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Numero do processo: 10980.940315/2011-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.637
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 40 31 5/ 20 11 -1 0 Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06046.084. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 5 4 associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 6 5 d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 7 6 a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10980.940315/201110 Resolução nº 3301000.637 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 114DF CARF MF
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Numero do processo: 10865.003295/2007-34
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2006
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA RESPONDE COMO EQUIPARADO A EMPRESA.
Não há que se falar na aplicação do art. 131, III do CTN para casos em que o de cujus seja Produtor Rural com matrícula CEI.
Na hipótese por ser equiparado a Empresa este responde por todas as obrigações cujos pagamentos não restaram devidamente comprovados.
MULTA. RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO
Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, deve-se cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções eventualmente aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Assim, estabelece-se como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%.
Numero da decisão: 9202-006.565
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento integral, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe deu provimento parcial para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Ana Paula Fernandes.
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA RESPONDE COMO EQUIPARADO A EMPRESA. Não há que se falar na aplicação do art. 131, III do CTN para casos em que o de cujus seja Produtor Rural com matrícula CEI. Na hipótese por ser equiparado a Empresa este responde por todas as obrigações cujos pagamentos não restaram devidamente comprovados. MULTA. RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, devese cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções eventualmente aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Assim, estabelecese como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento integral, vencida a conselheira Patrícia da Silva (relatora), que lhe deu provimento parcial para que a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 32 95 /2 00 7- 34 Fl. 194DF CARF MF 2 retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Ana Paula Fernandes. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo Fazenda Nacional PFN em face da decisão da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, consubstanciada do Acórdão n° 230102.573 (fls 136), sessão de 07.02.2012, com a seguinte ementa: Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2006 DECADÊNCIA. DIES A QUO E PRAZO. APLICAÇÃO DO ART. 173,INCISO I DO CTN NO CASO DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. O lançamento de ofício ou a parte deste que trata de aplicação de penalidade por descumprimento de obrigação acessória submetese à regra decadencial do art. 173, inciso I, considerandose, para a aplicação do referido dispositivo, que o lançamento só pode ser efetuado após o prazo para cumprimento do respectivo dever instrumental. RESPONSABILIDADE DO ESPÓLIO SOMENTE PELOS TRIBUTOSDEVIDOS PELO DE CUJUS. O art. 131 do CTN delimita a responsabilização do espólio somente em relação aos tributos devidos pelo de cujus, afastando a possibilidade de tal responsabilidade ser ampliada para atingir as multas. Recurso Voluntário Provido Do voto do relator: Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 195 3 Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO de modo a (i) afastar os fatos geradores até 11/2001 por conta da decadência; (ii) afastar os fatos geradores até 03/2005 por conta do art. 131 do CTN; (iii) em relação ao período posterior a 03/2005, manter a multa mais benéfica quando comparada a penalidade prevista nos parágrafos do art. 32 com aquela prevista no art. 32A da Lei 8.212/91. O recorrente aponta divergência jurisprudencial entre o acórdão recorrido e outro julgado em relação às matérias: a) forma de cálculo utilizada para multa de obrigação acessória mais benéfica ao contribuinte. Aplicação do art. 32A da Lei 8.212/91 paradigmas Acórdãos 240100.127 e 20601.782, tendo sido somente o primeiro paradigma objeto de admissibilidade uma vez que entendido suficiente para comprovar a divergência e; b) responsabilidade do espólio pela multa de ofício: paradigmas 105 16.233 e 10611431; tendo sido somente o primeiro paradigma objeto de admissibilidade uma vez que entendido suficiente para comprovar a divergência. Na origem, tratase de Auto de Infração, lavrado em 10/10/2007, por ter o contribuinte acima identificado, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 34/41, apresentado o documento a que se refere o art. 32, inciso IV e §3º com informações inexatas, incompletas ou omissas em relação aos fatos geradores de contribuições previdenciárias nas competências 01/1999 a 12/2006, tendo resultado na aplicação de multa de R$ 60.214,81, fls. 01 Intimado o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Patrícia da Silva Relatora Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, entendo, que o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. a) Quanto a forma de cálculo utilizada para multa de obrigação acessória mais benéfica ao contribuinte Este colegiado tem se debruçado frequentemente e o entendimento tem sido unânime, motivo pelo qual, trago a colação o constante do Acórdão 9202006.247, da lavra do ilustre colega Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior: Fl. 196DF CARF MF 4 Sob análise a Lei no. 8.212, de 1991, cujos dispositivos de interesse aplicáveis à análise do recurso, são abaixo reproduzidos, abrangendose as redações anterior e posterior à edição da Medida Provisória no. 449, de 2008: Lei 8.212, de 1991 (Antes da edição da MP 449/08) Lei 8.212, de 1991 (Após a edição da MP 449/08) Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) § 1º O Poder Executivo poderá estabelecer critérios diferenciados de periodicidade, de formalização ou de dispensa de apresentação do documento a que se refere o inciso IV, para segmentos de empresas ou situações específicas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 2º As informações constantes do documento de que trata o inciso IV, servirão como base de cálculo das contribuições devidas ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, bem como comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 3º O regulamento disporá sobre local, data e forma de entrega do documento previsto no inciso IV. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela MP nº 449, de 2008). (...) § 1o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o A declaração de que trata o inciso IV constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §4o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §5o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §6o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §7o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §8o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicando se, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 196 5 conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 7º A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 8º O valor mínimo a que se refere o § 4º será o vigente na data da lavratura do auto de infração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 2008) § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3o; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008.: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (incluído pela Medida Provisória nº 449, Fl. 198DF CARF MF 6 10.12.97). § 9º A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV, mesmo quando não ocorrerem fatos geradores de contribuição previdenciária, sob pena da multa prevista no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV é condição impeditiva para expedição da prova de inexistência de débito para com o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de de 2008). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). III – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 197 7 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a 2008). § 3o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 4o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 200DF CARF MF 8 multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Notese permanecer em litígio, no caso sob análise, somente o recálculo mais benéfico de multa perpretado pela autoridade julgadora recorrida, que optou por aplicar a multa de mora nos termos do artigo 32A da Lei 8.212, de 1991. Com a devida vênia ao entendimento esposado no recorrido, entendo, a propósito, que, em verdade, o art. 35, da Lei no. 8.212, de 1991, regrava, anteriormente à sua alteração promovida pela MP no. 449, de 2008, duas multas de natureza diferenciada, a saber: a) em seu inciso I, o dispositivo regulamentava a aplicação de multa de natureza moratória, decorrente do recolhimento espontâneo efetuado pelo contribuinte a destempo, sem qualquer procedimento de ofício da autoridade tributária e mantida aqui a espontaneidade do contribuinte; b) em seu inciso II, o referido art. 35 estabelecia a aplicação de multa para o caso de lavratura de Notificação de Lançamento pela autoridade fiscalizadora, neste caso se tratando, aqui, de multa de ofício. Ainda, de se notar a possibilidade de aplicação, já anteriormente à edição da MP no. 449, de outras espécies de multa (também de ofício), quando da constatação, também em sede de ação fiscal, de descumprimento das obrigações acessórias, na forma preconizada pelos §§4o. e 5o. do art. 32 da Lei no. 8.212, de 1991, convertendose, nesta hipótese, a obrigação acessória em principal. Cediço em meu entendimento que, o que se passou a ter agora, a partir do advento da MP no. 449, de 2008, foi a existência de um dispositivo único a regrar a aplicação das multas aplicáveis em sede de ação fiscal, abrangendo a constatação, através de procedimento de ofício, tanto de falta de pagamento como a de falta de declaração (ou de declaração a menor) em GFIP de fatos geradores ocorridos/contribuições devidas, a saber, o art. 35A daquela mesma Lei no. 8.212, de 1991, acrescentado pela referida MP. Este também é o entendimento majoritário esposado por esta Câmara Superior, conforme excertos dos seguintes votos constantes dos Acórdãos CSRF 9.202 003.070 e 9.202003.386, os quais se adotam, aqui, como razões de decidir. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 198 9 Acórdão 9.202003.070 – Voto do Conselheiro Marcelo Oliveira “ (...) Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar. nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Só não posso concordar com a análise feita, que leva à comparação de penalidades distintas: multa de ofício e multa de mora. (...) Ocorre que o acórdão recorrido comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício (grifos no original), com penalidade aplicada quando o sujeito passivo está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora (grifos no original). Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora (grifos no original), que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício (grifos no original), como decorre do próprio termo, pressupõe a atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. Fl. 202DF CARF MF 10 A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício (grifos no original). É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício (grifos no original). Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não tem caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Essa multa nunca incide sobre as multas de lançamento de ofício (grifos no original) e nem sobre as multas por atraso na entrega de declarações. Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria ter comparado a penalidade determinada pelo II, Art. 35 da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original)), antiga redação, com a penalidade determinada atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (nos casos de lançamento de ofício (grifos no original)). Conseqüentemente, divirjo do acórdão recorrido, pelas razões expostas. (...)” Acórdão 9.202003.386 – Voto do Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos "(...) Verifico, assim, que, ainda que a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora”, independentemente da denominação que tenha se dado à penalidade, não resta dúvida de que estavam ali descritas Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 199 11 duas diferentes espécies de multas: a) as multas de mora e b) as multas de ofício. As primeiras eram cobradas com o tributo recolhido espontaneamente. As últimas, cobradas nos lançamentos de ofício e através de notificação fiscal de lançamento de débito, ou, posteriormente, após a fusão entre a SRP e RFB, através de auto de infração (lançamento de obrigação principal) e auto de infração (no caso de obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambas por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais. Ainda, quanto às multas de ofício, estas duas situações supra elencadas se encontravam, respectivamente, regradas na forma dos antigos arts. 35, II (multa referente à obrigação principal constituída através de NFLD ou AI) e 32, IV, §4o. ou §5o. (ambos referindose à obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambos da Lei nº 8.212, de 1991, sendo que, com a alteração legislativa propugnada no referido diploma, passaram a estar regradas conjuntamente na forma de seu art. 35A. Assim, entendo que a penalidade a ser aplicada não pode ser aquela mais benéfica a ser obtida pela comparação da antiga “multa de mora” estabelecida pela anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991, com a do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, agora referida pela nova redação dada ao mesmo art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, pela Lei nº 11.941, de 2009 e que, notese, pressupõe a espontaneidade, inaplicável à situação fática em tela. A propósito, entendo que, para fins de aplicação da retroatividade benéfica, se deva comparar àquela antiga multa regrada na forma da anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991 (repetindose, indevidamente denominada como “multa de mora”, nos casos de lançamento por força de ação fiscal), quando somada à multa aplicada no âmbito dos AIs conexos, lavrados de ofício por descumprimento de obrigação acessória (na forma da anterior redação do art. 32, inciso IV, §4o ou 5o da Lei nº 8.212, de 1991), a multa estabelecida pelo art. 44, da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e atualmente aplicável quando dos lançamentos de ofício,consoante disposto no art. 35 A, da Lei nº 8.212, de 1991. Assim, aplicandose o entendimento aqui adotado agora ao caso sob análise, entendo que se deva manter a cobrança das penalidades lançadas no presente auto de obrigação acessória, bem como aquelas aplicadas no âmbito do auto de obrigação principal vinculado, limitado o somatório de ambas ao patamar estabelecido pelo art. 44 da Lei no. 9.430, de 1996 (75%), na forma propugnada pela Fazenda Nacional. O percentual de 75% (quando da inexistência de agravamento ou qualificação de multa) é o limite atual para sanções pecuniárias, decorrente de lançamento de ofício, quando de falta de declaração ou de declaração inexata, conforme previsto no art. 44, I da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e referenciado no art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, aplicável aqui a Fl. 204DF CARF MF 12 retroatividade da norma, caso benéfica, em plena consonância, inclusive, com a sistemática estabelecida pelo art. 476A da Instrução Normativa RFB no. 971, de 2009, acrescido pela Instrução Normativa RFB no. 1.027, de 22 de abril de 2010, sistemática esta também expressa na Portaria Conjunta PGFN/RFB no. 14, de 2009. b) Da responsabilidade do espólio pela multa de ofício. Responsabilidade do espólio pelos tributos devidos pelo de cujus. Art. 131 do CTN. No caso de lançamento tomando como sujeito passivo o espólio, devemos considera o conteúdo do art. 131 do CTN: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Vide Decreto Lei nº 28, de 1966) II o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Observamos que o inciso III do art. 131 define a responsabilidade do espólio pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, afastando, portanto, qualquer possibilidade de tal responsabilidade ser ampliada até as multas, inclusive as de mora. Anotamos a jurisprudência sobre o assunto: Autoridade Câmara Superior de Recursos Fiscais. 4ª Turma Título Acórdão nº 40400823 do Processo 10930001122200246 Data 03/03/2008 Ementa OMISSÃO DE RENDIMENTOS MULTA DE OFÍCIO ESPÓLIO NÃO CABIMENTO. O ordenamento jurídico estabelece que a responsabilidade do sucessor a qualquer título, do cônjuge meeiro e do espólio é pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha, da adjudicação ou da abertura da sucessão, não havendo dispositivo legal que autorize a exigência de multa de ofício em casos como este, no qual a ciência do auto de infração se deu em momento posterior à morte do de cujus. Recurso especial negado. Autoridade Supremo Tribunal Federal. 2ª Turma Título RE 95213 / SP SÃO PAULO Data 11/05/1984 Ementa MULTA. TRIBUTO. RESPONSABILIDADE DO ESPOLIO. NA RESPONSABILIDADE TRIBUTARIA DO Fl. 205DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 200 13 ESPOLIO NÃO SE COMPREENDE A MULTA IMPOSTA AO "DE CUJUS". TRIBUTO NÃO SE CONFUNDE COM MULTA, VEZ QUE ESTRANHA AQUELE A NATUREZA DE SANÇÃO PRESENTE NESTA. Portanto, por esse motivo devem afastadas as multas aplicadas até 03/2005. A partir de tal data, a responsabilidade é direta do espólio. O espólio passa a ser contribuinte e não responsável pelas obrigações tributárias, principais e acessórias. Vejamos a lição de Aliomar Baleeiro: Responde o Espólio não só pelos tributos relativamente aos bens deixados e pelos que se vencerem até a partilha, que o encerra, mas também pelos do de cujus antes da abertura da sucessão. " (Cf. art. 134, IV, e 135, I, do CTN)" (Direito Tributário Brasileiro, Aliomar Baleeiro, Editora Forense, 11 °. Edição, Rio de Janeiro, 1999, pg. 749) (grifei). Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, somente quanto a aplicabilidade da retroatividade benéfica em consonância com a sistemática estabelecida pelo art. 476A da Instrução Normativa RFB no. 971, de 2009, acrescido pela Instrução Normativa RFB no. 1.027, de 22 de abril de 2010, sistemática esta também expressa na Portaria Conjunta PGFN/RFB no. 14, de 2009, me curvando ao entendimento majoritário do colegiado quanto a matéria vencida. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Ana Paula Fernandes Redatora designada Em que pese o excelente voto da relatora dou a questão resolução diversa. Alega o Contribuinte que o auditor entendeu equivocadamente que o espólio é responsável por omissão de informação nas GFIP's, relativamente aos fatos geradores relacionados a contribuição previdenciária dos contribuintes individuais: autônomos; transportadores autônomos e comercialização de produto rural. Ocorre que no direito tributário a obrigação principal de determinado tributo é nada mais do que a obrigação do contribuinte de pagálo e a obrigação acessória é a obrigação do contribuinte em fazer ou não fazer determinado ato no interesse da entidade. Assim, constitui fato gerador da obrigação acessória qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não constitua a obrigação principal. Fl. 206DF CARF MF 14 O descumprimento de obrigação acessória sujeita o infrator à multa de acordo com a legislação. No entanto, o espólio do Contribuinte alega que a multa aplicada de 100% não poderia atingir o espólio, bem como, os sucessores, porquanto, estes somente respondem pelos tributos principais, na medida em que a multa teria um caráter punitivo. Na análise do caso concreto observo que se trata de Produtor Rural, o qual, inclusive, não responde pelos débitos na sua inscrição do CPF, mas sim através da matrícula CEI. Dados do Relatório Fiscal: CONTRIBUINTE/RESPONSAVEL: CNPJ/CEI: 21.088.00036185 NOME EMPRESARIAL: MARCELLO CARNEIRO ENDEREÇO: FAZENDA BADUADAO FUMACA ZONA RURAL MUNICÍPIO: CACONDE, SP O levantamento se refere as obrigações acessórias dos trabalhadores que prestaram serviço por meio de cessão de mão de obra como contribuintes individuais e transportadores autônomos Para o Direito Tributário, no que se refere as Contribuições Sociais Previdenciárias, considerase empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional. Não menos importante ressalvar que além da figura da Empresa a legislação previdenciária tem o cuidado de ressaltar que os equiparados a ela também seguirão estas regras. Assim equiparase a empresa, para efeito de contribuição previdenciária (art. 15, §único da Lei 8212/91): a) o contribuinte individual, em relação a segurado que lhe presta serviço; Os Produtores rurais não são exceção à regra da contribuição, embora recebam um tratamento diferenciado e uma diminuição da alíquota do imposto devido, sendo em muitos casos equiparados e empresa para fins de contribuição. Por meio da figura da substituição previdenciária possuem tratamento diferenciado em relação às empresas em geral, que contribuem sobre a folha de pagamento (20% + Sat de 1, 2 ou 3%) ► substituição tributária ► incidente sobre a comercialização da produção rural. Permanecendo ainda o dever quanto a contribuição a TERCEIROS incidente sobre a folha de pagamento (legislação própria): Importante ressaltar aqui que a responsabilidade da Empresa ou da entidade a ela equiparada é diversa da responsabilidade do indivíduo. A legislação previdenciária inova quando lista quem seriam os equiparados a empresa e iguala sua responsabilidade. Por essa razão não há que se falar na aplicação do art. 131, III do CTN, ao presente caso: Fl. 207DF CARF MF Processo nº 10865.003295/200734 Acórdão n.º 9202006.565 CSRFT2 Fl. 201 15 Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Vide Decreto Lei nº 28, de 1966) II o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Isso por que não estamos falando aqui do sujeito passivo pessoa física que exerce suas atividades como autônomo. Mas sim de Produtor Rural (regime especial), cujo regramento dispensado a ele é o mesmo, seja pessoa jurídica ou física na modalidade de empresa ou de equiparado a ela, cuja responsabilidade pelas contribuições é integral. O argumento de que este contribuinte responderia tão somente pela obrigação principal, pois o espólio não responde pela obrigação acessória, também não prospera. O Superior Tribunal de Justiça, vem, reiteradamente, entendendo que os arts. 132 e 133 do Código Tributário Nacional, impõem ao sucessor a responsabilidade integral, tanto pelos eventuais tributos devidos quanto pela multa decorrente, seja ela de caráter moratório ou punitivo. Contudo, com ainda mais razão no caso em tela essa discussão já se encontra superada pelo fato de não se tratar de contribuinte individual comum, mas sim produtor rural. E a matrícula CEI assim como no caso de uma Empresa exige todos os recolhimentos independentemente da morte do seu titular, vez que a empresa ou a ela equiparada possuem natureza jurídica própria. Desse modo, assiste razão a Fazenda Nacional, e neste ponto deve ser o acórdão recorrido reformado. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 208DF CARF MF
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Numero do processo: 11060.900755/2013-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2011
COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito.
NÃO-CUMULATIVIDADE. ENERGIA ELÉTRICA. REVENDA. CREDITAMENTO.Os gastos com energia elétrica adquirida para revenda dão direito ao desconto de crédito de PIS e da COFINS, apurado no regime não-cumulativo, nos termos do art. 3º, I das Leis n° 10637/2002 e 10.833/2003.
Recurso Voluntário provido.
Numero da decisão: 3301-004.563
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Antonio Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Antonio Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro.
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PIS/COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. Recorrente Dona Francisca Energética S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2011 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. NÃOCUMULATIVIDADE. ENERGIA ELÉTRICA. REVENDA. CREDITAMENTO.Os gastos com energia elétrica adquirida para revenda dão direito ao desconto de crédito de PIS e da COFINS, apurado no regime nãocumulativo, nos termos do art. 3º, I das Leis n° 10637/2002 e 10.833/2003. Recurso Voluntário provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Antonio Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 90 07 55 /2 01 3- 41 Fl. 339DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santa Maria RS pela não homologação da compensação declarada, fazendoo com base na constatação da inexistência do crédito informado, uma vez que o valor recolhido já havia sido integralmente utilizado para extinção do débito relativo ao período de apuração a que se referia, não restando crédito disponível para compensação dos valores informados na Dcomp. Inconformada com a não homologação da compensação, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade na qual alega que o crédito declarado é legítimo, decorrente de pagamento a maior, não sendo utilizado para quitação de outros débitos. Explica a interessada que, em razão de sua atividade, por estar sujeita ao regime cumulativo e não cumulativo, faz jus aos créditos previstos no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 10.637/2002 e artigo 3º, inciso I, da Lei nº 10.833/2003, podendo, assim, descontar créditos, relativos às operações de compra e aquisição de energia revendida, do valor apurado a título de débito de PIS e de Cofins, respectivamente, escriturandoos conforme determinam as normas aplicáveis nos campos próprio do Dacon. E que, nos períodos de apuração compreendidos entre junho de 2011 e outubro de 2012, realizou apuração dos débitos das contribuições sociais sem o desconto dos créditos permitidos na legislação tributária. Entretanto, posteriormente, decidiu pelo exercício extemporâneo de seu direito, retificando a apuração do período, para o fim de apropriar os créditos no mês de competência em que deveriam ter sido apropriados; para tanto, retificou e transmitiu o Dacon correspondente, em 29 de janeiro de 2013, acompanhado da respectiva DCTF, também retificadora. Em tópico específico – Princípio da verdade material – a contribuinte argumenta que, em razão dos princípios da estrita legalidade, da verdade material e do inquisitório na investigação dos fatos tributários, a negativa de homologação de compensação deve irrestrita obediência à lei. Desta forma, entende que o Fisco tem o dever jurídico de investigação, em busca da verdade material, mesmo nas hipóteses de compensação. A contribuinte solicita, ainda, a reunião dos processos que relaciona, para que tramitem em conjunto e sejam objeto de um único julgamento ou para que as decisões proferidas, ainda que separadamente, sejam todas no mesmo sentido, em atenção ao princípio da economia e eficiência processual e ao princípio da segurança, a fim de evitar a existência de decisões conflitantes ou divergentes sobre a mesma matéria e pressupostos fáticos e jurídicos. Por fim, a contribuinte requer que, para evitar a ciência por edital, as intimações sejam encaminhadas ao endereço do escritório administrativo, que menciona. A Recorrente apontou os seguintes motivos que legitimam o recolhimento indevido do PIS/COFINS: Fl. 340DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 4 3 · Suas atividades estatutárias envolvem a geração, comercialização e transmissão de energia elétrica. Para tanto, realiza operações de venda e comercialização de energia originária de seu próprio processo de geração ou adquirida de outras geradoras para revenda. · Para as operações de revenda, o regime de apuração do PIS e COFINS é o não cumulativo. · Sustenta que o contrato de compra e venda de energia elétrica foi celebrado entre a Recorrente e a Gerdau em 03 de maio de 2011. · Então faz jus aos créditos do art. 3º, I da Lei n° 10.637/2002 e art. 3º, I da Lei n° 10.833/2003. · Todavia, nos períodos de apuração compreendidos entre junho de 2011 e outubro de 2002, a empresa apurou PIS e COFINS, sem o abatimento dos créditos referentes a aquisição e energia elétrica para revenda. · Em seguida, ao constatar que a existência de créditos de PIS e COFINS não apropriados, retificou sua apuração nos meses de competência (aproveitamento extemporâneo). · No presente caso, anexou a nota fiscal de aquisição de energia elétrica, sobre a qual incidiriam PIS e COFINS passíveis de creditamento. · Após a reapuração os novos e menores débitos de PIS e COFINS foram devidamente informados em DACON retificadora transmitida em 29/01/2013. Foi feita a retificação da DCTF posteriormente. A 4ª Turma da DRJ/FNS negou provimento à manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 07037.034. Em seu recurso voluntário, a Recorrente: · Em preliminar, requer a vinculação e julgamento em conjunto deste processo com outros 33 recursos voluntários contra acórdãos idênticos da DRJ de Florianópolis, uma vez que os processos decorrem dos mesmos pressupostos de fato e direito; · Reitera os fundamentos de sua impugnação; · Acosta novas provas; · Afirma que o Direito à restituição via compensação decorre do pagamento indevido, e não da declaração do crédito em DCTF; · Assevera que, por imposição do princípio da verdade material, a análise quanto à existência do crédito deve se sobrepor à declaração formal do mesmo (em DCTF) ao tempo da apresentação da DCOMP; · Ataca a decisão da DRJ, ao defender que deixou de verificar a procedência do crédito para fazer análise meramente formal quanto à existência do crédito em DCTF ao tempo da transmissão da DCOMP; · Sustenta que a prova produzida é suficiente para atestar a existência do crédito; · Por isso, requer que o próprio CARF ateste a veracidade do crédito, considerandose a suficiência da prova já apresentada; ou, alternativamente, que baixe o processo em diligência para que a DRF o faça. Em petição datada de janeiro de 2016, a empresa pugna pela aplicação do Parecer Normativo COSIT nº 02/2015. Fl. 341DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 5 4 Esta turma de julgamento converteu o feito em diligência, Resolução n° 3301000.420, de 28 de junho de 2017, para que a unidade de origem analisasse a documentação apresentada pela Recorrente em sua manifestação de inconformidade e no recurso voluntário, com vistas a esclarecer a existência do crédito passível de ser utilizado na compensação pretendida. Assim, foi solicitado à autoridade que: a) aferisse a procedência e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; b) informasse se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; c) esclarecesse se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada e d) elaborasse relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados. A diligência foi realizada, cujo despacho segue acostado nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.545, de 17 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 11060.900738/201311, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.545): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Creditamento sobre a aquisição de energia elétrica para revenda Dispõem os art.3º, I das Leis n° 10637/2002 e 10.833/2003 que: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: A energia elétrica adquirida para revenda subsomese à previsão normativa de creditamento sobre “bens adquiridos para revenda”, porquanto a energia elétrica foi equiparada no sistema constitucional à mercadoria (art. 155, parágrafo 2º, X, alínea “b” e parágrafo 3º, CF/88). Fl. 342DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 6 5 Diante disso, observase que há suporte legal que legitima o crédito de PIS sobre a energia elétrica adquirida para revenda. Dessa forma, com razão a Recorrente ao pleitear o creditamento no regime da nãocumulatividade. Fundamentação do acórdão da DRJ Como relatado, a Recorrente apresentou DCOMP em 30/01/2013 para compensar débito de IRPJ com crédito de pagamento indevido de PIS, decorrente da aquisição de energia elétrica para revenda. A DACON foi retificada em 29/01/2013 e a DCTF retificada em 05/09/2013. A DRJ ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade o fez com fundamento único: antes da apresentação da DCOMP, a empresa deveria ter retificado regularmente a DCTF. Entendo que assiste razão à Recorrente, quando afirma que a compensação via PER/DCOMP não está vinculada à retificação de DCTF. Isso porque o indébito tributário decorre do pagamento indevido, nos termos dos art. 165 e 168 do CTN, a retificação da DCTF não “cria” o direito de crédito. Nesse sentido, o CARF já se manifestou: Acórdão n° 3403002.370, 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária: DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO (DDE). NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO (DCOMP). RETIFICAÇÃO POSTERIOR DE DADOS DA DCTF. A retificação da DCTF, para demonstrar a diferença entre valor confessado e recolhido, não é condição prévia para a transmissão da DCOMP, nem é ato que, por si mesmo, cria o direito de crédito do contribuinte. A existência do indébito depende da demonstração, por meio de provas, pelo contribuinte. Recurso provido. Ademais, o Parecer Normativo COSIT nº 02/2015, publicado no DOU de 01/09/2015, esclarece: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA Fl. 343DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 7 6 RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O procedimento de retificação de DCTF suspenso para análise por parte da RFB, conforme art. 9ºA da IN RFB nº 1.110, de 2010, e que tenha sido objeto de PER/DCOMP, deve ser considerado no julgamento referente ao indeferimento/não homologação do PER/DCOMP. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a sua homologação, o julgamento referente ao direito creditório cuja lide tenha o mesmo objeto fica prejudicado, devendo o processo ser baixado para a revisão do despacho decisório. Caso o procedimento de retificação de DCTF se encerre com a não homologação de sua retificação, o processo do recurso contra tal ato administrativo deve, por continência, ser apensado ao processo administrativo fiscal referente ao direito creditório, cabendo à DRJ analisar toda a lide. Não ocorrendo recurso contra a não homologação da retificação da DCTF, a autoridade administrativa deve comunicar o resultado de sua análise à DRJ para que essa informação seja considerada na análise da manifestação de inconformidade contra o indeferimento/nãohomologação do PER/DCOMP. A não retificação da DCTF pelo sujeito passivo impedido de fazêla em decorrência de alguma restrição contida na IN RFB nº 1.110, de 2010, não impede que o crédito informado em Fl. 344DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 8 7 PER/DCOMP, e ainda não decaído, seja comprovado por outros meios. O valor objeto de PER/DCOMP indeferido/não homologado, que venha a se tornar disponível depois de retificada a DCTF, não poderá ser objeto de nova compensação, por força da vedação contida no inciso VI do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Retificada a DCTF e sendo intempestiva a manifestação de inconformidade, a análise do pedido de revisão de ofício do PER/DCOMP compete à autoridade administrativa de jurisdição do sujeito passivo, observadas as restrições do Parecer Normativo nº 8, de 3 de setembro de 2014, itens 46 a 53. Assim, discordo da decisão de piso que manteve a não homologação da compensação sobre o argumento de que a DCTF retificadora deveria ter sido transmitida antes da Dcomp. Por conseguinte, se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. Ônus da prova – recolhimento indevido No presente caso, a interessada trouxe elementos fiscais e societários para comprovar o valor pleiteado: estatuto social no qual consta a atividade de comercialização de energia elétrica; cópia do contrato de fornecimento de energia elétrica, celebrado em 03/05/2011, com a destinatária da energia nas operações de revenda; cópia da nota fiscal de compra de energia; DCTF e DACON retificadoras. Ressalta a empresa que o contrato de compra e venda de energia elétrica, que revendeu energia adquirida por meio da Nota Fiscal acostada aos autos, é suficiente para comprovação do direito de crédito de PIS. Em seu recurso voluntário, objetivando comprovar que a energia elétrica adquirida foi objeto de revenda, anexou: 1 planilha demonstrativa dos volumes comprados, que equivalem exatamente aos volumes vendidos; 2 o Relatório CCEE demonstrando que o balanço de energia elétrica negociada pela recorrente apresenta volumes idênticos na posição de compradora e vendedora e 3 as notas fiscais de venda de energia elétrica com os mesmos volumes apresentados nos demonstrativos. Além disso, acosta aos autos a DACON original para demonstrar que o crédito objeto da nota fiscal referida não havia sido considerado na apuração da contribuição originalmente. Fl. 345DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 9 8 As DACON e DCTF retificadoras (acostadas na manifestação de inconformidade) se voltam a comprovar que o crédito calculado sobre a energia adquirida através da nota fiscal apresentada, gerou a apuração de PIS com valor inferior ao recolhimento do DARF, representando pagamento indevido. Toda a documentação da Recorrente foi analisada em diligência fiscal, tendo a autoridade despachado o seguinte: 7. A contribuinte apresentou cópia dos registros contábeis, livro razão e Diário, fls. 314/382388/428, onde consta registro da compra de energia elétrica, com creditamento de PIS, com base no art. 3º, inciso I, da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Com resumo dos lançamentos contábeis à folha 429. 8. Conforme NFE série 1, nº 189, de 21/03/2012, fl. 53, ou no portal da Nota Fiscal Eletrônica, fls. 383/387, foi adquirido energia elétrica pela Dona Francisca Energética S.A – RS da Gerdau Aços Longos S.A., CNPJ 07.358.761/005632, localizada no município de Cachoeira Alta – GO, dentro do sistema integrado de energia, valor R$ 2.684.844,00 com destaque de PIS em R$ 44.299,93. 9. Declaração de compensação com base legal no art. 170 da Lei nº 5.172, de 25.10.1966 (CTN); art. 74 da Lei nº 9.430, de 27.12.1996; art. 49 da Lei nº 10.637, de 30.12.2002; art. 17 da Lei nº 10.833, de 29.12.2003; art. 4º da Lei nº 11.051, de 29.12.2004; art. 30 da Lei nº 11.941, de 27.05.2009; IN RFB nº 1.300, de 20.11.2012; IN RFB nº 1.717, de 17.07.2017. 10. Crédito acrescido de juros equivalentes à taxa referencial SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais, nos termos do artigo 39, § 4º da Lei n.º 9.250, de 26.12.1995 e do artigo 73 da Lei nº 9.532, de 10.12.1997, e conforme inc. V do art. 143 da IN RFB nº 1.717, de 17.07.2017. 11. De acordo com o art. 6º da Lei nº 10.593, de 06 de dezembro de 2002; com o art. 142 da Lei nº 5.172, de 25.10.1966; Portaria RFB nº 1.453, de 29.09.2016; com a Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012 e o art. 241, inc. I do Regimento da SRFB, foi constatado que a DACON retificadora de março de 2012, está em conformidade com os registros contábeis e amparada em documentação, sendo confirmado crédito de PIS não cumulativo, código 6912, pago a maior em 25/04/2012, no valor de R$ 44.299,92 e conforme indicado pela contribuinte, o valor de R$ 42.126,22 (quarenta e dois mil, cento e vinte e seis reais com vinte e dois centavos), com o acréscimo da taxa Selic acumulada, foi lançado em planilha de cálculo SAPO junto com o débito, que foi satisfeito, fls. 430/433. A diligência confirmou o crédito pleiteado e, ao cotejar com o débito apontado, reconheceu que foi suficiente para a sua satisfação, logo deve ser homologada a compensação. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 11060.900755/201341 Acórdão n.º 3301004.563 S3C3T1 Fl. 10 9 Conclusão Do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 347DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.685729/2009-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.297
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Cássio Schappo (suplente convocado), Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Reproduzo relatório de primeira instância: Cuida o presente processo de Despacho Decisório, emitido no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo, no que toca à apreciação da Declaração de Compensação (DCOMP) eletrônica do sujeito passivo em epígrafe. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 85 72 9/ 20 09 -8 4 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.685729/200984 Resolução nº 3201001.297 S3C2T1 Fl. 143 2 2. Consoante a decisão que consta à fl. 5, o pagamento indicado como indevido ou a maior não oferece saldo disponível para compensação, haja vista que foi integralmente utilizado para quitação de débito da Contribuinte relativamente ao fato gerador ocorrido em 28/02/2007, código de Receita 6912 (PIS – NÃO CUMULATIVO – Lei n.º 10.637, de 2002). 2.1. Consta, no referido documento oficial, que assim decidiu o Auditor –Fiscal da RFB, Autoridade a quo: [...] A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. [...]Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. 3. Inconformada com o Despacho Decisório, apresentou a Contribuinte Manifestação de Inconformidade às fls. 8 e 9, acompanhada de documentos anexos, por meio da qual argumenta, em síntese, o que segue: a) afirma a Contribuinte que teria verificado erro na contabilização de fato gerador de PIS ocorrido em fevereiro de 2007, que teria implicado eventual pagamento indevido [...] no valor de R$ 642.478,98 (sic), tal qual consta à fl. 8; b) alega que, posteriormente, teria sido realizada compensação de suposto crédito de PIS – havido por pagamento indevido – com débito de IRRF; c) assevera que teriam sido entregues DCTF e DACON referentes a fevereiro de 2007, havendo sido informado o valor incorreto de PIS. Alega que não haveria valores de PIS a pagar. Informa que tais declarações seriam retificadas; d) por fim, requer a Contribuinte que a Manifestação de Inconformidade seja recebida com efeito suspensivo e que, acolhidas suas alegações, seja homologada a compensação. A DRJ/São Paulo I/SP – 9ª Turma, por meio do Acórdão 1634.862, de 23/11/2011, decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2007 DESPACHO ELETRÔNICO. AUSÊNCIA DE SALDO DISPONÍVEL. A ausência de valor disponível para eventual restituição ou compensação é circunstância apta a fundamentar a nãohomologação de compensação. COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É requisito indispensável ao reconhecimento da compensação a comprovação dos fundamentos da existência e a demonstração do montante do crédito que lhe dá suporte, sem o que não pode ser admitida. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.685729/200984 Resolução nº 3201001.297 S3C2T1 Fl. 144 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova, não é suficiente para reformar a decisão não homologatória de compensação. PROVAS. MOMENTO PARA SUA APRESENTAÇÃO. As provas devem ser apresentadas pelo contribuinte juntamente com sua impugnação ou manifestação de inconformidade, para serem apreciadas no julgamento de primeira instância, em observância ao disposto no art. 15 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a menos que haja atendimento do disposto no parágrafo 4º do art. 16 desse mesmo diploma legal. A empresa então interpôs Recurso Voluntário, onde sustenta: que teria constatado, em junho de 2007, valores pagos indevidamente de Pis em fevereiro de 2007; que procedera à retificação da DCTF para constar o valor correto; reitera diversas vezes que o crédito existe; invoca o princípio da verdade material, e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. É o relatório. Voto A motivação do Fisco para a não homologação foi que o Darf reclamado como indébito já havia sido utilizado para liquidação de débito confessado em DCTF. O Despacho Decisório foi eletrônico, com a mera conferência de dados em sistema de computação. A recorrente apresenta justificativas adicionais para o direito, na Manifestação de Inconformidade. A decisão recorrida nega o pedido, por falta de apresentação de provas, tais como a escrituração contábil/fiscal. Com efeito, o lançamento/confissão feita em DCTF somente poderia ser desconstituída com prova suficiente, do que não havia se desincumbido a recorrente até a Manifestação de Inconformidade. A escrituração contábil/fiscal difere de meras alegações e planilhas quanto à confiabilidade, posto que possuem requisitos de registros e temporalidade. Além disso, a própria contabilidade não prescinde de ser lastreada em documentos do relacionamento da empresa com terceiros, tais como notas fiscais e contratos, a conferir veracidade ao registro. Esses aspectos da força probante dos documentos são tratados nos artigos 219 e 226 do Código Civil: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.685729/200984 Resolução nº 3201001.297 S3C2T1 Fl. 145 4 (...) Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios. Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. A obrigação de conservar os registros até que prescrevam os direitos reclamados com base neles, consta do Código Tributário Nacional, §único do artigo 195: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fechando o arcabouço legal pertinente, temse ainda que, em se tratando de pedido de restituição e consequente compensação, o ônus da prova é do contribuinte, conforme art. 36 da Lei 9.784/991, art. 373, I do CPC2. Desse modo, é insofismável que a recorrente, até a Manifestação de Inconformidade, não trouxe elementos suficientes para a comprovação do alegado, no que tange aos períodos não homologados. Não obstante, no Recurso Voluntário, a recorrente trouxe demonstrativos e balancetes contábeis. Ainda que não tenha trazido os respectivos lastros, entendo que a nova prova encontra abrigo na dialética processual, como exigência decorrente da decisão recorrida, e por homenagem ao princípio da verdade material, em vista da plausibilidade dos registros dos balancetes. Assim, e com base no artigo 293, combinado com artigo 16, §§4º e 6º4, do PAF – Decreto 70.235/72, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o Fisco 1 Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. 2 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 3 Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. 4 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.685729/200984 Resolução nº 3201001.297 S3C2T1 Fl. 146 5 tenha a oportunidade de aferir a idoneidade dos balancentes apresentados no Recurso Voluntário, em confronto com os respecivos livros e lastros, conforme o Fisco entender necessário e/ou cabível, e produção de relatório conclusivo sobre as bases de cálculo corretas. Após, a recorrente deve ser cientificada, com oportunidade para manifestação, e o processo deve retornar ao Carf para prosseguimento do julgamento. Marcelo Giovani Vieira Relator b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (...) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.904204/2011-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. NOVA MANIFESTAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES.
Constatada omissão no acórdão embargado, prolata-se nova decisão para supri-la, implicando necessários efeitos infringentes quando, na nova decisão, conclui-se pela alteração no resultado do julgado.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DE PRELIMINAR EM QUE SE BASEARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA.
No julgamento de recurso voluntário em que se supera preliminar que embasou tanto o despacho decisório da unidade de origem, quanto o acórdão de primeira instância, a conversão do julgamento em diligência para apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF para nova decisão poderá implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de apresentação de recurso em matéria probatória.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES. Constatado a existência do crédito tributário, por meio das DCTFs e DIPJs retificadoras apresentadas antes da emissão do despacho decisório tributário, este deve ser analisado pela fiscalização, em homenagem ao princípio da verdade material no processo administrativo.
INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
Numero da decisão: 1301-003.090
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomando-se, a partir daí, o rito processual habitual.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: Relator
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OMISSÃO. NOVA MANIFESTAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. Constatada omissão no acórdão embargado, prolatase nova decisão para suprila, implicando necessários efeitos infringentes quando, na nova decisão, concluise pela alteração no resultado do julgado. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. SUPERAÇÃO DE PRELIMINAR EM QUE SE BASEARAM AS DECISÕES ANTERIORES. IMPOSSIBILIDADE DE DECISÃO DE MÉRITO EM INSTÂNCIA ÚNICA. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. No julgamento de recurso voluntário em que se supera preliminar que embasou tanto o despacho decisório da unidade de origem, quanto o acórdão de primeira instância, a conversão do julgamento em diligência para apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF para nova decisão poderá implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de apresentação de recurso em matéria probatória. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DAS DECLARAÇÕES. Constatado a existência do crédito tributário, por meio das DCTFs e DIPJs retificadoras apresentadas antes da emissão do despacho decisório tributário, este deve ser analisado pela fiscalização, em homenagem ao princípio da verdade material no processo administrativo. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 42 04 /2 01 1- 17 Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10380.904204/201117 Acórdão n.º 1301003.090 S1C3T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomandose, a partir daí, o rito processual habitual. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10380.904204/201117 Acórdão n.º 1301003.090 S1C3T1 Fl. 4 3 Relatório Transcrevo os trechos de interesse do despacho quando da admissão dos embargos: No julgamento do recurso do processo em epígrafe, entendeu o colegiado em superar os óbices de direito, elencados preliminarmente, pela unidade de origem para não reconhecer o direito creditório pleiteado. Ato contínuo, entendeuse por bem converter julgamento em diligência a fim de que a unidade de origem, superadas as questões de direito, procedesse às análises de fato a fim de verificar a liquidez e a certeza do crédito pleiteado. Ao final, deveria elaborar relatório circunstanciado, abrindose vista ao contribuinte para que esse, querendo, se manifestasse a respeito das conclusões da autoridade fiscal, e a seguir encaminhasse os autos novamente ao CARF para que pudesse, enfim, decidir sobre o mérito da exigência. Pois bem, assim deliberando, o colegiado deixou de se manifestar sobre eventual prejuízo do contribuinte, em tese, ao direito de recurso em caso de não reconhecimento integral do crédito pleiteado, uma vez que o mérito da exigência poderia não vir a ser examinado não examinado pela DRJ, acarretando, repitase, em tese, supressão de instância. Por essas razões, nos termos do inciso I, do art. 65, do Anexo II do RICARF, oponho os presentes embargos de declaração em razão de omissão, no acórdão embargado, de ponto sobre qual deveria pronunciarse a turma. E, a fim de se evitar burocracia absolutamente desnecessária, tendo em vista que compete ao Presidente do colegiado analisar a admissibilidade dos embargos, já o admito de plano, determinandose o encaminhamento dos autos ao relator do acórdão embargado para relato e inclusão em pauta de julgamento. É o relatório. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10380.904204/201117 Acórdão n.º 1301003.090 S1C3T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1301003.088, de 17.05.2018, proferido no julgamento do Processo nº 10380.904202/201110, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1301003.088): "Conforme já relatado, no acórdão embargado o colegiado deixou de se manifestar sobre eventual prejuízo do contribuinte, em tese, ao direito de recurso em caso de não reconhecimento integral do crédito pleiteado, uma vez que o mérito da exigência poderia não vir a ser examinado não examinado pela DRJ, acarretando, repitase, em tese, supressão de instância. De fato, no acórdão embargado, o colegiado entendeu por bem superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância. Contudo, ao se determinar, superada a citada preliminar, a conversão do julgamento em diligência para apreciação do mérito do pedido, com o posterior retorno dos autos ao CARF para nova decisão poderá implicar cerceamento do direito de defesa do contribuinte em razão da impossibilidade de apresentação de recurso em matéria probatória. Por essas razões, entendo que o resultado mais adequado para o julgado seria dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para analise o mérito do pedido. Caberá à DRF de origem analisar o mérito do crédito pleiteado nas compensações, levando em consideração os débitos de IRPJ e CSLL constantes das DIPJs e DCTFs retificadoras apresentadas. Saliento que a autoridade fiscal deverá considerar que o IRPJ e a CSLL devem ser apurados mediante aplicação dos coeficientes, respectivamente, de 8% e de 12%, nos termos do acórdão no REsp 1.116.399/BA, decidido sob a sistemática de Recurso Repetitivo do Superior Tribunal de Justiça. Nessa hipótese, eventual indeferimento do pleito do contribuinte, ainda que parcial, poderá ensejar nova apresentação de manifestação de inconformidade, e, se, for o caso, interposição Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10380.904204/201117 Acórdão n.º 1301003.090 S1C3T1 Fl. 6 5 de novo recurso voluntário, garantindo ao contribuinte o pleno exercício de sua defesa. CONCLUSÃO Isso posto, voto por acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomandose, a partir daí, o rito processual habitual." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por acolher os embargos de declaração para suprir omissão no acórdão embargado, com efeitos infringentes, e dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar a preliminar em que se basearam o despacho decisório e a decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à unidade de origem para que analise o mérito do direito creditório pleiteado, retomandose, a partir daí, o rito processual habitual. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Fl. 99DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002165/2010-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/1997 a 30/06/1998
RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF.
A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento.
Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
Numero da decisão: 2201-004.175
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/1997 a 30/06/1998 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. ENUNCIADO Nº 103 DA SÚMULA CARF. A norma que fixa o limite de alçada para fins de recurso de ofício tem natureza processual, razão pela qual deve ser aplicada imediatamente aos processos pendentes de julgamento. Não deve ser conhecido o recurso de ofício de decisão que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa de valor inferior ao limite de alçada em vigor na data do exame de sua admissibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 65 /2 01 0- 24 Fl. 194DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 19515.002149/201031, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária "Tratase de recurso de ofício apresentado em face da decisão de primeiro grau, pela qual se deu integral provimento à impugnação do sujeito passivo ao auto de infração que constituiu crédito tributário relativo à contribuição a cargo da empresa e à contribuição para o financiamento da complementação das prestações por acidente de trabalho (SAT) apuradas com base nas remunerações paga aos segurados empregados de empresa prestadora de serviços. De acordo com o relatório da fiscalização, tratase de constituição de crédito tributário visando restabelecer a exigência realizada anteriormente através de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, referente a contribuições apuradas com base no instituto da solidariedade, que foi anulada por vício formal. A exigência foi impugnada pelo sujeito passivo, o que rendeu ensejo ao Acórdão recorrido, pelo qual se reconheceu a decadência do direito de lançar do fisco, uma vez que entre a data que declarou a nulidade por vício formal do lançamento anterior e aquela em que o novo crédito foi constituído transcorreuse prazo superior a cinco anos. Segundo a decisão recorrida, o valor total do crédito constituído na ação fiscal superou o limite de alçada previsto na Portaria MF nº 3, de 2008, de RS 1.000.000,00. Considerando esse somatório, foi apresentado recurso de ofício para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para esta conselheira. É o que havia para ser relatado." Fl. 195DF CARF MF Processo nº 19515.002165/201024 Acórdão n.º 2201004.175 S2C2T1 Fl. 3 3 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018, proferido no julgamento do processo n° 19515.002149/201031, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, de 06 de março de 2018: Acórdão nº 2201004.162 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária “Conforme se extrai do relatório, este processo compõe um conjunto de processos decorrentes da mesma ação fiscal e julgados na mesma sessão, com um total de crédito tributário afastado superior a R$ 1.000.000,00, limite previsto na Portaria MF nº 03, de 2008, o que justificou que a autoridade julgadora de primeira instância administrativa recorresse de ofício. Ocorre, porém, que a análise da admissibilidade do recurso de ofício deve ser realizada em vista do limite de alçada vigente na data em que ele é apreciado. É o que preceitua, sem embargo, o enunciado nº 103 da Súmula de jurisprudência deste CARF: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Os fundamentos das decisões que serviram de paradigma para este enunciado são bem explicitados pelo trecho que abaixo se transcreve do Acórdão nº 9202003.027, relator o Conselheiro Marcelo Oliveira: Em síntese, o cerne da questão versa sobre o conhecimento, ou não, de recurso de ofício quando há elevação do valor de alçada, entre o julgamento em primeira instância e o julgamento pelo CARF. Como é cediço, as normas processuais têm aplicação imediata, conforme determinação o Código de Processo Civil (CPC): CPC: “Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes.” Fl. 196DF CARF MF 4 Para a recorrente, entretanto, a norma posterior não pode prejudicar seu direito ao recurso, pois, em síntese, cercearia seu direito à defesa. Com todo respeito, não concordamos com a recorrente. Há uma diferença, relevante, que não pode ser deixada de lado nesta análise: uma das partes (União) foi quem emitiu a norma posterior que fundamentou o não conhecimento do recurso de ofício. No processo civil as norma processuais não são de iniciativa das partes. Ao contrário, a eventual norma processual atinge ambas as partes, beneficiandoas ou as prejudicando, a depender da fase em que se encontre o processo, daí a necessidade de garantia de direitos. Já no processo administrativo fiscal a norma é conseqüência do poder que goza a Administração Pública, o que permite que esta enquanto sujeito processual representado pela Fazenda Nacional, possa criar normas abrindo mão de seus próprios direitos. Esse é o raciocínio presente em acórdãos já proferidos por este Conselho: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA. NORMA PROCESSUAL. APLICAÇÃO IMEDIATA. Não deve ser conhecido o recurso de ofício contra decisão de primeira instância que exonerou o contribuinte do pagamento de tributo e/ou multa no valor inferior a R$ 1.000.000,00 (Um milhão de reais), nos termos do artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c o artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a qual, por tratarse norma processual, é aplicada imediatamente, em detrimento à legislação vigente à época da interposição do recurso, que estabelecia limite de alçada inferior ao hodierno. (Acórdão: 9202002.652 – CSRF. Relator: Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira). ... ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 RECURSO DE OFÍCIO. ALTERAÇÃO DO LIMITE DE ALÇADA. CONHECIMENTO EQUIVOCADO NULIDADE. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 19515.002165/201024 Acórdão n.º 2201004.175 S2C2T1 Fl. 4 5 A verificação do limite de alçada, para efeitos de conhecimento do recurso de ofício pelo Colegiado ad quem, é levada a efeito com base nas normas jurídicas vigentes na data do julgamento desse recurso. Não tendo o Colegiado ad quem observado o novo limite de alçada para o recurso de ofício. Tal julgamento é nulo, de pleno direito, visto que, a competência do órgão julgador, no caso concreto, é conferida pela devolutividade do recurso. Processo Anulado. (Acórdão: 9303002.165 – CSRF. Relator: Henrique Pinheiro Torres). ... REEXAME NECESSÁRIO — LIMITE DE ALÇADA — AMPLIAÇÃO — CASOS PENDENTES Aplicase aos casos não definitivamente julgados o novo limite de alçada para reexame necessário, estabelecido pela Portaria MF n° 03, de 03/01/2008 (DOU de 07/01/2008). (Acórdão: CSRF/0400.965. Relatora: Maria Helena Cotta Cardozo) A criação e elevação do limite de alçada para recursos de ofício tem como um de seus objetivos dar celeridade à solução do processo no âmbito administrativo fiscal, pela diminuição de julgamentos pela segunda instância em processos em que a própria parte (União) demonstra ausência de interesse na continuidade do litígio. Atualmente, o limite de alçada se encontra fixado pelo art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Pelos parâmetros estabelecidos nesta Portaria, o recurso de ofício será cabível sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), valor este que deverá ser verificado por processo. Fl. 198DF CARF MF 6 O crédito tributário exonerado no processo em análise não atende a esses pressupostos, de forma que o recurso de ofício não preenche os requisitos necessários para que seja conhecido. Conclusão Com base no exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. Dione Jesabel Wasilewski – Relatora" Pelo exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Fl. 199DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11242.000598/2009-57
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2002 a 31/03/2003
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2002 a 31/03/2003 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1659; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 182 1 181 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11242.000598/200957 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202006.733 – 2ª Turma Sessão de 19 de abril de 2018 Matéria CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ANTONIO BORIN INDUSTRIA E COMERCIO DE VINAGRES LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2002 a 31/03/2003 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 24 2. 00 05 98 /2 00 9- 57 Fl. 184DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Contra o contribuinte foi lavrado o presente auto de infração para cobrança de contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social. Após o trâmite processual, a turma a quo deu provimento parcial ao recurso voluntário do Contribuinte para determinar o recálculo da multa aplicada haja vista alterações promovidas na redação da Lei nº 8.212/1991. Inconformada com o resultado do julgamento, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial cujo objeto é a discussão acerca da aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso preenche os pressuposto de admissibilidade razão pela qual deve ser conhecido. A controvérsia levantada pela Fazenda Nacional é relativa às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; Fl. 185DF CARF MF Processo nº 11242.000598/200957 Acórdão n.º 9202006.733 CSRFT2 Fl. 183 3 II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do Fl. 186DF CARF MF 4 tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou Fl. 187DF CARF MF Processo nº 11242.000598/200957 Acórdão n.º 9202006.733 CSRFT2 Fl. 184 5 a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de Fl. 188DF CARF MF 6 falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11242.000598/200957 Acórdão n.º 9202006.733 CSRFT2 Fl. 185 7 qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de Fl. 190DF CARF MF 8 dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32 A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11242.000598/200957 Acórdão n.º 9202006.733 CSRFT2 Fl. 186 9 § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional para determinar que a multa seja aplicada nos termos em que fixado pela Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 192DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720575/2014-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2009 a 31/12/2011
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO.
A recusa ou apresentação deficiente de documentos à fiscalização enseja o lançamento de ofício por arbitramento, cabendo à autuada o ônus de apresentar elementos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do fisco de constituir o crédito tributário.
APOSENTADORIA ESPECIAL. ADICIONAL. 13º SALÁRIO
A empresa com atividade que exponha o trabalhador a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, ou associação desses agentes está sujeita ao pagamento da alíquota adicional do SAT/RAT, em virtude da existência de riscos no ambiente de trabalho.
O adicional ao SAT/RAT incide sobre os valores pagos a título de 13º Salário.
AGENTE NOCIVO. BENZENO. RUÍDO.
A avaliação de riscos do agente nocivo do benzeno é qualitativa e presumida, independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho.
É devida a cobrança de adicional para custeio da aposentadoria especial quando inexistente ou deficiente o gerenciamento dos riscos ocupacionais relacionados à exposição aos agentes nocivos Benzeno e Ruído.
Numero da decisão: 2201-004.405
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2009 a 31/12/2011 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. A recusa ou apresentação deficiente de documentos à fiscalização enseja o lançamento de ofício por arbitramento, cabendo à autuada o ônus de apresentar elementos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do fisco de constituir o crédito tributário. APOSENTADORIA ESPECIAL. ADICIONAL. 13º SALÁRIO A empresa com atividade que exponha o trabalhador a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, ou associação desses agentes está sujeita ao pagamento da alíquota adicional do SAT/RAT, em virtude da existência de riscos no ambiente de trabalho. O adicional ao SAT/RAT incide sobre os valores pagos a título de 13º Salário. AGENTE NOCIVO. BENZENO. RUÍDO. A avaliação de riscos do agente nocivo do benzeno é qualitativa e presumida, independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho. É devida a cobrança de adicional para custeio da aposentadoria especial quando inexistente ou deficiente o gerenciamento dos riscos ocupacionais relacionados à exposição aos agentes nocivos Benzeno e Ruído.
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BASE DE CÁLCULO. ARBITRAMENTO. A recusa ou apresentação deficiente de documentos à fiscalização enseja o lançamento de ofício por arbitramento, cabendo à autuada o ônus de apresentar elementos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do fisco de constituir o crédito tributário. APOSENTADORIA ESPECIAL. ADICIONAL. 13º SALÁRIO A empresa com atividade que exponha o trabalhador a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos, ou associação desses agentes está sujeita ao pagamento da alíquota adicional do SAT/RAT, em virtude da existência de riscos no ambiente de trabalho. O adicional ao SAT/RAT incide sobre os valores pagos a título de 13º Salário. AGENTE NOCIVO. BENZENO. RUÍDO. A avaliação de riscos do agente nocivo do benzeno é qualitativa e presumida, independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho. É devida a cobrança de adicional para custeio da aposentadoria especial quando inexistente ou deficiente o gerenciamento dos riscos ocupacionais relacionados à exposição aos agentes nocivos Benzeno e Ruído. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em negarlhe provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 05 75 /2 01 4- 64 Fl. 6323DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, José Alfredo Duarte Filho, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Dione Jesabel Wasilewski, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório O presente processo trata de Recurso Voluntário em face do Acórdão nº 12 088.930 14ª Turma da DRJ/RJO, fl. 6154 a 6212. O litígio administrativo tem origem em ação fiscal desenvolvida na PETROBRÁS TRANSPORTE SA TRANSPETRO, CNPJ 02.709.449/000159, subsidiária integral da empresa PETRÓLEO BRASILEIRO SA PETROBRÁS, ora recorrente. No decorrer da ação fiscal, constatouse que, no período fiscalizado, havia diversos segurados empregados da PETROBRÁS, cedidos a dois estabelecimentos da TRANSPETRO, expostos, habitual e permanentemente, aos agentes nocivos RUÍDO e BENZENO, do que resultou programação fiscal com vistas a apurar a contribuição adicional para custeio da aposentadoria especial a seu cargo. Do procedimento fiscal instaurado, resultou a lavratura dos autos de infração abaixo descritos: Al n° 51.065.6757 Auto de Infração que apura, por ARBITRAMENTO, a contribuição adicional para custeio de aposentadoria especial, relativamente aos empregados próprios da PETROBRAS cedidos ao estabelecimento 02.709.449/0011 20 Terminal de Cabiúnas TECAB que, no período de 07/2009 a 12/2011, trabalhavam expostos ao agente nocivo RUÍDO acima do Limite de Tolerância e/ou ao agente nocivo BENZENO. (fl. 07) 20.2. Al n° 51.065.6765 Auto de Infração que apura, por ARBITRAMENTO, a contribuição adicional para custeio de aposentadoria especial, relativamente aos empregados próprios da PETROBRAS cedidos à DTM (estabelecimento 02.709.449/000149), que, no período de 07/2009 a 12/2011, exerceram suas atividades nos navios da Frota Nacional de Petroleiros FRONAPE com exposição ao agente nocivo RUÍDO acima do Limite de Tolerância e/ou ao agente nocivo BENZENO. 20.3. Al n° 51.065.6773 Auto de Infração lavrado em decorrência de infração ao disposto no artigo 58, § 4°, da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991 (publicada no DOU de 25 de julho de 1991), com a redação dada pela Lei n°9.528, de 10 de dezembro de 1997 (publicada no DOU de 11 de dezembro de Fl. 6324DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.324 3 1997), combinado com o artigo 32, inciso III, da Lei n°8.212/1991, com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009, combinado com o artigo 68, §§ 6° 9o e 10° do RPS, ou seja, ter deixado a autuada de manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador (Código de Fundamentação Legal CFL 89). Cientificada do lançamento em 26 de agosto de 2014, fl. 07, 95 e 214, inconformado, o contribuinte apresentou, em 25 de setembro de 2014, a impugnação de fl. 5895 a 5978, em que informou o pagamento débito fiscal correspondente ao AI nº 51.065.677 3 e estruturou sua defesa em relação dos demais Autos estruturada nos seguintes temas: Da Ausência de Responsabilidade direta pelos empregados cedidos à empresa subsidiária TRANSPETRO; afirma que não participa absolutamente de nada neste processo, limitandose a endossar as informações que lhes são prestadas pela TRANSPETRO, real responsável pelos empregados cedidos; Da nulidade material dos autos de infração: alega que a autuação foi baseada na análise de documentos fornecidos pela TRANSPETRO, sem que o Agente fiscal estendesse seu trabalho às instalações físicas onde eram desenvolvidas as atividades, nos quais não houve uma única visita, o que seria um imperativo, já que apenas a verificação in loco. do ambiente de trabalho possibilitaria o cumprimento das normas de segurança no trabalho. Com isso, a Autoridade fiscal deixou de perseguir a verdade material dos fatos, lastreando a exigência fiscal na aparência e não no seu efetivo conteúdo, produzindo um auto de infração sem a necessária motivação e sem a certeza da efetiva ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; Da ilegalidade da base de cálculo arbitrada no caso concreto: sustenta que é ilegal arbitrar uma base de cálculo sem uma análise efetiva das alegadas exposições a ruído e ao benzeno; que a aferição indireta só é possível se a documentação da empresa se mostre inábil para comprobação da ocorrência de fatos geradores, o que não teria ocorrido; Da não obrigatoriedade de recolhimento da contribuição adicional ao SAT no caso concreto: afirma que, no presente caso, inexistem condições ambientais de trabalho que justifiquem a necessidade de pagamento do adicional para financiamento de aposentadoria especial; Do gerenciamento do ambiente de trabalho (inexistência de exposição efetiva): sustenta que a TRANSPETRO não produz Benzeno e seus empregados, inclusive os cedidos, não estão expostos ao Benzeno; que a necessidade do recolhimento do adicional para financiamento de aposentadoria especial não depende da presença de agentes nocivos, mas da efetiva exposição dos trabalhadores a tais agentes; e que a autuação deve comprovar a efetiva exposição dos empregados aos agentes nocivos. Da impossibilidade de adoção de critério qualitativo para Benzeno (aplicação do critério quantitativo): afirma que, como regra, a avaliação da exposição deve ser feita com bale em elementos quantitativos, sendo um equívoco utilizar o critério qualitativo para o agente nocivo Benzeno, já que há regulamentação específica que especifica limites de tolerância; Fl. 6325DF CARF MF 4 Período de docagem dos navios claros e dos seus efeitos à suposta exposição ao agente Benzeno: que não pode prosperar o critério utilizado pela fiscalização de excluir sa autuação referente ao Benzeno apenas os períodos de docagem do navio que tenha durado mais da metade do mês, já que a concessão de aposentadoria especial depende da demonstração de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde; que o fato gerador da contribuição adicional é mensal e não poderia o fiscal cobrar a referida contribuição nos meses em que já a interrupção da suposta exposição ao Benzeno, seja esta interrupção igual ou inferior à metade do mês; Da não exposição dos empregados cedidos à TRANSPETRO (TECAM e DMT) ao agente ruído: sustenta que mesmo havendo, caso não fosse adotada nenhuma medida de controle, Grupos Homogêneos de Exposição (GHE) apontados em relatório como sujeitos a ruído acima do limite de 85 Db, os mesmos relatórios indicavam que os funcionários cedidos pela PETROBRÁS tinham sua exposição atenuada para abaixo do limite com a utilização da menor atenuação encontrada em cada GHE; Da inconstitucionalidade da contribuição ao SAT: afirma que tal contribuição somente poderia ser instituída por lei complementar, restando inconstitucional sua criação por lei ordinária; Do erro na determinação da alíquota do adicional de SAT: alega que a autuação equivocouse a apurar a contribuição supostamente devida a partir de uma alíquota nominal de 6%, ao contrário de utilizar este mesmo percentual como adicional à alíquota original do SAT; Da não incidência da contribuição adicional sobre o décimo terceiro salário: sustenta que é inaplicável a exigência da contribuição adicional sobre as parcelas do 13º salário, já que o valor em tela se destina exclusivamente para finalidade de sua instituição, financiar as aposentadorias especiais Da indevida aplicação das multas de ofício em razão da limitação em 20%: Sustenta que, ante a limitação condita na nova redação do art. 35 da Lei 8.521/91, não há que se falar na aplicação de multa de ofício de 75%; Do descabimento de juros sobre multa de ofício: insurgese contra a incidência de juros de mora sobre a penalidade de ofício; Da exclusão da responsabilidade tributária dos responsáveis legais, sócios, diretores, etc: requer a exclusão dos referidos agentes do pólo passivo da autuação. Debruçada sobre os termos da Impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ, julgoua improcedente, lastreada nas razões que podem ser assim resumidas: Das multas aplicadas: (...) O dispositivo citado pela impugnante referese aos recolhimentos espontâneos. Não se aplica aos lançamentos de ofício, regidos pelo art. 35A da Lei 8.212/1991 (...) Dos juros (...) A multa de ofício é regulada por dispositivo específico: artigo 44 da Lei 9.430/1996. Não obstante, aplicamse a ela o Fl. 6326DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.325 5 artigo 61 e seu parágrafo terceiro da Lei 9.430/1996, no que se refere aos juros. (...) Do pedido de exclusão da responsabilidade tributária dos sócios (...) O documento Relatório de Vínculos tem por objetivo apenas listar todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente. (...) Da caracterização da nocividade do ambiente de trabalho e da apuração do crédito fiscal (...) As constatações da Auditoria caracterizam de forma contundente a precariedade do gerenciamento dos riscos ocupacionais. (...) A precariedade do gerenciamento dos riscos fica plenamente caracterizada quando se constata que apesar de o RT 310 indicar em 2004 a presença de benzeno nas atividades de vários trabalhadores em Cabiúnas (alguns com situação crítica de exposição), apenas em 2010 foi realizada nova avaliação de exposição ocupacional ao benzeno no estabelecimento no qual foi identificada situação crítica de exposição. (...) Como visto, embora o RT 309 de31/05/2005 tenha informado a existência de exposição acima do limite de tolerância em diversos GHE, somente foram realizadas novas avaliações de exposição ao agente Ruído em 31/01/2011 a 21/02/2011. Os enormes intervalos entre os exames de exposição ao agente Ruído, constituem eloqüente demonstração de que as informações prestadas pela Transpetro não são confiáveis, vez que baseadas em um número de avaliações extremamente baixo. Além disso, não foi demonstrada a inviabilidade da adoção de medidas de ordem coletiva, para neutralizar os efeitos negativos do agente nocivo. (...) Em virtude do até aqui exposto, fica plenamente caracterizada a exposição ao risco RUÍDO, uma vez que: A utilização de EPI somente é permitida em situações de inviabilidade técnica, insuficiência ou interinidade à implementação do EPC ou em caráter complementar ou emergencial. Desde que registrada no PPP a observância da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR09 do TEM. Nada disso foi observado. (...) Em virtude do até aqui exposto, também fica caracterizada a exposição ao risco BENZENO, uma vez que: Foi comprovada a presença de benzeno nos navios, e em se tratando de substância sujeita a avaliação qualitativa isso é suficiente para caracterizar a ação daquele agente nocivo sobre os tripulantes. Fl. 6327DF CARF MF 6 Há que se considerar ainda que não foi devidamente comprovado pela Transpetro que o nível da presença de benzeno no ambiente de trabalho é aquele indicado pela Transpetro, uma vez que o número de avaliações realizadas está abaixo daquele considerado conveniente pela própria Transpetro. (...) A Impugnante questionou a constitucionalidade da contribuição adicional ao SAT (os questionamentos constam do item 14 e respectivos subitens de meu relatório). Tratamse de argumentos cuja apreciação é incabível na esfera administrativa, em virtude do disposto no Decreto 70.235 de 06 de março de 1972. (...) Não procede o argumento da Impugnante de que a Auditoria estava inexoravelmente obrigada a inspecionar as instalações da Transpetro, realizando vistorias em seus equipamentos e sistemas de segurança. Em primeiro lugar, deve ser ressaltado que seria absolutamente desnecessária e infrutífera a inspeção física das instalações por parte da Auditoria Fiscal, como sugere a Impugnante. (...) A Auditoria comprovou, através do exame da documentação da Transpetro, o ineficaz gerenciamento dos riscos ocupacionais, bem como que as informações constantes da referida documentação não são confiáveis, o que justifica plenamente o arbitramento, que foi efetuado com estrita observância da decisão trazida aos autos pela Impugnante (...) Interpreto o item 384 do relatório fiscal (acima transcrito pela Impugnante) de forma diametralmente oposta à interpretação da empresa. Percebo que a Auditoria está esclarecendo que considerou para exclusão da exposição ao agente benzeno o mês integral, ou seja, se o período de docagem do navio ultrapassou metade do mês, naquele mês a embarcação não foi considerada na apuração do crédito fiscal. Assim sendo, a Autuada foi beneficiada, pois se em determinado mês uma embarcação ficou 16 dias na doca, aquele navio foi considerado como excluído da exposição ao benzeno durante todo o mês. Em vista do exposto, considero a alegação improcedente. (...) Entende a Impugnante que só cabe a cobrança do adicional de SAT quando houver exposição permanente ao agente nocivo. (...) Para fazer jus à aposentadoria especial o trabalhador deve exercer, de forma não ocasional ou intermitente, função que o exponha a agente nocivo. Por outras palavras, quando comparecer ao serviço, o trabalhador irá necessariamente ser exposto ao agente nocivo, em razões da função que exerça. Nessa hipótese caberá a cobrança do adicional de SAT, ainda que exerça outras funções não sujeitas à nocividade, e isto porque o legislador jamais impôs que o trabalhador permaneça durante toda a jornada de trabalho exposto ao agente nocivo: a condição é que exposição ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço. (...) Fl. 6328DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.326 7 Isto posto, há que ser assinalado que o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 688 referendando a incidência de contribuição previdenciária sobre o décimo terceiro salário.(...) A Impugnante também questionou as alíquotas aplicadas no cálculo da contribuição adicional ao SAT (...) O termo acrescer significa ajuntar, aditar, adicionar. Assim, na hipótese de ser cabível uma contribuição para o SAT de 3%, sobre a remuneração paga a trabalhador que exerça função que enseje aposentadoria especial com vinte e cinco anos, aquela alíquota de SAT será acrescida (aditada) em seis por cento, resultando na cobrança de uma alíquota total de nove por cento. (...) O entendimento da Impugnante de que o risco BENZENO deve ser apurado mediante critério quantitativo não condiz com a legislação, como demonstro em seguida. (...) A Instrução Normativa INSS 20, de 10 de outubro de 2007, ato normativo vinculante de observância obrigatória na esfera administrativa dispõe expressamente que o benzeno é agente nocivo qualitativo, o que já seria suficiente para rejeitar o argumento do caráter quantitativo do benzeno. No entanto, não me furto de assinalar que a proibição da utilização do benzeno pelas empresas cujas atividades não se enquadrem no item 3 do Anexo XIIA, é absolutamente incompatível com a interpretação de que a nocividade do benzeno deva ser avaliada por critério quantitativo. Cientificado do Acórdão de 1ª Instância administrativa em 10 de juLho de 2017, conforme Termo de Ciência de fl. 19.858, o contribuinte, ainda inconformado, apresentou, tempestivamente, o Recurso Voluntário de fl. 6223 a 6264, no qual, basicamente, reitera argumentos já expressos em sede de impugnação, os quais serão detalhados no curso do voto a seguir. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por preencher as condições de admissibilidade, conheço do recurso voluntário. PRELIMINARES Ausência de responsabilidade direta pelos empregados cedidos à empresa subsidiária TRANSPETRO A recorrente alega que os empregados citados pela fiscalização teriam sido cedidos, mediante Termo de Cooperação com a TRANSPETRO, objetivando que esta completasse seu quadro de funcionários e adquirisse expertise no ramo de abastecimento. Fl. 6329DF CARF MF 8 Afirma que, pelo instrumento, cedeu os empregados, mas a responsabilidade pelos devidos recolhimentos previdenciários ficou a cargo da cessionária, a TRANSPETRO. Pontuadas as razões da defesa, a Lei 8.212/91 estabelece, em seu artigo 12, que as pessoas físicas que prestam serviços de natureza urbana ou rural, de natureza não eventual, sob subordinação e mediante remuneração são empregados e, nessa condição, integram o rol de segurados obrigatórios da Previdência Social. Já o art. 22 do mesmo diploma legal estabelece a contribuição à Seguridade Social a cargo da empresa, dentre elas aquela destinada ao financiamento do benefício previsto no artigos 57 e 58 da Lei 8.213,91 (aposentadoria especial) e aquele concedido em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. Portanto, sendo os trabalhadores empregados da PETROBRÁS, as contribuições decorrentes de tal relação é da empregadora, independentemente dos termos convencionados no citado Termo de Cooperação, já que, salvo disposição em lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes1. Improcedentes os apelos recursais. Rejeito a preliminar arguida. Nulidade por cerceamento de defesa em virtude de indeferimento do pedido de realização de perícia Afirma que o indeferimento do pedido de perícia deixou de considerar princípio de regência obrigatória no processo administrativo fiscal, o da verdade material, cuja observância está vinculada à garantia da estrita legalidade da tributação, já que o tributo somente é devido se o fato da vida real se identificar perfeitamente com alguma hipótese de incidência prevista em lei, razão pela qual não poderiam as autoridades fiscais limitar suas análises em aspectos meramente formais relacionados à apuração de obrigações tributárias. Alega que a Autoridade julgadora deverá buscar a realidade dos fatos, podendo se valer da realização de diligência sempre quando for necessária a complementação da prova ou o esclarecimento de dúvida relativa aos fatos trazidos no processo. Sustenta que, em nenhum momento, o responsável pela fiscalização foi até ao local onde supostamente os empregados estariam expostos a agentes nocivos, limitandose a analisar documentos apresentados mediante intimações fiscais, não comprovando fato constitutivo do direito de exigir o recolhimento da contribuição previdenciária. Continua a defesa ressaltando que o fato gerador da exigência em tela é a efetiva exposição ao agente nocivo que ensejaria a aposentadoria especial, a qual somente poderia ser aferida com a realização de uma vistoria no local, já que a fiscalização objetivava o atendimento de normas de segurança no trabalho. Resumidas as razões da defesa, temse que não foi o procedimento fiscal instaurado para verificação do cumprimento de normas de segurança no trabalho. Tal ato não compõe a rol de competências da Receita Federal do Brasil e o próprio Relatório Fiscal aponta, 1 Lei 5.172/66 (CTN) Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Fl. 6330DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.327 9 em seu item 4, fl. 216, que o objeto da fiscalização foi a verificação do cumprimento da legislação previdenciária nos estabelecimentos que cita. O agente fiscal, por sua vez, em nada poderia contribuir para a busca da verdade material comparecendo aos locais em que os trabalhadores exercem suas funções, em particular em razão de que a fiscalização, como regra, trata dos fatos geradores ocorridos em momento pretérito e, além disso, como dito, não compete à RFB tal avaliação. Daí a necessidade de socorrerse aos documentos de controle fornecidos pela própria instituição fiscalizada. Veja que o art. 58 da lei 8.213/91 atribui à empresa a obrigação de manter laudos atualizados com referências aos agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho de seus empregados, cujas atividades desenvolvidas devem ser acompanhadas mediante a elaboração e manutenção, sempre atualizada, de perfil profissiográfico. De fato, nos termos da legislação citada pela própria defesa, a Autoridade julgadora pode se valer de diligências ou perícias, mas isso é uma faculdade, podendo ser indeferido o pleito neste sentido se este for julgado desnecessário. Assim, a autuada pode até não concordar com as conclusões a que chegou o Agente fiscal a partir das análises dos documentos apresentados ou mesmo o Julgador, mas não se pode buscar refúgio na alegação de cerceamento do direito de defesa, já que, neste caso, estando regularmente formalizado o lançamento, a obrigação de apresentar elementos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do Fisco de constituir o crédito tributário é do contribuinte. Improcedentes os apelos recursais. Rejeito a preliminar arguida. Da ilegalidade do arbitramento da base de cálculo Afirma a recorrente que o arbitramento realizado para fins de apuração da exigência lançada, motivado pela suposta deficiência da documentação apresentada é ilegal, porque a fiscalização não se desincumbiu de seu ônus probatório de avaliar in loco o estabelecimento fiscalizado. Alega que os estabelecimentos fiscalizados contam com prédios e outros setores onde não há qualquer risco ambiental decorrente de exposição a agentes nocivos e, mais uma vez, em violação à verdade material, a fiscalização pretendeu tributar uma presunção, quando a legislação é clara ao exigir a efetiva exposição do trabalhador ao agente nocivo para configuração da incidência do tributo em questão. Afirma que documentos apresentados pela empresa comprovam que nenhum funcionário estava efetivamente exposto a agente nocivo. Após resumidos os argumentos do recurso neste tema, vêse que Decisão recorrida o enfrentou e indicou, mediante a transcrição parcial do Relatório Fiscal, que restou caracterizada a precariedade do gerenciamento da atividade de risco por parte da TRANSPETRO, justificando o arbitramento do crédito fiscal. Foram citados pelo Julgador de 1ª Instância muitas considerações da Autoridade lançadora, dentre as quais merecem destaque: Fl. 6331DF CARF MF 10 após a análise da documentação e dos esclarecimentos da TRANSPETRO, concluiuse que havia empregados da PETROBRÁS cedidos à TRANSPETRO com exposição habitual e permanente aos agentes nocivos RUÍDO e/ou BENZENO; no período fiscalizado, em relação aos riscos ocupacionais, havia distinção no estabelecimento de empregados atuantes na Sede Administrativa e aqueles embarcados nos navios, com demonstrações ambientais distintas para a TRANSPETRO Sede Administrativa e para a TRANSPETRO DTM foram analisados três conjuntos distintos de documentos: os da Sede Administrativa, os da DTM e os do Terminal de Cabiúnas. nos três conjuntos de demonstrações ambientais apresentados estavam incluídos os empregados próprios da TRANSPETRO e os empregados cedidos pela PETROBRÁS. A partir da análise de tais demonstrações, verificouse que havia empregados da PETROBRAS expostos de forma habitual e permanente na DTM e em Cabiunas, não tendo sido constatada exposição habitual e permanente aos agentes nocivos RUÍDO acima do Limite de Tolerância e/ou BENZENO de empregados da PETROBRAS cedidos à Sede Administrativa; que foram apresentados os Programas de Proteção aos Riscos Ambientais PPRA e o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO dos anos base de 2009 a 2011; que o PPRA de 2009 constituiuse de documento genérico que limitouse a reproduzir o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais objeto da Norma Regulamentadora nº 9 NR9 e que, ademais, trouxe uma relação de Grupos Homogêneos de Exposição sem a necessária vinculação dos mesmos aos agentes nocivos envolvidos na atividade, tipo e frequência; que o PPRA de 2010, Cabiunas, tinha texto bastante genérico e apresentava anexo como GHE com a mesma deficiência citada no item precedente; que o PPRA de 2011 era idêntico ao de 2010, inclusive quanto a erros de remissão que cita, apontando que não houve revisão do documento de um ano para o outro; que o PCMO Cabiunas de 2009 trazia a deficiência do PPRA do mesmo período, apresentandose demasiadamente genérico, sem referência a exames e periodicidade dos mesmos por GHE e sem indicação da realização de exame tradicionalmente indicado para trabalhadores expostos ao agente químico Benzeno, embora, em 2004, já haviam sido realizadas avaliações de exposição dos trabalhadores a tal agente nocivo em Cabiunas, nas quais foi identificada situação crítica de exposição ao Benzeno, como apontado para CEMOV ÁREA DE ÓLEO ABERTURA DE CANHÃO; que embora o PCMSO mencionasse integração com co PPRA, verificouse que os exames realizados em um ano não serviram, como seria esperado, para se implementar alterações no ambiente de trabalho no PPRA do ano subsequente; que documentos apresentados à fiscalização tratando sobre o Planejamento Anual de Atividades do PPRA Cabiúnas/Barra do Furado indicavam que apenas 10% das avaliações relativas à caracterização da porcentagem de Benzeno na fase líquida foi concluída e que foram concluídas apenas 20% das avaliações a exposição ocupacional ao Benzeno e a outros agente químicos e que 0% das medidas de controle foram aplicadas, por ter a empresa entendido que não havia evidência de risco ocupacional no TECAB; Fl. 6332DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.328 11 que o relatório de Reconhecimento e Avaliação da Exposição Ocupacional ao Benzeno de junho de 2010, é integrado por uma planilha cuja coluna "média geométrica" aponta que, em todos os GHE analisados (do A ao H), havia exposição ao agente nocivo Benzeno; que relatório apresentado pela empresa indica que foram detectados níveis de ruído superiores a 85db no período de 11/2004 a 03/2005, e que mesmo que fossem utilizados protetores auriculares, para alguns GHE, a exposição permaneceria acima do limite de tolerância; e que, a despeito de tal constatação, novas avaliações somente ocorreram no estabelecimento cabiúnas em janeiro/fevereiro de 2011; que, mesmo diante de tal cenário, identificouse que há setores em que apenas um trabalhador foi submetido a audiometrias, ou mesmo índices de incidência de anormalidade alcançando 40%, 75%, 100% de anormalidades, o que indica que os percentuais não representam uma amostra razoável a conferir confiabilidade de suas conclusões Desnecessário continuar citando as conclusões das Autoridades lançadoras e julgadoras sobre o tema, que, frisese, não foram contestadas pelo recurso voluntário. Afinal, evidente a existência dos agentes nocivos Benzeno e Ruído no ambiente de trabalhado em que os empregados da recorrente executam suas atividades, bem assim evidente a ineficiência e precariedade da gestão dos riscos ambientais por parte da empresa, o que legitima o lançamento por arbitramento, nos termos da IN RFB 971/99, que assim dispõe: Art. 296. A contribuição adicional de que trata o art. 292, será lançada por arbitramento, com fundamento legal previsto no § 3º do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991, combinado com o art. 233 do RPS, quando for constatada uma das seguintes ocorrências: I a falta do PPRA, PGR, PCMAT, LTCAT ou PPP, quando exigíveis, observado o disposto no inciso V do art. 291; II a incompatibilidade entre os documentos referidos no inciso I; III a incoerência entre os documentos do inciso I e os emitidos com base na legislação trabalhista ou outros documentos emitidos pela empresa prestadora de serviços, pela tomadora de serviços, pelo INSS ou pela RFB. Parágrafo único. Nas situações descritas neste artigo, caberá à empresa o ônus da prova em contrário. Improcedentes os apelos recursais. Rejeito a preliminar arguida. MÉRITO Das hipótese de exigência da contribuição adicional de SAT Após citar a legislação correlata, o recorrente afirma que o adicional de contribuição ao SAT se destina ao financiamento de aposentadoria especial, a qual somente fazem jus os trabalhadores que comprovem tanto o tempo de trabalho permanente (não ocasional ou intermitente) em condições especiais que prejudiquem sua saúde ou integridade Fl. 6333DF CARF MF 12 física, como a efetiva exposição aos agentes químicos por meio de apresentação de laudos emitidos por empresa indicando as condições ambientais de trabalho. Com isso, conclui que a concessão de aposentadoria especial, bem assim a necessidade de recolhimento do adicional para o seu financiamento, não depende unicamente da presença de agentes nocivos, mas também da efetiva exposição dos trabalhadores a esses agentes. Como se vê, neste tema, o recorrente busca na legislação uma forma de igualar a obrigação de contribuição das empresas aos requisitos que devem ser comprovados pelos trabalhadores para gozar do benefício previdenciário. Os artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91 tratam da matéria e estabelecem obrigações para a empresa e requisitos para reconhecimento do direito para os trabalhadores. Para os trabalhadores, há a previsão de que a concessão da aposentadoria especial dependerá de comprovação pelo segurado, perante o Instituto Nacional do Seguro Social–INSS, do tempo de trabalho permanente, não ocasional nem intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante o período mínimo fixado(art. 57, § 3º).. Ademais, prevê o mesmo dispositivo que a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho nos termos da legislação trabalhista (art. 58, § 1º). Ou seja, pelo entendimento do recurso, não tendo o trabalhador comprovado que esteve exposto a agentes nocivos, não haveria direito a aposentadoria especial e, consequentemente, a empresa não estaria obrigada ao recolhimento do adicional ao SAT. Ocorre que o empregado somente terá como comprovar o direito ao benefício se o empregador cumprir as exigências que lhe são impostas pela legislação visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais2. Naturalmente, o não cumprimento por parte do empregador não afasta a possibilidade de que o empregado, no futuro, recorra ao judiciário para ver reconhecido o seu direito. Assim, para evitar que somente após decorridos, por exemplo, 25 anos, no momento em que, a partir de provocação do aspirante ao benefício da aposentadoria especial, o Estado tenha ciência de que havia trabalhadores sendo submetidos a condições especiais de trabalho sem que o seu empregador contribuísse para o financiamento, devidamente previsto 2 NR 9 9.1.1 Esta Norma Regulamentadora NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Fl. 6334DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.329 13 em lei, do benefício da aposentadoria diferenciada, é que se justifica que o poder estatal se faça presente para, de forma coercitiva, impor o cumprimento das obrigações dos empregadores, seja pela fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista ou da previdenciária. No âmbito previdenciário, é que se desenvolveu a fiscalização ora sob análise, em que, como visto alhures, foi possível identificar a baixa preocupação do empregador com o controle dos riscos ambientais a que estavam submetidos seus funcionários. Mesmo tendo identificado, em algum momentos, a presença de agentes nocivos como o Benzeno ou o Ruído nos locais em que eram exercidas as atividades, não controlou, não avaliou e não antecipou medidas que pudessem promover e preservar a saúde de seus colaboradores. Portanto, diante das constatações fiscais, fica evidente que o contribuinte não demonstrou, como deveria, que o ambiente de trabalho de seus funcionários o desobrigava ao recolhimento do adicional, ressaltando que é seu o ônus da prova, nos termos do § único do art. 296 da IN RFB 971/99. Assim, nego provimento ao recurso voluntário no presente tema. Agente Benzeno Da inexistência de exposição específica Afirma que a TRANSPETRO não produz Benzeno. Com isso, nem seus funcionários próprios nem aqueles cedidos pela PETROBRÁS estão expostos a tal agente. Sustenta, por outro lado, que a mera existência de agentes nocivos não é causa suficiente para ensejar a concessão de aposentadoria especial e a obrigatoriedade de recolhimento do adicional ao SAT e que para efetivo gerenciamento dos riscos do ambiente de trabalho deve ser considerado não só a existência de agentes nocivos, mas as medidas tomadas pela empresa para seu controle e monitoramento. Alega que a IN RFB 971/99, no § 2º do art. 2933, reconhece a inexistência de obrigatoriedade de recolhimento da contribuição adicional ao SAT nas hipóteses em que o contribuinte comprovar a adoção de medidas de proteção que neutralizem ou reduzam a exposição do empregado aos limites legais de tolerância de modo a afastar a concessão de aposentadoria especial. Por fim, a defesa apresenta algumas considerações sobre a legislação relativa às limitações legais de exposição ao agente Benzeno. É inequívoco que, não se configurando direito à concessão de aposentadoria especial, seja em razão das característica da atividade, seja em razão da atenuação dos fatores de risco à saúde e integridade física do trabalhador, não há que se falar em incidência do adicional em tela. 3 IN RFB 971/09 Art. 293. (...) § 2º Não será devida a contribuição de que trata este artigo quando a adoção de medidas de proteção coletiva ou individual neutralizarem ou reduzirem o grau de exposição do trabalhador a níveis legais de tolerância, de forma que afaste a concessão da aposentadoria especial, conforme previsto nesta Instrução Normativa ou em ato que estabeleça critérios a serem adotados pelo INSS, desde que a empresa comprove o gerenciamento dos riscos e a adoção das medidas de proteção recomendadas, conforme previsto no art. 291. Fl. 6335DF CARF MF 14 Entretanto, a autuação sob análise decorre exatamente da inexistência ou imprestabilidade dos documentos apresentados pelo contribuinte para comprovar a sua obrigação de gerenciar os riscos ambientais identificados nos locais em que seus empregados exerciam suas atribuições. Assim, mais uma vez, diante das constatações fiscais, fica evidente que o contribuinte não demonstrou, como deveria, que o ambiente de trabalho de seus funcionários o desobrigava ao recolhimento do adicional, ressaltando que é seu o ônus da prova, nos termos do § único do art. 296 da IN RFB 971/99. Valendo mais uma vez destacar, como visto alhures, foi possível identificar a baixa preocupação do empregador com o controle dos riscos ambientais a que estavam submetidos seus funcionários. Mesmo tendo identificado, em algum momentos, a presença de agentes nocivos como o Benzeno ou o Ruído nos locais em que eram exercidas as atividades, não controlou, não avaliou e não antecipou medidas que pudessem promover e preservar a saúde de seus colaboradores. Da impossibilidade do critério qualitativo para Benzeno. Após considerações sobre a legislação e apresentação de opiniões expressas em pareceres técnicos, o recorrente ressalta que, como regra geral, a avaliação da exposição dos agentes nocivos deve ser feita com base em elementos quantitativos, não se afigurando acertada a utilização do elemento qualitativo para o agente Benzeno. Sustenta que o próprio Ministério da Previdência social, pela Nota Técnica CGMB/DPSSO/SPPS nº 006/2012, externou entendimento de que a presença do agente Benzeno, por si só, não seria prova suficiente para comprovar a existência de exposição/risco ao empregado. Cita entendimentos diversos sobre a matéria, bem assim legislação que estabelece limites de tolerância para o agente nocivo em comento. Assim dispõe a Nota Técnica citada pelo contribuinte em sua defesa: ... a presença do agente Benzeno, por si só, não determina o fator de risco, pois é possível que ele exista no processo produtivo mas não haja fator de risco, porquanto exista um aparato tal de prevenção e proteção que autorize ao responsável técnico pelo PPRA/PPEOB asseverar nesse sentido, juntamente com as evidências epidemiológicas extraídas do Programa de Controle Médito de Saúde Ocupacional PCMSO. Ora, como se vê, nessa questão específica de que trata a NT 006/12, voltamos ao tema tratado no item anterior. A presença do elemento nocivo não é, em si, um problema no caso em tela. O problema é que a empresa não demonstrou aparato de prevenção ou proteção que ateste a eliminação dos efeitos nocivos do agente à saúde dos trabalhadores. Quanto à utilização do critério qualitativo para benzeno, adoto como razão de decidir as conclusões do Conselheiro Cleberson Alex Fries, expressas no Acórdão 2401 000.411, da 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste CARF: e.2) Agente benzeno (...) 146. A seu turno, a nocividade gerada por agentes químicos não requer, necessariamente, a análise quantitativa de sua Fl. 6336DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.330 15 concentração no ambiente do trabalho, bastando a simples exposição do trabalhador a agentes cancerígenos. 147. O critério qualitativo do risco, ou seja, sem haver exposição efetiva a limite de tolerância, já estava reconhecido pela Instrução Normativa INSS/PRES nº 11, de 20 de setembro de 2006, aplicável no ano de 2007. Reproduzo o conteúdo do seu art. 157: "Art. 157. O núcleo da hipótese de incidência tributária, objeto do direito à aposentadoria especial, é composto de: I nocividade, que no ambiente de trabalho é entendida como situação combinada ou não de substâncias, energias e demais fatores de riscos reconhecidos, capazes de trazer ou ocasionar danos à saúde ou à integridade física do trabalhador; II permanência, assim entendida como o trabalho não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte cinco anos, no qual a exposição do empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço, em decorrência da subordinação jurídica a qual se submete. § 1º Para a apuração do disposto no inciso I, há que se considerar se o agente nocivo é: I apenas qualitativo, sendo a nocividade presumida e independente de mensuração, constatada pela simples presença do agente no ambiente de trabalho, conforme constante nos Anexos 6, 13, 13A e 14 da Norma Regulamentadora nº 15 (NR15) do Ministério do Trabalho e Emprego MTE, e no Anexo IV do RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, para os agentes iodo e níquel; (grifouse) II quantitativo, sendo a nocividade considerada pela ultrapassagem dos limites de tolerância ou doses, dispostos nos Anexos 1, 2, 3, 5, 8, 11 e 12 da NR15 do MTE, por meio da mensuração da intensidade ou da concentração, consideradas no tempo efetivo da exposição no ambiente de trabalho." (...) 148. O Decreto nº 8.123, de 16 de outubro de 2013, ao alterar o art. 68 do RPS, passou a conter expressamente a previsão de aposentadoria especial pela simples exposição do trabalhador a agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos: "Art. 68. (...) § 2º A avaliação qualitativa de riscos e agentes nocivos será comprovada mediante descrição: I das circunstâncias de exposição ocupacional a determinado agente nocivo ou associação de agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho durante toda a jornada; Fl. 6337DF CARF MF 16 II de todas as fontes e possibilidades de liberação dos agentes mencionados no inciso I; e III dos meios de contato ou exposição dos trabalhadores, as vias de absorção, a intensidade da exposição, a frequência e a duração do contato. § 3º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho § 4º A presença no ambiente de trabalho, com possibilidade de exposição a ser apurada na forma dos §§ 2º e 3º, de agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos em humanos, listados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, será suficiente para a comprovação de efetiva exposição do trabalhador." (grifouse) (...) 149. No caso do benzeno, o Anexo 13A da NR nº 15 tratao como substância comprovadamente cancerígena, para a qual não existe limite seguro de exposição: "Benzeno 1. O presente Anexo tem como objetivo regulamentar ações, atribuições e procedimentos de prevenção da exposição ocupacional ao benzeno, visando à proteção da saúde do trabalhador, visto tratarse de um produto comprovadamente cancerígeno. (...) 6. Valor de Referência Tecnológico VRT se refere à concentração de benzeno no ar considerada exeqüível do ponto de vista técnico, definido em processo de negociação tripartite. O VRT deve ser considerado como referência para os programas de melhoria contínua das condições dos ambientes de trabalho. O cumprimento do VRT é obrigatório e não exclui risco à saúde. 6.1. O princípio da melhoria contínua parte do reconhecimento de que o benzeno é uma substância comprovadamente carcinogênica, para a qual não existe limite seguro de exposição. Todos os esforços devem ser dispendidos continuamente no sentido de buscar a tecnologia mais adequada para evitar a exposição do trabalhador ao benzeno. (grifouse) (...) 7. Os valores estabelecidos para os VRTMPT são: 1,0 (um) ppm para as empresas abrangidas por este Anexo (com exceção das empresas siderúrgicas, as produtoras de álcool anidro e aquelas que deverão substituir o benzeno a partir de 1º.01.97). 2,5 (dois e meio) ppm para as empresas siderúrgicas." Fl. 6338DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.331 17 150. O direito á aposentadoria especial, no caso da exposição ocupacional ao benzeno, não tem relação com o Valor de Referência Tecnológico (VTR), como quer a recorrente, cujo índice foi construído com a finalidade de subsidiar programas de melhoria contínua das condições dos ambientes de trabalho, não significando a exclusão do direito ao benefício previdenciário nas hipóteses em que houver a exposição inferior a 2,5 ppm, quando mensurado em empresas siderúrgicas. 151. Sem razão, portanto, a recorrente. Assim, tendo em vista que o Julgador de 1ª Instância decidiu neste mesmo sentido e considerando que, nos termos do § único do art. 142 da |Lei 5.172/66 (CTN), a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, julgo irretocável a autuação fiscal bem assim a Decisão recorrida. Do período de docagem dos navios claros e dos seus efeitos quanto à suposta exposição ao agente Benzeno. Afirma o Auto de Infração referente aos empregados cedidos à DTM deve ter a sua base de cálculo retificada na parte atinente à exposição ao Benzeno Alega que, conforme se verifica nos itens 382 a 384 do Relatório Fiscal, a fiscalização reconhece que, durante os períodos de docagem dos navios claros, ainda que a tribulação tenha permanecido a bordo das embarcações, não eram realizadas atividades que gerassem quaisquer níveis de exposição a agentes químicos. No entanto, sustenta que somente foram excluídos da autuação os casos em que os períodos de docagem dos navios claros ultrapassaram à metade do respectivo mês. Sustenta que tal critério não pode prosperar, já que a concessão da aposentadoria especial demanda a comprovação do trabalho permanente, não ocasional ou intermitente, em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física do trabalhador. Sintetizadas as razões do recurso, mister ressaltar que os trabalhadores da autuada, ou mesmo da TRANSPETRO, não são contratados para acompanhamento de uma ou outra navio durante seu período de docagem. O que se pode inferir, em particular do que consta do item 73.2 do Relatório Fiscal, fl. 242, é que o trabalhador atua nas dependências da empresa e, "durante o período de docagem, exercem suas atividades de acompanhamento da manutenção e reparo a bordo dos navios" e que, no curso deste período, não há exposição a agentes químicos. Assim, o raciocínio da Autoridade Lançadora foi no sentido de que, ficando o trabalhador, por mais de 15 dias do mês, à bordo de uma navio claro, haveria de ser esse período desconsiderado em relação à exposição ao Benzeno. Ao contrário, estando o trabalhador embarcado por período inferior à metade do mês, inferese que, no restante do mês, ou seja, na maior parte deste, esteve este mesmo trabalhador exposto ao agente nocivo, já que apenas as dependência internas do navio mostravamse livres do agente nocivo. Assim, entendo que o critério utilizado pela fiscalização é razoável, não havendo motivos que justifiquem a alteração do lançamento. Fl. 6339DF CARF MF 18 Especificamente em relação ao navio DILYA, o recorrente alega que, ainda que mantido o critério de exclusão apenas para os períodos de docagem dos navios claros que tenham durado mais da metade do mês, houve erro na informação do citado navio, pois, ao contrário do período de docagem considerado, 26/07 a 03/11/2010, conforme comprovado pela TRANSPETRO, este período estendeuse até 29/01/2011. Sobre o tema, além do entendimento pessoal do Relator do voto condutor do Acórdão recorrido, o julgador de 1ª Instância acrescentou que "a impugnante alegou que a TRANSPETRO comprovou período de docagem do navio Dilya diverso do indicado pela Auditoria, porém não indicou qual seria a prova apresentada pela Transpetro, e não trouxe aos autos qualquer documento para comprovar o referido período (item 21 do relatório que indica a documentação que acompanha a impugnação)". Mesmo ciente de tal observação, o recurso voluntário não especificou que provas são estas. Assim, considerando que não obtive êxito em localizála no processo, que soma mais de 6000 páginas, entendo irretocável o lançamento e a decisão recorrida. Agente Ruído Da não exposição dos empregados cedidos à TRANSPRETO (TECAB E DTM) Alega a empresa autuada que a fiscalização tomou como base os relatórios técnicos apresentados pela TRANSPETRO. Assegura que, de fato, estes relatórios técnicos apontam níveis de ruído acima do limite de 85db, caso não fosse adotada nenhuma medida de controle. Os mesmos relatórios teriam asseverado que, utilizandose protetores auriculares, mesmos os mais simples, a exposição seria atenuada e retornaria para valores inferiores ao limite estabelecido. Questiona a conclusão da fiscalização de que os protetores auriculares fornecidos pela TRANSPETRO aos empregados cedidos pela PETROBRÁS não poderiam ser aceitos, por não ter sido comprovada a inviabilidade técnica de adoção de medidas proteção coletivas. A Delegacia da RFB de Julgamento indicou todos os pontos do relatório fiscal que apontavam alguma impropriedade no gerenciamento do agente Ruído, das quais, além de algumas já citadas no curso do presente voto, merecem destaque: reduzido número de exames de audiometrias realizados, mesmo em setores que apontam índices elevados de anormalidades; não observação da hierarquia estabelecida no item 9.3.5.4 da NR09 do MTE4 atribuição ao empregado do dever de comunicar ao seu superior que seu EPI estava impróprio para uso e que o critério de substituição baseavase em inspeções visuais; falta de monitoramento das condições de uso do EPI e substituição em periodicidade inadequada; 4 NR 09 9.3.5.4 Quando comprovado pelo empregador ou instituição a inviabilidade técnica da adoção de medidas de proteção coletiva ou quando estas não forem suficientes ou encontraremse em fase de estudo, planejamento ou implantação, ou ainda em caráter complementar ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecendose à seguinte hierarquia: a) medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho; b) utilização de equipamento de proteção individual EPI. Fl. 6340DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.332 19 falta de treinamento sobre a forma adequada na utilização do EPI; precariedade de gerenciamento dos riscos ocupacionais, identificada a partir reconhecimento da empresa de que não é feito novo reconhecimento de riscos quando ocorrem alterações significativas no ambiente de trabalho. Segue abaixo as conclusões da Auditoria Fiscal sobre a questão: Em face de todas as falhas no gerenciamento dos riscos do estabelecimento Cabiúnas acima apontadas, firmouse convicção de que, no período de 07/2009 a 12/2011, em razão do ineficiente gerenciamento do risco RUÍDO no referido estabelecimento, ocorreu real exposição de diversos empregados próprios da TRANSPETRO e cedidos pela PETROBRAS, que nele atuavam, ao agente físico RUÍDO acima do Limite de Tolerância, de forma habitual e permanente. Portanto, o arbitramento do adicional ao SAT para os funcionários não decorre de uma constatação isolada, mas da convicção já diversas vezes ressaltada no presente voto acerca da precariedade ou inexistência do gerenciamento de riscos ocupacionais. Desta forma, não há razões para se alterar o lançamento ou a decisão recorrida. Do erro na determinação da alíquota do adicional do SAT Sustenta a defesa que as aposentadorias especiais relativas aos trabalhadores sujeitos às condições especiais de trabalho serão financiadas por meio de um adicional de 12, 9 ou 6 pontos percentuais incidentes sobre as alíquotas de 1, 2 e ou 3%. Cita entendimento do Professor Sérgio Brito Martins de que a referida contribuição não é somada à já existente, mas é acréscimo de um percentual sobre os já existentes, exemplificando que, no caso de uma empresa sujeita a uma alíquota de 3% a título de SAT e com agentes que justificariam a concessão de aposentadoria especial em 25 anos, sujeitaria o empregador a uma alíquota de 3,18% [ 3 + (3% x 6%)]. Sobre tais argumentos, agiu bem a Decisão expressamente citar o texto legal que prevê tal adicional. Lei 8.213/91 Art. 57 (...) § 6º O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 11.12.98) Não restam dúvidas de que, neste caso, a alíquota originária sofrerá um acréscimo DE doze, nove ou 6 pontos percentuais. Assim, se a alíquota originária, como no Fl. 6341DF CARF MF 20 exemplo citado pelo contribuinte, for de 3%, o acréscimos de 6 pontos percentuais representará uma nova alíquota de 9%. Assim, improcedentes os argumentos recursais. Da não incidência da contribuição adicional sobre o 13º salário. Neste ponto, o recorrente afirmar que a contribuição adicional somente pode incidir sobre parcelas que repercutirão no benefício da aposentadoria especial, pois tratase de um tributo especificamente destinado a custear o pagamento desse benefício. Alega que, segundo o § 3º do art. 29 da Lei 8.21/91, o 13º salário não é considerado no cálculo de qualquer benefício, previsão que, segundo seu entendimento estaria corroborada pelo § 7º do art. 28 da Lei 8.212/91. As alegações do contribuinte, que, em síntese, estão retratadas no parágrafo precedente, encontram neste Relator alguma dificuldade de compreensão. Afinal, pelo argumento expresso, dá a impressão de que o trabalhador beneficiado pela aposentadoria especial não terá direito ao abono natalino. E não é este o caso. Assim como qualquer outro trabalhador, seus rendimentos, inclusive os do 13º, são alcançados pela contribuição previdenciária. Exatamente por resultarem, no futuro, em um direito a aposentadoria que, da mesma forma, pagará ao seu beneficiário 13 parcelas anuais. O citado art. 29, § 3º da Lei 8.213/91 trata do que considera salário benefício, nada tendo a ver com o conceito de salário de contribuição, este sim uma grandeza sobre a qual incide a contribuição devida pelas empresas, nos termos do art. 22 da Lei 8.212/91, que excepciona apenas as parcelas elencadas taxativamente no § 9º do art. 28 do mesmo diploma. O citado § 7º do art. 28 da Lei 8.212/91, ao contrário de corroborar as alegações da defesa, encerram o assunto em seu desfavor, ao prever que o décimoterceiro salário (gratificação natalina) integra o saláriodecontribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento. Ademais, a Lei nº 8.620/93, prevê: “Art. 7º O recolhimento da contribuição correspondente ao décimoterceiro salário deve ser efetuado até o dia 20 de dezembro ou no dia imediatamente anterior em que haja expediente bancário. (...) 2° A contribuição de que trata este artigo incide sobre o valor bruto do décimo terceiro salário, mediante aplicação, em separado, das alíquotas estabelecidas nos arts. 20 e 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.” Portanto, não procedem as razões recursais. Da indevida aplicação das multas de ofício em razão da limitação em 20% Retroatividade benigna. Aduz o contribuinte a impossibilidade de aplicação de multa de ofício de 75% nas competências lançadas, antes à expressa limitação contida na nova redação do art. 35 da Lei 8.212/91, com a redação data pela Lei 11.941/09. Fl. 6342DF CARF MF Processo nº 16682.720575/201464 Acórdão n.º 2201004.405 S2C2T1 Fl. 6.333 21 Assim é a nova redação do citado art. 35: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Ocorre que a mesma Lei 11.941/99, que incluiu o art. 35A na Lei 8.212/91, que prescrevendo que, nos casos de lançamentos de ofício relativo às contribuições previdenciárias, a penalidade aplicável é aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96. Tais artigos têm a seguinte redação: Lei 8.212: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (...) Portanto, vêse que, nos casos de lançamento de ofício a penalidade aplicável é aquela prevista no art. 44 da Lei 9.430/96, restando a penalidade contida no art. 35 da Lei 8.212/91 para os casos em que o recolhimento é efetuado espontaneamente e após o prazo legal, o que não é o caso da exigência discutida no presente processo. Assim, improcedentes os apelos recursais. Conclusão Assim, tendo em vista tudo que consta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que integram o presente, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 6343DF CARF MF 22 Fl. 6344DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.721153/2016-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2012
SÓCIO. ADMINISTRADOR DE FATO. EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL.
A participação no capital, de fato, de pessoa física sócia de outra empresa beneficiária do regime diferenciado e/ou a existência de sócio administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos e o excesso de receita bruta acumulada desde o mês de janeiro/2012, início do período sob fiscalização, caracteriza hipótese de exclusão do SIMPLES NACIONAL.
Numero da decisão: 1301-002.968
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar argüida, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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Recorrente CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS SOCIEDADE SIMPLES EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2012 SÓCIO. ADMINISTRADOR DE FATO. EMPRESAS DO SIMPLES NACIONAL. A participação no capital, de fato, de pessoa física sócia de outra empresa beneficiária do regime diferenciado e/ou a existência de sócio administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos e o excesso de receita bruta acumulada desde o mês de janeiro/2012, início do período sob fiscalização, caracteriza hipótese de exclusão do SIMPLES NACIONAL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar argüida, e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 11 53 /2 01 6- 31 Fl. 668DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 669 2 convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 0739.441, proferido pela 3ª Turma da DRJ/FNS, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade contra a exclusão da Interessada do Simples Nacional, com efeitos a partir de 01 de fevereiro de 2012, conforme consta nos atos administrativos que precederam a exclusão (Relatório Fiscal e Despacho Decisório SAORT nº 237/2016) e no próprio ato de exclusão, o Ato Declaratório Executivo DRF/JOI nº 18, de 10 de maio de 2016. Segundo o referido Ato: Art. 1º Excluída do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES Nacional – a pessoa jurídica CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS S/S EPP, CNPJ nº02.587.242/000159, por PARTICIPAR DE SEU CAPITAL PESSOA FÍSICA SÓCIA DE OUTRA EMPRESA BENEFICIÁRIA DO REGIME JURÍDICO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 123/2006, E POSSUIR SÓCIO ADMINISTRADOR DE OUTRA PESSOA JURÍDICA COM FINS LUCRATIVOS, SENDO QUE A RECEITA BRUTA GLOBAL AUFERIDA EXTRAPOLA O LIMITE ESTABELECIDO, sendo vedada sua permanência naquele regime diferenciado nos termos do § 2º do inciso I do artigo 2º, dos incisos I, IV e VI do artigo 15, dos itens 1 e 2 da alínea “c” do inciso II do artigo 73 e do inciso I do artigo 76 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Art. 2º A exclusão surtirá efeito a partir de 1º de fevereiro de 2012 conforme disposto no item 2 da alínea “c” do inciso II do artigo 73 da Lei Complementar no 123/2006. O ato de exclusão da Interessada do Simples Nacional foi formalizado em função de Representação Fiscal para Exclusão de Ofício do Simples Nacional (acostado em Relatório Fiscal, no processo) que apontou as causas originárias da exclusão. Fl. 669DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 670 3 A seguir, excertos desta Representação: Em procedimentos fiscais realizados nas empresas ACTTIVITÁ SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP (ACTTIVITÁ), CNPJ 00.099.906/000105, e CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP (CERTA), CNPJ 02.587.242/000159, constatouse que: a) a ACTTIVITÁ e a CERTA constituem grupo econômico de fato, pois estão sob o mesmo controle e administração dos irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, combinam esforços, compartilham recursos materiais e humanos para prestar os mesmos serviços contábeis e afins, e, incorrem, entre elas, em confusão patrimonial; b) ambas são optantes pelo Simples Nacional (Lei Complementar nº 123/2006) desde 01/01/2009, data da vigência das alterações da Lei Complementar nº 128/2008, com as opções realizadas em 23/01/2009, e; c) em todos os exercícios o faturamento combinado das empresas ultrapassam os limites fixados para o Simples Nacional. 2. A seguir, os fatos e fundamentos que embasam estas afirmações: 3. DO ENCERRAMENTO FORMAL DAS PARTICIPAÇÕES CRUZADAS DOS SÓCIOS NAS EMPRESAS VISANDO OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL. 3.1. Examinandose os contratos sociais e alterações contratuais posteriores das empresas ACTTIVITÁ e CERTA, verificase que: 3.1.1. Tanto a ACTTIVITÁ, constituída em 10/05/1994, quanto a CERTA, constituída em 18/05/1998, tinham os mesmos sócios originais, os irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, o primeiro detendo parcela majoritária das cotas das empresas e os dois com poderes de administração; 3.1.2. Em alterações posteriores estas sociedades de irmãos são formalmente desfeitas. Com efeito, na CERTA, com a 1ª alteração contratual em 15/12/2003, o sócio JOSÉ CARLOS se retira da sociedade, substituído por 2 novas sócias, sendo que o sócio original remanescente JOÃO CARLOS passa a ser majoritário. Na ACTTIVITÁ, com a 5ª alteração contratual ocorrida em 19/01/2009, quem se retira é o sócio JOÃO CARLOS, substituído por nova sócia com participação irrisória de 242 cotas de um total de 55.000 cotas (de R$ 1,00), equivalente e 0,44% do total, cabendo ao sócio original remanescente, JOSÉ CARLOS, o restante; Fl. 670DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 671 4 3.1.3. Ambas têm por objeto a PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONTÁBEIS E AFINS. 3.2. Com a edição da LC nº 128/2008, a partir 01/01/2009 os escritórios contábeis optantes pelo SIMPLES NACIONAL passam a usufruir da tributação do ANEXO III da LC nº 123/2006. 3.3. Conforme consulta ao portal do SIMPLES NACIONAL, no dia 23/01/2009 as empresas ACTTIVITÁ e CERTA, até então optantes pelo Lucro Presumido, fazem opção pelo SIMPLES NACIONAL a partir do exercício 2009. 3.4. O que merece destaque aqui é o fato dos eventos do item 3.1.2 (fim das participações cruzadas dos sócios nas empresas) ter permitido a elas a opção pelo SIMPLES NACIONAL, sendo que o descruzamento na ACTTIVITÁ se deu na mesma época da opção pelo SIMPLES NACIONAL, em 19/01/2009 e 23/01/2009, respectivamente. 3.5. Com efeito, sem esta manobra formal as empresas ACTTIVITÁ e CERTA não poderiam aderir ao SIMPLES NACIONAL, pois encontrariam as vedações dos itens III e V do § 4º do artigo 3º da LC 123/2006, visto que o faturamento combinado das empresas, de R$ 2.914.124,84 em 2008, superava os limites do regime simplificado. Consequentemente não poderiam usufruir da tributação do ANEXO III da LC nº 123/2006, com alterações trazidas pela LC nº 128/2008. 4. DA CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO DE FATO. 4.1. Examinandose os documentos contábeis das empresas ACTTIVITÁ e CERTA, verificase que o fim das participações cruzadas dos sócios irmãos nestas empresas em 2009 e 2003 foi meramente formal, visando a adesão ao SIMPLES NACIONAL, pois, de fato, as empresas continuavam integrando o mesmo grupo econômico, com administração comum, combinação de esforços, compartilhamento de recursos e ocorrência de confusão patrimonial. A seguir, os elementos que levam a esta constatação: 4.2. AS EMPRESAS FUNCIONAM EM SALAS DO SÓCIO MAJORITÁRIO DA ACTTIVITÁ. 4.2.1. Conforme instrumentos societários, a ACTTIVITÁ está estabelecida nas salas 1701, 1703, 1705, 1707 e 1708 do edifício DEVILLE, localizado à Rua Dona Francisca, nº 260, Bairro Centro, Joinville, SC. A CERTA está nas salas 1201, 1205, 1207 e 1209 do mesmo edifício. Pois bem, conforme informações das Declarações do Imposto de Renda da Pessoa Física DIRPFs 2011/2012 e seguintes de JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, ele é o proprietário de todas as salas ocupadas pelas empresas ACTTIVITÁ e CERTA. Fl. 671DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 672 5 4.2.2. A ACTTIVITÁ pagas os aluguéis ao proprietário JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA, conforme contratos de locação e Declarações do Imposto sobra a Renda Retido na Fonte DIRFs. Já a CERTA, conforme contratos de locação, movimento contábil e DIRFs, paga os aluguéis à BENIGNA BUSSOLO DE OLIVEIRA, cônjuge do proprietário das salas. 4.2.3. Este fato das empresas ocuparem salas de propriedade do sócio majoritário da ACTTIVITÁ, isoladamente, não caracteriza formação de grupo econômico. Entretanto, isso serve para reforçar os fatos expostos a seguir. 4.2.4. O exposto neste tópico foi extraído de cópias dos contratos sociais e alterações (anexos II e XII), contratos de locação (anexos III e XIII), livros razões da CERTA (anexo XIX), DIRPFs do proprietário e DIRFs. 4.3. CLIENTES COMUNS. 4.3.1. Selecionandose os registros de serviços prestados pelas empresas ACTTIVITÁ e CERTA com valores acima de R$ 2.999,99, no período 01/2012 a 09/2015, chegase a 13 clientes, que são responsáveis por 60,4% do faturamento auferido pelas empresas (R$ 12.707.225,68 de R$ 21.035.953,67). 4.3.2. Pois bem, o que se constata é que a maioria destes clientes (8 de 13) tomaram serviços de ambas as empresas em questão, seja de forma simultânea ou sequencial. 4.3.3. À guisa de exemplos temos: a tomadora ATHLETIC WAY, que no período 01/2012 a 04/2014 contratou apenas a ACTTIVITÁ, nos períodos 05/2014 a 06/2014 e 03/2015 a 08/2015 contratou ambas em todos os meses e, nos períodos 07/2014 a 02/2015 e 09/2015, apenas a CERTA; a N CORREIA, que no período 02/2012 a 06/2014 contratou apenas a ACTTIVITÁ, nos meses 01/2015 e 05/2015 contratou ambas as empresas e, nos períodos 07/2014 a 12/2014 e 02/2015 a 05/2015, apenas a CERTA; a SICTELL, que nos períodos 01/2014 a 05/2014 e 03/2015 a 09/2015 contratou apenas a ACTTIVITÁ e, no período 06/2014 a 02/2015 contratou em todos os meses ambas as empresas, e; a UNIVERSAL FITNESS, que no período de 01/2012 a 07/2013 contratou apenas a ACTTIVITÁ, nos períodos 08/2013 a 08/2014 e 12/2014 a 08/2015 contratou ambas as empresas em todos os meses e, nos períodos de 09/2014 a 11/2014 e 09/2015, apenas a CERTA. 4.3.4. O fato dos clientes contratarem ambas as empresas para serviços de contabilidade, em especial as situações incomuns de contratações concomitantes num certo período, indica que os clientes consideram ACTTIVITÁ e CERTA um empreendimento em comum. 4.3.5. Tais informações foram extraídas dos livros de registro de serviços prestados das empresas ACTTIVITÁ e CERTA e estão Fl. 672DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 673 6 demonstradas na planilha “Relação de NFE de Serviços Prestados com Valores > R$ 2.999” (anexo X). 4.4. GASTOS COM PROPAGANDA E PUBLICIDADE APENAS NA ACTTIVITÁ. 4.4.1. No período 01/2012 a 09/2015 a ACTTIVITÁ registrou, segundo seu movimento contábil, as seguintes despesas com propaganda e publicidade: [...] 4.4.2. A CERTA, no mesmo período de 01/2012 a 09/2015, não registrou um único centavo de gasto desta natureza. 4.4.3. Tratase de um elemento a indicar combinação de esforços e compartilhamento de recursos posto que apenas uma das empresas desembolsa recursos para se promover e atrair clientes que, como exposto no tópico anterior contratam serviços contábeis de ambas as empresas. 4.4.4. As informações foram extraídas dos livros razões (anexos IX e XIX) e livros diários com balancetes analíticos (anexos VIII e XVIII). 4.5. SERVIÇOS DE CONFECÇÃO DE LIVROS CONTÁBEIS SEM CONTRAPARTIDA. 4.5.1. As capas dos livros diários e razões da CERTA, de 2012, 2013 e 2014 (nºs 15, 16 e 17) trazem préimpressos, no canto inferior direito, os dizeres “ACTTIVITÁ Contabilidade”. Isto indica que a confecção dos livros contábeis da CERTA dos períodos 2012, 2013 e 2014 foi realizada pela ACTTIVITÁ ou à sua ordem. Ocorre que no movimento contábil da CERTA não há qualquer despesa afim com serviços de terceiros, nem há a respectiva receita no movimento contábil da ACTTIVITÁ, indicando que estes serviços foram prestados sem a contrapartida. 4.5.2. O fato de uma empresa (ACTTIVITÁ) prestar serviços de confecção de livros contábeis à outra (CERTA) sem a devida remuneração indica combinação de esforços, compartilhamento de recursos e confusão patrimonial, elementos que caracterizam um grupo econômico. 4.5.3. Cópias dos livros diários com balancetes analíticos e razões da CERTA, incluindo as capas (anexos VXIII e XIX), corroboram o exposto aqui. 4.6. COMPARTILHAMENTO DE PROFISSIONAL CONTÁBIL SEM CONTRAPARTIDA. 4.6.1. Verificase que todos os livros diários e razões, do período 01/2012 a 09/2015, tanto da ACTTIVITÁ quanto da CERTA, são assinados, na condição de profissional contábil responsável, pelo Técnico Contábil ANDRÉ GIOVANE TAVARES, CRC 1SC 030538/O3. Fl. 673DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 674 7 4.6.2. Conforme instrumentos societários, ANDRÉ GIOVANE TAVARES é sócio minoritário e administrador da ACTTIVITÁ desde 27/05/2009 (data da 6ª alteração contratual). De outro lado, ANDRÉ GIOVANE TAVARES, neste período, não teve qualquer vínculo, seja de emprego, de prestação de serviços autônomos ou societário, com a CERTA. 4.6.3. Não se verificou, também, nos movimentos contábeis da ACTTIVITÁ e CERTA, qualquer prestação de serviços contábeis e afins entre elas (conforme já exposto no tópico anterior). 4.6.4. O fato do profissional pertencente aos quadros da ACTTIVITÁ como sócio administrador prestar serviços profissionais à CERTA indica que as empresas compartilham esta mãodeobra, apontando existência do grupo econômico. Já o fato de não haver registro da contrapartida pelos serviços prestados caracteriza confusão patrimonial, reforçando os elos do grupo econômico. 4.7. COMPARTILHAMENTO DE RECURSOS NO PREPARO E ENTREGA DAS DIRFS. 4.7.1. Consultandose as DIRFs da ACTTIVITÁ e da CERTA, dos períodos 2011/2012 a 2014/2015, disponíveis no sistema, verificase os seguintes dados do “responsável pelo preenchimento da declaração”: 4.7.1.1. DIRFs da ACTTIVITÁ e da CERTA de 2011/2012 e 2012/2013: Fl. 674DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 675 8 4.7.2. Estes dados indicam que as DIRFs dos 4 períodos (2011/2012 a 2014/2015) das empresas ACTTIVITÁ e CERTA foram preenchidas e enviadas a partir da estrutura da ACTTIVITÁ, conforme apontam os telefones e correios eletrônicos. Já a pessoa responsável pelo preenchimento, no 1º e 2º períodos (2011/2012 e 2012/2013) foi JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, tanto da ACTTIVITÁ quanto da CERTA e, nos 3º e 4º períodos, foi ANDRÉ GIOVANE TAVARES, também das 2 empresas. Fl. 675DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 676 9 4.7.3. Pois bem, JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, após o fim das participações cruzadas exposto no tópico 3 (em 19/01/2009), manteve vínculo formal apenas com a CERTA, como seu sócio e administrador, sem qualquer vínculo (de emprego, de prestação de serviços autônomos ou societário ) com a ACTTIVITÁ. Já ANDRÉ GIOVANE TAVARES, conforme exposto tópico 4.6, tem vínculo apenas com a ACTTIVITÁ, como sócio minoritário e administrador, sem qualquer vínculo (de emprego, de prestação de serviços autônomos ou societário) com a CERTA. 4.7.4. Como já exposto nos tópicos 4.5 e 4.6, não há nos livros contáveis da ACTTIVITÁ e da CERTA qualquer registro de receita/despesa por prestação/tomada de serviços contábeis e afins entre elas. 4.7.5. O fato de se utilizar a estrutura da ACTTIVITÁ para preparo e entrega das DIRFs da CERTA indica compartilhamento de estrutura administrativa. Já os fatos de se apontar o sócio administrador da CERTA com pessoa responsável pelo preenchimento das DIRFs da ACTTIVITÁ entregues em 2012 e 2013, e, o sócio administrador da ACTTIVITÁ como pessoa responsável pelo preenchimento das DIRFs da CERTA entregues em 2014 e 2015, indicam compartilhamento de mãodeobra. 4.7.6. Este compartilhamento de estrutura administrativa e de mãodeobra implica ocorrência de grupo econômico. O fato de não se registrar a contraprestação pelo uso dos recursos compartilhados caracteriza confusão patrimonial, reforçando os laços do grupo econômico. 4.7.7. Cópias das telas “Consulta única/Informações do responsável pelo preenchimento da declaração” das DIRFs (anexos VI e XVI), contratos sociais e alterações posteriores (anexos II e XII), telas CNIS/Vínculos de JOÃO CARLOS e ANDRÉ GIOVANE (anexo XX) e livros diários incluindo balancetes analíticos e razões (anexos VIII, IX, XVIII e XIX) são bases do exposto. 4.8. COMPARTILHAMENTO DE RECURSOS NO PREPARO E ENTREGA DAS GFIPS. 4.8.1. Consultandose as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIPs das empresas ACTTIVITÁ e da CERTA, disponíveis no sistema, relativas às competências 01/2012 a 09/2015, obtêmse, na tela “Informações de “remessa / Responsável”: Fl. 676DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 677 10 4.8.2. Destas informações se infere que todas as GFIPs do período 01/2012 a 09/2015, tanto da ACTTIVITÁ quanto da CERTA, foram preparadas e entregues pela estrutura da ACTTIVITÁ, conforme 1ª, 2ª, 7ª e 10ª linhas acima, sempre tendo como contato “CÁTIA VASCONCELLOS”. 4.8.3. Pois bem, consultandose o sistema CNIS/Vínculos verificase que CÁTIA ROSANE HAMMAN VASCONCELOS foi/é empregada da ACTTIVITÁ nos períodos de 01/11/2000 a 14/05/2002, 02/12/2002 a 21/07/2004, 05/01/2005 a 18/07/2006, 01/02/2007 a 10/08/2014 e 29/10/2015 em diante, e, foi empregada da CERTA no período 01/09/2014 a 25/10/2015. 4.8.4. Não há nos livros contáveis da ACTTIVITÁ e da CERTA qualquer registro de receita/despesa por prestação/tomada de serviços contábeis e afins, inclusive de RH, entre elas. 4.8.5. O fato de se utilizar a estrutura da ACTTIVITÁ para elaboração/entrega das GFIPs da CERTA (considerando que isto é uma atividade afim ao seu objeto social) aponta para a ocorrência de grupo econômico face a combinação de esforços e compartilhamento da estrutura. A omissão de contrapartida pelo recurso compartilhado implica confusão patrimonial, reforçando os laços entre as empresas do grupo econômico. 4.8.6. Já o fato da pessoa CÁTIA ROSANE HAMMAN VASCONCELOS (empregada registrada na CERTA no período 01/09/2014 a 25/10/2015, e na ACTTIVITÁ antes e depois deste período), constar como “Nome de Contato” em todas as GFIPs da ACTTIVITÁ e da CERTA indica compartilhamento de mão Fl. 677DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 678 11 deobra entre as empresas, corroborando as teses expostas no parágrafo anterior. 4.8.7. O exposto se baseia em cópias das telas “Informações de remessa/Responsável” de GFIPs das empresas (anexos VII e XVII, por amostragem), tela CNIS/Vínculos de CÁTIA ROSANE (anexo XX) e livros (anexo XX) e livros diários incluindo balancetes analíticos e razões (anexos VIII, IX, XVIII e XIX). 4.9. TESTEMUNHA E MODELO ÚNICO DOS CONTRATOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS [...] 4.10. DA CONCLUSÃO ACERCA DO GRUPO ECONÔMICO DE FATO. 4.10.1. Diante do exposto, concluise que as empresas ACTTIVITÁ e CERTA constituem um grupo econômico de fato, pois estão sob o mesmo controle e administração dos irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, combinam esforços, compartilham recursos materiais e humanos para prestar os mesmos serviços contábeis e afins, e, incorrem, entre elas, em confusão patrimonial. 4.10.2. Estas empresas, em alterações contratuais em 15/12/2003 e 19/01/2009, eliminaram formalmente os vínculos entre elas com o encerramento das participações cruzadas dos sócios irmãos. Entretanto, verificações fiscais indicam que elas continuaram operando como antes. 4.10.3. Tal constatação decorre dos seguintes fatos, tomados em conjunto : a) mesmo ramo de atuação – serviços contábeis; b) ocupação por ambas de salas comerciais de um único proprietário, que é sócio majoritário da ACTTIVITÁ; c) a maioria dos grandes clientes são comuns às duas empresas; d) gastos com propaganda e publicidade a cargo de apenas uma das empresas –ACTTIVITÁ, indicando que ambas usufruem destes gastos; e) compartilhamento de serviços de confecção de livros contábeis, sem contrapartida; f) compartilhamento de profissional contábil, sem contrapartida; g) compartilhamento de recursos para preparo e entrega de DIRFs, sem contrapartida; h) compartilhamento de recursos para preparo e entrega de GFIPs, sem contrapartida, e; i) testemunha e modelo único dos contratos de prestação de serviços. 4.10.4. Este modo de atuação em grupo econômico, em especial a confusão patrimonial pelo compartilhamento de recursos materiais e humanos sem a devida contrapartida, só é possível se a administração for comum e a propriedade também, ou seja, das mesmas pessoas. Só desse modo é plausível que uma empresa preste serviços para outra sem exigir remuneração ou que ceda sua estrutura e/ou mãodeobra para outra sem esta exigência. [...] Fl. 678DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 679 12 6. DA CONCLUSÃO DESTA REPRESENTAÇÃO 6.1. Encerrase esta representação concluindo que os irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA são os proprietários comuns e administradores de fato das empresas ACTTIVITÁ e CERTA, mesmo após as alterações contratuais (em 15/12/2003 na CERTA e em 19/01/2009 na ACTTIVITÁ) que encerraram esta situação. Estas alterações formais não refletiram no quadro fático (conforme conclusão do subtópico 4.9) e tiveram apenas o intuito driblar as vedações à opção pelo SIMPLES NACIONAL, visto que o faturamento combinado das empresas foi, conforme tópico 5, em todos os períodos, superior aos limites do regime simplificado. 6.2. Com efeito, desde 01/01/2009 ambas as empresas são optantes pelo SIMPLES NACIONAL (LC 123/2006, com alterações da LC 128/2008). 6.3. Os indícios destas irregularidades vêm desde a época da opção pelo SIMPLES NACIONAL, entretanto, conforme anexos, foram provados a partir do período inicial da fiscalização (01/01/2012). 6.4. Logo, a ACTTIVITÁ e a CERTA se enquadram nas vedações dos itens III e V do § 4º do artigo 3º da LC nº 123/2006, sendo irregular sua opção e permanência no SIMPLES NACIONAL. Havendo omissão das empresas em comunicar suas exclusões obrigatórias (inciso II do artigo 30 da LC nº 123/2006), sujeitam elas à exclusão de ofício com base no inciso I do artigo 29 da LC nº123/2006, com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva (inciso II do artigo 31 da LC nº 123/2006). 6.5. Em face do exposto PROPONHO o encaminhamento da presente Representação à Seção de Orientação e Análise Tributária – SAORT da DRF de JOINVILLE/SC, para que seja determinada a exclusão do contribuinte CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP, CNPJ 02.587.242/000159, do SIMPLES NACIONAL, com efeitos a partir de 01/02/2012. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Inconformada com o ato de exclusão, a Interessada apresentou sua Manifestação de Inconformidade, que ora se resume: que o Ato Declaratório n. 18 exclui a recorrente do Simples e para tanto justificou tal medida em dispositivo legal SEM CONSONÂNCIA COM A REALIDADE DOS FATOS; transcreve o art.10 do decreto 70.235/72 para concluir que o ato administrativo não atendeu ao requisito legal do inciso IV deste artigo (a disposição legal infringida); discorre sobre a definição de grupo econômico encontrada na Lei das S/A; que a existência de grupo econômico não foi Fl. 679DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 680 13 comprovado, já que o resultado da fiscalização apontou apenas para “indícios” e não PROVAS CONCRETAS; que não há confusão societária nas empresas, já que cada uma tem seus sócios individuais e independentes; o fato de um irmão alugar salas comerciais para uso da empresa de outro irmão e pagar aluguel por isso não pode ser considerado elemento de convicção de que exista grupo econômico; não se pode concluir assim, também, só pelo fato de ambas as empresas prestarem serviços contábeis para clientes comuns, que houve o devido pagamento para as duas empresas; Serviços de Confecção de Livros Contábeis Compartilhamento de Profissional Contábil Compartilhamento de Recursos no Preparo e Entrega das DIRF’S Compartilhamento de Recursos no Preparo e Entrega de GFIPS que estes quatro tópicos combinados entre si revelam a realidade das empresas que realizam permuta, com o objetivo de minimizar custos operacionais e financeiros; que a permuta realizada entre as empresas são de mesmo valor, não havendo perdas nem ganhos, apenas empate, o que também não gera qualquer tipo de tributação; impugna também a pretensão da fiscalização em querer o efeito retroativo da exclusão, gerando efeitos nos exercícios de 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016; que tal efeito só poderia ocorrer após a emissão do Ato Declaratório, que só teve ciência em 31/05/2016; que o art.146 do CTN veda tal efeito retroativo; desta forma, o disposto no artigo 15, II da Lei 9.316/96, que prevê a exclusão do SIMPLES surtirá efeito a partir do mês subseqüente ao em que incorrida a situação excludente, não se aplica a este caso, já que o contribuinte não atende aos requisitos a partir de determinado marco temporal, não estabelecendo, assim, nova situação e, portanto, não cabendo o reconhecimento retroativo das diferenças de recolhimento de tributos, bem como os efeitos previstos no ordenamento jurídico; Na seqüência, foi proferido o acórdão recorrido, pela 3ª Turma da DRJ/FNS, com o seguinte ementário: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2012 Sócio. Administrador de Fato. Empresas do Simples Nacional. Fl. 680DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 681 14 A participação no capital, de fato, de pessoa física sócia de outra empresa beneficiária do regime diferenciado e/ou a existência de sócio administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos e o excesso de receita bruta acumulada desde o mês de janeiro/2012, início do período sob fiscalização, caracteriza hipótese de exclusão do SIMPLES NACIONAL. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Após intimado (fls. 585), a empresa autuada apresenta, tempestivamente, seu Recurso Voluntário, pugnando pelo provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso apresentado pela autuada é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Como relatado, através do Ato Declaratório Executivo nº 18, de 10 de maio de 2016, a recorrente foi excluída do regime simplificado de pagamentos de tributos denominado de Simples Nacional, com efeito a partir de 1º de fevereiro de 2012. A acusação fiscal é de que a empresa recorrente e a Acttivitá constituem uma só empreendimento, sob o mesmo controle e administração dos irmãos José Carlos de Oliveira e João Carlos de Oliveira, que combinam esforços, compartilham recursos materiais e humanos para prestar os mesmos serviços contábeis e afins, e, incorrem, entre elas, em confusão patrimonial. Pontua a fiscalização que ambas são optantes pelo Simples Nacional (LC 123/2006) desde 01/01/2009, data da vigência da LC nº 128/2008, com as opções realizadas em 23/01/2009, e que em todos os exercícios o faturamento combinado das empresas ultrapassam os limites fixados para o Simples Nacional. A fiscalização reuniu os seguintes elementos fáticos: 1) Participação cruzada dos sócios na Acttivitá e da Certa, que foram somente formalmente encerradas em 2003 e 2009, visando somente a opção pelo Simples; 2) O sócio majoritário da Acttivitá é proprietário de todas as salas ocupadas pela Acctivitá e certa; 3) As empresas possuem clientes comuns com contratações concomitantes; 4) Somente a empresa Acttivitá tem gastos com propaganda; Fl. 681DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 682 15 5) Os livros diário e razão da Certa de 2012 a 2014 trazem préimpresso, no canto inferior direito, os dizeres "Acttivitá Contabilidade"; 6) Os livros diário e razão do período de 01/02 a 09/2015 da Certa são assinados pelo sócio minoritário e administrador da Acttivitá; 7) O responsável pela entrega da DIRF de ambas as empresas do período 2011/2012 e 2012/2013 é o sócio majoritário da Certa; no período 2013/2014 da Acttivitá e dos períodos 2013/2014, 2014/2015 da Certa, é o sócio minoritário da Acttivitá, e que os telefones e emails informados apontam que as DIRFS foram preenchidas e envidas a partir da estrutura da Acttivitá (email: acttivita@terra.com.br e contabil3@acttivita.com.br); 8) As GFIS de ambas empresas sempre tiveram como responsável Cátia Vasconcelos, que é empregada da Acttivitá, mas no período de 01/09/2014 a 25/10/2015 foi empregada da Certa, e; 9) Ambas empresas possuem o mesmo modelo de contrato de prestação de serviços e as mesmas testemunhas assinam. Em sede de recurso, alega o contribuinte, preliminarmente, ilegalidade do ato de exclusão por inexistir no referido ato a correta disposição legal infringida e a penalidade dela decorrente e, no mérito, suscita inexistir provas concretas da existência de uma só empresa ou grupo econômico de fato, refutando cada um dos pontos apontados na fiscalização, pugnando ainda pela irretroatividade do ato de exclusão. Em que pese suas ponderações, entendo que não lhe assiste razão. Quanto à preliminar suscitada, de fato, a fundamentação legal contida no Ato de exclusão faz referência aos artigos da Lei Complementar 123/2006, quando, na realidade, os artigo (todos) pertencem à Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011. De certo que o Ato de exclusão deveria conter os dispositivos da referida Lei Complementar, porém, penso que tal equívoco não pode macular o procedimento fiscal que concluiu pela exclusão da recorrente no Simples Nacional, vez que toda a situação constatada pela fiscalização foi minuciosamente descrita na Representação Fiscal para Exclusão do Simples Nacional (efls. 2 a 12), bem como no Despacho Decisório SAORT nº 237/2016 (efls. 496 a 499). REPRESENTACÃO FISCAL PARA EXCLUSÃO DE OFÍCIO DO SIMPLES NACIONAL Sr. Chefe da Seção de Fiscalização, 1. Em procedimentos fiscais realizados nas empresas ACTTIVITÁ SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP (ACTTIVITÁ), CNPJ 00.099.906/000105, e CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP (CERTA), CNPJ 02.587.242/000159, constatouse que: a) a ACTTIVITÁ e a CERTA constituem grupo econômico de fato, pois estão sob o mesmo controle e administração dos irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA, combinam esforços, compartilham recursos Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 683 16 materiais e humanos para prestar os mesmos serviços contábeis e afins, e, incorrem, entre elas, em confusão patrimonial; b) ambas são optantes pelo Simples Nacional (Lei Complementar nº 123/2006) desde 01/01/2009, data da vigência das alterações da Lei Complementar nº 128/2008, com as opções realizadas em 23/01/2009, e; c) em todos os exercícios o faturamento combinado das empresas ultrapassam os limites fixados para o Simples Nacional. 2. A seguir, os fatos e fundamentos que embasam estas afirmações: (...) 6. DA CONCLUSÃO DESTA REPRESENTAÇÃO 6.1. Encerrase esta representação concluindo que os irmãos JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA e JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA são os proprietários comuns e administradores de fato das empresas ACTTIVITÁ e CERTA, mesmo após as alterações contratuais (em 15/12/2003 na CERTA e em 19/01/2009 na ACTTIVITÁ) que encerraram esta situação. Estas alterações formais não refletiram no quadro fático (conforme conclusão do subtópico 4.9) e tiveram apenas o intuito driblar as vedações à opção pelo SIMPLES NACIONAL, visto que o faturamento combinado das empresas foi, conforme tópico 5, em todos os períodos, superior aos limites do regime simplificado. 6.2. Com efeito, desde 01/01/2009 ambas as empresas são optantes pelo SIMPLES NACIONAL (LC 123/2006, com alterações da LC 128/2008). 6.3. Os indícios destas irregularidades vêm desde a época da opção pelo SIMPLES NACIONAL, entretanto, conforme anexos, foram provados a partir do período inicial da fiscalização (01/01/2012). 6.4. Logo, a ACTTIVITÁ e a CERTA se enquadram nas vedações dos itens III e V do § 4º do artigo 3º da LC nº 123/2006, sendo irregular sua opção e permanência no SIMPLES NACIONAL. Havendo omissão das empresas em comunicar suas exclusões obrigatórias (inciso II do artigo 30 da LC nº 123/2006), sujeitam elas à exclusão de ofício com base no inciso I do artigo 29 da LC nº 123/2006, com efeitos a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva (inciso II do artigo 31 da LC nº 123/2006). 6.5. Em face do exposto PROPONHO o encaminhamento da presente Representação à Seção de Orientação e Análise Tributária – SAORT da DRF de JOINVILLE/SC, para que seja determinada a exclusão do contribuinte CERTA SERVIÇOS CONTÁBEIS – SOCIEDADE SIMPLES EPP, CNPJ Fl. 683DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 684 17 02.587.242/000159, do SIMPLES NACIONAL, com efeitos a partir de 01/02/2012. DESPACHO DECISÓRIO SAORT Nº 237/2016 EMENTA – Grupo Econômico. Pessoa Física Participante do Capital é Sócia de Outra Empresa Optante pelo SIMPLES Nacional. Sócio ou Titular Administrador de Pessoa Jurídica com Fins Lucrativos. Excesso de Receita Bruta. Falta de Comunicação de Exclusão Obrigatória. Exclusão de Ofício do SIMPLES Nacional. Possuir como participante do Capital Social, pessoa física sócia de outra empresa beneficiária do tratamento diferenciado da Lei Complementar nº 123/2006, Sócio ou Titular administrador de pessoa jurídica com fins lucrativos, e auferir receita bruta global em valor superior ao limite legalmente estabelecido configura hipótese de impedimento à opção e de obrigatoriedade de exclusão do regime diferenciado do SIMPLES Nacional por comunicação da empresa, com efeitos a partir do mês subsequente ao da ocorrência da situação de vedação. Não efetuada a exclusão por comunicação cabe procedimento de ofício. (§ 2º e alíneas “a” e “b” do inciso I do artigo 2º, incisos I, IV e VI do artigo 15, item 2 da alínea “c” do inciso II do artigo 73, e inciso I do artigo 76 da Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011). (...) FUNDAMENTAÇÃO Configurase, conforme dados coletados, a participação no capital de pessoa física sócia de outra empresa beneficiária do regime diferenciado, a existência de sócio administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos e o excesso de receita bruta acumulada desde o mês de janeiro/2012, início do período sob fiscalização, o que caracteriza hipótese de exclusão do SIMPLES Nacional desde o mês subsequente ao de sua ocorrência, ou seja, 1º de FEVEREIRO de 2012, estendendose a proibição de nova opção pelos exercícios de 2013, 2014, 2015 e 2016 com base na receita bruta auferida pelo Grupo Econômico. Para efetivar essa exclusão, determina o § 1º do artigo 75 da Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011, que será expedido termo de exclusão pelo ente federativo que iniciar o processo de exclusão de ofício. DECISÃO Em face do exposto, com base na documentação anexada ao presente processo e considerando a legislação que rege a matéria (Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 e Resolução CGSN nº 94, de 29 de novembro de 2011), concluise pela ocorrência de infração à legislação por PARTICIPAR DE SEU CAPITAL PESSOA FÍSICA SÓCIA DE OUTRA EMPRESA BENEFICIÁRIA DO REGIME JURÍDICO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 123, DE 2006, ALÉM DE POSSUIR SÓCIO ADMINISTRADOR DE OUTRA PESSOA JURÍDICA Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 685 18 COM FINS LUCRATIVOS, SENDO QUE A RECEITA BRUTA GLOBAL AUFERIDA EXTRAPOLA O LIMITE ESTABELECIDO o que, por consequência, exige que se EXCLUA DE OFÍCIO A EMPRESA da sistemática de arrecadação do SIMPLES Nacional com efeitos contados a partir de 1º DE FEVEEREIRO de 2012. ENCAMINHESE ao Delegado da Receita Federal do Brasil em Joinville para proceder a emissão do Ato Declaratório Executivo de Exclusão. POSTERIORMENTE CIENTIFIQUESE a contribuinte mediante entrega de uma via do ADE de exclusão acompanhado deste Despacho Decisório e da Representação Fiscal motivadora do procedimento. Desta decisão, cabe manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência deste despacho. A recorrente tomou a devida ciência destes atos administrativos, que a excluiu de ofício do Simples Nacional e, ao defenderse, abordou questões pontuais motivadoras de sua exclusão, demonstrando que compreendeu os motivos ensejadores de culminou com a exclusão, inexistindo, portanto, prejuízo em seu direito de defesa. Logo, afasto a preliminar alegada. Quanto ao mérito, vêse que a legislação do Simples Nacional (LC nº 123/2006, art. 3, §4º, inciso III e V) veda expressamente a opção pelo Simples por pessoa jurídica que: de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo. cujo sócio ou titular participe seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo. Com efeito, a fiscalização apresentou diversos elementos convergentes que demonstram que Acttivitá e a Certa constituem uma só empresa ou grupo econômico de fato, sob o mesmo controle e administração dos irmãos José Carlos de Oliveira e João Carlos de Oliveira. Assim, embora por uma questão formal o sócio da outra empresa (de seu irmão) não pertença ao quadro societário da recorrente, de fato fazia ele parte da administração. Segundo os fatos relatados pela fiscalização, os citados irmãos eram sócios administradores de ambas as empresas, quando estas eram constituídas sob as regras de tributação do Lucro Presumido. Posteriormente, desfizeram este vínculo societário ao ingressarem no regime de tributação simplificado do Simples Nacional, onde permaneceram com o mesmo objeto social de antes (prestação de serviços contábeis). Fl. 685DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 686 19 A autoridade fiscal afirma que esta separação societária (que denomina de fim das participações cruzadas dos sócios nas empresas) foi feita apenas formalmente, o que lhes permitiram fazer a opção pelo Simples Nacional, pois “sem esta manobra formal”, as referidas empresas não poderiam aderir a este sistema simplificado, uma vez que o faturamento de ambas, somados, ultrapassaria o limite legal para permanência neste regime. Destaca a autoridade fiscal que “em todos os exercícios o faturamento combinado das empresas ultrapassam os limites fixados para o Simples Nacional.” Embora argumente a recorrente que o referido grupo econômico nunca existiu, e de que inexiste prova nos autos de que: i) as pessoas jurídicas compõem uma mesma unidade empresarial; ii) o quadro societário seja comum ou com os mesmos dirigentes e; iii) a personalidade jurídica e o patrimônio de cada uma esteja unido por um interesse econômico; inclusive, afirmando como inverídicas as informações apontadas pela fiscalização por estar em descompasso com a definição de grupo econômico prevista na Instrução Normativa nº 971/2009, suas alegações não se coadunam com as provas existentes nos autos, mormente quando se constata: 1) a existência de gastos com propaganda e publicidade a cargo de uma só empresa; 2) confecção de livros contábeis das empresas por apenas uma delas; que as empresas dos irmãos prestavam serviços contábeis a clientes comuns e, em diversas ocasiões, em um mesmo período, etc. Quanto a este último elemento de prova, ressaltese que na significativa amostragem realizada pela autoridade fiscal, em cerca de 13 (treze) clientes responsáveis por cerca de 60,40% do faturamento de ambas as empresas, o fato revelador é que " a maioria destes clientes (8 de 13) tomaram serviços de ambas as empresas em questão, seja de forma simultânea ou seqüencial". (item 4.3.2 da Representação Fiscal para Exclusão de Ofício do Simples Nacional). Acresçase ainda a constatação fiscal de que os livros contábeis (Diário e Razão) das duas empresas eram assinadas pelo Sr. André Giovane Tavares, sócio minoritário e administrador da Acttivitá, sem que este senhor fosse remunerado pelos serviços prestados à Certa, o que vem a reforçar a conclusão fiscal de que se tratava de uma única empresa. Desta forma, penso restar demonstrado que as empresas em questão formam um único empreendimento, divididas apenas no papel, vez que, se assim não fosse, não poderiam ter optado pelo Simples Nacional. Por fim, no que pertine aos efeitos da exclusão, compartilho com o entendimento da DRJ, de que tais efeitos encontramse estabelecidos na LC 123/2006, cujos dispositivos legais pertinentes foram citados pela autoridade autuante: Art.31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: [...] II. na hipótese do inciso II do caput do art.30 desta Lei Complementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva; Art.30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou darseá: [...] Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10920.721153/201631 Acórdão n.º 1301002.968 S1C3T1 Fl. 687 20 II. obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar, ou [...] Logo, acertada a conclusão da autoridade fiscal ao determinar que seu Ato de exclusão surtirá efeito a partir de 1º de fevereiro de 2012. Isso posto, voto por rejeitar a preliminar alegada e no mérito por negar provimento ao recurso, mantendo a exclusão efetuada de ofício e consignada no Ato Declaratório Executivo DRJ/JOI nº 18, de 10 de maio de 2016. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 687DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.928312/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3301-000.599
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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COFINS. Recorrente Sociedade Paranaense de Ensino e InformáticaSPEI Recorrida Fazenda Nacional Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros José Henrique Mauri (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Valcir Gassen, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado), Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. A DRF, no despacho decisório, indeferiu o pedido, em razão do recolhimento indicado no PER/DCOMP ter sido integralmente utilizado para quitação de débito confessado pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição ou compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, o Pedido de Restituição foi indeferido e a compensação declarada não foi homologada, conforme o caso. Cientificada, a interessada apresentou manifestação de inconformidade cuja argumentação é a seguir resumida. Sustenta que é uma instituição de educação sem fins lucrativos e, nos termos do art. 14, X da MP nº 2.15835, de 2001, estaria isenta da COFINS. Argumenta que tal RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 28 31 2/ 20 11 -1 6 Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 3 2 dispositivo estabelece que tal isenção se dá, a partir de 01/02/1999, para as receitas relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13, o qual, por sua vez, referese às “instituições de educação e de assistência social” arroladas no art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997. Afirma que se encaixa nos requisitos legais, uma vez que: (a) não remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; (b) aplica integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; e (c) assegura a destinação de seu patrimônio à outra instituição congênere, em caso de extinção. Anexa o seu Estatuto Social para provar o alegado. Relativamente à expressão “atividade própria” (art. 14, X, da MP 2.158/35), argumenta que deve ser entendida como aquela atividade regular e relativa à natureza essencial da entidade. Sustenta que ‘própria’ é toda a atividade prevista em seu estatuto, ou na lei, já que conexa à própria existência da pessoa jurídica. Assim, assevera que “a existência de finalidade lucrativa não devia ser vinculada à gratuidade ou não dos serviços prestados ou à forma de obtenção da receita, nas, sim, à forma como ela é aplicada. Caso constitua objetivo da instituição exercer atividade educacional sem fins lucrativos, ainda que o serviço seja prestado mediante o pagamento de mensalidade ou retribuições, a receita obtida com as mensalidades constitui receita própria de sua atividade e, desta forma, estaria isenta da COFINS.” Afirma, outrossim, que os princípios da legalidade e da legalidade tributária impede o Fisco de exigir tributo que não está previsto em lei, acrescentando que a lei, nesse caso, prevê expressamente uma isenção. Portanto, em seu entendimento, não há “espaço para que atos normativos como, por exemplo, decretos, instruções normativas, atos interpretatórios ou declaratórios criem qualquer redução ou limitação à isenção de COFINS prevista nos artigos 13 e 14 da MP 2.15835/01”. No seguimento, tece comentários sobre o instituto da compensação para afirmar que “tendo a instituição recolhido o tributo de forma indevida tem direito à restituição/compensação”. Em razão do alegado, requer a homologação da compensação pleiteada. A 3ª Turma da DRJ/CTA indeferiu a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06046.038. Em seu recurso voluntário, a empresa: § Reitera os fundamentos de sua manifestação de inconformidade; § Declara que se subsume à isenção do art. 14, X da MP n° 2.15835; § Aduz que “todos os valores que são aplicados no desenvolvimento da atividade da entidade sem fins lucrativos são receitas decorrentes de atividades próprias”. § Defende a inaplicabilidade da IN n° 247/2002; § Junta documentos que comprovariam sua condição de isenta. É o relatório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3301000.589, de 19 de abril de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.934789/200916, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3301000.589): "O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Os fundamentos da negativa do pleito da Recorrente pela DRJ foram: I. Na interpretação do art. 14, X da MP, entendeu o voto condutor que seriam receitas de atividades próprias das instituições a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97, apenas as receitas típicas dessas entidades, como as decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, bem assim mensalidades ou anuidades pagas por seus associados, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. A DRJ aplicou o art. 47, da Instrução Normativa n° 247/2002: Art. 47. As entidades relacionadas no art. 9º desta Instrução Normativa: I – não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e II – são isentas da Cofins em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. § 1º Para efeito de fruição dos benefícios fiscais previstos neste artigo, as entidades de educação, assistência social e de caráter filantrópico devem possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social expedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos, de acordo com o disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991. § 2º Consideramse receitas derivadas das atividades próprias somente aquelas decorrentes de contribuições, doações, anuidades ou mensalidades fixadas por lei, assembléia ou estatuto, recebidas de associados ou mantenedores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao seu custeio e ao desenvolvimento dos seus objetivos sociais. II. Atendeu ao comando do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, aduzindo que se sujeitam à incidência da COFINS, as receitas decorrentes de atividades comuns às dos agentes econômicos, como as resultantes da venda de mercadorias e prestação de serviços, inclusive as receitas de matrículas e mensalidades dos cursos ministrados pelas entidades educacionais, ainda que exclusivamente a seus Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 5 4 associados e em seu benefício e, receitas de aplicações financeiras. Concluiu que estão sujeitas à COFINS, por força da Lei nº 9.718/98, as receitas de caráter contraprestacional, inclusive as mensalidades cobradas por instituições de educação e as receitas financeiras auferidas. A revisão dos dois pontos será feita a seguir. Isenção do art. 14, X, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001 Prescreve o art. 14, X da MP n° 2.15835: Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Por sua vez, o art. 13 do mesmo veículo normativo dispõe: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997; Notese que o art. 13, III da MP nº 2.15835/2001 ao fazer remissão ao art. 12 da Lei n° 9.532/1997, condiciona a Instituição ao cumprimento das exigências impostas por esta Lei. O art. 12 da Lei n° 9.532/1997, com redação vigente à época, exigia: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 6 5 d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empregados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes; g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público; h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com o funcionamento das entidades a que se refere este artigo. § 3º Considerase entidade sem fins lucrativos a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinando exercício, destine referido resultado integralmente ao incremento de seu ativo imobilizado. Ocorre que as mensalidades cobradas por instituições de educação estão ao abrigo da norma isentiva, como já pacificado pela Súmula CARF n° 107 e pelo REsp 1.353.111 RS, DJ 18/12/2015, julgado como recurso repetitivo, transitado em julgado desde 02/03/2016, verbis: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. REsp 1.353.111 – RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 7 6 a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.15835/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade", conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. Logo, deve a decisão de piso ser reformada nesse ponto. A respeito do cumprimento dos requisitos do art. 12 da lei n° 9.532/97, aponta a Instituição os artigos do seu Estatuto Social que comprovam exatamente o exigido pela Lei n° 9.532/97 (art. 1°, 3°, 30, 32, 34), junta a DIPJ alegando que sua condição sempre foi de conhecimento do fisco e prossegue: Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 8 7 Entendo que a prova do cumprimento dos requisitos é da Recorrente, contudo não foi instada a isso quando da edição do Despacho Decisório. No recurso voluntário, acostou documentos que merecem a análise da Delegacia de Origem. Alargamento da Base de Cálculo da COFINS – RE n° 585.235/MG RG Resta pacificado no STF o entendimento sobre a inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98. Dessa forma, considerase receita bruta ou faturamento o que decorre da venda de mercadorias, da venda de serviços ou de mercadorias e serviços, não se considerando receita de natureza diversa. É o resultado econômico das operações empresariais típicas, que constitui a base de cálculo do PIS. O alcance do termo faturamento abarcando a atividade empresarial típica restou assente no RE nº 585.235/MG, no qual se reconheceu a repercussão geral do tema concernente ao alargamento da base de cálculo do PIS prevista no §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reafirmando a jurisprudência consolidada pelo STF: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ DE 1º.9.2006; REs nº 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006). Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. No voto, o Ministro Cezar Peluso consignou: O recurso extraordinário está submetido ao regime de repercussão geral e versa sobre tema cuja jurisprudência é consolidada nesta Corte, qual seja, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando, assim, a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b, da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais... Em decorrência, apenas o faturamento decorrente da prestação de serviços e da venda de mercadorias (não se podendo incluir outras receitas, tais como aquelas de natureza financeira) pode ser tributado pelo PIS. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 9 8 Logo, assiste razão à Recorrente quando alega que as receitas financeiras não podem compor a base de cálculo da COFINS. Conclusão Diante da plausibilidade do pleito da Recorrente, entendo necessária a conversão em diligência deste processo para a confirmação da tributação indevida pela COFINS sobre as receitas operacionais (“próprias”), bem como sobre as receitas financeiras. Isso porque a tributação sobre as “receitas próprias”, incluídas as mensalidades pagas por alunos, são isentas, nos termos do art. 14, X da Medida Provisória. Ao passo que a exclusão das receitas financeiras se dá com base na inconstitucionalidade do alargamento a base de cálculo da COFINS pelo art. 3º, §1º, da Lei n.º 9.718/1998. Por conseguinte, voto pela conversão do julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja solicitado à unidade de origem que: a) Examine a documentação juntada pela Recorrente no recurso voluntário; b) Verifique, com base nessa documentação, se houve a indevida inclusão das receitas próprias e receitas financeiras na base de cálculo da COFINS, fazendo a segregação entre as receitas, se houver; Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10980.928312/201116 Resolução nº 3301000.599 S3C3T1 Fl. 10 9 c) Verifique o cumprimento pela Recorrente dos requisitos do art. 12 da Lei n° 9.532/1997. Para tanto, intime o sujeito passivo para prestar outros esclarecimentos, caso necessário; d) Aponte a exatidão do valor pleiteado pelo Recorrente, bem como se a utilização deste foi efetivamente realizada; e) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe prazo para manifestação; f) Após, retorne o processo ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 60DF CARF MF
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