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Numero do processo: 19515.003227/2009-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Presumem-se oriundos de receitas omitidas os recursos depositados em contas correntes bancárias de titularidade do sujeito passivo quando este, regularmente intimado para tanto, deixa de comprovar a sua origem.
LANÇAMENTO.
Verificada omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão (art. 24 da Lei nº 9.249/95). Neste sentido, em caso de apuração de lucro real, a autoridade tributária deverá levar em consideração o prejuízo fiscal informado pelo sujeito passivo relativamente ao período em que verificada a omissão de receita, bem como promover a compensação de prejuízos fiscais de períodos anteriores.
Numero da decisão: 1201-001.196
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito do sujeito passivo quanto à compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativa da contribuição social, nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: MARCELO CUBA NETTO
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Presumemse oriundos de receitas omitidas os recursos depositados em contas correntes bancárias de titularidade do sujeito passivo quando este, regularmente intimado para tanto, deixa de comprovar a sua origem. LANÇAMENTO. Verificada omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão (art. 24 da Lei nº 9.249/95). Neste sentido, em caso de apuração de lucro real, a autoridade tributária deverá levar em consideração o prejuízo fiscal informado pelo sujeito passivo relativamente ao período em que verificada a omissão de receita, bem como promover a compensação de prejuízos fiscais de períodos anteriores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito do sujeito passivo quanto à compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativa da contribuição social, nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente e Relator Participaram do presente julgado os Conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado, Roberto Caparroz de Almeida e Ester Marques Lins de Sousa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 32 27 /2 00 9- 81 Fl. 528DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 1627.074, exarado pela 7ª Turma da DRJ em São Paulo SP. Conforme relatado em seu termo de verificação fiscal, a autoridade administrativa acusa a contribuinte de haver omitido receitas no anocalendário de 2005. Explica que, intimada para tanto, a fiscalizada não logrou êxito em comprovar a origem de parte dos recursos depositados em suas contas correntes bancárias (fl. 133 e ss.). Inconformada com a autuação a contribuinte propôs impugnação ao lançamento sob as seguintes alegações, em síntese (fl. 174 e ss.): a) que a empresa paralisou suas atividades em 2002 e, conforme informado à fiscalização, a movimentação financeira havida em suas contas correntes bancárias no ano de 2005 tem origem em valores emprestados pelos sócios, em levantamento de depósitos judiciais devidamente autorizado, e em transferências entre contas de mesma titularidade; b) que os ingressos acima mencionados sequer caracterizam renda, acréscimo patrimonial ou faturamento, daí porque não há que se falar em omissão de receitas; c) a origem dos recursos depositados encontrase devidamente comprovada, conforme demonstrativos que fazem parte da peça recursal; d) a multa de ofício imposta (75%) viola os princípios constitucionais da proporcionalidade e do não confisco. Apreciadas as razões de defesa a DRJ de origem julgou improcedente a impugnação em acórdão assim ementado (fl. 346 e ss.): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITA. RECEITA BRUTA NÃO DECLARADA. PRESUNÇÃO LEGAL APURADA COM FULCRO EM EXTRATOS BANCÁRIOS. INVERSÃO DO ÔNUS DE PROVA. COMPROVAÇÃO. VERDADE MATERIAL. É legítima a lavratura de lançamento mediante aplicação da presunção legal de omissão de receita fixada pelo dispositivo legal previsto no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, na hipótese em que o sujeito passivo, regularmente intimado, não apresente prova em contrário apoiada por meio de documentação hábil e idônea, visando esclarecer a origem de recursos financeiros creditados e/ou depositados em conta de depósito ou de investimento de sua titularidade. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS/COFINS/CSLL. Fl. 529DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 4 3 A decisão pertinente ao lançamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) deve nortear as inferências correlatas aos autos de infração decorrentes, tendo em vista que provêm elementos de prova idênticos. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário pedindo, ao final, a reforma da decisão de primeira instância reproduzindo as razões já expostas na impugnação, acrescentando ainda que da base de cálculo apurada devem ser excluídos R$ 80.000,00, haja vista o disposto no art. 4º da Lei nº 9.481/97 (fl. 378 e ss.). Ao apreciar as razões de defesa esta Turma resolveu converter o julgamento em diligência, nos seguintes termos: Tendo em vista todo o exposto, voto por converter o julgamento em diligência a fim de que: a) seja esclarecido se a fiscalização considerou, ou não, custos e despesas eventualmente incorridos pela contribuinte no ano de 2005, bem como seja anexado aos autos cópia dos respectivos documentos, se houver; b) seja anexada aos autos cópia integral da DIPJ relativa ao ano de 2005; (...) A autoridade diligenciante acostou aos autos a DIPJ referente ao ano de 2005 bem como relatou, entre outras coisas, o seguinte: O regime de tributação do IRPJ utilizado na autuação fiscal, foi aquele adotado pelo contribuinte em sua DIPJ do ano calendário de 2005. Isto porque, de um total de R$ 10.282.303,44 referentes a depósitos/créditos bancários efetuados nas contas bancárias do contribuinte, que foram analisados pela fiscalização, apenas R$ 1.404.164,35 (13,7%) não tiveram suas origens comprovadas; e portanto, julgouse que não seria suficiente para desclassificar a contabilidade e arbitrar o lucro da empresa, resultante de 100% de suas operações praticadas no anocalendário de 2005. Entendemos inexistir previsão legal para arbitrar o lucro da empresa neste caso, pois em função de uma parcela pequena de receita omitida pelo contribuinte, estaríamos modificando o regime de tributação da empresa como um todo, abrangendo todas as suas operações. (...) Voto Conselheiro Marcelo Cuba Netto, Relator. 1) DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO Fl. 530DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 5 4 O recurso atende aos pressupostos processuais de admissibilidade estabelecidos no Decreto nº 70.235/72 e, portanto, dele devese tomar conhecimento. 2) DA OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA A exigência fiscal teve como fundamento o art. 42 da Lei nº 9.430/96, que assim estabelece: Art.42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) No caso, a autoridade tributária acusa a contribuinte de, apesar de intimada para tanto, haver deixado comprovar a origem de depósitos realizados em contascorrentes bancárias de sua titularidade, conforme trecho do TVF a seguir transcrito (fl. 135): Em 29/06/2009, o sujeito passivo protocolou junto a esta fiscalização (fls. 95 a 98), resposta à intimação fiscal a fim de comprovar a origem dos valores creditados/depositados em suas contas correntes no Bradesco. Entretanto, de um total de R$ 10.282.303,44, referente a créditos efetuados em suas contas correntes, sujeitos à comprovação de suas origens perante esta fiscalização, restou R$ 1.404.164,35 de créditos os quais o sujeito passivo não comprovou satisfatória e documentalmente suas origens, inclusive não comprovando suas alegações de que esses valores fossem oriundos de transferências de outra conta bancária da empresa ou aportes feitos pelos próprios sócios, os quais estão detalhados em planilha específica demonstrativa (fls. 130 a 132). Portanto, o total de créditos/depósitos bancários de origens não comprovadas pelo sujeito passivo foi de R$ 1.404.164,35, constituindose em base de lançamento do crédito tributário objeto deste Auto de Infração, a título de Omissão de Receitas. (...) Em sua defesa a interessada alega que os depósitos questionados pela fiscalização têm origem em empréstimos concedidos pelos sócios, bem como em transferências havidas entre contascorrentes de titularidade da empresa, conforme documentos de fl. 204 e ss. Ocorre que, com vistas a comprovar os alegados empréstimos concedidos pelos sócios, a interessada junta instrumentos de contratos de mútuo. Referidos documentos, todavia, não são hábeis a comprovar os alegados mútuos uma vez que assinados por pessoas que possuem interesse comum em afastar a exigência fiscal, quais sejam, o sócio e a sociedade. De se observar, ainda, que há nesses contratos ao menos uma incongruência com aquilo que tem sido enfaticamente afirmado pela recorrente. De fato, embora conste nos Fl. 531DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 6 5 contratos de mútuo a informação de que o empréstimo visa suprir as necessidades de giro normal das atividades da empresa, a recorrente tem reiteradamente afirmado que desde 2002 encontrase inativa. Quanto à comprovação das alegadas transferências entre contas da mesma titularidade, apenas o livro Razão foi apresentado como prova. E, como é cediço, a comprovação deveria ser lastreada em extrato da contacorrente de origem do depósito. Argumenta também a contribuinte que depósitos bancários não podem ser tidos, a priori, como renda, cabendo ao Fisco demonstrar a vinculação entre os depósitos e as receitas auferidas pela empresa. Também aqui não assiste razão à defesa. Conforme estabelecido no art. 42 da Lei nº 9.430/96, são considerados receita omitida os depósitos bancários cuja origem não houver sido comprovada pelo sujeito passivo. Referida norma institui uma presunção relativa, cujo efeito prático é a inversão do ônus da prova. Em outros termos, caberá ao sujeito passivo, e não ao Fisco, provar a origem dos depósitos bancários. Enquanto a contribuinte não se desincumbir desse ônus, o Fisco deverá legalmente presumir que tais depósitos têm origem em receitas omitidas. Por fim, alega também a recorrente que a fiscalização deixou de observar os limites referidos no inciso II do parágrafo 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96, alterados pelo art. 4º da Lei nº 9.481/97, in verbis: Lei nº 9.430/96 Art. 42. (...) (...) §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: (...) II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (...) Lei nº 9.481/97: Art. 4º Os valores a que se refere o inciso II do § 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a ser de R$ 12.000,00 (doze mil reais) e R$ 80.000,00 (oitenta mil reais), respectivamente. (...) Fl. 532DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 7 6 Ocorre que, conforme dicção expressa ali contida, o referido inciso II do parágrafo 3º do art. 42 da Lei nº 9.430/96 alcança apenas os contribuintes pessoas físicas, e não as pessoas jurídicas. 3) DA APURAÇÃO DO RESULTADO TRIMESTRAL O IRPJ e a CSLL foram lançados pela autoridade tributária com base no lucro real trimestral. A respectiva DIPJ, entretanto, não havia sido juntada aos autos. Tendo em vista que a recorrente vinha afirmando que desde o ano de 2002 encontravase inativa, e uma vez que o lançamento reportavase a fatos ocorridos no ano de 2005, esta Turma resolveu converter o julgamento em diligência a fim de que a fiscalização juntasse a mencionada DIPJ e esclarecesse se havia levado em consideração os custos e despesas eventualmente incorridos pela empresa no ano de 2005. Pois bem, pelo exame da DIPJ anexada pela autoridade diligenciante é possível verificar que a contribuinte apurou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL nos quatro trimestres de ano de 2005. Ademais, pelo exame do TVF e dos autos de infração do IRPJ e da CSLL, é possível constatar que a autoridade tributária não levou em consideração tais resultados negativos no lançamento daqueles tributos. Isso posto, devese agora considerálos. 4) DA MULTA DE OFÍCIO Alega a recorrente que a multa de ofício de 75% sobre o valor dos tributos lançados é confiscatória e desproporcional. Em razão de o argumento da defesa estar fundado na arguição de constitucionalidade do art. 44 da Lei nº 9.430/96, base legal da multa de ofício imposta, essa Turma não detém competência para apreciálo, haja visto o disposto no art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e na Súmula nº 2 do CARF, que assim estabelecem: Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) Súmula nº 2 do CARF (DOU de 09/12/2010) O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 5) CONCLUSÃO Fl. 533DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO Processo nº 19515.003227/200981 Acórdão n.º 1201001.196 S1C2T1 Fl. 8 7 Tendo em vista todo o exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário para: a) manter integralmente os lançamentos do PIS/Cofins; b) considerar no cálculo do IRPJ e da CSLL: (i) o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL apurados pela contribuinte em sua DIPJ/2006, e; (ii) a compensação de prejuízos e bases negativas da contribuição de trimestres anteriores a que tem direito a contribuinte, conforme demonstrativo abaixo: Período Base de Cálculo Apurada pela Fiscalização Resultado Fiscal Informado na DIPJ/2006 Base de Cálculo do IRPJ e da CSLL Antes da Compensação de Resultados Negativos de Períodos Anteriores Compensação de Prejuízos e Bases Negativas de Períodos Anteriores (30%) Bases de Cálculo do IRPJ e da CSLL Mantidas 1º Trim. 2005 461.266,15 238.449,44 222.816,71 0,00 222.816,71 2º Trim. 2005 217.153,70 418.339,88 201.186,18 0,00 0,00 3º Trim. 2005 446.800,00 406.298,49 40.501,51 12.150,45 28.351,06 4º Trim. 2005 278.944,50 433.460,52 154.516,02 0,00 0,00 (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Fl. 534DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 05/01/2016 p or MARCELO CUBA NETTO
score : 1.0
Numero do processo: 10665.001191/2008-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 30/05/2008
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. CFL 34. LEGALIDADE.
Constitui infração ao Art. 32, II, da Lei 8.212/91 c.c. art. 225, II e §§ 13 a 17, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. 3.048/99, deixar a empresa de informar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, todos os fatos geradores, de forma discriminada, com histórico representativo da essência econômica da transação, de modo a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do salário-de-contribuição.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-004.037
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Maria Cleci Coti Martins Presidente-Substituta de Turma.
Arlindo da Costa e Silva Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente-Substituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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CFL 34. LEGALIDADE. Constitui infração ao Art. 32, II, da Lei 8.212/91 c.c. art. 225, II e §§ 13 a 17, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. 3.048/99, deixar a empresa de informar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, todos os fatos geradores, de forma discriminada, com histórico representativo da essência econômica da transação, de modo a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriode contribuição. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Maria Cleci Coti Martins – PresidenteSubstituta de Turma. Arlindo da Costa e Silva – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (PresidenteSubstituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 00 11 91 /2 00 8- 22 Fl. 71DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 2 Relatório Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004. Data da lavratura do AIOA: 30/05/2008. Data da Ciência do AIOA: 30/05/2008. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que julgou improcedente a impugnação oferecida pelo Sujeito Passivo do Crédito Tributário lançado mediante o Auto de Infração de Obrigação Acessória nº 37.024.3730, CFL 34, decorrente do descumprimento de obrigação acessória prevista no inciso II do art. 32 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 225, II e §§ 13 a 17 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99, lavrado em razão de o Autuado ter deixado de lançar, mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, no período auditado, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme descrito no Relatório Fiscal, a fls. 09/10. CFL 34 Deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. A multa foi aplicada de acordo com a cominação prevista nos artigos 92 e 102 ambos da Lei nº 8.212/91 c.c. artigos 283, II, "a" e art. 373 do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, reajustado nos termos da Portaria MPS/MF nº 77, de 11/03/2008, publicada no DOU de 12/03/2008. Informa a Fiscalização que a empresa foi autuada por não ter efetuado a contabilização de forma discriminada dos cheques escriturados na conta contábil 1.1.1.02.007 Banco CREDIBOM, uma vez que o termo utilizado é “cheques emitidos n/ data", não discriminando, cheque por cheque, a essência econômica da transação a que se referiam conforme cópias de folhas do livro Diário do ano 2004 registrado na JUCEMG sob o número 53.016.507, impossibilitando a identificação de forma “clara” e “precisa” dos cheques referentes a pagamentos efetuados a pessoas físicas e passíveis de serem consideradas bases de cálculos das contribuições previdenciárias. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 33/35. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG baixou o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora se pronunciasse a respeito de questões de fato arguidas pelo Sujeito Passivo em sede de defesa administrativa, conforme Despacho de Diligência a fls. 39/41. Em atendimento à diligência requestada, a Autoridade Lançadora emitiu Relatório Fiscal Complementar a fls. 42/43. Fl. 72DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10665.001191/200822 Acórdão n.º 2401004.037 S2C4T1 Fl. 71 3 Formalmente notificado do conteúdo do resultado da Informação Fiscal antes mencionada, a fl. 44, o Sujeito Passivo deixou transcorrer in albis o prazo que lhe fora assinalado, sem se manifestar nos autos do processo a respeito do resultado do incidente processual acima referido, conforme despacho a fl. 45. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG lavrou Decisão Administrativa aviada no Acórdão nº 0223.017 6ª Turma da DRJ/FNS, a fls. 46/50, julgando procedente o lançamento em debate e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 10/08/25009, conforme Aviso de Recebimento a fl. 59. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 60/64, respaldando sua inconformidade em argumentação desenvolvida nos seguintes elementos: · Nulidade do Auto de Infração em razão de a capitulação legal ser totalmente incompatível com a descrição sumária do Auto de Infração; · Que a sanção aplicada não decorre do mesmo elemento da caracterização da suposta infração; Ao fim, requer o cancelamento do Auto de Infração. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 4 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 10/08/2009. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 31/08/2009, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Assim, presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA ALEGADA NULIDADE O Recorrente alega nulidade do Auto de Infração em razão de a capitulação legal ser totalmente incompatível com a descrição sumária do Auto de Infração. Consta nos autos que a empresa efetuou, mediante cheques nominais, pagamentos a Segurados Contribuintes Individuais que lhe prestaram serviços, os quais não foram declarados nas respectivas GFIP. A empresa efetuou, igualmente, pagamentos de pro labore indireto, mediante cheques nominais à própria empresa, aos sócios e a pessoas jurídicas, sem comprovação das respectivas despesas, e não declarados em GFIP. Por não terem sido declaradas em GFIP, as contribuições sociais devidas, decorrentes de tais fatos geradores, houveramse por apuradas por intermédio dos Levantamentos abaixo discriminados, e lançadas na mesma ação fiscal mediante o Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.024.3722, objeto do Processo Administrativo Fiscal nº 10665.001190/200888. · PCI PAGAMENTO A CONTRIBUINTE INDIVIDUAL foram lançados os valores dos cheques nominais apresentados pela empresa, pagos a pessoas físicas que prestaram serviços a mesma não declarados em GFIP. · PLI – PRO LABORE INDIRETO estão lançados os valores dos cheques nominais à própria empresa, aos sócios e a pessoas jurídicas, sem comprovação da respectiva despesa não declarados em GFIP. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10665.001191/200822 Acórdão n.º 2401004.037 S2C4T1 Fl. 72 5 Tais pagamentos, seus beneficiários favorecidos, valor, nº do cheque e respectiva data de emissão encontramse discriminados por competência, um a um, a fls. 37/45 do PAF nº 10665.001190/200888, e cópia dos cheques a fls. 46/56 desse mesmo PAF. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade – CFC, a escrituração contábil deve ser executada com histórico que represente a essência econômica da transação. Todavia, fazendo tabula rasa das determinações do CFC, tais pagamentos foram lançados na conta contábil 1.1.1.02.007 Banco CREDIBOM, com a singela denominação “cheques emitidos n/ data” , sem especificar a essência econômica da transação a que se referem, tampouco o número do cheque, e muito menos os respectivos favorecidos. Ademais, conforme demonstrado nos autos do PAF nº 10665.001190/2008 88, um volume significativo desses títulos de crédito foi utilizado para pagamentos a Segurados Contribuintes Individuais, pelos serviços prestados à Recorrente, bem como para o pagamento de pro labore indireto, sem que tais pagamentos houvessem sido declarados em títulos próprios da contabilidade. Por outro viés, o inciso II do art. 32 da Lei nº 8.212/91, estatui a empresa é obrigada a lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, cometendo ao Poder Executivo a competência para regulamentar, mediante decreto, as usas disposições. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) Art. 103. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 60 (sessenta) dias a partir da data de sua publicação. Nesse esteira, o §13 do art. 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. 3.048/99, dispôs que o lançamento contábil deve registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriode contribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. Regulamento da Previdência Social Art. 225. A empresa é também obrigada a: (...) Fl. 75DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 6 II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (...) §13. Os lançamentos de que trata o inciso II do caput, devidamente escriturados nos livros Diário e Razão, serão exigidos pela fiscalização após noventa dias contados da ocorrência dos fatos geradores das contribuições, devendo, obrigatoriamente: I atender ao princípio contábil do regime de competência; e II registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do salário decontribuição, bem como as contribuições descontadas do segurado, as da empresa e os totais recolhidos, por estabelecimento da empresa, por obra de construção civil e por tomador de serviços. (grifos nossos) §14. A empresa deverá manter à disposição da fiscalização os códigos ou abreviaturas que identifiquem as respectivas rubricas utilizadas na elaboração da folha de pagamento, bem como os utilizados na escrituração contábil. Consoante relato assinado pela Autoridade Lançadora, em seu Relatório Fiscal Complementar, a fl. 42, “Da forma que foram contabilizados os valores, não é possível identificar de forma “clara” e “precisa” os cheques referentes a pagamentos efetuados a pessoas físicas e passíveis de serem consideradas bases de cálculos das contribuições previdenciárias, uma vez que, nem todo cheque emitido pela empresa foi considerado como base de cálculo das contribuições previdenciárias patronais”. Recordemos a descrição sumária do Auto de Infração em debate, consignada a fl. 03 DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA INFRAÇÃO E DISPOSITIVO LEGAL INFRINGIDO Deixar a empresa de Lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, conforme previsto na Lei nº 8.212, de 24.07.91, art. 32, II, combinado com o art. 225, II, e parágrafos 13 a 17 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 06.05.99. Conforme demonstrado, na descrição sumária do auto de infração consta consignado que a empresa deve lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, conforme previsto no art. 225, do Regulamento da Previdência Social, cujo §13 determina que o lançamento deve registrar, em contas individualizadas, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, de forma a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10665.001191/200822 Acórdão n.º 2401004.037 S2C4T1 Fl. 73 7 Resta, portanto, demonstrada a plena compatibilidade da capitulação legal do Auto de Infração em tela com a sua descrição sumária, motivo pelo qual rejeitamos a preliminar de nulidade suscitada. Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA CONDUTA INFRACIONAL O Recorrente alega que a sanção aplicada não decorre do mesmo elemento da caracterização da suposta infração. Não ? Conforme já salientado anteriormente, a Fiscalização apurou a efetiva ocorrência de Fatos Geradores de Contribuição Previdenciária, consistentes em pagamentos pela empresa a Segurados Contribuintes Individuais, mediante cheques nominais às Pessoas Físicas que lhe prestaram serviços, sem que tais fatos geradores houvessem sido declarados em títulos próprios da contabilidade, tampouco na GFIP, tendo sido lançados na conta contábil 1.1.1.02.007 Banco CREDIBOM, com a singela denominação “cheques emitidos n/ data”, sem especificar a essência econômica da transação a que se referiam, tampouco o número do cheque, e muito menos os respectivos favorecidos. Tratandose os pagamentos efetuados pela empresa a Pessoas Físicas em razão dos serviços que lhe foram prestados, sem vínculo empregatício, de Fatos Geradores de Contribuição Previdenciária, estes deveriam ter sido NECESSARIAMENTE lançados, nesta condição, em títulos próprios da contabilidade, com histórico que representasse a essência Fl. 77DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 8 econômica da transação, de modo a identificar, clara e precisamente, as rubricas integrantes e não integrantes do saláriodecontribuição. Mas assim não procedeu o Autuado. A conduta omissiva assim perpetrada pelo sujeito passivo representou ofensa ao dispositivo legal encartado no inciso II do art. 32 da Lei nº 8.212/91, combinado com inciso II e §§ 13 a 17 do art. 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Almejando brindar a máxima efetividade às obrigações acessórias ora ilustradas, o art. 92 do Pergaminho Legal em foco aviou norma sancionatória, prevendo a punição do Obrigado, em caso de infração de qualquer dispositivo da Lei de Custeio da Seguridade Social, cominandolhe penalidade pecuniária variável, de acordo com a gravidade da infração cometida, outorgando ao Poder Executivo a competência para a devida individualização da pena, a ser fixada em Regulamento. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Nessa esteira, o Poder Executivo, por intermédio do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, no exercício da competência que lhe fora atribuída pelo art. 92 da Lei nº 8.212/91, procedeu à individualização da penalidade a ser aplicada ao Infrator, em conformidade com a gravidade da infração cometida, na forma que se vos segue: Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862/2003) (...) II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: a) deixar a empresa de lançar mensalmente, em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; (grifos nossos) (...) Fl. 78DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10665.001191/200822 Acórdão n.º 2401004.037 S2C4T1 Fl. 74 9 Merece ainda ser enaltecido que o valor da penalidade imposta por intermédio do vertente Auto de Infração é único e indivisível, sendo o valor da multa a ele associado independente do número de infrações cometidas, bastando para a sua caracterização e imputação a ocorrência de uma única infração à Obrigação Tributária Acessória violada. É de sabença universal que inexiste neste Globo economia forte o suficiente capaz de manter sua Moeda Corrente a salvo da corrosão imposta pela inflação. Ante a iminência de tal fenômeno econômico, pautou por bem o Legislador Ordinário prover o texto legal com um mecanismo arquitetado adrede, visando a minimizar os efeitos devastadores de tal ocorrência. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 102. Os valores expressos em moeda corrente nesta Lei serão reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). §1º O disposto neste artigo não se aplica às penalidades previstas no art. 32A desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). No mesmo sentido, assim dispõem o art. 373 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. Regulamento da Previdência Social. Art. 373. Os valores expressos em moeda corrente referidos neste Regulamento, exceto aqueles referidos no art. 288, são reajustados nas mesmas épocas e com os mesmos índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da previdência social. Revelase auspicioso salientar que o CTN não inclui em sua reserva legal a atualização do valor monetário das bases de cálculo das contribuições previdenciárias, as quais não se qualificam, por expressa disposição legal, como majoração de tributos. Nessa perspectiva, autoriza o Codex Tributário que a atualização monetária possa ser levada a efeito por qualquer outro instrumento normativo aquilatado no conceito de legislação tributária estatuído no art. 100 do Pergaminho Tributário em realce. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; Fl. 79DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 10 IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. § 1º Equiparase à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Na hipótese ora tratada, os índices utilizados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social são estabelecidos, anualmente, pelo Ministério da Previdência Social, mediante Portaria expedida pelo Sr. Ministro de Estado, no exercício das atribuições que lhe confere o art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição Federal. Constituição Federal de 1988 Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos. Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei: (...) II expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; No caso em apreço, o valor mínimo acima referido acima foi atualizado pela Portaria MPS/MF nº 77, de 11/03/2008, publicada no DOU de 12/03/2008. Procedente, portanto, o lançamento tributário levado ora a cabo pela Autoridade Fiscal Fazendária. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10665.001191/200822 Acórdão n.º 2401004.037 S2C4T1 Fl. 75 11 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS
score : 1.0
Numero do processo: 10120.013135/2008-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004, 2005
ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS.
Nos termos da legislação de regência e do atual entendimento do STJ, o ICMS incidente sobre as vendas integra a base de cálculo do PIS e da COFINS.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CSLL. DECORRÊNCIA.
Tratando-se de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicam-se ao PIS, à COFINS e à CSLL, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos do lançamento primário.
TAXAS DE JUROS. SELIC. CABIMENTO.
Descabe na esfera administrativa qualquer discussão acerca de constitucionalidade de lei em vigor. Aplicação das Súmulas n. 2 e n. 4 deste Conselho.
Numero da decisão: 1201-001.202
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto Presidente
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: Roberto Caparroz de Almeida
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005 FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. AUTUAÇÃO. CABIMENTO. Constatada a falta ou insuficiência de recolhimento do IRPJ e das Contribuições Sociais, nos períodos objeto de auditoria, devem ser lavrados os respectivos autos de infração. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005 ICMS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. Nos termos da legislação de regência e do atual entendimento do STJ, o ICMS incidente sobre as vendas integra a base de cálculo do PIS e da COFINS. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS E CSLL. DECORRÊNCIA. Tratandose de tributação reflexa decorrente de irregularidades apuradas no âmbito do Imposto sobre a Renda, constantes do mesmo processo, aplicamse ao PIS, à COFINS e à CSLL, por relação de causa e efeito, os mesmos fundamentos do lançamento primário. TAXAS DE JUROS. SELIC. CABIMENTO. Descabe na esfera administrativa qualquer discussão acerca de constitucionalidade de lei em vigor. Aplicação das Súmulas n. 2 e n. 4 deste Conselho. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 01 31 35 /2 00 8- 98 Fl. 670DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10120.013135/200898 Acórdão n.º 1201001.202 S1C2T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto – Presidente (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, João Otávio Oppermann Thomé, Luis Fabiano Alves Penteado e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratase de Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS decorrentes de exclusão do Simples Federal, cujo julgamento foi sobrestado pela 2a Turma desta Câmara, ante o argumento de matéria objeto de apreciação, com repercussão geral, pelo Supremo Tribunal Federal. Transcrevemos, a seguir, o relatório da Resolução n. 1202000.149, exarada por aquela Turma: Contra a empresa acima identificada foi lavrado Auto de Infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica Lucro Real Trimestral e reflexos de contribuições sociais, tendo em vista a constatação de declaração e recolhimento dos tributos a menor, referente aos anosbase 2004 e 2005 (fls. 516/561). O valor do crédito tributário apurado atinge R$ 30.349,21 (IRPJ), R$ 13.424,52 (CSLL), R$ 3.645.171,32 (Cofins) e R$ 676.993,30 (PIS). A capitulação legal da autuação se encontra às folhas 520, 530, 543 e 557. A contribuinte impugna (fls. 567/585), tempestivamente, os autos de infração constantes do presente processo, alegando, em síntese, que: Apropriou 100% do crédito de PIS e Cofins na compra de gado de pessoa física, porque entende que a vedação da apropriação da totalidade do crédito fere o princípio da isonomia; Fl. 671DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10120.013135/200898 Acórdão n.º 1201001.202 S1C2T1 Fl. 4 3 O ICMS, imposto cobrado do adquirente dos bens comercializados, não constitui faturamento ou receita desta, sendo, pois, receita pertencente ao Estado; além disso, cobrar tributo sobre tributo é "bis in idem", prática que entra em rota de colisão com a Constituição Federal; O lançamento de IRPJ e CSLL gera duplicidade na cobrança, pois o mesmo valor lançado pela autoridade fiscal (autuou a diferença apurada) foi declarado em DCTF retificadora; Os juros pela Taxa Selic são, a um tempo, manifestamente inconstitucionais e ilegais, conforme já decidiu o STJ. Deve ser recalculado o crédito tributário cobrado, aplicandose a taxa de juros de 1% ao mês, na forma do art. 161, parágrafo 10 do CTN. Diante das razões e argumentos apresentados, requer sejam julgados os autos de infração improcedentes, e, em caso de sua manutenção, seja recalculado o crédito tributário cobrado, aplicandose a taxa de juros de 1% ao mês, bem como excluído o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins. Em 29 de abril de 2010, a 4ª Turma da Delegacia de Julgamento de Brasília julgou, por unanimidade, improcedente a impugnação, para manter integralmente os valores lançados. Contra a decisão o Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, no qual repisou as alegações feitas na impugnação. Em 07 de novembro de 2012, a 2a Turma desta Câmara revolveu sobrestar o processo, sob o argumento de que uma das matérias discutidas nestes autos trata da formação da base de cálculo do PIS e da COFINS, alegando a recorrente nela não estar incluído o ICMS, questão que já levada ao STF, que reconheceu a repercussão geral da matéria. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos legais, razão pela qual dele conheço. Tendo em vista a argumentação trazida pelo Contribuinte no Recurso, faremos a análise do temas de forma tópica, conforme segue. Do aproveitamento de 100% do crédito de PIS e COFINS Fl. 672DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10120.013135/200898 Acórdão n.º 1201001.202 S1C2T1 Fl. 5 4 Alega a Recorrente que teria direito à dedução de 100% dos créditos de PIS e COFINS na compra de gado pessoa física, pois entende que a restrição imposta pela legislação fere o princípio da isonomia. A questão é cristalina, pois o artigo 8°, § 3°, inciso I, da Lei n. 10.925/2004, expressamente determina que o crédito decorrente da aquisição de pessoa física somente poderá ser aproveitado em 60%: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis n. 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. (grifamos) Verificase, portanto, que o argumento da interessada não possui amparo legal, razão pela qual não há como provêlo, visto não ser possível, no âmbito deste Conselho, qualquer discussão sobre constitucionalidade de lei em vigor. Da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS Neste tópico, entende a Recorrente que o ICMS não deve ser computado na base de cálculo do PIS e da COFINS, por não se constituir em receita ou faturamento da empresa, mas sim montante destinado ao Estado. Conquanto a matéria seja realmente objeto de controvérsia, considero, por enquanto, que não assiste razão à Recorrente. Fl. 673DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10120.013135/200898 Acórdão n.º 1201001.202 S1C2T1 Fl. 6 5 Isso porque o entendimento em vigor nos Tribunais superiores, ao tempo deste voto, indica que o ICMS compõe o preço final da mercadoria que, por sua vez, integra o conceito de faturamento, tributável a título de PIS e COFINS. Nesse sentido o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, editado nas Súmulas n. 68 e 94, ao fixar que a parcela relativa ao ICMS integra o faturamento e, portanto, incluise na base de cálculo do PIS e do FINSOCIAL (este posteriormente substituído pela COFINS, com a edição da Lei Complementar n. 70/1991). Conquanto não se possa olvidar que o Supremo Tribunal Federal concluiu, em 08/10/2014, o julgamento do RE n. 240.785/MG, decidindo, naquele feito, pela exclusão do ICMS da base de cálculo da COFINS, devemos ressaltar que os efeitos da decisão limitamse às partes envolvidas no processo, uma vez que consideradas apenas as peculiaridades ali debatidas, tanto assim que o próprio STF não tem aplicado o aludido precedente a outros feitos em que se discute a mesma matéria. Por força disso, os Tribunais têm reconhecido a possibilidade de inclusão do ICMS na base de cálculo das referidas contribuições, pela vigência da legislação que dispõe sobre a matéria e das Súmulas exaradas pelo STJ, a exemplo de recente decisão do TRF da 3a Região: EI 000199827.1994.4.03.6100/SP, Rel. Des. Federal MAIRAN MAIA, eDJF3 Judicial 1 DATA:16/04/2015 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS INFRINGENTES. ART. 260, §1º DO REGIMENTO INTERNO DESTA E. CORTE. ALEGAÇÃO DE NULIDADE QUE SE AFASTA. JULGAMENTO MONOCRÁTICO. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO LIVRE ACESSO À JUSTIÇA, DO DUPLO GRAU E DO CONTRADITÓRIO QUE NÃO SE VERIFICA NA ESPÉCIE. INCIDÊNCIA DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. SÚMULAS 68 E 94 DO STJ. VIGÊNCIA PLENA. PRECEDENTES DESTA SEGUNDA SEÇÃO. MATÉRIA PRELIMINAR REJEITADA. RECURSO IMPROVIDO NO MÉRITO. 1 Tendo o juízo de admissibilidade dos embargos infringentes sido realizado pelo relator do acórdão impugnado, verificase o cumprimento do art. 260, § 1º, do Regimento Interno desta E. Corte, restando afastada a alegação de nulidade da decisão agravada. 2 Julgamento monocrático dos embargos infringentes que atendeu aos ditames do art. 557 do Código de Processo Civil, restando afastada a alegação de violação aos princípios do livre acesso à justiça, do duplo grau e do contraditório, sobretudo em virtude da garantia processual conferida ao ora agravante de ver sua irresignação apreciada perante esta Segunda Seção via do presente recurso. 3 Incidência do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS que se mantém em razão da plena vigência das Súmulas 68 e 94 do C. STJ, até que sobrevenha decisão Fl. 674DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10120.013135/200898 Acórdão n.º 1201001.202 S1C2T1 Fl. 7 6 definitiva e com efeito vinculante a ser proferida pelo Supremo Tribunal Federal quanto à matéria. Precedentes desta Segunda Seção. (grifamos) Como os julgamentos da ADC n. 18 (que tem por objeto o art. 3º, § 2º, I, da Lei 9.718/98) e do RE 574.706/PR (em cujos autos foi reconhecida a repercussão geral da matéria) não foram concluídos até a presente data, temos que a questão relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS ainda pende de pronunciamento definitivo pelo Supremo Tribunal Federal, razão pela qual descabe, a este Conselho, afastar a legalidade de norma vigente e eficaz, até porque o STJ tem julgado o tema, na esteira das Súmulas n. 68 e 94, favoravelmente à pretensão do Fisco. Por fim, no que respeita à utilização da SELIC como taxa de juros, a posição deste Conselho encontrase sumulada, de modo que não podem prosperar os argumentos aduzidos pela Recorrente: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ante exposto CONHEÇO do Recurso e, no mérito, voto por NEGARLHE provimento. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 675DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 23/ 12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/01/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 17883.000074/2010-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Feb 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/12/2007
AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO IN NATURA. CESTA BÁSICA. AUSÊNCIA DE INSCRIÇÃO NO PAT. PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011. NÃO INCIDÊNCIA. Com e edição do parecer PGFN 2117/2011, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional reconheceu ser aplicável a jurisprudência já consolidada do STJ, no sentido de que não incidem contribuições previdenciárias sobre valores de alimentação in natura concedidas pelos empregadores a seus empregados.
PARTICIPACAO NOS LUCROS E RESULTADOS. NECESSIDADE DE CUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇÕES DA LEI 10.101/00. PERIODICIDADE. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. A pagamento das verbas intituladas como participação nos lucros e resultados deve observar a periodicidade prevista no art. 3º, §2º da Lei 10.101/00, sob pena de ser considerada como verba de caráter salarial e sujeita à incidência das contribuições previdenciárias.
LEI TRIBUTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-004.887
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir os valores decorrentes do fornecimento de cesta básica.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Lourenço Ferreira do Prado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: LOURENCO FERREIRA DO PRADO
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CESTA BÁSICA. AUSÊNCIA DE INSCRIÇÃO NO PAT. PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011. NÃO INCIDÊNCIA. Com e edição do parecer PGFN 2117/2011, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional reconheceu ser aplicável a jurisprudência já consolidada do STJ, no sentido de que não incidem contribuições previdenciárias sobre valores de alimentação in natura concedidas pelos empregadores a seus empregados. PARTICIPACAO NOS LUCROS E RESULTADOS. NECESSIDADE DE CUMPRIMENTO DAS DISPOSIÇÕES DA LEI 10.101/00. PERIODICIDADE. DESCUMPRIMENTO. PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. A pagamento das verbas intituladas como participação nos lucros e resultados deve observar a periodicidade prevista no art. 3º, §2º da Lei 10.101/00, sob pena de ser considerada como verba de caráter salarial e sujeita à incidência das contribuições previdenciárias. LEI TRIBUTÁRIA. INCONSTITUCIONALIDADE. Não cabe ao CARF a análise de inconstitucionalidade da Legislação Tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 88 3. 00 00 74 /2 01 0- 31 Fl. 127DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, para excluir os valores decorrentes do fornecimento de cesta básica. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Lourenço Ferreira do Prado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo, Marcelo Oliveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 17883.000074/201031 Acórdão n.º 2402004.887 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto por VIAÇÃO SANTO ANTÔNIO E TURISMO LTDA em face do acórdão que manteve a integralidade do Auto De Infração n. 37.249.2410, lavrado para a cobrança de contribuições previdenciárias destinadas a terceiros, incidentes sobre pagamentos efetuados a segurados empregados e trabalhadores avulsos, cujos fatos geradores foram os seguintes: a) 6.1 — Cesta Básica Foi apurado com base nas folhas de pagamento e foi considerado como salário de contribuição, tendo em vista que a empresa forneceu ao empregados o benefício da cesta básica sem a devida inscrição no Programa de Alimentação do Trabalhador — PAT. b) 6.2 — Participação nos Lucros — Foi apurado com base nas folhas de pagamento e foi considerado como salário de contribuição, tendo em vista que a empresa pagou aos segurados empregados, parcelas mensais de R$ 10,00 e, desta forma, o procedimento ficou em desacordo com a Lei n°. 10.101, de 19/12/2000. c) 6.3 — Folhas de Pagamento — É a rubrica correspondente aos salários de contribuição contidos nas folha de pagamento dos segurados empregados, tais como salários, horas extras, férias, etc... Os valores lançados foram retirados das informações constantes em folha de pagamentos. O lançamento se refere ao período de 06/2005 a 13/2007, tendo sido o contribuinte cientificado em 31/05/2010. Devidamente intimado do julgamento em primeira instância, o recorrente interpôs o competente recurso voluntário, através do qual sustenta: 1. a não incidência de contribuições previdenciárias em razão do fornecimento de cestas básicas, mesmo diante da não inscrição da recorrente no PAT; 2. sobre a participação nos resultados aduz que, sobre ela, não há incidência de contribuição previdenciária, não havendo como se entender que sobre o parcelamento dessa mesma participação, ainda que de forma adiantada, para se evitar perda de poder aquisitivo dos empregados, deva incidir aludida contribuição na medida em que o que deve ser considerado é que a parcela paga nada mais é que a participação nos resultados e não salário, desde que esta ação não mascarasse uma intenção de suprimir direitos do empregado. Fl. 129DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 4 3. acresce que a periodicidade da distribuição não é não pode ser considerada como aspecto substancial da qualificação da verba como salarial ou isenta das contribuições lançadas; 4. no que se refere ao lançamento de contribuições incidentes sobre a remuneração de segurados empregados, constante em folha de pagamentos, defende que todas as contribuições devidas relativas a esta rubrica encontravamse parceladas na data do lançamento e não foram abatidas quando do lançamento; Processado o recurso sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 17883.000074/201031 Acórdão n.º 2402004.887 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Lourenço Ferreira do Prado Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARES Sem preliminares, passo ao mérito. MÉRITO Do lançamento sobre a concessão de cestas básicas A fiscalização apontou que a recorrente forneceu cesta básica aos seus empregados sem recolher as contribuições previdenciárias incidentes, agindo, pois, em desacordo com a legislação já que não possuía inscrição no PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador. Todavia, referida matéria já fora objeto de pacificação, por meio do parecer PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011, mediante o qual a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional passou a reconhecer estar definitivamente vencida quanto no que se refere a não incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores de alimentação fornecidos in natura, concedida pelos empregadores a seus empregados, conforme consolidada jurisprudência do STJ. O parecer restou assim ementado: "Tributário. Contribuição previdenciária. Auxílioalimentação in natura. Não incidência. Jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos". No mesmo sentido foi editado o Ato Declaratório PGFN n. 03/2011, confira se: “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária”. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 6 No caso dos autos, consta expressamente do relatório fiscal do presente Auto de Infração que a recorrente fornecia a alimentação in natura, no caso, cestas básicas, sendo, portanto, o caso de acatarse aquilo o que determinado pelo parecer supra. Logo, sobre a concessão de cestas básicas, não incidem as contribuições previdenciárias. Da participação nos Lucros e Resultados Sobre referido fato gerador, assim se manifestou o ilustre fiscal: "8.2 — Participação nos Lucros — Foi apurado com base nas folhas de pagamento e foi considerado como salário de contribuição, tendo em vista que a empresa pagou aos segurados empregados, parcelas mensais de R$ 10,00 e, desta forma, o procedimento ficou em desacordo com a Lei n°. 10.101, de 19/12/2000". Verificase, portanto, que a fiscalização considerou que os pagamentos efetuados estavam em desacordo com a Lei 10.101/00, em razão da inobservância da regra da periodicidade da distribuição dos valores pagos a título de PLR. Sobre o assunto, a Lei 10.101/00 dispunha, à época dos fatos geradores, de forma bastante clara, que os pagamentos da PLR não poderiam ser efetuados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, conforme se verifica do §2º de seu artigo 3º, a seguir: "§ 2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil". No caso dos autos, a recorrente efetuou pagamento da PLR mensalmente aos seus segurados empregados, agindo em desacordo ao que determinado pelo dispositivo legal supramencionado. E a recorrente alega, em sua defesa, que a regra da periodicidade não poderia ser considerada como aspecto substancial, a determinar a classificação da verba como salaria ou não, tendo em vista que a Participação nos Lucros e Resultados possui previsão constitucional que a caracteriza como verba imune a incidência das contribuições previdenciárias, devendo este conselho afastar a incidência da regra inscrita no art. 3º, §2º, da Lei 10.101/00. Tenho, no entanto, que tais irresignações, da forma como constam no recurso voluntário, não podem ser analisadas por este Conselho, em respeito a competência privativa do Poder Judiciário, já que, o afastamento da aplicação da Legislação referente as contribuições, indubitavelmente, ensejaria o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei em vigor, conforme previsto nos artigos 97 e 102, I, "a" e III, "b" da Constituição Federal, o que é vedado a este Eg. Conselho. Sobre o tema, o CARF consolidou referido entendimento por meio do enunciado da Súmula n. 02, a seguir: Fl. 132DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O Processo nº 17883.000074/201031 Acórdão n.º 2402004.887 S2C4T2 Fl. 5 7 “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Ademais, percebese que a Constituição Federal de 1988 remeteu de forma expressa à lei ordinária a incumbência na fixação dos direitos da participação nos lucros, confirase: "Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei". Dessa forma, a meu ver, a norma supra, apesar de insculpir verdadeira imunidade, fez clara a alusão à necessidade de promulgação de norma infraconstitucional que regulamente e integre o pagamento da participação nos lucros e resultados, para que então venha a ser desvinculada do salário. A própria constituição Federal exige a promulgação de legislação ulterior que venha a definir as condições necessárias para que o direito por ela garantido, possa surtir seus efeitos de forma prática. O saudoso jurista Pontes de Miranda já dizia que nem todas as normas constitucionais são aplicadas em decorrência da simples promulgação do texto constituciona, conforme lição a seguir: “quando uma regra se basta, por si mesma, para a sua incidência, dizse bastante em si, self executing, self acting, self enforcing. Quando, porém, precisam as regras jurídicas de regulamentação, porque, sem a criação de novas regras jurídicas, que as complementem ou suplementem, não poderiam incidir e, pois, ser aplicadas, dizemse não bastantes em si”(MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de.Comentários à Constituição de 1946.São Paulo: Max Limonad, 1953, p.148)." Assim, diante da própria constituição ter determinado a necessidade de norma regulamentadora, in casu, somente com a existência desta e desde que respeitado os limites que por ela vierem a ser impostos, é que irão surtir na prática os efeitos essenciais da norma constitucional. No que se refere a PLR a questão veio a ser tratada por intermédio da Lei 10.101/00, que regula a forma de pagamento da verba em questão, para que venha a ser consumado o efeito prático pretendido pelo legislador constituinte, de modo que não cabe a este relator deixar de aplicar ao caso referida legislação ao caso em concreto, ainda considerado o comando do art. 28, §9o da Lei 8.212/91. Assim, verificada a desobediência aos critérios de periodicidade da distribuição da PLR, é de ser mantido o lançamento sobre este aspecto. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O 8 Ante todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO tão somente para excluir do lançamento as rubricas CB e CB1. É como voto. Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 25/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/0 2/2016 por LOURENCO FERREIRA DO PRADO, Assinado digitalmente em 19/02/2016 por RONALDO DE LIMA MACED O
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Numero do processo: 11971.000194/2004-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003
NULIDADE ACÓRDÃO RECORRIDO
Não há que se falar em nulidade de decisão, que mesmo que não tenha abordado todas alegações da impugnante, apresentou suficiente fundamentação, não causando qualquer prejuízo ao amplo direito de defesa.
CRÉDITO PRESUMIDO. LEI 9.440/97. UTILIZAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COMO LANÇAMENTO ESCRITURAL NO LIVRO REGISTRO DE APURAÇÃO DO IPI, NÃO SENDO POSSÍVEL SEU RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO.
Nos termos da legislação de regência, o credito presumido de IPI como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins estatuído no art.1º, IX da Lei n° 9.440/97, até o publicação do Decreto nº 6.556/08, ocorrido em 09/09/2008, somente permitia a sua utilização através da dedução do imposto devido pela saída de produtos tributados, não havendo previsão para seu ressarcimento ou mesmo compensação com outros tributos administrados pela RFB.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-002.724
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentou declaração de voto.
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
Jorge Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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CRÉDITO PRESUMIDO. LEI 9.440/97. UTILIZAÇÃO EXCLUSIVAMENTE COMO LANÇAMENTO ESCRITURAL NO LIVRO REGISTRO DE APURAÇÃO DO IPI, NÃO SENDO POSSÍVEL SEU RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, o credito presumido de IPI como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins estatuído no art.1º, IX da Lei n° 9.440/97, até o publicação do Decreto nº 6.556/08, ocorrido em 09/09/2008, somente permitia a sua utilização através da dedução do imposto devido pela saída de produtos tributados, não havendo previsão para seu ressarcimento ou mesmo compensação com outros tributos administrados pela RFB. Recurso Voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro apresentou declaração de voto. Antônio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 97 1. 00 01 94 /2 00 4- 14 Fl. 704DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 705 2 Jorge Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versam os autos recurso voluntário contra Acórdão da 5ª Turma da DRJ/REC que manteve o despacho denegatório da autoridade local da RFB exarado com amparo em informação fiscal que denegou o pleito da empresa para se ver ressarcida de crédito de IPI referente ao 3º trimestre de 2003, o qual teve por origem incentivo fiscal calculado conforme Certificado de Habilitação MDIC/SDP/Nº 002/02. Em suma, o fundamento do Fisco, abarcado pelo Acórdão recorrido, é no sentido de que do benefício fiscal criado pelo art. 1º, IX ("crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no § 1º deste artigo"), da Lei 9.440/97, e regulamentado pelo Decreto 3.893, de 22/08/2001, não é ressarcível. Isto porque o § 14 do art. 1º desta Lei, remeteu a forma de utilização do benefício ao que o regulamento viesse a dispor. E o referido Decreto, em seu art. 6º, estatuiu que o aproveitamento do mesmo seria apenas sua escrituração, a título de outros créditos, no Livro Registro de Apuração do IPI (RAIPI), não prevendo sua forma de utilização por meio de ressarcimento de saldo credor que tenha por origem o indigitado incentivo. Contudo, uma vez estornado pelo contribuinte tal valor e uma vez indeferido seu pleito, legítima a reconstituição da escrita do IPI para fazer retornálo à mesma para eventual encontro com eventuais débitos deste imposto. Não resignada com a decisão a quo, interpôs o presente recurso . Preliminarmente, postula a nulidade da mesma por não ter enfrentado seu argumento acerca do art 12 da IN SRF 21/97, alem de não ter enfrentado o argumento de que Instruções Normativas e Decretos servem apenas para regulamentar o direito posto em lei, alem do fato de não ter sido abordado o argumento de que a Lei 9.430/96 autorizaria a compensação com tributos de qualquer espécie de créditos passíveis de ressarcimento. Discorre que é indústria produtora de partes e peças para fabricação de automóveis, sendo atualmente seu carro chefe a venda de cabos e painéis elétricos para a Volkswagen do Brasil, aduzindo que face às peculariedades dos produtos que vende e outros benefícios fiscais que faz jus, não possui débito suficiente para utilizar os créditos acumulados, uma vez que mais de 50% de suas saídas são suspensas. Entende que o Decreto 6.556, de Fl. 705DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 706 3 08/09/2008, tem natureza interpretativa, aplicandose, portanto, desde a edição da MP 1.532/96, que foi convertida na Lei 9.440/97. Alega que a IN SRF 21/97, em seu art. 3º, já autorizava a compensação do saldo credor do IPI com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal, ao referirse a estímulos fiscais na área do IPI, o que, a seu juízo, abarcaria os créditos da natureza dos seus. Segue consignando que o sentido da Lei 9.440/97 atende a política de desenvolvimento regional, sendo inconcebível entender o benefício como não palpável, gizando que a conclusão é no sentido de que aquela Lei assegura a compensação do saldo credor com outros débitos administrados pela Receita Federal. Passa a historiar acerca dos benefícios concedidos ao regime automotivo. Em sequência, passa a análise de questões fáticas para concluir que a ser mantido o entendimento do Fisco, seu benefício seria "nenhum", pois a manutenção das fabricantes de partes e peças no Nordeste, como é seu caso, só fez aumentar seu custo com frete, uma vez que a maioria de seus fornecedores estão localizados na região CentroSul, assim como seu principal cliente, a Volkswagen do Brasil. Pontua que o benefício concedido pela Lei 9.440, antes de ser para o regime automotivo, serve para o desenvolvimento regional do Norte, Nordeste e CentroOeste. Alega, ainda, que não há na legislação definição específica do que seja ressarcimento, daí que se deve buscar o conceito adotado pela doutrina, que, aliás, advém do direito privado (art. 110 do CTN), e que estaria ligado à idéia de reparação, indenização, obrigação do Estado de fazer". In casu, entende, aplicase à indenização como satisfação de reparar prejuízo, porque se trata de benefício para as empresas que se instalarem nas Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste. Sem ele, não é viável manterse nas referidas regiões. Assevera que em relação à denegação de crédito da mesma natureza inserto nos autos do processo administrativo 11971.000342/200239, ajuizou a ação judicial (processo 080114409.2012.4.055.8300) para desconstituir o entendimento da RFB, tendo obtido antecipação de tutela de seu pedido. Entretanto, não informou os termos finais do mencionado processo judicial. Requer, por fim, o reconhecimento do direito à utilização do saldo credor de IPI decorrente do benefício da Lei 9.440/97 e a homologação das compensações declaradas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lock Freire, Relator. Quanto à pugnada nulidade do r. Acórdão, há de ser rechaçada. A alegação de nulidade da decisão recorrida é lastreada no fato de que nem todos os argumentos esgrimidos na impugnação foram enfrentados pelo julgador a quo. Entretanto, essa argumentação está superada tanto no plano do processo judicial como no administrativo. Neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se pacificou o entendimento de que não é necessário rebater, uma a uma, as alegações do sujeito passivo, e sim que o julgador deve apresentar razões suficientes para fundamentar o seu voto. O vício Fl. 706DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 707 4 estaria na não fundamentação ou em uma má fundamentação, que restasse prejudicada a defesa, ou que não se constatou nos autos, pois o recurso tem uma defesa técnica robusta e qualificada. Essa visão deita raízes no princípio da eficiência e no direito à duração razoável do processo, pois o tempo, como recurso escasso que é, deve ser utilizado de maneira a maximizar resultados sob os aspectos qualitativo e quantitativo. Assim, entendo que a decisão vergastada foi fundamentada a contento no sentido que concluiu, não tendo nenhuma repercussão negativa ao direito de defesa da ora recorrente. Por tal, afasto a postulada nulidade do Acórdão recorrido. Quanto ao mérito, sustenta a recorrente que o direito ao ressarcimento ao saldo credor seria fruto de uma política de desenvolvimento regional, no caso Nordeste, visando expandir o setor automotivo de peças alem das regiões centrosul, trazendo à baila questões de fato, como seu acúmulo de saldo credor em função de suas saída com suspensão para a indústria automobilística que é seu principal cliente. Faz também uma leitura abrangente do direito ao creditamento, com fulcro em legislação revogada como a IN SRF 21/97, chegando ao ponto de dizer que há lacuna na legislação no sentido de não haver uma definição do que seria ressarcimento, para ao fim concluir que o Decreto 6.556, de 08/09/2008, que veio a permitir, posteriormente ao período de apuração em análise, o ressarcimento do saldo credor tem natureza interpretativa, devendo por isso retroagir seus efeitos. Não é este meu entendimento. Como é consabido, a legislação que estabelece incentivo fiscal deve ser analisada de forma estrita, por motivos óbvios, já que na espécie o Estado abre mão de uma fonte de receita em troca de outro fim buscado pelo legislador. E dúvida não há no caso da Lei 9.440/97, que o escopo buscado foi levar o desenvolvimento industrial automotivo para as regiões Norte, Nordeste e CentroOeste do país, visando atender ao mandamento constitucional de reduzir as desigualdades regionais, desconcentrando o poderio econômico das regiões centrosul. Contudo, esse viés políticoeconômico, bem pontuado no recurso, não tem o condão de afastar o que o próprio legislador delimitou para fruência do incentivo fiscal, e que, como dito, deve ser interpretado em termos restritos. Pois bem, o art. 1º, IX, da Lei 9.440/97, estatuiu que poderia ser concedido, "nas condições fixadas em regulamento", ... IX "crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no § 1º deste artigo". E o § 14º do art. 1º do referido diploma legal vazou a forma que tal incentivo, os créditos escriturais a que aludiu o inciso IX do mesmo art. 1º, seriam utilizados, nos seguintes termos: "§ 14. A utilização dos créditos de que trata o inciso IX será efetivada na forma que dispuser o regulamento.” E de seu turno, o art. 6º do Decreto 2.179/99, definiu os termos em que o benefício seria usufruído. E o inciso VI do art. em referência vazou a forma como o incentivo em voga seria utilizado. Vejamos: Fl. 707DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 708 5 VI crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no inciso IV do art. 2º. Parágrafo único. Os créditos a que se refere o inciso VI serão escriturados no livro Registro de Apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados, e sua utilização darseá nos termos do previsto no art. 103 do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados, aprovado pelo Decreto nº87.981, de 23 de dezembro de 1982.” (sublinhei) O art 103 do RIPI/82, que corresponde ao art 178 do RIPI/98, estipula que os créditos de IPI serão utilizados mediante a dedução do imposto devido na saída (os débitos) dos produtos do estabelecimento industrial. Quando os créditos forem de natureza incentivada, o art. 179 do mesmo Regulamento, deixa claro que para aqueles que "para os quais a lei expressamente assegurar a manutenção e utilização" poderão ser utilizados inclusive na forma de ressarcimento em dinheiro . Ou seja, só há falarse em ressarcimento em espécie e, consequentemente, em compensação desses valores com outros tributos administrados pela RFB, quando a lei expressamente o admitir. Na hipótese sob exame, a legislação delegou competência ao Executivo e este, pelo Decreto citado, permitiu, exclusivamente, sua utilização como crédito escritural no livro de apuração do IPI, eis que a Lei não assegurava expressamente a utilização do saldo credor na forma de ressarcimento em dinheiro e/ou compensação com outros tributos. Como vimos, a lei delegou essa competência ao Poder Executivo, que somente com a edição do Decreto 6.556/2008 deu nova redação ao art. 6º do Decreto 2.179, vigente à época do período abarcado pelo pedido, sendo que, aí sim, o § 3º da nova redação do art. 1º deste Decreto, permitiu que o crédito presumido não aproveitado na dedução com débitos do IPI ao final de cada período de apuração (trimestrecalendário) passasse a ser ressarcível. Sendo que a vigência deste Decreto, expressamente por seu art. 2º, foi a data de sua publicação, "alcançando o saldo credor de IPI existente nesta data", o que afasta o entendimento da recorrente no sentido da retroação do direito ao ressarcimento antes da publicação desse Decreto. Quanto ao entendimento do Judiciário, não trouxe a recorrente maiores esclarecimentos quanto ao destino daquela ação judicial, apenas fazendo menção ao pedido de antecipação de tutela, pelo que entendo que teve apenas o condão de trazer mais um argumento em prol de sua tese. Portanto, inconteste que o Decreto e os atos administrativos não foram de encontro à Lei em questão, mas sim ao seu encontro. Igualmente o art. 74 da Lei 9.430 deixa claro que o direito à compensação estava vinculado a créditos passíveis de restituição ou ressarcimento, o que só veio a ocorrer com a publicação do Decreto 6.556/2008, em 9/9/2008. Igualmente, o art. 4º da IN SRF 21/97, impede textualmente o ressarcimento em espécie do crédito presumido previsto no art 1º, IX da Lei 9.440/97. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 709 6 O Acórdão 340300.746, de 08/08/2010, assim como o 310100.993, de 26/01/2012, seguem mesmo entendimento. Também no mesmo rumo os Acórdãos 20307469 e 20307473, ambos de 22/06/2001, do extinto Segundo Conselho de Contribuintes. Forte em todo exposto, nego provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Jorge Lock Freire Fl. 709DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 710 7 Declaração de Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 1. Tratase de recurso voluntário interposto pelo contribuinte com o fito de ver reconhecido o seu direito de ser ressarcido de crédito presumido de IPI e, consequentemente, ver homologada a compensação dos seus créditos com outros tributos administrados pela RFB. 2. Segundo defendido pelo contribuinte, o art. 1º, inciso IX da Lei n. 9.440/97 teria por escopo criar um benefício fiscal que, em contrapartida, implicaria um estímulo para que empresas como a Recorrente se instalassem na região Nordeste do país. Assim, referido dispositivo legal não poderia ser analisado apenas com um foco no contribuinte beneficiado (perspectiva microscópica do incentivo), mas deveria também ser visto de modo a se extrair o seu verdadeiro sentido/finalidade (perspectiva macroscópica), qual seja, incentivar a fixação de empresas na região Nordeste do país e, com isso, estimular a economia regional. 3. Dito isso e tomando tais assertivas como premissas, tenho que assiste razão ao contribuinte. E isso se deve, primeiramente, por conta de uma análise das particularidades do caso em concreto vis a vis de uma interpretação teleológica a ser aqui realizada. 4. Nesse sentido, insta destacar que a Recorrente é fabricante de peças para o setor automobilístico, setor este que, por sua vez, se sujeita a uma incidência monofásica do IPI, cuja concentração para fins de recolhimento se dá na figura da indústria automobilística. Logo, não é difícil concluir que limitar o aproveitamento do benefício aqui tratado ao creditamento escritural do IPI implica o acúmulo do crédito presumido para a Recorrente, o que, por conseguinte, inviabiliza o aproveitamento do benefício criado pelo art. art. 1º, inciso IX da Lei n. 9.440/97, esvaziandoo de sentido jurídico, digase de passagem. 5. Tal fato, por seu turno, não trás um prejuízo apenas para o contribuinte, ora Recorrente, que realizou investimentos para a instalação da sua empresa e se sujeita a uma logística mais tortuosa para estar na Região Nordeste do país. Mais do que isso, esta interpretação restritiva do benefício acaba por macular a finalidade precípua da norma aqui tratada, qual seja, estimular a economia da Região Nordeste do país. 6. Nem se alegue que, por se tratar de um benefício fiscal, a interpretação a ser aqui desenvolvida deveria ser literal, nos termos do que prescreve o art. 111 do Código Tributário Nacional. Primeiro porque o benefício aqui tratado não se amolda a qualquer uma das hipóteses do referido inciso [(i) suspensão ou exclusão do crédito tributário; (ii) outorga de isenção; ou (iii) dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias] 7. E, em segundo lugar, só há que se falar em interpretação, ainda que literal, quando este processo hermenêutico tenha um material sentido jurídico, o que, como visto alhures, não é o caso dos autos. Por fim, não é demais lembrar que a interpretação literal deve ser o prelúdio de todo e qualquer processo interpretativo, mas não um fim em si mesma. Nesse esteio, Fl. 710DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 711 8 ...o desprestígio da chamada interpretação literal, como critério isolado de exegese, é algo que dispensa meditações mais sérias, bastando arguir que, prevalecendo como método interpretativo do direito, seríamos forçados a admitir que os meramente alfabetizados, quem sabe com o auxílio de um dicionário de tecnologia jurídica, estariam credenciados a elaborar as substâncias das ordens legisladas, edificando as proposições do significado da lei (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. p. 140.). 8. Assim, a interpretação a ser realizada aqui é a teleológica ou finalística, de modo a se perseguir o verdadeiro sentido da disposição legal em análise que repitase no caso em tela consiste em não apenas prestigiar um setor da economia (automobilístico), mas, acima de tudo, estimular a Região Nordeste do país. 9. S.m.j., também não é crível alegar que o entendimento aqui esposado não encontraria respaldo jurídico, mas seria, em verdade, uma interpretação metajurídica e de caráter exclusivamente econômico. Absolutamente não! Como visto acima, a interpretação aqui parte de uma consagrada técnica jurídica, qual seja, a de interpretar a norma sob uma perspectiva teleológica, em especial quando se leva em conta as particularidades do caso em concreto, o que, no caso decindendo, consiste na impossibilidade do contribuinte fruir do benefício legal aqui tratado ao sujeitar seu aproveitamento à compensação com créditos escriturais de IPI. 10. Aliás, referendando o caráter jurídico das considerações aqui postas, não é demais lembrar que há caso análogo ao aqui tratado dependente de apreciação pelo A. Supremo Tribunal Federal. Como é sabido, o Pretório Excelso reconheceu a repercussão geral de um determinado recurso extraordinário no qual se discute a possibilidade do adquirente de produtos oriundos da Zona Franca de Manaus se creditar de IPI, ao fundamento de que, a impossibilidade do creditamento, implicaria a falência da referida zona de livre comércio. Nesse esteio: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. NÃOCUMULATIVIDADE. DIREITO AO CREDITAMENTO NA ENTRADA DE INSUMOS PROVENIENTES DA ZONA FRANCA DE MANAUS. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 592891 RG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em 21/10/2010, DJe226 DIVULG 24112010 PUBLIC 25112010 EMENT VOL0243802 PP00339 ). 11. Registrese, ainda, que no Tribunal Regional Federal da 3a. Região, o leading case alhures tratado foi decidido favoravelmente ao contribuinte, o que ocorreu nos seguintes termos: Fl. 711DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 712 9 TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. INSUMOS E MATÉRIA PRIMA ADQUIRIDOS SOB REGIME DE ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA JUNTO À ZONA FRANCA DE MANAUS. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. 1. Acolhese a apropriação dos créditos decorrentes de insumos, matériaprima e material de embalagem adquiridos junto à Zona Franca de Manaus sob o regime de isenção, consoante entendimento já preconizado pelo C. STF (RE 212.484). 2. Incabível a correção monetária, posto se tratar de crédito escritural, na linha de precedentes do C. STF. 3. O prazo prescricional é de cinco anos, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/32. 4. Apelação a que se dá provimento. (TRF 3ª. Região; 3ª. Turma; Apelação n.º 1999.61.00.0144900; Relator: JUIZ CONV. ROBERTO JEUKEN; Data do julgamento: 02/08/2006) (g.n.). 12. Ao longo do seu voto, o Relator da apelação acima referida assim se manifestou: De fato, as isenções de produtos oriundos das chamadas zonas livre de comércio, qualificamse como um incentivo regional assegurado diretamente no corpo da lei maior, conforme se depreende da análise do art. 43 e § 2º, não obstante a necessidade da lei instituidora, inclusive porque a opção poderá se dar em face dos outros benefícios assegurados no mesmo preceptivo, esmaecendose, portanto as objeções que pudessem ser opostas em face do art. 150, § 6° da mesma, na redação conferida pela EC. 03, de 17.03.93. (...). Tal peculiaridade coloca estas desonerações de caráter regional, por força daquele preceito, no mesmo patamar constitucional da incumulatividade, em ordem a que a desconsideração dos créditos dela advindos, substanciaria a prática de dar com uma mão e tirar com a outra (voto do Ministro Marco Aurélio no RE 212.484), não admitida no Excelso Pretório. (…). Portanto, no caso daquelas isenções concedidas as empresas situadas na Zona Franca de Manaus, a exemplo do que também ocorreria nas chamadas Zonas Livres de Comércio, é Fl. 712DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO Processo nº 11971.000194/200414 Acórdão n.º 3402002.724 S3C4T2 Fl. 713 10 preciso ter presente que a desoneração tem objetivos de desenvolvimento regional, colaborando de molde a baratear a aquisição dos insumos, e a obtenção de preço final mais competitivo, nos produtos resultantes do processo de industrialização, na medida em que o adquirente não precisa pagar o valor do imposto. De fato, se as empresas, adquirindo o produto intermediário a preços mais vantajosos, não pudessem creditarse do montante que seria devido à título de IPI, que se erigia no diferencial que motivara a aquisição de empresa situada em local distante, se tomado em conta as regiões sul e sudeste, por certo ela acabaria mudando de fornecedor, tendo em vista outras indústrias do mesmo ramo, situadas na mesma região, barateando o transporte. Portanto, a finalidade buscada com a isenção, barateamento do custo de produção, restaria frustrado e aquelas empresas lá situadas, que fizeram elevados investimentos para iniciar a produção em locais que no muito das vezes, além de distantes, são inóspitos e não possuem mão de obra qualificada, não iriam adiante. (...) (g.n.). 13. Diante de tais considerações jurídicas, ouso discordar do douto. Relator do caso e da maioria desta colenda Turma julgadora, razão pela qual voto pela procedência do recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 14. É como voto. Conselheiro Diego Diniz Ribeiro Fl. 713DF CARF MF Impresso em 04/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 18/12/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/12/2015 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinad o digitalmente em 16/12/2015 por DIEGO DINIZ RIBEIRO
score : 1.0
Numero do processo: 16643.000028/2011-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
Embargos Declaratórios. Omissão Sobre Ponto que Deveria ter Sido Apreciado.
Constatado nos autos a ocorrência de omissão sobre ponto o qual a turma julgadora deveria ter se pronunciado, impõem-se acolher os Embargos Declaratórios para pronunciar-se sobre esta matéria.
Junção de Processos Conexos. Fases Diferentes de Julgamento. Impossibilidade.
A pretensão da contribuinte em juntar processos conexos para seguimento conjunto quando já se encontram em fases diferentes de julgamento é inviável processualmente, em respeito a não supressão de instâncias de julgamentos. Os processos apesar de conexos, ou continentes, devem guardar cada qual sua independência.
Numero da decisão: 1302-001.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer os Embargos Declaratórios para, no mérito, acolhê-los, sem efeitos infringentes, e ratificar o decidido no Acórdão nº 1801-002.354, proferido pela extinta Primeira Turma Especial, em sessão realizada em 25 de março de 2015, nos termos do voto da Relatora
(documento assinado digitalmente)
ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH - Relatora
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente
Participaram do julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior. Ausente, justificadamente, a Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio
Nome do relator: ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH
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OMISSÃO SOBRE PONTO QUE DEVERIA TER SIDO APRECIADO. Constatado nos autos a ocorrência de omissão sobre ponto o qual a turma julgadora deveria ter se pronunciado, impõemse acolher os Embargos Declaratórios para pronunciarse sobre esta matéria. JUNÇÃO DE PROCESSOS CONEXOS. FASES DIFERENTES DE JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A pretensão da contribuinte em juntar processos conexos para seguimento conjunto quando já se encontram em fases diferentes de julgamento é inviável processualmente, em respeito a não supressão de instâncias de julgamentos. Os processos apesar de conexos, ou continentes, devem guardar cada qual sua independência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer os Embargos Declaratórios para, no mérito, acolhêlos, sem efeitos infringentes, e ratificar o decidido no Acórdão nº 1801002.354, proferido pela extinta Primeira Turma Especial, em sessão realizada em 25 de março de 2015, nos termos do voto da Relatora (documento assinado digitalmente) ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 00 28 /2 01 1- 82 Fl. 307DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA 2 (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente Participaram do julgamento os conselheiros: Edeli Pereira Bessa (presidente da turma), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior. Ausente, justificadamente, a Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatório Tratase de apreciação de Embargos de Declaração interpostos pela empresa em epígrafe, efls. 285 a 296, contra o Acórdão nº 1801002.354, proferido pela extinta Primeira Turma Especial, em sessão realizada em 25 de março de 2015, admitido parcialmente, consoante despacho decisório de efls. 301 a 306. Extraio trechos do despacho de admissibilidade, para melhor compreensão: [...] Nestes, a embargante suscita que o acórdão embargado apresenta contradições e omissão de ponto sobre o qual a turma deveria se pronunciar. Primeira contradição A embargante explica: Conforme consignado no voto às fls. 05, a eminente conselheira relatora considera que o valor de R$ 2.164,43 foi registrado na contabilidade a título de Saldo de Prejuízo Fiscal não operacional, porém conclui que a recorrente deve comprovar cabalmente que o quantum considerado na autuação [...] deva ser reduzido no montante em que alega. [...] No votocondutor restou explicitado a respeito da não consideração do valor de R$ 2.164,43, que não foi admitido pela fiscalização, ou em julgamento, porque referese a prejuízo não operacional e, por esta razão, não pode ser incluso no saldo de prejuízos acumulados operacionais. É uma falácia da embargante dizer que há contradição na decisão porque, apesar de contabilizado, não ter sido admitido. A razão esclarecida foi outra nas decisões e no procedimento fiscal. Verifiquese: A recorrente argumenta que a autuação fiscal padece de vício insanável por não ter considerado o valor de R$ 2.164,43, registrado na contabilidade a título de Saldo de Prejuízo Fiscal não operacional, e haver procedido à glosa total do Saldo de Prejuízo Fiscal, ensejando a autuação com valores indevidos, devendo, por esta razão, ser totalmente insubsistente. Argumenta que como a reversão de prejuízos se deu em razão de investimentos, baixa de empresa incorporada, que o prejuízo fiscal e o lucro tributado ex officio nos autos nº 16643.000421/201095 possuem a mesma natureza, devendo ser admitido, obrigatoriamente. Equivocase a recorrente. A fiscalização não computou o referido valor, como valor remanescente ainda utilizável em anos subsequentes, dada a sua natureza não operacional, como o próprio título da conta contábil denuncia. O entendimento da recorrente de que é prejuízo de natureza compatível com o lucro apurado pela empresa é discutível e não pode ser oposto à autuação como insofismável. Destarte, a recorrente Fl. 308DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA Processo nº 16643.000028/201182 Acórdão n.º 1302001.790 S1C3T2 Fl. 3 3 deve comprovar cabalmente que o quantum considerado na autuação, cuja presunção de legitimidade possui desde a constituição do crédito tributário, a título de matéria tributável deva ser reduzido no montante em que alega. (grifos não pertencem ao original) Desta forma, não houve qualquer contradição entre os fundamentos da decisão e o decidido, pelo que os embargos neste concernente não pode ser admitido. Segunda contradição Argúi a embargante, a seguinte contradição existente no acórdão embargado: Também foi objeto do Recurso a nulidade da decisão da DRJ por inovação do critério jurídico (inconsistência de informações na DIPJ/04). Sobre esse ponto, o acórdão embargado, na tentativa de afastar tal alegação, asseverou que o acórdão da DRJ apenas teceu considerações sobre os porquês de não haver sido admitido o valor tido pela recorrente como absolutamente inarredável dos cálculos efetuados na autuação fiscal, (fls. 05 do acórdão) Para tanto, colacionou trecho da decisão da DRJ que supostamente demonstraria outros fundamentos para a manutenção da glosa, contudo, o trecho colacionado no voto da eminente conselheira relatora apenas descreve os fatos do processo principal, o que contradiz a sua alegação de que a inconsistência de informações na DIPJ/04 não foi o fundamento para rebater o argumento de defesa da recorrente, mas sim pontos extras que reforçam a impossibilidade de ser aproveitado o tal prejuízo fiscal não operacional no cálculo do valor a ser glosado a título de Saldo de Prejuízos Fiscais compensáveis em 2009. (fls. 06 do acórdão). A respeito deste assunto, o votocondutor demonstrou, claramente, que o fundamento principal de manterse o lançamento tributário foi o fato de a infração tributária ser de natureza operacional, não sendo passível a compensação do prejuízo não operacional, por natureza distintas. O trecho colacionado do acórdão proferido em primeiro grau no texto decisório, ao contrário do alegado nos embargos ora analisados, não faz referência às informações inseridas na DIPJ, as quais mostraram inconsistências. Verifiquese, novamente: [...] Do confronto entre o alegado pela embargante e o que realmente constou na decisão embargada, denotase não ser verdadeiro o alegado, pelo que não restou comprovada a contradição, não podendo admitirse os embargos declaratórios neste aspecto. No que concerne à parte admitida para a apreciação (destaquei) dos presentes embargos pode ser assim relatada despacho decisório: Da omissão suscitada A empresa argúi "omissão sobre ponto em que a turma deveria ter se pronunciado: Alguns pontos de fundamental relevância trazidos no Recurso Voluntário que dizem respeito ao principio da economia processual e da previsão contida no art. 9o, § 1o, do Decreto n° 70.235/72 que não foram analisados pelo acórdão ora embargado que se limitou a repetir a ausência de previsão legal para o sobrestamento dos autos até o julgamento final do Processo Administrativo n° 16643.000421/201095. Fl. 309DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA 4 Conforme reconhecido pela própria eminente conselheira relatora não há qualquer dúvida que a decisão do processo no qual se debate a reversão dos prejuízos fiscais acumulados pela empresa recorrente há de repercutir no objeto destes autos. E foi justamente para tutelar essas situações que foi incluída no Decreto n° 70.235/72, a previsão legal do art. 9o, § 1o nos seguintes termos: [...] Com base nessa previsão legal, sobre a qual a decisão ora embargada não se pronunciou, é possível perceber que o que deve prevalecer é o procedimento que seja mais eficaz para a melhor solução da lide, o que afasta qualquer formalidade para a efetivação deste procedimento. E mais, a Constituição Federal de 1988 garante, através do princípio da economia processual, que sejam poupados quaisquer desperdícios na condução do processo bem como nos atos processuais, de trabalho, tempo e demais despesas. E sobre esse ponto, tratado às fls. 06 do Recurso Voluntário, o acórdão ora embargado também não se pronunciou. Ora, já que o processo principal está aguardando julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, não faz sentido decidir sobre algo que se encontra sob a tutela deste E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, seja pela absoluta ineficácia dessa decisão caso não seja confirmada a dedutibilidade das despesas com ágio (...) (grifos no original) Restou assente no acórdão embargado, que a reunião dos processos, na data da apreciação do litígio e julgamento realizado, era inviável em face de encontraremse em fase distintas processuais: III) Do sobrestamento do julgamento Não há qualquer dúvida que a decisão do processo no qual se debate a reversão dos prejuízos fiscais acumulados pela empresa recorrente há de repercutir no objeto destes autos. Todavia, não há hipótese de sobrestamento de julgamento no direito processual fiscal e também não há como reunir este processo para julgamento conjunto com o processo nº 16643.000421/201045, pois encontramse em fases processuais distintas. (grifos não pertencem ao original) Alertouse, ainda, para a execução do presente acórdão, na decisão embargada, in fine: Após a interposição de Recurso Especial, pela recorrente, estes autos deverão ser apreciados conjuntamente com os autos nº 16643.000421/201045, quanto à admissibilidade do referido Recurso Especial e, se for o caso, serem julgados conjuntamente pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, pois a sorte dos presentes autos está vinculada ao decidido naquele. Implicitamente, as disposições do artigo 9º, parágrafo 1º, do Decreto nº 70.235/72, que trata sobre a possibilidade de reunião de processos administrativos que versam sobre a aplicação de penalidade isolada e auto de infração lavrado para a exigência de crédito tributário (destaquei), foram refutadas no decisório, portanto. Mas, não foram de forma clara e expressa, pelo que os embargos de declaração Fl. 310DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA Processo nº 16643.000028/201182 Acórdão n.º 1302001.790 S1C3T2 Fl. 4 5 podem ser admitidos neste concernentes com o exclusivo objetivo de aclarear a razão de não ser aplicável ao presente caso, o dispositivo legal processual invocado. [...] Em assim sendo, confrontados os pontos arguídos no recurso voluntário, no acórdão embargado e os presentes embargos, não restam comprovadas, objetivamente, as contradições suscitadas pela embargante pelo que proponho que os presentes Embargos de Declaração não sejam admitidos em relação a estas matérias, devendo, no entanto, serem admitidos para a turma julgadora se pronunciar expressamente sobre o não cabimento de aplicarse o dispositivo 9º, §1º, do Decreto nº 70.235/72, afastado de forma implícita no julgamento. [...] De acordo. Neste juízo de cognição sumária, com fundamento no art. 65, §2o, e no art. 66, §2º, ambos do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, ADMITO PARCIALMENTE os embargos opostos pela Contribuinte para que este colegiado se pronuncie expressamente sobre a aplicação, ou não, do artigo 9º, §1º, do Decreto nº 70.235/72, invocado no recurso voluntário, com sua consequente distribuição para relatoria da Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich. É o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes Wipprich, Relatora Conheço dos Embargos Declaratórios, por tempestivos. Os presentes Embargos devem ser admitidos com o único intuito de esclarecer, de forma expressa, ponto de controvérsia suscitado pela então recorrente, a respeito do cabimento ou não da aplicação do artigo 9º, §1º, do Decreto nº 70.235/72 ao presente litígio, tendo em vista que não foi abordado pontualmente, embora, na decisão, tenha restado claro a impossibilidade da junção de processos (este e processo conexo), em razão de estarem em fases distintas de julgamento, conforme relatado. Houve, por conseguinte, certa omissão, pelo que devem ser admitidos neste tocante. A respeito, pois, da aplicação, no caso em concreto, do artigo 9º, § 1º do Decreto nº 70.235/72, a seguir transcrito: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou Fl. 311DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA 6 penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1o Os autos de infração e as notificações de lançamento de que trata o caput deste artigo, formalizados em relação ao mesmo sujeito passivo, podem ser objeto de um único processo, quando a comprovação dos ilícitos depender dos mesmos elementos de prova. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) As disposições inseridas no retro transcrito dispositivo legal dirigemse a processos administrativos fiscais que tratem um de exigência de crédito tributário, outro de aplicação de penalidade, ou seja, multa isolada. Não se trata do caso vertente. A recorrente pede a reunião de dois processos, sendo que o processo nº 16643.000421/201095 trata de reversão de prejuízo fiscal e de bases de cálculo negativas de CSLL, por indedutibilidade de despesa com ágio, enquanto o presente litígio versa também sobre a exigência de IRPJ, por inexistência do prejuízo fiscal, não se tratando, pois, de exigência de penalidade, mas ambos os processos versam sobre exigências de impostos. Como explicitado no acórdão embargado, as matérias são interligadas, porém distintas. Ademais, a orientação processual do parágrafo 1º do artigo 9º acima reproduzido é que os processos "podem" ser reunidos e não "devem", deixando o legislador a opção a depender do caso em concreto a ser analisado. E como explicitado no acórdão embargado, III) Do sobrestamento do julgamento Não há qualquer dúvida que a decisão do processo no qual se debate a reversão dos prejuízos fiscais acumulados pela empresa recorrente há de repercutir no objeto destes autos. Todavia, não há hipótese de sobrestamento de julgamento no direito processual fiscal e também não há como reunir este processo para julgamento conjunto com o processo nº 16643.000421/201045, pois encontramse em fases processuais distintas. Os autos nº 16643.000421/201045 encontramse em fase de análise de Recurso Especial recentemente interposto pela ora recorrente, em 02/03/2015. Acostei a estes autos cópia do acórdão nº 1101000.913/13 , efls.235 a 261, cujas ementas transcrevo: ÁGIO INTERNO. AMORTIZAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. Inadmissível a formação de ágio por meio de operações internas, sem a intervenção de partes independentes e sem o pagamento de preço. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. [...] Fl. 312DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA Processo nº 16643.000028/201182 Acórdão n.º 1302001.790 S1C3T2 Fl. 5 7 Acompanho o decidido em primeira instância, primeiro esclarecendo que, embora as matérias deste e daqueles autos são interrelacionadas, a matéria objeto daqueles autos não será rediscutida neste, pois tratam os dois processos de matérias distintas. A matéria objeto aqui é glosa de prejuízo fiscal compensado indevidamente por inexistente, enquanto no outro foi glosa de despesa com ágio, que resultou em reversão do saldo de prejuízos fiscais acumulados. Em segundo, aplicando o decidido no Acórdão nº 1101000.913/13, por reflexo, nestes autos, ou seja, havendo sido mantida a autuação e a reversão do saldo de prejuízo fiscal, em segunda instância de julgamento, há que se manter nestes autos, também a autuação por glosa de prejuízo fiscal, por saldo inexistente. Importante salientar, por oportuno, que nenhum prejuízo pode ocorrer ao embargante, na condução separada até aqui dos processos, em vista de haverse alertado para a conexão existente entre os referidos processos quando da execução do acórdão ora embargado. Confirase: Após a interposição de Recurso Especial, pela recorrente, estes autos deverão ser apreciados conjuntamente com os autos nº 16643.000421/201045, quanto à admissibilidade do referido Recurso Especial e, se for o caso, serem julgados conjuntamente pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, pois a sorte dos presentes autos está vinculada ao decidido naquele Em assim sendo, voto em conhecer e admitir os presentes Embargos de Declaração, para suprir eventual omissão no confronto das arguíções suscitadas pela recorrente, e, no mérito, ratificar o decidido no Acórdão nº 1801002.354/15 para negar o provimento do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes Wipprich Fl. 313DF CARF MF Impresso em 15/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente e m 15/03/2016 por ANA DE BARROS FERNANDES WIPPRICH, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por EDELI PER EIRA BESSA
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Numero do processo: 10860.720770/2013-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 21/05/2008 a 31/05/2008
DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS. LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3402-002.858
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro, que aceitaram a documentação apresentada pela defesa como substitutiva do sistema mencionado no art. 388 do RIPI/2002. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Sustentaram pela recorrente, dividindo o tempo regimental, o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ 32.641 e o Dr. Rodrigo Evangelista Munhoz, OAB/SP 371.221.
(assinado digitalmente)
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente
(assinado digitalmente)
MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 21/05/2008 a 31/05/2008 DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DAS NOTAS FISCAIS. LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. Recurso Voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros Thais De Laurentiis Galkowicz e Diego Diniz Ribeiro, que aceitaram a documentação apresentada pela defesa como substitutiva do sistema mencionado no art. 388 do RIPI/2002. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Sustentaram pela recorrente, dividindo o tempo regimental, o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ 32.641 e o Dr. Rodrigo Evangelista Munhoz, OAB/SP 371.221. (assinado digitalmente) ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 07 70 /2 01 3- 29 Fl. 594DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 2 MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a impugnação da contribuinte. Trata o processo de auto de infração relativo ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e multa de ofício, lavrado pela fiscalização da DRFTaubaté/SP, em 28/06/2013, no montante de R$ 680.130,47, em face das seguintes irregularidades: 1) recolhimento de imposto a menor em decorrência da escrituração e utilização de estornos de débitos indevidos; que se referem a cancelamentos de notas fiscais emitidas em janeiro e abril/2008, para os quais a contribuinte não cumpriu o estabelecido nos artigos 178 e 330 do RIPI/2002; 2) aproveitamento de créditos indevidos relativos a devolução e retorno de produtos em razão da não comprovação dos créditos através do Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema de controle equivalente; A autuada apresentou impugnação, aduzindo em sua defesa as seguintes razões, conforme consta no relatório da decisão recorrida: tendo em vista que foi cientificada da autuação somente em 28/05/2013, os créditos escriturados nos dias 07/04/2008, 28/04/2008, 09/05/2008 e 12/05/2008 não podem mais ser objeto de glosa, uma vez ter operado a decadência do direito de exigi los; relata o autuante que a impugnante procede comprovadamente o lançamento das notas fiscais de devolução no Livro de Registro de Entradas, que as mercadorias devolvidas referemse a produtos com saída para demonstração e produtos devolvidos por apresentação de problemas técnicos; a fiscalização consigna que a impugnante procede o controle de estoque por “sistema interno” sendo, no caso de veículos, individualizados pelo número de chassi e pelo custo total de sua fabricação; possui controles contábeis que refletem os retornos dos produtos ao estoque no respectivo mês; em relação ao retorno ao estoque dos produtos objeto de notas fiscais canceladas, restou demonstrado a apresentação de todos os originais dos documentos fiscais e os lançamentos contábeis comprobatórios do cancelamento desses efeitos fiscais; Fl. 595DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10860.720770/201329 Acórdão n.º 3402002.858 S3C4T2 Fl. 595 3 consta nos autos que a fiscalização constatou pelos originais dos documentos fiscais o cancelamento dos mesmos mediante carimbo; o direito ao crédito por força de retorno é conferido quando comprovada a escrituração das devoluções e efetuado o controle de estoque por outro meio que não somente pelo Livro de Registro do Controle de Estoque; requer a realização de diligência para que seja apurado o efetivo controle de estoque e escrituração dos produtos que retornarem ao estabelecimento; protesta pela oportuna juntada de laudo técnico cuja elaboração já foi por ela requerida a órgão técnico. Por fim, requer que seja decretada a decadência do direito da Fazenda proceder à glosa dos créditos apurados até 12/05/2008, que seja julgada inteiramente improcedente a autuação e que seja deferida a realização de prova pericial técnica, contábil e documental. Mediante o Acórdão nº 1449.579, de 9 de abril de 2014, a 12ª Turma da DRJ/RPO julgou improcedente a impugnação da contribuinte, conforme ementa abaixo: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 21/05/2008 a 31/05/2008 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência. JUNTADA DE PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL. A prova documental deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de a manifestante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. IPI. DECADÊNCIA. No lançamento de ofício formalizado em auto de infração, sem que tenha ocorrido dolo, fraude ou simulação, considerase transcorrido o prazo decadencial aos fatos geradores do IPI com data anterior a cinco anos da data da formalização do lançamento. CRÉDITOS RELATIVOS A DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU DE SISTEMA EQUIVALENTE. O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à Fl. 596DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 4 comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema de controle equivalente. NOTA FISCAL. CANCELAMENTO. DIREITO AO CRÉDITO. Para fazer jus ao crédito nos casos de cancelamento da nota fiscal é preciso que o contribuinte comprove que o cancelamento da nota ocorreu antes da saída da mercadoria, a demonstração inequívoca de que todas as vias permaneceram em poder do emitente, e a declaração dos motivos que determinaram o cancelamento. A contribuinte foi regularmente cientificada do Acórdão de primeira instância, pela abertura do arquivo correspondente no sistema eprocesso em 15/04/2014, sendo que a data da ciência por decurso de prazo deuse em 30/04/2014. Em 12/05/2014, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, mediante o qual requer a realização de diligência e perícia e alega, em síntese: i) Decadência do direito da Fazenda em proceder ao lançamento de ofício; ii) Legitimidade dos créditos decorrentes das devoluções/retornos; e iii) Legitimidade dos estornos. É o relatório. Voto Conselheira MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA O recurso é tempestivo e foi apresentado por legítimos representantes da contribuinte, pelo que dele tomo conhecimento. i) Preliminar de decadência Alega a recorrente que os créditos glosados foram devidamente escriturados no Livro de Registro de Entrada, entre outras datas, nos dias 07/04/2008, 28/04/2008, 09/05/2008 e 12/05/2008. Assim, tendo em vista que foi cientificada da autuação somente em em 28/05/2013, os créditos escriturados nessas datas não mais poderiam ser objeto de glosa, uma vez ter operado a decadência do direito de exigilos. No entanto, conforme já esclarecido pela decisão recorrida (vide trecho transcrito abaixo), no que a recorrente nada contestou, a autuação referese, em verdade, somente ao terceiro decêndio de maio de 2008, não tendo sidos glosados os créditos de datas anteriores, os quais foram utilizados apenas em amostragem, juntamente com outros casos, para avaliar os procedimentos adotados pela empresa: (...) A autuada alega que decaiu o direito da Receita Federal efetuar a glosa dos créditos escriturados nos dias 07/04/2008, 28/04/2008, 09/05/2008 e 12/05/2008, tendo em vista que foi cientificada da autuação somente em 28/05/2013. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10860.720770/201329 Acórdão n.º 3402002.858 S3C4T2 Fl. 596 5 A impugnante equivocase em sua defesa, porque não foram glosados os referidos créditos. Conforme relatado, à fl. 12, no relatório fiscal, o auditor procedeu à verificação dos casos de retornos listados no quadro apresentado (que inclui os créditos reclamados pela recorrente), como uma amostragem para avaliar os procedimentos adotados pela empresa, em casos de devolução e retorno de produtos. Entretanto, o autuante deixa claro, no mesmo relatório, que a presente autuação referese somente ao 3º decêndio de maio de 2008. Abaixo, transcrevo o 3º parágrafo constante à fl. 19, no relatório fiscal: “Fica, dessa forma, evidenciado que VOLKSWAGEN não cumpre tal exigência, o que nos leva a efetuar a glosa dos valores creditados no Livro de Registro e Apuração do IPI, no período de apuração em tela (terceiro decêndio de maio de 2008) sob os CFOP 1.201 (R$ 87.503,68), 1.913 (R$ 114.021,60), e 2.410 (R$ 60.473,97), resultando num montante de R$ 261.999,25.” Tais valores, objeto de glosa, podem ser conferidos na cópia do Livro Registro de Apuração de IPI, às fls. 25/29. Dessa forma, os valores glosados de devolução e retorno na presente autuação foram escriturados e aproveitados no abatimento de débitos somente em 31/05/2008. Como a autuada tomou ciência do auto de infração em 28/05/2008, não havia transcorrido ainda, o prazo de cinco anos previsto no art. 150, parágrafo 4º, do CTN, razão pela qual não se configurou a alegada decadência. Conseqüentemente, rejeitase a alegação da impugnante. Assim, pelos mesmos fundamentos da decisão recorrida, nos termos do art. 50, §1° da Lei nº 9.784/99, afasto a alegação de decadência da recorrente, eis que os débitos relativos aos créditos mencionados como decaídos não constam na autuação. ii) Dos créditos decorrentes das devoluções/retornos A recorrente foi intimada pela fiscalização por várias vezes a comprovar a legitimidade dos créditos registrados nas notas fiscais de devolução e retorno, nos termos do art. 169, caput e II e arts. 172 e 173 do RIPI/2002, demonstrando os respectivos retornos ao estoque produtivo com a escrituração dessas no livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente, este em conformidade com o art. 388 do RIPI/2002. Em respostas às intimações, a contribuinte informou que: os retornos realizados na contabilização do contribuinte acima são identificados através do número do chassi e pelo custo total de fabricação (Controle Estoque); as saídas/cancelamentos (retornos) são contabilizados através de contas contábeis específicas, pela totalidade de operações ocorridas no respectivo mês, sendo as operações identificadas pela sua individualidade pelo número do chassi e que suas operações são registradas em "sistemas internos". Entendeu a fiscalização que as planilhas e documentos apresentados não atenderiam aos requisitos dispostos no art. 388 do RIPI/2002 e demais normas regulamentares, conforme consta no Relatório Fiscal: (...) Fl. 598DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 6 VOLKSWAGEN não apresentou, em momento algum, o seu Registro de Controle da Produção e do Estoque ou sistema equivalente nos termos do art. 388 do RIPI/2002. Limitouse a informar que "os retornos/vendas, são realizados através de Sistema Interno, sendo identificados pela sua individualidade, através do número de chassi", que "os veículos produzidos são identificados, através do número de chassi e pelo custo total de fabricação em sua movimentação de entrada/saída (Controle de Estoque)", e a apresentar "cópias reprográficas dos resumos das "contas contábeis" que referese ao custo total de fabricação dos produtos e das "contas contábeis " que demonstram os retornos dos veículos ao estoque no respectivo mês" e "prints" de telas de computador e planilhas elaboradas pela própria Tais "contas contábeis" são sintéticas, não apresentando a individualidade dos lançamentos. Controles feitos por "Sistemas Internos", bem como "prints" de telas de computador e planilhas não são documentos que se prestem para a comprovação solicitada. A legislação é clara ao exigir a comprovação do regresso da mercadoria devolvida ou retornada ao estoque produtivo pela escrituração nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, conforme se vê na alínea "b", inciso II, do art. 169, art. 171, 172 e inciso I, art. 173, do RIPI/2002, retro transcritos. Fica, dessa forma, evidenciado que VOLKSWAGEN não cumpre tal exigência, o que nos leva a efetuar a glosa dos valores creditados no Livro de Registro e Apuração do IPI, no período de apuração em tela (terceiro decêndio de maio de 2008), sob os CFOP 1.201 (R$ 87.503,68), 1.913 (R$ 11.4021,60), e 2.410 (R$ 60.473,97), resultando num montante de R$ 261.999,25. A exigência de comprovação de regresso da mercadoria ao estoque produtivo pela escrituração no livro Registro de Entradas e no livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente encontra fundamento nos arts. 169, II, "b", 171, 172 e 173 do RIPI/2002: Art. 169. O direito ao crédito do imposto ficará condicionado ao cumprimento das seguintes exigências ( Lei nº 4.502, de 1964, art. 27, § 4º): I pelo estabelecimento que fizer a devolução, emissão de nota fiscal para acompanhar o produto, declarando o número, data da emissão e o valor da operação constante do documento originário, bem assim indicando o imposto relativo às quantidades devolvidas e a causa da devolução; e II pelo estabelecimento que receber o produto em devolução: a) menção do fato nas vias das notas fiscais originárias conservadas em seus arquivos; b) escrituração das notas fiscais recebidas, nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388; e c) prova, pelos registros contábeis e demais elementos de sua escrita, do ressarcimento do valor dos produtos devolvidos, Fl. 599DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10860.720770/201329 Acórdão n.º 3402002.858 S3C4T2 Fl. 597 7 mediante crédito ou restituição do mesmo, ou substituição do produto, salvo se a operação tiver sido feita a título gratuito. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à volta do produto, pertencente a terceiros, ao estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, exclusivamente para conserto. Art. 171. Se a devolução do produto for feita a outro estabelecimento do mesmo contribuinte, que o tenha industrializado ou importado, e que não opere exclusivamente a varejo, o que o receber poderá creditarse pelo imposto, desde que registre a nota fiscal nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388. Art. 172. Na hipótese de retorno de produtos, deverá o remetente, para creditarse do imposto, escriturálo nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388, com base na nota fiscal, emitida na entrada dos produtos, a qual fará referência aos dados da nota fiscal originária. Art. 173. Produtos que, por qualquer motivo, não forem entregues ao destinatário originário constante da nota fiscal emitida na saída da mercadoria do estabelecimento, podem ser enviados a destinatário diferente do que tenha sido indicado na nota fiscal originária, sem que retornem ao estabelecimento remetente, desde que este: I emita nota fiscal de entrada simbólica do produto, para creditarse do imposto, com indicação do número e data da emissão da nota fiscal originária e do valor do imposto nela destacado, efetuando a sua escrituração nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente nos termos do art. 388; e II emita nota fiscal com destaque do imposto em nome do novo destinatário, com citação do local de onde os produtos devam sair. Art. 388. O estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, e o comercial atacadista, que possuir controle quantitativo de produtos que permita perfeita apuração do estoque permanente, poderá optar pela utilização desse controle, em substituição ao livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, observado o seguinte: I o estabelecimento fica obrigado a apresentar, quando solicitado, aos Fiscos Federal e Estadual, o controle substitutivo; II para a obtenção de dados destinados ao preenchimento do documento de prestação de informações, o estabelecimento industrial, ou a ele equiparado, poderá adaptar, aos seus modelos, colunas para indicação do valor do produto e do imposto, tanto na entrada quanto na saída; e III o formulário adotado fica dispensado de prévia autenticação. [grifos da Relatora] Fl. 600DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 8 Na impugnação e no recurso voluntário, a recorrente sustentou a legitimidade do seu sistema equivalente de controle de estoque, eis que: i) emite a nota fiscal de saída e registra no livro Registro de Saída; ii) emite nota fiscal de entrada com o respectivo registro no livro Registro de Entrada; iii) procede o controle de estoque por meio de sistema eletrônico com a individualização dos produtos, no caso dos veículos, pelo número de chassi e valor; iv) possui controles contábeis que refletem os retornos dos produtos ao estoque no respectivo mês, bem como v) por meio de contas contábeis específicas (doc. nº 2) comprova o efetivo controle por sistema quantitativo em substituição ao Livro modelo 3. Embora a recorrente possa, eventualmente, comprovar cada item devolvido ou retornado ao estoque por outros meios de prova, deixou de fazer a escrituração das notas fiscais no livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente, que é uma das exigências dispostas no Regulamento do IPI para o direito ao crédito decorrente da devolução ou retorno. Conforme registrou Antonio Bezerra Neto (Coords. PEIXOTO, Marcelo Magalhães; DOMINGO, Luiz Roberto. Regulamento do IPI: imposto sobre produtos industrializados: anotado e comentado. São Paulo: MP ed., 2008, p. 329), em comentário ao art. 167 do RIPI 2002, o exercício do direito ao crédito por devolução ou retorno de mercadorias está condicionado ao cumprimento da referida obrigação acessória, não sendo suficiente os lançamentos correspondentes nos livros de entradas, de saídas, diário e razão: (...) Cabe ainda registrar que os elementos indicando operação de devolução ou retorno das notas fiscais de saída do estabelecimento e de devolução (ou de entrada), assim como os correspondentes registros nos livros de entradas, de saídas, diário e razão, à evidência, não se identificam com quaisquer sistemas de controle de produção e de estoque, que é meio essencial para desvendar a articulação entre as matériasprimas e de produto acabado indispensável para garantir que os produtos decorrentes de devoluções ou retornos de fato reintegraram ao estoque. Outra não foi a razão da escolha pelo regulamento da aludida obrigação acessória para integrar o conjunto de provas autorizadas na lei para o exercício do direito ao crédito por devolução ou retorno de mercadorias. (...) Nesse mesmo sentido, foi o voto do Relator Antônio Bueno Ribeiro do Segundo Conselho de Contribuintes, no processo n° 13807.013218/9902, Acórdão n°: 202 15.642, julgado em 16/06/2004: (...) Assim é que a norma regulamentar (RIPI/82, art. 86, à época dos fatos) [norma que prosseguiu vigente no RIPI/2002] dispõe que o direito ao crédito do imposto está condicionado ao cumprimento de determinados procedimentos, dentre outros o de registrar as devoluções ou retornos no Livro de Registro de Controle de Produção e do Estoque (modelo 3), facultado a adoção de fichas substitutivas (art. 281) ou de equivalente sistema de controle da produção e do estoque (art. 283). Esse registro, como salientado pela decisão recorrida, é elemento essencial para a comprovação da reinclusão no Fl. 601DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10860.720770/201329 Acórdão n.º 3402002.858 S3C4T2 Fl. 598 9 estoque do produto devolvido ao estabelecimento, de sorte a prevenir possíveis simulações de devolução. Nos autos a Recorrente considera que a não escrituração do livro modelo 3 e as outras impropriedades assinaladas pela fiscalização acerca do documentário fiscal atinente às indigitadas devoluções como mera infrações formais incapazes de obstar o direito ao crédito expresso no art. 84 do RIM/82, em consonância com o princípio da nãocumulatividade que informa o IPI. Demais disso enfatiza que o conjunto de elementos que conseguiu reunir e anexou à impugnação (fls. 197/596) se revela consistente para provar as operações de devolução e retorno de mercadorias e apresenta cumprimento a requisitos formais suficientes à manutenção do crédito de IPI discutido, servindo de sistema de controle da produção e do estoque equivalente àquele do livro modelo 3, o que se alinharia à jurisprudência deste Conselho no sentido de admitir a comprovação das devoluções de mercadorias por meios alternativos (Acórdão CSRF/02 0.818; Acórdãos n's 62.129/84 e 20208.872). De pronto cabe registrar que tais elementos indicando por operação de devolução ou retorno as notas fiscais de saída do estabelecimento e de devolução (ou de entrada), assim como os correspondentes registros nos livros de entradas, de saídas, diário e razão, à evidência, não se identificam com quaisquer sistemas de controle de produção e de estoque, que, repitase, é meio essencial e expedito para desvendar a articulação entre as movimentações de matériasprimas e de produto acabado indispensável para garantir que os produtos decorrentes de devoluções ou retornos de fato reintegraram ao estoque. Outra não foi a razão da escolha pelo regulamento da aludida obrigação acessória para integrar o conjunto de provas autorizadas na lei para o exercício do direito ao crédito por devolução ou retorno de mercadorias. (...) Assim, pelas razões acima, entendo que a autuação deve ser mantida no que concerne aos créditos decorrentes das devoluções e retorno de produtos. iii) Dos estornos: A fiscalização glosou os estornos dos débitos, no valor de R$ 43.210,98, relativos a cancelamentos de notas fiscais emitidas em janeiro e abril/2008, porque a contribuinte não teria cumprido os requisitos legais que comprovariam o cancelamento das notas. Alega a recorrente que cumpriu as exigências legais e apresentou os documentos que entende ser suficientes para comprovar a sua alegação. Da análise da documentação apresentada pela contribuinte concluiu a fiscalização que: Ao analisarmos as notas fiscais apresentadas, verificamos que as de número 274461, 275448 e 276789, emitidas em janeiro de Fl. 602DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 10 2008, todas relativas à transferência de automóveis para o estabelecimento da fiscalizada em Taubaté, estão com carimbo de "CANCELADA", onde consta a indicação que o motivo foi "Email do Sr. Norberto Putini". Verificando tal email, constatamos que no mesmo consta que tais notas não foram utilizadas (?). Das oito notas fiscais da Série 44, algumas estão com o carimbo de "NOTA FISCAL CANCELADA MOTIVO VIDE "CI" DE CANCELAMENTO". Porém, tais "CI" não foram apresentadas. O que VOLKSWAGEM apresentou foram "prints" de telas de computador (ANEXO 12). Analisando, ainda, o restante da documentação, verificamos que os lançamentos contábeis, todos sintéticos, ou seja, sem a devida individualização, juntamente com a planilha elaborada pela fiscalizada, são relativos às notas fiscais da Série 44. A documentação apresentada por VOLKSWAGEN, "prints" de tela de computador, planilhas elaboradas por ela, "prints" de e mail, lançamentos contábeis sintéticos, não se presta para comprovar o que foi alegado: É importante frisar que as referidas notas fiscais foram canceladas porque nunca saíram do estabelecimento deste contribuinte". Tal afirmativa seria comprovada com a simples demonstração da escrituração das referidas notas fiscais no Livro de Registro e Controle da Produção e do Estoque, ou equivalente nos termos do art. 388 do RIPI/2002. Para fazer jus ao crédito relativo ao cancelamento de nota fiscal, deve a contribuinte atender ao disposto nos artigos 178 e 330 do RIPI/2002, abaixo transcritos, devendo demonstrar que esse cancelamento se deu antes da saída da mercadoria, bem como que conservou em seu poder todas as vias do documento cancelado: Art. 178. É ainda admitido ao contribuinte creditarse: I do valor do imposto, já escriturado, no caso de cancelamento da respectiva nota fiscal, antes da saída da mercadoria; e II – (...) Parágrafo único. Nas hipóteses previstas neste artigo, o contribuinte deverá, ao registrar o crédito, anotar o motivo do mesmo na coluna "Observações" do livro Registro de Apuração do IPI. Art. 330. Quando a nota fiscal for cancelada, conservarseão todas as suas vias no bloco ou sanfona de formulários contínuos, com declaração dos motivos que determinaram o cancelamento e referência, se for o caso, ao novo documento emitido. Parágrafo único. Se copiada a nota, os assentamentos serão feitos no livro copiador, arquivandose todas as vias do documento cancelado. [grifos da Relatora] Como já visto, a autuada não possui o Livro Registro de Controle da Produção e do Estoque, nem outro sistema equivalente, que proporcione um efetivo controle de estoque a fim de possibilitar a demonstração inequívoca de que o cancelamento das notas ocorreu antes da saída das mercadorias. A recorrente não comprovou que não deu saída aos Fl. 603DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM Processo nº 10860.720770/201329 Acórdão n.º 3402002.858 S3C4T2 Fl. 599 11 produtos relativos às notas fiscais canceladas, nem tampouco que conservou todas as vias dos documentos cancelados. Pelo que entendo correta a glosa da fiscalização, devendo ser mantida a autuação relativa. iv) Pedido de diligência e perícia Requereu a recorrente a realização de perícia ou diligência para que fique constatado que o sistema que adota permite o controle eficiente e eficaz das devoluções, bem como do levantamento das notas fiscais de devolução e sua escrituração no livro de Registro de Entrada dos sistemas de controle do estoque da empresa e dos controles contábeis. No entanto, em nada socorreria a recorrente a verificação solicitada, eis que ela não cumpriu a obrigação acessória de fazer a escrituração das notas fiscais no livro Registro de Controle da Produção e do Estoque ou em sistema equivalente, que é uma das exigências dispostas no art. 169 do Regulamento do IPI para o direito ao crédito decorrente da devolução ou retorno. Ademais, a recorrente não demonstrou, como elemento modificativo à autuação, que o seu sistema atenderia ao disposto nas normas regulamentares. Não há que se olvidar que as diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória das partes. Também está preclusa, neste momento processual, a produção de novas provas, nos termos do art. 16, §4° do Decreto nº 70.235/72. É por ocasião da apresentação da impugnação que a recorrente deve produzir a prova necessária à comprovação das suas alegações. A autoridade julgadora administrativa, a teor do art. 18 do Decreto nº 70.235/1972, pode determinar, de ofício ou a requerimento do interessado, a realização de diligências ou perícias, mas somente quando entendêlas necessárias ao seu convencimento, devendo indeferir as prescindíveis ao julgamento. Entendo ser prescindível a diligência e a perícia solicitada à solução da presente lide, conforme acima exposto, pelo que o pedido correspondente deve ser indeferido. Em face do exposto e de tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de indeferir o pedido de diligência e perícia e negar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (Assinatura Digital) MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA Relatora Fl. 604DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM 12 Fl. 605DF CARF MF Impresso em 03/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente e m 01/02/2016 por MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA, Assinado digitalmente em 01/02/2016 por ANTONIO C ARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10950.723751/2011-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. CONTAGEM PELA REGRA DO INCISO I DO ART. 173 DO CTN.
Inexistindo antecipação de recolhimento das contribuições previdenciárias, a contagem do prazo decadencial tem como marco inicial o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que os tributos poderiam ter sido lançados.
Recurso Voluntário Negado.
O Ato Declaratório Executivo n.º 98, exarado pela DRF Maringá, não se aplica às contribuições lançadas, posto que diz respeito à suspensão da imunidade relativa ao imposto de renda da pessoa jurídica.
PERÍODO DO LANÇAMENTO. EXERCÍCIOS DE 2005 A 2008.
Ao contrário do que se alegou no recurso, as contribuições lançadas não se referem ao exercício de 2009, compreendendo os de 2005 a 2008.
Numero da decisão: 2402-004.737
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer a legitimidade da empresa Pletsch & Nabhan Ltda; rejeitar a preliminar de decadência; e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Kleber Fereira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. CONTAGEM PELA REGRA DO INCISO I DO ART. 173 DO CTN. Inexistindo antecipação de recolhimento das contribuições previdenciárias, a contagem do prazo decadencial tem como marco inicial o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que os tributos poderiam ter sido lançados. Recurso Voluntário Negado. O Ato Declaratório Executivo n.º 98, exarado pela DRF Maringá, não se aplica às contribuições lançadas, posto que diz respeito à suspensão da imunidade relativa ao imposto de renda da pessoa jurídica. PERÍODO DO LANÇAMENTO. EXERCÍCIOS DE 2005 A 2008. Ao contrário do que se alegou no recurso, as contribuições lançadas não se referem ao exercício de 2009, compreendendo os de 2005 a 2008.
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NORMA REGULADORA DA IMUNIDADE. No período do lançamento, a imunidade prevista no § 7.º do art. 195 da Constituição Federal era regulada pelas regras do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991. ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF MARINGÁ N.º 98. ABRANGÊNCIA. O Ato Declaratório Executivo n.º 98, exarado pela DRF Maringá, não se aplica às contribuições lançadas, posto que diz respeito à suspensão da imunidade relativa ao imposto de renda da pessoa jurídica. PERÍODO DO LANÇAMENTO. EXERCÍCIOS DE 2005 A 2008. Ao contrário do que se alegou no recurso, as contribuições lançadas não se referem ao exercício de 2009, compreendendo os de 2005 a 2008. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AUSÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. PRAZO DECADENCIAL. CONTAGEM PELA REGRA DO INCISO I DO ART. 173 DO CTN. Inexistindo antecipação de recolhimento das contribuições previdenciárias, a contagem do prazo decadencial tem como marco inicial o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que os tributos poderiam ter sido lançados. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 72 37 51 /2 01 1- 83 Fl. 2349DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer a legitimidade da empresa Pletsch & Nabhan Ltda; rejeitar a preliminar de decadência; e, no mérito, negar provimento ao recurso. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Kleber Fereira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Ronaldo de Lima Macedo, João Victor Ribeiro Aldinucci, Natanael Vieira dos Santos, Marcelo Oliveira, Ronnie Soares Anderson, Kleber Ferreira de Araújo e Lourenço Ferreira do Prado. Fl. 2350DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10950.723751/201183 Acórdão n.º 2402004.737 S2C4T2 Fl. 2.350 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 06 39.883 de lavra da 5.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Curitiba (PR), que julgou improcedente em parte a impugnação apresentada para desconstituir os seguintes Autos de Infração AI: a) AI n.º 37.330.2428: exigência de contribuições destinada a outras entidades ou fundos (terceiros); e b) AI n.º 37.330.2371: aplicação de multa em razão da entidade haver descumprido a obrigação de declarar todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP. De acordo com o relatório fiscal, fls. 1.671 e segs., os fatos geradores das contribuições lançadas foram os pagamentos efetuados a segurados empregados e a contribuintes individuais, estes últimos transportadores rodoviários autônomos. Essas remunerações foram verificadas mediante análise das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP e da contabilidade. A multa, ressaltase, foi imposta levandose em consideração as alterações promovidas pela Lei n.º 11.941/2009, optandose pelo valor mais favorável ao sujeito passivo, quando se comparou a multa aplicada com base na legislação vigente no momento da ocorrência dos fatos geradores e aquela calculada com esteio na norma atual. O prazo decadencial foi aferido pelo art. 173, I, do CTN, posto que não se verificou antecipação de recolhimentos das contribuições lançadas. Ressaltase que a entidade teve a isenção das contribuições previdenciárias reconhecidas pelo INSS em 27/12/1996, conforme documento de fl. 599. Todavia, na ação fiscal que deu ensejo às autuações foi emitida Informação Fiscal IF relatando o descumprimento de requisitos do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991. Essa IF foi declarada extinta em razão do art. 45 e alínea "a" do inciso II do art. 50 do Decreto n.º 7.237/2010 c/c art. 52 da Lei n.º 12.101/2009. O fisco aponta que as irregularidades verificadas dizem respeito aos seguintes incisos do art. 55 da Lei n.º 8.212/1991: IV: proibição de que os diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, percebam remuneração e/ou usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V: obrigatoriedade da aplicação integral do eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais. Afirmase que as atas de Assembleias Gerais Ordinária e Extraordinária comprovam o descumprimento dos dispositivos acima. Fl. 2351DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 Pelo fato do pagamento de remunerações a dirigentes caracterizar também descumprimento de requisito necessário à isenção do imposto de renda da pessoa jurídica IRPJ, durante a fiscalização foi suspenso o referido benefício fiscal. Relatase que compareceram ao Setor de Fiscalização da DRF em Maringá o Presidente da Entidade, Sr. João Carlos Raddi, e o exPresidente e atual Conselheiro, o Sr. Jorge Abou Nabhan, os quais apresentaram documentos e argumentaram que houvera equívoco na suspensão da isenção do IRPJ, haja vista que a criação da Fundação não apresenta qualquer irregularidade, além de que a intervenção judicial a que estava sujeito o contribuinte decorrera de má intenção de membro do Ministério Público. Afirmase que conforme AGE do dia 18 de setembro de 2008, o Interventor Wagner Luiz Marques, nomeado pela Justiça Estadual, explanou os motivos da intervenção, quais sejam: regularização da prestação de contas de 2000 a 2004, levantamento patrimonial da interessada, contratos de concessão e comodato e dívida de um milhão de reais para com empresa, cujo Presidente da Fundação autuada fazia parte do quadro societário. A seguir o fisco trata do contrato de concessão firmado entre a Fundação autuada e a empresa Jorge Abou Nabhan e Cia Ltda, a qual posteriormente passou a se denominar Pletsch e Nabhan Ltda, cujo objeto contratado era repassar à concessionária os direitos de estruturação, organização e administração, afim de manter a Fundação em condições de atendimento dos seus próprios objetivos estatutários e regimentais. Afirmase que o instituidor da Fundação, Jorge Abou Nabhan, era sócio da empresa concessionária, e que esse contrato de concessão tinha como real objetivo remunerá lo, posto que a Fundação arcava com a integralidade da folha de pagamento da concessionária, além de repassar para esta uma verba correspondente a 17% de todos os valores arrecadados pela concedente. A mencionada pessoa física assumiu o cargo de Presidente da Fundação de janeiro de 2001 a setembro de 2008, quando esta sofreu intervenção judicial. Informase que o quadro de pessoal da empresa Pletsch e Nabhan foi gradativamente reduzido, de modo que em 2002 contava apenas com uma empregada, não possuindo assim condições para cumprir o objeto do contrato, malgrado, continuasse a receber a remuneração de 17% sobre as receitas da Fundação. Segundo o fisco esse percentual repassado à concessionária é excessivo, causando deterioração das contas da autuada e tornando nulo o contrato, posto que se trata de disposição não verdadeira, que esconde remuneração disfarçada. Ressaltase que a realização do objeto do contrato de concessão tornouse impossível com a remuneração e a distribuição de lucros de forma simulada ao Presidente Jorge Abou Nabhan, pois que impede o sujeito passivo de atender aos seus próprios objetivos estatutários e regimentais, considerando o aumento dos déficits ou diminuição dos superávits com os repasses à Pletsch & Nabhan Ltda. A autoridade lançadora enfatizou que a Pletsch & Nabhan Ltda. e o sujeito passivo, na realidade, relacionamse como se fossem um único ente, pois o Sr. Jorge Abou Nabhan e seu cônjuge Ana Maria Pletsch Nabhan têm interesses comuns nas duas entidades, por serem pessoas ligadas a ambas, e o demonstrativo de folha 1061 evidencia que o fluxo de caixa da Pletsch & Nabhan Ltda. nos anos calendários de 2005 e 2006, tal como praticado, só foi possível, porque na realidade trabalham como uma única entidade com a finalidade de remuneração e distribuição de lucros ao Presidente e sua esposa, por intermédio da margem de lucro no valor de 17% sobre as receitas e da cobertura total da sua folha de pagamento, além de Fl. 2352DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10950.723751/201183 Acórdão n.º 2402004.737 S2C4T2 Fl. 2.351 5 não efetuar o devido recolhimento da cota patronal previdenciária, burlando os requisitos legais para gozar deste benefício fiscal. O fisco identificou diversas saídas de recursos do caixa/bancos da autuada para cobertura de despesas da empresa concessionária, muitas das vezes sem sequer haver a emissão de nota fiscal, além do pagamento de despesas pessoas do Sr. Jorge Abou Nabhan. Explicase também que a Fundação funcionava em imóvel pertencente ao Sr. Jorge Abou Nabhan, que lhe foi cedido mediante contrato de comodato. Esse ajuste obrigava a autuada a fazer a manutenção das instalação e equipamentos pertencentes ao imóvel de propriedade do seu Presidente, o que representa a não aplicação integral das rendas, recursos e eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento dos objetivos institucionais da Fundação. Assinalase que o sujeito passivo contratou para manutenção e conservação do imóvel e das instalações nele contidas a Nabhan Engenharia e Construções Ltda., que tem 50% do capital social em posse de parentes até o terceiro grau, inclusive por afinidade, logo pessoas ligadas ao Presidente Jorge Abou Nabhan, conforme definido pelos incisos II e III do art. 465 do RIR. Tal fato também representaria remuneração indireta do Presidente. Sobre essa questão o fisco concluiu que, ao custear as despesas de manutenção, ampliação e conservação do imóvel do Presidente e das instalações nele contidas no período de vigência do contrato de comodato, o sujeito passivo não aplicou integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais e o dirigente Jorge Abou Nabhan percebeu remuneração e usufruiu vantagens e benefícios com o dispêndio destes valores. O contrato de concessão foi substituído por um contrato de aluguel no valor mensal de R$ 41.000,00, a ser pago a empresa Plestch & Nabhan. Esse contrato teve vigência a partir de 01/01/2007. Para o fisco esse ajuste seria irregular posto que, nos termos do art. 64 do Código Civil, os instituidores deveriam ter passado para a Fundação a propriedade ou outro direito real sobre os bens dotados. Afirmase que a incorporação das benfeitorias ao imóvel sem direito de retenção, nos termos do contrato firmado, caracteriza usufruto de vantagem ou benefício pelo dirigente Jorge Abou Nabhan, que tem o patrimônio de sua empresa Pletsch e Nabhan Ltda. incrementado pelo sujeito passivo, não observando o requisito de isenção do inciso IV do art. 55 da Lei 8.212. Segundo o fisco, mesmo depois da vigência do contrato de locação, sujeito passivo continuou a pagar despesas previstas no contrato de concessão, a exemplo da quitação da folha de pagamento e encargos trabalhistas e previdenciários da Plestch & Nabhan. Verificouse o pagamento de encargos fiscais e da contribuição sindical desta empresa, os quais não constavam em qualquer estipulação contratual. Constatouse ainda o pagamento de encargos fiscais da pessoa do Sr. Jorge Abou Nabhan. Na sequência, fisco passa a apontar remunerações diretas recebidas pelo Presidente da Fundação. Mostra remunerações declaradas na GFIP nas competências 02 e 03/2005. Fl. 2353DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Afirmase que o cônjuge do Sr. Jorge Nabham foi contratada pela fundação no período de 03/2007 a 09/2008, percebendo o maior salário entre todos os funcionários. Esse fato também representaria remuneração indireta ao Presidente. Outra situação que foi tida como distribuição disfarçada de lucros foi a relação comercial entre a autuada e a empresa Nabhan & Moreira Ltda, cuja sócia administradora é irmã do Sr. Jorge Nabhan. Afirmase que ela também foi nomeada Conselheira da Fundação, tendo recebido remuneração entre 16 de agosto de 13 de outubro de 2008. Relatase que após a intervenção judicial, a empresa Pletsch & Nabhan propôs ação de despejo contra a autuada. Mas, antes disso, já teria havido retiradas de recursos da Fundação sob a justificativa de que esta estaria em débito com a empresa dona do imóvel. São apresentados casos em que a autuada contraía empréstimos junto à rede bancária e os valores eram creditados diretamente na conta da Pletsch & Nabhan. Essas operações foram um dos principais motivos para decretação da intervenção judicial na Fundação. O fisco acusa ainda o recebimento pela Pletsch & Nabhan de parcelas relativas a pagamento de uma dívida inexistente, o que representou benefício financeiro para o Sr. Jorge Nabhan. Foram detectados ainda vários pagamentos de despesas de viagem ao Sr. Jorge Nabhan, os quais o fisco supôs tratarse de remuneração direta. São apontados pagamentos por serviços que não foram prestados para a Fundação, mas para outra empresa denominada Bem Viver Serviços, a qual tinha no quadro societário Conselheira da autuada. O fisco colocou no polo passivo, na condição de devedor solidário, o Sr. Jorge Nabhan, justificando a providência nos seguintes termos: "Verificase que sempre houve excesso de poderes pelo Sr. Jorge Abou Nabhan, que tinha amplo controle sobre as decisões e negócios do sujeito passivo, e que houve várias infrações ao estatuto social, seja nas remunerações diretas e indiretas ou distribuição disfarçada de lucros ao dirigente, contrárias ao art. 34 (folha 764), ou na inclusão de membros da família Nabhan no Conselho Diretor antes das alterações estatutárias para transformação em Fundação Nabhan (folha 705), inclusive com a contratação da sua irmã Maria Regina Abou Nabhan, situação descrita nos parágrafos 415 a 429 acima." Por fim, o fisco aponta também descumprimento do art. 14 do CTN, caracterizado pelas seguintes irregularidades: a) distribuição de patrimônio da Fundação à Pletsch & Nabhan, representada pela incorporação de benfeitorias ao imóvel desta sem direito de retenção; b) falta de aplicação dos recursos na manutenção das suas atividades, em razão de desvios para a Pletsch & Nabhan de recursos obtidos mediante empréstimos; e c) irregularidades na escrituração contábil, conforme declarada na própria sentença da intervenção judicial. Fl. 2354DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10950.723751/201183 Acórdão n.º 2402004.737 S2C4T2 Fl. 2.352 7 Apresentaram impugnação conjunta, fls. 1.749 e segs., a Fundação Hospitalar de Saúde, a Pletsch & Nabhan, além das pessoas físicas Jorge Abou Nabhan e Ana Maria Plestch Nabhan. Às fls. 1.986 e segs. foi acostado laudo técnico apresentado pelos impugnantes. A decisão de primeira instância encontrase às fls. 2.263 e segs. A DRJ declarou ilegítimas as participações processuais de Pletsch & Nabhan Ltda e por Ana Maria Pletsch Nabhan, posto que não foram arroladas no polo passivo das lavraturas. Foram declaradas decadentes as competências de 01 a 08/2005; 11 e 13/2005 para o AI n.º 37.330.2428. Foi excluída a responsabilidade pessoal do Sr Jorge Abou Nabhan para o período de 09 a 13/2008. O AI 37.330.2371 foi declarado nulo por vício formal, posto que o cálculo da multa não levou em conta a metodologia de comparação da penalidade mais benéfica não prevista na legislação. Inconformados, compareceram ao processo para recorrer a autuada, Jorge Nabhan e a empresa Pletsch & Nabhan. A peça única encontrase às fls. 2.315 e segs. Inicialmente alegam que a Fundação Hospitalar Intermunicipal de Saúde FHISA é uma fundação de direito público instituída pelo Consórcio dos Municípios Paranaenses de Cianorte, Tapejara, São Tomé, Jussara, Guaporema, Cidade Gaúcha e Rondon. Afirmam que o Dr. Jorge Abou Nabhan participou da instituição da FHISA mediante a cessão de bens imóveis e imóveis para desenvolvimento das atividades estatutárias da instituição recém criada. Conforme autorização do estatuto da FHISA, o Consórcio dos Municípios instituidores propôs à sociedade empresária Jorge Agou Nabhan e Cia Ltda, atual Plestch e Nabhan Ltda, proprietária dos imóveis e equipamentos pertencentes ao Hospital Cianorte, o uso complexo hospitalar sob o regime de comodato e concessão. A FHISA de posse da documentação exigida requereu e obteve da Receita Federal e do INSS as imunidades tributária e previdenciária. No período de 1992 a 2008 cumpriu com as obrigações acessórias exigidas em Lei, tendo prestado contas das suas operações e dos dispêndios cessão de mãodeobra à empresa comodante. A Fundação operou de 1992 a 2006 sem ser sequer questionada quanto à ocorrência de supostas irregularidades. Em meados de 2007, o Conselho Diretor da FHISA exigiu a alteração dos contratos de comodato e concessão para locação, tendo o contrato sido firmado em 11/06/2007 com data retroativa a 01/01/2007. Enxergando irregularidades no contrato de locação e nos atos de gestão da entidade, o membro do Ministério Público propôs diversas medidas judiciais e também encaminhou dossiê a Delegacia da RFB em Maringá que editou o Ato Declaratório Executivo ADE n.º 98, de 05/11/2010, suspendendo a imunidade tributária da autuada e determinando a realização da ação fiscal que deu ensejo as presentes lavraturas. Fl. 2355DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 8 O auditor desvinculouse do Ato Declaratório n.º 98 e, adotando critério discricionário, rejeitou a imunidade tributária dos exercícios de 2005 a 2008 e lavrou o AI para exigência da contribuição de terceiros do período de 01 a 12/2009. A seguir pede o reconhecimento da decadência para o período até a competência 12/2006, por aplicação do § 4.º do art. 150 do CTN. Afirma que o auditor deveria ter se atido ao limite temporal fixado no ADE n.º 98, jamais ter lançado contribuições relativas a fatos geradores do exercício de 2009. Também a auditoria deixou de observar a decisão liminar proferida na ADI n.º 18023, da relatoria do Ministro Sepúlveda Pertence. Essa decisão inclusive retira a eficácia do ADE n.º 98, conforme jurisprudência do 1.º Conselho de Contribuintes. A suspensão da imunidade não pode retroagir aos exercícios de 2005 a 2008, sendo inconcebível a pretensão da autoridade administrativa de dar efeito extunc à suspensão da imunidade. A final, pedem que: a) seja declarada a irretroatividade do ADE n.º 98; b) declarase restabelecida a imunidade tributária da recorrente a partir do dia 01/01/2009; c) se reconheça a decadência das contribuições lançadas até a competência 11/2006. É o relatório. Fl. 2356DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10950.723751/201183 Acórdão n.º 2402004.737 S2C4T2 Fl. 2.353 9 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade O recurso merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Ilegitimidade da empresa Pletsch & Nabhan para recorrer A primeira instância decidiu que a empresa Pletsch & Nabhan não teria legitimidade para figurar na lide, como se pode ver de excerto do voto condutor do acórdão recorrido: "7. Da impugnação apresentada por Pletsch & Nabhan Ltda. Inicialmente, compete relatar que os Autos de Infração n° 37.330.2428 e n° 37.330.2371 foram lavrados apenas contra a Fundação e contra o responsável Sr. Jorge Abou Nabhan, conforme Relatório Fiscal (1672/1745), Termo de Ciência (fls. 1957) e Termo de Responsabilidade Tributária Pessoal (fls. 1954/1955). 7.1. Apesar disso, a impugnação (1749/1776) e a petição de fls. 1986/2048 foram apresentadas em nome da Fundação, da empresa Pletsch & Nabhan Ltda, do Sr. Jorge Abou Nabhan e da Sra. Ana Maria Pletsch Nabhan, inclusive com pedido de exclusão da responsabilidade supostamente atribuída à empresa Pletsch & Nabhan Ltda e à Sra. Ana Maria Pletsch Nabhan. 7.2. Nesse contexto, a impugnação conjunta apresentada não pode ser conhecida em relação à empresa Pletsch & Nabhan Ltda, eis que falece a esta interesse e legitimidade (Lei n° 5.869, de 1973, arts. 3° e 267, VI; e Lei n° 9.784, de 1999, art. 9°), constituindose em terceiro juridicamente não interessado, pessoa em relação à qual não se forma lide administrativa, apesar de demonstrar conhecimento dos fatos. 7.3. Isso posto, voto pelo não conhecimento da impugnação da empresa Pletsch & Nabhan Ltda, uma vez que não lhe foi imputada responsabilidade pelos lançamentos veiculados nos Autos de Infração n° 37.330.2428 e n° 37.330.2371, devendo o não conhecimento ser informado mediante Ofício do órgão preparador com transcrição do relatado nos itens 7. e 7.1 supra e da fundamentação e conclusão constantes do itens 7.2 supra e do acolhimento do presente voto, constante deste item 7.3, pelo colegiado em Acórdão do qual a empresa Pletsch & Nabhan Ltda não pode ter ciência integral em razão do sigilo fiscal." Fl. 2357DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 10 De fato, não há de se confundir a pessoa física do Sr. Jorge Nabhan com a empresa em que faz parte do quadro societário. As lavraturas foram efetuadas em nome da FHISA e do seu exPresidente, portanto, apenas esses podem se contrapor às exigências fiscais. Nesse sentido, apesar de ser mencionada no relato fiscal, a empresa Pletsch & Nabhan Ltda não é parte para recorrer da decisão da DRJ, posto que não faz parte da lide administrativa. Decadência É cediço que, com a declaração de inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.º 8.212/1991 pela Súmula Vinculante n.º 08, editada pelo Supremo Tribunal Federal em 12/06/2008, o prazo decadencial para as contribuições previdenciárias passou a ser aquele fixado no CTN. Quanto à norma a ser aplicada para fixação do marco inicial para a contagem do quinquídio decadencial, o CTN apresenta três normas que merecem transcrição: Art. 150 (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. ................................................................................................ Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. (...) A jurisprudência majoritária do CARF, seguindo entendimento do Superior Tribunal de Justiça, tem adotado o § 4.º do art. 150 do CTN para os casos em que há antecipação de pagamento do tributo, ou até nas situações em que não havendo a menção à ocorrência de recolhimentos, com base nos elementos constantes nos autos, seja possível se chegar a uma conclusão segura acerca da existência de pagamento antecipado. O art. 173, I, tem sido tomado para as situações em que comprovadamente o contribuinte não tenha antecipado o pagamento das contribuições, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação e também para os casos de aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória. Por fim, o art. 173, II, merece adoção quando se está diante de novo lançamento lavrado em substituição ao que tenha sido anulado por vício formal. No caso sob enfoque, verificase que as contribuições destinadas aos terceiros não foram objeto de antecipação de pagamento, posto que a empresa se declarava imune ao Fl. 2358DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10950.723751/201183 Acórdão n.º 2402004.737 S2C4T2 Fl. 2.354 11 recolhimento das contribuições sociais, nesse sentido a contagem do prazo decadencial deve se dar pela regra do inciso I do art. 173 do CTN. Considerandose que a ciência do lançamento ocorreu em 27/12/2011, a decadência circunscrevese ao período de 01 a 11/2005 e 13/2005, devendo ser mantida a exclusão determinada pela DRJ. Acerca da competência 12/2005, devemos observar que ao fisco só é dado o direito de agir no momento em que o sujeito passivo passa a ser inadimplente quanto ao recolhimento do tributo. Assim, considerandose que no período lançado o prazo para recolhimento era o dia 2 do mês subsequente a ocorrência do fato gerador, para a competência 12/2005, somente se poderia considerar o contribuinte devedor após o dia 03 de janeiro de 2006, dia imediatamente posterior ao vencimento do tributo. Assim, para essa competência (12/2005), o fisco somente poderia efetuar o lançamento após o terceiro dia do mês de janeiro de 2006 e, por conseguinte, o prazo decadencial tem como dies a quo, pela regra do inciso I do art 173 do CTN, o primeiro dia do ano de 2007, que é o exercício subsequente aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. De se concluir que para a competência 12/2005 o prazo decadencial somente se esgotou em 31/12/2011, ou seja, cinco anos após 01/01/2007, que é primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o fisco poderia efetuar o lançamento. Afastese a pretensão da recorrente quanto à decadência. Suposto desrespeito ao ADE n.º 98 O Ato Declaratório Executivo DRF/MGA n° 98, de 5 de novembro de 2010 (fls. 2178), não tem vinculação direta com o lançamento que se discute. É que o mencionado ato declarou suspensa a imunidade tributária da Fundação Hospitalar de Saúde de Cianorte, nos anoscalendário de 2005 a 2008, com lastro no art. 32, § 3°, da Lei n° 9.430, de 1996, ou seja, tem por objeto a imunidade de que trata a alínea "c" do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal (Lei n° 9.430, de 1996, art. 32, § 1°), qual seja a imunidade relativa a impostos. Logo, o Ato Declaratório Executivo DRF/MGA n° 98, de 2010, não tem interferência no AI lavrado para exigência de contribuições aos terceiros, tendo a fiscalização observado o regramento legal específico aplicável ao caso concreto (Art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, art. 32 da Lei n° 12.101/2009 e art. 45 Decreto n° 7.237, de 2010). Não se deve, portanto, acatar os argumentos do sujeito passivo de que teria havido desrespeito ao ADE n.º 98. Do período do lançamento Argumenta os recorrentes que a partir de 01/01/2009 a FHISA teria readquirido o direito à imunidade, por esse motivo não poderiam ser lançadas as competências do exercício de 2009. Esse argumento também não merece sucesso, eis que o lançamento das contribuições para outras entidades ou fundos abrange o período de 01/2005 a 13/2008. Fl. 2359DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 12 Aplicação da decisão do STF na ADI n.º 18023 Alegam os recorrentes que decisão cautelar do STF na ADI n.º 18023 impediria o lançamento, posto que aplicável aos dispositivos utilizados pelo fisco para fundamentar a lavratura. Essa assertiva não corresponde à realidade. Na verdade, os dispositivos ali afetados foram os § 1.º, alínea "f" do § 2.º, ambos do art. 12 da Lei n.º 9.532/1997, além do art. 14 da mesma Lei. Ocorre que a fundamentação para o lançamento foi o descumprimento dos incisos IV e V do revogado art. 55 da Lei n.º 8.212/1991, o qual regulava a imunidade das contribuições sociais no período do lançamento. Eis os dispositivos: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (...) IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (...) O fisco demonstrou a contento que esses requisitos foram descumpridos pela autuada, não tendo os recorrentes apresentado nenhum argumento para afastar as conclusões da autoridade lançadora acerca do atropelo aos mencionados dispositivos. Assim, no mérito, entendo que devem prevalecer as acusações fiscais, posto que os argumentos recursais não foram suficientes para afastar às conclusões da DRJ sobre a contenda. Conclusão Voto por não reconhecer a legitimidade da empresa Pletsch & Nabhan Ltda para recorrer, por afastar a decadência pleiteada e, no mérito, por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 2360DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 22/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
score : 1.0
Numero do processo: 11522.001286/2007-52
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/1994 a 31/12/1998
PREVIDENCIÁRIO - CUSTEIO - NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - SERVIDORES - PERÍODO ATINGINDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL - SÚMULA VINCULANTE STF.
O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a
inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n ° 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n ° 8, senão vejamos: "Súmula Vinculante n° 8" São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário"".
Nos casos em que não há o reconhecimento do fato gerador por parte do recorrente, aplica-se para efeitos da decadência o disposto no art. 173 do CTN.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.
Numero da decisão: 2401-001.363
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em declarar a decadência da totalidade das contribuições apuradas. Vencida a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que votou por dar provimento parcial para declarar a
decadência até 11/98, inclusive 13 ° salário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Nome do relator: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira
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Nos casos em que não há o reconhecimento do fato gerador por parte do recorrente, aplica-se para efeitos da decadência o disposto no art. 173 do CTN, RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em declarar a decadência da totalidade das contribuições apuradas, Vencida a Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora), que votou por dar provimento parcial para declarar a decadência até 11/98, inclusive 13 salário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. »ç ELIAS SAMPAIO FREIRE - Presidente ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA - Relatara Ut\w, KLEBER FERREIRA DE A ( JO — Redator Designado Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Cleusa Vieira de Souza, Marcela Freitas de Souza Costa e Rycarda Henrique Magalhães de Oliveira,. 2 Processo Ir 11522001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n 0 2401-01.363 Fl 322 Relatório Trata-se de retorno de diligência comandada por meio da Resolução ri° 206- 00.057 da antiga 6" Câmara de Julgamento do 2° Conselho de Contribuintes, atual 4 a Câmara da Sessão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscal — CARF, no intuito de identificar a data da lavratura da NFLD declarada nula, para que se pudesse identificar as competências alcançadas pela decadência qüinqüenal. Importante, destacar que a lavratura da NFLD deu-se em 11/11/2005, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido em 05/12/2005. Os fatos geradores ocorreram entre as competências 01/1994 a 12/1998, incluindo 13, Salário. Para retomar as informações pertinentes ao processo, importante destacar as informações acerca do lançamento efetuado. A presente NFLD tem por objeto as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social, parcela devida a cargo da empresa, incluindo a relativa ao financiamento dos beneficias concedidos em razão do grau de incapacidade laborativa em virtude dos riscos ambientais do trabalho, bem como a parcela dos segurados empregados, apurada por aferição indireta, por meio do confronto entre os valores empenhados e o somatório dos valores brutos dos quatro arquivos magnéticos das folhas de pagamento. O período do presente levantamento abrange as competências 01/1994 a 12/1998, incluindo 13' salário. Contudo, relevante informar que trata-se de NFLD substitutiva tendo em vista decisão definitiva que considerou o crédito previdenciário nulo em 19/07/2005, em função de vicio .formal na identificação do sujeito passivo.. O procedimento .fiscal anterior foi autorizado por meio de MPF e .foi realizada no período compreendido entre as competências 05/12/2003 e 28/06/2004. Conforme descrito no Relatório Fiscal, item 8, fls., 78.. "Conforme está definido no MPF, trata-se de contribuições previdenciárias devidas à seguridade social incidente sobre as remunerações destinadas a retribuírem os serviços prestados por segurados empregados ao Estado do Acre — Secretaria de Estado de Indústria e Comércio irregularmente contratados sem a devida prestação de concurso público após a Constituição Federal, estando desprovida de amparo constitucional a integração destes segurados empregados na relação estatutária vinculado ao Regime Próprio de Previdência Social , mas a relação contratual nula deu-se de forma permanente, subordinada e mediante remuneração, caracterizando o vínculo ao RGPS, conforme definido na alínea "a", Ido art. 12 e inciso do art„5 a da Lei 8212/91." Não confOrmada com a notificação, foi apresentada defesa pela notificada,.fls 87a 108 O processo foi baixado em diligência, para que a autoridade fiscal, se manifestasse acerca dos questionamentos apresentados pela empresa notificada, fls. 131 Foi emitida informação fiscal, .fls.132 a 168, com os seguintes esclarecimentos. • procedeu a exclusão dos valores de salário .família e maternidade não computados no lançamento, bem como destacou que o órgão Estado do Acre — Secretaria de Indústria e Comércio não esteve incluído em parcelamentos realizados anteriormente. Devidamente cientificado dos termos da diligência o recorrente apresentou nova defesa àslis., 174 a 198, A Decisão-Notificação determinou a procedência integral do lançamento, inclusive indeferindo as retificações. propostas pelo auditor iwtificante, pelos motivos trazidos aos autos, bem como as argüições de decadência dos créditos previdenciários, fls. 205 a 215. Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme . fTs. 223 a 263. Em síntese o recorrente alega:. Preliminarmente, parte do direito está afetado pelo instituto da decadência. Para o período de 01/1994 a 03/1994, considerando a criação de regime pelo e Es.tado e com vistas a não prejudicar seus servidores (celetistas e detentores de cargos), procedeu o estado o recolhimento para o INSS, devendo os valores serem deduzidos do débito em questão.. NO mesmo sentido que se encaminha a jurisprudência dos Tribunais, Os "servidores irregulares" não estão jungidos ao regime de emprego público, não se podendo presumir, como fez o INSS o vínculo empregatício nas relações entre os trabalhadores não concursados e a Administração Pública, porquanto indevida a exigência da contribuição previdenciária pelo INSS, à medida que vincula os servidores irregulares ao RGPS Verifica-se no levantamento do INSS a incidência de contribuição de servidores regulares, que ingressaram no quadro de servidores regulares antes da CF/88. Constam ainda do levantamento servidores exclusivamente comissionados, sendo que tais servidores . já estavam submetidos ao RGPS nos termos da CF/88. Dessa forma, devem os valores serem deduzidos no lançamento em questão.. O Estado sofreu inúmeras fiscalizações desde o início da década de 90, sendo que para regularizar a situação foram formalizados diversos parcelamentos. Diversos levantamentos encontram-se em discussão judicial ou administrativa, como mesmo fimdamento, quais sejam; A Processo if 11522 001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n " 2401-01363 Fl 323 elaboração de .folha de pagamento é unificado (regulares e irregulares). As ações fiscais nunca se deram ao trabalho de separar ditos segurados, apurando-se o lançamento pelo total. Os levantamentos foram feitos por amostragem e aferição indireta. Nunca se fez um levantamento com indicação precisa dos fatos geradores (individualização dos indivíduos). Existe na relação servidores exonerados e demitidos, bem como .falecidos. Não foram devidamente deduzidos os valores pagos à título de salário família e maternidade, sendo que se à época não eram segurados da previdência — RGPS, não haveria que se .falar em exigência da documentação pertinente ao RGPS. Requer a compensação dos valores recolhidos indevidamente para o INSS, por exemplo no período de 01/1994 a 03/1994 com aqueles apurados no presente lançamento, Requer o recurso seja recebido e processado para fim de considerar insubsistente o lançamento.. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme já apreciado quando do julgamento que converteu o julgamento em diligência. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: No recurso em questão, o contribuinte argumenta a inexistência dos créditos apurados no presente lançamento consubstanciado em 3 pontos básicos: decadência parcial dos fatos geradores, inclusão indevida de segurados já pertencentes ao próprio RGPS, inclusão de servidores regulares do RPPS e que os valores já se encontravam devidamente parcelados. Após o resultado da diligência que informou que a NFLD declarada nula deu-se em 28/06/2004, compete-nos preliminarmente avaliar o decadência do direito do fisco de constituir o lançamento. Nesse sentido, quanto a aplicação da decadência qüinqüenal, subsumo todo o meu entendimento quanto a legalidade do art. 45 da Lei 8212/91 (10 anos), outrora defendido à decisão do STF Dessa forma, quanto a decadência de 5 anos, profiro meu entendimento, O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art, 45 da Lei n `) 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de n ° 8, senão vejamos: Súmula Vinca/ante te 8"Scio inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5" do Decreto-lei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário O texto constitucional em seu art, 103-A deixa claro a extensão dos efeitos da aprovação da súmula vinculando, obrigando toda a administração pública ao cumprimento de seus preceitos. Dessa forma, entendo que este colegiado deverá aplicá-la de pronto, mesmo nos casos em que não argüida a decadência qüinqüenal por parte dos recorrentes. Assim, prescreve o artigo em questão: Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Ao declarar a inconstitucionalidade do art 45 da Lei n 0 8.212, prevalecem as disposições contidas no Código Tributário Nacional — CTN, quanto ao prazo para a autoridade previdenciária constituir os créditos resultantes do inadimplemento de obrigações Processo tf 11522.001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n.' 2401-01.363 H 324 previdenciárias, Cite-se o posicionamento do STJ quando do julgamento proferido pela 1' Seção no Recurso Especial de n 766.050, cuja ementa foi publicada no Diário da Justiça em 25 de fevereiro de 2008, nestas palavras: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ISS. ALEGADA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VALIDADE DA CDA. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS DE QUALQUER NATUREZA - ISS. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. ENQUADRAMENTO DE ATIVIDADE NA LISTA DE SERVIÇOS ANEXA AO DECRETO- LEI N" 406/68. ANALOGIA. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO E.XTENSIVA, POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATiCIOS FAZENDA PÚBLICA VENCIDA FIXAÇÃO. OBSERVA çÁo AOS LIMITES DO § 3." DO ART. 20 DO CPC IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. REDISCUSSÃO DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 07 DO STJ DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO, INOCORRÊNCIA. ARTIGO 173, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTIV-. 1. O Imposto sobre Serviços é regido pelo DL 406/68, cujo fato gerador é a prestação de serviço constante na lista anexa ao referido diploma legal, por empresa ou profissional autônomo, com ou sem estabelecimento fixo. 2. A lista de serviços anexa ao Decreto-lei n," 406/68, para fins de incidência do ISS sobre serviços bancários, é taxativa, admitindo-se, contudo, uma leitura extensiva de cada item, no afã de se enquadrar serviços idênticos aos expressamente previstos (Precedente do STF: RE 361829/RJ, publicado no DJ de 24.02.2006; Precedentes do STJ: AgRg no Ag 770170/56', publicado no DJ de 26.10.2006; e AgRg no Ag 577068/GO, publicado no DJ de 28..08,2006). 3, Entrementes, o exame do enquadramento das atividades desempenhadas pela instituição bancária na Lista de Serviços anexa ao Decreto-Lei 406/68 demanda o reexame do conteúdo fático probatório dos autos, insindicável ante a incidência da Súmula 7/STJ (Precedentes do STJ AgRg no Ag 770170/SC, publicado no DJ de 2610,2006; e REsp 445137/MG, publicado no DJ de 01..092006J 4, Deveras, a verificação do preenchimento dos requisitos em Certidão de Dívida Ativa demanda exame de matéria . fático-probatória, providência inviável em sede de Recurso Especial (Súmula 07/STJ)„ 5. Assentando a Corte Estadual que "na Certidão de Divida Ativa consta o nome do devedor-, seu endereço, o débito com seu valor originário, termo inicial, maneira de calcular' juros de mora, com seu .fundamento legal (Código Tributário Municipal. Lei n." 2141/94; 2517/97, 2628/98 e 2807/00) e a descrição de todos os acréscimos" e que "os demais requisitos podem ser observados nos autos de processo administrativo acostados aos autos de execução em apenso, onde se verificam: a procedência do débito (ISSQN), o exercício correspondente (-01/12/1993 a 31/10/1998), data e número do Termo de Início de Ação Fiscal, bem como do Auto de Infração que originou o débito", não cabe ao Superior Tribunal de Justiça o reexame dessa inferência.. 6. Vencida a Fazenda Pública, a fixação dos honorários advocatícios não está adstrita aos limites percentuais de 10% e 20%, podendo ser adotado como base de cálculo o valor dado à causa ou à condenação, nos termos do artigo 20, § 4", do CPC (Precedentes. AgRg no AG 623.659/RJ, publicado no DJ de 06.06 2005; e AgRg no Resp 592.430/MG, publicado no DJ de 29.11.2004). 7 A revisão do critério adotado pela Corte de origem, por eqüidade, para a .fixação dos honorários, encontra óbice na Súmula 07, do STJ, e no entendimento sumulado do Pretório Excelso • "Salvo limite legal, a fixação de honorários de advogado, em complemento da condenação, depende das circunstâncias da causa, não dando lugar a recurso extraordinário" (Súmula 389/STF). 8. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173.. "Art. 173, O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados.. - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." 9. A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de oficio, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado,. (à) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de oficio ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com ..fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3" Ed., Max Linionad, págs.. 163/210). 10, Nada obstante, as aludidas regras decadenciais apresentam prazo qüinqüenal com dies a quo diversos. 11. Assim, conta-se do "do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" (artigo 1 73, 1, do cny), o prazo qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de oficio), quando não prevê a lei o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo blocam, sem a constatação de dolo, ,fraude ou simulação do contribuinte, bem como inexistindo notificação de qualquer medida preparatória por parte do Fisco. No particular, cumpre ei?fatizar que "o primeiro dia do Processo n° 11522 001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n '2401-01363 Fl 325 exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivehnente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, sendo inadmissível a aplicação cumulativa dos prazos previstos nos artigos 150, § 4", e 173, do CTIV, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a fim de configurar desarrazoado prazo decadencial decenal 12. Por seu turno, nos casos em que inexiste dever de pagamento antecipado (tributos sujeitos a lançamento de oficio) ou quando, existindo a aludida obrigação (tributos sujeitos a lançamento por homologação), há omissão do contribuinte na antecipação do pagamento, desde que inocorrentes quaisquer ilícitos (fraude, dolo ou simulação), tendo sido, contudo, notificado de medida preparatória indispensável ao lançamento, ,fluindo o termo inicial do prazo decadencial da aludida notificação (artigo 173, parágrafo único, do CTN), independentemente de ter sido a mesma realizada antes ou depois de iniciado o prazo do inciso 1, do artigo 173, do CTIV. 13. Por outro lado, a decadência do direito de lançar do Fisco, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em ,fraude, dolo ou simulação, nem sido notificado pelo Fisco de quaisquer medidas preparatórias, obedece a regra prevista na primeira parte do § 4', do artigo 150, do Codex Tributário, segundo o qual, se a lei não lixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do ,fato gerador: "Neste caso, concorre a contagem do prazo para o Fisco homologar expressamente o pagamento antecipado, conconzitantenzente, com o prazo para o Fisco, no caso de não homologação, empreender o correspondente lançamento tributário.. Sendo assim, no termo .final desse período, consolidam-se simultaneamente a homologação tácita, a perda do direito de homologar expressanzente e, conseqüentemente, a impossibilidade jurídica de lançar de ofício" (In Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3" Ed,, Max Limonad , pág. 170), 14. A notificação do ilícito tributário, medida indispensável para justificar a realização do ulterior lançamento, afigura-se como dies a quo do prazo decadencial qüinqüenal, em havendo pagamento antecipado efetuado com fraude, dolo ou simulação, regra que configura ampliação do lapso decadencial, in casu, reiniciado. Entrementes, "transcorridos cinco anos sem que a autoridade administrativa se pronuncie, produzindo a indigitada notificação forma lizadora do ilícito, operar-se-á ao mesmo tempo a decadência do direito de lançar de oficio, a decadência do direito de constituir juridicamente o dolo, .fraude ou simulação para os efeitos do art. 173, parágrafo único, do CTN e a extinção do crédito tributário em razão da homologação tácita do pagamento antecipado" (Eurico Marcos Diniz de San ti, in obra citada, pág. 171). 15, Por fim, o artigo 173, II, do CTN, cuida da regra de decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário quando sobrevém decisão definitiva, judicial ou administrativa, que anula o lançamento anteriormente efetuado, em virtude da 44-- 9 \ 10 verdicação de vício formal. Neste caso, o marco decadencial inicia-se da data em que se tornar definitiva a aludida decisão anzdatória. 16. In casu: (a) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (b) a obrigação ex lega de pagamento antecipado do ISSQN pelo contribuinte não restou adimplida, no que concerne aos fatos geradores ocorridos no período de dezembro de 1993 a outubro de 1998, consoante apurado pela Fazenda Pública Municipal em sede de procedimento administrativo fiscal; (e) a notificação do sujeito passivo da lavratura do Termo de Início da Ação Fiscal, medida preparatória indispensável ao lançamento direto substitutivo, deu-se em 27.11.1998; (d) a instituição .financeira não efetuou o recolhimento por considerar intributáveis, pelo ISSQN, as atividades apontadas pelo Fisco; e (e) a constituição do crédito tributário pertinente ocorreu em 01.09.1999, 17. Desta sorte, a regra decadencial aplicável ao caso concreto é a prevista no artigo 173, parágrafo único, do Codex Tributário, contando-se o prazo da data da notificação de medida preparatória indispensável ao lançamento, o que sucedeu em 27.11.1998 (antes do transcurso de cinco anos da ocorrência dos fatos imponiveis apurados), donde se dessume a higidez dos créditos tributários constituídos em 01.09.1999. 18. Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido. (GRIFOS NOSSOS) Podemos extrair da referida decisão as seguintes orientações, com o intuito de balizar a aplicação do instituto da decadência qüinqüenal no âmbito das contribuições previdenciárias após a publicação da Súmula vinculante n° 8 do STF: Conforme descrito no recurso descrito acima: "A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de oficio, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado; (ii) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de oficio ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3' Ed., Max Limonad, págs. 163/210) O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, nos casos de lançamentos em que não houve antecipação do pagamento assim estabelece em seu artigo 173: "Art 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Processo n° 11522 001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n.° 2401 -01363 El 326 II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Já em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em fraude, dolo ou simulação, aplica-se o disposto no § 4°, do artigo 150, do CTN, segundo o qual, se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, Senão vejamos o dispositivo legal que descreve essa assertiva: Art.150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.. § I" - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutária da ulterior homologação do lançamento, § 2" - Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito, § 3' - Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação, § 4°- Se a lei não .fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do .fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, .fraude ou simulação. (grifo nosso) Contudo, para que possamos identificar o dispositivo legal a ser aplicado, seja o art, 173 ou art. 150 do CTN, devemos identificar a natureza das contribuições omitidas para que, só assim, possamos declarar da maneira devida a decadência de contribuições previdenciárias. No caso, a aplicação do art, 150, § 4', é possível quando realizado pagamento de contribuições, que em data posterior acabam por ser homologados expressa ou tacitamente, Contudo, antecipar o pagamento de uma contribuição significa delimitar qual o seu fato gerador e em processo contíguo realizar o seu pagamento. Deve ser possível ao fisco, efetuar de forma, simples ou mesmo eletrônica a conferência do valor que se pretendia recolher e o efetivamente recolhido. Neste caso, a inércia do fisco em buscar valores já declarados, ou mesmo continuamente pagos pelo contribuinte é que lhe retira o direito de lançar créditos pela aplicação do prazo decadencial consubstanciado no art. 150, § 4°, No caso objeto em análise não há como considerar a antecipação do recolhimentos, tendo em vista que o recorrente não reconhecia os fatos geradores aqui apurados como base de cálculo de contribuições previdenciárias, razão porque entendo aplicável o art. 173, I do CTN, Esclareço, ainda que atribuir esse mesmo raciocínio a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, para fins de considerar antecipação do recolhimento e aplicar o art. 150, § 40, é no mínimo abrir ao contribuinte possibilidades de beneficiar-se pelo seu "desconhecimento ou mesmo interpretação tendenciosa" para sempre escusar-se ao pagamentos de contribuições que seriam devidas.. No caso ora em análise, observamos a caracterização de vinculo de emprego, tendo em vista a prestação de serviços de forma irregular ao ente público estatal. Assim, não há de se falar em antecipação de pagamento, tendo em vista que o recorrente não reconhece os pagamentos efetuados como fato gerador de contribuições previdenciárias. No caso, o dispositivo legal mais adequado a aplicação do instituto da decadência vem a ser o art. 173, I do CTN. De forma sintética, podemos separar duas situações: em primeiro, aquelas em que não há por parte do contribuinte o reconhecimento dos valores pagos como salário de contribuição, é o caso, por exemplo, dos salários indiretos não reconhecidos (PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS, PRÊMIOS, ALIMENTAÇÃO EM DESACORDO COM O PAT, ABONOS, AJUDAS DE CUSTO, GRATIFICAÇÕES) ou mesmo da CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO DE EMPREGO. Nestes casos, incabível considerar que houve pagamento antecipado, simplesmente, porque caso não ocorresse a atuação do fisco, nunca haveria o referido recolhimento. Tal fato pode ainda ser ratificado, pela não informação, por parte do contribuinte do salário de contribuição em GFIP. Nesse caso, toda a máquina administrativa, em especial a fiscalização federal terá que ser movida para identificar a existência pontual de contribuições a serem recolhidas. Não é algo que se possa determinar pelo simples confronto eletrônico de declarações e guias de recolhimento. Dessa forma, em sendo desconsiderada a natureza tributária de determinada verba, como poder-se-ia considerar que houve antecipação de pagamento de contribuições. Entendo que só se antecipa, aquilo que se considera. Como considerar que houve antecipação de pagamento de algo que o contribuinte nunca pretendeu recolher. Antecipar significa: Fazer, dizer, sentir, fruir, fazer ocorrer, antes do tempo marcado, previsto ou oportuno; precipitar;.Chegar antes de; anteceder, ou seja, não basta dizer que houve recolhimento em relação a remuneração como um todo, ou mesmo qualquer recolhimento mesmo que de fato gerador diverso pela empresa; mas sim, identificar sob qual base foi o pagamento realizado. A acepção do termo remuneração não pode ser, para fins de definição do salário de contribuição una, tanto o é, que a doutrina e jurisprudência trabalhistas não admitem o pagamento aglutinado das verbas trabalhista, o denominado salário complexivo ou complessivo. Considerar que os fatos geradores são únicos, e portanto, a remuneração deva ser considerada corno algo global, e desconsiderar a complexidade das contribuições previdenciárias, bem como a natureza da relação laborai. Não há como engajar-se em tal raciocínio em relação às contribuições previdenciárias, visto que existe até mesmo, documento próprio para que o contribuinte indique mensalmente e por empregado o que é devido e realize o recolhimento das contribuições correspondente a estes fatos geradores. Assim, dever-se-á considerar que houve antecipação para aplicação do § 4" do art. 150 do C'TN, quando ocorreu por parte do contribuinte o reconhecimento do valor 12 Processo n" 11522.001286/2007-52 S2-C4T 1 Acórdão n 2401-01363 Fl 327 devido e o seu parcial recolhimento, sendo em todos os demais casos de não reconhecimento da rubrica aplicável o art, 173 do referido diploma. Na verdade, entendo ser aplicável em regra o art. 173 do CTN, só passando para o § 40 do art, 150, nos casos em que se comprova o efetivo recolhimento, ou melhor, a antecipação de um recolhimento. Face o exposto e considerando que no lançamento em questão foi efetuado em 11/11/2005, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido em 05/12/2005, contudo como se trata de lançamento substitutivo deve-se considerar a data da lavratura da primeira NFLD, qual seja 28/06/2004 Os fatos geradores ocorreram entre as competências 01/1994 a 12/1998, dessa forma, deve ser declarada a decadência a luz do art. 17.3, I do CTN até a competência 11/1998 e 1.3. Salário de 1998, CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para no mérito DAR- LHE PROVIMENTO PARCIAL, para que se exclua do lançamento, face a aplicação da decadência qüinqüenal, as contribuições até a competência 11/1998, inclusive 1.3 salário, e no mérito voto por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, É como voto. Sala das Sessões, em 19 de agosto de 2010 AIIE CRISTINAIDIUNTEIRO È SILVA VIEIRA — Relatora 13 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Redator Designado Em que pese a boa fundamentação apresentada pela relatora, concluo de forma diversa no que diz respeito aos critérios para fixação do prazo decadencial Passarei, de imediato, a expressar meu entendimento, posto que a legislação aplicável já foi suficientemente mencionada no voto da Conselheira Elaine Cristina Vieira, Verifica-se na espécie, conforme consta no Relatório Fiscal da NFLD, que os fatos geradores considerados foram as remunerações destinadas a retribuírem os serviços prestados por segurados empregados ao Estado do Acre — Secretaria de Estado de Indústria e Comércio irregularmente contratados sem a devida prestação de concurso público após a Constituição Federal, os quais referem-se ao período de 01/1994 a 12/1998, Assim, ao contrário do que manifestou a Relatora, embora o contribuinte não tenha reconhecido a incidência de contribuições sobre a referida rubrica, deve-se considerar para fins de fixação do prazo decadencial a ocorrência dos demais recolhimentos efetuados para as competências apuradas. Embora nos autos não se tenha registrado as guias, é de se supor que haja pagamentos de contribuições, posto que na ação fiscal que deu ensejo ao presente crédito apenas foram apuradas contribuições relativas aos fatos geradores citados, fato que é indicativo de que houve recolhimento para os demais. É assim que essa Turma de Julgamento tem decidido reiteradamente. Reforçando, não é demais lembrar que na Guia da Previdência Social — GPS não são identificados os fatos geradores, mas são lançados em campo único — "Valor do INSS" — todas as contribuições previdenciáfias, inclusive a dos segurados. Por esse motivo, havendo recolhimentos, não vejo como segregar as guias por fato gerador específico. Nesse sentido, deve ser aplicado para a contagem do prazo decadencial o critério do art. 150, § 4' do CTN. Assim, verificando-se que o contribuinte foi cientificado do lançamento original em 28/06/2004, vislumbro que a decadência operou-se para todo o período lançado. É esse o entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça.., conforme se observa da ementa abaixo reproduzida (REsp n 2 1034520/SP, Relatora: Ministra Teori Albino Zavascki, julgamento em 19/08/2008, DJ de 28/08/2008): PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁ RIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO QÜINQÜENAL. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EnRCICIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. '173, I), (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART 150, sç' 4C) DA 1" SEÇÃO DECISÃO ULTRA PETITA INVIABILIDADE DE EXAME EM SEDE DE RECURSO ESPECIAL. SÚMULA 7/STJ RECURSO ESPECIAL 14 Processo n 0 11522001286/2007-52 S2-C4T1 Acórdão n ° 2401-01.363 Fl 328 PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DESPROVIDO.: Assim, voto pelo reconhecimento da decadência para todas as competências lançadas.. Sala das Sessões, em 19 de agosto de 2010 \I\MkK db.) Ljujr KL,EBER FERREIRA DE 45M1:1:10 - Redator Designado 15 " /MINISTÉRIO DA FAZENDA NP,/ -CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS (02,0 QUARTA CÂMARA - SEGUNDA SEÇÃO Processo IV: 11521001286/2007-52 •-Recurso tf: 151083 TERMO DE INTIMAÇÃO Em cumprimento ao disposto no parágrafo 3 0 do artigo 81 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministerial n° 256, de 22 de junho de 2009, intime-se o(a) Senhor(a) Procurador(a) Representante da Fazenda Nacional, credenciado junto à Quarta Câmara da Segunda Seção, a tomar ciência do Acórdão n o 2401-01363 Brasilia, 4 de outubro de 2010 ELIASAIO FREIRE Presidente da Quarta Câmara Ciente, com a observação abaixo: [ J Apenas com Ciência [ ] Com Recurso Especial [ I Com Embargos de Declaração Data da ciência: / / Procurador (a) da Fazenda Nacional
score : 1.0
Numero do processo: 11065.001096/00-13
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Sep 29 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. MATÉRIA-PRIMA. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. CRÉDITOS ESCRITURAIS. PRECEDENTES DO STJ.
Podem ser incluídos, na apuração do crédito presumido do IPI, os serviços de industrialização por encomenda pagos pelo estabelecimento industrial que adquire insumos e os repassa a terceiros para beneficiá-los, por encomenda, para posteriormente empregá-los, como matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização dos produtos exportados.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-003.235
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencido o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que dava provimento.
assinado digitalmente
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente
assinado digitalmente
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Redator ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabíola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO CARDOZO MIRANDA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. MATÉRIA-PRIMA. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. CRÉDITOS ESCRITURAIS. PRECEDENTES DO STJ. Podem ser incluídos, na apuração do crédito presumido do IPI, os serviços de industrialização por encomenda pagos pelo estabelecimento industrial que adquire insumos e os repassa a terceiros para beneficiá-los, por encomenda, para posteriormente empregá-los, como matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização dos produtos exportados. Recurso Especial do Procurador Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencido o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que dava provimento. assinado digitalmente CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente assinado digitalmente JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabíola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. MATÉRIAPRIMA. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. CRÉDITOS ESCRITURAIS. PRECEDENTES DO STJ. Podem ser incluídos, na apuração do crédito presumido do IPI, os serviços de industrialização por encomenda pagos pelo estabelecimento industrial que adquire insumos e os repassa a terceiros para beneficiálos, por encomenda, para posteriormente empregálos, como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, na industrialização dos produtos exportados. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso especial. Vencido o Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que dava provimento. assinado digitalmente CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO – Presidente assinado digitalmente JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Redator ad hoc Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Fabíola Cassiano Keramidas, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 10 96 /0 0- 13 Fl. 304DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001096/0013 Acórdão n.º 9303003.235 CSRFT3 Fl. 305 2 Relatório Cuidase de recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 211 a 219) contra o v. acórdão proferido pela Colenda Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 200 a 206) que, por maioria de votos, I) não conheceu do recurso quanto à matéria preclusa, atualização com base na taxa SELIC; e II) deu provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito ao ressarcimento relativo à industrialização por encomenda. A ementa do v. acórdão recorrido, que bem resume os seus fundamentos, é a seguinte: NORMAS PROCESSUAIS: PRECLUSÃO – Inadmissível a apreciação em grau de recurso, da pretensão do reclamante no que pertine à correção dos créditos a serem ressarcidos, com base na taxa Selic, visto que tal matéria não foi suscitada na manifestação de inconformidade apresentada à instância a quo. Recurso não conhecido. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. O benefício deve ser calculado incluindose os valores referentes à operação de beneficiamento do couro semi acabado na industrialização por encomenda. Recurso provido em parte. (grifos nossos) O recurso especial da Fazenda Nacional, em síntese, com base em violação ao artigo 1º da Lei nº 9.363/96, buscou o reconhecimento de que o “serviço” de industrialização por encomenda não pode ser incluído na base de cálculo do benefício fiscal por ausência de previsão legal. O recurso especial foi admitido através do r. despacho de fls. 224 a 225 apenas quanto à industrialização por encomenda. Contrarrazões do contribuinte às fls. 258 a 273. É o relatório. Voto Conselheiro Júlio César Alves Ramos Redator ad hoc Por intermédio do Despacho de fl. 303, nos termos do art. 17, III, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, incumbiume o Presidente da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais da redação do acórdão por meio do qual o Colegiado negou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Fl. 305DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001096/0013 Acórdão n.º 9303003.235 CSRFT3 Fl. 306 3 Ressaltese que o relator original entregou à secretaria da Câmara Superior, a tempo e hora, o relatório, o voto e a ementa aqui reproduzidos. Contudo, em virtude de sua renúncia ao mandato, não foi possível concluir a formalização da citada decisão. Disse, com a precisão costumeira, o Conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda: "Presentes os requisitos de admissibilidade, entendo que o recurso merece ser conhecido. Conforme se depreende dos autos, a questão a ser dirimida diz respeito à inclusão dos valores dos "serviços de industrialização por encomenda" no cálculo do crédito presumido previsto na Lei nº 9.363/96. No tocante à possibilidade de se incluir ou não na base de cálculo do crédito presumido do IPI os valores referentes à industrialização por encomenda, e ao se analisar o artigo 1º da Lei nº 9.363/96, identificase que a finalidade do incentivo à exportação é o ressarcimento das contribuições ao PIS e à COFINS incidentes sobre as aquisições no mercado interno de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. Por sua vez, o artigo 2º desta mesma Lei identifica a base de cálculo do ressarcimento, determinando o cálculo do crédito presumido sobre as aquisições totais de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, aplicandose a essa base de cálculo o percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produto exportado. Em seguida, o parágrafo único do artigo 3º determina o uso dos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem existente na legislação do IPI para determinação daquela base de cálculo. Efetivamente, a criação do incentivo teve por finalidade a desoneração tributária dos produtos nacionais exportados, proporcionando uma maior competitividade no âmbito internacional. O processo industrial pode ser todo executado em um só estabelecimento, mas certas etapas desse processo podem ser transferidas a terceiros. Isso gera a necessidade de se transferir a terceiros as etapas que não podem ser desenvolvidas pelo estabelecimento industrial ou comercial autor da encomenda, interpondose um industrializador, que exercerá atividademeio, adicionando valor ao produto industrializado e retornandoo ao autor da encomenda. Poderá ainda o estabelecimento autor da encomenda, por sua conta e ordem, remeter diretamente ao industrializador matériasprimas para serem industrializadas. Essa é a inteligência da industrialização por conta e ordem, operação tipificada no artigo 414 e seguintes do Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2012 – Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI). Fl. 306DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001096/0013 Acórdão n.º 9303003.235 CSRFT3 Fl. 307 4 A remessa a terceiros de produtos industrializados semi elaborados ou matériasprimas pelo estabelecimento autor da encomenda são recebidos pelo industrializador que a eles adicionará valor. Poderá o industrializador adicionar valor através da incorporação de outras matériasprimas, produtos intermediários, embalagens e mãodeobra, retornandoo novamente semielaborado ou pronto para comercialização para o autor da encomenda. Tanto a Lei nº 9.363/96 quanto o RIPI não fixam definição fiscal para a expressão matériaprima. Segundo a versão eletrônica do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (http://houaiss.uol.com.br), o verbete matériaprima pode ser colhido nas seguintes acepções: (i) a substância principal que se utiliza no fabrico de alguma coisa; (ii) qualidade do que está em estado bruto, que precisa ser trabalhado, lapidado; base, fundamento. Ora, se é assim, o produto retornado do industrializador ao encomendante não pode sofrer interpretação restritiva que o ponha fora do campo de incidência do artigo 1º da Lei nº 9.430/96, uma vez que o produto retornado ao encomendante é, na essência, o produto semiindustrializado ou a matériaprima modificada. Sua essência pode terse preservado, retornando aprimorado para nova industrialização ou consumo. Desse modo, o produto semiindutrializado pelo autor da encomenda, remetido para o industrializador, quando retornado ao autor da encomenda, embora semielaborado, é matériaprima para o recebedor, uma vez que passará a nova etapa de industrialização. Nessa hipótese, a mãodeobra incorporada ao produto semi elaborado fará parte de seu custo de produção, percebendo o autor da encomenda o preço do produto semiindustrializado. Tenho que, juridicamente, o autor da encomenda paga preço pelo produto semielaborado, não paga a mãodeobra, que é custo de produção do industrializador. Se é assim, retornando matériaprima beneficiada ao estabelecimendo sob as vestes de produto semielaborado e pagando o autor da encomenda o preço desse produto, onde a mãodeobra é um custo de produção do industrializador, não faz sentido e não se molda ao arranjo do artigo 1º da Lei nº 9.363/96 segregar dele a mãodeobra, buscandose assim segregar do preço do produto semielaborado a parcela correspondente a mãodeobra. Mesmo a formação do preço da matériaprima em seu estado mais bruto pode ter sido influenciado pelo acréscimo de mãode obra (via de regra o é, pois não se tem notícia de matériaprima que chegue à indústria sem intervenção humana), nem por isso a legislação do IPI, ao permitir o crédito do imposto sobre matériaprima, determina seja ela expurgada do preço de venda, colhendo apenas a matéria em si, como se isso fosse possível. Vêse, assim, que o conceito fiscal de matériaprima da legislação do IPI convive harmonicamente com a mãodeobra Fl. 307DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001096/0013 Acórdão n.º 9303003.235 CSRFT3 Fl. 308 5 que lhe foi acrescida, custo de produção para o vendedor e preço para o adquirente, estendendose tal conceito, portanto, à industrialização por encomenda. Resta assim permitida a inclusão na base de cálculo do crédito presumido do IPI a mãodeobra que participe do custo de produção na industrialização efetuada por terceiros (industrialização por encomenda), quando agregada à matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem na fabricação de produtos posteriormente exportados pelo autor da encomenda. No tocante à industrialização por encomenda, por conseguinte, meu entendimento coincide com o do seguinte precedente: Processo nº 11065.001121/0069 ACÓRDÃO 202 17563, de 05/12/2006 Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2000 RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI RELATIVO AO PIS/COFINS. INDUSTRIALIZAÇÃO POR TERCEIROS. A industrialização efetuada por terceiros, visando aperfeiçoar, para o uso ao qual se destina, matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem utilizados nos produtos exportados pelo encomendante, agregase ao seu custo de aquisição para o efeito de gozo e fruição do crédito presumido do IPI relativo ao PIS e à Cofins, previsto na Lei nº 9.363/96. PRECLUSÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Incabível a apreciação na fase recursal de matéria não questionada na fase impugnatória. Recurso provido em parte. D.O.U. de 16/12/2008, Seção 1, pág. 42 Esse entendimento, a propósito, também já foi acolhido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, sendo de se destacar o seguinte precedente, lastreado na jurisprudência consolidada de ambas as Turmas de Direito Público daquele Egrégio Tribunal: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. MATÉRIAPRIMA. BENEFICIAMENTO POR TERCEIROS. CRÉDITOS ESCRITURAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1.035.847/RS, DJE 03.08.2009, SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DESSE PRECEDENTE (CPC, ART. 543C, § 7º), QUE IMPÕE SUA ADOÇÃO EM CASOS ANÁLOGOS. HONORÁRIOS Fl. 308DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11065.001096/0013 Acórdão n.º 9303003.235 CSRFT3 Fl. 309 6 ADVOCATÍCIOS. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. Em recurso especial, não se conhece de matéria não prequestionada. 2. Faz jus ao crédito presumido do IPI o estabelecimento comercial que adquire insumos e os repassa a terceiros para beneficiálos, por encomenda, para posteriormente exportar os produtos. Precedentes. 3. É devida a correção monetária de créditos escriturais quando o seu aproveitamento, pelo contribuinte, sofre demora em virtude de resistência oposta por ilegítimo ato administrativo ou normativo do Fisco. Precedentes. 4. A Primeira Seção, ao julgar o REsp 1.035.847/PR, Min. Luiz Fux, DJe 03/08/2009, sob o regime do art. 543C do CPC, reafirmou o entendimento, que já adotara em outros precedentes sobre o mesmo tema, no sentido de que ocorrendo oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, postergando o exercício do direito de crédito, exsurge legítima a necessidade de atualização monetária. 5. Não é cabível, em recurso especial, examinar a justiça do valor fixado a título de honorários, já que o exame das circunstâncias previstas nas alíneas do § 3º do art. 20 do CPC impõe, necessariamente, incursão à seara fático probatória dos autos, atraindo a incidência da Súmula 7/STJ e, por analogia, da Súmula 389/STF. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, desprovido. (REsp 752888/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/09/2009, DJe 25/09/2009) (grifos e destaques nossos) Com base nesses fundamentos o relator original negou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, sendo acompanhado pela maioria do Colegiado. E é esse o acórdão que me coube redigir. assinado digitalmente Júlio César Alves Ramos redator ad hoc Fl. 309DF CARF MF Impresso em 29/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2015 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 28/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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