inconstitucionalidade, sem que tenham sido assim declaradas pelos órgãos competentes. A matéria encontrase sumulada, de acordo com a Súmula n° 2 do 2° Conselho de Contribuintes. Preliminar rejeita. 2 É devida contribuição previdenciária sobre parcela paga a título de ValeTransporte se não forem observadas as disposições da lei n° 7.418/85 e do Decreto n° 95.427/87, de acordo com a norma contida no § 9° do art. 28 da Lei n° 8212/91. Recurso Voluntário Negado. Fl. 1271DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.272 3 Decisão: I) por voto de qualidade em rejeitar a preliminar de nulidade. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto, Daniel Ayres Kalume Reis , Cleusa Vieira de Souza (Relatora) e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que votaram por declarar a nulidade. II) por maioria de votos em rejeitar a preliminar de decadência. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto, Daniel Ayres Kalume Reis e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. III) por unanimidade de votos, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso, para que a contribuição dos segurados seja calculada, individualmente, observandose as alíquotas aplicáveis a cada faixa salarial, bem como o limite estabelecido na legislação. Designado para redigir o voto vencedor, na parte referente a rejeição da preliminar de nulidade, o(a) Conselheiro(a) Ana Maria Bandeira. Inicialmente foram opostos embargos pela Fazenda Nacional (efls. 440 a 443), rejeitados por despachos de efls. 445 a 447. Enviados os autos à contribuinte para ciência, ocorrida em 11/11/2011 (efl. 457), esta apresenta, em 25/11/11 (efl. 459), Recurso Especial (efls. 459 a 466 e anexos), com fulcro no art. art. 7o inciso II e artigo 15 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF no. 147, de 25 de junho de 2007, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Alegase, no pleito, divergência em relação à Súmula Vinculante STF no. 08 e, ainda, em relação ao decidido pela 1a. Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, através do Acórdão 230101.552, prolatado em 08 de julho de 2010, de ementa e decisão a seguir transcritas : Acórdão 230101.552 Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2002 a 30/12/2006 REMUNERAÇÃO INDIRETA SEGURO DE VIDA EM GRUPO INCIDÊNCIA O valor referente ao seguro de vida em grupo, pago em desacordo com o estabelecido no Decreto 3.048/99, integra o salário de contribuição. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer à isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria. O PLR concedido nos moldes da Lei 10.101/2000 não está sujeito à incidência da contribuição previdenciária por não possuir natureza remuneratória. DECADÊNCIA PARCIAL Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.273 4 De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. ANTECIPAÇÃO DO TRIBUTO. Nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4o do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. Considerase antecipação de pagamento o recolhimento de contribuição incidente sobre qualquer verba remuneratória. TAXA SELIC INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI A utilização da taxa de juros SELIC encontra amparo legal no artigo 34 da Lei 8.212/91. Impossibilidade de apreciação de inconstitucionalidade da lei no âmbito administrativo. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Decisão: por unanimidade de votos, em declarar a decadência de parte do período pela regra do artigo 150, §4° do CTN. Os Conselheiros Julio Cesar Vieira Gomes, Damião Cordeiro de Moraes e a relatora, ressalvando seus entendimentos pessoais, inclinaramse à jurisprudência da CSRF no sentido de considerar a existência de pagamento parcial pelo total da folha de salários e não por parcela. No mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para afastar também os valores relativos ao PLR e, por voto de qualidade, em manter os valores relativos ao seguro de vida, nos termos do voto do (a) Relator (a). Vencidos os conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Edgar Silva Vidal e Leonardo Henrique Pires Lopes que davam provimento integral ao recurso. Em linhas gerais, argumenta a contribuinte, em sua demanda quanto à decadência, que, em razão da patente divergência jurisprudencial e da Súmula citada, o presente recurso deva ser admitido, para que prevaleçam os argumentos contidos no acórdão paradigma, aplicandose o art. 150, §4o. do CTN e declarandose a decadência das supostas diferenças exigidas em relação ao período de 10/2000 a 05/2001. Ressalta que, nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4o do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.274 5 caracterizado o lançamento por homologação. Considerase antecipação de pagamento o recolhimento de contribuição incidente sobre qualquer verba remuneratória. Requer, assim, seja o Recurso seja provido, reconhecendose a decadência do crédito constituído em relação ao período de 10/2000 a 05/2001, sendo reformado o Acórdão recorrido para declarar a extinção do aludido crédito. O recurso foi regularmente admitido, consoante despacho de admissibilidade de efls. 1200/1201. Cientificada a Fazenda Nacional, esta declinou da apresentação de contrarrazões (efl. 1203). Apreciado o Recurso Especial inicialmente por esta Turma, em 27 de junho de 2017, converteuse o julgamento em diligência, consoante Resolução de efls. 1237 a 1243, a fim de que se verificasse a existência ou não de recolhimentos antecipados para as competências em litígio. A diligência restou cumprida na forma de elementos de efls. 1253 a 1267. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, assim, dele conheço. Passo à análise de mérito. De se notar, para fins do deslinde da questão, a vinculação deste CARF às decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça, quando submetidas ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil, a partir do disposto no art. 62, §2o. do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho em vigor, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015: RICARF Art. 62. (...) (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, ainda que se admita que a questão relativa à contagem do prazo decadencial é bastante tormentosa (daí a adoção de diversas interpretações relativas à matéria Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.275 6 no âmbito deste Conselho), de se reconhecer que o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, recentemente pacificou, sob a sistemática de recursos repetitivos, o entendimento no sentido de que a regra do art. 150, §4o, do CTN só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, I nos demais casos. Reproduzse, a seguir, a ementa do Recurso Especial nº 973.733/SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, repitase devidamente submetido à sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil, sendo, assim, referido decisum, repitase, de observância obrigatória neste CARF, a partir do disposto no art. 62, §2o. do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho em vigor, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reza a decisão : PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, Fl. 1275DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.276 7 iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Desta forma, ao adentrar o mérito da questão, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733/SC supra, no sentido de que a regra do art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, I nos demais casos. No caso em questão, tratase de lançamento sobre o valor pago ou creditado pela empresa a título de Seguro de Vida aos segurados empregados, sendo cota patronal, SAT, contribuição descontada do segurado empregado e contribuições destinadas as Terceiras Entidades, somente nas parcelas onde a empresa assume o encargo total da despesa, sem repassar os referidos custos aos empregados, pelo fato de não estarem previstos em Acordos ou Convenções Coletivas de Trabalho. O lançamento se baseou, consoante demonstrativos de e fls. 57 a 95, em apropriações realizadas em rubricas contábeis. Verificase, através do relatório de efls. 1266/1267 e elementos de efls. 1253 a 1265, ter havido recolhimento para todas as competências em litígio (10/2000 a 05/2001), tanto para segurados empregados como para terceiros. De se ressaltar o aproveitamento de tais recolhimentos como pagamento antecipado para o montante/rubrica objeto de lançamento caracterizados como remuneração, a partir do teor da Súmula CARF no. 99, verbis: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Assim, uma vez caracterizada a existência de pagamentos antecipados para as competências litigadas, de se contar o prazo decadencial na forma do art. 150, § 4o. do CTN. Destarte, considerando ter sido o lançamento cientificado ao contribuinte em 19/06/2006, voto Fl. 1276DF CARF MF Processo nº 35348.000213/200770 Acórdão n.º 9202006.207 CSRFT2 Fl. 1.277 8 por dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte, a fim de que seja declarada a decadência para as competências de 10/2000 a 05/2001. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 1277DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.009073/2010-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.077
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº: 10552.000174/2007-64, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2075; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10830.009073/201028 Recurso nº 1 Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.077 – 2ª Turma Sessão de 25 de outubro de 2017 Matéria CSP RETROATIVIDADE BENIGNA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CIRCULO DE AMIGOS DO PATRULHEIRO DE VALINHOS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº: 10552.000174/200764, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 90 73 /2 01 0- 28 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 3 2 Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, tendo por paradigma o processo n° 10552.000174/200764. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões onde pugna pela manutenção da decisão recorrida, que , em seu entendimento reflete a melhor interpretação jurídica quanto à aplicação do art. 106, II, "c" ao caso sob análise. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202006.065, de 25/10/2017, proferido no julgamento do processo 10552.000174/200764, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202006.065): Quanto ao conhecimento Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Quanto ao mérito O presente tema, objeto do presente julgamento repetitivo de recursos, tem entendimento já pacificado no âmbito desta Turma da CSRF, o qual é brilhantemente delineado pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no âmbito do Acórdão 920205.782, de 26 de setembro de 2017, e, assim, adotase Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 4 3 excerto do teor do voto condutor daquele Acórdão, a seguir transcrito, como razões de decidir, verbis: (...) Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): "Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 6 5 Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 7 6 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 8 7 competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor da multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente."(grifos não presentes no original) Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: (...) Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. (grifos não presentes no original). (...)" Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10830.009073/201028 Acórdão n.º 9202006.077 CSRFT2 Fl. 9 8 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Em face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, dar lhe provimento parcial, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13003.000315/2003-20
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/1998 a 31/01/1998
COFINS. DECADÊNCIA.
Considerando o resultado do julgamento, em respeito ao art. 63, §8º, do RICARF/2015, haja vista que a maioria dos conselheiros expressaram seus votos pelas conclusões, é de se refletir o direcionamento de seus entendimentos. Cabe, assim, expor que a maioria dos conselheiros manifestou que não consideram, para fins de aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, a mera entrega da declaração do débito.
Não obstante, no caso vertente, considerando que no período em discussão houve pagamento, deve-se aplicar, para fins de contagem do prazo decadencial, o disposto no art. 150, §4º, do CTN.
Numero da decisão: 9303-006.032
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Rodrigo da Costa Pôssas.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/1998 a 31/01/1998 COFINS. DECADÊNCIA. Considerando o resultado do julgamento, em respeito ao art. 63, §8º, do RICARF/2015, haja vista que a maioria dos conselheiros expressaram seus votos pelas conclusões, é de se refletir o direcionamento de seus entendimentos. Cabe, assim, expor que a maioria dos conselheiros manifestou que não consideram, para fins de aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, a mera entrega da declaração do débito. Não obstante, no caso vertente, considerando que no período em discussão houve pagamento, deve-se aplicar, para fins de contagem do prazo decadencial, o disposto no art. 150, §4º, do CTN.
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DECADÊNCIA. Considerando o resultado do julgamento, em respeito ao art. 63, §8º, do RICARF/2015, haja vista que a maioria dos conselheiros expressaram seus votos pelas conclusões, é de se refletir o direcionamento de seus entendimentos. Cabe, assim, expor que a maioria dos conselheiros manifestou que não consideram, para fins de aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, a mera entrega da declaração do débito. Não obstante, no caso vertente, considerando que no período em discussão houve pagamento, devese aplicar, para fins de contagem do prazo decadencial, o disposto no art. 150, §4º, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 3. 00 03 15 /2 00 3- 20 Fl. 128DF CARF MF 2 Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Rodrigo da Costa Pôssas. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 380301.047, da 3ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1998 a 31/01/1998 CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. Existindo antecipação dos recolhimentos, providência legalmente atribuída ao contribuinte, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário passa a fluir a partir da data do fato gerador. Transcorridos mais de cinco anos entre aquela data e a de lavratura do auto de infração, operase a decadência.” Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que: Fl. 129DF CARF MF Processo nº 13003.000315/200320 Acórdão n.º 9303006.032 CSRFT3 Fl. 129 3 · Se tratando de lançamento de ofício, o prazo decadencial deve ser o estabelecido no art. 173, inciso I, do CTN; · Tendo em vista o pagamento a destempo do tributo em 10.3.98, os acréscimos moratórios poderiam ter sido lançados no mesmo ano. E que, por conseguinte, o prazo decadencial tem sua contagem iniciada em 1.1.99; · Como o lançamento foi notificado ao contribuinte em 17.7.03, não ocorreu a decadência, pois o termo final se daria em 31.12.03. Em Despacho às fls. 112 a 113, foi dado seguimento ao recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões foram apresentadas pelo sujeito passivo que, que alegou, entre outros, que: · A decisão recorrida está correta, pois verificouse tratarse de tributo sujeito a lançamento por homologação em que o sujeito passivo efetuou o pagamento antecipadamente; · Ficou consignado na decisão que o pagamento em atraso ocorreu em 10.3.98, incidindo a regra do art. 150, § 4º, do CTN, a decadência operouse em 10.3.03, pois contada da ocorrência do fato gerador. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, é de se conhecêlo na parte admitida em Despacho, considerando ser tempestivo e por atender aos requisitos de admissibilidade, conforme reza o art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores. Fl. 130DF CARF MF 4 Ventiladas tais considerações, a priori, importante discorrer sobre a decadência de o Fisco constituir o crédito tributário. Importante recordar que o Colegiado a quo entendeu que o prazo decadencial das contribuições sociais, dentre elas a Cofins, é o definido pelo art. 45 da Lei 8.212/91. Tal discussão não mais existe, considerando a declaração de inconstitucionalidade do art. 45 da Lei 8.212/91, sendo superada pela Súmula Vinculante 8 do STF que efetivamente afastou o referido dispositivo. Quanto ao termo inicial de contagem do prazo fatal para a constituição do crédito tributário, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, temse que tal matéria encontrase pacificada com o entendimento expressado no item 1 da ementa da decisão do STJ, na apreciação do REsp nº 973.733/SC, apreciado na sistemática de recursos repetitivos: “O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito”. Assim, nos termos da jurisprudência atual, o termo inicial para a contagem do prazo de decadência em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação será: I Em caso de dolo, fraude ou simulação: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN); II Nas demais situações: a) se houve pagamento antecipado ou declaração de débito: data do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN); b) se não houve pagamento antecipado ou declaração de débito: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN). Fl. 131DF CARF MF Processo nº 13003.000315/200320 Acórdão n.º 9303006.032 CSRFT3 Fl. 130 5 Vêse, então, que essa discussão não poderia mais ser apreciada no CARF, pois os Conselheiros, por força do art. 62, § 2º, Anexo II, do Regimento Interno RICARF, estão vinculados ao que restou decidido no RESP 973.733. O que, regra geral, para os casos “comuns”, a discussão acerca da contagem para o prazo decadencial não poderia mais ser apreciada no CARF, pois os Conselheiros, por força do art. 62, § 2º, Anexo II, do Regimento Interno RICARF, estão vinculados ao que restou decidido no RESP 973.733. Depreendendose da análise dos autos, manifesto minha concordância com a conclusão do voto do relator do acórdão recorrido – o que peço licença para transcrever parte (Grifos meus): “[...] No caso concreto, verificase que o contribuinte, tomou a providência preconizada no art. 150, § 4º do CTN, pois o próprio Auto de Infração nº 0004628 e mesmo a decisão recorrida dão conta de recolhimentos efetuados para os períodos de apuração de interesse, pelo que, em 17/07/2003 (fl. 42), data da lavratura do Auto de Infração de fls. 14 e 15. estava decaído o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente aos fatos geradores ocorridos em 31/01/1998 e 30/04/1998. Nem mesmo crédito tributário referente à falta de recolhimento da multa de mora terá melhor sorte. Nesse caso, contandose o prazo decadência da data do pagamento em atraso, 10/03/1998, a decadência operouse em 10/03/2003, antes portanto da lavratura do AI ora sub judice.” Em vista de todo o exposto, nego provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Considerando o resultado do julgamento, em respeito ao art. 63, §8º, do RICARF/2015, haja vista que a maioria dos conselheiros expressaram seus votos pelas conclusões, é de se refletir o direcionamento de seus entendimentos. Fl. 132DF CARF MF 6 Cabe, assim, expor que a maioria dos conselheiros manifestou que não consideram para fins de aplicação do art. 150, § 4º, do CTN a mera entrega da declaração do débito. Não obstante, no caso vertente, considerando que no período em discussão houve pagamento, devese aplicar, para fins de contagem do prazo decadencial, o disposto no art. 150, §4º, do CTN. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 133DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720092/2015-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010
Ementa:
NULIDADE DO ACÓRDÃO POR VÍCIOS FORMAIS. O julgador deve formar sua livre convicção com base nos fatos e provas apresentados nos autos.
DESCONTOS CONCEDIDOS EM RENEGOCIAÇÃO DE RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DEDUTIBILIDADE.
Os descontos e abatimentos concedidos na renegociação de créditos de Instituições Financeiras são perdas definitivas, desde que documentalmente comprovados.
PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DEDUTIBILIDADE. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DA LEI Nº 9.430/1996.
As perdas no recebimento de créditos poderão ser deduzidas como despesas, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, desde que observados os requisitos da Lei nº 9.430/1996.
MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO. Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do ano-calendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas.
Numero da decisão: 1301-002.606
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito: (i) por maioria de votos, dar provimento parcial para restabelecer a dedução de R$ 1.497.750,24 referente à glosa do Anexo I (glosa mantida de R$ 300.903,78 em razão de demandas propostas após o encerramento do ano-calendário em que foi realizada a dedução), vencido o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que restabelecia integralmente a dedução; (ii) por unanimidade de votos dar provimento para restabelecer a glosa do item 4 do Termo de Verificação Fiscal, infração número 3, no valor de R$ 20.698.752,85 (comissão de despesas com terceiros) e de R$ 96.585.033,41 (comissão de prestadora ou promotora), no total de R$ 117.283.786,26; (iii) por maioria de votos, dar provimento para cancelar a exigências de multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas, vencidos os Conselheiros Ângelo Abrantes Nunes, Milene de Araújo Macedo e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Designado o Conselheiro Roberto Silva Junior para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Ângelo Abrantes Nunes, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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O julgador deve formar sua livre convicção com base nos fatos e provas apresentados nos autos. DESCONTOS CONCEDIDOS EM RENEGOCIAÇÃO DE RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DEDUTIBILIDADE. Os descontos e abatimentos concedidos na renegociação de créditos de Instituições Financeiras são perdas definitivas, desde que documentalmente comprovados. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DEDUTIBILIDADE. OBSERVÂNCIA DOS REQUISITOS DA LEI Nº 9.430/1996. As perdas no recebimento de créditos poderão ser deduzidas como despesas, na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, desde que observados os requisitos da Lei nº 9.430/1996. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO. Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito: (i) por maioria de votos, dar provimento parcial para restabelecer a dedução de R$ 1.497.750,24 referente à glosa do Anexo I (glosa mantida de R$ 300.903,78 em razão de demandas propostas após o encerramento do anocalendário em que AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 00 92 /2 01 5- 90 Fl. 5345DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.346 2 foi realizada a dedução), vencido o Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro que restabelecia integralmente a dedução; (ii) por unanimidade de votos dar provimento para restabelecer a glosa do item 4 do Termo de Verificação Fiscal, infração número 3, no valor de R$ 20.698.752,85 (comissão de despesas com terceiros) e de R$ 96.585.033,41 (comissão de prestadora ou promotora), no total de R$ 117.283.786,26; (iii) por maioria de votos, dar provimento para cancelar a exigências de multas isoladas por falta de recolhimento de estimativas, vencidos os Conselheiros Ângelo Abrantes Nunes, Milene de Araújo Macedo e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Designado o Conselheiro Roberto Silva Junior para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Ângelo Abrantes Nunes, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Por bem resumir a lide, adoto o relatório contido no Acórdão n° 1282.589 proferido pela 4ª Turma da DRJ/RJ1 (fls. 4464/4527): Versa o processo sobre a controvérsia instaurada em razão da lavratura pelo fisco dos autos de infração de multas exigidas isoladamente tanto para o IRPJ (fls. 274/280) no valor de R$ 3.798.440,69 quanto para a CSLL (fls. 281/287), no valor de R$ 2.279.064,41. As respectivas exigências, bem como as glosas efetuadas foram objeto de Termo de Verificação Fiscal (fls. 289/352), cujo teor, em síntese, a seguir reproduzo: a) De início, o fisco observou que dentro deste procedimento fiscal já ocorreram autuações anteriores (processos nºs. 16327.721631/201346 e 16327.721182/201417), cujas matérias neles abordadas se relacionam com as que aqui serão tratadas; b) Assim, trouxe à colação as razões das respectivas autuações anteriores, bem como suas conclusões, as quais, também, a partir de agora passo a descrever: Fl. 5346DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.347 3 · Processo nº 16327.721631/201346: A autuação foi integralmente mantida em sede de julgamento administrativo de primeira instância, conforme acórdão nº 1264913 da 8ª Turma de Julgamento desta DRJ/RJO, aguardando julgamento, atualmente, na instância do CARF; · Processo nº 16327.721182/201417: Atualmente, encontrase aguardando julgamento de impugnação. c) Das Infrações: · Perdas em operações de crédito – Não atendimento aos requisitos do artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 – Falta de documentação comprobatória – Exclusão indevida na apuração do lucro real Selecionada para auditoria a verificação de exclusão na apuração do lucro real do valor de R$ 818.599.588,96, a título de perdas dedutíveis em operações de crédito, artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 – Linha 62 da Ficha 09 B da DIPJ do ano de 2010; Regularmente intimado, apresentou o interessado arquivo magnético contendo a relação analítica de contratos em 3 modalidades de operações de crédito: A partir da relação analítica elaborouse amostragem aleatória para verificação do atendimento aos requisitos para a dedução dos contratos relacionados; 1) Anexo I – referentes a contratos tipo CDC, com garantia, R$ 15.881.464,59 – 204 contratos; 2) Anexo II – Contratos CDC, sem garantia, R$ 2.384.955,19 – 52 contratos; 3) Anexo III – Contratos de cartão e consignado, sem garantia, R$ 5.514.129,52 – 129 contratos – item 1 da intimação; 4) Anexo IV – contratos sem garantia com valor superior a R$ 5.000,00 e vencidos há menos de um ano; contratos do tipo cartão de crédito com mais de uma ocorrência, R$ 185.367,13 – 36 contratos; 5) Anexo V – Contratos sem garantia com valor superior a R$ 5.000,00 e vencidos há menos de um ano, do tipo consignado, R$ 7.127.390,39 – 567 contratos; Fl. 5347DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.348 4 a) Glosas Anexo I – Contratos do tipo CDC/CP com garantia real: Falta de apresentação documental comercial – contratos de operação de crédito – R$ 380.718,05 Preliminarmente, cabe observar que para alguns casos amostrados o Panamericano não apresentou os respectivos contratos nem medidas judiciais. Contratos com indicação de medida judicial sem comprovação de estarem ativas em 31 de dezembro de 2010 – R$ 1.798.654,02 – 21 contratos Com base nas documentações e informações de medidas judiciais prestadas pelo Panamericano em planilha, procedemos à análise da efetividade de existência de medidas judiciais ativas em 31 de dezembro de 2010, inclusive com pesquisa em informações disponíveis pela internet nos respectivos Tribunais de Justiça e constatamos para alguns casos que as medidas judiciais indicadas não estavam ativas em 31 de dezembro de 2010, seja por trânsito em julgado, desistência, abandono ou impetração, após 31 de dezembro de 2010, conforme tabela a seguir: Falta de comprovação de existência de medida judicial – R$ 11.385.682,43 – 148 contratos Fl. 5348DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.349 5 Também, para alguns contratos, não apresentou quaiquer indicações e/ou documentos de existência de cobrança por via judicial: Segue resumo das glosas relativas à amostragem de contratos CDC com garantia – Anexo I: Fl. 5349DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.350 6 b) Glosas Anexo II – Contratos tipo CDC/CP sem garantia real Contratos com garantia real baixados antes do prazo de 2 anos – 05 contratos – R$ 1.285.377,35 O Panamericano reconheceu que os contratos a seguir relacionados indicados como “sem garantia”, efetivamente, possuem garantia real e como tal não poderiam ter sido baixados em prazo inferior a dois anos – os contratos possuem vencimento entre 28 de fevereiro de 2009 e 08 de novembro de 2009, sendo a data base 31 de dezembro de 2010. Independente da alegação do Panamericano de indicação dos contratos como “sem garantia” advir de provável não necessidade de cobrança judicial conforme artigo 26 da Lei nº 9.514/1997, a legislação fiscal exige tais providências, ou seja, não foi comprovada a existência de cobrança judicial para os casos acima indicados. Contratos sem garantia real acima de R$ 30.000,00 sem comprovação de cobrança judicial – 01 contrato – R$ 30.025,88 Também indedutíveis as perdas “sem garantia real” acima de R$ 30.000,00 para as quais não houve comprovação de existência de cobrança judicial. Contratos sem garantia real acima de R$ 5.000,00 e abaixo de R$ 30.000 sem cobrança administrativa ativa em 31 de dezembro de 2010 – R$ 399.472,03 – 18 contratos Mediante exame da documentação apresentada pelo Panamericano, em especial o documento “Histórico de Movimentações” de emissão de “Serasa Experian”, o fisco identificou diversos casos de ausência de cobrança administrativa ou cobrança administrativa não ativa em 31 de dezembro de 2010, tanto por ter sido Fl. 5350DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.351 7 baixada anteriormente a esta data como por ter sido incluída posteriormente a esta data conforme tabela a seguir: Resumo das glosas relativas à amostragem de contratos de CDC sem garantia: d) Glosas do Anexo III – Contratos sem garantia real dos tipos Consignado e CDC – Glosa Total – R$ 5.447.783,72 – 187 contratos Preliminarmente cabe indicar que esta fiscalização relacionou indevidamente em duplicidade 2 contratos no valor de R$ 66.345,80, conforme indicado pelo Panamericano: assim, a amostragem efetiva neste caso foi de 187 contratos no valor de R$ 5.447.783,72, ao invés de 189 contratos no valor de R$ 5.514.129,52. Segue identificação dos contratos cuja duplicidade não foi comprovada pelo Panamericano: Fl. 5351DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.352 8 Fl. 5352DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.353 9 Em relação aos contratos do tipo “cartão de crédito” o Panamericano, além de apresentar apenas faturas com datas incompatíveis a 31 de dezembro de 2010, indicou em planilha a data de cobrança administrativa para alguns casos sem apresentar a respectiva documentação comprobatória. Foram identificados pelo Fisco, ainda, valores superiores a R$ 30.000,00, sem comprovação de cobrança judicial. Fl. 5353DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.354 10 e) Glosas do Anexo V – Contratos sem garantia real acima de R$ 5.000,00 baixados em prazo inferior a um ano – R$ 7.127.390,39 – 567 contratos. O Panamericano não justificou para todos os contratos sem garantia real listados no anexo V do item 2 do TIF 05 o motivo de possuírem valor superior a R$ 5.000,00 e haverem sido baixados em prazo inferior a um ano: são 567 contratos no valor total de R$ 7.127.390,39 vencidos entre 02 de janeiro e 30 de junho de 2010. Dentre esses casos, o fisco identificou 08 em que os contratos foram relacionados em duplicidade. Segue resumo das glosas efetuadas neste item de dedução de perdas em operações de crédito: Fl. 5354DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.355 11 · Prejuízo na alienação de veículos automotores dados em garantia – operações de crédito vencidas – acordo de entrega amigável – mera liberalidade – inobservância da lei nº 9.430/1996 – despesa indedutível Selecionado para auditoria o valor de R$ 209.324.657,48, deduzido na apuração do Lucro Real a título de “outras despesas não relacionadas nas linhas anteriores – Linha 72 da Ficha 06 B da DIPJ AC 2010; Em apertada síntese e da análise da documentação e alegações apresentadas concluiu o fisco que o Panamericano “transferiu” para garantia, no caso de veículos automotores entregues de forma amigável pelos seus clientes a totalidade do saldo devedor em aberto dos contratos de financiamento vencidos e contabilizou, em ato de mera liberalidade conforme cláusula 6) da entrega amigável de veículo de alienação fiduciária, uma perda quando da alienação destes bens não de uso quando de sua comercialização em leilão – valor do saldo devedor do contrato de financiamento inferior ao valor obtido na alienação – alegando trataremse de despesas operacionais, normais e usuais, com fulcro no artigo 299 do RIR/99, procedimento este considerado incorreto por esta fiscalização; Com base na amostragem realizada em duas datas, uma anterior – 21 de janeiro de 2010 – e uma posterior – 23 de dezembro de 2010 – à troca de administração e efetivação de ajustes em novembro de 2010, o fisco compulsou junto à documentação apresentada pelo PANAMERICANO a data de efetivo atraso, completando as respectivas planilhas e constatouse que se está frente a casos em que após o vencimento do contrato houve a entrega amigável dos bens dados em garantia; Por se tratarem de operações de crédito com garantia real vencidas, a legislação a ser aplicada é a prevista nos artigos 9 a 12 da Lei nº 9.430/1996; Comprovado que fiscalmente não se trata de um caso de “prejuízo na alienação de BNDU”, mas sim de um “perdão de dívida” equivalente a um desconto concedido, o cerne da questão é a análise da dedutibilidade destes prejuízos; Fl. 5355DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.356 12 A sistemática utilizada pelo PANAMERICANO para os créditos garantidos vencidos implicou no registro do “prejuízo” antes do prazo legal de dois anos, bem como não atendeu à exigência de procedimento judicial – Inciso III, § 1º do artigo 9º; Contabilmente, estes contratos, uma vez vencidos, deveriam estar registrados a débito de conta de resultado e, nos nossos casos, em função do valor dos contratos, a crédito de conta redutora do crédito (artigo 10 da Lei nº 9.430/1996), procedimento este não adotado pelo PANAMERICANO, uma vez que quando da entrega amigável do bem os contratos vencidos, ao contrário das determinações legais, ainda estavam registrados na conta do ativo do grupo “Operações de Crédito” sem o devido lançamento em conta redutora destes ativos; Ainda contabilmente e considerando que os créditos se encontrassem em situação de já terem sido deduzidos em conta de resultado, ao receber o veículo automotor na condição de entrega amigável o PANAMERICANO deveria registrar um ativo a débito de BNDU e uma receita a crédito de “Recuperação de créditos baixados como prejuízo”. Este registro se dá pelo valor do crédito, conforme determinado pelo parágrafo único do artigo 12 da Lei nº 9.430/1996; Cabe ressaltar que a transferência do valor do crédito vencido para o BNDU só pode ser realizada no caso deste crédito já haver sido deduzido, o que não foi observado pelo PANAMERICANO; Até aqui poderia protestar o PANAMERICANO pela regularidade de seu procedimento ou ainda se tratar de um caso de inobservância do princípio de competência, uma vez que, no final das contas, efetivamente, há uma apuração de prejuízo na alienação de BNDU, mesmo não tendo efetuado os devidos lançamentos de reconhecimento de despesa e de sua respectiva recuperação no momento de recebimento do bem. Entretanto, a postergação da despesa para o momento da alienação do bem implica em uma enganosa avaliação patrimonial ao manter no ativo crédito vencidos; Ao contrário do praticado pelo PANAMERICANO, fiscalmente, conforme previsto no inciso III do § 1º do artigo 9º da Lei nº 9.430/1996, estes créditos com garantia somente poderiam ser deduzidos se vencidos há mais de dois anos ou desde que iniciados e mantidos os procedimentos para o seu recebimento ou o arresto das garantias; Mesmo recebidas as garantias mediante o procedimento de “Entrega Amigável” e antes do início da cobrança judicial, o PANAMERICANO não poderia abrir mão de continuar com a cobrança judicial de eventuais saldos, conforme previsto no item 4 do termo “Entrega Amigável de Veículo de Alienação Fiduciária”; Nos contratos de financiamento com alienação fiduciária firmados entre as partes, em seu item 11 a seguir transcrito, já consta esta previsão de cobrança de quaisquer saldos devedores em aberto: Fl. 5356DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.357 13 A continuidade da cobrança do saldo devedor via judicial, mesmo após a realização da garantia é procedimento previsto na legislação que rege a matéria, artigos 526 e 527 do Código Civil de 2002 c/c os § § 4º e 5º do artigo 1º do Decreto Lei nº 911/1969; Em vista do exposto, cabe a glosa total das pretendidas perdas na alienação de BNDU oriundas da alienação de veículos automotores recebidos em “Acordo de Entrega Amigável de Bens Alienados Fiduciariamente”; Apenas a título de argumentação, caso se aceitasse o pretendido enquadramento no artigo 299 do RIR/1999, o item 6 do citado documento representa uma mera liberalidade do PANAMERICANO e do financiado ao abrirem mão de eventuais saldos devedores ou credores apurados após a alienação do BNDU e não se opõe ao Fisco. Não se reveste ainda das características de usualidade e normalidade conforme pretendido e teria a natureza e perdão da dívida; O valor a ser glosado é a totalidade dos valores lançados na conta 8.3.1.50.00.1.000.0 – Prejuízo da Alienação de Valores e Bens” com o histórico “Desc. P. Liq. Entrega Amigável” (Valor de R$ 130.387.644,52), conforme tabela a seguir: 15 Fl. 5357DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.358 14 · Despesas de Comissão Decorrentes de Ajuste por Fraudes – Despesas Cobertas por Aporte de Acionistas – Inobservância do Período de Competência – Despesas Indedutíveis Conforme já descrito, foram feitos no PANAMERICANO diversos lançamentos de modo a registrar nas contas patrimoniais ajuste referente a ativos e passivos insubsistentes decorrentes de fraudes contábeis no montante de R$ 4,3 bilhões; Na época mencionouse que: Regularmente intimado a detalhar a composição das contas envolvidas no ajuste contra o resultado de 2010 no montante de R$ 1.061.055.282,03, itens 5 e 6 do Termo de Verificação Fiscal nº 04/2013, ciência pessoal em 02/01/2014, apresentou através de expedienteresposta recepcionada na DEINF/SPO em 05/02/2014, planilha onde em resumo indica que na apuração do lucro real foram deduzidas efetivamente apenas as despesas de serviços de terceiros Comissões no valor de R$ 20.698.752,85 e Comissão de prestadora ou promotora no valor de R$ 96.585.033,41, perfazendo um total de R$ 117.283.786,26. Os demais ajustes foram adicionados na apuração do lucro real. Em relação ao embasamente legal para a dedução das despesas de comissão informou: Fl. 5358DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.359 15 Em resposta ao item 4 do TIF, informou que estes ajustes em despesas de comissão se referiam à inconsistências contábeis já descritas no item 1 deste TVF; Em resposta ao item 2 do mesmo TIF informou que estas despesas de comissão são apropriadas através de rateio, “os valores das despesas são registrados a provisão de seus pagamentos e o valor mensal apropriado é conforme prazo dos contratos objeto desta comissão”; Regularmente intimado a apresentar escrituração relativa à contrapartida da apropriação das despesas, bem como a memória de cálculo relativa ao ajuste em questão, apresentou através de expedientes, cópia dos razões das contas de ativo do grupo “Despesas Antecipadas” e “Retorno a Lojista – “Franquias”. Nele informou: As planilhas mencionadas são três e indicam para a data de 30 de novembro de 2010 quais os contratos e respectivos valores de despesas a apropriar que supostamente deveriam permanecer registrados no ativo, sendo a diferença em relação ao saldo contábil destas contas lançadas a título de ajuste, conforme quadro a seguir: Reputase incorreto o procedimento adotado pelo PANAMERICANO de lançar em novembro de 2010 os ajustes de despesas de comissões no valor de R$ 117.283.786,26 contra o resultado do exercício e não contra o patrimônio líquido; Fl. 5359DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.360 16 PANAMERICANO não poderiam prosperar pelo simples fato de que todas as inconsistências decorrentes das fraudes lançadas em novembro de 2010 foram integralmente suportadas mediante aporte de recursos na ordem de R$ 3,8 bilhões pelos antigos acionistas do PANAMERICANO; Este aporte de recursos obtidos junto ao Fundo Garantidor de Créditos – FGC – foi registrado na conta “Depósito de Acionistas” e levado o montante de R$ 3,6 bilhões contra o PL – R$ 0,2 bilhões foram utilizados para outra sociedade do grupo financeiro – de modo a neutralizar o impacto dos ajustes pelo reconhecimento das fraudes e recompor o Patrimônio de Referência exigido pelo Banco Central – índice de Basiléia – tudo conforme apontado no expediente do Banco Central do Brasil de 04/11/2010 e reportadas para as providências efetivadas em expediente SEGER nº 0026/2011 de emissão do PANAMERICANO em 14 de fevereiro de 2011; Os restantes R$ 0,7 bilhão necessários para cobrir a diferença para os R$ 4,3 bilhões ajustados foram originados pela escrituração de créditos tributários diferidos; Ainda que os ajustes decorrentes de fraudes lançados no PL e não contra o resultado e mesmo os lançados em conta de resultado pudessem ser considerados dedutíveis, o que não é o caso, o aporte de recursos teve o efeito de equivalerem a uma recuperação de despesas de modo a neutralizar o impacto no PL e recompor o patrimônio de referência exigido pelo BC; Permitir que novos acionistas do PANAMERICANO se apropriem deste valor mediante a escrituração de pretensos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas decorrentes de fraudes, fraudes estas que foram devidamente saneadas pelos antigos controladores mediante aporte de recursos, prejuízos estes a serem aproveitados em exercícios futuros seria atribuir aos novos acionistas do PANAMERICANO um benefício pelo qual não contribuíram com recursos financeiros próprios; O aporte de recursos oriundos do Fundo Garantidor de Créditos ao PANAMERICANO no montante de R$ 3,8 bilhões, conforme mencionado na introdução deste TVF foi contabilizado a crédito da conta Valores Recebidos de Acionistas e transferidos para a conta Prejuízos Acumulados e teve o condão de compensar o ajuste em questão, o que reforça o entendimento de que não há como atribuir a este ajuste qualquer possibilidade de influenciar em qualquer momento ou situação o seu resultado contábil e muito menos o resultado tributário; Ainda não fossem superadas todas as argumentações já aqui expostas e a retificação de erro decorrente de fraudes pudesse ser escriturada como despesa na contabilidade do PANAMERICANO e não contra o PL, as mesmas não se revestem do caráter de usualidade ou normalidade que são prérequisito para a admissão da sua dedutibilidade, uma vez que decorrem de fraudes saneadas mediante operação de socorro destinada a preservar a estabilidade do mercado financeiro e que culminaram na substituição de administradores e alienação do controle acionário do PANAMERICANO; A descrição das irregularidades constaram do Termo de Comparecimento DESUSP onde foram apuradas inconsistências do tipo de “créditos cedidos e que continuam registrados na carteira própria, constituindo um ativo insubisistente”, “contratos que deveriam ter sido baixados por inadimplência ou transferidos para BNDU” “pendência de reconhecimento contábil decorrente de diferença de taxas de juros de coobrigações em cessões de crédito”, “falta de registro contábil de coobrigações pela cessão de créditos”, entre outras; Fl. 5360DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.361 17 Mesmo que se pudesse concluir que os ajustes em questão efetivamente poderiam ser classificados como despesas e não meros ajustes patrimoniais entre ativos superestimados e passivos subestimados, os mesmos não se revestem de caráter de usualidade e normalidade; Primeiramente por estarem relacionadas ao item fraudado no montante de R$ 1.442.675.375,68 – “Carteira de Crédito Insubistente” – o que por si só caracterizam estas despesas de comissão como não usuais e anormais; Segundo, o lançamento de ajuste deveria seguir o mesmo procedimento em relação ao da “Carteira de Crédito Insubisistente”, qual seja, ter como contrapartida o Patrimônio Líquido e não o resultado do exercício; Para efetuar o ajuste pretendido o PANAMERICANO deveria identificar individualmente quais contratos já haviam sido baixados e que permaneceriam registrados em seus ativos bem como as comissões a eles atrelados e demonstrar mediante cálculo de apropriação de despesas a que períodos de competência as mesmas seriam dedutíveis, bem como comprovar até mesmo não haver anteriormente deduzidos estas mesmas despesas; A forma de cálculo do ajuste de despesas de comissão utilizada pelo PANAMERICANO em novembro de 2010, qual seja, lançamento por diferença de saldos contábeis a partir da identificação dos contratos que efetivamente deveriam compor sua carteira ativa e as respectivas comissões a eles atreladas implicou na inobservância de diversos dispositivos legais, a saber: a) Ausência de documentação comprobatória do efetivo pagamento das despesas; b) Inobservância do princípio da competência – a não identificação dos contratos cujas respectivas comissões foram ajustadas em novembro de 2010 implicou na não observação da correta aplicação do regime de competência; as supostas despesas de comissão no montante de R$ 117.283.786,26 poderiam já ter sido deduzidas em períodos de apuração anteriores ou ainda que não tivessem sido deduzidas se referirem a períodos de apuração anteriores o que implicaria em ajuste contra o PL e não contra o resultado do período; c) Da caracterização das despesas de comissão ajustadas como pagamento sem causa ou a beneficiários não identificados – indispensável a indicação da operação ou a causa que deu origem ao rendimento para que se aceitasse sua dedutibilidade, desde que o comprovante de pagamento estivesse de acordo com a sequência do texto legal; A base de cálculo é o valor do ajuste de despesas de comissão efetivado pelo PANAMERICANO em novembro de 2010: R$ 117.283.786,26; · Anocalendário de 2010 – IRPJ/CSLL. Apuração da estimativa mensal com base em balancetes de suspensão/redução – ajuste decorrente de dedução de perdas na alienação de BNDU – valores não incluídos na base de cálculo daqueles tributos – Multa de ofício de que trata o artigo 44, inciso II, b da Lei nº 9.430/1996 O ajuste promovido por esta fiscalização na apuração do IRPJ e CSLL decorrente da glosa de perdas na alienação de BNDU dos meses do anocalendário de 2010 afetou a apuração das estimativas mensais de IRPJ e CSLL nos meses de Fl. 5361DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.362 18 janeiro a março de 2010, quando o PANAMERICANO apurou base de cálculo positiva, com insuficiência de recolhimento nestes períodos de apuração; O contribuinte que tem o dever de fazer a apuração do lucro real (como é o caso do PANAMERICANO) pode fazelo pela sistemática da apuração trimestral ou anual, sendo que nesta tem o dever de fazer antecipações mensais com base na receita bruta ou balanços de suspensão; No caso sob exame, evidenciase que o PANAMERICANO efetuou a determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em balancete de suspensão/redução tendo sido deduzido “Prejuízo da Alienação de Valores de Bens”, conforme descrito no item 3 deste TVF; A dedução dos prejuízos na alienação de BNDU descrita no item 3 do TVF implicou na insuficiência de recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL nos meses de janeiro a março de 2010, sendo que os valores do ajuste foram indicados no item 3.3 deste TVF; Do Lançamento Em função dos valores lançados nas duas autuações anteriores foram feitos ajustes nos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativa de CSLL apurados pelo PANAMERICANO nos anoscalendário 2008 a 2010 em função das declarações retificadoras apresentadas conforme pesquisa no SAPLI, ajustes válidos tanto para o IRPJ como para a CSLL e demonstrados a seguir, já considerados os ajustes da presente autuação: Fl. 5362DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.363 19 Devidamente cientificado (fls. 359), em 30/01/2015, o interessado, em 02/03/2015, apresentou impugnação (fls. 366/455), alegando, em síntese, o que abaixo se segue: Preliminar: I Da relação entre o presente processo administrativo e os processos administrativos nºs. 16327.721631/201346 e 16327.721182/201417 a) Todas as infrações sustentadas naqueles autos foram devidamente refutadas pela impugnante e, atualmente, aguardam a apreciação das defesas administrativas apresentadas, razão pela qual o presente feito não poderá rediscutir as matérias apresentadas naquelas demandas. Do Direito: I – Da dedutibilidade das perdas em operações de crédito e na alienação de veículos automotores retomados a) Conforme se depreende pela leitura do TVF, entendeu, equivocadamente o Fisco que as perdas com determinadas operações de crédito com a venda de veículos retomados de clientes pelo inadimplemento de outras operações de crédito não seriam dedutíveis das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL apuradas pelo impugnante no anocalendário de 2010; b) Isso porque, segundo a errônea interpretação da fiscalização, (i) para que as citadas perdas fossem dedutíveis deveriam ter obedecido aos critérios previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 e (ii) não tendo sido respeitados os requisitos mencionados, tais valores deveriam ser classificados como descontos concedidos, ou seja, mera liberalidade e, portanto, indedutíveis; c) Por sua vez, passase a demonstrar como efetivamente as operações de crédito em questão ocorrem e qual o racional econômico/negocial que o impugnante (assim como todo o mercado de concessão de crédito) utiliza para definir as ações cabíveis de serem adotadas em face de cada cliente que se torna inadimplente, informações relevantes que, por um erro do Sr. Auditor Fiscal, não foram levadas em consideração no TVF; II – Análise do racional econômico/negocial adotado pelo impugnante nas operações de crédito que deram origem às despesas glosadas pela fiscalização a) Usualmente, uma operação de concessão de crédito segue as seguintes etapas: · Busca pelo crédito – um indivíduo precisando de dinheiro ou de crédito para adquirir um bem se dirige ao estabelecimento de um dos parceiros ou correspondentes bancários do impugnante e solicita um empréstimo; · Análise e liberação do crédito – após uma análise de risco no oferecimento do crédito, o impugnante aprova ou não a concessão do empréstimo. Se aprovada a operação, o novo cliente recebe a quantia acordada ou o dinheiro é repassado à concessionária nas hipóteses de financiamento de veículos; Fl. 5363DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.364 20 · Pagamento das parcelas – o cliente passa então a ter obrigação de pagar ao impugnante uma quantia determinada por mês. Caso tais valores sejam devidamente pagos o contrato de empréstimo se extingue; b) Ocorre que pelos maiores diversos motivos nem sempre o tomador do crédito consegue pagar a integralidade das parcelas acordadas no empréstimo, o que leva o impugnante a cobrar o valor que não foi devidamente quitado de diferentes formas, por meio de medida judicial, cobrança extrajudicial realizada pela própria instituição financeira ou por empresa terceirizada especializada em cobrança; c) Cada cobrança possui um custo, bem como uma operacionalização diferente. Ou seja, o valor a ser dispendido pelo impugnante no envio de uma carta simples pelo correio para o devedor, obviamente não será o mesmo que a inclusão e manutenção de um devedor na lista de um birô de crédito o qual por sua vez tampouco será igual ao custo de uma ação judicial; d) Os contratos de crédito firmados entre o impugnante e seus clientes possuem características distintas, isto é, valores, garantias, prazos, taxas e até mesmo perfis de cada cliente; e) Não perdendo de vista que o impugnante sempre deve possuir em seus negócios um fim lucrativo, já se pode inferir que a única maneira lógica de se determinar os meios de cobrança a serem utilizados em uma operação de crédito é comparando o custo do primeiro com o possível retorno da segunda; f) Caso isso não seja feito, existe um risco altíssimo de que as despesas com as tentativas de cobrar o devedor superem eventual pagamento da dívida, negócio em que se teria inevitavelmente um prejuízo e não um lucro; g) Se assim ocorresse, o impugnante, ao invés de obter lucro com as suas operações, estaria pagando para conceder crédito a terceiros; h) Deste modo, parece lógico que a um determinado contrato de empréstimo vencido só sejam aplicados os meios de cobrança que fazem sentido economicamente, motivo pelo qual enquanto houver meios efetivos e economicamente viáveis para se exigir o montante da dívida, tais perdas serão consideradas como provisórias pelo impugnante; i) Entretanto, a partir do momento em que os meios de cobrança economicamente viáveis se mostram ineficazes e não houver mais expectativa do impugnante de recuperar um parte (por meio de acordo com o devedor) ou a integralidade do montante devido, aquilo que for considerado irrecuperável receberá o tratamento de uma perda efetiva; j) De fato, foi isso que ocorreu com os contratos listados nos anexos I a IV do item 2 do TVF, uma vez que o impugnante mesmo tendo ajuizado medidas judiciais e mantido cobranças administrativas contra determinados clientes, como se denota dos próprios quadros elaborados pela fiscalização, tais procedimentos não se mostrou viável para a recuperação dos créditos anteriormente concedidos, bem como tais procedimentos apenas oneravam ainda mais as perdas suportadas pelo impugnante no exercício de sua atividade operacional. Ainda, em diversos contratos sequer era razoável incorrer em despesas com cobranças judiciais ou extrajudiciais, já que tais medidas seriam indubitavelmente infrutíferas; Fl. 5364DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.365 21 k) O mesmo ocorreu com as operações de crédito vencidas que detinham veículos automotores dados em garantia, despesas que foram invariavelmente glosadas no item 3 do TVF. Deveras, a única diferença é que nesses casos parte do crédito pôde ser recuperado pelo impugnante com a alienação da garantia em leilão. Ou seja, não obstante o tomado do crédito não detinha qualquer condição financeira para honrar as parcelas vencidas, o que tornava a perda efetiva, já que qualquer ato de cobrança seria ineficaz e oneroso, parte dessa perda foi compensada com o resultado obtido na venda dos veículos; l) Para avaliar até que ponto seria economicamente viável a cobrança do referido valor o impugnante examina algumas variáveis, cujas principais são listadas a seguir: · Alternativas de meios de cobrança e seus respectivos custos – cobrança interna via telemarketing, email, SMS, carta e pessoal; inclusão em cadastros de birôs de crédito; negociação extrajudicial; propositura de ação judicial; · Perda de valor no tempo de eventual garantia – nas operações que têm vinculadas a si uma garantia (como um veículo, por exemplo) devese considerar que quanto mais o tempo passa, mais o bem oferecido como garantia perde um percentual de seu valor de mercado, se desgasta e está exposto ao risco de ser perdido (no caso do automóvel em uma colisão ou furto, por exemplo); · Custos para a retomada e alienação da garantia – caso haja uma garantia ainda devem ser computados os custos necessários para que esta seja retomada e alienada (ainda na hipótese do veículo temse, como exemplo, a necessidade de um guincho, um pátio onde o mesmo ficará até ser leiloado, gastos com o leilão, dispêndios com a documentação necessária, etc.), na medida em que a instituição não tem interesse no bem, mas sim em recuperar ao menos parte do montante emprestado; · Perfil do devedor – analisase ainda o perfil do cliente que tomou o empréstimo, neste exame não se considera apenas o tempo de atraso, mas o histórico de cada cliente (passado), seu comportamento como tomador do empréstimo no mercado (presente) e sua capacidade de pagamento (futuro); k) Desta forma, se o devedor do contrato não possuir condições financeiras de arcar com as parcelas do empréstimo, e os custos para a recuperação desse empréstimo superarem o valor do crédito, é certo que a perda será definitiva e deverá ser reconhecida fiscalmente pelo impugnante (hipótese das glosas listadas no item 2 do TVF), já que qualquer procedimento de cobrança seria frustrado; l) No entanto, há situações em que as operações de crédito estão vinculadas à aquisição de veículos (item 3 do TVF); m) Nesse cenário, é usual e normal que o devedor ofereça a entrega do veículo ao impugnante como forma de liquidação da obrigação de pagar o montante (ex. de R$ 10.000,00); Fl. 5365DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.366 22 n) Suponhase que o impugnante ao fazer seu levantamento inicial identifica que o preço obtido em leilão pelo automóvel seria de R$ 8.000,00; o) Aprofundando as suas análises o impugnante verifica que o cliente em questão não quitou as dívidas que possui com outras instituições (passado), já tem registros em serviços de proteção ao crédito referentes a outros contratos (presentes) e já está desempregado (futuro); p) Com as informações acima o impugnante já consegue deduzir que a probabilidade de que receberá uma parcela do crédito é baixa e as chances de reaver o montante integral são ainda mais remotas, na medida em que este cliente já está em mora com outras instituições, não paga sequer uma parte da dívida que tem com o impugnante e não tem previsão de receber recursos; q) Assim, considerandose que para a cobrança extrajudicial e administrativa se consumiria aproximadamente R$ 5.000,00 sem qualquer garantia de que esses procedimentos acarretariam na recuperação de 100% da operação de crédito, é certo que eventual acordo deve ser considerado para impedir maiores perdas; r) Sem mencionar os efeitos prejudiciais que podem decorrer das cobranças judiciais ou extrajudiciais, tais como o fato de o cliente não querer entregar de boa vontade o automóvel e da demora em se conseguir sua apreensão, pois, nesta hipótese, ainda devem ser considerados diversos fatores que reduziriam ou até acabariam com a possibilidade do impugnante recuperar uma parte da dívida em função da garantia, como por exemplo, a depreciação do veículo, a possibilidade deste ser danificado pelo cliente, o risco de que haja uma colisão, do veículo ser furtado, entre outros; s) Diante de todos os dados acima se pode perceber que na comparação entre o montante integral a ser recuperado (no caso dos R$ 10.000,00), cuja probabilidade de se reaver é remota, com os custos de cobrança previstos (R$ 5.000,00), o valor a ser recuperado poderia ser inferior àquele que se obteria apenas com o leilão do veículo (R$ 8.000,00), motivo pelo qual seriam indiscutíveis os benefícios da imediata execução da garantia, ou seja, a venda do bem em leilão, evitandose, dessa forma, o agravamento nos prejuízos incorridos em operações já consideradas deficitárias; t) Neste caso, estariase diante de uma perda efetiva na medida em que não haveria mais qualquer margem para cobrança da diferença; u) É diante de situações como a exemplificada acima que o impugnante concede um desconto na dívida ou, em outras palavras, reconhece um prejuízo no negócio, reduzindo ao máximo possível o resultado negativo e o risco naquela operação, o que permite que ele possa canalizar a energia de sua equipe em outras operações que de fato possam ser lucrativas; v) Os valores gastos em cobrança são essencialmente tentativas de recuperar um investimento feito, motivo pelo qual seria completamente ilógico que o impugnante, conseguindo a recuperação no montante máximo possível de um investimento, fosse obrigado a continuar tendo dispêndios com cobrança sem qualquer perspectiva de retorno; w) Tampouco faria sentido que o impugnante fosse privado de dedução fiscal de perdas efetivas em operações de crédito, simplesmente porque adotou a melhor alternativa para o seu negócio; Fl. 5366DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.367 23 x) O maior interessado em que os contratos de operações de crédito sejam mantidos no ativo e sejam pagos pelos tomadores dos empréstimos é o prórprio impugnante, na medida em que este é o meio pelo qual ele consegue seus lucros e por onde o mercado avalia a sua capacidade de gerar bons resultados no presente e no futuro; y) O reconhecimento das operações de crédito como perdas efetivas é imensamente inferior aos benefícios que este obteria se tais operações fossem quitadas normalmente; z) Assim, se vê forçado a reconhecer que esta não apresentará o retorno esperado inicialmente, por ser inviável a sua cobrança, ou que ao menos uma parcela do valor emprestado constitui uma perda efetiva, não caberia ao fisco questionar tal procedimento, ainda mais quando esta última não traz qualquer análise com relação ao caso concreto e nem busca fazer tal exame, limitandose apenas à leitura superficial de demonstrativos contábeis, como ocorreu no caso em apreço. Evidenciada a incoerência do entendimento do fisco com relação às perdas com operações de crédito estabelecidas nos itens 2 e 3 do TVF, deduzidas pelo impugnante em 2010 e definida a sua verdadeira natureza (perdas efetivas e não provisórias), passase a analisar a legislação vigente para determinar o tratamento fiscal adequado a tais valores; III – Da inaplicabilidade dos requisitos estabelecidos pela Lei nº 9.430/1996 – Da diferença entre perdas provisórias e perdas efetivas a) O primeiro fato que comprova que a disciplina estabelecida pelo dispositivo acima transcrito se refere apenas às perdas provisórias – e, portanto, não se aplica ao presente caso – é a exceção trazida no parágrafo 1º do seu inciso I, o qual possibilita o registro imediato como perda para aqueles créditos nos quais já tenha havido declaração de insolvência do devedor; b) Com efeito, a justificativa para a possibilidade de dedução imediata nessa hipótese é o fato de que a perda na qual já existe declaração de insolvência contra o devedor, já se configurou como perda efetiva, não remanescendo qualquer possibilidade de recebimento do direito creditório; c) Por outro lado, constatase que, para as outras situações as quais ainda existe possibilidade de recebimento do direito creditório após seu vencimento (perdas provisórias), o citado artigo estabelece meios de cobrança a serem comprovados como esgotados, a fim de que se possa realizar o registro como perda pelo credor; d) A partir do momento em que ocorreu a liquidação da operação de crédito, na qual foi concedido um desconto em favor do devedor para que a obrigação fosse cumprida, é impossível exigir que o impugnante mantenha a cobrança administrativa sobre esse mesmo devedor; e) Esse é o mesmo entendimento expresso no CARF; f) Resta, portanto, evidente que as prescrições estabelecidas na Lei nº 9.430/1996 não são aplicáveis aos descontos concedidos para a liquidação de operações de crédito, cuja dedutibilidade se dá nos termos do artigo 299 do RIR/1999; Fl. 5367DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.368 24 g) Esse entendimento é aplicável tanto para as despesas com os contratos relacionados no item 2 do TVF (Perdas em Operações de Crédito), já que os valores devidos pelos tomadores de crédito jamais serão recuperados, sendo, portanto, uma perda efetiva e definitivamente incorrida, como para as despesas descritas no item 3 do TVF oriundas de liquidações definitivas de contratos de empréstimos por meio da venda da garantia; h) Portanto, não pode esta Delegacia de Julgamento admitir o entendimento exarado pelo fisco no TVF no sentido de que se aplicam ao presente caso os requisitos exigidos na Lei nº 9.430/1996 para a dedutibilidade das perdas definitivas nas operações de crédito, devendo determinar o cancelamento dos autos de infração ora combatidos; IV – Das Perdas Reconhecidas e da Aplicação do Artigo 299 do RIR/1999 a) As práticas referentes à concessão de descontos para recebimento de dívidas vencidas ou impossibilidade de cobrança do crédito concedido estão intimamente ligadas ao objeto social do impugnante, motivo pelo qual os valores decorrentes do deságio e perdas sofridas nessas operações constituem despesas operacionais, dedutíveis nos termos dos artigos 299 do RIR/1999; b) Salientese que em nenhum momento a fiscalização se preocupou em verificar se as despesas glosasdas estavam relacionadas com a manutenção da fonte produtora do impugnante e sequer questionou a natureza específica de cada despesa sob o ponto de vista de sua gerência negocial; c) Ademais, não houve descaracterização por parte do Fisco acerca da necessidade, normalidade e usualidade das despesas deduzidas pelo impugnante referentes aos descontos concedidos em operações de crédito, mas, no máximo, mera presunção no tocante às perdas decorrentes de alienação de veículos retomatos (item 3 do TVF), a qual não veio acompanhada de qualquer justificativa; d) Questiona: o fisco analisou a atividade de concessão de crédito e financiamento ou a forma de administração das respectivas carteiras para afirmar que estes descontos concedidos representariam mera liberalidade?; Fez a fiscalização uma análise da perfomance das operações de crédito quitadas por meio dos descontos concedidos para concluir que as perdas incorridas não seriam necessárias, usuais e normais na atividade da impugnante? Entende a interessada que ambas as respostas são negativas; e) Mesmo no caso das despesas listadas no item 2 do TVF o fisco não verificou se o impugnante teria condições de recuperar as perdas deduzidas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, não refutando em momento algum que tais valores não se enquadravam em perdas definitivas, sujeitas ao artigo 299 do RIR/1999; f) Assim, não há como se negar que as despesas precipitadamente glosadas pelo fisco por meios dos autos de infração ora combatidos, são imprescindíveis à operacionalização da atividade central do impugnante, motivo pelo qual são necessárias, usuais e normais, ou seja, são plenamente dedutíveis para fins de apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL; g) Os descontos concedidos em operações de crédito se caracterizam como despesas operacionais, bem como as perdas definitivas incorridas com operações Fl. 5368DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.369 25 de crédito deficitárias, sendo ambas plenamente dedutíveis nos termos do artigo 299 do RIR/1999; V – Da existência de previsão legal específica para as perdas na alienação de veículos retomados a) O parágrafo único do artigo 1365 do Código Civil prevê que o “devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta”; b) Insta destacar também que o artigo 66 da Lei nº 4.728/1965 foi integralmente revogado pela Lei nº 10.931/2004, razão pela qual a transcrição do seu conteúdo na página 54 do TVF é completamente inócua para o presente caso; c) Ademais, no que tange à alienação fiduciária, vale destacar que a exposição de motivos da Lei nº 10.931/2004, que revogou o citado artigo pelo fisco, asseverou pela necessidade da alteração da norma até então em vigor em virtude da dificuldade encontrada pelos credores fiduciários de concretizar a venda do bem, após a sua retomada; d) A exposição de motivos corrobora os argumentos de dedutibilidade das perdas sofridas pelo impugnante Entende a interessada que ambas as respostas são negativas; e) Mesmo no caso das despesas listadas no item 2 do TVF o fisco não verificou se o impugnante teria condições de recuperar as perdas deduzidas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, não refutando em momento algum que tais valores não se enquadravam em perdas definitivas, sujeitas ao artigo 299 do RIR/1999; f) Assim, não há como se negar que as despesas precipitadamente glosadas pelo fisco por meios dos autos de infração ora combatidos, são imprescindíveis à operacionalização da atividade central do impugnante, motivo pelo qual são necessárias, usuais e normais, ou seja, são plenamente dedutíveis para fins de apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL; g) Os descontos concedidos em operações de crédito se caracterizam como despesas operacionais, bem como as perdas definitivas incorridas com operações de crédito deficitárias, sendo ambas plenamente dedutíveis nos termos do artigo 299 do RIR/1999; V – Da existência de previsão legal específica para as perdas na alienação de veículos retomados a) O parágrafo único do artigo 1365 do Código Civil prevê que o “devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta”; b) Insta destacar também que o artigo 66 da Lei nº 4.728/1965 foi integralmente revogado pela Lei nº 10.931/2004, razão pela qual a transcrição do seu conteúdo na página 54 do TVF é completamente inócua para o presente caso; Fl. 5369DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.370 26 c) Ademais, no que tange à alienação fiduciária, vale destacar que a exposição de motivos da Lei nº 10.931/2004, que revogou o citado artigo pelo fisco, asseverou pela necessidade da alteração da norma até então em vigor em virtude da dificuldade encontrada pelos credores fiduciários de concretizar a venda do bem, após a sua retomada; d) A exposição de motivos corrobora os argumentos de dedutibilidade das perdas sofridas pelo impugnante na alienação de veículos, haja vista que tais bens perdem o valor de forma célere, bem como a sua rápida venda implica na liquidação da dívida do tomador do empréstimo; e) Para se evitar maiores prejuízos o impugnante aceitou o bem do devedor como pagamento da dívida a que este servia como garantia, mas não conseguiu na venda de tal bem valor suficiente para quitar integralmente o montante devido, devendo, portanto, que a diferença dessa operação deve ser reconhecida como uma perda efetiva e, conseqüentemente, dedutível para fins fiscais, motivo pelo qual deverá esta DRJ cancelar a glosa relacionada a este ponto; VI – Da impossibilidade de se glosar as deduções com perdas em operações de crédito e na alienação de veículos retomados mesmo aplicandose os requisitos previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 a) É certo que as perdas nas operações de crédito e na alienação de veículos são dedutíveis mesmo se sujeitas às condições previstas no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996; VI.1 – Das perdas na alienação de veículos automotores retomados a) No tocante às despesas deduzidas no ano de 2010 com perdas na venda de automóveis retomados, o impugnante também cumpriu o que dispõe o inciso III do § 1º do artigo 9º da Lei nº 9.430/1996, no qual se admite a dedução de perdas com operações de crédito desde que “mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias”; b) Desta forma, inconstestável a dedutibilidade das perdas efetivas e incorridas pelo impugnante nas operações de crédito em que se firmou um acordo com o devedor para viabilizar a sua retomada mesmo que não se entenda pela aplicação do artigo 299 do RIR/1999, uma vez que tal situação também cumpre a exigência disposta no inciso III do § 1º do art. 9º da Lei nº 9.430/1996; VII – Das perdas em operações de crédito a) Demonstrado que as perdas com a alienação de veículos retomados seriam dedutíveis mesmo se a elas fossem aplicados os requisitos previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996, passase a na alienação de veículos, haja vista que tais bens perdem o valor de forma célere, bem como a sua rápida venda implica na liquidação da dívida do tomador do empréstimo; e) Para se evitar maiores prejuízos o impugnante aceitou o bem do devedor como pagamento da dívida a que este servia como garantia, mas não conseguiu na venda de tal bem valor suficiente para quitar integralmente o montante Fl. 5370DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.371 27 devido, devendo, portanto, que a diferença dessa operação deve ser reconhecida como uma perda efetiva e, conseqüentemente, dedutível para fins fiscais, motivo pelo qual deverá esta DRJ cancelar a glosa relacionada a este ponto; VI – Da impossibilidade de se glosar as deduções com perdas em operações de crédito e na alienação de veículos retomados mesmo aplicandose os requisitos previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 a) É certo que as perdas nas operações de crédito e na alienação de veículos são dedutíveis mesmo se sujeitas às condições previstas no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996; VI.1 – Das perdas na alienação de veículos automotores retomados a) No tocante às despesas deduzidas no ano de 2010 com perdas na venda de automóveis retomados, o impugnante também cumpriu o que dispõe o inciso III do § 1º do artigo 9º da Lei nº 9.430/1996, no qual se admite a dedução de perdas com operações de crédito desde que “mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias”; b) Desta forma, inconstestável a dedutibilidade das perdas efetivas e incorridas pelo impugnante nas operações de crédito em que se firmou um acordo com o devedor para viabilizar a sua retomada mesmo que não se entenda pela aplicação do artigo 299 do RIR/1999, uma vez que tal situação também cumpre a exigência disposta no inciso III do § 1º do art. 9º da Lei nº 9.430/1996; VII – Das perdas em operações de crédito a) Demonstrado que as perdas com a alienação de veículos retomados seriam dedutíveis mesmo se a elas fossem aplicados os requisitos previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996, passase a evidenciar que tal entendimento também deve ser adotada para as despesas com operações de crédito deduzidas pelo impugnante no ano de 2010, o que não foi observado pelo fisco; VII.1 – Da suposta não apresentação de informações acerca da cobrança judicial ou cuja cobrança judicial não estaria ativa em 31/12/2010 a) De acordo com o fisco no TVF que acompanhou os autos de infração ora combatidos, o impugnante não teria apresentado, com relação a perdas em algumas operações de crédito com garantia cujo valor era superior a R$ 30.000,00, a comprovação da existência de cobrança judicial ou que estas não estariam ativas até 31/12/2010; b) Contudo, tal alegação não merece prosperar, na medida em que, conforme comprovam, por exemplo, os extratos obtidos nos sítios eletrônicos dos Tribunais de Justiça anexados a esta impugnação, que trazem o status de ações que estão vinculadas aos contratos listados na tabela abaixo, o impugnante iniciou e manteve os procedimentos judiciais para o recebimento dos créditos fiscalizados nestes autos. Confirase: Fl. 5371DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.372 28 c) Frisese que no tocante às cobranças judiciais desconsideradas pelo fisco por não estarem supostamente ativas em 31/12/2010, estas foram julgadas extintas sem resolução do mérito nos termos do art. 267 do CPC, o que não significa que o impugnante não continou buscando a recuperação do valor devido, como entendeu equivocadamente a fiscalização; d) De fato, o desfecho ocorre quando o impugnante não consegue a recuperação de um bem dado em garantia ou do montante devido, mesmo após empreender todos os esforços, por constatar que não possui nenhuma forma de compelir o devedor ao pagamento da dívida, na medida em que foram esgotadas todas as vias possíveis de cobrança sem a localização de bens que possam responder pela dívida assumida pelo tomador do crédito; e) Ou seja, a medida judicial se mostra frustrada e acaba apenas onerando ainda mais a perda suportada pelo impugnante; f) Com efeito, a partir da edição da Lei nº 11.419/2006, que regulamentou a informatização do processo judicial, o legislador ordinário reconheceu o uso de meio eletrônicoi na tramitação de processos judiciais, conferindo validade a informações eletrônicas extraídas de sites oficiais; g) Assim, diante do disposto na Lei nº 11.419/2006 e da decisão emanada pelo STJ, deve ser reconhecida a força probante dos extratos obtidos nos sites dos tribunais, os quais evidenciam o ajuizamento e manutenção dos procedimentos judiciais de cobrança por parte do impugnante; VIII – Dedutibilidade dos contratos cedidos a terceiros Fl. 5372DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.373 29 a) O Fisco não observou ainda que outros impactos relacionados a perdas com operações de crédito seriam passíveis de redução da base tributável do período, fato que afastou o trabalho fiscal da necessária verdade material; b) Atualmente, o impugnante é represntado por uma administração diversa da que geriu a empresa até outubro de 2010; c) Ocorre que, o impugnante constatou, ao rever a contabilidade e os arquivos referentes à época da gestão do antigo acionista controlador, a existência de um montante de R$ 83.841.151,71 de despesas com cessões de crédito, os quais não foram deduzidos do Lucro Real de da base de cálculo da CSLL; d) De fato, em 30/03/2010 o impugnante celebrou contrato de cessão de crédito, sem coobrigação, com a empresa Proqnet Contact Centre Ltda., no valor de R$ 90.327.067,21, com preço de cessão ajustado em R$ 4.335.699,23; e) Nesse sentido, constatase que o valor de R$ 90.327.067,21 é composto pelo reconhecimento da perda com cessão de créditos, tendo caráter de despesa efetiva, já que o contrato de cessão continha cláusula prevendo que a cessão seria definitiva e irretratável, bem como que o cessionário (Proqnet) assumiria integralmente a titularidade dos créditos; f) Logo, como da perda efetiva pela cessão de créditos no montante de R$ 90.327.067,21 já havia sido deduzido a quantia de R$ 6.485.915,50, concluise que ainda restou um saldo de despesa no importe de R$ 83.841.151,71 que deveria ter sido reconhecido no ano de 2010; g) Deste modo, considerandose que o impugnante já vinha adicionando o saldo da despesa de provisão para perda no recebimento de créditos, no momento em que houve a cessão definitiva de tais valores, concretizouse o direito do impugnante de excluir essa despesa das bases do IRPJ e da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/1999; h) Assim, considerandose que o impugnante apresentou prova inequívoca da existência de cessões de crédito a terceiros, bem como dos valores nelas envolvidos, podese concluir que a despesa de R$ 83.841.151,71 decorrente da referida cessão, é plenamente dedutível nos termos do artigo 299 do RIR/1999; i) Por fim, nem se alegue que não caberia ao fisco o reconhecimento da exclusão do valor de R$ 83.841.151,71. Isso porque este tem como função apurar a base fiscal correta, isto é, a verdade material e não simplesmente exigir os valores que convém a si ou à União; j) Deste modo, concluise que toda a glosa relacionada ao PDD no montante total de R$ 27.855.105,67, não se sustenta pela existência de despesas efetivas e não reconhecidas em operações de crédito no valor total de R$ 83.841.151,71, a qual é suficiente para suportar toda a glosa indevidamente realizada pela Autoridade Fiscal, razão pela qual se requer o seu reconhecimento pela Turma Julgadora, com o consequente cancelamento integral dos autos de infração; IX – Da suposta não apresentação de informações acerca de cobrança administrativa ou cuja cobrança administrativa não estaria ativa em 31/12/2010 a) O impugnante manteve sim a cobrança administrativa das operações de crédito fiscalizadas, conforme comprovam as telas sistêmicas anexadas a título exemplificativo na peça de impugnação; Fl. 5373DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.374 30 b) Resta evidente, que, ao contrário do alegado pelo Fisco, o impugnante manteve sim a cobrança administrativa das operações de crédito sem garantia, cujos valores estão entre R$ 5.000,00 e R$ 30.000,00; c) Portanto, considerandose todo o exposto neste tópico, os documentos acostados nesta peça impugnatória, requerse que esta DRJ reconheça a dedutibilidade das perdas e determine o cancelamento integral das autuações ora atacadas; Fl. 5374DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.375 31 X – Da não observância do Sr. Agente Fiscal de todas as despesas dedutíveis com operações de crédito – Valores já oferecidos à tributação a) O impugnante, por ser uma instituição financeira, está sujeito às normas veiculadas pelo Banco Central do Brasil (BACEN), a qual determina por meio do art. 6º da Resolução nº 2.682, que, em regra, as operações de créditos com mais de 180 dias de atraso devem ser objeto de provisão de créditos de liquidação duvidosa no montante de 100% do valor do crédito; b) Adicionalmente, impõe o artigo 7º da referida Resolução que a operação que permanece classificada com o nível de risco H por mais de 180 dias, deve ser transferida para a conta de compensação com o correspondente débito em provisão; c) Constatase então que o impugnante deve baixar contabilmente os créditos integrantes de seu ativo, que estejam com atraso superior a 12 meses (ou 360 dias), normalmente, algum tempo antes destes terem reflexos fiscais, na medida em que o BACEN exige, para fins contábeis/societários, critérios diferentes para o reconhecimento de tais perdas nas demonstrações financeiras; d) Tais baixas contábeis, realizadas nos termos das orientações dadas pelo BACEN, apesar de afetarem os resultados da impugnante, geralmente não são dedutíveis do Lucro Real e da Base de Cálculo da CSLL, pois ainda constituem perdas provisórias para fins fiscais, que não atendem aos critérios da Lei nº 9.430/1996; e) Contudo, com o passar do tempo, é possível que parte dos valores baixados seja objeto de recuperação (i) seja por meio de um acordo firmado com o devedor ou (ii) seja por meio de medida judicial; f) A partir desse momento, esses valores voltam a ser registrados contabilmente no ativo da impugnante, em contrapartida a uma conta de receita de recuperação de créditos, razão pela qual os seus efeitos passam a ser de observação obrigatória pelas Autoridades Fiscais; g) Entretanto, o fisco, ao lavrar os autos de infração, não se atentou à necessidade de se excluir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL o valor de R$ 32.036.239,25, o qual, por um lapso, também não foi excluído pelo impugnante no ano de 2010; h) A impugnante obteve sucesso na recuperação de R$ 88.101.885,84, lançados em contrapartida de receita na conta “Recuperação Créditos Baixados como Prejuízo”, provenientes de operações de crédito já baixadas contabilmente por força da Resolução BACEN nº 2682, dos quais R$ 32.036.239,25 jamais foram considerados dedutíveis pelos créditos da Lei nº 9.430/1996; i) Tal valor, portanto, representa uma receita contábil sem reflexo na composição das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, já que tal valor já havia sido adicionado anteriormente ao momento da baixa contábil do ativo; j) Esse montante, de R$ 32.036.239,25, no momento anterior, quando reconhecido como despesa com perda de créditos na liquidação duvidos, não tiveram sua dedução fiscal, vale dizer, “foram tributados”. Nesse sentido, não há que se falar em nova incidência tributária no momento de sua respectiva recuperação, sob pena de majoração indevida das bases de IRPJ e da CSLL; Fl. 5375DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.376 32 k) Deveria o fisco ter ajustado as bases de cálculo autuadas para excluir o montante de R$ 32.036.239,25 do Lucro Real e da Base Negativa da CSLL, por configurar enriquecimento sem causa da União, visto que tal valor foi tributado em períodos anteriores; XI – Da Mera Antecipação de Despesas das Perdas com Operações de Crédito a) Mesmo que se entenda que o impugnante não poderia ter deduzido as despesas com operação de crédito ora examinadas no ano de 2010, o que se admite a título de argumento, verificase que de acordo com a legislação em vigência, tais despesas poderiam sim ser deduzidas posteriormente; b) Se acreditava o fisco que eventos podem ter ocorrido de forma a afastar a hipótese de antecipação de despesas, deveria ter seguido o que detemina o Princípio da Verdade Material, ao qual está sujeito a Administração Pública, buscando averiguar se efetivamente os eventos em questão ocorreram; c) A Autoridade Fiscal possuía todos os poderes necessários para averiguar a verdade material com relação a esta questão no decorrer do procedimento fiscal, uma vez que já ocorreram mais de cinco anos entre os vencimentos dos contratos analisados e o momento em que foram lavrados os autos de infração, tempo mais que suficiente para se verificarem se ocorreram ou não tais “eventos”; d) Assim, não merece ser levada em consideração as alegações do Fisco acima reproduzidas, na medida em que estão pautadas apenas em presunções, ferindo o Princípio da Verdade Material; e) Se o Fisco sustenta, equivocadamente, que o impugnante estaria sujeito ao disposto no art. 9º da Lei nº 9.430/1996 e que não teria cumprido parte dos requisitos lá exigidos para tornar as perdas com operações de crédito dedutíveis para fins fiscais e só trouxe meras presunções para afastar a hipótese de antecipação de despesas, deveria ao menos ter reconhecido que as perdas com as operações de crédito poderiam ser deduzidas independente do cumprimento dos referidos requisitos, a partir do quinto ano do vencimento, tal qual dispõe o artigo 10, § 4º da Lei nº 9.430/1996; f) Nessa situação, caberia ao Fisco recompor os resultados tributáveis de todo o período, adicionando as despesas nos exercícios tidos como errôneos e deduzindo se daqueles considerados corretos, o que, como se verifica não foi feito no presente caso (artigo 247, § 2º do RIR/1999); g) Dessa forma, somente poderia ser cobrada do impugnante a diferença de imposto a recolher nesses períodos, pelo valor líquido e, por esse motivo, o valor a recolher nesse ano seria inferior ao valor efetivamente recolhido pelo impugnante (artigo 273 do RIR/1999); h) O posicionamento apontado acima, inclusive, está em linha com o conteúdo do PN COSIT 02/1996; i) Logo, ainda que se considere que o Impugnante não teria cumprido, no ano base de 2010, os requisitos previstos no artigo 9º da Lei nº 9.430/1996 para tornar dedutíveis as perdas com operações de crédito, há que se reconhecer que essa parcela seria dedutível nos anos seguintes quando este completarem 5 anos do vencimento do crédito sem que o mesmo tenha sido liquidado pelo devedor; Fl. 5376DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.377 33 j) Sendo assim, a Autoridade Fiscal teria o dever de recompor os lucros tributáveis, considerando os efeitos da postergação do pagamento, sob pena de nulidade do lançamento, em razão do critério jurídico adotado (erro material); XII – Ad argumentandum: Da Ausência de Previsão Legal para a Adição, à Base de Cálculo da CSLL, de Despesa Considerada Indedutível a) Com efeito, muito embora a CSLL seja, assim como o IRPJ, tributo incidente sobre o lucro dos contribuintes, certo é que para ela existem normas específicas que tratam das adições e exclusões ao lucro líquido para fins de determinação de sua base de cálculo, as quais, nem sempre, são as mesmas aplicáveis ao IRPJ; b) De acordo com a Lei nº 7689/1988, a única adição permitida ao resultado do exercício para fins de apuração da base de cálculo da CSLL está prevista na alínea 4: “adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido”; c) Não há, portanto, previsão legal para a adição ao lucro líquido de qualquer despesa considerada indedutível, tal como a despesa operacional que foi indevidamente glosada pelo Fisco; XIII – Da Dedutibilidade das Despesas de Comissão Decorrentes de Ajuste a) O Fisco glosou ainda as despesas deduzidas com comissões pagas pela impugnante a seus parceiros, reconhecidas por meio do ajuste contábil feita em novembro de 2010, na medida em que, segundo sua interpretação, o impugnante teria adotado um procedimento incorreto ao contabilizar a contrapartida de tais ajustes no seu resultado e não no PL, cujo lançamento, em tesem não traria impactos fiscais; b) A conclusão errônea trazida pelo Fisco foi embasada praticamente nos mesmos argumentos equivocados que fundamentaram a lavratura dos autos de infração que originaram o Processo Administrativo nº 16327.721631/201346, que atualmente aguarda julgamento no CARF; XIV – Dos Fatos que Culminaram nos Ajustes Fiscais Glosados pelo Fisco a) Inicialmente, importa contextualizar que o impugnante estava sob a gestão do seu antigo controlador (Grupo Silvio Santos); b) Após a descoberta das inconsistências contábeis por meio da inspeção do Banco Central do Brasil, houve a reunúncia do Conselho de Administração e destituição dos Diretores (antigos Administradores); c) Diante deste fato, uma administração transitória, eleita pelo antigo controlador (Grupo Silvio Santos) em conjunto com a CAIXAPA, assumiu a gestão da instituição em 09/11/2010, primordialmente, para zelar pelos interesses dos clientes, depositantes, fornecedores e demais acionistas; d) Posteriormente, em 31/01/2011, o Banco BTG Pactual formalizou a compra da participação do Impugnante detida pelo Grupo Silvio Santos, sendo eleita nova diretoria em maio de 2011 pelos atuais controladores da companhia BTG e CAIXAPAR; Fl. 5377DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.378 34 e) Assim, os períodos de gestão do impugnante podem ser resumidos da seguinte forma: (i) antiga administração; (ii) administração de transição; e (iii) nova administração; XV – Demonstração da Efetiva Existência dos Eventos Econômicos que Geraram o Reconhecimento da Perda com Comissão, a Qual não Decorreu de Fraude/Desfalque Financeiro a) A despesa incorrida é de natureza operacional; é preciso que fique claro que a inconsistência contábil verificada no Impugnante, que dentre outras perdas compreende a despesa com comissão indevidamente glosada pelo Fisco, ocorreu pela “ocultação” dos prejuízos, geração de “ativos inexistentes” e “passivos não reconhecidos”, nas suas demonstrações contábeis, gerando três efeitos nefastos à instituição: (i) a tributação indevida da receita em excesso, na verdade inexistente; (ii) a não contabilização de despesas existentes e efetivamente dedutíveis; e (iii) o desequilíbrio do patrimônio líquido da instituição pelo não reconhecimento de prejuízos acumulados; b) Destacase que apenas o Fisco não sofreu qualquer perda por meio da referida ocultação, uma vez que a declaração de lucros, ao invés do reconhecimento de prejuízos, implicou no recolhimento de tributos sobre tais resultados, quando na verdade não havia sequer bases positivas a serem oferecidas à tributação nos anos afetados pelas inconsistências contábeis; c) O intuito da nova administração, após a constatação das omissões, foi restabelecer a realidade contábil e fiscal da instituição, realidade esta que foi iniciada desde a implementação da Administração Transitória, de modo a resguardar os interesses dos clientes, depositantes, fornecedores, colaboradores e acionistas do Banco, buscando, inclusive, a higidez de suas demonstrações fiscais; d) Portanto, pela conjuntura dos procedimentos que envolveram o reconhecimento dos prejuízos efetivamente suportados pela impugnante e omitidos pela Antiga Administração, o Fisco não poderia se opor aos reflexos fiscais decorrentes dos ajustes no anocalendário de 2010, tais como o reconhecimento das despesas de comissão que eram ocultadas pela antiga administração; XVI – Procedimentos Correspondentes ao “Aporte” Realizado pelo Antigo Acionista Controlador e Natureza Jurídica do “Débito a Conta de Acionista” como Equivalente a um Aporte de Capital” – Parecer Normativo RFB nº 04/1981 – Inexistência de “Recuperação de Despesas” a) Tal aporte era necessário para a continuidade das operações realizadas pela instituição financeira, por si só denota a existência de prejuízos/despesas indevidamente ocultados, o que torna indispensável o reconhecimento das implicações tributárias desse ato; b) Os aportes ocorreram em 2 etapas: a primeira em novembro de 2010 no valor de 2 milhões e 500 mil reais e a segunda em janeiro de 2011 no valor de 1 milhão e 300 mil reais, decorrentes de razões idênticas ocorridas em momentos distintos, qual seja, a descoberta de inconsistências contábeis que importaram na omissão dos prejuízos nas Demonstrações Financeiras do Impugante na ordem de 4 bilhões e 300 milhões de reais; Fl. 5378DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.379 35 c) Tais recursos foram captados junto ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e integralmente garantidos com o patrimônio do antigo controlador do Impugnante, fato amplamente divulgado na imprensa à época dos fatos, uma vez que todo o patrimônio do Grupo do antigo controlador foi disponibilizado para recuperar a instituição financeira; d) Assim, os aportes realizados foram registrados na conta patrimonial de “depósito de acionista” pela necessidade da imediata recomposição patrimonial da instituição financeira; e) Ocorre que, ao fiscalizar os aportes realizados pelo Antigo Controlador do Impugnante, o Fisco entendeu equivocadamente que tal aporte de recursos teve o efeito equivalente a uma “recuperação de despesas”; f) O aporte realizado pelo acionista controlador é, na realidade, extremamente similar a um legítimo aumento de capital; g) Deveras, não obstante o aporte realizado no Impugnante não seja revestido das formalidades legais de um aumento de capital, é inegável que se considerando a essência dos atos praticados para a manutenção do patrimônio líquido da instituição, esse ativo em muito se assemelha a figura vinculada ao próprio aumento do capital social; h) Isso porque, assim como o ingresso de recursos na entidade, quando da integralização do capital social, estes recursos nada mais são que um crédito do acionista para com a entidade; i) De fato, na forma como os aportes foram contabilizados e a sua incorporação ao patrimônio líquido, cumpriu o seu papel de reforço patrimonial viabilizando o desenvolvimento do objeto social do Impugnante; j) Essa similitude do aporte a um efetivo aumento de capital se evidencia pelo conteúdo do próprio “Fato Relevante” de 09/11/2010 que deixa claro o “compromisso do controlador com a higidez da instituição, sua responsabilidade com o mercado e com a preservação dos interesses de seus clientes, depositantes, fornecedores e colaboradores, além de preservar a integridade da atual participação dos demais acionistas”; k) Destacase que os aportes realizados foram registrados na contabilidade do impugnante em conta patrimonial de depósito de acionista, haja vista a necessidade de reconhecimento do citado aporte no patrimônio líquido, sob pena de não surtir o efeito exigido pelo BACEN, qual seja, a imediata recomposição patrimonial da instituição financeira; l) Com efeito, dentra as características do aporte que determinaram o seu registro em conta patrimonial do impugnante, citese a “inexigibilidade imediata”. Isto porque, se os recursos não fossem aportados com natureza de “depósito de acionista (conta de “patrimônio líqudo”), o registro de tal aporte no âmbito da controlada ocorreria em conta de “passivo”, o que, frisese, não atingiria a finalidade almejada para a regularização das inconsistências apuradas; m) O objetivo do acionista controlador não foi o de simplesmente transferir recursos a qualquer título ao impugnante. Ao contário, de acordo com o trecho acima transcrito, o que se buscou foi reforçar a estrutura patrimonial da instituição Fl. 5379DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.380 36 de modo a permitir que esta, sanando seus prejuízos, pudesse se reerguer e, naturalmente, retornar os recursos ao acionista controlador; n) Sendo assim, muito embora o aporte em questão não se revista das formalidades e especificidades de um “aumento de capital”, não se pode ignorar que, sob o ponto de vista econômico e da própria operação em si, este se assemelha à figura do próprio aumento do capital social, considerandose a essência dos atos praticados; o) No caso em exame o antigo acionista controlador, ao concretizar o aporte de recursos no Impugnante e publicar o já mencionado “Fato Relevante”, deixou claro que sua intenção não era a de obter o resgate imediato de seus recursos. O que fez foi valerse do instituto legal do “depósito de acionista” para conferir aos seus recursos aportados o mesmo efeito que se esperaria de um formal aumento de capital; XVII – Aporte do Antigo Controlador para Recompor o Patrimônio Líquido não Afeta o Reconhecimento das Perdas pelo Impugnante – Princípio da Entidade a) O Fisco feriu ainda o Princípio da Entidade, ao consignar que os “Novos Acionistas” não poderiam se apropriar das perdas decorrentes das inconsistências contábeis, uma vez que referidos valores foram saneados pelo “Antigo Controlador”; b) Neste aspecto, constatase que o Fisco na alegação acima transcrita não se atentou ao fato de que o aporte realizado pelo Antigo Acionista é equiparado a um efetivo “aumento de capital”, uma vez que o seu intuito foi reforçar o patrimônio e a liquidez operacional do Impugnante, como ficou amplamente demonstrado no tópico anterior; c) O fato de os recursos terem origem no FGC não altera essa equiparação, conforme mencionado anteriormente, já que os recursos foram obtidos por meio de empréstimo e deveriam necessariamente ser aplicados no impugnante para reequilíbrio de seu patrimônio, sob pena de comprometimento de todo o sistema bancário do país, dado o risco sistêmico causado pela quebra de uma instituição financeira; d) Dessa forma, não há como confundir o patrimônio do Antigo Controlador com o patrimônio do impugnante, já que o aporte após a sua concretização ingressou ao patrimônio deste último para restabelecer a situação patrimonial de modo a sanar seus prejuízos e assegurar a continuidade de suas atividades empresariais e gerar resultados positivos em exercícios futuros; e) Notase desta forma que os efeitos do aporte realizado no Impugnante para a manutenção da sua higidez, preservação dos interesses de seus clientes, depositantes, fornecedores e preservação da integridade da participação dos demais acionistas nõa possui o condão de “transferir” os prejuízos e perdas decorrentes das inconsistências contábeis ao Antigo Controlador, pois que foram incorridos pelo Impugnante e nele devem ser registrados; f) Desta forma, não pode o Fisco desconsiderar os efeitos fiscais gerados no impugnante pelas inconsistências contábeis sob pena de descumprimento ao princípio da entidade, razão pela qual se requer o cancelamento integral dos autos de infração ora atacados pela DRJ; XVIII – Da dedutibilidade das despesas operacionais com comissões conforme artigo 299 do RIR/1999 – Inexistência de fraude quanto à origem das Fl. 5380DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.381 37 perdas/despesas reconhecidas pelo impugnante (a fraude ocorreu na ocultação da despesa com comissões na escrituração contábil original) a) O Fisco adotou interpretação equivocada com relação às despesas com comissões reconhecidas pelo impugnante no ano de 2010, ao assumir que estas decorreriam de fraude; b) Entretanto, não merece prosperar o entendimento acima na medida em que tais despesas são operacionais, efetivamente suportadas pelo impugnante em razão de suas atividades típicas; c) Pontuase que tais comissões eram pagas aos seus parceiros e correspondentes bancários o momento da contratação de uma determinada operação de crédito por eles intermediada, pagamento registrado pelo impugnante como despesas antecipadas, as quais eram apropriadas mensalmente conforme o prazo dos contratos objeto daquela comissão; d) Assim, evidenciase que as despesas com comissões que impactaram a formação do prejuízo fiscal e a base negativa para o ano de 2010 pela exclusão das inconsistências contábeis de sua escrita fiscal, decorreram da atividade operacional do impugnante, motivo pelo qual representam inegavelmente despesas de natureza operacional e não fraude como afirmado pela fiscalização; e) Com efeito, os ajustes realizados pelo impugnante apenas corrigiram inconsistências contábeis registradas em sua escrituração contábil original, ou seja, eliminaram os lançamentos que não retratavam a realidade dos resultados auferidos pela instituição em suas operações necessárias, normais e usuais à manutenção da sociedade; f) Disso decorre que as perdas operacionais sofridas pelo impugnante são plenamente dedutíveis, tanto que o próprio BACEN, órgão que compõe a Administração Pública e regulador das instituições financeiras, apurou a omissão dessas perdas, implicando na necessidade de reforço no patrimônio líquido pelo não reconhecimento desses resultados negativos; g) O fisco não se preocupou em verificar se as despesas que pretendia glosar estavam relacionadas com a manutenção da fonte produtora, mas simplesmente presumiu que as perdas deduzidas pelo impugnante não eram normais e usuais por decorrerem de suposta fraude; XIX – Da dedutibilidade das despesas apuradas mediante a diferença de saldos em razão do ajuste a) Não bastassem todos os equívocos cometidos pelo fisco com relação às despesas com comissões deduzidas pelo impugnante, os quais foram devidamente esclarecidos nos tópicos anteriores, aduziu erroneamente a fiscalização que, mesmo se os aportes de acionistas não resultassem na neutralidade dos ajustes e se as despesas em questão estivessem revestidas do caráter de usualidade e normalidade, não poderiam ser deduzidas para fins fiscais; b) Insta destacar (impugnação e processo 16327.721631/201346) que a apuração das despesas mediante diferença dos saldos contábeis foi necessária, pois a apropriação mensal não foi realizada pela antiga administração como devido, implicando na apuração de resultados irreais pela oculatação de despesas operacionais incorridas pela impugnante; Fl. 5381DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.382 38 c) O fato do procedimento correto não ter sido adotado no tempo devido pela antiga administração não inviabiliza o reconhecimento de uma despesa efetivamente incorrida; XX Aplicação do princípio da verdade material – efetiva perda sofrida pela impugnante e não reconhecida em sua escrita contábil/fiscal pelos antigos administradores a) O fisco não foi diligente para confirmar que a despesa com comissões que afetaram a apuração do lucro real e base de cálculo da CSLL (2010) não foram incorridas, o que viola o princípio da verdade material; b) Não foi analisado pelo fisco em momento algum a natureza e a origem das inconsistências contábeis que culminaram na alteração do Lucro Real e da base de cálculo da CSLL no ano de 2010 (despesas com comissões); c) O fisco sequer solicitou ao contribuinte no decorrer da investigação documentos hábeis para comprovar que as referidas despesas foram efetivamente incorridas; d) O contribuinte anexou planilhas listando milhares de contratos que deram origem às comissões pagas antecipadamente aos parceiros e correspondentes bancários do impugnante; e) Estas planilhas demonstram que um número relevante de contratos foi cedido a terceiros o que, obviamente, autorizou a apropriação integral pelo impugnante das comissões pagas antecipadamente relacionadas a tais contratos, na medida em que não seria mais possível a sua apropriação mensal de acordo com o prazo destes contratos; f) Não restam dúvidas acerca da existência das provas que atestam os pagamentos das comissões questionadas nesses autos e do erro cometido pelo fisco. Para tanto, apresentase as DIRF do impugnante referente ao ano de 2010; g) Solicita ainda a conversão do julgamento em diligência, a fim de que a verdade material venha à tona; XXI – Ausência de prejuízo ao fisco – legitimidade das despesas com comissão a) Quando os antigos administradores não excluíram as receitas decorrentes de ativos insubsistentes e não reconheceram despesas operacionais houve o recolhimento aos cofres públicos de IRPJ e CSLL nos anos de 2008 e 2009, quando na verdade nesses exercícios as bases tributáveis foram negativas; b) Ainda que se admita que as despesas com comissões seriam decorrentes de períodos anteriores, tal fato implica no reconhecimento tardio de despesas dedutíveis que foram excluídas em período subseqüente ao que efetivamente ocorreram, mas esse procedimento não gera qualquer prejuízo ao fisco; c) Tais efeitos da inobservância do regime de competência somente constituem infração se resultar postergação de imposto ou redução indevida do lucro, o que não ocorreu no caso em apreço; Fl. 5382DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.383 39 d) Os erros contábeis acarretaram em tributação de receitas inexistentes e o não reconhecimento de passivos que implicaram, por exemplo, no recolhimento indevido de tributos nos anos de 2008 e 2009 e em prejuízo fiscal inferior ao efetivamente apurado pelo impugnante no ano de 2010; XXII – Da impossibilidade de cobrança de multa isolada em razão da falta de recolhimento de estimativas a) Sendo os recolhimentos mera antecipação do tributo devido no encerramento do períodobase, não há motivo para a multa isolada ser aplicada. XXIII – Do restabelecimento do prejuízo fiscal e da base negativa da CSLL a) demonstrada a legalidade das deduções de despesas e dos ajustes fiscais/contábeis realizados resta evidente a necessidade de cancelamento das glosas originárias do presente processo; b) logo, os valores indevidamente glosados deverão ser restabelecidos pela Turma Julgadora. A DRJ, ao analisar a impugnação de fls 4511/4526, julgou improcedente a impugnação apresentada, mantendo o lançamento fiscal. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 4980/5093), no qual repisa os argumentos da Impugnação e contesta os motivos que levaram à DRJ a julgar seu pedido improcedente. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Vencido Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Primeiramente, impende registrar que o Recurso Voluntário é tempestivo, razão pela qual dele conheço. Tratase de auto de infração de IRPJ e CSLL relativo à glosa de prejuízo fiscal e base de cálculo de CSLL, referente ao anocalendário de 2010, bem como a exigência da multa isolada por insuficiência de recolhimento de estimativas mensais no período, totalizando o valor de R$ 6.077.505,10. Conforme o Termo de Verificação Fiscais ("TVF") as infrações cometidas foram decorrentes de: (i) Perdas em Operação de créditos (item 2 do TVF fls. 327/337); (ii) Prejuízo na alienação de veículos automotores dados em garantia (item 3 do TVF fls 337/343); e (iii) Despesas de comissão decorrentes de ajuste por fraudes (item 3 do TVF FLS. 343/348). Fl. 5383DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.384 40 Como visto, a DRJ/SPO julgou improcedente a Impugnação, mantendose o lançamento tributário, conforme ementa a seguir: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Nas alegações de nulidade por vício material, se restarem provados, pois atingem em cheio o mérito da autuação, poderão acarretar provimento total ou parcial da impugnação, não implicando na nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010 PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. Na determinação do lucro real, a dedutibilidade como despesa de perdas no recebimento de créditos decorrentes da atividades da pessoa jurídica requer a observância das condições impostas pela legislação tributária. EXCLUSÃO DECORRENTE DE DESPESA DESNECESSÁRIA. Devem ser glosadas as exclusões decorrentes de despesas desnecessárias geradas em períodos anteriores por não guardarem os atributos de usualidade e normalidade. A contabilização de despesas ou exclusão sem propósito empresarial implica inobservância do princípio contábil da entidade, devendo ensejar a glosa da despesa/exclusão comprovadamente desnecessária no cálculo do lucro líquido da entidade, afetando, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. MULTA ISOLADA Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá a multa isolada sobre os valores não recolhidos, cumulada, quando for o caso, com a multa de ofício sobre o tributo anual pago a menor. (art 16 da IN 93/97) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010 PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. Na determinação do lucro real, a dedutibilidade como despesa de perdas no recebimento de créditos decorrentes da atividades da pessoa jurídica requer a observância das condições impostas pela legislação tributária. Fl. 5384DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.385 41 EXCLUSÃO DECORRENTE DE DESPESA DESNECESSÁRIA. Devem ser glosadas as exclusões decorrentes de despesas desnecessárias geradas em períodos anteriores por não guardarem os atributos de usualidade e normalidade. A contabilização de despesas ou exclusão sem propósito empresarial implica inobservância do princípio contábil da entidade, devendo ensejar a glosa da despesa/exclusão comprovadamente desnecessária no cálculo do lucro líquido da entidade, afetando, portanto, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. MULTA ISOLADA Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá a multa isolada sobre os valores não recolhidos, cumulada, quando for o caso, com a multa de ofício sobre o tributo anual pago a menor. (art 16 da IN 93/97) Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Adicionalmente, a fiscalização promoveu ajuste na apuração do IRPJ e CSLL decorrente da glosa do item 3 do TVF acima, resultando na aplicação da multa isolada sobre a base de cálculo estimada, em razão da insuficiência de recolhimento nos meses de janeiro a março de 2010. Passamos a análise dos tópicos a seguir. PRELIMINAR Nulidade do V. Acórdão Sustenta a Recorrente que o v.acórdão prolatado pela DRJ não se ateve estritamente a parte do Termo de Verificação Fiscal que originou o processo administrativo em referência quando de seu julgamento, de modo que utilizou conteúdo do TVF pertencente a outro processo administrativo. Desse modo, teria o agente fiscal extrapolado o limite da acusação fiscal contido no TVF que originou a presente lide, bem como se equivocado no tocante a análise da multa aplicada. Concordo que o julgador deve restringir sua análise nos termos da exação fiscal contida no TVF. Portanto, não conheço dos fundamentos estranhos à presente lide. Todavia, entendo que a decisão recorrida não deixou de se posicionar sobre os argumentos inerentes ao TVF objeto da presente lide, demonstrando o raciocínio empregado que levou a formar sua convicção, no sentido de manter o lançamento fiscal. Ademais, vejamos as hipóteses de nulidade dos atos e termos lavrados, de acordo com o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, a saber: Fl. 5385DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.386 42 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Observase, pois, que este dispositivo não é aplicável ao presente caso. Logo, não há que se falar em nulidade da decisão recorrida, devendo ser rejeitada a preliminar suscitada pela Recorrente. MÉRITO Da Dedutibilidade das Perdas em Operações de Crédito (item 2 do TVF –Infração nº 1) e na Alienação de Veículos Automotores Retomados (item 3 do TVF– Infração nº 2) Primeiramente, informo que os itens 2 e 3 do TVF serão apreciados em conjunto, pois ambos têm a mesma razão de decidir. Conforme TVF, o agente fiscal excluiu na apuração do Lucro Real as perdas com operações de créditos no valor de R$ 818.599.588,96, sob a justificativa de não serem dedutíveis para fins fiscais. Isso porque aplicou os arts. 9º a 12 da Lei nº 9.430/96 em detrimento do art. 299 do RIR/99 que regula a dedutibilidade das despesas operacionais da pessoa jurídica, por entender de se tratar de norma específica, a qual prevaleceria ao caso concreto. Entende que a referida lei, estabelece os critérios para o reconhecimento das perdas no recebimento de créditos, influenciando na apuração da base de cálculo e o pagamento da CSLL. Pontua ainda que as perdas sejam decorrentes das atividades de concessão de créditos e financiamento aos seus clientes, o que afastaria a dedutibilidade prevista no art. 299 do RIR/99. O racional para a dedução quando do registro da perda é a verificação da insolvência do devedor. Para tanto, é necessário que o credor esgote os procedimentos legais para cobrança de seu crédito, bem como atenda aos requisitos legais, antes que seja declarada a perda. Desse modo, em sede de fiscalização, o agente fiscal concluiu que o contribuinte não cumpriu com os requisitos impostos pela citada lei, de modo a efetuar erroneamente o registro da exclusão das perdas no recebimento de créditos no LALUR. Vejamos. O TVF classificou tais perdas em três modalidades diferentes de operação de crédito, conforme tabela abaixo. Fl. 5386DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.387 43 A partir da relação analítica, a fiscalização verificou os requisitos para a dedução dos contratos acima apontados, com base na amostragem aleatória, relacionandoos da seguinte maneira: 1. Anexo I referente a contratos do tipo CDC, com garantia, R$ 15.881.464,59 204 contratos – item 1 da intimação; 2. Anexo II referente a contratos do tipo CDC, sem garantia, R$ 2.384.955,19 – 52 contratos – item 1 da intimação; 3. Anexo III referente a contratos do tipo Cartão e Consignado, sem garantia, R$ 5.514.129,52 – 129 contratos – item 1 da intimação; 4. Anexo IV referente a contratos sem garantia com valor superior a R$ 5.000,00 e vencidos há menos que um ano, contratos do tipo Cartão de Crédito com mais de uma ocorrência, R$ 185.367,13 – 36 contratos – item 2 da intimação; 5. Anexo V referente a contratos sem garantia com valor superior a R$ 5.000,00 e vencidos há menos que um ano, contratos do tipo Consignado, R$ 7.127.390,39 – 567 contratos – item 2 da intimação. Com relação à glosa dos contratos dos anexos acima, o agente fiscal informa que o contribuinte apresentou parcialmente a documentação comercial dos contratos. Destarte, identificou contratos com indicação de medida judicial sem a comprovação de estarem ativas em 31/12/2010, além de verificar a ausência de cobrança judicial para alguns contratos. Vejamos: Glosa anexo I Contratos CDC;CP com garantia real Falta de apresentação documental comercial – contratos de operação de crédito – R$ 380.718,05 Preliminarmente, cabe observar que para alguns casos amostrados o Panamericano não apresentou os respectivos contratos nem medidas judiciais. (R$ 380.718,95) Fl. 5387DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.388 44 Contratos com indicação de medida judicial sem comprovação de estarem ativas em 31 de dezembro de 2010 – R$ 1.798.654,92 – 21 contratos Com base nas documentações e informações de medidas judiciais prestadas pelo Panamericano em planilha, procedemos à análise da efetividade de existência de medidas judiciais ativas em 31 de dezembro de 2010, inclusive com pesquisa em informações disponíveis pela internet nos respectivos Tribunais de Justiça e constatamos para alguns casos que as medidas judiciais indicadas não estavam ativas em 31 de dezembro de 2010, seja por trânsito em julgado, desistência, abandono ou impetração, após 31 de dezembro de 2010, conforme tabela a seguir: Falta de comprovação de existência de medida judicial – R$ 11.385.682,43 – 148 contratos Também, para alguns contratos, não apresentou quaisquer indicações e/ou documentos de existência de cobrança por via judicial: Fl. 5388DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.389 45 Segue resumo das glosas relativas à amostragem de contratos CDC com garantia – Anexo I: Fl. 5389DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.390 46 b) Glosas Anexo II – Contratos tipo CDC/CP sem garantia real Contratos sem garantia real baixados antes do prazo de 2 anos – 05 contratos – R$ 1.285.377,35 O Panamericano reconheceu que os contratos a seguir relacionados indicados como “sem garantia”, efetivamente, possuem garantia real e como tal não poderiam ter sido baixados em prazo inferior a dois anos – os contratos possuem vencimento entre 28 de fevereiro de 2009 e 08 de novembro de 2009, sendo a data base 31 de dezembro de 2010. Independente da alegação do Panamericano de indicação dos contratos como “sem garantia” advir de provável não necessidade de cobrança judicial conforme artigo 26 da Lei nº 9.514/1997, a legislação fiscal exige tais providências, ou seja, não foi comprovada a existência de cobrança judicial para os casos acima indicados. Contratos sem garantia real acima de R$ 30.000,00 sem comprovação de cobrança judicial – 01 contrato – R$ 30.025,88 Também indedutíveis as perdas “sem garantia real” acima de R$ 30.000,00 para as quais não houve comprovação de existência de cobrança judicial. Contratos sem garantia real acima de R$ 5.000,00 e abaixo de R$ 30.000 sem cobrança administrativa ativa em 31 de dezembro de 2010 – R$ 399.472,03 – 18 contratos Mediante exame da documentação apresentada pelo Panamericano, em especial o documento “Histórico de Movimentações” de emissão de “Serasa Experian”, o fisco identificou diversos casos de ausência de cobrança administrativa ou cobrança administrativa não ativa em 31 de dezembro de 2010, tanto por ter sido baixada anteriormente a esta data como por ter sido incluída posteriormente a esta data conforme tabela a seguir: Fl. 5390DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.391 47 Resumo das glosas relativas à amostragem de contratos de CDC sem garantia: d) Glosas do Anexo III Contratos sem garantia real dos tipos Consignado e CDC – Glosa Total – R$ 5.447.783,72 – 187 contratos Preliminarmente cabe indicar que esta fiscalização relacionou indevidamente em duplicidade 2 contratos no valor de R$ 66.345,80, conforme indicado pelo Panamericano: assim, a amostragem efetiva neste caso foi de 187 contratos no valor de R$ 5.447.783,72, ao invés de 189 contratos no valor de R$ 5.514.129,52. Segue identificação dos contratos cuja duplicidade não foi comprovada pelo Panamericano: Fl. 5391DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.392 48 Fl. 5392DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.393 49 Em relação aos contratos do tipo “cartão de crédito” o Panamericano, além de apresentar apenas faturas com datas incompatíveis a 31 de dezembro de 2010, indicou em planilha a data de cobrança administrativa para alguns casos sem apresentar a respectiva documentação comprobatória. Foram identificados pelo Fisco, ainda, valores superiores a R$ 30.000,00, sem comprovação de cobrança judicial. Fl. 5393DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.394 50 e) Glosas do Anexo V – Contratos sem garantia real acima de R$ 5.000,00 baixados em prazo inferior a um ano – R$ 7.127.390,39 – 567 contratos. O Panamericano não justificou para todos os contratos sem garantia real listados no anexo V do item 2 do TIF 05 o motivo de possuírem valor superior a R$ 5.000,00 e haverem sido baixados em prazo inferior a um ano: são 567 contratos no valor total de R$ 7.127.390,39 vencidos entre 02 de janeiro e 30 de junho de 2010. Dentre esses casos, o fisco identificou 08 em que os contratos foram relacionados em duplicidade. Fl. 5394DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.395 51 Segue resumo das glosas efetuadas neste item de dedução de perdas em operações de crédito: Prejuízo na alienação de veículos automotores dados em garantia – operações de crédito vencidas – acordo de entrega amigável – mera liberalidade – inobservância da lei nº 9.430/1996 – despesa indedutível; (Perda deduzida e na venda do veículo foi uma recuperação de custo) Selecionado para auditoria o valor de R$ 209.324.657,48, deduzido na apuração do Lucro Real a título de “outras despesas não relacionadas nas linhas anteriores – Linha 72 da Ficha 06 B da DIPJ AC 2010. Adicionalmente, constatou que foram baixados 5 contratos com garantia real antes do prazo de dois anos, no valor de R$ 1.285.377,35, bem como 567 contratos sem garantia real no valor de R$ 7.127.390,29, antes do prazo de 1 ano. O mesmo raciocínio vale para o item 3 do auto de infração alienação de veículos automotores dados em garantia, por se tratarem de operações de crédito com garantia real vencidas. Em havendo bens em garantia, o entendimento também abarcaria o conceito do art. 9º da Lei nº 9.430. Observase ainda que o Fisco equiparou o "perdão de dívida" a desconto concedido e concluiu que a Recorrente deixou de observar o prazo estipulado em lei de dois anos para registrar o prejuízo. A decisão da DRJ também entendeu no sentido de que as perdas em operações de créditos devem obedecer às regras de dedutibilidade contidas nos arts. 9º a 12 da Lei nº 9.430/96 e não a prevista no art. 299 do RIR/99. O fundamento utilizado foi de que, no caso concreto, o disciplinamento estabelecido pelo art. 9º da Lei nº 9.430/96 assume um caráter de norma especial, em relação às normas gerais de dedução de despesas existentes no Direito Tributário. Fl. 5395DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.396 52 A Recorrente, por sua vez, alega que as despesas referentes às perdas no recebimento de crédito são absolutamente operacionais, ou seja, necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, e, portanto, seriam dedutíveis para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do Decreto n° 3.000/99 (RIR/1999). Além disso, entendeu que a ora Recorrente não apresentou qualquer documentação (ex: memória de cálculo embasada em documentação hábil) que comprovasse como chegou aos valores das perdas contabilizadas e deduzidas na apuração do lucro real e da base da CSLL. No entanto, a Recorrente se insurge alegando que tais perdas no recebimento de créditos são aceitáveis frente ao desenvolvimento de suas atividades, previstas em seu Estatuto Social, de modo que são usuais, necessárias e úteis e, portanto, sujeitas à dedutibilidade prevista no artigo 299 do RIR/99. Adicionalmente, ressalta que o custo em cobrar o devedor não pode superar o pagamento da dívida, o que afetaria o fim lucrativo de sua atividade. Devendo, portanto ser aplicado os meios de cobrança que faz sentido do ponto de vista econômico. Assim, quando tais meios de cobrança se revelam ineficazes, aquilo que for considerado irrecuperável receberá o tratamento de uma perda efetiva, e não provisória. Tal situação ocorreu com os contratos listados nos anexos I a IV do item 2 do TVF, destacando que ainda que tenha ajuizado medidas judiciais e mantido cobranças administrativas contra determinados clientes, tal procedimento não foi eficaz para a recuperação dos créditos concedidos ou se tornou mais oneroso do que as perdas suportadas. Informa que o mesmo ocorreu com as operações de créditos vencidas que detinham veículos automotores dados em garantia, com a diferença que no item 3 do TVF parte do crédito pode ser recuperada pela Recorrente com a alienação da garantia em leilão. Assim parte da venda dos veículos é compensada para diminuir o valor da perda efetiva. Adiante, cita a seguinte decisão do CARF, a qual ratifica seu posicionamento, in verbis: “(...) entendo que não ocorreu um ato de mera liberalidade por parte da Recorrente, mas sim, uma negociação de um crédito que já se encontrava provisionado por força da legislação do Banco Central do Brasil, eis que o devedor já havia dado sólidas demonstrações do não pagamento da dívida. Portanto, não se tratou de um ato de liberalidade da Recorrente que diminuiu seu patrimônio social, sem nenhum benefício ou vantagem de ordem econômica para a sociedade. Ao contrário, tal ato foi no sentido de tentar minimizar a premente perda da totalidade do crédito que a Recorrente possuía junto a sua devedora original (Sílex Trading S/A), reduzindo, com isso, sobremaneira a perda que já se encontrava eminente. Ou seja, tratouse de um ato usual e normal no tipo de transações/atividades da Recorrente, não havendo, portanto, o que se falar em ato unilateral e de liberalidade da empresa, devendo, dessa forma, ser restabelecida as despesas glosadas Fl. 5396DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.397 53 pela fiscalização em relação ao presente item”. (fl. 14 do Acórdão nº 10196.787 – g.n.) Destaca que o artigo 9º da Lei nº 9.430/96 se aplica as "despesas provisórias", e não as despesas em discussão que são “despesas efetivas”. Confirase: "Deveras, estabelece o artigo 9º da Lei nº 9.430/96 que (i) deve ser comprovado o transcurso de determinado lapso temporal, bem como (ii) a ocorrência de prévia tentativa de cobrança administrativa ou o ingresso de ação judicial (dependendo do valor do crédito), objetivando o adimplemento obrigação vencida, para que o contribuinte possa deduzir as perdas provisórias, in verbis Art. 9º As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. § 1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, m sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; c) superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; IV contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no § 5º. De fato, o primeiro fato que comprova que a disciplina estabelecida pelo dispositivo acima transcrito se refere apenas às perdas provisórias – e, portanto, não se aplica ao presente caso é a exceção trazida no parágrafo 1º do seu inciso I, o qual possibilita o registro imediato como perda para aqueles créditos nos quais já tenha havido declaração de insolvência do devedor, vejase: “§ 1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário”. Com efeito, a justificativa para a possibilidade de dedução imediata nessa hipótese é o fato de que a perda, na qual já existe declaração de insolvência contra o Fl. 5397DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.398 54 devedor, já se configurou como uma perda efetiva, não remanescendo qualquer possibilidade de recebimento do direito creditório." Conclui dizendo que a lógica do art. 9º da Lei nº 9.430/96 é exatamente aquela por ela defendida, que os créditos em que existe a possibilidade de recuperação impõemse requisitos, antes que seja autorizada sua dedução e para os créditos definitivamente perdidos (como os do caso concreto), permitese sua dedução imediata. Entendo que os argumentos trazidos pela Recorrente devem prosperar apenas no tocante ao anexo 1. Nos demais anexos a Recorrente não logrou êxito em comprovar as despesas, de forma a não observar os requisitos legais para a dedutibilidade de tais despesas, conforme o art. 9º da Lei 9.430/96. Pois bem. A questão aqui posta é sobre o conflito de norma diante a caracterização de uma determinada operação ou (i) como despesa operacional dedutível comum, ou senão (ii) como perda no recebimento de créditos, regulada pelo art. 9º, da Lei nº 9.430/96. Como visto, o agente fiscal procedeu a glosa das despesas registradas a título de perdas com operações de crédito, por considerálas como indedutíveis para fins fiscais, em face da desobediência dos critérios estipulados no art. 9º, da Lei nº 9.430/96. Destarte, apontou que os valores registrados tratamse de atos de mera liberalidade da Recorrente, em decorrência de não se valer de todos os meios legais para o recebimento integral perante aos seus devedores. Em defesa, a Recorrente alegando rebate que para o recebimento dos créditos em referência foram concedidos descontos para a sua liquidação, o que prejudica o seu pleito perante o Judiciário. Isso porque, com a liquidação da operação de crédito, na qual foi concedido um desconto, não há que se cobrar o crédito administrativamente. É certo que consoante o § 7º do art. 43 da Lei 8.981, os prejuízos realizados no recebimento de créditos serão obrigatoriamente debitados à provisão para créditos de liquidação duvidosa e o eventual excesso verificado será debitado a despesas operacionais. Todavia, a situação aqui prevista no tocante ao anexo I não se trata de uma provisão para créditos de liquidação duvidosa, mas de um desconto concedido para a liquidação de operações de credito entre a Recorrente e seus clientes, a qual reduz o montante dos créditos devidos, tornando definitiva a perda ocorrida e, conseqüentemente, a cobrança futura da parcela perdoada. Este colegiado já se posicionou em relação aos abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de operações de créditos, classificandoo como despesa operacional e dedutível para fins fiscais. É o que se compreende do acórdão abaixo da lavra da respeitada Conselheira Sandra Faroni. Vejamos: “As disposições dos §§ 8º e 9º do artigo 43 da Lei 8.981/95 e do art. 9º da Lei 9.430/96 dizem respeito as perdas provisórias, isto é, a créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, mas que já estejam vencidos há um ou dois anos, ou para os Fl. 5398DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.399 55 quais tenham sido esgotados os meios legais de cobrança. Não se compreendem, aí, os créditos já liquidados (perdas definitivas). De fato, o § 7º do artigo 43 da Lei 8.981/95 determina que os prejuízos realizados no recebimento de créditos serão obrigatoriamente debitados à provisão e o eventual excesso verificado será debitado a despesas operacionais. Portanto, não há qualquer condição para a dedução das perdas definitivas. Apenas, eram elas debitadas à provisão antecipadamente constituída para suportálas, sendo debitadas a despesas em caso de a provisão ser insuficiente para suportálas. O parágrafo 8º do art. 43 permitia o débito de perdas provisórias, isto é, de créditos vencidos há um ou dois anos (conforme o valor), mas para os quais o credor não deu quitação ao devedor. Da mesma forma, o § 1º do art. 9º da Lei 9.430/96 trata das condições para dedução de perdas não definitivas, mas que em certas circunstâncias relacionadas com a existência de garantia e o tempo decorrido desde o vencimento, já podem ser consideradas perdas”. (g.n.) (Acórdão 10195.469 Relatora Sandra Faroni) Da análise do voto acima, destaco que em face da verificação de inadimplência, é que surge a renegociação dos recebíveis, surgindo à concessão de descontos para a liquidação do crédito, momento em que a Recorrente abre mão de fração de seu crédito, visando recuperar o restante do crédito inadimplido. A concessão de desconto é prática negocial utilizada pelas instituições financeiras, como meio de reaver o crédito concedido, com o intuito de dirimir suas perdas e melhorar o resultado da companhia. Patente, portanto, o intuito operacional da empresa ao fazer tais concessões. É flagrante que tal desconto se revista de perda definitiva para a Recorrente, haja vista que a parcela do crédito renunciado não poderá mais ser exigido judicialmente. Assim, verificando que as perdas não são provisórias, ou seja, não são passíveis de recuperação por medidas judiciais, estas não estão sujeitas aos critérios de dedutibilidade de perdas dos arts. 9º a 12 da Lei nº 9.430/96, os quais embasaram exação fiscal. Esta turma já firmou entendimento nesse sentido, por meio do acórdão nº 1301.002.011, sob a relatoria do ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães, a saber: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício:2006 Ementa: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. Tendo o contribuinte fiscalizado aportado aos autos documentos que comprovam que foram observadas as condições de dedutibilidade impostas pela legislação de Fl. 5399DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.400 56 regência, há que se afastar o montante correspondente da matéria tributável apurada em procedimento fiscalizatório. PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DISPOSIÇÕES DA LEI Nº 9.430, DE 1996. NATUREZA. As disposições dos arts. 9º a 12 da Lei nº 9.430, de 1996, cuidam do que se poderia denominar PERDAS PRESUMIDAS, ou seja, encerram presunções legais de perdas efetivas a partir das hipóteses ali elencadas. Assim, na circunstância em que o contribuinte por meio de acordo com o devedor, lhe concede desconto com o intuito de solucionar a pendência financeira, fica caracterizada, em relação à parte não alcançada pelo citado acordo, perda efetiva, dedutível nos termos do art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99). No mesmo sentido, o acórdão nº 1402.00.394, de relatoria do Conselheiro Antônio José Praga de Souza entendeu que: PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. DESPESAS OPERACIONAIS ABATIMENTOS CONCEDIDOS NA LIQUIDAÇÃO DE CRÉDITOS DEDUTIBILIDADE Não tratando, a situação fática, de perdas provisórias, isto é, a créditos para os quais não foi dada quitação ao devedor, mas que já estejam vencidos há um ou dois anos, conforme previsto no art. 9o da Lei 9.430/96, não há que se falar em esgotamento das possibilidades e meios de cobrança. Os abatimentos concedidos ao devedor na liquidação de .operações de crédito classificamse como despesas operacionais e são. dedutíveis do lucro operacional. (destacamos) E mais recentemente é o entendimento do acórdão nº 402002.413 proferido pela 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária na sessão de 21 de março de 2017, a saber: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2008, 2009 DESCONTOS CONCEDIDOS EM RENEGOCIAÇÃO DE RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. PERDAS DEFINITIVAS. INCIDÊNCIA DO ART. 299 RIR/99. DEDUTIBILIDADE. Os descontos e abatimentos concedidos na renegociação de créditos de Instituições Financeiras são perdas definitivas, ficando fora do campo de incidência dos arts. 9 a 12 da Lei 9.430/96. A verificação de dedutibilidade de tais valores está sujeita à norma contida no art. 299 do RIR/99. O sacrifício de parcela do crédito em repactuação, visando ao recebimento do montante remanescente, é manobra típica e Fl. 5400DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.401 57 inerente à atividade operacional das Instituições Financeiras, possuindo notória usualidade e normalidade. Como se observa, a jurisprudência reconhece a incidência do art. 299 do RIR/99 para a verificação de dedutibilidade de despesas originárias de descontos concedidos na renegociação de créditos deficitários com a de Instituições Financeiras, sendo inerente a atividade produtora da companhia. Assim, uma vez caracterizada a natureza das despesas glosadas como despesas operacionais e, portanto, necessárias, usuais e normais à atividade da empresa, entendo que são dedutíveis, nos termos 299 do RIR/99, devendo ser afastado os arts. 9 a 12 da Lei nº 9.430/96. Portanto, as glosas das despesas referentes ao anexo I deve ser cancelada. Da Dedutibilidade das Despesas de Comissão Decorrentes de Ajuste (item 4 do TVF – Infração nº 3) Conforme TVF, o agente fiscal pediu explicações a Recorrente no tocante as despesas deduzidas a título de: despesas de serviços de terceiros – Comissões conta 8.1.7.57.00.4.5016 no valor de R$ 20.698.752,85 e Comissão de prestadora ou promotora – conta 8.1.7.00.4.5210 no valor de R$ 96.585.033,41, perfazendo um total de R$ 117.283.786,26. A Recorrente informou que: “O Banco Pan, para o exercício da sua atividade de intermediação financeira utilizase dos serviços contratados através de parceiros e correspondentes bancários, uma vez que o Banco não possui agências bancárias com atendimento ao público. A remuneração destas empresas foram registradas nas contas 8.1.7.00.4.501.6 e 8.1.7.00.4.521.0. As referidas despesas são operacionais, sendo necessárias para a manutenção das atividades do Banco Pan. Assim, o embasamento legal da dedutibilidade destas despesas estão previstas no Art. 299, § 1º e 2º do Decreto 3.000/99 (RIR/99)." Adiante informou que essas despesas de comissão são apropriadas através de rateio, “Os valores das despesas são registrados a provisão de seus pagamentos e o valor mensal apropriado é conforme prazo dos contratos objeto desta comissão”. Com efeito, o fiscal solicitou a apresentação da escrituração relativa à contrapartida da apropriação das despesas, bem como a memória de cálculo relativa ao ajuste em questão. Em resposta à intimação fiscal, a Recorrente apresentou cópia dos razões das contas de ativo do grupo “Despesas Antecipadas” de nºs. 1.9.9.10.00.2.805.0 “Retorno a Lojista” e 1.9.9.10.00.2.810.7 “Franquias” e esclareceu: “Em atendimento do Item 7 esclarecemos que na resposta encaminhada no dia 22.01.2014 em atendimento ao item 04 foi informado que as contas contábeis 8.1.7.00.4.501.6 e 8.1.7.00.4.521.0 não são registrados os pagamentos aos beneficiários, uma vez que os registros nestas contas ocorrem no formato de apropriação mensal de despesa, salvo exceções. Os valores de R$ 20.698.752,85 e Fl. 5401DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.402 58 R$ 96.585.033,41 foram registrados nestas contas após confrontação dos valores apropriados nos meses de setembro/2010 e novembro 2010 sendo identificadas as respectivas diferenças e apropriadas. Encaminhamos arquivos contendo planilhas dos respectivos meses sendo possível identificar as diferenças citadas.” No TVF consta que são três as planilhas mencionadas e indicam para a data de 30 de novembro de 2010 quais contratos e respectivos valores de despesas a apropriar que supostamente deveriam permanecer registrados no ativo, sendo a diferença em relação ao saldo contábil destas contas lançada a título de ajuste, conforme quadro a seguir: Todavia, uma vez que tais ajustes decorrem de falhas saneadas mediante a operação de socorro destinada a preservar a estabilidade do mercado, o Fisco entendeu ser incorreto o procedimento adotado pela Recorrente ao lançar os ajustes de despesas de comissões no valor de R$ 117.283.786,26 contra o resultado do exercício e não contra o patrimônio líquido. Isso porque, as retificações das inconsistências foram suportadas mediante o aporte de recursos que teve por objeto a conta "recuperação de despesas" a fim de neutralizar o impacto no PL e recompor o patrimônio de referência, conforme exigência do Banco Central do Brasil. Ainda assim, o fiscal entendeu que tais despesas não se revestem de usualidade ou normalidade que são prérequisito para a admissão de sua dedutibilidade à medida que se referem ao item com falhas, bem como ter como contrapartida o Patrimônio líquido e não o resultado do exercício. Por fim, alega não ter documentação suporte do efetivo pagamento das despesas, ante a ausência de identificação dos contratos relativo as despesas incorridas, com a contraprestação dos serviços e seu efetivo pagamento, nos termos do art. 923 do RIR//99. Ademais, a não identificação dos contratos implicou a inobservância do princípio da competência. Todavia, a Recorrente rebate tais argumentos, destacando um equívoco de premissa, a qual foi objeto do PTA nº 16327.721631/201346, impugnado pela Recorrente e que atualmente aguarda julgamento neste Colegiado. Nesse ponto, a Recorrente aponta as premissas que balizaram a glosa da despesa com comissões: “4.2.1 Da neutralidade econômicofinanceira dos ajustes da ordem de R$ 4,3 bilhões realizados em novembro de 2010, em função de depósito de antigos acionistas controladores.” (fls. 56/57 do TVF); “4.2.2 Impossibilidade de dedução de despesas não revestidas do caráter de usualidade e normalidade.” (fls. 57/58 do TVF); e “4.2.3 Da impossibilidade de dedução de despesas apuradas mediante “diferença de saldos contábeis”. (fls. 58/60 do TVF). Fl. 5402DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.403 59 A Recorrente faz uma breve contextualização, para o período em que o grupo estava sob a gestão do seu antigo controlador (Grupo Silvio Santos), destacando que após a descoberta das inconsistências contábeis, por meio da inspeção do Banco Central, houve a renúncia do Conselho de Administradores, sendo eleita nova diretoria em maio de 2011 pelos atuais controladores da companhia (BTG e CAIXAPAR). Tendo nesse ínterim uma administração transitória, eleita pelo antigo controlador em conjunto com a CAIXAPAR. Para fins ilustrativos, vejamos o excerto abaixo: "Assim, os períodos de gestão do Recorrente podem ser resumidos da seguinte forma: (i) Antiga Administração: Grupo Silvio Santos, que perdurou até outubro de 2010; (ii) Administração de Transição: eleita ainda pelo antigo controlador e pela CAIXAPAR, após determinação do BACEN, que perdurou de novembro de 2010 a abril de 2011; e (iii) Nova Administração: indicada e eleita pelos novos controladores, CAIXAPAR e BTG, com vigência a partir de maio de 2011." Feita essa introdução, a Recorrente aduz que a despesa com comissão em comento nada tem a ver com fraude ou desfalque financeiro ocorrido. Esta decorreu do exercício de suas atividades operacionais. Vejamos: Deveras, é preciso que fique claro que a inconsistência contábil verificada no Recorrente, que dentre outras perdas compreende a despesa com comissão indevidamente glosada pela Fiscalização, amplamente divulgada ao mercado e que implicou, inclusive, na inspeção e acompanhamento do BACEN, ocorreu pela “ocultação” dos prejuízos, geração de “ativos inexistentes” e “passivos não reconhecidos” nas suas demonstrações contábeis, gerando três efeitos nefastos à instituição: (i) a tributação indevida de receita em excesso, na verdade inexistente; (ii) a não contabilização de despesas existentes e efetivamente dedutíveis; e (iii) o desequilíbrio do patrimônio líquido da instituição pelo não reconhecimento de prejuízos acumulados. Ou seja, a Antiga Administração do Recorrente pretendeu ocultar de seus investidores e do próprio mercado que no exercício de suas atividades estava gerando resultados negativos. Assim, deve ser destacado que apenas o Fisco não sofreu qualquer perda por meio da referida ocultação, uma vez que a declaração de lucros, ao invés do reconhecimento de prejuízos, implicou no recolhimento de tributos sobre tais resultados, quando na verdade não havia sequer bases positivas a serem oferecidas à tributação nos anos afetados pelas inconsistências contábeis. Deste modo, o intuito dos atos praticados pela Nova Administração do Recorrente, após a constatação dessas omissões, foi restabelecer a realidade contábil e fiscal da instituição, realidade esta que foi iniciada desde a implementação da Administração Transitória, de modo a resguardar os interesses dos clientes, depositantes, fornecedores, colaboradores e acionistas do Banco, buscando inclusive a higidez de suas demonstrações fiscais. Com efeito, quando da descoberta das inconsistências contábeis, procurouse, num primeiro momento, apurar os prejuízos contábeis na instituição, já que estes prejuízos haviam sido ocultados das demonstrações contábeis dos exercícios anteriores a novembro de 2010, para posteriormente, após uma revisão detalhada dos atos, alocar tais prejuízos aos seus respectivos anoscalendário. Fl. 5403DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.404 60 Assim, é patente que os procedimentos adotados pela Nova Administração do Recorrente têm respaldo pela própria auditoria realizada quando da interveniência do BACEN, por meio da qual se identificou a prática de omissão de prejuízos. Esse fato levou o Recorrente a realizar trabalhos específicos para identificar e implementar a correção dos registros contábeis para acerto das declarações fiscais da instituição. Dessa forma, a Recorrente, buscou sanar as suas insubsistências de ativos, com o intuito de gerar resultados positivos em exercícios futuros, bem como efetuar as retificações de suas obrigações acessórias, de forma a reconhecer os prejuízos fiscais apurados neste período (2008 a 2010). Foi então que houve em 2010, um aporte de recursos de seu controlador, visando restabelecer o equilíbrio patrimonial da companhia. Registrase que tal aporte não possui o efeito de recuperação de despesa, mas sim de um reforço patrimonial para sanar seus prejuízos. Nesse ponto, a Recorrente destaca: Destaquese: ao que parece, a Turma Julgadora entendeu que o Recorrente teria afirmado que os aportes teriam natureza de aumento de capital, o que demandaria o cumprimento de formalidades legais, como tal Ata de Assembleia Geral. Entretanto, o Recorrente sempre demonstrou que os registros em comento “equivalem” (são “similares”) a um aporte de capital. (...) Portanto, no caso sob exame, o Antigo Acionista controlador, ao concretizar o aporte de recursos no Recorrente e publicar o já mencionado “Fato Relevante”, deixou claro que sua intenção não era a de obter o resgate imediato de seus recursos. O que fez foi valerse do instituto legal do “depósito de acionista” (mais prático e sem reflexos na composição societária) para conferir aos seus recursos aportados o mesmo efeito que se esperaria de um formal aumento de capital. Com efeito, é patente que a real intenção das partes, já que esse investimento visou a manutenção da atividade operacional da instituição com expectativas de futuros ganhos e retornos financeiros com esse procedimento. Ademais, relevante ressaltar o Parecer Normativo CST nº 04/81 (doc. 09 da Impugnação), que, além de (i) caracterizar o aporte realizado por meio de depósito de acionistas, como um aumento de capital, também dispõe que (ii) tais valores não transitam pelo resultado da investida e (iii) não prejudicam o aproveitamento de prejuízos fiscais, vejase: (..) O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais confirmou essa posição, como se infere do voto proferido no acórdão nº 1301000.750, proferido em 23/11/2011: “Como visto acima, tratase, em última análise, de absorção de prejuízo à conta de sócio, que a jurisprudência deste Conselho reconhece não representar ganho tributável, valendo mencionar os acórdãos 10806.493, de 19/04/2001, e 107 09.575, de 16 de dezembro de 2008, a conferir: (...) Acórdão 10709.575 Fl. 5404DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.405 61 Ementa: ‘EFEITOS TRIBUTÁRIOS RECURSO DE OFICIO A absorção de prejuízos contábeis mediante débito a conta na qual estejam registradas dividas da sociedade para com sócio equivale a uma injeção de capital, não implica perdão das dívidas e não gera ganho financeiro tributável. Relatório: (...) As razões do Relator, acompanhado a unanimidade pela Turma julgadora, podem ser assim sintetizadas: Ante o exposto, considerando a natureza do ato praticado (crédito a conta de sócio/acionista), tornase imperioso dar o mesmo tratamento fiscal correspondente ao aumento de capital social, fato reconhecido pela própria Administração Tributária por meio do Parecer Normativo CST nº 04/81 e reiteradamente confirmado pelo antigo Conselho de Contribuintes e atual CARF, devendo ser cancelada a glosa em questão Com base no exposto, verificase que não de se confundir o patrimônio do antigo controlador com a da Recorrente, sob pena de ferir o princípio da entidade. Isso porque as perdas decorrentes das inconsistências contábeis do antigo controlador, não se remonta ao novo controlador" Ademais, frisou que tais despesas são operacionais e efetivamente suportadas em razão de suas atividades, conquanto que por ser uma instituição financeira e sociedade anônima, está usualmente sujeita ao reconhecimento de diversas despesas características, como, por exemplo, os pagamentos de comissões a seus parceiros e correspondentes bancários, os quais estão estritamente relacionados à sua própria atividade e ao risco que é inerente ao seu ramo de negócio. A este respeito, a Recorrente esclarece: Pontuese que tais comissões eram pagas aos seus parceiros e correspondentes bancários no momento da contratação de uma determinada operação de crédito por eles intermediada, pagamento registrado pelo Recorrente como despesas antecipadas, as quais eram apropriadas mensalmente conforme o prazo dos contratos objetos daquela comissão. Assim, evidenciase que as despesas com comissões que impactaram na formação do prejuízo fiscal e da base negativa no anocalendário de 2010 pela exclusão das inconsistências contábeis de sua escrita fiscal, decorreram da atividade operacional do Recorrente, motivo pelo qual representam, inegavelmente, despesas de natureza operacional, e não de fraude como afirmado pela Fiscalização e pela Turma Julgadora. Em outras palavras, o prejuízo fiscal e a base negativa reconhecidos pelo Recorrente no ano de 2010 não decorreram de fraude ou desfalques financeiros, como afirmado pelo Sr. Auditor Fiscal e pela Turma Julgadora da DRJ, mas sim de suas atividades operacionais, que se tornaram deficitárias pela prevalência de despesas (dentre elas as de comissões) sobre as receitas e eram indevidamente omitidas pela sua Antiga Administração. Com efeito, os ajustes realizados pelo Recorrente apenas corrigiram inconsistências contábeis registradas em sua escrituração contábil original, ou seja, eliminaram os lançamentos que não retratavam a realidade dos resultados auferidos pela instituição em suas operações necessárias, normais e usuais à manutenção da sociedade. Fl. 5405DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.406 62 Disso decorre que as perdas operacionais sofridas pelo Recorrente são plenamente dedutíveis, tanto que o próprio BACEN, órgão que compõe a Administração Pública e regulador das instituições financeiras, apurou a omissão dessas perdas, implicando na necessidade de reforço no patrimônio líquido pelo não reconhecimento desses resultados negativos. Com base nos autos e a documentação apresentada em impugnação (doc. 11 da Impugnação), entendo que as despesas com comissões são perdas operacionais, e está relacionada a sua fonte produtora. Ainda, como bem ponderou a Recorrente, a apuração das despesas mediante a diferença de saldos contábeis é instrumento necessário, visto que a apropriação mensal não foi realizada pela antiga Administração como devido. Nesse mister, entendo que a despesa efetivamente incorrida não pode ser inviabilizada posteriormente pela nova Administração, dada a situação fática da Recorrente, a qual foi acompanhada pelo Banco Central e auditores independentes, o que se admite legalmente, nos termos do art. 146 da Lei. 13.097/2015, in verbis: “Art. 146. Os valores registrados como despesas ou perdas pelas instituições financeiras por determinação ou em observância às normas editadas pelo Banco Central do Brasil, durante o período em que estejam sob intervenção ou liquidação extrajudicial, na forma da Lei nº 6.024, de 13 de março de 1974 (LGL\1974\9), ou sob regime de administração especial temporária, na forma do DecretoLei nº 2.321, de 25 de fevereiro de 1987 (LGL\1987\5) , ou, ainda, em processo de saneamento conforme previsto no art. 5º da Lei 9.447, de 14 de março de 1997, podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido obedecido o regime de competência, desde que sua dedutibilidade seja autorizada pela legislação do imposto sobre a renda e da contribuição social sobre o lucro líquido”. Portanto, não há qualquer óbice quanto ao procedimento adotado pela Recorrente, a qual logrou êxito em comprovar a sua efetividade, bem como demonstrar sua natureza operacional, devendo, portanto, ser cancelado a pretensão fiscal nesse ponto. Multa Isolada A fiscalização verificou a insuficiência/falta de pagamento dos valores de IRPJ e CSLL devidos por estimativa, após o término do anocalendário e aplicou a multa de ofício isolada de 50% aplicada sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos, conforme o comando do art. 44 da Lei n° 9.430/1996. Pois bem, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.430/96, a pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real pode optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada. Findo o anocalendário, as estimativas não pagas não podem mais ser exigidas pelo Fisco. A partir desse momento, somente compete à autoridade autuante exigir a penalidade prevista no artigo 44, II, da Lei nº 9.430/96, o qual estabelece a aplicação de multa isolada de 50% sobre o valor da estimativa mensal não recolhida, ainda que tenha sido apurado Fl. 5406DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.407 63 prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a CSLL no anocalendário correspondente. Vejamos: Pois bem, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.430/96, a pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real pode optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada. Findo o anocalendário, as estimativas não pagas não podem mais ser exigidas pelo Fisco. A partir desse momento, somente compete à autoridade autuante exigir a penalidade prevista no artigo 44, II, da Lei nº 9.430/96, o qual estabelece a aplicação de multa isolada de 50% sobre o valor da estimativa mensal não recolhida, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a CSLL no anocalendário correspondente. Vejamos: "Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §* 1° As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro liquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro liquido, no anocalendário correspondente; (grifouse)." Foi dessa forma que agiu o Auditor Fiscal, o qual cominou tão somente a multa isolada sobre o valor das estimativas não pagas. Ocorre que a Recorrente alega que, o fato jurídico tributário do IRPJ e da CSLL é anual, o que equivale dizer que somente em 31 de dezembro de cada anocalendário é que se tem a base de cálculo definitiva para apuração desses tributos. Dessa forma, os recolhimentos efetuados com base na estimativas antes do encerramente do períodobase configuram mera antecipação do tributo. Concluindo que o Fisco somente poderia exigir a falta de recolhimento ou a insuficiência do tributo, com base em estimativas mensais, antes do término do anobase. No caso concreto, a autuação ocorreu após o encerramento do anobase, isto é, quando já se conhece o montante efetivo do tributo devido ou do prejuízo apurado, o que prejudica a exigência da multa isolada. Fl. 5407DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.408 64 Pois bem. Os argumentos trazidos pela Recorrente devem prosperar na medida em que improcede a aplicação da multa isolada com base na estimava quando a fiscalização a apura após o encerramento do exercício. Nesse ponto, vale destacar que a matéria já foi objeto de súmula deste colegiado, conforme a Súmula 82, in verbis: “Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas” Entendo, portanto, que deve ser cancelada a exigência da multa isolada por falta de estimativas., uma vez Da Necessidade do Restabelecimento dos Saldos de Prejuízo Fiscal e Base Negativa de CSLL A Recorrente requer seja restabelecido os saldos de prejuízo fiscal e base negativa, com o cancelamento do lançamento fiscal, uma vez que demonstrada a legalidade das deduções das despesas dos tópicos acima. Isto posto, uma vez que as infrações foram parcialmente canceladqs nos autos de infração em referência, há de se ajustar o prejuízo fiscal e na base de cálculo negativa na parte que foi reconhecida as despesas, visto que devem ser alterados os registros contábeis, o LALUR e o Demonstrativo de Apuração de Base de Cálculo negativo da CSLL do ano calendário de 2010 apenas na parte não reconhecida. Dessa forma, como o agente fiscal balizou o lançamento fiscal com base em ajustes (fls. 350/351), os quais persistem parcialmente em virtude do cancelamento parcial das infrações do Auto de Infração , devemse, portanto, ser restabelecidos os registros dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL realizados pela Recorrente., na parte que foi reconhecido as despesas, nos termos acima. Conclusão Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para; rejeitar a preliminar de nulidade e no mérito, dar parcial provimento, devendo, por conseguinte, ser restabelecido os saldos de prejuízo fiscal e base negativa de CSLL, na parte ora reconhecida. É como voto (assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Fl. 5408DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.409 65 Voto Vencedor Conselheiro Roberto Silva Junior Redator Designado Acompanho, em quase todos os pontos, o voto do ilustre Conselheiro Relator, mas ouso divergir quanto à regularidade da dedução de alguns valores, que, sendo considerados como perdas no recebimento de créditos, foram excluídos pela recorrente da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, a despeito de não estarem presentes os requisitos estabelecidos no art. 9º da Lei nº 9.430/1996. A questão envolve especificamente a perda dos seguintes créditos: R$ 86.932,44, R$ 62.131,46 e R$ 151.839,88, totalizando R$ 300.903,78. Tais perdas foram deduzidas para fins tributários, sem que houvesse ação previamente ajuizada para recebimento dos respectivos valores, em ofensa direta ao art. 9º, § 1º, da Lei nº 9.430, assim redigido ao tempo do fato gerador: Art. 9° As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. § 1o Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; c) superior a R$ 30.000t00 (trinta mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento; III com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; IV contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica declarada concordatária, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no § 5o. A recorrente alegou que tais despesas seriam necessárias, usuais e normais à atividade exercida e à manutenção da fonte produtora das receitas; portanto, dedutíveis do IRPJ Fl. 5409DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.410 66 e da CSLL, na forma do art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda RIR. Ademais, os requisitos do art. 9º da Lei nº 9.430 estariam voltados a disciplinar a dedutibilidade de créditos de liquidação duvidosa, e não a hipótese de perdas definitivas, como a dos créditos em exame. No caso, não se teria uma perda provável, mas definitiva, em face de negociações pelas quais se concederam abatimentos dos valores originais das dívidas, viabilizando a liquidação dos débitos. Nesse sentido, o valor da redução é uma perda definitiva, cuja dedutibilidade não se sujeita aos requisitos do art. 9º da Lei nº 9.430, mas apenas ao disposto no art. 299 do RIR. É certo que as disposições do art. 9º da Lei nº 9.430 alcançam apenas às perdas provisórias; e, tendo aplicação restrita, não condicionam a dedução de perdas definitivas de créditos. Todavia, no caso em exame, as perdas não tinham, em 2010, a característica da definitividade. O Termo de Verificação Fiscal TVF, no quadro de fl. 332, relaciona os direitos de crédito para os quais inexistia ação judicial em curso, em 31 de dezembro de 2010. Consta do TVF a seguinte observação: Com base nas documentações e informações de medidas judiciais prestadas pelo PANAMERICANO em planilha, procedemos à análise da efetividade de existência de medidas judiciais ativas em 31 de dezembro de 2010, inclusive com pesquisa em informações disponíveis pela internet nos respectivos Tribunais de Justiça e constatamos para alguns casos que as medidas judiciais indicadas não estavam ativas em 31 de dezembro de 2010, seja por trânsito em julgado, desistência, abandono ou impetração após 31 de dezembro de 2010, conforme tabela a seguir: (g.n.) (fl. 332) No que tange aos créditos aqui examinados (R$ 86.932,44, R$ 62.131,46 e R$ 151.839,88), consta a seguinte observação: MEDIDA JUDICIAL POSTERIOR 31/12/2010. Ora, a existência de medidas judiciais posteriores ao ano de 2010 é prova de que em dezembro daquele ano não eram ainda definitivas as perdas de crédito e, por esse motivo, não poderiam ser deduzidas do IRPJ, nem da CSLL sem observância dos requisitos do art. 9º da Lei nº 9.430. Além disso, a recorrente não demonstrou que, em relação àqueles três créditos, houve efetiva negociação com os credores, concedendolhes descontos para viabilizar a liquidação das dívidas. No recurso não há menção a qualquer documento que pudesse comprovar a existência da negociação; do valor do desconto passível de ser deduzido como perda; e do pagamento do valor negociado. Portanto, estão ausentes, no caso em exame, as condições de dedutibilidade das perdas de crédito. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso no que concerne à glosa de R$ 300.903,78. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 5410DF CARF MF Processo nº 16327.720092/201590 Acórdão n.º 1301002.606 S1C3T1 Fl. 5.411 67 Fl. 5411DF CARF MF
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