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Numero do processo: 11020.001737/2010-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008
PIS/PASEP. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, busca-se a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte.
Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço.
COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. PALLETS DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO STRETCH. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO.
Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os pallets utilizados para armazenagem e movimentação das matérias-primas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte - plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" - são insumos pois indispensáveis ao adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens.
Numero da decisão: 9303-006.051
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CRÉDITO. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COOPERATIVA SANTA CLARA LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PIS/PASEP. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. COOPERATIVA PRODUTORA DE LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. PROCESSO DE "PALLETIZAÇÃO". DIREITO AO CRÉDITO. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. Assim, os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, devem ser considerados como insumos. Da mesma forma, os materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo "stretch" são insumos pois indispensáveis ao adequado armazenamento e transporte das mercadorias produzidas pela Contribuinte, face ao tamanho reduzido das embalagens. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 17 37 /2 01 0- 16 Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 3802001.624, proferido em 28/02/2013, que possui ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PIS/PASEP. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. INSUMO. CONCEITO. CUSTO DE PRODUÇÃO. DESPESAS DE VENDA. EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS INDISPENSÁVEIS AO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA. O conceito de insumo, ressalvadas as exceções expressamente previstas na Lei nº 10.833/2003, abrange o custo de produção (DecretoLei n. 1.598, de 1977, art. 13, § 1º; Decreto n. 3.000/1999, arts. 290 e 291) e as despesas de venda do produto industrializado, quando incorridas para atender exigências regulatórias indispensáveis ao exercício de determinada atividade econômica ou à comercialização de um produto. LACTICÍNIOS. MATERIAL DE EMBALAGEM. AQUISIÇÃO DE “PALLETS” DE MADEIRA. PLÁSTICO DE COBERTO. FILME PLÁSTICO DO TIPO “STRETCH”. INSUMO. DIREITO AO CRÉDITO RECONHECIDO. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 4 3 Não cabe, à luz das disposições da Instruções Normativas n° 247/2002 e n° 404/2004, restringir o direito ao crédito às embalagens incorporadas ao produto no processo de industrialização. No segmento de laticínios, a paletização que envolve o acondicionamento no “pallet”, plástico de coberto e colocação do filme “strecht” não é realizada apenas para fins de transporte, mas para a própria estocagem do produto no estabelecimento industrial. Decorre ainda de normas de controle sanitário na área de alimentos (Portaria SVS/MS nº 326, de 30 de julho de 1997), que exigem o acondicionamento dos produtos acabados em estrados (item 5.3.10), de forma a impedir a contaminação e a ocorrência de alteração ou danos ao recipiente ou embalagem (item 8.8.1). Tratandose, assim, de acondicionamento diretamente relacionado à produção do bem e que decorre de exigências sanitárias, deve ser reconhecido o direito ao crédito. RECEITAS DECORRENTES DA VENDA DE PRODUTOS SUJEITO À ALÍQUOTA ZERO. CRITÉRIO DE RATEIO PROPORCIONAL. O critério de rateio proporcional, nos termos do art. 3º, §§ 7º e 8º, II, da Lei nº 10.883/2003, deve considerar a totalidade da receita bruta auferida no mês, e não apenas as receitas do estabelecimento produtor de bens sujeitos à alíquota zero. Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Em face da referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto ao reconhecimento do direito de crédito das contribuições não cumulativas com relação a materiais de embalagem, acondicionamento e transporte – empregados na “palletização” – concedidos em sede de julgamento de recurso voluntário. Colacionou como paradigmas os acórdãos 3302002.027 e 310100.795. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido por meio de despacho proferido pelo Presidente da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época. A Cooperativa Santa Clara apresentou contrarrazões postulando a negativa de provimento ao recurso especial. Na mesma oportunidade apresentou recurso especial, que, todavia, teve o seguimento negado, razão pela qual não será objeto de exame por este Colegiado. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.045, de 12/12/2017, proferido no julgamento do processo 11020.001732/201085, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 5 4 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303006.045): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação se pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de PIS/Pasep os gastos incorridos com os materiais utilizados para a “palletização” – material de embalagem, acondicionamento e transporte dos produtos finais para a venda. Cumpre observar ter sido deferido nos presentes autos o direito ao creditamento das aquisições de matérias de embalagem (pallets de madeira), plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch”, com fulcro na atividade econômica desempenhada pela Contribuinte; na essencialidade dos referidos insumos para a produção e, ainda, nas exigências sanitárias correspondentes para o processo produtivo e de transporte, além da própria estocagem no estabelecimento industrial. Para o reconhecimento do direito ao crédito e reforma da decisão proferida pela DRJ, o acórdão recorrido passou ao largo da apresentação de provas pela Contribuinte, razão pela qual esse aspecto encontrase superado na presente demanda. Portanto, a discussão a ser travada no recurso especial referese à possibilidade de deferimento de créditos de PIS/Pasep dos valores relativos à aquisição de “pallets” de madeira, plástico de coberto e colocação do plástico filme “stretch”. Inicialmente, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] Fl. 301DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 6 5 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotarse o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 302DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 7 6 As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processo no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao Fl. 303DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 8 7 processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo únic o, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de não cumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam Fl. 304DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 9 8 sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica que, nos termos do art. 2º do seu Estatuto Social (fls. 41 a 63), exerce atividade econômica na área de alimentos e tem por objetivos sociais: Art. 2º A Sociedade objetiva, com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados, promover: I o estímulo, o desenvolvimento e a defesa de suas atividades econômicas de caráter comum; II A importação, a exportação, a industrialização e a comercialização em comum de sua produção agrícola, produção animal em geral, pecuária e de hortifrutigranjeiros, industrializada ou em espécie, tais como carnes, ovos, peixes, frutas, cereais, verduras, legumes, gorduras, condimentos em geral; café e ervas para infusão, laticínios, margarinas e derivados de soja, massas alimentícias, farinhas e fermentos em geral; doces, pós para fabricação de doces, açúcar e adoçantes em geral, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, xaropes e sucos em geral; animais vivos e ovos para incubação; alimentos para animais; plantas e flores naturais, etc, nos mercados locais, nacionais ou internacionais; [...] Fl. 305DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 10 9 Em razão de sua atividade econômica, sujeitase a controles e exigências de diversos órgãos públicos, exemplificativamente: Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA, Ministério da Agricultura, Serviço de Inspeção Federal, Ministério da Saúde. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas de higiene e limpeza, sendo que eventual não atendimento das exigências de condições sanitárias das instalações levaria à impossibilidade da produção ou na perda significativa da qualidade do produto fabricado. No que concerne às embalagens utilizadas para transporte no processo produtivo da Contribuinte, uma vez essenciais, pertinentes e relevantes para obtenção do produto final, há de se considerarem as mesmas como insumos. As embalagens são realmente necessárias à armazenagem/conservação do produto nas diversas fases do processo produtivo. Considerandose a atividade própria da Contribuinte, temse que os “pallets” utilizados para armazenagem e movimentação das matériasprimas e produtos na etapa da industrialização e na sua destinação para venda, também devem ser considerados como insumos. Para atendimento das exigências sanitárias impostas pelos órgãos públicos responsáveis pelo controle e fiscalização, na movimentação e na armazenagem das matériasprimas e dos bens a serem utilizados na fabricação do produto final, e dos produtos finais em si, não pode haver contato com o chão, justamente para se evitar a contaminação por microorganismos, constituindose em mais uma das razões pelas quais é imprescindível a utilização dos “pallets” na cadeia produtiva. Levandose em conta a significativa quantidade de matériasprimas e produtos que serão empregados no processo produtivo e que precisam ser armazenados e transportados no ambiente fabril, é indispensável à Contribuinte utilizarse de mecanismos e ferramentas que, além de garantirem a observância das normas de higiene e limpeza, impostas pela ANVISA, otimizem o seu processo produtivo. Há de ser destacada, nesse aspecto, a desnecessidade do consumo do produto em contato direto com o bem produzido, admitindose o emprego indireto no processo de produção para caracterizarse determinado bem como insumo. Assim, os pallets guardam nítida relação de pertinência, relevância e essencialidade com a atividade produtiva do Sujeito Passivo, constituindose em insumos do processo produtivo e da fase de comercialização passíveis de creditamento de PIS e COFINS não cumulativos. Com relação a esse item, essa 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu decisão em casos análogos, nos processos administrativos nºs 10925.720046/2012 12 e 10925.720686/201222, na sessão realizada, em que receberam a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito DO PIS/COFINS. PIS/COFINS. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO PRESUMIDO DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. ALÍQUOTA. Após a alteração veiculada pela Lei nº 12.865, de 2013, expressamente interpretativa, indiscutivelmente, os insumos da indústria alimentícia que processem produtos de origem animal classificados Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18, adquiridos de não contribuintes farão jus ao crédito Fl. 306DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 11 10 presumido no percentual no percentual de 60% do que seria apurado em uma operação tributada. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS As leis instituidoras da sistemática nãocumulativa das contribuições PIS e COFINS, ao exigirem apenas que os insumos sejam utilizados na produção ou fabricação de bens, não condicionam a tomada de créditos ao "consumo" no processo produtivo, entendido este como o desgaste em razão de contato físico com os bens em elaboração. Comprovado que o bem foi empregado no processo produtivo e não se inclui entre os bens do ativo permanente, válido o crédito sobre o valor de sua aquisição. PIS/COFINS NÃOCUMULATIVOS. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. Nos termos do § 4º do art. 3º das Leis 10.637 e 10.833 "o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes". Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 TAXA SELIC. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. REP Provido em Parte e REC Provido em Parte Acordam os membros do Colegiado, por maioria, em dar provimento parcial aos recursos especiais da Fazenda Nacional e do sujeito passivo, nos seguintes termos: I) recurso especial da Fazenda Nacional: a) limpeza e desinfecção: por maioria, em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto; b) embalagens utilizadas para transporte: por maioria em negar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Carlos Alberto Freitas Barreto; c) despesas de períodos anteriores: por maioria, em negar provimento. Vencido o Conselheiro Henrique Pinheiro Torres; d) serviços de lavagem de uniformes: pelo voto de qualidade, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e) percentual de crédito presumido: por unanimidade, em negar provimento; f) juros sobre multa de ofício: por maioria, em dar provimento. Vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martinez López; e II) recurso especial do sujeito passivo: a) indumentária: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator), Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas e Carlos Alberto Freitas Barreto; e b) pallets: por maioria, em dar provimento. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Relator) e Carlos Alberto Freitas Barreto. Designados para redigir os votos vencedores o Conselheiro Júlio César Alves Ramos em relação às letras "a", “b” e “c” do item I e letra “b” do item II; e o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho em relação à letra a do item II. (grifouse) Há, ainda, de se examinar a caracterização dos materiais de acondicionamento e transporte plástico de coberto e filme plástico do tipo “stretch” – como insumos passíveis de gerar crédito de PIS/Pasep. Na linha relacional traçada no presente voto, considerandose que as mercadorias para serem devidamente armazenadas e transportadas após a produção, até chegarem ao consumidor final, exigem a utilização do plástico de coberto e do filme plástico do tipo “stretch”, é nítida a relação de pertinência, relevância e essencialidade com o processo produtivo, sendo imprescindível o seu reconhecimento como insumo. Fl. 307DF CARF MF Processo nº 11020.001737/201016 Acórdão n.º 9303006.051 CSRFT3 Fl. 12 11 Por fim, cumpre consignar que os itens, analisados no presente recurso especial, são empregados na “palletização” dos produtos a serem estocados e transportados pela Contribuinte, procedimento indispensável à correta armazenagem dos produtos face ao tamanho reduzido das embalagens individuais e, mais ainda, ao atendimento de exigências das normas de controle sanitário da área de alimentos, consoante Portaria SVS/MS (Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde) nº 326/1997. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 308DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14112.000867/2008-78
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1991 a 31/03/1996
Ementa:
DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 91.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL.
Os créditos pleiteados em ação judicial são possíveis de compensação após o trânsito em julgado.
INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOS-LEIS Nº 2.445/88 E 2.449/88.
Direito a restituição/compensação dos valores recolhidos a maior segundo as regras estabelecidas por legislação declarada inconstitucional.
Numero da decisão: 3001-000.106
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para retornar os autos a unidade de origem e dar seguimento a compensação requerida.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1991 a 31/03/1996 Ementa: DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Os créditos pleiteados em ação judicial são possíveis de compensação após o trânsito em julgado. INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOS-LEIS Nº 2.445/88 E 2.449/88. Direito a restituição/compensação dos valores recolhidos a maior segundo as regras estabelecidas por legislação declarada inconstitucional.
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SÚMULA VINCULANTE CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. Os créditos pleiteados em ação judicial são possíveis de compensação após o trânsito em julgado. INCONSTITUCIONALIDADE DOS DECRETOSLEIS Nº 2.445/88 E 2.449/88. Direito a restituição/compensação dos valores recolhidos a maior segundo as regras estabelecidas por legislação declarada inconstitucional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para retornar os autos a unidade de origem e dar seguimento a compensação requerida. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 11 2. 00 08 67 /2 00 8- 78 Fl. 147DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/CGE, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade e por consequência não reconheceu o direito creditório pleiteado. Dos fatos A Contribuinte apresentou PER/DCOMPs acostadas às fls. 1 a 26, consignando como crédito o pagamento indevido ou a maior que o devido de PIS/Pasep, tendo como base ação judicial (processo 2001.60.00.0026351) transitado em julgado em 23/07/2002. Do Despacho Decisório A DRF de Campo Grande/MS proferiu Despacho Decisório (efls. 56), pela não homologação da compensação pretendida, pelo fato de que a ação mencionada encontrase no STJ para julgamento de Recurso Especial, sem efeito suspensivo, não possuindo, a interessada, respaldo judicial para compensar eventuais créditos que entenda ter direito junto à União. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 85), justificando que: 1 – o crédito apresentado pela contribuinte corresponde ao pagamento a maior que o devido para o PIS/Pasep, à época sob a égide dos decretosleis 2.445/88 e 2.449/88 que posteriormente foram declarados inconstitucionais; 2 – o direito a restituição está respaldado pela edição da MP nº 1.110/95, substituída pela MP nº 1.669 e MP nº 1.973, convertida na Lei nº 10.522/2002, destacandose o art. 18, inciso VIII e IX, os seguintes termos: Art. 18. Ficam dispensados a constituição de créditos da Fazenda Nacional, a inscrição como Dívida Ativa da União, o ajuizamento da respectiva execução fiscal, bem assim cancelados o lançamento e a inscrição, relativamente: VIII à parcela da contribuição ao Programa de Integração Social exigida na forma do DecretoLei no 2.445, de 29 de junho de 1988, e do DecretoLei no 2.449, de 21 de julho de 1988, na parte que exceda o valor devido com fulcro na Lei Complementar no 7, de 7 de setembro de 1970, e alterações posteriores; IX à contribuição para o financiamento da seguridade social – Cofins, nos termos do art. 7o da Lei Complementar no 70, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 1o da Lei Complementar no 85, de 15 de fevereiro de 1996. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 14112.000867/200878 Acórdão n.º 3001000.106 S3C0T1 Fl. 3 3 3 – o crédito já estava, portanto, assegurado, independentemente de ação judicial para o reconhecimento de inconstitucionalidade; 4 – havendo excedente no pagamento do PIS/Pasep em percentual acima do previsto na LC nº 7/70, ao crédito originalmente levantado deverá ser acrescido de atualização monetária, já pacificada pela jurisprudência de nossos tribunais; 5 – quanto ao prazo para se requer o indébito fiscal tributário apela para a tese firmada pelo STJ, que estabeleceu o prazo de 10 anos, conforme se extrai do AGRESP 511070/MG; 6 – ao final requer a reforma da decisão recorrida e a homologação das compensações em apreço; Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 2ª Turma da DRJ/CGE, esta proferiu julgamento, por unanimidade de votos, ser improcedente a manifestação de inconformidade, que no caso de créditos pleiteados em ação judicial, só depois do trânsito em julgado desta é que pode haver declaração de compensação, nos termos do art. 170A do CTN. Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls. 153) contra a decisão proferida em primeira instância, alegando que o art. 66 da Lei nº 8.383/91 autoriza o contribuinte a lançar mão de seus créditos, promovendo a compensação do que acha devido sem a necessidade de prévio pedido administrativo ou judicial. Que deve ser considerado que o pagamento indevido do PIS se deu anteriormente à vigência da LC 104/2001, portanto, não há que se falar em aguardar o trânsito em julgado da ação. Em consideração aos princípios da razoabilidade, do bom senso, da efetividade e da eficiência, requer o deferimento do pedido. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Cabe, inicialmente, destacar alguns pontos fáticos desse processo, para melhor compreensão na tomada de decisão da presente lide: Fl. 149DF CARF MF 4 1. O início do processo se deu com a transmissão de declaração de compensação de crédito de PIS levantado através de processo judicial nº 200160000026351, transitado em julgado em 23/07/2002; 2. A ação judicial nº 200160000026351 teve início em 18/05/2001, com pretensão a compensação dos valores recolhidos a titulo de PIS, no período de janeiro de 1991 a março de 1996, em montante a maior que o devido, a vista da inconstitucionalidade dos Decretosleis nº 2.445/88 e 2.449/88; 3. Se extrai da efls.33 que “a segurança foi parcialmente concedida para reconhecer o direito à compensação dos valores indevidamente recolhidos e comprovados nos autos, a título de PIS, em razão da inconstitucionalidade dos Decretosleis ns. 2.445/88 e 2.449/88, com parcelas vincendas de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, respeitado o prazo prescricional decenal, acrescidos de juros de mora e correção monetária, consoante os critérios do Provimento n. 24/97, da Egrégia Corregedoria Geral da Justiça Federal da 3ª Região (fls. 190/198)”. 4. Segue (efls.33): “Os Impetrantes interpuseram recurso de apelação, postulando a aplicação da Taxa SELIC, bem como o afastamento do art. 170A, do Código Tributário Nacional, e da correção monetária da base de cálculo (fls. 209/224). A União, por sua vez, postula a reforma parcial da sentença, no sentido de garantirse a correção monetária da base de cálculo do PIS e que os juros de mora sejam devidos somente após o trânsito em julgado (fls. 228/230). Sem contrarazões, subiram os autos a esta Corte. O Ministério Público Federal opinou pelo provimento do recurso da Impetrante e pelo improvimento do recurso da União (fls. 235/243)”. 5. O voto no recurso de apelação da Desembargadora Federal Regina Helena Costa, do Tribunal Federal da 3ª Região, (efls.34), em reexaminando a matéria reduziu o prazo do direito de pleitear a restituição ou a compensação de tributo, de 10 para 5 anos, nos termos do art. 168, I do CTN e nesse caso o mandado de segurança foi impetrado depois de transcorrido o lapso quinquenal; 6. A 6ª Turma do TRF3 por unanimidade deu provimento a remessa oficial, restando prejudicas as apelações dos impetrantes e da União, além de manter conformidade com o voto da relatora. 7. A DRJ em seu julgamento foi taxativa a reconhecer qualquer direito creditório somente após o transito em julgado do recurso de apelação da recorrente na esfera judicial, nos termos do art. 170A do CTN; Em pesquisa a jurisprudência assentada no STJ e STF, sobre a evolução dos temas aqui discutidos aplicação do art. 170A do CTN; prescrição do pedido de restituição ou compensação de crédito tributário levantado por declaração de inconstitucionalidade de lei; apresento alguns julgados que servirão de base para a tomada de decisão. Com relação ao art. 170A do CTN, o STJ assentou em grau de recursos repetitivos a seguinte posição no REsp 1649768/DF: 3. No que tange ao art. 170A do CTN, a jurisprudência do STJ, por ocasião do julgamento do Recurso Especial 1.167.039/DF, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, submetido ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil (recursos repetitivos), firmou o entendimento segundo o qual o art. 170A do CTN que veda a compensação de créditos tributários antes do trânsito em julgado da ação aplicase Fl. 150DF CARF MF Processo nº 14112.000867/200878 Acórdão n.º 3001000.106 S3C0T1 Fl. 4 5 às demandas ajuizadas após 10.1.2001, mesmo na hipótese de tributo declarado inconstitucional. Nesse sentido foi correta a decisão singular, como antes apontado o mandato de segurança nº 2001.60.00.0026351 foi impetrado na data de 18/05/2001, portanto, após 10/01/2001 quando passou a valer o art. 170A do CTN. Em pesquisa ao sitio do STJ o Recurso Especial (RE nº 1.008.078MS) em mandado de segurança nº 2001.60.00.0026351 teve seu trânsito em julgado na data de 03/04/2012, prevalecendo a inaplicabilidade retroativa da Lei Complementar nº 118/2005, aplicandose o prazo reduzido para repetição ou compensação de indébitos aos processos ajuizados a partir de 09 de junho de 2005. O outro ponto a considerar diz respeito a prescrição, a contagem do prazo para pleitear a compensação como pretendido pela recorrente, esse tema também encontrase pacificado no CARF com a publicação da Sumula CARF nº 91, “verbis”: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Nesse particular temos que a data do pedido foi formalizada em 18/05/2001, com relação ao período de apuração janeiro de 1991 a março de 1996. Na contagem regressiva dos 10 anos partindo de 18/05/2001, alcançaria os créditos apurados até 19/05/1991. Está fora do alcance do prazo estendido dos 10 anos o período de janeiro de 1991 a abril de 1991. Ultrapassados os pontos aqui anunciados de definição de data para contagem de prazo de prescrição para pleitear a compensação de créditos tributários e a consideração dos créditos reconhecidos em decisão judicial transitada em julgado, deve o processo retornar a origem para dar seguimento a compensação requerida. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para retorno dos autos a unidade de origem dar seguimento a compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 151DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.910490/2012-02
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. A CERTEZA E LIQUIDEZ DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO DEVEM RESTAR COMPROVADAS NOS AUTOS DO PROCESSO.
Carreado aos autos declaração (DIPJ) que demonstra a procedência do crédito, remete-se os autos a origem oportunizando à recorrente uma melhor análise de seu pleito, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário.
Numero da decisão: 3001-000.096
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com o DACON e DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida, vencido o conselheiro Renato Vieira de Ávila, que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães.
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2004 a 31/03/2004 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. A CERTEZA E LIQUIDEZ DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO DEVEM RESTAR COMPROVADAS NOS AUTOS DO PROCESSO. Carreado aos autos declaração (DIPJ) que demonstra a procedência do crédito, remete-se os autos a origem oportunizando à recorrente uma melhor análise de seu pleito, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário.
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A CERTEZA E LIQUIDEZ DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO DEVEM RESTAR COMPROVADAS NOS AUTOS DO PROCESSO. Carreado aos autos declaração (DIPJ) que demonstra a procedência do crédito, remetese os autos a origem oportunizando à recorrente uma melhor análise de seu pleito, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com o DACON e DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida, vencido o conselheiro Renato Vieira de Ávila, que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 91 04 90 /2 01 2- 02 Fl. 216DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cássio Schappo, Renato Vieira de Avila e Cleber Magalhães. Relatório Dos fatos Em 26/09/2008 (efls. 3), a recorrente solicitou restituição de tributo pago a maior que o devido de PIS/Pasep, no valor de R$ 13.363,13 relativo à arrecadação de 15/04/2004 através de DARF no valor de R$ 26.988,21 conforme dados extraídos da PER/DCOMP. Do Despacho Decisório O pedido da recorrente foi indeferido conforme Despacho Decisório emitido em 05/12/2012 (efls. 7), por inexistência do crédito, pois o valor do DARF informado foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. Da Manifestação de Inconformidade Não conformada com a resposta do fisco a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE (efls.18), destacando: · que a DRF/PE após passados mais de 04 (quatro) anos proferiu Despacho Decisório, quando inexiste tempo hábil para a empresa corrigir seu erro através de DCTF retificadora; · que não houve qualquer intimação/solicitação do fisco para justificar ou corrigir eventuais falhas por ventura existentes; · que houve excesso de exação, violando o princípio da verdade material, elemento basilar do nosso Direito Tributário; · que a falha de procedimento da empresa em não retificar a DCTF está superada pela DIPJ, onde está assentado os valores corretamente apurados e demonstrado a ocorrência de pagamentos a maior que o devido, evidenciando a procedência do crédito requerido. Da Decisão de Primeiro Grau A 2ª Turma da DRJ/REC na sessão do dia 19/03/2015, manteve o indeferimento do pedido sustentando que o reconhecimento do direito à restituição, hipótese destes autos, depende de comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior que o devido em face da legislação aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador concretamente ocorrido (art. 165, I, do CTN). Dessa decisão o contribuinte opôs o presente recurso voluntário. É o relatório. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10480.910490/201202 Acórdão n.º 3001000.096 S3‐C0T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo Tratase de recurso tempestivo e que preenche todos os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A autoridade administrativa não reconheceu o direito ao crédito pleiteado pela recorrente sustentando que é do sujeito passivo o ônus probante do direito à restituição, exigindose a comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior que o devido em face da legislação aplicável ou das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido. A recorrente sustenta que o objeto do pedido, ao contrário do que apregoa a decisão recorrida, é a constituição de crédito em favor da contribuinte em razão de pagamento a maior da obrigação tributária. Em havendo dúvida do auditor fiscal, a prudência indicaria à solicitação de informações complementares elucidativas do requerimento, situação que em nenhum momento se materializou. Para elucidar qualquer dúvida a contribuinte trouxe aos autos juntamente com a manifestação de inconformidade a DIPJ do período, onde constam todas as informações pertinentes ao crédito objeto de restituição. Destaca que essa declaração (DIPJ) foi entregue a Receita Federal do Brasil muito tempo antes da entrega da declaração de restituição. Afirma a recorrente, que o crédito tributário é decorrente de pagamento a maior, na medida em que o fisco reiteradamente vem infligindo o art. 195, I, da Constituição Federal, em face de irrespondível inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS. Essa prática fiscal tributária de considerar como faturamento, na composição da base de cálculo do PIS/COFINS a inclusão do ICMS, que contraria decisões do egrégio Supremo Tribunal Federal, fez a recorrente pugnar pelo provimento do recurso e o reconhecimento do seu crédito tributário, em decorrência do pagamento indevido da exação. Procede a insurgência da recorrente, motivo pelo qual o seu pleito deve ser melhor analisado. A base de cálculo do PIS/Pasep é definida no art. 2º da Lei nº 9.718/98. Referido dispositivo preceitua que “As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei” [grifo nosso]. Nesse diapasão, trazse à baila o seguinte aresto do egrégio Supremo Tribunal Federal, (RE 574706, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 15/03/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe223 DIVULG 29092017 PUBLIC 0210 Fl. 218DF CARF MF 4 2017), de cuja ementa se extrai que “O ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da COFINS”. Não se pode negar o posicionamento da mais alta corte constitucional brasileira, que expressamente definiu, em caráter de repercussão geral, que o ICMS não integra a base de cálculo tanto do PIS como da COFINS e deve ser acolhida por este Conselho conforme previsão regimental específica (art. 62, § 2º, do atual RICARF). Com relação ao norte tomado pela decisão recorrida, alertase para o fato de que o crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição não nascem com a apresentação de DCTF/DIPJ retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior. Portanto, a apresentação da DCTF/DIPJ retificadora não é requisito indispensável à homologação da compensação, mas a certeza e liquidez do indébito tributário devem restar comprovadas por outros meios nos autos do processo administrativo. Não podem as autoridades administrativas omitirse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação ou pedidos de restituição, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, na busca da verdade real no processo administrativo tributário, é cabível oportunizar à Recorrente uma melhor análise pela unidade de origem quanto ao crédito pleiteado. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a unidade de origem aprecie a DCTF retificadora com relação ao crédito pleiteado, juntamente com o DACON e DIPJ da recorrente e lhe confira liquidez e certeza para a realização da compensação requerida. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13411.001103/2005-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
GANHO DE CAPITAL.
Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens e direitos de qualquer natureza.
GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO.
Somente entrarão no cômputo do custo de aquisição do imóvel, para fins de apuração do ganho de capital, os dispêndios relativos a construção, ampliação ou reforma desde que comprovados com documentação hábil e idônea.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO DECADENCIAL.
Os documentos relativos aos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.
Numero da decisão: 2201-004.022
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 04/12/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003 GANHO DE CAPITAL. Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens e direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. Somente entrarão no cômputo do custo de aquisição do imóvel, para fins de apuração do ganho de capital, os dispêndios relativos a construção, ampliação ou reforma desde que comprovados com documentação hábil e idônea. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO DECADENCIAL. Os documentos relativos aos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 04/12/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes
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Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens e direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. Somente entrarão no cômputo do custo de aquisição do imóvel, para fins de apuração do ganho de capital, os dispêndios relativos a construção, ampliação ou reforma desde que comprovados com documentação hábil e idônea. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO DECADENCIAL. Os documentos relativos aos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 41 1. 00 11 03 /2 00 5- 10 Fl. 1134DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.135 2 assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 04/12/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Relatório 1 Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte contra decisão da DRJREC que manteve o lançamento em parte. 2 Adoto inicialmente como complemento ao relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 1105/ ) por sua clareza e precisão: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado o Auto de Infração de fls. 03 a 11, no qual 6 cobrado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativamente ao anocalendário de 2003, no valor total de R$ 52.754,92 (cinqüenta e dois mil, setecentos e cinqüenta e quatro reais e noventa e dois centavos), acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 31/10/2005, perfazendo um crédito tributário total de R$ 115.301,15 (cento e quinze mil, trezentos e um reais e quinze centavos). 2. Foi expedido o Termo de Inicio de Ação Fiscal de fls. 12, pelo qual o contribuinte foi intimado a apresentar documentação referente A. aquisição e alienação de bens, além de comprovação da atividade rural, relativamente ao ano calendário de 2003. 0 contribuinte, em atendimento, apresentou, por meio da cartaresposta de fls. 14, os documentos de fls. 15 a 729, entre os quais a planilha de benfeitorias realizadas em propriedades rurais (fls. 31). Fl. 1135DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.136 3 3. Posteriormente, foi expedido o Termo de Intimação Fiscal de fls. 246, para apresentação de documentação comprobatória das despesas realizadas nas propriedades retrocitadas. 4. A fiscalização, de posse dos elementos coletados no curso da ação fiscal, elaborou os demonstrativos de apuração de ganhos de capital de fls. 741 a 743, procedendo lavratura do Auto de Infração, em virtude de ter sido apurada a seguinte infração, conforme fls. 05 a 09 e Termo de Encerramento de fls. 778 a 779: 4.1 omissão de ganhos de capital obtidos na alienação de bens e direitos (omissão no valor de R$ 351.699,48, fato gerador em 31/03/2003). 5. Ciência do lançamento em 10/11/2005, conforme informação sobre o aviso de recebimento de fls. 788. 6. Não concordando com a exigência, o contribuinte apresentou, em 12/12/2005, por meio de procurador (instrumento de fls. 795), a impugnação de fls. 790 a 794, alegando, em síntese: 6.1 — que adquiriu, em 1984, uma propriedade rural denominada Santa Maria, distrito de Santana do Sobrado, município de Casa Nova, BA, pelo valor de Cr$ 6.000.000,00 (seis milhões de cruzeiros), à época, sem quaisquer benfeitorias; 6.2 — que, posteriormente, adquiriu a propriedade Boa Esperança, na mesma localidade, limitrofe da propriedade Santa Maria, pelo valor de Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), também sem quaisquer benfeitorias; 6.3 — que, nos anos subseqüentes, realizou investimentos nas mencionadas propriedades, tais como: cercas, canais de irrigação, drenos, barreiros, edificações em alvenaria, eletrificação rural de alta e de baixa tensão e "infraestrutura de implantação de 36 (trinta e seis) hectares de manga, mais 04 (quatro) hectares de uva, denominados pela receita federal como investimentos não considerados como despesas de custeio"; 6.4 que todos os investimentos foram regularmente informados em suas declarações de ajuste anual do imposto de renda pessoa fisica, juntamente com o Fl. 1136DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.137 4 anexo da atividade rural, no total de R$ 341.029,10, conforme planilha anexa (doc. 01 de fls. 809); 6.5 — que a documentação comprobat6ria de tais investimentos foi mantida disposição da Receita Federal, pelo período de cinco anos, após o que as informações foram homologadas, nos termos do art. 150 do CTN. Não há, portanto, qualquer obrigação, por parte do contribuinte, de apresentar documentos relativos a anos anteriores a 1999; 6.6 — que a auditoria não levou em conta "os valores aplicados nas propriedades a titulo de investimentos não considerados como despesas de custeio, declarados anualmente pelo contribuinte que efetivamente valorizou o imóvel elevando seu preço de venda em virtude das culturas de manga e uva implantadas, bem com cercas, canais de irrigação, drenos, barreiros, edificações em alvenaria, eletrificação rural de altae baixa tensão, etc"; 6.7 que não houve ganho de capital, uma vez que os valores recebidos nas alienações correspondem apenas aos investimentos não considerados como despesas de custeio e que se incorporaram is propriedades em forma de benfeitorias Ateis ou necessárias; 6.8 — que foram consideradas benfeitorias no valor de apenas R$ 16.996,77, enquanto os custos para implantação de cultivo de uva somam R$ 30,000,00 por hectare, sendo que uma das propriedades possui implantação de quatro hectares, perfazendo um investimento de R$ 120.000,00, não computado pela auditoria. Há, em outra propriedade, implantação de 34 hectares de cultivo de manga, orçado em R$ 5.000,00 por hectare, no total de R$ 170.000,00; 6.9 — verificase, portanto, que os valores de alienação correspondem aos investimentos declarados, anualmente, pelo contribuinte, e homologados pelo Fisco; 6.10 — por fim, pede seja reconhecida procedente a defesa, para ser anulado o processo administrativo fiscal e declarado inexistente o débito correspondente. Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.138 5 7. Em 16/01/2006, o contribuinte solicita, por meio da petição de fls. 815, a juntada dos documentos de fls. 819 a 1014, relacionados na planilha apresentada na defesa (doc. 01 de fls. 809). 3 – A decisão de piso manteve o lançamento na íntegra conforme ementa abaixo indicada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 GANHO DE CAPITAL. Está sujeita ao pagamento do imposto de renda a pessoa fisica que auferir ganhos de capital na alienação de bens e direitos de qualquer natureza. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE IMÓVEL. APURAÇÃO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO. Somente entrarão no cômputo do custo de aquisição do imóvel, para fins de apuração do ganho de capital, os dispêndios relativos a construção, ampliação ou reforma desde que comprovados com documentação hábil e idônea. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 GUARDA DE DOCUMENTOS. PRAZO DECADENCIAL. Os documentos relativos aos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Lançamento Procedente em Parte 4 – O contribuinte interpõe recurso voluntário às fls. 1128/1132, mantendo a mesma linha da defesa. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 5 O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.139 6 6 – Quanto ao mérito, nada a mudar quanto a decisão de piso da DRJ que bem enfrentou todas as matérias indicadas em defesa e repisadas no voluntário. 7 – Pela análise da matéria recursal o contribuinte insiste em informar que os valores gastos e indicados nas planilhas analisadas pela DRJ tratamse de despesas inerentes aos imóveis rurais e portanto devem integrar o custo de aquisição do imóvel para fins de redução da base de cálculo do ganho. 8 – Contudo, utilizandose como fundamento dessa decisão os próprios fundamentos da decisão da DRJ temos que não é possível isso ocorrer senão vejamos: “Especificamente em relação à apuração dos ganhos de capital, fazse necessária a comprovação do custo de aquisição que, no presente caso, envolve os documentos de aquisição originários, os valores informados na declaração de bens e, aditivamente, as despesas de investimentos realizadas na terra nua. Quanta a este último item, o contribuinte deve demonstrar, cumulativamente, e por meio de documentação hábil e idônea: (i) ter realizado despesas com benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), com culturas permanentes e temporárias, com árvores e florestas plantadas e com pastagens cultivadas ou melhoradas, nas propriedades alienadas; e (ii) não haver deduzido, como despesa, na apuração do resultado da atividade rural, os gastos efetuados; e Fl. 1139DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.140 7 • (iii) que tais gastos, caso não integrem as despesas da atividade rural, tenham sido informados na declaração de bens do contribuinte, juntamente com a terra nua. 19. Da análise da documentação acostada aos autos, verificase que, ao contrário do que alega a defesa, as despesas não foram informadas na declaração de bens do anocalendário objeto da ação fiscal, nem tampouco, dos anoscalendário anteriores. 19.1 As fls. 746 consta a declaração de bens do anocalendário de 1997, Único ano em que o contribuinte atribuiu acréscimos de valor aos imóveis, que passaram de R$ 3.452,05 (valor do Sitio Santa Maria, em 3111211996) para R$ 4.227,31 (valor do Sitio Santa Maria, em 31/12/1997) e de R$ 3.452,04 (valor do Sitio Boa Esperança, em 31/1211996) para R$ 4.227,36 (valor do Sitio Boa Esperança, em 31/12/1997). Nos demais anoscalendário, de 1998 a 2003, inclusive, não houve qualquer alteração de valor dos mencionados imóveis rurais, nem indicação, em outra linha das declarações de bens, de benfeitorias ou outras despesas a eles relacionadas. Assim, a alegação do contribuinte, de que as despesas realizadas nos imóveis, foram devidamente declaradas, não encontra confirmação nos declarações de ajuste anual por ele próprio elaboradas. 19.2 Constatase, aditivamente, que o impugnante não informou, em seus anexos da atividade rural, A. exceção do anocalendário de 1997, quaisquer receitas dessa atividade. Tampouco foram informadas, nos anoscalendário de 1998 (fls. 752 e 753), de 1999 (fls. 757 e 758), de 2000 (fls. 762), de 2001 (fls. 767), e de 2002 (fls. 772), despesas da atividade rural, fossem de custeio ou de investimento. Apenas no anocalendário de 2003, foi declarado prejuízo da atividade rural, no valor anual de R$ 104.779,53, correspondente a uma despesa deste valor, desacompanhada de qualquer receita. Ressalte que o contribuinte não informou outros rendimentos, em sua declaração de ajuste anual do anocalendário de 2003, que pudessem suprir as mencionadas despesas, nos meses de janeiro e fevereiro de 2003, dado que a alienação dos imóveis rurais s6 ocorreu em março deste ano. Fl. 1140DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.141 8 Assim, vêse que, apenas nos anoscalendário de 1997 e de 2003, houve registro de despesas da atividade rural, fossem correspondentes a custeio ou a investimentos. (....) omissis Neste sentido, alega que houve despesas de investimentos, não computadas como despesas da atividade rural, desde 1985 até 2002, no valor total de R$ 341.029,10, conforme resumidas no demonstrativo de fls. 809. 0 impugnante junta, também, relação de documentos relativos as despesas efetuadas, referentes aos anos calendário de 1999, no valor de R$ 25.308,43 (fls. 1036 a 1087), de 2000, no valor de R$ 61.475,08 (fls. 819 a 881), de 2001, no valor de R$ 16.775,16 (fls. 988 a 1035) e de 2002, no valor de R$ 47.534,40 (fls. 882 a 987). • 21. Como já exposto, para que as despesas realizadas possam integrar o custo de aquisição — previsto no § 10 do art. 9° da IN SRF n° 84/2001, acima transcrito é necessário que não tenham sido computadas como despesas da atividade rural e que, aditivamente, correspondam ao conceito de benfeitorias, ou relacionadas a culturas, ou a plantação de Arvores ou florestas, ou ainda a pastagens cultivadas ou melhoradas, que passem a integrar o valor do imóvel. 0 conceito de benfeitoria consta também do inciso I do art. 8° da Instrução Normativa SRF n° 83/2001, in verbis: Art. 72 Considerase despesa de custeio aquela necessária à percepção dos rendimentos da atividade rural e à manutenção da fonte pagadora, relacionada com a natureza das atividades rurais exercidas. Art. 82 Considerase investimento a aplicação de recursos financeiros, durante o anocalendário, que visem ao desenvolvimento da atividade rural, à expansão da produção e da melhoria da produtividade, realizados com: I benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos, reparos, bem assim de limpeza de diques, comportas e canais; II culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais; III aquisição de tratores, implementos e equipamentos, máquinas, motores, veículos de cargas e utilitários rurais, utensílios e bens de duração superior a Fl. 1141DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.142 9 um ano, bem assim de botes de pesca ou caiques, frigoríficos para conservação da pesca, cordas, anzóis, bóias, guinchos e reformas de embarcações; IV animais de trabalho, de produção e engorda; V serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando elevar a eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural; VI insumos que contribuam destacadamente para elevação da produtividade, tais como reprodutores, aquisições de matrizes, alevinos e girinos, sementes e mudas selecionadas, corretivos de solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais; VII atividades que visem especificamente a elevação sócioeconômica do trabalhador rural, tais como casas de trabalhadores, prédios e galpões para atividades recreativas, educacionais e de saúde; VIII estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade; IX instalação de aparelhagem de comunicação, bússola, sonda, radares e de energia elétrica; X bolsas para a formação de técnicos em atividades rurais, inclusive gerentes de estabelecimentos e contabilistas. Por outro lado, as despesas de custeio, que em nenhuma hipótese podem ser agregadas ao custo de aquisição do imóvel, são aquelas que, conforme art. 7 0 da IN SRF n° 83/2001, são necessárias à percepção dos rendimentos da atividade rural e A manutenção da fonte pagadora e relacionadas com a natureza das atividades rurais exercidas. Em qualquer caso, todas as despesas devem ser comprovadas, nos termos do art. 10, da mencionada instrução normativa, abaixo transcrito: Art. 10. As despesas de custeio e os investimentos são comprovados mediante documentos idôneos, tais como nota fiscal, fatura, recibo, contrato de prestação Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.143 10 de serviços, laudo de vistoria de órgão financiador e folha de pagamento de empregados, identificando adequadamente a destinação dos recursos. 22. Passo a analisar, portanto, a admissibilidade e a comprovação das despesas indicadas como relativas a investimentos, pelo contribuinte. 22.1 — quanto aos valores indicados nos anoscalendário de 1985 a 1997, na planilha de fls. 809: Em relação a tais gastos, não foi apresentada qualquer documentação. Ademais, os valores relativos aos custos de aquisição dos imóveis alienados, conforme declaração de bens do anocalendário de 1997 (fls. 746), em 31/12/1997, são R$ 4.227,31 e R$ 4.227,36. Não há indicação, na mencionada declaração de bens, de benfeitorias. 22.2 — quanto aos valores indicados no anocalendário de 1999, nas planilhas de fls. 809 e 1036, correspondentes aos documentos de fls. 1037 a 1087, no total de R$ 25.308,43: De inicio, devese esclarecer que o reajuste do custo de aquisição, utilizado na planilha de fls. 809, pelo contribuinte, só foi admitido pela legislação tributária até 31/12/1995, conforme art. 17 da Lei n° 9.249/1995. Dessa forma, as despesas com benfeitorias, se admitidas a fim de integrar o custo de aquisição do imóvel rural, devem ser computadas por seus valores originais, constantes dos respectivos documentos comprobatórios. Em relação As notas fiscais de n° 49725 (fls. 1037 a 1039), 47741 (fls. 1040), 47740 (fls. 1042), 29186 (fls. 1043), 1593 (fls. 1050), 36580 (fls. 1054 e 1059), 34611 (fls. 1058 e 1064), 34610 (fls. 1068), 32691 (fls. 1075), e 786 (fls. 1085), verificase que tais despesas já, foram aceitas, como investimentos a serem agregados ao custo de aquisição dos imóveis, como relatado pela auditoria fiscal As fls. 07 e 08.” Fl. 1143DF CARF MF Processo nº 13411.001103/200510 Acórdão n.º 2201004.022 S2C2T1 Fl. 1.144 11 9 – Portanto, diante do que foi exposto pela própria decisão de piso acima que tomo como razões de decidir, e pela falta de comprovação por parte do contribuinte não resta outra alternativa, senão de negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão 10 Diante do exposto, voto por conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 1144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.910746/2011-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Data do fato gerador: 11/06/2005
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA
Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.594
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Data do fato gerador: 11/06/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado.
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. Recorrente BANCO VOLKSWAGEN S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 11/06/2005 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA Inexiste norma legal que preveja a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. O art. 150, § 4º do CTN, cuida de regulamentar o prazo decadencial para a homologação do lançamento, não se podendo confundir o lançamento com o Pedido de Restituição. O artigo 74 da Lei nº 9.430/96, cuida de prazo para homologação de Declaração de Compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Souza Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 91 07 46 /2 01 1- 41 Fl. 89DF CARF MF Processo nº 16327.910746/201141 Acórdão n.º 3402004.594 S3C4T2 Fl. 3 2 Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a Decisão da DRJ em Ribeirão Preto (SP), que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendo o Despacho Decisório eletrônico proferido, que, por sua vez, indeferiu o Pedido de Restituição, referente a suposto pagamento de IOF a maior no ano de 2005. Conforme o que consta do referido Despacho Decisório, o pleito foi negado tendo em vista que o DARF discriminado no PER estava integralmente utilizado para a quitação do débito de IOF, não restando saldo de crédito disponível para a restituição almejada. Cientificada da decisão proferida, a empresa interpôs a Manifestação de Inconformidade alegando homologação por decurso de prazo, já que ultrapassado o prazo de cinco anos entre a data de envio, tanto do Pedido de Restituição (PER) quanto da Declaração de Compensação (DCOMP) a ele atrelada, e a data de proferimento do Despacho Decisório. Com base nessas considerações requer a reforma da decisão, com a consequente homologação da compensação declarada. No entanto, os argumentos aduzidos pelo Recorrente não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme Ementa do Acórdão nº 14061.326, prolatado pela DRJ em Ribeirão Preto (SP): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 11/06/2005 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO DECLARADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integralmente alocado à débito validamente declarado em DCTF. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para a homologação tácita de pedido de restituição, nem previsão de perda do poder de decidir por decurso de prazo em pedidos desta natureza. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificada desta decisão a recorrente interpôs, tempestivamente, o presente recurso voluntário, alegando as seguintes razões: (i) consta do Despacho Decisório que "foram localizados pagamentos, mas que foram integralmente utilizados para a quitação de débitos do Recorrente, não restando crédito disponível para restituição". Porém, tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em dezembro/2006, operandose, portanto, a homologação da compensação em dezembro de 2011; Fl. 90DF CARF MF Processo nº 16327.910746/201141 Acórdão n.º 3402004.594 S3C4T2 Fl. 4 3 (ii) cita e transcreve como base legal, o §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN), bem como, registra o Acórdão nº 3801000.530, de 29/09/2010, proferido pelo CARF nos autos do PAF nº 10830.007499/9736; (iii) conclui que, dessa forma operouse a homologação tácita em dezembro de 2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente por meio de Despacho Decisório proferido em 2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Por fim, requer que o presente Recurso Voluntário seja recebido e julgado, com a conseqüente reforma da decisão recorrida e homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.467, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 16327.910558/201113, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.467): "1. Da admissibilidade do Recurso O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. 2. Objeto da lide Verificase que o Recorrente não contesta a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório. O que se discute no recurso é a alegação de homologação tácita quanto ao Pedido de Restituição (PER). 3. Análise do Pedido Como relatado, o Recorrente pede o provimento do seu recurso unicamente sob o argumento da homologação tácita do seu Pedido de Restituição (PER) nº 01445.28437.211206.1.2.046453, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional. Aduz que tanto o Pedido de Restituição (PER) quanto a respectiva Compensação (DCOMP), foram realizados em 21 e 26 dezembro de 2006, respectivamente e, como base no §4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, operouse a homologação tácita da compensação em 26/12/2011, não havendo sequer a possibilidade de discussão acerca da existência do crédito do Recorrente, por meio de Fl. 91DF CARF MF Processo nº 16327.910746/201141 Acórdão n.º 3402004.594 S3C4T2 Fl. 5 4 Despacho Decisório proferido em 03/01/2012, ou seja, após o decurso do mencionado prazo qüinqüenal. Pois bem. É cediço que o Código Tributário Nacional (CTN), regulamenta o prazo decadencial de 5 anos para o agente fiscal homologar o lançamento por homologação, que ocorre quando o contribuinte, por determinação legal, em substituição ao agente arrecadador, possui a obrigação de apurar o tributo devido, em face da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, efetuar o seu recolhimento e realizar a respectiva declaração. No contexto do procedimento de homologação das compensações, no qual se atesta a existência e a suficiência do direito creditório invocado para a extinção dos débitos compensados, a única limitação imposta à atuação da Administração Tributária é o prazo de cinco anos da data da apresentação das declarações de compensação, depois do qual os débitos compensados devem ser extintos, independentemente da existência e suficiência dos créditos, conforme determina o artigo 74, §5° da Lei n° 9.430, de 1996. Destaco a seguir seu conteúdo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 1º (...). § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (Grifei). No mesmo sentido, define a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, assim como as Instruções Normativas que a sucederam na regulamentação dessa matéria. Como se vê, por disposição legal expressa, a homologação tácita é aplicável unicamente à Declaração de Compensação, não havendo possibilidade de sua aplicação aos Pedidos de Restituição e Ressarcimento (PER). Isto ocorre porque quando o contribuinte realiza um pedido de compensação, nada mais está fazendo do que um lançamento por homologação: apura o tributo devido, realiza a declaração, e substitui o pagamento em espécie, por um pagamento com crédito tributário que possui junto ao ente tributante. E é por essa razão que, quando não há a apreciação expressa do pedido de compensação, passados 5 anos após a sua apresentação, ocorre a respectiva homologação. Em última análise, o que há é a homologação do lançamento realizado pelo contribuinte, sendo que o pagamento da obrigação tributária se dá com a utilização do seu direito creditório. Portanto, tal regra não se aplica ao caso do Recorrente com relação ao Pedido de Restituição de fls. 25/27, datado de 21/12/2006, justamente por se tratar de Pedido de Restituição e não de uma Fl. 92DF CARF MF Processo nº 16327.910746/201141 Acórdão n.º 3402004.594 S3C4T2 Fl. 6 5 Declaração de Compensação. O Pedido de Restituição não pode ser confundido com uma Declaração de Compensação, muito embora em ambos os casos esteja a se tratar de direito a um crédito tributário. A compensação está sempre atrelada a um lançamento. E é por isso que a ela se aplica o prazo decadencial de 5 anos previsto no art. 150 do CTN. O pedido de restituição não. Ele é independente de qualquer lançamento e requer necessariamente um pronunciamento do Fisco. Contudo, embora o Fisco deva nortear seus atos observando a eficiência e a celeridade, pois sua ação deve preservar os interesses públicos, nada o impede de, quase seis anos após o Pedido de Restituição (PER) formulado pelo Recorrente, indeferilo, por não vislumbrar o direito pleiteado. Não há a homologação tácita desse pedido, porquanto não ocorre qualquer lançamento que enseje a aplicação do artigo 150, § 4º, do CTN, como defende a Recorrente. Não há previsão legal para essa homologação. De se observar, também, que o Recorrente não rebate a alocação do pagamento (crédito solicitado no PER) ao débito de IOF do período de apuração tratado neste processo, o qual consta confessado em DCTF. Não contesta, portanto, a inexistência do indébito tributário demonstrada no Despacho Decisório, dando margem ao entendimento de que o crédito almejado no Pedido de Restituição, não existe. Desta forma, considerando que o Recorrente se limitou a argüir a homologação tácita do Pedido de Restituição, com base no artigo 150, § 4º, do CTN, sem trazer qualquer documentação ou argumentação que comprovasse a existência de seu crédito, não há mesmo como acatar o seu pedido. 4. Dispositivo Ante tudo acima exposto e o que mais constam nos autos, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13963.000747/2010-10
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.868
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 3. 00 07 47 /2 01 0- 10 Fl. 144DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 146DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 148DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 150DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 151DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 152DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13963.000747/201010 Acórdão n.º 9202005.868 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 154DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.003848/2009-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONTROLE DE LEGALIDADE. COMPETÊNCIA DOS ORGÃOS JULGADORES PARA DECIDIR SOBRE RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA
Cabe ao fisco, tanto no ato de lançamento, quanto no processo de controle de legalidade deste ato, identificar contra quem promoverá a cobrança do tributo. Os órgãos julgadores em primeira e segunda instâncias administrativas, devem decidir quanto à responsabilização dos sujeitos passivos pelo cumprimento da obrigação tributária.
PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE
Anula-se a decisão proferida com flagrante omissão quanto à matéria sobre a qual competiria manifestar-se, devendo outra ser prolatada.
Numero da decisão: 1302-002.344
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidiram por anular o acórdão da DRJ para que sejam analisadas nessa primeira instância as impugnações apresentadas pelos responsáveis tributários, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente Substituta.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Julio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente-Substituta).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONTROLE DE LEGALIDADE. COMPETÊNCIA DOS ORGÃOS JULGADORES PARA DECIDIR SOBRE RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA Cabe ao fisco, tanto no ato de lançamento, quanto no processo de controle de legalidade deste ato, identificar contra quem promoverá a cobrança do tributo. Os órgãos julgadores em primeira e segunda instâncias administrativas, devem decidir quanto à responsabilização dos sujeitos passivos pelo cumprimento da obrigação tributária. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE Anula-se a decisão proferida com flagrante omissão quanto à matéria sobre a qual competiria manifestar-se, devendo outra ser prolatada.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004, 2005, 2006 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONTROLE DE LEGALIDADE. COMPETÊNCIA DOS ORGÃOS JULGADORES PARA DECIDIR SOBRE RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA Cabe ao fisco, tanto no ato de lançamento, quanto no processo de controle de legalidade deste ato, identificar contra quem promoverá a cobrança do tributo. Os órgãos julgadores em primeira e segunda instâncias administrativas, devem decidir quanto à responsabilização dos sujeitos passivos pelo cumprimento da obrigação tributária. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE Anulase a decisão proferida com flagrante omissão quanto à matéria sobre a qual competiria manifestarse, devendo outra ser prolatada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, decidiram por anular o acórdão da DRJ para que sejam analisadas nessa primeira instância as impugnações apresentadas pelos responsáveis tributários, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente Substituta. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 38 48 /2 00 9- 00 Fl. 8850DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.850 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Julio Lima Souza Martins (Suplente Convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca e Ester Marques Lins de Sousa (PresidenteSubstituta). Relatório Tratamse de recursos voluntários interpostos em face da Decisão da 3ª Turma da DRJ/RPO que julgou improcedente a impugnação ofertada pelo sujeito passivo principal e não conheceu das impugnações interpostas pelos sujeitos passivos solidários haja vista que caberá a Procuradoria da Fazenda Nacional, no instante da inscrição da dívida ativa, a análise das circunstâncias relatadas pela fiscalização à título de responsabilidade solidária. Pois bem, por bem sintetizar a lide, adoto o relatório da DRJ, complementao ao final: Em ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte em epígrafe, foi lançado crédito tributário no montante de RS 5.125.840,74 (cinco milhões e cento e vinte e cinco mil e oitocentos e quarenta reais e setenta e quatro centavos), conforme demonstrativo de fl. 2, tendo sido lavrados os seguintes autos de infração: I Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) fls. 1.098/1.102. Imposto: R$ 578.353,42 Juros de mora: R$ 244.781,50 Multa proporcional: R$ 867.530,10 Total: R$ 1.690.665,02 Enquadramento legal: Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 27, I, e 42; Regulamento do Imposto de Renda (RIR/ 1999) Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 , arts. 532 e 537. II Contribuição para o PIS/Pasep fls. 1.109/1.113. Contribuição: R$ 160.802,01 Juros de mora: R$ 70.540,97 Multa Proporcional: R$ 241.202,95 Total: R$ 472.545,93 Enquadramento legal: Lei Complementar (LC) n° 7, de 7 de setembro de 1970, arts. 1° e 3°; Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 24, § 2°; e Decreto n° 4.524, de 17 de dezembro de 2002, arts. 2°, I, “a” e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91. III Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) fls.l.l20/1.123. Contribuição: R$ 742.163,58 Juros de mora: R$ 325.574,41 Multa Proporcional: R$ 1.113.245,32 Total: R$ 2.180.983,31 Enquadramento legal: Decreto n° 4.524, de 2002, arts. 2°, II e parágrafo único, 3°, 10, 22,51 e 91. IV Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) fls. 1.130/1.134 Contribuição: R$ 267.178,89 Juros de mora: R$ 113.699,27 Fl. 8851DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.851 3 Multa Proporcional: R$ 400.768,32 Total: R$ 781.646,48 Enquadramento legal: Lei n° 7.689, de 15 de dezembro de 1988, art. 2° e §§; Lei n° 9.249, de 1995, art. 24; Lei n° 9.430, de 1996, art. 29; e Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 37. Segundo consta da descrição dos fatos, no auto de infração de IRPJ, foi arbitrado o lucro dos períodosbase de 2005 e 2006, com base no RIR/1999, art. 530, III, tendo em vista que a contribuinte, intimada a apresentar livros e documentos de sua escrituração, deixou de apresentalos. Foi apurada ainda, nos mesmos períodos, omissão de receitas caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. O Termo de Verificação de Infração (TVI) de fls. 1.045/ 1.087 descreve pormenorizadamente a ação fiscal, destacando que o procedimento fiscal compreende um conjunto de verificações efetuadas em várias empresas, comprovadamente unidas em atividades operacionais e gerenciais, em um contexto de confusão patrimonial e interposição de pessoas físicas e jurídicas, inclusive mediante transferências anômalas de quotas, manifestando um claro propósito de ocultar fatos geradores e reduzir tributos federais devidos. Ressalta que, atualmente, a única empresa efetivamente existente e plenamente operacional é a autuada, doravante denominada Ceramfix Indústria, considerada pela fiscalização como sucessora de fato da empresa Bela Junta Indústria e Comércio Ltda, CNPJ 04.756.164/000102, doravante denominada Bela Junta. Que até a criação da Ceramfix Indústria, a Bela Junta foi a empresa beneficiária, porém oculta, de transações econômicas registradas em nome de empresas “distribuidoras”, sem capacidade operacional e com sócios “laranjas”, operando sob o controle de pessoas ligadas à indústria, e posteriormente ela própria passou a ser utilizada como interposta pessoa pela Ceramfix Indústria, inclusive com a transferência de seu quadro societário para pessoas físicas interpostas. Destaca que o procedimento se iniciou na empresa Comercial Ceramfix Ltda., CNPJ 05.440.076/000151, doravante denominada Comercial Ceramfix, confirmada pelos fatos tratarse de uma das empresas utilizadas como interposta pessoa pela Bela Junta, e no mesmo sentido foi verificada a interposição da empresa Ceramfix Distribuidora de Argamassa e Rejunte Ltda., CNPJ 06.160.399/000154, doravante denominada Ceramfix Distribuidora, a qual teve ainda a participação de sócios “laranjas”. Constata também a participação de outras duas empresas e seus responsáveis, todos ligados de certa forma aos acontecimentos em foco: Argajunta Indústria e Comércio Ltda., CNPJ 79.420.261/000110, doravante denominada Argajunta, empresa inexistente de fato, de propriedade de pessoas ligadas ao caso, escriturada como fomecedora da Comercial Ceramfix; e Ceramiflex Ltda., CNPJ 04.575.097/000111, doravante denominada Ceramiflex, atualmente baixada, de propriedade de parentes de pessoa ligada ao caso, empresa terceirizada que abrigou apenas formalmente o quadro funcional da Bela Junta. Descreve a participação de cada pessoa física, a saber: · MARIO JOSÉ SCIIIMITT, CPF 532.653.60997, exsóciogerente da Argajunta, sóciogerente da Comercial Ceramfix, mandatário da Ceramfix Distribuidora e da Bela Junta, Diretor da Ceramfix Indústria e atualmente sócioadministrador desta. · FRANCISCO HOSTINS, CPF 351.675.05968, mandatário da Comercial Ceramfix c Ceramfix Distribuidora, sóciogerente da Bela Junta , diretor e sócio administrador da Ceramfix Indústria. · ANTONIO CARLOS SCHIMITT, CPF 442.835.39953, exsóciogerente da Argaj unta, sócioadministrador da Ceramfix Indústria. Fl. 8852DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.852 4 · LUIZ ROBERTO CAMPANHOLO, CPF 525.225.12820, mandatário da Bela Junta, sócioadministrador da Ceramfix Indústria e citado informalmente por Mario José Schimitt como consultor. · ANSELMO ANTONIO SCHRAMM DO NASCIMENTO, CPF 064.024.10853, mandatário da Bela Junta, sócioadministrador da Argajunta. · JUSSARA ELIANE HERBST, CPF 788.647.71972, sóciaadministradora da Ceramfix Distribuidora e da Bela Junta, que confessou ter cedido seu nome e outorgado procurações. · FLAVIO CASAS JUNIOR, CPF 704.517.37920, contador empregado da Bela Junta e da Ceramfix Indústria, responsável também pela contabilidade de demais empresas do grupo. Por conta das averiguações descritas no TVI, a fiscalização apurou tributos devidos e não declarados no período de 2004 a 2006, objeto de lançamento de ofício formalizado em processos fiscais separados: a) Os processos n° l397l.003847/200957 (IRPJ e reflexos) e l397l.003849/200946 (Imposto sobre Produtos Industrializados IPI), instaurados para os fatos geradores cujo sujeito passivo ativo foi a empresa Bela Junta, mas cujos créditos tributários foram atribuídos à Ceramfix Indústria, por responsabilidade tributária, na qualidade de sucessora. b) O presente processo e 0 de n° 13971.003850/200971 (IPI), devido aos fatos geradores de obrigações tributárias ocorridas após a data da sucessão de fato, sendo os créditos tributários apurados atribuídos à Ceramfix Indústria, na qualidade de contribuinte. O TVI descreve, ainda, a fiscalização nas empresas Comercial Ceramfix e Ceramfix Distribuidora, demonstrando a enorme disparidade de sua movimentação financeira em comparação com as receitas declaradas e que elas, de fato, são utilizadas como interpostas pessoas da Bela Junta e da Ceramfix Indústria. Em seguida, descreve a fiscalização na Bela Junta , demonstrando ser ela sucedida de fato pela Ceramfix Indústria. O item V do TVI descreve a fiscalização sobre a Ceramfix Indústria, discorrendo que foi ela intimada a comprovar a origem dos valores depositados nas contas correntes das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, cuja não comprovação implicou na caracterização da omissão de receitas. As receitas consideradas omitidas foram computadas na base de cálculo para apuração trimestral do IRPJ e da CSLL, com base no lucro arbitrado, obtido pela aplicação do percentual de 9,6% sobre a receita bruta declarada somada à omissão de receitas; essas receitas também foram consideradas como base de cálculo do PIS e da Cofins. Considera que a falta de comprovação da origem dos depósitos bancários não contabilizados implica também na incidência do IPI devido por omissão de receitas, conforme previsto no § 2° do art. 448 do Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto n° 4.544, de 26 de dezembro de 2002 (RIPI/2002) , alterado pelo Decreto n° 4.859, de 14 de outubro de 2003. Ademais, que a interposição praticada pela Bela Junta e posteriormente por sua sucessora, Ceramfix Indústria, também foi causa de omissão da apuração e recolhimento do IPI sobre o faturamento das empresas interpostas, porque todo o processo de fabricação, comercialização e saída das mercadorias foi realizado pela indústria, muito embora tenha se buscado dar uma roupagem formal, porém fictícia, de que a comercialização tenha sido feito pela Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e posteriormente pela Bela Junta. Assim, todas as receitas declaradas pelas interpostas, sobre as quais não houve incidência de IPI, são equivalentes a vendas não registradas pela Bela Junta/ Ceramfix Indústria. Acrescenta que foram apurados débitos de IPI no valor de R$ 56.591,30, que não foram cobrados em virtude de cobertura por saldos credores escriturados, nos meses de julho a dezembro de 2006, implicando na apuração de multa sobre IPI não lançado com Fl. 8853DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.853 5 cobertura de crédito. O saldo credor reconstituído para dezembro de 2006 vai alterar a escrita dos períodos subseqüentes, sendo a empresa intimada a apresentar seus registros de apuração do IPI até o mês de agosto de 2009, sendo então elaborada planilha que mostra a necessidade de regularizar a escrita do IPI e eventuais recolhimentos a partir de 2007. Foi aplicada a multa qualificada, prevista na Lei n° 9.430, de 1996, art. 44, II, por considerar que o intento acometido pela empresa Bela Junta/Ceramfix Indústria se encaixa praticamente em todas as definições de evidente intuito de fraude, estampadas no arts.7l, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964. Foram elaboradas, ainda, Representações Fiscais para Fins Penais, como conseqüência da ocorrência, em tese, do crime contra a ordem tributária definido no art. 1° da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990. Foi atribuida ainda responsabilidade solidária aos sócios, dirigentes e mandatários, nos termos do Código Tributário Nacional (CTN), arts. 124, I, 128 e 135. As pessoas a quem foi atribuída responsabilidade solidária são as seguintes: Mario José Schmitt, Francisco Hostins, Antonio Carlos Schimitt e Luiz Roberto Campanholo. Foram iniciados procedimentos administrativos de declaração de inaptidão das empresas Comercial Ceramfix, Argajunta, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, nos termos da Instrução Normativa (IN) RFB n° 748, de 28 de junho de 2007, art. 41, I e III. Notificada do lançamento em 16/10/2009, conforme autos de infração, a interessada, representada pelos advogados Antonio Bonifácio Schmitt Filho e Ademir Cristofoloni (procuração de fl. 1.260), ingressou, em 16/11/2009, com a impugnação de fls.l.l92/1.259, com os seguintes tópicos: 1. Equivocado procedimento fiscal de arbitrar receitas e lucros e de imputálos à impugnante; 2. Duplicidade do lançamento quanto ao IPI; 3. Não batimento de valores apontados no termo de verificação de infração e utilizados como base para cálculo de valores supostamente devidos; 4. Necessidade de adoção de procedimento previsto em lei visando a desconsideração da personalidade jurídica da empresa; 5. Existência das empresas no plano jurídico e fático Transações entre empresas Tributos Pagos; 6. Nulidade do auto de infração tendo em vista que a empresa Comercial Ceramfix, embora tenha apresentado irregularidades fiscais, tratou de sanálas e se trata de empresa idônea; 7. Nulidade do auto de infração tendo em vista que a empresa Ceramfix Distribuidora, embora tenha apresentado irregularidades fiscais, é empresa distinta das demais empresas indicadas no relatório da fiscalização; 8. Nulidade em vista da ausência de fraude na atuação da Ceramiflex Ltda. Ademais houve a regularização, antes de iniciada a fiscalização, dos procedimentos jequivocados decorrentes da terceirização praticada pela Ceramiflex, em favor da Bela Junta; 9. Nulidade do auto de infração por ausência de fraude no procedimento de transferência das atividades da empresa Bela Junta para a impugnante; 10. Equivocado entendimento da fiscalização, no sentido de que houvera sucessão pela impugnante em relação às atividades da Bela Junta, na data do ato de registro do contrato social daquela na Jucesc; 11. Equivocado fundamento legal para a exigência; 12. Nulidade do auto de infração haja vista a falta de correlação entre os fatos narrados no relatório da fiscalização e os enquadramentos legais; Fl. 8854DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.854 6 13. Nulidade do auto de infração haja vista o equívoco da fiscalização quanto à caracterização do contribuinte e dos responsáveis; V 14. Nulidade do auto de infração haja vista que foi comprovada a origem dos recursos decorrentes dos ingressos em contascorrentes das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta; 15. Nulidade do auto de infração tendo em vista que os auditores fiscais não oportunizaram à impugnante o exame dos documentos bancários obtidos pela RFB diretamente naquelas instituições financeiras; 16. Nulidade do auto de infração pela falta de indicação da origem dos valores transcritos às páginas 32 e 34 do relatório de fiscalização; 17. Afronta às Leis n° 9.430 e 8.981, e RIR, haja vista a equivocada interpretação e aplicação da legislação que trata do arbitramento do lucro; 18. Nulidade em vista da tripla exigência fiscal quanto à apuração de valores de IPI; 19. Nulidade do auto de infração por não deduzir dos valores supostamente devidos os valores já declarados pela própria impugnante e pela Bela Junta; 20. Nulidade do auto de infração por não deduzir dos valores supostamente devidos os valores já pagos por todas as empresas envolvidas no lançamento; 21. Nulidade por tributar valores de impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador e por não atribuir créditos referentes a pagamentos ao fomecedor de matériasprimas; 22. Nulidade do auto de infração por confundir os conceitos de caixa e competência na apuração dos supostos valores devidos; 23. Nulidade do lançamento haja vista que a fiscalização entende que houve incorporação da Bela Junta pela impugnante; 24. Nulidade do auto de infração, haja vista a inconstitucionalidade da requisição de movimentação financeira formulada aos bancos, diretamente pela RFB, sem autorização judicial; 25. Nulidade em vista de o procedimento fiscal repartir as receitas declaradas pelas empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, em períodos quinzenais para fins de apuração do IPI; 26. Nulidade do auto de infração por promover exigência de IPI mediante arbitramento, sem previsão legal a amparar tal procedimento; 27. Ausência de embaraços à fiscalização e possibilidade desta de coligir outros elementos para identificar eventuais tributos a serem lançados; 28. Não observância pelos auditores das disposições previstas no inciso I do art. 136 do RIPI/2002; 29. Obrigação da fiscalização em buscar a verdade material; 30. Ofensa ao princípio da moralidade dos atos públicos; 31. Ofensa ao princípio da legalidade tributária, segurança jurídica, proporcionalidade e razoabilidade; 32. Inequívoca ofensa à Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999; 33. Ofensa ao art. 2° da Lei n° 9.784, de 1999; 34. Nulidade do auto de infração em vista da responsabilidade pessoal dos agentes; 35. Nulidade do auto de infração por erro na identificação do sujeito passivo; 36. Improcedência das multas agravadas, tendo em vista que o lançamento decorre de presunção de receitas e lucros omitidos; Fl. 8855DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.855 7 37. Ausência de fundamentos legais da desconsideração das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, e do lucro arbitrado, no quadro “enquadramento legal” constante do auto de infração. Requereu o reconhecimento das nulidades do auto de infração, por todos os fundamentos apresentados; na hipótese de não serem reconhecidas as nulidades, que sejam recalculados os valores, deduzindo os faturamentos entre empresas, excluindo os créditos com origem comprovada, excluindo o IPI de sua própria base de cálculo e da base de cálculo do PIS e Cofins, corrigindo erros nos valores apontados nos quadros de valores constantes do relatório de fiscalização e utilizados nos cálculos de apuração dos valores devidos, excluindo os valores decorrentes de fatos sob a responsabilidade das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, excluindo os valores apurados por arbitramento e a multa agravada; seja reconhecido que a impugnante não é responsável e contribuinte relativamente a supostos fatos geradores ocorridos antes mesmo de sua existência; provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, notadamente a testemunhal e pericial, se necessária. Às fls. 5.277/5.294, 5.297/5.316, 5.317/5.334 e 5.338/5.356, constam impugnações apresentadas, respectivamente, por Antonio Carlos Schimitt, Francisco Hostins, Mario José Schmitt e Luiz Roberto Campanholo. Ao apreciar a impugnação somente do contribuinte, a DRJ exarou a seguinte decisão, assim ementada (vide fls. 5.436/5.465): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DEPÓSITO BANCÁRIO. OMISSÃO DE RECEITA. Evidencia omissão de receita a existência de valores creditados em conta de depósito mantida em instituição financeira, em relação aos quais a contribuinte, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÃO LEGAL. ÔNUS DA PROVA. " A presunção legal tem O condão de inverter o ônus da prova, transferindoo para o contribuinte, que pode refutála mediante oferta de provas hábeis e idôneas. LUCRO ARBITRADO. FALTA DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL E FISCAL. RECEITA BRUTA A ausência de escrituração regular dos livros comerciais e fiscais autoriza o arbitramento do lucro, com base na receita bruta conhecida, ou seja, receita declarada mais receitas omitidas. DESCONSIDERAÇAO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INOCORRÊNCIA. ATOS SIMULADOS. Os atos simulados não têm eficácia contra O Fisco, que não precisa demandar sua anulação, nem desconsiderar a personalidade jurídica de interpostas pessoas para eleger o real sujeito passivo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005, 2006 MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. Mantémse a multa por infração qualifica a quando reste inequivocamente comprovado o evidente intuito de fraude. ASSUNTO: PROCESSQ ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 8856DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.856 8 Anocalendário: 2005, 2006 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. EXCLUSÃO DE PESSOAS. FALTA DE COMPETÊNCIA. Não compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento a apreciação da exclusão de pessoas arroladas como responsáveis solidárias pelos tributos exigidos do contribuinte. PROVA. EXTRATOS BANCÁRIOS. OBTENÇÃO. Válida é a prova consistente em informações bancárias requisitadas em absoluta observância das normas de regência e ao amparo da lei, sendo desnecessária prévia autorização judicial. PROVAS INDICIÁRIAS. A comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só; ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. CONTRADITÓRIO. INÍCIO. Somente com a impugnação iniciase o litígio, quando devem ser observados os princípios da ampla defesa e do contraditório. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Os principais motivos utilizados pela DRJ para manutenção da autuação foram os seguintes: 1 Equivocado procedimento fiscal de arbitrar receitas e lucros e de imputá los à impugnante Reclamou a autuada que a fiscalização manteve a tributação, tal como declarado por cada uma das empresas, e tratou de efetuar um lançamento adicional em cada um delas, com base em arbitramento, a partir de créditos nos extratos bancários de cada uma, lançamento este formalizado contra a impugnante, gerando duas distorções: l) a fiscalização adotou critério misto; 2) a impugnante não pode responder por complementos de lançamento tributário supostamente devidos pelas empresas tidas como interpostas, os quais foram apurados por arbitramento. Defendeu que, se há uma única empresa, só se estará corrigindo injustiças na determinação dos valores supostamente devidos se forem tomadas todas as receitas de todas as empresas (mediante arbitramento, porém este último, se realizado, não pode ser apurado mediante créditos nos extratos bancários, mas sim de acordo com os critérios estabelecidos nos incisos I a VIII do art. 535 do RIR/ 1999); se apuradas as receitas e lucros e os impostos e contribuições incidentes; e se destes valores forem deduzidos todos os valores já pagos pelo conjunto das empresas. Acrescentou que, ainda que coubesse arbitramento com base em créditos nos extratos bancários e desconsideração da personalidade jurídica da Comercial Ceramfix, da Ceramfix Distribuidora e da Bela Junta, deveria a fiscalização obter todos os extratos de todas as empresas, fazer as deduções previstas em lei, tais como transferências entre contas e entre empresas, excluir os créditos com origem comprovada e, do valor obtido, apurar os tributos devidos, devendo ser deduzidos os valores já pagos. No entanto, ela obteve apenas os extratos de Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta e efetuou um lançamento adicional, totalmente indevido, na medida em que manteve intacto e não deduziu todos os Fl. 8857DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.857 9 valores já lançados e pagos pelas empresas supostamente interpostas e empresa supostamente incorporada. Aduziu que a idéia de lucro arbitrado não admite se falar em arbitramento a partir da presunção de receitas omitidas com base em extratos bancários. Vejamos. A empresa, estando autorizada a optar pela tributação com base no lucro presumido, não apresentou escrituração comercial e fiscal nem o livro Caixa. A fiscalização não restou alternativa senão aplicar a legislação que rege a matéria, devidamente capitulada no enquadramento legal, e arbitrar o lucro da empresa. Os critérios do art. 535 só têm aplicação quando não conhecida a receita bruta, que não é o caso, pois havia receitas declaradas e foram apuradas receitas omitidas, as quais, somadas, compõem a receita bruta. Além do mais, as receitas omitidas foram apuradas com base em depósitos bancários cuja origem não foi comprovada, nos termos da Lei n° 9.430, de 1996, art.42. Apuradas receitas omitidas, elas devem ser computadas para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, no período de apuração correspondente, nos termos do RIR/l999, art. 537, observado o disposto no art. 532. Portanto, não há qualquer incompatibilidade entre a apuração do lucro por meio de arbitramento e apuração de receitas omitidas com base em depósitos bancários. De fato, não pode haver critério misto, como alegado pela impugnante. Uma vez partindo para o arbitramento do lucro, devese arbitrálo com base na receita bruta conhecida (declarada/escriturada) art. 532, somada às receitas omitidas apuradas, deduzindose eventuais valores já recolhidos. E foi esse o critério que pretenderam aplicar os autuantes, conforme se denota da leitura do parágrafo 133 do TVI (fls. l.076/1.077), quando afirmam que “o lucro arbitrado para fins de apuração do IRPJ será obtido pela aplicação do percentual de 9,6% sobre a receita bruta declarada somada à omissão de' receitas verificada neste procedimento fiscal”. Entretanto, no auto de infração, verificase que os autuantes não tributaram a receita bruta conhecida, mas tãosomente a receita omitida representada pelos depósitos bancários, deixando assim de descontar eventuais valores recolhidos. Esse proceder foi mais benéfico à contribuinte, reduzindo o valor do crédito tributário, na medida em que o valor do imposto apurado com base no lucro arbitrado sobre a receita bruta declarada seria superior àquele apurado com base no lucro presumido, e mesmo se fossem descontados valores eventualmente recolhidos, ainda haveria diferença a ser exigida além do crédito tributário ora lançado. Isso não quer dizer que esteja ocorrendo critério misto de tributação. A contribuinte, a partir do lançamento, passou a se sujeitar ao lucro arbitrado. Apenas não se exigiram os tributos devidos resultantes da mudança do critério de tributação. Assim, não há que se falar em dedução de valores recolhidos, que só ocorreria no lançamento sobre a receita bruta conhecida, à qual aqueles recolhimentos se referem. i A única análise que deve ser feita, que ocorrerá oportunamente no tópico correspondente, é se a impugnante consegue comprovar que algum depósito bancário corresponde a receita já oferecida à tributação. Quanto à possibilidade de se exigir da autuada os tributos calculados com base nas receitas omitidas, apuradas em contascorrentes das empresas tidas como interpostas, não há nenhum inconveniente, uma vez demonstrado no processo a interposição, o que será analisado em tópicos seguintes. 2 Duplicidade do lançamento quanto ao IPI O IPI foi lançado em processo distinto, portanto esses argumentos devem ser analisados no âmbito daquele processo. . Fl. 8858DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.858 10 3 Não batimento de valores apontados no termo de verificação de infração e utilizados como base para cálculo de valores supostamente devidos A impugnante alegou que os valores apresentados às páginas 32, 34 e 35 do relatório fiscal não permitem identificar sua origem, pois consta que as receitas declaradas no ano de 2005 pelas empresas supostamente interpostas, indicadas no item 137 da página 34, são de R$l.565.I57,88, no entanto as mesmas receitas indicadas no item 16 da página 5, item 53 da página 13 e item 85 da página 23 somam R$ 1.660.371,50. Acrescentou que essas diferenças não lhe permitem exercer plenamente sua defesa e os valores foram utilizados para determinação da exigência fiscal, não podendo apresentar diferenças não explicadas, devendo ser declarado nulo o auto de infração. O item 16 da página 5 do TVI apenas compara a movimentação financeira da empresa Comercial Ceramfix com sua receita declarada, nos anos de 2004 e 2005. O item 53 da página 13 faz o mesmo com relação à empresa Ceramfix Distribuidora e o item 85 da página 43, à Bela Junta. Na página 32 do TVI, constam duas tabelas demonstrando o total dos créditos bancários sem comprovação, mês a mês atribuídos à impugnante, seja como sucessora da Bela Junta (2004 e 2005), não objeto do presente processo, ou como contribuinte (2005 e 2006), e seus valores tiveram origem nas planilhas l a 6, submetidas à apreciação da fiscalizada por meio de termo de intimação fiscal (doc. 74), conforme relatado no item 126 do TVI. Com relação às páginas 34 e 35 do TVI, tratam da apuração do IPI, lançado em processo distinto, portanto esses argumentos devem ser analisados no âmbito daquele processo. 4 Necessidade de adoção de procedimento previsto em lei visando a desconsideração da personalidade jurídica da empresa A impugnante reclamou que a desconsideração da personalidade jurídica carece de procedimento especial, mediante processo judicial, e que o auditor não tem a prerrogativa de determinar a anulação ou desconsideração latu sensu da personalidade jurídica das empresas mencionadas, com o rompimento radical dos dogmas do Direito Civil e Comercial. Acrescentou que a Bela Junta ora é considerada existente, como supost beneficiada pela interposição das empresas Ceramfix Distribuidora e Comercial Ceramfix, ora tem sua personalidade jurídica desconsiderada, para alcançar a pessoa da impugnante. Não se trata no presente caso de desconsideração da personalidade jurídica, mas tãosomente de busca da verdade material, para se determinar os atos realmente ocorridos, e não aqueles aparentes, ou de fachada. O Fisco não precisa anular os atos jurídicos simulados pelo contribuinte. No campo eminentemente privado, o ato simulado é anulável. Todavia, no âmbito do Direito Tributário, a conseqüência atribuída ao ato simulado é diferente da anulabilidade que opera efeitos no plano da validade; ela acontece no plano da eficácia: os atos simulados não têm eficácia contra o Fisco. Assim sendo, não precisa este demandar judicialmente a anulação dos atos simulados para propiciar o aparecimento do ato dissimulado, realmente praticado. Portanto, improcede a alegação de que teria havido indevida desconsideração da personalidade jurídica. 5 Existência das empresas no plano jurídico e fático Transações entre empresas Tributos Pagos A impugnante defendeu a existência de todas as empresas, tanto no plano jurídico quanto no fático, e que, portanto, o lançamento só se justificaria se efetuado contra as empresas que supostamente incorreram no fato gerador dos tributos. Acrescentou que a fiscalização adotou os extratos bancários para lançar os tributos combatidos, sem abater as operações já tributadas pela Bela Junta e pela impugnante; Fl. 8859DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.859 11 que embora ela tenha descontado em seus cálculos as saídas da impugnante para as empresas interpostas, este fato não corrige as distorções apontadas; que há necessidade de que sejam descontadas também as saídas da Bela Junta para as interpostas, conforme notas fiscais localizadas e anexadas à impugnação. Reclamou que os pagamentos de tributos realizados pelas empresas objeto do lançamento não foram deduzidos. Aduziu que a Comercial Ceramfix retificou suas declarações (Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ e Declaração de Débitos e Créditos Tributários DCTF), apurando novos tributos devidos que não foram levados em conta pela fiscalização. Apontou distorções nos procedimentos adotados pela fiscalização, na apuração das bases de cálculo do IPI. Pois bem. Uma questão a ser dirimida é a de se saber se houve, no procedimento fiscal, comprovação material da infração e, para tanto, algumas considerações iniciais acerca de direito probatório, ou mais especificamente sobre como se chega à comprovação material de um dado fato, são necessárias. Na busca pela verdade material princípio este informador do processo administrativo fiscal , a comprovação material de uma dada situação fática pode ser feita, em regra, por uma de duas vias: ou por uma prova única, direta, concludente por si só, ou por um conjunto de elementos/indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados têm o condão de estabelecer a certeza daquela matéria de fato. Não há, em sede de processo administrativo, uma hierarquização préestabelecida dos meios de prova, sendo perfeitamente regular o estabelecimento da convicção a partir do cotejamento de elementos de variada ordem, desde que estejam estes, por óbvio, devidamente juntados ao processo. É a consagração da chamada prova indiciária, de largo uso no direito. . A comprovação fática do ilícito raramente é passível de ser produzida por uma prova única, isolada; aliás, só seria possível, praticamente, a partir de uma confissão expressa do infrator, coisa que, como facilmente se infere, dificilmente se terá, por mais evidentes que sejam os fatos. O uso de indícios não pode ser confundido com a utilização de presunções legais. Diferem a presunção e o indício pela circunstância de que àquele o direito atribui, isoladamente, o vigor de um verdadeiro conformador de uma outra situação de fato que a lei presume, por uma aferição probabilística que ocorra no mais das vezes. Já 0 indício não tem esta estatura legal, uma vez que a ele, isoladamente, pouca eficácia probatória é dada, ganhando ele relevo apenas quando, olhado conjuntamente com outros indícios, transfere a convicção de que apenas um resultado fático seria verossímil. . Fazse necessário lembrar que no direito administrativo tributário é permitido, em princípio, todo meio de prova, uma vez que não há limitação expressa, ressaltando que predominam a prova documental, a pericial e a indiciária. Pois é exatamente a associação da primeira com a última que se pem1ite concluir a respeito da correção e validade do lançamento. Desta forma, as provas indiretas indícios e presunções simples – podem ser instrumentos coadjuvantes do convencimento da autoridade julgadora quando da apreciação do conjunto probatório do processo administrativo tributário. As presunções legais ou absolutas independem de prova, assim como a ficção jurídica. As presunções relativas admitem prova em contrário. As presunções simples devem reunir requisitos de absoluta lógica, coerência e certeza para lastrear a conclusão da prova da ocorrência do fato gerador de tributo. Feitas estas considerações, podese voltar ao caso concreto que aqui se tem, apreciandose, desde já, algumas alegações da contribuinte. Sobre a existência das empresas, Fl. 8860DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.860 12 defendida pela impugnante, destaco abaixo, em resumo, alguns fatos apontados pelos autuantes para demonstrar o contrário: 1. A estrutura da Comercial Ceramfix era incompatível com a necessidade de gestão financeira e comercial da empresa, tendo o seu sócio administrador informado que todas as operações da empresa eram realizadas por ele e que os únicos bens que ela possuía à época eram uma mesa com três gavetas, três cadeiras fixas, um microcomputador Pentium 3 e uma impressora matricial, tudo de propriedade particular do sócio, emprestado à empresa; a. Pessoas e telefones informados nos cadastros de empresas e bancos são da Bela Junta/Ceramfix Indústria; b. Alguns fornecedores sequer reconhecem a Comercial Ceramfix e a Ceramfix Distribuidora como suas clientes; c. Transferências bancárias a diversas pessoas físicas ligadas ao negócio da Bela Junta/ Ceramfix Indústria. 2. No endereço informado pela empresa Ceramfix Distribuidora ao CNPJ encontrase a empresa Intertubos, cujos funcionários e gerente não sabiam da existência daquela, denotando que ela nunca funcionou; 3. A Ceramfix Distribuidora informou não possuir bens nem empregados e que era administrada por Jussara Eliane Herbst e Marcia Cristina Gomes dos Santos, o que foi desmentido pela primeira, que também responde pela Bela Junta; 4. São manifestas as relações entre pessoas, o desenvolvimento do quadro societário das empresas e as procurações registradas junto aos bancos. Esses fatos não foram contestados pela impugnante, que se limitou a defender a necessidade dessas empresas para “melhor organizar e segregar o sistema de produção... e o sistema de distribuição”, e de se ater a determinados fatos, como sócios advogados em comum, que não foram as únicas justificativa para a conclusão do trabalho fiscal. Quanto à solicitação de que fossem abatidas as operações já tributadas pela Bela Junta e pela impugnante, esclareçase que, para que tal ocorresse, não basta a apresentação apenas das notas fiscais, como fez a impugnante. Para que esses valores fossem considerados como comprovação dos depósitos bancários, presumidamente receitas omitidas, a impugnante deveria ter comprovado a correspondência entre os depósitos e as notas fiscais, sua devida escrituração e tributação. Quanto à consideração dos pagamentos de tributos efetuados pelas interpostas, essa questão já foi discutida no item 1, retro transcrito. No que se refere à retificação das declarações pela Comercial Ceramfix, o autuante já esclareceu no TVI, o que não foi contestado pela impugnante, que essa retificação foi extemporânea, sem espontaneidade, nos termos do CTN, art. 138, parágrafo único. 6 Nulidade do auto de infração tendo em vista que a empresa Comercial Ceramfix, embora tenha apresentado irregularidades fiscais, tratou de sanálas e se trata de empresa idônea Nesse item, mais uma vez a impugnante defende a idoneidade da empresa Comercial Ceramfix, requerendo a nulidade do auto de infração, atendose a alegar que o fato de se tratar de empresas ligadas e de haver discrepâncias entre os valores declarados e as movimentações bancárias não seria suficiente para desconsiderar sua personalidade jurídica. Como visto no item anterior, a interessada não conseguiu rebater todo o conjunto probatório levantado pela fiscalização, que demonstra o contrário do que ela alega, em especial aqueles por mim enumerados. 7 Nulidade do auto de infração tendo em vista que a empresa Ceramfix Distribuidora, embora tenha apresentado irregularidades fiscais, é empresa distinta das demais empresas indicadas no relatório da fiscalização Fl. 8861DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.861 13 Com relação a esse item, entendo que o conjunto probatório trazido pelos autuantes e parte por mim enumerado no item 5 e' suficiente para demonstrar que a Ceramfix Distribuidora é interposta pessoa da impugnante, que não conseguiu afastar essa imputação. 8 Nulidade em vista da ausência de fraude na atuação da Ceramiflex Ltda. Ademais houve a regularização, antes de iniciada a fiscalização, dos procedimentos equivocados decorrentes da terceirização praticada pela Ceramiflex, em favor da Bela Junta Nesse item a impugnante confessa que era irregular a “terceirização da produção da Bela Junta na empresa Ceramiflex”, defendendo que teria havido a regularização desses procedimentos equivocados antes de iniciada a fiscalização. O que ficou comprovado nos autos é que a Bela Junta nunca teve empregados registrados à época de sua operação como indústria, e que a Ceramiflex tinha a finalidade de abrigar a folha de pagamento daquela, sendo que muitos pagamentos de salários foram efetuados diretamente pela Bela Junta aos empregados. O fato de a impugnante não ter adotado esse expediente quando sucedeu a Bela Junta não afasta a irregularidade, nem é suficiente para considerar a ocorrência de nulidade no lançamento. 9 Nulidade do auto de infração por ausência de fraude no procedimento de transferência das atividades da empresa Bela Junta para a impugnante A própria impugnante reconhece o que foi apontado pelos autuantes no sentido de que as atividades da Bela Junta foram incorporadas pela impugnante, cujos sócios são e sempre foram Mário José Schmitt e Francisco Hostins. O que a impugnante não consegue ilidir, no entanto, ficando apenas nas alegações, é o fato apontado na autuação de que a troca de composição acionária da Bela Junta foi, sim, fraudulenta, que Jussara E. Herbst era interposta pessoa, o que é comprovado pelos depoimentos, pela procuração que ela fomeceu a Anselmo A. S. do Nascimento e Luiz Roberto Campanholo, que por sua vez substabeleceram a Mário José Schmitt, e pelas transferências bancárias da Bela Junta, após a troca acionária, a pessoas ligadas à impugnante. 10 Equivocado entendimento da fiscalização, no sentido de que houvera sucessão pela impugnante em relação às atividades da Bela Junta, na data do ato de registro do contrato social daquela na Jucesc A impugnante defende nesse ponto que haveria equívoco por parte da fiscalização com relação à data da sucessão, uma vez que a assunção das atividades teria ocorrido paulatinamente, a partir de sua criação, e não nessa data. Assim, a sucessão não é por ela negada, que apenas discute a data em que teria ocorrido. No entanto, como se viu, essa sucessão careceu de um processo legal e legítimo, portanto, entendo correto o procedimento dos autuantes que, tendo em vista esses fatos, elegeram como data de sucessão a data de criação da impugnante. Ademais, a alteração dessa data em nada altera o lançamento, nem o sujeito passivo, mas tãosomente sua condição, como contribuinte ou responsável por sucessão. 11 Equivocado fundamento legal para a exigência Neste item, a impugnante defende que o fundamento legal utilizado para imputar responsabilidade a ela seria equivocado, reclamando que os autuantes indicam que ela seria sucessora da Bela Junta e, ao mesmo tempo, que esta seria empresa interposta em benefício daquela, bem como que as empresas Comercial Ceramfix e Ceramfix Distribuidora seriam interpostas pessoas em benefício de ambas, sem especificar os artigos de lei que se aplicam a cada caso. A Ressaltese que o item do TVI a que se refere a impugnante (páginas 28 a 30) trata especificamente da sucessão da Bela Junta pela Ceramfix Indústria. Nesse sentido, não há nada de errado no enquadramento legal citado (CTN, arts.128 e 132) que é perfeitamente aplicável ao caso, uma vez que restou comprovado o vínculo da impugnante ao fato gerador, na condição de sucessora da Bela Junta. Fl. 8862DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.862 14 12 Nulidade do auto de infração haja vista a falta de correlação entre os fatos narrados no relatório da fiscalização e os enquadramentos legais A impugnante alegou que, embora a fiscalização procure fazer crer que teria havido encerramento irregular das atividades das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, ao tratar dos fundamentos legais para a exigência ora combatida, nenhum artigo de lei é citado nesse sentido. Ora, como visto nos itens 4 e 5, a discussão que ora se trava é eminentemente fática, no sentido de se verificar a verdade material e demonstrar o real sujeito passivo da obrigação tributária. Assim, as provas necessárias foram feitas, e o enquadramento legal apontado nos autos de infração está de acordo com o que foi apurado. 13 Nulidade do auto de infração haja vista o equívoco da fiscalização quanto à caracterização do contribuinte e dos responsáveis A impugnante reclama que o lançamento até 23/03/2005 foi efetuado contra ela, na qualidade de responsável tributário, sem indicar quem seria o contribuinte. O presente processo trata dos fatos geradores ocorridos a partir de 23/03/2005, portanto essa discussão não cabe neste julgamento. 14 Nulidade do auto de infração haja vista que foi comprovada a origem dos recursos decorrentes dos ingressos em contascorrentes das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta A interessada afirmou que muitos dos lançamentos bancários indicados nas planilhas elaboradas pelos autuantes contêm em seu histórico a indicação da origem, ou seja, referemse a cobrança, portanto não poderiam ser caracterizados como sendo créditos sem comprovação. A omissão de receitas prevista na Lei n° 9.430, de 1996, art. 42, é uma presunção legal de que os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, não comprovados com documentação hábil e idônea, constituem receita omitida. Em relação às presunções de omissão de receita, destacase que essas são classificadas pela doutrina como espécies de provas indiretas. A doutrina do Direito Tributário identifica duas espécies distintas: as legais e as simples (comuns). As presunções legais se subdividem em absolutas (iure et de jure) e relativas (jures tantum). As presunções absolutas não admitem prova em contrário ao fato presumido, já as relativas admitem prova contrária, reputandose verdadeiro o fato presumido até que a parte interessada prove o contrário. As presunções legais relativas provocam a chamada “inversão do ônus da prova”, cabendo ao contribuinte provar que o Fisco está equivocado. A falta de adequada comprovação impede o acolhimento do pleito, este é o entendimento expresso pelo Código de Processo Civil, art. 333, Il. A comprovação da origem dos valores depositados em contacorrente bancária deve ser detalhada, coincidente em data e valores. Deve ficar claro que o numerário teve origem em valores já tributados pela empresa ou em valores não tributáveis ou tributáveis exclusivamente na fonte. Não basta, portanto, a indicação no extrato de que se trata de cobrança ou mesmo a apresentação de notas fiscais a ela correspondente. É necessária a comprovação, por meio da escrituração e das declarações, de que essas receitas já foram tributadas, o que não aconteceu. 15 Nulidade do auto de infração tendo em vista que os auditores fiscais não oportunizaram à impugnante o exame dos documentos bancários obtidos pela RFB diretamente naquelas instituições financeiras Fl. 8863DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.863 15 Reclamou que, até a formalização e intimação do lançamento, não teve acesso a mais de 2800 documentos, todos constantes dos Anexos I, II e III, integrantes do Relatório da Fiscalização, que se referem inclusive a documentos das demais empresas citadas no auto de infração, o que acarreta cerceamento de defesa. Quanto ao suposto cerceamento do direito de defesa durante a ação fiscal, cumpre ressaltar que a autuada recebeu cópia do auto de infração e de todos os elementos que o compõem. O processo ficou à disposição da contribuinte durante o prazo para a impugnação, sendo que ela poderia ter solicitado cópia de qualquer elemento nele constante. Os princípios do contraditório e da ampla defesa somente incidem na fase litigiosa, após a apresentação da impugnação, quando se pode falar de supressão de instância. 16 Nulidade do auto de infração pela falta de 'indicação da origem dos valores transcritos às páginas 32 e 34 do relatório de fiscalização Quanto à origem dos valores transcritos à página 32 do TVI, conforme já explanado no item 3, os valores se originaram das planilhas l a 6, submetidas à apreciação da fiscalizada por meio de termo de intimação fiscal (doc. 74), conforme relatado no item 126 do TVI. Quanto aos demais itens apontados, referemse ao IPI. 17 Afronta às Leis n° 9.430 e 8.981, e RIR, haja vista a equivocada interpretação e aplicação da legislação que trata do arbitramento do lucro A impugnante alegou que o art. 51 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, estabelece que o lucro arbitrado, quando não conhecida a receita bruta, deve ser determinado mediante a utilização de critérios estabelecidos em seus incisos, o que não ocorreu no lançamento, que arbitrou com base em depósitos bancários. Esse argumento já foi rebatido no item l. 18 Nulidade em vista da tripla exigência fiscal quanto à apuração de valores de IPI O IPI foi lançado em processo distinto, portanto esses argumentos devem ser analisados no âmbito daquele processo. 19 Nulidade do auto de infração por não deduzir dos valores supostamente devidos os valores já declarados pela própria impugnante e pela Bela Junta Essa alegação também já foi enfrentada no item 1. 20 Nulidade do auto de infração por não deduzir dos valores supostamente devidos os valores já pagos por todas as empresas envolvidas no lançamento Idem ao item 19. 21 Nulidade por tributar valores de impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador e por não atribuir créditos referentes a pagamentos ao fornecedor de matériasprimas A impugnante aduziu que o IPI estaria embutido em cada crédito bancário originário de cobranças, conforme indicado nos históricos das planilhas 1 a 4, integrando a base de cálculo do próprio IPI, do PIS, Cofins, IR e CSLL, o que representa uma anomalia de cálculo que interfere na apuração da suposta base de cálculo dos tributos. Para comprovar suas alegações, a contribuinte deveria ter apresentado as notas fiscais respectivas, indicando o depósito bancário a ela correspondente, com o devido destaque do IPI. Não é o fato de constar nos históricos que se trata de cobrança que lhe dá o direito à dedução. Como visto anteriormente, o ônus da prova, nesse caso, é da fiscalizada. Quanto ao requerimento para reconhecimento de créditos de aquisição de matériasprimas, referese ao IPI. 22 Nulidade do auto de infração por confundir os conceitos de caixa e competência na apuração dos supostos valores devidos Fl. 8864DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.864 16 Afirmou a impugnante que a fiscalização adota os créditos nos extratos bancários ocorridos entre 01/01/2004 a 31/12/2005, como sendo de supostas vendas omitidas, no entanto, conforme comprovariam as notas fiscais que anexa, as vendas são realizadas para recebimento a prazo, assim os recebimentos ocorridos em janeiro e fevereiro de 2004 se referem a vendas realizadas em 2003, idem em relação aos anos de 2005 e 2006. A prova que a contribuinte afirma se referir a este item corresponde a diversos documentos, que ela denomina Doc. 3, que fazem as folhas 1.631 a 5.241, sem indicação de qual nota fiscal emitida em 2003 corresponderia a_ qual crédito bancário ocorrido em 2004, e assim sucessivamente. Conforme já dito alhures, essa comprovação tem que ser detalhada, coincidente em datas e valores, não basta a anexação de uma infinidade de documentos sem a demonstração do que se quer provar. 23 Nulidade do lançamento haja vista que a fiscalização entende que houve incorporação da Bela Junta pela impugnante Reclamou a impugnante que, se a fiscalização entende que houve incorporação da Bela Junta por ela, deveria ter exigido o levantamento de um balanço específico na data da suposta incorporação e apresentar declaração até aquela data em seu próprio nome, portanto o lançamento seria nulo. Ora, em nenhum momento a fiscalização afirmou que teria ocorrido incorporação. O que ela demonstrou é que houve sucessão de fato da Bela Junta pela Ceramfix Indústria, esclarecendo que a sucessão ocorre quando há a aquisição, a qualquer título, de estabelecimento comercial ou fundo de comércio, assim designados pelo complexo de bens, materiais ou não, dos quais o empresário se serve na exploração de seu negócio. Ficou devidamente comprovado no processo este fato, na medida em que a Ceramfix Indústria sucedeu de fato a Bela Junta em todas as suas atividades industriais comerciais, compreendendo a marca dos produtos, o patrimônio fabril, a gerência, empregados, clientes, fornecedores e continuando o esquema de interposição praticado por esta. Ao optarem por agir à margem da lei, não podem agora vir alegar nulidade por não ter sido exigido cumprimento de requisitos necessários em uma operação normal. Esses requisitos não são indispensáveis ao lançamento. 24 Nulidade do auto de infração, haja vista a inconstitucionalidade da requisição de movimentação financeira formulada aos bancos, diretamente pela RFB, sem autorização judicial A impugnante defendeu que seria inconstitucional o acesso direto pela RFB aos dados bancários dos contribuintes, sem autorização judicial, e que essa constitucionalidade estaria sendo discutida no Supremo Tribunal Federal (STF). O acesso pelas autoridades administrativas às informações bancárias dos contribuintes tem fundamento na própria Constituição Federal: Posteriormente, a Lei n° 8.021, de 12 de abril de 1990, dispôs sobre o acesso às informações bancárias, condicionando a requisição ao início do procedimento fiscal e à regulamentação ministerial: Contudo, no presente contexto, ja1 se tem a LC nQ 105, de 10 de janeiro de 2001, que regulou, com mais detalhes, a solicitação de informações às instituições financeiras, Seguindoa, a Lei n° 10.174, de 9 de janeiro de 2001 , e o Decreto n° 3.724, de 10 de janeiro de 2001, apenas regraram com mais precisão a obtenção de dados, compondo o cenário jurídico no qual a autoridade fiscal está autorizada, nos casos previstos, a requisitar informações bancárias dos contribuintes fiscalizados. Imprópria, assim, a tentativa de vincular esta atividade tãosó ao Poder Judiciário, sob o argumento de que somente este atua com a razoabilidade necessária à Fl. 8865DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.865 17 garantia do direito fundamental à intimidade ou à inviolabilidade de dados. Os atos legais e regularmente mencionados disciplinaram as hipóteses específicas nas quais o acesso é permitido e, ao circunscreverse a este âmbito, a prova obtida é plenamente válida. Importa também acrescer que não há previsão expressa na Constituição quanto à inviolabilidade do sigilo bancário, advindo tal tese da interpretação doutrinária e jurisprudencial dada à matéria. E, mesmo pressupondo tal garantia, cumpre observar que, no julgamento do Recurso Extraordinário n° 219.7805, em 13/04/1999, o ministro Carlos Veloso assim se manifesta: A questão, portanto, de quebra do sigilo, resolvese com observância de normas. Também o Superior Tribunal de Justiça, antes da edição da LC n° 105, de 2001, entendia possível o acesso aos dados protegidos por sigilo bancário. Assente está, nos Tribunais Superiores, que o sigilo bancário não é absoluto e deve ceder em face do interesse público relevante. E, na sistemática estruturada pela LC n° 105, na Lei n° 10.174 e no Decreto n° 3.724, todos de 2001, as circunstâncias em que presentes esse interesse são especificadas, inexistindo discricionariedade. O ato administrativo é vinculado às determinações legais, e estas correspondem à concretização da vontade do legislador de, naquelas hipóteses específicas, submeter as informações bancárias ao crivo fiscal. Assim, uma vez presente o comando expresso, em lei ordinária e complementar, autorizando o exame de informações bancárias, cumpre acatálo e utilizálo, até porque não cabe aos agentes públicos questionarem a constitucionalidade de lei vigente, mediante juízos subjetivos, dado o princípio da legalidade que vincula a atividade administrativa. A corroborar todo o exposto, reproduzemse os fragmentos da decisão proferida no Agravo n° 138263, pelo Relator, Juiz Federal convocado, Carlos Muta, no TRF da 3” Região, 3° Turma Processo 2001.03.00.0277048 DJU de 13/1 l/2001, p. 590, reproduzido pela Revista Dialética de Direito Tributário n° 76, p. 216/219 (...) Ainda, cumpre observar que o acesso às informações bancárias não configura, propriamente, quebra do sigilo bancário, haja vista a imposição às autoridades administrativas de seu resguardo durante todo o procedimento, não só em virtude do sigilo fiscal determinado no art. 198 do CTN, como também do disposto no art. 5°, § 5°, e art. 6°, parágrafo único, ambos da LC n° 105, de 2001. Ademais, as informações se prestam apenas à constituição de crédito tributário e eventual apuração de ilícito penal. Há, na verdade, mera transferência do sigilo, que antes vinha sendo assegurado pela instituição financeira e passa a ser mantido pelas autoridades administrativas. No que diz respeito à jurisprudência trazida aos autos, é de se observar o disposto no art. 472 do Código de Processo Civil, que determina que a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando nem prejudicando terceiros. Donde se conclui que, não sendo parte nos litígios objetos dos acórdãos, a interessada não pode usufruir os efeitos das sentenças ali prolatadas, pois os efeitos são inter partis e não erga omnes. 25 Nulidade em vista de o procedimento fiscal repartir as receitas declaradas pelas empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, em períodos quinzenais para fins de apuração do IPI O IPI foi lançado em processo distinto, portanto esses argumentos devem ser analisados no âmbito daquele processo. Fl. 8866DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.866 18 26 Nulidade do auto de infração por promover exigência de IPI mediante arbitramento, sem previsão legal a amparar tal procedimento Idem ao item 25. 27 Ausência de embaraços à fiscalização e possibilidade desta de coligir outros elementos para identificar eventuais tributos a serem lançados Embora confusa a impugnação, quando cita artigos do RIPI e parece estar rebatendo apenas o lançamento de IPI, faz menção neste item a uma suposta exigência de PIS e Cofins cumulativamente, que seriam tributos não cumulativos. A esse respeito, a Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 8°, estabelece que permanecem sujeitas à apuração do PIS e da Cofins com base no faturamento as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado. Portanto, não há que se falar em créditos com relação a essas contribuições. 28 Não observância pelos auditores das disposições previstas no inciso I do art. 136 do RIPI/2002 Idem ao item 25. 29 Obrigação da fiscalização em buscar a verdade material Aduziu a impugnante, genericamente, que os autuantes basearamse em presunções, desprezando o princípio da verdade material. A análise dos argumentos apresentados em itens anteriores, em especial nos itens 5 e 14, rechaça essa afirmação, porquanto resta evidente que os autuantes primaram pela busca da verdade material, apresentando provas materiais e indiciárias que, no seu conjunto, permitiram inferir as infrações apontadas. 30 Ofensa ao princípio da moralidade dos atos públicos A impugnante alegou, sem conseguir demonstrar, que haveria ofensa ao princípio da moralidade dos atos públicos, mais uma vez afirmando que os autuantes teriam se baseado em presunções, o que já foi rechaçado nos itens anteriores. 31 Ofensa ao princípio da legalidade tributária, segurança jurídica, proporcionalidade e razoabilidade Reclamou a interessada que os autuantes teriam generalizado a imputação, no que se refere às receitas omitidas, que não haveria fundamento legal para as presunções adotadas nem para a desconsideração da personalidade jurídica das empresas supostamente interpostas. Não é verdade que a imputação foi generalizada. Resta claro no auto de infração que a imputação de omissão de receitas se deu com base na presunção legal prevista no art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996. Ademais, a questão das presunções e da desconsideração da personalidade jurídica já foi rebatida nos itens anteriores. Dessa forma, não vislumbro ofensa a nenhum dos princípios apontados na impugnação. 32 lnequívoca ofensa à Lei n° 9.784, de 1999 Da mesma forma não vislumbro ofensas à Lei n° 9.784, de 1999. 33 Ofensa ao art. 2° da Lei n° 9.784, de 1999 Também pelas mesmas razões já expostas, não entendo que tenha havido ofensa ao art. 2° da Lei n° 9.784, de 1999. 34 Nulidade do auto de infração em vista da responsabilidade pessoal dos agentes A impugnante alegou que houve equívoco da fiscalização quando atribuiu responsabilidade pessoal aos sócios da impugnante, indicando o art. 135, I, do CTN, que não se aplica ao caso concreto, e que agindo assim, deveria identificar os agentes responsáveis por tais práticas e afastar a responsabilidade das pessoas jurídicas. A esse respeito, necessário se faz recordar que o processo' administrativo tributário materializa um instrumento de controle da legalidade do ato administrativo. Por sua vez, legalidade significa obediência aos Fl. 8867DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.867 19 expressos termos da lei. Assim sendo, o controle da legalidade abrange não só o exame da forma do ato (lançamento), como também a análise de todos os seus elementos: manifestação de vontade, motivo, forma, objeto, inclusive e, especialmente, o seu conteúdo e mérito. No campo tributário, o mérito deverá ser visto sob a perspectiva da realidade fática subsumida aos comandos da hipótese descrita na lei. Daí decorre que o controle passe efetivamente pelo exame da legalidade, legitimidade, regularidade e conformidade com os precisos termos da lei que autoriza e regula a sua forma e conteúdo, competência para a sua execução e até mesmo a correção do ato original, quando houver inexatidão ou incorreção na apuração do fato jurídico tributável pela autoridade fiscal. Todos esses aspectos, contudo, dizem respeito à relação de natureza tributária objeto do lançamento. Este, aliás, na dicção do art. 142 do CTN, eis o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Significa, portanto, que o exame da legalidade do lançamento a ser exercido na esfera administrativa fica restrito a esses aspectos. Não pode o julgador administrativo, encontrandose o sujeito passivo perfeita e incontroversamente identificado como no caso em questão, na empresa Ceramfix Indústria , ir além e declarar a existência ou inexistência de responsabilidade solidária de terceiros. Em princípio, a circunstância de haverem sido arrolados responsáveis solidários autoriza a formação de litisconsórcio passivo no momento da cobrança do crédito. Nesse momento, portanto, será apropriado discutir se aquelas pessoas físicas possuem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. É necessário registrar, portanto, que não somente o momento, mas também a autoridade incumbida de decidir essa questão, será outra, ou seja, o Poder Judiciário. Assim, o registro constante do termo de declaração de sujeição passiva é uma mera informação destinada a subsidiar a Procuradoria da Fazenda Nacional para a inscrição do débito em dívida ativa. Como se sabe, o CTN, art. 202, I, determina que o termo de inscrição da dívida ativa indicará o nome do devedor e, sendo o caso, o dos coresponsáveis. Essa mesma disposição consta do § 5° do art. 2° da Lei n° 6.830, de 22 de setembro de 1980, que regula o processo de inscrição e cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública. Por outro lado, o § 4° do mesmo artigo estipula que a Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. Assim sendo, fácil é de concluir que caberá à Procuradoria da Fazenda Nacional, órgão incumbido da inscrição da dívida ativa, a análise das circunstâncias relatadas pela fiscalização, bem como da legislação apontada e, entendendo que aqueles senhores realmente se encontram na condição prevista no CTN, fazer constar seus nomes como responsáveis. Em hipótese contrária, proceder de forma diverPor óbvio, esse é um juízo de valor dos senhores Procuradores, em face dos elementos caireados para os autos pelo Fisco, ou de outros a que vierem ter acesso. Assim sendo, não estão dependentes de entendimentos anteriormente emanados a respeito, seja pelas Delegacias de Julgamento, seja pelo Conselho de Contribuintes. Demonstrado está, portanto, que não se trata de matéria que deva ser apreciada por qualquer dessas instâncias julgadoras. É necessário recordar, ainda, que o fato de constar da Certidão de Dívida Ativa o nome de alguém como coresponsável não significa que essa pessoa estará definitivamente revestida dessa condição. Isso porque, como se sabe, por força do art. 3° da Lei n° 6.830, de 1980, a Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez. Todavia, o parágrafo único desse mesmo artigo ressalva que essa presunção é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca em contrário. Fl. 8868DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.868 20 Concluise, portanto, que, ainda que a Procuradoria da Fazenda Nacional entenda que as pessoas mencionadas como coresponsáveis pelo crédito tributário devem efetivamente por ele responder, a última palavra a respeito caberá ao Poder Judiciário. Apenas nesse momento será cabível discutir se a situação fática determina a existência desse vínculo obrigacional. Assim sendo, este Colegiado devese abster de emitir julgamentos a respeito. 35 Nulidade do auto de infração por erro na identificação do sujeito passivo A interessada aduziu que os autuantes indicaramna como responsável tributária quanto a operações promovidas pelas empresas Comercial Ceramfix e Ceramfix Distribuidora, à época em que ela sequer existia, constando seu nome no auto de infração como contribuinte. Este item se refere aos fatos geradores ocorridos até 23/03/2005, não objeto do presente processo. 36 Improcedência das multas agravadas, tendo em vista que o lançamento decorre de presunção de receitas e lucros omitidos A impugnante reclamou que não poderia ser aplicada a multa de 150% (qualificada) ao lançamento efetuado com base em presunção de receitas omitidas. A exigência da multa qualificada, no percentual de 150%, teve como amparo o art. 44, ll, da Lei n° 9.430, de l996. Como se percebe, para aplicação dessa multa é indispensável comprovar tratarse de casos de evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, No presente caso o dolo resta caracterizado, como bem relatado pelos autuantes, ao se concluir que “houve uma ação plenamente voluntária e consciente de criação e uso de empresas “laranjas”, para transferir o faturamento da empresa “real”, mantendo em nome daquelas contascorrentes com vultosa e contumaz movimentação financeira, muito maior que as receitas declaradas”. Demonstraram, ainda, os autuantes a existência de conluio. Para mim restou evidente o intuito de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária das condições pessoais do contribuinte, fugindo do pagamento do imposto. Assim, descabidas as alegações de que o dolo teria sido presumido. Assim, ainda que a omissão de receitas tenha sido apurada com base em presunções, nada impede o. lançamento com multa qualificada se demonstrado, por outros meios, como foi o caso, os subterfúgios utilizados pela contribuinte para fugir à tributação. Dessa forma, restando comprovado o evidente intuito de fraude, é de ser aplicada a multa qualificada no percentual de 150%. 37 Ausência de fundamentos legais da desconsideração das empresas Comercial Ceramfix, Ceramfix Distribuidora e Bela Junta, e do lucro arbitrado, no quadro “enquadramento legal” constante do auto de infração A base legal para o arbitramento do lucro encontrase devidamente indicada no quadro “DESCRIÇAO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO(S) LEGAL(IS)”, à fl. 1.100, ou seja, RIR/1999, art. 530. Quanto à desconsideração da personalidade jurídica das empresas citadas, como visto anteriormente, não houve tal desconsideração IMPUGNAÇÃO APRESENTADA CONTRA OS TERMOS DE SUJEICÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Conforme visto na análise do item 34 da impugnação apresentada pela Ceramfix Indústria, não dispõe este Colegiado da necessária competência para analisar a Fl. 8869DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.869 21 pretendida exclusão daqueles Senhores do polo passivo do auto de infração e afastar a imputação de responsabilidade solidária, como solicitado. CONCLUSÃO Dessa forma, voto por não conhecer das impugnações apresentadas pelos Senhores Antonio Carlos Schimitt, Francisco Hostins, Mario José Schmitt e Luiz Roberto Campanholo, e por julgar IMPROCEDENTE A IMPUGNAÇÃO apresentada por Ceramfix Indústria, mantendo o crédito tributário exigido. Inconformados, o contribuinte e os sujeitos passivos solidários interpuseram recursos voluntários, alegando em suma, os mesmos argumentos suscitados em suas impugnações, acrescentando a violação aos princípios da ampla defesa, contraditório e devido processo legal, em virtude do não conhecimento das impugnações dos sujeitos passivos solidários. É relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Os recursos são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço. Como se detrai do relatório, tratase de auto de infração e imposição de multa em razão de apuração de omissão de receitas nos anos de 2005 e 2006, lavrado em face de Ceramfix Indústria, além dos responsáveis solidários pessoas físicas Antonio Carlos Schimitt, Francisco Hostins, Mario José Schmitt e Luiz Roberto Campanholo. O autuado e todos os responsáveis foram devidamente notificados, tendo apresentado razões de defesa em impugnação tempestiva (vide fls. 5.277/5.294, 5.297/5.316, 5.317/5.334 e 5.338/5.356). Ocorre que, quanto aos questionamentos dos responsáveis solidários pela satisfação do crédito tributário, a 3ª Turma de Julgamento da DRJ/RPO, por maioria de votos, deixou de conhecer a matéria, sob fundamento de que lhe falecia competência para decidir sobre a responsabilização dos indicados pela fiscalização como responsáveis solidários. Concluiu, ainda, que sua apreciação teria caráter meramente opinativo. Vejamos trechos do voto: “No campo tributário, o mérito deverá ser visto sob a perspectiva da realidade fática subsumida aos comandos da hipótese descrita na lei. Daí decorre que o controle passe efetivamente pelo exame da legalidade, legitimidade, regularidade e conformidade com os precisos termos da lei que autoriza e regula a sua forma e conteúdo, competência para a sua execução e até mesmo a correção do ato original, quando houver inexatidão ou incorreção na apuração do fato jurídico tributável pela autoridade fiscal. Todos esses aspectos, contudo, dizem respeito à relação de natureza tributária objeto do lançamento. Este, aliás, na dicção do art. 142 do CTN, eis o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 8870DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.870 22 Significa, portanto, que o exame da legalidade do lançamento a ser exercido na esfera administrativa fica restrito a esses aspectos. Não pode o julgador administrativo, encontrandose o sujeito passivo perfeita e incontroversamente identificado como no caso em questão, na empresa Ceramfix Indústria , ir além e declarar a existência ou inexistência de responsabilidade solidária de terceiros. Em princípio, a circunstância de haverem sido arrolados responsáveis solidários autoriza a formação de litisconsórcio passivo no momento da cobrança do crédito. Nesse momento, portanto, será apropriado discutir se aquelas pessoas físicas possuem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. É necessário registrar, portanto, que não somente o momento, mas também a autoridade incumbida de decidir essa questão, será outra, ou seja, o Poder Judiciário. Assim, o registro constante do termo de declaração de sujeição passiva é uma mera informação destinada a subsidiar a Procuradoria da Fazenda Nacional para a inscrição do débito em dívida ativa. Como se sabe, o CTN, art. 202, I, determina que o termo de inscrição da dívida ativa indicará o nome do devedor e, sendo o caso, o dos co responsáveis. Essa mesma disposição consta do § 5° do art. 2° da Lei n° 6.830, de 22 de setembro de 1980, que regula o processo de inscrição e cobrança judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública. Por outro lado, o § 4° do mesmo artigo estipula que a Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. Assim sendo, fácil é de concluir que caberá à Procuradoria da Fazenda Nacional, órgão incumbido da inscrição da dívida ativa, a análise das circunstâncias relatadas pela fiscalização, bem como da legislação apontada e, entendendo que aqueles senhores realmente se encontram na condição prevista no CTN, fazer constar seus nomes como responsáveis. Em hipótese contrária, proceder de forma diverPor óbvio, esse é um juízo de valor dos senhores Procuradores, em face dos elementos caireados para os autos pelo Fisco, ou de outros a que vierem ter acesso. Assim sendo, não estão dependentes de entendimentos anteriormente emanados a respeito, seja pelas Delegacias de Julgamento, seja pelo Conselho de Contribuintes. Demonstrado está, portanto, que não se trata de matéria que deva ser apreciada por qualquer dessas instâncias julgadoras. É necessário recordar, ainda, que o fato de constar da Certidão de Dívida Ativa o nome de alguém como coresponsável não significa que essa pessoa estará definitivamente revestida dessa condição. Isso porque, como se sabe, por força do art. 3° da Lei n° 6.830, de 1980, a Dívida Ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez. Todavia, o parágrafo único desse mesmo artigo ressalva que essa presunção é relativa e pode ser ilidida por prova inequívoca em contrário. Concluise, portanto, que, ainda que a Procuradoria da Fazenda Nacional entenda que as pessoas mencionadas como coresponsáveis pelo crédito tributário devem efetivamente por ele responder, a última palavra a respeito caberá ao Poder Judiciário. Apenas nesse momento será cabível discutir se a situação fática determina a existência desse vínculo obrigacional. Fl. 8871DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.871 23 Assim sendo, este Colegiado devese abster de emitir julgamentos a respeito.” Ora, com a devida vênia, devese discordar desse entendimento. O processo administrativo fiscal deve ser visto como controle da legalidade do lançamento tributário, ocasionado pela discordância do administrado em relação a esse ato administrativo. Logo, este processo se notabiliza por ser uma etapa litigiosa do percurso de formalização da obrigação tributária no âmbito administrativo. Sendo assim, formalizada a lide fiscal através do fornecimento de impugnação, o até então procedimento fiscal, transmutase em Processo Tributário e passam a incidir na formalização definitiva do crédito tributário, as garantias inerentes ao devido processo legal, ampla defesa e contraditório. A garantia de acesso a ampla defesa e contraditório, nas palavras de ODETE MEDAUAR (Processualidade no Direito Administrativo, RT, São Paulo, 1993, pp. 105107) afirma que “a Constituição Federal de 1988 alude, não ao simples direito de defesa, mas sim, à ampla defesa. O preceito da ampla defesa reflete a evolução que reforça o princípio e denota a elaboração acurada para melhor assegurar a observância. Significa, então, que a possibilidade de rebater acusações, alegações, argumentos, interpretações de fatos, interpretações jurídicas, para evitar sanções ou prejuízos, não pode ser restrita, no contexto em que se realiza. Daí a expressão final do inciso LV ‘com os meios e recursos a ela inerentes’ englobados na garantia, refletindo todos os desdobramentos, sem interpretação restritiva.” No processo administrativo fiscal, especificamente, há previsão para a observância do contraditório e da ampla defesa, já que a Lei nº 9.784/99, em seu artigo 2º, inciso X, prescreve: “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. (...) X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio;” Sendo o órgão administrativo competente para averiguar a legalidade do lançamento tributário, compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ’s, bem como ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, a revisão do ato administrativo. Nesse ímpeto, os órgãos julgadores mencionados não fazem outra coisa, senão verificar se determinada regra foi (ou não) produzida de acordo com o que prescreve o direito e se seu conteúdo atende os requisitos prescritos pela norma de superior hierarquia que autorizou sua produção. In casu, a DRJRPO foi instada pelos diversos responsáveis tributários a verificar a legalidade do termo de sujeição passiva solidária, os quais aduziram vários argumentos que, em seu entender, denotam a ausência de interesse comum na situação que Fl. 8872DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.872 24 constituiu o fato gerador da obrigação tributário e, em decorrência, afastaria a aplicação do artigo 124 do CTN, além de sua responsabilização. Além de suscitar a inaplicabilidade do art. 135, III, do CTN. Ora, não vejo motivo para que a primeira instância administrativa se exima do julgamento da matéria impugnada. Ao contrário, era sua obrigação de apresentar os motivos ensejadores da decisão, de forma clara, congruente, indicando os fatos e fundamentos jurídicos que o embasaram, como disciplina o art. 50, da Lei nº 9.784/99. No entanto, os motivos apresentados, ou seja, a falta de competência das Delegacias de Julgamento para decidir se cabe ou não a responsabilização dos indicados pela fiscalização, não é motivo razoável para que a autoridade julgadora se exima de sua função de analisar a legalidade da autuação. O órgão julgador é competente para revisão dos atos administrativos, e sua omissão não pode resultar em uma supressão do direito assegurado aos litigantes – in casu, os responsáveis solidários – a oportunidade de terem seus argumentos de defesa analisados administrativamente. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça – STJ é assente quanto à competência do fisco para identificar contra quais sujeitos passivos promoverá a cobrança do tributo. Vejamos: “TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ISS. EXECUÇÃO FISCAL. SUBSTITUIÇÃO DA CDA PARA MODIFICAÇÃO DO POLO PASSIVO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 392/STJ. (...) 3. Independentemente de a lei contemplar mais de um responsável pelo adimplemento de uma mesma obrigação tributária, cabe ao fisco, no ato de lançamento, identificar contra qual(is) sujeito(s) passivo(s) ele promoverá a cobrança do tributo, nos termos do art. 121 combinado com o art. 142, ambos do CTN, garantindose, assim, ao(s) devedor(es) imputado(s) o direito à apresentação de defesa administrativa contra a constituição do crédito. Por essa razão, não é permitido substituir a CDA para alterar o polo passivo da execução contra quem não foi dada oportunidade de impugnar o lançamento, sob pena de violação aos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, também assegurados constitucionalmente perante a instância administrativa. 4. A esse respeito: "'Quando haja equívocos no próprio lançamento ou na inscrição em dívida, fazendose necessária alteração de fundamento legal ou do sujeito passivo, nova apuração do tributo com aferição de base de cálculo por outros critérios, imputação de pagamento anterior à inscrição etc., será indispensável que o próprio lançamento seja revisado, se ainda viável em face do prazo decadencial, oportunizandose ao contribuinte o direito à impugnação, e que seja revisada Fl. 8873DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.873 25 a inscrição, de modo que não se viabilizará a correção do vício apenas na certidão de dívida. A certidão é um espelho da inscrição que, por sua vez, reproduz os termos do lançamento. Não é possível corrigir, na certidão, vícios do lançamento e/ou da inscrição. Nestes casos, será inviável simplesmente substituirse a CDA.' (Leandro Paulsen, René Bergmann Ávila e Ingrid Schroder Sliwka, in "Direito Processual Tributário: Processo Administrativo Fiscal e Execução Fiscal à luz da Doutrina e da Jurisprudência", Livraria do Advogado, 5ª ed., Porto Alegre, 2009, pág. 205)" (Recurso Especial Representativo de Controvérsia 1.045.472/BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18/12/2009). (...) 6. Embargos de divergência providos.” (EREsp 1115649/SP; Primeira Seção; Relator Ministro Benedito Gonçalves) Como amplamente exposto no relatório acima, os responsáveis, especificamente aqueles que interpuseram recurso voluntário, alegaram múltiplos argumentos em sua defesa, tais como: nulidade do termo de sujeição passiva, por inaplicabilidade do art.124, I e 135, I do CTN por vários motivos, conforme pode ser depreendido da leitura dos recursos de fls. 5.502 e segs. Nenhum desses argumentos foi analisado na decisão recorrida, o que impossibilitou o acesso à ampla defesa e contraditório constitucionalmente assegurados aos litigantes em processo administrativo. Ressaltase que este Conselho, sempre que necessário, se pronuncia sobre a matéria. Vejamos: “RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DE PESSOA JURÍDICA. O sócio, é responsável solidário pelos débitos desta autuação, em razão de ter cometido sonegação fiscal e da dissolução irregular da sociedade, caracterizada pelo fato de a empresa ter se mudado do endereço que constava como seu domicílio fiscal nas bases de dados da RFB, sem a correspondente atualização do cadastro. (Acórdão CARF n.º 1302002.122; Data da Sessão 16/05/2017) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIO GERENTE DE FATO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Inexistindo elementos suficientes para justificar a atribuição de responsabilidade à recorrente, seja com base no art. 124, I (interesse comum), seja pelo art. 135, III do CTN (como sócio gerente de fato da empresa), esta deve ser afastada. Fl. 8874DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.874 26 RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. SÓCIAGERENTE. FALTA DE RECOLHIMENTO DE TRIBUTOS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. A simples falta de recolhimento de tributos à menor, ainda que em face de apuração de omissão de receitas, realizada por presunção legal, não é suficiente para caracterizar as hipóteses de responsabilização do sóciogerente, nos termos do art. 135, III do CTN. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. EMPRESA SUCESSORA. CABIMENTO. Tendo o Fisco demonstrado a empresa imputada assumiu as operações da empresa, que exercia as atividades no complexo hoteleiro, inclusive com a transferência dos empregados para aquela, resta caracterizado que sucedeu a interessada em sua exploração comercial. Tal responsabilidade é subsidiária, uma vez que a empresa sucedida continuou a explorar a atividade em outro endereço. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. SUCESSÃO NÃO CARACTERIZADA. NÃO CABIMENTO. O art. 133 do CTN trata da responsabilidade da empresa sucessora que continua a exercer a mesma atividade da empresa sucedida, sendo inadequada a utilização do dispositivo para fundamentar a imputação feita, invertendose tal ordem, para responsabilizar a sucedida pelos débitos da sucessora. (Acórdão CARF n.º 1302001.986; Data da sessão: 15/09/2016) Sendo assim, devese observar a disposição do art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72, onde afirma que são nulos os despachos e decisões proferidos com preterição do direito de defesa. Nesse sentido, inclusive, já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, através do Acórdão CSRF n.º 0103.281, proferido nos autos do processo administrativo n.º 10580.013930/9934, conforme ementa abaixo: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DECISÃO DE SEGUNDA INSTÂNCIA NULIDADE Anulase a decisão proferida com flagrante omissão quanto à matéria sobre a qual competiria manifestarse, devendo outra ser prolatada. Preliminar acatada. ACORDAM os Membros da Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, ACATAR a preliminar suscitada pela relatora, para ANULAR o Acórdão n° 10611.393, de 13 de julho de 2000, e retornar os autos à Câmara de origem para que nova decisão seja prolatada, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.” Fl. 8875DF CARF MF Processo nº 13971.003848/200900 Acórdão n.º 1302002.344 S1C3T2 Fl. 8.875 27 Conclusão Em face dos argumentos expostos, voto no sentido de ACATAR A PRELIMINAR DE NULIDADE quanto a preterição do direito de defesa dos responsáveis solidários Antonio Carlos Schimitt, Francisco Hostins, Mario José Schmitt e Luiz Roberto Campanholo, determinando a nulidade do Acórdão da DRJ n.º 1430.162, de 8 de julho de 2010, devendo retornar os autos deste processo à DRJRPO para novo julgamento, devendo inclusive se pronunciar expressamente sobre as impugnações ofertados pelos sujeitos passivos solidários. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 8876DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14041.000412/2008-33
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RENÚNCIA.
No caso de pedido de parcelamento nos moldes da Lei no. 12.996, de 2014, configura-se a desistência e a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, devendo-se declarar a definitividade do crédito tributário em litígio.
Numero da decisão: 9202-005.994
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face da desistência do recurso pelo sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face da desistência do recurso pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
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Interessado CITY SERVICE SEGURANÇA LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RENÚNCIA. No caso de pedido de parcelamento nos moldes da Lei no. 12.996, de 2014, configurase a desistência e a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, devendose declarar a definitividade do crédito tributário em litígio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do crédito tributário, em face da desistência do recurso pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 04 12 /2 00 8- 33 Fl. 396DF CARF MF Processo nº 14041.000412/200833 Acórdão n.º 9202005.994 CSRFT2 Fl. 397 2 Em litígio, o teor do Acórdão nº 2403000.840, prolatado pela 3a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 26 de outubro de 2011 (efls. 282 a 287). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA.ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Decisão: Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso determinando o recalculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Vencido o Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Enviado os autos à Fazenda Nacional para fins de ciência, ocorrida em 19/12/2011 (efls. 290), sua Procuradoria da Fazenda Nacional apresenta, em 26/12/2011 (efl. 292), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 294 a 310) . Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido, em 17/05/2012, no Acórdão 240100.120, de lavra da 1a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, de ementa e decisão a seguir transcritas: Acórdão 240100.120 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1999 a 31/12/2005 SALÁRIO INDIRETO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Fl. 397DF CARF MF Processo nº 14041.000412/200833 Acórdão n.º 9202005.994 CSRFT2 Fl. 398 3 JUROS SELIC. INCOSTITUCIONALIDADE DE LEI. DECLARAÇÃO. VEDAÇÃO. DECADÊNCIA 1 De acordo com o artigo 34 da Lei n° 8212/91, as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas elo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal e lançamento, pagas com atraso ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. 2 A teor do disposto no art. 49 do Regimento Interno deste Conselho é vedado ao Conselho afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto sob o fundamento de inconstitucionalidade, sem que tenham sido assim declaradas pelos órgãos competentes. A matéria encontrase sumulada, de acordo com a Súmula n° 2 do 2º Conselho de Contribuintes. 3Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's n°s 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial, (CTN, ART. 150, §4°).No caso, tratase de tributo sujeito a lançamento por Homologação e houve antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 150, § 4 ° do CTN2Nos termos do artigo 28, inciso I, da Lei n° 8.212/91, c/c artigo 457, § Iº, da CLT, integra o salário de contribuição, a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos segurados empregados, objetivando retribuir o trabalho.A verba paga pela empresa aos segurados empregados por intermédio de programa de incentivo, administrativo pela empresa INCENTIVE HOUSE é fato gerador de contribuição previdenciária. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Decisão: I) Por unanimidade de votos, em declarar a decadência das contribuições apuradas até a competência 11/2000; II) Por maioria de votos, em declarar a decadência dascontribuições apuradas até a competência 11/2001. Vencidas as Conselheiras Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Bernadete de Oliveira Barros e Ana Maria Bandeira, que votaram por declarar a decadência das. contribuições apuradas até à competência 11/2000; e III) Por unanimidade de votos: a) em rejeitar a preliminar de nulidade; e b) no mérito, em negar provimento ao recurso. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 14041.000412/200833 Acórdão n.º 9202005.994 CSRFT2 Fl. 399 4 Após defender a existência de divergência interpretativa, caracterizada pela similitude de situações fáticas e soluções diametralmente opostas, em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda que: a) O artigo 35 da Lei no. 8.212/91, na nova redação conferida pela MP no. 449/2008, convertida na Lei no. 11.941/2009, não pode ser entendido de forma isolada do contexto legislativo no qual está inserido, sobretudo de forma totalmente dissociada das alterações introduzidas pela MP no. 449 à legislação previdenciária. Para a solução destes questionamentos, devese lembrar que "não se interpreta o Direito em tiras, aos pedaços. (...) um texto de direito isolado, destacado, desprendido do sistema jurídico, não expressa significado normativo algum". Nesse contexto, impende considerar que a Lei no. 11.941, de 2009 (fruto da conversão da MP no. 449 de 2008), ao mesmo tempo em que alterou a redação do artigo 35, introduziu na Lei de Organização da Previdência Social o artigo 35A, a fim de instituir uma nova sistemática de constituição dos créditos previdenciários e respectivos acréscimos legais de forma similar à sistemática aplicável para os demais tributos federais; b) A redação do art. 35A é clara. Efetuado o lançamento de ofício das contribuições previdenciárias indicadas no artigo 35 da Lei no. 8.212, de 1991, deverá ser aplicada a multa de ofício prevista no artigo 44 da Lei no. 9.430, de 1996. Assim, à semelhança do que ocorre com os demais tributos federais, verificado que o contribuinte não realizou o pagamento ou o recolhimento do tributo devido, cumpre à fiscalização realizar o lançamento de ofício e aplicar a respectiva multa (de ofício) prevista no artigo 44 da Lei no. 9.430, de 1996; c) Por outro lado, como já ocorre com os demais tributos federais, a incidência da multa de mora ocorrerá naqueles casos expressos no art. 61 da Lei no. 9.430, de 1996. Ou seja, nas hipóteses em que o contribuinte incorreu na mora e efetuou o recolhimento em atraso, de forma espontânea, independente do lançamento de ofício, efetuado com esteio no art. 149 do CTN. Assim, no lançamento de ofício, diante da falta de pagamento ou recolhimento do tributo e/ou falta de declaração ou declaração inexata, são exigidos, além do principal e dos juros moratórios, os valores relativos às penalidades pecuniárias que no caso consistirá na multa de ofício. A multa de ofício será aplicada quando realizado o lançamento para a constituição do crédito tributário. A incidência da multa de mora, por sua vez, ficará reservada para aqueles casos nos quais o sujeito passivo, extemporaneamente, realiza o pagamento ou o recolhimento antes do procedimento de oficio (ou seja, espontaneamente o que não foi o caso). Essa mesma sistemática deverá ser aplicada às contribuições previdenciárias, em razão do advento da MP no. 449 de 2008, posteriormente convertida da Lei no. 11.941, de 2009; d) A multa de mora e a multa de ofício são excludentes entre si. E deve prevalecer, na hipótese de lançamento de ofício, configurada a falta ou recolhimento do tributo e/ou a falta de declaração ou declaração inexata, a multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no. 9.430, de 1996, diante da literalidade do art. 35A. Nessa esteira, não há como se adotar outro entendimento senão o de que a multa de mora prevista no art. 35, da Lei no. 8.212, de 1991, em sua redação antiga (revogada) está inserida em sistemática totalmente distinta da multa de mora prescrita no art. 61 da Lei no. 9.430, de 1996. Logo, por esse motivo não se poderia aplicar à espécie o disposto no art. 106 do CTN, pois, para a interpretação e aplicação da retroatividade benigna, a comparação é feita em relação à mesma conduta infratora praticada, em relação à mesma penalidade. Como conclusão, para se averiguar sobre a ocorrência da retroatividade benigna no caso concreto, a comparação entre normas deve ser feita entre o art. 35, da Lei no. Fl. 399DF CARF MF Processo nº 14041.000412/200833 Acórdão n.º 9202005.994 CSRFT2 Fl. 400 5 8.212, de 1991 em sua redação antiga (revogada) e o art. 35A da LOPS. Cita, ainda a necessidade de aplicação da IN RFB no. 971, de 2009. Requer, assim, que seja seja admitido e provido o presente recurso para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 35 da Lei no. 8.212, de 1991 (na atual redação conferida pela Lei no. 11.941, de 2009), em detrimento do art. 35A, também da Lei no. 8.212, de 1991, devendose verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a multa anterior (art. 35 da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei no. 8.212, de 1991. O recurso foi admitido pelo despacho de efls. 316 a 320. Antes da ciência da autuada em 31/07/2013 (efl. 341), esta encartou ao processo: a) Recurso Especial de sua iniciativa, de efls. 343 a 361 e anexos, que teve seu seguimento negado, na forma de despachos de efls. 382/383; b) Contrarrazões ao pleito fazendário, de efls. 368 a 373; c) Posteriormente, foi juntada aos autos pelo Contribuinte a comunicação de parcelamento de efl. 386 a 394, em que requer a extinção do processo administrativo, por ter optado a autuada por parcelar os débitos em litígio, consoante Lei no. 12.996, de 2014. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Previamente à análise de mérito, entendo que deva ser considerado o expediente de efl. 386 a 394, onde se verifica que o contribuinte incluiu os débitos objeto do presente lançamento no parcelamento instituído pela Lei no. 12.996, de 18 de junho de 2014, alterada pela Medida Provisória nº 651/2014, que reabriu, até 25 de agosto de 2014, o prazo para pagamento e parcelamento de débitos vencidos até 31/12/2013, observadas as condições previstas na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 13/2014. Destarte, com fulcro no art. 8o., da referida Portaria PGFN/RFB no. 13, de 2014, que regulamentou o parcelamento em questão e, ainda, consoante o disposto no art. 78, § 3o. do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015, resta caracterizada a desistência do sujeito passivo da presente discussão administrativa e a renúncia a qualquer direito sobre o qual se fundou o provimento parcial a quo, inclusive quanto à parcela que permanece em litígio, consoante dispositivos a seguir: Fl. 400DF CARF MF Processo nº 14041.000412/200833 Acórdão n.º 9202005.994 CSRFT2 Fl. 401 6 Portaria PGFN/RFB no. 13, de 2014 Art. 8º. Para pagamento à vista ou inclusão no parcelamento de débitos objeto de discussão administrativa ou judicial, na forma desta Portaria Conjunta, o sujeito passivo deverá desistir de forma irrevogável de impugnação ou recurso administrativos, de ações judiciais propostas ou de qualquer defesa em sede de execução fiscal e, cumulativamente, renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos e ações judiciais. RICARF Art. 78. (...) (...) § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Assim, com base no acima disposto, de se declarar a definitividade do crédito tributário relativo à parcela que permanece em litígio, qual seja a multa de ofício, a ser aplicada consoante Portaria Conjunta PGFN/RFB no. 14, de 2009, sem prejuízo de eventuais benefícios posteriormente aplicáveis por conta da norma regulamentadora do parcelamento em questão. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para declarar a definitividade do crédito tributário em litígio. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 401DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.000127/91-05
Turma: Segunda Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Oct 19 00:00:00 UTC 1999
Ementa: ADUANEIRO. FRAUDE NA EXPORTAÇÃO.
Não demonstrada inequivocamente a existência de fraude na
operação de exportação, uma vez que a CACEX apenas declarou
que o preço usado "não é compatível" mas sem justificar cabalmente
sua apreciação.
A existência de indícios não é suficiente para que se tenha absoluta certeza de fraude.
Não provido o recurso especial da Fazenda Nacional.
Numero da decisão: CSRF/03-03.069
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de
Recursos Fiscais por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado
Nome do relator: Joao Holanda Costa
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-07-08T14:39:50Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-07-08T14:39:50Z; Last-Modified: 2009-07-08T14:39:50Z; dcterms:modified: 2009-07-08T14:39:50Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-07-08T14:39:50Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-07-08T14:39:50Z; meta:save-date: 2009-07-08T14:39:50Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-07-08T14:39:50Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-07-08T14:39:50Z; created: 2009-07-08T14:39:50Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2009-07-08T14:39:50Z; pdf:charsPerPage: 1384; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-07-08T14:39:50Z | Conteúdo => MINISTÉRIO DA FAZENDA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS ? fr , I N".' TERCEIRA TURMA -_---: ICS Processo n° : 11050.000127/91-05 Matéria : FRAUDE NA EXPORTAÇÃO Recurso n° : RP1302-0.653 Recorrente : FAZENDA NACIONAL Recorrida : 2' CÂMARA DO 3° CONSELHO DE CONTRIBUINTES Interessada : CALÇADOS RACKET LTDA. Sessão de : 19 DE OUTUBRO DE 1999 Acórdão n° : CSRF/03-03.069 ADUANEIRO. FRAUDE NA EXPORTAÇÃO. Não demonstrada inequivocamente a existência de fraude na operação de exportação, uma vez que a CACEX apenas declarou que o preço usado "não é compatível" mas sem justificar cabalmente sua apreciação. A existência de indícios não é suficiente para que se tenha absoluta certeza de fraude. Não provido o recurso es-Pecial da Fazenda Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos interposto pela FAZENDA NACIONAL. ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, na forma do relatório e voto que a integrar o presente julgado. --<:----- ----,--,,- -E--- SON PE5. ' 2' Á R* 5 " IGUES e PRESIDENTE' - , 7ELAT 02t4( J LANDA COSTA OR FORMALIZADO EM: O g FEV 2000 Participaram, ainda, do presente julgamento, os seguintes Conselheiros : CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, HENRIQUE PRADO MEGDA, UBALDO CAMPELLO NETO e NILTON LUIZ BARTOLI. Ausente justificadamente o Conselheiro Fausto de Freitas e Castro Neto. .. Re Processo n° :11050.000127/91-05 Acórdão n° : CSRF/03-03.069 Recorrente : FAZENDA NACIONAL Recorrida : 2A CÂMARA DO 3° CONSELHO DE CONTRIBUINTES RELATÓRIO Com o Acórdão 302-33.525, de 20 de março de 1.997, a Segunda Câmara do 3° Conselho de Contribuintes proveu o recurso voluntário de Calçados Racket Ltda. por entender não caracterizada a fraude na exportação uma vez que os autos não demonstraram a reunião de todos os elementos inerentes à sua definição legal. A empresa procedera à exportação de 13.008 pares de botina de couro para senhoras, com solado sintético, referência 2749, ao preço de US$ 10.00/par. Ouvida a CACEX, este órgão manifestou-se, à vista da amostra retirada da partida, que de fato o preço constante do despacho era incompatível, sendo o valor real US$ 13.00/par, informação que ensejou a ação fiscal. O Voto que conduziu a decisão do Acórdão parte do parágrafo único do art. 542 do RA que determina a audiência da CACEX como providência prévia na apuração da fraude na exportação, reconhecendo não haver razão para duvidar dessa competência à luz das disposições da Lei 5025/66 e do Decreto 59.607/66. Nega, no entanto, haja fundamentação para que o DECEX informe um preço de US$ 13.00 em oposição ao preço de US$ 10.00 conforme os documentos de exportação. E mesmo que o DECEX houvesse fundamentado sua informação, de qualquer modo deveria prevalecer o preço de US$ 10/.00 que é o da fatura comercial. No máximo, o que se pode dizer no presente caso, à vista dos documentos juntados, é que haja indícios de erro na atribuição do preço de exportação, não existindo prova da irregularidade. A fiscalização deveria ter-se utilizado da faculdade prevista no art. 17 do Decreto 70235/72 e determinar diligências para buscar diretamente ou através da perícia contábil, elementos de prova de recebimento por fora de valores extrafatura ou de evasão de divisas. 2 II Processo n° :11050.000127/91-05 Acórdão n° : CSRF/03-03.069 Inconformada, a Fazenda Nacional dirige-se à Câmara Superior de Recursos Fiscais, em grau de recurso especial, entendendo estar caracterizada a situação definida no art. 499 do Regulamento Aduaneiro, sendo, por conseguinte, cabível a aplicação da penalidade prevista nos art. 531 e 532, inciso I do R. A.. Nas contrarrazões, a empresa ratifica a argumentação desenvolvida no Acórdão da 2a Câmara. Com efeito, a decisão de primeira instância estribou-se na informação em que a CACEX diz: "A propósito, analisando o calçado encaminhado por esse Órgão, pudemos concluir que o preço real, para exportação, situa-se na faixa de US$ 13.00/FOB-par, preço líquido" e dessa declaração foi feita uma verdade absoluta. Como o Regulamento fala em fraude caracterizada de forma inequívoca, relativamente a preço, tal não está demonstrada. Por fim, manifesta-se contra a aplicação da multa pelo seu grau máximo de 50% ao passo que o dispositivo regulamentar dispõe que a multa será de 20% A 50%. Há que ser justificada a aplicação do percentual máximo da multa quando poderia ser feita pelo grau mínimo ou pelos graus intermediários. É o relatório. II 3 Processo n° : 11050.000127191-05 Acórdão n° : CSRF/03-03.069 VOTO Esta questão dos preços dos calçados exportados tem sido frequentemente trazida à apreciação da segunda instância administrativa. Em geral, os processos se inicial a partir de uma consulta à CACEX para que se pronuncie sobre a mercadoria trazida à conferência física e, na hipótese de divergência, qual o seu reflexo no preço de exportação. Em geral, os contribuintes contestam a atuação do órgão controlador do comércio exterior com o argumento de que não são os exportadores que fixam os preços mas o fazem os compradores estrangeiros, interferindo nesses preços a moda dominante, a sazonalidade e outras variáveis que estão fora do controle dos exportadores; por fim, esclarecem que, dada a forte concorrência das mercadorias provindas de outras origens, o mercado internacional torna-se de dificílima penetração para os produtos brasileiros; em suma, são os compradores que impõem os preços ao ponto de se poder dizer que nosso calçado não é vendido para o exterior mas sim e tão somente comprado, vendo-se o produtor, muitas vezes jungido a vender a mercadoria, mesmo a preço de custo ou abaixo do custo, como única saída de evitar o prejuízo total. No presente caso, o que sobremodo chama a atenção é a simplicidade com que a CACEX deu seu parecer de que o preço de US$ 10.00 era incompatível para o calçado que examinou devendo estar situado em torno de US$ 13.00. A CACEX não desenvolveu qualquer justificativa que fundamentasse sua opinião. Concordo com o voto do ilustre Relator no acórdão recorrido ao dizer que no máximo se poderia admitir a existência de indícios a respeito da irregularidade de preço, mas nada foi comprovado, não se podendo dizer com certeza de que se está diante de um caso de "fraude inequívoca na exportação". /ti/ 4 Processo n° : 11050.000127/91-05 Acórdão n° : CSRF/03-03.069 Inclino-me por acolher as razões apresentadas pela empresa exportadora, e considerar que não merece reparos o acórdão da douta Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes. Voto para negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Sala de Sessões, 19 de outubro de 1.999. JOÃO/gUDA COSTA 5 Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1
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Numero do processo: 10935.004636/2008-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2007
LANÇAMENTO. NULIDADES. INEXISTÊNCIA.
A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório.
RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO.
Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração.
Numero da decisão: 2402-005.992
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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NULIDADES. INEXISTÊNCIA. A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO TRIBUTÁRIA. AQUISIÇÃO DE FUNDO OU ESTABELECIMENTO. CONTINUIDADE DA RESPECTIVA EXPLORAÇÃO. Cabível a responsabilização tributária à luz do artigo 133 do CTN, quando o forte conteúdo probatório revela a existência de aquisição de fundo ou estabelecimento e a continuidade da respectiva exploração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 46 36 /2 00 8- 07 Fl. 327DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório A fiscalização lavrou o presente Auto de Infração (AI) DEBCAD 37.172.0060, por ter a empresa deixado de recolher as contribuições devidas à seguridade social, parte segurado, incidentes sobre as remunerações pagas/creditadas ao contribuinte individual RONALDO TAVARES DA SILVA. Segundo o relatório fiscal da infração, a auditoria fiscal teria constatado que a autuada, até a competência 03/2008, encontravase exercendo as atividades empresariais no endereço da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (RTS), utilizando a sua mesma infraestrutura, equipamentos e funcionários. Os fatos caracterizariam sucessão empresarial e a responsabilização tributária, nos termos do art. 133 do CTN e do art. 751 da IN SRP 3/05. Segue a descrição dos fatos constante do relatório fiscal: 8. [...] Iniciada a ação fiscal 0910300.2008.000539 em 08.02.2008 esta auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. 9. Perguntado pela fiscalização, informou que no local encontravase funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. 10. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. 11. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Fl. 329DF CARF MF 4 12. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoriafiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de férias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, esta auditoria observou que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr RONALDO TAVARES DA SILVA. 13. Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicavase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram esta auditoria a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. 14. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, esta auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiuse ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, se negou a cientificar o Termo da RTS COMÉRCIO DE PECAS LTDA. 15. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. 16. Tendo sido cumpridas as Intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. 17. Ao examinar os documentos já mencionados no item 12 acima, esta auditoriafiscal pôde comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 4 5 18. Além dos fatos acima narrados, outros constatados por esta auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n e 9.317/96 ao caso concreto (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). 19. A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (máquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. 20. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados na alínea anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. 21. Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, até 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de máquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. 22) As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 23) Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei ne 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n s 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula 1286863 e ANTÔNIO Fl. 331DF CARF MF 6 CARLOS FIORI matrícula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação (cópia em anexo), cujo conteúdo transcrevemos: [...] 24) Deve ficar evidenciado que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. É muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as "coincidências": 25) Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoriafiscal (14.03.2008) correu "in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as Intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: [...] 26) Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Ademais não foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. 27) Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6º Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curitiba Paraná. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo). 28) Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 5 7 29) O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", sem cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). 30) Desta forma, por apresentar cópia de documento com informações diversas da realidade (reconhecimento de firma falsificada), a RTS incorreu na infração capitulada no art. 33, §§ 2º e 3º , da Lei n° 8.212/91 combinado com os arts. 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Tal conduta da Auditada ensejou a aplicação de multa com a agravante prevista no art. 290, II, do Decreto n° 3.048/99. Ademais, o fato caracteriza "em tese" crime de falsidade ideológica, razão pela qual foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais RFFP. 31) Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: a. as iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; b. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); c. nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1º andar (vide cópias dos TIAFs e TIADs). d. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); e. o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); f. a sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; g. o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; Fl. 333DF CARF MF 8 h. a sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1º alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide cópia da procuração). i. na reclamatória trabalhista 00064200806809001 (cópia em anexo) movida por José Strelin contra as Auditadas, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao início do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: "As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" j . na reclamatória trabalhista 00334200806809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: "(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." No AI DEBCAD 37.172.0095, integrante do PAF 10935.004632/200811, ainda foi apurada a infração consistente na apresentação da GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com o relatório fiscal: [...] até a versão 7.0 do SEFIP, a Previdência Social considerava todas as declarações prestadas pelo contribuinte em GFIPs, mesmo que este prestasse a informação por diversas vezes. Com o advento da versão 8.0 do SEFIP, a entrega de uma nova GFIP retifica as demais informações anteriormente prestadas, sendo válidas para a Previdência Social somente as informações constantes da última versão da GFIP. Efetuados estes esclarecimentos, resta informar que a sucedida, de junho até dezembro de 2007, realizou, dentro de uma mesma competência, diversas entregas de GFIPs, todas com a utilização das versões 8.0 e seguintes do SEFIP, de forma a recolher parcialmente o FGTS em atraso de um empregado. Assim procedendo, declarou as informações para Previdência Social apenas deste empregado com o FGTS em atraso, deixando de prestar as informações dos demais segurados por ela remunerados. A contribuinte apresentou sua impugnação tempestivamente (cujos fundamentos são idênticos aos do seu recurso voluntário), a qual foi julgada improcedente pela DRJ. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 6 9 Intimada da decisão em 20/08/2009 (fl. 283), através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 21/09/2009 (fls. 287 e seguintes), no qual reafirmou as seguintes teses de defesa: a) conclusão açodada e inverídica de sucessão empresarial e constituição por interposta pessoa; b) a recorrente é pessoa jurídica distinta da RTS, tendo objetos e quadros societários diferentes; c) a reclamatória trabalhista mencionada no relatório fiscal foi extinta em relação à recorrente; d) o funcionário em questão jamais pertenceu ao seu quadro de funcionários; e) a RTS não encerrou suas atividades e tampouco o fez de forma irregular; f) a entrevista feita pela auditoria consigna dados inverídicos e sem razoabilidade, além de não ter qualquer valor probatório; g) o documento da entrevista é apócrifo; h) a Recorrente não se encontra estabelecida no endereço para onde foram encaminhadas todas as intimações e correspondências fiscais, as quais foram recebidas por terceiro, estranho ao seu quadro social, de forma que as autuações seriam nulas; i) não há provas dos fatos imputados à recorrente e as autuações estão baseadas em ilações; j) a autoridade fiscal se limitou em indicar como motivos e fundamentos os artigos da Lei n° 8.212/91, os quais, de forma isolada, nada dizem; k) a recorrente não pode ser demandada por obrigações de terceiros e sempre declarou o que havia a declarar. Ao final, a recorrente pediu o cancelamento do Auto de Infração. O julgamento do recurso foi convertido em diligência, diante da conexão ou continência entre os lançamentos fiscais decorrentes da obrigação tributária principal (AIs 37.172.0087, 37.172.0036, 37.172.0044, 37.172.0052, 37.172.0060 e 37.172.0079) e o auto de infração 37.172.0095. Houve a prolatação de despacho de conexão e todos os Autos foram distribuídos a este Conselheiro. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 335DF CARF MF 10 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da nulidade das autuações No requerimento final de seu recurso, o sujeito passivo pede a improcedência do auto de infração, afirmandoo por razões de mérito. Vejase: Em face de todo exposto, requer sejam recebidas as presentes razões, para ao final julgar improcedente o auto de infração em questão, pela esteira de argumentos despendidos, culminando com seu CANCELAMENTO INTEGRAL, POR SEUS PRÓPRIOS MÉRITOS [...]. Ocorre que, na fundamentação, o sujeito passivo defende a existência daquilo que chamou de nulidade das autuações e notificações. Preliminarmente, portanto, é necessário verificar se há nulidades. Nesse tocante, observase que a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; o Auto de Infração foi devidamente motivado e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito e da penalidade aplicável; e não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório. Vejase que o Auto de Infração foi devidamente recepcionado, tanto que a recorrente apresentou sua impugnação de forma tempestiva, sendo equivocado afirmar que ela não se encontraria no endereço informado. Por outro lado, é amplamente sabido que somente há nulidade quando o descumprimento de uma regra legal ou infralegal cause prejuízo ao direito de defesa do contribuinte. As eventuais formalidades constantes da legislação tributária não constituem um fim em si mesmas, mas sim representam um meio de assegurar o direito do devido processo legal. O contribuinte ou responsável tem todo o direito de saber os fatos contra si imputados e as provas nos quais ele se alicerçam. Todos os atos e termos devem ser lavrados por pessoa competente, e os despachos e as decisões devem ser devidamente fundamentados, e de forma alguma pode, por qualquer via, ser preterido o direito de defesa. Expressandose de outra forma, e apoiandose na inexcedível doutrina do professor Leandro Paulsen, "a nulidade não decorre propriamente do descumprimento do Fl. 336DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 7 11 requisito formal, mas dos seus efeitos comprometedores do direito de defesa assegurado constitucionalmente"1, já que as formalidades "não são um fim, em si mesmas, mas um instrumento para assegurar o exercício da ampla defesa"2. Neste caso concreto, a recorrente fez alegações extremamente genéricas acerca do cerceamento do seu direito de defesa. Nem mesmo num patamar mínimo aceitável, ela precisou de que forma estaria caracterizado tal cerceamento. É óbvio que, a depender do grau de deficiência da instrução processual ou da decisão prolatada no processo administrativo, o sujeito passivo realmente não tem como fazer uma indicação mais detalhada, mas não é isso que ocorre neste caso. Pelo contrário, todos os atos foram devidamente fundamentados e foram assegurados todos os prazos para a apresentação de defesa e documentos. Finalmente, e quanto à não devolução dos livros contábeis, não há qualquer prova das alegações formuladas pela contribuinte. Ou seja, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa, rejeitandose, portanto, a preliminar de nulidade. 3 Da sucessão empresarial Questão de fundamental importância para a solução deste caso é (i) a existência ou não de sucessão de atividade empresarial por aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial; e (ii) a cessação da exploração do comércio pela empresa adquirida, uma vez que a acusação fiscal parte desse pressuposto e também porque a principal tese de defesa se sustenta nessa quadra. Iniciandose pela norma, o art. 133 do CTN prevê a existência de responsabilidade pelos tributos à pessoa que adquirir de outra, por qualquer título, fundo ou estabelecimento, e continuar a respectiva exploração, sendo essa responsabilidade integral, caso o alienante cesse as atividades. Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; 1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 133. 2 PAULSEN, Leandro. Obra citada, p. 133. Fl. 337DF CARF MF 12 Como se vê, o fato de a empresa dita sucessora ocupar o mesmo imóvel antes ocupado pela empresa dita sucedida não é suficiente para ensejar a responsabilidade de que trata o artigo. Deve haver a aquisição do fundo ou estabelecimento, compreendido como todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou sociedade empresária (art. 1142 do CC). Art. 1.142. Considerase estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A distinção entre local e fundo ou estabelecimento não é sutil; e a sucessão por conta da alienação do estabelecimento ou fundo faz sentido porque eles constituem um ativo da empresa, aos quais se vinculam os tributos devidos até a data do ato. Conforme a doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins: [...] fundo de comércio não se confunde com ponto comercial. Fundo é a integralidade dos bens patrimoniais, inclusive os de natureza pessoal e de valor imaterial, e não apenas um local, para exploração de idênticas atividades, mas não da respectiva atividade. A expressão ... implica sempre um sentido de universalidade. A aquisição, portanto, apenas pode ser caracterizada como geradora de obrigações tributárias, quando a assunção do estabelecimento ... implicar a aquisição da universidade dos bens, do fundo de comércio, das marcas, da clientela específica do good will [...]3. Como reforço, vejase que a parte final do art. 133 restringe a responsabilidade do adquirente pelos tributos "relativos" ao fundo ou estabelecimento adquirido. Ainda que não contabilizados, o fundo ou estabelecimento são uma medida de grandeza da entidade, fazendo todo sentido responderem pelos tributos que lhes são correlatos. A doutrina de Luís Eduardo Schoueri está expressa nos seguintes termos: [...] a sucessão exige transferência de estabelecimento ou fundo de comércio. Se um mesmo imóvel, antes ocupado por uma empresa, é ocupado por outro, noutro ramo de atividade, não há que se falar em sucessão; se a nova empresa ocupa o mesmo imóvel e mantém o mesmo objeto, então é possível que se cogite de transferência de fundo de comércio, a ensejar a sucessão (matéria que deve ser verificada em cada caso) 4. A par da transferência do fundo ou estabelecimento, a norma ainda determina a continuidade da "respectiva exploração" como critério de aplicação da responsabilidade tributária, conforme se demonstrou na transcrição do dispositivo legal e na doutrina do professor Ives Gandra da Silva Martins. 3 Citado por PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência. 10. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado; ESMAFE, 2008, p. 942. 4 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 611. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 8 13 Neste caso concreto, contudo, sequer há identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS era uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM era uma retificadora de motores (vide denominação social de ambas as sociedades e contratos constitutivos de fls. 710/711 e 903/905). Logo, não há que se falar em continuidade da respectiva exploração. Ademais, a despeito de todos os indícios apurados em sede de fiscalização, como amplamente relatado acima, a autoridade também não demonstrou que a recorrente passou a se utilizar dos mesmos ativos tangíveis ou intangíveis que pertenciam à RTS, tais como máquinas, equipamentos, veículos, marcas, etc, tampouco que tenha explorado a mesma clientela. Não houve, ainda, prova da relação de continuidade entre a atividade anteriormente exercida pela RTS e a atividade da recorrente. Nesses termos, a autuação carece de provas da aquisição do fundo ou estabelecimento comercial. Isto é, muito embora haja provas a respeito (i) da constituição de empresas por interpostas pessoas; (ii) da utilização, pela AMM, de parte dos empregados registrados na RTS; e (iii) fortes indícios de falsificação de documentos, fatos estes de grande gravidade e que podem repercutir da esfera penal, entendese que a autoridade fiscal não demonstrou a subsunção dos fatos concretos à norma do art. 133 do CTN, principalmente diante da falta de comprovação da alienação do estabelecimento e da continuidade da respectiva exploração. Como dito, os objetos sociais de ambas as empresas eram distintos e a administração fazendária não conseguiu provar que a recorrente se utilizou dos mesmos ativos da pessoa jurídica dita sucedida. Sabese das dificuldades que a fiscalização tem em procedimentos de tal natureza, mas, por outro lado, não se pode perder de vista que tal procedimento tem um viés fortemente acusatório, cabendo à autoridade empreender todos os esforços para demonstrar a efetiva ocorrência do fato gerador e de todos os requisitos legais para a aplicação da norma de responsabilidade por sucessão. A norma de responsabilização, além de pressupor a ocorrência do fato gerador, tem requisitos específicos. Expressandose de outra forma, a extensão da relação jurídicotributária, que originariamente recaía sobre determinada pessoa, a um terceiro, requer a ocorrência de todos os elementos fáticos previstos em lei, ou seja, a concretização de todas as circunstâncias legais atinentes à responsabilidade tributária. A responsabilidade pressupõe a regramatriz de incidência e a regramatriz de responsabilidade, cada uma com seus pressupostos fáticos e seus sujeitos próprios (contribuintes/solidários e responsáveis). Por todos esses motivos, entendese que não há como se aplicar o art. 133 ao caso concreto, devendo ser dado provimento ao recurso, para cancelar a autuação e o lançamento. Fl. 339DF CARF MF 14 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário, para REJEITAR A PRELIMINAR DE NULIDADE e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 9 15 Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Redator designado Designado para redigir o voto vencedor, passo a abordar a matéria apontada no item 4 do voto do relator. Da sucessão empresarial Em que pese o muito bem fundamentado voto do relator, ouso a, neste ponto, discordar de sua conclusão. Ao artigo 133 do CTN, ao tratar da responsabilidade pela sucessão empresarial, assim dispõe: Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; (...) O ponto sob análise resumese a determinar se houve, ou não, a efetiva aquisição do "fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional" e a continuidade da "respectiva exploração". Os fatos trazidos pela Fiscalização, ladeados aos elementos que constam dos autos, evidenciam que, a meu ver e sem sobras de dúvidas, a recorrente adquiriu o fundo de comércio da pessoa jurídica RTS, mantendo, inclusive, a exploração da mesma atividade empresarial. Vejamos: Iniciada a ação fiscal _0910300.2008.000539 em 08.02.2008 a auditoria se dirigiu ao estabelecimento da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, cadastrada nos sistemas informatizados, tanto da Receita Federal do Brasil, quanto da Previdência Social, como Av. Parigot de Souza 1864 Toledo PR. Neste local a fiscalização foi recebida pelo Sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Perguntado pela Fiscalização, informou que no local encontravase funcionando a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA CNPJ 08.958.074/000147. Sobre o endereço onde estava operando a empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA e sobre o seu vínculo com as empresas, o Sr. RONALDO informou que a empresa RTS estava com as atividades encerradas e que não possuía vínculo com nenhuma Fl. 341DF CARF MF 16 das empresas. Informou que estava apenas prestando ajuda no local e, ainda, que o escritório ORCA CONTABILIDADE SIS LTDA, situado na Av. Parigot de Souza, 1986 sala 3 Toledo PR realizava a escrituração contábil das empresas. Em seguida, na mesma data (08.02.2008) a auditoriafiscal dirigiuse ao já referenciado escritório contábil, tendo então dado ciência ao Termo de Início da Ação Fiscal TIAF a sra. NEURA GRANDI SAVARIS, contadora responsável pela área de pessoal do escritório, com prazo para atendimento da intimação em 12.02.2008. A apresentação de documentos pelo escritório contábil, representando a RTS, foi efetuado parcialmente e de acordo com o Mandado de Procedimento Fiscal se limitava ao exercício de 2004. Iniciado o exame dos documentos básicos para uma auditoriafiscal nas contribuições sociais incidentes sobre pagamentos/créditos de remunerações a segurados, tais como folhas e recibos de pagamentos e de ferias, rescisões de contrato de trabalho, livro de registro de empregados, guias de recolhimento do FGTS e da Previdência Social e os livros contábeis dos registros comerciais, dentre outros, observouse que a quase totalidade destes documentos eram assinados pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Tal constatação, relativamente aos documentos do exercício financeiro de 2004, indicava que o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA possuía um vínculo com a RTS mais amplo do que havia mencionado. Ademais, aplicase ao caso concreto a hipótese da RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTARIA POR SUCESSAO, da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que continuou as atividades da empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA (art. 133, do Código Tributário Nacional e art. 751, da Instrução Normativa SRP 3/2005). Tais fatos motivaram a Fiscalização a requerer a ampliação do período a ser examinado na RTS, bem como a emissão de Mandado de Procedimento Fiscal a ser cumprido na empresa AMM. Tendo sido providenciada a ampliação do período a ser examinado na empresa RTS, bem como a abertura do procedimento fiscalizatório na AMM, a auditoriafiscal em 26.02.2008 dirigiuse ao estabelecimento, sendo recebida novamente pelo sr. RONALDO TAVARES DA SILVA. Na oportunidade foi dada ciência ao Termo de Inicio da Ação Fiscal da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA, SUCESSORA DE RTS COMÉRClO DE PEÇAS LTDA, qualificandose o sr. RONALDO como gerente da empresa (vide cópia do TIAF). Contudo, teria se negado a cientificar o Termo da RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. A ciência ao Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, relativo a ampliação do período a ser examinado na RTS foi dada pela sra. NEIVA MARIA THEOBALD DA SILVA, contadora no escritório ORCA CONTABILIDADE S/S LTDA, em 26.02.2008. Tendo sido cumpridas as intimações cientificadas em 26.02.2008, ambas as empresas apresentaram os documentos/livros contábeis solicitados. Ao examinar os documentos já mencionados no item acima, a auditoriafiscal pode comprovar que o vínculo do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, com a empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA foi ininterrupto, contínuo e habitual, estabelecido desde a constituição da pessoa jurídica (de 2003 até 2007). Reforçando: a integralidade da documentação (ou quase) que necessitava da assinatura dos sócios era por ele firmada, Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 10 17 inclusive os livros de registro de empregados e contábeis (vide cópia de farta e extensa documentação comprobatória). Além dos fatos acima narrados, outros constatados pela auditoria levaramna a concluir sobre a aplicação da hipótese de incidência do art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 ao caso concreto (exclusão do SIMPLES por constituição da pessoa jurídica por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios). A empresa RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, até o exercício financeiro de 2006, não possuía em seus registros contábeis um ativo imobilizado (maquinas, equipamentos e imóvel) compatível com algumas das atividades exercidas, tais como a retifica de motores. Não possuía, também, escrituração de despesas com aluguel. A empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA também não possuía os elementos comerciais/industriais citados no parágrafo anterior e mais grave, até a competência março de 2008, estava utilizando os funcionários registrados na RTS para gerir suas atividades econômicas. Diante de tais constatações, a auditoriafiscal intimou ambos contribuintes a apresentar documentos e prestar, ate 14.03.2008, as seguintes informações: a) esclarecimento por escrito sobre a propriedade do imóvel localizado na Av. Parigot de Souza, 1864 Toledo PR, juntamente com os documentos comprobatórios: registro imobiliário, contrato de locação ou comodato, dentre outros; b) esclarecimento por escrito sobre o endereço de funcionamento das atividades ou sobre o encerramento das atividades da empresa RTS; c) na hipótese de encerramento das atividades, esclarecimento por escrito sobre a transferência de maquinas/equipamentos e do ponto comercial para empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA CNPJ 08.958.074/000147. As intimações foram assinadas pelo sr. RONALDO em 11.03.2008 (vide cópias), se qualificando como gerente, inclusive na empresa RTS. Em razão dessas intimações, esteve presente na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel, no dia 13.03.2008, o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, qualificado como sóciogerente no contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Na ocasião, em razão das robustas provas que se apresentavam até aquele momento da constituição das pessoas jurídicas (RTS e AMM) por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios (respectivamente, art. 14, IV, da Lei n° 9.317/96 e art. 29, IV, da Lei Complementar n° 123/2006), a auditoriafiscal resolveu entrevistar o sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, na presença dos auditores fiscais ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matricula 1286863 e ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula 1450704. O relatório decorrente da entrevista foi reduzido a um Termo de Constatação, cujo conteúdo segue transcrito a baixo: Fl. 343DF CARF MF 18 () II RELATÓRIO MARCOS ALBERTO SUSSUMU LOURENÇO, matricula SIAPE 2205369, na presença das testemunhas ANTÔNIO CARLOS FIORI matricula SIAPE 1450704 e ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA matrícula SIAPE 1286863, todos auditores fiscais da Receita Federal do Brasil, no dia 13 de março de 2008 as 16h e 30min, considerando o comparecimento do sóciogerente da empresa identificada na epígrafe nesta delegacia da Receita Federal do Brasil, Sr. ANTÔNIO MARCOS MONTEIRO, portador da carteira de 'identidade civil RG 5.281.6440 (SSP PR) e do CPF 809.023.91968, com o objetivo de protocolar pedido de prorrogação de prazo para apresentação de documentos, decorrente da intimação assinada em 11 de março de 2008 (cópia em anexo), procedeu a oitiva deste, visando esclarecer pontos relativos aos procedimentos fiscais 0910300.2008.00053 e 0910300.2008.00128, tendo ocorrido os seguintes fatos: a) Indagado sobre a data de inicio das atividades da empresa AMM que não se arriscaria a dizer a data, pois poderia fornecer uma informação incorreta; b) Indagado sobre sua experiência profissional relacionada com a atividade da empresa que já exerceu e exerce diversas atividades para muitas pessoas, dentre estas o sr. Rosalvo Tavares da Silva; c) Perguntado sobre o tipo de vínculo pessoal ou profissional com o sr. Rosalvo Tavares da Silva que há muito tempo conhece e trabalha para ele sem vínculo empregatício, realizando serviços gerais; d) Perguntado sobre como conheceu o sr. Ronaldo Tavares da Silva que o conheceu em razão de ser irmão do sr. Rosalvo Tavares da Silva; e) Indagado sobre a administração da AMM Retificadora de Motores Ltda que não administra a empresa; que é o sr. Ronaldo Tavares da Silva que efetivamente realiza a administração da empresa; que somente presta serviços gerais como motorista, mecânico e outros como entrega de documentos (similares a atividade de "office~boy" termo não utilizado pelo declarante); que ao necessitar de dinheiro para custear despesas requer a empresa AMM o pagamento pelos serviços realizados; que trabalha muito em diversas atividades e para diversos tomadores de serviço; f) Perguntado sobre ser o proprietário da empresa AMM Retificadora de Motores Ltda que seu nome consta dos documentos de constituição da empresa, mas de forma confusa relatou que seria o sr. Rosalvo Tavares da Silva o verdadeiro proprietário da empresa. Naquele momento da entrevista, o declarante se mostrou embaraçado e confuso, dizendo que estava realizando uma entrega no CEASA em Cascavel, quando recebeu uma ligação telefônica, onde o interlocutor lhe disse ser necessário entregar um documento na Receita Federal (o declarante não informou o nome do interlocutor). Apesar de ser portador e de ter assinado o documento acima referido, o declarante informou que não entendia a que este se prestava, perguntando se poderia deixar de prestar as informações requeridas pela auditoria fiscal. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 11 19 Considerando o estado psicológico de dúvidas que se abateu sobre o declarante, a Fiscalização informou que ele não estava obrigado a dar continuidade à entrevista. Aproveitando o momento, prestouse ao declarante algumas informações relativas ao procedimento fiscal, além das possíveis repercussões legais daí decorrentes. Nesse sentido, foram esclarecidos, em síntese, os seguintes pontos: que de acordo com o art. 133, do Código Tributário Nacional a empresa AMM Retificadora de Motores Ltda seria considerada sucessora da empresa RTS Comércio de Peças Ltda, devendo aquela assumir a responsabilidade pelos tributos devidos aos cofres públicos; que sucedida e sucessora se encontravam em débito com a Seguridade Social, inclusive de contribuições sociais objeto “em tese" dos crimes de “apropriação indébita previdenciária” e “sonegação"; que os administradores das sociedades poderiam vir a responder aos processos penais decorrentes de tais crimes; e que a constituição de uma empresa por “interposta pessoa" estaria capitulada como um procedimento ilegal. Dadas as explicações, a auditoriafiscal indagou se as informações prestadas estavam suficientemente claras para o declarante. Neste ponto o declarante, de forma titubeante, chegou a se expressar que seria, então, um “laranja” do sr. Rosalvo. A auditoria fiscal, então, explicoulhe que caso não fosse “de fato" sócio da empresa. este seria o nome comumente utilizado. O declarante, num lampejo de emoção, disse: que estava preparado para cumprir penalidades comunitárias alternativas, chegando a mencionar que “tinha entrado numa fria", que trabalhava muito somente para sobreviver; que se encontrava passando por dificuldades no relacionamento com sua esposa; que estava pensando, inclusive, em trabalhar no Paraguai, pais onde já havia vivido e trabalhado; e que a partir do momento em que havia tido recursos financeiros apreendidos durante o Plano Collor, havia se decepcionado com o governo brasileiro. Considerando o estado emocional do declarante; Considerando o pedido verbal do declarante para interromper a entrevista formal e para não assinar o termo circunstanciado; Considerando, ainda, que o declarante demonstrava não entender o real conteúdo e finalidade do documento que, portava para protocolo; A Fiscalização interrompeu, naquele momento, a entrevista para obtenção de esclarecimentos, bem como resolveu emitir este termo de constatação, visto que os fatos então narrados teriam ocorrido na presença das testemunhas arroladas adiante. Evidenciouse que o sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO, sóciogerente constante do contrato social da empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, somente confirmou verbalmente o que os documentos e os fatos já demonstravam, ou seja, que ele e outras pessoas foram utilizadas Fl. 345DF CARF MF 20 como interpostas pessoas para acobertar a constituição das pessoas jurídicas pelos verdadeiros sócios srs. RONALDO DA SILVA TAVARES e ROSALVO DA SILVA TAVARES. E muito provável que a interposição de pessoas na constituição das empresas decorreu em virtude da impossibilidade da opção pelos regimes de tributação diferenciada do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, pois vejamos as “coincidências": I a constituição da RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA ou da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA, pelos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA, impossibilitaria a opção pelo sistema de tributação, respectivamente, do SIMPLES e do SIMPLES NACIONAL, haja vista já serem sócios das seguintes empresas: Auto Posto Tavares Ltda CNPJ 00.797.920/000182, Fidelcino Santos & Cia Ltda CNPJ 00.219.670/000101, Jr Adminstração e Participações Ltda CNPJ 36.956.589/000143, O. Nunes & Tavares Ltda CNPJ 79.782.660/000121, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101 e Rosalvo Tavares Da Silva 8. Cia Ltda CNPJ 72.566.953/000122 (vedações constantes do art. 9°,lX, Lei 9.317/96 e do art. 3°, §4°, IV, da Lei Complementar 123/2006); II a mudança da opção do SIMPLES para o SIMPLES NACIONAL pela RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA, que poderia ser requerida no mês de julho de 2007 (data de constituição da AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA) não seria possível em razão da existência de débitos para com a Seguridade Social declarados em GFIP. Outro ponto a se ressaltar é que, apesar da tentativa do sr. ANTONIO MARCOS MONTEIRO em prorrogar o prazo das intimações assinadas em 11.03.2008, o prazo fixado pela auditoriafiscal (14.03.2008) correu “in albis", motivo que ensejou a lavratura de Auto de Infração Obrigação Acessória AIOA 37.172.0028. Somente em 23.04.2008 as intimadas protocolizaram na Delegacia da Receita Federal em Cascavel correspondência justificando pontos relativos à intimação. Nesta correspondência demonstraram certa indignação pelo requerimento das informações fiscais e, pelo seu conteúdo, consideraram prestados os devidos esclarecimentos, sendo, ainda, anexadas cópias dos seguintes documentos: a) certidão n° 5165, do 1° Ofício do Registro de Imóveis da Comarca de Toledo/PR relativa ao lote urbano n° 7, da quadra 623, situado no Jardim Novo Bandeirantes; b) instrumento particular de compromisso de comodato para uso de imóvel comercial firmado entre as empresas RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data; c) instrumento particular de locação de maquinas e equipamentos firmado entre LILIAN TAVARES DA SILVA e AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA datado de 10 de julho de 2007 e com reconhecimento das firmas na mesma data. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 12 21 Deve ficar destacado que somente prestou informações a empresa AMM, esclarecendo situações que envolviam ambas as empresas, com quarenta dias de atraso. Ademais, näo foi informada sobre a continuidade ou não das atividades da empresa RTS COMERCIO DE PEÇAS LTDA. Ocorre, também, que os reconhecimentos das firmas constantes das cópias dos contratos anexados na prestação das informações não foram confirmados pelo 6° Tabelionato Mônica Malucelli, situado na Rua Comendador Araújo, 143 Curiti_ba Parana. Procurado pessoalmente, o escrevente cartorário Sr. HENRIQUE LEMES DOS SANTOS informou que a sua assinatura aposta no carimbo do cartório era falsa. A falsidade foi posteriormente confirmada expressamente por meio de ofício (cópia em anexo), Diante da gravidade do fato, a auditoriafiscal intimou em 13.05.2008, na pessoa do sr. RONALDO TAVARES DA SILVA, a RTS a apresentar os originais dos citados contratos, bem como comprovar a propriedade das máquinas, equipamentos e ferramentas locadas pela sra. LILIAN TAVARES DA SILVA para a empresa AMM RETIFICADORA DE MOTORES LTDA SUCESSORA DE RTS COMÉRCIO DE PEÇAS LTDA. O fato é que a empresa RTS deixou o prazo (15.05.2008) passar em "branco", em cumprimento do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (cópia em anexo). Paralelamente as provas acima citadas, outras evidências auxiliam na comprovação de que as empresas RTS e AMM foram constituídas por interpostas pessoas que não sejam os verdadeiros sócios: I As iniciais da empresa RTS coincidem com os nomes dos srs. RONALDO TAVARES DA SILVA e ROSALVO TAVARES DA SILVA; II O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA foi nomeado procurador da RTS, possuindo amplos e ilimitados poderes para administrar a sociedade (vide cópia da procuração); III Nas quatro oportunidades em que esta auditoria esteve na Av. Parigot de Souza 1684 Toledo PR, sempre foi atendida pelo sr. RONALDO, em seu escritório no 1° andar (vide cópias dos TIAFs e TlADs). IV O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre assinou tanto as CTPS dos empregados, como os documentos relativos a administração de pessoal, bem como os livros de registro de empregados e livros comerciais (vide cópias de farta e extensa documentação); V O sr. RONALDO TAVARES DA SILVA sempre agiu como preposto das empresas nas ações trabalhistas movidas contra as Auditadas (vide cópias de reclamatórias trabalhistas); VI A sra. ELIANE GRUNFELD sócia ingressante da 1“ alteração de contrato social da RTS outorgou procurações em caráter irretratável para o sr. RONALDO TAVARES DA SILVA efetuar a venda de imóveis em 2002 na cidade de Cascavel (vide cópias das procurações), demonstrando, desde data Fl. 347DF CARF MF 22 anterior a constituição da pessoa jurídica, possuírem estreitos vínculos de confiança; VII O sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA constituiu, ainda, outra empresa com as mesmas iniciais de seu nome, ou seja, Lanchonete RTS Ltda CNPJ 82.432.188/000101; VIII A sra. LILIAN TAVARES DA SILVA sóciagerente ingressante da 1” alteração de contrato social da RTS outorgou procuração para seu pai o sr. ROSALVO TAVARES DA SILVA efetuar a administração plena de todos os seus bens (vide copia da procuração). IX Na reclamatória trabalhista 000642008068O9001 (copia em anexo) movida por José Slrelin contra as Auditadas, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 17.01.2008 (data anterior ao inicio do procedimento fiscal), o empregado na petição inicial confirma: “As rés são geridas e administradas por um mesmo grupo econômico ou de pessoas. Ambas funcionam no mesmo edifício. O que as diferenciam são apenas o local de acesso e a placa de publicidade, sendo que para a primeira a entrada é pela Avenida Parigot de Souza e a segunda é pela rua México, que faz fundos com o edifício onde ambas estão instaladas. (...)" X Na reclamatória trabalhista 003342008'O6809004 (cópia em anexo), movida por Adelar de Almeida Bueno contra a RTS, protocolada na Vara do Trabalho em Toledo em 27.02.2008, o empregado na petição inicial informa: “(...). No presente caso há prova inequívoca da demissão arbitrária do autor, através de documentos ora anexados e assinados pelo representante do empregador Sr. Ronaldo Tavares da Silva." No caso sob análise, a aparente, ou sob o ponto de vista formal, não identidade entre os objetos sociais de ambas as empresas, na medida em que a RTS seria uma empresa de comércio de auto peças, ao passo que a AMM, uma retificadora de motores, cede espaço ao forte conteúdo probatório que conduz à convicção de que a sucessora permaneceu exercendo o negócio da sucedida, seja pelo aproveitamento de parcela de seus funcionários, bem como de suas máquinas e equipamentos, seja pela "gerência" comum a cargo do Sr Ronaldo, seja ainda pelo o que constou na exordial da reclamatória trabalhista RT 56/2006, de 23.01.2006, no sentido de que o lá reclamante teria sido contratado para ocupar o cargo de montador de motor (motores em geral principalmente motores a diesel de caminhões, tratores, máquinas industriais, e outros) e que fazia também recuperação de motores velhos (desmontar, montar, lavar peças, fazer lubrificação, etc), atividades não compatíveis com as que se espera de um comércio e de auto peças. Somase às robustas evidências encimadas, a conduta reprovável dos gestores das empresas envolvidas que navegou desde a utilização de interposta pessoa à tentativa de aproveitamento de documento falso. Por todo o exposto, tenho que, neste caso, o reconhecimento da responsabilidade por sucessão é um imperativo. Fl. 348DF CARF MF Processo nº 10935.004636/200807 Acórdão n.º 2402005.992 S2C4T2 Fl. 13 23 Nesse sentido, VOTO por CONHECER do recurso e, no mérito, NEGAR LHE provimento. Mauricio Nogueira Righetti (assinado digitalmente) Fl. 349DF CARF MF
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